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Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 1
SUMÁRIO
Sobre o Autor
Introdução
Capítulo 1 - Padrão CESPE para a Prova Discursiva
Capítulo 2 - Padrão ESAF para a Prova Discursiva
Capítulo 3 – CESPE x ESAF
Capítulo 4 – Orientações Iniciais para Elaboração do Texto
Discursivo em Concursos Públicos
Capítulo 5 - Modalidades Discursivas
5.1. Questão Discursiva (ou somente Questão)
5.2. Questão com Situação-Problema
5.3. Dissertação (ou Tema)
5.4. Parecer Técnico
Capítulo 6 – Macroestrutura Textual
6.1. Aspectos Macroestruturais para Provas da ESAF
6.2. Aspectos Macroestruturais para Provas do CESPE
Capítulo 7 – O passo a passo para Resolução da Prova
Discursiva
7.1. Os 4 (quatro) Pilares Essenciais para Estruturação da
Argumentação
Conclusão
02
03
05
09
11
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Sobre o Autor
Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT) aprovado em 3º lugar no concurso
de 2013.
Professor de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), Direito do
Trabalho e Discursivas em cursos preparatórios para concursos.
Autor dos livros 1001 Questões Comentadas de Direito do Trabalho –
FCC e 1001 Questões Comentadas de Segurança e Saúde no Trabalho
– CESPE, ambos publicados pela editora Método.
Anteriormente, foi Analista Judiciário no TRT 3ª Região e no TRT 9ª
Região e Técnico Judiciário no TRT 12ª Região e no TRT 9ª Região.
Entre as aprovações em concursos públicos, destacam-se as
seguintes: 3º lugar para AFT (2013); 2º lugar para Analista
Judiciário/Área Administrativa, no TRT 9ª Região (2013) e no TRT 18ª
Região (2008), e 9º lugar para Analista Judiciário/Área
Administrativa, no TRT 2ª Região (2008).
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Introdução
É com grande satisfação que disponibilizo o livro digital “Orientações
Essenciais para a Prova Discursiva de AFT”, versão 1.1.
Este e-book tem por objetivo fornecer orientações essenciais para
a prova discursiva do concurso de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT). A
finalidade é fazer com que o candidato conheça as regras básicas
utilizadas pelas bancas examinadoras Escola de Administração
Fazendária (ESAF) e Centro de Seleções e Eventos da Universidade
de Brasília (CESPE/UnB) na avaliação discursiva, segunda fase do
concurso para Auditor-Fiscal do Ministério do Trabalho.
Além disso, serão fornecidas instruções para a estruturação
textual de todas as modalidades discursivas já exigidas no concurso
de AFT. A preparação focada em língua portuguesa ou no conteúdo
temático das disciplinas, por si só, não prepara o candidato para
elaborar a discursiva no padrão exigido pelas bancas examinadoras.
Dessa forma, este livro digital pretende complementar sua
preparação para a segunda fase do concurso, fornecendo as
principais orientações macroestruturais para a prova discursiva.
Por outro lado, não serão abordados neste e-book aspectos
microestruturais (gramaticais) ou sobre conhecimentos específicos do
conteúdo das disciplinas, pilares que, juntamente com os aspectos
macroestruturais, compõem o tripé necessário para sua preparação
completa para a prova discursiva.
Deixar para se preocupar com a prova discursiva somente após a
autorização do concurso não é uma decisão inteligente. Após a
autorização, é o momento de revisar a matéria, de estudar alguns
pontos específicos das disciplinas que não foram perfeitamente
aprendidos no estudo pré-edital e de estudar as disciplinas novas
incluídas pelo edital.
O ideal é que a preparação para a prova discursiva ocorra
simultaneamente com o estudo para a prova objetiva. A cada
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concurso, fica claro que a maioria dos candidatos aprovados se
prepara para a prova discursiva com antecedência.
No concurso para AFT, um dos fatores que faz a nota da discursiva
ser extremamente importante, além da própria definição da lista de
aprovados, é a possibilidade de escolha das lotações pós-
aprovação. Nesse sentido, um ponto a mais na prova discursiva pode
fazer a diferença entre ficar em seu Estado (ou perto dele) ou ter que
se deslocar para um Estado longínquo.
Por derradeiro, escuso-me por eventuais imperfeições, esperando
contribuir para o aprimoramento de seus estudos e torcendo para que
tenha êxito em seus propósitos. Ademais, agradeço pelas
observações, críticas e sugestões, com o intuito de aprimoramento
deste trabalho.
Prof. Aldair Lazzarotto
contato@aldairlazzarotto.com.br
facebook.com/aldairlazzarotto
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Capítulo 1 - Padrão CESPE para a Prova Discursiva
Vamos iniciar falando sobre o “padrão” CESPE de avaliação de provas
discursivas, analisando os editais e as provas do concurso de AFT de
2013.
As provas discursivas compreenderam a segunda fase do concurso
para AFT em 2013. A discursiva teve caráter eliminatório e
classificatório, o que gerou uma verdadeira “dança das cadeiras”:
candidatos previamente classificados fora do número original de
vagas desbancaram muitos que estavam, originalmente, entre os
primeiros colocados.
A prova discursiva compreendeu a P3 e a P4 (a P1 e a P2 foram as
provas objetivas). As disciplinas cobradas na prova discursiva
foram as seguintes:
Direitos Humanos
Economia do Trabalho
Direito Constitucional
Direito Administrativo
Gestão de Projetos
Direito do Trabalho
Segurança e Saúde no Trabalho (SST)
O CESPE exigiu do candidato a produção de 08 (oito) textos, em
quatro modalidades de textos discursivos:
Questões discursivas
Dissertação
Situações-problemas
Parecer técnico
A prova discursiva (P3) foi realizada no período da manhã e teve a
duração de 3 horas. O candidato precisou elaborar quatro textos
(três questões discursivas de até 20 linhas cada e uma dissertação
de até 30 linhas).
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Já a prova discursiva (P4) foi realizada no período da tarde e teve
a duração de 4 horas. O candidato precisou resolver três questões
contendo situações-problemas em até 20 linhas cada e um
parecer técnico em até 60 linhas.
O examinador do CESPE faz a correção da prova discursiva
considerando os aspectos macroestruturais e de conteúdo e atribui
uma nota ao candidato (entre 0 e a nota máxima de cada
modalidade). Essa nota é relativa ao domínio do conteúdo e
inclui a avaliação da apresentação, da estrutura textual e do
desenvolvimento do tema, propriamente dito, ou seja, é uma
avaliação macroestrutural e de conteúdo.
Após, o examinador inicia a contagem de erros gramaticais
cometidos pelo candidato, ou seja, o domínio da modalidade
escrita, em que são verificados aspectos como ortografia,
morfossintaxe e propriedade vocabular,ou seja, a avaliação
microestrutural.
Posteriormente, é realizada a contagem do número de linhas
efetivamente escritas pelo candidato. De posse dessas três
informações (nota do candidato quanto ao domínio do
conteúdo/macroestrutura, número de erros gramaticais e
quantidade de linhas efetivamente escritas), o examinador fez o
cálculo da nota do candidato, da seguinte forma:
1º - Para as questões discursivas e para as situações-problemas,
da nota do candidato quanto ao domínio do conteúdo (A) foi
descontado o quociente da divisão entre o número de erros
cometidos (B) e o total de linhas efetivamente escritas (C).
Assim: [A - (B/C)]
2º - Para a dissertação e para o parecer, da nota do candidato
quanto ao domínio do conteúdo (A) foi descontado o
dobro (2x) do quociente da divisão entre o número de erros
cometidos (B) e o total de linhas efetivamente escritas (C).
Assim: {A - [2.(B/C)]}
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A nota da prova discursiva P3 correspondeu à soma das notas de
cada uma das questões discursivas com a nota da dissertação; já a
nota da prova discursiva P4 correspondeu à soma das notas de
cada uma das questões problemas com a nota do parecer.
Consequentemente, a nota final nas provas discursivas foi dada
pela soma das notas obtidas pelo candidato na P3 e na P4.
Com isso, foi reprovado nas provas discursivas e eliminado do
concurso público o candidato que se enquadrou em qualquer uma
das situações a seguir:
Obteve nota inferior a 30,00 pontos no conjunto das três
questões discursivas da prova discursiva P3 (menos de
50%).
Obteve nota inferior a 30,00 pontos no conjunto das três
questões discursivas da prova discursiva P4 (menos de
50%).
Obteve nota inferior a 20,00 pontos na dissertação da prova
discursiva P3 (menos de 50%).
Obteve obtiver nota inferior a 20,00 pontos no parecer
técnico da prova discursiva P4 (menos de 50%).
Perceba que foram quatro notas mínimas exigidas para a
habilitação do candidato. É importante ficar atento, também, ao
peso que o CESPE dá para os aspectos de
conteúdo/macroestruturais, em detrimento dos erros
microestruturais (gramaticais).
Dessa forma, além de dominar o conteúdo específico, o candidato
precisa apresentá-los na prova da forma esperada pela banca.
Essa tem sido a maior dificuldade de candidatos muito bem
preparados. A maioria dos candidatos que chegam à segunda fase
domina o conteúdo e não tem grandes dificuldades em língua
portuguesa, mas sucumbe nos aspectos macroestruturais, ou seja,
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peca por não saber como mostrar para o examinador seu domínio
do assunto.
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Capítulo 2 - Padrão ESAF para a Prova Discursiva
Vamos falar agora sobre o “padrão” ESAF de avaliação de provas
discursivas, analisando o edital e as provas do concurso de AFT de
2010.
As provas discursivas compreenderam a segunda fase do concurso
para AFT em 2010. A ESAF exigiu do candidato a realização de duas
provas discursivas com caráter seletivo, eliminatório e classificatório.
Cada uma delas compreendeu o desenvolvimento de 1 (um) tema,
em um mínimo de 40 (quarenta) e em um máximo de 60 (sessenta)
linhas, e de 2 (duas) questões, em um mínimo de 15 (quinze) e em
um máximo de 30 (trinta) linhas.
No total, o candidato do concurso de 2010 precisou elaborar dois
temas e quatro questões (seis textos). As disciplinas exigidas na
prova discursiva de 2010 foram as seguintes:
Direito Constitucional
Direito do Trabalho
Segurança e Saúde no Trabalho (SST)
Direito Administrativo
A correção da ESAF se subdivide em duas partes:
Primeiramente, são avaliados os aspectos macroestruturais e de
conteúdo (capacidade de desenvolvimento, sequência lógica do
pensamento, alinhamento ao tema e cobertura dos tópicos
apresentados). A capacidade de desenvolvimento corresponde à
compreensão, ao conhecimento, ao desenvolvimento, à adequação da
argumentação, à conexão, à pertinência e à objetividade da resposta
do candidato de acordo com a proposta temática.
Nesta etapa, são avaliados os aspectos de conteúdo e os aspectos
macroestruturais que valem, no máximo, 40 (quarenta) pontos cada
tema e 12 (doze) pontos cada questão. Para se chegar à nota parcial
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do candidato, o examinador parte da nota máxima e deduz pontos
em cada um dos itens, conforme abaixo apresentado:
No próximo capítulo serão abordados esses quatro itens que
compõem a avaliação de conteúdo da ESAF (capacidade de
desenvolvimento, sequência lógica do pensamento, alinhamento ao
tema e cobertura dos tópicos apresentados).
A segunda parte da correção da ESAF é a avaliação do uso do idioma,
ou seja, a utilização correta do vocabulário e das normas gramaticais.
Nesse aspecto, cada tema vale, no máximo, 20 (vinte) pontos e cada
questão, no máximo, 8 (oito) pontos, com base nos critérios abaixo:
O examinador desconta da nota máxima os valores constantes da
tabela acima para cada erro cometido pelo candidato.
Posteriormente, é realizada a soma das notas obtidas nos itens
capacidade de desenvolvimento (conteúdo + macroestrutura) e uso
do idioma (microestrutura).
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Capítulo 3 - CESPE X ESAF
Uma das principais diferenças entre o padrão de correção do CESPE e
o padrão de correção da ESAF é o peso que cada banca deposita em
aspectos microestruturais.
A ESAF atribui até 40% da nota da prova discursiva para os aspectos
microestruturais (gramaticais), enquanto o peso gramatical na prova
discursiva do CESPE é praticamente irrisório.
Todavia, de uma forma geral, a estrutura essencial que você deve
utilizar na prova discursiva é praticamente a mesma em provas do
CESPE e da ESAF, com pequenas variações, dependendo da
modalidade discursiva.
Outro aspecto importante é o fato da ESAF avaliar o conteúdo das
respostas a partir da análise da macroestrutura textual. Já o CESPE
avalia a macroestrutura a partir do conteúdo das respostas.
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Capítulo 4 – Orientações Iniciais para Elaboração do
Texto Discursivo em Concursos Públicos
Neste capítulo, serão apresentadas 10 (dez) dicas básicas que
você precisa saber antes de aprofundar seu estudo para a prova
discursiva.
Título: Seu uso não é obrigatório, nem vedado. Dessa
forma, a orientação é que você só coloque título caso a
banca solicite. O título pode até ser interpretado como um
aspecto de identificação do candidato (o que acarretaria a
nota zero!) e ocupará um espaço que pode ser usado para o
início efetivo da resposta.
Letra: Pode ser utilizado qualquer tipo de letra, cursiva ou
de forma, a menos quehaja pedido expresso em sentido
contrário, como na prova de 2010.
Estrutura tradicional (introdução, desenvolvimento e
conclusão): As provas discursivas de concursos dispensam
o uso da estrutura tradicional. Assim, a regra é: inicie seu
texto com a resposta do primeiro tópico ou do tema núcleo.
Retomada dos tópicos: Ao responder ao aspecto (quesito
ou tópico) exigido pela banca, reescreva as palavras-
chaves presentes na proposta.
Apresentação: Observe o uso correto das margens na folha
de resposta. Escreva até o final da margem direita, sem
deixar espaços.
Paragrafação: Faça parágrafos com tamanhos parecidos
(entre quatro e oito linhas) e com um bom espaço entre a
margem esquerda e o início efetivo do texto (de dois a três
centímetros).
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Fundamentação: Não se esqueça de fundamentar seu
texto. Utilize, por exemplo, a Constituição Federal, as Leis
Trabalhistas, as Normas Regulamentadoras (NRs), as
jurisprudências dos tribunais, fatos de domínio público,
autores e professores consagrados etc.
Objetividade: Responda prontamente ao que a banca está
perguntando, de forma concisa e objetiva, restringindo-se
aos tópicos temáticos.
Faça períodos curtos: Encurte os períodos, utilizando sem
modéstia o ponto final. Um período, em provas de concurso,
como regra geral, não deve ter mais do que duas ou três
linhas.
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Capítulo 5 - Modalidades Discursivas
As modalidades discursivas já exigidas nos concursos para AFT foram
as seguintes:
Questão Discursiva
Dissertação (ou Tema)
Questão com Situação-Problema (ou Estudo de Caso)
Parecer Técnico
A ESAF exigiu as duas primeiras modalidades em 2010. Já o CESPE
exigiu as quatro modalidades em 2013.
Essas modalidades discursivas são espécies do gênero “dissertação”.
Em provas discursivas em que são exigidos conteúdos específicos ou
técnicos, não há o que se falar em narração ou em descrição.
Dissertar é expor, debater, interpretar, avaliar, explicar ou discutir
ideias. A dissertação (tipologia textual) subdivide-se em duas
espécies: a dissertação-exposição e a dissertação-argumentação.
Na dissertação-exposição o autor limita-se a expor seu
conhecimento sobre o tema, sem se posicionar a respeito. É uma
espécie de texto informativo. Na dissertação-argumentação, além
de demonstrar conhecimentos, o autor precisa posicionar-se,
adotar um ponto de vista.
Na prova para AFT predomina a modalidade dissertativo-
expositiva, mas pode ser exigida uma dissertação com aspectos
expositivos e argumentativos simultaneamente.
5.1. QUESTÃO DISCURSIVA (ou somente QUESTÃO)
Vamos começar falando da questão discursiva, que é a modalidade
discursiva mais simples de entender e mais fácil de ser respondida
(no que se refere aos aspectos macroestruturais). A questão
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discursiva consiste apenas em uma ou mais perguntas
relacionadas às disciplinas constantes do edital.
Em regra, a banca apresentará tópicos (também chamados de
aspectos ou quesitos) que deverão ser respondidos pelo candidato
de forma sequencial. Vamos ver uma das questões discursivas
cobradas no concurso de 2013:
Discorra, à luz da Convenção sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher, sobre as ações de combate à
discriminação contra a mulher na esfera trabalhista, abordando,
necessariamente, os seguintes aspectos:
• objetivo da referida convenção; [valor: 5,00 pontos].
• direitos trabalhistas que devem ser assegurados às mulheres pelos
Estados-partes com vistas à eliminação da discriminação; [valor: 8,00
pontos].
• medidas que devem ser tomadas pelos Estados-partes com o intuito de
impedir a discriminação contra a mulher por motivo de casamento ou
maternidade e assegurar a efetividade de seu direito ao trabalho. [valor:
6,00 pontos].
Veja que as discursivas se iniciam com expressões como “discorra
sobre”, “disserte acerca de”, “redija um parecer”, etc. Esta
questão tem um assunto central, também chamado de tema
núcleo: as ações de combate à discriminação contra a mulher na
esfera trabalhista. A partir dele, a banca exige que o candidato
responda a três tópicos.
Se houver um tema central (tema-núcleo), é aconselhável que o
primeiro parágrafo do texto aborde esse tema. A partir do segundo
parágrafo, deverão ser respondidos os questionamentos presentes
nos tópicos, na ordem apresentada pela banca. Todavia, se não
houver linhas suficientes para isso, inicie o primeiro parágrafo com
a resposta do primeiro tópico.
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Não é necessário se preocupar com a clássica estrutura das
redações, composta de introdução, desenvolvimento e conclusão.
A banca não espera que você preencha o máximo possível de
linhas com pouco conhecimento e objetividade. Pelo contrário,
quer objetividade e resposta direta. Assim, responda
prontamente e somente ao que for perguntado.
Confira as principais características da questão discursiva:
Em regra, são apresentados tópicos sobre os quais o
candidato deve discorrer.
Se houver uma “historinha” sendo contada, ela terá caráter
unicamente motivador, não sendo necessária sua
abordagem na resolução.
Não é preciso fazer introdução e conclusão.
Inicie o texto já com a resposta do primeiro tópico ou do
tema-núcleo, se houver.
Número de linhas: ESAF (de 15 a 30 linhas) e CESPE (até 20
linhas).
5.2. QUESTÃO COM SITUAÇÃO-PROBLEMA
A questão com situação-problema é mais conhecida como Estudo
de Caso. Ela possui uma diferença básica em relação à
modalidade anterior: haverá um caso fictício, que será o ponto
de partida para responder aos aspectos solicitados pela banca. O
examinador relatará um caso hipotético e solicitará que o
candidato, à luz da(s) norma(s) que rege(m) o tema, responda aos
quesitos, considerando a situação apresentada.
Vejamos um dos estudos de caso exigido no concurso anterior
(CESPE/2013):
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José, auditor-fiscal do trabalho, durante operação fiscalizatória em uma
fazenda produtora de milho, entabulou conversa com um jovem
trabalhador que colhia milho juntamente com outras pessoas, todos
trajando bermudas e calçando chinelos, sob forte sol. Pela explanação do
jovem, José constatou que o rapaz tinha dezessete anos de idade e
trabalhava na fazenda desde os quinze anos de idade. Ficou sabendo
também que o proprietário da fazenda exigia que todos os trabalhadores
dormissem no local de trabalho, em um único alojamento, cimentado,
com capacidade para um grupo de sessenta pessoas, com colchão,
porém sem camas, e, durante o dia, o espaço interno do alojamento,
equipado com dois fogões a lenha, era aproveitado para o preparo dos
alimentos e para refeitório. O fiscal verificou, ainda, que havia na
fazenda um grupo de aproximadamente sessenta e cinco pessoas, comidades entre dezesseis e quarenta anos, homens e mulheres que
trabalhavam em total condição de igualdade, sem carteira de trabalho
ou qualquer outro documento comprobatório de relação de trabalho e
sem qualquer exame médico; que a jornada de trabalho diária era
cumprida das 5h às 18h, com, aproximadamente, uma hora para
almoço; que os trabalhadores adquiriam, com recursos próprios, os
alimentos e roupas que consumiam no trabalho, à escolha deles; e que,
ao final de cada mês, cada trabalhador recebia R$ 20,00 por dia
trabalhado.
Com base na situação hipotética apresentada e à luz da legislação
trabalhista brasileira, discorra, de forma fundamentada, sobre as
irregularidades trabalhistas evidenciadas [valor: 8,00 pontos], propondo
soluções para os problemas identificados [valor: 8,00 pontos] e
especificando a forma de intervenção do auditor-fiscal do trabalho no
caso [valor: 3,00 pontos].
Em uma prova discursiva com situação-problema (estudo de caso)
o candidato deve, necessariamente, considerar o caso hipotético
ao responder aos quesitos solicitados pela banca.
O primeiro tópico dessa questão pede que o candidato identifique
as irregularidades trabalhistas evidenciadas no caso hipotético
apresentado. Essa é a grande diferença entre uma questão e uma
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questão com situação-problema. Naquela, mesmo que haja uma
história, o candidato pode limitar-se a responder aos tópicos.
Nesta, o caso deve ser levado em consideração.
Há duas formas de resolução do estudo de caso, ambas aceitas
pelas bancas: com resumo inicial do caso e sem o resumo inicial
do caso. Vejamos cada uma delas:
Com o resumo do caso
Se optar por este modelo de resposta, utilize o primeiro parágrafo
do texto para retomar o caso, fazendo um mini resumo do
problema apresentado. A partir do segundo parágrafo, responda
aos aspectos solicitados pela banca, exemplificando com a
situação-problema.
No modelo de situação-problema apresentado, o primeiro tópico
pede que o candidato identifique “as irregularidades trabalhistas
evidenciadas”. Ao ler o caso com atenção, é possível perceber que
as irregularidades estão todas descritas no problema proposto
(informalidade, ausência de camas, presença de fogões no
alojamento, inexistência de exames ocupacionais, etc.). Em casos
como esse, se optar por resumir o caso no primeiro parágrafo, não
é necessário abordar as irregularidades no resumo (primeiro
parágrafo), já que as irregularidades são objeto do primeiro tópico,
a ser abordado no segundo parágrafo.
Veja um modelo de resumo do caso:
“Em ação fiscal realizada em uma fazenda, o Auditor-Fiscal
do Trabalho encontrou diversos trabalhadores laborando sob forte sol.
Os empregados estavam alojados na fazenda. Algumas irregularidades
foram identificadas, para as quais o auditor deve propor soluções e
determinar as medidas a serem adotadas pelo empregador”.
Veja que o assunto dos demais parágrafos já foi introduzido no
resumo do caso, ou seja, essa retomada acaba funcionando como
uma introdução, sem fugir ao que está sendo proposto pela banca.
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Com isso, o segundo parágrafo já pode ser iniciado com a resposta
do primeiro tópico.
A vantagem de resumir o caso no primeiro parágrafo é que não
será necessário fazer referência ao problema em todos os demais
parágrafos. Perceba que o resumo do caso (primeiro parágrafo) já
deixou claro que as “irregularidades, medidas e soluções” (tópicos
a serem respondidos) serão desenvolvidas no segundo, terceiro e
quatro parágrafos e referem-se à situação-problema.
Sem o resumo do caso
Se optar por não fazer o resumo, comece seu texto já com a
resposta do primeiro tópico, exemplificando com a situação-
problema e citando o caso hipotético apresentado.
Perceba que todos os tópicos são propícios para que a retomada seja
feita. O examinador solicita as irregularidades trabalhistas
evidenciadas, as soluções para os problemas identificados e a
forma de intervenção do auditor-fiscal do trabalho. Tudo isso
acontece na história contada pelo examinador.
Neste modelo de resolução, como não haverá um parágrafo inicial
com o resumo, quando for escrever sobre a forma de intervenção
do Auditor-Fiscal (terceiro tópico), por exemplo, será necessário
fazer referência ao caso. A mesma regra se aplica aos demais
tópicos.
A opção por uma das formas de resolução é uma questão de estilo.
A primeira é mais indicada quando o assunto pode ser abordado
em poucas linhas e o candidato perceber que sobrarão muitas
linhas em branco se apenas responder aos tópicos. A segunda
maneira é mais indicada para casos em que a quantidade de linhas
é pouca para abordar todos os assuntos exigidos nos tópicos.
Nesse caso, é melhor não fazer o resumo do que deixar de
responder a algum tópico.
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CARACTERÍSTICAS DA QUESTÃO COM SITUAÇÃO-PROBLEMA
Há um caso hipotético (fictício) que deve ser considerado na
resolução.
São apresentados tópicos sobre os quais o candidato deve
discorrer.
O primeiro parágrafo pode ser utilizado para resumir o
problema proposto. Nesse caso, inicie o segundo parágrafo
com a resposta do primeiro tópico. Alternativamente, é
possível iniciar o texto diretamente com a resposta do
primeiro tópico.
É imprescindível que o caso hipotético seja retomado
na abordagem dos tópicos.
Não é preciso fazer introdução e conclusão.
Número de linhas: CESPE (até 20 linhas).
5.3. DISSERTAÇÃO (ou TEMA)
A dissertação (para o CESPE) ou tema (para a ESAF) é o modelo
discursivo mais conhecido e cobrado nos concursos em geral. A
proposta pode elencar os tópicos a serem respondidos pelo
candidato ou pode haver apenas um tema nuclear, a partir do
qual o candidato deverá discorrer. O primeiro modelo é a
tendência para essa modalidade discursiva.
Vejamos o tema exigido na Discursiva I em 2010 pela ESAF:
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Perceba que há uma história (o trabalho do Pedro Paulo), mas ela
serve apenas para contextualizar o assunto “terceirização de
serviços”. Na dissertação/tema, assim como na questão discursiva,
o caso não precisa ser retomado na resolução.
Há duas formas para resolução de temas e dissertações em provas
da ESAF e do CESPE: a forma tradicional e a “moderna”.
Optando pela forma tradicional, você deve estruturar o texto com
introdução, desenvolvimento e conclusão. Se optar pela forma
“moderna”, você deve apenas responder aos tópicos solicitados,
de forma objetiva e direta, sem introdução e conclusão. Também
pode ser utilizada uma forma mista: somente desenvolvimento e
conclusão ou somente introdução e desenvolvimento, por exemplo.
A opção por um dos modelos depende principalmente da proposta
temática e do tempo que o candidato dispõe para resolver a
prova. Se o tempo for escasso e a proposta abranger muitos
aspectos a serem respondidos, será mais viável utilizar a forma
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moderna (resposta direta). Se o tema não exigirmuitas linhas
para seu desenvolvimento e o candidato perceber que muitas delas
ficarão em branco, será mais adequado utilizar a forma tradicional
ou, ao menos, uma conclusão.
A introdução, se utilizada, deve dar uma ideia geral do que será
abordado no texto. É uma contextualização do assunto. A melhor
forma de fazer uma introdução é elaborar um tópico frasal
(período que contem a ideia-núcleo do tema, que será
desenvolvido nos parágrafos seguintes).
O desenvolvimento tem a função de aprofundar o tema central e
responder aos tópicos do enunciado.
A conclusão tem a função de encerrar o texto e pode consistir em
uma síntese ou observação final a respeito da ideia núcleo contida
no tópico frasal da introdução.
Aconselho que não utilizem a estrutura tradicional, ou seja,
esqueçam introdução e conclusão.
Responda diretamente aos tópicos ou inicie pelo tema central, se
houver.
CARACTERÍSTICAS DA DISSERTAÇÃO/TEMA
Pode haver ou não um texto inicial. Se houver, ele não
precisará ser utilizado na resolução, pois terá a finalidade de
contextualizar o tema (caráter meramente motivador).
Podem ser apresentados tópicos sobre os quais o candidato
deve discorrer (não são obrigatórios).
É dispensável a utilização da estrutura
tradicional (introdução, desenvolvimento e conclusão).
Número de linhas: CESPE (até 30 linhas) e ESAF (de 40 a 60
linhas).
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Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 23
5.4. PARECER TÉCNICO
Um parecer técnico é um documento em que consta uma
análise ou uma opinião técnica de um parecerista a respeito de
determinado assunto. O autor, normalmente, é um especialista na
área e deve possuir conhecimentos técnicos sobre o assunto.
No parecer o candidato deve analisar e propor uma solução ao
caso apresentado. O parecer técnico, em provas discursivas do
CESPE, nada mais é que uma versão ampliada de um estudo de
caso (situação-problema).
Veja o parecer exigido no último concurso:
PARECER
Na ata da primeira reunião de uma comissão interna de prevenção
de acidentes (CIPA) recentemente empossada em uma construtora
de médio porte, foram registrados os seguintes fatos: (1) Os
programas de condições e meio ambiente de trabalho na indústria
da construção civil referentes aos três canteiros de obras da
construtora eram exatamente iguais, tendo sido o primeiro
assinado por engenheiro de segurança do trabalho e os outros
dois, por técnico de segurança do trabalho, apesar de a destinação
e a fase das obras serem bem distintas. (2) Recentemente, a
empresa contratou mulheres como serventes de obra, tendo várias
delas reclamado do excesso de peso que tinham de carregar, e
uma, que sofria de lombalgia, apresentou atestados médicos
relacionados a problemas na coluna, tendo sido o primeiro deles de
três dias, após os quais a mulher retornou ao trabalho; após dez
dias de trabalho, a mesma servente apresentou novo atestado, de
quatorze dias, após os quais retornou ao trabalho, para não ser
encaminhada ao INSS, embora ainda sentisse dores, segundo ela.
(3) Estando os canteiros de obras situados em uma mesma
quadra, os médicos do trabalho atendem os empregados em
exames periódicos somente em um dos canteiros; o atestado de
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 24
saúde ocupacional (ASO) é emitido apenas com base no exame
físico, sendo utilizados, para todas as funções, os termos “apto” ou
“inapto”. (4) Em episódio recente, um pedreiro que rebocava a
parede externa no décimo andar sentiu-se mal e somente não caiu
do andaime porque estava preso ao cinto de segurança; ao
verificar o ASO relativo ao pedreiro, a CIPA observou o registro da
expressão "apto para a função". (5) Em outro episódio, um
motorista da empresa levava uma encomenda de cimento no
caminhão da firma quando sofreu acidente grave, não tendo sido
emitida a respectiva comunicação de acidente do trabalho (CAT),
sob a alegação de ele estar fora do canteiro de obras; entretanto,
os membros da CIPA concluíram que a própria comissão deveria
emitir a CAT, com registro de acidente de trajeto. O presidente da
referida CIPA, por ocasião da inspeção de um auditor-fiscal do
trabalho nos canteiros de obras da construtora, solicitou-lhe a
emissão de parecer técnico acerca do conteúdo da ata da reunião
da CIPA, pois supunha que o curso de formação para os membros
da CIPA não teria sido adequado e tinha dúvidas em relação a
possíveis irregularidades citadas na ata. O gerente da obra opôs-se
ao oferecimento de vista da ata ao auditor-fiscal, alegando a
existência de aspectos confidenciais na referida ata.
Redija, na condição de auditor-fiscal do trabalho, o parecer técnico
mencionado no último parágrafo da situação hipotética
apresentada, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
• possíveis irregularidades referentes à segurança e à saúde do
trabalhador e à previdência social descritas na ata; [valor: 10,00
pontos]
• providências a serem adotadas para a adequação da construtora
às condições de segurança do trabalho; [valor: 10,00 pontos]
• consequências para a segurança do trabalho na construção civil
da crescente contratação de mulheres neste setor econômico;
[valor: 10,00 pontos]
• orientações à CIPA, com base na legislação específica, no que diz
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 25
respeito à capacitação de seus integrantes e ao acesso do auditor-
fiscal do trabalho às atas das reuniões dessa comissão. [valor:
8,00 pontos]
A partir do caso apresentado, o candidato deve aplicar seu
conhecimento técnico fundamentado em leis, Normas
Regulamentadoras (NRs) ou convenções internacionais, por
exemplo, para propor o parecer, respondendo aos tópicos
exigidos pela banca.
Vou mostrar três estruturas para resolução do parecer técnico, já
destacando que não existe uma estrutura oficial adotada pelo
CESPE ou ESAF. Ao final, indicarei qual delas é considerada mais
adequada para as provas de concursos.
Texto Contínuo
O parecer pode ser estruturado na forma de ”texto corrido” ou
“texto contínuo”. Nesse caso, o candidato deve responder
diretamente aos tópicos solicitados pela banca, ou seja, já se
inicia o texto respondendo aos tópicos na ordem apresentada.
Nesse caso, você não deve se esquecer de exemplificar e citar o
caso apresentado, uma vez que o parecer técnico é uma forma
“hard” de estudo de caso.
Esse modelo de resposta não difere daquele dado às situações-
problemas. Alguns candidatos aprovados no último concurso
utilizaram este método. A vantagem é que a resposta aos tópicos
ficará mais evidente para o examinador.
Estrutura Simplificada
Esta estrutura foi a que eu utilizei para resolver o parecer.
Consiste, basicamente, em dividir a resolução do parecer em três
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 26
partes: o resumo do caso, a fundamentação e a conclusão
(parecer, propriamente dito).
- Resumo do Caso: deve abordar os principais aspectos do caso
fictício apresentado. Devem ser retomados, essencialmente,
aqueles assuntos que servirão de base para responder aos tópicos
cobrados pelo examinador.
- Fundamentação: Após o(s) parágrafo(s) com a retomada do
caso, os tópicos apresentadosdevem ser respondidos. Esta parte
ocupará a maioria das linhas. Ao elaborar sua resposta, procure
seguir a ordem dos tópicos apresentada pela banca e fundamente
toda a sua argumentação.
- Parecer: corresponde ao encerramento (conclusão) do parecer.
Se o último tópico exigir o posicionamento conclusivo a respeito do
assunto, deverá ser abordado na conclusão. É aconselhável utilizar
a expressão final “É o parecer” em parágrafo exclusivo (o último).
Nesse modelo, há uma estrutura mínima com “cara” de parecer. O
importante é não alterar a ordem dos tópicos, para não dificultar a
correção pelo examinador.
Estrutura Clássica
A estrutura clássica de um parecer técnico é a seguinte:
- NÚMERO DO PARECER
- DESTINATÁRIO
- ASSUNTO
- FATO(S)
- ANÁLISE DO(S) FATO(S)
- PARECER (CONCLUSÃO)
- LOCAL E DATA
- NOME E ASSINATURA DO PARECERISTA
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 27
Um parecer técnico elaborado por um especialista tem essa
estrutura. Em concursos públicos, contudo, essa estrutura não é
obrigatória. Ademais, há alguns perigos na adoção desse modelo.
O primeiro é a necessidade de “pular” uma ou mais linhas entre
cada subtítulo, o que faz o candidato “perder” de sete a oito
linhas, no mínimo (linhas intermediárias em branco não são
consideradas escritas).
Lembre-se de que, pelo critério adotado pelo CESPE para correção,
a quantidade de linhas escritas influencia em sua nota se você
cometer ao menos um erro microestrutural. Na ESAF as linhas em
branco influenciam apenas se o número de linhas escritas for
menor que o mínimo exigido.
O segundo perigo são as possibilidades de o candidato
identificar-se e ter nota zero atribuída pela banca. Essa série de
“perigos” faz com que a forma clássica do parecer não seja
indicada para concursos públicos.
Se optar pela estrutura tradicional, os subtítulos número do
parecer, destinatário, assunto, local e data e nome e assinatura
não deverão conter nenhuma informação, para não criar o
risco de identificação.
Ficaria assim:
NÚMERO DO PARECER:
DESTINATÁRIO:
ASSUNTO:
LOCAL E DATA
NOME E ASSINATURA DO PARECERISTA
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Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 28
Já os subtítulos FATO(S), ANÁLISE DO(S) FATO(S) e PARECER
correspondem, respectivamente, ao resumo do caso, ao
desenvolvimento e à conclusão da estrutura simplificada.
Sugiro a adoção da primeira (texto contínuo) ou da segunda
(estrutura simplificada).
CARACTERÍSTICAS DO PARECER TÉCNICO
Haverá um caso hipotético e alguns tópicos sobre os quais
o candidato deve discorrer.
Número de linhas: CESPE (até 60 linhas).
Pode ser elaborado em forma de texto contínuo ou com uma
estrutura simplificada.
É aconselhável utilizar um parágrafo final com a expressão “É
o parecer.”
Vejamos agora um resumo das principais informações sobre cada
uma das modalidades:
QUESTÃO
SITUAÇÃO-
PROBLEMA
DISSERTAÇÃO
(TEMA)
PARECER
TÉCNICO
Devo/Posso fazer
introdução e conclusão?
NÃO NÃO SIM(1) NÃO
Devo retomar o caso
hipotético apresentado, se
houver?
NÃO SIM NÃO SIM
Posso responder
diretamente aos tópicos?
SIM SIM(2) SIM SIM(2)
(1) – Não é obrigatória a utilização da estrutura tradicional e, em regra,
poderá ser dispensada.
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(2) – Não se esqueça de exemplificar com a situação-problema e/ou citar
o caso apresentado como fundamentação.
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 30
CAPÍTULO 6 - MACROESTRUTURA TEXTUAL
Toda prova discursiva, tanto da ESAF como do CESPE, avalia o texto
do candidato sob três enfoques: conteúdo, macroestrutura e
microestrutura textual.
A microestrutura textual se refere aos aspectos gramaticais,
ortográficos, semânticos, etc. A macroestrutura textual envolve
diversos aspectos, como a capacidade argumentativa do candidato, o
desenvolvimento do tema, a cobertura dos tópicos apresentados, a
sequência lógica do pensamento, a paragrafação, a apresentação
textual, a fundamentação, etc.
A diferença entre as análises das bancas CESPE e ESAF consiste,
basicamente, na forma de avaliação do conjunto
conteúdo/macroestrutura e no peso dado aos aspectos
microestruturais.
Nas provas da ESAF, mesmo que o candidato obtenha nota máxima
nos aspectos macroestruturais e de conteúdo, pode reprovar na
avaliação da microestrutura textual. Isso ocorre porque o peso da
avaliação microestrutural (grafia das palavras, acentuação,
morfossintaxe, propriedade vocabular, etc) pode chegar a 40% da
nota total. Isso não acontece nas provas do CESPE, em que a nota do
candidato é dada pelo conjunto macroestrutura/conteúdo e os erros
microestruturais são apenas considerados na fórmula para obter a
nota final.
Abaixo estão reproduzidas as grades de correção das bancas para
uma questão discursiva. Perceba que a grade de correção da ESAF
contém os aspectos macroestruturais em espécie, sendo que a
análise de conteúdo é feita sob esse enfoque. Ou seja, analisa-se o
conhecimento do candidato sobre o tema proposto (o conteúdo das
respostas) a partir do cumprimento dos aspectos macroestruturais.
Já o CESPE avalia a macroestrutura textual no contexto da avaliação
conteúdo. Por essa razão, a grade de correção do CESPE não contém
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 31
os quesitos macroestruturais em espécie como há na grade da ESAF.
Por sua vez, a grade da ESAF não contém aspectos de conteúdo,
tópico por tópico, como há no CESPE.
GRADE DE CORREÇÃO DE PROVAS DISCURSIVAS DO CESPE
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Concurso público para provimento de vagas no cargo de Auditor Fiscal
do Trabalho (AFT)
ESPELHO DA AVALIAÇÃO DA PROVA DISCURSIVA
Nome: ALDAIR LAZZAROTTO Inscrição: 2233344455
Cargo: Auditor-Fiscal do Trabalho
PROVA DISCURSIVA – QUESTÃO
ASPECTOS MACROESTRUTURAIS
QUESITOS AVALIADOS
FAIXA DE
VALOR
NOTA
1 Apresentação e estrutura textual
(legibilidade, respeito às margens e
indicação de parágrafos)
0,00 a 1,00
2 Desenvolvimento do tema
2.1 Objetivo da convenção. 0,00 a 5,00
2.2 Direitos trabalhistas que devem ser
assegurados às mulheres pelos Estados-
partes com vistas à eliminação da
discriminação;
0,00 a 8,00
2.3 Medidas que devem ser tomadas
pelos Estados-partes com o intuito de
impedir a discriminação contra a mulher
por motivo de casamento ou
maternidade e assegurar a efetividade
de seu direito ao trabalho.
0,00 a 6,00
MODALIDADE DISCURSIVA
NOTA PARCIAL
DO CANDIDATO
EM CADA TÓPICO
NO CESPE, O CONTEÚDO É AVALIADO TÓPICO A TÓPICO.
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Versão 1.1
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Linha
Tipo de Erro
0
1
0
2
0
3
0
4
0
5
0
6
0
7
0
8
0
9
1
01
1
1
2
1
3
1
4
1
5
1
6
1
7
1
8
1
9
2
0
Grafia/
Acentuação
Morfossintaxe
Propriedade
Vocabular
RESULTADO
Nota no conteúdo (NC = soma das notas obtidas em cada
quesito)
Número total de linhas efetivamente escritas (TL)
Número de erros (NE)
NOTA FINAL DA PROVA DISCURSIVA
GRADE DE CORREÇÃO DE PROVAS DISCURSIVAS DA ESAF
Concurso público para Auditor-Fiscal do Trabalho - MTPS – 2016
GRADE DE CORREÇÃO DE PROVA DISCURSIVA (Conteúdo)
Valor máximo da Questão 12 pontos
Conteúdo da Resposta
(Pontos analisados pelo examinador)
Pontos a deduzir
Capacidade de Argumentação Até 4 pontos
AE – Argumentação Errada
AF – Argumentação Fraca
AI – Argumentação Inexata
Sequência Lógica do Pensamento Até 2 pontos
CO - Contradição
CSE – Complemento de Sentença Errado
DI – Desenvolvimento Incompleto
DPP – Desconhecimento Parcial da Problemática
NÚMERO DE
ERROS
MICROESTRUTU-
RAIS EM CADA
LINHA
CÁLCULO DA
NOTA FINAL
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Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 33
DTP – Desconhecimento Total da Problemática
FOR – Forma (aspecto formal)
Alinhamento ao Tema Até 2 pontos
FPT – Fuga Parcial do Tema
FTT – Fuga Total do Tema
Cobertura dos Tópicos Apresentados Até 4 pontos
OT – Omissão de Tópico
OTT – Omissão Total de Tópico
OPT – Omissão Parcial de Tópico
TC – Texto Confuso
GRADE DE CORREÇÃO DE PROVA DISCURSIVA (Uso do Idioma)
Valor máximo da questão = 8 pontos
Conteúdo da Resposta
(Pontos analisados pelo examinador)
Pontos a deduzir
I – ASPECTOS FORMAIS 0,25 cada erro
F – Erros de Forma em Geral
O – Erros de Ortografia
II – ASPECTOS GRAMATICAIS 0,50 cada erro
MO – Morfologia
EC – Sintaxe de Emprego e Colocação
RG – Sintaxe de Regência
PO - Pontuação
III – ASPECTOS TEXTUAIS 0,75 cada erro
SDC – Sintaxe de Construção (coesão prejudicada)
COV – Clareza, concisão, unidade temática/estilo,
coerência, propriedade vocabular, paralelismo
semântico e sintático.
PAR - Paragrafação
Cada linha excedente ao máximo permitido 0,26
Cada linha que faltar para o mínimo exigido 0, 53
Observe que a avaliação da ESAF quanto aos aspectos
microestruturais é muito mais rigorosa que a avaliação do CESPE.
Para o CESPE qualquer erro microestrutural acarretará o desconto do
mesmo valor. Em uma questão discursiva com 30 linhas, por
PONTOS
DESCONTADOS EM
ASPECTOS
MACROESTRUTURAIS.
ERROS
MICROESTRUTURAIS
TAMBÉM ACARRETAM
DESCONTOS.
SIGLAS PRESENTES
NA CORREÇÃO SE O
ERRO FOR
COMETIDO.
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 34
exemplo, se o candidato escrever o limite máximo de linhas, cada
erro microestrutural acarretará o desconto de apenas 0,0333333(...)
pontos. Na ESAF, o desconto mínimo é de 0,25 por cada erro.
Por essa razão, nas provas da ESAF, o candidato deve ficar bem mais
atento aos aspectos microestruturais do que nas provas do CESPE.
Nestas, mesmo que o candidato cometer muitos erros gramaticais, se
atender às exigências macroestruturais e de conteúdo, possivelmente
será aprovado.
6.1. ASPECTOS MACROESTRUTURAIS PARA PROVAS DA ESAF
Vamos ver agora os principais aspectos macroestruturais avaliados
pela ESAF. O objetivo é entender em que consiste a capacidade de
desenvolvimento, a sequência lógica do pensamento, o alinhamento
ao tema e a cobertura dos tópicos apresentados, conforme grade de
correção das provas discursivas da banca.
Capacidade de Desenvolvimento
Este aspecto visa a avaliar a capacidade argumentativa do candidato.
Além da capacidade de expressão, há duas palavras chaves para
resumir o que a ESAF quer do futuro AFT: resposta completa e bem
fundamentada.
Resposta completa é aquela que responde a tudo o que foi
perguntado e, ao mesmo tempo, somente ao que foi perguntado.
Fundamentação: na prova discursiva para AFT, o examinador não
quer saber o que VOCÊ pensa a respeito de determinado tema. Ele
quer a resposta correta conforme a jurisprudência majoritária, a
doutrina mais aceita, a legislação que rege o tema, etc.
Ao analisar a capacidade de argumentação do candidato, o
examinador da ESAF pode considerá-la correta (nesse caso não
haverá desconto em sua nota), errada, fraca ou inexata. Vejamos o
que significa cada um desses termos:
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 35
Argumentação Errada (AE)
Vou dar um exemplo que facilitará o entendimento do que seria uma
argumentação errada: O examinador pergunta o motivo de o trabalho
da doméstica por até dois dias na semana não caracterizar a relação
de emprego e o candidato responde que esse fato ocorre porque a
maioria das empregadas domésticas são mulheres. Observe que o
candidato respondeu algo que não faz sentido.
A argumentação errada é muito difícil de ocorrer por dois motivos: o
candidato que chega à segunda fase de um concurso desse porte
conhece o assunto e o examinador não é um especialista na disciplina
objeto de prova. Dessa forma, na maioria das vezes, não tem
segurança para afirmar que o candidato está completamente errado.
Você sabia que as provas discursivas de concursos públicos são
corrigidas por professores de língua portuguesa, independente do
assunto tratado? Se o assunto da prova for a NR 18, por exemplo, o
avaliador não será um especialista em Segurança e Saúde no
Trabalho na Indústria da Construção. Por essa razão, os
examinadores sempre atribuem pontos ao candidato que cumpre os
requisitos básicos do texto.
Argumentação Fraca (AF)
A argumentação fraca ocorre quando o poder discursivo e de
convencimento do candidato está aquém do esperado. E o que é
esperado? Uma resposta completa (que aborde todos os aspectos
solicitados nos tópicos) e fundamentada. Na maioria das provas, o
parâmetro que o examinador tem para julgar o poder argumentativo
do candidato é a discursiva dos demais candidatos.
Suponha que uma questão discursiva solicite o seguinte: “Defina
suspensão contratual”. Vamos imaginar que o candidato “A” apenas
conceitue corretamente a suspensão contratual. Já o candidato “B”,
além de conceituar, fundamenta e dá exemplos práticos de
suspensão contratual. Ambas as respostas estão corretas, mas o
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 36
candidato “A” ganhará um “AF” em seu espelho de resposta, uma vez
que sua argumentação está fraca em relação ao concorrente.
Fundamentação: Todos os tópicos devem ser devidamente
fundamentados. Em Direito do Trabalho, por exemplo, se o assunto
for doutrinário, cite Maurício Godinho Delgado, Alice Monteiro de
Barros, Vólia Bomfim Cassar, Gustavo Filipe Barbosa ou qualquer
outro autor de sua preferência. O mesmo raciocínio deve ser
empregado em outras disciplinas.
Se o assunto for literal, cite a CLT; se for jurisprudencial, cite as
súmulas ou OJs do TST; se souber que o tema tem origem no TST,
mas não lembrar se é caso de súmula, OJs ou entendimento
predominante, escreva “de acordo com a jurisprudência do TST”. Em
SST, cite as Normas Regulamentadoras, as convenções da OIT ou
autores/professores consagrados.
Também podem serusados como fundamentação os sites
institucionais (MTPS, OIT, Ministério da Saúde e outros), publicações,
relatórios, fatos notórios e de conhecimento público, etc. O
importante é não deixar nenhum tópico sem fundamentação.
Outro detalhe importante sobre fundamentação: para citar Maurício
Godinho Delgado, por exemplo, em assunto concernente a Direito do
Trabalho, você não precisa saber se o autor fala exatamente
aquilo que você escreveu. O examinador também não saberá disso
e, entre centenas de provas a serem corrigidas, não terá tempo de
confirmar cada fundamentação utilizada pelos candidatos.
EXEMPLO DE ARGUMENTAÇÃO FRACA
(resposta incompleta e não fundamentada)
Questão: Qual a diferença entre a relação de trabalho e a relação de
emprego?
Texto do candidato: “A relação de trabalho é gênero, na qual a
relação de emprego é espécie. Aquela é mais abrangente, envolve o
trabalho autônomo, o avulso, o doméstico e o servidor estatutário,
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 37
enquanto esta relaciona os trabalhadores que são regulados pela
Consolidação das Leis Trabalhistas”.
Observação: Veja que o candidato não abordou de forma expressa a
diferença entre a relação de trabalho e a relação de emprego
(núcleo da questão). Ademais, não há fundamentação para o
conceito doutrinário de relação de emprego e de relação de trabalho.
Argumentação Inexata (AI)
Inexata é aquela argumentação que, apesar de não ser errada, não é
logicamente exata. Pode ocorrer quando a fundamentação é baseada
em argumentos não fidedignos ou em crendices ou dizeres populares,
por exemplo.
Argumentação inexata não significa que a afirmação está
conceitualmente errada. Não se trata de avaliação estritamente de
conteúdo. O que está sendo avaliada é a capacidade
argumentativa do candidato. Por essa razão, você deve utilizar uma
linguagem objetiva ou “científica”, jamais se baseando no
subjetivismo do senso comum ou em suas impressões pessoais.
Sequência Lógica do Pensamento
O principal objetivo da ESAF ao avaliar a sequência lógica de
pensamento é verificar se o candidato tem capacidade de alocar seu
conhecimento na prova discursiva com clareza e com coerência. Os
principais aspectos avaliados são os seguintes:
Contradição (CO)
Ocorre quando o candidato faz afirmações com sentido contraditório.
Por exemplo, o candidato afirma que “O controle prévio dos atos
administrativos ocorre quando há fiscalização da execução de um
contrato”. Nesse caso, o controle não é prévio, pois a execução do
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 38
contrato está em curso. As expressões “controle prévio” e “execução
de contrato” são contraditórias. Percebeu?
EXEMPLOS DE CONTRADIÇÃO
Questão: Qual a diferença entre a relação de trabalho e a relação de
emprego?
Texto do candidato: “Relação de emprego é a forma de trabalho
regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) juridicamente. É
na CLT que todas as regras do relacionamento empregado e
empregador se encontram em sua maioria e servem de base jurídica
para litígios trabalhistas”.
Observação: Todas as regras estão da CLT ou apenas a maioria?
Questão: Importância da diferenciação entre a não eventualidade e
a continuidade, para efeito de reconhecimento da relação de emprego
doméstico.
Texto do candidato: “A importância da diferenciação entre a não
eventualidade e a continuidade, para efeito de reconhecimento da
relação de emprego doméstico dever ser analisada sob aspecto
jurídico da legislação pertinente que enfatiza o aspecto da não
eventualidade, que significa não ser contínuo. A falta de alternância
e a constante repetição do mesmo doméstico caracteriza como
relação de emprego”.
Observação: Se não eventualidade significa não ser contínuo, então
NÃO HÁ DIFERENÇA entre não eventualidade e continuidade.
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 39
Desenvolvimento Incompleto (DI)
Este é o quesito que o examinador da ESAF mais usa para subtrair
pontos dos candidatos. Ocorre quando o candidato não desenvolve
completamente o tema.
Vamos ver um exemplo bem simples: O examinador pergunta: “Qual
o princípio cardeal do Direito do Trabalho?”.
- O candidato A diz que o princípio cardeal é o princípio da proteção.
- O candidato B diz que o princípio cardeal é o princípio da proteção,
também conhecido como princípio tutelar, que se desdobra em outros
três (princípios da norma mais favorável, da condição mais benéfica e
in dubio pro operário).
- O candidato C, por sua vez, argumenta que o princípio cardeal é o
princípio da proteção, também conhecido como princípio tutelar, que
se subdivide em princípio da norma mais favorável, da condição mais
benéfica e do in dubio pro operário. Ademais, complementa que o
princípio é assim considerado por interferir nas características e na
estrutura do Direito do Trabalho e interferir em todos os princípios,
regras e institutos desse ramo jurídico.
Quem deu a resposta mais completa? Perceba que o candidato A não
desenvolveu o tema, limitando-se a citar o princípio. Sua resposta
não está errada, mas certamente será penalizada com um DI. Já o
candidato B desenvolveu parcialmente o tema e pode ou não levar
um DI, a depender do critério do examinador. Já o candidato C, sem
fugir ao que foi proposto no tópico, desenvolveu e aprofundou o
tema.
Portanto, a dica é esta: desenvolva o assunto nos limites do que
está sendo perguntado. Mas, não confunda desenvolver o tema
proposto com divagar em assuntos não relacionados.
Outra situação em que pode haver penalização com “DI” acontece
quando o candidato utiliza palavras ou expressões de uso restrito
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 40
sem explicar ou exemplificar, ou seja, utiliza expressões que não
possuem significados amplamente conhecidos pelo chamado “homem
médio”.
Especialmente nas discursivas sobre SST, tome cuidado com termos
técnicos e com nomes de doenças ou equipamentos que não são
amplamente conhecidos. Nesse caso, evite a expressão, substitua-a
por um sinônimo ou, se precisar utilizá-la, desenvolva o assunto,
explicando seu significado.
EXEMPLO DE DESENVOLVIMENTO INCOMPLETO
Assunto da Questão: Diretrizes do PCMSO.
Texto do candidato: “O PCMSO deve levar em conta não apenas o
indivíduo, mas também a coletividade de trabalhadores, privilegiando
o instrumental clínico-epidemiológico, com caráter de prevenção,
rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde. Esse
programa deverá ser alterado sempre que novos ou diferentes riscos
à saúde dos empregados forem identificados”.
Observação: A expressão “instrumental clínico-epidemiológico”,
mesmo constando literalmente na NR 7, poderia ser evitada ou, se
utilizada, deveria ser desenvolvida. O candidato poderia dizer que o
“instrumental clínico-epidemiológico” refere-se tanto à abordagem
individual do trabalhador (clínica) como à abordagem coletiva do
conjunto de trabalhadores expostos a condições de trabalho
semelhantes (epidemiológica).
Desconhecimento Parcial da Problemática (DPP)
Ocorre quando o candidato não responde de forma correta, objetiva e
diretaao que foi perguntado, demonstra insegurança naquilo que
afirma ou apenas tangencia o tema, não demonstrando objetividade
e segurança em suas argumentações.
Orientações Essenciais para a Prova Discursiva de AFT
Versão 1.1
Prof. Aldair Lazzarotto 41
EXEMPLO DE DPP:
Questão: Importância da diferenciação entre a não eventualidade e
a continuidade, para efeito de reconhecimento da relação de emprego
doméstico.
Texto do candidato: No que tange a não eventualidade, é válido
distingui-la da continuidade para caracterizar a relação de emprego
doméstico. Algumas doutrinas e jurisprudências trabalhistas afirmam
a necessidade da prestação de serviços, pelo menos, três vezes na
semana ou mais, para caracterização do trabalho doméstico, ora não
eventual, de forma que inferior a tal prazo, o trabalho estaria sendo
realizado por diaristas, de forma contínua e desprovida de vínculo
empregatício.
Observação: Esta questão discursiva é anterior à nova Lei do
Doméstico. O candidato afirmou que não eventual é o trabalho
doméstico realizado três ou mais vezes na semana e contínuo aquele
realizado até duas vezes na semana. Antes da LC 150/2015, o
trabalho realizado por três ou mais vezes na semana (entendimento
jurisprudencial) era considerado contínuo. Aquele realizado até dois
dias era considerado não contínuo (diarista). Não eventualidade é
requisito da relação de emprego urbano (celetista).
Desconhecimento Total da Problemática (DTP)
É muito difícil de ocorrer, pelas razões expostas no item
“argumentação errada”, ou seja, o candidato que chega à segunda
fase do concurso, em regra, conhece o assunto e o examinador não é
um especialista na disciplina objeto de prova para assegurar que o
candidato desconhece totalmente o tema.
Forma (FOR)
O principal aspecto avaliado é a paragrafação, ou seja, a
apresentação, o respeito às margens, o paralelismo entre os
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parágrafos (espaçamento adequado entre a margem esquerda e o
início do parágrafo e a similaridade entre a extensão dos parágrafos).
EXEMPLO DE ERRO DE FORMA
Texto do candidato:
Algumas espécies de exames médicos são exigidas aos
trabalhadores (NR-7): admissional, periódico, de retorno ao trabalho,
de mudança de função e demissional. O exame admissional deve ser
realizado antes de o trabalhador assumir suas atividades. O
periódico, se o trabalhador estiver exposto a riscos de doenças
ocupacionais ou for portador de doença crônica, deve ser realizado,
em regra, anualmente. Para os demais trabalhadores, varia conforme
a idade. Se tiverem menos de dezoito e mais de quarenta e cinco
anos de idade o exame será anual e se tiverem entre dezoito e
quarenta e cinco anos o exame será a cada dois anos. O exame de
retorno ao trabalho será realizado no primeiro dia da volta ao
trabalho, o de mudança de função antes da mudança e o demissional
até a data da homologação.
Dessa forma, a NR-9 e a NR-7 são importantes
instrumentos que auxiliam no controle dos riscos no ambiente de
trabalho, de forma a prevenir danos à saúde dos trabalhadores..
Observação: A falha está na ausência de similaridade entre a
extensão dos parágrafos (11 linhas em um deles e apenas 3 no
outro).
Alinhamento ao tema
Neste ponto a ESAF procura penalizar candidatos que não conhecem
o assunto. Dois quesitos são muito importantes: objetividade e
resposta direta.
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Fuga parcial ao tema (FPT)
Ocorre quando o candidato não responde de forma objetiva somente
ao que foi perguntado. É importante que você desenvolva o TEMA
OBJETO DO TÓPICO (para o examinador não considerar o
desenvolvimento incompleto), mas você deve ter cuidado para não
extrapolar o assunto proposto.
Fuga total ao tema (FTT)
Também é muito difícil de ocorrer na prática. Seria o caso do
candidato que se desvia totalmente da proposta temática.
Cobertura dos tópicos apresentados
A principal finalidade desta avaliação é verificar se o candidato
respondeu a tudo o que foi perguntado nos tópicos. Em suma, busca
avaliar o conhecimento do candidato quanto ao tema proposto.
Atenção a dois requisitos essenciais de um bom texto discursivo: A
clareza na exposição das ideias e a retomada dos tópicos,
preferencialmente com as mesmas palavras utilizadas pelo
examinador. Utilize uma linguagem simples, nada de rebuscar seu
texto com termos técnicos específicos que uma pessoa comum não
saiba o significado. Se for extremamente necessária a utilização do
termo técnico, explique seu significado.
Exemplo de retomada do tópico no texto:
Questão: Qual o objetivo da Convenção da OIT sobre a eliminação
de todas as formas de discriminação contra a mulher?
Início da resposta do candidato: “O objetivo da Convenção
sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a
mulher (+ fundamentação) é...”.
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A retomada da proposta é essencial, pois ajuda o examinador a
encontrar rapidamente a resposta no texto e evita que o candidato
se esqueça de responder a algum aspecto solicitado.
Omissão do tópico (OT) e Omissão total do tópico (OTT)
Esses dois aspectos possuem basicamente o mesmo significado.
Ocorre quando o candidato deixa de responder INTEGRALMENTE a
um tópico presente na proposta temática.
EXEMPLO DE OMISSÃO DE TÓPICO
Questão: Quais os requisitos fático-jurídicos da relação de emprego?
Texto do candidato: “Os requisitos fático-jurídico da relação de
emprego possuem como base a CLT e legislação pertinentes. A
relação de trabalho possui o seu regramento no Código Civil e
legislações específicas. O trabalhador que exerce a função de
estagiário em uma empresa não possui estabilidade jurídica em sua
relação com o empregador se compararmos com o empregado
celetista, que possui no ato de sua demissão involuntária o direito a
indenização contratual e o direito ao aviso prévio.”.
Observação: O candidato apenas tangenciou o tema e divagou sobre
assuntos relacionados (como o estagiário). Mesmo tendo retomado a
proposta, ele sequer citou os requisitos da relação de emprego
(pessoalidade, subordinação, onerosidade, trabalho prestado por
pessoa física e não eventualidade).
Omissão parcial de tópico (OPT)
Ocorre quando o candidato deixa de responder PARCIALMENTE a um
tópico presente na proposta temática. Por exemplo: a prova solicita o
objetivo, o campo de aplicação e as diretrizes do Programa de
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Controle Médico de Saúde Ocupacional (PMSO), mas o candidato
responde apenas o objetivo e as diretrizes.
Aborde todos os aspectos, de preferência na ordem em que a
banca solicitou. Utilize um parágrafo ou mais para cada tópico.
Nunca reúna dois ou mais tópicos em um mesmo parágrafo. Essa
regra é muito importante e vale para qualquer modalidade
discursiva.
Um tópico pode ser abordado em
mais de um parágrafo.
Porém, nunca aborde mais de
um tópico no mesmo parágrafo.
Texto confuso (TC)
O examinador pode considerar o textoconfuso quando não encontrar
rapidamente a resposta ao que foi solicitado. Ocorre também quando
o candidato faz afirmações que não tem sentido completo.
6.2. ASPECTOS MACROESTRUTURAIS PARA PROVAS
DO CESPE
Veremos agora como o CESPE avalia as provas discursivas sob o
aspecto macroestrutural e de conteúdo. O CESPE é mais incisivo na
verificação da cobertura dos tópicos apresentados.
Basicamente, a avalição estrutural do CESPE divide-se em
Apresentação e Desenvolvimento do Tema, que nada mais é que a
cobertura dos tópicos apresentados.
Para exemplificar a grade de correção, vamos usar como base uma
das questões discursivas do último concurso:
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QUESTÃO DISCURSIVA
Discorra, à luz da Convenção sobre a eliminação de todas as
formas de discriminação contra a mulher, sobre as ações de
combate à discriminação contra a mulher na esfera trabalhista,
abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
TÓPICO 1 • objetivo da referida convenção; [valor: 5,00 pontos].
TÓPICO 2 • direitos trabalhistas que devem ser assegurados às
mulheres pelos Estados-partes com vistas à eliminação da
discriminação; [valor: 8,00 pontos].
TÓPICO 3 • medidas que devem ser tomadas pelos Estados-
partes com o intuito de impedir a discriminação contra a mulher
por motivo de casamento ou maternidade e assegurar a
efetividade de seu direito ao trabalho. [valor: 6,00 pontos].
APRESENTAÇÃO
Se somarmos a pontuação referente a cada um dos tópicos da
questão acima, a soma dá 19. A questão valia 20 pontos. O ponto
restante, portanto, é destinado à Apresentação.
A apresentação se refere à avaliação da letra (legibilidade), das
margens e dos parágrafos.
A letra pode ser cursiva ou de forma, mas precisa ser legível. O
examinador terá inúmeras provas para corrigir em poucos dias e não
fará esforço demasiado para entender o que o candidato escreveu.
Portanto, facilite a tarefa do examinador e capriche na letra. Aqueles
que escrevem com letra de forma devem prestar atenção para
diferenciar as maiúsculas das minúsculas.
As margens esquerda e direta devem ser respeitadas. Salvo na
confecção do parágrafo, o espaço da linha deve ser todo ocupado
pelo seu texto. Não deixe espaços em branco no início ou no final da
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linha. Do mesmo modo, não avance além da folha de respostas,
ultrapassando as margens.
Os parágrafos devem ter de dois a três centímetros. Procure fazer
parágrafos do mesmo tamanho, com quantidade de linhas parecida.
Um parágrafo ideal deve ter de 4 a 8 linhas. Esse número é apenas
uma referência, não deve ser entendido como fixo. O que se deve
evitar é construir no mesmo texto um parágrafo com 3 linhas e outro
com 12, por exemplo.
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Diferentemente do que faz a ESAF, a avaliação do desenvolvimento
do tema no CESPE é mais focada no conteúdo. O CESPE avalia os
aspectos macroestruturais a partir da avaliação do conteúdo. Já a
ESAF faz o contrário, avalia o conteúdo a partir da avaliação da
macroestrutura.
Em suma, o CESPE verifica se o candidato cumpriu a proposta
temática, respondendo aos tópicos solicitados. Portanto, o
desenvolvimento do tema é avaliado a partir do cumprimento ou não
dos tópicos temáticos.
As dicas para atender a proposta do CESPE são as mesmas já
apresentadas ao longo deste e-book. Responda a tudo o que for
perguntado, retome os tópicos com as palavras-chaves,
fundamente e desenvolva o tema.
Se o CESPE for a banca que organizará o seu concurso, dê mais
atenção aos aspectos macroestruturais e de conteúdo. Se for a ESAF,
a atenção deve ser idêntica ao conjunto microestrutural,
macroestrutural e de conteúdo.
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CAPÍTULO 7 – O PASSO A PASSO PARA RESOLUÇÃO
DA PROVA DISCURSIVA
Neste último capítulo estão as orientações finais (check-list) para
resolução de sua prova discursiva, seguidas de um rápido passo-a-
passo. Vamos lá?
1º - Leia atentamente a proposta temática e os tópicos exigidos.
2º - Retome o tópico no texto, preferencialmente com as palavras
chaves presentes na proposta.
3º - Fundamente a resposta de todos os tópicos.
4º – Desenvolva o assunto (explique os termos específicos,
exemplifique os conceitos, etc.).
5º - Confira se sua resposta está completa (se respondeu a tudo o
que foi solicitado).
6º - No parecer técnico e na situação-problema, não se esqueça de
retomar o caso hipotético apresentado.
7º - Faça parágrafos com extensão similar. Deixe um espaço
correspondente a dois ou três centímetros para o parágrafo.
8º - Releia seu texto e verifique eventuais contradições, períodos
confusos ou falta de clareza e de objetividade na exposição das
ideias.
9º - Nunca deixe de responder a um tópico, mesmo que não saiba ou
não tenha certeza da resposta correta. Utilize seu conhecimento geral
sobre aquela área de conhecimento.
10º - Não é necessário colocar título, nem fazer introdução ou
conclusão.
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7.1. Os 4 (quatro) pilares essenciais para
estruturação da argumentação
Apresentarei agora a “dica de ouro” para adequar sua resposta na
prova discursiva às exigências macroestruturais das bancas. Se você
seguir essas orientações e aplicá-las em sua prova, a segunda fase
do concurso não será mais um problema. Pelo contrário, passará a
ser uma grande aliada em sua aprovação.
Esses pilares te auxiliarão na construção de sua resposta mesmo que
você não domine inteiramente o conteúdo cobrado. Porém, antes de
aplicar os pilares, lembre-se de que para resolver uma prova
discursiva é necessário se preocupar com três áreas de
conhecimento:
- Conteúdo específico: Trata-se do conhecimento da disciplina
objeto de cobrança (Direito Constitucional, Direito do Trabalho, SST,
etc). Assim, a preparação para a discursiva já começa quando você
estuda para a prova objetiva (primeira fase).
- Língua Portuguesa: Para se elaborar uma boa redação, há
necessidade de ter, ao menos, conhecimentos básicos de gramática,
ortografia, regência, etc. Essa área é a chamada Microestrutura
Textual. Você se prepara nesta área em suas aulas de português.
- Macroestrutura Textual: Acredito que é a principal área de
conhecimento para provas discursivas. Seu desconhecimento é o que
mais reprova candidatos na segunda fase do concurso. Veja a
importância disto: NÃO é o desconhecimento do assunto (conteúdo
específico) ou o cometimento de muitos erros gramaticais que
reprova a maioria dos candidatos. É o domínio de regras básicas
sobre como abordar o assunto no texto, como estruturar suas ideias
ou como apresentar a resposta ao examinador de forma adequada. É
sobre essa área (MACROestrutura) que se fundamentam os 4 pilares
essenciais para estruturação de sua argumentação, ou seja, para
construção de seu paragrafo argumentativo em provas de concursos.
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Quando estudava para concursos, memorizei esses pilares através do
mnemônico“RE-FU-RE-CO”.
RE - Retomada do tópico
FU - Fundamentação
RE - Resposta
CO - Complementação
Vamos ver cada um deles.
RETOMADA DO TÓPICO
Retomar a proposta (tópico) consiste em reescrever parte do tópico
no início do parágrafo, preferencialmente com as mesmas palavras
usadas pelo examinador no enunciado da questão.
Essa estratégia auxilia sobremaneira o examinador (que não é um
profundo conhecedor do conteúdo, apenas um professor de língua
portuguesa) a encontrar a resposta em seu texto. O ideal é que a
retomada seja feita já no início do parágrafo. Lembre-se: o
examinador corrige centenas de textos em poucos dias. Ele não fará
um esforço muito grande para desvendar o que você escreveu. Se ele
não encontrar a resposta clara e objetiva em seu texto você será
penalizado.
Para exemplificar os pilares, vou utilizar a Q2 de Economia do
Trabalho, presente no livro digital “Discursivas de AFT”.
TÓPICO:
"Os efeitos macroeconômicos da negociação coletiva sobre o nível de
desemprego e a inflação".
INÍCIO DA RESPOSTA COM A RETOMADA:
"Os efeitos macroeconômicos da negociação coletiva sobre o nível de
desemprego e sobre a inflação, de acordo com (...)"
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FUNDAMENTAÇÃO
Em textos com linguagem técnica ou científica, como aqueles que
você deve elaborar em provas de concursos de conhecimentos
específicos, sua opinião e expressão pessoal não importam. O
examinador quer a resposta legal, técnica ou cientificamente correta.
Por isso, FUNDAMENTAR suas argumentações constitui o segundo
ponto essencial para a sua discursiva. Você pode fundamentar com
seu autor preferido, desde que seja uma referência na área, com a
Constituição Federal, com as Leis Específicas, com fatos públicos
notórios, com sites institucionais, etc.
O examinador não questionará argumentos de autoridade, como a
opinião de Maurício Godinho Delgado sobre a terceirização
trabalhista, por exemplo.
Veja no primeiro tópico da Q2 de Economia do Trabalho como foi feita
a fundamentação:
ARGUMENTAÇÃO FUNDAMENTADA:
"Os efeitos macroeconômicos da negociação coletiva sobre o nível de
desemprego e sobre a inflação [RETOMADA DA PROPOSTA], de
acordo com Calmfors e Driffill, dependem do (...)"
Veja também a fundamentação no primeiro parágrafo da Dissertação
de Direito Administrativo:
ARGUMENTAÇÃO FUNDAMENTADA (2):
"O servidor público tem direito constitucional ao gozo de férias anuais
remuneradas. De acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF/88)
é direito dos trabalhadores o gozo de férias com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal".
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RESPOSTA
O terceiro pilar de seu parágrafo argumentativo é a resposta efetiva
da pergunta feita pelo examinador. Agora é a hora de, efetivamente,
RESPONDER AO TÓPICO.
Veja o exemplo de elaboração da resposta após a retomada e a
fundamentação na questão de ECONOMIA DO TRABALHO:
TÓPICO:
“Indique a razão econômica de o resultado da taxa de desemprego ser
menor em países com determinação salarial no âmbito da firma ou no
âmbito centralizado que em países com determinação salarial no âmbito da
indústria.”
PARÁGRAFO COM RESPOSTA:
"Conforme Flávio Augusto Basílio [FUNDAMENTAÇÃO], a razão
econômica de o resultado da taxa de desemprego ser menor em
países com determinação salarial no âmbito da firma ou no âmbito
centralizado que em países com determinação salarial no âmbito da
indústria [RETOMADA DA PROPOSTA] são a capacidade de pressão
salarial dos sindicatos e a forma com que eles consideram a influência
do aumento de salário na inflação [RESPOSTA]".
COMPLEMENTAÇÃO
Muitos bons candidatos, com conhecimento sobre as provas
discursivas, finalizam sua argumentação com a resposta. Em alguns
casos, dependendo da complexidade do tema, isso pode ser
suficiente para sua aprovação.
Mas, lembre-se que, além da aprovação, os primeiros colocados
poderão optar por uma lotação melhor e terão preferência nas futuras
remoções, em razão de a nota da discursiva ser um fator que
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"desequilibra" as colocações dos candidatos na primeira fase. Já
pensou nisso?
O último dos quatro pilares para construção de sua argumentação
discursiva, que separa “homens” de “meninos”, é o complemento,
também chamado de DESENVOLVIMENTO DO TEMA.
Os candidatos que chegam à segunda fase dos concursos públicos,
em regra, possuem um nível de conhecimento muito parecido. Por
isso, a resposta correta é dada pela maioria deles. Então, o que
explica a discrepância nas notas?
Um dos fatores é o desenvolvimento do tema. Você já se deparou
com expressões como "desenvolvimento incompleto", "faltou
desenvolver o tema", "não aprofundou o assunto" e outros no
espelho de resposta das bancas examinadoras? O desenvolvimento
insuficiente do tema proposto pela banca pode minar sua aprovação,
mesmo que você tenha dado uma resposta correta.
Veja em que consiste o complemento (ou desenvolvimento do tema)
na análise da questão de Economia do Trabalho:
TÓPICO:
"Indique a razão econômica de o resultado da taxa de desemprego ser
menor em países com determinação salarial no âmbito da firma ou no
âmbito centralizado que em países com determinação salarial no âmbito da
indústria".
PARÁGRAFO APENAS COM A RESPOSTA:
"Conforme Flávio Augusto Basílio [FUNDAMENTAÇÃO], a razão econômica
de o resultado da taxa de desemprego ser menor em países com
determinação salarial no âmbito da firma ou no âmbito centralizado que em
países com determinação salarial no âmbito da indústria [RETOMADA DA
PROPOSTA] são a capacidade de pressão salarial dos sindicatos e a forma
com que eles consideram a influência do aumento de salário na inflação
[RESPOSTA]".
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O parágrafo acima está fundamentado, foi feita a retomada com as
palavras chaves do enunciado e a resposta está clara, direta e
objetiva. Mas, não parece estar faltando algo?
Se você leu e entendeu a questão, deve estar se perguntando por
que "a capacidade de pressão salarial dos sindicatos e a forma com
que eles consideram a influência do aumento de salário na inflação"
[RESPOSTA] é a "razão econômica de o resultado da taxa de
desemprego ser menor em países com determinação salarial no
âmbito da firma ou no âmbito centralizado que em países com
determinação salarial no âmbito da indústria" [PROPOSTA].
Essa afirmação necessita de uma explicação, exemplificação,
detalhamento, complementação, ou seja, do desenvolvimento do
tema.
PARÁGRAFO SEGUINTE COM O DESENVOLVIMENTO:
"Segundo o autor, os sindicatos que operam apenas no âmbito da
firma possuem baixa possibilidade de fazer pressões salariais, ou
seja, não são suficientemente fortes para alterar os salários de
mercado. Já no âmbito centralizado, os grandes sindicatos levam em
conta em suas negociações os efeitos das demandas por aumentos
salariais sobre a inflação e o desemprego. Por essa razão, o salário
não aumenta o suficiente para elevar a taxa de desemprego".
[COMPLEMENTO - ARGUMENTO 1]
"Por outrolado, no âmbito da indústria, os sindicatos exercem
relativo poder de mercado, mas não consideram os efeitos adversos
provocados pelos aumentos salariais no desemprego e na inflação.
Por essa razão, o salário aumenta em nível suficiente para elevar a
taxa de desemprego". [COMPLEMENTO - ARGUMENTO 2]
Ademais, é importante esclarecer que o complemento não é sempre
obrigatório ou necessário. Algumas argumentações prescindem de
desenvolvimento do tema. Em outros casos, o número de linhas mal
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dá para responder à proposta de forma objetiva. Todavia, sempre
que possível, você deve observar os quatro eixos (pilares) na
construção de sua argumentação.
CONCLUSÃO
Chegamos ao final deste e-book! Espero que você tenha entendido as
orientações e, principalmente, aplique-as ao resolver as questões
discursivas.
Para receber gratuitamente duas questões discursivas comentadas
e resolvidas do concurso AFT/2013 clique aqui:
http://bit.ly/1SSAnvH
Para receber gratuitamente três questões discursivas comentadas e
resolvidas de concursos sobre Segurança e Saúde no Trabalho
(SST), clique aqui: http://bit.ly/1RGsxqe
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