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Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 
1 
 
REFLEXO DA MICÇÃO 
- Micção é o processo pelo qual a bexiga se esvazia quando 
fica cheia, envolvendo duas etapas: 
1. A bexiga se enche progressivamente até que a tensão em 
sua parede atinja nível limiar; 
2. Essa tensão desencadeia o reflexo nervoso da micção, 
que esvazia a bexiga (ou, se isso falhar, causa desejo 
consciente de urinar); 
- Apesar da micção ser um reflexo autônomo da medula 
espinhal, ele também pode ser inibido ou facilitado por 
centros no córtex ou tronco cerebrais; 
BEXIGA 
- É câmara de músculo liso, composta de duas partes 
principais: (1) o corpo, que é a parte principal onde fica 
armazenada a urina, e (2) o colo vesical*, extensão afunilada 
do corpo que se conecta com a uretra; 
- O músculo liso vesical é o músculo detrusor, formado por 
fibras musculares que se estendem em todas as direções e, 
quando contraídas, podem aumentar na pressão dentro da 
bexiga até 40 a 60 mmHg; 
- Assim, a contração do músculo detrusor é a etapa principal 
no esvaziamento da bexiga, que é capaz de contrair 
simultaneamente porque suas células musculares lisas são 
acopladas eletricamente, e isso permite que o potencial de 
ação consiga se difundir; 
- Na parede posterior da bexiga, logo acima do colo vesical, 
encontra-se o trígono (região triangular cuja superfície 
mucosa é lisa, em contraste com o restante da mucosa da 
bexiga, que é pregueada e forma rugas); 
- Ao entrar na bexiga, cada ureter cursa obliquamente o 
músculo detrusor e passa de 1-2 cm por baixo da mucosa; 
- O colo da bexiga (ou uretra posterior) tem 2-3 cm e sua 
parede também é formada pelo músculo detrusor, que está 
entrelaçado com tecido elástico → O músculo nessa área é o 
ESFÍNCTER INTERNO, cujo tônus mantém o colo vazio, e 
assim evita o esvaziamento da bexiga até que a pressão 
interna se torne maior que o limiar para iniciar a micção; 
- A uretra também passa pelo diafragma urogenital, que 
contém a camada muscular chamada de ESFÍNCTER 
EXTERNO da bexiga. Esse músculo é esquelético (em 
contraste com o músculo liso do corpo e colo vesical) e está 
sob o controle voluntário do sistema nervoso, podendo 
evitar conscientemente a micção – até quando controles 
involuntários tentam esvaziar a bexiga; 
 
INERVAÇÃO DA BEXIGA 
- A bexiga é coordenada em diferentes níveis pelo SNC, 
localizados na medula, na ponte e nos centros superiores – 
por meio de influências excitatórias e inibitórias que se 
dirigem aos órgãos do trato urinário inferior (TUI) e da 
aferências desses órgãos; 
- O TUI é inervado por três tipos de fibras: parassimpáticas, 
simpáticas e somáticas; 
- O principal suprimento nervoso da bexiga é feito pelos 
nervos pélvicos, que se conectam à medula pelo plexo 
sacro, ligando-se principalmente aos segmentos S2 e S3; 
- Os nervos pélvicos têm fibras sensoriais e motoras: 
o As fibras sensoriais detectam o grau de distensão 
(fibras A-delta) da parede vesical e do colo vesical, 
que são fortes e os principais responsáveis pelo 
início do reflexo da micção. Além disso, fazem a 
barorrecepção e nocirrecepção da parede vesical 
(fibras C); 
 
o As fibras motoras são parassimpáticas (→ 
contração), que terminam em células ganglionares 
localizadas na parede da bexiga. Essas fibras atuam 
por meio de receptores muscarínicos colinérgicos 
M2 e M3 (Gq), que estão no músculo detrusor. 
Esses nervos sacrais parassimpáticos exercem ação 
excitatória na bexiga e caráter inibitório na uretra; 
- Além dos nervos pélvicos, dois outros tipos de inervação 
são importantes para a função vesical: 
1. Fibras motoras esqueléticas do nervo pudendo → são 
fibras somáticas e inervam o esfíncter externo da bexiga. 
Como os nervos pélvicos, também partem dos segmentos 
medulares S2 e S3; 
2. Nervos hipogástricos → é a inervação simpática 
(relaxamento) da bexiga, conectados em L1 e L2 (maioria). 
Essas fibras simpáticas liberam noradrenalina, estimulando 
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principalmente vasos sanguíneos que irrigam a bexiga, 
relaxando o músculo detrusor, mediante a ativação dos 
receptores adrenérgicos β2 e β3 (Gs), e contraindo o colo 
vesical e o esfíncter interno, mediante receptores α1 nessa 
região. Assim, tem ação antagônica aos nervos pélvicos 
parassimpáticos; 
IPC: lesões em L1 e L2 podem lesionar o mecanismo efetor do 
nervo hipogástrico, causando incontinência urinária devido 
à falta de estimulação simpática para relaxar a bexiga 
durante seu enchimento e, logo, inibir a estimação 
parassimpática dos nervos pélvicos; 
 
MECANISMO 
- O reflexo da micção é coordenado por neurônios da região 
sacral da medula, mas pode ser influenciado por sinais 
vindos do cérebro; 
1. À medida que a bexiga enche com urina, os receptores de 
estiramento* na parede vesical (especialmente do colo) 
enviam sinais por meio dos nervos pélvicos (sensoriais) aos 
segmentos sacrais da medula espinal (S2 e S3); 
2. Entram nas raízes nervosas S2 e S3, penetrando no núcleo 
do músculo detrusor (núcleo de Onuff, localizado no corno 
dorsal), onde fazem sinapses com as fibras parassimpáticas 
dos nervos pélvicos. Essas sinapses são mediadas pelo 
neurotransmissor serotonina (receptores 5-HT); 
3. Após passar pela medula, o sinal é enviado ao 
mesencéfalo e a ponte. O reflexo é controlado pelo Centro 
Miccional Pontino (PMC), o Centro Pontino Da Continência 
(PCC) e a Substância Cinzenta Periaquedutal, e retorna à 
medula; 
4. As fibras motoras parassimpáticas pré-sinápticas 
transmitem impulsos elétricos que saem do cone medular e 
penetram na parede vesical, onde fazem sinapses com os 
gânglios intramurais, de onde partem as fibras motoras 
parassimpáticas pós-sinápticas; 
5. Essas fibras motoras pós-sinápticas liberam acetilcolina, 
que age nos receptores muscarínicos M2 e M3 
(principalmente M3), causando a contração do músculo 
detrusor e, logo, esvaziando a bexiga. Com isso, o esfíncter 
interno abre passivamente; 
6. Ao mesmo tempo, o neurônio motor somático (nervo 
pudendo), que estava contraindo o esfíncter externo 
durante o enchimento vesicular, é inibido, relaxando o 
esfíncter externo (estriado); 
*Esses receptores de estiramento estão presentes no 
urotélio. Quanto maior a distensão vesical, maior é o 
estiramento desses receptores, sendo maior os disparos de 
potenciais de ação enviados aos centros da micção; 
- O reflexo da micção é “autorregenerativo”, pois a 
contração inicial da bexiga gera mais estímulos sensoriais 
pelos receptores de estiramento, ↑ o reflexo de contração 
da bexiga. Após cerca de 1 min, o reflexo autorregenerativo 
fatiga e o ciclo é interrompido, permitindo que a bexiga 
relaxe; 
- O reflexo da micção é um ciclo único completo com (1) 
aumento rápido e progressivo da pressão; (2) período de 
pressão sustentada; (3) retorno da pressão ao tônus basal da 
bexiga; 
- Após o reflexo da micção, mesmo que a bexiga não se 
esvazie por completo, os elementos nervosos podem 
permanecer inibidos por pouco mais de 1 hora antes que 
outro reflexo da micção ocorra. Conforme a bexiga fica cada 
vez mais cheia, a micção passa a ocorrer de forma cada vez 
mais frequente; 
- Quando o reflexo da micção é suficiente para esvaziar a 
bexiga, ele produz outro reflexo para relaxar o esfíncter 
externo por meio dos nervos pudendos. Se o relaxamento 
desse esfíncter é maior que a inibição voluntária, a micção 
ocorre. Se não, a micção não acontece até que a bexiga se 
encha mais e o reflexo da micção consiga ultrapassar a 
inibição voluntária. 
- Quando a bexiga está parcialmente cheia, as contrações de 
micção geralmente desaparecem de forma espontânea 
devido ao relaxamento do músculo detrusor, que ↓ a 
pressão. Conforme a bexiga se enche, os reflexos voltam e 
as contrações ficam mais frequentes; 
FASES DA MICÇÃO 
FASE DE ENCHIMENTO 
- A bexiga apresenta complacência adequada (pressão varia 
poucocom o ↑ de volume da urina), estabilidade (ausência 
de contrações involuntárias) e tônus esfincteriano 
adequado; 
- Nessa fase, a resistência uretral aumenta gradativamente 
com a ajuda dos esfíncteres. O aumento constante da 
contração do esfíncter estriado com o enchimento vesical é 
mediado pelo nervo pudendo, e tem o nome de reflexo da 
guarda; 
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- A pressão na bexiga se mantém baixa e constante durante 
toda essa fase (devido à elasticidade da bexiga), enquanto o 
volume de urina permanecer abaixo do limiar para induzir à 
micção; 
- Nesse momento, quem atua é o CENTRO PONTINO DA 
CONTINÊNCIA (CPC), que envia eferências para a bexiga para 
parar a micção (excita a musculatura pélvica e contrai o 
esfíncter uretral). Dessa região partem fibras motoras que 
fazem sinapse com as fibras que inervam a bexiga, a fim de 
permitir que a bexiga se encha sem se esvaziar → fibras 
eferentes do SNS chegam até a bexiga pelo nervo 
hipogástrico, que libera NA em dois músculos: 
o Músculo detrusor (receptor B-3 adrenérgico), 
relaxando-o; 
o Músculo esfíncter interno da uretra (receptor a-1 
adrenérgico), contraindo-o; 
- Nessa fase, também corre a inibição do centro pontino da 
micção no núcleo de Barrington pelos centros corticais; 
FASE DE ESVAZIAMENTO 
- Quando a pressão intravesical aumenta acima de 
30cmH2O, a parede vesical se distende, ativando os 
receptores de estiramento; 
- Essas aferências chegam ao CENTRO PONTINO DA MICÇÃO 
(CMP), cuja principal função é ser o centro de comando para 
o esvaziamento da bexiga. Causa o relaxamento do esfíncter 
uretral e contração do músculo detrusor; 
- Duas vias partem do PMC: 
o Via direta → fibras eferentes parassimpáticas 
chegam na bexiga pelo nervo pélvico e liberam ACh 
→ receptores M2 e M3 → contração; 
o Via indireta → passa pela formação reticular medial 
e permite o relaxamento dos esfíncteres pela 
inibição da atividade simpática; 
- Além disso, há a ação do óxido nítrico*, que promove a 
dilatação da uretra; 
Obs: há a ação de um mecanismo NANC mediado pelo 
neurotransmissor óxido nítrico que contribui para o 
relaxamento dos esfíncteres. E, a atuação do ATP sobre os 
receptores P2X e P2Y, facilitando a contração ou 
relaxamento vesical. 
CONTROLE DA MICÇÃO 
- O reflexo da micção dos centros medulares é a causa básica 
da micção, mas os centros superiores normalmente exercem 
o controle final, por meio de tratos descendentes 
cefaloespinais: 
1. Os centros superiores mantêm o reflexo da micção 
parcialmente inibido, exceto quando há vontade de urinar; 
2. Os centros superiores podem controlar a micção até 
quando o reflexo da micção está presente, pela contração 
tônica do esfíncter externo; 
3. No momento da micção, os centros corticais podem 
auxiliar os centros sacrais a iniciar a micção e, ao mesmo 
tempo, inibir o esfíncter externo, de modo que a micção 
ocorra; 
MICÇÃO VOLUNTÁRIA: o indivíduo contrai voluntariamente 
a musculatura abdominal, ↑ pressão na bexiga, permitindo 
que mais urina entre no colo vesical, e distendendo suas 
paredes. Assim, os receptores de estiramento são 
estimulados e gera o reflexo da micção, ao mesmo tempo 
que inibe o esfíncter uretral externo; 
 
NÚCLEOS ENVOLVIDOS 
- A micção é coordenada na substância pontinho-
mesencefálica do tronco encefálico, chamada de centro 
pontino da micção (PMC), que é a via final comum para 
motoneurônios da bexiga; 
- A micção depende de um reflexo espino-bulbo-espinal 
liberado pelo CPM, que recebe influências (maior parte 
inibitórias) do córtex cerebral, do cerebelo, dos núcleos da 
base, do tálamo e do hipotálamo; 
Centro Miccional Pontino (PMC) 
- É o centro de comando para o início e continuidade do 
esvaziamento vesical. Esse centro induz ao relaxamento do 
esfíncter uretral e à contração da musculatura detrusora; 
- Lesões pontinas graves podem causar abolição da micção e 
retenção urinária completa; 
- Possui muitas conexões aferentes e eferentes. Dentre as 
aferências, existem a região lateral da substância cinzenta 
periaquedutal (PAG), que envia impulsos nervosos 
excitatórios ao PMC durante a distensão detrusora; 
 
 
 
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Centro Pontino da Continência (CPC) 
- Composto por microrregiões próximas ao PMC, que 
disparam impulsos continuamente durante o relaxamento 
vesical, logo após a micção; 
- É responsável por parar a micção, excitar a musculatura 
pélvica e contrair o esfíncter uretral; 
- As projeções desta área são restritas ao núcleo de Onuff, 
que contém os neurônios motores do esfíncter uretral; 
Substância Cinzenta Periaquedutal (PAG) 
- Recebe informações de fibras nervosas aferentes viscerais; 
- É um centro integrador de informações, pois faz conexões 
com várias estruturas, como a amígdala, o córtex orbital e 
pré-frontal, a área pré-óptica hipotalâmica, o NTS e o PMC; 
- É modulada pela região posterior hipotalâmica, que está 
envolvida na luta ou fuga. Assim, inibe a PAG, que inibirá o 
PMC por meio da liberação de GABA, induzindo à retenção 
urinária; 
Núcleo de Barrington 
- Localiza-se na ponte e controla as estruturas anorretais 
ligadas à contenção fecal e aos órgãos associados à atividade 
sexual; 
- Também controla as fibras nervosas parassimpáticas do 
plexo sacral (nervos pélvicos) por meio do núcleo de Onuff 
(núcleo do detrusor), as quais inervam o colo e a bexiga; e as 
simpáticas do plexo toracolombar (nervo hipogástrico); 
- Por isso, as funções vesicais e colorretais estão fortemente 
ligadas; 
ESTRUTURAS SUPRAPONTINAS 
- Possuem funções moduladoras às estruturas do tronco 
encefálico; 
- O reflexo bulbo-espinal levaria ao esvaziamento 
involuntário da bexiga quando alcançasse o limiar de 
estiramento se não houvesse a inibição do reflexo pelos 
centros suprapontinos; 
- Podem suprimir os estímulos excitatórios da PAG ao PMC, 
permitindo essa estimulação apenas em situações de 
aceitabilidade social; 
Ínsula → faz o processamento de aferências vesicais; 
integração ínsula + córtex frontal = vontade de urinar; 
Hipotálamo → tem função inibitória sobre a PAG e, logo, 
sobre o PMC; 
Cerebelo → os núcleos da base do cerebelo são ativados por 
contração da musculatura do assoalho pélvico; 
Giro Anterior do Cíngulo (GAC) → atua em todas as etapas 
de funcionamento do TUI: armazenamento, micção e 
interrupção voluntária. Pacientes que tiverem IAM ou AVC 
nessa área, apresentaram incontinência urinária; 
Lobo frontal → a lesão nessa região leva a episódios de 
urgências miccionais quando acordado, e incontinência 
quando dorme; 
ANESTESIA 
- O uso de anestésicos (ex. anestesia) pode causar retenção 
urinária, devido a sua atuação nos receptores m (mi) e k 
(kapa) no corno dorsal da medula, mais especificamente na 
substância gelatinosa, inibindo o reflexo da micção → 
aumentando o tônus do esfíncter externo da uretra e 
relaxando o trígono vesical; 
- O tratamento atual da retenção urinária provocada pela 
morfina é a utilização de um antagonista opioide específico 
ou cateterismo vesical; 
- Porém, esses métodos têm desvantagens, pois no 1º ocorre 
a antagonização (dose-dependente) do efeito analgésico e 
no 2º existe o risco de infecção do trato urinário; 
LESÃO MEDULAR 
LESÕES SUPRASSACRAIS 
- Ocorre interrupção das vias que comunicam os níveis 
sacrais da medula com a ponte e, logo, com os centros 
superiores. Com isso, há perda do controle voluntário da 
micção; 
- Como os segmentos sacrais continuam intactos, os reflexos 
da micção ainda podem ocorrer, porém eles não são mais 
controlados pelo encéfalo; 
- Devido à interrupção da influência pontina, deixa de 
ocorrer coordenação entre as contrações vesical e 
esfincteriana (dessinergismo vésicoesfincteriano), gerando 
↑ da pressão vesical e esvaziamento incompleto; 
- Nas primeiras semanas após a lesão medular, os reflexos da 
micçãosão suprimidos devido ao estado de “choque 
espinhal” causado pela perda súbita dos impulsos nervosos 
provenientes do tronco encefálico e encéfalo. Entretanto, 
caso a bexiga seja esvaziada periodicamente por 
cateterização para evitar lesão vesical por estiramento, a 
excitabilidade do reflexo miccional aumenta gradativamente 
até que o reflexo retorne; 
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Obs: embora seja teoricamente inesperado, cerca de 15% 
desses pacientes desenvolvem padrão de arreflexia vesical 
(incapacidade de contração); 
LESÕES SACRAIS 
- Caracterizadas por arreflexia vesical (incapacidade de 
contração) causada pela lesão do centro vesical 
parassimpático em nível medular; 
- Pacientes com lesões incompletas podem desenvolver 
hiperatividade detrusora, como em lesões suprassacrais; 
LESÃO DA INERVAÇÃO PERIFÉRICA DO TUI 
- Pode resultar em perda de sensibilidade e diminuição da 
contratilidade vesical, assim como o esfíncter externo 
também pode ter o tônus e a contratilidade prejudicados; 
BEXIGA FLÁCIDA E ESPÁSTICA 
- Bexigoma (globo vesical) é uma condição na qual a bexiga 
fica distendida por acúmulo de urina, pois é impedida de 
esvaziar (retenção urinária) – ou seja, há a perda das funções 
da bexiga. Muitas vezes, a passagem da sonda vesical de 
alívio é necessária; 
- É definida como a incapacidade miccional associada à 
sintomatologia dolorosa suprepúbica irradiada ou não para 
a região periuretal, podendo cursar com abaulamento 
suprapúbico (bexigoma); 
- Etiologias: são classificadas em vários grupos, como 
obstrutivas, neurogênicas, traumáticas, infecciosas, 
operatórias, psicogênicas e farmacológicas; 
- A obstrução do fluxo de saída da bexiga é a maior etiologia 
da retenção urinária, e pode ser fixa (ex. estreitamento da 
uretra), ou dinâmica (pela perda do tônus muscular) pode 
ser devido. Nesses casos, o fluxo de urina ↓ em força e 
tamanho, apesar da contração forte e prolongada do 
músculo detrusor. Também pode ocorrer obstrução devido 
à hiperplasia benigna de próstata ou câncer; 
- Também podem estar associadas a um problema 
congênito ou lesão de alguma parte do sistema nervoso, 
apresentando alterações neurológicas, com envolvimento 
da inervação sensorial ou motora do músculo detrusor, com 
dissinergia local e incompleto relaxamento da musculatura; 
- Pode ser considerada: 
Bexiga hipoativa ou flácida 
- Músculo não contrai no momento adequado. A bexiga não 
é capaz de se contrair, enchendo e transbordando. Em 
seguida, a urina goteja, não esvaziando adequadamente; 
- Sintomas: sensação de que bexiga não esvaziou 
completamente após urinar, gotejamento após urinar ou 
perda de urina involuntária, aumentando as chances de 
haver infecção urinária e prejuízo na função dos rins; 
Bexiga hiperativa ou espástica ou nervosa 
- Contração excessiva da bexiga. A pessoa tem contrações 
involuntárias (reflexos incontroláveis) da bexiga e tem 
vontade de urinar mesmo quando há pouca ou nenhuma 
urina na bexiga; 
- Sintomas: incontinência urinária, vontade de urinar 
frequente e em pouca quantidade, dor ou ardência na região 
da bexiga, perda do controle da capacidade de urinar; 
Outras anormalidades da micção 
Bexiga tabética: certas doenças podem causar lesão às 
fibras nervosas da raiz dorsal que entram na medula. Por 
exemplo, a sífilis pode causar fibrose constritiva ao redor 
das fibras nervosas da raiz dorsal, destruindo-as; 
Bexiga neurogênica não inibida: é a micção frequente e 
relativamente descontrolada. Essa condição se origina da 
lesão parcial da medula espinal ou tronco encefálico, que 
bloqueia os sinais inibitórios. Assim, os impulsos 
facilitadores, que continuam passando pela medula, 
mantêm os centros sacrais tão excitáveis que uma pequena 
qtd. de urina causa o reflexo da micção incontrolável; 
CRIANÇAS E O CONTROLE MICCIONAL 
- Nos recém-nascidos e nas crianças com menos de 2 a 3 anos 
de idade, a incontinência é normal, pois os neurônios que 
inervam o músculo esfíncter externo da uretra não estão 
completamente desenvolvidos; 
- Assim, a bexiga esvazia sempre que está suficientemente 
distendida para causar o reflexo da micção; 
- No lactente, a micção ocorre pelo reflexo medular, quando 
a distensão da bexiga provoca um estímulo aferente do arco 
reflexo sacro, resultando em micção automática; 
Como ocorre o aprendizado? 
- Entre 1 e 2 anos, a aquisição da continência depende do 
aumento gradativo da capacidade vesical e da maturação 
dos lobos frontal e parietal. A criança passa a ter percepção 
da plenitude vesical e reconhece uma micção eminente, mas 
ainda não é capaz de controlá-la; 
- Com o crescimento, a criança passa a ter comando 
voluntário sobre o esfíncter estriado (externo) e córtex 
cerebral, sendo capaz de iniciar ou inibir a micção em 
qualquer nível de plenitude vesical; 
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- Antes do aprendizado, a micção é controlada pelo núcleo 
de Barrington sem a interferência do córtex motor, que atua 
na adequação do tônus muscular que controla a micção. Isso 
começa a mudar por volta dos 24 meses, e a partir deles, a 
micção passa a ser controlada pelo córtex pré-motor, sendo 
voluntária; 
INCONTINÊNCIA URINÁRIA 
- É a perda involuntária de urina pela uretra; 
- O distúrbio é mais frequente nas mulheres, podendo se 
manifestar na 5ª e 6ª década de vida, ou em mais jovens; 
- Atribui-se essa prevalência ao fato de as mulheres 
apresentarem, além da uretra, 2 falhas naturais no assoalho 
pélvico: o hiato vaginal e o hiato retal. Isso faz com que as 
estruturas que dão sustentação aos órgãos pélvicos e 
contraem a uretra, para evitar a perda de urina, sejam mais 
frágeis; 
CAUSAS 
o Comprometimento da musculatura dos esfíncteres 
ou do assoalho pélvico; 
o Gravidez e parto; 
o Obesidade; 
o Tumores malignos e benignos; 
o Doenças que comprimem a bexiga; 
o Tosse crônica dos fumantes; 
o Quadros pulmonares obstrutivos que geram 
pressão abdominal; 
o Bexigas hiperativas que contraem 
independentemente da vontade do portador; 
o Procedimentos cirúrgicos ou irradiação que lesem 
os nervos do esfíncter masculino; 
o Fraqueza ou hipoatividade dos músculos da bexiga, 
obstrução da saída da bexiga ou ambas podem levar 
a incapacidade de urinar (retenção urinária). Essa 
retenção pode levar à incontinência por 
transbordamento; 
o Um aumento do volume da urina (por exemplo, 
causado por diabetes, uso de diuréticos ou excesso 
de álcool) pode desencadear um episódio de 
incontinência ou uma incontinência temporária 
(porém, não deve causar incontinência crônica); 
- Em geral, as causas mais comuns da incontinência são: 
o Bexiga hiperativa em crianças e adultos jovens; 
o Fraqueza do músculo pélvico em mulheres 
como resultado do parto; 
o Obstrução da saída da bexiga em homens de 
meia-idade; 
o Distúrbios funcionais como AVC e demência 
em idoso; 
TIPOS 
❖ Incontinência urinária de esforço 
- É o vazamento de urina devido ao ↑ abrupto na pressão 
intra-abdominal (por exemplo, que ocorre com a tosse, 
espirro, risada, flexão ou ao levantar peso), tendo como 
sintoma inicial a perda de urina (o volume vazado é de baixo 
à moderado); 
- Resulta da fraqueza dos músculos profundos do assoalho 
pélvico, e por isso é o tipo de incontinência mais comum em 
mulheres jovens e de meia-idade, e gravidez; 
❖ Incontinência urinária de urgência 
- Vontade súbita de urinar que ocorre em meio as atividades 
diárias, e a pessoa perde urina antes de chegar ao banheiro. 
É mais comum em idosos; 
- É o vazamento de urina não controlado (de volume 
moderado a grande) que ocorre logo após uma necessidade 
de urinar irreprimível e urgente; 
- Noctúria e incontinência noturna são comuns, e pode ser 
provocada por irritação da bexiga urinária, AVC, ELA, lesão 
medular ou ansiedade; 
❖ Incontinência mista 
- Associa as incontinências de esforço e de urgência,sendo 
que o sintoma mais importante é a impossibilidade de 
controlar a perda de urina pela uretra; 
❖ Incontinência funcional 
- É a perda de urina devido a um comprometimento físico ou 
mental não relacionado ao controle da micção. Ex: paciente 
com Alzheimer pode não reconhecer a necessidade de urinar 
ou não saber onde fica o banheiro; paciente acamado não 
consegue andar até o banheiro; 
❖ Incontinência por transbordamento/de fluxo 
constante 
- É o gotejamento de urina (vazamento involuntário) da 
bexiga sobrecarregada, seja devido algum bloqueio (ex. 
hipertrofia da próstata ou cálculos renais) ou contrações 
fracas da bexiga; 
- O volume que vaza é normalmente pequeno, mas pode ser 
constante, resultando em grandes perdas totais; 
*Incontinência de superenchimento: a contração pelo 
reflexo da micção não ocorre se fibras sensoriais da bexiga 
para a medula forem destruídas, e quando isso acontece, a 
pessoa perde o controle vesical, apesar das fibras eferentes 
da medula e as conexões neurogênicas estarem intactas. 
Assim, invés do esvaziamento periódico, a bexiga se enche 
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até atingir a capacidade máxima, quando começam a ser 
liberadas gotas pela uretra (Guyton); 
❖ Enurese noturna 
- É a incontinência que ocorre durante o sono, tendo como 
exemplo a criança que faz xixi na cama. Embora a maioria 
das crianças tenha aprendido a controlar a micção em torno 
dos 3 aos 4 anos, considera-se normal que algumas ainda 
urinem na cama até os 5 ou 6; 
FATORES DE RISCO 
❖ Idosos 
- Com o envelhecimento, a bexiga pode sofrer alguns efeitos, 
como: 
o ↑ frequência urinária (polaciúria); 
o ↓ da capacidade elástica da bexiga, impedindo a 
distensão correta e ativando precocemente o 
reflexo miccional; 
o Contrações desinibidas e espasmos do músculo 
detrusor; 
o ↓ da velocidade do jato miccional, ↑ resíduo pós-
miccional; 
o ↓ da pressão uretral (que favorece a micção) 
devido a ↓ ação muscular esquelética do esfíncter 
externo, ↓ vascularização periuretral, ↓ 
complacência e elasticidade da bexiga; 
o Alterações hormonais podem causar distúrbios do 
assoalho pélvico, alterando a contratilidade e 
automatismo dos músculos levantador do ânus e 
esfíncter externo, facilitando a micção; 
o Podem apresentar atrofias musculares, alterações 
de tecido conjuntivo e lesão do nervo pudendo; 
- Além disso, idosos usam medicamentos para tratar 
doenças crônicas, como: diuréticos (↑ o fluxo urinário); 
sedativos (causam confusão mental e lentidão); 
antagonistas α-adrenérgicos (↓ o tônus dos esfíncteres 
interno e externo); 
❖ Grávidas 
- A incontinência urinária pode ser explicada pela pressão do 
útero sobre a bexiga. Especialmente no final da gestação, o 
peso do bebê e do útero distendido comprime a bexiga, 
facilitando a micção, pois faz com que a bexiga se esvazie 
com uma qtd. de urina menor que a normal (visto que a 
capacidade de armazenamento está diminuída); 
- Essa alteração faz com que a mãe armazene menos líquido, 
facilitando a liberação de urina a algum esforço, como tossir 
ou espirrar (incontinência de esforço); 
 
❖ Mulheres multíparas 
- Mulheres que realizaram 4 partos ou mais estão mais 
propensas a desenvolver incontinência; 
- O parto vaginal é um elemento importante da incidência da 
incontinência, uma vez que ocorrem traumas ao longo do 
parto na musculatura do períneo na passagem do recém-
nascido pelo canal vaginal, ou devido ao uso de fórceps ou 
epsiotomias. Esses traumas geram danos aos músculos do 
assoalho pélvico e ao mecanismo da continência urinária; 
- A força muscular do assoalho pélvico diminui em 
cesareadas devido à passagem do feto e à ação do hormônio 
relaxina, que por sua vez, relaxa o assoalho pélvico, 
diminuindo sua força tênsil; 
❖ Prostatectomia radical 
- A incontinência urinária após esse procedimento para o 
tratamento do câncer de próstata é comum, sobretudo a de 
esforço e de urgência; 
- 90% dos casos de incontinência em pacientes com câncer 
de próstata ocorrem por causa de lesão no esfíncter durante 
a cirurgia. Porém, devido ao controle também envolver a 
musculatura pélvica, na maioria dos casos consegue 
substituir o esfíncter naturalmente ou com ajuda de 
fisioterapia; 
- O câncer de próstata não é o causador da incontinência, 
mas sim o seu tratamento com a retirada do órgão;

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