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DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO Profª Drª Adriana Aparecida Delloiagono de Paula DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO • O sistema digestório começa pela boca, passando pela Faringe, Esôfago, Estômago, Intestinos Delgado e Grosso e por fim, o reto. • Conta com diversos anexos como: glândulas salivares, pâncreas, fígado, vesícula biliar, dentes e língua – coadjuvantes nos processos de ingestão, processamento, extração de nutrientes ou eliminação de dejetos. • O caminho que o alimento percorre pelo corpo até sua eliminação é longo: para atravessar a extensão de cerca de 9 metros de aparelho digestivo leva de 18 a 30 horas, sendo 6 delas apenas no estômago. • A importância desse sistema é vital para o organismo, pois sem a absorção correta dos nutrientes, a saúde fica seriamente comprometida. DOENÇAS DO SISTEMA DIGESTÓRIO • Doenças mais frequentes: • Gastrite • Úlcera • Diarreia/GECA • Constipação GASTRITE GASTRITE • É uma inflamação da mucosa gástrica ou do estômago - um problema gastrintestinal (GI) comum. • Afeta mulheres e homens igualmente sendo mais comum em adultos mais idosos. • Pode ser aguda, com duração de algumas horas a alguns dias, ou crônica, resultante da exposição repetida a agentes irritantes, ou em episódios recidivantes de gastrite aguda. • A gastrite também pode ser classificada como erosiva ou não erosiva, com base nas manifestações patológicas presentes na parede do estômago. GASTRITE • A gastrite não erosiva (aguda e crônica) é causada com mais frequência pela infecção por Helicobacter pylori (H. pylori). • A gastrite erosiva (aguda e crônica) é mais comumente causada pela utilização prolongada de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) (p. ex., ibuprofeno; consumo abusivo de bebidas alcoólicas e exposição recente à radioterapia também estão implicados. • Um tipo mais grave de gastrite aguda é causado pela ingestão de ácidos ou álcalis fortes, que podem causar gangrena ou perfuração da mucosa. • Pode ocorrer a formação de cicatrizes, que resulta em estenose (estreitamento ou aperto) ou obstrução pilórica. A gastrite aguda também pode-se desenvolver em doenças agudas, especialmente quando o cliente sofre lesões traumáticas importantes; queimaduras; infecção grave; insuficiência hepática, renal ou respiratória; ou cirurgia de grande porte. • A gastrite crônica causada pela infecção por H. pylori está implicada no desenvolvimento de úlceras pépticas, câncer gástrico e linfoma de tecidos linfoides associados à mucosa gástrica. GASTRITE • Fisiopatologia: • Na gastrite, a mucosa gástrica torna-se edemaciada e hiperêmica (congestionada com líquidos e sangue) e é submetida à erosão superficial. Ela secreta uma quantidade escassa de suco gástrico, que contém muito pouco ácido, porém muito muco. A ulceração superficial pode ocorrer como resultado de doença erosiva e pode provocar hemorragia. • H. pylori • H. pylori é uma bactéria espiralada e gram negativa, que possui boa adaptação ao ambiente gástrico, colonizando o muco de revestimento do estômago. Ela é considerada um carcinógeno do tipo I. • As enzimas produzidas pela bactéria causam, ao mesmo tempo, a irritação das células do estômago e o enfraquecimento da mucosa que protege sua parede contra a acidez. Sem proteção, tem início um processo inflamatório que vai “corroendo” o órgão. GASTRITE • Manifestações clínicas: • Gastrite Aguda: • Rápido início dos sintomas, tais como desconforto abdominal, cefaleia, náusea, anorexia, vômito e soluços, que podem permanecer de algumas horas a alguns dias. • A gastrite erosiva pode causar sangramento, que pode-se manifestar como sangue no vômito (hematêmese) ou como fezes com sangue (melena). • Gastrite Crônica: • Quadro de anorexia, queimação após a alimentação, um gosto ácido na boca, ou náusea e vômito. Alguns podem apresentar apenas desconforto epigástrico leve, ou relatar intolerância a alimentos condimentados ou gordurosos, ou dor discreta que é aliviada com a alimentação. • Pessoas com gastrite crônica podem não ser capazes de absorver vitamina B12 em virtude da diminuição da produção de fator intrínseco pelas células parietais do estômago, que pode levar à anemia perniciosa. • E alguns clientes com gastrite crônica podem não apresentam sintomas. Gastrite Aguda Os pontos vermelhos pequenos e dispersos são áreas inflamadas do revestimento gástrico provocadas pela infecção por Helicobacter pylori. Gastrite Crônica As manchas vermelhas e rosa mais escuro representam áreas de inflamação profunda e crônica do revestimento gástrico. GASTRITE • A gastrite, às vezes, é associada a acloridria (ausência de ácido clorídrico [HCl]), hipocloridria (níveis baixos de HCl) ou hipercloridria (níveis altos de HCl). • O diagnóstico é determinado por endoscopia e exame histológico de uma amostra tecidual obtida por meio de biopsia GASTRITE • Terapêutica: • A mucosa gástrica é capaz de se reparar após um episódio de gastrite aguda, sendo que o indivíduo se recupera em aproximadamente um dia, embora o apetite possa continuar diminuído por mais 2 ou 3 dias. • A gastrite aguda também é tratada por meio das orientações para que o indivíduo se abstenha de bebidas alcoólicas e alimentos irritantes até que os sintomas cessem. Se os sintomas persistirem, pode ser necessária a administração de soluções intravenosas (IV). • A gastrite crônica é tratada por meio da modificação da dieta, da promoção do repouso, da redução do estresse, da recomendação para evitar bebidas alcoólicas e antiinflamatórios não esteroides (AINEs) (p. ex., ibuprofeno), e com uso de medicamentos, como antiácidos, antagonistas dos receptores de histamina2 (bloqueadores de H2) (p. ex., famotidina, ranitidina, inibidores de bombas de prótons (p. ex., omeprazol, lansoprazol) e soluções IV. • H. pylori pode ser tratado com combinações medicamentosas (antibióticos) GASTRITE • Alimentos que pioram a gastrite: • Cafeína: ela não está presente apenas no café, mas também em refrigerantes a base de cola e alguns tipos de chá, como o mate e o preto. O problema da cafeína é que ela irrita muito o estômago e facilita o refluxo gástrico. • Álcool: bebidas alcoólicas são muito agressivas para a mucosa do estômago. • Fritura e embutidos: embutidos contêm uma grande quantidade de corantes e conservantes, enquanto as frituras possuem uma quantidade muito elevada de gordura, o que pode piorar a inflamação no estômago. • Frutas cítricas: frutas como limão, laranja, tangerina e até o tomate, em geral, aumentam o teor de acidez do estômago. • Chicletes: o problema do chiclete é que o estômago se prepara para receber o alimento preparando uma certa quantidade de ácido para a digestão. Mas, se esse alimento não chega, o ácido pode ferir o estômago. GASTRITE • Ações da Enfermagem: • Redução da ansiedade • Promoção da nutrição ideal • Promoção do equilíbrio hídrico • Alívio da dor ÚLCERA PÉPTICA ÚLCERA PÉPTICA • A úlcera péptica pode ser denominada úlcera gástrica, duodenal ou esofágica, dependendo da sua localização. • A úlcera péptica é uma escavação que se forma na parede mucosa do estômago, no piloro (a abertura entre o estômago e o duodeno), no duodeno (a primeira parte do intestino delgado) ou no esôfago. • A causa é uma erosão de uma área circunscrita de mucosa. Esta erosão pode ser profunda e se estender até as camadas musculares ou seguir pelo músculo até o peritônio (membrana delgada que reveste o interior da parede do abdome). ÚLCERA PÉPTICA • São de ocorrência mais provável no duodeno do que no estômago. • Como regra, elas ocorrem isoladamente, mas podem ocorrer de forma múltipla. • As úlceras gástricas crônicas tendem a ocorrer na curvatura menor do estômago, próximo do piloro. • As úlceras esofágicas ocorrem como resultado do fluxo retrógrado de HCl do estômago para dentro do esôfago (doença de refluxo gastroesofágico [DRGE]). ÚLCERA PÉPTICA • Fatoresde Risco: • A utilização de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno e ácido acetilsalicílico, é um fator de risco importante para as úlceras pépticas, bem como a infecção por H. pylori . • A secreção excessiva de HCl no estômago pode contribuir para a formação da úlceras pépticas, e o estresse pode estar associado ao aumento da sua secreção. • Acredita-se que o tabagismo e o etilismo possam ser riscos, embora as evidências sejam inconclusivas. • Não existem evidências de que a ingestão de leite, bebidas cafeinadas e alimentos condimentados esteja associada ao desenvolvimento de úlceras pépticas. • A tendência familiar também pode ser um fator de predisposição significativo. • Pessoas com sangue tipo O são mais suscetíveis às úlceras pépticas do que aquelas com sangue dos tipos A, B, ou AB. • Existe uma associação entre as úlceras pépticas e a DPOC ou a nefropatia crônica. ÚLCERA PÉPTICA • Fisiopatologia: • As úlceras pépticas ocorrem, principalmente, na mucosa gastroduodenal, tendo em vista que este tecido não consegue suportar a ação digestória do ácido gástrico (HCl) e da pepsina. • A erosão é causada pelo aumento da concentração ou da atividade do ácido e da pepsina, ou pela diminuição da resistência da mucosa. • Uma mucosa lesionada não consegue secretar muco suficiente para atuar como uma barreira contra o HCl. • A utilização de AINE inibe a secreção do muco que protege a mucosa. • Pessoas com úlceras duodenais secretam mais ácido clorídrico do que o normal, enquanto pessoas com úlceras gástricas tendem a secretar níveis normais ou diminuídos de ácido. • A lesão da mucosa gastroduodenal resulta na diminuição da resistência às bactérias e, portanto, pode ocorrer infecção pela bactéria H. pylori ÚLCERA PÉPTICA • Manifestações Clínicas: • Os sintomas de uma úlcera podem durar alguns dias, semanas ou meses e podem apenas desaparecer e reaparecer, geralmente sem uma causa identificável. • Muitas pessoas com úlceras não apresentam sintomas, e pode ocorrer perfuração ou hemorragia em 20 a 30% dos clientes que não apresentaram manifestações precedentes. • Queixa - de dor fraca e perturbadora, ou de sensação de queimação na parte intermediária do epigástrio, ou nas costas. • Existem poucas manifestações clínicas que diferenciam as úlceras gástricas das úlceras duodenais; entretanto, classicamente, a dor associada às úlceras gástricas ocorre mais comumente imediatamente após a alimentação, enquanto a dor associada às úlceras duodenais ocorre mais comumente 2 a 3 h após as refeições. • Outros sintomas inespecíficos de úlceras gástricas ou úlceras duodenais podem incluir pirose (queimação), vômito, constipação ou diarreia, e sangramento. • A pirose é uma sensação de queimação no estômago e no esôfago que sobe em direção à boca. Com frequência, é acompanhada por eructação azeda (arroto), que é comum quando o estômago está vazio. ÚLCERA PÉPTICA • Perfuração e Penetração: • A perfuração é a erosão inesperada da úlcera através da serosa gástrica e para dentro da cavidade peritoneal. É uma emergência abdominal e requer cirurgia imediata. • Os sinais e sintomas de perfuração incluem os seguintes: Dor abdominal superior súbita e intensa (persistente e de intensidade crescente); a dor pode ser referida nos ombros, especialmente no ombro direito, em virtude da irritação no nervo frênico no diafragma; Vômito; Colapso (desmaio); Abdome extremamente sensível e rígido (em tábua); Hipotensão e taquicardia, que indicam choque. • A penetração é a erosão da úlcera pela serosa gástrica e para dentro de estruturas adjacentes, como pâncreas, vias biliares. • Os sintomas da penetração incluem dor nas costas e epigástrica, não aliviada por medicamentos que anteriormente eram efetivos. Assim como a perfuração, a penetração normalmente requer intervenção cirúrgica. ÚLCERA PÉPTICA • O diagnóstico é determinado por endoscopia e exame histológico de uma amostra tecidual obtida por meio de biopsia. • Úlcera péptica com sangramento pode precisar de hemogramas completos periódicos para determinar a extensão da perda sanguínea. • As fezes precisam ser testadas periodicamente até que sejam negativas para sangue oculto. ÚLCERA PÉPTICA • Úlcera por Estresse • Ulceração de mucosa aguda da área duodenal ou gástrica, que ocorre após eventos fisiologicamente estressantes, tais como queimaduras, choque, sepse grave e traumatismos em diversos órgãos. • Essas úlceras, que são clinicamente diferentes das úlceras pépticas, são mais comuns em clientes dependentes de ventilação após traumatismo ou cirurgia. ÚLCERA PÉPTICA • Tratamento Cirúrgico: • A cirurgia normalmente é recomendada para os clientes com úlceras intratáveis (aquelas que falham em cicatrizar após 12 a 16 semanas de tratamento clínico), hemorragia potencialmente fatal, perfuração, ou obstrução. • Os procedimentos cirúrgicos incluem vagotomia, com ou sem piloroplastia (transecção dos nervos que estimulam a secreção ácida e a abertura do piloro – Diminui o ácido gástrico por meio da diminuição da estimulação colinérgica para as células parietais, tornando-as menos responsivas à gastrina.), e antrectomia, que é a remoção da porção pilórica (antro) do estômago com anastomose (conexão cirúrgica) ao duodeno (gastroduodenostomia ou Billroth I) ou jejuno (gastrojejunostomia ou Billroth II) ÚLCERA PÉPTICA • Assistência de Enfermagem: • Atenção para os sinais e os sintomas de complicações: • Hemorragia – pele fria, confusão, aumento da frequência cardíaca, respiração superficial, sangue nas fezes. • Penetração e perfuração – dor abdominal grave, abdome rígido e sensível, vômito, elevação da temperatura, aumento da frequência cardíaca. DIARREIA / GECA DIARREIA • É o aumento da frequência de defecações (superior a 3 vezes/dia), o aumento na quantidade de fezes (superior a 200 g/dia) e a alteração da consistência (aumento da liquidez) das fezes. • Pode ser aguda ou crônica. • Diarreia aguda mais comumente está associada a infecções e, normalmente, é autolimitante, com duração até 7 a 14 dias; • Diarreia crônica persiste por mais de 2 a 3 semanas e pode retornar esporadicamente. • A diarreia pode ser causada por determinados medicamentos (p. ex., reposição de hormônio tireoidiano, emolientes fecais e laxantes, antibióticos, quimioterapia, agentes antiarrítmicos, agentes anti-hipertensivos, antiácidos à base de magnésio), determinadas fórmulas de nutrição enteral, distúrbios metabólicos e endócrinos (p. ex., diabetes melito) e processos infecciosos virais ou bacterianos. DIARREIA • Fisiopatologia: • A diarreia pode ser do tipo secretória, osmótica, má absortiva, infecciosa ou exsudativa. • Secretória - é habitualmente volumosa. Com frequência associada a toxinas bacterianas e neoplasias, é causada por aumento na produção e na secreção de água e eletrólitos pela mucosa intestinal para o lúmen intestinal. • Osmótica - ocorre quando a água é “puxada” para o intestino por pressão osmótica de partículas não absorvidas, retardando a reabsorção da água. Ela pode ser causada por deficiência de lactase, disfunção pancreática ou hemorragia intestinal. • Má absortiva - combina ações mecânicas e bioquímicas, inibindo a absorção efetiva de nutrientes. • Infecciosa - resulta de agentes infecciosos que invadem a mucosa intestinal. • Exsudativa - é causada por alterações na integridade da mucosa, perda epitelial ou destruição tecidual por radiação ou quimioterapia DIARREIA • Manifestações Clínicas: • Além do aumento da frequência e do conteúdo de líquido das fezes, o indivíduo normalmente apresenta cólicas abdominais, distensão, borborigmo (ruído retumbante causado pela movimentação de gás pelo intestino), anorexia e sede. • Contrações espasmódicas dolorosas do ânus e tenesmo (esforço ineficaz e, às vezes, doloroso com forte necessidade de eliminação) podem ocorrer com a defecação. • Outros sinais/sintomas dependemda causa e da gravidade da diarreia, mas estão relacionados com a desidratação e os desequilíbrios hidroeletrolíticos. DIARREIA • Complicações: • Disritmias cardíacas, em virtude da significativa perda hidroeletrolítica (especialmente perda de potássio) • Perda de bicarbonato com a diarreia também pode levar à acidose metabólica • Débito urinário inferior a 0,5 m ℓ /kg/h durante 2 a 3 h consecutivas • Fraqueza muscular • Parestesia (sensação de dormência ou formigamento de alguma parte do corpo) • Hipotensão • Anorexia • Sonolência • A diarreia crônica também pode resultar em questões do cuidado da pele relacionadas com a dermatite irritante. GECA • Gastroenterocolite Aguda (GECA) é uma inflamação gastrointestinal. • É muito comum nos dias mais quentes, em locais com pouca higiene e onde se manipula alimentos com pouco cuidado. • Pode ser provocada por vírus, bactérias e parasitas, transmitidos pelo ar, contato da mão com a boca e/ou intoxicação alimentar. • Uma das bactérias mais comuns que causam GECA é a salmonella, que normalmente se desenvolve em frango e ovos crus e também em comida mal conservada. • Maior incidência de GECA por parasitas intestinais em crianças (os mais frequentes são a Giardia lamblia, a Entamoeba histolytica e o Cryptosporidium parvum. • Por vírus é comum o relato de surtos em comunidades fechadas, como creches, hospitais, pacientes de internação domiciliar (home care), escolas e excursões em navios (cruzeiros), sendo rotavírus o agente viral mais frequente. • Entre os sintomas mais comuns da doença estão febre, enjoo, diarreia, vômitos, dores abdominais, perda de peso, perda de apetite e desidratação. DIARREIA • Assistência de Enfermagem: • Atenção para queixas em crianças e idosos: • Investigar quadros de doença aguda recente ou viagem recente a outra área geográfica. • A avaliação inclui a ausculta abdominal e a palpação quanto à sensibilidade. • A inspeção do abdome, das membranas mucosas e da pele é importante para determinar o estado de hidratação. DIARREIA • Assistência de Enfermagem: • Indicação: • Durante um episódio de diarreia aguda, o enfermeiro deve aconselhar o repouso no leito e a ingestão de líquidos e alimentos com baixo teor de fibras até que o episódio agudo cesse. • Quando o indivíduo puder tolerar a ingestão alimentar, o enfermeiro deve recomendar uma dieta leve de alimentos semissólidos e sólidos. • Deve ser orientado a evitar cafeína, refrigerantes e alimentos muito quentes e muito frios, tendo em vista que eles estimulam a motilidade intestinal. • Pode ser necessário restringir laticínios, gorduras, produtos de grãos integrais, frutas frescas e vegetais por alguns dias. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • É a frequência anormal ou irregularidade de defecação, o enrijecimento anormal das fezes que torna a sua eliminação difícil e às vezes dolorosa, a diminuição do volume fecal, a retenção de fezes no reto por um período prolongado, com frequência com sensação de defecação incompleta após a defecação, ou a sensação persistente de plenitude abdominal. • Pode ser causada por determinados medicamentos (ansiolíticos, agentes anticolinérgicos, antidepressivos, agentes anti-hipertensivos, agentes diuréticos, opioides, antiácidos à base de alumínio, preparações com ferro, antibióticos selecionados, relaxantes musculares e citotóxicos (p. ex., vincristina)); distúrbios retais ou anais (p. ex., hemorroidas, fissuras); obstrução (p. ex., tumores intestinais); condições metabólicas, neurológicas e neuromusculares (p. ex., doença de Parkinson); distúrbios endócrinos (p. ex., hipotireoidismo); envenenamento por chumbo e distúrbios do tecido conjuntivo (p. ex., esclerodermia, lúpus eritematoso sistêmico). CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Muitas pessoas têm constipação intestinal porque não esperam o tempo necessário para defecar ou ignoram a necessidade de defecar. • A constipação intestinal também é o resultado dos hábitos alimentares (baixo consumo de fibras e ingestão inadequada de líquidos), da ausência de exercícios regulares e do estresse. • As fibras são particularmente importantes para a saúde intestinal, tendo em vista que aumentam o volume das fezes, em geral facilitando a eliminação. • A função intestinal “normal” varia substancialmente, desde três movimentos intestinais ao dia até 3 vezes/semana. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Fisiopatologia: • A fisiopatologia da constipação intestinal não é suficientemente compreendida, mas acredita-se que inclua a interferência em uma de três funções importantes do cólon: • transporte mucoso (as secreções mucosas facilitam a movimentação do conteúdo do cólon), • atividade mioelétrica (mistura da massa retal e ações de propulsão) • processos da defecação (p. ex., disfunção do assoalho pélvico). • A necessidade de defecar normalmente é estimulada pela distensão retal, que inicia uma série de quatro ações: • estimulação do reflexo retoanal inibitório, • relaxamento do músculo do esfíncter interno, • relaxamento do músculo do esfíncter externo e dos músculos na região pélvica, • aumento da pressão intra-abdominal. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Manifestações Clínicas: • As manifestações clínicas são: • menos de três defecações por semana; • distensão abdominal; • dor e pressão; • diminuição do apetite; • cefaleia; • fadiga; • indigestão; • sensação de evacuação incompleta; • esforço à defecação; e • eliminação de fezes de pequeno volume, grumosas, rígidas e secas CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Diagnóstico: • O diagnóstico de constipação intestinal tem por base a história de saúde do cliente, o exame físico, e da retossigmoidoscopia (análise dos dois últimos segmentos do intestino grosso (o reto e o sigmoide) por meio de um tubo rígido ou flexível introduzido através do ânus) . CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Complicações: • As complicações da constipação intestinal incluem hipertensão, impactação fecal, hemorroidas (porções dilatadas das veias anais), fissuras (dobra normal ou anormal, ranhura, ou ruptura em tecido corporal). • Pode ocorrer o aumento da pressão arterial com a defecação. • O esforço à defecação, que resulta na manobra de Valsalva (expiração forçada com a glote fechada), tem um impacto na pressão arterial. Durante o esforço ativo, o fluxo de sangue venoso no tórax é temporariamente impedido em virtude do aumento da pressão intratorácica. Esta pressão tende a colapsar as grandes veias no tórax. Os átrios e os ventrículos recebem menos sangue, e, consequentemente, menos sangue é ejetado pelo ventrículo esquerdo. O débito cardíaco é diminuído, e ocorre queda temporária dos níveis de pressão arterial. Quase imediatamente após este período de hipotensão, ocorre uma elevação na pressão arterial; a pressão é momentaneamente elevada até um ponto que ela excede em muito o nível original (fenômeno rebote). Em clientes com hipertensão, esta reação compensatória pode ser extremamente exagerada, e o pico de pressão alcançado pode ser perigosamente alto – suficiente para romper uma artéria importante no cérebro ou em qualquer outro local. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Complicações: • A impactação fecal ocorre quando uma massa acumulada de fezes ressecadas não pode ser expelida. • A massa pode ser palpável no toque retal. • O tratamento pode ser embaraçoso e também doloroso, tendo em vista que a remoção da impactação geralmente envolve a retirada das fezes com os dedos e a administração de enema. • Impactação de fezes é também denominado de fecaloma (ou fecálito), corresponde à massa de fezes endurecida e seca que pode ficar acumulada no reto ou na porção final do intestino, impedindo a saída das fezes e resultando em inchaço abdominal, dor e obstrução crônica do intestino. • Hemorroidas e fissuras anais podem ser secundárias à constipação intestinal. • As hemorroidas se desenvolvem como um resultado da congestão vascular perianal causadapelo esforço. • As fissuras anais podem resultar da eliminação das fezes rígidas pelo ânus, que rompem o revestimento do canal anal CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Tratamento: • O tratamento tem por objetivo a causa subjacente da constipação intestinal e a prevenção de recidivas. • Inclui orientações, prática de exercícios físicos, treinamento dos hábitos intestinais, aumento da ingestão de fibras e líquido, e utilização criteriosa de laxantes. • Terapias alternativas estão ganhando popularidade, incluindo massagem abdominal, aromaterapia, acupuntura e o uso de fitoterápicos. ESCALA DE BRISTOL QUEBRA DE FECALOMA • Extração manual das fezes na ampola retal. • COREN - CÂMARA TÉCNICA ORIENTAÇÃO FUNDAMENTADA Nº 003/2016 • Assunto: Retirada de fecaloma. • o Enfermeiro poderá ser o responsável pelo procedimento desde que apresente conhecimento e competência técnico/científica para tal.