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DO PROCEDIMENTO 
ESPECIAL DO 
TRIBUNAL DO JÚRI
Professora: Danielle Gomes
DIREITO PROCESSUAL PENAL III
A Constituição Federal reconheceu a instituição do júri como garantia 
individual (art. 5º, XXXVIII, da CF), atribuindo-lhe a competência mínima 
para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Tratando-se de garantia 
fundamental, a instituição do júri não pode ser suprimida do ordenamento 
pátrio nem mesmo por emenda constitucional, pois se cuida de cláusula 
pétrea (art. 60, § 4º, IV, da CF).
O júri é órgão jurisdicional de primeiro grau da Justiça Comum Estadual e 
Federal, composto por cidadãos (juízes leigos) escolhidos por sorteio, que 
são temporariamente investidos de jurisdição, e por um juiz togado (juiz de 
direito).
A participação popular nos julgamentos criminais como instrumento de 
tutela de direitos individuais assenta-se na convicção de que o magistrado 
profissional aprecia os casos com maior rigidez e menos benignidade2, ao 
passo que o jurado mostra-se mais receptivo e simpático a argumentos e 
circunstâncias de caráter extrajurídico.
A Constituição Federal assegurou ao tribunal do júri a competência mínima 
para julgar os crimes dolosos contra a vida, o que não interdita a 
possibilidade de o legislador ampliar o elenco de infrações cujo julgamento 
é afeto ao órgão, o que, de fato, já ocorre em relação aos crimes conexos, 
que são apreciados pelo júri (art. 78, I, do CPP).
O crime de induzimento, instigação ou auxílio à automutilação, embora 
tipificado no capítulo que trata dos crimes dolosos contra a vida, não se 
caracteriza como tal por afetar o bem jurídico incolumidade física, razão 
pela qual não se incluiu na competência do Tribunal do Júri. 
Crimes dolosos contra a vida são apenas aqueles previstos no capítulo 
específico do Código Penal (Parte Especial, Título I, Capítulo I, do CP), que 
são: 
1. Homicídio doloso, 
2. Feminicídio), 
3. Infanticídio, 
4. Auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio e,
5. Aborto, em suas formas consumadas ou tentadas (art. 74, § 1º, do CPP). 
Assim, aquelas infrações que apresentam o resultado morte a título doloso, 
mas que não se incluem nas citadas espécies de crimes, não são de 
competência do Tribunal do Júri (ex.: latrocínio, que é julgado pelo juiz 
singular, ainda que a morte praticada durante o roubo tenha sido intencional 
— Súmula n. 603 do STF.
Aos processos de competência do tribunal do júri não se aplicam, de 
acordo com a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal nas ADIs 
6.298, 6.299, 6.300 e 6.305, as regras relativas ao juiz das garantias: o 
julgamento por órgão coletivo, fator de reforço da imparcialidade, e a 
circunstância de que os responsáveis pelo julgamento da pretensão 
punitiva — os jurados — não atuam na fase investigativa autorizam concluir 
pela desnecessidade da figura do juiz de garantias em tais processos.
Princípios constitucionais relativos ao júri:
1) Plenitude de defesa — Aqui o julgador decide de acordo com sua íntima 
convicção, sem que tenha de indicar os motivos da decisão, permite que o 
acusado possa beneficiar-se de argumentos de cunho moral ou religioso e, 
até mesmo, de aspectos de natureza sentimental, o que é proibido ao juiz 
togado, que não pode afastar-se da lógica jurídica. Além disso, como não 
necessitam indicar os fatores em que baseiam o veredicto, é possível que o 
jurado leve em consideração informações que não constam dos autos, mas 
de que teve conhecimento por outros meios.
Princípios constitucionais relativos ao júri:
2) Sigilo das votações — O segredo das votações é postulado que se origina 
da necessidade de manter os jurados a salvo de qualquer fonte de coação, 
embaraço ou constrangimento, por meio da garantia de inviolabilidade do 
teor de seu voto e do recolhimento a recinto não aberto ao público (sala 
secreta) para o processo de votação.
Princípios constitucionais relativos ao júri:
3) Soberania dos veredictos — Consiste na proibição de que órgãos jurisdicionais de 
instância superior substituam por outra a decisão proferida pelo tribunal popular 
(conselho de sentença), no tocante ao reconhecimento da procedência ou 
improcedência da pretensão punitiva. O postulado não tem incidência, portanto, 
sobre o teor da decisão do juiz-presidente, que, em caso de condenação ou de 
absolvição imprópria, deve aplicar a pena ou medida de segurança que decorre do 
veredicto.
A soberania, todavia, não impede que os tribunais de segundo grau ou os superiores 
anulem o veredicto em decorrência de vício processual (reconhecimento de 
nulidade), nem que o veredicto seja cassado por ser manifestamente contrário à prova 
dos autos, desde que, nessa última hipótese, por apenas uma vez (art. 593, § 3º, do 
CPP). Em ambos os casos, ou seja, também quando o tribunal decidir que a decisão 
dos jurados é divorciada da prova dos autos, nada mais poderá fazer senão 
determinar que o acusado seja submetido a novo julgamento pelo júri, garantindo, 
assim, que o litígio penal seja resolvido em definitivo pelo tribunal popular.
Princípios constitucionais relativos ao júri:
No Supremo Tribunal Federal é pacífico o entendimento de que o princípio 
constitucional da soberania dos veredictos não é violado pela determinação de 
realização de novo julgamento pelo tribunal do júri na hipótese do art. 593, III, d, do 
Código de Processo Penal, ou seja, quando a decisão é manifestamente contrária à 
prova dos autos. Confiram-se, dentre vários outros, os seguintes julgados: “O 
Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a submissão do acusado a 
novo julgamento popular não contraria a garantia constitucional da soberania dos 
veredictos. Precedentes” (STF — HC 130.690 AgR — 1ª Turma — Rel. Min. Roberto 
Barroso — julgado em 11.11.2016 — DJe 23.11.2016 — Public.: 24.11.2016); “A 
determinação de realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri não contraria o 
princípio constitucional da soberania dos vereditos quando a decisão for 
manifestamente contrária à prova dos autos. Precedentes” (STF — HC 134.412 — 2ª 
Turma — Rel. Min. Cármen Lúcia — julgado em 07.06.2016 — DJe 15.06.2016 — 
Public.: 16.06.2016).
Princípios constitucionais relativos ao júri:
Em sede de revisão criminal, porém, a instância competente poderá decretar a 
absolvição do acusado, sem que tenha de limitar-se a determinar a realização de novo 
julgamento4. Nesse sentido: “Penal e processual penal. Recurso especial. Homicídio 
qualificado. Júri. Revisão criminal. Absolvição. Possibilidade. Ponderação de 
princípios. Dignidade da pessoa humana. Prevalência sobre a soberania dos vereditos 
e coisa julgada. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não 
provido” (STJ — REsp 1.050.816/SP — 6ª Turma — Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz — 
julgado em 01.12.2016 — DJe 15.12.2016).
Princípios constitucionais relativos ao júri:
Em sede de revisão criminal, porém, a instância competente poderá decretar a 
absolvição do acusado, sem que tenha de limitar-se a determinar a realização de novo 
julgamento4. Nesse sentido: “Penal e processual penal. Recurso especial. Homicídio 
qualificado. Júri. Revisão criminal. Absolvição. Possibilidade. Ponderação de 
princípios. Dignidade da pessoa humana. Prevalência sobre a soberania dos vereditos 
e coisa julgada. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não 
provido” (STJ — REsp 1.050.816/SP — 6ª Turma — Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz — 
julgado em 01.12.2016 — DJe 15.12.2016).
Caracteres do tribunal do júri
a) Temporariedade — o tribunal do júri é órgão jurisdicional de caráter não 
permanente, pois é constituído em determinadas épocas do ano para a apreciação 
das causas que se encontram preparadas para julgamento, dissolvendo-se depois de 
cumprir essa tarefa5.
b) Órgão colegiado — é integrado por vários membros.
c) Heterogeneidade — compõe-se de juízes de qualidade diversa: 1 juiz profissional 
(juiz-presidente) e 25 juízes leigos (jurados), dos quais 7 são sorteados, a cada 
julgamento, paraa formação do conselho de sentença.
José Frederico Marques distingue o elemento fixo do tribunal do júri, que é o juiz-
presidente, dos órgãos temporários, os jurados6.
d) Decisão por maioria — as decisões do júri são tomadas por maioria simples de 
votos.
Providências para a constituição do tribunal do júri:
Nos termos do disposto no art. 425, caput, do Código de Processo Penal, todo ano o 
juiz-presidente organizará a lista geral dos jurados, que contemplará de 800 a 1.500 
jurados nas comarcas de mais de um milhão de habitantes, de 300 a 700 nas 
comarcas de mais de cem mil habitantes e de 80 a 400 nas comarcas de menor 
população. Onde houver necessidade, poderá haver alistamento de número maior de 
jurados e até mesmo a formação de lista de suplentes, cujos nomes deverão figurar 
em cédulas depositadas em urna especial (art. 425, § 1º).
Providências para a constituição do tribunal do júri:
Nos termos do disposto no art. 425, caput, do Código de Processo Penal, todo ano o 
juiz-presidente organizará a lista geral dos jurados, que contemplará de 800 a 1.500 
jurados nas comarcas de mais de um milhão de habitantes, de 300 a 700 nas 
comarcas de mais de cem mil habitantes e de 80 a 400 nas comarcas de menor 
população. Onde houver necessidade, poderá haver alistamento de número maior de 
jurados e até mesmo a formação de lista de suplentes, cujos nomes deverão figurar 
em cédulas depositadas em urna especial (art. 425, § 1º).
Para realizar o alistamento, o juiz-presidente, sem prejuízo da escolha por 
conhecimento pessoal, requisitará indicação de pessoas que reúnam condições para 
exercer a função de jurado às autoridades locais, às associações de classe e de 
bairro, às entidades associativas, às instituições de ensino, às universidades, aos 
sindicatos, às repartições públicas e a outros núcleos comunitários (art. 425, § 2º).
A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões e destinada ao 
funcionamento do órgão no ano seguinte, publicar-se-á em duas oportunidades, por 
via da imprensa e de editais afixados à porta da sede do Tribunal do Júri: a primeira 
lista, que poderá ser alterada de ofício ou por força de reclamação de qualquer do 
povo até a publicação da lista definitiva, no dia 10 de outubro; a segunda (lista 
definitiva), no dia 10 de novembro.
Composta a lista definitiva, os nomes e endereços dos jurados serão inscritos em 
cartões, que serão depositados, na presença do Ministério Público, de representante 
da seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pela 
Defensoria Pública, na urna geral, cuja chave ficará em poder do juiz (art. 426, § 3º, do 
CPP). Da urna geral é que serão sorteados os jurados que servirão em cada reunião 
periódica.
Entre o décimo quinto e o décimo dias que antecederem cada reunião periódica será 
realizado sorteio, pelo juiz, de 25 jurados9. Esse sorteio será feito em sessão pública e 
com prévia intimação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da 
Defensoria Pública (arts. 432 e 433).
É importante atentar para a circunstância de que esses 25 jurados são sorteados para 
participarem de todos os julgamentos que ocorrerem em uma mesma reunião 
periódica do tribunal do júri, independentemente do número de sessões 
(julgamentos) previstas para realizarem-se.
Capacidade geral para o serviço do júri:
Para que possa ser jurado, a pessoa deve atender aos seguintes requisitos:
a) Nacionalidade brasileira — somente os brasileiros, natos ou naturalizados, podem 
servir ao júri, não apenas porque a nacionalidade é pressuposto da cidadania, mas, 
também, porque não seria aceitável permitir que o estrangeiro exercesse parcela da 
soberania estatal.
b) Cidadania (art. 436, caput, do CPP) — a capacidade eleitoral ativa, que a pessoa 
que está no gozo dos direitos políticos adquire com o alistamento eleitoral, é 
pressuposto para o serviço do júri.
Capacidade geral para o serviço do júri:
c) Ser maior de 18 anos (art. 436, caput, do CPP) — presume-se, em caráter absoluto, 
a imaturidade da pessoa incapaz em razão da idade, bem como a incompatibilidade 
com a função em decorrência da impossibilidade de ser responsabilizada 
criminalmente.
d) Notória idoneidade (art. 436, caput, do CPP) — a idoneidade moral é indispensável 
para a participação no tribunal popular, daí por que não poderão integrá-lo, dentre 
outras, as pessoas com reprovável conduta social, aquelas que ostentam 
antecedentes criminais, assim como os ébrios e os usuários de entorpecentes.
à participação no julgamento, não poderá servir como jurada.
Capacidade geral para o serviço do júri:
e) Alfabetização — malgrado a lei não estabeleça, de forma expressa, a necessidade 
de que o jurado tenha capacidade de ler e escrever, tal requisito deriva da 
circunstância de que o integrante do júri emitirá sua decisão por meio de votos 
escritos (cédulas previamente confeccionadas). Além disso, para que possa exercer 
plenamente as prerrogativas da função, é necessário que o jurado tenha condições de 
ler cópia do relatório do processo e da decisão de pronúncia (art. 472, parágrafo 
único, do CPP) e, ainda, os autos do processo (art. 480, § 3º, do CPP).
f) Gozo das faculdades mentais e dos sentidos — a pessoa cuja deficiência mental ou 
sensorial for de natureza tal que a prive do discernimento ou percepção 
imprescindível à participação no julgamento, não poderá servir como jurada.
Obrigatoriedade do serviço do júri:
É obrigatório o serviço do júri (art. 436, caput, do CPP), já que se trata de dever a todos 
imposto, e não de mero direito ou faculdade, razão pela qual a recusa injustificada 
sujeita o recalcitrante ao pagamento de multa de um a dez salários mínimos, de 
acordo com a condição econômica do jurado (art. 436, § 2º, do CPP).
Fica sujeito a idêntica penalidade o jurado que, embora tenha aceitado o serviço do 
júri, deixe de comparecer no dia marcado para a sessão ou se retire antes de ser 
dispensado pelo juiz, ressalvada a comprovação de causa legítima (art. 442 do CPP).
Pessoas isentas do serviço do júri: 
Nos termos do art. 437 do Código de Processo Penal, estão isentos do serviço do júri:
1) o Presidente da República e os Ministros de Estado;
2) os Governadores e seus respectivos Secretários;
3) os membros do Poder Legislativo Federal, Estadual, Distrital ou Municipal;
4) os Prefeitos Municipais;
5) os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública;
6) os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;
7) as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública;
8) os militares em serviço ativo;
9) os cidadãos maiores de 70 anos que requeiram sua dispensa;
10) aqueles que, demonstrando justo impedimento por meio de requerimento apresentado até o momento da chamada dos 
jurados, ressalvados os casos de força maior, forem dispensados por ato motivado do juiz-presidente (arts. 443 e 444 do CPP).
Direitos e vantagens dos jurados:
O efetivo exercício da função de jurado, ou seja, o desempenho da função de jurado, e 
não a mera figuração na lista, garante as seguintes vantagens:
1) presunção de idoneidade (art. 439 do CPP);
2) preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas, bem como no 
provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública e, ainda, nos casos de 
promoção funcional ou remoção voluntária (art. 440 do CPP);
3) garantia da inocorrência de descontos nos vencimentos quando de seu 
comparecimento a sessão de julgamento (art. 441 do CPP);
4) prisão processual especial, já que, muito embora a Lei n. 12.403/2011 tenha 
suprimido essa prerrogativa da redação do art. 439 do Código de Processo Penal, 
subsiste previsão da regalia no art. 295, X, do Código.
Responsabilidade criminal dos jurados:
Os jurados são considerados funcionários públicos para fins penais (art. 327, caput, 
do CP), motivo pelo qual são responsáveis, no exercício da função ou a pretexto de 
exercê-la, nos mesmos termos em que o sãoos juízes togados (art. 445). Assim, se 
solicitar dinheiro de uma das partes para proferir decisão a ela favorável, incorre em 
crime de corrupção passiva.
Procedimento:
Os processos de competência do tribunal do júri desenvolvem-se em duas fases, 
motivo pelo qual se diz que se trata de procedimento de caráter escalonado ou 
bifásico.
A primeira fase, denominada sumário da culpa (ou judicium accusationis), tem início 
com o recebimento da denúncia e encerra-se com a preclusão da decisão de 
pronúncia. Tal etapa traduz atividade processual voltada para a formação de juízo de 
admissibilidade da acusação.
A segunda fase, denominada juízo da causa (ou judicium causae), se inicia com a 
intimação das partes para indicação das provas que pretendem produzir em plenário 
e tem fim com o trânsito em julgado da decisão do tribunal do júri. Essa fase 
compreende uma etapa preparatória ao julgamento e o próprio julgamento do mérito 
da pretensão punitiva.
Para todos os crimes de competência do júri, sejam eles apenados com reclusão ou detenção, observar-se-á o mesmo rito 
procedimental especial, independentemente do montante da pena máxima prevista em abstrato.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Oferecida a denúncia ou a queixa, portanto, o juiz decidirá sobre seu recebimento 
para, em seguida, ordenar a citação do acusado para oferecer resposta escrita, no 
prazo de 10 dias (art. 406, caput, do CPP).
O prazo para o réu apresentar resposta será contado a partir da data do cumprimento 
do mandado ou, no caso de citação inválida ou por edital, a partir do comparecimento 
em juízo do acusado ou de defensor constituído (art. 406, § 1º, do CPP). Se o réu, 
citado por edital, não oferecer resposta, não comparecer em juízo e não nomear 
defensor, será decretada a suspensão do processo e do prazo prescricional, nos 
termos do art. 366 do Código de Processo Penal.
Se, embora citado pessoalmente, o réu deixar de apresentar resposta escrita por 
intermédio de advogado, o juiz nomeará defensor para fazê-lo no prazo de 10 dias (art. 
408 do CPP), já que é imprescindível que a conveniência da apresentação da peça 
seja avaliada por pessoa com habilitação técnica.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Na resposta, o réu poderá, além de arguir preliminares e de alegar o que entender útil 
à sua defesa, apresentar documentos e justificações, requerer a produção de provas e 
arrolar até 8 testemunhas (art. 406, § 3º, do CPP), número, aliás, idêntico ao que a 
acusação pode arrolar na denúncia (art. 406, § 2º, do CPP).
Logo que apresentada a resposta, o Ministério Público (ou o querelante) será ouvido, 
em 5 dias, sobre eventuais preliminares e documentos juntados (art. 409 do CPP). 
Ressalte-se que, acaso não haja arguição de matérias preliminares nem oferecimento 
de documentos, a manifestação do órgão acusador é desnecessária.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Em 10 dias, o juiz deverá deliberar sobre as iniciativas probatórias requeridas pelas 
partes, determinando, se pertinentes e necessárias as providências, a inquirição das 
testemunhas e a realização de outras provas (art. 410 do CPP). Em atenção à 
necessidade de imprimir celeridade ao procedimento, a lei estabeleceu o poder-dever 
de o juiz indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias 
(art. 411, § 2º, do CPP).
Em audiência única, serão ouvidos, nesta ordem, o ofendido, bem como as 
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, para, em seguida, obterem-se os 
esclarecimentos de peritos cuja oitiva tenha sido deferida pelo juiz, realizarem-se 
acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas, interrogar-se o acusado e, por 
último, proceder-se aos debates orais (art. 411 do CPP).
Nos termos do art. 212 do Código de Processo Penal, as partes inquirirão diretamente 
as testemunhas, após o que o juiz poderá inquiri-las sobre os pontos não 
esclarecidos.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
No sumário da culpa, o interrogatório, que é o último ato de natureza probatória da 
audiência, é realizado de acordo com o sistema presidencialista de inquirição, 
incumbindo ao juiz dirigir perguntas ao réu e, em seguida, indagar às partes se 
desejam, por seu intermédio, esclarecer algum ponto relevante (art. 188 do CPP).
Aplicam-se, nessa primeira fase do procedimento escalonado, as normas previstas no 
art. 405, §§ 1º e 2º, do CPP, segundo o qual o registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a 
obter maior fidelidade das informações, sem que haja necessidade de transcrição.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Seguem-se os debates orais, que são os argumentos verbais oferecidos pelas partes, 
após a colheita dos depoimentos, a fim de convencer o juiz. De acordo com o art. 411, 
§ 4º, do Código de Processo Penal, primeiro a acusação e, em seguida, a defesa terão 
20 minutos cada uma, para apresentar alegações orais, permitida a prorrogação por 
10 minutos do tempo destinado a cada parte. Na hipótese de haver mais de um 
acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um será individual.
A manifestação do assistente do Ministério Público, que poderá usar da palavra por 10 
minutos, precederá a da defesa e ensejará a prorrogação do prazo do acusado por 
igual período (art. 411, § 6º, do CPP).
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Também com o escopo de impedir a demora injustificada na conclusão do 
procedimento, a lei proibiu o adiamento de ato da audiência, salvo quando 
imprescindível à prova faltante, devendo o juiz determinar a condução coercitiva de 
quem deixar de comparecer (art. 411, § 7º, do CPP).
A lei fixou o prazo máximo de 90 dias para conclusão do procedimento (art. 412 do 
CPP), mas a consequência prática do descumprimento desse prazo será, apenas, 
eventual libertação do acusado que esteja preso pelo processo, pois, se, embora 
decorrido o período em questão, não tiver sido possível concluir a instrução, a 
solução será aguardar a realização da prova imprescindível.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Se, terminada a instrução probatória, o juiz se convencer da possibilidade de nova 
definição jurídica do fato em decorrência de comprovação de circunstância ou 
elementar não contida na denúncia ou queixa, procederá na forma do art. 384 do 
Código de Processo Penal (art. 411, § 3º, do CPP), remetendo os autos ao Ministério 
Público para aditamento da denúncia.
Terminados os debates orais, passa-se à etapa decisória do sumário da culpa (ou fase 
da pronúncia), em que o juiz, na própria audiência, profere sua decisão ou determina 
que os autos lhe venham conclusos para proferir decisão no prazo de 10 dias.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Etapa decisória do sumário da culpa (fase da pronúncia):
Alcançada essa etapa, o juiz pode encerrar a fase de formação da culpa com uma das 
quatro espécies de decisão listadas a seguir:
a) pronúncia (art. 413 do CPP);
b) impronúncia (art. 414 do CPP);
c) absolvição sumária (art. 415 do CPP); e
d) desclassificação (art. 419 do CPP).
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
- Pronúncia
Pronúncia é a decisão por meio da qual o juiz, convencido da existência material do 
fato criminoso e de haver indícios suficientes de que o acusado foi seu autor ou 
partícipe, admite que ele seja submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri. A 
pronúncia tem caráter estritamente processual e não se constitui em decisão de 
mérito, pois não impõe pena alguma ao réu. 
Classifica-se como decisão interlocutória mista não terminativa, pois, além de não 
encerrar julgamento do mérito, não põe fim ao processo.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
- Efeitos da pronúncia: 
São efeitos da decisão de pronúncia:
1) a submissão do acusado a julgamento pelo tribunal do júri;
2) a demarcaçãodos limites da acusação que será sustentada perante o tribunal 
popular;
3) a interrupção da prescrição (art. 117, II, do CP), que ocorrerá mesmo na hipótese de 
desclassificação do crime pelo tribunal do júri (Súmula n. 191 do Superior Tribunal de 
Justiça: “A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri 
venha a desclassificar o crime”).
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Intimação da pronúncia:
Com o advento da citada Lei n. 11.689/2008, a intimação da decisão de pronúncia 
passou a obedecer às seguintes regras:
1) o acusado será intimado, em regra, pessoalmente (art. 420, I, do CPP), mas, se 
estiver solto e não for localizado, será intimado por edital (art. 420, parágrafo único, do 
CPP), com prazo de 15 dias (arts. 370 e 361 do CPP), sem qualquer prejuízo para o 
prosseguimento do feito;
2) o defensor dativo será intimado pessoalmente (art. 420, I, do CPP);
3) o defensor constituído, o querelante e o assistente serão intimados pela imprensa;
4) o órgão do Ministério Público será sempre intimado pessoalmente.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Recurso e preclusão:
Contra a decisão de pronúncia é interponível recurso em sentido estrito (art. 581, IV, 
do CPP) – RESE. 
A pronúncia, como decisão de natureza interlocutória, gera efeitos preclusivos apenas 
no que se refere à impossibilidade de, no processo, rediscutir-se a admissibilidade da 
acusação. Não se pode falar, portanto, que a decisão esteja coberta pela 
imutabilidade da coisa julgada, pois os jurados não se vinculam aos fundamentos 
invocados pelo juiz para admitir a acusação.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Despronúncia:
Quando a pronúncia é revogada, diz-se que há despronúncia, cujos efeitos são 
idênticos aos da impronúncia22. Pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
a) o juiz se retrata em razão da interposição de recurso em sentido estrito contra a 
decisão de pronúncia. Esta modalidade de recurso tem como uma de suas 
características a possibilidade de o próprio prolator da decisão de 1º grau se retratar 
em face dos argumentos apresentados pelo recorrente e modificar o teor da decisão;
b) o tribunal dá provimento ao recurso em sentido estrito interposto contra a decisão 
que pronunciou o acusado, excluindo o julgamento pelo Tribunal do Júri.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Impronúncia:
Se o juiz não se convencer da existência do crime ou se, apesar de convencido, não 
considerar demonstrada a probabilidade de o acusado ser autor ou partícipe, deve 
proferir decisão de impronúncia.
Trata-se de decisão de caráter terminativo, por meio da qual o juiz declara não existir 
justa causa para submeter o acusado a julgamento popular.
Como não se trata de decisão sobre o mérito da pretensão punitiva, a impronúncia 
não faz coisa julgada material, mas apenas formal. Assim, uma vez prolatada a 
decisão de impronúncia, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver 
prova nova (art. 414, parágrafo único, do CPP), desde que não se tenha operado causa 
extintiva da punibilidade (prescrição, morte do réu etc.).
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Recurso:
A decisão de impronúncia, que anteriormente era desafiada por recurso em sentido 
estrito, passou a sujeitar-se, a partir da edição da Lei n. 11.689/2008, a recurso de 
apelação (art. 416 do CPP). A alteração teve por objetivo conferir uniformidade ao 
sistema recursal, de modo que sempre será cabível apelação contra decisões que, no 
rito do júri, ponham fim ao processo, reservando-se o recurso em sentido estrito para 
atacar decisões não terminativas.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Absolvição sumária:
É a sentença definitiva por meio da qual a pretensão punitiva é julgada improcedente. 
Trata-se, portanto, ao contrário do que ocorre com a impronúncia, de decisão de 
mérito, que terá lugar quando o juiz entender:
a) provada a inexistência do fato;
b) provado não ser o acusado autor ou partícipe do fato;
c) que o fato não constitui infração penal;
d) demonstrada causa de exclusão do crime (Estado de necessidade, Legítima defesa, 
Estrito cumprimento de dever legal, Exercício regular de direito) ou de isenção de pena, 
com exceção da inimputabilidade, salvo se esta for a única tese defensiva.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Recurso: 
Em virtude de alteração introduzida pela Lei n. 11.689/2008, a absolvição sumária, 
que até então era desafiada por recurso em sentido estrito, passou a expor-se à 
apelação (art. 416 do CPP), como ocorre com as demais decisões absolutórias 
definitivas.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Absolvição sumária:
O reconhecimento da inimputabilidade sujeita o agente à medida de segurança 
(absolvição sumária imprópria). 
Constituindo decisão de caráter excepcional, já que impede a apreciação da causa 
pelo júri, só se decretará a absolvição sumária quando existir prova incontroversa de 
uma de suas hipóteses de cabimento. 
Por tratar-se de sentença definitiva, a absolvição sumária produz coisa julgada 
material, pois, “passando em julgado a absolvição sumária, decidida está, 
definitivamente, a lide penal, com a declaração imutável de improcedência da 
pretensão punitiva”.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Desclassificação:
Se o juiz se convencer, em discordância com a denúncia ou queixa, da existência 
exclusiva de crime que não seja da competência do júri, deverá remeter os autos ao 
juízo competente, caso não o seja (art. 419 do CPP).
Por meio da decisão de desclassificação, que tem natureza não terminativa, o 
julgador reconhece, portanto, a inexistência de prova da ocorrência de crime doloso 
contra a vida e, concomitantemente, a existência de elementos que evidenciem a 
prática de infração estranha à competência do tribunal popular.
A desclassificação tanto pode se dar para crime menos grave (de tentativa de 
homicídio para lesão corporal de natureza grave, p. ex.) como para delito mais grave 
(de homicídio para latrocínio). A desclassificação opera-se, pois, sempre que o juiz, 
por entender que não se trata de crime de competência do júri, determina a remessa 
dos autos ao juízo competente.
Sumário da culpa (fase de formação da culpa):
Recurso – DESCLASSIFICAÇÃO : 
Da decisão de desclassificação cabe recurso em sentido estrito (art. 581, II, do CPP). 
Embora haja quem afirme a falta de interesse do réu para recorrer da decisão27, é 
preciso ter em conta que, em certos casos, a desclassificação lhe é prejudicial, o que 
evidencia a sua legitimidade.
Juízo da causa:
Com a preclusão da decisão de pronúncia, encerra-se a primeira fase do 
procedimento do júri, o que determina o encaminhamento dos autos ao juiz-
presidente do tribunal do júri (art. 421, caput, do CPP), dando assim início à segunda 
etapa procedimental do processo.
De acordo com as regras atuais, o juiz-presidente, ao receber os autos, determinará a 
intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante e, ainda, do defensor, para 
que, no prazo de 5 dias, apresentem rol de testemunhas que pretendem ouvir em 
plenário, até o máximo de 5, requeiram diligências e juntem documentos (art. 422 do 
CPP).
Juízo da causa:
Manifestando-se as partes ou escoando-se o prazo, o juiz, depois de deliberar sobre o 
requerimento de provas a serem produzidas ou exibidas e após adotar as providências 
pertinentes para sua produção ou juntada, determinará a realização de eventuais 
diligências necessárias ao saneamento de eventuais nulidades e, em seguida, fará 
relatório sucinto do processo (art. 423 do CPP). O relatório deve encerrar exposição 
comedida do procedimento, para que não haja influência sobre os jurados.
Efetivadas tais medidas, o juiz declarará o processo preparado, determinando sua 
inclusão na pauta de julgamento da próxima reunião periódica do Tribunal do Júri. 
Com essa decisão, supera-se a fase preparatória do juízo da causa.
Desaforamento:
Desaforar é tirar o processodo foro em que está para mandá-lo a outro foro.
O desaforamento, ou seja, o deslocamento do processo de um foro para outro, é 
admitido em quatro hipóteses:
1) por interesse da ordem pública (art. 427, caput, do CPP) — ocorre, por exemplo, nos 
casos em que a realização do julgamento importar risco para a paz social local ou 
para a incolumidade dos jurados;
2) em razão de dúvida sobre a imparcialidade do júri (art. 427, caput, do CPP) — 
hipótese em que, por motivos de favoritismo ou perseguição, há elementos que 
indiquem que os jurados não apreciarão a causa com isenção;
Desaforamento:
3) em razão de dúvida sobre a segurança pessoal do réu (art. 427, caput, do CPP) — 
quando houver prova de risco para incolumidade física do acusado;
4) não realização do julgamento, no período de seis meses a contar da preclusão da 
pronúncia, em virtude de comprovado excesso de serviço (art. 428, caput, do CPP) — 
trata-se de medida destinada a fazer valer a garantia constitucional de duração 
razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF). Para esse fim, não serão computados os 
períodos relativos a adiamentos provocados pela defesa ou diligências e incidentes 
de seu interesse.
Por se tratar de medida excepcional, o desaforamento só terá lugar quando houver
prova segura da existência de um dos motivos que o justificam. Assim, não basta, para
fins de desaforamento, mera presunção de parcialidade dos jurados em razão da
divulgação dos fatos e da opinião da mídia.
Desaforamento:
Procedimento:
Somente após a preclusão da decisão de pronúncia, ou seja, quando não mais houver 
dúvida de que o julgamento pelo júri será realizado, é que se pode cogitar do 
desaforamento.
Compete à segunda instância apreciar o pedido, que terá preferência de julgamento 
na Câmara ou Turma (art. 427, § 1º, do CPP). Antes de decidir, porém, o tribunal ouvirá 
o órgão do Ministério Público que oficiar em segundo grau.
Se o tribunal decidir pelo desaforamento do julgamento, indicará para qual comarca 
da região será deslocado, dentre aquelas nas quais não existam os mesmos motivos 
que ensejaram a medida derrogatória.
Desaforamento:
Não se admite o pedido de desaforamento (art. 427, § 4º, do CPP):
a) na pendência de recurso contra a pronúncia;
b) quando já realizado o julgamento, salvo se o fato que embasa o pedido tiver 
ocorrido durante ou após a realização de julgamento posteriormente anulado.
Uma vez que são definitivos os efeitos do desaforamento, não se procederá ao 
reaforamento do julgamento (retorno do processo ao foro do delito), ainda que não 
mais subsistam as causas que determinaram o deslocamento. Poderá a causa 
retornar ao foro original, no entanto, em caso de novo desaforamento, ou seja, se 
surgirem na nova comarca motivos que justifiquem o deslocamento e, na comarca de 
origem, não houver mais motivo que impeça a apreciação da causa.
DO JULGAMENTO EM PLENÁRIO
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