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1. Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular; -1.1 – DNA e Síntese Proteica -1.2 – Ciclo celular DOMÍNIO 1 1. Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular 1.1 – DNA e Síntese Proteica Toda a informação para o desenvolvimento de um ser adulto (constituído por cerca de 100 biliões de células) encontra-se na sua primeira célula – o ovo. A vida depende da capacidade das células em armazenar e expressar a informação Genética. Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular Constituição celular Células Eucarióticas Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular Localização da informação genética na célula • Existirá alguma relação entre o núcleo e o citoplasma? • Em qual destas porções celulares se localiza a maior parte da informação genética? Na tentativa de encontrar as respostas adequadas, foram realizadas inúmeras investigações em células animais e vegetais. Destacam-se: • Experiências efetuadas por Hammerling e Brachet numa alga marinha – a Acetabulária (1930-1940). • Experiências efetuadas por Gurdon em anfíbios, em 1960. Experiência de transplantação de núcleos em Acetabulária. • A Acetabulária é uma alga unicelular gigante. O núcleo está localizado nos rizóides, espécie de raízes que fixam a alga aos rochedos. Numa das suas extremidades apresenta uma espécie de chapéu, diferente na forma, de espécie para espécie. • Possui grande capacidade de regeneração: certas porções, quando isoladas, regeneram a alga na totalidade. Experiência de transplantação de núcleos em Acetabulária Conclusões: • O núcleo é responsável pela vida e regeneração das porções perdidas da Acetabulária (experiência 1). • A regeneração das porções perdidas é comandada pelo núcleo através de substâncias que este envia para o citoplasma (experiência 2). • É o núcleo que determina a forma do chapéu regenerado (experiência 3). Experiências efetuadas por Gurdon em anfíbios, em 1960 • Os animais usados foram sapos normais e girinos de sapos albinos. Estes animais são ovíparos e a fecundação externa. As fêmeas põem óvulos e, sobre eles, os machos lançam o esperma que os irá fecundar. • Óvulos, postos por sapos normais, ou seja, com pele pigmentada, foram sujeitos a radiações ultravioletas que lhes destruíram os núcleos. Em seguida, foram transplantados, para esses óvulos anucleados, núcleos de células intestinais de girinos descendentes de sapos albinos. • Todas as células assim obtidas eram constituídas por: • citoplasma de animais normais; • núcleo de animais albinos. Destas células, as que prosseguiram o seu desenvolvimento, deram origem a sapos albinos idênticos e todos do mesmo sexo do animal dador dos núcleos. A informação genética está localizada no núcleo. Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular • O trabalho celular é efetuado por diversos organitos que realizam funções específicas e muito complexas mas organizadas. • Esta organização resulta da existência de um centro de controlo da atividade – Núcleo. • Este centro contém instruções que especificam a estrutura celular, comandam as suas funções e regulam as suas atividades, e além disso este centro é responsável pela transmissão destas instruções às células filhas aquando da divisão celular. • Estas instruções são no fundo a INFORMAÇÃO GENÉTICA ONDE SE ENCONTRA ARMAZENADA A INFORMAÇÃO GENÉTICA? Experiência de Griffith (1929) Essa informação deveria ser transmitida por uma substância química que ficou conhecida por PRINCÍPIO TRANSFORMANTE. A Identificação do Princípio Transformante: Trabalhos de Avery e colaboradores Crescimento, Renovação e Diferenciação Celular Em 1944, Avery cultivou bactérias lisas(S), matou-as pelo calor e triturou-as. Separaram-se os seus constituintes químicos (glícidos, proteínas, lípidos e ácidos nucleicos). Adicionando cada um destes constituintes, separadamente, a bactérias rugosas não patogénicas e, seguidamente, injetando-as em ratos, observou que apenas os ácidos nucleicos transformavam as bactérias rugosas em lisas patogénicas. Estas observações permitiram concluir que estas biomoléculas eram responsáveis pela transmissão da informação genética. Trabalhos de Avery e colaboradores Observações: apenas os ácidos nucleicos transformavam as bactérias rugosas em lisas patogénicas. Conclusão: os ácidos nucleicos são as biomoléculas responsáveis pela transmissão da informação genética. Crescimento e Renovação Celular A Confirmação da Natureza do Princípio Transformante: Trabalhos de Hershey e Chase (1952) - Outros estudos sobre o DNA usaram vírus que infetam bactérias: Os bacteriófagos ou fagos. Cabeça do fago cauda DNA Parede celular 1 0 0 n m Localização do Material Genético - Procariontes Localização do Material Genético - Eucariontes Ácidos Nucleicos: Composição química - Existem dois tipos de ácidos nucleicos: - DNA (Ácido Desoxirribonucleico) - RNA (Ácido Ribonucleico) Ácidos Nucleicos: Composição Química Grupo fosfato (Ácido fosfórico) Pentose (um glícido com 5 carbonos) Base azotada Nucleótido - Os ácidos nucleicos são constituídos por subunidades que se repetem ordenadamente, os nucleótidos (Grupo fosfato + Pentose + Base azotada). Nucleósido Ácidos Nucleicos: Composição Química Pentose Grupo Fosfato Nucleótido Bases Adenina (A) Timina (T) Guanina (G) Citosina (C) Uracilo (U) Ribose Desoxirribose O Nucleótido: Ácidos Nucleicos: Composição Química As Bases Azotadas O Púricas ou Purinas bases de anel duplo Pirimídicas ou Pirimidinas bases de anel simples Ácidos Nucleicos: composição química As Pentoses Ácidos Nucleicos: composição química Ácido fosfórico: Confere à molécula características ácidas. Pentose: Glícido com 5 átomos de carbono. - A desoxirribose - C5H10O4 (tem este nome porque possui menos um átomo de oxigénio do que a ribose). ou - A Ribose. -Bases Azotadas: - Bases Pirimídicas: São bases de anel simples timina, uracilo e citosina; - Bases Púricas: São bases de anel duplo: Adenina e Guanina. Constituição do Nucleótido: Resumo Ácidos Nucleicos Ligações no nucleótido: -Na formação de cada nucleótido intervêm reações de condensação, estabelecendo-se ligações entre o grupo fosfato e o carbono 5’ da pentose e entre o carbono 1’ da pentose e a base azotada. DNA RNA Ácido Fosfórico Grupo fosfato Grupo fosfato Pentose Desoxirribose Ribose Bases azotadas Adenina; Timina; Guanina; Citosina Adenina; Uracilo; Guanina; Citosina Ácidos Nucleicos Constituição dos ácidos nucleicos: Resumo Ácidos Nucleicos Algumas diferenças entre DNA e RNA: - A pentose presente nos nucleótidos do RNA é a RIBOSE; - A pentose presente nos nucleótidos do DNA é a DESOXIRRIBOSE. -As bases azotadas presentes nos nucleótidos do RNA são URACILO, ADENINA, CITOSINA E GUANINA; -As bases azotadas presentes nos nucleótidos do DNA são TIMINA, ADENINA, CITOSINA E GUANINA; Ácidos Nucleicos Ligações entre nucleótidos: -Os nucleótidos podem unir-se, formando cadeias polinucleotídicas; - As ligações estabelecem-se entre o grupo fosfato de um dos nucleótidos e o carbono 3’ da pentose do nucleótido anterior: estas ligações designam-se ligações fosfodiéster; Ácidos Nucleicos Ligações entre nucleótidos: Bases azotadas Extremidade 5’ O– O P O CH2 5’ 4’O– H H O H H H 3´ 1’ H O CH3 N O N H Timina (T) O O P O O– CH2 H H O H H H H N N N H N H H Adenina (A) O O P O O– CH2 H H O H H H H H H H N NN O Citosina (C) O O P O CH2 5´ 4´ O– H O H H 3´ 1´ OH 2´ H N N N H O N N H H H H Desoxirribose Extremidade 3’ Fosfato Guanina (G) Nucleótido de DNA 2´ N Estrutura do DNA Analise com atenção a tabela que se segue e que se refere a análises químicas, realizadas por Chargaff em diversas espécies de seres vivos: O QUE SE PODE CONCLUIR? Organismo % de bases azotadas Adenina Timina Guanina Citosina E. coli 26,0 23,9 24,925,2 S. pneumoniae 29,3 31,6 20,5 18,0 S. cerevisiae 31,7 32,6 18,3 17,4 Eritrócitos de tartaruga 28,7 27,9 22,0 21,3 Esperma de salmão 29,7 29,1 20,8 20,4 Células hepáticas humanas 30,3 30,3 19,5 19,9 Eritrócitos de galinha 28,0 28,4 22,0 21,6 Estrutura do DNA CONCLUSÕES: % de adenina = % de timina % de citosina = % de guanina % de C + G não é necessariamente igual à % de A + T A + G / T + C ~ 1 Esta relação de igualdade entre as bases presentes na molécula de DNA – REGRA DE CHARGAFF. Estrutura do DNA Maurice Wilkins e Rosalind Franklin, utilizando a difracção de raios X, bombardearam amostras de DNA cristalizado e obtiveram padrões que permitiram concluir que a molécula deveria ter uma estrutura helicoidal. Estrutura do DNA Watson e Crick deduziram que o DNA possuía uma estrutura em dupla hélice através de observações de imagens cristalográficas de raios X Estrutura do DNA Modelo da Dupla Hélice de Watson e Crick -Segundo este modelo, a molécula de DNA é composta por duas cadeias polinucleotídicas que se dispõem em sentidos inversos: antiparalelas. Em 1953, James Watson e Francis Crick propuseram o modelo de dupla hélice para o DNA; C T A A T CG GC A C G AT AT A T TA C TA 0.34 nm 3.4 nm (a) Estrutura do DNA G 1 nm G (b) Modelo 3D T CADEIAS ANTIPARALELS Estrutura do DNA N H O CH3 N N O N N N N H pentose pentose Adenina (A) Timina (T) N N N N pentose O H N H NH N OH H N pentose Guanina (G) Citosina (C) H COMPLEMENTARIDADE DE BASES Estrutura do DNA Estrutura do DNA RESUMO: - Os nucleótidos ligam-se entre si através de ligações covalentes (do tipo fosfodiéster), que se estabelecem entre o grupo fosfato e os carbonos 3’ e 5’ das pentoses. - Cada cadeia de nucleótidos apresenta nas extremidades uma ponta livre, uma designada 3’ e a outra 5’. Cada cadeia desenvolve-se em sentidos opostos, inicando-se na extremidade 5’ e terminando na extremidade 3’. À extremidade 5’ de uma cadeia irá corresponder a extremidade 3’ da outra cadeia: CADEIAS ANTIPARALELAS. - Nas zonas mais externas da dupla hélice, encontram-se o grupo fosfato e a desoxirribose. Na parte interior encontram-se as bases azotadas. - A ligação entre as duas cadeias faz-se por ligações de hidrogénio, que se estabelecem entre as bases azotadas. A molécula de DNA é uma dupla hélice em que as duas cadeias encontram-se ligadas por ligações de hidrogénio entre as bases azotadas de cada cadeia. Citosina Adenina Guanina Timina Pentose: desoxirribose Bases azotadas: A, G, C e T (adenina, guanina, citosina e timina) Ponte de Hidrogénio Estrutura do DNA RESUMO (continuação): Estrutura do DNA 38 Estrutura do RNA A molécula de RNA é uma cadeia simples, de dimensões muito inferiores às da molécula do DNA. Pentose: ribose Bases azotadas: A, G, C e U (adenina, guanina, citosina e uracilo) Grupo fosfato Ligações fosfodiéster Base Ribose Estrutura do RNA NOTA: Em determinadas regiões a molécula de RNA pode dobrar-se devido ao estabelecimento de ligações de hidrogénio entre bases complementares (A-U e G-C). RESUMO: Estrutura e funções do RNA RNA codificantes de proteínas •RNA mensageiro (mRNA) não-codificantes (ncRNA) •RNA ribossómico (rRNA) •RNA de transferência (tRNA) Ribozimas •RNA de interferência (iRNA) Estrutura do RNA Estrutura e funções do RNA RNA codificantes de proteínas • RNA mensageiro (mRNA) Estrutura do RNA Estrutura e funções do RNA RNA não-codificantes (ncRNA) • RNA ribossómico (rRNA) - mais abundante e conjuntamente com proteínas constitui os ribossomas. • RNA de transferência (tRNA) - transportador de a.a. necessários para a síntese proteica. • Ribozimas - RNA com função enzimática • RNA de interferência (iRNA) - intervém na regulação da expressão da informação genética. Estrutura do RNA Aspetos comparativos entre o DNA e o RNA: Replicação – duplicação da molécula de DNA, em que as moléculas replicadas são iguais à molécula original Permite transmitir as informações de uma geração à geração seguinte Replicação do DNA 45 DNA parental 1.ª replicação 2.ª replicação Modelos para a Replicação do DNA: - Hipótese Semiconservativa: cada uma das cadeias serviria de molde para uma nova cadeia e, consequentemente, cada uma das novas moléculas de DNA seria formada por uma cadeia antiga e uma cadeia nova. - Hipótese Conservativa: Segundo esta hipótese a molécula de DNA progenitora mantém-se íntegra, servindo apenas de molde para a formação da molécula filha, a qual seria formada por duas novas cadeias de nucleótidos. - Hipótese Dispersiva: Segundo esta hipótese, cada molécula-filha seria formada por porções da molécula inicial e por regiões sintetizadas de novo, a partir dos nucleótidos presentes na célula. Replicação do DNA Meselson e Stahl cultivaram E. coli durante várias gerações num meio contendo um isótopo pesado de 15N, obrigando as bactérias a incorporam esse azoto no seu DNA. Transferiram depois as bactérias para um meio só com 14N (leve). O novo DNA sintetizado deveria ser mais leve que o DNA parental que usava 15N. Posteriormente distinguiram os DNA’s, com diferentes densidades, por centrifugação. EXPERIÊNCIA As bandas dos dois tubos de centrífuga representam os resultados da centrifugação das duas amostras de DNA, uma retirada após 20 minutos e outra após 40 minutos. RESULTADOS Bactérias em cultura num meio contendo 15N Bactérias transferidas para o meio contendo 14N 21 Amostra de DNA centrifugada após 20 min (após a 1.ª replicação) 3 Amostra de DNA centrifugada após 40 min (após a 2.ª replicação) 4 Menos denso Mais denso Atividade da página 14. Replicação do DNA Que Hipótese é apoiada pelos resultados obtidos por Meselson e Stahl? Não é apoiado pelos resultados da experiência, dado que após a 1ª replicação deveriam ter sido observadas moléculas de DNA com 2 valores de densidade: - Um correspondente à molécula formada exclusivamente por cadeias pesadas (DNA parental); - Um correspondente à molécula formada exclusivamente por cadeias leves. MODELO CONSERVATIVO Replicação do DNA Que Hipótese é apoiada pelos resultados obtidos por Meselson e Stahl (Continuação)? - É consistente com os dados obtidos após a 1ª replicação, pois, segundo este modelo, obtêm-se moléculas de densidade intermédia. - Mas não é consistente com os dados obtidos na 2ª replicação pois, segundo este modelo, na 2ª geração todas as moléculas deveriam ter ¼ da densidade da molécula original. Em vez disso, surgem 50% de cadeias leves e 50% com densidade intermédia. MODELO DISPERSIVO Replicação do DNA Que Hipótese é apoiada pelos resultados obtidos por Meselson e Stahl (Continuação)? - Bactérias cultivadas em 15 N, quando introduzidas numa cultura com 14 N, utilizam esse azoto para produzir novas cadeias de DNA; Assim, na 1ª geração, cada molécula de DNA apresenta uma cadeia de nucleótidos com 15 N (que provinha da geração parental) e outra com 14N (neoformada):Moléculas com densidade intermédia. - Na 2ª geração, metade das moléculas são formadas por 2 cadeias leves e a outra metade é formada por uma cadeia leve e uma pesada (densidade intermédia). MODELO SEMICONSERVATIVO CONCLUSÃO A replicação do DNA segue o modelo semiconservativo. A 1.ª replicação no meio 14N produz uma banda de DNA híbrido (15N–14N). Esse resultado elimina o modelo conservativo. A 2.ª replicação produz DNA leve e híbrido, um resultado que elimina o modelo dispersivo e apoia o modelo semiconservativo. 1.ª replicação 2.ª replicação Modelo conservativo Modelo semiconservativo Modelo dispersivo Replicação do DNA Processo através do qual se obtêm cópias de DNA Replicação do DNA Mecanismo de replicação do DNA • A replicação é semiconservativa. Cada cadeia de DNA parental serve de molde à formação de uma nova cadeia, resultando duas cadeias duplas, cada uma constituída por uma cadeia parental e uma cadeianova Replicação do DNA Mecanismo de replicação do DNA • A replicação inicia-se em sequências nucleotídicas específicas - origem de replicação; • Ligam-se proteínas que promovem a desestabilização da dupla hélice; • As helicases desenrolam e separam a dupla hélice formando a bolha de replicação; • A DNA polimerase forma as cadeias complementares do DNA molde por adição de nucleótidos seguindo a regra AT/GC. Replicação do DNA Mecanismo de replicação do DNA • A replicação do DNA é bidirecional: Ocorre para ambos os lados da origem da replicação; as cadeias complementares são sintetizadas em direção antiparalela da cadeia molde, no sentido 5’-3’. Replicação do DNA As DNA polimerases não iniciam a síntese de DNA a partir de uma cadeia simples, pelo que necessitam de ter uma extremidade 3’ à qual possam adicionar nucleótidos de acordo com as regras da complementaridade de bases A-T e G-C. Antes de atuarem, forma-se um fragmento de RNA, denominado de oligonucleótido de iniciação ou primer. Como as cadeias do DNA são antiparalelas e as DNA polimerases apenas constroem novas cadeias de DNA no sentido 5’-3’, uma das novas cadeias é sintetizada continuamente ( cadeia leading) e a outra descontinuamente por meio de segmentos denominados fragmentos de Okazaki, que se formam à medida que o garfo da replicação avança (cadeia lagging) – replicação semidescontínua. Os fragmentos de Okazaki são ligados pela enzima DNA ligase. Replicação do DNA Mecanismo de replicação do DNAReplicação do DNA Mecanismo de replicação do DNA • Semiconservativa • Bidirecional • Semidescontínua Replicação do DNA Síntese Proteica Como é que a informação (as instruções) presente no DNA se expressa, tornando-se efetiva? - A Célula utiliza uma parte da informação presente no DNA para sintetizar proteínas. - Cada proteína tem uma determinada função biológica; - É a sequência de aminoácidos que define a proteína (estrutura) e consequentemente a sua função biológica. Localização do Material Genético - Procariontes - Eucariontes Este fluxo unidirecional de informação entre os ácidos nucleicos e as proteínas – Dogma Central da Biologia Molecular. Gene: Segmento de DNA que contém informação para sintetizar uma determinada proteína. Genoma: Totalidade da informação genética presente num ser vivo. Gene Síntese Proteica Visão Global da síntese proteica em eucariontes Síntese Proteica Visão Global da síntese proteica: - Na passagem da linguagem polinucleotídica do DNA (genes) para a linguagem polipeptídica (proteínas) consideram-se 2 fases: - TRANSCRIÇÃO: Segmentos de DNA codificam a produção de RNA; - TRADUÇÃO: mRNA codifica a produção de proteínas com intervenção do tRNA e dos ribossomas. DNA mRNA Proteínas Transcrição Tradução NOTA: Entre a transcrição e a tradução, nos seres eucariontes, ocorre uma etapa importante – processamento do RNA. Transcrição: Visão global A informação genética contida na molécula de DNA é copiada para uma molécula de RNA: Transcrição - Esta molécula forma-se por complementaridade com a molécula de DNA. Exemplo: 3’ ATCCCAATGTG 5’ – DNA Transcrição 5’ UAGGGUUACAC 3’ - mRNA Tradução: Visão global A informação do mRNA é utilizada para sintetizar proteínas: TRADUÇÃO (com intervenção do tRNA e dos ribossomas). RNA (linguagem nucleotídica) Tradução Proteínas (linguagem peptídica) Síntese Proteica em Procariontes TRADUÇÃO TRANSCRIÇÃO DNA mRNA Ribossoma Polipéptido A transcrição e a tradução ocorrem em conjunto. Síntese Proteica em Eucariontes - A transcrição ocorre no núcleo e a tradução ocorre no citoplasma. - O RNA transcrito é modificado antes de se tornar mRNA funcional – processamento. TRANSCRIÇÃO PROCESSAMENTO TRADUÇÃO mRNA DNA Pré-mRNA Polipéptido Ribossoma Membrana nuclear Síntese Proteica Os Monómeros dos Ácidos Nucleicos são os nucleótidos Sabendo que... Os Monómeros das Proteínas são os aminoácidos Existem quatro nucleótidos diferentes Existem 20 aminoácidos diferentes Como é que a partir de 4 nucleótidos diferentes é possível codificar 20 a.a. distintos? Que código seria usado pelos genes? Código genético – sequência de nucleótidos que tem correspondência com a sequência de aminoácidos. Código Genético Quantos nucleótidos seriam necessários para codificar um aminoácido? O código genético assenta numa sequência de três nucleótidos consecutivos, os quais formam um tripleto. Código Genético - Diferentes combinações de tripletos são responsáveis pela codificação de diferentes aminoácidos; Código Genético (conclusões): - A sequência de 3 nucleótidos do mRNA designa-se CODÃO; - Cada codão resulta, por complementaridade, de um tripleto de nucleótidos do DNA – CODOGENE. DNA Gene 1 Gene 2 Gene 3 Cadeia de DNA (molde) TRANSCRIÇÃO mRNA Proteína TRADUÇÃO Aminoácido A C C A A A C C G A G T U G G U U U G G C U C A Trp Fen Gli Ser Codão 3’ 5’ 3’5’ Codogene • Um codão é um tripleto de mRNA que codifica um aminoácido ou um sinal de iniciação ou de finalização. 2.ª BASE do mRNA U C A G U C A G UUU UUC UUA UUG CUU CUC CUA CUG AUU AUC AUA AUG GUU GUC GUA GUG Met ou início Fen Leu Leu lle Val UCU UCC UCA UCG CCU CCC CCA CCG ACU ACC ACA ACG GCU GCC GCA GCG Ser Pro Tre Ala UAU UAC UGU UGC Tir Cis CAU CAC CAA CAG CGU CGC CGA CGG AAU AAC AAA AAG AGU AGC AGA AGG GAU GAC GAA GAG GGU GGC GGA GGG UGG UAA UAG Stop Stop UGA Stop Trp His Gln Asn Lis Asp Arg Ser Arg Gli U C A G U C A G U C A G U C A G 1 .ª B A S E d o m R N A (e x tr e m id a d e 5 ’) 3 .ª B A S E d o m R N A ( e x tr e m id a d e 3 ’) Glu71 Características do Código Genético • É universal – É comum à grande maioria dos organismos; • Não é ambíguo – A um codão corresponde um só aminoácido; • É redundante (Degenerescência do código genético) – Vários codões podem codificar o mesmo a.a; • O codão AUG é de iniciação e codifica metionina (tem dupla função); • Os codões UAA, UAG e UGA são só codões STOP ou de finalização; • O 3.º nucleótido de um codão é menos específico que os dois primeiros. Mecanismos da Síntese de Proteínas Transcrição Síntese de RNA a partir de uma cadeia de DNA. Esta síntese faz-se na presença de um complexo enzimático: RNA-polimerase: - reconhece no DNA o tripleto de iniciação e de finalização da transcrição; - Desliza ao longo do DNA provocando a sua abertura; - polimeriza os ribonucleótidos seguindo as regras da complementaridade de bases, à exceção da timina que é substituída pelo uracilo; - Após a sua passagem a molécula de DNA reconstitui-se. 75 RNA polimerase Ribonucleótidos 3’ A U C C A U T A G G T T A T C C A A 3’ 5’ 5’ Cadeia de RNA formada Direcção da transcrição Cadeia de DNA molde Transcrição Transcrição (continuação): - A transcrição realiza-se no núcleo, ocorrendo a polimerização de ribonucleótidos segundo a regra da complementaridade de bases; - Só uma das cadeias de DNA serve de molde para a síntese de mRNA; - O complexo enzimático RNA-polimerase fixa-se sobre uma certa sequência de DNA, desliza ao longo dela, provocando a sua abertura, e inicia-se a transcrição da informação; - A síntese de RNA a partir de nucleótidos livres faz-se no sentido 5’→ 3’; - Após a passagem da RNA-polimerase, a molécula de DNA reconstitui-se pelo estabelecimento de ligações hidrogénio entre as bases complementares; Transcrição (continuação): O processo de transcrição permite não só a síntese de mRNA, mas também de outros tipos de RNA: RNA ribossómico (rRNA) e RNA de transferência (tRNA) . Transcrição: Intervenientes Processamento do mRNA nos eucariontes: Nos seres eucariontes, o RNA sintetizado sofre um processamento ou maturação antes de abandonar o núcleo. Nos seres procariontes, não ocorre processamentodo RNA e a molécula transcrita é a molécula de RNA que é traduzida. Processamento do mRNA nos eucariontes: - Diversas secções do RNA, inicialmente transcritas, são removidas: Os intrões (sequências que não codificam informação); - As porções não removidas designam- se exões (sequências codificantes) e ligam-se entre si formando o mRNA maturado ou funcional. - O mRNA funcional migra do núcleo para o citoplasma, fixando-se nos ribossomas, onde ocorrerá a tradução. PROCESSAMENTO E EXPORTAÇÃO DA INFORMAÇÃO GENÉTICA Processamento alternativo do pré-mRNA O processamento alternativo do pré-mRNA permite, a partir do mesmo gene, produzir diferentes proteínas. Processamento do mRNA nos eucariontes: Tradução: Neste processo há a transformação da mensagem contida no mRNA na sequência de aminoácidos que constituem a cadeia polipeptídica. Tradução - intervenientes Ribossoma: Organito onde se dá a síntese proteica (Facilita a ligação do anticodão do tRNA com o codão do mRNA). - Podem encontrar-se livres no hialoplasma ou associados às membranas do retículo endoplasmático; - Formam-se ao nível dos nucléolos, tendo na sua constituição rRNA e proteínas; - Cada ribossoma possui 2 subunidades de tamanhos diferentes e podem encontrar-se unidas ou separadas. P-peptidil A-aminoacil E- libertação Tradução - intervenientes RNA de Transferência (tRNA): - O tRNA funciona como intérprete entre a linguagem do mRNA e a linguagem das proteínas; - Apresenta cadeias de 75 a 80 ribonucleótidos; - Cadeia dobrada em forma de “folha de trevo”, em resultado de ligações de hidrogénio que se estabelecem entre bases complementares. 3’ C C A C G C U U A A GACAC CU * G C * * G U G U * CU * G AG G U * *A * A A G U C A G A C C * C G A G A G G G * * GA CUC*A U U U A G G C G 5’ Local de fixação do aminoácido Ligações de hidrogénio Anticodão A Relação entre um codão específico do mRNA e o anticodão do tRNA 85 Tradução - intervenientes Tradução - intervenientes Cada molécula de RNA de Transferência (tRNA) apresenta: - Uma região que lhe permite fixar um aminoácido específico, designado local aminoacil. Esta região localiza-se na extremidade 3´da molécula; - Uma sequência de três nucleótidos, complementar do codão do mRNA, designado anticodão. O anticodão reconhece o codão, ligando-se a ele; - Locais para a ligação ao ribossoma; - Locais para a ligação às enzimas intervenientes na formação dos péptidos. Etapas da Tradução: • Pode-se dividir a tradução em 3 etapas: – Iniciação – Alongamento – Finalização Subunidade maior do ribossoma tRNA iniciador mRNA Local de ligação do mRNA Subunidade menor do ribossoma GDP GTP Codão de iniciação U A C A U G 3’ 5’ 5’ 3’ 3’5’ 3’5’ Etapas da Tradução: iniciação Guanosina trifosfato Etapas da Tradução: iniciação GTP Guanina Ribosefosfatos Etapas da Tradução: iniciação INICIAÇÃO: - A subunidade menor do ribossoma liga-se à extremidade 5’ do mRNA; - A subunidade menor do ribossoma desliza ao longo da molécula de mRNA até encontrar o codão de iniciação (AUG); - O tRNA que transporta o aminoácido metionina liga-se por complementaridade ao codão de iniciação; - A subunidade maior liga-se à subunidade menor do ribossoma. mRNA Ribossoma pronto para o próximo aminoacil tRNA E P A E P A E P A E P A GDP GTP GTP GDP 2 2 5’ 3’ 91 Etapas da Tradução: alongamento Etapas da Tradução: alongamento Alongamento: - Um segundo tRNA transporta um aminoácido específico, ligando-se ao codão; - Estabelece-se uma ligação peptídica entre o aminoácido recém-ligado e a metionina; - O ribossoma avança três bases ao longo do mRNA no sentido 5’→ 3’; - Os tRNA, que se tinham ligado inicialmente, vão-se desprendendo sucessivamente. - O processo repete-se ao longo da cadeia de mRNA; Cadeia polipeptídica Codão Stop (UAG, UAA, ou UGA) 5’ 3’ 3’ 5’ 3’ 5’ Etapas da Tradução: finalização Etapas da Tradução: finalização Finalização: - O ribossoma encontra um codão de finalização (UAA, UAG ou UGA) e o alongamento termina porque a estes codões não corresponde nenhum aminoácido; - O último tRNA abandona o ribossoma; - O péptido é libertado. - As subunidades do ribossoma separam-se, podendo ser recicladas; TRANSCRIÇÃO TRADUÇÃO DNA mRNA Ribossoma Polipéptido Polipéptido Aminoácidos tRNA com um aminoácido Ribossoma tRNA Anticodão mRNA Gli A A A U G G U U U G G C Codões5’ 3’ Visão geral da tradução: Cadeias polipeptídicas Início do mRNA (5’) Final do mRNA (3’) Ribossomas mRNA 0.1 µm - A cada molécula de mRNA podem ligar-se diversos ribossomas, formando um polirribossoma ou polissoma. - Assim, diversas cópias da mesma proteína podem ser feitas a partir da mesma molécula de mRNA. Características da Síntese Proteica - A mesma zona do DNA pode ser transcrita várias vezes •Complexo •Rápido •Amplificado (Económico) Alguns polipéptidos têm que sofrer alterações até se tornarem funcionais: Alterações pós-traducionais. Ribossoma mRNA Partícula de reconhecimento CITOSOL Membrana do RE Proteína LÚMEN do RE Alterações Pós-traducionais: Alterações do material genético: Mutações Mutações: São alterações no material genético da célula. Mutações Génicas Cromossómicas Estruturais Numéricas EFEITOS DAS MUTAÇÕES NA SÍNTESE PROTEICA Mutação génica é uma alteração na sequência de nucleótidos do DNA. Alterações do material genético: Mutações Mutação génica: Mutação que afeta um determinado gene e pode resultar de: substituição, desaparecimento ou adição de um nucleótido da sequência que constitui o gene. • As mutações génicas podem ou não conduzir à produção de proteínas diferentes das normais; • As mutações no DNA são raras (1 em 100 milhões de divisões celulares), devido à existência de mecanismos de reparação de DNA, por complexos enzimáticos. Alterações do material genético: Mutações EFEITOS DAS MUTAÇÕES NA SÍNTESE PROTEICA Mutação Somática Germinativa Afeta células somáticas Afeta células reprodutoras Não é hereditária É hereditária Sem efeitos evolutivos Com efeitos evolutivos Alterações do material genético: Mutações Alterações do material genético: Mutações Exemplos: A U G A A G U U U G G C U A AmRNA 5’ Proteína Met Lis Fen Gli Stop 3’ A U G A A G U U U G G U U A A Met Lis Fen Gli Sem efeitos na sequência de aminoácidos substituição de C por U Stop A U G A A G U U U A G U U A A Met Lis Fen Ser Stop A U G U A G U U U G G C U A A Met Stop Sequência de aminoácidos alterada substituição de G por A Sem sentido substituição de A por U Alterações do material genético: Mutações 105 Alterações do material genético: Mutações • A mudança de um nucleótido do DNA conduz à produção de uma proteína anormal. DNA mutanteDNA mRNA mRNA Hemoglobina normal Hemoglobina anormal Glu Val C T T C A T G A A G U A 3’ 5’ 3’ 5’ 5’ 3’5’ 3’ Alterações do material genético: Mutações