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C O N S Ó R C I O I N T E R M U N I C I P A L D E E S P E C I A L I D A D E S
C I ESP
Consultoria jurídica acerca da
nova Lei de Licitações e
Contratos – Lei Federal
14.133/2021
Manual de Apoio
 
 
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SUMÁRIO: 
I. INTRODUÇÃO AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 
a) O dever constitucional de licitar; 
b) Passagem da Lei nº 8.666/1993 para a Lei nº 14.133/2021 e o direito 
intertemporal; 
c) Âmbito de aplicação da Lei nº 14.133/2021; 
d) Os Municípios e a regulamentação da Lei nº 14.133/2021; 
e) Principais inovações da Lei nº 14.133/2021; 
f) Microempresas e empresas de pequeno porte; 
g) Princípios; 
h) Objetivos: 
i) Definições; 
j) Modalidades; 
k) Critérios de julgamento; 
l) Linhas de defesa; 
m) Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP); 
n) Consórcios Públicos. 
 
II. FASE INTERNA 
a) Agente de contratação, pregoeiro e comissão de contratação; 
b) Plano de Contratações Anual; 
c) Estudo Técnico Preliminar; 
d) Análise de Riscos; 
e) Catálogo eletrônico de padronização; 
f) Termo de Referência/Projeto básico; 
g) Pesquisa de preços; 
h) Edital e anexos. 
 
III. FASE EXTERNA DA LICITAÇÃO 
a) Fases e ritos do processo de licitação; 
b) Divulgação do edital de licitação; 
c) Apresentação de propostas e lances; 
d) Modos de disputa; 
e) Julgamento; 
f) Habilitação. 
 
IV. PROCEDIMENTOS AUXILIARES 
a) Credenciamento; 
b) Pré-qualificação; 
c) Procedimento de manifestação de interesse; 
d) Sistema de registro de preços; 
e) “Carona” na Ata de Registro de Preços Municipal?; 
f) Registro cadastral. 
 
 
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V. CONTRATAÇÃO DIRETA 
a) Considerações gerais sobre a contratação direta; 
b) Dispensa por valor; 
c) Demais casos de dispensa; 
d) Inexigibilidade. 
 
VI. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
a) Formalização de contratos ou instrumentos equivalentes; 
b) Vigência; 
c) Garantia contratual; 
d) Alocação de riscos; 
e) Execução, gestão e fiscalização contratual; 
f) Recebimento, empenho, liquidação e pagamento; 
g) Alteração dos contratos; 
h) Infrações e sanções administrativas; 
i) Extinção do contrato; 
j) Recursos e pedidos de reconsideração. 
 
Consultores: 
Reinaldo Belli de Souza Alves Costa 
Doutorando (USP) e Mestre (UFMG) em Direito. Advogado e Professor. 
reinaldo@belli.adv.br 
31-3292-5136 
 
Pedro Paulo Martins da Fonseca 
Especialista em Direito Administrativo. 
Procurador Efetivo da Câmara Municipal de Belo Horizonte e Advogado. 
pedrofonseca@belli.adv.br 
31-3292-5136 
 
Lilian Vilas Bôas 
Especialista em Direito Administrativo (UFMG). Advogada. 
lilian@belli.adv.br 
31-3292-5136 
 
 
mailto:reinaldo@belli.adv.br
mailto:pedrofonseca@belli.adv.br
mailto:lilian@belli.adv.br
 
 
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Considerações Iniciais: 
 
A Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, denominada nova Lei de 
Licitações e Contratos (NLLC), gerou muitas expectativas nos gestores públicos 
e demais agentes que, direta ou indiretamente, lidam com as contratações 
públicas, ao ser introduzida no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Para alguns, havia a esperança de uma lei menos burocrática que 
facilitasse e agilizasse a árdua tarefa de licitar e formalizar as contratações. 
Outros defendiam controles ainda mais rigorosos do que aqueles previstos na Lei 
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que se revelaram insuficientes para combater 
a corrupção no Brasil. 
 
Seja como for, não é simples reduzir a nova Lei de Licitações e 
Contratos à categoria de boa ou ruim. Ela certamente traz avanços, como se verá 
mais adiante, mas talvez tenha avançando pouco. A lei parece ter ficado presa na 
jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU) dos últimos 20 anos. É uma 
lei que mira o futuro das contratações pública através do retrovisor, e não de como 
se deseja que as contratações sejam daqui a 20 anos. 
 
Causa preocupação a extensão da lei, que é extremamente 
analítica, os inúmeros regulamentos que necessitam ser editados e, 
principalmente, a redução da autonomia dos Estados e Municípios que se veem 
reféns de uma lei que consolida as práticas da Administração Pública federal, 
largamente influenciadas pela jurisprudência do TCU. 
 
Ocorre que, enquanto, a Administração Pública federal veio 
ajustando-se ao longo das últimas décadas, os demais entes federativos somente 
 
 
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disporão de 2 anos para adaptar-se, ou no máximo 6 anos, em relação a alguns 
requisitos, no caso de municípios com até 20 mil habitantes. 
 
A nova Lei de Licitações e Contratos ignora, sobremaneira, a difícil 
e variada realidade dos mais de 5 mil municípios brasileiros, muitas vezes com 
um corpo técnico insuficiente para atender todos os comandos da lei. Com isso, 
corre-se o indesejável risco de acentuar o apagão das canetas, ao invés de 
combatê-lo, afastando os bons, que temerão os rigores da lei, e atraindo, por 
vezes, aqueles que, por desconhecimento, aventuram-se inadvertidamente no 
emaranhado de normas licitatórias. 
 
Nada obstante, nem tudo é negativo. O enfoque dado pela lei à 
capacitação é providencial. Essa providência cabe não só aos órgãos e entidades 
da Administração Pública, mas também a todos aqueles que atuam nas linhas de 
defesa, inclusive os próprios tribunais de contas, os quais deverão atentar-se para 
sua função pedagógica. Somente assim será possível preparar os agentes 
públicos para os desafios que a nova lei impõe. 
 
 
 
 
 
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PARTE I - INTRODUÇÃO AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO 
 
a) O dever constitucional de licitar: 
 
Ao tratar do tema licitações e contratos, a primeira pergunta que se 
impõe é: afinal, por que licitar? Porque a Constituição Federal assim determina 
em seu art. 37, inciso XXI, a saber: 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, 
ao seguinte: 
(...) 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá 
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis 
à garantia do cumprimento das obrigações. 
 
O que seria esse processo de licitação pública? As contratações 
realizadas pela Administração Pública são, em regra, precedidas de licitação, que 
pode ser compreendida como um procedimento seletivo prévio. 
 
Segundo Hely Lopes Meirelles (2007, p.27), a licitação pode ser 
conceituada da seguinte forma: 
 
Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a 
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para 
o contrato de seu interesse. Visa a propiciar iguais oportunidades 
aos que desejam tratar com o Poder Público, dentro dos padrões 
previamente estabelecidos pela Administração e atua como fator 
 
 
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de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. É o meio 
técnico-legal de verificação das melhores condições para a 
execução de obras e serviços, compra de materiais e alienação 
de bens públicos. Realiza-se através de uma sucessão ordenada 
de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, sem 
a observância dos quais é nulo o procedimento licitatório, e o 
contrato subsequente. 
 
Nessa linha, José dos Santos Carvalho Filho (2020, n.p) reafirma a 
natureza jurídica da licitação enquanto procedimento administrativo e destaca a 
importância que a observância que a sequência ordenada dos atos possui para 
uma escorreita instrução processual, nos seguintes termos: 
 
(...) podemos conceituar a licitação como o procedimento 
administrativo vinculado por meio do qual os entes dade licitação: 
I - pregão; 
II - concorrência; 
III - concurso; 
IV - leilão; 
V - diálogo competitivo. 
§ 1º Além das modalidades referidas no caput deste artigo, a 
Administração pode servir-se dos procedimentos auxiliares 
previstos no art. 78 desta Lei. 
§ 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, 
ainda, a combinação daquelas referidas no caput deste artigo. 
 
É importante destacar que o rito do pregão e da concorrência 
ficaram bastante próximos na nova Lei de Licitações, conforme se depreende do 
art. 29: 
 
Art. 29. A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental 
comum a que se refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o pregão 
sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade 
que possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de 
especificações usuais de mercado. 
Parágrafo único. O pregão não se aplica às contratações de 
serviços técnicos especializados de natureza predominantemente 
intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto os 
serviços de engenharia de que trata a alínea “a” do inciso XXI do 
caput do art. 6º desta Lei. 
 
O mencionado art. 17 da NLL dispõe que: 
 
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em 
sequência: 
I - preparatória; 
II - de divulgação do edital de licitação; 
 
 
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III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; 
IV - de julgamento; 
V - de habilitação; 
VI - recursal; 
VII - de homologação. 
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, 
mediante ato motivado com explicitação dos benefícios 
decorrentes, anteceder as fases referidas nos incisos III e IV 
do caput deste artigo, desde que expressamente previsto no 
edital de licitação. 
§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma 
eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde 
que motivada, devendo a sessão pública ser registrada em 
ata e gravada em áudio e vídeo. 
§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso 
IV do caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá, em 
relação ao licitante provisoriamente vencedor, realizar análise e 
avaliação da conformidade da proposta, mediante homologação 
de amostras, exame de conformidade e prova de conceito, entre 
outros testes de interesse da Administração, de modo a 
comprovar sua aderência às especificações definidas no termo de 
referência ou no projeto básico. 
§ 4º Nos procedimentos realizados por meio eletrônico, a 
Administração poderá determinar, como condição de validade e 
eficácia, que os licitantes pratiquem seus atos em formato 
eletrônico. 
§ 5º Na hipótese excepcional de licitação sob a forma 
presencial a que refere o § 2º deste artigo, a sessão pública 
de apresentação de propostas deverá ser gravada em áudio 
e vídeo, e a gravação será juntada aos autos do processo 
licitatório depois de seu encerramento. 
§ 6º A Administração poderá exigir certificação por organização 
independente acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, 
Qualidade e Tecnologia (Inmetro) como condição para aceitação 
de: 
I - estudos, anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos; 
II - conclusão de fases ou de objetos de contratos; 
III - material e corpo técnico apresentados por empresa para fins 
de habilitação. (grifos nossos) 
 
 
 
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A nova Lei de Licitações e Contratos previu, no § 1º do art. 17, que 
a fase de habilitação poderá preceder a apresentação das propostas e seu 
julgamento quando assim previsto em edital. Desse modo, a regra, tanto para o 
pregão, quanto para a concorrência, é a de que a habilitação somente ocorra após 
o julgamento das propostas. 
 
Merece destaque, ainda, o fato de o § 2º do art. 17 da NLL prever 
que as licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma eletrônica. 
Entretanto, caso a Administração opte por realizá-la de forma presencial, terá o 
dever de motivar a escolha e a sessão pública deverá ser registrada em ata e 
gravada em áudio e vídeo. A gravação deverá ser juntada aos autos do processo 
licitatório depois de seu encerramento, conforme estabelece o § 5º do art. 17. 
 
O concurso, o leilão e o diálogo competitivo possuem suas principais 
regras procedimentais previstas nos arts. 30, 31 e 32 da NLL, respectivamente. 
 
k) Critérios de julgamento: 
 
São critérios de julgamento admitidos pela NLL: 
 
Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo com 
os seguintes critérios: 
I - menor preço; 
II - maior desconto; 
III - melhor técnica ou conteúdo artístico; 
IV - técnica e preço; 
V - maior lance, no caso de leilão; 
VI - maior retorno econômico. 
 
Cabe destacar que, consoante dispõe o art. 39, o julgamento por maior 
retorno econômico será utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de 
eficiência, o qual considerará a maior economia para a Administração. Nesse caso, a 
 
 
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remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à 
economia efetivamente obtida na execução do contrato. 
 
l) Linhas de defesa: 
 
O art. 169 cuidou de tratar de relevantes práticas de controles, as 
quais passam a ser denominadas de linhas de defesa. As três linhas de defesa 
seguem uma lógica contínua de zelo, de forma transversal, que perpassa por 
todos os agentes envolvidos nas contratações públicas. Confira-se: 
 
Art. 169. As contratações públicas deverão submeter-se a 
práticas contínuas e permanentes de gestão de riscos e de 
controle preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de 
tecnologia da informação, e, além de estar subordinadas ao 
controle social, sujeitar-se-ão às seguintes linhas de defesa: 
I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e 
empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que 
atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade; 
II - segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de 
assessoramento jurídico e de controle interno do próprio 
órgão ou entidade; 
III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de 
controle interno da Administração e pelo tribunal de contas. 
§ 1º Na forma de regulamento, a implementação das práticas a 
que se refere o caput deste artigo será de responsabilidade da 
alta administração do órgão ou entidade e levará em 
consideração os custos e os benefícios decorrentes de sua 
implementação, optando-se pelas medidas que promovam 
relações íntegras e confiáveis, com segurança jurídica para todos 
os envolvidos, e que produzam o resultado mais vantajoso para a 
Administração, com eficiência, eficácia e efetividade nas 
contratações públicas. 
§ 2º Para a realização de suas atividades, os órgãos de controle 
deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações 
necessárias à realização dos trabalhos, inclusive aos documentos 
classificados pelo órgão ou entidade nos termos da Lei nº 12.527, 
de 18 de novembro de 2011, e o órgão de controle com o qual foi 
 
 
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compartilhada eventual informação sigilosa tornar-se-á 
corresponsável pela manutenção do seu sigilo. 
§ 3º Os integrantes das linhas de defesa a que se referem os 
incisos I, II e III do caput deste artigo observarão o seguinte: 
I - quando constatarem simples impropriedade formal, adotarão 
medidas para o seu saneamento e para a mitigação de riscos de 
sua nova ocorrência, preferencialmente com o aperfeiçoamento 
dos controles preventivos e com a capacitação dos agentes 
públicos responsáveis; 
II - quando constatarem irregularidade que configure dano à 
Administração, sem prejuízo das medidas previstas no inciso I 
deste § 3º, adotarão as providências necessárias para a apuração 
das infrações administrativas, observadas a segregação de 
funções e a necessidade de individualização das condutas, bem 
como remeterão ao Ministério Público competente cópias dos 
documentos cabíveispara a apuração dos ilícitos de sua 
competência. (grifo nosso) 
 
Cumpre ressaltar que, muito embora o caminho natural seja a 
observância de cada linha de defesa na ordem em que aparecem, não seria 
razoável entender que o legislador pretendeu tolher ou limitar a atuação do 
controle externo, restringindo o seu exercício ao exaurimento das linhas 
anteriores. 
 
m) Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP): 
 
O art. 174 da NLL versa sobre o PNCP e estabelece o que dele 
precisa constar, a saber: 
 
Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contratações Públicas 
(PNCP), sítio eletrônico oficial destinado à: 
I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por esta 
Lei; 
II - realização facultativa das contratações pelos órgãos e 
entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de 
todos os entes federativos. 
(...) 
 
 
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§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes informações 
acerca das contratações: 
I - planos de contratação anuais; 
II - catálogos eletrônicos de padronização; 
III - editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de 
contratação direta e editais de licitação e respectivos anexos; 
IV - atas de registro de preços; 
V - contratos e termos aditivos; 
VI - notas fiscais eletrônicas, quando for o caso. 
 
Além disso, prevê o § 3º do art. 174 que o PNCP terá as seguintes 
funcionalidades: 
 
§ 3º O PNCP deverá, entre outras funcionalidades, oferecer: 
I - sistema de registro cadastral unificado; 
II - painel para consulta de preços, banco de preços em saúde e 
acesso à base nacional de notas fiscais eletrônicas; 
III - sistema de planejamento e gerenciamento de contratações, 
incluído o cadastro de atesto de cumprimento de obrigações 
previsto no § 4º do art. 88 desta Lei; 
IV - sistema eletrônico para a realização de sessões públicas; 
V - acesso ao Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e 
Suspensas (Ceis) e ao Cadastro Nacional de Empresas Punidas 
(Cnep); 
VI - sistema de gestão compartilhada com a sociedade de 
informações referentes à execução do contrato, que possibilite: 
a) envio, registro, armazenamento e divulgação de mensagens de 
texto ou imagens pelo interessado previamente identificado; 
b) acesso ao sistema informatizado de acompanhamento de 
obras a que se refere o inciso III do caput do art. 19 desta Lei; 
c) comunicação entre a população e representantes da 
Administração e do contratado designados para prestar as 
informações e esclarecimentos pertinentes, na forma de 
regulamento; 
d) divulgação, na forma de regulamento, de relatório final com 
informações sobre a consecução dos objetivos que tenham 
justificado a contratação e eventuais condutas a serem adotadas 
para o aprimoramento das atividades da Administração. 
 
 
 
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Finalmente, o § 4º do art. 174 determina que o PNCP adotará o 
formato de dados abertos, o que reforça a transparência e facilita o controle. 
 
n) Consórcios Públicos 
 
Listam-se, aqui, algumas previsões da NLL que tratam 
especificamente de Consórcios Públicos e que serão abordadas com maior nível 
de detalhamento à medida que cada tema for sendo explorado ao longo deste 
trabalho. 
 
A primeira menção está no art. 54, ao mencionar a necessidade de 
publicação dos editais de licitação: 
 
Art. 54. A publicidade do edital de licitação será realizada 
mediante divulgação e manutenção do inteiro teor do ato 
convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de 
Contratações Públicas (PNCP). 
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publicação 
de extrato do edital no Diário Oficial da União, do Estado, do 
Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de consórcio 
público, do ente de maior nível entre eles, bem como em jornal 
diário de grande circulação. 
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro 
teor do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do ente 
federativo do órgão ou entidade responsável pela licitação ou, no 
caso de consórcio público, do ente de maior nível entre eles, 
admitida, ainda, a divulgação direta a interessados devidamente 
cadastrados para esse fim. 
§ 3º Após a homologação do processo licitatório, serão 
disponibilizados no Portal Nacional de Contratações Públicas 
(PNCP) e, se o órgão ou entidade responsável pela licitação 
entender cabível, também no sítio referido no § 2º deste artigo, os 
documentos elaborados na fase preparatória que porventura não 
tenham integrado o edital e seus anexos. (grifos nossos) 
 
 
 
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Com relação à dispensa de licitação, os consórcios públicos são 
referidos em duas oportunidades: a primeira para tratar da dispensa para 
celebração de contrato de programa relativo à prestação de serviços públicos de 
forma associada; e a segunda para dispor que os valores de dispensa de licitação 
mencionados nos incisos I e II do art. 75 são duplicados para os consórcios 
públicos. Confira-se: 
 
Art. 75 (...) 
XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo 
ou com entidade de sua Administração Pública indireta que 
envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos 
termos autorizados em contrato de consórcio público ou em 
convênio de cooperação; 
(...) 
§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo 
serão duplicados para compras, obras e serviços contratados por 
consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas 
como agências executivas na forma da lei. (grifo nosso) 
 
Também há menção a consórcios públicos no parágrafo único do 
art. 181, ao estabelecer que os Municípios com até 10 mil habitantes deverão 
integrar, preferencialmente, consórcios públicos para realizarem as compras 
compartilhadas, a saber: 
 
Art. 181. Os entes federativos instituirão centrais de compras, 
com o objetivo de realizar compras em grande escala, para 
atender a diversos órgãos e entidades sob sua competência e 
atingir as finalidades desta Lei. 
Parágrafo único. No caso dos Municípios com até 10.000 (dez mil) 
habitantes, serão preferencialmente constituídos consórcios 
públicos para a realização das atividades previstas no caput 
deste artigo, nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. 
(grifo nosso) 
 
 
 
 
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PARTE II - FASE INTERNA 
 
a) Agente de contratação, pregoeiro e comissão de contratação: 
 
Nos termos do art. 8º da NLL, verifica-se que a licitação será 
conduzida por agente de contratação. Quando a modalidade de licitação é o 
pregão, esse agente passa a ser denominado pregoeiro. Confira-se: 
 
Art. 8º A licitação será conduzida por agente de contratação, 
pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores 
efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes 
da Administração Pública, para tomar decisões, acompanhar o 
trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e 
executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom 
andamento do certame até a homologação. 
§ 1º O agente de contratação será auxiliado por equipe de apoio 
e responderá individualmente pelos atos que praticar, salvo 
quando induzido a erro pela atuação da equipe. 
§ 2º Em licitação que envolva bens ou serviços especiais, 
desde que observados os requisitos estabelecidos no art. 7º desta 
Lei, o agente de contratação poderá ser substituído por 
comissão de contratação formada por, no mínimo, 3 (três) 
membros, que responderão solidariamente por todos os atos 
praticados pela comissão, ressalvado o membro que expressar 
posição individual divergente fundamentada e registrada em ata 
lavrada na reunião em que houver sido tomada a decisão. 
§ 3º As regras relativas à atuação do agente de contratação e da 
equipe de apoio, ao funcionamento da comissão de contratação 
e à atuação de fiscais e gestores de contratos de que trata esta 
Lei serão estabelecidasem regulamento, e deverá ser prevista a 
possibilidade de eles contarem com o apoio dos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno para o 
desempenho das funções essenciais à execução do disposto 
nesta Lei. 
§ 4º Em licitação que envolva bens ou serviços especiais cujo 
objeto não seja rotineiramente contratado pela Administração, 
poderá ser contratado, por prazo determinado, serviço de 
 
 
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empresa ou de profissional especializado para assessorar os 
agentes públicos responsáveis pela condução da licitação. 
§ 5º Em licitação na modalidade pregão, o agente responsável 
pela condução do certame será designado pregoeiro. (grifos 
nossos) 
 
Algumas notas acerca do dispositivo supracitado merecem ser 
tecidas, mas não sem antes revisitar alguns conceitos previstos no art. 6º da 
NLLL: 
 
V - agente público: indivíduo que, em virtude de eleição, 
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de 
investidura ou vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou 
função em pessoa jurídica integrante da Administração Pública; 
(...) 
XIV - bens e serviços especiais: aqueles que, por sua alta 
heterogeneidade ou complexidade, não podem ser descritos na 
forma do inciso XIII do caput deste artigo, exigida justificativa 
prévia do contratante; 
(...) 
XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação 
de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e 
especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: 
(...) 
XXXIX - concurso: modalidade de licitação para escolha de 
trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento 
será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão 
de prêmio ou remuneração ao vencedor; 
XL - leilão: modalidade de licitação para alienação de bens 
imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos 
a quem oferecer o maior lance; 
XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para aquisição 
de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser 
o de menor preço ou o de maior desconto; 
XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para 
contratação de obras, serviços e compras em que a 
Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente 
selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de 
desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às 
 
 
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suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta 
final após o encerramento dos diálogos; 
(...) 
XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos 
para realização, mediante contratação direta ou licitação nas 
modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de 
preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e 
locação de bens para contratações futuras; 
(...) 
L - comissão de contratação: conjunto de agentes públicos 
indicados pela Administração, em caráter permanente ou 
especial, com a função de receber, examinar e julgar documentos 
relativos às licitações e aos procedimentos auxiliares; 
(...) 
LX - agente de contratação: pessoa designada pela autoridade 
competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos 
dos quadros permanentes da Administração Pública, para tomar 
decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao 
procedimento licitatório e executar quaisquer outras atividades 
necessárias ao bom andamento do certame até a homologação. 
 
Não se pode ignorar, ainda, que o art. 7º prevê que os agentes que 
desempenhem funções relacionadas às contratações públicas devem ser, 
preferencialmente, efetivos: 
 
Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou 
a quem as normas de organização administrativa indicarem, 
promover gestão por competências e designar agentes 
públicos para o desempenho das funções essenciais à 
execução desta Lei que preencham os seguintes requisitos: 
I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado 
público dos quadros permanentes da Administração Pública; 
II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou 
possuam formação compatível ou qualificação atestada por 
certificação profissional emitida por escola de governo criada e 
mantida pelo poder público; e 
III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou 
contratados habituais da Administração nem tenham com eles 
vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro 
 
 
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grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, 
trabalhista e civil. 
§ 1º A autoridade referida no caput deste artigo deverá observar 
o princípio da segregação de funções, vedada a designação 
do mesmo agente público para atuação simultânea em 
funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a 
possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de 
fraudes na respectiva contratação. 
§ 2º O disposto no caput e no § 1º deste artigo, inclusive os 
requisitos estabelecidos, também se aplica aos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno da Administração. 
(grifos nossos) 
 
Por outro lado, os membros da comissão de contratação quando a 
modalidade for diálogo competitivo deverão ser servidores efetivos ou 
empregados públicos do quadro permanente, por força do art. 32, XI, NLL: 
 
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações 
em que a Administração: 
(...) 
XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de 
contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos 
ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes 
da Administração, admitida a contratação de profissionais para 
assessoramento técnico da comissão; 
 
No caso do leilão, ele poderá ser conduzido por leiloeiro oficial ou 
por servidor, aqui em sentido amplo já que a lei não restringiu a servidores 
efetivos, designado pela autoridade competente. 
 
Quando a modalidade for concurso, incidirá a regra do caput do art. 
8º da NLL, devendo ser conduzida por agente de contratação que seja servidor 
efetivo ou empregado público do quadro permanente, por não se tratar de bens 
ou serviços especiais. 
 
 
 
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A comissão de contratação também atuará nos procedimentos 
auxiliares, por força do art. 6º, “L”, NLL, mas, em se tratando de registro de preços 
realizado por pregão, a condução caberá ao pregoeiro (JUSTEN FILHO, 2021, p. 
223). 
 
Desse conjunto normativo, é possível extrair que: 
a) o agente de contratação e o pregoeiro devem ser servidores 
efetivos ou empregados públicos do quadro permanente; 
b) quando a licitação versar sobre bens ou serviços especiais, cuja 
modalidade correspondente é a concorrência, a lei não exige, necessariamente, 
que os agentes públicos que compõem a comissão de contratação sejam 
servidores públicos efetivos ou empregados públicos do quadro permanente, o 
que permite o exercício dessas funções por ocupantes de cargo em comissão; 
d) no caso de diálogo competitivo, a comissão de contratação 
deverá ser composta por servidores efetivos ou empregados públicos do quadro 
permanente; 
e) em se tratando de leilão, poderá haver um leiloeiro oficial ou 
servidor, não havendo a lei exigido expressamente que esse servidor fosse 
efetivo; 
f) na modalidade concurso, a condução caberá a agente de 
contratação que seja servidor efetivo ou empregado público do quadro 
permanente; 
g) os procedimentos auxiliares podem ser conduzidos pela comissão 
de contratação, mas se o registro de preços for realizado na modalidade pregão, 
a sua condução caberá ao pregoeiro, o qual deverá ser servidor efetivo ou 
empregado público do quadro permanente. 
 
 
 
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Cabe recordar que o art. 176 da NLL prevê o prazo de 6 anos para 
os municípios com até 20 mil habitantes se adequarem às exigências do art. 7º e 
8º anteriormente mencionados, nos seguintes termos: 
 
Art. 176. Os Municípios comaté 20.000 (vinte mil) habitantes 
terão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data de publicação 
desta Lei, para cumprimento: 
I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput do art. 8º 
desta Lei; 
II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma 
eletrônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta Lei; 
III - das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico oficial. 
(...) 
 
Por fim, há o debate na doutrina se a exigência de o agente de 
contratação ser realmente uma regra geral, que vincula todos os entes 
federativos, ou se seria aplicável apenas à União. Ronny Charles Lopes de Torres 
(2021, p. 105) defende a autonomia dos demais entes federativos : 
 
Em primeiro, parece-nos que, ao ultrapassar a condição de 
diretriz, orientando pela preferência, o art. 8º define uma regra 
cogente, que impõe submissão. Com essa característica, tal 
disciplinamento claramente se reverte da condição de norma 
materialmente especifica, não vinculando Estados, municípios e 
Distrito Federal, mas apenas órgão e entidades federais. 
 
Nessa esteira, segue Victor Aguiar Jardim de Amorim ao defender o 
mesmo entendimento (2021, p. 102): 
 
Por se tratar de matéria correlata à organização interna de 
pessoal e gestão administrativa dos entes federados e que não 
integram, substancialmente, o processo licitatório propriamente 
dito, em nossa opinião, o requisito quanto ao caráter efetivo de 
provimento do servidor tratar-se-ia de norma específica, sendo 
aplicável, de antemão, apenas no âmbito da União, admitindo-se, 
 
 
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por conseguinte, previsão distinta na legislação de Estados e 
Municípios. 
 
Logo, é possível esperar muito debate doutrinário e jurisprudencial 
em torno da questão em um futuro próximo. 
 
b) Plano de Contratações Anual: 
 
O Plano de Contratações Anual (PCA) é um documento que reúne 
as demandas de um órgão que entram no planejamento para contratação no ano 
seguinte ao de sua elaboração. O art. 12, VII, da NLL prevê que o plano tem o 
objetivo de racionalizar as contratações, além de garantir o alinhamento com o 
planejamento estratégico e com as leis orçamentárias, conforme adiante 
transcrito: 
 
Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte: 
(...) 
VII - a partir de documentos de formalização de demandas, os 
órgãos responsáveis pelo planejamento de cada ente federativo 
poderão, na forma de regulamento, elaborar plano de 
contratações anual, com o objetivo de racionalizar as 
contratações dos órgãos e entidades sob sua competência, 
garantir o alinhamento com o seu planejamento estratégico e 
subsidiar a elaboração das respectivas leis orçamentárias. 
§ 1º O plano de contratações anual de que trata o inciso VII do 
caput deste artigo deverá ser divulgado e mantido à disposição 
do público em sítio eletrônico oficial e será observado pelo ente 
federativo na realização de licitações e na execução dos 
contratos. 
(...) 
 
O §1º do artigo supracitado exige que seja dada publicidade ao PCA. 
 
A União regulamentou o tema por meio do Decreto nº 10.947, de 
2022, o qual pode servir de importante fonte de consulta para os municípios. 
 
 
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É importante verificar se o PCA elaborado está em consonância com 
a lei orçamentária anual, após a aprovação desta, promovendo as adequações 
que se façam necessária necessárias. 
 
c) Estudo Técnico Preliminar: 
 
A nova Lei de Licitações e Contratos conceitua os estudos técnicos 
preliminares (ETPs) da seguinte maneira: 
 
Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: 
(...) 
XX - estudo técnico preliminar: documento constitutivo da primeira 
etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza o 
interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao 
anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem 
elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação; 
 
O § 1º do art. 18 da Lei 14.133, de 2021, prevê os requisitos dos 
estudos técnicos preliminares (ETPs), a saber: 
 
Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada 
pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de 
contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 
desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, 
bem como abordar todas as considerações técnicas, 
mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação, 
compreendidos: 
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em 
estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público 
envolvido; 
(...) 
§ 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do caput 
deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a sua 
melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade 
 
 
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técnica e econômica da contratação, e conterá os seguintes 
elementos: 
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o 
problema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse 
público; 
II - demonstração da previsão da contratação no plano de 
contratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o 
seu alinhamento com o planejamento da Administração; 
III - requisitos da contratação; 
IV - estimativas das quantidades para a contratação, 
acompanhadas das memórias de cálculo e dos documentos 
que lhes dão suporte, que considerem interdependências 
com outras contratações, de modo a possibilitar economia 
de escala; 
V - levantamento de mercado, que consiste na análise das 
alternativas possíveis, e justificativa técnica e econômica da 
escolha do tipo de solução a contratar; 
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos 
preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos 
documentos que lhe dão suporte, que poderão constar de 
anexo classificado, se a Administração optar por preservar o 
seu sigilo até a conclusão da licitação; 
VII - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências 
relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o 
caso; 
VIII - justificativas para o parcelamento ou não da 
contratação; 
IX - demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de 
economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos 
humanos, materiais e financeiros disponíveis; 
X - providências a serem adotadas pela Administração 
previamente à celebração do contrato, inclusive quanto à 
capacitação de servidores ou de empregados para fiscalização e 
gestão contratual; 
XI - contratações correlatas e/ou interdependentes; 
XII - descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas 
medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de 
energia e de outros recursos, bem como logística reversa para 
desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável; 
XIII - posicionamento conclusivo sobre a adequação da 
contratação para o atendimento da necessidade a que se 
destina. 
 
 
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§ 2º O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os 
elementos previstos nos incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º deste 
artigo e, quando não contemplar os demais elementos previstos 
no referido parágrafo, apresentar as devidas justificativas. 
§ 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contratação 
de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a 
inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de 
desempenho e qualidade almejados, a especificação do objeto 
poderá ser realizada apenas em termo de referência ou em 
projeto básico, dispensada a elaboração de projetos. 
 
Há de se observar que o §2º do dispositivo supracitado fixa alguns 
elementos do ETP como obrigatórios. O § 3º permite a dispensa do ETP quando 
não houver prejuízos para a contratação de obras e serviços comuns de 
engenharia. 
 
Do ponto de vista da regulamentação, a Instrução Normativa 
SEGES nº 58, de 2022, que dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos 
Preliminares, tornao estudo facultativo em algumas hipóteses: 
 
Art. 14. A elaboração do ETP: 
I - é facultada nas hipóteses dos incisos I, II, VII e VIII do art. 75 e 
do § 7º do art. 90 da Lei nº 14.133, de 2021; e 
II - é dispensada na hipótese do inciso III do art. 75 da Lei nº 
14.133, de 2021, e nos casos de prorrogações dos contratos de 
serviços e fornecimentos contínuos. 
 
Logo, verifica-se que a elaboração dos ETPs será facultativa nos 
casos de dispensa por valor, bem como nos casos de guerra, estado de defesa, 
estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ordem, além de 
situações de emergência ou de calamidade pública e na contratação de 
remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento. Por sua vez, os estudos 
são dispensados para contratação que mantenha todas as condições definidas 
 
 
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em edital de licitação realizada há menos de um ano quando ela for deserta ou 
fracassada, além dos casos de prorrogações contratuais. 
 
Caberá à regulamentação de cada ente federativo definir as 
hipóteses de dispensa do ETP, as quais deverão estar amparadas em parâmetros 
razoáveis. 
 
Por fim, cabe uma reflexão sobre a necessidade ou mesmo a 
utilidade dos ETPs com base em uma visão calcada na praxe administrativa atual. 
Segundo Cecília de Almeida Costa e Franklin Brasil Santos (2022, p. 117), há 
uma grave desconexão entre a teoria e prática dos ETPs, na medida em muitos 
estudos não trazem um conhecimento mais profundo sobre o objeto a ser 
contratado e, com isso, burocratiza o procedimento e onera indevidamente os 
cofres públicos. Confira-se: 
 
O Estudo Técnico Preliminar (ETP), segundo a Nova Lei de 
Licitações e Contratos, Lei 14.133/2021, deverá evidenciar o 
problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a 
permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica da 
contratação. Para evidenciar o problema, ou necessidade, 
existem diversas técnicas trazidas pela literatura. O presente 
trabalho faz uma análise de como deveria ser este estudo da 
necessidade pela ótica destas técnicas e como o ETP vem sendo 
feito pelos órgãos públicos do Brasil. (...). 
O presente artigo conclui que os resultados produzidos hoje 
pelos ETP elaborados pela Administração Pública não 
atingem seu potencial, e em especial, não trazem um 
conhecimento maior sobre o problema do que aquele que já 
existia antes de sua elaboração, gerando enormes custos 
administrativos, estimados em R$ 500 milhões por ano, só no 
Executivo federal, sem garantia de bons resultados do 
investimento. (grifo nosso) 
 
A crítica dos autores fundamenta-se, em grande medida, em uma 
tendência recorrente na Administração Pública, na qual muitos gestores escolhem 
 
 
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a solução antes de estudar a necessidade. Com isso, os estudos técnicos 
preliminares acabam sendo forjados para apenas justificar uma solução 
previamente definida, o que representa apenas mais papelada, mais burocracia e 
mais ineficiência (COSTA; SANTOS, 2022, p.139-140). 
 
Entender o real papel do ETP e em que ele se diferencia do termo 
de referência é fundamental para que se possa dar concretude a um instrumento 
de planejamento de forma eficiente. 
 
d) Análise de Riscos: 
 
O art. 18, X, da NLL prevê que, no curso da fase preparatória, seja 
elaborada uma análise de riscos que possam comprometer o sucesso da licitação 
e a boa execução contratual. 
 
Nesse caso, a equipe de planejamento da contratação deve-se 
perguntar: qual o risco? Suponha que seja o atraso ou a suspensão no processo 
licitatório em razão de impugnações. Identificado o risco, indaga-se qual a 
probabilidade de ocorrer, qual seria o impacto, qual o dano e qual o tratamento 
possível. Essa é a lógica que permeia uma análise de riscos. 
 
e) Catálogo eletrônico de padronização: 
 
O catálogo eletrônico de padronização é conceituado pelo art. 6º, LI, 
da NLL, da seguinte forma: 
 
LI - catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e 
obras: sistema informatizado, de gerenciamento centralizado e 
com indicação de preços, destinado a permitir a padronização de 
itens a serem adquiridos pela Administração Pública e que 
estarão disponíveis para a licitação; 
 
 
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O art. 19 da NLL, ao tratar do catálogo, prevê que sua criação é 
obrigatória e que os demais entes federativos podem adotar o mesmo catálogo 
elaborado pelo Poder Executivo federal: 
 
Art. 19. Os órgãos da Administração com competências 
regulamentares relativas às atividades de administração de 
materiais, de obras e serviços e de licitações e contratos deverão: 
I - instituir instrumentos que permitam, preferencialmente, a 
centralização dos procedimentos de aquisição e contratação de 
bens e serviços; 
II - criar catálogo eletrônico de padronização de compras, 
serviços e obras, admitida a adoção do catálogo do Poder 
Executivo federal por todos os entes federativos; 
III - instituir sistema informatizado de acompanhamento de obras, 
inclusive com recursos de imagem e vídeo; 
IV - instituir, com auxílio dos órgãos de assessoramento jurídico e 
de controle interno, modelos de minutas de editais, de termos de 
referência, de contratos padronizados e de outros documentos, 
admitida a adoção das minutas do Poder Executivo federal por 
todos os entes federativos; 
V - promover a adoção gradativa de tecnologias e processos 
integrados que permitam a criação, a utilização e a atualização de 
modelos digitais de obras e serviços de engenharia. 
§ 1º O catálogo referido no inciso II do caput deste artigo 
poderá ser utilizado em licitações cujo critério de julgamento 
seja o de menor preço ou o de maior desconto e conterá toda 
a documentação e os procedimentos próprios da fase interna 
de licitações, assim como as especificações dos respectivos 
objetos, conforme disposto em regulamento. 
§ 2º A não utilização do catálogo eletrônico de padronização 
de que trata o inciso II do caput ou dos modelos de minutas 
de que trata o inciso IV do caput deste artigo deverá ser 
justificada por escrito e anexada ao respectivo processo 
licitatório. 
§ 3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia e 
arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será 
preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da 
Construção (Building Information Modelling - BIM) ou tecnologias 
 
 
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e processos integrados similares ou mais avançados que venham 
a substituí-la. (grifos nossos) 
 
Além disso, o art. 40, §1º, I, da NLL reforça a preferência das 
especificações constantes do catálogo eletrônico de padronização: 
 
Art. 40. O planejamento de compras deverá considerar a 
expectativa de consumo anual e observar o seguinte: 
(...) 
§ 1º O termo de referência deverá conter os elementos previstos 
no inciso XXIII do caput do art. 6º desta Lei, além das seguintes 
informações: 
I - especificação do produto, preferencialmente conforme 
catálogo eletrônico de padronização, observados os requisitos 
de qualidade, rendimento, compatibilidade, durabilidade e 
segurança; (grifo nosso) 
 
O PNCP conterá catálogos eletrônicos de padronização, consoante 
se depreende da leitura do art. 174, §2º, II, da NLL. 
 
O Poder Executivo federal editou a Portaria SEGES/ME nº 938, de 
2 de fevereiro de 2022, que institui o catálogo eletrônico de padronização. O art. 
2º da referida portaria estabelece a obrigatoriedade de os entes federativos que 
licitem com recursos federais observem o seu teor. 
 
f) Termo de Referência/Projeto básico; 
 
O art. 6º, XXIII, da NLL apresenta os elementos de um termo de 
referência: 
 
XXIII - termo de referência: documento necessário para a 
contratação de bens e serviços, que deve conter os seguintes 
parâmetros e elementos descritivos: 
 
 
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a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o 
prazo do contrato e,se for o caso, a possibilidade de sua 
prorrogação; 
b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos 
estudos técnicos preliminares correspondentes ou, quando não 
for possível divulgar esses estudos, no extrato das partes que não 
contiverem informações sigilosas; 
c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo 
de vida do objeto; 
d) requisitos da contratação; 
e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de 
como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos desde 
o seu início até o seu encerramento; 
f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução 
do objeto será acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou 
entidade; 
g) critérios de medição e de pagamento; 
h) forma e critérios de seleção do fornecedor; 
i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços 
unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos 
que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados para a 
obtenção dos preços e para os respectivos cálculos, que devem 
constar de documento separado e classificado; 
j) adequação orçamentária; 
 
O art. 18, II, da NLL complementa seu sentido ao estabelecer que, 
por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, 
conforme o caso, é feita a definição do objeto para o atendimento da necessidade 
da Administração. 
 
O §1º do art. 40 da NLL acrescenta os seguintes elementos ao termo 
de referência: 
 
Art. 40 (...) 
§ 1º O termo de referência deverá conter os elementos previstos 
no inciso XXIII do caput do art. 6º desta Lei, além das seguintes 
informações: 
I - especificação do produto, preferencialmente conforme catálogo 
eletrônico de padronização, observados os requisitos de 
 
 
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qualidade, rendimento, compatibilidade, durabilidade e 
segurança; 
II - indicação dos locais de entrega dos produtos e das regras para 
recebimentos provisório e definitivo, quando for o caso; 
III - especificação da garantia exigida e das condições de 
manutenção e assistência técnica, quando for o caso. 
 
O projeto básico deve ser utilizado para obras e serviços de 
engenharia, conforme se extrai do inciso XXV do art. 6º da NLL: 
 
XXV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e 
suficientes, com nível de precisão adequado para definir e 
dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de 
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações 
dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabilidade 
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do 
empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e 
a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter 
os seguintes elementos: 
a) levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e ensaios 
geotécnicos, ensaios e análises laboratoriais, estudos 
socioambientais e demais dados e levantamentos necessários 
para execução da solução escolhida; 
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente 
detalhadas, de forma a evitar, por ocasião da elaboração do 
projeto executivo e da realização das obras e montagem, a 
necessidade de reformulações ou variantes quanto à qualidade, 
ao preço e ao prazo inicialmente definidos; 
c) identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e 
equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas 
especificações, de modo a assegurar os melhores resultados 
para o empreendimento e a segurança executiva na utilização do 
objeto, para os fins a que se destina, considerados os riscos e os 
perigos identificáveis, sem frustrar o caráter competitivo para a 
sua execução; 
d) informações que possibilitem o estudo e a definição de 
métodos construtivos, de instalações provisórias e de condições 
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo 
para a sua execução; 
 
 
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e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da 
obra, compreendidos a sua programação, a estratégia de 
suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados 
necessários em cada caso; 
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado 
em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente 
avaliados, obrigatório exclusivamente para os regimes de 
execução previstos nos incisos I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 
desta Lei; 
 
Percebe-se que o projeto básico em muito se aproxima do termo de 
referência no que tange à especificação do objeto. A particularidade é que o 
projeto básico está voltado para obras ou serviços de engenharia. Ele pode ser 
precedido de anteprojeto, que é uma peça técnica com todos os subsídios 
necessários à elaboração do projeto básico. O projeto executivo é um nível mais 
detalhado do que o projeto básico e que, em regra, deve constar de toda 
contratação de obra ou serviço de engenharia, como prevê o §1º do art. 46 da 
NLL6. O referido dispositivo, contudo, excepciona a necessidade de projeto 
executivo quando se demonstrar a inexistência de prejuízo para a aferição dos 
padrões de desempenho e qualidade almejados, (art. 18, §3º, NLL7). 
 
g) Pesquisa de preços; 
 
O art. 23 da NLL versa sobre a realização da pesquisa de preços 
nas contratações públicas. O dispositivo trata de forma muito mais detalhada que 
a legislação anterior a pluralidade de parâmetros que podem ser adotados. Com 
 
6 Art. 46 (...) 
§ 1º É vedada a realização de obras e serviços de engenharia sem projeto executivo, ressalvada 
a hipótese prevista no § 3º do art. 18 desta Lei. 
7 Art. 18 (...) 
§ 3º Em se tratando de estudo técnico preliminar para contratação de obras e serviços comuns de 
engenharia, se demonstrada a inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de 
desempenho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá ser realizada apenas em 
termo de referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração de projetos. 
 
 
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isso, rompe-se em definitivo com a lógica dos três orçamentos coletados com 
fornecedores. Confira-se: 
 
 
Art. 23. O valor previamente estimado da contratação deverá ser 
compatível com os valores praticados pelo mercado, 
considerados os preços constantes de bancos de dados públicos 
e as quantidades a serem contratadas, observadas a potencial 
economia de escala e as peculiaridades do local de execução do 
objeto. 
§ 1º No processo licitatório para aquisição de bens e contratação 
de serviços em geral, conforme regulamento, o valor estimado 
será definido com base no melhor preço aferido por meio da 
utilização dos seguintes parâmetros, adotados de forma 
combinada ou não: 
I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana 
do item correspondente no painel para consulta de preços ou no 
banco de preços em saúde disponíveis no Portal Nacional de 
Contratações Públicas (PNCP); 
II - contratações similares feitas pela Administração Pública, 
em execução ou concluídas no período de 1 (um) ano anterior à 
data da pesquisa de preços, inclusive mediante sistema de 
registro de preços, observado o índice de atualização de preços 
correspondente; 
III - utilização de dados de pesquisa publicada em mídia 
especializada, de tabela de referência formalmente aprovada 
pelo Poder Executivo federal e de sítios eletrônicos 
especializados ou de domínio amplo, desde que contenham a 
data e hora de acesso; 
IV - pesquisa direta com no mínimo 3 (três) fornecedores, 
mediante solicitação formal de cotação, desde que seja 
apresentada justificativa da escolha desses fornecedores e que 
não tenham sido obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) 
meses de antecedência da data de divulgação do edital; 
V - pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na 
forma de regulamento. 
§ 2º No processo licitatório para contratação de obras e serviços 
de engenharia, conforme regulamento, o valor estimado, 
acrescido do percentual de Benefícios e Despesas Indiretas(BDI) 
de referência e dos Encargos Sociais (ES) cabíveis, será definido 
por meio da utilização de parâmetros na seguinte ordem: 
 
 
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I - composição de custos unitários menores ou iguais à mediana 
do item correspondente do Sistema de Custos Referenciais de 
Obras (Sicro), para serviços e obras de infraestrutura de 
transportes, ou do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e 
Índices de Construção Civil (Sinapi), para as demais obras e 
serviços de engenharia; 
II - utilização de dados de pesquisa publicada em mídia 
especializada, de tabela de referência formalmente aprovada pelo 
Poder Executivo federal e de sítios eletrônicos especializados ou 
de domínio amplo, desde que contenham a data e a hora de 
acesso; 
III - contratações similares feitas pela Administração Pública, em 
execução ou concluídas no período de 1 (um) ano anterior à data 
da pesquisa de preços, observado o índice de atualização de 
preços correspondente; 
IV - pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na 
forma de regulamento. 
§ 3º Nas contratações realizadas por Municípios, Estados e 
Distrito Federal, desde que não envolvam recursos da União, o 
valor previamente estimado da contratação, a que se refere o 
caput deste artigo, poderá ser definido por meio da utilização de 
outros sistemas de custos adotados pelo respectivo ente 
federativo. 
§ 4º Nas contratações diretas por inexigibilidade ou por 
dispensa, quando não for possível estimar o valor do objeto 
na forma estabelecida nos §§ 1º, 2º e 3º deste artigo, o 
contratado deverá comprovar previamente que os preços 
estão em conformidade com os praticados em contratações 
semelhantes de objetos de mesma natureza, por meio da 
apresentação de notas fiscais emitidas para outros 
contratantes no período de até 1 (um) ano anterior à data da 
contratação pela Administração, ou por outro meio idôneo. 
§ 5º No processo licitatório para contratação de obras e serviços 
de engenharia sob os regimes de contratação integrada ou semi-
integrada, o valor estimado da contratação será calculado nos 
termos do § 2º deste artigo, acrescido ou não de parcela referente 
à remuneração do risco, e, sempre que necessário e o anteprojeto 
o permitir, a estimativa de preço será baseada em orçamento 
sintético, balizado em sistema de custo definido no inciso I do § 
2º deste artigo, devendo a utilização de metodologia expedita ou 
paramétrica e de avaliação aproximada baseada em outras 
 
 
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contratações similares ser reservada às frações do 
empreendimento não suficientemente detalhadas no anteprojeto. 
§ 6º Na hipótese do § 5º deste artigo, será exigido dos licitantes 
ou contratados, no orçamento que compuser suas respectivas 
propostas, no mínimo, o mesmo nível de detalhamento do 
orçamento sintético referido no mencionado parágrafo. (grifos 
nossos) 
 
Merece destaque, ainda, o art. 24 da NLL. Sempre foi controverso 
na jurisprudência pátria a possibilidade ou não de o orçamento ser sigiloso, 
sobretudo no que toca à modalidade pregão. A nova Lei de Licitações permite o 
sigilo, desde que justificado, nos seguintes termos: 
 
Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da 
contratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuízo da 
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais 
informações necessárias para a elaboração das propostas, e, 
nesse caso: 
I - o sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e 
externo; 
II - (VETADO). 
Parágrafo único. Na hipótese de licitação em que for adotado o 
critério de julgamento por maior desconto, o preço estimado ou o 
máximo aceitável constará do edital da licitação. 
 
Cabe ressaltar que a regra no ordenamento pátrio é o da publicidade 
e por isso o sigilo deve ser sempre justificado. 
 
h) Edital e anexos: 
 
O art. 25 define o que o edital de licitação deverá conter: 
 
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras 
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos 
recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão 
do contrato, à entrega do objeto e às condições de pagamento. 
 
 
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§ 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração adotará 
minutas padronizadas de edital e de contrato com cláusulas 
uniformes. 
§ 2º Desde que, conforme demonstrado em estudo técnico 
preliminar, não sejam causados prejuízos à competitividade do 
processo licitatório e à eficiência do respectivo contrato, o edital 
poderá prever a utilização de mão de obra, materiais, tecnologias 
e matérias-primas existentes no local da execução, conservação 
e operação do bem, serviço ou obra. 
§ 3º Todos os elementos do edital, incluídos minuta de 
contrato, termos de referência, anteprojeto, projetos e outros 
anexos, deverão ser divulgados em sítio eletrônico oficial na 
mesma data de divulgação do edital, sem necessidade de 
registro ou de identificação para acesso. 
§ 4º Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de 
grande vulto8, o edital deverá prever a obrigatoriedade de 
implantação de programa de integridade pelo licitante 
vencedor, no prazo de 6 (seis) meses, contado da celebração 
do contrato, conforme regulamento que disporá sobre as medidas 
a serem adotadas, a forma de comprovação e as penalidades 
pelo seu descumprimento. 
§ 5º O edital poderá prever a responsabilidade do contratado pela: 
I - obtenção do licenciamento ambiental; 
II - realização da desapropriação autorizada pelo poder público. 
§ 6º Os licenciamentos ambientais de obras e serviços de 
engenharia licitados e contratados nos termos desta Lei terão 
prioridade de tramitação nos órgãos e entidades integrantes do 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e deverão ser 
orientados pelos princípios da celeridade, da cooperação, da 
economicidade e da eficiência. 
§ 7º Independentemente do prazo de duração do contrato, será 
obrigatória a previsão no edital de índice de reajustamento de 
preço, com data-base vinculada à data do orçamento 
estimado e com a possibilidade de ser estabelecido mais de um 
índice específico ou setorial, em conformidade com a realidade 
de mercado dos respectivos insumos. 
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, observado o interregno 
mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento será por: 
 
8 Art. 6º (...) 
XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 
200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); 
 
 
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I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime 
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão 
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais; 
II - repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva 
de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante 
demonstração analítica da variação dos custos. 
§ 9º O edital poderá, na forma disposta em regulamento, exigir 
que percentual mínimo da mão de obra responsável pela 
execução do objeto da contratação seja constituído por: 
I - mulheres vítimas de violência doméstica; 
II - oriundos ou egressos do sistema prisional. (grifos nossos) 
 
O art. 22 da NLL prevê, também, que o edital poderá contemplar 
matriz de alocação de riscos entre o contratante e o contratado. 
 
Nos termos do art. 164, qualquer pessoa é parte legítima para 
impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação da Lei 14.133, de 2021 
ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o 
pedido até 3 (três) dias úteis antes da data de abertura do certame. A resposta à 
impugnação ou ao pedido de esclarecimento será divulgada em sítio eletrônico 
oficial no prazo de até 3 (três) dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à data 
da abertura do certame. 
 
 
 
 
 
 
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PARTE III - FASE EXTERNA DA LICITAÇÃO 
 
a) Fases e ritos do processo de licitação:Nesse momento, é importante perceber que houve avanço no 
procedimento licitatório quando se analisa o art. 17 da NLL: 
 
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em 
sequência: 
I - preparatória; 
II - de divulgação do edital de licitação; 
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; 
IV - de julgamento; 
V - de habilitação; 
VI - recursal; 
VII - de homologação. 
 
Deve-se observar que toda a fase preparatória foi concluída e que a 
próxima etapa será a divulgação do edital. 
 
Toda a trilha da licitação a ser seguida está prevista no art. 17 da 
NLL. 
 
O § 1º do art. 17 permite a inversão de fases, tanto no pregão quanto 
na concorrência, de modo que a habilitação poderia anteceder a apresentação de 
propostas e lances e o julgamento. 
 
O art. 29 aproximou enormemente a concorrência e o pregão, ao 
estabelecer que eles seguem o rito procedimental comum a que se refere o art. 
17. 
 
Caberá o pregão sempre que o objeto possuir padrões de 
desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos pelo edital, por 
 
 
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meio de especificações usuais de mercado. Além disso, segundo o art. 6º, XLI, 
da NLL, o pregão é modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e 
serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o 
de maior desconto. 
 
O pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos 
especializados de natureza predominantemente intelectual e de obras e serviços 
de engenharia, exceto os serviços de engenharia de que trata a alínea “a” do 
inciso XXI do caput do art. 6º da Lei 14.133, de 2021, a saber: 
 
XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de 
atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou 
material, de interesse para a Administração e que, não 
enquadradas no conceito de obra a que se refere o inciso XII do 
caput deste artigo, são estabelecidas, por força de lei, como 
privativas das profissões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos 
especializados, que compreendem: 
a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia 
que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em 
termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de 
adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com 
preservação das características originais dos bens; 
b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta 
heterogeneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na 
definição constante da alínea “a” deste inciso; (grifo nosso) 
 
Há que se ter atenção, porém, com a previsão do inciso XXXVIII do 
art. 6º, que, ao caracterizar a concorrência, também prevê a sua possibilidade de 
incidência sobre obras e serviços comuns de engenharia: 
 
XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação 
de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e 
especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: 
a) menor preço; 
b) melhor técnica ou conteúdo artístico; 
 
 
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c) técnica e preço; 
d) maior retorno econômico; 
e) maior desconto; 
 
Deve-se compatibilizar as duas interpretações, adotando o pregão 
como regra para os serviços comuns de engenharia e a concorrência de forma 
residual. Como o pregão só possui os critérios de julgamento menor preço ou 
maior desconto, caso o critério escolhido seja outro, caberá a concorrência. Esse 
entendimento se coaduna com a do Professor Ronny Charles Lopes de Torres 
(2021, p.197) 
 
Adiante serão detalhadas as fases de divulgação do edital de 
licitação, de apresentação de propostas e lances, quando for o caso, de 
julgamento e de habilitação. 
 
O encerramento da licitação ocorre após todas essas fases e depois 
de exauridos os recursos administrativos. Na sequência, o processo licitatório é 
encaminhado à autoridade superior, que poderá: 
a) determinar o retorno dos autos para saneamento de 
irregularidades; 
b) revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade; 
c) proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante 
provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável; 
d) adjudicar o objeto e homologar a licitação. 
 
Ao pronunciar a nulidade, a autoridade indicará expressamente os 
atos com vícios insanáveis, tornando sem efeito todos os subsequentes que deles 
dependam, e dará ensejo à apuração de responsabilidade de quem lhes tenha 
dado causa. 
 
 
 
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O motivo determinante para a revogação do processo licitatório 
deverá ser resultante de fato superveniente devidamente comprovado. 
 
Nos casos de anulação e revogação, deverá ser assegurada a 
prévia manifestação dos interessados. 
 
b) Divulgação do edital de licitação: 
 
Finda a fase preparatória, o processo licitatório seguirá para o órgão 
de assessoramento jurídico da Administração, que realizará controle prévio de 
legalidade mediante análise jurídica da contratação. 
 
A lei teve o cuidado de detalhar mais o parecer jurídico (art. 53). Para 
tanto, fixou que o órgão de assessoramento jurídico da Administração deverá 
apreciar o processo licitatório conforme critérios objetivos prévios de atribuição de 
prioridade. Além disso, estabeleceu que o parecer deve ser redigido em 
linguagem simples e compreensível e de forma clara e objetiva, com apreciação 
de todos os elementos indispensáveis à contratação e com exposição dos 
pressupostos de fato e de direito levados em consideração na análise jurídica. 
 
A fim de evitar qualquer dúvida, a lei previu que o órgão de 
assessoramento jurídico também realizará controle prévio de legalidade de 
contratações diretas, acordos, termos de cooperação, convênios, ajustes, 
adesões a atas de registro de preços, outros instrumentos congêneres e de seus 
termos aditivos. 
 
Isso não impede, porém, que seja editado ato que preveja a 
dispensa de parecer jurídico em casos de dispensa de licitação por valor, como 
previsto no §5º do art. 53 da NLL. Inclusive, Advocacia-Geral da União já expediu 
a Orientação Normativa AGU nº 69, de 13 de setembro de 2021, nesse sentido: 
 
 
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NÃO É OBRIGATÓRIA MANIFESTAÇÃO JURÍDICA NAS 
CONTRATAÇÕES DIRETAS DE PEQUENO VALOR COM 
FUNDAMENTO NO ART. 75, I OU II, E § 3º DA LEI Nº 14.133, 
DE 1º DE ABRIL DE 2021, SALVO SE HOUVER CELEBRAÇÃO 
DE CONTRATO ADMINISTRATIVO E ESTE NÃO FOR 
PADRONIZADO PELO ÓRGÃO DE ASSESSORAMENTO 
JURÍDICO, OU NAS HIPÓTESES EM QUE O ADMINISTRADOR 
TENHA SUSCITADO DÚVIDA A RESPEITO DA LEGALIDADE 
DA DISPENSA DE LICITAÇÃO. APLICA-SE O MESMO 
ENTENDIMENTO ÀS CONTRATAÇÕES DIRETAS FUNDADAS 
NO ART. 74, DA LEI Nº 14.133, DE 2021, DESDE QUE SEUS 
VALORES NÃO ULTRAPASSEM OS LIMITES PREVISTOS NOS 
INCISOS I E II DO ART. 75, DA LEI Nº 14.133, DE 2021. 
 
Elaborado parecer jurídico, a autoridade competente determinará a 
divulgação do edital de licitação. O art. 54 da NLL determina divulgação no edital 
no PNCP, in verbis: 
 
Art. 54. A publicidade do edital de licitação será realizada 
mediante divulgação e manutenção do inteiro teor do ato 
convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de 
Contratações Públicas (PNCP). 
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publicação 
de extrato do edital no Diário Oficial da União, do Estado, do 
Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de consórcio público, 
do ente de maior nível entre eles, bem como em jornal diário de 
grande circulação. (Promulgação partes vetadas) 
§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro 
teor do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do ente 
federativo do órgão ou entidade responsável pela licitação ou, no 
caso de consórcio público, do ente de maior nível entre eles, 
admitida, ainda, a divulgação direta a interessados devidamente 
cadastrados para esse fim. 
§ 3º Após a homologação do processo licitatório, serão 
disponibilizados no PortalNacional de Contratações Públicas 
(PNCP) e, se o órgão ou entidade responsável pela licitação 
entender cabível, também no sítio referido no § 2º deste artigo, os 
 
 
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documentos elaborados na fase preparatória que porventura não 
tenham integrado o edital e seus anexos. 
 
Desse modo, é urgente que os entes federativos providenciem sua 
integração ao PNCP o quanto antes. 
 
c) Apresentação de propostas e lances: 
 
Qual o prazo que deve transcorrer entre a publicação do edital e a 
apresentação de propostas? O art. 55 da NLL responde a questão: 
 
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e 
lances, contados a partir da data de divulgação do edital de 
licitação, são de: 
I - para aquisição de bens: 
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento 
de menor preço ou de maior desconto; 
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela 
alínea “a” deste inciso; 
II - no caso de serviços e obras: 
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento 
de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços 
comuns e de obras e serviços comuns de engenharia; 
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de 
julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de 
serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia; 
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de 
contratação integrada; 
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for 
o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas 
pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso; 
III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
maior lance, 15 (quinze) dias úteis; 
IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de 
técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 
(trinta e cinco) dias úteis. 
§ 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulgação 
na mesma forma de sua divulgação inicial, além do cumprimento 
 
 
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dos mesmos prazos dos atos e procedimentos originais, exceto 
quando a alteração não comprometer a formulação das 
propostas. 
§ 2º Os prazos previstos neste artigo poderão, mediante decisão 
fundamentada, ser reduzidos até a metade nas licitações 
realizadas pelo Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde (SUS). 
 
Cumpre observar que, diversamente da Lei nº 8.666/1993, a 
modalidade de licitação não é mais relevante para a definição do prazo, mas sim 
o critério de julgado conjugado com o tipo de objeto ou o regime de execução 
quando se tratar de contratação integrada ou semi-integrada. 
 
A fim de facilitar a compreensão, é possível sistematizar os prazos 
nas seguintes tabelas: 
TABELA 1 
- 
Menor 
preço ou 
de maior 
desconto* 
Demais 
critérios de 
julgamento 
Maior 
lance 
Técnica e 
preço ou 
de melhor 
técnica ou 
conteúdo 
artístico 
Bens 8 dias úteis 15 dias úteis x x 
Serviços comuns e 
de obras e serviços 
comuns de 
engenharia; 
10 dias úteis 
35 dias úteis 
(critério 
residual do 
inciso VI) 
x x 
 
 
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Serviços especiais 
e de obras e 
serviços especiais 
de engenharia 
25 dias úteis 
35 dias úteis 
(critério 
residual do 
inciso VI) 
x x 
Leilão x x 
15 dias 
úteis 
x 
Concurso/ serviços 
técnicos 
intelectuais 
x x x 
35 dias 
úteis 
* São os únicos critérios de julgamento do pregão. 
 
TABELA 2 
Regime de execução - 
Contratação integrada 60 dias úteis 
Contratação semi-integrada 35 dias úteis 
 
d) Modos de disputa 
 
Os modos de disputa correspondem à forma que os lances podem 
ser ofertados. A lei prevê, em seu art. 56, o modo de disputa aberto, o fechado e 
a utilização combinada do aberto-fechado. Confira-se: 
 
Art. 56. O modo de disputa poderá ser, isolada ou conjuntamente: 
I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas 
propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes 
ou decrescentes; 
II - fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em 
sigilo até a data e hora designadas para sua divulgação. 
 
 
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§ 1º A utilização isolada do modo de disputa fechado será vedada 
quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou 
de maior desconto. 
§ 2º A utilização do modo de disputa aberto será vedada quando 
adotado o critério de julgamento de técnica e preço. 
 
Além disso, admite-se o reinício da disputa quando a diferença entre 
as melhores propostas for inferior a 5%: 
 
Art. 56 (...) 
§ 4º Após a definição da melhor proposta, se a diferença em 
relação à proposta classificada em segundo lugar for de pelo 
menos 5% (cinco por cento), a Administração poderá admitir o 
reinício da disputa aberta, nos termos estabelecidos no 
instrumento convocatório, para a definição das demais 
colocações. 
 
O edital de licitação poderá estabelecer intervalo mínimo de 
diferença de valores entre os lances, que incidirá tanto em relação aos lances 
intermediários quanto em relação à proposta que cobrir a melhor oferta. 
 
Também prevê a NLL a possibilidade de exigência de garantia da 
proposta como requisito de pré-habilitação, a qual não poderá ser superior a 1% 
(um por cento) do valor estimado para a contratação. 
 
e) Julgamento: 
 
A etapa de julgamento consiste na análise das propostas. Segundo 
o art. 59 da NLL, serão desclassificadas as propostas que: 
 
 
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que: 
I - contiverem vícios insanáveis; 
II - não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas 
no edital; 
III - apresentarem preços inexequíveis ou permanecerem acima 
do orçamento estimado para a contratação; 
 
 
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IV - não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido 
pela Administração; 
V - apresentarem desconformidade com quaisquer outras 
exigências do edital, desde que insanável. 
§ 1º A verificação da conformidade das propostas poderá ser feita 
exclusivamente em relação à proposta mais bem classificada. 
§ 2º A Administração poderá realizar diligências para aferir a 
exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja 
demonstrada, conforme disposto no inciso IV do caput deste 
artigo. 
§ 3º No caso de obras e serviços de engenharia e arquitetura, 
para efeito de avaliação da exequibilidade e de sobrepreço, serão 
considerados o preço global, os quantitativos e os preços 
unitários tidos como relevantes, observado o critério de 
aceitabilidade de preços unitário e global a ser fixado no edital, 
conforme as especificidades do mercado correspondente. 
§ 4º No caso de obras e serviços de engenharia, serão 
consideradas inexequíveis as propostas cujos valores forem 
inferiores a 75% (setenta e cinco por cento) do valor orçado pela 
Administração. 
§ 5º Nas contratações de obras e serviços de engenharia, será 
exigida garantia adicional do licitante vencedor cuja proposta for 
inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor orçado pela 
Administração, equivalente à diferença entre este último e o valor 
da proposta, sem prejuízo das demais garantias exigíveis de 
acordo com esta Lei. 
 
Em caso de empate, o art. 60 da NLL dispõe que: 
 
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão 
utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: 
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão 
apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; 
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, 
para a qual deverão preferencialmente ser utilizados 
registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de 
obrigações previstos nesta Lei; 
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre 
homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme 
regulamento; 
 
 
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IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade,conforme orientações dos órgãos de controle. 
§ 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate, será 
assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços 
produzidos ou prestados por: 
I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito 
Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual 
ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou 
entidade de Município, no território do Estado em que este se 
localize; 
II - empresas brasileiras; 
III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de 
tecnologia no País; 
IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos 
da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. 
§ 2º As regras previstas no caput deste artigo não prejudicarão a 
aplicação do disposto no art. 44 da Lei Complementar nº 123, de 
14 de dezembro de 2006. (grifo nosso) 
 
Merece destaque o inciso II do art. 60, porque ele estabelece uma 
espécie de cadastro negativo dos fornecedores. Laércio José Loureiro dos Santos 
(2021) denomina esse registro cadastral de “Serasa” das licitações. Esse é um 
cadastro que vai depender de maior debate doutrinário, inclusive quanto ao prazo 
máximo que o registro desabonador poderá vigorar. 
 
Finalmente, a lei cuidou de ressaltar a imperatividade do 
procedimento de negociação, exigindo, inclusive a regulamentação do tema, a 
saber: 
 
Art. 61. Definido o resultado do julgamento, a Administração 
poderá negociar condições mais vantajosas com o primeiro 
colocado. 
§ 1º A negociação poderá ser feita com os demais licitantes, 
segundo a ordem de classificação inicialmente estabelecida, 
quando o primeiro colocado, mesmo após a negociação, for 
desclassificado em razão de sua proposta permanecer acima do 
preço máximo definido pela Administração. 
 
 
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§ 2º A negociação será conduzida por agente de contratação ou 
comissão de contratação, na forma de regulamento, e, depois 
de concluída, terá seu resultado divulgado a todos os licitantes e 
anexado aos autos do processo licitatório. (grifo nosso) 
 
f) Habilitação: 
 
A habilitação tem por objetivo demonstrar a capacidade de o licitante 
executar o objeto e divide-se em: 
a) jurídica; 
b) técnica; 
c) fiscal, social e trabalhista 
d) econômico-financeira. 
 
Em regra, somente será exigida a apresentação dos documentos de 
habilitação pelo licitante vencedor, exceto quando a fase de habilitação anteceder 
a de julgamento. 
 
Quando a avaliação prévia do local de execução for imprescindível 
para o conhecimento pleno das condições e peculiaridades do objeto a ser 
contratado, o edital de licitação poderá prever, sob pena de inabilitação, a 
necessidade de o licitante atestar que conhece o local e as condições de 
realização da obra ou serviço, assegurado a ele o direito de realização de vistoria 
prévia. Contudo, o edital de licitação sempre deverá prever a possibilidade de 
substituição da vistoria por declaração formal assinada pelo responsável técnico 
do licitante acerca do conhecimento pleno das condições e peculiaridades da 
contratação. 
 
Um cuidado em relação à vistoria que a lei passou a exigir foi o de 
que, no caso de mais de um licitante optar por realizar vistoria prévia, a 
 
 
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Administração deverá agendar data e horário diferentes para os eventuais 
interessados. 
 
O art. 64 da NLL trata da possibilidade de complementação de 
informações em sede de diligência: 
 
Art. 64. Após a entrega dos documentos para habilitação, não 
será permitida a substituição ou a apresentação de novos 
documentos, salvo em sede de diligência, para: 
I - complementação de informações acerca dos documentos já 
apresentados pelos licitantes e desde que necessária para apurar 
fatos existentes à época da abertura do certame; 
II - atualização de documentos cuja validade tenha expirado após 
a data de recebimento das propostas. 
§ 1º Na análise dos documentos de habilitação, a comissão de 
licitação poderá sanar erros ou falhas que não alterem a 
substância dos documentos e sua validade jurídica, mediante 
despacho fundamentado registrado e acessível a todos, 
atribuindo-lhes eficácia para fins de habilitação e classificação. 
§ 2º Quando a fase de habilitação anteceder a de julgamento e já 
tiver sido encerrada, não caberá exclusão de licitante por motivo 
relacionado à habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes 
ou só conhecidos após o julgamento. 
 
No paradigmático Acórdão nº 1211/2021-Plenário do TCU, que 
pavimentou o caminho para uma sequência de acórdãos que, dando uma nova 
interpretação ao art. 43, §3º, da Lei nº 8.666, de 1993, no que tange à 
possibilidade de juntada de documento novo que apenas ateste condição de 
habilitação pré-existente à data de abertura do certame, também estendeu a 
interpretação ao art. 64 da Lei 14.133, de 2021, conforme se extrai do excerto 
adiante reproduzido: 
 
REPRESENTAÇÃO. PREGÃO ELETRÔNICO REGIDO PELO 
DECRETO 10.024/2019. IRREGULARIDADE NA CONCESSÃO 
DE NOVA OPORTUNIDADE DE ENVIO DE DOCUMENTAÇÃO 
DE HABILITAÇÃO AOS LICITANTES, NA FASE DE 
 
 
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JULGAMENTO DAS PROPOSTAS, SEM QUE O ATO TENHA 
SIDO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. PROCEDÊNCIA. 
REVOGAÇÃO DO CERTAME. MEDIDA CAUTELAR PLEITEADA 
PREJUDICADA. CIÊNCIA AO JURISDICIONADO ACERCA DA 
IRREGULARIDADE. OITIVA DO MINISTÉRIO DA ECONOMIA 
SOBRE A CONVENIÊNCIA E OPRTUNIDADE DE 
IMPLANTAÇÃO DE MELHORIAS NO SISTEMA COMPRASNET. 
Admitir a juntada de documentos que apenas venham a atestar 
condição pré-existente à abertura da sessão pública do certame 
não fere os princípios da isonomia e igualdade entre as licitantes 
e o oposto, ou seja, a desclassificação do licitante, sem que lhe 
seja conferida oportunidade para sanear os seus documentos de 
habilitação e/ou proposta, resulta em objetivo dissociado do 
interesse público, com a prevalência do processo (meio) sobre o 
resultado almejado (fim). O pregoeiro, durante as fases de 
julgamento das propostas e/ou habilitação, deve sanear eventuais 
erros ou falhas que não alterem a substância das propostas, dos 
documentos e sua validade jurídica, mediante decisão 
fundamentada, registrada em ata e acessível aos licitantes, nos 
termos dos arts. 8º, inciso XII, alínea "h"; 17, inciso VI; e 47 do 
Decreto 10.024/2019; sendo que a vedação à inclusão de novo 
documento, prevista no art. 43, §3º, da Lei 8.666/1993 e no art. 
64 da Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), não alcança 
documento ausente, comprobatório de condição atendida 
pelo licitante quando apresentou sua proposta, que não foi 
juntado com os demais comprovantes de habilitação e/ou da 
proposta, por equívoco ou falha, o qual deverá ser solicitado 
e avaliado pelo pregoeiro. 
(TCU. Acórdão nº 1211/2021 – Plenário, Rel. Min. WALTON 
ALENCAR RODRIGUES, Data da Sessão: 26/05/2021, grifo 
nosso) 
 
Os arts. 66 a 69 trazem os detalhamentos pertinentes à habilitação 
jurídica; técnica; fiscal, social e trabalhista; econômico-financeira, 
respectivamente. 
 
Convém destacar a previsão do art. 70 da NLL: 
 
Art. 70. A documentação referida neste Capítulo poderá ser: 
 
 
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I - apresentada em original, por cópia ou por qualquer outro meio 
expressamente admitido pela Administração; 
II - substituída por registro cadastral emitido por órgão ou entidade 
pública, desde que previsto no edital e que o registro tenha sido 
feito em obediência ao disposto nesta Lei; 
III - dispensada, total ou parcialmente, nas contratações para 
entrega imediata, nas contratações em valores inferiores a 1/4 
(um quarto) do limite para dispensa de licitação para compras em 
geral e nas contratações de produto para pesquisa e 
desenvolvimento até o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil 
reais). 
Parágrafo único. As empresas estrangeiras que não funcionem 
no País deverão apresentar documentos equivalentes, na formaAdministração Pública e aqueles por ela controlados selecionam 
a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, 
com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do 
melhor trabalho técnico, artístico ou científico. 
 
Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.40-41) propõe aproximar o 
hábito rotineiro de compras do cidadão comum aos atos praticados em um 
procedimento licitatório. Ilustra o autor: 
 
Quando um cidadão efetua uma compra economicamente 
relevante, ele, mesmo que de forma intuitiva, realiza 
procedimentos de planejamento e seleção do objeto pretendido, 
antes da contratação. Antes da aquisição de um automóvel, por 
exemplo, ele identifica sua necessidade, define o objeto apto a tal 
satisfação, afere os eventuais custos, avalia sua disponibilidade 
financeira e, por fim, seleciona, no mercado, a melhor proposta 
para a respectiva aquisição. Pois bem, a Administração, em suas 
contratações, precisa realizar ações semelhantes. Para tanto, em 
razão da indisponibilidade do interesse público, buscando 
consagrar a isonomia e a impessoalidade, o legislador optou por 
estabelecer procedimentos formais prévios para a realização 
dessa contratação, objetivando a escolha da melhor proposta 
possível. A este procedimento, chamamos licitação. 
 
 
 
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A aproximação feita pelo autor, entre a vida cotidiana e a rotina 
administrativa, é extremamente relevante para a atuação dos agentes públicos, 
especialmente aqueles encarregados de gerir recursos públicos. Cuidados 
básicos que as pessoas tomam em suas vidas privadas podem e devem ser 
transpostas quando agem em nome da Administração Pública. 
 
Em resumo, pode-se dizer que, diante de uma necessidade, a 
Administração buscará, a partir de uma fase de planejamento prévio, buscar 
solucionar sua demanda por meio da contratação de terceiros, que via de regra 
envolve a instauração de um procedimento licitatório, em uma fase de seleção 
dos interessados. 
 
É possível concluir, portanto, que a Lei nº 14.133, de 2021, exsurge 
para dar cumprimento ao mandamento constitucional que impõe a definição de 
um procedimento que assegure a igualdade de condições entre todos os 
concorrentes e a probidade no trato da coisa pública. 
 
Após essa breve introdução, passa-se a uma nova questão: até 
quando e de que forma é possível aplicar as leis de regência anteriores à Lei nº 
14.133, de 2021, notadamente a Lei nº 8.666, de 1993, a Lei nº 10.520, de 2002, 
e a Lei nº 12.462, de 2011? 
 
b) Passagem da Lei nº 8.666/1993 para a Lei nº 14.133/2021 e o direito 
intertemporal: 
 
Quando entrou em vigor a Lei nº 14.133, de 2021? A lei foi publicada 
em 1º de abril de 2021 e entrou em vigor na mesma data. Não houve vacatio legis, 
uma vez que ela já estava vigente na data de sua publicação. 
 
 
 
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Segundo o art. 193 da Lei nº 14.133, de 2021, os crimes em 
licitações e contratos administrativos, previstos nos artigos 89 a 108 da Lei nº 
8.666, de 1993, foram revogados de imediato, passando a viger aqueles 
introduzidos no Código Penal, por força do art. 178 da NLLC. 
 
Além disso, a Lei nº 8.666, de 1993, Lei de Licitações, a Lei nº 
10.520, de 2002, Lei do Pregão, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 2011, 
Lei do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), serão revogadas após 
decorridos 2 anos da publicação oficial da Lei nº 14.133, de 2021, o que 
acontecerá em 1º de abril de 2023. 
 
Desse modo, nesses dois anos haverá um período de coexistência 
de dois regimes licitatórios, no qual será possível optar por licitar ou contratar 
conforme um regramento ou outro, sendo vedada, contudo, a combinação das 
leis anteriores com a nova lei. Confira-se: 
 
Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput 
do art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar 
diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis 
citadas no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada 
expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de 
contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com 
as citadas no referido inciso. 
Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a 
Administração optar por licitar de acordo com as leis citadas no 
inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será 
regido pelas regras nelas previstas durante toda a sua vigência. 
 
Art. 193. Revogam-se: 
I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na 
data de publicação desta Lei; 
II - a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a Lei nº 10.520, de 17 
de julho de 2002, e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de 
agosto de 2011, após decorridos 2 (dois) anos da publicação 
oficial desta Lei. 
 
 
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É importante destacar que o contrato firmado com base nas 
disposições da Lei nº 8.666, de 1993 continuará a ser regido por ela até a sua 
extinção, mesmo que isso ocorra após 1º de abril de 2023. 
 
No caso de municípios com até 20 mil habitantes, eles terão o prazo 
de 6 anos para se ajustarem à nova Lei de Licitações e Contratos, no que tange 
à qualificação dos profissionais que irão conduzir as licitações públicas e observar 
a segregação das funções, conforme determinam os arts. 7º e 8º da NLLC, bem 
como aderir à licitação na forma eletrônica (art. 17, §2º, NLLC), além de criar o 
sítio eletrônico oficial que irá reforçar a publicidade do Portal Nacional de 
Contratações Públicas (PNCP). É o que se extrai do art. 176 da NLLC: 
 
Art. 176. Os Municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes 
terão o prazo de 6 (seis) anos, contado da data de publicação 
desta Lei, para cumprimento: 
I - dos requisitos estabelecidos no art. 7º e no caput do art. 8º 
desta Lei; 
II - da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma 
eletrônica a que se refere o § 2º do art. 17 desta Lei; 
III - das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico oficial. 
Parágrafo único. Enquanto não adotarem o PNCP, os Municípios 
a que se refere o caput deste artigo deverão: 
I - publicar, em diário oficial, as informações que esta Lei exige 
que sejam divulgadas em sítio eletrônico oficial, admitida a 
publicação de extrato; 
II - disponibilizar a versão física dos documentos em suas 
repartições, vedada a cobrança de qualquer valor, salvo o 
referente ao fornecimento de edital ou de cópia de documento, 
que não será superior ao custo de sua reprodução gráfica. 
 
c) Âmbito de aplicação da Lei nº 14.133/2021: 
 
 
 
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Primeiramente, cabe destacar que a nova Lei de Licitações e 
Contratos, em seu art. 1º1, prevê que ela traz normas gerais de licitações e 
contratos, cuja competência privativa para legislar é da União, nos termos do art. 
22, XXVII, da CF/88. Logo, ela abrange não só os órgãos e entidades federais, 
mas também o Distrito Federal, Estados e Municípios. A lei não abarca as 
sociedades de economia mista e as empresas estatais. 
 
No que tange ao âmbito de aplicação da lei, seu art. 2º estabelece 
que: 
 
Art. 2º Esta Lei aplica-se a: 
I - alienação e concessão de direito real de uso de bens; 
II - compra, inclusive por encomenda; 
III - locação; 
IV - concessão e permissão de uso de bens públicos; 
V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais 
especializados; 
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia; 
VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação. 
 
Logo, múltiplas são as possibilidades de utilização da Lei nº 14.133, 
de 2021, para satisfação das necessidades administrativas. 
 
A nova Lei de Licitações e Contratos é aplicada subsidiariamente à 
Lei nº 8.987, de 1995 (lei de concessão e permissão de serviços públicos), à Lei 
 
1 Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações 
Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal ede regulamento emitido pelo Poder Executivo federal. 
 
As medidas supra visam a desburocratizar o processo licitatório e a 
afastar exigências indevidas. 
 
 
 
 
 
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PARTE IV - PROCEDIMENTOS AUXILIARES 
 
Os procedimentos auxiliares previstos na Lei 14.133, de 2021, dão 
uma roupagem nova a institutos que já eram aplicáveis com amparo em outras 
legislações. São cincos os procedimentos auxiliares na nova lei de licitações que 
serão explorados adiante. 
 
a) Credenciamento: 
 
O art. 6º, XLIII, da NLL define o credenciamento da seguinte 
maneira: 
 
XLIII - credenciamento: processo administrativo de chamamento 
público em que a Administração Pública convoca interessados em 
prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os 
requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade 
para executar o objeto quando convocados; 
 
O regramento do instituto está previsto no art. 79: 
 
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes 
hipóteses de contratação: 
I - paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa 
para a Administração a realização de contratações simultâneas 
em condições padronizadas; 
II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do 
contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação; 
III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do 
valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a 
seleção de agente por meio de processo de licitação. 
Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão 
definidos em regulamento, observadas as seguintes regras: 
I - a Administração deverá divulgar e manter à disposição do 
público, em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de 
 
 
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interessados, de modo a permitir o cadastramento permanente de 
novos interessados; 
II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto 
não permitir a contratação imediata e simultânea de todos os 
credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de 
distribuição da demanda; 
III - o edital de chamamento de interessados deverá prever as 
condições padronizadas de contratação e, nas hipóteses dos 
incisos I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da 
contratação; 
IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração 
deverá registrar as cotações de mercado vigentes no momento 
da contratação; 
V - não será permitido o cometimento a terceiros do objeto 
contratado sem autorização expressa da Administração; 
VI - será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos 
fixados no edital. (grifo nosso) 
 
O art. 74 da NLL, que trata das hipóteses de inexigibilidade, também 
prevê o credenciamento como meio auxiliar da contratação, a saber: 
 
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em 
especial nos casos de: 
(...) 
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de 
credenciamento; 
 
Percebe-se que a nova Lei de Licitações e Contratos pretendeu dar 
um contorno mais amplo ao credenciamento, que, classicamente, estava 
umbilicalmente vinculado à ideia de inexigibilidade de licitação, nos casos em que 
houvesse inviabilidade de licitar, em razão de todos os interessados que 
cumprissem os requisitos do edital pudessem ser contratados. 
 
É preciso deixar claro que o credenciamento não é um contrato 
administrativo, mas sim um meio auxiliar a uma contratação direta, usualmente 
fundamentada na inexigibilidade. 
 
 
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Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.454) vislumbra um grande 
potencial para o credenciamento, caso a doutrina e a jurisprudência não fiquem 
presas a concepções do passado, conforme se infere do seguinte excerto: 
 
Se antes, a adoção do credenciamento estava adstrita à potencial 
contratação de todos os prestadores aptos e interessados em 
realizar determinado serviços, quando o interesse público for 
melhor atendido com a contratação do maior número possível de 
prestadores simultâneos, atualmente, segundo o texto legal, 
admite-se que o credenciamento seja adotado não apenas para 
a ulterior contratação da prestação de serviços, mas também para 
o fornecimento de bens (aquisições). 
(...) 
Este regramento amplia, e muito, a possibilidade de aplicação do 
credenciamento, permitindo interessante adoção deste 
procedimento auxiliar, caso os intérpretes da Lei não insistam em 
acirrar restrições baseadas em compreensões ultrapassadas. 
Urge que os aplicadores do Direito interpretem as disposições 
legais sem velhos preconceitos, de forma a admitir a necessária 
evolução da norma jurídica. 
 
Analisando as hipóteses legais, a primeira apresentada, 
denominada paralela e não excludente, corresponde à concepção clássica do 
credenciamento, em que todos os interessados que atendam às exigências 
poderão ser potencialmente contratados. A título de exemplo, pode-se cogitar o 
credenciamento de tradutores por um determinado órgão da Administração 
Pública que irá contratar todos os interessados na ordem de seu credenciamento. 
 
Na previsão de seleção a critério de terceiros, embora a 
Administração realize o credenciamento, quem efetivamente escolhe o prestador 
do serviço é o beneficiário. Um exemplo comum é a prestação de serviços 
médicos. 
 
 
 
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A terceira hipótese refere-se a mercados fluidos. Nesse caso, a 
licitação é inadequada ao atendimento do interesse público, pois o preço praticado 
no mercado decorre de algoritmos ou de mecanismos de inteligência artificial que 
não permite que a Administração tente fixar o preço, como ocorre com as 
passagens aéreas (TORRES, 2021, p. 456). 
 
É importante perceber que o credenciamento fica continuamente 
aberto. 
 
Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.460) defende, ainda, que 
o credenciamento possa evoluir para uma espécie de e-marketplace. A lei não 
chega a fazer menções expressas nesse sentido, mas não seria inviável pensar 
na evolução do instituto nesse sentido. O referido autor obtempera que (TORRES, 
2021, p. 461): 
 
Se os cidadãos e as empresas encontraram no campo virtual um 
ambiente propício para suas transações, por quais motivos a 
Administração pública também não estaria inserida neste mesmo 
ambiente? Governos e gestores públicos não podem ignorar as 
mudanças que ocorrem como resultado da utilização da 
tecnologia da informação e comunicação. 
 
A reflexão do autor merece maior aprofundamento, especialmente 
por parte da doutrina, que deve incumbir-se de pensar melhores soluções para as 
compras públicas. Parecer ser verdadeiramente factível a criação de um e-
marketplace, especialmente quando se cogita de bens padronizados. A adoção 
dessa sistemática certamente traria mais eficiência e simplificaria enormemente 
a burocracia envolvida nas contratações públicas. 
 
b) Pré-qualificação: 
 
 
 
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O inciso XLIV do art. 6 da NLL conceitua a pré-qualificação como: 
 
XLIV - pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, 
convocado por meio de edital, destinado à análise das condições 
de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto; 
 
O detalhamento de seu regramento é previsto no art. 80 da NLL. 
 
O objetivo desse procedimento auxiliar é o de selecionar, 
previamente à licitação, os licitantes pré-qualificados aptos a participar de uma 
licitação ou selecionar os bens que atendam às exigências técnicas ou de 
qualidade estabelecidas pela Administração. 
 
Nas lições de Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.470), a pré-
qualificação se caracteriza como “um ato administrativo declaratório do 
preenchimento a requisitos determinados de qualificação técnica por um sujeito 
e (ou do atributo mínimo de qualidade por um objeto”. Desse modo, na licitação 
futura não seria mais necessário comprovar novamente esses requisitos. 
 
A pré-qualificação tambémé permanente e deve ficar aberta a todos 
os interessados (§2º do art. 80). A pré-qualificação poderá ter validade de 1 (um) 
ano, no máximo, podendo ser atualizada a qualquer tempo, ou prazo não superior 
ao de validade dos documentos apresentados pelos interessados (§8º do art. 80). 
 
É possível restringir a licitação que se seguir ao procedimento da 
pré-qualificação aos licitantes ou bens pré-qualificados (§ 10 do art. 80). 
 
c) Procedimento de manifestação de interesse: 
 
 
 
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O procedimento de manifestação de interesse (PMI) está previsto no 
art. 81 e é aplicável quando a Administração tem uma necessidade, mas não 
consegue definir com clareza a solução. Confira-se: 
 
Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, 
mediante procedimento aberto de manifestação de interesse a ser 
iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a 
propositura e a realização de estudos, investigações, 
levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam 
com questões de relevância pública, na forma de regulamento. 
§ 1º Os estudos, as investigações, os levantamentos e os projetos 
vinculados à contratação e de utilidade para a licitação, realizados 
pela Administração ou com a sua autorização, estarão à 
disposição dos interessados, e o vencedor da licitação deverá 
ressarcir os dispêndios correspondentes, conforme 
especificado no edital. 
§ 2º A realização, pela iniciativa privada, de estudos, 
investigações, levantamentos e projetos em decorrência do 
procedimento de manifestação de interesse previsto no caput 
deste artigo: 
I - não atribuirá ao realizador direito de preferência no 
processo licitatório; 
II - não obrigará o poder público a realizar licitação; 
III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento de 
valores envolvidos em sua elaboração; 
IV - será remunerada somente pelo vencedor da licitação, 
vedada, em qualquer hipótese, a cobrança de valores do 
poder público. 
§ 3º Para aceitação dos produtos e serviços de que trata o caput 
deste artigo, a Administração deverá elaborar parecer 
fundamentado com a demonstração de que o produto ou serviço 
entregue é adequado e suficiente à compreensão do objeto, de 
que as premissas adotadas são compatíveis com as reais 
necessidades do órgão e de que a metodologia proposta é a que 
propicia maior economia e vantagem entre as demais possíveis. 
§ 4º O procedimento previsto no caput deste artigo poderá 
ser restrito a startups, assim considerados os 
microempreendedores individuais, as microempresas e as 
empresas de pequeno porte, de natureza emergente e com 
grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao 
 
 
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desenvolvimento e à implementação de novos produtos ou 
serviços baseados em soluções tecnológicas inovadoras que 
possam causar alto impacto, exigida, na seleção definitiva da 
inovação, validação prévia fundamentada em métricas objetivas, 
de modo a demonstrar o atendimento das necessidades da 
Administração. (grifos nossos) 
 
Diante dessa complexidade, a Administração se socorre da iniciativa 
privada por meio do PMI. 
 
O procedimento, que deve ser de regulamentado, é iniciado com a 
publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de 
estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que 
contribuam com questões de relevância pública. 
 
O PMI se aproxima do diálogo competitivo, nova modalidade de 
licitação prevista no art. 32. 
 
Existem alguns pontos que tornam o PMI pouco atrativo. Os estudos 
serão pagos pelo vencedor da licitação, sendo vedada a cobrança de valores do 
poder público. Além disso, a Administração Pública não fica obrigada a realizar a 
licitação, de modo que quem despendeu recursos com os estudos poderá não ser 
ressarcido. Por fim, uma empresa que não tenha participado do PMI poderá 
participar da licitação, o que pode vir a desestimular o engajamento das empresas 
no procedimento. 
 
d) Sistema de registro de preços: 
 
O sistema de registro de preços (SRP) que, na Lei nº 8.666, de 1993, 
era vagamente descrito, mas passou a contar com maior nível de detalhamento 
 
 
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na nova Lei de Licitações e Contratos. O art. 6º da Lei 14.133, de 2021, apresenta 
conceitos fundamentais para a compreensão do tema, in verbis: 
 
XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos 
para realização, mediante contratação direta ou licitação nas 
modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de 
preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e 
locação de bens para contratações futuras; 
XLVI - ata de registro de preços: documento vinculativo e 
obrigacional, com característica de compromisso para futura 
contratação, no qual são registrados o objeto, os preços, os 
fornecedores, os órgãos participantes e as condições a serem 
praticadas, conforme as disposições contidas no edital da 
licitação, no aviso ou instrumento de contratação direta e nas 
propostas apresentadas; 
XLVII - órgão ou entidade gerenciadora: órgão ou entidade da 
Administração Pública responsável pela condução do conjunto de 
procedimentos para registro de preços e pelo gerenciamento da 
ata de registro de preços dele decorrente; 
XLVIII - órgão ou entidade participante: órgão ou entidade da 
Administração Pública que participa dos procedimentos iniciais da 
contratação para registro de preços e integra a ata de registro de 
preços; 
XLIX - órgão ou entidade não participante: órgão ou entidade da 
Administração Pública que não participa dos procedimentos 
iniciais da licitação para registro de preços e não integra a ata de 
registro de preços; 
 
O sistema de registro de preços é um procedimento auxiliar – e não 
uma modalidade licitatória – que permite a celebração de futuros contratos, cujo 
fornecedor poderá ser selecionado por intermédio da modalidade pregão ou 
concorrência. O registro de preços não obriga a Administração a contratar. 
 
São diversas as vantagens do sistema de registro de preços. Ronny 
Charles Lopes de Torres (2021, p.480) lista uma série de benefícios do SRP: i) 
superar as dificuldades impostas por contingenciamentos orçamentários; ii) evitar 
o fracionamento ilegal de despesas; iii) colaboração entre diferentes órgãos 
 
 
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administrativos; iv) ganhos de escala; v) celeridade; vi) evita a formação de 
grandes estoques; vii) traz maior eficiência e eficácia. 
 
O art. 82 da NLL traz um rol exemplificativo do que deverá constar 
de um edital de licitação para registro de preços. Evidentemente, o edital deverá 
tratar do objeto e dos quantitativos. Permite a nova Lei de Licitações que o edital 
estipule um quantitativo mínimo que possa ser cotado por um fornecedor, no 
intuito de ampliar a disputa. Desse modo, caso a Administração necessite de um 
quantitativo muito elevado, um fornecedor não precisará se obrigar a fornecer 
tudo, se assim estipular o edital, permitindo que ele forneça um quantitativo que 
esteja dentro da sua capacidade. 
 
Segundo o § 5º do art. 82 da NLL, o SRP poderá ser utilizado nas 
seguintes condições: 
 
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para a 
contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços 
de engenharia, observadas as seguintes condições: 
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; 
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em 
regulamento; 
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; 
IV - atualização periódica dos preços registrados; 
V - definição do período de validade do registro de preços; 
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que aceitar 
cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante 
vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão do 
licitante que mantiver sua proposta original. (grifo nosso) 
 
Ressalta-se quea NLL autorizou o registro de preços diferentes nas 
seguintes hipóteses: 
 
III - a possibilidade de prever preços diferentes: 
a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais diferentes; 
 
 
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b) em razão da forma e do local de acondicionamento; 
c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do lote; 
d) por outros motivos justificados no processo; 
 
Com relação os critérios de julgamento da licitação, é possível definir 
entre o menor preço ou o maior desconto sobre tabela de preços praticada no 
mercado. Um exemplo em que o maior desconto pode incidir em um registro de 
preços é no caso de compras de livros. O lance dado pelo licitante será um 
percentual de desconto aplicável sobre o preço de capa dos livros. Como esse é 
um objeto uniforme, o critério de julgamento de maior desconto pode ser utilizado 
sem maiores dificuldades. 
 
É preciso ter atenção com a regra do § 1º do art. 82 que dispõe que 
o critério de julgamento de menor preço por grupo de itens somente poderá ser 
adotado quando for demonstrada a inviabilidade de se promover a adjudicação 
por item e for evidenciada a sua vantagem técnica e econômica. Nesse caso, o 
critério de aceitabilidade de preços unitários máximos deverá ser indicado no 
edital. Essa regra é uma decorrência da jurisprudência do TCU que identificou 
irregularidades no julgamento menor preço por grupo de itens quando a 
Administração não contrata todos os itens que compuseram o grupo. Isso porque 
corre-se o risco de contratar apenas os itens que tiveram valor superior ao de 
licitantes que, para aquele item especifico, ofertaram valores menores. Nesse 
cenário, a Administração paga mais caro, porque não usufrui dos itens mais 
baratos que consagraram o licitante vencedor na disputa. 
 
Por essa razão, o §2º do art. 82 reforça que: 
 
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados os 
parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, 
a contratação posterior de item específico constante de grupo de 
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua 
vantagem para o órgão ou entidade. 
 
 
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Em alguns casos, admitiu-se o registro de preços sem indicação do 
total a ser adquirido, a saber: 
 
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a 
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, 
apenas nas seguintes situações: 
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou 
entidade não tiver registro de demandas anteriores; 
II - no caso de alimento perecível; 
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento 
de bens. 
 
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória a 
indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação de outro órgão 
ou entidade na ata. 
 
O § 5º do art. 82 admitiu o sistema de registro de preços para a 
contratação de obras e serviços de engenharia. Nesses casos, deve-se observar 
o teor do art. 85: 
 
Art. 85. A Administração poderá contratar a execução de obras e 
serviços de engenharia pelo sistema de registro de preços, desde 
que atendidos os seguintes requisitos: 
I - existência de projeto padronizado, sem complexidade técnica 
e operacional; 
II - necessidade permanente ou frequente de obra ou serviço a 
ser contratado. 
 
O § 6º do art. 82, por sua vez, previu que, na forma de regulamento, 
o sistema de registro de preços poderá ser utilizado nas hipóteses de 
inexigibilidade e de dispensa de licitação para a aquisição de bens ou para a 
contratação de serviços por mais de um órgão ou entidade. 
 
 
 
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Uma grande novidade foi a vigência da ata de registro de preços por 
até dois anos, considerando a prorrogação, nos termos do art. 84 da NLL: 
 
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de 
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que 
comprovado o preço vantajoso. 
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de 
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as 
disposições nela contidas. 
 
De grande importância é o art. 86, que traz as regras gerais para os 
órgão e entidades participantes e não participantes do SRP, o qual será transcrito 
em sua literalidade: 
 
Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora deverá, na fase 
preparatória do processo licitatório, para fins de registro de 
preços, realizar procedimento público de intenção de registro de 
preços para, nos termos de regulamento, possibilitar, pelo prazo 
mínimo de 8 (oito) dias úteis, a participação de outros órgãos ou 
entidades na respectiva ata e determinar a estimativa total de 
quantidades da contratação. 
§ 1º O procedimento previsto no caput deste artigo será 
dispensável quando o órgão ou entidade gerenciadora for o único 
contratante. 
§ 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput deste 
artigo, os órgãos e entidades poderão aderir à ata de registro 
de preços na condição de não participantes, observados os 
seguintes requisitos: 
I - apresentação de justificativa da vantagem da adesão, 
inclusive em situações de provável desabastecimento ou 
descontinuidade de serviço público; 
II - demonstração de que os valores registrados estão 
compatíveis com os valores praticados pelo mercado na 
forma do art. 23 desta Lei; 
III - prévias consulta e aceitação do órgão ou entidade 
gerenciadora e do fornecedor. 
§ 3º A faculdade conferida pelo § 2º deste artigo estará 
limitada a órgãos e entidades da Administração Pública 
 
 
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federal, estadual, distrital e municipal que, na condição de 
não participantes, desejarem aderir à ata de registro de 
preços de órgão ou entidade gerenciadora federal, estadual 
ou distrital. 
§ 4º As aquisições ou as contratações adicionais a que se refere 
o § 2º deste artigo não poderão exceder, por órgão ou 
entidade, a 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos dos 
itens do instrumento convocatório registrados na ata de registro 
de preços para o órgão gerenciador e para os órgãos 
participantes. 
§ 5º O quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de 
preços a que se refere o § 2º deste artigo não poderá exceder, 
na totalidade, ao dobro do quantitativo de cada item 
registrado na ata de registro de preços para o órgão gerenciador 
e órgãos participantes, independentemente do número de órgãos 
não participantes que aderirem. 
§ 6º A adesão à ata de registro de preços de órgão ou entidade 
gerenciadora do Poder Executivo federal por órgãos e entidades 
da Administração Pública estadual, distrital e municipal poderá 
ser exigida para fins de transferências voluntárias, não ficando 
sujeita ao limite de que trata o § 5º deste artigo se destinada à 
execução descentralizada de programa ou projeto federal e 
comprovada a compatibilidade dos preços registrados com os 
valores praticados no mercado na forma do art. 23 desta Lei. 
§ 7º Para aquisição emergencial de medicamentos e material 
de consumo médico-hospitalar por órgãos e entidades da 
Administração Pública federal, estadual, distrital e municipal, a 
adesão à ata de registro de preços gerenciada pelo Ministério da 
Saúde não estará sujeita ao limite de que trata o § 5º deste 
artigo. 
§ 8º Será vedada aos órgãos e entidades da Administração 
Pública federal a adesão à ata de registro de preços 
gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou 
municipal. (grifos nossos) 
 
Observa-se que a nova Lei de Licitações e Contratos trouxe um 
regramento mais denso quanto ao SRP, inclusive prevendo expressamente a 
figura do órgão não participante (“carona”). Há, contudo, uma lacuna no §3º que 
será adiante explorada. 
 
 
 
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e) “Carona” na Ata de Registro de Preços Municipal? 
 
Esse talvez seja um dos pontos mais controvertidos da nova Lei de 
Licitações e Contratos. 
 
Deum lado, Marçal Justen Filho (2021, p. 1182-1183) entende que 
o legislador vedou a adesão por órgãos não participantes, usualmente chamados 
de “caronas”, a atas de registro de preço municipais, com base na seguinte 
interpretação: 
 
Existe uma dificuldade hermenêutica de compatibilizar os § 3.º e 
8.º do art. 86. O § 3.º estabelece que a adesão superveniente 
aplica-se a órgãos e entidades da Administração Pública de 
qualquer esfera federativa relativamente a uma ata de registro 
gerenciada no âmbito federal, estadual ou distrital. Logo, o 
dispositivo implica vedação à adesão em relação a atas de 
registro de preços gerenciada por órgão ou entidade municipal. 
 
Dada máxima vênia ao ilustríssimo doutrinador, que certamente é 
um dos maiores expoentes nacionais quando se trata de contratações públicas, 
esse não é o entendimento dos autores do presente trabalho. 
 
Defende-se aqui que os Municípios gozam de autonomia política 
assim como os demais entes federativos, não havendo razões para discriminá-los 
em relação aos demais. Para sanar a omissão do legislador, bastaria que o 
Município legislasse sobre o tema, já que se trata de norma específica, permitindo 
que ele venha a aderir, como órgão não participante (“carona”), a atas de registro 
de preços de outros municípios, bem como que outros entes federativos possam 
aderir como órgãos não participantes a atas em que ele próprio seja o órgão 
gerenciador. 
 
 
 
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O entendimento ora defendido encontra forte amparo na doutrina. 
Invocam-se, nessa linha, os ensinamentos de Victor Aguiar Jardim de Amorim 
(2022), que se alinham perfeitamente ao que fora anteriormente dito: 
 
Como nítida norma de caráter específico, o §8º do art. 86 da Lei 
nº 14.133/2021 estabelece ser vedado aos órgãos e entidades da 
Administração Pública Federal a adesão à ARP gerenciada por 
órgão ou entidade estadual, distrital ou municipal. Não há 
novidade quanto a esse ponto, tendo em vista a previsão já 
externada no §8º do art. 22 do Decreto Federal nº 7.892/2013. 
Por sua vez, o §3º do mesmo art. 86 preconiza ser a faculdade de 
adesão à ARP “limitada a órgãos e entidades da Administração 
Pública federal, estadual, distrital e municipal que, na condição de 
não participantes, desejarem aderir à ata de registro de preços de 
órgão ou entidade gerenciadora federal, estadual ou distrital”. A 
seguir a literalidade do dispositivo, diante da ausência de menção 
aos órgãos municipais como gerenciadores, poder-se-ia chegar 
ao entendimento quanto à impossibilidade de ARP´s municipais 
serem aderidas. 
Em nossa compreensão, deve ser conferida ao §3º uma 
interpretação conforme à Constituição da República, 
porquanto a conclusão pela impossibilidade de adesão de 
ARP municipal atentaria contra a estrutura federativa do 
Estado brasileiro, constituindo um discrimen injustificado em 
relação a um dos entes da Federação – o Município -, autônomo 
como os demais. Afinal, por qual razão uma ARP municipal não 
poderia ser aderida por outros entes? 
Ainda que se diga que o “legislador” buscou proibir a 
chamada “adesão verticalizada”, não há razão para vedar 
adesão de ARP municipal por parte de um outro órgão 
municipal. Em outras palavras: mesmo que se acredite na tese 
da proibição da adesão verticalizada, ela não seria aplicável a 
entes da mesma natureza (Município). Logo, o raciocínio tendente 
à proibição de adesão seria contraditório em vista de sua 
premissa central. 
De toda forma, em termos substanciais, a norma do §3º seria 
de cunho específico, não obstando, pois, que Estados, 
Distrito Federal e Municípios, em sua legítima competência 
normativa concorrente sobre a matéria, tratem o assunto de 
maneira diversa em relação às suas respectivas estruturas 
organizacionais. (grifos nossos) 
 
 
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Nesse diapasão, ecoam as lições de Ronny Charles Lopes de 
Torres (2021, p.510): 
 
Importante atentar que, neste dispositivo, o legislador criou uma 
restrição à adesão a atas oriundas de órgão municipal! Órgãos e 
entidades da Administração Pública federal, estadual, distrital e 
municipal poderia realizar a adesão, desde que as Atas não 
fossem de entidade gerenciadora municipal. 
Segundo a regra posta, mesmo os municípios, embora possam 
realizar adesão, não poderiam fazê-la em relação a atas de 
órgãos ou entes municipais! Pior ainda, levando-se ao extremo, 
um órgão do município de São Paulo não poderia aderir a uma 
ata de uma entidade do mesmo município! 
Em nossa opinião, esta regra deve ser interpretada como 
materialmente específica. Não há justificativa legítima para 
tal restrição ao uso da adesão, que, como já dissemos, 
possui natureza jurídica de contratação direta (hipótese 
anômala de dispensa), que sendo norma materialmente geral, 
pelo qual sua criação só pode ser feita por Lei federal, exige 
que a União, ao dispor sobre o tema, o faça sem 
discriminação indevida ou preconceitos, legislando 
verdadeiramente para todos. 
Sendo norma materialmente específica, a legislação local, 
aproveitando a criação da adesão pela norma geral, pode 
regrar tal hipótese sem restrição à adesão de atas oriundas 
de órgãos e entes municipais. 
Outra norma específica, esta sim claramente definida de forma 
expressa pelo legislador, encontra-se no §8º do artigo 86, ao 
estabelecer a vedação a que órgãos e entidades da 
Administração Pública federal possam aderir a ata de registro de 
preços gerenciada por órgão ou entidade estadual, distrital ou 
municipal. Pela própria leitura do dispositivo, resta evidente sua 
aplicação restrita a órgãos e entes federais. (grifos nossos) 
 
De todo modo, considerando a controvérsia instaurada sobre a 
“carona”, caberá ao órgão de assessoramento jurídico manifestar-se sobre a 
 
 
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possibilidade ou não de adesão por órgãos não participantes a ata municipais, 
nos termos do art. 53, §4º da NLL: 
 
Art. 53 (...) 
§ 4º Na forma deste artigo, o órgão de assessoramento jurídico 
da Administração também realizará controle prévio de 
legalidade de contratações diretas, acordos, termos de 
cooperação, convênios, ajustes, adesões a atas de registro de 
preços, outros instrumentos congêneres e de seus termos 
aditivos. (grifos nossos) 
 
f) Registro cadastral: 
 
 
O registro cadastral nada mais é que um banco de dados contendo 
requisitos de habilitação dos interessados. Esse cadastro ficará disponível no 
Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). Ele poderá ser utilizado por 
todos os órgãos da Administração Pública, tornando-o um verdadeiro cadastro 
nacional. Seu regramento está previsto no art. 87 da NLL. 
 
Oportuno destacar que o § 3º do art. 88 trata do que já fora 
mencionado como o Serasa das Licitações, a saber: 
 
Art. 88 (...) 
§ 3º A atuação do contratado no cumprimento de obrigações 
assumidas será avaliada pelo contratante, que emitirá documento 
comprobatório da avaliação realizada, com menção ao seu 
desempenho na execução contratual, baseado em indicadores 
objetivamente definidos e aferidos, e a eventuais penalidades 
aplicadas, o que constará do registro cadastral em que a inscrição 
for realizada. 
 
A regra de desempate prevista no art. 60, II, da NLL tem por base a 
previsão do § 3º do art. 88, portanto. Além disso, o art. 67, II, ao versar sobre a 
 
 
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habilitação técnica, faz alusão ao desempenho prévio, assim como art. 37, III, ao 
tratar da nota da proposta técnica. 
 
Logo, esse registro cadastral tem potencial para gerar muitas 
mudanças nas rotinas da Administração Pública. Nesse sentido, faz-se 
necessário reproduzir alguns alertas feitos por Marçal Justen Filho (2021, p. 1191-
1192): 
 
É evidente que a solução examinada envolve riscos muitos 
relevantes, especialmente no tocante a consequências não 
desejadas. Se a avaliação do desempenho do contratado for 
vinculadaa decisões minimamente discricionárias, estar-se-á 
institucionalizando uma oportunidade para corrupção. O agente 
responsável pelas informações terá condições de condicionar a 
sua manifestação à obtenção de vantagens indevidas. 
Justamente por isso, é indispensável consagrar uma sistemática 
de avalição não apenas fundada em critérios objetivos, mas 
também em procedimentos que afastem a oportunidade para o 
exercício de influência indevida. Deve ser adotada a solução 
autorizada no art. 17, § 6.º, que contempla a certificação por 
organização independente quanto à conclusão do objeto de 
contrato. Ainda que os custos dessa alternativa sejam arcados 
pelo particular, a solução reduz o risco de práticas inaceitáveis 
por parte da Administração. 
 
O bom uso desse cadastro pode trazer enormes avanços na seara 
das contratações públicas; porém, seu desvirtuamento poderá ter efeitos 
nefastos. Será necessária muita cautela e atenção nesse ponto. 
 
 
 
 
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PARTE V - CONTRATAÇÃO DIRETA 
 
a) Considerações gerais sobre a contratação direta: 
 
É sabido que a licitação é a regra geral e um dever constitucional. 
No entanto, há hipóteses em que o legislador dispensou a licitação ou reconheceu 
a sua inexigibilidade, permitindo a contratação direta. 
 
Há situações em que a realização da licitação não será capaz de 
atender ao interesse público da melhor forma. Há de se recordar que o 
procedimento licitatório não é um fim em si mesmo, mas um instrumento para a 
consecução das atividades do Poder Público e do suprimento de suas 
necessidades. Nesse sentido, esclarece Marçal Justen Filho (2021, p.938) que: 
 
O procedimento licitatório conduziria ao sacrifício dos fins 
buscados pelo Estado e não asseguraria a contratação mais 
vantajosa. Por isso, autoriza-se a Administração a implementar 
outro procedimento em que formalidades são suprimidas ou 
substituídas por outras. (...) 
 
Da leitura do art. 72 da NLL, depreende-se que, mesmo as 
contratações diretas, reclamam um procedimento formal, a saber: 
 
Art. 72. O processo de contratação direta, que compreende os 
casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser 
instruído com os seguintes documentos: 
I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, 
estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, 
projeto básico ou projeto executivo; 
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma 
estabelecida no art. 23 desta Lei; 
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que 
demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; 
 
 
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IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos 
orçamentários com o compromisso a ser assumido; 
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de 
habilitação e qualificação mínima necessária; 
VI - razão da escolha do contratado; 
VII - justificativa de preço; 
VIII - autorização da autoridade competente. 
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o 
extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à 
disposição do público em sítio eletrônico oficial. 
 
É preciso recomendar cautela aos gestores que pretendem aplicar 
a nova Lei de Licitações e Contratos para usufruir dos limites ampliados da 
dispensa por valor. Isso porque o passo a passo do art. 72 precisa ser observado. 
 
Destaca-se a exigência da elaboração do ETP, se for o caso. Desse 
modo, se o ente federativo ainda não tiver a praxe de elaborar o ETP poderá estar 
descumprindo um requisito legal. Idealmente, para que o ETP possa ser 
dispensado, caberia a regulamentação do tema nesse sentido, como já o fez o 
Poder Executivo federal por meio da Instrução Normativa SEGES nº 58, de 20229. 
 
Oportuno trazer as lições de Ronny Charles Lopes de Torres (2021, 
p.377) quanto ao fato de que as hipóteses de contratação diretas são normas 
gerais. Logo, somente a União pode legislar sobre o tema. 
 
Alerte-se que, nos termos do art. 73 da NLL, na hipótese de 
contratação direta ser indevida, por ter ocorrido dolo, fraude ou erro grosseiro, o 
contratado e o agente público responsável responderão solidariamente pelo dano 
causado ao erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. 
 
9 Art. 14. A elaboração do ETP: 
I - é facultada nas hipóteses dos incisos I, II, VII e VIII do art. 75 e do § 7º do art. 90 da Lei nº 
14.133, de 2021; e 
II - é dispensada na hipótese do inciso III do art. 75 da Lei nº 14.133, de 2021, e nos casos de 
prorrogações dos contratos de serviços e fornecimentos contínuos. 
 
 
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b) Dispensa por valor: 
 
Primeiramente, serão exploradas as hipóteses de dispensa 
fundamentadas no valor. São elas: 
 
Art. 75. É dispensável a licitação: 
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 
100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de 
engenharia ou de serviços de manutenção de veículos 
automotores; 
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 
50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e 
compras; 
(...) 
§ 1º Para fins de aferição dos valores que atendam aos limites 
referidos nos incisos I e II do caput deste artigo, deverão ser 
observados: 
I - o somatório do que for despendido no exercício financeiro pela 
respectiva unidade gestora; 
II - o somatório da despesa realizada com objetos de mesma 
natureza, entendidos como tais aqueles relativos a contratações 
no mesmo ramo de atividade. 
§ 2º Os valores referidos nos incisos I e II do caput deste artigo 
serão duplicados para compras, obras e serviços contratados 
por consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas 
como agências executivas na forma da lei. 
§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste 
artigo serão preferencialmente precedidas de divulgação de 
aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) 
dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a 
manifestação de interesse da Administração em obter 
propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser 
selecionada a proposta mais vantajosa. 
§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste 
artigo serão preferencialmente pagas por meio de cartão de 
pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à 
disposição do público no Portal Nacional de Contratações 
Públicas (PNCP). 
 
 
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(...) 
§ 7º Não se aplica o disposto no § 1º deste artigo às 
contratações de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de serviços 
de manutenção de veículos automotores de propriedade do 
órgão ou entidade contratante, incluído o fornecimento de 
peças. (grifos nossos) 
 
Registre-se que todos os valores mencionados na NLL já foram 
atualizados pelo Decreto federal nº 10.922, de 2021, o que se fundamenta na 
previsão do art. 18210 da Lei nº 14.133, de 2021. Para fins de didática, porém, as 
menções a valores feitas no corpo deste trabalho referenciarão os valores em 
seus montantes originais. 
 
Feitas essas observações, pode-se montar o seguinte quadro: 
 
Obras e serviços de 
engenharia 
Serviços de 
manutenção de 
veículos automotores 
Outros serviços e 
compras 
Valores inferiores a R$ 
100.000,00 
Valores inferiores a R$ 
100.000,00 
Valores inferiores a R$ 
50.000,00 
Valores duplicados para consórcios públicos 
 
O § 1º apresenta uma importante informação: a inobservância dos 
limites em razão de contratações segmentadas caracterizará o fracionamento 
ilícito, o que significa dizer que houve burla ao dever de licitar. O referido parágrafo 
menciona, ainda, a forma de se calcular esses limites e esclarece que se deve 
considerar esses valores dentro de um mesmo ano e para cada unidade gestora. 
 
 
10 Art. 182. O Poder Executivo federal atualizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de 
Preços ao Consumidor Amplo Especial(IPCA-E) ou por índice que venha a substituí-lo, os valores 
fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no PNCP. 
 
 
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O inciso II do § 1º tenta solucionar a difícil questão do que é 
considerado como despesa de mesma natureza. A solução seria abarcar 
contratações do mesmo ramo de atividade. 
 
Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.414-416) ressalta que essa 
identificação do mesmo ramo de atividade não é tarefa simples, com os seguintes 
dizeres: 
 
Um grande problema envolvendo a realização das dispensas de 
pequeno valor é porque, intencionalmente ou não, é corriqueiro 
que alguns gestores fracionem os serviços ou aquisições, 
gerando pequenas contratações subsumíveis ao limite de 
dispensa que, quando somadas, extrapolam esse limite. 
Quando analisadas pelos órgãos de controle, essas atitudes são 
compreendidas como ilegais, representando tentativa de fuga 
indevida à obrigatoriedade de licitar. 
(...) 
O § 1º do artigo 75 da Lei nº 14.133/2021 adotou tratamento 
condizente com as orientações outrora definidas pelo Tribunal de 
Contas da União. 
(...) 
Outrossim, definiu que objetos de mesma natureza estariam 
relacionados a contratações do mesmo “ramo de atividade”. 
Nesta hipótese, a solução dada pelo legislador, certamente, ainda 
irá gerar dúvidas práticas para sua aplicação. Mesmo sendo no 
mesmo ramo de atividade, às vezes é impossível prever 
conjuntamente contratações diferentes. 
(...) 
Em nossa opinião, o fracionamento ilícito apenas deve ser 
caracterizado quando o gestor fraciona a pretensão contratual; 
quando era possível a ele prever esta necessidade e atender tais 
necessidades através de uma licitação. Quando esse 
planejamento ou previsão conjunta não se apresentarem 
factíveis, a alegação de fracionamento ilícito pode ser afastada. 
Vale observar que a observância dos critérios “anualidade” e 
“mesma natureza” é combinada; ou seja, descumprindo um deles, 
a dispensa de pequeno valor poderá ser considerada irregular. 
 
 
 
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O § 3º do art. 75 traz uma regra preferencial, mas, em homenagem 
ao princípio da motivação, recomenda-se que os gestores públicos sempre 
justifiquem a sua não adoção. Trata-se da faculdade de as dispensas por valor 
serem precedidas de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo 
mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido. O objetivo 
seria obter propostas adicionais de eventuais interessados, no intuito de 
selecionar a proposta mais vantajosa. 
 
Já o § 7º do art. 75 contém uma previsão bastante criticada pela 
doutrina. Para Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.416), o referido dispositivo 
incentiva a falta de planejamento, conforme se extrai do seguinte trecho: 
 
Como visto acima, o §1º do artigo 75 definiu que as dispensas de 
pequeno valor deveriam atender determinados seus limites de 
valor, observando os critérios “anualidade” e “mesma natureza”. 
Contudo, o § 7º do mesmo artigo estabeleceu exceção a esta 
regra, ressalvando que não se aplica o disposto no §1º para as 
contratações de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de serviços de 
manutenção de veículos automotores de propriedade do 
órgão ou entidade contratante, incluído o fornecimento de 
peças. 
A interpretação que parece ser extraída desta disposição é que, 
mesmo quando a unidade gestora já tenha alcançado o limite 
legal para a adoção de dispensa de pequenos valores, no 
exercício financeiro, para a contratação de serviços de veículos 
automotores, caso surja, ainda neste exercício financeiro, a 
necessidade de contratação deste serviço, valor limitado a até R$ 
8.000,00 (oito mil reais) e sendo o veículo de propriedade do 
órgão ou entidade contratante, será possível a dispensa, sem 
caracterização do fracionamento ilícito. 
É um dispositivo que merece críticas. A solução para estas 
demandas administrativas não seria afastar a caracterização 
do fracionamento ilícito, mas sim incentivar o escorreito 
planejamento e adotar ferramentas previstas na própria Lei, 
como seu credenciamento. (grifos nossos) 
 
 
 
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Com relação à necessidade de uso do PNCP para que um 
determinado ente federativo que ainda não estivesse a ele integrado pudesse 
desde logo se valer dos limites ampliados do valor da dispensa, o TCU, em um 
primeiro momento, admitiu a possibilidade, desde que houvesse o reforço da 
transparência por meio da publicação no Diário Oficial da União, nos seguintes 
termos: 
 
9.1. responder à consulente, Secretaria-Geral de Administração 
(Segedam), que: 
9.1.1. é possível a utilização do art. 75 da Lei 14.133/2021 por 
órgãos não vinculados ao Sistema de Serviços Gerais (Sisg), do 
grupo chamado órgãos “não-Sisg”, em caráter transitório e 
excepcional, até que sejam concluídas as medidas necessárias 
ao efetivo acesso às funcionalidades do Portal Nacional de 
Contratações Públicas - PNCP; 
9.1.2. em reforço à transparência que deve ser dada às 
contratações diretas, que seja utilizado o Diário Oficial da União – 
DOU como mecanismo complementar ao portal digital do TCU, 
em reforço à devida publicidade até a efetiva integração entre os 
sistemas internos e o PNCP; 
9.2. orientar a Secretaria-Geral de Administração e a Secretaria-
Geral da Presidência deste Tribunal que priorizem as ações para 
a devida integração dos sistemas internos do TCU com o PNCP. 
(TCU. Acórdão nº 2458/2021- Plenário, Rel. Min. AUGUSTO 
NARDES, Data da Sessão: 13/10/2021) 
 
No entanto, essa orientação foi tornada insubsistente pelo Acórdão 
nº 1.731/2022-Plenário do TCU, em razão de ter sido lançada a ferramenta 
Publicador de Contratos, que possibilita aos órgãos e entidades dos demais entes 
federativos realizem a publicação de seus contratos no PNCP. 
 
c) Demais casos de dispensa: 
 
Os demais casos de dispensa estão previstos nos incisos III a XVI 
do art. 75. 
 
 
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O inciso III trata da hipótese de dispensa para licitações desertas ou 
fracassadas, desde que realizadas há menos de um ano e mantidas todas as 
condições do edital: 
 
III - para contratação que mantenha todas as condições definidas 
em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando 
se verificar que naquela licitação: 
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram 
apresentadas propostas válidas; 
b) as propostas apresentadas consignaram preços 
manifestamente superiores aos praticados no mercado ou 
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; 
 
O inciso IV trata de 13 hipóteses variadas. São possibilidades que 
vão desde peças de fornecedor original, passando por produtos para pesquisa e 
desenvolvimento, materiais de uso das Forças Armadas, coleta de resíduos 
sólidos, medicamentos para tratamento de doenças raras, até gêneros 
hortifrutigranjeiros. São elas: 
 
IV - para contratação que tenha por objeto: 
a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou 
estrangeira necessários à manutenção de equipamentos, a serem 
adquiridos do fornecedor original desses equipamentos durante o 
período de garantia técnica, quando essa condição de 
exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; 
b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo 
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, 
quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas 
para a Administração; 
c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a 
contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor 
de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); 
d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso 
ou de exploração de criação protegida, nas contratações 
realizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação 
(ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada 
vantagem para a Administração; 
 
 
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e) hortifrutigranjeiros,pães e outros gêneros perecíveis, no 
período necessário para a realização dos processos licitatórios 
correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada 
diretamente com base no preço do dia; 
f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que 
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e 
defesa nacional; 
g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de 
materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver 
necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura 
de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante 
autorização por ato do comandante da força militar; 
h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares 
das forças singulares brasileiras empregadas em operações de 
paz no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser 
justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou 
executante e ratificada pelo comandante da força militar; 
i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada 
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades 
diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação 
operacional ou de adestramento; 
j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos 
urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de 
coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou 
cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de 
baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de 
materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis 
com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; 
k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, 
de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do 
órgão ou com elas compatível; 
l) serviços especializados ou aquisição ou locação de 
equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de 
provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 
12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver necessidade 
justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação; 
m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao 
tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v
 
 
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Quanto à dispensa prevista na alínea “c” do inciso IV do caput do 
art. 75, o § 5º determina que, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, 
seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamentação específica. 
 
O inciso V faz alusão à Lei nº 10.973, de 2004, que dispõe sobre 
incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo: 
 
V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto 
nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro 
de 2004, observados os princípios gerais de contratação 
constantes da referida Lei; 
 
O inciso VI, por sua vez, trata de aquisições que possam 
comprometer a segurança nacional e o inciso VII aos casos de guerra, estado de 
defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ordem: 
 
VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da 
segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de 
Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças 
Armadas ou dos demais ministérios; 
VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, 
intervenção federal ou de grave perturbação da ordem; 
 
O inciso VIII versa sobre as contratações emergenciais ou de 
calamidade pública: 
 
VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando 
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa 
ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços 
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, 
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente 
para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação 
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços 
que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, 
contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, 
vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art4.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art5.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art20.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art20.
 
 
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recontratação de empresa já contratada com base no disposto 
neste inciso; 
 
 
O § 6º do art. 75 estatui que, para os fins do inciso VIII do caput, 
considera-se emergencial a contratação por dispensa com objetivo de manter a 
continuidade do serviço público, e deverão ser observados os valores praticados 
pelo mercado na forma do art. 23 da NLL e adotadas as providências necessárias 
para a conclusão do processo licitatório, sem prejuízo de apuração de 
responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação emergencial. 
 
O inciso IX refere-se a bens produzidos ou serviços prestados por 
órgão ou entidade que integrem a Administração Pública: 
 
IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, 
de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade 
que integrem a Administração Pública e que tenham sido criados 
para esse fim específico, desde que o preço contratado seja 
compatível com o praticado no mercado; 
 
O inciso X prevê hipótese de intervenção no domínio econômico 
pela União: 
 
X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para 
regular preços ou normalizar o abastecimento; 
 
O inciso XI trata dos consórcios públicos: 
 
XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo 
ou com entidade de sua Administração Pública indireta que 
envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos 
termos autorizados em contrato de consórcio público ou em 
convênio de cooperação; 
 
O inciso XII menciona contratações do SUS: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art23
 
 
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XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia 
de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), 
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive 
por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de 
absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles 
definidos no instrumento firmado para a transferência de 
tecnologia; 
 
O inciso XIII refere-se à contratação de profissionais para compor 
comissão de avaliação de critérios de técnica: 
 
XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão 
de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de 
profissional técnico de notória especialização; 
 
O inciso XIV prevê a possibilidade de dispensa para contratação de 
associação de pessoas com deficiência: 
 
XIV - para contratação de associação de pessoas com 
deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por 
órgão ou entidade da Administração Pública, para a prestação de 
serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o 
praticado no mercado e os serviços contratados sejam prestados 
exclusivamente por pessoas com deficiência; 
 
O inciso XV permite a dispensa de licitação para instituições com 
finalidade estatuária de apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, 
extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à 
inovação, bem como para a contratação de instituição dedicada à recuperação 
social da pessoa presa: 
 
XV- para contratação de instituição brasileira que tenha por 
finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de 
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, 
científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para gerir 
administrativa e financeiramente essas atividades, ou para 
contratação de instituição dedicada à recuperação social da 
 
 
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pessoa presa, desde que o contratado tenha inquestionável 
reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos; 
 
Finalmente, o inciso XVI prevê a aquisição de insumos estratégicos 
para a saúde: 
 
XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, 
de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação 
que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar 
órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação 
em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento 
institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, 
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à 
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam 
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, 
nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha sido 
criada para esse fim específico em data anterior à entrada em 
vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível 
com o praticado no mercado. 
 
d) Inexigibilidade: 
 
A inexigibilidade diferencia-se da dispensa pelo fato de nesta a 
licitação ser possível, enquanto que naquela ela é inviável. 
 
Para Ronny Charles Lopes de Torres (2021, p.389), a inexigibilidade 
se caracteriza pelos seguintes fundamentos: 
 
Sob esse prisma, a inexigibilidade se confunde com a verificação 
de existência do pressuposto jurídico da licitação (exigência de 
que a licitação seja apta a satisfazer o interesse da Administração 
– que difere de interesse do administrador, enquanto indivíduo). 
Assim, competição inviável não seria apenas aquela em que é 
impossível haver disputa, mas sim aquela em que a disputa 
ofereça obstáculos ao interesse pública, tornando sua realização 
inútil ou prejudicial, pelo confronto e contradição com aquilo que 
a justifica (o interesse público). 
 
 
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O art. 74 prevê os casos de inexigibilidade de licitação. São eles: 
 
Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em 
especial nos casos de: 
I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou 
contratação de serviços que só possam ser fornecidos por 
produtor, empresa ou representante comercial exclusivos; 
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou 
por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela 
crítica especializada ou pela opinião pública; 
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados 
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou 
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade 
para serviços de publicidade e divulgação: 
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos 
executivos; 
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; 
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou 
tributárias; 
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou 
serviços; 
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; 
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; 
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; 
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios 
de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de 
parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais 
serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste 
inciso; 
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de 
credenciamento; 
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de 
instalações e de localização tornem necessária sua escolha. 
§ 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, a 
Administração deverá demonstrar a inviabilidade de competição 
mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, 
declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de 
comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, 
empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a 
preferência por marca específica. 
 
 
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§ 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, 
considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que 
possua contrato, declaração, carta ou outro documento que 
ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, 
no País ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, 
afastada a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade 
por meio de empresário com representação restrita a evento ou 
local específico. 
§ 3º Para fins do disposto no inciso III do caput deste artigo, 
considera-se de notória especialização o profissional ou a 
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, 
decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência, 
publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou 
outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir 
que o seu trabalho é essencial e reconhecidamente adequado à 
plena satisfação do objeto do contrato. 
§ 4º Nas contratações com fundamento no inciso III do caput 
deste artigo, é vedada a subcontratação de empresas ou a 
atuação de profissionais distintos daqueles que tenham justificado 
a inexigibilidade. 
§ 5º Nas contratações com fundamento no inciso V do caput deste 
artigo, devem ser observados os seguintes requisitos: 
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos 
custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades 
de utilização, e do prazo de amortização dos investimentos; 
II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e 
disponíveis que atendam ao objeto; 
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser 
comprado ou locado pela Administração e que evidenciem 
vantagem para ela. 
 
De partida, cabe ressaltar que o caput do art. 74 deixa cristalino que 
o rol ali previsto é exemplificativo, ao se fazer valer da expressão “em especial”. 
Assim, outras situações que não aquelas elencadas nos incisos poderão ser 
fundamentadas no caput. Esse é um outro ponto que diferencia a dispensa da 
inexigibilidade, já que a dispensa apresenta rol taxativo. 
 
 
 
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O inciso I do art. 74 trata da hipótese de fornecedor exclusivo. A 
novidade está no fato de que a nova lei não restringe mais o fornecedor exclusivo 
ao fornecimento de bens. A NLL passou a admitir o fornecedor exclusivo na 
prestação também de serviços. Pela regra da Lei nº 8.666, de 1993, situações de 
prestadores de serviço exclusivos deveriam ser enquadradas no caput e não no 
inciso I do art. 25. 
 
Já o inciso II do art. 74 prevê a possibilidade de contratação de 
profissional do setor artístico por inexigibilidade. 
 
O inciso III do art. 74 elenca um rol de serviços técnicos 
especializados e que são inexigíveis. Nesse caso, além de enquadrar em um dos 
serviços técnicos especializados, faz-se necessário demonstrar a notória 
especialização do contratado e a natureza predominantemente intelectual do 
serviço. Merece destaque o fato de que o requisito da singularidade do serviço, 
presente na Lei nº 8.666, de 1993, não foi exigido pela nova Lei de Licitações e 
Contratos. 
 
O inciso III do art. 74 vedou expressamente a contratação por 
inexigibilidade de serviços de publicidade e divulgação. 
 
No que concerne à contratação de advogados por inexigibilidade, 
Reinaldo Belli (2020, p. 85) assevera que: 
 
Não é lícito promover licitação pública para contratação de 
Advogado. Se a entidade da Administração entender pertinente, 
ou estiver constitucionalmente obrigada, deve promover concurso 
público,única hipótese em que subsiste um julgamento objetivo 
de Advogados, mas contexto totalmente distinto em que não se 
está a contratar serviços, mas sim a recrutar pessoal. 
Mas sempre e em todas as vezes que entender pertinente 
constituir advogado particular para a prestação de serviços de 
 
 
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Advocacia, deve fazê-lo sem licitação. Nesta hipótese, só lhe será 
lícito depositar confiança em um profissional que ostente notória 
especialização. 
 
No que concerne especificamente aos municípios, Reinaldo Belli 
(2020, p. 114-115) é ainda mais enfático: 
 
Diferentemente da União, dos Estados e do Distrito Federal, os 
Municípios não estão constitucionalmente obrigados a constituir 
um corpo próprio de procuradoria jurídica municipal. (...) 
(...) sendo lícito que se delegue até mesmo integralmente a um 
escritório de Advocacia a atividade jurídica da Administração - 
embora não seja esta a organização administrativa mais 
desejável. 
 
Esse entendimento já foi, inclusive, avalizado pelo Egrégio Tribunal 
de Justiça do Estado de Minas Gerais: 
 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ORDINÁRIA - CONTRATO 
ADMINISTRATIVO - PRESTAÇÃO SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS 
-INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO - CLÁUSULA DE ÊXITO - 
ACORDO EXTRAJUDICIAL - HONORÁRIOS CONTRATUAIS - 
FIXAÇÃO -PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - 
ABATIMENTO - VALORES PAGOS - POSSIBILIDADE. 
- A inexigibilidade de licitação é uma das exceções à obrigação 
da Administração Pública de licitar, que se configura quando há 
inviabilidade de competição, ante a exclusiva qualidade reunida 
pelo contratado e a evidente confiança na prestação do serviço 
oferecido. 
- Nos termos da Lei nº 14.039/20, os serviços profissionais de 
advogado são, por sua natureza, técnicos e singulares, quando 
comprovada a notória especialização. 
- No caso dos autos, o contrato foi objeto de procedimento 
administrativo, devidamente aprovado pelo Município de Pouso 
Alegre, com valor e prazo de validade determinados, restando 
devidamente cumpridos os requisitos previstos para o 
procedimento de inexigibilidade de licitação estabelecido pela Lei 
nº 8.666/93 e Lei nº 14.133/21. 
 
 
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- Embora o benefício alcançado pelo ente municipal não tenha 
sido efetivado por meio de decisão judicial transitada em julgado, 
houve a devida prestação dos serviços advocatícios, sendo o 
pagamento e a celebração do acordo extrajudicial realizados 
enquanto os advogados eram mandatários da ação declaratória. 
- Considerando que o acordo extrajudicial foi celebrado pelo 
Procurador Geral do Município, sem interferência do escritório de 
advocacia autor, devem os advogados ser ressarcidos, mas 
respeitados os critérios de moderação, razoabilidade e 
proporcionalidade em relação ao serviço total. 
- Inexiste óbice ao abatimento dos valores efetivamente pagos 
pelo Município de Pouso Alegre ao longo do contrato, sob pena 
enriquecimento ilícito da sociedade de advogados autora. 
(TJMG. Ap. Cível nº 1.0000.22.109750-4/001, 5ª Câmara Cível, 
Rel. Des. CARLOS LEVENHAGEN, Data do julgamento: 
11/08/2022) 
 
O inciso IV do art. 74 da NLL prevê que os objetos que devam ou 
possam ser contratados por meio de credenciamento são inexigíveis. Afinal, no 
credenciamento todos os que atendam aos requisitos definidos pela 
Administração estarão aptos a executar o objeto. O credenciamento não se 
confunde com a inexigibilidade. O credenciamento é um procedimento auxiliar 
que permite a contratação direta por meio da inexigibilidade. 
 
Finalmente, no que toca ao inciso V do art. 74, tem-se que a 
aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de 
localização tornem necessária sua escolha como hipótese de inexigibilidade. Na 
Lei nº 8.666, de 1993, essa era uma hipótese de dispensa de licitação (art.24, 
X11). 
 
11 Art. 24, Lei nº 8.666/1993. É dispensável a licitação: 
(...) 
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da 
administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde 
que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; 
 
 
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PARTE VI - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
 
a) Formalização de contratos ou instrumentos equivalentes: 
 
Os contratos celebrados por órgãos da Administração Pública 
contemplam particularidades que os diferenciam dos contratos privados. Existem 
uma série de prerrogativas que o Poder Público possui que não seriam possíveis 
entre particulares. Por essa razão, o art. 89 da NLL salienta que os contratos 
regidos pela Lei 14.133, de 2021, são regulados pelos preceitos de direito público. 
Aplicam-se, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as 
disposições de direito privado. 
 
Maria Sylvia Zanella di Pietro (2019, n.p) elucida as distinções 
existentes entre um contrato da Administração e os contratos privados: 
 
A expressão contratos da Administração é utilizada, em 
sentido amplo, para abranger todos os contratos celebrados pela 
Administração Pública, seja sob regime de direito público, seja 
sob regime de direito privado. E a expressão contrato 
administrativo é reservada para designar tão somente os ajustes 
que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas 
físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de 
fins públicos, segundo regime jurídico de direito público. 
Costuma-se dizer que, nos contratos de direito privado, a 
Administração se nivela ao particular, caracterizando-se a relação 
jurídica pelo traço da horizontalidade e que, nos contratos 
administrativos, a Administração age como poder público, com 
todo o seu poder de império sobre o particular, caracterizando-se 
a relação jurídica pelo traço da verticalidade. 
(...) 
Sabe-se que o regime jurídico administrativo caracteriza-se 
por prerrogativas e sujeições; as primeiras conferem poderes à 
Administração, que a colocam em posição de supremacia sobre 
o particular; as sujeições são impostas como limites à atuação 
 
 
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administrativa, necessários para garantir o respeito às finalidades 
públicas e aos direitos dos cidadãos. 
(...) 
Já no que concerne às prerrogativas, as diferenças são maiores. 
São elas previstas por meio das chamadas cláusulas 
exorbitantes ou de privilégio ou de prerrogativa. 
Tais cláusulas podem ser definidas como aquelas que não são 
comuns ou que seriam ilícitas nos contratos entre particulares, por 
encerrarem prerrogativas ou privilégios de uma das partes em 
relação à outra. 
Algumas não são comuns nos contratos de direito privado, mas 
podem existir, desde que livremente pactuadas pelas partes, 
dentro do princípio da autonomia da vontade e desde que não 
haja ofensa a disposição expressa de lei. Tal é o caso das 
cláusulas que asseguram a uma das partes o poder de alterar 
unilateralmente o ajuste ou o de rescindi-lo, também 
unilateralmente, antes do prazo estabelecido, o de fiscalizar 
a execução do contrato, o de exigir caução. 
Outras cláusulas seriam ilícitas nos contratos entre particulares, 
porque dão a uma das partes poder de império, autoridade, de 
que é detentora apenas a Administração. É o caso das cláusulas 
que preveem aplicação de penalidades administrativas, a 
retomada da concessão, a responsabilização do contratado 
sem necessidade de recurso ao Poder Judiciário; em todos 
esses casos está presente a executoriedade, que constitui 
atributo de certos atos praticados pela Administração e que não 
seriam válidos quando conferidos ao particular. (grifos nossos) 
 
O foco, no presente trabalho, serão os contratos administrativos 
celebrados sob o regime de direito público, os quais gozam das prerrogativas 
previstas no art. 104 da NLL: 
 
Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei 
confere à Administração, em relação a eles, as prerrogativasde: 
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às 
finalidades de interesse público, respeitados os direitos do 
contratado; 
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta 
Lei; 
III - fiscalizar sua execução; 
 
 
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IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do 
ajuste; 
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar 
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses 
de: 
a) risco à prestação de serviços essenciais; 
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas 
contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do contrato. 
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos 
contratos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do 
contratado. 
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as 
cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas 
para que se mantenha o equilíbrio contratual. 
 
As cláusulas necessárias de todo contrato são aquelas previstas no 
art. 92 da NLL: 
 
Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que 
estabeleçam: 
I - o objeto e seus elementos característicos; 
II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante 
vencedor ou ao ato que tiver autorizado a contratação direta e à 
respectiva proposta; 
III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto 
aos casos omissos; 
IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento; 
V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-
base e a periodicidade do reajustamento de preços e os critérios 
de atualização monetária entre a data do adimplemento das 
obrigações e a do efetivo pagamento; 
VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, 
e o prazo para liquidação e para pagamento; 
VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, 
entrega, observação e recebimento definitivo, quando for o caso; 
VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da 
classificação funcional programática e da categoria econômica; 
IX - a matriz de risco, quando for o caso; 
X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de 
preços, quando for o caso; 
 
 
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XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do 
equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso; 
XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, 
quando exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo 
contratado no caso de antecipação de valores a título de 
pagamento; 
XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos 
mínimos estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas 
aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência técnica, 
quando for o caso; 
XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as 
penalidades cabíveis e os valores das multas e suas bases de 
cálculo; 
XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para 
conversão, quando for o caso; 
XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a 
execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por 
ele assumidas, todas as condições exigidas para a habilitação na 
licitação, ou para a qualificação, na contratação direta; 
XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de 
reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras normas 
específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da 
Previdência Social e para aprendiz; 
XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos 
definidos em regulamento; 
XIX - os casos de extinção. 
(...) 
§ 6º Nos contratos para serviços contínuos com regime de 
dedicação exclusiva de mão de obra ou com predominância 
de mão de obra, o prazo para resposta ao pedido de 
repactuação de preços será preferencialmente de 1 (um) mês, 
contado da data do fornecimento da documentação prevista no § 
6º do art. 135 desta Lei. (grifos nossos) 
 
Cumpre salientar que a nova Lei de Licitações e Contratos teve uma 
preocupação adicional, em comparação com o regramento anterior, quanto a 
prazos. Além de prever prazo para o pagamento, o contrato também deverá fixar 
prazo para a etapa de liquidação, para que a Administração responda eventuais 
pedidos de repactuação e de reequilíbrio econômico-financeiro formulados. No 
caso de contratos para serviços contínuos com dedicação exclusiva de mão de 
 
 
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obra ou com predominância de mão de obra, o prazo para resposta ao pedido de 
repactuação de preços será preferencialmente de um mês. 
 
No que tange ao reajustamento, prevê, ainda, o art. 92 que: 
 
Art. 92 (...) 
§ 3º Independentemente do prazo de duração, o contrato deverá 
conter cláusula que estabeleça o índice de reajustamento de 
preço, com data-base vinculada à data do orçamento 
estimado, e poderá ser estabelecido mais de um índice 
específico ou setorial, em conformidade com a realidade de 
mercado dos respectivos insumos. 
§ 4º Nos contratos de serviços contínuos, observado o 
interregno mínimo de 1 (um) ano, o critério de reajustamento de 
preços será por: 
I - reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime 
de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão 
de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais; 
II - repactuação, quando houver regime de dedicação 
exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra, 
mediante demonstração analítica da variação dos custos. 
(grifos nossos) 
 
Cabe observar que o a data-base estipulada para o marco inicial da 
contagem de prazo de 1 ano para o reajuste passou a ser, em regra, apenas a 
data do orçamento estimado, diferentemente do que previa a Lei nº 8.666, de 
199312, que trazia duas possibilidades: a data prevista para apresentação da 
proposta ou a data do orçamento a que essa proposta se referisse, em 
consonância com a Lei nº 10.192, de 200113. 
 
12 Art. 40, Lei nº 8.666, de 1993 (...) 
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a 
adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, 
ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; 
13 Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração Pública direta ou 
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou 
corrigidos monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no que com ela não 
conflitarem, da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. 
 
 
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Destaque-se, ainda, que o § 4º do inciso II do art. 92 precisa ser lido 
em conjunto com o art. 135, o qual dispõe que: 
 
Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos 
com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou com 
predominância de mão de obra serão repactuados para 
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, mediante 
demonstração analítica da variação dos custos contratuais, com 
data vinculada: 
I - à da apresentação da proposta, para custos decorrentes 
do mercado; 
II - ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao 
qual a proposta esteja vinculada, para os custos de mão de 
obra. 
§ 1º A Administração não se vinculará às disposições contidas em 
acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho que 
tratem de matéria não trabalhista, de pagamento de participação 
dos trabalhadores nos lucros ou resultados do contratado, ou que 
estabeleçam direitos não previstos em lei, como valores ou 
índices obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários, bem 
como de preços para os insumos relacionados ao exercício da 
atividade. 
§ 2º É vedado a órgão ou entidade contratante vincular-se às 
disposições previstas nos acordos, convenções ou dissídios 
coletivos de trabalho que tratem de obrigações e direitos que 
somente se aplicam aos contratos com a Administraçãodos 
Municípios, e abrange: 
I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e 
os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa; 
II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela 
Administração Pública. 
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e 
as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto 
no art. 178 desta Lei. 
(...) 
 
 
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nº 11.079, de 2004 (lei de parcerias público-privadas), e à Lei nº 12.232, de 29 de 
abril de 2010 (lei de contratação de publicidade), conforme art. 1862. 
 
d) Os Municípios e a regulamentação da Lei nº 14.133/2021: 
 
Ao aplicar os filtros nas palavras “regulamento” e “ato”, identificam-
se 52 menções ao primeiro e 4 ao último. Em alguns casos, a necessidade de 
regulamentar recai apenas sobre a União. Essa vasta necessidade de elaborar 
regulamentações certamente será um desafio a todos os entes federativos, 
especialmente para os municípios de menor porte. Talvez por essa razão, o 
legislador permitiu que os demais entes federativos adotassem os regulamentos 
da União (art. 1873). No entanto, há de se atentar para o fato de que a realidade 
enfrentada pela União tende a ser muito diversa em relação àquela 
experimentada pelos municípios, de modo que nem sempre a adoção de 
regulamentos federais, de forma acrítica, será a melhor saída. 
 
No quadro abaixo, foram relacionados os dispositivos que 
expressamente fazem alusão à necessidade de regulamentação: 
 
 
Regulamentação da Lei 14.133/2021 
 
Dispositivo legal Comentário 
Art. 1º 
(...) 
§ 2º As contratações realizadas no âmbito das 
repartições públicas sediadas no exterior 
obedecerão às peculiaridades locais e aos 
princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na 
Não se aplica aos 
municípios. 
 
 
2 Art. 186. Aplicam-se as disposições desta Lei subsidiariamente à Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro 
de 1995, à Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e à Lei nº 12.232, de 29 de abril de 2010. 
3 Art. 187. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão aplicar os regulamentos 
editados pela União para execução desta Lei. 
 
 
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forma de regulamentação específica a ser 
editada por ministro de Estado. 
(...) 
§ 5º As contratações relativas à gestão, direta e 
indireta, das reservas internacionais do País, 
inclusive as de serviços conexos ou acessórios a 
essa atividade, serão disciplinadas em ato 
normativo próprio do Banco Central do Brasil, 
assegurada a observância dos princípios 
estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição 
Federal. 
 
Art. 8º 
(...) 
§ 3º As regras relativas à atuação do agente de 
contratação e da equipe de apoio, ao 
funcionamento da comissão de contratação e à 
atuação de fiscais e gestores de contratos de que 
trata esta Lei serão estabelecidas em 
regulamento, e deverá ser prevista a 
possibilidade de eles contarem com o apoio dos 
órgãos de assessoramento jurídico e de controle 
interno para o desempenho das funções 
essenciais à execução do disposto nesta Lei. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 12 
(...) 
VII - a partir de documentos de formalização de 
demandas, os órgãos responsáveis pelo 
planejamento de cada ente federativo poderão, na 
forma de regulamento, elaborar plano de 
contratações anual, com o objetivo de racionalizar 
as contratações dos órgãos e entidades sob sua 
competência, garantir o alinhamento com o seu 
planejamento estratégico e subsidiar a elaboração 
das respectivas leis orçamentárias. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 19. Os órgãos da Administração com 
competências regulamentares relativas às 
atividades de administração de materiais, de obras 
e serviços e de licitações e contratos deverão: 
I - instituir instrumentos que permitam, 
preferencialmente, a centralização dos 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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procedimentos de aquisição e contratação de bens 
e serviços; 
II - criar catálogo eletrônico de padronização de 
compras, serviços e obras, admitida a adoção do 
catálogo do Poder Executivo federal por todos os 
entes federativos; 
III - instituir sistema informatizado de 
acompanhamento de obras, inclusive com 
recursos de imagem e vídeo; 
IV - instituir, com auxílio dos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno, 
modelos de minutas de editais, de termos de 
referência, de contratos padronizados e de outros 
documentos, admitida a adoção das minutas do 
Poder Executivo federal por todos os entes 
federativos; 
V - promover a adoção gradativa de tecnologias e 
processos integrados que permitam a criação, a 
utilização e a atualização de modelos digitais de 
obras e serviços de engenharia. 
§ 1º O catálogo referido no inciso II do caput deste 
artigo poderá ser utilizado em licitações cujo 
critério de julgamento seja o de menor preço ou o 
de maior desconto e conterá toda a documentação 
e os procedimentos próprios da fase interna de 
licitações, assim como as especificações dos 
respectivos objetos, conforme disposto em 
regulamento. 
§ 2º A não utilização do catálogo eletrônico de 
padronização de que trata o inciso II do caput ou 
dos modelos de minutas de que trata o inciso IV 
do caput deste artigo deverá ser justificada por 
escrito e anexada ao respectivo processo 
licitatório. 
§ 3º Nas licitações de obras e serviços de 
engenharia e arquitetura, sempre que adequada 
ao objeto da licitação, será preferencialmente 
adotada a Modelagem da Informação da 
Construção (Building Information Modelling - 
BIM) ou tecnologias e processos integrados 
similares ou mais avançados que venham a 
substituí-la. 
Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir 
as demandas das estruturas da Administração 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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Pública deverão ser de qualidade comum, não 
superior à necessária para cumprir as finalidades 
às quais se destinam, vedada a aquisição de 
artigos de luxo. 
§ 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário 
definirão em regulamento os limites para o 
enquadramento dos bens de consumo nas 
categorias comum e luxo. 
§ 2º A partir de 180 (cento e oitenta) dias contados 
da promulgação desta Lei, novas compras de bens 
de consumo só poderão ser efetivadas com a 
edição, pela autoridade competente, do 
regulamento a que se refere o § 1º deste artigo. 
 
Art. 23. O valor previamente estimado da 
contratação deverá ser compatível com os valores 
praticados pelo mercado, considerados os preços 
constantes de bancos de dados públicos e as 
quantidades a serem contratadas, observadas a 
potencial economia de escala e as peculiaridades 
do local de execução do objeto. 
§ 1º No processo licitatório para aquisição de bens 
e contratação de serviços em geral, conforme 
regulamento, o valor estimado será definido com 
base no melhor preço aferido por meio da 
utilização dos seguintes parâmetros, adotados de 
forma combinada ou não: 
I - composição de custos unitários menores ou 
iguais à mediana do item correspondente no painel 
para consulta de preços ou no banco de preços em 
saúde disponíveis no Portal Nacional de 
Contratações Públicas (PNCP); 
II - contratações similares feitas pela 
Administração Pública, em execução ou 
concluídas no período de 1 (um) ano anterior à 
data da pesquisa de preços, inclusive mediante 
sistema de registro de preços, observado o índice 
de atualização de preços correspondente; 
III - utilização de dados de pesquisa publicada em 
mídia especializada, de tabela de referência 
formalmente aprovada pelo Poder Executivo 
federal e de sítios eletrônicos especializados ou de 
domínio amplo, desde que contenham a data e 
hora de acesso; 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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IV - pesquisa direta com no mínimo 3 (três) 
fornecedores, mediante solicitação formal de 
cotação, desde que sejaPública. 
§ 3º A repactuação deverá observar o interregno mínimo de 1 
(um) ano, contado da data da apresentação da proposta ou 
da data da última repactuação. 
§ 4º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas 
quantas forem necessárias, observado o princípio da 
anualidade do reajuste de preços da contratação, podendo ser 
realizada em momentos distintos para discutir a variação de 
custos que tenham sua anualidade resultante em datas 
diferenciadas, como os decorrentes de mão de obra e os 
decorrentes dos insumos necessários à execução dos serviços. 
 
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo será contada a partir da 
data limite para apresentação da proposta ou do orçamento a que essa se referir. 
 
 
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§ 5º Quando a contratação envolver mais de uma categoria 
profissional, a repactuação a que se refere o inciso II do caput 
deste artigo poderá ser dividida em tantos quantos forem os 
acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho das 
categorias envolvidas na contratação. 
§ 6º A repactuação será precedida de solicitação do 
contratado, acompanhada de demonstração analítica da 
variação dos custos, por meio de apresentação da planilha de 
custos e formação de preços, ou do novo acordo, convenção ou 
sentença normativa que fundamenta a repactuação. (grifos 
nossos) 
 
 Pela literalidade da lei, não há previsão, para os contratos de 
serviços contínuos com dedicação exclusiva de mão de obra, a possibilidade de 
o reajuste ser feito por índices para materiais, como era usualmente feito, 
passando a exigir toda uma demonstração analítica da variação dos custos por 
meio da repactuação. No entanto, o art. 135 prevê que os custos decorrentes do 
mercado, como é o caso dos insumos, terão sua anualidade contada a partir da 
data da apresentação da proposta, e não da data do orçamento. 
 
Quanto à forma, o contrato administrativo deverá, em regra ser 
escrito, sendo nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, 
salvo o de pequenas compras ou o de prestação de serviços de pronto 
pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a dez mil reais (art. 
91, caput, c/c §2º do art. 95). 
 
Uma rotina importante antes de formalizar ou prorrogar a vigência 
dos contratos é aquela prevista no § 4º do art. 91, que impõe que a Administração 
verifique a regularidade fiscal do contratado, consulte o Cadastro Nacional de 
Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e o Cadastro Nacional de Empresas 
Punidas (Cnep), emita as certidões negativas de inidoneidade, de impedimento e 
de débitos trabalhistas e junte-as ao respectivo processo. 
 
 
 
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A Administração convocará o licitante vencedor para assinar o termo 
de contrato ou para aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo 
e nas condições estabelecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito 
à contratação, sem prejuízo das sanções previstas na Lei 14.133, de 2021. 
 
Quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar 
ou não retirar o instrumento equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, 
será facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem 
de classificação, para a celebração do contrato nas condições propostas pelo 
licitante vencedor. Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação, a 
Administração, observados o valor estimado e sua eventual atualização nos 
termos do edital, poderá convocar os licitantes remanescentes para negociação, 
na ordem de classificação, com vistas à obtenção de preço melhor, mesmo que 
acima do preço do adjudicatário. Frustrada a negociação, poderá adjudicar e 
celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos licitantes remanescentes. 
Também será possível a convocação dos demais licitantes classificados para a 
contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em 
consequência de rescisão contratual, observados os mesmos critérios. 
 
O instrumento de contrato pode ser substituído por outro instrumento 
hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra 
ou ordem de execução de serviço, nos casos de dispensa de licitação em razão 
de valor, ou em se tratando de compras com entrega imediata e integral dos bens 
adquiridos e dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive quanto a 
assistência técnica, independentemente de seu valor. 
 
No que concerne à publicidade do contrato e seus aditivos, a NLL 
previu que ele será divulgado no PNCP, nos seguintes prazos: 
 
 
 
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Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas 
(PNCP) é condição indispensável para a eficácia do contrato e de 
seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, 
contados da data de sua assinatura: 
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; 
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta. 
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia 
a partir de sua assinatura e deverão ser publicados nos prazos 
previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena de 
nulidade. 
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando 
referente à contratação de profissional do setor artístico por 
inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista, 
dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da 
hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das 
demais despesas específicas. 
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio 
eletrônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias úteis após a 
assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e 
totais que contratar e, em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após 
a conclusão do contrato, os quantitativos executados e os preços 
praticados. 
 
b) Vigência: 
 
Grande novidade trouxe a NLL quanto à vigência dos contratos: a 
possibilidade de prorrogação dos contratos de serviço e fornecimento contínuos 
por até 10 anos. A vigência inicial poderá ser fixada, de imediato, por até 5 anos, 
desde que se ateste a maior vantagem econômica em razão da contratação 
plurianual. Confira-se: 
 
Art. 105. A duração dos contratos regidos por esta Lei será a 
prevista em edital, e deverão ser observadas, no momento da 
contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de 
créditos orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual, 
quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro. 
 
 
 
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Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com 
prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços e 
fornecimentos contínuos, observadas as seguintes diretrizes: 
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante 
deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em 
razão da contratação plurianual; 
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e 
de cada exercício, a existência de créditos orçamentários 
vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção; 
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem 
ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários para sua 
continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe 
oferece vantagem. 
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo 
ocorrerá apenas na próxima data de aniversário do contrato e não 
poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da 
referida data. 
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos 
e à utilização de programas de informática. (grifos nossos) 
 
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos 
poderão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a 
vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e 
que a autoridade competente ateste que as condições e os preços 
permanecem vantajosos para a Administração, permitida a 
negociação com o contratado ou a extinção contratualsem ônus 
para qualquer das partes. (grifos nossos) 
 
O que são contratos de serviços e fornecimentos contínuos? O 
inciso XV do art. 6º cuida de defini-los: 
 
XV - serviços e fornecimentos contínuos: serviços contratados e 
compras realizadas pela Administração Pública para a 
manutenção da atividade administrativa, decorrentes de 
necessidades permanentes ou prolongadas; 
 
O art. 108 da NLL prevê que a Administração poderá celebrar 
contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas seguintes hipóteses: 
 
 
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• bens ou serviços produzidos ou prestados no País que 
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica 
e defesa nacional (art. 75, IV, “f”); 
• materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de 
materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver 
necessidade de manter a padronização requerida pela 
estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e 
terrestres, mediante autorização por ato do comandante da 
força militar (art. 75, IV, “g”); 
• para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos 
arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro 
de 200414, observados os princípios gerais de contratação 
constantes da referida Lei (art. 75, V); 
• para contratação que possa acarretar comprometimento da 
segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro 
de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das 
Forças Armadas ou dos demais ministérios (art. 75, VI); 
• para contratação em que houver transferência de tecnologia 
de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde 
(SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do 
SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos 
durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores 
compatíveis com aqueles definidos no instrumento firmado 
para a transferência de tecnologia (art. 75, XII); 
• para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, 
de insumos estratégicos para a saúde produzidos por 
fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por 
 
14 A Lei nº 10.973, de 2004, dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e 
tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. 
 
 
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finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua 
autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, 
extensão, desenvolvimento institucional, científico e 
tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão 
administrativa e financeira necessária à execução desses 
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de 
tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos 
do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha sido criada 
para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor 
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com 
o praticado no mercado (art. 75, XVI). 
 
Outra novidade da lei foi a previsão expressa, no art. 109, de que a 
Administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos 
contratos em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de 
monopólio, desde que comprovada, a cada exercício financeiro, a existência de 
créditos orçamentários vinculados à contratação. Alguns exemplos passíveis de 
enquadramento seriam a contratação de luz, água e esgoto, correios, desde que 
efetivamente se trate de um monopólio. 
 
No caso de contrato de eficiência15, cujo objeto é a prestação de 
serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o 
objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de 
despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da 
economia gerada, o art. 110 da NLL prevê as seguintes possibilidades de 
vigência: 
 
 
15 Vide art. 6º, LIII, da NLL. 
 
 
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Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de 
eficiência que gere economia para a Administração, os prazos 
serão de: 
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento; 
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, 
assim considerados aqueles que impliquem a elaboração de 
benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas 
do contratado, que serão revertidas ao patrimônio da 
Administração Pública ao término do contrato. 
 
A lei também passou a tratar dos contratos por escopo, cuja vigência 
somente findará com a conclusão do objeto, a saber: 
 
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo 
predefinido, o prazo de vigência será automaticamente 
prorrogado quando seu objeto não for concluído no período 
firmado no contrato. 
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do 
contratado: 
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as 
respectivas sanções administrativas; 
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, 
nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para a 
continuidade da execução contratual. 
 
O inciso XVII do art. 6º define contrato por escopo: 
 
XVII - serviços não contínuos ou contratados por escopo: aqueles 
que impõem ao contratado o dever de realizar a prestação de um 
serviço específico em período predeterminado, podendo ser 
prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo necessário à 
conclusão do objeto; 
 
O art. 113 da NLL estabelece que contrato firmado sob o regime de 
fornecimento e prestação de serviço associado16 terá sua vigência máxima 
 
16 Art. 6º (...) 
 
 
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definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra 
com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado a 5 
(cinco) anos contados da data de recebimento do objeto inicial, autorizada a 
prorrogação decenal, na forma do art. 107 da Lei 14.133, de 2021. 
 
Conforme disposto no art. 114 da NLL, o contrato que previr a 
operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação 
poderá ter vigência máxima de 15 anos. O Decreto federal nº 10.540, de 2020, 
que dispõe sobre o padrão mínimo de qualidade do Sistema Único e Integrado de 
Execução Orçamentária, Administração Financeira e Controle, o qual é conhecido 
pela sigla SIAFIC, trata dos sistemas estruturantes. No inciso XIX do art. 2º do 
referido decreto, fica definido sistema estruturante como: 
 
Art. 2º (...) 
XIX - sistema estruturante - sistema com suporte de tecnologia da 
informação fundamental e imprescindível para o planejamento, a 
coordenação, a execução, a descentralização, a delegação de 
competência, o controle ou a auditoria das ações do Estado, além 
de outras atividades auxiliares, comum a dois ou mais órgãos da 
administração pública e que necessite de coordenação central. 
 
Os sistemas estruturantes possuem dados que podem afetar as 
informações orçamentárias, contábeis e fiscais, tais como controle patrimonial, 
arrecadação, contratações públicas, dentre outras. 
 
c) Garantia contratual: 
 
 
XXXIV - fornecimento e prestação de serviço associado: regime de contratação em que, além do 
fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua operação, manutenção ou ambas, 
por tempo determinado; 
 
 
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A exigência de garantia contratual é uma faculdade do gestor, 
devendo ser avaliada no caso concreto. Caso entenda pela sua necessidade, o 
art. 96 da NLL determina que haja previsão no edital. 
 
São modalidades de garantia: 
• caução em dinheiro; 
• títulos da dívida pública emitidos sob a forma escritural, 
mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de 
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados 
por seus valores econômicos, conforme definido pelo 
Ministério da Economia; 
• seguro-garantia; 
• fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira 
devidamente autorizada a operar no País pelo Banco Central 
do Brasil. 
 
O edital fixará prazo mínimo de um mês, contado da data de 
homologaçãoda licitação e anterior à assinatura do contrato, para a prestação da 
garantia pelo contratado quando optar pela modalidade seguro-garantia. 
 
O prazo de vigência da apólice será igual ou superior ao prazo 
estabelecido no contrato principal e deverá acompanhar as modificações 
referentes à vigência deste mediante a emissão do respectivo endosso pela 
seguradora. 
 
O seguro-garantia continuará em vigor mesmo se o contratado não 
tiver pago o prêmio nas datas convencionadas. 
 
 
 
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Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia 
poderá ser de até 5% (cinco por cento) do valor inicial do contrato, autorizada a 
majoração desse percentual para até 10% (dez por cento), desde que justificada 
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos. 
 
Nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande 
vulto17, poderá ser exigida a prestação de garantia, na modalidade seguro-
garantia, com cláusula de retomada prevista no art. 102 da Lei nº 14.133, de 2021, 
em percentual equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato. 
O art. 102 da NLL dispõe que: 
 
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o 
edital poderá exigir a prestação da garantia na modalidade 
seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso 
de inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e 
concluir o objeto do contrato, hipótese em que: 
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, 
como interveniente anuente e poderá: 
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato 
principal; 
b) acompanhar a execução do contrato principal; 
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil; 
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou 
pelo fornecimento; 
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem 
ela indicar para a conclusão do contrato, será autorizada desde 
que demonstrada sua regularidade fiscal; 
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, 
total ou parcialmente. 
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do contratado, 
serão observadas as seguintes disposições: 
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, 
estará isenta da obrigação de pagar a importância segurada 
indicada na apólice; 
 
17 Art. 6º (...) 
XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 
200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); 
 
 
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II - caso a seguradora não assuma a execução do contrato, 
pagará a integralidade da importância segurada indicada na 
apólice. 
 
A previsão da cláusula de retomada para as licitações em geral é 
certamente uma importante inovação da lei. 
 
d) Alocação de riscos: 
 
A nova Lei de Licitações e Contratos passou a prever, 
expressamente, a possibilidade de a Administração fixar, no contrato, uma matriz 
de alocação de riscos, especificando quais riscos correm por conta do contratado 
e quais ficam alocados com a Administração. 
 
Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras serão 
preferencialmente transferidos ao contratado. 
 
Essa medida é relevante, pois permite que os riscos contratuais 
sejam quantificados, o que se reflete no valor estimado da contratação. 
 
Com base na matriz de alocação de riscos, será definido o equilíbrio 
econômico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos supervenientes. 
 
A alocação de riscos não prejudicará os pedidos de 
restabelecimento de equilíbrio econômico-financeiro quanto às alterações 
unilaterais determinadas pela Administração, nem quanto ao aumento ou à 
redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo 
contratado em decorrência do contrato. 
 
e) Execução, gestão e fiscalização contratual: 
 
 
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O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo 
com as cláusulas avençadas e as normas da Lei 14.133, de 2021. 
 
A Administração não pode retardar imotivadamente a execução de 
obra ou serviço, ou de suas parcelas. A nova Lei de Licitações e Contratos 
ressalta, ainda, que nem mesmo a posse do respectivo chefe do Poder Executivo 
ou de novo titular no órgão ou entidade contratante são hipóteses aptas a justificar 
esse retardamento. 
 
Nas contratações de obras e serviços de engenharia, sempre que a 
responsabilidade pelo licenciamento ambiental for da Administração, a 
manifestação prévia ou licença prévia, quando cabíveis, deverão ser obtidas 
antes da divulgação do edital. 
 
Em caso de impedimento, ordem de paralisação ou suspensão do 
contrato, o cronograma de execução será prorrogado automaticamente pelo 
tempo correspondente, anotadas tais circunstâncias mediante simples apostila. 
Em se tratando de obras, a paralisação por mais de um mês, dará origem à 
obrigação de a Administração divulgar, em sítio eletrônico oficial e em placa a ser 
afixada em local da obra de fácil visualização pelos cidadãos, um aviso público de 
obra paralisada, com o motivo e o responsável pela inexecução temporária do 
objeto do contrato e a data prevista para o reinício da sua execução. 
 
Conforme previsto no art. 116, ao longo de toda a execução do 
contrato, o contratado deverá cumprir a reserva de cargos prevista em lei para 
pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz, 
bem como as reservas de cargos previstas em outras normas específicas. 
 
 
 
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No que concerne à fiscalização, o ar. 117 da NLL dispõe que: 
 
Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e 
fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, 
representantes da Administração especialmente designados 
conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos 
respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros para 
assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa 
atribuição. 
§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as 
ocorrências relacionadas à execução do contrato, determinando 
o que for necessário para a regularização das faltas ou dos 
defeitos observados. 
§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo 
hábil para a adoção das medidas convenientes, a situação que 
demandar decisão ou providência que ultrapasse sua 
competência. 
§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de 
assessoramento jurídico e de controle interno da 
Administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com 
informações relevantes para prevenir riscos na execução 
contratual. 
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput 
deste artigo, deverão ser observadas as seguintes regras: 
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá 
responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão 
das informações prestadas, firmará termo de compromisso de 
confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria e 
exclusiva de fiscal de contrato; 
II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o 
fiscal do contrato, nos limites das informações recebidas do 
terceiro contratado. 
 
O contratado deverá manter preposto aceito pela Administração no 
local da obra ou do serviço para representá-lo na execução do contrato. 
 
O contratado será obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir 
ou substituir, a suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que 
 
 
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se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes de sua execução ou de 
materiais nela empregados. 
 
O art. 121, na linha do disposto na Súmula nº 331 do TST18, 
reconhece a responsabilidade trabalhista da Administração Pública de forma 
subsidiária e desde que reste comprovada a falha na obrigação de fiscalizar os 
contratos de serviços contínuos com dedicação de mão de obra, a saber: 
 
Art. 121. Somente o contratado será responsávelpelos encargos 
trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da 
execução do contrato. 
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos 
trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à 
Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não 
poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a regularização 
e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro 
de imóveis, ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo. 
 
18 Súmula nº 331 do TST: 
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e 
inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo 
diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 
03.01.1974). 
 II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de 
emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da 
CF/1988). 
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 
7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados 
ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação 
direta. 
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a 
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja 
participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. 
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem 
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta 
culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na 
fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço 
como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das 
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. 
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes 
da condenação referentes ao período da prestação laboral. (grifos nossos) 
 
 
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§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos 
com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a 
Administração responderá solidariamente pelos encargos 
previdenciários e subsidiariamente pelos encargos 
trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do 
cumprimento das obrigações do contratado. 
§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de 
dedicação exclusiva de mão de obra, para assegurar o 
cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a 
Administração, mediante disposição em edital ou em contrato, 
poderá, entre outras medidas: 
I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-
garantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas; 
II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das 
obrigações trabalhistas vencidas relativas ao contrato; 
III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada; 
IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o 
pagamento das verbas trabalhistas, que serão deduzidas do 
pagamento devido ao contratado; 
V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo 
terceiro salário, a ausências legais e a verbas rescisórias dos 
empregados do contratado que participarem da execução dos 
serviços contratados serão pagos pelo contratante ao contratado 
somente na ocorrência do fato gerador. 
§ 4º Os valores depositados na conta vinculada a que se refere o 
inciso III do § 3º deste artigo são absolutamente impenhoráveis. 
§ 5º O recolhimento das contribuições previdenciárias observará 
o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. 
(grifos nossos) 
 
Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação 
exclusiva de mão de obra, em se tratando de encargos previdenciários, a 
Administração responderá solidariamente, se comprovada falha na fiscalização 
do cumprimento das obrigações do contratado. 
 
f) Recebimento, empenho, liquidação e pagamento: 
 
 
 
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O recebimento do objeto será feito, incialmente, de forma provisória 
e, posteriormente, de forma definitiva, nos termos do art. 140 da NLL: 
 
Art. 140. O objeto do contrato será recebido: 
I - em se tratando de obras e serviços: 
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento 
e fiscalização, mediante termo detalhado, quando verificado o 
cumprimento das exigências de caráter técnico; 
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela 
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove 
o atendimento das exigências contratuais; 
II - em se tratando de compras: 
a) provisoriamente, de forma sumária, pelo responsável por seu 
acompanhamento e fiscalização, com verificação posterior da 
conformidade do material com as exigências contratuais; 
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela 
autoridade competente, mediante termo detalhado que comprove 
o atendimento das exigências contratuais. 
§ 1º O objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em 
parte, quando estiver em desacordo com o contrato. 
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não excluirá a 
responsabilidade civil pela solidez e pela segurança da obra ou 
serviço nem a responsabilidade ético-profissional pela perfeita 
execução do contrato, nos limites estabelecidos pela lei ou pelo 
contrato. 
§ 3º Os prazos e os métodos para a realização dos 
recebimentos provisório e definitivo serão definidos em 
regulamento ou no contrato. 
§ 4º Salvo disposição em contrário constante do edital ou de ato 
normativo, os ensaios, os testes e as demais provas para aferição 
da boa execução do objeto do contrato exigidos por normas 
técnicas oficiais correrão por conta do contratado. 
§ 5º Em se tratando de projeto de obra, o recebimento definitivo 
pela Administração não eximirá o projetista ou o consultor da 
responsabilidade objetiva por todos os danos causados por falha 
de projeto. 
§ 6º Em se tratando de obra, o recebimento definitivo pela 
Administração não eximirá o contratado, pelo prazo mínimo de 5 
(cinco) anos, admitida a previsão de prazo de garantia superior 
no edital e no contrato, da responsabilidade objetiva pela solidez 
e pela segurança dos materiais e dos serviços executados e pela 
 
 
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funcionalidade da construção, da reforma, da recuperação ou da 
ampliação do bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou 
incorreção identificados, o contratado ficará responsável pela 
reparação, pela correção, pela reconstrução ou pela substituição 
necessárias. 
 
Destaque-se que o contrato ou o regulamento deverá fixar os prazos 
e os métodos para a realização dos recebimentos provisório e definitivo. 
 
No que tange ao pagamento, a Administração deverá observar a 
ordem cronológica para cada fonte diferenciada de recursos, subdividida nas 
seguintes categorias de contratos: 
• fornecimento de bens; 
• locações; 
• prestação de serviços; 
• realização de obras. 
 
A ordem cronológica poderá ser alterada, mediante prévia 
justificativa da autoridade competente e posterior comunicação ao órgão de 
controle interno da Administração e ao tribunal de contas competente, 
exclusivamente nas seguintes situações: 
• grave perturbação da ordem, situação de emergência ou 
calamidade pública; 
• pagamento a microempresa, empresa de pequeno porte, 
agricultor familiar, produtor rural pessoa física, 
microempreendedor individual e sociedade cooperativa, 
desde que demonstrado o risco de descontinuidade do 
cumprimento do objeto do contrato; 
• pagamento de serviços necessários ao funcionamento dos 
sistemas estruturantes, desde que demonstrado o risco de 
descontinuidadedo cumprimento do objeto do contrato; 
 
 
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• pagamento de direitos oriundos de contratos em caso de 
falência, recuperação judicial ou dissolução da empresa 
contratada; 
• pagamento de contrato cujo objeto seja imprescindível para 
assegurar a integridade do patrimônio público ou para manter 
o funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou 
entidade, quando demonstrado o risco de descontinuidade da 
prestação de serviço público de relevância ou o cumprimento 
da missão institucional. 
 
A inobservância imotivada da ordem cronológica ensejará a 
apuração de responsabilidade do agente responsável, cabendo aos órgãos de 
controle a sua fiscalização. 
 
O órgão ou entidade deverá disponibilizar, mensalmente, em seção 
específica de acesso à informação em seu sítio na internet, a ordem cronológica 
de seus pagamentos, bem como as justificativas que fundamentarem a eventual 
alteração dessa ordem. 
 
Esclareça-se que a Lei federal nº 4.320, de 1964, previu 3 etapas 
para a despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. 
 
Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (2020, p. 68) ensina que o 
pagamento somente ocorre após os recursos terem sido empenhados e depois 
da liquidação e atesto pelo gestor. Sobre a diferença entre liquidação, atesto e 
pagamento, esmiúça o autor o conteúdo de cada um deles (JACOBY 
FERNANDES, 2020, p. 68-70): 
 
O termo liquidação corresponde, aproximadamente, ao sentido 
empregado na legislação processual, e consiste em um 
 
 
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procedimento administrativo interno do órgão, com a finalidade de 
aferir o efetivo cumprimento da obrigação e determinar com 
precisão o valor devido, tendo por base os documentos 
comprobatórios. (...) 
Já o atesto de uma fatura, pode ou não corresponder à liquidação 
do débito. Tecnicamente, atestar uma fatura é da competência de 
outro agente da Administração - o gesto do contrato, agente 
especialmente designado para acompanhar e fiscalizar o 
contrato. 
(...) 
Caberá ao ordenador, após liquidar a despesa, proceder ao 
pagamento, exarando o despacho para a expedição da ordem 
bancária, nos moldes da Lei nº 4.320/1964. 
 
Por oportuno, reproduzem-se alguns dispositivos da Lei º 4.320, de 
1964, que possuem relação com a matéria tratada: 
 
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade 
competente que cria para o Estado obrigação de pagamento 
pendente ou não de implemento de condição. 
 
Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio 
empenho. 
§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será 
dispensada a emissão da nota de empenho. 
§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo 
montante não se possa determinar. 
§ 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e 
outras, sujeitas a parcelamento. 
 
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento 
denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, 
a representação e a importância da despesa bem como a 
dedução desta do saldo da dotação própria. 
 
Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando 
ordenado após sua regular liquidação. 
 
 
 
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Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do 
direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e 
documentos comprobatórios do respectivo crédito. 
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar: 
I - a origem e o objeto do que se deve pagar; 
II - a importância exata a pagar; 
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a 
obrigação. 
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços 
prestados terá por base: 
I - o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo; 
II - a nota de empenho; 
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação 
efetiva do serviço. 
 
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por 
autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. 
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada 
em documentos processados pelos serviços de contabilidade. 
 
Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou 
pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos 
bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de 
adiantamento. 
(grifos nossos) 
 
O art. 146 da NLL determina que, no ato de liquidação da despesa, 
os serviços de contabilidade comunicarão aos órgãos da administração tributária 
as características da despesa e os valores pagos, conforme o disposto no art. 63 
da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. 
 
Já o art. 143 da NLL estabelece que, no caso de controvérsia sobre 
a execução do objeto, quanto à dimensão, qualidade e quantidade, a parcela 
incontroversa deverá ser liberada no prazo previsto para pagamento. 
 
Por sua vez, o art. 145 da NLL veda o pagamento antecipado, seja 
ele parcial ou total, relativo a parcelas contratuais vinculadas ao fornecimento de 
 
 
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bens, à execução de obras ou à prestação de serviços. Contudo, seu §1º admite 
a antecipação de pagamento, excepcionalmente, somente se propiciar sensível 
economia de recursos ou se representar condição indispensável para a obtenção 
do bem ou para a prestação do serviço, hipótese que deverá ser previamente 
justificada no processo licitatório e expressamente prevista no edital de licitação 
ou instrumento formal de contratação direta. Nesse caso, a Administração poderá 
exigir a prestação de garantia adicional como condição para o pagamento 
antecipado. 
 
g) Alteração dos contratos: 
 
O art. 124 da NLL prevê a possibilidade de alteração dos contratos, 
tanto de forma unilateral, quanto por acordo entre as partes, nos seguintes termos: 
 
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, 
com as devidas justificativas, nos seguintes casos: 
I - unilateralmente pela Administração: 
a) quando houver modificação do projeto ou das 
especificações, para melhor adequação técnica a seus 
objetivos; 
b) quando for necessária a modificação do valor contratual em 
decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu 
objeto, nos limites permitidos por esta Lei; 
II - por acordo entre as partes: 
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; 
b) quando necessária a modificação do regime de execução da 
obra ou do serviço, bem como do modo de fornecimento, em face 
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais 
originários; 
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento 
por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor 
inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em 
relação ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente 
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra 
ou serviço; 
 
 
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d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial 
do contrato em caso de força maior, caso fortuito ou fato do 
príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis 
de consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do 
contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a 
repartição objetiva de risco estabelecida no contrato. 
§ 1º Se forem decorrentes de falhas de projeto, as alterações de 
contratos de obras e serviços de engenharia ensejarão apuração 
de responsabilidade do responsável técnico e adoção das 
providências necessárias para o ressarcimento dos danos 
causados à Administração. 
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso II do caput 
deste artigo às contratações de obras e serviços de engenharia, 
quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de 
procedimentos de desapropriação, desocupação, servidão 
administrativa ou licenciamento ambiental, por circunstâncias 
alheias ao contratado. (grifos nossos) 
 
Nas alterações unilaterais, o contratado será obrigado a aceitar, nas 
mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões deaté 25% do valor 
inicial atualizado do contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas 
compras, e, no caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para os 
acréscimos será de 50%. 
 
Nada obstante, é imperioso destacar que as alterações unilaterais 
não podem transfigurar o objeto da contratação. 
 
Nas alterações contratuais para supressão de obras, bens ou 
serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e os colocado no local 
dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos de 
aquisição regularmente comprovados e monetariamente reajustados, podendo 
caber indenização por outros danos eventualmente decorrentes da supressão, 
desde que regularmente comprovados. 
 
 
 
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Caso haja alteração unilateral do contrato que aumente ou diminua 
os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, no mesmo 
termo aditivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial. 
 
A extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento 
do desequilíbrio econômico-financeiro, hipótese em que será concedida 
indenização por meio de termo indenizatório. No entanto, o pedido de 
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado 
durante a vigência do contrato e antes de eventual prorrogação. 
 
A formalização do termo aditivo é condição para a execução, pelo 
contratado, das prestações determinadas pela Administração no curso da 
execução do contrato, salvo nos casos de justificada necessidade de antecipação 
de seus efeitos, hipótese em que a formalização deverá ocorrer no prazo máximo 
de 1 mês. 
 
Os registros que não caracterizam alteração do contrato podem ser 
realizados por simples apostila, dispensada a celebração de termo aditivo. O art. 
136 traz um rol exemplificativo de situações. 
 
h) Infrações e sanções administrativas: 
 
O art. 155 da NLL apresenta o seguinte rol de infrações passíveis 
de serem cometidas pelo licitante ou pelo contratado: 
• dar causa à inexecução parcial do contrato; 
• dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave 
dano à Administração, ao funcionamento dos serviços 
públicos ou ao interesse coletivo; 
• dar causa à inexecução total do contrato; 
 
 
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• deixar de entregar a documentação exigida para o certame; 
• não manter a proposta, salvo em decorrência de fato 
superveniente devidamente justificado; 
• não celebrar o contrato ou não entregar a documentação 
exigida para a contratação, quando convocado dentro do 
prazo de validade de sua proposta; 
• ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto 
da licitação sem motivo justificado; 
• apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o 
certame ou prestar declaração falsa durante a licitação ou a 
execução do contrato; 
• fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do 
contrato; 
• comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de 
qualquer natureza; 
• praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da 
licitação; 
• praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º 
de agosto de 2013, conhecida como Lei Anticorrupção. 
 
Já o art. 156, apresenta as seguintes sanções pelas infrações 
praticadas: 
• advertência; 
• multa; 
• impedimento de licitar e contratar; 
• declaração de inidoneidade para licitar ou contratar. 
 
Na aplicação das sanções serão considerados: a) a natureza e a 
gravidade da infração cometida; b) as peculiaridades do caso concreto; c) as 
 
 
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circunstâncias agravantes ou atenuantes; d) os danos que dela provierem para a 
Administração Pública; e) a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de 
integridade, conforme normas e orientações dos órgãos de controle. 
 
A multa não poderá ser inferior a 0,5% nem superior a 30% do valor 
do contrato licitado ou celebrado com contratação direta. 
 
O impedimento de licitar e contratar impedirá o responsável de licitar 
ou contratar no âmbito da Administração Pública direta e indireta do ente 
federativo que tiver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 3 (três) anos. 
 
A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar impedirá o 
responsável de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública direta e 
indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e 
máximo de 6 (seis) anos. 
 
A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar será precedida 
de análise jurídica e a competência para aplicá-la recai sobre: 
• quando aplicada por órgão do Poder Executivo, será de 
competência exclusiva de ministro de Estado, de secretário 
estadual ou de secretário municipal e, quando aplicada por 
autarquia ou fundação, será de competência exclusiva da 
autoridade máxima da entidade; 
• quando aplicada por órgãos dos Poderes Legislativo e 
Judiciário, pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública 
no desempenho da função administrativa, será de 
competência exclusiva de autoridade de nível hierárquico 
equivalente às autoridades referidas no inciso I deste 
parágrafo, na forma de regulamento. 
 
 
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Todas as sanções poderão ser aplicadas cumulativamente com a 
multa. 
 
Os órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário de todos os entes federativos deverão, no prazo máximo 15 (quinze) 
dias úteis, contado da data de aplicação da sanção, informar e manter atualizados 
os dados relativos às sanções por eles aplicadas, para fins de publicidade no 
Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e no Cadastro 
Nacional de Empresas Punidas (Cnep), instituídos no âmbito do Poder Executivo 
federal. 
 
É admitida a reabilitação do licitante ou contratado perante a própria 
autoridade que aplicou a penalidade, nos termos art. 163 da NLL. 
 
Registre-se que a NLL incorporou os meios alternativos de 
resolução de controvérsias como mecanismos de dirimir eventuais litígios entre a 
Administração e o contrato. Assim sendo, será possível recorrer à conciliação, à 
mediação, ao comitê de resolução de disputas e à arbitragem, conformo art. 151 
e seguintes da NLL. 
 
i) Extinção do contrato: 
 
O art. 137 da NLL apresenta as situações de extinção dos contratos: 
 
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual 
deverá ser formalmente motivada nos autos do processo, 
assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes 
situações: 
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas 
editalícias ou de cláusulas contratuais, de especificações, de 
projetos ou de prazos; 
 
 
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II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela 
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar sua execução 
ou por autoridade superior; 
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura 
da empresa que restrinja sua capacidade de concluir o contrato; 
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da 
sociedade ou falecimento do contratado; 
V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, 
impeditivos da execução do contrato; 
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade 
de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto que dela 
resultar, ainda que obtida no prazo previsto; 
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a 
desocupação ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de 
liberação dessas áreas; 
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade 
máxima do órgão ou da entidade contratante; 
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de 
cargos prevista em lei, bem como em outras normas específicas, 
para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência 
Social ou para aprendiz. (...) 
 
O § 2º do art. 137 prevê hipóteses em que contratado terá direito à 
extinção do contrato: 
• supressão, por parte da Administração,de obras, serviços ou 
compras que acarrete modificação do valor inicial do contrato 
além do limite permitido no art. 125 da Lei nº 14.133, de 2021; 
• suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da 
Administração, por prazo superior a 3 (três) meses; 
• repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, 
independentemente do pagamento obrigatório de 
indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas 
desmobilizações e mobilizações e outras previstas; 
• atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota 
fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art125
 
 
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devidos pela Administração por despesas de obras, serviços 
ou fornecimentos; 
• não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de 
área, local ou objeto, para execução de obra, serviço ou 
fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas 
no projeto, inclusive devido a atraso ou descumprimento das 
obrigações atribuídas pelo contrato à Administração 
relacionadas a desapropriação, a desocupação de áreas 
públicas ou a licenciamento ambiental. 
 
A extinção do contrato poderá ser determinada por ato unilateral e 
escrito da Administração, exceto no caso de descumprimento decorrente de sua 
própria conduta. Também poderá ser consensual, por acordo entre as partes, por 
conciliação, por mediação ou por comitê de resolução de disputas, desde que haja 
interesse da Administração. Finalmente, poderá ser determinada por decisão 
arbitral, em decorrência de cláusula compromissória ou compromisso arbitral, ou 
por decisão judicial. 
 
Quanto à nulidade dos contratos, o legislador zelou pela observância 
do interesse pública, na mesma linha da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro (LINDB). O art. 147 elenca um rol de aspectos que devem ser 
analisados antes da pronúncia de nulidade. 
 
j) Recursos e pedidos de reconsideração: 
 
Os arts. 165 a 167 preveem os recursos e os pedidos de 
reconsideração cabíveis no âmbito da Lei nº14.133, de 2021, a saber: 
 
Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da aplicação 
desta Lei cabem: 
 
 
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I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de 
intimação ou de lavratura da ata, em face de: 
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de 
interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua alteração 
ou cancelamento; 
b) julgamento das propostas; 
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante; 
d) anulação ou revogação da licitação; 
e) extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral e 
escrito da Administração; 
II - pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, 
contado da data de intimação, relativamente a ato do qual não 
caiba recurso hierárquico. 
§ 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto nas 
alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste artigo, serão 
observadas as seguintes disposições: 
I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamente, 
sob pena de preclusão, e o prazo para apresentação das razões 
recursais previsto no inciso I do caput deste artigo será iniciado 
na data de intimação ou de lavratura da ata de habilitação ou 
inabilitação ou, na hipótese de adoção da inversão de fases 
prevista no § 1º do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento; 
II - a apreciação dar-se-á em fase única. 
§ 2º O recurso de que trata o inciso I do caput deste artigo será 
dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a decisão 
recorrida, que, se não reconsiderar o ato ou a decisão no prazo 
de 3 (três) dias úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação 
à autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo 
máximo de 10 (dez) dias úteis, contado do recebimento dos autos. 
§ 3º O acolhimento do recurso implicará invalidação apenas de 
ato insuscetível de aproveitamento. 
§ 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mesmo 
do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de 
divulgação da interposição do recurso. 
§ 5º Será assegurado ao licitante vista dos elementos 
indispensáveis à defesa de seus interesses. 
 
Art. 166. Da aplicação das sanções previstas nos incisos I, II e III 
do caput do art. 156 desta Lei caberá recurso no prazo de 15 
(quinze) dias úteis, contado da data da intimação. 
Parágrafo único. O recurso de que trata o caput deste artigo será 
dirigido à autoridade que tiver proferido a decisão recorrida, que, 
 
 
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se não a reconsiderar no prazo de 5 (cinco) dias úteis, 
encaminhará o recurso com sua motivação à autoridade superior, 
a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 20 (vinte) 
dias úteis, contado do recebimento dos autos. 
 
Art. 167. Da aplicação da sanção prevista no inciso IV do caput 
do art. 156 desta Lei caberá apenas pedido de reconsideração, 
que deverá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, 
contado da data da intimação, e decidido no prazo máximo de 20 
(vinte) dias úteis, contado do seu recebimento. 
 
Conforme disciplina o art. 168, o recurso e o pedido de 
reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que 
sobrevenha decisão final da autoridade competente. 
 
Na elaboração de suas decisões, a autoridade competente será 
auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico, que deverá dirimir dúvidas e 
subsidiá-la com as informações necessárias. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
AMORIM, Victor Aguiar Jardim de. Modalidades e Ritos Procedimentais da 
Licitação. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella (Org.) et al. Licitações e 
Contratos Administrativos: Inovações da Lei 14.133/21 - 1. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2021. 
 
______. A adesão de ata de registro de preços municipais na nova Lei de 
Licitações: por uma necessária interpretação conforme à Constituição do §3º do 
art. 86 da Lei nº 14.133/2021. Observatório da Nova Lei de Licitações, 1º abr. 
2022. Disponível em: . Acesso em 10 set. 2022. 
 
BELLI, Reinaldo. A inexigibilidade de licitação para a contratação de 
advogado e a confiança: de acordo com a Lei Federal 14.039/2020. Belo 
Horizonte: Editora Letramento, 2020. 
 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34. ed. 
São Paulo: Atlas, 2020. 
 
COSTA, Cecília de Almeida; SANTOS, Franklin Brasil. Estudo Técnico Preliminar: 
o dilema entre necessidade e solução. In: LIMA, Francisco Fernando Antonio 
Albuquerque; CORRÊA, Rogério (coord). Licitações e Contratos 
Administrativos na Lei 14.133/21: aspectos gerais. São José dos Pinhais: 
Editora Negócios Públicos, 2022, p. 116-149. 
 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32ª ed. Rev. atual e 
ampl. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2019. 
 
JACOBY FERNANDES, Jorge Ulisses. Manual do ordenador de despesas à luz 
do novo regime fiscal. Belo Horizonte: Fórum, 2020. 
 
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratações 
Administrativas: Lei 14.133/2021. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021. 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e Contrato Administrativo. 14 ed. 
Atualizada por Eurico de Andrade Azevedo e Vera Monteiro. 2 tiragem. São Paulo: 
Malheiros, 2007. 
 
SANTOS, Laércio José Loureiro dos. A 'Serasa' licitatória da nova Lei de 
Licitações. Revista Consultor Jurídico, 7 jul. 2021. Disponível em: 
 
 
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. Acesso em: 10 set. 2022 
 
TORRES, Ronny Charles Lopes de. Leis de Licitações Públicas comentadas. 
12 ed. Rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2021.apresentada justificativa 
da escolha desses fornecedores e que não tenham 
sido obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) 
meses de antecedência da data de divulgação do 
edital; 
V - pesquisa na base nacional de notas fiscais 
eletrônicas, na forma de regulamento. 
§ 2º No processo licitatório para contratação de 
obras e serviços de engenharia, conforme 
regulamento, o valor estimado, acrescido do 
percentual de Benefícios e Despesas Indiretas 
(BDI) de referência e dos Encargos Sociais (ES) 
cabíveis, será definido por meio da utilização de 
parâmetros na seguinte ordem: 
I - composição de custos unitários menores ou 
iguais à mediana do item correspondente do 
Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), 
para serviços e obras de infraestrutura de 
transportes, ou do Sistema Nacional de Pesquisa 
de Custos e Índices de Construção Civil (Sinapi), 
para as demais obras e serviços de engenharia; 
II - utilização de dados de pesquisa publicada em 
mídia especializada, de tabela de referência 
formalmente aprovada pelo Poder Executivo 
federal e de sítios eletrônicos especializados ou de 
domínio amplo, desde que contenham a data e a 
hora de acesso; 
III - contratações similares feitas pela 
Administração Pública, em execução ou 
concluídas no período de 1 (um) ano anterior à 
data da pesquisa de preços, observado o índice de 
atualização de preços correspondente; 
IV - pesquisa na base nacional de notas fiscais 
eletrônicas, na forma de regulamento. 
§ 3º Nas contratações realizadas por Municípios, 
Estados e Distrito Federal, desde que não 
envolvam recursos da União, o valor previamente 
estimado da contratação, a que se refere 
o caput deste artigo, poderá ser definido por 
meio da utilização de outros sistemas de 
custos adotados pelo respectivo ente 
federativo. 
 
 
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(...) 
Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação 
e as regras relativas à convocação, ao julgamento, 
à habilitação, aos recursos e às penalidades da 
licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à 
entrega do objeto e às condições de pagamento. 
§ 1º Sempre que o objeto permitir, a Administração 
adotará minutas padronizadas de edital e de 
contrato com cláusulas uniformes. 
(...) 
§ 4º Nas contratações de obras, serviços e 
fornecimentos de grande vulto, o edital deverá 
prever a obrigatoriedade de implantação de 
programa de integridade pelo licitante vencedor, 
no prazo de 6 (seis) meses, contado da celebração 
do contrato, conforme regulamento que disporá 
sobre as medidas a serem adotadas, a forma de 
comprovação e as penalidades pelo seu 
descumprimento. 
§ 5º O edital poderá prever a responsabilidade do 
contratado pela: 
I - obtenção do licenciamento ambiental; 
II - realização da desapropriação autorizada pelo 
poder público. 
§ 6º Os licenciamentos ambientais de obras e 
serviços de engenharia licitados e contratados nos 
termos desta Lei terão prioridade de tramitação 
nos órgãos e entidades integrantes do Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e deverão 
ser orientados pelos princípios da celeridade, da 
cooperação, da economicidade e da eficiência. 
§ 7º Independentemente do prazo de duração do 
contrato, será obrigatória a previsão no edital de 
índice de reajustamento de preço, com data-base 
vinculada à data do orçamento estimado e com a 
possibilidade de ser estabelecido mais de um 
índice específico ou setorial, em conformidade 
com a realidade de mercado dos respectivos 
insumos. 
§ 8º Nas licitações de serviços contínuos, 
observado o interregno mínimo de 1 (um) ano, o 
critério de reajustamento será por: 
I - reajustamento em sentido estrito, quando não 
houver regime de dedicação exclusiva de mão de 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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obra ou predominância de mão de obra, mediante 
previsão de índices específicos ou setoriais; 
II - repactuação, quando houver regime de 
dedicação exclusiva de mão de obra ou 
predominância de mão de obra, mediante 
demonstração analítica da variação dos custos. 
§ 9º O edital poderá, na forma disposta em 
regulamento, exigir que percentual mínimo da 
mão de obra responsável pela execução do objeto 
da contratação seja constituído por: 
I - mulheres vítimas de violência doméstica; 
II - oriundos ou egressos do sistema prisional. 
Art. 26. No processo de licitação, poderá ser 
estabelecida margem de preferência para: 
I - bens manufaturados e serviços nacionais que 
atendam a normas técnicas brasileiras; 
II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, 
conforme regulamento. 
§ 1º A margem de preferência de que trata 
o caput deste artigo: 
I - será definida em decisão fundamentada do 
Poder Executivo federal, no caso do inciso I 
do caput deste artigo; 
II - poderá ser de até 10% (dez por cento) sobre o 
preço dos bens e serviços que não se enquadrem 
no disposto nos incisos I ou II do caput deste 
artigo; 
III - poderá ser estendida a bens manufaturados e 
serviços originários de Estados Partes do Mercado 
Comum do Sul (Mercosul), desde que haja 
reciprocidade com o País prevista em acordo 
internacional aprovado pelo Congresso Nacional e 
ratificado pelo Presidente da República. 
§ 2º Para os bens manufaturados nacionais e 
serviços nacionais resultantes de desenvolvimento 
e inovação tecnológica no País, definidos 
conforme regulamento do Poder Executivo 
federal, a margem de preferência a que se refere 
o caput deste artigo poderá ser de até 20% (vinte 
por cento). 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º A margem de preferência não se aplica aos 
bens manufaturados nacionais e aos serviços 
A regulamentação pelos 
municípios não poderia 
conflitar com a 
regulamentação federal 
(JUSTEN FILHO, 2021, p. 
426-427). 
 
 
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nacionais se a capacidade de produção desses 
bens ou de prestação desses serviços no País for 
inferior: 
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou 
II - aos quantitativos fixados em razão do 
parcelamento do objeto, quando for o caso. 
§ 6º Os editais de licitação para a contratação de 
bens, serviços e obras poderão, mediante prévia 
justificativa da autoridade competente, exigir que o 
contratado promova, em favor de órgão ou 
entidade integrante da Administração Pública ou 
daqueles por ela indicados a partir de processo 
isonômico, medidas de compensação comercial, 
industrial ou tecnológica ou acesso a condições 
vantajosas de financiamento, cumulativamente ou 
não, na forma estabelecida pelo Poder 
Executivo federal. 
§ 7º Nas contratações destinadas à implantação, à 
manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas 
de tecnologia de informação e comunicação 
considerados estratégicos em ato do Poder 
Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a 
bens e serviços com tecnologia desenvolvida no 
País produzidos de acordo com o processo 
produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176, de 
11 de janeiro de 2001. 
 
Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro 
oficial ou a servidor designado pela autoridade 
competente da Administração, e regulamento 
deverá dispor sobre seus procedimentos 
operacionais. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 34. O julgamento por menor preço ou maior 
desconto e, quando couber, por técnica e preço 
considerará o menor dispêndio para a 
Administração, atendidos os parâmetros mínimos 
de qualidade definidos no edital de licitação. 
§ 1º Os custos indiretos, relacionados com as 
despesas de manutenção, utilização, reposição, 
depreciação e impacto ambiental do objeto 
licitado, entre outros fatores vinculados ao seu 
ciclo de vida, poderão ser considerados para a 
definição do menor dispêndio, sempre que 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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objetivamente mensuráveis, conforme disposto em 
regulamento. (...) 
Art. 38 
(...) 
§ 3º O desempenho pretérito na execução de 
contratos com a Administração Pública deverá ser 
considerado na pontuação técnica, observado o 
disposto nos §§ 3º e 4º do art. 88 desta Lei e em 
regulamento. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 43. O processode padronização deverá 
conter: 
I - parecer técnico sobre o produto, 
considerados especificações técnicas e estéticas, 
desempenho, análise de contratações anteriores, 
custo e condições de manutenção e garantia; 
II - despacho motivado da autoridade 
superior, com a adoção do padrão; 
III - síntese da justificativa e descrição sucinta 
do padrão definido, divulgadas em sítio eletrônico 
oficial. 
§ 1º É permitida a padronização com base 
em processo de outro órgão ou entidade de nível 
federativo igual ou superior ao do órgão 
adquirente, devendo o ato que decidir pela adesão 
a outra padronização ser devidamente motivado, 
com indicação da necessidade da Administração e 
dos riscos decorrentes dessa decisão, e divulgado 
em sítio eletrônico oficial. 
§ 2º As contratações de soluções baseadas 
em software de uso disseminado serão 
disciplinadas em regulamento que defina 
processo de gestão estratégica das contratações 
desse tipo de solução. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 48. Poderão ser objeto de execução por 
terceiros as atividades materiais acessórias, 
instrumentais ou complementares aos assuntos 
que constituam área de competência legal do 
órgão ou da entidade, vedado à Administração ou 
a seus agentes, na contratação do serviço 
terceirizado: 
Aplicável aos municípios. 
 
 
 
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I - indicar pessoas expressamente 
nominadas para executar direta ou indiretamente 
o objeto contratado; 
II - fixar salário inferior ao definido em lei ou 
em ato normativo a ser pago pelo contratado; 
(...) 
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou 
mais propostas, serão utilizados os seguintes 
critérios de desempate, nesta ordem: 
I - disputa final, hipótese em que os licitantes 
empatados poderão apresentar nova proposta em 
ato contínuo à classificação; 
II - avaliação do desempenho contratual 
prévio dos licitantes, para a qual deverão 
preferencialmente ser utilizados registros 
cadastrais para efeito de atesto de cumprimento 
de obrigações previstos nesta Lei; 
III - desenvolvimento pelo licitante de ações 
de equidade entre homens e mulheres no 
ambiente de trabalho, conforme regulamento; 
IV - desenvolvimento pelo licitante de 
programa de integridade, conforme orientações 
dos órgãos de controle. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
Art. 61 (...) 
§ 2º A negociação será conduzida por agente 
de contratação ou comissão de contratação, na 
forma de regulamento, e, depois de concluída, 
terá seu resultado divulgado a todos os licitantes e 
anexado aos autos do processo licitatório. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
Art. 65. As condições de habilitação serão 
definidas no edital. 
§ 1º As empresas criadas no exercício 
financeiro da licitação deverão atender a todas as 
exigências da habilitação e ficarão autorizadas a 
substituir os demonstrativos contábeis pelo 
balanço de abertura. 
§ 2º A habilitação poderá ser realizada por 
processo eletrônico de comunicação a distância, 
nos termos dispostos em regulamento. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
Art. 67 
(...) 
 
 
 
 
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§ 3º Salvo na contratação de obras e serviços 
de engenharia, as exigências a que se referem os 
incisos I e II do caput deste artigo, a critério da 
Administração, poderão ser substituídas por outra 
prova de que o profissional ou a empresa possui 
conhecimento técnico e experiência prática na 
execução de serviço de características 
semelhantes, hipótese em que as provas 
alternativas aceitáveis deverão ser previstas em 
regulamento. 
(...) 
§ 12. Na documentação de que trata o inciso 
I do caput deste artigo, não serão admitidos 
atestados de responsabilidade técnica de 
profissionais que, na forma de regulamento, 
tenham dado causa à aplicação das sanções 
previstas nos incisos III e IV do caput do art. 156 
desta Lei em decorrência de orientação proposta, 
de prescrição técnica ou de qualquer ato 
profissional de sua responsabilidade. 
 
 
 
 
 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 70 
(...) 
Parágrafo único. As empresas estrangeiras 
que não funcionem no País deverão apresentar 
documentos equivalentes, na forma de 
regulamento emitido pelo Poder Executivo 
federal. 
 
Não se aplica aos 
municípios. 
 
Art. 75 
(...) 
IV - para contratação que tenha por objeto: 
(...) 
c) produtos para pesquisa e 
desenvolvimento, limitada a contratação, no caso 
de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 
300.000,00 (trezentos mil reais); 
§ 5º A dispensa prevista na alínea “c” do 
inciso IV do caput deste artigo, quando aplicada a 
obras e serviços de engenharia, seguirá 
procedimentos especiais instituídos em 
regulamentação específica. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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Art. 76. A alienação de bens da 
Administração Pública, subordinada à existência 
de interesse público devidamente justificado, será 
precedida de avaliação e obedecerá às seguintes 
normas: 
(...) 
§ 3º A Administração poderá conceder título 
de propriedade ou de direito real de uso de imóvel, 
admitida a dispensa de licitação, quando o uso 
destinar-se a: 
I - outro órgão ou entidade da Administração 
Pública, qualquer que seja a localização do imóvel; 
II - pessoa natural que, nos termos de lei, 
regulamento ou ato normativo do órgão 
competente, haja implementado os requisitos 
mínimos de cultura, de ocupação mansa e pacífica 
e de exploração direta sobre área rural, observado 
o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 
11.952, de 25 de junho de 2009. 
 
Não se aplica aos 
municípios. 
 
Art. 78. São procedimentos auxiliares das 
licitações e das contratações regidas por esta Lei: 
I - credenciamento; 
II - pré-qualificação; 
III - procedimento de manifestação de 
interesse; 
IV - sistema de registro de preços; 
V - registro cadastral. 
§ 1º Os procedimentos auxiliares de que trata 
o caput deste artigo obedecerão a critérios claros 
e objetivos definidos em regulamento. 
§ 2º O julgamento que decorrer dos 
procedimentos auxiliares das licitações previstos 
nos incisos II e III do caput deste artigo seguirá o 
mesmo procedimento das licitações. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado 
nas seguintes hipóteses de contratação: 
I - paralela e não excludente: caso em que é 
viável e vantajosa para a Administração a 
realização de contratações simultâneas em 
condições padronizadas; 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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II - com seleção a critério de terceiros: caso 
em que a seleção do contratado está a cargo do 
beneficiário direto da prestação; 
III - em mercados fluidos: caso em que a 
flutuação constante do valor da prestação e das 
condições de contratação inviabiliza a seleção de 
agente por meio de processo de licitação. 
Parágrafo único. Os procedimentos de 
credenciamento serão definidos em regulamento, 
observadas as seguintes regras: 
I - a Administração deverá divulgar e manter 
à disposição do público, em sítio eletrônico oficial, 
edital de chamamento de interessados, de modo a 
permitir o cadastramento permanente de novos 
interessados; 
II - na hipótese do inciso I do caput deste 
artigo, quando o objeto não permitir a contratação 
imediata e simultânea de todos os credenciados, 
deverão ser adotados critérios objetivos de 
distribuição da demanda; 
III - o edital de chamamento de interessados 
deverá prever as condições padronizadas de 
contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II 
do caput deste artigo, deverá definir o valor da 
contratação; 
IV - na hipótese do inciso III do caput deste 
artigo, a Administração deverá registrar as 
cotações de mercado vigentes no momento da 
contratação; 
V - não será permitido o cometimento a 
terceiros do objeto contratado sem autorização 
expressa da Administração; 
VI - será admitida a denúncia por qualquer 
das partes nos prazos fixados no edital. 
 
Art. 81. A Administração poderá solicitar à 
iniciativa privada, mediante procedimento aberto 
de manifestação de interesse a ser iniciado com a 
publicação deedital de chamamento público, a 
propositura e a realização de estudos, 
investigações, levantamentos e projetos de 
soluções inovadoras que contribuam com 
questões de relevância pública, na forma de 
regulamento. 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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Art. 82 
(...) 
§ 5º O sistema de registro de preços poderá 
ser usado para a contratação de bens e serviços, 
inclusive de obras e serviços de engenharia, 
observadas as seguintes condições: 
I - realização prévia de ampla pesquisa de 
mercado; 
II - seleção de acordo com os procedimentos 
previstos em regulamento; 
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de 
controle; 
IV - atualização periódica dos preços 
registrados; 
V - definição do período de validade do 
registro de preços; 
VI - inclusão, em ata de registro de preços, 
do licitante que aceitar cotar os bens ou serviços 
em preços iguais aos do licitante vencedor na 
sequência de classificação da licitação e inclusão 
do licitante que mantiver sua proposta original. 
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, 
na forma de regulamento, ser utilizado nas 
hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de 
licitação para a aquisição de bens ou para a 
contratação de serviços por mais de um órgão ou 
entidade. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora 
deverá, na fase preparatória do processo 
licitatório, para fins de registro de preços, realizar 
procedimento público de intenção de registro de 
preços para, nos termos de regulamento, 
possibilitar, pelo prazo mínimo de 8 (oito) dias 
úteis, a participação de outros órgãos ou entidades 
na respectiva ata e determinar a estimativa total de 
quantidades da contratação. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e 
entidades da Administração Pública deverão 
utilizar o sistema de registro cadastral unificado 
disponível no Portal Nacional de Contratações 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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Públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado 
de licitantes, na forma disposta em regulamento. 
§ 1º O sistema de registro cadastral unificado 
será público e deverá ser amplamente divulgado e 
estar permanentemente aberto aos interessados, 
e será obrigatória a realização de chamamento 
público pela internet, no mínimo anualmente, para 
atualização dos registros existentes e para 
ingresso de novos interessados. 
§ 2º É proibida a exigência, pelo órgão ou 
entidade licitante, de registro cadastral 
complementar para acesso a edital e anexos. 
§ 3º A Administração poderá realizar licitação 
restrita a fornecedores cadastrados, atendidos os 
critérios, as condições e os limites estabelecidos 
em regulamento, bem como a ampla publicidade 
dos procedimentos para o cadastramento. 
§ 4º Na hipótese a que se refere o § 3º deste 
artigo, será admitido fornecedor que realize seu 
cadastro dentro do prazo previsto no edital para 
apresentação de propostas. 
 
Art. 88. Ao requerer, a qualquer tempo, 
inscrição no cadastro ou a sua atualização, o 
interessado fornecerá os elementos necessários 
exigidos para habilitação previstos nesta Lei. 
(...) 
§ 5º A qualquer tempo poderá ser alterado, 
suspenso ou cancelado o registro de inscrito que 
deixar de satisfazer exigências determinadas por 
esta Lei ou por regulamento. 
 
 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 91 
(...) 
§ 3º Será admitida a forma eletrônica na 
celebração de contratos e de termos aditivos, 
atendidas as exigências previstas em 
regulamento. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 92 
(...) 
XVIII - o modelo de gestão do contrato, 
observados os requisitos definidos em 
regulamento; 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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Art. 122 
(...) 
§ 2º Regulamento ou edital de licitação 
poderão vedar, restringir ou estabelecer condições 
para a subcontratação. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 137. Constituirão motivos para extinção 
do contrato, a qual deverá ser formalmente 
motivada nos autos do processo, assegurados o 
contraditório e a ampla defesa, as seguintes 
situações: 
(...) 
§ 1º Regulamento poderá especificar 
procedimentos e critérios para verificação da 
ocorrência dos motivos previstos no caput deste 
artigo. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 140. 
(...) 
§ 3º Os prazos e os métodos para a 
realização dos recebimentos provisório e definitivo 
serão definidos em regulamento ou no contrato. 
§ 4º Salvo disposição em contrário constante 
do edital ou de ato normativo, os ensaios, os 
testes e as demais provas para aferição da boa 
execução do objeto do contrato exigidos por 
normas técnicas oficiais correrão por conta do 
contratado. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 144. Na contratação de obras, 
fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia, 
poderá ser estabelecida remuneração variável 
vinculada ao desempenho do contratado, com 
base em metas, padrões de qualidade, critérios de 
sustentabilidade ambiental e prazos de entrega 
definidos no edital de licitação e no contrato. 
§ 1º O pagamento poderá ser ajustado em 
base percentual sobre o valor economizado em 
determinada despesa, quando o objeto do contrato 
visar à implantação de processo de racionalização, 
hipótese em que as despesas correrão à conta dos 
mesmos créditos orçamentários, na forma de 
regulamentação específica. 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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§ 2º A utilização de remuneração variável 
será motivada e respeitará o limite orçamentário 
fixado pela Administração para a contratação. 
 
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável 
pelas infrações administrativas previstas nesta Lei 
as seguintes sanções: 
(...) 
II - quando aplicada por órgãos dos Poderes 
Legislativo e Judiciário, pelo Ministério Público e 
pela Defensoria Pública no desempenho da função 
administrativa, será de competência exclusiva de 
autoridade de nível hierárquico equivalente às 
autoridades referidas no inciso I deste parágrafo, 
na forma de regulamento. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 161. Os órgãos e entidades dos Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os 
entes federativos deverão, no prazo máximo 15 
(quinze) dias úteis, contado da data de aplicação 
da sanção, informar e manter atualizados os dados 
relativos às sanções por eles aplicadas, para fins 
de publicidade no Cadastro Nacional de Empresas 
Inidôneas e Suspensas (Ceis) e no Cadastro 
Nacional de Empresas Punidas (Cnep), instituídos 
no âmbito do Poder Executivo federal. 
Parágrafo único. Para fins de aplicação das 
sanções previstas nos incisos I, II, III e IV 
do caput do art. 156 desta Lei, o Poder Executivo 
regulamentará a forma de cômputo e as 
consequências da soma de diversas sanções 
aplicadas a uma mesma empresa e derivadas de 
contratos distintos. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 169. As contratações públicas deverão 
submeter-se a práticas contínuas e permanentes 
de gestão de riscos e de controle preventivo, 
inclusive mediante adoção de recursos de 
tecnologia da informação, e, além de estar 
subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às 
seguintes linhas de defesa: 
I - primeira linha de defesa, integrada por 
servidores e empregados públicos, agentes de 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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licitação e autoridades que atuam na estrutura de 
governança do órgão ou entidade; 
II - segunda linha de defesa, integrada pelas 
unidades de assessoramento jurídico e de controle 
interno do próprio órgão ou entidade; 
III - terceira linha de defesa, integrada pelo 
órgão central de controle interno da Administração 
e pelo tribunal de contas. 
§ 1º Na forma de regulamento, a 
implementação das práticas a que se refere 
o caput deste artigo será de responsabilidade da 
alta administração do órgão ou entidade e levará 
em consideração os custos e os benefícios 
decorrentes de sua implementação, optando-se 
pelas medidas que promovam relações íntegras e 
confiáveis, com segurança jurídica para todos os 
envolvidos, e que produzamo resultado mais 
vantajoso para a Administração, com eficiência, 
eficácia e efetividade nas contratações públicas. 
 
Art. 174 
(...) 
§ 3º O PNCP deverá, entre outras 
funcionalidades, oferecer: 
I - sistema de registro cadastral unificado; 
II - painel para consulta de preços, banco de 
preços em saúde e acesso à base nacional de 
notas fiscais eletrônicas; 
III - sistema de planejamento e 
gerenciamento de contratações, incluído o 
cadastro de atesto de cumprimento de obrigações 
previsto no § 4º do art. 88 desta Lei; 
IV - sistema eletrônico para a realização de 
sessões públicas; 
V - acesso ao Cadastro Nacional de 
Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e ao 
Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep); 
VI - sistema de gestão compartilhada com a 
sociedade de informações referentes à execução 
do contrato, que possibilite: 
a) envio, registro, armazenamento e 
divulgação de mensagens de texto ou imagens 
pelo interessado previamente identificado; 
Aplicável aos municípios. 
 
 
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b) acesso ao sistema informatizado de 
acompanhamento de obras a que se refere 
o inciso III do caput do art. 19 desta Lei; 
c) comunicação entre a população e 
representantes da Administração e do contratado 
designados para prestar as informações e 
esclarecimentos pertinentes, na forma de 
regulamento; 
d) divulgação, na forma de regulamento, de 
relatório final com informações sobre a 
consecução dos objetivos que tenham justificado a 
contratação e eventuais condutas a serem 
adotadas para o aprimoramento das atividades da 
Administração. 
 
Art. 175. Sem prejuízo do disposto no art. 174 
desta Lei, os entes federativos poderão instituir 
sítio eletrônico oficial para divulgação 
complementar e realização das respectivas 
contratações. 
§ 1º Desde que mantida a integração com o 
PNCP, as contratações poderão ser realizadas por 
meio de sistema eletrônico fornecido por pessoa 
jurídica de direito privado, na forma de 
regulamento. 
§ 2º Até 31 de dezembro de 2023, os 
Municípios deverão realizar divulgação 
complementar de suas contratações mediante 
publicação de extrato de edital de licitação em 
jornal diário de grande circulação local. 
 
Aplicável aos municípios. 
Art. 184. Aplicam-se as disposições desta 
Lei, no que couber e na ausência de norma 
específica, aos convênios, acordos, ajustes e 
outros instrumentos congêneres celebrados por 
órgãos e entidades da Administração Pública, na 
forma estabelecida em regulamento do Poder 
Executivo federal. 
 
Não se aplica aos 
municípios. 
 
Art. 187. Os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios poderão aplicar os regulamentos 
editados pela União para execução desta Lei. 
 
Aplicável aos municípios. 
 
 
 
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Indicam-se as seguintes normativas relativas à NLL já editadas que 
podem servir de fontes de consulta: 
 
UNIÃO: 
PODER EXECUTIVO: 
 
• DECRETO Nº 10.947, DE 25 DE JANEIRO DE 2022: Regulamenta o 
inciso VII do caput do art. 12 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, 
para dispor sobre o plano de contratações anual e instituir o Sistema de 
Planejamento e Gerenciamento de Contratações no âmbito da 
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. 
• DECRETO Nº 10.929, DE 7 DE JANEIRO DE 2022: Estabelece 
procedimento especial para consultas públicas de decretos destinados a 
regulamentar dispositivo da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021 - Lei de 
Licitações e Contratos Administrativos. 
• DECRETO Nº 10.818, DE 27 DE SETEMBRO DE 2021: Regulamenta o 
disposto no art. 20 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, para 
estabelecer o enquadramento dos bens de consumo adquiridos para 
suprir as demandas das estruturas da administração pública federal nas 
categorias de qualidade comum e de luxo. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES Nº 58, DE 8 DE AGOSTO DE 2022: 
Dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Preliminares - ETP, 
para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito 
da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre 
o Sistema ETP digital. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES/ME Nº 26, DE 13 DE ABRIL DE 
2022: Dispõe sobre a dispensa, o parcelamento, a compensação e a 
suspensão de cobrança de débito resultante de multa administrativa e/ou 
indenizações, previstas na Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, no 
 
 
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âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional, 
não inscritas em dívida ativa. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES/ME Nº 116, DE 21 DE DEZEMBRO 
DE 2021: Estabelece procedimentos para a participação de pessoa física 
nas contratações públicas de que trata a Lei nº 14.133, de 1º de abril de 
2021, no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e 
fundacional. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES /ME Nº 75, DE 13 DE AGOSTO DE 
2021: Estabelece regras para a designação e atuação dos fiscais e 
gestores de contratos nos processos de contratação direta, de que 
dispõe a Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, no âmbito da 
Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES/ME Nº 67, DE 8 DE JULHO DE 
2021: Dispõe sobre a dispensa de licitação, na forma eletrônica, de que 
trata a Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, e institui o Sistema de 
Dispensa Eletrônica, no âmbito da Administração Pública federal direta, 
autárquica e fundacional. 
• INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES /ME Nº 65, DE 7 DE JULHO DE 
2021: Dispõe sobre o procedimento administrativo para a realização de 
pesquisa de preços para aquisição de bens e contratação de serviços 
em geral, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica 
e fundacional. 
 
PODER LEGISLATIVO (SENADO FEDERAL): 
 
• ATO DA DIRETORIA-GERAL Nº 14, DE 2022: Estabelece, no âmbito do 
Senado Federal, disposições regulamentares acerca das atribuições e 
procedimentos de licitações e contratos administrativos. 
 
 
 
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MINAS GERAIS: 
 
PODER EXECUTIVO: 
 
• Resolução Seplag n°115, de 29 de dezembro de 2021: Dispõe sobre a 
elaboração dos Estudos Técnicos Preliminares - ETP - para a aquisição 
de bens e a contratação de serviços de qualquer natureza e, no que 
couber, para contratação de obras, no âmbito da Administração Pública 
estadual direta, das autarquias, das fundações e dos fundos especiais 
do Estado de Minas Gerais. 
PARANÁ: 
 
PODER EXECUTIVO: 
 
• DECRETO 10086 - 17 DE JANEIRO DE 2022: Regulamenta, no âmbito 
da Administração Pública estadual, direta, autárquica e fundacional do 
Estado do Paraná, a Lei nº 14.133, de 01 de abril de 2021, que 
"Estabelece normas gerais de licitação e contratação para as 
Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios", a aquisição e 
incorporação de bens ao patrimônio público estadual, os procedimentos 
para intervenção estatal na propriedade privada e dá outras 
providências. 
 
PODER JUDICIÁRIO: 
 
• DECRETO JUDICIÁRIO Nº 269/2022 – GP: Regulamenta, no âmbito 
deste Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, a Lei de Licitações e 
Contratos Administrativos nº 14.133, de 1º de abril de 2021, adota 
 
 
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parcialmente o Decreto Estadual nº 10.086, de 17 de janeiro de 2022 e 
dá outras providências. 
 
PERNAMBUCO: 
 
PODER EXECUTIVO: 
 
• Decreto Nº 53384, DE 22/08/2022: Dispõe sobre a fase preparatória das 
licitações e contratações diretas no âmbito do Poder Executivo Estadual. 
• DECRETO Nº 52.359, DE 2 DE MARÇO DE 2022: Dispõe sobre a 
exclusividade da Procuradoria Geral do Estado na representação judicial 
e consultoria jurídica dos órgãos, autarquias e fundações públicas do 
Poder Executivo e regulamenta os procedimentos relativos à análise de 
instrumentos administrativos pela Procuradoria Geral do Estado. 
• DECRETO Nº 51.652, DE 27 DE OUTUBRO DE 2021: Dispõe sobre o 
planejamento das contratações públicas, oenquadramento dos bens de 
consumo e o processo de padronização no âmbito do Poder Executivo 
Estadual. 
• DECRETO Nº 51.651, DE 27 DE OUTUBRO DE 2021: Regulamenta a 
Lei Federal nº 14.133, de 1º de abril de 2021, no que se refere aos 
agentes públicos que desempenham funções essenciais nos 
procedimentos de contratações públicas. 
 
No caso do §1º do art. 20 da NLLC, que versa sobe bens de 
consumo de luxo, a sua regulamentação imediata, para os municípios mineiros 
que ainda não o fizeram é urgente. O Tribunal de Contas do Estado de Minas 
Gerais, por intermédio do Ofício-Circular nº 12.399/2022/PRM, de 22 de julho de 
2022, expediu recomendação a todos os municípios para que regulamentassem 
o tema, informando, inclusive, que vem desenvolvendo um programa de 
 
 
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acompanhamento de compras públicas relacionadas a bens de luxo pelo seu 
Centro de Fiscalização Integrada e Inteligência – SURICATO. 
 
Como caracterizar um bem de consumo como de qualidade comum 
ou de luxo? A título exemplificativo, pode-se citar o Decreto federal nº 10.818, de 
2021, que fixou os seguintes conceitos: 
 
Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se: 
I - bem de luxo - bem de consumo com alta elasticidade-renda da 
demanda, identificável por meio de características tais como: 
a) ostentação; 
b) opulência; 
c) forte apelo estético; ou 
d) requinte; 
II - bem de qualidade comum - bem de consumo com baixa ou 
moderada elasticidade-renda da demanda; 
III - bem de consumo - todo material que atenda a, no mínimo, um 
dos seguintes critérios: 
a) durabilidade - em uso normal, perde ou reduz as suas 
condições de uso, no prazo de dois anos; 
b) fragilidade - facilmente quebradiço ou deformável, de modo 
irrecuperável ou com perda de sua identidade; 
c) perecibilidade - sujeito a modificações químicas ou físicas que 
levam à deterioração ou à perda de suas condições de uso com 
o decorrer do tempo; 
d) incorporabilidade - destinado à incorporação em outro bem, 
ainda que suas características originais sejam alteradas, de modo 
que sua retirada acarrete prejuízo à essência do bem principal; ou 
e) transformabilidade - adquirido para fins de utilização como 
matéria-prima ou matéria intermediária para a geração de outro 
bem; e 
IV - elasticidade-renda da demanda - razão entre a variação 
percentual da quantidade demandada e a variação percentual da 
renda média. 
 
 
 
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É preciso ter atenção para o fato de que o decreto federal 
anteriormente mencionado é aplicável aos Estados, DF e Municípios sempre que 
eles estiverem licitando com recursos federais4. 
 
e) Principais inovações da Lei nº 14.133/2021: 
 
Merecem destaque as seguintes inovações: 
 
1. ampliação do rol de princípios (art. 5º); 
2. previsão como parâmetro de pesquisa de preços o uso de 
notas fiscais eletrônicas (art. 23, V); 
3. obrigatoriedade, nas contratações de grande vulto5, de o 
licitante vencedor implantar um programa de integridade (art. 
25, §4º); 
4. reformulação das modalidades licitatórias (fim da tomada de 
preços e do convite, além da previsão do diálogo competitivo 
– art. 28); 
5. criação dos procedimentos auxiliares (art. 78); 
6. possibilidade de exigência, na contratação de obras e 
serviços de engenharia, de prestação da garantia com 
obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo 
contratado, assumir a execução e concluir o objeto do 
contrato (art. 102); 
 
4 Art. 1º Este Decreto regulamenta o disposto no art. 20 da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, 
para estabelecer o enquadramento dos bens de consumo adquiridos para suprir as demandas das 
estruturas da administração pública federal nas categorias de qualidade comum e de luxo. 
Parágrafo único. Este Decreto aplica-se às contratações realizadas por outros entes federativos 
com a utilização de recursos da União oriundos de transferências voluntárias. 
5 Art. 6º (...) 
XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 
200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); 
 
 
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7. previsão de cláusula contratual definidora de riscos e 
responsabilidades (alocação de riscos – art. 103); 
8. contratos de serviços e fornecimentos contínuos prorrogáveis 
por até 10 anos (art. 107); 
9. sujeição das contratações públicas às linhas de defesa (art. 
169); 
10. criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP 
– art. 174). 
 
Outros aspectos podem ser novos para diversos municípios, embora 
já aplicados pela União, a exemplo do plano de contratações anual, do estudo 
técnico preliminar e da análise de riscos. 
 
f) Microempresas e empresas de pequeno porte: 
 
A nova Lei de Licitações e Contratos trouxe um regramento que não 
existia nas legislações anteriores para as micro e pequenas empresas. Reza o 
art. 4º da referida lei que: 
 
Art. 4º Aplicam-se às licitações e contratos disciplinados por esta 
Lei as disposições constantes dos arts. 42 a 49 da Lei 
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. 
§ 1º As disposições a que se refere o caput deste artigo não são 
aplicadas: 
I - no caso de licitação para aquisição de bens ou contratação de 
serviços em geral, ao item cujo valor estimado for superior à 
receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como 
empresa de pequeno porte; 
II - no caso de contratação de obras e serviços de engenharia, às 
licitações cujo valor estimado for superior à receita bruta máxima 
admitida para fins de enquadramento como empresa de pequeno 
porte. 
§ 2º A obtenção de benefícios a que se refere o caput deste artigo 
fica limitada às microempresas e às empresas de pequeno porte 
 
 
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que, no ano-calendário de realização da licitação, ainda não 
tenham celebrado contratos com a Administração Pública cujos 
valores somados extrapolem a receita bruta máxima admitida 
para fins de enquadramento como empresa de pequeno porte, 
devendo o órgão ou entidade exigir do licitante declaração de 
observância desse limite na licitação. 
§ 3º Nas contratações com prazo de vigência superior a 1 (um) 
ano, será considerado o valor anual do contrato na aplicação dos 
limites previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo. 
 
É possível verificar que a nova lei mantém a aplicação do tratamento 
diferenciado previsto na Lei Complementar nº 123, de 2006, porém afasta a 
obtenção dos benefícios em algumas hipóteses. 
 
No caso do inciso I, do §1º do art. 4º da NLLC, deve-se observar que 
ele se refere à hipótese de licitação de bens ou serviços em geral, cujo item tenha 
o valor estimado superior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil 
reais). Já no caso do inciso II, contratação de obras e serviços de engenharia, não 
haverá aplicação dos benefícios quando o valor estimado da licitação superar 
R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). 
 
Além disso, a lei prevê que somente farão jus ao benefício as 
microempresas e as empresas de pequeno porte que, no ano-calendário de 
realização da licitação, ainda não tenham celebrado contratos com a 
Administração Pública cujos valores somados extrapolem o montante de R$ 
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). Para tanto, o órgão 
promotor da licitação deve exigir do licitante uma declaração de observância 
desse limite na licitação. Desse modo, se uma ME ou EPP firmou três contratos 
em um determinado ano, sendo cada um deles de um milhão de reais, ela poderá 
disputar o certame com seus benefícios. Por outro lado, se cada contrato tiver o 
valor de dois milhões de reais, ela superará o teto previsto e terá de disputar o 
 
 
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certame sem usufruir do tratamento diferenciado da Lei Complementar nº 123, de 
2006. 
 
Para fins de afastamento do benefício nos casos anteriormente 
citados, a lei determina que, caso a vigência da contratação supere um ano, 
somentese considera o valor anual do contrato na aplicação dos limites. 
 
g) Princípios: 
 
O artigo 5º da NLL é rico em princípios. São 22 princípios expressos, 
a saber: 
 
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da 
eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da 
igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da 
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do 
julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da 
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da 
economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim 
como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro 
de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). 
 
1. Legalidade: conforme preceitua o art. 5º, II, CF/88, “ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei”. Cabe ao administrador público observar os 
ditames legais em sua atuação; 
2. Impessoalidade: a Administração Pública não pode admitir 
favoritismos, devendo zelar por um tratamento equânime e 
neutro; 
3. Moralidade: a ação da administração deve ser ética e voltada à 
persecução de interesses legítimos; 
 
 
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4. Publicidade: é essencial para assegurar a lisura dos 
procedimentos, bem como para assegurar mecanismos de 
controle, seja por órgãos do Estado, seja pelos próprios 
cidadãos; 
5. Eficiência: o agente público deve buscar a solução mais 
adequada e menos onerosa para solucionar um problema ou 
satisfazer uma necessidade; 
6. Interesse público: o interesse público primário é a satisfação de 
um interesse da coletividade, ao passo que o interesse público 
secundário é o da própria Administração Pública. A supremacia 
do interesse público não implica um menosprezo pelos 
interesses particulares, os quais devem ser sopesados caso a 
caso; 
7. Probidade administrativa: o gestor deve atuar com retidão e com 
honestidade; 
8. Igualdade: não pode haver discriminação no tratamento 
conferido aos particulares interessados no procedimento 
licitatório; 
9. Planejamento: a ênfase dada pela lei no planejamento decorre 
da necessidade de evitar desperdício de recursos públicos; 
10. Transparência: não basta apenas publicar, é preciso conferir 
maior transparência aos atos da Administração, removendo 
empecilhos à fiscalização, inclusive por parte da própria 
sociedade, como forma de combater a corrupção; 
11. Eficácia: não basta fazer a licitação corretamente, é preciso que 
ela seja dotada de eficácia também. Desse modo, não basta 
conseguir licitar uniformes para os estudantes, por exemplo, é 
preciso que eles sejam entregues antes do começo das aulas; 
 
 
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12. Segregação de funções: é necessário definir e delimitar as 
competências dos agentes públicos para que diversas funções 
não se acumulem em uma pessoa. O objetivo é permitir o 
controle desde o primeiro nível da linha de defesa que são os 
próprios servidores e empregados públicos; 
13. Motivação: o agente público precisa explicitar suas razões de 
decidir, de forma a permitir o exercício do controle; 
14. Vinculação ao edital: todos devem obedecer às regras postas 
em um edital, inclusive a própria Administração. Muito embora 
seja comum a frase de que “o edital faz lei entre as partes”, há 
de fazer a ressalva de que se seu regramento contiver 
ilegalidades, ele deve ser anulado, o que pode ser feito de ofício 
pela Administração; 
15. Julgamento objetivo: não podem ser aceitas vantagens não 
previstas no edital para selecionar uma proposta em detrimento 
de outra. O julgamento da proposta deve seguir os critérios 
objetivamente postos no edital, a fim de afastar subjetivismos ou 
mesmo favoritismos na seleção do fornecedor; 
16. Segurança jurídica: os atos administrativos devem ser 
previsíveis; 
17. Razoabilidade: a razoabilidade visa a afastar a arbitrariedade ou 
mesmo excessos na atuação da Administração. Para um ato ser 
razoável ele deve observar os subprincípios da necessidade, 
adequação e proporcionalidade em sentido estrito; 
18. Proporcionalidade: a proporcionalidade em sentido estrito 
reclama que as vantagens da prática de um determinado ato 
superem as desvantagens; 
19. Competitividade: é a competição entre os licitantes que permite 
que a Administração obtenha os melhores resultados. Por isso, 
 
 
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o gestor público deve evitar regras que restrinjam indevidamente 
a competição; 
20. Celeridade: a Administração deve buscar satisfazer suas 
necessidades de forma ágil. Contudo, a pressa administrativa 
decorrente da falta de planejamento ou do planejamento 
inadequado não constitui razão para a inobservância das 
formalidades legais; 
21. Economicidade: as contratações públicas devem atender ao 
interesse pública de forma econômica, evitando-se desperdícios 
e aquisições de bens de consumo de luxo; 
22. Desenvolvimento nacional sustentável: as licitações também 
possuem um papel de política pública destinadas a fomentar um 
desenvolvimento que seja sustentável, induzindo e fomentando 
o mercado a trazer soluções que respeitem o meio ambiente, 
promova o desenvolvimento social e o crescimento econômico. 
 
O art. 5º fez alusão, ainda, à necessidade de se observar os 
comandos da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que introduziu 
importantes inovações no ordenamento pátrio, especialmente quando estabelece 
que “nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base 
em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências 
práticas da decisão”. Afinal, não se deve aplicar um tratamento que traga mais 
malefícios ao interesse público do que benesses. 
 
h) Objetivos: 
 
O artigo 11 da NLL define os objetivos da licitação: 
 
Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: 
 
 
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I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de 
contratação mais vantajoso para a Administração Pública, 
inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto; 
II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem 
como a justa competição; 
III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços 
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução 
dos contratos; 
IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional 
sustentável. 
Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é 
responsável pela governança das contratações e deve 
implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de 
riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar 
os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito 
de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, 
promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o 
alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às 
leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e 
eficácia em suas contratações. (grifos nossos) 
 
É possível depreender do referido dispositivo legal que a velha 
lógica centrada exclusivamente no menor preço, que ainda pauta a atuação de 
muitos gestores, necessita ser superada. É preciso considerar o ciclo de vida do 
objeto para que se obtenha contratações mais eficientes, além de buscar a 
promoção da inovação e do desenvolvimento nacional sustentável. 
Consequentemente, é preciso ter uma estrutura de governança das contratações 
públicas implementada pela alta administração de um órgão ou entidade. 
 
i) Definições: 
 
As definições da nova Lei de Licitações e Contratos encontram-se 
no art. 6º. No entanto, os conceitos serão trabalhados de forma transversal, à 
medida que os temas forem sendo tratados no presente material. 
 
 
 
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j) Modalidades: 
 
As modalidades de licitação estão previstas no art. 28: 
 
Art. 28. São modalidades

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