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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .................................... 5 
2.1 História e evolução do SUS .................................................................. 5 
2.2 Princípios e diretrizes do SUS .............................................................. 9 
2.3 Estrutura organizacional do SUS: níveis de atenção à saúde ............ 12 
3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL ....................................................... 15 
3.1 Legislação e normativas relacionadas ao SUS .................................. 16 
3.2 O papel do SUS na promoção da saúde e prevenção de doenças .... 21 
3.3 Financiamento do SUS....................................................................... 30 
4 GESTÃO DO SUS .................................................................................... 30 
5 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ............................................................ 33 
5.1 Princípios da Atenção Primária no Brasil ........................................... 34 
5.2 Estratégia Saúde da Família (ESF) .................................................... 35 
5.3 Desafios na Atenção Primária à Saúde .............................................. 40 
6 VIGILÂNCIA EM SAÚDE ......................................................................... 40 
6.1 Componentes da vigilância em saúde ................................................ 41 
6.2 A integralidade da vigilância em saúde .............................................. 41 
6.3 Ações de cada componente da vigilância em saúde .......................... 43 
6.4 Emergências em saúde pública ......................................................... 44 
6.5 Planejamento em vigilância em saúde ............................................... 45 
7 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO SUS ................................................. 46 
7.1 Determinantes da situação de saúde ................................................. 46 
7.2 Financiamento .................................................................................... 47 
 
3 
 
7.3 Transição demográfica ....................................................................... 48 
7.4 Diversidade epidemiológica ................................................................ 49 
7.5 Mortalidade infantil ............................................................................. 50 
7.6 Cobertura, qualidade e gestão dos serviços de saúde ....................... 51 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 INTRODUÇÃO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de 
saúde do mundo, oferecendo acesso gratuito, universal e integral a todos no território 
brasileiro, independentemente de nacionalidade ou condição socioeconômica. Criado 
em 1988, o SUS foi consolidado pela Constituição Federal, que estabeleceu a saúde 
como um direito de todos e dever do Estado. Sua estrutura é composta pelo Ministério 
da Saúde, estados e municípios, garantindo uma gestão tripartite. O SUS abrange 
desde a atenção básica até procedimentos de alta complexidade, como transplantes 
de órgãos. Além disso, o sistema atua na vigilância epidemiológica e na distribuição 
gratuita de medicamentos. 
O SUS opera com base em princípios como universalidade e equidade, 
assegurando que todos tenham acesso igualitário aos serviços de saúde, com 
atenção especial às populações mais vulneráveis. A participação da sociedade civil é 
fundamental, através dos conselhos de saúde, que permitem a inclusão das 
demandas da população nas políticas públicas de saúde. O SUS também é 
reconhecido internacionalmente por programas como o de vacinação e distribuição de 
medicamentos para doenças como a AIDS. Apesar dos desafios, o SUS é uma 
conquista significativa na promoção da saúde pública no Brasil. Sua importância é 
destacada em momentos de crises sanitárias, como surtos de doenças transmitidas 
por vetores. 
2.1 História e evolução do SUS 
O SUS foi regulamentado pela Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990, 
conhecida como Lei Orgânica da Saúde (LOS), que dispõe sobre as condições para 
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências (BRASIL, 1990a). Surgiu como 
resultado da demanda social por um sistema equitativo para todos, pois, até então, 
existiam apenas sistemas que beneficiavam segmentos específicos da população. 
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o direito à saúde foi garantido 
a todos, e ao Estado coube a responsabilidade de assegurar esse direito. 
 
6 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um marco significativo no desenvolvimento 
social do Brasil, com princípios fundamentais que o destacam como uma conquista 
social importante. Para entender o SUS em sua configuração atual e como ele surgiu, 
é preciso examinar os contextos social, econômico, político e demográfico do país 
antes de sua criação. A Figura 1 ilustra uma linha do tempo destacando eventos que 
moldaram a formação do SUS. 
Figura 1 – Linha do tempo das políticas de saúde no Brasil 
 
Fonte: adaptado de Busato, 2019. 
No início do século XX, o governo brasileiro tinha interesse em receber 
imigrantes europeus para aumentar tanto a força de trabalho no campo quanto as 
transações comerciais. No entanto, as epidemias que aconteciam na época, 
dificultavam esse processo. Assim, o médico Oswaldo Cruz (1872-1917) foi 
convocado pra controlar doenças como malária, varíola e febre amarela. Surgiram, 
 
7 
 
então, as primeiras ações de saúde pública do país, conhecidas como “campanhas 
sanitárias” (ACURCIO, 2008). 
Para controlar as epidemias, uma das estratégias adotadas foi a vacinação 
obrigatória, para a qual foi utilizada a força policial, quando preciso. Esse fato gerou o 
descontentamento da população que, na época, não compreendia os benefícios da 
vacinação. Esse episódio ficou conhecido como Revolta da Vacina. Como resultado, 
revogou-se a obrigatoriedade da vacinação. 
Carlos Chagas (1879-1934), sucessor de Oswaldo Cruz, implementou a 
educação sanitária nas práticas do Departamento Nacional de Saúde Pública e focou 
suas ações no combate à tuberculose, hanseníase e doenças venéreas. Durante os 
anos em que esteve à frente do Instituto Manguinhos, que posteriormente tornou-se 
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi promulgado o Decreto n.º 4.682, de 24 de 
janeiro de 1923, conhecido como Lei Eloy Chaves, que determinou os primeiros 
passos da Previdênciacom as famílias, facilitando o trabalho da Vigilância e Promoção da Saúde 
realizada por toda a equipe. Cita-se, também, a conexão cultural entre os dois 
universos distintos – o conhecimento científico e o conhecimento popular – que é 
promovida através de ações educativas. 
As atribuições específicas dos ACS são: 
• Realizar mapeamento de sua área; 
• Cadastrar as famílias, mantendo o cadastro atualizado; 
• Identificar os indivíduos e famílias expostos a situações de risco; 
• Orientar as famílias em relação à utilização adequada dos serviços de saúde, 
encaminhando e agendando, quando necessário, consultas e exames; 
• Efetuar o acompanhamento mensal de todas as famílias sob sua 
responsabilidade por meio de Visita Domiciliar (VD); 
• Manter-se sempre bem informado e comunicar à ESF sobre a situação das 
famílias assistidas, especialmente em relação àquelas que se encontram em 
situações de risco; 
• Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção 
da saúde e na prevenção de doenças; 
• Traduzir, para a ESF, a dinâmica social, suas necessidades, potencialidades e 
limites. 
Atribuições específicas do médico 
 
39 
 
Normalmente, o médico da equipe é um clínico geral com especialização 
“generalista”, devendo atender a todos os membros da família. Algumas atribuições 
do médico são: 
• Proporcionar assistência integral, reunindo a atenção clínica à saúde coletiva, 
e apoiar os indivíduos em todas as etapas e particularidades de suas vidas: 
criança, adolescente, gestante, adulto, trabalhador, pessoa com deficiência e 
idoso; 
• Realizar atendimento de primeiros cuidados nas urgências; 
• Efetuar pequenas cirurgias ambulatoriais; 
• Realizar partos, se as condições locais permitirem. 
Atribuições específicas do enfermeiro 
Esse profissional desempenha funções essenciais tanto na UFS quanto na 
comunidade, oferecendo suporte e supervisão ao trabalho dos ACS e dos 
auxiliares/técnicos de enfermagem, além de prestar assistência às pessoas que 
precisam de cuidados de enfermagem em casa. Algumas atribuições do enfermeiro 
são: 
• Realizar, dentro dos limites de sua competência, assistência básica e ações de 
vigilância epidemiológica e sanitária para crianças, adolescentes, gestantes, 
adultos, trabalhadores, pessoas com necessidades físicas e mentais, e idosos; 
• Organizar as rotinas de trabalho no âmbito da UFS e da comunidade; 
• Supervisionar e desenvolver ações para capacitação dos ACS e dos 
auxiliares/técnicos de enfermagem, com vistas ao desempenho de suas 
funções. 
Atribuições específicas do auxiliar/técnico de enfermagem 
As ações do auxiliar/técnico de enfermagem são desenvolvidas nos espaços 
da UFS e nos domicílios, quando necessário. Algumas atribuições específicas desses 
profissionais são: 
• Monitorar as consultas de enfermagem dos indivíduos expostos a situações de 
risco, com o objetivo de assegurar um acompanhamento mais eficaz de suas 
condições de saúde; 
• Identificar, junto aos ACS, as famílias em situação de risco; 
 
40 
 
• Realizar procedimentos nas casas, quando solicitados pelo ACS. 
5.3 Desafios na Atenção Primária à Saúde 
A Atenção Primária à Saúde no Brasil enfrenta sérios desafios que afetam seu 
desempenho e capacidade de resolver problemas de saúde. Há uma queda na 
cobertura vacinal e um aumento da procura por atendimentos de urgência que 
poderiam ser resolvidos na Estratégia de Saúde da Família, levando a mais 
internações. O manejo de doenças crônicas e o combate a enfermidades 
transmissíveis também são problemáticos. A desvalorização do Sistema Único de 
Saúde, a falta de incentivo à formação profissional, a ausência de planos de carreira 
e a escassez de materiais para inovações tecnológicas agravam a situação, 
prejudicando as práticas clínicas. Esses problemas estão interligados à limitação de 
recursos financeiros (GEREMIA, 2020). 
Além disso, a falta de integração entre os diferentes níveis de atenção à saúde 
e a consequente ineficácia da comunicação entre as diversas esferas do sistema 
dificulta a continuidade do cuidado, prejudicando a efetividade do tratamento dos 
pacientes. A fragmentação no atendimento compromete a prevenção de doenças bem 
como o manejo correto de condições crônicas. 
Da mesma forma, a expansão tecnológica e as transformações demográficas 
trazem desafios significativos. O envelhecimento da população, juntamente com o 
aumento da prevalência de doenças crônicas, exige abordagens inovadoras que 
assegurem um cuidado integral e adaptado às necessidades específicas de diversos 
grupos populacionais. A adoção de tecnologias digitais, embora promissora, demanda 
estratégias eficazes para prevenir a exclusão digital e garantir que todos tenham 
acesso igualitário às inovações (SILVA et al., 2023). 
6 VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
A vigilância em saúde, que deve estar inserida em todos os níveis de atenção, 
é um conjunto de práticas e estratégias que visam monitorar e analisar a saúde da 
população, identificando fatores de risco, doenças e agravos à saúde. Essa 
abordagem é fundamental para a promoção da saúde, prevenção de doenças e 
 
41 
 
resposta eficiente a surtos e epidemias. Os sistemas de vigilância em saúde coletam 
dados sobre doenças infecciosas, não transmissíveis, condições ambientais e 
determinantes sociais da saúde, permitindo que os gestores de saúde tomem 
decisões informadas. 
Além disso, a vigilância em saúde atua na identificação de grupos vulneráveis 
e na avaliação da eficácia de intervenções e políticas públicas. Com a crescente 
interconexão global, a vigilância em saúde também se torna essencial para a detecção 
precoce de ameaças à saúde pública, como pandemias e epidemias, contribuindo 
para a proteção da saúde coletiva e a melhoria da qualidade de vida da população. 
6.1 Componentes da vigilância em saúde 
As ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos 
à saúde devem criar um espaço para a articulação de conhecimentos e técnicas. O 
conceito de vigilância em saúde abrange: a vigilância e o controle de doenças 
transmissíveis; a vigilância de doenças e agravos não transmissíveis; a vigilância da 
situação de saúde; a vigilância ambiental em saúde; a vigilância da saúde do 
trabalhador; e a vigilância sanitária (BRASIL, 2010b). 
6.2 A integralidade da vigilância em saúde 
A Vigilância em Saúde, com o objetivo de garantir a integralidade do cuidado, 
deve participar ativamente na formação das redes de atenção à saúde, que são 
coordenadas pela Atenção Primária à Saúde. A colaboração entre a Vigilância em 
Saúde e a Atenção Primária é essencial para promover a integralidade na assistência 
e alcançar resultados eficazes, por meio do desenvolvimento de um processo de 
trabalho que esteja alinhado com a realidade local, respeitando as particularidades de 
cada setor e compartilhando suas tecnologias. Essa integração deve seguir as 
seguintes diretrizes: 
• Compatibilização dos territórios de atuação das equipes, com a progressiva 
integração das ações de vigilância em saúde nas atividades das equipes da 
Saúde da Família; 
• Planejamento e programação integrados das ações individuais e coletivas; 
 
42 
 
• Monitoramento e avaliação integrada; 
• Reorganização dos processos de trabalho por meio da adoção de dispositivos 
e metodologias que promovam a integração entre vigilância, prevenção, 
proteção, promoção e atenção à saúde. Isso inclui abordagens como linhas de 
cuidado, clínica ampliada, apoio matricial, projetos terapêuticos e protocolos, 
entre outros; 
• Educação permanente dos profissionais de saúde, com abordagem integrada 
nos eixos da clínica, vigilância, promoção e gestão. 
As atividades de Vigilância em Saúde, que englobam a promoção da saúde, 
precisam ser incorporadas à rotina das equipes de Atenção Primária – Saúde da 
Família. É essencial que essas ações possuam atribuições e responsabilidades bemdefinidas em um território específico, promovendo a integração dos processos de 
trabalho, planejamento, monitoramento e avaliação. 
Uma das estratégias para fortalecer as ações de vigilância em saúde junto às 
equipes de saúde da família é a incorporação do agente de combate às endemias 
(ACE) ou de agentes com outras denominações que desempenham essas ações, 
sendo incorporadas atividades como controle ambiental, endemias, zoonoses e 
controle de riscos e danos à saúde. 
A inclusão do Agente Comunitário de Saúde (ACE) nas equipes de saúde da 
família requer uma reestruturação dos processos de trabalho, promovendo a 
integração das áreas de atuação dos agentes comunitários de saúde e dos agentes 
de combate às endemias. Isso implica na clara definição de funções e 
responsabilidades, além da supervisão dos ACE realizada por profissionais de nível 
superior que fazem parte da equipe de saúde da família. 
A Portaria n.º 1.007/GM/MS, de 4 de maio de 2010, estabelece critérios para 
regulamentar a inclusão do Agente de Combate às Endemias (ACE) ou de agentes 
que realizam funções semelhantes sob diferentes denominações na atenção primária 
à saúde, visando fortalecer as ações de vigilância em saúde nas equipes de Saúde 
da Família (BRASIL, 2010b). 
 
43 
 
6.3 Ações de cada componente da vigilância em saúde 
A vigilância epidemiológica refere-se a um conjunto de ações destinadas a 
identificar, monitorar ou prevenir alterações nos fatores que afetam a saúde, tanto 
individual quanto coletiva. Seu objetivo é fornecer orientações técnicas contínuas para 
aqueles responsáveis por decidir sobre a implementação de medidas de controle de 
doenças e agravos. Entre suas principais funções estão: a coleta e processamento de 
dados, a análise e interpretação dessas informações, a disseminação dos dados, a 
investigação epidemiológica de casos e surtos, a avaliação dos resultados obtidos, 
além de formular recomendações e promover as medidas de controle necessárias. 
A vigilância em saúde ambiental tem como objetivo identificar e monitorar 
alterações nos fatores que influenciam o ambiente e, consequentemente, a saúde 
humana. Ela busca recomendar e implementar ações de prevenção e controle 
relacionadas aos fatores de risco associados a doenças e outros problemas de saúde. 
Essa vigilância prioriza a qualidade da água potável, do ar e do solo, além de 
considerar desastres naturais, substâncias químicas, acidentes com materiais 
perigosos, fatores físicos e as condições do ambiente de trabalho. 
A vigilância em saúde do trabalhador envolve um conjunto de ações voltadas 
à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores. Essas 
atividades são direcionadas a identificar e minimizar os riscos e agravos relacionados 
às condições de trabalho. O objetivo é garantir um ambiente laboral mais seguro e 
saudável. Assim, busca-se prevenir doenças e promover o bem-estar dos 
trabalhadores. Essa abordagem é essencial para a melhoria da qualidade de vida no 
trabalho. 
A vigilância sanitária é definida como um conjunto de ações destinadas a 
eliminar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, além de intervir em problemas sanitários 
originados do meio ambiente, na produção e na circulação de bens, bem como na 
prestação de serviços relacionados à saúde. Esse conceito abrange o controle de 
bens de consumo que, de maneira direta ou indireta, afetam a saúde, englobando 
todas as fases e processos, desde a produção até o consumo; além do controle dos 
serviços prestados que, também de forma direta ou indireta, têm relação com a saúde. 
Um aspecto essencial da vigilância em saúde é o cuidado integral com a saúde 
das pessoas, por meio da promoção da saúde. Essa política visa melhorar a qualidade 
 
44 
 
de vida, capacitando a população a diminuir a vulnerabilidade e os riscos à saúde 
associados aos seus determinantes e condicionantes, como estilos de vida, condições 
de trabalho, moradia, meio ambiente, educação, lazer, cultura e acesso a bens e 
serviços fundamentais. 
As ações específicas têm como foco: alimentação saudável, prática de 
atividades físicas, prevenção e controle do tabagismo, diminuição da 
morbimortalidade relacionada ao consumo de álcool e outras drogas, redução de 
mortes e doenças causadas por acidentes de trânsito, prevenção da violência e 
fomento à cultura da paz, além da promoção do desenvolvimento sustentável 
(BRASIL, 2010b). 
6.4 Emergências em saúde pública 
Para lidar com as emergências em saúde pública nas diversas esferas de 
gestão, o sistema de saúde dispõe de uma rede integrada de unidades de alerta e 
resposta, conhecida como Rede de Alerta e Resposta às Emergências em Saúde 
Pública (Rede Cievs). Seu objetivo é identificar emergências, realizar a avaliação 
contínua de problemas que possam representar riscos à saúde pública, além de 
gerenciar, coordenar e oferecer suporte às respostas implementadas em situações de 
emergência. 
O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, em sua área de atuação, identifica 
emergências em saúde pública e estabelece medidas de intervenção por meio de: 
• Rede de Comunicação em Visa (RCvisa), que notifica surtos relacionados a 
alimentos; 
• Farmácias Notificadoras, que informam sobre eventos adversos e queixas 
técnicas em relação ao consumo de medicamentos; 
• Hospitais-sentinela, que notificam eventos adversos e queixas técnicas 
relacionadas a produtos e equipamentos de saúde; 
• Notivisa, responsável por notificar eventos adversos e queixas técnicas 
referentes aos produtos sob vigilância sanitária, como: medicamentos, vacina 
e imunoglobulinas; artigos médico-hospitalares; equipamento médico-
hospitalar; sangue e componentes e agrotóxicos; 
 
45 
 
• Centro de Informações Toxicológicas, que notifica intoxicações e 
envenenamentos; 
• Postos da Anvisa em portos, aeroportos e fronteiras, que notificam eventos 
relacionados a viajantes, meios de transportes e produtos; 
• Rede Nacional de Investigação de Surtos em Serviços de Saúde (RENISS), 
com uma estrutura técnico-operacional voltada para investigar e conter surtos 
em serviços de saúde (BRASIL, 2010b). 
6.5 Planejamento em vigilância em saúde 
A vigilância em saúde oferece conhecimentos e metodologias que auxiliam a 
gestão na análise da realidade e na identificação de problemas. Esse processo é 
fundamental para estabelecer prioridades de ação e otimizar recursos. O objetivo é 
obter resultados efetivos, essenciais para o planejamento. Dessa forma, a vigilância 
contribui para uma atuação mais eficaz na saúde pública. 
A avaliação da condição de saúde possibilita identificar, descrever, priorizar e 
explicar os problemas de saúde da população por meio da: 
• Caracterização da população: variáveis demográficas (quantidade de 
habitantes distribuídos por sexo, faixa etária, local de residência, padrões de 
migração, entre outros); variáveis socioeconômicas (renda, participação no 
mercado de trabalho, ocupações, condições de vida, etc.); variáveis culturais 
(nível de escolaridade, costumes, comportamentos, entre outros). 
• Descrição das condições de vida: fatores ambientais (fornecimento de água, 
coleta de resíduos e esgoto, infraestrutura habitacional, acesso ao transporte, 
segurança e opções de lazer); características dos indivíduos (nível de 
escolaridade, participação no mercado de trabalho, tipo de ocupação, faixa de 
renda, formas de organização social, religiosa e política). 
• Caracterização do perfil epidemiológico: indicadores de morbidade e de 
mortalidade. 
• Descrição dos problemas: O que é? (natureza do problema); Quando ocorre? 
(atual ou potencial); Onde se localiza? (contexto territorial); Quem está 
envolvido? (indivíduos ou grupos sociais afetados). 
 
46 
 
É aconselhável, para a avaliação da situação de saúde, empregar os sistemas 
de informação disponíveis, indicadores de saúde, diversas fontes de dados, análise 
estatística,elaboração de séries temporais, desagregação por grupos e distribuição 
geográfica, levando em conta os valores e culturas locais (BRASIL, 2010b). 
7 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO SUS 
O Sistema Único de Saúde foi criado com a premissa de que a saúde é um 
direito social garantido pelo Estado, conforme estipulado no artigo 196 da Constituição 
Federal. Esse artigo afirma que a saúde é um direito de todos e dever do Estado, 
devendo ser promovida por meio de políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doenças e ao acesso universal e igualitário aos serviços de saúde. 
Desde sua fundação, o SUS promoveu um significativo movimento de inclusão social, 
oferecendo cobertura de saúde para todos os brasileiros e superando barreiras entre 
trabalhadores urbanos e rurais, bem como entre contribuintes e não contribuintes do 
sistema previdenciário. 
Apesar dos avanços, o SUS ainda enfrenta desafios importantes para cumprir 
sua missão constitucional. Além das limitações geradas por escolhas políticas e 
administrativas, o sistema precisa lidar com uma complexa situação de saúde pública, 
marcada por determinantes sociais adversos, uma transição demográfica e um perfil 
epidemiológico diversificado. Esses fatores impactam diretamente a morbidade e a 
mortalidade da população (BARBOSA, 2010). 
7.1 Determinantes da situação de saúde 
Embora tenha havido avanços nas últimas décadas, o Brasil ainda enfrenta um 
cenário desfavorável em relação a diversos determinantes sociais que afetam a saúde 
da população. Essa situação demanda que, além de oferecer ações e serviços de 
saúde, o SUS assuma um papel de liderança na criação de agendas multissetoriais 
voltadas para a diminuição do impacto desses determinantes. 
O país passou por um rápido processo de urbanização nas últimas décadas, 
com a proporção da população urbana aumentando consideravelmente. Esse 
crescimento populacional resultou em cidades carentes de infraestrutura adequada, 
 
47 
 
como sistemas de abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo, criando condições 
propícias para o surgimento ou ressurgimento de doenças, como a dengue. No Brasil, 
há muitos domicílios sem acesso à rede de abastecimento de água, sendo que a maior 
parte se encontra na região Norte e a menor, no Sudeste. 
Em relação à cobertura de esgotamento sanitário, que é fundamental para 
evitar a transmissão de várias doenças infecciosas, como diarreias e hepatite A, houve 
um avanço em relação ao acesso a esse tipo de serviço, no entanto, a desigualdade 
regional é bastante marcante, com a região Norte apresentando um índice maior de 
domicílios sem acesso à rede de esgoto, enquanto a região Sudeste apresenta o 
maior índice. Entre as 27 unidades federadas, apenas três – o Distrito Federal, São 
Paulo e Minas Gerais – apresentam mais da metade dos domicílios atendidos por rede 
geral coletora de esgoto. 
Na área da educação, que é um importante fator para a promoção da saúde, 
existem também desafios significativos. A taxa de analfabetismo entre pessoas com 
15 anos ou mais permanece alta e esse cenário se agrava ao considerar o 
analfabetismo funcional, que abrange pessoas nessa faixa etária com menos de 
quatro anos de escolaridade. A região Nordeste apresenta a maior taxa de 
analfabetismo, enquanto o Sul registra a menor. Outro fator que gera efeitos 
prejudiciais à saúde são as violências e acidentes, os quais, além de sobrecarregar 
os serviços de saúde, diminuem a expectativa de vida em 2 a 3 anos, afetando 
principalmente a população mais jovem. 
7.2 Financiamento 
No Brasil, a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) destinada à saúde se 
aproxima dos índices observados em países desenvolvidos que possuem sistemas 
públicos de acesso universal, similares ao SUS. Entretanto a porcentagem destinada 
a gastos públicos é baixa quando se compara o Brasil com os países de maior 
desenvolvimento. Mesmo países que não têm sistemas universais, como Chile e 
Argentina, destinam um gasto maior com a saúde quando comparados ao Brasil. 
Destaca-se, ainda, que há grandes variações de gasto público em saúde quando se 
compara diferentes estados e regiões do país. 
 
48 
 
Além disso, é importante ressaltar que os gastos privados das empresas e 
famílias com planos de saúde, medicamentos e outras despesas representam uma 
parte significativa do total investido em saúde. Essa situação gera distorções 
relevantes no SUS. Assim, a dependência do setor privado afeta a equidade e a 
qualidade do atendimento oferecido. 
Se as tendências atuais se mantiverem, o SUS tende a se firmar como um 
sistema de saúde voltado para os mais pobres, aqueles que não têm condições de 
pagar por um plano de saúde privado. Essa situação cria um círculo vicioso, uma vez 
que a baixa qualidade dos serviços disponíveis apenas para essa população tende a 
aumentar o número de pessoas que buscam alternativas no setor privado. Não é por 
acaso que as áreas em que o SUS realmente alcança uma cobertura universal, como 
vacinação, transplantes e tratamento de AIDS, são vistas como as de melhor 
qualidade (BARBOSA, 2010). 
7.3 Transição demográfica 
Atualmente, o Brasil está passando por um processo conhecido como transição 
demográfica, que se caracteriza pela diminuição das taxas de fecundidade e 
mortalidade precoce, aumento da expectativa de vida ao nascer e, 
consequentemente, pelo envelhecimento da população. Contudo, os brasileiros ainda 
têm uma expectativa de vida média de vida inferior à dos chilenos, por exemplo, e a 
desigualdade interna é bastante significativa. Por exemplo, uma pessoa que nasce no 
Estado de Alagoas tem uma expectativa de vida menor do que alguém que nasce no 
Distrito Federal. 
O envelhecimento da população se manifesta pelo aumento da proporção de 
pessoas com 65 anos ou mais. Essa tendência sugere um crescimento na demanda 
por serviços de saúde. Isso é especialmente relevante para as doenças crônicas, que 
são mais frequentes entre os idosos. Portanto, é fundamental que o sistema de saúde 
esteja preparado para essa demanda crescente (BARBOSA, 2010). 
 
49 
 
7.4 Diversidade epidemiológica 
A situação sanitária no Brasil apresenta um padrão epidemiológico complexo, 
no qual as doenças crônicas e as causas externas são as principais responsáveis pela 
maioria das mortes. Ao mesmo tempo, as doenças infecciosas continuam a ter um 
impacto significativo na carga de morbidade. Diante desse cenário, é fundamental que 
o SUS implemente uma política de saúde integral, que inclua ações preventivas em 
múltiplos níveis, integradas a serviços assistenciais de complexidade crescente, 
desde a atenção básica até intervenções de alta complexidade. 
A mortalidade prematura devido a certas doenças crônicas é alta, 
possivelmente devido à dificuldade de acesso ao diagnóstico e ao tratamento. Os 
principais fatores de risco para essas doenças, como o tabagismo, a obesidade, a 
falta de atividade física e o consumo excessivo de álcool, estão crescendo entre as 
populações mais pobres e com menor nível de instrução. 
Em relação às doenças transmissíveis, houve avanços significativos nas 
últimas décadas em função das campanhas de vacinação. Entretanto, elementos 
como a propagação de informações falsas, o movimento antivacinas e a resistência a 
programas de imunização têm levado a uma queda na adesão vacinal. A pandemia 
de COVID-19 agravou essa situação, interrompendo campanhas de vacinação e 
redirecionando recursos para lidar com a crise de saúde, o que prejudicou o calendário 
de imunização e gerou preocupações acerca da segurança das vacinas (COSTA; 
MARTINS, 2025). 
Entre as chamadas doenças emergentes e reemergentes, a dengue continua a 
ser um sério desafio para a saúde pública, com surtos frequentes que estão 
relacionados à introdução de novos sorotipos em regiões que antes eram isentas ou 
à recirculação após longos períodos de ausência. Como consequênciadessas 
repetidas ondas epidêmicas, o número de casos graves de dengue e de febre 
hemorrágica da dengue (FHD) tem aumentado, assim como as taxas de 
hospitalização pela doença, o que pode gerar impactos sobre os serviços de saúde. 
A malária está atualmente concentrada na Amazônia, responsável por 
apresentar cerca de 99% dos casos que ocorrem no Brasil. As outras regiões 
apresentam menos casos, normalmente importados de outros estados ou de países 
onde a doença é endêmica. Já em relação à tuberculose, ainda que haja tratamento 
 
50 
 
gratuito disponível no SUS, o Brasil está entre os países com maior incidência dessa 
doença no mundo. 
7.5 Mortalidade infantil 
As desigualdades nos indicadores de saúde entre as unidades federativas e 
regiões do Brasil refletem as variações nas condições de vida e no acesso aos 
serviços de saúde. A magnitude dessas desigualdades, frequentemente mascaradas 
quando se analisam apenas os valores médios nacionais, demanda a elaboração de 
políticas específicas para sua superação. Uma importante dimensão da saúde no país 
pode ser melhor entendida por meio da taxa de mortalidade infantil (TMI), um indicador 
que avalia o risco de morte antes do primeiro ano de vida para crianças nascidas 
vivas, sendo considerado um dos melhores resumos das condições de saúde de uma 
população. 
O Brasil possui uma TMI mais elevada em comparação a outros países da 
América Latina, como México, Argentina e Chile. Além disso, existe uma significativa 
variação desse índice entre os estados brasileiros. Os estados das regiões Norte e 
Nordeste, em particular, registram as maiores taxas de mortalidade infantil. Essa 
discrepância evidencia desafios regionais no enfrentamento da mortalidade infantil. 
As causas da mortalidade infantil variam conforme os diferentes componentes 
em que é dividida, levando em conta a faixa etária em que ocorre o óbito: neonatal 
precoce (de 0 a 6 dias), neonatal tardia (de 7 a 27 dias) e pós-neonatal (de 28 a 364 
dias). O componente pós-neonatal da mortalidade infantil está fortemente associado 
a causas evitáveis, como doenças infecciosas, especialmente diarreias e pneumonias, 
e é bastante afetado pelas condições de vida inadequadas. Nos últimos anos, esse 
foi o componente que apresentou a maior redução no país, provavelmente em 
decorrência do aumento do acesso à água, ao saneamento e aos serviços de saúde; 
da melhoria na cobertura vacinal; e da diminuição da desnutrição. 
Atualmente, dois terços das mortes infantis acontecem no período neonatal, ou 
seja, antes que a criança complete 28 dias de vida, devido a questões ligadas à 
cobertura e à qualidade do atendimento durante a gravidez, o parto e os cuidados com 
o recém-nascido. Essas mortes estão distribuídas de forma equilibrada entre o 
 
51 
 
neonatal precoce e o tardio, e têm se mantido em níveis considerados elevados nos 
últimos anos (BARBOSA, 2010). 
7.6 Cobertura, qualidade e gestão dos serviços de saúde 
A disponibilidade de leitos hospitalares do SUS por habitante varia 
consideravelmente entre as unidades da Federação. A região Norte possui a menor 
quantidade de leitos, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste apresentam os números 
mais elevados. Essa discrepância reflete as diferenças na infraestrutura de saúde 
entre as regiões, que afeta o acesso aos serviços de saúde. 
Procedimentos simples, mas extremamente eficazes para prevenir mortes, 
como o exame clínico das mamas e o exame preventivo para câncer do colo do útero, 
ainda não foram amplamente implementados entre aqueles que dependem 
exclusivamente do SUS. De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD), uma em cada cinco mulheres com renda familiar de 
até um salário mínimo nunca realizou um exame preventivo para o câncer do colo do 
útero. Entre as mulheres com renda superior a cinco salários-mínimos, que 
majoritariamente dispõem de seguros e planos privados, a maior parte já realizou esse 
exame. 
Segundo pesquisa realizada pelo Banco Mundial, o setor hospitalar do SUS é 
de baixa eficiência e qualidade e consome grande parte dos recursos do sistema, o 
que pode ocorrer devido ao subfinanciamento da atenção primária e ambulatorial do 
país, o que, por sua vez, eleva a proporção dos gastos hospitalares. Além disso, as 
internações desnecessárias, que correspondem a uma em cada três internações no 
SUS, também contribuem para essa situação. 
Os hospitais do SUS apresentam uma taxa de ocupação baixa e um alto nível 
de ociosidade, enquanto a proporção de profissionais por paciente atendido é mais do 
que o dobro da observada nos hospitais dos Estados Unidos. 
Dentro da rede do SUS, a maior parte dos hospitais são geridos diretamente 
pelo poder público, e esses são exatamente os que apresentam os piores indicadores 
de desempenho. Em contrapartida, iniciativas inovadoras na gestão hospitalar, como 
as Organizações Sociais de Saúde (OSS), demonstram melhores resultados em 
eficiência e qualidade, refletidos em métricas como taxa de ocupação, despesa média 
 
52 
 
por alta e mortalidade geral e cirúrgica, superando os hospitais sob administração 
direta. No entanto, essas novas abordagens ainda enfrentam desafios relacionados à 
falta de um marco legal claro para sua expansão, sendo implementadas em número 
muito reduzido, o que não é suficiente para provocar um impacto positivo significativo 
no desempenho global do sistema. 
Para enfrentar esses desafios, será necessário desenvolver uma agenda que 
busque soluções técnicas e gerenciais eficazes. Além disso, é preciso renovar o 
compromisso com uma política social universalista para a saúde. Essa abordagem 
deve ser capaz de responder à complexidade da realidade atual do país. Portanto, a 
integração de esforços e a inovação são fundamentais. A construção de um sistema 
de saúde mais justo e acessível depende dessa renovação de compromissos 
(BARBOSA, 2010). 
 
53 
 
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de Aposentadorias e Pensões (CAPs) que, inicialmente, atendeu os trabalhadores 
ferroviários e depois os marítimos e estivadores. 
Entre 1930 e 1945, dois eventos significativos moldaram a trajetória da saúde 
pública no Brasil. O primeiro deles foi a fase do “sanitarismo campanhista”, que, 
alinhada à visão de desenvolvimento econômico do país, considerava as endemias 
como um obstáculo ao progresso. Assim, as iniciativas implementadas naquela época 
visavam principalmente o crescimento econômico, em vez de atender às 
necessidades da população vulnerável. O segundo fato relevante foi a criação dos 
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), como resultado do agrupamento das 
caixas de aposentadoria e pensão (BUSATO, 2019). 
Nos anos subsequentes, foi estabelecido o Serviço Especial de Saúde Pública 
(SESP), com o objetivo de oferecer assistência aos trabalhadores envolvidos na 
extração de borracha na Amazônia. Posteriormente, foi implementado o Serviço de 
Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), marcando a primeira iniciativa 
direcionada à saúde pública. Em seguida, em 1953, foi criado o Ministério da Saúde, 
cuja estrutura original foi herdada do Departamento Nacional de Saúde (DNS). 
A formação do Ministério marcou o começo da reestruturação das iniciativas na 
área da saúde, eliminando a dispersão dos recursos financeiros. Os serviços de saúde 
sob a responsabilidade do Ministério da Saúde foram estruturados através de ações 
 
8 
 
voltadas para a saúde coletiva. Por sua vez, a assistência médica individual e curativa 
ficou sob a responsabilidade da Previdência Social, além de instituições filantrópicas 
e da medicina privada (LIMA; PINTO, 2003). 
Durante o regime militar, houve uma significativa redução no orçamento do 
Ministério da Saúde, o que impactou negativamente as iniciativas de saúde pública. 
O foco do investimento foi direcionado para a saúde individual, levando à extinção das 
Instituições de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que foram integradas ao Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS). Essa fusão resultou na eliminação das 
diferenças entre os segurados do setor privado em relação à entidade previdenciária 
que os atendia. Essas medidas tiveram um impacto considerável na relação entre o 
Estado e a sociedade, mas o processo seguiu um caminho inverso, culminando na 
inclusão da previdência para trabalhadores rurais e domésticos, enquanto os 
trabalhadores informais permaneceram sem cobertura. 
As iniciativas do Ministério da Saúde permaneceram atrasadas, enquanto os 
recursos disponíveis se tornavam cada vez mais limitados, representando menos de 
1% do orçamento da União. No entanto, com o início da Reforma Sanitária, 
começaram a surgir demandas por novos investimentos na saúde pública. Esse 
contexto culminou na criação do Sistema Nacional de Saúde em 1975, que visava 
atender a nova demanda por uma abordagem mais ampla da saúde coletiva, mas na 
prática, buscava preservar a saúde individualizada vinculada ao Ministério da Saúde. 
Em 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários da Saúde em 
Alma-Ata, Cazaquistão, destacou a importância da promoção da saúde, que foi 
reafirmada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em 
Ottawa, em 1986. A Declaração de Alma-Ata enfatiza o papel do Estado em promover 
e garantir cuidados à população, ressaltando sua responsabilidade pelo bem-estar 
dos cidadãos e a obrigação de atuar na resolução de problemas físicos e mentais 
(BUSATO, 2019). 
Durante a conferência em Alma-Ata, os países estabeleceram a meta Saúde 
Para Todos no Ano 2000, enfatizando a importância do investimento em atenção 
primária. Nesse contexto histórico de saúde mundial, o Brasil vivia um forte clamor por 
mudanças políticas em direção à redemocratização, especialmente na década de 
1980, com manifestações por eleições diretas. No setor da saúde, buscava-se uma 
abordagem abrangente, democrática e igualitária, impulsionada por intelectuais, 
 
9 
 
lideranças políticas, profissionais de saúde e movimentos sociais, resultando no 
esgotamento do modelo médico assistencial privatista (SOUZA; COSTA, 2010). 
Em 1978, o Brasil criou o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social 
(SINPAS), extinguindo o INPS e estabelecendo o Instituto Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social (INAMPS) para focar na assistência médica. Com o 
enfraquecimento do regime militar e pressões globais por centralização na saúde, 
novas iniciativas surgiram após o fim do regime, como a 8ª Conferência Nacional de 
Saúde, liderada por Sérgio Arouca (1941-2003), que discutiu um novo modelo de 
saúde, o direito à saúde para todos e o financiamento do sistema. As políticas públicas 
resultantes desse encontro foram posteriormente incorporadas à Constituição Federal 
de 1988. 
Com a deterioração da saúde pública após a Guerra Fria, surgiu o movimento 
da Reforma Sanitária, que buscava novas estratégias para a área da saúde. Esse 
movimento tinha uma abordagem popular e explorava as interconexões entre classes 
sociais e as políticas de saúde em três dimensões: econômica, ao considerar as 
exigências do capital no setor; política, ao ver as políticas de saúde como parte da 
legitimação do poder estatal e da dominação de classes; e ideológica, ao revelar as 
relações entre a produção científica, práticas sociais e os valores que moldam a 
cultura e a moral dos profissionais de saúde na estrutura social. 
A Constituição Federal de 1988, garantiu a saúde como um direito de todos e 
dever do Estado, conforme o artigo 196, e com a instituição do SUS (BRASIL, 1988). 
Entre o fim do regime militar e o estabelecimento da LOS (Lei n.º 8.080/1990), tornou-
se vigente o Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e 
Descentralizados de Saúde nos Estados (SUDS), que foi uma iniciativa do próprio 
INAMPS para universalizar a sua assistência que até aquele momento beneficiava 
apenas os trabalhadores da economia formal e seus dependentes. 
2.2 Princípios e diretrizes do SUS 
O SUS é regido por três princípios doutrinários: universalidade, igualdade e 
equidade. O princípio da universalidade baseia-se no fato legal “de que todos os 
cidadãos brasileiros têm direito à saúde, sendo o Estado o provedor dos serviços” 
(SOLHA, 2014, p. 22). Assim, cabe ao Estado assegurar que todos tenham acesso 
 
10 
 
aos serviços e ações essenciais para a promoção da saúde da população brasileira, 
de maneira igualitária, sem discriminações de qualquer natureza. 
Nesse sentido, considera-se as unidades básicas de saúde (UBS), hospitais, 
ambulatórios, serviços de pré-atendimento hospitalar, entre outros, além de ações de 
imunização e a vigilância em saúde, com os programas de controle de doenças, além 
do controle da produção de bens de consumo. Em suma, são ações abrangentes, não 
estando limitadas a um serviço único e acontecem em todas as situações de 
assistência à saúde. A imunização, por exemplo, acontece nas UBS, nos hospitais, 
nos ambulatórios, não estando restrita aos períodos de campanha de imunização. As 
ações de saúde atingem toda a população, o que pode ser ilustrado com o fato de que 
todos os medicamentos à venda foram avaliados pela Anvisa, que é um órgão do 
SUS. 
Já o princípio da integralidade baseia-se na compreensão de que os 
indivíduos têm o direito de receber atendimento que considere suas necessidades, 
tanto individuais quanto coletivas. Assim, os serviços de saúde precisam ser 
estruturados para fornecer todas as ações necessárias para garantir essa atenção 
integral. Portanto, o SUS deve implementar iniciativas voltadas para o ambiente e para 
as pessoas, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, além da 
reabilitação. 
De acordo com Fracolli et al. (2011): 
A integralidade é entendida como um conjunto articulado e contínuode ações 
e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos nos diferentes níveis 
de complexidade do sistema. A integralidade emerge como um princípio de 
organização contínua do processo de trabalho nos serviços de saúde, que se 
caracterizaria pela busca também contínua de ampliar as possibilidades de 
apreensão das necessidades de saúde de um grupo populacional. Ampliação 
que não pode ser feita sem que se assuma uma perspectiva de diálogo entre 
os diferentes sujeitos e entre seus diferentes modos de perceber as 
necessidades de serviços de saúde (FRACOLLI et al., 2011, p. 1.137). 
O princípio da equidade refere-se à necessidade de tratar de forma diferente 
aqueles que são desiguais, visando promover a igualdade de oportunidades para a 
sobrevivência e o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos em uma 
determinada sociedade. Essa concepção parte do reconhecimento das desigualdades 
existentes entre pessoas e grupos sociais, bem como da compreensão de que muitas 
dessas disparidades são injustas e devem ser superadas. No contexto da saúde, as 
 
11 
 
desigualdades sociais manifestam-se como disparidades nas condições de 
adoecimento e mortalidade, e é reconhecida a possibilidade de mitigar essas 
desigualdades, assegurando condições de vida e saúde mais equitativas para todos 
(TEIXEIRA, 2011). 
Além dos princípios doutrinários que o norteiam, o SUS é regido por princípios 
organizativos importantes, como a descentralização, a hierarquização, a 
regionalização e a participação social. A descentralização distribui a 
responsabilidade entre as três esferas do governo (federal, estadual e municipal), 
tornando-as corresponsáveis pelo sistema de saúde, facilita a estruturação, reduz a 
corrupção e auxilia na identificação das necessidades da comunidade, entre outras 
vantagens. A descentralização foi fortalecida pela NOB SUS/1996, que teve como 
base a 9ª Conferência Nacional de Saúde, e visava aumentar a autonomia dos 
municípios na gestão da saúde, diminuindo o papel central do Estado 
A NOB/1996 reformulou o modelo de gestão do SUS, procurando equilibrar as 
interações entre os diferentes atores envolvidos (municípios, estados e governo 
federal). Essa norma reforçou a importância da descentralização do sistema de saúde 
e redefiniu as funções de cada esfera governamental, posicionando o Estado como 
mediador entre os municípios, os estados e o governo federal (BUSATO, 2019). 
A hierarquização é um princípio que se baseia na classificação dos serviços 
de saúde, levando em consideração a complexidade tecnológica envolvida em cada 
um deles. Esses serviços são organizados de acordo com o tipo de atendimento 
oferecido e as tecnologias empregadas. Já, a regionalização envolve a definição de 
áreas geográficas para estruturar a rede de serviços, facilitando a descentralização 
da gestão. Para que isso ocorra, os municípios precisam ter a capacidade de gerenciar 
seus próprios serviços, contando com o suporte das Secretarias Estaduais de Saúde, 
que devem auxiliar nessa transição. Um aspecto fundamental do processo de 
regionalização é a possibilidade de abordar a realidade local, considerando seus 
determinantes e características demográficas (SOLHA, 2014). 
A participação social na saúde é regida pela Lei n.º 8.142/90, que criou os 
Conselhos de Saúde e as Conferências de Saúde em todas as esferas 
governamentais, além de colegiados nos serviços de saúde. Essa legislação visa 
garantir que grupos historicamente marginalizados tenham voz nas decisões sobre 
políticas de saúde. Os Conselhos de Saúde atuam como órgãos deliberativos, 
 
12 
 
promovendo a participação popular na reivindicação e avaliação das políticas 
públicas. As Conferências de Saúde, realizadas a cada quatro anos, são fóruns que 
reúnem representantes do SUS em níveis local, estadual e nacional. Esses encontros 
visam discutir, avaliar e sugerir diretrizes para a formulação das políticas de saúde, 
garantindo uma ampla representação social. 
2.3 Estrutura organizacional do SUS: níveis de atenção à saúde 
Há três níveis de atenção à saúde: básico (ou primário), secundário e terciário, 
que atualmente são chamados de baixa, média e alta complexidade. O primeiro nível 
de atenção à saúde é a Atenção Básica (AB). É a porta de entrada no sistema e deve 
estar preparada para atender até 85% dos problemas de saúde na população. Nesse 
nível de atenção são usadas tecnologias de baixa densidade, ou seja, mais simples e 
com menor custo, mas que atendem à maior parte das necessidades da população. 
Como exemplo, pode-se citar o exame e as orientações dadas às pacientes ao 
realizarem o Papanicolau na UBS. Trata-se de um procedimento simples e barato e, 
portanto, uma tecnologia de baixa densidade, mas de grande impacto na saúde da 
mulher. 
O nível secundário ou de média complexidade é composto por serviços que 
precisam de profissionais e serviços especializados e têm como objetivo atender às 
demandas de saúde que não podem ser devidamente sanadas por tecnologias de 
baixa densidade. Trata-se das policlínicas/ambulatórios e dos hospitais em geral. No 
exemplo citato anteriormente, caso o exame de alguma paciente que realizou o 
Papanicolau tenha alterações, ela será encaminhada para um serviço que 
disponibilize o especialista (ginecologista) e os recursos necessários para que se 
realizem exames mais complexos, como um serviço de média complexidade. No 
Quadro 1 estão listados exemplos de procedimentos de média complexidade que 
fazem parte do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA). 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
Quadro 1 – Serviços de média complexidade 
 
Fonte: adaptado de Solha, 2014. 
O nível terciário ou de alta complexidade é composto por procedimentos que 
envolvem alta tecnologia, com muitos equipamentos (como ressonâncias magnéticas) 
e profissionais com conhecimento extremamente especializado. Devem ser 
integrados com a Atenção Básica e com os serviços de média complexidade. Seus 
procedimentos estão listados no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e alguns, 
no SIA (aqueles que demandam maiores recursos financeiros). O Quadro 2 
representa os serviços de alta complexidade. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
Quadro 2 – Serviços de alta complexidade 
 
Fonte: adaptado de Solha, 2014. 
A Figura 2 mostra a hierarquização dos serviços de acordo com sua 
complexidade. A base é larga, simbolizando o número de pessoas cujas necessidades 
podem ser atendidas e resolvidas pela Atenção Básica. Essa base se afunila 
gradativamente até alcançar os níveis de alta complexidade. Observa-se que apenas 
uma fração reduzida da população requer serviços de alta complexidade. 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
Figura 2 – Níveis de atenção à saúde 
 
Fonte: adaptado de Solha, 2014. 
As flechas ao lado da pirâmide representam a referência e a contrarreferência, 
que é a forma como o usuário percorre os serviços de saúde. É possível observar, 
portanto, que ele pode ser encaminhado dentro do mesmo nível de complexidade ou 
para outros níveis, dependendo da sua necessidade. 
3 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL 
As políticas de saúde no Brasil são estruturadas principalmente em torno do 
SUS, criado pela Constituição de 1988, que estabelece a saúde como um direito de 
todos e um dever do Estado. O SUS é responsável por garantir acesso universal e 
igualitário a serviços de saúde, promovendo não apenas a assistência médica, mas 
também a promoção da saúde e a prevenção de doenças. 
 
16 
 
Sua legislação é fundamentada em princípios como a universalidade, 
integralidade e equidade, que visam atender às necessidades de saúde da população 
de maneira abrangente. A promoção da saúde no SUS envolve ações educativas, 
campanhas de imunização e iniciativas voltadas para a saúde mental, além de 
programas voltados para grupos vulneráveis, como gestantes e crianças. No que diz 
respeito ao financiamento, o Sistema Únicode Saúde é sustentado por recursos 
provenientes da União, Estados e Municípios, além de contribuições de entidades 
privadas. O financiamento, embora essencial, enfrenta desafios, como o 
subfinanciamento e a necessidade de maior eficiência na gestão dos recursos. 
3.1 Legislação e normativas relacionadas ao SUS 
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o processo de 
implementação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) tem sido objeto 
de vários instrumentos normativos, que visam regulamentar e viabilizar seus objetivos, 
diretrizes e princípios. As leis n.º 8.080/90 e n.º 8.142/90 tratam da estruturação e 
operação dos serviços de saúde, da participação da comunidade na administração do 
SUS e das transferências de recursos financeiros entre os diferentes níveis de 
governo na área da saúde. 
A Lei Orgânica n.º 8.080/90 delineia as condições necessárias à promoção, 
proteção e recuperação da saúde, além de apontar como deve ser a organização e o 
funcionamento dos serviços de saúde correspondentes. Essa lei tem abrangência 
nacional e regula as ações e serviços de saúde, os quais podem ser executados de 
forma isolada ou em conjunto, de modo permanente ou não, por pessoas físicas ou 
jurídicas de direito privado ou público (BRASIL, 1990a). 
Essa lei estabeleceu a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, 
que deve garanti-la através da formação e aplicação das políticas econômicas e 
sociais necessárias à redução de riscos de doenças. Ao Estado cabe estabelecer as 
condições que assegurem o acesso universal e de forma igualitária às ações e 
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Os deveres da sociedade e 
das empresas também são estabelecidos por essa lei. 
A Lei n.º 8.080/90 estabelece em sua disposição inicial que o SUS é formado 
por um conjunto de ações e serviços de saúde disponibilizados por órgãos e 
 
17 
 
instituições públicas nos níveis federal, estadual e municipal, tanto na administração 
direta quanto na indireta. Também são abrangidas as instituições responsáveis pelo 
controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, incluindo 
sangue e hemoderivados, além de equipamentos para a saúde. Embora a iniciativa 
privada possa atuar no SUS, essa participação ocorre de maneira complementar 
(BRASIL, 1990a). 
Essa legislação estabelece metas para identificar e divulgar fatores que 
influenciam a saúde, formular políticas de saúde e oferecer assistência aos indivíduos, 
focando na promoção, proteção e recuperação da saúde de forma integrada. O SUS 
também abrange a vigilância alimentar e a fiscalização da qualidade de alimentos e 
água, visando prevenir contaminações e doenças. A participação na elaboração de 
políticas e ações de saneamento básico é fundamental para proteger o meio ambiente 
e melhorar a saúde da população, especialmente de grupos vulneráveis. 
Uma das funções do SUS é a formulação de políticas, além do 
acompanhamento e supervisão relacionados a medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos, sangue e seus derivados. Também é encarregado da produção, 
transporte, armazenamento e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos 
e radioativos. Nesse contexto, a Lei n.º 8.080/90 estabelece a vigilância sanitária como 
um conjunto de ações destinadas a eliminar, reduzir ou prevenir riscos à saúde, assim 
como a abordar problemas relacionados ao meio ambiente e à produção e circulação 
de bens e serviços de saúde (BRASIL, 1990a). A Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA) foi criada nove anos depois, por meio da Lei n.º 9.782/99, que 
detalha suas competências e estrutura organizacional (BRASIL, 1999a). 
Uma das funções do SUS é a vigilância epidemiológica, que tem como objetivos 
a identificação e a prevenção de fatores que influenciam a saúde, tanto a nível 
individual quanto coletivo. Isso permite a implementação de estratégias de controle 
para doenças e agravos. No que diz respeito à saúde dos trabalhadores, o SUS é 
responsável por salvaguardar o bem-estar desses indivíduos, promovendo a 
recuperação e a reabilitação da saúde, além de identificar os riscos associados às 
condições laborais. 
Todas as ações e serviços, sejam eles públicos ou privados, que sejam 
contratados ou conveniados dentro do SUS deverão seguir as diretrizes estabelecidas 
no artigo 198 da Constituição Federal. Isso garante a universalidade do acesso a todos 
 
18 
 
os serviços de saúde e a integralidade da assistência, abrangendo desde os 
atendimentos básicos até os mais complexos. É fundamental que se respeite a 
autonomia dos indivíduos em suas escolhas e decisões, assegurando uma assistência 
à saúde equitativa, com direitos garantidos de acesso e transparência nas 
informações relacionadas à saúde. 
A priorização e a alocação de recursos serão fundamentadas em dados 
epidemiológicos. Também é imprescindível assegurar a participação da comunidade, 
promover a descentralização político-administrativa e integrar as ações de saúde em 
nível executivo, unificando os recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos 
disponíveis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para a 
prestação de serviços de saúde à população. As atividades e serviços de saúde serão 
realizados pelo SUS de maneira hierarquizada e regionalizada, com níveis de 
complexidade progressiva. A direção do SUS desempenhada em cada esfera do 
governo está representada na Figura 3: 
Figura 3 – Direção do SUS em cada nível do governo 
 
Fonte: Moreira et al., 2018. 
Um aspecto importante destacado na Lei n.º 8.080/90 é que a saúde está 
aberta à iniciativa privada, desde que respeitados os princípios éticos e as normas 
estabelecidas, conforme as diretrizes do SUS (BRASIL, 1990a). A participação direta 
ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde é proibida, 
 
19 
 
salvo em casos de doações de organismos internacionais associados à Organização 
das Nações Unidas (ONU), bem como de entidades voltadas à cooperação técnica, 
financiamento e empréstimos. A lei também enfatiza que a formação de recursos 
humanos deve ser promovida em todos os níveis de ensino, incluindo a pós-
graduação, além da criação de programas de aperfeiçoamento contínuo para os 
profissionais da área (BRASIL, 1990a). 
O SUS é um espaço para ensino e pesquisa, em colaboração com o sistema 
educacional, financiado por universidades e orçamento fiscal. A lei regula o orçamento 
da seguridade social para o SUS, considerando receitas estimadas e necessidades, 
com a contribuição de órgãos de Previdência e Assistência Social. Os critérios para 
transferências de recursos a Estados, Distrito Federal e Municípios incluem perfil 
demográfico, características da rede de saúde, participação do setor saúde nos 
orçamentos locais, desempenho anterior, além do plano quinquenal de investimentos 
e ressarcimento por serviços prestados a outras esferas governamentais. 
Ao longo dos últimos anos, diversas novas leis foram criadas, que adicionam 
ou modificam a Lei n.º 8.080/90 e outras foram criadas para complementar essa 
legislação: 
• Lei n.º 9.836/99: cria o subsistema de Atenção à Saúde Indígena (BRASIL, 
1999b); 
• Lei n.º 10.424/2002: instaura o atendimento e a internação domiciliar (BRASIL, 
2002); 
• Lei n.º 11.108/2005: preconiza o direito ao acompanhamento ao parto (BRASIL, 
2005a); 
• A emenda Constitucional 29 e a Lei Complementar n.º 141/2012, que 
regulamentam o financiamento da saúde. 
A Lei Orgânica n.º 8.142/1990 regula a participação da população na 
administração do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para as 
transferências de recursos financeiros entre os diferentes níveis de governo na área 
da saúde, entre outras medidas (BRASIL, 1990b). Em relação à participação da 
comunidade, essa legislação apresenta duas instâncias colegiadas: 
• Conferência de Saúde: ocorre a cada quatroanos e envolve a participação de 
diversos segmentos da sociedade. Seu propósito é analisar a situação da 
 
20 
 
saúde e propor diretrizes para a elaboração das políticas de saúde nos níveis 
apropriados. 
• Conselho de Saúde: entidade colegiada, de natureza permanente e com função 
deliberativa, composta por representantes do governo, prestadores de 
serviços, profissionais da saúde e usuários. Sua atuação envolve a formulação 
de estratégias e a supervisão da implementação das políticas de saúde, 
abrangendo também questões econômicas e financeiras. 
As Normas Operacionais Básicas (NOB) também constituem a legislação 
básica do SUS. São normativas emitidas pelo Ministério da Saúde (MS) que, 
inicialmente, visam orientar a transferência de recursos financeiros, esclarecer de 
maneira mais precisa as funções dos gestores em níveis federal, estadual e municipal, 
além de regulamentar a estrutura da gestão (JUNQUEIRA; CASTRO, 2002). 
• Norma Operacional Básica 01/91: Editada pelo INAMPS/MS em janeiro de 
1991 e reeditada em julho do mesmo ano, a NOB 01/91 reproduz em seu texto 
muitos dos elementos que compõem as Leis Orgânicas da Saúde, uma vez que 
elas constituem as bases de implantação e operacionalização do SUS, com 
foco principal nos meios de financiamento do SUS - repasse, 
acompanhamento, controle avaliação dos recursos financeiros para os 
municípios e/ou estados, considerados fator de incentivo ao processo de 
descentralização (BRASIL, 1991). 
• Norma Operacional Básica 01/92: Segue orientações da NOB anterior, no que 
tange ao financiamento e regulamentação de repasses financeiros – através de 
convênios e em relação à descentralização, considerada um instrumento 
normativo de transição, pois avança no esclarecimento de elementos e 
princípios da descentralização e não deve ser entendida apenas pelo 
cumprimento aos critérios estabelecidos na Lei 8.142/90, para repasse dos 
recursos financeiros federais para cobertura das ações e serviços de saúde a 
serem implementados pelos municípios, mas sim, deve ser entendida 
principalmente pela nova responsabilidade do município de administrar as 
ações e serviços de saúde em sua área de abrangência, desde o planejamento 
até a execução das atividades, incluindo recursos humanos, materiais e 
 
21 
 
financeiros. É o estabelecimento do comando único do SUS na esfera municipal 
(BRASIL, 1992). 
• Norma Operacional Básica 01/93: É editada pelo próprio Ministério da Saúde 
e busca regulamentar o financiamento, bem como o processo de 
descentralização da gestão dos serviços e ações no âmbito do SUS. A NOB 
01/93 define o gerenciamento do processo de descentralização nas três esferas 
de governo, através da Comissão Intergestores Tripartite, das Comissões 
Intergestores Bipartites e dos Conselhos Municipais, bem como as condições 
de gestão para municípios e estados, buscando contemplar os diferentes 
estágios em que se encontram estados e municípios em relação à 
descentralização, tendo em vista a grande diversidades dos municípios 
brasileiros e também a tradição histórica ligada a um padrão administrativo e 
financeiro centralizador (BRASIL, 1993). 
• Norma Operacional Básica 01/96: A NOB 01/96, editada pelo Ministério da 
Saúde, pretende dar continuidade ao processo de consolidação do SUS, 
colocando como finalidade primordial “promover e consolidar o pleno exercício, 
por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor 
da atenção à saúde dos seus munícipes, com consequente redefinição das 
responsabilidades dos Estados, do DF e da união” (BRASIL, 1996). A partir da 
NOB 01/96, os municípios puderam habilitar-se em duas condições: Gestão 
Plena de Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal. 
3.2 O papel do SUS na promoção da saúde e prevenção de doenças 
Para implementar a política de saúde, incluindo a promoção da saúde, é 
fundamental consolidar práticas direcionadas tanto a indivíduos quanto a 
coletividades. Isso deve ser feito sob uma abordagem multidisciplinar, integrada e em 
rede, levando em conta as necessidades de saúde da população. É necessário que 
haja uma ação coordenada entre os diversos atores presentes em um determinado 
território. O SUS atua na promoção de saúde e prevenção de doenças através de 
programas, campanhas, ações educativas e, também, através da atenção primária à 
saúde. 
 
22 
 
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) 
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), estabelecida em 1999, 
faz parte dos esforços do Estado Brasileiro que, por meio de diversas políticas 
públicas, busca respeitar, proteger, promover e garantir os direitos humanos à saúde 
e à alimentação. A PNAN foi atualizada pela Portaria n.º 2.715, de 17 de novembro de 
2011: 
Considerando a aprovação da atualização proposta da política mencionada 
pela Comissão Intergestores Tripartite; resolve: 
Art. 1º Aprova a Política Nacional de Alimentação e Nutrição, cuja íntegra se 
encontra disponível no síte eletrônico http://nutricao.saude.gov.br. 
Art. 2º Determinar que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas 
ações se relacionem com o tema objeto da Política ora aprovada, promovam 
a elaboração ou a readequação de seus planos, programas, projetos e 
atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela 
estabelecidas. 
Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 4º Fica revogada a Portaria nº 710/GM/MS, de 10 de junho de 1999, 
publicada no Diário Oficial da União - DOU de 11 de junho de 1999, seção 1, 
página 14 (BRASIL, 2011, documento on-line). 
As diretrizes que compõem a PNAN estabelecem as direções a serem seguidas 
para alcançar seus objetivos, com a capacidade de alterar os determinantes da saúde 
e promover o bem-estar da população. Essas diretrizes estão consolidadas em: 
• Organização da Atenção Nutricional; 
• Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; 
• Vigilância Alimentar e Nutricional; 
• Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; 
• Participação e Controle Social; 
• Qualificação da Força de Trabalho; 
• Controle e Regulação dos Alimentos; 
• Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; 
• Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional (BRASIL, 
2013). 
Programa Nacional de Imunizações (PNI) 
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), sob a coordenação do Ministério 
da Saúde e em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde, tem se 
estabelecido como uma das intervenções mais significativas em saúde pública. 
 
23 
 
Fundado em 1973, o PNI vivenciou diversas conquistas e desafios. Ele se destaca 
como uma política pública eficaz, que tem impactado positivamente o perfil de 
morbidade e mortalidade da população brasileira, adaptando-se às transformações 
nos âmbitos político, epidemiológico e social. 
O sucesso do PNI é, em parte, atribuído à sua adesão aos princípios 
doutrinários do SUS, que incluem a universalidade e a equidade na atenção à saúde. 
Além disso, destaca-se o princípio organizativo da descentralização com uma direção 
única em cada nível de governo, conforme estabelecido pela regulamentação do SUS, 
em conformidade com a Lei Orgânica da Saúde (Lei n.º 8.080), de 1990. No que diz 
respeito ao cumprimento dos princípios do SUS, observa-se a universalidade da 
atenção por meio da disponibilização de imunobiológicos a todos os grupos-alvo da 
vacinação, nas mais de 36 mil salas de vacina espalhadas pelos 5.570 municípios do 
Brasil. 
A equidade se manifesta por meio da ampliação da oferta de vacinas, tanto nas 
estratégias de vacinação de rotina quanto nas campanhas, abrangendo não apenas 
o contexto territorial, mas principalmente o populacional. Isso permite que todos os 
grupos-alvo da vacinação sejam alcançados, contemplando todos os ciclos da vida. 
Atualmente, estão disponíveis 15 vacinas para crianças, 9 para adolescentes e5 para 
adultos e idosos, garantindo proteção contra mais de vinte doenças. Além disso, há 
vacinas disponíveis nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE), que atendem 
grupos com condições clínicas especiais, assim como calendários de vacinação 
diferenciados para gestantes, indígenas e militares. 
Por último, o PNI atende ao princípio da descentralização, operando dentro de 
uma rede articulada, hierárquica e integrada. Isso demanda um diálogo contínuo sobre 
normas, metas e resultados, facilitando sua implementação nas três esferas de gestão 
do SUS. Essa abordagem tem contribuído para a diminuição das desigualdades 
regionais e sociais, assegurando que todos os brasileiros, em qualquer local, tenham 
acesso à vacinação. Um exemplo disso é a estratégia de vacinação “Operação Gota”, 
que realiza imunizações em áreas de difícil acesso geográfico e nas comunidades 
indígenas da Região Norte do país. 
Dada a complexidade que o Calendário Nacional de Vacinação (CNV) adquiriu 
ao longo do tempo, com a inclusão de novas vacinas em sua trajetória, é fundamental 
contar com o suporte das sociedades científicas, de classe e de profissionais 
 
24 
 
reconhecidos, que fazem parte do Comitê Técnico Assessor (CTAI), estabelecido em 
1991. O trabalho do CTAI tem sido essencial para garantir que as estratégias de 
vacinação propostas pelo Ministério da Saúde sejam credíveis e aceitas pela 
população (DOMINGUES et al., 2020). 
Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (PNH) 
A Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (PNH) foi 
estabelecida em 2003 pelo Ministério da Saúde, sendo aprovada na Comissão 
Intergestores Tripartite e no Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, a PNH é uma 
iniciativa do SUS. Conhecida também como HumanizaSUS, essa política surge da 
união de três objetivos principais: (1) lidar com os desafios apontados pela sociedade 
brasileira em relação à qualidade e dignidade no cuidado à saúde; (2) reestruturar e 
articular ações de humanização no SUS; e (3) abordar questões relacionadas à 
organização e gestão do trabalho em saúde, que têm gerado impactos negativos tanto 
na produção de saúde quanto na vida dos trabalhadores (PASCHE; PASSOS; 
HENNINGTON, 2011). 
A PNH estabelece várias prioridades, incluindo a redução de filas e do tempo 
de espera, visando ampliar o acesso aos serviços. Além disso, busca proporcionar um 
atendimento acolhedor e resolutivo, fundamentado em critérios de risco. A 
implantação de um modelo de atenção que promova responsabilização e vínculo 
também é uma meta importante. A garantia dos direitos dos usuários, a valorização 
do trabalho na saúde e a gestão participativa nos serviços são outros aspectos 
fundamentais dessa política. 
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) 
No exercício de suas funções de coordenação do Sistema Único de Saúde e 
na formulação de políticas que assegurem uma atenção à saúde integral, o Ministério 
da Saúde apresenta a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares 
(PNPIC) no SUS. A implementação dessa política é respaldada por justificativas de 
natureza política, técnica, econômica, social e cultural. Seu principal objetivo é 
reconhecer, apoiar, incorporar e promover experiências que já estão sendo 
desenvolvidas na rede pública de diversos municípios e estados, com destaque para 
aquelas relacionadas à medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, 
fitoterapia, medicina antroposófica e termalismo/crenoterapia. 
 
25 
 
As experiências nas redes públicas de saúde têm avançado de forma desigual, 
devido à ausência de diretrizes específicas, o que gera uma implementação 
inconsistente e sem registros adequados para avaliação. Para abordar essa questão, 
foi instituída a PNPIC, sinalizando a crescente aceitação dessas práticas pela 
sociedade. A necessidade de incluir essas abordagens no SUS é evidenciada por 
deliberações das Conferências Nacionais de Saúde, como a de Vigilância Sanitária 
em 2001 e a de Assistência Farmacêutica em 2003, que enfatizaram o acesso a 
medicamentos fitoterápicos e homeopáticos. A 2ª Conferência Nacional de Ciência, 
Tecnologia e Inovação em Saúde, em 2004, também foi fundamental para legitimar e 
reforçar a integração dessas práticas no sistema de saúde (BRASIL, 2015a). 
Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e 
Violências 
Os acidentes e a violência no Brasil representam um significativo problema de 
saúde pública, com consequências profundas que afetam a morbidade e a 
mortalidade da população. A Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por 
Acidentes e Violências, que serve como guia para a atuação do setor de saúde nesse 
contexto, considera a morbimortalidade resultante de acidentes e violências como 
indicadores desses eventos. Esses casos causam mortes ou prejuízos à saúde, 
exigindo atendimento nos serviços de saúde. Além disso, inclui-se nesse grupo 
aqueles incidentes que, embora não cheguem aos serviços de saúde, são conhecidos 
por outros setores da sociedade, como as polícias e hospitais que não são 
credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. 
Esta Política define diretrizes e responsabilidades institucionais voltadas à 
promoção da saúde e à prevenção de eventos adversos. Ela valoriza medidas que 
buscam fortalecer a saúde pública por meio de uma articulação eficaz com diversos 
segmentos sociais. O objetivo é criar um ambiente colaborativo que contribua para a 
melhoria da saúde da comunidade. As ações propostas visam integrar esforços e 
recursos disponíveis. Dessa forma, a Política se torna um instrumento essencial para 
a promoção do bem-estar social (BRASIL, 2005b). 
Rede de Atenção às Urgências 
A Rede de Atenção às Urgências visa reorganizar a assistência à saúde em 
situações de urgência e emergência, promovendo uma coordenação eficaz entre os 
 
26 
 
diferentes serviços que a compõem. O objetivo é otimizar a assistência, 
estabelecendo fluxos e referências adequadas. Essa rede inclui Promoção, 
Prevenção e Vigilância em Saúde; Atenção Básica; SAMU 192; Sala de Estabilização; 
Força Nacional do SUS; UPAs 24h; Unidades Hospitalares e Atenção Domiciliar. 
Sua complexidade se origina da necessidade de atendimento contínuo, 24 
horas por dia, para diversas condições de saúde, sejam elas agudas ou crônicas 
exacerbadas, abrangendo questões clínicas, cirúrgicas, traumatológicas, entre outras. 
Para que a Rede ofereça assistência de qualidade aos usuários, é fundamental que 
seus componentes atuem de maneira integrada, articulada e sinérgica. Isso requer a 
implementação de qualificação profissional, o fluxo adequado de informações, um 
processo de acolhimento eficaz e a regulação do acesso a todos os serviços que a 
integram. 
Política Nacional de Saúde Integral da População Negra 
A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra é uma iniciativa do 
Ministério para enfrentar as desigualdades em saúde que afetam essa população, 
reconhecendo que suas condições de vida são fruto de injustos processos sociais, 
culturais e econômicos que marcam a história do Brasil. A trajetória do país, 
fundamentada na desigualdade, relegou a população negra ao status de classes 
sociais mais vulneráveis e em condições de vida precárias. Embora a escravidão 
tenha sido oficialmente abolida, é inegável que ainda persiste, um racismo sutil e não 
declarado. 
A continuidade dessa realidade ao longo dos anos é evidente nas altas taxas 
de mortalidade precoce, nas elevadas taxas de mortalidade materna e infantil, na 
maior incidência de doenças crônicas e infecciosas, além dos alarmantes índices de 
violência urbana que afetam a população negra. Os movimentos sociais têm se 
mobilizado para denunciar as indignidades enfrentadas pela população negra, 
traduzindo essas questões em demandas por políticas públicas que visem à redução 
da desigualdadee ao aumento do acesso a bens e serviços essenciais. 
Alinhado com a diretriz governamental que busca a diminuição da exclusão 
social, o Ministério da Saúde considerou essencial a formulação desta Política, 
reafirmando o princípio da universalidade do SUS. Para desenvolvê-la, o Ministério 
baseou-se em estudos que evidenciam essas desigualdades e estabeleceu um 
 
27 
 
diálogo com os movimentos sociais por meio do Comitê Técnico de Saúde da 
População Negra. O processo de formulação contou com a contribuição e aprovação 
do Conselho Nacional de Saúde. A pactuação do Plano Operativo pela Comissão 
Intergestores Tripartite (CIT) comprometeu todas as esferas de gestão do SUS a 
desenvolver iniciativas e metas voltadas para a melhoria da saúde da população 
negra. 
As diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra 
buscam integrar os temas de racismo e saúde nos treinamentos dos profissionais de 
saúde, promovendo controle social nessa área, além de buscar fortalecer a 
participação do Movimento Social Negro nas decisões de saúde, alinhando-se aos 
princípios do SUS e do Pacto pela Saúde. Também incentiva a produção de 
conhecimento voltado para a saúde da população negra e reconhece saberes 
populares, incluindo os das religiões de matrizes africanas. Além disso, propõe um 
monitoramento das ações contra o racismo e a redução das desigualdades étnico-
raciais em diferentes níveis de governo. Por fim, promove informações e educação 
para desconstruir estigmas, fortalecer a identidade negra e reduzir vulnerabilidades 
(BRASIL, 2010a). 
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em suas diversas modalidades, 
representam pontos estratégicos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Esses 
serviços de saúde, de natureza aberta e comunitária, são compostos por equipes 
multiprofissionais que atuam de maneira interdisciplinar, priorizando o atendimento a 
indivíduos que enfrentam sofrimento ou transtornos mentais, incluindo aqueles com 
necessidades relacionadas ao uso de crack, álcool e outras substâncias, tanto em 
situações de crise quanto durante os processos de reabilitação psicossocial. Os CAPS 
substituem o modelo asilar tradicional. 
Nesse contexto, eles atuam nos territórios, que são entendidos não apenas 
como espaços geográficos, mas também como locais que envolvem pessoas, 
instituições e os cenários da vida cotidiana de usuários e familiares. Assim, os CAPS 
se configuram como um "lugar" na comunidade, um espaço de referência e cuidado, 
que promove a vida e tem como missão garantir o exercício da cidadania e a inclusão 
social de usuários e seus familiares (BRASIL, 2015b). 
 
28 
 
Rede Cegonha 
A Rede Cegonha é uma iniciativa do Ministério da Saúde que visa aprimorar o 
atendimento a mulheres e crianças, oferecendo serviços de pré-natal, assegurando a 
realização de todos os exames necessários e conectando gestantes a maternidades 
de referência para o parto. Seus principais objetivos incluem: 
• Realização de pré-natal, tanto de risco habitual quanto de alto risco, com 
identificação precoce da gestante, realização dos exames recomendados e 
acesso oportuno aos resultados. 
• Acolhimento das intercorrências durante a gestação. 
• Prevenção e tratamento de DSTs, HIV/Aids e Hepatites. 
• Garantia de leitos suficientes em obstetrícia e neonatologia (UTI, UCI e 
Canguru). 
• Adoção de práticas de atenção à saúde fundamentadas em evidências 
científicas. 
• Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica, com visitas 
domiciliares na primeira semana após o parto e busca ativa por crianças em 
situação de vulnerabilidade. 
• Orientação e disponibilização de métodos contraceptivos. 
• Promoção do acesso a transporte seguro em situações de urgência para 
gestantes, puérperas e recém-nascidos de alto risco. 
• Implementação e/ou regulamentação da gestão de leitos obstétricos e neonatais, 
além da regulação de urgências e consultas ambulatoriais. 
Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) 
Desde o final da década de 1980, a gestão e a governança do controle do 
tabagismo no Brasil têm sido promovidas sob a perspectiva da saúde pelo Ministério 
da Saúde, por meio do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Isso inclui a 
implementação de um conjunto de ações nacionais que compõem o Programa 
Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). O principal objetivo do Programa é 
reduzir a prevalência de fumantes e a morbimortalidade associada ao uso de produtos 
derivados do tabaco no país. 
Para alcançar essa meta, o PNCT adota um modelo lógico que combina ações 
educativas, de comunicação e de atenção à saúde, além do suporte e da 
 
29 
 
implementação de medidas legislativas e econômicas. Essas iniciativas visam 
prevenir o início do tabagismo, especialmente entre crianças, adolescentes e jovens; 
promover a cessação do fumo; proteger a população da exposição à fumaça do tabaco 
e minimizar os danos individuais, sociais e ambientais relacionados ao uso de 
produtos de tabaco. O PNCT também integra a Rede de tratamento do tabagismo no 
SUS, o Programa Saber Saúde, campanhas educativas e ações para promover 
ambientes livres de fumaça. 
Em junho de 2023, foi publicada a Portaria GM/MS n.º 502, que institui o 
Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) dentro do Sistema Único de 
Saúde (SUS). Essa portaria estabelece responsabilidades e obrigações 
compartilhadas entre os diferentes níveis de governo. Assim, o Ministério da Saúde e 
as secretarias de saúde estaduais, municipais e distritais devem implementar e 
coordenar o PNCT em suas respectivas áreas de atuação. 
Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) 
O Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) é uma iniciativa do Governo 
Federal que busca complementar a oferta de medicamentos utilizados na Atenção 
Primária à Saúde, por meio de parcerias com farmácias da rede privada. Assim, além 
de poderem obter medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde e nas farmácias 
municipais, os cidadãos têm a opção de adquirir medicamentos nas farmácias 
credenciadas ao Farmácia Popular. 
A partir de 14 de fevereiro de 2025, o Programa Farmácia Popular começou a 
oferecer gratuitamente 100% dos medicamentos e insumos de sua lista para a 
população brasileira. O programa abrange 12 indicações, incluindo medicamentos 
para hipertensão, diabetes, asma, osteoporose, dislipidemia (colesterol elevado), 
rinite, doença de Parkinson, glaucoma, diabetes mellitus associada a doenças 
cardiovasculares e anticoncepção. Adicionalmente, disponibiliza fraldas geriátricas 
para pessoas com incontinência e absorventes higiênicos para as beneficiárias do 
Programa Dignidade Menstrual. Com essa expansão, o Farmácia Popular reafirma 
seu compromisso com a saúde e o bem-estar dos brasileiros, facilitando o acesso a 
medicamentos essenciais e insumos para diversas condições de saúde. 
 
30 
 
3.3 Financiamento do SUS 
O financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) é previsto pelas Leis n.º 
8.080/90 e n.º 8.142/90, embora as regras para o repasse financeiro tenham passado 
por alterações ao longo do tempo. Os recursos são provenientes dos impostos pagos 
pela população como, por exemplo, o IPVA, o ISS, o ICMS e o FGTS. Segundo a Lei 
n.º 8.142/90, os recursos financeiros federais devem ser repassados diretamente da 
União para os estados e municípios. 
A alocação de recursos para a saúde sempre gerou discussões e insatisfações 
entre administradores, usuários e políticos, em razão da ausência de definições claras 
sobre a porcentagem do orçamento que cada esfera de governo deveria destinar. 
Uma tentativa de sanar essa dificuldade foi a promulgação da Emenda Constitucional 
(EC) 29 em 2000, que determinou os percentuais mínimos de investimento em saúde 
pelos estados e municípios, embora tenha deixado em aberto o percentual de 
investimento por parte da União. 
A EC 29 determinouque, em 2000, a União investisse 5% a mais do que havia 
investido no ano anterior e que, nos anos seguintes, esse valor fosse corrigido pela 
variação nominal do PIB. Os estados foram obrigados a destinar 12% da arrecadação 
de impostos e os municípios, 15%. Há muitas dificuldades no cumprimento dessa 
resolução, visto que muitos estados e municípios não cumprem a meta mínima, e 
outros, para comprovar que o fazem, fraudam a lei, listando gastos que não estão 
diretamente relacionados à saúde. No momento, tramita o Projeto de Lei 321/13, que 
determina que 10% das receitas da União sejam destinadas à saúde (o que fazia parte 
da proposta inicial da EC 29) (SOLHA, 2014). 
4 GESTÃO DO SUS 
A administração do sistema de saúde é uma responsabilidade direta dos 
gestores nas três esferas governamentais – incluindo o ministro da saúde, bem como 
os secretários estaduais e municipais. Todos eles têm a obrigação de zelar pelos 
resultados macrossanitários, que envolvem a diminuição dos riscos à saúde da 
população, a redução da mortalidade por causas evitáveis e a prevenção de doenças, 
além de atuarem sobre os determinantes sociais da saúde. No entanto, os gestores 
 
31 
 
municipais se destacam como os principais protagonistas nesse processo e, para 
atingir tais resultados, devem assumir as seguintes responsabilidades (BRASIL, 
2004): 
• Executar os serviços de saúde que são de sua responsabilidade; 
• Definir um Plano de Saúde Municipal, em conjunto com o Conselho Municipal de 
Saúde, com base em prioridades, e trabalhar para a operacionalização do plano; 
• Planejar, organizar, coordenar, controlar e avaliar as ações de saúde; 
• Participar do processo de organização e consolidação do SUS regional. 
Os profissionais de saúde, especialmente os gerentes, são essenciais para a 
gestão do sistema de saúde, pois sua atuação diária é fundamental para a 
operacionalização dos serviços. As funções dos gerentes impactam a 
responsabilidade microssanitária, que envolve o compromisso das equipes com a 
população, promovendo cuidados integrais e fortalecendo vínculos comunitários. Isso 
garante uma assistência de qualidade, alinhada aos princípios do SUS e ao uso 
apropriado de tecnologias. 
A gestão de um sistema de saúde pressupõe as seguintes macrofunções 
principais: 
• Financiamento; 
• Formulação de políticas/planejamento; 
• Coordenação, regulação, controle e avaliação do sistema/redes e dos 
prestadores públicos ou privados. 
Para aprimorar a interação entre os gestores dos três níveis, uma nova 
estratégia foi elaborada e acordada em 2006: o Pacto pela Saúde. Essa iniciativa 
consiste em um conjunto de reformas institucionais voltadas para a gestão orientada 
a resultados. Em outras palavras, os governos devem administrar a rede de serviços 
e ações de saúde com o objetivo de alcançar resultados que promovam impactos 
positivos na saúde da população. 
O Pacto pela Saúde está dividido em três dimensões: 
• Pacto pela Vida: fortalece a gestão pública orientada por resultados e define 
um conjunto de compromissos sanitários prioritários a serem adotados pelos 
entes federativos, acordados de maneira tripartite. As prioridades estaduais, 
 
32 
 
regionais ou municipais podem ser complementares às prioridades nacionais, 
mediante acordos locais que devem incluir comissões intergestores, colegiados 
de gestão regional e conselhos de saúde. 
• Pacto em Defesa do SUS: demonstra o compromisso dos gestores do SUS 
com a consolidação da Reforma Sanitária Brasileira e articula ações para 
qualificar e garantir o SUS como uma política pública. Um de seus objetivos é 
estabelecer uma agenda que promova a participação social, utilizando diversas 
estratégias de mobilização e repolitização da saúde. 
• Pacto de Gestão: promove a valorização da colaboração e solidariedade entre 
os gestores, estabelecendo diretrizes e responsabilidades para fortalecer a 
gestão nos seguintes eixos de atuação: 
➢ Descentralização; 
➢ Regionalização; 
➢ Financiamento do SUS; 
➢ Planejamento do SUS; 
➢ Programação Pactuada Integrada (PPI); 
➢ Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial; 
➢ Participação e Controle Social; 
➢ Gestão do Trabalho na Saúde; 
➢ Educação na Saúde. 
O planejamento do SUS deve ser adaptado à realidade local, levando em conta 
recursos humanos, financeiros, estrutura dos serviços e o perfil epidemiológico da 
região. Deve envolver gestores, profissionais e a população, visando atender às 
necessidades de saúde. Esse planejamento deve incluir execução, monitoramento e 
avaliação das ações, como reformas de serviços, contratação de profissionais e metas 
de atendimento. A Programação Pactuada Integrada (PPI), por sua vez, estabelece a 
programação das ações de saúde em cada região e orienta a distribuição dos recursos 
financeiros destinados à saúde, com base em critérios e parâmetros acordados entre 
os gestores. Seu objetivo é definir as ações fundamentais para atender às 
necessidades das populações. 
Para orientar os gestores na estruturação de sua rede de serviços e ações, os 
objetivos estabelecidos pelo Pacto pela Vida são igualmente fundamentais: 
 
33 
 
• Atenção à saúde do idoso; 
• Controle do câncer de colo de útero e mama; 
• Redução da mortalidade infantil e materna; 
• Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e 
endemias; 
• Promoção da saúde; 
• Fortalecimento da Atenção Básica; 
• Saúde do trabalhador; 
• Saúde mental; 
• Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas 
com deficiência; 
• Atenção Integral às pessoas em situação ou risco de violência; 
• Saúde do homem. 
5 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
A atenção primária à saúde (APS) é um componente fundamental do sistema 
de saúde, atuando como a primeira linha de cuidado para a população. Seu objetivo 
é promover a saúde, prevenir doenças e oferecer tratamento para condições de saúde 
comuns, garantindo acesso universal e equitativo. A APS é caracterizada pela 
abordagem centrada no paciente, que considera as necessidades individuais e 
sociais, e busca integrar os serviços de saúde de forma contínua e coordenada. 
Os profissionais de saúde que atuam na atenção primária, como médicos, 
enfermeiros e agentes comunitários, desempenham um papel fundamental na 
construção de vínculos com a comunidade, facilitando a comunicação e a confiança. 
Além disso, a APS é essencial para a detecção precoce de doenças, controle de 
condições crônicas e promoção de hábitos saudáveis, contribuindo assim para a 
melhoria da qualidade de vida e redução de custos com saúde no longo prazo. A 
valorização da atenção primária é um passo importante para sistemas de saúde mais 
eficientes e sustentáveis. 
 
34 
 
5.1 Princípios da Atenção Primária no Brasil 
A APS adota os mesmos princípios e diretrizes do SUS. O princípio do primeiro 
contato está relacionado ao acesso à saúde por meio das Unidades Básicas de Saúde 
(UBS). Para garantir isso, é fundamental que essas unidades ofereçam o máximo de 
conforto possível aos usuários, tanto em relação ao tempo de espera quanto à 
facilidade de atendimento. Além disso, é essencial garantir a aceitação da 
comunidade, proporcionando um atendimento de qualidade que incentive as pessoas 
a retornarem. 
O segundo princípio é a longitudinalidade, que diz respeito ao cuidado ao longo 
do tempo. A intenção é que, à medida que os anos passam, as iniciativas de promoção 
da saúde comecem a apresentar resultados, refletindo positivamente na saúde da 
população. Isso deve contribuir para o desenvolvimento de uma cultura que incentive 
a busca de ajuda antes que as situações se agravem, evitando assim a necessidade 
de recursos adicionais para tratamentos. 
A integralidade é o terceiro princípio, cujo objetivo é analisar as necessidades 
da população, permitindo assim a oferta adequada de serviços de saúde. Para atingir 
esse propósito, é fundamentalrealizar um diagnóstico abrangente da saúde na região 
e estruturar as redes de cuidado para atender a essa comunidade. 
O quinto princípio é a abordagem familiar, que conecta as informações das 
famílias vinculadas. Esse princípio enfatiza a importância de conhecer profundamente 
a população com a qual se está trabalhando, para que as ações sejam eficazes. 
Portanto, é essencial compreender as crenças, costumes e hábitos locais, pois esses 
fatores podem impactar o processo de saúde e doença. 
O enfoque comunitário é o último princípio e destaca a importância de adaptar 
o atendimento às particularidades de cada comunidade, além de integrar seus 
membros no processo de tomada de decisões. Essa abordagem promove a 
corresponsabilidade pela saúde, fortalecendo a conexão entre as equipes de saúde e 
a população (BUSATO, 2019). 
 
35 
 
5.2 Estratégia Saúde da Família (ESF) 
A histórica Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978, reuniu delegações de 
134 países sob a liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS) e estabeleceu 
a Atenção Primária à Saúde (APS) como a estratégia fundamental para que as nações 
conseguissem atingir a meta de Saúde Para Todos até o ano 2000. 
As nações com maior desenvolvimento econômico implementaram um 
processo de reorientação de seus sistemas nacionais de saúde, avançando de forma 
significativa. A principal estratégia adotada para alinhar-se às diretrizes da OMS e 
fortalecer a APS foi o investimento na formação de especialistas em Medicina de 
Família e Comunidade. 
De acordo com Mendes (2012, 2015), pesquisas realizadas em diversos países 
da Europa, além de Canadá, Estados Unidos e, mais recentemente, Brasil, 
demonstram que sistemas de saúde voltados para a atenção primária atendem de 
maneira mais eficaz às necessidades de saúde da população. A APS é amplamente 
reconhecida como um elemento fundamental dos sistemas de saúde. 
O Ministério da Saúde (MS) reconheceu a Atenção Básica (AB) como o nível 
central do sistema de saúde, fundamental para garantir um atendimento eficaz e 
equitativo. Para isso, é essencial que a AB seja organizada, de qualidade e resolutiva. 
Os profissionais devem atuar com base nos princípios do SUS, assegurando acesso 
universal e equidade na assistência à saúde. A gestão deve ser municipalizada, 
promovendo a descentralização e a regionalização, visando atender às necessidades 
específicas de cada território. Além disso, a hierarquização deve priorizar a atenção 
primária, embora a integração com outros níveis de atenção seja fundamental. Para 
implementar essa estratégia, o MS lançou o Programa Saúde da Família (PSF), 
iniciado gradualmente em 1994. 
Em 2006, o Programa de Saúde da Família (PSF) foi transformado em 
Estratégia de Saúde da Família (ESF) por meio da Portaria n.º 648, de 28 de março 
do mesmo ano. O objetivo dessa mudança foi tornar o PSF uma estratégia 
permanente e contínua, uma vez que os programas têm um prazo determinado. Dessa 
forma, a ESF representa uma reorientação no modelo de assistência à saúde, com 
foco na atenção básica, promovendo uma transição de um modelo centrado no 
médico e nas instituições hospitalares para um que prioriza a integralidade do cuidado. 
 
36 
 
Nesse novo modelo, os usuários são considerados dentro de seu contexto 
socioeconômico e cultural, reconhecendo a saúde como um direito de cidadania e 
buscando melhorar as condições de vida por meio de serviços mais eficazes, integrais 
e humanizados (MOREIRA et al., 2018). 
Os princípios básicos da ESF são: 
• Integralidade e hierarquização; 
• Territorialização e cadastramento da clientela; 
• Caráter substitutivo; 
• Equipe multiprofissional; 
• Incorporar e reafirmar princípios básicos do SUS; 
• Estruturação da USF (Unidade Saúde da Família). 
Os principais focos da ESF são: 
• Saúde da criança: monitoramento nutricional, vacinação, fomento à saúde e 
prevenção de enfermidades, acesso a serviços hospitalares e ambulatoriais, 
além da prevenção e tratamento de doenças bucais. 
• Saúde do adulto: controle da hipertenção e diabetes, medicamentos, 
estratégias preventivas e identificação de casos. 
• Saúde da mulher: pré-natal, prevenção do câncer de útero e de mama, 
planejamento familiar e odontologia (CORDOBA, 2013). 
Unidade Saúde da Família (USF) 
É o Posto/Centro reestruturado que visa atender de forma mais eficaz as 
necessidades básicas de saúde da população local. Ela deve funcionar como a 
principal porta de entrada do sistema de saúde, não se limitando a triagens ou 
encaminhamentos, mas oferecendo soluções diretas através de profissionais 
qualificados. A USF deve promover atividades educativas e preventivas, envolvendo 
a comunidade em ações individuais e coletivas. É fundamental que a unidade 
mantenha o foco no usuário, garantindo o acompanhamento adequado dos casos 
através de referências e contrarreferências. Em resumo, a USF deve proporcionar 
uma assistência integral e contínua, com uma equipe multiprofissional atuando tanto 
nas instalações quanto nas residências e espaços comunitários, como escolas e 
asilos. 
 
37 
 
Composição e atribuição da ESF 
Recomenda-se que as equipes sejam formadas, no mínimo, por um médico de 
família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro Agentes Comunitários de 
Saúde (ACS). Essa composição pode ser expandida para incluir profissionais como 
dentista, psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, entre outros. Em 
relação ao número de pessoas atendidas por equipe, o Ministério da Saúde 
recomenda: 
1º Para fins de pagamento, ficam estabelecidos os seguintes parâmetros para 
o número de pessoas vinculadas por equipe, considerado o porte 
populacional dos municípios e do Distrito Federal: 
I - para municípios com até 20.000 habitantes: parâmetro de 2.000 pessoas 
vinculadas por eSF; 
II - para municípios com população entre 20.001 e 50.000 habitantes: 
parâmetro de 2.500 pessoas vinculadas por eSF; 
III - para municípios com população entre 50.001 e 100.000 habitantes: 
parâmetro de 2.750 pessoas vinculadas por eSF; e 
IV - para municípios com mais de 100.000 habitantes: parâmetro de 3.000 
pessoas vinculadas por Esf (BRASIL, 2024, documento on-line). 
As atribuições básicas de uma Equipe de Saúde da Família são: 
• Compreender a realidade das famílias sob sua responsabilidade, enfatizando 
sua condição socioeconômica, psicocultural, demográfica e epidemiológica; 
• Desenvolver, com a colaboração da comunidade, um plano para identificar os 
fatores que ameaçam a saúde; 
• Programar e reestruturar as atividades do trabalho; 
• Atuar e executar, conforme a qualificação de cada profissional, o 
monitoramento de doenças infectocontagiosas (como tuberculose, hanseníase, 
catapora, meningite e outras), doenças crônico-degenerativas, além de 
enfermidades relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente; 
• Valorizar a conexão com o usuário e sua família, fortalecendo a confiança, que 
é essencial para o processo de cuidado; 
• Sempre que viável, solucionar os problemas de saúde identificados e, quando 
não for possível, assegurar a continuidade do tratamento em uma unidade 
apropriada; 
• Prestar a assistência integral visando à saúde dos indivíduos, saudáveis ou 
não, pela educação sanitária; 
 
38 
 
• Desenvolver grupos que recuperem e/ou melhorem a autoestima, a troca de 
experiências e o apoio mútuo por meio de processos educativos; 
• Promover ações e parcerias com organizações formais ou informais para o 
enfrentamento dos problemas da comunidade; 
• Conscientizar, junto com a equipe, a comunidade sobre o conceito de cidadania 
através das bases legais e dos direitos de saúde; 
• Incentivar e/ou participar ativamente da comunidade nos Conselhos Locais de 
Saúde e no Conselho Municipal de Saúde. 
Atribuições específicas dos Agentes comunitários de Saúde (ACS) 
Os ACS são o elo entre a equipe e a comunidade, mantendo contato 
permanente

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