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Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Piodermites Piodermites - Definição - Processos infecciosos cutâneos - Mediados por toxinas Etiologia: - Estafilococcias (Staphylococcus aureus) - Estreptococcias (Streptococcus pyogenes) A pele normal é rica em bactérias - Residentes permanentes X Residentes tronsitórias A flora permanente é constituída de: - cocos Gram-positivos (estafilococos coagulase-negativos, principalmente epidermidis, e micrococos) - bastonetes Gram-positivos aeróbios - difteróides (Corynebacterium e Brevibacterium) - bastonetes Gram positivos anaeróbios (Propionibacterium) - bactérias Gram negativas - Fungos Difícil remoção Bactérias comensais podem, por fatores circunstanciais, passar à exercer função patogênica Residentes permanentes Varia quantitativa e qualitativamente de acordo com vários fatores: ● Idade ● Sexo ● Raça ● Umidade ● Locais anatômicos Residente transitória - Tornar-se patogênicas em geral quando há perda da integridade da pele - Podem colonizar a pele e permanecer nela em pequeno número, por tempo variável - São de remoção relativamente fácil A flora transitória é representada pelo: - Staphylococcus Aureus - Streptococcus pyogenes Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Patogenia das piodermites Estado imunológico do paciente - DM - Meds Interferência da flora residente - Dificulta colonização Barreira química - Ácidos graxos não saturados Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 - Flora residente - C.acnes Patogenicidade do germe Barreira mecânica celular - lesões Hidratação Staphylococcus aureus Patogênico Faz parte da flora transitória de até 1/3 da população Várias cepas Produz várias toxinas: Alfa: neurogênica - responsável pela formação da bolha Penicilinase Hemolisinas/Esfoliatina Hialuronidase/Stafiloquinase Leucocidina/Coagulase Superantígenos - Importantes na patogenia de diversas doenças. Reservatórios ● Vestíbulo nasal ● Região perineal ● Regiões umbilical ● Axilar ● Inter Pododáctilos ● Importante tratar reservatórios ● As lesões úmidas da pele são rapidamente colonizadas ● 100% das lesões agudas do eczema atópico Susceptibilidade ● Diabetes descompensado ● Insuficiência renal ● Malignidades hematológicas ● Deficiência nutricional ● Etilismo ● Corticoterapia ● Imunossupressores ● Imunodeficiências ● Deficiência de IgM, ● Deficiência de complemento Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Streptococcus pyogenes Beta hemolítico do grupo A - secreta proteína M que dificulta a fagocitose - O contágio acontece por contato direto - Epidemias são mais comuns em agrupamentos humanos - Lesões com solução de continuidade prurido - 10% da população são portadores sãos - As cepas que colonizam a orofaringe costumam ser distintas das que colonizam a pele. - Estas nunca provocam febre reumática ( só o fazem excepcionalmente) - Com frequência causam glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) Susceptibilidade ● Diabetes ● Linfomas Imunodeficiências Caso clínico MLT, 7 anos de idade. QP: "Feridas no rosto" Mãe relata evolução de 3 dias inicialmente como máculas eritematosas que evoluíram para vesículas pústulas que se romperam. As lesões se localizam ao redor da boca bilateralmente e orifício nasal. Nega febre ou outros sintomas. HPP: Rinite alérgica Diagnóstico = Impetigo Crostoso Impetigo Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 - Infecção pele superficial - Contagiosa - Produzidas por: estafilococos e estreptococos - Disseminação por autoinoculação - Quebra da barreira cutanea Impetiginização Complicação de uma dermatose preexistente ● Pediculose ● Escabiose ● Eczema ● Outras Caso clínico CVT, 3 meses de idade. CP: "Feridas no rosto Relata evolução de 5 dias inicialmente como máculas eritematosas que evoluem para bolhas que se romperam. As lesões se localizam na face. Nega febre ou outros sintomas. Diagnóstico = Impetigo bolhoso Impetigo São reconhecidas duas formas clínicas: - impetigo não bolhoso (70%) - crostoso - impetigo bolhoso Impetigo crostoso ● Crianças ● Etiologia predominante no mundo: ● S. aureus ● Exceto países em desenvolvimento ● Brasil: S. pyogenes Patogenia ● Aglomerações ● Má higiene ● Lesões preexistentes ● Solução de continuidade ● Picadas de inseto Etiologia (bolhoso) ● Exclusivamente estafilocócica ● Não há necessidade de solução de continuidade ● Neonatal e 2 a 5 anos Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Localizações (bolhoso) ● Face ● Períneo ● Nádegas ● Extremidades Impetigo estreptocócico Complicações ● Glomerulonefrite difusa aguda (GNDA) ● cepas nefritogênicas (S. pyogenes tipo M-49) ● latência de 18-21 dias ● Escarlatina: capilarite ● Eritema nodoso Crostoso - S.aureus e S.pyogenes Bolhoso - Exclusivamente S. aureus Diagnóstico É Clínico!!!! ● Exames bacterioscópicos e cultura para identificação do agente Diagnósticos diferenciais ● Herpes simples ● Candidíase ● Dermatofitose ● Periporite ● Miliária Impetigo - tratamento Na maioria das piodermites, sobretudo nas agudas, o tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Quadro localizado - Lavar com água e sabão - Compressas com antissépticos Cremes antibióticos - Mupirocina - - estrutura química diferentes de outros ATB - Ácido fusídico - estrutura química diferentes de outros ATB Quadro extenso ● Antibiótico oral ● MSSA cefalosporina 1ª (cefalexina, cefadroxil) ● MRSA Sulfametoxazol+ trimetopin ● Amoxacilina + ácido clavulânico ● Azitromicina Caso clínico BHR, 35 anos de idade, morador de rua. QP: "'feridas nas pernas" Relata evolução de 15 dias inicialmente como pústula que rompeu dando origem a lesões ulceradas com crostas na superfície. Diagnóstico = ectima Ectima ● Infecção piogênica que acomete epiderme e derme ● Crostas espessas e aderentes que recobrem úlcera. ● S. pyogenes (+ S. aureus ?) ● Má higiene e desnutrição Quadro clínico ● Pústula que se aprofunda ● lesão ulcerada ● recoberta por crosta espessa e muito aderida Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Localização ● Pernas ● Ao involuir; deixa cicatriz ● Pode ser única ou múltipla Ectima - Tratamento Antibiótico sistêmico - Sulfametoxazol + Trimetoprim Higiene - Compressas com antissépticos Caso clínico MSC, 65 anos, aposentada. QP: "Dor e inchaço na perna" HDA: Paciente relata evolução de cerca de 2 dias de eritema, edema e dor na perna esquerda. Relaciona o início do quadro com um porta-retratos que caiu sobre seu pé. Febre de 38°C. • HPP: Diabetes em uso de metformina, CIrurgia de varizes há 5 anos, história de episódio semelhante há 1 ano. Ao exame: eritema, edema, calor na perna esquerda, bem delimitado. Adenomegalia inguinal à esquerda. Intertrigo interpododáctilo (entre 4° e 5° PD esquerdo), onicomicose no hálux esquerdo e Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 descamação plantar bilateral. Diagnóstico = Erisipela Erisipela - Linfangite - Comprometimento infeccioso da derme Agentes: - S. Pyogenes e menos frequente o S. aureus - No Brasil, acomete, mais frequentemente, a parte distal de membro inferior, em função de intertrigo interpododáctilo - Já nos EUA e na Europa ocorre com maior frequência na face, por ser complicação de dermatite seborreica Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Clínica ● Eritema vivo e intenso ● Edema doloroso ● Bordas bem delimitadas ● Avançam rapidamente sobre a pele ao redor Quando o processo é intenso, surgem bolhas, necrose e ulceração Diagnóstico diferencial: ● Celulite ● TVP ● Tromboflebite Tratamento Antibiótico VO, MM, ou EV. - Penicilina procaína 400.000 U i.m. 12/12 hs - Penicilina cristalina 3.000.000 U e.v, 4/4 hs - Oxacilina 100-150 mg/kg/dia e,v. 4/4/hs - Cefalatina 100-150 mg/kg/dia e.v. 4/4/ hs - Cefalexina, amoxicilinatácido clavulânico, eritromicina Imersão com antissépticos Tratar as possíveisportas de entrada Complicações ● Recidivas ● Linfedema ● Nefrite ● Septicemia Casos recorrentes - 2 episódios os últimos 3 anos Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 - Penicilina benzatina 1.200.000 U I.M. 3/3 semanas - Tempo indeterminado - Lembrar de tratar porta de entrada Celulite Celulite infecção bacteriana aguda da hipoderme Agentes: ● S. pyogenes ● S. aureus ● S. agalactiae ● H. influenzae, diabéticos e imunodeprimidos ● Qualquer idade!!! Manifestações clínicas ● Eritema menos vivo ● Edema mais profundo ● Bordos mal definidos ● Bolas, necrose e úlceras Sintomas gerais ● MMls, face e outros locais Tratamento O tratamento inclui repouso, Analgesia Antibioterapia sistémica Sempre parenteral-face ou extenso Nos casos em que se suspeita da etiologia estafilocócica (MSSA) ● Além dos fármacos já descritos no tratamento da erisipela: ● Associa se oxacilina, na dose de 100 a 150 mglkg/dia N, de 4 em 4 h OU Cefalotina, 100 a 150 mgkg/dia IV, de 4 em 4 ou de 6 em 6 h Tratamento Antibiótico KO, IM, OU EV ● Penicilina procaína 400.000 Ui.m, 12/12 hs ● Pentalina cristalina 3.000.000 U ex. 4/4hs ● Oracilina 100150 mg/kg/dia em 4/4/hs ● Cefalotina 100-150 mg/kg/dia ex. 4/4/hs ● Cefalexina, amoxicilina, ácido clavulânico, eritromicina Associados a Oxacili Imersão com antissépticos Tratar as possíveis portas de entrada Face - Vancomicina/Linezolida 7-10 dias mínimo Periorbital - Vancomicina+ Ceitrasona ou Piperacidina+Tazobactam Complicações - trombose seio cavernoso Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 Celulite - diagnósticos diferenciais ● Tromboflebite (pernas) ● Angioedema ● Herpes-zóster (face) Caso clínico ESP, 25 anos, professora de educação física. OP"Caroço que dói" Paciente relata início há 2 dias de pápula eritematosa que aumentou de tamanho e se tornou dolorosa na coxa direita. Diagnóstico = Foliculite Foliculites Definição e tipos ● Infecção que atinge a unidade pilossebácea. Foliculite superficial Foliculite profunda ● Hordéolo ● Furúnculo ● Carbúnculo Tratamento Foliculite superficial - Cuidados locais - Antibiótico tópico Furúnculo Manuela Wendling Russo Lourenço - M7 2023.1 CM3 - Antibiótico V.O. (início do quadro) - Tempo de evolução autolimitado em torno de 10 a 14 dias - Compressas quentes/drenagem - Considerar descolonização - mupirocina tópica - clorexidina degermante 5 dias Carbúnculo - Antibiótico V.O. ou E.V.