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Ele veio da selva Ursula Alonso Manso REVISTA EXAME - 08.05.2008 A trajetória do farmacêutico bioquímico amazonense Jorge Alberto Coelho da Silva, de 58 anos, mostra como é possível transformar negócios caseiros e improvisados numa empresa com potencial de expansão -- algo que tantos empreendedores tentam fazer. Há dez anos, ele começou a fabricar em sua casa, em Manaus, balas de frutas típicas da região, como cupuaçu e castanha. Era o início da Bombons Finos da Amazônia, que faturou 2,5 milhões de reais em 2007. Hoje, a empresa tem quatro lojas em Manaus, vende seus produtos em mais de 100 pontos no Amazonas e mantém representantes no sul, no sudeste e no nordeste do país. Além disso, exporta para a Venezuela, a França e a Holanda. "Estou em conversas com japoneses que querem vender meus doces no outro lado do mundo", diz Silva. A Bombons Finos da Amazônia ganhou vida depois que Silva perdeu o emprego que tinha na Honda, instalada na Zona Franca de Manaus. Ele logo percebeu que as balas e os chocolates com frutas comuns na região poderiam atrair consumidores de todo o país. O principal obstáculo era o prazo de validade. Os doces artesanais dificilmente continuam bons para consumo um mês depois de produzidos. Depois de estudar fórmulas para aumentar a validade para seis meses, ele agora pesquisa como elevar o prazo para um ano -- o que permite alcançar lugares mais distantes. Pelo menos duas vezes por ano, Silva leva seus doces a feiras internacionais."Para expandir mais rapidamente no Brasil, a empresa poderia fazer parceria com uma rede de maior penetração", diz Celso Leonardo, coordenador do núcleo de empreendedorismo da Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro. É o que Silva está tentando -- ele negocia com o Wal-Mart para vender seus doces nos supermercados da rede. A Bombons Finos da Amazônia disputa um mercado no qual estão marcas do porte de Lacta e Nestlé. Seu trunfo é carregar consigo um marketing com dois pontos fortes atualmente -- a Amazônia e a sustentabilidade. As embalagens utilizadas pela empresa privilegiam o artesanato local, utilizando materiais como palha e sobras de madeira, transformados em balaios e caixas de marchetaria por 30 artesãos de oito municípios do Amazonas, além de índios das tribos tucano e ianomâmi. A metamorfose Como a Bombons Finos da Amazônia se profissionalizou Tecnologia Depois de aumentar a validade dos doces para seis meses, conseguiu recursos da Finep para elevar o prazo para um ano — o que permite exportar mais Distribuição A empresa tem quatro lojas em Manaus, representantes no Sul, no Sudeste e no Nordeste, negocia espaço no Wal-Mart e participa de feiras no exterior para exportar Sustentabilidade Artesãos amazonenses, além de índios de duas tribos, produzem as embalagens com sobras de matérias primas, como palha e casca de cupuaçu