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FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
 
 
BACHARELADO EM DIREITO 
7° SEMESTRE MATUTINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 
2016 
 
 
FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 
 
 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 
2016 
 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Trabalho Interdisciplinar Orientado do Curso 
de Bacharelado em Direito da Faculdade 
Carlos Drummond de Andrade, apresentado 
como pré-requisito para obtenção da nota do 
T.I.O., sob orientação do Prof. MS. Luciano 
Vieiralves Schiappacassa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 
2016 
 
 
TRIBUNAL DO JÚRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Trabalho Interdisciplinar Orientado do Curso 
de Bacharelado em Direito da Faculdade 
Carlos Drummond de Andrade, apresentado 
como pré-requisito para obtenção da nota do 
T.I.O., sob orientação do Prof. MS. Luciano 
Vieiralves Schiappacassa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 COMISSÃO ORGANIZADORA 
 
 
 
______________________________________ 
Prof. Me. Luciano Vieiralves Schiappacassa 
 
 
______________________________________ 
Prof. Me. Cleber Moura 
 
 
______________________________________ 
Prof. Me. Marcio Morena 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, 25 de maio de 2016 
 
 
ALUNOS DO 7° SEMESTRE 
 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
Abraão Leônidas de Alencar 
Alexandre Manuel Lopez 
André Rodrigues Abrahão 
Andréia dos Santos Pereira 
Beatriz Pereira Cochi 
Bruno Luiz Faria da Silva 
Camila Souza Rosa 
Carlos Alberto Rodrigues da Silva Junior 
Cristina Aparecida de Souza Passos 
Elka Cristina Alves Martins 
Gerisvaldo Pereira Aguiar 
Gislene Gregório Ramos 
Iamara Toledo Silva 
Isnar de Almeida 
Ivonete dos Santos Barbosa 
Luciana Cavalcanti de Albuquerque 
Luiz Marciano Candalaft 
Magdalena Riofrio Nicolau 
Marcelo Bortoloti Wetler 
Mércio dos Santos 
Regina Faria Firmino da Silva 
Rosana Oliveira Bispo 
Rute do Carmo Rocha 
Tatiana Sanchez Bellangero 
Waldir Aparecido Feitosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"É preciso que os homens bons respeitem as 
leis más, para que os homens maus respeitem 
as leis boas.” (Sócrates) 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho está inserido no programa da disciplina de Direito Processual Penal, da 
Faculdade Carlos Drummond de Andrade, como requisito obrigatório para obtenção de nota 
parcial do Trabalho Interdisciplinar Orientado (TIO). A sua finalidade é apresentar as principais 
características do Tribunal do Júri, evidenciando a sua importância para o estado democrático 
de direito. O reconhecimento do Tribunal do Júri como um dos Direitos Fundamentais da 
República Federativa do Brasil está materializado no art. 5°, inciso XXXVIII, da Constituição 
Federal de 1988. Assim, ficaram consolidados os Princípios da Plenitude da Defesa, do Sigilo 
das Votações, da Soberania dos Veredictos e da Competência para o Julgamento dos Crimes 
Dolosos Contra a Vida. Representa, ainda, uma garantia fundamental que assegura ao autor de 
crime doloso contra a vida um julgamento em plenário popular. Dessa forma, o Tribunal do Júri 
detém a competência para julgar os delitos de homicídio doloso, infanticídio, participação em 
suicídio, aborto e seus crimes conexos. O procedimento adotado pelo Júri é especial e possui 
duas fases: uma chamada de juízo de acusação (judicium accusationis) e outra de juízo da causa 
(judicium causae). Enfim, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania, 
demonstrando a importância da democracia na sociedade e permitindo ao cidadão ser julgado 
por seus semelhantes. É uma condição especial de participação popular direta nos julgamentos 
proferidos pelo Poder Judiciário. 
 
 
Palavras-chave: Direito Processual Penal. Tribunal do Júri. Julgamento. Crime doloso contra a 
vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This work is inserted in the program of the discipline of Criminal Procedural Law, of the 
Faculty Carlos Drummond de Andrade, as a mandatory requirement for obtaining partial note 
of Interdisciplinary Work Oriented (TIO). Its purpose is to present the main features of the Jury 
Court, highlighting its importance for the Democratic State of Law. The Recognition of the 
Jury Court as one of the Fundamental Rights of the Federative Republic of Brazil is embodied 
in art. 5, subparagraph XXXVIII, the Federal Constitution of 1988. Thus, were consolidated 
the principles of the Fullness of Defense, the Secrecy of Voting, the Sovereignty of the Verdicts 
and the Competence for the Trial of Crimes Against the Life. Represents also a fundamental 
guarantee that ensures the author of intentional crime against the life a judgment in popular 
plenary. Thus, the Jury Court has the power to prosecute the murder offenses, infanticide, 
suicide participation, abortion and related crimes. The procedure adopted by the Jury Court is 
special and has two phases: an accusation of judgment call (judicium accusationis) and a 
judgment of the cause (causae judicium). Finally, the Jury Court means a mechanism of 
citizenship, demonstrating the importance of democracy in society and allowing citizens to be 
judged by their peers. It is a special condition of direct popular participation in the judgments 
proffered by the Judiciary. 
 
 
Keywords: Criminal Procedural Law. Jury Court. Judgment. Intentional Crime Against Life. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 
2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................. 11 
2.1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................... 11 
2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI ............................. 12 
2.2.1 Plenitude de Defesa ................................................................................................. 12 
2.2.2 Escolha dos Jurados ................................................................................................. 12 
2.2.3 Sigilo das Votações .................................................................................................. 13 
2.2.4 A Soberania dos Veredictos ..................................................................................... 13 
2.2.5 Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida ..................... 13 
2.3 PROCEDIMENTOS DO JÚRI ................................................................................... 14 
2.3.1 Juízo de Formação da Culpa (Judicium Accusationis) ............................................ 14 
2.3.2 Juízo Causal (Judicium Causae) .............................................................................. 16 
2.4 ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI ........................................................... 16 
2.4.1 Dos Jurados .............................................................................................................. 18 
2.4.2 Preparo da Sessão .................................................................................................... 18 
2.4.3 A Instrução em Plenário .......................................................................................... 19 
2.4.4 Procedimentos em Plenário ..................................................................................... 20 
2.4.5 Produção de Provas .................................................................................................. 21 
2.4.5.1 Inquirição da Testemunha ....................................................................................21 
2.4.5.2 Da Prova Testemunhal ......................................................................................... 22 
2.4.5.3 Da Prova Pericial ................................................................................................. 22 
2.4.5.4 Da Prova Documental .......................................................................................... 23 
2.4.6 Debates em Plenário ................................................................................................ 23 
2.4.6.1 O Papel das Partes no Debate .............................................................................. 24 
2.4.6.2 A Réplica e a Tréplica .......................................................................................... 24 
2.4.7 Finalização em Plenário ........................................................................................... 24 
2.5 JULGAMENTO NA SALA ESPECIAL .................................................................... 25 
2.6 SENTENÇA E ATRIBUIÇÕES DO JUIZ PRESIDENTE ........................................ 25 
 
 
 
2.7 ATA DO JULGAMENTO .......................................................................................... 26 
2.8 AS FORMAS DE IMPUGNAÇÃO CABÍVEIS NO ÂMBITO DO JÚRI ................ 28 
2.8.1 O Duplo Grau de Jurisdição e a Soberania dos Veredictos ..................................... 28 
2.8.2 Conceito de Recurso ................................................................................................ 28 
2.8.3 Características e Efeitos ........................................................................................... 29 
2.8.4 Pressupostos de Admissibilidade ............................................................................. 29 
2.8.5 Formalidades para Interposição ............................................................................... 30 
2.8.6 Impedimentos ao Processamento ou Conhecimento dos Recursos ......................... 30 
2.8.7 A Fungibilidade dos Recursos ................................................................................. 31 
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 32 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 33 
ANEXO A – Documentos do Tribunal do Júri ............................................................ 34 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
No contexto das atividades do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade 
Carlos Drummond de Andrade, o presente trabalho tem como objetivo apresentar as principais 
características do Tribunal do Júri, matéria integrante da disciplina de Direito Processual Penal, 
do 7° semestre, compondo pré-requisito obrigatório para obtenção da nota do Trabalho 
Interdisciplinar Orientado (TIO). 
Para atingir esse objetivo, foi feita uma pesquisa bibliográfica, valendo-se das 
principais publicações impressas constantes da doutrina e da jurisprudência, bem como de 
consultas à rede mundial de computadores, principalmente para obtenção das principais 
atualizações de atos normativos relacionados à disciplina. 
O tema foi dividido de acordo com a sequência natural das atividades que se 
desenrolam no âmbito do Tribunal do Júri, dando especial atenção às seções constantes do 
Código de Processo Penal. Para tal, o trabalho foi dividido em duas grandes partes: uma teórica 
propriamente dita e outra formada pela composição dos principais documentos produzidos na 
primeira e segunda fase do Tribunal do Júri. Cabe ressaltar, que o encerramento do TIO dar-se-
á com a apresentação de uma prática simulada do Tribunal do Júri, com a participação de todos 
os alunos do Curso. 
Primeiramente, foi feita uma abordagem histórica do assunto, relatando a evolução 
do Tribunal do Júri ao longo do tempo, no cenário mundial e nacional. A seguir, foram 
apresentados os Princípios Constitucionais que se relacionam ao Tribunal do Júri, conforme 
previsto na atual Carta Magna. 
Prosseguindo no trabalho, foram identificados os principais eventos desenvolvidos 
pelo Tribunal do Júri, dando ênfase aos procedimentos especiais, a sua organização, ao 
julgamento e à sentença proferida pelo juiz, bem como, suas respectivas atribuições. Fechando 
a parte principal do trabalho, foram feitas considerações a respeito da possibilidade da 
impugnação das decisões pronunciadas pelo Júri. 
Finalmente, uma coletânea dos principais documentos produzidos no processo será 
apresentada no Anexo A, como forma de materializar a segunda parte do presente trabalho 
interdisciplinar. 
 
 
11 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
 
2.1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA 
 
O Tribunal do Júri originou-se na Inglaterra, em sua Constituição de 1215 com o 
seguinte preceito “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e 
liberdades, senão em virtude do julgamento de seus pares, segundo as leis do país”, embora já 
houvesse relatos da existência do júri em época anterior. 
Na Palestina, por exemplo, o “Tribunal dos Vinte e Três”, existentes nas vilas em 
que a população fosse maior que 120 famílias, representava uma corte que julgava crimes 
puníveis com a pena de morte. Na Grécia, desde o século IV A.C., havia o Tribunal de Heliastas, 
no qual os cidadãos representantes do povo se reuniam em praça pública. Em Roma, durante a 
República, o Júri atuou sob a forma de juízes em comissão, conhecidos por quoestiones. 
Após a Revolução Francesa de 1789, estabeleceu-se o júri na França para substituir 
um judiciário formado pela maioria dos magistrados vinculados à monarquia por outro 
constituído pelo povo, envolto pelos novos ideais republicanos. 
Com a ideia de que somente o povo saberia proferir julgamentos justos, o júri 
espalhou-se pela Europa, já que o Poder Judiciário não era independente e os magistrados eram 
considerados corruptos e vinculados aos interesses do soberano. 
Já no Brasil, segundo Capez (2012, p. 648), o Tribunal de Júri foi criado em 18 de 
junho de 1822, por Decreto do Príncipe Regente, que limitou sua competência aos crimes de 
imprensa. Em 1824, a Constituição do Império, passou a integrar o Poder Judiciário como um 
dos seus órgãos, ampliando sua competência para julgar causas cíveis e criminais. O Código de 
Processo Criminal, de 29 de novembro de 1832, conferiu-lhe ampla defesa, só restringida em 
1841, com a Lei nº 261/41. A constituição de 1891 manteve o Júri como instituição soberana, 
criando ainda o júri federal, através do Decreto 848, de 1890. 
Graças a Rui Barbosa e sua defesa ao Tribunal Popular e a influência da 
Constituição Americana, o júri foi transferido para o contexto dos direitos e garantias 
individuais. 
Capez (2012, p. 648), ainda acrescenta que a Constituição de 1934 inseriu o Júri no 
capítulo referente ao Poder Judiciário, sendo retirado na Carta de 1937. O Decreto nº 167 de 
1938 suprimiu a soberania do Júri, permitindo aos tribunais de apelação a reforma de seus 
12 
 
julgamentos no mérito. A Constituição de 1946 restabeleceu sua soberania, reinserindo-o no 
capítulo dos direitos e garantias individuais. Já a Constituição de 1967 manteve o Júri no mesmo 
capítulo, sendo que a Emenda Constitucional de 1969 restringiu sua competência somente aos 
crimes dolosos contra a vida. 
Finalmente, a Constituição de 1988 novamente inseriu o Júri no capítulo dos 
direitos e garantias individuais, com a finalidade de ampliar o direito de defesa dos réus 
acusados pela prática de crimes dolosos contra a vida e permitir que sejam julgados por seus 
pares ao invés de juízes togados, submetidos a regras jurídicas. 
 
2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI 
 
Após todo o percurso histórico, com a promulgação da Constituição Federal de 
1988, o Tribunal do Júri passou a ter quatro princípios constitucionais basilares: a plenitude de 
defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competênciapara os crimes dolosos 
contra a vida (art.5, inciso XXXVIII, da CF). 
Neste contexto, existem os princípios constitucionais expressos ou explícitos, que 
se encontram escritos, expressos, na Carta Magna, e também os princípios constitucionais 
implícitos, que figuram subentendidos no ordenamento jurídico. 
 
2.2.1 Plenitude de Defesa 
 
O Tribunal do Júri é soberano e, como tal, suas decisões não devem ser revistas 
quanto ao mérito, por tribunais togados, sendo, portanto, crucial que a defesa seja plena. 
Defesa plena é uma expressão mais intensa e mais abrangente do que a defesa 
ampla, compreendendo dois aspectos: o pleno exercício da defesa técnica, podendo servir-se de 
argumentação extrajurídica, invocando razões de ordem social, emocional, de política criminal, 
etc.; e o exercício da autodefesa por parte do próprio réu, que consiste na apresentação de sua 
tese pessoal no momento do interrogatório, relatando ao juiz para a sua defesa a versão que 
entender mais benéfica dos fatos. 
 
2.2.2 Escolhas dos Jurados 
 
O jurado pode se inscrever ou ser indicado para a função. Seu nome passa a constar 
numa lista elaborada pelo juiz-presidente da comarca. Essa escolha pode variar de acordo com 
13 
 
o tamanho e o número de habitantes das cidades. Em região maiores, o magistrado envia a 
bancos, empresas e repartições públicas ofícios em que solicita a indicação de funcionários de 
idoneidade comprovada. O interessado em ser jurado voluntário também pode se inscrever no 
Tribunal do Júri de sua cidade. 
 
2.2.3 Sigilo das Votações 
 
O sigilo das votações encontra-se previsto no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea b, 
sendo condição necessária para proteger a livre manifestação de pensamentos dos jurados, que 
devem permanecer imunes a qualquer interferência externa, de modo que, ao proferirem o seu 
veredicto, o possam fazer com plena e íntima convicção. 
Portanto, o julgamento pelos jurados se dará em plenário do Júri, esvaziado, ou em 
sala especial, longe das vistas do público, que continuaria em plenário. O sigilo das votações 
não fere o art. 5°, LX e art. 93, IX da Constituição, que tratam do Princípio da Publicidade das 
Decisões. 
 
2.2.4. A Soberania dos Veredictos 
 
Na jurisprudência a soberania dos veredictos é um preceito constitucional 
fundamental, que implica na impossibilidade de o tribunal técnico modificar a decisão dos 
jurados, adentrando no mérito. Trata-se, entretanto, de um princípio relativo porque não pode 
obstar o princípio informador do processo penal, que é a busca da verdade real. 
 
2.2.5. Competência para o Julgamento dos Crimes Dolosos Contra a Vida 
 
Segundo o art. 5º, XXXVIII, da CF, é da competência do Júri o julgamento dos 
crimes dolosos contra a vida, tratando-se de cláusula pétrea. 
Atualmente, inserem-se os seguintes crimes: homicídio doloso, tentados e 
consumados (art. 121 do CP), infanticídio (art. 123 do CP), participação em suicídio (art. 122 
do CP) e aborto (art. 124 a 127 do CP). 
 
 
 
 
14 
 
2.3 PROCEDIMENTOS DO JÚRI 
 
O procedimento do Júri é escalonado, sendo que alguns doutrinadores consideram 
o procedimento trifásico e especial, outros consideram apenas como bifásico. 
No procedimento bifásico a primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia 
e termina com a decisão de pronúncia (judicium accusationis ou sumário de culpa). A segunda 
fase começa com a preclusão e pronúncia encaminhada para o juiz presidente do Tribunal do 
Júri e termina com o julgamento (judicium causae). 
No procedimento trifásico é considerada como autônoma a fase de preparação do 
plenário. 
Com o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, tanto o Ministério Público ou 
querelante quanto o defensor terão 05 dias para oferecer o rol de testemunhas que irão depor 
em plenário, até cinco para cada parte, juntar documentos ou requerer diligências (art. 422 do 
CPP). 
O juiz ordenará a realização das diligências que achar pertinentes e fará o relatório 
sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta de reunião do Tribunal do Júri (art. 
423 do CPP). 
Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente do Tribunal 
do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeterá o feito pronto até 05 dias antes 
do sorteio dos jurados (art. 424 do CPP). 
No dia da sessão de julgamento, o juiz presidente declarará abertos os trabalhos e 
terá início a terceira fase, na qual ocorrerá a produção de provas, as alegações das partes diante 
do Conselho de Sentença e o julgamento do réu pelos jurados. 
 
2.3.1 Juízo de Formação da Culpa (Judicium Accusationis) 
 
É a primeira fase, em juízo. Oferecida a denúncia ou queixa crime, geralmente 
acompanhada do inquérito policial, o juiz terá duas opções: rejeitá-la liminarmente se não 
houver justa causa para a ação penal ou recebe-la se houver provas suficientes da materialidade 
do crime e indícios suficientes de autoria. Recebida a peça o juiz determinará a citação do réu 
para apresentar defesa no prazo de 10 dias. Caso o réu não seja encontrado ou a citação editalícia 
seja infrutífera os autos ficarão suspensos em conformidade com o art. 366 do CPP, até que se 
localize o réu. 
15 
 
Se o réu não apresentar defesa o juiz nomeará um defensor para tanto (art. 408 do 
CPP), pois a ausência de defesa gera nulidade absoluta. 
Em sua defesa, o réu poderá arguir preliminares alegando vícios no processo, 
incompetência relativa do juízo, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade de parte, suspeição 
do juízo provas indispensáveis a produzir, causa de extinção de punibilidades, oferecer 
documentos e justificações (art. 406, §§ 2º e 3º, do CPP) e poderá oferecer as exceções previstas 
em lei (art. 95 a 112, do CPP). 
Ademais a parte poderá arrolar até 8 testemunhas, que serão ouvidas na fase de 
formação da culpa. 
Se na defesa houver preliminares ou documentos novos, a acusação será ouvida em 
05 dias. 
Segundo o art. 410 do CPP o juiz determinará a inquirição das testemunhas e 
realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. 
O art. 411, § 2º do CPP, prevê a realização de uma única audiência de instrução, 
onde serão tomadas as declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas 
arroladas pela acusação e defesa, nesta ordem, os esclarecimentos dos peritos, às acareações e 
ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida o acusado e procedendo-
se os debates. 
As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente à acusação e à 
defesa, pelo prazo de 10 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 411, § 4º do CPP). 
Havendo mais de um acusado o prazo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será 
individual (art. 411, § 5º do CPP). 
Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 
10 minutos, prorrogando-se por igual prazo a manifestação da defesa (art. 411, § 6º do CPP). 
Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinado 
o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer (art. 411, § 7º do CPP). 
Encerrados os debates, o juiz proferirá sua decisão, ou o fará em 10 dias (art. 411, 
§ 9º do CPP). 
O prazo para conclusão de todo o procedimento será de no máximo 90 dias (art. 
412 do CPP), sendo quatro as possibilidades de finalização desta fase: a pronúncia (considera-
se admissível a acusação); a impronúncia (extingue-se o processo, sem julgamento do mérito); 
a desclassificação (remete-se o processo a outro juízo pela incompetência do Tribunal do Júri 
para o caso); absolvição sumária (encerra-se o processo, com julgamento do mérito, 
absolvendo-se o acusado). 
16 
 
2.3.2 Juízo Causal (Judicium Causae) 
 
No procedimento bifásico, o judicium causae é a segunda e última fase do rito, 
englobando a parte da preparação do processo até o julgamento em plenário e a sentença. 
Inicia-se na segunda fasedo processo com a preparação para o julgamento. No 
momento em que receber os autos que indicam a necessidade de realização de julgamento em 
plenário, o juiz presidente intimará o Ministério Público ou querelante e o defensor do acusado 
para, no prazo de cinco dias, arrolar um máximo de cinco testemunhas para deporem em 
plenário, bem como juntar documentos e requerer diligências, conforme exige o art. 479, do 
CPP. 
Após isso, forma-se o Conselho de Sentença, abrem-se as instruções e os debates, 
e é finalizada a fase com a sentença, podendo ocorrer a absolvição ou a condenação do réu. 
 
2.4 ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL DO JURI 
 
O Tribunal do Júri é formado por um juiz togado, que é o seu presidente, e por 25 
jurados, sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de Sentença 
em cada sessão de julgamento (art. 447, CPP). Porém, trata-se de um órgão colegiado formado, 
em regra, por 26 pessoas, todas selecionadas pelo juiz presidente, no decorrer de um ano, para 
servirem ao plenário, de acordo com os seguintes termos do art. 425, do Código de Processo 
Penal: 
 
Art. 425 - Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 
(oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 
(um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais 
de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas 
de menor população. 
 
As pessoas alistadas como juradas podem servir ou não, dependendo do sorteio 
realizado para a composição dos grupos das sessões. Não se constitui efetivo exercício da 
função o simples alistamento. 
Para cada sessão de julgamento, dos 25 sorteados sete jurados são escolhidos, 
igualmente por sorteio, para compor o Conselho de Sentença, com a participação da acusação 
e da defesa. 
17 
 
Para que se dê início aos trabalhos de julgamento, é admissível que estejam 
presentes ao menos 15 dos 25 jurados sorteados. Assim ocorrendo, dos referidos quinze jurados 
extraem-se, por sorteio, os sete integrantes do Conselho de Sentença. 
Anualmente, são alistados vários jurados, variando o número conforme o porte da 
Comarca, para servirem durante o período de sessões do ano seguinte. Em tese, pois, o corpo 
de jurados deve ser substituído todo ano, pois, do contrário, não haveria sentido em existir o 
artigo 425 do CPP, bastando que o magistrado fizesse a seleção uma única vez, prorrogando-a 
indefinidamente. Portanto, na prática, vários juízes preferem reeditar a lista dos jurados, anos 
após ano, terminando por estabelecer a figura do jurado profissional. Nos dias atuais, tal prática 
fica vedada. 
A responsabilidade pela convocação de jurados é do juiz presidente do Tribunal do 
Júri. A acusação e a defesa podem acompanhar o processo e possuem meios de solicitar a 
exclusão de pessoas não recomendáveis a servir no júri, desde que não influenciando 
decisivamente, na escolha. Caso seja incluindo alguém inapto, caberá recurso em sentido 
estrito, interposto por qualquer pessoa, embora, como regra, seja ato de órgão de acusação ou 
da defesa. Fazendo exclusão de alguém da lista, cabe ao jurado afastado a legitimidade recursal. 
Antes da interposição de recurso em sentido estrito contra a inclusão ou exclusão 
de algum dos jurados, cabe peticionar diretamente ao juiz presidente, afinal, a lista geral pode 
ser alterada de oficio, pelo magistrado, ou por provocação de qualquer pessoa do povo, 
conforme reza o artigo 426, §1º Código de Processo Civil (“A lista poderá ser alterada, de ofício 
ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data 
de sua publicação definitiva”). 
O juiz deve pautar-se pela escolha de pessoas de seu conhecimento ou que possam 
ser indicadas por indivíduos da sua confiança desde que preencham os requisitos legais, 
atualmente pelo crescimento das cidades, principalmente nas Capitais, não há mais condições 
de o magistrado alistar jurados por conhecimento pessoal ou informação de terceiros. 
A lista dos jurados, com indicação das profissões dos alistados deve ser publicada 
pelo Diário Oficial ou por editais, colocados à porta do fórum, até o dia 10 (dez) de outubro de 
cada ano, tudo isso para facilitar o conhecimento geral acerca dos alistados. 
Impõe-se que, juntamente com a lista, sejam transcritos e publicados os artigos 436 
a 446 do CPP, que dispõe sobre a função do jurado (art. 426,§2º, CPP). 
Após, ocorrendo à publicação definitiva, esses nomes serão guardados em uma 
urna, conforme dispõe o seguinte artigo: 
 
18 
 
Art. 426, § 3º, CPP: Os nomes e endereços dos alistados, em cartões iguais, após 
serem verificados na presença do Ministério Público, de advogado indicado pela 
Seção local da Ordem dos Advogados do Brasil e de defensor indicado pelas 
Defensorias Públicas competentes, permanecerão guardados em urna fechados a 
chave, sob a responsabilidade do juiz presidente. 
 
2.4.1 Dos Jurados 
 
Os jurados serão selecionados dentre cidadãos de notória idoneidade, com mais de 
18 anos, isentos os maiores de 70 anos, que requeiram sua dispensa. A pessoa é considerada 
idosa a partir dos 60 anos, conforme dispõe a Lei 10.741/2003, motivo pelo qual deveria ter 
sido mantida essa limitação, não ter sido processado criminalmente, prestar serviço voluntário 
e o surdo com aparelho auditivo pode ser jurado. 
É chamado de jurado virtual aquele que preenche todos os requisitos para ser 
alistado. Além disso, o serviço do júri é obrigatório de acordo com o artigo 438, do CPP: 
 
Art. 438: A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou 
política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos 
direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. 
 
2.4.2 Preparo da Sessão 
 
Após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia, ingressa-se a preparação do 
plenário. Ultrapassada a fase em que as partes arrolam as testemunhas, juntam documentos e 
requerem diligências, o magistrado providencia a produção das provas necessárias. Após isso, 
designará dia e hora para a realização da sessão plenária, determinando a intimação das partes 
e das pessoas a serem ouvidas no dia do julgamento. Antes de iniciar a reunião periódica, será 
fixada na porta da sala do Tribunal do Júri a lista dos acusados a serem julgados, de acordo com 
a ordem estabelecida pelo seguinte artigo: 
 
Artigo. 429, CPP. Salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos 
julgamentos, terão preferência: 
I - os acusados presos; 
II - dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão; 
III - em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados. 
§ 1º- Antes do dia designado para o primeiro julgamento da reunião periódica, será 
afixada na porta do edifício do Tribunal do Júri a lista dos processos a serem julgados, 
obedecida a ordem prevista no caput deste artigo. 
§ 2º - O juiz presidente reservará datas na mesma reunião periódica para a inclusão de 
processo que tiver o julgamento adiado. 
 
19 
 
É legalmente viável, dependendo da lei de organização judiciária de cada Estado, 
que o processo seja preparado por outro Tribunal do Júri. 
 
Art. 424, CPP - Quando a lei local de organização judiciária não atribuir ao presidente 
do Tribunal do Júri o preparo para julgamento, o juiz competente remeter-lhe-á os 
autos do processo preparado até 5 (cinco) dias antes do sorteio a que se refere o art. 
433 deste Código. 
 
Organizada a pauta, o juiz presidente designará dia e hora para realizar o sorteio 
dos jurados, intimando-se o Ministério Público, os assistentes, os querelantes e os defensores 
dos réus que serão julgados na sessão periódica. 
A portas abertas realiza-se o sorteio, presidido pelo magistrado, cabendo-lhe retirar 
as cédulas até completar o número de 25 jurados, para a reunião periódica ouextraordinária. 
O Código de Processo Penal disciplina como forma de convocação dos jurados, a 
intimação pelo correio ou por qualquer outro meio hábil. Naturalmente, quando falhar a 
intimação pelo correio, resta ao juiz socorrer-se do oficial de justiça, que buscará encontrar o 
jurado pessoalmente. Se o jurado convocado não comparecer ao Júri, esse poderá ser punido. 
 
Art. 442, CPP. Ao jurado que, sem causa legítima, deixar de comparecer no dia 
marcado para a sessão ou retirar-se antes de ser dispensado pelo presidente será 
aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, a critério do juiz, de acordo 
com a sua condição econômica. 
 
Quando tiver desculpa razoável para deixar de comparecer, o jurado deve chegar 
ao juiz, com comprovação idônea, até o momento em que se instalar a sessão. O 
comparecimento do jurado sorteado e intimado é obrigatório, pois o serviço prestado é 
considerado relevante ao interesse público e não terá desconto em seus vencimentos ou salário. 
 
2.4.3 A Instrução em Plenário 
 
De acordo com o teor do art. 473, do Código de Processo Penal, que foi introduzido 
pela Lei n° 11.689/2008, “prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução 
plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente e o defensor do acusado 
tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as 
testemunhas arroladas pela acusação”. 
Conforme Capez (2012, p. 666) as perguntas formuladas pelo Ministério Público, 
assistente de acusação, querelante e defensor do acusado serão todas feitas diretamente à 
testemunha, conforme prevê o art. 473, do CPP, sem intermediação do juiz. Segundo o autor, o 
20 
 
Código adotou o sistema norte-americano de inquirição de testemunhas, denominado cross-
examination. Além disso, os jurados poderão inquirir os depoentes, porém, de acordo com o § 
2º do mesmo artigo, todas as perguntas ao ofendido, se for caso, e às testemunhas, deverão ser 
feitas por intermédio do juiz, no sistema tradicional presidencialista. 
Segundo o art. 473, § 3º, do CPP, “as partes e os jurados poderão requerer 
acareações, reconhecimento de pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a 
leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às 
provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis”. 
Por fim, Capez (2012, p. 667) complementa que, superada a fase das oitivas do 
ofendido, das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa, será iniciado o 
interrogatório do acusado. O Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa 
ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado, sem intermediação do juiz (CPP, 
art. 474, § 1º). Os jurados formularão perguntas através do juiz-presidente (CPP, art. 474, § 2º). 
 
2.4.4 Procedimentos em Plenário 
 
O juiz presidente, ao ingressar no plenário, verifica se estão presentes o 
representante do Ministério Público, o assistente de acusação, o réu e seu defensor. Nesse 
momento só o magistrado pode decidir em casos de isenção e dispensa de jurados, conforme 
artigo 454 do CPP (“Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz presidente 
decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento, 
mandando consignar em ata as deliberações”). 
O juiz presidente deve recolher de dentro da urna as cédulas, que estão anotados os 
nomes dos jurados, como citado do artigo 462 do CPP (“Realizadas as diligências referidas nos 
arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 
(vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles”), e realiza 
a contagem das cédulas, chamando publicamente para atestar se os jurados estão no local e 
colocando a cédulas na urna que, finalmente, é fechada. 
Alguns Juízes se reúnem com os jurados antes da sessão para mostrar o 
funcionamento do tribunal do júri. 
Convocados, os jurados são sorteados com 10 dias de antecedência, sendo 
obrigados a comparecerem, sob pena de pagarem multa. O escrivão faz a chamada dos jurados. 
Para que o juiz presidente possa dar início à sessão, pelo menos 15 dos 25 jurados devem estar 
presentes. Estando todos os presentes, passa-se para a escolha dos sete jurados. 
21 
 
O juiz presidente esclarecerá que não poderão integrar o júri os jurados que tiverem 
algum tipo de impedimento e suspeição (art.95, CPP), advertindo, ainda, sobre a 
incomunicabilidade entre os mesmos. Caso houver algum impedimento é feito o sorteio dos 
suplentes faltantes, designando uma nova data para sessão 
No momento do sorteio, o juiz presidente dará oportunidade à defesa e depois ao 
Ministério Público de aceitar ou recusar o jurado. Cada parte poderá recusar até 3 jurados sem 
justificar a recusa (3 recusas peremptória). Se a recusa for justificada dentro dos impedimentos 
cabíveis, não haverá limites. Havendo muita recusa, sem conseguir completar os 7 jurados, 
ocorrerá o “estouro da urna”. Neste caso, o juiz presidente sorteará os suplentes e designará 
uma nova audiência. 
 
2.4.5 Produção de Provas 
 
Para Silva (2007, p. 3) o termo “prova” tem origem no latim probatio, o que se 
entende pela confirmação, verificação, exame de algo. Decorre, por sua vez, o verbo probare, 
que significa provar, averiguar, demonstrar, convencer alguém de algo. A prova é todo 
elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, 
no processo, é influenciar no convencimento do julgador. 
Segundo Nucci (2008, p. 388), há fundamentalmente três sentidos para o termo 
prova: a) ato de provar – processo pelo qual se verifica a exatidão ou a verdade do fato alegado 
pela parte no processo (ex: fase probatória); b) meio – trata-se do instrumento pelo qual se 
demonstra a verdade de algo (ex: prova testemunhal); c) resultado da ação de provar – produto 
extraído da análise dos instrumentos de prova oferecidos, demonstrando a verdade de um fato. 
Neste último senso, o juiz pode dizer, ao chegar à sentença: “fez-se prova de que o réu é autor 
do crime”. 
 
2.4.5.1 Inquirição da Testemunha 
 
Nesse sentido, na redação do artigo 473, do Código de Processo Penal, consta que: 
 
Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária 
quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor 
do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, 
e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação. 
22 
 
§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o defensor do acusado 
formulará as perguntas antes do Ministério Público e do assistente, mantidos no mais 
a ordem e os critérios estabelecidos neste artigo. 
 
 As testemunhas são ouvidas nas audiências de instrução, que são realizadas em 
dias úteis durante o expediente, podendo haver exceções nestes horários, em caso da 
necessidade de conclusão de atos para evitar prejuízos ou grave dano ao processo. 
 
2.4.5.2 Da Prova Testemunhal 
 
A prova testemunhal é aquela que se faz pela produção de inquirição de pessoas 
estranhas ao processo que saibam a respeito dos fatos relevantes ao julgamento. 
De acordo com Capez (2012, p.435), as testemunhas são chamadas “ao processo 
para falar sobre fatos perceptíveis a seus sentidos e relativos ao objeto do litígio. É a pessoa 
idônea, diferente das partes, capaz de depor, convocada pelo Juiz, por iniciativa própria ou a 
pedido das partes, para depor em juízo sobre fatos sabidos e concernentes à sua causa”. 
 A testemunha sempre é pessoa física, sendo, portanto, um meio ativo para 
julgamento, pois fornece as informações sobre fatos ao juiz. 
Ao analisar a prova testemunhal, o juiz deve se importar com todos os depoimentos 
apresentados pelas diversas testemunhas, podendo embasar sua decisão por meio do 
depoimento de apenasuma delas, desde que esta seja insuspeita e que se possa confiar na 
veracidade de sua declaração. 
 
2.4.5.3 Da Prova Pericial 
 
Para Theodoro Junior (2011, p. 486), surge “a prova pericial como o meio de suprir 
a carência de conhecimentos técnicos de que se ressente o juiz para apuração dos fatos 
litigiosos”. Mesmo assim, a prova pericial poderá ser afastada se existirem outras provas nos 
autos. Neste caso, o juiz decidirá por outra forma de prova. 
Caberá ao juiz a nomeação do perito especializado. O perito terá que possuir 
conhecimento técnico. “O artigo 145, do CPP, em seu § 1º, estabelece uma preferência: devem 
ser escolhidos profissionais de nível superior, devidamente inscrito em seu órgão de classe, mas 
o § 3º assegura a possibilidade de nomeação de qualquer pessoa, desde que tenha o 
conhecimento exigido para a tarefa, independentemente de qualificação profissional, onde não 
houver profissionais com a capacitação exigida”. 
23 
 
 Para Costa Filho (2012, p. 31) a prova pericial é considerada uma “diligência que 
possui a finalidade de estabelecer a veracidade ou a falsidade de situações, fatos ou 
acontecimentos, de interesse da justiça, por meio de provas. É a análise de toda matéria colhida 
como vestígio de uma infração, ou seja, o exame do corpo de delito”. 
 
2.4.5.4 Da Prova Documental 
 
Segundo Nucci (2010. pag. 497), “é toda base materialmente disposta a concentrar 
e expressar um pensamento, uma ideia ou qualquer manifestação de vontade do ser humano, 
que sirva para demonstrar e provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante”. São 
documentos, portanto: escritos, fotos, fitas de vídeo e som, desenhos, esquemas, gravuras, 
disquetes, CDs, entre outros. 
Dessa forma, o documento visa a possibilitar o conhecimento do fato de modo 
duradouro, de forma que a sua representação não seja momentânea, mas também permanente, 
tendo uma idoneidade em sua reprodução. Isso faz com que o juiz possa vislumbrar o fato 
mesmo sem estar presente no local de sua concepção. 
 
2.4.6 Debates em Plenário 
 
Encerrada a instrução, a próxima etapa do julgamento é a realização dos debates. 
Será concedida a palavra ao Ministério Público, órgão acusatório, nos limites da pronúncia ou 
das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a 
existência de circunstância agravante. 
Segundo Andreucci (2009, p.46), deve o Ministério Público cingir-se aos limites da 
pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. Se houver 
circunstâncias agravantes, essa será a fase própria para sustentá-las. A ordem dos debates é a 
seguinte: a) Acusação, pelo tempo de 1h30m (uma hora e meia); b) Assistente de acusação, se 
houver, dividindo o tempo com a acusação; c) Defesa, pelo tempo de 1h30m (uma hora e meia). 
Da mesma forma, após a fala da acusação, a defesa, em plenário deverá sustentar 
as atenuantes que entender cabíveis em favor do réu, uma vez que, de acordo com a nova 
legislação vigente, compete ao juiz presidente considerar as agravantes e atenuantes por ocasião 
de fixação da pena. 
 
 
24 
 
2.4.6.1 O Papel das Partes no Debate 
 
A acusação e a defesa terão uma hora e meia cada uma, quando apenas um réu 
estiver sendo julgado. E de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. (art. 477, caput, 
CPP). Havendo mais de um réu, o tempo aumenta para duas horas e meia a cada parte (art. 477, 
§2º, CPP). 
Para a defesa não existe vantagem nenhuma em realizar o julgamento de mais de 
um réu, pois o tempo previsto por lei deverá ser divido entre os defensores. 
A ordem dos debates se dará inicialmente pela acusação, após a fala do Ministério 
Público será a vez do assistente de acusação, caso haja. Se a ação se tratar de iniciativa privada 
subsidiária da pública, falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério 
Público, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, conforme artigo 29 do Código de 
Processo Penal. Finda a acusação, a palavra será concedida à defesa (MAMELUQUE, 2008, 
p.153). 
 
2.4.6.2 A Réplica e a Tréplica 
 
O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de 
uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica (artigo 477, do CPP). O Ministério Público 
poderá replicar e igual prazo terá para a defesa treplicar. Havendo mais de um réu, o tempo é 
computado em dobro (artigo 477, §2.º, CPP). 
Mossin (2009, p. 359) argumenta que encerrada a réplica, a defesa poderá fazer a 
tréplica, que é a ressustentação da defesa feita após a réplica, ou alegações formuladas 
contrariamente às alegações iniciais do treplicante. Nesta fase da defesa poderá ser apresentada 
tese não sustentada anteriormente, ou seja, a defesa poderá inovar a tese de defesa na tréplica, 
em homenagem ao princípio da plenitude de defesa. 
 
2.4.7 Finalização em Plenário 
 
Encerrado os debates, o juiz presidente deve averiguar se os jurados estão 
preparados para julgarem ou se desejam outro esclarecimento. Conforme artigo 480, §1º, do 
CPP, “concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados se estão habilitados a julgar ou 
se necessitam de outros esclarecimentos”. Os jurados devem responder singelamente “sim” 
(NUCCI, 2008, p. 211). 
25 
 
Se tiver alguma dúvida, o juiz presidente dissolverá o Conselho de Sentença, 
designando outro julgamento para solucionar a incerteza. É o que prevê o art. 481, do CPP: “se 
a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o julgamento da causa, não 
puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o Conselho, ordenando a 
realização das diligências entendidas necessárias”. Vale ressaltar que, neste caso, o julgamento 
a ser designado não contará com o mesmo Conselho de Sentença. 
 
2.5 JULGAMENTO NA SALA ESPECIAL 
 
Não existindo dúvidas remanescentes, o juiz presidente anunciará que o julgamento 
será realizado em sala especial, a fim de ser procedida a votação dos quesitos. Segundo 
Andreucci (2009, p.50), não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o 
Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de 
justiça, dirigir-se-ão à sala especial (antiga sala secreta), a fim de ser procedida a votação dos 
quesitos. 
Capez (2012, p. 678) ressalta que, a despeito da controvérsia sobre o sigilo do 
julgamento em sala especial, o princípio comum de que os julgamentos do Poder Judiciário 
deverão ser públicos não vulnera as normas processuais sobre a sala secreta (CPP, art. 485), 
pois a garantia constitucional referente ao sigilo das votações é também um princípio 
constitucional, mas específico do Júri, prevalecendo sobre a disposição geral. Dessa forma, o 
sigilo, princípio constitucional do Júri, é garantido pela incomunicabilidade e pela sala secreta, 
assegurando ao jurado total tranquilidade no momento de externar silenciosamente o seu voto. 
 
2.6 SENTENÇA E ATRIBUIÇÕES DO JUIZ PRESIDENTE 
 
Segundo Capez (2012, p. 672), “encerrada a votação e assinado o termo referente 
às respostas dos quesitos, o juiz deverá proferir a sentença”. Na sentença, o Juiz poderá adotar 
as seguintes situações, conforme o que foi determinado pelos jurados: 
a. Absolvição do réu – “o juiz deve colocar o réu imediatamente em liberdade, salvo 
se estiver preso por outro motivo, ou revogará as medidas restritivas provisoriamente 
decretadas, se for o caso”. 
b. Desclassificação do crime – “a competência para julgamento do crime 
desclassificado e dos crimes conexos passa ao juiz-presidente. Operada a desclassificação, se o 
26 
 
juiz perceber tratar-se de crime de menor potencial ofensivo, deverá o juiz observar o disposto 
nos arts. 69 e seguintes da Lei n. 9.099/95”. 
c. Condenação do réu – Neste caso, “o juiz fixará a pena-base; levará em 
consideração as circunstâncias agravantes e atenuantes; imporá as causas de aumento e 
diminuição;observará as demais disposições do art. 387 do CPP; mandará o acusado recolher-
se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão 
preventiva; estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação”. 
A sentença será lida em plenário pelo presidente antes de encerrada a sessão de 
instrução e julgamento. 
Finalmente, em relação ao papel do magistrado na condução do Tribunal do Júri, 
Capez (2012, p. 672) argumenta que são de incumbência do juiz presidente as seguintes 
atribuições: 
 
a) poder de polícia: o juiz pode mandar prender os desobedientes, impedir a entrada 
ou excluir da sala os arruaceiros, mandar retirar o réu da sala, que, com injúrias ou 
ameaças, dificultar o julgamento etc.; 
b) regular os debates: impedindo ultrapassagem do tempo legal, alterações graves de 
ânimo etc.; 
c) tutelar o direito de defesa, quando este não estiver sendo exercido pelo defensor, 
devendo destituí-lo e dissolver o conselho de sentença; 
d) suspender a sessão, quando necessário (diligências, repouso dos jurados, lanche 
etc.); 
e) ordenar, de ofício ou a requerimento das partes, as diligências que se fizerem 
necessárias; 
f) requisitar auxílio de força pública; 
g) resolver questões incidentes que não dependam de pronunciamento do júri; 
h) decidir de ofício as arguições de extinção de punibilidade, ouvidos o Ministério 
Público e a defesa; 
i) resolver as questões de direito suscitadas no curso do julgamento; 
j) determinar, de ofício ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as 
diligências destinadas a sanar nulidade ou a suprir falta que prejudique o 
esclarecimento da verdade. 
 
2.7 ATA DO JULGAMENTO 
 
A ata do julgamento é a transparência fiel do desenvolvimento da sessão contendo 
todas as principais ocorrências e protestos feitos pelas partes. 
Conforme dispõe o art. 495, do Código de Processo Penal, “a ata descreverá 
fielmente todas as ocorrências, mencionando obrigatoriamente”: 
 
I – A data e a hora da instalação dos trabalhos; 
II – O magistrado que presidiu a sessão e os jurados presentes; 
III – Os jurados que deixaram de comparecer, com escusa ou sem ela, e as sanções 
aplicadas; 
27 
 
IV – O ofício ou requerimento de isenção ou dispensa; 
V- O sorteio dos jurados suplentes; 
VI- O adiantamento da sessão, se houver ocorrido com a indicação do motivo; 
VII- A abertura da sessão e a presença do ministério público, do querelante e a do 
defensor do acusado; 
VIII- O pregão e sanção imposta, no caso de não comparecimento; 
IX- As testemunhas dispensadas de depor; 
X- O recolhimento das testemunhas a lugar de onde umas não pudessem ouvir o 
depoimento das outras; 
XI- A verificação das cédulas pelo juiz presidente; 
XII- A formação do conselho de sentença, com o registro dos nomes dos jurados 
sorteados e recusas; 
XIII-O compromisso e o interrogatório, com simples referência ao termo; 
XIV- Os debates e as alegações das partes com os respectivos fundamentos; 
XV- Os incidentes 
XVI- O julgamento da causa; 
XVII- A publicidade dos atos da instrução plenária, das diligências e da sentença. 
 
Os dispostos nos incisos I até XVII são puras formalidades, de modo que o escrivão 
pode facilmente captar, compreender e fazer constar. Entretanto, os itens constantes dos incisos 
XVI e XV são complexos e dependem de conhecimento jurídico. Resumir o conteúdo dos 
debates orais, com teses ofertadas, as alegações formuladas, com seus fundamentos, bem como 
registrar todos incidentes, são tarefas peculiares do juiz presidente. Somente este é capaz de dar 
contorno jurídico a um protesto, sem haver coisa incerta, indevida imprecisão ou qualquer outro 
tipo de falha. 
Estabelece o art. 494, do Código de Processo Penal, que “de cada sessão de 
julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo presidente e pelas partes”. 
Da forma como consta da lei, a ata deve ser assinada pelo magistrado e pelas partes, 
mas não há obrigatoriedade de ser lavrada ao final da sessão. Portanto, os envolvidos somente 
a assinarão posteriormente. 
Na essência, cabe ao magistrado o registro das principais ocorrências na ata, de 
modo que, se agir de má-fé, omitindo inserções importantes ou fazendo constar dados falsos, 
deve-se questionar o fato na órbita disciplinar (e porventura criminal). 
A falta da ata sujeitará o responsável (o escrivão) a sanções administrativas e, no 
campo penal, ao seu dolo, a fim de ser demonstrada alguma figura criminosa (prevaricação, 
corrupção, falsidade etc.). 
 
 
 
 
 
28 
 
2.8 AS FORMAS DE IMPUGNAÇÃO CABÍVEIS NO ÂMBITO DO JURI 
 
2.8.1 O Duplo Grau de Jurisdição e a Soberania dos Veredictos 
 
O duplo grau de jurisdição e a soberania dos veredictos são princípios 
constitucionais voltados a assegurar que as decisões proferidas pelos órgãos de primeiro grau 
do poder judiciário não sejam únicas, mas submetidas a um juízo de reavaliação por instância 
superior. 
Estipula o art. 5° § 2°, da Constituição Federal (BRASIL, 2016), que “os direitos e 
garantias expressos nesta constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte”.,Estabelece o art.102, II, que compete ao Supremo Tribunal Federal ”julgar, 
em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado 
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; 
e o crime político”. 
O art. 5°, LV, da CF/88, dispõe que “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com 
os meios e recursos a ela inerentes”. 
O princípio constitucional da soberania dos veredictos está expressamente 
assegurado no art. 5°, XXXVIII, da Constituição Federal. Significa que a decisão proferida pelo 
Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri, deve ser a máxima expressão do julgamento. 
Portanto, quanto ao mérito da causa, nenhum órgão jurisdicional, composto por magistrados 
togados, deve avançar, pretendendo substituir os jurados. Entretanto, em que pese a necessidade 
da soberania dos veredictos populares ser respeitada, não é afastada a possibilidade de submeter 
a decisão prolatada no Tribunal do Júri ao duplo grau de jurisdição. 
O ponto relevante é harmonizar os dois princípios. O recurso é viável, embora o 
mérito deva ser preservado. Nada impede que a parte, sentindo-se prejudicada, ingresse com o 
recurso cabível. Este, no entanto, se provido, deve remeter o caso à nova avaliação pelo tribunal 
popular. Com isso, garante-se a possibilidade de uma revisão, respeitando-se, ao mesmo tempo, 
a soberania dos votos do júri. 
 
 2.8.2 Conceito de Recurso 
 
O recurso é o direito que possui a parte, na relação processual, de insurgir-se contra 
decisões judiciais, requerendo a sua revisão, total ou parcial, em instância superior. O recurso 
29 
 
tem seu fundamento histórico e na contingência humana, na falibilidade da cultura, da 
inteligência, da razão e da memória do homem, por mais culto, perspicaz e experiente que seja. 
Destina-se, pois, a sanar possíveis defeitos graves ou substanciais da decisão. 
 
2.8.3 Características e Efeitos 
 
Os recursos devem ser, como regra, voluntários (a interposição depende de vontade 
do interessado), tempestivos (interpostos dentro do prazo previsto em lei) e taxativos 
(obedecem a um rol de possibilidades legais). 
Admite-se, como exceção, o denominado recurso de ofício, na verdade, um grau de 
jurisdição necessário. 
O efeito geral dos recursos é o devolutivo, ou seja, permite-se que o órgão ad quem 
ao qual é dirigido o recurso, reveja integralmente a matéria controversa. 
O efeito suspensivo é excepcional, impedindo que a decisão produza consequências 
desde logo. Há situações que comportam imediata eficácia, como a sentença absolutória, a 
provocar imediata solturado réu; outras, no entanto, submetem-se à eficácia contida, como a 
sentença condenatória, impondo pena privativa de liberdade, que não se executa, senão após o 
trânsito em julgado. 
 
2.8.4 Pressupostos de Admissibilidade 
 
A verificação de requisitos processuais de interposição do recurso, para que ele 
tenha seguimento e seja encaminhada à instância superior, deve ser feita, como regra, pelo 
órgão que proferiu a decisão. 
Excepcionalmente, a avaliação da recorribilidade é feita pelo mesmo órgão ao qual 
será destinado o recurso. Tal situação ocorre quando o órgão a quo deixa, indevidamente, de 
dar seguimento ao recurso e a parte reclama, pelos instrumentos próprios diretamente ao 
tribunal superior. 
Há pressupostos de admissibilidade dos recursos. Objetivamente, há de se analisar 
o cabimento, previsão legal para sua interposição, adequação, respeito ao recurso indicado em 
lei para cada tipo de decisão impugnada, tempestividade e interposição no prazo legal. 
Subjetivamente, deve-se checar o interesse da parte, sendo necessário demonstrar 
sucumbência em algum ponto pleiteado e legitimidade. O oferecimento deve ser feito por quem 
30 
 
é parte na relação processual, estando capacitado a fazê-lo, ou quando a lei expressamente 
autorize a interposição por terceiro (art. 598, do Código de Processo Penal). 
 
2.8.5 Formalidades para Interposição 
 
Exige a lei processual penal que os recursos sejam apresentados por petição ou por 
termo nos autos, não se aceitando, pois, a forma verbal. 
 Quando oferecido em segundo grau, deve-se respeitar a forma legal, com petição 
e razões, sob pena de indeferimento, pois como regra submete-se o recurso a criterioso exame 
de admissibilidade. 
Embora pouco usual, o recurso interposto por fax é admitido, desde que, depois, o 
recorrente apresente o original em cartório. Não é necessário que o referido original seja 
entregue ainda dentro do prazo, pois isso retiraria a utilidade do fax para interposição. 
Entretanto, é preciso considerar não ser um meio inteiramente seguro, pois os problemas com 
a máquina podem surgir, tais como falta de papel, defeitos eletrônicos, erro de comunicação, 
entre outros, impossibilitando prova que o cartório ou a vara efetivamente recebeu o recurso. 
Atualmente, a maioria dos recursos é apresentada à justiça por meio digital, 
diretamente nos sítios eletrônicos dos Tribunais, valendo-se dos meios de comunicação da rede 
mundial de computadores: a internet. 
 
2.8.6 Impedimentos ao Processamento ou Conhecimento dos Recursos 
 
No curso do processo, podem ocorrer fatos alheios aos pressupostos de 
admissibilidade, que impede o processamento ou conhecimento dos recursos. 
Estes casos podem ser representados pela desistência do réu, acompanhado de seu 
defensor (caso não seja mais desejável persistir no inconformismo, solicitando que o recurso 
cesse o trâmite, situação esta que não é autorizada ao Ministério Público) e a renúncia da parte 
sucumbida em não manifestar o seu desejo de recorrer à decisão (caso que também não 
aproveita o Ministério Público, pois, embora o promotor não seja obrigado a oferecer recurso, 
não lhe cabe renunciar). 
 
 
 
 
31 
 
2.8.7 A Fungibilidade dos Recursos 
 
Significa que a interposição de um recurso por outro, inexistente má-fé ou erro 
grosseiro, não impedirá o seu processamento e conhecimento. 
O art. 579, do Código de Processo Penal relata que “salvo a hipótese de má-fé, a 
parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro”. Como ocorre, por 
exemplo, quando a parte esteja em dúvida se é caso de interposição de recurso em sentido estrito 
ou apelação. 
Por sua vez, o erro grosseiro, impeditivo do conhecimento, evidencia completa e 
injustificável ignorância da parte. Portanto, havendo nítida indicação na lei do recurso cabível 
e inexistindo divergência doutrinária e jurisprudencial, torna-se absurdo o equívoco, 
justificando-se a sua rejeição. 
Enfim, a má-fé surge em vários aspectos, embora o mais utilizado seja um recurso 
unicamente para contornar a perda do prazo daquele que seria cabível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
 
O presente trabalho teve a finalidade de apresentar as principais características do 
Tribunal do Júri, como forma de obtenção de nota parcial do Trabalho Interdisciplinar 
Orientado (TIO), do 7° semestre do Curso de Direito da Faculdade Carlos Drummond de 
Andrade. 
No decorrer do trabalho, verificou-se a importância do conhecimento das atividades 
desenvolvidas no âmbito do Tribunal do Júri, principalmente para o operador do Direito, em 
especial para os alunos da área jurídica, os quais tiveram o primeiro contato com a disciplina 
nesta oportunidade. 
É notório o reconhecimento do Tribunal do Júri como um dos Direitos 
Fundamentais da República Federativa do Brasil, materializado no art. 5°, inciso XXXVIII, da 
CF/88. Além disso, o Tribunal do Júri constitui garantia humana fundamental, assegurando que 
o autor de crime doloso contra a vida seja julgado em plenário popular. Assim, constitui um 
dos pontos essenciais do Estado Democrático de Direito, pois o julgamento perante o Júri 
possibilita que a própria sociedade verifique a gravidade da conduta do acusado por intermédio 
de jurados selecionados. 
O Tribunal do Júri, instituído no Brasil desde 1822, detém a competência para julgar 
os crimes dolosos contra a vida. São de sua competência os delitos de homicídio doloso, 
infanticídio, participação em suicídio, aborto – tentados ou consumados – e seus crimes 
conexos. O procedimento adotado pelo Júri é especial e possui duas fases: 1ª fase - judicium 
accusationis ou juízo de acusação e 2ª fase - judicium causae ou juízo da causa. 
Neste tipo de tribunal, cabe a um colegiado de populares declarar se o crime em 
questão aconteceu e se o réu é culpado ou inocente. Desta feita, o magistrado decide conforme 
a vontade popular, lê a sentença e fixa a pena, em caso de condenação. 
Dessa forma, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania 
e demonstra a importância da democracia na sociedade, permitindo ao cidadão ser julgado por 
seus semelhantes e assegurando a participação popular direta nos julgamentos proferidos pelo 
Poder Judiciário. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BOSCHI, Marcus Vinicius. Meios de prova. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:// 
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 17 
maio 16. 
 
_______. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em: 12 
maio 16. 
 
_______. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm>. 
Acesso em: 12 maio 16. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 19. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
MAMELUQUE, Leopoldo. Manual do novo júri. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. 
 
MOSSIN, Heráclito Antônio. Júri: crimes e processo. Rio de Janeiro: Forense, 2009. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 3ª ed. - São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2007. 
 
_______, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2008. 
 
_______, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 6ª ed., rev., at. 
e ampl., RT, 2010. 
 
SILVA, César Dario Mariano da. Provas ilícitas. 6 ª ed.; São Paulo: Atlas, 2010. 
 
VADE MECUM SARAIVA / obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração 
de Luiz Roberto Curia, Livia Céspedes e Juliana Nicoletti. – 17. ed. atual. e ampl. – São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34ANEXO A 
 
Documentos do Tribunal do Júri

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