Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>PM-BA</p><p>Curso de Formação de Soldado</p><p>DIREITO PENAL</p><p>Do crime. Elementos.. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e</p><p>arrependimento eficaz. Arrependimento posterior.. Crime impossível. Causas de</p><p>exclusão de ilicitude e culpabilidade.Contravenção. .................................................................1</p><p>Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal, rixa). Dos crimes contra a liberdade</p><p>pessoal (constrangimento ilegal, ameaça, perseguição, sequestro e cárcere privado). ........13</p><p>Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, receptação). ..26</p><p>Dos crimes contra a dignidade sexual (estupro, importunação sexual, assédio sexual). ......33</p><p>Corrupção ativa Corrupção passiva. ......................................................................................36</p><p>Lei n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura). .......................................................43</p><p>Exercícios ................................................................................................................................44</p><p>Gabarito ...................................................................................................................................55</p><p>DI</p><p>RE</p><p>IT</p><p>O</p><p>PE</p><p>NA</p><p>L</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>1</p><p>Do crime. Elementos. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento</p><p>eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Causas de exclusão de ilicitude e</p><p>culpabilidade.Contravenção</p><p>Gabarito</p><p>Exercícios</p><p>Do crime. Elementos. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento</p><p>eficaz. Arrependimento posterior. Crime impossível. Causas de exclusão de ilicitude e</p><p>culpabilidade.Contravenção</p><p>Conceito</p><p>O crime, para a teoria tripartida, é fato típico, ilícito e culpável. Alguns, entendem que a culpabilidade não é</p><p>elemento do crime (teoria bipartida).</p><p>Classificações</p><p>• Crime comum: qualquer pessoa pode cometê-lo.</p><p>• Crime próprio: exige determinadas qualidades do sujeito.</p><p>• Crime de mão própria: só pode ser praticado pela pessoa. Não cabe coautoria.</p><p>• Crime material: se consuma com o resultado.</p><p>• Crime formal: se consuma independente da ocorrência do resultado.</p><p>• Crime de mera conduta: não há previsão de resultado naturalístico.</p><p>Fato Típico e Teoria do Tipo</p><p>O fato típico divide-se em elementos:</p><p>• Conduta humana;</p><p>• Resultado naturalístico;</p><p>• Nexo de causalidade;</p><p>• Tipicidade.</p><p>▪ Teorias que explicam a conduta</p><p>Teoria Cau-</p><p>sal-Naturalís-</p><p>tica</p><p>Teoria Fina-</p><p>lista (Hans Wel-</p><p>zel)</p><p>Teoria So-</p><p>cial</p><p>C o n d u t a</p><p>como movi-</p><p>mento corporal.</p><p>Conduta é</p><p>ação voluntária</p><p>(dolosa ou cul-</p><p>posa) destinada</p><p>a uma finalidade.</p><p>Ação hu-</p><p>mana volun-</p><p>tária com rele-</p><p>vância social.</p><p>A teoria finalista da conduta foi adotada pelo Código Penal, pois como veremos adiante o erro constitutivo</p><p>do tipo penal exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Isso demonstra que o</p><p>dolo e a culpa se inserem na conduta.</p><p>A conduta humana pode ser uma ação ou omissão. Há também o crime omissivo impróprio, no qual a ele é</p><p>imputado o resultado, em razão do descumprimento do dever de vigilância, de acordo com a TEORIA NATU-</p><p>RALÍSTICO-NORMATIVA.</p><p>Perceba a diferença:</p><p>• Crime comissivo = relação de causalidade física ou natural que enseja resultado naturalístico, ex. eu mato</p><p>alguém.</p><p>• Crime comissivo por omissão (omissivo impróprio) = relação de causalidade normativa, o descumprimento</p><p>de um dever leva ao resultado naturalístico, ex. uma babá fica no Instagram e não vê a criança engolir produtos</p><p>de limpeza – se tivesse agido teria evitado o resultado.</p><p>O dever de agir incumbe a quem?</p><p>A quem tenha por lei obrigação de cuidado, pro-</p><p>teção ou vigilância, ex. os pais.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>2</p><p>A quem tenha assumido a responsabilidade de</p><p>impedir o resultado, ex. por contrato.</p><p>A quem com o seu comportamento anterior,</p><p>criou o risco da ocorrência do resultado (norma de</p><p>ingerência), ex. trote de faculdade.</p><p>Quanto ao resultado naturalístico, é considerado como mudança do mundo real provocado pela conduta do</p><p>agente. Nos crimes materiais exige-se um resultado naturalístico para a consumação, ex. o homicídio tem como</p><p>resultado naturalístico um corpo sem vida.</p><p>Nos crimes formais, o resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua ocorrência é irrelevante para o Direito</p><p>Penal, ex. auferir de fato vantagem no crime de corrupção passiva é mero exaurimento.</p><p>Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um resultado naturalístico, ex. invasão de domicílio</p><p>– nada muda no mundo exterior.</p><p>Mas não confunda! O resultado normativo/jurídico ocorre em todo e qualquer crime, isto é, lesão ao bem</p><p>jurídico tutelado pela norma penal.</p><p>O nexo de causalidade consiste no vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico ocorrido</p><p>no mundo exterior. No Brasil adotamos a Teoria da Equivalência dos Antecedentes (conditio sine qua non), que</p><p>considera causa do crime toda conduta sem a qual o resultado não teria ocorrido.</p><p>Por algum tempo a teoria da equivalência dos antecedentes foi criticada, no sentido de até onde vai a sua</p><p>extensão?! Em resposta a isso, ficou definido que como filtro o dolo. Ou seja, só será considerada causa a con-</p><p>duta que é indispensável ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, toda conduta que leva ao resultado</p><p>do crime deve ser punida, desde que haja dolo ou culpa.</p><p>Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.</p><p>Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.</p><p>Em contraposição a essa teoria, existe a Teoria da Causalidade Adequada, adotada parcialmente pelo sis-</p><p>tema brasileiro. Trata-se de hipótese de concausa superveniente relativamente independente que, por si só,</p><p>produz o resultado.</p><p>Mas pera... O que é uma concausa? Circunstância que atua paralelamente à conduta do agente em relação</p><p>ao resultado. As concausas absolutamente independentes são aquelas que não se juntam à conduta do agente</p><p>para produzir o resultado, e podem ser:</p><p>• Preexistentes: Já tinham colocado veneno no chá do meu desafeto quando eu vou matá-lo.</p><p>• Concomitantes: Atiro no meu desafeto, mas o teto cai e mata ele.</p><p>• Supervenientes: Dou veneno ao meu desafeto, mas antes de fazer efeito alguém o mata.</p><p>Consequência em todas as hipóteses de concausa absolutamente independente: O AGENTE SÓ RESPON-</p><p>DE POR TENTATIVA, PORQUE O RESULTADO SE DEU POR CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE.</p><p>SE SUBTRAIR A CONDUTA DO AGENTE, O RESULTADO TERIA OCORRIDO DE QUALQUER JEITO (TEO-</p><p>RIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES).</p><p>Até aí fácil né? Mas agora vem o pulo do gato! Existem as concausas relativamente independentes, que se</p><p>unem a outras circunstâncias para produzir o resultado.</p><p>• Preexistente: O agente provoca hemofilia no seu desafeto, já sabendo de sua doença, que vem a óbito</p><p>por perda excessiva de sangue. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e ele teve dolo, logo, o agente</p><p>responde pelo resultado (homicídio consumado), conforme a teoria da equivalência dos antecedentes.</p><p>• Concomitante: Doses de veneno se unem e levam a óbito a vítima. Sem sua conduta o resultado não teria</p><p>ocorrido e existe dolo, logo, o agente responde pelo resultado (homicídio consumado), conforme a teoria da</p><p>equivalência dos antecedentes.</p><p>• Superveniente: Aqui tudo muda, pois é utilizada a teoria da causalidade adequada. Se a concausa não é</p><p>um desdobramento natural da conduta, o agente só responde por tentativa, ex. eu dou um tiro no agente, mas</p><p>ele morre em um acidente fatal dentro da ambulância. Todavia, se a concausa é um desdobramento da condu-</p><p>ta do agente, ele responde pelo resultado, ex. infecção generalizada gerada pelo ferimento do tiro (homicídio</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>3</p><p>consumado).</p><p>Agora vem a cereja do bolo, com a Teoria da Imputação Objetiva (Roxin). Em linhas gerais, nessa visão,</p><p>seu procurador (ex. discussões nas</p><p>sessões de julgamento);</p><p>II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de</p><p>injuriar ou difamar (ex. crítica de um especialista no assunto);</p><p>III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no</p><p>cumprimento de dever do ofício (ex. avaliação de funcionário).</p><p>Todavia, nos casos dos nº I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.</p><p>Por fim, cabe retratação, isto é, o agente antes da sentença se retrata cabalmente da calúnia ou difamação.</p><p>A consequência é que ficará isento de pena. Outra opção para evitar a responsabilização criminal é se, de</p><p>referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir ex-</p><p>plicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela</p><p>ofensa.</p><p>Quanto ao entendimento dos tribunais, algumas decisões merecem destaque:</p><p>• Em uma única carta pode estar configurado o crime de calúnia, difamação e injúria.</p><p>• Configura difamação edição e publicação de vídeo que faz parecer que a vítima está falando mal de negros</p><p>e pobres.</p><p>• A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de postagem que sugere relação extra-</p><p>conjugal do marido com outro homem.</p><p>• Deputado que em entrevista afirma que determinada deputada não merece ser estuprada pratica, em tese,</p><p>crime de injúria.</p><p>• Não deve ser punido deputado federal que profere palavras injuriosas contra adversário político que tam-</p><p>bém o ofendeu imediatamente antes.</p><p>• O advogado não comete calúnia se não ficar provada a sua intenção de ofender a honra, ainda que contra</p><p>magistrado.</p><p>Crimes contra a liberdade pessoal</p><p>• Constrangimento ilegal: Consiste em constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, ou depois</p><p>de reduzir a sua capacidade de resistência, para não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela não mandar.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>23</p><p>Além da pena do constrangimento, é aplicada a pena da violência. Exceções: intervenção médica ou cirúrgica,</p><p>sem o consentimento do paciente ou seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida, e no</p><p>caso de impedimento de suicídio. Aumento de pena: reunião de mais de 3 pessoas ou emprego de arma.</p><p>Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por</p><p>qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não</p><p>manda:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem</p><p>mais de três pessoas, ou há emprego de armas.</p><p>§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.</p><p>§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:</p><p>I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se</p><p>justificada por iminente perigo de vida;</p><p>II - a coação exercida para impedir suicídio.</p><p>• Ameaça: Ameaçar alguém de lhe causar mal injusto e grave. Ex. vou te matar.</p><p>Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe</p><p>mal injusto e grave:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.</p><p>• Sequestro e cárcere privado: Consiste em privar alguém da sua liberdade. Ex. Juquinha prende Maria no</p><p>quarto por dias. Qualifica o crime se a vítima é maior de 60 anos ou menor de 18 anos, parente, o modus ope-</p><p>randi é a internação da vítima, se dura mais de 15 dias, se há fins libidinosos, resulta grave sofrimento físico</p><p>ou moral.</p><p>Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos.</p><p>§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:</p><p>I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)</p><p>anos;</p><p>II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;</p><p>III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.</p><p>IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;</p><p>V – se o crime é praticado com fins libidinosos.</p><p>§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou</p><p>moral:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>• Redução à condição análoga a de escravo: consiste em submeter alguém a trabalhos forçados ou jornada</p><p>exaustiva, condições degradantes de trabalho, restringindo a sua locomoção em razão de dívida contraída.</p><p>Responde pela mesma pena quem cerceia o meio de transporte para reter a vítima no local de trabalho, man-</p><p>tém vigilância ou se apodera de documentos da vítima com o fim retê-la. Aumenta a pena se existe motivo de</p><p>preconceito ou se é contra criança/adolescente.</p><p>Obs.: Não é requisito para a configuração do crime a restrição da liberdade de locomoção dos trabalhadores.</p><p>Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jor-</p><p>nada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio,</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>24</p><p>sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.</p><p>§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:</p><p>I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de</p><p>trabalho;</p><p>II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do</p><p>trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.</p><p>§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:</p><p>I – contra criança ou adolescente;</p><p>II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.</p><p>•Tráfico de Pessoas: Consiste em agenciar/ aliciar/recrutar/transportar/transferir/comprar/alojar/acolher, me-</p><p>diante violência, grave ameaça, coação, fraude ou abuso uma pessoa tendo a finalidade de remover partes do</p><p>corpo, submetê-la a trabalho em condições análogas a de escravo, submetê-la a servidão, adoção ilegal ou</p><p>exploração sexual. Aumenta a pena se o crime é cometido por funcionário público; contra criança/adolescente/</p><p>idoso/deficiente; se há retirada do território nacional; se prevalece da relação que tem com a vítima. A pena é</p><p>diminuída caso o agente seja primário e não integre organização criminosa.</p><p>Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante</p><p>grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:</p><p>I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;</p><p>II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;</p><p>III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;</p><p>IV - adoção ilegal; ou</p><p>V - exploração sexual.</p><p>Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:</p><p>I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;</p><p>II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;</p><p>III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-</p><p>pendência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo</p><p>ou função; ou</p><p>IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.</p><p>§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa.</p><p>Crimes contra a inviolabilidade do domicílio - Violação de domicílio</p><p>Entrar ou permanecer em casa alheia, de maneira clandestina/astuciosa, contra a vontade de quem de di-</p><p>reito (ex. proprietário).</p><p>Qualifica quando o crime é cometido no período da noite, lugar ermo, mediante violência</p><p>ou arma, 2 ou mais pessoas. Aumenta se o agente é funcionário público. Não configura o crime se é caso de</p><p>prisão em flagrante ou efetuar prisão/diligências durante o dia.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>25</p><p>É casa Não é casa</p><p>I - qualquer compar-</p><p>timento habitado;</p><p>II - aposento ocupado</p><p>de habitação coletiva;</p><p>III - compartimento</p><p>não aberto ao público,</p><p>onde alguém exerce</p><p>profissão ou atividade.</p><p>I - hospedaria, estala-</p><p>gem ou qualquer outra</p><p>habitação coletiva,</p><p>enquanto aberta;</p><p>II - taverna, casa</p><p>de jogo e outras do</p><p>mesmo gênero.</p><p>Em recente decisão, o STJ entendeu que configura o crime de violação de domicílio o ingresso e permanên-</p><p>cia, sem autorização, em gabinete de delegado de polícia, embora faça parte de um prédio/repartição pública.</p><p>Crimes contra a inviolabilidade de correspondências</p><p>• Violação de correspondência: Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a</p><p>outrem.</p><p>• Sonegação ou destruição de correspondência: Se apossa indevidamente de correspondência alheia, em-</p><p>bora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói.</p><p>• Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica: Quem indevidamente divulga, trans-</p><p>mite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversa-</p><p>ção telefônica entre outras pessoas;</p><p>Quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;</p><p>Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico.</p><p>• Correspondência comercial: Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou</p><p>industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estra-</p><p>nho seu conteúdo.</p><p>Obs.: As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. Se o agente comete o crime, com abuso</p><p>de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico o crime qualifica-se.</p><p>Crimes contra a inviolabilidade dos segredos</p><p>Divulgação de segredo Violação do segre-</p><p>do profissional</p><p>Divulgar alguém, sem justa</p><p>causa, conteúdo de docu-</p><p>mento particular ou de cor-</p><p>respondência confidencial,</p><p>de que é destinatário ou de-</p><p>tentor, e cuja divulgação pos-</p><p>sa produzir dano a outrem.</p><p>Qualifica divulgar, sem justa</p><p>causa, informações sigilo-</p><p>sas ou reservadas, assim</p><p>definidas em lei, contidas ou</p><p>não nos sistemas de infor-</p><p>mações ou banco de dados</p><p>da Administração Pública.</p><p>Revelar alguém,</p><p>sem justa causa,</p><p>segredo, de que</p><p>tem ciência em</p><p>razão de função,</p><p>ministério, ofício</p><p>ou profissão, e</p><p>cuja revelação</p><p>possa produzir</p><p>dano a outrem.</p><p>Por fim, configura o crime de invasão de dispositivo informático o indivíduo que invade dispositivo informático</p><p>alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e</p><p>com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do</p><p>dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Ex. Hacker.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>26</p><p>Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de com-</p><p>putador com o intuito de permitir a prática da conduta. Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão</p><p>resulta prejuízo econômico. Qualifica o crime se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações</p><p>eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o</p><p>controle remoto não autorizado do dispositivo invadido. Nesse último caso, aumenta-se a pena de um a dois</p><p>terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou infor-</p><p>mações obtidas.</p><p>Obs.: Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: Presidente da República,</p><p>governadores e prefeitos; Presidente do Supremo Tribunal Federal; Presidente da Câmara dos Deputados, do</p><p>Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara</p><p>Municipal; ou dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito</p><p>Federal.</p><p>Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, esteliona-</p><p>to e outras fraudes e receptação)</p><p>Em primeiro lugar, é importante conhecer as alterações que o Pacote Anticrime fez nos crimes contra o pa-</p><p>trimônio:</p><p>• No crime de roubo, a pena passou a ser aumentada de 1/3 até 1/2 se a violência ou grave ameaça é exerci-</p><p>da com emprego de ARMA BRANCA. Ademais, a pena aumenta-se de 2/3 se a violência ou ameaça é exercida</p><p>com emprego de ARMA DE FOGO. Por fim, aplica-se a pena em DOBRO se a violência ou grave ameaça é</p><p>exercida com emprego de ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO OU PROIBIDO.</p><p>• O crime de estelionato passou a ter como regra de Ação Penal Pública Condicionada a Representação.</p><p>Exceção: Será de Ação penal pública INCONDICIONADA quando a vítima for:</p><p>I - a Administração Pública, direta ou indireta;</p><p>II - criança ou adolescente;</p><p>III - pessoa com deficiência mental; ou</p><p>IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz.</p><p>• A pena do crime de concussão também mudou: De Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa, passou para Reclu-</p><p>são, de 2 a 12 anos, e multa. Essa é uma novatio legis in pejus, logo, não retroage.</p><p>Furto</p><p>Consiste na subtração de bem alheio, sem violência nem grave ameaça.</p><p>Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>— Causa de aumento</p><p>A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. Ex. enquanto os mora-</p><p>dores da casa estavam dormindo o agente furta o lar.</p><p>— Qualificadoras</p><p>A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:</p><p>I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;</p><p>II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;</p><p>III - com emprego de chave falsa;</p><p>IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato</p><p>análogo que cause perigo comum.</p><p>A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transpor-</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>27</p><p>tado para outro Estado ou para o exterior.</p><p>A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produ-</p><p>ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.</p><p>A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou</p><p>de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>▪ Furto privilegiado</p><p>Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão</p><p>pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Obs. outros crimes pa-</p><p>trimoniais sem violência/grave ameaça, também, recebem o benefício.</p><p>▪ Furto de Coisa Comum</p><p>Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-</p><p>tém, a coisa comum:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>§ 1º - Somente se procede mediante representação.</p><p>§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito</p><p>o agente.</p><p>Roubo</p><p>É a subtração de bens alheios violenta, com grave ameaça ou reduzindo a possibilidade de resistência da</p><p>vítima (ex. boa noite cinderela).</p><p>Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,</p><p>ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,</p><p>emprega violência contra pessoa</p><p>ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.</p><p>— Causa de aumento</p><p>§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:</p><p>II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;</p><p>III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.</p><p>IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o ex-</p><p>terior;</p><p>V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.</p><p>VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-</p><p>litem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;</p><p>§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):</p><p>I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;</p><p>II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo</p><p>que cause perigo comum.</p><p>— Qualificadora</p><p>§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,</p><p>aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.</p><p>§ 3º Se da violência resulta:</p><p>I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>28</p><p>II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.</p><p>Extorsão e Extorsão mediante sequestro</p><p>Os dois tipos penais não se confundem. Na extorsão, constrange-se alguém, de forma violenta ou com grave</p><p>ameaça, para obter vantagem econômica. Na extorsão, mediante sequestro, sequestra-se a pessoa para obter</p><p>qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.</p><p>▪ Extorsão</p><p>Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para</p><p>outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de</p><p>um terço até metade.</p><p>§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.</p><p>§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para</p><p>a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se</p><p>resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.</p><p>▪ Extorsão mediante sequestro</p><p>Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição</p><p>ou preço do resgate:</p><p>Pena - reclusão, de oito a quinze anos.</p><p>§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou</p><p>maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.</p><p>Pena - reclusão, de doze a vinte anos.</p><p>§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.</p><p>§ 3º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.</p><p>§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a liberta-</p><p>ção do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.</p><p>▪ Extorsão indireta</p><p>Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode</p><p>dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>Usurpação</p><p>Dentro do capítulo usurpação estão inseridos os seguintes crimes:</p><p>• Alteração de limites: suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisó-</p><p>ria, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.</p><p>• Usurpação de águas: desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.</p><p>• Esbulho possessório: invadir, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de</p><p>duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. Obs. Se a propriedade é particular,</p><p>e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.</p><p>• Supressão ou alteração de marca em animais: Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho</p><p>alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade.</p><p>Dano</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>29</p><p>No crime de dano, os verbos núcleos do tipo são 3 - Destruir, inutilizar ou deteriorar (coisa alheia). Ademais,</p><p>em 4 situações o crime é qualificado:</p><p>• com violência à pessoa ou grave ameaça;</p><p>• com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;</p><p>• contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação públi-</p><p>ca, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos;</p><p>• por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (somente se procede mediante queixa).</p><p>No mesmo capítulo, o Código Penal traz mais algumas figuras típicas:</p><p>Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (somente se procede mediante queixa)</p><p>Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde</p><p>que o fato resulte prejuízo:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.</p><p>Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico</p><p>Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor</p><p>artístico, arqueológico ou histórico:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>Alteração de local especialmente protegido</p><p>Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.</p><p>Apropriação indébita</p><p>O agente apropria-se de coisa alheia, valendo-se da posse ou detenção que tem dela. Ex. o motoboy que</p><p>ia levar a sua pizza por delivery, aproveita para apropriar-se dela. A pena é aumentada de um terço, quando o</p><p>agente recebeu a coisa: em depósito necessário; na qualidade de tutor, curador, síndico (atual administrador</p><p>judicial), liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; em razão de ofício, emprego ou pro-</p><p>fissão.</p><p>Atenção: O STF, já decidiu que ressarcimento em acordo homologado no juízo cível é fundamento válido</p><p>para trancar a ação penal.</p><p>Obs. a apropriação indébita previdenciária (forma qualificada) caracteriza-se por deixar de repassar à previ-</p><p>dência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional, indepen-</p><p>dente de dolo específico.</p><p>§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:</p><p>I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido</p><p>descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;</p><p>II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos</p><p>relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;</p><p>III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsa-</p><p>dos à empresa pela previdência social.</p><p>§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das</p><p>contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida</p><p>em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.</p><p>§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de</p><p>bons antecedentes, desde que:</p><p>I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contri-</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>30</p><p>buição social previdenciária, inclusive</p><p>acessórios; ou</p><p>II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela</p><p>previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.</p><p>§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo</p><p>valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo</p><p>para o ajuizamento de suas execuções fiscais.</p><p>Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza</p><p>Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.</p><p>Apropriação de tesouro</p><p>I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o</p><p>proprietário do prédio.</p><p>Apropriação de coisa achada</p><p>II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono</p><p>ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.</p><p>Estelionato e outras fraudes</p><p>O estelionato caracteriza-se por obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo</p><p>ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.</p><p>Após o Pacote Anticrime a ação passou a ser pública condicionada à representação, salvo: se a vítima for a</p><p>Administração Pública, criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental, maior de 70 anos de idade ou</p><p>incapaz.</p><p>O Código Penal determina que deve incorrer na mesma pena do estelionato quem comete:</p><p>• Disposição de coisa alheia como própria;</p><p>• Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria;</p><p>• Defraudação do penhor;</p><p>• Fraude na entrega de coisa;</p><p>• Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro;</p><p>• Fraude no pagamento por meio de cheque.</p><p>Estelionato contra idoso</p><p>§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.</p><p>§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:</p><p>I - a Administração Pública, direta ou indireta;</p><p>II - criança ou adolescente;</p><p>III - pessoa com deficiência mental; ou</p><p>IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.</p><p>O Código Penal, inclusive, se preocupa em tipificar algumas outras fraudes, menos incidentes em prova:</p><p>Duplicata simulada</p><p>Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quanti-</p><p>dade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)</p><p>Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)</p><p>Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de</p><p>Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>31</p><p>Abuso de incapazes</p><p>Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da</p><p>alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir</p><p>efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>Induzimento à especulação</p><p>Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental</p><p>de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou</p><p>devendo saber que a operação é ruinosa:</p><p>Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.</p><p>Fraude no comércio</p><p>Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor:</p><p>I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;</p><p>II - entregando uma mercadoria por outra:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo</p><p>caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como</p><p>precioso, metal de ou outra qualidade:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.</p><p>Outras fraudes</p><p>Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor</p><p>de recursos para efetuar o pagamento:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,</p><p>deixar de aplicar a pena.</p><p>Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações</p><p>Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao</p><p>público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente</p><p>fato a ela relativo:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.</p><p>§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521,</p><p>de 1951)</p><p>I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou</p><p>comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade,</p><p>ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;</p><p>II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros</p><p>títulos da sociedade;</p><p>III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos</p><p>bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;</p><p>IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo</p><p>quando a lei o permite;</p><p>V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da</p><p>própria sociedade;</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>32</p><p>VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso,</p><p>distribui lucros ou dividendos fictícios;</p><p>VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a</p><p>aprovação de conta ou parecer;</p><p>VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;</p><p>IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos</p><p>mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.</p><p>§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter van-</p><p>tagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.</p><p>Emissão irregular de conhecimento de depósito ou «warrant»</p><p>Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Fraude à execução</p><p>Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.</p><p>Alguns pontos merecem atenção:</p><p>• Adulterar o sistema de medição de energia elétrica para pagar menos que o devido é estelionato (e não</p><p>furto mediante fraude);</p><p>• Uso de processo judicial para obter lucro é figura atípica;</p><p>• É justificável a exasperação da pena-base em caso de confiança da vítima no autor do crime de estelionato;</p><p>• O delito de estelionato não é absorvido pelo roubo de talão de cheque.</p><p>Receptação</p><p>Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto</p><p>de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Perceba que no crime de recepta-</p><p>ção, o agente tem contato com um bem obtido por meio de crime anterior, ex. objeto furtado.</p><p>▪ Receptação Qualificada</p><p>§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,</p><p>desmontar, montar, remontar, vender,</p><p>expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial</p><p>ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:</p><p>Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.</p><p>§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irre-</p><p>gular ou clandestino, inclusive o exercício em residência.</p><p>§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela</p><p>condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.</p><p>§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio</p><p>a coisa.</p><p>§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,</p><p>deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.</p><p>§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autar-</p><p>quia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços</p><p>públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Ex. receptação de bens do correio.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>33</p><p>▪ Receptação de Animal</p><p>Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de</p><p>produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em par-</p><p>tes, que deve saber ser produto de crime:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.</p><p>Nos crimes patrimoniais existem causas de isenção de pena, e causas que a ação deixa de ser pública in-</p><p>condicionada, para ser tratada como ação penal pública condicionada à representação:</p><p>Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:</p><p>I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;</p><p>II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.</p><p>Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em</p><p>prejuízo:</p><p>I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;</p><p>II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;</p><p>III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.</p><p>Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:</p><p>I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência</p><p>à pessoa;</p><p>II - ao estranho que participa do crime.</p><p>III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.</p><p>Dos crimes contra a dignidade sexual (estupro, importunação sexual, assédio sexual)</p><p>Todos os crimes contra a dignidade sexual passaram a ser de Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja,</p><p>a denúncia é feita pelo Ministério Público, independente de interesse da vítima.</p><p>Estupro: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou</p><p>permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.</p><p>Violação sexual mediante fraude: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante</p><p>fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.</p><p>Importunação sexual: Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfa-</p><p>zer a própria lascívia ou a de terceiro.</p><p>Assédio sexual: Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecen-</p><p>do-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,</p><p>cargo ou função.</p><p>Registro não autorizado da intimidade sexual: Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,</p><p>conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos par-</p><p>ticipantes.</p><p>Merece atenção os crimes sexuais praticados contra os vulneráveis:</p><p>▪ Estupro de vulnerável</p><p>Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:</p><p>Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.</p><p>§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou</p><p>deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,</p><p>não pode oferecer resistência.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>34</p><p>§ 2o (VETADO)</p><p>§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.</p><p>§ 4o Se da conduta resulta morte:</p><p>Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.</p><p>§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consen-</p><p>timento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.</p><p>▪ Corrupção de menores</p><p>Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.</p><p>▪ Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente</p><p>Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção</p><p>carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.</p><p>▪ Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente</p><p>ou de vulnerável.</p><p>Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de</p><p>18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a</p><p>prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:</p><p>Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.</p><p>§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.</p><p>§ 2o Incorre nas mesmas penas:</p><p>I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14</p><p>(catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;</p><p>II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput</p><p>deste artigo.</p><p>§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de</p><p>localização e de funcionamento do estabelecimento.</p><p>▪ Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia</p><p>Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar,</p><p>por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -,</p><p>fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que</p><p>faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém</p><p>ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.</p><p>Exclusão de ilicitude</p><p>§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de</p><p>natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação</p><p>da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.</p><p>Quanto às causas de aumento de pena é importante conhecer a literalidade da letra da lei:</p><p>Art. 226. A pena é aumentada:</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>35</p><p>I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;</p><p>II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto</p><p>ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,</p><p>curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;</p><p>III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)</p><p>IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:</p><p>Estupro coletivo</p><p>a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;</p><p>Estupro corretivo</p><p>b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.</p><p>O Lenocínio, o tráfico de pessoas para fim de prostituição e outras formas de exploração sexual englobam</p><p>os seguintes crimes:</p><p>• Mediação para servir a lascívia de outrem;</p><p>• Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual;</p><p>• Casa de prostituição;</p><p>• Rufianismo;</p><p>• Promoção de migração ilegal</p><p>É importante conhecer o que vem entendendo a jurisprudência:</p><p>• Passar as mãos no corpo da vítima configura estupro de vulnerável consumado;</p><p>• Beijar criança na boca configura estupro de vulnerável (beijo lascivo);</p><p>• Contemplar lascivamente menor de 14 anos nua configura estupro de vulnerável;</p><p>• Cabe absolvição do crime de estupro de vulnerável se provado o desconhecimento da idade da vítima</p><p>(erro de tipo);</p><p>• Beijo roubado em contexto de violência física pode configurar estupro.</p><p>Por fim, há um capítulo de ultraje público, que engloba 2 crimes:</p><p>Ato obsceno</p><p>Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Escrito ou objeto obsceno</p><p>Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou</p><p>de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:</p><p>I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;</p><p>II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de</p><p>caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;</p><p>III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.</p><p>A pena é aumentada:</p><p>• de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez;</p><p>• de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de</p><p>que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>36</p><p>É importante saber que, O STJ, em recente julgado, considerou que o crime de estupro de vulnerável NÃO</p><p>pressupõe o sexo vaginal, anal ou oral para a sua configuração. Ademais, “O crime de estupro de vulnerável</p><p>se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo IRRELEVANTE</p><p>eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de rela-</p><p>cionamento amoroso com o agente” (Súmula 593, STJ).</p><p>Corrupção ativa. Corrupção passiva.</p><p>Dos crimes contra a administração pública</p><p>Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral</p><p>Peculato – Art. 312</p><p>O Título XI, Capítulo I do Código Penal refere-se aos crimes próprios de funcionários públicos contra a Ad-</p><p>ministração em geral.</p><p>No caso, particulares podem participar dos mesmos apenas como coautores, caso concorram de qualquer</p><p>modo para realização de um desses crimes.</p><p>Tais crimes são denominados de crimes funcionais, já que são praticados por pessoas que se dedicam à</p><p>realização das funções ou atividades estatais, exigindo a qualidade do sujeito ativo, como funcionário público e</p><p>a intenção de dolo. Também são denominados como crimes de responsabilidade.</p><p>Lembrando que o conceito de funcionário público para efeitos penais encontra-se disposto no Art. 327 do CP.</p><p>Crimes Funcionais</p><p>Dividem-se em:</p><p>→ Crime Funcional Próprio: para a caracterização do crime é indispensável que o mesmo seja realizado por</p><p>funcionário público (função de cargo público). Exemplo: Crime de Prevaricação, previsto no Art. 319 do CP, se</p><p>este crime não for praticado por funcionário público, será inexistente, pois o fato torna-se irrelevante.</p><p>→ Crime Funcional Impróprio: o sujeito ativo destes crimes é funcionário público, assim, eles recebem uma</p><p>denominação específica pelo exercício da função. Porém, se tais crimes forem cometidos por particulares, sem</p><p>investimento de cargo público, receberão outra denominação.</p><p>Exemplo: Crime de Peculato (Art. 312 do CP), quando não praticado por funcionário público no exercício de</p><p>sua função, recebe a denominação de Apropriação Indébita (Art. 168 do CP).</p><p>No caso exemplificado acima, ambos crimes se caracterizam pela apropriação de coisa alheia, sendo a</p><p>Apropriação Indébita, crime comum, praticado por qualquer pessoa, enquanto o Peculato, trata-se de crime</p><p>próprio, praticado apenas por funcionário público.</p><p>Peculato Próprio (Art. 312 CP)</p><p>Cometerá o crime de Peculato, o funcionário público que, apropriar-se (para ele mesmo, ou desviar para</p><p>outra pessoa), dinheiro ou qualquer outro bem, que recebeu em razão de seu cargo público.</p><p>Neste caso, o funcionário público tem a posse, ou seja, o bem específico encontra-se em suas mãos, de</p><p>modo que, dolosamente, ele transforma tal posse em domínio, para si mesmo ou para outrem, dando assim, ao</p><p>objeto material, destinação diversa da que lhe foi confiada.</p><p>Sujeito ativo</p><p>Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítulo do Código Penal, trata-se do funcionário</p><p>público, sendo cabível apenas a participação de pessoas que não o sejam.</p><p>Sujeito passivo</p><p>Como em todos os demais crimes, dispostos no referido capítulo do Código Penal, trata-se do Estado e do</p><p>particular prejudicado.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>37</p><p>Peculato Impróprio ou Peculato Furto (Art. 312, § 1º, CP)</p><p>A diferença entre este caso e o Peculato Próprio, é que aqui, apesar do funcionário público valer-se de seu</p><p>cargo para subtrair ou concorrer para que o bem se subtraia, ele não retém a posse desse bem.</p><p>Peculato Culposo (Art. 312, § 2º, CP)</p><p>Ocorre quando, de forma culposa (por negligência, imprudência ou imperícia), apesar de não possuir von-</p><p>tade para que se ocorra a subtração ou apropriação do bem, o funcionário público cria uma oportunidade para</p><p>que um outro funcionário público ou um terceiro pratique o crime.</p><p>Peculato mediante erro de outrem - Art. 313</p><p>Este crime também é chamado de Peculato Estelionato, onde o funcionário público, no exercício de seu</p><p>cargo, se apropria de bens ou valores que recebeu de outrem, mediante erro.</p><p>Inserção de dados falsos em sistema de informações - Art. 313-A e Modificação ou alteração não au-</p><p>torizada de sistema de informações - Art. 313-B</p><p>É a principal diferença entre esses dois crimes, conhecidos como Peculato via informática, o fato do funcio-</p><p>nário público, no caso do Art. 313-A, ser autorizado para o exercício daquela função, onde aproveita-se para</p><p>cometer o crime.</p><p>Exemplo: o funcionário público autorizado a preencher o painel eletrônico do Congresso Nacional, viola o</p><p>mesmo e altera o cômputo dos votos dos parlamentares.</p><p>Já no caso do Art. 313-B, o funcionário público não possui autorização ou solicitação de autoridade compe-</p><p>tente para realização da atividade onde cometeu o crime.</p><p>Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento - Art. 314</p><p>A ação física deste crime divide-se em três hipóteses:</p><p>→ Extraviar, ou seja, mudar o destino ou o fim, para onde o livro ou documento público deveria ser encami-</p><p>nhado;</p><p>→ Sonegar, ou seja, não apresentar o livro ou documento público no local devido, cometendo sua ocultação</p><p>intelectual ou fraudulenta;</p><p>→ Inutilizar, ou seja, tornar o livro ou documento público imprestável, estraga-lo, arruína-lo, seja no todo ou</p><p>parcialmente.</p><p>Emprego irregular de verbas ou rendas públicas - Art. 315</p><p>Neste crime, ao invés de ocorrer a destinação das verbas ou rendas públicas, aos entes públicos</p><p>determina-</p><p>dos, ocorre um desvio daquelas, dentro da própria administração, de modo que as mesmas se destinam para</p><p>local diverso do previsto.</p><p>Concussão – Art. 316</p><p>Este crime também é conhecido como extorsão praticada por funcionário público no exercício de sua função,</p><p>ou a pretexto da mesma.</p><p>Ele ocorre quando o funcionário público exige, seja para si mesmo ou para outrem, uma vantagem indevida</p><p>de alguém, aproveitando-se do cargo ou função que exerça para formular esta exigência.</p><p>Neste caso, mesmo que o funcionário público não esteja presente naquele momento no exercício de sua fun-</p><p>ção, ou até mesmo ainda não a tenha assumido, caso a exigência de vantagem indevida tenha sido em razão</p><p>desta função, já se configura o crime de concussão.</p><p>A diferença entre os crimes de Concussão e Extorsão, é que apesar de ambos serem caracterizados pela</p><p>exigência da vantagem indevida, a Concussão trata-se de crime próprio, apenas podendo ser praticada por</p><p>funcionário público.</p><p>Corrupção Passiva – Art. 317</p><p>Da mesma forma que o crime de Concussão seria a Extorsão praticada por funcionário público no exercício</p><p>da sua função, a Corrupção seria o Rufianismo (Art. 230 CP) praticado pelo mesmo.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>38</p><p>Para a caracterização do crime de Corrupção Passiva não é necessário que o funcionário público receba a</p><p>vantagem indevida, bastando apenas solicitar a mesma.</p><p>Aqui também não faz diferença se aquilo solicitado ou recebido seja uma vantagem indevida, mas já é sufi-</p><p>ciente a simples aceitação da promessa de vantagem pelo servidor para a caracterização do crime.</p><p>Há uma sutil diferença entre os crimes de Concussão e Corrupção Passiva. Se há exigência, há Concussão,</p><p>porém, se há simples solicitação, há Corrupção Passiva.</p><p>Diferença entre Corrupção Passiva e Corrupção Ativa</p><p>A Corrupção Passiva é um crime praticado por funcionário público, onde o mesmo solicita ou recebe vanta-</p><p>gem indevida de alguém;</p><p>Já a Corrupção Ativa (Art. 333 CP), é um crime praticado por particular contra a administração, consistindo</p><p>na oferta ou promessa de vantagem indevida deste particular ao servidor público, para determina-lo a praticar,</p><p>omitir ou retardar ato de ofício.</p><p>Em outras palavras, seria o suborno do funcionário público.</p><p>Facilitação de contrabando ou descaminho - Art. 318</p><p>Trata-se de crime próprio de funcionário público, que em sua função, facilita a prática de contrabando ou</p><p>descaminho.</p><p>→ Contrabando refere-se a entrada ou saída de produtos no País, cuja comercialização dos mesmos não é</p><p>permitida, ou seja, refere-se à importação ou exportação de mercadorias ilegais e proibidas.</p><p>→ Descaminho refere-se a comercialização permitida de produtos, no entanto, estes adentram o País de</p><p>forma ilegal, com a finalidade do não pagamento dos impostos devidos.</p><p>Prevaricação – Art. 319</p><p>Este crime consiste em praticar, ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticar o mesmo</p><p>contra disposição expressa em lei, para a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.</p><p>O crime de Prevaricação é um crime demasiadamente cometido no funcionalismo público, verificando-se</p><p>quando o funcionário público, por qualquer sentimento pessoal (inveja, ciúmes, ódio, amor, pena, etc.), ou para</p><p>satisfazer seu interesse pessoal (promoção, recebimento de comissão legal, vantagem funcional na carreira,</p><p>proteção de um direito seu, seja na vida particular, familiar ou de amizade, etc.), indevidamente pratica, retarda</p><p>ou deixa de praticar, algum ato de seu ofício, contrariamente a uma expressa disposição de lei.</p><p>É importante observarmos que se o funcionário público agir cedendo a pedido de outrem e impelido por pro-</p><p>messa de vantagem indevida, ele cometerá o crime de Corrupção Passiva.</p><p>Condescendência criminosa - Art. 320</p><p>Condescendência refere-se à aceitação, conivência, indulgência, ou seja, consiste no superior hierárquico,</p><p>prover-se de sentimento de pena, e a partir deste sentimento, omitir determinado ato, que configurou um delito</p><p>de seu subordinado, com a finalidade de se evitar a punição do mesmo. Seria o vulgo “coleguismo” ou “apadri-</p><p>nhamento”.</p><p>É importante se atentar ao fato de que o crime de Condescendência é muito parecido com o crime de Preva-</p><p>ricação. Na verdade, este seria uma forma especial do outro, pois aqui também há uma omissão (deixar de pra-</p><p>ticar) algo, com o objetivo de atender a um sentimento pessoal (indulgência, piedade, condescendência, etc.).</p><p>Advocacia administrativa – Art. 321</p><p>A partir da análise doutrinária, pode-se verificar que a conduta praticada pelo agente, apta a configurar o</p><p>crime de advocacia administrativa, não consiste em uma atividade de “advogado”, tal como o termo “advocacia</p><p>administrativa” em um primeiro momento sugere, mas sim em um ato de funcionário público que “advoga”, ou</p><p>seja, patrocina, pleiteia em favor de outrem, valendo-se de sua condição, de funcionário público, em interesse</p><p>de terceiro particular.</p><p>A conduta típica vem expressa pelo verbo “patrocinar”, que significa advogar, proteger, beneficiar, favorecer,</p><p>defender. O agente deve valer-se das facilidades que a qualidade de funcionário público lhe proporciona.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>39</p><p>O patrocínio pode ser direto, quando o funcionário público pessoalmente advoga os interesses privados</p><p>perante a Administração Pública, ou indireto, quando o funcionário se vale de interposta pessoa para a defesa</p><p>dos interesses privados perante a Administração Pública.</p><p>“Interesse privado” é qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, legítima ou ilegítima, perante a Admi-</p><p>nistração. Se o interesse for ilegítimo, a pena será maior.</p><p>Entretanto, prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que somente caracteriza o delito o</p><p>patrocínio, pelo funcionário público, de interesse “alheio” perante a administração. Caso o interesse seja “pró-</p><p>prio” do funcionário, não estará configurado o delito, podendo ocorrer mera infração funcional.</p><p>Violência arbitrária – Art. 322</p><p>O tipo penal que compõe o crime de violência arbitrária tutela o bem jurídico Administração Pública, sobretu-</p><p>do no que diz respeito à moralidade do serviço, bem como o bem jurídico, integridade física.</p><p>O objeto material do delito será o administrado, submetido ao poder estatal, contra o qual é praticada a vio-</p><p>lência ilegal perpetrada pelo funcionário público.</p><p>Como núcleo do crime, temos o verbo praticar que é sinônimo de exercer ou cometer. A violência, por sua</p><p>vez, deve ser entendida somente como a vis corporalis, abrangendo vias de fato, lesão corporal ou homicídio.</p><p>O emprego da violência deve ser arbitrário, não se englobando situações, como por exemplo, de legitima</p><p>defesa ou estrito cumprimento do dever legal.</p><p>Abandono de função – Art. 323</p><p>O crime de Abandono de função trata-se de crime contra a Administração Pública que se configura quando</p><p>o funcionário público se afasta do seu cargo por tempo juridicamente relevante, colocando em risco a regula-</p><p>ridade dos serviços prestados.</p><p>Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – Art. 324</p><p>Este crime pode ser tipificado por dois verbos: entrar ou continuar.</p><p>O verbo entrar no exercício, significa iniciar o desempenho de determinada atividade pública antes mesmo</p><p>de satisfeitas as exigências legais, ou seja, antes da investidura (nomeação, posse) legal do cargo de funcio-</p><p>nário público.</p><p>Já o verbo continuar a exercê-la, significa prosseguir no desempenho de determinada atividade, sem autori-</p><p>zação, depois do funcionário público ser oficialmente notificado de que foi exonerado, removido, substituído ou</p><p>suspenso daquele cargo.</p><p>Violação de sigilo funcional – Art. 325</p><p>O crime de Violação de sigilo funcional ocorre quando um funcionário público revela fato de que tem ciência</p><p>em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilita a sua revelação.</p><p>A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela o sigilo funcional de forma intencional (este</p><p>crime não admite</p><p>a forma culposa), dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando</p><p>documentos, etc.</p><p>A conduta de facilitar a divulgação do segredo, também denominada divulgação indireta, dá-se quando o</p><p>funcionário público, querendo que o fato chegue a conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento</p><p>que torna a descoberta acessível a outras pessoas.</p><p>A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas infrações penais equiparadas, punindo com as mes-</p><p>mas penas do “caput” quem:</p><p>I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o</p><p>acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;</p><p>II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.</p><p>O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de reclusão, de dois a seis anos, e multa, se da ação</p><p>ou omissão resultar dano à Administração ou a terceiro.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>40</p><p>Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326</p><p>Quanto ao crime de Violação do sigilo de proposta de concorrência, devemos nos atentar ao fato de que,</p><p>com o advento da Lei n° 8.666/93 (Lei de Licitações), o mesmo foi tacitamente revogado por seu art. 94:</p><p>Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o</p><p>ensejo de devassá-lo:</p><p>Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.</p><p>Por revogação tácita designa-se a eliminação da vigência de uma norma por apresentar-se incompatível</p><p>com outra norma posterior, em um determinado caso concreto. Assim, a revogação tácita ocorre quando o apli-</p><p>cador constata que disposições contraditórias foram publicadas em momentos diferentes.</p><p>Desse modo, esta revogação tem lugar quando normas sucessivas no tempo apresentam contradição uma</p><p>em relação à outra. Para resolver o conflito, emprega-se o chamado critério cronológico (critério da lex poste-</p><p>rior).</p><p>Conforme dispõe a LINDB, art. 2º, deve-se entender que a norma anterior foi revogada pela posterior, ainda</p><p>que não expressa (descrita no tipo literal) esta revogação.</p><p>Funcionário público – Art. 327</p><p>São considerados funcionários públicos, para fins penais, quem exerce cargo, emprego ou função pública.</p><p>Cargos públicos: são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem expressadas por um</p><p>agente, previstas em um número certo, com denominação própria, retribuídas por pessoas jurídicas de direito</p><p>público e criadas por lei;</p><p>Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho a serem preenchidos por agentes contratados para</p><p>desempenhá-los, sob relação trabalhista. O regime jurídico é o trabalhista (contratual), embora pontualmente</p><p>derrogado por normas de direito público, sobretudo as que diretamente constam do texto constitucional. É a</p><p>forma de contratação própria das pessoas jurídicas de direito privado;</p><p>Funções públicas: são as funções de confiança e as exercidas pelos agentes públicos contratados por tempo</p><p>determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.</p><p>Importante ressaltar que, ainda que a função pública seja exercida transitoriamente e sem remuneração,</p><p>poderá o agente ser considerado funcionário público para fins penais. Por isso, jurados e mesários eleitorais</p><p>não estão afastados do conceito.</p><p>Segue abaixo os dispositivos legais do Código Penal referentes ao presente tópico:</p><p>TÍTULO XI</p><p>DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DOS CRIMES PRATICADOS</p><p>POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO</p><p>CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL</p><p>Peculato</p><p>Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par-</p><p>ticular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:</p><p>Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p><p>§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou</p><p>bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que</p><p>lhe proporciona a qualidade de funcionário.</p><p>Peculato culposo</p><p>§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>41</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a</p><p>punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.</p><p>Peculato mediante erro de outrem</p><p>Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de</p><p>outrem:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Inserção de dados falsos em sistema de informações</p><p>Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevi-</p><p>damente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim</p><p>de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:</p><p>Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.</p><p>Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações</p><p>Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem au-</p><p>torização ou solicitação de autoridade competente:</p><p>Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.</p><p>Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou alteração resulta</p><p>dano para a Administração Pública ou para o administrado.</p><p>Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento</p><p>Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo</p><p>ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Emprego irregular de verbas ou rendas públicas</p><p>Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:</p><p>Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.</p><p>Concussão</p><p>Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assu-</p><p>mi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)</p><p>Excesso de exação</p><p>§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando</p><p>devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:</p><p>Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher</p><p>aos cofres públicos:</p><p>Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p><p>Corrupção passiva</p><p>Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou</p><p>antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:</p><p>Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.</p><p>§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário re-</p><p>tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.</p><p>§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>42</p><p>cedendo a pedido ou influência de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Facilitação de contrabando ou descaminho</p><p>Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):</p><p>Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.</p><p>Prevaricação</p><p>Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expres-</p><p>sa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso</p><p>o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o</p><p>ambiente externo:</p><p>Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.</p><p>Condescendência criminosa</p><p>Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no</p><p>exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade compe-</p><p>tente:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>Advocacia administrativa</p><p>Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se</p><p>da qualidade de funcionário:</p><p>Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.</p><p>Violência arbitrária</p><p>Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.</p><p>Abandono de função</p><p>Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos, e multa.</p><p>Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado</p><p>Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exer-</p><p>cê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.</p><p>Violação de sigilo funcional</p><p>Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou faci-</p><p>litar-lhe a revelação:</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>43</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:</p><p>I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o</p><p>acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;</p><p>II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.</p><p>§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:</p><p>Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.</p><p>Violação do sigilo de proposta de concorrência</p><p>Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de de-</p><p>vassá-lo:</p><p>Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>Funcionário público</p><p>Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem</p><p>remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.</p><p>§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,</p><p>e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade</p><p>típica da Administração Pública.</p><p>§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem</p><p>ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração</p><p>direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.</p><p>Lei n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura)</p><p>LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.</p><p>Define os crimes de tortura e dá outras providências.</p><p>O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte</p><p>Lei:</p><p>Art. 1º Constitui crime de tortura:</p><p>I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou men-</p><p>tal:</p><p>a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;</p><p>b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;</p><p>c) em razão de discriminação racial ou religiosa;</p><p>II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a</p><p>intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento</p><p>físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.</p><p>§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre</p><p>na pena de detenção de um a quatro anos.</p><p>§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;</p><p>se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.</p><p>§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>44</p><p>I - se o crime é cometido por agente público;</p><p>II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60</p><p>(sessenta) anos; ‘(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)</p><p>III - se o crime é cometido mediante sequestro.</p><p>§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício</p><p>pelo dobro do prazo da pena aplicada.</p><p>§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.</p><p>§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em</p><p>regime fechado.</p><p>Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional,</p><p>sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.</p><p>Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.</p><p>Exercícios</p><p>1. (AV MOREIRA - 2020 - PREFEITURA DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ - PI - PROCURADOR MUNICI-</p><p>PAL) Marque a alternativa em que o princípio constitucional do direito penal NÃO corresponde ao seu conceito.</p><p>(A) Princípio da Individualização da Pena: Qualquer que seja a pena aplicada, ela estará restrita à liberdade,</p><p>ao patrimônio e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio transferido em herança para quitar</p><p>obrigação de decretação de perdimento de bens e de reparação de dano.</p><p>(B) Princípio da Irretroatividade: Enquanto as leis em geral gozam de retroatividade mínima – alcançam obri-</p><p>gações vencidas não pagas e por vencer –, a lei definidora de crime não retroage senão para beneficiar o réu.</p><p>(C) Princípio da Legalidade: A norma basilar do Direito Penal é a não existência de crime sem lei anterior que</p><p>o defina. Isto é, para que uma conduta seja considerada um delito, é preciso que seu dispositivo e sua hipótese</p><p>de incidência estejam previstos em um documento escrito que superou todas as etapas do processo legislativo.</p><p>(D) Princípio da Presunção da Inocência: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de</p><p>sentença penal condenatória.</p><p>(E) Princípio da Responsabilidade Pessoal: Qualquer que seja a pena aplicada, ela estará restrita à liber-</p><p>dade, ao patrimônio e à pessoa do condenado. A exceção é o uso do patrimônio transferido em herança para</p><p>quitar obrigação de decretação de perdimento de bens e de reparação de dano.</p><p>2. (FGV - 2019 - MPE-RJ - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – PROCESSUAL) Renato, Bruno e Diego</p><p>praticaram diferentes crimes de roubo com emprego de armas brancas. Renato, no ano de 2017, foi condenado</p><p>definitivamente pelo crime de roubo majorado pelo emprego de arma, pois, em 2015, teria, com grave ameaça</p><p>exercida com emprego de faca, subtraído um celular. Bruno foi condenado, em primeira instância, em março</p><p>de 2018, também pelo crime de roubo majorado pelo emprego de arma, já que teria utilizado um canivete para</p><p>ameaçar a vítima e subtrair sua bolsa. A decisão ainda está pendente de confirmação diante de recurso do</p><p>Ministério Público, apenas. Diego, por sua vez, responde</p><p>à ação penal pela suposta prática de crime de roubo</p><p>majorado pelo emprego de arma, que seria um martelo, por fatos que teriam ocorrido em fevereiro de 2018,</p><p>estando o processo ainda em fase de instrução probatória. Ocorre que, em abril de 2018, entrou em vigor lei</p><p>alterando o art. 157 do CP, sendo revogado o inciso I do parágrafo 2º, e passando a prever que apenas o crime</p><p>de roubo com emprego de arma de fogo funcionaria como causa de aumento de pena. Considerando apenas</p><p>as informações expostas e que a inovação legislativa não teria inconstitucionalidades, as novas previsões:</p><p>(A) seriam aplicáveis a Diego, que ainda não possui sentença condenatória em seu desfavor, com base no</p><p>princípio da retroatividade da lei penal benéfica, mas não seriam aplicáveis a Renato e Bruno;</p><p>(B) não seriam aplicáveis a Renato, que já possui condenação com trânsito em julgado, aplicando-se o prin-</p><p>cípio da irretroatividade da lei penal, mas deveriam ser aplicadas a Bruno e Diego;</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>45</p><p>(C) não seriam aplicáveis a Renato, Bruno nem a Diego, já que os fatos imputados teriam ocorrido antes de</p><p>sua entrada em vigor, aplicando-se o princípio da irretroatividade da lei penal;</p><p>(D) seriam aplicáveis a Renato, Bruno e Diego, em razão do princípio da retroatividade da lei penal mais</p><p>benéfica;</p><p>(E) seriam aplicáveis apenas a Bruno e Diego, mas não a Renato, diante do princípio do tempus regit actum.</p><p>3. (VUNESP - 2018 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Segundo o disposto na Declaração Universal</p><p>dos Direitos Humanos, “Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o</p><p>delinquente será por isso beneficiado.” Essa norma de direito penal é representada pelo Princípio</p><p>(A) da Individualização da Pena.</p><p>(B) da Legalidade.</p><p>(C) da Norma Penal em Branco.</p><p>(D) da Presunção da Inocência.</p><p>(E) da Retroatividade.</p><p>4. (CESPE - 2019 - TJ-DFT - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO) Acerca</p><p>das regras de territorialidade e de extraterritorialidade da lei penal, assinale a opção correta.</p><p>(A) Crime de genocídio praticado fora do território brasileiro poderá ser julgado no Brasil quando cometido</p><p>contra povo alienígena por estrangeiro domiciliado no Brasil.</p><p>(B) O brasileiro que praticar crime em território estrangeiro poderá ser punido, devendo ser aplicada ao fato</p><p>a lei penal brasileira, ainda que o agente não mais ingresse no Brasil.</p><p>(C) Crime contra a administração pública nacional praticado no exterior ficará sujeito à lei brasileira quando</p><p>o agente criminoso que estava a serviço da administração regressar ao Brasil.</p><p>(D) Crime praticado em embarcação de propriedade de governo estrangeiro, quando se encontrar em mar</p><p>territorial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira.</p><p>(E) Crime praticado em aeronave brasileira de propriedade privada em território estrangeiro não se sujeita à</p><p>lei penal brasileira, mesmo que não seja julgado no exterior.</p><p>5. (CONSULPLAN - 2019 - TJ-MG - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS – REMOÇÃO)</p><p>A norma penal incriminadora é formada basicamente por dois preceitos: o preceito primário (ou preceptum ju-</p><p>ris), em que se prevê a conduta abstrata que a sociedade pretende punir, o preceito secundário (ou sanctio ju-</p><p>ris), em que se fixa a sanção penal correspondente. As normas que necessitam de complementação no preceito</p><p>secundário, por não trazerem a cominação da pena correspondente à prática da conduta típica são chamadas</p><p>de normas penais:</p><p>(A) Explicativas.</p><p>(B) Em branco homogêneas.</p><p>(C) Em branco heterogêneas.</p><p>(D) Imperfeitas (ou incompletas strictu sensu).</p><p>6. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Ocorrido um fato criminoso, às vezes duas ou mais nor-</p><p>mas se apresentam para regulá-lo, surgindo o chamado conflito aparente de normas. A respeito de tal questão,</p><p>assinale a afirmativa incorreta.</p><p>(A) A pluralidade de fatos e a pluralidade de normas são pressupostos do conflito, que aparentemente com</p><p>eles se identificam.</p><p>(B) O princípio da subsidiariedade atua como “soldado de reserva”, aplicando a norma subsidiária menos</p><p>grave quando impossível a aplicação da norma principal mais grave.</p><p>(C) A questão da progressão criminosa e do crime progressivo é resolvida pelo princípio da absorção ou</p><p>consunção.</p><p>(D) Na progressão criminosa, o agente inicialmente pretender praticar um crime menos grave, e, depois,</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>46</p><p>resolve progredir para o mais grave.</p><p>(E) No crime progressivo, o sujeito, para alcançar o crime querido, passa necessariamente por outro menos</p><p>grave que aquele desejado.</p><p>7. (MPE-GO - 2019 - MPE-GO - PROMOTOR DE JUSTIÇA – REAPLICAÇÃO) A clássica frase a seguir</p><p>inaugurou uma nova fase na dogmática jurídico-penal: « O caminho correto só pode ser deixar as decisões</p><p>valorativas político-criminais introduzirem-se no sistema de direito penal” . Assinale a alternativa em que consta</p><p>o autor da referida afirmação, bem como o sistema jurídico-penal a que se refere:</p><p>(A) Edmund Mezger - neokantismo penal</p><p>(B) Claus Roxin - funcionalismo teleológico racional</p><p>(C) Günther Jakobs - funcionalismo sistêmico radical</p><p>(D) Hans Welzel - finalismo penal</p><p>8 (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - PERITO OFICIAL CRIMINAL - ÁREA 8) O agente que pratica o fato</p><p>para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio</p><p>ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, age amparado por qual causa exclu-</p><p>dente de ilicitude?</p><p>(A) Legítima defesa.</p><p>(B) Estado de necessidade.</p><p>(C) Estrito cumprimento de dever legal.</p><p>(D) Exercício regular de direito.</p><p>(E) Consentimento do ofendido.</p><p>9. (VUNESP - 2019 - TJ-AL - NOTÁRIO E REGISTRADOR – REMOÇÃO) No tocante ao concurso do pes-</p><p>soas, é correto afirmar que</p><p>(A) se entende por participe aquele que pratica a conduta descrita no verbo núcleo do tipo penal.</p><p>(B) quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas para este cominadas, na medida de</p><p>sua culpabilidade.</p><p>(C) a participação de menor Importância conduz à exclusão da culpabilidade.</p><p>(D) se algum dos agentes quis participar de crime menos grave, responderá por este ainda que fosse pre-</p><p>visível o resultado mais grave.</p><p>10. (GUALIMP - 2020 - PREFEITURA DE CONCEIÇÃO DE MACABU - RJ – PROCURADOR) O Código</p><p>Penal Brasileiro define que as penas privativas de liberdade deverão ser executadas de forma progressiva, se-</p><p>gundo o mérito do condenado, observados determinados critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência</p><p>a regime mais rigoroso, poderá, desde o início, cumprir sua pena em regime semiaberto, o condenado:</p><p>(A) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos.</p><p>(B) A pena superior a 8 (oito) anos.</p><p>(C) Não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 2 (dois) anos.</p><p>(D) Não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito) anos.</p><p>11. (CESPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO) O benefício da suspensão condicional da</p><p>pena — sursis penal —</p><p>(A) pode ser concedido a condenado a pena privativa de liberdade, desde que esta não seja superior a qua-</p><p>tro anos e que aquele não seja reincidente em crime doloso.</p><p>(B) é cabível nos casos de crimes praticados com violência ou grave ameaça, desde que a pena privativa de</p><p>liberdade aplicada não seja superior a dois anos.</p><p>(C) pode estender-se às penas restritivas de direitos e à de multa, casos em que se suspenderá, também, a</p><p>execução dessas penas.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>47</p><p>(D) deverá ser, obrigatoriamente, revogado no caso da superveniência de sentença condenatória irrecorrível</p><p>por crime doloso, culposo ou contravenção contra o beneficiário.</p><p>(E) impõe que, após o cumprimento das condições impostas ao beneficiário, seja proferida sentença para</p><p>declarar a extinção da punibilidade do agente.</p><p>12. (FCC - 2019 - DPE-AM - ANALISTA JURÍDICO DE DEFENSORIA - CIÊNCIAS JURÍDICAS) O concurso</p><p>só</p><p>ocorre imputação ao agente que criou ou aumentou um risco proibido pelo Direito, desde que esse risco tenha</p><p>ligação com o resultado. Ex. Eu causo um incêndio na casa do meu desafeto, serei imputada pelo incêndio, não</p><p>pela morte de alguém que entrou na casa para salvar bens.</p><p>Explicando melhor, para a teoria da imputação objetiva, a imputação só pode ocorrer quando o agente tiver</p><p>dado causa ao fato (causalidade física), mas, ao mesmo tempo, haja uma relação de causalidade normativa,</p><p>isto é, criação de um risco não permitido para o bem jurídico que se pretende tutelar.</p><p>Criar ou aumentar um risco + O risco deve ser proibido pelo Direito + O risco deve ser criado no resultado</p><p>Por fim, a tipicidade consiste na subsunção – adequação da conduta do agente a uma previsão típica. Algu-</p><p>mas vezes é necessário usar mais de um tipo penal para fazer a subsunção (conjugação de artigos).</p><p>Ainda dentro do fato típico, vamos analisar dolo e culpa. Com o finalismo (Hans Welzel), o dolo e a culpa, que</p><p>são elementos subjetivos, foram transportados da culpabilidade para o fato típico (conduta). Assim, a conduta</p><p>passou a ser definida como ação humana dirigida a um fim.</p><p>Crime Doloso</p><p>• Dolo direto = vontade livre e consciente de praticar o crime.</p><p>• Dolo eventual = assunção do risco produzido pela conduta.</p><p>Perceba que no dolo eventual existe consciência de que a conduta pode gerar um resultado criminoso, e</p><p>mesmo diante da probabilidade de dar algo errado, o agente assume esse risco.</p><p>Dolo genérico</p><p>Vontade de praticar a condu-</p><p>ta descrita no tipo penal sem</p><p>nenhuma outra finalidade</p><p>Dolo específico (es-</p><p>pecial fim de agir)</p><p>O agente pratica a con-</p><p>duta típica por algu-</p><p>ma razão especial.</p><p>Dolo direto de</p><p>primeiro grau</p><p>A vontade é direcionada para</p><p>a produção do resultado.</p><p>Dolo direto de</p><p>segundo grau (dolo</p><p>de consequências</p><p>necessárias)</p><p>O agente possui uma von-</p><p>tade, mas sabe que para</p><p>atingir sua finalidade exis-</p><p>tem efeitos colaterais que</p><p>irão necessariamente lesar</p><p>outros bens jurídicos.</p><p>Ex. dolo direto de primeiro</p><p>grau é atingir o Presiden-</p><p>te, dolo direto de segundo</p><p>grau é atingir o motorista</p><p>do Presidente, ao colocar</p><p>uma bomba no carro.</p><p>Dolo geral, por</p><p>erro sucessivo,</p><p>aberratio causae</p><p>(erro de relação</p><p>de causalidade)</p><p>Ocorre quando o agente,</p><p>acreditando ter alcançado</p><p>seu objetivo, pratica nova</p><p>conduta, com finalidade</p><p>diversa, mas depois se</p><p>constata que esta última foi</p><p>a que efetivamente causou</p><p>o resultado. Ex. enforco e</p><p>depois atiro no lago, e a</p><p>vítima morre de afogamento.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>4</p><p>Dolo antece-</p><p>dente, atual e</p><p>subsequente</p><p>O dolo antecedente é o</p><p>que se dá antes do início</p><p>da execução. O dolo atual</p><p>é o que está presente du-</p><p>rante a execução. O dolo</p><p>subsequente ocorre quando</p><p>o agente inicia a conduta</p><p>com finalidade lícita, mas</p><p>altera o seu ânimo e pas-</p><p>sa a agir de forma ilícita.</p><p>Crime Culposo</p><p>No crime culposo, a conduta do agente viola um dever de cuidado:</p><p>• Negligência: o agente deixa de fazer algo que deveria.</p><p>• Imprudência: o agente se excede no que faz.</p><p>• Imperícia: O agente desconhece uma regra técnica profissional, ex. o médico dá um diagnóstico errado ao</p><p>paciente que vem a receber alta e falecer.</p><p>• Requisitos do crime culposo</p><p>a) Conduta Voluntária: o fim da conduta pode ser lícito ou ilícito, mas quando ilícito não é o mesmo que se</p><p>produziu (a finalidade não é do resultado).</p><p>b) Violação de um dever objetivo de cuidado: negligência, imprudência, imperícia.</p><p>c) Resultado naturalístico involuntário (não querido).</p><p>d) Nexo causal.</p><p>e) Tipicidade: o fato deve estar previsto como crime culposo expressamente.</p><p>f) Previsibilidade objetiva: o homem médio seria capaz de prever o resultado.</p><p>Culpa Consciente Culpa Inconsciente</p><p>O agente prevê o</p><p>resultado como pos-</p><p>sível, mas acredita</p><p>sinceramente que</p><p>este não irá ocorrer.</p><p>O agente não prevê</p><p>que o resultado possa</p><p>ocorrer. Só tem a pre-</p><p>visibilidade objetiva,</p><p>mas não subjetiva.</p><p>Culpa Própria Culpa Imprópria</p><p>O agente não quer o</p><p>resultado criminoso.</p><p>O agente quer o resul-</p><p>tado, mas acha que</p><p>está amparado por uma</p><p>excludente de ilicitu-</p><p>de ou culpabilidade.</p><p>Consequência: exclui o</p><p>dolo, mas imputa culpa.</p><p>Não existe no Direito Penal brasileiro compensação de culpas, de maneira que cada um deve responder</p><p>pelo o que fez. Outro ponto interessante é que o crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo</p><p>resultado. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime é culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no</p><p>resultado que ocorreu.</p><p>O crime material consumado exige conduta + resultado naturalístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos</p><p>crimes tentados, por não haver consumação (resultado naturalístico), não estarão presentes resultado e nexo</p><p>de causalidade. Eventualmente, a tentativa pode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas diverso</p><p>do pretendido pelo agente no momento da prática criminosa.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>5</p><p>Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamente a conduta descrita no tipo penal, mas em</p><p>razão de uma outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder</p><p>pelo crime. Ex. O agente inicia a execução penal, mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente</p><p>o resultado pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido pelo crime, mas de forma tentada.</p><p>Crime Preterdoloso</p><p>O crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo resultado. No delito preterdoloso, o resultado</p><p>que qualifica o crime é culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no resultado que ocorreu. Como consequência,</p><p>o crime preterdoloso não admite tentativa, já que o resultado é involuntário.</p><p>Erro de Tipo</p><p>▪ Erro de tipo essencial</p><p>O agente desconhece algum dos elementos do tipo penal. Ou seja, há uma representação errônea da reali-</p><p>dade, na qual o agente acredita não se verificar a presença de um dos elementos essenciais que compõe o tipo</p><p>penal. Quem nunca pegou a coisa de alguém pensando que era sua?! Cometeu furto? Não, pois faltou você</p><p>saber que a coisa era alheia. O erro de tipo exclui o dolo e a culpa (se foi um erro perdoável/escusável) ou exclui</p><p>o dolo e o agente só responde por culpa, se prevista (no caso de erro inescusável).</p><p>Outros exemplos: não sabe que o agente é funcionário público, em desacato; não sabe que é garantidor em</p><p>crime comissivo por omissão; erro sobre o elemento normativo, ex. justa causa.</p><p>Não restam mais dúvidas, certo? Erro de tipo é erro sobre a existência fática de um dos elementos que com-</p><p>põe o tipo penal.</p><p>▪ Erro de tipo acidental</p><p>Aqui o erro ocorre na execução ou há um desvio no nexo causal da conduta com o resultado.</p><p>• Erro sobre a pessoa: O agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com o</p><p>seu alvo, que nem está no local dos fatos. Consequência: o agente responde como se tivesse praticado o crime</p><p>contra a pessoa visada (teoria da equivalência).</p><p>• Erro sobre o nexo causal: o resultado é alcançado mediante um nexo causal diferente daquele que plane-</p><p>jou.</p><p>a) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: com um ato o agente produz o resultado, apesar do nexo</p><p>causal ser diferente, ex. eu disparo contra o meu desafeto, mas ele morre afogado ao cair na piscina. Conse-</p><p>quência: o agente responde pelo o que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).</p><p>b) Dolo geral/aberratio causae/dolo geral ou sucessivo: O agente acredita que já ocorreu o resultado preten-</p><p>dido, então, pratica outro ato (+ de 1 ato). Ao final verifica-se que o último ato foi o que provocou o resultado.</p><p>Consequência: o agente responde pelo nexo causal efetivamente ocorrido, não pelo pretendido.</p><p>• Erro na execução (aberratio ictus): é o famoso erro de pontaria, no qual a pessoa visada e a de fato acer-</p><p>tada estão no mesmo local.</p><p>a) Erro sobre a execução com unidade simples (aberratio ictus de resultado único): O agente somente atinge</p><p>a pessoa diversa</p><p>formal de crimes ocorre quando</p><p>(A) o agente pratica dois ou mais crimes mediante uma só ação ou omissão.</p><p>(B) as circunstâncias pessoais do crime se comunicam aos coautores.</p><p>(C) a sentença aplica pena privativa de liberdade e pena de multa para o mesmo crime.</p><p>(D) praticam-se dois ou mais crimes, mediante mais de uma ação ou omissão.</p><p>(E) um crime é praticado por duas ou mais pessoas previamente ajustadas para tanto.</p><p>13. (INSTITUTO AOCP - 2020 - PREFEITURA DE BETIM - MG - ANALISTA JURÍDICO) Segundo o Código</p><p>Penal, assinale a alternativa correta.</p><p>(A) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decidi-</p><p>dos por sentença condenatória transitada em julgado.</p><p>(B) A pena pode ser reduzida em um sexto, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por</p><p>desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do</p><p>fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>(C) No concurso de pessoas, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um</p><p>a dois terços.</p><p>(D) São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de</p><p>21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.</p><p>(E) A prescrição da pena de multa ocorrerá em um ano, quando a multa for a única cominada ou aplicada.</p><p>14. (FUNDEP (GESTÃO DE CONCURSOS) - 2019 - MPE-MG - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO)</p><p>Analise as assertivas sobre a prescrição e marque a alternativa correta:</p><p>I. Os prazos fornecidos pelos incisos do artigo 109 do Código Penal servirão não só para o cálculo da prescri-</p><p>ção, considerando-se a pena máxima em abstrato, como também para aqueles relativos à pena já concretizada</p><p>na sentença condenatória.</p><p>II. A prescrição superveniente ou intercorrente ocorre depois do trânsito em julgado para a acusação, ou</p><p>quando improvido seu recurso, tomando-se por base a pena fixada na sentença penal condenatória, e permite</p><p>a confecção do título executivo judicial.</p><p>III. O parâmetro para o limite da suspensão do curso do prazo prescricional, em caso de suspensão do pro-</p><p>cesso nos termos do artigo 366 do Código de Processo Penal, é aquele determinado pelos incisos do artigo 109</p><p>do Código Penal, adotando-se o máximo da pena abstratamente cominada ao delito.</p><p>IV. Em relação às hipóteses previstas no artigo 117 do Código Penal, a interrupção da prescrição produz</p><p>efeitos relativamente a todos os autores do crime, exceto nos casos de reincidência e pronúncia.</p><p>V. As causas de aumento e de diminuição de pena influenciam no cálculo da prescrição, que deverá ser feito</p><p>considerando o percentual de maior elevação, nas hipóteses de causas de aumento de pena de quantidade</p><p>variável, e o de menor redução, nas hipóteses de causas de diminuição de pena de quantidade variável.</p><p>(A) As assertivas I, III e IV estão corretas.</p><p>(B) As assertivas II, III, IV e V estão corretas.</p><p>(C) As assertivas I, III e V estão corretas.</p><p>(D) As assertivas I, II e V estão corretas.</p><p>15. (CESPE - 2019 - TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR) Pedro, com vinte</p><p>e dois anos de idade, e Paulo, com vinte anos de idade, foram denunciados pela prática de furto contra Ana.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>48</p><p>A defesa de Pedro alegou inimputabilidade. Paulo confessou o crime, tendo afirmado que escolhera a vítima</p><p>porque, além de idosa, ela era sua tia. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item subsecutivo, a</p><p>respeito de imputabilidade penal, crimes contra o patrimônio, punibilidade e causas de extinção e aplicação de</p><p>pena: Em relação a Paulo, o prazo prescricional será reduzido à metade.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>16. (CESPE - 2020 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Acerca do delito de</p><p>homicídio doloso, assinale a opção correta.</p><p>(A) Constitui forma privilegiada desse crime o seu cometimento por agente impelido por motivo de relevante</p><p>valor social ou moral, ou sob influência de violenta emoção provocada por ato injusto da vítima.</p><p>(B) A qualificadora do feminicídio, caso envolva violência doméstica, menosprezo ou discriminação à condi-</p><p>ção de mulher, não é incompatível com a presença da qualificadora da motivação torpe.</p><p>(C) A prática desse crime contra autoridade ou agente das forças de segurança pública é causa de aumento</p><p>de pena.</p><p>(D) É possível a aplicação do privilégio ao homicídio qualificado independentemente de as circunstâncias</p><p>qualificadoras serem de ordem subjetiva ou objetiva.</p><p>(E) Constitui forma qualificada desse crime o seu cometimento por milícia privada, sob o pretexto de presta-</p><p>ção de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.</p><p>17. (IBFC - 2020 - EBSERH – ADVOGADO) O atual Código de Direito Penal, recepcionado pela Constitui-</p><p>ção de 1988, inicia a Parte Especial tratando dos crimes contra a pessoa. Sobre eles, assinale a alternativa</p><p>incorreta.</p><p>(A) Também é crime se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou</p><p>companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações</p><p>domésticas, de coabitação ou de hospitalidade</p><p>(B) Trata-se de homicídio qualificado aquele cometido contra a mulher por razões da condição do sexo fe-</p><p>minino</p><p>(C) É crime o aborto de feto com anencefalia</p><p>(D) É crime contra a pessoa praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contami-</p><p>nado, ato capaz de produzir contágio</p><p>(E) É crime abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer</p><p>motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono</p><p>18. (CESPE / CEBRASPE - 2019 - TJ-BA - JUIZ LEIGO) Márcio e Pedro eram amigos havia anos. Tendo</p><p>descoberto que Pedro estava saindo com a sua ex-esposa, Márcio planejou matar Pedro durante uma pescaria</p><p>que fariam juntos. Durante uma tempestade, em alto-mar, Márcio aproveitou-se de um deslize de Pedro para</p><p>de fato matá-lo. Logo após a conduta, Márcio percebeu que na canoa onde estavam só havia um colete sal-</p><p>va-vidas e que, em razão disso, a eliminação de Pedro foi sua única chance de sobreviver. A canoa afundou e</p><p>Márcio sobreviveu ao naufrágio. Nessa situação hipotética, Márcio</p><p>(A) cometeu crime de homicídio qualificado.</p><p>(B) não cometeu crime, porque agiu em legítima defesa da honra.</p><p>(C) cometeu crime, mas sua conduta será justificada pelo estado de necessidade putativo.</p><p>(D) não cometeu crime, porque agiu em estado de necessidade.</p><p>(E) cometeu crime, mas sua pena será diminuída porque agiu em estado de necessidade.</p><p>19. (VUNESP - 2020 - EBSERH – Advogado) O crime de roubo tem pena aumentada (CP, art. 157, § 2° e</p><p>2° A) se</p><p>(A) o bem subtraído é de propriedade de ente público Municipal, Estadual ou Federal.</p><p>(B) a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>49</p><p>(C) praticado em transporte público ou coletivo.</p><p>(D) cometido por quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função</p><p>pública.</p><p>(E) cometido por quem for ocupante de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento</p><p>de órgão de empresa pública.</p><p>20. (FAFIPA - 2019 - CREA-PR - AGENTE PROFISSIONAL – ADVOGADO) Considerando o seguinte fato:</p><p>Tício finge ser cliente da loja X e ali efetua a compra de um par de meias no valor de R$ 10,90. No momento do</p><p>pagamento, faz confusão dentro da loja, finge que paga pelo produto e induz o funcionário a lhe devolver troco.</p><p>Esse fato típico enquadra-se como o delito de:</p><p>(A) Furto.</p><p>(B) Furto mediante fraude.</p><p>(C) Apropriação indébita.</p><p>(D) Estelionato.</p><p>(E) Roubo.</p><p>21. (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – INVESTIGADOR) Em relação aos crimes contra o patrimônio, as-</p><p>sinale a alternativa correta.</p><p>(A) É isento de pena o agente que pratica o crime de roubo contra seu cônjuge, na constância da sociedade</p><p>conjugal.</p><p>(B) É isento de pena o agente que</p><p>pratica o crime de furto em prejuízo de seu cônjuge, que possui 50 anos</p><p>de idade, na constância da sociedade conjugal.</p><p>(C) A pena do delito de receptação é reduzida de um a dois terços se o crime for praticado contra descen-</p><p>dente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo.</p><p>(D) A pena do delito de furto é aumentada de um terço se o crime for praticado em prejuízo do cônjuge, na</p><p>constância da sociedade conjugal.</p><p>(E) É isento de pena quem pratica o crime de extorsão em prejuízo do cônjuge judicialmente separado.</p><p>22. (CESPE - 2018 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a opção correta no que se refere</p><p>aos crimes contra a propriedade imaterial.</p><p>(A) A violação de direito autoral qualificada se configura com o dolo genérico.</p><p>(B) O plágio de obras literárias, científicas ou artísticas é regido por lei própria, não sendo abrangido pelo tipo</p><p>de violação de direito autoral nas suas formas simples ou qualificadas.</p><p>(C) A materialidade do crime de violação de direito autoral pode ser provada mediante perícia por amostra-</p><p>gem sobre os aspectos externos do material apreendido.</p><p>(D) A absolvição do réu no crime de violação de direito autoral é possível com base na teoria da adequação</p><p>social e no princípio da insignificância.</p><p>(E) A violação de direitos autorais é crime processado mediante ação pública condicionada à representação,</p><p>quando cometida na forma simples.</p><p>23. (MPE-SP - 2017 - MPE-SP - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) A simples exposição à venda de</p><p>cópias não autorizadas de filmes sob a forma de DVD constitui</p><p>(A) apenas um ilícito civil.</p><p>(B) mero ato preparatório.</p><p>(C) fato atípico.</p><p>(D) crime contra a propriedade imaterial.</p><p>(E) contravenção relativa à violação de objeto.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>50</p><p>24. (CESPE - 2015 - DPE-RN - DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) Vanessa foi presa em flagrante en-</p><p>quanto vendia e expunha à venda cerca de duzentos DVDs piratas, falsificados, de filmes e séries de televisão.</p><p>Realizada a devida perícia, foi confirmada a falsidade dos objetos. Incapaz de apresentar autorização para a</p><p>comercialização dos produtos, Vanessa alegou em sua defesa que desconhecia a ilicitude de sua conduta. Com</p><p>relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da jurisprudência dominante dos tribunais</p><p>superiores.</p><p>(A) Vanessa é isenta de culpabilidade, pois incidiu em erro de proibição.</p><p>(B) O MP deve comprovar que os detentores dos direitos autorais das obras falsificadas sofreram real preju-</p><p>ízo para que a conduta de Vanessa seja criminosa.</p><p>(C) A conduta de Vanessa ofende o direito constitucional que protege a autoria de obras intelectuais e confi-</p><p>gura crime de violação de direito autoral.</p><p>(D) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é atípica em razão da incidência do princípio da</p><p>adequação social.</p><p>(E) A conduta de vender e expor à venda DVDs falsificados é atípica em razão da incidência do princípio da</p><p>insignificância.</p><p>25. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - ENFERMEIRO PSF) O crime de “Invasão</p><p>do estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem” é caracterizado pela conduta típica de:</p><p>(A) Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra</p><p>coisa</p><p>(B) Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de deter-</p><p>minado sindicato ou associação profissional.</p><p>(C) Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embara-</p><p>çar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes</p><p>ou delas dispor.</p><p>(D) Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho.</p><p>(E) Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa.</p><p>26. (ADVISE - 2019 - PREFEITURA DE JUAREZ TÁVORA - PB - ENFERMEIRO PSF) O professor de Direito</p><p>Penal, Juliano, deu aula sobre “Os crimes contra a organização do trabalho” e passou uma atividade para os</p><p>alunos responderem em casa. A atividade consistia em uma pergunta que buscava a resposta sobre qual seria</p><p>o crime praticado pela conduta típica de “Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra locali-</p><p>dade do território nacional”. De acordo com o Código Penal, trata-se do crime de:</p><p>(A) Aliciamento para o fim de emigração.</p><p>(B) Aliciamento sexual.</p><p>(C) Aliciamento para o fim de imigração.</p><p>(D) Aliciamento de trabalhadores para o fim de exploração de mão de obra.</p><p>(E) Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional.</p><p>27. (TRF - 2ª REGIÃO - 2018 - TRF - 2ª REGIÃO - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Assinale a resposta certa:</p><p>(A) Para a configuração típica do crime de frustração de direito assegurado por lei trabalhista, a lei penal pre-</p><p>vê apenas a ação delituosa de ilusão mediante fraude, destinada a impedir o exercício de direitos trabalhistas,</p><p>ou o desligamento do serviço através da simulação de dívidas contraídas pelo empregado.</p><p>(B) Para a configuração típica do crime de aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território</p><p>nacional, é necessária a ação de recrutar seduzindo, mais de um trabalhador, com o fim de levá-los para qual-</p><p>quer lugarejo, mas desde que afastado daquele em que ocorreu o aliciamento.</p><p>(C) Para a configuração típica do crime de redução a condição análoga a de escravo, o consentimento da</p><p>vítima é elemento essencial a ser aferido, haja vista que não incide a punição em hipótese alguma, quando tal</p><p>consentimento tenha sido dado, expressa ou tacitamente, pelo ofendido.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>51</p><p>(D) Para a configuração típica do crime de redução a condição análoga a de escravo basta que a vítima te-</p><p>nha sido submetida, eventualmente, a apenas uma jornada exaustiva de trabalho, ou a um episódio degradante</p><p>de trabalho, casos em que há evidente violação da dignidade humana.</p><p>(E) Para a configuração típica do crime de atentado contra a liberdade de trabalho, a grave ameaça capaz</p><p>de constranger alguém a trabalhar durante certo período de tempo ou em determinados dias, pode se consubs-</p><p>tanciar na promessa, pelo empregador, de rescisão do contrato de trabalho.</p><p>28. (CESPE - 2017 - DPE-AL - DEFENSOR PÚBLICO) No que tange aos crimes contra o sentimento reli-</p><p>gioso, assinale a opção correta.</p><p>(A) Para que configure crime, a prática do escárnio deve expressar o fim específico de ofender o sentimento</p><p>religioso de um indivíduo, como elemento subjetivo do injusto.</p><p>(B) A caracterização desse tipo de crime exige que a prática de escárnio seja efetuada na presença do su-</p><p>jeito passivo.</p><p>(C) Em caso de escárnio por motivo religioso acompanhado de ofensa a honra individual, o agente respon-</p><p>derá em concurso formal de crimes.</p><p>(D) Em se tratando de escárnio por motivo religioso, a pena será acrescida de um terço caso se verifique o</p><p>exercício de violência, desde que voltada contra objetos e esculturas sagradas.</p><p>(E) Constitui infração penal o ato de escarnecer, em público, um grupo religioso.</p><p>29. (CESPE - 2015 - TJ-PB - JUIZ SUBSTITUTO) Acerca da disciplina legal dos crimes previstos na parte</p><p>especial do CP, assinale a opção correta.</p><p>(A) A conduta de subtrair cadáver de sua sepultura configura crime de furto qualificado.</p><p>(B) O ato de escarnecer de alguém publicamente em razão de sua crença ou de sua função religiosa confi-</p><p>gura crime de injúria qualificada.</p><p>(C) Nas figuras qualificadas do crime de direito autoral, é desnecessário que haja o intuito de obter lucro para</p><p>que seja configurado o referido crime.</p><p>(D) No crime de impedimento ou perturbação de enterro ou cerimônia funerária, constitui causa de aumento</p><p>de pena o fato de o agente praticar o referido crime mediante violência.</p><p>(E) A ação penal para os crimes contra a propriedade intelectual é de iniciativa privada e deverá ser ajuizada</p><p>mediante queixa do ofendido.</p><p>30. (CESPE - 2014 - TJ-CE - ANALISTA JUDICIÁRIO - EXECUÇÃO DE MANDADOS) Com relação</p><p>ao ex-</p><p>cesso punível, aos crimes contra a dignidade sexual, aos crimes contra o sentimento religioso e o respeito aos</p><p>mortos, aos crimes contra a família e aos crimes contra a administração pública, assinale a opção correta.</p><p>(A) No estupro de vulnerável, a presunção de violência é absoluta, segundo a jurisprudência do STJ, sendo</p><p>irrelevante a aquiescência do menor ou mesmo o fato de já ter mantido relações sexuais anteriormente.</p><p>(B) As cinzas humanas não podem ser objeto material do crime de vilipêndio a cadáver.</p><p>(C) No crime de bigamia, a data do fato constitui o termo inicial do prazo prescricional.</p><p>(D) Comete o crime de concussão o empregado de empresa pública que, utilizando-se de grave ameaça,</p><p>exige para si vantagem econômica.</p><p>(E) Ao contrário do que ocorria com a Parte Geral do Código Penal de 1940, o Código Penal atual não prevê,</p><p>expressamente, a aplicabilidade das regras de excesso punível às quatro causas de exclusão de ilicitude.</p><p>31.(VUNESP - 2019 - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto) Tícia, de 16 anos, há dois anos namora Caio, de</p><p>19 anos. Tícia é virgem e está decidida a apenas manter relação sexual após o casamento, já marcado para</p><p>ocorrer no dia em que ela completará 18 anos. Quando estavam sozinhos, na sala, assistindo TV, Caio, apro-</p><p>veitando-se que Tícia cochilava, masturbou-se e ejaculou no corpo da namorada que, imediatamente, acordou.</p><p>Sentindo-se profundamente violada e agredida, Tícia grita e acorda os pais, que dormiam no quarto da casa.</p><p>Os pais, vendo a filha suja e em pânico, impedem Caio de fugir e decidem chamar a polícia. Acionada a polí-</p><p>cia, Caio é preso, em flagrante delito e, encerradas as investigações, denunciado pelo crime sexual praticado.</p><p>Diante da situação hipotética, Caio poderá ser processado pelo crime de</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>52</p><p>(A) corrupção de menores, tratando-se de ação penal pública incondicionada.</p><p>(B) violação sexual mediante fraude, haja vista que Tícia estava dormindo, sem possibilidade de resistir,</p><p>tratando-se de crime de ação penal pública condicionada.</p><p>(C) importunação sexual, tratando-se de ação penal pública incondicionada.</p><p>(D) estupro de vulnerável, haja vista que Tícia é menor, tratando-se de crime de ação penal pública incondi-</p><p>cionada.</p><p>(E) estupro, incidindo causa de aumento em virtude de a vítima ser menor de 18, tratando-se de ação penal</p><p>pública condicionada.</p><p>32.(FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do Ministério Público – Processual) Tício, padrasto de Lourdes, criança</p><p>de 11 anos de idade, praticou, mediante violência consistente em diversos socos no rosto, atos libidinosos di-</p><p>versos da conjunção carnal com sua enteada. A vítima contou o ocorrido à sua mãe, apresentando lesões no</p><p>rosto, de modo que a genitora de Lourdes, de imediato, compareceu com a filha em sede policial e narrou o</p><p>ocorrido. Recebidos os autos do inquérito policial, o promotor de justiça com atribuição deverá oferecer denún-</p><p>cia imputando a Tício o crime de:</p><p>(A) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), podendo o emprego de violência real ser considerado na pena</p><p>base para fins de aplicação da sanção penal, bem como cabendo reconhecimento da causa de aumento de</p><p>pena pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida;</p><p>(B) estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não podendo o emprego de violência real ser considerado na</p><p>pena base por já funcionar como elementar do delito, mas cabendo reconhecimento da causa de aumento de</p><p>pena pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida;</p><p>(C) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do CP), diante da violência real empregada, de</p><p>modo que a idade da vítima não poderá funcionar como agravante, apesar de presente a causa de aumento</p><p>pelo fato de o autor ser padrasto da ofendida;</p><p>(D) estupro simples (art. 213 do CP), diante da violência real empregada, funcionando a idade da vítima</p><p>como agravante da pena, não havendo previsão de causa de aumento de pena, que somente seria aplicável se</p><p>o autor fosse pai da ofendida;</p><p>(E) estupro qualificado pela idade da vítima (art. 213, §1º do CP), sem causa de aumento por ser o autor</p><p>padrasto da ofendida, diante da violência real empregada, podendo a idade da vítima funcionar também como</p><p>agravante da pena.</p><p>33.(Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) A profissional do sexo Gumercinda atende</p><p>a seus clientes no local onde reside juntamente com seu filho Joaquim de dez anos. O local é bastante exí-</p><p>guo, tendo pouco mais de quinze metros quadrados, onde existem apenas um quarto e um banheiro, ficando</p><p>a cama onde Joaquim dorme ao lado da cama da mãe. Em uma determinada madrugada, Gumercinda acerta</p><p>um “programa sexual” com Caio e o leva até sua casa. Durante o ato sexual, Joaquim acorda e presencia tudo,</p><p>sem que Gumercinda ou Caio percebam que ele está assistindo à cena. No dia seguinte, Joaquim vai para a</p><p>escola e conta o fato a um amigo, o qual, por sua vez, relata a história para Joana, sua mãe. Esta, abismada</p><p>com a história, procura a delegacia do bairro e narra os fatos acima descritos. Diante desta situação hipotética,</p><p>assinale a alternativa correta do ponto de vista legal.</p><p>(A) Gumercinda e Caio responderão pelo delito de satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou</p><p>adolescente.</p><p>(B) Gumercinda e Caio não cometeram nenhum crime.</p><p>(C) Gumercinda e Caio praticaram exploração sexual de criança ou adolescente.</p><p>(D) Gumercinda e Caio praticaram crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.</p><p>(E) Apenas Gumercinda responderá pelo delito de satisfação de lascívia mediante a presença de criança ou</p><p>adolescente.</p><p>34.(FUNDATEC - 2021 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Médico Especialista - Emergencista) À luz do dis-</p><p>posto no Código Penal Brasileiro – Decreto-Lei nº 2.848/1940, assinale a alternativa INCORRETA.</p><p>(A) Comete crime de inserção de dados falsos em sistema de informações o funcionário que modificar ou</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>53</p><p>alterar sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade com-</p><p>petente.</p><p>(B) No crime de epidemia, se da propagação de germes patogênicos resultar morte, aplica-se a pena em</p><p>dobro.</p><p>(C) A infração de medida sanitária preventiva, determinada pelo poder público, destinada a impedir introdu-</p><p>ção ou propagação de doença contagiosa, quando praticada por agente que exerce a profissão de médico, tem</p><p>a pena aumentada de um terço.</p><p>(D) Comete crime quem fornece substância medicinal em desacordo com receita médica.</p><p>(E) A corrupção passiva compreende o ato de solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indire-</p><p>tamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar</p><p>promessa de tal vantagem.</p><p>35.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal brasileiro, julgue o item: Curandeirismo é o</p><p>ato de exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico sem autorização legal</p><p>ou excedendo-lhe os limites.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>36.(Quadrix - 2020 - CRO-DF - Fiscal I) À luz do Código Penal brasileiro, julgue o item: Entende‐se por</p><p>charlatanismo o ato de inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>37.(CESPE / CEBRASPE - 2020 - PRF - Policial Rodoviário Federal - Curso de Formação - 3ª Turma - 2ª</p><p>Prova) Quanto a conceitos e definições legais relativos ao tráfico ilícito de drogas e afins e a fatores que o impul-</p><p>sionam no contexto brasileiro, julgue o item a seguir: No direito penal, o termo associação criminosa é sinônimo</p><p>de organização criminosa e, por isso, ambos os termos referem-se ao mesmo tipo penal.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>38.(Prova: MetroCapital Soluções - 2019 - Prefeitura de Nova Odessa - SP - Procurador Jurídico) Incitar,</p><p>publicamente, a prática de crime constitui o crime previsto no artigo 286 do Código Penal, isto é:</p><p>(A) Incitação ao crime.</p><p>(B) Apologia ao crime.</p><p>(C) Instigação criminosa.</p><p>(D) Condescendência</p><p>criminosa.</p><p>(E) Associação criminosa.</p><p>39.(IESES - 2019 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento) Acerca do delito de</p><p>associação criminosa, do art. 288 do Código Penal, é correto afirmar:</p><p>(A) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes,</p><p>consumando-se independentemente de prévia condenação de quaisquer de seus membros pela prática de</p><p>quaisquer dos crimes para os quais a associação foi estabelecida.</p><p>(B) Sua configuração exige a associação de mais de três pessoas para o fim específico de cometer crimes e</p><p>a condenação de ao menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes para os quais a associa-</p><p>ção foi estabelecida, ainda que não se comprove a reiteração criminosa.</p><p>(C) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes e</p><p>a condenação de ao menos um de seus membros por, no mínimo, um desses crimes para os quais a associa-</p><p>ção foi estabelecida, ainda que não se comprove a reiteração criminosa.</p><p>(D) Sua configuração exige a associação de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes,</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>54</p><p>consumando-se independentemente de prévia condenação de quaisquer de seus membros pela prática de</p><p>quaisquer dos crimes para os quais a associação foi estabelecida.</p><p>40.(UNIFAL-MG - 2021 - UNIFAL-MG - Médico – Pediatria) João Paulo, devidamente aprovado dentro do</p><p>número de vagas ofertadas no Edital do concurso para o cargo de médico, técnico-administrativo em educação,</p><p>realizado pela Universidade Federal de Alfenas, já convocado para a posse a ser realizada em 10 (dez) dias,</p><p>recebe do Diretor do campus responsável pelo espaço físico da Universidade, uma oferta da melhor sala dispo-</p><p>nível dentre as existentes para os médicos, desde que ele emita atestados médicos em favor do Diretor, quando</p><p>esse precisar faltar ao trabalho sem justificativa. João Paulo, que ainda não entrou em exercício na função de</p><p>médico, aceita a promessa do Diretor do campus. Nesse caso, João Paulo incorreu naquele momento:</p><p>(A) Em crime de corrupção passiva, uma vez que, ainda que João Paulo não estivesse no exercício da fun-</p><p>ção, aceitou vantagem em razão dela, condição suficiente para a configuração do crime de corrupção passiva.</p><p>(B) Em crime de falsidade de atestado médico, considerando que a mera promessa do atestado falso já</p><p>configura a efetivação da infração penal.</p><p>(C) Em tentativa de falsidade de atestado médico, porque não houve a concretização do ato ilícito, mas ainda</p><p>sim João Paulo está sujeito a uma punição mais branda.</p><p>(D) Em nenhuma infração penal, haja vista que João Paulo ainda não havia assumido a função de médico</p><p>na Universidade, e a mera conversa entre ele e o Diretor não configura ato ilícito.</p><p>41.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade: Direito) Com</p><p>relação aos crimes contra a administração pública, julgue o item subsequente: A oposição manifestada pelo in-</p><p>divíduo, mediante resistência passiva, sem o uso da violência, contra ordem emanada por autoridades policiais</p><p>que pretendessem levá-lo à delegacia, sem que houvesse flagrante, é suficiente para caracterizar o delito de</p><p>resistência.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>42.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade: Direito) Com rela-</p><p>ção aos crimes contra a administração pública, julgue o item subsequente: Servidor público que, violando dever</p><p>funcional, facilite a prática de contrabando responderá como partícipe pela prática desse crime.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>43.(CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle Externo - Especialidade: Direito) No que</p><p>se refere aos crimes em espécie, julgue o item que se segue: Chefe do Ministério Público estadual que ordenar</p><p>aumento de despesa total com pessoal nos últimos sessenta dias do seu mandato poderá responder como</p><p>sujeito ativo do crime de aumento de despesa total com pessoal.</p><p>( ) CERTO</p><p>( ) ERRADO</p><p>44.(ABCP - 2020 - Prefeitura de Bom Jesus dos Perdões - SP – Advogado) O professor de Direito Penal,</p><p>Abílio Moreira, estava disposto a propor um desafio aos seus alunos do 5º semestre da Universidade Kappa</p><p>Beta. A pergunta era em relação ao Código Penal, e os alunos deveriam assinalar a alternativa que corresponde</p><p>ao crime de “Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar”. Sendo um dos alunos do professor</p><p>Abílio, assinale a alternativa correta:</p><p>(A) Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato</p><p>ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser</p><p>paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa</p><p>(B) Ordenar despesa não autorizada por lei.</p><p>(C) Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empe-</p><p>nhada ou que exceda limite estabelecido em lei.</p><p>(D) Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>55</p><p>oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura.</p><p>45.(GUALIMP - 2020 - Prefeitura de Conceição de Macabu - RJ – Procurador) De acordo com o Código</p><p>Penal, assinale a alternativa que traz o crime que prevê a conduta típica de “Deixar de ordenar, de autorizar</p><p>ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei”:</p><p>(A) Ordenação de despesa não autorizada.</p><p>(B) Prestação de garantia graciosa.</p><p>(C) Oferta pública ou colocação de títulos no mercado.</p><p>(D) Não cancelamento de restos a pagar.</p><p>GABARITO</p><p>1 A 24 C</p><p>2 D 25 C</p><p>3 E 26 E</p><p>4 A 27 B</p><p>5 D 28 A</p><p>6 A 29 D</p><p>7 B 30 A</p><p>8 B 31 C</p><p>9 B 32 A</p><p>10 D 33 B</p><p>11 B 34 A</p><p>12 A 35 ERRADO</p><p>13 D 36 CERTO</p><p>14 C 37 ERRADO</p><p>15 CERTO 38 A</p><p>16 B 39 D</p><p>17 C 40 A</p><p>18 A 41 ERRADO</p><p>19 B 42 ERRADO</p><p>20 D 43 CERTO</p><p>21 B 44 C</p><p>22 C 45 D</p><p>23 D</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>da pretendida. Consequência: responde como se tivesse atingido a pessoa visada.</p><p>b) Erro sobre a execução com unidade complexa (aberratio ictus de resultado duplo): O agente atinge a ví-</p><p>tima pretendida, e, também, a vítima não pretendida. Consequência: responde pelos dois crimes em concurso</p><p>formal.</p><p>• Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis): o agente</p><p>pretendia cometer um crime, mas por acidente ou erro na execução acaba cometendo outro (relação pessoa x</p><p>coisa ou coisa x pessoa).</p><p>a) Com unidade simples: O agente atinge apenas o resultado não pretendido. Ex. uma pessoa é visada, mas</p><p>uma coisa é atingida – responde pelo dolo em relação a pessoa, na forma tentada (tentativa de homicídio, ten-</p><p>tativa de lesão corporal). Ex. Uma coisa é visada, mas a pessoa é atingida – responde apenas pelo resultado</p><p>ocorrido em relação à pessoa, de forma culposa (homicídio culposo, lesão corporal culposa).</p><p>b) Com unidade complexa: O agente atinge tanto a pessoa quanto a coisa. Consequência: responde pelos</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>6</p><p>dois crimes em concurso formal.</p><p>• Erro sobre o objeto (Error in objecto): imagine que o agente deseja furtar uma valiosa obra de arte, mas</p><p>acaba subtraindo um quadro de pequeno valor, por confundir-se. Consequência: o agente responde pelo o que</p><p>efetivamente fez.</p><p>▪ Erro determinado por terceiro</p><p>O agente erra porque alguém o induz a isso, de maneira que o autor mediato (quem provocou o erro) será</p><p>punido. O autor imediato (quem realiza) é mero instrumento, e só responderá caso ficar demonstrada alguma</p><p>forma de culpa.</p><p>Iter Criminis</p><p>Iter Criminis significa caminho percorrido pelo crime. A cogitação (fase interna) não é punida – ninguém pode</p><p>ser punido pelos seus pensamentos. Os atos preparatórios, em regra, também, não são punidos.</p><p>A partir do início da execução do crime, o agente sofre punição. Caso complete o que é dito pelo tipo penal,</p><p>o crime estará consumado; caso não se consume por circunstâncias alheias à vontade do agente, pune-se a</p><p>tentativa.</p><p>Tentativa</p><p>O crime material consumado exige conduta + resultado naturalístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos</p><p>crimes tentados, por não haver consumação (resultado naturalístico), não estarão presentes resultado e nexo</p><p>de causalidade. Eventualmente, a tentativa pode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas diverso</p><p>do pretendido pelo agente no momento da prática criminosa.</p><p>Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamente a conduta descrita no tipo penal, mas em</p><p>razão de uma outra norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder</p><p>pelo crime. Ex. O agente inicia a execução penal, mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente</p><p>o resultado pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido pelo crime, mas de forma tentada.</p><p>O CP adotou a teoria dualística/realista/objetiva da punibilidade da tentativa. Assim, a pena do crime tentado</p><p>é a pena do crime consumado com diminuição de 1/3 a 2/3 (varia de acordo o quanto chegou perto do resulta-</p><p>do). Isso ocorre porque o desvalor do resultado para a sociedade é menor.</p><p>— Tentativa branca ou incruenta = o agente não atinge o bem que pretendia lesar;</p><p>— Tentativa vermelha ou cruenta = o agente atinge o bem que pretendia lesar;</p><p>— Tentativa perfeita = o agente completa os atos de execução;</p><p>— Tentativa imperfeita = o agente não esgota os meios de execução.</p><p>▪ Crimes que não admitem tentativa</p><p>• Culposo (é involuntário);</p><p>• Preterdoloso (o resultado é involuntário);</p><p>• Unissubsistente (um ato só);</p><p>• Omissivo puro (não dá para tentar se omitir);</p><p>• Perigo abstrato (só de gerar o perigo o crime se consuma);</p><p>• Contravenção (a lei quis assim);</p><p>• De atentado/empreendimento (a tentativa já gera consumação);</p><p>• Habitual (atos isolados são indiferentes penais).</p><p>Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz</p><p>Ambas afastam a tipicidade do dolo inicial e o agente só responde pelo o que fez (danos que efetivamente</p><p>causou).</p><p>• Na desistência voluntária, o agente voluntariamente desiste de dar sequência aos atos executórios inicia-</p><p>dos, mesmo podendo fazê-lo (fórmula de Frank). O resultado não se consuma por desistência do agente.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>7</p><p>• No arrependimento eficaz, o agente pratica todos os atos de execução, mas após isto se arrepende e adota</p><p>medidas que impedem a consumação.</p><p>Atenção: se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente responde pelo crime com uma atenuante ge-</p><p>nérica.</p><p>Atenção: se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um deles realiza a conduta de desis-</p><p>tência voluntária ou arrependimento eficaz, esta circunstância se comunica aos demais. Motivo: Trata-se de</p><p>exclusão da tipicidade, o crime não foi cometido, respondendo todos apenas pelos atos praticados até então.</p><p>Arrependimento Posterior</p><p>É uma causa de diminuição de pena para o crime já consumado, desde que:</p><p>1. Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, ou culposo;</p><p>2. O juiz ainda não recebeu a denúncia ou queixa;</p><p>3. O agente reparou o dano ou restituiu a coisa voluntariamente.</p><p>— A diminuição é de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e voluntariedade do ato.</p><p>— O arrependimento posterior se comunica aos demais agentes.</p><p>— Se a vítima se recusar a receber a reparação mesmo assim o agente terá a diminuição de pena.</p><p>Crime Impossível (tentativa inidônea)</p><p>Embora o agente inicie a execução do delito, jamais o crime se consumará.</p><p>Por quê? O meio utilizado é completamente ineficaz ou o objeto material do crime é impróprio para aquele</p><p>crime.</p><p>Ex. Ineficácia absoluta do meio = arma que não dispara.</p><p>Ex. Absoluta impropriedade do objeto = atirar em corpo sem vida.</p><p>O CP adotou a teoria objetiva da punibilidade do crime impossível, ou seja, não é punido (atipicidade).</p><p>Câmeras e dispositivos de segurança em estabelecimentos comerciais não tornam o crime impossível.</p><p>Ilicitude</p><p>Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento de Dever Legal, Exercício Regular de Direito.</p><p>A ilicitude, também conhecida como antijuridicidade, nos traz a ideia de que a conduta está em desacordo</p><p>com o Direito.</p><p>Presente o fato típico, presume-se que o fato é ilícito. Assim, o ônus da prova passa a ser do acusado, ou</p><p>seja, o acusado é quem vai precisar comprovar a existência de uma excludente de ilicitude.</p><p>As excludentes da ilicitude podem ser genéricas (incidem em todos os crimes) ou específicas (próprias de</p><p>alguns crimes).</p><p>Causas genéricas = estado de necessidade; legítima defesa; exercício regular de direito; estrito cumprimen-</p><p>to do dever legal.</p><p>Causa supralegal de exclusão da ilicitude = consentimento do ofendido nos crimes contra bens disponíveis.</p><p>a) Estado de Necessidade:</p><p>Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não</p><p>provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circuns-</p><p>tâncias, não era razoável exigir-se.</p><p>§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.</p><p>§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a</p><p>dois terços.</p><p>De acordo com a TEORIA UNITÁRIA, o bem jurídico protegido deve ser de valor igual ou superior ao sacri-</p><p>ficado. Ex. vida x vida. Se compromete um bem de maior valor para salvar um bem de menor valor incide uma</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>8</p><p>causa de diminuição de pena (-1/3 a 2/3).</p><p>Requisitos:</p><p>— Perigo a um bem jurídico próprio ou de terceiro;</p><p>— Conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para salvar o próprio ou do terceiro;</p><p>— A situação de perigo não pode ter sido criada voluntariamente pelo agente;</p><p>— O perigo tem que estar ocorrendo (atual);</p><p>— O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resultado, ex. bombeiro;</p><p>— A conduta do agente precisa ser inevitável (o bem jurídico só pode ser salvo se ele agir);</p><p>— A conduta do agente precisa ser proporcional (salvar bem de valor igual ou maior).</p><p>Estado de</p><p>necessidade</p><p>agressivo</p><p>Estado de</p><p>necessidade</p><p>defensivo</p><p>Estado de</p><p>necessi-</p><p>dade real</p><p>Estado de necessidade putativo</p><p>O agente</p><p>prejudica o</p><p>bem jurídico</p><p>de terceiro</p><p>que não</p><p>produziu</p><p>o perigo.</p><p>Obs. o agen-</p><p>te precisa</p><p>indenizar.</p><p>O agente</p><p>sacrifica o</p><p>bem jurídico</p><p>de quem</p><p>provocou</p><p>o perigo.</p><p>O perigo</p><p>existe.</p><p>Quando a situação de perigo não existe de</p><p>fato, apenas na imaginação do agente.</p><p>Consequência: se o erro é escusável, exclui</p><p>dolo e culpa; se o erro é inescusável, exclui o</p><p>dolo, mas responde por culpa, se prevista.</p><p>• Estado de necessidade recíproco é possível, se nenhum deles provocou o perigo.</p><p>• O estado de necessidade se comunica a todos os agentes.</p><p>b) Legítima Defesa:</p><p>Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injus-</p><p>ta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.</p><p>Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legí-</p><p>tima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém</p><p>durante a prática de crimes.</p><p>O agente pratica um fato para repelir uma agressão injusta, atual ou iminente (prestes a ocorrer), contra</p><p>direito próprio ou alheio. Ex. o dono de um animal bravo utiliza o animal como instrumento de agressão contra</p><p>outrem – o agente poderá se defender.</p><p>• Cabe LD contra agressão de inimputável;</p><p>• Ainda que possa fugir, o agente pode escolher ficar e repelir a agressão (no estado de necessidade não);</p><p>• Os meios utilizados devem ser suficientes e necessários para repelir a injusta agressão (proporcionalida-</p><p>de);</p><p>• Na LD putativa, o agente pensa que está sendo agredido. Consequência: se o erro é escusável, exclui dolo</p><p>e culpa; se o erro é inescusável, exclui o dolo, mas responde por culpa, se prevista.</p><p>• É possível que ocorra LD sucessiva, ex. A agride B, B repele a agressão de forma excessiva, A passa ter o</p><p>direito de agir em LD em razão do excesso (agressão injusta).</p><p>• Se o bem é indisponível, a vontade do dono (consentimento) é indiferente para a atuação da LD de terceiro.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>9</p><p>• Não cabe LD real em face de LD real, porque falta injusta agressão. Por outro lado, pode ter LD putativa</p><p>(agressão injusta) sucedida por LD real (repelir agressão injusta).</p><p>c) Estrito Cumprimento do Dever Legal:</p><p>O agente comete um fato típico, em razão de um dever legal. Mas não confunda! Quando um policial numa</p><p>troca de tiros mata um bandido não age em estrito cumprimento de dever legal, mas em LD, pois não existe o</p><p>dever legal de matar, mas sim injusta agressão.</p><p>• O estrito cumprimento do dever legal se comunica aos demais agentes.</p><p>• Particular também pode estar amparado pelo estrito cumprimento do dever legal.</p><p>d) Exercício Regular de Direito:</p><p>O agente age no legítimo exercício de um direito seu (previsto em lei). Ex. lutas desportivas.</p><p>EXCESSO PÚNIVEL: EM TODAS AS EXCLUDENTES DE ILICUTDE, EVENTUAL EXCESSO SERÁ PUNI-</p><p>DO, SEJA ELE DOLOSO OU CULPOSO!</p><p>Culpabilidade: Imputabilidade Penal, Potencial Consciência da Ilicitude, Exigibilidade de Conduta Diversa</p><p>O último elemento da análise analítica do crime é a culpabilidade. Lembre-se, para a teoria tripartida o crime</p><p>é fato típico, antijurídico e culpável. Para a teoria bipartida a culpabilidade é pressuposto para a aplicação da</p><p>pena.</p><p>A culpabilidade é o juízo de reprovabilidade, e divide-se nas seguintes teorias:</p><p>• Teoria Psicológica: Os causalistas acreditavam que o agente era culpável se imputável no momento do</p><p>crime e se havia agido com dolo ou culpa.</p><p>• Teoria normativa (psicológico-normativa): Além de imputável e com dolo ou culpa o agente tinha que estar</p><p>consciente da ilicitude e ser exigível conduta diversa.</p><p>• Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura): Se coaduna com a teoria finalista, pois dolo e culpa</p><p>transportaram-se para a tipicidade (dolo subjetivo). Para essa teoria, os elementos da culpabilidade são: impu-</p><p>tabilidade + potencial consciência da ilicitude (dolo normativo) + exigibilidade de conduta diversa.</p><p>• Teoria limitada da culpabilidade: A teoria normativa pura se divide em teoria extremada e teoria limitada.</p><p>O que as diferencia é o tratamento dado ao erro sobre as causas de justificação (exclusão da ilicitude), isto é,</p><p>descriminantes putativas. A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobre uma causa de justificação</p><p>seja equiparado ao ERRO DE PROIBIÇÃO. A teoria limitada divide o erro sobre pressuposto fático da causa de</p><p>justificação e o erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação. No primeiro caso (erro</p><p>de fato) aplicam-se as regras do erro de tipo, que aqui passa a se chamar erro de tipo permissivo. No segundo</p><p>caso (erro sobre a ilicitude da conduta) aplicam-se as regras do erro de proibição.</p><p>Obs.: O CP adota a teoria normativa pura limitada, ou seja, separa o erro de tipo do erro de proibição.</p><p>▪ Elementos da culpabilidade:</p><p>1. Imputabilidade Penal: Capacidade de entender o caráter ilícito da conduta e autodeterminar-se conforme</p><p>o Direito. Na ausência de qualquer desses elementos será inimputável, de acordo com o critério biopsicológico.</p><p>O CP também adota o critério biológico, pois os menores de 18 anos são inimputáveis.</p><p>Lembre-se que a imputabilidade penal deve ser aferida no momento que ocorreu o fato criminoso.</p><p>Lembre-se, também, que em crime permanente só cessa a conduta quando a vítima é liberada (ex. seques-</p><p>tro), logo, a idade do agente vai ser analisada até que realmente cesse a conduta, com a libertação da vítima/</p><p>apreensão do agente.</p><p>O ordenamento jurídico prevê a completa inimputabilidade, que exclui a culpabilidade e impõe medida de</p><p>segurança (sentença absolutória imprópria); bem como, prevê a semi-imputabilidade, que enseja medida de</p><p>segurança (sentença absolutória imprópria) ou sentença condenatória com causa de diminuição de pena (-1/3</p><p>a 2/3).</p><p>Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-</p><p>tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>10</p><p>determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>Redução de pena</p><p>Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de</p><p>saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender</p><p>o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.</p><p>Atenção</p><p>— Os índios podem ser imputáveis (integrados à sociedade), semi-imputáveis (parcialmente integrados à</p><p>sociedade) ou inimputáveis (não integrados).</p><p>— A conduta do sonâmbulo é atípica, pois falta conduta (dolo/culpa).</p><p>— A embriaguez acidental gera inimputabilidade (isenção de pena), desde que decorrente de caso fortuito ou</p><p>força maior + completa + retirar totalmente a capacidade de discernimento do agente. Obs. se for parcial (retirar</p><p>parcialmente a capacidade de discernimento do agente) a pena será reduzida.</p><p>• Nos casos de embriaguez não se aplica medida de segurança, pois o agente não é doente mental.</p><p>• A embriaguez voluntária e culposa não exclui a imputabilidade!</p><p>• A lei de drogas exclui a imputabilidade do inebriado patológico.</p><p>— A embriaguez preordenada (se embriaga para cometer crime) não retira a imputabilidade do agente, pelo</p><p>contrário, trata-se de circunstância agravante da pena.</p><p>2. Potencial consciência da ilicitude: neste elemento da imputabilidade, é verificado se a pessoa tinha a</p><p>possibilidade de conhecer o caráter ilícito do fato, de acordo com as suas características (não como parâmetro</p><p>o homem médio).</p><p>Quando o agente age acreditando que sua conduta não é</p><p>penalmente ilícita comete erro de proibição.</p><p>3. Exigibilidade de conduta diversa: É verificado se o agente podia agir de outro modo. Caso comprovado</p><p>que não dava para agir de outra maneira, no caso concreto, a culpabilidade é excluída (isenção de pena). Ex.</p><p>coação moral irresistível – uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob ameaça de lhe fazer</p><p>algum mal grave. Obs. se a coação é física exclui a tipicidade pela falta de conduta. Obs. se podia resistir a co-</p><p>ação, recebe apenas uma atenuante genérica. Ex. obediência hierárquica – funcionário público cumpre ordem</p><p>não manifestamente ilegal emanada pelo seu superior (isenção de pena). Obs. se a ordem é manifestamente</p><p>ilegal comete crime.</p><p>Concurso de Pessoas</p><p>O concurso de pessoas consiste na colaboração de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou con-</p><p>travenção penal. De acordo com a teoria monista (unitária), todos respondem pelo mesmo crime, na medida de</p><p>sua culpabilidade. Ex. 3 amigos furtam uma casa, todos respondem pelo crime de furto, mas o juiz vai valorar</p><p>a conduta de cada um de acordo com a individualidade dos agentes.</p><p>Concurso de pes-</p><p>soas eventual</p><p>Concurso de pesso-</p><p>as necessário</p><p>O tipo penal não exi-</p><p>ge a presença de mais</p><p>de uma pessoa.</p><p>O tipo penal exige que</p><p>a conduta seja praticada</p><p>por mais de uma pessoa.</p><p>▪ Requisitos do concurso de pessoas:</p><p>— Pluralidade de agentes: Se um imputável determina que um inimputável realize um crime não existe con-</p><p>curso de pessoas, mas sim autoria mediata (o mandante é o autor do crime e o inimputável instrumento).</p><p>Nos crimes plurissubjetivos (concurso de pessoas necessário), se um dos colaboradores não é culpável,</p><p>mesmo assim haverá crime.</p><p>Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (concurso de pessoas eventual) não é necessário que todos os</p><p>agentes sejam culpáveis, basta um deles para qualificar o crime, ex. o concurso de pessoas qualifica o furto,</p><p>logo, se um é imputável, não importa se os demais são inimputáveis, pois o furto estará qualificado.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>11</p><p>Nesses casos que tem inimputáveis, mas eu considero o concurso para tipificar ou qualificar o crime a dou-</p><p>trina os denomina de concurso impróprio/aparente.</p><p>— Relevância da colaboração: A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado.</p><p>Ou seja, a colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. Além disso, a colabora-</p><p>ção deve ser prévia ou concomitante à execução. A colaboração posterior à execução enseja crime autônomo,</p><p>salvo o ajuste tenha ocorrido previamente.</p><p>— Vínculo subjetivo (concurso de vontades): Ajuste ou adesão de um à conduta do outro. Caso não haja</p><p>vínculo subjetivo entre os agentes haverá autoria colateral, e não coautoria.</p><p>— Unidade de crime (identidade de infração): todos respondem pelo mesmo crime.</p><p>— Existência de fato punível: a colaboração só é punível se o crime for, pelo menos, tentado (princípio da</p><p>exterioridade – exige o início da execução).</p><p>• Na autoria mediata por inimputabilidade do agente não basta que o executor seja inimputável, ele deve ser</p><p>um instrumento do mandante (não ter o mínimo discernimento).</p><p>• Na autoria mediata por erro do executor, quem pratica a conduta é induzido a erro pelo mandante (erro de</p><p>tipo ou erro de proibição), ex. médico determina que enfermeira aplique uma injeção tóxica no paciente alegan-</p><p>do que é um medicamento normal.</p><p>• Na autoria mediata por coação do executor existe coação moral irresistível, a culpabilidade é apenas do</p><p>coator, não do coagido (inexigibilidade de conduta diversa).</p><p>• Para ter autoria mediata em crime próprio, o autor mediato (mandante) precisa reunir as condições espe-</p><p>ciais exigidas pelo tipo penal. Se o mandante não reúne as condições do crime próprio há autoria por determi-</p><p>nação, punindo quem exerce sobre a conduta domínio equiparado à figura da autoria (autor da determinação</p><p>da conduta/responsável pela sua ocorrência).</p><p>• Nos crimes de mão própria não se admite autoria mediata, porque o crime não pode ser realizado por inter-</p><p>posta pessoa. Todavia, pode ter a figura do autor por determinação (pune quem determinou o crime).</p><p>Autor é quem pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, todos os demais que de alguma forma</p><p>prestarem colaboração serão partícipes. Essa teoria foi adotada pelo Código Penal e é denominada de teoria</p><p>objetivo-formal.</p><p>No entanto, atente-se para a teoria do domínio do fato (nos crimes dolosos), criada por Hans Welzel e desen-</p><p>volvida por Claus Roxin: o autor é todo aquele que possui domínio da conduta criminosa, seja ele executor ou</p><p>não. O importante, para essa teoria, é que tenha o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa, o cabeça</p><p>do crime. O partícipe, por sua vez, é quem contribui, mas sem poder de direção. Ou seja, o controle da situação</p><p>(quem pode intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta) é o critério utilizado para definir o autor.</p><p>A coautoria é espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita</p><p>no núcleo do tipo penal. Na coautoria funcional, os agentes realizam condutas diversas que se somam para</p><p>produzir o resultado. Na coautoria material (direta) todos realizam a mesma conduta.</p><p>• Cabe coautoria em crimes próprios (todos reúnem as condições ou pelo menos tem ciência que um deles</p><p>as possui), mas não cabe coautoria em crime de mão própria (só participação).</p><p>• Nos crimes omissivos não cabe coautoria, só participação.</p><p>• Nos crimes culposos cabe coautoria, mas não participação.</p><p>• Na autoria mediata não há concurso entre autor mediato e autor imediato, respondendo apenas o autor</p><p>mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito. Entretanto, é possível coautoria</p><p>e participação na autoria mediata (vários mandantes).</p><p>• Na coação física irresistível, o coator é autor direto.</p><p>• Existe autoria mediata de crime próprio, mas não de crime de mão própria.</p><p>Participação é modalidade de concurso de pessoas, na qual o agente colabora para a prática delituosa, mas</p><p>não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>12</p><p>Participação Moral Participação Material</p><p>Instiga (reafirma a</p><p>ideia) ou induz (cria</p><p>a ideia) em outrem.</p><p>Presta auxílio forne-</p><p>cendo objeto ou con-</p><p>dições para a fuga</p><p>(cumplicidade).</p><p>Pela teoria da adequação típica mediata, o partícipe mesmo sem praticar a conduta descrita no núcleo do</p><p>tipo pode ser punido, uma vez que, as normas de extensão da adequação típica possibilitam o raio de aplicação</p><p>do tipo penal. Ou seja, soma o art. do crime + o art. 29 do CP = o resultado é conseguir punir o partícipe.</p><p>Conforme a teoria da acessoriedade, o partícipe é punido mesmo que sua conduta seja considerada aces-</p><p>sória em relação ao autor.</p><p>Vejamos:</p><p>Teoria da</p><p>acessorieda-</p><p>de mínima</p><p>Teoria da</p><p>acessorieda-</p><p>de limitada</p><p>(adotada)</p><p>Teoria da</p><p>acesso-</p><p>riedade</p><p>máxima</p><p>Teoria da hipe-</p><p>racessoriedade</p><p>A conduta prin-</p><p>cipal só precisa</p><p>ser típica para</p><p>a punição do</p><p>partícipe.</p><p>Exige que a</p><p>conduta prin-</p><p>cipal seja típi-</p><p>ca e ilícita.</p><p>Recorda que as</p><p>excludentes de</p><p>ilicitude se co-</p><p>municam?! Ahá!</p><p>O partí-</p><p>cipe só</p><p>é punido</p><p>se o fato</p><p>principal</p><p>for típico,</p><p>ilícito e</p><p>culpável.</p><p>Exige que o</p><p>fato principal</p><p>seja típico,</p><p>ilícito, culpá-</p><p>vel e o autor</p><p>seja punido.</p><p>— A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância.</p><p>— A doutrina admite participação nos crimes comissivos por omissão, quando o partícipe devia e podia evitar</p><p>o resultado.</p><p>— Participação inócua não se pune, ex. eu emprestei a arma para o agente, mas ele matou com o uso de</p><p>veneno.</p><p>— Participação em cadeia é possível, ex. eu empresto a arma para A, para este emprestar para B e matar a</p><p>vítima. Eu e A somos partícipes de B.</p><p>Comunicam-se: Não se comunicam:</p><p>Elementares do cri-</p><p>me (caracteriza o crime)</p><p>e circunstâncias objeti-</p><p>vas (influencia a pena</p><p>de acordo com o fato).</p><p>Circunstâncias</p><p>subje-</p><p>tivas (influencia a pena</p><p>de acordo com a pessoa</p><p>do agente) e condições</p><p>de caráter pessoal (rela-</p><p>tivas à pessoa do agen-</p><p>te).</p><p>Preste atenção, circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam. Por outro lado, as cir-</p><p>cunstâncias de caráter real ou objetivas (se referem ao fato), se comunicam, sob uma condição: é necessário</p><p>que a circunstância tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes. Ex. A informa o seu partíci-</p><p>pe que usará emboscada para matar, ambos respondem por essa qualificadora.</p><p>Outro ponto interessante é que elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas, desde</p><p>que tenham entrado na esfera de conhecimento do partícipe.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>13</p><p>Para fechar com chave de ouro vale abordar a autoria colateral. O que é isso? Não se confunde com o con-</p><p>curso de pessoas, pois não existe acordo de vontades. Imagine que 2 pessoas atiram na mesma vítima, mas os</p><p>peritos não conseguem identificar quem efetuou o disparo fatal. O resultado desta autoria incerta é que ambos</p><p>respondem de forma tentada.</p><p>Outra figura curiosa é a cooperação dolosamente distinta, que consiste em participação em crime menos</p><p>grave (desvio subjetivo de conduta). Ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a</p><p>execução um deles decide praticar outro crime, mais grave. Aquele que escolheu praticar somente o crime ini-</p><p>cial só responderá por este, salvo ficar comprovado que podia prever a ocorrência do crime mais grave. Neste</p><p>último caso, a pena do crime inicial é aumentada até a metade.</p><p>Obs.: No concurso de multidão criminosa, quem lidera o crime terá pena agravada e quem adere a conduta</p><p>tem a pena atenuada. Há concurso de pessoas, pois existe vínculo subjetivo, no sentido de que um adere a</p><p>conduta do outro, mesmo que de forma tácita.</p><p>Dos crimes contra a pessoa (homicídio, lesão corporal, rixa e injúria). Dos crimes con-</p><p>tra a liberdade pessoal (constrangimento ilegal, ameaça, sequestro e cárcere privado)</p><p>Os crimes contra a pessoa protegem os bens jurídicos vida e integridade física da pessoa, encontram-se</p><p>entre os artigos 121 ao 154 do Código Penal. A jurisprudência é vasta sobre tais tipos penais e muitas vezes</p><p>repleta de polêmicas, como, por exemplo, no caso do aborto.</p><p>Homicídio</p><p>• O homicídio simples consiste em matar alguém.</p><p>• O homicídio privilegiado recebe causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3, desde que o motivo seja de</p><p>relevante valor moral ou social (ex. matou o estuprador da filha); sob domínio de violenta emoção logo após</p><p>injusta provocação da vítima (ex. matou o amante da esposa ao pegá-los no flagra).</p><p>• O homicídio é qualificado e recebe pena-base maior nos casos de paga ou promessa de recompensa ou</p><p>outro motivo torpe (ex. matar por dinheiro); emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio</p><p>insidioso ou cruel (ex. queimar a pessoa viva), ou de que possa resultar perigo comum (ex. incendiar um prédio</p><p>para matar seu desafeto); traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulte a defesa do ofendi-</p><p>do (ex. mata-lo em rua sem saída); para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro</p><p>crime (ex. matar a testemunha de um crime).</p><p>Obs.: O feminicídio é uma espécie de homicídio qualificado, no qual o agente mata a mulher por razões da</p><p>condição de sexo feminino, isto é, no contexto de violência doméstica ou familiar, ou, menosprezo/discrimina-</p><p>ção à condição de mulher.</p><p>Causas de aumen-</p><p>to do feminicídio</p><p>Causas de</p><p>aumento do ho-</p><p>micídio culposo</p><p>Causas de aumento</p><p>do homicídio doloso</p><p>Ocorrer durante a gesta-</p><p>ção ou nos 3 meses pos-</p><p>teriores ao parto; contra</p><p>menor de 14 anos ou maior</p><p>de 60 anos ou pessoa</p><p>portadora de deficiência/</p><p>doença degenerativa; na</p><p>presença de ascendente</p><p>ou descendente; descum-</p><p>prindo medida protetiva.</p><p>Se ocorrer a</p><p>inobservância</p><p>de regra téc-</p><p>nica profissio-</p><p>nal; deixar de</p><p>prestar socorro.</p><p>Vítima menor de 14 anos</p><p>ou maior de 60 anos;</p><p>crime praticado por mi-</p><p>lícia privada, sob o pre-</p><p>texto de prestação de</p><p>serviço de segurança ou</p><p>grupo de extermínio.</p><p>Obs.: O homicídio contra autoridade da Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,</p><p>ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente até 3º grau qualifica o homicídio.</p><p>É interessante que recentemente o STJ entendeu que o simples fato do condutor do automóvel estar embria-</p><p>gado não gera a presunção de que tenha havido dolo eventual, no caso de acidente de trânsito com o resultado</p><p>morte. O STF, no mesmo sentido, considerou que não havia homicídio doloso na conduta de um homem que</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>14</p><p>entregou o seu carro a uma mulher embriagada para que esta dirigisse o veículo, mesmo tendo havido acidente</p><p>por causa da embriaguez, resultando a morte da mulher condutora.</p><p>Por outro lado, já foi reconhecido o dolo eventual por estar dirigindo na contramão embriagado, uma vez</p><p>que, o condutor assumiu o risco de causar lesões/morte de outrem. Inclusive, a tentativa é compatível com o</p><p>dolo eventual.</p><p>Quanto a qualificadora do motivo fútil, o STJ não a enquadra nos casos de racha. Todavia, aplica-se a qua-</p><p>lificadora do meio cruel no caso de reiteração de golpes na vítima. Ademais, a qualificadora do motivo fútil é</p><p>compatível com o homicídio praticado com dolo eventual. Mas a qualificadora da traição/emboscada/dissimu-</p><p>lação não é compatível com dolo eventual, pois exige-se um planejamento do crime que o dolo eventual não</p><p>proporciona.</p><p>A qualificadora do feminicídio é compatível com o motivo torpe, pois está solidificado nos tribunais superiores</p><p>o entendimento que o feminicídio é uma qualificadora objetiva que combina com as qualificadoras subjetivas</p><p>(motivo do crime), bem como com o homicídio privilegiado.</p><p>Por fim, lembre-se que a jurisprudência considera que algumas situações merecem a extinção da punibilida-</p><p>de pelo perdão judicial, quando o homicídio é culposo e o agente já sofreu suficientemente as consequências</p><p>do crime. Exemplo: pai atropela o filho.</p><p>Ainda sobre o homicídio culposo, a causa de aumento não é afastada se o agente deixa de prestar socorro</p><p>em caso de morte instantânea da vítima, salvo se o óbito realmente for evidente.</p><p>▪ Homicídio simples</p><p>Art. 121. Matar alguém:</p><p>Pena - reclusão, de seis a vinte anos.</p><p>• Caso de diminuição de pena</p><p>§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio</p><p>de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a</p><p>um terço.</p><p>▪ Homicídio qualificado</p><p>§ 2° Se o homicídio é cometido:</p><p>I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;</p><p>II - por motivo fútil;</p><p>III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que</p><p>possa resultar perigo comum;</p><p>IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível</p><p>a defesa do ofendido;</p><p>V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>▪ Feminicídio</p><p>VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:</p><p>VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis-</p><p>tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou</p><p>contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:</p><p>VIII - (VETADO):</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:</p><p>I - violência doméstica e familiar;</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>15</p><p>II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>▪ Homicídio culposo</p><p>§ 3º Se o homicídio é culposo:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>▪ Aumento de pena</p><p>§ 4o No homicídio</p><p>culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de</p><p>regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procu-</p><p>ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a</p><p>pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de</p><p>60 (sessenta) anos.</p><p>§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da</p><p>infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.</p><p>§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o</p><p>pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.</p><p>§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:</p><p>I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;</p><p>II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de</p><p>doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;</p><p>III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;</p><p>IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art.</p><p>22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.</p><p>Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação</p><p>Este crime sofreu alteração com o Pacote Anticrime, em razão do episódio da “Baleia Azul”, jogo desenvol-</p><p>vido entre jovens, no qual incitava-se a automutilação e o suicídio.</p><p>▪ Antes do Pacote Anticrime</p><p>Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tenta-</p><p>tiva de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.</p><p>Parágrafo único - A pena é duplicada:</p><p>Aumento de pena</p><p>I - se o crime é praticado por motivo egoístico;</p><p>II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.</p><p>Após o Pacote Anticrime</p><p>Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material</p><p>para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,</p><p>nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>16</p><p>II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela</p><p>Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede</p><p>social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído</p><p>pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é come-</p><p>tido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o ne-</p><p>cessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,</p><p>responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)</p><p>§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra</p><p>quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode</p><p>oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.</p><p>O crime consiste em colocar a ideia ou incentivar a ideia do suicídio ou automutilação, bem como prestar</p><p>auxílio material (ex. emprestar a faca). As penas são diferentes, a depender do resultado do crime.</p><p>• Lesão corporal de natureza grave ou gravíssima: Reclusão de 1 a 3 anos;</p><p>• Resultado morte: Reclusão de 2 a 6 anos.</p><p>Ademais, as penas são duplicadas se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil (motivo banal),</p><p>bem como se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. No mesmo</p><p>sentido, a pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da internet (ex. jogo baleia azul).</p><p>Ademais, aumenta-se a pena em metade se o agente é o líder (quem manda).</p><p>Se o resultado é lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos</p><p>ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do</p><p>ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de Lesão</p><p>Corporal qualificada como gravíssima.</p><p>Se o resultado é a morte e o crime é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem</p><p>o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resis-</p><p>tência, responde o agente pelo crime de homicídio.</p><p>Infanticídio</p><p>Consiste em matar o filho sob influência dos hormônios (estado puerperal), durante o parto ou logo após.</p><p>Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:</p><p>Pena - detenção, de dois a seis anos.</p><p>Aborto</p><p>O Código Penal divide o aborto em:</p><p>▪ Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento: Consiste em provocar o aborto em si mesma,</p><p>ex. mediante chás. Ou, consentir que alguém o provoque, ex. ir em uma clínica abortiva.</p><p>▪ Aborto provocado por terceiro: No aborto provocado por terceiro, pode existir ou não o consentimento da</p><p>gestante. No primeiro caso perceba que cada um vai responder por um crime, a gestante por consentir, o ter-</p><p>ceiro por abortar.</p><p>É considerado aborto sem o consentimento da gestante se ela é menor de 14 anos, sofre de problemas</p><p>mentais, se o consentimento é obtido mediante fraude/grave ameaça/violência.</p><p>Tanto no aborto com ou sem o consentimento da gestante existe causa de aumento de pena se ela morre</p><p>ou sofre lesão corporal grave.</p><p>▪ Aborto necessário: Não se pune o aborto praticado por médico caso não haja outro meio se salvar a vida</p><p>da gestante.</p><p>▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: Não se pune o aborto praticado por médico se a gravidez</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>17</p><p>resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou seu representante legal, no caso</p><p>de incapacidade.</p><p>A grande polêmica do aborto circunda na questão da interrupção da gravidez no primeiro trimestre. O STF</p><p>já decidiu que não há crime se existe o consentimento da gestante ou trata-se de autoaborto. A Suprema Corte</p><p>fundamentou que a criminalização, nessa hipótese, viola os direitos fundamentais da mulher e o princípio da</p><p>proporcionalidade.</p><p>▪ Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento</p><p>Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>▪ Aborto provocado por terceiro</p><p>Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:</p><p>Pena - reclusão, de três a dez anos.</p><p>Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos.</p><p>Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a</p><p>gestante não é maior de quatorze anos, ou é alie-</p><p>nada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência</p><p>▪ Forma qualificada</p><p>Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequên-</p><p>cia do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e</p><p>são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.</p><p>Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:</p><p>▪ Aborto necessário</p><p>I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;</p><p>▪ Aborto no caso de gravidez resultante de estupro</p><p>II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando inca-</p><p>paz, de seu representante legal.</p><p>Lesão Corporal</p><p>Consiste em ofender a integridade corporal ou saúde de outrem. A pena é aumentada em caso de violência</p><p>doméstica, como forma de prestígio à Lei Maria da Penha. Ademais, qualifica o crime a depender do resultado</p><p>das lesões:</p><p>Qualificadora de natureza grave Qualificadora de natureza gravíssima</p><p>Incapacidade para as ocupações habitu-</p><p>ais por mais de 30 dias, ex. passar roupa.</p><p>Perigo de vida, ex. correu risco na cirurgia.</p><p>Debilidade permanente de membro, sentido ou fun-</p><p>ção, ex. não consegue escrever como antes.</p><p>Aceleração do parto, ex. nasce prematuro.</p><p>Incapacidade permanente</p><p>para o trabalho, ex. não con-</p><p>segue mais trabalhar.</p><p>Enfermidade incurável, ex. ad-</p><p>quire deficiência mental.</p><p>Deformidade permanen-</p><p>te, ex. rosto queimado.</p><p>Aborto.</p><p>Perda de membro, sentido</p><p>ou função, ex. fica cego.</p><p>No caso de lesão corporal seguida de morte, a morte é culposa e a lesão corporal dolosa. A morte qualifica</p><p>a lesão corporal. Ex. João tem a intenção de espancar seu desafeto, que acaba falecendo.</p><p>A lesão corporal é privilegiada se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>18</p><p>social (ex. espanca o estuprador de sua filha); sob o domínio de violenta emoção logo após injusta provocação</p><p>da vítima (ex. espanca o amante da esposa ao pegá-los no flagra). Resultado: O juiz pode diminuir a pena, ou,</p><p>não sendo grave a lesão, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa. No mesmo sentido, se a lesão</p><p>não é grave e as lesões são recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa.</p><p>São causas de aumento:</p><p>• Na lesão corporal culposa – inobservância de regra técnica profissional, deixar de prestar socorro.</p><p>• Na lesão corporal dolosa – vítima menor de 14 anos ou maior de 60 anos, praticado por milícia privada ou</p><p>grupo de extermínio.</p><p>Obs.: Causar lesão contra autoridade de segurança pública no exercício de função ou em decorrência dela,</p><p>bem como contra parente até 3º grau dessas pessoas enseja causa de aumento.</p><p>Bem como no homicídio culposo, a lesão corporal culposa possibilita a aplicação do perdão judicial e a isen-</p><p>ção da pena. Ex. machucou o filho sem querer.</p><p>A lesão corporal praticada contra o cônjuge, ascendente, descendente e irmão, com quem conviva ou tenha</p><p>convivido, ou, prevalecendo-se das relações domésticas enseja aumento na pena do crime qualificado por le-</p><p>são grave ou gravíssima. Ademais, aumenta a pena o crime de lesão corporal em âmbito doméstico se a vítima</p><p>é portadora de deficiência.</p><p>A jurisprudência caminha no sentido que a qualificadora da deformidade permanente não é afastada em</p><p>razão de posterior cirurgia plástica reparadora. Ademais, perda de dois dentes configura lesão grave, uma vez</p><p>que, ocasiona debilidade permanente (dificuldade para mastigar).</p><p>Lesão corporal</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>Lesão corporal de natureza grave</p><p>§ 1º Se resulta:</p><p>I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;</p><p>II - perigo de vida;</p><p>III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;</p><p>IV - aceleração de parto:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>§ 2° Se resulta:</p><p>I - Incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II - enfermidade incurável;</p><p>III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;</p><p>IV - deformidade permanente;</p><p>V - aborto:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>Lesão corporal seguida de morte</p><p>§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o</p><p>risco de produzi-lo:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Diminuição de pena</p><p>§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio</p><p>de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>19</p><p>um terço.</p><p>Substituição da pena</p><p>§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzen-</p><p>tos mil réis a dois contos de réis:</p><p>I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;</p><p>II - se as lesões são recíprocas.</p><p>Lesão corporal culposa</p><p>§ 6° Se a lesão é culposa:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121</p><p>deste Código.</p><p>§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.</p><p>Violência Doméstica</p><p>§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com</p><p>quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação</p><p>ou de hospitalidade:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.</p><p>§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste</p><p>artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).</p><p>§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra</p><p>pessoa portadora de deficiência.</p><p>§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fe-</p><p>deral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou</p><p>em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão</p><p>dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.</p><p>Periclitação da vida e da saúde</p><p>• Perigo de contágio venéreo: Consiste em expor outrem por meio de relações sexuais a contágio de molés-</p><p>tia venérea, quando sabe ou deve saber que está contaminado. Ex. João sabe que tem AIDS, mas insiste em</p><p>ter relações sexuais com a sua esposa de maneira desprotegida.</p><p>Se a intenção do agente é transmitir a moléstia venérea o crime qualifica-se, isto é, possui uma pena mais</p><p>severa.</p><p>Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia</p><p>venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>§ 2º - Somente se procede mediante representação.</p><p>• Perigo de contágio de moléstia grave: consiste em praticar ato capaz de produzir contágio, tendo o dolo</p><p>se transmitir a outrem a moléstia (doença) de que está contaminado. Ex. sabendo que estou com coronavírus</p><p>espirro na face do meu desafeto.</p><p>Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de</p><p>produzir o contágio:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>20</p><p>• Perigo para a vida ou saúde de outrem: consiste em expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e</p><p>iminente. A pena é aumentada se o perigo ocorre em transporte de pessoas. Ex. transportar crianças de uma</p><p>creche sem que o automóvel respeite as normas de segurança.</p><p>Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano,</p><p>se o fato não constitui crime mais grave.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de ou-</p><p>trem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer</p><p>natureza, em desacordo com as normas legais.</p><p>• Abandono de incapaz: Abandonar a pessoa que está sob o seu cuidado/guarda/vigilância/autoridade inca-</p><p>paz de se defender dos riscos do abandono. Ex. deixo meu sobrinho menor de idade em uma viela perigosa.</p><p>Eventual lesão corporal ou morte qualificam o crime. Aumenta a pena se o abandono ocorrer em local ermo,</p><p>entre parentes próximos/tutor/curador, se a vítima é maior de 60 anos.</p><p>Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer</p><p>motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a três anos.</p><p>§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:</p><p>I - se o abandono ocorre em lugar ermo;</p><p>II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.</p><p>III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos</p><p>• Exposição de abandono de recém nascido: consiste em expor/abandonar o recém nascido para ocultar</p><p>desonra própria. Ex. tenho um filho fora do casamento e o abandono para o meu esposo não saber. Eventual</p><p>lesão corporal ou morte do recém-nascido qualificam o crime.</p><p>Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos.</p><p>§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - detenção, de dois a seis anos.</p><p>• Omissão de socorro: crime omissivo, no sentido de deixar de prestar assistência quando possível fazê-lo a</p><p>criança abandonado, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, em grave ou iminente perigo. Se não for possí-</p><p>vel o socorro direto, o agente deve, pelo menos, pedir socorro à autoridade pública, para não cometer o crime</p><p>de omissão de socorro. A lesão corporal grave e a morte aumentam a pena.</p><p>Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada</p><p>ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nes-</p><p>ses casos, o socorro da autoridade pública:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,</p><p>e triplicada, se resulta a morte.</p><p>• Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial: exigir garantia, bem como preenchimen-</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>21</p><p>to de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico hospitalar emergencial. Ex. chego</p><p>no PS infartando e me mandam dar uma garantia financeira para que ocorra o meu atendimento. Aumentam a</p><p>pena eventual morte ou lesão corporal grave.</p><p>Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio</p><p>de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de</p><p>natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.</p><p>• Maus tratos: Expor a perigo de vida/saúde uma pessoa que está sob sua autoridade/guarda/vigilância,</p><p>tendo como finalidade educação, ensino, tratamento, custódia, privando-a de alimentação ou cuidados indis-</p><p>pensáveis, sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, abusando dos meios de correção e disciplina. Ex.</p><p>pai espanca o filho com a intenção de educá-lo. Caso ocorra lesão corporal grave ou morte da vítima a pena é</p><p>aumentada, bem como se ela possui menos de 14 anos de idade.</p><p>Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de</p><p>educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer</p><p>sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.</p><p>§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.</p><p>▪ Rixa: Consiste em participar da rixa, salvo se a intenção do agente é separar a briga. Qualifica o crime</p><p>eventual lesão corporal grave ou morte.</p><p>Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação</p><p>na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.</p><p>▪ Crimes contra a honra</p><p>• Calúnia: Atribuir a outrem um fato criminoso que o sabe falso. Ex. Eu digo que Juquinha subtraiu o relógio</p><p>de Joana enquanto ela dormia, mesmo sabendo que isso não é verdade.</p><p>Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:</p><p>Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.</p><p>§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.</p><p>Para se livrar do crime de calúnia o agente pode provar que realmente está certo no fato criminal que contou.</p><p>Esse é o instituto da exceção da verdade, mas que não pode ser usado em alguns casos:</p><p>I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irre-</p><p>corrível;</p><p>II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (contra o Presidente da Repú-</p><p>blica, ou contra chefe de governo estrangeiro);</p><p>III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.</p><p>• Difamação: Atribuir a outrem um fato desabonador. Ex. Eu digo que Joana se prostitui nas horas vagas.</p><p>Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:</p><p>Apostila gerada especialmente para: Éverton Rodrigues 466.111.648-80</p><p>22</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.</p><p>Exceção da verdade</p><p>Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é</p><p>relativa ao exercício de suas funções.</p><p>Motivo: é do interesse da Administração Pública saber sobre a conduta dos seus funcionários.</p><p>• Injúria: É o famoso xingar outrem. Ex. palavrões.</p><p>Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Não cabe exceção da verdade. Mas o juiz pode deixar de aplicar a pena se o ofendido provocou a injúria ou</p><p>no caso de retorsão imediata que consista em outra injúria (um injuria o outro).</p><p>Obs.: A injúria possui duas qualificadoras: 1) se há violência/vias de fato, ex. puxão de orelha para dizer que</p><p>Juquinha é burro; 2) Injúria racial, ex. dizer que Juquinha é um macaco em razão da sua cor.</p><p>Em qualquer dos 3 crimes a pena é aumentada quando praticado contra o Presidente da República, ou con-</p><p>tra chefe de governo estrangeiro; contra funcionário público, em razão de suas funções; na presença de várias</p><p>pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; contra pessoa maior de</p><p>60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria (neste caso qualifica). Se o crime é</p><p>cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.</p><p>Existe a exclusão do crime de injúria ou difamação se:</p><p>I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por</p>

Mais conteúdos dessa disciplina