Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua natural que possui uma estrutura linguística própria, com regras gramaticais, sintáticas e semânticas definidas, assim como as línguas orais. No entanto, ela apresenta características específicas que a diferenciam das línguas faladas, sobretudo no que diz respeito à sua transcrição e registro escrito.
Primeiramente, a Libras é uma língua viso-espacial, ou seja, sua comunicação ocorre por meio de gestos, expressões faciais, movimentos corporais e uso do espaço tridimensional, diferentemente das línguas faladas, que se baseiam no som e na linearidade da fala. Essa modalidade visual permite a expressão simultânea de várias informações, o que não ocorre nas línguas orais, que são sequenciais. Essa simultaneidade dificulta a criação de uma forma escrita que represente fielmente todos os elementos da Libras, pois é necessário captar não apenas os sinais manuais, mas também as expressões faciais e o posicionamento no espaço.
Além disso, a Libras ainda não possui uma forma escrita padronizada amplamente adotada. Enquanto as línguas faladas contam com sistemas ortográficos consolidados, como o alfabeto latino para o português, a Libras depende de sistemas gráficos alternativos, como o SignWriting, que representa visualmente os sinais, ou da glossação, que utiliza palavras em português para indicar o significado dos sinais, mas sem capturar sua gramática e estrutura própria.
Outro ponto que evidencia a autonomia da Libras é sua gramática própria, distinta da língua portuguesa. A ordem dos sinais na Libras pode diferir significativamente da estrutura verbal do português, refletindo uma organização linguística independente. Por exemplo, uma pergunta como “Você vai à escola hoje?” pode ser sinalizada como “ESCOLA VOCÊ IR HOJE?”, combinada com expressões faciais que indicam a interrogação.
Portanto, apesar de a Libras compartilhar com as línguas faladas a condição de língua natural e sua complexidade estrutural, ela se diferencia em sua modalidade viso-espacial, na simultaneidade dos sinais, na ausência de uma escrita convencional e em sua gramática própria. Essas particularidades demonstram a necessidade de reconhecer a Libras como uma língua autônoma, com recursos específicos para seu ensino, registro e valorização cultural.

Mais conteúdos dessa disciplina