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Prof. Igor Maciel 9 Licitações Direito Administrativo para a 1ª Fase do Exame de Ordem (OAB) Documento última vez atualizado em 03/12/2024 às 11:26. 9. Licitações 9. Licitações 1/84 3 5 26 34 36 50 64 70 74 82 Índice 9.1) Considerações Iniciais 9.2) Legislação 9.3) Princípios da Licitação 9.4) Objeto da Licitação 9.5) Contratação direta 9.6) Modalidades de licitação 9.7) Procedimentos auxiliares na nova Lei de Licitações 9.8) Critérios de julgamento (tipos de licitação) 9.9) Procedimento da Licitação 9.10) Anulação e Revogação 9. Licitações 9. Licitações 2/84 Considerações Iniciais Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A Lei 14.133/21 foi publicada em 1º de abril de 2021 e estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Apesar de ser nova a legislação, muitos temas da Lei 8.666/93 foram nela repetidos. Além disso, muitos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais foram positivados na Lei 14.133/21, de modo que o diploma passa a prever expressamente posições já bem conhecidas. Mas, professor, o que é uma Licitação? A Licitação é: procedimento administrativo obrigatório, destinado à seleção da melhor proposta dentre aqueles interessados em contratar com a Administração Pública; com finalidade de realizar a melhor contratação possível para a Administração Pública, ou seja, busca a melhor proposta, estimulando a competitividade, e oferece iguais condições a todos, promovendo a isonomia; respeitando os imperativos da isonomia, impessoalidade, moralidade e indisponibilidade do interesse público. Segundo ensina José dos Santos Carvalho Filho, licitação é: "o procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico." 9. Licitações 9. Licitações 3/84 Quando se afirma que a licitação é um procedimento administrativo, quer-se dizer que se trata de uma série de atos continuados da Administração e dos interessados, para chegar em um objetivo desejado, quais sejam, os esculpidos no art. 11 da Lei 14.133/21: Art. 11. O processo licitatório tem por objetivos: I - assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto; II - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição; III - evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na execução dos contratos; IV - incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável. Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia 9. Licitações 9. Licitações 4/84 Legislação em suas contratações. A licitação nada mais é que um procedimento administrativo com o objetivo de fazer a administração pública contratar a melhor proposta, observando o princípio da isonomia, selecionando a proposta que melhor atenda ao interesse púbico. Professor, a proposta mais vantajosa é sempre a mais baixa? Não necessariamente. A nova lei de licitações fala em critérios de julgamento, por meio dos quais a Administração Pública decidirá qual é a melhor proposta. As principais fontes constitucionais da licitação são o art. 22, XXVII, CF/88, o art. 37, XXI, CF/88 e o art. 173, § 1.º, III, CF/88. No âmbito infraconstitucional, diversas leis tratam da licitação, como a Lei 8.666/1993 (normas gerais de licitações e contratos administrativos), a Lei 14.133/21 (nova Lei de Licitações), Lei 10.520/2002 (pregão), Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC), Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais), etc. Vejamos. Disciplina normativa constitucional O artigo 22, inc. XXVII, da Constituição Federal estabelece a competência para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, sendo esta, privativa da União. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; Assim, as normas gerais sobre licitações serão editadas pela União, sendo de observância obrigatória pelos demais entes federados. Já os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem competência legislativa supletiva, desde que as normas editadas não sejam contrárias aos preceitos da norma geral. 9. Licitações 9. Licitações 5/84 União União União/Estados/DF/Municípios Compete criar normas de caráter geral (nacionais) sobre licitações, aplicáveis a todos os entes federados. Todos os entes federados podem criar normas específicas sobre licitações, com o objetivo de atender às peculiaridades sociais e econômicas da região, sempre respeitando as normas gerais. Mas professor, o que são “normas gerais”? De forma simplificada, podemos dizer que as normas gerais são aquelas que possuem um grau de abstração que regulam a matéria como um todo, de forma genérica, sem adentrar nas especificidades e peculiaridades de cada região. A título de exemplo, o art. 5º da Nova Lei de Licitações traz princípios norteadores que devem ser observados por todos os entes federados. Tais normas gerais, nunca poderão interferir na autonomia federativa, como elenca o art. 18 da CF/1988, vejamos: Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 9. Licitações 9. Licitações 6/84 A Lei n. 8.666/93 regula o procedimento licitatório de forma geral, mas segundo afirmou o STF na ADI 927 MC/RS de 1993, esta lei possui natureza “híbrida”, visto que de um lado é nacional quando estabelece normas gerais e do outro é lei federal, quando trata de normas específicas aplicáveis apenas à União. Ressalte-se que o mesmo entendimento deve ser dado à natureza jurídica da Lei 14.133/21, qual seja, é norma de natureza híbrida. Obrigatoriedade da Licitação Já o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal estabelece o princípio da obrigatoriedade da licitação, com exceção dos casos previstos em lei. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Assim, Administração Pública não poderá deixar de utilizar o procedimento licitatório antes da celebração de um contrato, a não ser em casos específicos previstosdireta devidamente motivada e independentemente de licitação prévia. Vale ressaltar, contudo, que esses casos também necessitam, em regra, observar um procedimento formal prévio, como a apuração e comprovação das hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação, por meio da motivação da decisão administrativa Na Lei 8.666/93, as hipóteses de contratação direta eram: a) licitação dispensada (art. 17 da Lei 8.666/1993); b) licitação dispensável (art. 24 da Lei 8.666/1993); e c) inexigibilidade de licitação ou licitação inexigível (art. 25 da Lei 8.666/1993). A nova Lei de Licitações, em obediência ao mesmo preceito constitucional, destinou capítulo próprio para tratar da contratação direta (Capítulo VIII, da Lei 14.133/21), nele incluindo regras sobre o processo de contratação direta, mais bem detalhadas do que as contidas no art. 26 da Lei 8.666/93. Processo de contratação direta De acordo com o art. 72 da Lei 14.133/21, o processo de contratação direta compreende os casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, e deve ser instruído com os seguintes documentos: a) documento de formalização de demanda, estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência e, se for o caso, projeto básico ou projeto executivo; 9. Licitações 9. Licitações 36/84 b) estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23; c) parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, demonstrando o atendimento aos requisitos exigidos; d) demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso a ser assumido; e) comprovação de que o contratado preenche os requisitos de qualificação mínima necessária; f) razão de escolha do contratado; g) justificativa de preço; e h) autorização da autoridade competente. O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato deve ser publicado na imprensa oficial e mantido no respectivo sítio eletrônico oficial. Adiante, o art. 73 aponta que na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. A doutrina já indica que essas exigências contidas nos arts. 72 e 73 da nova Lei de Licitações, devem ser aplicadas não somente para os casos de dispensa e inexigibilidade, como também para os casos de dispensa previstas no art. 76, I e II da nova lei, atinentes à alienação de bens da Administração Pública. Vejamos agora os casos de dispensa e inexigibilidade, constantes da nova lei. Inexigibilidade de licitação Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A inexigibilidade é a situação onde a Administração pública deve deixar de licitar em decorrência da inexistência do pressuposto básico e essencial inerente à toda licitação: a concorrência. O art. 25, da Lei 8.666/93 elencou as hipóteses em que o administrador não fará licitações, em razão da inviabilidade de competição. Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; 9. Licitações 9. Licitações 37/84 II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico. A nova Lei de licitações, por sua vez, não apresentou grandes novidades em relação aos arts. 13 e 25 da Lei 8.666/93, mantendo, inclusive, a natureza exemplificativa das situações de inexigibilidade ao utilizar a expressão “em especial”, que também era utilizada pelo art. 25 da Lei 8.666/93. Para sua prova, é fundamental a leitura atenta do art. 74 da Lei 14.133/21: Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos; II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública; III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação: a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos; b) pareceres, perícias e avaliações em geral; c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e 9. Licitações 9. Licitações 38/84 demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento; V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Assim, com o novo diploma legal, temos cinco hipóteses de inexigibilidade: - Fornecedor exclusivo: a comprovação da exclusividade do fornecedor, prevista no art. 74, I, da nova Lei de Licitações, será realizada mediante atestado de exclusividade, contrato de exclusividade, declaração do fabricante ou outro documento idôneo capaz de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a preferência por marca específica; (art. 74, §1º, da nova Lei de Licitações); - Profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo: considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de empresário com representação restrita a evento ou local específico (art. 74, §2º, da nova Lei de Licitações); - Serviços técnicos especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, indicados no rol legal: considera-se de notória especialização o profissional ou a empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do contrato (art. 74, §3º, da nova Lei de Licitações); nesse caso, é vedada a subcontratação de empresas ou a atuação de profissionais distintos daqueles que tenham justificado a inexigibilidade (art. 74, §4º, da nova Lei de Licitações). - Objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento: credenciamento é processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados (art. 6º, XLIII, da nova Lei de Licitações) - Aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha: segundoart. 74, §5º, da nova Lei de Licitaçõe, devem ser observados os seguintes requisitos: I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do prazo de amortização dos investimentos; II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis que atendam ao objeto; III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela. 9. Licitações 9. Licitações 39/84 Destaque-se que o credenciamento já era considerado um caso de inexigibilidade de licitação previsto no caput do art. 25 da Lei 8.666/1993, reforçando o caráter exemplificativo dos seus incisos. Portanto, a Lei 14.133/21 apenas o inclui expressamente no rol de inexigibilidade de licitação. Pelo sistema de credenciamento, todos os potenciais interessados que preencherem as condições previamente estipuladas por regulamento do Poder Público para o exercício de determinada atividade serão credenciados e poderão prestar os serviços. Observa-se que não há competição entre interessados, mas, sim, a disponibilização universal do serviço para todos os interessados que preencherem as exigências estabelecidas. Por fim, deve-se ter especial atenção com a aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha, pois essa era prevista como hipótese de dispensa de licitação pelo art. 24, X, da Lei 8.666/93. Contudo, a doutrina entendia que se tratava de inexigibilidade de licitação, o que foi acatado pelo legislador na edição da nova lei. Licitação dispensável Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O art. 75 da nova Lei de Licitações enumera o rol de casos de dispensa de licitação, mantendo, em boa parte, as hipóteses de dispensa previstas no art. 24 da Lei 8.666/93. Porém, também alterou e excluiu alguns casos elencados na legislação anterior, bem como incluiu novas hipóteses. Mas professor, é importante conhecer todas as hipóteses de dispensa? É necessária a compreensão geral das possibilidades de dispensa, além de uma atenção redobrada com as novas hipóteses. Destacamos os itens mais relevantes, mas é imprescindível 9. Licitações 9. Licitações 40/84 a leitura de todo o dispositivo. Ademais, atente-se para os incisos XVI a XVIII, que foram modificados/incluídos pela recente Lei 14.628/2023. Art. 75. É dispensável a licitação: I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores; II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras; III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes; IV - para contratação que tenha por objeto: a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original desses equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração; c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada vantagem para a Administração; e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com base no preço do dia; f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional; g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar; 9. Licitações 9. Licitações 41/84 h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificada pelo comandante da força militar; i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento; j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível; l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação; m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde; V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei; VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios; VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ordem; VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso; IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a Administração Pública e que tenham 9. Licitações 9. Licitações 42/84 sido criados para esse fim específico, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; X - quando a Uniãotiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo ou com entidade de sua Administração Pública indireta que envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos termos autorizados em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação; XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles definidos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia; XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória especialização; XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da Administração Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado e os serviços contratados sejam prestados exclusivamente por pessoas com deficiência; XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas atividades, ou para contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa presa, desde que o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos; XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII deste caput, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.628, de 2023) XVII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, a fim de beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou pela falta regular de água; e (Incluído pela Lei nº 14.628, de 2023) XVIII - para contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação do Programa Cozinha Solidária, que tem como finalidade fornecer alimentação gratuita 9. Licitações 9. Licitações 43/84 preferencialmente à população em situação de vulnerabilidade e risco social, incluída a população em situação de rua, com vistas à promoção de políticas de segurança alimentar e nutricional e de assistência social e à efetivação de direitos sociais, dignidade humana, resgate social e melhoria da qualidade de vida. (Incluído pela Lei nº 14.628, de 2023) Inicialmente, com relação aos valores previstos nos incisos I e II, para fins de sua aferição, o §1º do art. 75 determina que deverão ser observados o somatório do que for despendido no exercício financeiro pela respectiva unidade gestora e o somatório da despesa realizada com objetos de mesma natureza, entendidos como tais aqueles relativos a contratações no mesmo ramo de atividade. Tal regra não se aplica às contratações de até R$ 8.000,00 (oito mil reais) de serviços de manutenção de veículos automotores de propriedade do órgão ou entidade contratante, incluído o fornecimento de peças. Quando se tratar de compras, obras e serviços contratados por consórcio público ou por autarquia ou fundação qualificadas como agências executivas na forma da lei, esses valores serão duplicados. Apesar de ser dispensável a licitação, o §3º do art. 75 afirma que as contratações de que tratam os incisos I e II serão preferencialmente precedidas de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse da Administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta mais vantajosa. Ademais, serão preferencialmente pagas por meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP). A dispensa para contratação que tenha por objeto produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamentação específica. Ao disciplinar sobre a hipótese do inciso VIII, o art. 75, §6º prevê que considera-se emergencial a contratação por dispensa com objetivo de manter a continuidade do serviço público, e deverão ser observados os valores praticados pelo mercado na forma do art. 23 da Lei e adotadas as providências necessárias para a conclusão do processo licitatório, sem prejuízo de apuração de responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação emergencial. Destaca-se ainda acerca de tal caso que a legislação anterior estabelecia o prazo máximo de 6 (seis) meses para contratação, e a nova Lei amplia o prazo para 1 (um) ano, vedada a prorrogação para além do prazo máximo nas duas normas. Também, diferentemente da legislação anterior, a Lei 14.133/21 proíbe a recontratação de empresa já contratada emergencialmente, com fundamento no referido dispositivo legal. Observa-se, assim, que algumas hipóteses de licitação dispensável da Lei 8.666/93 não foram mantidas pelo art. 75 da nova Lei de Licitações. São eles: incisos X, XI, XVI, XXII, XXIII, XXIV, XXX, XXXIII e XXXV, do art. 24, da Lei 8.666/93. 9. Licitações 9. Licitações 44/84 Questão 2021 | 4000005121 Francisco, Prefeito do Município Casa Feliz, encontrava-se insatisfeito com o imóvel sede da Prefeitura. O imóvel atual, localizado na Rua Sorriso, já não comportava mais o quadro de funcionários do órgão, pois, em data recente, o Prefeito havia nomeado novos agentes administrativos, após regular realização de concurso público. Diante dessa situação, Francisco o procurou buscando orientações acerca do procedimento para aquisição da nova sede municipal, pois já havia encontrado o novo imóvel que atenderia exatamente às necessidades de instalação da Prefeitura Municipal. Nos termos da Lei nº 14.133/2021 e na qualidade de advogado, é correto a�rmar que: A) Francisco deverá realizar licitação para a aquisição da nova sede da Prefeitura, pois a Prefeitura Municipal é órgão da administração direta. B) Francisco estará obrigado a licitar apenas se a hipótese se tratar de locação do novo imóvel, havendo dispensa da licitação para a compra do imóvel. C) É inexigível a realização da licitação para a aquisição do imóvel escolhido por Francisco, devendo ser realizada a contratação direta. D) Francisco poderá exercer juízo de conveniência e oportunidade quanto à realização ou não do procedimento licitatório, visto que é caso de dispensa de licitação. Solução Além disso, duas situações antes tratadas como dispensa de licitação receberam novo tratamento. Primeiramente, como dito, o art. 24, X da Lei 8.666/93 estabelecia a dispensa para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, o que passoua ser caso de inexigibilidade de licitação, segundo art. 74, V, da nova Lei de Licitações. Em segundo lugar, o art. 24, XI da Lei 8.666/93 permitia a dispensa de licitação na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido. Porém, isso não configurava bem uma hipótese de contratação direta, uma vez que a licitação foi realizada, mas sim, de inadimplemento contratual. Diante disso, a Lei 14.133/21 passou a disciplinar o tema quando tratou da formalização dos contratos administrativos. Pelo seu art. 90, § 7º, será facultada à Administração a convocação dos demais licitantes classificados para a contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão contratual, observados os critérios estabelecidos nos §§2º e 4º do referido artigo. 9. Licitações 9. Licitações 45/84 Gabarito: C) É inexigível a realização da licitação para a aquisição do imóvel escolhido por Francisco, devendo ser realizada a contratação direta. A questão aborda a Nova Lei de Licitações. Francisco, Prefeito do Município Casa Feliz, desejava realizar a aquisição de imóvel determinado para a nova sede da Prefeitura, pois o novo imóvel, já encontrado, atenderia exatamente às necessidades de instalação da Prefeitura Municipal. Sobre o tema, Rafael Oliveira ensina que “Licitação é o processo administrativo utilizado pela Administração Pública e pelas demais pessoas indicadas pela lei, com o objetivo de garantir a isonomia, selecionar a melhor proposta e promover o desenvolvimento nacional sustentável, por meio de critérios objetivos e impessoais, para celebração de contratos”. A realização do procedimento licitatório é a regra, considerando o princípio da e�ciência. Ocorre que, a situação versa sobre a aquisição de imóvel ideal, que, nos termos da Lei nº 14.133/2021 trata-se de hipótese de inexigibilidade de licitação. Vejamos: Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: (...) V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Quando falamos em inexigibilidade de licitação há inviabilidade da competição, razão pela qual o gestor público �cará impedido de licitar, devendo realizar a contratação direta. O “imóvel ideal” será aquele cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Perceba que a hipótese contempla tanto a locação quanto a compra do imóvel ideal, portanto, Francisco deverá realizar a contratação direta para aquisição do imóvel escolhido, mediante inexigibilidade do procedimento licitatório, de modo que a alternativa correta será a letra C. Questão 2021 | 4000004920 O Município Y foi atingido por intensos alagamentos em virtude das fortes chuvas. Na ocasião, diversas famílias �caram sem suas casas. No intuito de abrigar, em condições adequadas, as famílias que perderam seus lares, buscou-se a contratação de empresas para fornecimento de colchonetes e materiais básicos de higiene, bem como para construção de alojamentos provisórios no estádio municipal. A respeito da situação, à luz da Lei 14.133/21, é correto a�rmar que: A) O fornecimento de colchonetes e materiais básicos de higiene, bem como a construção dos alojamentos provisórios, no estádio municipal, trata-se de hipótese de inexigibilidade de licitação, fundamentada na necessidade e urgência da medida. B) O fornecimento de colchonetes e materiais básicos de higiene, bem como a construção dos alojamentos provisórios no estádio municipal, trata-se de contratação emergencial e, caso seja necessária outra contratação para execução de obras e serviços, pelas mesmas 9. Licitações 9. Licitações 46/84 razões, a conclusão deverá ocorrer no prazo máximo de seis meses, contados da data da ocorrência da emergência. C) O fornecimento de colchonetes e materiais básicos de higiene, bem como a construção dos alojamentos provisórios no estádio municipal, trata-se de hipótese de dispensa de licitação, sendo vedada a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no mesmo fundamento. D) Considerando tratar-se o caso em análise de situação emergencial ou calamitosa, será possível a contratação emergencial de quaisquer bens, enquanto durar o evento. Solução Gabarito: C) O fornecimento de colchonetes e materiais básicos de higiene, bem como a construção dos alojamentos provisórios no estádio municipal, trata-se de hipótese de dispensa de licitação, sendo vedada a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no mesmo fundamento. A questão trata da contratação direta emergencial por dispensa de licitação, introduzida pela Lei 14.133/2021. Prevê o art. 75, VIII da Lei 14.133/2021 os seguintes requisitos: existência de situação de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada urgência na contratação que possa causar prejuízo ao interesse público; contratação de bens necessários ao atendimento da situação emergencial/de calamidade pública; contratação de obras e serviços que possam ser concluídos no prazo máximo de 1 (um) ano, contados da ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base na situação vigente. Veja: Art. 75. É dispensável a licitação: (...) VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso; Observe que, na hipótese, a competição é possível, cabendo ao administrador público avaliar, mediante critérios de conveniência e oportunidade, acerca da contratação direta ou não. Assim, pelo exposto, a alternativa correta será a letra C. Licitação dispensada 9. Licitações 9. Licitações 47/84 A licitação dispensada é prevista para os casos de alienação de bens imóveis e móveis da Administração indicados no art. 76, I e II, da Lei 14.133/21, respectivamente, assemelhando-se às situações descritas nos incisos I e II do art. 17 da Lei 8.666/93. Tratam-se de hipóteses taxativas, uma vez que, quando houver viabilidade de licitação, a regra constitucional é a licitação, “ressalvados os casos especificados na legislação”, na forma do art. 37, XXI, da Constituição Federal de 1988. Mas qual a diferença de licitação inexigível, dispensável e dispensada? Como estudado, na inexigibilidade, o administrador se depara com hipóteses nas quais a licitação é impossível, por lhe faltar o pressuposto lógico, a competição. São as situações elencadas no art. 74, da Lei 14.133/21. Na licitação dispensável, a Administração Pública poderá licitar ou dispensar o procedimento, agindo segundo uma margem discricionária com um juízo de conveniência e oportunidade. Aqui, temos as hipóteses do artigo 75, da Lei 14.133/21. Finalmente, licitação dispensada é aquela em que a própria Lei determina que o Administrador não a realize. Inexiste margem discricionária: o administrador não pode licitar. São os casos descritos no artigo 76, I e II, da Lei 14.133/21. Desse modo, a licitação dispensada é aquela em que não há discricionariedade, pois o próprio legislador dispensou (“dispensa legal”) a licitação, inexistindo liberdade para o administrador decidirde maneira diversa. Assim enumera o art. 76, I e II, da nova Lei de Licitações: Art. 76. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - tratando-se de bens imóveis, inclusive os pertencentes às autarquias e às fundações, exigirá autorização legislativa e dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: a) dação em pagamento; 9. Licitações 9. Licitações 48/84 b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e “h” deste inciso; c) permuta por outros imóveis que atendam aos requisitos relacionados às finalidades precípuas da Administração, desde que a diferença apurada não ultrapasse a metade do valor do imóvel que será ofertado pela União, segundo avaliação prévia, e ocorra a torna de valores, sempre que for o caso; d) investidura; e) venda a outro órgão ou entidade da Administração Pública de qualquer esfera de governo; f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente usados em programas de habitação ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pública; g) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação e permissão de uso de bens imóveis comerciais de âmbito local, com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e destinados a programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgão ou entidade da Administração Pública; h) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1º do art. 6º da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; i) legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública competentes; j) legitimação fundiária e legitimação de posse de que trata a Lei nº 13.465, de 11 de julho de 2017; II - tratando-se de bens móveis, dependerá de licitação na modalidade leilão, dispensada a realização de licitação nos casos de: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de oportunidade e conveniência socioeconômica em relação à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) venda de títulos, observada a legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; 9. Licitações 9. Licitações 49/84 Modalidades de licitação f) venda de materiais e equipamentos sem utilização previsível por quem deles dispõe para outros órgãos ou entidades da Administração Pública. Cumpre observar que os arts. 17, I e II, e 22, §5º, da Lei 8.666/93 estabelecem, como regra geral, a utilização da concorrência para alienação de bens imóveis e do leilão dos bens móveis, aceitando, excepcionalmente, a utilização do leilão para alienação de bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, na forma do art. 19, III, da Lei 8.666/93). Todavia, com o advento da nova Lei de Licitações, o leilão poderá ser utilizado para alienação de bens imóveis e móveis, nos termos do art. 76, I e II da Lei 14.133/21. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. A administração deverá adotar certos procedimentos e formalidades em cada licitação, adotando a modalidade que melhor se adeque ao interesse público. Cinco são as modalidades elencadas na Lei n. 8.666/93, especificamente no artigo 22, quais sejam: a) Concorrência; b) Tomada de preço; c) Convite; d) Concurso; e) Leilão. Além dessas modalidades, outras três são previstas em leis esparsas: a) Pregão (Lei n. 10.520/2002); b) Consulta (Lei n. 9.472/1997); c) RDC (Lei n. 12.462/2011). Por sua vez, o art. 28 da nova Lei de Licitações, dispõe: Art. 28. São modalidades de licitação: I - pregão; II - concorrência; 9. Licitações 9. Licitações 50/84 III - concurso; IV - leilão; V - diálogo competitivo. § 1º Além das modalidades referidas no caput deste artigo, a Administração pode servir-se dos procedimentos auxiliares previstos no art. 78 desta Lei [2]. § 2º É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou, ainda, a combinação daquelas referidas no caput deste artigo. Observe que a nova lei extinguiu as modalidades “tomada de preços” e “convite”, ao tempo em que criou nova modalidade de licitação: o “diálogo competitivo”. Com isso, a Lei 14.133/21 não mais adota o critério do valor estimado da contratação para escolha entre a concorrência, tomada de preços e o convite nos termos do art. 23, I e II, da Lei 8.666/93. A definição da modalidade de licitação a ser utilizada pela Administração Pública dependerá do objeto a ser contratado. O concurso, o leilão e o pregão já não possuíam relação com o valor da contratação. Igualmente, o diálogo competitivo não possui vinculação com o vulto do contrato, mas sim com outros parâmetros, como às inovações tecnológicas e complexidade técnica. Ademais, o art. 28, §2º, da nova Lei de Licitações, assim como o art. 22, §8º, da Lei 8.666/93, veda expressamente que a Administração crie outras modalidades de licitação ou combine as modalidades existentes. Na nova Lei de Licitações, a definição da modalidade de licitação a ser utilizada pela Administração Pública dependerá do objeto a ser contratado. Pregão Estabelecido pela Lei 10.520/2002, o Pregão veio a criar uma nova modalidade de licitação, destinada à aquisição de bens e serviços comuns, cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Cumpre recordar que a Lei 10.520/2002, juntamente com a Lei 8.666/93 e os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462/11 serão revogados após 2 anos da publicação da Lei 14.133/21, passando essa 9. Licitações 9. Licitações 51/84 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 norma a regular integralmente a matéria. De acordo com o art. 29, da lei 14.133/21, o pregão, que seguirá o rito previsto no art. 17, será adotado sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado. Dispõe o art. 6.º, XLI, da nova Lei de Licitações que o pregão é a modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior desconto. Por seu turno, o art. 6.º, XIII define bens e serviços comuns como “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado”. Contudo, esta modalidade de licitação é inaplicável às contratações de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia.É possível ainda a utilização do pregão para contratação de serviços comuns de engenharia, assim considerados aqueles que tenham por objeto “ações, objetivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das características originais dos bens”, na forma do art. 6.º, XXI, “a”, da nova Lei de Licitações. Concorrência Segundo art. 22, §1º da Lei 8.666/93, a concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Na disciplina da Lei 8.666/93, esta modalidade é a mais formal, pois sua exigência, em regra, recai sobre contratos de grande porte econômico, ou ainda para as alienações. Na nova Lei de Licitações, a concorrência também seguirá o rito do art. 17 e será adotada para os casos em que não for possível a utilização do pregão. Esse rito procedimental do art. 17, que passa a ser a regra na nova lei, positiva a tendência de realização da fase de julgamento antes da etapa de habilitação, o que já era previsto na Lei do Pregão (Lei 10.520/02). Assim, os procedimentos da concorrência e do pregão são muito similares e essas modalidades serão diferenciadas, basicamente, pelo objeto a ser contratado e pelo critério de julgamento utilizado na licitação. Sobre os critérios de julgamento utilizados na concorrência, estabelece o art. 6º, XXXVIII, da Lei 14.133/21: Art. 6º. (...) 9. Licitações 9. Licitações 52/84 XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: a) menor preço; b) melhor técnica ou conteúdo artístico; c) técnica e preço; d) maior retorno econômico; e) maior desconto; Concurso Pelo art. 22, §4º, da Lei 8.666/93, concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Já o art. 6.º, XXXIX, da nova Lei de Licitações, afirma que o concurso é a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor. Sobre a modalidade, prevê o art. 30, da Lei 14.133/21: Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas em edital, que indicará: I - a qualificação exigida dos participantes; II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho; III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser concedida ao vencedor. Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos termos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e oportunidade das autoridades competentes. Leilão O parágrafo 5º, do artigo 22, da Lei 8.666/93 dispõe que o leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou 9. Licitações 9. Licitações 53/84 de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Na disciplina da nova lei, o art. 6.º, XL, afirma que o leilão é a modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem oferecer o maior lance. Vale lembrar que os arts. 17, I e II, e 22, §5º, da Lei 8.666/1993 estabelecem, como regra, a utilização da concorrência para alienação de bens imóveis e do leilão dos bens móveis, admitindo, de forma excepcional, a utilização do leilão para alienação de bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, segundo art. 19, III, da Lei 8.666/93). Com o novo diploma legal, o leilão poderá ser utilizado para alienação de bens imóveis e móveis. Além disso, a nova Lei de Licitações estabeleceu regras mais detalhadas para realização do leilão, em seu art. 31. Vejamos: Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela autoridade competente da Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais. § 1º Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credenciamento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de julgamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas, utilizados como parâmetro máximo os percentuais definidos na lei que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a serem leiloados. § 2º O leilão será precedido da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, que conterá: I - a descrição do bem, com suas características, e, no caso de imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros; II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado; III - a indicação do lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os semoventes; 9. Licitações 9. Licitações 54/84 IV - o sítio da internet e o período em que ocorrerá o leilão, salvo se excepcionalmente for realizado sob a forma presencial por comprovada inviabilidade técnica ou desvantagem para a Administração, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de sua realização; V - a especificação de eventuais ônus, gravames ou pendências existentes sobre os bens a serem leiloados. § 3º Além da divulgação no sítio eletrônico oficial, o edital do leilão será afixado em local de ampla circulação de pessoas na sede da Administração e poderá, ainda, ser divulgado por outros meios necessários para ampliar a publicidade e a competitividade da licitação. § 4º O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante vencedor, na forma definida no edital. Diálogo competitivo Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O diálogo competitivo foi criado pela Lei 14.133/21 e representa a modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento do diálogo, nos termos do art. 6.º, XLII, da nova lei. De acordo com o art. 32 da nova Lei de Licitações, o diálogo competitivo somente será utilizado nos seguintes casos: 9. Licitações 9. Licitações 55/84 O diálogo competitivo deverá observar a seguintes regras dispostas no art. 32, §1º, da nova Lei de Licitações: § 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições: I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico oficial, suas necessidades e as exigências já definidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na participação da licitação; II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos; III - a divulgação de informações de modo discriminatório que possa implicar vantagem para algum licitante será vedada; IV - a Administraçãonão poderá revelar a outros licitantes as soluções propostas ou as informações sigilosas comunicadas por um licitante sem o seu consentimento; V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identifique a solução ou as soluções que atendam às suas necessidades; VI - as reuniões com os licitantes pré-selecionados serão registradas em ata e gravadas mediante utilização de recursos tecnológicos de áudio e vídeo; VII - o edital poderá prever a realização de fases sucessivas, caso em que cada fase poderá restringir as soluções ou as propostas a serem discutidas; 9. Licitações 9. Licitações 56/84 Questão 2021 | 4000004831 O Município Y, com vistas a modernizar o sistema de tráfego municipal, pretende realizar procedimento licitatório para compra de um software que seja mais e�ciente na temporização semafórica, bem como preveja as melhores rotas e sentido das ruas. Ocorre que, um software que atenda exatamente às solicitações da Municipalidade necessitaria de inovação tecnológica ou técnica ou até mesmo a adaptação de soluções disponíveis no mercado. Além disso, a Administração Municipal não tem como de�nir as especi�cações técnicas com precisão su�ciente. Por esta razão, pretende adotar, no procedimento licitatório, a modalidade de diálogo competitivo, na forma da Lei nº 14.133/2021. Acerca da modalidade pretendida, assinale a alternativa correta: A) A licitação será conduzida por agente de contratação, pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Administração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação. Na fase competitiva, o Município Y declara que o diálogo foi concluído e divulga de edital contendo a especi�cação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré- selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto; IX - a Administração poderá solicitar esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não impliquem discriminação nem distorçam a concorrência entre as propostas; X - a Administração definirá a proposta vencedora de acordo com critérios divulgados no início da fase competitiva, assegurada a contratação mais vantajosa como resultado; XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação de profissionais para assessoramento técnico da comissão; Caso sejam contratados profissionais para assessoramento técnico, nos termos do art. 32, §1º, XI, eles assinarão termo de confidencialidade e abster-se-ão de atividades que possam configurar conflito de interesses. 9. Licitações 9. Licitações 57/84 B) objetivos a serem utilizados para seleção da proposta mais vantajosa, abrindo prazo, não inferior a 40 dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas. C) Na fase de diálogos, o Município Y divulgará edital em sítio eletrônico o�cial, com suas necessidades e exigências já de�nidas, e estabelecerá prazo mínimo de 25 dias úteis para manifestação de interesse na participação da licitação. D) Não é cabível a adoção da modalidade diálogo competitivo no caso narrado, devendo ser adotada, na verdade, a modalidade concorrência. Solução Gabarito: C) Na fase de diálogos, o Município Y divulgará edital em sítio eletrônico o�cial, com suas necessidades e exigências já de�nidas, e estabelecerá prazo mínimo de 25 dias úteis para manifestação de interesse na participação da licitação. A questão trata de nova modalidade de licitação introduzida pela Lei 14.133/2021: o diálogo competitivo. Importante o aluno se atentar a esta novidade, pois será bastante cobrada futuramente nas provas. Veja: Art. 28. São modalidades de licitação: I - pregão; II - concorrência; III - concurso; IV - leilão; V - diálogo competitivo. O artigo 6º, inciso XLII, da Lei 14.133/2021 assim de�ne o diálogo competitivo: XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta �nal após o encerramento dos diálogos; No caso em tela, observe que a Administração Municipal, para atingir o objeto, necessitaria de inovação tecnológica ou técnica ou até mesmo a adaptação de soluções disponíveis no mercado. Ademais, não tem como de�nir as especi�cações técnicas com precisão su�ciente. São justamente essas as características do diálogo competitivo. Ë o que dispõe o artigo 32, caput e incisos I e II da Lei 14.133/2021, o qual transcrevemos: Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Administração: I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: a) inovação tecnológica ou técnica; b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e 9. Licitações 9. Licitações 58/84 c) impossibilidade de as especi�cações técnicas serem de�nidas com precisão su�ciente pela Administração; II - veri�que a necessidade de de�nir e identi�car os meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque para os seguintes aspectos: a) a solução técnica mais adequada; b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já de�nida; c) a estrutura jurídica ou �nanceira do contrato; III - (VETADO). O diálogo competitivo pode ser dividido em 2 fases: a Fase de Diálogos e a Fase Competitiva. Na Fase de Diálogos, a Administração divulgará edital em sítio eletrônico o�cial, com suas necessidades e exigências já de�nidas, e estabelecerá prazo mínimo de 25 dias úteis para manifestação de interesse na participação da licitação. Esta fase poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identi�que a solução ou as soluções que atendam às suas necessidades. Já a Fase Competitiva ocorre após a Administração declarar que o diálogo foi concluído, justando aos autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de diálogo. Esta fase se inicia com a divulgação de edital contendo a especi�cação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta mais vantajosa. Ademais, abre-se prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os licitantes pré-selecionados apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto. Essa pré-seleção é feita a partir de critérios previstos em edital, sendo admitidos todos os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos. Veja o parágrafo 1º do art. 32 da Lei nº 14.133/2021 e os incisos que selecionamos: Art. 32. § 1º Na modalidade diálogo competitivo, serão observadas as seguintes disposições: I - a Administração apresentará, por ocasião da divulgação do edital em sítio eletrônico o�cial, suas necessidades e as exigências já de�nidas e estabelecerá prazo mínimo de 25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse na participaçãoda licitação; II - os critérios empregados para pré-seleção dos licitantes deverão ser previstos em edital, e serão admitidos todos os interessados que preencherem os requisitos objetivos estabelecidos; (...) V - a fase de diálogo poderá ser mantida até que a Administração, em decisão fundamentada, identi�que a solução ou as soluções que atendam às suas necessidades; (...) VIII - a Administração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital contendo a especi�cação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis, para todos os 9. Licitações 9. Licitações 59/84 licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os elementos necessários para a realização do projeto; Por �m, note que, com a Nova Lei de Licitações, a regra geral é de que a licitação será conduzida por agente de contratação, pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Administração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação. O agente de contratação será auxiliado por equipe de apoio e responderá individualmente pelos atos que praticar, salvo quando induzido a erro pela atuação da equipe. É o que diz o artigo 8º, caput e § 1º da Lei nº 14.133/2021. Porém, no caso do diálogo competitivo, não é assim que ocorre. Veja o inciso XI do § 1º do art. 32 da Lei nº 14.133/2021: XI - o diálogo competitivo será conduzido por comissão de contratação composta de pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação de pro�ssionais para assessoramento técnico da comissão; Questão 2021 | 4000004835 O Estado Alfa pretende alienar alguns bens de seu acervo, dentre eles: um terreno cuja aquisição se derivou de dação em pagamento; um veículo automotor; o prédio no qual atualmente funciona a Secretaria da Fazenda Estadual; um cemitério público. Sobre os bens mencionados, a possiblidade de alienação e o procedimento a ser adotado, assinale a alternativa correta: A) Não é possível realizar a alienação do cemitério público, ainda que se realize sua desafetação prévia, pois se trata não só de um bem de uso comum do povo, mas também de verdadeiro serviço público. B) Para que seja possível a alienação do terreno adquirido por dação em pagamento, a Administração Estadual deverá realizar a avaliação do bem, comprovar a necessidade da alienação, e adotar procedimento licitatório na modalidade concorrência ou leilão. C) Para que seja possível realizar a alienação do veículo automotor, é necessário haver interesse público devidamente justi�cado, bem como avaliação prévia, realização de licitação, e autorização legislativa, pois se trata da Administração Direta. D) Para alienação do prédio no qual atualmente funciona a Secretaria da Fazenda Estadual, é necessário haver interesse público devidamente justi�cado, bem como avaliação prévia, realização de licitação obrigatoriamente na modalidade concorrência, mas dispensa autorização legislativa, pois se trata da Administração Direta. 9. Licitações 9. Licitações 60/84 Solução Gabarito: B) Para que seja possível a alienação do terreno adquirido por dação em pagamento, a Administração Estadual deverá realizar a avaliação do bem, comprovar a necessidade da alienação, e adotar procedimento licitatório na modalidade concorrência ou leilão. A questão trata de bens públicos. Os bens públicos são os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno, e podem ser de uso comum do povo, de uso especial e dominicais. Veja o que ditam os artigos 98 e 99 do Código Civil: Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Observe que os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, pois afetados, ou seja, possuem uma destinação pública. Já os bens dominicais não possuem essa destinação pública, sendo chamados de desafetados e podem, portanto, ser alienados. Veja os artigos 100 e 101 do Código Civil: Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua quali�cação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Caso o Estado Alfa queira alienar um bem público de uso comum do povo ou de uso especial, deverá primeiramente desafetá-lo para, só então, aliená-lo. Ademais, as alienações deverão obedecer aos artigos 17, caput e incisos I e II, e 19 da Lei nº 8.666/93: Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justi�cado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades 9. Licitações 9. Licitações 61/84 paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos: (...) II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos: (...) Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras: I - avaliação dos bens alienáveis; II - comprovação da necessidade ou utilidade da alienação; III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de concorrência ou leilão. Portanto para alienar o prédio no qual atualmente funciona a Secretaria da Fazenda Estadual e o cemitério público, é necessário, além da desafetação – pois trata-se de bem de uso especial e de uso comum do povo, respectivamente –, também: interesse público devidamente justi�cado, avaliação prévia, realização de licitação, e autorização legislativa, pois se trata da Administração Direta, na forma do art. 17, caput e I, Lei 8.666/93. Para alienar o terreno cuja aquisição se derivou de dação em pagamento, é necessário seguir os requisitos do artigo 19 da Lei 8.666/93: avaliação do bem, comprovação da necessidade da alienação, e adoção de procedimento licitatório na modalidade concorrência ou leilão. E, para alienar o veículo automotor, é necessário, na forma do art. 17, caput e II, Lei 8.666/93: interesse público devidamente justi�cado, bem como avaliação prévia e realização de licitação. Mas, professor, e o RDC? O Regime Diferenciado de Contratação - RDC surgiu em 2011 através da Lei 12.462 com o objetivo de acelerar as obras de infraestrutura relacionada aos eventos que aconteceriam no Brasil, como a Copa do Mundo em 2014, a Copa das Confederações em 2013 e os Jogos Olímpicos em 2016. Posteriormente, este regimefora ampliado para abarcar outras obras e serviços de engenharia, como das do Sistema único de Saúde (SUS) e do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Contudo, assim como a Lei 8.666/1993 e Lei 10.520/2002 (Pregão), os arts. 1.º a 47-A da Lei 12.462/2011 (RDC), permanecerão em vigor apenas por mais 2 (dois) anos após a publicação da nova Lei de Licitações. Findo esse período, serão revogados e esse regime passará a não mais existir no ordenamento. 9. Licitações 9. Licitações 62/84 E o Sistema de Registro de Preços, professor? Na Lei 8.666/93, o Sistema de Preços não é uma modalidade de licitação, mas sim um procedimento administrativo por meio do qual a Administração Pública seleciona as propostas mais vantajosas, mediante concorrência ou pregão, que ficarão registradas perante a autoridade estatal para futuras e eventuais contratações. Além desse instrumento, a Lei 14.133/21 criou novos procedimentos para auxiliar nas licitações e contratações. Vejamos melhor cada um deles. Por fim, chamamos atenção para o artigo 86, que foi recentemente modificado pela Lei 14.770/2023, mais especificamente em seu § 3º. Vejamos: Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora deverá, na fase preparatória do processo licitatório, para fins de registro de preços, realizar procedimento público de intenção de registro de preços para, nos termos de regulamento, possibilitar, pelo prazo mínimo de 8 (oito) dias úteis, a participação de outros órgãos ou entidades na respectiva ata e determinar a estimativa total de quantidades da contratação. (...) § 2º Se não participarem do procedimento previsto no caput deste artigo, os órgãos e entidades poderão aderir à ata de registro de preços na condição de não participantes, observados os seguintes requisitos: (...) § 3º A faculdade de aderir à ata de registro de preços na condição de não participante poderá ser exercida: (Redação dada pela Lei nº 14.770, de 2023) I - por órgãos e entidades da Administração Pública federal, estadual, distrital e municipal, relativamente a ata de registro de preços de órgão ou entidade gerenciadora federal, estadual ou distrital; ou (Incluído pela Lei nº 14.770, de 2023) II - por órgãos e entidades da Administração Pública municipal, relativamente a ata de registro de preços de órgão ou entidade gerenciadora municipal, desde que o sistema de registro de preços tenha sido formalizado mediante licitação. (Incluído pela Lei nº 14.770, de 2023) 9. Licitações 9. Licitações 63/84 Procedimentos auxiliares na nova Lei de Licitações Esquematizando: No caso de órgãos e entidades aderirem à ata de registro de preços na condição de não participantes, tal faculdade somente poderá ser exercida: Por órgãos e entidades da... ...relativamente à... Administração Pública federal, estadual, distrital e municipal ata de registro de preços de órgão ou entidade gerenciadora federal, estadual ou distrital. Administração Pública municipal ata de registro de preços de órgão ou entidade gerenciadora municipal, desde que o sistema de registro de preços tenha sido formalizado mediante licitação. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O art. 78, da Lei 14.133/21 aponta os seguintes procedimentos auxiliares das licitações e das contratações: a) credenciamento; b) pré-qualificação; c) procedimento de manifestação de interesse; d) sistema de registro de preços; e e) registro cadastral. Os critérios, claros e objetivos, dos procedimentos auxiliares serão definidos em regulamento. Na pré-qualificação e no procedimento de manifestação de interesse, o julgamento segue o mesmo procedimento das licitações, segundo o art. 78, §2º da lei. Credenciamento 9. Licitações 9. Licitações 64/84 Como já destacado, dispõe o art. 6º, XLIII, da nova Lei de Licitações, que o credenciamento é o “processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados”. Ademais, vale lembrar que ele configura hipótese de inexigibilidade de licitação, na forma do art. 74, IV, da nova Lei de Licitações, e poderá ser utilizado nas hipóteses de contratação previstas no art. 79, da lei 14.133/21, quais sejam: I. paralela e não excludente: caso em que é viável e vantajosa para a Administração a realização de contratações simultâneas em condições padronizadas; II. com seleção a critério de terceiros: caso em que a seleção do contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação; III. em mercados fluidos: caso em que a flutuação constante do valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio do processo de licitação. Em relação ao procedimento, determina o art. 79, parágrafo único, da Lei 14.133/21: Art. 79. (...) Parágrafo único. Os procedimentos de credenciamento serão definidos em regulamento, observadas as seguintes regras: I - a Administração deverá divulgar e manter à disposição do público, em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de interessados, de modo a permitir o cadastramento permanente de novos interessados; II - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto não permitir a contratação imediata e simultânea de todos os credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de distribuição da demanda; III - o edital de chamamento de interessados deverá prever as condições padronizadas de contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da contratação; IV - na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração deverá registrar as cotações de mercado vigentes no momento da contratação; V - não será permitido o cometimento a terceiros do objeto contratado sem autorização expressa da Administração; VI - será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos fixados no edital. Pré-qualificação 9. Licitações 9. Licitações 65/84 A pré-qualificação já estava prevista na Lei 8.666/93, mas a sua utilização é restrita às concorrências quando o objeto da licitação recomendar análise mais detida da qualificação técnica dos interessados, consoante o art. 114 da Lei 8.666/93. Segundo o art. 6.º, XLIV, da nova Lei de Licitações, a pré-qualificação é o “procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto”. A pré-qualificação não é etapa de habilitação, mas sim busca identificar interessados em uma futura competição. De acordo com o art. 80 da nova Lei de Licitações, representa um procedimento técnico- administrativo que tem por objetivo selecionar previamente: a) licitantes que reúnam condições de habilitação para participar de futura licitação ou de licitação vinculada a programas de obras ou de serviços objetivamente definidos; e b) bens que atendam às exigências técnicas ou de qualidade estabelecidas pela Administração. Na pré-qualificação, quando aberta a licitantes, poderão ser dispensados os documentos que já constarem do registro cadastral, já quando aberta a bens, poderá ser exigida a comprovação de qualidade. O procedimento de pré-qualificação ficará permanentemente aberto para a inscrição de interessados, nos termos do art. 80, § 2.º, da nova Lei de Licitações. Quanto ao prazo, a validade da pré-qualificação é de, no máximo, um ano, podendo ser atualizada a qualquer tempo, sendo certo que a validade não poderá ser superior ao prazo de validade dos documentos apresentados pelos interessados, conforme art. 80, §8º, da Lei 14.133/21. Ademais, a licitação que se seguir ao procedimento da pré-qualificação poderá ser restrita a licitantes pré-qualificados. Procedimento de manifestação de interesse (PMI) O PMI não é bem uma criação da Lei 14.133/21, pois ele já era permitido pelo art. 21 da Lei8.987/95, aplicável às PPPs, na forma do art. 3º, caput e §1º, da Lei 11.079/2004. Do mesmo modo, o PMI pode ser utilizado no âmbito das empresas estatais, conforme art. 31, §4º, da Lei 13.303/2016. 9. Licitações 9. Licitações 66/84 Na nova Lei de Licitações, o art. 81 autoriza que a Administração solicite à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de interesse (PMI), a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública, na forma de regulamento. Assim, a partir da nova Lei de Licitações, a utilização do PMI será admitida para todas as espécies de contratação pública. Os estudos, investigações, levantamentos e projetos vinculados à contratação e de utilidade para a licitação, realizados pela Administração ou com a sua autorização, estarão à disposição dos interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os dispêndios correspondentes, conforme especificado no edital, nos termos do art. 81, §1º, da Lei 14.133/21. A nova lei ainda esclarece que a realização do PMI: a) não atribui ao realizador direito de preferência no processo licitatório; b) não obriga o poder público a realizar licitação; c) não implica, por si só, direito a ressarcimento de valores envolvidos em sua elaboração; d) somente será remunerada pelo vencedor da licitação, não sendo possível, em nenhuma hipótese, a cobrança de valores do poder público. Para aceitação dos produtos e serviços, a Administração deverá elaborar parecer fundamentado demonstrando que o produto ou serviço entregue é adequado e suficiente à compreensão do objeto, que as premissas adotadas foram compatíveis com as reais necessidades do órgão e que a metodologia proposta é a que propicia maior economia e vantajosidade dentre as demais possíveis, segundo art. 81, §3º, da nova Lei de Licitações. Por fim, afirma o art. 81, §4º, da Lei 14.133/21 que o PMI poderá ser restrito a startups. O dispositivo ainda as conceitua como os microempreendedores individuais, as microempresas e as empresas de pequeno porte, de natureza emergente e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, desenvolvimento e implementação de novos produtos ou serviços baseados em soluções tecnológicas inovadoras que possam causar alto impacto, exigindo-se, na seleção definitiva da inovação, validação prévia fundamentada em métricas objetivas, de modo a demonstrar o atendimento das necessidades da Administração. Sistema de Registro de Preços Como já visto, o Sistema de Registro de Preços não se trata de uma modalidade de licitação, mas sim de um procedimento administrativo, o qual já possuía previsão no art. 15, II, da Lei 8.666/93, sendo também utilizado no Regime Diferenciado de Contratações Públicas, consoante o art. 32, §2º, da Lei 12.462/2011, e na Lei das Estatais, conforme art. 66, da Lei 13.303/2016. 9. Licitações 9. Licitações 67/84 Segundo previsão no art. 6.º, XLV, da nova Lei de Licitações, o SRP é o “conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras”. Verifica-se que o objeto do SRP foi ampliado, podendo ser utilizado para serviços, inclusive de engenharia, obras, aquisição e locação de bens. Acerca do edital para registro de preços, dispõe o art. 82 da nova Lei de Licitações: Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre: I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida; II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou, no caso de serviços, de unidades de medida; III - a possibilidade de prever preços diferentes: a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais diferentes; b) em razão da forma e do local de acondicionamento; c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do lote; d) por outros motivos justificados no processo; IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se nos limites dela; V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no mercado; VI - as condições para alteração de preços registrados; VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de serviço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com a ordem de classificação; VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto no edital; IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços e suas consequências. 9. Licitações 9. Licitações 68/84 O critério de julgamento de menor preço por grupo de itens ou lote somente poderá ser adotado quando for demonstrada a inviabilidade de se promover a adjudicação por item e evidenciada a sua vantajosidade técnica e econômica, devendo ser indicado no edital o critério de aceitabilidade de preços unitários máximos, na forma do art. 82, §1º, da nova Lei de Licitações. A nova lei autoriza o registro de preços com indicação limitada a unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido, apenas nas seguintes situações: a) quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou a entidade não tiver registro de demandas anteriores; b) no caso de alimento perecível; e c) no caso em que o serviço esteja integrado ao fornecimento de bens. Nesses casos, será obrigatória a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação de outro órgão ou entidade na ata (art. 82, § 4.º, da nova Lei de Licitações). A nova Lei de Licitações permite também que o SRP seja usado para a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de engenharia, observando as seguintes condições: a) realização prévia de ampla pesquisa de mercado; b) seleção de acordo com os procedimentos previstos em regulamento; c) desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; d) atualização periódica dos preços registrados; e) definição do período de validade do registro de preços; e f) inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que aceitar cotar os bens ou os serviços com preços iguais aos do licitante vencedor na sequência de classificação do certame e do licitante que mantiver sua proposta original. O SRP poderá ainda ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispensa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de serviços por mais de um órgão ou entidade, nos termos do art. 82, §6º, da Lei 14.133/21. O art. 83 da nova Lei de Licitações, por sua vez, esclarece que a existência de preços registrados implica compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obriga a Administração a contratar, facultando-se a realização de certame específico para a aquisição pretendida, desde que devidamente motivada. Ressalte-se que o registro de preço não visa selecionar a melhor proposta para celebração de contrato específico, mas sim realizar uma licitação, por meio de concorrência ou pregão, para registrar em ata os preços de alguns itens, que poderão ser adquiridos pela Administração, dentro de determinado prazo, caso haja necessidade. 9. Licitações 9. Licitações 69/84 Critérios de julgamento (tipos de licitação) O prazo de vigência da ata de registro de preços será de um ano, podendo ser prorrogado, por igual período, desde que comprovado o preço vantajoso, conforme o art. 84 da nova Lei de Licitações,na legislação (hipóteses de dispensa e inexigibilidade). Por fim, o art. 173, §1º, III, CF/88 incumbe ao legislador a atribuição de elaborar o Estatuto próprio das empresas estatais econômicas, o qual conterá regras próprias de licitações e contratos. 9. Licitações 9. Licitações 7/84 Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (...) III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Regime de transição da Lei 14.133/21 e nova disciplina normativa infraconstitucional Como visto, o art. 22, XXVII da CF/88 consagra a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação. Em obediência a esse dispositivo, a União editou a Lei 8.666/93, a qual estabelece as normas gerais de licitações e contratos administrativos. Em seguida, a Lei 10.520/2002 instituiu a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências, e a Lei 12.462/2011 instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC. Posteriormente, em 1º de abril de 2021, entrou em vigor a Lei 14.133/21- Nova Lei de Licitações e Contratos. De acordo com o art. 189 da Lei 14.133/21, nas situações que se referiam os diplomas supracitados, agora, devem ser aplicadas as normas da nova lei. Vejamos: Art. 189. Aplica-se esta Lei às hipóteses previstas na legislação que façam referência expressa à Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, à Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, e aos arts. 1º a 47- A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. Isso porque referidas leis foram revogadas pelo art. 193 da Lei 14.133/21. Todavia, a nova Lei de Licitações revoga, na data da sua publicação, os dispositivos da Lei 9. Licitações 9. Licitações 8/84 8.666/1993 relativos aos crimes e às penas (dos arts. 89 a 108). Já os demais dispositivos da Lei 8.666/1993, assim como a Lei 10.520/2002 (Pregão), e os arts. 1.º a 47-A da Lei 12.462/2011 (RDC), inicialmente permaneceriam em vigor por ainda 2 (dois) anos depois da publicação da Lei 14.133/21. Ocorre que, em 2023, foi publicada a Lei Complementar 198, a qual alterou o texto do inciso II do art. 193, para prorrogar a validade destes dispositivos até 30 de dezembro de 2023. Veja: Art. 193. Revogam-se: I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de publicação desta Lei; II - em 30 de dezembro de 2023: (Redação dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) a) a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; (Redação dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) b) a Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) c) os arts. 1º a 47-A da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011. (Redação dada pela Lei Complementar nº 198, de 2023) Portanto, a Lei 14.133/21 somente irá revogar as Leis 8.666/93, 10.520/02 e 12.462/11 no dia 31 de dezembro de 2023, de modo que até lá todas as normas estarão em vigência concomitantemente. Ademais, dispõem os arts. 190, 191 e 192 da nova lei: Art. 190. O contrato cujo instrumento tenha sido assinado antes da entrada em vigor desta Lei continuará a ser regido de acordo com as regras previstas na legislação revogada. Art. 191. Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do caput do art. 193, a Administração poderá optar por licitar ou contratar diretamente de acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido inciso, e a opção escolhida deverá ser indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta, vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas no referido inciso. Parágrafo único. Na hipótese do caput deste artigo, se a Administração optar por licitar de acordo com as leis citadas no inciso II do caput do art. 193 desta Lei, o contrato respectivo será regido pelas regras nelas previstas durante toda a sua vigência. Art. 192. O contrato relativo a imóvel do patrimônio da União ou de suas autarquias e fundações continuará regido pela legislação pertinente, aplicada esta Lei subsidiariamente. 9. Licitações 9. Licitações 9/84 Desse modo, de 01/04/21 a 11/12/23, a Administração Pública poderá escolher, discricionariamente, entre a aplicação da nova Lei de Licitações ou das Leis 8.666/93 [1], 10.520/02 e 12.462/11. Com isso, o legislador buscou estabelecer um regime de transição para que os gestores públicos entendam melhor o novo regime licitatório, qualifiquem seus servidores e promovam, aos poucos, as adequações necessárias para concretizar as normas da Lei 14.133/21. Todavia, é vedado mesclar os dispositivos da legislação tradicional com os inseridos na nova Lei de Licitações, criando uma lex tertia. Mas professor, quem tem o dever de licitar? O artigo 1º, da Lei 8.666/93 estabelece que são obrigados a licitar todos os entes federados, bem como os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas estatais e as entidades controladas direta ou indiretamente pelos respectivos entes. Além disso, tanto o Poder Legislativo, como o Tribunal de Contas e o Poder Judiciário também serão obrigados a licitar, conforme artigo 117, da lei 8.666/93. Vale lembrar ainda que, com o advento da Lei 13.303/2016, a lei de licitações não se aplica de forma integral às empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas públicas), passando este dispositivo (lei das estatais) a reger as contratações públicas no âmbito destas entidades. Do mesmo modo, a nova Lei de Licitações não incide sobre as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias regidas pela Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais), ressalvado o disposto no seu art. 178 que trata dos crimes em licitações e contratos administrativos, nos termos do art. 1º, §1º, da nova Lei. Art. 1º. (...) 9. Licitações 9. Licitações 10/84 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm § 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei. Contudo, devem licitar as pessoas descritas no art. 1º, da Lei 14.133/21, a saber: Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e abrange: I - os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função administrativa; II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública. O novo diploma prevê, ainda, regras peculiares para licitações e contratações realizadas em repartições públicas localizadas no exterior, licitações e contratações com recursos oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil seja parte, e contratações relativas à gestão, direta e indireta, das reservas internacionais do País. Nesse sentido: Art. 1º. (...) § 2º As contratações realizadas no âmbito dasenquanto que o contrato decorrente da ata de registro de preços, por sua vez, terá sua vigência conforme as disposições nela contidas. Registro cadastral O art. 34 da Lei 8.666/93 afirma que os órgãos e entidades da Administração Pública, que realizem licitações frequentes, devem manter registros cadastrais para efeito de habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um ano. Já o art. 87 da nova Lei de Licitações prevê que os órgãos e as entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas, para efeito de cadastro unificado de licitantes, na forma que dispuser regulamento. O sistema de registro cadastral unificado será público e deverá ser amplamente divulgado e estar permanentemente aberto aos interessados, sendo obrigatória a realização, no mínimo anualmente, pela internet, de chamamento público para atualização dos registros existentes e ingresso de novos interessados, nos termos do art. 87, §1º, da nova Lei de Licitações. A nova lei possibilita a realização de licitação restrita a fornecedores cadastrados, atendidos os critérios, as condições e os limites estabelecidos em regulamento e a ampla publicidade dos procedimentos para o cadastramento. O Registro Cadastral deve conter as avaliações das atuações dos inscritos no cumprimento das obrigações contratuais, inclusive a menção ao seu desempenho na execução contratual, com base em indicadores objetivamente definidos e aferidos, e a eventuais penalidades aplicadas, o que constará do registro cadastral em que a inscrição for realizada, segundo o art. 88, §3º, da nova Lei de Licitações. Por fim, cabe dizer que o registro poderá ser alterado, suspenso ou cancelado quando o inscrito deixar de satisfazer exigências legais ou regulamentares, de acordo com o art. 88 §5º, da nova Lei de Licitações. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Na Lei 8.666/93, os tipos de licitação encontram-se no art. 45, parágrafo 1º, saber: Art. 45. § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: 9. Licitações 9. Licitações 70/84 I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; II - a de melhor técnica; III - a de técnica e preço. IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. Por sua vez, a nova Lei de Licitações denominou os tipos de critérios de julgamento e os elencou em seu art. 33. Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes critérios: I - menor preço; II - maior desconto; III - melhor técnica ou conteúdo artístico; IV - técnica e preço; V - maior lance, no caso de leilão; VI - maior retorno econômico. O julgamento por menor preço ou maior desconto e, quando couber, por técnica e preço considerará o menor dispêndio para a Administração, atendidos os parâmetros mínimos de qualidade definidos no edital de licitação. O julgamento por melhor técnica ou conteúdo artístico considerará exclusivamente as propostas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes, e o edital deverá definir o prêmio ou a remuneração que será atribuída aos vencedores. Esse critério poderá ser utilizado para a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística. 9. Licitações 9. Licitações 71/84 Questão 2021 | 4000004621 O Estado Zeta pretende realizar licitação para a realização de obra de construção de uma ponte, para melhor atender à população e, também, para melhorar a �uidez do trânsito e dar maior e�ciência ao serviço de transporte público. A obra custará R$ 100.000.000,00 e o contratado será responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo. Levando em consideração que a Administração Pública Estadual adotará a Nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), assinale a alternativa correta. A) Trata-se de uma contratação semi-integrada. B) O critério de julgamento poderá ser o do maior retorno econômico. C) A modalidade a ser adotada na licitação deverá ser diálogo competitivo. D) A obra poderá ser caracterizada como de grande vulto. Solução Gabarito: B) O critério de julgamento poderá ser o do maior retorno econômico. A nova Lei de Licitações trouxe algumas mudanças relativamente à Lei 8.666/93. Vamos analisar as peculiaridades do caso narrado no enunciado. Primeiramente, no tocante à de�nição de obras de grande vulto, veja o que diz o artigo 6º, inciso V, da lei 8.666/93: Art. 6º, V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I do art. 23 desta Lei; Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: I - para obras e serviços de engenharia: c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (na forma do Decreto nº 9.412, de 2018) O julgamento por técnica e preço considerará a maior pontuação obtida a partir da ponderação, segundo fatores objetivos previstos no edital, das notas atribuídas aos aspectos de técnica e de preço da proposta. Por fim, o julgamento por maior retorno econômico, utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência, considerará a maior economia para a Administração, e a remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na execução do contrato. 9. Licitações 9. Licitações 72/84 Pelos critérios da Lei 8.666/93, seriam de grande vulto as obras de valor acima de R$ 82.500.000. Ocorre que a Administração estadual resolveu adotar a Nova Lei de Licitações, a qual de�ne, em seu artigo 6º, XXII: Art. 6º, XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); Portanto, como a obra custará 100 milhões, não será enquadrada como de grande vulto. Já em relação à modalidade a ser adotada e os critérios de julgamento, de acordo com o artigo 6º, XXXVIII, vê-se que a modalidade, para o caso, será concorrência, podendo ser adotados, como critérios de julgamento: menor preço; melhor técnica ou conteúdo artístico; técnica e preço; maior retorno econômico; maior desconto. Art. 6º, XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: a) menor preço; b) melhor técnica ou conteúdo artístico; c) técnica e preço; d) maior retorno econômico; e) maior desconto; Não será caso de adotar a modalidade diálogo competitivo, posto que o artigo 32 da Lei 14.133/2021 determina os casos restritos nos quais é cabível a adoção dessa modalidade, e o caso do enunciado não se enquadra. Veja: Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Administração: I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: a) inovação tecnológica ou técnica; b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e c) impossibilidade de as especi�cações técnicas serem de�nidas com precisão su�ciente pela Administração; II - veri�que a necessidade de de�nir e identi�car os meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque para os seguintes aspectos: a) a solução técnica mais adequada; b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já de�nida; c) a estrutura jurídica ou �nanceira do contrato; Por �m, cabe diferenciar as contrações integradas das semi-integradas. Veja os incisos XXXII e XXXIII do artigo 6º da Lei 14.133/2021: 9. Licitações 9. Licitações73/84 Art. 6º, XXXII - contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto; XXXIII - contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto; Observe que são bem semelhantes, porém na contratação integrada, o contratado �ca responsável por elaborar e desenvolver tanto o projeto básico quanto o projeto executivo. Já na contratação semi-integrada, o contratado não se responsabiliza pela elaboração e desenvolvimento do projeto básico, mas apenas do executivo. Como no enunciado há determinação de que o contratado será responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, conclui-se que é caso de contratação integrada, e não semi- integrada. Letra A INCORRETA Conforme artigo 6º, XXXII, da Lei nº 14.133/2021, quando o contratado �ca responsável por elaborar e desenvolver tanto o projeto básico quanto o projeto executivo, essa contratação é chamada de integrada, e não de semi-integrada. Letra B CORRETA Na forma do artigo 6º, XXXVIII, e, da Lei nº 14.133/2021, é possível, na modalidade concorrência, a adoção do critério do maior retorno econômico. Letra C INCORRETA A modalidade a ser adotada deverá ser concorrência, na forma do artigo 6º, XXXVIII, da Lei nº 14.133/2021. Letra D INCORRETA A obra não se caracteriza como se grande vulto, posto que de valor inferior a R$ 200.000.000,00, na forma do artigo 6º, XXII, da Lei nº 14.133/2021. Procedimento da Licitação Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Fase Interna 9. Licitações 9. Licitações 74/84 O processo de licitação é dividido em uma fase interna e outra externa. A primeira engloba os atos iniciais e preparatórios praticados por cada órgão e entidade administrativa para efetivação da licitação, enquanto a segunda envolve a publicação do edital e os demais atos subsequentes. O art. 17 da nova Lei de Licitações enumera as fases do seguinte modo: Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência: I - preparatória; II - de divulgação do edital de licitação; III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; IV - de julgamento; V - de habilitação; VI - recursal; VII - de homologação. De início, observe que, pela nova lei, o julgamento será realizado antes da etapa de habilitação, seguindo uma tendência já observada nas Leis 10.520/2002 (Pregão), e 8.987/1995 (concessão e permissão de serviços públicos), por exemplo. Contudo, através de ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes e desde que expressamente previsto no edital, a fase de habilitação poderá anteceder as fases de apresentação de propostas e de julgamento, segundo o art. 17, §1º, da Lei 14.133/21. Destaque-se ainda que o art. 17, §2º, da nova Lei de Licitações determina que as licitações deverão ser realizadas, preferencialmente, eletronicamente, admitida a utilização da forma presencial na hipótese de comprovada inviabilidade técnica ou desvantagem para a Administração, devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada mediante utilização de recursos tecnológicos de áudio e vídeo. A fase interna da licitação começa a ser detalhada no art. 18 da Lei 14.133/21, em que o princípio do planejamento ganha especial relevância. O dispositivo exige, na fase preparatória, a compatibilização com o plano de contratações anual e com as leis orçamentárias, bem como a abordagem de todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação, compreendidos, a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido, e a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, conforme o caso, entre outros requisitos. O art. 6º, XX, da nova Lei de Licitações conceitua o estudo técnico preliminar como o documento constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza 9. Licitações 9. Licitações 75/84 o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação. Esse estudo demonstra a necessidade da contratação, demonstrando o problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação. No caso de estudo técnico preliminar para contratação de obras e serviços comuns de engenharia, se demonstrada a inexistência de prejuízo para a aferição dos padrões de desempenho e qualidade almejados, a especificação do objeto poderá ser realizada apenas em termo de referência ou em projeto básico, dispensada a elaboração de projetos. Ainda na fase preparatória, o art. 21 da nova Lei de Licitações prevê instrumentos de participação direta nas licitações, como audiências e consultas públicas, independentemente do valor objeto do futuro contrato. Vejamos: Art. 21. A Administração poderá convocar, com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, audiência pública, presencial ou a distância, na forma eletrônica, sobre licitação que pretenda realizar, com disponibilização prévia de informações pertinentes, inclusive de estudo técnico preliminar e elementos do edital de licitação, e com possibilidade de manifestação de todos os interessados. Parágrafo único. A Administração também poderá submeter a licitação a prévia consulta pública, mediante a disponibilização de seus elementos a todos os interessados, que poderão formular sugestões no prazo fixado. Adiante, o art. 22 da nova Lei de Licitações autoriza que o instrumento convocatório contemple matriz de alocação de riscos entre o contratante e o contratado, caso em que o cálculo do valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto da licitação e os riscos atribuídos ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente federativo. A matriz deverá promover a alocação eficiente dos riscos de cada contrato, estabelecendo a responsabilidade que cabe a cada parte contratante e, também, mecanismos que afastem a ocorrência do sinistro e que mitiguem os efeitos deste, caso ocorra durante a execução contratual. Com relação à estimativa do valor a ser contratado, o art. 23 da Lei 14.133/21 prevê que esse deve ser compatível com os valores praticados pelo mercado, levando-se em consideração os preços constantes em bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas, observadas a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de execução do objeto. Embora a regra seja a publicidade, é possível que esse orçamento estimado tenha publicidade diferida ou sigilo temporário, desde que haja motivos relevantes devidamente justificados. 9. Licitações 9. Licitações 76/84 Todavia, o sigilo não prevalece para os órgãos de controle interno e externo, bem como será afastado, tornando-se público, apenas e imediatamente após a fase de julgamento de propostas, sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas, conforme o art. 24 da nova Lei de Licitações. Além disso, na licitação em que for adotado o critério de julgamento por maior desconto, o preço estimado ou o máximo aceitável constará do edital da licitação. Fase externa Na disciplina da Lei8.666/93, a fase externa da licitação se inicia com a publicação do edital ou convite, conforme o caso, para que os eventuais interessados possam aderir ao certame. Entretanto, a nova lei não mais prevê a modalidade de licitação convite, de modo que o único instrumento convocatório, agora, será o edital. Consoante o art. 25 da nova Lei de Licitações, o edital de licitação deve conter o objeto da licitação e as regras relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às condições de pagamento. Sempre que o objeto a ser contratado permitir, a Administração adotará minutas padronizadas de edital e de contrato com cláusulas uniformes. Todo o conteúdo do edital, incluindo minutas de contratos, projetos, anteprojetos e termos de referência e outros anexos, deve ser disponibilizado em sítio eletrônico oficial, na mesma data em que for disponibilizado o edital e sem a necessidade de registro ou identificação para acesso. Nas licitações de serviços contínuos, observado o interregno mínimo de 1 ano, é obrigatória a previsão no edital do critério de reajustamento, que será: a) por reajustamento em sentido estrito, quando não houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais com data-base vinculada à da apresentação da proposta; b) por repactuação, quando houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra, mediante demonstração analítica da variação dos custos. Encerrada a instrução do processo sob os aspectos técnico e jurídico, a autoridade determinará a divulgação do edital de licitação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e do seu extrato no Diário Oficial, observadas as exigências contidas no art. 54 da nova Lei de Licitações, segundo art. 53, §3º, da nova Lei de Licitações. Na sequência, teremos a fase da apresentação de propostas e lances, quando for o caso. O art. 55 da nova Lei de Licitações estabelece prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir da data de publicação do edital de licitação, da seguinte forma: 9. Licitações 9. Licitações 77/84 Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir da data de divulgação do edital de licitação, são de: I - para aquisição de bens: a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto; b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste inciso; II - no caso de serviços e obras: a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia; b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia; c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada; d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação semi- integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso; III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance, 15 (quinze) dias úteis; IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis. O modo de disputa poderá ser, isolada ou conjuntamente: a) aberta, hipótese em que os licitantes apresentarão suas ofertas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes; e b) fechada, hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora designadas para sua divulgação. A utilização isolada do modo de disputa fechado será vedada quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, ao passo que o modo de disputa aberto é vedado quando adotado o critério de julgamento de técnica e preço. Os lances intermediários são assim definidos: a) iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o critério de julgamento de maior lance; e 9. Licitações 9. Licitações 78/84 b) iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados os demais critérios de julgamento. Após a definição da melhor proposta, se a diferença em relação à proposta classificada em segundo lugar for de pelo menos 5% (cinco por cento), a Administração poderá admitir o reinício da disputa aberta, nos termos estabelecidos no instrumento convocatório, para a definição das demais colocações. Em seguida, temos o julgamento. Nessa etapa, a Administração Pública deve escolher um dos critérios previstos no art. 33 da Lei 14.133/21 (menor preço, maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior lance, no caso de leilão, ou maior retorno econômico). As propostas serão desclassificadas quando (art. 59 da nova Lei de Licitações): a) contiverem vícios insanáveis; b) não obedecerem às especificações técnicas pormenorizadas no edital; c) apresentarem preços manifestamente inexequíveis ou permanecerem acima do orçamento estimado para a contratação; d) não tiverem sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela Administração; e e) apresentarem desconformidade com quaisquer outras exigências do edital, desde que insanável. A verificação da conformidade das propostas poderá ser feita exclusivamente em relação à proposta melhor classificada. A Administração poderá realizar diligências para aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja demonstrada. A nova lei autoriza a exigência de garantia adicional do licitante vencedor cuja proposta for inferior a 85% (oitenta e cinco por cento) do valor orçado pela Administração, equivalente à diferença entre esse último e o valor da proposta, sem prejuízo das demais garantias exigíveis na forma da lei. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: Disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; 9. Licitações 9. Licitações 79/84 Avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para o que deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações previstas na Lei de Licitações; Desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento; Desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos de controle. Nota-se que a nova Lei de Licitações inovou nos critérios, incluindo a “disputa final” e a “avaliação de desempenho contratual”, além do desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, fomentando o tratamento isonômico da licitação, bem como do desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, buscando a instituição de mecanismos preventivos de probidade nas contratações públicas. De todo modo, definido o resultado do julgamento, a Administração pode negociar condições mais vantajosas com o primeiro colocado, segundo o art. 61 da nova Lei de Licitações. Essa negociação pode ser feita com os demais licitantes, segundo a ordem de classificação inicialmente estabelecida, quando o primeiro colocado, em determinado momento, mesmo após a negociação, for desclassificado por sua proposta permanecer acima do preço máximo definido pela Administração. Posteriormente, tem-se a etapa de habilitação, em que a Administração deve verificar a capacidade do licitante de realizar o objeto da licitação, englobando as seguintes exigências: jurídica; técnica; fiscal, social e trabalhista; e econômico-financeira. A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidadede o licitante exercer direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e, quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser contratada. Por sua vez, os arts. 67 e 68, da Lei 14.133/21 dispõem: Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profissional e técnico-operacional será restrita a: I - apresentação de profissional, devidamente registrado no conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, para fins de contratação; II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conselho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem capacidade operacional na execução de serviços similares 9. Licitações 9. Licitações 80/84 de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do art. 88 desta Lei; III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do aparelhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso; V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, quando for o caso; VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação. (...) Art. 68. As habilitações fiscal, social e trabalhista serão aferidas mediante a verificação dos seguintes requisitos: I - a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); II - a inscrição no cadastro de contribuintes estadual e/ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual; III - a regularidade perante a Fazenda federal, estadual e/ou municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente, na forma da lei; IV - a regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS, que demonstre cumprimento dos encargos sociais instituídos por lei; V - a regularidade perante a Justiça do Trabalho; VI - o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal. Por fim, a habilitação econômico-financeira visa a demonstrar a aptidão econômica do licitante para cumprir as obrigações decorrentes do futuro contrato, devendo ser comprovada de forma objetiva, por coeficientes e índices econômicos previstos no edital, devidamente justificados no processo licitatório, e será restrita à apresentação do balanço patrimonial, demonstração de resultado de exercício e demais demonstrações contábeis dos 2 (dois) últimos exercícios sociais, e da certidão negativa de feitos sobre falência expedida pelo distribuidor da sede do licitante. 9. Licitações 9. Licitações 81/84 Anulação e Revogação Adiante, haverá o encerramento da licitação. Após as fases de julgamento e habilitação, exauridos os recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá: a) determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades que forem supríveis; b) revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade; c) proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável; e d) adjudicar o objeto e homologar a licitação. As referidas hipóteses são aplicáveis, no que couber, às contratações diretas e aos procedimentos auxiliares da licitação. Assim, não havendo motivo para eventual revogação ou anulação do certame, a autoridade competente promoverá a adjudicação do objeto e a homologação da licitação. A adjudicação é o ato formal por meio do qual a Administração atribui ao licitante vencedor o objeto da licitação, ao passo que a homologação é o ato administrativo que atesta a validade do procedimento e confirma o interesse na contratação. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Para ouvir ao áudio correspondente, acesse o LDI. As normas sobre a anulação e da revogação da licitação previstas na nova Lei de Licitações são muito semelhantes às contidas na Lei 8.666/93. De acordo com o art. 71 da nova Lei de Licitações, findo o processo de licitação ou de contratação direta, a autoridade administrativa poderá revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade ou proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável. Vejamos o teor do dispositivo: 9. Licitações 9. Licitações 82/84 Referências e links deste capítulo 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá: I - determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades; II - revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade; III - proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável; IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação. Na declaração de nulidade, a autoridade indicará expressamente os atos que contenham vícios insanáveis, tornando sem efeito todos os subsequentes que dele dependam, e dará ensejo à apuração de responsabilidade de quem lhes deu causa. Todavia, assim como prevê o art. 59, parágrafo único, da Lei 8.666/93, conforme o art. 149 da nova Lei de Licitações, a nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilização de quem lhe tenha dado causa. Por seu turno, a revogação da licitação, por motivo de conveniência e oportunidade, deverá decorrer de fato superveniente devidamente comprovado. Do mesmo modo que dispõe o art. 49, §3º, da Lei 8.666/93, o art. 71, §3º, da nova Lei exige a manifestação prévia dos interessados para o desfazimento do processo de licitação, seja por anulação ou revogação, com fundamento nos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Por fim, vale lembrar que a decisão que anular ou revogar a licitação ou o contrato administrativo deve considerar as suas consequências práticas, jurídicas e administrativas, na forma dos arts. 20 e 21 da LINDB. 9. Licitações 9. Licitações 83/84 2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art78 9. Licitações 9. Licitações 84/84repartições públicas sediadas no exterior obedecerão às peculiaridades locais e aos princípios básicos estabelecidos nesta Lei, na forma de regulamentação específica a ser editada por ministro de Estado. § 3º Nas licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de empréstimo ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil seja parte, podem ser admitidas: I - condições decorrentes de acordos internacionais aprovados pelo Congresso Nacional e ratificados pelo Presidente da República; II - condições peculiares à seleção e à contratação constantes de normas e procedimentos das agências ou dos organismos, desde que: a) sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação; 9. Licitações 9. Licitações 11/84 b) não conflitem com os princípios constitucionais em vigor; c) sejam indicadas no respectivo contrato de empréstimo ou doação e tenham sido objeto de parecer favorável do órgão jurídico do contratante do financiamento previamente à celebração do referido contrato; d) (VETADO). § 4º A documentação encaminhada ao Senado Federal para autorização do empréstimo de que trata o § 3º deste artigo deverá fazer referência às condições contratuais que incidam na hipótese do referido parágrafo. § 5º As contratações relativas à gestão, direta e indireta, das reservas internacionais do País, inclusive as de serviços conexos ou acessórios a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo próprio do Banco Central do Brasil, assegurada a observância dos princípios estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Federal. Lado outro, a nova Lei de Licitações não incidirá nos contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão de dívida pública, incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de garantia relacionadas a esses contratos, bem como nas contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria. Por fim, dispõe o art. 4º, da Lei 14.133/21 que se aplicam às licitações e contratos as disposições constantes dos arts. 42 a 49 da LC 123/2006 (Estatuto das Microempresas – MEs e empresa de pequeno porte – EPPs), com algumas exceções. Vejamos: Art. 4º Aplicam-se às licitações e contratos disciplinados por esta Lei as disposições constantes dos arts. 42 a 49 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. § 1º As disposições a que se refere o caput deste artigo não são aplicadas: I - no caso de licitação para aquisição de bens ou contratação de serviços em geral, ao item cujo valor estimado for superior à receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como empresa de pequeno porte; II - no caso de contratação de obras e serviços de engenharia, às licitações cujo valor estimado for superior à receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como empresa de pequeno porte. § 2º A obtenção de benefícios a que se refere o caput deste artigo fica limitada às microempresas e às empresas de pequeno porte que, no ano-calendário de realização da licitação, ainda não tenham celebrado contratos com a Administração Pública cujos valores somados extrapolem a receita bruta máxima admitida para fins de enquadramento como empresa de pequeno porte, devendo o órgão ou entidade exigir do licitante declaração de observância desse limite na licitação. 9. Licitações 9. Licitações 12/84 § 3º Nas contratações com prazo de vigência superior a 1 (um) ano, será considerado o valor anual do contrato na aplicação dos limites previstos nos §§ 1º e 2º deste artigo. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Definições positivadas na Lei 14.133/21 A nova Lei de Licitações positivou diversos conceitos já conhecidos e estudados na doutrina e jurisprudência dos Tribunais Superiores e Tribunais de Contas, em seu art. 6º. Não há outro modo de explanar e compreender o tema que não pela leitura atenta de todos os institutos e definições. Por isso, compilamos todo o dispositivo, com destaque para os mais relevantes. Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão: unidade de atuação integrante da estrutura da Administração Pública; II - entidade: unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; III - Administração Pública: administração direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive as entidades com personalidade jurídica de direito privado sob controle do poder público e as fundações por ele instituídas ou mantidas; IV - Administração: órgão ou entidade por meio do qual a Administração Pública atua; V - agente público: indivíduo que, em virtude de eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica integrante da Administração Pública; VI - autoridade: agente público dotado de poder de decisão; VII - contratante: pessoa jurídica integrante da Administração Pública responsável pela contratação; VIII - contratado: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pessoas jurídicas, signatária de contrato com a Administração; IX - licitante: pessoa física ou jurídica, ou consórcio de pessoas jurídicas, que participa ou manifesta a intenção de participar de processo licitatório, sendo-lhe equiparável, para os fins desta Lei, o fornecedor ou o prestador de serviço que, em atendimento à solicitação da Administração, oferece proposta; X - compra: aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente, considerada imediata aquela com prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento; 9. Licitações 9. Licitações 13/84 XI - serviço: atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse da Administração; XII - obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como privativa das profissões de arquiteto e engenheiro que implica intervenção no meio ambiente por meio de um conjunto harmônico de ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico da natureza ou acarreta alteração substancial das características originais de bem imóvel; XIII - bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado; XIV - bens e serviços especiais: aqueles que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não podem ser descritos na forma do inciso XIII do caput deste artigo, exigida justificativa prévia do contratante; XV - serviços e fornecimentos contínuos: serviços contratados e compras realizadas pela Administração Pública para a manutenção da atividade administrativa, decorrentes de necessidades permanentes ou prolongadas; XVI - serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra: aqueles cujo modelo de execução contratual exige, entre outros requisitos, que: a) os empregados do contratado fiquem à disposição nas dependências do contratante para a prestação dos serviços; b) o contratado não compartilhe os recursos humanos e materiais disponíveis de uma contratação para execução simultânea de outros contratos; c) o contratado possibilite a fiscalização pelo contratante quanto à distribuição, controle e supervisão dos recursos humanos alocados aos seus contratos; XVII - serviços não contínuos ou contratados por escopo: aqueles que impõem ao contratado o dever de realizar a prestação de um serviço específico em período predeterminado, podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo necessário à conclusão do objeto; XVIII - serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual: aqueles realizados em trabalhos relativos a: a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos e projetos executivos; b) pareceres, perícias e avaliações em geral; c) assessorias e consultorias técnicas e auditorias financeiras e tributárias; d) fiscalização, supervisão e gerenciamento de obras e serviços; e) patrocínioou defesa de causas judiciais e administrativas; f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; 9. Licitações 9. Licitações 14/84 h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem na definição deste inciso; XIX - notória especialização: qualidade de profissional ou de empresa cujo conceito, no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica ou outros requisitos relacionados com suas atividades, permite inferir que o seu trabalho é essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do objeto do contrato; XX - estudo técnico preliminar: documento constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação; XXI - serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse para a Administração e que, não enquadradas no conceito de obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo, são estabelecidas, por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e engenheiro ou de técnicos especializados, que compreendem: a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das características originais dos bens; b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não pode se enquadrar na definição constante da alínea “a” deste inciso; XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); XXIII - termo de referência: documento necessário para a contratação de bens e serviços, que deve conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos: a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação; b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos estudos técnicos preliminares correspondentes ou, quando não for possível divulgar esses estudos, no extrato das partes que não contiverem informações sigilosas; c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo de vida do objeto; d) requisitos da contratação; e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos desde o seu início até o seu encerramento; 9. Licitações 9. Licitações 15/84 f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução do objeto será acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou entidade; g) critérios de medição e de pagamento; h) forma e critérios de seleção do fornecedor; i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para os respectivos cálculos, que devem constar de documento separado e classificado; j) adequação orçamentária; XXIV - anteprojeto: peça técnica com todos os subsídios necessários à elaboração do projeto básico, que deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: a) demonstração e justificativa do programa de necessidades, avaliação de demanda do público- alvo, motivação técnico-econômico-social do empreendimento, visão global dos investimentos e definições relacionadas ao nível de serviço desejado; b) condições de solidez, de segurança e de durabilidade; c) prazo de entrega; d) estética do projeto arquitetônico, traçado geométrico e/ou projeto da área de influência, quando cabível; e) parâmetros de adequação ao interesse público, de economia na utilização, de facilidade na execução, de impacto ambiental e de acessibilidade; f) proposta de concepção da obra ou do serviço de engenharia; g) projetos anteriores ou estudos preliminares que embasaram a concepção proposta; h) levantamento topográfico e cadastral; i) pareceres de sondagem; j) memorial descritivo dos elementos da edificação, dos componentes construtivos e dos materiais de construção, de forma a estabelecer padrões mínimos para a contratação; XXV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo de obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos: a) levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e ensaios geotécnicos, ensaios e análises laboratoriais, estudos socioambientais e demais dados e levantamentos necessários 9. Licitações 9. Licitações 16/84 para execução da solução escolhida; b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a evitar, por ocasião da elaboração do projeto executivo e da realização das obras e montagem, a necessidade de reformulações ou variantes quanto à qualidade, ao preço e ao prazo inicialmente definidos; c) identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas especificações, de modo a assegurar os melhores resultados para o empreendimento e a segurança executiva na utilização do objeto, para os fins a que se destina, considerados os riscos e os perigos identificáveis, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d) informações que possibilitem o estudo e a definição de métodos construtivos, de instalações provisórias e de condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendidos a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados, obrigatório exclusivamente para os regimes de execução previstos nos incisos I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 desta Lei; XXVI - projeto executivo: conjunto de elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, com o detalhamento das soluções previstas no projeto básico, a identificação de serviços, de materiais e de equipamentos a serem incorporados à obra, bem como suas especificações técnicas, de acordo com as normas técnicas pertinentes; XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação, contendo, no mínimo, as seguintes informações: a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato que possam causar impacto em seu equilíbrio econômico-financeiro e previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditivo por ocasião de sua ocorrência; b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do objeto com relação às quais haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em termos de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto básico; c) no caso de obrigações de meio, estabelecimentopreciso das frações do objeto com relação às quais não haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a solução predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as características do regime de execução no caso de obras e serviços de engenharia; 9. Licitações 9. Licitações 17/84 XXVIII - empreitada por preço unitário: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas; XXIX - empreitada por preço global: contratação da execução da obra ou do serviço por preço certo e total; XXX - empreitada integral: contratação de empreendimento em sua integralidade, compreendida a totalidade das etapas de obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade do contratado até sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, com características adequadas às finalidades para as quais foi contratado e atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização com segurança estrutural e operacional; XXXI - contratação por tarefa: regime de contratação de mão de obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais; XXXII - contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto; XXXIII - contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto; XXXIV - fornecimento e prestação de serviço associado: regime de contratação em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se por sua operação, manutenção ou ambas, por tempo determinado; XXXV - licitação internacional: licitação processada em território nacional na qual é admitida a participação de licitantes estrangeiros, com a possibilidade de cotação de preços em moeda estrangeira, ou licitação na qual o objeto contratual pode ou deve ser executado no todo ou em parte em território estrangeiro; XXXVI - serviço nacional: serviço prestado em território nacional, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; XXXVII - produto manufaturado nacional: produto manufaturado produzido no território nacional de acordo com o processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: a) menor preço; 9. Licitações 9. Licitações 18/84 b) melhor técnica ou conteúdo artístico; c) técnica e preço; d) maior retorno econômico; e) maior desconto; XXXIX - concurso: modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor; XL - leilão: modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem oferecer o maior lance; XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior desconto; XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos; XLIII - credenciamento: processo administrativo de chamamento público em que a Administração Pública convoca interessados em prestar serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o objeto quando convocados; XLIV - pré-qualificação: procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto; XLV - sistema de registro de preços: conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras; XLVI - ata de registro de preços: documento vinculativo e obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação, no qual são registrados o objeto, os preços, os fornecedores, os órgãos participantes e as condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no edital da licitação, no aviso ou instrumento de contratação direta e nas propostas apresentadas; XLVII - órgão ou entidade gerenciadora: órgão ou entidade da Administração Pública responsável pela condução do conjunto de procedimentos para registro de preços e pelo gerenciamento da ata de registro de preços dele decorrente; XLVIII - órgão ou entidade participante: órgão ou entidade da Administração Pública que participa dos procedimentos iniciais da contratação para registro de preços e integra a ata de registro de preços; 9. Licitações 9. Licitações 19/84 XLIX - órgão ou entidade não participante: órgão ou entidade da Administração Pública que não participa dos procedimentos iniciais da licitação para registro de preços e não integra a ata de registro de preços; L - comissão de contratação: conjunto de agentes públicos indicados pela Administração, em caráter permanente ou especial, com a função de receber, examinar e julgar documentos relativos às licitações e aos procedimentos auxiliares; LI - catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e obras: sistema informatizado, de gerenciamento centralizado e com indicação de preços, destinado a permitir a padronização de itens a serem adquiridos pela Administração Pública e que estarão disponíveis para a licitação; LII - sítio eletrônico oficial: sítio da internet, certificado digitalmente por autoridade certificadora, no qual o ente federativo divulga de forma centralizada as informações e os serviços de governo digital dos seus órgãos e entidades; LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da economia gerada; LIV - seguro-garantia: seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado; LV - produtos para pesquisa e desenvolvimento: bens, insumos, serviços e obras necessários para atividade de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de pesquisa; LVI - sobrepreço: preço orçado para licitação ou contratado em valor expressivamente superior aos preços referenciais de mercado, seja de apenas 1 (um) item, se a licitação ou a contratação for por preços unitários de serviço, seja do valor global do objeto, se a licitação ou a contratação for por tarefa, empreitada por preço global ou empreitada integral, semi-integrada ou integrada; LVII - superfaturamento: dano provocado ao patrimônio da Administração, caracterizado, entre outras situações, por: a) medição de quantidades superioresàs efetivamente executadas ou fornecidas; b) deficiência na execução de obras e de serviços de engenharia que resulte em diminuição da sua qualidade, vida útil ou segurança; c) alterações no orçamento de obras e de serviços de engenharia que causem desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em favor do contratado; d) outras alterações de cláusulas financeiras que gerem recebimentos contratuais antecipados, distorção do cronograma físico-financeiro, prorrogação injustificada do prazo contratual com custos adicionais para a Administração ou reajuste irregular de preços; 9. Licitações 9. Licitações 20/84 Questão 2022 | 4000006536 O Estado do Rio de Janeiro pretende realizar licitação com base na Lei 14.133/2021 para a realização da obra de uma estrada. A obra custará R$ 182.500.000,00 e o contratado será responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo. Levando em consideração o narrado, assinale a alternativa correta. A) Trata-se de uma obra de grande vulto. B) O critério de julgamento, por se tratar de obra, não poderá ser o do maior desconto. C) Trata-se de uma contratação integrada. D) A modalidade a ser adotada na licitação deverá ser tomada de preços. Solução Gabarito: C) Trata-se de uma contratação integrada. A nova Lei de Licitações trouxe algumas mudanças relativamente à Lei 8.666/93. Vamos analisar as peculiaridades do caso narrado no enunciado. Primeiramente, no tocante à de�nição de obras de grande vulto, veja o que diz o artigo 6º, inciso V, da lei 8.666/93: Art. 6º, V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I do art. 23 LVIII - reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção do equilíbrio econômico- financeiro de contrato consistente na aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato, que deve retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais; LIX - repactuação: forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de contrato utilizada para serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra, por meio da análise da variação dos custos contratuais, devendo estar prevista no edital com data vinculada à apresentação das propostas, para os custos decorrentes do mercado, e com data vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra; LX - agente de contratação: pessoa designada pela autoridade competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Administração Pública, para tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação. 9. Licitações 9. Licitações 21/84 desta Lei; Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: I - para obras e serviços de engenharia: c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (na forma do Decreto nº 9.412, de 2018) Pelos critérios da Lei 8.666/93, seriam de grande vulto as obras de valor acima de R$ 82.500.000. Ocorre que a Administração do Estado do Rio de Janeiro resolveu adotar a Nova Lei de Licitações, a qual de�ne, em seu artigo 6º, XXII: Art. 6º, XXII - obras, serviços e fornecimentos de grande vulto: aqueles cujo valor estimado supera R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais); Portanto, como a obra custará R$ 182.500.000,00, não será enquadrada como de grande vulto, visto que este valor está abaixo de 200 milhões de reais. Já em relação à modalidade a ser adotada e os critérios de julgamento, de acordo com o artigo 6º, XXXVIII, vê-se que a modalidade, para o caso, será concorrência, podendo ser adotados, como critérios de julgamento: menor preço; melhor técnica ou conteúdo artístico; técnica e preço; maior retorno econômico; maior desconto. Art. 6º, XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento poderá ser: a) menor preço; b) melhor técnica ou conteúdo artístico; c) técnica e preço; d) maior retorno econômico; e) maior desconto; Ressalte-se que não é caso de tomada de preços, pois esta modalidade foi extinta na Lei 14.133/2021. Veja: Art. 28. São modalidades de licitação: 9. Licitações 9. Licitações 22/84 I - pregão; II - concorrência; III - concurso; IV - leilão; V - diálogo competitivo. Por �m, cabe diferenciar as contrações integradas das semi-integradas. Veja os incisos XXXII e XXXIII do artigo 6º da Lei 14.133/2021: Art. 6º, XXXII - contratação integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto; XXXIII - contratação semi-integrada: regime de contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e desenvolver o projeto executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e su�cientes para a entrega �nal do objeto; Observe que são bem semelhantes, porém na contratação integrada, o contratado �ca responsável por elaborar e desenvolver tanto o projeto básico quanto o projeto executivo. Já na contratação semi-integrada, o contratado não se responsabiliza pela elaboração e desenvolvimento do projeto básico, mas apenas do executivo. Como no enunciado há determinação de que o contratado será responsável por elaborar e desenvolver os projetos básico e executivo, conclui-se que é caso de contratação integrada. Letra A INCORRETA A obra não se caracteriza como de grande vulto, posto que de valor inferior a R$ 200.000.000,00, na forma do artigo 6º, XXII, da Lei nº 14.133/2021. Letra B INCORRETA Na forma do artigo 6º, XXXVIII, alínea e, da Lei nº 14.133/2021, é possível, na modalidade concorrência, a adoção do critério do maior desconto. 9. Licitações 9. Licitações 23/84 Letra C CORRETA Conforme artigo 6º, XXXII, da Lei nº 14.133/2021, quando o contratado �ca responsável por elaborar e desenvolver tanto o projeto básico quanto o projeto executivo, essa contratação é chamada de integrada. Letra D INCORRETA A modalidade a ser adotada deverá ser concorrência, na forma do artigo 6º, XXXVIII, da Lei nº 14.133/2021. Lembrando que a Lei 14.133/2021 extinguiu a modalidade tomada de preços de seu texto. Questão 2022 | 4000009039 A União pretende realizar uma obra de grande vulto, com serviços de engenharia, mediante licitação na modalidade concorrência e no regime de contratação semi- integrada, na forma da Lei nº 14.133/2021, em relação à qual será necessária a realização de desapropriação. Para tanto, fez publicar um edital que previu a responsabilidade do contratado pela realização da desapropriação, estabelecendo o responsável por cada fase do procedimento expropriatório e a estimativa do valor da respectiva indenização, a ser paga pelo contratado. Além disso, o instrumento convocatório previu a distribuição objetiva dos riscos entre as partes, incluído o risco pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa do valor a ser pago e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso na disponibilização dos bens expropriados. A sociedade XPTO está muito interessada em participar da licitação, mas tem fundadas dúvidas acerca da validade das cláusulas editalícias relacionadas à desapropriação, razão pela qualconsulta sua assessoria jurídica a respeito do tema. Acerca dessa situação hipotética, assinale a a�rmativa correta. A) O edital em questão não poderia prever que o contratado promovesse nenhuma das fases de procedimento de desapropriação autorizada pelo Poder Público. B) Quanto às fases do procedimento expropriatório, poderia ser conferida ao contratado, até mesmo, a possibilidade de editar o Decreto expropriatório. 9. Licitações 9. Licitações 24/84 C) A cláusula que estabelece que o contratado será responsável pelo pagamento da indenização é nula, na medida em que tal montante deve ser necessariamente arcado pelo contratante. D) A repartição objetiva dos riscos deve ser respeitada, ainda que ocorra o atraso na conclusão da desapropriação por fato imprevisível. Solução Gabarito: D) A repartição objetiva dos riscos deve ser respeitada, ainda que ocorra o atraso na conclusão da desapropriação por fato imprevisível. Análise do Caso A questão trata dos regimes de contratação integrada e semi integrada. Vejamos o que determina artigo 46, § 4º, da Lei 14.133.2021: Art. 46. (...) § 4º Nos regimes de contratação integrada e semi-integrada, o edital e o contrato, sempre que for o caso, deverão prever as providências necessárias para a efetivação de desapropriação autorizada pelo poder público, bem como: I - o responsável por cada fase do procedimento expropriatório; II - a responsabilidade pelo pagamento das indenizações devidas; III - a estimativa do valor a ser pago a título de indenização pelos bens expropriados, inclusive de custos correlatos; IV - a distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o risco pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa de valor e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso na disponibilização dos bens expropriados; V - em nome de quem deverá ser promovido o registro de imissão provisória na posse e o registro de propriedade dos bens a serem desapropriados. Portanto, percebe-se que o edital poderia, sim, prever que o contratado promovesse nenhuma das fases de procedimento de desapropriação autorizada pelo Poder Público, conforme art. 46, § 4º, I, da Lei 14.133/2021. Ademais, é possível, também, cláusula que estabeleça que o contratado será responsável pelo pagamento da indenização, conforme art. 46, § 4º, II, da Lei 14.133/2021. Ainda, de acordo com art. 46, § 4º, IV, da Lei 14.133/2021, deve haver cláusula acerca da distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o risco pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa de valor e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso na disponibilização dos bens expropriados. Por �m, mencione-se que não pode ser conferida ao contratado a possibilidade de editar o Decreto expropriatório, pois de acordo com o artigo 6º, do Decreto-Lei 3.365/41, essa competência é do chefe do executivo: Art. 6º A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito. Letra A (item árvore: 3. Licitações e Contratos Administrativos) 9. Licitações 9. Licitações 25/84 INCORRETA O edital poderia, sim, prever que o contratado promovesse nenhuma das fases de procedimento de desapropriação autorizada pelo Poder Público, conforme art. 46, § 4º, I, da Lei 14.133/2021. Letra B (item árvore: 3. Licitações e Contratos Administrativos) INCORRETA Não pode ser conferida ao contratado a possibilidade de editar o Decreto expropriatório, pois de acordo com o artigo 6º, do Decreto-Lei 3.365/41, essa competência é do Chefe do Poder Executivo. Letra C (item árvore: 3. Licitações e Contratos Administrativos) INCORRETA É possível cláusula que estabeleça que o contratado será responsável pelo pagamento da indenização, conforme art. 46, § 4º, II, da Lei 14.133/2021. Letra D (item árvore: 3. Licitações e Contratos Administrativos) CORRETA Conforme art. 46, § 4º, IV, da Lei 14.133/2021, haverá distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o risco pela diferença entre o custo da desapropriação e a estimativa de valor e pelos eventuais danos e prejuízos ocasionados por atraso na disponibilização dos bens expropriados. Princípios da Licitação Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Considerações iniciais O art. 3º da Lei 8.666/1993 enumera que são princípios da licitação: legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo. Por sua vez, o art. 5º da nova Lei de Licitações apresenta: Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) 9. Licitações 9. Licitações 26/84 Observa-se que o rol de princípios foi ampliado pelo novo diploma legal, o que nem se fazia necessário, pois, tal como a Lei 8.666/93, trata-se de rol meramente exemplificativo e não afasta outros princípios aplicáveis à Administração Pública, como o princípio do formalismo moderado que, apesar de não constar expressamente do art. 5º, deve ser observado nas licitações e contratações públicas, conforme demonstra o art. 12, III, da nova Lei de Licitações. Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte: (...) III - o desatendimento de exigências meramente formais que não comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu afastamento da licitação ou a invalidação do processo; Princípio da Competitividade Este princípio guarda relação com o princípio da igualdade. Significa que para atender ao objetivo de buscar a proposta mais vantajosa, não poderá o administrador adotar medidas ou estabelecer condições ou regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do processo licitatório. Sem uma ampla concorrência, inexiste melhor proposta. Ele está positivado no art. 9º, I, a, da Lei 8.666/93: Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações que: a) comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo do processo licitatório, inclusive nos casos de participação de sociedades cooperativas; Princípio da Igualdade O princípio da isonomia está relacionado com os princípios da impessoalidade e da competitividade. Por ele, a Administração deve dispensar tratamento igualitário (igualdade material) aos licitantes, sendo certo que as restrições à participação de interessados no certame acarretam a diminuição da competição. 9. Licitações 9. Licitações 27/84 O art. 9º, I, b e II, da Lei 14.133/21 estabelece: Art. 9º É vedado ao agente público designado para atuar na área de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei: I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações que: (...) b) estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes; (...) II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamento, mesmo quando envolvido financiamento de agência internacional; Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Princípio da Vinculação ao edital Representa um viés de aplicação específica do princípio da legalidade,motivo pelo qual a não observância das regras fixadas no instrumento convocatório acarretará a ilegalidade do certame. O edital é a lei interna da licitação que deve ser respeitada pelo Poder Público e pelos licitantes. Por isso, deve conter todas as informações imprescindíveis à regular participação dos interessados no certame, conforme dispõe o art. 25 da nova lei. Art. 25. O edital deverá conter o objeto da licitação e as regras relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão do contrato, à entrega do objeto e às condições de pagamento. Princípio do Procedimento formal ou formalismo moderado A licitação corresponde a um procedimento, o qual deve ser formal e observar fielmente as normas contidas na legislação. Porém, não é necessário um excesso de formalismo, mas, sim, formalismo moderado. Isso porque deve-se ter em mente que a licitação possui uma finalidade específica: celebração do contrato com o licitante que apresentou a melhor proposta. Assim, a lei permite flexibilizar 9. Licitações 9. Licitações 28/84 algumas regras para não colocar em risco a isonomia, com o intuito de garantir maior competitividade. O art. 12 da Lei 14.133/21 relativiza formalidades desnecessárias com o planejamento das contratações públicas, destacando-se, por exemplo, os seus incisos III, IV e V, a saber: Art. 12. No processo licitatório, observar-se-á o seguinte: (...) III - o desatendimento de exigências meramente formais que não comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu afastamento da licitação ou a invalidação do processo; IV - a prova de autenticidade de cópia de documento público ou particular poderá ser feita perante agente da Administração, mediante apresentação de original ou de declaração de autenticidade por advogado, sob sua responsabilidade pessoal; V - o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade, salvo imposição legal; Princípio do Julgamento objetivo As propostas apresentadas pelos licitantes devem ser julgadas objetivamente, pautando-se por critérios objetivos especificamente indicados na legislação, para evitar gostos pessoais ou quaisquer tipos de favorecimento, assim como não contrariar também o princípio da isonomia. O art. 33 da Lei 14.133/21 enumera os critérios de julgamento: Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes critérios: I - menor preço; II - maior desconto; III - melhor técnica ou conteúdo artístico; IV - técnica e preço; V - maior lance, no caso de leilão; VI - maior retorno econômico. 9. Licitações 9. Licitações 29/84 Princípio do Planejamento O planejamento representa, antes de um princípio positivado, um dever da Administração Pública que decorre do princípio da eficiência. Ao longo de todo o texto da nova Lei de Licitações pode-se observar a preocupação do legislador com o planejamento das licitações e das contratações públicas. Destaca-se, por exemplo, o art. 12, VII, o qual demonstra a importância do planejamento para racionalização das contratações públicas, permitindo que os órgãos competentes de cada ente federado, na forma dos respectivos regulamentos, elaborem plano de contratações anual, com o objetivo de garantir o alinhamento com o seu planejamento estratégico, bem como subsidiar a elaboração das respectivas leis orçamentárias. Destaca-se também o instituto do estudo técnico preliminar, que representa o documento constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação, conforme art. 6º, XX, da nova Lei de Licitações. Princípio do Desenvolvimento Nacional Sustentável O desenvolvimento nacional sustentável é apontando como um dos objetivos da licitação, segundo art. 3º, da Lei 8.666/93. Já pelos arts. 5º e 11, da nova Lei de Licitações, além de ser um objetivo, constitui também um princípio da licitação. O desenvolvimento nacional sustentável engloba, além do crescimento econômico, a conjugação de muitos fatores que materializam liberdades substanciais, como o aumento da qualidade de vida dos cidadãos, o incremento da liberdade política, a promoção da inovação tecnológica e o aumento da adequação/funcionalidade das instituições. A própria Lei 14.133/21 instituiu regras visando a concretude do princípio. O art. 26 da nova Lei admite a fixação de margem de preferência a partir de critérios relacionados ao desenvolvimento sustentável. Vejamos: Art. 26. No processo de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para: I - bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento. § 1º A margem de preferência de que trata o caput deste artigo: I - será definida em decisão fundamentada do Poder Executivo federal, no caso do inciso I do caput deste artigo; 9. Licitações 9. Licitações 30/84 II - poderá ser de até 10% (dez por cento) sobre o preço dos bens e serviços que não se enquadrem no disposto nos incisos I ou II do caput deste artigo; III - poderá ser estendida a bens manufaturados e serviços originários de Estados Partes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), desde que haja reciprocidade com o País prevista em acordo internacional aprovado pelo Congresso Nacional e ratificado pelo Presidente da República. Igualmente, quanto ao desempate entre licitantes, o art. 60 da nova Lei de Licitações prevê: Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, serão utilizados os seguintes critérios de desempate, nesta ordem: I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei; III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento; IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos de controle. § 1º Em igualdade de condições, se não houver desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por: I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no território do Estado em que este se localize; II - empresas brasileiras; III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Posteriormente, na forma do art. 60, §1º, da nova Lei de Licitações, em igualdade de condições, não havendo desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: 9. Licitações 9. Licitações 31/84 a) produzidos ou prestados por empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no território do Estado em que este se localize; b) produzidos ou prestados por empresas brasileiras; c) produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; d) empresas que comprovem a prática de mitigação, nos termos da Lei 12.187/2009 que trata da Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC. Princípio da Publicidade e transparência O princípio da publicidade é consagrado constitucionalmenteno art. 37 da CRFB e deve ser observado em qualquer atuação administrativa, inclusive nas licitações e nas contratações públicas, conforme art. 3º da Lei 8.666/93 e no art. 5º da Lei 14.133/21. De acordo com o art. 13, nova Lei de Licitações, a publicidade é a regra nas licitações, ressalvados alguns casos. Vejamos: Art. 13. Os atos praticados no processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei. Parágrafo único. A publicidade será diferida: I - quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura; II - quanto ao orçamento da Administração, nos termos do art. 24 desta Lei. Durante o sigilo, a Administração divulgará o detalhamento dos quantitativos e das demais informações necessárias para a elaboração das propostas, segundo art. 24, I, da nova Lei de Licitações. Além disso, a nova lei criou o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), em seu art. 174. Esse portal representa o sítio eletrônico oficial que tem por objetivo divulgar os atos exigidos pela Lei de Licitações e garantir o acesso à informação, cumpridas as exigências da Lei de Acesso à Informação. O PNCP visa assegurar maior transparência e racionalidade nas informações divulgadas pelo Poder Público, servindo como importante instrumento de acesso aos dados das licitações e das contratações públicas, o que facilita o exercício do controle social e institucional. Princípio da Eficiência, Celeridade e Economicidade 9. Licitações 9. Licitações 32/84 Apesar do art. 5º da nova Lei de Licitações enumerar expressamente os três princípios, pode- se entender a celeridade e a economicidade inseridas no princípio constitucional da eficiência, previsto no art. 37 da CF/88. De todo modo, o legislador demonstrou preocupação com a eficiência em diversas passagens da nova Lei de Licitações. Por exemplo, o art. 144, da Lei 14.133/21, determina: Art. 144. Na contratação de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser estabelecida remuneração variável vinculada ao desempenho do contratado, com base em metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entrega definidos no edital de licitação e no contrato. § 1º O pagamento poderá ser ajustado em base percentual sobre o valor economizado em determinada despesa, quando o objeto do contrato visar à implantação de processo de racionalização, hipótese em que as despesas correrão à conta dos mesmos créditos orçamentários, na forma de regulamentação específica. § 2º A utilização de remuneração variável será motivada e respeitará o limite orçamentário fixado pela Administração para a contratação. Além disso, cite-se ainda a possibilidade de previsão no instrumento convocatório que contemple matriz de alocação eficiente de riscos que deverá estabelecer a responsabilidade que cabe a cada parte contratante, bem como mecanismos que afastem a ocorrência do sinistro e que mitiguem os efeitos deste, caso ocorra durante a execução contratual, na forma do art. 22, da nova Lei de Licitações. Princípio da Segregação de funções O princípio da segregação de funções representa a distribuição e a especialização de funções entre os agentes públicos que atuam nos processos de licitação e de contratação pública, a fim de garantir maior especialização no exercício das respectivas funções e de diminuir os riscos de conflitos de interesses dos agentes públicos. Trata-se de princípio que possui relação com os princípios da eficiência e da moralidade. Nessa perspectiva, o art. 7º, §§1º e 2º, da Lei 14.133/21 proíbem a designação do mesmo agente público e dos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da Administração para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes na respectiva contratação. Desse modo, caso um servidor atue como pregoeiro ou agente de contratação, ele não deve ser indicado como fiscal do futuro contrato. 9. Licitações 9. Licitações 33/84 Questão 2022 | 4000008000 O Governador do Estado X determinou que o órgão competente da atuação administrativa elabore plano de contratações anual, na forma dos respectivos regulamentos, para subsidiar a elaboração das leis orçamentárias estaduais. Essa determinação está ligada mais diretamente ao atendimento do princípio especí�co da licitação: A) do Formalismo moderado. B) da Segregação de Funções. C) da Vinculação ao Edital. D) do Planejamento. Solução Gabarito: D) do Planejamento. Objeto da Licitação Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. O objeto da licitação corresponde ao conteúdo do futuro contrato a ser celebrado pela Administração Pública com o licitante vencedor do certame. Segundo classificação dada por José dos Santos Carvalho Filho, o objeto da licitação se dividiria em dois, quais sejam: 1. O objeto imediato: que seria a seleção da proposta que melhor atenda os objetivos e interesses da administração; e 2. O objeto mediato: que seria a obtenção de alguma obra, serviço, realizar alguma compra, alienação, locação ou prestação de serviço público, a serem produzidas por certo particular através de um contrato. A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu art. 37, XXI: 9. Licitações 9. Licitações 34/84 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. Os arts. 1º e 2º da Lei 8.666/1993 elencam os objetos das licitações e contratações públicas, em rol exemplificativo, a saber: obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública. Por sua vez, em relação aos objetos das contratações, o art. 2º, da nova Lei de Licitações dispõe: Art. 2º Esta Lei aplica-se a: I - alienação e concessão de direito real de uso de bens; II - compra, inclusive por encomenda; III - locação; IV - concessão e permissão de uso de bens públicos; V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados; VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia; VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação. 9. Licitações 9. Licitações 35/84 Contratação direta Trata-se também de rol exemplificativo, pois o art. 37, XXI da CF/88 obriga a realização de licitação para todo e qualquer contrato administrativo, independentemente do objeto, salvo as hipóteses de contratação direta. Ademais, os arts. 40 a 51 da nova Lei de Licitações estabelecem o regime jurídico das compras, serviços, inclusive de engenharia, obras e locação de imóveis, cabendo ao art. 76 fixar o regime jurídico das alienações de bens da Administração Pública. Para assistir ao vídeo correspondente, acesse o LDI. Como visto, o art. 37, XXI, da CF/88, ao mesmo tempo em que determina a obrigatoriedade do procedimento licitatório para contratação com a Administração Pública, também relativiza essa regra, afirmando que “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública”. Isso porque, em alguns casos, a licitação será considerada inviável por ausência de competição ou será inconveniente para o atendimento do interesse público. Nessas hipóteses, a lei autoriza a contratação