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Revista Foco | v.18 n.7 |e9086 | p.01-15 |2025 1 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO GUIDED SURGERY IN THE POSTERIOR MANDIBULAR REGION: A CASE REPORT CIRUGÍA GUIADA EN REGIÓN POSTERIOR DE MANDÍBULA: UN REPORTE DE CASO Marcus Bruno Trindade Alves1 Jadir Prata da Silva Júnior2 Paulo Maurício Batista da Silva3 Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes4 DOI: 10.54751/revistafoco.v18n7-002 Received: Jun 2nd, 2025 Accepted: Jun 24th, 2025 RESUMO A cirurgia guiada tem se destacado na implantodontia por proporcionar maior precisão, previsibilidade e segurança, especialmente em áreas de difícil acesso, como a região posterior da mandíbula. Este relato de caso descreve a reabilitação de uma paciente de 47 anos, edêntula nos dentes 46 e 47, com instalação de implantes dentários utilizando um protocolo digital avançado. O planejamento incluiu exames tridimensionais, como tomografia computadorizada de feixe cônico e escaneamento intraoral, possibilitando a confecção de um guia cirúrgico impresso em 3D. A cirurgia envolveu a exodontia atraumática da raiz do dente 47, seguida de regeneração óssea guiada e instalação de implantes nas regiões 46 e 47. A região posterior da mandíbula apresenta desafios anatômicos, como a proximidade do nervo alveolar inferior e a menor disponibilidade óssea, tornando a cirurgia guiada uma abordagem vantajosa por permitir posicionamento preciso dos implantes e minimizar riscos. O procedimento transcorreu sem intercorrências, garantindo excelente estabilidade primária e favorecendo a osseointegração. O pós-operatório seguiu protocolo medicamentoso e orientações específicas, com evolução clínica satisfatória. A utilização da cirurgia guiada nesta região crítica demonstrou ser uma alternativa segura e eficaz, reduzindo a morbidade cirúrgica e otimizando o prognóstico funcional e estético da reabilitação oral. 1 Especialista em Implatodontia. Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos (ITPAC). Av. Acsu So 70, AV NS1, S/N cj 02, n 3, Palmas, Tocantins. CEP: 77017-004. E-mail: brunoallvs6@gmail.com 2 Especialista em Prótese Dentária. Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Tv. Nove de Janeiro, 927, Belém, Pará. CEP: 6660-575. E-mail: jadirpsjr@gmail.com 3 Doutor em Prótese Dentária. Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) Tv. Nove de Janeiro, 927, Belém, Pará. CEP: 6660-575. E-mail: paulo.batista@prof.cesupa.br 4 Doutor em Odontologia. Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) Tv. Nove de Janeiro, 927, Belém, Pará. CEP: 6660-575. E-mail: dr.carloseduardogomes@gmail.com mailto:brunoallvs6@gmail.com mailto:jadirpsjr@gmail.com mailto:paulo.batista@prof.cesupa.br mailto:dr.carloseduardogomes@gmail.com Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 2 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ Palavras-chave: Cirurgia guiada; implantodontia; região posterior da mandíbula; planejamento digital; reabilitação oral. ABSTRACT Guided surgery has emerged as a prominent technique in implant dentistry, offering greater precision, predictability, and safety, particularly in challenging areas such as the posterior region of the mandible. This case report describes the rehabilitation of a 47- year-old female patient who was edentulous in the 46 and 47 regions, undergoing dental implant placement using an advanced digital protocol. The treatment planning involved three-dimensional examinations, including cone-beam computed tomography and intraoral scanning, enabling the fabrication of a 3D-printed surgical guide. The surgical procedure included the atraumatic extraction of the root in region 47, followed by guided bone regeneration and implant placement in regions 46 and 47. The posterior mandible presents anatomical challenges, such as the proximity of the inferior alveolar nerve and reduced bone availability, making guided surgery a beneficial approach by ensuring precise implant positioning and minimizing risks. The procedure was completed without complications, achieving excellent primary stability and promoting osseointegration. Postoperative management followed a structured medication protocol and specific care instructions, resulting in a satisfactory clinical outcome. The use of guided surgery in this anatomically critical region proved to be a safe and effective alternative, reducing surgical morbidity and optimizing the functional and esthetic prognosis of oral rehabilitation. Keywords: Guided surgery; implant dentistry; posterior mandible; digital planning; oral rehabilitation. RESUMEN La cirugía guiada se ha destacado en la implantología por ofrecer mayor precisión, previsibilidad y seguridad, especialmente en zonas de difícil acceso, como la región posterior de la mandíbula. Este reporte de caso describe la rehabilitación de una paciente de 47 años, edéntula en los dientes 46 y 47, mediante la instalación de implantes dentales utilizando un protocolo digital avanzado. La planificación incluyó exámenes tridimensionales, como la tomografía computarizada de haz cónico y el escaneo intraoral, lo que permitió la confección de una guía quirúrgica impresa en 3D. La cirugía involucró la exodoncia atraumática de la raíz del diente 47, seguida de regeneración ósea guiada e instalación de implantes en las regiones 46 y 47. La región posterior de la mandíbula presenta desafíos anatómicos, como la proximidad del nervio alveolar inferior y la menor disponibilidad ósea, lo que hace de la cirugía guiada un enfoque ventajoso al permitir un posicionamiento preciso de los implantes y minimizar riesgos. El procedimiento transcurrió sin complicaciones, garantizando una excelente estabilidad primaria y favoreciendo la oseointegración. El postoperatorio siguió un protocolo medicamentoso y orientaciones específicas, con una evolución clínica satisfactoria. El uso de la cirugía guiada en esta región crítica demostró ser una alternativa segura y eficaz, reduciendo la morbilidad quirúrgica y optimizando el pronóstico funcional y estético de la rehabilitación oral. Palabras clave: Cirugía guiada; implantología; región posterior de la mandíbula; planificación digital; rehabilitación oral. Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 3 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da Silva Júnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ 1. Introdução A Implantodontia tem desempenhado um papel crucial na reabilitação oral desde a instalação do primeiro implante dentário, há cerca de 50 anos, proporcionando uma solução eficaz para a substituição de dentes ausentes (Silva et al., 2020). As primeiras técnicas de instalação dependiam da habilidade do cirurgião e de análises bidimensionais, mas com o avanço da tecnologia, especialmente com a introdução da cirurgia guiada, os resultados tornaram-se mais previsíveis e precisos (BJELICA et al., 2022; KABI et al., 2020). O uso de tecnologias digitais, como o planejamento reverso, possibilita a antecipação da posição e da quantidade de implantes necessários antes da cirurgia, aumentando a segurança do procedimento e reduzindo os riscos intraoperatórios (VERÍSSIMO et al., 2021). Essas inovações são particularmente valiosas na reabilitação da região posterior da mandíbula, que apresenta desafios como a densidade cortical óssea, a proximidade do canal mandibular e a limitação do espaço vertical, frequentemente causada pela reabsorção óssea pós-exodontia. Estes fatores tornam o planejamento meticuloso essencial para evitar complicações e garantir o sucesso do tratamento (RÉ, 2010). Neste contexto, a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC)é uma ferramenta fundamental, oferecendo imagens tridimensionais detalhadas que permitem um planejamento preciso e personalizado (BRITO et al., 2021). A TCFC, associada a softwares de planejamento e à tecnologia CAD/CAM (computer-aided design/computer-aided manufacturing), possibilita a criação de guias cirúrgicos personalizados, otimizando a precisão e minimizando os riscos durante o procedimento (BORGHETTI et al., 2022; CARRANZA et al., 2024). Esta abordagem minimamente invasiva, além de melhorar a estética e a funcionalidade da prótese, reduz complicações e promove uma recuperação mais rápida e confortável para o paciente. Após a confecção do guia cirúrgico, sua adaptação deve ser confirmada em boca, antes da execução do procedimento. Durante a cirurgia, o guia é fixado nos dentes adjacentes, orientando a fresagem e garantindo que o posicionamento do implante esteja de acordo com o planejamento digital Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 4 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ (PEREIRA; SIQUEIRA; ROMEIRO, 2019). Esse processo contribui para uma cirurgia mais rápida, com menor sangramento, menor necessidade de medicação e preservação do volume ósseo, proporcionando maior confiança ao implantodontista e melhorando o prognóstico do tratamento (CARRANZA et al., 2024). Diante das particularidades da região posterior da mandíbula, este estudo tem como objetivo relatar um caso clínico de instalação de implantes nos dentes 46 e 47 utilizando cirurgia guiada com o sistema UNITITE – SIN. O caso ilustrará como o planejamento digital e as tecnologias associadas podem superar os desafios anatômicos dessa região, assegurando maior previsibilidade e sucesso no tratamento reabilitador. 2. Metododologia O presente estudo se classifica metodologicamente como sendo uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa (não envolvendo números, quantidades, percentagens e estatísticas). Configurando-se como um relato de caso. Este estudo seguiu padrões éticos e conta com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelo paciente, permitindo divulgação de informações de dados clinico-laboratoriais. 3. Resulato de Caso 3.1 Apresentação do Paciente A paciente, do gênero feminino, 47 anos, compareceu ao Instituto Odontológico das Américas (IOA) apresentando queixa principal: “necessidade de tratamento com implante dentário”. Durante a consulta inicial, foi realizada uma anamnese detalhada, onde constatou-se ausências dos dentes 36, 46, 47, ausências de dores, utilização de prótese sobre implante na região do dente 24, e ausência de comorbidades ou contraindicações para o procedimento Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 5 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da Silva Júnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ Na Figura 1, ilustra o aspecto intraoral, fornecendo detalhes essenciais sobre a anatomia do local, como o estado do tecido gengival e a presença de estruturas ósseas remanescentes. A imagem permite a visualização da área edêntula, facilitando a avaliação preliminar do volume ósseo disponível para a instalação dos implantes. Figura 1. Aspeto Intraoral Fonte: Dados da Pesquisa, 2025 3.2 Planejamento Cirúrgico Após análise clínica detalhada e avaliação das condições anatômicas da paciente, foi desenvolvido o planejamento para a reabilitação oral, com a instalação de dois implantes dentários (46 e 47), utilizando a técnica de cirurgia guiada. O planejamento inicial incluiu: solicitações de exames laboratoriais, solicitação de tomografia computadorizada da região a ser reabilitada (Figura 2), que forneceu informações tridimensionais essenciais para a avaliação do volume ósseo, a proximidade de estruturas anatômicas importantes e a definição da posição ideal dos implantes. Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 6 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ Figura 2. Tomografia computadorizada de feixe cônico da região 46 e 47. Fonte: Dados da Pesquisa, 2025 Com base nesses dados, evidenciou-se a necessidade de exodontia atraumática da raiz da região do 47, seguido por regeneração óssea guiada. Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 7 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da Silva Júnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ Em seguida, foi realizada a solicitação de escaneamento intraoral (Figura 3) para a obtenção das impressões digitais da arcada dentária. As imagens obtidas a partir do escaneamento intraoral (formato STL) e as imagens tomográficas (formato DICOM), bem como a impressão do guia cirúrgico, foram realizadas pelo laboratório Oi DIGITAL, localizado em Belém-PA. Figura 3. Resultado do escaneamento digital da região 46 e 47. Fonte: Dados da Pesquisa, 2025 Assim, foram confecionados os modelos tridimensionais por meio de impressão 3D, os quais serviram de base para o desenvolvimento da guia cirúrgica personalizada (Figura 4). Este processo garantiu maior precisão e previsibilidade no planejamento e execução da cirurgia. Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 8 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ Figura 4. Guia cirúrgico Fonte: Dados da Pesquisa, 2025 Após a finalização e aprovação do planejamento digital, a cirurgia foi agendada. No dia do procedimento, iniciou-se a avaliação da adaptação do guia cirúrgico. Esse processo foi essencial para garantir a precisão do posicionamento do guia durante a cirurgia, assegurando a fidelidade ao planejamento realizado. 3.3 Procedimento Cirúrgico O planejamento cirúrgico envolveu exodontia atraumática do elemento comprometido, seguida da instalação imediata de dois implantes de titânio. Antes do procedimento, foram aferidos os sinais vitais do paciente, realizada assepsia com digluconato de clorexidina a 0,12% e feita a paramentação adequada para garantir um ambiente estéril. A anestesia local foi administrada por meio do bloqueio do nervo alveolar inferior, com inserção da agulha 1 cm acima do plano oclusal na região dos pré-molares contralaterais e penetração de aproximadamente 20 mm, além do bloqueio do nervo bucal, introduzindo-se a agulha na borda anterior do ramo da mandíbula com penetração inferior a 5 mm. Após a confirmação da efetividade da anestesia, procedeu-se à incisão supra crestal com lâmina de bisturi 15C, seguida do descolamento minimamente invasivo do retalho para exposição da crista óssea. A exodontia do dente 47 foi Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 9 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da Silva Júnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ realizada de maneira atraumática, utilizando alavancas e movimentação controlada para preservação óssea. Com a região preparada, iniciou-se a perfuração sequencial do leito ósseo com fresas de diâmetros progressivos, garantindo a instalação precisa de dois implantes de titânio de 4,3 X 10,0 mm (46) e 5,0 x 8,5 mm (47), assegurando estabilidade primária adequada e aferindo-se o torque de inserção final para garantir a osseointegração. Ambos os implantes apresentaram estabilidade primáriasatisfatória, com torque de inserção superior a 60 N.cm, condição que favorece a osseointegração e, potencialmente, a reabilitação protética precoce. A sutura foi realizada com fio de nylon 5.0 Techsuture para garantir a coaptação adequada dos tecidos, seguida da aplicação tópica de clorexidina a 0,12% (figura 5). Figura 5. Procedimento Cirúrgico Fonte: Dados da Pesquisa, 2025 No que se refere à prescrição medicamentosa, 24 horas antes do procedimento, o paciente iniciou a administração de amoxicilina 500 mg, um comprimido a cada 8 horas, e dexametasona 4 mg, um comprimido 24 horas antes da cirurgia. No pós-operatório, a prescrição incluiu amoxicilina 500 mg a cada 8 horas por 6 dias, dexametasona 4 mg a cada 12 horas por 4 dias, nimesulida 100 mg a cada 12 horas por 5 dias, omeprazol 20 mg em jejum durante todo o tratamento, enterogermina com uma a duas doses diárias Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 10 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ conforme necessidade e bochechos com digluconato de clorexidina 0,12% por 30 segundos, duas vezes ao dia por 15 dias. 3.4 Evolução e Desfecho Clínico O procedimento foi realizado com sucesso, sem intercorrências, garantindo excelente estabilidade primária dos implantes. A utilização de uma técnica minimamente invasiva para exodontia e a precisão na instalação dos implantes favoreceram a preservação óssea e gengival, otimizando o prognóstico para a futura fase protética. O paciente recebeu todas as orientações sobre os cuidados pós-operatórios e está sendo acompanhado para avaliação da osseointegração e sucesso da reabilitação implantossuportada. 4. Discussões A cirurgia guiada tem se consolidado como uma abordagem segura e previsível na reabilitação com implantes dentários, especialmente em regiões de difícil acesso anatômico, como a porção posterior da mandíbula. A utilização desta técnica no presente caso clínico demonstrou benefícios significativos, incluindo maior precisão na instalação dos implantes, minimização do trauma cirúrgico e preservação óssea otimizada (ABBATE et al., 2017; LORENZ et al., 2025). A escolha da cirurgia guiada para o planejamento e execução do procedimento cirúrgico justifica-se pelo maior controle sobre o posicionamento tridimensional dos implantes, o que favorece a previsibilidade da reabilitação protética e reduz potenciais complicações. Estudos prévios indicam que a utilização de guias cirúrgicos permite uma menor variação no torque de inserção e melhora a adaptação óssea ao redor dos implantes, fatores cruciais para o sucesso da osseointegração (DOMAH; SHAH, 2024; NAIDU; JAJU, 2023; NASTI et al., 2023). Apesar da elevada precisão associada à cirurgia guiada, é importante destacar que essa técnica não está isenta de falhas. Diversos estudos apontam Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 11 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da Silva Júnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ uma margem de erro média de até 1 mm na posição final dos implantes, mesmo em protocolos bem executados. Esse desvio pode ocorrer tanto na direção apicocoronal quanto na vestibulopalatina ou mesiodistal, sendo influenciado por fatores como estabilidade do guia, qualidade da tomografia, tolerância do sistema utilizado e experiência do operador. Por esse motivo, recomenda-se que o planejamento virtual inclua uma zona de segurança mínima de 2 mm em relação a estruturas anatômicas críticas, a fim de compensar eventuais imprecisões inerentes à técnica e evitar complicações neurossensitivas (OLEA‐ VIELBA et al., 2020; VERHAMME et al., 2013). No caso relatado, a combinação da cirurgia guiada com uma abordagem minimamente invasiva para exodontia do dente 47 possibilitou a preservação da estrutura óssea, aspecto fundamental para a estabilidade primária dos implantes 4,3 X 10,0 mm (46) e 5,0 x 8,5 mm (47). A estabilidade inicial é um dos principais preditores do sucesso a longo prazo dos implantes dentários, sendo influenciada pelo desenho do implante, qualidade óssea e precisão cirúrgica (BLOCK, 2025; QUISPE-LÓPEZ et al., 2024). Neste contexto, a cirurgia guiada permitiu um posicionamento adequado dos implantes, respeitando as estruturas anatômicas adjacentes, como o nervo alveolar inferior, além de reduzir o risco de perfurações ósseas indesejadas. A prescrição medicamentosa adotada no protocolo clínico seguiu diretrizes baseadas em evidências, contemplando a antibioticoterapia profilática com amoxicilina para redução do risco de infecções, o uso de dexametasona para minimizar a resposta inflamatória e edema pós-operatório, além de agentes protetores gástricos e probióticos para minimizar os efeitos adversos dos fármacos (CHAUHAN; BARIA, 2022; JAYARAMAN, 2015; SALGADO- PERALVO et al., 2022). A associação de anti-inflamatórios não esteroides (AINES), como a nimesulida, também se mostrou eficaz no controle da dor pós- operatória, proporcionando maior conforto ao paciente durante o período de cicatrização (ARAÚJO et al., 2010). O sucesso da reabilitação implantossuportada depende da correta execução do planejamento cirúrgico e protético, bem como do acompanhamento pós-operatório adequado (JIMENEZ, 2021). Neste caso, a utilização da cirurgia Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 12 CIRURGIA GUIADA EM REGIÃO POSTERIOR DE MANDÍBULA: UM RELATO DE CASO _____________________________________________________________________________________ guiada otimizou o procedimento, reduzindo o tempo operatório e favorecendo a manutenção da integridade tecidual. A ausência de complicações no pós- operatório imediato reforça a viabilidade desta abordagem como uma alternativa eficiente e segura para a reabilitação da região posterior da mandíbula. Diferentes estudos têm demonstrado a previsibilidade da cirurgia guiada em diferentes condições ósseas, porém ainda se torna necessário avaliar seu impacto a longo prazo na taxa de sucesso dos implantes dentários (MANFRINATO et al., 2021; SOUZA RIBEIRO et al., 2024). Entretanto, os achados deste caso corroboram a literatura vigente, destacando a cirurgia guiada como uma ferramenta fundamental na prática implantodôntica contemporânea. Ressalta-se, contudo, que mesmo com avanços tecnológicos, o rigor no planejamento e a adoção de zonas de segurança continuam sendo indispensáveis para mitigar os riscos inerentes às pequenas imprecisões que ainda podem ocorrer durante a execução clínica. 5. Conclusão O presente estudo demonstrou que a precisão obtida por meio do planejamento cirúrgico digital foi determinante para a preservação óssea e a obtenção de estabilidade primária satisfatória dos implantes, fatores diretamente associados ao sucesso da osseointegração e ao prognóstico favorável da reabilitação protética. A integração de tecnologias digitais, como o escaneamento intraoral, a tomografia computadorizada e a impressão 3D de guias cirúrgicos, proporcionou maior controle tridimensional do posicionamento dos implantes, minimizando riscos anatômicos e promovendo uma abordagem menos invasiva, com um pós-operatório mais confortável para a paciente. Os resultados obtidos reforçam a importância do planejamento digital na prática implantodôntica contemporânea, especialmente em regiões anatomicamente desafiadoras, como a porção posterior da mandíbula. A previsibilidade proporcionada por essa abordagem contribui significativamente para a segurança cirúrgica, eficácia reabilitadora e satisfação do paciente, Revista Foco | v.18 n.7 | e9086 | p.01-15 |2025 13 Marcus Bruno Trindade Alves, Jadir Prata da SilvaJúnior, Paulo Maurício Batista da Silva, Carlos Eduardo Vieira da Silva Gomes _____________________________________________________________________________________ consolidando o uso da cirurgia guiada como uma ferramenta essencial na reabilitação oral de alta complexidade. REFERÊNCIAS ABBATE, V. et al. Mandibular Surgical Navigation: An Innovative Guiding Method. Journal of Craniofacial Surgery, v. 28, n. 8, p. 2122, nov. 2017. ARAÚJO, F. A. DA C. et al. Analgesia preemptiva em cirurgia de terceiros molares inferiores: análise comparativa entre o CodatenTM e a Nimesulida - estudo- piloto. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial, v. 10, n. 4, p. 55–62, dez. 2010. BJELICA, R. et al. 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