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LORENA OLIVEIRA RESUMO CHC SEMIOLOGIA GASTROINTESTINAL · Limites Abdominais Superior: diafragma Inferior: musculatura do assoalho pélvico Anterolateral: músculos oblíquos externos e internos, transverso e reto abdominal Posterior: músculos quadrado lombar, psoas e coluna vertebral. · Quadrantes Abdominais Superior direito: maior parte do fígado; vesícula biliar; parte do estomago, pâncreas intestino delgado e colo ascendente e transverso do intestino grosso. Superior esquerdo: maior parte do estômago; baço; parte do fígado, pâncreas, intestino delgado e colo transverso e descendente do intestino grosso. Inferior direito: apêndice; parte do intestino delgado, colo ascendente do intestino grosso; mulheres: ovário e tuba uterina direita. Inferior esquerdo: parte do intestino delgado, coo sigmoide do intestino grosso; mulheres: ovário e tuba uterina esquerda; · Zonas Abdominais EXAME FÍSICO INSPEÇÃO 1. Estática Tipos de abdome: - Plano: considerado normal. - Globoso: aumento do diâmetro anteroposterior – ex: gravidez, distensão gasosa, ascites de médio e grande volume. - Escavado: retraído, ex: pessoas bastante emagrecidas. - Avental: acumulo de gordura abdominal. - Pendular: parece com o avental, mas é ocasionado pela fraqueza do abdome inferior provocando queda assimétrica da parede abdominal, nem sempre está relacionado com o acumulo de gordura, pode estar relacionado na flacidez abdominal do puerpério e também na presença de extensa cicatriz no abdome. - Em ventre de Batráquio: possui o diâmetro transversal aumentado em comparação com o diâmetro anteroposterior, pode estar presente nas ascites em fase de regressão. Assimetrias: - Abaulamentos/protrusões: na presença de visceromegalias, tumorações, por exemplo. - Retrações; - Circulações colaterais: a. Tipo porta: devido à obstrução da veia porta, por tumores abdominais ou cirrose, e elas possuem aspecto centrifugo em relação ao umbigo – “cabeça de medusa”; b. Tipo veia cava inferior: devido à obstrução da veia cava inferior também por tumores abdominais ou cirrose ou aderências, possuindo aspecto de fluxo ascendente. Lesões elementares: - Telangiectasias ou aranhas musculares: devido à dilatação de pequenos vasos, podem estar presentes nas hepatopatias. - Equimoses: hemorragia retro peritoneal. Sinal de Cullen: região peri umbilical e Sinal de Grey-Turner: região dos flancos, podem ser comuns na pancreatite aguda) - Estrias: comuns na obesidade. - Cicatrizes: denotam processo traumático ou cirúrgico, devem ser reconhecidas e descritas como seus epônimos (imagem) Pulsações: - Movimento peristálticos: comum em pessoas magras, mas pode caracterizar o peristaltismo de luta quando oclusões intestinais. - Hérnias: localizar e relacionar com possíveis cicatrizes cirúrgicas, como a hérnia incisional; 2. Dinâmica - Ampliar a inspeção estática e principalmente observar a presença de hérnias. Manobra de Valsalva: paciente em decúbito dorsal, pede-se que esse sopre o dorso da mão tapando bem a boca e o nariz, ocasionando o aumento da pressão intra-abdominal de vido a contração do diafragma e dos músculos abdominais, acentuando abaulamentos e podendo evidenciar hérnias. Manobra de Smith-Bates: paciente em decúbito dorsal, pede-se que esse eleve as pernas e contraia a musculatura do abdome, evidenciando também hérnias. Pode diferenciar abaulamentos presentes na parede abdominal ou abaixo dela, se durante a manobra o abaulamento desaparecer, é sinal de que o acometimento está abaixo da parede abdominal, se ele permanecer é sinal de que está na própria parede abdominal. AUSCULTA - Avalia motilidade intestinal e pesquisa sopros. - Deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal utilizando o diafragma do estetoscópio, e antes d palpar o abdome, pois a palpação estimula o peristaltismo e pode alterar os ruídos hidroaéreos. - Auscultar 3 pontos por quadrante e permanecer no máx. 2 min em cada ponto Ruídos hidroaéreos: - Normais - Aumentados: hiperperistálticos – diarreia ou peristaltismo de luta devido a obstipação intestinal. - Diminuídos: hipoperistálticos- fases tardias de obstipação intestinal - Ausentes: aperistálticos – endoparalítico, consequente a uma irritação peritoneal difusa. Sopros – foco das principais artérias abdominais: - Aórticos: abaixo do apêndice xifoide - Renais: para medianos e supra umbilical bilateralmente - Ilíacos: para medianos infra umbilical bilateralmente - Femorais: região inguinal bilateralmente *Quando os sopros estão presentes podem sugerir uma doença vascular oclusiva. PERCUSSÃO - Avalia a distribuição de gases, identificar possíveis massas solidas ou preenchimento por liquido, avaliar alguns órgãos com o fígado. - Paciente em decúbito dorsal - Realizada em zonas - Iniciar na fossa ilíaca direita e seguir no sentido horário Tipos: - Percussão direta: leves tapas - Percussão indireta: plexímetro – dedo da mão não dominante e plexor- dedo da mão dominante, preferencialmente dedos médios; escolha de dedos equivalentes. Som timpânico predomina devido grande distribuição de gases na parede abdominal, no entanto pode-se perceber som maciço e sub maciço próxima a região do hipocôndrio direito por conta do fígado, e também quando na presença de fezes, líquidos, massas ou visceromegalias. Espaço de Traube: entre 6° e 10° EIC esquerdos, como sinal de normalidade: som timpânico quando o espaço de Traube está livre. Som maciço ou sub maciço quando o espaço de Traube está ocupado, como por exemplo na esplenomegalia. Feita em zonas: antes de iniciar perguntar se o paciente está sentindo dor em alguma região, e se sim, deixar essa região por último. Pede que ele refira se sentir dor durante a palpação, observar o rosto do paciente, pois pode apresentar faceia de dor mesmo não referindo dor. 1. Superficial: Início pela fossa ilíaca direita (FID) em sentido horário Unimanual, com movimentos circulares e leves, aprofundar até cerca de 1 cm Avaliação de: dor, resistência de parede, alteração de continuidade, pulsações, massas superficiais palpáveis. 2. Profunda: Início pela FID em sentido horário Unimanual/bimanual (mãos sobrepostas uma para sentir a parede do abdome e outra para empurram aprofundar sempre durante a expiração) Movimentos circulares e profundos Caracterizar massas, visceromegalias ou tumorações: localização, tamanho, formato, consistência, pulsações associadas. OBS: Manobra de Galambos: quando há hipertonia da parede abdominal que ocorre durante um processo inflamatório. Consiste em durante a fase de expiração promover uma depressão com a mão não dominante em uma área próxima à região que se pretende examinar, essa região ficará relaxada facilitando a palpação. PALPAÇÃO – Introdução Direcionada E Manobras · Peritônio - Membrana serosa que confere proteção e sustentação aos órgãos abdominais. - Divisão: Parietal - reveste a parede posterior e anterior do abdome. Visceral – reveste as vísceras abdominais. - Cavidade peritoneal: entre os peritônios, dentro dela há o liquido peritoneal permitindo deslizamento entre os folhetos. Peritonite: inflamação, de diversas causas (inflamatória, infecciosa,..). · Apendicite - Apêndice: órgão linfoide localizado na primeira porção do intestino grosso. - Predominante em adultos jovens (19-44 anos) e no sexo masculino - Decorrente principalmente de obstruções fecalitos, hiperplasia linfoide e tumores. - Quadro clínico: começa com dor difusa não tão intensa geralmente localizada na região peri umbilical, sintomas inespecíficos associados (náuseas, anorexia, com ou sem febre- febre alta relacionada às complicações da apendicite), quadro clássico após um tempo: dor intensa, aguda e forte, em fossa ilíaca direita, associada a sintomas de mal-estar, anorexia com ou sem febre. Principal causa de abdome agudo cirúrgico >> apendicectomia. · Manobras Especiais Para Peritonite 1. Blumberg: - Paciente em decúbito dorsal. - Ponto de McBurney (terço médio lateral): traçar uma linha imaginaria entre a cicatriz umbilical e a espinha ilíaca anterossuperior direita, dividir essa linhaem três partes (medial, media e lateral), na interseção entre a parte media e a lateral será o ponto de McBurney. - Compressão lenta e descompressão brusca – com os dedos anelar, médio e indicador - Sugestivo de apendicite (único sinal direto – compressão direta no ceco): se o paciente referir dor. 2. Sinal do Obturador - Paciente em decúbito dorsal, perna esquerda estendida e fletida formando um ângulo de 90° da perna com a coxa - Realizar uma rotação interna do quadril (empurrar a mão que está no joelho na direção do paciente e a mão que está no pé puxamos na nossa direção) – provoca o estiramento do musculo obturador interno (muito próximo do apêndice) - Sugestivo de apendicite (sinal indireto- uso do músculo obturador interno para fazer a compressão adjacente do ceco e do apêndice): se paciente referir dor. - Atentar para mulheres grávidas – gravidez ectópica. 3. Psoas-ilíaco: - Paciente em decúbito lateral esquerdo - Hiperextensão da articulação coxofemoral da perna direita (uma mão no quadril do paciente para dar estabilidade, a outra na região do tornozelo e puxamos a perna do paciente para nossa direção) estiramento do musculo psoas-ilíaco (próximo ao ceco e apêndice). - Sinal de irritação do musculo psoas-ilíaco, tendo como uma das causas a apendicite (sinal indireto): se paciente referir dor. 4. Lapinsky: - Paciente em decúbito dorsal - Elevação do MMII direito em extensão -> atentar para o ângulo da elevação! (>70°) comprime o ceco contra a parede posterior do abdome. - Sugestivo de apendicite (sinal indireto): paciente refere dor abdominal devido a compressão do ceco contra a parede posterior do abdome 5. Rovsing: - Compressão do cólon descendente ocasionando o deslocamento de ar em direção ao ceco ( E D) distensão do ceco e compressão adjacente do apêndice inflamado. - Técnica: mão cerrada ou espalmada. - Sugestivo de apendicite (sinal indireto): se paciente referir dor 6. Lennander (inespecífico e invasivo, por isso pouco utilizado): - Dissociação axilo-retal maior que 1°C - Caso a temperatura retal estiver mais de 1°C acima da temperatura axilar, o sinal é positivo, sendo sugestivo de processo inflamatório na pelve. 7. Sinal de Guenau/de Mussy/descompressão brusca dolorosa: - Qualquer região abdominal (exceção para o ponto de McBurney) - Compressão lenta e descompressão brusca - Sugestivo de irritação peritoneal. Ex: diverticulite (fossa ilíaca esquerda) · Ascite - Aumento de líquido dentro da cavidade peritoneal - É um sintoma que o paciente vai ter; - Acomete geralmente indivíduos com idade maior de 55 anos e sexo masculino, principalmente com histórico de alcoolismo. - Origem: diversa (hepatopatia, cirrose, insuficiência cardíaca congestiva, síndrome nefrótica, esquistossomose, tuberculose, ...) - Quadro Clínico: aspecto globoso do abdome, dificuldade para respirar, problemas, de coluna, sinais de desidratação, e também depende muito da causa base. · Manobras Para Ascite: 1. Sinal da Poça: - Paciente em posição genupalar: paciente em posição ortostática, faz-se leve flexão de tronco com os membros superiores apoiados em uma superfície, faz-se uma percussão caudal-cranial na região peri umbilical. A gravidade age com que o liquido extravase para essa região - Presença de macicez na região é sugestivo de ascite de pequeno volume (300ml a 1 L) 2. Semicírculo de Skoda: - Paciente em decúbito dorsal - Percussão da cicatriz umbilical >> extremidades abdominais próximas a cicatriz umbilical - Formação de um semicírculo pela transição sonora entre os sons timpânico para maciço, pois a gravidade age espalhando esse liquido para as extremidades abdominais. - Indicativo de ascite de médio volume (1 a 3 L) 3. Macicez Móvel: - Confirmação da prova do semicírculo de Skoda - Paciente em decúbito lateral (esquerdo ou direito), percute-se novamente a região dos flancos - Positivo caso o flanco para cima apresentar som timpânico e o virado apresentar som maciço, pois a gravidade move o liquido para baixo, se acumulando na região do flanco virado pra baixo. - Indicativo de ascite de médio volume 4. Sinal de Piparote: - Paciente com a borda medial da sua mão na linha mediana do abdome (para o liquido não extravasar) e o examinador realiza o piparote colocando sua outra mão do lado oposto do abdome (flanco), e a outra realiza pequenos golpes contra o flanco. - Sinal positivo: transmissão da onda líquida para o lado oposto do abdome percebida pela mão do examinador apoiada doo lado oposto. - Indicativo de ascite de grande volume ( >3L) Exame do Fígado INSPEÇÃO - Avaliar o quadrante superior direito: hipocôndrio direito e região epigástrica - Localizar possíveis alterações visíveis na loja hepática - Abaulamentos de grandes tamanhos podem significar: vesícula aumentada, massas ou tumorações na região hepática. PERCUSSÃOAlterações do tamanho do fígado *Aumentado: malária, mononucleose, hepatite viral *Diminuído: cirrose em estágio avançado *sugestivo de - Hepatimetria – limite superior e inferior dos lobos do fígado. Ao identificar os sons fazer a medição. *Perguntar se o paciente sente dor. Lobo direito: -Bordo superior: percutir na linha M clavicular de cima para baixo até a transição som claro pulmonar (tórax) para maciço (bordo superior do fígado) - Borda inferior da fossa ilíaca direita até a transição som timpânico para maciço (limite inferior do lobo direito) - Valores normais: 6-12cm Lobo esquerdo: - Borda superior: coincide ao apêndice xifoide, percutir de baixo para cima, da cicatriz umbilical até observa a transição do som timpânico para o som maciço. - Borda inferior: transição do som timpânico para maciço - Valores normais: 4-8cm · SINAIS 1. Sinal de Torres-homem: quando realizamos uma percussão na loja hepática e o paciente refere sensação de dor. Sugestivo principalmente de abscesso hepático amebiano. 2. Sinal de Jobert: percussão timpânica na loja timpânica (deveria ser maciça no normal). Não significa que o paciente tem uma patologia, só se diagnostico de pneumoperitonio após raio-x devido a presença do Sinal de Chilaidi: sinal radiológico: transposição de alças intestinais sobre a loja hepática. PALPAÇÃO - Técnicas: Lemos torres: mão espalmada e a outra fazendo o rechaço abaixo0 do QSD para palpar a borda do fígado, palpar desde a fossa ilíaca direita e Mathiew: em garra, nos posicionamos posteriormente ao paciente, desde a fossa ilíaca direita. - Localização: logo abaixo do rebordo costal - Consistência: fibroelástica (fisiológica), amolecida (esteatose), endurecida (cirrose) - Superfície: Lisa- fisiológica ou Nodulada- carcinoma - Borda: fina –pequena, esteatose ou Romba- aumentada, carcinoma) - Sensibilidade: dor ou não - DESCRIÇÃO: fígado de localização tópica, com tamanho normal, sendo o lobo direito medindo x cm e o esquerdo medindo x cm, superfície lisa, consistência fibroelástica e indolor a palpação.Colelitíase: pedra na vesícula Coledocolitíase: calculo no ducto colédoco · Colecistite - Inflamação da vesícula biliar - Afeta principalmente mulheres > 45 anos e tende a ter declínio nos idosos - Quadro Clínico: dor em hipocôndrio direito associada ao consumo de alimentos gordurosos e sintomas inespecíficos: náuseas, anorexia, febre. 1. Sinal de Murphy: - Paciente em decúbito dorsal - Identificar o ponto cístico: localizado na linha hemiclavicular direita (logo abaixo do rebordo costal) - Aprofundar a mão, quando ele expirar, aprofundamos a mão no ponto cístico e pede para ele respirar novamente. Pelo movimento de descida do diafragma a vesícula desce junto, caso esteja inflamada ela encosta na mão do examinador e o paciente terá uma apneia inspiratória (para de respirar) dolorosa sinal positivo Sugestivo de colecistite aguda. · Vesícula aumentada - Uma das formas mais comuns de se observar é pelo sinal de Courvoisier- Terrier: paciente ictérico com a vesícula palpável sem alteração de sensibilidade, há casos em que a vesícula está visível. - Indicativo principalmente de câncer pancreático (principalmente da cabeça do pâncreas) EXAME DO BAÇO PERCUSSÃO ESPLÊNICA- Localizar o espaço de Traube: entre a linha hemiclavicular esquerda e a linha axilar anterior, realizando a percussão do 6° ao 11° EIC. - Presença de som timpânico (espaço de traube livre) - Caso encontre com maciço, desconfia-se de esplenomegalia, mas pode ser um fecaloma, carcinoma de estomago, estômago cheio. - Como diferenciar? Pela Linha de Piorry: fúrcula esternal até a extremidade distal da 1 costela flutuante esquerda, percutir medialmente a essa linha e se continuar encontrando som maciço pensa-se ainda mais em esplenomegalia verdadeira. PALPAÇÃO - Paciente em decúbito dorsal - Palpar da fossa ilíaca direita em direção ao QSE, porque o seu sentido de seu crescimento é em direção à fossa ilíaca direita. - Mão espalmada utilizando o rechaço ou se localizando posteriormente com a mão em garra. Baço normalmente não é palpável em adultos!! Caso consiga palpar o baço, avaliar: - Consistência fibroelástica / Superfície lisa / Bordas inalteradas / Sensibilidade indolor a palpação / Tamanho Posição de Schuster Paciente em sem decúbito lateral direito, perna direita estendida e esquerda fletida; braço esquerdo colocado sobre a cabeça do paciente, braço direito estendido. Para relaxar a musculatura abdominal e facilitar a palpação do baço.