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1 
 
 
 
 
2 
Olá, Alunos! 
 
Sejam bem-vindos! 
 
Esse material foi elaborado com muito carinho para que você 
possa absorver da melhor forma possível os conteúdos e se 
preparar para a sua 2ª fase, e deve ser utilizado de forma 
complementar junto com as aulas. 
 
Qualquer dúvida ficamos à disposição via plataforma 
“pergunte ao professor”. 
 
Lembre-se: o seu sonho também é o nosso! 
Bons estudos! Estamos com você até a sua aprovação! 
 
Com carinho, 
Equipe Ceisc ♥ 
 
 
 
 
 
3 
2ª FASE OAB | PENAL | 41º EXAME 
Direito Penal 
 
 SUMÁRIO 
Segunda Fase do Procedimento do Júri
1.1. Preparação e organização do júri ...................................................................6
1.2. Desaforamento ...............................................................................................6
1.2.1. Conceito............................................................................................................................ 6
1.2.2. Interesse da ordem pública............................................................................................. 6
1.2.3. Dúvida sobre a imparcialidade do júri............................................................................ 6
1.2.4. Segurança pessoal do réu.............................................................................................. 7
1.2.5. Iniciativa do desaforamento............................................................................................ 7
1.2.6. Suspensão do julgamento pelo relator...........................................................................7
1.2.7. Inadmissibilidade do pedido de desaforamento............................................................ 7
1.2.8. Excesso de Serviço..........................................................................................................7
1.3. Ausência do defensor .....................................................................................8
1.4. Ausência do acusado .....................................................................................8
1.5. Imprescindibilidade do depoimento da testemunha .......................................8
1.6 Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão8
1.7. Infrutífera condução coercitiva .......................................................................9
1.8. Realização do julgamento ..............................................................................9
1.9. Preparo para a composição do conselho de sentença ...................................9
1.10. Abertura dos trabalhos .................................................................................9
1.11. Ausência de quórum...................................................................................10
1.12. Reunião prévia do juiz com os jurados .......................................................10
1.12.1. Conceito..........................................................................................................................10
1.12.2. Incomunicabilidade dos jurados...................................................................................10
1.12.3. Manifestação da opinião acerca do processo............................................................11
4 
1.12.4. Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento......................................11
1.12.5 Certidão do oficial de justiça.........................................................................................11
1.13. Formação do conselho de sentença...........................................................11
1.14. Recusas motivadas e imotivadas ...............................................................11
1.15. Separação do julgamento ...........................................................................12
1.17. Estouro da urna ..........................................................................................13
1.18. Instrução em plenário..................................................................................................... 14
1.19. Interrogatório do acusado...............................................................................................14
1.20.1. Correlação entre acusação e pronúncia....................................................................15
1.20.2. Manifestação inicial do querelante............................................................................ 15 
Apelação das Decisões do Plenário do Júri
2.1. Identificação....................................................................................................................... 20
2.2. Base legal.......................................................................................................................... 20
2.3. Prazo.................................................................................................................................. 21
2.4. Conteúdo/Plano de Ação................................................................................................. 21
2.5. Pedido................................................................................................................................ 23
2.6. Estruturação...................................................................................................................... 24
2.7 Exercícios para resolver após a aula.............................................................33
Padrão Resposta..................................................................................................................... 35
 
 
 
 
 
 
 
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para 
a 2ª Fase do 41º Exame da OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. 
Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. 
 
Bons estudos, Equipe Ceisc. 
Atualizado em julho de 2024. 
5 
Para dar o soco missioneiro, leia os principais artigos sobre Segunda Fase do Procedimento do Júri. Apelação das 
Decisões do Plenário do Júri. 
• Art. 63, CP; 
• Art. 69, CPP; 
• Art. 312, CPP; 
• Art. 386, CPP; 
• Art. 422, CPP; 
• Art. 427, CPP; 
• Art. 428, CPP; 
• Art. 429, CPP; 
• Art. 456, CPP; 
• Art. 457, CPP; 
• Art. 458,§ 1º c/ 564, III, “j”, CPP; 
• Art. 461, CPP; 
• Art. 462, CPP; 
• Art. 463, CPP; 
• Art. 464, CPP; 
• Art. 466, CPP; 
• Art. 467, CPP; 
• Art. 468, CPP; 
• Art. 469, CPP; 
• Art. 470, CPP; 
• Art. 471, CPP; 
• Art. 473, CPP; 
• Art. 474 e 474-A, CPP; 
• Art. 476, CPP; 
• Art. 477, CPP; 
• Art. 478, CPP; 
• Art. 479, CPP; 
• Art. 483, CPP; 
• Art. 492, CPP; 
• Art. 564, CPP; 
• Art. 593, CPP; 
• Art. 598, CPP; 
• Art. 600, CPP; 
• Art. 5º, XXXVIII, alínea “b”, CF; 
• Súm. Vinculante 11, do STJ; 
• Súm. 337, do STJ; 
• Súm. 160, do STF 
• Súm. 710, do STF; 
• Súm. 713, do STF 
 
 
 
6 
Segunda Fase do Procedimento do Júri 
 
 
Prof.ª Letícia Neves 
@prof.leticianeves 
1.1. Preparação e organização do júri 
O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei nº 11.689/2008. 
No entanto, de acordo com este artigo, o legislador o substituiu por duas novas peças 
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do 
Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no 
caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas 
que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar 
documentos e requerer diligência. 
 
1.2. Desaforamento: art. 427, CPP 
1.2.1. Conceito 
É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios do 
artigo 69 do Código de Processo Penal, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal do 
Júri, dentro dos requisitos legais previamente estabelecidos. 
A competência, para tal, é sempre da Instância Superior (Câmara ou Turma do Tribunalde Justiça). 
 
1.2.2. Interesse da ordem pública 
A ordem pública é a segurança existente na Comarca onde o júri deverá realizar-se. 
Assim, havendo razoáveis motivos e comprovados de que a ocorrência do julgamento provocará 
distúrbios, gerando intranquilidade na sociedade local, constituído está o fundamento para 
desaforar o caso. 
 
1.2.3. Dúvida sobre a imparcialidade do júri 
Não há possibilidade de haver um julgamento justo com um corpo de jurados parcial. Tal 
situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo, 
7 
levando à comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da 
sociedade muito antes do julgamento ocorrer. 
 
1.2.4. Segurança pessoal do réu 
Em casos anormais e excepcionais, de pequenas cidades, onde o efetivo da polícia é 
diminuto e não há possibilidade de reforço, por qualquer motivo, é razoável o desaforamento. 
 
1.2.5. Iniciativa do desaforamento 
Podem pleitear o desaforamento as partes, agora enumerados pela Lei (Ministério 
Público, assistente, querelante ou acusado). 
O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente, por 
petição sua, afinal no processo penal, existe a autodefesa. O Juiz que preside a instrução pode 
representar pelo desaforamento, exceto quando houver excesso de prazo. 
 
1.2.6. Suspensão do julgamento pelo relator 
O Código de Processo Penal permite que seja determinada a suspensão do julgamento 
pelo júri até que o Tribunal possa apreciar o pedido de desaforamento. 
 
1.2.7. Inadmissibilidade do pedido de desaforamento 
Considerando-se que o pleito de desaforamento somente é admissível entre a decisão 
de pronúncia, com o trânsito em julgado, e a data de realização da sessão de julgamento em 
plenário, não há fundamento para ingressar com o pedido enquanto pender recurso contra a 
referida decisão de pronúncia. Afinal, pode esta ser rejeitada pelo Tribunal e o réu, 
impronunciado ou absolvido. 
 
1.2.8. Excesso de Serviço: art. 428, CPP 
Na regra atual, somente se poderá pleitear o desaforamento pela demora no julgamento, 
caso seja ultrapassado o período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de 
pronúncia, mas fundado em excesso de serviço comprovado. 
 
8 
1.3. Ausência do defensor: art. 456, CPP 
Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de 
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao 
magistrado até a abertura da sessão em plenário. 
Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova data 
para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o 
réu apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o 
fazendo, o magistrado intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa, 
observando o prazo mínimo de 10 dias. 
 
1.4. Ausência do acusado: art. 457, CPP 
O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente 
ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. 
Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia 
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento 
subscrito por ele e seu defensor. 
 
1.5. Imprescindibilidade do depoimento da testemunha: art. 461, CPP 
É fundamental que as partes, entendendo ser indispensável o depoimento de alguma 
testemunha, arrolem-na na fase de preparação para o plenário, com o caráter de 
imprescindibilidade. 
Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma 
delas não compareça à sessão plenária. 
O momento para arrolar testemunhas, no procedimento preparatório, é o previsto no 
artigo 422 do Código de Processo Penal, após a intimação determinada pelo juiz. 
 
1.6 Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento 
da sessão 
Somente ocorre se a testemunha tiver sido arrolada com o caráter de imprescindibilidade 
e houver sido intimada. 
 
9 
1.7. Infrutífera condução coercitiva 
É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual não 
se pode adiar eternamente a realização do julgamento. 
Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o domicílio, 
instala-se a sessão. 
 
1.8. Realização do julgamento, independentemente da inquirição de 
testemunha arrolada 
Caso a testemunha tenha sido arrolada sem o caráter de imprescindibilidade, não 
comparecendo, o julgamento será realizado de qualquer modo, tendo sido ela intimada ou não. 
Se tiver sido arrolada com o caráter de imprescindibilidade, se for intimada e não 
comparecer, é cabível o adiamento, como regra, para que possa ser conduzida coercitivamente 
na sessão seguinte. 
Entretanto, arrolada com o caráter de imprescindibilidade, mas não localizada, tomando 
ciência a parte de que não foi intimada e não indicando o seu paradeiro, com prazo hábil para 
nova intimação ser feita, perde a oportunidade de insistir no depoimento. 
 
1.9. Preparo para a composição do conselho de sentença: art. 462, CPP 
Para a composição do Conselho de Sentença, o juiz presidente deve checar se as partes 
estão presentes, assim como todas as testemunhas indispensáveis, convenientemente 
separadas e incomunicáveis. Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação do Conselho. 
 
1.10. Abertura dos trabalhos: art. 463, CPP 
Comparecendo ao menos 15 (quinze) jurados, há quórum para a instalação da sessão, 
que será dada por aberta pelo juiz presidente. 
O próprio magistrado anuncia o processo a ser julgado (número do processo, nomes do 
autor e do réu, classificação do crime) e pede ao oficial que faça o pregão (anúncio na porta do 
plenário para que todos tomem ciência, vez que o julgamento é público). 
 
10 
1.11. Ausência de quórum: art. 464, CPP 
Se o quórum de 15 (quinze) jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve 
o magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte 
desimpedida. 
A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso não 
se atinja o quórum mínimo 15 (quinze) e não mais o número legal 25 (vinte e cinco). 
Ou seja, se comparecerem 18 (dezoito) jurados, instala-se a sessão, sem sorteio de 
suplentes. Se vierem apenas treze, adia-se a sessão e sorteiam-se suplentes até o número 
máximo 25 (vinte e cinco). 
 
1.12. Reunião prévia do juiz com os jurados: art. 466, CPP 
1.12.1. Conceito 
Somente pode realizar-se, a fim de que o magistrado forneça algumas instruções a 
respeito da forma e do julgamento e do procedimento do Tribunal do Júri, se as partes estiverem 
cientes e, desejando, possam estar presentes. 
 
1.12.2. Incomunicabilidade dos jurados 
Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem nos 
intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente 
deixando transparecer sua opinião. 
Logicamente, sobre os fatos desvinculados do feito podem os jurados conversar, desde 
que não seja durante a sessão – e sim nos intervalos –, pois não se quer a mudez dos juízes 
leigos e sim a preservação da sua íntima convicção. 
A troca de ideias sobre os fatos relacionados ao processo poderia influenciar o 
julgamento, fazendo com que o jurado pendesse para um ou outro lado. 
A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das 
votações do júri (Art. 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”, da CF/88), que constitui garantia das 
liberdades individuais e, por isso, sua violação configura nulidade absoluta (Art. 564, inciso III, 
alínea “j”, c/c o Art. 458, § 1º (atual, 466, §1º). 
 
11 
1.12.3. Manifestação da opinião acerca do processo 
Em razão da incomunicabilidade, deseja-se que o jurado decida livremente, sem 
qualquertipo de influência, ainda que seja proveniente de outro jurado. 
Deve formar o seu convencimento sozinho, através da captação das provas 
apresentadas, valorando-as segundo o seu entendimento. 
Portanto, cabe ao juiz presidente impedir a manifestação de opinião do jurado sobre o 
processo, sob pena de nulidade da sessão de julgamento. 
 
1.12.4. Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento 
É atribuição do juiz presidente, razão pela qual não pode ele afastar-se do plenário por 
muito tempo, o que coloca em risco a validade do julgamento. 
Se algum jurado desejar esclarecer alguma dúvida, a ausência do magistrado prejudica 
a formação do seu convencimento, além do que o jurado pode fazer alguma observação 
inoportuna, gerando nulidade insanável. 
 
1.12.5 Certidão do oficial de justiça 
A principal autoridade a controlar a manifestação dos jurados é o juiz presidente. 
Entretanto, vale-se dos oficiais de justiça presentes para auxiliá-lo. 
Em suma, ao final do julgamento, cumpre ao oficial lançar certidão de que a 
incomunicabilidade foi preservada durante todos os momentos processuais. 
Exemplo: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não 
estar presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade. 
 
1.13. Formação do conselho de sentença: art. 467, CPP 
O Conselho de Sentença no Tribunal do Júri é composta por sete jurados, escolhidos 
aleatoriamente, por sorteio, dentre os que comparecerem (mínimo de quinze e máximo de vinte 
e cinco). 
 
1.14. Recusas motivadas e imotivadas: art. 468, CPP 
Para a formação do Conselho de Sentença, essas são as duas possibilidades de recusa 
do jurado, formuladas por qualquer das partes. 
12 
A recusa motivada baseia-se em circunstâncias legais de impedimento ou suspeição 
(Arts. 448 e 449, ambos do CPP). Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que for filho 
do réu, nem tampouco o seu inimigo capital. 
A recusa imotivada – também chamada peremptória – fundamenta-se em sentimentos 
de ordem pessoal do réu, de seu defensor ou do órgão da acusação. Na constituição do 
Conselho de Sentença, cada parte pode recusar até três jurados, sem dar qualquer razão para 
o ato. 
A nova sistemática, introduzida pela Lei nº 11.689/2008, impõe que, havida a recusa 
peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do 
Conselho de Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da 
acusação. 
 
1.15. Separação do julgamento: art. 469, CPP 
Conforme disposto no artigo 468, parágrafo único, do Código de Processo Penal quando 
o jurado for recusado imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será 
excluída daquela sessão, prosseguindo-se o sorteio para a formação do Conselho de Sentença. 
Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de 
haver também recusa por parte de outro defensor ou da acusação. 
Em ilustração, computando-se 25 (vinte e cinco) jurados presentes, com dois corréus. 
Imaginemos que o primeiro defensor recuse os três primeiros jurados sorteados. Serão 
excluídos, com ou sem a recusa do segundo defensor e do promotor. Após, outros três jurados, 
sorteados na sequência, são recusados por parte do segundo defensor. Serão, também, 
excluídos, independentemente da manifestação do promotor. Serão afastados. 
Ao todo, nove jurados sorteados foram rechaçados e os envolvidos (dois defensores e 
um promotor) já não podem exercer o direito de recusa imotivada (são três para cada parte). 
Logo, dos 16 jurados restantes, por sorteio, serão escolhidos obrigatoriamente 7 para compor o 
Conselho de Sentença. Não haverá cisão do julgamento. 
Caso estivessem presentes apenas 15 jurados, a exclusão de 9, recusa dos pelas partes 
presentes, faria com que restassem apenas 6 e ocorreria o denominado estouro da urna. Se tal 
se desse, haveria então a separação do julgamento. 
O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como determina 
o artigo 469, § 2º, do Código de Processo Penal. 
13 
Com relação à preferência de julgamento em caso de separação, impõe-se que, em caso 
de separação, seja julgado em primeiro lugar o acusado a quem se atribuiu a autoria do fato, ou, 
em caso de coautoria, aplica-se o critério de preferência do artigo 429 do Código de Processo 
Penal (presos em primeiro lugar; dentre os presos, os que estiverem há mais tempo na prisão; 
em igualdade de condições, os que estiverem há mais tempo pronunciado). 
 
1.16. Arguição de impedimento, suspeição ou incompatibilidade: art. 
470, CPP 
Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer 
causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso de a defesa arguir) 
ou de qualquer funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe 
levar testemunhas, se for o caso, ou documentos para exibição em plenário. 
Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido. Rejeitada, 
realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas – deva 
constar da ata. 
Futuramente, caberá ao Tribunal analisar se houve ou não a causa de impedimento ou 
suspeição. 
Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado, 
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas. 
1.17. Estouro da urna: art. 471, CPP 
Outra hipótese de adiamento da sessão para outra data é a impossibilidade de formação 
do conselho de sentença por insuficiência do número de jurados presentes, com potencial para 
o sorteio. 
Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quantum mínimo para a instalação dos 
trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição, 
de vários deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal aponto de inviabilizar o 
sorteio de sete jurados para compor o Conselho. 
 
14 
1.18. Instrução em plenário: art. 473, CPP 
Em primeiro lugar, ouve-se o ofendido. O Juiz Presidente dirige-lhes as perguntas que 
entender necessárias. Em seguida, passa a palavra ao representante do Ministério Público e ao 
assistente de acusação, se houver, ou ao querelante (se a ação for privada). Na sequência, 
poderá a defesa reperguntar. 
Finda a oitiva da vítima, passa-se à inquirição das testemunhas de acusação. 
Primeiramente, o juiz faz as perguntas cabíveis. Em seguida, concede a palavra ao Ministério 
Público e ao assistente, se houver. Depois, à defesa. 
Após, ouvem-se as testemunhas de defesa. Inicialmente, as perguntas são formuladas 
pelo juiz. Na sequência, pela defesa. Em seguida, pelo Ministério Público e assistente. 
Importante registrar a alteração legislativa que inseriu o artigo 474-A, CPP, que 
determina o respeito à dignidade das vítimas ou testemunhas. Neste ponto, devemos nos atentar 
a eventual cerceamento de defesa sob o pretexto de proteção. Por certo que todos devem ser 
respeitados, mas a audiência de instrução é um espaço de construção da verdade processual. 
 
1.19. Interrogatório do acusado: art. 474, CPP 
Ao final da colheita das provas em plenário, Ministério Público, o assistente, o querelante 
e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado; os jurados 
formularão perguntas por intermédio do juiz presidente. 
Nos termos do §3º, do artigo 474 do Código de Processo Penal, não se permitirá o uso 
de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se 
absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia 
da integridade física dos presentes. 
Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança 
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer 
algemado. 
Por unanimidade, o STF decidiu que o usode algemas deve ser adotado em situações 
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre 
eles a dignidade da pessoa humana (Súmula vinculante n. 11). 
 
1.20. Dos debates: art. 476, CPP 
15 
1.20.1. Correlação entre acusação e pronúncia 
Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a 
acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a 
acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. O assistente 
falará depois do Ministério Público. 
A acusação é limitada pela Pronúncia 
Art. 476, CPP: Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério 
Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que 
julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de 
circunstância agravante. 
 
1.20.2. Manifestação inicial do querelante 
Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com 
desmembramento. 
 
Exemplo: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida 
e o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo titular 
da ação é o ofendido. 
 
Nesse caso, manifesta-se o querelante (por meio de advogado) e, na sequência, fala o 
Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei). 
 
1.21. Limite de tempo para as partes: art. 477, CPP 
A Lei 11.689/2008 alterou o tempo de manifestação reservado às partes. De duas horas 
para acusação e defesa, como tempo original, passou-se a uma hora e meia. 
Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma hora. 
Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma hora 
e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1º deste artigo. 
 
1.22. Referências proibidas: art. 478, CPP 
É vedado às partes: 
16 
• fazer referência à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade 
que beneficiem ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de 
interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo (trata-se de dispositivo nitidamente 
direcionado ao Ministério Público, com prejuízo à acusação); 
• a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos 
com a antecedência mínima 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, abrangendo a 
leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, 
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar 
sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados. 
 
1.23. Do questionário e sua votação: arts. 482 e 483, CPP 
Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão 
submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final. 
Nos termos do artigo 483 do Código de Processo Penal, os quesitos serão formulados 
na seguinte ordem: 
a) Quesito sobre a materialidade do fato 
Se o conselho de sentença responder de forma afirmativa a essa questão, seguirá a 
votação com a questão seguinte. Se responder negativamente, encerra-se o julgamento com a 
absolvição do réu. 
b) Quesito sobre a autoria ou participação 
O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento 
do delito. 
Respondendo o Conselho de Sentença de forma afirmativa, seguirá com a pergunta 
seguinte. Caso contrário, encerra-se o julgamento com a absolvição do acusado pelo júri. 
Duas situações podem acontecer aqui: 
• Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro 
que não seja, o quesito seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o 
acusado?” 
• Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso 
contra a vida, a questão desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que 
indaga se “o jurado absolve o acusado?” 
17 
É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do Código de Processo Penal, ao destacar que uma 
vez sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será 
formulado quesito a respeito, para ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme 
ocaso. 
Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo 483, 
§ 5º, do Código de Processo Penal, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime 
na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da 
competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser 
respondido após o segundo quesito. 
 O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa, 
que somente será formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados. 
Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou 
causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação. 
 
1.24. Sentença: art. 492, CPP 
A sentença pode ser: 
a) de condenação, devendo, nesse caso, o juiz fixar apena. 
b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso 
esteja preso. 
Atente-se para a hipótese de desclassificação do crime pelo Conselho de Sentença, nos 
casos do artigo 492, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Penal. 
Diz-se desclassificação própria quando o Conselho desclassifica para outro crime que 
não é da sua competência, sem especificar qual crime, assim o Juiz presidente deverá decidir. 
Por exemplo, jurados não reconhecem a tentativa de homicídio, caberá o juiz o julgamento da 
lesão corporal. Vale frisar que o Juiz aqui assume capacidade decisória integral, poderá até 
mesmo absolver. 
Sempre lembrar que sendo possível suspensão condicional do processo ou outra medida 
despenalizadora devem ser oportunizadas. 
 
Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação 
do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. 
18 
 
Já a desclassificação imprópria os jurados reconhecem a incompetência para julgar, 
mas indicam o delito cometido. Como ocorre quando reconhecem materialidade e lesões, mas 
desclassificam para homicídio culposo. Aqui o juiz deve julgar com base na decisão dos jurados, 
estando vinculado. 
Caso haja desclassificação o crime conexo que não seja da competência do Júri será 
julgado pelo Juiz Presidente. 
 
1.25. Execução antecipada da pena no júri: art. 492, inciso I, alínea “e”, 
2ª parte, CPP 
Em caso de condenação pelo Tribunal do Júri é competência de o Juiz Presidente 
determinar a prisão do condenado, se presentes os requisitos da prisão preventiva previstos no 
artigo 312 do Código de Processo Penal. Entretanto, destaca-se que com a publicação da Lei nº 
13.964/2019 (Pacote Anticrime), foi inserida a regra de execução provisória de pena nos 
processos julgados pelo Tribunal do Júri quando o quantum aplicado na sentença condenatória 
for igual ou superior a 15 anos (Art. 492, inciso I, Alínea “e”, 2ª parte, do CPP), sem prejuízo do 
conhecimento de eventual recurso a ser interposto. 
O juiz presidente, excepcionalmente, poderá deixar de autorizar a execução provisória 
se houver questão substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa 
plausivelmente levar à revisão da condenação. 
Caso não obtido o efeito suspensivo através de decisão do Juiz Presidente, o Tribunal 
que julgar o recurso de apelação poderá atribuir efeito suspensivo à apelação quando 
verificar que o recurso interposto não tem propósito meramente protelatório; e a que há questão 
substancial que poderá resultar em absolvição, anulação da sentença,novo julgamento ou 
redução da pena para patamar inferior a 15 anos. 
O pedido do efeito suspensivo poderá ser feito no corpo da apelação ou, por meio 
de petição endereçada ao relator, instruída com cópias da sentença, razões de apelação e 
prova da tempestividade, além das contrarrazões e das demais peças necessárias à controvérsia 
(Art. 492, § 6º, do CPP). 
 
• Observação: caso a peça prática seja uma Apelação da 2ª fase do Júri 
envolvendo uma condenação cuja pena aplicada seja igual ou superior a 15 anos, tendo o 
19 
Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, inciso III, do 
Código de Processo Penal.
enunciado informado que o juiz presidente determinou a execução antecipada, deverá ser 
elaborado um item na peça processual, a fim de requerer ao Tribunal que conceda efeito 
suspensivo à apelação (Pedido de Efeito Suspensivo) – nos termos do art. 492, §6º, CPP. O 
pedido deverá ser explorar os fundamentos do §5º, demonstrando que o recurso em questão: 
I - não tem propósito meramente protelatório; e 
II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da 
sentença, novo julgamento ou redução da pena. 
 
 IMPORTANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
Apelação das Decisões do Plenário do Júri 
 
Prof.ª Letícia Neves 
@prof.leticianeves 
2.1. Identificação 
Após a decisão dos jurados no Plenário do Júri, o Juiz Presidente passa a proferir a 
sentença, restringindo-se, se for sentença condenatória, a fixar a pena. 
Assim, a apelação das decisões do Júri tem cabimento contra a decisão proferida pelo 
Juiz após o julgamento no Plenário do Júri. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2. Base legal: 
• art. 593, inciso III, CPP 
A base legal do recurso de apelação contra decisão do Plenário do Júri guarda relação 
com o artigo 593, inciso III, do Código de Processo Penal, devendo, ainda, o recorrente 
mencionar a(s) alínea(s) pelo qual está recorrendo, ou seja, artigo 593, inciso III, alínea “a” e/ou 
alínea “b” e/ou alínea “c” e/ou alínea “d”, sem prejuízo da possibilidade de recorrer por mais de 
um fundamento. 
Quando a parte pretender recorrer de decisão proferida no Tribunal do Júri deve 
apresentar logo na petição de interposição qual o motivo que o leva a apelar, deixando expressa 
a alínea eleita do inciso III do art. 593 do CPP, ficando vinculado, nas razões de apelação aos 
argumentos relacionados ao motivo declinado na interposição. Assim sendo, o Tribunal somente 
pode julgar nos limites da interposição. 
PEDIU PRA PARAR 
Lembrete: 
 
“Sentença plenário do júri” 
Peça: 
 
Recurso de apelação 
PAROU! 
21 
Nesse sentido é a Súmula 713 do STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões 
do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. 
 
2.3. Prazo 
O prazo para interposição é, em regra, de 5 (cinco) dias (CPP, art. 593), a contar da 
intimação, sendo 8 (oito) dias para arrazoar o recurso (CPP, art. 600). 
Nos termos da Súmula nº 710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data 
da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou carta precatória ou ordem”. 
Convém ressaltar que, para fins de prova do Exame da OAB, a banca examinadora tem 
exigido que a peça de interposição e as razões recursais sejam datadas no mesmo dia. Isso 
porque a peça de interposição é apresentada com as razões já inclusas. 
Atenção especial deve ser dada ao Assistente de Acusação, que possui o prazo de 15 
(quinze) dias para recorrer caso não esteja habilitado ainda no processo, conforme consta no 
artigo 598 do Código de Processo Penal. Caso já esteja habilitado, o prazo será de cinco dias. 
 
2.4. Conteúdo/Plano de Ação 
O recurso de apelação contra decisão proferida pelo Plenário do Júri somente poderá ser 
manejado com base numa das hipóteses previstas no artigo 593, III, do CPP. Ou seja, o conteúdo 
se limita: a) Nulidade posterior à pronúncia; b) decisão contra lei expressa ou à decisão dos 
jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
a) Nulidade posterior à pronúncia 
Tratando-se de nulidade anterior à pronúncia, a questão já foi analisada na própria decisão 
ou em recurso contra ela interposto, operando-se, por conseguinte, a preclusão. Podemos citar 
alguns exemplos: 
• a juntada de documentos fora do prazo estipulado no art.479; 
• participação de jurado impedido; 
• inversão da ordem de oitiva das testemunhas de plenário; 
• produção, em plenário, de prova ilícita; 
• uso injustificado de algemas durante o julgamento; 
22 
• referências, durante os debates, à decisão de pronúncia ou posteriores, que 
julgaram admissível a acusação; 
• referências, durante os debates, ao silêncio do acusado, em seu prejuízo; 
• e, o mais recorrente: defeitos na formulação dos quesitos. 
b) Sentença do juiz presidente contrária à letra expressa da lei ou à decisão dos 
jurados 
O juiz está obrigado a cumprir as decisões do Júri, não havendo supremacia do juiz 
togado sobre os jurados, mas simples atribuições diversas de funções. Os jurados decidem o 
fato e o juiz-presidente aplica a pena, de acordo com esta decisão, não podendo dela desgarrar-
se. 
Exemplos: 
• fixar o regime fechado para o réu primário condenado a uma pena inferior a 8 anos; 
• deixar de reconhecer atenuante da menoridade; 
• reconhecer agravante da reincidência, em desacordo com o artigo 63 do CP. 
• os jurados absolvem o réu e o juiz profere uma sentença condenatória, fixando a 
pena, e vice-versa; 
• Os jurados afastam a qualificadora e o juiz a aplica na dosimetria da pena; 
• o júri reconhece uma privilegiadora e o juiz não faz a respectiva redução da pena; 
• os jurados acolhem a tese defensiva de desclassificação de homicídio doloso para 
culposo e o juiz condena o réu por homicídio doloso; 
Se der provimento ao recurso de apelação interposto com base nesta alínea, o Tribunal 
ad quem procederá à retificação da sentença, sem necessidade de renovação do julgamento em 
plenário do Júri (art. 593, § 1º, CPP). 
c) Quando houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida 
de segurança 
É outra hipótese que diz respeito, exclusivamente, à atuação do juiz-presidente, não 
importando em ofensa à soberania do veredicto popular. Logo, o Tribunal pode corrigir a 
distorção diretamente. 
A aplicação de penas muito acima do mínimo legal para réus primários, ou 
excessivamente brandas para reincidentes, por exemplo, sem ter havido fundamento razoável, 
ou medidas de segurança incompatíveis com a doença mental apresentada pelo réu podem ser 
alteradas pela Instância superior. 
23 
Se der provimento à apelação interposta com base na alínea “c”, o Tribunal retificará a 
aplicação da pena ou da medida de segurança, sem necessidade de renovação do Julgamento 
pelo Júri. 
 OBSERVAÇÃO 
Qualificadoras: Encontra-se pacificado o entendimento no sentido de que a discussão 
envolvendo o reconhecimento ou afastamento da qualificadora deve ser abordada com base na 
alínea “d” do inciso III do art. 593. Isso significa que, se der provimento ao recurso de apelação, 
o réu será submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. 
 
Em síntese, a interposição do recurso de apelação visando ao afastamento da 
qualificadora deve ser com base no artigo 593, inciso III, alínea “d”, do Código de Processo 
Penal. 
d) Quando a decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos 
Contrária à prova dos autos é a decisão que não encontra respaldo em nenhum elemento 
de convicção colhido sob o crivo do contraditório. Não é o caso de condenação que apoia em 
versão mais fraca. 
Só cabe apelação com base nesse fundamento uma única vez. Não importa qual das 
partes tenha apelado, é uma vez para qualquer das duas. 
Conforme o artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal, se a apelação se fundar no 
incisoIII, alínea “d”, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados é 
manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo 
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. 
 
2.5. Pedido 
Como todo recurso, os pedidos que não podem faltar é o de CONHECIMENTO E PROVIMENTO 
do recurso. 
Em relação a pedidos específicos, não cabe postular absolvição pelo artigo 386 do CPP, 
e muito menos pelo artigo 415 do CPP (que existe somente na 1ª fase do procedimento do júri). 
Não cabe formular pedido de absolvição, porque somente os jurados são competentes para 
decidir pela absolvição ou condenação do réu, não podendo nem mesmo o Tribunal analisar o 
mérito. 
24 
Por isso, conforme o artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal, se a apelação se 
fundar no inciso III, alínea “d”, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos jurados 
é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo 
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação. Da mesma forma, se 
o fundamento for a nulidade posterior à pronúncia, o tribunal devolverá o processo para o juízo 
de 1º grau, para a realização de novo júri. 
2.6. Estruturação 
Trata-se de peça bipartida, devendo a peça de interposição ser endereçada para o Juiz 
Presidente do Tribunal do Júri e as razões para o Tribunal de Justiça ou TRF. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
a) Peça de interposição: endereçada ao juiz de 1º grau 
A) AO JUIZ PRESIDENTE DA ... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI DA 
COMARCA... (se crime da competência da Justiça Estadual) 
B) AO JUIZ FEDERAL PRESIDENTE DO ... TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE... (se crime da competência da Justiça Federal)1 
 
Processo nº... 
 
FULANO DE TAL, (não inventar dados), por seu procurador infra-
assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, inconformado com a decisão de fls..., interpor o presente RECURSO DE 
APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso III (indicar a alínea)2, do Código de Processo 
Penal. 
O presente recurso é tempestivo, visto que interposto dentro do prazo 
de 5 dias, na forma do artigo 593, caput, do Código de Processo Penal. Assim, requer 
seja recebido e processado o recurso, já com as razões anexas, remetendo-se os autos 
ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local..., data...3 
ADVOGADO... 
 OAB... 
 
 
 
 
1Competência da Justiça Federal – Art. 109 da CF/88. 
2Cuidado: se for contra decisão do Tribunal do Júri indicar o fundamento (uma das alíneas do inciso III, do Art. 593, 
do CPP). Súmula 713 STF 
3 CUIDADO: O ENUNCIADO PODE PEDIR A INTERPOSIÇÃO NO ÚLTIMO DIA DO PRAZO 
26 
 
b) Peça de razões 
A) EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ... (se da competência da Justiça 
Estadual); 
B) EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA REGIÃO... (se da competência da 
Justiça Federal) 
 
Apelante: FULANO DE TAL 
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Processo nº... 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
Colenda Câmara (Justiça Estadual) ou Colenda Turma (Justiça Federal) 
 
I) DOS FATOS4 
 
II) DO DIREITO5 
A) DAS PRELIMINARES 
B) DO MÉRITO 
 
III) DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, com a 
REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim ....: 
a) Seja declarada a nulidade do processo a partir do ato tal ... e, por consequência, 
seja o réu submetido a novo Júri (se pela alínea “a”, do Art. 593, inciso III, do CPP); 
b) Seja retificada a decisão, a fim de que prevaleça a decisão dos jurados, no sentido 
de que (se pela alínea “b”, do Art. 593, inciso III, do CPP); 
c) Seja retificada a pena, a fim de que seja fixada no mínimo legal, fixado o regime 
carcerário semiaberto, etc (se pela alínea “c”, do Art. 593, inciso III, do CPP); 
 
4Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada nem simplesmente 
transcrever o enunciado). 
5Cuidado: Observar as hipóteses das alíneas do artigo 593, III, do CPP. 
27 
d) Seja o réu submetido a novo Júri pelo Plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º, do 
Código de Processo Penal (se pela alínea “d”, do artigo 593, inciso III). 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local..., data... 
 
ADVOGADO... 
OAB... 
 
28 
 
2.6. Peça resolvida 
Peça adaptada 
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que 
teve como vítima Henrique. No dia 07 de julho de 2015, numa terça-feira, em sessão plenária do 
Tribunal do Júri, todas as testemunhas asseguraram que Henrique iniciou agressões contra 
Fernando e que este agiu em legítima defesa. No momento do julgamento, os jurados 
reconheceram a autoria e materialidade e optaram por condenar Fernando pela prática do delito 
de homicídio doloso. Após a prolação da sentença condenatória, que impôs ao réu a pena de 06 
(seis) anos, em regime semiaberto, a família de Fernando toma conhecimento de que dois dos 
jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. A intimação da sentença ocorreu na sessão 
plenária. Com base nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas 
do caso concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de Habeas Corpus, no 
29 
último dia do prazo para interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. 
(Valor: 5.00 pontos) 
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo 
legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
AO JUÍZO DE DIREITO PRESIDENTE DA... VARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DO JÚRI 
DA COMARCA... 
 
Processo nº 
 
 
 
 
FERNANDO, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, 
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO 
DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso III, “a” e “d”, do Código de Processo 
Penal. 
Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões 
anexas, remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça do Estado... 
O presente recurso de apelação é tempestivo, já que interposto dentro do 
prazo de 5 dias, previsto no artigo 593, “caput”, do Código de Processo Penal. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local..., 13 de julho de 2015. 
Advogado... 
OAB.... 
 
 
 
 
 
 
31 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO... 
 
Apelante: Fernando 
Apelada: Ministério Público 
 
Processo nº 
 
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO 
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado... 
Colenda Câmara Criminal 
 
I – DOS FATOS 
O réu foi denunciado e pronunciado pela prática do crime de homicídio doloso. 
Durante a sessão plenária do Júri, todas as testemunhas disseram que a 
vítima iniciou as agressões e que o réu agiu em legítima defesa. 
Os jurados decidiram pela condenação do réu. 
O Magistrado fixou a pena em 06 (seis) anos, em regime semiaberto. 
 
II – DO DIREITO 
A) Da nulidade posterior à pronúncia 
Após a sessão plenária, a família do réu tomou conhecimento de que os dois 
jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. Todavia, nos termos do artigo 448, inciso 
IV, do Código de Processo Penal, irmãos são impedidos de servirem de jurados no mesmo 
Conselho de Sentença. 
Logo, considerando que dois dos jurados eram irmãos, deve ser anulada a 
sessão do plenário do Júri, nos temos do artigo 593, inciso III, “a”, do Código de Processo 
32 
Penal. 
 
B) Da decisão manifestamente contrária à prova dos autos 
Os jurados reconheceram a autoria e a materialidade e optaram por condenar o 
réu pela prática do delito de homicídio doloso. 
Todavia, todas as testemunhas asseguraram que a vítima iniciou as agressões 
contra Fernando e que este agiu em legítima defesa. 
Logo, a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos,devendo o presente recuso ser provido, a fim de sujeitar o réu a novo julgamento, nos termos 
do artigo 593, § 3º, do Código de Processo Penal. 
 
III – DO PEDIDO 
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, com a reforma da 
decisão, a fim de que: 
a) Seja anulada a sessão do plenário do Júri, nos termos do artigo 593, § 3º 
do Código de Processo Penal; 
b) Seja o réu submetido a novo julgamento pelo plenário da Sessão do Júri, 
nos termos do artigo 593, § 3º do Código de Processo Penal. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
 
Local..., 13 de julho de 2015. 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
33 
2.7 Exercícios para resolver após a aula 
1) QUESTÃO 3 – XVIII EXAME – 2018-03 
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve 
como vítima Henrique. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, o réu e sua namorada, ouvida 
na condição de informante, afirmaram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que 
este agiu em legítima defesa. Por sua vez, a namorada da vítima e uma testemunha presencial 
asseguraram que não houve qualquer agressão pretérita por parte de Henrique. No momento 
do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade, mas optaram por absolver 
Fernando da imputação delitiva. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de 
apelação com fundamento no Art. 593, inciso III, alínea ‘d’, do CPP, alegando que a decisão 
foi manifestamente contrária à prova dos autos. A família de Fernando fica preocupada com 
o recurso, em especial porque afirma que todos tinham conhecimento que dois dos jurados 
que atuaram no julgamento eram irmãos, mas em momento algum isso foi questionado pelas 
partes, alegado no recurso ou avaliado pelo Juiz Presidente. Considerando a situação 
narrada, esclareça, na condição de advogado(a) de Fernando, os seguintes questionamentos 
da família do réu: 
A) A decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos? Justifique. 
(Valor: 0,60) 
B) Poderá o Tribunal, no recurso do Ministério Público, anular o julgamento com 
fundamento em nulidade na formação do Conselho de Sentença? Justifique. (Valor: 
0,65) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
2) QUESTÃO 1 – XIV EXAME – 2014-02 
Gustavo está sendo regularmente processado, perante o Tribunal do Júri da Comarca de 
Niterói-RJ, pela prática do crime de homicídio simples, conexo ao delito de sequestro e cárcere 
privado. Os jurados consideraram-no inocente em relação ao delito de homicídio, mas culpado 
em relação ao delito de sequestro e cárcere privado. O juiz presidente, então, proferiu a 
respectiva sentença. Irresignado, o Ministério Público interpôs apelação, sustentando que a 
decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos. A defesa, de igual modo, 
34 
apelou, objetivando também a absolvição em relação ao delito de sequestro e cárcere privado. 
O Tribunal de Justiça, no julgamento, negou provimento aos apelos, mas determinou a 
anulação do processo (desde o ato viciado, inclusive) com base no Art. 564, III, i, do CPP, 
porque restou verificado que, para a constituição do Júri, somente estavam presentes 14 
jurados. Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, 
responda justificadamente às questões a seguir. 
A) A nulidade apresentada pelo Tribunal é absoluta ou relativa? Dê o respectivo 
fundamento legal. (Valor: 0,40) 
B) A decisão do Tribunal de Justiça está correta? (Valor: 0,85) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
Padrão Resposta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
1) QUESTÃO 3 – XVIII EXAME – 2018-03 
Fernando foi pronunciado pela prática de um crime de homicídio doloso consumado que teve 
como vítima Henrique. Em sessão plenária do Tribunal do Júri, o réu e sua namorada, ouvida 
na condição de informante, afirmaram que Henrique iniciou agressões contra Fernando e que 
este agiu em legítima defesa. Por sua vez, a namorada da vítima e uma testemunha presencial 
asseguraram que não houve qualquer agressão pretérita por parte de Henrique. No momento 
do julgamento, os jurados reconheceram a autoria e materialidade, mas optaram por absolver 
Fernando da imputação delitiva. Inconformado, o Ministério Público apresentou recurso de 
apelação com fundamento no Art. 593, inciso III, alínea ‘d’, do CPP, alegando que a decisão 
foi manifestamente contrária à prova dos autos. A família de Fernando fica preocupada com 
o recurso, em especial porque afirma que todos tinham conhecimento que dois dos jurados 
que atuaram no julgamento eram irmãos, mas em momento algum isso foi questionado pelas 
partes, alegado no recurso ou avaliado pelo Juiz Presidente. Considerando a situação 
narrada, esclareça, na condição de advogado(a) de Fernando, os seguintes questionamentos 
da família do réu: 
A) A decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos? Justifique. 
(Valor: 0,60) 
B) Poderá o Tribunal, no recurso do Ministério Público, anular o julgamento com 
fundamento em nulidade na formação do Conselho de Sentença? Justifique. (Valor: 
0,65) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
Gabarito comentado 
A) A decisão dos jurados não foi manifestamente contrária à prova dos autos. Isso porque o 
acusado e sua namorada alegaram a existência de legítima defesa, havendo, portanto, 
existem duas versões nos autos, com provas em ambos os sentidos. 
 
B) Não poderá o Tribunal anular o julgamento com base na existência de nulidade ocorrida 
durante a sessão plenária. Isso porque o julgamento da apelação contra decisões do júri é 
adstrito aos fundamentos da sua interposição, nos termos da Súmula 713 do Supremo 
Tribunal Federal. No caso, o Ministério Público não alegou, no seu recurso, que dois dos 
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jurados que atuaram no julgamento eram irmãos. Logo, o Tribunal não pode reconhecer 
nulidade não arguida pela acusação, nos termos da Súmula 160 do Supremo Tribunal Federal. 
 
2) QUESTÃO 1 – XIV EXAME – 2014-02 
Gustavo está sendo regularmente processado, perante o Tribunal do Júri da Comarca de 
Niterói-RJ, pela prática do crime de homicídio simples, conexo ao delito de sequestro e cárcere 
privado. Os jurados consideraram-no inocente em relação ao delito de homicídio, mas culpado 
em relação ao delito de sequestro e cárcere privado. O juiz presidente, então, proferiu a 
respectiva sentença. Irresignado, o Ministério Público interpôs apelação, sustentando que a 
decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos autos. A defesa, de igual modo, 
apelou, objetivando também a absolvição em relação ao delito de sequestro e cárcere privado. 
O Tribunal de Justiça, no julgamento, negou provimento aos apelos, mas determinou a 
anulação do processo (desde o ato viciado, inclusive) com base no Art. 564, III, i, do CPP, 
porque restou verificado que, para a constituição do Júri, somente estavam presentes 14 
jurados. Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, 
responda justificadamente às questões a seguir. 
A) A nulidade apresentada pelo Tribunal é absoluta ou relativa? Dê o respectivo 
fundamento legal. (Valor: 0,40) 
B) A decisão do Tribunal de Justiça está correta? (Valor: 0,85) 
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do 
dispositivo legal não confere pontuação. 
 
Gabarito comentado 
A) A nulidade apresentada pelo Tribunal é absoluta, nos termos do artigo 564, III, alínea "i" 
c/c 572, ambos do CPP. 
 
B) Não, a decisão do Tribunal não está correta, diante da reformatio in pejus indireta. Issoporque o Tribunal de Justiça não pode acolher contra o réu nulidade não alegada pela 
acusação, nos termos da Súmula 160 do Supremo Tribunal Federal. 
 
 
 
 
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