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Diferenças e Preconceito na Escola
Os deficientes físicos já, por terem tal anormalidade em sua constituição, se vêem em situação prejudicada. A presença do preconceito na escola em relação a esses deficientes só faz aumentar sua deficiência, sua situação de desvantagem e seu sentimento de incapacidade.
Acho que não é nem uma situação de preconceito somente, mas um despreparo para lidar com o novo, com o diferente, o incomum, porém isso, apesar de incomum, as crianças devem compreender que situações de deficiência são normais, infelizmente, ocorrem e devem ser vistas não com repulsa.
Do despreparo das crianças para lidar com o deficiente, nasce o preconceito propriamente dito. Esse preconceito pode ser crucial na vida do deficiente, uma vez que tanta incompreensão e preconceito podem gerar uma outra deficiência: a cognitiva. O deficiente diante de tantos preconceitos pode se sentir incompetente, anormal e incapaz, limitando toda sua atuação na escola, prejudicando-o também psicologicamente.
A partir de mudança tecnológicas, a constituição da rede digital e o desdobramento dos seus usos, televisão, cinema, imprensa escrita, informática e telecomunicações veriam suas fronteiras se dissolverem quase que totalmente, em proveito da circulação, da mestiçagem, e da metamorfose das interfaces em um mesmo território cosmopolita. Tendo em vista que a diversidade cultural, que sempre existiu, se torna mais evidente na sociedade atual, faz-se necessário que a escola esteja atenta à proposta de trabalhar com um tema tão complexo, o multiculturalismo.
É por toda essa tecnologia e avanços que urge a superação desses preconceitos de que o livro organizado por Júlio Groppa fala. Parece que o mundo concreto evoluiu, entretanto, o mundo psicológico e de relações sociais não passou pelos mesmos avanços, pois vemos diariamente situações de preconceito que só fazem os alunos regredirem e com isso, o mundo todo perde.
Em um mundo que rompe fronteiras, nota-se a necessidade do ser humano de identificar-se com um grupo, no qual o sentido de isolamento pertencente ao macro vá se diluindo e dê conforto aos indivíduos que mantém uma identidade cultural, uma tradição e uma história que lhes permita pertencer a esta nova realidade sendo sujeitos atuantes neste processo.
A sociedade globalizada é, por sua vez, instável; nela o sujeito-ator perde protagonismo e não encontra figuras emblemáticas com as quais se identificar, em companhia dos outros, além de beber as mesmas bebidas ou assistir aos mesmos filmes. Se compartilharmos cada vez menos significados, as comunidades de vida podem tender à fragmentação e a considerarem-se cada vez mais autônomas em relação umas às outras ficando como as únicas que resguardam seus membros da crise de sentido.
O homem é capaz de transformar a sociedade tendo como base a história de sua própria civilização, seu desenvolvimento, contradições e identidade cultural. Cabe à escola como instituição que produz e reproduz nossa sociedade, trazer para seu cotidiano o exercício de cidadania consciente em face de diversidade cultural.
Mudar mentalidades, superar o preconceito e combater atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é tarefa para a sociedade como um todo. A escola tem um papel crucial a desempenhar neste processo. Em primeiro lugar porque é espaço em que pode se dar à convivência entre crianças de origens e nível socioeconômico diferentes, com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um conhece, com visões de mundo diversas daquelas que compartilha em família. Em segundo, porque é um dos lugares onde são ensinadas as regras do espaço público para o convívio democrático com a diferença. Em terceiro lugar, porque a escola apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo.
A sociedade comprometida com a luta pela escola democrática, deve levar em conta os valores que estão sendo veiculados pela mesma participando ativamente da escola no sentido de poder contribuir para um novo paradigma.
O pensamento complexo é necessário para darmos conta de questões que fora de um contexto histórico não teriam o menor sentido. Diante desta idéia temos a possibilidade de ultrapassarmos a rigidez, partindo para uma relação dialógica do conhecimento.
Seria inválido pensarmos em qualquer tipo de transformação nas escolas sem nos preocuparmos com a formação dos professores. Quando nos assumimos como professores temos que ter preparo para que em situações de preconceito no cotidiano escolar, tenhamos a possibilidade e a lucidez de discutir e até de reverter a negação ao que é diferente a partir do que entendemos como compreensão, ética e solidariedade.
Sendo a escola provedora de um conhecimento institucionalizado seu efeito democratizante se torna fundamental já que vivemos numa sociedade letrada e todos que não possuem estes conhecimentos acabam vivendo à margem da sociedade e tendo poucos instrumentos para lutarem pelos seus direitos de cidadãos. É necessário que como agentes deste processo, estejamos engajados nos aspectos pertinentes à produção dos conhecimentos necessários para a dignidade, reconhecimento e valorização de cada indivíduo.
A identidade cultural apela para o conhecimento e reconhecimento de que alguém é membro ou possui características próprias de um grupo cultural, com a conseqüente conotação emocional de sentir-se como tal; tonalidade afetiva que pode ser de satisfação, de orgulho, de desconforto ou até de rejeição, conforme o caso. A identidade cultural é condição que alguém atribui a si próprio ou que lhe é atribuída ou reconhecida.
Hoje já se admite falar e até conhecer melhor as diversidades existentes em cada aluno. Se pretendemos romper com atitudes autoritárias tornando a escola um ambiente democrático, precisamos permitir que cada aluno se expresse livremente, pois a democracia passa necessariamente pelo respeito às diferenças.
As responsabilidades que os educadores têm é de preservar essa diversidade, garantindo a identidade de cada tradição e promovendo a solidariedade, tarefa intransferível da educação.
A escola que realmente procura ter uma postura democrática de ensino e está preocupada com a formação do futuro cidadão tem como um de seus desafios desenvolverem uma reflexão consciente sobre a realidade, no sentido de poder transformá-lo e reconstruí-lo constantemente.
Há um aspecto capital da evolução transdisciplinar da educação: reconhecer a si mesmo na face do outro. Trata-se de um aprendizado permanente, que deve começar na mais tenra infância e continuar por toda a vida. A atitude trans cultural, trans religiosa, trans política e transnacional permitir-nos á, então, aprofundar mais a nossa própria cultura, defender melhor nossos interesses nacionais, respeitar mais nossas próprias convicções religiosas ou políticas. A unidade aberta e a pluralidade complexa, como em todos os campos da Natureza e do conhecimento, não são antagônicas.
Então, se preocupados em reconhecer e respeitar as diferenças, é indispensável rever o currículo e também estar atento aos livros didáticos que muitas vezes reforçam preconceitos ou situações preconceituosas, como ao colocar os índios e os negros de forma caricatural. Avaliar estes livros é um ato político que nos permite questionar visões e conceitos que muitas vezes só interessam a uma determinada camada de nossa sociedade.
Certos saberes transmitidos pela escola são, sem dúvida, pretextos para fabricar hierarquias de excelência, para selecionar e para atribuir colocações em uma sociedade meritocrática.
Dentro de uma perspectiva histórica, onde as escolas brasileiras refletem e reproduzem a supremacia das classes dominantes, é fundamental refletirmos sobre o papel da escola na formação dos indivíduos. Desta forma, a escola deve estar comprometida na formação de um cidadão crítico e criativo que contribua de forma positiva e consciente para sua comunidade.
Com relação à discriminação, sabe-se que um de seus fundamentos psicológicos éo medo. No pólo que discrimina, o medo se manifesta como reação ao desconhecido, visto como ameaçador. Quem tem a cor da pele diferente, ou fala de tradições, étnicas, religiosas, culturais, desconhecidas, confronta seu interlocutor com sua própria ignorância de mundos diferentes do seu. É a figura do diferente, do incomum, que por escapar da apreensão comum, pode ser rotulado de anormal.
Conhecendo os diferentes grupos étnicos, estudando e pesquisando sobre suas tradições, costumes, história, estaremos rompendo com a ignorância sobre o desconhecido e possibilitando a superação dos aspectos que muitas vezes acarretam atitudes preconceituosas.
dA tolerância e respeito com aquilo que é diferente é aceitável para aproximar-se da diversidade. Diante da diversidade evidente da multicultural idade entre grupos e diante da variabilidade individual interna em cada um deles, a educação como um todo, e não só por meio das escolas, deve fomentar a atitude de tolerância e de abertura para com o outro. A tolerância em sociedades democráticas, em geral, ainda quando são pluriculturais, aparece como a virtude por excelência, porque, graças a ela, os indivíduos podem viver juntos, estabelecer relações e ao mesmo tempo orientar sua existência em relação a valores diferentes.
Pensar no indivíduo significa vinculá-lo a um grupo, sendo este portador de seus códigos, valores, tradições, costumes e a cultura contextual. Nesta perspectiva, a escola propicia o encontro destes indivíduos e possibilita trocas muito intensas.
A aprendizagem nasce do encontro de pessoas diferentes. Cada uma delas é singular, única e, portanto, portadora, em parte do conhecimento, da cultura e da experiência coletiva das comunidades às quais pertence.
A partir desta situação, a função da escola é de atender estas diferenças percebendo o aluno como centro do processo educativo. Pensamentos estereotipados devem dar lugar a um outro caminho, permeado pela tolerância, que possibilita o reconhecimento do outro na construção do conhecimento.
Cabe à escola promover o desenvolvimento dos alunos nos aspectos: cognitivos, sociais e emocionais. Neste processo, tanto alunos como educadores se tornam responsáveis com relação aos objetivos a serem atingidosyg.
Na verdade, faz-se necessário que a escola assuma o compromisso de oferecer todas as possibilidades para a formação de um indivíduo capaz de perceber, entender, analisar e criticar o mundo em que vive. Esta prática requer de nós educadores empenho e paciência.
Todo esforço e comprometimento da sociedade como um todo e da escola, em particular, deve ser constante no sentido de contribuir cada vez mais para a construção de uma sociedade que respeite as diferenças.
A escola é o lugar não só de acolhimento das diferenças humanas e sociais encarnadas na diversidade de sua clientela, mas fundamentalmente o lugar a partir do se engendram novas diferenças, se instalam novas demandas, se criam novas apreensões sobre o mundo já conhecido. 
Em outras palavras, a escola é, por excelência, a instituição da alteridade, do estranhamento e da mestiçagem, marcas indeléveis da medida da transformabilidade da condição humana.
Com certeza a escola que trabalhamos não é a escola ideal, porém, a partir destas reflexões temos a possibilidade de, passo a passo, caminharmos para a transformação da escola real.
É necessário que reconheçamos as diferenças étnicas para compreendermos melhor cada grupo de indivíduos, porém, não podemos esquecer que antes de pertencermos a qualquer coletivo, somos todos seres humanos dignos de respeito e liberdade.
Este artigo analisado propõe-se a discutir as relações entre moralidade, democracia e educação na perspectiva do pensamento complexo, apontando caminhos e propostas para sua efetiva implementação no cotidiano educacional, com a convicção de que esse é um imperativo das novas demandas sociais para a escola contemporânea.
Entendendo que um dos objetivos da educação é o da formação ética, propõe ações intencionais para que a escola propicie aos sujeitos da educação os instrumentos necessários à construção de suas competências cognitivas, afetivas, culturais e orgânicas, dando-lhes condições de agir moralmente no mundo. Nesse sentido, são identificados e discutidos sete aspectos da realidade escolar que impedem ou contribuem para a democratização da escola e que devem ser compreendidos a partir do paradigma da complexidade: os conteúdos escolares, a metodologia das aulas, a natureza das relações interpessoais, os valores, a auto-estima e o auto-conhecimento dos membros da comunidade escolar, assim como os processos de gestão escolar.
Para trazer à luz alguns conceitos básicos sobre o tema das diferenças cognitivas e do déficit cognitivo, iniciarei este capítulo delimitando o referencial teórico e o conteúdo a ser enfocado.
É importante compreender que a cognição é somente um dos elementos constituintes que integra o que poderíamos chamar de personalidade humana, e que ela nunca é responsável de maneira isolada por nossas ações no mundo. Nossa maneira de ser, de agir, de pensar, de sentir é resultante da coordenação de vários sistemas (ou partes) que formam um sistema mais complexo que define nossa individualidade.
Analisar e promover o desenvolvimento da inteligência infantil é algo inerente à função social atribuída à escola, mas não podemos perder a noção de totalidade, de que cada criança ali presente é muito mais do que um aparelho cognitivo. Ela é um ser que sente emoções, que tem fome, que vive imersa em relações com um universo objetivo e subjetivo, e que possui uma capacidade intelectual que lhe permite organizar e interpretar essas relações com o mundo interno e externo.
Na realidade concreta do dia a dia, cada um de nós, sujeitos psicológicos, somos constituídos (e nos constituímos) de um corpo biológico. Este organismo sente fome, mas também sente prazer, raiva, amor e ódio. Sentimos tudo isso a partir das interações com nosso mundo interno e externo, que é objetivo e subjetivo, e nessa relação construímos uma capacidade cognitiva de organizar e reorganizar as experiências vividas. Portanto, estamos falando de um ser que é biológico, afetivo, social e cognitivo ao mesmo tempo, sem que um destes aspectos possa ser considerado mais importante que o outro, já que qualquer perturbação em algum desses subsistemas afeta o funcionamento da totalidade do sistema.
Exemplificando este modelo de interdependência: se uma criança constantemente sente fome na escola, isso pode afetar seu estado de humor, sua relação com seus colegas e, conseqüentemente, seu desempenho escolar. No caso de uma outra criança que sempre é humilhada por seu professor, esse tipo de relação pode levá-la a desenvolver uma baixa auto-estima, podendo afetar seu organismo e a aprendizagem de conteúdos. Se uma criança acorda todos os dias vendo o pai bater em sua mãe, a perturbação psíquica decorrente pode levá-la a não comer, a não querer conversar, e não prestar atenção nas aulas. Ainda, um sujeito que possui uma deficiência cognitiva, que afeta sua organização mental e as interpretações do mundo, pode ter conseqüências nas relações com seu corpo, com seus amigos e nas trocas afetivas que realiza.
De um ponto de vista metodológico podemos “esquartejar” esse sujeito para estudar em detalhes os elementos constituintes de sua personalidade, mas não devemos perder a noção de totalidade do sistema. É nessa perspectiva que deve ser lida, em minha opinião, obras de autores como Piaget e Freud, quando procuram descrever com detalhes, mas de maneira parcial, os aspectos constituintes da cognição e da afetividade humana. Da mesma forma, os livros de neurologia que abordam o desenvolvimento cerebral, e os de sociologia que procuram explicar a personalidade humana a partir das influências sócio-culturais.
Cultura e fortalecimento da diversidade
Diversidade é um valor superior para a vida. Promovê-la na centralidade das políticas públicas é investir no aprofundamento da democracia e na sustentabilidade do Brasil, assim como naoriginalidade da nossa contribuição para o equilíbrio da vida no planeta. O Brasil é chamado de mega diverso por sua biodiversidade e sua diversidade de ecossistemas, mas deveria ser graças à sua sócia-diversidade.
 
A cultura brasileira é plural e dinâmica. Abrange linguagens, artefatos, estilos, ideias e valores – sejam elas artísticas, técnicas ou científicas; sejam elas eruditas ou populares. Cultura é um patrimônio construído no passado, é o processo em fluxo de produzir e inovar, e é também projeto de conservar e transmitir o adquirido e ao mesmo tempo renová-lo e ampliá-lo. A capacidade de fazer isso depende de meios, recursos e técnicas.
 
A política cultural no Brasil deve abranger o conjunto múltiplo das formas de pensamento, sensibilidade e expressão dos vários segmentos da população. Para isso, precisa estar articulada com a educação, integrada com o desenvolvimento sustentável, com foco na incorporação dos aspectos ligados à proteção e promoção da diversidade das expressões culturais, nas áreas urbanas e nos diferentes ecossistemas. É preciso democratizar os meios de produzir, circular e acessar os objetos culturais.
 
Somos um povo formado por muitos povos, muitas culturas. Além dos 233 povos indígenas e dos quilombolas, com direitos reconhecidos na Constituição, estima-se em mais de 8 milhões o número de brasileiros que se reconhecem como povos e comunidades tradicionais. A eles se somam dezenas de culturas e identidades vindas com os imigrantes europeus, africanos, asiáticos e de todas as Américas. Mas nossa diversidade não para por aí. Não podemos nos reivindicar uma sociedade plural se não assumirmos de forma integral o direito à diversidade, se não considerarmos as pessoas com deficiência e se não tivermos políticas que abracem a diversidade de direitos e necessidades da juventude e da terceira idade.
 
Para um Brasil justo e democrático, temos de levar em conta a existência de muitos povos, culturas, comportamentos e necessidades, cada qual com sua própria realidade e situação. Isso exige do Estado, para além da universalização do acesso às políticas públicas, a criação de estruturas adaptadas do respeito às diferenças.
 A educação no Brasil na atualidade
Por: André Michel dos Santos
Segundo Meksenas (2002), a educação nasce quando se transmite e se assegura as outras pessoas o conhecimento de crenças, técnicas e hábitos que um grupo social já desenvolveu, a partir de suas experiências de sobrevivência. Neste sentido, pode-se afirmar que o nascimento da educação surge quando o ser humano sente a necessidade de converter as suas práticas cotidianas ao seu semelhante.
A educação é uma das dimensões essenciais na evolução do ser humano, pois em cada conquista rumo à civilização, faz-se presente junto a esta, a necessidade de transmissão aos semelhantes. Assim, pode-se dizer que a educação nasce como meio de garantir às outras pessoas àquilo que um determinado grupo aprendeu.
Meksenas (2002), ainda afirma que, em uma visão funcionalista, a educação nas sociedades tem a tarefa de mostrar que os interesses individuais só se realizam plenamente através dos interesses sociais. Sendo assim, a educação ao socializar o indivíduo, mostra a este que sozinho, o ser humano não sobrevive, e que ele só pode desenvolver as suas potencialidades estando em contato com o meio social, ou seja, com as outras pessoas.
Com a educação, o homem pode se instrumentalizar culturalmente, capacitando-se para transformações tanto materiais, quanto espirituais. A educação é o cerne do desenvolvimento social. Sem ela, até mesmo as sociedades mais avançadas retornariam ao estado primitivo em pouco tempo. Ela oferece uma base de conhecimento para todas as pessoas.
A educação reproduz a sociedade, pois a contradição e o conflito não são tão manifestos na sociedade, porque a reprodução é dominante, observando-se que a educação acaba por fazer o que a classe dominante lhes pede. Como a sociedade, a educação é um campo de luta entre várias tendências e grupos. Ela não pode fazer sozinha a transformação social, pois ela não se consolida e efetiva-se sem a participação da própria sociedade (GADOTTI, 1995).
Segundo Pinto (1986), a educação acaba transmitindo e reproduzindo os mecanismos de dominação impostos pelo capitalismo. Por outro lado, o setor educacional deve estar em busca da conscientização e da libertação, através da qual se resgatam caminhos para uma ação transformadora.
Conforme Gerhardt (2001), a educação libertadora ou transformadora, é aquela que trabalha com uma visão de sujeitos potencialmente autônomos, capazes de praticar a solidariedade, instruindo-se de forma a promover a auto-reflexão. Neste sentido, a educação é entendida como uma prática de libertação, que desperta no sujeito a sua capacidade de promover a humanização, esforçando-se em uma perspectiva conjunta para mudar o sistema escolar, social e político. Para Steinberg, Paulo Freire aponta dois estágios da pedagogia, como prática de libertação:
 [...] o primeiro permite ao oprimido que perceba a condição de opressão em que se encontra e engajar-se em sua transformação, o segundo, reconhece que uma vez transformada a opressão, todas as pessoas tornar-se-ão libertas, estarão permanentemente livres [...] (STEINBERG, 2001, p.271).
Desta forma Steinberg (2001), afirma que dentro desta perspectiva libertadora, Paulo Freire considera o poder político como essencial para a libertação, a qual está fora do alcance do oprimido. Nesse contexto, observa-se que as respostas a este dilema podem ser encontradas na educação, a qual deve ser realizada por e com o oprimido.
Pode-se dizer, ainda, que educação coincide com a própria existência humana e suas origens se confundem com a origem do próprio homem. Estudar a educação é, também, poder compreender que a escola, como instituição, muitas vezes, não tem poder de modificar o que está estabelecido - a estrutura social. Para Gadotti (1995, p.83), “a força da educação está no seu poder de mudar comportamentos. Mudar comportamentos significa romper com certas posturas, superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se”. Nesse sentido, a força da educação está na ideologia.
Portanto, um dos desafios encontrados atualmente no setor educacional é a mudança de ideologia impregnada na sociedade, uma alteração da concepção de ensino e do papel da escola enquanto instituição social. Busca-se uma escola democrática, pluralista, que venha valorizar a diversidade frente às problemáticas sociais perpassadas pelo educador e educando.
Diante dos vários problemas da sociedade contemporânea, como: desvalorização profissional, desemprego, violência, modificações das relações familiares, etc, tem-se como papel fundamental da área educacional, o de fornecer o conhecimento, para que as pessoas possam ter possibilidades e autonomia de participar efetivamente das políticas, continuando assim, a lutar por igualdade de direitos. Nesse sentido, a educação, em termos de Brasil, deve ser tratada como uma política social, que tem como compromisso fundamental à garantia dos direitos do cidadão, ou, ainda a escola deve assumir um novo papel frente à sociedade, que é o de propiciar ações para a efetivação dos direitos sociais.
No Brasil, têm-se várias legislações como a Constituição Federal de 1988, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB de 1996 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA de 1990, que garantem o direito à educação a criança e ao adolescente, direitos estes que precisam ser perseguidos por todos os profissionais que atuam no contexto escolar.
Porém, ao se deparar com o atual contexto brasileiro, percebe-se que o ensino tem se mostrado insuficiente, no que se refere à quantidade de vagas para o atendimento dos alunos, tendo como grande desafio a melhoria de sua qualidade. E, esta qualidade é perpassada por várias questões, tais como baixos salários dos professores, escolas públicas sucateadas, ensino formalista e autoritário, o que gera, conseqüentemente, desestimulo por partedos professores e alunos.
No que se refere à melhoria da qualidade na escola brasileira, principalmente no final do século XX, Nosella (2002), ressalta quanto à necessidade de superação da política educacional populista e corporativista introduzida no ensino brasileiro. A escola brasileira precisaria rever questões como: o resgate da qualidade de formação do profissional da educação, a expansão da escolarização pelo sistema supletivo, especialmente aqueles em horários noturnos, dentre outros, tendo a obrigação de, simultaneamente, fazer uma constante avaliação que certamente garantirá a qualidade do ensino.
Uma outra questão pertinente a esta discussão, diz respeito à leitura social do fracasso escolar, que segundo Amaro (1997), é uma questão de classe social, que acaba por ser agravada na falta de uma política educacional que seja comprometida com os interesses e necessidades dos pobres. A escola não está sintonizada com a realidade social de seus alunos, conseqüentemente de suas famílias, causando desestímulo por parte do aluno e relações frias entre educador e educando.
Abordando ainda sobre o fracasso escolar, Esteban (1999), afirma que este se configura dentro de um quadro de múltiplas negações, dentre as quais se coloca a negação da legitimidade de conhecimentos, de forma de vida, formulados à margem dos limites socialmente definidos como válidos. Tem-se, assim, a inexistência de um processo escolar que possa atender as necessidades e particularidades das classes populares, permitindo que estas possam fazer parte na construção do processo de ensino.
Martins (1999), afirma que nos últimos anos, apesar do esforço, de investimento técnico pedagógico nas escolas, a incidência dos fatos tem revelado a violência existente no interior das escolas, que se apresenta nos reflexos das questões sociais, as quais estão cada dia mais presentes na escola. Todos esses fatores vêm dificultando o cumprimento da sua finalidade maior enquanto escola, que é a de contribuir na formação da cidadania dos brasileiros.
A escola tradicional de concepção positivista neoliberal, enraizada na sociedade é entendida como aquela que é voltada para o mercado, em que existe o tempo de ensinar e o tempo de avaliar, enquanto momentos estanques, separados entre si. Os seus conteúdos escolares são organizados de maneira linear, hierárquica e, previamente determinado por bimestre, série, disciplina, etc, sendo justificados como pré-requisito de outros. Nesta visão conservadora, a educação sempre é planejada de cima para baixo, em que existe uma escola burocrática e uniformizadora. Essa visão é excludente, e acaba por tornar a escola incompetente em seus vários aspectos, como não ter vagas para quem mais dela precisa, e estar desconectada da realidade social do aluno.
A escola hoje, mais do que nunca, tem como papel diante da sociedade, propiciar ações para a efetivação dos direitos sociais. Neste contexto, o setor educacional tem o papel de possibilitar e de oferecer alternativas para que as pessoas que estejam excluídas do sistema possam ter oportunidade de se reintegrar através da participação, bem como da luta pela universalidade de direitos sociais e do resgate da cidadania.
Um dos maiores desafios apresentados à escola atual é trabalhar com a reelaboração crítica e reflexiva do educando, a fim de prepará-lo para a luta e o enfrentamento das desigualdades sociais presentes na sociedade capitalista. Nesta ótica, a escola deve transcender o sentido de ascensão material, que é dado à educação, transformando-a não em só um meio de retorno financeiro, mas também em um instrumento de crescimento pessoal. Neste sentido, afirma-se:
 No tocante a educação, os pais reproduzem os valores ideológicos presentes no discurso da sociedade, valorizando o estudo como a única forma de obter ascensão social. Mas por não compreenderem a dimensão e a complexidade da educação, atribuem aos filhos a culpa pelo fracasso escolar, desmotivando-os para o estudo (MARTINS, 1999, p.62).
A escola que se deseja, deve estar pautada na lógica de um espaço ideal para a construção de uma sociedade sadia, uma escola democrática com formação para a cidadania. Aquela que combata de todas as formas a exclusão social e que entenda o aluno como ser integral. E que possa, ao mesmo tempo, trabalhar a relação escola-aluno-família, tendo-se assim a necessidade de incluir a família em suas ações.
Para isso, devemos romper com as visões tradicionais, funcionalistas ou sistêmico-mecanicistas da escola, superando a visão desta como um depósito do saber, buscando assim uma escola includente, libertadora e que valorize a diversidade.

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