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<p>BASE NACIONAL COMUM</p><p>CURRICULAR E SEUS</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>Programa de Pós-Graduação EAD</p><p>UNIASSELVI-PÓS</p><p>Autoria: Débora Suzane Gomes Mendes</p><p>1ª Edição</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI</p><p>Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito</p><p>Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC</p><p>Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090</p><p>Reitor: Prof. Hermínio Kloch</p><p>Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol</p><p>Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:</p><p>Carlos Fabiano Fistarol</p><p>Ilana Gunilda Gerber Cavichioli</p><p>Jóice Gadotti Consatti</p><p>Norberto Siegel</p><p>Julia dos Santos</p><p>Ariana Monique Dalri</p><p>Marcelo Bucci</p><p>Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais</p><p>Diagramação e Capa:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2019</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>M538b</p><p>Mendes, Débora Suzane Gomes</p><p>Base nacional comum curricular e seus fundamentos. / Débora</p><p>Suzane Gomes Mendes. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.</p><p>145 p.; il.</p><p>ISBN 978-85-7141-354-2</p><p>ISBN Digital 978-85-7141-355-9</p><p>1.Base nacional comum curricular. - Brasil. II. Centro Universitário</p><p>Leonardo Da Vinci.</p><p>CDD 370.110981</p><p>Impresso por:</p><p>Sumário</p><p>APRESENTAÇÃO ............................................................................5</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>O Processo de Construção da Base</p><p>Nacional Comum Curricular (Bncc) ...........................................7</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação</p><p>e Homologação da BNCC ............................................................51</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Para a Educação Básica .........................105</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Olá, acadêmico! O Livro de Estudos Base Nacional Comum Curricular</p><p>(BNCC) e seus fundamentos tem como propósito analisar a matriz comum</p><p>curricular que determina a reformulação das propostas curriculares e ações</p><p>didáticas pedagógicas das escolas públicas e privadas do Brasil.</p><p>O livro está dividido em três capítulos, nos quais apresentamos objetivos,</p><p>conteúdos acerca da temática, atividades de estudo, sugestões de leitura e sites</p><p>para aprofundar o seu estudo.</p><p>No Capítulo 1, intitulado “O Processo de Construção da Base Nacional Co-</p><p>mum Curricular (BNCC)”, você compreenderá os conceitos e os principais marcos</p><p>legais do processo de elaboração da BNCC, assim como identificará a metodolo-</p><p>gia utilizada em sua produção e os efeitos da BNCC para a educação brasileira.</p><p>No Capítulo 2, que tem como título “O Processo de Tramitação, Aprovação e</p><p>Homologação da BNCC”, você identificará as mudanças implementadas na versão</p><p>atual da BNCC, analisando o processo de tramitação, aprovação e homologação</p><p>da BNCC e o processo de implementação da BNCC na educação brasileira.</p><p>No Capítulo 3, “A Estrutura da BNCC para a Educação Básica”, conhecerá</p><p>as determinações da BNCC para a educação infantil e o ensino fundamental,</p><p>identificando os avanços que a BNCC propõe para a educação infantil e para o</p><p>ensino fundamental.</p><p>Portanto, ressaltamos que os conhecimentos discutidos neste livro servirão</p><p>para capacitá-lo para atuar na educação como um professor atualizado e</p><p>consciente das mudanças que a educação brasileira tem enfrentado nos dias</p><p>atuais. Isso poderá permitir uma ação pedagógica mais eficiente em sua sala de</p><p>aula. Como consequência, poderá contribuir para elevar a qualidade do processo</p><p>de aprendizagem dos seus alunos e das condições da educação do nosso país.</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA</p><p>BASE NACIONAL COMUM CURRICU-</p><p>LAR (BNCC)</p><p>A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes</p><p>objetivos de aprendizagem:</p><p>� definir o que é a BNCC;</p><p>� conhecer o histórico da BNCC;</p><p>� identificar a metodologia utilizada para a construção da BNCC;</p><p>� avaliar a importância da BNCC para a educação do nosso país.</p><p>8</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>9</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>A sociedade atual se encontra em um momento de profunda mudança social,</p><p>cultural, política, educacional, dentre outras. A escola como parte fundamental</p><p>dessa sociedade não fica de fora desse processo de transição, pelo contrário,</p><p>para entendermos as alterações sociais dos dias de hoje é elementar direcionar</p><p>o nosso olhar para o espaço escolar, buscando compreender a construção das</p><p>propostas curriculares que compõem a formação dos estudantes brasileiros.</p><p>O currículo não se trata apenas de um documento, pelo contrário, tem o</p><p>poder de determinar as condições de acesso da educação nas escolas, aumentar</p><p>ou diminuir as desigualdades existentes na sociedade. Assim, em reconhecimento</p><p>a relevâncias das propostas curriculares para a educação básica, leis, decretos e</p><p>diretrizes, debatem a necessidade da construção de uma base comum curricular</p><p>para as instituições educativas do nosso país.</p><p>Essa base foi denominada de Base Nacional Comum Curricular (BNCC),</p><p>a matriz que determina as aprendizagens essenciais para a educação básica</p><p>do Brasil. Nesse sentido, é pertinente enquanto educadores (as) ou futuros</p><p>educadores (as) questionarmos: “O que é a BNCC?”, “Qual o seu objetivo para a</p><p>educação brasileira?”, “Quem irá construir a BNCC?”, “Qual a metodologia para</p><p>a elaboração da BNCC?”, “Quem iniciou o debate acerca de uma base comum</p><p>curricular na realidade educativa brasileira?”.</p><p>Ao longo deste capítulo apresentaremos o conceito, o histórico, a metodologia</p><p>de construção da BNCC, como também, identificar indícios de seus efeitos para</p><p>a educação brasileira. Convidamos você para aprender a respeito da construção</p><p>da BNCC, de modo que a nossa discussão poderá prepará-lo para atuar como</p><p>um professor que compreende as mudanças que estão sendo implementadas em</p><p>nossas escolas.</p><p>2 OS MARCOS LEGAIS DO</p><p>PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA</p><p>BNCC NO BRASIL</p><p>Antes de adentrarmos na apresentação dos marcos legais da construção da</p><p>BNCC brasileira, é fundamental você compreender o conceito de currículo e a</p><p>necessidade educacional de uma base comum curricular para todos os estudantes</p><p>10</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>brasileiros. Por isso, de forma breve, iremos dialogar sobre esses assuntos para</p><p>uma melhor compreensão da BNCC brasileira.</p><p>Iniciamos o nosso estudo analisando o conceito de currículo. Para</p><p>Pacheco (2005, p. 35), “o lexema currículo, proveniente do étimo currere</p><p>(significa caminho, jornada, trajetória, percurso a seguir), encerra duas</p><p>ideias principais: uma sequência ordenada, outra noção de totalidade</p><p>de estudos”. No entanto, o que é currículo? De acordo com Moreira</p><p>(1997, p. 11), na educação, currículo é compreendido como um:</p><p>[...] instrumento utilizado por diferentes sociedades tanto para</p><p>desenvolver os processos de conversação, transformação e</p><p>renovação dos conhecimentos historicamente acumulados</p><p>como para socializar as crianças e os jovens segundo valores</p><p>tidos como desejáveis.</p><p>O currículo é um importante instrumento para o desenvolvimento da</p><p>educação, construído socialmente ao longo do tempo. Sacristán (2013, p. 20)</p><p>afirma que a função do currículo é a de normatizar os conteúdos escolares e as</p><p>práticas educativas no processo de ensino e aprendizagem, servindo como um</p><p>instrumento para serviço da escolarização:</p><p>[...] um instrumento que tem a capacidade de estruturar a</p><p>escolarização, a vida nos centros educacionais e as práticas</p><p>pedagógicas, pois dispõe, transmite e impõe regras, normas</p><p>e uma ordem que são determinantes. Esse instrumento e sua</p><p>potencialidade se mostram por meio de seus usos e hábitos,</p><p>do funcionamento da instituição escolar, na divisão do tempo,</p><p>na especialização dos professores e, fundamentalmente, na</p><p>ordem da aprendizagem.</p><p>Em concordância com Sacristán (2013), ressaltamos que a função do</p><p>currículo é a de orientar, segmentar, classificar os diversos conhecimentos que</p><p>integram</p><p>inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017a, p. 9-10).</p><p>A construção de propostas curriculares por competências por parte da União</p><p>é tema defendido, também, na LDBEN/96, em seu art. 9º, inciso IV:</p><p>Art. 9º a União incumbir-se-á de:</p><p>[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a</p><p>educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que</p><p>nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a</p><p>assegurar a formação básica comum (BRASIL, 1996).</p><p>Em concordância com a LDBEN/96, o objetivo da BNCC é garantir</p><p>um processo de ensino e aprendizagem na educação básica que</p><p>contemple conteúdos essenciais para o desenvolvimento humano,</p><p>articulados a uma educação para a vida em sociedade.</p><p>Segundo Rodrigues (2016), as expectativas para os resultados</p><p>da BNCC no processo educativo brasileiro é que sirvam como um</p><p>instrumento de gestão que oportunize a formulação e a reformulação</p><p>dos currículos, respeitando as diversidades da realidade educativa do</p><p>nosso país.</p><p>O objetivo da</p><p>BNCC é garantir um</p><p>processo de ensino</p><p>e aprendizagem na</p><p>educação básica</p><p>que contemple</p><p>conteúdos</p><p>essenciais para o</p><p>desenvolvimento</p><p>humano, articulados</p><p>a uma educação</p><p>para a vida em</p><p>sociedade.</p><p>FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO DE UMA SALA DE AULA DA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>FONTE: . Acesso em: 7 nov. 2018.</p><p>44</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Portanto, apesar de ser muito cedo para avaliar as possíveis contribuições da</p><p>BNCC para a educação básica brasileira, em vista que o documento da base foi</p><p>homologado em 2017 e a partir de então iniciou-se o processo de implementação</p><p>da BNCC nas escolas, podemos indicar que a BNCC propõe à educação básica</p><p>importantes efeitos como a “[...] superação da fragmentação radicalmente</p><p>disciplinar do conhecimento” (BRASIL, 2017b, p. 15).</p><p>É preciso, também, por meio de uma formação básica comum, elevar as</p><p>condições de acesso à aprendizagem, assegurando condições para a garantia do</p><p>direito à educação pública com melhores índice de qualidade para todos.</p><p>1 A BNCC busca construir novos caminhos na educação brasileira,</p><p>propondo a reforma das propostas curriculares da educação</p><p>básica para elevar a qualidade do processo de ensino e</p><p>aprendizagem e garantir o direito à educação para todos os</p><p>brasileiros. Sobre a relevância da BNCC para a educação,</p><p>classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) Para elevar o processo educativo é fundamental que os sistemas</p><p>e redes de ensino excluam propostas curriculares inovadoras</p><p>que tenham por objetivo formar cidadãos críticos.</p><p>( ) Com a consolidação da BNCC esperamos que a educação</p><p>pública continue com as condições tradicionais de ensino,</p><p>centralizando as decisões curriculares em torno da gestão</p><p>escolar.</p><p>( ) A BNCC é fundamentada no direito à aprendizagem com</p><p>equidade e qualidade para todos mediante a reformulação dos</p><p>currículos e das práticas pedagógicas da educação básica.</p><p>( ) A BNCC busca construir uma escola que atenda às necessidades</p><p>e particularidades dos estudantes e dos grupos marginalizados</p><p>da sociedade brasileira.</p><p>( ) Para implementar a formação integral, a BNCC determinou</p><p>diversas ações que deverão ser desenvolvidas por meio da</p><p>colaboração entre a escola, a família e a comunidade.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>( ) F-F-V-V-V</p><p>45</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>( ) F-V-F-V-V</p><p>( ) F-F-F-V-V</p><p>( ) V-F-V-F-V</p><p>2 A BNCC defende a formação básica comum mediante as</p><p>aprendizagens essenciais que os estudantes deverão aprender</p><p>ao longo da educação básica. Para isso, a BNCC propõe a</p><p>educação em tempo integral para o desenvolvimento humano em</p><p>quais dimensões?</p><p>( ) Dimensões intelectual, afetiva, jurídica, ética, social e cultural.</p><p>( ) Dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e</p><p>simbólica.</p><p>( ) Dimensões intelectual, física, afetiva, social, moral e simbólica.</p><p>( ) Dimensões social, física, afetiva, ética, moral e simbólica.</p><p>3 Dentre os objetivos principais da BNCC podemos identificar a</p><p>garantia do direito à educação para todos os brasileiros. Para</p><p>fortalecer a educação básica, a BNCC propõe que os sistemas e</p><p>redes de ensino incluam que tipo de medida?</p><p>( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir práticas de</p><p>ensino centralizadas no educador.</p><p>( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir uma gestão</p><p>pedagógica centralizada.</p><p>( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir currículos que</p><p>ampliem o acesso à educação.</p><p>( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir currículos que</p><p>precarizem o direito à educação.</p><p>5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>No presente capítulo, compreendemos que o currículo é fundamental para</p><p>a orientação e classificação dos conteúdos escolares. Assim, tem sido alvo de</p><p>disputas políticas, sociais, educativas, uma vez que escolher determinados</p><p>conteúdos educativos poderá aumentar ou diminuir as condições sociais que</p><p>geram a exclusão e as desigualdades em uma sociedade.</p><p>46</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Assim, em reconhecimento da importância do currículo na construção do</p><p>processo de ensino-aprendizagem, diversas leis, decretos, diretrizes educativas,</p><p>movimentos sociais defendem a construção de uma base nacional comum</p><p>curricular para as diversas etapas e modalidades da educação básica brasileira.</p><p>A construção da BNCC na educação do nosso país vem sendo discutida</p><p>ao longo dos anos sob a prerrogativa de que é necessário garantir o direito à</p><p>educação com equidade e qualidade para todos mediante mecanismos que</p><p>contribuam para elevar as condições de acesso e permanência dos estudantes</p><p>nas escolas, como também promover uma formação cidadã.</p><p>Assim, a BNCC servirá como uma matriz comum aos currículos dos sistemas</p><p>e redes de ensino, elaborada a partir das orientações da Constituição Federal de</p><p>1988, da LDBEN/96, das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,</p><p>do Plano Nacional de Educação (PNE) e de outros pareceres e resoluções da</p><p>legislação educacional brasileira (VERDE, 2015).</p><p>A finalidade da BNCC é a de assegurar um processo de ensino e</p><p>aprendizagem, no qual são desenvolvidos conteúdos essenciais que contribuem</p><p>para a formação integral e global dos indivíduos, assim como busca inserir nos</p><p>currículos das escolas brasileiras o direito à educação como condição elementar</p><p>para a participação social.</p><p>Além disso, a BNCC tem por foco atender às necessidades e motivações</p><p>dos estudantes, incluir a diversidade humana na escola e inserir a família e a</p><p>comunidade nas decisões das instituições educativas por meio da gestão</p><p>democrática. Para isso, a BNCC foi elaborada por meio de uma metodologia de</p><p>participação, por intermédio do pacto interfederativo, desenvolvida em cinco fases,</p><p>nas quais ocorreram consultas públicas que avaliaram as versões preliminares e</p><p>que sugeriram melhorias à versão final da BNCC.</p><p>Portanto, embora o documento final da BNCC tenha sido homologado pelo</p><p>MEC e CNE, e encontra-se em fase de implementação nas escolas públicas e</p><p>privadas do Brasil, é de extrema importância que os (as) educadores (as), as</p><p>organizações educativas e científicas, as empresas e pessoas interessadas na</p><p>educação brasileira continuem avaliando e propondo melhorias ao documento,</p><p>com o objetivo de contribuir para a construção de uma base comum curricular em</p><p>favor dos interesses da população, da escola pública e da educação brasileira</p><p>com qualidade.</p><p>47</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AGUIAR, A. S.; DOURADO, L. F. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024:</p><p>avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018.</p><p>APPLE, M. W. Ideologia e currículo. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.</p><p>ARROYO, M. G. Currículo: território em disputa. 5. ed. Petrópolis:</p><p>Vozes, 2013.</p><p>ARROYO, M. G. Módulo introdutório: pobreza, desigualdades e educação. In:</p><p>BRASIL. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e</p><p>Inclusão – SECADI. Brasília, 2015. Disponível em: http://catalogo.egpbf.mec.</p><p>gov.br/modulos/pdf/intro.pdf. Acesso em: 12 dez. 2018.</p><p>BRANCO, E. P. A implantação da BNCC no contexto das políticas públicas.</p><p>2017. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em</p><p>Ensino, Universidade Estadual do Paraná, Paranavaí.</p><p>BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes</p><p>e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: MEC/SEF, 1996. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 6 out. 2018.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília,</p><p>DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/</p><p>Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 21 out. 2018.</p><p>BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de</p><p>Educação - PNE e dá outras providências. Brasília, 2014. Disponível em: http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm. Acesso em:</p><p>20 out. 2018.</p><p>BRASIL. Portaria n. 790, de 27 de julho de 2016. Institui o Comitê Gestor da</p><p>Base Nacional Comum Curricular e reforma do Ensino Médio. 2016. Disponível</p><p>em: https://dp.ufg.br/up/89/o/do01-16_-_28.07.16_-_Cancelamento_de_Registro_</p><p>de_Pre%C3%A7os.pdf. Acesso em: 26 nov. 2018.</p><p>BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 2017a. Disponível</p><p>em: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-</p><p>comum-curricular-bncc. Acesso em: 10 out. 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).</p><p>Educação é a Base. Brasília, DF: MEC/CONSED/UNDIME, 2017b. Disponível</p><p>48</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/06/BNCC_</p><p>EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 7 out. 2018.</p><p>BRASIL. Lei n. 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n.</p><p>9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da</p><p>educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo</p><p>de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização</p><p>dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,</p><p>aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº</p><p>236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei n. 11.161, de 5 de agosto de 2005;</p><p>e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio</p><p>em Tempo Integral. 2017c. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_</p><p>Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm. Acesso em: 20 out. 2018.</p><p>BRASIL. Resolução CNE/CP Nº 2/2017. Institui e orienta a implantação</p><p>da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao</p><p>longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica.</p><p>2017d. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/</p><p>uploads/2018/04/RESOLUCAOCNE_CP222DEDEZEMBRODE2017.pdf. Acesso</p><p>em: 12 dez. 2018.</p><p>CASTRO, J. A. Evolução e desigualdade na educação brasileira. Revista Educ.</p><p>Soc., Campinas, v. 30, n. 108, p.1-12, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/</p><p>scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302009000300003. Acesso em: 28</p><p>out. 2018.</p><p>CORRÊA, A.; MORGADO, C. J. A construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular no Brasil: tensões e desafios. Revista UDESC, Florianópolis, v. 30,</p><p>n. 100, p. 1-12, 2018. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/</p><p>colbeduca/article/viewFile/12979/8307. Acesso em: 30 out. 2018.</p><p>MACEDO, E. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade</p><p>produzindo sentidos para educação. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n.</p><p>3, p. 1530, 2014. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/</p><p>article/view/21666/15916. Acesso em: 1º nov. 2018.</p><p>MOREIRA, A. F. B. Currículo, utopia e pós-modernidade. In: Currículo: questões</p><p>atuais. Campinas: Papirus, 1997.</p><p>NEIRA, M. G.; JUNIOR, W. A.; ALMEIDA, D. F. A primeira e segunda versões</p><p>da BNCC: construção, intenções e condicionantes. Revista Científica, São</p><p>Paulo, v. 40, n. 41, p. 31-44, 2016. Disponível em: http://www.redalyc.org/</p><p>html/715/71550055003/. Acesso em: 1º nov. 2018.</p><p>49</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>PACHECO, J. A. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, 2005.</p><p>RODRIGUES, V. A. C. R. A Base Nacional Comum Curricular em questão.</p><p>2016. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de</p><p>São Paulo (PUC), São Paulo.</p><p>SACRISTÁN, J. G. Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre:</p><p>Penso, 2013.</p><p>SAVIANI, D. Vicissitudes e perspectivas do direito à educação no Brasil:</p><p>abordagem histórica e situação atual. Revista Educ. Soc., Campinas, v. 34, n.</p><p>124, p. 743-760, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v34n124/06.</p><p>pdf. Acesso em: 29 out. 2018.</p><p>VERDE, P. L. Base Nacional Comum: desconstrução de discursos hegemônicos</p><p>sobre currículo mínimo. Revista Terceiro incluído, Goiás, v. 5, n. 1, p. 78-97,</p><p>2015.</p><p>ZAMBOM, M. C. Base Nacional Comum Curricular e o impacto nos processos</p><p>avaliativos do Inep da Educação Superior. In: 3º SIMPÓSIO AVALIAÇÃO DA</p><p>EDUCAÇÃO SUPERIOR, n. 48, 2017, Florianópolis. Anais... Florianópolis:</p><p>UFSC, 2017. p. 1-11. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/</p><p>handle/123456789/179352/101_00724%20ok.pdf?sequence. Acesso em: 30 out.</p><p>2018.</p><p>50</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>O Processo de Tramitação, Aprova-</p><p>ção e Homologação da BNCC</p><p>A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes</p><p>objetivos de aprendizagem:</p><p>� identificar as mudanças implementadas na versão atual da BNCC;</p><p>� analisar o processo de tramitação, aprovação e homologação da BNCC;</p><p>� compreender o processo de implementação da BNCC na educação brasileira.</p><p>52</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>53</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>O processo de tramitação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é</p><p>permeado por inúmeras discussões que envolveram a sociedade brasileira</p><p>na construção da BNCC. Ao longo deste processo ocorreu a análise das três</p><p>versões do documento da base mediante a consulta da opinião pública, análise</p><p>realizada por meio de uma comissão de especialistas e determinações políticas</p><p>educacionais que inseriram mudanças e reformas não somente no documento,</p><p>mas, também na educação brasileira.</p><p>As análises das versões preliminares da BNCC tiveram por finalidade</p><p>construir um documento que pudesse apresentar, de modo objetivo, a definição</p><p>e a função da BNCC no contexto da educação básica brasileira, os fundamentos</p><p>pedagógicos da BNCC, os princípios orientadores, bem como, indicar os Direitos</p><p>de Aprendizagem, as áreas de conhecimento da Educação Infantil e do Ensino</p><p>Fundamental e os seus componentes curriculares, dentre outras determinações.</p><p>Ao longo do presente capítulo iremos analisar o processo de tramitação,</p><p>aprovação e homologação da BNCC por meio de determinações do MEC e</p><p>CNE, apresentar as principais características das três versões preliminares da</p><p>BNCC, destacando as diferenças entre elas, como também, pontuar as críticas</p><p>que foram direcionadas ao documento da base durante o seu processo de</p><p>tramitação. Portanto, convidamos você a analisar e refletir sobre o processo de</p><p>tramitação e aprovação da BNCC, de modo que a leitura deste capítulo poderá</p><p>prepará-lo para discutir as novas propostas curriculares para os sistemas e redes</p><p>de ensino da educação básica, assim como, posicionar-se como um professor</p><p>crítico que compreende as reformas curriculares que estão sendo elaboradas e</p><p>implementadas na educação básica do Brasil.</p><p>2 O PROCESSO DE TRAMITAÇÃO</p><p>E APROVAÇÃO DA BNCC POR</p><p>MEIO DE PARECER E RESOLUÇÃO</p><p>DO CONSELHO</p><p>NACIONAL DE</p><p>EDUCAÇÃO (CNE)</p><p>O processo de tramitação e aprovação da Base Nacional Comum Curricular</p><p>(BNCC) gerou inúmeras discussões e polêmicas no cenário educacional e político</p><p>54</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>brasileiro, uma vez que, a construção da BNCC passou por três versões com</p><p>consultas da opinião pública e análise de assessores do MEC e especialistas</p><p>internacionais em currículo para a reelaboração do documento. Nesse período,</p><p>houve, ainda, a determinação da Portaria nº 790/2016 e da Lei nº 13.415/2016 que</p><p>delimitaram a versão final da BNCC e outras mudanças políticas que permearam</p><p>a construção desse documento.</p><p>De acordo com Triches (2018), o primeiro documento da BNCC</p><p>é formulado e publicado em um cenário político caracterizado pelas</p><p>disputas políticas que resultaram no impeachment da ex-presidenta</p><p>Dilma Rousseff, no período de 2015 - 2016, e pelas discussões sobre</p><p>políticas curriculares para a educação básica brasileira. Micarello (2016,</p><p>p. 66) ressalta que o processo de construção e tramitação da primeira</p><p>versão da BNCC é marcada pelos seguintes eventos:</p><p>Os debates em torno da primeira versão da BNCC se realizaram</p><p>entre os meses de setembro de 2015 e março de 2016, período</p><p>de acirramento da crise política vivida pelo Brasil e que culminou</p><p>no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Esse cenário</p><p>teve amplas repercussões nesses debates, que se deram num</p><p>quadro geral de ações e discursos de diferentes setores que</p><p>buscavam deslegitimar o governo eleito, desqualificar suas</p><p>iniciativas, criando um cenário favorável ao golpe contra a</p><p>democracia impetrado em agosto de 2016. A grande mídia</p><p>teve papel preponderante nesse cenário e, no que se refere</p><p>especificamente à base, sua atuação se deu no sentido de</p><p>privilegiar algumas vozes, em geral sem ligação direta com a</p><p>educação, em detrimento de outras. As fundações privadas,</p><p>por exemplo, foram vozes privilegiadas pela mídia, chamadas</p><p>com frequência a se manifestarem sobre o documento,</p><p>apresentadas como portadoras de um discurso legitimado por</p><p>argumentos “científicos”.</p><p>Podemos observar na citação mencionada anteriormente que o período</p><p>de construção e tramitação da primeira versão da BNCC sofreu influências</p><p>das mudanças sociais, políticas, educacionais que o nosso país enfrentava.</p><p>Nesse momento de transição, alguns grupos aproveitaram para introduzir os</p><p>seus interesses nas decisões direcionadas para a educação básica do Brasil,</p><p>principalmente, no processo de elaboração da BNCC, como refere Micarello</p><p>(2016, p. 68) a seguir:</p><p>No caso da BNCC, é possível identificar pelo menos</p><p>três grandes grupos de interesses que se manifestaram</p><p>em seu processo de elaboração: os atores diretamente</p><p>ligados à escola de educação básica (professores, escolas,</p><p>gestores, estudantes), os atores do espaço acadêmico,</p><p>ligados à produção de conhecimentos nas diferentes áreas</p><p>(pesquisadores, professores universitários, associações</p><p>O primeiro</p><p>documento da</p><p>BNCC é formulado</p><p>e publicado em</p><p>um cenário político</p><p>caracterizado pelas</p><p>disputas políticas</p><p>que resultaram no</p><p>impeachment da</p><p>ex-presidenta Dilma</p><p>Rousseff.</p><p>55</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>científicas) e os atores do segmento privado empresarial,</p><p>com interesses na educação pública e de influenciar a política</p><p>nacional (fundações privadas em geral).</p><p>Os grupos e as pessoas interessadas na BNCC brasileira apresentaram</p><p>interesses coesos e conflitantes, resultando em “um embate entre forças que,</p><p>de um lado, buscam a manutenção dos cânones a partir dos quais, historicamente,</p><p>as propostas curriculares para a escola de educação básica foram construídas</p><p>e, de outro, forças mais progressistas, que reivindicam um protagonismo na</p><p>definição dessa base curricular” (MICARELLO, 2016, p. 69).</p><p>A partir da perspectiva das teorias pós-críticas do currículo,</p><p>podemos compreender que a construção das propostas curriculares</p><p>envolve diversos grupos de poder, tendo em vista que, o Estado não é</p><p>mais o único detentor do poder nas decisões dos diversos setores de um</p><p>país, pois, o poder está distribuído entre os distintos segmentos sociais.</p><p>Sendo assim, o currículo escolar é parte integrante do poder, por isso,</p><p>o currículo é um espaço de disputa, no qual os diversos grupos lutam</p><p>para estabelecer a sua hegemonia (SILVA, 2011).</p><p>A partir da</p><p>perspectiva</p><p>das teorias</p><p>pós-críticas do</p><p>currículo, podemos</p><p>compreender</p><p>que a construção</p><p>das propostas</p><p>curriculares envolve</p><p>diversos grupos de</p><p>poder, tendo em</p><p>vista que, o Estado</p><p>não é mais o único</p><p>detentor do poder</p><p>nas decisões dos</p><p>diversos setores</p><p>de um país, pois,</p><p>o poder está</p><p>distribuído entre os</p><p>distintos segmentos</p><p>sociais.</p><p>FIGURA 1 — REPRESENTAÇÃO DA DISPUTA</p><p>DE PODER ENTRE GRUPOS</p><p>FONTE: . Acesso em: 23 nov. 2018.</p><p>Para ampliar os seus estudados sobre as teorias pós-críticas do</p><p>currículo, leia o livro “Documentos de identidade: uma introdução às</p><p>teorias do currículo” do autor Tomaz Tadeu da Silva (2011).</p><p>56</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Em relação aos grupos de educadores brasileiros, segundo</p><p>Fernandes (2015), a preocupação do movimento dos trabalhadores</p><p>em educação direciona-se para os possíveis impactos negativos</p><p>que a BNCC poderá provocar na educação básica, como a possível</p><p>desqualificação da educação básica com um currículo único e mínimo:</p><p>No que se refere à formulação de uma base nacional comum,</p><p>a principal preocupação dos trabalhadores em educação</p><p>reside na predisposição desse referencial a se transformar em</p><p>verdadeiro currículo único e mínimo, abdicando do processo</p><p>de conhecimento criativo, pautado na autonomia escolar</p><p>e no respeito à diversidade do povo brasileiro. O currículo</p><p>mínimo, a pretexto de servir de mecanismo para se atingir</p><p>melhor padrão de qualidade, enseja um ensino pasteurizado,</p><p>conteudista, antiplural e antidemocrático na medida em que</p><p>retira a autonomia dos sistemas de ensino, das escolas e dos</p><p>profissionais da educação (FERNANDES, 2015, p. 412).</p><p>Tal preocupação dos educadores se deu, principalmente, devido a primeira</p><p>versão da BNCC ter sido elaborada por um comitê de especialistas indicados</p><p>pelo Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de</p><p>Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime),</p><p>centralizando as decisões referentes à base no referido ministério, resultando em</p><p>inúmeras críticas em torno do processo de construção e tramitação do documento</p><p>preliminar da BNCC.</p><p>A preocupação do</p><p>movimento dos</p><p>trabalhadores em</p><p>educação direciona-</p><p>se para os possíveis</p><p>impactos negativos</p><p>que a BNCC</p><p>poderá provocar na</p><p>educação básica,</p><p>como a possível</p><p>desqualificação da</p><p>educação básica</p><p>com um currículo</p><p>único e mínimo</p><p>FIGURA 2 — COMITÊ DE ESPECIALISTAS DO CNE PARA ANÁLISE DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 23 nov. 2018.</p><p>57</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>Para você conhecer mais sobre a Portaria nº 592, de 17 de junho</p><p>de 2015, que institui a Comissão de Especialistas para a elaboração</p><p>da versão preliminar da BNCC, acesse: http://portal.mec.gov.br/</p><p>index.php?option=com_docman&view=download&alias=21361-port-</p><p>592-bnc-21-set-2015-pdf&Itemid=30192</p><p>Sendo assim, a comissão de especialistas para a elaboração da</p><p>versão preliminar da BNCC foi instituída pela Portaria nº 592, de 17 de</p><p>junho de 2015, que determinou, em seu artigo 1º, o número de membros</p><p>da comissão e os órgãos responsáveis pela indicação dos especialistas,</p><p>como podemos observar a seguir:</p><p>Art. 1º Fica instituída a Comissão de Especialistas</p><p>para a Elaboração da Proposta da Base Nacional</p><p>Comum Curricular.</p><p>§ 1º A Comissão de Especialistas será composta</p><p>por 116 membros,</p><p>indicados entre professores</p><p>pesquisadores de universidades com reconhecida contribuição</p><p>para a educação básica e formação de professores, professores</p><p>em exercício nas redes estaduais, do Distrito Federal e redes</p><p>municipais, bem como especialistas que tenham vínculo com</p><p>as secretarias estaduais das unidades da Federação.</p><p>§ 2º Participarão dessa comissão profissionais de todas as</p><p>unidades da federação indicados pelo Conselho Nacional de</p><p>Secretários de Educação - CONSED e União Nacional dos</p><p>Dirigentes Municipais de Educação - Undime.</p><p>§ 3º A composição da Comissão de Especialistas será</p><p>determinada pelas Áreas de Conhecimento e respectivos</p><p>componentes curriculares de acordo com as etapas da</p><p>Educação Básica, estabelecidos nas Diretrizes Curriculares</p><p>Nacionais (BRASIL, 2015a, p. 16).</p><p>A comissão de especialistas indicada na citação elaborou o documento da</p><p>primeira versão da BNCC publicado no portal virtual do MEC em 16 de setembro</p><p>de 2015. A primeira versão da BNCC apresentou trezentos e duas laudas, das</p><p>quais organizaram-se da seguinte forma:</p><p>Apresentação inicial introdutória composta por uma carta do</p><p>Ministério da Educação em exercício: Renato Janine Ribeiro;</p><p>Sumário;</p><p>Textos: Princípios Orientadores da Base Nacional Comum</p><p>Curricular; A Educação Especial na Perspectiva Inclusiva e</p><p>a Base Nacional Comum Curricular; Documento Preliminar</p><p>à Base Nacional Comum Curricular – Princípios, Formas de</p><p>Sendo assim,</p><p>a comissão de</p><p>especialistas para</p><p>a elaboração da</p><p>versão preliminar da</p><p>BNCC foi instituída</p><p>pela Portaria nº 592,</p><p>de 17 de junho de</p><p>2015.</p><p>58</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Organização e Conteúdo;</p><p>Proposta da Educação Infantil (Texto: A Educação Infantil na</p><p>Base Nacional Comum Curricular);</p><p>Quatro áreas voltadas ao Ensino Fundamental e Ensino Médio</p><p>(parte mais densa documento): Linguagens, Matemática,</p><p>Ciências da Natureza e Ciências Humanas, subdivididas por</p><p>Componentes Curriculares: estes, por sua vez, organizam seus</p><p>respectivos eixos e apresentam os objetivos de aprendizagem</p><p>separados por eixos e por ano letivo (RODRIGUES, 2016, p.</p><p>87).</p><p>Podemos notar que a primeira versão da BNCC era intitulada</p><p>de BNC, apresentava uma breve justificativa sobre a construção de</p><p>uma base comum curricular no Brasil e delimitava de forma objetiva</p><p>os princípios e as formas de organização do conteúdo, bem como,</p><p>indicava as diretrizes e objetivos de aprendizagem para a Educação Infantil e</p><p>orientações para a organização da educação especial, estabeleceu quatro áreas</p><p>do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências</p><p>Humanas) com seus respectivos componentes curriculares para o Ensino</p><p>Fundamental e o Ensino Médio e os seus objetivos de aprendizagem, divididos</p><p>por ano letivos. Como podemos verificar a seguir no sumário do documento:</p><p>A primeira versão da</p><p>BNCC era intitulada</p><p>de BNC.</p><p>59</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FIGURA 3 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>60</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 4 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>61</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>FIGURA 5 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>62</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 6 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>63</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>FIGURA 7 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>64</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 8 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>65</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>FIGURA 9 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>66</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Para conhecer o documento da primeira versão da BNCC,</p><p>acesse o site Movimento pela Base Nacional Comum. Disponível</p><p>em: .</p><p>Como podemos observar no sumário do documento da primeira versão da</p><p>BNCC, os textos introdutórios do documento, buscou apresentar com clareza a</p><p>proposta curricular, sintetizando-a em três itens, a saber: a) Princípios Orientadores</p><p>da Base Nacional Comum Curricular; b) A Educação Especial na Perspectiva</p><p>Inclusiva e a Base Nacional Comum Curricular; c) Documento Preliminar à Base</p><p>Nacional Comum Curricular – Princípios, Formas de Organização e Conteúdo.</p><p>(RODRIGUES, 2016).</p><p>O texto da versão preliminar do documento da primeira versão da</p><p>BNCC denominado de “Princípios Orientadores da definição de objetivos de</p><p>aprendizagem das áreas de conhecimento”, foi modificado para “Princípios</p><p>Orientadores da Base Nacional Comum Curricular (BNC)”. Esse texto elaborado</p><p>pelo MEC por meio da Secretaria de Educação Básica teve por objetivo nortear</p><p>o processo de construção da BNCC, atendendo as metas do Plano Nacional de</p><p>Educação (PNE). (RODRIGUES, 2016).</p><p>Além disso, os textos introdutórios do documento indicavam que o objetivo</p><p>da BNCC seria propiciar percursos de aprendizagem e desenvolvimento para os</p><p>alunos da educação básica para garantir o direito à educação. Para isso, foram</p><p>estabelecidos os Princípios Orientadores da Base Nacional Comum Curricular</p><p>(figuras 10 e 11) a serem contemplados na Educação Infantil, Ensino Fundamental</p><p>e Ensino Médio (BRASIL, 2015a).</p><p>No entanto, segundo o documento da primeira versão da BNCC, a</p><p>responsabilidade da garantia ao direito à aprendizagem não é somente</p><p>da instituição educativa:</p><p>A escola não é a única instituição responsável por garantir</p><p>esses direitos, mas tem um papel importante para que eles</p><p>sejam assegurados aos estudantes. Para que possa cumprir</p><p>este papel, ao longo da educação básica serão mobilizados</p><p>recursos de todas as áreas de conhecimento e de cada um</p><p>de seus componentes curriculares, de forma articulada e</p><p>progressiva, pois em todas as atividades escolares aprende-</p><p>se a se expressar, conviver, ocupar-se da saúde e do ambiente,</p><p>localizar-se no tempo e no espaço, desenvolver visão de</p><p>Segundo o</p><p>documento da</p><p>primeira versão</p><p>da BNCC, a</p><p>responsabilidade da</p><p>garantia ao direito</p><p>à aprendizagem</p><p>não é somente da</p><p>instituição educativa.</p><p>67</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>mundo e apreço pela cultura, associar saberes ao contexto</p><p>vivido, projetar a própria vida e tomar parte na condução dos</p><p>destinos sociais.</p><p>Esses direitos fundamentais, que a escola deve contribuir</p><p>para promover, serão de fato garantidos quando os sujeitos</p><p>da educação básica – estudantes, seus professores e demais</p><p>partícipes da vida escolar – dispuserem de condições para:</p><p>o desenvolvimento de múltiplas linguagens como recursos</p><p>próprios; o uso criativo e crítico dos recursos de informação</p><p>e comunicação; a vivência da cultura como realização</p><p>prazerosa; a percepção e o encantamento com as ciências</p><p>como permanente convite à dúvida; a compreensão da</p><p>democracia, da justiça e da equidade como resultados</p><p>de contínuo envolvimento e participação. Essas condições</p><p>se efetivam numa escola que seja ambiente de vivência e</p><p>produção cultural, de corresponsabilidade de todos com o</p><p>desenvolvimento de todos, e em contínuo intercâmbio de</p><p>questões, informações e propostas com sua comunidade,</p><p>como protagonista social e cultural (BRASIL, 2015a, p. 8-9,</p><p>grifo do autor).</p><p>O documento da primeira versão da BNCC assinala a</p><p>responsabilidade da educação aos diversos fatores e agentes</p><p>escolares. O mesmo documento chama a atenção para as condições</p><p>essenciais que devem ser respeitadas para</p><p>promover o desenvolvimento</p><p>das capacidades sugeridas nos Princípios Orientadores da Base</p><p>Nacional Comum Curricular na Educação Infantil (ambiente acolhedor,</p><p>socializador, afetivo, etc.), no Ensino Fundamental (acolhimento integral</p><p>da criança, alfabetização, articulação interdisciplinar consistente, dentre</p><p>outros) e no Ensino Médio (articulação interdisciplinar consistente, correlações</p><p>entre diferentes aprendizados, articulação entre teoria e prática etc.) (BRASIL,</p><p>2015a).</p><p>O documento da</p><p>primeira versão da</p><p>BNCC assinala a</p><p>responsabilidade</p><p>da educação aos</p><p>diversos fatores e</p><p>agentes escolares.</p><p>68</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 10 — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA</p><p>APRENDIZAGEM DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>69</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FIGURA 11 — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA</p><p>APRENDIZAGEM DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2015a, s.p.)</p><p>De acordo com Rodrigues (2016), os direitos de aprendizagem</p><p>são fundamentais para as associações entre as diversas áreas do</p><p>conhecimento e etapas da escolarização na definição dos objetivos da</p><p>educação básica. Desta forma, a proposta da primeira versão da BNCC</p><p>seria delimitar os objetivos de aprendizagem que poderiam contribuir</p><p>para garantir os direitos enunciados no documento.</p><p>Outros pontos importantes apresentados no documento da primeira</p><p>versão da BNCC são a necessidade de delimitar as características</p><p>semelhantes e dessemelhantes, de forma contextualizada, de cada nível</p><p>da educação básica, bem como, sugerir que as áreas e componentes curriculares</p><p>Desta forma, a</p><p>proposta da primeira</p><p>versão da BNCC</p><p>seria delimitar</p><p>os objetivos de</p><p>aprendizagem que</p><p>poderiam contribuir</p><p>para garantir os</p><p>direitos enunciados</p><p>no documento.</p><p>70</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>deveriam ser desenvolvidos em parceria para propiciar uma melhor apropriação</p><p>dos mesmos. Todas essas determinações foram submetidas à consulta pública</p><p>(RODRIGUES, 2016).</p><p>No item “A Educação Especial na Perspectiva Inclusiva e a</p><p>Base Nacional Comum Curricular” da parte introdutória, é defendido</p><p>a garantia e a efetividade do direito à educação as pessoas com</p><p>deficiências e a plena participação nos espaços sociais por meio de</p><p>igualdades de condições e oportunidades na sociedade, sem restrições</p><p>de participação. Para tanto, a primeira versão da BNCC propõe que</p><p>os sistemas de ensino deveriam assegurar em todos os níveis da</p><p>educação básica a organização e oferta de ações de apoio específicas</p><p>para promoverem a acessibilidade (BRASIL, 2015a).</p><p>Segundo o documento da primeira versão da BNCC (BRASIL,</p><p>2015a), a Educação Especial é compreendida como uma modalidade</p><p>transversal nas diversas etapas da educação básica. De modo que, seria o</p><p>currículo o instrumento responsável para organizar e ofertar serviços e recursos</p><p>de acessibilidade. Sendo assim, a primeira versão da BNCC indicou serviços que</p><p>poderiam assegurar o acesso ao currículo na educação especial associado à</p><p>atuação profissional, são eles:</p><p>●	Atendimento educacional especializado (AEE): considerando como</p><p>atividades do AEE o estudo de caso, o plano de AEE, ensino do Sistema</p><p>Braille, ensino do uso do Soroban, estratégias para autonomia no</p><p>ambiente escolar, orientação e mobilidade, ensino do uso de recursos</p><p>de tecnologia assistiva, ensino do uso da comunicação alternativa e</p><p>aumentativa (CAA), estratégias para o desenvolvimento de processos</p><p>cognitivos, estratégias para enriquecimento curricular.</p><p>●	Profissional de apoio: o serviço com os profissionais de apoio deveria</p><p>ser disponibilizado a partir da necessidade do estudante, visando os</p><p>cuidados pessoais de locomoção, alimentação e higiene. De modo</p><p>que, estes atuam em parceria com os profissionais responsáveis pela</p><p>escolarização da pessoa com deficiência.</p><p>●	Tradutor/Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)/Língua</p><p>Portuguesa: o serviço de tradutor deveria ser garantido sempre que</p><p>houvesse matrícula de alunos usuários da Língua Brasileira de Sinais,</p><p>aliando-o aos recursos tecnológicos.</p><p>●	Guia intérprete: esse serviço seria disponibilizado pelo profissional</p><p>em tradução e interpretação tátil da Língua Brasileira de Sinais, uso da</p><p>dactilologia, mediação de comunicação alternativa (BRASIL, 2015a).</p><p>O terceiro item da parte introdutória “Documento Preliminar à Base Nacional</p><p>A primeira versão</p><p>da BNCC propõe</p><p>que os sistemas de</p><p>ensino deveriam</p><p>assegurar em</p><p>todos os níveis da</p><p>educação básica</p><p>a organização e</p><p>oferta de ações de</p><p>apoio específicas</p><p>para promoverem</p><p>a acessibilidade</p><p>(BRASIL, 2015a).</p><p>71</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>Comum Curricular – Princípios, Formas de Organização e Conteúdo” trata</p><p>sobre os direitos e objetivos da aprendizagem relacionando-os com as quatro</p><p>áreas do conhecimento: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens</p><p>e Matemática a partir das determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais</p><p>Gerais para a Educação Básica, do Plano Nacional de Educação, da Secretaria</p><p>de Educação Básica (BRASIL, 2015a).</p><p>No documento da primeira versão as orientações para a Educação Infantil</p><p>foram apresentadas no texto “A Educação Infantil na Base Nacional Comum</p><p>Curricular” que aponta três princípios que deveriam orientar a construção do</p><p>projeto político pedagógico da Educação Infantil com base nas determinações do</p><p>Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), Resolução nº</p><p>5/2009. Os princípios da Educação Infantil são:</p><p>Éticos (autonomia, responsabilidade, solidariedade, respeito</p><p>ao bem-comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,</p><p>identidade e singularidades);</p><p>Políticos (direitos de cidadania, exercício da criticidade,</p><p>respeito à ordem democrática);</p><p>Estéticos (sensibilidade, criatividade, ludicidade, liberdade de</p><p>expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais)</p><p>(BRASIL, 2015a, p. 19, grifo do autor).</p><p>Estes princípios deveriam fundamentar as metodologias e as relações que</p><p>constituem o modo de gestão das unidades, organização dos ambientes da</p><p>Educação Infantil. Outro ponto apresentado no documento são os Direitos de</p><p>Aprendizagem na Educação Infantil:</p><p>CONVIVER democraticamente, com outras crianças e adultos,</p><p>com eles interagir, utilizando diferentes linguagens, e ampliar o</p><p>conhecimento e o respeito em relação à natureza, à cultura, às</p><p>singularidades e às diferenças entre as pessoas;</p><p>BRINCAR cotidianamente de diversas formas e com</p><p>diferentes parceiros, interagindo com as culturas infantis,</p><p>construindo conhecimentos e desenvolvendo sua imaginação,</p><p>sua criatividade, suas capacidades emocionais, motoras,</p><p>cognitivas e relacionais;</p><p>PARTICIPAR, com protagonismo, tanto no planejamento como</p><p>na realização das atividades recorrentes da vida cotidiana,</p><p>na escola das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes,</p><p>desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos;</p><p>EXPLORAR movimentos, gestões, sons, palavras, histórias,</p><p>objetos, elementos da natureza e do ambiente urbano e do</p><p>campo, interagindo com diferentes grupos e ampliando seus</p><p>saberes e linguagens;</p><p>COMUNICAR, com diferentes linguagens, opiniões,</p><p>sentimentos e desejos, pedidos de ajuda, narrativas de</p><p>experiências, registros de vivências e de conhecimentos, ao</p><p>mesmo tempo em que aprende a compreender o que os outros</p><p>72</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>lhe comunicam;</p><p>CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal e cultural,</p><p>constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos</p><p>de pertencimento nas diversas interações e brincadeiras</p><p>vivenciadas na instituição de Educação Infantil (BRASIL,</p><p>2015a, p. 19–20).</p><p>Segundo o documento da primeira versão da BNCC (BRASIL, 2015a), para</p><p>alcançar esses objetivos deveriam ser construídas experiências de aprendizagem</p><p>que significam experiências reais na vida cotidiana das crianças que conduzam</p><p>as aprendizagens</p><p>sobre cultura, convívio social, a construção de narrativas</p><p>individuais e coletivas, por intermédio de diversas linguagens. Estes direitos e</p><p>objetivos da aprendizagem foram submetidos à consulta pública (BRASIL, 2015a).</p><p>Sendo assim, a proposta curricular da primeira versão da BNCC para a Educação</p><p>Infantil se deu em Campos de Experiências:</p><p>Os Campos de Experiências incluem determinadas práticas</p><p>sociais e culturais de uma comunidade e as múltiplas</p><p>linguagens simbólicas que nelas estão presentes. Constituem-</p><p>se como forma de organização curricular adequada a esse</p><p>momento da educação da criança de até 6 anos, quando</p><p>certos conhecimentos, trabalhados de modo interativo e lúdico,</p><p>promovem a apropriação por elas de conteúdos relevantes.</p><p>Os campos potencializam experiências de distintas naturezas,</p><p>dadas a relevância e a amplitude dos desafios que uma</p><p>criança de 0 a 6 anos enfrenta em seu processo de viver, de</p><p>compreender o mundo e a si mesma (BRASIL, 2015a, p. 20).</p><p>De acordo com Rodrigues (2016), o documento da primeira</p><p>versão organizou de modo fragmentado os Campos de Experiências e</p><p>Objetivos de Aprendizagem na Educação Infantil, com a finalidade de</p><p>garantir os princípios e os direitos das crianças de zero a seis anos de</p><p>idade. Os Campos de Experiências para crianças de até seis anos são:</p><p>a) O Eu, O Outro e o Nós;</p><p>b) Corpo, Gestos e Movimentos;</p><p>c) Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação;</p><p>d) Traços, Sons, Cores e Imagens;</p><p>e) Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações.</p><p>Os Campos de Experiências não representam áreas de conhecimento,</p><p>mas, eles perpassam por elas. O texto sobre as orientações curriculares para a</p><p>Educação Infantil encerra apontando que o sistema educacional deverá garantir</p><p>as condições essenciais para o desenvolvimento do trabalho pedagógico na</p><p>Educação Infantil como organização dos espaços para a interação das crianças,</p><p>acesso a materiais diversificados, formas de acompanhamento e avaliação do</p><p>desenvolvimento dos estudantes (BRASIL, 2015a).</p><p>De acordo com</p><p>Rodrigues (2016),</p><p>o documento da</p><p>primeira versão</p><p>organizou de</p><p>modo fragmentado</p><p>os Campos de</p><p>Experiências</p><p>e Objetivos de</p><p>Aprendizagem na</p><p>Educação Infantil,</p><p>com a finalidade de</p><p>garantir os princípios</p><p>e os direitos das</p><p>crianças de zero a</p><p>seis anos de idade.</p><p>73</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>Em relação à proposta curricular da primeira versão da BNCC para o</p><p>Ensino Fundamental e o Ensino Médio, tivemos quatro áreas de Conhecimento,</p><p>Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, que</p><p>possuem subcomponentes que neles estão distribuídos os Objetivos de</p><p>Aprendizagem. (RODRIGUES, 2016).</p><p>Na área de Linguagens foram apresentados quatro componentes</p><p>curriculares: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Educação Física e</p><p>Arte, com o objetivo de promover uma maior relação entre esses conhecimentos</p><p>(RODRIGUES, 2016). Desta forma, os objetivos da área de Linguagens para a</p><p>Educação Básica consistiram em:</p><p>Planejar e realizar intervenções orais em situações públicas e</p><p>analisar práticas utilizando diferentes gêneros orais (conversa,</p><p>discussão, debate, entrevista, debate, regrada, exposição</p><p>oral), assim como desenvolver escuta atenta e crítica em</p><p>situações variadas.</p><p>Planejar, produzir, reescrever, revisar, editar e avaliar textos</p><p>variados, considerando o contexto de produção e circulação</p><p>(finalidades, gêneros, destinatários, espaços de circulação,</p><p>suportes) e os aspectos discursivos, composicionais e</p><p>linguísticos.</p><p>Desenvolver estratégias e habilidades de leitura – antecipar</p><p>sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos aos textos,</p><p>elaborar inferências, localizar informações, estabelecer</p><p>relações de intertextualidade e interdiscursividade, apreender</p><p>sentidos gerais do texto, identificar assuntos/tema tratados nos</p><p>textos, estabelecer relações lógicas entre partes do texto – que</p><p>permitam ler, com compreensão, textos de gêneros variados,</p><p>sobretudo gêneros literários.</p><p>Valorizar diferentes identidades sociais, lendo e apreciando</p><p>a literatura das culturas tradicional, popular, afro-brasileira,</p><p>africana, indígena e de outros povos e culturas.</p><p>Refletir sobre a variação linguística, reconhecendo relações</p><p>de poder na sociedade, combatendo as formas de dominação</p><p>e preconceito que se fazem na e pela linguagem, sobre as</p><p>relações entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim</p><p>como reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível</p><p>de formalidade dos textos em suas produções.</p><p>Utilizar sobre a variação linguística, reconhecendo relações</p><p>de poder na sociedade, combatendo as formas de dominação</p><p>e preconceito que se fazem na e pela linguagem, sobre as</p><p>relações entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim</p><p>como reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível</p><p>de formalidade dos textos em suas produções.</p><p>Utilizar e analisar diferentes estratégias de coesão e</p><p>articulação entre partes do texto, tais como os recursos de</p><p>retomadas (pronominalização, substituição lexical, uso de</p><p>palavras de ligação) e as palavras e expressões que marcam</p><p>a progressão do tempo na narrativa, as que estabelecem as</p><p>relações de causalidade, oposição, consequência, explicação</p><p>entre acontecimentos e ideias.</p><p>74</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Ler, produzir e analisar textos multimodais, estabelecendo</p><p>relações entre escrita, fala, sons, música, imagens (fotografias,</p><p>telas, ilustrações, imagens em movimento, grafismos), dentre</p><p>outras linguagens (BRASIL, 2015a, p. 41).</p><p>Na área de Matemática foram considerados os conhecimentos matemáticos</p><p>fundamentais para a vida em sociedade e o desenvolvimento tecnológico. Sendo</p><p>assim, os objetivos gerais dessa área para a Educação Básica foram:</p><p>Estabelecer conexões entre os eixos da matemática e entre</p><p>esta e outras áreas do saber.</p><p>Resolver problemas, criando estratégias próprias para sua</p><p>resolução, desenvolvendo imaginação e criatividade.</p><p>Raciocinar, fazer abstrações com base em situações concretas,</p><p>generalizar, organizar e representar.</p><p>Comunicar-se, utilizando as diversas formas de linguagem</p><p>empregadas em Matemáticas.</p><p>Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos</p><p>de raciocínio (BRASIL, 2015a, p. 118).</p><p>Na área de Ciências da Natureza foram reunidos os seguintes componentes</p><p>curriculares: Ciências, Biologia, Física, Química, com o objetivo de formar o sujeito</p><p>para a interação e atuação em diversos espaços, considerando a construção</p><p>do conhecimento científico e os aspectos culturais, sociais, éticos e ambientais</p><p>(RODRIGUES, 2016). De tal forma, os Objetivos Gerais da área de Ciências da</p><p>Natureza para a Educação Básica foram:</p><p>Compreender a ciência como um empreendimento humano,</p><p>construído histórico e socialmente.</p><p>Apropriar-se de conhecimentos das Ciências da Natureza</p><p>como instrumento de leitura do mundo.</p><p>Interpretar e discutir relações entre a ciência, a tecnologia, o</p><p>ambiente e a sociedade.</p><p>Mobilizar conhecimentos para emitir julgamentos e tomar</p><p>posições a respeito de situações e problemas de interesse</p><p>pessoal e social relativos às interações da ciência na sociedade.</p><p>Saber buscar e fazer uso de informações e de procedimentos</p><p>de investigação com vistas a propor soluções para problemas</p><p>que envolvem conhecimentos científicos.</p><p>Desenvolver senso crítico e autonomia intelectual no</p><p>enfrentamento de problemas e na busca de soluções, visando</p><p>transformações sociais e construção da cidadania.</p><p>Fazer uso de modos de comunicação e de interação para</p><p>aplicação e divulgação de conhecimentos científicos e</p><p>tecnológicos.</p><p>Refletir criticamente sobre valores humanos, éticos e morais</p><p>relacionados com a aplicação dos conhecimentos científicos</p><p>e tecnológicos.</p><p>A área de Ciências Humanas reuniu saberes que problematizam as</p><p>75</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>relações naturais, sociais e de poder, os conhecimentos científicos, as políticas,</p><p>a cultura, dentre</p><p>outros. Os componentes curriculares dessas áreas são: História,</p><p>Geografia, Ensino Religioso, Filosofia, Sociologia. E os Objetivos Gerais de</p><p>aprendizagem da área de Ciências da Humanas para a Educação Básica forma:</p><p>Conhecer princípios éticos, políticos, culturais, sociais e</p><p>afetivos, sob a égide da solidariedade, atentando para a</p><p>diversidade, a exclusão, avaliando e assumindo ações</p><p>possíveis para cuidado de si mesmo, da vida em sociedade,</p><p>do meio ambiente e das próximas gerações.</p><p>Analisar processos e fenômenos naturais, sociais,</p><p>filosóficos, sociológicos, históricos, religiosos e geográficos,</p><p>problematizando-os em diferentes linguagens, adotando</p><p>condutas de investigação e de autoria em práticas escolares</p><p>e sociais voltadas para a promoção de conhecimentos, da</p><p>sustentabilidade ambiental, da interculturalidade e da vida.</p><p>Problematizar o papel e a função de instituições sociais,</p><p>culturais, políticas, econômicas e religiosas, questionando</p><p>os enfrentamentos entre grupos e sociedades, bem como as</p><p>práticas de atores sociais em relação ao exercício de cidadania,</p><p>nos desdobramentos de poder e na relação dinâmica entre</p><p>natureza e sociedade, em diferentes temporalidades e</p><p>espacialidades.</p><p>Compreender e aplicar pressupostos teórico-metodológicos</p><p>que fundamental saberes, conhecimentos e experiências que</p><p>integrem e reflitam o percurso da Educação Básica, observando</p><p>os preceitos legais referentes a políticas educacionais de</p><p>inclusão, considerando o trabalho e as diversidades como</p><p>princípios formativos.</p><p>Após a finalização do documento da primeira versão da BNCC, o MEC criou</p><p>uma estratégia de análise para receber as informações das avaliações, críticas</p><p>e sugestões de melhorias para a segunda versão da BNCC. No portal virtual da</p><p>BNCC foi disponibilizado o documento “Notas sobre o tratamento e a publicação</p><p>dos dados e das contribuições ao documento preliminar da base nacional comum</p><p>curricular” que explicava como o MEC analisou os dados recebidos sobre a</p><p>primeira versão da BNCC (RODRIGUES, 2016).</p><p>As análises da BNCC foram apresentadas e organizadas pelo MEC em</p><p>quatro documentos:</p><p>Resultados estatísticos da avaliação da Base quanto à clareza,</p><p>pertinência e relevância dos textos, bem como de proposta de</p><p>exclusão de objetivos de aprendizagem;</p><p>Propostas de novos objetivos de aprendizagem;</p><p>Propostas de alteração de texto dos objetivos de aprendizagem;</p><p>Propostas de alteração dos textos da Base, que inclui os textos</p><p>de apresentação da Base, das áreas de conhecimento e dos</p><p>componentes curriculares (BRASIL, 2016, p. 1).</p><p>76</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>O documento preliminar da BNCC recebeu também pareceres de instituições</p><p>científicas, assessores, especialistas de diversas universidades e escolas</p><p>do Brasil. As análises das consultas da opinião pública e as avaliações das</p><p>universidades e escolares brasileiras constituíram um relatório específico que foi</p><p>utilizado nos debates públicos em todo o território do país (RODRIGUES, 2016).</p><p>Segundo Micarello (2016, p. 69), houve um número significativo de participação</p><p>na análise do documento da primeira versão da BNCC:</p><p>Numa breve incursão ao Portal, foi possível inventariar alguns</p><p>números representativos da amplitude do debate que levou</p><p>à construção da segunda versão do documento: 12.226.510</p><p>contribuições (compõem esse universo, as escolas, redes</p><p>de ensino e indivíduos); 92 leitores críticos dos documentos</p><p>(professores pesquisadores das universidades, convidados</p><p>pelo MEC a produzir pareceres sobre a primeira versão</p><p>dos documentos preliminares, alguns deles amplamente</p><p>reconhecidos em suas áreas de atuação). Na maioria dos casos,</p><p>os pareceres emitidos por esses professores estão disponíveis</p><p>à leitura. Há, ainda, 45 relatórios sobre o processamento dos</p><p>dados da consulta pública e dois relatórios que apresentam</p><p>os encaminhamentos do MEC para a elaboração da segunda</p><p>versão do documento. Além das contribuições disponíveis no</p><p>Portal da Base, criado pelo MEC, há um conjunto de relatórios</p><p>advindos de consultorias internacionais, contratadas por</p><p>fundações privadas, que também são parte da correlação de</p><p>forças em torno do documento da BNCC.</p><p>A publicação da versão BNCC gerou inúmeros debates,</p><p>ganhando as páginas dos jornais do país. Nesse momento, os grupos</p><p>conservadores e progressistas criticaram a proposta da BNCC, de</p><p>modo que eles foram contra o documento, pois, para os conversadores</p><p>o documento não satisfazia os termos necessários para a aquisição de</p><p>conhecimento. Enquanto os progressistas esperavam um documento</p><p>que não defendesse os interesses do mercado ou das políticas</p><p>neoliberais. Aliaram-se a essas críticas os movimentos sociais, organizações não</p><p>governamentais ligadas à educação, entidades científicas posicionando-se contra</p><p>as determinações da primeira versão da BNCC (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA,</p><p>2016).</p><p>Essas avalições e críticas serviram para a reelaboração do documento da</p><p>BNCC, de modo que a segunda versão da BNCC foi publicada no portal virtual</p><p>da base para o público em 16 de maio de 2016, apresentando significativas</p><p>alterações em sua estrutura, com textos explicando as diversas etapas de ensino</p><p>e as suas respectivas áreas, resultando em um documento com seiscentas e</p><p>setenta e seis laudas. A seguir o sumário do documento da segunda versão da</p><p>BNCC:</p><p>A publicação da</p><p>versão BNCC gerou</p><p>inúmeros debates,</p><p>ganhando as</p><p>páginas dos jornais</p><p>do país.</p><p>77</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FIGURA 12 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2016, s.p.)</p><p>78</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 13 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2016, s.p)</p><p>79</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>Para conhecer o documento da segunda versão da BNCC,</p><p>acesse o site Movimento pela Base Nacional Comum, disponível em:</p><p>http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/bncc-2versao.revista.</p><p>pdf.</p><p>FIGURA 14 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2016, s.p.)</p><p>80</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Conforme Rodrigues (2016, p. 101-102), o documento da segunda versão da</p><p>BNCC apresentou a seguinte estrutura geral:</p><p>Nome dos membros integrantes das comissões das</p><p>representações: Ministério da Educação; CONSED, UNDIME</p><p>NACIONAL, Equipe de assessores e especialistas, Comissão</p><p>de especialistas das etapas de ensino e áreas, Professores</p><p>que colaboraram como revisores, Assessoria de comunicação</p><p>social ao Portal da Base Nacional Comum Curricular, Equipe</p><p>de Arquitetura da informação do Portal da BNCC, Equipe</p><p>de sistematização das contribuições ao Portal da Base</p><p>Nacional Comum Curricular, Coordenadores institucionais das</p><p>comissões estaduais para a discussão da BNCC e lista de</p><p>agradecimentos.</p><p>Sumário.</p><p>Textos Introdutórios: “Sobre a construção de uma base</p><p>nacional comum curricular para o Brasil”; “Princípios da Base</p><p>Nacional Comum Curricular e Direitos de Aprendizagem e</p><p>Desenvolvimento”; “A Base Nacional Comum Curricular”.</p><p>Proposta da Educação Infantil: texto “A Etapa da Educação</p><p>Infantil”.</p><p>Apresentação das áreas: texto “As áreas do conhecimento</p><p>e seus componentes curriculares na Base Nacional Comum</p><p>Curricular”.</p><p>Explicação introdutória de cada componente nas áreas.</p><p>Propostas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio: “A</p><p>Etapa do Ensino Fundamental”; “Os anos iniciais do Ensino</p><p>Fundamental”; “Os anos finais do Ensino Fundamental”; “A</p><p>Etapa do Ensino Médio”.</p><p>Após a apresentação de cada etapa, estão as áreas com seus</p><p>respectivos componentes curriculares, acompanhados dos</p><p>objetivos de aprendizagem em cada ano de escolarização.</p><p>A estrutura do documento da segunda versão da BNCC é mais</p><p>objetiva que a primeira versão da BNCC. Como podemos observar</p><p>na citação e no sumário (Figuras 12, 13, 14), no documento foram</p><p>apresentados os membros das comissões</p><p>das representações, os</p><p>textos introdutórios com a apresentação da proposta da BNCC e suas</p><p>devidas alterações para as etapas e modalidades da educação básica,</p><p>as suas áreas de conhecimento e os seus componentes curriculares e</p><p>os objetivos de aprendizagem.</p><p>O texto “Sobre a Construção de uma Base Nacional Comum Curricular</p><p>para o Brasil” é a introdução do documento, na qual é anunciado a construção</p><p>coletiva da BNCC (comitê de assessores, consulta pública e demais envolvidos)</p><p>e que representa os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, orientações</p><p>curriculares, para a educação básica, bem como, indica o MEC como instituição</p><p>que acredita na formação integral do sujeito e na educação com equidade e</p><p>qualidade, e os objetivos de aprendizagem estariam de acordo com a concepção</p><p>A estrutura do</p><p>documento da</p><p>segunda versão</p><p>da BNCC é mais</p><p>objetiva que a</p><p>primeira versão da</p><p>BNCC.</p><p>81</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>de educação enquanto direito social (RODRIGUES, 2016).</p><p>O segundo texto da parte introdutória “Princípios da Base Nacional Comum</p><p>Curricular e Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento” indica os direitos e os</p><p>objetivos da aprendizagem que deveriam ser contemplados nos currículos. Esses</p><p>direitos foram fundamentados nos princípios éticos, políticos e estéticos para</p><p>promover uma formação integral. Outro ponto destacado nesse tópico, são as</p><p>modalidades da educação básica em defesa da inclusão da diversidade, a parte</p><p>referente a educação especial é mantida igual ao documento da primeira versão</p><p>(BRASIL, 2016).</p><p>O terceiro texto da parte introdutória “A Base Nacional Comum Curricular”</p><p>afirma que a BNCC, por delimitar Direitos e Objetivos de aprendizagem e</p><p>Desenvolvimento, os quais as crianças deverão ter acesso na educação básica, é</p><p>um documento que traz avanços para a escola brasileira, em relação aos outros</p><p>documentos normativos produzidos anteriormente (BRASIL, 2016).</p><p>O texto que trata sobre as orientações curriculares para a Educação</p><p>Infantil apresentou significativas mudanças em sua estrutura e seu conteúdo em</p><p>relação ao documento da primeira versão. O documento propõe que o brincar</p><p>seja relacionada ao conteúdo escolar, que o currículo da Educação Infantil tenha</p><p>por base os princípios éticos, político e estético; cuidar e o educar; interações</p><p>e brincadeiras; escolhas de práticas e conhecimentos; centralidade nas</p><p>individualidades das crianças (RODRIGUES, 2016).</p><p>A segunda versão da BNCC considerou de fundamental importância</p><p>incluir conteúdos da experiência das crianças e possuir uma avaliação</p><p>reflexiva sobre as aprendizagens dos estudantes. Os Direitos de</p><p>Aprendizagem e Desenvolvimento da Educação Infantil foram conviver,</p><p>participar, explorar, brincar, expressar, conhecer-se, a partir desses</p><p>estabeleceram os Campos de Experiências repetidos da primeira</p><p>versão, porém, estabeleceu-se uma diferença entre o trabalho escolar</p><p>para os bebês e as crianças pequenas, com base no DCNEI (Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para a Educação Infantil) (RODRIGUES, 2016).</p><p>Em relação as propostas curriculares da segunda versão da BNCC</p><p>para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, observamos que houve</p><p>um maior aprofundamento nas propostas, de modo que, o Ensino Fundamental</p><p>é classificado em duas etapas: Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao</p><p>9º ano), apresentando quatro eixos de desenvolvimento que foram letramento e</p><p>capacidade de aprender, ética e pensamento crítico, leitura do mundo natural e</p><p>social, solidariedade e sociabilidade (BRASIL, 2016).</p><p>A segunda</p><p>versão da BNCC</p><p>considerou de</p><p>fundamental</p><p>importância incluir</p><p>conteúdos da</p><p>experiência das</p><p>crianças e possuir</p><p>uma avaliação</p><p>reflexiva sobre as</p><p>aprendizagens dos</p><p>estudantes.</p><p>82</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Enquanto ao Ensino Médio, o documento apresentou quatro dimensões de</p><p>formação que consistiram em trabalho, cultura, ciência, tecnologia, bem como os</p><p>eixos de formação do Ensino Médio que se relacionavam com os objetivos gerais</p><p>de formação. Os eixos de formação do Ensino Médio foram:</p><p>Eixo 1 _ Pensamento crítico e projeto de vida: este eixo diz</p><p>respeito à adoção, pelos/ pelas estudantes, de uma atitude</p><p>questionadora frente aos problemas sociais de modo a assumir</p><p>protagonismo em relação aos desafios contemporâneos e</p><p>projetar expectativas em relação a sua vida pessoal, acadêmica</p><p>e profissional, a partir da análise crítica de fatos e situações.</p><p>Eixo 2 _ Intervenção no mundo natural e social: este eixo</p><p>diz respeito ao protagonismo dos/das estudantes frente às</p><p>questões sociais e ambientais contemporâneas. Refere-se à</p><p>capacidade de dar respostas aos problemas de seu tempo,</p><p>utilizando-se, para tal, de diferentes recursos e tecnologias,</p><p>colocando-os a serviço de seus propósitos.</p><p>Eixo 3 _ Letramentos e capacidade de aprender: este eixo,</p><p>que também está presente no Ensino Fundamental, diz</p><p>respeito à ampliação da participação dos/das estudantes do</p><p>Ensino Médio no mundo letrado por sua inserção em esferas</p><p>mais abrangentes da vida social. Tal ampliação, além de</p><p>proporcionar novas aprendizagens na escola, deve se traduzir</p><p>no desenvolvimento da capacidade de continuar aprendendo</p><p>ao longo da vida.</p><p>Eixo 4 _ Solidariedade e sociabilidade: assim como no</p><p>Ensino Fundamental, no Ensino Médio este eixo diz respeito</p><p>aos compromissos que os sujeitos assumem com relação à</p><p>coletividade e aos processos de construção de identidade,</p><p>que se dão no reconhecimento e acolhimento das diferenças.</p><p>Diz respeito, ainda, à adoção de uma postura sensível diante</p><p>da vida, das relações sociais e dos seres humanos com o</p><p>ambiente, pautada em apreciações éticas e estéticas, como</p><p>também ao desenvolvimento das competências necessárias</p><p>para uma sociabilidade própria dos sistemas democráticos e</p><p>republicanos (BRASIL, 2016, p. 493).</p><p>Outro ponto importante do documento da segunda versão da</p><p>BNCC é a apresentação dos temas integradores que são: economia,</p><p>educação, financeira e sustentabilidade; culturas indígenas e africanas;</p><p>culturas digitais e computação; direitos humanos e cidadania; educação</p><p>ambiental, que foram apenas citados na primeira versão do documento.</p><p>Para Rodrigues (2016, p. 108) “a função desses temas integradores</p><p>seria estabelecer integração entre uma área ou diferentes áreas da</p><p>educação básica. Tratam de questões que perpassam as experiências</p><p>contextuais dos sujeitos”. Portanto, todas as mudanças apresentadas</p><p>pelo documento da segunda versão da base buscaram esclarecer a</p><p>estrutura da BNCC com maior clareza para a população brasileira.</p><p>Sendo assim, o documento da segunda versão foi analisado por meio dos</p><p>Outro ponto</p><p>importante do</p><p>documento da</p><p>segunda versão</p><p>da BNCC é a</p><p>apresentação dos</p><p>temas integradores</p><p>que são: economia,</p><p>educação, financeira</p><p>e sustentabilidade;</p><p>culturas indígenas</p><p>e africanas;</p><p>culturas digitais</p><p>e computação;</p><p>direitos humanos e</p><p>cidadania; educação</p><p>ambiental.</p><p>83</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum foi</p><p>formado pela Secretaria-Executiva do MEC.</p><p>seminários estaduais que ocorreram entre junho e agosto de 2016 e contaram</p><p>com a participação de professores, gestores, especialistas, organizações e</p><p>entidades científicas. Os resultados da análise da segunda versão da BNCC foram</p><p>sistematizados e organizados em relatório elaborado por um grupo de trabalho</p><p>composto por Consed e Undime. Além disso, o documento da segunda versão da</p><p>BNCC foi avaliado por especialistas brasileiros e estrangeiros (BRANCO, 2017).</p><p>O relatório da Consed e da Undime e os pareceres analíticos dos</p><p>especialistas foram direcionados ao Comitê Gestor da Base Nacional Curricular</p><p>Comum e Reforma do Ensino Médio, para serem direcionados ao CNE. O</p><p>Comitê Gestor foi instituído pela Portaria nº 790, publicada em 27 de julho de</p><p>2016, e ficou responsável pelas diretrizes que orientaram</p><p>a análise da segunda</p><p>versão da BNCC, a indicação dos especialistas que construíram a versão final do</p><p>documento da BNCC, dentre outras competências citadas a seguir:</p><p>Art. 5º Compete ao Comitê Gestor:</p><p>I - acompanhar os debates sobre o documento preliminar</p><p>da BNCC a serem promovidos nas unidades da Federação</p><p>durante os meses de julho e agosto de 2016;</p><p>II - convidar especialistas para discutirem temas específicos da</p><p>proposta em discussão da BNCC e sugerir alternativas para a</p><p>reforma do Ensino Médio;</p><p>III - propor definições, orientações e diretrizes para a</p><p>elaboração da versão final e implementação da BNCC e de</p><p>reforma do Ensino Médio;</p><p>IV - estabelecer cronograma de trabalho;</p><p>V - indicar especialistas para redigir a versão final da BNCC;</p><p>e VI - estabelecer orientações para a implantação gradativa</p><p>da BNCC pelas redes de ensino públicas e privadas (BRASIL,</p><p>2016, s.p.).</p><p>De acordo com o art. 5º da Portaria nº 790/2016, o Comitê Gestor</p><p>acompanhou os debates dos seminários estaduais para avaliar o</p><p>documento da segunda versão da BNCC, estabeleceu orientações para</p><p>a implementação da BNCC nas escolas, estabeleceu um prazo para as</p><p>análises, convidou especialistas para analisar as propostas e sugerir a</p><p>reforma do Ensino Médio, dentre outros.</p><p>De acordo com o</p><p>art. 5º da Portaria nº</p><p>790/2016, o Comitê</p><p>Gestor acompanhou</p><p>os debates</p><p>dos seminários</p><p>estaduais para</p><p>avaliar o documento</p><p>da segunda versão</p><p>da BNCC.</p><p>84</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Em relação às críticas direcionadas ao documento da segunda versão da</p><p>BNCC, Micarello (2016) afirma que o documento apresentou-se demasiadamente</p><p>extenso para contemplar os aspectos sugeridos pelas análises, como também,</p><p>o documento apresentava heterogeneidade em suas formas de organização dos</p><p>objetivos de aprendizagem e desenvolvimento entre os componentes curriculares,</p><p>como por exemplo educação física, arte e língua estrangeira são sistematizados</p><p>por ciclos de formação e outros componentes curriculares por ano, fragilizando a</p><p>segunda versão da BNCC. Outro ponto criticado é a artificialidade da composição</p><p>de algumas áreas, como a área de linguagens que apresentou uma baixa</p><p>articulação entre os componentes curriculares (MICARELLO, 2016).</p><p>Apesar das diversas críticas sobre o documento da segunda versão</p><p>da BNCC, não podemos desqualificar o seu processo de construção,</p><p>uma vez que, fomentou a necessidade e a relevância do debate</p><p>democrática na construção das políticas educacionais brasileiras. De</p><p>modo que, precisamos, ainda, discutir a necessidade de uma base</p><p>comum curricular para oferecer e garantir uma escola mais digna com</p><p>oportunidades de acesso à educação de qualidade para todos.</p><p>Nesse processo de reelaboração da BNCC, foram aprovadas duas</p><p>determinações que marcaram o processo de tramitação da BNCC, o</p><p>projeto de Lei nº 4.486/2016 que altera o PNE, modificando a instância</p><p>de deliberação sobre a BNCC do CNE e do MEC para a Câmara dos</p><p>Deputados sob a justificativa que a BNCC delimita direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento, de modo que o Congresso seria a instância adequada para</p><p>deliberar a respeito dela. E a Medida Provisória nº 746/2016 (transformada</p><p>na Lei nº 13.415/2016) que trata sobre a reforma do Ensino Médio e atribui à</p><p>BNCC a função de definir o currículo do Ensino Médio em uma nova estrutura</p><p>na perspectiva da formação integral, sem consulta da opinião pública, gerando</p><p>revoltas nos educadores e demais trabalhadores da educação (MICARELLO,</p><p>2016).</p><p>Em 06 de abril de 2017, o MEC realiza a entrega a versão final da BNCC ao</p><p>CNE, com quatrocentos e setenta laudas, das quais organizam-se da seguinte</p><p>forma:</p><p>●	Nomes dos ministérios, secretarias e parcerias envolvidas na construção</p><p>da BNCC;</p><p>●	Sumário;</p><p>●	Apresentação inicial da BNCC elaborada Ministro da Educação em</p><p>exercício: Mendonça Filho;</p><p>●	Textos introdutórios: “A Base Nacional Comum Curricular”,</p><p>“Competências gerais da BNCC”, “Os marcos legais que embasam</p><p>Precisamos,</p><p>ainda, discutir</p><p>a necessidade</p><p>de uma base</p><p>comum curricular</p><p>para oferecer e</p><p>garantir uma escola</p><p>mais digna com</p><p>oportunidades de</p><p>acesso à educação</p><p>de qualidade para</p><p>todos.</p><p>85</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>a BNCC”, “Os fundamentos pedagógicos da BNCC”, “O pacto</p><p>interfederativo e a implementação da BNCC”;</p><p>●	Estrutura geral da BNCC: definição das competências gerais para a</p><p>Educação Infantil e o Ensino Fundamental;</p><p>●	A Etapa da Educação Infantil: a Educação Infantil na BNCC e</p><p>no contexto da educação básica, os Direitos de Aprendizagem e o</p><p>Desenvolvimento na Educação Infantil, os campos de experiências</p><p>(experiências concretas da vida cotidiana), orientações para a transição</p><p>para o Ensino Fundamental;</p><p>●	A Etapa do Ensino Fundamental: o Ensino Fundamental no contexto da</p><p>educação básica, as áreas de conhecimento (Linguagens, Matemática,</p><p>Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Ensino Religioso) com as suas</p><p>respectivas unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.</p><p>Tais elementos podem ser identificados nas figuras seguintes que apresentam</p><p>o sumário do documento da versão final da BNCC:</p><p>86</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 15 — SUMÁRIO DA VERSÃO FINAL DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2017, s.p.)</p><p>87</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FIGURA 16 — SUMÁRIO DA VERSÃO FINAL DA BNCC</p><p>FONTE: Brasil (2017, s.p.)</p><p>Para conhecer o documento da versão final da BNCC,</p><p>acesse: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_</p><p>EF_110518_versaofinal_site.pdf</p><p>88</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>No texto introdutório “A Base Nacional Comum Curricular” é apresentada a</p><p>proposta da BNCC para a educação básica, definindo o que é a BNCC e a sua</p><p>função no processo educativo, igualmente as versões anteriores da BNCC. O</p><p>mesmo texto declara que a base condiz com as determinações da LDBEN/96 e</p><p>das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) e os princípios</p><p>éticos, políticos e estéticos que contribuem para a formação integral. (BRASIL,</p><p>2017).</p><p>Ainda no mesmo texto são indicadas dez competências gerais que deverão</p><p>ser desenvolvidas ao longo das etapas da educação básica, são elas:</p><p>1.Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente</p><p>construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital</p><p>para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo</p><p>e colaborar para a construção de uma sociedade justa,</p><p>democrática e inclusiva.</p><p>2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem</p><p>própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a</p><p>análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar</p><p>causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver</p><p>problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base</p><p>nos conhecimentos das diferentes áreas.</p><p>3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e</p><p>culturais, das locais às mundiais, e também participar de</p><p>práticas diversificadas da produção artístico-cultural.</p><p>4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,</p><p>como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem</p><p>como conhecimentos das linguagens artística, matemática</p><p>e científica, para se expressar e partilhar informações,</p><p>experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e</p><p>produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.</p><p>5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação</p><p>e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética</p><p>nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para</p><p>se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir</p><p>conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e</p><p>autoria na vida pessoal e coletiva.</p><p>6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais</p><p>e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe</p><p>possibilitem entender as relações próprias do mundo do</p><p>trabalho</p><p>e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e</p><p>ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência</p><p>crítica e responsabilidade.</p><p>7. Argumentar com base em fatos, dados e informações</p><p>confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos</p><p>de vista e decisões comuns que respeitem e promovam</p><p>os direitos humanos, a consciência socioambiental e o</p><p>consumo responsável em âmbito local, regional e global, com</p><p>posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos</p><p>outros e do planeta.</p><p>8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e</p><p>emocional, compreendendo-se na diversidade humana e</p><p>89</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica</p><p>e capacidade para lidar com elas.</p><p>9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a</p><p>cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao</p><p>outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização</p><p>da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,</p><p>identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de</p><p>qualquer natureza.</p><p>10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,</p><p>responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,</p><p>tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,</p><p>inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017, p. 8-9).</p><p>Essas habilidades, atitudes e valores estão articuladas com os direitos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento defendidos na LDBEN/96. Ao definir tais</p><p>competências a BNCC reconhece que a educação deverá contribuir para a</p><p>transformação do contexto social do aluno, a preservação ambiental para a</p><p>atuação no mercado de trabalho e outras atuações sociais (BRASIL, 2017).</p><p>Na segunda parte do texto introdutório “Os marcos legais que embasam a</p><p>BNCC”, o documento lista, de modo breve, os principais decretos, leis, diretrizes</p><p>que fundamentam e defendem o processo de construção de uma base comum</p><p>curricular no sistema de ensino brasileiro. Ao reunir em um único texto os principais</p><p>marcos históricos da construção da BNCC, o documento final diferencia-se da</p><p>segunda versão que citava ao longo do documento os marcos legais da BNCC.</p><p>Na terceira parte do texto introdutório “Os fundamentos pedagógicos da</p><p>BNCC”, o documento destaca que a BNCC tem por foco o desenvolvimento</p><p>de competências sob a justificativa que tal enfoque é debatido nas diretrizes da</p><p>LDBEN/96, assim como, os Estados e Municípios brasileiros, os diversos países,</p><p>e as avaliações internacionais têm adotado tal objetivo no final do século XX e</p><p>no início do século XXI. Outro aspecto defendido nesse texto é o compromisso</p><p>com a educação integral reconhecendo que a educação básica deverá investir</p><p>na formação e no desenvolvimento humano global com base no aprender a</p><p>aprender, com o objetivo de superar a fragmentação do conhecimento e motivar a</p><p>construção do conhecimento para a vida (BRASIL, 2017).</p><p>Na quarta parte do texto introdutório “O pacto interfederativo e a</p><p>implementação da BNCC”, o documento apresenta o compromisso da BNCC</p><p>com a defesa da implementação de ações que possam garantir as condições</p><p>de acesso e permanência na educação básica com equidade nas oportunidades</p><p>e qualidade no ensino. A implementação da BNCC nas escolas brasileiras será</p><p>tratada por meio do regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios mediante o pacto interfederativo (BRASIL, 2017).</p><p>90</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>No texto referente a proposta curricular para a Educação Infantil, o documento</p><p>final da BNCC permanece com a maioria dos Direitos de Aprendizagem e</p><p>Desenvolvimento determinados na primeira e segunda versão do documento,</p><p>substituindo apenas o direito de comunicar pelo direito de expressar, pois,</p><p>abordaria de forma mais ampla as diferentes linguagens, como podemos verificar</p><p>a seguir:</p><p>Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e</p><p>grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o</p><p>conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura</p><p>e às diferenças entre as pessoas.</p><p>Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes</p><p>espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos),</p><p>ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais,</p><p>seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas</p><p>experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas,</p><p>cognitivas, sociais e relacionais.</p><p>Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do</p><p>planejamento da gestão da escola e das atividades propostas</p><p>pelo educador quanto da realização das atividades da vida</p><p>cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais</p><p>e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e</p><p>elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.</p><p>Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,</p><p>palavras, emoções, transformações, relacionamentos,</p><p>histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela,</p><p>ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas</p><p>modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.</p><p>Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível,</p><p>suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas,</p><p>hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por</p><p>meio de diferentes linguagens.</p><p>Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e</p><p>cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus</p><p>grupos de pertencimento, nas diversas experiências de</p><p>cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas</p><p>na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário</p><p>(BRASIL, 2017, p. 36, grifo nosso).</p><p>Em relação aos Campos de Experiências permanecem os mesmos</p><p>delimitados na primeira e na segunda versão da BNCC (O Eu, O Outro e o</p><p>Nós; Corpo, Gestos e Movimentos; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação;</p><p>Traços, Sons, Cores e Imagens; Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e</p><p>Transformações) (BRASIL, 2017).</p><p>O texto que trata sobre o Ensino Fundamental destaca a duração de</p><p>nove anos para essa etapa da Educação Básica, conforme as determinações</p><p>das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove</p><p>Anos – Resolução CNE/CEB n° 7/2010. Além disso, o texto classifica o Ensino</p><p>Fundamental em duas etapas: Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao 9º</p><p>91</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>ano), como nos documentos anteriores da BNCC.</p><p>As áreas de conhecimento do Ensino Fundamental permanecem iguais das</p><p>versões preliminares, Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências</p><p>Humanas, em seus componentes curriculares ocorreram algumas modificações.</p><p>Na versão final da BNCC foram incluídos a compreensão das novas tecnologias</p><p>da informação e da comunicação no processo educativo e o aprofundamento dos</p><p>objetivos a serem desenvolvidos na área de Linguagens na Educação Infantil e</p><p>no Ensino Fundamental. E excluído o ensino a respeito da ideologia de gênero,</p><p>devido às inúmeras polêmicas geradas acerca do mesmo.</p><p>O documento não apresentou as determinações para o Ensino Médio, pois,</p><p>ainda, não foram concluídas. De modo que, o MEC e o CNE estão se articulando</p><p>para continuar o processo de construção, tramitação e aprovação da reforma do</p><p>Ensino Médio.</p><p>Apesar das diversas críticas sobre a terceira versão da BNCC, em 06 de</p><p>abril de 2017 o documento foi enviado pelo MEC ao CNE para ser apreciado,</p><p>revisado e homologado afim de ser transformar em uma determinação nacional</p><p>para a Educação Básica brasileira. Sendo assim, em 15 de dezembro de 2017, o</p><p>CNE aprova a BNCC com vinte votos a favor e três votos contra, e no dia 20 de</p><p>dezembro de 2017 a base é homologada pelo MEC para ser implementada nas</p><p>instituições educativas de todo o país.</p><p>Portanto, destacamos que o processo de tramitação da BNCC foi de</p><p>extrema importância para a construção da Base, uma vez que, fomentou debates</p><p>e discussões sobre a importância curricular</p><p>a escolarização. Segundo Arroyo (2013, p. 13), “na construção espacial</p><p>do sistema escolar, o currículo é o núcleo e o espaço central mais estruturante da</p><p>função da escola”, pois é ele que estabelece uma ordem, organizando o conteúdo</p><p>da aprendizagem e do ensino dentro de um sistema escolar (SACRISTÁN, 2013).</p><p>“O lexema currículo,</p><p>proveniente do</p><p>étimo currere</p><p>(significa caminho,</p><p>jornada, trajetória,</p><p>percurso a seguir),</p><p>encerra duas</p><p>ideias principais:</p><p>uma sequência</p><p>ordenada, outra</p><p>noção de totalidade</p><p>de estudos”.</p><p>Para ampliar os seus estudos sobre currículo, leia a obra</p><p>“Escritos Curriculares”, do autor José Augusto Pacheco (2005).</p><p>11</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 nov. 2018.</p><p>Nesse processo de organização dos conteúdos e práticas escolares, eleger</p><p>determinados conhecimentos em detrimento de outros é um dos grandes desafios</p><p>do currículo, constituindo-se como uma das questões centrais dos estudos e das</p><p>pesquisas curriculares: “Qual conhecimento deve ser ensinado na educação</p><p>básica?”. A escolha dos conteúdos educativos não é uma decisão neutra, pois</p><p>envolve decisões culturais e políticas. Nesse sentido, Apple (2006, p. 50) ressalta</p><p>que:</p><p>Pelo fato de essa seleção e organização envolverem escolhas</p><p>sociais e ideológicas conscientes e inconscientes, a tarefa</p><p>primordial dos pesquisadores do currículo é relacionar esses</p><p>princípios de seleção e organização do conhecimento ao</p><p>ambiente institucional e interacional nas escolas e depois a um</p><p>âmbito mais amplo de estruturas institucionais que cercam as</p><p>salas de aula.</p><p>Podemos perceber, nas palavras do autor, que a organização curricular é</p><p>determinada por fatores internos da escola, como também por elementos sociais,</p><p>políticos e ideológicos. Tais elementos geram desigualdades entre a educação</p><p>para a classe trabalhadora e a classe burguesa, contribuindo para a exclusão</p><p>social, as desigualdades e a manutenção da dominação burguesa.</p><p>12</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Para você aprofundar os seus conhecimentos a respeito da</p><p>seleção dos conteúdos curriculares e as relações de poder, leia a</p><p>obra “Ideologia e Currículo”, de Michael Whitman Apple (2006).</p><p>FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO CURRÍCULO E AS IDEOLOGIAS</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 nov. 2018.</p><p>Assim, surge a necessidade de pensarmos em uma nova organização</p><p>curricular que tenha por objetivo a formação integral de todos os cidadãos,</p><p>servindo como instrumento na diminuição das desigualdades no processo de</p><p>ensino e de aprendizagem da educação básica. Nesse contexto de garantia</p><p>de direitos, é fundamental uma base comum curricular para assegurar valores,</p><p>competências e conhecimentos para todas as pessoas, como afirma Rodrigues</p><p>(2016, p. 76) acerca da elaboração da BNCC no Brasil:</p><p>[...] A base se apresenta como uma proposta de currículo</p><p>que descreve os objetivos de aprendizagem, que são os</p><p>saberes previstos à aprendizagem do estudante em qualquer</p><p>parte do território brasileiro. Ela justifica-se na expectativa</p><p>de minimização da desigualdade de oportunidades [...]. Seu</p><p>fim seria o de estabelecer os objetivos de aprendizagem</p><p>e desenvolvimento das diversas áreas do conhecimento,</p><p>propiciando a reforma das propostas curriculares e conduzindo</p><p>um repensar para a política de avaliação do país.</p><p>13</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Em consonância com a autora, observamos que a construção</p><p>da BNCC é uma das possíveis estratégias educativas para elevar a</p><p>qualidade da educação básica pública e garantir o direito à educação</p><p>para todos os brasileiros. Então, a ideia de um currículo nacional</p><p>foi criação dos estudiosos, políticos, pesquisadores, educadores</p><p>brasileiros? Veja bem, a construção de um currículo nacional não é</p><p>exclusividade do Brasil, pelo contrário, diversos países implantaram</p><p>currículos nacionais em seus sistemas de ensino, como exemplo temos</p><p>o Chile, a Colômbia, a África do Sul, dentre outros.</p><p>Nesse momento do estudo, acreditamos que você, acadêmico, deve ter se</p><p>questionado: “Afinal, o que é a BNCC?”. Para Verde (2015, p. 82):</p><p>Uma das possíveis interpretações a partir de uma legislação</p><p>difusa é que a Base Nacional Comum é uma matriz comum aos</p><p>currículos de todos os sistemas de ensino, construída a partir</p><p>das diretrizes colocadas pela própria LDB, como também pelo</p><p>conjunto de pareceres e resoluções pertinentes às Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais da Educação Básica, organizados e</p><p>publicados em um documento único em 2013.</p><p>A autora destaca um ponto importante: a BNCC é uma “matriz</p><p>comum aos currículos” (VERDE, 2015, p. 82), ou seja, não é um</p><p>currículo. De modo objetivo, vamos conceituar a BNCC como o pilar que</p><p>sustenta a construção dos currículos escolares na educação infantil e no</p><p>ensino fundamental das escolas públicas e privadas.</p><p>A construção da</p><p>BNCC é uma</p><p>das possíveis</p><p>estratégias</p><p>educativas para</p><p>elevar a qualidade</p><p>da educação básica</p><p>pública e garantir o</p><p>direito à educação</p><p>para todos os</p><p>brasileiros.</p><p>A BNCC é uma</p><p>“matriz comum aos</p><p>currículos” (VERDE,</p><p>2015, p. 82), ou</p><p>seja, não é um</p><p>currículo.</p><p>FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DA BNCC COMO MATRIZ CURRICULAR</p><p>FONTE: . Acesso em: 3 nov. 2018.</p><p>14</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Percebemos que as determinações e orientações da BNCC perpassam</p><p>pelas diversas esferas educativas até que possam chegar na sala de aula,</p><p>estruturando o processo de ensino e de aprendizagem, com foco na melhoria das</p><p>práticas educativas e na garantia do direito à aprendizagem. Assim, é relevante</p><p>apresentarmos, ainda, a definição de BNCC que consta no documento oficial do</p><p>governo:</p><p>A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de</p><p>caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo</p><p>de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem</p><p>desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação</p><p>Básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o</p><p>que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) [...].</p><p>Referência nacional para a formulação dos currículos dos</p><p>sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições</p><p>escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação</p><p>Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas</p><p>e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes</p><p>à formação de professores, à avaliação, à elaboração de</p><p>conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de</p><p>infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da</p><p>educação (BRASIL, 2017b, p. 7).</p><p>Notamos, na citação, que a BNCC é a referência nacional para a construção</p><p>dos currículos dos diversos níveis da educação básica, bem como serve para</p><p>integrar a política nacional de educação básica e outras medidas legislativas</p><p>educacionais (BRASIL, 2017b). Entretanto, apesar da BNCC orientar a</p><p>elaboração dos currículos das escolas brasileiras e implementar medidas políticas</p><p>educacionais, os gestores, os coordenadores pedagógicos e os professores</p><p>permanecem com a liberdade para selecionar as metodologias de ensino e as</p><p>práticas educativas mais adequadas para a sua realidade educativa e para os</p><p>seus estudantes.</p><p>FIGURA 4 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 nov. 2018.</p><p>15</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>De acordo com Rodrigues (2016), o principal objetivo da BNCC,</p><p>dentre outros, é o de assegurar a todos o direito à aprendizagem.</p><p>das escolas brasileiras para elevar</p><p>a qualidade do acesso e da permanência na educação básica, bem como,</p><p>contou com a participação da população na análise e construção das versões</p><p>preliminares da BNCC. Tal fator foi um importante passo para a construção de</p><p>propostas educacionais democráticas. No entanto, percebemos que, ainda,</p><p>não concluímos o processo de construção, tramitação e aprovação da BNCC,</p><p>pois, falta analisarmos as orientações para o Ensino Médio, para isso, devemos</p><p>continuar acompanhando e avaliando as terminações da BNCC para a Educação</p><p>Básica.</p><p>92</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>1 O processo de tramitação da BNCC envolveu três versões do</p><p>documento da base para contemplar as necessidades e saberes</p><p>fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem nas</p><p>diversas etapas e modalidades da educação básica. Sobre as três</p><p>versões da BNCC, classifique V para as sentenças verdadeiras e</p><p>F para as falsas.</p><p>( ) O documento da primeira versão da BNCC foi produzido por</p><p>um comitê de especialistas indicados pelo MEC, Consed e pela</p><p>Undime.</p><p>( ) O documento da primeira versão da BNCC propõe a construção</p><p>de um currículo que sugere ações para a implementação da</p><p>educação especial na educação básica.</p><p>( ) O Comitê Gestor foi criado para acompanhar apenas a terceira</p><p>versão do documento da BNCC e reformar o currículo do Ensino</p><p>Médio.</p><p>( ) O documento da segunda versão foi avaliado nos seminários</p><p>estaduais que contou com a participação de grupos de</p><p>educadores, especialistas, organizações e entidades científicas.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>( ) V-V-F-V</p><p>( ) F-V-F-V</p><p>( ) F-F-F-V</p><p>( ) V-F-V-F</p><p>2 As competências gerais da educação básica delimitadas</p><p>pela BNCC visam a implantação de uma formação e um</p><p>desenvolvimento global do estudante. Quantas competências</p><p>gerais são apresentadas no documento final da BNCC?</p><p>( ) Cinco competências gerais</p><p>( ) Oito competências gerais</p><p>( ) Três competências gerais</p><p>( ) Dez competências gerais</p><p>3 A BNCC apresentou três versões em seu processo de tramitação</p><p>no CNE que foram revisadas e reelaboradas por especialistas</p><p>93</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>brasileiros e estrangeiros, grupos de educadores, e outros</p><p>parceiros. Analise o processo de tramitação da BNCC, em</p><p>seguida, construa uma tabela comparativa, na qual você</p><p>apresenta as principais diferenças entre as três versões do</p><p>documento da base.</p><p>3 A HOMOLOGAÇÃO DA BNCC PELO</p><p>MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC)</p><p>O processo de homologação do documento final da BNCC iniciou-se</p><p>em 06 de abril de 2017 quando o Ministério da Educação (MEC) entregou</p><p>a terceira versão da proposta da BNCC, composta por determinações</p><p>curriculares para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, ao</p><p>Conselho Nacional de Educação (CNE) para ser analisada e aprovada.</p><p>Nesse momento, estiveram presentes educadores, especialistas do</p><p>Comitê Gestor, o ex-secretário da Educação Manuel Palácios, os ex-ministros da</p><p>Educação José Henrique Paim e Luiz Cláudio Costa, dentre outras autoridades</p><p>(BRASIL, 2018).</p><p>O processo de</p><p>homologação do</p><p>documento final da</p><p>BNCC iniciou-se em</p><p>06 de abril de 2017.</p><p>FIGURA 17 — HOMOLOGAÇÃO DA TERCEIRA VERSÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 26 nov. 2018.</p><p>94</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>A segunda etapa da homologação da BNCC é caracterizada pelas</p><p>audiências públicas realizadas pelo CNE em cinco estados brasileiros (Recife,</p><p>São Paulo, Manaus, Brasília e Florianópolis). O objetivo das audiências públicas</p><p>constituiu em caráter consultivo para obter contribuições para a construção da</p><p>determinação instituidora da BNCC. Os resultados das audiências públicas</p><p>foram diversas manifestações sociais e documentos protocolados que</p><p>sugeriram ajustem para a BNCC com o objetivo de contemplar os interesses e as</p><p>necessidades das escolas brasileiras (BRASIL, 2018).</p><p>No site Movimento pela Base Nacional Comum você encontrará</p><p>a linha do tempo do processo de homologação da BNCC: .</p><p>A terceira etapa de homologação da BNCC ocorre em agosto de 2017,</p><p>quando o MEC, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)</p><p>e a União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime), em parceria com a</p><p>União dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME) e o Fórum Nacional</p><p>dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE) publicaram o documento “Guia</p><p>de Implementação da BNCC”. Este documento tem a finalidade de apoiar as</p><p>secretarias de educação e as equipes gestoras no processo de reelaboração</p><p>das propostas curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental dos</p><p>sistemas e redes de ensino do nosso país.</p><p>FIGURA 18 — CAPA DO GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 20 nov. 2018.</p><p>95</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>Quer conhecer o Guia de Implementação da BNCC? Acesse:</p><p>https://implementacaobncc.com.br/.</p><p>Em 15 de dezembro de 2017, o parecer e o projeto de resolução normativa</p><p>da BNCC elaborados pelo CNE são aprovados na Sessão do Conselho Pleno</p><p>(20 votos a favor e 3 votos contra), demarcando a quarta etapa do processo de</p><p>homologação da base.</p><p>FIGURA 19 — SESSÃO DO CONSELHO PLENO PARA APROVAÇÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 25 nov. 2018.</p><p>Para assistir à gravação da Sessão do Conselho Pleno do</p><p>dia 15 de dezembro de 2017, acesse https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=hgGs1fXmwsU&feature=youtu.be.</p><p>96</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Sendo assim, a BNCC torna-se uma diretriz oficial para a</p><p>educação básica brasileira em 20 de dezembro de 2017. A cerimônia</p><p>de homologação ocorreu em Brasília e contou com a presença do</p><p>ex-presidente da república Michel Temer, ex-ministro da educação</p><p>Mendonça Filho, diversos secretários estaduais e municipais de</p><p>educação, educadores, especialistas, representantes sociais, e outras</p><p>autoridades.</p><p>Este momento foi comemorado pelo MEC com muito louvor, uma vez que,</p><p>o processo de construção da BNCC iniciou-se em 2015 com uma longa jornada</p><p>de debates que incluíram a consulta da opinião pública, representando um</p><p>grande passo na elaboração de possíveis melhorias para a educação básica</p><p>brasileira que deverá ser implementado em regime de colaboração entre os entes</p><p>federados, com o objetivo de garantir o direito à aprendizagem para todos os</p><p>cidadãos brasileiros. Por fim, é iniciado o processo de implementação da BNCC</p><p>que requer que as escolas revisem os seus currículos em um prazo máximo de</p><p>até 2020 (BRASIL, 2018).</p><p>A BNCC torna-se</p><p>uma diretriz oficial</p><p>para a educação</p><p>básica brasileira em</p><p>20 de dezembro de</p><p>2017.</p><p>FIGURA 20 — CERIMÔNIA DE HOMOLOGAÇÃO DO DOCUMENTO FINAL DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 20 nov. 2018.</p><p>Em relação às críticas voltadas para a homologação do documento final da</p><p>BNCC, Rodrigues (2016) ressalta que a implementação da BNCC no sistema e</p><p>redes de ensino do Brasil deverá considerar fatores culturais do nosso país para</p><p>formar o sujeito em suas diversas dimensões para atuar ativamente na sociedade</p><p>97</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>e construir um real projeto de vida. Pois, a BNCC com foco apenas</p><p>em formar os estudantes para avaliações internacionais ou atender às</p><p>requisições do mercado de trabalho, poderá correr o risco de tornar-se</p><p>insuficiente para a formação integral do sujeito, negando os objetivos</p><p>que se propõe a alcançar.</p><p>Alves (2014), também, chama a atenção para a importância</p><p>de compreendermos o processo de construção da BNCC e pensar</p><p>em currículos para as escolas brasileiras com todos que</p><p>atuam na</p><p>educação. Essa tarefa requer profundos processos de negociação entre</p><p>os diversos setores sociais, de modo que é necessário negar a ideia de</p><p>uma base comum curricular a ser tratada como um objeto que poderá</p><p>ser comercializado em nossas escolas, e possibilitar a construção de</p><p>currículos que fazem parte da ação das pessoas que compõem as salas</p><p>de aula, como os educadores brasileiros.</p><p>Portanto, nesta sessão identificamos as diversas etapas do processo de</p><p>homologação do documento da BNCC, destacando os principais marcos da</p><p>homologação e as respectivas autoridades responsáveis que participaram desse</p><p>momento, por fim apresentamos as críticas de alguns autores sobre a aprovação</p><p>e a implementação da BNCC na educação brasileira. Sendo assim, enquanto</p><p>professores ou futuros professores, também, devemos continuar este trabalho de</p><p>reflexão e crítica acerca das determinações do MEC para a educação básica,</p><p>com o objetivo de construir uma BNCC que realizem mudanças significativas nas</p><p>salas de aula.</p><p>Rodrigues (2016)</p><p>ressalta que a</p><p>implementação</p><p>da BNCC no</p><p>sistema e redes de</p><p>ensino do Brasil</p><p>deverá considerar</p><p>fatores culturais do</p><p>nosso país para</p><p>formar o sujeito</p><p>em suas diversas</p><p>dimensões para</p><p>atuar ativamente</p><p>na sociedade e</p><p>construir um real</p><p>projeto de vida.</p><p>Para aprofundar os seus saberes sobre a homologação da</p><p>BNCC, leia o artigo “Base Nacional Curricular Comum: novas</p><p>formas de sociabilidade produzindo sentidos para a educação” da</p><p>autora Elizabeth Macedo, disponível em: https://www.redalyc.org/</p><p>html/766/76632904006/.</p><p>98</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>1 O processo de homologação da BNCC pelo MEC e CNE foi</p><p>desenvolvimento em diversas etapas que possibilitaram a revisão</p><p>do documento e o seu encaminhamento para aprovação. Sobre</p><p>as quatro etapas de homologação da BNCC, associe os itens,</p><p>utilizando o código a seguir:</p><p>I - Primeira Etapa</p><p>II - Segunda Etapa</p><p>III - Terceira Etapa</p><p>IV - Quarta Etapa</p><p>( ) O MEC realizou a entrega da terceira versão do documento da</p><p>BNCC ao CNE para ser avaliado e aprovado.</p><p>( ) O parecer e o projeto de resolução normativa da base foram</p><p>aprovados na Sessão do Conselho Pleno com vintes votos a</p><p>favor e três votos contra.</p><p>( ) O Consed e a Undime, em colaboração com a UNCME e o</p><p>FNCEE lançaram o Guia de Implementação da BNCC.</p><p>( ) É realizado as audiências públicas com caráter consultivo nos</p><p>estados brasileiros para a elaboração da deliberação instituidora</p><p>da BNCC.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>( ) I-IV-II-III</p><p>( ) I-II-IV-III</p><p>( ) I-III-II-IV</p><p>( ) I-IV-III-II</p><p>2 A aprovação do documento da BNCC constitui-se em um grande</p><p>passo para a educação brasileira por contribuir para a garantia</p><p>do direito à aprendizagem. De que forma será implementada as</p><p>propostas da BNCC no território brasileiro?</p><p>( ) A BNCC será implementada por meio do regime de colaboração</p><p>entre os entes federados mediante o pacto interfederativo.</p><p>( ) A BNCC será implementada por meio do regime de parcial</p><p>colaboração entre os entes federados mediante o pacto</p><p>interfederativo.</p><p>( ) A BNCC será implementada por meio do regime de associação</p><p>entre os entes federados mediante o pacto interfederativo.</p><p>( ) A BNCC será implementada por meio do regime dialógico entre</p><p>os entes federados mediante o pacto interfederativo.</p><p>99</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>No presente capítulo, analisamos o processo de tramitação e aprovação da</p><p>Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pelo Conselho Nacional de Educação</p><p>(CNE) que contou com a análise e discussão das três versões do documento</p><p>da BNCC por parte de um Comitê de especialistas indicados pelo Ministério da</p><p>Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), pela</p><p>União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime), como também contou com</p><p>a avaliação de especialistas brasileiros e estrangeiros, grupos de educadores,</p><p>instituições não governamentais, entidades científicas, dentre outros.</p><p>A comissão de especialistas para a construção da primeira versão do</p><p>documento da BNCC é instituída pelo MEC por meio da Portaria nº 592/2015. Tal</p><p>comissão composta de cento e dezesseis especialistas elaborou um documento</p><p>de trezentos e duas páginas, as quais apresentam os princípios orientadores</p><p>da BNCC a serem implementados na Educação Infantil, Ensino Fundamental e</p><p>médio, bem como, cita a responsabilidade da garantia ao direito à aprendizagem</p><p>a sociedade, os Estados, os Municípios e a União, a importância da educação</p><p>inclusiva na educação básica, determinar as áreas do conhecimento e os seus</p><p>respectivos objetivos de aprendizagem.</p><p>A publicação da primeira versão da BNCC gerou diversas críticas ao MEC,</p><p>principalmente, porque o documento não contempla os anseios dos educadores</p><p>e dos grupos conservadores e progressistas do país. Sendo assim, após as</p><p>consultas públicas foram realizadas alterações no documento para atender as</p><p>exigências solicitadas, resultando na segunda versão da BNCC que apresentou</p><p>um documento muito extenso com seiscentas e setenta e seis páginas.</p><p>A segunda versão da BNCC apresentou as diversas etapas de ensino e suas</p><p>áreas correspondentes, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento global</p><p>do estudante, os Direitos de Aprendizagem que deverão ser contemplados ao</p><p>longo da educação básica, em conformidade com os princípios políticos, éticos</p><p>e estéticos para a promoção da formação integral. Este documento foi analisado</p><p>por meio dos seminários estaduais compostos de trabalhadores da educação,</p><p>especialistas nacionais e estrangeiros, organizações científicas, dentre outros. Os</p><p>resultados dos debates dos seminários foram enviados ao Comitê Gestor para</p><p>serem encaminhados ao CNE.</p><p>As críticas voltadas para a segunda versão da BNCC foram a baixa articulação</p><p>entre os componentes curriculares, as diferentes formas de organização dos</p><p>objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos componentes curriculares, a</p><p>extensão do documento, dentre outros. Nesse período, foram aprovadas duas</p><p>100</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>determinações que marcaram o processo de tramitação da BNCC, o projeto</p><p>de Lei projeto de Lei nº 4.486/2016 que altera o PNE, alterando a instância de</p><p>deliberação sobre a BNCC do CNE e do MEC para a Câmara dos Deputados,</p><p>e a Medida Provisória nº 746/2016 (transformada na Lei nº 13.415/2016) que</p><p>outorga a reforma do Ensino Médio e atribui à BNCC a tarefa de definir o currículo</p><p>do Ensino Médio em uma nova estrutura, sem consulta da opinião pública e dos</p><p>educadores brasileiro, nesse momento percebemos que o processo democrático</p><p>defendido pela BNCC é deixado de lado para implementar as decisões do Estado,</p><p>gerando revolta na sociedade.</p><p>A terceira versão da BNCC buscou construir um documento mais objetivo</p><p>e articulado com quatrocentos e setenta páginas, nas quais apresenta as dez</p><p>competências gerais da educação básica, os principais marcos legais que</p><p>fundamentam a BNCC, os fundamentos pedagógicos da base, o regime de</p><p>colaboração entre os entes federados por meio do pacto interfederativo, inclui</p><p>conteúdos relacionados às novas tecnologias da informação e da comunicação</p><p>no processo educativo ao longo da educação básica. Este documento passou por</p><p>um processo de homologação, no qual o CNE realiza audiências públicas no país</p><p>para a construção da determinação instituidora da BNCC.</p><p>Após os ajustes da terceira versão da BNCC é aprovada pelo CNE,</p><p>tornando-se uma matriz curricular oficial para a educação básica brasileira. O seu</p><p>processo de implementação nas instituições de ensino do nosso país tem o prazo</p><p>máximo de até 2020, para tal, o MEC, o Conselho Nacional de Secretários de</p><p>Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime),</p><p>em parceria com a União dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME) e</p><p>o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE) elaboraram</p><p>o documento “Guia de Implementação da BNCC” com o objetivo de orientar</p><p>as secretarias de educação e os gestores no processo de reelaboração dos</p><p>currículos escolares.</p><p>A versão final da BNCC vem recebendo diversas críticas por parte dos</p><p>educadores e pessoas interessadas na educação do nosso país, com o objetivo</p><p>de continuar as discussões sobre as propostas curriculares para a escola</p><p>brasileira e a garantia do direito à aprendizagem com qualidade e equidade para</p><p>todos, esses debates são fundamentais para o processo de construção de uma</p><p>base comum curricular que atenda às reais necessidades e os interesses dos</p><p>estudantes e dos profissionais de educação brasileiros.</p><p>Portanto, percebe-se que o processo de tramitação da BNCC foi um</p><p>momento caracterizado por mudanças no cenário político, educacional e social.</p><p>Nesse cenário de transição, a BNCC foi concluída e aprovada pelo CNE, no</p><p>entanto, a base é um documento que será construído ao longo do processo</p><p>101</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>de desenvolvimento da educação brasileira, de tal forma, é elementar que os</p><p>educadores compreendam a proposta da BNCC para poder analisá-la e propor</p><p>melhorias para o documento, a fim de contribuir para a elaboração de uma</p><p>educação com real qualidade e igualdade no sistema de ensino brasileiro.</p><p>102</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVES, N. Sobre a possibilidade e a necessidade curricular de uma base</p><p>nacional comum. In: Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, nº 3, out./dez.</p><p>2014. p. 1464-1479. http://www.redalyc.org/html/766/76632904003/. Acesso em:</p><p>20 nov. 2018.</p><p>BRANCO, E. P. A implantação da BNCC no contexto das políticas públicas.</p><p>2017. 136f. Dissertação. (Mestrado em Educação) Programa de Pós-Graduação</p><p>em Ensino. Universidade Estadual do Paraná. Paranavaí. 2017.</p><p>BRASIL. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Portal do MEC. Brasília,</p><p>2018. http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-</p><p>comum-curricular-bncc Acesso em: 10 out. 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).</p><p>Educação é a Base. Brasília, DF: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. http://</p><p>basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.</p><p>pdf Acesso em: 07 nov. 2018.</p><p>BRASIL. Portaria nº 790, de 27 de julho de 2016. Institui o Comitê Gestor</p><p>da Base Nacional Comum Curricular e reforma do Ensino Médio.</p><p>Brasília, 2016. https://www.cnte.org.br/images/stories/2016/Comite_BNCC_</p><p>Portaria_790_27_07_2016.pdf. Acesso em: 29 nov. 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretários de</p><p>Educação. União Nacional dos dirigentes Municipais de Educação. Base</p><p>Nacional Comum Curricular: proposta preliminar: segunda versão. MEC/</p><p>CONSED/UNDIME. Brasília, 2016. http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/</p><p>bncc-2versao.revista.pdf. Acesso em: 22 de nov. de 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretários de</p><p>Educação. União Nacional dos dirigentes Municipais de Educação. Base</p><p>Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME. Brasília. set.</p><p>2015a. http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/BNCC-</p><p>APRESENTACAO_final_06-10.pdf. Acesso em: 20 de nov. de 2018.</p><p>BRASIL. Portaria nº 592, de 17 de junho de 2015. Institui Comissão</p><p>de Especialistas para a Elaboração de Proposta da Base Nacional</p><p>Comum Curricular. Brasília: Diário Oficial da União, 14 jul. 2015. file:///C:/</p><p>Users/01914606990/Downloads/portaria-mec-n-592-bnc.pdf. Acesso em: 20 nov.</p><p>2018.</p><p>103</p><p>O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC Capítulo 2</p><p>FERNANDES, C. O. Avaliação, Currículo e suas implicações: projetos de</p><p>sociedade em disputa. In: Revista Retratos da Escola. Brasília, v. 9, n° 17, jul./</p><p>dez. 2015. p. 397- 407. http://educacionpublica.org/wp-content/uploads/2017/06/</p><p>retratos_da_escola_17_2015.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.</p><p>MICARELLO, H. A. L. S. A BNCC no contexto de ameaças ao estado</p><p>democrático de direito. In: Eccos Revista Científica. São Paulo, nº 41, set./dez.</p><p>2016. p. 61-75. http://www.redalyc.org/pdf/715/71550055005.pdf. Acesso em: 23</p><p>nov. 2018.</p><p>NEIRA, M. G; Júnior, W. A; Almeida; D. F. A primeira e segunda versões da</p><p>BNCC: construção, intenções e condicionantes. Revista Científica. São Paulo,</p><p>nº 41, set./dez. 2016, p. 31- 44. http://www.redalyc.org/html/715/71550055003/.</p><p>Acesso em: 12 nov. 2018.</p><p>RODRIGUES, V. A. C. R. A Base Nacional Comum curricular em questão.</p><p>2016. 153 f. Dissertação. (Mestrado em Educação) Pontifícia Universidade</p><p>Católica de São Paulo (PUC), São Paulo, 2016.</p><p>SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.</p><p>3º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.</p><p>TRICHES. E. F. A formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)</p><p>e concepções em disputa sobre o processo alfabetizador da criança (2015-</p><p>2017). 2018. 161 f. Dissertação (Mestrado em Educação) Programa de Pós-</p><p>Graduação em Educação. Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados</p><p>– MS. 2018.</p><p>104</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>A Estrutura da Base Nacional</p><p>Comum Curricular (BNCC) Para a</p><p>Educação Básica</p><p>A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes</p><p>objetivos de aprendizagem:</p><p>� presentar as determinações da BNCC para a Educação Infantil e o Ensino</p><p>Fundamental;</p><p>� identificar os avanços que a BNCC propõe para a Educação Infantil e o Ensino</p><p>Fundamental;</p><p>� analisar a estrutura que a BNCC propõe para a Educação Infantil e o Ensino</p><p>Fundamental.</p><p>106</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>107</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>1 CONTEXTUALIZAÇÃO</p><p>Neste capítulo serão abordadas as principais orientações do documento</p><p>oficial da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovado e homologado pelo</p><p>Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação (CNE) para</p><p>a Educação Básica, com foco na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.</p><p>Essas etapas de ensino tiveram seus currículos reformulados pela BNCC com o</p><p>objetivo de garantir um melhor processo de ensino e aprendizagem, que inclua</p><p>temáticas atuais e inclusivas, como também assegurar os direitos fundamentais</p><p>de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Básica para todos os cidadãos.</p><p>Para a etapa da Educação Infantil, a BNCC propõe orientações curriculares</p><p>com o objetivo, dentre outros, de garantir o direito à educação para as crianças</p><p>e promover melhorias nas metodologias de ensino. Assim, para atuar como um</p><p>professor responsável e consciente sobre as novas determinações curriculares</p><p>para a Educação Básica, é fundamental que você conheça a proposta curricular</p><p>da BNCC para a elaboração e reelaboração dos currículos da Educação Infantil.</p><p>São delimitados princípios educativos, campos de experiências, objetivos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento, que deverão servir como fundamentos para o</p><p>planejamento das metodologias de ensino e práticas pedagógicas da etapa de</p><p>ensino.</p><p>Em relação ao Ensino Fundamental, a BNCC sugere a organização</p><p>e planejamento das propostas curriculares com foco em cinco áreas de</p><p>conhecimentos (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências</p><p>Humanas, Ensino Religioso). Estas apresentam subcomponentes curriculares,</p><p>competências específicas e os objetivos de aprendizagem que você precisará</p><p>compreender para planejar e executar as suas aulas. Assim, convidamos você a</p><p>identificar os avanços que a BNCC busca implementar nos currículos das escolas</p><p>brasileiras e as novas estruturas curriculares da Educação Infantil e do Ensino</p><p>Fundamental.</p><p>Ao longo do capítulo você poderá, ainda, acessar diversos materiais didáticos</p><p>complementares, como sites, livros, artigos, atividades de estudo e pesquisa que</p><p>possuem, por finalidade, ampliar o seu estudo sobre as principais orientações da</p><p>BNCC para a reorganização das</p><p>propostas curriculares da Educação Infantil e</p><p>do Ensino Fundamental. Contudo, todos os conteúdos discutidos neste capítulo</p><p>servirão para expandir os seus conhecimentos e para promover uma formação</p><p>docente atualizada e consciente das mudanças curriculares atuais.</p><p>108</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>2 ORIENTAÇÕES DA BNCC PARA A</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>O documento da BNCC homologado e aprovado pelo MEC e</p><p>CNE apresenta orientações para a organização curricular e o</p><p>desenvolvimento das práticas pedagógicas da Educação Infantil</p><p>para os sistemas e redes de ensino público e privado do Brasil. A BNCC</p><p>defende a construção de uma Educação Infantil que contemple os</p><p>seguintes critérios: a obrigatoriedade da matrícula das crianças de 4 a</p><p>5 anos nas escolas de Educação Infantil; os direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento na Educação Infantil; os campos de experiências e os</p><p>objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para a Educação Infantil.</p><p>A BNCC defende a</p><p>construção de uma</p><p>Educação Infantil</p><p>que contemple os</p><p>seguintes critérios:</p><p>a obrigatoriedade</p><p>da matrícula das</p><p>crianças de 4 a 5</p><p>anos nas escolas</p><p>de Educação</p><p>Infantil; os direitos</p><p>de aprendizagem</p><p>e desenvolvimento</p><p>na Educação</p><p>Infantil; os campos</p><p>de experiências</p><p>e os objetivos de</p><p>aprendizagem e</p><p>desenvolvimento</p><p>para a Educação</p><p>Infantil.</p><p>FIGURA 1 – OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO</p><p>CURRICULAR DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 35-44).</p><p>109</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>A obrigatoriedade da matrícula das crianças de 4 a 5 anos na Educação</p><p>Infantil é defendida na BNCC. São apontados os marcos legais que asseguram o</p><p>direito à aprendizagem das crianças pequenas, como:</p><p>•	Constituição Federal de 1988, que determina como dever do Estado a</p><p>educação das crianças de 0 a 6 anos de idade (BRASIL, 1988).</p><p>•	 Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),</p><p>Lei n° 9.394/96, que delimita a Educação Infantil como parte integrante</p><p>da Educação Básica (BRASIL, 1996).</p><p>•	 Emenda Constitucional n° 59/2009, que assegura a obrigatoriedade</p><p>das crianças de 4 a 17 anos na Educação Básica (BRASIL, 2009).</p><p>•	 Lei nº 12.796/2013, que altera a LBDEN/96 para garantir o direito à</p><p>educação básica e pública das crianças de 4 a 5 anos nas instituições</p><p>escolares da Educação Infantil (BRASIL, 2013).</p><p>De acordo com o documento da BNCC (2017), a Base é a</p><p>continuidade histórica da garantia do direito à Educação Infantil e a</p><p>inclusão da etapa de ensino na Educação Básica. Essa determinação</p><p>defende a necessidade e a importância da Educação Infantil no processo</p><p>educativo da Educação Básica brasileira, constituindo-se em um grande</p><p>passo na efetivação de um Sistema Nacional de Educação articulado</p><p>(RODRIGUES, 2016).</p><p>Outro ponto importante do documento oficial da BNCC é a definição</p><p>do estudante da Educação Infantil, a partir das determinações das</p><p>Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), como</p><p>um sujeito detentor de direitos que possui aspectos culturais próprios da</p><p>infância e produz a sua identidade pessoal e coletiva nas interações sociais:</p><p>As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, em</p><p>seu Artigo 4º, definem a criança como sujeito histórico e de</p><p>direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas,</p><p>vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,</p><p>imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,</p><p>narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a</p><p>sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2017, p. 37).</p><p>Assim, a BNCC ressalta a importância do vínculo do Educar e do Cuidar</p><p>como fatores indissociáveis do processo educativo e da organização curricular da</p><p>Educação Infantil, destacando, ainda, a responsabilidade da família na educação</p><p>das crianças e a necessidade do reconhecimento das diversas culturas da</p><p>comunidade serem trabalhadas nas instituições educativas:</p><p>Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação</p><p>Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o</p><p>cuidado como algo indissociável do processo educativo. Nesse</p><p>De acordo com</p><p>o documento</p><p>da BNCC</p><p>(2017), a Base</p><p>é a continuidade</p><p>histórica da</p><p>garantia do direito</p><p>à Educação Infantil</p><p>e a inclusão da</p><p>etapa de ensino na</p><p>Educação Básica.</p><p>110</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>contexto, as creches e pré-escolas, ao acolherem as vivências</p><p>e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente</p><p>da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los</p><p>em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o</p><p>universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas</p><p>crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens,</p><p>atuando de maneira complementar à educação familiar –</p><p>especialmente quando se trata da educação dos bebês e das</p><p>crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito</p><p>próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a</p><p>socialização, a autonomia e a comunicação. Nessa direção, a</p><p>prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades</p><p>entre a instituição de Educação Infantil e a família são</p><p>essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e</p><p>trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/</p><p>diversidade cultural das famílias e da comunidade (BRASIL,</p><p>2017, p. 36-37).</p><p>Tendo em vista esses fatores, os direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento na Educação Infantil deverão orientar a elaboração e a</p><p>organização curricular das escolas. Ainda, são apresentados no documento</p><p>da BNCC, no qual são indicados, como eixos estruturantes das práticas</p><p>pedagógicas, as interações e as brincadeiras, como meios de construção</p><p>de conhecimento, socialização e desenvolvimento em conjunto dos seus pares</p><p>ou pessoas mais experientes, como podemos perceber nas determinações do</p><p>documento da Base a seguir:</p><p>A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da</p><p>infância, trazendo muitas aprendizagens e potenciais para</p><p>o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as</p><p>interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os</p><p>adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão</p><p>dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de</p><p>conflitos e a regulação das emoções. Tendo em vista os eixos</p><p>estruturantes das práticas pedagógicas e as competências</p><p>gerais da Educação Básica, seis direitos de aprendizagem</p><p>e desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as</p><p>condições para que as crianças aprendam em situações nas</p><p>quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que</p><p>as convidem a vivenciar desafios e provocadas a resolvê-los.</p><p>Devem construir significados sobre si, os outros e o mundo</p><p>social e natural (BRASIL, 2017, p. 35).</p><p>Os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação</p><p>Infantil são o conviver, brincar, participar, explorar, expressar</p><p>e conhecer-se. Conforme Gomes (2017, p. 25), tais direitos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento foram determinados “para que a</p><p>criança tenha condições de desempenhar em sua vida diária um papel</p><p>de cidadania e conseguir resolver os conflitos que surgem no cotidiano</p><p>da vida”. A seguir, apresentamos as especificidades dos direitos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil:</p><p>Os seis direitos de</p><p>aprendizagem e</p><p>desenvolvimento da</p><p>Educação Infantil</p><p>são o conviver,</p><p>brincar, participar,</p><p>explorar, expressar</p><p>e conhecer-se.</p><p>111</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>QUADRO 1 – DIREITOS DE APRENDIZAGEM E</p><p>DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>CONVIVER</p><p>“Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utili-</p><p>zando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o res-</p><p>peito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”.</p><p>BRINCAR</p><p>“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos,</p><p>com diferentes parceiros (crianças e adultos),</p><p>ampliando e diversificando seu</p><p>acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criativ-</p><p>idade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cogniti-</p><p>vas, sociais e relacionais”.</p><p>PARTICIPAR</p><p>“Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da</p><p>gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto na realização</p><p>das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos mate-</p><p>riais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhe-</p><p>cimentos, decidindo e se posicionando”.</p><p>EXPLORAR</p><p>“Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções,</p><p>transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na</p><p>escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura e em suas diversas</p><p>modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”.</p><p>EXPRESSAR</p><p>“Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,</p><p>emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões e questiona-</p><p>mentos por meio de diferentes linguagens”.</p><p>CONHECER</p><p>“Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo</p><p>uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas</p><p>experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na</p><p>instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário”.</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 36).</p><p>Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), esses direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento possuem intencionalidade educativa nas práticas pedagógicas</p><p>da Educação Infantil. Tal intencionalidade versa sobre a organização e a</p><p>oportunidade de experiências, ofertadas pelo educador, que propiciam à criança</p><p>conhecer a si e os seus pares e compreender o contexto social e a produção</p><p>científica por meio das brincadeiras, dos manuseios dos objetos, dos cuidados</p><p>pessoais etc. (BRASIL, 2017). No processo, o trabalho do educador é o de</p><p>“[...] refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das</p><p>práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o</p><p>desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 37).</p><p>Outro ponto importante é a necessidade de acompanhar a aprendizagem</p><p>dos estudantes mediante a observação individual e coletiva, registrando os</p><p>avanços em relatórios, portfólios, desenhos etc. No processo avaliativo, é preciso</p><p>evitar a seleção ou a classificação das crianças em critérios discriminatórios como</p><p>“aptas” ou “não aptas”, e buscar por elementos que possam contribuir para a</p><p>reorganização dos espaços e tempos educativos (BRASIL, 2017).</p><p>Em relação aos campos de experiências, Rodrigues (2016) afirma que o</p><p>documento da BNCC reforçou a necessidade de o currículo da Educação Infantil</p><p>ser organizado com base nos conteúdos das experiências das crianças e não</p><p>112</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>em divisões de conteúdos. Ainda, também possuir um processo avaliativo que</p><p>poderá servir como instrumento de reflexão sobre o processo de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento dos estudantes.</p><p>Assim, é pertinente questionarmos: o que são os campos de experiências?</p><p>Segundo o documento da BNCC, os campos de experiências são arranjos</p><p>curriculares que incluem conhecimentos da vivência das crianças como elementos</p><p>fundamentais para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem na</p><p>Educação Infantil:</p><p>Os campos de experiências constituem um arranjo curricular</p><p>que acolhe as situações e as experiências concretas da</p><p>vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando</p><p>aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural</p><p>(BRASIL, 2017, p. 40).</p><p>Os campos de experiências foram planejados de modo articulado com os</p><p>direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Ainda, se fundamentam</p><p>nas determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil</p><p>(DCNEI), que tratam sobre conhecimentos e experiências essenciais que deverão</p><p>ser oportunizados ao longo do processo de ensino e aprendizagem das crianças</p><p>na Educação Infantil (BRASIL, 2017).</p><p>Para conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a</p><p>Educação Infantil (DCNEI), acesse o seguinte endereço eletrônico:</p><p>. Acesso em: 26 fev. 2019.</p><p>A BNCC (2017) destaca, ainda, que os cincos campos de experiências</p><p>possuem como fundamentos as interações e as brincadeiras, como elementos</p><p>de construção do conhecimento. Assim, na Figura 2, são indicados os</p><p>respectivos campos de experiências que deverão integrar a organização curricular</p><p>da Educação Infantil das instituições brasileiras:</p><p>113</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>FIGURA 2 – CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 40-43).</p><p>O campo de experiências “Eu, o outro e o nós” tem por foco a construção</p><p>do conhecimento mediante a interação da criança com os seus pares e as pessoas</p><p>adultas, a motivação da autonomia, o contato com diversas culturas, a construção da</p><p>identidade etc.</p><p>O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com</p><p>adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de</p><p>agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros</p><p>modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de</p><p>vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais</p><p>(na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem</p><p>percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,</p><p>diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como</p><p>seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de</p><p>relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem</p><p>sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e</p><p>de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação</p><p>Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças</p><p>entrem em contato com outros grupos sociais e culturais,</p><p>outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais</p><p>de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e</p><p>narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo</p><p>114</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,</p><p>respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos</p><p>constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38).</p><p>Esse campo de experiências compreende o espaço educativo como um</p><p>ambiente de troca de saberes e vivências enriquecedoras. Assim, é fundamental</p><p>que o (a) professor (a) promova a construção de um espaço educativo que acolha</p><p>a diversidade humana e aproveite as relações sociais para propiciar processos</p><p>de ensino e aprendizagem significativos na Educação Infantil que motivem o</p><p>desenvolvimento global dos estudantes.</p><p>O campo de experiências “Corpo, gestos e movimentos” defende uma</p><p>organização curricular da Educação Infantil, que estimule o desenvolvimento global</p><p>da criança e a produção do conhecimento por intermédio das diversas linguagens</p><p>artísticas, das brincadeiras, das interações sociais, de modo que a corporeidade</p><p>ganhe destaque no processo de aprendizagem.</p><p>Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos</p><p>sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais,</p><p>coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram</p><p>o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem</p><p>relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos</p><p>sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural,</p><p>tornando-se, progressivamente, conscientes da corporeidade.</p><p>Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o</p><p>teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se</p><p>expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem.</p><p>As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções</p><p>de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam</p><p>suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo</p><p>tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser</p><p>um risco à integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das</p><p>crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado</p><p>das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a</p><p>emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a</p><p>instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para</p><p>que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico</p><p>e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo</p><p>repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com</p><p>o corpo. Devem descobrir variados modos de ocupação e uso</p><p>do espaço com o corpo (sentar com apoio, rastejar, engatinhar,</p><p>escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas,</p><p>saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se</p><p>etc.) (BRASIL, 2017, p. 38-39).</p><p>Esse campo de experiências chama a atenção para a relevância de inserir</p><p>conteúdos educativos que tratam sobre o corpo da criança e os movimentos</p><p>corporais e com o objetivo de formar cidadãos emancipados e conscientes das suas</p><p>potencialidades e dos seus limites. Nesse processo, as brincadeiras tornam-se temas</p><p>centrais e relevantes nas metodologias de ensino da Educação Infantil.</p><p>115</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>FIGURA 3 – CRIANÇAS BRINCANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>FONTE: . Acesso em: 9 dez. 2018.</p><p>Konrath (2017) ressalta que, atualmente, as brincadeiras são consideradas</p><p>elementos fundamentais nas práticas pedagógicas, por serem compreendidas</p><p>como expressão da cultura e dos valores sociais, integrando, ainda, os</p><p>movimentos e os gestos que caracterizam a cultura da infância da criança.</p><p>Assim, na Educação Infantil, os professores deverão planejar um espaço e ações</p><p>educativas que estimulem o brincar.</p><p>Proporcionar momentos e espaços para o brincar espontâneo</p><p>infantil torna-se uma importante e significativa forma de acolher</p><p>e valorizar a diversidade cultural das próprias crianças. A</p><p>observação e o registro da origem histórica e antropológica</p><p>da brincadeira, assim como recorrer à memória e a relatos de</p><p>pessoas que fazem parte do universo da criança, também são</p><p>imprescindíveis para fazer uma leitura do grupo. Outro aspecto</p><p>que pode ser observado e registrado são os brinquedos e</p><p>materiais utilizados como suporte da brincadeira, assim como</p><p>as regras utilizadas para o desenvolvimento da brincadeira.</p><p>A ressignificação das regras e as variações das brincadeiras</p><p>também são aspectos importantes a serem observados e</p><p>registrados, evitando a padronização de modelos e formas</p><p>impostas pela cultura do adulto ou da escola (KONRATH,</p><p>2017, p. 22).</p><p>Em relação ao campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, o</p><p>documento da BNCC destaca a relevância de inserir, nos currículos escolares das</p><p>116</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>escolas de Educação Infantil, as manifestações artísticas, culturais, científicas etc.,</p><p>incentivando as habilidades artísticas, o senso crítico e estético, a criatividade, a</p><p>expressão e a comunicação das crianças.</p><p>Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes</p><p>manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e</p><p>universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita à</p><p>criança, por meio de experiências diversificadas, vivenciar</p><p>diversas formas de expressão e linguagens, como as artes</p><p>visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.),</p><p>a música, o teatro, a dança e o audiovisual. Com base</p><p>nessas experiências, ela se expressa por várias linguagens,</p><p>criando suas próprias produções artísticas ou culturais,</p><p>exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços,</p><p>gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos,</p><p>modelagens, manipulação de diversos materiais e recursos</p><p>tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde</p><p>muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético</p><p>e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da</p><p>realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa</p><p>promover a participação das crianças em tempos e espaços</p><p>para a produção, manifestação e apreciação artística, de</p><p>modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da</p><p>criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo</p><p>que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura</p><p>e potencializem suas singularidades, ampliando repertórios e</p><p>interpretando suas experiências e vivências artísticas (BRASIL,</p><p>2017, p. 39).</p><p>A BNCC defende que a Educação Infantil deverá incentivar a participação</p><p>das crianças nas produções e manifestações culturais como meios de</p><p>promover o autoconhecimento e o olhar crítico acerca do contexto social.</p><p>Martins Filho (2015, p. 19) afirma que é fundamental “compreender as</p><p>crianças para além de simples seres paralisados, homogêneos, engessados e</p><p>enquadrados em uma lógica anestesiada de controle que venha a interditar</p><p>momentos de descoberta, privando a criança de viver a diversidade cultural e</p><p>a expressão das diferenças”. Assim, é preciso acolher e valorizar as diversas</p><p>manifestações culturais nas práticas pedagógicas, não se limitando a datas</p><p>comemorativas e eventos de danças típicas ou culinárias regionais, pois essas</p><p>ações são interessantes, mas não promovem profundos diálogos sobre a</p><p>diversidade cultural (BRASIL, 2017).</p><p>O campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação” tem</p><p>por objetivo destacar a importância de a criança participar de situações, nas quais</p><p>são promovidas oportunidades do uso da comunicação oral, de modo individual</p><p>ou coletivo. O objetivo é motivar a participação do estudante na cultural oral por</p><p>meio de múltiplas linguagens.</p><p>117</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento,</p><p>as crianças participam de situações comunicativas cotidianas</p><p>com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas</p><p>de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o</p><p>olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos</p><p>vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro.</p><p>Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo</p><p>seu vocabulário e demais recursos de expressão e de</p><p>compreensão, apropriando-se da língua materna – que se</p><p>torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação.</p><p>Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas</p><p>quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua</p><p>participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na</p><p>participação em conversas, nas descrições, nas narrativas</p><p>elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com</p><p>as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente</p><p>como sujeito singular e pertencente a um grupo social.</p><p>Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à</p><p>cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao</p><p>observar os muitos textos que circulam. No contexto familiar,</p><p>comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de</p><p>língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita,</p><p>dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil,</p><p>a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças</p><p>conhecem e das curiosidades que deixam transparecer.</p><p>As experiências com a literatura infantil, propostas pelo</p><p>educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem</p><p>para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo</p><p>à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.</p><p>Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas,</p><p>cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes</p><p>gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita,</p><p>a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas</p><p>de manipulação de livros. No convívio com textos escritos,</p><p>as crianças vão construindo hipóteses</p><p>sobre a escrita e</p><p>vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não</p><p>convencionais, mas já indicativas da compreensão como</p><p>sistema de representação da língua (BRASIL, 2017, p. 40).</p><p>Outro ponto relevante é a imersão da criança desde pequena na cultura</p><p>da linguagem escrita mediante experiências com a literatura infantil, poemas,</p><p>fábulas etc. É preciso promover um espaço de convívio com os diferentes tipos</p><p>de gêneros textuais, livros, ilustrações, que motivem o gosto pela leitura e pelas</p><p>habilidades linguísticas na Educação Infantil.</p><p>118</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 4 – CRIANÇAS LENDO LIVROS</p><p>FONTE: . Acesso em: 10 dez. 2018.</p><p>Coelho e Machado (2015, p. 5) destacam que “o hábito de leitura estimula a</p><p>capacidade criadora, multiplica o vocabulário, simplifica a compreensão do que se</p><p>lê, facilita a escrita, melhora a comunicação, amplia o conhecimento, acrescenta o</p><p>senso crítico e ajuda na vida profissional”. Assim, o professor da educação infantil</p><p>deverá incentivar o hábito da leitura desde a alfabetização e por meio de diversas</p><p>metodologias de ensino significativas que promovam experiências educativas</p><p>enriquecedoras.</p><p>O campo de experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e</p><p>transformações” orienta a construção de um currículo escolar para a promoção</p><p>de experiências educativas que incentivem atitudes de pesquisa nas crianças,</p><p>de modo que os estudantes da Educação Infantil possam manipular, observar,</p><p>investigar, realizar hipóteses, utilizando o conhecimento gerado para compreender</p><p>o mundo físico e social:</p><p>Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As</p><p>crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes</p><p>dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais</p><p>e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram</p><p>se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e</p><p>tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram</p><p>também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo,</p><p>119</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as</p><p>transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais</p><p>e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo</p><p>sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as</p><p>pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas</p><p>pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade</p><p>entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas</p><p>outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com</p><p>conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações</p><p>entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos</p><p>e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento</p><p>de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento</p><p>de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente</p><p>aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa</p><p>promover experiências nas quais as crianças possam fazer</p><p>observações, manipular objetos, investigar e explorar seu</p><p>entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação</p><p>para poderem buscar respostas. Assim, a instituição escolar</p><p>está criando oportunidades para que as crianças ampliem</p><p>seus conhecimentos e possam utilizá-los em seu cotidiano</p><p>(BRASIL, 2017, p. 40-41).</p><p>É preciso motivar uma organização curricular na Educação Infantil e</p><p>que permita promover métodos de ensino e ações educativas que incluam as</p><p>metodologias ativas, como a aprendizagem por descoberta ou investigação</p><p>na sala de aula. Devemos criar processos educativos mais significativos e</p><p>motivadores das habilidades cognitivas superiores como analisar, comparar e</p><p>avaliar, por exemplo.</p><p>Metodologias ativas são alternativas pedagógicas que colocam</p><p>o foco do processo de ensino e de aprendizagem no aprendiz. É</p><p>preciso envolver na aprendizagem por descoberta, investigação ou</p><p>resolução de problemas (MORAN; BACICH, 2018).</p><p>A importância da aprendizagem por descoberta é a de centralizar o processo</p><p>de ensino e aprendizagem em torno do estudante, enquanto o professor poderá</p><p>atuar como o guia, orientador, mediador do processo de ensino e aprendizagem.</p><p>Além disso, a metodologia de ensino poderá possibilitar à criança a trabalhar</p><p>de modo colaborativo e cooperativo, bem como desenvolver as capacidades de</p><p>crítica e reflexão sobre as ações realizadas.</p><p>120</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Para aprofundar o seu estudo sobre a aprendizagem por</p><p>descoberta, leia a obra “Metodologias ativas para uma educação</p><p>inovadora”, dos autores José Moran e Lilian Bacich (2018).</p><p>O texto que trata sobre as determinações curriculares indica, também,</p><p>os “Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento para a Educação</p><p>Infantil”. Tais objetivos possuem como eixos estruturantes as interações e as</p><p>brincadeiras, assim como os campos de experiências. Foram organizados a</p><p>partir das especificidades das faixas etárias das crianças.</p><p>1)	Bebês: Crianças de 0 a 1 ano e 6 meses.</p><p>2) Crianças bem pequenas: Crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses.</p><p>3) Crianças pequenas: Crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses.</p><p>A BNCC agrupou as crianças em três faixas etárias: bebês, crianças bem</p><p>pequenas e crianças pequenas. Estas em duas etapas da Educação Infantil:</p><p>creche (bebês e crianças bem pequenas) e a pré-escola (crianças pequenas).</p><p>A justificativa da BNCC se deu em virtude de as crianças da Educação Infantil</p><p>possuírem características e necessidades variadas, como podemos verificar na</p><p>citação a seguir.</p><p>Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos etários</p><p>que constituem a etapa da Educação Infantil, os objetivos de</p><p>aprendizagem e desenvolvimento estão sequencialmente</p><p>organizados em três grupos por faixa etária, que correspondem,</p><p>aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e</p><p>às características do desenvolvimento das crianças [...].</p><p>Todavia, esses grupos não podem ser considerados de forma</p><p>rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e no</p><p>desenvolvimento das crianças que precisam ser consideradas</p><p>na prática pedagógica (BRASIL, 2017, p. 42).</p><p>Os grupos foram delimitados pela BNCC com base nas determinações das</p><p>DCNEI (RODRIGUES, 2016) e para uma melhor organização curricular. Contudo,</p><p>nem se trata de uma norma obrigatória e rígida. As escolas poderão realizar</p><p>adaptações nos grupos por faixa etária e poderão ser delimitados pela BNCC de</p><p>acordo com a realidade das suas escolas.</p><p>Segundo Campos e Barbosa (2015, p. 360), as orientações da BNCC para</p><p>121</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>a Educação Infantil propõem superar a hierarquia das áreas do conhecimento na</p><p>escola e a construção de uma instituição educativa com um currículo que dialoga</p><p>com a cultura e com as experiências da criança:</p><p>Seguindo a perspectiva, o documento da BNCC para a</p><p>educação infantil procura ainda apresentar as indicações e</p><p>definições observando as crianças de zero a cinco anos e não</p><p>dividindo suas orientações entre creche e pré-escola, nem</p><p>hierarquizando as áreas de conhecimento, ressaltando que</p><p>os conhecimentos da linguagem, da matemática, das ciências</p><p>humanas e da natureza se anunciam em todos os campos de</p><p>experiências da educação infantil. Seguindo essa concepção,</p><p>o documento da BNCC para a educação infantil é mais do que</p><p>uma lista de atividades e/ou objetivos a serem cumpridos, mas</p><p>um documento que apresenta a defesa de uma determinada</p><p>concepção de educação, de uma função da educação infantil</p><p>e de qual deve ser o currículo privilegiado.</p><p>Seguindo essa perspectiva da defesa de uma organização curricular que</p><p>privilegia a integração das diversas áreas do conhecimento, os Objetivos de</p><p>Aprendizagem e Desenvolvimento são organizados e apresentados no documento</p><p>da BNCC de acordo com</p><p>cada Campo de Experiências e grupo por faixa etária.</p><p>É importante compreendermos que a BNCC não anula as</p><p>determinações educacionais das outras políticas brasileiras para</p><p>a Educação Infantil. Pelo contrário, a base busca complementar</p><p>o processo histórico que almeja garantir o direito à educação de</p><p>qualidade nas escolas públicas do nosso país.</p><p>A seguir, iremos apresentar os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento</p><p>da Educação Infantil, delimitados pelo documento da BNCC, distribuídos entre os</p><p>cinco Campos de Experiências e os três grupos de faixa etária das crianças:</p><p>122</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>QUADRO 2 – OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EX-</p><p>PERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”</p><p>Bebês (zero a 1 ano e 6</p><p>meses)</p><p>Crianças bem pequenas (1</p><p>ano e 7 meses a 3 anos e 11</p><p>meses)</p><p>Crianças pequenas (4 anos a 5</p><p>anos e 11 meses)</p><p>“(EI01EO01) Perceber que</p><p>suas ações têm efeitos nas</p><p>outras crianças e nos adul-</p><p>tos.”</p><p>“(EI02EO01) Demonstrar ati-</p><p>tudes de cuidado e solidarie-</p><p>dade na interação com crianças</p><p>e adultos.”</p><p>“(EI03EO01) Demonstrar empatia</p><p>pelos outros, percebendo que as</p><p>pessoas têm diferentes sentimen-</p><p>tos, necessidades e maneiras de</p><p>pensar e agir.”</p><p>“(EI01EO02) Perceber as</p><p>possibilidades e os limites de</p><p>seu corpo nas brincadeiras e</p><p>interações das quais partici-</p><p>pa.”</p><p>“(EI02EO02) Demonstrar ima-</p><p>gem positiva de si e confiança</p><p>em sua capacidade para en-</p><p>frentar dificuldades e desafios.”</p><p>“(EI03EO02) Agir de maneira inde-</p><p>pendente, com confiança em suas</p><p>capacidades, reconhecendo suas</p><p>conquistas e limitações.”</p><p>“(EI01EO03) Interagir com</p><p>crianças da mesma faixa</p><p>etária e adultos ao explorar</p><p>espaços, materiais, objetos,</p><p>brinquedos.”</p><p>“(EI02EO03) Compartilhar os</p><p>objetos e os espaços com cri-</p><p>anças da mesma faixa etária e</p><p>adultos.”</p><p>“(EI03EO03) Ampliar as relações</p><p>interpessoais, desenvolvendo ati-</p><p>tudes de participação e cooper-</p><p>ação.”</p><p>“(EI01EO04) Comunicar</p><p>necessidades, desejos e</p><p>emoções, utilizando gestos,</p><p>balbucios, palavras.”</p><p>“(EI02EO04) Comunicar-se</p><p>com os colegas e os adultos,</p><p>buscando compreendê-los e fa-</p><p>zendo-se compreender.”</p><p>“(EI03EO04) Comunicar suas ideias</p><p>e sentimentos a pessoas e grupos</p><p>diversos.”</p><p>“(EI01CG05) Utilizar os movi-</p><p>mentos de preensão, encaixe</p><p>e lançamento, ampliando</p><p>suas possibilidades de manu-</p><p>seio de diferentes materiais e</p><p>objetos.”</p><p>“(EI02EO05) Perceber que as</p><p>pessoas têm características</p><p>físicas diferentes, respeitando</p><p>essas diferenças.”</p><p>“(EI03EO05) Demonstrar valori-</p><p>zação das características de seu</p><p>corpo e respeitar as características</p><p>dos outros (crianças e adultos) com</p><p>os quais convive”</p><p>“(EI01EO06) Interagir com</p><p>outras crianças da mes-</p><p>ma faixa etária e adultos,</p><p>adaptando-se ao convívio</p><p>social.”</p><p>“(EI02EO06) Respeitar regras</p><p>básicas de convívio social nas</p><p>interações e brincadeiras.”</p><p>“(EI03EO06) Manifestar interesse</p><p>e respeito por diferentes culturas e</p><p>modos de vida.”</p><p>“(EI02EO07) Resolver conflitos</p><p>nas interações e brincadeiras,</p><p>com a orientação de um adul-</p><p>to.”</p><p>“(EI03EO07) Usar estratégias pau-</p><p>tadas no respeito mútuo para lidar</p><p>com conflitos nas interações com</p><p>crianças e adultos.”</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 45-46).</p><p>123</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), o código alfanumérico</p><p>que encontra-se acima dos Objetivos de Aprendizagem e</p><p>Desenvolvimento possui uma composição de informações sobre os</p><p>objetivos, por exemplo: o código EI03TS01, o primeiro par de letras, o</p><p>EI, significa a etapa de Educação Infantil, o primeiro par de números</p><p>03 corresponde ao grupo por faixa etária crianças pequenas, o</p><p>segundo de letras TS aponta para o campo de experiência Traços,</p><p>sons, cores e formas, e o último par de números 01 indica a posição</p><p>da habilidade na numeração sequencial do campo de experiências</p><p>para cada grupo por faixa etária.</p><p>QUADRO 3 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EX-</p><p>PERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”</p><p>Bebês (zero a 1 ano e 6</p><p>meses)</p><p>Crianças bem pequenas (1</p><p>ano e 7 meses a 3 anos e 11</p><p>meses)</p><p>Crianças pequenas (4 anos a 5</p><p>anos e 11 meses)</p><p>“(EI01CG01) Movimentar as</p><p>partes do corpo para exprimir</p><p>corporalmente emoções, ne-</p><p>cessidades e desejos.”</p><p>“(EI02CG01) Apropriar-se de</p><p>gestos e movimentos de sua</p><p>cultura no cuidado de si e nos</p><p>jogos e brincadeiras.”</p><p>“(EI03CG01) Criar, com o corpo,</p><p>formas diversificadas de expressão</p><p>de sentimentos, sensações e</p><p>emoções, tanto nas situações do</p><p>cotidiano quanto em brincadeiras,</p><p>dança, teatro, música.”</p><p>“(EI01CG02) Experimentar as</p><p>possibilidades corporais nas</p><p>brincadeiras e interações em</p><p>ambientes acolhedores e de-</p><p>safiantes.”</p><p>“(EI02CG02) Deslocar seu cor-</p><p>po no espaço, orientando-se</p><p>por noções como em frente,</p><p>atrás, no alto, embaixo, dentro,</p><p>fora etc., ao se envolver em</p><p>brincadeiras e atividades de dif-</p><p>erentes naturezas.”</p><p>“(EI03CG02) Demonstrar controle e</p><p>adequação do uso de seu corpo em</p><p>brincadeiras e jogos, escuta e re-</p><p>conto de histórias, atividades artísti-</p><p>cas, entre outras possibilidades.”</p><p>“(EI01CG03) Imitar gestos</p><p>e movimentos de outras cri-</p><p>anças, adultos e animais.”</p><p>“(EI02CG03) Explorar formas</p><p>de deslocamento no espaço</p><p>(pular, saltar, dançar), combi-</p><p>nando movimentos e seguindo</p><p>orientações.”</p><p>“(EI03CG03) Criar movimentos,</p><p>gestos, olhares e mímicas em brin-</p><p>cadeiras, jogos e atividades artísti-</p><p>cas como dança, teatro e música.”</p><p>“(EI01CG04) Participar do</p><p>cuidado do seu corpo e da</p><p>promoção do seu bem-estar.”</p><p>“(EI02CG04) Demonstrar pro-</p><p>gressiva independência no</p><p>cuidado do seu corpo.”</p><p>“(EI03CG04) Adotar hábitos de au-</p><p>tocuidado relacionados à higiene,</p><p>alimentação, conforto e aparência.”</p><p>“(EI01CG05) Utilizar os movi-</p><p>mentos de preensão, encaixe</p><p>e lançamento, ampliando</p><p>suas possibilidades de manu-</p><p>seio de diferentes materiais e</p><p>objetos.”</p><p>“(EI02CG05) Desenvolver pro-</p><p>gressivamente as habilidades</p><p>manuais, adquirindo controle</p><p>para desenhar, pintar, rasgar,</p><p>folhear etc.”</p><p>“(EI03CG05) Coordenar suas ha-</p><p>bilidades manuais no atendimento</p><p>adequado a seus interesses e ne-</p><p>cessidades em situações diversas.”</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 47).</p><p>124</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>QUADRO 4 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS</p><p>“TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”</p><p>Bebês (zero a 1 ano e 6</p><p>meses)</p><p>Crianças bem pequenas (1</p><p>ano e 7 meses a 3 anos e 11</p><p>meses)</p><p>Crianças pequenas (4 anos a 5</p><p>anos e 11 meses)</p><p>“(EI01TS01) Explorar sons</p><p>produzidos com o próprio</p><p>corpo e com objetos do am-</p><p>biente.”</p><p>“(EI02TS01) Criar sons com</p><p>materiais, objetos e instrumen-</p><p>tos musicais, para acompanhar</p><p>diversos ritmos de música.”</p><p>“(EI03TS01) Utilizar sons produzi-</p><p>dos por materiais, objetos e instru-</p><p>mentos musicais durante brincadei-</p><p>ras de faz de conta, encenações,</p><p>criações musicais, festas.”</p><p>“(EI01TS02) Traçar mar-</p><p>cas gráficas em diferentes</p><p>suportes, usando instrumen-</p><p>tos riscantes e tintas.”</p><p>“(EI02TS02) Utilizar materiais</p><p>variados com possibilidades</p><p>de manipulação (argila, massa</p><p>de modelar), explorando cores,</p><p>texturas, superfícies, planos,</p><p>formas e volumes ao criar obje-</p><p>tos tridimensionais.”</p><p>“(EI03TS02) Expressar-se livre-</p><p>mente por meio de desenho, pintu-</p><p>ra, colagem, dobradura e escultura,</p><p>criando produções bidimensionais e</p><p>tridimensionais.”</p><p>“(EI01TS03) Explorar difer-</p><p>entes fontes sonoras e ma-</p><p>teriais para acompanhar brin-</p><p>cadeiras cantadas, canções,</p><p>músicas e melodias.”</p><p>“(EI02TS03) Utilizar diferentes</p><p>fontes sonoras disponíveis</p><p>no ambiente em brincadeiras</p><p>cantadas, canções, músicas e</p><p>melodias.”</p><p>“(EI03TS03) Reconhecer as qual-</p><p>idades do som (intensidade,</p><p>du-</p><p>ração, altura e timbre), utilizando-as</p><p>em suas produções sonoras e ao</p><p>ouvir músicas e sons.”</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 48).</p><p>QUADRO 5 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA</p><p>O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS</p><p>“ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”</p><p>Bebês (zero a 1 ano e 6</p><p>meses)</p><p>Crianças bem pequenas (1</p><p>ano e 7 meses a 3 anos e 11</p><p>meses)</p><p>Crianças pequenas (4 anos a 5</p><p>anos e 11 meses)</p><p>“(EI01EF01) Reconhecer</p><p>quando é chamado por seu</p><p>nome e reconhecer os nomes</p><p>de pessoas com quem con-</p><p>vive.”</p><p>“(EI02EF01) Dialogar com cri-</p><p>anças e adultos, expressando</p><p>seus desejos, necessidades,</p><p>sentimentos e opiniões.”</p><p>“(EI03EF01) Expressar ideias,</p><p>desejos e sentimentos sobre suas</p><p>vivências.</p><p>Expressar por meio da linguagem</p><p>oral e escrita (escrita espontânea),</p><p>de fotos, desenhos e outras formas</p><p>de expressão.”</p><p>“(EI01EF02) Demonstrar in-</p><p>teresse ao ouvir a leitura de</p><p>poemas e a apresentação de</p><p>músicas.”</p><p>“(EI02EF02) Identificar e criar</p><p>diferentes sons e reconhecer</p><p>rimas e aliterações em cantigas</p><p>de roda e textos poéticos.”</p><p>“(EI03EF02) Inventar brincadeiras</p><p>cantadas, poemas e canções, crian-</p><p>do rimas, aliterações e ritmos.”</p><p>125</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>“(EI01EF03) Demonstrar in-</p><p>teresse ao ouvir histórias lidas</p><p>ou contadas, observando ilus-</p><p>trações e os movimentos de</p><p>leitura do adulto-leitor (modo</p><p>de segurar o portador e de vi-</p><p>rar as páginas).”</p><p>“(EI02EF03) Demonstrar in-</p><p>teresse e atenção ao ouvir a</p><p>leitura de histórias e outros</p><p>textos, diferenciando escrita de</p><p>ilustrações, e acompanhando,</p><p>com orientação do adulto-leitor,</p><p>a direção da leitura (de cima</p><p>para baixo, da esquerda para a</p><p>direita).”</p><p>“(EI03EF03) Escolher e folhear liv-</p><p>ros, procurando orientar-se por te-</p><p>mas e ilustrações e tentando iden-</p><p>tificar palavras conhecidas.”</p><p>“(EI01EF04) Reconhecer el-</p><p>ementos das ilustrações de</p><p>histórias, apontando-os, a pe-</p><p>dido do adulto-leitor.”</p><p>“(EI02EF04) Formular e re-</p><p>sponder perguntas sobre fatos</p><p>da história narrada, identifican-</p><p>do cenários, personagens e</p><p>principais acontecimentos.”</p><p>“(EI03EF04) Recontar histórias ou-</p><p>vidas e planejar coletivamente ro-</p><p>teiros de vídeos e de encenações,</p><p>definindo os contextos, os person-</p><p>agens, a estrutura da história.”</p><p>“(EI01EF05) Imitar as</p><p>variações de entonação e</p><p>gestos realizados pelo adulto,</p><p>ao ler histórias e ao cantar.”</p><p>“(EI02EF05) Relatar experiên-</p><p>cias e fatos acontecidos,</p><p>histórias ouvidas, filmes ou</p><p>peças teatrais assistidos etc.”</p><p>“(EI03EF05) Recontar histórias ou-</p><p>vidas para a produção de reconto</p><p>escrito, tendo o professor como es-</p><p>criba.”</p><p>“(EI01EF06) Comunicar-se</p><p>com outras pessoas usando</p><p>movimentos, gestos, balbu-</p><p>cios, fala e outras formas de</p><p>expressão.”</p><p>“(EI02EF06) Criar e contar</p><p>histórias oralmente, com base</p><p>em imagens ou temas sugeri-</p><p>dos.”</p><p>“(EI03EF06) Produzir suas próprias</p><p>histórias orais e escritas (escrita</p><p>espontânea), em situações com</p><p>função social significativa.”</p><p>“(EI01EF07) Conhecer e ma-</p><p>nipular materiais impressos</p><p>e audiovisuais em diferentes</p><p>portadores (livro, revista,</p><p>gibi, jornal, cartaz, CD, tablet</p><p>etc.).”</p><p>“(EI02EF07) Manusear dif-</p><p>erentes portadores textuais,</p><p>demonstrando reconhecer seus</p><p>usos sociais.”</p><p>“(EI03EF07) Levantar hipóteses so-</p><p>bre gêneros textuais veiculados em</p><p>portadores conhecidos, recorrendo</p><p>a estratégias de observação gráfica</p><p>e/ou de leitura.”</p><p>“(EI01EF08) Participar de</p><p>situações de escuta de textos</p><p>em diferentes gêneros textu-</p><p>ais (poemas, fábulas, contos,</p><p>receitas, quadrinhos, anúnci-</p><p>os etc.).”</p><p>“(EI02EF08) Manipular textos e</p><p>participar de situações de es-</p><p>cuta para ampliar seu contato</p><p>com diferentes gêneros tex-</p><p>tuais (parlendas, histórias de</p><p>aventura, tirinhas, cartazes de</p><p>sala, cardápios, notícias etc.).”</p><p>“(EI03EF08) Selecionar livros e tex-</p><p>tos de gêneros conhecidos para a</p><p>leitura de um adulto e/ou para sua</p><p>própria leitura (partindo de seu rep-</p><p>ertório sobre esses textos, como a</p><p>recuperação pela memória, pela lei-</p><p>tura das ilustrações etc.).”</p><p>“(EI01EF09) Conhecer e ma-</p><p>nipular diferentes instrumen-</p><p>tos e suportes de escrita.”</p><p>“(EI02EF09) Manusear difer-</p><p>entes instrumentos e suportes</p><p>de escrita para desenhar, traçar</p><p>letras e outros sinais gráficos.”</p><p>“(EI03EF09) Levantar hipóteses em</p><p>relação à linguagem escrita, reali-</p><p>zando registros de palavras e textos</p><p>por meio de escrita espontânea.”</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 49-50).</p><p>126</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>QUADRO 6 – OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS,</p><p>QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS</p><p>“ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”</p><p>Bebês (zero a 1 ano e 6</p><p>meses)</p><p>Crianças bem pequenas (1</p><p>ano e 7 meses a 3 anos e 11</p><p>meses)</p><p>Crianças pequenas (4 anos a 5</p><p>anos e 11 meses)</p><p>“(EI01ET01) Explorar e de-</p><p>scobrir as propriedades de</p><p>objetos e materiais (odor, cor,</p><p>sabor, temperatura).”</p><p>“(EI02ET01) Explorar e descre-</p><p>ver semelhanças e diferenças</p><p>entre as características e pro-</p><p>priedades dos objetos (textura,</p><p>massa, tamanho).”</p><p>“(EI03ET01) Estabelecer relações</p><p>de comparação entre objetos, ob-</p><p>servando suas propriedades.”</p><p>“(EI01ET02) Explorar</p><p>relações de causa e efeito</p><p>(transbordar, tingir, misturar,</p><p>mover e remover etc.) na in-</p><p>teração com o mundo físico.”</p><p>“(EI02ET02) Observar, relatar e</p><p>descrever incidentes do cotidi-</p><p>ano e fenômenos naturais (luz</p><p>solar, vento, chuva etc.).”</p><p>“(EI03ET02) Observar e descrever</p><p>mudanças em diferentes materiais,</p><p>resultantes de ações em experimen-</p><p>tos envolvendo fenômenos naturais</p><p>e artificiais.”</p><p>“(EI01ET03) Explorar o ambi-</p><p>ente pela ação e observação,</p><p>manipulando, experimentan-</p><p>do e fazendo descobertas.”</p><p>“(EI02ET03) Compartilhar, com</p><p>outras crianças, situações de</p><p>cuidado de plantas e animais</p><p>nos espaços da instituição e</p><p>fora dela.”</p><p>“(EI03ET03) Identificar e selecio-</p><p>nar fontes de informações para</p><p>responder a questões sobre a na-</p><p>tureza, seus fenômenos, sua con-</p><p>servação.”</p><p>“(EI01ET04) Manipular, ex-</p><p>perimentar, arrumar e ex-</p><p>plorar o espaço por meio de</p><p>experiências de deslocamen-</p><p>tos de si e dos objetos.”</p><p>“(EI02ET04) Identificar relações</p><p>espaciais (dentro e fora, em</p><p>cima, embaixo, acima, abaixo,</p><p>entre e do lado) e temporais</p><p>(antes, durante e depois).”</p><p>“(EI03ET04) Registrar observações,</p><p>manipulações e medidas usando</p><p>múltiplas linguagens (desenho,</p><p>registro por números ou escri-</p><p>ta espontânea) e em diferentes</p><p>suportes.”</p><p>“(EI01ET05) Manipular mate-</p><p>riais diversos e variados para</p><p>comparar as diferenças e se-</p><p>melhanças entre eles.”</p><p>“(EI02ET05) Classificar obje-</p><p>tos, considerando determinado</p><p>atributo (tamanho, peso, cor,</p><p>forma etc.).”</p><p>“(EI03ET05) Classificar objetos e</p><p>figuras de acordo com suas semel-</p><p>hanças e diferenças.”</p><p>“(EI01ET06) Vivenciar difer-</p><p>entes ritmos, velocidades e</p><p>fluxos nas interações e brin-</p><p>cadeiras (em danças, bal-</p><p>anços, escorregadores etc.).”</p><p>“(EI02ET06) Utilizar conceitos</p><p>básicos de tempo (agora, an-</p><p>tes, durante, depois, ontem,</p><p>hoje, amanhã, lento, rápido, de-</p><p>pressa, devagar).”</p><p>“(EI03ET06) Relatar fatos impor-</p><p>tantes sobre seu nascimento e</p><p>desenvolvimento, a história dos</p><p>seus familiares e da sua comuni-</p><p>dade.”</p><p>“(EI02ET07) Contar oralmente</p><p>objetos, pessoas, livros etc. e</p><p>em contextos diversos.”</p><p>“(EI03ET07) Relacionar números às</p><p>respectivas quantidades e identifi-</p><p>car o antes, o depois e o entre em</p><p>uma sequência.”</p><p>“(EI02ET08) Registrar, com</p><p>números, a quantidade de cri-</p><p>anças (meninas e meninos,</p><p>presentes e ausentes) e a</p><p>quantidade de objetos da mes-</p><p>ma natureza (bonecas, bolas,</p><p>livros etc.).”</p><p>“(EI03ET08) Expressar medidas</p><p>(peso, altura etc.), construindo gráf-</p><p>icos básicos.”</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 51-52).</p><p>127</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica</p><p>Capítulo 3</p><p>Como podemos verificar, a BNCC buscou apresentar, de modo claro e</p><p>objetivo, as habilidades e as competências que os estudantes deverão desenvolver</p><p>ao longo da Educação Infantil. Entretanto, é relevante compreendermos que</p><p>os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento deverão ser tomados como</p><p>orientações para a formulação dos currículos dos sistemas e redes de ensino,</p><p>de modo que eles poderão sofrer alterações ou adaptações para os diversos</p><p>contextos.</p><p>FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA TRANSIÇÃO DOS</p><p>ESTUDANTES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 dez. 2018.</p><p>A BNCC orienta, ainda, a “Transição da Educação Infantil para o Ensino</p><p>Fundamental”, indicando a necessidade de haver atenção, além do equilíbrio</p><p>no momento de mudança, para que ocorram “integração e continuidade dos</p><p>processos de aprendizagens das crianças” (BRASIL, 2017, p. 51). Assim,</p><p>são importantes estratégias de acolhimento e adaptação em uma perspectiva</p><p>de continuidade, os relatórios com os registros do processo de ensino e</p><p>aprendizagem e da vida escolar dos estudantes ao longo da Educação Infantil</p><p>e a troca de informações entre os professores da Educação Infantil e do Ensino</p><p>Fundamental para a contribuição na inserção da criança na nova etapa de ensino</p><p>(BRASIL, 2017).</p><p>Outro ponto de destaque é a importância do acolhimento e da continuidade</p><p>das aprendizagens, “[...] de modo que a nova etapa se construa com base no</p><p>que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a</p><p>128</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>descontinuidade do trabalho pedagógico” (BRASIL, 2017, p. 53). Assim, para esse</p><p>momento de transição, a BNCC indica a seguinte síntese das aprendizagens,</p><p>que deverão ser desenvolvidas em cada campo de experiências:</p><p>QUADRO 7 – SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS</p><p>O eu, o outro e</p><p>o nós</p><p>“Respeitar e expressar sentimentos e emoções. Atuar em grupo e demonstrar</p><p>interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizan-</p><p>do-se com os outros. Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifes-</p><p>tando respeito pelo outro.”.</p><p>Corpo, gestos e</p><p>movimentos</p><p>“Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem</p><p>para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. Apre-</p><p>sentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado</p><p>com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. Utilizar o corpo intencionalmen-</p><p>te (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com</p><p>o outro e com o meio. Coordenar suas habilidades manuais.”.</p><p>Traços, sons,</p><p>cores e formas</p><p>“Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, perce-</p><p>bendo-a como forma de expressão individual e coletiva. Expressar-se por meio</p><p>das artes visuais, utilizando diferentes materiais. Relacionar-se com o outro</p><p>empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e</p><p>expressão corporal.”.</p><p>Escuta, fala,</p><p>pensamento e</p><p>imaginação</p><p>“Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação e</p><p>por diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência tem-</p><p>poral e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzi-</p><p>da. Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes</p><p>gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da função social da</p><p>escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação.”.</p><p>Espaços,</p><p>tempos,</p><p>quanti-</p><p>dades,</p><p>relações e</p><p>transforma-</p><p>ções</p><p>“Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, es-</p><p>tabelecendo relações entre eles. Interagir com o meio ambiente e com fenômenos</p><p>naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado. Utilizar vocabulário</p><p>relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e</p><p>medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas ex-</p><p>periências. Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano)</p><p>e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para res-</p><p>ponder a necessidades e questões do cotidiano. Identificar e registrar quantidades</p><p>por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos,</p><p>escrita de números, organização de gráficos básicos etc.)”.</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 52-53).</p><p>A síntese das aprendizagens é apontada como um “elemento balizador</p><p>e indicado para objetivos serem explorados em todo o segmento da Educação</p><p>Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental” (BRASIL,</p><p>2017, p. 51). A BNCC ressalta que a síntese das aprendizagens não deverá ser</p><p>considerada como uma condição para o acesso ao Ensino Fundamental, de modo</p><p>que o estudante seja obrigado a apresentar todas as aprendizagens, mas sim,</p><p>como um elemento norteador do processo de transição na Educação Básica.</p><p>129</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Portanto, nesta sessão, conhecemos as principais orientações curriculares</p><p>da BNCC para a reorganização dos currículos e das práticas pedagógicas</p><p>da Educação Infantil. Temos, como eixos estruturantes, as interações e as</p><p>brincadeiras das crianças e o educar e o brincar. Além disso, percebemos, ao</p><p>longo do texto, que a base reconhece diversos direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento da criança assegurados pela legislação educacional brasileira</p><p>vigente e busca reorganizar os conteúdos da Educação Infantil em Campos</p><p>de Experiências como forma de superar a fragmentação do conhecimento e</p><p>representar a cultura da infância.</p><p>Para ampliar os seus conhecimentos sobre as orientações</p><p>curriculares da BNCC para a Educação Infantil, indicamos a matéria</p><p>da Revista Nova Escola “O que muda na Educação Infantil com a</p><p>BNCC?”, que trata sobre as mudanças que a base implementa na</p><p>Educação Básica. Acesse o seguinte endereço eletrônico para ler na</p><p>íntegra: . Acesso em: 27 fev. 2018.</p><p>1 A BNCC apresenta orientações curriculares para a Educação Infantil</p><p>com o objetivo de garantir o direito à aprendizagem e melhores</p><p>condições didáticas pedagógicas para essa etapa de ensino</p><p>da Educação Básica. Sobre as determinações da base para a</p><p>Educação Infantil, classifique V para as sentenças verdadeiras e F</p><p>para as falsas:</p><p>( ) A BNCC orienta os professores sobre como manter a continuidade</p><p>das aprendizagens no momento de transição do estudante da</p><p>Educação Infantil para o Ensino Fundamental.</p><p>( ) A BNCC privilegia a hierarquização dos conteúdos da Educação</p><p>Infantil como forma de construir uma escola que valoriza a cultura</p><p>da infância e as experiências da criança.</p><p>( ) A BNCC classifica a Educação Infantil em duas etapas, creche e</p><p>pré-escola, e agrupa as crianças em duas faixas etárias bebês e</p><p>crianças pequenas.</p><p>( ) A BNCC indica que os cincos campos de experiências do currículo</p><p>da Educação Infantil estão estruturando com base nas interações e</p><p>brincadeiras das crianças.</p><p>130</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>A) ( ) V - F - F - V.</p><p>B) ( ) F - V - F - V.</p><p>C) ( ) F - F - F - V.</p><p>D) ( ) V - F - V - F.</p><p>2 A BNCC defende a construção de um currículo para a Educação</p><p>Infantil com campos de experiências que estão articulados com os</p><p>objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil.</p><p>A BNCC conceitua os campos de experiências da Educação Infantil</p><p>como um arranjo currículo que integra?</p><p>a) ( ) Conteúdos e saberes tradicionais do processo de ensino da</p><p>Educação Infantil.</p><p>b) ( ) Conhecimentos e saberes da vivência da vida adulta na</p><p>sociedade.</p><p>c) ( ) Conteúdos e saberes sobre as novas tecnologias digitais.</p><p>d) ( ) Conhecimentos e saberes das vivências da vida das crianças.</p><p>3 A Educação Infantil,</p><p>Assim,</p><p>são ofertadas, às escolas brasileiras, orientações para a formulação e</p><p>reformulação dos currículos, respeitando as diferenças de cada região</p><p>do nosso país e buscando a comunicação entre as diversas áreas do</p><p>conhecimento.</p><p>O principal</p><p>objetivo da BNCC,</p><p>dentre outros, é</p><p>o de assegurar a</p><p>todos o direito à</p><p>aprendizagem.</p><p>Para você conhecer o documento da BNCC, elaborado pelo</p><p>Ministério da Educação (MEC), que apresenta os conceitos, os</p><p>fundamentos pedagógicos e a estrutura da BNCC, acesse o site</p><p>oficial do governo: . Acesso</p><p>em: 7 dez. 2018.</p><p>Todavia, a defesa da garantia do direito à aprendizagem para todas as</p><p>pessoas não é exclusividade dos dias atuais com a implementação da BNCC.</p><p>Ao longo da história do movimento educacional nacional, podemos identificar leis</p><p>e decretos que buscaram implementar o direito à educação pública para todos e</p><p>embasam o processo de elaboração da BNCC.</p><p>FIGURA 5 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL DE 1988</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 nov. 2018.</p><p>16</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Dentre os marcos legais que fundamentam o direito à educação e a</p><p>construção da BNCC, destacamos a Constituição Federal do Brasil de 1988, em</p><p>seus artigos 205 e 210. O art. 205 assegura a educação como direito de todos</p><p>e dever compartilhado entre o Estado, a sociedade e a família. Ainda, o art. 210</p><p>orienta a fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, garantindo a</p><p>formação básica comum e valorizando os aspectos culturais, nacionais e regionais</p><p>(BRASIL, 1988).</p><p>Você quer conhecer a Constituição Federal do Brasil de 1988</p><p>e as suas contribuições para a construção da BNCC? Acesse o site</p><p>oficial do governo: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>A Lei n° 9.394/96 regulamenta uma base nacional comum para a educação</p><p>básica brasileira:</p><p>Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem</p><p>ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada</p><p>sistema de ensino e estabelecimento escolar, e por uma parte</p><p>diversificada, exigida pelas características regionais e locais da</p><p>sociedade, da cultura, da economia e da clientela (BRASIL,</p><p>1996).</p><p>Essa determinação insere a concepção de uma base nacional comum a ser</p><p>contemplada no sistema de ensino da educação básica, que deverá ser adaptada</p><p>para as regiões brasileiras, fato que é mais detalhado no inciso IV do art. 9º da Lei</p><p>n° 9.394/96:</p><p>Art. 9º A União incumbir-se-á de:</p><p>[...]</p><p>IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a</p><p>educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que</p><p>nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a</p><p>assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996).</p><p>A partir das determinações, é estabelecido que as competências e diretrizes</p><p>para a educação básica são comuns e os currículos são diversos para motivarem</p><p>o desenvolvimento de competências. São meios de construir uma formação</p><p>básica comum nas escolas brasileiras. Essas concepções foram fundamentais</p><p>para a construção da BNCC no Brasil.</p><p>17</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Para conhecer a Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação</p><p>Nacional (LDBEN), Lei n° 9.394/96, e as suas determinações acerca</p><p>da educação brasileira, acesse o site oficial do governo: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>Segundo Rodrigues (2016), em 1997, foram lançados os Parâmetros</p><p>Curriculares Nacionais (PCN) para o primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.</p><p>Em seguida, em 1998, os PCN passaram a contemplar do sexto ao nono ano e,</p><p>em 2000, o ensino médio.</p><p>O objetivo dos PCN foi o de propor a reformulação e a reorientação</p><p>curricular para a educação básica, provocando inúmeros debates</p><p>sobre a função da escola e os seus respectivos conteúdos curriculares</p><p>(RODRIGUES, 2016). Portanto, podemos observar que a década de</p><p>1990 foi marcada pela definição de políticas educacionais nacionais</p><p>centralizadas no currículo e em determinações legais que fundamentam</p><p>a construção de uma base comum nacional (MACEDO, 2014).</p><p>A década de</p><p>1990 foi marcada</p><p>pela definição</p><p>de políticas</p><p>educacionais</p><p>nacionais</p><p>centralizadas no</p><p>currículo e em</p><p>determinações</p><p>legais que</p><p>fundamentam a</p><p>construção de</p><p>uma base comum</p><p>nacional (MACEDO,</p><p>2014).</p><p>FIGURA 6 – PARÂMETROS CURRICULARES</p><p>NACIONAIS PARA OS TEMAS TRANSVERSAIS</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 nov. 2018.</p><p>18</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Macedo (2014) ressalta que as mudanças e as novas determinações políticas</p><p>seguem defendendo uma centralização curricular como meio de garantir uma</p><p>educação de qualidade para todos. Assim, em 2009, o Ministério da Educação</p><p>(MEC) cria o Programa Currículo em Movimento, que teve como meta atualizar</p><p>as Diretrizes Curriculares Nacionais da educação básica e orientar a organização</p><p>curricular para garantir uma formação básica comum (MACEDO, 2014).</p><p>Em 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou as Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para a Educação Básica (as diretrizes foram especificas</p><p>para cada nível da educação básica: ensino infantil, fundamental e médio),</p><p>contando com o objetivo de garantir um ensino com mais qualidade, focado nas</p><p>aprendizagens e no desenvolvimento dos estudantes. As diretrizes curriculares</p><p>apresentaram e incentivaram estratégias de participação da comunidade escolar</p><p>nas decisões do planejamento e na gestão escolar democrática (MACEDO, 2014).</p><p>Você quer conhecer um pouco mais sobre as Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para a educação básica? Acesse o site oficial</p><p>do governo: . Acesso em:</p><p>7 dez. 2018.</p><p>Em 2010, foi realizada, também, a Conferência Nacional da Educação</p><p>(CONAE), que promoveu diversos debates acerca da educação brasileira,</p><p>resultando em um documento denominado de “Documento Final”, publicado</p><p>em 2014, com o título “Por uma política curricular para a educação básica:</p><p>contribuição ao debate da base nacional comum a partir do direito à aprendizagem</p><p>e ao desenvolvimento”.</p><p>O Documento Final da CONAE contribuiu para as discussões sobre a</p><p>construção de um novo Plano Nacional de Educação, tendo como foco central a</p><p>sistematização de um Sistema Nacional Articulado de Educação (SNE) por meio</p><p>de um sistema de colaboração em âmbito federal, distrital, estadual e municipal.</p><p>Além disso, o CONAE debateu a necessidade da construção de uma base comum</p><p>nacional no Brasil (RODRIGUES, 2016).</p><p>19</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Para conhecer o documento do CONAE 2010, intitulado “Por</p><p>uma política curricular para a educação básica: contribuição ao</p><p>debate da base nacional comum a partir do direito à aprendizagem</p><p>e ao desenvolvimento”, acesse o seguinte endereço eletrônico:</p><p>. Acesso em: 7 dez.</p><p>2018.</p><p>FIGURA 7 – CONAE 2010</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 nov. 2018.</p><p>Outro marco importante na histórica da construção da BNCC, conforme</p><p>Rodrigues (2016), é o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC),</p><p>instituído pelo MEC em 2012, que teve por finalidade melhorar a educação básica,</p><p>ofertando instrumentos e estratégias de ensino para garantir a alfabetização na</p><p>idade certa. Em 2013, tivemos o Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino</p><p>Médio (PNFEM), que contemplou medidas para elevar a qualidade</p><p>no documento da BNCC, apresenta três</p><p>grupos de faixas etárias que estão integrados com os campos de</p><p>experiências e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento,</p><p>como forma de implementar um processo educativo significativo.</p><p>Sobre os três grupos de faixa etária das crianças, associe os itens,</p><p>utilizando o código a seguir:</p><p>I- Bebês</p><p>II- Crianças bem pequenas</p><p>III- Crianças pequenas</p><p>( ) Grupo com crianças de zero a um ano e seis meses de idade.</p><p>( ) Grupo com crianças de quatro anos a cinco anos e onze meses de</p><p>idade.</p><p>( ) Grupo com crianças de um ano e sete meses a três anos e onze</p><p>meses de idade.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) I - III - II.</p><p>b) ( ) II - I - III.</p><p>c) ( ) III - I - II.</p><p>d) ( ) III - II - I.</p><p>131</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>3 ORIENTAÇÕES DA BNCC PARA O</p><p>ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>O documento oficial da BNCC recomenda orientações para o planejamento</p><p>curricular e o desenvolvimento das práticas pedagógicas do Ensino Fundamental</p><p>das instituições educativas brasileiras: Ensino Fundamental com nove anos de</p><p>duração; áreas do conhecimento; competências específicas de áreas e componentes</p><p>curriculares.</p><p>FIGURA 6 – OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR</p><p>DA BNCC PARA O ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>FONTE: Brasil (2017, p. 57).</p><p>132</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>A BNCC (2017) inicia as orientações para a organização curricular do Ensino</p><p>Fundamental com o texto “O Ensino Fundamental no contexto da Educação</p><p>Básica”. Defende um processo educativo com nove anos de duração, para</p><p>estudantes com idade entre 6 e 14 anos, como determinam as Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos, Resolução</p><p>CNE/CEB nº 7/2010 (BRASIL, 2017).</p><p>FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DE UMA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 dez. 2018.</p><p>Para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC (BRASIL,</p><p>2017) ressalta a importância de integrar o lúdico, os saberes e as experiências</p><p>vivenciados pelos estudantes na Educação Infantil:</p><p>A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as</p><p>situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária</p><p>articulação com as experiências vivenciadas na Educação</p><p>Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva</p><p>sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento,</p><p>pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas</p><p>possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos,</p><p>de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma</p><p>atitude ativa na construção de conhecimentos (BRASIL, 2017,</p><p>p. 56).</p><p>Ainda, a BNCC (BRASIL, 2017) indica a necessidade da construção de</p><p>um ambiente escola que inclua os interesses das crianças, a alfabetização,</p><p>a consolidação das aprendizagens, a “ampliação das práticas de linguagem</p><p>e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus</p><p>interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender” (BRASIL,</p><p>133</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>2017, p. 57) e a continuidade de aprendizagens ao longo do Ensino Fundamental</p><p>para a garantia do sucesso escolar na Educação Básica.</p><p>Em relação aos Anos Finais do Ensino Fundamental, a BNCC (BRASIL,</p><p>2017) chama a atenção da necessidade de ressignificar as aprendizagens</p><p>dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Tem o objetivo de ampliar esses</p><p>conhecimentos, fortalecer a autonomia e a criticidade dos estudantes, bem</p><p>como compreender o adolescente como um sujeito em processo de formação de</p><p>identidade, valores, ideologias, com individualidades e culturas singulares:</p><p>A compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias e</p><p>saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto</p><p>do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura</p><p>midiática e digital, fortalece o potencial da escola como espaço</p><p>formador e orientador para a cidadania consciente, crítica e</p><p>participativa (BRASIL, 2017, p. 60).</p><p>Assim, os Anos Finais do Ensino Fundamental deverão contribuir</p><p>para a elaboração do projeto de vida dos seus estudantes, a continuação</p><p>do processo educativo no Ensino Médio e o desenvolvimento pessoal,</p><p>social e profissional dos sujeitos (BRASIL, 2017).</p><p>A BNCC apresenta, também, cinco áreas de conhecimento:</p><p>Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e</p><p>Ensino Religioso, nas quais apresenta as competências específicas que</p><p>os estudantes deverão desenvolver no Ensino Fundamental: os eixos ou</p><p>subcomponentes e os objetivos de aprendizagem (RODRIGUES, 2016).</p><p>A área de Linguagens “se propõe a apresentar conhecimentos</p><p>relativos à atuação dos sujeitos em práticas de linguagem, nas suas</p><p>variadas esferas da comunicação” (RODRIGUES, 2016, p. 89). A</p><p>área é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua</p><p>Portuguesa, Arte (artes visuais, dança, música e teatro), Educação Física e, nos</p><p>Anos Finais do Ensino Fundamental, Língua Inglesa (BRASIL, 2017). Assim, as</p><p>competências específicas de linguagens para o Ensino Fundamental são:</p><p>1. Compreender as linguagens como construção humana,</p><p>histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-</p><p>as e valorizando-as como formas de significação da realidade</p><p>e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.</p><p>2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem</p><p>(artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da</p><p>atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas</p><p>possibilidades de participação na vida social e colaborar para</p><p>a construção de uma sociedade mais justa, democrática e</p><p>inclusiva.</p><p>3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,</p><p>Os Anos Finais do</p><p>Ensino Fundamental</p><p>deverão contribuir</p><p>para a elaboração</p><p>do projeto de</p><p>vida dos seus</p><p>estudantes, a</p><p>continuação do</p><p>processo educativo</p><p>no Ensino Médio e</p><p>o desenvolvimento</p><p>pessoal, social e</p><p>profissional dos</p><p>sujeitos (BRASIL,</p><p>2017).</p><p>134</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital – para</p><p>se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e</p><p>sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que</p><p>levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.</p><p>4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista</p><p>que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a</p><p>consciência socioambiental e o consumo responsável em</p><p>âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a</p><p>questões do mundo contemporâneo.</p><p>5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e</p><p>respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais,</p><p>das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao</p><p>patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de</p><p>práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção</p><p>artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes,</p><p>identidades e culturas.</p><p>6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação</p><p>e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética</p><p>nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para</p><p>se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias,</p><p>produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver</p><p>projetos autorais e coletivos (BRASIL, 2017, p. 63).</p><p>A área de Linguagens tem por finalidade propiciar aos estudantes</p><p>experiências e situações de aprendizagens que oportunizem práticas de</p><p>linguagem diversificadas, que motivem os conhecimentos e as habilidades</p><p>artísticas, corporais, linguísticas, como também as aprendizagens e experiências</p><p>da Educação Infantil (BRASIL, 2017).</p><p>FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DA ÁREA DE LINGUAGENS</p><p>FONTE: . Acesso em: 9 dez. 2018.</p><p>135</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>A área de Matemática, segundo Rodrigues (2016, p. 90), “considera os</p><p>conhecimentos matemáticos imprescindíveis às ações humanas, uma vez que se</p><p>vive em uma sociedade cada vez mais baseada no desenvolvimento tecnológico”.</p><p>Assim, as competências específicas de matemática para o ensino fundamental</p><p>são:</p><p>1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto</p><p>das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em</p><p>diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que</p><p>contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e</p><p>para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos</p><p>no mundo do trabalho.</p><p>2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e</p><p>a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo</p><p>aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no</p><p>mundo.</p><p>3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos</p><p>diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria,</p><p>Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento,</p><p>sentindo segurança quanto à capacidade de construir e aplicar</p><p>conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a</p><p>perseverança na busca de soluções.</p><p>4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e</p><p>qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo</p><p>a investigar, organizar, representar e comunicar informações</p><p>relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente,</p><p>produzindo argumentos convincentes.</p><p>5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive</p><p>tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver</p><p>problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento,</p><p>validando estratégias e resultados.</p><p>6. Enfrentar uma situação-problema em múltiplos contextos,</p><p>incluindo situações imaginadas, não diretamente relacionadas</p><p>com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e</p><p>sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens</p><p>(gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua</p><p>materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como</p><p>fluxogramas e dados).</p><p>7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo,</p><p>questões de urgência social, com base em princípios éticos,</p><p>democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade</p><p>de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos</p><p>de qualquer natureza.</p><p>8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando</p><p>coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas</p><p>para responder a questionamentos e na busca de soluções para</p><p>problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não</p><p>na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo</p><p>de pensar dos colegas e aprendendo com eles (BRASIL, 2017,</p><p>p. 264).</p><p>O documento da BNCC ressalta, ainda, a importância de articular as</p><p>competências específicas da área de Matemática com o desenvolvimento do</p><p>136</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>letramento matemático (raciocínio, representação, comunicação e</p><p>argumentação matemática). Ainda, processos matemáticos para a</p><p>resolução de uma situação-problema, garantindo, aos estudantes, um</p><p>processo de ensino e aprendizagem significativo (BRASIL, 2017).</p><p>A área de Ciências da Natureza tem por finalidade tratar</p><p>sobre conteúdos que capacitem o estudante a compreender o</p><p>desenvolvimento ambiental, social, científico e tecnológico, tendo como</p><p>foco o letramento científico. Desse modo, as competências específicas</p><p>de ciências da natureza são:</p><p>1. Compreender as Ciências da Natureza como</p><p>empreendimento humano, e o conhecimento científico como</p><p>provisório, cultural e histórico.</p><p>2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas</p><p>explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar</p><p>processos, práticas e procedimentos da investigação científica,</p><p>de modo a sentir segurança no debate de questões científicas,</p><p>tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho,</p><p>continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma</p><p>sociedade justa, democrática e inclusiva.</p><p>3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos</p><p>e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico</p><p>(incluindo o digital), como também as relações que se</p><p>estabelecem, exercitando a curiosidade para fazer perguntas,</p><p>buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com</p><p>base nos conhecimentos das Ciências da Natureza.</p><p>4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais</p><p>e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor</p><p>alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo</p><p>aqueles relativos ao mundo do trabalho.</p><p>5. Construir argumentos com base em dados, evidências e</p><p>informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de</p><p>vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito</p><p>a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade</p><p>de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de</p><p>qualquer natureza.</p><p>6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de</p><p>informação e comunicação para se comunicar, acessar e</p><p>disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver</p><p>problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,</p><p>significativa, reflexiva e ética.</p><p>7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-</p><p>estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se</p><p>respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos</p><p>das Ciências da Natureza e às tecnologias.</p><p>8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,</p><p>responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,</p><p>recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para</p><p>tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e</p><p>socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,</p><p>com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e</p><p>solidários (BRASIL, 2017, p. 322).</p><p>O documento da</p><p>BNCC ressalta,</p><p>ainda, a importância</p><p>de articular as</p><p>competências</p><p>específicas da área</p><p>de Matemática com</p><p>o desenvolvimento</p><p>do letramento</p><p>matemático</p><p>137</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Para ampliar a sua compreensão sobre as orientações</p><p>curriculares da BNCC para o ensino de Ciências, acesse a matéria</p><p>“BNCC: o que muda em Ciências para o Ensino Fundamental?”,</p><p>da Revista Nova Escola. FONTE: . Acesso em: 27 fev. 2018.</p><p>Nessa área de conhecimento, o processo de ensino e</p><p>aprendizagem deverá oportunizar situações nas quais os estudantes</p><p>possam desenvolver processos investigativos, permitindo a definição</p><p>de problemas, levantamento, análise e representação de dados,</p><p>comunicação e intervenção, de modo que os estudantes possam</p><p>articular as novas aprendizagens com a sociedade em que vivem</p><p>(BRASIL, 2017).</p><p>O processo</p><p>de ensino e</p><p>aprendizagem</p><p>deverá oportunizar</p><p>situações nas quais</p><p>os estudantes</p><p>possam desenvolver</p><p>processos</p><p>investigativos,</p><p>permitindo a</p><p>definição de</p><p>problemas,</p><p>levantamento,</p><p>análise e</p><p>representação de</p><p>dados, comunicação</p><p>e intervenção.</p><p>FIGURA 9 — ESTUDANTES REALIZANDO PESQUISAS</p><p>FONTE: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>A área de Ciências Humanas, conforme Rodrigues (2016, p. 91), “compõe</p><p>um campo cognitivo que se dedica aos estudos da existência humana e suas</p><p>intervenções sobre a vida”. Assim, os componentes curriculares da área</p><p>138</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>correspondem à Geografia e à História, e as competências específicas são:</p><p>1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes,</p><p>de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade</p><p>plural e promover os direitos humanos.</p><p>2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-</p><p>científico-informacional com base nos conhecimentos</p><p>das Ciências</p><p>Humanas, considerando suas variações de</p><p>significado no tempo e no espaço, para intervir em situações</p><p>do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo</p><p>contemporâneo.</p><p>3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano</p><p>na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e</p><p>propondo ideias e ações que contribuam para a transformação</p><p>espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente</p><p>das dinâmicas da vida social.</p><p>4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas</p><p>com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas,</p><p>com base nos instrumentos de investigação das Ciências</p><p>Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da</p><p>diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,</p><p>identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de</p><p>qualquer natureza.</p><p>5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo</p><p>espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em</p><p>tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.</p><p>6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos</p><p>das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e</p><p>opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a</p><p>consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e</p><p>o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de</p><p>uma sociedade justa, democrática e inclusiva.</p><p>7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica</p><p>e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de</p><p>informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio</p><p>espaço-temporal relacionado à localização, distância, direção,</p><p>duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão (BRASIL,</p><p>2017, p. 355).</p><p>Buscam auxiliar no desenvolvimento das competências e habilidades que</p><p>contribuem para a observação de diferentes situações e objetos de natureza</p><p>funcional, morfológica, tecnológica, a formação ética, fortalecimento de valores</p><p>sociais, o respeito com o meio ambiente, valorização dos direitos humanos,</p><p>dentre outros saberes (BRASIL, 2017).</p><p>139</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DA</p><p>BNCC PARA O ENSINO RELIGIOSO</p><p>FONTE: . Acesso em: 9 dez. 2018.</p><p>A área de Ensino Religioso tem por objetivo “construir, por meio do estudo</p><p>dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento</p><p>e respeito às alteridades” (BRASIL, 2017, p. 434). Para tanto, foram delimitadas</p><p>as seguintes competências específicas de ensino religioso para o ensino</p><p>fundamental:</p><p>1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes</p><p>tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida a partir de</p><p>pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.</p><p>2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações</p><p>religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em</p><p>diferentes tempos, espaços e territórios.</p><p>3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da</p><p>natureza, enquanto expressão de valor da vida.</p><p>4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,</p><p>convicções, modos de ser e viver.</p><p>5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os</p><p>campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da</p><p>ciência, da tecnologia e do meio ambiente.</p><p>6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos</p><p>e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho</p><p>religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no</p><p>constante exercício da cidadania e da cultura de paz (BRASIL,</p><p>2017, p. 435).</p><p>140</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>O Ensino Religioso proposto na BNCC busca construir um espaço</p><p>de aprendizagens e experiências educativas que visam ao acolhimento</p><p>das diversas culturas e religiões em uma perspectiva da cultura de paz,</p><p>da interculturalidade e dos direitos humanos. O conhecimento religioso</p><p>compõe a formação integral dos estudantes. Assim, a BNCC delimitou</p><p>os seguintes objetivos para o Ensino Religioso nos Anos Finais do</p><p>Ensino Fundamental:</p><p>a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos,</p><p>culturais e estéticos a partir das manifestações religiosas</p><p>percebidas na realidade dos educandos.</p><p>b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de</p><p>consciência e de crença, no constante propósito de promoção</p><p>dos direitos humanos.</p><p>c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam</p><p>para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de</p><p>vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o</p><p>pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal.</p><p>d) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos</p><p>pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da</p><p>cidadania (BRASIL, 2017, p. 434).</p><p>A BNCC destaca a importância de tratar os saberes e conhecimentos</p><p>religiosos com ética e caráter científico, sem apresentar preferências pessoais</p><p>sobre religião aos estudantes e ausentar a existência do conhecimento filosófico.</p><p>Assim, a base indica que é fundamental adotar a pesquisa e o diálogo no processo</p><p>de desenvolvimento das competências específicas do Ensino Religioso (BRASIL,</p><p>2017).</p><p>O Ensino Religioso</p><p>proposto na BNCC</p><p>busca construir</p><p>um espaço de</p><p>aprendizagens</p><p>e experiências</p><p>educativas</p><p>que visam ao</p><p>acolhimento das</p><p>diversas culturas e</p><p>religiões em uma</p><p>perspectiva da</p><p>cultura de paz, da</p><p>interculturalidade</p><p>e dos direitos</p><p>humanos.</p><p>Para conhecer as competências específicas dos componentes</p><p>curriculares, acesse o documento oficial da BNCC. FONTE: . Acesso em: 27 fev. 2019.</p><p>Portanto, nesta sessão, aprendemos sobre as principais determinações</p><p>curriculares da BNCC para o currículo do Ensino Fundamental. Observamos,</p><p>ao longo deste estudo, que a base procura implementar um processo educativo</p><p>embasado na continuidade das aprendizagens, na organização das diversas</p><p>disciplinas em áreas de conhecimentos e no desenvolvimento global do estudante,</p><p>garantindo o direito à aprendizagem, além de combater as desigualdades</p><p>educacionais existentes na educação brasileira.</p><p>141</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Vamos aprofundar o seu conhecimento sobre as determinações</p><p>da BNCC para o Ensino Fundamental? Acesse o site: . Acesso</p><p>em: 27 fev. 2019.</p><p>1 A BNCC apresenta orientações para a construção de propostas</p><p>curriculares para o Ensino Fundamental, assegurando o direito à</p><p>educação e melhores práticas de ensino. Sobre as determinações</p><p>da BNCC para o Ensino Fundamental, classifique V para as</p><p>sentenças verdadeiras e F para as falsas:</p><p>( ) A BNCC incluiu o componente curricular Educação Física na</p><p>área de Linguagens no Ensino Fundamental.</p><p>( ) A BNCC considera o letramento matemático como um dos</p><p>elementos fundamentais para a atuação na sociedade e a</p><p>construção do conhecimento.</p><p>( ) A BNCC propõe que a área de Ciências motive o letramento</p><p>científico e o desenvolvimento de processos investigativos na</p><p>aprendizagem dos estudantes.</p><p>( ) A BNCC apoia propostas curriculares que acolhem o Ensino</p><p>Religioso com preferência aos conteúdos sobre as religiões</p><p>afro-brasileiras.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V - V - V - F.</p><p>b) ( ) F - V - F - V.</p><p>c) ( ) F - F - F - V.</p><p>d) ( ) V - F - V - F.</p><p>2 A BNCC defende a construção de uma formação integral para o</p><p>estudante no Ensino Fundamental. Para isso, a base propõe um</p><p>processo de ensino e aprendizagem nesta etapa de ensino da</p><p>Educação Básica com a duração de quanto tempo?</p><p>a) ( ) Ensino Fundamental com dez anos de duração.</p><p>142</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>b) ( ) Ensino Fundamental com oito anos de duração.</p><p>c) ( ) Ensino Fundamental com doze anos de duração.</p><p>d) ( ) Ensino Fundamental com nove anos de duração.</p><p>3 A BNCC apresenta os componentes curriculares e as suas</p><p>respectivas competências específicas em áreas de conhecimento</p><p>com o objetivo de superar a fragmentação do saber científico.</p><p>Quantas áreas de conhecimento a base propõe para o Ensino</p><p>Fundamental?</p><p>a) ( ) O Ensino Fundamental possui dez áreas de conhecimento.</p><p>b) ( ) O Ensino Fundamental possui três áreas de conhecimento.</p><p>c) ( ) O Ensino Fundamental possui cinco áreas de conhecimento.</p><p>d) ( ) O Ensino Fundamental possui sete áreas de conhecimento.</p><p>4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES</p><p>No presente capítulo, identificamos e compreendemos que a BNCC é uma</p><p>matriz curricular que apresenta orientações para as etapas da Educação Básica,</p><p>Educação Infantil e Ensino Fundamental. De tal forma, conhecemos as principais</p><p>determinações curriculares para o planejamento, a organização e a execução das</p><p>práticas pedagógicas dessas etapas de ensino. O objetivo é construir uma escola</p><p>que garanta o direito à aprendizagem para todos os estudantes.</p><p>Para a Educação Infantil, a BNCC propõe orientações para a construção</p><p>de um currículo que defende a obrigatoriedade da matrícula das crianças de</p><p>4 a 5 anos nas escolas; os direitos de aprendizagem e desenvolvimento; os</p><p>campos de experiências; os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para</p><p>a Educação Infantil (BRASIL, 2017). Essas determinações curriculares buscam</p><p>celebrar a interação e as experiências das crianças nas práticas de ensino e</p><p>de aprendizagem, de modo que a cultura da infância e as particularidades das</p><p>crianças sejam representadas ao longo do processo educativo.</p><p>Em relação ao Ensino Fundamental, percebemos que a proposta da BNCC</p><p>é a de promover orientações curriculares que valorizam o ensino de habilidades</p><p>e competências, bem como busca organizar o currículo escolar por áreas de</p><p>conhecimento, como forma de superar a fragmentação do conhecimento. Além</p><p>disso, destacamos que a BNCC indica aspectos importantes para o Ensino</p><p>143</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>Fundamental como o incentivo à pesquisa, o respeito à diversidade humana</p><p>e religiosa, a inclusão das tecnologias digitais nos processos de ensino e de</p><p>aprendizagem, a preocupação com a continuidade das aprendizagens da</p><p>Educação Infantil, dentre outros conhecimentos.</p><p>Portanto, concluímos que a BNCC indica orientações curriculares</p><p>importantes para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental, de modo que</p><p>os professores e futuros professores deverão conhecê-las e analisá-las antes</p><p>de implementá-las na sala de aula, para que ocorram as devidas adaptações</p><p>curriculares e metodológicas. Ainda, precisamos realizar críticas e sugestões de</p><p>melhorias para a base, com a finalidade de construirmos políticas educacionais</p><p>que representem as necessidades e as realidades das diversas escolas brasileiras</p><p>e dos inúmeros estudantes e professores que anseiam por transformações</p><p>educacionais eficazes e efetivas.</p><p>144</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRANCO, E. P. A implantação da BNCC no contexto das políticas públicas.</p><p>2017. Dissertação. (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em</p><p>Ensino, Universidade Estadual do Paraná, Paranavaí.</p><p>BRASIL. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 2018.</p><p>Disponível: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-</p><p>nacional-comum-curricular-bncc Acesso em: 10 out. 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular</p><p>(BNCC). Brasília, DF: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: http://</p><p>basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/BNCC_19dez2018_</p><p>site.pdf Acesso em: 7 out. 2018.</p><p>BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Estabelece as diretrizes e bases</p><p>da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da</p><p>educação e dar outras providências. Brasília: Planalto Central, 2013. Disponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm</p><p>Acesso em: 8 out. 2018.</p><p>BRASIL. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009.</p><p>Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias</p><p>para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da</p><p>Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à</p><p>manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição</p><p>Federal de 1988. Dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a</p><p>prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a</p><p>abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação</p><p>básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211, ao § 3º do art. 212 e ao caput do</p><p>art. 214, com a inserção neste dispositivo do inciso VI. Brasília, 2009. Disponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm</p><p>Acesso em: 8 out. 2018.</p><p>BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.</p><p>Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: MEC/SEF,</p><p>1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso</p><p>em: 6 out. 2018.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,</p><p>DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/</p><p>Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 21 out. 2018.</p><p>145</p><p>A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para</p><p>a Educação Básica Capítulo 3</p><p>CAMPOS, R.; BARBOSA, M. C. S. BNC e educação infantil: quais as</p><p>possibilidades? Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 9, n. 17, p. 353-366,</p><p>2015. Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/</p><p>download/585/659 Acesso em: 10 dez. 2018.</p><p>COELHO, K.; MACHADO, M. A. A importância da leitura na educação infantil.</p><p>FAP, 2015.</p><p>GOMES, J. F. Base Nacional Comum Curricular e Educação Infantil:</p><p>análises e realidades. 2017. Monografia (Licenciatura Plena em Pedagogia) –</p><p>Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.</p><p>KONRATH, R. D. Como acolher as diferentes manifestações culturais</p><p>na educação infantil? Revista Conhecimento Online, v. 2, n. 9, p. 16-</p><p>25, 2017. Disponível em: https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/</p><p>revistaconhecimentoonline/article/view/1078 Acesso em: 9 dez. 2018.</p><p>MARTINS FILHO, A. J. Criança pede respeito: ação educativa na creche e pré-</p><p>escola. Porto Alegre: Mediação, 2015.</p><p>MORAN, J. M.; BACICH, L. Metodologias ativas para uma educação</p><p>inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.</p><p>RODRIGUES, V. A. C. R. A Base Nacional Comum Curricular em questão.</p><p>2016. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de</p><p>São Paulo (PUC), São Paulo.</p><p>do ensino</p><p>20</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>médio com a reformulação curricular (RODRIGUES, 2016).</p><p>Em 2013, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade</p><p>e Inclusão (SECADI), por meio do MEC e CNE, lança o documento Diretrizes</p><p>Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: diversidade e</p><p>inclusão. Teve por objetivo estabelecer dez diretrizes curriculares para a</p><p>educação especial como forma de garantir direitos sociais aos grupos menos</p><p>favorecidos (RODRIGUES, 2016). Nesse momento, já é possível percebermos</p><p>uma preocupação em estabelecer uma base comum curricular nas diversas</p><p>modalidades da educação básica.</p><p>Para explorar as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para</p><p>a Educação Básica: diversidade e inclusão, acesse o seguinte</p><p>endereço eletrônico: . Acesso em: 7</p><p>dez. 2018.</p><p>FIGURA 8 – CAPA DO DOCUMENTO DAS DIRETRIZES CURRICULARES</p><p>NACIONAIS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO</p><p>FONTE: . Acesso em: 4 nov. 2018.</p><p>21</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Em 2014 foi promulgado o Plano Nacional de Educação (PNE), que “afirma</p><p>a importância de uma base comum curricular para o Brasil, com o foco na</p><p>aprendizagem como estratégia para fomentar a qualidade da educação básica</p><p>em todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos e objetivos</p><p>de aprendizagem e desenvolvimento” (BRASIL, 2017b, p. 12). O PNE possui</p><p>vinte metas referentes à universalização da educação básica que justificam a</p><p>construção de uma base nacional comum curricular na realidade brasileira.</p><p>Para aprender um pouco mais sobre o Plano Nacional de</p><p>Educação (PNE), Lei n° 13.005/2014, acesse o site oficial do</p><p>governo: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>Para a discussão e a elaboração da BNCC, diversas ações foram delimitadas,</p><p>segundo Rodrigues (2016, p. 74), no período de 2015 a 2016. Os principais</p><p>momentos que marcam a institucionalização da BNCC no Brasil foram:</p><p>11 de maio de 2015 – Ministro abre debate sobre base curricular</p><p>com a área científica;</p><p>17 de junho de 2015 – Ministro defende base comum curricular</p><p>como prioridade;</p><p>08 de julho de 2015 – Janine defende base nacional como eixo</p><p>do sistema de ensino;</p><p>24 de julho de 2015 – MEC reúne representantes de secretarias</p><p>estaduais para debater Base Nacional Comum;</p><p>30 de julho de 2015 – Portal Base Nacional Comum Curricular</p><p>é lançado na internet;</p><p>15 de setembro de 2015 – Proposta da Base Nacional Comum</p><p>(BCN) é apresentada para representantes das secretarias</p><p>municipais e estaduais de educação e disponibilizada em</p><p>endereço eletrônico;</p><p>25 de novembro de 2015 – Base Nacional é tema de exposição</p><p>do ministro na Comissão de Educação da Câmara;</p><p>02 de dezembro de 2015 – Base Nacional já recebeu mais de</p><p>6 milhões de contribuições;</p><p>04 de dezembro de 2015 – Base Comum é apresentada à</p><p>comunidade acadêmica da UnB;</p><p>15 de dezembro de 2015 – MEC começa a avaliar sugestões</p><p>apresentadas pela sociedade;</p><p>25 de janeiro de 2016 – Equipe da Universidade de Brasília</p><p>apresenta dados preliminares da consulta pública;</p><p>17 de fevereiro de 2016 – Pareceres e contribuições</p><p>apresentadas na primeira fase da consulta estão disponíveis;</p><p>04 de março de 2016 – CONSED entrega documentos com</p><p>22</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>posicionamentos sobre a Base e proposta para o Ensino</p><p>Médio;</p><p>15 de março de 2016 – Encerramento da consulta Pública</p><p>sobre a Base Nacional Comum;</p><p>03 de maio de 2016 – Segunda versão da Base Nacional</p><p>Comum é entregue ao CNE para avaliação final;</p><p>23 de junho de 2016 – Início dos Seminários de discussão da</p><p>2º versão preliminar da BNCC;</p><p>10 de agosto de 2016 – Finalização dos Seminários de</p><p>discussão da 2º versão preliminar da BNCC;</p><p>14 de setembro de 2016 – MEC recebe posicionamento sobre</p><p>a 2º versão da BNCC.</p><p>Observamos que a elaboração da BNCC perpassa por um longo processo de</p><p>elaboração, consultas e reelaborações, buscando contemplar uma base nacional</p><p>comum curricular que atenda, da melhor forma, às necessidades da educação</p><p>brasileira e assegure o direito à educação nas escolas.</p><p>Em 2017, a Lei n° 13.415/2017 alterou a LDBEN/96, inserindo as novas</p><p>nomenclaturas para as finalidades da educação, implantando a ideia de</p><p>conteúdos comuns que deverão ser ensinados e aprendidos na educação básica,</p><p>como podemos notar na Lei n° 13.415/2017, em seus arts. 35 e 36:</p><p>Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos</p><p>e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme</p><p>diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes</p><p>áreas do conhecimento [...];</p><p>Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput</p><p>e das respectivas competências e habilidades será feita de</p><p>acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino</p><p>(BRASIL, 2017c).</p><p>Na referida lei, em seus arts. 35 e 36, notamos que a BNCC é inserida como a</p><p>matriz que define os direitos, objetivos educacionais, competências e habilidades</p><p>a serem desenvolvidos na educação básica, ou seja, a BNCC torna-se referência</p><p>para a organização e reformulação curricular das escolas públicas e privadas</p><p>no Brasil (a versão atual da BNCC apresenta orientações apenas para o ensino</p><p>infantil e o fundamental). Ainda, a BNCC é o novo pilar da reformulação dos</p><p>cursos de formação de professores nas instituições de ensino superior brasileiras.</p><p>Portanto, nesta seção, identificamos os principais marcos no processo de</p><p>construção da BNCC brasileira, assim como compreendemos que o documento</p><p>é um importante passo na construção de novas propostas curriculares para</p><p>a educação básica, na superação da fragmentação do saber por meio da</p><p>comunicação entre as diversas áreas do conhecimento e na garantia do direito à</p><p>aprendizagem nas escolas públicas e privadas do nosso país.</p><p>23</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>1 A BNCC perpassa por um processo longo e gradual no contexto</p><p>social, político e educacional brasileiro, instaurando medidas e</p><p>mudanças fundamentais para elevar a equidade e a qualidade</p><p>da educação básica. Sobre os marcos legais da BNCC no Brasil,</p><p>classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.</p><p>( ) A BNCC é considerada por políticos, pesquisadoras, estudiosos,</p><p>educadores como um novo currículo para as escolas de</p><p>educação básica.</p><p>( ) Desde o marco inicial de construção da BNCC no Brasil com</p><p>a Constituição Federal de 1988, diversas leis e decretos têm</p><p>defendido a formação básica comum.</p><p>( ) O CONAE, em 2010, apresentou-se contra a construção de uma</p><p>base comum curricular e a favor da elaboração de um Sistema</p><p>Nacional Articulado de Educação (SNE).</p><p>( ) O Plano Nacional de Educação (PNE) possui vinte e quatro</p><p>metas que defendem a universalização da educação básica e a</p><p>construção da BNCC.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>( ) F-V-F-F.</p><p>( ) F-V-F-V.</p><p>( ) F-F-F-V.</p><p>( ) V-F-V-F.</p><p>2 Analise o processo de construção da BNCC no Brasil e os seus</p><p>marcos históricos. Em seguida, aponte os pontos negativos e</p><p>positivos das mudanças instauradas pelas leis, decretos e pela</p><p>Constituição Federal Brasileira de 1988 em prol da implementação</p><p>de uma base comum curricular na educação básica.</p><p>3 METODOLOGIA ADOTADA</p><p>PARA A CONSTRUÇÃO DA BNCC</p><p>A BNCC foi construída por uma metodologia verticalizada,</p><p>denominada de participativa, construída de forma colaborativa e</p><p>democrática, por meio do pacto interfederativo. Para a adequada</p><p>A BNCC foi</p><p>construída por</p><p>uma metodologia</p><p>verticalizada,</p><p>denominada de</p><p>participativa,</p><p>construída de</p><p>forma colaborativa</p><p>e democrática,</p><p>por meio do pacto</p><p>interfederativo.</p><p>24</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>elaboração da BNCC</p><p>foi essencial um regime de colaboração entre a União,</p><p>os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como a consulta da opinião</p><p>pública:</p><p>Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei n°</p><p>13.005/2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do</p><p>adequado funcionamento do regime de colaboração para</p><p>alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação</p><p>do MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à</p><p>comunidade educacional e à sociedade (BRASIL, 2017b, p.</p><p>20).</p><p>No regime de colaboração, as responsabilidades dos envolvidos foram</p><p>diversas e complementares e o papel direto da União foi o de exercer a</p><p>coordenação do processo e correção das desigualdades.</p><p>Além da função, identificamos as seguintes tarefas da União no processo</p><p>de construção da BNCC: reformulação da formação inicial e da continuada dos</p><p>educadores com a finalidade de alinhá-las à BNCC; promoção e coordenação</p><p>das ações e políticas em nível federal, estadual e municipal relacionadas à</p><p>avaliação, à construção de materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de</p><p>infraestrutura apropriada para a ampliação da educação (BRASIL, 2017b).</p><p>FIGURA 9 – REPRESENTANTES DO MEC E CNE</p><p>DISCUTINDO A CONSTRUÇÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 2 nov. 2018.</p><p>25</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Em relação ao MEC, ficou responsável pelo monitoramento das ações de</p><p>construção e implantação da BNCC por meio da colaboração com o Conselho</p><p>Nacional de Educação – CNE, Conselho Nacional de Secretários de Educação –</p><p>Consed e União Nacional dos Dirigentes de Educação – Undime, sob a seguinte</p><p>justificativa do governo federal:</p><p>Em um país com a dimensão e a desigualdade do Brasil, a</p><p>permanência e a sustentabilidade de um projeto como a</p><p>BNCC dependem da criação e do fortalecimento de instâncias</p><p>técnico-pedagógicas nas redes de ensino, priorizando aqueles</p><p>com menores recursos, tanto técnicos quanto financeiros.</p><p>Essa função deverá ser exercida pelo MEC, em parceria com</p><p>o Consed e a Undime, respeitada a autonomia dos entes</p><p>federados (BRASIL, 2017b, p. 21).</p><p>O MEC ficou responsável, também, pela ajuda técnica, financeira, incentivo</p><p>à inovação e a publicitação das ações de sucesso, suporte aos experimentos</p><p>curriculares inovadores, a ampliação do acesso a conhecimentos e experiências</p><p>estrangeiras e apoio aos estudos e pesquisas sobre currículos, educação básica,</p><p>avaliação, formação de professores, dentre outros conteúdos (BRASIL, 2017b).</p><p>Em relação à metodologia verticalizada de elaboração da BNCC, foi</p><p>desenvolvida em cinco etapas. Contou com a participação da sociedade, das</p><p>organizações educativas e científicas, instituições, empresas e entidades privadas</p><p>e grupos de educadores. A seguir citamos as cinco etapas de elaboração da base:</p><p>A análise dos documentos disponíveis no portal oficial da</p><p>BNCC permite identificar cinco etapas: [1] publicação da</p><p>versão preliminar em setembro de 2015; [2] consulta pública</p><p>entre setembro de 2015 e março de 2016; [3] publicação da</p><p>segunda versão do documento em maio de 2016, [4] realização</p><p>dos seminários estaduais entre junho e agosto de 2016,</p><p>restando apenas o [5] encaminhamento da versão definitiva do</p><p>documento ao Conselho Nacional de Educação (CNE) (NEIRA;</p><p>JÚNIOR; ALMEIDA, 2016, p. 35).</p><p>Em consonância com os autores, destacamos um fato importante ao longo</p><p>da construção da BNCC: a equipe técnica e os responsáveis pela elaboração da</p><p>base consultaram a opinião pública para a elaboração e a avaliação das versões</p><p>preliminares do documento da BNCC. No processo, a sociedade respondeu</p><p>positivamente, demonstrando interesse em compreender e avaliar os fundamentos</p><p>e as diretrizes da BNCC para a educação básica.</p><p>26</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>O Movimento pela Base Nacional Comum foi um dos</p><p>grandes influenciadores no processo de construção da BNCC.</p><p>Ele representou os interesses de empresas, entidades privadas,</p><p>instituições filantrópicas como Itaú, Todos pelas Educação, Natura,</p><p>Bradesco, Fundação Lemann, dentre outras.</p><p>Em 30 de julho de 2015 foi lançado o portal virtual da BNCC.</p><p>Em 2015, ocorreu o “I Seminário Interinstitucional promovido pelo Ministério</p><p>da Educação (MEC), que reuniu assessores e especialistas para desencadear</p><p>o processo a partir da publicação da Portaria nº 592, que instituiu a Comissão</p><p>de Especialistas” para a elaboração da versão preliminar da BNCC (CORRÊA;</p><p>MORGADO, 2018, p. 4). No mesmo ano, em outubro, iniciou-se a consulta pública</p><p>para a elaboração da primeira versão da BNCC, que contou com as contribuições</p><p>da sociedade, das organizações e das entidades educativas, científicas e privadas</p><p>(BRANCO, 2017).</p><p>FIGURA 10 – PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 6 nov. 2018.</p><p>27</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Na elaboração da primeira versão da BNCC, ocorreu a consulta</p><p>dos currículos estaduais e do Distrito Federal, por meio de uma equipe</p><p>formada por educadores indicados pelo Consed e pela Undime, com a</p><p>finalidade de servirem como base para a construção de um documento</p><p>reconhecido pelos sistemas e que permitisse uma comunicação com</p><p>as teorias curriculares contemporâneas (com o objetivo de inserir a</p><p>diversidade humana). Além disso, o documento da BNCC deveria</p><p>se desvencilhar de tendências que privilegiam fatores euro/estadunidenses e</p><p>valorizar a democracia, o diálogo, a inclusão e a justiça social (NEIRA; JÚNIOR;</p><p>ALMEIDA, 2016).</p><p>Na elaboração da</p><p>primeira versão</p><p>da BNCC, ocorreu</p><p>a consulta dos</p><p>currículos estaduais</p><p>e do Distrito Federal.</p><p>Você gostaria de conhecer a primeira versão da BNCC? Acesse</p><p>o site Movimento pela Base: .</p><p>Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>Branco (2017, p. 106) ressalta que, na elaboração e reelaboração da</p><p>primeira versão da BNCC, houve um alto índice de participação pública, desde</p><p>a participação individual de cidadãos até grupos de educadores e organizações</p><p>públicas e privadas de todo o Brasil:</p><p>No período em que a primeira versão do documento foi</p><p>disponibilizada para consulta pública, entre outubro de 2015</p><p>e março de 2016, a BNCC recebeu mais de 12 milhões de</p><p>contribuições, individuais, de organizações e de redes de</p><p>educação de todo o país, além de pareceres analíticos</p><p>de especialistas, associações científicas e membros da</p><p>comunidade acadêmica.</p><p>A primeira etapa de construção da BNCC, o lançamento da primeira versão</p><p>da base, causou inúmeros debates em todo o território do Brasil, principalmente</p><p>entre os educadores, a respeito da educação básica, do currículo e da real</p><p>necessidade de um currículo comum para a educação brasileira.</p><p>Além disso, diversas críticas foram direcionadas ao MEC contra a construção</p><p>de uma base comum curricular centralizada nas decisões desse ministério, apesar</p><p>das consultas públicas realizadas durante a construção do documento da base.</p><p>Neira, Júnior e Almeida (2016, p. 35) destacam outras polêmicas em relação à</p><p>publicação da primeira versão da BNCC:</p><p>28</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Publicada a versão preliminar da BNCC, um intenso e caloroso</p><p>debate ganhou as páginas dos jornais. Grupos conservadores</p><p>e progressistas posicionaram-se contrários ao documento.</p><p>Para os primeiros, o texto estava muito aquém do que seria</p><p>desejável em termos de aquisição de conhecimento. O segundo</p><p>grupo também criticou o acanhamento da proposta. Esperava</p><p>um documento mais engajado, sem qualquer espécie de aceno</p><p>ao mercado ou às políticas neoliberais. Engrossaram o coro</p><p>das críticas para as entidades científicas, movimentos sociais</p><p>organizados e organizações não governamentais ligadas à</p><p>educação.</p><p>As críticas</p><p>voltadas para a primeira versão da BNCC causaram</p><p>um grande impacto nos organizadores e na equipe técnica do MEC.</p><p>Na segunda etapa de construção da base ocorreu a consulta pública</p><p>acerca da primeira versão do documento da BNCC, possibilitando</p><p>aos cidadãos, às instituições educativas e às pessoas interessadas</p><p>indicarem alterações para o texto introdutório da etapa da educação</p><p>infantil e das áreas do ensino fundamental, dentre outros aspectos da</p><p>base (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016).</p><p>A partir da grande participação da população brasileira na segunda etapa de</p><p>construção da BNCC, podemos observar o interesse da sociedade em participar</p><p>das decisões das organizações governamentais em relação aos currículos para</p><p>as escolas públicas e privadas. Nesse sentido, Neira, Júnior e Almeida (2016, p.</p><p>36) indicam que a segunda etapa de produção da base contou com 12 milhões</p><p>de cidadãos da sociedade brasileira que contribuíram para a reformulação da</p><p>primeira versão da BNCC:</p><p>[...] com mais de 12 milhões de contribuições, mostrando</p><p>assim que a sociedade brasileira não abriu mão de apresentar</p><p>suas sugestões para os rumos da educação. A organização e</p><p>categorização das contribuições recebidas ficaram a cargo de</p><p>equipes de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e</p><p>da PUC – RJ, sendo em seguida analisadas pelos assessores</p><p>e especialistas. Aliada às contribuições advindas do portal da</p><p>BNCC, deu-se também a participação de leitores críticos que</p><p>emitiram pareceres acerca da primeira versão. Associações</p><p>científicas ligadas aos segmentos ou componentes curriculares</p><p>também se reuniram e enviaram suas observações.</p><p>Esses dados são confirmados no documento oficial da BNCC, que apresenta</p><p>também as escolas que enviaram contribuições para o processo de elaboração</p><p>da segunda versão do documento da BNCC. Nesse contexto, destacamos o</p><p>processo de modernização tecnológica na elaboração da BNCC com a utilização</p><p>do portal virtual da BNCC, que serviu como instrumento para a consulta pública e</p><p>envio de sugestões de melhoria para a base, como podemos notar a seguir:</p><p>Na segunda etapa</p><p>de construção</p><p>da base ocorreu</p><p>a consulta</p><p>pública acerca da</p><p>primeira versão</p><p>do documento da</p><p>BNCC.</p><p>29</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Os dados da participação são eloquentes: mais de 12</p><p>milhões de contribuições foram apresentadas ao documento</p><p>preliminar, metade delas produzida pelas 45 mil escolas que</p><p>se cadastraram em nosso portal. Nessas escolas aconteceram</p><p>os debates que envolveram alunos, famílias, comunidades e</p><p>profissionais da educação, especialmente os professores. Ao</p><p>todo, nosso sistema de contribuições registrou mais de 300</p><p>mil cadastros, dos quais 207 mil foram de professores. Esses</p><p>extraordinários resultados contaram com o apoio decisivo do</p><p>CONSED – Conselho Nacional dos Secretários da Educação</p><p>e da UNDIME – União Nacional de Dirigentes Municipais de</p><p>Educação, organizações que reúnem todos os secretários de</p><p>educação do Brasil (BRASIL, 2017b, p. 10).</p><p>Após a consulta pública acerca da primeira versão da BNCC, ocorreu a</p><p>sistematização das contribuições por uma equipe de pesquisadores de grandes</p><p>universidades brasileiras. Em seguida, ocorreu a elaboração da segunda versão</p><p>da BNCC, como afirma Branco (2017, p. 106-107):</p><p>As contribuições foram sistematizadas por pesquisadores da</p><p>Universidade de Brasília (UNB) e da Pontifícia Universidade</p><p>Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e subsidiaram a</p><p>elaboração da segunda versão, que foi publicada em maio de</p><p>2016, passando por um processo de debate institucional em</p><p>seminários realizados pelas Secretarias Estaduais de Educação</p><p>em todas as Unidades da Federação, sob a coordenação do</p><p>Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED)</p><p>e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação</p><p>(UNDIME).</p><p>A partir das contribuições da população, das organizações e</p><p>instituições educativas e científicas, foram realizadas modificações na</p><p>BNCC, resultando na construção da segunda versão do documento</p><p>da BNCC. Assim, a segunda versão da BNCC, a terceira etapa</p><p>de construção da base, foi avaliada por especialistas brasileiros e</p><p>estrangeiros. Também existiram discussões em diversos seminários</p><p>estaduais, com a presença de educadores das redes públicas de ensino,</p><p>representantes de movimentos estudantis e pessoas interessadas, que</p><p>sugeriram modificações e acréscimos (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016).</p><p>A segunda versão</p><p>da BNCC, a terceira</p><p>etapa de construção</p><p>da base, foi avaliada</p><p>por especialistas</p><p>brasileiros e</p><p>estrangeiros.</p><p>30</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 11 – PUBLICITAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL SOBRE</p><p>A CONSULTA PÚBLICA NA CONSTRUÇÃO DA BNCC</p><p>FONTE: . Acesso em: 4 nov. 2018.</p><p>Para conhecer na íntegra a segunda versão da BNCC, acesse</p><p>o site Movimento pela Base: . Acesso em: 7</p><p>dez. 2018.</p><p>Na quarta etapa de elaboração da BNCC, segundo Neira,</p><p>Júnior e Almeida (2016), foram realizados os seminários estaduais,</p><p>que tiveram por objetivo discutir a segunda versão da base e sugerir</p><p>melhorias ao documento. Assim, participaram dos seminários estaduais</p><p>diversos representantes da educação, das universidades e das escolas</p><p>brasileiras indicados pelo Consed e Undime. Além dos debates,</p><p>aconteceram, ainda, as seguintes atividades nos seminários estaduais:</p><p>[...] inúmeras reuniões e atividades presenciais (congressos,</p><p>seminários, palestras etc.) e virtuais (possibilidade de</p><p>indivíduos-cidadãos, escolas e organizações interagirem</p><p>através de sugestões e críticas no portal da base). A construção</p><p>da BNCC revelou-se um momento singular para a produção de</p><p>currículos. Ficou latente uma preocupação com a participação</p><p>da sociedade no processo (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016,</p><p>p. 37).</p><p>Na quarta etapa</p><p>de elaboração da</p><p>BNCC, segundo</p><p>Neira, Júnior e</p><p>Almeida (2016),</p><p>foram realizados</p><p>os seminários</p><p>estaduais, que</p><p>tiveram por objetivo</p><p>discutir a segunda</p><p>versão da base e</p><p>sugerir melhorias ao</p><p>documento.</p><p>31</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Os seminários estaduais foram importantes para o fomento das discussões</p><p>sobre o currículo que queremos nas nossas escolas e a educação básica de</p><p>qualidade que precisamos nas redes de ensino e nas escolas privadas do nosso</p><p>Brasil. Nesse momento, foi elementar a participação da sociedade brasileira com</p><p>as suas contribuições, questionamentos e observações sobre a BNCC e a sua</p><p>função dentro da reformulação curricular das escolas.</p><p>Você gostaria de aprofundar o seu estudo em relação ao</p><p>processo de construção e avaliação da BNCC? Leia a obra “A BNCC</p><p>na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas”, dos</p><p>autores Márcia Angela S. Aguiar e Luiz Fernandes Dourado (2018).</p><p>Os resultados dos debates dos seminários estaduais produziram relatórios</p><p>que analisaram a segunda versão da BNCC e serviram para a construção da</p><p>terceira versão da base, versão final do documento:</p><p>Os seminários estaduais aconteceram entre junho e agosto</p><p>de 2016 e contaram com a participação de mais de 9 mil</p><p>professores, gestores, especialistas e entidades de educação.</p><p>Seus resultados foram sistematizados e organizados em</p><p>relatório produzido por um grupo de trabalho composto por</p><p>CONSED e UNDIME, com base em análise realizada pela</p><p>UNB. A segunda versão da BNCC foi examinada também</p><p>por especialistas do Brasil e de outros países. Anexados ao</p><p>relatório CONSED/UNDIME, os pareceres analíticos</p><p>desses especialistas foram encaminhados ao</p><p>Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum</p><p>e Reforma do Ensino Médio, instituído pela Portaria</p><p>MEC nº 790/2016 (BRANCO, 2017, p. 107).</p><p>Em consonância com o autor, ressaltamos que o Comitê Gestor</p><p>da Base Nacional Curricular Comum e Reforma do Ensino Médio</p><p>foi criado com a finalidade</p><p>de acompanhar a construção da segunda</p><p>versão do documento da BNCC, propor a versão final da base e outras</p><p>contribuições para a reforma do ensino médio, como podemos observar</p><p>no documento da Portaria nº 790/2016:</p><p>Art. 1º Fica instituído o Comitê Gestor para</p><p>acompanhar o processo de discussão da segunda</p><p>versão preliminar da Base Nacional Curricular</p><p>Comum - BNCC, encaminhar sua proposta final e</p><p>Comitê Gestor da</p><p>Base Nacional</p><p>Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino</p><p>Médio foi criado</p><p>com a finalidade</p><p>de acompanhar</p><p>a construção da</p><p>segunda versão</p><p>do documento da</p><p>BNCC, propor a</p><p>versão final da</p><p>base e outras</p><p>contribuições para</p><p>a reforma do ensino</p><p>médio.</p><p>32</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>propor subsídios para a reforma do Ensino Médio. Art. 2º A</p><p>versão da BNCC, a ser encaminhada ao Conselho Nacional de</p><p>Educação - CNE, deverá definir o conjunto de conhecimentos</p><p>e habilidades que os alunos devem adquirir e desenvolver</p><p>em cada etapa de ensino e em cada ano de escolaridade.</p><p>Parágrafo único. O estabelecido na BNCC deverá servir</p><p>de guia de orientação para os sistemas e redes de ensino</p><p>desenvolverem os seus próprios currículos.</p><p>Art. 3º A proposta de reforma do Ensino Médio terá por diretriz</p><p>a diversificação da sua oferta, possibilitando aos jovens</p><p>diferentes percursos acadêmicos e profissionalizantes de</p><p>formação (BRASIL, 2016).</p><p>O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e Reforma do Ensino</p><p>Médio definiu as diretrizes e as orientações que fundamentaram a reelaboração</p><p>da segunda versão do documento da BNCC, como também indicou a equipe de</p><p>especialistas responsáveis para a elaboração da versão final da base (BRANCO,</p><p>2017).</p><p>FIGURA 12 – MEC ENTREGA A TERCEIRA VERSÃO DA BNCC AO CNE</p><p>FONTE: . Acesso em: 6 nov. 2018.</p><p>A partir dos resultados dos seminários e das diretrizes do Comitê Gestor,</p><p>33</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>deu-se a continuidade da elaboração da BNCC com a publicação da terceira</p><p>versão da base, em 2017, a quinta etapa de construção da BNCC. Na etapa,</p><p>ocorreram modificações significativas no documento da base, principalmente com</p><p>a promulgação da Medida Provisória n° 746/2016 (transformada posteriormente</p><p>na Lei n° 13.415/2017), que assegura a Política de Fomento à Implementação</p><p>de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral por meio de diversas alterações</p><p>nos currículos e a inclusão de novos componentes curriculares para o ensino</p><p>fundamental e médio. Tais medidas tiveram que ser atendidas no documento da</p><p>BNCC, provocando inúmeras críticas contrárias à Medida Provisória nº 746/2016:</p><p>Os políticos da Câmara deveriam ter votado com cautela</p><p>as questões educacionais do Sistema de Ensino Brasileiro.</p><p>Sem tempo e o resultado foi a deliberação de uma Medida</p><p>Provisória para o Ensino Médio (MP 746/2016) que</p><p>determinou, sem consulta pública, a organização do Ensino</p><p>Médio e outras questões sobre o documento da Base Nacional</p><p>Comum Curricular. As consequências foram a invasão de</p><p>muitas escolas públicas e manifestações em todo o país por</p><p>estudantes, pais e educadores em protesto à MP 746/2016</p><p>(RODRIGUES, 2016, p. 22).</p><p>Apesar das divergências envolvendo a terceira versão da BNCC, o MEC</p><p>entregou o documento da base com as partes correspondentes à educação</p><p>infantil e ao ensino fundamental ao CNE para análise e promoção das audiências</p><p>públicas (exclusivamente consultivas) pelo país. De acordo com informações do</p><p>portal virtual do MEC, as audiências públicas do CNE contaram com a seguinte</p><p>finalidade:</p><p>O CNE realizou audiências públicas regionais em Manaus,</p><p>Recife, Florianópolis, São Paulo e Brasília, com caráter</p><p>exclusivamente consultivo, destinadas a colher subsídios e</p><p>contribuições para a elaboração da norma instituidora da Base</p><p>Nacional Comum Curricular.</p><p>O produto desses encontros resultou em 235 documentos</p><p>protocolados com contribuições recebidas no âmbito das</p><p>audiências públicas, além de 283 manifestações orais. Estas</p><p>audiências não tiveram caráter deliberativo, mas foram</p><p>essenciais para que os conselheiros tomassem conhecimento</p><p>das posições e contribuições advindas de diversas entidades</p><p>e atores da sociedade civil e, assim, pudessem deliberar por</p><p>ajustes necessários para adequar a proposta da Base Nacional</p><p>Comum Curricular, elaborada pelo MEC, considerando as</p><p>necessidades, interesses e pluralidade da educação brasileira.</p><p>No dia 15 de dezembro, o parecer e o projeto de resolução</p><p>apresentados pelos conselheiros relatores do CNE foram</p><p>votados em Sessão do Conselho Pleno e aprovados com 20</p><p>votos a favor e 3 contrários. Com esse resultado, seguiram</p><p>para a homologação no MEC, que aconteceu no dia 20 de</p><p>dezembro (BRASIL, 2017a).</p><p>34</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Após as audiências públicas, houve a homologação da terceira</p><p>versão da base pelo MEC. Outro ponto importante que destacamos</p><p>é que o documento final da BNCC, aprovado pelo MEC, refere-se à</p><p>educação final e ao ensino fundamental.</p><p>Nesse momento do estudo, você deve estar se perguntando: “E o</p><p>ensino médio? Será contemplado pela BNCC?” Então, a construção de</p><p>uma matriz curricular para as diferentes etapas do ensino médio é foco</p><p>de discussão atual e será construída e deliberada nos próximos anos.</p><p>A construção</p><p>de uma matriz</p><p>curricular para as</p><p>diferentes etapas do</p><p>ensino médio é foco</p><p>de discussão atual</p><p>e será construída</p><p>e deliberada nos</p><p>próximos anos.</p><p>A terceira versão do documento da BNCC foi entregue ao</p><p>Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação</p><p>(CNE) no dia 6 de abril de 2017 para a apreciação da proposta e</p><p>a construção de um projeto de resolução que se transformou na</p><p>Resolução CNE/CP nº 2.</p><p>De acordo com Corrêa e Morgado (2018, p. 8), o documento da BNCC</p><p>aprovado pelo MEC e CNE não privilegiou uma concepção de currículo, mas a</p><p>organização curricular por competências:</p><p>Na elaboração do documento não se elegeu uma concepção</p><p>de currículo, mas a sua organização por competências,</p><p>objetivos e conteúdos refletem a opção pelo modelo da teoria</p><p>curricular de instrução. Além disso, as tecnologias, no modelo</p><p>de organização do currículo nacional, estão relacionadas com</p><p>a regulação do estado e com as políticas de accountability. Os</p><p>conceitos de eficiência e de eficácia e os resultados aparecem.</p><p>A BNCC defende a construção de um currículo para a educação</p><p>básica, fundamentado em objetivos de aprendizagem e sistematizado para o</p><p>desenvolvimento de competências. Foram definidas metas e avaliações que</p><p>devem indicar as habilidades, atitudes e valores que os estudantes deverão</p><p>desenvolver ao longo da educação infantil e do ensino fundamental. O documento</p><p>da BNCC demonstra, ainda, que o currículo deverá possuir foco nos conteúdos</p><p>diversos, sob a prerrogativa que os conteúdos estão a serviço da motivação das</p><p>habilidades (CORRÊA; MORGADO, 2018).</p><p>35</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>Para conhecer o documento oficial da BNCC, acesse o</p><p>portal virtual da base: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>Portanto, concluímos a sessão ressaltando que é fundamental</p><p>que a sociedade e as organizações educativas públicas e privadas</p><p>continuem discutindo e avaliando a BNCC para que juntas possam</p><p>encontrar os melhores caminhos para a construção de uma base comum</p><p>curricular que atenda às necessidades e aos anseios da população</p><p>brasileira, resultando em melhores condições de equidade e qualidade</p><p>das diversas etapas e modalidades da educação básica.</p><p>É fundamental</p><p>que a sociedade</p><p>e as organizações</p><p>educativas</p><p>públicas e privadas</p><p>continuem</p><p>discutindo e</p><p>avaliando a BNCC</p><p>para que juntas</p><p>possam encontrar</p><p>os melhores</p><p>caminhos para</p><p>a construção de</p><p>uma base comum</p><p>curricular.</p><p>1 A metodologia</p><p>participativa adotada na construção da BNCC</p><p>pelo MEC permitiu que o documento preliminar da BNCC fosse</p><p>reelaborado em cinco etapas para contemplar as necessidades e</p><p>exigências da sociedade brasileira, das organizações educativas,</p><p>dos grupos de professores e empresas. Sobre as fases de</p><p>construção da BNCC, associe os itens, utilizando o código a</p><p>seguir:</p><p>I- Primeira etapa</p><p>II- Segunda etapa</p><p>III- Terceira etapa</p><p>IV- Quarta etapa</p><p>V- Quinta etapa</p><p>( ) O MEC encaminha ao CNE a terceira versão da BNCC para</p><p>análise.</p><p>( ) O MEC publica a segunda versão BNCC, avaliada por</p><p>especialistas.</p><p>( ) O MEC executa a consulta pública para avaliação da primeira</p><p>versão da BNCC.</p><p>36</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>( ) O MEC realiza os seminários estaduais para debater a segunda</p><p>versão da BNCC.</p><p>( ) O MEC lança a primeira versão da BNCC elaborada por</p><p>especialistas e assessores.</p><p>Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) V-III-II-IV-I.</p><p>b) ( ) V-II-III-IV-I.</p><p>c) ( ) V-I-III-II-IV.</p><p>d) ( ) V-IV-II-I-III.</p><p>2 O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino Médio foi um importante mecanismo para a</p><p>organização e reelaboração da BNCC e para a determinação de</p><p>novas diretrizes para a educação básica. Qual versão da BNCC o</p><p>Comitê Gestor acompanhou?</p><p>( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino Médio acompanhou a primeira versão da</p><p>BNCC e determinou diretrizes para a reforma do ensino médio.</p><p>( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino Médio acompanhou a primeira, a segunda</p><p>e a terceira versão da BNCC.</p><p>( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino Médio acompanhou a terceira versão da</p><p>BNCC e determinou a reforma da educação infantil e do ensino</p><p>médio.</p><p>( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e</p><p>Reforma do Ensino Médio acompanhou a segunda versão da</p><p>BNCC e determinou diretrizes para a reforma do ensino médio.</p><p>3 A construção da BNCC contou com a participação de importantes</p><p>movimentos sociais, educadores, pesquisadores, empresários e</p><p>com a finalidade de garantia dos seus interesses representados</p><p>nos currículos escolares da educação básica brasileira. Partindo</p><p>dessa informação, construa uma linha do tempo da BNCC, na</p><p>qual você deverá destacar as diversas etapas de construção</p><p>da base com os seus marcos principais e inserir imagens que</p><p>possam representar cada fase de elaboração da BNCC.</p><p>37</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>4 A RELEVÂNCIA DA BNCC PARA A</p><p>EDUCAÇÃO BRASILEIRA</p><p>A educação é um dos principais instrumentos para a promoção de</p><p>oportunidades entre os sujeitos de uma sociedade. Em países como a Europa,</p><p>Estados Unidos da América e França, a educação integra as políticas sociais,</p><p>sendo a base do sistema de promoção social e ferramenta elementar para o</p><p>desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural (CASTRO, 2009).</p><p>Em relação ao Brasil, caminhamos a passos lentos para garantir que todos os</p><p>cidadãos tenham acesso à educação pública de qualidade, apesar da Constituição</p><p>Federal de 1988 assegurar aos brasileiros o direito à educação como condição</p><p>fundamental de uma vida justa e digna. Em seu art. 6º “são direitos sociais a</p><p>educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança [...]” (BRASIL, 1988).</p><p>FIGURA 13 – DIREITO À EDUCAÇÃO PÚBLICA PARA TODOS</p><p>FONTE: . Acesso em: 7 nov. 2018.</p><p>Para aprofundar o estudo sobre desigualdades sociais e</p><p>educação, leia a obra “Pobreza, desigualdades e educação”, do</p><p>autor Miguel Gonzalez Arroyo (2015).</p><p>38</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>Embora o direito à educação seja garantido pela Constituição</p><p>Federal de 1988, podemos perceber que, no contexto social, ainda</p><p>temos diversos entraves como as desigualdades sociais, que dificultam</p><p>a implementação do direito ao ensino e à aprendizagem com condições</p><p>de acesso e permanência, como afirma Castro (2009, p. 674):</p><p>No Brasil, mais recentemente, ocorreram avanços importantes</p><p>na ampliação do acesso a todos os níveis e modalidades</p><p>educacionais, chegando à universalização do acesso</p><p>ao ensino fundamental. No entanto, ainda são graves</p><p>problemas a baixa escolaridade média da população e a</p><p>desigualdade permanente, mantendo na pauta das discussões</p><p>a necessidade da universalização da educação básica e a</p><p>melhoria da qualidade da educação, bem como a eliminação</p><p>do analfabetismo, com inevitáveis impactos de longo prazo</p><p>para a área.</p><p>Para combater a desigualdade social e os diversos desafios sociais</p><p>existentes na sociedade brasileira, é fundamental fortalecer a educação. Contudo,</p><p>de qual tipo de educação estamos falando? Estamos nos referindo à educação</p><p>que Saviani (2013, p. 475) conceitua como “a capacidade de compreender as</p><p>conexões entre fenômenos, captar o significado das coisas, do mundo em que</p><p>vivemos”. Para construir uma educação que forme sujeitos críticos é fundamental</p><p>mudanças curriculares, como refere Zambom (2017, p. 3):</p><p>A qualidade da educação brasileira apresenta vários problemas</p><p>que são oriundos de outros aspectos além do currículo, mas</p><p>para a formação dos sujeitos é necessário que aconteçam</p><p>mudanças curriculares, uma vez que o currículo brasileiro tem</p><p>resquício de momentos históricos traumáticos vividos pelo</p><p>povo brasileiro.</p><p>Para fortalecer a educação brasileira, é essencial que os sistemas e redes de</p><p>ensino incluam propostas curriculares e pedagógicas que tenham por finalidade</p><p>formar cidadãos que possam atuar na realidade social desafiadora e complexa dos</p><p>dias de hoje, como também ampliar o acesso à educação básica com equidade e</p><p>qualidade. Considerando tais fatores, a BNCC apresenta-se como uma possível</p><p>solução para elevar a educação básica a partir da seguinte justificativa:</p><p>[...] a BNCC desempenha papel fundamental, pois explicita</p><p>as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem</p><p>desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional</p><p>sobre a qual as singularidades devem ser consideradas</p><p>e atendidas. Essa igualdade deve valer também para as</p><p>oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de</p><p>Educação Básica (BRASIL, 2017b, p. 15).</p><p>A BNCC fundamenta-se na prerrogativa de que o foco nos currículos, nas</p><p>Embora o direito</p><p>à educação seja</p><p>garantido pela</p><p>Constituição</p><p>Federal de 1988,</p><p>podemos perceber</p><p>que, no contexto</p><p>social, ainda</p><p>temos diversos</p><p>entraves como</p><p>as desigualdades</p><p>sociais.</p><p>39</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>ações didático-pedagógicas das Secretárias de Educação e no trabalho anual</p><p>das escolas deverá combater as desigualdades sociais por meio do planejamento</p><p>fundamentado na equidade, ou seja, é relevante construir uma escola que</p><p>respeita as necessidades dos estudantes, que tenha compromisso com a ação</p><p>de reverter a exclusão social dos grupos marginalizados (indígenas, quilombolas,</p><p>pessoas com deficiência, dentre outros) que não possuem acesso à educação,</p><p>reconhecendo a importância de metodologias de ensino inclusivas no processo</p><p>de ensino e de aprendizagem da educação básica.</p><p>FIGURA 14 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA</p><p>FONTE: . Acesso em: 7 nov. 2018.</p><p>Segundo Rodrigues (2016, p. 82), a justificativa da elaboração de uma base</p><p>comum curricular na realidade brasileira é a necessidade da construção de uma</p><p>escola que atenda às particularidades individuais e coletivas:</p><p>[...] há necessidade de se repensar uma escola que responda</p><p>às singularidades dos sujeitos individuais e coletivos, uma vez</p><p>que a Constituição Federal de 1988 (arts. 6 e 205) assegura a</p><p>Educação como Direito Social e Direito de Todos, garantindo</p><p>a formação para: o</p><p>exercício da cidadania, ao longo da vida,</p><p>que contemple o reconhecimento e valorização da diversidade</p><p>humana e a perspectiva inclusiva.</p><p>Assim, com a construção da BNCC espera-se que o direito à educação e</p><p>o direito ao desenvolvimento humano sejam fatores centrais na produção dos</p><p>currículos e das práticas pedagógicas das instituições educativas públicas e</p><p>40</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>FIGURA 15 – ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA</p><p>privadas de todo o nosso país. A BNCC indica, também, que a formação</p><p>dos estudantes deverá ser desenvolvida de modo integral a partir de</p><p>uma formação humana, científica e cultural (RODRIGUES, 2016), que</p><p>considere as dimensões intelectuais, físicas, afetivas, sociais, éticas,</p><p>morais e simbólicas na educação básica.</p><p>Com a construção</p><p>da BNCC espera-</p><p>se que o direito à</p><p>educação e o direito</p><p>ao desenvolvimento</p><p>humano sejam</p><p>fatores centrais</p><p>na produção</p><p>dos currículos</p><p>e das práticas</p><p>pedagógicas</p><p>das instituições</p><p>educativas públicas</p><p>e privadas de todo o</p><p>nosso país.</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 nov. 2018.</p><p>Ficou curioso para conhecer as competências gerais inseridas</p><p>na formação integral da educação básica para os estudantes</p><p>brasileiros? Acesse o site: . Acesso em: 7 dez. 2018.</p><p>O conceito de educação integral defendido na BNCC refere-se “[...] à</p><p>construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens</p><p>sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos</p><p>estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea” (BRASIL,</p><p>2017b, p. 14). Assim, para garantir as aprendizagens essenciais delimitadas na</p><p>BNCC, é necessário um conjunto de ações para adaptar as orientações da base</p><p>na realidade local mediante a parceria entre a escola, a família e a comunidade.</p><p>Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares,</p><p>identificando estratégias para apresentá-los, representá-los,</p><p>exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base</p><p>na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens</p><p>estão situadas;</p><p>Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos</p><p>componentes curriculares e fortalecer a competência</p><p>41</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias</p><p>mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à</p><p>gestão do ensino e da aprendizagem;</p><p>Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-</p><p>pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados</p><p>e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar</p><p>com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas</p><p>famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos</p><p>de socialização etc.;</p><p>Conceber e pôr em prática situações e procedimentos para</p><p>motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;</p><p>Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de</p><p>processo ou de resultado que levem em conta os contextos</p><p>e as condições de aprendizagem, tomando tais registros</p><p>como referência para melhorar o desempenho da escola, dos</p><p>professores e dos alunos;</p><p>Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e</p><p>tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender;</p><p>Criar e disponibilizar materiais de orientação para os</p><p>professores, bem como manter processos permanentes de</p><p>formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento</p><p>dos processos de ensino e aprendizagem;</p><p>Manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão</p><p>pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito</p><p>das escolas e sistemas de ensino (BRASIL, 2017b, p. 16-17).</p><p>Tais ações buscam implementar, ao longo do tempo, uma base comum</p><p>curricular que possa garantir o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento</p><p>global dos brasileiros (a partir de dez competências gerais). Ainda, orientar</p><p>as instituições educativas para construírem os seus currículos a partir dos</p><p>conhecimentos básicos fundamentais para uma formação cidadã. Essas</p><p>orientações serão subsídios para a produção dos currículos (RODRIGUES, 2016).</p><p>FIGURA 16 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR PARA O BRASIL</p><p>FONTE: . Acesso em: 8 nov. 2018.</p><p>42</p><p>Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos</p><p>As competências gerais da educação básica foram organizadas</p><p>para que possam assegurar o direito à educação e ao desenvolvimento</p><p>global do sujeito ao longo da educação infantil, do ensino fundamental</p><p>e do ensino médio. As competências gerais da BNCC para a educação</p><p>básica são:</p><p>1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente</p><p>construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital</p><p>para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo</p><p>e colaborar para a construção de uma sociedade justa,</p><p>democrática e inclusiva.</p><p>2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem</p><p>própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a</p><p>análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar</p><p>causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver</p><p>problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base</p><p>nos conhecimentos das diferentes áreas.</p><p>3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e</p><p>culturais, das locais às mundiais, e também participar de</p><p>práticas diversificadas da produção artístico-cultural.</p><p>4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,</p><p>como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem</p><p>como conhecimentos das linguagens artística, matemática</p><p>e científica, para se expressar e partilhar informações,</p><p>experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e</p><p>produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.</p><p>5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação</p><p>e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética</p><p>nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para</p><p>se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir</p><p>conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e</p><p>autoria na vida pessoal e coletiva.</p><p>6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais</p><p>e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe</p><p>possibilitem entender as relações próprias do mundo do</p><p>trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e</p><p>ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência</p><p>crítica e responsabilidade.</p><p>7. Argumentar com base em fatos, dados e informações</p><p>confiáveis para formular, negociar e defender ideias, pontos</p><p>de vista e decisões comuns que respeitem e promovam</p><p>os direitos humanos, a consciência socioambiental e o</p><p>consumo responsável em âmbito local, regional e global, com</p><p>posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos</p><p>outros e do planeta.</p><p>8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e</p><p>emocional, compreendendo-se na diversidade humana e</p><p>reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica</p><p>e capacidade para lidar com elas.</p><p>9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a</p><p>cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao</p><p>outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização</p><p>da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,</p><p>identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de</p><p>As competências</p><p>gerais da educação</p><p>básica foram</p><p>organizadas para</p><p>que possam</p><p>assegurar o direito</p><p>à educação e ao</p><p>desenvolvimento</p><p>global do sujeito ao</p><p>longo da educação</p><p>infantil, do ensino</p><p>fundamental e do</p><p>ensino médio.</p><p>43</p><p>O Processo de Construção da Base Nacional Comum</p><p>Curricular (BNCC) Capítulo 1</p><p>qualquer natureza.</p><p>10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,</p><p>responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,</p><p>tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,</p>

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