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Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 1 REFLEXO DA MICÇÃO - Micção é o processo pelo qual a bexiga se esvazia quando fica cheia, envolvendo duas etapas: 1. A bexiga se enche progressivamente até que a tensão em sua parede atinja nível limiar; 2. Essa tensão desencadeia o reflexo nervoso da micção, que esvazia a bexiga (ou, se isso falhar, causa desejo consciente de urinar); - Apesar da micção ser um reflexo autônomo da medula espinhal, ele também pode ser inibido ou facilitado por centros no córtex ou tronco cerebrais; BEXIGA - É câmara de músculo liso, composta de duas partes principais: (1) o corpo, que é a parte principal onde fica armazenada a urina, e (2) o colo vesical*, extensão afunilada do corpo que se conecta com a uretra; - O músculo liso vesical é o músculo detrusor, formado por fibras musculares que se estendem em todas as direções e, quando contraídas, podem aumentar na pressão dentro da bexiga até 40 a 60 mmHg; - Assim, a contração do músculo detrusor é a etapa principal no esvaziamento da bexiga, que é capaz de contrair simultaneamente porque suas células musculares lisas são acopladas eletricamente, e isso permite que o potencial de ação consiga se difundir; - Na parede posterior da bexiga, logo acima do colo vesical, encontra-se o trígono (região triangular cuja superfície mucosa é lisa, em contraste com o restante da mucosa da bexiga, que é pregueada e forma rugas); - Ao entrar na bexiga, cada ureter cursa obliquamente o músculo detrusor e passa de 1-2 cm por baixo da mucosa; - O colo da bexiga (ou uretra posterior) tem 2-3 cm e sua parede também é formada pelo músculo detrusor, que está entrelaçado com tecido elástico → O músculo nessa área é o ESFÍNCTER INTERNO, cujo tônus mantém o colo vazio, e assim evita o esvaziamento da bexiga até que a pressão interna se torne maior que o limiar para iniciar a micção; - A uretra também passa pelo diafragma urogenital, que contém a camada muscular chamada de ESFÍNCTER EXTERNO da bexiga. Esse músculo é esquelético (em contraste com o músculo liso do corpo e colo vesical) e está sob o controle voluntário do sistema nervoso, podendo evitar conscientemente a micção – até quando controles involuntários tentam esvaziar a bexiga; INERVAÇÃO DA BEXIGA - A bexiga é coordenada em diferentes níveis pelo SNC, localizados na medula, na ponte e nos centros superiores – por meio de influências excitatórias e inibitórias que se dirigem aos órgãos do trato urinário inferior (TUI) e da aferências desses órgãos; - O TUI é inervado por três tipos de fibras: parassimpáticas, simpáticas e somáticas; - O principal suprimento nervoso da bexiga é feito pelos nervos pélvicos, que se conectam à medula pelo plexo sacro, ligando-se principalmente aos segmentos S2 e S3; - Os nervos pélvicos têm fibras sensoriais e motoras: o As fibras sensoriais detectam o grau de distensão (fibras A-delta) da parede vesical e do colo vesical, que são fortes e os principais responsáveis pelo início do reflexo da micção. Além disso, fazem a barorrecepção e nocirrecepção da parede vesical (fibras C); o As fibras motoras são parassimpáticas (→ contração), que terminam em células ganglionares localizadas na parede da bexiga. Essas fibras atuam por meio de receptores muscarínicos colinérgicos M2 e M3 (Gq), que estão no músculo detrusor. Esses nervos sacrais parassimpáticos exercem ação excitatória na bexiga e caráter inibitório na uretra; - Além dos nervos pélvicos, dois outros tipos de inervação são importantes para a função vesical: 1. Fibras motoras esqueléticas do nervo pudendo → são fibras somáticas e inervam o esfíncter externo da bexiga. Como os nervos pélvicos, também partem dos segmentos medulares S2 e S3; 2. Nervos hipogástricos → é a inervação simpática (relaxamento) da bexiga, conectados em L1 e L2 (maioria). Essas fibras simpáticas liberam noradrenalina, estimulando Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 2 principalmente vasos sanguíneos que irrigam a bexiga, relaxando o músculo detrusor, mediante a ativação dos receptores adrenérgicos β2 e β3 (Gs), e contraindo o colo vesical e o esfíncter interno, mediante receptores α1 nessa região. Assim, tem ação antagônica aos nervos pélvicos parassimpáticos; IPC: lesões em L1 e L2 podem lesionar o mecanismo efetor do nervo hipogástrico, causando incontinência urinária devido à falta de estimulação simpática para relaxar a bexiga durante seu enchimento e, logo, inibir a estimação parassimpática dos nervos pélvicos; MECANISMO - O reflexo da micção é coordenado por neurônios da região sacral da medula, mas pode ser influenciado por sinais vindos do cérebro; 1. À medida que a bexiga enche com urina, os receptores de estiramento* na parede vesical (especialmente do colo) enviam sinais por meio dos nervos pélvicos (sensoriais) aos segmentos sacrais da medula espinal (S2 e S3); 2. Entram nas raízes nervosas S2 e S3, penetrando no núcleo do músculo detrusor (núcleo de Onuff, localizado no corno dorsal), onde fazem sinapses com as fibras parassimpáticas dos nervos pélvicos. Essas sinapses são mediadas pelo neurotransmissor serotonina (receptores 5-HT); 3. Após passar pela medula, o sinal é enviado ao mesencéfalo e a ponte. O reflexo é controlado pelo Centro Miccional Pontino (PMC), o Centro Pontino Da Continência (PCC) e a Substância Cinzenta Periaquedutal, e retorna à medula; 4. As fibras motoras parassimpáticas pré-sinápticas transmitem impulsos elétricos que saem do cone medular e penetram na parede vesical, onde fazem sinapses com os gânglios intramurais, de onde partem as fibras motoras parassimpáticas pós-sinápticas; 5. Essas fibras motoras pós-sinápticas liberam acetilcolina, que age nos receptores muscarínicos M2 e M3 (principalmente M3), causando a contração do músculo detrusor e, logo, esvaziando a bexiga. Com isso, o esfíncter interno abre passivamente; 6. Ao mesmo tempo, o neurônio motor somático (nervo pudendo), que estava contraindo o esfíncter externo durante o enchimento vesicular, é inibido, relaxando o esfíncter externo (estriado); *Esses receptores de estiramento estão presentes no urotélio. Quanto maior a distensão vesical, maior é o estiramento desses receptores, sendo maior os disparos de potenciais de ação enviados aos centros da micção; - O reflexo da micção é “autorregenerativo”, pois a contração inicial da bexiga gera mais estímulos sensoriais pelos receptores de estiramento, ↑ o reflexo de contração da bexiga. Após cerca de 1 min, o reflexo autorregenerativo fatiga e o ciclo é interrompido, permitindo que a bexiga relaxe; - O reflexo da micção é um ciclo único completo com (1) aumento rápido e progressivo da pressão; (2) período de pressão sustentada; (3) retorno da pressão ao tônus basal da bexiga; - Após o reflexo da micção, mesmo que a bexiga não se esvazie por completo, os elementos nervosos podem permanecer inibidos por pouco mais de 1 hora antes que outro reflexo da micção ocorra. Conforme a bexiga fica cada vez mais cheia, a micção passa a ocorrer de forma cada vez mais frequente; - Quando o reflexo da micção é suficiente para esvaziar a bexiga, ele produz outro reflexo para relaxar o esfíncter externo por meio dos nervos pudendos. Se o relaxamento desse esfíncter é maior que a inibição voluntária, a micção ocorre. Se não, a micção não acontece até que a bexiga se encha mais e o reflexo da micção consiga ultrapassar a inibição voluntária. - Quando a bexiga está parcialmente cheia, as contrações de micção geralmente desaparecem de forma espontânea devido ao relaxamento do músculo detrusor, que ↓ a pressão. Conforme a bexiga se enche, os reflexos voltam e as contrações ficam mais frequentes; FASES DA MICÇÃO FASE DE ENCHIMENTO - A bexiga apresenta complacência adequada (pressão varia poucocom o ↑ de volume da urina), estabilidade (ausência de contrações involuntárias) e tônus esfincteriano adequado; - Nessa fase, a resistência uretral aumenta gradativamente com a ajuda dos esfíncteres. O aumento constante da contração do esfíncter estriado com o enchimento vesical é mediado pelo nervo pudendo, e tem o nome de reflexo da guarda; Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 3 - A pressão na bexiga se mantém baixa e constante durante toda essa fase (devido à elasticidade da bexiga), enquanto o volume de urina permanecer abaixo do limiar para induzir à micção; - Nesse momento, quem atua é o CENTRO PONTINO DA CONTINÊNCIA (CPC), que envia eferências para a bexiga para parar a micção (excita a musculatura pélvica e contrai o esfíncter uretral). Dessa região partem fibras motoras que fazem sinapse com as fibras que inervam a bexiga, a fim de permitir que a bexiga se encha sem se esvaziar → fibras eferentes do SNS chegam até a bexiga pelo nervo hipogástrico, que libera NA em dois músculos: o Músculo detrusor (receptor B-3 adrenérgico), relaxando-o; o Músculo esfíncter interno da uretra (receptor a-1 adrenérgico), contraindo-o; - Nessa fase, também corre a inibição do centro pontino da micção no núcleo de Barrington pelos centros corticais; FASE DE ESVAZIAMENTO - Quando a pressão intravesical aumenta acima de 30cmH2O, a parede vesical se distende, ativando os receptores de estiramento; - Essas aferências chegam ao CENTRO PONTINO DA MICÇÃO (CMP), cuja principal função é ser o centro de comando para o esvaziamento da bexiga. Causa o relaxamento do esfíncter uretral e contração do músculo detrusor; - Duas vias partem do PMC: o Via direta → fibras eferentes parassimpáticas chegam na bexiga pelo nervo pélvico e liberam ACh → receptores M2 e M3 → contração; o Via indireta → passa pela formação reticular medial e permite o relaxamento dos esfíncteres pela inibição da atividade simpática; - Além disso, há a ação do óxido nítrico*, que promove a dilatação da uretra; Obs: há a ação de um mecanismo NANC mediado pelo neurotransmissor óxido nítrico que contribui para o relaxamento dos esfíncteres. E, a atuação do ATP sobre os receptores P2X e P2Y, facilitando a contração ou relaxamento vesical. CONTROLE DA MICÇÃO - O reflexo da micção dos centros medulares é a causa básica da micção, mas os centros superiores normalmente exercem o controle final, por meio de tratos descendentes cefaloespinais: 1. Os centros superiores mantêm o reflexo da micção parcialmente inibido, exceto quando há vontade de urinar; 2. Os centros superiores podem controlar a micção até quando o reflexo da micção está presente, pela contração tônica do esfíncter externo; 3. No momento da micção, os centros corticais podem auxiliar os centros sacrais a iniciar a micção e, ao mesmo tempo, inibir o esfíncter externo, de modo que a micção ocorra; MICÇÃO VOLUNTÁRIA: o indivíduo contrai voluntariamente a musculatura abdominal, ↑ pressão na bexiga, permitindo que mais urina entre no colo vesical, e distendendo suas paredes. Assim, os receptores de estiramento são estimulados e gera o reflexo da micção, ao mesmo tempo que inibe o esfíncter uretral externo; NÚCLEOS ENVOLVIDOS - A micção é coordenada na substância pontinho- mesencefálica do tronco encefálico, chamada de centro pontino da micção (PMC), que é a via final comum para motoneurônios da bexiga; - A micção depende de um reflexo espino-bulbo-espinal liberado pelo CPM, que recebe influências (maior parte inibitórias) do córtex cerebral, do cerebelo, dos núcleos da base, do tálamo e do hipotálamo; Centro Miccional Pontino (PMC) - É o centro de comando para o início e continuidade do esvaziamento vesical. Esse centro induz ao relaxamento do esfíncter uretral e à contração da musculatura detrusora; - Lesões pontinas graves podem causar abolição da micção e retenção urinária completa; - Possui muitas conexões aferentes e eferentes. Dentre as aferências, existem a região lateral da substância cinzenta periaquedutal (PAG), que envia impulsos nervosos excitatórios ao PMC durante a distensão detrusora; Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 4 Centro Pontino da Continência (CPC) - Composto por microrregiões próximas ao PMC, que disparam impulsos continuamente durante o relaxamento vesical, logo após a micção; - É responsável por parar a micção, excitar a musculatura pélvica e contrair o esfíncter uretral; - As projeções desta área são restritas ao núcleo de Onuff, que contém os neurônios motores do esfíncter uretral; Substância Cinzenta Periaquedutal (PAG) - Recebe informações de fibras nervosas aferentes viscerais; - É um centro integrador de informações, pois faz conexões com várias estruturas, como a amígdala, o córtex orbital e pré-frontal, a área pré-óptica hipotalâmica, o NTS e o PMC; - É modulada pela região posterior hipotalâmica, que está envolvida na luta ou fuga. Assim, inibe a PAG, que inibirá o PMC por meio da liberação de GABA, induzindo à retenção urinária; Núcleo de Barrington - Localiza-se na ponte e controla as estruturas anorretais ligadas à contenção fecal e aos órgãos associados à atividade sexual; - Também controla as fibras nervosas parassimpáticas do plexo sacral (nervos pélvicos) por meio do núcleo de Onuff (núcleo do detrusor), as quais inervam o colo e a bexiga; e as simpáticas do plexo toracolombar (nervo hipogástrico); - Por isso, as funções vesicais e colorretais estão fortemente ligadas; ESTRUTURAS SUPRAPONTINAS - Possuem funções moduladoras às estruturas do tronco encefálico; - O reflexo bulbo-espinal levaria ao esvaziamento involuntário da bexiga quando alcançasse o limiar de estiramento se não houvesse a inibição do reflexo pelos centros suprapontinos; - Podem suprimir os estímulos excitatórios da PAG ao PMC, permitindo essa estimulação apenas em situações de aceitabilidade social; Ínsula → faz o processamento de aferências vesicais; integração ínsula + córtex frontal = vontade de urinar; Hipotálamo → tem função inibitória sobre a PAG e, logo, sobre o PMC; Cerebelo → os núcleos da base do cerebelo são ativados por contração da musculatura do assoalho pélvico; Giro Anterior do Cíngulo (GAC) → atua em todas as etapas de funcionamento do TUI: armazenamento, micção e interrupção voluntária. Pacientes que tiverem IAM ou AVC nessa área, apresentaram incontinência urinária; Lobo frontal → a lesão nessa região leva a episódios de urgências miccionais quando acordado, e incontinência quando dorme; ANESTESIA - O uso de anestésicos (ex. anestesia) pode causar retenção urinária, devido a sua atuação nos receptores m (mi) e k (kapa) no corno dorsal da medula, mais especificamente na substância gelatinosa, inibindo o reflexo da micção → aumentando o tônus do esfíncter externo da uretra e relaxando o trígono vesical; - O tratamento atual da retenção urinária provocada pela morfina é a utilização de um antagonista opioide específico ou cateterismo vesical; - Porém, esses métodos têm desvantagens, pois no 1º ocorre a antagonização (dose-dependente) do efeito analgésico e no 2º existe o risco de infecção do trato urinário; LESÃO MEDULAR LESÕES SUPRASSACRAIS - Ocorre interrupção das vias que comunicam os níveis sacrais da medula com a ponte e, logo, com os centros superiores. Com isso, há perda do controle voluntário da micção; - Como os segmentos sacrais continuam intactos, os reflexos da micção ainda podem ocorrer, porém eles não são mais controlados pelo encéfalo; - Devido à interrupção da influência pontina, deixa de ocorrer coordenação entre as contrações vesical e esfincteriana (dessinergismo vésicoesfincteriano), gerando ↑ da pressão vesical e esvaziamento incompleto; - Nas primeiras semanas após a lesão medular, os reflexos da micçãosão suprimidos devido ao estado de “choque espinhal” causado pela perda súbita dos impulsos nervosos provenientes do tronco encefálico e encéfalo. Entretanto, caso a bexiga seja esvaziada periodicamente por cateterização para evitar lesão vesical por estiramento, a excitabilidade do reflexo miccional aumenta gradativamente até que o reflexo retorne; Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 5 Obs: embora seja teoricamente inesperado, cerca de 15% desses pacientes desenvolvem padrão de arreflexia vesical (incapacidade de contração); LESÕES SACRAIS - Caracterizadas por arreflexia vesical (incapacidade de contração) causada pela lesão do centro vesical parassimpático em nível medular; - Pacientes com lesões incompletas podem desenvolver hiperatividade detrusora, como em lesões suprassacrais; LESÃO DA INERVAÇÃO PERIFÉRICA DO TUI - Pode resultar em perda de sensibilidade e diminuição da contratilidade vesical, assim como o esfíncter externo também pode ter o tônus e a contratilidade prejudicados; BEXIGA FLÁCIDA E ESPÁSTICA - Bexigoma (globo vesical) é uma condição na qual a bexiga fica distendida por acúmulo de urina, pois é impedida de esvaziar (retenção urinária) – ou seja, há a perda das funções da bexiga. Muitas vezes, a passagem da sonda vesical de alívio é necessária; - É definida como a incapacidade miccional associada à sintomatologia dolorosa suprepúbica irradiada ou não para a região periuretal, podendo cursar com abaulamento suprapúbico (bexigoma); - Etiologias: são classificadas em vários grupos, como obstrutivas, neurogênicas, traumáticas, infecciosas, operatórias, psicogênicas e farmacológicas; - A obstrução do fluxo de saída da bexiga é a maior etiologia da retenção urinária, e pode ser fixa (ex. estreitamento da uretra), ou dinâmica (pela perda do tônus muscular) pode ser devido. Nesses casos, o fluxo de urina ↓ em força e tamanho, apesar da contração forte e prolongada do músculo detrusor. Também pode ocorrer obstrução devido à hiperplasia benigna de próstata ou câncer; - Também podem estar associadas a um problema congênito ou lesão de alguma parte do sistema nervoso, apresentando alterações neurológicas, com envolvimento da inervação sensorial ou motora do músculo detrusor, com dissinergia local e incompleto relaxamento da musculatura; - Pode ser considerada: Bexiga hipoativa ou flácida - Músculo não contrai no momento adequado. A bexiga não é capaz de se contrair, enchendo e transbordando. Em seguida, a urina goteja, não esvaziando adequadamente; - Sintomas: sensação de que bexiga não esvaziou completamente após urinar, gotejamento após urinar ou perda de urina involuntária, aumentando as chances de haver infecção urinária e prejuízo na função dos rins; Bexiga hiperativa ou espástica ou nervosa - Contração excessiva da bexiga. A pessoa tem contrações involuntárias (reflexos incontroláveis) da bexiga e tem vontade de urinar mesmo quando há pouca ou nenhuma urina na bexiga; - Sintomas: incontinência urinária, vontade de urinar frequente e em pouca quantidade, dor ou ardência na região da bexiga, perda do controle da capacidade de urinar; Outras anormalidades da micção Bexiga tabética: certas doenças podem causar lesão às fibras nervosas da raiz dorsal que entram na medula. Por exemplo, a sífilis pode causar fibrose constritiva ao redor das fibras nervosas da raiz dorsal, destruindo-as; Bexiga neurogênica não inibida: é a micção frequente e relativamente descontrolada. Essa condição se origina da lesão parcial da medula espinal ou tronco encefálico, que bloqueia os sinais inibitórios. Assim, os impulsos facilitadores, que continuam passando pela medula, mantêm os centros sacrais tão excitáveis que uma pequena qtd. de urina causa o reflexo da micção incontrolável; CRIANÇAS E O CONTROLE MICCIONAL - Nos recém-nascidos e nas crianças com menos de 2 a 3 anos de idade, a incontinência é normal, pois os neurônios que inervam o músculo esfíncter externo da uretra não estão completamente desenvolvidos; - Assim, a bexiga esvazia sempre que está suficientemente distendida para causar o reflexo da micção; - No lactente, a micção ocorre pelo reflexo medular, quando a distensão da bexiga provoca um estímulo aferente do arco reflexo sacro, resultando em micção automática; Como ocorre o aprendizado? - Entre 1 e 2 anos, a aquisição da continência depende do aumento gradativo da capacidade vesical e da maturação dos lobos frontal e parietal. A criança passa a ter percepção da plenitude vesical e reconhece uma micção eminente, mas ainda não é capaz de controlá-la; - Com o crescimento, a criança passa a ter comando voluntário sobre o esfíncter estriado (externo) e córtex cerebral, sendo capaz de iniciar ou inibir a micção em qualquer nível de plenitude vesical; Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 6 - Antes do aprendizado, a micção é controlada pelo núcleo de Barrington sem a interferência do córtex motor, que atua na adequação do tônus muscular que controla a micção. Isso começa a mudar por volta dos 24 meses, e a partir deles, a micção passa a ser controlada pelo córtex pré-motor, sendo voluntária; INCONTINÊNCIA URINÁRIA - É a perda involuntária de urina pela uretra; - O distúrbio é mais frequente nas mulheres, podendo se manifestar na 5ª e 6ª década de vida, ou em mais jovens; - Atribui-se essa prevalência ao fato de as mulheres apresentarem, além da uretra, 2 falhas naturais no assoalho pélvico: o hiato vaginal e o hiato retal. Isso faz com que as estruturas que dão sustentação aos órgãos pélvicos e contraem a uretra, para evitar a perda de urina, sejam mais frágeis; CAUSAS o Comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico; o Gravidez e parto; o Obesidade; o Tumores malignos e benignos; o Doenças que comprimem a bexiga; o Tosse crônica dos fumantes; o Quadros pulmonares obstrutivos que geram pressão abdominal; o Bexigas hiperativas que contraem independentemente da vontade do portador; o Procedimentos cirúrgicos ou irradiação que lesem os nervos do esfíncter masculino; o Fraqueza ou hipoatividade dos músculos da bexiga, obstrução da saída da bexiga ou ambas podem levar a incapacidade de urinar (retenção urinária). Essa retenção pode levar à incontinência por transbordamento; o Um aumento do volume da urina (por exemplo, causado por diabetes, uso de diuréticos ou excesso de álcool) pode desencadear um episódio de incontinência ou uma incontinência temporária (porém, não deve causar incontinência crônica); - Em geral, as causas mais comuns da incontinência são: o Bexiga hiperativa em crianças e adultos jovens; o Fraqueza do músculo pélvico em mulheres como resultado do parto; o Obstrução da saída da bexiga em homens de meia-idade; o Distúrbios funcionais como AVC e demência em idoso; TIPOS ❖ Incontinência urinária de esforço - É o vazamento de urina devido ao ↑ abrupto na pressão intra-abdominal (por exemplo, que ocorre com a tosse, espirro, risada, flexão ou ao levantar peso), tendo como sintoma inicial a perda de urina (o volume vazado é de baixo à moderado); - Resulta da fraqueza dos músculos profundos do assoalho pélvico, e por isso é o tipo de incontinência mais comum em mulheres jovens e de meia-idade, e gravidez; ❖ Incontinência urinária de urgência - Vontade súbita de urinar que ocorre em meio as atividades diárias, e a pessoa perde urina antes de chegar ao banheiro. É mais comum em idosos; - É o vazamento de urina não controlado (de volume moderado a grande) que ocorre logo após uma necessidade de urinar irreprimível e urgente; - Noctúria e incontinência noturna são comuns, e pode ser provocada por irritação da bexiga urinária, AVC, ELA, lesão medular ou ansiedade; ❖ Incontinência mista - Associa as incontinências de esforço e de urgência,sendo que o sintoma mais importante é a impossibilidade de controlar a perda de urina pela uretra; ❖ Incontinência funcional - É a perda de urina devido a um comprometimento físico ou mental não relacionado ao controle da micção. Ex: paciente com Alzheimer pode não reconhecer a necessidade de urinar ou não saber onde fica o banheiro; paciente acamado não consegue andar até o banheiro; ❖ Incontinência por transbordamento/de fluxo constante - É o gotejamento de urina (vazamento involuntário) da bexiga sobrecarregada, seja devido algum bloqueio (ex. hipertrofia da próstata ou cálculos renais) ou contrações fracas da bexiga; - O volume que vaza é normalmente pequeno, mas pode ser constante, resultando em grandes perdas totais; *Incontinência de superenchimento: a contração pelo reflexo da micção não ocorre se fibras sensoriais da bexiga para a medula forem destruídas, e quando isso acontece, a pessoa perde o controle vesical, apesar das fibras eferentes da medula e as conexões neurogênicas estarem intactas. Assim, invés do esvaziamento periódico, a bexiga se enche Laíse Weis ;) Problema 2 – Módulo 9 7 até atingir a capacidade máxima, quando começam a ser liberadas gotas pela uretra (Guyton); ❖ Enurese noturna - É a incontinência que ocorre durante o sono, tendo como exemplo a criança que faz xixi na cama. Embora a maioria das crianças tenha aprendido a controlar a micção em torno dos 3 aos 4 anos, considera-se normal que algumas ainda urinem na cama até os 5 ou 6; FATORES DE RISCO ❖ Idosos - Com o envelhecimento, a bexiga pode sofrer alguns efeitos, como: o ↑ frequência urinária (polaciúria); o ↓ da capacidade elástica da bexiga, impedindo a distensão correta e ativando precocemente o reflexo miccional; o Contrações desinibidas e espasmos do músculo detrusor; o ↓ da velocidade do jato miccional, ↑ resíduo pós- miccional; o ↓ da pressão uretral (que favorece a micção) devido a ↓ ação muscular esquelética do esfíncter externo, ↓ vascularização periuretral, ↓ complacência e elasticidade da bexiga; o Alterações hormonais podem causar distúrbios do assoalho pélvico, alterando a contratilidade e automatismo dos músculos levantador do ânus e esfíncter externo, facilitando a micção; o Podem apresentar atrofias musculares, alterações de tecido conjuntivo e lesão do nervo pudendo; - Além disso, idosos usam medicamentos para tratar doenças crônicas, como: diuréticos (↑ o fluxo urinário); sedativos (causam confusão mental e lentidão); antagonistas α-adrenérgicos (↓ o tônus dos esfíncteres interno e externo); ❖ Grávidas - A incontinência urinária pode ser explicada pela pressão do útero sobre a bexiga. Especialmente no final da gestação, o peso do bebê e do útero distendido comprime a bexiga, facilitando a micção, pois faz com que a bexiga se esvazie com uma qtd. de urina menor que a normal (visto que a capacidade de armazenamento está diminuída); - Essa alteração faz com que a mãe armazene menos líquido, facilitando a liberação de urina a algum esforço, como tossir ou espirrar (incontinência de esforço); ❖ Mulheres multíparas - Mulheres que realizaram 4 partos ou mais estão mais propensas a desenvolver incontinência; - O parto vaginal é um elemento importante da incidência da incontinência, uma vez que ocorrem traumas ao longo do parto na musculatura do períneo na passagem do recém- nascido pelo canal vaginal, ou devido ao uso de fórceps ou epsiotomias. Esses traumas geram danos aos músculos do assoalho pélvico e ao mecanismo da continência urinária; - A força muscular do assoalho pélvico diminui em cesareadas devido à passagem do feto e à ação do hormônio relaxina, que por sua vez, relaxa o assoalho pélvico, diminuindo sua força tênsil; ❖ Prostatectomia radical - A incontinência urinária após esse procedimento para o tratamento do câncer de próstata é comum, sobretudo a de esforço e de urgência; - 90% dos casos de incontinência em pacientes com câncer de próstata ocorrem por causa de lesão no esfíncter durante a cirurgia. Porém, devido ao controle também envolver a musculatura pélvica, na maioria dos casos consegue substituir o esfíncter naturalmente ou com ajuda de fisioterapia; - O câncer de próstata não é o causador da incontinência, mas sim o seu tratamento com a retirada do órgão;