Prévia do material em texto
FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE BACHARELADO EM DIREITO 7° SEMESTRE MATUTINO TRIBUNAL DO JÚRI São Paulo 2016 FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE BACHARELADO EM DIREITO TRIBUNAL DO JÚRI São Paulo 2016 TRIBUNAL DO JÚRI Trabalho Interdisciplinar Orientado do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade, apresentado como pré-requisito para obtenção da nota do T.I.O., sob orientação do Prof. MS. Luciano Vieiralves Schiappacassa. São Paulo 2016 TRIBUNAL DO JÚRI Trabalho Interdisciplinar Orientado do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade, apresentado como pré-requisito para obtenção da nota do T.I.O., sob orientação do Prof. MS. Luciano Vieiralves Schiappacassa. COMISSÃO ORGANIZADORA ______________________________________ Prof. Me. Luciano Vieiralves Schiappacassa ______________________________________ Prof. Me. Cleber Moura ______________________________________ Prof. Me. Marcio Morena São Paulo, 25 de maio de 2016 ALUNOS DO 7° SEMESTRE CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO Abraão Leônidas de Alencar Alexandre Manuel Lopez André Rodrigues Abrahão Andréia dos Santos Pereira Beatriz Pereira Cochi Bruno Luiz Faria da Silva Camila Souza Rosa Carlos Alberto Rodrigues da Silva Junior Cristina Aparecida de Souza Passos Elka Cristina Alves Martins Gerisvaldo Pereira Aguiar Gislene Gregório Ramos Iamara Toledo Silva Isnar de Almeida Ivonete dos Santos Barbosa Luciana Cavalcanti de Albuquerque Luiz Marciano Candalaft Magdalena Riofrio Nicolau Marcelo Bortoloti Wetler Mércio dos Santos Regina Faria Firmino da Silva Rosana Oliveira Bispo Rute do Carmo Rocha Tatiana Sanchez Bellangero Waldir Aparecido Feitosa "É preciso que os homens bons respeitem as leis más, para que os homens maus respeitem as leis boas.” (Sócrates) RESUMO O presente trabalho está inserido no programa da disciplina de Direito Processual Penal, da Faculdade Carlos Drummond de Andrade, como requisito obrigatório para obtenção de nota parcial do Trabalho Interdisciplinar Orientado (TIO). A sua finalidade é apresentar as principais características do Tribunal do Júri, evidenciando a sua importância para o estado democrático de direito. O reconhecimento do Tribunal do Júri como um dos Direitos Fundamentais da República Federativa do Brasil está materializado no art. 5°, inciso XXXVIII, da Constituição Federal de 1988. Assim, ficaram consolidados os Princípios da Plenitude da Defesa, do Sigilo das Votações, da Soberania dos Veredictos e da Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida. Representa, ainda, uma garantia fundamental que assegura ao autor de crime doloso contra a vida um julgamento em plenário popular. Dessa forma, o Tribunal do Júri detém a competência para julgar os delitos de homicídio doloso, infanticídio, participação em suicídio, aborto e seus crimes conexos. O procedimento adotado pelo Júri é especial e possui duas fases: uma chamada de juízo de acusação (judicium accusationis) e outra de juízo da causa (judicium causae). Enfim, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania, demonstrando a importância da democracia na sociedade e permitindo ao cidadão ser julgado por seus semelhantes. É uma condição especial de participação popular direta nos julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário. Palavras-chave: Direito Processual Penal. Tribunal do Júri. Julgamento. Crime doloso contra a vida. ABSTRACT This work is inserted in the program of the discipline of Criminal Procedural Law, of the Faculty Carlos Drummond de Andrade, as a mandatory requirement for obtaining partial note of Interdisciplinary Work Oriented (TIO). Its purpose is to present the main features of the Jury Court, highlighting its importance for the Democratic State of Law. The Recognition of the Jury Court as one of the Fundamental Rights of the Federative Republic of Brazil is embodied in art. 5, subparagraph XXXVIII, the Federal Constitution of 1988. Thus, were consolidated the principles of the Fullness of Defense, the Secrecy of Voting, the Sovereignty of the Verdicts and the Competence for the Trial of Crimes Against the Life. Represents also a fundamental guarantee that ensures the author of intentional crime against the life a judgment in popular plenary. Thus, the Jury Court has the power to prosecute the murder offenses, infanticide, suicide participation, abortion and related crimes. The procedure adopted by the Jury Court is special and has two phases: an accusation of judgment call (judicium accusationis) and a judgment of the cause (causae judicium). Finally, the Jury Court means a mechanism of citizenship, demonstrating the importance of democracy in society and allowing citizens to be judged by their peers. It is a special condition of direct popular participation in the judgments proffered by the Judiciary. Keywords: Criminal Procedural Law. Jury Court. Judgment. Intentional Crime Against Life. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 11 2.1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................... 11 2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI ............................. 12 2.2.1 Plenitude de Defesa ................................................................................................. 12 2.2.2 Escolha dos Jurados ................................................................................................. 12 2.2.3 Sigilo das Votações .................................................................................................. 13 2.2.4 A Soberania dos Veredictos ..................................................................................... 13 2.2.5 Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida ..................... 13 2.3 PROCEDIMENTOS DO JÚRI ................................................................................... 14 2.3.1 Juízo de Formação da Culpa (Judicium Accusationis) ............................................ 14 2.3.2 Juízo Causal (Judicium Causae) .............................................................................. 16 2.4 ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI ........................................................... 16 2.4.1 Dos Jurados .............................................................................................................. 18 2.4.2 Preparo da Sessão .................................................................................................... 18 2.4.3 A Instrução em Plenário .......................................................................................... 19 2.4.4 Procedimentos em Plenário ..................................................................................... 20 2.4.5 Produção de Provas .................................................................................................. 21 2.4.5.1 Inquirição da Testemunha ....................................................................................21 2.4.5.2 Da Prova Testemunhal ......................................................................................... 22 2.4.5.3 Da Prova Pericial ................................................................................................. 22 2.4.5.4 Da Prova Documental .......................................................................................... 23 2.4.6 Debates em Plenário ................................................................................................ 23 2.4.6.1 O Papel das Partes no Debate .............................................................................. 24 2.4.6.2 A Réplica e a Tréplica .......................................................................................... 24 2.4.7 Finalização em Plenário ........................................................................................... 24 2.5 JULGAMENTO NA SALA ESPECIAL .................................................................... 25 2.6 SENTENÇA E ATRIBUIÇÕES DO JUIZ PRESIDENTE ........................................ 25 2.7 ATA DO JULGAMENTO .......................................................................................... 26 2.8 AS FORMAS DE IMPUGNAÇÃO CABÍVEIS NO ÂMBITO DO JÚRI ................ 28 2.8.1 O Duplo Grau de Jurisdição e a Soberania dos Veredictos ..................................... 28 2.8.2 Conceito de Recurso ................................................................................................ 28 2.8.3 Características e Efeitos ........................................................................................... 29 2.8.4 Pressupostos de Admissibilidade ............................................................................. 29 2.8.5 Formalidades para Interposição ............................................................................... 30 2.8.6 Impedimentos ao Processamento ou Conhecimento dos Recursos ......................... 30 2.8.7 A Fungibilidade dos Recursos ................................................................................. 31 3. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 33 ANEXO A – Documentos do Tribunal do Júri ............................................................ 34 10 INTRODUÇÃO No contexto das atividades do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade, o presente trabalho tem como objetivo apresentar as principais características do Tribunal do Júri, matéria integrante da disciplina de Direito Processual Penal, do 7° semestre, compondo pré-requisito obrigatório para obtenção da nota do Trabalho Interdisciplinar Orientado (TIO). Para atingir esse objetivo, foi feita uma pesquisa bibliográfica, valendo-se das principais publicações impressas constantes da doutrina e da jurisprudência, bem como de consultas à rede mundial de computadores, principalmente para obtenção das principais atualizações de atos normativos relacionados à disciplina. O tema foi dividido de acordo com a sequência natural das atividades que se desenrolam no âmbito do Tribunal do Júri, dando especial atenção às seções constantes do Código de Processo Penal. Para tal, o trabalho foi dividido em duas grandes partes: uma teórica propriamente dita e outra formada pela composição dos principais documentos produzidos na primeira e segunda fase do Tribunal do Júri. Cabe ressaltar, que o encerramento do TIO dar-se- á com a apresentação de uma prática simulada do Tribunal do Júri, com a participação de todos os alunos do Curso. Primeiramente, foi feita uma abordagem histórica do assunto, relatando a evolução do Tribunal do Júri ao longo do tempo, no cenário mundial e nacional. A seguir, foram apresentados os Princípios Constitucionais que se relacionam ao Tribunal do Júri, conforme previsto na atual Carta Magna. Prosseguindo no trabalho, foram identificados os principais eventos desenvolvidos pelo Tribunal do Júri, dando ênfase aos procedimentos especiais, a sua organização, ao julgamento e à sentença proferida pelo juiz, bem como, suas respectivas atribuições. Fechando a parte principal do trabalho, foram feitas considerações a respeito da possibilidade da impugnação das decisões pronunciadas pelo Júri. Finalmente, uma coletânea dos principais documentos produzidos no processo será apresentada no Anexo A, como forma de materializar a segunda parte do presente trabalho interdisciplinar. 11 DESENVOLVIMENTO 2.1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA O Tribunal do Júri originou-se na Inglaterra, em sua Constituição de 1215 com o seguinte preceito “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades, senão em virtude do julgamento de seus pares, segundo as leis do país”, embora já houvesse relatos da existência do júri em época anterior. Na Palestina, por exemplo, o “Tribunal dos Vinte e Três”, existentes nas vilas em que a população fosse maior que 120 famílias, representava uma corte que julgava crimes puníveis com a pena de morte. Na Grécia, desde o século IV A.C., havia o Tribunal de Heliastas, no qual os cidadãos representantes do povo se reuniam em praça pública. Em Roma, durante a República, o Júri atuou sob a forma de juízes em comissão, conhecidos por quoestiones. Após a Revolução Francesa de 1789, estabeleceu-se o júri na França para substituir um judiciário formado pela maioria dos magistrados vinculados à monarquia por outro constituído pelo povo, envolto pelos novos ideais republicanos. Com a ideia de que somente o povo saberia proferir julgamentos justos, o júri espalhou-se pela Europa, já que o Poder Judiciário não era independente e os magistrados eram considerados corruptos e vinculados aos interesses do soberano. Já no Brasil, segundo Capez (2012, p. 648), o Tribunal de Júri foi criado em 18 de junho de 1822, por Decreto do Príncipe Regente, que limitou sua competência aos crimes de imprensa. Em 1824, a Constituição do Império, passou a integrar o Poder Judiciário como um dos seus órgãos, ampliando sua competência para julgar causas cíveis e criminais. O Código de Processo Criminal, de 29 de novembro de 1832, conferiu-lhe ampla defesa, só restringida em 1841, com a Lei nº 261/41. A constituição de 1891 manteve o Júri como instituição soberana, criando ainda o júri federal, através do Decreto 848, de 1890. Graças a Rui Barbosa e sua defesa ao Tribunal Popular e a influência da Constituição Americana, o júri foi transferido para o contexto dos direitos e garantias individuais. Capez (2012, p. 648), ainda acrescenta que a Constituição de 1934 inseriu o Júri no capítulo referente ao Poder Judiciário, sendo retirado na Carta de 1937. O Decreto nº 167 de 1938 suprimiu a soberania do Júri, permitindo aos tribunais de apelação a reforma de seus 12 julgamentos no mérito. A Constituição de 1946 restabeleceu sua soberania, reinserindo-o no capítulo dos direitos e garantias individuais. Já a Constituição de 1967 manteve o Júri no mesmo capítulo, sendo que a Emenda Constitucional de 1969 restringiu sua competência somente aos crimes dolosos contra a vida. Finalmente, a Constituição de 1988 novamente inseriu o Júri no capítulo dos direitos e garantias individuais, com a finalidade de ampliar o direito de defesa dos réus acusados pela prática de crimes dolosos contra a vida e permitir que sejam julgados por seus pares ao invés de juízes togados, submetidos a regras jurídicas. 2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI Após todo o percurso histórico, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Tribunal do Júri passou a ter quatro princípios constitucionais basilares: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competênciapara os crimes dolosos contra a vida (art.5, inciso XXXVIII, da CF). Neste contexto, existem os princípios constitucionais expressos ou explícitos, que se encontram escritos, expressos, na Carta Magna, e também os princípios constitucionais implícitos, que figuram subentendidos no ordenamento jurídico. 2.2.1 Plenitude de Defesa O Tribunal do Júri é soberano e, como tal, suas decisões não devem ser revistas quanto ao mérito, por tribunais togados, sendo, portanto, crucial que a defesa seja plena. Defesa plena é uma expressão mais intensa e mais abrangente do que a defesa ampla, compreendendo dois aspectos: o pleno exercício da defesa técnica, podendo servir-se de argumentação extrajurídica, invocando razões de ordem social, emocional, de política criminal, etc.; e o exercício da autodefesa por parte do próprio réu, que consiste na apresentação de sua tese pessoal no momento do interrogatório, relatando ao juiz para a sua defesa a versão que entender mais benéfica dos fatos. 2.2.2 Escolhas dos Jurados O jurado pode se inscrever ou ser indicado para a função. Seu nome passa a constar numa lista elaborada pelo juiz-presidente da comarca. Essa escolha pode variar de acordo com 13 o tamanho e o número de habitantes das cidades. Em região maiores, o magistrado envia a bancos, empresas e repartições públicas ofícios em que solicita a indicação de funcionários de idoneidade comprovada. O interessado em ser jurado voluntário também pode se inscrever no Tribunal do Júri de sua cidade. 2.2.3 Sigilo das Votações O sigilo das votações encontra-se previsto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea b, sendo condição necessária para proteger a livre manifestação de pensamentos dos jurados, que devem permanecer imunes a qualquer interferência externa, de modo que, ao proferirem o seu veredicto, o possam fazer com plena e íntima convicção. Portanto, o julgamento pelos jurados se dará em plenário do Júri, esvaziado, ou em sala especial, longe das vistas do público, que continuaria em plenário. O sigilo das votações não fere o art. 5°, LX e art. 93, IX da Constituição, que tratam do Princípio da Publicidade das Decisões. 2.2.4. A Soberania dos Veredictos Na jurisprudência a soberania dos veredictos é um preceito constitucional fundamental, que implica na impossibilidade de o tribunal técnico modificar a decisão dos jurados, adentrando no mérito. Trata-se, entretanto, de um princípio relativo porque não pode obstar o princípio informador do processo penal, que é a busca da verdade real. 2.2.5. Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida Segundo o art. 5º, XXXVIII, da CF, é da competência do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tratando-se de cláusula pétrea. Atualmente, inserem-se os seguintes crimes: homicídio doloso, tentados e consumados (art. 121 do CP), infanticídio (art. 123 do CP), participação em suicídio (art. 122 do CP) e aborto (art. 124 a 127 do CP). 14 2.3 PROCEDIMENTOS DO JÚRI O procedimento do Júri é escalonado, sendo que alguns doutrinadores consideram o procedimento trifásico e especial, outros consideram apenas como bifásico. No procedimento bifásico a primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia e termina com a decisão de pronúncia (judicium accusationis ou sumário de culpa). A segunda fase começa com a preclusão e pronúncia encaminhada para o juiz presidente do Tribunal do Júri e termina com o julgamento (judicium causae). No procedimento trifásico é considerada como autônoma a fase de preparação do plenário. Com o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, tanto o Ministério Público ou querelante quanto o defensor terão 05 dias para oferecer o rol de testemunhas que irão depor em plenário, até cinco para cada parte, juntar documentos ou requerer diligências (art. 422 do CPP). O juiz ordenará a realização das diligências que achar pertinentes e fará o relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta de reunião do Tribunal do Júri (art. 423 do CPP). Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeterá o feito pronto até 05 dias antes do sorteio dos jurados (art. 424 do CPP). No dia da sessão de julgamento, o juiz presidente declarará abertos os trabalhos e terá início a terceira fase, na qual ocorrerá a produção de provas, as alegações das partes diante do Conselho de Sentença e o julgamento do réu pelos jurados. 2.3.1 Juízo de Formação da Culpa (Judicium Accusationis) É a primeira fase, em juízo. Oferecida a denúncia ou queixa crime, geralmente acompanhada do inquérito policial, o juiz terá duas opções: rejeitá-la liminarmente se não houver justa causa para a ação penal ou recebe-la se houver provas suficientes da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria. Recebida a peça o juiz determinará a citação do réu para apresentar defesa no prazo de 10 dias. Caso o réu não seja encontrado ou a citação editalícia seja infrutífera os autos ficarão suspensos em conformidade com o art. 366 do CPP, até que se localize o réu. 15 Se o réu não apresentar defesa o juiz nomeará um defensor para tanto (art. 408 do CPP), pois a ausência de defesa gera nulidade absoluta. Em sua defesa, o réu poderá arguir preliminares alegando vícios no processo, incompetência relativa do juízo, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade de parte, suspeição do juízo provas indispensáveis a produzir, causa de extinção de punibilidades, oferecer documentos e justificações (art. 406, §§ 2º e 3º, do CPP) e poderá oferecer as exceções previstas em lei (art. 95 a 112, do CPP). Ademais a parte poderá arrolar até 8 testemunhas, que serão ouvidas na fase de formação da culpa. Se na defesa houver preliminares ou documentos novos, a acusação será ouvida em 05 dias. Segundo o art. 410 do CPP o juiz determinará a inquirição das testemunhas e realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. O art. 411, § 2º do CPP, prevê a realização de uma única audiência de instrução, onde serão tomadas as declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e defesa, nesta ordem, os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida o acusado e procedendo- se os debates. As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente à acusação e à defesa, pelo prazo de 10 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 411, § 4º do CPP). Havendo mais de um acusado o prazo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual (art. 411, § 5º do CPP). Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual prazo a manifestação da defesa (art. 411, § 6º do CPP). Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinado o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer (art. 411, § 7º do CPP). Encerrados os debates, o juiz proferirá sua decisão, ou o fará em 10 dias (art. 411, § 9º do CPP). O prazo para conclusão de todo o procedimento será de no máximo 90 dias (art. 412 do CPP), sendo quatro as possibilidades de finalização desta fase: a pronúncia (considera- se admissível a acusação); a impronúncia (extingue-se o processo, sem julgamento do mérito); a desclassificação (remete-se o processo a outro juízo pela incompetência do Tribunal do Júri para o caso); absolvição sumária (encerra-se o processo, com julgamento do mérito, absolvendo-se o acusado). 16 2.3.2 Juízo Causal (Judicium Causae) No procedimento bifásico, o judicium causae é a segunda e última fase do rito, englobando a parte da preparação do processo até o julgamento em plenário e a sentença. Inicia-se na segunda fasedo processo com a preparação para o julgamento. No momento em que receber os autos que indicam a necessidade de realização de julgamento em plenário, o juiz presidente intimará o Ministério Público ou querelante e o defensor do acusado para, no prazo de cinco dias, arrolar um máximo de cinco testemunhas para deporem em plenário, bem como juntar documentos e requerer diligências, conforme exige o art. 479, do CPP. Após isso, forma-se o Conselho de Sentença, abrem-se as instruções e os debates, e é finalizada a fase com a sentença, podendo ocorrer a absolvição ou a condenação do réu. 2.4 ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JURI O Tribunal do Júri é formado por um juiz togado, que é o seu presidente, e por 25 jurados, sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento (art. 447, CPP). Porém, trata-se de um órgão colegiado formado, em regra, por 26 pessoas, todas selecionadas pelo juiz presidente, no decorrer de um ano, para servirem ao plenário, de acordo com os seguintes termos do art. 425, do Código de Processo Penal: Art. 425 - Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor população. As pessoas alistadas como juradas podem servir ou não, dependendo do sorteio realizado para a composição dos grupos das sessões. Não se constitui efetivo exercício da função o simples alistamento. Para cada sessão de julgamento, dos 25 sorteados sete jurados são escolhidos, igualmente por sorteio, para compor o Conselho de Sentença, com a participação da acusação e da defesa. 17 Para que se dê início aos trabalhos de julgamento, é admissível que estejam presentes ao menos 15 dos 25 jurados sorteados. Assim ocorrendo, dos referidos quinze jurados extraem-se, por sorteio, os sete integrantes do Conselho de Sentença. Anualmente, são alistados vários jurados, variando o número conforme o porte da Comarca, para servirem durante o período de sessões do ano seguinte. Em tese, pois, o corpo de jurados deve ser substituído todo ano, pois, do contrário, não haveria sentido em existir o artigo 425 do CPP, bastando que o magistrado fizesse a seleção uma única vez, prorrogando-a indefinidamente. Portanto, na prática, vários juízes preferem reeditar a lista dos jurados, anos após ano, terminando por estabelecer a figura do jurado profissional. Nos dias atuais, tal prática fica vedada. A responsabilidade pela convocação de jurados é do juiz presidente do Tribunal do Júri. A acusação e a defesa podem acompanhar o processo e possuem meios de solicitar a exclusão de pessoas não recomendáveis a servir no júri, desde que não influenciando decisivamente, na escolha. Caso seja incluindo alguém inapto, caberá recurso em sentido estrito, interposto por qualquer pessoa, embora, como regra, seja ato de órgão de acusação ou da defesa. Fazendo exclusão de alguém da lista, cabe ao jurado afastado a legitimidade recursal. Antes da interposição de recurso em sentido estrito contra a inclusão ou exclusão de algum dos jurados, cabe peticionar diretamente ao juiz presidente, afinal, a lista geral pode ser alterada de oficio, pelo magistrado, ou por provocação de qualquer pessoa do povo, conforme reza o artigo 426, §1º Código de Processo Civil (“A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva”). O juiz deve pautar-se pela escolha de pessoas de seu conhecimento ou que possam ser indicadas por indivíduos da sua confiança desde que preencham os requisitos legais, atualmente pelo crescimento das cidades, principalmente nas Capitais, não há mais condições de o magistrado alistar jurados por conhecimento pessoal ou informação de terceiros. A lista dos jurados, com indicação das profissões dos alistados deve ser publicada pelo Diário Oficial ou por editais, colocados à porta do fórum, até o dia 10 (dez) de outubro de cada ano, tudo isso para facilitar o conhecimento geral acerca dos alistados. Impõe-se que, juntamente com a lista, sejam transcritos e publicados os artigos 436 a 446 do CPP, que dispõe sobre a função do jurado (art. 426,§2º, CPP). Após, ocorrendo à publicação definitiva, esses nomes serão guardados em uma urna, conforme dispõe o seguinte artigo: 18 Art. 426, § 3º, CPP: Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após serem verificados na presença do Ministério Público, de advogado indicado pela Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas Defensorias Públicas competentes, permanecerão guardados em urna fechados a chave, sob a responsabilidade do juiz presidente. 2.4.1 Dos Jurados Os jurados serão selecionados dentre cidadãos de notória idoneidade, com mais de 18 anos, isentos os maiores de 70 anos, que requeiram sua dispensa. A pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos, conforme dispõe a Lei 10.741/2003, motivo pelo qual deveria ter sido mantida essa limitação, não ter sido processado criminalmente, prestar serviço voluntário e o surdo com aparelho auditivo pode ser jurado. É chamado de jurado virtual aquele que preenche todos os requisitos para ser alistado. Além disso, o serviço do júri é obrigatório de acordo com o artigo 438, do CPP: Art. 438: A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. 2.4.2 Preparo da Sessão Após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, ingressa-se a preparação do plenário. Ultrapassada a fase em que as partes arrolam as testemunhas, juntam documentos e requerem diligências, o magistrado providencia a produção das provas necessárias. Após isso, designará dia e hora para a realização da sessão plenária, determinando a intimação das partes e das pessoas a serem ouvidas no dia do julgamento. Antes de iniciar a reunião periódica, será fixada na porta da sala do Tribunal do Júri a lista dos acusados a serem julgados, de acordo com a ordem estabelecida pelo seguinte artigo: Artigo. 429, CPP. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferência: I - os acusados presos; II - dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; III - em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. § 1º- Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, obedecida a ordem prevista no caput deste artigo. § 2º - O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de processo que tiver o julgamento adiado. 19 É legalmente viável, dependendo da lei de organização judiciária de cada Estado, que o processo seja preparado por outro Tribunal do Júri. Art. 424, CPP - Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 433 deste Código. Organizada a pauta, o juiz presidente designará dia e hora para realizar o sorteio dos jurados, intimando-se o Ministério Público, os assistentes, os querelantes e os defensores dos réus que serão julgados na sessão periódica. A portas abertas realiza-se o sorteio, presidido pelo magistrado, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 jurados, para a reunião periódica ouextraordinária. O Código de Processo Penal disciplina como forma de convocação dos jurados, a intimação pelo correio ou por qualquer outro meio hábil. Naturalmente, quando falhar a intimação pelo correio, resta ao juiz socorrer-se do oficial de justiça, que buscará encontrar o jurado pessoalmente. Se o jurado convocado não comparecer ao Júri, esse poderá ser punido. Art. 442, CPP. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente será aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a sua condição econômica. Quando tiver desculpa razoável para deixar de comparecer, o jurado deve chegar ao juiz, com comprovação idônea, até o momento em que se instalar a sessão. O comparecimento do jurado sorteado e intimado é obrigatório, pois o serviço prestado é considerado relevante ao interesse público e não terá desconto em seus vencimentos ou salário. 2.4.3 A Instrução em Plenário De acordo com o teor do art. 473, do Código de Processo Penal, que foi introduzido pela Lei n° 11.689/2008, “prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação”. Conforme Capez (2012, p. 666) as perguntas formuladas pelo Ministério Público, assistente de acusação, querelante e defensor do acusado serão todas feitas diretamente à testemunha, conforme prevê o art. 473, do CPP, sem intermediação do juiz. Segundo o autor, o 20 Código adotou o sistema norte-americano de inquirição de testemunhas, denominado cross- examination. Além disso, os jurados poderão inquirir os depoentes, porém, de acordo com o § 2º do mesmo artigo, todas as perguntas ao ofendido, se for caso, e às testemunhas, deverão ser feitas por intermédio do juiz, no sistema tradicional presidencialista. Segundo o art. 473, § 3º, do CPP, “as partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis”. Por fim, Capez (2012, p. 667) complementa que, superada a fase das oitivas do ofendido, das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa, será iniciado o interrogatório do acusado. O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado, sem intermediação do juiz (CPP, art. 474, § 1º). Os jurados formularão perguntas através do juiz-presidente (CPP, art. 474, § 2º). 2.4.4 Procedimentos em Plenário O juiz presidente, ao ingressar no plenário, verifica se estão presentes o representante do Ministério Público, o assistente de acusação, o réu e seu defensor. Nesse momento só o magistrado pode decidir em casos de isenção e dispensa de jurados, conforme artigo 454 do CPP (“Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento, mandando consignar em ata as deliberações”). O juiz presidente deve recolher de dentro da urna as cédulas, que estão anotados os nomes dos jurados, como citado do artigo 462 do CPP (“Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles”), e realiza a contagem das cédulas, chamando publicamente para atestar se os jurados estão no local e colocando a cédulas na urna que, finalmente, é fechada. Alguns Juízes se reúnem com os jurados antes da sessão para mostrar o funcionamento do tribunal do júri. Convocados, os jurados são sorteados com 10 dias de antecedência, sendo obrigados a comparecerem, sob pena de pagarem multa. O escrivão faz a chamada dos jurados. Para que o juiz presidente possa dar início à sessão, pelo menos 15 dos 25 jurados devem estar presentes. Estando todos os presentes, passa-se para a escolha dos sete jurados. 21 O juiz presidente esclarecerá que não poderão integrar o júri os jurados que tiverem algum tipo de impedimento e suspeição (art.95, CPP), advertindo, ainda, sobre a incomunicabilidade entre os mesmos. Caso houver algum impedimento é feito o sorteio dos suplentes faltantes, designando uma nova data para sessão No momento do sorteio, o juiz presidente dará oportunidade à defesa e depois ao Ministério Público de aceitar ou recusar o jurado. Cada parte poderá recusar até 3 jurados sem justificar a recusa (3 recusas peremptória). Se a recusa for justificada dentro dos impedimentos cabíveis, não haverá limites. Havendo muita recusa, sem conseguir completar os 7 jurados, ocorrerá o “estouro da urna”. Neste caso, o juiz presidente sorteará os suplentes e designará uma nova audiência. 2.4.5 Produção de Provas Para Silva (2007, p. 3) o termo “prova” tem origem no latim probatio, o que se entende pela confirmação, verificação, exame de algo. Decorre, por sua vez, o verbo probare, que significa provar, averiguar, demonstrar, convencer alguém de algo. A prova é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Segundo Nucci (2008, p. 388), há fundamentalmente três sentidos para o termo prova: a) ato de provar – processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado pela parte no processo (ex: fase probatória); b) meio – trata-se do instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo (ex: prova testemunhal); c) resultado da ação de provar – produto extraído da análise dos instrumentos de prova oferecidos, demonstrando a verdade de um fato. Neste último senso, o juiz pode dizer, ao chegar à sentença: “fez-se prova de que o réu é autor do crime”. 2.4.5.1 Inquirição da Testemunha Nesse sentido, na redação do artigo 473, do Código de Processo Penal, consta que: Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. 22 § 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministério Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios estabelecidos neste artigo. As testemunhas são ouvidas nas audiências de instrução, que são realizadas em dias úteis durante o expediente, podendo haver exceções nestes horários, em caso da necessidade de conclusão de atos para evitar prejuízos ou grave dano ao processo. 2.4.5.2 Da Prova Testemunhal A prova testemunhal é aquela que se faz pela produção de inquirição de pessoas estranhas ao processo que saibam a respeito dos fatos relevantes ao julgamento. De acordo com Capez (2012, p.435), as testemunhas são chamadas “ao processo para falar sobre fatos perceptíveis a seus sentidos e relativos ao objeto do litígio. É a pessoa idônea, diferente das partes, capaz de depor, convocada pelo Juiz, por iniciativa própria ou a pedido das partes, para depor em juízo sobre fatos sabidos e concernentes à sua causa”. A testemunha sempre é pessoa física, sendo, portanto, um meio ativo para julgamento, pois fornece as informações sobre fatos ao juiz. Ao analisar a prova testemunhal, o juiz deve se importar com todos os depoimentos apresentados pelas diversas testemunhas, podendo embasar sua decisão por meio do depoimento de apenasuma delas, desde que esta seja insuspeita e que se possa confiar na veracidade de sua declaração. 2.4.5.3 Da Prova Pericial Para Theodoro Junior (2011, p. 486), surge “a prova pericial como o meio de suprir a carência de conhecimentos técnicos de que se ressente o juiz para apuração dos fatos litigiosos”. Mesmo assim, a prova pericial poderá ser afastada se existirem outras provas nos autos. Neste caso, o juiz decidirá por outra forma de prova. Caberá ao juiz a nomeação do perito especializado. O perito terá que possuir conhecimento técnico. “O artigo 145, do CPP, em seu § 1º, estabelece uma preferência: devem ser escolhidos profissionais de nível superior, devidamente inscrito em seu órgão de classe, mas o § 3º assegura a possibilidade de nomeação de qualquer pessoa, desde que tenha o conhecimento exigido para a tarefa, independentemente de qualificação profissional, onde não houver profissionais com a capacitação exigida”. 23 Para Costa Filho (2012, p. 31) a prova pericial é considerada uma “diligência que possui a finalidade de estabelecer a veracidade ou a falsidade de situações, fatos ou acontecimentos, de interesse da justiça, por meio de provas. É a análise de toda matéria colhida como vestígio de uma infração, ou seja, o exame do corpo de delito”. 2.4.5.4 Da Prova Documental Segundo Nucci (2010. pag. 497), “é toda base materialmente disposta a concentrar e expressar um pensamento, uma ideia ou qualquer manifestação de vontade do ser humano, que sirva para demonstrar e provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante”. São documentos, portanto: escritos, fotos, fitas de vídeo e som, desenhos, esquemas, gravuras, disquetes, CDs, entre outros. Dessa forma, o documento visa a possibilitar o conhecimento do fato de modo duradouro, de forma que a sua representação não seja momentânea, mas também permanente, tendo uma idoneidade em sua reprodução. Isso faz com que o juiz possa vislumbrar o fato mesmo sem estar presente no local de sua concepção. 2.4.6 Debates em Plenário Encerrada a instrução, a próxima etapa do julgamento é a realização dos debates. Será concedida a palavra ao Ministério Público, órgão acusatório, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. Segundo Andreucci (2009, p.46), deve o Ministério Público cingir-se aos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. Se houver circunstâncias agravantes, essa será a fase própria para sustentá-las. A ordem dos debates é a seguinte: a) Acusação, pelo tempo de 1h30m (uma hora e meia); b) Assistente de acusação, se houver, dividindo o tempo com a acusação; c) Defesa, pelo tempo de 1h30m (uma hora e meia). Da mesma forma, após a fala da acusação, a defesa, em plenário deverá sustentar as atenuantes que entender cabíveis em favor do réu, uma vez que, de acordo com a nova legislação vigente, compete ao juiz presidente considerar as agravantes e atenuantes por ocasião de fixação da pena. 24 2.4.6.1 O Papel das Partes no Debate A acusação e a defesa terão uma hora e meia cada uma, quando apenas um réu estiver sendo julgado. E de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. (art. 477, caput, CPP). Havendo mais de um réu, o tempo aumenta para duas horas e meia a cada parte (art. 477, §2º, CPP). Para a defesa não existe vantagem nenhuma em realizar o julgamento de mais de um réu, pois o tempo previsto por lei deverá ser divido entre os defensores. A ordem dos debates se dará inicialmente pela acusação, após a fala do Ministério Público será a vez do assistente de acusação, caso haja. Se a ação se tratar de iniciativa privada subsidiária da pública, falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Público, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, conforme artigo 29 do Código de Processo Penal. Finda a acusação, a palavra será concedida à defesa (MAMELUQUE, 2008, p.153). 2.4.6.2 A Réplica e a Tréplica O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica (artigo 477, do CPP). O Ministério Público poderá replicar e igual prazo terá para a defesa treplicar. Havendo mais de um réu, o tempo é computado em dobro (artigo 477, §2.º, CPP). Mossin (2009, p. 359) argumenta que encerrada a réplica, a defesa poderá fazer a tréplica, que é a ressustentação da defesa feita após a réplica, ou alegações formuladas contrariamente às alegações iniciais do treplicante. Nesta fase da defesa poderá ser apresentada tese não sustentada anteriormente, ou seja, a defesa poderá inovar a tese de defesa na tréplica, em homenagem ao princípio da plenitude de defesa. 2.4.7 Finalização em Plenário Encerrado os debates, o juiz presidente deve averiguar se os jurados estão preparados para julgarem ou se desejam outro esclarecimento. Conforme artigo 480, §1º, do CPP, “concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos”. Os jurados devem responder singelamente “sim” (NUCCI, 2008, p. 211). 25 Se tiver alguma dúvida, o juiz presidente dissolverá o Conselho de Sentença, designando outro julgamento para solucionar a incerteza. É o que prevê o art. 481, do CPP: “se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando a realização das diligências entendidas necessárias”. Vale ressaltar que, neste caso, o julgamento a ser designado não contará com o mesmo Conselho de Sentença. 2.5 JULGAMENTO NA SALA ESPECIAL Não existindo dúvidas remanescentes, o juiz presidente anunciará que o julgamento será realizado em sala especial, a fim de ser procedida a votação dos quesitos. Segundo Andreucci (2009, p.50), não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça, dirigir-se-ão à sala especial (antiga sala secreta), a fim de ser procedida a votação dos quesitos. Capez (2012, p. 678) ressalta que, a despeito da controvérsia sobre o sigilo do julgamento em sala especial, o princípio comum de que os julgamentos do Poder Judiciário deverão ser públicos não vulnera as normas processuais sobre a sala secreta (CPP, art. 485), pois a garantia constitucional referente ao sigilo das votações é também um princípio constitucional, mas específico do Júri, prevalecendo sobre a disposição geral. Dessa forma, o sigilo, princípio constitucional do Júri, é garantido pela incomunicabilidade e pela sala secreta, assegurando ao jurado total tranquilidade no momento de externar silenciosamente o seu voto. 2.6 SENTENÇA E ATRIBUIÇÕES DO JUIZ PRESIDENTE Segundo Capez (2012, p. 672), “encerrada a votação e assinado o termo referente às respostas dos quesitos, o juiz deverá proferir a sentença”. Na sentença, o Juiz poderá adotar as seguintes situações, conforme o que foi determinado pelos jurados: a. Absolvição do réu – “o juiz deve colocar o réu imediatamente em liberdade, salvo se estiver preso por outro motivo, ou revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas, se for o caso”. b. Desclassificação do crime – “a competência para julgamento do crime desclassificado e dos crimes conexos passa ao juiz-presidente. Operada a desclassificação, se o 26 juiz perceber tratar-se de crime de menor potencial ofensivo, deverá o juiz observar o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei n. 9.099/95”. c. Condenação do réu – Neste caso, “o juiz fixará a pena-base; levará em consideração as circunstâncias agravantes e atenuantes; imporá as causas de aumento e diminuição;observará as demais disposições do art. 387 do CPP; mandará o acusado recolher- se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva; estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação”. A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de instrução e julgamento. Finalmente, em relação ao papel do magistrado na condução do Tribunal do Júri, Capez (2012, p. 672) argumenta que são de incumbência do juiz presidente as seguintes atribuições: a) poder de polícia: o juiz pode mandar prender os desobedientes, impedir a entrada ou excluir da sala os arruaceiros, mandar retirar o réu da sala, que, com injúrias ou ameaças, dificultar o julgamento etc.; b) regular os debates: impedindo ultrapassagem do tempo legal, alterações graves de ânimo etc.; c) tutelar o direito de defesa, quando este não estiver sendo exercido pelo defensor, devendo destituí-lo e dissolver o conselho de sentença; d) suspender a sessão, quando necessário (diligências, repouso dos jurados, lanche etc.); e) ordenar, de ofício ou a requerimento das partes, as diligências que se fizerem necessárias; f) requisitar auxílio de força pública; g) resolver questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri; h) decidir de ofício as arguições de extinção de punibilidade, ouvidos o Ministério Público e a defesa; i) resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento; j) determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade. 2.7 ATA DO JULGAMENTO A ata do julgamento é a transparência fiel do desenvolvimento da sessão contendo todas as principais ocorrências e protestos feitos pelas partes. Conforme dispõe o art. 495, do Código de Processo Penal, “a ata descreverá fielmente todas as ocorrências, mencionando obrigatoriamente”: I – A data e a hora da instalação dos trabalhos; II – O magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes; III – Os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou sem ela, e as sanções aplicadas; 27 IV – O ofício ou requerimento de isenção ou dispensa; V- O sorteio dos jurados suplentes; VI- O adiantamento da sessão, se houver ocorrido com a indicação do motivo; VII- A abertura da sessão e a presença do ministério público, do querelante e a do defensor do acusado; VIII- O pregão e sanção imposta, no caso de não comparecimento; IX- As testemunhas dispensadas de depor; X- O recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não pudessem ouvir o depoimento das outras; XI- A verificação das cédulas pelo juiz presidente; XII- A formação do conselho de sentença, com o registro dos nomes dos jurados sorteados e recusas; XIII-O compromisso e o interrogatório, com simples referência ao termo; XIV- Os debates e as alegações das partes com os respectivos fundamentos; XV- Os incidentes XVI- O julgamento da causa; XVII- A publicidade dos atos da instrução plenária, das diligências e da sentença. Os dispostos nos incisos I até XVII são puras formalidades, de modo que o escrivão pode facilmente captar, compreender e fazer constar. Entretanto, os itens constantes dos incisos XVI e XV são complexos e dependem de conhecimento jurídico. Resumir o conteúdo dos debates orais, com teses ofertadas, as alegações formuladas, com seus fundamentos, bem como registrar todos incidentes, são tarefas peculiares do juiz presidente. Somente este é capaz de dar contorno jurídico a um protesto, sem haver coisa incerta, indevida imprecisão ou qualquer outro tipo de falha. Estabelece o art. 494, do Código de Processo Penal, que “de cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes”. Da forma como consta da lei, a ata deve ser assinada pelo magistrado e pelas partes, mas não há obrigatoriedade de ser lavrada ao final da sessão. Portanto, os envolvidos somente a assinarão posteriormente. Na essência, cabe ao magistrado o registro das principais ocorrências na ata, de modo que, se agir de má-fé, omitindo inserções importantes ou fazendo constar dados falsos, deve-se questionar o fato na órbita disciplinar (e porventura criminal). A falta da ata sujeitará o responsável (o escrivão) a sanções administrativas e, no campo penal, ao seu dolo, a fim de ser demonstrada alguma figura criminosa (prevaricação, corrupção, falsidade etc.). 28 2.8 AS FORMAS DE IMPUGNAÇÃO CABÍVEIS NO ÂMBITO DO JURI 2.8.1 O Duplo Grau de Jurisdição e a Soberania dos Veredictos O duplo grau de jurisdição e a soberania dos veredictos são princípios constitucionais voltados a assegurar que as decisões proferidas pelos órgãos de primeiro grau do poder judiciário não sejam únicas, mas submetidas a um juízo de reavaliação por instância superior. Estipula o art. 5° § 2°, da Constituição Federal (BRASIL, 2016), que “os direitos e garantias expressos nesta constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”.,Estabelece o art.102, II, que compete ao Supremo Tribunal Federal ”julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; e o crime político”. O art. 5°, LV, da CF/88, dispõe que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. O princípio constitucional da soberania dos veredictos está expressamente assegurado no art. 5°, XXXVIII, da Constituição Federal. Significa que a decisão proferida pelo Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri, deve ser a máxima expressão do julgamento. Portanto, quanto ao mérito da causa, nenhum órgão jurisdicional, composto por magistrados togados, deve avançar, pretendendo substituir os jurados. Entretanto, em que pese a necessidade da soberania dos veredictos populares ser respeitada, não é afastada a possibilidade de submeter a decisão prolatada no Tribunal do Júri ao duplo grau de jurisdição. O ponto relevante é harmonizar os dois princípios. O recurso é viável, embora o mérito deva ser preservado. Nada impede que a parte, sentindo-se prejudicada, ingresse com o recurso cabível. Este, no entanto, se provido, deve remeter o caso à nova avaliação pelo tribunal popular. Com isso, garante-se a possibilidade de uma revisão, respeitando-se, ao mesmo tempo, a soberania dos votos do júri. 2.8.2 Conceito de Recurso O recurso é o direito que possui a parte, na relação processual, de insurgir-se contra decisões judiciais, requerendo a sua revisão, total ou parcial, em instância superior. O recurso 29 tem seu fundamento histórico e na contingência humana, na falibilidade da cultura, da inteligência, da razão e da memória do homem, por mais culto, perspicaz e experiente que seja. Destina-se, pois, a sanar possíveis defeitos graves ou substanciais da decisão. 2.8.3 Características e Efeitos Os recursos devem ser, como regra, voluntários (a interposição depende de vontade do interessado), tempestivos (interpostos dentro do prazo previsto em lei) e taxativos (obedecem a um rol de possibilidades legais). Admite-se, como exceção, o denominado recurso de ofício, na verdade, um grau de jurisdição necessário. O efeito geral dos recursos é o devolutivo, ou seja, permite-se que o órgão ad quem ao qual é dirigido o recurso, reveja integralmente a matéria controversa. O efeito suspensivo é excepcional, impedindo que a decisão produza consequências desde logo. Há situações que comportam imediata eficácia, como a sentença absolutória, a provocar imediata solturado réu; outras, no entanto, submetem-se à eficácia contida, como a sentença condenatória, impondo pena privativa de liberdade, que não se executa, senão após o trânsito em julgado. 2.8.4 Pressupostos de Admissibilidade A verificação de requisitos processuais de interposição do recurso, para que ele tenha seguimento e seja encaminhada à instância superior, deve ser feita, como regra, pelo órgão que proferiu a decisão. Excepcionalmente, a avaliação da recorribilidade é feita pelo mesmo órgão ao qual será destinado o recurso. Tal situação ocorre quando o órgão a quo deixa, indevidamente, de dar seguimento ao recurso e a parte reclama, pelos instrumentos próprios diretamente ao tribunal superior. Há pressupostos de admissibilidade dos recursos. Objetivamente, há de se analisar o cabimento, previsão legal para sua interposição, adequação, respeito ao recurso indicado em lei para cada tipo de decisão impugnada, tempestividade e interposição no prazo legal. Subjetivamente, deve-se checar o interesse da parte, sendo necessário demonstrar sucumbência em algum ponto pleiteado e legitimidade. O oferecimento deve ser feito por quem 30 é parte na relação processual, estando capacitado a fazê-lo, ou quando a lei expressamente autorize a interposição por terceiro (art. 598, do Código de Processo Penal). 2.8.5 Formalidades para Interposição Exige a lei processual penal que os recursos sejam apresentados por petição ou por termo nos autos, não se aceitando, pois, a forma verbal. Quando oferecido em segundo grau, deve-se respeitar a forma legal, com petição e razões, sob pena de indeferimento, pois como regra submete-se o recurso a criterioso exame de admissibilidade. Embora pouco usual, o recurso interposto por fax é admitido, desde que, depois, o recorrente apresente o original em cartório. Não é necessário que o referido original seja entregue ainda dentro do prazo, pois isso retiraria a utilidade do fax para interposição. Entretanto, é preciso considerar não ser um meio inteiramente seguro, pois os problemas com a máquina podem surgir, tais como falta de papel, defeitos eletrônicos, erro de comunicação, entre outros, impossibilitando prova que o cartório ou a vara efetivamente recebeu o recurso. Atualmente, a maioria dos recursos é apresentada à justiça por meio digital, diretamente nos sítios eletrônicos dos Tribunais, valendo-se dos meios de comunicação da rede mundial de computadores: a internet. 2.8.6 Impedimentos ao Processamento ou Conhecimento dos Recursos No curso do processo, podem ocorrer fatos alheios aos pressupostos de admissibilidade, que impede o processamento ou conhecimento dos recursos. Estes casos podem ser representados pela desistência do réu, acompanhado de seu defensor (caso não seja mais desejável persistir no inconformismo, solicitando que o recurso cesse o trâmite, situação esta que não é autorizada ao Ministério Público) e a renúncia da parte sucumbida em não manifestar o seu desejo de recorrer à decisão (caso que também não aproveita o Ministério Público, pois, embora o promotor não seja obrigado a oferecer recurso, não lhe cabe renunciar). 31 2.8.7 A Fungibilidade dos Recursos Significa que a interposição de um recurso por outro, inexistente má-fé ou erro grosseiro, não impedirá o seu processamento e conhecimento. O art. 579, do Código de Processo Penal relata que “salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro”. Como ocorre, por exemplo, quando a parte esteja em dúvida se é caso de interposição de recurso em sentido estrito ou apelação. Por sua vez, o erro grosseiro, impeditivo do conhecimento, evidencia completa e injustificável ignorância da parte. Portanto, havendo nítida indicação na lei do recurso cabível e inexistindo divergência doutrinária e jurisprudencial, torna-se absurdo o equívoco, justificando-se a sua rejeição. Enfim, a má-fé surge em vários aspectos, embora o mais utilizado seja um recurso unicamente para contornar a perda do prazo daquele que seria cabível. 32 CONCLUSÃO O presente trabalho teve a finalidade de apresentar as principais características do Tribunal do Júri, como forma de obtenção de nota parcial do Trabalho Interdisciplinar Orientado (TIO), do 7° semestre do Curso de Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade. No decorrer do trabalho, verificou-se a importância do conhecimento das atividades desenvolvidas no âmbito do Tribunal do Júri, principalmente para o operador do Direito, em especial para os alunos da área jurídica, os quais tiveram o primeiro contato com a disciplina nesta oportunidade. É notório o reconhecimento do Tribunal do Júri como um dos Direitos Fundamentais da República Federativa do Brasil, materializado no art. 5°, inciso XXXVIII, da CF/88. Além disso, o Tribunal do Júri constitui garantia humana fundamental, assegurando que o autor de crime doloso contra a vida seja julgado em plenário popular. Assim, constitui um dos pontos essenciais do Estado Democrático de Direito, pois o julgamento perante o Júri possibilita que a própria sociedade verifique a gravidade da conduta do acusado por intermédio de jurados selecionados. O Tribunal do Júri, instituído no Brasil desde 1822, detém a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida. São de sua competência os delitos de homicídio doloso, infanticídio, participação em suicídio, aborto – tentados ou consumados – e seus crimes conexos. O procedimento adotado pelo Júri é especial e possui duas fases: 1ª fase - judicium accusationis ou juízo de acusação e 2ª fase - judicium causae ou juízo da causa. Neste tipo de tribunal, cabe a um colegiado de populares declarar se o crime em questão aconteceu e se o réu é culpado ou inocente. Desta feita, o magistrado decide conforme a vontade popular, lê a sentença e fixa a pena, em caso de condenação. Dessa forma, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania e demonstra a importância da democracia na sociedade, permitindo ao cidadão ser julgado por seus semelhantes e assegurando a participação popular direta nos julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário. 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSCHI, Marcus Vinicius. Meios de prova. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 17 maio 16. _______. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 12 maio 16. _______. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 12 maio 16. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 19. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. MAMELUQUE, Leopoldo. Manual do novo júri. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. MOSSIN, Heráclito Antônio. Júri: crimes e processo. Rio de Janeiro: Forense, 2009. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 3ª ed. - São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. _______, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. _______, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 6ª ed., rev., at. e ampl., RT, 2010. SILVA, César Dario Mariano da. Provas ilícitas. 6 ª ed.; São Paulo: Atlas, 2010. VADE MECUM SARAIVA / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. – 17. ed. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 2014. 34ANEXO A Documentos do Tribunal do Júri