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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ARTS 155, 157, 158,159, ,168,168-A, 170, 171, 180, 182, 182 e 183 DO CP http://www.mpsp.mp.br/portal/pls/portal/!PORTAL.wwpob_page.show?_docname=2659033.JPG TÍTULO II - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Capítulo I Artigo 155 - FURTO Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Noção: “Furto é a subtração de coisa alheia móvel com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo”. (Delmanto, Código Penal Comentado). É a retirada de uma coisa móvel (que pode ser transportada), que pertence a um terceiro, com a intenção de assenhoramento definitivo. Divisão: O crime de furto divide-se em: - furto simples (art.155, caput), - furto noturno (art. § 1º); - furto privilegiado (§ 2º) e -furto qualificado (§ 4º, § 4ª-A, B, C e § 5º, § 6º e o §7º) Objeto jurídico: o patrimônio da “res furtiva” Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: qualquer pessoa (é o proprietário, o possuidor ou o detentor da coisa móvel). Objeto material: a coisa móvel alheia. Tipo objetivo: A conduta que se pune é subtrair, ou seja, retirar de alguém. No furto, o agente retira a coisa para si ou para outrem. O agente deve ter fim de assenhoramento definitivo, ou seja, deve desejar ficar com o bem. É necessário, para configurar o crime de furto, que a coisa tenha valor econômico. Mas segundo a doutrina, também configura se tiver valor afetivo. Se se tratar de RES (COISA): Res Nulius, ou seja, coisa sem dono; Res Derelicta (coisa abandonada), Res Desperdita (coisa perdida). Nestes casos não configurará delito de furto, porque não são coisa alheia Tipo subjetivo: dolo específico, com o fim especial de assenhoramento. Consumação. Quando o agente tiver a posse mansa e pacífica da coisa, ainda que momentânea. Tentativa: admite-se. Ação penal: pública incondicionada, salvo nas hipóteses do artigo 182 do CP, quando é condicionada a representação Pena: reclusão de um a quatro anos e multa. OBSERVAÇÕES: Furto de uso: Ocorre quando alguém retira coisa alheia momentaneamente, repondo-a ao dono. Não configura crime. Ex: Um rapaz pega o carro de seu vizinho para dar umas voltas. O vizinho, dá pela falta dele e se dirige a uma delegacia, registrando o furto. Horas depois o rapaz que pegou o carro o devolve, colocando-o no mesmo lugar onde estava. Neste caso, não houve crime de furto, porque ausente o ânimo de assenhoramento definitivo. Não basta retirar a coisa, sendo necessário que tenha intenção de passar a ser dono dela. O furto de uso é atípico. Nada impede que se entre na esfera cível, pedindo indenização, por exemplo, pelo uso do carro, pela gasolina, etc. Deve haver a restituição. O furto de uso é tipificado como crime no Código Penal Militar. Furto famélico: Ocorre em estado de extrema penúria de quem o comete, pois é impelido pela fome a subtrair alimentos ou animais para poder alimentar-se. Não há crime neste caso, pois o agente atuou sob a excludente do estado de necessidade. Famélico é palavra derivada de "fome". FURTO EM REPOUSO NOTURNO § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Furto Noturno (§ 1º do art. 155): Ocorre quando a subtração é praticada durante o repouso noturno. Para configurar esta qualificadora necessita-se que a casa esteja habitada, com moradores repousando. Repouso noturno é o período em que as pessoas de uma certa localidade descansam, dormem. Difere de região de localidade da vítima, seja rural ou urbana. Assim, para configurar o aumento, o crime deve ter sido praticado durante tal período de repouso, não bastando, pois que o fato ocorra à noite. O repouso noturno não tem relação com horários. Trata-se daquele momento em que a maioria das pessoas de um determinado local costumam repousar. Aumenta-se a pena nestes casos, pois a vigilância sobre o patrimônio da vítima é reduzida. A causa de aumento de pena do § 1º só se aplica ao furto simples (caput). No caso do furto qualificado, não incide esta causa de aumento de pena. Pena: Aumentada de um terço. FURTO PRIVILEGIADO § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Furto Privilegiado: (§2º do art. 155): Furto privilegiado ocorre quando o seu autor é primário e de pequeno valor a coisa furtada. Requisitos: 1 – agente primário; 2 - pequeno valor da coisa furtada; Neste caso o juiz pode: a) substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de uma a dois terços, ou b) aplicar somente a multa. Para ser considerado pequeno valor, a doutrina e a jurisprudência entende que a coisa subtraída não pode ultrapassar a um salário mínimo. (Independentemente do poder aquisitivo da vítima). Não confundir pequeno valor com pequeno prejuízo da vítima. É direito subjetivo do réu e não mera faculdade do juiz, a aplicação do privilégio. Portanto, apesar de constar na lei a expressão “pode”, na verdade preenchidos os requisitos o juiz “deve” aplicar o privilégio. Furto de Energia (§ 3º do art. 155) § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Noção: São equiparadas à coisa móvel a eletricidade e outras energias (energia elétrica, genética,alheio. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. Artigo 171, § 2º, II. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria. II - vende, permuta, dá em pagamento, ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer destas circunstâncias; Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: só o dono da coisa Sujeito passivo: é quem sofre a lesão patrimonial, aquele que recebe a coisa inalienável, grava ou litigiosa; ou ainda, na última hipótese do inciso, dependendo de produzir os efeitos reais o compromisso, poderá ser a pessoa que recebe a propriedade anteriormente prometida a terceiro, ou este próprio. Tipo objetivo: O agente deve iludir a vítima sobre a condição da coisa (silenciando sobre sua qualquer dessas circunstâncias.). A inalienabilidade pode ser legal, convencional ou testamentária. O ônus pode legal ou contratual. Para que a coisa seja litigiosa deve ser objeto de demanda judicial. Tipo subjetivo: Igual ao do caput, sendo imprescindível que o agente tenha consciência de que a coisa de que dispõe é alheia. Consumação: Com a obtenção da vantagem ilícita, em prejuízo alheio. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. Art. 171 - § 2º III. Defraudação de Penhor III- defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado. Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: o devedor que tem a posse do objeto empenhado. Sujeito passivo: é o credor pignoratício. Tipo objetivo: O objeto empenhado deve estar na posse do devedor. O tipo objetivo é defraudar. É imprescindível que seja sem o consentimento do credor. Tipo subjetivo: Igual ao do caput, sendo imprescindível que o agente tenha consciência de que a coisa é objeto de garantia pignoratícia. Consumação: Com a alienação, não consentida ou com qualquer ato fraudador. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. Art. 171, § 2º, IV. Fraude na entrega de coisa IV- defrauda substância, qualidade, ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: quem tem a obrigação jurídica de entregar a coisa. Sujeito passivo: quem tem direito a receber a coisa. Tipo objetivo: É necessário que exista relação jurídica de caráter obrigacional entre o agente e a vítima, pois o subtipo refere-se a coisa que deve ser entregue. O comportamento incriminado é defraudar (trocar, alterar, etc), a própria substância da coisa, sua qualidade ou quantidade. Tipo subjetivo: Igual ao do caput, sendo imprescindível que o agente tenha realmente procurado iludir o destinatário. Consumação: Com a efetiva entrega da coisa defraudada. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. Art. 171, § 2º V. Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro. V- destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Objeto jurídico: o patrimônio do segurador Sujeito ativo: o segurado ou outrem a seu mando. Sujeito passivo: o segurador (pessoa jurídica ou física). Tipo objetivo: destruir, ou ocultar coisa própria; lesar o próprio corpo ou a saúde; agravar as consequências da lesão ou da doença. Tipo subjetivo: Igual ao do caput. Consumação: Com a conduta de destruir, ocultar, lesar ou agravar. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. Art. 171, § 2º, VI. Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: o tomador (beneficiário do cheque, podendo ser pessoa física ou jurídica). Tipo objetivo: emitir e frustrar. Tipo subjetivo: Igual ao do caput, Consumação: Consuma-se no momento e local em que o banco recusa seu pagamento. Tentativa: Admite-se. Pena e ação penal: vide nota ao caput do artigo. SÚMULAS RELATIVAS AO CRIME DE ESTEIONATO: Súmula 246 do STF: “Comprovado não Ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”. Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento para o sacado”. Súmula 554 do STF: “O pagamento do cheque emitido sem a provisão de fundos após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal” Fraude eletrônica: forma qualificada § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. Houve inclusão de nova modalidade qualificada e nova causa de aumento de pena, além de alteração da fração de aumento no caso de estelionato majorado contra idoso, incluindo-se o vulnerável. Houve também alteração de regra de competência, com modificação do Código de Processo Penal. O parágrafo 2º-A traz uma modalidade qualificada do delito, com pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Incide se o estelionato é cometido com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. A qualificadora se vincula à forma não presencial de prática do delito, em que a utilização de informações envolve a fraude, induzindo alguém a erro: Por meio das redes sociais: o agente se utiliza, por exemplo, de uma conta no Instagram, simulando sorteios para obter dados das vítimas. Por meio de contatos telefônicos: o agente telefona para a vítima para obter vantagem por meio de fraude, como pela disseminada prática de falso relato de sequestro de familiar; Por meio de envio de correio eletrônico fraudulento: cuida-se, aqui, do envio dos e-mails, como os que simulam ser enviados por instituição bancária, para obtenção de dados da vítima, como a senha do cartão; Por qualquer outro meio fraudulento análogo: pode-se imaginar o uso de Whattsapp, com emblema de uma loja, o que pode ser considerado análogo a um contato telefônico e/ou correio eletrônico. Fraude eletrônica: forma majorada § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. O parágrafo 2º-B, também inserido pela Lei 14.155/ 2021, traz uma causa de aumento de pena de um a dois terços. A fração deve ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso, como já previsto pela lei. Essa forma majorada incide, sobre a forma qualificada do § 2º-A, se o crime for praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. Nesse caso, há maior gravidade pela dificuldade de repressão a um delito praticado a partir de um servidor, de um equipamento de informática central, localizado fora do território brasileiro. Art. 171, § 3º: Estelionato qualificado § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. O aumento é aplicadoquando a infração penal atinge o patrimônio da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal, bem como as autarquias e entidades paraestatais. A súmula 24 do Superior tribunal de Justiça estabelece, ainda, que “aplica-se o crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º do art. 171 do Código Penal. Estelionato contra idoso ou vulnerável § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. Haverá aumento de 1/3 ao dobro da pena é a vítima tiver 60 anos ou mais. A lei não definiu, tal como no caso do furto mediante fraude eletrônica, que é o vulnerável. Se utilizado o conceito do artigo 217-A, § 1º, do CP, com adaptações e em interpretação sistemática, pode-se compreender como aquele que, por enfermidade ou deficiência mental, apresenta maior vulnerabilidade a fraudes. É possível, ainda, entender que o juiz deve analisar caso a caso. No caso de crime cometido contra vulnerável, o aumento é o mesmo, de um terço até o dobro da pena, a ser escolhido pelo juiz com base na relevância do resultado gravoso. AÇÃO PENAL Incluído pela Lei 13.654/19, foi inserido o parágrafo 5º no artigo 171 do CP. Segundo o § 5º do artigo 171 do CP, a ação penal é pública condicionada à representação, ou seja somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. CAP. VII - DA RECEPTAÇÃO Art. 180 – Receptação Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Receptação qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Transação: Cabe no § 3º (art. 76 da Lei 9.099/95) Suspensão Condicional do Processo: Cabe no “caput” e no § 3º (art. 89 da Lei 9099/95) Art. 180, caput - Receptação dolosa: Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o autor ou coautor do crime original. Sujeito passivo: É o próprio sujeito passivo do crime que adveio a coisa receptada. Pressuposto: É indispensável que o objeto material do delito de receptação seja coisa produto de crime, pois sem tal pressuposto, não há receptação. Não basta que seja produto de contravenção. O crime de receptação é autônomo. Objeto Material: deve ser coisa móvel (ou imóvel mobilizada), sendo imprescindível que se trate de produto de crime. Heleno C. fragoso e Júlio F. Mirabete, entendem que o imóvel pode ser objeto material de receptação, pois a lei não é categórica que seja coisa móvel. É evidente, entretanto, que tais autores somente admitem o imóvel como objeto material nas hipóteses que, em tese, seriam compatíveis com tal situação, excluindo essa possibilidade em relação aos verbos “ocultar” e, mais recentemente, quanto às condutas de “transportar” e “conduzir”, que são totalmente incompatíveis com os bens imóveis. Damásio E. de Jesus, Nélson Hungria e Magalhães Noronha, por seu turno, entendem que a receptação não pode ter um imóvel como objeto material, pois a própria palavra “receptação” significa dar abrigo, esconder, implicando sempre movimentação do objeto. É esse o entendimento do STF. Tipo Objetivo: Pune as seguintes condutas (crime de ação múltipla) Na receptação própria (1ª parte do “caput”), a conduta é adquirir (aquisição onerosa ou gratuita), receber (a qualquer título), transportar (levar, carregar), conduzir (guiar, dirigir) ou ocultar (esconder, tornar irreconhecível) coisa que sabe ser produto de crime. Na receptação imprópria (2ª parte do “caput”) o comportamento é influir (sugerir, inspirar) para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Tipo Subjetivo: dolo Consumação: Na receptação própria. (1ª parte do “caput”), o crime é material, consumando-se com a efetiva aquisição, recebimento, transporte, condução, ou ocultação (nesta última modalidade, é crime permanente). Na receptação imprópria (2ª parte, “caput”), o crime é formal, consumando-se com a conduta idônea a influir, na opinião da maioria dos doutrinadores; todavia, para parte da jurisprudência, é necessário que o terceiro de boa- fé, pratique, efetivamente, o ato para o qual foi induzido. Natureza do Crime Pressuposto: Obrigatoriamente, o ilícito penal anterior deva ser um crime, em sentido estrito. Assim, inexiste receptação de produto de mera contravenção penal. sabe = dolo direto (caput) - crime comum deve saber = dolo indireto (§1°.) - crime próprio presume saber = culpa Tentativa: Na receptação própria admite-se, na receptação imprópria não se admite. Pena: Reclusão de um a quatro anos, e multa. Ação penal: pública incondicionada. Cf. CP, art. 181 a 183. Art. 180, §, 1º - Receptação Qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. Trata-se de modalidade qualificada criada pela Lei 9426/96, cuja razão da maior gravidade da pena é o fato de o agente cometer o crime no exercício de atividade comercial ou industrial, situação que demonstra um forte desvalor de conduta, pois o agente acaba utilizando-se de seu meio de trabalho para cometer o delito. Objeto jurídico, sujeito passivo e pressuposto: vide nota ao “caput”. Sujeito ativo: Só o comerciante ou o industrial (crime próprio). Tipo objetivo: as condutas alternativamente previstas são adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, bem como Ter em depósito, desmontar, desmanchar, , montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma fazer uso em proveito próprio ou alheio, no exercício da atividade comercial ou industrial. Tipo subjetivo: dolo eventual. Tentativa: Admite-se Pena: reclusão de três a oito anos, e multa.Ação penal: é pública incondicionada. Art. 180, § 2º - § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. O legislador fez questão de inserir também uma norma no § 2º do art. 180 no sentido de equiparar “à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência”. Trata-se de normal penal explicativa ou complementar, cuja finalidade é não deixar qualquer dúvida sobre a possibilidade de aplicação da qualificadora a camelôs, pessoas que exerçam comércio em suas próprias casas ou a qualquer outro comerciante que não tenha sua situação regularizada junto aos órgãos competentes. Ex: atividade comercial em lojas, ou mesmo exercida por camelôs, sacoleiras e etc. Art. 180, § 3º -RECEPTAÇÃO CULPOSA § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. Objeto jurídico, sujeito ativo, sujeito passivo e pressuposto: vide nota ao “caput”. Tipo objetivo: as condutas alternativamente previstas são adquirir e receber. Indicam três indícios objetivos, que vinculam a presunção da culpa: a natureza da coisa desproporção entre o valor e o preço condição de quem oferece a coisa O tipo objetivo está concentrado em dois verbos núcleos do tipo, a saber: adquirir e receber. Observe que não foi consagrada a modalidade de ocultação, vez que esta pressupõe conduta dolosa – aquele que oculta o objeto material evidentemente tem conhecimento de sua origem delituosa. Tipo subjetivo: culpa, respondendo o agente pela falta de cuidado. Tentativa: inadmissível Pena: detenção de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas; é cabível o perdão judicial Ação penal: igual ao “caput” Art. 180, § 4º - Autonomia da receptação § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. A receptação tanto dolosa, quanto culposa, é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa receptada. Trata-se de crime comum e material. O crime de receptação é autônomo, não dependendo para sua concretização, e anterior condenação do autor do crime que deu origem a coisa adquirida, além deste é possível que o autor do crime antecedente seja conhecido, mas não ocorra sua punição, por diversas razões: prescrição, agente menor de 18 anos, doente mental ou outras causas. O menor de 18 anos pode praticar um crime (que será chamado ato infracional), embora o mesmo não seja punível por lhe faltar a culpabilidade. Art. 180, § 5º, 1ª parte – Perdão Judicial § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena Cabimento: Na receptação culposa (§ 3º), pode ser concedido o perdão ao agente que for “primário, “tendo em consideração as circunstâncias”. Natureza e efeitos: É causa excludente da punibilidade (art. 107, IX do CP.) Art. 180, § 5º, 2ª parte – Receptação Privilegiada Alcance: À receptação dolosa (caput e § 1º) aplica-se o § 2º do art. 155 do CP, que autoriza substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um terços, ou aplicar só a multa. Art. 180, § 6º - Causa especial de aumento de pena § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Noção: Quando se tratar de bens e instalações da União, Estado ou Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no “caput” aplica-se em dobro. Alcance: Somente se aplica à receptação dolosa simples (caput). ART 180-A RECEPTAÇÃO DE ANIMAL - Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Objeto jurídico: é o patrimônio do indivíduo, especialmente aquele representado pelos animais semoventes. Objeto material é semovente domesticável de produção, produto de crime. Semovente (aquele que anda ou se move por si) são animais de bando, tais como: bovinos (boi, bisonte, búfalo), ovinos (carneiro, ovelha, cordeiro), suínos (porco doméstico, leitão, javali), equinos (cavalo, burro, jumento) etc. O semovente deve, ainda, ser domesticável (aquele que se pode domesticar) e de produção (aquele cuja finalidade da criação é a obtenção de produtos com objetivo comercial), ainda que tenha passado por alguma transformação, a exemplo de ser abatido ou dividido em partes no local da subtração. Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, salvo o autor, coautor ou partícipe do crime antecedente, que só podem por esse (delito antecedente) responder. Desta forma, se o sujeito, agindo em coautoria, furta determinado animal semovente e, em seguida, adquire a parte correspondente aos demais, constitui post factum impunível. Sujeito passivo é o mesmo do crime antecedente. Aliás, a receptação faz com que se mantém ou que se perpetue a situação ilícita decorrente do crime anterior, em prejuízo da mesma vítima. Com isso, a coisa fica cada vez mais distante da sua esfera de vigilância ou disponibilidade. Tipo Objetivo: Pratica o crime àquele que adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime. A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. O crime de receptação de animal consiste no fato de o agente “adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime” (CP, art. 180-A). São quatro os elementos que integram o delito: (1) a conduta de adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender; (2) com a finalidade de produção ou de comercialização; (3) semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes; (4) que deve saber ser produto de crime. Visa combater o abigeato (ou abacto) que consiste no furto de animais no campo, tanto gado bovino quanto equino, que é muito comum em zonas de fronteiras “secas” entre dois países, como Brasil e Uruguai ou Paraguai, bem como a consequente posterior receptação do objeto material do delito. O crime pode ser cometido por qualquer pessoa, com exceção do proprietário do semovente ou o próprio autor do crime antecedente. Além do mais, o legislador pune, basicamente, os receptadores que atuam na pecuária e comércio, mas não na indústria. Tipo subjetivo: É o dolo direto ou eventual, consistente na vontade livre e consciente de adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender o objeto material, que deve saber ser produto de crime. Não é necessária a certeza do agente em relação à origem criminosa do objeto (dolo direto), pois, a receptação de animal é compatível com o dolo eventual, ou seja, basta que o agente, nas circunstâncias dos fatos, tivesse como “saber ser produto de crime”. Consumação: A receptação de animal é crime material, que só se consumacom a produção do resultado naturalístico consistente na lesão ao patrimônio alheio. Consuma-se, portanto, no momento em que o agente adquire, recebe, transporta, conduz, oculta, tem em depósito ou vende, semovente domesticável de produção, que deve saber ser produto de crime. Nas condutas “adquirir”, “receber” e “vender”, a receptação de animal é crime instantâneo (a consumação não se prolonga no tempo). Nas condutas “transportar”, “conduzir”, “ocultar” e “ter em depósito”, o crime é permanente (a consumação se prolonga no tempo). Tentativa: A tentativa é teoricamente possível em todas as condutas (modalidades) do crime de receptação de animal. No entanto, a tentativa na modalidade “ter em depósito” já caracteriza a consumação pelas condutas de “adquirir”, “receber”, “transportar” etc. Pena: A pena cominada ao crime de receptação de animal é cumulativa: reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. Trata-se de crime de alto potencial ofensivo, ficando afastados os benefícios da Lei 9.099/1995. Ação penal: é pública incondicionada, cujo oferecimento da denúncia para iniciar a ação penal não depende de qualquer condição de procedibilidade. CAP VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 181 – Imunidades Absolutas Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. As imunidades absolutas, também chamadas de escusas absolutórias, têm como consequência a total isenção da pena para o autor da infração penal. Em razão disso, se a autoria for conhecida, a autoridade policial estará proibida de instaurar inquérito policial. São aplicáveis apenas para os delitos contra patrimônio. Referidas escusas absolutórias cabe apenas para: a) o cônjuge na constância do casamento; b) de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 – Imunidade Penal relativa. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. As imunidades relativas também chamadas de processuais, têm como consequência a transformação da ação penal pública incondicionada em condicionada à representação. Essas imunidades, portanto, portanto não se aplicam aos crimes contra patrimônio que se apuram mediante queixa (Ex: dano simples). I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; O inciso I aplica-se quando o fato ocorre enquanto as partes encontram-se separadas judicialmente ou desquitadas (pela antiga legislação civil. Se o fato ocorre após o divórcio, não há qualquer imunidade. II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; O inciso II é cabível quando o delito verifica-se entre irmãos. A regra vale tanto para os germanos (filhos do mesmo pai e da mesma mãe), quanto para os unilaterais (filhos apenas do mesmo pai e da mesma mãe). III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. O inciso III, por sua vez somente tem aplicação quando tio e sobrinho moram, de forma não transitória, na mesma residência. Em tal hipótese, pressupõe que a existência do processo pode acarretar sérios desgastes à convivência, daí a necessidade de representação. É irrelevante que o crime tenha sido praticado no local em que as partes moram ou em outro lugar qualquer. Art. 183 – EXCEÇÕES Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Exceções: Dispõe o art. 183 do CP, que não se aplica a imunidade: I. Se o crime é de roubo ou extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II – ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. O artigo 110 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), incluiu o inciso III ao artigo 183 do Código Penal, determinando que as imunidades penais não se aplicam quando o delito é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Em relação às hipóteses acima, não haverá exclusão do crime, mas ficará obstada a imposição de sanção penal às pessoas alcançadas pelo dispositivo. Percebe-se assim, que as imunidades, tanto absolutas, quanto relativas não são aplicáveis a todos delitos contra o patrimônio. O inciso I afasta a aplicação dos institutos para todas as modalidades de roubo e extorsão (inclusive extorsão indireta), bem como para todos os demais crimes contra patrimônio cometidos com violência ou grave ameaça. Quanto ao inciso II do art. 183, este deixa claro quanto a participação de terceiros no crime, cometido por agente com imunidade penal. Desta forma, se a subtração de um rádio é feita pelo filho e um amigo seu, o filho é totalmente isento de pena, enquanto o amigo responde pelo crime, aplicando-se inclusive a qualificadora do concurso de agentes. Também não incide nas imunidades o estranho que participa do crime, conforme o artigo 30 do CP, não constituindo estas elementares no delito de patrimônio. Bibliografia: BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado do Direito Penal. Vol 4, Editora Saraiva. 2021. image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.jpeg image9.jpeg image10.png image11.jpeg image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image1.jpeg image17.jpeg image18.png image19.jpeg image2.jpegradioatividade, eletromagnética, genética de reprodutores, térmica, mecânica, ar comprimido, vapor, etc). São expressamente, equiparadas à coisa móvel. Quanto aos sinais de TV a cabo, tratando-se de energia, pode caracterizar o furto por equiparação. (Famoso “gato”) Atenção: Caso o indivíduo pagar para ter um ponto de transmissão, e puxar o cabo para gerar outros pontos, não responderá pelo crime se ficar comprovado que a energia é a mesma do ponto principal (caso contrário, configura-se o furto); será, no entanto, um ilícito civil (infração contratual). Para configuração deste crime é necessário ser efetuado exame pericial. FURTO QUALIFICADO: (§ 4º DO ART. 155) As qualificadoras do artigo 155, atualmente estão previstas nos §§ 4º, 4º A, 4º-B e 5º. § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. §4º - I: Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. A violência deve ser aplicada contra o obstáculo que dificulta a subtração e não contra a própria coisa. Não qualifica o crime a violência contra o obstáculo que é inerente à própria coisa. Há necessidade de exame de corpo de delito (artigo 158 do Código de Processo Penal). O inciso I refere-se então ao furto mediante arrombamento. Obstáculo é tudo que se interpõe entre o agente e a coisa, e que dificulta o acesso à coisa. Destruir significa acabar com o obstáculo (por exemplo, explodir um cofre). Rompimento significa abrir uma brecha sem destruir (por exemplo, arrombar uma porta - neste caso, destrói-se a fechadura). O furto qualificado é a destruição do obstáculo para se ter acesso à coisa. Não é a destruição da própria coisa (o obstáculo não pode ser a própria coisa). § 4º - II: com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza. (1ª hipótese): Abuso de confiança. É necessário que a vítima deposite uma especial confiança no agente (relação profissional, amizade, parentesco etc). Não basta a simples relação empregatícia, pois o patrão deve ter especial situação de confiança com o empregado. Também é necessário que o agente aproveite de alguma facilidade decorrente dessa confiança para efetuar a subtração. Todavia algumas profissões, já envolvem relação de confiança. Ex: segurança, caixa de banco, vigia, etc. Se uma pessoa nessas condições comete um furto, incide a qualificadora, pois a confiança é inerente à função. (2ª hipótese): mediante fraude. Fraude é o artifício, o meio enganoso usado pelo agente, capaz de reduzir a vigilância da vítima e permitir a subtração do bem. Ex: uso de disfarce: usar uniforme do correio, telegrama animado. (3ª hipótese): escalada. Escalada é a utilização de via anormal para adentrar no local onde o furto será praticado, predominando o entendimento de que tal entrada requer emprego de meio instrumental (Ex: subir escada) ou esforço incomum (ex: escalar muro alto). 4ª hipótese): destreza. Destreza é a habilidade física ou manual que permite ao agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está sendo despojada de seus bens. O punguista (que “bate” carteira sem que a vítima perceba) utiliza-se da destreza. Se, numa praça, um ladrão ágil persegue uma pessoa para subtrair-lhe a carteira, e a vítima percebe, não incide esta qualificadora. § 4º - III – com emprego de chave falsa: Considera-se chave falsa: a imitação da verdadeira, obtida de forma clandestina (cópia feita sem autorização); qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, capaz de abrir uma fechadura sem arrombá-la (grampos, “mixas”, chaves de fenda, tesouras etc). A cópia de uma chave verdadeira também é uma chave verdadeira e NÃO configura chave falsa. Se o agente usa de um subterfúgio para obter a chave verdadeira e fazer uma cópia, não se configurará o furto mediante chave falsa (mas poderá se configurar o furto mediante fraude). § 4º IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas A qualificadora é cabível ainda que um dos envolvidos seja menor ou apenas um deles tenha sido identificado em razão da fuga dos demais do local. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Este parágrafo foi inserido pela Lei 13.654/18, que aumentou de forma significativa a pena de reclusão para 04 a 10 anos. A alteração foi motivada tendo em vista o crescimento desenfreado do delito de furto, onde os agentes utilizavam-se do emprego de explosivo ou de artefato análogo, assim o aumento se dá por conta da forma de execução mais gravosa. FURTO QUALIFICADO: FURTO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO ELETRÔNICO (§ 4º-B) § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) A Lei 14.155, de 27 de maio de 2021, inseriu nova modalidade qualificada, com pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Incide se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. Pela extensão da previsão, percebe-se que basta que a fraude seja eletrônica, já que não é necessário que haja violação de senha nem mesmo conexão à internet. Atenção: não confunda com a fraude do estelionato! No art. 171 do CP, o ardil, a fraude, é para que a própria vítima, enganada, entregue a vantagem econômica. Já na fraude do furto, o ardil é feito para afastar a atenção da vítima, tornando mais fácil a subtração, que é realizada pelo próprio agente. MAJORANTES (AUMENTO) DO FURTO QUALIFICADO MEDIANTE FRAUDE POR MEIO ELETRÔNICO (§ 4º-C) § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) A Lei 14.155, de 27 de maio de 2021, inseriu, ainda, causa de aumento para o furto qualificado mediante fraude por meio eletrônico, previsto no artigo 155, § 4º-B. Assim, o furto qualificado mediante fraude terá uma causa de aumento de pena variável, a ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso: a) de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços): se o crime for praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. Nesse caso, há maior gravidade pela dificuldade de repressão a um delito praticado a partir de um servidor, de um equipamento de informática central, localizado fora do território brasileiro. b) de 1/3 (um terço) ao dobro: se o crime for praticado contra idoso ou vulnerável. O idoso é considerado para efeitos penais a pessoa com 60 anos ou mais, na data do fato. O artigo não define quem é o vulnerável. Se utilizado o conceito do artigo 217-A, § 1º, do CP, com adaptações e em interpretação sistemática, pode-se compreender como a vítima que, possui menos de 14 anos, aquele por enfermidade ou deficiência mental, apresenta maior vulnerabilidade a fraudes. É possível, ainda, entender que o juiz deve analisar caso a caso. (§ 5º) -Veículo automotor transportado para outro estado ou para o exterior: § 5º - A pena é de reclusão de três a oitoanos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Esta qualificadora, que tem dois requisitos: a) que o objeto seja veículo automotor. b) que este veículo venha ser efetivamente transportado para outro Estado ou para o exterior. Pena: reclusão de três a oito anos FURTO DE ANIMAIS SEMOVENTES § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. Também chamado de furto de abigeato. Semovente é a definição jurídica dada ao animal criado em grupos (bovinos, suínos, caprinos etc.) que integram o patrimônio de alguém, passíveis, portanto, de serem objetos de negócios jurídicos. A lei claramente não abrange os animais selvagens, mas somente os domesticáveis, mesmo que já abatidos ou divididos em partes. Os animais devem ser, ainda, de produção, isto é, preparados para Abate e comercialização. Não abrange apenas os quadrúpedes, mas também os bípedes e ápodes (animais desprovidos de membros locomotores, como répteis). Quem comete o furto de animais criados para consumo, como gado, porco ou galinha, pode ser condenado à pena de 2 a 5 anos de prisão. Quem receptar os animais furtados está sujeito à mesma pena. Substâncias explosivas ou acessórios como objeto da subtração (parágrafo 7º) § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Esta forma qualificada é aplicada quando o objeto material do crime for substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego, também com pena abstrata de reclusão de 04 a 10 anos. Na hipótese deste parágrafo 7º a gravidade da punição decorre não apenas do valor do objeto material — substâncias explosivas ou de acessórios similares —, mas do maior desvalor da ação pela natureza e finalidade do seu objeto (utilização para prática de outros crimes), ou seja, pelos gravíssimos danos que o objeto da ação propriamente — material explosivo — pode causar à sociedade em um futuro imediato. CAP. II – DO ROUBO E DA EXTORSÃO ARTIGO 157 – ROUBO Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. ROUBO: É A SUBTRAÇAO UTILIZANDO OS SEGUINTES MEIOS DE EXECUÇÃO: · Violência (também vis absoluta) A violência envolve tanto a violência física (lesões corporais) como também as vias de fato (contravenção). A violência tem que ser praticada contra a pessoa. Se a violência for contra a coisa, trata-se de furto simples. A violência contra obstáculo à subtração da coisa configura o furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. · Grave ameaça (também chamada vis relativa) é todo ato que intimida, imobilizando a vítima. · Reduzir a capacidade de resistência (também chamada violência imprópria). Ocorre quando o agente, utiliza-se de meios que façam com que a vítima reduza sua capacidade de resistência: Ex: utilizar hipnotismo, embriagar, drogar a vítima, etc. DIVISAO DO CRIME DE ROUBO roubo próprio ( caput) roubo impróprio ( § 1º ) causa de aumento de pena (costumeiramente chamado “roubo qualificado pelas circunstâncias” ( §§ 2º, 2º -A e 2º-B ) roubo qualificado pelo resultado de lesão corporal grave ( § 3º, 1º parte ) roubo qualificado pelo resultado de morte ( § 3º, 2º parte ) Objeto Jurídico: patrimônio, posse liberdade individual e integridade física. Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Sujeito Passivo: o proprietário, possuidor ou mesmo a terceira pessoa que sofra a violência, embora não tenha prejuízo material. Tipo Objetivo: subtração. É crime complexo (composto por vários crimes), pois roubo, a princípio, é constituído de furto + constrangimento ilegal (art. 146). A conduta que se pune é subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. ROUBO IMPRÓPRIO (§1º) § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Características do roubo impróprio: Neste, o agente pratica um furto, pois sua intenção inicial é de apenas furtar a coisa, mas tendo-a subtraído, pratica violência ou grave ameaça. 1 – o emprego da violência ou grave ameaça deve ocorrer depois de o agente ter se apoderado da coisa; 2 – a violência ou grave ameaça não visa a subtração da coisa, mas assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa. No roubo próprio, o meio para subtrair é a violência ou grave ameaça, enquanto no impróprio não há emprego desses meios com a finalidade de subtrair a coisa, mas após a subtração, há violência ou grave ameaça com a finalidade de assegurar a impunidade do crime, isto é, de o agente não ser preso, ou assegurar a posse da coisa. Atenção: a violência ou grave ameaça, no roubo impróprio, deve ser empregada depois de subtraída a coisa. O art. 157, § 1º dispõe que a violência ou grave ameaça deve ser empregada logo depois da subtração da coisa. O alcance dessa expressão “logo depois”, segundo entendimento dominante na doutrina e jurisprudência, vai até o momento da consumação do furto. Isto quer dizer que a violência ou grave ameaça, no roubo impróprio, é aplicada após o agente ter se apoderado da coisa até a consumação do crime. Se o emprego da violência ou grave ameaça ocorrer após a consumação do furto, ainda que tenha a finalidade de assegurar a posse da coisa ou a impunidade do crime, não caracteriza rouboimpróprio, mas crime de furto em concurso material com crime de ameaça ou crime resultante da violência (vias de fato, lesão corporal). “Ainda que por pouco tempo, quando o agente já tem a livre disponibilidade da coisa, consuma-se o furto”. A violência ou grave ameaça deve ser empregada com o fim de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa, não com outras finalidades. Se houver outras finalidades não há a caracterização do roubo impróprio. 1 – violência ou grave ameaça praticada após a subtração da coisa e antes da consumação do furto; 2 – violência ou grave ameaça a fim de assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa. Diferença entre Roubo Próprio e Roubo Impróprio: No roubo próprio: (157, caput) a violência (força física) e a grave ameaça (promessa de mal sério) são cometidas contra a pessoa, ou esta, por qualquer meio é reduzida à impossibilidade de defesa, para subtração da coisa. No roubo próprio os meios de execução são empregados antes ou durante a subtração da coisa. No roubo impróprio (§ 1º) Aqui a violência e a grave ameaça são empregados contra a pessoa logo depois da subtração, para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa subtraída. Objeto Material: é duplo (a pessoa e a coisa alheia móvel). Tipo Subjetivo: o dolo. Não há forma culposa. Consumação do roubo próprio: com a inversão da posse, ou seja quando subtrair, ainda que não tenha a posse mansa e pacífica do bem. Parte minoritária da doutrina entende que é semelhante à do furto, ou seja, o roubo próprio consuma-se quando a coisa é retirada da esfera da disponibilidade do ofendido e fica em poder tranquilo, ainda que passageiro, do agente. Consumação do roubo impróprio: com a violência ou grave contra a casa, a pessoa, após a subtração. Tentativa: ocorre quando o agente após empregar a violência ou a grave ameaça, não consegue a subtração, por circunstâncias alheias à sua vontade. Ação penal: pública incondicionada. Pena: Do caput e § 1º reclusão de quatro a dez anos e multa. Classificação doutrinária: crime comum, complexo, Crime complexo em sentido estrito: formado pela reunião de 2 ou mais tipos penais. Crime complexo em sentido amplo: formado por um tipo penal, mas algum elemento considerado isoladamente não constitui crime. CAUSA DE AUMENTO DE PENA- art 157 § 2º do CP: A pena é aumentada em de 1/3 à ½ (metade), em tais casos: I – Revogado II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; III- se a vítima está em serviço de transportes de valores e o agente conhece tal circunstância; IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego; VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; VEJAMOS CADA UMA DESTAS HIPÓTESES: I – REVOGADO II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; Para configurar-se esta causa de aumento de pena, não é necessário que no local do roubo estejam presentes duas ou mais pessoas. Admite-se o partícipe. Havendo concurso de um maior, um menor ou um doente mental, o maior responderá pela causa de aumento de pena. Se haviam duas pessoas e uma delas fugiu, incide a causa de aumento de pena (não é necessário que se reconheça todas as pessoas. III- se a vítima está em serviço de transportes de valores e o agente conhece tal circunstância. A vítima deve estar transportando valores de terceiros e não próprios, pois a lei se refere a serviço de transporte. O agente deve saber que a vítima está transportando os valores. Exige dolo direito. Ex: vítima que trabalha com transporte de dinheiro, selos, jóias, etc). IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; Um veículo automotor é todo aquele como motor à explosão ou propulsão, que se destina ao transporte de pessoas ou coisas (carro, ônibus, avião, lancha, etc). O veículo deve ser, efetivamente transportado para outro Estado ou país. V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. Responde pelo roubo com esta causa de aumento de pena - e afasta-se o sequestro - quando a restrição da liberdade for um meio necessário para a execução do roubo. Ex: agente assalta uma casa, e prende o dono da casa no banheiro, configura-se o roubo mais a causa de aumento de pena. VI - – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Assim como no crime furto, haverá aumento de pena quando o crime de roubo tiver como objeto material substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; Luiz Flávio Gomes, aduz que o conceito de arma branca é obtido por exclusão. “Isto é, considera-se arma branca aquela que não é arma de fogo. Arma branca pode ser própria (produzida para ataque e defesa Ex: espada, punhal,) ou imprópria (produzida sem finalidade específica de ataque e defesa, como faca de cozinha, o machado, o martelo”. Assim, se o roubo for praticado com violência ou grave ameaça exercida com emprego de arma branca haverá aumento de 1/3 à ½ (metade); OUTRAS CAUSAS DE AUMENTO: § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; O legislador no inciso I inseriu como majorante a hipótese em que a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo. Arma deve ser verdadeira. Apta a disparos. Roubo com emprego de Arma de Brinquedo. Não será considerada qualificadora, caso haja emprego de arma de brinquedo, bem como arma desmuniciada ou arma que não funcione, incidia o parágrafo. O Estatuto de Armas (Lei 10.826/03), não prevê a utilização de arma de brinquedo. O crime prevê apenas causa de aumento de pena para a utilização de arma verdadeira, pois esta é capaz de ofender a integridade física da vítima. Se a arma for de brinquedo, não se aplica a cauda de aumento pelo emprego de arma de fogo. OBSERVAÇÃO: Atualmente na nossa legislação temos duas situações onde o roubo será majorado pelo emprego de arma, nos seguintes casos: a) Arma branca: incorre o agente no crime do art. 157, §2º, VII, CP – aumento de pena de 1/3 até a metade; b) Arma de fogo: incorre o agente no crime do art. 157, §2º-A, I, CP – aumento de pena em 2/3; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. No inciso II foi prevista a hipótese de aumento de pena no caso do crime de roubo quando houver a destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. AUMENTO POR EMPREGO DE ARMA DE FOGO POR USO RESTRITO § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. É consequência para quem praticar o crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: a pena do caput (reclusão, de quatro a dez anos, e multa) será aplicada em dobro. Da simples leitura do §2º-B, verifica-se que está causa só se aplica no caso do caput. Portanto, chega-se à conclusão que a causa de aumento de pena do §2º-A, inciso I (§ 2º-A – A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça éexercida com emprego de arma de fogo) só será aplicável aos casos de arma de fogo de uso permitido. ROUBO QUALIFICADO § 3º Se da violência resulta: Roubo qualificado pelo resultado lesão grave (157 § 3º) I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. São duas formas de roubo qualificado: se da violência empregada resultar lesão corporal grave ou morte. a) se da violência empregada resultar lesão corporal grave A pena será de 7 a 18 anos de reclusão, se da violência aplicada contra a vítima resultar lesão corporal grave. O roubo é qualificado pelo resultado, se da violência empregada resultar lesão corporal grave, quer este decorra de dolo ou de culpa do agente (preterdolo). Esta lesão pode ser ocasionada no titular do direito protegido ou no terceiro que eventualmente venha a sofrer a violência física. Aplica-se o disposto nesse parágrafo ao roubo próprio e impróprio. A comprovação da gravidade da lesão requer exame de corpo de delito, face ser crime que deixa vestígios. Se do roubo resulta lesão leve na vítima, o crime será de roubo simples, previsto no art. 157 (caput) do Código Penal. As lesões corporais graves estão descritas no art. 129, § 1º, e as gravíssimas, no art. 129, § 2º do CP. Roubo Qualificado Pelo Resultado Morte (é o chamado latrocínio). b) se da violência empregada resultar a morte: É também chamado LATROCÍNIO. A pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa se da violência empregada resultar a morte da vítima. Latrocínio, é roubo seguido de morte, quando da violência empregada para a prática do roubo resultou morte da vítima. A qualificadora é aplicável ao roubo próprio ou impróprio. Configura latrocínio, com a morte da vítima, que pode ser causada dolosa ou culposamente. Nos termos da Lei 8072, de 25 de Julho de 1.990 (art. 1º) o latrocínio é considerado crime hediondo em conforme o art. 5º, XLIII. ATENÇÃO: O Juízo competente competente para julgar crime de roubo seguido de morte é do juízo singular e não o Tribunal do Júri, pois o objeto jurídico é o patrimônio, conforme a súmula 603 do STF. Consumação e tentativa: a) quando a subtração e morte ficam na esfera da tentativa, há latrocínio tentado. b) quando ambas se consumam, há latrocínio consumado. c) Quando a subtração se consuma e a morte não, há tentativa de latrocínio. d) Quando a subtração não se efetiva mas a vítima morre, há latrocínio consumado (súmula 610 do S.T.F.). É um crime complexo, em que a morte (homicídio) resulta como qualificadora do crime de roubo. Só existe crime de latrocínio quando a idéia principal é praticar uma subtração patrimonial e, no contexto desta subtração patrimonial, vem a ocorrer um resultado morte. Consumação e tentativa: Quando a subtração e morte ficam na esfera da tentativa, há latrocínio tentado. Quando ambas se consumam, há latrocínio consumado. Quando a subtração se consuma e a morte não, há tentativa de latrocínio. Quando a subtração não se efetiva mas a vítima morre, há latrocínio consumado (súmula 610 do S.T.F.) DIFERENÇA ENTRE ROUBO e FURTO ART. 158 – EXTORSÃO: Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Objeto jurídico: protege o patrimônio, a liberdade e a incolumidade das pessoas Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Sujeito Passivo: qualquer pessoa, incluindo a que sofre o constrangimento sem lesão patrimonial. Tipo Objetivo: Na extorsão há a chantagem. Extorsão é o crime de constrangimento ilegal (art. 146), com mais uma elementar: a finalidade de obter indevida vantagem econômica. A conduta que se pune é constranger, ou seja, obrigar, compelir. O constrangimento é com emprego de violência ou grave ameaça. Violência (vis absoluta) é em sentido amplo (engloba lesões corporais e vias de fato). As vias de fato são qualquer comportamento agressivo praticado contra alguém, mas que não causa lesões (empurrão, gravata, safanão, etc). Grave ameaça (vis relativa) é qualquer processo intimidatório que faz com que o indivíduo ceda à vontade do sujeito ativo. Na extorsão não existe violência imprópria do crime de roubo. Apenas violência própria ou grave ameaça. O agente visa constranger a vítima a realizar determinada conduta, deixar de fazer, ou tolerar que se faça algo. O crime de extorsão é crime formal não exige a produção do resultado (diz o art. 158: "com o intuito de”) Tipo Subjetivo: o dolo. Não há forma culposa. Tentativa: Admite-se. Ação Penal: pública incondicionada. Pena: Na figura simples (“caput”) é de reclusão de quatro a dez anos, e multa Diferenças: a) Extorsão e crime de Estelionato No estelionato a vítima quer entregar o objeto uma vez que foi induzida ou mantida em erro pelo agente através do emprego de uma “fraude”. Na extorsão, a vítima despoja-se de seu patrimônio contra a sua vontade já que o faz em decorrência de ter sofrido violência ou grave ameaça. b) Extorsão e crime de Roubo Na extorsão a vítima deve ter alguma possibilidade de escolha, e , assim sua conduta é imprescindível para que o agente obtenha a vantagem por ele visada. No roubo, a vantagem é concominante ao emprego da violência ou grave ameaça, enquanto na extorsão o mal prometido e a vantagem visada são futuros. c) Extorsão e Crime de Concussão Na concussão (art. 316 do Código Penal) o sujeito ativo é sempre funcionário público e a vítima cede as exigências deste por temer eventuais represálias decorrentes do exercício do cargo. A extorsão, que é delito mais grave, pode ser praticada por qualquer pessoa, inclusive, por funcionário público no exercício de suas funções, desde que a vítima ceda à intenção do agente em razão do emprego de violência ou grave ameaça (e não em virtude da função por ele exercida). d) Extorsão e exercício arbitrário das próprias razões (art. 158, e 345) Na extorsão, procura o agente obter vantagem indevida. No entanto, se a vantagem for realmente ou supostamente devida, o constrangimento para recebê-la configurará o delito do art. 345 do Código Penal. Causa de Aumento de Pena: § 1º do art. 158 Aumenta-se a pena de um terço até metade: a) Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas ou Explicação da expressão: Cometido por duas ou mais pessoas A lei diz cometido. Portanto as duas pessoas devem executar o crime. Não se configura se houve participação. Se uma extorsão é praticada por duas pessoas, de modo que uma delas induz, e outra pratica os atos executórios, os dois responderão por extorsão simples. É então indispensável a presença dos autores do crime junto ao ofendido. O estudo deste qualificado é o mesmo daquele contido no roubo qualificado. Há entendimento contrário b) com emprego de arma...” Por armas se deve entender não só as propriamente tais ou em sentido técnico, como qualquer instrumento apto a lesar a integridade física (ex.: uma barra de ferro, um furador de gelo, etc..) Não é preciso que a arma seja efetivamente manejada, bastando que seja portada ostensivamente, como uma ameaça implícita”. Se a arma for de brinquedo ou desmuniciada, não caberá aumento. Extorsão qualificada.Art. 158 § 2º - A extorsão qualificada é aquela em que da violência resulta lesões corporais graves ou morte. Neste caso aplica-se o disposto no art. 157 § 3º. Extorsão qualificada - Sequestro- Relâmpago: Foi acrescentado pela Lei 11.923/09 o § 3o no artigo 158, o qual prevê que se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica. A pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; Se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. Ex: agente que sequestra a vítima e obriga que esta forneça a senha do cartão para retirada do dinheiro. Crime hediondo no resultado morte: Por força da Lei 8072/90 o crime de extorsão qualificada pelas morte (art. 158. § 2º C.P.) passou a ser considerado crime hediondo. A pena mínima passou a ser de 20 anos. Acrescente-se ainda que pode haver aumento de pena se ocorrerem as hipóteses referidas no art. 224 do C.P.) Ação penal: O crime de extorsão e ação penal pública incondicionada. Competência: A competência para o julgamento e o juízo singular por se tratar de crime contra o patrimônio e não contra a vida. ART. 159 – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate Pena - reclusão, de oito a quinze anos § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha Pena - reclusão, de doze a vinte anos. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. Objeto jurídico: o patrimônio. Sujeito ativo: qualquer pessoa. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, podendo inclusive ser mais de um: a pessoa que sofre a privação da liberdade e a pessoa que sofre o prejuízo patrimonial Tipo Objetivo: O crime de extorsão mediante sequestro verifica-se quando o agente arrebata pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço do resgate. É crime hediondo, nos termos da Lei 8072/90, na sua forma simples e qualificada (art. 159 e §§ 1º,2º e 3º do CP) passou a ser considerado crime hediondo, o que determinou aumento do mínimo das penas de reclusão e excluiu as penas de multa. Trata-se de uma extorsão, onde a privação da liberdade é um meio para se obter a indevida vantagem econômica. É um crime complexo, pois vários são os bens jurídicos protegidos, ou seja o patrimônio, a integridade física e saúde (violência) e o direito de ir e vir (privação da liberdade). Diverge a doutrina com relação ao termo "qualquer vantagem", no crime de extorsão mediante sequestro. Mas é majoritário que a vantagem deve ser indevida e econômica, pois trata-se, de um crime patrimonial. O preço do resgate é o estabelecimento de um quantum para liberar a vítima Consumação. Trata-se de crime formal. Não se exige a produção do resultado para que o crime seja consumado. A consumação se dá, portanto, com a privação da liberdade da vítima por um tempo razoável. Tentativa. Apesar de ser um crime formal, admite tentativa. Ex:, o agente coloca a vítima sequestrado no veículo e, ao levar esta para o cativeiro a polícia percebe e o prende. Extorsão mediante sequestro qualificado § 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. a) O sequestro durar mais de 24 horas (a partir da privação da liberdade). b) O sequestrado for menor de 18 anos ou maior de 60 anos (se a vítima for menor de 14 anos ou maior de 60 anos, no dia do sequestro, aplicar-se-á a Lei de Crimes Hediondos). c) Se o sequestro for praticado por bando ou quadrilha. Para configurar quadrilha ou bando devem estar reunidas mais de 3 pessoas. Assim, pelo menos 4 pessoas. O crime de quadrilha ou bando se consuma independente de ter sido praticado algum outro crime. Sequestro Qualificado pelo resultado lesão grave§ 2º. § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Configura se do sequestro resultar em lesão grave. O resultado deve ser sofrido pelo próprio sequestrado e não pela pessoa que se exigiu o resgate. Sequestro qualificado pelo resultado morte § 3º. § 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. Para configurar esta qualificadora a morte deve ser do sequestrado. Assim, se “A” foi sequestrado, sendo solicitado resgate para “Beto”. “Beto” ao efetuar o pagamento do resgate, reconhece o sequestrador, e é morto, não incide a qualificadora, pois não se deu a morte do sequestrado. No caso em tela, o agente responderá por extorsão mediante sequestro na forma simples, em concurso material com homicídio. Delação Premiada § 4º É um benefício que concede a redução da pena, se o crime é cometido em concurso. Assim, se o concorrente do crime de extorsão mediante sequestro delatar a autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, a pena será reduzida de um a dois terços. A delação deve ser eficaz, fazendo com que permita a libertação do sequestrado. Deve haver nexo causal entre a delação e a libertação. Assim, se o agente delata seu concorrente e fornece o local do cativeiro, mas ao chegar lá, o sequestrado já havia fugido do local, não haverá a redução, pois a libertação se deu por outro motivo e não em razão da delação. O “quantum” da redução varia de acordo com maior ou menor contribuição para a libertação do sequestro. CAPÍTULO IV DO DANO Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Dano qualificado Parágrafo único - Se o crime é cometido: I - com violência à pessoa ou grave ameaça; II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Noção: Crime de dano consiste em destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Cabe benefício da Lei 9099/95. Objeto Jurídico: o patrimônio, eventualmente também o possuidor. Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto o proprietário. Sujeito Passivo: só o proprietário Tipo Objetivo: Há três núcleos típicos: destruir, inutilizar ou deteriorar. Não há crime se a coisa não ficar prejudicada em seu valor ou utilidade. Pune–se três condutas, quais sejam: destruir, inutilizar ou deteriorar. a) Destruir, ou seja o objeto deixa de existir. Exemplo: colocar fogo em livros, matar um animal etc. b) Inutilizar, aqui o objeto continua existindo mas não pode ser utilizado para a finalidade a que se destinava. Exemplo: cegar um cão de guarda, efetuar a quebra de um ponteiro de relógio etc. c) Deteriorar é genérico, pois abrange qualquer outra forma de dano que não esteja englobado pelas duas hipóteses anteriores. Exemplo: quebrar o vidro de um carro ou de uma casa, amassar a lataria de um veículo, etc. Observação: Não configura delito de dano se o agente fazer desaparecer um objeto alheio, sem que se trate de caso de furto, pois esta conduta não está prevista no art.163 do Código Penal. Exemplo: atirar um anel em um rio, etc. Configura somente ilícito civil. Não há crime se a coisa não ficar prejudicada em seu valor ou utilidade. Pichar, grafitar – literalmente configura o art. 65, capítulo da Lei 9605/98. Tipo Subjetivo: Dolo inexiste forma culposa. Consumação: com o efeito danoso. Reparação do dano: salvo a hipótese do § único, inciso, poderá ser seguido art. 16 do Código Penal. Pena: detenção, de um a seis meses ou multa, Ação Penal: ação penal privada. Art. 163- § único - Dano qualificado (parágrafo único): Se o crime é cometido: I – com violência a pessoa ou grave ameaça: a violência que qualifica o dano e praticada contra pessoa e não contra coisa. Não é necessária ser a violência contra a vítima, podendo ser contra pessoa outra. A violência física ou moral contra pessoa deve visar à prática do dano, com meio para sua execução. II – Com o emprego de substância inflamável ou explosiva. Deve ser meio para cometer o delito de dano. III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; Tratando-se de coisa alugada ou usada pelos órgãos públicos, mas não de sua propriedade, não incide este inciso III. IV – Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: Motivo egoístico é o que visa o futuro proveito econômico ou moral. O prejuízo considerável deve ser auferido em relação as posses do ofendido. Pena: No dano qualificado (§ único) detenção de seis meses a três anos e multa, além da pena correspondente à violência contra pessoa. Ação Penal: é a ação penal privada na hipótese do (§ único, IV). É pública incondicionada nas demais em ocorrência de concurso de uma forma de dano de ação pública com outra de ação privativa do ofendido, deverá formar-se, litisconsórcio ativo entre o Ministério Público e a vítima, está oferecendo queixa-crime e aquele formulando denúncia. Dano simples - pena alternativa Dano qualificado: cumulativa. Art. 167 –AÇÃO PENAL Este artigo prevê que nos casos de crime de Dano simples (artigo 163), e ainda no dano qualificado por motivo egoístico ou em prejuízo considerável à vítima (IV, parágrafo único) e ainda no artigo 164, somente se procedem mediante queixa. As demais hipóteses são pública incondicionada. CAP V - DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA Art. 168 – Apropriação indébita Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: é aquele que possui ou detém a coisa móvel alheia. Sujeito passivo: é o dono ou possuidor da coisa tendo em conta um direito real. Tipo objetivo: A conduta que se pune é apropriar-se, ou seja apoderar-se, de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: A apropriação indébita é um crime que se caracteriza por uma situação de que há confiança, pois a vítima espontaneamente entrega um objeto ao agente e, este, depois de já estar na sua posse ou detenção, inverte seu ânimo em relação ao objeto, passando a comportar-se como dono. Apropriação indébita é a lesão de um direito patrimonial sobre coisa móvel, mediante abuso da posse ou da detenção não criminosamente conseguida. Para que configure este delito é necessário que inicialmente o agente receba a posse ou detenção lícita da coisa, sem ter ainda o propósito de cometer um crime. Porém, após estar na posse do bem, ele inverte o ânimo em relação à coisa e não a restitui, passando a agir como se fosse dono (vendendo, doando, etc). Neste tipo inexiste subtração ou fraude porque o agente já tem anterior posse mansa e pacífica da coisa alheia espontaneamente entregue pelo ofendido, todavia, depois de estar na posse ou detenção do bem móvel, inverte seu ânimo em relação ao objeto, em vez de posseiro ou detentor para dono (animus rem sibi habendi). Requisitos: a) apropriação de coisa móvel; b) que a coisa esteja na posse do agente; c) que ele inverta o ânimo após estar com o bem d) que haja dolo. Ex "Abelardo" vai a uma locadora e aluga um veículo. Passados os dias previstos para devolução este não o faz e passa a agir como se fosse proprietário do veículo O art. 168 prevê que a coisa tem que ser alheia e móvel. Coisa móvel: Tudo que é passivo de deslocamento sem perda da sua substância. Em princípio, pode ocorrer apropriação indébita de coisa fungível. A coisa fungível é aquela que é passível de se substituir por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade (exemplo: dinheiro). Exemplos: "A" contrata um advogado e dá a ele uma procuração com plenos poderes. Se ele recebe o dinheiro de seu cliente e não entrega a este, comete o crime de apropriação indébita. Todavia, se o agente recebeu a coisa, e desde o início tinha a intenção de apropriar-se dela, não se configura a apropriação indébita, e sim o estelionato. Para configurar apropriação indébita o sujeito recebe a coisa e não tem ainda, pré-concebida, a ideia de ficar com a coisa. Tipo subjetivo: dolo. Consumação: Consuma-se, na prática, no momento que o agente exterioriza atitudes de dono, dispondo ou negando-se a devolvê-la. Tentativa: Admite-se, mas de difícil ocorrência. Admite-se a tentativa na venda pelo posseiro que não chega a termo. Reparação de dano: A jurisprudência é dividida, se até antes da denúncia, existindo devolução ou acordo, não haveria. Mesmo após a reforma de 1984 com o artigo 16 (arrependimento eficaz). Confronto: * Se for previdenciária será de acordo com o artigo 168-A, a seguir. * Tratando-se de funcionário público art. 312-CP. * Agente responsável por instituição do Sistema Financeiro Nacional – Lei 7.492/86 art. 5º. * Sendo de coisa destinada à incorporação imobiliária: Lei 4.591/64. art. 65 § 1º, II. * Na falta de recolhimento da contribuição sindical e, devidas ao sindicato descontadas do empregado: art. 545, parágrafo único da CLT. Atenção: A simples negativa de devolução não tipifica. Não existe apropriação de uso (dinheiro, usa e devolve, não há ilícito penal) e o empréstimo o mutuário recebe como dono, pela entrega ou tradição. Classificação: Comum (sujeito), doloso, material e instantâneo. Pena: reclusão de um a quatro anos, e multa. Ação penal: pública incondicionada. Observação: Semelhante ao crime de furto, também há figura privilegiada de apropriação indébita (art. 170). Causa de Aumento de Pena- § 1º: § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I – em depósito necessário II– na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depósito judicial; III- em razão do ofício, emprego ou profissão. I - em depósito necessário. Há três tipos de depósito necessário: Depósito miserável - É o depósito feito por ocasião de uma calamidade pública (tragédia): terremoto, incêndio de grandes proporções, inundação, etc. Depósito legal - É feito somente nos casos expressos em lei. Ex: "A" e "B" disputam um bem perante a justiça, o juiz pode determinar que este bem fique com um dos dois, com um terceiro, ou então com um funcionário público que trabalha num depósito judicial. Se o depositário for um particular, incide o inciso II (depósito judicial); se for um funcionário público, configurará crime de peculato (art. 312). Depósito por equiparação – Equipara-se à figura do depositário, os donos de hotéis, pensões, pousadas, etc, em relação às bagagens. Veja que mesmo o depósito necessário possuir estas três modalidades, para os doutrinadores só vai incidir no caso do depósito miserável.No depósito necessário legal o agente estando exercendo função pública comete o crime de peculato (art.312-CP) e Damásio e Delmanto excluem o por equiparação afirmando ser aplicável no caso o acréscimo do inciso III (recebimento da coisa em razão de ofício, emprego ou profissão), ficando neste inciso só o miserável. II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; Tutor é aquele nomeado para administrar os bens do menor, quando o menor não tem nenhum dos dois pais, ou então quando estes estão em local desconhecido. Curador é pessoa nomeada para assistir um incapaz, uma pessoa interditada. O síndico (hoje administrador judicial) é a pessoa nomeada quando uma empresa entra em processo de falência, este representará a massa falida. O liquidatário (hoje administrador judicial) faz o mesmo papel do síndico, porém no caso da liquidação extrajudicial (que ocorre com as instituições do sistema financeiro). O inventariante é aquele que representa o espólio. Normalmente é um dos herdeiros. O testamenteiro é aquele que dá cumprimento a um testamento. O depositário judicial é aquele que, por determinação do juiz, deve guardar o bem. III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Ofício refere-se a trabalhos manuais (carpintaria, pintura, artesanato, etc). Emprego refere-se a trabalho com possível vínculo empregatício (horário e instruções a cumprir, etc). Profissão refere-se a profissional autônomo, trabalho por conta própria, etc. Exemplo: Advogado que se apropria do dinheiro recebido em uma causa e não repassa ao cliente. Estatuto do Idoso: A conduta de apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhe aplicação diversa da sua finalidade, configura crime previsto na Lei 10.741/03, artigo 102 (Estatuto do Idoso) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. Art. 168-A Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. § 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Foi acrescentado pela Lei 9983/00. Referida Lei revogou expressamente o art 95 da lei 8212/91 e também revogou tacitamente o art 2º, II da Lei 8137/90, em relação às contribuições previdenciárias. Objeto jurídico é a subsistência financeira da previdência; Sujeito Ativo: é aquele que tem o dever legal de repassar à previdência a contribuição recolhida dos contribuintes; Sujeito passivo é a Previdência Social e o empregado que tem descontada no seu pagamento a contribuição para a Previdência Social. Tipo objetivo: O núcleo do tipo é deixar de repassar, à previdência social a contribuição recolhida dos contribuintes, no prazo e forma legal. Normalmente, as contribuições destinadas ao custeio da previdência são recolhidas nas instituições bancárias (Lei 8.212/91, art. 60) que, por força de convênios celebrados com o INSS, dispõem de prazo para repassarem os valores aos cofres da previdência. Trata-se de norma penal em branco, pois depende de definições contidas nas normas da previdência. Tipo subjetivo é o dolo consistente na vontade livre e consciente de deixar de repassar as contribuições recolhidas pelos contribuintes. Não existe modalidade culposa. Figuras Equiparadas. Art. 168- A- § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiro ou arrecadada do público; O inciso I apenas incorporou ao CP o crime anteriormente previsto no art. 95, d, da Lei 8.212/91, com pequenas alterações. O crime é omissivo puro, autônomo em relação à apropriação indébita, inexigindo o animus de se apropriar dos valores não recolhidos II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou a prestação de serviços; Este inciso o agente deixa de recolher o valor que tinha integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços, ou seja no preço final do produto ou do serviço está embutido o valor pertencente ao INSS. Assim, são contabilizadas, mas não repassadas aos cofres da previdência. Com isso está configurado o crime. III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. O agente tem o dever de pagar os benefícios devidos ao segurado, uma vez realizado o reembolsado das respectivas cotas ou valores pelo INSS, mas não repassa ao empregado, o valor já reembolsado pelo INSS. Ex: não repassa o salário –família Competência: Sendo a Previdência Social uma autarquia federal, a competência para julgar e processar a apropriação indébita previdenciária é da Justiça Federal. CAUSA DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuiç6es, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. Extinção da punibilidade (art. 168-A, § 2º). Se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuiç6es, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento antes do início da ação fiscal estendendo, segundo Nucci ao início da ação judicial estará extinta a punibilidade. Perdão judicial e privilégio (art. 168-A, § 3º, I e II): § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou II - o valor da contribuição devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. O juiz pode deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa (privilégio), se o agente é primário, de bons antecedentes e desde que ocorra uma das duas hipóteses do § 3º. O artigo1º da Lei 9.441/97 estabelece valor mínimo referido ajuizamento: R$ 1.000,00 Segundo o § 4o do artigo 168-A, a faculdade prevista no § 3o não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Suspensão da pretensão punitiva, referente aos crimes previstos nos artigos 1º e 2º- Lei 8.137/90, e artigos 168-A e 337-A-CP, durante período de parcelamento do débito (art. 9º, L.10684/03). Ação penal: é pública incondicionada. FIGURA PRIVILEGIADA: ART. 170. Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Nos crimes de apropriação indébita ou nos assemelhados (arts. 168 e 169) é aplicável o privilégio do art. 155 § 2º, do CP (vide nota ao art. 155), quando o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa apropriada. Assim o juiz pode, neste caso, substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. CAPÍTULO VI – DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Art. 171 - Estelionato Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Defraudação de penhor III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Fraude na entrega de coisa IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Fraude no pagamento por meio de cheque VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Fraude eletrônica § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Introdução: O estelionato é um crime que se caracteriza pelo emprego da fraude, uma vez que o agente, valendo-se de alguma artimanha, consegue enganar a vítima e convencê-la a entregar-lhe algum pertence, e, na sequência, locupletar-se ilicitamente com tal objeto. Suspensão condicional do processo: Cabe no caput e no § 2º, incisos I a VI (art 89 da Lei 9099/95). Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: qualquer pessoa, mas deve ser determinada, porquanto não há estelionato contra pessoa incerta. Sujeito passivo: qualquer pessoa, assinalando-se que podem existir dois sujeitos, no caso de a pessoa enganada ser diversa da prejudicada. Tipo objetivo: A conduta que se pune é Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Para que configure, é necessário: 1) o emprego de artifício ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Artifício: é a utilização de algum aparato ou objeto para enganar a vítima. Ardil: É a conversa enganosa. Qualquer outro meio fraudulento: é uma fórmula genérica que tem por finalidade englobar qualquer outra artimanha capaz de enganar a vítima em erro. 2) induzimento ou manutenção da vítima em erro. Na primeira hipótese, é o agente quem faz a vítima ter uma percepção errônea da realidade e, na segunda, aquela espontaneamente se equivoca em relação a uma determinada situação, e o agente, percebendo tal erro, mantém nesse estado. 3) obtenção de vantagem patrimonial ilícita pelo agente. A vantagem deve ser ilícita, pois, caso contrário, pois se for lícita o crime será o exercício arbitrário das próprias razões. 4) prejuízo alheio. O prejuízo pode ser da pessoa enganada ou de terceiro. No estelionato tem de haver dois resultados: vantagem ilícita e o prejuízo alheio. Cezar Roberto Bitencourt esclarece que 'no estelionato, há dupla relação causal: primeiro, a vítima é enganada mediante fraude, sendo esta a causa e o engano o efeito; segundo, nova relação causal entre o erro, como causa, e a obtenção de vantagem ilícita e o respectivo prejuízo, como efeito'. Tipo subjetivo: dolo Consumação: O estelionato é crime material, se consuma no momento e local em que o agente obtém vantagem ilícita, em prejuízo alheio. Reparação do dano: vide o art. 16 do CP. Tentativa: admite-se Pena: reclusão de um a cinco anos, e multa; vide, as penas para figura privilegiada (CP, art. 171, § 1º) e qualificada (CP, art. 171, § 3º). Ação penal: pública incondicionada (conforme, CP, art. 181 a 183). Art. 171 - § 1º - Estelionato privilegiado Alcance: É aplicável tanto à figura fundamental do estelionato (art. 171, caput), como aos subtipos (art. 171, § 2º, I a VI). A disposição é semelhante à do furto privilegiado (CP, art. 155, § 2º), mas aqui se alude ao prejuízo, e não ao valor (como no furto), de modo que será necessário atender ao efetivo montante do dano sofrido pela vítima”. Estelionato equiparado Art. 171 - § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria. I- vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou garantia coisa alheia como própria. Noção: Deve haver fraude, a vantagem e o prejuízo. Objeto jurídico: o patrimônio Sujeito ativo: qualquer pessoa Sujeito passivo: é o comprador de boa- fé, enganado pelo vendedor. Tipo objetivo: vender, permutar, dar em pagamento, locar ou dar em garanti coisa alheia como se fosse própria. Tipo subjetivo: Igual ao do caput, sendo imprescindível que o agente tenha consciência de que a coisa de que dispõe é alheia. Consumação: Com a disposição da vantagem ilícita, em prejuízo