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G393 A gestão da escola/ coord. Marina Rodrigues Borges Acúrcio; org. Rosamaria Calaes de Andrade – Porto Alegre/Belo Horizonte : Artmed/Rede Pitágoras, 2004. (Coleção Escola em Ação; 4.) ISBN 978-85-363-0333-8 1. Educação – Métodos de investigação educacional – Observações pedagógicas. I. Acúrcio, Marina Rodrigues Borges. II. Andrade, Rosamaria Calaes de. III. Título. CDU 37.012 Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023 Coordenação MARINA RODRIGUES BORGES ACÚRCIO Graduada em Letras (PUC-MG), autora de livros didáticos, Diretora de Produtos e Serviços da Rede Pitágoras / Belo Horizonte. Organização e Introdução ROSAMARIA CALAES DE ANDRADE Pedagoga, com especialização em Psicopedagogia, Supervisão Escolar e Metodologia do Ensino Superior. Autora de livros e artigos na área educacio- nal, consultora pedagógica da Rede Pitágoras / Belo Horizonte. Autores Aída Linhares Barbosa Graduada em Educação Física e Pedagogia (UFMG). Pós Graduada em Metodologia do Ensino Superior (CEPEMG/Newton de Paiva). Coordena- dora e professora do Curso Superior de Educação Física do Instituto Supe- rior da Fundação Helena Antipoff. Professora de Educação Física do Colé- gio Pitágoras - Unidade Mangabeiras Albertina Maria Rocha Salazar Graduada em Pedagogia. Foi Assessor-Técnico do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais. Coordenou o processo de discussão e implan- tação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Fed. nº 9394/ 96, em Minas e nos demais estados. Gilma Alvarenga Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC) com especialização em orientação, supervisão e administração escolar. Desde 1986 é diretora do Instituto “Casa da Criança” e professora dos cursos optativos do C.O.L.E.G.U.I.U.M , desde 2002. Lúcio de Andrade Fonseca Graduado em Pedagogia e Letras pela Universidade Federal de Minas e Pós-graduado em Tecnologia Aplicada à Educação e Treinamento. Foi Diretor de unidades escolares e de Tecnologia do Grupo Pitágoras. É con- sultor e palestrante sobre educação, qualidade e tecnologia. É editor da seção Tecnologia na Escola no site www.redepitagoras.com.br. Pedro Faria Borges Graduado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com pós-graduação em Gestão da Qualidade Total pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Autor de livros didáticos na área de português e de livros para formação de educadores. http://www.redepitagoras.com.br/ A gestão da escola122 Do modelo exposto interessa, neste momento, apenas a compreensão do significado de cada um dos seus elemen- tos componentes, de forma que se possa, posteriormente, fazer a sua ligação com o sistema educacional. Para facilitar a compreensão, juntamente com a definição para cada um dos componentes, segue um exemplo, relacionado à indústria automobilística. Não se assuste, é só para ilustrar. O MODELO CENTRADO NO CLIENTE Interesses dos produtores Interesses dos clientes Missão M a t é r ia -p r im a Processo “Pensar globalmente, agir localmente” P r o d u t o f in a l E x p e c t a t iv a s Cliente Usuário Cliente Intermediário Cliente Consertador Resultados Desejados/ Obtidos Resultados Desejados/ Obtidos Produtividade Gerenciamento Qualidade Liderança Inovação Coleção Escola em Ação 123 Componente Definição Exemplo (Indústria Automobilística) Missão Matéria-prima Processo Produto Expectativas Clientes Usuário final Intermediário Consertador Resultado Propósito ou conjunto de propósitos de uma organização Inclui legislação pertinente, estratégias, planos definidos pela gerência. É a seqüência de atividades e eventos que cria o produto. Um processo também representa um fluxo de produtos. Aquilo que é criado como resultado de um trabalho. As expectativas do cliente são a base para determinar o que significa “Qualidade”. Qualidade é o grau em que o cliente obtém o que deseja. As expectativas podem ser entendidas como “a voz do cliente”. É qualquer indivíduo ou função que recebe um produto para: • Usá-lo para alcançar um desejado resultado (usuário final). • Transferi-lo a alguém que necessita dele (intermediário). • Transformá-lo, repará-lo, corrigi-lo ou modificá-lo (consertador). São três, portanto, os tipos de cliente: usuário final, inter- mediário e consertador Um usuário final é o cliente para o qual o produto é prima- riamente destinado. É quem vai pessoalmente usar o pro- duto para obter um desejado resultado. É o mais impor- tante tipo de cliente. Intermediário é o cliente que atua como um agente do usuário final e/ou do produtor. Um consertador é qualquer cliente que tenha de fazer repa- ros, correções, modificações ou ajustes no produto, para o benefício do usuário final. Aquilo que é obtido pelo uso do produto. Resultado deseja- do refere-se ao propósito do produto. Atender às necessidades de transporte dos clientes, com conforto e segurança. Além dos aspectos mencionados, os insumos propriamente ditos: aço, bor- racha, plástico, tecido, etc. A produção do chassis, da lataria, a colo- cação do motor, a soldagem das par- tes, a colocação de vidros, etc. O carro Carro veloz, confortável, seguro e barato O consumidor A revenda As oficinas de assistência técnica Satisfação, alegria A gestão da escola124 Encaixando o Sistema Educacional no Modelo Centrado no Cliente Se for, efetivamente, um sistema produtivo como outro qualquer e se quiser “perpetuar-se nos negócios”, o sistema educacional deverá estruturar-se no modelo centrado no cliente, ou seja, ter os mesmos elementos e ser capaz de explicitá-los de forma concreta e simples. É o que se faz a seguir. Sistema educacional Missão • Dotar o indivíduo das condições necessárias para conquistar a sua realização pessoal e profissional (dimensão individual da missão) • Garantir a sobrevivência e a melhoria contínua da sociedade, pelo fornecimento sistemático de pessoas educadas em nível excelente (dimensão político-social da missão). Nas muitas descrições que já foram vistas da função da educação, prevalece sempre uma de duas dimensões: a indivi- dual (“educar é ajudar as pessoas a serem felizes”), ou a político-social (formar “quadros” para o Estado ou “bons cidadãos”). Se se pensar na sociedade como um “condomínio fechado”, onde moram muitas pessoas, é fácil perceber o quanto é prejudicial ao interesse comum o indivíduo apenas voltado para si mesmo (aquele que julga não precisar participar das reuniões ou nem sequer pagar a taxa). Por outro lado, as experiências que se conhece de países onde a educação foi utilizada para fabricar “robôs” para o Estado não indicam que o caminho adequado seja este. Não é justo também que a pessoa abandone as suas próprias aspirações para viver exclusivamente para servir à sociedade. A verdadeira missão da educação tem natureza relacionada com a promoção da felicidade de cada indivíduo e, igualmente, com a contribuição à sociedade. Sem um compromisso social, a educação estaria produzindo indivíduos egoístas e incapazes de viverem em comunidade; com uma preocupação puramente social, a educação estaria desconhecendo o direito à individualidade e à felicidade. Quaisquer das duas dimensões, tomadas isoladamente, conduz a uma visão menor do ser humano. Tomadas em conjunto, construirão um ser humano verdadeiramente digno dessa classificação. Matéria-prima • Pessoas. • Informações, crenças, valores, conhecimento bruto, tecnologias, competências e habilidades exigidos pela Sociedade/Cultura/Mercado do Trabalho. Coleção Escola em Ação 125 • Políticas, planos e estratégias (fornecidos pelos organismos oficiais ou detentores do poder decisório). “Conhecimento é informação que modifica algo ou alguém, seja inspirando ação, seja tornando uma pessoa (ou instituição) capaz de agir de maneira diferente e mais eficaz.” (Peter Drucker) “O conhecimento é incorporado a uma pessoa: é criado, atualizado, desenvolvido e transportado por ela; e é usado(bem ou mal) por ela.” (Peter Drucker) Dotar as pessoas de um instrumental constituído, primordialmente, de conhecimento e valores é a síntese do trabalho educacional. Processo Processo educativo (ou ensino-aprendizagem; ou construção de conhecimento), operado conjuntamente por família, escola e aluno, por meio de metodologia(s) específica(s), com o suporte dos organismos sociais e a influência dos condicionantes oficiais e culturais. “Grosso modo”, o processo educativo nada mais é do que promover a adequada “mistura” dos elementos cons- tituintes da matéria-prima – pessoas, conhecimentos, valores – de forma harmônica e equilibrada ou, dito em outras palavras, propiciar a adequada apropriação/construção de conhecimentos e de habilidades e o desenvolvimento de uma escala de valores pelas pessoas. Produto Pessoa educada, que deve ser formada em consonância com as expectativas e as necessidades dos clientes. O que se deve esperar, após a realização do processo educativo, que, de fato, nunca acaba é, sem dúvida, o surgimento de uma pessoa educada. Como ocorre, hoje em dia, na elaboração de qualquer produto, “ouvir a voz do cliente” também aqui é vital, sob o risco de se criar algo anacrônico, em descompasso com as exigências do presente e do futuro. Expectativas Estar atento aos dados do cotidiano (violência, falta de ética, etc.) e às tendências para o futuro próximo (globalização, alteração de perfis profissionais, informatização, etc.) significa estar ouvindo “a voz do cliente”. Segundo Peter Drucker, Bernardo Toro e outros estudiosos, a sociedade da informação (e aqui se lembrando de que a sociedade é o cliente final), na qual já se está efetivamente inserido, solicita claramente que o produto pessoa educada seja dotado, no mínimo, dos seguintes atributos: A gestão da escola126 • Alta competência em leitura e escrita. • Capacidade de trabalhar o conhecimento: – Saber o que se quer. – Saber buscar/acessar. – Saber operar. • Conhecimento de outras linguagens verbais e não-verbais que interpretam a realidade. • Pensamento e raciocínio estatístico: – Coletar dados. – Organizar dados. – Relativizar dados (transformá-los em fatos). – Interpretar os fatos. • Estar preparado para viver no mundo das organizações. Outros atributos devem ser acrescentados: • Habilidade de cálculo. • Criatividade. • Capacidade de aprendizagem contínua e autônoma. • Capacidade de aplicar o conhecimento. • Capacidade de solucionar problemas novos. • Consciência política. • Consciência social. • Senso crítico. • Características humanas: Afetividade, valores, etc. Clientes • Usuário final A sociedade (além do próprio indivíduo). Uma sociedade sobrevive e melhora a partir do trabalho e da ação positiva de seus membros. A sobrevivência e a felicidade do indivíduo dependem da existência de uma sociedade forte e bem estruturada. Coleção Escola em Ação 127 Assim, é ela quem exige e financia a “produção” de pessoas aptas a contribuir para a sua sobrevivência e a sua melhoria contínua e, assim, construírem a sua pró- pria felicidade (num pequeno esforço de raciocínio, pode-se também considerar que uma pessoa é hoje, de certa forma, cliente da pessoa que foi ontem). • Intermediário O mercado de trabalho: empresas, escolas, partidos políticos, ONGs, economia informal, sindicatos, etc. Como exposto antes, é por meio do seu trabalho, de qualquer natureza, que o indivíduo vai adquirir inde- pendência e autonomia e, por extensão, sua cidadania, podendo, a partir daí, ser considerado um membro ativo e útil à sociedade. O mercado de trabalho é, portanto, o intermediário a quem o produto pessoa educada – formatado dentro das especificações indicadas – será entregue, para ser repassado ao cliente final – sociedade. • Consertadores Se seu carro tem um defeito na parte elétrica, você o leva ao eletricista; se o defeito é na parte mecânica, ao mecânico; se o problema é o pneu, o destino é o borracheiro. Em tese, é o mesmo que se vê acontecer a uma pessoa (mal) educada: busca-se identificar onde houve proble- mas, ao longo do processo, e ela é encaminhada ao “especialista” adequado. De tanto atender a casos, estará apto para orientar o sistema educacional a respeito de melhoramentos que podem ser introduzidos nele. • Se o “defeito de fabricação” da pessoa educada for ligado à formação de bons hábitos de saúde e de higiene, o “cliente consertador” é a medicina. • Se o “defeito de fabricação” da pessoa educada for de origem emocional, o “cliente consertador” é a psicologia. • Se o “defeito de fabricação” da pessoa educada for na formação acadêmica, o “cliente consertador” são as áreas de treinamento das empresas. • Se o “defeito de fabricação” da pessoa educada for na formação de valores e de atitudes, o “cliente consertador” é a justiça. Resultado O resultado desejado é indivíduos felizes e uma sociedade perene e continuamente melhor. Caso o sistema educacional consiga proporcionar às pessoas e à sociedade esses resultados terá cumprido ade- quadamente a sua missão. Caso contrário, terá tido, se tanto, uma boa intenção. A gestão da escola128 Em síntese, a sociedade só sobrevive com o trabalho das pessoas (braçal, intelectual, etc.). O sistema educacional funciona como um formador de bons “quadros” para a sociedade (que é o usuário final do produto pessoa educada). A formação de bons “cidadãos” nada mais é que uma forma de garantir a continuidade e a melhoria permanente da sociedade, a partir da garantia que se passa a ter de que tais cidadãos são capazes de produzirem um trabalho de qualidade, seja qual for o aspecto. Soma-se a essa dimensão social a dimensão individual da missão do sistema educacional: a de garantir que as pessoas estejam dotadas das condições básicas necessárias para conquistarem a própria felicidade. Algumas inferências importantes 1. O sistema educacional, tradicionalmente, ao pretender formar pessoas educadas: • Nunca se preocupou com resultados. • Nunca perguntou à sociedade de que tipo de cidadão precisava. • Nunca perguntou ao mercado de trabalho de que tipo de profissional necessitava. • Nunca perguntou à justiça quais os principais “defeitos” das pessoas (mal) educadas. Por essas e outras razões é que o sistema tem fracassado e, se fosse uma organização empresarial, estaria “saindo dos negócios”. 2. A educação não se restringe a ser apenas um processo. Ela deve ser entendida como um sistema produtivo centrado no cliente, gerador de produtos e de resultados. 3. O sistema educacional é um “laboratório de química fina”, cujo objetivo é produzir um sofisticadíssimo produto: pessoas educadas. 4. Família, escola e aluno devem ser considerados operadores do processo educacional, responsáveis, em conjunto, pela criação de pessoas educadas. Para alcançarem os resultados esperados, devem trabalhar de forma harmônica, cooperativa e complementar, cada um cumprindo à risca o seu papel. Compreendendo o papel dos operadores Na construção de pessoas educadas, cada um dos operadores – família, escola e aluno – tem um papel singular e bem delimitado. Muitas vezes, os papéis têm sido invertidos, o que compromete a qualidade do produto que se deseja construir. Compreender bem os papéis e levar os demais operadores à sua compreensão é uma tarefa vital da lideran- ça educacional. Coleção Escola em Ação 129 Em síntese: dentro do processo ensino-aprendizagem, família e escola têm funções ligadas ao ensinar; ao aluno cabe a tarefa indelegável de transformar o ensino em aprendizagem, o que requer muito esforço, disciplina e dedica- ção; portanto, o estudo é um trabalho, como qualquer outro. O papel da família No processo educacional, cabe ao operador família: • Dar ao educando a educação informal. É o que se chama normalmente de “educação de berço”: bons hábitos de higiene e de saúde, noções de respeito, de limites, de valores básicos, etc. • Dar ao educando o suporte econômico. Enquanto o filho não tiver condições para manter-se sozinho – e só até aí – é obrigação da famíliaprover-lhe “casa, comida e roupa lavada”, além dos recursos materiais e financeiros necessários à sua educação. • Dar ao educando o suporte afetivo. Por isso, entende-se, além do carinho, do respeito, do apoio e do ambiente equilibrado, também o acompanhamento e a cobrança quanto ao cumprimento dos deveres; mais do que muitas outras demonstrações, de efeito apenas superficial, estas últimas talvez sejam as que mais efetivamente comprovem o amor dos pais por seus filhos. O papel da escola Também como operador do processo educacional, compete à escola: • Propiciar ao educando a educação formal, centrada em um ensino de qualidade. Por ensino entende-se aqui um arcabouço acadêmico robusto e efetivo, acrescido de complementação da formação global a ser dada ao indivíduo, pelo desenvolvimento de habilidades, de competências, de senso crítico, de criatividade, de valores, etc. • Propiciar um ambiente favorável à aprendizagem. Um ambiente propício à aprendizagem é estimulante, rico, agradável, disciplinado, organizado. • Conscientizar os demais operadores quanto aos seus papéis, apoiando-os na superação de suas deficiências. Cabe à escola a função de educação e de treinamento de seus “colegas” operadores, que, na maioria dos casos, não têm consciência de que exercem um papel estratégico no processo. • Complementar seletivamente a educação familiar. Partindo da realidade de que as famílias não detêm as con- dições adequadas para cumprir integralmente o seu papel na educação dos filhos, cabe à escola – o operador sênior – complementar, na medida do necessário, aquilo que seria da competência da família, sem cair na tentação ou na pretensão descabida de substituí-la. Em síntese: dentro do processo ensino-aprendizagem, família e escola têm funções ligadas ao ensinar; ao aluno cabe a tarefa indelegável de transformar o ensino em aprendizagem, o que requer muito esforço, disciplina e dedica- ção; portanto, o estudo é um trabalho, como qualquer outro. O papel da família No processo educacional, cabe ao operador família: • Dar ao educando a educação informal. É o que se chama normalmente de “educação de berço”: bons hábitos de higiene e de saúde, noções de respeito, de limites, de valores básicos, etc. • Dar ao educando o suporte econômico. Enquanto o filho não tiver condições para manter-se sozinho – e só até aí – é obrigação da família prover-lhe “casa, comida e roupa lavada”, além dos recursos materiais e financeiros necessários à sua educação. • Dar ao educando o suporte afetivo. Por isso, entende-se, além do carinho, do respeito, do apoio e do ambiente equilibrado, também o acompanhamento e a cobrança quanto ao cumprimento dos deveres; mais do que muitas outras demonstrações, de efeito apenas superficial, estas últimas talvez sejam as que mais efetivamente comprovem o amor dos pais por seus filhos. O papel da escola Também como operador do processo educacional, compete à escola: • Propiciar ao educando a educação formal, centrada em um ensino de qualidade. Por ensino entende-se aqui um arcabouço acadêmico robusto e efetivo, acrescido de complementação da formação global a ser dada ao indivíduo, pelo desenvolvimento de habilidades, de competências, de senso crítico, de criatividade, de valores, etc. • Propiciar um ambiente favorável à aprendizagem. Um ambiente propício à aprendizagem é estimulante, rico, agradável, disciplinado, organizado. • Conscientizar os demais operadores quanto aos seus papéis, apoiando-os na superação de suas deficiências. Cabe à escola a função de educação e de treinamento de seus “colegas” operadores, que, na maioria dos casos, não têm consciência de que exercem um papel estratégico no processo. • Complementar seletivamente a educação familiar. Partindo da realidade de que as famílias não detêm as con- dições adequadas para cumprir integralmente o seu papel na educação dos filhos, cabe à escola – o operador sênior – complementar, na medida do necessário, aquilo que seria da competência da família, sem cair na tentação ou na pretensão descabida de substituí-la. A gestão da escola130 O papel do aluno Elemento indispensável à conclusão bem-sucedida do processo educacional, cabe ao operador aluno: • Buscar a aprendizagem total do que foi ensinado pela escola e pela família, ampliando por conta própria – ad infinitum – os seus horizontes de conhecimento e de cultura. Partir do princípio de que tudo o que foi ensinado pode ser aprendido, não se contentando com a média, um caminho certo para a mediocridade. • Gerenciar a própria aprendizagem. Atuar de forma pró-ativa, assumindo ser um dos maiores interessados no êxito do processo educacional; (afinal, tornar-se uma pessoa educada é condição sine qua non para ser feliz); exigir qualidade no trabalho da família e da escola; cobrar dos “colegas” operadores e de si mesmo; monitorar o seu próprio progresso; esta- belecer metas e definir estratégias para implementá-las. • Ter atenção, vontade, interesse. • Desenvolver e praticar a autodisciplina (um gerente de aprendizagem não deve precisar de fiscais). • Executar todas as tarefas e estudar diariamente no turno oposto ao da escola (o estudo, como qualquer traba- lho, deve ser desenvolvido em tempo integral, de segunda à sexta-feira). • Ter uma atitude ativa e persistente nos estudos. • Perceber o estudo como um trabalho: o de preparar-se para o trabalho e para a cidadania. • Aplicar os princípios e as ferramentas da qualidade ao trabalho de aprender. Qualquer inversão nos papéis descritos é muito prejudicial ao processo: quem ensina a escovar dentes é a família; por sua vez, esta não tem obrigação de ficar tentando ensinar matemática ao filho que foi mal na escola; a mãe não é obrigada a aprender geografia para o filho todas as vezes em que ele vai fazer uma prova... ainda bem que tudo isso acontece muito pouco, não?...). Idéias a serem reforçadas Para garantir a sua sobrevivência e a sua melhoria contínua, a SOCIEDADE necessita do TRABALHO das pessoas (não há lugar – principalmente nos dias atuais – para o extrativismo; para colher, é preciso plantar) . Um trabalho competente só pode ser realizado por pessoas educadas (em conformidade com os atributos de qualidade anteriormente citados). Somente na medida em que houver mais e mais pessoas educadas (contribuindo, portanto, com o seu trabalho de qualidade) é que a sociedade garantirá a sua sobrevivência e se tornará cada vez melhor. A gestão da escola O modelo centrado no cliente