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UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC CURSO DE CIÊNCIA CONTÁBEIS ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UM ESTUDO NA EMPRESA EMBRAER S.A. CAMPINAS 2025 JEFFERSON ELIEL DE SÁ REZENDE – RA: G5113A5 JOAO PEDRO POMINI VASCONCELOS – RA: N0139A4 JULIO CESAR FERNANDES – RA: G257243 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UM ESTUDO NA EMPRESA EMBRAER S.A. Atividades Práticas Supervisionadas –trabalho apresentado como exigência para a avaliação do 8º semestre, do curso de Ciência contábeis da Universidade Paulista sob orientação de professores do semestre. CAMPINAS 2025 APRESENTAÇÃO O presente estudo tem como propósito aplicar, na prática, os principais instrumentos de análise das demonstrações contábeis, utilizando como objeto a empresa Embraer S.A., uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo e referência no setor aeroespacial. A partir das informações divulgadas nas demonstrações contábeis, procedeu-se à análise do desempenho econômico-financeiro da companhia por meio de técnicas consagradas, tais como Análise Vertical, Análise Horizontal, índices de liquidez, endividamento, atividade e rentabilidade, além de abordagens complementares como o EBITDA, o modelo DuPont e o Índice de Insolvência de Kanitz. As interpretações foram desenvolvidas com base nos conteúdos transmitidos em sala de aula e no material de estudos fornecido pelo professor, bem como em conformidade com a legislação societária e as Normas Brasileiras de Contabilidade, especialmente aquelas relacionadas à elaboração e à apresentação das demonstrações financeiras. O estudo evidencia a importância da análise contábil como instrumento de apoio à tomada de decisão, permitindo avaliar a estrutura financeira, o desempenho operacional e a capacidade de geração de resultados das organizações. Assim, o trabalho busca integrar teoria e prática, demonstrando a utilidade das informações contábeis para fins gerenciais, estratégicos e de transparência empresarial. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO As organizações, no curso de suas atividades, necessitam fundamentar suas decisões estratégicas em informações confiáveis e apropriadas. Nesse contexto, as demonstrações contábeis assumem papel essencial, uma vez que sintetizam, de forma padronizada, os principais indicadores econômicos, financeiros e patrimoniais que apoiam o processo de gestão. Tais demonstrativos, examinados nos capítulos subsequentes, são elaborados com base em registros contábeis que evidenciam o fluxo das transações da entidade em determinado período. Dentre as principais demonstrações, destaca-se o Balanço Patrimonial, normalmente apresentado anualmente, o qual representa a situação contábil e financeira da entidade. Por força legal, todas as empresas devem elaborá-lo ao final de cada exercício social. O balanço é composto por três grandes grupos: Ativo (lado dos bens e direitos), e Passivo e Patrimônio Líquido (obrigações e capital próprio, respectivamente). Objeto de Estudo Para aplicar os conceitos contábeis na prática, este trabalho tem como objeto de análise a empresa Embraer S.A., uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, reconhecida por sua inovação tecnológica e papel estratégico no setor aeronáutico. A Embraer S.A., inscrita no CNPJ nº 07.689.002/0001-89, tem sede em São José dos Campos (SP), na Av. Brigadeiro Faria Lima, nº 2170, Putim, CEP 12227-901. Atua na fabricação de aeronaves comerciais, executivas, agrícolas e militares, bem como na oferta de serviços e soluções aeronáuticas. Fundada em 1969 como iniciativa do governo brasileiro, a empresa teve seu marco inicial com a produção do avião Bandeirante, que revolucionou o transporte regional no Brasil. Com o tempo, expandiu-se internacionalmente, consolidando-se como uma das líderes globais na produção de aeronaves de médio porte. Desde a abertura de capital, em 2000, a Embraer é listada na B3 (Brasil) e na NYSE (EUA), ampliando sua competitividade e visibilidade no mercado global. Atualmente, está presente em mais de 90 países, com milhares de aeronaves em operação, além de unidades industriais no Brasil, Estados Unidos, Portugal, China e outros países. Com trajetória marcada pela inovação, a Embraer segue em constante expansão, investindo em tecnologias sustentáveis e projetos de mobilidade aérea urbana, mantendo-se como símbolo de excelência da indústria brasileira no exterior. 2. ANALISE SETORIAL E DA EMPRESA 2.1. ANALISE SETORIAL 2.1.1. Caracteristica do Setor Para melhorar a relação com stakeholders, tomar decisões mais assertivas e atuar com êxito no mercado, as empresas precisam realizar análises setoriais. No caso da Embraer S.A., essa análise deve considerar o setor de aeronáutica e defesa, que envolve a produção de aeronaves comerciais, executivas, agrícolas e militares, além de serviços relacionados. A análise setorial consiste na avaliação do cenário atual do mercado e projeções futuras, considerando aspectos econômicos, tecnológicos e tendências. Nos últimos anos, a demanda por aeronaves regionais e executivas tem aumentado, impulsionada pela expansão do transporte aéreo global e pela busca por soluções mais eficientes e sustentáveis. Empresas desse setor devem estar atentas a inovações tecnológicas, regulamentações internacionais, novos padrões de mobilidade e exigências ambientais. Por ser um setor altamente regulado e competitivo, acompanhar a evolução do mercado é essencial para manter a relevância. Com forte tradição em engenharia e inovação, a Embraer se destaca por sua capacidade de adaptação às novas demandas, investindo constantemente em aeronaves mais eficientes, tecnologias sustentáveis e soluções de mobilidade urbana. 2.1.2. Economia Brasileira e Internacional O desempenho da Embraer está diretamente ligado à conjuntura econômica nacional e internacional. Fatores como crescimento do PIB, inflação, taxas de câmbio, políticas fiscais e preços de combustíveis impactam diretamente os custos de produção, o investimento em inovação e a demanda por aeronaves. A atuação internacional da empresa exige monitoramento constante desses fatores, bem como das políticas de incentivo à aviação, regulamentações de comércio exterior e tendências de transporte aéreo em cada região. A Embraer mantém operações nos Estados Unidos, Portugal, China e outros países, e precisa alinhar suas estratégias produtivas e comerciais às especificidades econômicas de cada mercado, garantindo sustentabilidade e competitividade. 2.1.3. Potencial de Consumo O mercado de aeronaves regionais vem crescendo nos últimos anos, especialmente pela demanda por conectividade aérea eficiente e sustentável. A Embraer, com expertise em aeronaves de até 150 assentos, está bem posicionada para atender esse nicho. Segundo o Market Outlook 2025 da empresa, estima-se a necessidade de 10.500 novas aeronaves dessa categoria nos próximos 20 anos, com valor comercial estimado em US$ 680 bilhões. Em 2024, a Embraer entregou 206 aeronaves, aumento de 14% em relação às 181 de 2023. Para 2025, a previsão é de entrega entre 77 e 85 aeronaves comerciais. O backlog de pedidos chegou a US$ 21,1 bilhões, o maior dos últimos sete anos. Esse desempenho é impulsionado por companhias como Mexicana de Aviación (20 aeronaves E2) e American Airlines (90 unidades do E175). O foco da empresa em aeronaves com menor impacto ambiental fortalece sua posição em um mercado cada vez mais orientado à sustentabilidade. 2.1.4. Pespectiva e Tendencia de Setor O setor aeronáutico passa por transformações marcantes, guiadas por tecnologia, sustentabilidade e digitalização. Para empresas como a Embraer, isso implica em desenvolver aeronaves mais eficientes, conectadas e alinhadas às metas globais de redução de emissões de poluentes. A mobilidade aérea urbana, com os eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical), representa uma nova fronteira. Além disso, soluções digitais como manutenção preditiva e sistemas inteligentes elevam a eficiência e segurança operacional. A Embraer, com sua tradição em inovação,avança de forma expressiva de 2023 para 2024. Em 2023, ficou em 5,81% e, em 2024, sobe para 10,08%. Isso indica que a empresa gerou um retorno significativamente maior para o acionista em relação ao patrimônio investido. Essa alta tende a refletir principalmente o crescimento do lucro líquido em ritmo superior ao aumento do patrimônio, impulsionado por melhora operacional (margens mais fortes), possível efeito de mix de produtos/segmentos mais rentáveis e um resultado financeiro relativamente menos pesado frente ao tamanho da operação. Em síntese, 2024 mostra a Embraer convertendo melhor sua atividade em valor para o capital próprio do que em 2023. 4.6. Índices de Atividade PMRV - Em 2024, a empresa realiza suas vendas, em média, a prazo, com recebimento em aproximadamente 14 dias, um aumento significativo em relação a 2023, quando o prazo médio era de 6 dias. Apesar da elevação, o indicador permanece em um nível satisfatório, especialmente considerando o perfil da Embraer, cujas operações envolvem contratos complexos, de alto valor e de longo prazo. No setor aeronáutico, é comum que grande parte das receitas seja recebida conforme marcos contratuais ou fases de entrega, e não imediatamente após a venda. Assim, um prazo de 14 dias é excelente, sugerindo eficiência na cobrança e recebimento das parcelas de curto prazo e forte gestão do capital de giro. PMRE – Em 2024, a empresa manteve o produto acabado em estoque por 213 dias, contra 210 dias em 2023, representando pequeno aumento. Embora o prazo pareça elevado em comparação com outros setores, ele é coerente com a realidade da indústria aeronáutica, onde o ciclo de produção é extenso e cada unidade demanda altíssimo nível de engenharia, testes e certificações. Assim, o indicador está dentro do esperado para o setor, refletindo processos produtivos complexos e planejados sob encomenda. A manutenção desse prazo demonstra regularidade operacional e controle eficiente dos estoques de aeronaves e componentes. PMPF - Em média, a empresa realiza suas compras a prazo, com pagamento aos fornecedores em 86 dias em 2024, um pouco menor do que os 90 dias em 2023. Ao analisar conjuntamente os indicadores PMPF e PMRV, observa-se uma posição de liquidez bastante favorável, já que a Embraer recebe de seus clientes (14 dias) em prazos muito menores do que paga seus fornecedores (86 dias). Esse diferencial demonstra gestão eficiente de capital de giro e poder de negociação com a cadeia de suprimentos, essencial em uma indústria que depende de fornecedores globais de alta tecnologia e componentes importados. PMOF - Em 2024, a empresa contabiliza seus impostos para pagamento em média de 273 dias, apresentando redução em relação a 2023, quando o prazo médio era de 302 dias. Apesar de permanecer acima do padrão esperado (30 a 90 dias), o valor elevado pode decorrer do acúmulo de obrigações fiscais parceladas, diferimentos tributários e passivos fiscais de longo prazo, comuns em empresas de grande porte e com operações internacionais complexas. Dessa forma, o PMOF não reflete apenas o prazo regular de recolhimento dos tributos correntes, mas também estratégias de gestão fiscal e compensação de créditos tributários típicas do setor aeronáutico, que envolvem exportações, incentivos fiscais e regimes especiais de tributação. Mesmo com essa particularidade, a redução do indicador sinaliza avanço na regularização fiscal e maior eficiência na administração tributária da companhia. 4.7. Índices Combinados Ciclo Econômico / Operacional – O ciclo econômico da Embraer em 2024 foi de aproximadamente 226 dias, enquanto em 2023 foi de 215 dias. Considerando o setor em que a empresa atua, esse prazo é plenamente aceitável e reflete a natureza de longo prazo de seu processo produtivo. O indicador mostra que a Embraer leva cerca de sete meses, em média, para converter seus investimentos em estoques e produção em caixa — um período extenso, mas compatível com o perfil do setor aeronáutico, caracterizado por projetos complexos, produção sob encomenda e longos ciclos de engenharia e certificação. Assim, o aumento do ciclo em 2024 não necessariamente representa ineficiência, mas sim reflexo da expansão da produção e de prazos contratuais maiores, possivelmente associados a novos programas de aeronaves e à retomada de entregas pós-pandemia. O indicador, portanto, traduz a complexidade operacional da Embraer e a maturidade de sua estrutura produtiva, que mantém prazos elevados, porém adequados ao padrão da indústria aeronáutica global. Ciclo Financeiro – O Ciclo Financeiro da Embraer aumentou de 126 dias em 2023 para 140 dias em 2024, indicando que a empresa passou a demandar um prazo maior para converter seus investimentos operacionais em caixa. Esse resultado sugere aumento na necessidade de capital de giro, em parte devido a prazos mais longos de produção e recebimento, características típicas do setor aeronáutico, que envolve contratos de longo prazo, negociações em moeda estrangeira e etapas sucessivas de entrega. Apesar da elevação, o ciclo financeiro da Embraer permanece compatível com o porte e o modelo de negócio da empresa, refletindo gestão equilibrada entre recebimentos e pagamentos. O aumento também pode estar associado ao maior volume de vendas internacionais e operações com clientes governamentais, cujos processos de faturamento e liquidação tendem a ser mais demorados. Em resumo, o ciclo financeiro ampliado indica maior comprometimento de capital no curto prazo, mas está alinhado ao contexto operacional e contratual de uma empresa que atua em um setor intensivo em capital e de longo ciclo produtivo. Posicionamento de Atividades (PA) – O Posicionamento de Atividades (PA) da Embraer passou de 2,3982 em 2023 para 2,6171 em 2024, evidenciando que a empresa passou a necessitar de maior volume de capital de giro para sustentar suas operações. Um PA acima de 1 revela que a empresa paga seus fornecedores antes de receber de seus clientes, o que demanda recursos próprios ou financiamentos de curto prazo. O aumento do índice reforça uma menor folga financeira e um maior descompasso entre entradas e saídas de caixa, o que é comum em empresas que trabalham com contratos longos, entregas sob medida e recebimentos condicionados a marcos contratuais. Esse comportamento é típico do setor aeronáutico, em que: Os pagamentos aos fornecedores (de componentes, materiais e serviços de engenharia) ocorrem ao longo da produção; Enquanto os pagamentos dos clientes geralmente acontecem por etapas ou apenas após a entrega e certificação das aeronaves. Assim, o aumento do PA em 2024, embora financeiramente desafiador, reflete a complexidade operacional e o modelo de negócio da Embraer, que exige alto investimento em capital de giro, mas também demonstra capacidade de sustentar operações longas e de grande porte, típicas da indústria aeronáutica global. 4.8. Índice de Insolvência de Kanitz O Índice de Insolvência de Kanitz da Embraer apresentou evolução positiva entre 2023 e 2024, passando de 0,3712 para 0,5815. Ambos os resultados mantêm a companhia na zona de solvência, indicando baixo risco de insolvência e capacidade adequada de honrar seus compromissos financeiros de curto e longo prazo. O crescimento do indicador sugere melhoria na estrutura econômico-financeira, possivelmente decorrente de ganhos de eficiência operacional, maior rentabilidade, otimização de custos e controle do endividamento. Dentro do contexto do setor aeronáutico, esse desempenho é particularmente relevante, pois se trata de um segmento caracterizado por altos investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento), ciclos de produção longos, grandes volumes de capital imobilizado e exposição a variações cambiais internacionais. Nesse cenário, a manutenção da solvência financeira reflete gestão eficiente do capital de giro, planejamento de caixa sólido e disciplina no controle de passivos financeiros, fatores essenciais para sustentar projetos de longo prazo e garantir competitividade global. Em síntese, a evolução positivado índice evidencia que a Embraer segue financeiramente estável e resiliente, demonstrando equilíbrio entre endividamento e rentabilidade, o que reforça sua sustentabilidade operacional e sua credibilidade no mercado aeronáutico internacional. 4.9. Análise EBTIDA No período entre 2023 e 2024, a Embraer apresentou uma evolução significativa em seu desempenho operacional, refletida principalmente no crescimento expressivo do EBITDA (Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Essa métrica é amplamente utilizada no setor aeronáutico por demonstrar a capacidade de geração de caixa das operações principais, sem considerar efeitos contábeis ou financeiros. Em 2023, o EBITDA foi de R$ 2,5 milhões, enquanto em 2024 atingiu R$ 4,77 milhões, representando um crescimento aproximado de 90%. Esse avanço indica melhoria substancial na eficiência operacional, reforçando a capacidade da Embraer de gerar resultados mesmo em um setor caracterizado por altos custos fixos e forte concorrência global. 4.10. Análise pelo Modelo DuPont A Embraer apresentou evolução relevante em seus indicadores de rentabilidade entre 2023 e 2024: a TRI passou de 1,71% para 3,01% e o ROE de 5,8% para 10,1%. Esse avanço decorre, principalmente, da expansão da margem líquida, reflexo do maior volume de entregas e do ganho de eficiência operacional. O giro do ativo permaneceu estável, comportamento consistente com a dinâmica do setor aeronáutico, marcado por intensa necessidade de capital e longos ciclos de produção. Os resultados, embora moderados em termos absolutos, são coerentes com o padrão da indústria e indicam aumento da rentabilidade do capital próprio sem elevação significativa do risco financeiro, evidenciando estrutura de capital equilibrada e gestão aderente às características do segmento. Evolução Operacional e Contexto Setorial O setor aeronáutico, especialmente no segmento em que a Embraer atua, é altamente sensível a fatores externos como demanda global por voos comerciais, câmbio, custos de matérias-primas (como alumínio e titânio) e cadeia de suprimentos internacional. Mesmo diante desses desafios, a empresa conseguiu aumentar sua margem EBITDA de 14,06% em 2023 para 18,83% em 2024, um crescimento de 4,77 pontos percentuais. Esse resultado evidencia maior rentabilidade operacional, possivelmente impulsionada por melhor gestão de custos, ganhos de escala na produção de aeronaves comerciais e executivas, além de otimizações no portfólio de serviços e defesa — áreas estratégicas que têm apresentado expansão constante na estrutura de negócios da Embraer. 5. CONCLUSÃO A análise econômico-financeira desenvolvida ao longo deste estudo evidencia que a Embraer S.A. apresenta posição consistente no setor aeronáutico, corroborada pelo desempenho revelado em suas demonstrações contábeis e pelos indicadores aplicados. Observa-se que a companhia mantém estrutura patrimonial equilibrada, adequada capacidade de geração de resultados e nível de solvência compatível com sua relevância no mercado global, confirmando a eficiência de sua gestão econômico-financeira. Os resultados obtidos apontam evolução nos indicadores de rentabilidade, notadamente no ROE, no EBITDA e na Taxa de Retorno sobre o Investimento, os quais demonstram ganhos operacionais decorrentes do aumento do volume de entregas, do fortalecimento da margem líquida e da eficiência produtiva. Tais evidências, associadas ao crescimento do backlog e ao posicionamento estratégico da organização, indicam que a Embraer vem ampliando sua competitividade e consolidando sua participação em mercados-chave, mesmo diante de um ambiente internacional dinâmico e altamente regulado. Não obstante, as análises também evidenciam aspectos que requerem atenção gerencial, tais como o ciclo financeiro estendido, a elevada necessidade de capital de giro e a exposição às oscilações cambiais. Esses elementos, embora inerentes ao setor aeronáutico — caracterizado por longos ciclos produtivos e alta intensidade de capital — reforçam a importância de políticas contínuas de controle financeiro, gestão de risco e planejamento de caixa. Conclui-se, portanto, que a Embraer S.A. apresenta desempenho econômico-financeiro sólido e perspectivas favoráveis de continuidade de crescimento, sustentadas pela inovação tecnológica, pela diversificação de mercados e pela robustez operacional. A aplicação das técnicas de análise de demonstrações contábeis revelou-se eficaz para fornecer um diagnóstico abrangente da situação da empresa, contribuindo para a compreensão do cenário em que está inserida e oferecendo subsídios relevantes à tomada de decisão de gestores, investidores e demais stakeholders. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMBRAER S.A. Demonstrações Financeiras – 2023 e 2024. São José dos Campos: Relações com Investidores (RI), 2025. Disponível em: https://ri.embraer.com.br/. Acesso em: 19 ago. 2025. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 13 set. 2025. CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Brasília: CFC, 2016. Disponível em: https://www.cfc.org.br/. Acesso em: 13 set. 2025. CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Brasília: CFC, 2019. Disponível em: https://www.cfc.org.br/. Acesso em: 13 set. 2025. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2018. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2010. image5.emf Código da Descrição da Conta Conta31/12/202431/12/2023Análise Vertical - 2024Análise Vertical - 2023 2 Passivo Total63.694.56645.924.963 2.01 Passivo Circulante20.343.11314.425.623 2.01.02 Fornecedores6.177.1543.933.199 2.01.02.01 Fornecedores Nacionais769.822517.863 2.01.02.01.01 Fornecedores643.537428.9141,01030,9339 2.01.02.01.02 Fornecedores - Risco sacado126.28588.9490,19830,1937 2.01.02.02 Fornecedores Estrangeiros5.407.3323.415.336 2.01.02.02.01 Fornecedores5.274.3483.333.0228,28077,2575 2.01.02.02.02 Fornecedores - Risco sacado132.98482.3140,20880,1792 2.01.03 Obrigações Fiscais165.655137.669 2.01.03.01 Obrigações Fiscais Federais158.018132.166 2.01.03.01.02 Outros158.018132.1660,24810,2878 2.01.03.02 Obrigações Fiscais Estaduais02250,00000,0005 2.01.03.03 Obrigações Fiscais Municipais7.6375.2780,01200,0115 2.01.04 Empréstimos e Financiamentos507.1452.769.972 2.01.04.01 Empréstimos e Financiamentos507.1452.769.972 2.01.04.01.01 Em Moeda Nacional7000,00010,0000 2.01.04.01.02 Em Moeda Estrangeira507.0752.769.9720,79616,0315 2.01.05 Outras Obrigações13.106.0577.182.632 2.01.05.01 Passivos com Partes Relacionadas1.668.628866.896 2.01.05.01.02 Débitos com Controladas1.668.628866.8962,61971,8876 2.01.05.02 Outros11.437.4296.315.736 2.01.05.02.04 Contas a Pagar1.272.470824.9531,99781,7963 2.01.05.02.07 Instrumentos financeiros derivativos110.1922900,17300,0006V1 2.01.05.02.08 Receitas Diferidas80.73918.7440,12680,0408V2 2.01.05.02.11 Passivos de contrato9.963.9005.465.80815,643211,9016 2.01.05.02.12 Passivo de arrendamento10.1285.9410,01590,0129 2.01.06.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis42.54034.077 2.01.06.01.01 Provisões Fiscais5.06400,00800,0000 2.01.06.01.02 Provisões Previdenciárias e Trabalhistas37.47634.0770,05880,0742 2.01.06.02 Outras Provisões344.562368.074 2.01.06.02.01 Provisões para Garantias78.93271.0430,12390,1547 2.01.06.02.04 Outras Provisões265.630297.0310,41700,6468 2.02 Passivo Não Circulante24.306.24718.009.028 2.02.01 Empréstimos e Financiamentos18.033.96713.813.733 2.02.01.01 Empréstimos e Financiamentos18.033.96713.813.733 2.02.01.01.01 Em Moeda Nacional45.53100,07150,0000 2.02.01.01.02 Em Moeda Estrangeira17.988.43613.813.73328,241730,07892.02.02 Outras Obrigações2.542.5351.845.971 2.02.02.02 Outros2.542.5351.845.971 2.02.02.02.03 Contas a Pagar772.520138.3441,21290,3012V3 2.02.02.02.06 Impostos e encargos sociais a recolher37.65781.7350,05910,1780 2.02.02.02.10 Passivos de contrato1.638.6501.516.9472,57273,3031 2.02.02.02.11 Passivo de arrendamento75.79186.0770,11900,1874 2.02.02.02.12 Imposto de renda e contribuição social17.91722.8680,02810,0498 2.02.03 Tributos Diferidos2.186.8671.224.320 2.02.03.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos2.186.8671.224.3203,43342,6659 2.02.04 Provisões1.000.628754.987 2.02.04.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis386.054445.719 2.02.04.01.01 Provisões Fiscais49.39998.2050,07760,2138 2.02.04.01.02 Provisões Previdenciárias e Trabalhistas142.226126.4460,22330,2753 2.02.04.01.03 Provisões para Benefícios a Empregados193.606220.0500,30400,4792 2.02.04.01.04 Provisões Cíveis8231.0180,00130,0022 2.02.04.02 Outras Provisões614.574309.268 2.02.04.02.01 Provisões para Garantias129.87686.9970,20390,1894 2.02.04.02.04 Provisão materiais de terceiros274.612138.2980,43110,3011 2.02.04.02.05 Provisões para Perda de Investimentos083.8520,00000,1826 2.02.04.02.06 Outras Provisões210.0861210,32980,0003V4 2.02.06 Lucros e Receitas a Apropriar542.250370.017 2.02.06.02 Receitas a Apropriar542.250370.017 2.02.06.02.01 Receitas diferidas542.250370.0170,85130,8057 image6.emf 2.03 Patrimônio Líquido19.045.20613.490.312 2.03.01 Capital Social Realizado5.159.6175.159.6178,100611,2349 2.03.02 Reservas de Capital750.979474.155 2.03.02.05 Ações em Tesouraria-87.103-87.103-0,1368-0,1897 2.03.02.07 Remuneração Baseada em Ações139.962116.3810,21970,2534 2.03.02.08 Resultado nas operações com acionistas não controladores698.120444.8771,09600,9687 2.03.04 Reservas de Lucros274.3540 2.03.04.01 Reserva Legal16.28900,02560,0000 2.03.04.10 Reserva para Investimentos a capital de Giro154.28900,24220,0000 2.03.04.11 Subvenção para investimentos103.77600,16290,0000 2.03.05 Lucros/Prejuízos Acumulados0-1.593.0660,0000-3,4688 2.03.06 Ajustes de Avaliação Patrimonial12.860.2569.449.606 2.03.06.02 Ganho (Perda) com benefícios pós-emprego-82.452-114.113-0,1294-0,2485 2.03.06.03 Ajustes acumulados de conversão13.021.4109.511.42720,443520,7108 2.03.06.04 Instrumentos Financeiros-78.70252.292-0,12360,1139V5 image7.emf Demonstração do Resultado Código da Descrição da ContaÚltimo ExercícioPenúltimo Exercício Conta31/12/202431/12/2023Análise Horizontal ▲% 3.01 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços25.358.80017.835.92342,1782 3.02 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos-21.820.645-15.451.31341,2219 3.03 Resultado Bruto3.538.1552.384.61048,3746 3.04 Despesas/Receitas Operacionais293.310-725.222-140,4442 3.04.01 Despesas com Vendas-1.338.636-1.227.7599,0308 3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas-585.854-572.6172,3117 3.04.03 Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos-74.4086.391-1.264,2622 3.04.03.01 Perda (reversão) de crédito esperada-74.4086.391-1.264,2622H1 3.04.04 Outras Receitas Operacionais1.442.606465.380209,9845 3.04.05 Outras Despesas Operacionais-932.481-891.3744,6116 3.04.05.01 Pesquisa-254.710-209.63721,5005 3.04.05.02 Despesas Operacionais-677.771-681.737-0,5817 3.04.06 Resultado de Equivalência Patrimonial1.782.0831.494.75719,2223 3.05 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos3.831.4651.659.388130,8963 3.06 Resultado Financeiro-1.246.654-1.198.3934,0271 3.06.01 Receitas Financeiras608.702193.465214,6316 3.06.01.01 Variações Monetárias Ativas-110.134107.104-202,8290 H2 3.06.01.02 Receitas Financeiras718.83686.361732,3618 H3 3.06.02 Despesas Financeiras-1.855.356-1.391.85833,3007 3.06.02.01 Variações Monetárias Passivas0-99.430-100,0000 H4 3.06.02.02 Despesas Financeiras-1.855,36-1.292.428-99,8564 3.07 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro2.584.811460.995460,7026 3.08 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro-665.961322.564-306,4586 3.08.02 Diferido-665961322.564-306,4586 H5 3.09 Resultado Líquido das Operações Continuadas1.918.850783.559144,8890 3.11 Lucro/Prejuízo do Período1.918.850783.559144,8890 3.99 Lucro por Ação - (Reais / Ação) 3.99.01 Lucro Básico por Ação 3.99.01.01 ON2.6121,0666244.790,3056 3.99.02 Lucro Diluído por Ação 3.99.02.01 ON2.6121,0666244.790,3056 image8.emf Demonstração do Resultado Código da Descrição da ContaÚltimo ExercícioPenúltimo Exercício Conta31/12/202431/12/2023Análise Vertical - 2024 %Análise Vertical - 2023 % 3.01 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços25.358.80017.835.923100,0000100,0000 3.02 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos-21.820.645-15.451.313-86,0476-86,6303 3.03 Resultado Bruto3.538.1552.384.61013,952413,3697 3.04 Despesas/Receitas Operacionais293.310-725.222 3.04.01 Despesas com Vendas-1.338.636-1.227.759-5,2788-6,8836 3.04.02 Despesas Gerais e Administrativas-585.854-572.617-2,3103-3,2105 3.04.03 Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos-74.4086.3910,0358 3.04.03.01 Perda (reversão) de crédito esperada-74.4086.391-0,29340,0358V1 3.04.04 Outras Receitas Operacionais1.442.606465.3805,68882,6092 3.04.05 Outras Despesas Operacionais-932.481-891.374 3.04.05.01 Pesquisa-254.710-209.637-1,0044-1,1754 3.04.05.02 Despesas Operacionais-677.771-681.737-2,6727-3,8223 3.04.06 Resultado de Equivalência Patrimonial1.782.0831.494.7577,02758,3806 3.05 Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos3.831.4651.659.38815,10909,3036 3.06 Resultado Financeiro-1.246.654-1.198.393 3.06.01 Receitas Financeiras608.702193.465 3.06.01.01 Variações Monetárias Ativas-110.134107.104-0,43430,6005 V2 3.06.01.02 Receitas Financeiras718.83686.3612,83470,4842 V3 3.06.02 Despesas Financeiras-1.855.356-1.391.858 3.06.02.01 Variações Monetárias Passivas0-99.4300,0000-0,5575 V4 3.06.02.02 Despesas Financeiras-1.855,36-1.292.428-0,0073-7,2462 3.07 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro2.584.811460.99510,19302,5846 3.08 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro-665.961322.564 3.08.02 Diferido-665961322.564-2,62621,8085 V5 3.09 Resultado Líquido das Operações Continuadas1.918.850783.559 3.11 Lucro/Prejuízo do Período1.918.850783.5597,56684,3932 3.99 Lucro por Ação - (Reais / Ação)0,00000,0000 3.99.01 Lucro Básico por Ação0,00000,0000 3.99.01.01 ON2.6121.0660,01030,0060 3.99.02 Lucro Diluído por Ação0,00000,0000 3.99.02.01 ON2.6121.0660,01030,0060 image9.emf Ativo Circulantes Passivo Circulante (Ativo Circulante - Estoque) Passivo Circulante Disponibilidade (caixa, banco e equivalentes) Passivo Circulante (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante) 15.647.128 0,4824 32.434.651 22.488.537 38.352.141 Liquidez Geral = Liquidez Imediata = 0,5864 0,0865 1.839.068 0,1275 14.425.623 Liquidez Seca = 0,4235 5.951.413 0,4126 14.425.623 8.614.741 20.343.113 1.759.757 20.343.113 20242023 Liquidez Corrente = 1,0573 14.953.673 1,0366 14.425.623 21.508.288 20.343.113 Indicadores image10.emf Indicadores 44.649.360 63.694.566 32.434.651 45.924.963 20.343.113 19.045.206 14.425.623 13.490.312 20.343.113 44.649.360 14.425.623 32.434.651 2023Composição do Endividamento ==0,4448 2023 2024Part. de Capital de 3º ==1,0681 2023Part. de Capital de 3º ==1,0693 2024Composição do Endividamento ==0,4556 2024Endividamento Geral =x10070,0992 Endividamento Geral =x10070,6253 image11.emf Indicadores 3.831.465 25.358.800 1.659.388 17.835.923 1.918.850 25.358.800 783.559 17.835.923 2.584.811 25.358.800 460.995 17.835.923 2023Margem Bruta =x1002,5846 2023 2024Margem Liquida =x1007,5668 2023Margem Liquida =x1004,3932 2024Margem Bruta =x10010,1930 2024MargemOperacional =x10015,1090 Margem Operacional =x1009,3036 image12.emf Indicadores 1.918.850 63.694.566 783.559 45.924.963 1.918.850 19.045.206 783.559 13.490.312 5,8083 2023 2024ROE 10,0752 2023ROE 2024ROIx1003,0126 ROIx1001,7062 image13.emf Indicadores 960.074277.136 25.358.80017.835.923 12.893.5479.002.260 21.820.645 15.451.313 6.177.1543.933.199 25.711.93215.769.781 165.655137.669 218.240163.895 Dias Dias Dias Dias 2023 Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores (PMPF) Prazo Médio de Pagamento das Obrigações Fiscais (PMPOF) Dias Dias Dias Dias 0,0379 146 0,0155 2024 0,5909 0,2402 86 0,7590 273 213 0,5826 0,2494 90 0,8400 302 210 image14.emf Indicadores Ciclo Operacional =226dias215dias dias126 2,3983 Ciclo Financeiro = Posicionamento de Atividade (PA) = 2,6171 140dias 20242023 Ciclo Econômico = 226dias210dias image15.emf Fator de Insolvencia =0,581512891 0,100752389 0,586369794 X3 =0,423472111 X4 =1,057276141 2,344388399 X2 = X5 = x 1,061,120712709 x 0,330,773648172 x 1,65 0,371262212 0,482420113x 1,65 0,412558473x 3,551,46458258 x 1,061,098801305 0,795993186 1,036605005 2,404292132x 0,330,793416404 0,967510159 x 3,551,503325993 2023 X1 =x 0,050,0050376190,05808309 2024 x 0,050,002904154 image16.emf AnoEBIT+Depreciação/AmortizaçãoSoma 20243.831.465+943.2084.774.673 20231.659.388+849.1722.508.560 4.774.673 25.358.800 2.508.560 17.835.923 2024=14,06% EBITDA = Lucro Operacional (EBIT) + Deprecoação + Amortização Margem EBITDA 2024=18,83% image17.emf 25.358.80017.835.923 63.694.56645.924.963 1.918.850783.559 25.358.80017.835.923 1.918.850783.559 63.694.56645.924.963 3,01261,7062 = x 100 = =0,0171 20242023 0,39810,3884 7,56684,3932 = x 100 = TRI=0,0301 Giro do Ativo Margem de Lucro image1.emf Código da Descrição da Conta Conta31/12/202431/12/2023Análise Horizontal ▲% 1 Ativo Total63.694.56645.924.963 1.01 Ativo Circulante21.508.28814.953.673 1.01.01 Caixa e Equivalentes de Caixa1.759.7571.839.068-4,3126 1.01.02 Aplicações Financeiras9.11016.198 1.01.02.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo através do 9.11016.198 1.01.02.01.02 Títulos Designados a Valor Justo9.11016.198-43,7585H1 1.01.03 Contas a Receber2.759.3321.523.180 1.01.03.01 Clientes2.759.3321.523.180 1.01.03.01.01 Contas a Receber960.074277.136246,4270H2 1.01.03.01.02 Contas a receber de sociedades controladas1.732.6391.226.14041,3084 1.01.03.01.03 Financiamento a clientes66.61919.904234,7016H3 1.01.04 Estoques12.893.5479.002.26043,2257 1.01.06 Tributos a Recuperar452.707311.206 1.01.06.01 Tributos Correntes a Recuperar452.707311.20645,4686 1.01.07 Despesas Antecipadas277.730180.28054,0548 1.01.08 Outros Ativos Circulantes3.356.1052.081.481 1.01.08.03 Outros3.356.1052.081.481 1.01.08.03.01 Instrumentos financeiros derivativos66.33884.840-21,8081 1.01.08.03.02 Outros Ativos655.296431.651 1.01.08.03.03 Ativos de Contrato2.634.4711.564.99068,3379H4 1.02 Ativo Não Circulante42.186.27830.971.290 1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo980.249693.455 1.02.01.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo através do Resultado32.0730 1.02.01.01.01 Títulos Designados a Valor Justo32.0730 1.02.01.04 Contas a Receber116.178188.031 1.02.01.04.03 Financiamento a clientes116.178188.031-38,2134 1.02.01.08 Despesas Antecipadas35.84341.919-14,4946 1.02.01.10 Outros Ativos Não Circulantes796.155463.505 1.02.01.10.03 Tributos a Recuperar335.202188.02878,2724H5 1.02.01.10.04 Outros Ativos379.265263.93743,6953 1.02.01.10.05 Depósitos em Garantia73.1970 1.02.01.10.07 Ativos de contrato8.49111.540-26,4211 1.02.02 Investimentos22.308.69115.953.504 1.02.02.01 Participações Societárias22.308.69115.953.50439,8357 1.02.03 Imobilizado6.189.2974.585.172 1.02.03.01 Imobilizado em Operação6.097.3744.501.91435,4396 1.02.03.02 Direito de Uso em Arrendamento91.92383.25810,4074 1.02.04 Intangível12.708.0419.739.159 1.02.04.01 Intangíveis12.708.0419.739.15930,4840 Períodos image2.emf Código da Descrição da Conta Conta31/12/202431/12/2023Análise Horizontal ▲% 2 Passivo Total63.694.56645.924.963 2.01 Passivo Circulante20.343.11314.425.623 2.01.02 Fornecedores6.177.1543.933.199 2.01.02.01 Fornecedores Nacionais769.822517.863 2.01.02.01.01 Fornecedores643.537428.91450,0387 2.01.02.01.02 Fornecedores - Risco sacado126.28588.94941,9746 2.01.02.02 Fornecedores Estrangeiros5.407.3323.415.336 2.01.02.02.01 Fornecedores5.274.3483.333.022 2.01.02.02.02 Fornecedores - Risco sacado132.98482.31461,5570 2.01.03 Obrigações Fiscais165.655137.66920,3285 2.01.03.01 Obrigações Fiscais Federais158.018132.166 2.01.03.01.02 Outros158.018132.16619,5602 2.01.03.02 Obrigações Fiscais Estaduais0225-100,0000 2.01.03.03 Obrigações Fiscais Municipais7.6375.27844,6950 2.01.04 Empréstimos e Financiamentos507.1452.769.972 2.01.04.01 Empréstimos e Financiamentos507.1452.769.972 2.01.04.01.01 Em Moeda Nacional700 2.01.04.01.02 Em Moeda Estrangeira507.0752.769.972-81,6939 2.01.05 Outras Obrigações13.106.0577.182.632 2.01.05.01 Passivos com Partes Relacionadas1.668.628866.896 2.01.05.01.02 Débitos com Controladas1.668.628866.89692,4831 2.01.05.02 Outros11.437.4296.315.736 2.01.05.02.04 Contas a Pagar1.272.470824.953 2.01.05.02.07 Instrumentos financeiros derivativos110.19229037.897,2414H1 2.01.05.02.08 Receitas Diferidas80.73918.744330,7458H2 2.01.05.02.11 Passivos de contrato9.963.9005.465.80882,2951 2.01.05.02.12 Passivo de arrendamento10.1285.94170,4764 2.01.06.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis42.54034.077 2.01.06.01.01 Provisões Fiscais5.0640 2.01.06.01.02 Provisões Previdenciárias e Trabalhistas37.47634.0779,9745 2.01.06.02 Outras Provisões344.562368.074 2.01.06.02.01 Provisões para Garantias78.93271.04311,1045 2.01.06.02.04 Outras Provisões265.630297.031-10,5716 2.02 Passivo Não Circulante24.306.24718.009.028 2.02.01 Empréstimos e Financiamentos18.033.96713.813.733 2.02.01.01 Empréstimos e Financiamentos18.033.96713.813.733 2.02.01.01.01 Em Moeda Nacional45.5310 2.02.01.01.02 Em Moeda Estrangeira17.988.43613.813.73330,2214 2.02.02 Outras Obrigações2.542.5351.845.971 2.02.02.02 Outros2.542.5351.845.971 2.02.02.02.03 Contas a Pagar772.520138.344458,4051H3 2.02.02.02.06 Impostos e encargos sociais a recolher37.65781.735-53,9279 2.02.02.02.10 Passivos de contrato1.638.6501.516.9478,0229 2.02.02.02.11 Passivo de arrendamento75.79186.077-11,9498 2.02.02.02.12 Imposto de renda e contribuição social17.91722.868-21,6503 2.02.03 Tributos Diferidos2.186.8671.224.320 2.02.03.01 Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos2.186.8671.224.32078,6189 2.02.04 Provisões1.000.628754.987 2.02.04.01 Provisões Fiscais Previdenciárias Trabalhistas e Cíveis386.054445.719 2.02.04.01.01 Provisões Fiscais49.39998.205-49,6981 2.02.04.01.02 Provisões Previdenciárias e Trabalhistas142.226126.44612,4796 2.02.04.01.03 Provisões para Benefícios a Empregados193.606220.050-12,0173 2.02.04.01.04 Provisões Cíveis8231.018-19,1552 2.02.04.02 Outras Provisões614.574309.268 2.02.04.02.01 Provisões para Garantias129.87686.99749,2879 2.02.04.02.04 Provisão materiais de terceiros274.612138.29898,5654 2.02.04.02.05 Provisões para Perda de Investimentos083.852-100,0000 2.02.04.02.06 Outras Provisões210.086121173.524,7934H4 2.02.06 Lucros e Receitas a Apropriar542.250370.017 2.02.06.02 Receitas a Apropriar542.250370.017 2.02.06.02.01 Receitas diferidas542.250370.01746,5473 image3.emf 2.03 Patrimônio Líquido19.045.20613.490.312 2.03.01 Capital Social Realizado5.159.6175.159.6170,0000 2.03.02 Reservas de Capital750.979474.15558,3826 2.03.02.05 Ações em Tesouraria-87.103-87.1030,0000 2.03.02.07 Remuneração Baseada em Ações139.962116.38120,2619 2.03.02.08 Resultado nas operações com acionistas não controladores698.120444.87756,92432.03.04 Reservas de Lucros274.3540 2.03.04.01 Reserva Legal16.2890 2.03.04.10 Reserva para Investimentos a capital de Giro154.2890 2.03.04.11 Subvenção para investimentos103.7760 2.03.05 Lucros/Prejuízos Acumulados0-1.593.066-100,0000 2.03.06 Ajustes de Avaliação Patrimonial12.860.2569.449.606 2.03.06.02 Ganho (Perda) com benefícios pós-emprego-82.452-114.113-27,7453 2.03.06.03 Ajustes acumulados de conversão13.021.4109.511.42736,9028 2.03.06.04 Instrumentos Financeiros-78.70252.292-250,5049H5 image4.emf Código da Descrição da Conta Conta31/12/202431/12/2023Análise Vertical - 2024Análise Vertical - 2023 1 Ativo Total63.694.56645.924.963 1.01 Ativo Circulante21.508.28814.953.673 1.01.01 Caixa e Equivalentes de Caixa1.759.7571.839.0682,76284,0045 1.01.02 Aplicações Financeiras9.11016.198 1.01.02.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo através do 9.11016.198 0,00000,0000 1.01.02.01.02 Títulos Designados a Valor Justo9.11016.1980,01430,0353V1 1.01.03 Contas a Receber2.759.3321.523.180 1.01.03.01 Clientes2.759.3321.523.180 1.01.03.01.01 Contas a Receber960.074277.1361,50730,6035V2 1.01.03.01.02 Contas a receber de sociedades controladas1.732.6391.226.1402,72022,6699 1.01.03.01.03 Financiamento a clientes66.61919.9040,10460,0433V3 1.01.04 Estoques12.893.5479.002.26020,242819,6021 1.01.06 Tributos a Recuperar452.707311.206 1.01.06.01 Tributos Correntes a Recuperar452.707311.2060,71070,6776 1.01.07 Despesas Antecipadas277.730180.2800,43600,3926 1.01.08 Outros Ativos Circulantes3.356.1052.081.481 1.01.08.03 Outros3.356.1052.081.481 1.01.08.03.01 Instrumentos financeiros derivativos66.33884.8400,10420,1847 1.01.08.03.02 Outros Ativos655.296431.6511,02880,9399 1.01.08.03.03 Ativos de Contrato2.634.4711.564.9904,13613,4077V4 1.02 Ativo Não Circulante42.186.27830.971.290 1.02.01 Ativo Realizável a Longo Prazo980.249693.455 1.02.01.01 Aplicações Financeiras Avaliadas a Valor Justo através do Resultado32.0730 1.02.01.01.01 Títulos Designados a Valor Justo32.07300,05040,0000 1.02.01.04 Contas a Receber116.178188.031 1.02.01.04.03 Financiamento a clientes116.178188.0310,18240,4094 1.02.01.08 Despesas Antecipadas35.84341.9190,05630,0913 1.02.01.10 Outros Ativos Não Circulantes796.155463.505 1.02.01.10.03 Tributos a Recuperar335.202188.0280,52630,4094V5 1.02.01.10.04 Outros Ativos379.265263.9370,59540,5747 1.02.01.10.05 Depósitos em Garantia73.19700,11490,0000 1.02.01.10.07 Ativos de contrato8.49111.5400,01330,0251 1.02.02 Investimentos22.308.69115.953.504 1.02.02.01 Participações Societárias22.308.69115.953.50435,024534,7382 1.02.03 Imobilizado6.189.2974.585.172 1.02.03.01 Imobilizado em Operação6.097.3744.501.9149,57289,8028 1.02.03.02 Direito de Uso em Arrendamento91.92383.2580,14430,1813 1.02.04 Intangível12.708.0419.739.159 1.02.04.01 Intangíveis12.708.0419.739.15919,951521,2067 Períodosestá bem posicionada para liderar essas tendências e aproveitar novas oportunidades no mercado global de aviação. 2.2. ANALISE DA EMPRESA 2.2.1. Caracteristica da Embraer A Embraer atua na fabricação de aeronaves para os segmentos comercial, executivo, agrícola e militar, além de oferecer serviços de manutenção, suporte técnico e soluções para mobilidade aérea urbana. Seu diferencial está na entrega de soluções tecnológicas, seguras e sustentáveis, adaptadas às exigências dos diversos mercados globais. 2.2.2. Concorrência A Embraer integra um mercado altamente competitivo, no qual se destacam fabricantes consolidadas do cenário internacional. Entre seus principais concorrentes estão a Airbus e a Boeing, líderes globais no segmento de aeronaves comerciais de grande porte e com forte presença institucional e tecnológica. No nicho específico de jatos regionais, a disputa ocorre principalmente com a Mitsubishi Aircraft Corporation (antigo SpaceJet) e, até 2022, com a Bombardier, cuja divisão de aviação comercial foi adquirida pela Airbus (programa A220). No segmento de jatos executivos, a Embraer compete com marcas de grande tradição, como Gulfstream, Cessna e Dassault Falcon, que possuem forte atuação no mercado corporativo internacional. Apesar do porte menor em relação a algumas concorrentes, a Embraer mantém posição estratégica e competitiva devido à eficiência operacional, à inovação tecnológica e ao foco em aeronaves de médio porte, consolidando-se como uma das principais fabricantes do mundo em seu segmento. 2.2.3. Perfil Consumidor O portfólio da Embraer atende a perfis distintos de consumidores, distribuídos em três grandes mercados-alvo. No segmento de aviação comercial, seus principais clientes são companhias aéreas regionais e de médio porte, que buscam aeronaves com menor custo operacional, alta eficiência de combustível e boa ocupação em rotas de curta e média distância — como American Airlines, KLM Cityhopper, Azul e United. No segmento executivo, o público é formado majoritariamente por empresas, executivos, governos e indivíduos de alta renda que demandam aeronaves para deslocamentos corporativos, com foco em conforto, autonomia e disponibilidade operacional. Já no setor de defesa e segurança, os clientes são Forças Armadas e governos no Brasil e no exterior, interessados em soluções estratégicas como o cargueiro KC-390 e aeronaves de vigilância, priorizando capacidade tecnológica, confiabilidade e suporte logístico de longo prazo. Essa diversificação de clientes contribui para a resiliência do modelo de negócios da companhia e amplia sua presença global. 2.2.4. Comportamento e Sazonalidade das Vendas Ao contrário de setores de consumo comum, o mercado de aeronaves apresenta ciclos de compra mais longos, ligados ao planejamento estratégico das companhias aéreas e aos orçamentos governamentais. A sazonalidade depende de fatores macroeconômicos, planos de expansão de frota e recuperação da demanda global, como a vivida após a pandemia. 2.2.5. Tecnologia A Embraer adota tecnologias de ponta, como design 3D, simulação computacional, automação e manufatura de precisão. Investe em eficiência energética, redução de emissões e aeronaves elétricas (eVTOLs). Também se destaca pelo uso de sistemas de manutenção preditiva e digitalização da produção, o que aumenta a confiabilidade operacional e reduz custos. 2.2.6. Governança Corporativa e Responsabilidade Social A companhia adota boas práticas de governança, com Conselho de Administração ativo e comitês de auditoria, riscos e compliance. Em responsabilidade social, investe em educação, ciência, sustentabilidade e ações de redução de impacto ambiental, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento sustentável. 2.2.7. Inovação e Pesquisa A empresa mantém centros de pesquisa no Brasil e no exterior, com foco em inovação aeronáutica. Destacam-se os projetos da família E2 e os veículos eVTOLs da subsidiária Eve Air Mobility. Outros investimentos incluem digitalização, simulação, conectividade e eficiência operacional, mantendo a Embraer na vanguarda da tecnologia aeronáutica. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1. Demonstrações Contábeis 3.1.1. Balanço Patrimonial (BP) O Balanço Patrimonial se fundamenta no Princípio Contábil da Entidade e representa uma fotografia estática da posição patrimonial e financeira da organização em uma data específica. Sua estrutura baseia-se na equação fundamental da Contabilidade (Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido), evidenciando, do lado do Ativo, a aplicação dos recursos (bens e direitos), e, do lado do Passivo e Patrimônio Líquido, a origem desses recursos (obrigações com terceiros e capital próprio). O BP permite aos usuários, como investidores e credores, avaliar a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, sua liquidez e sua estrutura de capital, sendo essencial para a análise da solidez financeira no longo prazo. 3.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) baseia-se fundamentalmente no Regime de Competência e tem como objetivo evidenciar a formação do resultado líquido (lucro ou prejuízo) em um determinado período. Diferentemente do Balanço, a DRE é uma demonstração de fluxo que confronta as receitas auferidas e os custos e despesas incorridas, independentemente de terem sido recebidas ou pagas em caixa. Sua estrutura sequencial dedutiva, que parte da receita bruta até chegar ao lucro líquido, oferece uma visão detalhada da eficiência operacional, financeira e econômica da empresa, permitindo avaliar a performance do período e a capacidade de geração de riqueza. 3.1.3. Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) tem sua fundamentação no Regime de Caixa e fornece informações sobre as mudanças no caixa e equivalentes de caixa da entidade durante o período. A DFC é essencial para complementar a DRE, que utiliza o regime de competência, ao mostrar a real capacidade da empresa de gerar dinheiro para pagar suas obrigações, investir e remunerar acionistas. Ela é estruturada em três atividades principais: Operacionais (relacionadas à atividade-fim), de Investimento (compra e venda de Ativo Não Circulante) e de Financiamento (obtenção e pagamento de recursos de terceiros e de sócios), oferecendo um diagnóstico vital sobre a gestão financeira e de liquidez da entidade. 3.1.4. Notas Explicativa (NE) As Notas Explicativas (NE) são consideradas parte integrante das demonstrações contábeis e cumprem o papel fundamental de atender ao Princípio da Transparência e da Divulgação Plena. Sua função é fornecer informações adicionais, relevantes e complementares (de natureza qualitativa e quantitativa) que não foram suficientemente detalhadas nos quadros numéricos do Balanço Patrimonial, DRE e DFC, ou que são necessárias para a compreensão dos usuários. Isso inclui a divulgação das principais políticas contábeis adotadas, o detalhamento de saldos de contas importantes, a natureza e propósito de transações específicas, e a revelação de eventos subsequentes ou contingências, garantindo o pleno entendimento da situação patrimonial e do desempenho da empresa. Conforme a Lei nº: 6.404, de 15 de dezembro de 1976, em seu Art. 176 § 4: “§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimentos da situação patrimonial e dos resultados do exercício.” 3.2. Análise das Demonstrações Contábeis 3.2.1. Analise Vertical e Horizontal A Análise Vertical (AV) e a Análise Horizontal (AH) são as ferramentas primárias e complementares da análise de balanços, com a primeira focando na estrutura e a segunda na tendência. A Análise Vertical revela a composição interna das demonstrações em um único período, indicando o peso percentual de cada conta em relação a uma base (por exemplo, Ativo Total ou Receita Líquida), permitindo avaliar a alocação de recursos e a estrutura de custos. Por sua vez, a Análise Horizontal examina a dinâmica e a evolução de contasespecíficas ao longo do tempo (comparando períodos), evidenciando variações percentuais e identificando tendências de crescimento, declínio ou sazonalidade, sendo crucial para projeções e para diagnosticar a velocidade das mudanças financeiras e operacionais da empresa. 3.2.2. Indices de Liquides Os Índices de Liquidez avaliam a solvência de curto e longo prazo da empresa, ou seja, sua capacidade de honrar suas obrigações. · Liquidez Corrente – (Ativo Circulante/Passivo Circulante) mede a capacidade imediata usando todos os ativos de curto prazo. · Liquidez Seca - A Liquidez Seca exclui os Estoques do numerador por serem os menos líquidos (ou sujeitos a perdas na venda), fornecendo uma visão mais conservadora. · Liquidez Imediata - A Liquidez Imediata foca apenas no Disponível (Caixa e Equivalentes), medindo o poder de pagamento instantâneo. · Liquidez Geral - Já a Liquidez Geral estende a análise ao longo prazo, incluindo Ativo Realizável a Longo Prazo e Passivo Não Circulante, avaliando a saúde financeira sob uma perspectiva mais ampla de solvência. 3.2.3. Índice de Endividamento O Índice de Endividamento, ou de Estrutura de Capital, avalia a origem dos recursos que financiam o Ativo da empresa, focando na proporção entre Capital de Terceiros e Capital Próprio. Ele mede o grau de dependência da empresa em relação a credores e terceiros (dívidas), sendo fundamental para analisar o risco financeiro. Um alto endividamento pode alavancar a rentabilidade (efeito alavancagem), mas aumenta a vulnerabilidade em momentos de crise, enquanto um baixo endividamento sugere maior solidez, mas pode indicar oportunidades perdidas de financiamento mais barato. 3.2.4. Índice de Rentabilidade (ROI e ROE) Os Índices de Rentabilidade medem a eficácia da gestão e a capacidade da empresa de gerar lucro a partir dos recursos investidos. O Retorno Sobre o Investimento (ROI) indica o lucro gerado em relação ao total de ativos investidos, demonstrando a eficiência no uso dos recursos totais da empresa, independentemente da forma como foram financiados. O Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE), por sua vez, foca no retorno gerado especificamente sobre o investimento dos acionistas (Capital Próprio), sendo o principal indicador para avaliar a remuneração do capital próprio e a atratividade do negócio para investidores. 3.2.5. Índices de Atividade (Prazos Médios) Os Índices de Atividade, ou Prazos Médios, analisam a eficiência operacional e a velocidade com que os ativos se convertem em caixa ou são renovados, sendo essenciais para a gestão do capital de giro. · O PMRE (Prazo Médio de Renovação de Estoques) mede o tempo que o estoque leva para ser vendido. · O PMRV (Prazo Médio de Recebimento de Vendas) mede o tempo médio para receber as vendas a prazo. · O PMRF (Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores) indica o tempo que a empresa leva para pagar suas compras. · O PMPOF (Prazo Médio de Pagamento de Obrigações Fiscais) mensura o tempo médio que a empresa leva para liquidar seus tributos e outras obrigações com o governo 3.2.6. Índices Combinados (Giro do Ativo, Margem de Lucro) e Análise DuPont A Análise DuPont é um modelo de desagregação que permite entender os fatores que impulsionam o ROE, combinando três índices-chave. O Giro do Ativo (Receita/Ativo Total) mede a eficiência com que os ativos geram vendas. A Margem de Lucro (Lucro Líquido/Receita) mede a eficiência operacional (lucro por real vendido). A multiplicação desses dois fatores (Margem x Giro) resulta no ROI. Ao adicionar a Alavancagem Financeira (Ativo Total / Patrimônio Líquido), o modelo DuPont desmembra o ROE em seus componentes: ROE = Margem x Giro x Alavancagem, permitindo que gestores e analistas diagnostiquem se o retorno acionário advém de alta lucratividade, uso eficiente dos ativos ou elevado endividamento. 3.2.7. Fator de Solvência Kanitz O Fator de Solvência Kanitz é um modelo preditivo, desenvolvido no contexto brasileiro, cujo objetivo é avaliar a probabilidade de falência de uma empresa no curto prazo. Ele combina e pondera diversos índices financeiros (como liquidez e endividamento) em uma única pontuação. Em essência, o modelo utiliza a análise de múltiplos fatores para classificar a saúde financeira da entidade, indo além da avaliação de um índice isolado e fornecendo uma medida robusta e consolidada de solvência para auxiliar credores e gestores na identificação precoce de riscos. 3.2.8. EBITDA e TRI (Taxa Interna de Retorno) O EBITDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) é uma medida de desempenho operacional que reflete a capacidade de geração de caixa da empresa apenas com suas atividades principais, isolando decisões financeiras (juros), fiscais (impostos) e não-caixa (depreciação e amortização). É um indicador crucial para a avaliação comparativa entre empresas de diferentes estruturas de capital e regimes tributários. Já a Taxa Interna de Retorno (TRI) é uma ferramenta de orçamento de capital que representa a taxa de desconto que iguala o valor presente dos fluxos de caixa futuros de um projeto ao seu investimento inicial, sendo o indicador da rentabilidade real anualizada de um investimento. 4. ANÁLISE FINANCEIRA 4.1. Analises Horizontais e Verticais do Balanço Patrimonial e DRE 4.1.1. Analise Horizontal do Balanço Patrimonial – Ativo Análises Horizontais H 1 – Em 2024, a conta Títulos Designados a Valor Justo apresentou saldo de R$ 9.110, contra R$ 16.198 em 2023, representando uma queda de 43,76%. Essa redução indica diminuição dos investimentos em instrumentos financeiros, o que pode refletir uma realocação de recursos para atividades operacionais e projetos de desenvolvimento aeronáutico, intensos em capital e com retorno de longo prazo — características típicas do setor. Em empresas aeronáuticas como a Embraer, é comum que períodos de lançamento de novas aeronaves ou expansão de linhas de produção demandem liquidez imediata, levando à venda ou resgate de títulos financeiros. Além disso, variações cambiais e juros internacionais também podem afetar o valor justo desses ativos, uma vez que boa parte das receitas e aplicações da empresa estão expostas ao dólar americano. Portanto, embora a redução aparente seja negativa do ponto de vista do investimento financeiro, ela pode sinalizar uma estratégia operacional voltada à priorização de capital para projetos estratégicos — o que é coerente com o perfil de empresas do setor aeronáutico. H 2 – Em 2024, a conta Contas a Receber passou de R$ 277.136 para R$ 960.074, representando um crescimento expressivo de 246,43%. Esse aumento, à primeira vista, pode sinalizar maiores dificuldades de recebimento ou alongamento de prazos concedidos aos clientes, o que impacta negativamente a liquidez de curto prazo. No entanto, ao analisar o contexto do setor aeronáutico, é importante considerar que as vendas de aeronaves e serviços correlatos envolvem contratos de longo prazo, complexos e de alto valor, com pagamentos parcelados e dependentes de etapas de entrega ou certificação. Assim, o aumento nas Contas a Receber pode estar associado a maiores volumes de entregas realizadas ou novos contratos firmados, refletindo crescimento das operações comerciais da Embraer — especialmente nos segmentos de aviação comercial e executiva, que têm se recuperado globalmente após o período de retração pandêmica. Ainda assim, é essencial que a empresa mantenha rigor no controle do ciclo financeiro e na avaliação de crédito dos clientes, uma vez que o setor é fortemente exposto a riscos de inadimplência internacional, variações cambiais e atrasos contratuais. Portanto, embora o crescimento das Contas a Receber eleve o risco financeiro de curto prazo, ele também pode indicar expansão das atividades operacionais e fortalecimento da carteira de clientes, o que é positivo no longo prazo se acompanhado de políticas eficientes de gestão de crédito e cobrança. H 3 – Em 2024, a conta Financiamento a Clientes apresentou saldo de R$ 66.619, contra R$ 19.904 em 2023, representando um aumentoexpressivo de 234,70%. Esse crescimento indica maior volume de operações financiadas diretamente pela empresa aos seus clientes, o que, embora possa ser visto como um fator de maior exposição financeira e risco de inadimplência, também reflete uma estratégia comercial comum no setor aeronáutico. Companhias aéreas, governos e operadores de aviação executiva frequentemente dependem de linhas de crédito de médio e longo prazo para viabilizar aquisições de aeronaves, especialmente em períodos de custo elevado de financiamento internacional ou instabilidade econômica global. Nesse cenário, é comum que fabricantes como a Embraer atuem como financiadores parciais ou intermediários, oferecendo condições facilitadas para estimular vendas e manter competitividade frente a gigantes do setor, como Airbus e Boeing. Portanto, embora o aumento da conta Financiamento a Clientes represente maior necessidade de capital de giro e risco financeiro, ele também pode sinalizar expansão nas vendas e fortalecimento comercial, especialmente se acompanhado de garantias contratuais sólidas e gestão eficiente de risco de crédito. Em síntese, o movimento é desfavorável sob a ótica da liquidez, mas estrategicamente justificável dentro do contexto competitivo e de alto valor agregado da indústria aeronáutica. H 4 – Em 2024, a conta Ativos de Contrato passou de R$ 1.564.990 para R$ 2.634.471, representando um aumento de 68,34%. Esse crescimento reflete maior volume de valores ainda a serem realizados em contratos com clientes, o que pode reduzir a liquidez imediata e aumentar a dependência do cumprimento futuro das obrigações contratuais. No entanto, no contexto da indústria aeronáutica, esse comportamento é relativamente comum e pode ser interpretado também como sinal de expansão da carteira de contratos firmes (backlog) — ou seja, de maior número de aeronaves e serviços contratados ainda em execução. A Embraer costuma registrar Ativos de Contrato referentes a receitas a apropriar por projetos em andamento, entregas parciais e manutenção programada de longo prazo, práticas típicas em indústrias com ciclos de produção extensos e entregas fracionadas. Assim, embora o aumento dessa conta reduza a liquidez no curto prazo, ele pode indicar crescimento nas operações e consolidação de novas vendas, especialmente se o avanço estiver associado à demanda global por aviação regional e executiva, segmentos em que a Embraer se destaca. Em resumo, o aumento dos Ativos de Contrato representa maior exposição operacional e financeira, mas também reflete o fortalecimento comercial e a continuidade de projetos em execução, devendo ser monitorado quanto à sua conversão efetiva em receita e recebimento futuro. H5 – Em 2024, a conta Tributos a Recuperar aumentou de R$ 188.028 para R$ 335.202, representando um crescimento de 78,27%. Esse aumento indica maior volume de recursos da empresa temporariamente imobilizados junto ao fisco, o que reduz a liquidez de curto prazo e diminui a disponibilidade imediata de caixa. Sob a ótica financeira, trata-se de um movimento desfavorável, já que parte do capital da companhia fica vinculada a créditos tributários que só poderão ser compensados ou restituídos futuramente. No entanto, no contexto do setor aeronáutico, esse aumento pode estar associado à intensificação das exportações e da produção industrial, que geram créditos tributários de ICMS, PIS, COFINS e IPI. A Embraer, por ser uma empresa exportadora, frequentemente acumula valores expressivos a recuperar, devido à isenção de tributos sobre exportações e à complexidade da estrutura fiscal brasileira, que provoca diferimentos e atrasos na compensação desses créditos. 4.1.2. Análise Horizontal do Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimonio Líquido Analises Horizontais H1 - Em 2024, a conta Instrumentos Financeiros Derivativos apresentou saldo de R$ 110.192, contra R$ 290 em 2023, o que representa um aumento expressivo de 37.897,24%. Esse crescimento substancial indica uma intensificação nas operações de proteção financeira (hedge) realizadas pela Embraer, especialmente frente à exposição cambial que caracteriza o setor aeronáutico. Como grande parte das receitas da empresa é denominada em dólar americano — devido às exportações de aeronaves e serviços —, é comum que a Embraer utilize derivativos para mitigar os riscos de variação cambial e de taxa de juros. O aumento dessa conta pode refletir a adoção de estratégias mais robustas de hedge accounting, buscando estabilizar fluxos de caixa e proteger margens diante da volatilidade internacional. Além disso, o contexto econômico global de 2024, marcado por flutuações cambiais e incertezas nas taxas de juros, pode ter levado a companhia a ampliar a utilização desses instrumentos. Portanto, a elevação dessa conta sugere uma gestão financeira ativa e preventiva, coerente com o perfil de uma empresa global do setor aeronáutico, que precisa proteger seus resultados contra oscilações de mercado. H2 - Em 2024, a conta Receitas Diferidas apresentou saldo de R$ 80.739, contra R$ 18.744 em 2023, representando um aumento expressivo de 330,75%. Esse crescimento indica uma ampliação significativa nos valores recebidos antecipadamente pela Embraer, referentes a contratos ainda não reconhecidos como receita contábil. No contexto do setor aeronáutico, esse comportamento está diretamente relacionado ao modelo de negócios baseado em contratos de longo prazo, em que as receitas são reconhecidas conforme a execução de obrigações — como entregas de aeronaves, manutenção programada e suporte técnico. Assim, o aumento dessa conta pode refletir maior volume de pedidos firmados e antecipações financeiras de clientes, sinalizando expansão na demanda e fortalecimento da carteira comercial da companhia. Além disso, a elevação de Receitas Diferidas também pode estar associada a estratégias de financiamento operacional, nas quais a empresa busca antecipar recursos para sustentar o desenvolvimento de novos projetos, compensando ciclos produtivos longos e intensivos em capital — característica típica da indústria aeronáutica. H3 - Em 2024, a conta Contas a Pagar apresentou saldo de R$ 772.520, contra R$ 138.344 em 2023, representando um aumento expressivo de 458,41%. Esse crescimento indica uma elevação significativa nas obrigações de curto e médio prazo da Embraer com fornecedores e prestadores de serviços, o que pode refletir tanto o aumento do volume operacional quanto uma reorganização nos prazos de pagamento. No setor aeronáutico, é comum que períodos de intensa produção, lançamentos de novas aeronaves ou aumento de pedidos internacionais levem a maior necessidade de insumos, componentes eletrônicos, materiais compostos e serviços especializados — resultando em crescimento das contas a pagar. Esse movimento pode também sinalizar renegociação de prazos com fornecedores para otimizar o capital de giro e preservar liquidez, especialmente em contextos de elevação de custos produtivos ou variação cambial. Além disso, a alta pode estar relacionada a estratégias financeiras de alongamento de passivos operacionais, buscando equilibrar desembolsos de caixa diante de ciclos longos de produção e recebimento característicos do setor aeronáutico. H4 - Em 2024, a conta Outras Provisões apresentou saldo de R$ 210.086, contra R$ 121 em 2023, o que representa um aumento expressivo de 173.524,79%. Esse crescimento abrupto indica o reconhecimento de novas obrigações estimadas pela Embraer, possivelmente relacionadas a contingências, provisões trabalhistas, cíveis, contratuais ou de garantia de produtos. No setor aeronáutico, provisões desse tipo são comuns e podem estar associadas a custos futuros com manutenção, assistência técnica, revisões de aeronaves, indenizações contratuais ou atualizações de conformidade regulatória. O aumento significativo sugere que a empresa pode ter revisado suas estimativas de riscos, incorporando novos eventos ou ajustando valores de provisões já existentes diante de maior exposição operacional. Além disso, esse crescimentopode refletir mudanças nas políticas contábeis internas, revisões de contratos internacionais ou provisões ligadas à performance de programas específicos de aeronaves. Tais ajustes são esperados em um ambiente de alta complexidade técnica e jurídica como o da indústria aeronáutica. Portanto, o aumento substancial em Outras Provisões demonstra uma gestão contábil prudente e preventiva, reforçando o compromisso da Embraer com a transparência e a aderência às normas internacionais de contabilidade (IFRS) — prática essencial para empresas de capital aberto e atuação global. H5 - Em 2024, a conta Instrumentos Financeiros apresentou saldo de R$ -78.702, contra R$ 52.292 em 2023, representando uma redução de 250,50%. Essa variação expressiva indica uma inversão de posição financeira, que pode estar relacionada a perdas com instrumentos derivativos, reavaliações de ativos financeiros ou à liquidação de contratos que anteriormente geravam valores positivos para a companhia. No contexto do setor aeronáutico, esse comportamento pode decorrer da alta volatilidade cambial e das flutuações nas taxas de juros internacionais, fatores que impactam diretamente os resultados de operações financeiras vinculadas ao dólar americano. Como a Embraer realiza grande parte de suas transações em moeda estrangeira, é comum o uso de instrumentos financeiros para proteção (hedge). No entanto, oscilações abruptas no mercado podem transformar ganhos contábeis em perdas no curto prazo. Além disso, essa reversão pode refletir mudanças estratégicas na política de gestão de riscos, como a redução de exposição a determinados derivativos ou realocação de recursos financeiros. Embora o resultado aparente negativo possa afetar momentaneamente o passivo, ele também pode sinalizar uma decisão tática de proteção de longo prazo, priorizando estabilidade e previsibilidade frente às oscilações do mercado. Portanto, a variação negativa observada em Instrumentos Financeiros evidencia os efeitos da volatilidade financeira global sobre as operações da Embraer e reforça a importância de uma gestão ativa de riscos cambiais e de juros, típica de empresas com atuação internacional no setor aeronáutico. 4.1.3. Análise Vertical do Balanço Patrimonial - Ativo Anánlise Vertical V1 - Em 2023, a conta Títulos Designados a Valor Justo representava 3,53% do Ativo Total, enquanto em 2024 passou a representar apenas 1,43%. Essa redução na participação demonstra perda de relevância dos investimentos financeiros dentro da estrutura patrimonial da empresa. No contexto do setor aeronáutico, essa movimentação pode indicar uma mudança estratégica na alocação de recursos, direcionando o capital para atividades produtivas, desenvolvimento de novas aeronaves ou modernização de tecnologia e infraestrutura industrial — áreas que demandam alto volume de investimento e geram retornos de longo prazo. Além disso, a volatilidade cambial e as taxas de juros internacionais impactam diretamente o valor justo dos títulos financeiros, especialmente em empresas exportadoras como a Embraer, cuja operação é fortemente vinculada ao dólar. Portanto, a redução da representatividade desses títulos, embora pareça desfavorável sob a ótica financeira isolada, pode refletir uma gestão ativa do portfólio, priorizando liquidez e investimento operacional em detrimento de aplicações financeiras — uma decisão coerente com o perfil de capital intensivo característico da indústria aeronáutica. V2 - Em 2023, a conta Contas a Receber representava 0,60% do Ativo Total, enquanto em 2024 passou a representar 1,51%, mais que dobrando sua participação na estrutura patrimonial da empresa. Esse aumento demonstra maior concentração de recursos a receber de clientes, o que pode afetar a liquidez de curto prazo e elevar o risco de inadimplência. No entanto, dentro do contexto do setor aeronáutico, esse comportamento é frequentemente associado ao crescimento das vendas de aeronaves, manutenção e serviços pós-venda, cujas condições de pagamento são normalmente estendidas devido ao alto valor dos contratos e à natureza personalizada das negociações. A Embraer, por atuar em mercados internacionais e negociar com companhias aéreas e governos, muitas vezes adota condições comerciais flexíveis e prazos longos, o que contribui para o aumento da participação das Contas a Receber no ativo total. Portanto, embora o crescimento dessa conta possa reduzir a liquidez imediata, ele também reflete o fortalecimento do volume de negócios e a expansão da base de clientes, sinalizando maior atividade operacional e retomada do setor aéreo global. O desafio da empresa está em equilibrar esse crescimento com políticas eficientes de gestão de crédito e risco cambial, a fim de preservar a saúde financeira sem comprometer o ritmo de expansão. V3 - Em 2023, a conta Financiamento a Clientes representava apenas 0,043% do Ativo Total, enquanto em 2024 passou a 0,105%, mais que dobrando sua participação na estrutura patrimonial. Esse aumento demonstra maior exposição da empresa em financiar seus clientes, o que naturalmente eleva o risco de inadimplência e exige maior controle sobre o capital de giro. Entretanto, no contexto da indústria aeronáutica, esse comportamento também pode refletir uma estratégia comercial necessária para estimular vendas em um mercado altamente competitivo e de elevado valor unitário por contrato. Fabricantes como a Embraer, ao competir globalmente com empresas como Airbus e Boeing, frequentemente oferecem condições financeiras atrativas — incluindo parcelamentos, prazos estendidos ou financiamentos diretos — como forma de viabilizar negócios com companhias aéreas, governos e operadores privados. Dessa forma, o aumento da representatividade dessa conta, embora reduza a liquidez e amplie o risco de crédito, pode também indicar expansão de contratos e fortalecimento comercial, especialmente em um cenário de retomada do setor aéreo e maior demanda por renovação de frotas regionais e executivas. Em síntese, o crescimento do Financiamento a Clientes deve ser visto com cautela, mas também como um reflexo do dinamismo comercial e da busca por competitividade internacional — aspectos fundamentais para a sustentabilidade da Embraer no longo prazo. V4 - Em 2023, a conta Ativos de Contrato representava 3,41% do Ativo Total, enquanto em 2024 passou a 4,14%, evidenciando aumento na participação dessa conta na estrutura patrimonial da empresa. Esse crescimento demonstra maior volume de valores ainda a realizar em contratos com clientes, o que, apesar de representar um ativo, reduz a liquidez imediata e aumenta a dependência do cumprimento futuro desses acordos. No contexto do setor aeronáutico, esse comportamento é coerente com o modelo de negócio das fabricantes de aeronaves, como a Embraer, que trabalham com contratos de longa duração, muitas vezes vinculados a projetos sob encomenda, entregas parciais e prestação contínua de serviços de manutenção e suporte. O aumento da participação dos Ativos de Contrato pode indicar expansão do backlog (carteira de pedidos firmes), refletindo crescimento na demanda por aeronaves e serviços pós-venda — um sinal positivo de desempenho operacional e comercial. Contudo, também exige gestão rigorosa de fluxo de caixa e monitoramento dos cronogramas contratuais, uma vez que o reconhecimento da receita e o recebimento financeiro ocorrem de forma parcelada e dependem do cumprimento de marcos contratuais. Em síntese, embora a elevação dessa conta reduza a liquidez de curto prazo, ela pode representar um indicador de expansão e consolidação comercial, reforçando o posicionamento da Embraer em um mercado global de alta complexidade e competitividade. V5 - Em 2023, a conta Tributos a Recuperar representava 0,41% do Ativo Total, enquanto em 2024 passou a 0,53%, indicando aumento na participação dessa conta dentro da estrutura patrimonial da empresa. Embora se trate de um ativo, esse crescimento reflete maior volume de valores ainda a recuperar junto ao fisco, o que reduz a liquidez imediata e demonstraque parte do capital da empresa está temporariamente imobilizada em créditos tributários. No entanto, dentro do contexto do setor aeronáutico e exportador, esse comportamento é relativamente comum. A Embraer, por ser fortemente voltada às exportações, acumula créditos tributários de ICMS, PIS, COFINS e IPI, resultantes de isenções e compensações previstas para empresas exportadoras. Esses créditos tendem a crescer em períodos de aumento de produção e volume de vendas internacionais, refletindo maior atividade industrial e comercial. Assim, apesar de o aumento da participação dos Tributos a Recuperar ter impacto negativo na liquidez de curto prazo, ele também pode sinalizar um cenário operacional positivo, com crescimento das exportações e maior movimentação produtiva. Em síntese, o aumento dessa conta deve ser avaliado sob duas óticas: financeiramente desfavorável pela imobilização de caixa, mas operacionalmente coerente com a expansão das atividades da Embraer, típica de um setor intensivo em capital e com forte atuação global. 4.1.4. Análise Vertical do Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Liquido Análises Verticais V1 - Em 2023, a conta Instrumentos Financeiros Derivativos representava 0,0006% do Passivo Total, enquanto em 2024 passou a representar 0,17%. Esse aumento na participação demonstra um crescimento relevante na utilização de instrumentos de proteção financeira (hedge) pela Embraer, ampliando sua presença dentro da estrutura de passivos da companhia. No setor aeronáutico, caracterizado por forte exposição cambial devido às transações em dólar, é comum que empresas como a Embraer utilizem derivativos para mitigar riscos de variação cambial e de taxa de juros, especialmente em períodos de oscilação nos mercados internacionais. Assim, o aumento da representatividade dessa conta indica uma postura mais ativa na gestão de riscos financeiros, com o objetivo de preservar margens operacionais e garantir estabilidade nos fluxos de caixa. Além disso, essa variação pode estar relacionada à volatilidade macroeconômica global e à necessidade de proteger contratos de exportação e financiamentos em moeda estrangeira — elementos fundamentais no contexto das operações da Embraer. Portanto, a maior relevância dos Instrumentos Financeiros Derivativos no passivo reflete uma estratégia prudencial e alinhada à realidade do setor aeronáutico, reforçando o comprometimento da empresa com uma gestão financeira sólida e previsível frente à instabilidade dos mercados internacionais. V2 - Em 2023, a conta Receitas Diferidas representava 0,04% do Passivo Total, enquanto em 2024 passou a representar 0,13%. Esse aumento na participação indica uma maior proporção de receitas recebidas antecipadamente — valores que ainda não foram reconhecidos como receita contábil porque estão vinculados a obrigações futuras da empresa, como manutenção, suporte técnico, garantias ou entregas programadas de aeronaves e componentes. No setor aeronáutico, é comum que contratos envolvam recebimentos antecipados ou pagamentos por etapas, especialmente em vendas de aeronaves, serviços de pós-venda e acordos de suporte logístico. Assim, o crescimento dessa conta pode refletir um aumento no volume de contratos de longo prazo, evidenciando uma carteira de clientes mais robusta e um fluxo de receitas futuras assegurado. Além disso, a elevação da representatividade das receitas diferidas pode estar relacionada a estratégias comerciais que buscam antecipar capital de giro, fortalecendo a liquidez da empresa em momentos de maior demanda por investimentos tecnológicos ou expansão da produção. Portanto, o aumento da participação dessa conta no passivo demonstra uma posição operacional sólida, com maior comprometimento contratual junto aos clientes — característica que reforça o perfil de previsibilidade e estabilidade financeira da Embraer dentro da indústria aeronáutica. V3 - Em 2023, a conta Contas a Pagar representava 0,30% do Passivo Total, enquanto em 2024 passou a representar 1,21%. Esse aumento na participação demonstra maior relevância das obrigações de curto prazo dentro da estrutura de passivos da Embraer, refletindo tanto o crescimento das operações quanto possíveis ajustes na gestão de capital de giro. No setor aeronáutico, que exige cadeias de suprimentos complexas e intensivas em tecnologia, é comum que períodos de expansão da produção ou entrega de novos modelos de aeronaves elevem o volume de compromissos com fornecedores. Assim, a elevação dessa conta sugere um aumento na atividade operacional e possivelmente negociações de prazos mais longos com parceiros estratégicos, permitindo à empresa equilibrar entradas e saídas de caixa. Além disso, esse comportamento pode estar associado a estratégias financeiras de preservação de liquidez, especialmente diante de cenários de instabilidade cambial e flutuação nos custos de materiais importados — fatores que impactam diretamente a indústria aeronáutica global. Portanto, a maior representatividade das Contas a Pagar no passivo evidencia dinamismo operacional e disciplina financeira, refletindo uma Embraer em fase de alta demanda produtiva e gestão ativa de seus compromissos de curto prazo. V4 - Em 2023, a conta Outras Provisões representava 0,0003% do Passivo Total, enquanto em 2024 passou a representar 0,33%. Esse aumento relevante na participação demonstra que a Embraer passou a registrar um volume significativamente maior de provisões dentro da sua estrutura de passivos, ampliando a atenção sobre obrigações estimadas e potenciais riscos futuros. No setor aeronáutico, esse tipo de provisão é particularmente importante devido à complexidade técnica e contratual das operações, que frequentemente envolvem compromissos de longo prazo com clientes, manutenção pós-venda, garantias e conformidade regulatória. Assim, o crescimento dessa conta pode indicar maior reconhecimento de obrigações relacionadas à entrega de aeronaves, revisões contratuais ou contingências trabalhistas e cíveis. Além disso, o aumento da representatividade de Outras Provisões reforça uma postura contábil conservadora, buscando refletir com mais precisão as obrigações prováveis, em linha com as práticas internacionais (IFRS) e com as exigências de transparência de companhias de capital aberto. Portanto, a maior participação dessa conta no passivo total evidencia uma gestão prudente de riscos e responsabilidades futuras, característica essencial para a sustentabilidade financeira e a credibilidade de empresas de alta complexidade industrial como a Embraer. V5 - Em 2023, a conta Instrumentos Financeiros representava 0,11% do Passivo Total, enquanto em 2024 passou a representar -0,12%. Essa mudança de sinal e representatividade indica uma inversão na posição financeira líquida da Embraer, possivelmente associada a variações negativas em instrumentos de hedge, perdas não realizadas em derivativos ou reavaliações de ativos financeiros contabilizados a valor justo. No contexto do setor aeronáutico, essa oscilação é típica de empresas com forte exposição cambial e financeira, já que grande parte das receitas, custos e financiamentos da Embraer está atrelada ao dólar americano. Assim, alterações significativas nas taxas de câmbio ou de juros internacionais podem gerar ajustes contábeis relevantes, afetando diretamente o saldo dessa conta. Além disso, o resultado negativo pode refletir uma estratégia de proteção cambial mais ampla, na qual a companhia prioriza a estabilidade de longo prazo em detrimento de ganhos imediatos. Ou seja, o impacto pontual na estrutura patrimonial pode representar um custo de proteção, fundamental para mitigar riscos em contratos de exportação e operações financeiras internacionais. Portanto, a mudança de participação dos Instrumentos Financeiros no passivo total evidencia os efeitos da volatilidade de mercado e da gestão de riscos financeiros sobre a estrutura da Embraer — reforçando o perfil de uma empresa global que atua em um ambiente altamente sensível às oscilações econômicas ecambiais. 4.1.5. Análise Horizontal da D.R.E. Analises Horizontais H1- Em 2024, a conta Perda (reversão) de crédito esperada passou de uma despesa de R$ 6.391 em 2023 para uma reversão de R$ 74.408, representando uma variação de –1.264,26%. Esse resultado é positivo, pois demonstra recuperação de valores anteriormente provisionados para perdas com créditos de liquidação duvidosa, contribuindo diretamente para a melhoria do resultado operacional do exercício. No contexto do setor aeronáutico, essa reversão pode estar relacionada a recebimentos efetivos de valores anteriormente considerados de risco, ou à redução da inadimplência entre clientes internacionais, o que é significativo considerando que grande parte das vendas da Embraer ocorre por meio de contratos de longo prazo com companhias aéreas, governos e operadores de leasing. Além disso, o movimento pode refletir melhora nas condições econômicas e de crédito do mercado global de aviação, impulsionado pela retomada da demanda pós-pandemia, o que reforça a capacidade de pagamento dos clientes e a qualidade da carteira comercial da empresa. Portanto, a reversão dessa provisão tem efeito favorável tanto financeiro quanto operacional, sinalizando eficiência na gestão de crédito, redução de riscos e recuperação de receitas — fatores relevantes para o fortalecimento do desempenho da Embraer em um setor de alta complexidade financeira. H2 – Em 2023, a conta Variações Monetárias Ativas apresentou receita de R$ 107.104, mas em 2024 houve uma inversão, registrando despesa de R$ 110.134, o que representa uma variação negativa de 202,83%. Esse resultado é desfavorável, pois evidencia perdas decorrentes de oscilações cambiais e monetárias, impactando negativamente o resultado financeiro da companhia. No setor aeronáutico, essas variações estão fortemente ligadas à exposição ao dólar americano, uma vez que a Embraer realiza grande parte de suas receitas em moeda estrangeira (principalmente por exportações), enquanto parte relevante de seus custos e dívidas pode estar em reais ou em outras moedas. Assim, flutuações significativas nas taxas de câmbio — especialmente em períodos de valorização do real frente ao dólar — podem reduzir as receitas financeiras ou gerar perdas nas conversões de ativos e passivos denominados em moeda estrangeira. Além disso, esse resultado pode refletir efeitos contábeis de hedge, diferenças de indexação monetária e variações nas taxas internacionais de juros, que afetam contratos de financiamento e exportação. Em síntese, a variação negativa das Variações Monetárias Ativas é um reflexo da volatilidade cambial típica do setor e reforça a importância de uma gestão financeira eficiente, com estratégias de proteção (hedge) adequadas à exposição global da Embraer. H3 – Em 2024, a conta Receitas Financeiras apresentou saldo de R$ 718.836, contra R$ 86.361 em 2023, registrando um crescimento expressivo de 732,36%. Esse aumento é altamente positivo, pois indica maior rentabilidade das aplicações financeiras e ganhos com juros ativos ou variações monetárias favoráveis, contribuindo significativamente para o fortalecimento do resultado do exercício. No setor aeronáutico, esse comportamento pode estar relacionado a uma melhor gestão de caixa e investimentos de curto prazo, resultado de aumentos de capital de giro, reversões de provisões ou recebimentos de contratos internacionais que elevaram a posição de liquidez da empresa. Além disso, o cenário de taxas de juros elevadas no Brasil e variações cambiais favoráveis ao longo de 2024 podem ter impulsionado o retorno financeiro sobre os recursos aplicados, ampliando o desempenho da conta. Em um contexto de alta competitividade e margens operacionais apertadas, como o da indústria aeronáutica, esse ganho financeiro representa um importante suporte à rentabilidade líquida da Embraer, compensando parcialmente os efeitos de custos elevados de produção e volatilidade cambial. Em síntese, o expressivo crescimento das Receitas Financeiras reforça a eficiência na gestão de recursos e exposição monetária, além de demonstrar resiliência financeira da companhia em um ambiente econômico global desafiador. H4 – Em 2024, a conta Variações Monetárias Passivas apresentou saldo zerado, contra despesa de R$ 99.430 em 2023, representando uma redução de 100%. Essa evolução é positiva, pois demonstra que a empresa deixou de registrar perdas financeiras decorrentes de variações monetárias passivas, contribuindo diretamente para a melhoria do resultado do exercício. No setor aeronáutico, as variações monetárias passivas geralmente decorrem de dívidas, contratos de financiamento ou obrigações em moeda estrangeira. A eliminação dessas perdas pode indicar melhor equilíbrio entre ativos e passivos indexados em moedas equivalentes, ou ainda eficiência nas estratégias de hedge e gestão cambial adotadas pela companhia. Além disso, esse comportamento pode refletir redução do endividamento em moeda estrangeira ou ajuste na estrutura de capital, o que reduz a exposição às flutuações do câmbio e melhora a previsibilidade financeira. Em síntese, a ausência de Variações Monetárias Passivas em 2024 representa o fortalecimento da estrutura financeira da Embraer, evidenciando gestão eficaz do risco cambial — um fator estratégico essencial para empresas com forte presença internacional e grande volume de contratos em dólar. H5 – Em 2024, a conta Diferido passou de receita de R$ 322.564 em 2023 para despesa de R$ 665.961, registrando uma variação negativa de 306,46%. Esse resultado é desfavorável, pois indica reversão ou baixa de ativos diferidos, impactando negativamente o resultado do exercício e reduzindo o desempenho financeiro da empresa. No setor aeronáutico, as contas de ativos e passivos diferidos geralmente estão relacionadas a ajustes temporários de resultados, efeitos de variações cambiais diferidas, benefícios fiscais, contratos de longo prazo e despesas de desenvolvimento de produtos. Assim, a passagem de um saldo positivo para negativo pode sinalizar a reversão de créditos tributários, amortização de benefícios fiscais anteriores ou reconhecimento contábil de despesas antes diferidas, o que reduz o lucro do período. Além disso, essa variação pode refletir mudanças nas políticas contábeis ou tributárias, ajustes de hedge contábil ou baixas de valores ativados em exercícios anteriores, especialmente em setores com intenso investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, como o aeronáutico. Em síntese, a variação negativa na conta Diferido é um movimento pontualmente desfavorável, pois reduz o lucro líquido, mas pode também representar uma limpeza contábil ou reclassificação estrutural, contribuindo para uma demonstração de resultados mais realista e transparente no longo prazo. 4.1.6. Análise Vertical da D.R.E. Análises Verticais V1 – Em 2023, a conta Perda (reversão) de crédito esperada representava 3,58% da DRE, enquanto em 2024 passou a –29,34%, indicando que o saldo deixou de ser uma despesa e se tornou uma reversão significativa. Essa mudança é altamente positiva, pois reflete a recuperação de valores anteriormente provisionados para perdas com créditos de liquidação duvidosa, o que contribui diretamente para a melhora do resultado do exercício. No setor aeronáutico, esse comportamento pode estar associado a recebimentos de parcelas de contratos internacionais, renegociações bem-sucedidas ou reversões de provisões de clientes que retomaram operações e fluxos de pagamento — um reflexo da reaceleração do mercado global de aviação após períodos de retração. Além disso, a Embraer atua com grandes contratos de longo prazo e clientes de perfil governamental ou corporativo, nos quais o risco de inadimplência é reduzido, mas o ciclo financeiro é extenso. Assim, a reversão de provisões indica melhoria na qualidade da carteira de recebíveis e fortalecimento da estrutura de crédito da companhia. Em síntese, a variação positiva dessa conta demonstra eficiência na gestão financeira, recuperação de receitas e otimização dasprovisões de risco, fatores que reforçam o desempenho operacional da Embraer e contribuem para a sustentabilidade de resultados no setor aeronáutico. V2 – Em 2023, a conta Variações Monetárias Ativas representava 60,05% da DRE, enquanto em 2024 passou a –43,43%, invertendo completamente o saldo de receita para despesa. Essa mudança é negativa, pois demonstra perdas financeiras relevantes decorrentes de variações cambiais e monetárias, que impactaram desfavoravelmente o resultado do exercício e reduziram a rentabilidade do período. No setor aeronáutico, esse tipo de oscilação é particularmente sensível, já que empresas como a Embraer têm receitas concentradas em dólar (exportações), mas parte de seus custos, dívidas e despesas operacionais denominadas em reais ou outras moedas. Assim, movimentos cambiais adversos, como a valorização do real frente ao dólar, podem reduzir receitas quando convertidas e gerar ajustes contábeis negativos nas variações monetárias. Além disso, a Embraer lida com contratos internacionais de longo prazo, o que amplia a exposição às flutuações cambiais e exige gestão ativa de risco financeiro, por meio de instrumentos de hedge e políticas de proteção cambial. Em síntese, a inversão dessa conta evidencia vulnerabilidade às variações de câmbio, reforçando a necessidade de equilíbrio entre receitas e passivos em moedas equivalentes. Apesar do impacto negativo no exercício, tal variação está alinhada ao risco estrutural do setor aeronáutico global, que depende fortemente do comportamento das moedas estrangeiras e dos mercados financeiros internacionais. V3 – Em 2023, a conta Receitas Financeiras representava 48,42% da DRE, enquanto em 2024 passou a 283,47%, indicando crescimento expressivo de sua participação no resultado do exercício. Esse aumento é altamente positivo, pois reflete maior rentabilidade financeira, possivelmente decorrente de ganhos com aplicações de recursos de caixa, juros ativos sobre financiamentos a clientes ou variações monetárias favoráveis, fatores que fortaleceram significativamente o desempenho financeiro da Embraer. No setor aeronáutico, é comum que as empresas mantenham altos volumes de capital aplicado em função do longo ciclo de produção e entrega de aeronaves, além da necessidade de gerir fluxos de caixa internacionais. Nesse sentido, o aumento da representatividade das Receitas Financeiras pode indicar uma posição de caixa mais robusta e melhor rentabilidade sobre aplicações de curto prazo. Além disso, o período de 2024 foi marcado por taxas de juros elevadas no Brasil e oscilações cambiais favoráveis, o que potencializou os ganhos financeiros de companhias com gestão ativa de tesouraria e exposição internacional, como a Embraer. Em síntese, o forte aumento da participação das Receitas Financeiras na DRE demonstra eficiência na administração financeira e de liquidez, atuando como importante fator de sustentação da lucratividade, especialmente em um setor que exige elevado capital de giro e planejamento financeiro rigoroso. V4 – Em 2023, a conta Variações Monetárias Passivas representava –55,75% da DRE, enquanto em 2024 passou a 0%, eliminando completamente a despesa dessa natureza. Essa evolução é positiva, pois indica que a empresa deixou de incorrer em perdas financeiras decorrentes de variações monetárias passivas, contribuindo de forma direta para a melhoria do resultado do exercício. No setor aeronáutico, as variações monetárias passivas estão normalmente associadas a obrigações financeiras em moeda estrangeira, especialmente empréstimos, financiamentos de exportação e contratos de leasing internacional. A eliminação dessas perdas sugere que a Embraer equilibrou sua estrutura de dívidas com ativos dolarizados, otimizou sua política de hedge cambial ou reduziu passivos atrelados ao dólar. Além disso, esse resultado pode refletir uma melhora nas condições macroeconômicas e cambiais, com menor volatilidade no câmbio ou reorganização das fontes de financiamento, reduzindo a exposição da empresa às oscilações monetárias. Em síntese, a redução a zero das Variações Monetárias Passivas demonstra fortalecimento da gestão financeira e cambial da Embraer, reforçando sua capacidade de resiliência em um mercado global sujeito a intensas flutuações monetárias e contribuindo para maior estabilidade e previsibilidade nos resultados futuros. V5 – Em 2023, a conta Diferido representava 180,85% da DRE, enquanto em 2024 passou a –262,62%, invertendo completamente a natureza do saldo de receita para despesa. Essa mudança é desfavorável, pois indica baixa ou reversão de ativos diferidos, impactando negativamente o resultado do exercício e reduzindo a rentabilidade da empresa. No setor aeronáutico, essa variação pode estar relacionada à reversão de créditos tributários diferidos, reclassificação contábil de benefícios fiscais, ou ainda à amortização de despesas de desenvolvimento e certificação de aeronaves anteriormente registradas como ativos diferidos. Como a Embraer atua em um segmento intensivo em pesquisa, inovação e engenharia de longo prazo, esses ajustes contábeis são comuns e refletem o reconhecimento progressivo de custos e benefícios fiscais ao longo dos ciclos de produção e entrega. Além disso, essa inversão pode também decorrer de mudanças em normas contábeis ou critérios de mensuração fiscal, resultando em baixas de valores anteriormente capitalizados. Embora o efeito imediato sobre o lucro seja negativo, ele pode representar uma reorganização contábil saudável, ajustando as demonstrações financeiras a uma posição mais conservadora e realista. Em síntese, a variação negativa na conta Diferido é desfavorável sob a ótica de rentabilidade, mas pode refletir um processo de reavaliação de ativos e créditos fiscais, típico de empresas do setor aeronáutico, cujo ciclo operacional é extenso e sujeito a ajustes complexos de reconhecimento contábil e tributário. 4.2. Indicadores de Liquidez Liquidez Corrente – A liquidez corrente da Embraer apresenta uma leve melhora de 2023 para 2024. Em 2023, o índice era de aproximadamente 1,04, indicando uma capacidade justa de cobrir as dívidas de curto prazo. Em 2024, esse índice aumenta para cerca de 1,06. Essa variação, embora pequena, sugere que a relação entre o que a empresa tem disponível no curto prazo e o que ela precisa pagar no curto prazo ficou um pouco mais favorável. Esse avanço pode refletir dois movimentos: maior volume de recursos de curto prazo (como caixa, aplicações ou valores a receber de clientes) ou uma gestão mais eficiente das obrigações imediatas, por exemplo alongando prazos de pagamento ou refinanciando parte das dívidas que venceriam no curto prazo. No geral, a Embraer entra em 2024 com uma posição ligeiramente mais confortável para honrar seus compromissos imediatos e com menor pressão financeira de curtíssimo prazo em relação ao ano anterior. Liquidez Seca – A liquidez seca da Embraer mostra uma leve melhora de 2023 para 2024. Em 2023, o indicador estava em torno de 0,41, enquanto em 2024 ele avança para aproximadamente 0,42. Essa variação indica que, em 2024, a empresa passa a depender um pouco menos da venda de estoques para cumprir as obrigações de curto prazo, contando relativamente mais com caixa, aplicações financeiras e recebíveis. Mesmo assim, como o índice permanece abaixo de 1 nos dois anos, ainda existe uma necessidade de apoio do estoque para fechar totalmente os compromissos imediatos. No contexto do setor aeronáutico, isso é esperado, porque a Embraer trabalha com estoques elevados e complexos (aeronaves em produção, componentes, peças), que não se transformam em dinheiro de forma rápida. Ou seja, a companhia melhora ligeiramente sua posição de liquidez mais restrita em 2024, mas continua operando com uma estrutura em que parte relevante da cobertura de curto prazo depende da realização desses estoques. Liquidez Imediata – A liquidez imediata da Embraer sofreu uma piora de 2023 para 2024. Em 2023, o indicador estava em torno de 0,13, enquanto em 2024 cai para aproximadamente0,09. Essa queda mostra que, em 2024, a empresa mantém proporcionalmente menos recursos de disponibilidade imediata (caixa e equivalentes) em relação às dívidas de curto prazo. Em termos práticos, isso indica uma pressão de curtíssimo prazo maior: a companhia depende menos do dinheiro já em caixa e mais da geração de caixa futura para cumprir compromissos que vencem logo. Essa diferença pode refletir consumo de caixa operacional ao longo do período, necessidade de financiar produção e entregas (que é típica em indústria aeronáutica, que imobiliza recursos na fabricação de aeronaves antes de receber), ou até um aumento das obrigações de curto prazo em ritmo mais rápido do que a recomposição de caixa. Ou seja, a posição de liquidez imediata em 2024 fica mais apertada e menos confortável do que a observada em 2023. Liquidez Geral – A liquidez geral da Embraer apresenta uma melhora relevante de 2023 para 2024. Em 2023, o índice era de aproximadamente 0,48 e, em 2024, sobe para cerca de 0,59. Esse avanço indica que, considerando não só o curto prazo mas também o longo prazo, a empresa passa a ter uma capacidade maior de cobrir o conjunto de suas dívidas totais (circulantes e não circulantes) com os ativos que ela espera realizar ao longo do tempo. Essa diferença pode estar associada principalmente a dois fatores: aumento dos valores a receber e demais ativos realizáveis no longo prazo, ligados a contratos e entregas futuras, ou um controle do ritmo de crescimento das obrigações totais (especialmente dívida financeira de longo prazo). Em termos práticos, 2024 mostra uma posição estruturalmente mais sólida do que 2023: a Embraer demonstra que, olhando o horizonte completo de recebimentos, ela está mais próxima de gerar recursos suficientes para fazer frente ao seu passivo total do que estava no ano anterior. 4.3. Índices de Endividamento Endividamento Geral – O endividamento geral da Embraer se mantém elevado, mas mostra uma leve melhora de 2023 para 2024. Em 2023, o índice estava em torno de 70,6%, enquanto em 2024 ele recua para aproximadamente 70,1%. Na prática, isso significa que, em 2023, cerca de 70,6% dos ativos da empresa eram financiados por capital de terceiros (dívidas e obrigações), e em 2024 essa dependência cai ligeiramente para perto de 70,1%. Essa redução, ainda que pequena, sugere um movimento na direção de uma estrutura de capital um pouco menos pressionada por passivos. Isso pode acontecer quando o patrimônio líquido cresce proporcionalmente mais do que as dívidas — por exemplo, por retenção de resultados ou melhora operacional — ou quando a empresa segura o aumento do endividamento, evitando que a dívida total avance no mesmo ritmo do ativo. Em resumo, a Embraer continua operando com um nível alto de alavancagem, o que é típico em um setor intensivo em capital como o aeronáutico, mas 2024 indica uma leve melhora no equilíbrio entre recursos próprios e recursos de terceiros em comparação com 2023. Participação de Capital de 3º - A participação de capital de terceiros da Embraer permanece praticamente estável entre 2023 e 2024. Em 2023, o índice foi de aproximadamente 1,069 e, em 2024, fica muito próximo disso, em torno de 1,068, mostrando uma leve redução. Esses valores indicam que, para cada R$ 1,00 de capital próprio, a empresa utiliza cerca de R$ 1,07 de capital de terceiros. Ou seja, a Embraer continua operando com um nível elevado de alavancagem, mas sem aumento de dependência de financiamento externo em relação ao patrimônio. Essa leve queda sugere disciplina no controle do endividamento em relação aos recursos próprios. Composição do Endividamento – A composição do endividamento da Embraer mostra um leve aumento de 2023 para 2024. Em 2023, o índice era de aproximadamente 0,445 e, em 2024, passa para cerca de 0,456. Esse movimento indica que, em 2024, uma parcela um pouco maior do endividamento total da companhia está concentrada em obrigações de curto prazo. Em termos práticos, isso sugere uma exigência de pagamento ligeiramente mais imediata em 2024 em relação a 2023, o que aumenta a pressão de curto prazo sobre o caixa. Ainda assim, a variação é modesta, o que mostra que a estrutura entre dívidas de curto prazo e de longo prazo permanece relativamente estável, sem mudança brusca no perfil de financiamento. 4.4. Indicadores de Margem Margem Operacional – A margem operacional da Embraer teve um avanço importante de 2023 para 2024. Em 2023, a margem estava em torno de 9,30%, enquanto em 2024 ela sobe para aproximadamente 15,11%. Esse crescimento mostra que, em 2024, a operação principal da empresa ficou mais rentável: a Embraer conseguiu transformar uma parcela maior da sua receita em resultado operacional. Essa melhora pode estar ligada a alguns fatores combinados: aumento de receita com melhor aproveitamento da capacidade produtiva, diluição de custos fixos industriais (ou seja, o custo fixo pesando menos por unidade produzida), e possível ganho de eficiência no controle de despesas operacionais. Também pode ter havido efeito de mix, com maior participação de produtos/segmentos de maior margem. Em resumo, 2024 mostra uma Embraer mais eficiente e com geração operacional mais forte do que em 2023. Margem Líquida – A margem líquida da Embraer melhora de forma significativa de 2023 para 2024. Em 2023, a empresa registra uma margem em torno de 4,39%, enquanto em 2024 esse indicador sobe para aproximadamente 7,57%. Isso mostra que, em 2024, a Embraer conseguiu reter uma fatia maior do faturamento como lucro final, depois de considerar não só os custos operacionais, mas também efeitos financeiros, impostos e outros resultados abaixo da linha. Esse avanço pode estar associado a três pontos principais: i. aumento de escala de receita, que dilui custo fixo e melhora o resultado operacional; ii. melhora no desempenho financeiro líquido, com possível redução proporcional de despesas financeiras em relação ao tamanho da atividade; e iii. maior controle de despesas não operacionais. Em termos práticos, 2024 indica um ano em que a geração de lucro efetivo por real vendido foi mais eficiente do que em 2023, reforçando a capacidade de transformação de receita em resultado para os acionistas. Margem Bruta – A margem bruta da Embraer tem uma melhora muito forte de 2023 para 2024. Em 2023, o indicador estava em torno de 2,58%, enquanto em 2024 ele sobe para aproximadamente 10,19%. Esse avanço mostra que, em 2024, a empresa conseguiu reter uma parcela bem maior da receita após cobrir os custos diretamente ligados à produção. Essa diferença pode estar ligada a um cenário de maior eficiência industrial e melhor aproveitamento de capacidade produtiva em 2024, o que dilui custo fixo de fabricação por unidade produzida. Também pode ter havido melhora de preços e de mix de vendas (ou seja, entrega de produtos/segmentos com rentabilidade mais alta). Em termos práticos, 2024 parece representar um ano em que o core industrial da Embraer operou de forma mais favorável do que em 2023, com custo de produção relativamente menos pesado sobre a receita. 4.5. Indicadores de Retorno – ROI e ROE ROI – O Retorno sobre o Investimento da Embraer mostra um avanço importante de 2023 para 2024. Em 2023, o indicador ficou em torno de 1,71%, enquanto em 2024 sobe para aproximadamente 3,01%. Isso indica que, em 2024, a empresa conseguiu gerar um retorno maior sobre o capital investido no negócio como um todo. Esse ganho de rentabilidade está ligado principalmente ao aumento do lucro em relação ao tamanho da estrutura de ativos da companhia. Em outras palavras, a Embraer passou a extrair mais resultado do que já tinha investido em operações, capacidade produtiva, estoques, contratos etc. Esse movimento sugere melhora operacional e comercial em 2024, com maior conversão das vendas em resultado final, e um uso mais eficiente dos recursos aplicados na atividade. Em resumo, 2024 demonstra um retorno sobre o investimento mais forte e mais atrativo do que em 2023. ROE – O Retorno sobre o Patrimônio Líquido da Embraer