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[Escolha a data] [Ano] Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 1 SUMÁRIO Do Direito das Obrigações .................................................................................................................. 02 Das Obrigações de Dar Coisa Certa .................................................................................................... 02 Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis .............................................................................................. 04 Da Cessão de Crédito .......................................................................................................................... 06 Do Pagamento .................................................................................................................................... 07 Da Dação em Pagamento ................................................................................................................... 10 Da Novação ........................................................................................................................................ 11 Da Cláusula Penal ............................................................................................................................... 14 Das Arras ou Sinal ............................................................................................................................... 17 Caderno de Questões do TEC ............................................................................................................. 18 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Pessoal, hoje estudaremos o tópico DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. Esse assunto começa no art. 233 do Código Civil e vai até o art. 420. Perceba que estamos diante de quase 200 artigos. ➢ Das Modalidades das Obrigações – art. 233 até 285 ➢ Da Transmissão das Obrigações – art. 286 até 303 ➢ Do Adimplemento e Extinção das Obrigações – art. 304 até 388 ➢ Do Inadimplemento das Obrigações – art. 389 até 420 Neste material abordaremos apenas os artigos, incisos e alíneas mais relevantes. Colocaremos esquemas, exemplos, quadros e comentários, tudo isso a fim de facilitar a memorização. Caso queira verificar algum outro dispositivo, recomendamos o acesso à lei por meio do site do planalto: ➢ Código Civil → http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm Sugestão de estudo: ➢ Estude com calma este PDF. Leia-o devagar, mas não se preocupe em memorizar os detalhes, pois eles serão memorizados com a repetição do estudo desse conteúdo. Bons estudos! Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm RESUMO 08 @RADEGONDESS 2 DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES CONTEXTUALIZAÇÃO Obrigação é um vínculo jurídico entre o credor e o devedor! Ou seja, confere-se ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação de caráter patrimonial, sendo que no caso de descumprimento poderá o credor satisfazer-se no patrimônio do devedor, isto é, pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor (art. 391). DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. COMENTÁRIO: Obrigação de dar coisa certa é aquela em que o devedor se compromete a entregar uma coisa certa e determinada, perfeitamente individualizada, que possa ser diferenciada de outras da mesma espécie (ex.: um touro reprodutor). No direito das obrigações “dar” pode significar entregar a propriedade (em uma compra e venda) ou simplesmente entregar a posse (em uma locação). Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. COMENTÁRIO: Se a deterioração da coisa (destruição parcial) ocorreu sem que tenha havido culpa do devedor, resolve-se (extingue-se) a obrigação, com restituição da quantia paga ou pode receber a coisa no estado que estiver, com um abatimento proporcional no preço que se perdeu. CREDOR DEVEDORPRESTAÇÃO “ME PAGUE!” (Obrigação de dar, entregar, fazer, não fazer) Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 3 Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. EXEMPLO: Teresa firmou contrato com Camila obrigando-se a entregar-lhe um vestido. Antes da entrega, porém, Teresa utilizou o vestido em uma festa e derrubou vinho sobre ele, manchando o vestido. Diante dessa situação, Camila poderá exigir o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa (vestido) no estado em que se acha, além de postular perdas e danos. OBS.: Note que só haverá perdas e danos se houver culpa do devedor! DETERIORADA A COISA NÃO sendo culpado o devedor, o credor poderá: Resolver (extinguir) a obrigação, com a restituição da quantia paga Receber a coisa no estado que estiver, com um abatimento proporcional no preço que se perdeu Sendo culpado o devedor, o credor poderá: Exigir o equivalente em dinheiro, com direito a reclamar indenização das perdas e danos Aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar indenização das perdas e danos @RADEGONDESS Art. 235 Art. 236 Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 4 DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. EXEMPLO: Camila e Tereza, coproprietárias de um apartamento, celebraram contrato de compra e venda do referido bem com Joana, parcelando o valor do referido imóvel em 60 prestações mensais. Joana (devedora) vinha adimplindo regularmente as prestações mensais até que, ao tempo da 20ª prestação, procurou ambas as credoras, pois pretendia quitar todas as prestações restantes de uma só vez. Camila prontamente atendeu Joana, enquanto Tereza não se manifestou, pois encontrava-se em viagem ao exterior. Joana efetua o pagamento diretamente a Camila e recebe a quitação plena da obrigação, assim como a devida caução de ratificação de Tereza. Nesse caso, o pagamento realizado por Joana é válido e eficaz, pois feito à credora de obrigação indivisível (obrigação de entregar o apartamento) e em conformidade com o art. 260, inciso II, do Código Civil. QUADRO COMPARATIVO O QUE É OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL? O QUE É OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL? É aquela que comporta fracionamento. É aquela que NÃO comporta fracionamento. EXEMPLO: Devo R$ 12.000 e a dívida pode ser parcelada em 12 parcelas de R$ 1.000. EXEMPLO: Entregar um cavalo, entregar um apartamento. O devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: A todos os credores conjuntamente A um credor, dando este caução de ratificação dos outros credores @RADEGONDESS OU Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 5 OBSERVAÇÕES 1) Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. (art. 201) 2) A interrupção da prescrição por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedorsolidário envolve os demais e seus herdeiros. (art. 204, § 1°) DA SOLIDARIEDADE ATIVA Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. COMENTÁRIO: A solidariedade ATIVA ocorre quando, em decorrência da mesma relação jurídica, há pluralidade de credores, sendo que eles possuem direitos pelo total da dívida. Na solidariedade ativa qualquer um dos credores pode exigir a prestação por inteiro (art. 267). Ou seja, o devedor não pode pretender pagar a dívida ao credor demandante de forma parcial (entregando apenas a quota-parte desse credor), sob a alegação de que deveria ratear a quantia entre os demais credores. Além disso, o art. 271 dispõe que a conversão da prestação em perdas e danos não extingue a solidariedade, isto é, ela continua existindo para todos os efeitos. DA SOLIDARIEDADE PASSIVA Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. COMENTÁRIO: A solidariedade PASSIVA ocorre quando, em decorrência da mesma relação jurídica, há pluralidade de devedores, sendo que todos eles são obrigados ao pagamento total da dívida. O credor pode escolher qualquer um dos devedores para cumprir a prestação. Isso reforça o vínculo e facilita o cumprimento da obrigação, pois o credor pode escolher apenas o devedor em melhores condições financeiras para cumprir a obrigação. Além disso, o art. 276 dispõe que se um dos devedores solidários morrer, a dívida se transmite aos seus herdeiros no limite da sua quota, salvo se a obrigação for indivisível (na obrigação indivisível não é possível pagamento parcial). Todos os herdeiros reunidos são considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 6 DA CESSÃO DE CRÉDITO Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa- fé, se não constar do instrumento da obrigação. COMENTÁRIO: Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão (transferência). Contudo, há créditos que não podem ser cedidos, principalmente quando decorrerem de relações jurídicas estritamente pessoais (direitos personalíssimos), como as de direito de família, alimentos, nome civil, etc. Além disso, o próprio contrato pode conter cláusula proibitiva de cessão de crédito. Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. EXEMPLO: Pablo vendeu um carro para sua amiga Teresa no dia 30 de abril. As partes formalizaram instrumento particular de compra e venda nos termos do qual o preço deveria ser pago no prazo de um mês. Dias depois, em 10 de maio, Ricardo cedeu seu crédito sobre o preço do veículo para André, que notificou Fernanda na mesma data. Logo após, em 20 de maio, Ricardo cedeu o mesmo crédito para Bruno, entregando-lhe também o instrumento de compra e venda do automóvel. Bruno notificou Teresa acerca da cessão no mesmo dia, apresentando-lhe o mencionado instrumento de compra e venda conjuntamente com o título da própria cessão. Na data de vencimento da dívida, para desobrigar-se plenamente de sua obrigação, Teresa deverá realizar o pagamento a Bruno, por se tratar do cessionário que lhe apresentou o título da obrigação cedida (instrumento de compra e venda) em conjunto com o título da cessão. OBS.: Quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação. O credor pode ceder o seu crédito se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor REGRA GERAL EXCEÇÃO Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 7 DO PAGAMENTO Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. COMENTÁRIO: As obrigações extinguem-se normalmente pelo pagamento direto. Pagamento é o cumprimento espontâneo da prestação, liberando o sujeito passivo da obrigação. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la (ex.: o fiador já sabendo que o devedor não terá condições de honrar seu compromisso, se antecipa e efetua o pagamento no vencimento, exatamente para não pagar juros no futuro). Se o credor se opuser, o interessado na extinção da dívida pode usar dos meios conducentes à exoneração do devedor, ou seja, o credor não pode se recusar em receber o pagamento, mas se assim o fizer, o interessado na extinção da dívida pode impetrar ação de consignação em pagamento (depósito judicial para se exonerar da dívida). OBS.: O terceiro não interessado também pode pagar a dívida, salvo oposição do devedor. Terceiro não interessado é aquele que não está vinculado à relação obrigacional existente entre credor e devedor, embora possa ter um interesse moral ou afetivo (ex.: pai que paga a dívida do filho). DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. EXEMPLO: Teresa e Camila, maiores e capazes, celebraram entre si contrato de empréstimo em dinheiro, pelo qual Teresa emprestou quantia certa à Camila em 20/01 e Camila se obrigou a restituir o valor em 20/03 do mesmo ano. No entanto, na data do vencimento, Camila não efetuou o pagamento a Teresa, mas sim ao Pablo, marido da Teresa. Fato seguinte, Teresa, representada por um advogado, exigiu o pagamento da quantia devida, tendo como resposta da Camila a entrega de um documento de quitação assinado por Pablo. Nesse caso, o pagamento efetuado por Camila a Pablo é inválido, pois o pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, pois um cônjuge não é representante do outro cônjuge, salvo se houver outorga de poderes para tal. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 8 DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. EXEMPLO: A empresa ABC foi contratada para fornecer mensalmente material de escritório para a empresa XYZ pelo prazo de 60 meses. Em troca, ficou avençado que a XYZ depositará na conta corrente da ABC a quantia de R$ 4 mil reais. Nesse caso, o preço a ser depositado pela XYZ no vencimento não será corrigido monetariamente, ressalvada eventual revisão judicial decorrente de desproporção manifesta por motivos imprevisíveis. DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. COMENTÁRIO: O credor não pode se recusar em receber o pagamento, mas se assim o fizer, o interessado na extinção da dívida poderealizar o depósito judicial (impetrando ação de consignação em pagamento) ou o depósito extrajudicial (em estabelecimento bancário). Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. O pagamento em consignação faz cessarem para o depositante os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. O pagamento em consignação consiste no depósito judicial ou extrajudicial da quantia (ou coisa devida). Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 9 DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. COMENTÁRIO: Sub-rogação é a substituição de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos (sub-rogação real) ou de uma pessoa por outra, com os mesmos direitos e ações (sub- rogação pessoal). O art. 346 do Código Civil trata apenas da sub-rogação pessoal, que vem a ser a transferência da qualidade de credor para aquele que pagou a obrigação alheia (modifica-se a titularidade do crédito). EXEMPLO: Haverá sub-rogação do terceiro interessado (ex.: fiador), que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Ou seja, o fiador que paga uma dívida pela qual se obrigou, sub-roga-se nos direitos do credor. Em outras palavras, o fiador paga a dívida do devedor principal, mas se torna o novo credor do mesmo devedor. OBS.: O art. 346 trata da sub-rogação LEGAL (de pleno direito). Haverá sub-rogação a favor do fiador Quando ele pagar a dívida pela qual era obrigado, no todo ou em parte. A sub-rogação é CONVENCIONAL quando: O credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos Terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito OU @RADEGONDESS Art. 347 Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 10 DA DAÇÃO EM PAGAMENTO Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. COMENTÁRIO: Dação em Pagamento é um acordo de vontades entre credor e devedor em que há a entrega de coisa em substituição da prestação devida e vencida. Em outras palavras, o credor concorda em receber prestação diversa da que lhe é devida, extinguindo a obrigação. EXEMPLO: André deve para Bruno determinada importância em dinheiro, mas como André não tem o dinheiro, oferece um carro para o cumprimento da obrigação, sendo este aceito pelo credor. Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. DEFINIÇÕES PERTINENTES ➢ Evicção é a perda de um bem por ordem judicial. ➢ Evicto é aquele que adquire o bem, mas sofre a perda do bem em evicção. ➢ Alienante é aquele que vende o bem para o evicto, motivado pela má-fé. ➢ Evictor é o terceiro que reivindica o bem na justiça. COMENTÁRIO: O art. 359 dispõe que se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento (em outras palavras, se o credor perder a propriedade do objeto dado pelo devedor para um terceiro em virtude de sentença judicial), a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada (ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé). O devedor também responde por eventual vício redibitório (defeito oculto) da coisa entregue. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 11 DA NOVAÇÃO Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. COMENTÁRIO: Novação é a extinção de uma obrigação e o imediato surgimento de uma nova obrigação, ou seja, é a substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Só haverá novação se houver um acordo, ou seja, vontade das partes (nunca por força de lei). Trata-se do animus novandi (intenção de inovar) que não pode ser presumido (deve ser inequívoco). EXEMPLO: André deve a Bruno o valor de R$ 3.000. Não tendo dinheiro, André propõe, como exímio carpinteiro que é, celebrarem um contrato de prestação de serviços de carpintaria na residência de Bruno, até o valor devido. Esta contratação caracterizará novação. QUADRO COMPARATIVO DAÇÃO EM PAGAMENTO NOVAÇÃO Tem por fim extinguir a dívida, exonerando o devedor da obrigação. Também extingue a dívida, porém no mesmo momento cria outra obrigação. DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. EXEMPLO: André empresta seu carro a Bruno e ele é roubado, perdendo o carro. Bruno, em tese, não será obrigado a ressarcir o prejuízo, pois a doutrina entende que o roubo (subtração de coisa alheia mediante violência ou grave ameaça) é hipótese de força maior. Nesse caso, André (que é o proprietário) ficará com o prejuízo e a obrigação será extinta. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 12 DA MORA Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. COMENTÁRIO: Mora é o retardamento (tempo) ou o imperfeito cumprimento (forma e lugar) da obrigação, desde que não tenha ocorrido caso fortuito ou força maior. Como se percebe, estar em mora não é simplesmente atrasar o pagamento. É possível que uma pessoa pague em dia, mas ainda assim esteja em mora, pois pagou em lugar ou forma diferente do combinado. A mora pode ser tanto por parte do devedor, como do credor. Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. EXEMPLO: A Siderúrgica ABC foi contratada em 2022 para construir um protótipo de aço para a Empresa XYZ, que deveria ser entregue até o final de 2022. Entretanto, a Siderúrgica ABC não conseguiu concluir a construção no prazo, por inadequado planejamento de sua parte. Quando estava prestes a concluí-lo, em fevereiro de 2023, adveio determinação do poder público no sentido do fechamento da Siderúrgica e suspensão temporária das suas atividades, com base em calamidade pública, o que inviabilizou definitivamente o cumprimento da obrigação. Essa determinação de suspensão das atividades caracteriza caso fortuito, mas não isenta a Siderúrgica ABC dos efeitos do inadimplemento, por ter ocorrido a suspensão quando já estava em mora. Art. 401. Purga-sea mora: I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. COMENTÁRIO: Purgar a mora é neutralizar os efeitos da mora, grosso modo, é extinguir a mora. Ou seja, a parte que incorreu em mora, corrige (sana a sua falta) de forma voluntária, cumprindo a obrigação que fora anteriormente descumprida, reconduzindo a obrigação à normalidade. Deve ressarcir, também, os eventuais prejuízos causados à outra parte. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 13 DAS PERDAS E DANOS Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. COMENTÁRIO: Perdas e danos constituem o equivalente do prejuízo suportado pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido a obrigação, expressando-se em uma soma de dinheiro correspondente ao desequilíbrio sofrido pelo lesado. Nos termos do art. 402, as perdas e danos abrangem o que o credor efetivamente perdeu e o que razoavelmente deixou de lucrar. Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. O QUE SÃO LUCROS CESSANTES? ➢ São os lucros que foram frustrados, ou seja, tudo aquilo que o credor razoavelmente deixou de lucrar em decorrência direta e imediata da inexecução da obrigação pelo devedor. EXEMPLO: Pablo, que estava dirigindo seu carro, colide com um táxi. Este pode reclamar não só os danos ocorridos em seu veículo, como aquilo que deixou de ganhar com as eventuais “corridas” que faria enquanto seu carro ficou na oficina para reparos (lucros cessantes). Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor AS PERDAS E DANOS SÓ INCLUEM Os prejuízos efetivos Os lucros cessantes por efeito direto e imediato da inexecução da obrigação @RADEGONDESS E Art. 403 Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 14 DA CLÁUSULA PENAL Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. COMENTÁRIO: A cláusula penal é uma cláusula estipulada no contrato, que impõe ao devedor uma penalidade pela inexecução da obrigação (infração contratual) ou pela mora (atraso ou demora) no cumprimento da obrigação. Também é chamada de multa contratual ou pena convencional. Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir- se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. COMENTÁRIO: O art. 410 trata do total inadimplemento da obrigação. Esse artigo fornece ao credor a alternativa (opção) de pleitear a multa compensatória ou exigir o cumprimento forçado da obrigação. Um exemplo citado pela doutrina é do inquilino que desocupa o imóvel antes do fim do prazo da locação (a multa, nesse caso, pode ser estabelecida no valor de até 3 aluguéis). O inquilino (devedor) possui a alternativa (escolhe) em benefício do credor: cumpre o contrato ou paga a multa. A CLÁUSULA PENAL PODE SE REFERIR À Inexecução completa da obrigação Inexecução de alguma cláusula especial Mora PEGADINHA Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se- á em alternativa a benefício do devedor. (ERRADO) @RADEGONDESS Art. 409 Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 15 Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. COMENTÁRIO: A cláusula penal para o caso de mora é estipulada para evitar o retardamento culposo no cumprimento da obrigação ou em segurança especial de outra cláusula determinada. Aqui, os prejuízos são referentes ao atraso e não ao total inadimplemento. Nesse caso, o credor terá o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada (multa), juntamente com o desempenho da obrigação principal. O exemplo clássico é do inquilino que paga o aluguel com atraso: ele deve pagar a prestação em atraso acrescido do valor estipulado a título de multa. Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. EXEMPLO: André e Bruno celebram contrato de prestação de serviços para criação e manutenção do jardim de André, cabendo a Bruno os serviços de jardinagem. O contrato prevê multa no valor total da obrigação ajustada, ocorrendo, porém, sua resilição (extinção) após um terço de seu cumprimento, por ato unilateral de Bruno. André cobra a multa em seu total. Contudo, nesse caso, o juiz deve reduzir equitativamente a penalidade pelo cumprimento parcial da obrigação. Enunciado 355 da IV Jornada de Direito Civil ➢ Não podem as partes renunciar à possibilidade de redução da cláusula penal se ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, por se tratar de preceito de ordem pública. Enunciado 356 da IV Jornada de Direito Civil ➢ Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 16 Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. COMENTÁRIO: Se a obrigação for indivisível e havendo vários devedores, sendo inadimplente um deles, a cláusula penal de natureza pecuniária poderá ser exigida pelo credor proporcionalmente de cada um dos devedores não culpados (ex.: quatro locatários do mesmo imóvel; se um deles transgredir o contrato, os quatro serão penalizados). Embora ambos sejam responsáveis pela mora, aquele que não for culpado terá direito de ação regressiva contra o que deu causa à aplicação da pena. Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. COMENTÁRIO: Para exigir a multa contratual (cláusula penal), não é necessário que o credor alegue prejuízo. Art. 416 (...) Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. EXEMPLO: A empresa ABC celebra contrato com a Padaria XYZ pelo prazo de 5 anos. O contrato contém cláusula de exclusividade que impede a empresa ABC de atuar para qualquer concorrente da Padaria XYZ, bem como cláusula penal que estipula o pagamento de R$ 500.000 para o descumprimento contratual, não prevendo direito à indenização suplementar. Durante o segundo anode vigência do contrato, a empresa ABC recebe proposta para atuar junto a Padaria RAD, concorrente da Padaria XYZ. A concorrente oferece expressamente o triplo do valor anual pago a empresa ABC, que aceita a proposta, descumprindo a cláusula de exclusividade. Pelo descumprimento, a empresa ABC paga à Padaria XYZ o montante estipulado de R$ 500.000. Nesse caso, ainda que o prejuízo exceda o previsto na cláusula penal (R$ 500.000), não pode a Padaria XYZ exigir indenização suplementar da empresa ABC, porque assim não foi convencionado. PEGADINHA Para exigir a pena convencional, é necessário que o credor alegue prejuízo. (ERRADO) Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 17 DAS ARRAS OU SINAL Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal. COMENTÁRIO: Arras (ou sinal) é um acordo onde uma das partes entrega à outra bem móvel (geralmente dinheiro) em garantia de uma obrigação pactuada. As arras deverão ser restituídas ou computadas na prestação devida em caso de execução do contrato. Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. COMENTÁRIO: O art. 418 trata das arras confirmatórias, que são aquelas que não admitem cláusula de arrependimento em relação à execução do contrato. Dessa forma, se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo (o contrato) por desfeito, retendo o sinal. As arras confirmatórias possuem função de garantia e cabe pedido de indenização suplementar. Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. COMENTÁRIO: O art. 420 trata das arras penitenciais, que são aquelas que admitem cláusula de arrependimento em relação à execução do contrato. Dessa forma, o arrependido que pagou as arras perde em benefício da outra parte e o arrependido que recebeu as arras precisa devolvê-las mais o equivalente (arras em dobro). As arras penitenciais possuem função indenizatória e não cabe pedido de indenização suplementar. QUADRO COMPARATIVO ARRAS CONFIRMATÓRIAS ARRAS PENITENCIAIS Possuem função de garantia e cabe pedido de indenização suplementar. Possuem função indenizatória e não cabe pedido de indenização suplementar. Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 RESUMO 08 @RADEGONDESS 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS Galera, terminamos nosso resumo! Colocamos aqui no nosso material os principais artigos, mas nada impede da banca inovar e cobrar qualquer outro dispositivo. No entanto, não achamos eficiente estudarmos todos, já que a maioria das questões se repetem! A ideia deste PDF é otimizar a alocação do nosso tempo de estudos! Dessa forma, após o estudo deste material, precisamos estudar as questões. AVISO 01: Caso você se depare com alguma questão em que sua base teórica não esteja aqui neste resumo, vale a pena “favoritá-la” a fim de que ela possa fazer parte do seu material de revisão, ok!? AVISO 02: Estude com calma (qualidade) as questões e não se esqueça de “favoritar” também as que você errar ou ficar com dúvidas, pois, quando for efetuar sua revisão, o reestudo do comentário do professor e dos alunos, no fórum dessas questões “favoritas”, deverá ser seu foco. AVISO 03: Para não perder tempo, quando estiver no fórum dos alunos, procure pelos dois comentários com maior número de curtidas, leia-os com calma (procure entender) e depois avance para a próxima questão. Somente procure por algum outro comentário caso ainda não tenha entendido a questão. Forte abraço e até a próxima! CADERNOS DE QUESTÕES DO ASSUNTO ESTUDADO LINKS BANCA https://www.tecconcursos.com.br/s/Q1TeUV CEBRASPE https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2QzER FCC https://www.tecconcursos.com.br/s/Q1rfqu FGV https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2QzEW VUNESP Licensed to tamyres barbosa de freitas - vitorbbb6@gmail.com - 075.412.125-98 https://www.tecconcursos.com.br/s/Q1TeUV https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2QzER https://www.tecconcursos.com.br/s/Q1rfqu https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2QzEW