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Indaial – 2023 de Raquete Prof. Weber Gomes Ferreira 1a Edição Metodologia do ensino de espoRtes Elaboração: Prof. Weber Gomes Ferreira Copyright © UNIASSELVI 2023 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. FERREIRA, Weber Gomes. Metodologia do Ensino de Esportes de Raquete. Weber Gomes Ferreira. Indaial - SC: Arqué, 2023. 240p. ISBN 978-65-5646-570-8 ISBN Digital 978-65-5646-566-1 “Graduação - EaD”. 1. Esporte 2. Raquete 3. Metodologia CDD 796 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Metodologia do Ensino de Esportes de Raquete! Estudaremos as modalidades tênis, tênis de mesa, badminton, squash, frescobol e beach tennis. Os esportes de raquete, como o próprio nome diz, possuem, como característica, a utilização de uma raquete a ser usada para rebater um objeto, que pode ser uma bola ou uma peteca. São jogos dinâmicos que possuem as partes técnica e tática específicas de cada modalidade. O conhecimento aprendido através desta disciplina possibilitará, aos estudantes e aos futuros profissionais de Educação Física, importantes subsídios para o desenvolvimento do ensino dos esportes de raquete no ambiente escolar. De modo geral, o conteúdo entregará, ao acadêmico, formas para desenvolver e planejar aulas, com a utilização das modalidades esportivas com o uso de raquete, incluindo aspectos físicos, técnicos e táticos. Para contemplar a proposta de estudo desta disciplina, este material será dividido em três unidades. Na Unidade 1, abordaremos a introdução ao mundo dos esportes de raquete. Para isso, serão apresentadas a história das modalidades esportivas que fazem uso da raquete e as manifestações delas nas atividades esportivas e recreativas do Brasil e do mundo. Depois, conheceremos essas modalidades. Por fim, compreenderemos a metodologia de ensino de esportes de raquete no ambiente escolar. Na Unidade 2, estudaremos a proposta de ensino dos esportes de raquete, com a compreensão da lógica da BNCC. Analisaremos os métodos de ensino voltados para a iniciação nesses esportes, além dos elementos estruturantes das técnicas esportivas e dos gestos técnicos na Educação Física escolar. Para finalizar, na Unidade 3, abarcaremos a estrutura dos esportes de raquete, com adaptações, práticas e jogos de iniciação. Ainda, como acontece a inserção desses esportes como ferramenta de inclusão social e estímulo à prática de atividade física, com o ensino para pessoas com deficiência. Esperamos que os conteúdos abordados, com os materiais selecionados, estimulem a sua leitura e os seus conhecimentos das modalidades, uma ferramenta útil e relevante para a sua aprendizagem e a sua formação profissional. Bons estudos! Prof. Weber Gomes Ferreira APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO MUNDO DOS ESPORTES DE RAQUETE .............................. 1 TÓPICO 1 – HISTÓRIA DAS MODALIDADES ESPORTIVAS COM USO DE RAQUETE E MANIFESTAÇÕES NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS E RECREATIVAS DO BRASIL E DO MUNDO....................................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 HISTÓRIA DOS ESPORTES DE RAQUETE NO BRASIL ......................................................4 2.1 HISTÓRIA DO BADMINTON .......................................................................................................... 5 2.2 HISTÓRIA DO TÊNIS DE MESA ................................................................................................... 6 2.3 HISTÓRIA DO TÊNIS ......................................................................................................................7 3 ESPORTES DE RAQUETE PELO MUNDO ............................................................................9 3.1 BADMINTON ................................................................................................................................... 9 3.2 TÊNIS .............................................................................................................................................. 9 3.3 TÊNIS DE MESA ...........................................................................................................................10 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................................11 AUTOATIVIDADEfísicas deles voltadas aos jogos de raquete, praticados por um grupo de pessoas com mais acessibilidade ao esporte. Outro fator é a relação geográfica, assim, o Brasil, devido ao clima, marca presença com a prática de atividades físicas ao ar livre ao longo ano. Ainda, algumas modalidades de esporte não foram favorecidas como em outros países, como o tênis de mesa e o badminton (COPELLI, 2010). Com o avanço da comunicação e da mídia esportiva, que leva acesso à comunidade geral, outras modalidades com o uso de raquete foram ganhando espaço no Brasil. Dentre elas, o beach tennis, o pádel e o squach ganham destaque. Compreenderemos melhor essa realidade ao longo das próximas páginas, e faremos uma breve descrição de outras modalidades de esportes de raquete praticadas no Brasil. 3.1 MODALIDADES DE ESPORTES COM RAQUETE NA PRAIA (BEACH TENNIS E FRESCOBOL) O jogo de frescobol é realizado, especialmente, nas praias de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro. A idealização dele ocorreu no Brasil, por volta de 1945, pelo paraense Lian Pontes de Carvalho. Moradores da região jogavam tênis na areia, porém, as raquetes estragavam muito, devido à maresia, assim, o arquiteto Caio Rubens Romero Lyra desenhou raquetes de madeira e resistentes a ela e à água. A origem do nome aconteceu a partir da expressão “frescor do final da tarde”, devido à prática do jogo quase de noite. Ainda, misturadas as palavras “fresco” e “ball”, originou-se o termo frescobol. 28 O jogo se espalhou pela costa do Brasil, e se tornou uma modalidade esportiva que não exige competição (COPELLI, 2010; LAGES et al., 2018). Com origem italiana, o beach tennis pode ser jogado individualmente, ou em duplas, e a principal característica dele é ser jogado em um ambiente areoso. O beach tennis aumentou o número de participantes devido à facilidade com a qual uma pessoa aprende a jogar e à diversão que proporciona, mesmo para aqueles sem qualquer experiência na areia ou nas quadras de tênis. Além disso, é uma excelente opção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde (COPELLI, 2010). Segundo Copelli (2010), o beach tennis é um esporte, relativamente, novo, uma vez que teve início em 1970, na Itália. O esporte se originalizou como uma adaptação e uma mistura do tênis de campo, do vôlei de praia e do badminton, praticado como uma atividade de lazer. Já em 1996, o esporte passou a delimitar regras de prática, o que o levou a um patamar de esporte competitivo. Figura 10 – Misto beach tennis - Duplas de quartas de fi nal Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mixed_Beach_tennis_Doubles_Quarterfi - nals_ARG-VEN_ROS19_21-03-2019_(11).jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 29 3.1.1 Jogo e sistema de pontuação O frescobol tem o objetivo de manter a bola em jogo, assim, adota comportamentos ofensivos e defensivos. É uma modalidade esportiva praticada na praia, adaptada do tênis (COPELLI, 2010). O beach tennis é disputado com o melhor de três sets, e a pontuação é similar à do tênis: 15 para o primeiro ponto, 30 para o segundo, 40 para o terceiro e game para o quarto ponto. Caso a partida fique empatada, vence o jogador que tem uma margem de dois games em comparação ao adversário. O jogador, ou a dupla, fica em lados opostos da rede, sendo que a partida inicia pelo saque, que coloca a bola em jogo e é efetuado atrás da linha do fundo da quadra (COPELLI, 2010). Se você, ainda, não conhece o beach tennis e o frescobol, confira os links a seguir e veja um pouco das dinâmicas dos jogos e das modalidades: https://cbbtennis.com/, https://www.youtube.com/ channel/UCLIQYhv95yD1yHhEkPeD8UA e https://www.youtube.com/ watch?v=lyBQzauok_g. DICA 3.1.2 Estrutura da quadra e materiais O jogo de frescobol, mesmo sendo um esporte de praia, pode ser praticado em qualquer lugar, como no quintal ou dentro de casa, porém, em uma competição, a quadra utilizada é um espaço com uma distância de 8,0 metros entre os jogadores nas modalidades simples e em duplas. O jogo termina com o tempo previsto de cinco minutos, ou quando a equipe zera a tabela de sequência. Para jogar, são necessárias uma raquete para cada jogador e uma bola. 30 Figura 11 – Quadra de beach tennis Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Women%27s_Beach_tennis_Doubles_Fi- nals_BRA-VEN_ROS19_23-03-2019_(04).jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. O beach tennis acontece em um terreno plano, nivelado por areia. A quadra possui o comprimento de 16 metros e a largura de 4,5 metros para partidas simples e 8 metros para em duplas. O meio da quadra é dividido por uma rede suspensa, com 1,70 metro de altura para o feminino e 1,80 metro para o masculino. Os jogadores utilizam uma raquete para jogar o beach tennis e uma bola, de acordo com as especifi cações da Confederação Brasileira de Beach Tennis. 3.1.3 Regras da modalidade e principais características Na modalidade frescobol, o jogador deve segurar fi rme a raquete e manter o pulso e o braço fi rmes para acertar a bola no centro, incluindo a empunhadura, fi rme no fi m do cabo da raquete, a fi m de deixá-la inclinada para cima. Ainda, todos os dedos precisam segurar o cabo para distribuir força ao segurar essa raquete. A rebatida, na bolinha, é chapada, com a utilização do centro da raquete. É importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 31 Na modalidade beach tennis, a partida acontece em um ambiente areoso, que pode ser coberto, ou não, praticado na praia, mas, também, adaptado a clubes. A combinação de princípios técnicos de outras modalidades do beach tennis entrega regras semelhante às do tênis convencional e do badminton. Fique, sempre, por dentro do conhecimento das regras gerais da modalidade. 3.2 SPEEDMINTON E BLACKMINTON O speedminton foi desenvolvido com a base do badminton, e adaptado para ser jogado em qualquer tipo de ambiente, assim, não tem uma estrutura montada e um local protegido do vento. O alemão Bill Brande queria jogar a modalidade em qualquer lugar (COPELLI, 2010). A modalidade é uma remodelação das modalidades badminton, squash e tênis. Já o blackminton é jogado recreativa e cooperativamente, no escuro, com a inserção de um speedlight na peteca para ela brilhar, assim, o jogo é direcionado pelas luzes que estão nessa peteca. Ainda, os jogadores se vestem com roupas brancas, ou de cores cítricas, devido ao ambiente, no qual a iluminação é feita com luz negra. Figura 12 – Speedminton Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Speedminton_Tenero.JPG. Acesso em: 24 abr. 2022. 32 Figura 13 – Campeonato de blackminton Fonte: https://www.lejsl.com/sport/2021/09/18/saint-marcel-le-blackminton-roi-du-dojo. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.2.1 Jogo e sistema de pontuação Como os jogadores podem jogar em qualquer ambiente e espaço, para iniciar uma partida, fazem um sorteio para ver quem começa com o saque, com a alternação do serviço de três em três pontos. Os jogos são disputados com o melhor de três ou de cinco sets, e o jogador que alcança 16 pontos vence o set. Entretanto, se o resultado fi ca empatado com 15 pontos, o serviço dev alternar ponto a ponto. O jogador que perde o set tem direito a servir no set seguinte (COPELLI, 2010). 33 Se você, ainda, não conhece o speedminton e o blackminton, confi ra os links a seguir e veja um pouco das dinâmicas dos jogos e das modalidades: https://www.youtube.com/watch?v=U4IrKXEB2uA e https://www.youtube. com/watch?v=-1jfZ175HX8. DICA 3.2.2 Estrutura da quadra e materiais Os jogos speedminton e blackminton acontecem em um campo de 12,8 metros de comprimento. Dois quadrados de 5,5 metros englobam a distância na qual os jogadores fi cam, e as partidas podem ser simples ou em duplas. Utiliza-se uma raquete que possui diferentes tipos e que se ajusta às diferentes idades e tipos de jogo dos praticantes. A peteca é diferenciada, e se chama “speeder”, feita com plástico e borracha elástica, com aberturas pequenas que geram mais estabilidade e tempo devoo. Figura 14 – Quadra de speedminton Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Crossminton_doubles.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 34 3.2.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade speedminton combina elementos de diferentes esportes, como badminton, squash e tênis, com o objetivo de alcançar o quadrado do jogador oposto com a speeder. Caso essa speeder fi que fora do quadrado oposto, o outro lado ganha um ponto. Pode sair, ou em qualquer lugar dentro do quadrado, durante o jogo. Assim, é importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 3.3 SQUASH O squash é uma modalidade esportiva desenvolvida como uma adaptação do tênis. Foi instituído na Inglaterra, no começo do século XIX, e praticado por presos que adaptaram o tênis ao rebater, com uma raquete, a bola contra as paredes. Ainda, utilizavam paus e bastões e uma bola de borracha que batiam contra os muros da prisão. No Brasil, o squash iniciou em 1920, advindo por ingleses em busca de ouro. Ainda, marcou presença na década de 30, em um clube esportivo, com a primeira quadra no clube SPAC (São Paulo Athletic Club). Já nos fi nais das décadas de 70 e 80, a modalidade ganhou muitos adeptos (COPELLI, 2010). Figura 15 – Semifi nal de squash Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Semifi nal_Squash_SM_2021.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 35 3.3.1 Jogo e sistema de pontuação O jogo acontece em uma quadra fechada por quatro paredes, na qual uma é de vidro. Refere-se a rebatidas de uma bola com o uso de uma raquete. As partidas de squash podem ser disputadas com dois jogadores (um contra o outro), ou em quatro (duas duplas), sendo que cada jogador, com a própria raquete, está apto a golpear uma bola preta de borracha na partida. Uma partida de squash consiste em rebater a bola contra a parede frontal, sem deixá-la quicar mais de uma vez no solo. A partida é com uma melhor de três ou cinco games, e cada game é jogado até 11 pontos, porém, se a pontuação fica empatada em 10, a partida continua até um dos jogadores fazer dois pontos de diferença (COPELLI, 2010). Se você, ainda, não conhece o squash, confira os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: http://cbsquash.com.br/ e https://www.youtube.com/watch?v=387IPXPUx4Y. DICA 3.3.2 Estrutura da quadra e materiais A estrutura da quadra do squash possui 9,75 metros de comprimento por 6,4 metros de largura. Marca presença uma parede frontal, com a qual são realizadas as jogadas, com 4,75 metros de altura, incluindo uma caixa de serviço, um quadrado de 1,6 por 1,6 metro. Já a parede traseira mede 2,12 metros de altura. As marcações, dentro da quadra, são feitas com faixas de cinco centímetros de largura, incluindo a caixa de serviço, além da altura da linha de serviço, com 1,783 metro de altura. O squash é um esporte praticado com uma raquete e uma bola oca, preta, e de borracha, por dois ou quatro jogadores, de forma individual ou divididos em duplas (COPELLI, 2010). 36 Figura 16 – Duas jogadoras dentro de uma quadra de squah Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/jovens-ativos-jogando-squash_12930797.htm#- query=squash&position=9&from_view=keyword&track=sph. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.3.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade squash é realizada em um espaço fechado, no qual a rebatida da bolinha é em alta velocidade, assim, a segurança dos jogadores vem em primeiro lugar, a fi m de não colocar o adversário em perigo, incluindo o Fair Play, com o respeito aos direitos como um pilar para o desenvolvimento do jogo. Então, é importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 3.4 RAQUETEBOL (RACQUETBALL) A modalidade raquetebol (racquetball) apareceu por volta de 1949, época na qual o atleta de tênis Josep Sobek associou as modalidades squash e handebol, também, praticadas por ele, combinou as regras e criou um novo jogo de raquete. Já em 1952, Sobek fundou o Paddle Rackets Association, com a elaboração de um conjunto de regras, 37 assim, o esporte teve mais visibilidade, a fi m de se transformar no raquetebol dos dias atuais (COPELLI, 2010). O jogo acontece após o saque ser feito, e os jogadores (ou parceiros de duplas) devem retornar a bola alternadamente, até que um não consiga fazer um bom retorno. Ainda, em uma chamada do marcador, ou do árbitro, a bola, então, deixa de estar em jogo. Figura 17 – Raquete de raquetebol Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Racquetball_-_Schl%C3%A4ger_und_Ball. jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.4.1 Jogo e sistema de pontuação O raquetebol pode ser jogado individualmente ou em duplas. De forma individual, o jogo acontece entre dois jogadores, sendo que cada um usa uma raquete padrão, com uma cinta de segurança presa no pulso e uma bola. Em duplas, o jogo é idêntico ao simples, porém, acontece com quatro jogadores divididos em duas equipes de dois jogadores cada. A pontuação, em uma partida de raquetebol, consiste no melhor de três jogos. Cada jogo é composto por 21 pontos, sendo que o jogador que marca 21 ganha o jogo, entretanto, se, no placar, está empatado, 20 x 20, o jogador que marca mais dois pontos ganha. Após o saque, cada rally gera um ponto marcado, obtido pelo vencedor daquele rally (COPELLI, 2010). 38 Se você, ainda, não conhece o raquetebol, confira o link a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: https://www.youtube. com/watch?v=DoFS1fadv7I. DICA 3.4.2 Estrutura da quadra e materiais Em um jogo de raquetebol, a estrutura da quadra possui uma área de jogo com 13,2 metros de comprimento por 6,6 metros de largura, e com a parede traseira com 3,66 metros de altura. Outra informação fundamental é a de que o piso dessa quadra deve ser nivelado. A quadra de raquetebol apresentada a seguir será demarcada por uma linha curta, linha de serviço, zona de serviço, caixas de serviço, linha de serviço de saque, linha de recepção, zona de segurança e linha de fora da quadra. No jogo, são utilizados equipamentos, como uma raquete e uma bola. Figura 18 – Quadra de raquetebol Fonte: http://lh5.ggpht.com/_m9gLd1-HvO0/S2BDNMRwmqI/AAAAAAAAEIg/rhLbpkYLM78/ squash1.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 39 3.4.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade raquetebol possui o objetivo de evitar que a bola, ao retornar, toque no chão duas vezes. Os jogadores se posicionam de frente para a parede, e alternam os saques com uma raquete encordoada e amarrada no pulso, para evitar que escape da mão. Como proteção, utilizam óculos, devido a boladas. Como conclusão, é importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 3.5 PÁDEL O pádel teve origem por volta de 1890, por passageiros ingleses que adaptaram a prática do tênis dentro de navios. A partir de 1924, Frank Beal, um americano, organizou algumas quadras dentro de parques municipais de Nova York. No Brasil, o esporte começou na cidade gaúcha de Jaguarão, e, a partir de 1991, outros clubes começaram a aderir ao pádel. A modalidade esportiva é jogada por duplas que fi cam organizadas dentro de uma quadra, a qual é dividida ao meio, e por uma rede. Ocorre interação com as paredes ao fundo e cercadas nas laterais, e podem ser utilizadas para a reposição da bola no jogo (COPELLI, 2010). Figura 19 – Arena de pádel Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Padel_Tennis_Arena_ISPO_2014.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 40 3.5.1 Jogo e sistema de pontuação O pádel começa pelo saque do jogador para o adversário e finaliza com um erro de alguma das duplas, assim, é feito um ponto. O jogo é idêntico ao tênis, e os pontos são contabilizados em 15, 30 e 40. As disputas ocorrem com o melhor de três ou cinco sets, sendo que cada set possui seis games. Assim, a dupla que, primeiramente, completa os quatros pontos vence o game, porém, se permanecem empatados, os games, durante a partida, vence, o set, a equipe que entrega uma diferença de dois games. Duranteo jogo, a bola é lançada pela rede, e em direção ao campo adversário, entretanto, não pode quicar mais de duas vezes no espaço da quadra. O jogador está apto a devolver a bola para o outro campo, a fim de utilizar as paredes sem que a bola toque nelas e no espaço da própria quadra, ou nas telas. O saque inicia a partida, e é executado abaixo da linha da cintura e de forma cruzada. O jogador tem duas chances para acertar o saque, que não pode ser rebatido por voleio, antes que a bola quique no solo, pela equipe adversária. Durante a disputa de um rally, é permitido que a bola toque nas paredes laterais e de fundo, e que possa ser recolocada em jogo, desde que ela não quique duas vezes no solo (COPELLI, 2010). Se você, ainda, não conhece o pádel, confira os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: https://www.youtube. com/watch?v=NX-68fxhL_4 e https://www.cobrapa.com.br/. DICA 3.5.2 Estrutura da quadra e materiais A modalidade pádel acontece dentro de uma área de jogo, em um campo retangular e, totalmente, fechado, com 10 metros de largura por 20 metros de comprimento, incluindo uma rede no meio, que forma um quadrado de 10 x 10 metros. É envolto por uma superfície em vidro, ou com alvenaria nos topos e em parte das laterais. Para ser jogada, é utilizada uma raquete com uma superfície plana e com uma corda de segurança, além de bolas. 41 Figura 20 – Quadra de pádel Fonte: https://i.pinimg.com/originals/df/69/e4/df69e4ef0545c9afad2d94d5b3d887d5.png. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.5.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade pádel é, sempre, jogada em duplas, e limita a área a ser coberta por cada um dos jogadores, assim, há a diminuição do esforço físico. Utiliza uma raquete mais resiste e a mesma bolinha do tênis de campo, o que necessita de menos força para devolver a bola para o adversário. O uso das paredes laterais facilita o dinamismo nas rebatidas e nas jogadas, ou seja, é importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 3.6 RACKETLON As origens do racketlon são apontadas na Escandinávia, por volta dos anos 80, região na qual ocorreu o encontro de quatro membros de cada uma das quatro federações de raquete, os quais se reuniram na Finlândia para formar um jogo, chamado de mailapelit, ou seja, “jogos de raquete”. 42 A modalidade racketlon é composta por uma prova esportiva com a disputa de quatro modalidades de raquete diferentes: tênis de mesa, badminton, squash e tênis. Cada esporte é disputado até 21 pontos, e o aluno que marca o maior número de pontos, ao fi m dos jogos nas quatro modalidades, vence a partida de racketlon (COPELLI, 2010). Figura 21 – Bolas e peteca utilizadas no racketlon Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Racketlon_balls.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.6.1 Jogo e sistema de pontuação O jogo acontece de acordo com a sequência das modalidades tênis de mesa, badminton, squash e tênis. O racketlon, de acordo com Copelli (2010), é organizado em quatro sets, um em cada modalidade, e com o objetivo de alcançar 21 pontos. Caso aconteça um empate, o jogo termina com uma diferença de dois pontos entre os jogadores, algo praticado pela ordem acima referida. A disputa acontece nas categorias simples (masculina e feminina) e em duplas (masculina, feminina e mista). 43 Se você, ainda, não conhece o racketlon, confi ra os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: http://www.clubracket.com. br/index.php?option=com_k2&view=item&id=993:racketlon&Itemid=130 e https://www.youtube.com/watch?v=H5LuMYsZqBo. DICA 3.6.2 Estrutura da quadra e materiais Nos jogos de tênis de mesa, badminton, squash e tênis, o jogador desenvolve cada modalidade de acordo com as especifi cidades, os espaços e os materiais. Assim, o competidor, a cada set, joga de acordo com as regras aplicadas nos quatro esportes individuais, com exceção das de pontuação. Figura 22 – Tênis de Mesa, um dos esportes feitos pelo racketlon Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Racketlon_balls.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 44 3.6.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade racketlon é praticada pelas quatro modalidades de raquetes: tênis de mesa, badminton, squash e tênis. O melhor jogador é o que consegue ser mais consistente e regular os resultados obtidos das quatro modalidades esportivas. Mais uma vez, é importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. Acesse os links a seguir e conheça algumas das principais entidades que regem as modalidades de esportes de raquete: • Badminton: https://bwfbadminton.com/. • Ball badminton: http://www.ballbadmintonindia.com/. • Beach tennis: https://www.itftennis.com/en/. • Pádel: https://www.padelfip.com/. • Platform tennis: http://www.platformtennis.org/. • Raquetebol: https://www.internationalracquetball.com/. • Squash: https://www.worldsquash.org/. • Tênis: https://www.itftennis.com/en/. • Tênis de Mesa: https://www.ittf.com/. DICA 4 OUTRAS MODALIDADES ESPORTIVAS COM O USO DE RAQUETE Continue os estudos e as conheça! Venha conosco! 4.1 PICKLEBALL O pickleball possui indícios de prática na cidade de Seattle, no Estado de Washington, em 1965. É a junção dos elementos das modalidades do tênis, do badminton e do tênis de mesa. A quadra de jogo é a mesma do badminton, e a rede utilizada é a do tênis, porém, mais baixa. Para o jogo, utilizam-se raquetes específicas, e a bola do jogo é feita com material plástico, com furos. Ainda, pode acontecer em ambiente abertos, ou fechados, e ser jogado em duplas, ou de forma individual. 45 O pickleball é um esporte jogado com uma bola perfurada especial e em uma quadra de badminton, com uma rede usada no tênis. Essa bola é sacada diagonalmente, através da rede, para a área adversária receber, e é rebatida para frente, através da rede, até que um jogador não consiga devolvê-la. Os pontos são marcados quando se vence o rally, ou o lado oposto comete uma falta. Esses pontos são contados até 11, e se lidera por uma vantagem de dois pontos. Conheça o pickleball ao assistir ao seguinte vídeo: https://www.pickleball. com.br/videos. DICA 4.2 BALL BADMINTON O ball badminton tem registro de jogo em 1856, na Índia, semelhante ao badminton, porém, a bola do jogo é feita de lã amarela. As partidas são realizadas em uma quadra retangular, com as dimensões 12x24, e dividida em metades, com a colocação de uma rede no centro. Vence o jogo a equipe que, primeiramente, alcança 35 pontos. Conheça o ball badminton no seguinte vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=lPh-cW7ZHjQ. DICA 4.3 QIANBALL O qianball é uma modalidade de esporte que utiliza raquete e bola. Foi criado na China, com uma mistura de aspectos do tênis e do squash, e tem o objetivo de rebater a bola, que é presa a uma corda elástica. Os equipamentos necessários para a prática do esporte são um saco de bolas com peso, ou um gancho embutido no chão; raquetes de qianball e uma qianball com elástico. 46 O jogo pode acontecer no formato simples, ou em duplas. Todos os jogadores envolvidos ficam do mesmo lado, voltados para a rede. O saco de bolas, ou ganchos, é colocado a 2,1 metros da rede, em um ponto qianball, ao qual a ponta do elástico de qianball é presa. Consiste em acertar o qianball sem permitir que ele quique no chão da zona do jogador. A bola pode quicar uma vez na zona da bola. Ainda, os pontos são concedidos a uma equipe se o adversário permite que a bola quique. Por fim, uma partida é disputada em três sets de 15 pontos. Conheça o qianball no seguinte vídeo: https://youtu.be/e2LG8IEeacg. DICA 4.4 SPEEDBALL O jogo data do início do século XX, na Europa, e veio da modalidade espirobol. O jogador que saca em direção ao adversário rebate a bola para que ela se enrole até tocar no poste, assim, esse adversário rebate, a fim de mudar a direção dela. A bola fica presa por uma corda, e, essa corda, em um poste. Conheça o speedball no seguintevídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=v5gg1RElFKU. DICA 47 4.5 MODALIDADES ADAPTADAS As pessoas com deficiência que vão em busca da prática de esportes podem, em diferentes cenários, procurar a modalidade esportiva, a fim de visar à saúde, ao lazer e/ou ao rendimento. Entretanto, no ambiente escolar, é preciso fazer adaptações para o desenvolvimento da atividade esportiva, de modo a propiciar, aos alunos com deficiência, a experimentação de uma atividade de forma prazerosa, e que vivenciem as modalidades de acordo com as próprias limitações. Mesmo com a evolução dos esportes adaptados e paralímpicos, é necessário pensar nas estruturas físicas para garantir o acesso a quem tanto precisa. As modalidades paralímpicas de raquete são parabadminton, tênis de mesa paralímpico e tênis em cadeira de rodas, porém, existem outras possibilidades de esportes de raquete que contemplam vários tipos de deficiência (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). Veremos alguns exemplos de modalidades que já possuem adaptações a seguir: Quadro 4 – Modalidade esportivas adaptadas Deficiência Física Deficiência Intelectual Deficiência Visual Deficiência Auditiva Parabadminton Badminton - Os surdos podem praticar qualquer esporte de raquete com pequenas adaptações, por exemplo: substituição de marcações sonoras por luzes, bandeiras e gestos. Tênis em cadeira de rodas Tênis Blind tennis Tênis de mesa Tênis de mesa Showdown Polybat Polybat Polybat Takkyu volley Takkyu volley Takkyu volley Pelota basca Pelota basca - Raquetebol - Raquetebol Fonte: Cren Chiminazzo e Belli (2021, p. 149) 4.5.1 Blind tennis/Tênis para cegos O blind tennis, ou soundball, é a adaptação do tênis, e permite que as pessoas com deficiência visual possam praticar a modalidade. O jogo acontece em uma quadra menor em comparação à do tênis, com uma rede mais baixa, com raquetes e bolas maiores do que as convencionais, macias e audíveis. As linhas da quadra possuem alto-relevo, assim, o atleta consegue se localizar no espaço com mais facilidade. 48 A bola pode quicar duas vezes antes de ser rebatida, e o voleio (rebatida sem quique) não é permitido. Pode ser jogado individualmente, ou em duplas, seguida a contagem do tênis (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 4.5.2 Pelota basca A pelota basca é uma modalidade esportiva de raquete na qual a bola é rebatida contra uma parede, disputada entre duas ou quatro pessoas. No jogo, a bola pode quicar até duas vezes no chão. Ainda, a partida tem uma duração de 25 pontos. 4.5.3 Polybat O polybat é um esporte desenvolvido para pessoas com paralisia cerebral. O jogo acontece em uma mesa de tênis de mesa, sem uma rede divisória. Possui, nas laterais, bordas, e com 10 centímetros de altura, para que a bola não saia pelos lados. O jogador saca duas vezes alternadamente, e o oponente deve permitir que a bola toque a borda lateral antes de rebatê-la. O jogo é disputado com o melhor de cinco sets de 11 pontos, e sem vantagem (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 4.5.4 Raquetebol O raquetebol adaptado é praticado em uma quadra de 12,20 metros de comprimento × 6,10 metros de largura, fechada por quatro paredes, com a utilização da rebatida contra a parede. As partidas são disputadas com o melhor de três jogos, sendo que os dois primeiros vão a 15 pontos, e, o desempate, a 11 (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 4.5.5 Showdown O showdown uma modalidade esportiva para pessoas com deficiência visual, parecida com o polybat. O objetivo do jogo é rebater a bola de maneira que ela role e caia na caçapa do oponente. Cada gol vale dois pontos. Ainda, cada atleta faz dois saques em séries alternadas. As partidas acontecem com o melhor de três sets, e até 11 pontos (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 49 4.5.6 Takkyu volley (TKV) O takkyu volley (TKV) é uma mistura de voleibol com tênis de mesa, no qual os jogadores jogam sentados em cadeiras dispostas ao redor da mesa de tênis de mesa. São seis pessoas em cada equipe, separadas por uma rede que permite que a bola passe rolando por baixo. Para jogar, usa-se uma raquete retangular, sem cabo, e com uma bola audível. O objetivo do jogo é fazer essa bola ultrapassar a área da equipe adversária, além de que saia da mesa (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 50 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Além das modalidades olímpicas, outros esportes de raquete têm chamado atenção e recebido adeptos por todo o mundo. Dentre eles, destacam-se o squash, o pádel e o beach tennis. • O beach tennis tem, como principal característica, ser praticado em uma área. Isso faz com que o esporte tenha dimensões e regras únicas, devido ao ambiente de jogo. • O squash se caracteriza por não ser jogado com uma rede que divide os campos dos adversários. • No squash, a bola é jogada contra uma parede, e os jogadores ocupam o mesmo espaço. • No pádel, os jogadores têm, como objetivo, rebater a bola para o campo do adversário, que passa por uma rede no centro, todavia, o principal elemento que caracteriza o esporte é o fato de que se pode usar paredes em torno da quadra para ser controlado o tempo da bola. • Além das modalidades citadas, destacam-se outros esportes de raquete, como pickleball, ball badminton, qianball e speedball. • Os esportes de raquete possuem modalidades adaptadas para pessoas com deficiências. 51 AUTOATIVIDADE 1. Observe as bolas e a peteca a seguir e responda ao que se pede: Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Racketlon_balls.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. Com relação às bolas e à peteca expostas, assinale a alternativa CORRETA, com a respectiva modalidade de cada uma: a) ( ) Tênis de mesa, badminton, squash e tênis de campo. b) ( ) Tênis de mesa, beach tennis, tênis de campo e pádel. c) ( ) Beach tennis, badminton, pádel e tênis de campo. d) ( ) Pádel, squach, beach tennis e tênis de campo. 52 2. O pádel é uma modalidade esportiva de raquete jogada, somente, em duplas que ficam dispostas em uma quadra dividida, ao meio, por uma rede, mas com paredes ao fundo e partes das laterais que podem ser utilizadas para a reposição da bola em jogo. É uma modalidade derivada, com base na origem, do tênis. Ainda, surgiu, primeiramente, dentro de navios ingleses, por volta de 1890, como uma forma de adaptação do jogo de tênis, o qual era muito praticado. Assim, com base nas regras, analise as sentenças a seguir: I- O sistema de pontuação é igual ao do tênis de campo: as partidas são disputadas com o melhor de três, ou cinco sets, sendo que cada set possui seis games e cada game tem quatro pontos, contados por 15, 30, 40 e Game. II- São necessários dois pontos de vantagem para se vencer um game, além de dois games para se levar um set. III- O jogador possui duas chances de acertar o saque, o qual não pode ser respondido por voleio pela equipe adversária, ou seja, antes que a bola quique no solo. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3. Um jogo de resistência física e estratégia, assim pode ser definido o squash, esporte surgido na Inglaterra, no final do século passado, e que vem mudando o próprio conceito no país. O squash foi difundido de maneira equivocada no Brasil, como um bom esporte só para quem quer perder calorias e reduzir o estresse. Entretanto, o esporte não é só isso. Acima de tudo, é um jogo estratégico. Ainda, exige concentração e reflexo apurados do praticante. Assim, com base no exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas para as aulas de squash: ( ) O jogo consiste em se rebater uma bolinha contra uma parede frontal, sem deixá-la quicar mais de uma vez no solo. ( ) É disputado com o melhor de três, ou cinco games, mas só o sacador marca o ponto, ou seja, há uma vantagem para ele. ( ) Existem dois sistemas de pontuação: standard,que possui games de nove pontos, sendo que, se ocorre um empate em 8X8, o recebedor do saque escolhe se prefere que o game acabe em nove pontos (set one) ou 10 (set two). Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 53 4. Cada modalidade esportiva de raquete possui fundamentos técnicos e táticos próprios. Assim, os aspectos técnicos, nos esportes de raquete, constituem-se da seguinte forma: (1) colocação da bola, ou da peteca, em jogo, retirada de uma situação de inércia, e colocada em uma de movimento, ao fazê-la ir para o outro jogador/campo; e (2) devolução dessa bola, ou dessa peteca, para o primeiro jogador, que o envia de volta, e assim sucessivamente, até que alguém cometa um erro, o que origina a conquista do ponto. Diante disso, aponte as características técnicas e táticas para o desenvolvimento dos esportes de raquete. 5. Belo Horizonte não tem praia, mas isso não a impediu de ser invadida por uma verdadeira febre: o beach tennis. O esporte caiu no gosto dos belo-horizontinos, que lotam quadras de areia durante a semana para fazer aulas, e, nos fins de semana, para se divertir em família ou com os amigos. Outro fator que pode explicar o fenômeno é a facilidade de se praticar a atividade. É um esporte muito fácil, no qual a gente consegue colocar uma pessoa para jogar na primeira aula. Ele é muito democrático perante as questões de idade e sexo. As meninas jogam em duplas, com as roupas iguais. As mulheres começam a postar fotos no Instagram, que acaba se tornando uma mídia espontânea. Diante disso, indique os benefícios do beach tennis. 54 55 TÓPICO 3 - METODOLOGIA DE ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE NO AMBIENTE ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO A Educação Física faz parte do currículo da escola, e, em aulas, desenvolve a cultura corporal de movimento, com as práticas corporais agrupadas em esportes, lutas, danças, jogos e brinquedos. Ainda, as manifestações acontecem através da ampliação das habilidades e das competências dos alunos, nas quais o movimento humano está inserido. Por fim, nas aulas de Educação Física, as práticas corporais são desenvolvidas com o respeito aos limites e a potencialização da cultura corporal dos alunos. É possível assegurar, aos alunos, a (re)construção de um conjunto de conhecimentos que permita ampliar a consciência de movimentos e de recursos para o cuidado de si e dos outros, e desenvolver autonomia para a apropriação e a utilização da cultura corporal de movimento para diversas finalidades humanas, o que favorece a participação dos estudantes de forma confiante e autoral na sociedade. As práticas corporais realizadas se organizam através de apontamentos no movimento corporal, com a organização interna do ensino e o produto cultural desenvolvido pela prática corporal de movimento, de modo a propiciar, ao aluno, uma dimensão de conhecimentos e a ampliação do repertório motor. UNIDADE 1 2 PROPOSTAS DE ENSINO PARA ESPORTES DE RAQUETE O ensino de esportes de raquete deve utilizar metodologias que estimulem os alunos à compreensão e à dinâmica da modalidade de golpeio de um objeto, com os objetivos de ultrapassagem da rede e de demarcação, atingido um ponto. Assim, esse ensino, por meio do jogo, possibilita o desenvolvimento da percepção e da resolução de problemas estabelecidos pela prática, além da tomada de decisão e das respostas a informações do ambiente no qual os alunos estão inseridos (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). Percorreremos algumas propostas de ensino que auxiliarão a ampliação do repertório motor e o desenvolvimento dos esportes de raquete nas aulas de Educação Física, como multimodalidades, Teaching Games for Understanding (TGFU), e a proposta interacionista. 56 2.1 MULTIMODALIDADES COMO ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE Os esportes de raquete são modalidades esportivas que rebatem um implemento (bola ou peteca) em direção à quadra adversária, de acordo com Cren Chiminazzo e Belli (2021). Apresentam, como elementos funcionais de ataque, as estruturas individual e coletiva da bola e as progressões da equipe e da bola em direção ao alvo adversário, com a finalização da jogada, o que objetiva a obtenção de um ponto. Já os princípios defensivos são a recuperação dessa bola, o impedimento e o avanço da equipe contrária e da bola em direção ao próprio alvo e a proteção do alvo, a fim de impedir a finalização da equipe adversária. A perspectiva de ensino dos esportes de raquete, através das multimodalidades, objetiva estimular novas propostas que busquem integrar e diversificar o momento de aprendizagem, o que favorece o desenvolvimento de competências para diferentes modalidades e aumenta a chance de engajamento, e, por consequência, de benefícios pessoais e sociais (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). A proposta demonstra dois jogadores em uma partida de qualquer um dos esportes de raquete destacados neste livro, com possíveis momentos de jogo e possibilidades de tomadas de decisão. Seguem dois círculos, um da cor cinza, que representa momentos de um ataque (construção de espaços e tentativa de ponto), e um branco, com o momento característico de uma defesa (defesa de um possível ataque). 57 Figura 23 – Proposta de ensino de esportes de raquete através de multimodalidades Fonte: Cren Chiminazzo e Belli (2021, p. 26) Durante a realização de ações ofensivas e defensivas, Cren Chiminazzo e Belli (2021) apontam que o jogador procura estabelecer uma posição (destacada de preto na fi gura), a fi m de se posicionar no melhor espaço para tentar realizar alguma das ações nos círculos cinza e branco. Quando um (a) jogador (a) recebe uma das ações de ataque (construir espaços e tentar marcar o ponto), pode responder, com a ação, no círculo de cor branca (defesa), ou, mesmo, com um ataque, com uma das ações representadas no círculo de cor cinza. Os esportes de raquete possuem uma característica particular, pois envolvem ações alternadas e não condicionadas, ou seja, não é porque alguém ataca que a ação adversária é a de defesa, um “contra-ataque imediato” (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 58 As metodologias de ensino para os esportes de raquete podem ser desenvolvidas dentro do ambiente escolar, de modo a proporcionar, aos alunos, a ampliação do repertório motor e o desenvolvimento dele. Assim, é importante que você, futuro profissional de Educação Física, conheça as habilidades e as competências aplicadas dentro da escola. Então, faça uma leitura da Base Nacional Comum Curricular em http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/, para auxiliar na compreensão das metodologias de ensino. DICA Após a proposta de ensino de esportes de raquete através das multimodalidades, conheceremos os conceitos básicos do esporte e diferenciaremos as fases ofensiva e defensiva que acontecem no jogo. O conceito ofensivo, segundo Cren Chiminazzo e Belli (2021), abarca a construção de espaços, pois há o envio de uma bola/peteca nos espaços livres e que ficam mais longe do adversário, o que faz com que ele a busque nos cantos da área do jogo, nas laterais da quadra, sendo que pode colocá-la próxima da rede, ou no fundo. Ainda, o jogador tenta marcar um ponto em cima da área de jogo adversária. O conceito defensivo engloba a ação de se defender de um ataque feito pelo adversário, realizado durante um rally, no qual o jogador se defende perante a tentativa de fazer um ponto. 2.2 METODOLOGIA TEACHING GAMES FOR UNDERSTANDING (TGFU) A proposta TGFU, segundo Luz (2018) e Thorpe, Bunker e Almond (1986), engloba o ensino de jogos para compreensão. É estruturada pela teoria construtivista, que influenciou abordagens posteriores que surgiram dessa derivação, como Game Sense, Tactical Games, dentre outros, com a priorização do processo de ensino-aprendizagem- treinamento através da aprendizagem tática, assim, o aluno/aprendiz participa de forma mais enérgica, por meio de formas intencionais de aprendizagem.Essa metodologia apresenta, como proposta de ensino, a consciência tática, que não desenvolve o aprimoramento de habilidades a serem desenvolvidas nas aulas de Educação Física. O modelo acaba sendo desmotivador para os alunos, mas o aprendizado acontece através da compreensão do jogo e da estrutura dele, e todas as habilidades que os alunos já possuem são consideradas (LUZ, 2018). 59 O TGFU se desenvolve por meio de uma série de jogos, do mais simples até o mais complexo, com a realização do jogo, propriamente, dito. Alguns são complexos, de invasão e de rede, por exemplo (LUZ, 2018; THORPE; BUNKER; ALMOND, 1986). O modelo é estruturado a partir de quatro princípios: 1 – seleção do tipo de jogo (game sampling); 2 – modifi cação do jogo por representação (formas de jogo reduzidas, representativas das formas adultas); 3 – modifi cação por exagero (manipulação das regras de jogo, espaço, tempo, como um direcionamento da atenção dos jogadores para um confronto com determinados problemas táticos); 4 – ajustamento da complexidade tática (repertório motor do aluno, com o enfrentamento de problemas táticos no nível mais adequado, com desafi os às capacidades de compreensão e atuação). Segue um esquema, pensado a partir da organização de um ensino de tênis de campo na escola dentro das seis fases (LUZ, 2018; GRAÇA; MESQUISTA, 2007). Figura 27 – Modelo de ensino para jogos de compreensão Fonte: Thorpe, Bunker e Almond (1986, p. 30) 60 Na abordagem TGFU, a aprendizagem passa por seis fases: forma do jogo, apreciação, consciência tática, tomada de decisão, desenvolvimento de habilidades e desempenho, verdadeiras bases desse processo de ensino-aprendizagem. As formas de jogo que acontecem no início podem ser modificadas, condizentes ao nível de desenvolvimento dos alunos dentro do processo de aprendizagem, além de serem coerentes com o ensino (GRAÇA; MESQUISTA, 2007). Então, o TGFU potencializa, ao aluno, oportunidades, como parte ativa do processo de aprendizagem, e estima os processos perceptivos, cognitivos e relacionados a uma tomada de decisão, o que o provoca a refletir a respeito de problemas e de soluções adequadas para eles, através da condução do processo por parte do professor. 2.3 PROPOSTA INTERACIONISTA NA APLICAÇÃO DOS ESPORTES COM RAQUETE As propostas interacionistas, segundo Cren Chiminazzo e Belli (2021), apontam que o aprendizado acontece a partir do todo do jogo, o que refuta a forma tradicional de ensino do esporte. Assim, o objetivo é estimular os alunos a compreenderem a dinâmica da modalidade para que, depois, sigam para o detalhamento das partes, dos fundamentos, das técnicas e das regras específicas. O ensino, a partir do jogo, proporciona mais entendimento da necessidade de domínio técnico, pois, com a compreensão da dinâmica da modalidade, os praticantes percebem que certas habilidades precisam ser mais refinadas para um bom andamento (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021; GRECO; BENDA, 1998). Contudo, esse ensino parte da utilização do jogo como uma forma de desenvolvimento do aprendizado dos esportes de raquete de forma mais ampla, ou seja, não é restringido o processo de ensino-aprendizagem para a execução da técnica ou de gestos motores, previamente, estabelecidos. Proporciona, ao aluno, a vivência e a possibilidade de tomada de decisões diante de problemas inerentes à prática esportiva (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). No ensino pelas similaridades, a proposta se concentra a partir do entendimento da dinâmica do jogo, com o estímulo de jogos da mesma categoria. Assim, entendem-se as similaridades entre as diferentes modalidades, com a transferência de conhecimentos construídos na prática e a compreensão dos sentidos deles. Há a manipulação de regras, materiais e/ou espaços para a adequação dos jogos, conforme o grupo a ser trabalhado e os objetivos traçados, o que facilita o jogo, diminui a velocidade e proporciona mais tempo para a reflexão e mais possibilidades de sucesso. O incentivo do ensino pela resolução de problemas faz com que o aluno elabore respostas para a solução de situações estabelecidas e um diálogo constante, com a 61 proposta de comunicação durante a aula e o jogo, incluindo o compartilhamento de informações, ideias e possíveis soluções, que fazem parte da construção da compreensão do jogo (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). 3 INICIAÇÃO ESPORTIVA PARA ESPORTES DE RAQUETE O desenvolvimento da formação esportiva segue um processo planejado e sistemático que se inicia na infância. O sistema de formação esportiva é direcionado por conceitos fi losófi cos, políticos e sociais e conteúdos às diferentes fases do processo de ensino-aprendizagem (GRECO; BENDA, 1998). Constitui-se como uma proposta pedagógica com o processo metodológico dentro de uma abordagem de aprendizagem implícita, com a aquisição não intencional de conhecimento por parte do aluno, ou seja, aprendizagem incidental. Assim, a proposta metodológica da iniciação esportiva sugere uma interação de conteúdos nos momentos A-B, ou seja, de aprendizagem tática (A) e de aprendizagem motora (B), incluindo a progressão desses conteúdos no momento dos treinamentos tático e técnico (C). A-B-C devem se apresentar em interação, com momentos relacionados entre si por um aspecto em comum, conforme a fi gura a seguir (LAGES, 2018; GRECO, 2012): Figura 28 – Iniciação esportiva universal - Aprendizagem incidental - Ensino intencional Fonte: Greco (2012, p. 9) 62 Na proposta, segundo Lages (2018), contempla-se uma interação da aprendizagem tática (desenvolvimento das capacidades táticas e das estruturas funcionais gerais e direcionadas) com os processos direcionados à aprendizagem motora (desenvolvimento da coordenação e das famílias de habilidades). Acompanhe um podcast com Pablo Greco, professor pela Universidade Federal de Minas Gerais, autor de vários artigos e livros da área de iniciação esportiva e amplie mais o seu conhecimento: https://www. youtube.com/watch?v=Po84NfLznOE. DICA A organização, nos esportes individuais e coletivos, segundo Greco (1998), Greco e Benda (1998) e Dantas (2003), acontece pelas capacidades táticas, como pré-requisito do desenvolvimento esportivo, e oferece, ao aluno, o espaço para tomadas de decisão para a escolha de gestos motores, meios e ações para identificar o problema e os sistemas táticos para a execução de ações motoras com o objetivo de atingir uma meta. A capacidade tática, nos jogos esportivos individuais e coletivos, possui uma inter-relação entre os fatores espaço-tempo-bola-peteca-colega-adversário dentro de uma situação de jogo que aponta para o aluno, para uma tarefa, ou para um problema a ser resolvido. Assim, o aluno desenvolve uma solução, toma uma decisão para executar a ação necessária durante esse jogo (GRECO; BENDA, 1998). Por fim, a iniciação esportiva universal apresenta, como propostas, possibilidades de procedimentos e abordagens metodológicas para o ensino-aprendizagem, de modo a respeitar a individualidade biológica, a modalidade esportiva desenvolvida e as condições práticas para o ensino. Então, é importante que o professor fique atento aos conteúdos programáticos que podem acontecer durante uma dinâmica de aula, incluindo situações de ensino e de jogo, ou informais. 3.1 PROCESSO METODOLÓGICO ATRAVÉS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL A iniciação esportiva, segundo Silva, Araújo e Soares (2012), descreve que são necessárias bases sólidas e consistentes, devido às fases iniciais de formação esportiva, as quais direcionam o aluno ao desenvolvimento de níveis mais elevados de técnica e tática. 63 No ensino da iniciação, percebemos três concepções: a primeira é a iniciação esportiva, orientada para a aprendizagem dos gestos técnicos, da movimentação tática e de regras específicas de uma modalidade. A segunda, também, é chamada de iniciação esportiva, porém, é diferente da primeira abordagem, pois traz uma formação mais ampla, através de atividadescorporais diversificadas e da introdução de mais de uma prática esportiva. Já a terceira, chamada de especialização esportiva, consiste na aprendizagem de uma prática esportiva específica, de acordo com a regulamentação e as aplicações de técnicas e táticas específicas. O processo metodológico se apresenta por uma estruturação do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, a partir dos quatro aos seis anos de idade, devido à semelhança com a metodologia Escola da Bola, a partir da qual, nas idades iniciais, são enfatizados os processos de aprendizagem incidental, “jogar para aprender”, para, posteriormente, marcar presença uma aprendizagem intencional – “aprender jogando”. Sugere-se, a partir dos 12 anos de idade, um equilíbrio entre os momentos de aprendizagem incidental e intencional, assim, solicita-se um direcionamento da aprendizagem, conforme o nível de rendimento que o praticante deseja (esporte de lazer/tempo livre, de rendimento, ou de alto rendimento) (LAGES, 2018). Faça a leitura do artigo Iniciação Esportiva: Base para Diversidade e Complexidade do Desenvolvimento Motor em https://www.revistacarioca. com.br/revistacarioca/article/view/54. DICA 3.2 APRENDIZAGEM TÁTICA O processo de aprendizagem tática, para o treinamento tático, engloba o desenvolvimento de capacidades táticas básicas e de estruturas funcionais (gerais e direcionadas), assim, na iniciação esportiva, a prioridade é o desenvolvimento do conhecimento por meio da prática, ou seja, a participação em jogos que oportunizem o desenvolvimento de estratégias que gerem a resolução de problemas de um jogo, por meio de ações individuais ou grupais (LAGES, 2018). As capacidades táticas se relacionam a acertar o alvo, a transportar a bola para o objetivo, a jogar em conjunto, a reconhecer espaços, a oferecer-se/orientar-se, a sair da marcação, a criar superioridade numérica e a superar a ação do adversário. Então, as denominadas estruturas funcionais consistem em formas simplificadas de jogo em relação à quantidade de jogadores presentes no esporte formal. Entretanto, os participantes jogam em espaços de diferentes tamanhos, os quais podem ser reduzidos 64 e com menos jogadores, com a finalidade de suavizar a complexidade e as alternativas de combinações táticas (LAGES, 2018). O entendimento da prática é classificado como geral e específica. A definição de tática geral abarca a determinação de tarefas a serem analisadas antes do jogo, e, da específica, soluções de situações no próprio jogo, de acordo com o plano de ação estabelecido, aplicado com um fundamento da experiência. Ainda, podem ocorrer mudanças, ou não, dos planos propostos (GRECO; BENDA, 1998). As características de formas de expressão dos comportamentos dos alunos, durante um jogo, são direcionadas à forma ou a possíveis soluções de tarefas-problemas que acontecem no contexto esportivo, ao qual esses estudantes recorrem dentro de uma situação (individual, em grupo ou em conjunto). Então, os aspectos das capacidades técnicas e táticas sustentam o desenvolvimento das capacidades motoras e coordenativas. Ainda, Greco e Benda (1998) e Galatti et al. (2017) demonstram que a capacidade técnica possui o saber fazer, ou seja, o conhecimento prático que vem da experiência e de repetições de ações. Os campos dos conhecimentos técnico e tático possuem o eixo como necessidade de adquirir programas motores generalizados, operacionalizados por meio de processos metodológicos de automatização da técnica. Contudo, o conhecimento do como fazer (prático e teórico) se direciona ao que fazer e em interação com a inteligência do jogo, com a concretização com o nível de abstração do pensamento tático. Por fim, o pensamento tático é o processo cognitivo-intelectual pelo qual se ordena uma direção para solucionar a situação de um jogo, com duas formas de se processar a informação (GRECO, 1998; DANTAS, 2003). As combinações dos números de jogadores se apresentam em situações de igualdade, inferioridade e superioridade numéricas, mas se diferenciam pela presença do jogador “curinga”, simbolizado por “+1”, porém, pode haver mais de um jogador para cumprir essa função. O curinga tem a função de apoiar a equipe que está em situação de ataque, e, quanto ao local, está apto a ocupar um lugar fixo, dentro ou fora do campo de jogo, no entanto, não pode finalizar a ação tática (tentativa de gol/ponto). Nesse sentido, o número de jogadores deve ser crescente, de acordo com uma proposta sequencial dessas estruturas funcionais. Assim, apresentam-se as seguintes possibilidades: 1X1+1; 1X1; 2X1; 2X2+1; 2X2; 3X2; 3X3+1; 3X3, e por aí vai (GRECO; BENDA, 1998; GRECO, 1998; LAGES, 2018). 65 3.3 APRENDIZAGEM MOTORA O processo de aprendizagem motora, para o treinamento técnico, fundamenta- se no processo de ensino-aprendizagem-treinamento direcionado ao desenvolvimento das capacidades coordenativas e das denominadas famílias de habilidades esportivas (LAGES, 2018). De acordo com Greco e Benda (1998), a aprendizagem motora consiste na realização de tarefas motoras, técnicas de movimentos que facilitam, ao indivíduo, a obtenção de uma determinada meta, assim, o processo de ensino-aprendizagem- treinamento fica delimitado por fatores internos e externos, com o condicionamento da aprendizagem e o treinamento da técnica. Identificam-se relações que analisam os fatores de pressão de motricidade em exercícios aplicados, incluindo formas jogadas que oportunizam relacionar a informação disponível no ambiente (percebida pelos sentidos) com a realização da ação motora, por meio da manipulação de condicionantes, ou de fatores de pressão, como proposto a seguir (GRECO, 2012): Receptores de informação / os analisadores (percepção) Fatores de pressão Características da motricidade, é necessário Visual Tempo Minimizar o tempo ou maximizar a velocidade. Acústico Precisão Apresentar a maior exatidão possível. Tátil Organização Resolver, superar exigências simultâneas em paralelo. Cinestésico Complexidade/ Sequência Resolver, superar exigências em sequência, uma atras da outra. Vestibular (equilíbrio) Variabilidade Superar exigências ambientais variáveis e situações diferentes. Carga Vencer exigências de tipo físico- condicionais ou psíquicas. Quadro 5 – Receptores de informação, fatores de pressão e características da motricidade Fonte: Greco (2012, p. 13) 66 O conhecimento tático infl uencia os esportes, com a diferenciação da estrutura do conhecimento e o ensino dos processos cognitivos com recursos para a percepção, para a tomada de decisão (saber “o que procurar”, “o que fazer” e “como fazer”). A seguir, poderemos entender como deduzir a interação que acontece com os conhecimentos táticos e técnicos nos processos cognitivos. A capacidade de percepção, segundo Greco (1998), relaciona-se com a escolha das informações, além da análise dos sinais e da interpretação deles. Posteriormente, é tomada uma decisão tática. Então, a capacidade de decisão é elaborada, não somente, com o saber “o que fazer” (elaboração de planos de ação), mas, também, com o saber “como fazer” (chamada de planos). Assim, são desenvolvidas interações entre as capacidades táticas, técnicas e os processos cognitivos para uma tomada de decisão. Figura 29 – Conhecimento nos esportes Fonte: o autor Por fi m, o aluno, no processo de ensino-aprendizagem, aprende a consolidar as ideias táticas observadas no desenvolvimento de atividades esportivas, a fi m de promover formas de solução a problemas de jogo e a escolher a melhor capacidade tática a ser aplicada naquele momento. 67 Faça a leitura do artigo Uma Visão Integrada do Modelo Teaching Games For Understanding: Adequando os Estilos de Ensino e Questionamento à Realidade da Educação Física em https://www.scielo.br/j/rbce/a/ znRwWCwn3ZmBtwg43mTbmRv/?lang=pt. DICA 3.4 FASES DE COMBINAÇAO TÉCNICO-TÁTICA As manifestações que acontecem nos eventos esportivos, segundoSilva, Araújo e Soares (2012), demonstram sentimentos, expressões públicas de emoções, às vezes, opostas, como alegria e tristeza, entusiasmo e decepção, paciência e agitação, congraçamento e rivalidade, frustração e realização, com uma explosão de aplausos e lágrimas de sentimentos que fazem vibrar a alma das pessoas, que propiciam um espetáculo, devido às capacidades técnicas, táticas e físicas. Nos processos de iniciação e de formação pelo esporte, é necessário que haja flexibilidade nos procedimentos didático-pedagógicos, que permitem a participação de todas as crianças possuidoras de características individuais diferentes. Para Silva, Araújo e Soares (2012) e Greco (1998), o desenvolvimento da capacidade de jogo, para o treinamento tático, significa expor e aproximar o aluno das próprias limitações, além de reagir a estímulos. A prática esportiva possui um papel educacional, e contempla as seguintes características: • Criar e oferecer situações que permitam, aos praticantes, a aquisição de valores essenciais, relacionados ao “saber ser” (autodisciplina, autocontrole, perseverança, humildade, companheirismo e lealdade). • Estimular o desenvolvimento de capacidades e habilidades motoras relacionadas com o “saber fazer” (ampliação e aperfeiçoamento do repertório motor). 68 A iniciação esportiva exige bases sólidas e consistentes, uma vez que o trabalho desenvolvido por professores/treinadores, nas fases iniciais de formação esportiva, pode determinar o acesso e a continuidade dos jovens nos níveis mais elevados de rendimento (GRECO, 1998). Os princípios táticos, para Da Costa et al. (2009) e Greco (1998), são como um conjunto de normas de um jogo que proporciona, aos jogadores, a possibilidade de atingirem, rapidamente, soluções táticas para os problemas advindos de uma situação vivenciada. Assim, esses princípios decorrem da construção teórica, com o propósito da lógica do jogo, e se operacionalizam nos comportamentos tático- técnicos dos competidores. As fases de aprendizagem tática possuem princípios gerais, por serem comuns as diferentes fases de um jogo, incluindo outros princípios (operacionais e fundamentais). Pautam-se em três conceitos advindos das relações espaciais e numéricas, entre os jogadores da equipe e os adversários, como nas zonas de disputa pela bola, a saber: (a) não permitir a inferioridade numérica; (b) evitar a igualdade numérica; e (c) procurar criar a superioridade numérica (DA COSTA et al., 2009). Os princípios operacionais, de acordo com Bayer (1994), são as operações necessárias para tratar de uma ou de várias categorias de situações. Já os fundamentais representam um conjunto de regras de base que orienta as ações dos jogadores e da equipe nas duas fases do jogo (defesa e ataque), com os objetivos de criar desequilíbrios na organização da equipe adversária; estabilizar a organização da própria equipe; e propiciar, aos presentes, uma intervenção ajustada no “centro de jogo” (DA COSTA et al., 2009; GALATTI et al., 2017). Gonçalves et al. (2018) apontam os sistemas táticos que podem ser definidos: • Princípios de ataque: o ataque é a principal fase de uma equipe. Se é ineficiente, incapaz de realizar gols/pontos, não importa o quanto a defesa seja efetiva, a equipe não consegue a vitória em uma partida. • Princípios de defesa: a defesa é fundamental para a vitória ao neutralizar as ações ofensivas adversárias. Não importa quantos gols uma equipe consiga realizar, se a defesa não impede que os atacantes adversários façam mais gols, o êxito, no fim da partida, não é alcançado. • Princípios da transição defesa-ataque: a transição defesa-ataque é o momento no qual o time muda de postura no jogo, assim, de defensiva, passa a se portar, ofensivamente, em quadra, ou no campo. As decisões necessárias, que acontecem durante o jogo, incluem organizar um processo de aprendizagem tática, a “leitura”, ou seja, a tática entrega a compreensão da situação, e as frases a serem “escritas” são as ações motoras que os jogadores realizam 69 em tal situação. Essas ações são compostas por várias “palavras motoras”, conhecidas como habilidades fundamentais: correr, saltar, lançar, receber, empurrar, rebater etc. Por sua vez, constituem parte do processo de aprendizagem motora. O processo de aprendizagem tática é fundamental para que o aluno iniciante aprenda a “ler” o jogo, a ter uma “leitura” e uma compreensão dele, a fim de desenvolver a capacidade de “escrever” o jogo, ou seja, de saber fazer. No processo compreendido por aprendizagem tática, para o treinamento tático, os jogos e as atividades direcionados ao desenvolvimento das capacidades táticas básicas têm, como finalidade, a compreensão da lógica de um jogo pelo praticante, particularmente, dos jogos esportivos coletivos. A tática de jogo representa um sistema de ações motoras realizadas pelos atletas, as quais são, altamente, selecionadas e planejadas no sistema de treinamento, de forma a antecipar as exigências no momento do jogo. Acontece em função dos adversários e depende muito das condições nas quais são realizadas as competições (torneios e campeonatos), da duração da temporada competitiva etc. Esse sistema deve incluir todas as possibilidades de atuação tática, de forma que os jogadores (dentro de campo) e o treinador (fora de campo) entendam, rapidamente, o momento competitivo em situações adversas, criadas, inteligentemente, pelas equipes adversárias. Com relação às situações táticas que acontecem durante o jogo, a equipe inicia a formação da competição; estrutura a base da equipe; posiciona os jogadores no campo/ quadra; distribui tarefas por posição, especiais, com base na leitura do adversário; e estabelece ações individuais dos jogadores. A tática de jogo da equipe deve respeitar as particularidades, inicialmente, dos próprios jogadores. O professor/treinador possui um papel importante para a organização tática de um jogo, pois conhece as características individuais da equipe, assim, auxilia na tomada de decisões para tornar melhor o desempenho dos jogadores. O pensamento tático deve pertencer, primeiramente, ao jogador, que atua mediante decisões alternativas, com base em esquemas operacional e mental bem definidos. Em segundo lugar, as decisões individuais são relacionadas com as dos outros jogadores, em uma composição que favoreça a equipe. Por fim, em terceiro, o pensamento tático se alinha à identidade da equipe, assim, todos os jogadores atuam em conformidade com os princípios táticos estabelecidos pela equipe, com formas de se jogar no ataque e na defesa. As ações táticas podem ser divididas em individuais, de pequenos grupos (entre dois ou vários jogadores) e coletivas. 70 3.5 SISTEMAS OFENSIVOS E DEFENSIVOS O domínio das técnicas individuais é fundamental para que uma equipe tenha êxito em diversas situações que compõem um jogo, por isso, os jogadores devem ter habilidade para executá-las. Os sistemas táticos individuais e coletivos podem ser apresentados em formações ofensivas e defensivas. Embora todos os jogadores participem de todas as jogadas, as equipes utilizam características e funções mais ofensivas e defensivas (GOMES; SOUZA, 2011; GONÇALVES et al., 2018). Nos esportes individuais e coletivos, as jogadas acontecem das formas defensiva e ofensiva. Assim, a seguir, apresentaremos um quadro com as diferentes organizações que compõem cada uma delas. Formações Características Ofensivas O objetivo principal do jogo é fazer gol/ ponto. as ações ofensivas se desenvolvem em fases distintas, podendo-se elencar três momentos: a manutenção da posse de bola; a progressão até o campo adversário; e a finalização. Defensivas São ações individuais/coletivas que buscam impedir que a equipe adversária realize jogadas e, consequentemente, marque gols/pontos. As formações defensivas se classificam em marcação, individual, marcação por zona, marcação tipo pressão ou marcação mista Quadro 6 –Organizações ofensivas e defensivas Fonte: adaptado de Gonçalves et al. (2018) Claramente, não há um sistema ofensivo, ou defensivo, infalível, ou perfeito, assim, deve ser adaptado, conforme as especificidades individuais e coletivas de cada equipe e esporte. Então, podemos analisar algumas vantagens e desvantagens gerais ao se usar determinado tipo de conceito defensivo. 71 Formações Vantagens Desvantagens Individual • Define responsabilidades para cada jogador • Exige de apenas um jogador a correta execução dos fundamentos de defesa • Depende da atenção em apenas um jogador atacante • Proporciona equilíbrio técnico e físico entre jogadores de defesa e de ataque (adversários) • Adaptável a qualquer tipo de ataque • Dificulta passes e chutes adversários • Facilita penetrações à defesa • Facilita movimentações adversárias • Pode provocar muitas faltas • Dificulta o posicionamento defensivo, uma vez que este depende do posicionamento dos atacantes adversários Zona • Facilita o posicionamento dos jogadores • Dificulta o jogo próximo à área • Possibilita o rápido reposicionamento defensivo • Facilita a troca de passes adversários • Facilita passes e chutes distantes da área • Necessita de muito entrosamento entre os defensores • Apresenta áreas vulneráveis em razão da distribuição dos defensores • As áreas de responsabilidade próximas de dois jogadores podem provocar indecisão sobre quem deverá marcar o adversário Pressão • A presença de outro marcador pode induzir os atacantes a cometer erros • Promove a alteração de ritmo de jogo adversário • Força os jogadores adversários a realizar passes e chutes precipitados • Aumenta as possibilidades de recuperação da bola • Pelo menos um jogador, necessariamente, fica sem marcação Grande possibilidade de cometer faltas pessoais • Maior desgaste físico dos marcadores Mista • Dificulta a ação do jogador mais habilidoso da equipe adversária • Altera o ritmo de jogo adversário • Força o ataque adversário a se adaptar à defesa • Deixar determinadas zonas vulneráveis, com a ausência de um defensor • Exige maior atenção em relação a movimentação da bola e dos atacantes Combinada • Provoca a confusão no ataque adversário • Adaptação as movimentações especificas do time adversário • Necessita de muito entrosamento entre os defensores • Maiores possibilidades de falhas na defesa Quadro 7 – Vantagens e desvantagens das formações defensivas Fonte: adaptado de Gonçalves (2018) 72 Assim, entende-se que os sistemas ofensivos e defensivos possuem inúmeros formatos, além de que se adaptam a características de cada jogador, a uma modalidade esportiva de raquete, a uma equipe e a uma situação exigida pelo jogo. 4 CONCEPÇÕES ESPORTIVAS DO ESPORTE DE RAQUETE Dentro das concepções esportivas a serem utilizadas para os esportes de raquete, há uma divisão conceitual das dimensões educacional, de rendimento, de participação e de formação, como políticas públicas e propostas pedagógicas para o desenvolvimento esportivo no Brasil. Assim, a política nacional de esporte propõe dimensões para intermediar o quadro de desigualdade esportiva frente ao acesso a atividades físicas no país (NOGUEIRA, 2014). No processo de iniciação esportiva e na formação pelo esporte, deve-se pensar na proposta educativa, construída a partir de objetivos compatíveis com as capacidades dos alunos. Para isso, é fundamental a flexibilidade no desenvolvimento didático-pedagógico, de modo a permitir a participação dos alunos com características individuais diferentes. A prática esportiva, segundo Tubino (2010), é considerada um elemento integrador na sociedade, devido às influências das manifestações culturais, esportivas e sociais. Torna-se uma atividade esportiva a partir da qual as pessoas buscam, dentro do esporte, diferentes percepções proporcionadas. Assim, as manifestações esportivas, como a educacional, de participação, de rendimento e de formação, são um direito de todos, com práticas esportivas e formas de exercícios que fazem parte do conhecimento que você, como professor de Educação Física, deve compreender e diferenciar através das suas referências. 4.1 ESPORTE EDUCACIONAL O esporte educacional, de acordo com Tubino (2010), representa uma dimensão socioeducacional esportiva praticada nas redes de ensino públicas e particulares da Educação Básica, e de forma ordenada, com educação e sem seletividade e competitividade entre os alunos. Tem o objetivo de desenvolver, de forma integral, o cidadão, incluindo a formação dele para o exercício da cidadania e a prática do lazer. Então, o esporte é praticado dentro dos sistemas de ensino, e os esportes de raquete possuem modalidades que, utilizadas, desenvolvem os aspectos motor e cognitivo, de forma diferenciada quando se tratam dos tradicionais, ensinados no ambiente escolar e que alcançam o desenvolvimento integral e uma formação esportiva. Nogueira (2014) descreve que o esporte educacional não é, apenas, uma adaptação para a prática esportiva, mas que as características dele caminham juntas 73 com os esportes de participação, de rendimento, e de formação. Dentro do conceito dessa dimensão, também, há a intenção dos desenvolvimentos técnico, tático e físico do aluno, a fim de ampliar a eficiência e a eficácia de habilidades e competências, com cidadãos com capacidades de interpretação e ação na vida social. Espera-se que o professor proporcione, aos alunos, momentos de reflexão em relação ao esporte, à origem, às formas de manifestação, às regras, aos procedimentos dele, dentre outros temas, de modo a evitar a exclusão e a competitividade elevada. Para assumir a característica educacional, não é suficiente a exploração exclusiva do ato motor. Faz-se necessária a intervenção do professor de Educação Física, com estratégias e procedimentos que estimulem a reflexão a respeito do esporte, dos acontecimentos e dos desdobramentos dele na vida de todo aluno. Para saber mais a respeito das concepções do esporte, acesse https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm. DICA 4.2 ESPORTE DE PARTICIPAÇÃO O esporte de participação compreende, de modo voluntário, as modalidades desportivas praticadas que contribuem para a integração de praticantes no primor da vida social, a fim de promover saúde, educação e preservação do meio ambiente. Nessa dimensão, há atividades que possuem características formais e informais. Os praticantes participam das atividades físicas sem o compromisso de competição, assim, estão relacionadas ao tempo livre, ao lazer e ao bem-estar físico, além de psicológico. Assim, o esporte de participação tem, como objetivo, a diversão das mais diversas pessoas, para que relaxem, descontraiam-se, e se interajam socialmente e com o meio ambiente, com uma consciência ecológica (TUBINO, 2010). Com base na proposta do esporte de participação, o ensino dos esportes de raquete vai de encontro com as manifestações culturais, esportivas e sociais, de modo a permitir a prática dentro do ambiente escolar. Como exemplo, há o beach tennis, que teve um aumento de aderência dos praticantes, devido à facilidade de adaptação da modalidade. O esporte teve início no Brasil, nas praias cariocas, e se expandiu por todo o litoral brasileiro, assim, migrou para outras regiões e foi desenvolvido em clubes esportivos. 74 4.3 ESPORTE DE RENDIMENTO O esporte de rendimento abarca atividades esportivas praticadas em clubes esportivos e escolas, em busca de resultados que integrem atletas e comunidades do país com as de outras nações. Assim, são atletas que disputam resultados em torneios e campeonatos formados por regras nacionais e internacionais de diversas confederações e federações esportivas. Tem, como objetivo, promover a integração entre os participantes em competições, a fim de aproximar pessoas e culturas no país e no mundo. Com isso, as atividades esportivas praticadas são realizadaspor atletas profissionais, com vínculo institucional. Ainda, há alguma entidade com atletas amadores. Como exemplos de esportes de rendimento praticados em torneios, mundiais e jogos olímpicos, podemos considerar as modalidades de badminton, squash, tênis de mesa, tênis etc. O sistema de gerenciamento esportivo se organiza através de instituições privadas, com ou sem fins lucrativos, para a organização dos desenvolvimentos esportivos regional, estadual, nacional e internacional. As funções de coordenação, administração e normatização dos esportes de rendimento devem ficar sob responsabilidade de instituições que desenvolvem os esportes de raquete no Brasil, como: Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ligas regionais e nacionais, Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos (CBCP), Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), Confederação Brasileira de Badminton (CBBd), Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT), Confederação Brasileira de Pádel (COBRAPA) e Confederação Brasileira de Squash (CBS). Conheça as entidades que desenvolvem e gerenciam as modalidades olímpicas e paralímpicas de esportes de raquete no Brasil: Comitê Olímpico Brasileiro: https://www.cob.org.br/pt/. Comitê Paralímpico Brasileiro: https://cpb.org.br/. DICA 75 4.4 ESPORTE DE FORMAÇÃO O esporte de formação é caracterizado pela construção e pelo desenvolvimento de conhecimentos esportivos que promovem as competências técnica, tática e física, a fim de estimular, qualitativa e quantitativamente, as práticas esportivas recreativa, competitiva e de rendimento (TUBINO, 2010). Nessa modalidade, o esporte é praticado de forma espontânea, e se relaciona com saúde e regras, que podem ser oficiais ou adaptadas, e construídas entre os participantes. Então, a cultura esportiva apresenta diferenças em razão de influências metodológicas de ensino-aprendizagem, pois a prática esportiva se situa com necessidades básicas. O esporte de formação é a base do desenvolvimento esportivo, assim, muitos acabam seguindo o caminho do esporte de rendimento. São anos de treinamento, ciclos, planejamentos, competições, enfim, muito treinamento até a conquista de uma medalha. Assim, saiba mais como o atleta consegue se preparar desde a iniciação até o rendimento em https:// g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2016/07/confira-cinco-reportagens- da-serie-suas-marcas.html. DICA 76 FAMÍLIA DOS JOGOS ESPORTIVOS COM RAQUETES: METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS Junior Vagner P. da Silva Laura C. L. de Souza Katiane T. O. L. Calado Cláudio Benites da Silva Riller Silva Reverdito INTRODUÇÃO A Educação Física, nas últimas décadas, tem sido foco de diversos estudos, dentre eles, os que se dedicam a investigar os conteúdos desenvolvidos ao longo da Educação Básica, a fim de evidenciar a predominância dos esportes tradicionais (futebol, voleibol, basquetebol e handebol). Manifestações, como danças, ginásticas, lutas, esportes com raquetes, dentre outros, são quase inexistentes no contexto escolar [...]. A ausência de espaços e de materiais apropriados e a falta de domínio dos conteúdos são, frequentemente, apontados como responsáveis pela ausência de danças e lutas. Com relação aos esportes com raquetes, as justificativas são similares, pois, com uma compreensão equivocada, ficam limitados ao tênis de campo, o qual é, historicamente, relacionado à aristocracia e caracterizado como uma prática esportiva elitizada. Logo, fica restrito a um público específico, uma vez que o acesso aos materiais e aos espaços de prática, dificilmente, é de alcance de todos, muito menos na escola. Em que pese tal interpretação, nas últimas décadas, a percepção de que os esportes com raquetes se limitam ao tênis; e a concepção de existência de, apenas, uma forma de vivenciá-lo têm sido questionadas, e alternativas vêm sendo propostas, as quais vão da criação de materiais alternativos à metodologia, à sistematização e à organização de conteúdos. Os pressupostos teóricos da Pedagogia do Esporte que se pautam no jogo, a partir da compreensão das características e da lógica dele, têm trazido uma positiva e significativa contribuição para o ensino de diferentes manifestações de jogos esportivos. Pedagogia do Esporte No ensino do esporte, seja no contexto escolar ou não escolar, ainda, ocorre o predomínio de procedimentos de ensino, vivência e aprendizagem, fundamentados em metodologias sustentadas por modelos analíticos. LEITURA COMPLEMENTAR 77 O princípio analítico-sintético propõe o ensino, a vivência e a aprendizagem do esporte a partir do exercício de habilidades isoladas, com ênfase na repetição de tarefas para o aprimoramento técnico (denominadas de sequências pedagógicas), o qual deve preceder a prática do jogo. Embora haja justificação pela maior rapidez para a percepção do movimento “correto” a ser realizado, apresentam-se diversos problemas, como a mecanização de gestos, o pobre acervo de possibilidades de respostas a emergências do jogo, a reprodução de modelos, seletividade e um ensaio de ação de forma rígida. Assim, configura-se um modelo a ser seguido e base para correções daqueles que não se adequam a ele, parte do desígnio de que o ser humano veio ao mundo vazio, e precisa ser preenchido de conhecimentos (modelados e transmitidos), ou, então, ter talentos descobertos, revelados por um experiente observador. Como uma busca de superação dessa forma de se pensar na metodologia de ensino, propostas alternativas, desde a década de 70, foram lançadas, como a fundamentada na lógica estruturalista dos esportes coletivos, que teve, como precursor, Claude Bayer, na obra O Ensino dos Desportos Colectivos (1994). Ao partir da análise estrutural dos esportes coletivos, Bayer defendeu a existência de estruturas constantes e funcionais comuns a todos os esportes coletivos (princípios operacionais e regras de ação), sejam de ataque ou de defesa. A partir do conceito de transfert, Bayer demonstrou processos de ensino- aprendizagem nos quais o sujeito pode reconhecer estruturas semelhantes em atividades diferentes, e, com a utilização de experiências anteriores, conceber soluções para uma nova situação. Com os conceitos de estruturas constantes e funcionais e transfert, ainda que aplicados, inicialmente, aos jogos esportivos coletivos, observamos que os esportes com raquetes dispõem de referências estruturais e funcionais, o que engendra a lógica do jogo. Para Scaglia et al. e Scaglia e Reverdito, todo o jogo possui uma lógica interna. Assim, por conseguinte, é possível identificar, nesses esportes com raquetes, semelhanças e diferenças, além de reconhecer princípios que se aplicam a tarefas diferentes e utilizar/transferir experiências anteriores em novas situações de vivência. Esse caráter ficou mais evidente na organização dos jogos a partir do conceito de família de jogos, proposto por Leonardo, Scaglia e Reverdito. A proposta está alicerçada no reconhecimento de que os jogos apresentam características autoafirmativas, compostas por particularidades que atribuem qualidades autônomas e características integrativas que permitem incluir jogos em uma mesma família, ou seja, “[...] todo sistema apresenta duas tendências opostas, porém, complementares: 78 uma tendência integrativa e, outra, autoafirmativa. Uma que o une ao ecossistema maior, e outra que o individualiza, engendrando uma identidade particular” (p. 234). Ademais, o jogo entrega características sistêmicas organizacionais que, devido às estruturas sistêmicas, produzem condutas motoras específicas que são transferíveis de um jogo para outro. Diante do exposto, objetivamos apresentar a formulação teórica e a aplicação prática de ensino dos esportes com raquete, com pauta nos pressupostos teóricos da família de jogos esportivos. Especificamente, buscamos apresentar as etapas seguidas no planejamento, na preparação de materiais e no desenvolvimento.................................................................................................................. 12 TÓPICO 2 - MODALIDADES ESPORTIVAS COM RAQUETE ................................................ 15 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15 2 MODALIDADES ESPORTIVAS DE RAQUETE OLÍMPICAS ................................................ 16 2.1 BADMINTON ..................................................................................................................................16 2.1.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação ...........................................................................18 2.1.2 Estrutura da quadra e materiais ....................................................................................19 2.1.3 Regras da modalidade e principais características ...................................................19 2.2 TÊNIS ............................................................................................................................................20 2.2.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação ..........................................................................21 2.2.2 Estrutura da quadra e materiais .................................................................................. 23 2.2.3 Regras da modalidade e principais características ..................................................24 2.3 TÊNIS DE MESA ..........................................................................................................................24 2.3.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação ......................................................................... 25 2.3.2 Estrutura da quadra e materiais .................................................................................. 26 2.3.3 Regras da modalidade e principais características.................................................. 27 3 MODALIDADES ESPORTIVAS DE RAQUETE NÃO OLÍMPICAS .......................................27 3.1 MODALIDADES DE ESPORTES COM RAQUETE NA PRAIA (BEACH TENNIS E FRESCOBOL)...................................................................................................................................... 27 3.1.1 Jogo e sistema de pontuação ........................................................................................ 29 3.1.2 Estrutura da quadra e materiais ................................................................................... 29 3.1.3 Regras da modalidade e principais características ..................................................30 3.2 SPEEDMINTON E BLACKMINTON .............................................................................................31 3.2.1 Jogo e sistema de pontuação ....................................................................................... 32 3.2.2 Estrutura da quadra e materiais ...................................................................................33 3.2.3 Regras da modalidade e principais características..................................................34 3.3 SQUASH .......................................................................................................................................34 3.3.1 Jogo e sistema de pontuação .......................................................................................35 3.3.2 Estrutura da quadra e materiais ..................................................................................35 3.3.3 Regras da modalidade e principais características .................................................36 3.4 RAQUETEBOL (RACQUETBALL) ..............................................................................................36 3.4.1 Jogo e sistema de pontuação ....................................................................................... 37 3.4.2 Estrutura da quadra e materiais ..................................................................................38 3.4.3 Regras da modalidade e principais características.................................................. 39 3.5 PÁDEL .......................................................................................................................................... 39 3.5.1 Jogo e sistema de pontuação .......................................................................................40 3.5.2 Estrutura da quadra e materiais ..................................................................................40 3.5.3 Regras da modalidade e principais características...................................................41 3.6 RACKETLON .................................................................................................................................41 3.6.1 Jogo e sistema de pontuação .......................................................................................42 3.6.2 Estrutura da quadra e materiais ...................................................................................43 3.6.3 Regras da modalidade e principais características .................................................44 4 OUTRAS MODALIDADES ESPORTIVAS COM O USO DE RAQUETE ............................... 44 4.1 PICKLEBALL .................................................................................................................................44 4.2 BALL BADMINTON .....................................................................................................................45 4.3 QIANBALL ....................................................................................................................................45 4.4 SPEEDBALL ................................................................................................................................46 4.5 MODALIDADES ADAPTADAS ................................................................................................... 47 4.5.1 Blind tennis/Tênis para cegos ....................................................................................... 47 4.5.2 Pelota basca .....................................................................................................................48 4.5.3 Polybat ...............................................................................................................................48 4.5.4 Raquetebol ........................................................................................................................48 4.5.5 Showdown ........................................................................................................................48 4.5.6 Takkyu volley (TKV) ..........................................................................................................49 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 50 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 51 TÓPICO 3 - METODOLOGIA DE ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE NO AMBIENTE ESCOLAR ............................................................................................................................. 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 55 2 PROPOSTAS DE ENSINO PARA ESPORTES DE RAQUETE ............................................. 55 2.1 MULTIMODALIDADES COMO ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE ...............................56 2.2 METODOLOGIA TEACHING GAMES FOR UNDERSTANDING (TGFU) ..................................58 2.3 PROPOSTA INTERACIONISTA NA APLICAÇÃO DOS ESPORTES COM RAQUETE ............60 3 INICIAÇÃO ESPORTIVA PARA ESPORTES DE RAQUETE ................................................ 61 3.1 PROCESSO METODOLÓGICO ATRAVÉS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL ........... 62 3.2 APRENDIZAGEM TÁTICA ...........................................................................................................63das aulas, incluindo as possibilidades de uso de materiais alternativos para o ensino desses esportes e uma análise inferencial integrativa dos jogos aplicados. Caminho metodológico Caracterizado como teórico-prático, o estudo foi desenvolvido no formato de relato de experiência pelo grupo PET-Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em aulas de Educação Física de uma escola de tempo parcial e uma instituição de ampliação do tempo escolar em Campo Grande/MS, o que totaliza a regência de cinco aulas. Na instituição de ampliação do tempo escolar, foram realizados três encontros: o primeiro, voltado à construção de raquetes e à iniciação ao frescobol (três horas); o segundo, direcionado ao beach tennis; e, o terceiro, ao quimbol (1h30min cada). As ações foram realizadas em setembro, outubro e novembro de 2015, e contaram com a participação de alunos na faixa etária de 11 a 13 anos. Na instituição escolar de tempo parcial, o foco se manteve na iniciação ao mini tênis, com a realização de, apenas, um encontro, e com um público de alunos de 10-14 anos. Foram realizadas intervenções em duas turmas no mês de setembro de 2015, com 50 minutos cada aula. A fim de apresentar a existência de semelhanças entre os diferentes esportes com raquete, foi realizada a análise inferencial dos jogos ministrados nas aulas, com os focos integrativo e autoafirmativo. Planejamento Para cada intervenção realizada, desenvolvemos a preparação das aulas (plano de aulas). O plano de aula “[...] é um documento escrito que materializa um determinado momento de um planejamento” (p. 86), como um instrumento de orientação da ação docente. Essa etapa foi realizada de acordo com as orientações de Masseto, composta, estruturalmente, por identificação, objetivos, conteúdos, estratégias didáticas e avaliação. 79 A identificação consiste na apresentação das características gerais do plano, como a que disciplina, ou atividade, pertence; quais são as condições necessárias a realização; a que ou quais turmas se aplica o plano; quem é o responsável pelas atividades; além da duração/carga horária da aula. Os objetivos se caracterizam como metas estabelecidas, ou resultados, previamente, determinadas. Indicam aquilo que o aluno deve ser capaz de fazer. Assim, foram divididos em gerais e específicos. Quanto ao conteúdo, consiste no assunto trabalhado em uma aula, a fim de contemplar os objetivos específicos. Para isso, foram selecionados e organizados, e foram tomados, como base, os objetivos que pretendíamos alcançar, os quais, no caso da nossa intervenção, foram contemplados por frescobol, mini tênis, beach tennis e quimbol. Com relação às estratégias didáticas, existem diversas capazes de contemplar o plano de aula, e permeiam as decisões metodológicas docentes, assim, o professor necessita identificar e escolher que estratégias podem ser utilizadas para facilitar a aprendizagem dos alunos. Em consonância com a proposta metodológica utilizada, organizamos, didaticamente, aulas com predominância de jogos. Todavia, não trabalhamos com o jogo pelo jogo, mas como um ambiente de aprendizagem que, também, é ambiente de jogo, carregado de tensões, incertezas, imprevisibilidade, a fim de buscar o equilíbrio entre os objetivos pedagógicos e a representação de jogo para os jogadores, ou seja, os alunos jogam para aprender e aprendem jogando. O jogo foi assumido como fenômeno complexo e permeado por relações antagônicas e de complementariedade, pois, conforme Leonardo, Scaglia e Reverdito, “[...] o jogo é lúdico, mas, também, é sério; ele possui uma ordem em sua organização, apesar de representar uma aparente desordem; possui regras claras, mas, ao mesmo tempo, é dotado de imprevisibilidade e incerteza” (p. 238). Com fundamento nesses referenciais e perspectivas, para todas as aulas, inicialmente, foi elaborado um esboço do plano de aula, o qual foi submetido a uma análise do professor orientador do grupo que, frequentemente, propunha adequações. Além disso, após as aulas, os participantes procederam com a avaliação, com as finalidades de acompanhar o processo de aprendizagem e de fornecer, aos alunos e ao professor, um feedback do processo de ensino-aprendizagem. [...] Fonte: DA SILVA, J. V. P. et al. Família dos jogos esportivos com raquetes: metodologia e procedimentos pedagógicos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 25, n. 4, p. 117-127, 2017. 80 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A compreensão do componente curricular que tematiza as práticas corporais com diversas formas de codificação e significação sociais é muito importante. São entendidas como manifestações da cultura corporal. • O planejamento e o emprego de estratégias têm, como objetivos, resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem dos esportes de raquete, além de se envolverem no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo. • Uma reflexão crítica da relação entre a realização das práticas corporais e os processos de ensino para os esportes de raquete se mostra presente. • A identificação das formas pedagógicas marca presença, com o processo metodológico dentro de uma abordagem de aprendizagem implícita, com a aquisição não intencional de conhecimento por parte do aluno, ou seja, uma aprendizagem incidental através da iniciação esportiva. • As manifestações esportivas, dentro dos esportes de raquete, são várias. • Os esportes de raquete são desenvolvidos em diferentes concepções esportivas: esporte educação, esporte participação, esporte rendimento e esporte formação. 81 1. O TGFU, modelo de ensino de esporte para compreensão, apresenta princípios pedagógicos específicos para desenvolver, didaticamente, o entendimento da lógica do jogo. Foi proposto um novo princípio pedagógico, a caracterização da lógica interna; e se evidenciou a necessidade de o professor dominar os conhecimentos praxiológicos para manipular, com sapiência, os jogos condicionados que propõe em aula, a fim de possibilitar a compreensão da lógica interna mencionada. Assim, com relação ao TGFU, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O TGFU conta com uma ordem de ensino de jogos, do mais simples para o mais complexo, até o desenvolvimento do jogo de forma oficial. b) ( ) Pode ser iniciado com jogos de alvo complexos e, em seguida, de rebater. Já os jogos de invasão devem vir após, por serem mais complexos do que os anteriores. c) ( ) O modelo se estrutura a partir de três princípios: 1 – seleção do tipo de jogo; 2 – modificação do jogo por representação; e 3 – modificação por exagero. d) ( ) O modelo de ensino de esporte para resultado apresenta princípios pedagógicos específicos para desenvolver, didaticamente, o entendimento da lógica do jogo. e) ( ) O enfoque é dado aos elementos técnicos e às problemáticas que, deles, surgem para um posterior desenvolvimento das ações de jogo, propriamente, ditas. 2. A proposta da iniciação esportiva universal apresenta, como definição, o jogo, um importante recurso pedagógico. Através do jogo, objetiva-se a condução de um processo de ensino-aprendizagem-treinamento que permite, ao praticante, adquirir capacidades, habilidades e competências no contexto esportivo, as quais estão, por sua vez, subordinadas às estruturas temporal (quando ensinar), substantiva (o que ensinar) e metodológica (como ensinar). Com base nas definições dos enfoques da iniciação esportiva universal, analise as sentenças a seguir: I- A proposta pedagógica é um processo metodológico dentro de uma abordagem de aprendizagem implícita, com aquisição não intencional de conhecimento por parte do aluno, ou seja, aprendizagem incidental. II- A proposta metodológica da iniciação esportiva sugere uma interação de conteúdos nos momentos A-B, ou seja, de aprendizagem tática (A) e de aprendizagem motora (B), incluindo uma progressão desses conteúdos no momento dos treinamentos tático e técnico (C). III- Todos eles conformamum A-B-C que se apresenta em interação, momentos e relacionados entre si, por um aspecto em comum. AUTOATIVIDADE 82 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3. As propostas interacionistas apontam que o aprendizado acontece a partir do todo, com o jogo como a forma tradicional para ser ensinado o esporte. De acordo com os princípios e as normativas elencados nas propostas interacionistas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O jogo, como foco principal da proposta interacionista, defende que o aprendizado aconteça a partir do todo. ( ) No ensino pelas similaridades, a proposta se concentra a partir do entendimento da dinâmica do jogo, a fim de estimular jogos da mesma categoria, assim, de entender as semelhanças entre as diferentes modalidades, com a transferência de conhecimentos construídos na prática e a compreensão de sentidos. ( ) Na adaptação de regras, espaços e materiais, há a manipulação deles para a adequação dos jogos, conforme o grupo a ser trabalhado e os objetivos a serem traçados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. O ensino a partir do jogo proporciona um maior entendimento da necessidade de domínio técnico, pois, com a compreensão da dinâmica da modalidade, os praticantes percebem que certas habilidades precisam ser mais refinadas para o bom andamento desse jogo. Então, disserte a respeito das propostas interacionistas, nas quais o aprendizado acontece a partir do todo, refutada a maneira tradicional de se ensinar um esporte. 5. Como modelo, o TGFU apresenta: 1 - forma do jogo; 2 - apreciação do jogo; 3 - consciência tática; 4 - tomada de decisão (o que fazer e como fazer); 5 - execução de habilidades; e 6 - desempenho/performance. O aluno se encontra no centro desse processo de ensino- aprendizagem. Como forma do jogo, é iniciado de forma modificada, e adequada ao nível de desenvolvimento dos alunos, de modo a objetivar uma maneira modificada concreta, como referência central para o processo de aprendizagem, o que dá coerência a tudo que se faz de produtivo durante a aula (LUZ, 2018; GRAÇA; MESQUISTA, 2007). Assim, disserte a respeito do TFU, do modelo de ensino na Educação Física. 83 REFERÊNCIAS BAYER, C. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivro, 1994. CABELLO MANRIQUE, D. Análisis de las características del juego en el bádminton de competición: su aplicación al entrenamiento. Granada: Universidad de Granada, 2000. CASTELLANI FILHO, L. et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez Editora, 2014. COPELLI, V. N. Introdução dos esportes de raquete nas aulas de Educação Física escolar: uma visão segundo a cultura corporal do movimento. Campinas: Universida- de Estadual de Campinas, 2010. CREN CHIMINAZZO, J. G.; BELLI, T. Esportes de raquete. 1. ed. São Paulo: Manole, 2021. DA COSTA, I. T. et al. Princípios táticos do jogo de futebol: conceitos e aplicação. Motriz. Journal of Physical Education. UNESP, v. 1, n. 1, p. 657-668, 2009. DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 5. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. GALATTI, L. R. et al. O ensino dos jogos esportivos coletivos: avanços metodológicos dos aspectos estratégico-tático-técnicos. Pensar a Prática, v. 20, n. 3, p. 1, 2017. GOMES, A. C.; SOUZA, J. de. Futebol. 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Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Escola de Educação Física da UFMG, 1998. KRÖGER, C.; ROTH, K. Escola da bola: um ABC para iniciantes nos jogos esportivos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. LAGES, E. R. A. et al. Iniciação esportiva universal: efeitos sobre o conhecimento tático e a coordenação motora de escolares de áreas urbana e rural. 2018. LUZ, B. S. da. Pedagogia do esporte e esportes de raquete: possibilidades do ensi- no do tênis de campo na escola. Goiás: Universidade Federal de Goiás, 2018. NOGUEIRA, Q. W. C. Esporte educacional: entre rendimento e participação. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 13, n. 1, p. 1, 2014. SILVA, M. V.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treina- mento no desenvolvimento da inteligência e criatividade tática em atletas de futsal. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 23, n. 3, p. 297-307, 2009. SILVA, F. M. da; ARAÚJO, R. 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Maringá: Eduem, 2010. 85 PROPOSTA DE ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer as práticas corporais com diversas formas de codifi cação; • entender a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as aprendizagens essenciais; • descrever, discutir e relacionar as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal aos conteúdos da educação física escolar; • compreender os métodos de ensino na iniciação dos esportes de raquete; • observar as técnicas esportivas dos esportes de raquete. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – COMPREENSÃO DA LÓGICA DA BNCC NO ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – MÉTODOS DE ENSINO VOLTADOS PARA A INICIAÇÃO EM ESPORTES DE RAQUETE TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ELEMENTOS ESTRUTURANTES DAS TÉCNICAS ESPORTIVAS E GESTOS TÉCNICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 86 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 87 TÓPICO 1 — COMPREENSÃO DA LÓGICA DA BNCC NO ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento no qual se define um conjunto de propostas de aprendizagens, a partir das quais os alunos, ao longo dos ciclos e das modalidades da Educação Básica, devem desenvolver. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) propõe um direcionamento dos currículos dos sistemas e das redes dos ensinos público e privado, como propostas pedagógicas da Educação Básica, a fim de estabelecer conhecimentos, competências e habilidades para uma formação humana integral e de uma sociedade democrática e inclusiva (BRASIL, 1996;2017). A prática de atividade física, na escola, acontece através da Educação Física, que possui componentes curriculares das práticas corporais que são conhecidas como manifestações corporais, a partir das quais o sujeito se expressa através dos movimentos. Por isso, é importante a ampliação do repertório motor para o enriquecimento de experiências de crianças, jovens e adultos, o que permite o acesso aos saberes corporais, lúdicos e esportivos. A intenção deste tema de aprendizagem é refletir a respeito do proposto pela BNCC para um planejamento escolar na área de Educação Física, principalmente, para uma metodologia de ensino dos esportes de raquete, a fim de serem apontados subsídios para que, realmente, o conteúdo oriente as práticas pedagógicas docentes. É preciso relacionar as bases teóricas da Educação Física, a realidade de uma aula desta disciplina e os princípios da BNCC na busca de uma utilização em prol da formação qualificada do aluno para o esporte com raquete (BRASIL, 2017). 2 BNCC: FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS A BNCC impacta no planejamento dos professores de Educação Física. Como um documento orientador com diferentes componentes curriculares, a BNCC é um conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem construir ao longo das etapas e das modalidades da Educação Básica, importantes para a elaboração e a implementação no planejamento do profissional de Educação Física (BRASIL, 2017). 88 Discutiremos, de acordo Brasil (2017), a respeito de aspectos que permeiam a BNCC para o ensino dos esportes de raquete, com a configuração das intencionalidades pedagógicas do professor, sendo que as unidades didáticas, na metodologia de ensino, são contextualizadas nas interlocuções, na etapa de planejamento, para as escolhas de conteúdo, objetivos, estratégias e formas de avaliação que promovam a formação integral do aluno. Neste percurso de aprendizagens essenciais que a BNCC propõe, deve-se assegurar, ao aluno, o desenvolvimento de competências gerais que ampliem o repertório de conceitos e de procedimentos, incluindo práticas cognitivas e socioemocionais e atitudes e valores para a resolução de demandas complexas na vida cotidiana (BRASIL, 2017). 1 Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade. 2 Investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3 Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais 4 Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital 5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais. 6 Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais 7 Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista. 8 Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional. 9 Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação. 10 Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência. Tabela 1 – Competências gerais da Educação Básica Fonte: adaptada de Brasil (2017) 89 A BNCC é um documento implementado pelo Mistério da Educação, em busca de abranger os princípios para cada componente curricular, apontadas as orientações para o trabalho pedagógico dos professores. Assim, seguem os objetivos desenvolvidos em cada habilidade e competência (BRASIL, 2017): Desenvolvimento de competências Decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Educação integral Propor o desenvolvimento humano global, assumindo uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto e considerando-os como sujeitos de aprendizagem. Base Nacional Comum Curricular e currículos Assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica Quadro 1 – Fundamentos pedagógicos da BNCC Fonte: adaptada de Brasil (2017) 2.1 BNCC E EDUCAÇÃO FÍSICA A implementação da BNCC buscou envolver os princípios para cada componente curricular, a fim de direcionar apontamentos no trabalho pedagógico dos professores, assim, a Educação Física é o componente curricular que aponta as práticas corporais de diversas formas, entendidas como manifestações corporais dos sujeitos. Nessa concepção, o movimento humano está, sempre, inserido nos âmbitos da cultura, da educação e do esporte, e não se limita a um deslocamento temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo (BRASIL, 2017). As práticas corporais, nas aulas de Educação Física, devem ser abordadas de forma dinâmica, diversificada, pluridimensional, singular e contraditória, de forma a assegurar, aos alunos, a (re) construção de um conjunto de conhecimentos que permita ampliar habilidades e competências de movimentos e recursos para desenvolver autonomia na apropriação e na utilização da cultura corporal de movimento (BRASIL, 2017). A Educação Física propõe uma série de possibilidades para ampliar as experiências de crianças, jovens e adultos na Educação Básica, a fim de permitir o acesso a um grande universo educacional, esportivo e cultural que compreende saberes corporais e experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas que se inscrevem, mas não se restringem, para uma racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola (BRASIL, 2017). 90 A BNCC aponta subsídios para o trabalho do professor de Educação Física nos níveis da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. No ensino da Educação Infantil, ela deve se manifestar nos diferentes campos de experiências propostos pelo documento; já no Ensino Fundamental, insere-se no campo das linguagens; e, no Ensino Médio, a Educação Física está na área das Linguagens e suas Tecnologias (BRASIL, 2017). Entende-se que a atividade prática reúne manifestações corporais desenvolvidas dentro do trabalho pedagógico, ainda, que a sequência do conhecimento deve ser atendida como um elemento específico das diferentes práticas corporais, consideradas as experiências dos sujeitos, as formas de atuação e a organização dos conhecimentos, oportunizadas e experimentadas novas práticas corporais que permitem vivenciar e/ou aprender outros movimentos básicos que o esporte reúne, com características formais de ações, espaço, número de jogadores etc. Logo, as práticas corporais são textos culturais passíveis de leitura e de produção (BRASIL, 2017). As práticas corporais desenvolvidas na BNCC são divididas em seis unidades temáticas que abordam, ao longo do Ensino Fundamental, as manifestações culturais, levados em consideração os critérios de progressão do conhecimento que devem ser atendidos, como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, com a sinalização das tendências de organização dos conhecimentos (BRASIL, 2017). TEMAS CARACTERÍSTICAS Brincadeiras e jogos São atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, combinados coletivamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si Esportes É orientado pela comparação de um determinado desempenho entre indivíduos ou grupos (adversários), regido por um conjunto de regras formais, institucionalizadas por organizações (associações, federações e confederações esportivas). Nesta temática são apresentadas sete categorias de esportes: Marca; Precisão; Técnico-combinatório; Rede/quadra dividida ou parede de rebote; Campo e taco; Invasão ou territorial e Combate. Ginásticas Propostas práticas com formasde organização e significados muito diferentes, o que leva à necessidade de explicitar a classificação adotada: (a) ginástica geral; (b) ginásticas de condicionamento físico; e (c) ginásticas de conscientização corporal. Danças São movimentos rítmicos, organizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes também integradas a coreografias. Tabela 1 – Competências gerais da Educação Básica 91 Fonte: adaptada de Brasil (2017) Lutas São disputas corporais, onde os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para: imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário Práticas corporais de aventura Formas de experimentação corporal centradas nas perícias e proezas provocadas pelas situações de imprevisibilidade que se apresentam quando o praticante interage com um ambiente desafiador. Assim, é importante apontar que a organização das unidades temáticas, de acordo com Biedrzycki et al. (2020), orienta-se pela compreensão de que o caráter lúdico está presente em todas as práticas corporais, mesmo que não seja a finalidade da Educação Física escolar. Então, o brincar; o dançar; o jogar; e o praticar esportes, ginásticas ou atividades de aventura vão muito além da ludicidade. Acontece a apropriação, pelos alunos, das lógicas intrínsecas (regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc.) a essas manifestações, assim como trocam, entre si e com a sociedade, as representações e os significados que são atribuídos. Para saber mais a respeito do uso das dimensões do conhecimento da BNCC nos planejamentos escolares dos professores de Educação Física, acesse https://www.competenciasnabncc.org.br/ e combine as competências gerais e habilidades. DICA Identifica-se uma delimitação das habilidades que privilegia oito dimensões de conhecimento dentro das manifestações corporais que ampliam as habilidades e as competências dos alunos (BRASIL, 2017). Observe: DIMENSÃO CARACTERÍSTICA Experimentação Vivência das práticas corporais, pelo envolvimento corporal na realização delas. Uso e apropriação Conhecimento que possibilita o aluno ter condições de realizar de forma autônoma uma determinada prática corporal. Fruição Uma apropriação de um conjunto de conhecimentos que possibilita o desfrutar da realização de uma determinada prática corporal e/ou apreciar essa e outras tantas quando realizadas por outros Tabela 1 – Competências gerais da Educação Básica 92 Reflexão sobre a ação São conhecimentos originados na observação e na análise das próprias vivências corporais e daquelas realizadas por outros. Construção de valores Construção de valores relativos ao respeito às diferenças e no combate aos preconceitos de qualquer natureza. Análise Conceitos necessários para entender as características e o funcionamento das práticas corporais (saber sobre). Compreensão São temas que permitem aos estudantes interpretar as manifestações da cultura corporal de movimento em relação às dimensões éticas e estéticas. Protagonismo comunitário Contempla a reflexão sobre as possibilidades que eles e a comunidade têm (ou não) de acessar uma determinada prática no lugar em que moram, os recursos disponíveis (públicos e privados). Fonte: adaptada de Brasil (2017) Para conhecer, de forma mais aprofundada, o debate da BNCC em relação ao Ensino Médio, acesse https://www.scielo.br/j/edur/a/ V3cqZ8tBtT3Jvts7JdhxxZk/?lang=pt e faça a leitura do texto intitulado A BNCC da Reforma do Ensino Médio: O Resgate de um Empoeirado Discurso. DICA Então, a articulação com as competências gerais da Educação Física ressalta que cada dimensão seja, sempre, abordada de modo integrado com as outras, levadas em conta as naturezas vivencial, experiencial e subjetiva. Assim, não é possível operar como se as dimensões pudessem ser tratadas de forma isolada. Acesse https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/5030 e saiba como a avaliação abarca um dos temas controversos dentro do sistema educacional. Leia o artigo intitulado Avaliação e Registro no Currículo Cultural da Educação Física. DICA 93 2.2 NÍVEIS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Na Educação Infantil, a Educação Física precisa se propor a colocar a criança em um espaço de exploração e de descoberta. Nesse nível de ensino, o aluno necessita estar livre para viver experiências variadas, que ampliem as estruturas motoras, cognitivas e socioafetivas dele. Tudo aquilo que ele não vive, naturalmente, pelo desenvolvimento fisiológico do próprio corpo, ou que não experimenta nas rotinas da vida, deve ser apresentado pela Educação Física. Esse momento é rico para o reconhecimento das potencialidades do corpo e do movimento (BRASIL, 2017; CADERNOS, 2014). O Ensino Fundamental, que tem, como base, toda a aquisição de experiências oriundas da Educação Infantil, apresenta, como meta, demonstrar, ao aluno, como ele pode lidar com todos esses conhecimentos. A Educação Física passa a promover, no aluno, uma capacidade de autonomia perante ações e o reconhecimento de habilidades, competências e forma através da qual as utiliza, ao fazer com que os objetivos de aprendizagens sejam mais concretos, isto é, as habilidades a serem conquistadas devem emergir das dimensões do conhecimento, incluindo subsídios para uma postura mais emancipada e crítica. Finalizado o processo da Educação Básica, a Educação Física, no Ensino Médio, deve utilizar as habilidades já conquistadas e os conhecimentos incorporados para que sejam mobilizados a ampliar o protagonismo dos alunos frente às próprias ações, decisões e posicionamentos. Nessa etapa da formação, é preciso que o aluno seja colocado em situações reais da vida cotidiana para que ele experimente tomadas de decisões, escolhas de posturas, relacione-se e se comunique, além de que se reconheça como cidadão atuante. 2.3 ANÁLISE DA BNCC NA EDUCAÇÃO FÍSICA Com relação à compreensão de currículo como construção de um mapa educacional, a BNCC se submete ao debate curricular, o que proporciona a compreensão de significados, com a definição dos conteúdos a serem trabalhados nas aulas de Educação Física escolar, conforme os ciclos de escolarização nos quais os estudantes estão matriculados (BRASIL, 2017; NEIRA, 2018). O texto da BNCC, de acordo com Neira (2018), apresenta competências gerais por área e por componente curricular, sendo que cada componente tem unidades temáticas específicas; objetos de conhecimento que segmentam essas unidades; e, por fim, habilidades decorrentes de tais objetos. Como exemplo, para a Educação Física para oitavo e nono anos, as interações e as formas de estudo aumentam a flexibilidade para a delimitação de currículos e propostas curriculares, o que se adequa às realidades locais e se refere a objetos de conhecimento em cada unidade temática. 94 Figura 1 – Processo de organização curricular Fonte: adaptada de Brasil (2017) A respeito das práticas corporais mobilizadas nas aulas de Educação Física para o Ensino Médio, acesse https://revistas.ufg.br/fef/article/ view/39029 e leia o texto A Educação Física no Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e Tecnológica: Percepções Curriculares. DICA 3 ESTRUTURAÇÃO DOS CONTEÚDOS A estruturação de conteúdos, para o ensino da prática corporal, consiste no conhecimento de recursos disponíveis para estruturá-los e ensiná-los, com um ajuste de acordo com as habilidades e as competências dos alunos, o que permite, ao professor, que consiga elaborar, adaptar e aplicar as propostas didático-pedagógicas. Trata-se do conhecimento do planejamento, da utilização de teorias e de manuais, da aplicação de exercícios e de recursos didáticos e dos modelos curriculares. O conhecimento dos conteúdos curriculares de Educação Física, para o ensino de esportes de raquete, deve reunir modalidades com características de arremesso, lançamento e rebote,a fim de fornecer um entendimento das concepções didáticas do ensino do jogo. Com isso, os modelos curriculares consistem na estruturação do conhecimento dos conteúdos para o processo de ensino-aprendizagem com os papéis de professor e aluno. 95 O professor necessita compreender estratégias para o ensino da prática corporal nas unidades temáticas propostas para o desenvolvimento dos esportes de raquete, de forma a experimentar as modalidades de rede/parede, a identifi car os elementos comuns e a elaborar estratégias de ensino individuais e coletivas para a execução. 3.1 ELABORAÇÃO DE CONTEÚDOS DE ENSINO Na elaboração de conteúdos de ensino e de objetivos de aprendizagem, é preciso pensar na relação que eles devem ter. O que ensinaremos? Qual é a unidade temática a ser trabalhada e quais são os conteúdos que emergem dela? Com que dimensões do conhecimento esses conteúdos devem ser desenvolvidos? O exemplo a seguir retratará a relação e poderá ser utilizado como exemplo para um planejamento, incluindo uma nova construção de combinações entre as unidades temáticas e as dimensões do conhecimento. Figura 2 – Planejamento de conteúdos e objetivos Fonte: adaptada de Brasil (2017) 96 Então, a manutenção da proposta de ensino, de forma atrativa, passa pelo respeito às diferenças, e têm, as aulas propostas não direcionadas, a técnica dos movimentos, mas proporciona novas formas de ensino, de jogo, de movimento e amplia o conhecimento das potencialidades de aprendizagem. 3.2 ABORDAGENS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS As dimensões predominantes, no âmbito escolar, são conceitual, procedimental e atitudinal na Educação Física escolar, com o predomínio do “saber fazer”, que é a dimensão procedimental em desvantagem do conhecimento teórico do objeto de estudo, denominado de dimensão conceitual, além da vivência de atitudes atreladas às práticas corporais, como dimensão atitudinal, na aula desse componente curricular e de forma obrigatória (BRASIL, 2017). As dimensões, segundo Biedrzycki et al. (2020), são propostas, como a dimensão conceitual, que se refere ao conjunto de fatos, de objetos ou de símbolos, a partir do qual o aluno deve saber o porquê de desenvolver um jogo, ou um outro tipo de jogo. Na dimensão procedimental, o aluno necessita conhecer o que fazer, como saber as regras, as técnicas, os métodos, as habilidades e as estratégias. É um conjunto de ações ordenadas que tem, como proposta, a realização de um objetivo. Já a dimensão atitudinal agrupa valores, atitudes e normas, como cooperação, inclusão, pluralidade cultural e resolução de conflitos. Os conteúdos conceitual, procedimental e atitudinal, para a aplicação, encontram-se mesclados, e não de forma individualizada. De acordo com Biedrzycki et al. (2020), a partir da compreensão do papel das dimensões conceitual, procedimental e atitudinal, no ensino sistematizado da Educação Física escolar, tem-se a definição do que se entende por conteúdo de uma disciplina, incluindo os conteúdos que compõem o conjunto teórico-prático desse componente curricular obrigatório da Educação Básica. Assim, os conteúdos constituem a base objetiva do que deve ser ensinado em um contexto escolar, de acordo com os ciclos de escolarização: • Descrever o papel das dimensões conceitual, procedimental e atitudinal no ensino da Educação Física escolar. • Discutir a respeito da importância das dimensões conceitual, procedimental e atitudinal na Educação Física escolar, na matriz curricular. • Relacionar as dimensões conceitual, procedimental e atitudinal aos conteúdos da Educação Física escolar. O esporte possui um papel de ferramenta de interferência pedagógica social a minimizar problemas de marginalização de crianças e jovens. Apresenta quatro pilares, e utiliza os princípios de educação da UNESCO (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver), os quais, no ensino dos esportes, contribuem, não somente, com as formações física, motora e técnica do praticante, mas, também, com a formação de cidadãos capazes de produzir novos significados para a cultura esportiva (FAVARO, 2020): 97 • Aprender a conhecer – competências cognitivas. • Aprender a fazer – competências produtivas. • Aprender a conviver – competências relacionais. • Aprender a ser – competências pessoais. Enfatiza-se o papel do professor em estimular o aluno a tomar as próprias decisões em situações de jogo, com uma base pautada pelos princípios éticos, educativos, formativos e de importância para o desenvolvimento do aluno, a fim de tratá-lo como um todo, não como uma soma das partes. Então, a relação da Educação Física e das dimensões dela, pela BNCC, aponta subsídios para o desenvolvimento, assim, o professor deve mediar a construção de saberes com os alunos, através de práticas corporais; de um conjunto de conhecimentos que permite a ampliação da consciência corporal dos próprios movimentos; do desenvolvimento de autonomia para a apropriação dessas práticas; e da utilização da cultura corporal de movimento, que favorece a participação, com a consolidação do aprendizado na prática esportiva de raquete. Tudo isso caracteriza as modalidades de se arremessar, lançar ou rebater uma bola, ou uma peteca, em direção à quadra adversária (BRASIL, 2017). 3.3 CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO AMPLIADO Com relação à concepção do currículo ampliado, o eixo curricular delimita o que a escola pretende explicar aos alunos e até onde a reflexão pedagógica é realizada. Através do currículo, delineia-se o quadro curricular, ou seja, a lista de disciplinas, de matérias ou de atividades curriculares. O currículo é capaz de dar conta de uma reflexão pedagógica ampliada e comprometida com os interesses dos envolvidos com o eixo: a constatação, a interpretação, a compreensão e a explicação da realidade social complexa e contraditória. Isso exige uma organização curricular em outros moldes, de forma a desenvolver um outro posicionamento da realidade, um posicionamento dialético, a partir do qual o aluno seja capaz de fazer uma outra leitura. Ainda, é importante que se criem as condições de transmissão e de assimilação dos conteúdos propostos no currículo, como uma forma de expressão da cultura. 3.4 ALGUNS PRINCÍPIOS CURRICULARES O conhecimento dos princípios curriculares reflete a direção epistemológica e informa os requisitos para se selecionarem, organizarem e sistematizarem os conteúdos de ensino. Esse conhecimento aparece a partir de diversos conteúdos, experiências e vivências assimilados e, até mesmo, ressignificados pela humanidade. Entretanto, necessita ser mediado pelo professor, para que se criem condições do aprendizado. 98 São abordados princípios curriculares importantes nos processos de seleção de conteúdos, como: processo de seleção de conteúdos de ensino – explicação da realidade social concreta e oferecimento de subsídios para a compreensão dos determinantes sócio-históricos do aluno; contemporaneidade do conteúdo – seleção, que deve garantir, aos alunos, o conhecimento do que de mais moderno existe no mundo contemporâneo, a fim de mantê-los informados dos acontecimentos nacionais e internacionais; adequações às possibilidades sociais e cognoscitivas do aluno – no momento da seleção, competência para adequar o conteúdo à capacidade cognitiva e à prática social do aluno, ao conhecimento dele e às possibilidades enquanto sujeito histórico; simultaneidades dos conteúdos – os conteúdos de ensino são organizados e apresentados, aos alunos, de maneira simultânea; provisoriedade dos conhecimentos – uma explicação, ao estudante, que a produção humana, seja intelectual, científica, ética, moral, afetiva etc., expressa um determinado estágio da humanidade e que não foi assim em outros momentos históricos; e princípios da lógica dialética – compreensão de como o conhecimento foi produzido, historicamente, pela humanidade, incluindo o papel na história dessa produção. 3.5 CICLOS DE ESCOLARIZAÇÃOOs ciclos de escolarização são conteúdos de ensino tratados simultaneamente, referências que vão se ampliando no pensamento do aluno e de forma espiralada, ou seja, desde o momento da constatação de um ou de vários dados da realidade ao mesmo tempo, até interpretá-los, compreendê-los e explicá-los. • Primeiro ciclo: Pré-escola até a 3ª série. É o ciclo de organização da identidade dos dados da realidade. Os dados aparecem (são identificados) de forma difusa, misturados. Nesse ciclo, o aluno se encontra no momento da "experiência sensível", no qual prevalecem as referências sensoriais em relação com o conhecimento que tem. • Segundo ciclo: Da 4ª até a 6ª série. É o ciclo de iniciação da sistematização do conhecimento. Nele, o aluno adquire a consciência da própria atividade mental, das possibilidades de abstração. Confronta os dados da realidade com as representações de pensamento. • Terceiro ciclo: Da 7ª até a 8ª série. É o ciclo de ampliação da sistematização do conhecimento. O aluno amplia as referências conceituais do pensamento e toma consciência da atividade teórica, ou seja, de que uma operação mental exige a reconstituição dessa mesma operação na imaginação para atingir a expressão discursiva, a leitura teórica da realidade. • Quarto ciclo: 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. É o ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento. Nele, o aluno adquire uma relação especial com o objeto, que permite refletir a respeito dele. Anos Iniciais do Ensino Fundamental são propostos na BNCC, organizados em dois blocos (1º e 2º anos e 3º ao 5º ano), já com adequação às realidades locais (BRASIL, 2017). 99 Habilidades de Educação Física para o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Finais estão sendo propostas na BNCC, organizadas em dois blocos (6º e 7º anos e 8º e 9º anos), inseridos nas áreas de Linguagens e suas Tecnologias (BRASIL, 2017). Na BNCC para o Ensino Médio, a abordagem integrada da cultura corporal de movimento, na área de Linguagens e suas Tecnologias, aprofunda e amplia o trabalho realizado no Ensino Fundamental (BRASIL, 2017). 3.6 CONFRONTO DAS PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA O objeto de estudo, na perspectiva da Educação Física escolar, é o desenvolvimento da aptidão física do homem. Apoia-se nos fundamentos sociológicos, filosóficos, antropológicos, psicológicos, e, enfaticamente, nos biológicos para educar o homem forte, ágil, apto, empreendedor, que disputa uma situação social privilegiada na sociedade competitiva de livre concorrência: a capitalista. O que se pretende que o aluno apreenda é o exercício de atividades corporais que permita, a ele, atingir o máximo rendimento da própria capacidade física. Os conteúdos são selecionados de acordo com a perspectiva do conhecimento que a escola elege para apresentar ao aluno. Assim, de forma a integrar as pessoas no universo da cultura corporal, de forma que possam, dela, usufruir para melhorar a qualidade de vida, o que, realmente, interessa é a participação ativa em atividades físicas, como jogos, danças, esportes e ginástica, e não o consumo passivo, do tipo alimentado pela mídia (BETTI, 1993). 3.7 ASPECTOS FÍSICOS E COMPETÊNCIAS ASSOCIADAS Para um entendimento melhor dos aspectos que compõem os processos de ensino do esporte (Pedagogia e/ou Educação Física), precisa-se analisar as abordagens do esporte. Não se envolvem, apenas, condições físicas e níveis de habilidades motoras do praticante, mas, também, aspectos táticos e técnicos da modalidade, como aspectos sociais, comportamentais e valores do indivíduo (FAVARO, 2020). Marca presença uma perspectiva atrelada à organização e à sistematização pedagógicas das modalidades esportivas, sejam elas individuais ou coletivas, para a vivência pratica, além da escolha da melhor metodologia para a aplicação (FAVORA, 2020). • Aspecto físico Os aspectos físicos, na pedagogia do esporte, têm o ato motor como resultado da ação e da interação de uma série de capacidades físicas, em adequação com os demais componentes do rendimento esportivo, e envolve alguns fatores, como execução: força e resistência com os aspectos energético e controle, representados pelo sistema nervoso central, que coordena e regula os sistemas muscular e de nutrição (GRECO; BENDA, 1998). 100 A preparação física é constituída pelos métodos e processos de treino, utilizados de forma sequencial e em cima do planejamento, e visam levar o praticante a uma forma física (DANTAS, 2003). A aptidão física é definida, por Dantas (2003) e Greco e Benda (1998), como a capacidade que um indivíduo possui para realizar todas as atividades de vida diária, e para praticar um exercício físico com o menor esforço. Está, intimamente, relacionada com a saúde, ou seja, quanto maior a aptidão física, mais saudável o indivíduo. Pode ser observada, por exemplo, através da flexibilidade, da resistência aeróbica e da força. Dentre os aspectos físicos, há a capacidade de realização de um trabalho muscular de maneira satisfatória. Ao estar apto fisicamente, o indivíduo possui condições que permitam, a ele, um bom desempenho motor quando solicitado em situações que envolvam esforços físico. • Aspecto técnico Está caracterizado pela interação de dois momentos: por um lado, o processo de aprendizagem motora, com o objetivo de estabelecer base sólidas para o domínio de habilidades motoras; e, por outro, o desenvolvimento da capacidade gestual específica à solução de tarefas em diferentes modalidades esportivas, precisa e eficiente (GRECO; BENDA, 1998). Trata-se de uma interpretação, no tempo, no espaço e na situação, do meio instrumental operativo inerente à concretização da resposta para a solução de tarefas, ou de problemas motores, assim, é um conjunto de atividades e de ensinamentos que o praticante assimila ao visar à execução do movimento desportivo com um máximo de eficiência e com um mínimo de esforço (DANTAS, 2003). Todo gesto corporal precisa de técnica, uma vez que é dotado de tradição e de eficácia. Assim, é possível equiparar as técnicas corporais às demais técnicas humanas, como as de cozimento de alimentos, de plantio, de adorno etc., um conjunto de movimentos considerados eficientes e perfeitos para as finalidades de determinada modalidade esportiva, a fim de dividi-los em estágios de uma sequência pedagógica para o ensino. • Aspecto tático Atuar, tecnicamente, em um jogo ocasiona estar capacitado para se sobrepor às exigências dele. Está, diretamente, na relação de interdependência e em interação com as capacidades cognitivas, técnicas e físicas do objetivo de contribuir para um comportamento ótimo na competição (GRECO; BENDA, 1998), um conjunto de procedimentos que deve assegurar, ao praticante, a utilização dos princípios técnicos mais adequados para cada situação do jogo, da competição ou do adversário (DANTAS, 2003). 101 3.8 COMPETÊNCIAS ASSOCIADAS Quando se fala de uma atividade física, não se pode esquecer de que existe uma variedade quanto à intensidade praticada por cada indivíduo, diretamente, relacionada com a melhora da aptidão física e a relação dela com a saúde, ou seja, quanto maior a aptidão física do indivíduo, mais saúde, consequentemente. Os indivíduos que realizam atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa conseguem atingir importantes benefícios para a saúde, assim, existe uma variação entre os sujeitos quanto às intensidades dos diferentes tipos de atividade física. Feita a reflexão, encararemos um tópico de muita importância na iniciação esportiva, a competição, associada aos aspectos físico, técnico e tático, para o desenvolvimento de competências que possam ampliar o repertorio motor do aluno. Por muito tempo, o esporte foi visto como uma prática de valorização da competição que, por consequência, exigia seletividade. Assim, privilegiavam-se os mais habilidosos, ágeis e fortes. Entretanto, essa ideia era extrema, e competir pode ter outros atores e contextos. Assim, osmodelos de treinamento físico, técnico e tático possuem competências associadas, através de considerações de processos cognitivos que interferem em comportamentos (GRECO; BENDA, 1998). 102 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A BNCC assegura, ao aluno, por meio da prática corporal, o desenvolvimento de competências gerais, que ampliem o repertório de conceitos e procedimentos dele. • Os princípios para cada componente curricular apontam orientações para o trabalho pedagógico dos professores, para a contextualização das práticas corporais, para as unidades temáticas e para as dimensões dos conhecimentos que a BNCC propõe. • Na BNCC, as competências gerais são por área e por componente curricular, e cada componente tem unidades temáticas específicas, objetos de conhecimento que se segmentam. • As dimensões predominantes, no âmbito escolar, são conceitual, procedimental e atitudinal na educação física escolar. As escolhas didático-pedagógicas para o processo de formação integral do aluno buscam ações que promovam uma aprendizagem significativa e de qualidade. • A compreensão do currículo ampliado e dos princípios dele, incluindo os ciclos de escolarização e o confronto das perspectivas de ensino na Educação Física, marca presença. 103 RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE 1. Deve-se assegurar, ao aluno, o desenvolvimento de competências gerais que ampliem o repertório de conceitos e procedimentos, incluindo práticas cognitivas e socioemocionais e atitudes e valores para a resolução de demandas complexas na vida cotidiana. Assim, a respeito de competências gerais da Educação Básica, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Valorizar e utilizar os conhecimentos, historicamente, construídos dos mundos físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. b) ( ) Exercitar a curiosidade tecnicista e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise técnica, a imaginação e a criatividade para investigar causas. c) ( ) Valorizar a competição de diversas manifestações esportivas, das locais às mundiais, incluindo práticas diversificadas do esporte. d) ( ) Compreender, utilizar e criar planos digitais de informação, técnica, tática e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas esportivas (incluindo as escolares). 2. A BNCC é um documento implementado pelo Mistério da Educação, em busca de abranger os princípios para cada componente curricular e apontar orientações para o trabalho pedagógico dos professores (BRASIL, 2017). Com base nos objetivos desenvolvidos em cada habilidade e competência, analise as sentenças a seguir: I- Desenvolvimento de competências: tomar decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. II- Educação integral: assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica. III- Base Nacional Comum Curricular e currículos: propor o desenvolvimento humano global, a fim de assumir as visões plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto, e considerá-los como sujeitos de aprendizagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente as sentenças II e III estão corretas. c) ( ) Somente a sentença I está correta. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 104 3 Com relação ao conceito de conteúdo, com dimensões atitudinais, conceituais e procedimentais, propõe conteúdos que formem a base objetiva do conhecimento sistematizado, viabilizados pelos métodos de transmissão e assimilação. Então, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Dimensões conceituais: conhecer as transformações pelas quais passa a sociedade em relação a hábitos de vida e relacioná-las com as necessidades atuais de atividade física. ( ) Dimensões procedimentais: vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos de esportes, danças, ginásticas, lutas e capoeira. ( ) Dimensões atitudinais: valorizar o patrimônio de jogos e brincadeiras do contexto. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – F. 4. A BNCC apresenta 10 competências gerais que os estudantes devem adquirir ao longo da Educação Básica para se desenvolver de forma integral e se preparar para a vida, o trabalho e a cidadania no século XXI (BRASIL, 2017). É um conjunto integrado de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores a ser abordado, de forma articulada, por todos os campos de experiência e componentes curriculares, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Assim, disserte a respeito dessas 10 competências gerais para a Educação Física que a BNCC apresenta para a Educação Básica. 5. A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais com diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. Nessa concepção, o movimento humano está, sempre, inserido no âmbito da cultura, e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal, ou do corpo todo. Nesse contexto, disserte a respeito das práticas corporais que abordam o fenômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. AUTOR, A. B. C. Fonte para questão conforme padrão INEP. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2022. 105 MÉTODOS DE ENSINO VOLTADOS PARA A INICIAÇÃO EM ESPORTES DE RAQUETE 1 INTRODUÇÃO Na unidade anterior, conhecemos os esportes de raquete, um pouco das metodologias e da história delas. Vimos que são modalidades que vêm crescendo, com a prática, principalmente, no esporte competitivo. A modalidade esportiva com raquete tem requisitos motores específicos, o que ocasiona a necessidade de definição de mecanismos para o ensino-aprendizagem em relação ao esporte. Assim, os primeiros contatos com o esporte podem definir a continuação nele e uma estrutura consistente no processo de iniciação esportiva. Diversos aspectos devem ser considerados para a escolha do método mais adequado no ensino de modalidades esportivas com o uso de raquetes. Todavia, as opções pelas estratégias pedagógicas esportivas devem considerar aspectos do indivíduo, do ambiente e das tarefas e as contínuas alterações que ocorrem a partir dos comportamentos dos praticantes. Por isso, a iniciação esportiva propicia adaptações à faixa etária e ao nível de desenvolvimento que explorem as diferentes demandas do esporte. Para elucidar a temática relacionada à iniciação esportiva, neste tema de aprendizagem, trabalharemos os elementos da iniciação esportiva universal, a importância, as estratégias dos jogos e como se estrutura a formação para os esportes de raquete. Em seguida, serão abordadas discussões a respeito da iniciação dessa estrutura de formação esportiva como modalidade. Por fim, serão apontados elementos do treinamento esportivo. 2 PROPOSTAS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA DIRECIONADAS PARA ESPORTES DE RAQUETE Os esportes são abordados com o intuito de sistematização da prática, baseados nos exercícios físicos e no treinamento para o desenvolvimento das diferentes modalidades esportivas, entretanto, o processo de construção do conhecimento, como as abordagens metodológicas, vem com a tentativa de organizar o esporte (FAVARO, 2020). UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 106 • Ensino dos jogos, das regras: os jogos não devem ser utilizados, apenas, como o meio para o desenvolvimento de habilidades e de capacidades variadas. É importante o ensino desses jogos, com uma lógica particular, as regras (TORRES; GAYA, 2001). A análise de diferentes abordagens pedagógicas se considera o desenvolvimento dos processos metodológicos, particularmente, nos esportes coletivos,e ensina mais do que o esporte. Contudo, deve-se refletir a respeito de “como ensinar o esporte” com os aspectos vinculados ao “ensinar pelo esporte”. • Aprendizagem dos procedimentos técnicos: é uma parte dos pressupostos necessários para que, dentro de uma situação de jogo, os praticantes sejam capazes de resolver os problemas que o jogo apresenta. O desenvolvimento da aprendizagem técnica possibilita o acesso a um bom nível de jogo (TORRES; GAYA, 2001). A sequência metodológica da aprendizagem dos procedimentos técnicos se centra nos jogos de inteligência e criatividade tática. Assim, inverte-se a noção do senso comum, que inicia a aprendizagem pela técnica, e se busca, nessa proposta, enfatizar o processo de aprendizagem pela tática. Portanto, a sequência geral pode ser, assim, resumida: o Processo de aprendizagem dos conteúdos táticos: compreende (1) aprendizagem das capacidades táticas básicas, (2) das estruturas funcionais gerais e (3) das estruturas funcionais direcionadas. o Complementação com os processos de aprendizagem motora: (1) treinamento de coordenação; e (2) habilidades técnicas. • Treinamento técnico-tático: treinamentos técnico, tático e integrado. • Capacidades de adaptação: as capacidades de adaptação devem ser solicitadas e estimuladas em cada situação de jogo e ajustadas a nível de desenvolvimento do praticante às exigências requeridas (TORRES; GAYA, 2001). A captação da informação, relativa à particularidade da situação, para a concretude de uma tomada de decisão, é importante nessa situação de jogo para encontrar a solução de um problema que se defronta, e é preciso agir de modo contrário à previsibilidade, o que significa, muitas vezes, que a criança precisa criar soluções para se “adaptar” à imprevisibilidade do jogo. • Exercício para o ensino dos desportos: esses exercícios devem ter acessíveis execução, explicação e compreensão, de fácil e rápida organização. Por isso, trata-se de uma abordagem centrada no aluno. Esse modelo de ensino pretende proporcionar uma compreensão das técnicas e das táticas necessárias para se obter sucesso em 107 uma variedade de jogos, além de almejar e fomentar a motivação para continuar a participação desportiva. Com o objetivo de superar a abordagem de ensino tradicional, apresentam-se os jogos esportivos modificados, que se baseiam na abordagem da compreensão dos jogos, sendo que todos e cada um dos alunos podem participar da tomada de decisões. O ensino progride através da tática de um jogo, ao invés das habilidades técnicas. Centra a ênfase no ensino do jogo em detrimento do ensino das técnicas que o compõem, uma alternativa para a metodologia de ensino de jogos para a compreensão (Teaching Games for Understanding - TGFU), com seis passos: (1) jogo; (2) apreciação do jogo; (3) consciência tática; (4) tomada de decisão; (5) habilidade de execução; (6) e performance em competição. • Situações de aprendizagem: sistematização e hierarquização dos requisitos são necessárias para um jogo, tendo em conta todo o repertório motor que o praticante possui e é capaz de realizá-lo. Esse praticante, nas etapas iniciais da aprendizagem, não deve, apenas, familiarizar-se com a bola e com o controle dela, mas que seja desafiado a desenvolver a comunicação, a não comunicação e a noção de ocupação do espaço do jogo. Ainda, os jogos e as formas deles podem ser adaptados para uma continuidade das ações e das possibilidades de concretização delas, e que as situações-problema das formas jogadas contenham as características fundamentais do jogo (TORRES; GAYA, 2001). O desenvolvimento de uma formação esportiva passa por um processo planejado e sistemático, que se inicia na infância. Ainda, a função do sistema de formação esportiva se restringe através de linhas de ação e conceitos filosóficos, políticos, sociais e conteúdos que abrangem o processo de ensino-aprendizagem (GRECO; BENDA, 1998). A aquisição de experiências motoras e de jogo, na infância, que ampliem o repertório motor, segundo Greco e Benda (1998), é significativa para a aprendizagem de habilidades motoras essenciais para a organização, a estruturação e o funcionamento do sistema de formação esportiva, relacionadas estruturas inerentes para a formação do indivíduo. 108 Figura 3 – Estrutura do sistema de formação esportiva Fonte: adaptada de Greco e Benda (1998) 109 As estruturas de uma formação esportiva que constituem o sistema nas formas administrativa, institucional e temporal, incluindo conteúdos e áreas de aplicação, caracterizam uma unidade interdependente, ou seja, os objetivos e as metas propostas devem ser harmônicos e integrados para o funcionamento da aprendizagem existente em cada uma das estruturas apresentadas. A relação dos objetivos e dos conteúdos das estruturas será descrita a seguir. 2.1 ESTRUTURA DE ADMINISTRAÇÃO O sistema de formação esportiva deve conter uma estrutura de administração que precisa reger, sistematizar e operacionalizar as diferentes formas de manifestação. Assim, cada segmento esportivo se organiza, promove e operacionaliza a prática dos esportes de raquete. A administração se coaduna em diferentes instituições que desenvolvem, em vários planos, as formas de manifestação da atividade física, com diferentes níveis hierárquicos e de decisões (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). A administração pode ser definida como os gerenciamentos técnico, administrativo e esportivo de uma organização (clube, academia, escolinha, federação, confederação esportiva etc.), com a atividade-fim de desenvolvimento esportivo. 2.2 ESTRUTURA INSTITUCIONAL É composta por um sistema de inter-relações entre diversos órgãos e instituições, como ministérios, secretarias de esporte, federações, clubes, escolas, dentre outros, que estruturam e organizam, formal e informalmente, as possíveis atividades esportivas de raquete. Ainda, contém níveis distintos de atividade física e esporte que são oferecidos aos praticantes (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). 2.3 ESTRUTURA DE APLICAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA É caracterizada por diferentes formas através das quais o esporte e a atividade física são desenvolvidos, com expressões esportivas no lazer, na prevenção de saúde, na recuperação e na reabilitação e no rendimento, incluindo o esporte profissional/alto nível. O esporte de lazer contempla as atividades esportivas formais ou informais, as quais podem ser realizadas com objetivos de recreação, lazer e ocupação do tempo livre. O prazer de se fazer a atividade física é o objetivo. O esporte de prevenção da saúde é uma forma de atividade esportiva formal ou informal, com o objetivo de manutenção da saúde (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). O esporte escolar é uma atividade esportiva formal, desenvolvida dentro da escola, na aula de Educação Física, em diferentes momentos do processo de ensino- aprendizagem da Educação Básica. 110 O esporte de recuperação, segundo Greco e Benda (1998), é a atividade desenvolvida com o objetivo de melhoria, ou de recuperação, para o restabelecimento de órgãos, ou de tecidos, a partir de lesões, ou cirurgias, decorrentes de uma prática esportiva, ou não. Por fim, no esporte de rendimento, a característica primordial é a manifestação esportiva que gera um resultado oriundo de participações em competições formais, organizadas periodicamente e reguladas por instituições esportivas. 2.4 ESTRUTURA DOS CONTEÚDOS (CAPACIDADES) Os conteúdos são caracterizados pelas capacidades inerentes a uma ação motora em qualquer nível de expressão de atividade física. São constituídos pelas capacidades que desenvolvem uma ação esportiva em diferentes níveis de performance. As capacidades biotipológicas são as física, técnica e tática, que possuem uma relação direta de dependência com os fatores do genótipo e do fenótipo. O genótipo é responsável pelo potencial do atleta, como composição corporal, biotipo, altura máxima esperada, força máxima e percentual de fibras muscularesde diferentes tipos. Já o fenótipo representa a evolução das capacidades envolvidas no genótipo, como capacidade de adaptação ao esforço e das habilidades esportivas e extensão da capacidade de aprendizagem do aluno (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). As capacidades socioambientais são o esporte e a atividade física, a partir dos quais os indivíduos fazem contato entre si, interagem e atuam conjuntamente. Assim, frente a um confronto de jogos esportivos, cada equipe é composta por um grupo organizado e estruturado, e os integrantes possuem objetivos comuns e contemplados por todos, com responsabilidades distribuídas entre eles, e com uma organização coletiva que promove a coesão da equipe (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). As capacidades psíquicas são as emoções, as quais têm uma função imediata de organização de uma ação que objetiva a preparação, a condução e a avaliação. Assim, podem ser definidas como capacidades psíquicas com pré-requisitos aprendidos ou baseados na aptidão, com o desenvolvimento de processos internos de estimulação, de regulação e de direção dos movimentos (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). As capacidades físicas são o ato motor, o resultado de uma ação e da interação de uma série de capacidades físicas em adequação com os demais componentes do rendimento esportivo, como: 111 Figura 3 – Estrutura do sistema de formação esportiva Fonte: adaptada de Greco e Benda (1998) As capacidades motoras são caracterizadas pelo consumo energético no nível da célula muscular. A resistência é a capacidade de suportar a fadiga, ou de se recuperar, rapidamente, do esforço físico. Pode ser geral, especial, aeróbica, anaeróbica, estática ou dinâmica. Já a força muscular é definida como a força de todos os grupos musculares, classificada de acordo com as formas de manifestação: máxima (estática ou dinâmica), de força e de explosão (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). As capacidades coordenativas são determinadas pelos processos de regulação e de orientação do movimento, a fim de potencializar o indivíduo a dominar as ações motoras em situações previsíveis e imprevisíveis e nos aprendizados de movimentos esportivos. A coordenação está ligada à capacidade de aprendizagem. As capacidades mistas são as de flexibilidade e de velocidade. A flexibilidade é a liberdade de movimento, ou seja, a mobilidade, a amplitude de movimento de uma articulação, ou de um grupo de articulações. Já a velocidade é determinada pelas capacidades coordenativas e pelos parâmetros musculares e neurais. 112 Para se aprofundar mais no ensino da iniciação esportiva, acesse https://www.youtube.com/watch?v=Po84NfLznOE. DICA As capacidades técnicas são caracterizadas pelo processo de aprendizagem motora, a partir do qual o objetivo é ampliar as habilidades e as competências motoras com um sólido nível de rendimento das capacidades coordenativas, porém, com o desenvolvimento da capacidade gestual específica para a solução de tarefas em diferentes modalidades esportivas. Contudo, a técnica é uma interpretação, no tempo, no espaço e na situação, por um repertório de gestos próprios da especialidade esportiva (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). Por fim, as capacidades táticas estão inter-relacionadas aos fatores espaço – tempo – bola/peteca – colega – adversário dentro de uma situação de jogo, com capacitação para se sobrepor às exigências que esse jogo propõe. Então, são um conjunto complexo dos processos psíquico, cognitivo e motor para a condução de tomadas de decisões adequadas para a resolução de tarefas, de problemas de jogos, com um comportamento adaptado às situações desse jogo ou de uma atividade (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). 2.5 ESTRUTURA TEMPORAL Na estrutura temporal, veremos a sequência de fases e os momentos que devem caracterizar os diferentes níveis do rendimento esportivo, incluindo faixas etárias diversas. Assim, o processo de ensino-aprendizagem visa à melhoria do nível de desempenho em uma atividade esportiva de esportes de raquete. Na fase pré-escolar, de acordo com Greco (1998), dentro da Educação Básica, a criança percorre por algumas etapas, com movimentos reflexos (estímulos para que o movimento se realize), rudimentares (voluntários) e fundamentais (com equilíbrio, manipulativo e locomotor). Então, o processo de ensino-aprendizagem é caracterizado dentro das três áreas de manifestação da aprendizagem, na unidade e na complexidade dos sistemas de cognição, de emoção e de motivação. 113 Na fase universal, Greco (1998) e Greco e Benda (1998) citam que crianças dos seis aos 12 anos têm, nessa fase, habilidades básicas de locomoção, de manipulação e de estabilização, as quais podem participar de atividades motoras mais complexas. Na iniciação esportiva universal, identificam-se dois estágios de movimentos relacionados ao esporte: geral, ou transitório (acontece dos sete aos 10 anos, com uma combinação e uma aplicação das habilidades motoras fundamentais), e das habilidades específicas (ocorre dos 11 aos 13 anos, com um desenvolvimento dos aspectos cognitivo e físico). Desenvolvem-se, dos seis aos 12 anos, as capacidades motora e coordenativa, de forma geral, com a ampliação das habilidades e das competências. Dentro da fase de orientação, que se inicia dos 11, ou dos 12 anos, e vai até os 14, acontece a automatização de grande parte dos movimentos, com consonância do praticante para a percepção de outros estímulos. A partir das regras dos esportes de raquete, o aluno busca o aperfeiçoamento do movimento para uma melhora da resposta motora. Assim, a nível de rendimento, ocorrem o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades física e técnica, contudo, a técnica é trabalhada de forma global, com a procura pela automatização/estabilização, sem o aprimoramento do gesto técnico. Nos jogos, esse gesto, em qualquer forma de organização, é proposto a partir de um sentido recreativo (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998; GINCIENE et al., 2019). A fase de direção começa por volta dos 13 e dos 14 anos, e vai até os 16. Iniciam- se o aperfeiçoamento e a especialização técnica nos esportes de raquete, com destaque para a importância da iniciação esportiva como caminho para a formação global do ser humano, potencializados os desenvolvimentos psicomotor e de capacidades cognitivas, a manutenção da saúde e a prática de atividades físicas e esportivas continuamente. A fase de especialização começa nos 15 ou 16 anos, e tem abrangência até os 18. O indivíduo possui um desejo individual para a participação de atividades que têm um número limitado de movimentos, mas isso depende da habilidade e da competência do sujeito, como talento, oportunidades, condições físicas e motivação. Desenvolve e aperfeiçoa a regulação dos programas motores, a organização de programas para a realização, por meio dos treinamentos técnico e tático (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). A fase de aproximação/integração acontece dos 18 aos 21 anos, e apresenta uma fase na qual o jovem se encontra quase finalizado, ampliada de acordo com o biotipo corporal e os traços do perfil psicológico. A fase de aproximação permite uma integração com a próxima fase, sendo que alguns conseguem alcançar o rendimento e outros percorrem pelo esporte amador (GRECO, 1998). O alto nível é uma fase na qual o indivíduo precisa ter estabilização e os domínios técnico, tático e psíquico aprimorados, com o aumento das cargas de treinamento, volume, intensidade e densidade, dirigido para o processo de otimização dos processos cognitivos. 114 Por fim, a fase de recuperação/readaptação visa à readaptação do ex-atleta para a aplicação de atividades físicas e programas adequados para um programa de destreinamento, e de forma gradativa, o que direciona a prática esportiva como uma forma de benefício à saúde (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). 3 SISTEMA DE PREPARAÇÃO ESPORTIVA PARA ESPORTES DE RAQUETE O desenvolvimento das preparações técnica e tática é um componente de treinamentodesportivo, com o planejamento responsável pela melhoria das possibilidades técnicas e táticas dos alunos que tendem a influenciar em um jogo, em uma competição e para o aprimoramento do que está envolvido. O nível de habilidade nos esportes de raquete inicia pelo desenvolvimento de diversos aspectos, como as preparações física, técnica e tática. Assim, a preparação esportiva deve auxiliar o aluno a suportar uma partida mais longa, um rally mais competitivo, a fim de levá-lo a ter melhoras na técnica, a ampliar a tática e a desenvolver capacidades físicas específicas (BELLI; CHIMINAZZO, 2021). A seguir, abordaremos o conceito e os princípios gerais do treinamento esportivo, incluindo as inter-relações com os componentes técnico, tático e físico. Discursaremos a respeito da importância dos esportes de raquete (modelação de jogo) e das aplicações deles. Por fim, encerraremos com os processos de avaliação, planejamento, execução e monitoramento/controle da preparação esportiva. 3.1 PRINCÍPIOS GERAIS DO TREINAMENTO ESPORTIVO O treinamento esportivo é um fenômeno pedagógico a partir do qual as atividades são organizadas pedagogicamente, a fim de contribuir no processo de aperfeiçoamento do desempenho esportivo, analisados os objetivos, os personagens, os locais e as particularidades da prática que deve ser acompanhada de forma criteriosa e cuidadosa, incluindo a interligação com os componentes técnico, tático e físico (BELLI; CHIMINAZZO, 2021). Na preparação técnica, o aluno passa pelo treinamento das habilidades motoras específicas, dos movimentos que precisa realizar para a prática esportiva, os quais são chamados de fundamentos, ou gestos técnicos. Então, o aluno necessita assimilar e ampliar o próprio repertório motor técnico para o desenvolvimento de novas destrezas motores para a melhora da técnica e o aperfeiçoamento dos gestos técnicos dos esportes de raquete. Como exemplos de fundamentos específicos, utilizaremos os do tênis: saque, forehand, backhand, smash e voleios na direita e na esquerda (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). 115 A preparação tática é desenvolvida para a orientação de uma ação, a fim de preparar o aluno para o desenvolvimento dos sistemas simples aos complexos (ofensivo e defensivo), por intermédio das estratégias de ação. Assim, o aluno assume o conhecimento tático das modalidades e conhece o adversário e a competição, as combinações e as variações das jogadas e o desenvolvimento de um pensamento tático. Nos esportes de raquete, pode-se adotar a tática de exploração dos pontos fracos do adversário para que ele cometa um erro ao tentar devolver a bola, ou a peteca, para o espaço adversário (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; DANTAS, 2003; ILVA; GRECO, 2009; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). A preparação física é uma sistemática de exercícios para melhorar a aptidão física das valências, como força, velocidade, agilidade, coordenação etc. É um meio utilizado para o desenvolvimento das qualidades físicas básicas e específicas do esporte de raquete. É importante para os praticantes desenvolverem velocidade de deslocamento para conseguir chegar em todos os objetos e efetuar os golpes (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). Para saber mais a respeito do treinamento esportivo na infância, acesse https://treinamentoesportivo.com/index.php/treinamento-forca/treino- de-forca-na-infancia-e-adolescencia/. DICA O processo de preparação esportiva tem, como função, a melhora do desempenho em um jogo, além da oferta de uma prática segura e sem risco de lesões. Assim, é importante que esses três aspectos sejam considerados, respeitadas as características e as individualidades de cada contexto. Por exemplo, no caso dos esportes de raquete, a preparação esportiva dá suporte para que o praticante utilize uma raquete para rebater, inúmeras vezes, um objeto, e com segurança, sem sobrecarregar as próprias estruturas corporais e minimizar os possíveis efeitos deletérios dessa prática repetitiva (BALBINOTTI, 2009). 3.2 ENTENDIMENTO DO JOGO OU DO MODELO DO JOGO Na preparação esportiva, o aluno precisa compreender a prática da modalidade e como o jogo, de fato, acontece. Para isso, as informações e as características desse jogo devem ampliar o processo de preparação. Ainda, é preciso entender como o jogo acontece, os aspectos dele, se os alunos conseguem organizar e sistematizar as atividades com 116 qualidade, a fim de contribuir para a melhora do desempenho esportivo. Como exemplo, podemos citar a prática de quantificação, durante uma partida de tênis, do golpe que é executado com uma maior frequência; verificação do tempo médio de rally em uma partida de badminton; ou, ainda, a intensidade do jogo por meio de uma partida de squash ou do tênis de mesa. Essas e outras variáveis devem ser compreendidas a partir da realidade do jogo para que possam fundamentar as ações em uma preparação esportiva (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; ILVA; GRECO, 2009; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). Os esportes de raquete são, geralmente, modalidades esportivas que utilizam uma raquete, como tênis, badminton, tênis de mesa e squash, disputados em duas ou quatro pessoas que têm, como objetivo, rebater um objeto (peteca ou bola) em direção à quadra adversária (sobre a rede ou contra a parede), de maneira que o adversário não a alcance, ou não consiga devolvê-la com sucesso. As modalidades de raquete necessitam de uma área específica de jogo e de um obstáculo que o objeto deve transpor. Dessa forma, podemos dizer que raquete, objeto (peteca ou bola), espaço e obstáculo são componentes invariantes dos esportes de raquete, os quais, com as regras das modalidades, proporcionam a prática do jogo, tendo, como principal habilidade motora básica, o “rebater” (GRECO, 1998; ILVA; GRECO, 2009; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). 3.3 SISTEMA DE TREINO DOS ESPORTES DE RAQUETE O esforço desenvolvido em uma partida é chamado de carga de jogo, e os estímulos que são aplicados durante os processos de treino são conhecidos como cargas de treino. Essas cargas são os componentes da preparação esportiva (física, técnica e tática). Então, a aplicação das cargas de treino é orientada em uma série de pressupostos e princípios que beneficiam o delineamento do processo organizado e pedagógico do treinamento. Assim, temos os seguintes princípios: sobrecarga, especificidade, individualidade biológica, continuidade, adaptação e interdependência volume/intensidade (GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). A aplicação dos estímulos deve ser contínua (princípio da continuidade) e crescente (princípio da sobrecarga), para que rompa com a homeostase, a fim de provocar a adaptação do corpo (princípio da adaptação) e restabelecer o equilíbrio corporal. Essa dinâmica de estresse/estímulo e readaptação/recuperação faz a performance esportiva melhorar. Além disso, os estímulos devem ser específicos, respeitar as características da modalidade praticada (princípio da especificidade) e aplicados sob medida, para cada indivíduo (princípio da individualidade biológica). Com relação a um planejamento de treino, a relação entre volume e intensidade de carga, também, deve variar ao longo do processo, mesmo sendo interdependentes (DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). 117 3.4 APLICAÇÃO DE CONCEITOS NO SISTEMA DE TREINAMENTO O entendimento dos conceitos, para a aplicação do sistema de treino, é importante para que o aluno consiga aplicar e entender, na prática, o volume, a intensidade e a densidade de uso no processo do treinamento esportivo. Um sistema de treinamento esportivo é proposto para a obtenção de resultados, com os objetivos de desenvolvimento e de potencialização do aluno, a fim de levá-lo a conhecer as próprias habilidades e competências e considerar a necessidade/interesse do aluno na prática esportiva, o início do processo ensino – aprendizagem – treinamento, os princípios do treinamento esportivo, os pré-requisitos3.3 APRENDIZAGEM MOTORA ........................................................................................................65 3.4 FASES DE COMBINAÇAO TÉCNICO-TÁTICA .......................................................................... 67 3.5 SISTEMAS OFENSIVOS E DEFENSIVOS ................................................................................. 70 4 CONCEPÇÕES ESPORTIVAS DO ESPORTE DE RAQUETE ..............................................72 4.1 ESPORTE EDUCACIONAL ......................................................................................................... 72 4.2 ESPORTE DE PARTICIPAÇÃO ................................................................................................... 73 4.3 ESPORTE DE RENDIMENTO ..................................................................................................... 74 4.4 ESPORTE DE FORMAÇÃO ......................................................................................................... 75 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................76 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 80 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................81 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 83 UNIDADE 2 — PROPOSTA DE ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE ............................. 85 TÓPICO 1 — COMPREENSÃO DA LÓGICA DA BNCC NO ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE ..............................................................................................................................87 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................87 2 BNCC: FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS ..........................................................................87 2.1 BNCC E EDUCAÇÃO FÍSICA.......................................................................................................89 2.2 NÍVEIS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ......................................................... 93 2.3 ANÁLISE DA BNCC NA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................................................................... 93 3 ESTRUTURAÇÃO DOS CONTEÚDOS ............................................................................... 94 3.1 ELABORAÇÃO DE CONTEÚDOS DE ENSINO .......................................................................... 95 3.2 ABORDAGENS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS .................................................................... 96 3.3 CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO AMPLIADO ............................................................................. 97 3.4 ALGUNS PRINCÍPIOS CURRICULARES .................................................................................. 97 3.5 CICLOS DE ESCOLARIZAÇÃO ..................................................................................................98 3.6 CONFRONTO DAS PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................ 99 3.7 ASPECTOS FÍSICOS E COMPETÊNCIAS ASSOCIADAS ........................................................ 99 3.8 COMPETÊNCIAS ASSOCIADAS ...............................................................................................101 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................103 TÓPICO 2 - MÉTODOS DE ENSINO VOLTADOS PARA A INICIAÇÃO EM ESPORTES DE RAQUETE ............................................................................................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................105 2 PROPOSTAS DA INICIAÇÃO ESPORTIVA DIRECIONADAS PARA ESPORTES DE RAQUETE ............................................................................................................................105 2.1 ESTRUTURA DE ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................ 109 2.2 ESTRUTURA INSTITUCIONAL ................................................................................................ 109 2.3 ESTRUTURA DE APLICAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA ......................................................... 109 2.4 ESTRUTURA DOS CONTEÚDOS (CAPACIDADES) ...............................................................110 2.5 ESTRUTURA TEMPORAL .......................................................................................................... 112 3 SISTEMA DE PREPARAÇÃO ESPORTIVA PARA ESPORTES DE RAQUETE .................. 114 3.1 PRINCÍPIOS GERAIS DO TREINAMENTO ESPORTIVO .........................................................114 3.2 ENTENDIMENTO DO JOGO OU DO MODELO DO JOGO....................................................... 115 3.3 SISTEMA DE TREINO DOS ESPORTES DE RAQUETE .......................................................... 116 3.4 APLICAÇÃO DE CONCEITOS NO SISTEMA DE TREINAMENTO .......................................... 117 3.4.1 Processos de treinamento ............................................................................................ 117 3.5 APRENDIZAGEM MOTORA AO TREINAMENTO TÉCNICO/TÁTICO ..................................... 119 3.5.1 Estágios da aprendizagem motora .............................................................................. 119 3.5.2 Experiência na aprendizagem motora ...................................................................... 120 4 MODELO E CONCEPÇÕES DE ENSINO ...........................................................................120 4.1 APRENDIZAGEM TÁTICA .......................................................................................................... 120 4.2 MÉTODO SITUACIONAL ............................................................................................................ 121 4.3 ESTRUTURAS FUNCIONAIS DO JOGO .................................................................................. 121 4.3.1 Capacidade de jogo........................................................................................................ 122 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................125 TÓPICO 3 - ELEMENTOS ESTRUTURANTES DAS TÉCNICAS ESPORTIVAS E GESTOS TÉCNICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 127 2 REQUISITOS MOTORES DE REBATIDA .......................................................................... 127 2.1 GOLPES BÁSICOS DOS ESPORTES DE RAQUETE ............................................................... 128 2.1.1 Tênis de mesa ................................................................................................................... 128 2.1.2 Badminton ....................................................................................................................... 130 2.1.3 Tênis de campo ............................................................................................................... 132 2.2 MÉTODOS DE ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE EM FUNÇÃO DO ESTILO DE ENSINO ............................................................................................................................................ 135 2.3 TREINAMENTO TÁTICO DO ESPORTE DE RAQUETE POR MEIO DOS PROCESSOS COGNITIVOS ....................................................................................................................................da modalidade esportiva e a interação entre os sistemas de treinamento. O sistema de treinamento esportivo gera uma conscientização da prática esportiva e a valorização do tempo livre, sendo um dos princípios da compreensão da prática da atividade física, de modo a enfatizar o processo de ensino-aprendizagem, incluindo o treinamento, o que possibilita a melhoria sistemática, planejada, consciente e longínqua do nível de desempenho da atividade esportiva. Com isso, a construção de um planejamento a longo prazo, e organizado sistematicamente, pode proporcionar a evolução do aluno dentro do sistema de treinamento esportivo. 3.4.1 Processos de treinamento No treinamento esportivo, o planejamento deve ser um processo, uma ação contínua, coerente e prolongada, que vise a um objetivo final. Por isso, as aulas não podem acontecer de forma isolada. Deve haver uma relação entre elas, com foco no objetivo final. Nesse processo, algumas ações são fundamentais e devem ser destacadas, como: avaliação, planejamento, execução e monitoramento/controle (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). A avaliação é o primeiro passo, a partir do qual se verifica o nível dos componentes do desempenho esportivo, ou o estado de condicionamento do aluno. Nesse momento, aplicam-se testes para um diagnóstico, que direcionam todo o planejamento futuro, com a análise do princípio da individualidade biológica, pois se considera o praticante/atleta de forma individualizada. A avaliação ajuda a identificar, também, possíveis deficiências nesse praticante/atleta em qualquer componente do treino (DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). Na aplicação do teste, o professor precisa interpretar os resultados, a fim de determinar a importância, ou o valor da informação coletada. A partir dele, é indicado se os objetivos estão, ou não, sendo atingidos, se o sistema de treino está sendo satisfatório. Ainda, é preciso haver uma comparação com algum padrão (escalas, médias, desvios padrões, percentuais etc.). 118 Realizada a avaliação, o passo seguinte diz respeito ao planejamento. Nessa fase, os objetivos são determinados e os meios, as ações e/ou as estratégias são definidos para que os objetivos sejam alcançados, ou seja, na fase do planejamento, podem ser estruturadas estratégias de ações para corrigir falhas. No momento da elaboração de um planejamento, é delineada a forma de trabalho, de modo que os treinos físicos melhorem a potência aeróbica, ou seja, pode- se citar os meios e os métodos de treinamento escolhidos para ser atingido um objetivo (DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). A fase de execução do sistema de treinamento consiste em ser realizado o treino e da melhor forma possível, sempre em consonância com o objetivo proposto. É a fase na qual se coloca em ação o planejado na etapa anterior. É crucial que seja feito um relatório da sessão de treino, um documento padronizado no qual se registra o treino executado com as devidas cargas, incluindo qualquer ocorrência que possa haver. Depois de vários meses, dificilmente, você se lembra de algo que tenha acontecido em determinado treino, por isso, o registro é importante (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; DANTAS, 2003; GOMES TUBINO; MOREIRA, 2003). A respeito do monitoramento/controle do treino, Belli e Chiminazzo (2021), Dantas (2003) e Gomes Tubino e Moreira (2003) descrevem que está relacionado ao acompanhamento do processo de forma segura, a fim de garantir o melhor rendimento do aluno ao longo dessa prática e de prevenir lesões. O monitoramento da carga de treino pode ser um indicador de que o praticante/ atleta progride de forma segura e adequada. É possível monitorar as cargas externa (volume, intensidade e densidade, por exemplo) e interna dos treinos (valor atribuído pelo praticante/atleta para uma percepção subjetiva em relação à carga de treino da sessão). Ainda, durante um processo de recuperação desse praticante/atleta, é, igualmente, possível realizar um monitoramento (percepção subjetiva de recuperação) para que se acompanhe o caso sistematicamente, com a aplicação das devidas cargas de treino sem um prejuízo de desenvolvimento esportivo. Por fim, o aspecto metodológico do sistema de treinamento possui um contexto, um conteúdo, um objetivo, um significado e uma tarefa técnica e tática, os quais são desenvolvidos ao longo do ciclo escolar do aluno e de forma escalonada (do fácil ao difícil, do conhecido ao desconhecido, do simples ao complexo), com a apresentação, ao aluno, de atividades esportivas com propostas de desenvolvimento e de aprimoramento esportivo. 119 3.5 APRENDIZAGEM MOTORA AO TREINAMENTO TÉCNICO/ TÁTICO A aprendizagem motora tem, como objetivo, a realização de tarefas motoras, incluindo técnicas de movimentos que proporcionam, ao aluno, a aquisição de um vasto repertório motor. É um processo de aprendizagem, de desenvolvimento, de adaptação e de aperfeiçoamento de habilidades e de ações motoras. O processo de ensino- aprendizagem é condicionado por fatores internos (motivação, experiência motora etc.) e externos (feedback, ambiente, linguagem etc.) que sofrem um condicionamento da aprendizagem, do treinamento, da técnica e do tático. A aprendizagem motora resulta da prática, ou da experiência, e a mudança, na aprendizagem, ocasiona interferências no desenvolvimento esportivo, assim, ocorre o envolvimento de processos no sistema nervoso central, com a aquisição de habilidades e de mudanças na aprendizagem de caráter permanente. Essa aprendizagem motora possui alguns fatores que condicionam a aprendizagem de movimentos, como os fatores externos e internos ao ser humano, levado em consideração o planejamento das aulas. Assim, para ser avaliada, necessita- se do desempenho do aluno a partir de uma determinada habilidade, incluindo a análise de outros aspectos presentes na avaliação. 3.5.1 Estágios da aprendizagem motora A identificação dos estágios da aprendizagem motora alterna em função da automatização do movimento, e pode acontecer devido à prática frequente da atividade física. Assim, Pellegrini (2000) aponta que o comportamento do processo de aprendizagem pode ser caracterizado como: • inexperiente (novato): o aluno realiza movimentos descoordenados, sem eficiência e fluência. Verbaliza a tarefa, mas não se detém, com detalhes, do movimento; • intermediário: após várias tentativas, eliminam-se os movimentos desnecessários. O aluno possui fluência e harmonia, e o padrão motor é mais estabilizado, com as ações mais coordenadas; • avançado (expert): os movimentos são mais eficientes, há um menor gasto energético, e o aluno consegue alcançar a meta (PELLEGRINI, 2000). Então, cada um desses estágios corresponde a um processo para a aquisição da habilidade motora. As mudanças são sequenciais e ocorrem paralelamente, em momentos distintos, com o desenvolvimento por meio de processos fundamentais e com um acesso diferenciado à consciência (PELLEGRINI, 2000). 120 3.5.2 Experiência na aprendizagem motora O aprendizado motor, por meio de experiências, permite se adaptar a características dos fatores internos e externos. Com o tempo, a criança, o adolescente e o adulto amadurecem o repertório motor deles e crescem as potencialidades de performance. Entretanto, os níveis de amadurecimento e de aptidão não estão relacionados com a habilidade, mas ao resultado da prática de uma tarefa, com a ampliação da experiência no repertório. A aprendizagem motora acontece continuamente, com mudanças nos processos internos que determinam a capacidade do aluno de construção de uma tarefa motora. Ainda, há a aprendizagem de habilidades, assim, o aluno realiza atividades com o intuito de melhora da performance do movimento técnico e da proposta tática, incluindo a ampliação da experiência de aprendizagem. Então, o estabelecimento de metas, para o ensino da aprendizagem motora, possui grandes implicações para a aprendizagem de habilidades,o que amplia a experiência do aluno, que se torna mais comprometido para o alcance dessas metas, com os entendimentos técnico e tático da aprendizagem avançados e a ampliação da experiência. 4 MODELO E CONCEPÇÕES DE ENSINO O ensino, na pedagogia do esporte, deve levar em consideração os aspectos cognitivos, motores e sociais dos alunos e/ou dos praticantes para que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados (FAVARO, 2020). Os Jogos Desportivos Coletivos (JDC) possuem uma estrutura comum, dentro de uma mesma estrutura lógica, o que os torna suscetíveis a um mesmo tratamento em relação a essa pedagogia do esporte, com uma estrutura lógica interna. Os JDC são agrupados em uma única categoria, com seis invariantes: 1 – bola ou outro implemento similar; 2 – espaço de jogo; 3 – parceiros; 4 – adversários; 5 – um alvo e um local de ataque e de defesa; e 6 – regras específicas. 4.1 APRENDIZAGEM TÁTICA O processo de ensino-aprendizagem de treinamento nos JDC exige a variabilidade não só das técnicas a serem aplicadas, mas, também, das formas metodológicas de situações de jogo a serem apresentadas, o que possibilita uma ampliação do repertorio motor do aluno (GRECO, 1998). 121 As situações de jogos, por meio da prática, com diferentes estruturas funcionais, possibilitam, ao aluno, potencializar a aprendizagem e o posterior treinamento, com o sistema de memória ligado ao de recepção, transmissão e elaboração de informações já aprendidas (GRECO, 1998). 4.2 MÉTODO SITUACIONAL O método situacional é caracterizado por uma opção metodológica ativa, a partir da qual o aluno experimenta situações adaptadas de jogos formais, as quais se aproximam das realidades desses jogos. O foco se dá em situações de jogo, não apenas, na técnica, ou na dinâmica dele (GRECO, 1998). Essa abordagem prioriza a busca da formação do jogador inteligente, que apresenta competência para analisar situações coletivas e dinâmicas, e pode adaptar as próprias qualidades técnicas, combinar padrões, e, acima de tudo, resolver problemas. O JDC é uma dinâmica que exige a solução de um problema geral: os jogadores necessitam criar situações de finalização e de marcação de um ponto, ou de um gol. Esse método de ensino se baseia na proximidade das ações e das situações apresentadas com as situações reais de um jogo competitivo formal. Os objetivos desse tipo de treinamento são: a) formação de automatismos flexíveis de movimentos ideais, conforme modelos; b) otimização dos programas motores generalizados; e c) aprimoramento das capacidades de variação, de combinação e de adaptação do comportamento motor para a execução de uma técnica em uma situação de competição. Por fim, o método procura incorporar o desenvolvimento paralelo de processos cognitivos inerentes à compreensão de táticas de jogo, com jogadas básicas extraídas de situações consideradas padrão de jogo, aspecto que é a grande vantagem desse método. 4.3 ESTRUTURAS FUNCIONAIS DO JOGO O processo de ensino-aprendizagem de treinamento, associado ao método situacional, incluindo o desenvolvimento de diferentes processos cognitivos inerentes à ação tática, desenvolve, paralelamente, a capacidade tática, por meio da integração dos diferentes processos cognitivos. Nos jogos esportivos coletivos, há uma série de parâmetros comuns a todos eles, como: a) a bola (velocidade, direção, altura); b) o espaço (local da quadra, áreas permitidas e proibidas); c) o objetivo do jogo (gol, ponto); d) o regulamento (tempo e espaço de jogo, números de jogadores); e) colegas (posição, deslocamento, ação, função); f) adversário (intenções táticas); e g) público (GRECO, 1998). 122 Os JDC são determinados por uma série de fatores, como ambiente diversificado, situações proporcionadas pelas regras, delimitação do campo de jogo, técnicas possíveis, elaboração de táticas e estratégias. A capacidade de jogo é a transferência de uma experiência longa e variada de movimentos que, por sua vez, constituem-se pelo tipo de solo fértil para a iniciação específica nos esportes, para os processos didático-pedagógicos do tipo série de exercícios e de jogos, de situações, modelos orientados e planos, desenvolvimento da percepção, caminhos genéticos etc. A capacidade de jogo com uma abordagem para a compreensão de jogos se baseia em um programa de construção e/ou criação de jogos que tem, como objetivo principal, tornar os alunos conscientes de princípios pedagógicos enquanto participam de inúmeros jogos para, então, aplicar esses conhecimentos a outros do mesmo tipo. 4.3.1 Capacidade de jogo O desenvolvimento da capacidade de jogo se dá na aprendizagem motora, frente aos treinamentos técnico e tático. Esse desenvolvimento da capacidade coordenativa, através da melhora dos processos inerentes à recepção da informação, incluindo interpretação e codificação cognitivas, traz adequadas organização e estruturação do movimento, a fim de otimizar o desenvolvimento da aprendizagem (GRECO, 1998). A capacidade de jogo é caracterizada pela interação do desenvolvimento das diferentes capacidades que compõem o rendimento esportivo em uma situação de jogo, em uma tarefa motora. O desenvolvimento da capacidade de jogo de um atleta e de uma criança se sustenta na prática de situações típicas e comuns ao próprio jogo, e aparece em cada esporte. Contudo, a orientação para a capacidade é dada, na área coordenativa, à ênfase no desenvolvimento das capacidades motoras, e os pré- requisitos coordenativos de rendimento podem e devem ser treinados. A tática é determinada pelas capacidades cognitivas, técnicas e psicofísicas. Ainda, pode ser classificada em três tipos: • Tática individual: diz respeito a um jogador, e, através da coordenação neuromuscular, permite interpretar, no tempo, no espaço e em uma situação, ações dirigidas para resolver a tarefa/problema de um jogo. • Tática grupal: diz respeito a uma ação coordenada de dois ou três jogadores. É apoiada nas intenções táticas individuais que objetivam dar continuidade ao processo de definição da ação. • Tática coletiva: diz respeito a uma sucessão simultânea de ações entre três ou mais jogadores, em busca de uma solução para uma tarefa/problema de jogo, e se vale de conceitos estabelecidos. 123 Então, o foco no desenvolvimento, através de ações didáticas, promove a execução de habilidades motoras que se articulam em cada fase dos indivíduos. Parte-se de um nível estabelecido do movimento, em busca de atingir o padrão definido para cada uma das etapas do ensino-aprendizagem. Assim, aparecem as percepções que o aluno tem para atingir os referenciais, as metas e os objetivos, através da metodologia de ensino. A perspectiva didática de ensino é a base teórica com a qual o aluno executa o ensino-aprendizagem proposto, até que consiga realizá-la de forma a contemplar capacidades e um nível motor aceitável. Para isso, deve se articular aos padrões motores e visar ao desenvolvimento dos comportamentos cognitivos e socioafetivos. 124 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • A iniciação esportiva pode ser definida como o contato inicial; e a adaptação, por um aluno/praticante, de uma modalidade esportiva. Os primeiros contatos com o esporte podem definir a continuação nele. • A iniciação esportiva universal é uma proposta idealizada para auxiliar o treinamento/ aprendizagem dos esportes, a fim de diminuir a complexidade de jogo e favorecer o desenvolvimento dele. • O treinamento esportivo, com uma visão multilateral de desenvolvimento fisiológico contínuo e gradual das capacidades motoras, realizado de forma adequada, para cada jovem praticante, pode ser um importante aliado no processo de sucesso da iniciação esportiva. • Para uma melhor performance nos esportes de raquete, é necessária a compreensão das estruturas motoras e das estratégias de estímulos das habilidades envolvidas nas modalidades. • O sucesso, na performance avançada dos esportes de raquete,depende dos domínios das habilidades motoras fundamentais. Dentre essas habilidades, a rebatida é um elemento de destaque para esses esportes. • A compreensão do ensino-aprendizagem motor, através da ampliação do repertório motor, das habilidades e das experiências, marca presença. 125 AUTOATIVIDADE 1. O desenvolvimento de uma formação esportiva passa por um processo planejado e sistemático que se inicia na infância. A função do sistema de formação esportiva se restringe a linhas de ação; a conceitos filosóficos, políticos e sociais; e a conteúdos que abrangem o processo de ensino-aprendizagem (GRECO; BENDA, 1998). Com relação à estrutura do sistema de formação esportiva, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Administrativa; instituições; esportes; capacidades; temporal/fases. b) ( ) Administrativa; instituições; treinamento; capacidades; temporal/fases. c) ( ) Administrativa; instituições; capacidades; universal; temporal/fases. d) ( ) Administrativa; instituições; esportes; capacidades; motor. 2. O desenvolvimento da preparação técnico-tática é um componente do treinamento desportivo, e o planejamento é responsável pela melhoria das possibilidades técnicas e táticas dos alunos que devem influenciar no jogo, na competição e no aprimoramento técnico-tático. O nível de habilidade, nos esportes de raquete, inicia pelo desenvolvimento em diversos aspectos, como as preparações física, técnica e tática (GRECO, 1998). Com base nas definições dessa preparação técnico-tática, analise as sentenças a seguir: I- A preparação técnica é o treinamento de habilidades motoras específicas, de movimentos que precisam ser realizados para a prática esportiva, chamados de fundamentos, ou gestos técnicos. II- A preparação tática é desenvolvida para a orientação da ação, a fim de preparar o aluno para o desenvolvimento dos sistemas simples aos complexos (ofensivos e defensivos), por intermédio de estratégias de ação. III- A preparação física é uma sistemática de exercícios para melhorar a aptidão física das valências, como força, velocidade, agilidade, coordenação, dentre outras. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 126 3. Na estrutura do sistema de formação esportiva, a estrutura de aplicação de atividade física e conteúdos se desenvolve através de linhas de ação; de conceitos filosóficos, políticos e sociais; e de conteúdos que abrangem o processo de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Há diferentes formas através das quais o esporte e a atividade física são desenvolvidos, com expressões esportivas no lazer e na prevenção da saúde. ( ) Acontece uma caracterização pelas capacidades inerentes à ação motora em qualquer nível de expressão da atividade física. ( ) As capacidades física, técnica e tática possuem uma relação indireta de dependência com os fatores genótipo e fenótipo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. A organização das preparações técnica, tática e física faz com que o aluno amplie técnicas em um jogo, em uma competição, e para o aprimoramento técnico-tático. Assim, o nível de habilidade, nos esportes de raquete, inicia pelo desenvolvimento de diversos aspectos. Com base no exposto, disserte a respeito dessas preparações física, técnica e tática. 5. Os métodos de ensino voltados para a iniciação em esportes de raquete devem potencializar o desenvolvimento motor, de modo a utilizar a iniciação e a preparação esportivas. Nesse contexto, disserte a respeito do desenvolvimento de habilidades e competências que o aluno deve adquirir a partir desses métodos de ensino. AUTOR, A. B. C. Fonte para questão conforme padrão INEP. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2022. 127 TÓPICO 3 - ELEMENTOS ESTRUTURANTES DAS TÉCNICAS ESPORTIVAS E GESTOS TÉCNICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO A iniciação esportiva dos esportes de raquete é entendida e orientada pelo ensino convencional dos fundamentos técnicos e táticos do esporte. Assim, o ensino de crianças e jovens deve apontar as necessidades e as capacidades na etapa de desenvolvimento, a fim de romper o ensino de metodologias mecanicistas que são caracterizadas pela monotonia de exercícios repetitivos. O ensino convencional dos fundamentos técnicos dos esportes acontece através da iniciação esportiva na infância, mas, analisadas as habilidades e as capacidades reais nessa etapa do desenvolvimento e com a ampliação do repertório motor, torna-se uma experiência dinâmica e divertida, de forma que possa manter o aluno motivado para a prática do jogo, o que permite que os processos de aprendizagem e de desenvolvimento da técnica esportiva dos esportes de raquete evoluam continuamente. Portanto, é necessário sistematizá-lo a partir da infância, pois é um esporte com diversidade e complexidade de movimentos. Neste tema de aprendizagem, analisaremos, de forma geral, o ensino dos requisitos motores dos esportes de raquete, como rebatida e golpes básicos, incluindo os métodos de ensino desses esportes em função do estilo de ensino, como tradicionais, participativos, individualizadores e cognitivos. 2 REQUISITOS MOTORES DE REBATIDA Os jogos de esportes de raquete compreendem uma variedade de atividades nas quais os participantes têm, como objetivos, bater e rebater algum objeto (bola, peteca, dentre outros), a fim de utilizar outros objetos, como raquetes e tacos. Assim, a iniciação esportiva, utilizada como metodologia de ensino, deve acontecer de forma dinâmica e descontraída, de forma a motivar o aluno para uma prática de jogo e permitir os processos de aprendizagem e de desenvolvimento da técnica, da tática esportiva dos esportes de raquete. UNIDADE 2 128 As formas de rebatimento de uma bola, ou de uma peteca, caracterizam ações que acontecem no jogo através de movimentos específicos de rebatidas, com a utilização de uma raquete. São golpes que cada atleta, dentro das próprias habilidades e competências, executa, mesmo com diversas particularidades, incluindo os efeitos impostos na bola, ou na peteca, e a força aplicada nesses golpes. Com relação aos requisitos motores para a rebatida, veremos as estruturas dos golpes básicos dos esportes de raquete, do tênis de mesa, do badminton e do tênis, além dos métodos de ensino desses esportes em função do estilo de ensino, do treinamento tático por meio dos processos cognitivos; e da referência estratégica e tática que amplia o desenvolvimento esportivo em questão. 2.1 GOLPES BÁSICOS DOS ESPORTES DE RAQUETE A partir de agora, conheceremos os golpes básicos dos esportes de raquete olímpicos (tênis de mesa, badminton e tênis de campo), uma base para o desenvolvimento dos golpes básicos deles, levada em conta a especialidade de cada modalidade. As modalidades esportivas de raquete olímpicas possuem habilidades abertas, sendo que os ambientes interno e externo são imprevisíveis, com o desenvolvimento da técnica e da tática como resolução de um problema motor. Assim, os alunos procuram pela execução do gesto motor (golpes e fundamentos) através da experiência adquirida com os repertórios motor, técnico e tático, com mais desenvoltura na ação dentro do jogo. Assim, discutiremos a respeito de atributos técnicos e táticos dos esportes de raquete para a compreensão dos conceitos técnicos do tênis de mesa, do badminton e do tênis. 2.1.1 Tênis de mesa Os fundamentos que são utilizados no tênis de mesa são parecidos com os do tênis de campo. O jogo possui, como objetivo, marcar pontos. Após o movimento inicial, que é o saque, a bolinha pode tocar, apenas, uma vez na área dos jogadores. Assim, esses jogadores rebatem a bolinha com a finalidade de que ela toque o campo (espaço) do adversáriomais de uma vez. 129 Figura 5 – Saque do tênis de mesa nos jogos olímpicos de verão de 2016 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Table_tennis_at_the_2016_Summer_Olym- pics_(10).jpg. Acesso em: 24 abr. 2022 A seguir, conheceremos os golpes utilizados no tênis de mesa e, logo em seguida, a descrição de cada fundamento. Figura 6 – Golpes do tênis de mesa Fonte: o autor 130 Forehand e backhand são as rebatidas diretas na bola, com a raquete na lateral, sendo que o primeiro tem as costas das mãos apontadas para trás, e, o segundo, para frente. Topspin e backspin são duas versões do mesmo golpe. O primeiro pega a bola enquanto a raquete sobe e gira (spin) a redondinha para cima (top). O momento faz o oposto, pois golpeia a bola na descendente e a faz girar (spin) para trás (back) e perder velocidade. Já o loop é um movimento similar ao do topspin, pois golpeia a bola com a raquete que sobe. No drive, a bola é golpeada no ponto mais alto e o efeito é aplicado, apenas, com um leve giro do pulso. O chop é a bola que é pega na descendente e é girada para cima. Por fim, o harau é um dos mais eficientes ataques do tênis de mesa, devido ao aluno “subir à rede”, chegar com a raquete lateralmente e dar a direção do golpe com o punho (ILVA; LEMOS, 2014; TANI et al., 2013). Conheça algumas das principais entidades que regem as modalidades de esportes de raquete: Badminton: https://bwfbadminton.com/. Tênis: https://www.itftennis.com/en/. Tênis de Mesa: https://www.ittf.com/. GIO DICA 2.1.2 Badminton Para o ensino dos fundamentos do badminton, utilizam-se os equipamentos básicos para a prática, que são a peteca, a raquete, a quadra e a rede, assim, inicia-se o desenvolvimento dos golpes pertencentes à modalidade. A seguir, conheceremos esses golpes e a descrição de cada fundamento. 131 Figura 7 – Golpes do badminton Fonte: o autor O saque, no badminton, conhecido como serviço, inicia quando o aluno executa o movimento na trajetória diagonal da quadra, dentro da área de saque. A empunhadura da raquete não pode ser muito rígida, devido à velocidade do jogo, assim, permite mudanças rápidas nas formas de pressão da raquete. Há três tipos de empunhadura no badminton: neutra, forehand (de direita) e backhand (de esquerda). Assim, quando o aluno segura a empunhadura neutra, possibilita a transição de forehand para backhand, a troca, com o giro da raquete e a colocação dela na mão, para a outra. O clear é um golpe defensivo, um dos fundamentos básicos do badminton. Acontece quando a peteca está acima e à frente da cabeça do aluno e ele a rebate com a raquete na direção do fundo da quadra do adversário. Entretanto, pode ser usado para atacar. Já o drop é um golpe de ataque, sendo que o estudante rebate a peteca bem perto da rede, o que dificulta a defesa do adversário (CADERNOS, 2014; CABELLO MANRIQUE, 2000). 132 Figura 8 – Atleta com um drop (golpe de ataque no qual se lança a peteca bem perto da rede) Fonte: o autor O smash é o golpe de ataque mais veloz do Badminton. O estudante golpeia a peteca com precisão e força, no sentido de cima para baixo, como uma cortada no voleibol. No drive, o golpe é realizado quando a peteca está na linha dos ombros do aluno, como se o jogador fi zesse, com a raquete, um movimento de chicote com a peteca. O lob marca presença quando a peteca é direcionada nas proximidades da rede, assim, para se defender, o jogador rebate a peteca no sentido de baixo para cima, a fi m de ganhar altura e de o objeto cair no fundo da quadra adversária, em uma trajetória parabólica. Por fi m, o net-shot é realizado assim que a peteca é lançada perto da rede (CADERNOS, 2014; CABELLO MANRIQUE, 2000). 2.1.3 Tênis de campo A iniciação técnica para o tênis enfatiza uma formação de uma base motora rica e variada, que amplia, também, a aprendizagem de outras modalidades esportivas e atividades da vida diária. Assim, a seguir, conheceremos os golpes utilizados no tênis de campo e a descrição de cada fundamento (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; FONTOURA, 2003; GINCIENE et al., 2019). 133 Figura 9 – Golpes do tênis de campo Fonte: o autor Para o backhand, o aluno utiliza as duas mãos, a fim de imprimir a maior força ao golpe, e, para o forehand, bate na bola com a mão que segura a raquete. A mão oposta fica na frente do corpo. No jogo, as jogadas acontecem em direção ao fundo da quadra, e possuem variações de golpes em relação à bola. Com relação a essas variações, as jogadas com efeito são conhecidas como spin, como topspin (para cima) e sidespin (para o lado). O efeito é direcionado para cima ou para o lado da bola. Outra forma de efeito na bola é a jogada de slice (conhecida como underspin), que direciona a bola para uma curva menor após um toque na quadra adversária, o que dificulta a resposta imediata do adversário (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; BALBINOTTI, 2009; ILVA; LEMOS, 2014; CORTELA et al., 2012). 134 Figura 10 – Início de partida, jogos olímpicos RIO 2016 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Quadra_Central_do_Centro_Ol%C3%ADm- pico_de_T%C3%AAnis.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. Perante um efeito colocado na bola, o aluno deve executar a empunhadura (grip), que possui dois tipos clássicos: western grip e eastern grip. Cada empunhadura demonstra uma variação para aplicar o efeito na bola. Ao utilizar o tipo western, o aluno coloca a palma da articulação do dedo indicador contra o chanfro da raquete e posiciona a ponta do punho da raquete na palma da mão, a fi m de passar os dedos ao redor do punho. Para eastem, posiciona o lado da palma com o dedo indicador contra o chanfro. No terceiro chanfro, acontece a pegada forehand, e, no primeiro, backhand. É a empunhadura mais fácil a ser utilizada (BELLI; CHIMINAZZO, 2021; BALBINOTTI, 2009; FONTOURA, 2003; CORTELA et al., 2020). 135 Para saber mais a respeito do esporte tênis, encontre informações em https://revistatenis.uol.com.br/artigo/100-dicas-para-melhorar-o-seu- jogo_8140.html. DICA 2.2 MÉTODOS DE ENSINO DOS ESPORTES DE RAQUETE EM FUNÇÃO DO ESTILO DE ENSINO Para o ensino dos esportes de raquete, o aluno precisa se articular em três canais de comunicação: a) visual, b) auditivo e c) cinestésico. Esses canais são utilizados, pelo professor, durante uma aula, e de forma determinada. Cada canal é usado de forma isolada, ou combinados em função da grande quantidade de variáveis no ensino do esporte, do nível de conhecimento do aluno e das possibilidades de processamento de uma informação obtida durante a aula, incluindo personalidade e resultados obtidos (COPELLI, 2010; GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). • Canal visual O canal visual é conhecido como demonstração, e tem, como objetivo, proporcionar uma imagem global da tarefa, isto é, uma aprendizagem por imitação. Os professores, no ensino dos esportes de raquete, utilizam o recurso didático de demonstração de um movimento básico. • Canal auditivo O canal auditivo oferece uma informação complementar ao aluno, por meio do uso de palavras, com o objetivo de que esse aluno obtenha um modelo mental da tarefa. Assim, a apresentação verbal pode ser descritiva, ou explicativa. A descrição da tarefa tenta substituir a demonstração do movimento a ser realizado. Já a explicação deve se limitar a aspectos concretos dessa tarefa e à utilidade dela, com os propósitos de esclarecer e de reforçar a descrição do exercício, curta e objetiva. 136 • Canal cinestésico O aluno que utiliza o canal cinestésico tem um melhor aprendizado ao fazer, por envolvimento direto, pois prefere ir, diretamente, para a ação. Lembra-se melhor das coisas que faz, não daquelas que ouve, assim, caminha para a resolução do problema. Aprofunde-se mais com A Pedagogia Dialógica de Paulo Freire e as Contribuições da Programação Neurolinguística: Uma Reflexão sobre o Papel da Comunicação na Educação Popular: http://acervo.paulofreire.org:8080/xmlui/handle/7891/4302. DICA 2.3 TREINAMENTO TÁTICO DO ESPORTE DE RAQUETE POR MEIO DOS PROCESSOS COGNITIVOS Independentemente da modalidade esportiva, segundo Balbinotti (2009) e Greco (1998), cada uma possui particularidades que apresentam diferentes desafios no momento do planejamento do processo de ensino-aprendizagem-treinamento para a formação do esportista. Assim, nas modalidades de esportes de raquete, isso não é diferente. Para o desenvolvimento das potencialidades do aluno, é necessário que ele tenha um repertório motor ampliado, além de técnica, de preparação física, de equilíbrio psicológico e de conhecimento do jogo, com saberes da lógica interna e das regras táticas que proporcionam saber dos momentos nos quais é possível tirar vantagem das situações ocorridas durante desse jogo. A capacidade tática e os processos cognitivos, para uma tomada de decisão, reconhecem a necessidade e a dimensão da habilidade e da competência do aluno, se estão, ou não, relacionadas com o nível cognitivo, especialmente, com o conhecimento tático que o aluno possa desenvolver no jogo. Portanto, tornam-se, também, necessárias funções de cada um dos processos cognitivos, com interações no momento do comportamento tático (BALBINOTTI, 2009; GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). Balbinotti (2009) apresenta a representação cognitiva do conhecimento da conduta que se denomina de “saber”, então, conhecer é compreender, ou seja, apreender e relacionar o novo com o já conhecido. Contudo, a capacidade de executá- lo entende “saber fazer”, sendo que ambas as formas de conhecimento são mensuradas 137 por meio de testes específi cos. Esse conhecimento se confi gura na memória de longo prazo, caracterizado por dois tipos de memória: explícita – memória declarativa, com lembrança consciente; e implícita – memória não declarativa. A estrutura do conhecimento nos esportes, em relação aos processos cognitivos, é implícita à percepção e à tomada de decisão, ou seja, ao saber “o que procurar”, “o que fazer” e “como fazer”. A dedução, para a interação entre os conhecimentos táticos e técnicos, apoiados pelos processos cognitivos, será representada a seguir, porém, a capacidade de percepção se conecta com a seleção de informações, ou de sinais relevantes, e com a habilidade de identifi cação dessas informações para um posterior agrupamento na memória. A capacidade de decisão é constituída pelos processos de elaboração de planos de ação e de chamada desses planos para a execução da ação, isto é, para a concretização da tomada de decisão (BALBINOTTI, 2009; GRECO, 1998). Figura 10 – Início de partida, jogos olímpicos RIO 2016 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Quadra_Central_do_Centro_Ol%C3%ADm- pico_de_T%C3%AAnis.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 138 Então, a percepção do ambiente está direcionada à recepção de informações, e o percurso é importante para o treinamento tático nos esportes com raquete. Por fim, a tomada de decisão consiste na escolha de uma possível ação presente em uma situação de jogo na qual há várias opções. 3 REFERÊNCIA ESTRATÉGICO-TÁTICA DO ESPORTE COM RAQUETE O sistema estratégico-tático dos esportes de raquete compreende uma série de variáveis, assim, abordaremos alguns fatores que são fundamentais para a percepção dos praticantes desses esportes perante ações decorrentes do jogo. Em seguida, evidenciaremos a relevância da relação entre o conhecimento teórico e a experiência, com o objetivo de compreender a complexidade do jogo em questão. O treinamento estratégico-tático deve ser desenvolvido no início da preparação do aluno para jogos e competições, sendo que ele já tem desenvolvido uma consciência esportiva para a consolidação dos padrões de movimento, dos fundamentos, das ações desenvolvidas, e dos golpes combinados, o que permite que tenha um domínio da quadra de um jogo. Assim, compreenderemos a percepção estratégico-tática, o conhecimento teórico, a experiência acumulada da prática esportiva, a complexidade do jogo e as qualidades físicas nos esportes de raquete, pois o estudante passa por processos de desenvolvimento do ensino-aprendizagem combinados, em forma de jogadas aplicadas em situações de jogos. 3.1 PERCEPÇÃO ESTRATÉGICO-TÁTICA Através da percepção estratégico-tática, Greco (1998) e Balbinotti (2009) descrevem que as capacidades são indissociáveis, a partir de regras de ação atribuídas a modelos designados de jogo. Contudo, há a apresentação de obstáculos que afetam o desempenho dos praticantes, que se caracteriza pela “percepção-ação” que se expressa a partir da execução de modelos estratégico-táticos. A contínua atitude estratégico-tática (o que fazer e como fazer) depende de alguns fatores, como da seleção do número e da qualidade das ações, do conhecimento que o aluno possui do jogo, do modo através do qual entende e concebe esse jogo, e do conhecimento das condições de regulação situacional. Então, as propostas de ensino e de treinamento dos fundamentos estratégico-táticos, nos esportes com raquete, estão relacionadas à compreensão e à condição a partir das quais se estabelecem durante o jogo. 139 Figura 12 – Etapas para o sucesso em um jogo Fonte: adaptada de Balbinotti (2009) 140 Nessa concepção, observam-se as dificuldades, ou os obstáculos, que influenciam o desempenho dos alunos para a execução de modelos estratégicos. Balbinotti (2009) aponta que a atitude estratégico-tática acontece de acordo com alguns fatores que ampliam a percepção e a ação de um jogo, como a seleção do número e a qualidade das ações, o conhecimento do jogo, a percepção e a compreensão das condições das situações que podem ocorrer. Para isso, é fundamental seguir alguns princípios orientadores para o desenvolvimento de ações que interpretem os erros e façam os ajustes no processo de formação do aluno, que valorizem a percepção cognitiva e assumam os princípios de ação estratégica dos jogos. 3.2 CONHECIMENTO TEÓRICO E EXPERIÊNCIA O desenvolvimento da habilidade e da competência do esporte de raquete se associa ao repertório teórico (conhecimento) e à experiência que o aluno possui no esporte, então, o conhecimento do jogo é uma função essencial para a qualidade da ampliação do repertório. Contudo, com a experiência de aprendizado, a vivência esportiva em jogos, e a prática esportiva da modalidade de esporte de raquetes, em certos momentos, alguns alunos conseguem reverter a vantagem dos adversários deles. Assim, fica mais fácil identificar as dificuldades desses adversários para devolver um golpe, em particular, em uma determinada circunstância. Entretanto, a compreensão e a experiência do jogo são relevantes para a qualidade do desempenho (BALBINOTTI, 2009; GRECO, 1998). Frente à tomada de decisão e à execução apropriada de uma ação estratégico- tática, Balbinotti (2009) descreve que o aluno, durante o jogo, depende de outros componentes, como limitações técnicas e táticas, falta de condicionamento físico, grau de ansiedade, dentre outros. Em determinadas situações, os alunos devem conduzir as ações de forma a superar as próprias limitações. Esses fatores devem ser conteúdos importantes a fim de serem contextualizados durante a análise e a compreensão do esporte de raquete em uma aula (BELLI; CHIMINAZZO, 2021). Por fim, Balbinotti (2009) descreve que os fundamentos estratégico-táticos de um aluno se sustentam no conhecimento das características básicas do esporte: dimensões da quadra, altura da rede, principais áreas de deslocamento nessa quadra e locais específicos dela para colocar/rebater a bola. Além desse conhecimento das características do esporte com raquete, é necessário saber que, para dominar a bola, é preciso considerar que cada golpe tem um objetivo específico, que impõe uma relação íntima entre a altura, a direção, a profundidade, a rotação e a potência de execução, de acordo com o desenrolar do jogo. 141 Acesse o blog da Pro Spin e fique por dentro dos benefíciosque o esporte de raquete pode proporcionar: http://blog.prospin.com.br/ torneios/esportes-com-raquete-saiba-quais-beneficios-oferecem/ amp/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_term=&campaignid= 698917819&adgroupid=42149408051&targetid=dsa-574453996996&ad id=643696386705&rnd=13713885879898420349&gclid=CjwKCAiA5Y6e BhAbEiwA_2ZWIUZ1MoQuc2Pf7I6sKDdHtl9q1C70tevQ6ajPFcSiXxgAKsZy- j6okxoCJcoQAvD_BwE. DICA 3.3 COMPLEXIDADE DAS AÇÕES DE JOGO Os componentes táticos abordados até aqui demonstram o eixo principal das atribuições realizadas por alunos durante ações executadas em um jogo, no qual podem enfrentar e resolver, de forma racional, os obstáculos impostos por cada situação específica desse jogo. Para isso, é preciso considerar as capacidades condicionais e coordenativas, as qualidades psicológicas e as ações necessárias para que seja possível dominar a bola e a quadra de jogo. Por fim, é preciso levar em conta a capacidade de performance do adversário; as regras impostas por cada competição; e, até mesmo, as condições externas existentes (BALBINOTTI, 2009). Para atingir e ampliar o repertório motor dos alunos, as aulas devem possuir um grupo de exigências complexas, específicas e polivalentes, que vise à aprendizagem, à estabilização e ao aperfeiçoamento das ações estratégico-táticas, determinadas por uma situação na qual é preciso resolver problemas operacionais impostos pelo contexto do jogo. Então, o objetivo é, através do jogo, com todas as capacidades, estimular a realização plena das potencialidades do aluno, com o processo educativo do pensamento estratégico-tático do aluno que caminha na direção da autonomia da percepção e da análise, respeitadas as circunstâncias de cada situação (BALBINOTTI, 2009; BELLI; CHIMINAZZO, 2021). 142 Figura 13 – Fundamentos estratégico-táticos Fonte: Balbinotti (2009, p. 177) Nessa perspectiva de complexidade do jogo, há uma especifi cidade do esporte e a relação de forças proposta que acontece no confronto estratégico-tático. Balbinotti (2009) aponta cinco grandes grupos de jogadas que acontecem e se estabelecem durante uma disputa de pontos: os golpes ofensivos, os de contra-ataque, os de neutralização, os de pressão e os defensivos. Os golpes ofensivos têm, como característica, a relação entre a potência e a precisão na direção dos golpes, e, se esses fatores são empregados em níveis quase máximos e/ou máximos, há uma possibilidade de o golpe obter êxito. Os golpes de contra-ataque são uma resposta a ações ofensivas do adversário, e possuem todas as propriedades do ataque referidas dos golpes ofensivos. Os golpes de neutralização abarcam a iniciativa do adversário de controlar o ponto disputado. 143 Os golpes de pressão exercem uma função no processo, de preparação para as ações ofensivas. Por fim, os golpes de defesa são um recurso na disputa de um ponto, uma alternativa para manter a bola em jogo (BALBINOTTI, 2009). 3.4 QUALIDADES FÍSICAS NO ESPORTE DE RAQUETE A preparação física, segundo Balbinotti (2009) e Greco (1998), ocorre na aplicação da educação das qualidades físicas, que representam as aptidões relevantes para o esporte. Essa preparação física, nos esportes de raquete, considera as qualidades físicas específicas que são exigidas para o desenvolvimento de uma melhor performance do aluno em treinamentos, jogos e competições. O planejamento dos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física depende de um condicionamento físico básico e específico dos alunos, que os possibilite a suportarem e a contemplarem, com qualidade, propostas das altas demandas do esporte. Além das exigências de demandas associadas aos jogos, é importante considerar as demandas associadas ao treinamento e ao desenvolvimento das fases dele na relação entre o volume e o treinamento, o que proporciona a participação em jogos e competições e requer habilidade e estratégia, além de capacidade física. Assim, analisaremos as qualidades físicas desenvolvidas nos esportes de raquete, como força especial, velocidade, agilidade, resistência, força geral, flexibilidade e habilidades motoras aplicadas no ensino-aprendizagem desses esportes. 3.4.1 Força especial O desenvolvimento da força, para os esportes de raquete, é uma qualidade física determinante para a realização das habilidades e das ações táticas. Entretanto, esse desenvolvimento visa contemplar necessidades específicas de um determinado esporte, a fim de elevar o desempenho e possibilitar a manutenção. Nos esportes que utilizam raquete, o trabalho de ganho de força desempenha um papel determinante nos seguintes aspectos: execução dos gestos técnicos (ampliação da potência aos golpes), capacidade de deslocamento e mudança de direção (velocidade), e disponibilização de suporte ao organismo, de forma a estabilizá-lo e a proporcionar a transferência de força entre os segmentos corporais (BALBINOTTI, 2009). 144 Figura 14 – Manifestação da força especial Fonte: o autor Então, a força especial é o desenvolvimento da força de grupos musculares específi cos, nos quais está envolvida a execução de gestos técnicos dos esportes de raquete. 3.4.2 Velocidade e agilidade Nos esportes de raquete, o aluno precisa ter uma resposta às demandas físico- esportivas exigidas em competições, jogos aulas. A velocidade e a agilidade são a base das ações a serem desenvolvidas dentro de um jogo, como do tênis e do badminton. A velocidade é a qualidade física que permite a execução de ações motoras com o corpo, o mais rápido possível e sem fadiga. Essa qualidade abrange dois tipos de velocidade: de deslocamento e segmentar (BALBINOTTI, 2009). A manifestação da velocidade, nos esportes de raquete, acontece em resposta às ações feitas pelo adversário (velocidade de reação), com corridas de curta distância, frequentemente, intercaladas com mudanças de direção (velocidade de deslocamento). Assim, executam-se os gestos técnicos (velocidade segmentar). Então, a velocidade é a capacidade de se concluírem, em um espaço de tempo mínimo, ações motoras a partir de determinadas exigências (GRECO, 1998). 145 A velocidade pode ser subdividida em velocidade de reação e velocidade de deslocamento. A de reação se caracteriza como aquela com a qual o aluno responde a um estímulo. Já a de deslocamento é uma forma da velocidade cíclica (não há uma alteração do padrão de movimento), com uma capacidade máxima do aluno de se deslocar de um ponto para outro (BALBINOTTI, 2009; GRECO, 1998). Figura 15 – Manifestação de velocidade e agilidade Fonte: Balbinotti (2009, p. 203) 3.4.3 Resistência É a capacidade psicofísica de resistir à fadiga, a partir da qual o aluno consegue desempenhar um trabalho com determinadas intensidade e extensão de tempo. Assim, a resistência pode ser entendida como a capacidade de manutenção do desenvolvimento esportivo, como a recuperação de estímulos. Pode-se considerar dois tipos de resistência: a muscular e a cardiorrespiratória. A resistência muscular é a capacidade de continuar a atividade física sem a fadiga marcar presença; e a cardiorrespiratória é a capacidade de se fornecer oxigênio nessa atividade (BALBINOTTI, 2009; DANTAS, 2003). 146 Figura 16 – Manifestação da resistência Fonte: Balbinotti (2009, p. 203) Para ser desenvolvida a capacidade de resistência básica, como a resistência especial, segundo Greco e Benda (1998), deve-se destacar a fase sensível, que se concretiza após a puberdade, com requisitos para o desenvolvimento do treinamento de resistência. Podem ser oferecidas cargas leves, incluindo jogos de estafetas e de perseguição para o desenvolvimento da resistência anaeróbica. Já com relação à capacidade aeróbica, não é considerado o desenvolvimento de treinamentos máximos, de acordo com motivos pedagógicos e psicológicos. 3.4.4 Força geral A força é a capacidade de aplicação de impulso. Assim, o desenvolvimento dela tem um papel fundamental, pois qualquer movimento esportivo exige um nível de força.O desenvolvimento da capacidade de força é essencial para o planejamento de um treinamento. A força é classifi cada como a força de todos os grupos musculares, independentemente da modalidade esportiva (GRECO; BENDA, 1998). 147 O desenvolvimento da capacidade de força deve considerar os aspectos didáticos e metodológicos, com as vias energéticas aeróbica e anaeróbica, incluindo as coordenações intra e entre os músculos e as velocidades de contração muscular e intramuscular. Ainda, necessitam ser aplicados conceitos de características psicofisiológicas, com possibilidades e tipos de atividades a serem realizadas (GRECO; BENDA, 1998; DANTAS, 2003). 3.4.5 Flexibilidade A flexibilidade é uma das capacidades físicas mais específicas das articulações, a qual pode ser melhorada com a prática. É a máxima amplitude de movimento em uma ou mais articulações, sem o risco de lesão. É específica para cada articulação, e pode variar de pessoa para pessoa. Basicamente, a flexibilidade é resultante da capacidade de elasticidade demonstrada pelos músculos e pelos tecidos conectivos, combinados com a mobilidade articular (BALBINOTTI, 2009; DANTAS, 2003). A melhora da flexibilidade acontece através do treinamento de alongamentos, realizado de forma dinâmica, ou estática. Nos esportes de raquete, potencializa-se a estimulação dinâmica da flexibilidade, pois as demandas são estruturadas em atividades com um movimento articular dinâmico. Entretanto, os estímulos estáticos, também, podem desempenhar um papel relevante a longo prazo, pois, nesse caso, há uma estimulação das articulações menos utilizadas em atividades específicas (SIMÕES; BALBINOTTI, 2011). O desenvolvimento da capacidade de flexibilidade pode acontecer através de técnicas de alongamentos, a fim de aumentar a amplitude de movimento das articulações classificadas como balísticas e estáticas, ou por meio de técnicas de facilitação neuromuscular proprioceptivas. O alongamento balístico é realizado dinamicamente, por meio de movimentos rápidos e repetitivos. Já no alongamento estático, a articulação é posta no limite máximo, com indução pela força passiva da gravidade. Por fim, a facilitação neuromuscular proprioceptiva executa uma contração máxima do grupo muscular a ser alongado por um período de cinco a 30 segundos (BALBINOTTI, 2009; DANTAS, 2003). 3.4.6 Habilidades coordenativas As habilidades coordenativas são uma série de capacidades que constituem a base de desenvolvimento da técnica esportiva. Formam o principal fundamento do processo de ensino-aprendizagem das habilidades, através do exercício de habilidades coordenativas. Assim, a coordenação é a capacidade de agregar a função de harmonização dos processos de movimento. 148 Pode-se dizer que a coordenação forma o principal fundamento para a aprendizagem das habilidades motoras desempenhadas nos esportes de raquete, isso porque uma base, suficientemente, abrangente de habilidades coordenativas pode capacitar o atleta na busca de soluções de problemas, por meio de ações motoras em situações previsíveis e imprevisíveis (SIMÕES; BALBINOTTI, 2011). Para o treinamento que envolve a coordenação, deve-se proporcionar a oferta de movimentos variados em diferentes contextos, diretamente, ligada à capacidade de aprendizagem. A melhoria da capacidade coordenativa determina uma base motora ampla e adequada ao desenvolvimento técnico. Nesse sentido, recomenda-se ir além das atividades exigidas pelas modalidades, mas buscar trabalhar estímulos para além dos padrões motores já estabelecidos, como a adaptação, a combinação de movimentos e as capacidades de regulação e de condução deles, como meio de ampliação do repertório motor sem o comprometimento dos objetivos específicos de treinamento (GRECO; BENDA, 1998). Para o desenvolvimento da capacidade coordenativa, deve-se propor conteúdos básicos e exclusivos da Educação Física, através da aquisição de novos movimentos e do treinamento de capacidades coordenativas a partir de aspectos básicos, o que proporciona a melhoria da aprendizagem (GRECO; BENDA, 1998). Por fim, a capacidade estratégico-tática que acontece no jogo é a expressão das escolhas de um aluno, decorrentes da situação exposta. Uma vez estruturada a formação técnica, a abordagem estratégico- tática assume uma base de formação que se sustenta pelos princípios de ensino- aprendizagem, orientadores de qualquer decisão tomada durante a disputa de pontos. Esses princípios permitem compreender, com profundidade, todas as ações no campo do jogo, incluindo o domínio da relação entre a percepção e a ação. Para isso, a decisão estratégico-tática deve ser tomada a partir da percepção de situações-problemas que acontecem no contexto em questão. Por fim, há fatores a serem considerados, como o posicionamento do aluno em quadra, a análise das potencialidades e das limitações da técnica dos golpes, e o direcionamento da trajetória da bola (altura, direção, profundidade, potência e rotação). 149 OS FUNDAMENTOS FOREHAND, BACKHAND E SAQUE DO TÊNIS – UMA ABORDAGEM TEÓRICA Giuliano Roberto da Silva Diego Alvarenga Lemo FOREHAND Forehand é quando o jogador bate na bola com a mão que segura a raquete e a mão oposta fica na frente do corpo. É uma arma poderosa, o golpe mais utilizado no tênis, pois a maioria dos pontos é definida assim (ISHIZAKI; CASTRO, 2006). Quando o tênis chegou no Brasil, por volta do século XX, o forehand foi denominado de golpe de direita, e, o backhand, de esquerda, porém, tais denominações podem causar confusões, a depender da dominância lateral do tenista. O forehand é o golpe executado do mesmo lado do corpo no qual se segura a raquete. No caso de o tenista ser canhoto, pode gerar incoerência dizer que o golpe de direita dele é executado do lado esquerdo do corpo (MENGA, 1986). Segundo Costa (1988), forehand e backhand, somados, representam, aproximadamente, 67% dos golpes executados durante um jogo de tênis. Além de serem os mais utilizados, são de difíceis execuções, pois dependem de uma perfeita sincronização temporal entre o movimento da raquete e a trajetória da bola. Segundo Magan (2002), podemos entender que cada tenista pode possuir um estilo próprio para a execução do fundamento, com particularidades individuais, a fim de usar efeitos e potências diferentes uns dos outros. Para que se tenham análises dos fundamentos, faz-se uso da biomecânica, que é uma ciência que investiga o movimento de uma maneira multidisciplinar, ou interdisciplinar, e se fundamenta em conceitos e metodologias próprios para a interpretação do movimento humano (AMADIO, 1989 apud LUZ, 2008). EMPUNHADURA DE FOREHAND Existem diversas maneiras de se segurar uma raquete. Cada fundamento do tênis exige um tipo de empunhadura, por exemplo, a empunhadura continental é mais LEITURA COMPLEMENTAR 150 usada para saque, voleio (golpear a bola sem quicar) e approach (quicar a bola perto da rede). Para o golpe de forehand, usam-se semi-western e western de forehand (formas de se empunhar a raquete). Para o backhand, usa-se eastern (forma de empunhar a raquete) de backhand, western de backhand (ISHIZAKI; CASTRO, 2006). Figura 1 – Empunhaduras mais utilizadas para ser golpeado o forehand - (A) eastern forehand; (B) semi-western; ae (C) western Fonte: Levey (2005) ANÁLISE DE FOREHAND A execução ótima de um golpe forehand, no tênis, tem sido controversa nos últimos anos (KNUDSON; BLACKWELL, 2000). A técnica de forehand, assim como a de outros golpes do tênis, vem sofrendo mudanças ao longo dos tempos. Um dos fatores responsáveis por essas mudanças é o aumento da velocidade da bola, devido à evolução dos equipamentos, do treinamento físico específi co para tenistas, dentre outros fatores. As raquetes mais leves, com uma área maior de contato, chamadas de over-size, lançam a bola com muita potência, e têm auxiliado tenistas, cada vez mais, a 151 utilizarem o Forehand Open Stance (FOS), ao invés do clássico ForehandSquare Stance (FSS) (GROPPEL, 1995). Hofer (2004) descreve o conceito de cadeia cinética, aplicada ao golpe de forehand: na fase de preparação do golpe, o tenista concentra o peso do corpo no pé direito (para tenistas destros), flexiona os joelhos e realiza a rotação do quadril para trás, a fim de se posicionar de lado para a rede. Então, inicia a condução da raquete em direção à bola, com a extensão dos joelhos. Em seguida, executa a rotação do quadril para frente, e, depois, faz a rotação dos ombros. O braço e a raquete são os últimos componentes a serem acionados. O posicionamento dos pés, durante a preparação do forehand, é fundamental para gerar potência, por meio do apoio, que aumenta o momento de inércia. Segundo Bollettieri (1999), durante uma partida no tênis, identificam-se, basicamente, dois tipos de forehand quanto ao posicionamento dos pés durante a fase de preparação do golpe: FOS e FSS. A escolha da técnica a ser utilizada determina uma significativa mudança no estilo de jogo do praticante. Existe, também, um terceiro tipo de apoio para golpear o forehand, denominado de forehand closed stance. Durante a execução dele, o tenista posiciona o tronco lateralmente, com as pernas paralelas à rede. Normalmente, o FOS é utilizado quando o tenista não tem tempo suficiente para posicionar o pé esquerdo na frente do direito. Essa técnica tem se tornado uma das grandes mudanças do tênis nos últimos anos, pois muitos tenistas profissionais golpeiam a maioria dos forehands com ela. Durante muitos anos, esse tipo de forehand foi considerado, por especialistas, como um golpe de técnica pobre, mas, atualmente, é muito utilizado por jogadores de elite (KNUDSON, 1999). De acordo com Saviano (2003), as vantagens da técnica são: melhor utilização da rotação do quadril para gerar potência; e recuperação mais rápida, para a próxima bola, durante um rally (sequência de golpes). Hofer (2004) aponta as mesmas vantagens da técnica e explica o seguinte: a técnica FOS possibilita uma maior geração de potência ao golpe, devido à maior utilização da rotação do quadril durante a fase que antecede a de aceleração. Além disso, durante o uso, a recuperação do posicionamento do tenista, em relação ao centro da quadra, após o golpe, é favorecida. Por fim, antes que a fase que antecede o contato com a bola seja completada, a concentração do peso do corpo, entre os pés, é transferida lateralmente, de modo a posicionar o jogador, sempre, em direção ao centro da quadra (KNUDSON, 1999). 152 Figura 2 – Técnicas de posicionamento dos pés para ser executado o forehand - (A) open stance; e (B) square stance Fonte: Bollettieri (1999) De outra forma, o FSS consiste em uma fase de preparação, na qual o tenista posiciona o tronco lateralmente, com as pernas perpendiculares à rede. É uma técnica mais clássica e que exige mais tempo de preparação. As vantagens dessa técnica de posicionamento dos pés, segundo Saviano (2003), são: mais geração de força no sentido anterior-posterior e mais controle do golpe. O FSS é caracterizado por uma transferência da concentração do peso do corpo, desde o pé de trás para o pé da frente, enquanto o FOS é caracterizado pela rotação do quadril mais acentuada (HOFER, 2004). As técnicas do FOS e do FSS são divididas em cinco fases: preparação, aceleração, contato, terminação e recuperação, segundo (GRABB, 2003). Preparação: segundo Ishizaki e Castro (2006), a fase de preparação, sempre, deve partir da posição inicial. O tenista precisa realizar uma rotação de tronco assim que percebe a bola que vem do lado direito. Para ter um bom desempenho, o tenista necessita fazer o giro de ombros, associado com o giro dos pés, em uma base sólida, de modo a obter mais equilíbrio. 153 Sempre que está na fase de preparação, o tenista deve fazer o pivô na perna direita, com o joelho fl exionado, para entrar em outra fase do movimento. Figura 3 – Fase de preparação para (A) forehand open stance e (B) forehand square stance Fonte: Grabb (2003) e Mora (2002) Aceleração: o tenista, com um bom trabalho de pés e com uma base sólida, possui uma preparação antecipada, o que facilita a fase de aceleração (ISHIZAKI; CASTRO, 2006). Figura 4 – Fase de aceleração para (A) forehand open stance e (B) forehand square stance Fonte: Grabb (2003) e Mora (2002) 154 Contato: o tenista realiza o contato da raquete com a bola. A rotação do quadril posiciona o executante, novamente, de frente para a rede. Normalmente, esse contato, para ambas as técnicas, é executado próximo da altura da cintura. Se o contato entre a raquete e a bola acontece acima dessa altura, o tenista pode se perder no solo. Figura 5 – Fase de contato para (A) forehand open stance e (B) forehand square stance Fonte: Grabb (2003) e Mora (2002) Terminação: o tenista continua o movimento do golpe após o contato com a bola. Ela pode ser mais baixa, perto da pelve, do lado do ombro, ou, até mesmo, alta, quando o tenista se encontra atrasado para bater a bola. A terminação é de suma importância, pois ela permite a desaceleração do golpe, o que faz com que a bola seja mais controlada durante a partida. Figura 6 – Fase de terminação para (A) forehand open stance e (B) forehand square stance Fonte: Grabb (2003) e Mora (2002) 155 Recuperação: o tenista realiza a aterrissagem no pé esquerdo (para os tenistas destros) em ambas as técnicas. Essa ação marca o início da fase de recuperação do executante em direção ao centro da quadra. Figura 7 – Fase de recuperação para (A) forehand open stance e (B) forehand square stance Fonte: Grabb (2003) e Mora (2002) BACKHAND Para a maioria dos tenistas, é um golpe mais fraco em comparação ao forehand. Contudo, é uma arma poderosa, quando bem dominada. De acordo com Sisto (2007), o segredo de uma boa esquerda está na liberdade de movimento, com uma continuação longa. Assim, entende-se que é necessário o domínio de todos os princípios biomecânicos para se ter um bom desempenho. EMPUNHADURAS As empunhaduras mais utilizadas para o golpe de backhand são eastern de backhand e continental para o golpe com uma mão. Quando executadas com as duas mãos, as empunhaduras marcam presença na mão não dominante continental, na mão dominante eastern, ou semi-western de forehand (SILVA, 2007). 156 Figura 8 – Empunhadura mais utilizada para se golpear (A) backhand com uma mão e (B) backhand com duas mãos Fonte: Levey (2005) Fonte: https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/5124. Acesso em: 24 abr. 2022. RESUMO DO TÓPICO 3 157 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • Os golpes básicos utilizados nos esportes de raquete olímpicos marcam presença constante. • A análise dos golpes básicos dos esportes de raquete olímpicos, com associação aos não olímpicos, é fundamental. • As formas de treinamento tático são compreendidas com os processos cognitivos de ensino. • O reconhecimento dos fundamentos estratégicos táticos dos esportes de raquete em ações decorrentes de jogo é primordial. • Compreendidas as qualidades físicas desenvolvidas nos esportes de raquete, são aplicadas e orientadas dentro do processo de ensino-aprendizagem. 158 AUTOATIVIDADE 1. Com relação ao ensino dos esportes de raquete, o aluno precisa se articular a três canais de comunicação para ampliar o aprendizado: visual, auditivo e cinestésico. São canais utilizados pelo professor para o desenvolvimento de uma aula, e de forma determinada. Está apto a utilizar cada canal de forma isolada, ou combiná-los, em função da grande quantidade de variáveis para o ensino dos esportes. A respeito desses canais de comunicação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O canal visual é conhecido como demonstração, e tem, como objetivo, proporcionar uma imagem global da tarefa, isto é, uma aprendizagem por imitação. b) ( ) O canal auditivo é conhecido como demonstração, e tem, como objetivo, proporcionar uma imagem global da tarefa, isto é, uma aprendizagem porimitação. c) ( ) O canal visual oferece uma informação complementar ao aluno, por meio do uso de palavras, com o objetivo de que obtenha um modelo mental da tarefa. d) ( ) O canal cinestésico determina que o aluno não tem um aprendizado melhor ao fazer, por envolvimento direto, assim, é preferível ir, diretamente, para a ação. 2. A capacidade tática e os processos cognitivos, para uma tomada de decisão, reconhecem a necessidade e a dimensão de habilidades e de competências do aluno. Ainda, é preciso determinar se estão, ou não, relacionadas com o nível cognitivo, especialmente, com o conhecimento tático que esse aluno pode desenvolver no jogo. Com base nas definições dos enfoques das capacidades táticas, analise as sentenças a seguir: I- A percepção do ambiente está direcionada à recepção de informações, assim, o percurso é importante para o treinamento tático nos esportes com raquete. II- A tomada de decisão consiste na escolha de uma possível ação presente em uma situação de jogo, na qual há várias opções. III- A capacidade de decisão é constituída pelos processos de elaboração de planos de ação e de chamada desses planos para a execução da ação, isto é, para a concretização da tomada de decisão. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 159 3. O sistema estratégico-tático dos esportes de raquete compreende uma série de variáveis, assim, esses fatores são fundamentais para a percepção, dos praticantes desses esportes, de ações decorrentes do jogo. Então, de acordo com a relação entre o conhecimento teórico e a experiência, com o objetivo de se compreender a complexidade desse jogo, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As capacidades são indissociáveis a partir das regras de uma ação atribuídas a modelos designados de jogo. ( ) O desenvolvimento de habilidades e competências de esportes de raquete se associa ao repertório teórico (conhecimento) e à experiência que o aluno possui. ( ) Para ampliar o repertório motor dos alunos, as aulas devem possuir um grupo de exigências complexas, específicas e polivalentes, que vise à aprendizagem, à estabilização e ao aperfeiçoamento das ações estratégico-táticas, determinadas por uma situação na qual é preciso resolver problemas operacionais impostos pelo contexto de um jogo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. A iniciação esportiva, utilizada como metodologia de ensino, deve acontecer de forma dinâmica e descontraída, a fim de motivar o aluno a praticar um jogo e permitir os processos de aprendizagem e de desenvolvimento da técnica, da tática esportiva dos esportes de raquete. Assim, disserte a respeito dos desenvolvimentos técnico e tático no ensino desses esportes. 5. A iniciação esportiva dos esportes de raquete é entendida e orientada pelo ensino convencional dos fundamentos técnicos e táticos do esporte. Assim, o ensino de crianças e jovens deve apontar as necessidades e as capacidades na etapa de desenvolvimento, de modo a romper o ensino de metodologias mecanicistas que são caracterizadas pela monotonia de exercícios repetitivos. Nesse contexto, disserte a respeito desse ensino de esportes de raquete. AUTOR, A. B. C. Fonte para questão conforme padrão INEP. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2022. 160 REFERÊNCIAS BALBINOTTI, C. O ensino do tênis: novas perspectivas de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed Editora, 2009. BELLI, T.; CHIMINAZZO, J. G. C. Esportes de raquete. Santana de Parnaíba: Editora Manole, 2021. BENELI, L. M. et al. Proposta interacionista de ensino dos esportes de raquete. In: BELLI, T.; CHIMINAZZO, J. G. C. Esportes de raquete. Santana de Parnaíba: Editora Manole, 2021. p. 1-16. BETTI, M. Cultura corporal e cultura esportiva. Revista Paulista de Educação Física, v. 7, n. 2, p. 44-51, 1993. BIEDRZYCKI, B. P. et al. Metodologia do ensino da Educação Física. 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Olho Mágico, v. 1, n. 1, p. 121, 2001. 163 ESTRUTURA DO ESPORTE DE RAQUETE UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer adaptações, práticas e jogos de iniciação a esportes com raquete; • entender como a inserção dos esportes de raquete é uma ferramenta de inclusão social; • compreender o ensino dos esportes de raquete para pessoas com defi ciência; • analisar a proposta de ensino aplicada a esportes de raquete. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ADAPTAÇÕES, PRÁTICAS E JOGOS DE INICIAÇÃO A ESPORTES COM RAQUETE TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – INSERÇÃO DE ESPORTES DE RAQUETE COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL E ESTÍMULO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 164 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 165 TÓPICO 1 — ADAPTAÇÕES, PRÁTICAS E JOGOS DE INICIAÇÃO A ESPORTES COM RAQUETE UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O processo de ensino-aprendizagem, através de jogos, é o modelo de jogo que regula a necessidade de aprendizagem das combinações técnica e tática, ou seja, por meio de situações vivenciadas em um jogo, é analisada a necessidade de aprimoramento de técnicas e de táticas. No entanto, o aluno não dever, apenas, jogar para a correção de aspectos técnicos e táticos, mas, também, para um aprendizado efetivo. O ensino através de jogos possibilita o desenvolvimento de aspectos técnicos (fundamentos) e táticos, que acontecem através de situações reais de jogo. Desse modo, a partir da aprendizagem por jogos, o aluno identifica situações particulares que devem ser enfatizadas, como foco em atividades com jogos, com a priorização do ataque e da defesa, além de aprimoramento de técnicas, com capacidades táticas utilizadas para o alcance de um objetivo de um jogo (GRECO, 1998). Contempladas as expectativas, neste tema de aprendizagem, serão abordados aspectos conceituais e estruturais para o ensino de esportes de raquete, incluindo atividades pedagógicas para o ensino, com o direcionamento para formação esportiva, métodos formativos e aspectos pedagógicos. Ao fim, abordaremos a concepção e a proposta de concepção de ensino, eixo e para esses esportes de raquete. Esses elementos são primordiais para a compreensão dos demais temas de aprendizagem. 2 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS PARA ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE Os métodos de ensino-aprendizagem de esportes, segundo Greco, Morales e Aburachid (2012), apresentam interação dos processos de iniciação esportiva, dentro de ambientes escolares e clubísticos, nos quais há interação ensino-aprendizagem- treinamento, o que leva a interações indivisíveis entre si e a uma sequência pedagógica de ensino. Analisadas diferentes abordagens pedagógicas, considera-se que o desenvolvimento de processos metodológicos, nos esportes coletivos e individuais, proporciona um ensino não só de esportes, mas, também, de todo o contexto sociocultural 166 esportivo. É necessário considerar que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento se relaciona com a perspectiva do processo de desenvolvimento, a formação de uma visão crítica e humanística de valores esportivos, com a vinculação do desenvolvimento de habilidades, competências, capacidades, comportamentos, atitudes e valores de forma crítica e reflexiva, o que proporciona o processo de formação esportivo (GARGANTA, 1995; GRECO; MORALES; ABURACHID, 2012; GRECO, 1998; KRÖGER; ROTH, 2002). Tabela 1 – Competências gerais da Educação Básica Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/df/Badminton_at_the_2020_ Summer_Olympics_%E2%80%93_Women%27s_singles_%E2%80%93_Sorayya_Aghaei_%28I- RI%29_%2812%29.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. O processo de ensino-aprendizagem tático, segundo Greco (1998), é entendido como a forma através da qual jogadores e equipes proporcionam momentos em um jogo. As experiências táticas devem ser orientadas a partir de uma análise da estrutura de um jogo, com a configuração da especificidade de cada esporte e a realização de um planejamento, de acordo com os objetivos de cada modalidade. Assim, o aluno aprende a tomar decisões e a resolver problemas que ocorrem durante o processo. 167 Figura 2 – Ampliação do repertório motor Fonte: https://pixabay.com/photos/school-children-school-7047297/. Acesso em: 24 abr. 2022. Os esportes coletivos e individuais possuem características que não são, totalmente, previsíveis, pois atitudes tático-estratégicas são apresentadas ao aluno, assim, a estruturação de um modelo de jogo, previamente, estabelecido pode facilitar o processo de tomada de decisão. Então, o ensino da tática, também, é viabilizado, através de métodos alternativos que se relacionam, reciprocamente, à estratégia e à tática. Essa tática, como podemos perceber, abarca dimensões no processo de ensino, como: • Ação tática em um jogo: os indivíduos participam de forma ativa e crítica, e enfatizam, na própria prática, questões cognitivas e motoras, de forma integrada. • Teaching Games for Understanding (TGFU): o ensino é baseado no entendimento, na compreensão, na refl exão e na problematização de elementos estruturais dos próprios jogos. • Ensino de jogos esportivos coletivos: os alunos devem ser expostos a cenários variados de prática, com a ampliação do repertório (motor, tático e estratégico). • Escola da Bola: um ABC para iniciantes, em jogos esportivos, é importante, orientado para o desenvolvimento de capacidades de jogo, assim, “jogar se aprende jogando”, com o seguinte direcionamento: A) jogos orientados para a situação; B) orientação 168 para as capacidades coordenativas; e C) orientação para as habilidades. • Iniciação esportiva universal: a integração do treinamento técnico ao tático é um fator fundamental para o sucesso no processo de ensino-aprendizagem de jogos, assim, as ações, em um jogo, são determinadas pela conexão do “saber o que fazer” e do “saber como fazer”. • Modelo de competência de jogos de invasão: a oportunidade, ao aluno, de prática de um esporte, de forma integral, é primordial. Ele assume, não apenas, a função de jogador, mas, também, outras, que tratam do apoio e da coordenação de atividades que compõem o cenário esportivo (árbitro, organizador de eventos, técnico etc.). Assim, é importante refl etir a respeito de questões que emergem de propostas de convergência dos modelos pedagógicos contemporâneos e da presença de atividades de cunho tecnicista em propostas pedagógicas. Tabela 1 – Propostas de ensino 169 Fonte: o autor Foram apresentadas propostas de ensino alternativas e novas tendências que se preocupam com a articulação dos ensinos de técnica e tática. Dessa forma, você, como futuro profi ssional de Educação Física que está em escolas, clubes esportivos e academias de esporte, que ensina modalidades coletivas e individuais, necessita conhecer e desenvolver novas abordagens para o ensino de esportes coletivos e individuais, tão necessários diante da realidade de ensino. 170 2.1 FORMAÇÃO ESPORTIVA O desenvolvimento da formação esportiva, segundo Greco e Benda (1998), caminha por um processo planejado e sistemático136 3 REFERÊNCIA ESTRATÉGICO-TÁTICA DO ESPORTE COM RAQUETE ...........................138 3.1 PERCEPÇÃO ESTRATÉGICO-TÁTICA ..................................................................................... 138 3.2 CONHECIMENTO TEÓRICO E EXPERIÊNCIA ........................................................................ 140 3.3 COMPLEXIDADE DAS AÇÕES DE JOGO ................................................................................ 141 3.4 QUALIDADES FÍSICAS NO ESPORTE DE RAQUETE ........................................................... 143 3.4.1 Força especial ................................................................................................................. 143 3.4.2 Velocidade e agilidade .................................................................................................. 144 3.4.3 Resistência ..................................................................................................................... 145 3.4.4 Força geral ...................................................................................................................... 146 3.4.5 Flexibilidade .....................................................................................................................147 3.4.6 Habilidades coordenativas ...........................................................................................147 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................149 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................158 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................160 UNIDADE 3 — ESTRUTURA DO ESPORTE DE RAQUETE ..................................................163 TÓPICO 1 — ADAPTAÇÕES, PRÁTICAS E JOGOS DE INICIAÇÃO A ESPORTES COM RAQUETE ............................................................................................................................165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................165 2 ATIVIDADES PEDAGÓGICAS PARA ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE ..................165 2.1 FORMAÇÃO ESPORTIVA ...........................................................................................................170 2.2 MÉTODOS FORMATIVOS ..........................................................................................................170 2.2.1 Analítico-sintética ........................................................................................................... 171 2.2.2 Analítica ............................................................................................................................ 171 2.2.3 Princípio global funcional .............................................................................................172 2.2.4 Princípio misto ................................................................................................................172 2.2.5 Teoria dos jogos desportivos ........................................................................................172 2.2.6 Métodos alternativos de ensino ..................................................................................173 2.3 ASPECTOS PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DE ESPORTES ............................................176 3 CONCEPÇÃO DE ENSINO, EIXOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................. 176 3.1 CONCEPÇÕES DO ENSINO ESPORTIVO ................................................................................ 177 3.1.1 Concepção crítico-emancipatória ................................................................................178 3.1.2 Concepção crítico-superadora ....................................................................................178 3.1.3 Concepção desenvolvimentista ...................................................................................179 3.1.4 Concepção construtivista .............................................................................................179 3.1.5 Psicomotricidade ............................................................................................................ 180 3.2 PROCEDIMENTOS DIDÁTICO-METODOLÓGICOS ...............................................................181 3.3 ELABORAÇÃO DE AULAS ........................................................................................................181 3.4 TEMATIZAÇÃO DE AULAS: ENSINO DO TÊNIS .................................................................... 182 3.4.1 Primeiro momento.......................................................................................................... 182 3.4.2 Segundo momento ........................................................................................................ 182 3.4.3 Terceiro momento ......................................................................................................... 183 4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS .......................................................................................185 4.1 ABORDAGENS SISTEMATIZADAS .......................................................................................... 185 4.2 ABORDAGENS NÃO SISTEMATIZADAS I .............................................................................. 185 4.3 ABORDAGENS NÃO SISTEMATIZADAS II ............................................................................. 186 4.4 DEMAIS ABORDAGENS ............................................................................................................187 5 REFERÊNCIAS ESPORTIVAS E PROPOSTAS .................................................................187 5.1 TEORIA TÉCNICO-TÁTICA ........................................................................................................ 188 5.2 TEORIA SOCIOEDUCATIVA ...................................................................................................... 188 5.3 TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL ............................................................................................ 189 5.4 TEORIA MODERNA ................................................................................................................... 189 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................190 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 191 TÓPICO 2 - INSERÇÃO DE ESPORTES DE RAQUETE COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL E ESTÍMULO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA .................................................193 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................193 2 CONCEPÇÕES DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE ESPORTES .........................................193 2.1 EXCLUSÃO SOCIAL .................................................................................................................. 194 2.2 INCLUSÃO SOCIAL .................................................................................................................. 194 2.3 PRÁTICA ESPORTIVA COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL ............................................ 194 3 JOGOS COOPERATIVOS ................................................................................................195 3.1 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DOS JOGOS COOPERATIVOS ....................................197 3.2 JOGO .......................................................................................................................................... 199 3.3 JOGOS COOPERATIVOS E CATEGORIAS.............................................................................. 199 3.4 JOGOS COOPERATIVOS E PRINCÍPIO SOCIOEDUCATIVOque se inicia na infância, assim, a função do sistema de formação esportiva se restringe a linhas de ação; conceitos filosóficos, políticos e sociais; e conteúdos que abrangem o processo de ensino- aprendizagem. A aquisição de experiências motoras e de jogo, na infância, que ampliem o repertório motor, é relevante para a aprendizagem de habilidades motoras essenciais para a organização, a estruturação e o funcionamento do sistema de formação esportiva, inter-relacionadas as estruturas inerentes para a formação de um indivíduo (GINCIENE et al., 2019; GRECO; BENDA, 1998; GRECO, 1998). Cada modalidade esportiva possui fundamentos técnicos e táticos próprios, e uma manifestação variada apresenta diversos contextos de prática, com diferentes níveis de exigência, incluindo sentidos e significados distintos, como o sistema de características motoras e consequências para a realização de uma ação motora correspondente (GRECO; BENDA, 1998; GRECO, 1998; GINCIENE et al., 2019). 2.2 MÉTODOS FORMATIVOS A escolha de uma metodologia é muito mais do que um aprimoramento técnico-tático de ensino esportivo a um aluno. Portanto, um método não possui, apenas, a função de direcionar uma ação pedagógica, mas, também, permitir, ao aluno, uma conscientização técnica-tática, que proporcione a oportunidade de formular conceitos de jogo e atividades em si (GRECO, 1998). No ensino-aprendizagem de esportes, segundo Greco, Morales e Aburachid (2012) e Greco (1998), acontece o desenvolvimento motor dos alunos, o que facilita e proporciona a aquisição e a ampliação do repertório motor que apresentam. Assim, um aluno compreende as áreas esportivas e atua com uma consciência crítica em relação à saúde, estilo de vida e conscientização de valores, o que tem ligação com a formação de hábitos saudáveis e contribuições proporcionadas pelo esporte. Os métodos de ensino são as ações do professor, a partir das quais se organizam atividades de ensino com alunos, a fim de serem atingidos objetivos de trabalho docente em relação a um conteúdo específico. A natureza dos jogos esportivos coletivos é, essencialmente complexa, sendo que coabitam, no ambiente dela, a imprevisibilidade, a aleatoriedade, o equilíbrio, o desequilíbrio, a ordem, a desordem, a organização e a interação. Por isso, os métodos de ensino da teoria dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC) têm a função de auxiliar o desenrolo do repertório motor de um aluno e/ou participante. 171 A partir de agora, então, entenderemos os métodos formativos e conheceremos os princípios da metodologia analítico-sintética, do método analítico, do princípio global-funcional que proporciona, ao aluno, um ensino-aprendizagem de treinamento para o desenvolvimento esportivo. 2.2.1 Analítico-sintética A metodologia se caracteriza pelo processo de ensino-aprendizagem de treinamento realizado em partes, por etapas, com exercícios que apresentam uma divisão de gestos, técnicas e ação motora (GRECO, 1998). Como exemplo, podemos citar o ensino de esportes através da repetição de exercícios de cada fundamento técnico inserido em uma série de exercícios, com o aumento da complexidade e da dificuldade de execução quando há a diminuição de ajuda. À medida que o aluno domina essa sequência/série de exercícios, inicia-se uma nova sequência. Portanto, quando esses movimentos já estão dominados, permitem uma ampliação do repertório motor do aluno, que abrange o domínio de componentes básicos de uma técnica inerente ao jogo (GRECO, 1998; GRECO; BENDA, 1998). 2.2.2 Analítica O método é caracterizado, segundo Greco (1998, p. 68), como uma “série de exercícios”, ou seja, como um ordenamento de exercícios organizados por princípios metodológicos que propõem a execução da seguinte forma: • Desenvolvimento de uma atividade, do conhecido ao desconhecido, com a integração de todas as partes. • Acontecimento do fácil para o difícil, o que diminui a ajuda. • Organização dos exercícios, da forma simples para a complexa, com aproximação gradativa. • Divisão dos exercícios pelo movimento, em fases funcionais. Os exercícios desenvolvidos são combinados em séries, com a formação de uma combinação de técnicas e a agregação de muitos elementos isolados, dominados pelo menor, que, de forma geral, inicia-se com o jogo em si. Esse método é realizado em partes, em etapas, para, posteriormente, serem unidas entre si e compor um movimento, ou ação final. As técnicas são ensinadas de maneira fragmentada, do mais simples ao mais complexo (FAVARO, 2020). Também, é conhecido como aquele cujo objetivo é ensinar uma determinada destreza motora, ou movimento básico fundamental, a partir de pequenos passos (fragmentos constitutivos do movimento total), para, depois, serem unidos entre si. Dessa forma, para o estudante executar um passe com as mãos, deve realizar os movimentos das mãos sem a bola. Depois, necessita exercitar a movimentação dos pés e fazer a combinação de ambos os movimentos, ainda, sem a bola, para, finalmente, introduzi-la no movimento proposto. 172 2.2.3 Princípio global funcional É caracterizado pela adequação de toda a complexidade de um jogo esportivo (técnica, tática, regras etc.), por meio de uma sequência de jogos recreativos acessíveis a uma faixa etária e de uma capacidade técnica do aluno que inicia a prática esportiva. Assim, para alcançar essa prática, caminha por vários jogos preparatórios. É um método complexo, pois consiste no ensino de uma destreza motora, ou movimento a ser realizado, de maneira íntegra, com totalidade. A aprendizagem por repetição de um gesto é, primeiramente, observada, indicada para crianças dos 7 até os 18 anos de idade (FAVARO, 2020). Ensina-se uma destreza motora, ou movimento básico fundamental, de modo que seja apresentado e praticado através de todo o conjunto dela. Nesse contexto, a aprendizagem de um rolo para frente aconteceria a partir da execução do movimento como um todo. Para melhor exemplificar, aprende-se a executar o rolo para frente ao rolá-lo, ou seja, ao realizar o movimento completo, desde a primeira experiência dele. 2.2.4 Princípio misto É a união dos métodos parcial, analítico e global, desenvolvido para neutralizar as deficiências de cada método. Geralmente, é iniciado com a utilização do método global e completado com o parcial, com o intuito de aprimorar a técnica, ou o gesto motor determinado (FAVARO, 2020). Ensinar uma destreza motora, ou um movimento básico fundamental, é incentivar a execução dela a partir de todo um conjunto. Assim, caso o estudante apresente algum problema de aprendizagem, o professor deve orientá-lo, de modo a praticar, isoladamente, parte dessa destreza, ou movimento provocador da dificuldade, através do uso do método parcial, com o retorno à execução global logo após. 2.2.5 Teoria dos jogos desportivos A teoria dos JDC é uma dinâmica que exige a solução de um problema geral: os jogadores precisam criar situações de finalização e marcação de um ponto, ou de um gol. No entanto, existe um contexto a ser considerado: para realizar o objetivo final (gol, ou ponto), necessitam realizar ações coordenadas, com o intuito de recuperar a bola, manter a posse dela, e prosseguir com ela em direção ao gol. Os JDC possuem uma prevalência de qualificações a partir da dimensão estratégico-tática, como: (1) Dimensão do espaço e do tempo: resolução de desafios e problemas para movimentar a bola, com as metas de transpor e ultrapassar o adversário; criar dificuldades de oposição, como obstáculos; e tentar recuperar a bola. 173 Tudo isso deve considerar as regras relativas à utilização do espaço e do tempo; (2) Dimensão da informação: resolução de desafios e problemas ao se criarem situações de incerteza e instabilidade perante os adversários. Isso necessita, evidentemente, do conhecimento claro de objetivos e opções técnicas e táticas do jogo; (3) Dimensão da organização: necessárias a integração de colegas de equipe e a resolução de problemasrelacionados aos objetivos desse grupo, com a conexão de ações individuais às necessidades coletivas. 2.2.6 Métodos alternativos de ensino O ensino de métodos alternativos, conforme de Amorim, Mendes e Assunção (2021), aponta que não há evidências de que o ensino isolado da técnica, ou da tática, tenha sido significante quanto ao ganho de aprendizagem, então, a aprendizagem não pode ser associada, somente, a metodologias existentes. Dessa forma, outros fatores precisam ser considerados, como as capacidades cognitivas e motoras, o êxito para a aprendizagem, a combinação aluno/professor e a complexidade das tarefas. Então, é necessário que o professor tenha entendimento de metodologias alternativas para o ensino de esportes, para que possa escolher e refletir a respeito das abordagens investigadas, incluindo a utilização de procedimentos, de modo a orientar uma prática pedagógica (DE AMORIM; MENDES; ASSUNÇÃO, 2021). A pedagogia do esporte debate a respeito da vertente tradicional (tecnicista), como a aprendizagem de técnicas de movimentos tirados de um jogo, com a repetição desses movimentos e a execução deles de forma padronizada. Ainda, há a abordagem alternativa (tática) que defende os aspectos estratégicos e táticos para o desenvolvimento do ensino, sendo que os jogadores estão dentro do processo de ensino-aprendizagem de um jogo, estimulados a uma tomada de decisão autônoma e reflexiva dentro da competição, jogo ou treino (DA COSTA; DO NASCIMENTO, 2004). A partir da perspectiva de alternativas para o ensino, a estratégia e a tática são relacionadas. A tática abarca a realização de um plano estratégico, observadas as potencialidades dos alunos e as condições momentâneas do ambiente de jogo. Já a estratégia é concebida e influenciada com base em resultados de ações realizadas (GARGANTA; OLIVEIRA, 1996). Greco, Morales e Aburachid (2012) e Greco (1998) debatem a utilização dos métodos parcial, global e misto, considerados tradicionais. O método parcial, ou analítico, caracteriza-se por apresentar uma formação de exercícios a partir da qual os elementos técnicos são oferecidos por meio de uma série de exercícios e formas rudimentares de uma modalidade esportiva. Já no método global, dentro de uma situação de jogo, os elementos técnicos e táticos 174 são demonstrados. A vantagem do método global, em relação ao parcial, é que o envolvimento do aluno com as atividades proporciona um elevado nível de motivação. Por fi m, o método misto é o apanhado dos métodos global e parcial, ou seja, a técnica é aplicada de forma separada, e, quando se atinge um nível de habilidade e competência, executa-se o jogo por completo. Então, o processo de ensino de jogos, segundo Greco, Morales e Aburachid (2012), apresenta, como sequência metodológica, o jogo, propriamente, dito, e os elementos técnicos e táticos proporcionam a implantação de novas abordagens de ensino, como será exposto a seguir. Tabela 1 – Propostas de ensino Fonte: adaptada de Greco, Morales e Aburachid (2012) 175 Então, pode-se reforçar a metodologia baseada em estruturas funcionais, segundo Greco (1998), com situações de 1 x 0 (um atacante sem defesa), 1 + 1 x 0 (um atacante e um curinga), 1 x 1 + 1 (um atacante, um defensor, e um curinga, que é o segundo atacante), e 1 x 1 (um atacante e um defensor). Desde agora, com essas situações, outras variações são realizadas, com alteração quanto aos números de jogadores e elementos técnicos da modalidade, considerados os níveis de dificuldade e de complexidade de uma situação de jogo. Já no TGFU, observam-se quatro princípios pedagógicos que norteiam a estruturação pedagógica nesse modelo, de acordo com de Amorim, Mendes e Assunção (2021): • O critério de escolha de jogos proporciona a variabilidade de experiências vividas pelos alunos, com a compreensão tática do jogo. • A modificação da complexidade de um jogo formal se torna mais simples, através de alterações no espaço, no tempo e de materiais utilizados. • A modificação por exagero acontece, por meio da instauração de regras de um jogo, inseridos, os alunos, em uma situação de superioridade, ou inferioridade, numérica. • A complexidade tática é desenvolvida progressivamente. Dentro do processo de tomada de decisão, marca presença uma decisão tática, que pressupõe uma atitude cognitiva do aluno e uma participação efetiva do professor, como elo entre o conhecimento e o desenvolvimento desse estudante, assim, os processos cognitivos intrínsecos a uma tomada de decisão tática se apresentam importantes dentro dos esportes coletivos e individuais. Então, a apresentação de uma resposta depende, inicialmente, da identificação do estímulo, a partir da qual essa resposta, ou ação, pode ser programada (GRAÇA; RICARDO; PINTO, 2007; SILVA; ARAÚJO; SOARES, 2012). Por fim, as abordagens pedagógicas alternativas apontam a importância de aspectos estratégicos e táticos no processo de ensino dos esportes. Propõem que os jogadores, colocados no centro do processo de ensino-aprendizagem de um jogo, sejam estimulados a tomar decisões de forma autônoma e a refletir a respeito de problemas que surgem no cenário de disputa. Então, na metodologia de ensino da tática, a combinação de capacidades técnicas com as táticas visa à melhora de um jogo e à ampliação do repertório motor de um aluno, com caracterização pela orientação metodológica, apontadas a redução de dificuldades e a forma de ajuda, simplificada a tomada de decisão. Assim como na abordagem estruturalista, nesse modelo, o ensino da técnica é subordinado ao da tática, e prevalece o desenvolvimento da capacidade de jogo, que combina uma diversidade de capacidades psicológicas e físicas, além da interação entre as habilidades técnicas e as ações de jogo. 176 2.3 ASPECTOS PEDAGÓGICOS PARA O ENSINO DE ESPORTES As propostas metodológicas, que são denominadas de processos de ensino- aprendizado formal, para o ensino de esportes, técnica, tática e aspectos físicos, apresentam-se de forma transparente na aprendizagem intencional de ensino de modalidades esportivas. Assim, algumas propostas, como o modelo de educação esportiva, o desenvolvimentista e o TGFU potencializam diferentes abordagens para o ensino de esportes (GRECO; MORALES; ABURACHID, 2012; HOPPER, 1998). No modelo de educação esportiva, a proposta é a socialização através da prática esportiva, presente no método analítico, além das metodologias de jogos pré- desportivos e de iniciação. É caracterizado por uma proposta na qual o papel ativo e a cooperação são desenvolvidos entre professores e alunos, dentro da organização em diferentes tarefas, e pela distribuição de funções e responsabilidades (GRECO; MORALES; ABURACHID, 2012). No modelo desenvolvimentista, propõe-se o ensino não diretivo, que respeita a proposta de multidimensionalidade da técnica. A característica é a sequência de situações de aprendizagem, a partir da qual se observa como o aluno aprende, e se promovem atividades para que o aluno crie um caminho de desenvolvimento e de potencialidades (GRECO; MORALES; ABURACHID, 2012). Por fim, a proposta TGFU, conhecida como modelo de ensino de jogos pela compreensão, tem, como objetivo, a promoção da aprendizagem social dentro da prática de um esporte, de forma a ser construído um senso crítico, incluindo aspectos táticos, o que possibilita, ao aluno, que desenvolva a habilidade de resolução de problemas que acontecem nesse jogo, mediante a compreensão da lógica dele (HOPPER, 1998). 3 CONCEPÇÃO DE ENSINO, EIXOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS As concepções de ensino buscam a coerência para o desenvolvimento de estratégias didáticas de aprendizagem. Assim, a coerência é interpretada pela intenção pedagógica e pelas propostas de mudanças para os alunos. No entanto, algumas dessas concepções não são aplicadas, assim, o professor necessita realizar o processo educativo com uma visão para o desenvolvimento intelectual como parte do sucessoeducacional. As tendencias pedagógicas direcionam o papel a ser desenvolvido na prática, de modo a influenciar os processos de discussão entre a teoria e a prática 177 para a construção de um comportamento coerente pela prática pedagógica, então, a atualização docente, através da reflexão dessas tendencias e de pressupostos de aprendizagem, faz o professor apontar para os fundamentos teóricos a serem desenvolvidos na prática, em sala de aula. A partir de agora, compreenderemos as concepções pedagógicas estruturadas para aplicação na Educação Física, como: crítico-emancipatória, crítico-superadora, desenvolvimentista, construtivista e psicomotricidade, para aplicação em outros âmbitos, além do ensino formal 3.1 CONCEPÇÕES DO ENSINO ESPORTIVO Na área da Educação Física, Darido (2012) apresenta debates a respeito de concepções do ensino esportivo para o ensino-aprendizagem, porém, há diversas concepções que descrevem o papel da Educação Física no ambiente escolar. Elas apresentam propostas para o rompimento dos modelos mecanicista, esportivista e tradicional, como: humanista; fenomenológica; de psicomotricidade, baseada nos jogos cooperativos; cultural; desenvolvimentista; interacionista-construtivista; crítico-superadora; sistêmica; crítico-emancipatória; de saúde renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais; além de outras. Faz-se necessário apontar para a prática pedagógica a partir de perspectivas de aplicação das concepções citadas individualmente. Cada uma apresenta uma peculiaridade e aglutina os aspectos de mais de uma linha pedagógica, ou seja, no ensino-aprendizagem de Educação Física escolar, não utilizamos, apenas, uma abordagem. Para contemplar a temática relacionada a concepções de ensino, trabalharemos com elementos das concepções, que apresentam propostas para o rompimento dos modelos mecanicista, esportivista e tradicional, como: de psicomotricidade, desenvolvimentista; construtivista; crítico-superadora; e crítico- emancipatória. Em seguida, abordaremos discussões a respeito de procedimentos didático-metodológicos para os esportes de raquete. Faça a leitura do texto Vivendo a Cultura Corporal de Movimento no Ensino Médio, através do link a seguir, e fique por dentro dessa proposta de ensino: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/ caderno-de-praticas/ensino-medio/84-vivendo-a-cultura-corporal-de- movimento-no-ensino-medio?highlight=WyJjb21wZXRlbmNpYSIsNSwiY29t cGV0XHUwMGVhbmNpYSA1Il0=. DICA 178 3.1.1 Concepção crítico-emancipatória Na concepção crítico-emancipatória, Taffarel e Morschbacher (2013) descrevem que é uma abordagem que propõe o resgate do movimento humano como forma de expressão no mundo social. Para isso, acontece uma articulação esportiva direcionada a uma transformação didático-pedagógica, para que a educação amplie uma reflexão crítica e emancipatória dos atores envolvidos. Entende-se que, por meio de um questionamento crítico, compreendem- se as estruturas e os processos institucionalizados que são postos pela sociedade, assim, essa abordagem, na prática, está lado a lado de uma didática comunicativa, orientada pelo desenvolvimento das capacidades de questionamento e argumentação de assuntos desenvolvidos em aula, por parte de alunos. Então, a capacidade crítico- emancipatória faz um resgate da linguagem do movimento humano, com as formas de expressão e entendimento no contexto social (TAFFAREL; MORSCHBACHER, 2013). É importante destacar o fenômeno social que o esporte possui e a capacidade dele de inserir o praticante dentro de um contexto prático, ao fazer com que o estudante se sinta como os outros participantes de esporte. Também, as influências das ações socioculturais, dentro do esporte, podem propiciar, aos praticantes, o desenvolvimento de competências, como autonomia, interação e ampliação do repertório motor. Conheça um pouco mais a respeito de esportes diversos a partir de uma perspectiva crítico-superadora, a qual será trazida a seguir: https:// www.periodicos.unesc.net/ojs/index.php/lendu/article/view/4329. DICA 3.1.2 Concepção crítico-superadora A abordagem crítico-superadora, dentro da Educação Física escolar, desenvolve aspectos pedagógicos de conhecimento da cultura corporal de movimento, de forma a propor uma aprendizagem da expressão corporal como linguagem. 179 Castenalli et al. (1992) descrevem a abordagem como uma reflexão pedagógica a ser diagnosticada, pois contempla a leitura de dados da realidade, explicita valores de ética voltados a interesses de uma classe social, e aponta um caminho de transformação da realidade. 3.1.3 Concepção desenvolvimentista A concepção desenvolvimentista é uma abordagem desenvolvida para crianças de quatro a 14 anos, que vai em busca de processos de aprendizagem e desenvolvimento para uma fundamentação e uma caracterização, para a Educação Física escolar, da progressão do crescimento físico, incluindo os desenvolvimentos fisiológico, motor, cognitivo, afetivo e social. Para a aprendizagem motora, apresentam- se aspectos, ou elementos, para a estruturação da Educação Física escolar (TANI, 2008; DARIDO, 2012). Essa abordagem desenvolvimentista possui, como base teórica, as psicologias do desenvolvimento e da aprendizagem, de modo a oferecer experiências de movimentos, de acordo com o crescimento e o desenvolvimento, assim, o aluno tem condições de que o comportamento motor dele seja desenvolvido e ampliado, por meio da interação e da complexidade de movimentos (DARIDO, 2012). 3.1.4 Concepção construtivista É uma abordagem que recebe influências da Psicologia, e tem Piaget como referencial teórico e Freire, como ênfase no desenvolvimento cognitivo. Considera a cultural infantil essencial, repleta de jogos e brincadeiras, assim, dá prioridade ao lúdico e ao simbolismo. Nessa abordagem, o jogo, como conteúdo e estratégia, possui um protagonismo, levado em consideração o principal modo de ensino. Trata-se de uma ferramenta pedagógica, um caminho para o ensino, pois, enquanto joga, ou brinca, ocorre um aprendizado por parte do sujeito (DARIDO, 2012). Então, a concepção construtivista tem a intenção de construir conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, em uma relação que associa o ensinar e o aprender, considerado o conhecimento prévio que a criança já possui, independentemente da situação formal de ensino. 180 Figura 4 – Atividades com alunos com deficiência Fonte: https://diversa.org.br/wp-content/uploads/2022/11/educacao-fisica-inclusiva.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 3.1.5 Psicomotricidade Na concepção da psicomotricidade, Darido (2012) descreve que o desenvolvimento da criança é tido como o ato de aprender pelos processos cognitivos, afetivos e psicomotores. Assim, garante-se uma formação integral do aluno, com a inclusão e a valorização do conhecimento de origem psicológica. Jean Le Boulch foi o maior influenciador do pensamento psicomotricista no que se refere à formação de base de toda criança normal, ou que apresenta dificuldade, de modo a ser assegurado o desenvolvimento funcional e possibilitado, à criança, pela afetividade, a se expandir e a se equilibrar, através do intercâmbio com o ambiente humano. 181 Faça a leitura do texto Metodologias Emergentes no Ensino da Educação Física e aprofunde os seus conhecimentos: https://periodicos.uem.br/ojs/ index.php/RevEducFis/article/view/3868. DICA 3.2 PROCEDIMENTOS DIDÁTICO-METODOLÓGICOS Os procedimentos didático-metodológicos tomam, como base, a necessidade de proporcionar, ao aluno, um processo de transformações morais, intelectuais e físicas. A materialização dos princípios acontece através de conteúdos selecionados, organizados e sistematizados, que promovem uma concepção didática pela formação de interesses e a manifestação de possibilidades e aptidões para se conhecer a natureza esportiva. Os conteúdos dos esportes de raquete devem ser propostos no contexto da realidade esportivaatual, com o desenvolvimento das modalidades esportivas, a intervenção no processo de ensino, a vivência esportiva, e o ensino-aprendizagem- treinamento do esporte, assim, o acúmulo de conhecimento amplia a sistematização e a aplicação de práticas esportivas a partir de diversas manifestações. 3.3 ELABORAÇÃO DE AULAS A importância da construção de propostas para a sala de aula, a fim de deslocar o papel do professor e o ensino-aprendizagem para o aluno, como protagonista, acontece mediante objetivos propostos, conteúdo programático adequado, estratégias didáticas e recursos para o desenvolvimento da aula. Devem, no planejamento, ser construídos conteúdos de esportes de raquete direcionados a um objetivo proposto, com atividades programadas, metodologia e avaliação de ensino, com uma sequência coerente e elementos necessários para o processo de ensino-aprendizagem-treinamento (CASTENALLI et al., 1992). 182 3.4 TEMATIZAÇÃO DE AULAS: ENSINO DO TÊNIS Qual é número de aulas necessário para o ensino-aprendizagem de tênis? É uma modalidade esportiva com aptidões técnicas individuais, mas como ensiná-las? Assim, dentro de uma aula de Educação Física, você, professor, precisa organizar exercícios para que o aluno desenvolva técnicas necessárias ao aprendizado. Então, veremos habilidades e exercícios para ampliar o repertório motor do aluno e que tenham aprendizado para a modalidade esportiva. 3.4.1 Primeiro momento • Conversação com os alunos a respeito do esporte tênis e das possibilidades que cada um tem de executar movimentos básicos da modalidade. • Preparar, com os alunos, materiais que ensinem o controle da raquete, a empunhadura e o controle da bola, com cinco pontos importantes para dominá-la (altura, direção, profundidade, potência e rotação). • Realizar o contato entre a raquete e a bola. Durante a aula, os alunos precisam entender o objetivo de cada exercício, ou atividade, para que fi que bem claro, de acordo com instruções específi cas, como onde se posicionar, que tarefa ser executada e para que área da quadra a bola deve ser direcionada. Controle as bolas de maneira simples, com o mínimo de lançamentos e recolhimentos; e direcione alvos para que os alunos acertem. 3.4.2 Segundo momento É preciso propor, aos alunos, o aprendizado nas áreas da quadra, assim, o ensino dos exercícios e as atividades selecionadas ampliam a possibilidade de domínio da própria atuação em cada área dessa quadra. Figura 5 – Sequência para o desenvolvimento de habilidades Fonte: o autor 183 3.4.3 Terceiro momento O planejamento, para o ensino de tênis, é primordial para que o aluno possa experimentar e desenvolver habilidades através da prática de exercícios da modalidade. Assim, compreenderemos, através do exposto a seguir, como se constrói um plano de aula com a temática do tênis. Objetivo: Os jogadores são capazes de dar serviços completos a partir da linha de base. Componente Tempo Atividade ou exercício Aquecimento 8 min Fundo de quadra e deixadas seguidas de alongamentos selecionados Ensinamento 12 min Sequência pedagógica do serviço Treinamento de habilidades ensinadas anteriormente 20 min Prática de serviço, saque e devolução Prática com condições parecidas com o jogo 10 min Jogos de simples Avaliação e relaxamento 10 min Exercícios de reação à bola, alongamento Quadro 1 – Planejamento de aula Fonte: o autor Prática 1: o serviço (ou saque) Objetivo Faça o desenvolvimento da execução de serviços completos, com a utilização da empunhadura correta. Saque O saque é o golpe mais importante em um jogo de tênis, pois começa cada ponto. Assim, apresente os elementos da empunhadura continental, a postura, a preparação do golpe (backswing), o lançamento, o ponto de contato e o acompanhamento do movimento (ou follow-through). Atividade Coloque os jogadores em fila indiana atrás da linha de base. Passe a eles, um de cada vez, um golpe de forehand e uma deixada para revés. Mande-os correrem atrás da bola que acabaram de bater e voltarem para o fim da fila. Quadro 2 – Plano de aula do esporte tênis 184 Fonte: o autor Exercícios de saque 1. Posição inicial: colocar-se ao lado da rede, mas não de frente a ela. 2. Empunhadura: com a mão não dominante, segurar a raquete em pé, com a borda virada para a rede, e empunhar o cabo, como um martelo, com a outra mão. 3. Backswing, ou movimento do braço para armação do golpe: movimentar os dois braços ao mesmo tempo e erguer o braço da raquete até a altura do ombro, com as articulações voltadas para cima e a raquete apontada para a cerca traseira. 4. Armação, dobrar e estender o braço: após o movimento anterior, flexionar o cotovelo do braço que segura a raquete. Em seguida, estender o braço com a superfície da raquete voltada para a rede (repetir). 5. Armação, dobrar e estender o braço, transferir peso: repetir a extensão e transferir o peso do pé que está atrás para o que está na frente. Rotacionar o quadril em direção à rede e deixar, somente, os artelhos do pé de trás tocarem o chão. 6. Armação do golpe, lançar e tocar: ficar de pé perto do alam-brado, fazer uma armação, lançar a bola, dobrar e estender o braço que segura a raquete, tocando a bola contra a rede. (Veri-fique se a empunhadura e a extensão estão corretas. Repita.) 7. Armação do golpe, lançar, tocar e terminar: ficar disposto em quatro filas atrás da linha de base. O primeiro de cada fila se posiciona a 1,20 m da rede e saca quatro bolas por cima dela, a fim de deixar a raquete cruzar, lentamente, pela frente do corpo em direção à coxa oposta. O jogador recolhe as quatro bolas e volta para o fim da fila. 8. Movimento completo: lentamente, executar o lançamento, a armação do golpe, o toque e a terminação. Avaliação do treino e relaxamento Desenvolver alguns exercícios leves de relaxamento e de alongamento. Revisar e avaliar as atividades desenvolvidas na aula de saque. Acesse o blog Leegues a seguir e veja os modelos de exercícios para o treinamento de tênis: https://leegues.com/pt/exerciocios-e-treinos/ treino. DICA 185 4 ABORDAGENS PEDAGÓGICAS A pedagogia do esporte se baseia em modelos que são padrões, comprometidos com a autonomia do ser humano e com a formação de cidadãos críticos que compreendem a problemática educativa (FAVARO, 2020). Assim, necessita-se de um entendimento melhor dos aspectos que compõem os processos de ensino do esporte (Pedagogia e/ ou Educação Física), como as análises das abordagens do esporte e uma reflexão crítica, pois a Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada, aqui, de cultura corporal. 4.1 ABORDAGENS SISTEMATIZADAS A aptidão física, com a importância do estabelecimento e da manutenção da sociedade capitalista, pode contribuir para a formação de um novo homem (forte, ágil e empreendedor). Pela perspectiva crítico-superadora, há uma visão educacional diferente, apresentada, a educação corporal, em diferentes temas: esportes, ginásticas, jogos, lutas e danças (FAVARO, 2020). Trata-se um processo que amplia a dinâmica da sala de aula, a intenção prática do aluno, compreendida a realidade dentro do histórico-dialético. Essa abordagem crítico-superadora apresenta conteúdos que constituem referências que vão se ampliando no pensamento do aluno, desde o momento da constatação de dados da realidade, até a interpretação, a compreensão e a explicação deles. 4.2 ABORDAGENS NÃO SISTEMATIZADAS I Para o desenvolvimento do conteúdo da Educação Física escolar, o médico, mais especificamente, o médico higienista, tem um papel destacado e passa a ser um personagem quase indispensável, a fim de exercer uma "autoridade" perante um conhecimento de ordem biológica, por ele, dominado. Orienta a função a ser desempenhada pela Educação Física na escola: desenvolve a aptidão física dos indivíduos (FAVARO, 2020). As abordagens pedagógicas da Educação Física desenvolvidas foram: • Militarista(Brasil), com ênfase no treinamento físico para os trabalhos militar e higienista: a constituição da Educação Física, de acordo com Favaro (2020), abarca a instalação dessa prática pedagógica na instituição escolar emergente dos séculos XVIII e XIX. Ainda, foi, fortemente, influenciada pela instituição militar e pela medicina, com exercícios sistematizados que foram ressignificados (no plano civil) pelo conhecimento médico. Educar o corpo para a produção significa promover saúde e educação (hábitos saudáveis e higiênicos). 186 • Psicomotricidade (de Le Bouch): o movimento é mero instrumento, e as formas culturais do se movimentar humano são consideradas um saber a ser transmitido pela escola (FAVARO, 2020). Já as teorias propositivistas não sistematizadas são: • Educação desenvolvimentista (de Tani): remete-se à noção mais restrita de desenvolvimento sustentado pelos processos biológicos de crescimento, maturação e aprendizagem motora, integrados a outros domínios, como aspectos cognitivos (FAVARO, 2020). • Construtivista (em paralelo com Joao Batista Freire): refere-se à metodologia de aplicação de atividades lúdicas que estimulam a cognição, a socialização e a afetividade, por meio do exercício da motricidade humana. Essa motricidade humana é um conjunto de habilidades que permite, ao homem, produzir conhecimento e se expressar (FAVARO, 2020). 4.3 ABORDAGENS NÃO SISTEMATIZADAS II Com os avanços das abordagens pedagógicas de Educação Física, incluindo aspectos físicos, biológicos e sociais, foram analisados outros motivos que justificaram a Educação Física no ambiente escolar. A abordagem crítico-emancipatória, cujo principal objetivo é a formação de cidadãos críticos, é subdividida em três aspectos: objetiva – refere-se ao conhecimento de informações; social – remete à relação do homem e da sociedade; e comunicativa – abrange a comunicação através do movimento. O movimentar-se humano é entendido, pelo exposto, como uma forma de comunicação com o mundo. Outro princípio importante é a noção de sujeito tomado a partir de uma perspectiva iluminista, capaz de crítica e de atuação autônomas. A proposta aponta para a tematização dos elementos da cultura do movimento, de forma a serem desenvolvidas, nos alunos, as capacidades de análise e ação críticas nessa esfera. A organização dessa abordagem pode ter, como formação, as seguintes competências: objetiva, que tem, como meta, o ensino da técnica para o desenvolvimento da autonomia; social, que se refere aos conteúdos que devem ser ofertados e adquiridos para se refletir a respeito dos contextos social e cultural; e comunicativa, que abarca o estímulo ao desenvolvimento da linguagem (verbal, escrita ou corporal), como uma via de acesso ao pensamento crítico. A partir da concepção crítico-emancipatória, traz-se que o esporte não deve ser ensinado pelo simples desenvolvimento de técnicas e táticas, mas praticado e estudado. O ensino deve fomentar a capacitação dos alunos para um agir solidário, segundo os 187 princípios da determinação, da autodeterminação e da autorreflexão, através da interação aluno-aluno, aluno-professor e professor-aluno. Já a abordagem plural, que considera a Educação Física como parte da cultura humana, é uma área do conhecimento que estuda os conjuntos de práticas ligados ao corpo, à cultura e ao mundo. Por fim, um trabalho contínuo, ou aberto, engloba um conceito aberto de ensino, incluindo a coparticipação dos alunos em sala de aula e a procura por soluções de problemas em conjunto. 4.4 DEMAIS ABORDAGENS São abordagens pedagógicas voltadas para o social e o corporal, propositivas e não propositivas. Não propositivas são tratadas pela ciência, ou pelo estudo de um fenômeno, definidas como o estudo de essências, uma filosofia a partir da qual não se pode compreender o homem e o mundo, a não ser com base na factibilidade (FAVARO, 2020). A abordagem sistêmica tem grande influência de áreas, como da Sociologia e da Filosofia, incluindo a contribuição da Psicologia. Essa abordagem, segundo Favaro (2020), não se constitui como uma metodologia de ensino, mas traz implicações para as dimensões sociopolítica, sociopsicológica e didático-pedagógica da Educação Física, e para o ensino da Educação Física na escola. A motricidade humana, com um significado da Educação Física, abrange a educação motora, assim, o corpo passa a ser visto como um corpo sujeito, com ações mecânicas. 5 REFERÊNCIAS ESPORTIVAS E PROPOSTAS A pedagogia do esporte possui diversas formas de abordagem e vertentes nos âmbitos físico, motor e social. Perante a compreensão de temas e de aspectos que envolvem o ensino- aprendizagem da pedagogia do esporte, é importante que se tenha a compreensão, também, de pontos históricos e metodológicos, a fim de que haja um entendimento. Na pedagogia do esporte, os objetivos são o estudo e a intervenção no processo de ensino, com aprendizagem, vivência e treinamento de diversas modalidades esportivas. 188 5.1 TEORIA TÉCNICO-TÁTICA A proposta engloba a organização e a sistematização pedagógicas das modalidades esportivas, individuais e coletivas, para uma vivência prática, além da escolha da melhor metodologia para a aplicação (GALATTI; PAES; DARIDO, 2010). Aborda-se o tratamento do esporte com uma proposta pedagógica intitulada de Iniciação Esportiva Universal, incluindo nove fases, de acordo com a idade dos praticantes, as quais formam a chamada estrutura temporal: pré-escolar, universal, de orientação, de direção, de especialização, de aproximação, de alto nível, fase de recuperação e de recreação e saúde. Com as modalidades coletivas, é possível estruturar a proposta pedagógica com base em características comuns de princípios operacionais e regras de ação válidas para todas essas modalidades (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014). Dentro das possibilidades, frente ao aspecto metodológico, para a aplicação de conteúdos, pode- se descrever dois princípios: • Analítico-sintético: estruturado em cursos específicos de exercícios, com ênfase na repetição de tarefas, e com a finalidade de aprimoramento técnico. • Global-funcional: baseado em jogos, assim, parte-se do menor ao maior grau de complexidade, com a apresentação de situações-problema diversas aos praticantes e a integração dos aspectos teórico e tático. 5.2 TEORIA SOCIOEDUCATIVA O esporte possui um papel de ferramenta de interferência pedagógica social a minimizar problemas que abarcam a marginalização de crianças e jovens, incluindo quatro pilares. Utilizam-se os princípios de educação da UNESCO: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. Para o ensino de esportes, contribuem, não somente, com as formações física, motora e técnica do praticante, mas, também, de cidadãos capazes de produzir novos significados a uma cultura esportiva (FAVARO, 2020). • Aprender a conhecer – competências cognitivas. • Aprender a fazer – competências produtivas. • Aprender a conviver – competências relacionais. • Aprender a ser – competências pessoais. Enfatiza-se o papel do professor de estimular o aluno a tomar as próprias decisões em situações de jogo, com uma base pautada em princípios éticos, educativos, formativos e de importância ao desenvolvimento. É indispensável tratar esse estudante como um todo, não como a soma das partes. 189 5.3 TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL As implicações pedagógicas, com base na teoria histórico-cultural, na formação inicial em Educação Física, podem ser uma possibilidade interessante a uma formação humanista, pois se parte da visão histórico-cultural que a aprendizagem resulta da apreensão de instrumentos e signos culturais de um complexo emaranhado de processos de vivências e internalizações, com o envolvimento de importantes sínteses de conhecimentos da cultura corporal, assim, foi concebida, por percursores, para a relacionarmos com a defesa da formação humana e ampliada no campo da Educação Física. O esporte, porser um dos contribuintes para a formação integral do aluno- jogador, determina que é fundamental que as aulas/treinamentos sejam pautadas, de forma equilibrada, a partir de três referenciais: metodológico, socioeducativo e histórico- cultural (MACHADO; GALATTI; PAES, 2014). 5.4 TEORIA MODERNA Trata-se de um processo de modificação e/ou “esportivização” de elementos da cultura corporal de movimento para esportes com características básicas modernas, como competição, rendimento físico-técnico, estabelecimento de metas/recordes, racionalização e cientifização dos fundamentos do treinamento. Possui, também, a burocratização de práticas voltadas para interesses capitalistas, direcionados ao rendimento e/ou treinamento (FAVARO, 2020). Adaptações, práticas e jogos de iniciação, para esportes de raquete, proporcionam uma reflexão a respeito do planejamento de ensino dentro da dimensão pedagógica, com a apresentação de atividades e concepções pedagógicas necessárias para a elaboração de um planejamento de aula. São necessárias discussões e compreensão dessas concepções pedagógicas da Educação Física, através da reflexão de como as teorias interferem e/ou direcionam a prática pedagógica. Para isso, é importante a procura por processos de formação, com a promoção da articulação de proposições teóricas e da prática de ensino de esportes de raquete. 190 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • As atividades pedagógicas, para o ensino de esportes de raquete, são compreendidas a partir da dimensão pedagógica que impulsiona, ou limita, o desenvolvimento de conhecimentos teóricos pedagógicos. • Os aspectos pedagógicos de ensino de esportes marcam presença com a tomada de consciência da elaboração de conhecimentos e experiências pedagógicas. • As concepções de ensino-aprendizagem descrevem o papel da Educação Física no ambiente escolar, incluindo o direcionamento da cultura corporal de movimento para o ensino de esportes de raquete. • Os procedimentos didáticos e metodológicos, para o ensino de esportes de raquete, são conhecidos, com organização e distinção de perspectivas metodológicas. 191 RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE 1. A escolha de uma metodologia é muito mais do que os aprimoramentos técnico e tático de ensino esportivo a um aluno. Portanto, o método não possui, apenas, a função de direcionar uma ação pedagógica, mas, também, permitir, ao estudante, as conscientizações técnica e tática, com a oportunidade de formulação de conceitos de jogos e atividades em si. Assim, o ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes se caracteriza pelo desenvolvimento das personalidades dos alunos, o que facilita e proporciona a aquisição e a ampliação do repertório motor. O conhecimento da área de esportes interage com uma consciência crítica de saúde, qualidade de vida e valores, relacionado a uma prática direcionada à formação de hábitos saudáveis e outras contribuições que o esporte proporciona (ensinar o esporte e ensinar por meio do esporte). Com relação aos métodos formativos, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) O método analítico é desenvolvido por meio de uma sequência de jogos recreativos acessíveis a uma faixa etária e pela capacidade técnica do aluno que inicia a prática esportiva. b) ( ) O método analítico-sintético se caracteriza por um processo de ensino-aprendizagem- treinamento realizado em partes, por etapas, com exercícios que apresentam uma divisão de gestos, técnicas e ação motora. c) ( ) O método analítico se trata de uma “série de exercícios”, ou seja, de um ordenamento de exercícios organizados a partir de princípios metodológicos. d) ( ) O princípio global funcional é caracterizado pela adequação de toda a complexidade de um jogo esportivo. 2. As concepções pedagógicas foram formuladas, inicialmente, para definir o sentido de aplicação da Educação Física no âmbito escolar. Com base nas definições dessas concepções, analise as sentenças a seguir: I- Na concepção crítico-emancipatória, acontece uma articulação esportiva direcionada para uma transformação didático-pedagógica, assim, a educação amplia as reflexões crítica e emancipatória dos atores envolvidos. II- A abordagem crítico-superadora, dentro da Educação Física escolar, desenvolve aspectos pedagógicos de conhecimento da cultura corporal de movimento, a fim de propor a aprendizagem da expressão corporal como linguagem. III- A abordagem desenvolvimentista tem as psicologias do desenvolvimento e da aprendizagem como base teórica. O principal objetivo é o oferecimento de experiências de movimentos adequadas a níveis de crescimento e desenvolvimento, de modo a proporcionar, ao aluno, condições, para que o comportamento motor desenvolva, por meio de interação, a diversificação e a complexidade de movimentos. 192 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3. A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) é uma entidade representativa de docentes, discentes e profissionais que atuam em grandes áreas de conhecimento da Engenharia de Produção. De acordo com os princípios e as normativas elencados no estatuto da ABEPRO, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A concepção construtivista é a intenção de construção de conhecimento a partir da interação do sujeito com o mundo, uma relação que associa o ensinamento e o aprendizado, considerado o conhecimento prévio que a criança já possui, independentemente da situação formal de ensino. ( ) A psicomotricidade é o desenvolvimento da criança, tido como o ato de aprender, através de processos cognitivos, afetivos e psicomotores. Assim, garante a formação integral do aluno e inclui e valoriza o conhecimento de origem psicológica. ( ) A abordagem crítico-emancipatória abarca a reflexão pedagógica a ser diagnosticada, pois contempla a leitura de dados da realidade, explicita valores de ética voltados para interesses de uma classe social e aponta para um caminho de transformação da realidade. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – F. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. A visão da Educação Física, como meio para outras aprendizagens, é derivada, em grande parte, das concepções pedagógicas. Assim, disserte a respeito dessa área de concentração e das temáticas dos trabalhos científicos publicados nessa área. 5. O ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes é caracterizado pelo desenvolvimento da personalidade dos alunos, o que facilita e proporciona a aquisição e a ampliação do repertório motor. Abarca-se o conhecimento de uma área dos esportes em interação com uma consciência crítica de saúde, qualidade de vida e valores, relacionada a uma prática direcionada à formação de hábitos saudáveis e outras contribuições que o esporte proporciona (ensinar o esporte e ensinar por meio do esporte). Nesse contexto, disserte a respeito dos métodos formativos de aprendizagem. AUTOR, A. B. C. Fonte para questão conforme padrão INEP. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2022. 193 INSERÇÃO DE ESPORTES DE RAQUETE COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL E ESTÍMULO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA 1 INTRODUÇÃO O esporte é uma modalidade esportiva reconhecida como uma direção para a socialização, ou a inclusão social, proporcionado por meio de projetos esportivos planejados a jovens de classes populares, e financiado por instituições governamentais e privadas. Assim, a prática esportiva é uma atividade alternativa praticada na rua, espaço no qual crianças e jovens que gostam do esporte buscam participar de projetos. As atividades esportivas passaram por uma evolução dentro do processo de civilização, como classe de atividade social, de forma a oportunizar, a indivíduos, a evolução como seres humanos, com mais respeito a diferenças e ajuda ao próximo,além de contribuir com valores olímpicos e contornar dificuldades que surgem pelo caminho. No Tema de Aprendizagem 2, abordaremos a inserção de esportes de raquete como ferramenta de inclusão social, que estimula crianças e jovens à prática esportiva, então, conheceremos concepções esportivas aplicadas dentro desses esportes e propostas de ensino em realidades esportivas, com manifestações e jogos cooperativos. 2 CONCEPÇÕES DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE ESPORTES O esporte é considerado um fenômeno histórico-cultural, e de elemento integrador, com interface social, devido a significados atribuídos frente a manifestações sociais. Pode ser considerado por meio da ascensão de meios de comunicação, devido ao fenômeno esportivo que assumiu novos papéis, com funções atreladas desde o praticante ao espectador, a fim de gerar mais consumo de esporte e elevar a representação dele frente à economia mundial. Com relação à atividade esportiva, demonstra-se que o exercício físico, como o esporte, é relevante na vida em sociedade, pois promove um passatempo para várias pessoas; previne patologias, pois participa da luta contra doenças físicas, cognitivas e motoras; e proporciona, a crianças, idosos e pessoas com e sem deficiências físicas, ou mentais, uma inclusão fundamental. UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 194 2.1 EXCLUSÃO SOCIAL A exclusão social vem de um processo no qual determinadas pessoas da sociedade são acometidas e acabam sendo anuladas de participação, por falta de competências básicas, de oportunidades, de aquisições de novos conhecimentos, sem falar da pobreza, ou discriminação. A compreensão de exclusão é resultante de um processo de desunião de vínculos sociais, de ruptura social, o que separa indivíduos e povos e restringe os relacionamentos deles nos meios sociais. A exclusão social vem a ser algo que abrange a ausência de aquisição de bens e serviços, mas, também, engloba a falta de cidadania, de segurança e de justiça. Isso quer dizer que se refere a desigualdades políticas, econômicas, étnicas, esportivas e culturais. 2.2 INCLUSÃO SOCIAL O esporte tem sido utilizado para a promoção da inclusão social, que é um componente importante da sociedade. Através dela, as pessoas aprendem a respeitar, tratar e conviver com as diversidades existentes, assim, ocorrem experiências que são vivenciadas e diferentes conhecimentos são obtidos durante essa inclusão pelo esporte. A inclusão social é referenciada por meio do esporte, através de projetos sociais destinados a jovens e crianças das classes média e baixa, devido ao potencial educativo que apresenta e a benefícios para os desenvolvimentos físico, social e afetivo de participantes. Assim, o esporte escolar acompanha essa linha de raciocínio inclusiva a todas as pessoas, sem exceção, com a educação de todos. Com o esporte para a transformação da realidade social, oportunizam-se e são instituídos valores e direitos de cidadãos (SANCHES; RUBIO, 2011). 2.3 PRÁTICA ESPORTIVA COMO FERRAMENTA EDUCACIONAL Os processos de iniciação e formação pelo esporte, como ferramenta educativa, devem ser constituídos com base em objetivos compatíveis com habilidades e competências de alunos, incluindo flexibilidade nos procedimentos didático-pedagógicos e a participação de todos os alunos para uma educação pela prática esportiva, com a aproximação de um aluno das limitações dele (SILVA; ARAÚJO; SOARES, 2012). Algumas características devem ser atendidas no processo de ensino- aprendizagem, como a criação e o oferecimento de situações que permitam, aos praticantes, a aquisição de valores relacionados à autodisciplina, ao autocontrole, à perseverança, à humildade, ao companheirismo, e à lealdade. 195 O estímulo e o desenvolvimento de capacidades e habilidades motoras, o equilíbrio necessário à vida contemporânea e o controle do estresse diário são fundamentais na trajetória, aqui, abordada (SILVA; ARAÚJO; SOARES, 2012). Com relação à educação pelo esporte e a outras formas de cultura corporal, como estratégia para o desenvolvimento integral de crianças e jovens, veja como o instituto Ayrton Senna desenvolve as modalidades esportivas em projetos esportivos em https://institutoayrtonsenna.org. br/o-que-fazemos/componentes-educacionais/educacao-pelo-esporte/. DICA 3 JOGOS COOPERATIVOS A definição de jogos cooperativos engloba a interação social, com objetivos comuns e ações compartilhadas, incluindo benefícios distribuídos para todos os participantes. A competição acontece como um processo de interação social, no qual os objetivos são direcionados e exclusivos, entretanto, possuem ações isoladas, ou em oposição, com prós destinados, somente, a algumas pessoas (NETO; DE SOUZA LIMA, 2002). Então, os jogos cooperativos são uma abordagem pedagógica para a promoção da cooperação e da melhoria de estilo de vida para todos os envolvidos em um jogo, porém, deve-se ficar atento à omissão, que é um processo de isolamento social, denominado de indiferença, no qual o objetivo pode ser qualquer um, incluindo ações não existentes. Por fim, se há benefícios, são tidos como recompensa (NETO; DE SOUZA LIMA, 2002; CORREIA, 2006). Dentro desses jogos cooperativos, os participantes jogam entre eles, não uns contra os outros. A participação envolve todos os sujeitos, sem exclusão de participantes, com o objetivo e a diversão direcionados por uma meta coletiva, não individual. O ganhar e o perder ampliam a experiência e os repertórios motores individual e coletivo. A seguir, veremos comparações entre competição, omissão e cooperação (NETO; DE SOUZA LIMA, 2002): 196 Ação Omissão Cooperação Competição Visão do jogo É impossível É possível para todos Parece possível só para um Objetivo Tanto faz Ganhar juntos Ganhar do outro O outro Quem? Parceiro, amigo Adversário, inimigo Relação Indiferença – cada um na sua Interdependência, parceria Dependência, rivalidade Ação Ser jogado Jogar com Jogar contra Clima do jogo Chato Ativação, atenção Tensão, estresse Resultado Continuísmo Sucesso compartilhado Ilusão de vitória individual Consequência Alienação Continuação do jogo Finalização do jogo Motivação Fuga Amor Medo Sentimento Opressão, controle Alegria, comunhão Raiva, solidão Símbolo Muralha Ponte Obstáculo Quadro 1 – Planejamento de aula Fonte: o autor 197 3.1 PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DOS JOGOS COOPERATIVOS Dentro dos jogos cooperativos, Neto e de Souza Lima (2002) e Correia (2006) defendem características para diminuir as manifestações agressivas, como forma de aproximar indivíduos, em consonância com o trabalho em grupo, que desenvolve esses jogos da seguinte forma: • Competição com a participação de todos, e para o alcance de uma mesma meta. • Eliminação na busca e integração de todos os participantes. • Criação de regras flexíveis, com a contribuição de todos para o desenvolvimento de um jogo. • Atuação de todos os participantes em conjunto para a não ocorrência de brigas e/ou agressões físicas. Assim, o desenvolvimento de atitudes, segundo Correia (2006), nos jogos cooperativos, correlaciona-se à cooperação e/ou à competição, através da observação de participantes excluídos do jogo, com a presença de empatia (posição de lugar do outro), de cooperação (meta comum a todos), de estima (reconhecimento e expressão ao próximo) e de comunicação (trocas de sentimentos). Neto e De Souza Lima (2002) e Correia (2006) apontam que os jogos cooperativos se baseiam em cinco princípios fundamentais: inclusão, coletividades, igualdade de direitos e deveres, desenvolvimento humano e processualidade. A inclusão proporciona a integração e a participação em um jogo; a coletividade acontece mediante essa participação de todos; a igualdade de direitos e deveres entrega responsabilidade para tomadas de decisão e gestão; o desenvolvimento humano requer o aperfeiçoamento do sujeito social; e a processualidade determina o benefício, através do desenvolvimento em cada ação (CORREIA, 2006)198 Quadro 1 – Planejamento de aula Fonte: https://sme.goiania.go.gov.br/conexaoescola/wp-content/uploads/2022/07/ COOOOOO-e1657197819912.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. Faça uma leitura a respeito do esporte na escola e conheça mais as alternativas de ensino escolar em http://portal.mec.gov.br/component/ tags/tag/33410-esporte-na-escola. DICA 199 3.2 JOGO Há uma grande ligação, segundo Correia (2006), entre o jogo e a vida, devido ao aprendizado que o jogo propõe, por meio da solução de problemas cotidianos, chamado de arquitetura do jogo. Entrega-se uma visão com valores de orientação, que fazem sentido ao processo do jogo, com o alcance de um objetivo, regras flexíveis, o contexto desse jogo no presente, a participação, a interação, a comunicação, estratégias que organizam e planejam as atividades, resultados e a celebração pela prática da atividade esportiva. Existem fatores, dentro de um jogo, que podem dificultá-lo, ou facilitá-lo. Os que dificultam a prática esportiva são o individualismo, a desconfiança, a falta de clareza de objetivos, a ausência de comunicação, a competição, a pressa, a pouca organização e uma liderança inexistente. Já os que facilitam as ações são a clareza de objetivos, a solidariedade, a confiança, o respeito mútuo, a comunicação aberta, a cooperação, os pensamentos, a criatividade, a liderança de todos e a paciência (CORREIA, 2006). Os jogos cooperativos são todos aqueles que não envolvem condições de vitória, ou derrota, a jogadores, assim, assista ao vídeo a seguir e compreenda mais a respeito desses jogos: https://www.youtube.com/ watch?v=kwtAOAfzZK0&list=RDQM5ehkOMbXU9g&start_radio=1. DICA 3.3 JOGOS COOPERATIVOS E CATEGORIAS As categorias desenvolvidas dentro dos jogos cooperativos, segundo Correia (2006), podem ser trabalhadas de quatro formas: • Jogos cooperativos sem perdedores: há um único grande time. • Jogos de resultado coletivo: há a criação de duas ou mais equipes. • Jogos de diversão: há alteração de jogadores que começam em times diferentes. 200 As apresentadas são divididas em quatro grupos: o Rodízio: os jogadores mudam de lado, segundo uma situação estabelecida. o Inversão do goleador: o jogador que marca o ponto troca de time. o Inversão do placar: o ponto conseguido vai para o outro time. o Inversão total: o jogador que pontua e o ponto vão para o outro time. • Jogos semicooperativos: há a inserção de trabalho através de jogos cooperativos e dentro da aprendizagem esportiva. Oferecem a oportunidade de os participantes jogarem em diferentes posições. o Todos jogam: todos se desenvolvem ao mesmo tempo no jogo. o Todos tocam/todos passam: todos devem tocar a bola e passá-la para que o ponto seja válido. o Todos marcam ponto: todos necessitam fazer um ponto para vencer o jogo. o Todas as posições: todos os participantes precisam passar por todas as posições no jogo. o Passe misto: há alternância de toque na bola entre meninos e meninas. o Resultado misto: os pontos são feitos, mas, uma vez, por menino, e, outra, por menina. 3.4 JOGOS COOPERATIVOS E PRINCÍPIO SOCIOEDUCATIVO Os jogos cooperativos têm, como objetivo, a promoção, por meio de brincadeiras e jogos, da melhora da autoestima, incluindo o desenvolvimento de habilidades dirigidas para a prevenção de problemas sociais. A utilização de um jogo, para se superarem desafios, como aponta Correia (2006), é necessária para atingir o objetivo comum: a prática coletiva. Assim, os jogos são um processo no qual se aprende a considerar o outro como um colega, ao invés de adversário, de modo a marcarem presença a priorização da integridade de todos e o aprendizado cooperativo, o que possibilita a participação e a inclusão, através da adaptação de regras e estruturas básicas. 4 PLANEJAMENTO E MÉTODOS PARA INSERÇÃO DE ESPORTES DE RAQUETE Para a aprendizagem da pedagogia do esporte, é importante desenvolver as disponibilidades motora e mental, que transcendam, amplamente, a automatização de gestos, além de ser centrada na assimilação de regras de ações e princípios de gestão do espaço de jogo e da comunicação. Os esportes são abordados com o intuito da sistematização da prática, baseados em exercícios físicos e treinamento, para o desenvolvimento de diferentes modalidades 201 esportivas, entretanto, o processo de construção do conhecimento, como as abordagens metodológicas, vem com a tentativa de organizar o esporte (FAVARO, 2020). 4.1 ENSINO DE JOGOS E REGRAS Os jogos não devem ser utilizados, apenas, como o meio para o desenvolvimento de habilidades e capacidades variadas, mas, também, como ensino, com uma lógica particular e regras. A análise de diferentes abordagens pedagógicas considera o desenvolvimento de processos metodológicos, particularmente, para esportes coletivos, e se mostra a ensinar mais do que o esporte. Entretanto, deve-se refletir a respeito do “como ensinar o esporte” com os aspectos vinculados ao “ensinar pelo esporte” (GRECO, 2012). 4.2 APRENDIZAGEM DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS É uma parte dos pressupostos necessários para que, dentro de uma situação de jogo, os praticantes sejam capazes de resolver os problemas ele apresenta. O desenvolvimento da aprendizagem técnica possibilita o acesso a um bom nível de jogo. A sequência metodológica de aprendizagem de procedimentos técnicos se centra nos jogos de inteligência e criatividade tática. Assim, inverte-se a noção do senso comum, que inicia a aprendizagem pela técnica, e se busca, nessa proposta, enfatizar o processo de aprendizagem pela tática. Portanto, a sequência geral pode ser resumida da seguinte forma: • Processo de aprendizagem dos conteúdos táticos: compreende a (1) aprendizagem das capacidades táticas básicas; (2) das estruturas funcionais gerais; e (3) das estruturas funcionais direcionadas. • Complementação com os processos de aprendizagem motora: (1) treinamento de coordenação; e (2) habilidades técnicas. • Treinamento técnico-tático: treinamentos técnico-tático e integrado. 4.3 CAPACIDADES DE ADAPTAÇÃO As capacidades de adaptação devem ser solicitadas e estimuladas em cada situação de jogo e ajustadas ao nível de desenvolvimento do praticante às exigências dele. A captação da informação, relativa à particularidade de uma situação, para a concretude de uma tomada de decisão, é importante nessa situação, a fim de se encontrar a solução a um problema que se defronta. Assim, é preciso agir de modo contrário à previsibilidade, o que significa, muitas vezes, que a criança deve criar soluções para se “adaptar” à imprevisibilidade do jogo (GRECO, 2012). 202 4.4 EXERCÍCIO PARA ENSINO DE DESPORTOS Os exercícios precisam ter execução, explicação e compreensão acessíveis, com uma organização fácil e rápida, com uma abordagem centrada no aluno. Esse modelo de ensino pretende proporcionar uma compreensão de técnicas e táticas necessárias para se obter sucesso frente a uma grande variedade de jogos, além de almejar e fomentar a motivação para continuar a participação desportiva. Com o objetivo de superar a abordagem de ensino tradicional, apresentam-se os jogos esportivos modificados, que se baseiam na abordagem de compreensão de jogos, a partir da qual todos e cada um dos alunos podem participar para a tomada de decisões. O ensino progride através das táticas de jogo, ao invés das habilidades técnicas. A ênfase está centrada no ensino do jogo, em detrimento do ensino das técnicas que o compõem, como alternativa, com a metodologia de ensino para compreensão (TGFU) e seis passos: (1) jogo; (2) apreciação do jogo; (3) consciência tática; (4) tomada de decisão; (5) habilidade de execução; e (6) performance em competição. 4.5 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Necessita de sistematização e hierarquização de requisitos para se jogar, tendo em conta todo o repertório motor que o praticante possui e é capaz de realizá-lo. O praticante, nas etapas iniciais de aprendizagem, deve, não apenas, familiarizar- se com a bola e com o controledela, mas, também, ser desafiado a desenvolver a comunicação, a contra comunicação e a noção de ocupação de espaço no jogo. Os jogos e as formas devem ser adaptados para uma continuidade de ações e possibilidades de concretização delas, e que situações-problema de formas jogadas contenham as características fundamentais do jogo. 5 MODELO E CONCEPÇÕES DE ENSINO O ensino, pela pedagogia do esporte, deve levar em consideração os aspectos cognitivos, motores e sociais dos alunos e/ou praticantes para que os objetivos de aprendizagem sejam alcançados (FAVARO, 2020). Os JDC possuem uma estrutura comum, dentro de uma mesma estrutura lógica, o que os torna suscetíveis a um mesmo tratamento em relação à pedagogia do esporte. 203 Os JDC são agrupados em uma única categoria, e com seis invariantes: 1 – bola ou outro implemento similar; 2 – espaço de jogo; 3 – parceiros; 4 – adversários; 5 – um alvo e locais de ataque e de defesa; e 6 – regras específicas. 5.1 APRENDIZAGEM TÁTICA O processo de ensino-aprendizagem-treinamento, nos jogos esportivos coletivos, exige a variabilidade não só das técnicas a serem aplicadas, mas, também, das formas metodológicas de situações de jogo a serem apresentadas, o que possibilita uma ampliação do repertório motor do aluno (GRECO, 1998). As situações de jogos, por meio da prática, com diferentes estruturas funcionais, proporcionam, ao aluno, potencializar a aprendizagem e o posterior treinamento, com o sistema de memória ligado aos de recepção, transmissão e elaboração de informações já aprendidas (GRECO, 1998). 5.2 MÉTODO SITUACIONAL O método situacional é caracterizado por uma opção metodológica ativa, a partir da qual o aluno experimenta situações adaptadas de jogos formais, as quais se aproximam das realidades desses jogos. O foco se dá em situações de jogo, não apenas, na técnica, ou na dinâmica de um jogo formal (GRECO, 1998). A abordagem prioriza a busca da formação de um jogador inteligente, que apresenta competência para analisar situações coletivas e dinâmicas, e que pode adaptar qualidades técnicas; combinar padrões; e, acima de tudo, resolver problemas. Os JDC abarcam uma dinâmica que exige a solução de um problema geral: os jogadores precisam criar situações de finalização e marcação de um ponto, ou de um gol (KRÖGER; ROTH, 2002). Esse método de ensino se baseia na proximidade de ações e situações apresentadas com situações reais de um jogo competitivo formal. Os objetivos desse tipo de treinamento são: a) formação de automatismos flexíveis de movimentos ideais, conforme modelos; b) otimização dos programas motores generalizados; e c) aprimoramento das capacidades de variação, combinação e adaptação do comportamento motor para a execução de uma técnica em uma situação de competição. O método procura incorporar o desenvolvimento paralelo de processos cognitivos, inerentes à compreensão de táticas de jogo, com jogadas básicas extraídas de situações que são um padrão, aspecto que, segundo o autor, é a grande vantagem desse método. 204 5.3 ESTRUTURAS FUNCIONAIS DE JOGO O processo de ensino-aprendizagem-treinamento, associado ao método situacional, com o desenvolvimento de diferentes processos cognitivos inerentes a uma ação tática, desenvolve, paralelamente, a capacidade tática, por meio da integração desses diferentes processos cognitivos. Nos jogos esportivos coletivos, há uma série de parâmetros comum a todos eles, como: a) a bola (velocidade, direção, altura); b) o espaço (local da quadra, áreas permitidas e proibidas); c) o objetivo do jogo (gol, ponto); d) o regulamento (tempo de jogo, espaço de jogo, números de jogadores); e) colegas (posição, deslocamento, ação, função); f) adversários (intenções táticas); e g) público (GRECO, 1998). Os JDC são determinados por uma série de fatores, como ambiente diversificado, situações proporcionadas por regras, delimitação do campo de jogo, técnicas possíveis e elaboração de táticas e estratégias. Para Kröger e Roth (2002), a capacidade de jogo é a transferência de uma experiência longa e variada de movimentos que, por sua vez, compõem o tipo de solo fértil para a iniciação específica em esportes, para os processos didático-pedagógicos do tipo séries de exercícios e de jogos e de situações, para modelos orientados e planos, para o desenvolvimento da percepção e de caminhos genéticos, dentre outros. A capacidade de jogo com uma abordagem para compreensão de jogos se baseia em um programa de construção e/ou criação de jogos que tem, como objetivo principal, tornar os alunos conscientes de princípios pedagógicos enquanto participam. Assim, podem aplicar esses conhecimentos a outros jogos do mesmo tipo. 5.4 CAPACIDADE DE JOGO O desenvolvimento da capacidade de jogo se dá pela aprendizagem motora e pelos treinamentos técnico e tático. Esse desenvolvimento da capacidade coordenativa, através da melhoria de processos inerentes à recepção de informação, interpretação e codificação cognitiva, traz uma adequada organização, além de estruturação de movimento, o que otimiza o desenvolvimento da aprendizagem (GRECO, 1998). A capacidade de jogo está caracterizada pela interação do desenvolvimento de diferentes capacidades que compõem o rendimento esportivo, em uma situação de jogo, com uma tarefa motora. O desenvolvimento de um atleta, ou de uma criança, sustenta-se na prática de situações típicas e comuns ao próprio jogo, as quais aparecem em cada esporte. Contudo, a orientação, para a presença da capacidade, está dada à área coordenativa e à ênfase 205 no desenvolvimento de capacidades motoras. Ainda, os pré-requisitos coordenativos de rendimento podem e devem ser treinados (KRÖGER; ROTH, 2002). Para Greco (1999), a tática é determinada pelas capacidades cognitivas, técnicas e psicofísicas. O autor a classifica em três tipos: • Tática individual: diz respeito a um jogador. Através da coordenação neuromuscular, permite interpretar, em um tempo, espaço e situação, ações dirigidas para se resolver uma tarefa/problema de jogo. • Tática grupal: diz respeito a uma ação coordenada de dois ou três jogadores, apoiada em intenções táticas individuais que objetivam dar continuidade ao processo de definição da ação. • Tática coletiva: diz respeito à sucessão simultânea de ações entre três ou mais jogadores, em busca da solução de uma tarefa/problema de jogo. Ainda, vale-se de conceitos estabelecidos. Assim, a inserção dos esportes de raquete como ferramenta de inclusão social e estímulo à prática de atividade física, mesmo que influenciada por esportes de rendimento, é educativa, com aspectos positivos para o ensino-aprendizagem. É necessário rever as concepções de ensino, a fim de apresentar alternativas, como os jogos cooperativos, para um desenvolvimento da cooperação no lugar da competição. 206 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • As concepções são classificadas, de acordo com a estrutura de jogo, considerados inclusão, exclusão, adversários e incertezas. • A prática esportiva é compreendida como ferramenta educacional, a fim de valorizar a importância dos valores esportivos através da cooperação. • A estrutura de jogos cooperativos é analisada, com valores da cooperação e oportunidades para o aprendizado e a interação cooperativa. • Diferentes concepções esportivas de jogos cooperativos são compreendidas, com mudanças ocorridas no desenvolvimento e na integração e situações-problema para a solução de dificuldades no desenvolvimento de atividades esportivas. 207 AUTOATIVIDADE 1. O esporte é considerado um fenômeno histórico-cultural, e de elemento integrador, com interface social, devido a significados atribuídos frente a manifestações sociais. Pode ser considerado por meio da ascensão de meios de comunicação, devido ao fenômeno esportivo que assumiu novos papéis, com funções atreladas desde o praticante ao espectador, a fim de gerar mais consumo de esporte e elevar a representaçãodele frente à economia mundial. Com base no exposto a respeito da interface cultural e dos significados dela, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A exclusão social vem de um processo no qual determinadas pessoas são acometidas pela sociedade e acabam sendo anuladas de participação, por falta de competências básicas, de oportunidades, de aquisição de novos conhecimentos e devido à pobreza, por meio de discriminação. b) ( ) A inclusão social vem a ser algo que abrange a ausência de aquisição de bens e serviços e a falta de cidadania, de segurança e de justiça. Refere-se a desigualdades políticas, econômicas, étnicas, esportivas e culturais. c) ( ) A exclusão social tem sido referenciada por meio do esporte, através de projetos sociais destinados a jovens e crianças das classes média e baixa, pelo potencial educativo e benefícios dele para os desenvolvimentos físico, social e afetivo dos participantes. d) ( ) A inclusão social vem a ser algo que abrange a ausência de aquisição de bens e serviços e a falta de cidadania e de segurança. 2. A definição de jogos cooperativos abarca um processo de interação social no qual os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os benefícios são distribuídos para todos. Em uma competição, os objetivos são direcionados e exclusivos, entretanto, as ações são isoladas, ou em oposição a outras, com benefícios destinados, somente, para algumas pessoas. Assim, com base nas definições de jogos cooperativos, analise as sentenças a seguir: I- Os jogos cooperativos são uma abordagem pedagógica para a promoção da cooperação e a melhora dos estilos de vida dos envolvidos. II- Nos jogos cooperativos, os participantes jogam uns com os outros, não uns contra os outros. III- Os jogos cooperativos são jogos com uma estrutura na qual os participantes jogam entre eles, ao invés de jogarem uns contra os outros. 208 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3. Joga-se para a superação de desafios, não para a derrota dos outros; joga-se pelo apreço ao jogo, pelo prazer. São jogos nos quais o esforço cooperativo é necessário para se atingir um objetivo comum, não para fins, mutuamente, exclusivos. De acordo com as características, coerentes com um trabalho em grupo para o desenvolvimento de jogos cooperativos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Liberdade para competição: participação de todos para o alcance de uma meta comum. ( ) Liberdade para criação: regras flexíveis, com a contribuição de todos para mudanças no jogo. ( ) Liberdade de agressão física: trabalho com todos juntos, sem brigas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. Os jogos cooperativos são jogos de compartilhamento, união de pessoas, com coragem para assumir riscos, assim, pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos. Reforçam a confiança em si mesmo e nos outros e todos estão aptos a participar autenticamente, sendo que ganhar e perder são, apenas, referências para os contínuos aperfeiçoamentos pessoal e coletivo. Então, disserte a respeito do desenvolvimento desses jogos cooperativos. 5. Dentro dos jogos cooperativos, os participantes desenvolvem regras, fazem adaptações deles e criam categorias nas quais se possa jogar entre todos os integrantes, de forma conjunta. A partir do exposto, disserte a respeito dessas categorias que são desenvolvidas dentro dos jogos cooperativos. AUTOR, A. B. C. Fonte para questão conforme padrão INEP. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2022. 209 TÓPICO 3 - ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 1 INTRODUÇÃO A metodologia de ensino de esportes de raquetes adaptados engloba modalidades esportivas para pessoas com deficiência, que utilizam uma raquete para rebater uma bola, ou uma peteca, com uma rede, ou não, como divisória. Assim, as adaptações que acontecem com equipamentos esportivos, materiais e regras possibilitam a participação de pessoas com deficiência, e oferecem acessibilidade a uma prática esportiva. A inserção de pessoas com deficiência em uma prática esportiva proporciona a construção de ressignificações de limitações e superações, com a inclusão no esporte e a melhora de funções motoras. No Tema de Aprendizagem 3, compreenderemos as deficiências, os cuidados e as estratégias para o ensino-aprendizagem de esportes de raquete, incluindo as possibilidades de adaptação, prática esportiva e desenvolvimento de um esporte adaptado para deficientes. 2 INÍCIO DO ESPORTE ADAPTADO O esporte adaptado, segundo Cren Chiminazzo e Belli (2021), é a forma através da qual se desenvolve o esporte para pessoas com deficiência. A adaptação de modalidades esportivas aconteceu nos períodos das duas guerras mundiais, nos quais houve o aumento de pessoas com deficiência, pois praticavam esportes como uma maneira de recuperação de lesões sofridas durante os combates. Os sujeitos que voltaram lesionados da Primeira Guerra Mundial foram encaminhados a fazer uso de exercícios terapêuticos e atividades recreativas, como um auxílio para a restauração de funções, porém, a partir da Segunda Guerra Mundial, o esporte adaptado cresceu, devido à necessidade de reabilitar os milhares de sobreviventes que estavam em hospitais locais. Em 1944, na Inglaterra, o esporte adaptado desenvolveu uma alternativa de reabilitação de pacientes do Hospital de Stoke Mandeville, com os objetivos de motivar e diminuir o tédio da vida de um deficiente. O médico Dr. Ludwig Guttmann idealizou o UNIDADE 3 210 tratamento por meio da prática esportiva, assim, conseguiu que o mundo organizasse os jogos para deficientes, os quais poderiam praticar atividades físicas e esportivas (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). Os Jogos Paralímpicos (JP) foram criados em 1960, quando ocorreu a IX Edição dos Jogos de Stoke Mandeville, em Roma, Itália. Nasceram como fruto de um movimento que tinha, como objetivo, a reabilitação de pessoas com diferentes tipos de deficiência. Assim, fora proposto que os jogos fossem realizados após os jogos olímpicos de Roma, além de que utilizassem as mesmas instalações deles – denominada de Olimpíada dos Portadores de Deficiência. A inclusão de pessoas com outras deficiências descreve que a palavra “para” passa a se reportar a “paralelo” (deriva da preposição grega “para”), ou seja, jogos paralelos aos jogos olímpicos, além da palavra olímpico. O desporto paralímpico marcaria presença após o movimento das guerras mundiais, mais precisamente, após a primeira guerra, na qual os combatentes que sofreram alguma lesão, como os amputados, fossem direcionados a práticas desportivas, como as pessoas com deficiência física, com a origem dos esportes adaptados (MELLO; WINCKLER, 2012). As modalidades esportivas que foram utilizadas para a reabilitação de pacientes eram o arco e flecha, o tênis de mesa e o lançamento de dardo. Como o mundo, também, já estava utilizando o esporte, nos EUA, houve o desenvolvimento do basquete em cadeira de rodas. Então, o esporte adaptado foi crescendo, e incluiu, não só, os veteranos de guerra, mas, também, os civis incapacitados por deficiências físicas decorrentes de outras causas. Em Stoke Mandeville, por volta de 1948, aconteceram os primeiros jogos para pessoas com deficiência, os quais coincidiram com os Jogos Olímpicos de Londres. Já em 1952, ocorreram os Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, e a nona edição foi realizada em Roma (1960), considerada aquela dos primeiros JP (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). Com o passar do tempo, o esporte paralímpico ampliou novas modalidades, assim, diferentes tipos de deficiência ganharam espaço dentro das práticas esportivas, e, consequentemente, a competição ficou evidente no esporte adaptado. Entretanto,............................................... 200 4 PLANEJAMENTO E MÉTODOS PARA INSERÇÃO DE ESPORTES DE RAQUETE ......... 200 4.1 ENSINO DE JOGOS E REGRAS ................................................................................................ 201 4.2 APRENDIZAGEM DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS............................................................ 201 4.3 CAPACIDADES DE ADAPTAÇÃO ............................................................................................ 201 4.4 EXERCÍCIO PARA ENSINO DE DESPORTOS ........................................................................202 4.5 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM ..........................................................................................202 5 MODELO E CONCEPÇÕES DE ENSINO .......................................................................... 202 5.1 APRENDIZAGEM TÁTICA ..........................................................................................................203 5.2 MÉTODO SITUACIONAL ...........................................................................................................203 5.3 ESTRUTURAS FUNCIONAIS DE JOGO ................................................................................. 204 5.4 CAPACIDADE DE JOGO .......................................................................................................... 204 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 206 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 207 TÓPICO 3 - ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA .................................................................................................................... 209 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 209 2 INÍCIO DO ESPORTE ADAPTADO ................................................................................... 209 2.1 APRENDENDO DEFICIÊNCIAS ................................................................................................. 211 2.1.1 Atividade física e deficiência visual .............................................................................. 211 2.1.2 Atividade física e deficiência intelectual ................................................................... 213 2.1.3 Atividade física e deficiência auditiva ........................................................................ 215 2.1.4 Atividade física e deficiência motora ..........................................................................217 2.2 ESPORTES DE RAQUETE E POSSIBILIDADES .................................................................... 218 2.3 ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÕES A ESPORTES DE RAQUETE ...................................... 221 3 SURDOLIMPÍADAS ......................................................................................................... 222 3.1 AVALIAÇÃO DO ATLETA SURDO ............................................................................................223 3.2 SURDOLIMPÍADAS ...................................................................................................................224 3.2.1 Critério para participação em surdolimpíadas .........................................................225 3.2.2 Organização das surdolimpíadas ...............................................................................226 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 229 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 235 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 236 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 238 1 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO MUNDO DOS ESPORTES DE RAQUETE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer as modalidades esportivas consideradas esportes de raquete; • entender as concepções esportivas dos esportes de raquete; • compreender a estrutura, a história e as regras dos esportes de raquete olímpicos; • analisar a estrutura, a história e as regras dos esportes de raquete não inclusos em olímpiadas; • observar a proposta interacionista de jogo aplicada aos esportes de raquete; • estudar os componentes curriculares e as formas pedagógicas nas abordagens para a aquisição de habilidades e competências por parte do aluno. A cada tema de aprendizagem desta unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – HISTÓRIA DAS MODALIDADES ESPORTIVAS COM USO DE RAQUETE E MANIFESTAÇÕES NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS E RECREATIVAS DO BRASIL E DO MUNDO TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – MODALIDADES ESPORTIVAS COM RAQUETE TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – METODOLOGIA DE ENSINO DE ESPORTES DE RAQUETE NO AMBIENTE ESCOLAR Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 HISTÓRIA DAS MODALIDADES ESPORTIVAS COM USO DE RAQUETE E MANIFESTAÇÕES NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS E RECREATIVAS DO BRASIL E DO MUNDO 1 INTRODUÇÃO Os esportes de raquete são conhecidos como as modalidades nas quais se rebate um implemento (bola ou peteca), através de uma raquete. Dentre as modalidades esportivas que utilizam a raquete, as mais conhecidas são o tênis, o tênis de mesa, o badminton, o squash e o beach tennis. Contudo, devido à crescente visibilidade desses esportes, outras modalidades desse tipo têm tido mais adeptos e praticantes. Assim, o educador físico deve oportunizar o conhecimento de possibilidades, ações e expectativas em torno desses esportes. O percurso dos esportes de raquete, no Brasil, segundo Copelli (2010) e Lages et al. (2018), é marcado por práticas presentes, predominantemente, em clubes e associações privadas. Já em regiões litorâneas, a praia ganha destaque para a possibilidade de prática, devido a uma grande faixa de areia. Ainda, com relação aos campos acadêmico e profissional, os autores reforçam a necessidade de que especificidades desse agrupamento de modalidades estejam associadas ao processo de formação acadêmica, a fim de formar novos treinadores, pesquisadores e profissionais que necessitam propagar o esporte na comunidade escolar. Para contemplar as expectativas, neste tópico, serão abordados os aspectos conceituais dos esportes de raquete, incluindo as perspectivas das modalidades com diferentes concepções esportivas. Ao fim, abordaremos a concepção da proposta metodológica de ensino desses esportes. Esses conceitos são primordiais para a compreensão dos demais tópicos e unidades de estudo. TÓPICO 1UNIDADE 1 4 No desenvolvimento dos esportes de raquetes no Brasil, é necessária a compreensão dos princípios básicos desse esporte, porém, é importante o conhecimento da parte histórica e da origem dos esportes de raquete olímpicos, o que permite o entendimento e a evolução desses esportes, com o desenvolvimento e a estruturação. Assim, a compreensão histórica das modalidades esportivas de raquete faz você relacionar os aspectos de aprendizagem, os fundamentos e o desempenho. No Brasil, a aderência aos esportes de raquete sofreu infl uência da colonização feita por imigrantes europeus no país, que trouxeram atividades físicas voltadas para esses esportes, incluindo uma vasta faixa litorânea que permitiu a prática ao longo dos anos, com um clima propício, ao ar livre. 2 HISTÓRIA DOS ESPORTES DE RAQUETE NO BRASIL Figura 1 – Competição internacional de badminton,para assegurar a igualdade entre os competidores, os atletas precisaram passar por uma classificação funcional, com o objetivo de assegurar a legítima participação de competidores com deficiências, independentemente da natureza e do grau de deficiência, com um nivelamento entre os aspectos das capacidades física e competitiva, colocadas as deficiências semelhantes em um grupo determinado (CARDOSO; GAYA, 2014; MELLO; WINCKLER, 2012). No Brasil, o surgimento do esporte adaptado e do Movimento Paralímpico Brasileiro foi influenciado pelas escolas americanas e inglesas, segundo Mello e Winckler (2012), com o 211 retorno de duas pessoas (Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Del Grande), que procuraram por terapias para a reabilitação de lesões medulares. No retorno para o Brasil, Robson, em parceria com Aldo Sampaio, em 1958, fundou o Clube do Otimismo na cidade do Rio de Janeiro; e, em São Paulo, Sérgio criou o Clube dos Paraplégicos de São Paulo. O esporte paralímpico está passando por importantes transformações, o que causa efeito em um processo de amadurecimentos político, econômico e social. Esse olhar para as pessoas com deficiência está sendo, em grande parte, influenciado pela criação de ações governamentais dirigidas a crianças, jovens e adolescentes com algum tipo de comprometimento físico, cognitivo ou sensorial. Conheça mais a respeito da história do esporte adaptado, no Brasil, em https://www.camara.leg.br/radio/programas/367429-a-historia-do- esporte-praticado-por-pessoas-com-deficiencia-no-brasil. DICA 2.1 APRENDENDO DEFICIÊNCIAS As pessoas com deficiências foram estigmadas por diversos olhares da sociedade, porém, a deficiência é uma condição associada a diversos fatores que acometem um indivíduo em diferentes fases da vida, ou seja, ele pode nascer com alguma disfunção ou adquiri-la na hora do nascimento, ou ao longo da existência. Assim, as marcas sociais e culturais da relação entre a sociedade e as pessoas com deficiências são debatidas em busca da inclusão em diversos segmentos (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021; SILVA, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012). Conhecer as deficiências nos leva ao entendimento delas e à aproximação da sociedade e das pessoas com deficiência, incluindo o conhecimento das terminologias que são utilizadas a essas pessoas, para isso, é essencial uma quebra de paradigmas. Dessa forma, apresentaremos as principais características das deficiências físicas, intelectuais e sensoriais, além das possibilidades em aulas de Educação Física e esportes. 2.1.1 Atividade física e deficiência visual A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial, ou total, da capacidade visual de uma pessoa, em ambos os olhos, assim, gera uma limitação para a execução 212 de tarefas. A avaliação visual é realizada depois que é feita uma correção óptica, ou cirúrgica possível (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). Os aspectos relativos ao órgão visual são alterações anatômicas e estruturais, assim, acontecem mudanças funcionais, com alterações nas funções visuais. Entretanto, os aspectos direcionados ao indivíduo englobam modificações de capacidade de aproveitamento da visão. O que afeta uma pessoa pode gerar consequências, com um maior, ou menor, grau de desvantagem nas vidas social e econômica, de acordo com as alterações da visão funcional. Então, pode-se definir a acuidade visual como a capacidade de distinção de detalhes, tomada a partir da relação entre o tamanho de um objeto e a distância na qual pode ser encontrado (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021; SILVA, 2018). A deficiência visual possui tipos de classificação, e baseados nos seguintes parâmetros: legais, para elegibilidade em programas de assistência; clínicos, para apresentação de diagnóstico, tratamento e acompanhamento por um médico especialista; educacionais, direcionados a recursos propostos para o processo de ensino- aprendizagem; e esportivos, como critério de divisão para categorias e competições desportivas (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021). • Pessoa com baixa visão: apresenta uma perda de visão, com dificuldade para o desempenho de tarefas visuais. Não é possível uma correção por óculos, lentes, medicação, ou cirurgias. • Pessoa cega: detém percepção de luz, porém, é insuficiente para a construção de imagens. Precisa, no processo de ensino-aprendizagem, do sistema Braille. A CID foi criada pela Organização Mundial da Saúde, que é uma referência do campo médico para diagnósticos relativos a pessoas com deficiência. Conheça mais em https://l1nk.dev/ZqqRL. DICA 213 Para o desenvolvimento esportivo, Mello e Winckler (2012) e Silva (2018) descrevem que a pessoa com deficiência possui uma classificação esportiva, com o objetivo de evitar desigualdades durante uma competição. Essa classificação foi, inicialmente, proposta pela United States Association for Blind Athletes (USABA), como: • B1: ausência de percepção de luz, com incapacidade de reconhecimento da forma de uma mão frente a qualquer distância, ou sentido. • B2: habilidade de reconhecimento da forma de uma mão, com acuidade visual entre 2/60 metros, ou campo visual inferior a 5˙ de amplitude. • B3: acuidade visual entre 2/60 metros e 6/60 metros, ou um campo visual entre 5˙ e 20˙ de amplitude. A atividade física, para pessoas com deficiência, deve ter uma aproximação do aluno, a fim de antecipar as ações dele; verbalizá-las de forma clara; e, se for necessário, tocá-lo, mas avisá-lo com antecedência. Os alunos com deficiência precisam ampliar o domínio corporal, e, para isso, as atividades podem ser feitas em filas, círculos, ou colunas, com orientações, através de uma percepção auditiva, tátil, ou cinestésica, para que esses estudantes consigam perceber o movimento. Também, é fundamental a presença do silêncio em exercícios nos quais o som é um elemento importante para a execução de uma tarefa (SILVA, 2018). 2.1.2 Atividade física e deficiência intelectual A deficiência intelectual corresponde a um comprometimento cognitivo abaixo da média, de modo a apresentar alterações significativas para o desenvolvimento intelectual, referente a habilidades práticas do dia a dia, a interações sociais e conceituais. Essa deficiência é caracterizada por uma inadequação da conduta adaptativa e pode se manifestar até os dezoito anos de idade. A classificação da deficiência intelectual é, diretamente, associada a capacidades e limitações de indivíduos. De acordo com o grau de comprometimento, os sujeitos apresentam algumas características (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021; SILVA, 2018; MELLO; WINCKLER, 2012): 214 Gráfi co 1 – Classifi cação da defi ciência intelectual Fonte: o autor As pessoas com defi ciência intelectual, segundo Silva (2018), apresentam difi culdades para a resolução de problemas, para a compreensão de ideias, para o estabelecimento de relações sociais, para o entendimento geral e para o seguimento de regras frente à realização de atividades cotidianas e a atos de autocuidado. Em uma atividade física para pessoas com defi ciência intelectual, é preciso fazer adaptações e cuidados para o desenvolvimento dessa atividade, com clareza nas informações, para que o aluno compreenda as explicações, e de forma objetiva, com a utilização de diferentes canais sensoriais para a orientação dessas informações, como auditivo, visual e do tato. Ainda, é preciso realizar associações que possibilitem um processo de ensino-aprendizagem mais amplo (CREN CHIMINAZZO; BELLI, 2021; SILVA, 2018). 215 Confira um pouco mais a respeito da deficiência intelectual e das limitações e estratégias possíveis dela, assim, assista ao vídeo a seguir, do Canal Neuro Saber: https://www.youtube.com/watch?v=W1qVdKTtStA. DICA 2.1.3 Atividade física e deficiência auditiva A deficiência auditiva é caracterizada como a perda total, ou parcial, da capacidade auditiva, ou da percepção de sinais sonoros. Então, o indivíduo com incapacidade auditiva tem uma percepção de sons comprometida, com algum impedimentoem Haarlem Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Internationale_badmintonkampioenscha- ppen_te_Haarlem,_Agnes_Geene,_Bestanddeelnr_917-4263.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 5 Observe os esportes de raquete mais populares em https://leegues.com/ pt/conceitos-e-regras/esportes-raquete/ e https://sportbuzz.uol.com.br/ noticias/vitrine/esportes-com-raquete-conheca-diferentes-modalidades- que-usam-esse-acessorio.phtml. DICA Assim, com relação ao desenvolvimento dos esportes de raquete no Brasil, incluindo os olímpicos, nesta unidade, abordaremos o contexto histórico deles, além das principais características. 2.1 HISTÓRIA DO BADMINTON A respeito da origem do badminton, acredita-se que o esporte teve origem na China, no século V a.C., derivado dos esportes Ti Jian Zi e Shuttlecok Kincking. Já a versão moderna do esporte teve início na Índia, a partir de um jogo, chamado de Poona. O batismo, para o nome atual, ocorreu no século XVII, quando a Índia foi colonizada pela Inglaterra, assim, houve a incorporação do jogo na cultura inglesa. A prática do jogo, na Inglaterra, deu-se, pela primeira vez, na Badminton House, propriedade do Duque de Beaufort, que ocasionou a alteração do nome (COPELLI, 2010; LAGES et al., 2018). Com popularidade na Índia e na Inglaterra, em 1875, foi fundado o primeiro clube britânico de Badminton. Em 1877, foram consideradas as primeiras regras oficiais, regidas pelo coronel inglês H. O Selby. Essas regras foram revisadas em 1877 e em 1890, as quais serviram de estrutura para as atuais. Em 1893, nasceu a Associação de Badminton, na Inglaterra, após uma reunião com os principais clubes ingleses (COPELLI, 2010; LAGES et al., 2018). Com o tempo, a popularidade do badminton proporcionou a esportivização dele, porém, até 1939, o esporte não era considerado um esporte internacional, apesar de já ser praticado em diversos países do mundo. Para deixá-lo, mundialmente, conhecido, em 1943, foi criada a Federação Internacional de Badminton. Esse órgão, que, atualmente, é chamado de Federação Mundial de Badminton (FWB), tornou-se o principal órgão responsável pela regulamentação do esporte a nível internacional (COPELLI, 2010). 6 O badminton se tornou, pela primeira vez, esporte olímpico, no ano de 1992. Nessa edição, foram quatro eventos realizados na primeira competição da modalidade: simples (feminino e masculino) e em duplas (feminino e masculino). Em Barcelona, 36 países participaram, com 177 atletas nas disputas simples e em duplas. Assim, o domínio asiático ganhou quinze das dezesseis medalhas disputadas. No Brasil, o badminton teve os primeiros registros em 1938, com a prática da modalidade no Santos Atlético Clube. De forma competitiva, o badminton marcou presença a partir de 1984, com a I Taça São Paulo, I Campeonato Sul-Americano, e, em 1985, II Campeonato Sul-Americano. Em 1987, estreou em Lima (Peru), com o Campeonato Panamericano de Badminton. Em 1990, o Brasil foi sede do IV Sul-Americano de Badminton, realizado em Mairinque, São Paulo, e conquistou o segundo lugar da competição. No ano de 1993, foi fundada a Confederação Brasileira de Badminton (CBBd), e, no mesmo ano, conquistou a medalha de bronze no Panamericano, em Guatemala. A primeira participação aconteceu nas Olímpiadas Rio 2016, com os atletas Ygor Coelho e Lohaynny Vicente. Em 2021, o Brasil participou, pela segunda vez, das olimpíadas, com os atletas Ygor Coelho e Fabiana Silva. Ygor acabou conseguindo ganhar uma partida. 2.2 HISTÓRIA DO TÊNIS DE MESA Nascido e desenvolvido na Inglaterra, teve origem a partir do jogo medieval de tênis, na segunda metade do século XIX. Foi concebido para ser um lazer aos participantes, jogado em um ambiente fechado, devido ao inverno, que dificultava a prática do tênis de campo. Os registros apontam o tênis de mesa como um jogo rude, praticado por estudantes universitários e militares que praticavam o esporte com equipamentos improvisados (COPELLI, 2010). O jogo teve um começo como uma diversão social, com a utilização de equipamentos improvisados. A evolução da modalidade fora em conjunto, com o badminton e o tênis de grama, desenvolvido depois que esse último se tornou popular, na década de 1980 (COPELLI, 2010). O tênis de mesa, nos jogos olímpicos, foi incluído na edição de 1988, em Seul, com eventos simples (feminino e masculino) e em duplas (feminino e masculino). Os atletas chineses dominam a modalidade, com mais de 60 medalhas conquistadas. 7 A partir de 2008, o torneio de duplas foi substituído por um de equipes, e, nas olímpiadas de 2020, em Tóquio, foi inserida a prova de duplas mistas. Os torneios aconteceram a partir de 1901, incluindo muitos participantes, e, em 1926, a Internacional Table Tennes Federation (ITTF) regulamentou o nome do tênis de mesa, as regras e os implementos utilizados na partida. Em 1905, esse esporte chegou no Brasil, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, advindo de turistas ingleses, porém, as regras divergiam com as do resto do mundo. Estava vinculado a clubes e a associações que desenvolviam a modalidade. Por fim, em 1942, as regras foram traduzidas pela Confederação Brasileira de Desporto (CBD), o que potencializou a participação do Brasil em campeonatos internacionais (COPELLI, 2010). 2.3 HISTÓRIA DO TÊNIS Com relação à história do tênis, segundo Copelli (2010), não há um consenso de origem dele, mas havia um jogo similar, chamado de haspatum, uma modalidade grega parecida com o squash, na qual os jogadores rebatiam a bola, com a mão, contra a parede. Já no século VII, era praticado o paume, assim, a bola era rebatida, com as mãos, para o adversário, em uma quadra separada por uma corda. No século XII, o jogo era desenvolvido com a utilização de raquetes, e a evolução do esporte foi se difundindo nas localidades. A respeito de jogos olímpicos, o tênis fez parte do programa olímpico na edição de 1896, em Atenas, porém, não integrou o quadro olímpico dos jogos em 1928, na edição de Amsterdã, assim, retornou em 1988, nos jogos de Seul, com a participação de jogadores profissionais. Os eventos, dentro do programa, foram: simples (feminino e masculino), duplas (feminino e masculino) e duplas mistas. O Brasil teve dois grandes tenistas: nas olimpíadas de Atlanta (1966), Fernando Meligeni alcançou a semifinal, assim, terminou em quarto lugar; e Gustavo Kuerten, que disputou os jogos olímpicos de Sydney (2002), mas foi eliminado nas quartas de final. No Brasil, a modalidade iniciou no Rio de Janeiro, em 1880, onde o esporte foi trazido por jovens ingleses, segundo Gonçalves et al. (2018), que atuaram na construção de estradas de ferro. 8 O esporte era adaptado, com a prática em quadras e gramados, sendo que a primeira quadra esportiva da modalidade foi construída em 1889, em Niterói, Rio de Janeiro. O esporte começou a se expandir e a desenvolver a prática em outros clubes da cidade do Rio de Janeiro. Figura 2 – Desafi o Internacional de tênis de grama, em 1912 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1912_International_Lawn_Tennis_Challen- ge.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. O desenvolvimento do tênis se expandiu no Brasil, o que proporcionou o aumento do número de praticantes, com a organização de entidades para determinarem a prática esportiva. Assim, foram criadas federações, ligas e instituições para regulamentar o tênis brasileiro (GONÇALVES et al., 2018). O esporte se disseminou em todo o país, e o primeiro clube, para a prática de tênis, foi o Club Walhalla, na cidade de Porto Alegre, assim, o desenvolvimento da modalidade de tênis fez com que os clubes esportivos brasileiros criarem entidades que gerissem e organizassem o esporte. Então, as associações esportivas se reuniram para criar associações e federações regionais. Em 1920, foi marcado o início da institucionalização do tênis no Brasil, com a criação da Confederação Brasileira de Tênis (GONÇALVES et al., 2018). 9 3 ESPORTES DE RAQUETE PELOMUNDO Os esportes de raquete, como tênis, tênis de mesa, squash, badminton e frescobol, são alguns dos mais praticados pelo mundo. Assim, perante o entendimento histórico dessas modalidades esportivas, mesmo com aspectos de formação, lazer ou desempenho, é preciso conhecer os elementos básicos de compreensão do jogo, os fundamentos dos esportes, as regras, a pontuação e a estrutura. Apresentaremos as modalidades clássicas de raquete, mais conhecidas como tênis, tênis de mesa e badminton, e traremos os princípios básicos delas, o que permitirá que as dimensões do ensino-aprendizagem possibilitem, ao aluno, o conhecimento dos esportes de raquete. Por fim, apontaremos o contexto histórico dessas modalidades e as origens delas, com a compreensão da evolução e da organização. 3.1 BADMINTON A modalidade esportiva badminton teve origem na Índia e foi desenvolvida na Inglaterra. Conhecida como poona, evoluiu muito rápido, e já se pensou na estruturação das regras do esporte em 1877, ocorrida no Balth Badminton club. Dezesseis anos após a invenção do livro de regras, foi criada a Federação de Badminton, na Inglaterra, onde aconteceu o primeiro campeonato inglês de badminton. 3.2 TÊNIS O tênis tem, como mais antigo parente reconhecido, o jeu de paume, praticado na França, no século XI. Era realizado no pátio de um mosteiro, e usava as paredes e os tetos inclinados como parte da quadra, com a palma da mão para bater a bola. No final do século XIX, a popularidade do tênis de gramado ultrapassou o críquete na Inglaterra. Por essa razão, o All England Croquet Club abraçou o esporte e disponibilizou certos gramados de críquete para serem usados no tênis. Essa disponibilidade natural de locais, combinada com a estrutura já existente para um jogo de raquete, proporcionou o nascimento do jogo moderno na Inglaterra. Em 1913, o tênis de gramado se tornava cada vez mais popular em todo o mundo. Então, parecia natural que as associações nacionais de tênis existentes unissem forças para garantir que o jogo fosse estruturado de maneira uniforme. 10 Por fim, foi realizada uma conferência internacional entre 12 nações em Paris, e foi criada a Federação Internacional de Tênis de Grama. Se você ainda não conhece o tênis, confira os links a seguir e veja um pouco da história da modalidade: http:// w w w . t e n n i s r e p o r t . c o m . b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _ k2&view=itemlist&layout=category&task=category&id=11&Itemid=129 e https://all.accor.com/pt-br/brasil/magazine/one-hour-one-day-one- week/historia-do-tenis-origem-modalidades-regras-e-curiosidades- b3e8f.shtml. DICA 3.3 TÊNIS DE MESA O tênis de mesa tem registro na década de 1880, na qual os vitorianos de classe alta, na Inglaterra, como alternativa após a ceia, praticavam o tênis de mesa. Utilizavam implementos alternativos para o jogo, com livros no lugar da rede, rolha de champanhe como bola e tampa de caixas de charuto como raquete. Já em 1926, após reuniões, a Federação Internacional de Tênis fora criada com os intuitos de organizar e de gerir a modalidade. Assim, o esporte evoluiu, e as competições foram acontecendo e dando base para a transformação do jogo e dos aspectos técnicos e táticos dele. Conheça a linha do tempo do tênis de mesa e confira os mesatenistas mais famosos do Brasil em https://www.cbtm.org. br/conteudo/detalhe/4#:~:text=Brasil%20fecha%20segundo%20 a n o % 2 0 s e g u i d o , T a k a h a s h i % 2 C % 2 0 n o % 2 0 r a n k i n g % 2 0 feminino).&text=Copyright%202023%2C%20Confedera%C3%A7%C3- %A3o%20Brasileira%20de,Todos%20os%20direitos%20reservados. DICA 11 Neste tema de aprendizagem, você estudou: • O desenvolvimento do esporte de raquete, no Brasil, é primordial, além da estruturação das modalidades. • O desenvolvimento do esporte de raquete, no mundo, também, é essencial, além da estruturação das modalidades. • Os esportes de raquete utilizam, como implemento, uma raquete para rebater a bola para o campo adversário. • Os esportes de raquete são classificados de acordo com a estrutura do jogo e os materiais utilizados. RESUMO DO TÓPICO 1 12 AUTOATIVIDADE 1. O badminton é uma modalidade esportiva de raquete que utiliza, no lugar da bola, uma peteca, como objeto a ser rebatida. É uma das modalidades mais populares do mundo, e praticada por uma ampla faixa etária, desde crianças até adultos, por homens e mulheres, de maneira competitiva ou como forma de lazer. Assim, com relação ao badminton, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) É uma modalidade esportiva muito ágil, vista a grande velocidade que a peteca chega a atingir. Os jogadores necessitam, não só, de uma boa agilidade, mas, também, de reflexos rápidos e flexibilidade. b) ( ) O badminton se iniciou na Irlanda, nos intervalos feitos por trabalhadores da indústria. c) ( ) No badminton, as regras oficiais se construíram com base nas regras do tênis. d) ( ) O Badminton é o esporte mais lento entre as modalidades com o uso de raquete. 2. O tênis de mesa é um dos esportes de raquete mais conhecidos. Criado na Inglaterra, tem, como principal característica, o uso de uma mesa como equipamento de jogo, ao invés de um campo, ou de uma quadra. Então, com base nas definições de tênis de mesa, analise as sentenças a seguir: I- Há várias hipóteses de surgimento da modalidade, todavia, a mais aceita é a de que o tênis de mesa tenha sido originário de um passatempo em dias de chuva e frio. II- Devido ao som produzido pelo encontro da bola com uma raquete oca, de cabo longo e feita de pele de carneiro, inclusive, muito popular, associaram-se os sons produzidos pela bola, na raquete, com o som do pingue-pongue. III- No início, o tênis de mesa contava com materiais de jogos bem primitivos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 13 3. Com relação às modalidades esportivas com o uso de raquete, as que fazem parte do quadro de esportes olímpicos são tênis, tênis de mesa e badminton, inclusive, as de maior destaque. Os jogos olímpicos de verão são o maior evento esportivo do mundo, sendo que fazer parte dele eleva o nível de exposição esportiva. A partir disso, de acordo com os princípios e as normativas desses esportes, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O tênis de campo, ou, apenas, tênis, é disputado em quadras de superfície sintética, cimento, saibro (terra batida) ou relva (grama), e é jogado por dois oponentes (jogos simples) ou por duas duplas de oponentes (jogos em duplas). ( ) Conhecido como “pingue-pongue” e muito praticado em todo o mundo, pode ser jogado entre duas pessoas (jogo simples) ou entre três pessoas (jogo de trio). ( ) O badminton é uma modalidade esportiva de raquete que utiliza, no lugar da bola, uma peteca, como objeto a ser rebatido. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4. O badminton é um esporte dinâmico, praticado entre dois ou quatro jogadores. Ainda que seja semelhante ao tênis, que usa raquetes e está dividido por uma rede, possui peculiaridades. Nesse contexto, disserte a respeito dos princípios que fundamentam o contexto do badminton. 5. Já o tênis tem, como o mais antigo parente reconhecido, o jeu de paume, praticado na França do século 11XI. Era realizado no pátio de um mosteiro, e usava as paredes e os tetos inclinados como parte da quadra, incluindo a palma da mão para se bater a bola. A partir do exposto, disserte a respeito dos princípios históricos do tênis. 14 15 MODALIDADES ESPORTIVAS COM RAQUETE 1 INTRODUÇÃO As modalidades esportivas com raquete que podem ser utilizadas no contexto escolar são imensas, de acordo com Copelli (2010) e Cabello Manrique (2000), que apresentaram os esportes que usam raquetee a possibilidade de inserção deles no contexto escolar, como tênis, tênis de mesa, beach tennis, badminton, speedminton, blackminton, squash, raquetebol, frescobol, quimbol e racketlon. Há outros esportes de raquete, como o pickleball, praticado nos Estados Unidos, semelhante ao jogo de mini tênis. Entende-se que a diversidade desses esportes pode ocorrer em contextos e possibilidades que envolvem o espaço, como praia e quadra, com a influência do ambiente externo, como do vento, do sol e da chuva, incluindo implementos de madeira, plástico, alumínio, grafite, com cordas ou não, dentre outros, e material para rebater a bola, ou a peteca, com a divisão do espaço por uma rede, ou, até mesmo, de um local para jogo (LUZ, 2018). Cada modalidade esportiva de raquete possui fundamentos técnicos e táticos próprios. Assim, os aspectos técnicos, nos esportes de raquete, são desenvolvidos durante o jogo, assim, o aluno inicia a partida pelo saque, a fim de direcionar a bola, ou a peteca, para o campo adversário. Consequentemente, esse objeto retorna ao campo até que alguém cometa um erro, então, conquista-se um ponto. Por fim, a execução dessas rebatidas é considerada uma habilidade motora e manipulativa (COPELLI, 2010; CABELLO MANRIQUE, 2000). O rebater, de acordo com Copelli (2010), define a habilidade motora manipulativa nos esportes de raquete, que consiste na mudança da trajetória de uma bola, ou de uma peteca, através de uma raquete. O movimento realizado pela rebatida acontece em diferentes planos em relação ao corpo: abaixo, entre e acima da linha da cintura e na cabeça e acima da linha da cabeça. A execução é feita pelo lado direito, ou esquerdo, do corpo. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 16 2 MODALIDADES ESPORTIVAS DE RAQUETE OLÍMPICAS Com relação às modalidades esportivas com o uso de raquete, as que fazem parte do programa de esportes olímpicos são badminton, tênis e tênis de mesa. Os jogos olímpicos de verão são o maior evento esportivo, sendo que fazer parte desse evento eleva o nível de exposição esportiva e gera mais recursos e investimentos, incluindo mais participantes. 2.1 BADMINTON Badminton é uma modalidade esportiva de raquete, de acordo com Copelli (2010), que utiliza, no lugar da bola, uma peteca como objeto a ser rebatido. Trata-se de uma modalidade muito ágil, devido à velocidade que essa peteca chega a atingir. Exige, dos jogadores, não só uma boa agilidade, mas, também, reflexos rápidos e flexibilidade. A modalidade badminton possui relatos de um jogo, chamado de Battledore and Shuttlecock, advindo da Grécia e difundido pela China. Tratava-se de uma versão de jogo praticado, na qual uma peteca era rebatida entre os jogadores, mas pelos pés. Com a evolução dessa modalidade, os jogadores passaram a utilizar uma raquete. As regras começaram a ser estruturadas no início do século XIX, na Índia. Conhecido como poona, o esporte foi levado para a Inglaterra por oficiais britânicos, onde apresentaram o jogo e os equipamentos no país. Ainda, foi praticado na propriedade Badminton, pertencente ao duque de Beaufort, que é um percussor de vários esportes e um dos pioneiros do squash (COPELLI, 2010). 17 Figura 3 – Final de duplas mistas olímpicas, em 2012 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Olympics_2012_Mixed_Doubles_Final.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 18 2.1.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação O jogo e o sistema de pontuação do badminton consistem em uma disputa de três sets de 21 pontos, sem vantagem para quem saca. O set termina, sempre, com dois pontos de diferença entre os adversários, sendo que, em caso de um empate, 20 a 20, por exemplo, o jogo continua sendo disputado até que alguém consiga a vantagem de dois pontos no placar. Se o jogo chegar a 29 X 29, vence quem faz primeiro o trigésimo ponto. O saque é executado, sempre, pelo jogador que ganha o ponto, e deve ser cruzado do lado direito da quadra para o lado direito da quadra adversária quando o placar está com pontuação par para quem saca. O contrário acontece se o placar está com uma pontuação ímpar para quem saca (COPELLI, 2010). Se você, ainda, não conhece o badminton, confira os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: https://www.youtube. com/watch?v=c69APHCG4dw e http://www.badminton.org.br/. DICA Em uma partida de badminton, os jogadores executam golpes para rebater a bola para o campo adversário. Veremos alguns desses golpes e como são realizados a seguir: GOLPE CARACTERÍSTICA Backhand clear Movimento do jogador de costas para a rede, a fim de rebater a peteca para a quadra adversária. Carregar Carregamento da peteca antes de um ataque. Clear Ação de defesa. Drive Movimentos ofensivos, muito utilizados em diversas partidas de duplas. Drop shot Para o jogador, larga a peteca de maneira curta, próxima da rede. Smash Rebatimento de uma bola alta acima da linha da cabeça do jogador. Quadro 1 – Golpes de badminton e características Fonte: o autor 19 2.1.2 Estrutura da quadra e materiais O jogo acontece em uma quadra de 13,40 metros de comprimento, com uma largura de 5,18 para jogos simples e 6,10 para de duplas. Ainda, no local, deve ter um espaço mínimo entre a quadra de badminton e as paredes, que a cercam com um metro nas laterais e um metro e meio no fundo. Para o jogo, utiliza-se uma raquete, e a “bola” em questão é uma peteca. Figura 4 – Quadra de badminton Fonte: https://media.gettyimages.com/id/696336282/pt/foto/poon-lok-yan-and-tse- -ying-suet-of-hong-kong-compete-against-kamilla-rytter-juhl-and-christinna.jp- g?s=612x612&w=gi&k=20&c=PYlV7qGNEPoP_hL7iW35rCLwiCdhJmJZlPPzfMmuFWY=. Acesso em: 24 abr. 2022. 2.1.3 Regras da modalidade e principais características A modalidade utiliza raquetes menores do que as um de tênis para rebater uma peteca para a quadra do lado adversário. Ao passar por uma rede, a peteca é devolvida pelo adversário, assim sucessivamente, até que um dos jogadores cometa um erro ao fazer um ponto. 20 Na partida, o jogador que faz o saque é chamado de servidor, e o que recebe é chamado de recebedor. Eles se alteram, de acordo a marcação de pontos durante essa partida. Se o servidor marca um ponto, continua a servir, mas, se erra o serviço, passa a ser feito pelo adversário. É importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 2.2 TÊNIS O tênis possui registros históricos, com a prática iniciada através de uma brincadeira chamada, pelos monges franceses, de jeu de paume (jogo da palma), na França, no século XII. O esporte se desenvolveu com o passar do tempo, assim, passou por inovações que potencializaram a prática esportiva dele. A bola parou de ser arremessada no muro, e os jogadores começaram a praticar o jogo dentro de um retângulo demarcado. O tênis de campo é uma modalidade esportiva famosa e disputada em quadra, com pisos diferenciados, e em ambientes fechados ou abertos. Com relação à participação em torneios e em campeonatos mundiais, os atletas contabilizam os pontos, os quais são estruturados dentro de um ranking. No Brasil, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) faz a gestão e desenvolve a modalidade. Já mundialmente, há a Federação Internacional de Tênis (ITF), que organiza o esporte. Por fi m, há a Associação de Tenistas Profi ssionais (ATP), que organiza o circuito profi ssional de tênis masculino. Figura 5 – Desafi o internacional de tênis de grama, em 1914 Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1914_International_Lawn_Tennis_Challen- ge.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 21 2.2.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação Uma partida de tênis começa com um dos jogadores sacando (conhecido como serviço) do fundo da quadra. No saque, a bola deve tocar, obrigatoriamente, na área de saque, assim, o primeiro ponto do game deve ser jogado, sempre, do lado direito do recebedor, e, após o primeiro saque, vão se alternando de lado durante o jogo. Em uma partida de tênis, os jogadores executam golpes para rebater a bolapara o campo adversário. Veremos alguns desses golpes e como são realizados a seguir. GOLPE CARACTERÍSTICA Backhand Execução quando as costas, ou a parte de cima da mão que segura a raquete, estão apontadas para a bola no ato da rebatida. Drop Shot Lançamento da bola rente à rede e sem força, o que dificulta a devolução. Forehand Palma da mão que segura a raquete apontada para a bola no ato da rebatida. Lob Um golpe defensivo, quando o jogador rebate uma bola bem alta, no fundo da quadra. Slice Rebatimento da bola, com a execução do golpe com o movimento da raquete feito de cima para baixo. Smash Rebatimento de uma bola alta, acima da linha da cabeça do jogador. Top Spin Rebatimento da bola, com a execução do golpe com o movimento de baixo para cima. Voleio Executado próximo da rede, e a rebatida é feita antes de a bola tocar no chão. Quadro 2 – Golpes de tênis e características Fonte: o autor O jogo de tênis é disputado em uma quadra retangular, com 23,77 metros de comprimento por 8,23 metros de largura. Para os jogos simples e de duplas, a quadra é medida em 10,97 metros de largura. A quadra é dividida, ao meio, por uma rede, suspensa por meio de um cabo metálico e de dois postes com altura de 1,07 metro. Essa rede possui uma altura, no centro, de 0,914 metro. As competições de tênis acontecem em diferentes tipos de piso, como quadras de saibro (terra batida), rápidas (piso sintético), ou na grama. Ainda, podem ser cobertas, ou não (COPELLI, 2010). 22 O jogo de tênis pode ser jogado por dois e por quatro jogadores, e as partidas estão aptas a ter de três a cinco sets, no máximo, de acordo com o torneio. Com relação a cada set, o jogador que, primeiramente, soma seis games, com uma vantagem mínima de dois, é o vencedor. Ao acontecer um empate de games, como exemplo, 5/5, o set pode terminar com sete games, desde que o jogador vença os dois seguintes (7/5). Entretanto, se o set termina empatado em 6/6, o jogo vai para o tie-break. Nesse tie-break, a competição prossegue até que o jogador vença por dois pontos seguidos. A contagem dos games acontece da seguinte forma: Figura 6 – Contagem de Games Fonte: o autor Com o game empatado em 40, por exemplo, vence o jogador que faz dois pontos seguidos. O primeiro ponto feito após o 40 é chamado de vantagem. Se você, ainda, não conhece o tênis, confi ra os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: http://cbt-tenis.com.br/ e https://www.youtube.com/watch?v=YNYSH-gMTsk. DICA 23 2.2.2 Estrutura da quadra e materiais A quadra utilizada para o jogo de tênis é um retângulo com 23,77 metros de comprimento e 8,23 metros de largura. Para as competições de jogos simples e de duplas, possui 10,97 metros de largura. A rede apresenta uma altura, no centro, de 0,914 metro, presa por uma faixa. Para os jogos simples, utiliza-se a rede simples, com os centros dos postes da rede com 0,914 metro fora da quadra. Se é um jogo de duplas, a rede deve ser erguida por dois postes simples, com uma altura de 1,07 metro, e os centros devem estar a 0,914 metro da quadra simples. Cada jogador utiliza a raquete e a bola em conformidade com as especifi cações dadas pela federação de tênis. Figura 7 – Quadra central de um centro olímpico de tênis Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Quadra_Central_do_Centro_Ol%C3%ADm- pico_de_T%C3%AAnis.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 24 2.2.3 Regras da modalidade e principais características O objetivo do tênis é marcar pontos na quadra adversária, a fi m de rebater a bola com uma raquete. Uma partida de tênis é dividida em games, sets e pontos. Um game é formado por um conjunto de pontos, e o ponto é marcado quando a bola quica na quadra do adversário e ele não consegue rebatê-la. Já quando o jogador erra o saque mais de uma vez, ou arremessa a bola para fora da área de serviço da quadra, o ponto vai para o adversário. É importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 2.3 TÊNIS DE MESA O tênis de mesa teve origem na Inglaterra do século XIX, praticado pela classe alta do país, que o jogava como opção após jantares. Utilizava uma linha feita por livros, como se fosse a rede, além da parte superior de uma rolha de champagne como bola e da tampa de uma caixa de charuto como raquete. A Federação Internacional de Tênis de Mesa foi formada em 1926, com o primeiro campeonato mundial realizado em Londres. Figura 8 – Tênis de mesa nos jogos olímpicos de verão da juventude de 2018 - Individual feminino - Medalha de ouro Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Table_tennis_at_the_2018_Summer_You- th_Olympics_%E2%80%93_Women%27s_Singles_Gold_Medal_Match_216.jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 25 2.3.1 Jogo, golpes e sistema de pontuação Em uma partida de tênis de mesa, as partidas individuais são divididas em sete games, de onze pontos cada. Ao acontecer um empate em dez pontos, o jogador que abre, primeiramente, uma diferença de dois pontos é o vencedor. Nas partidas por equipes, o jogo é dividido em cinco games, com onze pontos cada, e, perante um empate, vale a mesma regra das partidas individuais. A mesa de tênis mede 2,74 metros de comprimento, com 1,52 metro de largura e uma altura de 76 centímetros. A área de jogo é dividida ao meio, por uma rede que possui 1,83 metro de comprimento por 15,25 centímetros de altura (COPELLI, 2010). Para os jogos em duplas, a mesa é dividida, verticalmente, em duas partes iguais por uma linha branca. Ainda, a bola do jogo tem 40 milímetros de diâmetro. A cada dois pontos conquistados, a ordem de saque é invertida, e, em duplas, os jogadores do mesmo time se revezam para os toques na bola. Em uma partida de tênis de mesa, os jogadores executam golpes para rebater a bola para a mesa adversária. Veremos alguns desses golpes e como são realizados a seguir: GOLPE CARACTERÍSTICA Backhand Golpe com as costas da mão viradas para o adversário. Cortada Golpe ofensivo e forte para a finalização da disputa de um ponto. Deuce Empate de 10 a 10 em um set. Drop Shot Bola largada próxima da rede. Match point Ponto da partida. Queimada Toque da bola na rede durante o saque. Set Point Ponto para a definição do set. Quadro 3 – Golpes de tênis de mesa e características Fonte: o autor 26 Se você, ainda, não conhece o tênis de mesa, confi ra os links a seguir e veja um pouco da dinâmica do jogo e da modalidade: https://www. cbtm.org.br/ e https://www.youtube.com/watch?v=eHudprR13X0. DICA 2.3.2 Estrutura da quadra e materiais Para o jogo de tênis de mesa, utiliza-se uma mesa com 2,74 metros de comprimento, 1,525 milímetro de largura, e 76 centímetros de altura. Pode ser composta por qualquer material, da cor escura e fosca. A divisão da mesa é feita por uma rede, que se estende por 15,25 metros, além das bordas laterais da mesa e com 15,25 centímetros de altura, da cor escura e com a parte superior branca. A raquete pode ter qualquer tamanho, forma ou peso, e a bola contém a cor branca, ou laranja, além de ser fosca. Figura 9 – Quadra de tênis de mesa Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:2016-02-07_13-16-22_ping-pong-belfort. jpg. Acesso em: 24 abr. 2022. 27 2.3.3 Regras da modalidade e principais características A respeito da modalidade tênis de mesa, o jogo inicia a cada set. Os jogadores invertem o lado da mesa no qual jogam, e, no sétimo set, quando um dos jogadores chega a cinco pontos, invertem o lado da mesa. No fim de um set e no começo do próximo, os competidores têm um minuto de intervalo. É importante o conhecimento das regras gerais da modalidade. 3 MODALIDADES ESPORTIVAS DE RAQUETE NÃO OLÍMPICAS As modalidades esportivas de raquete não olímpicas surgiram em virtude da extensão litorânea e de clubes esportivos, o que possibilitou a prática da atividade física e a ampliação dos adeptos à modalidade. Muitos esportes sofreram influência da colonização no nosso país, feita por imigrantes europeus que trouxeram as práticas