Logo Passei Direto
Buscar

Inglês

Artes
A argumentação, Competência Geral 7 da BNCC, é o fio condutor que o texto a seguir, publicado na página Nova Escola, utiliza para repensar o ensino da matemática. Ao propor problemas que desafiam a lógica tradicional, com dados insuficientes ou múltiplas soluções, o objetivo é deslocar o foco da mera obtenção de respostas numéricas para o desenvolvimento da capacidade de formular, negociar e defender ideias. Os estudantes são incentivados a analisar criticamente as informações, questionar pressupostos e construir argumentos sólidos, preparando-se para lidar com os desafios do mundo real. Essa abordagem promove uma visão mais ampla da matemática, como uma ferramenta para a análise crítica da realidade e a tomada de decisões informadas. PROBLEMAS PARA ARGUMENTAR Enfrentar questões que não precisam de contas para ser respondidas ajuda a aprender analisar o enunciado e argumentar Por Beatriz Vichessi 02/05/2018 Livro com desenhos de personagens O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto. Tente resolver a questão: “Em um barco há 15 cabras e 26 ovelhas. Qual é a idade do capitão?”. Provavelmente, você não deve ter demorado para notar que as informações são insuficientes para se chegar a uma resposta numérica. Um problema semelhante a esse ganhou as redes sociais há pouco tempo. Um professor chinês o colocou em uma prova para alunos de 11 anos. Além de fazer piadas, muitos ficaram revoltados com a pergunta. Que ousadia apresenta uma pergunta sem resposta! Apesar da repercussão recente, o desafio do capitão é um velho conhecido dos estudiosos do ensino da Matemática. Ele foi apresentado a um grupo de crianças em 1979 por pesquisadores da Universidade Joseph Fourier, na França. Apesar de acharem o problema absurdo, a maior parte dos estudantes deu como resposta 41 anos (a soma do número de animais). “Por que responderam?”, questionaram os pesquisadores. “Porque a professora perguntou”, disseram eles. Você sabe como funciona. É comum que as crianças, ao encarar um problema, rapidamente procurem os números e se perguntem: “É para fazer conta de mais ou de menos?”. Esse comportamento ajuda a entender como relações entre professores e alunos podem influenciar a maneira como a turma resolve as atividades. Segundo o francês Yves Chevallard, estudioso da didática da matemática, isso acontece porque os estudantes desenvolvem algumas concepções sobre como os adultos esperam que eles se comportem e pensem. A primeira é a de que sempre há uma resposta para um problema matemático e o professor a conhece. Por isso, é preciso dar uma resposta, mesmo que ela tenha de ser corrigida depois. Os alunos também acreditam que para resolver um problema é preciso achar os dados no enunciado e que nele constam todas as informações necessárias para encontrar a solução. Além disso, creem que devem efetuar uma operação para chegar ao resultado e que certas palavras-chave contidas no texto permitem adivinhar qual é ele. PROBLEMAS PARA ARGUMENTAR Desafios matemáticos com diferentes possibilidades de solução, com dados a mais ou insuficiente (portanto, não possuem solução numérica), ajudam a desenvolver a capacidade argumentativa dos estudantes. Após deixar que eles pensem sobre a solução, convide a turma a compartilhar o que cada um pensou, as respostas encontradas e as estratégias utilizadas para tal. Permita a todos questionar o enunciado. Todos esses comportamentos acontecem porque a escola tem a tendência de sempre apresentar questões de uma só natureza: com solução numérica. “Não faz sentido trabalhar de forma mecanizada, exigindo da turma fazer contas e só. Todos precisam aprender a analisar os números e o contexto, serem desafiados a pensar, não somente fazer”, diz Maria Clara Galvão, coordenadora do Ateliê Escola Acaia e formadora do Centro de Formação da Escola da Vila, ambos em São Paulo. Uma das maneiras de desenvolver na classe outras habilidades é apresentar problemas não convencionais. São aqueles que têm mais de uma resposta possível, não têm solução numérica pois não apresentam dados suficientes ou podem ser resolvidos de mais de uma forma. “É importante propor atividades que quebrem o contrato vigente. Os alunos aprendem que nem sempre terão de dar uma resposta numérica e que é aceitável (e possível) responder que há alguns com dados irrelevantes no enunciado”, diz Saddo Ag Almouloud, vice-coordenador do programa de Educação Matemática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). De acordo com Selene Coletti, formadora da rede de Itatiba, no interior de São Paulo, ao encará-los, os estudantes são desestabilizados. É exigido deles compreender a tarefa, controlar o que vai acontecendo durante a resolução e analisar a validade da resposta. “Aprendem a ler, reler e analisar se os dados fornecidos ajudam a encontrar a solução”, explica. Mas apresentar questões sem solução como pegadinha, jamais. “Devemos planejar o trabalho, reunir a turma para analisar as soluções encontradas, contrapor os jeitos de pensar, questionar as respostas e estimular a argumentação”, diz Andréia Silva Brito, professora de Matemática da EEEFM Drumond de Andrade, em Presidente Médici, no interior de Rondônia. “É da natureza do fazer matemático questionar, errar e afirmar que certas coisas são impossíveis”, diz. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11699/nem-tudo-vai-acabar-em-numero. A proposta de utilizar problemas não convencionais no ensino da matemática visa, principalmente, desenvolver qual habilidade nos estudantes, alinhada à Competência Geral 7 da BNCC? Questão 5Resposta a. A habilidade de identificar palavras-chave no enunciado para deduzir a operação a ser realizada. b. A aplicação mecânica de operações para encontrar resultados. c. A rapidez na obtenção de respostas numéricas precisas, mesmo diante de dados limitados. d. A memorização de fórmulas e algoritmos matemáticos. e. A capacidade de formular, negociar e defender ideias com base na análise crítica das informações.
User badge image
Irani Soares de Souza

há 3 dias

Respostas

User badge image

Ed Verified user icon

há 3 dias

Vamos analisar as alternativas uma a uma para encontrar a resposta correta. a) A habilidade de identificar palavras-chave no enunciado para deduzir a operação a ser realizada. - Essa opção foca em uma abordagem mecânica e tradicional de resolução de problemas, que não é o objetivo da proposta. b) A aplicação mecânica de operações para encontrar resultados. - Novamente, essa opção se refere a uma abordagem tradicional e não se alinha com a proposta de desenvolver habilidades argumentativas. c) A rapidez na obtenção de respostas numéricas precisas, mesmo diante de dados limitados. - Essa opção também não se alinha com a proposta, que busca ir além da mera obtenção de respostas numéricas. d) A memorização de fórmulas e algoritmos matemáticos. - Essa opção é mais sobre a memorização do que sobre a argumentação e análise crítica. e) A capacidade de formular, negociar e defender ideias com base na análise crítica das informações. - Esta opção está alinhada com a proposta de desenvolver habilidades argumentativas e de análise crítica, que é o foco do texto. Portanto, a alternativa correta é: e) A capacidade de formular, negociar e defender ideias com base na análise crítica das informações.

Essa resposta te ajudou?

0
Dislike0

Ainda com dúvidas?

Envie uma pergunta e tenha sua dúvida de estudo respondida!

Mais conteúdos dessa disciplina