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<p>A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>NOÇÕES CONCEITUAIS SOBRE ADMINISTRAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Recorrendo ao dicionário vernacular como ponto de partida, pode-se começar a buscar o conceito de administração.</p><p>Este substantivo advém do verbo administrar, que tem como sinônimos, dentre outros, os verbos exercer, gerir, gover-</p><p>nar e reger (MICHAELIS, 2012).</p><p>Do ponto de vista técnico, da Teoria Geral da Administração, esta nada mais é do que a condução racional das ativida-</p><p>des de uma organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa (CHIAVENATO, 2003). Trata, com isso, do planejamento da</p><p>organização, de sua direção e controle das atividades.</p><p>As organizações, de forma geral, têm como componentes o seu objetivo, seus recursos, o processo de transformação e</p><p>a divisão do trabalho (MAXIMIANO, 2011). Uma organização é, basicamente, um sistema de recursos que procura reali-</p><p>zar algum tipo de objetivo.</p><p>A administração privada, assim como a pública, é atividade dependente de uma vontade externa, que se manifesta por</p><p>meio do alinhamento de um objetivo, que pode ser individual ou coletivo (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2011; DI</p><p>PIETRO, 2012). Dizendo de outro modo, toda atividade de administração deve ser útil ao interesse ao qual o administra-</p><p>dor deve satisfazer. Especificamente no que se refere à administração pública, esse objetivo decorre de lei que fixa a</p><p>finalidade a ser perseguida pelo administrador (DI PIETRO, 2012).</p><p>Ainda dentro da Teoria Geral da Administração, a administração pública é um ramo aplicado que trata especificamente</p><p>do planejamento, da organização, da liderança, da execução e do controle nos órgãos públicos componentes da admi-</p><p>nistração direta e indireta dos governos federal, estadual e municipal (PALUDO, 2010).</p><p>Do ponto de vista jurídico, por outro lado, a expressão administração pública apresenta mais de um sentido. O primeiro</p><p>deles, chamado de subjetivo, formal ou orgânico, diz respeito aos entes que exercem a atividade administrativa. Em</p><p>contrapartida, na acepção objetiva (material ou funcional) aquela expressão diz respeito à natureza da atividade exerci-</p><p>da pelos entes (função administrativa), predominantemente do Poder Executivo (DI PIETRO, 2012).</p><p>Justen Filho (2005), por sua vez, subdivide essa segunda classificação do termo administração pública em sentidos</p><p>objetivo e funcional. Entende, com isso, que a administração pública, do ponto de vista objetivo, trata do conjunto de</p><p>bens e direitos necessários ao desempenho da função administrativa. Do ponto de vista funcional, é uma atividade que</p><p>se caracteriza pela adoção de providências para a satisfação dos direitos fundamentais.</p><p>A expressão administração pública, segundo Di Pietro (2012), ainda contém inúmeros significados e subdivisões. Re-</p><p>gistre-se, a título de conhecimento, que se pode utilizá-la em sentido amplo ou em sentido estrito. A utilização do senti-</p><p>do amplo implica no reconhecimento do ponto de vista subjetivo de que tanto os órgãos governamentais (aqueles que</p><p>traçam os planos de ação) quanto os órgãos administrativos (subordinados aos primeiros, aqueles que executam os</p><p>planos) fazem parte da administração pública. Já do ponto de vista objetivo, ou seja, da natureza da função exercida,</p><p>incluir-se-ia tanto a função política quanto a função administrativa do Estado. De outro vértice, o emprego da expressão</p><p>administração pública em sentido estrito obriga à retirada das funções que cabem ao governo, isto é, subjetivamente</p><p>excluir-se-iam os órgãos governamentais e, objetivamente, a função política do Estado (DI PIETRO, 2012).</p><p>Os três modelos de Administração Pública: patrimonialista, burocrática e gerencial/NGP.</p><p>No Brasil identifica-se que a administração pública tem sido conduzida ao longo dos anos por modelos de gestão dife-</p><p>renciados. Cada um dos modelos implementados possui características marcantes na gestão pública, influenciando as</p><p>formas do Estado conduzir a ação pública.</p><p>Os modelos presentes na administração pública brasileira são classificados como: Patrimonialista (1500-1930), Buro-</p><p>crático (1930-1995), Gerencialismo (a partir de 1995).</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PATRIMONIALISTA</p><p>LEITURA OBRIGATÓRIA – DICA DO HERON</p><p>A administração pública patrimonialista é típica dos Estados absolutistas europeus do século XVIII, onde o Estado</p><p>é a extensão do poder do administrador público e os seus servidores eram vistos como nobres que recebiam este</p><p>título por indicações do governante. Essas indicações eram feitas como prova de gratidão e também como estra-</p><p>tégia para defesa de seus interesses. Na visão patrimonialista a visão de que a gestão pública deveria servir a po-</p><p>pulação para satisfazer ou dar condições para que suas necessidades fossem atendidas era antagônica, ou seja,</p><p>entendia-se que o Estado era uma entidade que deveria ter suas necessidades satisfeitas por meio do trabalho dos</p><p>Patrimonialista</p><p>(1500-1930)</p><p>Burocrático</p><p>(1930-1995)</p><p>Gerencialismo</p><p>(a partir de</p><p>1995)</p><p>seus governados. Os governantes consideraram o Estado como seu patrimônio, havendo uma total confusão entre</p><p>o que é público e o que é privado. Como consequência desse pensamento, a corrupção e o nepotismo são ineren-</p><p>tes a esse tipo de administração. Com o advento da Revolução Francesa, os ideais democráticos passaram a pres-</p><p>sionar para que haja uma administração pública profissionalizada, atendendo os princípios constitucionais como</p><p>isonomia, moralidade, publicidade, entre outros. Junto com o esse movimento e com o crescimento do pensamen-</p><p>to capitalista a sociedade e o mercado se distinguiram do Estado. É a partir dessa junção que a administração pa-</p><p>trimonialista torna-se um modelo ineficiente e inaceitável.</p><p>O primeiro modelo de administração pública no Brasil perdurou durante todo o período colonial, imperial e a Primeira</p><p>República, abrangendo os anos de 1500 até 1930. Pela forma como foram conduzidas as relações entre a metrópole</p><p>Portugal e a colônia Brasil designou-se a este período o nome Patrimonialismo como modelo de gestão. Apesar da Pro-</p><p>clamação da independência do país em 1822 percebe-se a manutenção deste modelo de administração pública no</p><p>Brasil Império, como também após o período que o Brasil alterou a sua forma de governo de Monarquia para República</p><p>perdurando até a República Velha (1889-1930).</p><p>O patrimonialismo é um modelo de administração pública baseado na dominação tradicional, na qual a vontade do</p><p>senhor e os limites impostos pela tradição definem os rumos dos governados. Esse modo de administração tem como</p><p>característica principal a confusão patrimonial entre os bens do senhor e os bens públicos.</p><p>No patrimonialismo não há separação clara entre a “res pública” (Bens Públicos) e a “res principis” (Bens do Príncipe), o</p><p>soberano se utiliza do patrimônio público como se seu fosse, apropriando-se dos recursos coletados para seu próprio</p><p>proveito, administrando-os de acordo com sua vontade.</p><p>No Patrimonialismo os “cargos” eram chamados de Prebendas ou Sinecuras, ou ocupação rendosa e de pouco trabalho</p><p>que, muitas vezes, era transmitida hereditariamente. Esses “funcionários” mantinham uma relação de proximidade com</p><p>o senhor, tendo como forma de sustento a alimentação à mesa do soberano; os emolumentos (rendimentos provenien-</p><p>tes dos bens do senhor); as terras funcionais; oportunidades apropriadas de rendas, taxas ou impostos; além dos Feu-</p><p>dos.</p><p>Esse é o conceito clássico de Patrimonialismo, contudo, o termo começou a ser utilizado para caracterizar a corrupção</p><p>e o aproveitamento do patrimônio público em benefício próprio. Bresser Pereira definiu patrimonialismo como sendo:</p><p>“A Característica que definia o governo das sociedades pré-capitalistas e pré-democráticas era a privatização do</p><p>Estado, ou a interpermeabilidade dos patrimônios público e privado. “Patrimonialismo” significa a incapacidade</p><p>ou a relutância de o príncipe distinguir entre o patrimônio público e seus bens privados. A Administração do Es-</p><p>tado pré-capitalista</p><p>não pertencentes à administração pública, como, a exemplo, as</p><p>fundações públicas.</p><p>02.A Administração Pública Gerencial, considerada contemporânea, constitui um modelo de gestão que consiste na</p><p>busca de incorporação, pela área pública, de uma maior racionalidade gerencial. Trata-se de um conjunto de medi-</p><p>das direcionadas para o aumento da eficiência e à elevação da produtividade das organizações estatais, valendo-se,</p><p>de mecanismos e técnicas já consagradas na gestão empresarial. Essa forma de administrar tem algumas caracte-</p><p>rísticas básicas. Assinale a alternativa que não contém uma dessas características.</p><p>A) É orientada para os cidadãos e para a geração de paternalismo</p><p>B) Pressupõe que os políticos e os funcionários públicos merecem grau limitado de confiança</p><p>C) Baseia-se na descentralização e no incentivo à criatividade</p><p>D) Utiliza o contrato de gestão como instrumento de controle dos gestores públicos</p><p>E) É orientada para a geração de resultados</p><p>03.Modelo de Administração Pública que parte do princípio de que é preciso combater o nepotismo e a corrupção, mas</p><p>que para isso não são necessários procedimentos rígidos, e sim outros meios, como indicadores de desempenho e</p><p>controle de resultados:</p><p>A) Administração Pública Gerencial.</p><p>B) Administração Pública Patrimonial.</p><p>C) Administração Pública Burocrática.</p><p>D) Administração Pública de Resultados.</p><p>E) Administração Pública Democrática-participativa.</p><p>04.Leia as afirmações abaixo sobre Modelo Patrimonial de Administração Pública e assinale a alternativa correta.</p><p>I. A compreensão do modelo patrimonial de administração pública requer a retomada de um fundamento da domi-</p><p>nação tradicional: a piedade pessoal.</p><p>II. Na dominação tradicional, a reverência ao soberano garante a legitimidade das regras instituídas por ele. Preva-</p><p>lece entre os subjugados a noção de que tal autonomia não é limitada por forças concorrentes, o que possibilita o</p><p>exercício pessoal e arbitrário do poder.</p><p>A) Todas as afirmações estão corretas.</p><p>B) Nenhuma das afirmações está correta.</p><p>C) Somente a afirmação I está correta.</p><p>D) Somente a afirmação II está correta.</p><p>05.A proposta de Administração Pública Gerencial contempla o foco no cidadão e possui as características abai-</p><p>xo, exceto a que está na alternativa:</p><p>A) Velocidade e agilidade de resposta do prestador de serviços.</p><p>B) Utilização de sistemas rígidos de atendimento.</p><p>C) Busca da excelência através de metas de qualidade.</p><p>D) Manutenção de canais de comunicação com os usuários.</p><p>06.De acordo com Pacheco (2010, p. 186), “(...) desde meados dos anos 1970, as sociedades passaram a demonstrar</p><p>um conjunto de pressões e questionamentos sobre a forma de organização e funcionamento do Estado que havia</p><p>prevalecido durante o século XX”. (PACHECO, S. R. Burocracia e política no Brasil. 2010, pág. 186). Em resposta a</p><p>tais questões, governos de diferentes países empreenderam reformas nos últimos 30 anos e essas medidas foram</p><p>agrupadas sob a marca da New Public Management. A agenda do modelo da Nova Gestão Pública abriga vários con-</p><p>teúdos e orientações, com exceção:</p><p>A) de mudanças na forma de avaliação no setor público, com valorização do controle procedimental.</p><p>B) da introdução de mecanismos de gestão baseados em desempenho.</p><p>C) de alterações na macroestrutura, com a criação de novos formatos organizacionais.</p><p>D) da adoção de princípios de governança pública, incluindo a participação cidadã no ciclo de gestão.</p><p>E) do uso de algumas técnicas de gerenciamento comumente utilizadas no setor privado.</p><p>07.Em relação à Administração Pública Gerencial, analise as afirmativas abaixo e, diante de cada uma, escreva V, se for</p><p>verdadeira, e F, se for falsa:</p><p>( ) A questão da efetividade está diretamente ligada à satisfação do beneficiário.</p><p>( ) Emerge na segunda metade do século XX para responder à expansão das funções econômicas e sociais do Es-</p><p>tado.</p><p>( ) Impõe um aumento no custeio da máquina do Estado sem preocupação com o beneficiário.</p><p>( ) Constitui um considerável avanço na gestão pública, reforçado por um certo rompimento com alguns princípios</p><p>burocráticos.</p><p>( ) A estratégia não tem preocupação com controles/resultados posteriores.</p><p>Assinale a alternativa com a sequência correta:</p><p>A) V – V – F – V – F.</p><p>B) F – F – V – F – F.</p><p>C) V – V – F – V – V.</p><p>D) F – V – F – V – V.</p><p>E) V – F – V – F – V.</p><p>08.A Administração Pública gerencial compõe a(o):</p><p>A) Estado empreendedor.</p><p>B) governança pública.</p><p>C) patrimonialismo.</p><p>D) gerencialismo.</p><p>E) burocracia.</p><p>09.Os momentos recorrentes de instabilidade econômica, de baixo nível de crescimento do PIB e até mesmo depressão</p><p>deste com queda em torno de 4% em 2015 têm fragilizado a situação fiscal do país. Diante disso, os debates na so-</p><p>ciedade civil e no meio acadêmico indicam necessidade de mudança no modelo atual de Administração Pública. São</p><p>mudanças sugeridas para o modelo de Administração Pública no Brasil, exceto:</p><p>A) fortalecimento das Agências Reguladoras.</p><p>B) fortalecimento do modelo burocrático nos moldes weberianos.</p><p>C) implementação de modelo de gestão mais eficiente.</p><p>D) implementação de arquiteturas organizacionais mais eficazes.</p><p>E) implementação de modelo burocrático que permita criatividade e flexibilidade.</p><p>10.Na Administração pública,</p><p>A) o Gerencialismo Puro é um dos modelos gerenciais, que busca o aumento da participação social a partir da utili-</p><p>zação de instrumentos de transparência.</p><p>B) a burocracia é caracterizada pelo controle de procedimentos, que alinha os objetivos da organização aos resulta-</p><p>dos a serem alcançados.</p><p>C) o Public Service Orientation é um dos modelos burocráticos, que busca o fortalecimento do controle de procedi-</p><p>mentos e da meritocracia.</p><p>D) o patrimonialismo é caracterizado pela interpermeabilidade entre os patrimônios público e privados de líderes ca-</p><p>rismáticos.</p><p>E) o Consumerism é um dos modelos gerenciais, que busca a qualidade e a efetividade dos serviços públicos.</p><p>11.A reforma do Estado no Brasil na implantação do modelo gerencial, durante a década de 90, envidou esforços no</p><p>sentido de:</p><p>A) definir racionalmente funções e responsabilidades por leis ou regulamentos;</p><p>B) aumentar os custos da máquina administrativa contratando novos servidores civis;</p><p>C) estabelecer rotinas e procedimentos padronizados, visando previsibilidade e formalismo;</p><p>D) instituir um novo desenho de estruturas descentralizadas, buscando eficiência e profissionalização;</p><p>E) organizar o trabalho de forma estável e duradoura em funções especializadas.</p><p>12.Quando o aparelho do Estado é uma espécie do poder do soberano, havendo a confusão entre a coisa pública e pri-</p><p>vada, onde os interesses particulares ou de uma minoria estão acima dos interesses da sociedade, temos nesse ca-</p><p>so, um Estado essencialmente:</p><p>A) Burocrático</p><p>B) Corrupto</p><p>C) Patrimonialista</p><p>D) Assistencialista</p><p>13.São características da administração pública burocrática, exceto:</p><p>A) Acesso ao serviço público por mérito.</p><p>B) Divisão do trabalho a partir da definição de cargos.</p><p>C) Os cargos públicos são considerados prebendas.</p><p>D) Controle rígido e a priori dos processos administrativos.</p><p>14.Segundo Santos (2014), os modelos de Administração Pública, destacados na história política brasileira, têm sido</p><p>objeto de muitas controvérsias e discussões. Conforme as lições do referido autor, esses modelos são:</p><p>A) O patrimonialista, o burocrático, o gerencial e o societal.</p><p>B) O centralizador, o pragmático, o descentralizador e o societal.</p><p>C) O burocrático, o pós-burocrático, o tecnicista e o participativo.</p><p>D) O reducionista, o procedimental, o substantivo e o participativo.</p><p>E) Os orientados por processos, por desempenho, por resultados e pela qualidade.</p><p>15.Assinale a opção que indica as formas de administração pública no Brasil, que se sucedem no tempo, sem que, no</p><p>entanto, qualquer uma delas seja inteiramente abandonada.</p><p>A) A Administração Pública Patrimonialista,</p><p>a Burocrática e a Gerencial.</p><p>B) A Administração Pública Patrimonialista, a Burocrática e a Contingencial.</p><p>C) A Administração Pública Patrimonialista, a Burocrática e a Clássica.</p><p>D) A Administração Pública Patrimonialista, a Burocrática e a Pós-Burocrática.</p><p>E) A Administração Pública Patrimonialista, a Burocrática e a Empreendedora.</p><p>16.Considerando os três modelos teóricos de Administração pública, patrimonialista, burocrático e gerencial, é correto</p><p>afirmar:</p><p>A) O gerencialismo inclui a interpermeabilidade entre os patrimônios públicos e privados.</p><p>B) Uma das disfunções da burocracia refere-se à busca excessiva por resultados.</p><p>C) Em relação à utilização de normas escritas e não escritas, não há uma diferença clara entre os três modelos.</p><p>D) O patrimonialismo pode ser exercido por meio do nepotismo e da corrupção.</p><p>E) A divisão do trabalho, na burocracia, é feita por meio de cargos e de pessoas.</p><p>01 02 03 04 05 06 07 08 09 10</p><p>C A A A B A A D B E</p><p>11 12 13 14 15 16 ― ― ― ―</p><p>D C C A A D ― ― ― ―</p><p>REFORMAS ADMINISTRATIVAS</p><p>O governo Vargas: o DASP como instituição promotora do modelo burocrático</p><p>A administração burocrática que começa a ganhar força no Brasil com o governo Vargas surgiu em consonância à Re-</p><p>volução Industrial e teve o seu estopim com o advento do Estado Liberal, buscando, assim, romper com o modelo ante-</p><p>rior patrimonialista absoluto. Era preciso rever o papel arbitrário do soberano, em defesa de uma sociedade mais livre</p><p>no que concerne às liberdades individuais (marcadamente de cunho liberal e capitalista).</p><p>No modelo burocrático são adotadas uma série de medidas em prol da defesa da coisa pública, combatendo a corrup-</p><p>ção, a apropriação indevida de bens públicos e o nepotismo - marcas do modelo patrimonialista. Inicialmente analisada</p><p>e sintetizada por Max Weber (2004), em A ética protestante e o espírito do capitalismo, o modelo teve suas bases mais</p><p>bem definidas em sua obra posterior: Economia e sociedade (WEBER, 1994). O modelo burocrático contribuiu para a</p><p>formação de uma nova ótica sobre o papel do Estado, sendo que na sua descrição sobre os modelos ideais típicos da</p><p>dominação, Weber identificou o exercício da dominação racional legal como fonte de poder dentro das organizações</p><p>burocráticas.</p><p>A administração pública burocrática se destaca pela ideia de sua submissão às leis e regras socialmente estabeleci-</p><p>das, pela impessoalidade, pelo profissionalismo e pelo formalismo dos procedimentos. A impessoalidade explicita que</p><p>as posições hierárquicas existentes em uma organização não pertencem às pessoas, mas, sim, à própria organização,</p><p>em especial ao cargo. Tal característica evita a apropriação pessoal do poder, prestígio ou qualquer outro benefício ou</p><p>vício pessoal que o cargo ocupado possa trazer a quem o ocupa. O profissionalismo aparece intimamente ligado ao</p><p>valor atribuído ao mérito como critério para a ocupação do cargo. Os cargos são, portanto, disputados de forma justa</p><p>entre os postulantes, que devem demonstrar suas capacidades e técnicas para ocupá-los. Assim, o profissionalismo e</p><p>a impessoalidade atacam os efeitos negativos do nepotismo característico do modelo patrimonialista. As promoções</p><p>dos cargos dependem da hierarquia do setor, da experiência e do desempenho do candidato.</p><p>As tarefas, os deveres e as responsabilidades de chefes e subordinados são formalmente estabelecidos de maneira a</p><p>garantir a continuidade e qualidade do trabalho, assim como as atitudes e ações a serem evitadas no ambiente da or-</p><p>ganização.</p><p>Baseada em princípios de impessoalidade, profissionalismo e formalidade, a burocracia weberiana busca a realização</p><p>das suas atividades de forma eficiente, através de outros elementos como a equidade, a divisão hierárquica e a merito-</p><p>cracia. Como já exposto, o modelo burocrático caracteriza-se por uma ideia de administração subordinada ao império</p><p>da lei. Apesar de ser uma forma funcional para o controle da corrupção, o que era o principal objetivo proposto em sua</p><p>criação, a extrema racionalidade e o excesso de regulamentos acabaram por ocasionar efeitos negativos do sistema,</p><p>como o excesso de formalismo e uma contínua reclamação da lentidão dos processos e procedimentos, comprome-</p><p>tendo a eficácia e a eficiência do aparato administrativo.</p><p>É este modelo que o Estado brasileiro busca colocar em prática na década de 1930, em uma busca de minorar os vícios</p><p>que o patrimonialismo imbricou nas nossas estruturas.</p><p>O primeiro período de Vargas na presidência durou 15 anos, sendo quatro de governo provisório, três de governo consti-</p><p>tucional e oito de regime autoritário. O governo, inicialmente, manteve a política de valorização do café e procurou man-</p><p>ter boas relações com as oligarquias que aderiram ao movimento revolucionário, embora tenha contribuído para a am-</p><p>pliação e consolidação da burguesia industrial (DINIZ, 1978; DRAIBE, 1985; FONSECA, 1989; CEPÊDA, 2010). A política</p><p>de Vargas, dessa forma, manteve-se voltada tanto para as oligarquias rurais quanto para as massas urbanas e elites</p><p>industriais. Em 1937, com a tomada de poder de forma autoritária (Estado Novo), ocorreu uma série de transformações</p><p>no aparelho de Estado, tanto na morfologia, quanto na sua dinâmica de funcionamento. Desde o início de seu governo</p><p>em 1930, foram tomadas medidas visando à racionalização dos procedimentos administrativos e burocráticos do Es-</p><p>tado. Dando cumprimento ao programa de reformas, em 1930 foi criada a comissão permanente de padronização e, no</p><p>ano seguinte, a comissão permanente de compras, ambas voltadas para a aquisição de material. Em 1936 foi promul-</p><p>gada a Lei nº 284, de 28 de outubro, a chamada Lei do Reajustamento, que estabeleceu uma nova classificação dos</p><p>cargos públicos civis e fixou normas básicas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil (BRASIL,</p><p>1936).</p><p>Entre diversas medidas tomadas, aquela considerada como a mais emblemática, o Departamento Administrativo do</p><p>Serviço Público, DASP, nascia como um Órgão previsto pela Constituição de 1937 e criado em 30 de julho de 1938, dire-</p><p>tamente subordinado à Presidência da República. Entre as principais funções projetadas no DASP estava o aprofun-</p><p>damento da reforma administrativa.</p><p>Coerente com os princípios do Estado Novo, o DASP pretendia estabelecer uma maior integração entre os diversos</p><p>setores da administração pública e promover uma seleção e aperfeiçoamento do pessoal administrativo por meio da</p><p>adoção do sistema de mérito, o único capaz de diminuir as injunções dos interesses privados e político-partidários na</p><p>ocupação dos empregos públicos, marcada pelo patrimonialismo e pelo nepotismo.</p><p>Essa primeira experiência de reforma de largo alcance inspirava-se no modelo weberiano de burocracia e tomava como</p><p>principal referência à organização do serviço civil americano. Estava voltada para a administração de pessoal, de mate-</p><p>rial e do orçamento, para a revisão das estruturas administrativas e para a racionalização dos métodos de trabalho. A</p><p>ênfase maior era dada à gestão de meios e às atividades de administração em geral, sem se preocupar com a raciona-</p><p>lidade das atividades substantivas. A reforma administrativa do Estado Novo foi, portanto, o primeiro esforço sistemá-</p><p>tico de superação do patrimonialismo. Foi uma ação deliberada e ambiciosa no sentido da burocratização do Estado</p><p>brasileiro que buscava introduzir no aparelho administrativo do país a centralização, a impessoalidade, a hierarquia, o</p><p>sistema de mérito, a separação entre o público e o privado, segundo Costa (2008).</p><p>O DASP foi um departamento primordial na execução dos objetivos do governo, organizando os orçamentos, classifi-</p><p>cando cargos do funcionalismo, introduzindo novos métodos e novas técnicas para os serviços burocráticos (universa-</p><p>lizando procedimentos), organizando processos seletivos de funcionários por meio de concurso (meritocráticos) e cri-</p><p>ando cursos de aperfeiçoamento em administração pública,</p><p>os primeiros no Brasil. As reformas conduzidas pelo DASP,</p><p>vistas como inovadoras para a época, consideravam que antigos princípios políticos deveriam ser substituídos por uma</p><p>nova estrutura mais burocratizada e menos dependente dos interesses clientelistas. A burocracia, no departamento</p><p>seria um elemento organizador de uma cultura científica, assegurada por uma elite técnica e especializada. O conceito</p><p>de burocracia adotado por este grupo seria de normatização e regulação no campo de trabalho e também da vida soci-</p><p>al, pois se inferia que a mentalidade do funcionalismo público deveria ser mudada e essa mudança só ocorreria com a</p><p>adoção da meritocracia e padronização do funcionalismo, afastando a influência política presente na distribuição de</p><p>cargos e promoções (RABELO, 2011).</p><p>A instituição da reforma administrativa sob a liderança do DASP baseou-se no treinamento de servidores para assumi-</p><p>rem novas funções no novo Estado. O próprio DASP assumiu, num primeiro momento, o desafio de tal formação (FIS-</p><p>CHER, 1984). A administração pública se constitui, assim, a um só tempo, como prática e como formação para a práti-</p><p>ca. E se não se pode falar, neste primeiro momento, da constituição de uma disciplina no país, é clara a influência na</p><p>Revista do Serviço Público (RSP) e no DASP, então responsável pelo treinamento dos servidores, dos paradigmas pre-</p><p>valecentes na administração pública enquanto disciplina ou campo disciplinar, tal como esta se constituíra nos EUA</p><p>(FARAH, 2011).</p><p>O DASP através dessa busca de modernização dos aparatos burocráticos e administrativos diminuiu a influência dos</p><p>poderes locais e centralizou as decisões da administração pública, através da transferência de autoridade local para o</p><p>presidente Vargas e para o Departamento e seu presidente, na capital.</p><p>Criou ainda órgãos nos estados da União, conhecidos como “daspinhos”, nos quais os diretores entravam permanen-</p><p>temente em contato com o presidente por meio de interventores. De acordo com Claudio Couto (1993):</p><p>Por intermédio do DASP, por sua vez, e dos daspinhos, em nível regional, promoveu-se a estruturação básica do apare-</p><p>lho administrativo do Estado para adequá-lo ao novo papel do Estado que então se instituía. Criaram-se regras rígidas</p><p>de admissão, instituiu-se o concurso público e se estabeleceram critérios meritocráticos de avaliação.</p><p>A racionalização do serviço incluída ainda a especialização técnica para a ocupação de cargos no serviço público. A</p><p>busca por eficiência e racionalização do serviço público, e a formação de servidores provenientes de um quadro qualifi-</p><p>cado e detentores do “saber técnico”, foram o mote do DASP.</p><p>Todavia, surgiram no Brasil duas ordens distintas na administração pública, uma legal e outra “funcional”, que acordava</p><p>com o clientelismo e as exigências dos grupos políticos ligados ao novo governo, criando um formalismo nos procedi-</p><p>mentos e uma divergência entre as normas prescritas e o comportamento humano (RABELO, 2011). A tarefa do grupo</p><p>de incorporar novas técnicas ao serviço público brasileiro não foi fácil nem obteve o sucesso esperado, pois demandou</p><p>uma série de negociações e foi alvo de resistência daqueles que já faziam parte dos quadros do funcionalismo federal.</p><p>Ainda que a gramática burocrática e técnica implementada no início dos anos 30 no Brasil não tenha superado a gra-</p><p>mática clientelista marcada pelo nepotismo e pela corrupção, a coexistência desses dois modelos, aliada às transfor-</p><p>mações das funções do Estado e ao advento da globalização e da economia nos anos seguintes, corroboraram para a</p><p>segunda grande reforma da administração pública do Brasil, a chamada Reforma gerencial, cujo maior expoente foi o</p><p>então ministro da Administração e Reforma do Estado (MARE) Bresser-Pereira.</p><p>Ainda que não seja o objetivo deste trabalho, algumas considerações podem ser tiradas quando analisamos compara-</p><p>tivamente os processos de criação do DASP e do MARE. Podemos citar algumas: a) as duas instituições e momentos</p><p>caracterizam mudanças na função, objetivos e métodos de atuação do Estado; b) originaram-se em contextos de rom-</p><p>pimento com gramáticas e vícios enraizados no aparato público e na relação entre o Estado e a sociedade do mode-</p><p>lo/momento anterior (percebidas como perversas para a adaptação do Estado às exigências coetâneas da vida política,</p><p>econômica e social); c) promoveram a troca ou a ressiginifcação do modelo de gestão pública; d) rotinizaram novas</p><p>práticas e capacitaram novos quadros, redesenhando a atuação do Estado e sua relação com a sociedade.</p><p>DICAS DE PROVAS</p><p>O DASP foi um departamento primordial na execução dos objetivos do governo, organizando os orçamentos, clas-</p><p>sificando cargos do funcionalismo, introduzindo novos métodos e novas técnicas para os serviços burocráticos</p><p>(universalizando procedimentos), organizando processos seletivos de funcionários por meio de concurso (merito-</p><p>cráticos) e criando cursos de aperfeiçoamento em administração pública, os primeiros no Brasil.</p><p>DECRETO-LEI Nº 579, DE 30 DE JULHO DE 1938</p><p>Organiza o Departamento Administrativo do Serviço Público, reorganiza as Comissões de Eficiência dos Ministérios e dá</p><p>outras providências</p><p>Art. 2º Compete ao D. A. S. P.:</p><p>a) o estado pormenorizado das repartições, departamentos e estabelecimentos públicos, com o fim de determinar,</p><p>do ponto de vista da economia e eficiência, as modificações a serem feitas na organização dos serviços públicos,</p><p>sua distribuição e agrupamentos, dotações orçamentárias, condições e processos de trabalho, relações de uns</p><p>com os outros e com o público;</p><p>b) organizar anualmente, de acordo com as instruções do Presidente da República, a proposta orçamentária a ser</p><p>enviada por este à Câmara dos Deputados;</p><p>c) fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na conformidade das suas instruções, a execução orça-</p><p>mentária;</p><p>d) selecionar os candidatos aos cargos públicos federais, excetuados os das Secretarias da Câmara dos Deputa-</p><p>dos e do Conselho Federal e os do magistério e da magistratura;</p><p>e) promover a readaptação e o aperfeiçoamento dos funcionários civis da União;</p><p>f) estudar e fixar os padrões e especificações do material para uso nos serviços públicos;</p><p>g) auxiliar o Presidente da República no exame dos projetos de lei submetidos a sanção;</p><p>h) inspecionar os serviços públicos;</p><p>i) apresentar anualmente ao Presidente da República relatório pormenorizado dos trabalhos realizados e em an-</p><p>damento.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.A criação do Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP foi um marco importante na Administra-</p><p>ção pública federal, com a introdução de características de administração</p><p>A) gerencial, com foco na gestão de resultados.</p><p>B) burocrática, com ênfase na centralização e reorganização da Administração, gestão de pessoal e racionaliza-</p><p>ção de procedimentos.</p><p>C) empreendedora, com ênfase na atuação de fomento.</p><p>D) patrimonialista, com ampla criação de órgãos e entidades governamentais.</p><p>E) pré-Gerencial, com a introdução de conceitos de avaliação de desempenho.</p><p>02.Na década de 1930, com o nascimento da República Nova, houve uma tentativa de profissionalizar a Adminis-</p><p>tração Pública brasileira com a criação do Departamento de Administração do Serviço Público - DASP. Por in-</p><p>termédio do DASP, promoveu-se a estruturação básica do aparelho administrativo instituindo-se, por exemplo,</p><p>o concurso público e as regras para admissão. Tal modelo buscou modernizar a máquina pública e ficou conhe-</p><p>cido como</p><p>A) modelo burocrático.</p><p>B) modelo patrimonialista.</p><p>C) modelo gerencial.</p><p>D) modelo do novo serviço público.</p><p>03.No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos anos 1930, em um quadro de aceleração</p><p>da industrialização brasileira, em que o Estado assume papel decisivo, intervindo pesadamente no setor produ-</p><p>tivo de bens e serviços. A década de 1930 foi um período de grandes transformações. Com o objetivo de realizar</p><p>a modernização administrativa</p><p>no Brasil, foi criado, em 1936, o Conselho Federal do Serviço Público Civil, trans-</p><p>formado, em 1938, no Departamento Administrativo do Serviço Público – o DASP. Sobre o DASP, assinale a al-</p><p>ternativa incorreta.</p><p>A) Uma das funções do DASP era de fiscalizar, por delegação do Presidente da República e na conformidade</p><p>das suas instruções, a execução orçamentária.</p><p>B) Com a criação do DASP, as práticas do clientelismo e da indicação por apadrinhamento foram descontinua-</p><p>das, sendo a admissão ao serviço público exclusiva apenas por meio de concurso público.</p><p>C) Com a criação do DASP, o Presidente da República recebia anualmente uma apresentação do relatório por-</p><p>menorizado dos trabalhos realizados e em andamento.</p><p>D) Uma das funções do DASP era auxiliar o Presidente da República no exame dos projetos de lei submetidos à</p><p>sanção.</p><p>E) Uma das funções do DASP era de inspecionar os serviços públicos.</p><p>GABARITO: 01 – B 02 – A 03 – B</p><p>Administração para o Desenvolvimento: a reforma do Decreto Lei 200/67</p><p>O fim do governo Juscelino Kubistchek, em 1960, até meados do Golpe de 1964, é identificado como período de instabi-</p><p>lidade econômica e política, sobretudo pela efervescência de lutas sociais. No plano institucional, não há registros que</p><p>possam identificar mudanças significativas com padrões de centralização administrativa estabelecidos a partir de 30.</p><p>Conforme já mencionado, os anos 30 se constituíram no marco de geração do setor produtivo estatal. Entretanto, foi a</p><p>partir de 1964 que se observou o seu incremento, sob os auspícios do regime militar, ideologicamente liberal e desesta-</p><p>tizante (MARTINS: 1985).</p><p>O advento do governo revolucionário e militar, a partir de 1964, trouxe consigo um ambiente eminentemente reformista</p><p>e ideologicamente imbuído do espírito desenvolvimentista que irrompeu na América Latina, após a segunda metade da</p><p>década de 60. Um outro fator importante, nesse contexto, foi a presença, em postos - chave da Administração, de civis</p><p>e militares com passagem pela Escola Superior de Guerra e formação segundo as mais modernas teorias econômicas e</p><p>administrativas.</p><p>Com este perfil e diante do propósito de restabelecer a autoridade política abalada nos governos civis anteriores, o go-</p><p>verno federal deflagrou um novo movimento de concentração política no Executivo federal. Criou-se o Ministério Extra-</p><p>ordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica, responsável pelo orçamento e pela reforma administrativa.</p><p>Determinou-se a elaboração de um plano geral de governo e exigindo-se a articulação entre as pastas do Planejamento</p><p>e da Fazenda, responsável pela política fiscal, a partir de então sob a supervisão direta do Presidente da República.</p><p>Segundo registros históricos, os ministros de Estado foram compelidos a pensar em seus programas setoriais sem</p><p>perder de vista a programação geral do governo, assentada numa concepção orgânica de desenvolvimento. A estrutu-</p><p>ração do governo favoreceu a coordenação política de suas ações, ensejando uma experimentação administrativa mais</p><p>tarde consolidada na legislação.</p><p>O governo autoritário alterou os padrões da industrialização nacional e passou a se definir a partir de dois princípios</p><p>básicos: (i) concentração de riqueza com objetivo de facilitar investimentos em projetos ambiciosos de industrialização</p><p>pesada e (ii) e abertura da economia ao investimento de capital internacional.</p><p>Foram adotadas medidas para estabilização econômica e para criação de um ambiente favorável à entrada de investi-</p><p>mentos internacionais. O governo buscou aumentar a sua capacidade de investimento no setor produtivo estatal tam-</p><p>bém mediante a captação de recursos internos com o incremento da sua “capacidade extrativa” por meio da arrecada-</p><p>ção de tributos e através da criação de grandes fundos e de outros mecanismos de formação de poupança. A Consti-</p><p>tuição de 1967, a Emenda Constitucional de 1969 e a Reforma Tributária de 1966 promoveram a concentração destes</p><p>recursos no âmbito do governo federal, de modo até então inexistente na história político-institucional e fiscal brasilei-</p><p>ra.</p><p>A concentração de riquezas e o investimento em grandes obras resultaram na criação de grandes empresas industriais.</p><p>O novo modelo revelou propensões para uma abordagem empresarial na administração pública, conforme ABU-EL-HAJ</p><p>(1991), de uma forma distinta da perspectiva de modernização que deu suporte à reforma administrativa dos anos 30,</p><p>quando teve início o Estado</p><p>interventor. O propósito da reforma era fazer com que o setor público pudesse operar com a eficiência do setor privado.</p><p>Assim, o crescimento da intervenção econômica motivou a transposição de instrumentos de administração do setor</p><p>privado para o setor público.</p><p>O primeiro relatório contendo orientações para um projeto de reforma administrativa foi apresentado em agosto de</p><p>1964, e tinha como preocupação fundamental definir o caráter instrumental da reforma e o foco na obtenção de rendi-</p><p>mento e produtividade, sobretudo mediante a disciplina do planejamento e do orçamento. Dentre as orientações conti-</p><p>das no referido relatório encontravam-se: restabelecer a hierarquia da norma jurídica, reservando-se ao Congresso a</p><p>matéria de conteúdo estritamente legal; melhor definição do poder regulamentar, fortalecendo-se a ação do Executivo;</p><p>melhoria dos instrumentos institucionais e jurídicos relativos à administração de pessoal e de material, sistema esta-</p><p>tístico, sistema de controle das autarquias e sociedades de economia mista.</p><p>Defendia-se, ainda, uma posição privilegiada para o Tribunal de Contas como órgão de controle externo do Poder Exe-</p><p>cutivo, bem como a ampliação do escopo da reforma administrava para além da estrutura e dos métodos de gestão.</p><p>Propunha-se, ainda, a atualização de instrumentos jurídicos tais como o Código Tributário. Do ponto de vista da imple-</p><p>mentação, pugnava-se pela realização de uma reforma gradativa, considerando-se os meios disponíveis e evitando-se o</p><p>equívoco de confundir reforma com regulamentos.</p><p>Apesar do ambiente reformista e do regime que se instalou, o processo de formulação da política de reforma adminis-</p><p>trativa durou cerca de três anos, no decorrer dos quais foram instituídas duas comissões: (i) Comissão Especial de</p><p>Estudos de Reforma Administrativa (COMESTRA) foi instalada em outubro de 1964, constituída de doze membros no-</p><p>meados pelo Presidente, e presidida pelo Ministro do Planejamento. Integravam-na oito civis e quatro militares. As li-</p><p>nhas gerais do governo para essa comissão foram consolidadas em um documento elaborado pelo Ministro Roberto</p><p>Campos_um conhecido expoente do liberalismo econômico no país; (ii) Assessoria Especial de Estudos de Reforma</p><p>Administrativa_ ASESTRA, instância de estudo criada no âmbito do gabinete do Ministro do Planejamento com a finali-</p><p>dade de dar continuidade aos estudos já realizados, manter a articulação com demais setores do Serviço Público Fede-</p><p>ral interessados, promover estudos de projetos relacionados às medidas de reforma, manter entendimentos com enti-</p><p>dades nacionais e estrangeiras para fins de cooperação técnica. Em 1966, na oportunidade em que foi desencadeado o</p><p>processo de revisão constitucional, o Presidente da República assumiu a coordenação direta dos trabalhos.</p><p>De acordo com DIAS (1969), nunca a reforma administrativa foi tão perquerida por um governo como o de 1964, e com</p><p>a profundidade e minúcia que caracterizam seus estudos. Inclusive com consulta a vários setores da opinião pública:</p><p>palestras foram realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a participação de Grupos de Jornalistas, Associação</p><p>Brasileira de Técnicos de Administração, Fundação Getúlio Vargas, Federação das Indústrias de São Paulo, Clube de</p><p>Engenharia, Associação dos Servidores Civis do Brasil. Entretanto, não houve uma pressão orgânica da sociedade so-</p><p>bre o governo em favor da reforma.</p><p>O Decreto-Lei 200/67 consolidou a reforma desse período, cujas linhas gerais podem ser assim resumidas:</p><p>I- Princípios</p><p>fundamentais: planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle; II – Fixação do</p><p>tripé planejamento, orçamento-programa, programação financeira de desembolso; III – Definição dos órgãos de apoio</p><p>direto aos ministros e institucionalização dos de planejamento, coordenação e controle financeiro; IV- Estabelecimento</p><p>de regras para constituição do staff de assessoramento imediato aos Ministros; V- Definição de normas administrativas</p><p>básicas relativas a: administração financeira e contabilidade; revisão da legislação de pessoal e licitações e contratos;</p><p>VI – Estruturação básica da Administração Federal e VII _Critérios par implementação.</p><p>O Estado brasileiro passou a ser representado por quatro pilares básicos: Administração Direta, Autarquias, Empresas</p><p>Públicas e Sociedades de Economia Mista. Daí decorre a distinção entre administração direta e indireta, prevalecente</p><p>até os nossos dias. A primeira é integrada pelos ministérios e órgãos da Presidência da República, inclusive os autô-</p><p>nomos; a segunda, pelas autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista. Posteriormente, as funda-</p><p>ções (que não pertenciam nem à administração direta, nem à indireta) foram incluídas na administração indireta, por</p><p>força do que dispôs a Lei 7596/87. Manteve-se a verticalidade hierárquica nas estruturas dos órgãos, enquanto as ati-</p><p>vidades administrativas auxiliares foram organizadas sob a forma de grandes sistemas. No âmbito da administração de</p><p>pessoal, foram definidas diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos e salários, e para a promoção</p><p>do sistema de mérito (WAHRLICH: 1984).</p><p>DICA DO HERON</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA</p><p>Pelo Decreto-Lei nº 200 (BRASIL, 1967), art. 4º, entende-se Administração Pública Direta como a atuação do gover-</p><p>no diretamente por meio dos seus órgãos. Os órgãos atuam nos quadros vinculados a cada uma das esferas de</p><p>governo, a exemplo dos Ministérios ligados à Presidência da República na esfera federal, as Secretarias Estaduais</p><p>ligadas ao Governador de cada Estado membro e as Secretarias Municipais ligadas à esfera municipal de poder. A</p><p>Administração Indireta, definida por Kohama (2010), é a atividade administrativa caracterizada como serviço públi-</p><p>co ou de interesse público, transferida ou deslocada do Estado para outra entidade por ele criada ou autorizada. O</p><p>autor complementa que esta forma de exercício da administração pública visa proporcionar ao Estado a satisfação</p><p>de seus fins administrativos. O Decreto-Lei nº 200 explicita que a Administração Indireta é composta por Autarqui-</p><p>as, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações (BRASIL, 1967). As Autarquias possuem como</p><p>característica principal a autonomia de gestão, uma vez que são consideradas um serviço autônomo com patrimô-</p><p>nio e receita próprios. Sua personalidade jurídica é de direito público interno. As Empresas Públicas, Sociedades de</p><p>Economia Mista e Fundações são consideradas paraestatais (paralelamente ao Estado), porém sua personalidade</p><p>jurídica é de direito privado e sua criação é determinada por lei. O patrimônio da Sociedade de Economia Mista é</p><p>realizado com a participação do governo e da iniciativa privada, o que não ocorre nas Empresas Públicas, dotadas</p><p>de patrimônio exclusivamente governamental. Conforme o art. 75 do Decreto-Lei nº 200 (BRASIL, 1967), redação</p><p>dada pelo Decreto-Lei nº 900 (BRASIL, 1969), os órgãos da Administração Federal prestarão ao Tribunal de Contas,</p><p>ou a suas delegações, os informes relativos à administração dos créditos orçamentários e facilitarão a realização</p><p>das inspeções de controle externo dos órgãos da administração financeira, contabilidade e auditorias.</p><p>O governo federal através da edição do Ato Institucional N.º 8, de abril de 1969, determinou a implantação pelos gover-</p><p>nos estaduais, municipais e do Distrito Federal, de reformas administrativas pautadas nos mesmos princípios estabe-</p><p>lecidos para a reforma já dinamizada no Executivo federal.</p><p>Da estratégia de descentralização adotada, predominantemente identificada com a criação da administração indireta,</p><p>decorreu a expansão da intervenção estatal. Esta expansão, sobretudo no setor econômico, requereu a adoção de pa-</p><p>drões de mercado concorrendo para a seleção e recrutamento de pessoal dotado de habilidades específicas e, deste</p><p>modo, ajudando a consolidar uma segmento de tecnocratas de importância estratégica no âmbito da administração</p><p>descentralizada. Deste modo, a tecnocracia moderna passou a coexistir com a forma tradicional da burocracia central.</p><p>Esse padrão perdurou até os anos 90.</p><p>MELO e SOUZA (1994) vê na estratégia de descentralização do governo autoritário uma semelhança política com o</p><p>artifício de criação de estruturas paralelas de JK. O analista considera que a criação da administração indireta foi uma</p><p>tentativa de escapar dos órgãos centralizados para que se instalassem novos princípios de uma nova onda de eficiên-</p><p>cia no setor público, evitando-se, deste modo, o enfrentamento de conflitos advindos de um possível reforma do siste-</p><p>ma central.</p><p>Um aspecto importante a ressaltar é que a reforma administrativa de 1967 determinou a redução relativa da interven-</p><p>ção social do Estado operada pela administração direta, sendo esta substituída por organizações da administração</p><p>indireta, tais como fundações, empresas estatais, entidades autônomas. Ao descentralizar e com isto criar a condições</p><p>administrativas para a expansão da produção de bens e serviços pelo Estado, a reforma administrativa de 1967 contri-</p><p>buiu de forma significativa para a transformação do padrão de política social vigente no país desde os anos 30. A insti-</p><p>tucionalização de um sistema unificado de previdência social a partir da integração no Instituto Nacional de Previdên-</p><p>cia Social - administração indireta - dos antigos institutos de aposentadoria e pensões representou importante mudan-</p><p>ça no sentido da coletivização dos serviços sociais. O conjunto das medidas legislativas desse período configura a</p><p>ruptura radical com a estrutura institucional e financeira do sistema de política social, superando o padrão fragmenta-</p><p>do de intervenção social iniciado em 1930 (DRAIBE: 1989).</p><p>A emergência do processo de abertura política no final da década de 70 foi acompanhada da mobilização de segmen-</p><p>tos fortes do setor privado contrários à centralização burocrática que se acentuou na sequência dos governos autoritá-</p><p>rios. Por força dessas pressões, em 1979, durante o governo do Presidente Figueiredo foi lançado o Programa Nacional</p><p>de Desburocratização-PrND, instituído pelo Decreto N.º 83.740, com o objetivo de aumentar a eficiência e eficácia da</p><p>administração pública e fortalecer o sistema de livre empresa. Dentre as principais orientações do PrND destacam-se:</p><p>(i) o papel suplementar do Estado no campo da iniciativa privada; (ii) o empenho em promover a privatização das em-</p><p>presas estatais nos casos em que o controle público careça de justificativa; (iii) a manutenção do monopólio estatal</p><p>nos casos em que se configure motivo de segurança nacional, seja porque tais empresas criem condições efetivas para</p><p>o desenvolvimento do próprio setor privado, seja quando contribuam para assegurar o controle nacional do processo de</p><p>desenvolvimento (WAHRLICH: 1984).</p><p>O PrND, juntamente com mudanças promovidas pela área econômica do governo, fez parte dos esforços de reforma</p><p>para recuperação da credibilidade do regime autoritário. Neste contexto, ressalta-se como relevante a criação, em maio</p><p>de 1979, da Secretaria de Controle das Empresas Estatais-SEST. A criação desta entidade foi significativa tendo em</p><p>vista que efetivou o rompimento com a natureza empreendedora, autônoma e descentralizadora das estatais promovi-</p><p>da pela reforma de 1967. “A reforma administrativa de 1979 reduziu a autonomia administrativa e eliminou a função</p><p>empreendedora das empresas públicas. O objetivo principal do regime autoritário era a transformação</p><p>dessas entida-</p><p>des em instrumentos de política econômica a fim de reconquistar a legitimidade social” (ABU-El-HAJ: 1991, 163).</p><p>DICAS DE PROVAS</p><p>DL 200/67: sistemático e ambicioso empreendimento para a reforma</p><p>I. Definia os princípios do planejamento (princípio dominante), da coordenação, da descentralização, da dele-</p><p>gação de competência e do controle;</p><p>II. Distinção entre a administração direta e a indireta – descentralização funcional</p><p>III. Definia as bases do controle externo e interno.</p><p>IV. Indicava diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos e apontava a necessidade de for-</p><p>talecimento e expansão do sistema do mérito;</p><p>V. Estatuía normas de aquisição e contratação de bens e serviços;</p><p>VI. Tratava da organização administrativa do DF e dos Ministérios.</p><p>VII. Fixava a estrutura do Poder Executivo federal, indicando os órgãos de assistência imediata do presidente</p><p>da República e distribuindo os ministérios entre os setores político, econômico, social, militar e de plane-</p><p>jamento, além de apontar os órgãos essenciais comuns aos diversos ministérios;</p><p>VIII. Desenhava os sistemas de atividades auxiliares - pessoal, orçamento, estatística, administração financeira,</p><p>contabilidade e auditoria e serviços gerais;</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.De acordo com o Decreto-Lei nº 200/1967, a Administração Direta se constitui dos serviços integrados na estru-</p><p>tura administrativa dos poderes que compõem o ente. Considerando a estrutura da Administração Pública Fede-</p><p>ral, o único órgão que NÃO integra essa estrutura é:</p><p>A) Banco Central do Brasil;</p><p>B) Controladoria Geral da União;</p><p>C) Ministério da Defesa;</p><p>D) Ministério Público Federal;</p><p>E) Tribunal de Contas da União.</p><p>02.A reforma do Estado no âmbito do Decreto Lei nº 200/67 é amplamente conhecida pela implantação da noção de</p><p>administração direta e indireta. Segundo diversos analistas e estudiosos, dado o conjunto de ações visando a</p><p>sua implementação, surgiram naquele momento da reforma consequências inadequadas, dentre as quais desta-</p><p>ca(m)-se:</p><p>A) ampliação do núcleo estratégico do Estado por meio do desenvolvimento da carreira de gestor e ampliação</p><p>excessiva dos concursos;</p><p>B) geração de práticas patrimonialistas na administração indireta por meio de contratações sem concurso públi-</p><p>co, ocasionando nepotismo;</p><p>C) fortalecimento da rigidez excessiva da administração indireta e centralização das ações na administração di-</p><p>reta;</p><p>D) geração da expansão da administração direta, concentrando nessa a maior parte dos investimentos do gover-</p><p>no federal;</p><p>E) manutenção de relações pluralistas entre poderes, facilitando a aprovação dos orçamentos submetidos pelo</p><p>Executivo ao Congresso.</p><p>03.A reforma do aparelho do Estado introduzida pelo Decreto-Lei nº 200 de 1967 trouxe algumas iniciativas no sen-</p><p>tido de romper com o modelo burocrático estabelecido por Getúlio Vargas. A reforma proposta centrava-se em</p><p>diversos conceitos, EXCETO no de:</p><p>A) delegação de competência como instrumento de descentralização administrativa para assegurar rapidez e ob-</p><p>jetividade;</p><p>B) planejamento de ação governamental com base em plano geral e plurianual, programas gerais, setoriais e re-</p><p>gionais;</p><p>C) execução descentralizada mediante convênio, contratos ou concessões com entes federados e organizações</p><p>privadas;</p><p>D) publicização de serviços públicos para organizações de direito privado como forma de ampliação do atendi-</p><p>mento em áreas fundamentais de políticas públicas;</p><p>E) controle imediato pela chefia competente para execução e observância de normas, bem como por meio da</p><p>especificação do TCU como órgão de controle externo.</p><p>GABARITO: 01 – A 02 – B 03 – D</p><p>A Caminho da Implosão do Modelo Burocrático</p><p>Com o desencadeamento do processo de transição democrática, e a ascensão ao poder do governo civil em 1985, foi</p><p>necessário o desenho de um novo arcabouço institucional para o Estado.</p><p>Deste modo, foi convocada uma Assembleia Nacional, visando à elaboração de nova Constituição, dentro dos princí-</p><p>pios democráticos.</p><p>O governo da transição democrática assumiu tendo sob seu comando uma burocracia estruturada sob bases autoritá-</p><p>rias e forte intervencionismo econômico e social. A reforma administrativa foi incluída na agenda das reformas a serem</p><p>promovidas pelo governo para o restabelecimento da nova ordem democrática.</p><p>O processo de expansão da administração indireta decorrente da descentralização implementada pelo Decreto-Lei</p><p>200/67 fora diagnosticado como danoso ao Estado, que teria perdido o controle operacional da máquina pública por</p><p>excesso de flexibilidade administrativa. A autonomia da administração indireta foi considerada excessiva e responsável</p><p>pelo enfraquecimento dos mecanismos de controle administrativo. Deste modo, em 1986, o governo Sarney constituiu</p><p>grupo de estudo para reforma administrativa federal, tendo como objetivo central o fortalecimento da administração</p><p>direta, por meio do restabelecimento de mecanismos de controle burocrático. Conforme já abordado, a estratégia de</p><p>descentralização adotada em 1967 permitiu a coexistência de um núcleo moderno – a tecnocracia da administração</p><p>indireta - com o núcleo tradicional burocrático, desvalorizado. A reforma administrativa de então visava, simultanea-</p><p>mente, corrigir esta distorção e criar uma elite dirigente a fim de modernizar o aparelho do Estado.</p><p>Não obstante o objetivo de adequação do aparelho do Estado aos princípios do novo regime democrático, as diretrizes</p><p>definidas para reforma e modernização da administração concentraram-se: (i) na racionalização de procedimentos para</p><p>a contenção de gastos públicos, onde se destaca a criação do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal-</p><p>SIPEC e de outros instrumentos para padronização e gerenciamento de processos; (ii) na subordinação das fundações</p><p>às mesmas normas e regulamentos que a administração direta; (ii) no estabelecimento do regime jurídico único para os</p><p>servidores e (iii) na racionalização da estrutura da administração federal e dos mecanismos de tutela administrativa,</p><p>com ressalva para a instituição, no âmbito da administração direta, de novas espécies de órgãos dotados de autonomia</p><p>administrativa e financeira.</p><p>As reformas que se consubstanciaram na Constituição Federal de 1988 refletiram o complexo equilíbrio entre as forças</p><p>liberais e estatizantes em conflito, e resultaram num processo ambíguo de centralização e descentralização adminis-</p><p>trativa, demonstrando como democracia e intervenção não se opõem, do mesmo modo que a última não é exclusiva</p><p>dos governos autoritários. A Constituição impôs restrições para a intervenção do Estado na economia ao mesmo tem-</p><p>po em que preservou monopólios estatais. Simultaneamente, aperfeiçoou a política social do Estado ampliada com a</p><p>instituição dos direitos sociais. A Lei promoveu o fortalecimento o aparato burocrático, ainda que suprimindo a exclusi-</p><p>vidade do Poder Executivo para decidir sobre a reorganização administrativa.</p><p>Ao nível das relações intergovernamentais, a burocracia federal foi reforçada paralelamente ao processo deflagrado de</p><p>descentralização político-administrativa, com o estabelecimento de competências concorrentes e a realização de uma</p><p>reforma tributária. Transferiram-se recursos da União para estados e municípios, juntamente com a competência para</p><p>execução de serviços sociais e de infraestrutura.</p><p>No plano das reformas econômicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista ficaram sujeitas ao</p><p>mesmo regime jurídico que as empresas privadas, inclusive no que diz respeito às obrigações trabalhistas, fiscais e</p><p>tributárias. A Constituição Federal dispôs, claramente, o papel do Estado enquanto agente normativo e regulador, en-</p><p>carregado da promoção, planejamento e fiscalização da atividade econômica. Esta mudança confirmou a tendência de</p><p>contenção da atividade empresarial do Estado, desencadeada com o Programa de Desestatização nos anos 80, não</p><p>obstante a referida manutenção</p><p>de monopólios estatais. Por outro lado, na ordem social, o Estado ampliou suas res-</p><p>ponsabilidades, determinando: o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde; a assistência social, a</p><p>quem dela necessitar; a educação básica obrigatória e gratuita; a promoção das atividades culturais e desportivas, da</p><p>ciência e da tecnologia; a defesa e preservação do meio ambiente.</p><p>Em vista da ampliação do papel social do Estado e dos benefícios estendidos aos servidores, a reforma foi duramente</p><p>criticada pela tendência a sobrepor os aspectos políticos a uma avaliação realista da sustentabilidade econômica do</p><p>modelo de Estado e de administração prevalecentes.</p><p>Desestatização e “Enxugamento”: sinônimos de reforma administrativa</p><p>O final dos anos 80 e início dos 90 foram marcados pelo acirramento da crise fiscal, pelo descontrole inflacionário e</p><p>pela formação de um consenso sobre a ineficiência do setor público. A burocracia - enquanto corpo de funcionários -</p><p>passou a se constituir no alvo por excelência das críticas ao Estado. Colocou-se em evidência o déficit público e a ne-</p><p>cessidade de repensar o papel do Estado, assim como imputava-se ao aumento das demandas por serviços sociais o</p><p>caráter de ameaça à governabilidade democrática.</p><p>O período caracterizou-se pelas críticas ao modelo de Estado intervencionista e empresarial e por um forte apelo à mo-</p><p>dernização, visando à abertura de mercado e à inserção competitiva do país na nova ordem econômica internacional.</p><p>Sem um modelo conceitual que lhe desse respaldo, a reforma do governo Collor (1990-1992) nasceu da constatação do</p><p>esgotamento financeiro do Estado e da necessidade de redução do déficit público. O “enxugamento” da máquina com a</p><p>eliminação de superposições e a diminuição de custos constituíram-se em objetivos de reforma administrativa. O go-</p><p>verno baseando-se em um diagnóstico de gigantismo do Executivo federal, extinguiu e modificou o status de vários</p><p>órgãos públicos, operou cortes de pessoal, não se tendo registro, entretanto, de uma filosofia definida ou de qualquer</p><p>plano formal de reforma administrativa.</p><p>“Ao contrário das reformas anteriores, esta não foi precedida de estudos e discussões mais abrangentes, envolvendo diagnós-</p><p>tico da situação existente, definição de princípios norteadores de reforma, detalhamento de medidas a serem adotadas e pla-</p><p>nejamento de sua implementação. A atual reforma, como já mencionado, foi concebida por um grupo restrito de assessores do</p><p>Governo e implementada, pelo menos no início, por medidas provisórias, ou mesmo por atos administrativos internos, como</p><p>no caso das medidas visando à redução de pessoal. A filosofia da reforma deve ser buscada, então, nos enunciados políticos</p><p>de natureza geral do chefe de Governo e de sua equipe (...) modernização do Estado e melhoria da eficiência da máquina go-</p><p>vernamental, principalmente através de uma política de administração de recursos humanos mais austera” (CASTANHAR:</p><p>1991, 51-52).</p><p>Predominantemente orientadas pelo princípio do Estado mínimo, as ações do governo visando efetivar a modernização</p><p>do Estado e da própria economia nacional concentraram-se no incentivo à privatização mediante o fomento do Pro-</p><p>grama Nacional de Desestatização, e a uma política industrial destinada a promover maior competitividade dos produ-</p><p>tos brasileiros, por meio do investimento em pesquisa e desenvolvimento, financiamento dos setores de ponta e aber-</p><p>tura da economia às importações, com a eliminação de barreiras tarifárias. O governo objetivava criar, deste modo, um</p><p>ambiente interno favorável aos investimentos estrangeiros.</p><p>A ausência de uma filosofia de reforma refletiu-se na criação e reprodução de padrões institucionais diversificados. O</p><p>Programa Nacional de Desestatização foi implementado simultaneamente ao avanço do processo de descentralização</p><p>da gestão dos serviços sociais com a regulamentação da política de saúde , cuja característica é a marcante presença</p><p>do Estado na regulação e produção de serviços - em verdade um desdobramento das diretrizes já definidas na Consti-</p><p>tuição Federal de 1988. Um outro mecanismo utilizado pelo governo Collor na área social diz respeito à “privatização da</p><p>distribuição de bens e serviços” assistenciais (DRAIBE: 1989), com a transferência indiscriminada de recursos para</p><p>entidades ditas filantrópicas.</p><p>Não obstante os esforços de desestatização e o avanço da descentralização da política de saúde verificados neste</p><p>período, as ações do governo Collor não lograram romper com a base institucional estabelecida a partir dos anos 30,</p><p>contribuindo para a continuidade do modelo centralizador e burocrático.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.A respeito das reformas da Administração Pública no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA.</p><p>A) As principais realizações do DASP foram: o ingresso no serviço público por concurso; critérios gerais e uni-</p><p>formes de classificação de cargos; organização dos serviços de pessoal; administração orçamentária; e pa-</p><p>dronização das compras do Estado. O DASP foi o símbolo da reforma burocrática no governo Vargas.</p><p>B) O governo Juscelino Kubitschek foi caracterizado, no campo da gestão pública, pela criação dos Grupos Exe-</p><p>cutivos, instrumento pragmático de gestão, mas que funcionava paralelamente à estrutura da Administração</p><p>Pública.</p><p>C) Para os defensores da reforma gerencial, a reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei n°200 constitui um re-</p><p>trocesso burocrático.</p><p>D) No início dos anos 1980, registrou-se uma nova tentativa de reformar a burocracia e orientá-la na direção da</p><p>administração pública gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do Programa Nacional</p><p>de Desburocratização-PrND, cujos objetivos eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a</p><p>descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos processos administrativos e a promoção da</p><p>eficiência.</p><p>E) Em 1985, após a transição de um governo militar para um governo civil, foi constituída a Comissão Geral do</p><p>Plano de Reforma Administrativa que definiu três eixos para a reforma: contenção de gastos públicos, racio-</p><p>nalização das estruturas administrativas e formulação de uma política de recursos humanos. Os estudos rea-</p><p>lizados por essa Comissão influenciaram o processo constituinte, em 1987, e terminaram, parcialmente, sen-</p><p>do transformados em normas constitucionais, em 1988.</p><p>GABARITO: 01 – C</p><p>A Reforma Gerencial no Brasil</p><p>Em meados da década de 1990, encontra-se o período em que os países periféricos aderiram ao modelo gerencial, mo-</p><p>delo já adotado pelos países desenvolvidos no final da década de 1980, conforme já dito. No Brasil, este modelo de</p><p>administrar foi introduzido pela reforma gerencial na Administração Pública, através do Plano Diretor da Reforma do</p><p>Aparelho do Estado (PDRAE).</p><p>O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado - PDRAE</p><p>Um dos primeiros passos realizados no Governo FHC foi a indicação de Bresser-Pereira para o Ministério da Adminis-</p><p>tração e Reforma do Estado - MARE, que passou a estudar tanto as experiências europeias da nova administração pú-</p><p>blica como o Movimento Reinventando o Governo.</p><p>Argumentou o Ministro do MARE que os países altamente endividados promoveram o ajuste estrutural (ajuste fiscal,</p><p>liberalização do comércio, privatização e desregulamentação), alcançando resultados positivos ao controlar a balança</p><p>de pagamentos e as taxas de inflação. No entanto, tais medidas não retornaram o crescimento econômico, dado que os</p><p>cidadãos continuavam a exigir mais do Estado, e as políticas públicas desempenhavam um papel tão grande no capita-</p><p>lismo contemporâneo que o Estado não tinha condições de atender à sobrecarga de demandas.</p><p>Assim, ainda em 1995, apresentou o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado - PDRAE, instrumento de proposta</p><p>da reforma da administração pública "em bases modernas e racionais" (PDRAE, pg. 6), através do fortalecimento do</p><p>Estado e de sua ação reguladora, melhoria dos</p><p>serviços básicos e implementação de políticas de cunho social (PDRAE,</p><p>1995, p. 6).</p><p>A reforma deveria se voltar para a eficiência, qualidade e desenvolvimento de uma cultura gerencial, atendendo aos</p><p>seguintes objetivos, expressamente declarados no PDRAE (1995, p.16):</p><p>(1) o ajustamento fiscal duradouro;</p><p>(2) reformas econômicas orientadas para o mercado, que, acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, ga-</p><p>rantam a concorrência interna e criem condições para o enfretamento da competição internacional;</p><p>(3) a reforma da previdência social;</p><p>(4) a inovação dos instrumentos de política social, proporcionando maior abrangência e promovendo melhor qualidade</p><p>para os serviços sociais; e</p><p>(5) a reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua 'governança', ou seja, sua capacidade de implementar</p><p>de forma eficiente políticas públicas.</p><p>Para alcançar esses objetivos, o Plano diretor estava organizado da seguinte forma:</p><p> Uma breve interpretação da crise do Estado;</p><p> Uma classificação evolutiva das três formas de administração pública: patrimonial, burocrática e gerencial;</p><p> Um breve histórico das reformas administrativas no Brasil: a reforma do DASP, a reforma de 67, o retrocesso de</p><p>88;</p><p> Um diagnóstico da administração pública brasileira nas dimensões institucional-legal, recursos humanos, di-</p><p>mensão cultural e dimensão gestão;</p><p> Um quadro referencial dos setores do Estado, das formas de propriedade e dos tipos de gestão;</p><p> Uma avaliação da concepção de Estado, das dimensões técnicas e do impacto inicial da reforma;</p><p> Uma estratégia de transição e mudança;</p><p> Projetos de reforma do aparelho do Estado.</p><p>As Mudanças Estruturais e os Objetivos da Reforma</p><p>Conforme o PDRAE (1995), os objetivos globais da reforma do aparelho do Estado estavam voltados para o aumento da</p><p>governança, para garantir a efetividade e a eficiência, atendendo às necessidades do cidadão, e para:</p><p>• Limitar a ação do Estado àquelas funções que lhe são próprias, reservando, em princípio, os serviços não ex-</p><p>clusivos, para a propriedade pública não estatal; e a produção de bens e serviços para o mercado, para a inici-</p><p>ativa privada.</p><p>• Transferir da União para os estados e municípios as ações de caráter local e só em casos de emergência ca-</p><p>beria à ação direta da União.</p><p>• Transferir parcialmente da União para os estados as ações de caráter regional, permitindo uma maior parceria</p><p>entre os estados e a União (PDRAE, p. 45).</p><p>O Objetivo central do PDRAE era a reorientação da ação do Estado para a produção de resultados, através do aumento</p><p>da autonomia e da profissionalização dos gestores públicos, para que pudessem participar da formulação e implemen-</p><p>tação das políticas públicas; e da descentralização das ações, concebendo agências executivas, agências reguladoras</p><p>e organizações sociais, controladas através de contratos de gestão, para definir metas e indicadores de desempenho.</p><p>Além disso, o Estado intencionava transferir para o setor privado às atividades que podiam ser controladas pelo mer-</p><p>cado (privatizações), já que o modelo de execução direta do passado mostrou-se ineficiente e, também, descentralizar</p><p>os serviços competitivos e não exclusivos, que não envolviam o poder de estado, para o setor público não estatal, prin-</p><p>cipalmente, os serviços sociais, como educação e saúde, cultura e pesquisa científica.</p><p>Essa nova atuação do Estado demonstrou um abandono "do papel de executor ou prestador direto de serviços, man-</p><p>tendo-se, entretanto, no papel de regulador, provedor ou promotor destes" (PDRAE, p. 13).</p><p>Como promotor dos serviços, o Estado continuaria a subsidiá-los, controlá-los e regulamentá-los, particularmente, no</p><p>nível federal, com urna progressiva descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal, das funções executi-</p><p>vas no campo da prestação de serviços sociais e de infraestrutura.</p><p>Nos termos do PDRAE (1995), todas essas mudanças estruturais ocorreriam através do reconhecimento de quatro nú-</p><p>cleos dentro do Estado - estratégico, atividades exclusivas, atividades não-exclusivas e bens e serviços para o mercado,</p><p>nos quais se distinguiu o tipo de propriedade (estatal, pública não-estatal e privada), a forma de administrar (burocráti-</p><p>ca e gerencial) e as espécies de instituições.</p><p>As estratégias específicas para cada um desses núcleos eram:</p><p>A) O Núcleo Estratégico correspondia ao governo, em sentido lato, aos Poderes Legislativo e Judiciário; ao Ministério</p><p>Público; ao Poder Executivo, em especial, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assesso-</p><p>res diretos.</p><p>Seria responsável pelo planejamento, pela definição das leis e pela formulação das políticas públicas.</p><p>O regime de propriedade seria necessariamente estatal e a forma de administrar seria um misto de burocrática e geren-</p><p>cial. A burocracia, embora sofrendo do excesso de formalismo e da ênfase no controle dos processos, tem como van-</p><p>tagens a segurança e a efetividade das decisões, garantindo que as decisões sejam cumpridas. Já a administração</p><p>pública gerencial caracteriza-se pela eficiência dos serviços prestados aos cidadãos. Nesse caso, a efetividade é mais</p><p>importante que a eficiência. Traz como objetivos específicos:</p><p> Aumentar a efetividade de forma que os objetivos democraticamente acordados sejam alcançados;</p><p> Modernizar a administração burocrática, que se justifica pela segurança e efetividade, através de uma política</p><p>de profissionalização do serviço público, carreira, concurso público anual, administração salarial, educação</p><p>continuada e avaliação de desempenho; e</p><p> Dotar o núcleo estratégico de capacidade gerencial, para definir e supervisionar os contratos de gestão c0m as</p><p>agências autônomas e as organizações sociais.</p><p>B) O Núcleo das Atividades Exclusivas de Estado seria formado pelos órgãos responsáveis pela fiscalização, regula-</p><p>mentação, segurança pública, fomento de atividades sociais e científicas, onde se exerce o "Poder Extroverso do Es-</p><p>tado", a exemplo da cobrança e fiscalização dos impostos, polícia, previdência social básica, serviço de desemprego,</p><p>fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, serviço de trânsito, compra de serviços de saúde pelo Estado,</p><p>controle do meio ambiente, subsídio à educação básica, serviço de emissão de passaportes, etc.</p><p>A propriedade seria estatal e a forma de administrar gerencial, atendendo aos cidadãos com boa qualidade a um custe</p><p>baixo, com eficiência. Tinha como objetivos específicos:</p><p> Transformar as autarquias e fundações em agências autônomas, administradas segundo contrato de gestão,</p><p>cujo dirigente terá liberdade para administrar os recursos humanos, materiais, financeiros, desde que atinja os</p><p>objetivos qualitativos e quantitativos (indicadores de desempenho) acordados.</p><p> Substituir a administração do controle a priori para o controle a posteriori dos resultados e promover a competi-</p><p>ção administrada.</p><p> Fortalecer o controle social e práticas de participação popular.</p><p>C) O Núcleo das Atividades Não Exclusivas de Estado, setor competitivo, seria formado por órgãos do Estado e por</p><p>organizações públicas não estatais e privadas, cuja regra era publicizar.</p><p>Desenvolveriam atividades competitivas consideradas essenciais à proteção dos direitos humanos, como saúde e edu-</p><p>cação; ou atividades que possuíssem "economias externas" relevantes, na medida que produzissem ganhos que não</p><p>podiam ser apropriados através do mercado, corno nos casos dos museus.</p><p>A forma de administrar seria gerencial, primando pela eficiência. o regime de propriedade seria público não estatal.</p><p>Tinha como objetivos específicos:</p><p> Transferir para o setor não estatal, num processo de publicização, transformando as fundações públicas em</p><p>organizações sociais, entidades de direito privado, sem fins lucrativos.</p><p> Atribuir maior autonomia e responsabilidade aos dirigentes.</p><p> Viabilizar o controle social, efetuar parcerias com a sociedade, aumentando a</p><p>eficiência e a qualidade dos ser-</p><p>viços, atendendo melhor ao cidadão-cliente a um custo menor. Com relação às atividades auxiliares ou de</p><p>apoio, corno limpeza, vigilância, transporte, serviços técnicos e manutenção, seriam submetidas à licitação pú-</p><p>blica e contratadas com terceiros.</p><p>D) O Núcleo da Produção de Bens e Serviços para o Mercado seria o setor onde se desenvolveriam atividades econô-</p><p>micas voltadas para o lucro, cuja regra era privatizar. Somente permaneceriam no aparelho do Estado aquelas em-</p><p>presas que o setor privado não quis realizar o investimento, pois faltou capital; ou porque seriam atividades natu-</p><p>ralmente monopolistas ou estratégicas para o Estado, corno, por exemplo, as do setor de infraestrutura. O tipo de</p><p>administração é gerencial e a propriedade é privada. Tem como objetivos específicos:</p><p> Continuar o processo de privatização, através do Conselho de Desestatização.</p><p> Reorganizar e fortalecer os órgãos de regulação dos monopólios naturais que foram privatizados.</p><p> Implantar contratos de gestão nas empresas que não puderem ser privatizadas.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.Considerando que a reforma administrativa consolidou-se a partir da identificação de quatro setores do estado</p><p>brasileiro, numere a coluna da direita de acordo com sua correspondência com a coluna da esquerda.</p><p>1. Núcleo estratégico.</p><p>2. Atividades exclusivas de Estado.</p><p>3. Serviços não exclusivos.</p><p>4. Produção de bens e serviços para o mercado.</p><p>( ) Universidades, hospitais, centros de pesquisa, museus etc.</p><p>( ) Empresas estatais competitivas no mercado.</p><p>( ) Presidente da República, Ministros de Estado e a cúpula dos ministérios.</p><p>( ) Polícia, forças armadas, órgãos de fiscalização e regulamentação e órgãos responsáveis pelas transferên-</p><p>cias de recursos.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de cima para baixo.</p><p>A) 3 – 1 – 2 – 4.</p><p>B) 1 – 4 – 2 – 3.</p><p>C) 4 – 3 – 1 – 2.</p><p>D) 3 – 4 – 1 – 2.</p><p>02.A transferência do setor estatal para o público não estatal, da execução de serviços que não envolvem o exercí-</p><p>cio do poder de Estado, mas devem ser subsidiados pelo Estado, como, por exemplo, os serviços de educação,</p><p>saúde e cultura, é chamada de</p><p>A) descentralização.</p><p>B) desconcentração.</p><p>C) desestatização.</p><p>D) publicização.</p><p>GABARITO: 01 – D 02 – D</p><p>A Emenda Constitucional nº19/98</p><p>A Emenda Constitucional nº 19, também conhecida como “Reforma Administrativa”, deu continuidade às reformas do</p><p>PDRAE, na busca de uma “Nova Gestão Pública”. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 173, que originou a EC</p><p>nº19/98, foi orientada pelo PDRAE (MARE,1995), que assim a justificou:</p><p>As emendas do capítulo da administração pública são fundamentais no processo de transição para uma admi-</p><p>nistração pública gerencial porque incorporam ou viabilizam uma nova perspectiva em relação à gestão e ao</p><p>controle do aparelho do Estado (MARE, 1995, p. 50).</p><p>Para atender a esta nova perspectiva, as propostas buscaram as seguintes mudanças, no capítulo da Administração</p><p>Pública da Constituição Federal de 1988:</p><p>[...] o fim da obrigatoriedade do regime jurídico único, permitindo-se a volta de contratação de servidores celetis-</p><p>tas; a exigência de processo seletivo público para a admissão de celetistas e a manutenção do concurso público</p><p>para a admissão de servidores estatutários; a flexibilização da estabilidade dos servidores estatutários, permitin-</p><p>do-se a demissão, além de por falta grave, também por insuficiência de desempenho e por excesso de quadros;</p><p>nos dois últimos casos o servidor terá direito a uma indenização; no caso de insuficiência de desempenho, que</p><p>tem por objetivo levar o servidor a valorizar o seu cargo, e permitir ao administrador público cobrar trabalho, o</p><p>funcionário só poderá ser demitido depois de devidamente avaliado, e terá sempre direito a processo administra-</p><p>tivo específico com ampla defesa; no caso de exoneração por excesso de quadros, a exoneração deverá obede-</p><p>cer a critérios gerais estabelecidos em lei complementar, e os cargos correspondentes serão automaticamente</p><p>extintos, não podendo ser recriados em um prazo de quatro anos; possibilidade de se colocar servidores em dis-</p><p>ponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço como alternativa à exoneração por excesso de</p><p>quadros; permissão de contratação de estrangeiros para o serviço público, sempre através de concurso ou pro-</p><p>cesso eletivo público, desde que lei específica o autorize; limitação rígida da remuneração dos servidores públi-</p><p>cos e membros dos Poderes, inclusive vantagens pessoais, à remuneração do Presidente da República; limitação</p><p>rígida dos proventos da aposentadoria e das pensões ao valor equivalente percebido na ativa; facilidade de trans-</p><p>ferência de pessoal e de encargos entre pessoas políticas da Federação, a União, os Estados-membros, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, mediante assinatura de convênios; eliminação da isonomia como direito subjetivo, em-</p><p>bora mantenha, implicitamente, o princípio, que é básico para qualquer boa administração (MARE, 1995, p.50-51).</p><p>A Emenda Constitucional nº 19/98 foi aprovada sem alterar a essência das propostas originais, substancialmente</p><p>transcritas do PDRAE para a PEC nº 173/95. Não obstante, Dasso Jr. (2006) destaca duas alterações que influenciaram</p><p>o servidor público de forma significativa.</p><p>A primeira tem com a eliminação do regime jurídico único, conjugada à possibilidade de contratar servidores regidos</p><p>pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o que se desdobrou na categorização dos servidores públicos.</p><p>Os servidores de “primeira categoria” são os denominados estatutários, possuindo estabilidade e direito à apo-</p><p>sentadoria integral. Os de “segunda categoria”, os “celetistas” não possuem direito à estabilidade no cargo e nem</p><p>à aposentadoria integral (DASSO JR., 2006, p.258).</p><p>A segunda alteração é a eliminação do instituto da estabilidade, pelas possibilidades de exoneração descritas nos inci-</p><p>sos III do artigo 41 e II do artigo 169. No primeiro inciso, a exoneração de servidor estável é viabilizada mediante avalia-</p><p>ção de desempenho, por outro lado, entretanto, não prevê constitucionalmente uma avaliação do gestor idealizado no</p><p>PDRAE. O segundo dispositivo legal autoriza a exoneração do servidor estável por excesso de quadros, após a adoção</p><p>de medidas como redução de 20% de cargos em comissão e funções de confiança, e mais dos servidores não estáveis,</p><p>para os casos de ajuste aos limites orçamentários estabelecidos em lei complementar. Sobre o assunto, Dasso Jr.</p><p>(2006) conclui:</p><p>Não há norma constitucional que regule a avaliação de uma política pública, deixando o gestor livre. No limite, o</p><p>servidor público é quem será penalizado. Em função disso, pode-se afirmar que não há mais estabilidade no ser-</p><p>viço público. Todas essas medidas, ao contrário do discurso ultraliberal do governo, serviram para debilitar ainda</p><p>mais os já precários serviços públicos prestados à população brasileira, pois a redução de pessoal se deu princi-</p><p>palmente em áreas voltadas às políticas sociais, que não estavam incluídas no “Núcleo Estratégico” (DASSO JR.,</p><p>2006, p.258).</p><p>Com a aprovação da EC nº 19/98, o gestor adquire mais discricionariedade, contudo, as justificativas de suas ações</p><p>não foram regulamentadas de modo a serem aferidas, resultando numa palpável transferência de poder para o núcleo</p><p>estratégico e consequente enfraquecimento do controle político. Paula (2005) descreve de que forma as decisões são</p><p>tomadas no governo de Fernando Henrique Cardoso.</p><p>As decisões estratégicas não se parametrizavam pelos procedimentos democráticos e as elites tecnocráticas se</p><p>eximiam de explicar e justificar suas ações. Assim, o que se observa no governo de Fernando Henrique Cardoso é</p><p>a proliferação de decisões tomadas por um pequeno círculo burocrático que se situa fora do controle político e</p><p>do escrutínio público</p><p>(PAULA, 2005, p.134).</p><p>Em síntese, o avanço do liberalismo fez-se presente com o PDRAE e legalizou-se, principalmente, mediante a vigência</p><p>da EC nº 19/98, que alavancou a Nova Gestão Pública (NGP) no Brasil, também denominada de gerencialismo ou Admi-</p><p>nistração Gerencial.</p><p>GOVERNABILIDADE</p><p>Origem</p><p>O termo governança, originado do inglês governance, no sentido de regulação social com vistas à governabilidade, vin-</p><p>cula-se à probabilidade normativa de “bom governo”, no sentido da participação, eficácia, inovação, confiabilidade, co-</p><p>mo condições para evitar métodos de pirataria nos governos:</p><p> clientelismo,</p><p> favorecimentos imorais e,</p><p> corrupção, etc.</p><p>Seria então, controlar as políticas do governo, sem ser incriminado de ingerência no plano político e social, transformar</p><p>o ato governamental em ação pública, o ambiente governamental em espaço público, para articulação das ações do</p><p>governo, questionando a governança através da demarcação do alcance da governabilidade, imperando aí o consenso</p><p>controlado.</p><p>Conceito</p><p>Governar significa “administrar, dirigir, reger, ter poder sobre, conduzir”. Nesse sentido, governabilidade quer dizer apti-</p><p>dão de conduzir, administrar, governar os negócios públicos.</p><p>Manoel Gonçalves Ferreira Filho conceitua governabilidade como sendo a “possibilidade de ação governativa eficaz.</p><p>Quer dizer, traduz a aptidão de um Estado determinado realizar os objetivos que se propõe – a sua missão - não em</p><p>abstrato, mas em face de um quadro concreto”</p><p>O citado autor define, ainda, que “a governabilidade de um Estado consiste na capacidade de obtenção dos resultados</p><p>almejados. Ou seja, na capacidade de efetivar a política definida pelo Governo”. Se relacionada às condições políticas</p><p>em que se devem fixar as ações da administração pública e a legitimidade dos governos.</p><p>Segundo Leonardo Valles Bento, tem se que:</p><p>[...] a governabilidade encontra-se referida às condições materiais do exercício do poder, à legitimidade e</p><p>sustentação política dos governos para levar a cabo seu programa, ou para formular estratégias de desen-</p><p>volvimento de longo prazo, ou ainda à capacidade dos poderes públicos de intermediar os interesses da</p><p>sociedade civil, de articular coalizões políticas entre partidos e grupos sociais que apoiem o governo.</p><p>A governabilidade está condicionada as peculiaridades da sociedade governada, depende das condições políticas, eco-</p><p>nômicas, sociais e da adequação do Governo aos objetivos planejados e resulta da relação dessas condições com a</p><p>máquina governamental e seu governante.</p><p>Segundo Bresser Pereira, Governabilidade é a "capacidade de governar derivada da relação de legitimidade do Estado e</p><p>do seu governo com a sociedade civil."</p><p>Para Eli Diniz são "condições sistêmicas de exercício do poder pelo Estado e seu governo em uma determinada socie-</p><p>dade."</p><p>Segundo Caio Marini (1996), a governabilidade pode ser definida como as condições de legitimidade de um determina-</p><p>do governo para empreender as transformações necessárias, ao passo que a governança estaria relacionada à capaci-</p><p>dade de implementação das reformas, nos seus aspectos técnicos, financeiros e gerenciais. são "condições de legiti-</p><p>midade de um determinado governo para empreender as transformações necessárias."</p><p>A governabilidade, por sua vez está ligada à ação do governo, ou seja, ação de “governar” enquanto verbo. Assim, pode-</p><p>se inferir que a governabilidade condiz mais à dimensão político-estatal e diz respeito às “condições sistêmicas e insti-</p><p>tucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo,</p><p>as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de interesses” (SANTOS, 1997, p. 342).</p><p>Governabilidade diz respeito às condições de legalidade de um determinado governo para atentar às transformações</p><p>necessárias, enquanto que governança está relacionada à capacidade de colocar as condições da governabilidade em</p><p>ação. Governabilidade e governança dizem respeito à democracia e cidadania, não a projeto de poder. No entanto, de-</p><p>ploravelmente o Brasil apresenta um vício de raiz, que emperra as significações.</p><p>ESQUEMATIZANDO OS ESTUDOS!!!!!</p><p>A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve ser legítimo e contar com o apoio da população e de</p><p>seus representantes. No dizer de Bresser-Pereira (1998), significa capacidade política de governar, “governabilida-</p><p>de é uma capacidade política de governar derivada da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a</p><p>sociedade”. Nesse mesmo sentido, o Caderno Mare no 01 esclarece que um governo tem governabilidade “na medi-</p><p>da em que seus dirigentes contem com os necessários apoios políticos para governar”, e que a capacidade política</p><p>de governar ou governabilidade decorre do relacionamento “do Estado e do seu governo com a sociedade”.</p><p>Os governos legítimos, segundo Lamartine Braga et al. (2008), têm Constituição e leis duradouras em espírito e</p><p>ações; tratam os cidadãos imparcialmente, respeitam os indivíduos e a comunidade; tomam decisões transparen-</p><p>tes; usam poder coercivo; protegem os interesses coletivos de ganhos privados; usam políticas atuais que satisfa-</p><p>zem as necessidades dos cidadãos envolvidos; cuidam dos interesses coletivos; constroem e mantêm a confiança</p><p>nas instituições públicas.</p><p>A fonte ou origem da governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, os partidos políticos, as associa-</p><p>ções e demais agrupamentos representativos da sociedade. Vinicius Araújo (2002) descreve essa fonte de legiti-</p><p>midade como “o apoio obtido pelo Estado às suas políticas” e como a capacidade dos governos de “articular alian-</p><p>ças e coalizões/pactos entre os diferentes grupos sociopolíticos para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a</p><p>ser implementado”.</p><p>Atenção → Não confunda clientelismo, que pressupõe duas pessoas, em que se trocam benefícios por apoio político,</p><p>com fisiologismo, que se caracteriza pela ação de grupos, que buscam vantagens pessoais em detrimento do interesse</p><p>público.</p><p>Diferentemente do clientelismo, o corporativismo é uma prática de organização social com base em entidades repre-</p><p>sentativas de interesses das categorias profissionais. É uma ação sindical, política, em que prevalece a defesa dos</p><p>interesses ou privilégios de um setor organizado da sociedade (Dicionário Aurélio, 2003). Essas entidades contam com</p><p>o apoio do Estado e detêm o monopólio da representação (um sindicato para cada categoria).</p><p>O neocorporativismo (ou corporativismo societal) – nesse caso a representação ocorre entre a sociedade civil e o Es-</p><p>tado. Existe um grande número de associações/entidades representativas que passam a decidir com o Estado a ques-</p><p>tão das políticas públicas. Regra geral, elas também detêm o monopólio da representação; no entanto, o Estado não</p><p>cria essas entidades, mas concede-lhes o reconhecimento institucional e lhes delega algumas funções (públicas ou</p><p>semipúblicas – Claus Offe,1989). No neocorporativismo são as entidades privadas que conquistam o direito de partici-</p><p>par do processo decisório.</p><p>Atenção → São diferenças marcantes entre o corporativismo e o neocorporativismo: no primeiro caso, o Estado cria as</p><p>entidades e impõe às regras do jogo; e no segundo, o Estado não cria, e as associações e entidades representativas</p><p>são livres para aceitarem (ou não) a representação de interesses.</p><p>Atenção → Não governabilidade é diferente de ingovernabilidade: ingovernabilidade ocorre quando falta ao Governo o</p><p>apoio necessário, a legitimidade (falta de apoio político dos parlamentares e falta de apoio popular); não governabilida-</p><p>de é a soma de duas crises simultâneas: a crise de governabilidade aliada a uma crise de governança.</p><p>GOVERNANÇA</p><p>Conceito</p><p>Sobre Governança Pública (KISSLER, HEIDEMANN, 2006, pp. 479-499), referenciando o debate atual acerca da moder-</p><p>nização do setor público alemão, destacam</p><p>era uma administração patrimonialista.”</p><p>O modelo patrimonialista, originalmente, predominou nos estados absolutistas. Isso não significa que com o surgimen-</p><p>to da burocracia e do gerencialismo ele desapareceu, muito pelo contrário. No Brasil, especificamente, práticas patri-</p><p>monialistas persistem acontecendo até os dias atuais, mesmo com todos os controles e pressões sociais contra tais</p><p>condutas.</p><p>Características da administração patrimonialista</p><p> Confusão entre a propriedade privada e a propriedade pública;</p><p> Impermeabilidade à participação social-privada;</p><p> Endeusamento do soberano;</p><p> Corrupção e nepotismo;</p><p> Caráter discricionário e arbitrário das decisões;</p><p> Ausência de carreiras administrativas;</p><p> Desorganização do Estado e da Administração;</p><p> Cargos denominados prebendas ou sinecuras;</p><p> Descaso pelo cidadão e pelas demandas sociais;</p><p> Poder oriundo da tradição/hereditariedade.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.O modelo de administração pública em que o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do so-</p><p>berano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real é a administração pública</p><p>A) gerencial. D) liberal.</p><p>B) burocrática. E) orçamentária.</p><p>C) patrimonialista.</p><p>02.Leia as afirmações abaixo sobre Modelo Patrimonial de Administração Pública e assinale a alternativa correta.</p><p>I. A compreensão do modelo patrimonial de administração pública requer a retomada de um fundamento da</p><p>dominação tradicional: a piedade pessoal.</p><p>II. Na dominação tradicional, a reverência ao soberano garante a legitimidade das regras instituídas por ele.</p><p>Prevalece entre os subjugados a noção de que tal autonomia não é limitada por forças concorrentes, o que</p><p>possibilita o exercício pessoal e arbitrário do poder.</p><p>A) Todas as afirmações estão corretas.</p><p>B) Nenhuma das afirmações está correta.</p><p>C) Somente a afirmação I está correta.</p><p>D) Somente a afirmação II está correta.</p><p>03.Ao relacionar os modelos de análise histórica da gestão pública ao longo do tempo, é correto afirmar que:</p><p>A) A etapa patrimonialista da gestão pública perdurou por cerca de cinco décadas, circunscrevendo-se ao final</p><p>do período monárquico e início do republicano.</p><p>B) O modelo burocrático é circunscrito ao início do século XX até os anos 60, dado o necessário controle da coi-</p><p>sa pública e o baixo uso de tecnologias de informação.</p><p>C) O modelo patrimonial tem sido imprescindível no início deste século, para a efetividade da administração pú-</p><p>blica frente às crises econômicas planetárias.</p><p>D) O modelo gerencial foi uma etapa importante do desenvolvimento da administração pública brasileira, surgi-</p><p>da no Estado Novo de Getúlio Vargas.</p><p>E) O modelo gerencial é o modelo contemporâneo, que enfoca resultados e uma gestão pública pautada em</p><p>competências, além do foco no cliente.</p><p>GABARITO: 01 – C 02 – A 03 – E</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA</p><p>2.1 O QUE É BUROCRACIA?</p><p>A origem do termo burocracia é remetida a um ministro do governo francês do século XVIII chamado Jean-Claude Marie</p><p>Vincent que criou o termo bureaucratie, burocracia em português, para se referir às repartições públicas. O termo é</p><p>formado pelo termo francês bureau (escritório) e krátos, oriundo do grego e que significa poder. Portanto, a palavra</p><p>burocracia referiu-se, em sua criação, ao exercício do poder nos escritórios e repartições públicas.</p><p>Na literatura, o termo foi desenvolvido mantendo suas origens, porém com uma profundidade muito maior e já não se</p><p>referia somente a repartições públicas e escritórios, mas a vários tipos de organizações. A contribuição de maior rele-</p><p>vância a respeito da burocracia foi a do alemão Max Weber2 (1963; 1978; 1998; 1999), cujas obras são a principal base</p><p>teórica do presente trabalho e no qual vários outros autores se inspiraram e aprofundaram seus conceitos, ou mesmo</p><p>os sistematizaram. Um desses autores é Richard H. Hall (1961; 1962; 1963; 1967; 1968; 1978), que apresentou a buro-</p><p>cracia em seis dimensões, sob as quais se pauta toda a análise referente à burocracia nessa pesquisa.</p><p>O que esses autores entendem por burocracia? Certamente o conceito vai muito além do que se compreende por buro-</p><p>cracia no senso comum. No conceito de Weber (1963, p. 264), "a burocracia é o meio de transformar uma 'ação comuni-</p><p>tária' em 'ação societária' racionalmente ordenada". Motta (1986, p.7) define de modo amplo a burocracia, o que remete,</p><p>sobretudo, ao campo das organizações:</p><p>Burocracia é uma estrutura social na qual a direção das atividades coletivas fica a cargo de um aparelho</p><p>impessoal hierarquicamente organizado, que deve agir segundo critérios impessoais e métodos racionais.</p><p>Esse aparelho dirigente, isto é, esse conjunto de burocratas, é economicamente privilegiado e seus mem-</p><p>bros são recrutados de acordo com regras que o próprio grupo adota e aplica.</p><p>Na atualidade, a organização burocrática é vista como o tipo de sistema social dominante (MOTTA; PEREIRA, 1986),</p><p>mas não só, a burocracia é também considerada um modelo social fundamental na sociedade moderna (RAMOS,</p><p>1989). Entretanto, ela não surgiu recentemente.</p><p>ESQUEMATIZANDO OS ESTUDOS!!!!!!</p><p>Administração Pública Burocrática – Surge na segunda metade do século XIX, na época do Estado liberal, como</p><p>forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimonialista.</p><p>O modelo burocrático de administração pública no Brasil remonta aos anos de 1930 até a década de 1995. O marco</p><p>inicial para institucionalização deste modelo é o governo de Getúlio Vargas, com a criação do Departamento Admi-</p><p>nistrativo do Serviço Público (DASP) em 1936, o qual representou a primeira reforma administrativa do estado bra-</p><p>sileiro.</p><p>No período de governo de Getúlio Vargas (1930-1945) ressalta-se que havia se instaurado a crise de 1929 e que no</p><p>campo da teoria econômica estava em discussão a teoria de Keynes. Neste sentido fortalece-se a ideia de Estado</p><p>interventor em contraposição aos ideais liberais, assim como a ideia do Estado de Bem-Estar Social (Aragão, 1997).</p><p>A escolha pelo modelo burocrático visava romper com as práticas de corrupção, nepotismo e arbitrariedade das</p><p>ações públicas, características do modelo patrimonialista até então vigente e contrário aos interesses da uma nova</p><p>classe brasileira que ganhava corpo, a classe urbana.</p><p>A institucionalização deste modelo está fundamentada nos estudos de Max Weber (1864-1920), o qual considera</p><p>que as organizações podem tornar-se mais eficientes a partir da implementação de normas bem definidas. O racio-</p><p>cínio burocrático reside na ideia de ordenamento e dominação legitimada pela existência de normas (Weber, 1999).</p><p>Este modelo apresenta alguns elementos essenciais, dentre eles: a estrutura de autoridade impessoal; hierarquia</p><p>de cargos altamente especificada; descrição de cargos com claras esferas de competência e atribuições; seleção</p><p>com base em qualificação técnica; remuneração fixa compatível com a hierarquia de cargos; o cargo como única</p><p>ocupação do burocrata; promoção baseada em sistema de mérito; separação entre os bens públicos e privados do</p><p>burocrata; e controle sistemático do cargo.</p><p>Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma des-</p><p>confiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas. “Por isso, são sempre</p><p>necessários controles rígidos dos processos, como por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no aten-</p><p>dimento a demandas.”</p><p>CONCEITO</p><p>A burocracia administrativa, ou “Governo de escritório”, desenvolveu-se ao redor dos anos 1940, em função das mu-</p><p>danças socioeconômicas ocorridas e em decorrência das necessidades específicas dos Estados modernos do século</p><p>XX.</p><p>Essa teoria administrativa, que teve em Max Weber seu maior expoente, defendia que: “um homem pode ser pago para</p><p>agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada, muito minuciosamente e, em hipó-</p><p>tese alguma,</p><p>que “esta se tornou um conceito-chave que todos utilizam sem saber exa-</p><p>tamente o que é”, e também que:</p><p>(...) seu significado original continha um entendimento associado ao debate político-desenvolvimentista, no qual</p><p>o termo era usado para referir-se a políticas de desenvolvimento que se orientavam por determinados pressupos-</p><p>tos sobre elementos estruturais – como gestão, responsabilidades, transparência e legalidade do setor público –</p><p>considerados necessários ao desenvolvimento de todas as sociedades (pelo menos de acordo com os modelos</p><p>idealizados por organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas [ONU] ou a Organization for</p><p>European Cooperation and Development [OECD] (KISSLER, HEIDEMANN, 2006, pp. 479-499).</p><p>Não obstante, trazendo a discussão para o setor público brasileiro, Fonseca e Bursztyn (2009, pp.17-46) de forma ade-</p><p>rente à visão de Kissler e Heidmann (2006), entendem a governança pública como sendo “um termo-chave na implan-</p><p>tação de políticas ambientais e de desenvolvimento” e que:</p><p>(...) o fortalecimento da governança representa uma possibilidade de estabelecer um processo político mais</p><p>abrangente, eficiente e justo. A idéia de governança promove o pluralismo político (McFarland, 2007), a eficiência</p><p>e a transparência nas escolhas e decisões públicas, visando incluir uma ampla gama de atores sociais e proces-</p><p>sos (FONSECA e BURSZTYN, 2009, pp.-17-46).</p><p>Nessa mesma direção de entendimentos, os autores trazem ao plano a relevante visão de Grindle (2004, pp. 525-548)</p><p>para quem, numa abordagem mais substantiva:</p><p>(...) governança consiste em: distribuição de poder entre instituições de governo; a legitimidade e autoridade</p><p>dessas instituições; as regras e normas que determinam quem detém poder e como são tomadas as decisões</p><p>sobre o exercício da autoridade; relações de responsabilização entre representantes, cidadãos e agências do Es-</p><p>tado; habilidade do governo em fazer políticas, gerir os assuntos administrativos e fiscais do Estado, e prover</p><p>bens e serviços; e impacto das instituições e políticas sobre o bem estar público.</p><p>ESQUEMATIZANDO OS ESTUDOS!!!!!</p><p>A governança envolve o modo/forma pelo qual o Governo se organiza para prestar serviços à sociedade; o mo-</p><p>do/forma de gestão dos recursos públicos; o modo/forma como divulga suas informações; o modo/forma como se</p><p>relaciona com a sociedade civil; e o modo/forma como constrói os arranjos/acordos institucionais necessários à</p><p>implementação das políticas públicas.</p><p>A governança é instrumental, é o braço operacional da governabilidade, “pode ser entendida como a outra face de</p><p>um mesmo processo, ou seja, como os aspectos adjetivos/instrumentais da governabilidade” (Vinícius Araújo,</p><p>2002). Por ser um instrumento da governabilidade para a realização dos fins do Estado, a governança pressupõe</p><p>condições mínimas de governabilidade, ou seja, em situações de crise grave ou de ruptura institucional, que afetem</p><p>a governabilidade, a governança restará comprometida, haja vista o seu caráter instrumental. “Sem governabilida-</p><p>de é impossível governança” (Caderno Mare nº 01).</p><p>Atenção 1 → Uma boa governança fortalece a legitimidade do Governo e aumenta sua governabilidade.</p><p>Distinção entre Governabilidade e Governança</p><p>No entanto, o autor do PDRAE, Bresser Pereira, faz uma distinção bem clara entre a governabilidade e a governança em</p><p>uma de suas obras, na qual tece comentários sobre este plano, as suas raízes e orientações teóricas e o trabalho que</p><p>executou diante do extinto MARE.</p><p>Nesta ele diz de maneira textual:</p><p>“A governabilidade e a governança são conceitos mal definidos, frequentemente confundidos. Para mim, gover-</p><p>nabilidade é uma capacidade política de governar derivada da relação de legitimidade do Estado e do seu gover-</p><p>no com a sociedade; governança é a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um governo</p><p>implementar políticas”. (Bresser Pereira, 1998: 33).</p><p>É possível inferir, também, que para Bresser Pereira o traço distintivo entre a governabilidade e a governança é o seu</p><p>caráter intrínseco, ou seja, a sua ligação orgânica com o conteúdo da ação estatal (aspecto substantivo/material) ou</p><p>com a sua forma (aspecto adjetivo/instrumental).</p><p>ACCOUNTABILITY</p><p>O conceito de accountability vem se tornando largamente empregado nas ciências sociais. A extensa produção acadê-</p><p>mica acerca do tema – tanto na tradição anglo-saxônica como, mais recentemente, na literatura de língua portuguesa –</p><p>nos últimos anos é uma constatação de sua importância. A ideia de accountability está presente hoje em diversas áreas</p><p>das ciências sociais: desde a administração de empresas até a educação, passando pela administração pública e a</p><p>ciência política. Entretanto, uma rápida revisão dos trabalhos produzidos revela que a definição do conceito ainda care-</p><p>ce de consenso quanto a seu significado e de uma clara delimitação teórica. Percebe-se que a definição tende a variar</p><p>acentuadamente não apenas de autor para autor, mas também conforme a tradição disciplinar na qual o trabalho se</p><p>insere.</p><p>Dadas as restrições de tempo e espaço, e para não perder de vista o nosso foco, restringir-se-á a exegese da ideia de</p><p>accountability ao exame do debate recente acerca do conceito dentro das tradições da ciência política e da administra-</p><p>ção pública. Inicialmente, cabe destacar que a maior fonte de dissensão e controvérsia refere-se à delimitação do con-</p><p>ceito: quão abrangente ou limitado ele deve ser? Nesse sentido, a questão fundamental consiste na identificação das</p><p>atividades relacionadas à responsabilização dos agentes públicos – burocratas e governantes – que devem ou não ser</p><p>incluídas sob o termo.</p><p>Conceito</p><p>O termo accountability vem do latim:</p><p>ad + computare: contar para, prestar contas a, dar satisfação a, corresponder à expectativa de.</p><p>O termo accountability pressupõe duas partes: uma que delega a responsabilidade e a outra que é responsável por gerir</p><p>os recursos. Concomitantemente, cria-se a obrigação de prestação de contas por parte de quem administra os recur-</p><p>sos, que deverá demonstrar por meio dos resultados obtidos o bom uso desses recursos.</p><p>Accountability pode ser entendido como a “capacidade do sistema político de prestar contas de suas promessas aos</p><p>cidadãos”. Em auditoria, accountability é “a obrigação de responder por uma responsabilidade outorgada”. Isso inclui o</p><p>lado que delega responsabilidade e o lado que presta contas pelos recursos utilizados.</p><p>Atenção → Accountability inclui a obrigação de prestar contas, a utilização de boas práticas de gestão e a responsabili-</p><p>zação pelos atos e resultados decorrentes da utilização dos recursos públicos.</p><p>Outro termo utilizado nesse contexto é a “responsividade”, em que os governantes responsivos obedecem aos desejos</p><p>ou às determinações dos cidadãos (o que os levaria a adotar políticas para atender a esses desejos). Os governos são</p><p>responsivos “quando promovem os interesses dos cidadãos, adotando políticas escolhidas pelos cidadãos” (Araújo;</p><p>Gomes, 2006).</p><p>Na literatura há menção a três tipos de accountability: o horizontal e o vertical e o societal.</p><p>O accountability horizontal ocorre através da mútua fiscalização e controle existente entre os poderes (os freios e con-</p><p>trapesos), ou entre os órgãos, por meio dos Tribunais de Contas ou Controladorias Gerais e agências fiscalizadoras –</p><p>pressupõe uma ação entre iguais ou autônomos. Esse accountability refere-se à “transparência das ações da gestão</p><p>pública em relação aos agentes que podem fiscalizá-las e puni-las” (Marcelo Amaral, 2007).</p><p>Atenção → A ação entre iguais ocorre entre os poderes (freios e contrapesos) e a ação entre autônomos se dá median-</p><p>te as agências e órgãos (dos poderes ou independentes).</p><p>São mecanismos/instrumentos de exercício do accountability horizontal: o sistema de freios e contrapesos estabeleci-</p><p>do na Constituição; a atuação do Ministério Público; os Tribunais de Contas, as Controladorias</p><p>Gerais e agências fisca-</p><p>lizadoras; as ouvidorias públicas; os partidos políticos. Há autores que também incluem a imprensa em geral.</p><p>O accountability vertical ocorre quando os cidadãos controlam os políticos e governos por meio de plebiscito, referendo</p><p>e voto, ou mediante o exercício do controle social – pressupõe uma ação entre desiguais. O accountability vertical refe-</p><p>re-se à “transparência das gestões em relação aos eleitores que podem assim fiscalizá-las e puni-las, principalmente</p><p>através do voto em eleições livres e justas” (Marcelo Amaral, 2007).</p><p>Na teoria da relação agente-principal, os cidadãos são o “principal” e os governos e políticos são o “agente”. O accoun-</p><p>tability vertical tem caráter político e pode ser considerado um mecanismo de soberania popular, incidindo sobre os</p><p>atos dos políticos e demais agentes públicos. Os principais mecanismos/instrumentos são o voto e a ação popular.</p><p>Para O’donel apud Ana Mota (2006) accountability vertical são “os mecanismos institucionais que possibilitam ao cida-</p><p>dão e à sociedade civil exigir a prestação de contas pelos agentes públicos, sendo as eleições livres e justas o princi-</p><p>pal”.</p><p>Atenção → Os principais mecanismos de accountability vertical são o voto e a ação popular.</p><p>O terceiro tipo é o accountability social (ou societal), que não está ligado ao cidadão e ao voto, mas às diversas entida-</p><p>des sociais como associações, sindicatos, ONGs, mídia etc., que investigam e denunciam abusos cometidos, e cobram</p><p>responsabilização.</p><p>Atenção → No Brasil existe uma situação de fraca accountability.</p><p>RESUMO SISTEMATIZADO:</p><p>1. GOVERNABILIDADE: refere-se ao poder público em si, capacidade de governar, decorre do relacionamento do</p><p>estado e do seu governo com a sociedade, legitimidade para governar, tem como desafio a intermediação de in-</p><p>teresse, tem na governança seu meio de atuação.</p><p>1.1 Sistema utilizado pelo Governo.</p><p>a) CLIENTELISMO: troca de benefícios por apoio político.</p><p>b) CORPORATIVISMO: é uma ação sindical, política, em que prevalece a defesa dos interesses de um setor organi-</p><p>zado da sociedade.</p><p>c) NEOCORPORATIVISMO: O termo neocorporativismo surge para conceituar os fenômenos de intermediação de</p><p>interesses, cuja característica fundamental é a existência das grandes organizações representativas de interes-</p><p>se privado (corporações) na intermediação política. O antigo corporativismo era criado pelo Estado e por este</p><p>controlado.</p><p>2. GOVERNANÇA: Capacidade de governar, de decidir e implementar políticas públicas que atendam às necessida-</p><p>des da população; diz respeito a parâmetros de competência técnica, com capacidade gerencial, financeira e</p><p>técnica propriamente dita; é o braço operacional da governabilidade; para uma boa governança, fortalece a legi-</p><p>timidade do governo e aumenta sua governabilidade.</p><p>ATENÇÃO: Nova Governança Pública: participação do mercado e da sociedade civil nas decisões. É uma “ponte”</p><p>entre mercado/sociedade civil e a governabilidade. Diz respeito a mecanismo de interesse, de decisões políticas, de</p><p>redes de informações e de decisões estratégicas.</p><p>FIQUE DE OLHO!!!!!</p><p>GOVERNANÇA ELETRÔNICA (E-GOVERNANCE): refere-se à capacidade dos governos utilizarem as tecnologias da</p><p>informação e comunicação para definir e implementar políticas públicas com eficiência e efetividade.</p><p>3. ACCOUNTABILITY: Capacidade do sistema político de prestar contas de suas promessas aos CIDADÃOS.</p><p>Características: RESPONSABILIZAÇÃO, PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS GOVERNANTES;</p><p>Objetivos:</p><p>1. Fortalecimento dos controles e</p><p>2. Despertar a consciência para a correta utilização dos recursos públicos.</p><p>Responsabilidade: Os governos são responsivos quando promovem os interesses dos cidadãos, adotando políticas</p><p>por estes escolhidos.</p><p>ATENÇÃO: Num ambiente democrático, há um forte aspecto político no ACCOUNTABILITY.</p><p> Ação entre iguais – ocorre entre poderes.</p><p> Ação entre autônomos – ocorre entre órgãos.</p><p>Instrumentos de exercício do ACCOUNTABILITY:</p><p>1. Horizontal: Estabelecido pela CF/88. Atuação do MP, TCs, CONTROLADORIAS GERAIS, AGÊNCIAS FISCALIZA-</p><p>DORAS, OUVIDORIAS PÚBLICAS, PARTIDOS POLÍTICOS E IMPRENSA EM GERAL.</p><p>2. Vertical: Exercido pelos CIDADÃOS através do VOTO e da AÇÃO POPULAR.</p><p>3. Social ou Societal: Ligados às diversas ENTIDADES SOCIAIS, tais como, ASSOCIAÇÕES, SINDICATOS, ONGs,</p><p>MÍDIA ETC. É INCAPAZ DE APLICAR SANÇÕES.</p><p>01.Considere as seguintes definições sobre governança e governabilidade:</p><p>I. Governabilidade refere-se ao poder político em si e consiste na capacidade política de governar derivada da rela-</p><p>ção de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade.</p><p>II. Governança pública pode envolver a forma como o Estado se organiza para prestar serviços à sociedade e é ins-</p><p>trumental em relação à governabilidade.</p><p>III. Governabilidade é a capacidade de decidir e de implementar políticas públicas, relacionando-se exclusivamente à</p><p>competência técnica da máquina administrativa e condições econômicas vigentes.</p><p>IV. Governança corresponde aos mecanismos de avaliação das políticas públicas vinculada ao correspondente pla-</p><p>nejamento estratégico.</p><p>Está correto o que se afirma APENAS em</p><p>A) II, III e IV.</p><p>B) I, II e III.</p><p>C) III e IV.</p><p>D) I e IV.</p><p>E) I e II.</p><p>02.Ao que compete à administração pública, o termo accountability significa:</p><p>A) O conjunto formado pelo orçamento e balanço geral das contas públicas.</p><p>B) A capacidade política de governar.</p><p>C) A capacidade financeira e administrativa de governar.</p><p>D) A prestação de contas dos resultados das ações.</p><p>E) As relações entre os poderes.</p><p>03.Governança, na Administração pública, pode ser entendida como</p><p>A) o poder de governar decorrente da legitimidade democrática, relacionado com a capacidade de assegurar condi-</p><p>ções sistêmicas e institucionais para que a organização cumpra sua função</p><p>B) o braço instrumental da governabilidade, envolvendo o modo como o Governo se organiza para atender às neces-</p><p>sidades da população.</p><p>C) a conjugação de políticas públicas voltadas ao combate de práticas ilícitas, tais como corrupção, nepotismo e fa-</p><p>vorecimentos pessoais.</p><p>D) um conjunto de medidas para assegurar a sinergia entre as diversas instâncias de poder, em especial legislativo</p><p>e executivo, a fim de implementar as políticas públicas voltadas ao atendimento às necessidades do cidadão.</p><p>E) um sistema que se aplica exclusivamente às entidade privadas que integram a Administração pública, relativo à</p><p>forma como estas são administradas, objetivando a geração e preservação de valor.</p><p>04.O conceito de accountability tem estreita correspondência com o de responsabilidade social, um dos fundamentos</p><p>das relações públicas comunitárias. Nesse sentido, para uma organização ser considerada accountable, ela deve</p><p>A) permitir livre acesso aos resultados de suas ações, sejam eles de impactos positivos ou negativos para a organi-</p><p>zação</p><p>B) conquistar a anuência da opinião pública, a partir da publicação de balanços sociais que mostrem suas ações ci-</p><p>dadãs.</p><p>C) justificar as decisões tomadas, a partir de projetos pontuais de apoio financeiro às comunidades carentes.</p><p>D) concentrar seus investimentos na maximização dos resultados operacionais, para evitar ser reconhecida somen-</p><p>te como um modelo de responsabilidade moral.</p><p>E) estimular ações de responsabilidade social como instrumentos de ganhos mercadológicos e de imagem institu-</p><p>cional, aplicando práticas responsáveis como fazem os concorrentes do seu setor.</p><p>05.O conjunto de mecanismos e procedimentos que induzem os dirigentes governamentais a prestar contas dos resul-</p><p>tados de suas ações à sociedade, garantindo-se dessa forma maior nível de transparência e a exposição das políti-</p><p>cas públicas, diz respeito a</p><p>A) Accountability.</p><p>B) Governança.</p><p>C) Governabilidade.</p><p>D) Burocracia.</p><p>06.Analise as proposições a seguir, referentes aos conceitos de “governança, governabilidade e accountability ou</p><p>transparência”.</p><p>Com base em Matias-Pereira (2008), atribua a elas verdadeiro (V) ou falso (F)</p><p>( ) Governabilidade, em sentido amplo, refere-se às próprias condições substantivas e materiais de exercício do</p><p>poder e de legitimidade do estado e do seu governo, derivadas da sua postura diante da sociedade civil e do</p><p>mercado.</p><p>( ) Accountability é o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestar</p><p>contas das suas ações, garantindo maior transparência e a exposição pública das políticas públicas.</p><p>( ) A boa governança pública, à semelhança da corporativa, está apoiada em quatro princípios: relações políticas,</p><p>conformidade em todas as suas dimensões, transparência e prestação responsável de contas.</p><p>( ) O esforço para criar uma cultura empreendedora na administração pública apresenta-se como um fator- chave</p><p>para a elevação da gestão pública no Brasil, em termos de resultados e qualidade dos serviços públicos oferta-</p><p>dos.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.</p><p>A) V – F – V – F</p><p>B) V – F – V – V</p><p>C) V – V – F – V</p><p>D) F – V – F – V</p><p>07.De acordo com Matias-Pereira(2012), como se denomina o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os</p><p>decisores governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações, garantindo maior transparência e exposi-</p><p>ção das políticas públicas?</p><p>A) Governança.</p><p>B) Governabilidade.</p><p>C) Reforma do Estado.</p><p>D) Boa Governança.</p><p>E) Accountability.</p><p>08.De acordo com Matias-Pereira (2012), o termo governança em sentido amplo pode ser definido como um processo</p><p>complexo de tomada de decisão que antecipa e ultrapassa o governo. São aspectos frequentemente relacionados ao</p><p>termo governança, EXCETO:</p><p>A) Centralização do poder de decisão e das funções ligadas ao ato de governar.</p><p>B) Legitimidade do espaço público em constituição.</p><p>C) Processos de negociação entre os atores sociais.</p><p>D) Repartição do poder entre aqueles que governam e os que são governados.</p><p>09.O conceito de governança é bastante amplo e utilizado de diferentes formas, a depender da perspectiva e do foco de</p><p>análise. Nesse sentido, há um conjunto de práticas de governança que está estruturado em torno de dimensões fun-</p><p>damentais. Considere, entre essas práticas, aquela na qual deve-se “garantir que sejam apurados, de ofício, indícios</p><p>de irregularidades, promovendo a responsabilização em caso de comprovação”.</p><p>Essa prática faz referência ao desenvolvimento da dimensão de governança associada:</p><p>A) à accountability e transparência;</p><p>B) ao alinhamento transorganizacional;</p><p>C) à gestão de riscos e hazard control;</p><p>D) à liderança organizacional;</p><p>E) ao relacionamento com stakeholders.</p><p>10.Leia as assertivas a seguir:</p><p>I. O Estado reduz seu papel de executor ou prestador direto de serviços. Contudo, mantém-se no papel de regulador</p><p>e provedor ou promotor destes serviços, principalmente dos serviços sociais, como educação e saúde, que são</p><p>essenciais para o desenvolvimento.</p><p>II. Como promotor de serviços, o Estado continuará a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social di-</p><p>reto e a participação da sociedade.</p><p>III. Considerando que "governança" é a capacidade de governo do Estado e "governabilidade" é o poder para gover-</p><p>nar, pode-se dizer que o governo brasileiro não enfrenta problema de governança, mas carece de governabilidade.</p><p>Assinale a opção correta.</p><p>A) Apenas a assertiva I está correta</p><p>B) Apenas a assertiva II está correta.</p><p>C) Apenas a assertiva III está correta.</p><p>D) Apenas as assertivas I e II estão corretas.</p><p>E) Todas as assertivas estão corretas</p><p>11.No contexto da Administração Pública contemporânea, emergem três conceitos de grande valor para a qualidade da</p><p>gestão. Este tripé é formado por:</p><p>A) governança, estatização, municipalização.</p><p>B) nacionalização, estatização e municipalização.</p><p>C) governança, governabilidade e accountability.</p><p>D) assertividade, segurança e governabilidade.</p><p>12.A governança pública é diretamente associada à ideia de:</p><p>A) mecanismos verticais de colaboração para tratar problemas ligados à gestão pública.</p><p>B) democratização, com manutenção das relações de poder e participação dos atores sociais.</p><p>C) uma abordagem diferenciada de conexão entre o sistema privado e o ambiente que o circunda.</p><p>D) mudança do modo com que as organizações públicas se administram e se relacionam.</p><p>13.A Administração Pública contemporânea deve ser fundamentada pelo nível de comprometimento, responsabilidade</p><p>e transparência de seus gestores. Sobre o assunto, analise as assertivas abaixo.</p><p>I. Accountibility significa a capacidade que determinado governo tem para formular e implementar as suas políticas.</p><p>II. Governabilidade refere-se às condições estruturais e políticas de exercício do poder e de legitimidade do Estado e</p><p>de seu governo.</p><p>III. Governança Corporativa diz respeito à forma como as corporações são administradas e, no setor público, refere-</p><p>se à administração das agências, aplicando os princípios do setor privado.</p><p>IV. Governança significa um conjunto de mecanismos e procedimentos que possibilitem os gestores públicos a pres-</p><p>tar contas dos resultados de suas ações à sociedade.</p><p>Estão corretas as assertivas</p><p>A) II e III, apenas.</p><p>B) I, II e IV, apenas.</p><p>C) I e III, apenas.</p><p>D) II, III e IV, apenas.</p><p>14.O termo accountability pode ser considerado o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores</p><p>governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição</p><p>das políticas públicas. Marias-Pereira, no livro Curso de Administração Pública, esclarece corretamente que:</p><p>A) O termo accountability refere-se exclusivamente às ações de contabilidade do governo</p><p>B) Quanto mais o governo intervém na vida do cidadão, maior será a garantia da accountability.</p><p>C) O grau de preocupação com accountability é inversamente proporcional ao nível de cidadania organizada.</p><p>D) O exercício do accountability é determinado pela qualidade das relações entre burocracia e suas clientelas.</p><p>E) Quanto mais cobrança o governo receber por parte da sociedade, maior a possibilidade desse governo ser ac-</p><p>countable.</p><p>01 02 03 04 05 06 07 08 09 10</p><p>E D B A A C E A A D</p><p>11 12 13 14 ― ― ― ― ― ―</p><p>C D A D ― ― ― ― ― ―</p><p>Desempenho é um termo sujeito a inúmeras variações semânticas e conceituais, embora existam alguns consensos</p><p>majoritários em torno de uma definição. Segundo uma abordagem abrangente, o desempenho pode ser compreendido</p><p>como esforços empreendidos na direção de resultados a serem alcançados. A equação simplificada é: desempenho =</p><p>esforços + resultados; ou desempenho = esforços resultados.</p><p>Assim, a definição sintética e ao mesmo tempo ampla para o desempenho é estabelecida pela atuação de um objeto</p><p>(uma organização, projeto, processo, tarefa etc.) para se alcançar um resultado. Logo, desempenho é um conceito pe-</p><p>culiar, um construto específico, para cada objeto.</p><p>Entretanto, a construção de definições peculiares de desempenho, a partir das quais modelos de mensuração do de-</p><p>sempenho possam ser concebidos caso a caso, devem respeitar algumas “regras” e considerações metodológicas, tais</p><p>como: i) evitar definições reducionistas e unidimensionais; ii) incluir os aspectos e dimensões significantes no modelo;</p><p>e; iii) deixar os aspectos e dimensões pouco significativas fora do modelo.</p><p>Para isso, torna‐se necessária a concepção de um metamodelo de definição e mensuração do desempenho que seja</p><p>robusto o suficiente para ser capaz de unir as mais diversas abordagens, bem como orientar a construção de modelos</p><p>específicos para a definição e mensuração do desempenho. Por meio de um metamodelo pode‐se indicar módulos a</p><p>partir dos quais os modelos específicos possam ser configurados.</p><p>Uma vez definido desempenho, o conceito de gestão do desempenho precisa ser qualificado. A gestão do desempenho</p><p>constitui</p><p>um conjunto sistemático de ações que buscam definir o conjunto de resultados a serem alcançados e os es-</p><p>forços e capacidades necessários para seu alcance, incluindo‐se a definição de mecanismos de alinhamento de estru-</p><p>turas implementadoras e de sistemática de monitoramento e avaliação.</p><p>A mensuração é parte essencial de um modelo de gestão do desempenho. Mas, não é apenas a ação que apura, em</p><p>sentido estrito, por meio de indicadores, valores ou medidas dos esforços e resultados. Um sistema de mensuração</p><p>deve ir além da geração de indicadores (que, em princípio, nunca é trivial) e permitir: a) a geração de indicadores em</p><p>distintas dimensões de esforços e resultados, com diferentes pesos entre estes (uma vez que representam medidas de</p><p>distintas importâncias); e b) a geração de uma nota para cada indicador (o que requererá não apenas apurar o valor do</p><p>indicador no ato da medição, mas comparar o valor apurado com um valor‐meta, seja correspondente a uma meta pro-</p><p>priamente dita, seja correspondente a um benchmark), que expresse uma medida relativa (medida atual em relação a</p><p>uma medida “ideal”). Trata‐se, assim de uma mensuração agregada e ponderada que permitirá a geração de uma medi-</p><p>da síntese do desempenho, uma nota global, que, de certa forma, carrega consigo um componente avaliativo (do real</p><p>apurado em relação a um ideal).</p><p>Vale destacar que conceitos como capacidade tangenciam o conceito de desempenho. Os termos capacidade, capaci-</p><p>dade institucional e outros derivados, também se sujeitam a muitas variações semânticas e conceituais – podendo</p><p>oscilar do domínio de recursos, competências, habilidades e atitudes até a prontidão para efetiva atuação (realização</p><p>de esforços orientados para resultados) em função de outros atributos tais como poder, legitimidade e urgência. Em</p><p>todo caso, este Guia não inclui o conceito de capacidade como parte do conceito de desempenho; trata‐o como pres-</p><p>suposto do bom desempenho, embora algumas das dimensões do desempenho, tal como a excelência, possam tratar</p><p>de atributos comuns relacionados à capacidade, como será demonstrado mais adiante. Em síntese, o escopo deste</p><p>Guia é a medição/mensuração do desempenho, parte essencial da gestão do desempenho.</p><p>Modelos e Indicadores</p><p>Um modelo é um recurso analítico com o propósito de representar a realidade a partir da definição de um conjunto de</p><p>variáveis (ou aspectos da realidade que se pretende representar, aspectos estes que podem ser vis-</p><p>tos/definidos/medidos de forma quantitativa ou qualitativa, por meio de indicadores). Assume‐se que a realidade é um</p><p>todo complexo e os modelos, ao incluírem apenas algumas variáveis para representá‐la (buscando descrever, explicar</p><p>ou prever algo), serão sempre recursos limitados, revelando e escondendo, deixando de fora muitas variáveis potenci-</p><p>almente importantes e contendo limitações para estabelecer os padrões de comportamento entre as variáveis. Em su-</p><p>ma, todo modelo é limitado, mas a limitação deve ser sempre minorada por meio da escolha das variáveis mais relevan-</p><p>tes: incluir o que mais importa e excluir o que não importa.</p><p>A construção de modelos, a partir da escolha das variáveis e seus padrões (hipóteses) de relacionamento (causação),</p><p>pode seguir várias lógicas: relações causais verificadas empiricamente ou lógica dedutiva.</p><p>O desafio deste Guia é proporcionar a construção de modelos específicos de mensuração do desempenho. Logo, inici-</p><p>almente isto implica a definição de variáveis (aspectos ou dimensões) do desempenho que devem ser consideradas</p><p>(incluídas no modelo). Trata‐se, portando, de um modelo lógico‐dedutivo, que inclui variáveis sugeridas pela literatura e</p><p>estabelece uma ordem de causalidade entre elas: desempenho = aspectos relativos aos esforços + aspectos relativos</p><p>aos resultados; ou seja, um conjunto de esforços que (presumivelmente) causam um conjunto de resultados.</p><p>Modelos são, portanto, um conjunto de indicadores relacionados. Indicadores são métricas que proporcionam informa-</p><p>ções sobre o desempenho de um objeto (seja governo, política, programa, organização, projeto etc.), com vistas ao con-</p><p>trole, comunicação e melhoria.</p><p>Os indicadores são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações,</p><p>assim como seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços,</p><p>melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança etc.</p><p>Assim sendo, pode‐se dizer que os indicadores possuem, minimamente, duas funções básicas: a primeira é descrever</p><p>por meio da geração de informações o estado real dos acontecimentos e o seu comportamento; a segunda é de caráter</p><p>valorativo que consiste em analisar as informações presentes com base nas anteriores de forma a realizar proposições</p><p>valorativas.</p><p>De forma geral, os indicadores não são simplesmente números, ou seja, são atribuições de valor a objetivos, aconteci-</p><p>mentos ou situações, de acordo com regras, que possam ser aplicados critérios de avaliação, como, por exemplo, ef i-</p><p>cácia, efetividade e eficiência.</p><p>Dessa forma os indicadores servem para:</p><p> Mensurar os resultados e gerir o desempenho;</p><p> Embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada decisão;</p><p> Contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais;</p><p> Facilitar o planejamento e o controle do desempenho; e</p><p> Viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de diversas organizações</p><p>atuantes em áreas ou ambientes semelhantes.</p><p>Em suma, conforme apresentado ao longo do capítulo, o conceito de desempenho é específico para cada organização,</p><p>e justamente por ser peculiar requer das organizações a utilização de um metamodelo dinâmico, abrangente e multidi-</p><p>mensional que permita a construção caso a caso de seu próprio conceito de desempenho.</p><p>Estabelecimento de Indicadores</p><p>Os indicadores devem ser especificados por meio de métricas estatísticas, comumente formados por porcentagem,</p><p>média, número bruto, proporção e índice. Os componentes básicos de um indicador são:</p><p> Medida: grandeza qualitativa ou quantitativa que permite classificar as características, resultados e conse-</p><p>quências dos produtos, processos ou sistemas;</p><p> Fórmula: padrão matemático que expressa à forma de realização do cálculo;</p><p> Índice (número): valor de um indicador em determinado momento;</p><p> Padrão de comparação: índice arbitrário e aceitável para uma avaliação comparativa de padrão de cumprimen-</p><p>to; e</p><p> Meta: índice (número) orientado por um indicador em relação a um padrão de comparação a ser alcançado du-</p><p>rante certo período.</p><p>Na identificação e seleção de um indicador é importante considerar um conjunto de critérios básicos, para garantir a</p><p>sua posterior operacionalização. Os critérios centrais para um indicador são:</p><p> Seletividade ou importância: fornece informações sobre as principais variáveis estratégicas e prioridades defi-</p><p>nidas de ações, produtos ou impactos esperados;</p><p> Simplicidade, clareza, inteligibilidade e comunicabilidade: os indicadores devem ser simples e compreensíveis,</p><p>capazes de levar a mensagem e o significado. Os nomes e expressões devem ser facilmente compreendidos e</p><p>conhecidos por todos os públicos interessados;</p><p> Representatividade, confiabilidade e sensibilidade: capacidade de demonstrar a mais importante e crítica etapa</p><p>de um processo, projeto etc. Os dados devem ser precisos, capazes de responder aos objetivos e coletados na</p><p>fonte de dados correta e devem refletir tempestivamente os efeitos decorrentes das intervenções;</p><p> Investigativos: os dados devem ser fáceis de analisar, sejam estes para registro ou para reter informações e</p><p>permitir juízos de valor;</p><p> Comparabilidade: os indicadores devem ser facilmente comparáveis com as referências internas ou externas,</p><p>bem como séries históricas de acontecimentos;</p><p> Estabilidade: procedimentos</p><p>gerados de forma sistemática e constante, sem muitas alterações e complexida-</p><p>des, uma vez que é relevante manter o padrão e permitir a série‐histórica; e</p><p> Custo‐efetividade: projetado para ser factível e economicamente viável. Os benefícios em relação aos custos</p><p>devem satisfazer todos os outros demais níveis. Nem todas as informações devem ser mensuradas, é preciso</p><p>avaliar os benefícios gerados em detrimento do ônus despendido.</p><p>Além disso, é necessário identificar se a escolha do indicador atende às expectativas de seus públicos de interesse,</p><p>como os órgãos setoriais, órgãos centrais, órgãos de controle e outros possíveis interessados, de modo a assegurar a</p><p>relevância do indicador proposto.</p><p>Uma combinação dos elementos da cadeia de valor com as dimensões do desempenho permite identificar seis catego-</p><p>rias básicas de indicadores de desempenho:</p><p> Efetividade são os impactos gerados pelos produtos/serviços, processos ou projetos. A efetividade está vincu-</p><p>lada ao grau de satisfação ou ainda ao valor agregado, a transformação produzida no contexto em geral. Esta</p><p>classe de indicadores, mais difícil de ser mensurada (dada a natureza dos dados e o caráter temporal), está re-</p><p>lacionada com a missão da instituição. Por exemplo, se uma campanha de vacinação realmente imunizar e di-</p><p>minuiu a incidência de determinada doença entre as crianças, a campanha foi efetiva. Indicadores de efetivida-</p><p>de podem ser encontrados na dimensão estratégica do Plano Plurianual (PPA);</p><p> Eficácia é a quantidade e qualidade de produtos e serviços entregues ao usuário (beneficiário direto dos produ-</p><p>tos e serviços da organização). Por exemplo, se, na mesma campanha citada, a meta de vacinação é imunizar</p><p>100.000 crianças e este número foi alcançado ou superado, a campanha foi eficaz. Indicadores de eficácia po-</p><p>dem ser definidos a partir da Carta de Serviços do órgão;</p><p> Eficiência é a relação entre os produtos/serviços gerados (outputs) com os insumos utilizados, relacionando o</p><p>que foi entregue e o que foi consumido de recursos, usualmente sob a forma de custos ou produtividade. Por</p><p>exemplo: uma campanha de vacinação é mais eficiente quanto menor for o custo, ou seja, quanto menor for o</p><p>custo da campanha, mantendo‐se os objetivos propostos. Indicadores de eficiência podem ser encontrados na</p><p>Carta de Serviços com seus elementos de custos e em informações de sistemas estruturantes do Governo,</p><p>como o SIAFI;</p><p> Execução refere‐se à realização dos processos, projetos e planos de ação conforme estabelecidos. Indicadores</p><p>de execução podem ser encontrados no monitoramento das ações do PPA;</p><p> Excelência é a conformidade a critérios e padrões de qualidade/excelência para a realização dos processos,</p><p>atividades e projetos na busca da melhor execução e economicidade; sendo um elemento transversal. Indica-</p><p>dores e padrões de excelência podem ser encontrados no Instrumento de Avaliação da Gestão Pública (IAGP); e</p><p> Economicidade está alinhada ao conceito de obtenção e uso de recursos com o menor ônus possível, dentro</p><p>dos requisitos e da quantidade exigidas pelo input, gerindo adequadamente os recursos financeiros e físicos.</p><p>Indicadores de economicidade podem ser encontrados nas unidades de suprimentos.</p><p>Elementos da Cadeia de Valor e dimensões do desempenho</p><p>O modelo propõe uma tipologia de seis categorias de indicadores, que estão relacionados às dimensões de esforço e</p><p>resultado.</p><p>As seis categorias de indicadores estão relacionados a algum dos elementos da cadeia de valor, que representa a atua-</p><p>ção da ação pública desde a obtenção dos recursos até a geração dos impactos provenientes dos produtos/serviços.</p><p>Os elementos da cadeia de valor são:</p><p> Insumos (inputs);</p><p> Processos/Projetos (ações);</p><p> Produtos/serviços (outputs)</p><p> Impactos (outcomes).</p><p>Mensurar o desempenho da organização (ou outros objetos) com base nesses elementos da cadeia de valor permite</p><p>que as organizações analisem suas principais variáveis associadas ao cumprimento dos seus objetivos: quantos e</p><p>quais insumos são requeridos, quais ações (processos, projetos etc.) são executadas, quantos e quais produ-</p><p>tos/serviços são entregues e quais são os impactos finais alcançados.</p><p>A figura, a seguir mostra a relação entre os elementos que compõem a cadeia de valor e sua contribuição para os resul-</p><p>tados finais, também relaciona a pergunta que os indicadores associados procuram responder:</p><p>01.A expectativa da sociedade de que a gestão pública seja eficiente, eficaz e efetiva pode ser atendida, no que concer-</p><p>ne à</p><p>I. eficiência, pelo uso racional dos recursos disponíveis e sua otimização.</p><p>II. eficácia, pela disponibilização à população das ações e serviços nos prazos demandados.</p><p>III. efetividade, pelo controle de legalidade da atuação da Administração.</p><p>Está correto o que consta APENAS de</p><p>A) II.</p><p>B) I e III.</p><p>C) II e III.</p><p>D) I.</p><p>E) I e II.</p><p>02.De acordo com os Critérios de Avaliação Governamental, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira.</p><p>1ª coluna</p><p>1. Eficiência</p><p>2. Impacto/ Efetividade</p><p>3. Eficácia</p><p>4. Sustentabilidade</p><p>5. Equidade</p><p>2ª coluna</p><p>( ) efeito no ambiente externo = Externalidades</p><p>( ) alcance dos objetivos e metas = Resultados</p><p>( ) continuidade efeitos benéficos = Após Término</p><p>( ) distribuição dos benefícios de um programa de maneira justa</p><p>( ) relação custo/benefício = Recursos</p><p>A sequência correta, de cima para baixo, está na opção</p><p>A) 2 – 5 – 4 – 3 – 1</p><p>B) 2 – 3 – 4 – 5 – 1</p><p>C) 2 – 1 – 4 – 5 – 3</p><p>D) 4 – 3 – 2 – 5 – 1</p><p>E) 4 – 1 – 2 – 5 – 3</p><p>03.Sobre os conceitos de eficiência, coloque (V) para as afirmativas corretas ou (F) para as afirmativas falsas.</p><p>( ) Eficiência é a busca de uma realização ótima entre qualidade e custo dos serviços colocados à disposição do</p><p>público.</p><p>( ) Uma organização eficiente utiliza adequadamente os insumos para obter produtos.</p><p>( ) Uma organização atinge a eficiência quando reduz os custos operacionais ao mínimo.</p><p>( ) Uma organização alcança a eficiência quando exige de todos o fiel cumprimento das normas.</p><p>( ) Eficiência é o grau em que a organização alcança uma meta declarada.</p><p>Assinale a alternativa que contém a sequência correta.</p><p>A) V – V – F – F – V.</p><p>B) V – F – V – F – F.</p><p>C) V – V – F – F – F.</p><p>D) F – V – F – F – V.</p><p>E) F – F – F – V – F.</p><p>04.A Gestão orientada para resultados é considerada uma poderosa ferramenta metodológica de monitoramento e ava-</p><p>liação das ações dos governos em sistemas políticos democráticos que propicia, dentre outros benefícios, o desen-</p><p>volvimento de estratégias de acompanhamento aos cidadãos. Com base no exposto, assinale a alternativa que</p><p>apresenta as dimensões que precisam ser respeitadas na avaliação dos resultados nas ações de governo.</p><p>A) Transparência, isonomia e legalidade.</p><p>B) Unidade, publicidade e solidariedade.</p><p>C) Centralidade, moralidade e coerência.</p><p>D) impessoalidade, justiça e agilidade.</p><p>E) Eficiência, eficácia e efetividade.</p><p>05.O conceito de eficiência na atuação da Administração pública, conforme definição doutrinária corrente,</p><p>A) aplica-se exclusivamente às entidades da Administração indireta sujeitas ao regime de direito privado.</p><p>B) corresponde a uma medida subjetiva, apurada pelo índice de satisfação dos usuários dos serviços públicos.</p><p>C) representa o cumprimento de metas pactuadas com a sociedade, independentemente dos custos incorridos.</p><p>D) corresponde ao melhor uso dos insumos na consecução dos produtos ou serviços oferecidos à população.</p><p>E) é uma adaptação do conceito aplicável ao setor privado, afastando avaliações econômicas, focado em aspectos</p><p>de legalidade e legitimidade.</p><p>01 02 03 04 05 ― ― ― ― ―</p><p>E B C E D ― ― ― ― ―</p><p>permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho. A Sociologia da Burocracia propôs um mo-</p><p>delo de organização e os administradores não tardaram em tentar aplicá-lo na prática em suas empresas e na adminis-</p><p>tração pública”.</p><p>Segundo Weber:</p><p>“A administração puramente burocrática é a forma mais racional de exercício de dominação, porque nela</p><p>se alcança tecnicamente o máximo de rendimento em virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor e</p><p>confiabilidade – isto é, calculabilidade tanto para o senhor quanto para os demais interessados –, intensi-</p><p>dade e extensibilidade dos serviços e aplicabilidade formalmente universal a todas as espécies de tarefas.”</p><p>Esse modelo baseia-se na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de ga-</p><p>rantir a máxima eficiência possível no alcance das metas estabelecidas.</p><p>Além da Eficiência, a burocracia também promove a segurança nos processos, por conta dos seus rígidos controles</p><p>procedimentais, dado o foco nos procedimentos característico.</p><p>O que é esperado com a Burocracia?</p><p>A organização burocrática é o tipo de sistema social dominante nas sociedades modernas; é uma estratégia de admi-</p><p>nistração e de dominação; é fruto e berço da Burocracia, com a qual pode inclusive ser identificada. A Burocracia pode</p><p>constituir-se em um grupo ou uma classe social, mas é também uma forma de poder que se estrutura através das or-</p><p>ganizações burocráticas.</p><p>Falar em Burocracia é descrever um mundo muito presente, onde a liberdade não se apresenta como realidade.</p><p>A Burocracia já está presente nas formações pré-capitalistas. Conserva ainda um papel secundário na fase competitiva</p><p>do modo capitalista de produção. No século XX, entretanto, assume um papel cada vez mais decisivo e autônomo, nos</p><p>quadros do capitalismo monopolista do mundo ocidental e principalmente nas sociedades de economia planejada,</p><p>inadequadamente chamadas de socialistas. Através da história a Burocracia modifica-se, sem perder algumas caracte-</p><p>rísticas essenciais. Seja como grupo social, seja como forma de organização social, a Burocracia é sempre um sistema</p><p>de dominação ou de poder autoritário, hierárquico, que reivindica para si o monopólio da racionalidade e do conheci-</p><p>mento administrativo.</p><p>Como todo fenômeno complexo, a Burocracia precisa ser entendida em todas as suas dimensões, e o que pretendemos</p><p>é empreender um esforço de incursão em algumas dessas dimensões. Na realidade, podemos perceber que os signifi-</p><p>cados do termo Burocracia são muitos, mas que estão todos eles entrelaçados. Se a Burocracia é uma forma de orga-</p><p>nização prevalecente no mundo contemporâneo, é também verdade que burocracia é dominação e que dominação é</p><p>poder.</p><p>A Burocracia, em todos os seus sentidos, é, em última instância, a negação da liberdade.</p><p>Burocracia é uma forma de poder que se expressa hoje de duas maneiras fundamentais:</p><p>(a) como um tipo de sistema social — a organização burocrática;</p><p>(b) como um grupo social que hoje vai assumindo cada vez mais o caráter de classe social, na medida em que as orga-</p><p>nizações burocráticas modernas — as grandes empresas monopolistas e o próprio Estado — assumem de forma</p><p>crescente o controle da produção.</p><p>LEITURA OBRIGATÓRIA – DICA DO HERON</p><p>A Burocracia é uma forma de organização humana e que se baseia na racionalidade, isto é na adequação dos mei-</p><p>os aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. A</p><p>consequência prevista quando temos uma instituição burocrática é a previsibilidade do comportamento humano e,</p><p>a padronização do desempenho dos participantes, que tem por objetivo obter a máxima eficiência da organização.</p><p>[Chiavenato,2004:11]</p><p>Na sua concepção original, a Burocracia deveria servir para introduzir racionalidade à organização do trabalho. Nenhu-</p><p>ma empresa principalmente, se for organização de grande porte, pode sobreviver sem padrões mínimos de confiabili-</p><p>dade, isto é, com as normas, procedimentos, hierarquias e controle. Ela esta diretamente relacionada com, precisão,</p><p>rapidez, univocidade de interpretação, uniformidade de rotinas e procedimentos, continuidade, redução da fricção entre</p><p>as pessoas, constância, subordinação dos mais novos aos mais antigos, confiabilidade, benefícios sob o prisma das</p><p>pessoas na organização.</p><p>Após o estudo conclui-se que nossas empresas, públicas ou privadas, pelo menos a maioria delas, não são burocráti-</p><p>cas, elas são frutos de disfunções burocráticas.</p><p>Elas operam engessadas pelo excesso de normas e procedimentos, sofrem com a falta de espírito empreendedor e</p><p>convivem com a apatia e falta de comprometimento dos funcionários.</p><p>PODER, DISCIPLINA E DOMINAÇÃO</p><p>No conceito de Weber (1998), o poder, a disciplina e a dominação constituem a base do modelo burocrático. Esta rela-</p><p>ção é descrita de forma pontual por Motta e Pereira (1986, p.9): "seja como grupo social, seja como forma de organiza-</p><p>ção social, a burocracia é sempre um sistema de dominação ou de poder autoritário, hierárquico, que reivindica para si</p><p>o monopólio da racionalidade e do conhecimento administrativo". Os autores a situam dentro da sociedade como sen-</p><p>do um sistema de dominação a serviço do capital e da própria organização. O poder, a disciplina e a dominação são</p><p>características que caminham juntas dentro do modelo burocrático.</p><p>O poder é descrito por Weber (1998, p.33) como "toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social,</p><p>mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade". A burocracia é considerada pelo autor</p><p>como instrumento de socialização das relações de poder e um instrumento de poder de primeira ordem, para quem</p><p>controla o aparato burocrático. Weber (1963) considera ainda a organização burocrática como o meio de poder mais</p><p>altamente desenvolvido nas mãos do homem que o controla.</p><p>Nessa mesma obra, o autor faz menção constante ao funcionamento do exército para descrever a burocracia, fruto de</p><p>sua observação pessoal em tempos de serviço militar e de guerra. A respeito da disciplina ele menciona que "a discipli-</p><p>na do exército deu origem a toda disciplina" (WEBER, 1963, p.300), mas logo em seguida afirma ser a grande organiza-</p><p>ção burocrática o segundo agente que prepara as pessoas para a disciplina. Em sua concepção, a disciplina consiste</p><p>na "probabilidade de encontrar obediência pronta, automática e esquemática a uma ordem, entre uma pluralidade de</p><p>pessoas, em virtude de atividades treinadas" (WEBER, 1998, p.33). Refere-se ao grupo de atitudes do funcionário de</p><p>obediência precisa dentro da sua atividade rotineira.</p><p>Segundo Gouldner (1978), a disciplina tem sua ênfase na imposição como fonte das normas burocráticas. Na burocra-</p><p>cia, a obediência significa um fim em si mesma, ou seja, o conteúdo da ordem não é discutido. A importância funda-</p><p>mental da disciplina para o bom funcionamento da burocracia, segundo Merton (1968), é o alto grau de confiança na</p><p>conduta dos funcionários que ela proporciona, já que nessas condições os funcionários comportam-se em conformida-</p><p>de com as responsabilidades a eles atribuídas.</p><p>A dominação é descrita por Weber (1998, p.139) como "a probabilidade de encontrar obediência para ordens específi-</p><p>cas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas". Ela constitui, na prática, um caso especial de poder e se justi-</p><p>fica como característica presente na burocracia, na visão do mesmo autor, devido a sua constatação de que toda ad-</p><p>ministração precisa, de alguma forma, da dominação, pois, para dirigi-la, é necessário que certos poderes de mando e</p><p>de decisões se encontrem nas mãos de alguém (WEBER, 1999; 1963).</p><p>A dominação é vista como o exercício da autoridade de uma parte em relação a outra ou, ainda, segundo o mesmo au-</p><p>tor, "está ligada à presença efetiva de alguém mandando eficazmente em outros" (WEBER, 1998, p.33). Entretanto, para</p><p>que essa relação se dê, é necessário que haja um mínimo de</p><p>vontade de obedecer, ou seja, que haja algum tipo de inte-</p><p>resse por parte do dominado em obedecer à determinada ordem, esse interesse é fator primordial para toda a relação</p><p>autêntica de dominação (WEBER, 1999).</p><p>DICA</p><p>O poder conceituado por Weber é do tipo absoluto, pois deve ser obedecido mesmo contra a vontade; significa “a</p><p>possibilidade de que uma pessoa ou um número de pessoas realizem a sua própria vontade numa ação comum,</p><p>mesmo contra a resistência de outros que participam na ação” (Weber, 2005). Nesse mesmo sentido é o conceito</p><p>de Norberto Bobbio (1987): “por poder se deve entender uma relação entre dois sujeitos, na qual o primeiro obtém</p><p>do segundo um comportamento que, em caso contrário, não ocorreria”.</p><p>No entanto, se o poder consiste em dar ordens e ser obedecido (mesmo que à força), a dominação é diferente. We-</p><p>ber considera a dominação mais do que o poder, visto que a dominação incluía o quesito de legitimidade; para ele</p><p>“o poder para ter credibilidade não pode repousar apenas no interesse, mas deve pretender legitimidade” (Weber,</p><p>apud Diggins, 1999).</p><p>Tipos de Dominação</p><p>Para que possamos entender os modelos de administração pública, devemos conhecer os tipos de dominação. Segun-</p><p>do Weber: “Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo entre deter-</p><p>minadas pessoas indicáveis”.</p><p>Em todo Estado, deve existir alguma relação de dominação na qual os governantes (dominadores) exercem autoridade</p><p>perante os indivíduos (dominados).</p><p>Assim, a dominação não é simplesmente o exercício do “poder”, mas também a sua aceitação – que leva à obediência!</p><p>Portanto, se diz que a dominação é o somatório do poder com a legitimidade.</p><p>Para Weber existem três tipos de dominação:</p><p>1. Dominação Tradicional – Baseia-se na tradição, nos costumes arraigados, nos relacionamentos construídos</p><p>por gerações. O “senhor” governa não porque tenha algum mérito ou competência específica, mas porque seu</p><p>pai governava antes dele, e antes dele seu avô, etc.</p><p>2. Dominação Carismática – Baseada no carisma de uma pessoa. Acredita-se que aquele indivíduo possui quali-</p><p>dades e características extraordinárias, fora do comum, que o credenciam a liderar seus “súditos” ou “seguido-</p><p>res”. Estes lhe conferem um afeto e uma lealdade muitas vezes “cegos”.</p><p>3. Dominação Racional-legal – Baseada na lei. Nesse tipo de dominação, não seguimos um indivíduo, mas deve-</p><p>mos obediência a uma série de normas e regulamentos. A Burocracia moderna baseia-se na dominação racio-</p><p>nal-legal.</p><p>Tipos de Sociedade e Autoridade</p><p>TIPOS DE</p><p>SOCIEDADE/</p><p>AUTORIDADE</p><p>SOCIEDADE</p><p>EXEMPLO</p><p>AUTORIDADE</p><p>LEGITIMAÇÃO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>Tradicional</p><p>Patriarcal e</p><p>patrimonialista;</p><p>Conservantismo.</p><p>Clã, tribo, família,</p><p>Sociedade</p><p>Medieval.</p><p>Não é racional;</p><p>poder herdado.</p><p>Baseado no</p><p>uso da palavra</p><p>“senhor”.</p><p>Tradição,</p><p>hábitos, usos e</p><p>costumes.</p><p>Forma patrimonial</p><p>e</p><p>forma feudal.</p><p>Carismática</p><p>Personalista,</p><p>mística,</p><p>arbitrária;</p><p>Revolucionária.</p><p>Grupos</p><p>revolucionários,</p><p>partidos</p><p>políticos, nações</p><p>em revolução.</p><p>Não racional,</p><p>não herdada</p><p>nem delegável;</p><p>baseada no</p><p>“carisma”.</p><p>Características</p><p>pessoais</p><p>(heroísmo,</p><p>magia, poder</p><p>mental) e</p><p>carismáticas do</p><p>líder.</p><p>Inconstante e</p><p>instável. Escolhido</p><p>pela lealdade e</p><p>devoção ao líder e</p><p>não por</p><p>qualificações</p><p>técnicas.</p><p>Legal, racional</p><p>ou burocrática</p><p>Racionalidade</p><p>dos meios e dos</p><p>objetivos.</p><p>Estados</p><p>modernos,</p><p>grandes</p><p>empresas e</p><p>exército.</p><p>Legal, racional,</p><p>impessoal,</p><p>formal e</p><p>meritocrática.</p><p>Justiça da Lei.</p><p>Promulgação e</p><p>regulamentação</p><p>de normas</p><p>legais</p><p>previamente</p><p>definidas.</p><p>Burocracia.</p><p>Fonte: Adaptado de Chiavenato.</p><p>RACIONALIDADE BUROCRÁTICA</p><p>A racionalidade é um conceito muito ligado à Burocracia para Weber e implica na adequação dos meios aos fins. No</p><p>contexto burocrático, isto significa eficiência.</p><p>Para uma organização ser racional é preciso que os meios mais eficientes sejam escolhidos para a implementação das</p><p>metas. É levada em consideração às metas da coletividade e não de seus membros individuais. Os seus membros não</p><p>necessariamente se mostram racionais, mesmo a organização sendo racional. Uma organização que se torna racional</p><p>e burocrática cada vez mais, faz seus membros pessoas se tornarem engrenagem de uma máquina, ignora todo propó-</p><p>sito e significado do seu comportamento.</p><p>Mannheim denominou esse tipo de racionalidade como racionalidade funcional. Weber diz que a racionalidade funcio-</p><p>nal se alcança através da elaboração de regras - tendo base no conhecimento científico, dessa forma se dirigi em dire-</p><p>ção à eficiência todo o comportamento. Para Weber a burocratização tem um sentido mais amplo, referindo-se ao mo-</p><p>do de pensar e de agir fora das organizações na vida social, burocratização e racionalização coincide entre si. Os meios</p><p>pelo qual se chega a um objetivo adequado podem ser através da racionalidade, referindo-se à visão racional do mun-</p><p>do.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.Segundo os estudos de Weber, que fundamentam os princípios da Teoria Burocrática, o tipo de autoridade que</p><p>está baseada em normas legais racionalmente definidas com regras racionais e impessoais, é conhecida por:</p><p>A) Religiosa.</p><p>B) Carismática.</p><p>C) Burocrática.</p><p>D) Tradicional.</p><p>GABARITO: 01 – C</p><p>Esquematizando os estudos!!!!!!</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>14.De acordo com Max Weber, as organizações formais modernas baseiam-se em leis, que as pessoas aceitam por</p><p>acreditarem que são racionais. Qualquer sociedade, organização ou grupo que se baseie em leis racionais é uma bu-</p><p>rocracia e apresenta três características principais:</p><p>A) Informalidade, pessoalidade e profissionalismo.</p><p>B) Formalidade, impessoalidade e profissionalismo.</p><p>C) Impessoalidade, falta de controle e excesso de chefias.</p><p>D) Rigidez nos processos, pessoalidade e falta de controle.</p><p>E) Rigidez nos processos, centralização do poder e falta de profissionalismo.</p><p>GABARITO: 14 – B</p><p>Tr</p><p>ip</p><p>é</p><p>d</p><p>a</p><p>B</p><p>u</p><p>ro</p><p>cr</p><p>ac</p><p>ia</p><p>Impessoalidade</p><p>Formalismo</p><p>Profissionalização</p><p>Características da administração Burocrática</p><p>Características da administração Burocrática</p><p>Caráter Legal das</p><p>Normas:</p><p>A Burocracia é uma organização ligada por normas previamente estabelecidas por escrito,</p><p>as normas e regulamentos são racionais porque são coerentes com os objetivos visados,</p><p>neste sentido, a Burocracia é uma estrutura social racionalmente organizada.</p><p>Caráter Formal das</p><p>Comunicações:</p><p>A Burocracia é uma organização ligada por comunicações escritas, daí o caráter formal da</p><p>Burocracia: todas as ações e procedimentos são feitos por escrito para proporcionar com-</p><p>provação e documentação adequadas, como muitas vezes certos tipos de comunicações</p><p>são feitos reiterada e constantemente, a Burocracia lança mão de rotinas e de formulários.</p><p>Divisão do</p><p>Trabalho:</p><p>A Burocracia é uma organização que se caracteriza por uma sistemática divisão do traba-</p><p>lho, essa divisão do trabalho atende a uma racionalidade, isto é, ela é adequada aos objeti-</p><p>vos a serem atingidos: a eficiência da organização, dai o aspecto racional da Burocracia,</p><p>cada participante passa a ter o seu cargo específico, as suas funções específicas.</p><p>Impessoalidade</p><p>nas Relações:</p><p>Essa distribuição de atividades é feita impessoalmente, ou seja, é feita em termos de car-</p><p>gos e funções e não de pessoas envolvidas, daí o caráter impessoal da Burocracia, o subor-</p><p>dinado obedece ao superior, não em consideração à sua pessoa, mas ao cargo que o supe-</p><p>rior ocupa, a Burocracia precisa garantir a sua continuidade ao longo do tempo: as pessoas</p><p>vêm e se vão, mas os cargos e funções permanecem.</p><p>Hierarquia da</p><p>Autoridade:</p><p>A Burocracia é uma organização que estabelece os cargos segundo o princípio da hierar-</p><p>quia, cada cargo inferior deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior, todos</p><p>os cargos estão dispostos em graduações hierárquicas que encerram determinados</p><p>privilé-</p><p>gios e obrigações, o subordinado está protegido da ação arbitrária do seu superior, porque</p><p>as ações de ambos seguem regras conhecidas.</p><p>Rotinas e</p><p>Procedimentos</p><p>Padronizados:</p><p>A Burocracia é uma organização que fixa as regras e normas técnicas para o desempenho</p><p>de cada cargo, ocupante de um cargo (o funcionário) não pode fazer o que quiser, mas o</p><p>que a Burocracia impõe que ele faça, as regras e normas técnicas regulam a conduta do</p><p>ocupante de cada cargo, as regras e normas técnicas visam a obtenção da máxima produti-</p><p>vidade, essa racionalização do trabalho encontra sua forma mais extremada na Administra-</p><p>ção Científica. Todas as atividades de cada cargo são desempenhadas segundo padrões</p><p>claramente definidos, direcionando-as aos propósitos da organização. Esses padrões facili-</p><p>tam a pronta avaliação do desempenho de cada participante.</p><p>Competência</p><p>Técnica e Mérito:</p><p>Na Burocracia a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não</p><p>em preferências pessoais, a admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são</p><p>baseadas em critérios válidos para toda a organização, esses critérios são racionais e le-</p><p>vam em conta o mérito e a capacidade do funcionário em relação ao cargo ou função con-</p><p>siderados.</p><p>Especialização da</p><p>Administração:</p><p>A Burocracia se baseia na separação entre a propriedade e a administração, o dirigente não</p><p>é necessariamente o dono do negócio, mas um profissional especializado na sua adminis-</p><p>tração, os meios de produção não são propriedade dos burocratas, o funcionário não pode</p><p>vender, comprar ou herdar sua posição ou seu cargo.</p><p>Profissionalização</p><p>dos Participantes:</p><p>Seus participantes, que são especialistas, assalariados, que seguem carreira dentro da or-</p><p>ganização, completa Previsibilidade do Funcionamento, tudo na burocracia é estabelecido</p><p>no sentido de prever antecipadamente todas as ocorrências e padronizar sua execução,</p><p>para que a máxima eficiência do sistema seja plenamente alcançada. [Ettinger,1972:5]</p><p>Completa</p><p>previsibilidade do</p><p>funcionamento:</p><p>O modelo burocrático de Weber parte da pressuposição de que o comportamento dos</p><p>membros da organização é perfeitamente previsível: 1 - os funcionários devem comportar-</p><p>se de acordo com as normas e regulamentos da organização; e 2 - tudo na burocracia é</p><p>estabelecido no sentido de prever todas as ocorrências e transformar em rotina sua execu-</p><p>ção.</p><p>Vantagens da Burocracia</p><p>A Conforme Weber (1999, p. 212), a razão decisiva do avanço da organização burocrática sempre foi sua superioridade</p><p>totalmente técnica sobre qualquer outro modelo. A relação entre um mecanismo burocrático plenamente desenvolvido</p><p>e os outros modelos é análoga à relação entre uma máquina e os métodos não mecânicos de produção de bens. Sendo</p><p>suas vantagens; “precisão, rapidez, univocidade, conhecimento da documentação, continuidade, discrição, uniformida-</p><p>de, subordinação rigorosa, diminuição de atritos e custos materiais e pessoais” (WEBER, 1999 p. 212), isto faz com que</p><p>a administração rigorosamente burocrática atinja a excelência quando executado por funcionários treinados.</p><p>Chiavenato (2003 p. 266) explica cada uma dessas vantagens que serviu para alavancar o modelo burocrático de We-</p><p>ber.</p><p>1 - Racionalidade: em relação ao alcance dos objetivos da organização.</p><p>2 - Precisão: na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres.</p><p>3 - Rapidez: nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem, e as ordens e papéis trami-</p><p>tam através de canais pré-estabelecidos.</p><p>4 - Univocidade: de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro lado, a informa-</p><p>ção é discreta, pois é fornecido apenas a quem deve recebê-la.</p><p>5 - Continuidade da organização por meio da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os critérios</p><p>de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na competência técnica.</p><p>6 - Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, a redução de custos e erros, pois as</p><p>rotinas são definidas por escrito.</p><p>7 - Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece o que é exigido dele e quais os limites</p><p>entre suas responsabilidades e as dos outros.</p><p>8 - Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias.</p><p>9 - Confiabilidade, pois o negócio é conduzido através de regras conhecidas, e os casos similares são metodi-</p><p>camente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisó-</p><p>rio, por serem despersonalizadas no sentido de excluir sentimentos irracionais, como amor, raiva, preferên-</p><p>cias pessoais, elimina a discriminação pessoal.</p><p>10 - Benefícios para as pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as</p><p>pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem especialistas, podendo encarrei-</p><p>rar-se na organização em função de seu mérito pessoal ê competência técnica.</p><p>Segundo Jones, (2010) toda organização possui algumas características de burocracia, ele ainda afirma que a vanta-</p><p>gem da burocracia é que ela expõe as regras fundamentais para projetar uma hierarquia organizacional que controla de</p><p>maneira eficiente as interações entre os níveis organizacionais.</p><p>Disfunções da Burocracia</p><p>Há também as consequências imprevistas (ou indesejadas) e que levam à ineficiência e às imperfeições, estas conse-</p><p>quências imprevistas são chamadas de disfunções da Burocracia. As disfunções são responsáveis pelo sentido pejora-</p><p>tivo que o termo Burocracia adquiriu junto aos leigos no assunto.</p><p>PROVA – DICA DO HERON</p><p>Causas das disfunções da Burocracia</p><p>Residem basicamente no fato de que a Burocracia não leva em conta a chamada organização informal que existe</p><p>fatalmente em qualquer tipo de organização, nem se preocupa com as diferenças individuais entre as pessoas, que</p><p>necessariamente causam variações no desempenho das atividades organizacionais, em face das consequências</p><p>imprevistas da burocracia, a organização passa a ter à baixa eficiência.</p><p>Disfunções da Burocracia</p><p>Internalização das</p><p>Regras e Apego aos</p><p>Regulamentos:</p><p>A burocracia através das normas e dos objetivos da organização adquiriu um valor</p><p>positivo e próprio, e a flexibilidade é uma das características de atividade racional, que</p><p>diz respeito ao seu cargo ou função.</p><p>Excesso de Formalismo</p><p>e Papelório:</p><p>O Papelório é uma das disfunções da democracia, é o que leva o leigo imaginar que a</p><p>democracia é um volume inusitado de vias adicionais e de formulários.</p><p>Resistência</p><p>a Mudanças:</p><p>Dentro da burocracia é tudo rotinizado, padronizado e previsto, os funcionários torna-se</p><p>executores de rotinas, e as mudanças passam a ser indesejável, e o funcionário passa</p><p>a resistir o que foi implantado; essa resistência passa a ser um comportamento de</p><p>reclamações, tumultos e greves.</p><p>Despersonalização do</p><p>Relacionamento:</p><p>Trata-se da impossibilidade e relacionamento e aos colegas de trabalho provocar o</p><p>caráter interpessoal da burocracia, e o conhecimento pelo número de registro, ou em</p><p>identificação das pessoas.</p><p>Categorização como</p><p>Base do Processo</p><p>Decisório:</p><p>Uma rígida hierarquização da autoridade, até a decisão tomada independente do seu</p><p>conhecimento.</p><p>Superconformidade</p><p>as Rotinas e aos</p><p>Procedimentos:</p><p>Baseado em rotinas e procedimentos, e a estrutura que as pessoas garantem fazer o</p><p>que delas a empresa se espera. A superconformidade a rotinas e regras conduz no</p><p>comportamento democrático.</p><p>Exibição de Sinais</p><p>de Autoridade:</p><p>Enfatiza a autoridade de indicar as pessoas que tem o poder, ou seja a capacidade, ter</p><p>o sinal da autoridade.</p><p>Dificuldade no</p><p>Atendimento a Clientes</p><p>e Conflitos com Público:</p><p>Burocracia padronizada, e fazem funcionários perceber pressões externas.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.O sistema administrativo que nasce com o objetivo de combater a corrupção e o</p><p>nepotismo, incluindo ideias so-</p><p>bre profissionalização e carreira pública, é o:</p><p>A) patrimonialista.</p><p>B) burocrático.</p><p>C) gerencial.</p><p>D) participativo.</p><p>02.Quanto à Teoria Burocrática, NÃO faz(em) parte de suas características:</p><p>A) Normas e regulamentos.</p><p>B) Rotinas e procedimentos padronizados.</p><p>C) Divisão de trabalho.</p><p>D) Hierarquia da autoridade.</p><p>E) Comunicações informais.</p><p>03.A burocracia é uma organização cujas consequências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funciona-</p><p>mento, com o propósito de obter a máxima eficiência da organização. Contudo, quando se estudaram as conse-</p><p>quências previstas (ou desejadas) da burocracia que a conduzem à máxima eficiência, verificou-se a ocorrência</p><p>de consequências imprevistas (ou não desejadas) que levam à ineficiência e às imperfeições da burocracia. A es-</p><p>sas consequências imprevistas deu-se o nome de disfunções burocráticas. Marque a alternativa que NÃO repre-</p><p>senta uma disfunção burocrática:</p><p>A) Processo decisório baseado na efetividade posicional.</p><p>B) Despersonalização do relacionamento.</p><p>C) Resistência a mudanças.</p><p>D) Formalismo e papelório.</p><p>E) Apego aos regulamentos.</p><p>04.Para a administração pública burocrática, prevalece o pressuposto da racionalidade absoluta, enquanto que, para</p><p>a administração pública gerencial, considera-se:</p><p>A) a sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, em que os cidadãos afirmam suas posições</p><p>ideológicas.</p><p>B) o combate à corrupção e ao nepotismo patrimonialista.</p><p>C) a via de acesso ao serviço público por mérito, com a criação do concurso público e a profissionalização por</p><p>ideia de carreira.</p><p>D) o poder racional-legal: normas e procedimentos universais.</p><p>E) o controle rígido e a priori dos processos administrativos</p><p>05.Para Max Weber, um dos traços distintivos das sociedades modernas é seu caráter burocrático. Weber explica</p><p>que a burocracia é o exercício do controle alicerçado no conhecimento e que, na prática, existem diferentes graus</p><p>de burocratização. O desenvolvimento dessa forma de organização está presente em diferentes tipos de setores</p><p>(Igrejas, Estados, Partidos Políticos, Empresas, Universidades etc.) (SOBRAL e PECI, 2013).</p><p>Assim, Weber identificou princípios básicos da burocracia, a saber: __________________; impessoalidade; hierar-</p><p>quia;__________________; autoridade; __________________ e separação de domínios público e privado. Assinale a al-</p><p>ternativa que completa corretamente as lacunas.</p><p>Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.</p><p>A) divisão de cargos – padronização e controle – competência técnica</p><p>B) divisão das tarefas – padronização e controle – profissionalismo</p><p>C) divisão de trabalho – planejamento e sistematização – estabilidade do pessoal</p><p>D) divisão de tarefas – padronização e formalização – estabilidade do pessoal</p><p>E) divisão de trabalho – padronização e formalização – profissionalismo</p><p>06.Max Weber identificou a autoridade com base em preceitos racionais e legais, como o eixo das organizações bu-</p><p>rocráticas. Assinale a alternativa que corresponde aos três tipos de autoridade, segundo Weber.</p><p>A) Ativa; Passiva; Organizacional.</p><p>B) Pessoal; Interpessoal; Globalizada.</p><p>C) Emocional; Individual; Gerencial.</p><p>D) Carismática; Tradicional; Racional-legal.</p><p>E) Devida; Intuitiva; Adquirida</p><p>07.É considerado um mecanismo característico da administração gerencial:</p><p>A) Controle rígido de procedimentos.</p><p>B) Gestão hierárquica.</p><p>C) Normas e regulamentos.</p><p>D) Controle de legalidade.</p><p>E) Gestão por Competências.</p><p>08.São características da administração pública burocrática, exceto:</p><p>A) Acesso ao serviço público por mérito.</p><p>B) Divisão do trabalho a partir da definição de cargos.</p><p>C) Os cargos públicos são considerados prebendas.</p><p>D) Controle rígido e a priori dos processos administrativos.</p><p>09.Por meio do paradigma pós-burocrático foi possível identificar algumas vantagens da burocracia como:</p><p>A) a meritocracia.</p><p>B) a rigidez.</p><p>C) a resistência a mudanças.</p><p>D) o apego às regras.</p><p>E) o formalismo.</p><p>GABARITO: 01 – B 02 – E 03 – A 04 – A 05 – E 06 – D 07 – E 08 – C 09 – A</p><p>ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL/PÓS-BUROCRÁTICA/ MODELO GERENCIAL</p><p>Introdução</p><p>As bases deste modelo consistem no pensamento neoliberal, pelo qual a amplitude e papel do Estado diante a econo-</p><p>mia deve ser repensada. Segundo as propostas de Adam Smith (1723-1790) o Estado deveria se ocupar exclusivamente</p><p>da manutenção da segurança interna e externa; a garantia do cumprimento dos contratos e a prestação de serviços de</p><p>utilidade pública (Paes de Paula, 2005b).</p><p>Outro aspecto deste modelo é a inspiração em ferramentas de gestão próprias da administração privada, inserida no</p><p>movimento conhecido como New Public Management, no Brasil adotou-se o nome de Modelo Gerencial. Por este modelo</p><p>busca-se atingir critérios de eficiência na prestação do serviço público, o que por definição está relacionado ao atendi-</p><p>mento dos objetivos finais com o menor custo possível. Estas duas bases fundamentais do modelo sugerem que este</p><p>deve adotar algumas ações, como: a privatização, a terceirização e o ajuste fiscal.</p><p>O modelo de Administração Pública Gerencial foi introduzido no Brasil na década de 1990. No governo de Fernando</p><p>Collor de Mello (1990-1991) decidiu-se pela proposta neoliberal de enfraquecimento do Estado, cargos da administra-</p><p>ção pública foram extintos, ocorreu a demissão de milhares de funcionários públicos, e buscou-se ampliar o controle</p><p>sobre as empresas estatais por meio de auditorias e fiscalização interna (Matias-Pereira, 2009).</p><p>No governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995, tem-se a criação do Ministério de Reforma Administrativa do Es-</p><p>tado (MARE), o qual foi responsável por conduzir transformações no Estado brasileiro. O governo federal optou pela</p><p>desestatização e a orientação para resultados. Assim como as privatizações, ocorreram também os processos de ter-</p><p>ceirização, a partir da diferenciação entre atividades exclusivas e atividades não exclusivas do Estado.</p><p>O modelo gerencial pauta-se pela elaboração de estratégias, apresentando como marcas deste período os Planos Dire-</p><p>tores e os Planos Plurianuais, resultando no descolamento das funções de planejar e implementar (Matias-Pereira,</p><p>2009). Apesar de apresentar um discurso de participação social nas funções de controle do Estado, na noção gerencial</p><p>o cidadão é visto como um cidadão-cliente, ou seja, não participa do Estado, seja na formulação de políticas ou contro-</p><p>le social, apenas consome o que o Estado pode oferecer.</p><p>O modelo de administração pública gerencial apresentou vantagens para a gestão do Estado brasileiro, com aprimora-</p><p>mento dos órgãos governamentais subsidiados por ferramentas gerenciais e a constante busca pela eficiência permi-</p><p>tem avanços na gestão econômico-financeira (Paes de Paula, 2005b). Por outro lado, algumas desvantagens na con-</p><p>cepção do modelo também são encontradas como a baixa qualidade dos serviços em função da redução do contingen-</p><p>ciamento de gastos sociais.</p><p>DICA DO HERON</p><p>O que é a Reforma Gerencial do Estado</p><p>A busca pela eficiência, eficácia e efetividade na elaboração e execução de políticas públicas foi uma das motiva-</p><p>ções da Reforma Gerencial. Nessa perspectiva, o Estado precisa buscar novas estratégias para prover serviços</p><p>públicos com qualidade e redução de custos. Novas concepções de gestão governamental incorporaram princípios</p><p>da administração privada nos processos de elaboração, implantação, monitoramento e avaliação de políticas pú-</p><p>blicas.</p><p>A adoção da abordagem gerencial na administração pública foi estimulada pela crise da economia mundial que se</p><p>prolongou por toda a década de 1980. O contexto era de aceleração inflacionária e de redução da atividade econô-</p><p>mica. Os países estavam endividados, o que diminuía os recursos para a sustentação da máquina estatal e para a</p><p>manutenção do Welfare State. Esse modelo de governo, caracterizado por um Estado protetor e provedor de políti-</p><p>cas</p><p>sociais, entrou em crise. Esta pode ser atribuída, em parte, à crise fiscal que afetou a maioria dos países naque-</p><p>la década.</p><p>Nesse contexto, fazia-se necessário a retração da máquina pública de forma a conter gastos governamentais com</p><p>o objetivo de minimizar os impactos negativos nas contas do governo. Parte desse ajuste resultou da adoção da</p><p>Reforma Gerencial do Estado.</p><p>Essa reforma exigia novas concepções na organização e gestão do provimento de bens e serviços públicos. Este</p><p>tipo de reforma apresentou peculiaridades e especificidades em cada país. Abrúcio (1988) descreve três modelos</p><p>dessa reconfiguração da máquina estatal.</p><p>A Reforma Gerencial Britânica</p><p>O modelo de gestão burocrático weberiano não consegue mais atender as novas demandas da sociedade contemporâ-</p><p>nea, que se tornaram mais complexas nas últimas décadas, resultando em ineficiência, morosidade, estilo autorrefe-</p><p>rencial, concentrado no processo, e no deslocamento das necessidades dos cidadãos. É a partir deste contexto que o</p><p>modelo gerencial passa a preencher o vácuo teórico e prático, absorvendo as principais proposições da opinião pública.</p><p>As que mais se destacam são: o controle dos gastos públicos e a demanda pela melhoria da qualidade dos serviços</p><p>públicos.</p><p>A experiência inglesa tem como abordagem o managerialism, que possui três visões diferentes das abordagens geren-</p><p>cialistas: o modelo puro, o consumeirismo e o public service orientation. (ABRUCIO, 1997).</p><p>O modelo gerencial puro foi o primeiro a ser implantado na Inglaterra a partir da eleição do governo conservador de</p><p>Margareth Thatcher. Este modelo estava mais direcionado à redução de custos e ao aumento da eficiência e produtivi-</p><p>dade do serviço público. (ABRUCIO, 1997).</p><p>Na busca de corrigir algumas disfunções apresentadas pelo modelo gerencial puro, e no aperfeiçoamento do manage-</p><p>rialism, temos uma nova visão, o consumeirism, que incorpora novos significados, como a ênfase na flexibilidade da</p><p>gestão, adoção de programas de qualidade total e satisfação de seus consumidores segundo uma lógica de racionali-</p><p>dade privada.</p><p>Uma das mudanças ocorridas na busca da flexibilização da gestão pública foi a passagem da lógica do planejamento</p><p>para a lógica da estratégia. Na lógica da estratégia, “são levadas em conta as relações entre os atores envolvidos em</p><p>cada política, de modo a montar cenários que permitam a flexibilidade necessária para eventuais alterações nos pro-</p><p>gramas governamentais.“ (ABRUCIO, 1997, p. 20).</p><p>A estratégia de satisfazer os consumidores tem o reforço de três medidas adotadas pelo governo britânico: a descen-</p><p>tralização, partindo do princípio de que quanto mais perto o serviço estiver do público consumidor mais fiscalizado pela</p><p>população; a competição entre as organizações do setor público, pois, quando não há competição entre os serviços,</p><p>instala-se uma situação de monopólio e, portanto, os consumidores ficam sem escolha, estabelecendo a lógica entre a</p><p>competitividade e o aumento da qualidade dos serviços públicos. (ABRUCIO, 1997).</p><p>O Public Service Oriented (PSO) é a mais recente corrente dos modelos gerenciais, tendo seus conceitos ainda em fase</p><p>de amadurecimento teórico para atender aos novos desafios gerados pelas demandas da administração gerencial. O</p><p>PSO busca abrir novos caminhos para a discussão gerencial, explorando suas potencialidades e preenchendo boa par-</p><p>te de suas lacunas, através da introdução dos conceitos de accountability e equidade na prestação de serviço público.</p><p>Os conceitos de accountability e de participação dos cidadãos são resgatados dentro de um conceito mais amplo, o da</p><p>esfera pública, que se utiliza da transparência como forma de proteção contra novas formas particularistas de inter-</p><p>venção na arena estatal, como são o clientelismo e o corporativismo. (ABRUCIO, 1997).</p><p>Mesmo apresentando fortes críticas aos dois modelos anteriores, o Public Service Oriented (PSO) não joga fora as idei-</p><p>as desenvolvidas pelo Public Management.</p><p>Com relação à denominação adotada para caracterizar esta abordagem do gerencialismo, foram identificadas três for-</p><p>mas: o Public Management, New Public Administration e governo empreendedor (GE).</p><p>O governo empreendedor é uma abordagem que tinha a teoria administrativa moderna como inspiração, trazendo para</p><p>os administradores públicos a linguagem e as ferramentas da administração privada. (SECCHI, 2009).</p><p>Utilizando uma linguagem prescritiva, Osborne e Gaebler (1994 apud ABRUCIO, 1997; SECCHI, 2009) sintetizam alguns</p><p>princípios básicos para transformar uma organização pública burocrática em uma organização pública racional e efi-</p><p>caz: a) governo catalisador: catalisar a ação dos setores público, privado e voluntário; b) governo que pertence à comu-</p><p>nidade: dar poder aos cidadãos, transferindo o controle das atividades à comunidade; c) governo competitivo; d) gover-</p><p>no orientado por missões: orientar-se por objetivos, e não por regras e regulamentos; e) governo de resultados; f) go-</p><p>verno orientado ao cliente; g) governo empreendedor; h) governo preventivo: atuar na prevenção dos problemas mais</p><p>do que no tratamento; i) governo descentralizado; e j) governo orientado para o mercado.</p><p>Osborne e Gaebler (1994) contribuíram na evolução do gerencialismo, para Abrucio (1997) e Secchi (2009), na medida</p><p>em que consideraram imprescindíveis os conceitos de equidade, accountability e participação dos cidadãos nos gover-</p><p>nos a fim de reconstruir o setor público e com a coerência na utilização de valores primários de racionalidade, eficácia</p><p>e liberdade de escolha.</p><p>De forma sintetizada, as abordagens do gerencialismo, apesar de haver diferenças sutis entre elas, concebem uma</p><p>valorização do serviço público a partir da adoção de técnicas gerenciais das empresas privadas. O pensamento corren-</p><p>te é o de que todas as vezes que a administração pública necessita melhorar a qualidade de seus serviços e buscar a</p><p>eficiência, deverá recorrer às técnicas e aos processos de reestruturações organizacionais utilizados pelas empresas</p><p>privadas.</p><p>ENTENDENDO O ASSUNTO:</p><p>A New Public Management nada mais é que “um conjunto de doutrinas administrativas”, surgidas na década 1970,</p><p>que orientaram as reformas realizadas na Administração Pública em nível mundial. A NPM pretendia que os princí-</p><p>pios gerenciais utilizados nas empresas privadas fossem também aplicados no meio público.</p><p>Dentro desse novo modelo de gestão pública gerencial, ou novo gerencialismo, foram identificados três estágios: o</p><p>gerencialismo puro, o consumerism e o Public Service Orientation (PSO). No entanto, essa separação consiste em</p><p>alguns traços apenas, visto que a maior parte das ideias são comuns aos três estágios.</p><p>1. Gerencialismo puro ou managerialism: Esse primeiro estágio gerencial foi “inspirado” na administração de empre-</p><p>sas privadas e surgiu na Administração Pública como resposta à crise fiscal do Estado, voltando-se para a bus-</p><p>ca no incremento da eficiência no setor público. Buscava reconstruir o Estado em bases pós-burocráticas e iden-</p><p>tificou-se com as ideias neoliberais, introduzindo técnicas de gerenciamento concomitantes com programas de</p><p>ajuste estrutural. Os programas implementados eram focados na redução de custos, enxugamento de pessoal e</p><p>aumento da eficiência, com clara definição das responsabilidades, dos objetivos organizacionais, e maior cons-</p><p>ciência acerca do valor dos recursos públicos.</p><p>2. Consumerism: Este segundo estágio gerencial passa a direcionar suas ações com foco no “cliente”: o cidadão.</p><p>Flexibilizou-se a gestão e introduziu-se a perspectiva da qualidade como uma estratégia voltada para a satisfa-</p><p>ção do consumidor e de suas necessidades, através de medidas que visavam tornar o Poder Público mais leve,</p><p>ágil e competitivo: descentralização administrativa, criação de opções de atendimento, incentivo à competição</p><p>entre organizações públicas e adoção do modelo contratual na prestação dos serviços.</p><p>3.</p><p>Public Service Orientation – PSO: Segundo Abrucio (1997), “toda a reflexão realizada pelos teóricos do PSO leva</p><p>aos temas do republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como accountability, transparência,</p><p>participação política, equidade e justiça”. Nesse estágio mais atual, o termo cliente – embora ainda utilizado –</p><p>fica em segundo plano, e o termo cidadão ganha força. O termo cliente levaria a tratamento desigual (os clientes</p><p>mais bem organizados teriam tratamento melhor e melhores serviços). O termo cidadão traz consigo a noção de</p><p>tratamento isonômico e a noção de bem comum. Assim, destaca-se a busca pela equidade, ou seja, a busca por</p><p>um tratamento igual para os iguais (os que se encontram em situações semelhantes).</p><p>Abordagens Características</p><p>Gerencialismo Puro</p><p>Ênfase na questão financeira: corte de gastos (custos e pessoal), busca da</p><p>eficiência, produtividade. Instrumentos gerenciais: racionalização orçamen-</p><p>tária (consciência de custos), avaliação de desempenho, definição clara de</p><p>responsabilidades; administração por objetivos; descentralização adminis-</p><p>trativa; delegação de autoridade.</p><p>Consumerism</p><p>Ênfase na flexibilidade da gestão, lógica da estratégia, busca da qualidade</p><p>dos serviços públicos, preferências dos consumidores. Medidas Estratégi-</p><p>cas: descentralização, competição entre as organizações, novo modelo</p><p>contratual.</p><p>Public Service Oriented (PSO) Accountability, transparência, participação política, equidade, justiça.</p><p>Public Management</p><p>ou Governo empreendedor</p><p>Um modelo híbrido e eclético de análise (gerencialismo mais democratiza-</p><p>ção), administração por objetivos/missões, mensuração do desempenho</p><p>através dos resultados, busca da qualidade total, ênfase no cliente, transfe-</p><p>rência do poder aos cidadãos, tentativa de garantir a equidade.</p><p>Governança Pública foco na distribuição de decisão pelos atores sociais, maior valor à agenda a</p><p>despeito do âmbito dos processos administrativos.</p><p>Fonte: Abrucio (1997).</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.No que concerne à reforma da função pública, em diversos países há um discurso no qual se enfatiza a necessi-</p><p>dade de motivar os funcionários, transformar a sua cultura, promover as suas qualificações, promover a lideran-</p><p>ça e procurar o envolvimento e o comprometimento dos funcionários com os serviços públicos. Simultanea-</p><p>mente, algumas iniciativas de reforma da função pública caracterizaram-se por um ataque ao estatuto dos fun-</p><p>cionários no que diz respeito à segurança de emprego e à remuneração. Ao mesmo tempo em que se diz que os</p><p>funcionários públicos representam um valor importante da Administração Pública, se faz o downsizing (Araújo,</p><p>2004, p. 6).</p><p>O trecho citado aponta algumas contradições que ocorrem, dentre outros fatores, devido ao fato de a Nova Ad-</p><p>ministração Pública:</p><p>A) estimular o comprometimento em troca de maior segurança no emprego;</p><p>B) importar valores oriundos do setor privado para o setor público;</p><p>C) aumentar os gastos com pessoal na Administração Pública;</p><p>D) rejeitar contratações de funcionários fora do Regime Jurídico Único;</p><p>E) incorporar gratificações por tempo de serviço aos funcionários públicos federais.</p><p>02.Após a crise fiscal do final da década de 70, governos de diversas partes do mundo buscaram elaborar mudan-</p><p>ças que pudessem tornar a máquina pública menos custosa e mais eficiente. Esse conjunto de mudanças, dis-</p><p>seminadas pelas administrações da maioria dos países ocidentais e formalizado mais tarde por Cristopher Ho-</p><p>od, em 1991, ficou conhecido como:</p><p>A) administração patrimonialista;</p><p>B) nova governança pública;</p><p>C) nova gestão pública;</p><p>D) burocracia weberiana;</p><p>E) teoria da escolha racional.</p><p>GABARITOS: 01 – B 02 – C</p><p>Administração Pública gerencial</p><p>O mundo mudou, a sociedade mudou e as pessoas mudaram, assim como a economia das nações apresentou grandes</p><p>mudanças e tecnologias inusitadas surgiram. A competitividade das nações, a eficiência na administração e a busca</p><p>por resultados se tornaram palavras de ordem. O Estado político estava em crise e procurava redefinir seu papel. Era</p><p>necessário que a Administração Pública também mudasse para dar conta de atender às exigências da nova ordem</p><p>mundial, e à expansão das funções econômicas e sociais do Estado.</p><p>Atenção → A reforma gerencial significa a introdução da cultura e das técnicas gerenciais modernas na Administração</p><p>Pública (regra geral, oriundas da iniciativa privada).</p><p>A Administração Pública gerencial constitui um avanço, e, até certo ponto, um rompimento com a Administração Públi-</p><p>ca burocrática. Isso não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios.</p><p>Pelo contrário, a Administração Pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva</p><p>alguns de seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a</p><p>existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho,</p><p>o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos</p><p>para concentrar-se nos resultados.</p><p>Atenção → A diferença fundamental da administração gerencial para a burocrática está na forma de controle – que</p><p>agora se concentra nos resultados, nos fins pretendidos.</p><p>DICA DO HERON!!!!!!</p><p>Na Administração Pública gerencial a estratégia volta-se: para a definição precisa dos objetivos que o administra-</p><p>dor público deverá atingir em sua unidade; para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos</p><p>humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contra-</p><p>tados; para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados; adicionalmente, pratica-se a competição adminis-</p><p>trada no interior do próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas.</p><p>No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos tornam-se essenciais.</p><p>Em suma, afirma-se que a Administração Pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados</p><p>e/ou das organizações da sociedade civil, e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins).</p><p>Atenção → O caminho escolhido para melhorar os serviços e os resultados da administração foi: definição clara de</p><p>objetivos; maior autonomia dada aos gerentes para obtenção desses resultados; e deslocamento do controle para ava-</p><p>liar os resultados finais das ações.</p><p>A Administração Pública gerencial inspira-se na administração de empresas privadas, mas não pode ser confundida</p><p>com esta. Enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos que os clientes fazem livremente na compra de</p><p>seus produtos e serviços, a receita do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem contrapar-</p><p>tida direta. Enquanto o mercado controla a administração das empresas, a sociedade – por meio de políticos eleitos –</p><p>controla a Administração Pública. Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro privado, para a</p><p>maximização dos interesses dos acionistas, esperando que, através do mercado, o interesse coletivo seja atendido, a</p><p>Administração Pública gerencial está explícita e diretamente voltada para o interesse público.</p><p>Atenção → A administração gerencial aplicada na Administração Pública não é a mesma da iniciativa privada, haja vis-</p><p>ta as particularidades que permeiam a Administração Pública. Em outras palavras: a administração gerencial privada</p><p>foi adaptada à realidade pública.</p><p>Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo, impessoalidade etc.), a Administração Pública gerencial</p><p>não se diferencia da Administração Pública burocrática. Na burocracia pública clássica existe uma noção muito clara e</p><p>forte do interesse público. A diferença, porém, está no entendimento do significado do interesse público, que não pode</p><p>ser confundido com o interesse do próprio Estado. Para a Administração</p><p>Pública burocrática, o interesse público é fre-</p><p>quentemente identificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atuarem sob este princípio, os administradores pú-</p><p>blicos terminam por direcionar uma parte substancial das atividades e dos recursos do Estado para o atendimento das</p><p>necessidades da própria burocracia. O conteúdo das políticas públicas é relegado a um segundo plano. A Administra-</p><p>ção Pública gerencial nega essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da coletividade e não com o</p><p>do aparato do Estado.</p><p>A Administração Pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente dos seus serviços. Os</p><p>resultados das ações do Estado são considerados bons – não porque os processos administrativos estão sob controle</p><p>e são seguros, como quer a Administração Pública burocrática, mas porque as necessidades do cidadão-cliente estão</p><p>sendo atendidas.</p><p>Atenção → Atualmente tem-se uma dimensão ainda maior do cidadão: a de titular da coisa pública. Assim, o cidadão é</p><p>ao mesmo tempo: usuário, financiador e titular da coisa pública.</p><p>Uma visão realista da reconstrução do aparelho do Estado, em bases gerenciais, deve levar em conta a necessidade de</p><p>equacionar as assimetrias decorrentes da persistência de aspectos patrimonialistas na administração contemporânea,</p><p>bem como dos excessos formais e anacronismos do modelo burocrático tradicional. Para isso, é fundamental ter clara</p><p>a dinâmica da administração racional-legal ou burocrática. Não se trata simplesmente de descartá-la, mas sim de con-</p><p>siderar os aspectos em que está superada e as características que ainda se mantêm válidas como formas de garantir</p><p>efetividade à Administração Pública. O modelo gerencial tornou-se realidade no mundo desenvolvido quando, através</p><p>da definição clara de objetivos para cada unidade da administração, da descentralização, da mudança de estruturas</p><p>organizacionais e da adoção de valores e de comportamentos modernos no interior do Estado, se revelou mais capaz</p><p>de promover o aumento da qualidade e da eficiência dos serviços sociais oferecidos pelo setor público.</p><p>Atenção → A administração gerencial tornou-se realidade no mundo – no Brasil ainda se encontra em fase de imple-</p><p>mentação.</p><p>O Caderno Mare nº 01 menciona as principais características da Administração Pública gerencial (também chamada de</p><p>nova Administração Pública):</p><p> Orientação da ação do Estado para o cidadão-usuário ou cidadão-cliente;</p><p> Ênfase no controle dos resultados através dos contratos de gestão;</p><p> Fortalecimento e aumento da autonomia da burocracia estatal, organizada em carreiras de Estado, e valorização</p><p>do seu trabalho técnico e político de participar, juntamente com os políticos e a sociedade, da formulação e ges-</p><p>tão das políticas públicas;</p><p> Separação entre as secretarias formuladoras de políticas públicas, de caráter centralizado, e as unidades des-</p><p>centralizadas, executoras dessas mesmas políticas;</p><p> Distinção de dois tipos de unidades descentralizadas: as Agências Executivas, que realizam atividades exclusi-</p><p>vas de Estado, por definição monopolista, e os serviços sociais e científicos de caráter competitivo, em que o po-</p><p>der de Estado não está envolvido;</p><p> Transferência para o setor público não estatal dos serviços sociais e científicos competitivos;</p><p> Adoção cumulativa dos mecanismos de controle social direto para controlar as unidades descentralizadas: do</p><p>contrato de gestão em que os indicadores de desempenho sejam claramente definidos e os resultados medidos;</p><p>e da formação de quase mercados em que ocorre a competição administrada;</p><p> Terceirização das atividades auxiliares ou de apoio, que passam a ser licitadas competitivamente no mercado.</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>01.No âmbito da administração pública no Brasil, é correto afirmar que ênfase nos resultados, no atendimento aos</p><p>interesses reais do cidadão, redução de níveis hierárquicos e o conceito de cidadão-cliente são exemplos de</p><p>premissas da</p><p>A) administração pública burocrática.</p><p>B) reengenharia de qualidade promovida pela reforma administrativa.</p><p>C) administração pública patrimonialista- burocrática.</p><p>D) administração pública patrimonialista.</p><p>E) administração pública gerencial.</p><p>02.A denominada Nova Gestão Pública, entre outros princípios, conceitos e aspectos, aborda o enfoque de admi-</p><p>nistração ou gestão para resultados. A esse respeito, assinale a alternativa que melhor apresenta característi-</p><p>ca(s) inerente(s) à gestão para resultados.</p><p>A) Ênfase nos procedimentos e rotinas burocráticas, bem como nas normas regulamentares como instrumentos</p><p>essenciais para o alcance dos resultados.</p><p>B) Contratualização; accountability com base em desempenho avaliado a partir de indicadores de resultados.</p><p>C) Metas de resultados definidas com base nos parâmetros legais vigentes, com ênfase nos procedimentos e</p><p>nas rotinas burocráticas consagradas.</p><p>D) Ênfase na eficiência, nas rotinas burocráticas e nas normas regulamentares vigentes como requisitos pre-</p><p>ponderantes para o alcance de resultados.</p><p>E) Competências técnicas dos executores e centralização da gestão com foco no alcance de resultados.</p><p>03.Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma das características da administração pública gerencial.</p><p>A) Orientada para o cidadão e para obtenção de resultados.</p><p>B) Pressupõe que políticos e funcionários públicos sejam merecedores de grau limitado de confiança.</p><p>C) Como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação.</p><p>D) Utiliza o contrato de gestão como instrumento de controle dos gestores públicos.</p><p>E) Gerenciamento eficiente e profissional orientado para os funcionários públicos.</p><p>04.A Administração Pública Gerencial tem como pressuposto a descentralização das decisões e funções do Esta-</p><p>do; autonomia em relação à gestão de recursos humanos, materiais e financeiros; e ênfase na qualidade e na</p><p>produtividade do serviço público. Segundo Matias-Pereira (2012), uma das características que a difere da Ad-</p><p>ministração Pública Burocrática é:</p><p>A) concentra-se no processo.</p><p>B) opera sistemas administrativos.</p><p>C) define cargos rígida e fragmentadamente.</p><p>D) gera accountability.</p><p>E) apoia-se na noção geral de interesse público.</p><p>05.O movimento da Nova Gestão Pública, que ocorre a partir dos anos 1980 em todo o mundo, promoveu mudan-</p><p>ças importantes na administração pública. Uma de suas principais características é a:</p><p>A) separação do processo de formulação das políticas do seu processo de implementação.</p><p>B) diminuição dos controles sobre os resultados alcançados pelos agentes públicos</p><p>C) reestruturação das dívidas que assolaram as economias dos países no período.</p><p>D) preocupação com os processos de reorganização do trabalho nas organizações.</p><p>06.Pode-se afirmar que o discurso que sustentou a reforma administrativa na década de 1990 no Brasil foi;</p><p>A) antiliberal.</p><p>B) antigerencial.</p><p>C) anticorrupção</p><p>D) antiburocrático.</p><p>GABARITO: 01 – E 02 – B 03 – E 04 – D 05 – A 06 – D</p><p>01.Com relação aos modelos de Administração Pública, assinale a alternativa correta.</p><p>A) O alicerce da Administração Pública burocrática é o princípio da eficiência, o qual foi inserido no caput da Consti-</p><p>tuição Federal por meio da Emenda Constitucional n.º 19, de 1998.</p><p>B) A Administração Pública gerencial, em face de seu formalismo exagerado e preocupação excessiva com contro-</p><p>les, torna a administração pública rígida, engessada e pouco eficiente.</p><p>C) Na Administração Pública patrimonialista, verifica-se que o aparelho do Estado é utilizado em benefício do pró-</p><p>prio governante e de terceiros por ele favorecidos. Este modelo é caracterizado pela não distinção entre o que é</p><p>patrimônio público e o que é patrimônio privado. Em outros termos, a res publica (coisa do povo) se confundia</p><p>com a res principis (coisa do príncipe).</p><p>D) O contrato de gestão é técnica típica da Administração Pública patrimonialista. Esse tipo de contrato pode ser</p><p>firmado pela Administração Direta com entidades</p>