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I ) .Abordagens a serem consideradas: 
S.I.l.lmpado ÚODÔmko 
i) Impacto potencial no PTB do Estado, do potencial dos sistemas produtivos; 
ü) Impacto potencial na produção industrial e mineral dos msumos, no 
processamento e na distribuição/comercialização; 
üi) Impacto potencial sobre emprego tota1, setorial, níveis salariais e qualificação; 
iv) Impacto potencial sobre renda total , per capita e distribuição 
v) Impacto potencial sobre tecnologia, produtividade, competitividade e qualidade. 
5.1.2. Impacto Social 
i) Impactos potenciais sobre a população, emigração/imigração, migração urbana; 
ü) Impactos potenciais sobre os grupos sociais/pobres, sem terra, trabalhadores, 
agricultores, industriais, funcionários públicos, consumidores, etc. 
5.1.3. Impacto Ecológico 
i) Impacto sobre a conservação e uso sustentável dos recursos naturais (edáficos e 
hídricos) e sistemas ecológicos; 
5.1.4. Impacto Político 
Impactos potenciais sobre os grupos de interesse-mobilização, atendimento das 
necessidades, consistência com os valores dos grupos de interesse com expressão 
política no estado. Analisar neste momento aspectos que forneçam subsídios para 
políticas de compensação tais como, políticas de preços; redução de alíquatas de 
importação; incentivo de crédito, dentre outras. 
5.2 Objetivo 11 
Subsidiar a definição de políticas agricolas. Pontos de análise: restrições e fatores 
criticas do cenário normativo para identificar gargalos à evolução do negócio 
&gricola do Estado, ou impactos negativos decorrentes. 
5.2.1. Objetivos prioritários para o setor público 
Atentar para as funções do Estado e para a questão de soberania e sustentabilidade 
institucional. 
Pontos a serem considerados na fixação de objetivos: 
i) Sistemas produtivos - produtos agrícolas, insumos, produtos industriais. mercado; 
ü) Infra-estrutura - transporte, comunicação, educação/treinamento, armazenagem, 
energia, etc; 
üi) Sistema tributário - impostos, incentivos, subsídios por produto e seguimento dos 
sistemas produtivos; 
iv) Sistema tecnológico - pesquisa & desenvolvimento, assistência técnica, extensio, 
serviços técnícos para os componentes dos sistemas produtivos prioritários; 
v) Sistema de crédito rural e financiamento/investimento no negócio agricola; 
vi) Sistema ambiental - proteção, conservação e uso sustentável da terra, recursos 
hídricos; 
vii) Desenvolvimento de mercados; 
viü) Desenvolvimento organizacional, associativo, cooperativo, industriaVempresa­
rial e, 
ix) Desenvolvimento de cidadania. 
5.2.2. Alocaçio de atribuições/responsabilidades 
i) Entre os órgãos do estado; 
ii) Criação de novos órgãos; 
iii) Extinção de órgãos desnecessários e, 
iv) Parceiros privados (cooperativas, indústria, comércio, etc). 
5.3- Objetivo UI 
Identificar prioridades para o sistema tecnológico. Pontos de análise: Os impactos 
negativos e os gargalos tecnológicos e institucionais das estratégias de 
desenvolvimento do negócio agrícola, e as prioridades das politicas públicas. 
As restrições e oportunidades estão fora da porteira. Dessa comparação entre os 
cenários,devem surgir "janelas" para atuação dos sistemas de pesquisas e extensão 
rural.Por exemplo, possibilidade de se reduzir mais ainda o tempo de engorda dos 
suínos; possibilidade de se aproveitar as oportunidades onde o oligopsônio nlo quer 
atuar; trabalhar para obter áreas livres de doenças; diversificaçlo de culturas com 
explorações que aproveitem áreas livres das propriedades rurais e trabalhar com 
produtos orientados para o consumidor. 
Alguns exemplos de áreas prioritárias para o sistema tecnológico aqui resumido em : 
Pesquisa e desenvolvimento tecnológico 
i) Desenvolvimento do mercado; 
ü) Distribuição, embalagem, preservação, processamento, etc; 
üi) Sistemas produtivos-práticas culturais, manejo e conservação de solos, colheita e 
armazenamento, etc.; 
iv) Insumos, máquinas e equipamentos utilizados nos sistemas produtivos, etc. 
Assistência Técnica e Extensão Rural 
i) Produtos, cadeias, regiões, produtores prioritários; 
ü) Tecnologias e sistemas de produção prioritários; 
üi) Organização e cidadania do produtor; 
iv) Articulação de cadeias produtivas. 
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caem 
Figura 1 
CENÁRIO DO NEGÓCIO AGRICOLA 
SISTEMA 
FINANCEIRO 
CRÉDITO 
RURAL 
SIST.poLlT. 
PÚBLICAS SISTEMA 
AGRICOLAS SOCIAl 
NEGÓCiO PREÇOS MfNIMOS 
FALORESI AGRICOLA POPULAÇÃO 
PRODUTO MIGRAÇÃOEMPRE 
VALORESlAGF GO 
GASTOS REMUNERAÇAo 
GOVERNO 
CADEIA 
SISTEMA 
PRODUTIVA 
INFRA· 
TECNOLÓGICO ESTRUTURA 
PESQUISA INSUMOS ARMAZENAMENTO 
EXTENSÃO 
MALHA VlAAIA 
PROCESSO DE TRONCO VlCINAIS 
PRODUÇÃO 
AGRICOLA 
PROCESSAMENTO 
DISTRIBUiÇÃO 
SISTEMA CONSUMIDOR 
MEIO AMBIENTE 
TRIBUTÁRIO 
IMPOSTOS CONSERVAÇAo 
TAXAS DESOLO 
DIVISAS POlUIÇÃO 
GERAÇÃO AMBIENTAL 
RENDA 
SISTEMAS 
PRODUTIVOS DE 
OUTROS 
ESTADOS 
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ANEXO I 
EXEMPLO DE REDUÇÃO DE CENÁRIO TENDENDIAL 
ElrtraÍdo de: "Estratégias tecnológicas para a Competitividade"o Caso da Indústria Vtnícola 
Brasileira, apresentado no XVII Simpósio Nacional de Gestão da Invocação Tecnológica, 
de 26 a 28 de outubro de 1992 - São Paulo, Brasil. Autores James T.C. Wright, Bruce 
B.Johnson e Sílvio A.dos Santos. 
o Cenário tendencial tem como ponto de partida uma tentativa de reforma do 
Estado, pelo impasse institucional existente no pais, que impede um avanço acelerado em 
função do empate entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. 
O modelo econômico resultante bu sea a linha de pensamento Iiberla, mas sua 
implantação é limitada pela ação de grupos de interesse, que cerceia sua evolução. A falta de 
credibilidade internacional, agrava a crise do balanço de pagamentos, e o crescimento da 
economia se dá de maneira bastante irregular, ficando em uma média de 2% a 4% ao alIO. 
Como reflexo, há uma continuidade do processo histórico de concentraçio da renda, 
com um lento crescimento do tamanho das classes de alta renda e de renda média alta, e 
uma relativa estagnação da situação gravíssima de grandes camadas da populaçlo 
permanecendo na faixa de extrema pobreza. 
Em função da evolução dos meios de comunicação e do lento avanço da 
conscientização do consumidor aos padrões de exigência quanto a qualidade e segurança, 
os produtos apresentam uma evolução ao longo do tempo. A manutenção do poder 
aquisitivo bastante baixo para a grande maioria da população implica no entanto em uma 
evolução moderada do consumo de vinhos, tanto vinhos comuns como vinhos finos, uma 
vez que é pequena a evolução da renda da população das classes de maior poder aquisitivo. 
Por outro lado, há uma demanda crescente pelo consumo de suco natural, na 
medida em que cresce a preferência por esse tipo de bebida em relação aos produtos nIo 
naturais. 
A política agricola praticada pelo governo durante a década dos 90 sofre uma 
constante erosão de sua credibilidade e eficácia. Os volumes de crédito disponiveis para 
financiamento e custeio são reduzidos paulatinamente, tornando-se dificil o acesso aos 
pequenos produtores. Também não existe disponibilidade efetiva de crédito em apoio à 
comercialização, com taxas de juros acessívei s aos produtores, associações e cooperativas. 
Com relação ao padrão tecnológico, o sistema oficial de pesquisa e de 
extensão encontra-se numa permanente disputa com outros setores da economia pelas 
verbas públicas necessárias. Desta forma o resultado obtido vaira proporcionalmente ao 
peso político dos grupos de interesses que diputam os escassos recursos governamentais, 
não havendo critérios técnicos na alocação desses recursos. 
A viticultura apresenta uma efetiva redução do DÚmero total de produtores da 
Serra Gaúcha pelo desestímulo à atividade, em função dos baixos preços, da d~em 
tecnológica e da falta de apoio oficial . Um grande número de agricultores passa a explorar 
outras culturas. Não já crescimento significativo, mas uma evolução lenta da produtividade 
por área, motivada especialmente pelo pequeno crescimento das associações de produtores, 
cooperativas vitícolas que permitem uma pequena evolução tecnológica, e 
consequenternente evolução na qualidade da uva. 
Com o alto grau de incerteza e a irregularidade do desempenho da economia, 
surgem poucas alterações na estrutura industrial do setor. 
A incerteza inibe a entrada de novas empresas de grande porte, observando­
se uma razoável estabilidade no setor, ameaçada somente pela entrada de produtos 
concorrenciais em função da criação do Mercosul. As vitimas mais imediatas são as 
empresas vinícolas de pequeno e médio porte, que tem seu mercado ameaçado por produtos 
de baixo custo. 
A pequena taxa de crescimento econômico implica numa estagnação da renda 
percapita, e em alguns anos a redução do poder de compra das camadas de mais baixa 
renda. Este fator aliado a uma evolução lenta, porém progressiva, dos padrões de 
fiscalização e exigências do cnsumidor quanto à qualidade do vinho traz uma redução de 
cerca de 10"/0 do mercado de pequenas e médias empresas viniculas que continuam a operar 
nesse mercado. 
ANEXO 2 
EXEMPLO DE ANÁLISE DE FATOR CRÍTICO 
"AGRICULTURA lRRIGADA" 
O uso da tecnologia da irrigação permite a elevação do produto por unidade de área, 
num determinado intervalo de tempo, em decorr6encia de viabilizar a introduçlo de 
variedades de plantas mais produtivas e de possibilitar a exploração da agricultura mais 
contínua, no tempo. Adicionalmente, além dessa dimensão ntensiva"do crescimento da 
produção, ha que se levar em conta a demensão extensiva" que resulta da possiblidade de 
incorporação à produção de áreas, com uso alternativo muito limitado e de baixo retorno 
econômico, na ausência da irrigação. 
Nos Estados Unidos, ao se analiar as experiências levadas a efeito com irrigaçlo, 
verifica-se que o seu grande impulso ocorreu no periodo 1940 a 1983. Em 1940, contava 
com 8 milhões de hectares irrigados, tendo em 1969 atingido 17.320.000 ha. Em 1983, 
alcançou 24,7 milhões de hectares, com um incremento da ordem de 527.000 baiano, sendo 
que no ano de 1975/76 superou a casa de 1, 1 milhões de hectares, incorporados em um 
único ano. 
A agricultura irrigada naquele país tem contribuído, em média, com 25% do valor de 
produção agricola, utilizando somente 12% de sua área. Do totaI de áreas irrigadas, 35% o 
são por aspersão e 16% estão fora dos estados do oeste americano, que compreende as 
regiões árida e semi-árida. 
De acordo com os dados recentes, as estimativas existentes no Brasil para 1987 
indicavam urna área irrigada de algo em tomo de 2,2 milhões de hectares. Informações 
doPrograrna Nacional de Irrigação (PRONI), referentes à áreas dos principais cultivos 
irrigados (safra 1986/1987), correspondente à uma área de 2,3 milhões de hectares, 
apontavam para a seguinte ocupação dos solos: 52% de arroz, 30% de grios/sementes, 15% 
de hortaliças, 1,3% de fruticultura e 1,7% de cana/firrageuras. 
As estimativas existentes também permitem avaliar a participação da produção 
irrigada na produção agricola total em termos de áreas plantada e de valor da produçIo. Em 
temros de grãos, das 62,7 toneladas colhidas na safra 1986/1987, 52,8 milhões 
corresponderam à agricultura de sequeiro e 9,9 mi1hões à agricultura irrigada, o que 
representou 4% da área cultivada com grãos e 25% do seu valor da produção (tabela). 
TABELA I 
BRAsa - DADOS BÁSICOS COMPARATIVOS DA SAFRA 1986-1987 DE GRÃos 
DAS LAVOURAS EM SEQUEIRO E IRRIGADAS 
Lavouras em Grãos Areasem Uso Produção Valor da Produção 
(*) 
Sequeiro 100 ha % 1000 t % USS % 
Bilhões 
Inil!lldas 43 .150 96 O 52.780 84 727 75 
TOTAL 1.850 4,0 9.920 16 239 25 
45.900 100,0 62.700 1000 966 100 O 
(*) Inclui arroz, milho, feijão e soja. 
Em regiões de agricultura atrasada, a introdução da irrigação provoca grandes 
transformações nas relações de trabalho, com a perda de importância da mio-de-obra 
familiar e, paralelamente, com o aumento da participação do trabalho temporário; num 
segundo estágio, com o avanço da tecnologia mecância, tudo indica que a mio-de-obra 
assalariado pennanente passa a ter um maior peso na forçade trabalho. 
Dir-se-ia que, dado o elevado nível tecnológico já existente em ambas as regiõesm, a 
introdução da agricultura irrigada passa a estimular, na medida do possível, a substituição do 
trabalho temporário pelo pennanente, tneod em vista que a irrigação permite ao agriruhor 
ter atividade durante todo o ano, demandando, portanto, mio-de-obra quase que 
constantemente, diferente da agricultura de sequeiro, que concentra a demanda num período 
muito curto do ano (época das chuvas). 
Além dos efeitos diretos considerados anteriormente, tem-se que avaliar também os 
efeitos indiretos que resultam da elevação da demanda por (a) insumos e equipamentos 
(''para trás"), (b) por serviços de distribuição e processamento oriundos da maior oferta 
agricola ("para freente") e O bens de consumo, que decorre do aumento da renda (efeito 
consumo"). O processo de modernização agrícola com a economia como um todo, do que 
resulta uma maior importância dos efeitos indiretos comparativamente com os efeitos 
diretos. Como o uso da irrigação representa um avanço do progresso técnico da agricultura, 
e não consideração dos efeitos indiretos substima a magnítude dos efeitos totais da expando 
da irrigação no Brasil. 
ANEXO 03 
EXEMPLO DE RESTRIÇÕES AO NEGÓCIO AGRiCOLA 
I - Meio Ambiente 
I . I - Leis que regulam o desmatamento; 
1.2 - Conservação da biodiversidade; 
1.3 - Conservação dos mananciais hídricos 
1.4 - Processo ambientalista da sociedade; 
1.5 - Falta de concientização da sociedade quanto a preservação ambientaI . 
2 - Mio-de-obn 
2. I - Êxodo rural; 
2.2 - Mao-de-obra não qualificada; 
2.3 - Falta de infra-estrutura de bem estar social; 
2.4 - Descumprimento da Legislação Trabalhísta; 
2.5 - Sazonalidade na produção agricola; 
2.6 - Baixos salários pagos no campo. 
3 - Empresarial 
3.1 - Recessão econômica; 
3.2 - Falta de incentivos fiscais; 
3.3 - Inflação elevada; 
3.4 - Baixo retomo do capital investido; 
3.5 - Riscos da atividade agrícola. 
4 - Políticas públicas 
4.1 - Mudança constantes e imprevisíveis da política agrícola; 
4.2 - Modelo brasileiro concentrador de renda; 
4.3 - Políticas de importação inoportunas; 
4.4 - Políticas paternalistas do governo; 
4 .5 - Má distribuição de carga tributária; 
4.6 - Baixa dotação orcamentária para o setor púbLico agricoLa; 
4.7 - Falta de prioridade para C&T. 
5 - Financeirosllnvestimentos 
5.1 - Falta de apoio creditício governamental favorável emtermos de suficiência de 
recursos e oportunidades de liberação ; 
5.2 - Falta de linhas de crédito especificas para investimento; 
5.3 - Encargos financeiros elevados; 
5.4 - Elevado custo de máquinas, equipamentos e veiculos; 
6 - Tecnológicos 
6.1 - Alto custo dos insumos; 
6.2 - Falta de acesso ás tecnologias disponiveis; 
6.3 - Tecnologias geradas não em função de demandas; 
6.4 - Pouca alocação de recursos na área C&T; 
6.5 - Tecnologia inadequada ao desenvolvimento sustentado da agricultura. 
7 - Mercadológicos 
7.1 - Políticas protecionistas nos países desenvolvidos; 
7.2 - Baixo poder aquisitivo da população ; 
7.3 - Distância das áreas de produção entre os centros consumidores e processadores; 
7.4 - Política de preços mínimos; 
7.5 - Falta de competividade e qualidade. 
8 - lnfra-estrutura 
8.1 - Deficiência e elevado custo da energização; 
8.2 - Sistema de transportes deficitário e inadequado; 
8.3 - Rede de armazenagem insuficiente e mal distribuída; 
8.4 - Sistema de informação de mercado não compatível com as necessidades; 
8.5 - Sucateamento da infra-estrutura de produção a nível de propriedades rurais. 
Os Grupos de Interesse em Pesquisa Agrícola 
Os grupos sociais se fonnam, por hipótese, a partir da situação s6cio-econômica dos 
membros potenciais e dos interresses desses mesmos membros. Os elementos de situação 
sócio-econômica semelhantes tendem a se aproximar uns dos outros e tendem a divergir ou 
se afastar daqueles de situação diferente e esta é, em última análise, fruto do exercício da 
mesma atividade, ou atividades afins. OI interesse do grupo se centra na atividade, enquanto 
o poder econômico é conferido pela propriedade do capital, principalmente. 
A estrutura sócio-econômica condiciona a existência de grupos sociais, também 
chamados grupos de interesse. Dependendo do grau de organização, o grupo pode ter alto 
poder de pressão sobre a estrutura político-burocrática na defesa de seus interesses. O 
conhecimento dos grupos e difusão de tecnologias agrícola. Uma relação nio exaustiva de 
grupos potencialmente demandantes de inovação tecnológica e uma breve hipótese a cerca 
de seus principais objetivos é a seguinte: 
(/) Fazendeiros Comerciais - São maximizadores de lucro em atividades agrícolas 
voltadas para o mercado. Possuem capacidade de escolha entre atividades segundo o seu 
retomo; possuem capacidade empresarial, o que implica a existência de condições para 
inovação e, nonnalmente, usam a tecnologia mais avançada disponível . É um dos mais 
importantes grupos na agricultura. lnclui pequenas, médias e grandes unídades modernas. 
(2) A Elite de Grandes Fazendeiros Tradicionais - É um grupo que detém riqueza e 
pode através da propriedade da terra. Objetiva manter a renda da terra e usa seu poder para 
tirar vantagem econômica (renda discriminatória) . Podem ser demandantes de pesquisa 
desde que tais inovações não ameacem a perpetuação da situação de privilégio em que se 
encontram. 
(3) Pequenos Produtores de Subsistência - Um grupo de proprietários de pequenas 
unidades agrícola que procuram garantir a própria sobrevivência e da respectiva família 
através do cultivo de alimentos, utlizando técnícas rotineiras intensiva em mão-de-obra 
fiuniliar . A renda pessoal é obtida da venda do excedente de sua produção e de sua força de 
trabalho, fora da proriedade. Possuem pequena capacidade empresarial, reflexo do baixo 
grau de escolaridade e conhecimentos e forte limitação de recursos fisicos (em quantidade e 
qualidade) e financeiros. Estas características fazem deles fracos demandantes de inovação 
tecnológica. Pela falta de infonnação e organização, são também gracos como grupo de 
pressão sobre a estrutura político-burocrática. 
(4) Trabalhadores Agrícolas sem Terra - Nonnalmente residindo nos subúrbios dos 
centros urbanos, em condições precárias, procuram maximizar a renda pessoal através da 
venda sazonal do trabalho e podem dedicar-se, parte do tempo, a uma agricultura de 
subsistência sob forma de parceria ou tempo, a uma agricultura de subsistência sob forma de 
parceria ou outra semelhante. É o remanescente de coloos e agregados, deslocados das 
fazendas, ainda que mal infonnados, atraídos por um merado de trabalho urbano já saturado. 
A mudança da composição da produção agrícola, visando diminuir a pressão demográfica 
sobre a grande propriedade, em parte justifica a ampliação dese grupo. Possuem limitações 
muito sérias para serem considerados demandantes de nova tecnologia ou exercerem, por si 
mesmos, pressão sobre o sistema de decisão política. 
(5) Indústria Produtoreas de Insumos Agrícolas - Maximizam lucro a partir da 
venda do seu produto. Procuram produzir insumos para explorações comerciais. Demandam 
inovações, principalmente aquelas traduzidas em estímulo ao uso do seu produto e, por 
vezes, participam do processo de geração de nova tecnologia. 
(6) Indústrias que Utilizam o Produto Agrícola como Matéria-prima - O seu pape~ 
com relação á geração de nova tecnologia agricola, é retratado na ampliação e sofisticação 
da demanda de produtos agricolas. Portanto, são indutores indiretos da demanda por 
inovações dos grupos que produzem os produtos que utilizam. Poaticipam diretamente do 
processo, quando há integração entre a produção da matéria-prima e sua industrialização. 
(7) Empregadores Industriais - Dentro do modelo, também sua atuação é indireta, 
uma vez que demandam preços dos alimentos com a fina1idade de baratear o custo de 
reprodução da mão-de-obra. Os industriais precisam, de outra parte, importar bensde 
capital os quais devem ser financiados via aumento das exportações. Como o poder político 
e econômico deste grupo deve ser, sem dúvida, o mais forte, pode haver demanda latente 
por inovações tanto em produtos esportáveis quanto em produtos para o mercado interno. 
Na Hipótese de restriçãoi orcamentária, deve prevalecer a primeira alternativa, que sofre 
adição da demanda dos empresários agrícolas pois os empresários agricolas produtores de 
exportáveis tendem a ser os mais organizados do setor agricola. Embora ganhem 
potencialmente com inovações em alimentos, deve prevalecer a inovação em exportáveis, 
dado o objetivo industríal, e pressionam o governo para adoção das políticas de "alimento 
barato" . 
(8) Consumidores - A sua influência no processo de geração de nova tecnologia é, 
também, indireta. Os consumidores, em tese, demandam preços baixos dos alimentos. 
Contudo, a distribuição de renda dos consumidores urbanos é um forte indicador do poder 
de influência deste grupo. À camada de renda mais alta pouco importa o preço dos 
alimentos, pois o gasto com alimentação representa pequena fração da sua renda. À classe 
de renda média já é mais importante o gasto com alimentação. Contudo, ainda representa 
urna fração relativamente pequena de sua renda, o que lhe dá opção de escolha. No entanto, 
esse subgrupo já se sente motivado a alguma manifestação com relação ao nível de preços, 
qualidade de produtos e regularidade de oferta. A maior parte da população concentra-se na 
classe pobre e despende parcela substancial de sua renda em alimentos. A possibilidade de 
organização de consumidores, de renda média e baixa, é limitada em sistemas políticos 
menos abertos, muito embora seja, em números maior que a classe rica, por hipótese, 
detentora de maior poder de pressão. 
(9) Exportadores e Comerciantes - É um grupo que vem-se caracterizando por uma 
crescente oligopolização de atividades, um processo em que cada agente objetiva conquistar 
uma maior fatia de mercado. Essa conquista pode ser conseguida principalmente e duas 
maneiras: ou aumentando sua área de ação, buscando novos clientes, ou através do aumento 
da produção da clientela já estabelecida. Uma das conseqüências dessa atitude é que, 
indiretamente, os comerciantes podem demandar tecnologia agricola rendimento-crescente. 
O grau de manopólio conquistado, por outro lado, pode induzir a um comportamento do 
comerciante contrário ao exposto, se a partir de uma situação de incerteza e desinformação 
por parte dos produtores acabasse aumentando seus ganhos. 
(10) Estado - Como grupo de interesse, ele deve ter um objetivo conciliador entre ois 
interesses dos diferentes grupos. Teoricamente, a partir dos objetivos econômico-sociais 
para a sociedade como um todo são definidos os papéis a serem desempenhados por cada 
setor e, desta forma, são definidos também os seus objetivos através de medidas de politicas 
que reflitam a conciliação dos conflitos de interesse entre os grupos, na economia. Todavia, 
como o poder de pressão dos diferentes grupos sociais é refletido na organizaçio sócio­
econômica e politico-burocrática, deve receber maiores beneficios o grupo econômica e 
politicamente dominante. Um possível termômetro seria a avaliação da participação, direta e 
indireta, relativa de cada grupo na composição do governo. 
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. EIIBRAPA 
SECRETARIA DE APOIO AOS SISTEMAS ESTADUAIS· SSE 
Workshop sobre 
Construção de Cenários Futuros 
do Negócio Agrícola Estadual 
o NEGÓCIO AGRíCOLA 
BraslUa· DF 
Dezembro 1994 
o NEGÓCIO AGRiCOLA 
Este texto sobre o assunto "Neg6cío Agrlcola", foi preparado por canos 
Alberto dos Santos Marques, Engenheiro agrOnomo, Doutor, Técnico da 
Empresa Maranhense de Pesquisa Agropecuária (EMAPA). Lider do Projeto 
de Apoio à Implantação do Planejamento Estrat6gico nos Sistemas 
Estaduais de Pesquisa Agropecuária e revisado pelo engenheiro 
agrOnomo,M5- Orlando Campelo Ribeiro,Coordenador da Coordenadoria de 
Apoio à Projetos da SSElEMBRAPA. 
O presente documento foi utilizado nos Wor1tshops Regionais sobre 
Construção de Cenários do Negócio Agrícola Estaduais, promovidos pela 
SSElEMBRAPA (agoto/ setembro /1994), a partir de trabalhos originais 
citados corno referências 
caem. 
o NEGÓCIO AGRíCOLA 
SUMÁRIO 
1. Evoluçlo Conceituai 
2. Enfoque de Sistema Agroindustrial de ComodlUes 
3. Análise de Sistemas Agroindustriais 
3.1. Enfoque de análises 
3.2. Níveis de análise 
3.2.1. O micro 
3.2.2.0 intermediário 
3.2.3. O macro 
3.3 Aplicação do Enfoque Sistema Agroindustrial 
4. Coordenaçlo e Complexidade do Agrobuslness 
· Exemplo 1 
· Exemplo 2 
5. Tendências do Agrlbuslness Contexto Internacional 
5.1 . Contexto Internacional 
5.2 . Contexto Nacional 
6. O Papel dos Tomadores de Declslo 
7. Desafios para a Pesquisa Agropecuária 
· Segurança Alimentar 
· Consumidor como Grupo de Pressão 
· Shelf- Life 
8. Conclus6es 
Refertnclas Básicas 
caem 
01 
02 
03 
03 
04 
04 
04 
04 
04 
05 
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07 
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08 
09 
09 
10 
11 
12 
12 
12 
13 
o NEGÓCIO AGRiCOLA 
1. Evolução Conceitual 
o termo agribusiness ou negócio agricola foi usado pela primeira vez por 
John Davis (1955) e posteriormente. por John Davis e Ray Goldberg em 
(1957) para descrever a crescente interação e interdependência entre o 
setor produtivo e o mundo dos negócios. influenciadas pelos estudos de 
relações intersetoriais de W. Leontieff. 
A partir dessa época, esses autores e alguns colaboradores desenvolveram 
na Universidade de Harvard - EUA toda uma vertente metodológica sobre o 
assunto que deu origem a um programa de gertncla de .grlbu.ln .... que 
continua até hoje. 
Nos anos 70 surgiu uma importante tendência do enfoque de c.dela. 
agroallmentares ou fllllére, nos estudos de Bemard Yon. L. Malassis e J. 
L. Floriot na França. A cadeia pode ser definida como um recorte dentro do 
complexo agroindustrial. Enquanto aquela privilegia as relações entre 
agropecuária, indústria de transformação e distribuição, tendo como foco um 
produto definido, a idéia de complexo, mais ampla, é mais quantitativa. 
No Brasil. o assunto vem sendo estudado recentemente, ou seja, na década 
de 90. e está centralizado na Universidade de São Paulo na Faculdade de 
Economia e Administração da USP sob a liderança do Prof. Décio 
Zylbersztajn que conta com um programa especifico, o PENSA- Programa 
de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial. 
Esses termos. "agribusiness" ou negócio agrícola, cadeias ou filliére, 
complexos ou sistemas agroindustriais, usados na prática algumas vezes 
como sinônimos. apresentam diferenças sutis no seu significado,mas. o 
mais Importante é o salto conceituai qualitativo trazido pelo enfoque 
slstêmlco de Agrlbuslness em relaçlo ao enfoque tradlclon.l. centrado 
na produção. 
Assim, todos essses termos estão voltados para a compreendo da 
dinêmica existente entre os atores de uma cadeia de produção de um 
determinado produto ou commoditie. do fomecedor de insumos ao 
consumidor. 
Essa evolução conceitual . na realidade, significa um grande desafio para os 
02 
tomadores de decisão, nas mais diversas áreas entre as quais, o crédito 
rural , a administração de qualidade, o planejamento empresarial o ensino de 
agronomia e a pesquisa agrícola. Estes têm, hist6ncamente, suas ações 
pautadas pela tradição voltada e centrada na produção agrícola e não na 
cadeia de Agribusiness. 
2. O Enfoque de Sistema Agroindustrial de Commodlty. 
o Sistema Agroindustrial de Commodities pode ser descrito como uma 
cadeia interrelacionada, vertical , interdependente, de alimentos e/ou fibras, 
íniciando com o fomecedor de insumos e tenninando com o consumidor. 
Sua razão de existência é satisfazer às necessidades do consumidor em 
alimentos e fibras, diante das prioridades políticas, econômicas e sociais do 
govemo. 
Esse sistema, a nivel mundial , emprega mais da metade da mãCHie-obra de 
trabalho e é responsável por metade dos gastos totais dos consumidores 
(Shelman1991). 
Nos EUA, estudos feitos sobre a evolução do seu complexo rural mostram 
que, em mais de 50 anos, o produtor rural teve a sua participação no valor 
da produção, reduzida de 54% para 11 %. Enquanto isso, neste mesmo 
período, o setor de insumos, aumentou sua participação de 11% (1910) para 
21% (1968) e o setor de beneficiamento / distribuição, aumentou de 35% 
(1910) para 68% (1968). 
Esses dados revelam uma alteração significativa dos papéiS dos diversos 
atores no processo, à medida que o complexo rural evolue, com uma 
correspondente alteração no poder econômico e político do setor produtivo. 
De majoritários, os agricultores passam a ter uma posição minoritária, 
dependente do setor industrial/urbano. 
Eles revelam ainda que, com a evolução do complexo rural, e a sua 
complexidade crescente, análises sobre o setor, cujo escopo encerra uma 
concepção tradicional,isto é, entase na produção, nAo retratam a realidade e 
a mesma é ultrapassada. Isto se deve a que a análise feita na concepção 
tradicional , não capta o efeito multiplicador da ação do produtor nos elos da 
cadeia, geralmente muito maior do que revelam os indicadores utilizados 
(participação no PIS). 
Um exemplo no caso brasileiro: enquanto os dados mais recentes revelam 
uma participação da agricultura em tennos de 10% do PIS, estudos 
03 
realizados por Ramalho(1988) , mostram que o complexo agroindustrial 
brasileiro está crescendo e sua participação no PIB já supera 40%, 
apresentando inúmeras oportunidades no mercado nacional e internacional. 
Ainda que não se tenham dados semelhantes para os Estados, estima-se 
que, para alguns, essa participação do complexo agroindustrial seja ainda 
maior. Esses exemplos mostram claramente as implicações negativas que 
uma análise parcial e irreal da agricultura, trazem para o setor. 
Dada a importância da agricultura como uma parte significativa da economia 
e em muitos paises como um importante empregador da população, muitos 
dirigentes já estAo sentindo a necessidade de controlar pelo menos alguns 
aspectos da indústria. Na medida que o mercado do sistema agroindustrial 
toma-se global, esse enfoque está se tomando cada vez mais um ponto de 
acordo político entre nações. 
Além das considerações agronômicas tradicionais sobre ciclos culturais, 
taxa de aplicação de defensivos e previsões do tempo, por exemplo, os 
gerentes do agribusiness devem envolver, não apenas as áreas funcionais 
de produtos e mercados no sistema agroindustrial , mas também a dinâmica 
de politicas, geopolíticas, globais e econômicas. 
3-Anállse de Sistemas Agroindustriais 
Esses sistemas podem ser analisados sob díferentes enfoques. 
3.1. Enfoque de Anállses- analizam-se as organizações (cooperativas, 
industrias de processamento, firma fornecedora de insumos), ou funçOes 
nessas orgaanizaçães, tais como marketing, finanças e produção, 
individualmente. 
Tem-se, por tanto, dois tipos gerais de análise: 
. Tradicional - organizacional ou funcional (exemplo: marketing, finanças, 
produção) ou institucional (exemplo: cooperativas, fomecedores de insumos, 
processadores) . 
. Slsttmlca - analisam-se as funções interrelacionadas a serem 
desempenhadas pelos membros dos sistemas agroindustriais, para 
determinar a ação ou política mais apropriada para uma firma ou instituiçAo 
pública elou privada .. Os atores envolvidos neste enfoque compreendem os 
participantes na produção, processamento e distribuição de um produto 
agricola. Incluem os fornecedores de insumos, produtores, armazenadores, 
processadores, comerciantes no atacado e varejo e consumidores finais. 
Incluem ainda, instituições e arranjos institucionais que coordenam os 
!'I11r.A!'I!'Iivn!'l A!'Itllnin!'l nn fh Ivn nA r.nmmnrlitv 
05 
ambiente nacional e intemacional , que afete tanto a instituição como ao seu 
sistema de commodity. 
Cada entidade pública ou privada, dessa forma tem duas funções: uma é 
sua posição e função no sistema global de alimentos. A outra é a maneira 
na qual ela coordena sua função em relação ao sistema de commodities da 
qual ela é parte integrante. 
o enfoque de sistema de commodities é especialmente útil quando as 
relações tradicionais estão mudando. A medida que o mercado de 
agribusiness globaliza, o enfoque de sistema de commodities permite uma 
análise ampla sem perder sinais da cultura e a força da entidade individual. 
A medida que o agribusiness evolue, de uma indústria dominada por uma 
preocupação de produção para um setor orientado para o mercado, o 
enfoque de sistema de commodities permite mudança de papéis e funções 
sem perda de sinais dos objetivos do sistema total de alimentos. Quando os 
avanços tecnológicos continuam e o interesse da participação aumenta, o 
enfoque de sistemas de commodities expõe tanto os beneficios, como os 
riscos de estratégias altemativas. 
4. Coordenação e Competltlvidade do Agribuslnesa 
A coordenaçlo de um sistema complexo, como Agribusiness, é definida 
como a sua capacidade de ataptar-se às condições mutantes do ambiente 
econômico. 
Essas mudanças podem ser fruto de Inovaç08s tecnológicas, mudanças 
na estrutura legal, mudanças nas Intltulç08s governamentais ou 
reorganlzaçlo da estrutura concorrenclal. 
A preocupação com a coordenação das ações, ao longo das cadeias de 
determinados produtos, está baseada no fato de que os atores envolvidos 
nessas cadeias têm entre si, atitudes por vezes claramente cooperativas e 
em outras ocasiões claramente conflituosas. Além disso, .... 
coorden.çlo tem sido Influenciada por um consumidor cada vez mais 
exigente e organizado. 
A unidade de análise (cadeia) permite a melhor compreensão das relaçOes 
entre os atores que dela participam, desde a indústria de insumos até a 
distribuição, e de como eles são atingidos pelas adaptações que são 
exigidas ao longo do tempo. Portanto, pode-se identificar quais as press6es 
de mudanças trazidas pelos coordenadores da cadeia. É possivel identlftcar 
os pontos de conflito e cooperação ao longo da cadeia e especialmente 
06 
estudar as relações contratuais, formais ou não, que surgem entre os 
atores desta. 
Entende-se que muitos dos atributos exigidos pelos atores da cadeia são 
regulados por contratos estabelecidos entre eles. E entende-se ainda, que 
atributos desejados pelos consumidores, importantes reguladores dessas 
relações, esbarram, quase sempre, em especialidades tecnológicas a 
serem implantadas ao longo da cadeia. É desta forma que a variável 
tecnológica é inserida nos estudos das cadeias. 
Portanto, para se entender o processo de coordenaçlo das cadelll., 
nlo se pode deixar de estudar, como as tecnologia. slo geradas, 
difundidas e transformadas, continuamente. Isto é, o processo de 
pesquisa e desenvolvimento ou, por outro lado, a coordenação da cadeia, 
introduz uma nova dimensão para os tomadores de decisão e modifica a 
forma pela qual são planejadas ações que interferem nas cadeias. 
Como consequência, as novas demandas do consumidor, cada vez mais 
exigente e organizado, pressionam as instituições públicas como as de P&D 
do setor agricola, no sentido de ajustarem sua estrutura e programação, 
tradicionalmente voltadas à produção, no sentido do Agribusiness. 
As cadeias diferem entre si, em sua capacidade de organizaçao, o que se 
reflete em sua cooedenação. 
em momentos de mudança mais intensa como o atual, provocado pela 
abertura dos mercados, aquelas cadeias mais estruturadas e coordenadas, 
seria tambem as mais competitivas. Assim, a capacidade de organização 
interna da cadeia, representa um fator de competitividade. 
A capacidade da cadeia de articular e influenciar a tomada dde decisões nos 
centros de P&D, gerando tecnologia para cadeia de produto e orientada 
cada vez mais fortemente para o mercado, é um elemento-chave para a sua 
sobrevi vencia competitiva. 
Partindo-se, portanto, da premissa de que as novas demandas quase 
sempre levam a algum tipo de reorganização tecnológica, cabe indagar 
como as InstltulçOes de pesquisa e desenvolvimentopodem 
reestruturar-se em face dessas necessidades? 
Para ajudar a responder essa questão seria abordados dois exemplos, o do 
agribusiness do café no Brasil e o de flores e horticultura na Holanda. 
07 
Exemplo I 
o negócio agricola do café gera ao redor de US$ 3 bllhOes ao ano e 
abrange uma complexa estrutura que envolve, desde a indústria de insumos, 
até o uso de equipamentos domésticos pelo consumidor. 
Mudanças recentes a nivel intemacional, como a desregulamentação e 
consequente revisão do acordo internacional do café e, a nível nacional, 
como a extinção do IBC, deixaram esta importante cadeia sem um programa 
estruturado de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, os antigos 
programas , ou aqueles que sobrevivem em instituições que desenvolvem 
pesquisas para o produto, indicam que a pesquisa é orientada para as 
variáveis agronômicas, ignorando a importância da adição de valor ao 
produto. Em 18 produtos pesquisados, identificados em relat6rio da 
Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, apenas um tem como 
tema o processo industrial. 
A tradição reinante da pesquisa e desenvolvimento do produto, nAo 
reconhece o conceito de agribusiness, já que nlo se percebe pesquisa 
orientada para atributos Importantes para o consumidor final, como por 
exemplo, qualidade da bebida, embalagens, ponto de torra, "shelf life" e 
produtos a base de café. 
Mas o fato mais sério é o de que a cadeia do café não conseguiu coordenar­
se de modo a garantir a continuidade da atividade programada de pesquisa 
para o produto, com possíveis efeitos negativos de médio prazo. Neste 
caso, a falta de coordenação levou ao esquecimento, pela pesquisa, de uma 
cadeia de US$ 3 bilhões! ano e abriu o flanco para um agribusiness mais 
coordenado que é o café colombiano, colocando em jogo a pr6pria 
sobrevivência da atividade no Brasil. 
Exemplo 2 
o negócio de flores e horticultura na Holanda, representa importante fonte 
de recursos para o pais. 
Com a crescente preocupação ambiental e com a segurança alimentar que 
caracterizam o consumidor europeu, as cooperativas iniciaram um programa 
de diferenciação de produtos ambientalmente limpos. Essa programa criou 
mecanismos de premiação ao produtor que adota tecnologias compativeis 
com os desejos do consumidor. 
08 
O programa de introdução de novos produtos prevê o engajamento de 
produtores que desejam o risco de abrir novos mercados e, ao mesmo 
tempo, garante a promoção do produto ao nível de distribuidores europeus. 
A tecnologia apropriada para estes casos é desenvolvida nos institutos 
públicos em cooperação com as cooperativas. 
Este exemplo indica como a coordenação do agribusiness interfere na 
competitividade de uma cadeia e como a tecnologia pode ser utilizada como 
instrumento de diferenciação do produto. 
5. Tendências do Agribusiness no Contexto Internacional e 
Nacional 
5.1 Contexto Internacional 
Os EUA participam com importante parcela do comércio mundial d. 
commodltles - 36% em 1988- mas com apenas 8% do total comercializado 
com valor adicionado, orientado para o consumidor 
A Holanda apresentava uma situação oposta; não aparecía no comércio de 
commodities, mas participava com 13% do mercado para produtos com 
valor adicionado. 
A França apresentava uma característica mais equilibrada: participava com 
12% do mercado de commodities e 11 % do total de mercado de produtos 
com valor adicionado. 
Esses dados constam do relatório encomendado pelo United State 
Oepartment of Agriculture (USOA) que gerou importante documento em 
1991 . Nesse relatório constava uma sugestão para a reorganlzaçlo do 
sistema de pesquisa num prazo de 6 anos, diminuindo a Infa.. na 
produçlo e induzindo a orlentaçlo para o consumidor. 
Essa sugestão baseou-se nos beneficios que essa nova orientaçlo traria 
ao país, tais como: 
- geração de divisas da ordem de US$ 9 bilhOes em exportaçAo; 
- aumento de 350.000 empregos na indústria de processamento 
e distribuição. 
O estudo estimou ainda o impacto que essa nova orIentaçAo 
provocaría no PIB, na criação de emprego e na participação no mercado: 
09 
- Aumento de 1 a 2% no PIS (US$ 52 a US$104 bilhões). 
- Criação de 1 ,5 milhões de empregos para um aumento de 15% na 
participação dos EUA no mercado de produtos com valor adicional. 
- Aumento de 15% n participação dos EUA no mercado de produtos 
com valor adicionado. 
5.2 Contexto Nacional 
o Agribusiness brasileiro é tipicamente um supridor de matérias-primas para 
empresas que adicionam valor, a nível intemacional. 
Exemplos 
Café - tem cinco compradores internacionais 
Soja, cacau e caju são tipicamente commodities 
Suco de laranja - está longe do consumidor, embora seja eficiente a 
comercialização do produto no atacado ( bulk). 
Fruta in-natura, o mercado é dificil. A participação brasileira nAo 
chega a US$ 100 milhões/ano, quando no Chile é de mais de USS 1 
bilhão/ano. 
Portanto, a situação do agribusiness brasileiro é muito pior que o dos EUA, 
por exemplo. O país tem como caraterística a condição de produtor de 
commodities ao que tudo indica, não considera ser possível aumentar sua 
participação no mercado de produtos diferenciados. 
Mas, em certos setores como do café e o do caju, percebe-se que já há 
uma reação, através de busca de associações (parcerias) com distribuidores 
nos mercados desenvolvidos, (produção de cafés gourmets) e em 
decorrência de posições mais competitivas de outros paíse, (Indla ), no caso 
do caju. 
6. O Papel dos Tomadores de Decisio 
Entre os diversos desafios que os tomadores de decisão das cadeias 
agroindustriais enfrentam, está o de manter os programas de P&D e as 
instituições que os conduzem, mesmo em condições adversas, revendo o 
papel do Estado e do setor privado. 
A reação das cadeias do agribusiness não poderá ocorrer sem se repenu, 
as estratégias das instituições de pesquisa, com destaque para os institutos 
mais tradicionais, cuja cultura é fortemente voltada para a produção. 
10 
Mas, realisticamente, a reorganização da pesquisa leva tempo, já que ela 
passa pela necessidade de revisão do próprio perfil dos profissionais de 
ciências agrárias, formando profissionais preparados parai tal desafio. 
Cabe destacar que diferentes instituições já estão considerando essa 
realidade no seu planejamento. O ex Centro Nacional de Pesquisa de Caju 
da EMBRAPA, que foi transformado para Centro Nacional de Pesquisa de 
Agroindústria Tropical (CNPAT). 
Para agilizar a reestruturação e redefinição da pesquisa e desenvolvimento 
(P&D), de modo a introduzir novos temas e desafios relacionados às 
cadeias agroindustriais, é necessário que os atores dessas cadeias 
coordenem-se e atuem em conjunto com o Estado nesta redefinição. 
NAo se pode esperar que uma instituição que atua tradicionalmente em 
P&D, abandone as variáveis com as quais venha trabalhando e passe 
imediatamente a considerar outros parâmetros. Mesmo porque a sua 
capacltaçlo técnica pode não estar pronta para tanto. O que é claro, e que 
talvez seja um novo papel que se configura para os instituições de P&D, é o 
seu papel como elemento coordenador do sistema, uma vez que fazendo 
parte dele, não está sujeito aos mesmos conflitos típicos dos atores ao 
longo das cadeias. 
Atraindo produtores, industriais e distribuidores para o seu convívio, as 
instituições de pesquisa não só se realimentam com a problemática e 
desafios sob a ótica das cadeias, mas passam a cumprir um novo e 
importante papel como coordenadoras do sistema. 
Com o setor privado atuando em conjunto, é esperado que o aporte de 
recursos para a pesquisa do agribusiness do produto, passa a ser mais 
substancial do que tradicionalmente tem sido, revendo a conservadora 
posição do Estado. Por vezes, o recurso do setor privado, mesmo em menor 
monta, tem a flexibilidade que o recurso público nAo possui, garantindo a 
continuidade dos programas em momentos criticos. 
A seguir serão discutidos alguns dos novos desafios que a visão do 
agribusiness levanta paraa pesquisa agrícola. 
7. Desafios para a Pesquisa Agropecuária. 
A tradição da pesquisa agronômica está voltada para a produçlo. As 
variáveis típicas trabalhadas são basicamente agronômicas (produtividade, 
11 
resistência a doenças, capacidade de resposta a fertilizantes, dentre outras). 
Quando o pesquisador ampliar o foco de análise para toda a cadeia do 
produto, os problemas passam a assumir dimensões distintas. 
Evidentemente que a pesquisa voltada para a produção deve ser 
continuada. Entretanto, considerar aspectos tais como; "shelf life" , 
resistência ao manuseio, introdução de atributos valorizados por 
determinados mercados, formas alternativas de abate, tecnologias de 
manejo visando à produção com uso minimo de pesticidas, desenvolvimento 
de novas embalagens, sistemas de transporte alternativos, entre outros, 
passa a ser importante para o sucesso do produto. 
Vários autores ressaltam a importancia dessas novas variáveis, trazendo 
algumas caracteristicas que podem servir de diretrizes para os 
organizadores da pesquisa voltada para o agrobusiness. O centro das 
atenções é o consumidor, que passa por mudanças importantes, desde 
aspectos demograflcos até suas preferências .Estudos indicam algumas 
das principais tendências do comportamento dos consumidores, que trazem 
implicações tecnológicas. A seguir, alguns comentários a respeito dessas 
tendências: 
-Segurança Alimentar: 
Como uma das mais importantes tendências dos consumidores de palses 
de alta renda, a questão da segurança alimentar permeia todas as cadeias 
agro-alimentares. Trata-se, em última análise, de um desafio tecnológico e 
de coordenação. 
A sua face tecnológica está ligada à necessidade de desenvolvimento de 
tecnologias seguras que substituam os insumos tradicionais, agressivos 
ambientalmente e que deixam residuos nos produtos alimentares. 
A segunda vertente do problema está em coordenar os produtores, sejam 
agricultores, industriais ou distribuidores, para incorporar tecnologias de 
risco mínimo, mas que podem representar maiores custos ao nível do 
produtor. 
Segundo Stem, 1991, o número de consumidores preocupados com a saúde 
irá aumentar nos próximos 20 anos, o que faz com que 30% das 
propagandas com alimentos nos EUA contenham informações a respeito da 
segurança alimentar. O resultado concreto para pesquisa é a necessidade 
de maior integração entre a pesquisa agronômica e médica, visando a 
explorar e conhecer os efeitos, sobre a saúde humana dos alimentos e das 
12 
tecnologias utilizadas para produzi-los. 
- Consumidor como grupo de pressão. 
o consumidor tende a organizar-se cada vez mais e transformar-se em 
importante grupo de pressão na sociedade. Na área alimentar, existe uma 
crescente demanda por informações a respeito dos produtos, nAo apenas 
relacionadas à sua produção, mas também quanto ao tipo de 
processamento e manipulação na fase de distribuição. Indicadores de 
qualidade de produtos poderão vir a ser importantes ao nível de consumidor 
final. Um acompanhamento das reações e necessidades dos consumidores 
por parte dos pesquisadores, passa fazer forte diferença na eficiência do 
sistema de pesquisa voltado para o agribusiness. 
- Shelf-Llfe(Tempo de prateleira) 
Representa importante necessidade para a indústria alimentar, que pode 
trazer implicações importantes para a industria genética vegetal, 
processamento e distribuição. Novas tecnologias de embalegem podem vir 
a ser necessárias, exigindo, por vezes, a elaboração de programas de 
melhoramento no sentido de adequar às características de perecibilidade 
dos produtos. 
Os exemplos acima são indicativos dos tipos de problemas que emergem 
quando se passa a identificar a cadeia agro-alimentar como foco da tomada 
de decisões, ao invés da produção, unicamente. Isto implica em urna 
reorientação das instituições tradicionais de pesquisa e, em especial, traz 
um novo desafio para o profissional da área de Economia Agricola cujo 
papel passa a ser também de compreender melhor o Agribusiness do seu 
produto. O passo inicial é criar mecanismos de contato com o consumidor 
final na ponta da cadeia do produto. 
8. Conclusões 
As novas demandas impostas sobre as cadeias de agribusiness colocam as 
instituições de pesquisa em cheque, em face da sua estrutura tradicional. A 
pesquisa típica do pós guerra privilegiou a fase agrlcola das cadeias, 
gerando toda uma cultura da pesquisa voltada para a produção. 
À medida em que as demandas impostas sobre os tomadores de decido 
são cada vez mais ligadas à questões e problemas que ocorrem ao longo 
das cadeias envolvendo diversos atores das mesmas. o oroblema Dassa a 
13 
ser de coordenação da pesquisa dentro das cadeias. O salto conceitual de 
P&D estruturado em função da produção, para outro com base no mercado, 
não ocorre de maneira automática. 
O presente texto avaliou e gerou uma série de aspectos relacionados às 
novas dimensões da pesquisa, em especial aquelas ligadas às tend6ncias 
do agribusiness modemo, quais sejam, a orientaçAo para o mercado, a 
preocupação com a segurança alimentar, a inclusAo de estudos de adiçAo 
de valor aos produtos agricolas, os estudos estabelecidos dos produtos ao 
longo das cadeias de distribuição, entre outros. 
Com tal visão, muda-se o perfil exigido das instituições de pesquisa 
agricola, com a necessidade premente de aumentar o grau de informações a 
respeito dos problemas da cadeia dos produtos. Sem dúvida, novas 
especialidades deverão acoplar-se à pesquisa tradicional, com maior 
importância aos estudos interdisciplinares. 
Uma estratégia possivel para a ação de coordenação das cadeias em face 
destas mudanças, é a extensão do conceito de "Auditoria" Tecnológica ao 
estudo das cadeias agroindustriais, buscando identificar as potencialidades 
da estrutura de pesquisa existente em face das necessidades identificadas 
pelos participantes do agribusiness do produto. Esta coordenaçAo do 
processo de decisAo relativa à estruturação de programas mais contlnuos e 
que atendam equilibradamente aos diferentes segmentos das cadeias 
agroalimentares. 
É tempo de que nossas instituições motivem-se para tal desafio, a começar 
pelas instituições de ensino que formam os futuros pesquisadores e 
profissionais para o agribusiness. 
Referências Bllsleas 
1) SHELMAN, M.L. The Agribusiness Systems Approach.Cases and 
Concepts. In Intemational Agribusinessa Management Association Inaugural 
Symposium 1991 . EUA pg.47-51 . 
2)RAMALHO, Y.M.M. Mudanças Estruturais nas Atividades Agrárias. Uma 
Análise das Relações Estruturais do Complexo Agroindustrial Brasileiro 
BNBD/ES RJ1988, 26 p. (Estudos BNDiES 9) 
3) DÉCIO ZVLBERZTAJN P&D e Coordenação do Agribusiness 
mimeografado. 
caem 
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA 
SECRETARIA DE APOIO AOS SISTEMAS ESTADUAIS - SSE 
Construção de Cenários Futuros do Negócio 
Agrícola Estadual 
PLANEJAMENTO E PROSPECÇÃO 
Brasília - DF 
Dezembro de 1994 
PLANEJAMENTO E PROSPECÇÃO 
o presente documento foi preparado para ser utilizado nos Workshops 
Regionais sobre ConstroçAo de Cenários do Negócio Agricola Estadual, 
realizados e promovidos pela EMBRAPAlSSE, (agosto/setembro de 1994) a 
partir de trabalhos originais citados como referências. 
o texto foi organizado por Carlos Alberto dos Santos Marques. Engenbelro 
Agrônomo, Doutor,Técnico da Empresa Maranheose de Pesquisa Agropecuária 
(EMAPA), Llder do Projeto de Apoio à implantaçio do Planejameato 
Estratégico nos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuárla-EMBRAPAlSSE. 
A revido foi realizada pelo Engenheiro Agrônomo, MS, Orlando Campelo 
Ribeiro, Coordenador da Coordenadoria de Apoio à Projetos da 
EMBRAPAlSSE. 
aonela da Infra-estrutura 02 
1.2- Como agem as megatend6nelas 03 
1.3- Como reagem as organizações 03 
1.4- Como se dA o processo de ajustamento As mudanças 03 
2-Competltlvldade 04 
2.1-Nlvels de competltlvldade 05 
3- Planejamento 08 
3.1- Conceito 08 
3.2- Finalidade: Planejamento e Planos OI 
3.3- Planejamento tradicional x prospectivo: OI 
3.4- Modelo de planejamento (organizacional) 10 
3.5- Estágios de evoluçlo da organlzaçlo 11 
4- ProspecçlO 12 
4.1- Conceitos bisleos 12 
4.2- Fatores do planejamento prospectivo 13 
4.2.1- Administrativo 13 
4.2.2- Gerenciai 13 
4.2.3- Politlcas normativas 13 
4.2.4- Politlcas de Infra-estrutura 13 
4.3- DlmensOes da prospecçlo 15 
5-Processo delnovaçlo 18 
Refertnela. Blbllográftca. 18 
PLANEJAMENTO E PROSPECÇÃO 
l-Introdução 
Ao longo da história evolutiva das sociedades tem-se observado ciclos, 
alternando períodos de relativa estabilidade, econômica, social , politica e 
tecnológica, com outros de grande turbulência ambiental. 
Nos primeiros, os desafios são repetições do passado, as mudanças são 
lentas e o futuro uma repetição de tendências históricas. E, nos segundos o 
ambiente é altamente complexo, os eventos são novos e inesperados, as 
mudanças rápidas e descontínuas e o futuro é incerto. O momento atual , 
década de 90, é um destes, onde mudanças radicais, inclusive dos velhos 
paradigmas, estão acontecendo e por certo persistirão até o advento do 
novo século. 
1. 1- As megatendêncías: o contexto de transição 
São grandes tendências-megatendências que mudam a sociedade. o Estado 
e os negócios, oferecendo, novos rumos para os investimentos produtivos. 
No contexto internacional, destacam-se entre outras: o fim da guerra fria, a 
globalização dos mercados e a fonnação de blocos econômicos regionais, a 
competitividade, o surgimentos de novas tecnologias, a privatizaçAo e os 
movimentos ecológicos. 
No contexto nacional: a instabilidade politica, a abertura da economia, a 
exigência por qualidade/produtividade e a redifiniçao do papel do setor 
público. Neste contexto de incertezas, o negócio agrícola, a nível nacional e 
estadual , tem sido fortemente afetado, vivendo atualmente um momento de 
nnslçao. 
Em relação aso setor agrícola, ressaltam-se as seguintes transfonnaçOes ou 
tendências: 
1.1.1- Intemaclonallzaçao dos mercados de commodltlH 
Tendência que se manifesta pelo protecionismo de países industrializados, 
através de subsídios ao mercado de algumas commoditles, e na reduçAo da 
02 
intervenção do Govemo (GATT)-GENERAL AGREEMENT OF TARIFS AND 
TRADE.(Organização Mundial do Comércio) 
1.1.2- Da agricultura para o agribuslness 
Tendência que se manifesta pela articulação cada vez maior do setor 
produtivo com o setor industrial, antes e depois da porteira. Exemplos 
típicos dessa tendência são o complexo grãos ( soja e milho) e os 
complexos citrícola e avícola. entre outros. 
1.1.3- O enfoque em cadelas produtivas "agroindustriais" 
Tendência que muda o foco de atenção, hoje muito centrado na produção 
( agricultura) para toda a cadeia do produto, do fomecedor de insumos ao 
consumidor. Exemplo: cadeia soja. 
1.1.4- Mudanças do papel do setor público 
Tendência que se manifesta por pressões pela reforma do Estado, 
buscando um Estado mínimo, mais forte e ágil na tomada de decisões. 
Dentro desse novo contexto o seu papel seria basicamente normativo, na 
coordenação efetiva de políticas macroeconômicas e provedor de serviços 
básicos. 
Exemplos: 
.políticas fiscais, monetária-credítícia, cambiais, agrícolas 
industriais, de venda etc . 
. bens e serviços, educação, habitação, saúde. transporte, 
saneamento básico etc. 
1.1.5-lmportlncla da Infra-estrutura 
Tendência que prioriza os investimentos na infra-estrutura social (educaçlo, 
saúde e habítação) e fisica (de transporte, energia, telecomunicação etc), 
sob novas bases de co-responsabilidade entre um Estado mínimo forte, égil 
e crível, com outros agentes da sociedade, em especial o setor empresarial. 
03 
1.2 - Como agem as megatendências 
As megatendências aparecem no macro ambiente e influenciam todos os 
componentes existente nesse sistema. 
Essas influências se dão, inicialmente sobre os elementos do ambiente 
relevante: clientes, govemo, fomecedores, concorrentes, legislaçêo e 
sociedade, que por sua vez influenciam as organlzaçOes com as quais 
interagem no dia-a-dia. 
Essas organizações incluem as empresas públicas e privadas que reagem 
de formas diferentes diante dessas influências ou megatendências. 
1.3 - Como reagem as organizaçOes 
A postura das organizações diante das mudanças do ambiente podem ser 
de modo geral agrupadas em dois tipos: 
• Comandante-"pro-atlva" - a organização percebe e interpreta as 
mudanças em curso no ambiente extemo e decide ajustar-se às novas 
realidades, tomando-se protragonista ativo de sua própria transformaçêo . 
• Vltlma-"passlva" - a organização não percebe, não entende, não 
dá importância ou entende, mas não tem capacidade institucional ou faltam­
lhe condições para ajustar-se às novas realidades, tornando-se protagonista 
passivo de sua extinção ou transformação de fora para dentro.Segundo 
Silva (1994), somente o primeiro grupo, muito pequeno, tem condições de 
garantir a sua própria sustentabilidade institucional. 
1.4 - Como se dá o processo de ajustamento às mudanças 
Nas organizações privadas, esse processo é muito mais rápido e eficaz do 
que nas organizações públicas. Por que? 
Em primeiro lugar, pelo modelo de planejamento e gestAo utilizado. Nas 
organizações privadas, o modelo gerencial basei.se na f1xaçAo de 
objetivos e diretrizes e na avaliaçêo de desempenho, enquanto na. 
organizações públicas o modelo é o tradicional ooiOCiátlco, ba.eado na 
autoridade do chefe e na centralização de poder. Por outro lado, as témlcas 
administrativas utilizadas nas organizações privadas foram evoluindo na 
medida exata do aumento de complexidade do seu ambiente externo, tendo . 
04 
em vista que a sua sobrevivência depende diretamente dos resultados 
obtidos no mercado. 
Já nas organizações públicas, essa evolução é lenta ou não acontece, 
exatamente pela baixa preocupação com os resultados. A ênfase é nos 
mecanismos de controle burocrático, obediência às normas e regulamentos, 
por exemplo. Como decorrência disso, elas se mantêm fechadas em tomo 
de si mesmas e são incapazes de detectar ou perceber os sinais de 
mudanças e, com isso, isolam-se do seu ambiente extemo. 
A capacidade de resposta às mudanças extemas nessas organizações 
públicas é nula ou muito baixa em decorrência desses, e de outros fatores, 
como a própria conceituação e instrumentos metodológicos adotados de 
planejamento. 
Na maioria das organizações públicas, o planejamento é frequentemente 
confundido com o exercício de elaboração de planos, programas e/ou 
projetos ("fazejamento" de planos) e não como um processo dinAmico. Na 
primeira visão, o planejamento, deixa de cumprir as suas funções 
essenciais, para servir, principalmente, como instrumento de negociaçAo 
para alocação de recursos. 
Como não existem mecanismos de acompanhamento e avaliaçAo eficazes, 
os objetivos, metas e ações não sAo cumpridos, os resultados nAo são 
cobrados e o círculo vicioso do desperdicio de recursos repete-se. Por outro 
lado, esse tipo de planejamento ou "fazejamento" de plano é inadequado 
ao nível de turbulência e complexidade e velocidade de mudança do 
momento atual. 
No caso do negócio agrícola, algumas de suas caraderísticas, como a 
complexidade dos problemas, baixo grau de previsibilidade, elevado grau de 
incerteza e risco, necessidade de tomada de decisões freqüentes e rápidas, 
reforçam a importância de adoça0 de novas posturas, conceitos e 
metodologias de planejamento e gestAo nos órgãos governamentais de 
apoio ao setor. 
2 - Competltlvldade 
A busca da competitividade é hoje um desafio para empresas e governo nos 
âmbitos internacional, nacional e estadual. 
05 
A nivel internacional a situação revela.de um lado. os paises 
industrializados (G.7) com uma grande capacidade de concertação em 
questões geoestratégicas, monetárias e de comércio; de outro. a 
incapacidade dos paises intermediários em participar da negociaçAo 
internacional em tomo de temas importantes para sua economia e interesse 
global. 
Na América latina. os esforços para a integração econõmica (Tratado 
Amazõnico, Pacto Andino, Mercosul), refletem não apenas a busca de 
afirmativa para evitar o isolamento, como o interesse pela competitividade. 
Algumas das vlntagens competltlvls que determinam a competitividade a 
nível internacional são: os fatores de produção, a consciência acentuada nos 
mercados domésticos, a presença e relação estreita com cadeia produtiva e 
as condições nacionais que regulam criação, organização, ger6ncia e 
concorrência. Essas vantagens, associadas à capacidade empreendedora 
de empresas inovadoras, têm possibilitado a inserção dessa região no 
mercado global através das chamadas "ilhas de modernização" - são 
empresas que utilizam tecnologia moderna como novas formas de 
organização e participam ativamente no mercado internacional. Exemplo 
dessas "ilhas" são: 
Colômbia - Setor de flores; 
Brasil - Complexo avicola e citrícola; 
Equador - Cultivo de camarões; 
Argentina - Produção de hibridos e 
Chile - Complexo frutícola 
2.1 - Nlvels de competitlvldade 
A globalização dos mercados, as tecnologias emergentes. a mentalidade 
ambientalista, a busca de novas formas de organização social e sistemas de 
governo, a liberalização do comércio e a privatização da produçAo, são 
algumas das rnegltendlnclls mundiais que explicam o interesse pela 
competltlvldlde por empresas e governo. 
o caminho para atingir a competitividade é longo e repleto de barreiras que 
as organizações e empresas têm que superar e exigem um esforço 
institucionalizado em direçAo à racionalização do trabalho, aumento de 
produtividade, melhoria de qualidade, gestão da inovação e estrat6gia 
empresarial. 
06 
Nlve .. de competltlvldade: 
A questão da competitividade apresenta-se em 4 niveis distintos, mas inter -
relacionados: 
· O primeiro nivel é o da eficiência da produçlo para uso de 
recursos na produção de bens e serviços de alta qualidade e baixo custo; 
· O segundo nivel é o da empresa Inovadora que controla a 
produção, desenvolve e incorpora inovação tecnológica, e coloca produtos e 
serviços no mercado altamente competitivo; 
· O terceiro nível é o da estrutura setortal que estabelece as 
características fundamentais de cooperação ou concorrência acima e 
abaixo dos ramos específicos e de cada estágio da cadeia produtora no qual 
a empresa se insere ,e 
· O quarto nlvel é o do contexto macroeconOmlco e social, isto é, 
das condições gerais de produção e do ambiente. 
Embora a competitividade seja determinada, em última análise, pela 
eficiência das empresas, as nações ou os estados têm um papel 
fundamental neste processo. Educação, suporte à pesquisa, legislaçAo 
(fiscal e trabalhista), infra-estrutura (transporte, energia e comunicação) são 
elementos de reconhecida e vital importância para a competitividade. 
A competitividade de uma nação ou estado depende, da habilidade de seus 
dirigentes em administrar a intervenção entre vários ambientes ou nlvels, 
nacional ou estadual , estrutural, empresarial e produtivo. 
Competltlvldade, neste contexto, descreve a capacidade de uma Naçlo 
ou Estado, de aumentar e/ou sustentar a sua partlclpaÇlo bem 
sucedida na produçlo de bens e serviços no mercado, portanto 
passlvel de ser avaliada. 
Ao incorporar essas vantagens competitivas econômicas em tendências 
sociais, a nação ou estado estará contribuindo para a melhorta da 
qualidade de vida de sua população e , com isto, promovendo o 
desenvolvimento 
Definir competitividade, um conceito relativo, supOe-se contrastar a prática 
tecnológica de um país ou estado, setor ou empresa com a melhor prática 
observada no mercado, em condições comparáveis de dotação de recursos 
naturais e humanos, considerando três níveis: 
07 
· Competltlvldade estrutural - decorre da economia de um País ou 
Estado no seu conjunto. Descreve a capacidade desta economia em 
incrementar ou sustentar sua participação no mercado de bens e serviços 
com um aumento simultâneo do nível de vida de sua população. Um Pais ou 
Estado estruturalmente competitivo é aquele onde os componentes do 
ambiente nacional ou estadual são estimuladores da eficiência empresarial. 
O planejamento e gestão da inovação tem um papel-dlave nessa 
competitividade. 
· Competltlvldade setorial - decorre da economia de um setor no seu 
conjunto. Descreve a capacidade de setores econômicos em gerar bases de 
criação e desenvolvimento de vantagem, que sustentem uma posição 
competitiva a nível estadual, nacional e intemacional. Ela é a medida na 
qual um setor econômico oferece, simultaneamente, potencial para 
crescimento e retomo sobre os investimentos atrativos para as empresas 
que o compõem. 
· Competltlvldade empresarial - decorre da economia das empresas. 
Descreve a capacidade das empresas em sustentar os padrões mais 
elevados de eficiência, vigentes no mundo ou no país, quanto à utilização de 
recursos e qualidade de bens e serviços oferecidos.Uma empresa 
competitiva deve ser capaz de projetar, produzir e comercializar produtos 
superiores aos oferecidos pela concorrência, tanto em relação a preço, 
como a qualidade. 
A comblnaçlo desses trts nivels de competltlvldade resulta numa ba •• 
su ... ntivel de competlçlo . Alguns dos países bem sucedidos, em termos 
de crescimento econômico (industrial ou agrícola) superaram a dicotomia 
mercado/plano. 
Nesses países os planos não ignoram o mercado nem o substituem, mas o 
utilizam e modelam. "O mercado é visto como um bom servo, mas tambem, 
como um péssimo mestre". 
A política setorial , agrícola, tem como objetivo principal promover a nova 
forma de competição, isto é: empresa inovadora; relações construtivas entre 
fornecedores e clientes; associações construtivas entre fornecedores e 
clientes; associações entre firmas e agências extra-firma, que facilitem 
melhorias, nacional e internacionalmente, através de uma superioridade 
organizacional. 
A crlaçlo d. uma esbat6glca setorial pode surgir por iniciativa do 
Govemo ou firmas de um setor. Por exemplo, estes agentes podem 
08 
estimular o aumento ou maturação da competitividade, através da 
capacltaçlo tecnológica. colaborando no treinamento da mãCHle-obra, no 
marketing para exportação, e no financiamento da pesquisa e na 
capacidade do setor em ajustarem-se a novos desafios e a nova. 
oportunidades. 
Capacitação tecnológica significa saber usar o conhecimento disponível, no 
processo decisório, na produção, na imitação, na transferência, na difusão 
ou em qualquer outro mecanismo que traga incremento à qualidade, à 
produtividade dos produtos e serviços. 
Em países como o Brasil. o crescimento e desenvolvimento econômico t6m 
sido dificultados por uma série de restrlçOe.: problemas de instabilidade 
política e macro -econômica, como inflação, déficit fiscal e balança 
comercial. 
Essas dificuldades têm sido agravadas ainda pela tendência de focalizar-se 
a atenção para a tomada de decisões em questões de curto prazo, em 
detrimento de mudanças estruturais e adoção de novos paradigma •• 
Como consequência, políticas de C&T, de maturação de longo prazo, 
geralmente, são consideradas inapropriadas para a solução de curto prazo, 
recebendo assím baixa prioridade pelo Govemo na alocação de recursos e 
fixação de políticas de alto nível. 
3- Planejamento 
3.1 - Conceitos 
Há cerca de 30 anos o planejamento era visto como sinônimo de tomada de 
decisão, "antecipação de decisões no que deve ser feito". Ao longo desse 
período, a teoria de planejamento beneficiou-se com a evolução da 
teoriadas organizações e dos avanços recentes dos acontecimentos da 
teoria de sistemas, cibernética e informática, que alteraram esse conceito. 
Hoje, o planejamento6 conceituado como: "enrtqueclmemo 
sl •• ntlco da ba.e de InformaçOes para a tomada de decls.,..", É o 
planejamento prospectivo. 
09 
3.2- Finalidade: Planejamento e planos 
Como processo, o planejamento serve para: I) definir antecipadamente, 
objetivos futuros , programar atividades e definir recursos ou meios 
necessarios para alcança-los; ii) definir uma posição desejada no futuro e 
prever as decisões e meios para alcançá-Ios, e 111) interferir na realidade 
visando passar da situação atual para a desejada. 
A finalidade do planejamento, é influir no comportamento para obter 
resultados desejados. Seu objetivo é a ação futura. 
o produto do processo de planejamento, ou •• ja o plano, tem como 
finalidade: 
1)- descrever os objetivos (padrões) e meios(recursos) necessários e 
suficientes para alcançá-Ios e, 
11)- servir como veículo formal de coordenação de esforços. 
3.3 Planejamento tradicional x prospectivo: 
Nessa evolução conceitual do planejamento, observarn-se diferenças 
substanciais entre os dois enfoques: 
1)- o horizonte temporal passou de curto prazo para longo prazo ; 
11)- ao invés de se explorar a simplificação, explora-se a 
complexidade; 
111)- o enfoque mudou das variáveis para as estruturas, e 
Iv)- a abordagem deixou de ser disciplinar e passou a ser 
interdisciplinar. 
Ambos conceitos de planejamento continuam válidos, mas para diferentes 
situações e problemas: I) assim, para períodos de grande estabilidade 
(econõmica, social, política e tecnológica), admite-se que o futuro tenha as 
mesmas características do passado, com a continuação das tend6ncias 
históricas e, portanto, o planejamento tradicional continua válido. 11) mas, é 
medida que aumenta a complexidade dos sistemas, a instabilidade e 
incerteza, o futuro tem cenários altemativos, requerendo um novo tipo de 
abordagem: a prospectiva. 
Da mesma forma, se o problema a resolver é simples, estruturado, havendo 
uma relação praticamente direta entre causa e efeito, usa-se o planej.nento 
tradicional. Mas se o problema é complexo e mal estruturado, como na 
10 
malona dos casos em agricultura. a sua solução 
é complexa. envolvendo uma série de etapas; usa-se então o planejamento 
prospectivo. 
Essas mudanças. na teoria do planejamento, são difíceis de ser 
incorporadas em sistemas administrativos e polítiCOS de tomada de decisão, 
onde as pressões favorecem o imediatismo, com soluções simplistas e a 
busca de redução de incertezas, como é o caso das instituições públicas. 
Mas esse conflito precisa ser resolvido com a adoção de uma postura pr6-
ativa. 
3.4- Modelo de planejamento (organizacional) 
Uma organização é um processo estruturado, no qual as pessoas interagem 
para atingir objetivos (Hicks,1967). 
Completando esse conceito, Marcovitch e Vasconcellos (1977) acrescentam 
que "a organização é um conjunto de pessoas cada qual com os seus 
próprios interesses, habilidades e motivações". Essas pessoas constituem 
vários subsistemas que em conjunto formam o sistema social­
organizacional. 
Subsistemas: 
Numa instituição de P&D que mais interage com o ambiente, pode-se 
identificar 3 subsistemas: direção, apoio e projetos. 
Ao subsistema Dlreçlo, cabe a fixação de objetivos e diretrizes; 
Ao subsistema de Apolo, cabe suprir a infra-estrutura técnica (laboratório, 
biblioteca, reprodução gráfica, etc); 
Ao subsistema projetos, cabe a execução dos projetos em funçAo de 
planos aprovados pela Direção; 
Nivela de planejamento 
Para estes três subsistemas, tem-se quatro níveis diferentes de 
planejamento: 
Estratégico - cujo objetivo é posicionar a organizaçAo no seu ambiente. 
11 
· Apolo e Infra-estrutura - o foco é centrado nas as atividades de rotina e 
apoio aos demais subsistemas nesses serviços. 
· Integratlvo - que tem por objetivo reunir os planos dos vários projetos e 
unidades de apoio e infra-estrutura,e permitir o acompanhamento da 
execução a nível do subprojeto, e de projetos. 
· Projetos - que tem por finalidade definir objetivos, ações e meios no nível 
operacional. 
3.5- Estágios de evoluçlo das organlzaçOes. 
Durante toda a vida de uma organização, ela passa por diferentes fases: 
criação, crescimento e maturação; e por diferentes crises: de liderança, 
autonomia, coordenação e integração: 
.Na fase 01 , de criação, o início do crescimento, se dá através da 
criatividade, até o momento que ocorre uma crise de liderança; 
.Na fase 02, o crescimento se dá através da autoridade e direção, até 
que surge uma nova crise, de autonomia; 
.Na fase 03, o crescimento, ocorre através da especialização e 
diferenciação até que surge a crise de coordenação; 
.Na fase 04, o crescimento se dá através do planejamento, até que 
surge a crise de integração. Esta é a fase crítica de planejamento . 
. Na fa •• 06, ou de maturação, o crescimento se dá através da gestAo 
participativa e holística. 
Este é um modelo geral que mostra ser, a história organizacional feita de 
desafios de vencer e de superar as crises sucessivas.(FIG 1) 
4 - Prospecção 
4.1 Conceitos básicos 
Prospecção é o estudo da completa gama de condicionantes e efeitos 
sociais, econômicos, políticos e técnicos de projetos e programas de 
desenvolvimento. 
Ela analisa a influência, no presente, de futuros alternativos e o impacto, no 
futuro, de políticas atuais. Na literatura constata-se urna certa contudo do 
termo prospecçAo, com o termo previsAo (tecnologlcal forecastlng), já, que 
-"'. ~ ~~c 
t...a t..l ... \.1 ~ __ f 
- .-: c ... , 
U C .. .,. 
"" ~~ W '" U~ 
CIC~-~l 
...., ~~S 
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-I Q" 
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_u 
u .... ... 
~= .. -
VI _u 
-Finalmente, as forças causais ou 
fatores criticos do ambiente externo que afetaram o passado do negócio agricola, 
condicionam e determinam a evolução futura do mesmo. 
2. Cenários 
O termo "Ceúrlo" deriva das artes dramáticas ,cinema e teatro, e é caracterizado 
pelo pano de fundo, o fluxo de ação e as personagens que formam o contexto dentro 
do qual a história principal se desenvolve. Em estudos do futuro, o termo foi 
utilizado por Herman Kabn, nos estudos estratégicos desenvolvidos para o Rand 
Corporation.Neste sentido o termo é usado como técnica, para descrever duas ou 
mais configurações alternativas futuras do contexto ou situação que se deseja 
conhecer e que se ocorrerem, trarão importantes transfOl1lUlÇÕCS para o setor, 
permitindo melhor identificaçio e decisão de polfticas, estratégias e ações. Não é, 
portanto, um método de fazer predições sobre o que vai acontecer no futuro. No 
- 6 -
entender de Rattner (1979), cenários não devem ser considerados semi-previsões do 
futuro e sim caminhos possivels em direçAo ao faturo. 
Kahn e Weiner (1968), afinnam que "cenários são sequências hipotéticas de eventos 
construídas com a finalidade de focalizar a atenção dos pontos de decisão e 
processos causais". Dentro dessa mesma linha, Norse (1979) diz que "cenários nio 
são e não devem ser entendidos como prognósticos. Representam apenas uma fonna 
de aumentar a compreensão das conseqüências dos eventos potenciais e politicas de 
longo prazo, a nível regional ou nacional". 
Assim, a elaboração de cenários é um processo auxiliar às empresas e entidades 
públicas relacionadas ao setor, na escolha de políticas mais robustas e estratégias de 
ação, capazes de apresentar fteslbilldade e capacidade de atendimento à turbulência 
do ambiente, sujeito a fortes mudanças. Desta maneira, o uso de cenários aprimora 
o processo de decisão, capacitando as organi7JIções para lidar com a incerteza do 
futuro, considerando explícitamente, situações futuras, diferentes das tendências 
históricas que prevaleceram no passado. 
Desta fonna, algumas características desta técnica são: 
· a alta probabilidade de ocorrência não é essencial, o que significa que cenários 
pressupõem incerteza; 
· a precisão dos dados é secundária, o que significa que a técnica valoriza muito 
mais a inteligência e a criatividade, no entendimento da situação; 
· o seu resultado é apenas indicativo para a compreenssão pelo usuario; 
A sua utilização pelas empresas introduz alterações no processo de planejamento, 
tornando as decisões mais flexíveis e contingenciando as políticas e os planos às 
tendências e eventos criticos. Assim ele deve ser visto como instrumento auxiliar à 
tomada de decisão, capacitando as organizações a reconhecer, explicitamente, a 
indeterminação do futuro, concebido a partir de múltiplas alternativas. Finalmente, 
em cenários, mais do que inventar deve-se procurar induzir à retlexio, para a 
conquista da visão bolística e estratégica. 
No presente, foram estabelecidas as seguintes ftnaIidades principais da construção 
de cenários do negócio agrícola estadual: 
L Demonstrar ImportiDcia desse Degócio .... Estadas 
b. Subsidiar a deflniçlo de polídca agrieola 
Co Identificar prioridades para o sistema teenológko 
2.1. Componentes de um Cenário 
o cenário caracteriza-se por um conjunto de variáveis ou fatores criticos mais 
relevantes, que irão representar situações futuras e hipotéticas. 
Cada fator crítico pode se apresentar no futuro, em diversas situações ou estados 
futuros alternativos, podendo representar ameaças ou oportunidades ao negócio 
agrícola. O conjunto de estados futuros de diversos fatores críticos é que Ui definir 
os cenários futuros.Exemplos de fatores criticos que afetam o Del6do 811 icola: 
situação política, econômica, fundiária, modelos de desenvolvimento, tendências 
tecnológicas, etc. 
Um fator crítico pode conter vários componentes. Por exemplo, o fator critico, 
politka apico'" é cousdtuido pelos aspectos: crédito agrícola, preços mlnimos, 
objetivos e diretrizes setoriais, a atuação dos órgãos públicos, investimentos diretos, 
programas e projetos públicos. O estado futuro de um fator crítico ou aspecto, pode 
ser representado por indicadores, como pode ser visto no quadro de fator crítico a 
seguir apresentado. 
F ator crítico Indicadores do fator crítico 
- Indice GINI de concentração fundiária 
Estrutura Fundiária - Condição de posse da terra 
- Número de propriedades por faixa de tamanho 
A situação futura descrita por um cenano, dependerá do comportamento dos 
diversos fatores criticos e seus indicadores, mas, sobretudo dos iadJcadora 
reIadoaados às cadeias produdvu que são afetados pelos fatores críticos. Todos, 
no entanto, devem ser consistentes entre si. 
CADElASPRODUTTVAS 
São conjuntos de componentes interativos, tais como sistemas produtivos 
agropécuários e agroflorestais, fornecedores de serviços de insumos, indústrias de 
processamento e transformação, distribuição e comercialização, além de 
consumidores finais do produto e subprodutos da cadeia. 
Os iadicadores das cadeias produtivas, sio os elementos do Dúcleo do aqéc:io 
aarlcela que mostram, no estudo de cenários, diferentes evoluções futuras de 
atividades produtivas associadas a determinado produto. 
------------------------------
Cadeia produtiva Indicadores da cadeia produtiva 
---------------------
- Área plantada e produtividade 
Soja e carnes - Mão de obra 
- Grau de mecanização 
- Consumo de ração 
- Taxa de desfrute 
- etc. 
- Q -
SISTEMA PRODUTIVO 
É o conjunto de componentes interativos que objetiva a produção de alimentos, 
fibras, energéticos e outras matérias primas de origem animal e vegetal. É um 
subsistema da cadeia produtiva. 
HORlWNTE DOS CENÁRIOS: 
t a distância temporal entre o cenário futuro e o tempo presente. Ele pode ser de 
curto, médio e longo prazo. No caso presente (negócio agricola), o horizonte será de 
\O anos. 
A literatura sobre assunto enfatiza que, o lIorizonte dos ceDários depende de dois 
parâmetros: 
. O borizonte de planejamento - definido pelo planejador . 
. O prazo de matunçio- ligado ao objetivo do planejamento, isto é, o 
tempo necessario para que uma decisão, que tambem tem um horizonte, faça sentir 
seus efeitos, plenamente. 
Em função das decisões tomadas até o horizonte dos cenários, cada fator critico terá 
maior ou menor grau de influência na detenninação dos estados futuros do sistema. 
Os cenários surgem a partir da ação composta do planejador e do meio ambiente, 
incluido aí os fatores naturais e a externalidade que abrange os investimentos com 
diferentes prazos de maturação 
Os especialistas no assunto sugerem ainda que seja respeitada a seguinte expressão: 
Horizonte de cenário> Horizonte de planejamento> Tempo de maturação das 
decisões 
2.2- Tipos de cenários 
Existem diversas propostas de classificação de cenários na literatura, que na 
realidade são uma repetição, com poucas variações, das definições de especialistas 
da área. 
Neste trabalho será usada a classificação proposta por Johnson (1994), que divide os 
cenários em três tipos: 
• Ceúrio teadeaclal extrapolativo (surprise-free) - o que tende a acontecer. 
f: a evolução futura do setor com base em projeção de tendências históricas. 
• Ceúrio exploratório - o que pode acontecer. t o atabeleeÜDellte de 
futuros alte ..... tivos, em geral tendedal ou Deutro, otimista e pessimista. 
• Ceúrio Dormativo -o que deve acontecer, onde as potencialidades 
desejáveis são realizadas É uma situação desejada, estabelecida a priori, a partir da 
qual determinam-se as políticas que permitam realizar esta situação desejada. 
2.3- Niveis de ApHcaçio 
Para aplicação de cenários no processo de planejamento, há duas finalidades 
distintas, segundo Johnson (1993). 
• Ceúrios pan a formalaçio de polftkas- onde, o foco é a formulação de 
objetivos e diretrizes., através de análise do contexto mais amplo e compreensão dos 
processos de mudanças socio-econômica, política eos quatro quadrantes. 
14 
No planejamento tradicional a análise concentra-se na avaliação de ações 
alternativas em termos de eficiência . Isto é, analisa o primeiro quadrante 
para influenciar decisões de política de alocação de infra-estrutura no 
quadrante quatro. 
Esses elementos são integrados num modelo de planejamento, que por 
sua vez propõe três tipos de planejamento: normativo, •• trat6glco e 
operacional. Estes, por sua vez, estão relacionados, de um lado aos fins 
(objetivos) e meios (ações) e, de outro a diferentes níveis (04) de agregação 
de aplicação do planejamento: estrutural , setorial , institucional e de unidade 
de ação. 
Tipos de planejamento: 
Planejamento normativo - preocupa-se com os estados futuros desejados 
(cenários normativos). Este é o principal instrumento para o planejamento 
nacional ou estadual. Os aspectos normativos são também essenciais no 
planejamento setorial, já que permite a integração de planos multisetoriais 
dentro do espectro nacional ou estadual. Este é o nível que será trabalhado 
na construção de cenários do negócio agricola estadual. 
Planejamento estratégico - é essencialmente um processo para integrar 
fins e meios sob o ponto de vista institucional . A estratégia é necessária 
para os níveis de agregação estrutural e institucional. 
Planejamento operacional - preocupa-se com os meios e é aplicado às 
instituições e unidades de ação (programa e projetos). 
No planejamento prospectivo como um todo, é necessário tanto a 
integração vertical como a horizontal. Esse modelo sugere uma integraçAo 
progressiva horizontal, dos meios e fins, através dos tipos de planejamento 
normativo, estratégico e operacional. aos niveis de aplicação tanto 
nacional, setorial , institucional e instrumentos de ação. 
O planejamento estratégico é a integração vertical do planejamento 
normativo e operacional, isto é dos meios e fins. 
O planejamento setorial é a integração vertical do planejamento institucional 
com o planejamento estruturaVnacional. 
15 
O planejamento institucional é a integração vertical da unidade de ação 
(programa/projeto) com o planejamento setorial . 
o planejamento de cima para baixo (descendente) examina as implicações 
dos fins sobre os meios, enquanto ascendente (bottom-up), o planejamento 
é dos meios para os fins. Relacionando esse modelo aos quatro elementos 
do planejamento, verifica-se que alguns correspondem aos objetivos e 
diretrizes, enquanto os meios correspondem às ações. 
o modelo é dirigido por valores que constituem um insumo que cria 
significado e intenção através do relacionamento de contexto, objetivo, 
recursos e ações. O produto do planejamento é o desempenho, que é 
comparado aos objetivos, em termos de eficiência e efetividade. 
4.3 - Dlmensoes da prospecção 
São três as dimensões do futuro relevante para o planejamento: a previsAo 
ou extrapolação, a exploratória e a normativa. 
A dlmen.lo da Prevlslo- trata com questões resultantes de tendências 
históricas. As técnicas empregadas são as econométricas, séries 
temporais, curvas envelopes, analogias históricas, curvas S , curva de 
substituição e prospecções simples. Essas técnicas identificam e descrevem 
tendências históricas que são então projetadas para o futuro. As 
InformaÇ6es que fornecem são quantitativas, sobre coeficientes técni~ 
econOmicos, descritivas, de futuro simples, limitado aos coeficientes 
projetados.A premissa é que o futuro é parecido com o passado, com as 
mesmas forças restritivas e propulsoras atuando com a mesma intensidade. 
O usuirlo da informação é, principalmente, o planejador ou tecnocrata que 
deve ter sensibilidade aos limites e restrições sobre a validade dessas 
previsões. As funções d..... Informaç6es no pl.nej.mento são : 
identificar problemas futuros criados pelas tendências correntes; projetar 
extemalidades (eficiência tecnológica, condições de mercado) e estimar 
impactos futuros. 
A dlmendo exploratórta- trata de situações que são possíveiS no futuro, 
considerando que as tendências atuais podem mudar e outras novas podem 
aparecer como resposta a eventos futuros. Ela apresenta hipóteses que 
admitem que o futuro pode ser diferente. As tKnlca. utilizadas são 
diferentes: cenários alternativos, delphi, análise de relevAncia, matrizes de 
impacto e estruturação. As InformaÇ6es geradas são de natureza 
quantitativa e qualitativa referentes a sistemas, estruturas e integrações que 
16 
representam complexidade. incerteza ou descontinuidade de Muros 
possiveis (altemativos e desejáveis). A premissa é a de que podemos criar 
um futuro desejável. tendencial . otimista elou pessimista. Os usuíno. das 
informações são: a sociedade. tomadores de decisões e 
políticos. As funções no planejamento - são: i) detectar oportunidades e 
ameaças; 11) identificar e avaliar objetivos e estratégias altemativas e 111) 
introduzir e lidar com incerteza no planejamento. 
Os cenários obtidos são de interesse principal das organizações ou 
instituições. preocupadas com a sua própria sobrevivência e prosperidade. 
em ambiente turbulento . 
. A dlmenslo normativa - trata de situações como "onde nós devemos ou 
onde queremos ir". As técnicas são as exploratórias mas com uso 
normativo na medida em que elas são aplicadas em questOes de valor 
social e em relações e negociações de poder. A premlua é a de que 
podemos criar um futuro desejável. ou pelo menos influenciar o Muro 
através do uso do poder a favor de valores desejados. Os usuários 
principais das informações são os processos políticos, tomadores de 
decisões, seus representantes e o govemo. As funçoes no planejamento 
são de estabelecer valores e direções através de politicas e prioridades e 
alocação de recursos adequados. Dada a incerteza do Muro, isto implica 
em questão nas premissas implícitas sobre o futuro. o que permite induzir 
inovação social. 
Essas três dimensões do Muro são uma forma de enriquecimento da base 
de informação na medida que possibilita uma visão sob perspectivas 
múltiplas, a técnico -econômica, a organizacional. e a politica. 
5- Processo de inovação 
- Conceito 
Inovação é o processo pelo qual uma invenção é incorporada pelo usuário. 
- Caracteristlcas 
O processo de inovação possue uma série de características que o 
destingue do processo de operações técnicas. 
- Etapas 
Como todo processo, a Inovaçio é uma seqO'nCIa de atlvlda"" que 
podem ser definidas como: 
17 
· Prospecçio - é uma visão de amplo aspecto do futuro do contexto 
relevante, para o problema de inovação em estudo . 
. Modelagem - é a investigação de problemas complexos. na qual a 
interação dos elementos do sistema e do ambiente extemo pode ser 
analisada em relação a várias condições hipotéticas. 
· Análise técnlco-econOmlca - é uma análise tradicional de 
alternativas para a solução do problema; 
· Tomada de decido - é a definição de políticas, diretrizes, objetivos, 
estratégias, programas e projetos; 
· Açlo - é a execução de programas e projetos. 
· Avallaçlo e controle - é a verificação dos resultados obtidos 
comparado com padrões (objetivos, metas) 
- Nfveis de inovaçio 
Este processo genérico de inovação apresenta diferenças metodológicas 
significativas de acordo com a natureza do problema de planejamento em 
estudo. O melhor determinante desta natureza do problema é o tipo de 
planejamento. Para cada um (normativo, estratégico e operacional), existe 
um enfoque metodológico diferente. 
Para o nlvel normativo ou de politlcas - o processo de inovaçAo é 
essencialmente de caráter normativo, embora não se excluam as questOes 
estratégicas e operacionais. Mas a ênfase é na definição de estados futuros 
(cenários) desejados, isto é, na prospecção. Neste nível , que é o Objetivo do 
trabalho proposto aos Estados, o horizonte de planejamento é de longo 
prazo (10 a 15 anos) e o grau de integração da complexidade é alta. O 
escopo de análise é orientado por valores e para intervenções nas 
estruturas e suas interações com a sociedade. 
Neste nível (depolíticas), as etapas do processo de inovação, tem as 
seguintes características: 
• A modelagem preocupa-se apenas com a análise das íntervenções 
do sistema e dos impactos no contexto relevante sob diferentes regras e 
valores. A análise tecnCHK:OnOmica é mínima, dirigida principalmente para 
pré-viabilidade. 
18 
A tomada de declslo preocupa-se com a seleção de direções, 
opções de políticas e definição de legislações nonnativa e regulat6ria. 
As ações resultantes dessas decisões são a institucionalizaçio ou 
estruturação do sistema de produção e sua adaptação ao contexto, 
alocações de funções e missões das instituições e organizações na 
estrutura e no cumprimento de nonnas . 
. A av.lla~o e controle refere-se ao monitoramento e aferição da 
política, focalizando sobre a efetividade da estrutura e regulamentação do 
sistema em relação ao contexto. 
A tendência histórica e atual , é o Govemo enfatizar o planejamento 
operacional, em detrimento do processo de políticas nonnativas. Esta é sem 
dúvida uma séria disfunção, resultado de pressões de curto prazo eJou falta 
de capacitação, já que ao se preocupar com os meios sem ter certeza dos 
fins (objetivos), ele sacrifica o seu papel de liderança integrativa das 
políticas. 
Referências bibliográficas 
Hicks, G. H. The management of Organizations. Mc Graw Books Company 
1967. 
JOhnson, B. B. Cenários prospectivos para o planejamento 5 pg/1993 
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Marcovitch, J. &. Vasconcelos, E. Técnicas de 
Planejamento Estratégico para Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento. 
Rev. da Administração vol. 12 nO 1 p. 61-78/1977. 
Silva, J. S. Ascensão e declínio das Instituições Públicas e Estratégias para 
a Sustentabilidade Institucional: a Experiência da EMBRAPA 17 p. 1994. 
Brasília - DF. 
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	Construcao cenario_Página_90
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	Construcao cenario_Página_92
	Construcao cenario_Página_93
	Construcao cenario_Página_94tecnológica. Nos Estados, serIo 
utilizados dois cenários para esta finalidade: O tendeaclal e o aormativo . 
• Ceúrios para plaDejameuto estratégico- neste caso, o foco é a identificação de 
possíveis ameaças e oportunidades e, consequcntemente, mais criatividade e 
amplitude na elaboração de estratégias institucionais alternativas. Esta foi a fase 
cumprida pela EMBRAPA (1990) e prevista para ser iniciada nos Estados., em 1995. 
É importante ressaltar que estas duas finalidades apresentam escopo, uivei de 
agregação, horizonte temporal, características e construções diferentes. 
2.4- Avaliaçlo critica da técnica de cenários 
Akuces: 
i) A grande motivação para o uso de cenários, como técnica auxiliar de 
planejamento, é a possibilidade de incorporação dos efeitos de premissas e de 
elementos nio racionalizilveis e intituivos, nos processos de planejamento. 
H) Força os planejadores a agir conscientes de que o futuro nio pode ser conhecido 
com precisão, isto é, o futuro é incerto. Assim os planos resultantes desta técnica 
mostram-se mais flexíveis do que àqueles concebidos a partir de premissas rigidas; 
W) Serve como ferramenta para a absorção de pontos de vista diferentes e encoraja a 
fertilização de idéias; 
Iv) Estimula o desenvolvimento de wn sistema estruturado para monitorar tendências 
e eventos importantes. Isso ajuda a impedir que se enfrentem ameaças inesperadas 
e nJo deixa que oportunidades sejam desped~.das;, 
v) Ajuda a identificar as questões nas quais, decisões importantes terão que ser 
tomadas no presente, visando ao futuro projetado. 
Limltaç6es: 
i) A técnica,embora muito tlexivel, comporta diferentes finalidades com diferentes 
sequências metodológicas. Requer o apoio e orientação de alguém com experiência 
com a técnica; 
D) As infonnações necessárias sio não convencionais, podendo haver dificuldades 
ou constrangimentos na sua obtenção. 
li) A intelpletação e uso dos cenários no planejamento também nJo são 
convencionais, devendo haver orientação para os tomadores de decisão. 
2.5- Aspectos metodológicos 
Existem os mais variados processos de construção de cenários. Este trabalho propõe 
utilizar como base, a vertente metodológica do P. ogrmaa de Estados do FIItant da 
USP, que, apresentado resumidamente, consiste de 3 fases: 
i) Definição do ambiente relevante e identificação dos elementos e fatores 
criticos. 
D) Informações e análise dos fatores e elementos do ambiente, para identificar seu(s) 
estado(s) futuro(s) . 
li) Composição dos cenários propriamente dita. 
As variações metodológicas decorrem das especificidades do problema a resolver e 
das condições logísticas da equipe de elaboração dos cenários. Os cenários serão 
construidos com o auxílio de diferentes técnicas, tais como: Projeções. Brainwriting. 
Nominal Group Technique. elc. 
3. Cenário Tendencial ou Extrapolativo 
3.1. Conceito 
o Cenário tendencial é o provável cenano que poderá ocorrer, mantidas as 
tendências históricas atuais. Na formulação do cenário tendenciaI, são ntili7JIdos os 
métodos de projeção que se baseiam no comportamento passado para projetar o 
desempenho futuro. 
3.2. Objetivos do cenário tendencial do negócio agricola 
-Estabelecer uma base referencial projetada em relação ao negócio agricola. 
-Melhor compreensio sobre o negócio agrlcola 
3.3- Fatores Criticos e Elementos do Cenário Tendencial 
3.3.1- DdIalçio 
Fatora Critkvs 
Fatores criticos são as situações e condições do ambiente que afetaram o passado e 
afetam o presente do negócio agrícola, mas sobre as quais o negócio agrlcola, nio 
exerce controle. São forças causais externas que determinam ou condicionam a 
evolução futura para o negócio agrlcola e que condicionam a missão, e as 
macrofunçôes das cadeias produtivas que afetam o desenvolvimento do Estado. Os 
fatores criticos podem ser ocasionados por: politicas gerais, sejam nacionais, 
regionais e/ou estaduais, tendências tecnológicas, situação fundiária, economia 
estadual, etc. 
Elemeatos 
Elementos são os componentes das cadeias produtivas envolvendo a produção e 
comercialização de insumos, a produção agropecuária, o processamento , 
comerciaIização, a distribuição de produtos até o consumidor final 
3.3.2- ldeatifkaçio 
3.3.2.1 Matriz de IDserçio 
Identificam-se os atores diretamente envolvidos nas cadeias produtivas, bem como 
outros atores associados (setor público, transportes, crédito agrlcola, meio ambiente, 
etc.) 
- 12 -
3.3.2.2 F atores CriticO!! 
Inicialmente, fonnulam-se perguntas gatilho as quais no presente caso seriam: 
Qaais .. cadeias produtivas Importantes para o Estado!. Qaaia OI priDcipall 
fatores critkos q_ afetam positiva ou negativameate o futaro teadelldal desta 
cadelas produtivas do negócio agrícola estadual!. 
Para a identificação dos fatores criticos, utiliza-se a metodologia denominada 
NOMINAL GROUP TECHNIQUE que busca, como resultado final, duas listas 
consolidadas e revisadas de cadeias produtivas e de fatores criticos para o futuro 
tendenciaI do negócio agricola do Estado. O método, tem como diretriz, assegurar a 
participação e contribuição dos membros do grupo envolvido no processo de 
identificação, bem como impedir a censura e evitar que haja predominância das 
idéias dos mais influentes do grupo. E le se caracteriza pela criatividade e 
experiência dos participantes. 
Utiliza-se o Bn.brwritiag como método auxiliar que consiste em coletar idéias 
geradas individualmente, em resposta à pergunta gatilho formulada para o grupo, 
sendo os resultados individuais compartilhados com os outros para estimular a 
geração de idéias adicionais. 
A metodoiolla "Nominal Group Technique" funcloaa, resumidamente, da 
seguinte maneira : 
i) A pergunta gatilho é formulada para os membros do grupo dispostos em círculo e 
são feitos os esclarecimentos necessários sobre a metodologia a ser seguida; 
fi) Aplica-se o método "Brainwriting", pelo qual cada participante escreve 
silenciosamente numa folha de papel durante 5 minutos no máximo, as respostas 
pessoais referentes à pergunta gatilho; 
W) Cada participante passa sua folha de respostas ao participante que está à sua 
direita para ser complementada por idéias adicionais durante mais S minutos. Cada 
participante deve preencher a folha recebida do seu vizinho da esquerda com 
respostas que não foram escritas na sua folha ou na folhas que já passaram pela sua 
mio. O rodízio continua até que os participantes do grupo tenham examinado todas 
as folhas, e não haja idéias adicionais. Aqui se encerra o "Brainwriting" 
Iv) As respostas sio agregadas e organizadas pela coordenaçio dos trabalhos para 
apresentação na forma de listagem, em quadro negro ou em folhas de aIbum seriado. 
Isto feito, passa-se ao esclarecimento de dúvidas quanto ao significado de cada 
resposta, assim como a inclusio das sugestões de novos fatores criticos. 
v) No passo seguinte, os enunciados são refonnulados com base em discussões, 
opiniões, avaliações e críticas dos fatores listados , 
vi) Os melhores fatores são finalmente selecionados e listados. Para isto cada 
membro do grupo deve votar, indicando os fatores críticos da lista revisada. As 
indicações sio somadas e selecionados em tomo de 10 cadeias produtivas e até 15 
fatores críticos, aqueles com maior número de indicações feitas pelo grupo. 
vil) O último passo da metodologia, refere-se à análise para verificar a consistSncia 
do resultado, isto é, se o conjunto de cadeias produtivas e fatores críticos guardam 
coerência causal na dinâmica dos cenários e se ele exprime compatibilidade interna 
do ambiente estudado. 
3.3.3- Indicadores do negócio agrícola DO cenário tendencial 
São informações que descrevem a evolução do negócio agrícola a partir dos fatores 
críticos e dos seus reflexos nas cadeias produtivas. Eles sio lltiliudos na descriçio 
analítica dos fenômenos, tendo especificidade para cada situaçio, nio refletindo, 
necessariamente, verdade absoluta dos fatos em análise. 
- Escolha dOI laclkadoresConsiste em se selecionar, para os diversos segmentos de cada cadeia produtiva ou 
de cada fator crítico, os mais relevantes indicadores quantitativos e qualitativos, para 
posterior coleta de informações e dados secundários, correspondentes ao período 
do horizonte temporal do cenário. Assim se o cenário tiver o horizonte de 10 anos, a 
base de dados deverá ser uma série histórica de no mínimo 10 anos. 
- AúUw e lDterpretaçio dOI indicadores 
Os dados coletados devem sofrer uma critica DO sentido de se verificar, se eles 
refletem o que de fato se quer analisar. A partir dai, é feita uma interpretaçio dos 
mesmos, podendo os dados quantitativos ser complementados com infOI1D8ÇÕCS de 
natureza qualitativa. Pode ocorrer ainda que se tenha que trabalhar com indicadores 
com abordagem somente qualitativa. 
Apresenta-se, nas FIG. 2 e 3, as curvas ajustadas da série histórica até 1992, da área 
e rendimento da cultura de abacaxí do Estado de Espírito Santo. Verifica-se que 
enquanto a área mantem um crescimento continuo, o rendimento chega a um 
máximo no ano 1983 . Neste último caso, constata-se a importância de se obter 
dados de 13 anos e Dio apenas de 1983 em diante. Se isto fosse feito ocasionaria 
grandes distorções. quando projetado. 
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3.3.4- Projeçio de Tendências 
A técnica de projeção baseia-se no comportameanto passado para projetar o 
desempenho futuro e tem como premissa :0 FUTURO SERÁ PARECIDO COM O 
PASSADO. 
Desta maneira, a projeção de tendências consiste em projetar para o futuro, as 
tendências dos indicadores das cadeias produtivas e/ou dos fatores criticos que 
formado o cenário. Como fazer previsões é um dos objetivos da ciência, a previsão 
se ajusta aos fenômenos explicados pela tendência. O ajaste de C1II"VU permite ver 
a evolução dos in.dicadores de forma simples, assim como no longo prazo leva a 
entender as mudanças tecnológicas e as do mercado. 
Deve-se atentar para os limites fisicos e/ou sociais que fazem as curvas se achatar, 
tomando uma forma assintótica, após uma fase de crescimento. Ressalta-se que os 
dados históricos devem ser confiáveis e cobrir um periodo maior que o projetado. 
Devem ser coletados segundo padrões uniformes. Quando a série histórica for 
pequena, bá de se complementar com análise qualitativa. Finalmente a análise deve 
ser integrada, isto é, demonstrar as interrelações entre os indicadores estudados. 
A análise dos dados deve ser feita segundo duas abordagens : 
I) Quadtatlva- utiIlzaado-se métodos quaatltatlvos ou estatistkea de aúHac de 
rqrasIo 
A análise de regressão deve ser realizada a partir de uma série histórica precisamente 
determinada. As curvas utilizadas mais frequentemente são: linear, exponencia1, 
logaritmica e Pearl e Gompertz ( curva S). A escolha das mesmas nio deveri 
obedecer critérios estatisticos estritos e sim basear-se também na experiência e 
sensibilidade do analista. 
H) QuaUtativa- pelo uso de métodos quaHtatlvos 
o método qualitativo complementa, quando for o caso, as projeções quantitativas, 
baseado em estudos realizados ou em consultas a pessoas do ramo e especialistas, de 
tal forma a facilitar a percepção das transformações do ambiente. Pode-se trabalhar 
exclusivamente com indicadores qualitativos, quando se trate por exemplo de 
indicadores de fator critico do sistema político. 
ColldaHe que a an'llse deve ser integral • ou 
métodos quaadtativos e quaUtativos 
3.3.5- Descriçto do Futuro dos Fatores Críticos e das Cadeias Produtivas 
Após a projeção dos indicadores das cadeias e dos fatores criticos, a etapa seguinte é 
a descrição do futuro do fator critico em fimção dos indicadores projetados. Com 
isso, tem-se o início da formação do cenário tendencial a partir das partes que o 
compõem. 
3.3.~ Composiçio do "Quadro Ortogonal" do Cenário Tendencial 
A composição do cenário tendencial será desenvolvida com base numa conformação 
ortogonal que incorpore indicadores, os quais devem expressar a projeção, tanto dos 
fatores criticos através dos seus indicadores, como dos indicadores do núcleo do 
negócio agricola. Na quantificação deverão ser usados percentagens ou outras 
unidades de medidas de acordo com a natureza dos indicadores. 
Mostram-se, • seguir, exemplos de composlçio de ceaárlo teadeadal. 
CODStruldOS em trabalbos de grupo DOS Workshops Replaals. 
QUADRO ORTOGONAL DO CENÁRIO TENDENCIAL 
CADEIA PRODUTIVA DO ABACAXi 
FATORES cRlncos INDICADORES ATUAL 
1994 
1 Sistema Predutiv_ I Área plantada 
Preduçlototal 
Produtividade 
2 Sistema Tributário 
2.1 Impostos Aliquota 
Valor arrecadado 
2.2 Divisa. Valor das exportaç6es 
2.3 Gençlo de Renda Valor da ~roduçlo 
3 Sistema TecJIOlógico 
3.1 Pesquisa Agropec.- Tecnologia disponível 
Tecnologia utilizada 
3.2 EsteDSloRunl--- NoEscrltórios do governo que 
tnbalham com o produto--
-
4 Sistema FinaDceiro No. Escritórios rede privada -
4.1Linbas de Crédito 
ApUcaçlo Custeio/moutante 
- InvestimeDto/montante 
-
5 Sistema Social ApUcaçAo em fertilizantes-
5.1 Nivel de Emprego-- Salarios médios 
- No. empregados temporarlos-
No. emp"lados permanentes-
FUTURO 
2004 
Adaptado do tnbalho de-grapo da Paralba- Worksbop RegIoaal Saivador-Ba 
- 17 -
QUADRO ORTOGONAL 00 CENÁRIO TENDENCIAL 
CADElA PRODUTIVA 00 ARROZ- DE- lJ .. : IKlJ 
FATORES LIU I INDICADORES ATUAL FUTURO 
!9!4 2004 
1 Sistema Produtivo Ãrea plautada 
Produçio total 
Produtivid.de 
1 Sistema FiDaDcelro 
1.1 LiDhas de Cridlto 
Rural Custeio/moutaute tot.L •••••••• 
- C récl. semeutes selec:ioD. •••••• 
C réd. fertillzantes. ••.•••••••••••• 
CrécI. 
2 Sistema Tec:DOlógico ......... 
2.1 Pesquisa Agropec:.- Sistema de cultivo 
- disponíveL ............................. 
Sistema de cultivo utilizado. 
No.Escritórlos/goveruo que 
2.2 Exteusio Rural-- trabalham com arroL ..•...•.•• 
- No. de Escritórios d. rede 
prlvadL ••••..•.....••••.••••••••••••••• 
I . 
3 Sistema Social 
3.1 Migraçio Mignçio ruraJ-urbaua.._ •• 
IN. .. 
4 Slstem. PoUt.PúbUca 
4.1 lDctlltivo à 
agroiudástrla No. maq. beueficiadons. ••••• 
No.m.q beueflemp.cotador. 
Produç. beuefldad. Estado. 
I Tipo grio # 
Adaptado do trabalho de grupo do M.ranhio.Worksbop Fortalaa-Ce -
3.3.7- Redaçio 
A redação do cenário deve ser a mais clara possível a fim de evítar interpretações 
diversas. Deve ainda identificar as ameaças e oportunidades emergentes DO quadro 
ortogonal do cenário. Quanto ao estilo, a redação deve ser analítico-descritiva, de 
fonna corrente. 
Paralelamente, pode ser elaborada uma listagem de frases sintéticas , objetivas e 
sequenCI81S. 
No anexo I apresenta-se um exemplo de redação extraido do trabalho "Estratégias 
Tecnológicas para a Competitivídade: O Caso da lndustria Vinícola Brasileira", 
realizado pela FEAlUSP (1992) em colaboração com o CNPUV-EMBRAPA 
3.3.8- Validaçio 
A validação consiste em submeter o documento produzido ao crivo de pessoas 
conhecedoras da problemática agrícola estadual, no sentido de receber críticas e 
sugestões. 
A vaHdaçio deve ser orientada em três dlmens6es: 
- Consistêac:ia - tem o intuito de analisar se as conclusões, resultados e projeções 
estão de acordo com os dados e análises que compõem o cenário futuro dos fatores 
criticos e as projeções da produção agropecuária. 
- PIa_lbllldade - deverá ser verificado o grau de aceitação das análises procedidas,e a possibilidade de acontecer; 
- Relevinda - verificar se o documento traduz a importância do trabalho para o 
processo de tomada de decisão. 
4.-Cenário Normativo 
4.1-DefiniçAo das Finalidades e Prazo 
4.1.1-Finalldade 
A fmalidade do cenário normativo é especificar o futuro desejado do negócio 
agrícola do Estado. O princípio é a ênfase na compreensão do futuro, que deverá 
nortear a ação do presente. Portanto, o objetivo é formar futuros que possam ser 
mediados pela ação solidária dos atores sociais. 
Nessa etapa, os esforços serão concentrados na elaboração do cenário futuro 
desejado, que o negócio agrícola deverá alcançar. Este cenário, otimista por 
natureza, deverá se traduzir em subsídios aos atores envolvidos, para que se adaptem 
aos novos contextos em que se inserem. 
4.1.2-Pruo ou Horizonte do Cenário Normativo 
No caso do cenário normativo, utiliza-se horizonte entre 100dez) e 15 (quinze) anos. 
Segundo Tsuji (1993:92), um horizonte com menos de 10 anos se torna 
demasiadamente curto, não permitindo distinções bastante claras. Utilizando-se 
horizonte maior do que 15 anos, corre-se o risco de se construir cenários muito 
diferentes do que efetivamente irá acontecer. No trabalho proposto será utilizado o 
horizonte de 10 anos 
4.2- ConstroçAo do Cenário Normativo 
4.2.1- Ideatificaçio do Contexto Externo Relevante 
Essa identificação é feita através do mapeamento das relações inter-organizacionais 
e das interfaces do negócio agrícola com outros setores que compõem a sociedade. 
Nesse mapeamento se procura identificar os principais grupos afetados pelo negócio 
agrícola do Estado. Trata-se, em suma, de relacionar os principais atores sociais que 
impactam o negócio agricola estadual formando uma matriz de contexto. É 
importante enfatizar que esse contexto é fortemente dinâmico, alterando-se com 
grande rapidez. 
A identificação dos grupos de interesse pode ser feita pelo conhecimento dos grupos 
sociais que são afetados ou afetam o negócio agricola estadual. Esses grupos Dio se 
restringem àqueles diretamente vinculados ao negócio agrícola, tais como 
_ 1n _ 
fornecedores de insumos e matérias-primas ou processadores e consumidores, mas 
também, pelos segmentos que indiretamente afetam ou são afetados pela ação ou 
efeitos derivados desse negócio. 
Nesse sentido, um concorrente de uma determinada cadeia deve ser entendido como 
elemento do contexto ou do ambiente externo à cadeia em estudo, assim como as 
agências governamentais, ou privadas e associações de produtores, reguladores do 
negócio agrícola, dentre outros. 
Os diversos mercados e segmentos relevantes para a produção, também constituem­
se em elementos do seu ecossistema. A identificação das cadeias agroindustriais do 
Estado (ítem 4.2.5.1 do presente documento) pode auxiliar na identificação do 
ambiente externo do negócio agrícola estadual. 
Cabe relembrar que alguns dos elementos ou atores do contexto podem estar 
situados fora dos limites do Estado ou, mesmo, do País. É, importante o exercício 
de construção da matriz do contexto externo relevante, mesmo que alguma já tenha 
sido construída para o Estado. Essa necessidade prende-se ao dinamismo do 
ambiente externo, o qual pode mudar com freqüência. 
Um exemplo de matriz de contexto é apresentado nafigura 4. 
4.2.2- Ideatificaçio e Seleçio dos Fatores Criticos ao Futuro do Negócio 
Agricola do Estado 
A metodologia é a mesma preconizada para a elaboração do cenário tendencial. 
Entretanto, deve-se ressaltar que no caso do cenário normativo, os fatores criticas 
considerados, serão aqueles que, afotando as cadeias produtivas, impactarilo 
positivamente o negócio agrícola do Estado. 
4.2.3- Análise dos fatores criticos 
Nesta etapa, são analisados os fatores criticos selecionados, que influenciam 
positivamente as cadeias produtivas do negócio agrícola estadual, segundo o 
seguinte roteiro: 
i) Descrever o comportamento histórico de cada fator critico nos últimos 5 a 10 
anos; 
ü) Caracterizar as principais forças propulsoras e restritivas que atuam ou poderiam 
atuar sobre cada fator critico; 
FIGURA N" 04 
EXEMPLO DE MATRIZ DE IDENTIFICAÇÃO DO CONTEXTO EXTERNO ULEV ANTE 
~EDADEEMGERAL 
........ ' .-...... '.-
.s....uriode~ .Min .... da AI!ri""""" ..., 
.s....urio de Pboo.í-to .MioÍIIro da F.....s. .E..a.. 
.s-.üno .................... .Miaimo dM Mia. o EDc:rgia .-.-
.Scaamo de Ci&oaa da EducaçIo .F_ 
._deF ....... .s-. C-.J .F..&.çaco 
.Socn::tário de .~ _ . ' . açio .Scc:nüio ~ Aamnto. EllratégiCOl .o.ono 
-..- , Ns coletivos de ~1IIçIo .Química 
.InstitWçõcs de Finonciamcnlo de .Orp>s A.....;.tivos .l'eIroqulmica 
CiaDCia e T cçoologia .NIo Governamentais (ONG) liplas 00 .Velculoo 
.Instituições de Fomcnl Meio Amb;en1C 
.Entidade> Repro4senlativu de Coosumidorcs 
iii) Identificar quais são os eventos futuros, que ocorrendo, terão maior impacto 
positivo sobre cada fator critico; 
iv) Identificar o estado futuro desejável de cada fator critico e 
v) Especificar as oportunidades para o negócio agrícola que possibilitam o estado 
futuro desejável. 
Um exemplo de análise de fator critico (agricultura irrigada), do sistema tecnológico 
encontra-se no Anexo 2. 
4.2.4-ldentiflcaçio e Quantiflcaçio do Potencial de Produçlo Apiee" dai 
Princ:ipais Zonas Agroec:ológicas do Estado 
A metodologia proposta para esta etapa. prevê o aproveitamento de trabalhos 
realizados, tanto pela EMBRAPA em nível nacional elou regional, como os 
realizados pelo próprio Estado. 
Esses trabalhos são zoneamentos agroecológicos que têm como objetivo, 
essencialmente, caracterizar e espacializar os diversos ambientes, em função da 
diversidade dos recursos naturais e agro-socioeconômicos, com a finalidade de 
melhor orientar as ações e investimentos no setor agrícola. 
Com base no conhecimento espacial das zonas agroecológicas, deverá ser 
quantificada e qualificada a utilização atual do solo de cada zona, visando ao 
mapeamento da produção agrícola, pecuária. essências nativas e extração vegetal do 
Estado. Para tanto, deve-se recorrer a estatísticas secundárias, ou informações e 
estimativas de técnicos do setor &gricola estadual. 
Em seguida, utiliza-se um processo analitico para caracterizar os sistemas de 
produção agrícola do Estado, por produtos principais,segundo 2 tipos: 
i) Sistema melhorado, ou seja, constituido pelo conjunto de tecnologias disponiveis, 
já geradas e testadas pela pesquisa, e 
ii) Sistema potencial, isto é, constituído pelo conjunto de tecnologias idt'.8lizadas ou 
em fase de pesquisa, portanto ainda não disponiveis. 
A partir dos dados e indices tecnológicos relativos a esses sistemas, será estimada a 
produçio potencial, com base na incorporação de áreas e, na combinação de culturas 
e explorações agrícolas, para cada zona ou regiio agroecológica do Estado. Deve-se 
resaltar que há uma diferenciação decrescente entre a produtividade baseada no 
potencial genético da variedade ou cultivar e daquelas obtidas a nível experimental e 
a nível de produtor. Essas diferenças variam de acordo com os sistemas de produçio 
e as condições edafoclimáticas do ambiente. 
Os passos metodológicos desta etapa e seus respectivos detalhamentos, estão 
sinteticamente descritos a seguir: 
4.2.4.1 -ldeDtificaçio das ZODaS agroecológicas nisteDta DO atado. 
Esta identificação deverá ser feita, sempre que possível, através de estudos de 
zoneamento agroecológico realizados pelo próprio Estado. Na ausência de tais 
estudos, poderão ser utilizados, alternativamente, o Zoneamento Agrícola do 
Nordeste, para os estados nordestinos, e o Delineamento Macro-Agroecológico do 
Brasil, ambos realizados pela EMBRAPA, ou outros estudos regionais, por ventura 
existentes.4.2.4.2 -Identificaçio e quandftcaçio das áreas aptas pan a atividade 
agropecuária, asências Dativas e ntnçi.o vegetal por ZODa acroecológica. 
A identificação da área apta para a agropecuária e silvicultura poderá ser feita 
através da utilização do estudo Aptidão Agrícola das Terras, realizada em 1979 pela 
SUPLAN-MlNlSTÉRIO DA AGRICULTURA para todos os estados do Brasil. A 
quantificação da área apta poderá ser obtida através de planimetria, por meio de 
superposiçio dos mapas de Aptidão Agrícola das Terras e do Zoneamento 
Agroecológico. 
4.2.4.3 -ldeDtificaçio das culturas e criaçGe!i nplondas por ZODa acroecolótlca 
Esta identificação deve ser feita através do levantamento de informações produzidas 
pelo mOE na publicação, Produção Agrícola Municipal, ou de outras fontes 
existentes no Estado. 
4.2.4.4 -ldeDtifkaçio das culturas e criações aptas à zona aCioecolégica 
Para este passo, devem-se levar em consideração dois aspectos: 
i) Culturas e criações já exploradas. 
Proceder à identificação, dentre essas culturas e criações , daquelas que são 
efetivamente aptas à zona em questão. Essa identificação deverá ser feita com o 
auxilio de técnicos e pesquisadores especializados no assunto e que conheçam a 
região; e 
ii) Novas culturas e criações. 
Neste caso, o procedimento de identificação é o seguinte: a partir de trabalhos já 
realizados no Estado e consultas a técnicos e pesquisadores que conheçam o assunto 
e a região em estudo, de preferência os mesmos consultados para as culturas e 
criações já exploradas, listam-se as culturas e criações que se adequem e sejam 
aptas à zona em questão. Com base nesse rol, procuram-se elementos que permitam 
conhecer as possibilidades de mercado para os referidos produtos. Aqueles que 
apresentarem as melhores chances de mercado e maior aplidilo. devemo ser 
escolhidos. 
4.2.4.~aracterizaçio de sistemas de produçio 
Os sistemas de produção das culturas e criações selecionados por zonas 
agroecológica,são caracterizados e descritos, em reuniões técnicas de 
pesquisadores, extensionistas e produtores rurais, principalmente, 
Deve-se, alem desses agentes, envolver nessas reuniões, agências de crédito rural, 
cooperativas, organizações de classe e não govemamentais(ONGs), com o intuito de 
obter a sua participação em termos de opiniões e sugestões. O produto principal 
dessas reuniões deverá ser a caracterização dos sistemas de produção , melhorado e 
potencial. 
4.2.4.6-Estimattva de produçio potencial 
Com base nos rendimentos estimados em cada um dos sistemas anteriormente 
caracterizados e conhecidas as áreas disponívei~recomendadas por cultura e criaçio 
e por zona, faz-se o cálculo da produção potencial agrícola, pecuária, florestal e 
extrativa(potencialidade de aproveitamento) do Estado. 
4.2.5- Análise das Cadeias Agroindustriais 
4.2.5.1-ldentifkaçio das principais cadeias existentes DOS estados 
A identificação de cadeias agroindustriais pode se dar a partir de dois cortes: 
i) Atividades que compreendem a produção agropecuária, "dentro da porteira" 
É a utilização dos fatores de produção, terra, mão-de-obra, tecnologia do sistema de 
produção, agrupados no sub-ítem anterior, para a produção animal c/ou vegetal. Ou 
seja, as cadeias, neste caso, identificadas por produtos agropecuários. Entio parte­
se de um produto específico, por exemplo, o trigo rastreiam-se as IigaçiJes à 
montante e à jusante, objetivando estabelecer as articulações com os diversos 
segmentos da economia com que se relacionam os produtores do produto em 
questão. 
No entanto, é sempre importante se ter em mente a seguinte observação sobre 
cadeias: "A indústria do trigo, ou de qualquer outro produto, existe como wna 
entidade definida, separadamente, somente em um sentido conceitual. Na prática do 
mundo real, todos os participantes de um sistema são engajados em outras 
operações, culturas ou produtos relacionados". (GOLDBERG,I968: 16). A cadeia de 
aves e suínos é um exemplo dentro dessa linha. Envolve a de soja, a de milho e, 
eventualmente a de trigo, cadeias essas que se articulam com a de aves e suínos, na 
condição de fornecedoras de insumos. 
ü) Atividades que se encontram ajusante da agricultura, "após a porteira" 
Envolve a comercialização da produção "in natura", o transporte, o processamento 
c/ou beneficiamento, a distribuição, as vendas de atacado c/ou varejo, a propaganda 
e a publicidade, a exportação, o financiamento para comcrcializaçlo, entre outras. 
Muitas vezes pode-se encontrar em um Estado altamente urbanizado, como o Rio de 
Janeiro por exemplo, esta última parte, a jusante, sem que a produção agricoIa, que 
fornece as matérias-primas para a indústria, se loca1izc no território deste mesmo 
Estado. Um exemplo típico nesse Estado é o das cervejarias ou, ainda, das 
torrefadoras de café. 
Cabe chamar à atenção que em estados que sediam portos importantes e mais 
antigos, via de entrada do trigo importado, podem ser encontrados moinhos de trigo 
ou algumas indústrias alimentícias que utilizem este cercaI como matéria prima. 
Enfim, a atividade comercial pode ser um importante indutor do processo de 
agroindustrialização, em alguns casos, como os citados, mais do que a atividade 
agrícola em si. 
4.2.5.2 -Caracterizaçio das restrições às cadeias agroindustriais 
As restrições são os fatores que podem comprometer, no curto, médio ou longo 
prazo, as atividades que são desenvolvidas no âmbito das cadeias agroindustriais. 
Essas restrições não se apresentam como homogêneas para todas as cadeias, já que 
existem especificidades que diferenciam umas das outras. 
No entanto, muitas dessas restrições podem, e certamente o serão, comuns a diversas 
cadeias, na medida em que se inserem e dizem respeito a condições gerais da 
economia do País ou, especialmente do Estado, dimensão de interesse especifico dos 
cenários que serão elaborados. 
Portanto, o que interessa para fms da elaboração dos cenários, são as restrições que 
dizem respeito à dimensão estadual., que afetam o negócio agrícola do estado, 
mesmo que indiretamente. Por exemplo, um estado que tem no mercado 
internacional uma instância relevante para o escoamento da sua produçio, é afetado 
por restrições no comércio internacional, ou pela formação de blocos econômicos 
regionais. 
Exemplo de tipos de restrições encontra-se no Anexo 3. 
4.2.5.3-Anállse das cadeias 
As cadeias agroindustriais do Estado devem ser analisadas em função das atividades 
que aí se desenvolvem, ainda que não se deva perder de vista, eventuais articulações 
fora dos seus limites geográficos, ou seja, que se desenvolvam em outros Estados da 
Federação ou do próprio País. Dependendo de cada estado e situaçio, pode-se 
utilizar um dos dois cortes sugeridos no sub ítem 4.2.5.1 
Por exemplo, ao se estudar a cadeia da cevada/malte/cerveja, num Estado como o do 
Rio de Janeiro, o centro de interesse ou objeto de análise recai sobre as cervejarias 
ali instaladas. Ainda que se trate de uma questão eminentemente industrial e esse 
Estado não se caracterize como um produtor desse cereal, algumas oportunidades 
para o negócio agrícola estadual podem se apresentar, tal como uma poUtica de 
produção de lúpulo em território fluminense. 
Então deve-se procurar estimar, de um lado, a importância econômica e social da 
atividade de produção de cervejas no Estado e, concomitantemente, alertar para o 
fato de que há uma efetiva possibilidade de ampliar-se a ação dessa cadeia no Rio de 
Janeiro, não a partir de malte e cevada, mas da produção de lúpulo para as 
cervejarias, ou a produção de rações e de animais com os resíduos de cervejarias. 
Um outro tipo de análise pode ser feita, optando-se por um corte Que privilegie 
algum segmento a montante, como o da produção de sementes. Após identificar a 
existência desse segmento no Estado, deve ser levado em consideração e, portanto, 
avaliado, o nivel de articulação e importância da atividade sementeira em relação 
à(s) cadeia(s) na(s) qual(is) se insere (m).Esse nivel de articulação e importância implica em uma análise de cunho fortemente 
qualitativo, onde o conhecimento específico da atividade sementeira, aliado à 
perspectiva de inserção em uma ou mais cadeias, toma imprescindivel o exerc.ício da 
interdisciplinariedade. 
Por fim, mas não menos importante, pode-se utilizar um recorte que centre seu foco 
na produção agrícola em si. Nesses casos, deve-se procurar os tipos e formas de 
articulação que o produtor rural mantém a montante e a jusantc; como se relaciona 
com os diversos atores que compõem a(s) cadeia(s) na(s) qual(is) se insere. Ou seja, 
o corte do tipo (iii), a jusante, relacionado no sub ítem 4.2.5.1 
Como pode ser visto, toda a proposta de análise leva em consideração a articulação e 
interação dos diversos atores sociais dentro da cadeia agroindustrial . A articulação e 
as interações resultam em comportamentos e expectativas. (SHOTTER 1981). Nesse 
sentido, está sendo considerada a existência de ... "diferentes formas de organizaçio 
institucional ... " (F ARINA & ZYLBERSZT AJN, 1991). 
Essas formas de organização institucional podem repousar em relações ou transações 
de compra e venda impessoais via preços. 
Podem, ainda, assumir a forma de integração vertical ou via hierárquica, no qual 
toda, ou parte da produção agropecuária, é da própria agroindústria processadora / 
beneficiadora, como por exemplo nas cadeias da laranja e da cana-de-açÚC8r. Esse 
fenômeno vincula-se a certas exigências em termos de quantidades mínimas a serem 
entregues pelas agroindustrias, estipuladas em contrato. Para garantir esses 
contratos, recorrem-se à produção própria. Neste caso, é importante se procurar 
conhecer o grau de coordenação existente na cadeia. 
Finalmente, deve-se constatar se existem transações ou relações via contrato, 
formais ou informais, como no no caso da cadeia do leite ou da cadeia da soja para 
esmagamento ou, ainda da própria laranja e cana. 
No entanto, qualquer que seja a forma ou conjunto de formas de organização, 
sempre estará presente um processo coordenador dentro da(s) cadeia(s). Toma-se da 
maior relevância, identificar, descrever e tentar entender a lógica, tanto do processo 
de coordenação, quanto dos atores que assumem a liderança dessa coordenação. 
Esse grau de coordenação pode levar à redução dos custos de transação. A 
coordenação pode-se dar através de relações contratuais formais ou tácitos."A 
função dos COIItratos contudo, é minimizar custos de transação ... A integração 
especificidades dos ativos produtivos, e elevada frequência de transações. Caso 
contrario o mercado é a instituição mais eficiente. A escolha entre comprar e fazer, 
dependerá dos custos de produção (escala e escopo) e dos custos de transação. Se os 
custos de transação, via mercado, superarem os custos do controle através da 
hierarquia, as atividades serio incorporadas pela firma. Caso contrario, o mercado 
será utilizado".( F ARINA & ZYLBERST AJN, 1991 : 18). Alguns exemplos práticos 
podem ser apontados: produção de bens de capital para a agroindustria açucareira; o 
transporte frigorificado de frutas, carnes ( suína, bovina e de aves ) e laticínios; 
produção de tomate ( industrialização X consumo "in natura") ou laranja ( 
industriaIização X mesa ). 
Deve-se agregar ainda o enfoque de rede de atores, o qual pode ser de grande valia 
no desenho de um cenário normativo, especialmente por possibilitar a ... "fusão do 
[nível) micro e macro, identificar pontos de entrada nas redes [ou cadeias) e, ainda, 
pontos para o desenvolvimento de ação política." (BUSH & JUSKA, 1994: 9). Tem­
se um exemplo de cadeia do produto café, na figura 5, resultado do grupo de 
trabalho-Espírito Santo no WORKSHOP Regional de Vitória. 
4.2.5.4-Estimativa do valor adicionado em cada etapa ou segmeDto da eadeia 
o primeiro passo é identificar as diversas etapas ou segmentos em que se dividem as 
cadeias. Para tanto, o processo de identificação das próprias cadeias proposto no sub 
item 4.2.5.1, torna-se de grande valia. Consultas a especialistas de cada área 
específica, sejam da pesquisa, sejam da extensão, são importantes, jã que podem 
agregar o conhecimento especifico que eles detêm para cada produto. O ideal é que 
se parta do corte proposto para cada produto como o apresentado na cadeia do 
café(FlG 5). 
No caso da cadeia de suinos. por exemplo, deve-se considerar a criação de porcos 
como o primeiro passo. Em seguida deve-se procurar estabelecer as ligações "para 
trás" (montante) e "para frente" (jusante). 
Essas ligações devem se caracterizar como etapas do processo produtivo. No caso 
citado da cadeia de sWnos, pode-se considerar, a grosso modo, 5 (cinco) etapas: 
i) produção de cereais; 
ii) produção de rações (inclui os cereais beneficiados/processados e complementos 
industriais); 
iii) criação de porcos e/ou sua engorda para venda para abate; 
iv) industrialização da carne de porco; e 
v) comercialização. 
Cada uma dessas etapas produz e agrega valores.O conhecimento empírico é de 
particular importância na estimativa desses valores, já que nem sempre as 
informações relativas podem estar disponíveis. 
De qualquer forma, a experiência de pesquisadores da área de Planejamento 
Estratégico da Faculdade de Administração da USP, mostra que essas estimativas, 
quando feitas com critério por técnicos que dominam a área, tendem a se aproximar 
bastante da realidade e são consideradas um importante referencial de análise. Um 
exemplo numérico das etapas descritas para a cadeia de suínos é apresentado a 
segwr: 
EXEMPLO DE ESTIMATIVA DE VALOR AGREGADO PARA CADEIAS 
AGROALIMENTARES: Caso de suínos para produção animal com 100 Kg para 
abate 
VALORES VALORES 
ETAPAS US$ US$ 
VENDA AGREGAOO 
I.PROOUÇAO DE CEREAIS 3 9.00 -
350 kg x $ 0. 12 de cereais 
2 . RA~S 63,00 24,00 
350 h x $ O. 18 / k~ 
J . PORCO 11 0,00 47,00 
100 kg = 6,6 arrobas 
$ 1666 I arroba 
4 . PROCESSAMENTO INDUSTRIAL 400.00 290,00 
60 k2 de carnes e embutidos 
5. COMERCIALIZAÇAO 780.00 380,00 
I preço médio de $ 13 00 I kg x 60kg 
4.2.6-AvaliaçAo dos Impactos da ProduçAo Agrfcola Potencial e das 
Cadeias Produtivas, Segundo Estratégias Alternativas de 
Desenvolvimento do Negócio Agrfcola. 
4.2.6.1-Ideatiftcaçio dos grupos de interesse e de suas prioridades 
Os grupos sociais se articulam, pelo menos em parte, em tomo de alguns objetivos, 
sejam de ordem econômica, social, religiosa, política, étnica, ambiental, religiosa ou 
outros. Para fins de elaboração dos cenários, os grupos de interesse a serem 
identificados são aqueles capazes de influenciar a estrutura polftico-burocrática no 
sentido de manutenção, ampliação ou acesso a beneficios que possam ser emanados 
ou intermediados por essa estrutura em termos do negócio agricola estadual. 
Utilizando-se da proposta de MONTEIRO(I984), pode-se iniciar a identificação 
desses grupos de interesse a partir da estrutura s6cio-econômica encontrada no 
Estado e nas regiões agroecológicas delineadas do ítem anterior. 
Após identificá-los toma-se necessário caracterizar suas prioridades em termos da 
ação política intrínseca ao cenário normativo (desejável) para o Estado, ou seja, se 
esse cenário implica em algum ganho, perda ou não, para esses grupos. Isto só será 
possível conhecer, a partir das estimativas de impacto que serio reveladas no sub 
ítem 4.2.6.2 a seguir. MONTEIRO (1984) , faz uma proposta de identificaçio de 
grupos de interesse para a Pesquisa Agrícola, a qual pode servir como uma primeira 
aproximação, devendo sofrer as adaptações de contexto.(ANEXO 4). 
4.2.6.2-Estimativa dos Impactos da Produçio Potencial dos Priaclpais Pnd ..... 
Seguado as Estratégias Tecaológicas Alteruativas. 
Esse ítem é de particular importância, por colocar à disposição da sociedade como 
um todo, ou de grupos específicos, os possíveis efeitos e impactos que poderão advir 
de políticas e diretrizes a serem seguidas a partir de certas decisões tomadas. Ou 
seja, como as diversas estratégias de desenvolvimento donegócio agricola 
impactarão a sociedade e os diversos grupos que a compõem. 
A avaliação dos impactos será feita a partir da estratégia de desenvolvimento do 
negócio agricola ou seja o conjunto de estratégias traçadas para as cadeias 
produtivas, no cenário normativo com o objetivo de solucionar problemas ou 
gargalos na esfera da produção, ou de propor alternativas de ocupação das diversas 
zonas agroecológicas identificadas para o Estado. 
- 32 -
Esta avaliação dos impactos deve ser desenvolvida para aqueles sistemas de 
produção da cadeia produtiva, que pela análise de viabilidade e das restrições (itens 
4.2.5.2 e 4.2.5.3), podem ser implantadas ou ampliadas no Estado. Entretanto, a 
tabulação dos impactos quantitativos (renda ,emprego e ambientais) deve ser por 
sistema de produção. A apreciação dos impactos normalizados com o peso dos 
valores deve ser por cadeia, resultando na ordenação destas cadeias, com base no 
saldo totaI, do melhor para o pior. 
A escolha de uma estratégia ou conjunto de estratégias requer uma análise 
comparativa dos impactos entre as "árias alternatNas de produção (para a 
ampliação da oferta de produtos agropecuários, essências nativas e extração vegetal) 
pertinentes a cada zona agroecológica, levando-se em conta as restrições que se 
apresentarem, sejam da área econômica, social. ambiental ou política Para cada 
uma dessas áreas (econômica, social, ambientaI e política) são selecionados 
indicadores (quantitativos e/ou qualitativos). 
Os indicadores quantitativos permitem o estabelecimento de valores numéricos, de 
caracterização um pouco mais objetiva, especialmente para a comparação das 
estratégias alternativas. No entanto, nem sempre é possível obter-se esses 
indicadores numéricos. A saída que se propõe neste caso, é a atribuição de notas em 
função de indicadores qualitativos. Ou seja, essas notas são atribuídas a partir de um 
arrazoado que as justifiquem. As notas atribuídas se configuram em impactos 
positivos ou negativos de cada estratégia ou conjunto de estratégias para cada uma 
das áreas, assim como para o conjunto (todas as áreas). Nesse sentido ,os 
indicadores possibilitam uma comparação mais efetiva entre as estratégias. 
Para a escolha das estratégias mais indicadas é necessário um sistema de valores, 
permitindo o estabelecimento de critérios que atue no sentido de dar maior ou menor 
peso a determinada área a ser analisada. Ou seja, esse sistema de valores configura a 
importância de cada estratégia em relação ao todo. 
Essas estratégias são analisadas segundo os enfoques a serem considerados em 
função da especificidade e ênfase que cada Estado pretenda dar em termos 
econômicos ou sociais. 
Como exemplo de ponderação das áreas de impacto, segundo os sistemas de valores 
e por enfoque, pode-se utilizar o quadro a seguir, adaptado do estudo sobre 
"Previsão e Análise Tecnológica do PROÁLCOOL: 1980-2000", elaborado pelo 
IA/USP, PLANALÇUCAR e Instituto Mauá (1982). 
---------------_._-- ----------------
ÁREA DE IMPACTO SISTEMA DE VALORES 
ENFOQUE ECONÔMICO ENFOQUE SOCIA L 
ECOLóGICA 
SOCIAL 
ECONÔMICA 
Enfoques de Análise de Impacto: 
20"10 
35% 
45% 
100% 
a) -Impacto privilegiando a área econômica 
30"10 
50% 
20"10 
100% 
Os impactos nessa área são considerados, (com maior ênfase), em termos de 
eficiência econômica, levando-se em consideração indicadores tais como: custo de 
produção, produtividade, necessidade, custo e retomo dos investimentos requeridos 
para viabilizar uma estratégia ou conjunto de estratégias, entre outros. Com menor 
peso, mas não nulo, os fatores ambientais e sociais também são considerados. 
A base sobre a qual se assenta cada estratégia de produção agrícola se remete à 
estrutura de produção, ou aos sistemas de produção necessários (e possíveis) para a 
viabilização dessa estratégia. Então, a partir da identificação das opções de 
exploração agropecuária e florestal (produtos e criações) em termos de potencial de 
produção das principais zonas agroecológicas de cada Estado, conforme abordado 
no ítem 4.2.4, devem-se estabelecer propostas de sistemas de produção para cada 
uma das culturas e criações. Esses sistemas de produção podem ser obtidos junto às 
EMA TERs, assim como nas Instituições de Pesquisa, sejam as do próprio estado, da 
EMBRAP A, ou de outros Estados que trabalhem com os produtos e criações em 
questão, sempre uti1izando o método de reuniões técnicas conforme item 4.2.4.5 
Os sistemas de produção devem ser hierarquizados segundo o grau de exigências de 
manejo (alto, médio e baixo) e os tipos de produtores que serão mobilizados e que 
caracterizam a estratégia ou o conjunto de estratégias. Essas exigências, que se 
traduzem em termos de insumos a serem utilizados, área a ser cultivada, 
investimentos a serem feitos, infra-estrutura requerida, entre outras, devem ser 
valoradas através de um sistema de notas, como já referido anteriormente, assim 
como através dos retornos, em termos de produção a ser alcançada e do lucro. 
Os sistemas de produção melhorados devem ser comparados entre as estratégias ou 
conjunto de estratégias de uso corrente (tecnologia disponível) sugeridas para cada 
zona agroecológica e os potenciais (em estudo nas Instituições de Pesquisa, mas com 
perspectivas efetivas de utilização). 
A título de exemplo, para cada estratégia ou conjunto de estratégias, são atribuidos 
valores que podem variar de +5 até -5 . O intervalo de variação das notas (+5 a -5) 
deve ser segmentado em duas partes, wna para valores abaixo de zero, e outra para 
valores que se situem acima de zero. Os indicadores devem ser listados em termos 
de sua influência positiva ou negativa na estratégia ou conjunto de estratégias a 
serem adotadas. Evidentemente, os indicadores que mais influenciam, positiva, ou 
negativamente, devem estar nos extremos de cada escala, enquanto os outros devem 
estar posicionados em função desses extremos, ou seja, das diferenças relativas e 
significativas, frente aos extremos. 
É importante ressaltar que os indicadores a serem utilizados deverio ser 
selecionados pelas equipes das instituições de cada Estado, visando a uma maior 
adequabilidade às condições objetivas deste elou da zona agroecológi.ca. Por 
exemplo um determinado sistema de produção que exija manejo intensivo pode ter, 
como ponto positivo máximo, uma produção de qualidade alta e grande quantidade. 
Por outro lado, esse mesmo sistema pode implicar em um requerimento de capital 
muito elevado, o que seria ponto negativo em situação de crédito caro e escasso. Um 
exemplo de avaliação de impacto econômico pode ser visto no trabalho: "Previsão e 
Análise Técnica do PROALCOOL". 
b)- Impacto privilegiando a área social 
Tal como para o impacto com enfoque econômico, visto no sub-item anterior, devem 
ser escolhidos indicadores sociais, como, por exemplo, geração de empregos, 
número de produtores a serem alcançados, nível de remuneração dos empregos 
gerados, sazonalidade da absorção da mio de obra, qualidade dos empregos gerados 
(nível de insalubridade das tarefas), em função de cada estratégia ou conjunto de 
estratégias delineadas. Essas estratégias ou conjunto de estratégias, nunca é demais 
ressaltar, serão sempre as mesmas e se referem aos sistemas de produção e níveis ou 
intensidade de manejo proposto. 
Utiliza-se uma escala variando de +5 a -5, segmentapdo-a em valores positivos e 
negativos. Uma alternativa de manejo que implique em uso intensivo e não sazonal 
de mão de obra, isto é, que empregue um maior número de trabalhadores lUlJis 
durante todo o ano, assim como propicie melhores salários do .que a média paga na 
zona agroecológica, terá a nota máxi,ma. Nesse caso, os indicadores ,~Iizados fOJl.9l 
números de empregos criados, sazo,nalidade na utili~ de mio de obra e o nJvel 
de salários pagos. ' ( 
- 1S -
Outros indicadores, que não os citados, podem ser utilizados, sempre em função das 
características dos estados, zonas agroecológicas e maior ou menor ênfasena 
questão econômica ou social. Para cada indicador, são estabelecidos valores para 
comparação, tal como no sub ítem anterior, que trata de impacto com enfoque 
econômico. A avaliação do PROÁLCOOL, citado anteríormente, também contém 
um exemplo de estimativa de impacto com enfoque social. 
c) - Impacto privilegiando a área ambiental 
As mesmas estratégias são analisadas em termos do impacto que provocam no meio 
ambiente. As estratégias são analisadas, agora, sob outro prisma. A estratégia que 
privilegie manejo de culturas perenes, com mais baixa exigênci.a de utilização de 
agrotóxicos, práticas de conservação de solos, intercaladas com leguminosas que 
facilitem a fixação de nitrogênio no solo, deverá receber nota máxima na escala de 
+5 a -5. Isto porque, a erosão de solos, com a conseqüente perda, será bem menor do 
que uma outra estratégia que dê ênfase à monocultura mecanizada, que implique em 
movimentação de terras, leve à utilização de doses intensas de agrotóxicos e exija a 
correção de solos. E, consequentemente, leve a uma maior erosão e perda de solos. 
No caso anterior, o indicador utilizado para estimar o impacto ambiental foi a erosão 
e perda de solos. Podem-se acrescentar outros indicadores, ainda aproveitando o 
exemplo anterior. A estratégia que pressupõe uma maior exigência de agrotóxicos 
leva também a urna maior possibilidade de poluição de rios, lagos ou lençóis 
freáticos. Nesse caso, o indicador utilizado são os resíduos de agrotóxicos. 
No caso de agroindústrias de processamento e/ou beneficiamento, um importante 
indicador são os efluentes dessas agroindústrias. Estratégias que permitam a 
implantação de unidades com nível mais baixo de toxidade de efluentes, deverlo 
receber as melhores notas. No trabalho do PROÁLCOOL pode ser encontrado um 
exemplo de estimação de impacto ambiental . 
Apresentam-se a segurr 2 exemplos, resultados dos trabalhos de grupo nos 
WORKSHOPs Regionais: 
Exemplo no. 1 ENFOQUE SOCIAL 
Estratégias: 1- cultura de algodão 
2- cultura de milho 
Distribuição dos valores entre as áreas de impacto: 
Econômico-30'%, Ecológico-20"1o e Social-50"1o 
Planilha de cálculos - Sistema de valores 
INDICADORES Estraté-gia Estraté-
1 gia I 
Peso --------- -
Valor 
Valor Nota Pondero 
SOCIAlS 50 
.geração de empregos 15 +4 ~ 
.no. de produtores 5 +4 +20 
.nível de remuneração 15 + 1 + 15 
.sazonalidade de emprego 10 -I -10 
.qualidade de emprego 5 -3 -15 
AMBIENTAIS 20 
.conservação de solos lO +2 +20 
.poluição do ambiente lO -3 -30 
ECONOM1COS 30 
.arrecadação do Estado-ICM 2 +3 +6 
.distribuição temporal do ICM 2 + 1 +2 
.distribuição espacial do ICM 2 +2 +4 
.geração de divisas 4 +2 +8 
.geração de rendas 20 +2 +40 
TOTAIS --- + 120 
Estraté- Estraté-
gia 2 gia 2 
Valor 
Nota Pondero 
-1 -15 
+2 + 10 
+3 +45 
-I -10 
-1 -5 
+2 +20 
-I -10 
+3 +6 
+ 1 +2 
+2 +4 
+3 +8 
+2 +40 
-- +95 
F~e:Trabalho gropo-Mato G. do Sul. WORKSHOP RegIonal !1olinia-GO 
Adaptação: SSElEMBRAPA 
Exemplo no. 2 ENFOQUE ECONÔMICO 
Estratégias: 1- cultura de algodão 
2- cultura de milho 
Distribuição dos valores entre as áreas de impacto: 
Econômico -50"/0. Social-30"1o e ecológico ou ambientaI-20"1o 
Planilha de cálculos-Sistemas de valores 
Estraté- Estraté-gia 
INDICADORES gia I I 
Peso 
--*-*-_ ........ - --------
Valor Nota Valor 
Pondero 
SOCIAIS 30 
.geração de empregos 09 +4 +36 
.no. produtores 03 +4 +12 
.nível de remuneração 09 +1 +09 
.sazonalidade de emprego 06 -I -06 
.qualidade empregos ger. 03 -3 -09 
ECOLOGICOS 20 
.conservação de solos 10 +2 +20 
.poluição do ambiente 10 -3 -30 
ECONOMICOS 50 
.arrecadação do Estado-ICM 03 +3 +09 
.distribuição temporal-ICM 03 + 1 +03 
.distribuição espacial-ICM 03 +2 +06 
.geração de divisas 06 +2 +12 
.geração de rendas 35 +2 +70 
TOTAIS + 132 
Estraté- Estraté-
gia 2 gia 2 
------- -----
Nota Valor 
Pondero 
-I -09 
+2 +06 
+3 +27 
-I -06 
-I -06 
+2 ~ 20 
-I -10 
+3 +09 
+1 +01 
+2 +06 
+3 +18 
+2 +70 
+126 
Fonte :Trabalho de grupo Mato G.do Sul-WORKSHOP Regional-Goiânia GO 
Adaptação: SSE/ EMBRAPA 
_ .,0 _ 
d) - Impactos políticos 
Esta parte do estudo de impactos se preocupa, basicamente, com os reflexos que as 
diversas estratégias ou conjunto de estratégias poderão ter na estrutura de poder 
político do estado ou zona agroecológica. 
Nesse sentido, deve-se procurar identificar quais os grupos de interesse afetados e de 
que forma esses são afetados; saber que grupos ganham ou perdem poder, ou, ainda, 
que podem emergir como capazes de influenciar a estrutura de poder político. 
Significa que é necessário, para a concretização desse estudo, um grande 
conhecimento das estruturas de poder local, assim como um bom estudo dos 
impactos anteriormente mencionados (econômico, social e ambientaI). Nesse caso, o 
indicador relevante é a capacidade de influir politicamente na estrutura de poder 
estadual e em cada zona agroecológica. Utiliza-se da mesma sistemática de valores e 
de pesos relativos, para determinar a direção e importância dos impactos. 
4.2.7- Composição do Cenário Nonnativo 
A base de trabalho é a região agroecológica e a composição da sua produção 
agropecuária. A configuração desse cenário envolve fundamentalmente, os seguintes 
passos: 
i) Ordenamento das estratégias de desenvolvimento das cadeias produtivas com base 
nas notas e pesos da primeira estratégia do quadro de impactos, por exemplo o 
·SOClAL, cujos impactos em valores ponderados, foram avaliados da mais desejável 
à menos desejável para a região; 
ü) análise das restrições à extensão ou amplitude da produção agrícola das cadeias 
produtivas ou combinações de culturas / explorações 
iü) utilização das terras e da mão-de-obra disponível na região, até o limite dos 
recursos disponíveis. Caso ainda sobre recurso (terralmão-de-obra), utilizar o 
produto da segunda cadeia produtiva na ordem de importância, e assim por diante, 
até esgotar a área agrícola disponível da região agroecológica; 
iv) repetir o exercício, utilizando o segundo sistema de peso, por exemplo o 
ECONÔMICO, comparando os resultados pela análise de sensibilidade aos critérios 
e, 
v) escolher um dos resultados ou fazer uma comparação das estratégias de 
desenvolvimento. 
Este exercício, deve ser desenvolvido para as demais regiões agroecológicas.Deve-se 
analisar, a nível estadual ou meso-regional, a pre-viabilidade tecno-econômica de 
outros "elos", à montante e à jusante, da cadeia produtiva. Somar os impactos 
econômicos, sociais, ecológicos e políticos do perfil global do potencial das cadeias 
produtivas, das zonas agroecológicas (produção agropecuária) e estadual ( 
industriais). 
Resumidamente. o processo de composição do cenário normativo envolve os 
seguintes passos .' 
i) Ordenamento das cadeias produtivas da de melhor impacto para a de pior impacto, 
com base nas notas normalizadas e valores. 
ii) A otimização do uso do solo por zona agro-ecológica, dedicando áreas 
disponíveis aos sistemas produtivos agrícolas das cadeias, até os limites indicados. 
iü) Complementando a produção agrícola com as atividades da cadeia a montante e a 
jusante da produção agrícola, ao nível do Estado. 
iv) Somando-se os impactos por segmento da cadeia, por produto, pela área, para o 
Estado, com os indicadores de produção, valor, renda, emprego, e outros, descreve­
se a situação projetada do negócio agrícola no estado, nas condições otimindas que 
compõem o cenário normativo. 
5-Análise Comparativa entre o Tendencial e Normativo 
Esta etapa, compreende a comparação entre os cenários tendencial e o normativo e, 
tem como finalidade, salientar as diferenças entre um e outro de forma a se alcançar 
os seguintes objetivos básicos, bem como evidenciar o normativo como base para 
estabelecer poHticas públicas, assim como prioridades para o sistema tecnológico: 
5.1- Objetivo I 
Enfatizar a importância potencial do negócio agrícola na sociedade estadual. Pontos 
de análise: impactos diferenciais dos cenários tendencial e normativo.

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