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Obrigações Solidarias (Ativa e passiva) INTRODUÇÃO Na obrigação solidária, no contexto das modalidades obrigacionais, é um dos temas mais instigantes do Código Civil, estando presente no Livro I, da Parte Especial (artigos 264 a 285). Pela quantidade de artigos destinados ao estudo da solidariedade apontados no Código, torna-se evidente a preocupação do legislador quanto à matéria. Sendo assim, a solidariedade apresenta forte incidência na jurisprudência, mas padece de pouca abordagem no campo doutrinário. O Código Civil, em linhas gerais, também apresenta aspectos que delimitam premissas para o estudo das obrigações solidárias a partir do artigo 264, denominando essas premissas de “disposições gerais”. Pretendemos, assim, caracterizar as obrigações solidárias, comentar sobre a solidariedade ativa, a solidariedade passiva e a solidariedade mista. Conceito “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à divida toda.” (Art. 264) Como se ver pela definição legal de solidariedade, a sua grande característica é a unidade da prestação, independentemente da qualidade de seu objeto. Embora sejam vários os sujeitos, cumprimento da prestação é unitário. As obrigações solidárias são caracterizadas pela multiplicidade de credores e devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse único devedor. A solidariedade pode recair sobre os credores (solidariedade ativa), sobre os devedores (solidariedade passiva) ou sobre ambos os polos da relação obrigacional (solidariedade mista). Como podemos ver em Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. “Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à divida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à divida por inteiro (solidariedade passiva). Embora não haja previsão legal especifica, consignada nas disposições gerais da solidariedade no Código Civil, nada impede que se fale também em solidariedade mista, constituída pela vontade das partes, submetida, intuitivamente, às regras que regulam as duas primeiras.”(GAGLIANO;FILHO, 2009) É perfeitamente possível que exista solidariedade, mas que haja uma diversidade de tratamento entre os codevedores ou cocredores quanto à divida. Admite-se que as condições da obrigação seja diferentes para cada um dos envolvidos, sem que se perca a qualidade da solidariedade. Nestes termos “a obrigação solidaria pode ser pura ou simples para um dos cocredores ou codevedores e condicional, a prazo ou pagável em lugar diferente, para o outro” (art.266). Portanto, se o devedor for cobrado pelo total da divida, não poderá defender-se sob a alegação de que para o outro devedor a divida ainda não é exigível. 3. SOLIDARIEDADE ATIVA: A solidariedade ativa é aquela em que, sendo vários os credores, qualquer um deles tem direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. “Na solidariedade ativa há multiplicidade de credores, com direito a uma quota da prestação. Todavia, em razão da solidariedade, cada qual pode reclamá-la por inteiro do devedor comum. Este, no entanto, pagará somente a um deles. O credor que receber o pagamento entregará aos demais as quotas de cada um. O devedor se libera do vínculo pagando a qualquer cocredor, enquanto nenhum deles demandá-lo diretamente.” (GON ÇALVES, 2011) Não é muito frequente a verificação da solidariedade ativa. A ideia central da solidariedade é que esta servia como maior garantia para tutela do credito. Há um grande risco de que o credor solidário que recebeu toda a prestação dissipe seu objeto em detrimento dos demais. Por isso é que é tão reduzido por interesse pratico neste tipo de avença. Um exemplo de solidariedade ativa é a conta bancaria conjunta e em que todos os correntistas são credores solidários dos valores depositados, e podem exigir do banco a entrega de todos o numerário. Também há solidariedade ativa quando vários advogados são constituídos na mesma procuração. Neste caso, qualquer um deles tem legitimidade de exigir os honorários integralmente. No código civil podemos analisar os seguintes artigos me relação ao respeito da solidariedade ativa: Art.267. “Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.” Art. 268. “Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.”; Art. 269. “O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.” O fato é que o credor que tiver recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba, e o mesmo ocorrerá quando ele tiver perdoado a divida (art. 272 CC). Como se vê, a solidariedade só existe nas relações entre os credores e o devedor (relações externas). Entre os credores solidários (relações internas), cada um deles só tem direito a uma parta da prestação. Com a morte de uma dos credos solidários, cada um de seus herdeiros só terá direito de exigir e receber a quota do crédito que corresponder a seu quinhão hereditário, salvo, por obvio, se a obrigação for indivisível. (art. 270 CC) SOLIDARIEDADE PASSIVA: De acordo com Caio Mario da S. Pereira, a solidariedade passiva é muita mais frequente do que a ativa, já que representa uma efetiva vantagem para o credor quanto ao cumprimento da obrigação, o que eu reforça o vinculo obrigacional. Este pode cobrar a divida, inteira ou parcialmente, de qualquer um dos devedores solidários. Se houver recebimento parcial de um dos devedores, remanesce a solidariedade, para todos, pelo restante da divida. Com a morte de um dos devedores solidários, e feita a partilha da herança aos seu herdeiros, só poderá o credor exigir de cada um deles a quota correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se o objeto for indivisível, ou seja, em relação aos herdeiros do devedor solidário desaparece a solidariedade. O art. 277 do CC estabelece que o pagamento parcial feito por um dos devedores ou o perdão por este obtido só a ele aproveita. Porem, quando forem cobrados os demais, deverá ser descontado a parte já paga ou perdoada. Na solidariedade existe a ideia de unidade da prestação. Porem, não pode um devedor, por ato próprio agravar, a situação dos demais da relação obrigacional, a não ser que haja consentimento destes. (art. 278 CC) Como já disse e citado pelo autor Carlos Roberto Gonçalves, a impossibilidade do objeto acarreta a resolução da obrigação, seja ela solidaria ou não. No entanto, se a impossibilidade do objeto originário decorrer de culpa de um dos devedores solidários, todos continuam solidários pelo valor da coisa em dinheiro, mas pelas perda e danos so responde o culpado. Lembre-se de que, se a impossibilidade da prestação não decorrer de culpa de ninguém, a obrigação será desenvolvida, sem que possa falar em perdas e danos. Por outro lado, se a culpa for de todos os devedores, haverá solidariedade sobre a indenização pelos prejuízos. Portando, a solidariedade passiva atende ao interesse comum das partes, uma vez que oferece ao credor a vantagem de livra-lo de uma ação coletiva e o põe a salvo de eventual inadimplência de um dos devedores, e aos devedores facilita o crédito tendo em vista a forte garantia que representa para o credor. SOLIDARIEDADE MISTA: De acordo com a Maria Helena Diniz é configurada quando há uma pluralidade de indivíduos, integrando tanto o pólo passivo quanto o ativo da relação, ou seja, há vários devedores e credores atrelados por um vínculo jurídico. Mesmo não existindo qualquer previsão nos Diplomas Legais que versam acerca do assunto, é possível sua utilização, estando submetido aos dispositivos que disciplinam tanto a solidariedade ativa quanto a passiva. Portanto, se houver pluralidade subjetiva ativa e passiva simultaneamente, isto é, presença concomitante de credorese devedores, ocorreram uma solidariedade mista. Esta solidariedade não encontra previsão expressa no Código Civil, mas por força do princípio da autonomia da vontade a mesma pode ser criada pelas partes interessadas. Conclusão O estudo se preocupou em buscar uma base na doutrinária do código civil, de acordo com os artigos 264, elenco as caracterização das obrigações solidárias e suas disposições gerais. No decorrer deste trabalho, analisamos que, independentemente da espécie de solidariedade ajustada entre as partes, à importância da referida modalidade reside no aspecto do reforço da solução da obrigação. As obrigações solidárias estão presentes nos contratos que realizamos, podendo ter solidariedade ativa (diversos credores), solidariedade passiva (diversos devedores) ou solidariedade mista (multiplicidade dos dois). A Solidariedade mista não é regularizada, mas pode ser escolhida pelas partes. Referencia Bibliográfica GACLIANO, Pablo S.; FILHO, Rodolfo P. Novo curso de direito civil. Vol. 2. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. GONÇALVES, Carlos R. Direito Civil Brasileiro. Vol. 2 8ªed. São Paulo: Saraiva. 2011. PEREIRA, Caio Mario da S. Instituições de direito civil. Vol II. 21ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. CURIA, col. Luiz R; et al. Vade Mecum. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Volume 2: teoria geral das Obrigações. 26.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.