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TOXICOLOGIA GERAL MS. LUANA LETÍCIA ALVES DUTRA Colégio Elite – Escola Técnica Curso de Técnico em Farmácia INTRODUÇÃO Medicamento pode ser definido como produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, mas que pode ser um potencial causador de dano e óbito. Medicamento como um dos principais agentes responsáveis por intoxicações A ocorrência de óbitos por intoxicação com medicamentos tem sido considerada um dos agravos de saúde pública. INTRODUÇÃO No Brasil: • atenção a necessidade de aprimoramento da regulação da publicidade, • facilidade na aquisição de medicamentos sob prescrição médica, • inexistência de legislação específica sobre embalagens seguras, • escassas iniciativas de desenvolvimento da atenção farmacêutica, • padrão do consumo de medicamentos pela população, caracterizado pela automedicação, polifarmácia, uso indevido e indiscriminado de antibióticos e psicotrópicos. INTRODUÇÃO Entre 1986 e 2006, foram registrados no Brasil, pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), 1.220.987 casos de intoxicação, com um total de 7.597 (0,6%) óbitos. A partir de 1994, os medicamentos assumiram a primeira posição no conjunto de agentes tóxicos estudados, respondendo por 24,5% dos casos de intoxicação registrados no país. Ao longo dos vinte anos de registro, os medicamentos foram responsáveis por 1.327 óbitos, resultando em uma taxa de letalidade de 0,4%. INTRODUÇÃO Estatística: • os benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos, anti-inflamatórios são as classes de medicamentos que mais causam intoxicações em nosso país; • 44% do total das intoxicações medicamentosas foram classificadas como tentativas de suicídio e 40%, como acidentes; • do total registrado das tentativas de suicídio, 62% foram atribuídas aos medicamentos; • o sexo feminino é o mais vulnerável – do total das intoxicações e do total dos óbitos atribuídos aos medicamentos, 63% e 57%, respectivamente, ocorreram no sexo feminino; INTRODUÇÃO Estatística: •36% do total das intoxicações verificadas no sexo feminino ocorreram com medicamentos; •crianças menores de cinco anos (33%) e adultos de 20 a 29 anos (19%) constituíram as faixas etárias mais acometidas pelas intoxicações por medicamentos; •as faixas etárias de 20 a 29 anos (58 óbitos), de 30 a 39 anos (47 óbitos) e menores de cinco anos (42 óbitos) constituíram os grupos mais vulneráveis, contribuindo, juntos, com 55% dos óbitos registrados por medicamentos; •na faixa etária de 20 a 29 anos, a participação do sexo feminino foi bastante expressiva, contribuindo com 69% do total dos óbitos registrados neste grupo etário. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS Estuda os efeitos nocivos produzidos por interação dos medicamentos com o organismo, decorrente do uso inadequado ou da suscetibilidade individual. Estuda as reações adversas de doses terapêuticas dos medicamentos, bem como as intoxicações resultantes de doses excessivas por uso inadequado ou acidental. As reações adversas na utilização terapêutica de um medicamento podem ocorrer, por exemplo, pela incapacidade do organismo em biotransformar e eliminar o medicamento, mas outros tipos de efeitos inerentes ao medicamento e/ou ao organismo podem ser distinguidos. TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS 1.º lugar no ranking como agente de intoxicação nos centros de controle de toxicologia e farmacovigilância de todo o país; A faixa etária mais atingida é justamente a mais desprotegida, a de 1 a 4 anos; 2.ª a 3.ª causa de óbito em todo o país, variando quanto à causa e à circunstância; Mais de 30% das internações hospitalares em média no mundo; 1º. lugar = analgésicos/ antitérmicos/ Antiinflamatórios 2º. lugar = antidepressivos e estimulantes 3º. Lugar = cardiovasculares TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS Efeito colateral: É previsível, pois faz parte da ação farmacológica do medicamento. Ex: a sonolência em pacientes tratados com anti-histamínicos. Efeito secundário (adverso): Pode aparecer em alguns indivíduos como consequência da administração de certos medicamentos. Idiossincrasia: Efeito adverso decorrente de problemas genéticos em geral relacionados à deficiência do sistema enzimático. Independe da dose e de sensibilização prévia. Ex: deficiência na atividade da acetilcolinesterase, enzima responsável pela degradação da acetilcolina. Alergia: Resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo. Não se caracteriza como intoxicação, é estudada pela Imunologia. Não depende da dose e necessita de prévia exposição do indivíduo ao medicamento. Ex: a reação alérgica que ocorre em boa parte da população à penicilina. TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS Tolerância: É a diminuição dos níveis plasmáticos esperados quando da utilização contínua de determinados medicamentos, havendo necessidade de doses crescentes para obtenção dos efeitos iniciais. Dependência: Ocorre quando o medicamento passa a fazer parte do funcionamento do sistema biológico. Neste caso, o organismo muitas vezes necessita do medicamento para se manter vivo ou desempenhar uma função. Interações: Resulta na utilização simultânea de dois ou mais medicamentos, podendo haver neutralização dos efeitos esperados, ou ainda, uma adição ou potenciação de efeitos, levando a um quadro variável de intoxicação. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Os anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) são um grupo de fármacos que tem em comum a capacidade de controlar a inflamação, reduzir a dor e combater a hipertermia (febre). Classe de medicamentos mais vendida no Brasil. Existem mais de 50 tipos de AINEs disponíveis no mercado. Praticamente todos eles tem efeitos indesejáveis significativos, especialmente em idosos. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Inibidores Não Seletivos da COX: •Salicilatos (Aspirina, Diflunisal); •Derivados do ácido arilacético (Diclofenaco); •Derivados do ácido propiônico (Ibuprofeno, Naproxeno, Cetoprofeno, Flurbiprofeno); •Derivados do oxicam (Piroxicam, Tenoxicam); Inibidores Preferenciais da COX-2: •Nimesulida; •Meloxicam; •Nabumetona. Inibidores Seletivos da COX-2: •Celecoxib, Rofecoxib, Valdecoxib, Lumiracoxib, Parecoxib. Analgésicos e Antipiréticos de Baixa Ação Anti-inflamatória: •Dipirona (Metamizol); •Paracetamol. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Mecanismo de ação: •A ativação da enzima fosfolipase A2, em resposta a vários estímulos, hidrolisa os fosfolípides da membrana, liberando ácido araquidônico no citoplasma. •Este, por sua vez, serve de substrato para duas vias enzímicas: ciclo-oxigenase e lipo- oxigenase. •Pela via da COX é gerada a prostaglandina (PG) H2, que estimula a formação de prostaglandinas - PGI2, PGD2, PGE2 PGF2 α -, e tromboxano A2. •Pela via da lipo-oxigenase formam-se leucotrienos, lipoxinas e outros produtos. •Existência de duas isoformas da enzima ciclo-oxigenase, designadas COX-1 e COX-2. A isoforma COX-1 é expressa de forma constitutiva (constante) na maioria dos tecidos; enquanto a COX-2 é induzida nas inflamações. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS A COX-1 é essencial para a manutenção do estado fisiológico normal de muitos tecidos, incluindo a proteção da mucosa gastrointestinal; controle do fluxo sanguíneo renal; homeostasia; respostas autoimunes; funções pulmonares e do sistema nervoso central; cardiovasculares e reprodutivas3. A COX-2, induzida na inflamação por vários estímulos - como citocinas, endotoxinas e fatores de crescimento, origina prostaglandinas indutoras, quecontribuem ao desenvolvimento do edema, rubor, febre e hiperalgesia. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS As consequências do bloqueio da COX-1 no trato gastrointestinal são a inibição da proteção de sua mucosa e o aumento da secreção ácida, podendo levar à erosão, ulceração, perfuração e hemorragia. A probabilidade de ocorrência de úlcera ou sangramento aumenta com o uso em doses altas ou prolongada do AINE, administração concomitante de corticoesteroides e/ou anticoagulantes, tabagismo, bebidas alcoólicas e idade avançada. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Eles aumentam em 3,5% o risco de sangramentos gastrointestinais, podendo resultar em anemia e morte. Pode precipitar a Nefrite Analgésica em 0,5 a 10% do casos. A associação AINEs + analgésico pode resultar em Insuficiência renal aguda e falência renal. São considerados os medicamentos mais tóxicos e agressivos da farmacoterapêutica racional. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Os AINEs tem três efeitos principais: • diminuem a resposta inflamatória; • reduzem a dor de causa inflamatória e • baixam a febre. Além do efeito anti-inflamatório, analgésico e antipiréticos, tais fármacos impedem a atividade plaquetária, ao inibir a síntese de prostanoides como o tromboxano A2, que estimula a agregação plaquetária. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO- ESTEROIDAIS Efeitos adversos A maioria é devida à inibição da COX-1. No estômago as prostaglandinas levam à produção de muco que protege as células da mucosa dos efeitos corrosivos do ácido gástrico. • Hemorragia gástrica • Em administração prolongada, risco de úlcera gástrica • Náuseas • Vómitos • Alergias como urticária na pele • Insuficiência renal reversível com a cessação da medicação • Nefropatia associada ao uso de analgésicos e AINEs AAS Inibe a agregação plaquetária, podendo provocar hemorragias, principalmente as digestivas. Pode provocar gastrite erosiva e úlcera hemorrágica. Síndrome de Reye. Muitos indivíduos que fazem uso de Aspirina perdem sangue pelas fezes. O salicilismo (toxicidade crônica moderada) pode ocorrer com a ingestão repetida de doses altas de AAS, produzindo náuseas e vômitos. AAS Crianças menores de três anos são mais suscetíveis do que adultos às ações tóxicas dos salicilatos . A dose letal média de AAS por via oral é de 20 a 30 gramas em adultos; efeitos tóxicos aparecem quando 10 g ou mais são ingeridos, em dose única ou dividida, num período de 12 a 24 horas. Efeitos tóxicos não são comuns com níveis séricos inferiores a 30 mg/dL. Intoxicação leve: 150-200mg/kg; moderada: 200-300mg/kg; grave: 300-500mg/kg. AAS Farmacocinética • Absorvidos principalmente no estômago; • O volume de distribuição é de 0,15 a 0,2 L/kg, em doses terapêuticas, aumentando muito em doses tóxicas, sendo encontrados na saliva, leite materno, líquor, fluido sinovial, rins, fígado, pulmões e coração. • A excreção é feita na urina como ácido salicílico livre (10%), ácido salicilúrico (75%), salicilfenólico (10%) e acilglicurônico (5%) e ácido gentísico (< 1%). AAS Náuseas Vômitos Cefaléia Zumbidos Vertigem Hipertermia Acidose metabólica (casos graves- 15g) Desidratação Coma Distúrbios hemorrágicos. AAS Suporte - Desidratação: administração parenteral de fluidos e eletrólitos; - Hipertermia: controle com medidas físicas, como compressas frias; - Hipoglicemia: administrar glicose; - Convulsões: controlar com diazepam por via endovenosa; - Sangramentos: vitamina K; sangue fresco ou plaquetas podem ser necessários; AAS Antídotos: Lavagem gástrica até 24hs da ingestão, Carvão ativado em doses repetidas, Alcalinização urinária com bicarbonato de sódio, Corrigir o desequilíbrio ácido/base e a hipertermia, Hidratação, Hemodiálise se houver insuficiência renal e benzodiazepínicos para tratar convulsões. AAS Síndrome de Reye: • Distúrbio raro em crianças com mortalidade de 20 – 40%. • Acomete o cérebro e o fígado e está relacionada ao uso de salicilatos em conjunto com infecção viral. • A fisiopatogenia não é conhecida. Estudos epidemiológicos demonstraram correlação entre a doença e o uso de salicilatos após quadro viral. • A doença não é contagiosa. PARACETAMOL Analgésico-antitérmico que possui ação antipirética e analgésica e baixa ação anti-inflamatória. Um dos analgésico antipiréticos mais utilizado no mundo. Na insuficiência hepática gera grande quantidade de metabólitos tóxicos. Com doses terapêutica, os efeitos colaterais são poucos e raros, embora ocasionalmente ocorram reações cutâneas alérgicas. PARACETAMOL A ingestão regular por um longo período pode causar lesão renal. A meia vida plasmática da dose terapêutica varia de 2 a 4 horas, mas com a dose tóxica pode se estender de 6 a 8 horas. O fácil acesso ao paracetamol e o desconhecimento da população sobre seus efeitos nocivos ao organismo têm aumentado significativamente o número de intoxicações por esse fármaco. PARACETAMOL Maior causa de insuficiência hepática aguda e morte, associada a medicamentos nos EUA, Aqui no Brasil não temos o número tão grande ou casos tão graves como nos EUA, Porém nos últimos anos observamos um aumento no número de casos e também em sua gravidade no nosso país. PARACETAMOL Doses tóxicas (2 a 3x da dose terapêutica) causam hepatotoxicidade grave, potencialmente fatal, além de nefrotoxicidade. Ocorrem devido a saturação das enzimas hepáticas e consequente produção de um metabólito tóxico que se acumula e reage com componentes no hepatócito. Isto causa necrose no fígado e também nos túbulos renais. Óbitos são descritos com doses de 15 g, o que corresponde para uma apresentação de 750mg, a ingestão maciça de 20 comprimidos. PARACETAMOL Farmacocinética: O paracetamol tem absorção rápida e quase completa pelo trato gastrointestinal, com biodisponibilidade de 88%, O tempo de meia-vida do produto é de 1 a 4h em dose terapêutica porém pode aumentar significativamente nos casos de intoxicação, para 3h na intoxicação sem dano hepático e 7h e meia na intoxicação com dano hepático. PARACETAMOL A droga segue uma trilha metabólica clássica. A maior parte segue mecanismo de metabolização da sulfatação e da glucoronização. Uma pequena percentagem sofre metabolização através do citocromo P-450. Este último caminho criará um composto chamado NAPQI, ou N-acetil-p-benzoquinone imino. O que ocorre nas doses supraterapêuticas é que essas vias metabólicas estão completamente saturadas, levando a maior parte da metabolização para a oxidação. Quando o NAPQI se acumula acaba por se ligar a moléculas protéicas do hepatócito, causando lesão direta. PARACETAMOL PARACETAMOL Fases da Intoxicação: 1 Fase: vai dos primeiros minutos após a ingestão do medicamento e pode durar entre 12 a 24h, onde o paciente normalmente refere manifestações de irritabilidade gastro-intestinal como náuseas e vômitos, anorexia e diaforese. 2 Fase: apresenta o paciente com toxicidade hepática clínica e laboratorial e pode apresentar sintomatologia mais evidente: Com frequência os pacientes apresentam dor, elevação de enzimas hepáticas, trombocitopenia e a função renal começa a alterar, podem apresentar manifestações cardíacas e ocorrer morte súbita sem motivo aparente. PARACETAMOL Fases da Intoxicação: 3 Fase: O desenvolvimento de necrose hepática com manifestações clínicas de hepatotoxicidade aguda. Podemos ter alterações da coagulação sanguínea com manifestação de sangramentos, icterícia, náusea e vômitos, insuficiência renal, alterações urinárias principalmente com anúria, evolução com diminuição do nível de consciência até coma e finalmente óbito.4 Fase: evolui com a completa resolução do quadro de disfunção hepática que ocorre entre 4 dias e 2 semanas aproximadamente. PARACETAMOL Tratamento: Diminuir a exposição do paciente ao paracetamol através de descontaminação gastrointestinal que é feita por lavagem gástrica; O uso do carvão ativado é controverso, pois ele aparentemente reduz a absorção do paracetamol apenas na primeira hora após a ingestão; N-acetilcisteína (fluimucil) - específico PARACETAMOL N-acetilcisteína • Também chamada NAC, funciona como antídoto, reduzindo a toxicidade do paracetamol, ao fornecer grupos sulfidrilos (principalmente na forma de glutationa) que neutralizam o metabólito tóxico NAPQI, que assim não pode provocar danos nos hepatócitos e pode ser seguramente excretado. • A eficácia da NAC é bastante significativa se administrada até 8 horas após a intoxicação por paracetamol, mas a partir deste período o seu efeito já é mínimo porque o fígado já começou a sofrer lesões de hepatotoxicidade, aumentando drasticamente a possibilidade de necrose e morte do paciente. • Quanto mais cedo se administrar a NAC, maiores sãos os benefícios, mas notam-se os seus efeitos benéficos até às 48 horas após a intoxicação. DIPIRONA O maior risco da dipirona é causar agranulocitose. Os últimos trabalhos de pesquisa internacional indicam a incidência de agranulocitose em um caso para 30.000 usuários (1:30.000). A dipirona tem um componente imunogênico muito alto. A dipirona muitas vezes causa vasculite. DIPIRONA Hipotermia Tontura Hipotensão Cianose Dificuldade auditiva e visual Coma e convulsões Agranulocitose Leucopenia, trombocitopenia Erupções cutâneas DIPIRONA Tratamento: Lavagem gástrica; carvão ativado; diazepam se convulsão; Monitorar funções vitais, diurese forçada, diálise, se necessário; Tratamento sintomático e de manutenção. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Medicamentos desenvolvidos para o tratamento da depressão, mas também utilizados como coadjuvantes do tratamento de dor crônica, na profilaxia da enxaqueca e na abstinência à cocaína. Intoxicação bastante séria, de elevada morbi-mortalidade, em razão de uma evolução sombria para parada cardíaca, de difícil recuperação, quando quase 1/4 dos pacientes morrem na intoxicação. Também sobrevêm o coma nas primeiras 24 horas, devendo-se monitorar a frequência cardíaca por até 60 horas. O quadro clínico pode variar desde excitação e delírio, depressão respiratória, convulsão e morte súbita por fibrilação ventricular. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Toxicocinética: Este grupo de fármacos tem uma absorção lenta e irregular por via oral quando em altas doses. A distribuição no organismo é rápida. O metabolismo dos antidepressivos tricíclicos é hepático. As concentrações plasmáticas atingem um pico em 2 a 8 horas, porém podem ser retardadas e atingir o pico em 12 horas. A meia-vida depende do produto: a imipramina tem meia-vida de 18 horas e a amitriptilina de 19 horas, mas outros compostos, como a protriptilina, chegam a uma meia vida de 80 horas. Eles têm excreção renal, com aparecimento de 2 a 3 % da droga inalterada na urina. A causa mais frequente de óbitos por esses medicamentos é sua toxicidade cardíaca. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS As manifestações clínicas dependem da dose ingerida. Tem início em 30 a 40 minutos após a ingestão e pode ser uma síndrome bastante complexa, porém com manifestações anticolinérgicas evidentes. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Síndrome Anticolinérgica: Manifestações: midríase, taquicardia, rubor facial, pele e boca secas, diminuição das secreções, sede, constipação, retenção urinária, agitação psicomotora, delírio, alucinações, insuficiência respiratória e colapso cardiovascular. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Fases da intoxicação: 1 Fase: aparece no primeiro dia de intoxicação, se caracteriza por manifestações anticolinérgicas como mucosas secas, hipertermia, hiperemia, visão turva, taquicardia, excitação, delírios, alucinações, convulsões e midríase. 2 Fase: aparece após o primeiro dia e pode durar até o terceiro dia, com um quadro de depressão dos estímulos neuroquímicos, com o aparecimento de diminuição do nível de consciência até coma, grau variável de depressão respiratória com hipotensão e hipotermia. 3 Fase: aparece após 72 horas, tem como característica o retorno do quadro de agitação, delírios e marcada síndrome anticolinérgica. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Tratamento: O tratamento é basicamente sintomático e de manutenção. A descontaminação gastrintestinal deve ser realizada com lavagem gástrica até 24 horas após a ingestão. O uso do carvão ativado é estimulado normalmente em dose única. Benzodiazepínicos para o controle das crises convulsivas. ANTIPSICÓTICO FENOTIAZÍNICO Os fenotiazínicos são classificados como antipsicóticos e neurolépticos e promovem tranquilização leve sem que ocorra desligamento do paciente com o meio, promovem pouco ou nenhum efeito analgésico, mas podem potencializar as propriedades analgésicas de outros fármacos. A overdose de medicamentos derivados fenotiazínicos como os antipsicóticos Haloperidol (Haldol), Clorpromazina (Amplictil) e o antiemético Metoclopramida (Plasil) provocam as chamadas reações extrapiramidais. Ocorre um quadro típico de parkinson (reação de parkinsonismo) com torcicolo, rigidez muscular (principalmente nos ombros, na pescoço e face) de membros superiores e cabeça, perda de mobilidade, tremores, distonia e acatisia (inquietação motora). ANTIPSICÓTICO FENOTIAZÍNICO Os sintomas podem aparecer até 20hs após a ingestão. Apresentando espasmo muscular com movimentos lentos e anormais principalmente nos músculos faciais, com crise oculógira (olhar fixo para cima ou para os lados), espasmos e rigidez muscular generalizada. ANTIPSICÓTICO FENOTIAZÍNICO Tratamento: Lavagem gástrica nas primeiras 4hs (até 10hs), carvão ativado em doses repetidas; biperideno (Akineton) IM ou EV nas doses: 0,06- 0,1mg/Kg/ dose para crianças e 3-5mg para adulto a cada 6-8hs se necessário, para antagonizar os efeitos extrapiramidais, diazepan se convulsões, assistência respiratória. CARDIOTÔNICOS Estes medicamentos são utilizados na Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), aumentando a força de contração do coração. São extraídos de plantas do gênero Digitalis. Exemplos: Digoxina e digitoxina. Digoxina e Digitoxina são medicamentos reconhecidos pelo seu baixo índice terapêutico e pela dificuldade de manter suas concentrações em níveis estritamente terapêuticos. Quando em alta dose causam a chamada intoxicação digitálica, que se agrava no distúrbio eletrolítico com hipopotassemia ( K+). Na intoxicação por medicamentos cardiovasculares o evento pode ser evidenciado por alterações no ECG, por dosagem de eletrólitos no soro e dosagem do próprio fármaco no sangue. CARDIOTÔNICOS Os digitálicos produzem frequentemente efeitos tóxicos, que podem ser graves e até letais. A causa mais frequente é a associação com diuréticos que provocam perda de potássio. O tratamento, que deve ser feito com o paciente hospitalizado, inclui monitorização do ECG, suspensão de diuréticos depletores de potássio ou administração de potássio para diminuir a ligação do digitálico ao coração, a qual provoca a intoxicação, além da administração de um antiarrítmico. CARDIOTÔNICOS Os fatores que predispõem à intoxicação digitálica são: • Idade avançada; • Hemodiálise ou alterações eletrolíticas; • Infarto; • Cirurgia cardíaca recente; • Insuficiência renal. CARDIOTÔNICOS Dose Terapêutica: 0,5 a 1,5mg Dose Tóxica: 1mg em crianças (ou 0,07mg/kg) e 2-3mg em adultos (digoxina). Os sintomas mais comuns incluem alterações neurológicas (cefaléia, fadiga, tontura, etc.) e distúrbiosgastrintestinais (anorexia, diarréia, náuseas, vômitos, etc.). CARDIOTÔNICOS Tratamento: Esvaziamento gástrico (evitar o vômito), carvão ativado, monitorização cardíaca e de eletrólitos (potássio, magnésio, cálcio), Assistência respiratória. Para bradicardia usar atropina. Para taquiarritmias usar lidocaína. Usar fenitoína. ESTIMULANTES ADRENÉRGICOS Medicamentos simpatomiméticos adrenérgicos como os derivados anfetamínicos: Femproporex (Desobesi-M), Anfepramona (Inibex, Absten, Dualib) aumentam a pressão arterial podendo provocar Hipertensão Portal, AVC, nefropatias e etc. Aumento da frequência de rabdomiólise (desintegração da mioglobina no músculo estriado) repercutindo em déficit estético e físico, arritmias e parada cardíaca, além de acelerar o metabolismo celular ocasionando lipólise (aumento da taxa triglicerídeos e colesterol), excreção de cálcio, aumento do risco de fraturas e de osteoporose.