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Propedêutica e processo de cuidar na saúde do adulto aula09 Assistência de enfermagem aos portadores de patologias do sistema digestório Úlcera péptica Definição A úlcera péptica afeta o revestimento do estômago ou do duodeno, na camada de revestimento interno do tubo digestivo superior, chamada mucosa. O problema pode estar localizado no estômago (úlcera gástrica) ou na primeira porção do intestino delgado (úlcera duodenal). Esse tipo de lesão ocorre quando o ácido gástrico, que é naturalmente produzido pelo organismo e desempenha importante papel na digestão, ataca a mucosa do trato digestivo e causa feridas. A doença é debilitante e pode afetar a qualidade de vida. Em casos mais graves, é possível que o quadro evolua para complicações que exijam intervenção médica imediata. Fisiopatologia A fisiopatologia da úlcera péptica é caracterizada por uma erosão na mucosa do trato digestivo superior, que fica exposta à secreção cloridropéptica. A secreção cloridropéptica é a secreção de ácido clorídrico e pepsinogênio, que é fundamental para a degradação de proteínas em aminoácidos e polipeptídeos, permitindo a sua absorção no intestino. A produção e liberação da secreção cloridropéptica é estimulada quimicamente e neuralmente, e depende da integridade do sistema vagal e da secreção de gastrina. A secreção cloridropéptica pode causar complicações, como úlceras pépticas, que podem se desenvolver em qualquer parte do trato digestivo exposta a ela. As principais causas das úlceras pépticas são: Infecção pelo H. pylori Uso de anti-inflamatórios Tabagismo Idade avançada História familiar de úlcera péptica História pessoal de úlcera péptica A úlcera péptica se desenvolve quando o revestimento do estômago ou duodeno enfraquece, tornando o tecido epitelial mais sensível ao ácido gástrico. Etiologia A etiologia da úlcera péptica está associada a diversos fatores, como: Bactéria Helicobacter pylori: A causa mais comum de úlcera péptica, responsável por 50 a 70% das úlceras duodenais e 30 a 50% das úlceras gástricas. Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Responsáveis por mais de 50% das úlceras pépticas, esses medicamentos enfraquecem o revestimento do estômago ou duodeno. Tabagismo: Fator de risco para o desenvolvimento de úlceras e suas complicações. Estresse: Pode interferir na produção do muco que protege a parede do estômago ou duodeno. Álcool: Estimula a secreção ácida, mas não há dados definitivos sobre o seu papel no desenvolvimento de úlceras. Fatores genéticos: Estão presentes em 50 a 60% das crianças com úlcera duodenal. A úlcera péptica é uma lesão que ocorre quando o ácido gástrico e os sucos digestivos corroem o revestimento do estômago ou duodeno. Os sintomas incluem dor abdominal, perda de peso, náuseas, vômitos, queimação e desconforto na digestão Manifestação clinica As manifestações clínicas da úlcera péptica incluem: Dor abdominal, principalmente entre as refeições e à noite Azia Náuseas e vômitos Fezes escuras ou com sangue Sensação de queimação ou dor na parte superior do abdômen Inchaço após ingestão de líquidos Fadiga Perda de peso A dor abdominal é o sintoma mais comum e pode ser descrita como uma sensação de queimação ou enjoada. Ela pode ser aliviada por um curto período de tempo com a ingestão de alimentos ou antiácidos. Tratamento O tratamento da úlcera péptica pode incluir: Antibióticos: Se a úlcera for causada pela bactéria H. pylori, o tratamento padrão é a combinação de antibióticos, como amoxicilina, claritromicina, metronidazol ou tetraciclina. https://vidasaudavel.einstein.br/gastrite-e-refluxo/ https://vidasaudavel.einstein.br/refluxo-gastroesofagico-o-que-e-e-como-tratar/ Propedêutica e processo de cuidar na saúde do adulto aula09 Inibidores da bomba de prótons (IBP): Todos os pacientes com úlceras pépticas devem tomar IBP para facilitar a cicatrização. Redução do uso de AINEs: É importante reduzir o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Modificação da dieta: É importante adotar uma alimentação balanceada, sem longos períodos de jejum, e descartar alimentos irritativos. Repouso: É importante repousar. Redução do estresse: É importante reduzir o estresse. Cessação do consumo de álcool: É importante cessar o consumo de bebidas alcoólicas. Deixar de fumar: É importante deixar de fumar. Tratamento cirúrgico : retirada da ulcera, hemorragia A duração do tratamento varia de acordo com as características da úlcera, etiologia subjacente e a presença de complicações. Constipação Definição A constipação intestinal, também conhecida como prisão de ventre ou obstipação, é uma condição caracterizada por uma baixa frequência de evacuação e fezes endurecidas e secas Infrequência anormal, Irregularidade da defecação Endurecimento anormal das fezes Diminuição do volume fecal Retenção das fezes no reto por um período prolongado Etiologia A constipação intestinal, também conhecida como prisão de ventre, pode ter várias causas, entre elas: Alimentação: Baixa ingestão de fibras e líquidos, consumo excessivo de proteína animal Medicamentos: Alguns medicamentos podem causar constipação, como analgésicos, antiácidos, antidepressivos, antihipertensivos, anticonvulsivantes, diuréticos e antiespasmódicos Sedentarismo: Pessoas sedentárias ou acamadas podem ser mais suscetíveis à constipação Doenças neurológicas: Doenças como Parkinson, paraplegia, tetraplegia e traumas de medula podem afetar a motilidade intestinal Doenças intestinais: Tumores, pólipos intestinais, síndrome do intestino irritável (SII), doença de Chagas, displasia neurogênica, entre outras Mudanças na rotina: Gravidez, envelhecimento e viagens podem causar constipação Abuso de laxantes: O uso excessivo de laxantes pode causar constipação distúrbios retais ou anais : tumores dificulta a saída das fezes obstrução do intestino: individuo não tem fezes ( problema patológico ) condições neuromusculares : É necessário que tenha um peristaltismo intestinal para que o bolo fecal vai para frente e seja eliminado Distúrbios endócrinos: alterações na produção de hormônios pelo organismo também leva a constipação Fraqueza : dificuldade de alimentar a pressão intestinal para eliminar as fezes. Imobilidade : paciente internado para de se movimentar, fica muito tempo deitado diminui as fezes. Fadiga Incapacidade de aumentar a pressão intra- abdomina: Pacientes que não consegue exercer essa pressão devido a outros problemas. Sintomas da constipação são: Evacuar com esforço ou desconforto Fezes duras, secas, em formato de bolinhas ou cilíndricas Dificuldade para defecar, necessitando de ficar muito tempo sentado no vaso sanitário Diagnostico Para prevenir a constipação, é recomendado adotar uma alimentação rica em fibras, evitando alimentos industrializados e gorduras saturadas. Para diagnosticar a constipação, é realizado um exame clínico minucioso e levantamento da história do paciente. Exames de laboratório e de imagem também podem ser necessários para determinar a causa do distúrbio. Tratamento O tratamento da constipação, também conhecida como prisão de ventre, pode envolver: Propedêutica e processo de cuidar na saúde do adulto aula09 Mudanças no estilo de vida, como praticar atividades físicas, beber muita água e ter uma dieta rica em fibras Uso de laxantes, abrandadores de fezes ou supositórios de glicerina Uso de suplementos de fibra Uso de enemas Terapia InterStim™, que consiste em colocar um pequeno neuroestimulador sob a pele para ajudar o intestino a funcionar Diarreia Definição A diarreia é uma alteração intestinal que se caracterizapor um aumento na frequência de evacuações e pela presença de fezes amolecidas ou líquidas. Sintomas Fezes amolecidas ou líquidas Necessidade de evacuar mais de três vezes ao dia Gases Cólica ou dores abdominais Inchaço Náusea Vômito Febre Sangue ou muco nas fezes Fisiopatologia A diarreia é um desarranjo intestinal que ocorre quando há um desequilíbrio entre a absorção e a secreção de fluidos pelo intestino. A fisiopatologia da diarreia pode ser classificada em vários tipos, de acordo com o mecanismo que a causa: Osmótica Acontece quando substâncias mal absorvidas ficam em alta concentração no intestino, retendo água e causando diarreia. Pode ser causada por intolerância a carboidratos, como a lactose, ou pela ingestão de grandes quantidades de hexitóis, como o sorbitol, manitol ou xilitol. Secretória Acontece quando há um aumento na secreção de fluidos isotônicos pela mucosa intestinal. Aumento da excreção de água, aumento da quantidade de água no intestino e isso faz com que tenha fezes amolecidads, elimina rapidamente em outra consistência. Mista Combinação das duas anteriores Classificação 1. Diarreia osmótica – presença de moléculas solúveis em água que levam a retenção osmótica da água. 2. Diarreia secretória – aumento da secreção dos fluídos isotônicos da mucosa intestinal. 3. Diarreia exudativa – áreas inflamadas do intestino podem causar secreção de substâncias como pus, soro, muco e pus, causando diarreia. 4. Diarreia motora – ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas. diarreia é aguda ou crônica: 1. Aguda – geralmente causada por vírus, bactérias ou parasitas; alimentos contaminados, alimentos com grande quantidade de fibras, café, chás, refrigerantes, leite e seus derivados, chocolate; medicações como antiácidos, laxantes; ingestão de açúcares não absorvíveis; isquemia intestinal; impactação fecal; inflamação pélvica. 2. Crônicas – têm como causas doenças inflamatórias do intestino, cânceres intestinais, alterações da imunidade como AIDS, alergias alimentares. Etiologia Síndrome do intestino irritável : patologia, alteração do intestino. Doença intestinal inflamatória : diverticulite por exemplo, ocorre a diarreia osmótica, diarreia prolongada Intolerância a lactose : alergia intestinal ao receber a lactose Medicamentos : laxantes Fórmulas de alimentação por sonda: enteral Distúrbios metabólicos e endócrinos Processos infecciosos virais ou bacterianas: mais comum que aconteça a diarreia. Diagnóstico História clínica e exame físico. No caso de diarreias que demorem mais que 15 dias para melhoras utilizar exames complementares como, pesquisa de sangue oculto nas fezes, coprocultura, exames complementares para Propedêutica e processo de cuidar na saúde do adulto aula09 diagnóstico de outras doenças que possam estar causando diarreia. Tratamento O tratamento da diarreia consiste em reposição de líquidos e correção da desidratação. Para isso, é preciso ingerir mais líquidos do que o habitual, como: Água de arroz Soro caseiro Chá Suco Sopas Solução de Reidratação Oral (SRO) É importante evitar refrigerantes e bebidas adoçadas. A quantidade de SRO a ingerir depende da sede do paciente, mas deve ser administrada continuamente até que os sinais de desidratação desapareçam. Em casos mais graves, como a disenteria bacteriana, pode ser necessário o uso de antibióticos e microbióticos. Já em outros casos, como a síndrome do intestino irritável, o médico pode indicar remédios que tornem as fezes mais consistentes. A diarreia pode durar de 3 a 4 dias. No entanto, é recomendado consultar um médico se a diarreia durar mais de 5 dias ou se surgirem outros sintomas, como febre, presença de sangue nas fezes ou perda de peso. Distúrbios intestinais inflamatórios agudos Apendicite Apendicite é uma inflamação aguda do apêndice, um órgão em forma de tubo que se liga ao intestino grosso. A condição é causada por uma obstrução do apêndice, que pode ser provocada por partículas de fezes ou gordura, ou por infecções no trato digestivo. Principal causa de abdome agudo 7% da população terá apendicite alguma vez na vida Fisiopatologia A inflamação aguda do apêndice vermiforme é proveniente de uma obstrução no apêndice – devido a seu pequeno diâmetro luminal – que na maioria das vezes se dá pelo acúmulo de fecalitos (bolo fecal endurecido) ou hiperplasia linfóide. O apêndice cecal é um órgão que costuma apresentar topografias variáveis, sendo este, um motivo que influencia na clínica do paciente. A apendicite se dá por meio da obstrução do lúmen, com a aparição de fecalitos (forma mais comum), infecções parasitárias, corpos estranhos ou tumores ou presença de hiperplasia linfóide. Assim que obstruído, haverá acúmulo de secreção, e como consequência, o aumento da pressão intraluminal, provocando assim um estímulo das fibras viscerais aferentes, (localizadas entre T8 e T10), o que resulta a dor referida na região periumbilical/mesogástrica. Em se tratando da dor referida, normalmente se mostra pouco localizada, não apresenta ser intensa, durando em torno de quatro a seis horas. Concomitante a isso, esta fase pode ser acompanhada de sintomas como náuseas, vômitos e anorexia. O processo para aparição da isquemia no apêndice acontece perante uma elevação da pressão intraluminal, o que resulta na diminuição da pressão de perfusão de sangue nos capilares sanguíneos. Assim, há perda na capacidade de proteção do epitélio, levando a propagação de bactérias e aparição de um processo infeccioso de maneira síncrona. A dor referida se irradia para a região do apêndice, sendo que o mesmo costuma se situar na fossa ilíaca direita, tendo potencial de associar sinais de irritação peritoneal, como visto na descompressão brusca positiva. Apêndice inflamado e edemaciado Aumenta a pressão intra luminal : aumente a pressão no intestino. Secreção purulenta. Manifestações Clínicas Os principais sintomas de apendicite são: Dor abdominal intensa e localizada no lado inferior direito do abdômen Náuseas e vômitos Febre baixa, que pode começar após 1 ou 2 dias Perda de apetite Mal-estar geral Barriga inchada Flatulência Diarreia ou constipaçã Propedêutica e processo de cuidar na saúde do adulto aula09 Dor epigástrica seguida progredindo para o quadrante inferior direito Hipersensibilidade rebote : quando aperta dói menos do que quando solta. Ponto de McBurney: localizado no região epigástrica Sinal de Rosving presente : descompensão brucica do lado esquerdo e o paciente senti do lado direito Distensão abdomina Constipação (atentar para o uso de laxativos) : se acontecer febre não pode usar laxantes Diagnóstico O diagnóstico de apendicite é feito por um médico especialista, que analisa o quadro clínico e o exame físico do paciente. Para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames de imagem e laboratoriais, como: Ultrassonografia abdominal, Tomografia computadorizada de abdome, Hemograma, Teste de urina, Ressonância magnética. Durante a avaliação inicial, o médico pode fazer um exame de toque no abdômen para identificar áreas inflamadas ou sensíveis. Tratamento O tratamento para apendicite é cirúrgico, com a remoção do apêndice, e deve ser realizado o mais rápido possível. A cirurgia é considerada o tratamento mais eficaz e, por isso, é geralmente recomendada. A cirurgia pode ser feita por videolaparoscopia, por via robótica ou pela técnica aberta. A recuperação é normalmente rápida e completa, e após 3/4 dias é possível fazer atividades físicas do dia a dia. Em alguns casos, o tratamento pode incluir o uso de antibióticos. A escolha do uso de antibióticos depende da fase da apendiciteaguda. A taxa de mortalidade da apendicite é superior a 50% sem cirurgia ou antibióticos. Com a cirurgia precoce, o índice de mortalidade é inferior a 1%. Para evitar a apendicite, é possível: Evitar constipação, bebendo bastante água, consumindo fibras e fazendo exercícios regularmente Tratar precocemente infecções Evitar automedicação