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<p>SISTEMA DE ENSINO</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>LINDB – Parte I</p><p>Livro Eletrônico</p><p>2 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Sumário</p><p>Apresentação ................................................................................................................................... 3</p><p>LINDB – Parte I ................................................................................................................................. 8</p><p>1. Eficácia, Vigência e Vigor ........................................................................................................... 8</p><p>2. Formação da Lei ........................................................................................................................ 10</p><p>3. Princípios da Obrigatoriedade, da Vigência Sincrônica e da Continuidade da Lei .......12</p><p>4. Vacatio Legis, Vacatio Constitutionis e Contagem do Prazo ........................................... 14</p><p>5. Repristinação e Efeito Repristinatório .................................................................................. 17</p><p>6. Correção de Texto de Lei ..........................................................................................................19</p><p>7. Retroatividade ............................................................................................................................21</p><p>7.1. Princípio da Irretroatividade .................................................................................................21</p><p>7.2. Direito Adquirido .................................................................................................................... 22</p><p>7.3. Coisa Julgada .......................................................................................................................... 25</p><p>7.4. Ato Jurídico Perfeito .............................................................................................................. 27</p><p>7.5. Roubier vs Gabba ...................................................................................................................28</p><p>7.6. Graus de Retroatividade ....................................................................................................... 30</p><p>7.7. Situações Jurídicas Institucionais ...................................................................................... 32</p><p>7.8. Normas que Positivam Regras Anteriores e Baseadas em Princípios .......................34</p><p>7.9. Lei do Distrato e Aplicação a Contratos Anteriores ....................................................... 35</p><p>8. Conflito de Normas e Diálogo das Fontes ........................................................................... 37</p><p>8.1. Antinomia ................................................................................................................................. 37</p><p>8.2. Diálogo das Fontes ............................................................................................................... 39</p><p>9. Palavras Finais ..........................................................................................................................40</p><p>Questões de Concurso ................................................................................................................. 41</p><p>Gabarito ........................................................................................................................................... 50</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>3 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>ApresentAção</p><p>Olá!</p><p>Fico feliz em estar aqui para unir-me à tua jornada de estudos para concurso! O cargo que</p><p>você está almejando é formidável. Vale a pena o teu sacrifício de dedicar-se intensamente ago-</p><p>ra para, em um futuro breve, está usufruindo de um salário bem atraente e de uma profissão</p><p>bem entusiasmante!</p><p>Sou o professor Carlos E. Elias de Oliveira. Ministro aula de concurso de Direito Civil há</p><p>mais de 11 anos. Pelo meu currículo, você já percebeu que eu vivi estudando para concursos.</p><p>Consegui realizar o meu objetivo de ser consultor legislativo do Senado após ser o único apro-</p><p>vado no concurso de 2012 (é que os concorrentes foram eliminados por não conseguirem as</p><p>notas mínimas). Antes, eu já havia sido aprovado no concurso de Advogado da União (cargo</p><p>que exerci por quase três anos). E, durante a faculdade, eu havia sido aprovado nos concursos</p><p>de técnico judiciário do TST e do STJ. Eu preferi ficar no STJ na época. E, por conta disso, eu</p><p>gostaria de, antes de começarmos a aula, compartilhar algumas experiências minhas quanto</p><p>ao método mais adequado para estudar para concursos.</p><p>Tenho um amigo que, apesar de sua genialidade, estudava há bastante tempo para concur-</p><p>so sem obter êxito. Ele já era servidor de um Tribunal, mas estava em busca de outros cargos.</p><p>Perguntei-lhe como ele estudava, e ele me disse: “Pego um livro de doutrina e saio a fazer</p><p>resumo”. Vi logo a razão de ele não estar passando nos concursos públicos. Passei-lhe o mé-</p><p>todo que agora te exporei e, algum tempo depois, esse meu amigo conseguiu se aprovado no</p><p>concurso da AGU para Advogado da União e, posteriormente, ele se confortou ao ser aprovado</p><p>para juiz federal.</p><p>Posso assegurar que esse método é o caminho correto para passar em concurso. Só fica</p><p>de fora daí as pessoas que são superdotadas, como um amigo que conheci. As pessoas de</p><p>padrão médio – no meio das quais eu me incluo! – devem adotar o método que exporei.</p><p>Passo a expor o método.</p><p>Estudar para concurso é igual a aprender a jogar futebol. Ninguém lê um livro previamente.</p><p>Já vai direto para o campo de futebol e vai aprendendo na “raça” como jogar. No caso de con-</p><p>curso, o objetivo é você responder corretamente às questões. Logo, você tem de começar os</p><p>estudos pegando questão de concurso.</p><p>Então, a primeira coisa a fazer quando você for estudar é pegar uma questão de concurso</p><p>– seguindo a ordem das matérias do edital – e tentar responder, mesmo não sabendo nada.</p><p>Isso é importante por dois motivos. O primeiro é o de que você desenvolverá uma habilidade</p><p>importante em importante (a de “chutar”). Eu me vali dessa habilidade em todos os concursos</p><p>que fiz, porque sempre a gente vai se deparar com questões cobrando temas que não estu-</p><p>damos. Acontece que, ao ter essa habilidade de “chutar” mais aguçada, a gente passa a dar</p><p>um “chute qualificado” (rs), ou seja, a gente consegue intuir qual é a resposta mais provável. É</p><p>claro que você só deve chutar em concursos que não punam o candidato com a perda de uma</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>4 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>questão no caso de erro na resposta (uma errada anula uma certa). O segundo motivo é que</p><p>a tua atenção no estudo se aguçará. De fato, o nosso cérebro, ao deparar-se com um proble-</p><p>ma, ativa a tinta indelével da memória. O que for aprendido dificilmente será esquecido. Por</p><p>exemplo, lembramos, com facilidade, de problemas que sofremos. Semelhantemente, quando</p><p>esbarramos com uma questão de concurso, o nosso cérebro interpreta-a como um problema,</p><p>de sorte que tudo quanto for estudado por força dela será armazenado no cérebro com maior</p><p>perenidade. Duvido você sentir sono ao estudar assim.</p><p>O fato é que, após tentar responder à questão, aí sim você para a tua segunda fonte de</p><p>consulta: o texto da lei. Várias questões de concurso se baseiam no texto da lei. Você vai ler o</p><p>texto da lei sem pressa alguma. Lei e faça anotações.</p><p>Na doutrina, havia duas visões acerca da existência ou não de retroatividade diante de</p><p>efeitos futuros a uma lei que são produzidos por atos, decisões judiciais ou fatos anteriores.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>29 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Para o francês Paul Roubier, a lei nova pode atingir esses efeitos futuros, pois isso seria</p><p>efeito imediato da lei, e não retroatividade. Roubier só excepcionava o caso de contratos, cujos</p><p>efeitos deveriam ser sempre regidos pela lei velha.</p><p>O italiano Carlo Francesco Gabba discordava e entendia que a lei nova não poderia atingir</p><p>esses efeitos futuros, pois isso seria retroatividade: a nova lei estaria indiretamente atingindo</p><p>atos, decisões judiciais ou fatos anteriores a ela e dos quais irradiam os efeitos. Dessa forma,</p><p>para Gabba, a lei velha deveria continuar regendo todos os efeitos, mesmo os produzidos após</p><p>o advento da nova lei.</p><p>No Brasil, sempre se adotou a solução do italiano Gabba em matéria de proteção do direito</p><p>adquirido, da coisa julgada e do ato jurídico perfeito, de maneira que, em regra, não se admite</p><p>que uma nova lei atinja nenhum dos efeitos produzidos por esses óbices constitucionais, nem</p><p>mesmo os futuros a essa nova lei.</p><p>Cuidado: se não houver óbice constitucional (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa</p><p>julgada), a lei nova atinge automaticamente efeitos futuros e pendentes de situação jurídica</p><p>anterior e, ainda, se houver previsão expressa, poderá atingir efeitos pretéritos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>30 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>7.6. grAus de retroAtiVidAde</p><p>Quanto aos efeitos, a retroatividade pode ser dividida em três espécies: (1) máxima: é a</p><p>máxima intensidade de uma retroatividade, pois a nova lei atinge efeitos pretéritos, pendentes</p><p>e futuros de um ato pretérito; (2) média: a nova lei atinge apenas efeitos pendentes e futuros</p><p>de um ato pretérito; (3) mínima: a nova lei atinge apenas os efeitos futuros de um ato pretérito.</p><p>Ao se tratar de norma constitucional originária (NCO) – aquela que é produzida pelo oni-</p><p>potente Poder Constituinte Originário (que, ao elaborar uma nova Constituição, é ilimitado e,</p><p>portanto, pode estabelecer o que lhe aprouver como regra4) –, o STF firmou que: (1) toda NCO</p><p>possui retroatividade mínima, independentemente de previsão expressa; e (2) a NCO pode ter</p><p>retroatividade média ou máxima, desde que haja comando expresso nesse sentido. A ideia</p><p>subjacente a isso é a de que, na sua onipotência, o Poder Constituinte Originário não é obri-</p><p>gado a assistir, no novo Estado que ele constituiu, a uma situação jurídica que ele abominou,</p><p>4 Por falta de pertinência temática, deixa-se de lado aqui as discussões de Direito Constitucional acerca da existência de</p><p>limites supradispositivos para o Poder Constituinte Originário.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>31 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>ainda que seja procedente de um ato jurídico perfeito, de uma coisa julgada ou de um direito</p><p>adquirido anterior à CF. Por isso, qualquer NCO possui retroatividade mínima automaticamen-</p><p>te. Lembre-se de que foi o Poder Constituinte Originário quem estabeleceu a proteção ao di-</p><p>reito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito, de maneira que ele pode, se quiser,</p><p>flexibilizá-los. Seja como for, para haver retroatividade média ou máxima, aí já há necessidade</p><p>de comando expresso em NCO.</p><p>A título de ilustração, suponha que a CF, na sua versão inicial, tivesse proibido a cobrança</p><p>de juros remuneratórios acima de 12% a.a. em qualquer contrato bancário. Nesse caso, há uma</p><p>NCO a abominar a cobrança de juros acima desse patamar, de maneira que quem havia se</p><p>comprometido a pagar 20% a.a. de juros por meio de um contrato de empréstimo bancário (ato</p><p>jurídico perfeito) celebrado antes da CF está livre da obrigação de pagar juros acima de 12%</p><p>a.a. relativamente às prestações que se vencerem após o advento da CF. Os efeitos futuros à</p><p>CF do referido contrato deverão submeter-se à NCO (retroatividade mínima), porque nada, nem</p><p>mesmo um contrato, poderá fazer o onipotente Poder Constituinte Originário testemunhar a</p><p>algo que ele repugnou. A CF, todavia, não atingirá as prestações vencidas e pagas antes da CF</p><p>(retroatividade máxima) nem as prestações que, embora tenham vencido antes da CF, estão</p><p>pendentes de pagamento (retroatividade média), pois inexiste determinação expressa para</p><p>tanto. Essas prestações seguirão sujeitas à taxa de juros de 20% a.a.</p><p>Ao se tratar, porém, de normas que não são constitucionais originárias, como as emendas</p><p>à Constituição e as demais normas infraconstitucionais, todas elas devem estrito respeito à</p><p>proibição de retroatividade contra os óbices constitucionais, pois essa vedação foi instituída</p><p>pelo onipotente Poder Constituinte Originário como cláusula pétrea. Diante disso, se a norma</p><p>não for constitucional originária, ela jamais poderá exibir qualquer tipo de retroatividade, se-</p><p>quer mínima, quando se deparar com algum óbice constitucional.</p><p>Assim, no caso ilustrativo acima, se a proibição de cobrança de juros acima de 12% tivesse</p><p>sido imposta por uma lei ordinária, nenhuma das prestações do contrato de empréstimo ban-</p><p>cário seriam atingidas, nem mesmo as vencidas posteriormente a essa nova lei, sob pena de</p><p>violação ao ato jurídico perfeito. Todas as prestações, vencidas e vincendas, sujeitar-se-iam à</p><p>taxa contratada de juros, a de 20% a.a.</p><p>Portanto, diante de óbices constitucionais, não se admite retroatividade alguma, sequer</p><p>mínima, salvo para as normas constitucionais originárias, que possuem retroatividade mínima</p><p>automática e, se contiverem comando expresso, podem ter retroatividade máxima e média.</p><p>Na CF, há dois casos de retroatividade máxima. A primeira é a prevista no art. 51 da</p><p>ADCT, que autorizava, nos três anos seguintes à CF, o desfazimento de doações de grandes</p><p>faixas de terras públicas entre 1962 e 1987. Quem estivesse vivendo em um imóvel adquiri-</p><p>do da União em 1963 de acordo com as leis da época ficaria sujeito a perder a propriedade</p><p>diante de uma nova norma, a CF/1988. Essa situação, por ser flagrantemente controversa</p><p>em matéria de justiça, nunca foi implementada na prática. A segunda hipótese de retroati-</p><p>vidade máxima é a prevista no art. 231, § 6º, da CF, que extinguiu todos os títulos de pro-</p><p>priedades em terras indígenas sem direito à indenização. Quem, por exemplo, comprou um</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>32 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>imóvel da União na década de 1940 e nele edificou toda a sua vida iria ver esse contrato</p><p>de compra e venda totalmente desfeito por força desse dispositivo constitucional e, ainda</p><p>por cima, ficaria sem indenização. Haveria</p><p>de, para servir-se de metáfora, ir morar debaixo</p><p>da ponte para entregar o imóvel aos indígenas. Esse caso de retroatividade máxima vem</p><p>encontrando sólidas resistências e tem ocasionado cruentos conflitos com muitas mortes.</p><p>A nosso sentir, a falta de indenização aos titulares de imóveis nas áreas indígenas é uma</p><p>rombuda injustiça e assemelha-se a um ato medieval de extermínio de vassalos pelo arbi-</p><p>trário suserano. No mínimo, temos que a CF deveria ter assegurado o direito à indenização,</p><p>a ser paga pelo ente público.</p><p>Por fim, entendemos que qualquer norma constitucional originária poderá ter retroatividade</p><p>média automaticamente diante de situações jurídicas de grave violação a direitos fundamen-</p><p>tais. Basta imaginar uma hipótese de um contrato que estabeleça uma pena de tortura contra</p><p>o devedor. Supondo-se que essa cláusula fosse válida à época de sua celebração, o fato é que,</p><p>sobrevindo a CF/88 a proibir penas corporais por dívidas, não se poderia admitir a aplicação</p><p>dessa cláusula em hipótese alguma, ainda que a inadimplência já tenha ocorrido e a inflição da</p><p>pena de tortura esteja pendente de ocorrer à época do advento da CF (retroatividade média).</p><p>Até mesmo situações de retroatividade máxima podem ser admitidas quando houver grave</p><p>violação a direito fundamental, a exemplo do exemplo hipotético de um contrato de compra de</p><p>uma pessoa que, embora fosse válido à época de sua celebração no presente caso cerebrino,</p><p>seria tido por desfeito com o advento da CF/88.</p><p>7.7. situAções JurídicAs institucionAis</p><p>O ato jurídico perfeito abrange apenas as questões que se enquadrem em situações ju-</p><p>rídicas individuais, assim entendidas as questões que são formadas por ato de vontade.</p><p>Assim, por exemplo, o preço de um produto pactuado num contrato é uma situação jurídica</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>33 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>individual, pois decorre de um ato de vontade. Nenhuma lei posterior pode atingir essa situ-</p><p>ação, pois se cuida de ato jurídico perfeito.</p><p>O ato jurídico perfeito não abarca, porém, situações jurídicas institucionais ou estatutá-</p><p>rias, que não são formadas por ato de vontade, e sim por normas gerais e abstratas de or-</p><p>dem pública, e que somente criam um direito adquirido após a ocorrência dos fatos exigidos</p><p>por essas normas. É irrelevante que, no contrato, haja previsão dessas situações jurídicas</p><p>institucionais, pois essas questões não se formam por ato de vontade, e sim pelas normas</p><p>cogentes gerais e abstratas. Nesse caso, enquanto não preenchido o suporte fático previsto</p><p>para essas situações jurídicas institucionais, não há direito adquirido, de modo que nova lei</p><p>atingirá essa situação.</p><p>A moeda é um exemplo de situação jurídica institucional. Se, em um contrato de locação,</p><p>é estipulado que o inquilino deverá pagar o aluguel em Real (moeda vigente), essa cláusula</p><p>contratual reflete uma situação jurídica estatutária. Isso significa que, se sobrevier uma nova</p><p>lei substituindo o Real por Dólar, o locador não poderá alegar ter direito adquirido a continuar</p><p>recebendo o aluguel em Real.</p><p>A periodicidade da correção monetária também é um caso de situação jurídica institucio-</p><p>nal. O STF vedou que um locador corrigisse monetariamente o valor do aluguel em periodici-</p><p>dade inferior à anual após o advento da Lei do Plano Real (Lei 9.069/1995), pois, ainda que</p><p>o contrato de locação tenha sido celebrado antes dessa lei e tenha estabelecido correção</p><p>monetária quadrimestral, a proibição da nova lei contra esse tipo de correção monetária diz</p><p>respeito a uma situação jurídica institucional. A correção monetária quadrimestral só é devi-</p><p>da para os alugueis vencidos anteriormente à Lei do Plano Real (STF, RE 211.304, Pleno, Rel.</p><p>Min. Teori Zavascki, DJe 03/08/2015).</p><p>A multa moratória para atraso no pagamento da contribuição condominial também é si-</p><p>tuação jurídica institucional. Dessa forma, ainda que uma convenção condominial tenha es-</p><p>tabelecido uma multa moratória de 20% antes do CC/2002, esse valor só poderá ser cobrado</p><p>para inadimplementos ocorridos antes desse novo Código Civil, pois, para parcelas vencidas</p><p>posteriormente, aplicar-se-á o teto de 2% de multa moratória prevista no art. 1.336, § 1º, do</p><p>CC/2002. Convenção condominial não é contrato, e sim a disciplina de uma situação jurídica</p><p>estatutária que vai além da mera vontade dos seus firmatários e que se agrega ao regime</p><p>jurídico de cada imóvel (STJ, REsp 722.904, 3ª T., Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,</p><p>DJ 01/07/2005).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>34 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>7.8. normAs que positiVAm regrAs Anteriores e bAseAdAs em princípios</p><p>Não há falar em retroatividade quando sobrevém uma norma que apenas positiva regras</p><p>que já existiam anteriormente com base em princípios. A nova lei traz uma pseudonovidade.</p><p>Nesse caso, os atos praticados antes da nova lei serão disciplinados de acordo com os princí-</p><p>pios então vigentes, o que desaguará em conclusões coincidentes com a proposta pela nova lei.</p><p>O STJ já aplicou essa lógica ao analisar um pedido de falência feito antes da atual Lei de</p><p>Falências (Lei n. 11.101/2005) com fundamento no inadimplemento de uma dívida de valor</p><p>inferior a 40 salários mínimos. Nesse caso, não se poderia aplicar a nova Lei de Quebra, pois</p><p>isso seria retroatividade contra um ato jurídico perfeito (a propositura da ação ocorreu antes</p><p>de 2005). O art. 94, I, da nova Lei de Falência proíbe pedido de falência quando a dívida é in-</p><p>ferior a 40 salários mínimos, em homenagem ao princípio da conservação da empresa. O STJ</p><p>não aplicou esse dispositivo da nova lei, pois isso seria retroatividade. Adotou outro caminho;</p><p>afirmou que, antes da nova Lei de Falência, vigorava o princípio da conservação da empresa e,</p><p>com base nesse princípio, o STJ entendeu não ser lícita a quebra de uma empresa por uma dívi-</p><p>da diminuta, assim entendida qualquer uma de valor inferior a 40 salários mínimos. Com base</p><p>nesse princípio vigente à época do pedido de falência, o STJ negou o pedido de falência por ser</p><p>inferior a 40 salários mínimos (REsp 850.624, 3ª T., Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 21/08/2009).</p><p>Além do mais, o art. 2.035 do CC, ao dispor que os efeitos de atos jurídicos anteriores ao</p><p>CC/2002 devem sujeitar-se a esse novo Código se forem produzidos na vigência deste, pa-</p><p>rece anunciar uma retroatividade mínima, o que seria inconstitucional. Todavia, para conferir</p><p>interpretação conforme a CF para esse dispositivo, o mais adequado é entender que esse</p><p>dispositivo só se aplica aos casos de normas do CC/2002 que tenham positivado regras que</p><p>anteriormente já encontravam suporte nos princípios do ordenamento. Dessa forma, não se</p><p>falará de retroatividade, e sim de aplicação de princípios jurídicos vigentes à época da prática</p><p>do ato e que deságuam em solução jurídica coincidente com as normas escritas do CC/2002.</p><p>Foi nesse sentido que doutrinariamente se posicionou a Ministra Nancy Andrighi.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>35 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>7.9. Lei do distrAto e ApLicAção A contrAtos Anteriores</p><p>No caso de contratos de compra de imóveis “na planta” firmados antes da Lei do Distrato</p><p>(Lei n. 13.786/2018), não se pode aplicar a nova lei, ainda que o desfazimento do contrato (o</p><p>vulgo “distrato”) ocorra posteriormente. É que o contrato é ato jurídico perfeito, ainda que o seu</p><p>“distrato” (um efeito desse ato jurídico perfeito) ocorra posteriormente ao advento de uma nova</p><p>lei. Assim decidiu o STJ, que, sob a relatoria do Ministro Luis Felipe Salomão e citando artigo</p><p>que tivemos a honra de escrever em coautoria com o jurista Bruno Mattos e Silva5, assim se</p><p>pronunciou (STJ, Questão de Ordem no REsp 1.498.484/DF, 2ª Seção, Rel. Ministro Luis Felipe</p><p>Salomão, DJe 25/06/2019):</p><p>“Em alentado estudo sobre a bem recente Lei, os Consultores Legislativos Carlos E. Elias</p><p>de Oliveira e Bruno Mattos e Silva expõem a questão com clareza e apresentam suas</p><p>conclusões:</p><p>‘A nova lei só poderá atingir contratos celebrados posteriormente à entrada em vigor.</p><p>Não poderá, jamais, atingir contratos anteriores, nem mesmo os efeitos futuros desse</p><p>contrato, porque a retroatividade – ainda que mínima – é vedada no direito brasileiro</p><p>para normas que não sejam constitucionais originárias. A propósito, reportamos o leitor a</p><p>excelente artigo da Ministra Fátima Nancy Andrighi e também ao texto “Caso dos planos</p><p>de saúde a retroatividade das leis”.</p><p>Assim, se, após a entrada em vigor da nova lei, um consumidor incorrer em inadimplência</p><p>em relação a um contrato antigo, o caso deverá ser disciplinado pela legislação anterior.</p><p>Não pode a nova lei incidir, sob pena de se chancelar uma retroatividade mínima para a</p><p>nova lei, o que seria inconstitucional.</p><p>De qualquer forma, por uma manobra astuciosa, há a possibilidade de os tribunais, à luz</p><p>da legislação anterior, mudarem seus entendimentos para chegarem a um resultado igual</p><p>ao da nova lei, especialmente quando a questão tiver sido tratada com base na volatili-</p><p>dade de princípios e de cláusulas abertas. Assim, por exemplo, os tribunais costumavam</p><p>considerar abusivas as multas compensatórias acima de 15% do valor pago contra o</p><p>consumidor e, para tanto, valia-se do conceito aberto de abuso de direito previsto nos</p><p>arts. 413 do CC e 51 do CDC. Os tribunais poderiam, baseando-se nesse mesmo conceito</p><p>aberto, passar a entender que a multa compensatória poderia chegar a 25% ou a 50%</p><p>conforme haja ou não patrimônio de afetação, tudo de modo a chegar ao mesmo resul-</p><p>tado prático da nova lei. Entendemos, porém, que essa manobra seria indevida e jamais</p><p>deveria ser admitida pelos tribunais para o caso em específico, pois, além de os referidos</p><p>percentuais serem alarmantes à luz do ordenamento jurídico anterior à nova lei, a orientação</p><p>5 OLIVEIRA, Carlos E. Elias; SILVA, Bruno Mattos e. A recente Lei do Distrato (Lei n. 13.786/2018): o novo cenário</p><p>jurídico dos contratos de aquisição de imóveis em regime de incorporação imobiliária e em loteamento. Dis-</p><p>ponível em: https://www.conjur.com.br/2019-jan-09/opiniao-lei-distrato-contratos-aquisicao-imoveis. Elaborado</p><p>em 6 de janeiro de 2018.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>36 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>consolidada dos tribunais gera legítima expectativa nos indivíduos, que, confiando nela,</p><p>celebram contratos e propõem ações judiciais. Mudar jurisprudência consolidada gera</p><p>insegurança jurídica. Seja como for, caso os tribunais venham a mudar o seu entendi-</p><p>mento, eles devem, no mínimo, modular os efeitos por dois motivos.</p><p>O primeiro motivo é que o próprio CPC protege essa boa-fé e essa segurança jurídica,</p><p>recomendando a modulação de efeitos da mudança de jurisprudência consolidada a fim</p><p>de que o novo entendimento só se aplique para ações judiciais posteriores (art. 927, § 3º,</p><p>CPC). O segundo é que, ao nosso sentir, essa modulação dos efeitos é exigência do prin-</p><p>cípio constitucional da segurança jurídica e da legalidade. É que a norma jurídica tem de</p><p>ser prévia. E, por norma jurídica, há de entender-se não apenas o texto legal, mas também</p><p>a sua interpretação, pois, como é consabido, lei é texto e contexto.</p><p>Portanto, seria inconstitucional mudança de jurisprudência consolidada para atingir</p><p>ações judiciais anteriores.</p><p>Desse modo, temos que, na hipótese de os tribunais vierem a mudar sua jurisprudência</p><p>consolidada para chegar a um resultado similar ao da nova lei, é dever deles aplicar essa</p><p>nova orientação apenas para ações judiciais propostas posteriormente à nova lei, sob</p><p>pena de ferir os princípios constitucionais da segurança jurídica e da legalidade. (Dispo-</p><p>nível em Acesso em: 23 de março de 2019)’”</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>37 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>8. confLito de normAs e diáLogo dAs fontes</p><p>8.1. AntinomiA</p><p>Quanto ao critério de solução de conflitos de normas, a antinomia pode ser dividida em</p><p>duas espécies: (1) aparente: há solução normativa, de maneira que o conflito é meramente</p><p>aparente; (2) real: inexiste solução normativa prévia, de sorte realmente há uma antinomia.</p><p>Como vigora o princípio do non liquet a obrigar o juiz a dar uma solução para qualquer situação,</p><p>a antinomia real deverá ser resolvida no caso concreto de acordo com o princípio da máxima</p><p>justiça: buscar-se-á a solução mais justa em cada caso concreto.</p><p>Quanto ao grau, a antinomia pode ser dividida em três espécies.</p><p>A primeira é a antinomia de primeiro grau, assim entendida aquela que pode ser resolvida</p><p>por meio de um dos critérios normativos, a saber: a) o cronológico ou temporal (norma poste-</p><p>rior prevalece sobre a anterior = lex posterior derogat legi priori); b) o da especialidade (norma</p><p>especial prevalece sobre a geral para casos especiais = lex specialis derogat legi generali); c) o</p><p>hierárquico (norma superior prevalece sobre a inferior. Esses critérios são normativos, pois de-</p><p>correm do nosso ordenamento: o cronológico e o da especialidade podem ser lidos respectiva-</p><p>mente nos §§ 1º e 2º do art. 2º da LINDB, ao passo que o hierárquico – tendo em vista inexistir</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>38 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>hierarquia entre as normas infralegais (lei ordinária não inferior à lei complementar, por exem-</p><p>plo, mas apenas possuem atribuições diversas: há matérias reservadas à lei complementar) –</p><p>é extraído implicitamente da CF, que aponta para as duas hierarquias existentes: a da CF sobre</p><p>todas as demais normas e a das espécies legislativas do art. 59 da CF (leis ordinária e comple-</p><p>mentar, medida provisória etc.) sobre os atos infralegais (como decretos, portarias, resoluções</p><p>etc., os quais não passam de meros atos administrativos de índole normativa). Como se vê,</p><p>o critério hierárquico acaba sendo absorvido pela doutrina do direito constitucional dentro do</p><p>tema de controle de constitucionalidade (é nula norma infraconstitucional posterior que viole</p><p>a CF), da teoria da recepção de normas (CF revoga normas anteriores e inferiores que forem</p><p>incompatíveis) e dos limites do poder regulamentar (os atos infralegais não podem</p><p>contrariar</p><p>as espécies legislativas). Dessa forma, o CC/2002, por ser posterior ao CC/1916, prevalece so-</p><p>bre este último por conta do critério cronológico: isso é um exemplo de antinomia de primeiro</p><p>grau. Toda antinomia de primeiro grau é aparente.</p><p>A segunda espécie é a antinomia de segundo grau, que se reporta a casos em que dois cri-</p><p>térios normativos passam a estar em conflito. É um nível superior (um segundo grau) de con-</p><p>flito: no primeiro grau, foca-se as normas em conflito; no segundo grau, os critérios normativos</p><p>em conflito. O nosso ordenamento prevê a solução normativa apenas nos conflitos envolvendo</p><p>o critério cronológico, fazendo-o ceder diante do critério da especialidade (art. 2º, § 2º, da</p><p>LINDB) e do hierárquico (implícito na CF). Portanto, a antinomia de segundo grau será aparen-</p><p>te apenas nesses casos (cronológico vs especialidade; cronológico vs hierárquico). Quando,</p><p>porém, houver conflito entre os critérios da especialidade com o hierárquico, não há solução</p><p>normativa prévia; temos uma antinomia real, portanto, de sorte que o juiz deverá, no caso con-</p><p>creto, buscar a solução mais justa (princípio da máxima justiça). Se, por exemplo, uma norma</p><p>superior estabelece que os cães-guia estão proibidos de entrar no circo (norma geral, pois trata</p><p>dos animais em geral) e uma norma inferior autoriza a entrada de cegos com cães-guia no cir-</p><p>co (norma especial, pois só trata apenas dos cães-guia), vê-se que cada critério conduz a um</p><p>resultado diferente: pelo critério hierárquico, a norma inferior não prevalece e, portanto, cego</p><p>não poderia entrar com cão-guia, mas, pelo critério da especialidade, a norma inferior – por</p><p>ser especial – prevalecerá em relação à permissão da entrada de cães-guia. Deve-se buscar a</p><p>solução mais justa. Para nós, a mais justa é fazer prevalecer o critério hierárquico e censurar a</p><p>entrada do cão-guia. Por quê? Porque, no circo, algum animal que esteja fazendo o espetáculo</p><p>(suponha ser permitido) poderá estranhar o cão-guia e avançar na plateia. Há justo motivo para</p><p>impedir a entrada de cão-guia, à semelhança da vedação de entrada de cães-guia em ambiente</p><p>de UTI (evitar contaminação nos internados). Portanto, a antinomia de segundo grau pode ser</p><p>aparente ou real, a depender do tipo de conflito.</p><p>A terceira espécie é a antinomia de terceiro grau, que envolve o conflito entre os três crité-</p><p>rios normativos (cronológico, especialidade e hierárquico). Inexiste solução normativa a tanto,</p><p>de sorte que sempre esse tipo de antinomia será antinomia real.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>39 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>8.2. diáLogo dAs fontes</p><p>O Diálogo das Fontes foi desenvolvido no Brasil inicialmente por Cláudia Lima Marques, que</p><p>importou essa teoria do jurista alemão Erik Jaime (canadense radicado na Alemanha, onde é</p><p>docente), que a utilizada para resolver conflitos entre as Diretivas da Comunidade Europeia e</p><p>as normas internas dos países-membros.</p><p>O Diálogo das Fontes rejeita os critérios tradicionais de solução de antinomia (cronológico,</p><p>hierárquico e da especialidade), por considerá-los pobres diante da complexidade do mundo</p><p>atual. No lugar de suprimir uma das normas em conflito, o Diálogo das Fontes propõe coorde-</p><p>ná-las. Em suma, o Diálogo das Fontes propõe a aplicação harmônica, simultânea, coerente e</p><p>coordenada de diversas normas (= fontes legislativas), sempre com vistas a atender ao valor</p><p>do bem tutelado, à luz do ordenamento jurídico. Assim, no caso envolvendo consumidor, have-</p><p>rá de ser aplicado concomitantemente as diversas fontes normativas existentes (como o CDC</p><p>e o NCC), com o escopo de proteger o consumidor, parte hipossuficiente da relação jurídica,</p><p>tendo em vista que a própria Constituição Federal assinala para essa diretriz ao prestigiar a</p><p>dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), o solidarismo (art. 3º, I) e a defesa do consumidor</p><p>(arts. 5º, XXXII, e 170, V).</p><p>Na doutrina, são apontadas três espécies de Diálogo das Fontes: (1) Diálogo sistemáti-</p><p>co de coerência: uma lei serve de base conceitual para outra. Exemplo: em um contrato de</p><p>compra e venda de consumo, deve-se aplicar o CDC concomitantemente com o CC, para ex-</p><p>trair deste último as regras básicas do contrato de compra e venda; (2) Diálogo sistemático</p><p>de complementariedade e subsidiariedade: uma lei completa a outra, complementando-a ou</p><p>suprindo-lhe uma lacuna. Exemplo: em um contrato de consumo e de adesão, a incidência</p><p>do CDC não excluirá a aplicabilidade dos arts. 423 e 424 do NCC, que protegem o aderen-</p><p>te; (3) Diálogo de coordenação e adaptação sistemática (também designado de Diálogo de</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>40 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>influências recíprocas): leis gerais e especiais influenciam-se mutuamente, num diálogo de</p><p>duplo sentido. Exemplo: o CC pode influir na conceituação do que seja consumidor.</p><p>O STJ vem admitindo o Diálogo das Fontes, especialmente na modalidade mais inova-</p><p>dora, que é a do Diálogo de influências recíprocas, aplicando simultaneamente mais de uma</p><p>norma em conflito.</p><p>É verdade que o diálogo das fontes foi negado em ações de indenização movidos por</p><p>filhos de fumantes falecidos, que, com base na teoria do Diálogo das Fontes, reivindicavam</p><p>a aplicação do prazo prescricional de vinte de anos previsto no CC/16, e não o lapso pres-</p><p>cricional de cinco anos do CDC. O STJ, rejeitando o Diálogo das Fontes, adotou o critério</p><p>da especialidade para optar pela aplicação do CDC, o qual, além de conceder bônus ao</p><p>consumidor (como a inversão do ônus da prova), carregaria também ônus (como um menor</p><p>prazo prescricional). Confira-se: STJ, AgRg no AREsp 49.191/SP, 3ª T., Rel. Ministra Nancy</p><p>Andrighi, DJe 21/05/2012.</p><p>A mesma Corte Máxima, todavia, admitiu o diálogo das fontes em ação de indenização</p><p>movida contra hospital, por ter o paciente sofrido necrose em um de seus braços após erro</p><p>médico consistente na aplicação indevida de fármaco. Nesse caso, o STJ afastou o prazo</p><p>prescricional de cinco anos do CDC para convidar o elástico prazo vintenário do CC/16 (STJ,</p><p>REsp 841051/RS, 3ª T., Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 19/11/2010).</p><p>O STJ admite, pacificamente, o Diálogo das Fontes em sede ações de execução fis-</p><p>cal, afastando a ordem de bens penhoráveis da Lei de Execução Fiscal (art. 11 da Lei n.</p><p>6.830/80) em favor da lista do art. 655 do CPC/1973, pois esta última foi fruto de alteração</p><p>feita pela Lei n. 11.382/2006 para viabilizar a tramitação mais célere do processo, em con-</p><p>formidade com o direito fundamental à duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII, CF).</p><p>Confira-se: STJ, REsp 1241063/RJ, 2ª Turma, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe</p><p>13/12/2011.</p><p>9. pALAVrAs finAis</p><p>Amigos e amigas, resolvam exercícios agora. Separamos vários para vocês se divertirem</p><p>ao final desta aula. E não deixem de nos falar acerca das suas impressões sobre essa nossa</p><p>aula. Temos nosso facebook (Carlos Eduardo Elias de Oliveira), nosso Instragram (@profcar-</p><p>loselias e @direitoprivadoestrangeiro), nosso e-mail (carloseliasdeoliveira@yahoo.com.br) e</p><p>também a plataforma virtual aqui. Foi um prazer estar com vocês nesta primeira aula.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à</p><p>responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>41 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>QUESTÕES DE CONCURSO</p><p>010. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quin-</p><p>ze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A res-</p><p>peito dessa situação,</p><p>Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela entrar em vigor, será contado um novo</p><p>período de vacância para o dispositivo alterado.</p><p>É o que se extrai do § 3º do art. 1º da LINDB:</p><p>Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-</p><p>pois de oficialmente publicada.</p><p>§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três</p><p>meses depois de oficialmente publicada.</p><p>§ 2º (REVOGADO)</p><p>§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o</p><p>prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.</p><p>§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.</p><p>Certo.</p><p>011. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/TCE-RO/2019/ADAP-</p><p>TADA) O prazo de vacatio legis da lei brasileira, quando esta for admitida, será de 30 dias nos</p><p>Estados estrangeiros.</p><p>A vacatio legis da lei no estrangeiro será de 3 meses (art. 1º, § 1º, da LINDB).</p><p>Errado.</p><p>012. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quin-</p><p>ze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A res-</p><p>peito dessa situação,</p><p>Não havendo referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em todo o território na-</p><p>cional, três meses após sua publicação.</p><p>É de 45 dias, conforme art. 1º, caput, da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>013. (CESPE/SE-DF/2017) Caso uma lei nova não dispuser sobre a data de início da sua vi-</p><p>gência, entende-se que ela entrará em vigor na data da sua publicação.</p><p>São 45 dias depois (art. 1º, caput, da LINDB).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>42 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Errado.</p><p>014. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Se a lei não dispuser em sentido diverso, a</p><p>sua vigência terá início noventa dias após a data de sua publicação.</p><p>São 45 dias depois, conforme art. 1º da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>015. (CESPE/AUDITOR/TCE-PA/2016) Caso determinada lei tivesse sido publicada no dia</p><p>doze de fevereiro — sexta-feira —, o prazo de vacatio legis começaria a fluir no dia quinze de</p><p>fevereiro.</p><p>O prazo de vacatio legis é de 45 dias, se nada for previsto em contrário (art. 1º, LINDB). Além</p><p>do mais, feriados e finais de semana são irrelevantes para a entrada em vigor da lei, pois as leis</p><p>também têm de ser obedecidas nesses dias não úteis. Por isso, está errada a questão.</p><p>Errado.</p><p>016. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quin-</p><p>ze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A res-</p><p>peito dessa situação,</p><p>Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vigor imediatamente, sen-</p><p>do eventuais correções em seu texto consideradas nova lei.</p><p>Contraria art. 1º, caput, §§ 1º e 4º, da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>017. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/TCE-RO/2019/ADAP-</p><p>TADA) Vacatio legis consiste no intervalo de tempo existente entre o momento da aprovação</p><p>de lei pelo Poder Legislativo e o início de sua vigência.</p><p>A vacatio legis consiste no intervalo entre a publicação e a vigência da lei, nos termos do art.</p><p>1º da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>018. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) O intervalo temporal entre a publicação e o</p><p>início de vigência de uma lei denomina-se vacatio legis.</p><p>É a definição de vacatio legis, que, em regra, é de 45 dias nos termos do art. 1º da LINDB.</p><p>Certo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>43 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>019. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/TCE-RO/2019/ADAP-</p><p>TADA) O legislador poderá determinar prazo específico de vacatio legis.</p><p>Segundo art. 1º da LINDB, salvo disposição em contrário, o período de vacatio legis será de 45</p><p>dias. Em outras palavras, o legislador pode determinar um lapso temporal específico.</p><p>Certo.</p><p>020. (VUNESP/ASSISTENTE LEGISLATIVO/CÂMARA DE NOVA ODESSA-SP/2018) Supo-</p><p>nha-se que a Lei Municipal n. 01/18 tenha sido publicada em 2 de maio de 2018, não cons-</p><p>tando dela nenhuma disposição acerca do início de sua vigência. No dia 23 de maio de 2018,</p><p>ocorre nova publicação do texto dessa lei, destinada a correção. Diante dessa situação, con-</p><p>forme prevê a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a Lei Municipal n. 01/18 co-</p><p>meça a vigorar</p><p>a) 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada, contados a partir da primeira</p><p>publicação, realizada em 2 de maio de 2018.</p><p>b) 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada, contados a partir da nova publi-</p><p>cação, realizada em 23 de maio de 2018.</p><p>c) 30 (trinta) dias depois de oficialmente publicada, contados a partir da primeira publicação,</p><p>realizada em 2 de maio de 2018.</p><p>d) 30 (trinta) dias depois de oficialmente publicada, contados a partir da nova publicação, rea-</p><p>lizada em 23 de maio de 2018.</p><p>e) imediatamente após a primeira publicação, realizada em 2 de maio de 2018.</p><p>É o art. 1º da LINDB.</p><p>Letra b.</p><p>021. (VUNESP/ANALISTA LEGISLATIVO/CÂMARA DE SÃO JOAQUIM DA BARRA-SP/2018)</p><p>Assinale a alternativa que está em consonância com o disposto no Decreto-Lei n. 4.657/1942</p><p>(Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro).</p><p>a) Não se considera lei nova as correções a texto de lei já em vigor.</p><p>b) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, revoga a</p><p>lei anterior.</p><p>c) Salvo disposição em contrário, a lei revogada se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência.</p><p>d) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com o seu livre convencimento</p><p>e) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-</p><p>pois de oficialmente publicada.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>44 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>É o art. art. 1º da LINDB.</p><p>Letra e.</p><p>022. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRF-5ª REGIÃO/</p><p>2017) Suponha que venha a ser editada, sancionada e promulgada lei alterando dispositivos</p><p>do Código Civil. Nesse caso, de acordo com a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro,</p><p>a nova lei começará a vigorar em todo o País, salvo disposição em contrário,</p><p>a) 30 dias depois de oficialmente publicada.</p><p>b) 45 dias depois de oficialmente publicada.</p><p>c) 90 dias depois de oficialmente publicada.</p><p>d) 180 dias depois de oficialmente publicada.</p><p>e) na data da sua publicação oficial.</p><p>É o art. 1º da LINDB.</p><p>Letra b.</p><p>023. (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS/TCE-RO/2019/ADAP-</p><p>TADA) O legislador poderá determinar a vigência imediata de norma jurídica a partir de sua</p><p>aprovação pelo Congresso Nacional.</p><p>A lei só poderá entrar em vigor em algum momento posterior à publicação, após a vacatio</p><p>le-</p><p>gis. Antes disso, nem mesmo os cidadãos têm ciência da lei, pois ela não foi publicada, o que</p><p>inviabilizaria a sua obediência. Além do mais, após a aprovação pelo Congresso Nacional, a lei</p><p>ainda depende de sanção do Presidente da República (se for lei ordinária ou lei complementar)</p><p>e de promulgação para completar.</p><p>Errado.</p><p>024. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-7ª/2017/ADAPTADA) As correções a texto de lei</p><p>já em vigor não são consideradas lei nova.</p><p>É o art. 1º, § 4º, da LINDB.</p><p>Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-</p><p>pois de oficialmente publicada.</p><p>§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>45 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>025. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-TO/2017/ADAPTADA) Será admitida correção de</p><p>texto legal apenas antes de a lei entrar em vigor.</p><p>É admitido posteriormente também, mas aí se terá uma lei nova, conforme art. 1º, § 4º da LINDB:</p><p>Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias de-</p><p>pois de oficialmente publicada.</p><p>§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.</p><p>Errado.</p><p>026. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) O prazo de vacatio legis se aplica às leis, aos</p><p>decretos e aos regulamentos.</p><p>Como o art. 1º da LINDB cuida de vacatio legis abrangendo apenas espécies legislativas, ele</p><p>não se aplica às normas infralegais, pois estas não são espécies legislativas (não estão no art.</p><p>59, CF), e sim espécies de atos administrativos de índole normativo.</p><p>Errado.</p><p>027. (CESPE/AUDITOR-FISCAL/SEFAZ/2020) Lei nova que estabeleça disposições especiais</p><p>a par das já existentes revogará a lei anterior.</p><p>É o art. 2º, § 2º, da LINDB:</p><p>Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.</p><p>§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-</p><p>patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.</p><p>§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga</p><p>nem modifica a lei anterior.</p><p>§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência.</p><p>Errado.</p><p>028. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quin-</p><p>ze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A res-</p><p>peito dessa situação,</p><p>A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais sobre assunto tratado</p><p>nessa legislação.</p><p>Lei geral não revoga lei especial, conforme § 2º do art. 2º da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>46 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>029. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A Lei n.º XX/XXXX, composta por quin-</p><p>ze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A res-</p><p>peito dessa situação,</p><p>Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior, automaticamente ocorrerá o</p><p>efeito repristinatório se nela não houver disposição em contrário.</p><p>A repristinação (= efeito repristinatório6) não é automático no caso de revogação de lei. Há</p><p>necessidade de previsão expressa. É o art. 2º, § 3º, da LINDB:</p><p>Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revo-</p><p>gue.</p><p>§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-</p><p>patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.</p><p>§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga</p><p>nem modifica a lei anterior.</p><p>§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência.</p><p>Errado.</p><p>030. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-6ª REGIÃO/2018) Ao dizer que, salvo disposição em</p><p>contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência, a Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro está referindo-se à</p><p>a) anterioridade legal.</p><p>b) resilição.</p><p>c) retroação da lei.</p><p>d) repristinação.</p><p>e) sub-rogação.</p><p>Repristinação ou efeito repristinatório é a restauração da vigência de uma lei revogada. Ela, em</p><p>regra, só ocorre se houver previsão expressa nas hipóteses de revogações sucessivas de leis,</p><p>conforme art. 2º, § 3º, da LINDB.</p><p>Letra d.</p><p>031. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-21ª REGIÃO/2017) De acordo com a Lei de Introdu-</p><p>ção às normas do Direito Brasileiro, se a lei “A” for revogada pela “B”, e a lei “B” for revogada</p><p>pela lei “C”, a lei “A”</p><p>a) voltará a ter vigência somente se a lei “C” prever expressamente esse efeito.</p><p>b) voltará a ter vigência mesmo que a lei “C” não preveja expressamente esse efeito.</p><p>6 Há quem distinga os termos, mas não é o caso da questão em tela.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>47 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>c) voltará a ter vigência desde que a lei “C” não vede expressamente esse efeito.</p><p>d) não voltará a ter vigência mesmo que a lei “C” preveja expressamente esse efeito.</p><p>e) não voltará a ter vigência somente se a lei “C” disciplinar inteiramente a matéria que era por</p><p>ela regulada.</p><p>A repristinação de uma lei não é automática; depende de previsão expressa.</p><p>Letra a.</p><p>032. (CESPE/ANALISTA/FUNPRESP-JUD/2016) Ocorre a ultratividade de uma norma jurídi-</p><p>ca quando essa norma continua a regular fatos ocorridos antes da sua revogação.</p><p>É a definição de ultratividade. O juiz aplica a lei da época do fato analisado, ainda que essa lei</p><p>tenha sido revogada. A lei revogada continua em vigor mesmo após sua revogação para os</p><p>fatos ocorridos na sua vigência.</p><p>Certo.</p><p>033. (CESPE/AUDITOR/TCE-PA/2016) O fenômeno da ultratividade da norma jurídica é exce-</p><p>ção à regra de que a lei necessita estar vigente para ser aplicada.</p><p>A ultratividade é uma exceção mesmo à regra geral de que a lei só se aplica enquanto esti-</p><p>ver vigente.</p><p>Certo.</p><p>034. (CESPE/AUDITOR/TCE-PA/2016) É possível que lei de vigência permanente deixe de ser</p><p>aplicada em razão do desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite aplicação</p><p>dos costumes de forma contrária àquela prevista na lei revogada pelo desuso.</p><p>Jamais o desuso pode retirar a eficácia de uma lei, conforme doutrina majoritária. É o que se</p><p>extrai do caput do art. 2º da LINDB:</p><p>Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.</p><p>§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incom-</p><p>patível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.</p><p>§ 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga</p><p>nem modifica a lei anterior.</p><p>§ 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência.</p><p>Errado.</p><p>035. (CESPE/ANALISTA BANCÁRIO/BNB/2018) O ato jurídico perfeito é aquele já consuma-</p><p>do segundo a lei vigente ao tempo em que tenha sido efetuado.</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>48 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>É o art. 6º, § 1º, da LINDB:</p><p>Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-</p><p>rido e a coisa julgada.</p><p>§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.</p><p>§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,</p><p>como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterá-</p><p>vel, a arbítrio de outrem.</p><p>§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.</p><p>Certo.</p><p>036. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Lei em vigor tem efeito imediato e geral, res-</p><p>peitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.</p><p>É o art. 6º da LINDB:</p><p>Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adqui-</p><p>rido e a coisa julgada.</p><p>§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efe-</p><p>tuou.</p><p>§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,</p><p>como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterá-</p><p>vel, a arbítrio de outrem.</p><p>§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.</p><p>Certo.</p><p>037. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRF-1ª REGIÃO/2017) Derrogação é o fenômeno que</p><p>ocorre quando há revogação total de uma lei.</p><p>Derrogação é a revogação de PARTE da lei. Quando a revogação for TOTAL estaremos diante</p><p>da ab-rogação.</p><p>Errado.</p><p>038. (VUNESP/TÉCNICO LEGISLATIVO/CÂMARA DE TAQUARITINGA-SP/2016) Nos ter-</p><p>mos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, quando a lei for omissa, o juiz deci-</p><p>dirá o caso de acordo com</p><p>a) os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à igualdade e à propriedade.</p><p>b) a equidade.</p><p>c) os princípios normativos da Constituição</p><p>d) a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>e) os critérios do livre convencimento motivado.</p><p>É o art. 4º da LINDB:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>49 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os</p><p>princípios gerais de direito.</p><p>Letra d.</p><p>039. (CESPE/PM-CE/2008) É possível admitir o descumprimento de uma lei sob a alegação</p><p>de seu desconhecimento, mesmo após a sua publicação e vigência.</p><p>Isso contraria o princípio da obrigatoriedade da lei, estampado no art. 3º da LINDB:</p><p>Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.</p><p>Errado.</p><p>040. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2015/ADAPTADA) Ao confronto entre uma lei especial e</p><p>outra lei geral e posterior dá-se o nome de antinomia de segundo grau.</p><p>A antinomia de segundo grau se reporta a casos em que há dois critérios normativos em con-</p><p>flito, como se dá na hipótese, em que há conflito entre o critério da especialidade e o critério</p><p>da cronológica.</p><p>Certo.</p><p>041. (FCC/JUIZ – TJPE/2015) O negócio jurídico celebrado durante a vacatio de uma lei que</p><p>o irá proibir é</p><p>a) anulável, porque assim se considera aquele em que se verifica a prática de fraude.</p><p>b) nulo, por faltar licitude ao seu objeto.</p><p>c) inexistente, porque assim se considera aquele que tiver por objetivo fraudar lei imperativa.</p><p>d) válido, porque a lei ainda não está em vigor.</p><p>e) ineficaz, porque a convenção dos particulares não pode derrogar a ordem pública.</p><p>É válido, porque, durante a vacatio legis, a nova lei não está em vigor.</p><p>Letra d.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>50 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>GABARITO</p><p>1. E</p><p>2. C</p><p>3. C</p><p>4. C</p><p>5. E</p><p>6. E</p><p>7. E</p><p>8. b</p><p>9. a</p><p>10. C</p><p>11. E</p><p>12. E</p><p>13. E</p><p>14. E</p><p>15. E</p><p>16. E</p><p>17. E</p><p>18. C</p><p>19. C</p><p>20. b</p><p>21. e</p><p>22. b</p><p>23. E</p><p>24. E</p><p>25. E</p><p>26. E</p><p>27. E</p><p>28. E</p><p>29. E</p><p>30. d</p><p>31. a</p><p>32. C</p><p>33. C</p><p>34. E</p><p>35. C</p><p>36. C</p><p>37. E</p><p>38. d</p><p>39. E</p><p>40. C</p><p>41. d</p><p>Carlos Elias</p><p>Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no</p><p>concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para</p><p>concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado</p><p>da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito</p><p>pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB</p><p>de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do</p><p>Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Apresentação</p><p>LINDB – Parte I</p><p>1. Eficácia, Vigência e Vigor</p><p>2. Formação da Lei</p><p>3. Princípios da Obrigatoriedade, da Vigência Sincrônica e da Continuidade da Lei</p><p>4. Vacatio Legis, Vacatio Constitutionis e Contagem do Prazo</p><p>5. Repristinação e Efeito Repristinatório</p><p>6. Correção de Texto de Lei</p><p>7. Retroatividade</p><p>7.1. Princípio da Irretroatividade</p><p>7.2. Direito Adquirido</p><p>7.3. Coisa Julgada</p><p>7.4. Ato Jurídico Perfeito</p><p>7.5. Roubier vs Gabba</p><p>7.6. Graus de Retroatividade</p><p>7.7. Situações Jurídicas Institucionais</p><p>7.8. Normas que Positivam Regras Anteriores e Baseadas em Princípios</p><p>7.9. Lei do Distrato e Aplicação a Contratos Anteriores</p><p>8. Conflito de Normas e Diálogo das Fontes</p><p>8.1. Antinomia</p><p>8.2. Diálogo das Fontes</p><p>9. Palavras Finais</p><p>Questões de Concurso</p><p>Gabarito</p><p>AVALIAR 5:</p><p>Página 51:</p><p>Talvez você demore 30 minutos nessa</p><p>brincadeira. Não há problema! Você está adquirindo aí uma “memória fotográfica” do texto da</p><p>lei, o que te ajudará futuramente na resolução de questões.</p><p>Não achando a solução para a questão no texto da lei, você irá para a terceira fonte de</p><p>consulta: a doutrina. E aí, se você não tiver livros, até o Google está valendo. Eu já me servi dele</p><p>bastante. Você vai ler a doutrina relativa ao assunto, sem pressa. Faça anotações. Talvez você</p><p>demore uma hora nisso. Não há problemas.</p><p>Após tudo isso, você deve retornar à questão e novamente tentar responder. Pronto! Você</p><p>terá aprendido a matéria de uma forma muito mais perene, porque o teu cérebro dificilmente</p><p>esquecerá tudo quanto você aprendeu ao impulso de um problema (de uma questão). Em se-</p><p>guida, você deve continuar resolvendo mais questões, repetindo a metodologia. Evidentemen-</p><p>te, quando se deparar com matérias do mesmo assunto, você irá mais rápido, porque poderá</p><p>consultar também as tuas anotações.</p><p>Fora isso, você deve ler informativos do STF e – nos casos de concursos de carreiras jurí-</p><p>dicas – do STJ.</p><p>Tenho uma boa notícia para você: as nossas aulas aqui seguirão, no que couber, a metodo-</p><p>logia acima, de maneira que, seguindo as nossas aulas, você acabará estudando toda a maté-</p><p>ria no que é relevante para concurso público.</p><p>É evidente que, nas aulas, a gente não trata de TUDO de Direito Civil. A gente trata apenas</p><p>daquilo que costuma ser cobrado em concurso. É que há diversos temas de Direito Civil que só</p><p>tem relevância para a vida acadêmica; nunca ou raramente cai em concurso. O nosso objetivo</p><p>aqui é contribuir para você conquistar a tua vaga.</p><p>Por fim, faço mais uma advertência. Sacrifique mesmo o teu tempo. Eu, como disse, estu-</p><p>dei bastante para concurso. Lembre-se de que, depois de você ser aprovado no concurso, você</p><p>terá estabilidade financeira e profissional para fazer o que quiser, como desfrutar de lazer, dar</p><p>atenção para família, ir pessoalmente ao Maracanã para ver o maior espetáculo do mundo: a</p><p>torcida do Flamengo vibrando com os gols do Mais Querido etc. Pague o preço para conquistar</p><p>a vitória!</p><p>O seu feedback é importante, especialmente por estarmos em uma aula a distância.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>5 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Sempre que você puder, deixe as suas impressões, com críticas, elogios ou ideias que</p><p>você tiver.</p><p>Curta a aula no link disponível, se você gostar.</p><p>Eu mesmo acompanho as avaliações! Eu e o Gran Cursos nos preocupamos em disponibi-</p><p>lizar o melhor para você!</p><p>Além dos canais de comunicação aqui na plataforma virtual do curso, você pode me con-</p><p>tatar no Facebook (Carlos Eduardo Elias de Oliveira), no Instagram (@profcarloselias e @direi-</p><p>toprivadoestrangeiro) ou por e-mail (carloseliasdeoliveira@yahoo.com.br).</p><p>Orientação sobre a Aula</p><p>Em concursos públicos (e isso vale para as mais diferentes bancas), há questões que exi-</p><p>gem conhecimento do texto da lei (cai muito o texto dela). Dessa forma, o que acaba diferen-</p><p>ciando os candidatos que não apenas passarão, mas também serão nomeados no concurso,</p><p>é o conhecimento de alguns temas doutrinários e jurisprudenciais. Lembre-se de que uma ou</p><p>duas questões podem ser decisivas para você ser nomeado. Por isso, no nosso curso, iremos</p><p>abordar também aspectos doutrinários e jurisprudenciais que, embora não tenham sido muito</p><p>cobrados, podem te distinguir no concurso.</p><p>Por isso, durante as aulas, eu me servirei de questões de várias bancas examinadoras. Não</p><p>é correto você se limitar a questões da banca examinadora do concurso que você fará. É extre-</p><p>mamente comum uma banca examinadora copiar questões de outras.</p><p>Além do mais, não me limitarei a questões do nível do concurso que você fará. Usarei ques-</p><p>tões para os mais variados cargos, porque o meu objetivo é que você esteja preparado não</p><p>apenas para questões mais simples, mas especialmente para as questões mais complexas.</p><p>São estas últimas que te farão não apenas ser aprovado, mas também nomeado! Ademais, eu</p><p>darei preferência a questões mais difíceis: quem se prepara para o mais difícil faz o mais fácil.</p><p>Tem mais uma coisa importante: eu vou aprofundar o conteúdo. Em alguns pontos, eu irei</p><p>além do que comumente vem caindo nas provas. Sabe por quê? Porque é comum haver 5%</p><p>de questões no concurso público que são extremamente difíceis e que trata de assunto novo.</p><p>Eu quero que você acerte esses 5% de questões, exatamente porque elas podem ser decisivas</p><p>para você não apenas ser aprovado no concurso, mas também ser NOMEADO. Uma questão</p><p>pode significar a tua nomeação!</p><p>Resumo desta Aula</p><p>Eu começarei com um resumo de toda a aula.</p><p>Se você estiver com muita pressa, leia este resumo e vá logo para as questões. Isso, porém,</p><p>não é o ideal, porque o resumo não contém detalhes.</p><p>O ideal é que, depois de ver esse resumo, você prosseguir lendo a parte teórica, pois eu</p><p>explico a matéria abordando questões e esclarecendo tudo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>mailto:carloseliasdeoliveira@yahoo.com.br</p><p>6 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Enfim, segue o resumo desta aula:</p><p>• Vigência, vigor e eficácia são conceitos diferentes:</p><p>− Vigência é o período entre a entrada em vigor e a revogação da lei;</p><p>− Vigor é a força vinculante, é a aptidão de sujeitar os fatos à norma. Isso explica a ul-</p><p>tratividade: uma norma, mesmo depois de revogada (após a sua vigência), continua</p><p>tendo força para disciplinar fatos ocorridos durante a vigência (continua com vigor</p><p>para esses fatos);</p><p>− Eficácia é a aptidão da norma para produzir efeitos concretos;</p><p>• A formação da lei ocorre em três fases:</p><p>− A de elaboração: é o processo legislativo;</p><p>− Promulgação: o ato que atesta a existência formal da lei;</p><p>− Publicação: condição de eficácia da lei;</p><p>• Há controvérsia sobre o momento de nascimento da lei: há quem aponte para a promul-</p><p>gação e outros para o último ato do processo legislativo (como a sanção e a derrubada</p><p>do veto nos casos de leis ordinárias e complementares);</p><p>• Há três princípios importantes acerca das leis:</p><p>− Princípio da obrigatoriedade da lei: ninguém pode alegar desconhecimento da lei;</p><p>− Princípio da vigência sincrônica da lei: a lei entra em vigor simultaneamente em todo</p><p>o território;</p><p>− Princípio da continuidade da lei: lei permanece até que outra a revogue;</p><p>• A entrada em vigor da lei ocorre após o período de vacatio legis, que, salvo disposição</p><p>em contrário, é de 45 dias após a publicação ou, para ter eficácia no exterior, é de 3</p><p>meses;</p><p>• Não se aplica a LINDB para a vacatio constitutionis, de modo que a regra é que a CF e</p><p>suas emendas entram em vigor na data de sua publicação. Houve, porém, um caso de</p><p>vacatio constitutionis para uma pequena parte da CF/88: a parte do sistema tributário</p><p>nacional (art. 34 da ADCT);</p><p>• A repristinação é vedada no nosso Direito, salvo previsão expressa;</p><p>• Efeito repristinatório é sinônimo de repristinação como regra geral. Há, porém, quem</p><p>faça a distinção, associando a repristinação ao fenômeno tratado na LINDB (revoga-</p><p>ção de leis sucessivas, caso em que se aplica a vedação de repristinação sem previsão</p><p>legal contrária) e o efeito repristinatório a outras hipóteses (inconstitucionalidade, não</p><p>conversão de Medida Provisória em Lei e competência legislativa). Para essa última</p><p>hipótese, há efeito repristinatório automático: não há necessidade lei para ocorrer.</p><p>De</p><p>qualquer forma, saiba que o STF usa a expressão repristinação e efeito repristinatório</p><p>como sinônimos para casos de inconstitucionalidade;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>7 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>• Em resumo, para concursos públicos, a regra é considerar repristinação e efeito re-</p><p>pristinatório como sinônimos. E, em regra, deve-se considerar que esses termos se</p><p>referem ao caso de revogação de leis sucessivas nos termos da LINDB. Todavia, se o</p><p>examinador fizer distinção entre os termos, recomendamos levar em conta a distin-</p><p>ção acima. Ademais, se o examinador se referir a outras hipóteses diversas da previs-</p><p>ta na LINDB, considere os termos como sinônimos, salvo se o examinador distinguir</p><p>os termos;</p><p>• As normas, em regra, não podem retroagir (princípio da irretroatividade). Apesar dis-</p><p>so, excepcionalmente, elas podem retroagir, se não violarem ato jurídico perfeito, coi-</p><p>sa julgada e direito adquirido;</p><p>• Em matéria de retroatividade, o direito brasileiro adotou a corrente do italiano Carlo</p><p>Francesco Gabba, que entende que efeitos futuros de ato jurídico perfeito pretérito</p><p>continuam regidos pela lei antiga, em respeito à vedação de retroatividade contra ato</p><p>jurídico perfeito;</p><p>• Diante dos óbices constitucionais (ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adqui-</p><p>rido), a retroatividade, ainda que mínima, é vedada. Exceção: norma constitucional</p><p>originária tem retroatividade mínima e, se tiver determinação expressa, pode ter retro-</p><p>atividade média ou máxima;</p><p>• Situações jurídicas institucionais não caracterizam ato jurídico perfeito; logo, lei nova</p><p>pode atingi-lo. Ex.: lei nova que muda a moeda ou a periodicidade da correção mone-</p><p>tária (STF);</p><p>• Lei do Distrato não se aplica para contratos anteriores a ela, ainda que o “distrato”</p><p>ocorra posteriormente (STJ);</p><p>• Havendo conflito de normas (antinomias), a regra é a utilização dos critérios norma-</p><p>tivos, a saber: o cronológico, o da especialidade e o hierárquico. O diálogo das fontes</p><p>é uma forma de solução de antinomias que rejeita esses critérios normativos tradi-</p><p>cionais e propõe que, no caso de antinomias, devem-se aplicar todas as normas em</p><p>conflito simultaneamente, estabelecendo um diálogo entre elas e aplicando, no caso</p><p>concreto, a parte “boa” de cada uma das normas. A ideia é obter, ao final, um resulta-</p><p>do compatível com os valores do ordenamento jurídico.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>CQV</p><p>Realce</p><p>8 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>LINDB – PARTE I</p><p>1. eficáciA, VigênciA e Vigor</p><p>Amigos e amigas, respondam esta questão: certo ou errado? Se não souber, tente chutar a</p><p>resposta mesmo assim.</p><p>001. (CESPE/TJ-AM/JUIZ SUBSTITUTO/2016) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigen-</p><p>te e, por isso, uma vez que ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.</p><p>E aí? Qual é a resposta? Se você não sabe, chute mesmo assim.</p><p>Errado.</p><p>002. (CESPE/AUDITOR/TCU/2011) A vigência, uma qualidade da lei, diz respeito a sua eficá-</p><p>cia temporal.</p><p>Se você não sabia o tema, excelente! Isso significa que você deve prestar o máximo de atenção</p><p>na explicação.</p><p>Certo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>9 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Se você não sabia o tema, excelente! Isso significa que você deve prestar o máximo de</p><p>atenção na explicação.</p><p>Você precisa saber da distinção existente entre três conceitos: vigência, vigor e eficácia.</p><p>É verdade que você encontrará provas que usarão esses conceitos de forma indiscrimina-</p><p>da. Você só levará isso em conta para responder à questão se você verificar que o examinador</p><p>está focando a definição do conceito. Do contrário, não seja rigoroso; não responda “errado” só</p><p>porque o examinador usou um termo de forma indevida.</p><p>Vigência, vigor e eficácia são conceitos diversos, embora todas sejam qualidades da nor-</p><p>ma (ou seja, caracterizam as normas jurídicas).</p><p>A vigência da lei diz respeito ao período da lei, ao tempo de duração da norma, à eficácia</p><p>temporal da lei (lembra da questão do TCU acima?), ao lapso temporal durante o qual a lei tem</p><p>vigor. Ex.: a vigência do CPC/73 é o período compreendido entre a sua entrada em vigor (1º/</p><p>JAN/1974, conforme art. 1.220) e a sua revogação, que ocorreu na data da entrada em vigor</p><p>do novo CPC (18/MAR/2016).</p><p>O vigor é a força vinculante da norma, é a sua condição de sujeitar à norma os fatos. Nor-</p><p>mas sem vigência podem ainda estar em vigor. É o que sucede no fenômeno da ultratividade</p><p>da lei, assim entendido que leis revogadas (sem vigência, portanto) ainda vinculam (possuem</p><p>vigor, portanto) fatos ocorridos antes da revogação. A título de exemplo, o Código Civil de</p><p>1916 (CC/16), embora já tenha sido revogado, ainda continua aplicável a contratos celebrados</p><p>durante a sua vigência. Isso é uma ultratividade: o CC/16 continua em vigor para os fatos jurí-</p><p>dicos ocorridos durante a sua vigência.</p><p>A eficácia é a aptidão da norma para produzir efeitos concretos e pode ser social, técnica</p><p>ou jurídica.</p><p>A eficácia social diz respeito à presença de condições fáticas para o cumprimento da nor-</p><p>ma. Uma lei que, por exemplo, exija que todos os seres humanos se abstenham de dormir para</p><p>sempre é ineficaz socialmente, pois a realidade fática denuncia a impossibilidade de seu cum-</p><p>primento. Alerte-se que eficácia social não se confunde com observância da norma, pois esta</p><p>última significa a necessidade de o Estado valer-se dos meios coercitivos disponíveis para</p><p>exigir o cumprimento de uma norma, como a que exige o uso de cinto de segurança.</p><p>A eficácia técnica reporta-se à presença de condições técnicas para a aplicação. Uma nor-</p><p>ma que dependa de outra para produzir efeitos concretos é um exemplo, tal como sucede</p><p>com as “normas de eficácia limitada”, para usar classificação de José Afonso da Silva. Essa</p><p>norma tecnicamente só poderá produzir efeitos concretos com o advento de uma norma regu-</p><p>lamentadora.</p><p>A eficácia jurídica representa a presença de condições jurídicas para a produção de efeito</p><p>concreto. Toda norma possui eficácia jurídica, pois sempre irradiará efeitos jurídicos, como,</p><p>por exemplo, o de revogar uma norma anterior incompatível.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>10 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Diante disso, veja esta outra questão:</p><p>003. (CESPE/TJ-PB/JUIZ SUBSTITUTO/2016) Em razão da denominada ultratividade da nor-</p><p>ma, mesmo revogado, o Código Civil de 1916 tem aplicação às sucessões abertas durante a sua</p><p>vigência, ainda que o inventário tenha sido proposto após o advento do Código Civil de 2002.</p><p>Exatamente porque o CC/16 possui ultratividade: embora tenha sido revogado, ele continua</p><p>regendo fatos jurídicos (como a sucessão hereditária aberta com a morte de uma pessoa)</p><p>ocorridos durante a sua vigência. A partilha de bens será feita de acordo com as regras do</p><p>CC/1916, ainda que os herdeiros tenham demorado a propor a ação de inventário. O que</p><p>importa, para definir a regra sucessória, é a data da morte da pessoa, e não da data do início</p><p>do processo. O processo apenas é um instrumento para formalizar um direito já existente</p><p>previamente.</p><p>Certo.</p><p>2. formAção dA Lei</p><p>Mudando de assunto, peço que você tente resolver esta questão (certo ou errado?):</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>11 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>004. (CESPE/INSS/ANALISTA/2012) As leis, em sentido amplo, nascem com a promulgação.</p><p>Talvez você se apresse a dizer: “Que absurdo! É com a sanção que a lei nasce!”.</p><p>Certo.</p><p>Keep calm! Deixa eu explicar algumas coisas para você. Em concurso público, você precisa</p><p>sempre tentar descobrir o que estava na cabeça do examinador. Na questão acima, como a</p><p>questão falou de “lei em sentido amplo”, ela abrangeu todas as espécies legislativas do art. 59</p><p>da Constituição Federal (CF), e não apenas as leis ordinária e complementar. Aí no art. 59 da</p><p>CF há menção a várias “leis em sentido amplo” (emendas à Constituição, leis complementares,</p><p>leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos do Congresso Nacio-</p><p>nal e resoluções do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados).</p><p>Isso significa que, por exemplo, a Medida Provisória está incluída nesse meio. Ora, não dá</p><p>para falar que a Medida Provisória nasce com a sanção, porque não existe sanção aí. Na ver-</p><p>dade, a questão em pauta acabou sendo formulada por algum examinador que, provavelmente,</p><p>só deve conhecer alguns manuais de direito civil, porque há civilistas que afirmam que a lei</p><p>nasce com a promulgação. É mais no Direito Constitucional que há divergência apontando a</p><p>“sanção” como o marco de nascimento da lei.</p><p>Seja como for, vamos estudar o assunto.</p><p>A formação da lei em sentido amplo envolve três etapas: (1) a de elaboração da lei; (2) a</p><p>de promulgação da lei; e (3) a de publicação da lei, que é uma condição de eficácia da lei, pois,</p><p>sem publicidade, uma lei não pode irradiar efeitos.</p><p>A fase da elaboração corresponde ao processo legislativo, disciplinado no art. 59 e seguin-</p><p>tes da CF. Tem-se, apenas, uma proposição legislativa. Assim, por exemplo, na fase de elabo-</p><p>ração das leis, tivemos o Projeto de Lei Ordinária n. 1.756/2003, que representava o Projeto de</p><p>Lei Nacional de Adoção.</p><p>A promulgação é ato que atesta a existência formal da lei, embora ainda não tenha entra-</p><p>do em vigor.</p><p>Promulgar é, grosso modo, arrumar o texto final da lei, enumerar adequadamente a norma,</p><p>inserir a numeração sequencial das leis, indicar os dispositivos que foram vetados, acrescer</p><p>a tradicional cláusula de sanção “O PRESIDENTE DA REPÚBLICA faço saber que o Congresso</p><p>Nacional e eu sanciono a seguinte lei” no preâmbulo da lei e lançar a assinatura da autoridade</p><p>promulgadora. Promulga-se uma lei, e não um projeto de lei, porque a lei já existe desde o últi-</p><p>mo ato da primeira etapa de formação da lei.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>12 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Por fim, a publicação é o ato que divulga oficialmente o teor da lei. É a condição para a lei en-</p><p>trar em vigor, atendido – se houver – o período de vacatio legis, instituto a ser estudado adiante.</p><p>Há controvérsia acerca do momento do surgimento da lei, se seria com a promulgação ou</p><p>não. Alguns civilistas apontam para a promulgação como marco inicial, como Maria Helena</p><p>Diniz (2012, p. 111). Outros doutrinadores, porém, entendem que o nascimento ocorre com</p><p>o último ato da fase de elaboração, de maneira que, no caso de leis ordinárias ou comple-</p><p>mentares, a lei nasce antes da promulgação, especificamente com a sanção do Presidente</p><p>da República ou a rejeição do veto presidencial pelo Congresso Nacional, após as quais o</p><p>projeto de lei ordinária transforma-se em uma lei (Fernandes, 2012, p. 856). Parece-nos que a</p><p>segunda corrente é mais adequada, pois se promulga algo que já existe: a lei. O próprio art. 66,</p><p>§ 7º, da CF refere-se à promulgação de lei, e não de projeto de lei. A promulgação, portanto,</p><p>tem eficácia meramente declaratória: a lei já existe antes disso. Portanto, temos que o último</p><p>ato do processo legislativo é o marco do nascimento da lei, de sorte que o parto da lei será a</p><p>sanção ou a derrubada do veto no caso de leis ordinárias complementares (art. 66 da CF) ou a</p><p>aprovação pela última Casa Legislativa no caso de emendas à Constituição (art. 60, § 3º, CF).</p><p>No caso de medidas provisórias, como se trata de um ato único e unilateral do Presidente da</p><p>República, o nascimento da lei coincidirá com a promulgação, pois inexiste ato anterior. E, no</p><p>caso de decreto legislativo e de resolução, o nascimento se dá com a aprovação do projeto</p><p>na forma do Regimento Comum do Congresso Nacional ou do Regimento Interno do Senado</p><p>Federal ou da Câmara dos Deputados.</p><p>Seja como for, para efeito de concurso público, você precisa estar atento ao que está na</p><p>cabeça do examinador. Se for uma prova de Direito Civil, há tendência de o examinador sim-</p><p>plesmente dizer que a lei nasce com a promulgação.</p><p>3. princípios dA obrigAtoriedAde, dA VigênciA sincrônicA e dA continui-</p><p>dAde dA Lei</p><p>Há dois princípios importantíssimos quando tratamos de aplicação da lei e de lei no tempo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>13 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>O primeiro é o princípio da obrigatoriedade da lei, que, em suma, estabelece que há uma</p><p>presunção de que todos conhecem a lei. O fundamento é o art. 3º da LINDB, que estabelece</p><p>que “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”. Essa presunção de</p><p>ciência da lei é relativa, pois admite prova em contrário a depender do caso concreto e de pre-</p><p>visão legal. Por exemplo, o art. 139, III, do CC admite a anulação do negócio jurídico por erro de</p><p>direito, flexibilizando o princípio da obrigatoriedade da lei.</p><p>O segundo princípio é o da vigência sincrônica da lei. A lei entra em vigor simultaneamente</p><p>em todo o território nacional, do Acre ao Rio Grande do Sul. Trata-se do princípio da vigência</p><p>sincrônica da lei, que adota sistema da vigência única, sincrônica ou simultâneo da lei (tam-</p><p>bém chamado de critério do prazo único). Antes da LINDB (que nasceu na década de 1940, em</p><p>04/09/1942), o art. 2º da antiga Lei de Introdução adotava o sistema da vigência sucessiva,</p><p>progressiva ou gradual da lei (também chamado de critério do prazo progressivo), de maneira</p><p>que, salvo disposição diversa, uma nova lei entrava em vigor em momentos diferentes em cada</p><p>região do país: 3 dias depois no antigo Distrito Federal (DF1), 15 dias no RJ – que era vizinho do</p><p>DF –, 30 dias nos Estados marítimos e em MG e 100 dias nos demais locais.</p><p>Não enxergamos obstáculos a que uma lei preveja, para si, uma vigência progressiva, pois</p><p>o próprio caput do art. 1º da LINDB admite disposição contrária.</p><p>Além do mais, o fato de a va-</p><p>catio legis para a vigência da lei brasileira no exterior ser de 3 meses indica haver resquícios do</p><p>sistema da vigência progressiva.</p><p>O terceiro princípio é o da continuidade ou da permanência da lei. De acordo com ele, a lei</p><p>permanece em vigor até que outra a revogue, salvo no caso de lei temporária, que já prevê a</p><p>sua própria caducidade com o advento de um termo. Trata-se do princípio da continuidade ou</p><p>da permanência.</p><p>A revogação consiste em fazer cessar a eficácia de uma lei, encerrando a sua vigência. No</p><p>caso de leis que dão nova redação a dispositivos legais, há uma revogação do texto anterior</p><p>cumulada com a edição de uma nova norma. Pode ser dividida em duas espécies quanto à ex-</p><p>tensão: (1) ab-rogação, quando atinge toda a lei, ou seja, todos os seus dispositivos, a exemplo</p><p>do que sucedeu com o CC/1916, que foi ab-rogado pelo CC/2002; e (2) derrogação, quando</p><p>atinge apenas alguns artigos da lei, a exemplo das revogações ocorridas em dispositivos do</p><p>CC pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, que, ao modificar apenas alguns artigos do CC,</p><p>perpetrou uma derrogação.</p><p>Uma nova lei somente revoga a anterior se entrar em vigor. Antes do início de sua vigên-</p><p>cia, ela não produz o efeito de revogar normas anteriores, pois não tem eficácia jurídica. Não</p><p>importa a data de sua publicação ou de sua promulgação, e sim a data do início da sua vigên-</p><p>cia. Assim, se uma norma tiver um ano de vacatio legis, ela só revogará normas anteriores e</p><p>incompatíveis quando do fim dessa vacatio. Isso explica o atropelamento legislativo perpe-</p><p>trado pelo CPC/2015 (Lei n. 13.105/2015) sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.</p><p>1 Não coincidia, obviamente, com o atual DF, que se localiza na região Centro-Oeste do Brasil e que só foi criado na década</p><p>de 1960.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>14 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>13.146/2015), pois diversos dispositivos que haviam sido alterados por este último diploma</p><p>– como o art 1.769 do CC – foram revogados posteriormente pelo CPC/2015, que entrou em</p><p>vigor em março de 2016, dois meses depois da entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com</p><p>Deficiência. É irrelevante o fato de o Estatuto ter sido promulgado e publicado posteriormente</p><p>ao CPC/2015, pois o que importa é a data do início da vigência.</p><p>Quanto à forma, a revogação pode classificada como expressa, quando textualmente revo-</p><p>gar uma outra norma, ou tácita, quando, apesar de seu silêncio, guardar incompatibilidade com</p><p>outra norma ou regular inteiramente a matéria dessa outra lei (art. 2º, § 1º, da LINDB). É co-</p><p>mum haver novas normas que, sem anunciar a revogação expressa, reiteram o texto de outra</p><p>norma, caso em que, apesar de a disciplina da matéria ter se mantido, poder-se-á falar em revo-</p><p>gação implícita da norma reproduzida se a matéria das normas for a mesma. Há ainda casos</p><p>de normas que disciplinam o assunto de outra sem reiterar dispositivos, caso em que também</p><p>se poderá falar em revogação tácita. Um exemplo é o de que foram revogadas implicitamente</p><p>as Leis n.s 1.046/1950 e 2.339/1954, que previam a extinção do empréstimo consignado com</p><p>a morte do servidor público mutuário, pois a Lei n. 8.112/1990 regulamentou inteiramente a</p><p>matéria – empréstimo consignado por servidor público –, sem reiterar a previsão daquelas leis</p><p>(STJ, REsp 688.286/RJ, 5ª T., Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJ 05/12/2005).</p><p>4. Vacatio Legis, Vacatio constitutionis e contAgem do prAzo</p><p>Veja a questão.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>15 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>005. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Não havendo disposição em contrário, o início da vigência</p><p>de uma lei coincidirá com a data da sua publicação.</p><p>A lei não entra em vigor com a sua publicação. Isso é sempre perguntado em concurso. Ela</p><p>entra em vigor após o período de vacatio legis, que, em regra, é de 45 dias, salvo disposição</p><p>em contrário (art. 1º da LINDB). Para vigência no exterior, a vacatio legis é de 3 meses (art. 1º,</p><p>§ 1º, LINDB).</p><p>Errado.</p><p>Em regra, a lei somente entra em vigor após o transcurso de um tempo posterior à publica-</p><p>ção e destinado a permitir que os destinatários tomem ciência e preparem-se para observar a</p><p>nova lei. Esse lapso temporal entre a publicação e a entrada em vigor (o início da vigência) da</p><p>lei chama-se: (1) vacatio legis para as normas infraconstitucionais ou (2) vacatio constitutionis</p><p>para a Constituição Federal e uma emenda constitucional. Antes de entrar em vigor, não há</p><p>revogação da lei anterior incompatível.</p><p>Salvo previsão em sentido contrário, a vacatio legis é de 45 dias após a publicação ou,</p><p>especificamente para entrar em vigor em território estrangeiro, de 3 meses (art. 1º, LINDB). O</p><p>lapso é maior para vigência no exterior diante da presunção de que a chegada da notícia da</p><p>nova norma pode ser mais demorada. Há vários casos em que a lei brasileira se aplica mesmo</p><p>no exterior, como no caso de regras de sucessão hereditária envolvendo brasileiro domiciliado</p><p>no Brasil na hipótese de o processo de inventário correr no exterior (art. 10, LINDB). Um outro</p><p>exemplo é dado pelo Decreto-Lei n. 333/1967, que, após alterar regras relativas ao imposto de</p><p>importação, afastou expressamente a vacatio legis trimestral da LINDB e estabeleceu entrada</p><p>em vigor imediata à publicação. Além do mais, uma lei que altera regras de casamento, só pas-</p><p>sará a vigorar nos consulados brasileiros (que tem competência para celebrar casamentos)</p><p>sediados em outros países após três meses, salvo previsão legal diversa.</p><p>É comum haver normas que explicitamente estabeleçam que a sua entrada em vigor será</p><p>na data da publicação, hipótese em que não haverá vacatio legis, ou que aumentem o lapso da</p><p>vacatio legis para um ou mais anos. O fato é que a vacatio legis é um período durante o qual a</p><p>lei, embora já tenha sido publicada, ainda está vaga (daí o nome vacatio legis), sem irradiar efei-</p><p>tos concretos, com o objetivo de permitir que os seus destinatários tomem ciência e adotem</p><p>as medidas necessárias para cumprir a lei, como, por exemplo, criar sistemas informáticos ou</p><p>contratar pessoal para obedecer às normas que imponham obrigações de controle tributário.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>16 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Como a norma “tem pressa” para entrar em vigor – como brincamos em sala de aula –,</p><p>a contagem do prazo inclui o dia do início e o dia do fim e autoriza a entrada em vigor no dia</p><p>seguinte à consumação do prazo (art. 8º, § 1º, da LC 95/1998). A contagem é contínua e pode</p><p>recair em dia não útil, pois, afinal de contas, mesmo nos feriados alguma lei deve estar em</p><p>vigor. Na prática, basta somar o prazo da vacatio legis com o dia da publicação, fazendo as</p><p>adaptações de mês necessárias. Assim, se a vacatio legis é de 10 dias e a lei foi publicada no</p><p>dia 11 de um mês, a sua entrada em vigor ocorrerá no dia 21 (10+11). Se a vacatio legis for</p><p>estipulada em anos, a contagem será feita em anos, e não em dias, de modo a que a norma en-</p><p>trará em vigor no dia seguinte à</p><p>consumação. Basta somar a quantidade de anos com o ano da</p><p>data da publicação e considerar o dia seguinte como a data inicial. Assim, por exemplo, o STJ,</p><p>em sessão administrativa ocorrida em 2/MAR/2016, entendeu que o CPC de 2015, por ter sido</p><p>publicado em 17/MAR/2015 e por conter comando de vacatio legis de um ano da publicação</p><p>(art. 1.045), entraria em vigor no dia 18/MAR/2016, dia seguinte à consumação do prazo. Se o</p><p>ano do vencimento do prazo não contiver o dia correspondente ao ano de início da contagem,</p><p>o prazo finda-se no primeiro dia subsequente, conforme art. 2º da Lei que define o ano civil (Lei</p><p>810/1949). Ex.: se uma lei é publicada em 29/FEV/2016 com vacatio legis de 1 ano, o prazo</p><p>se expirará em 1º/MAR/2017 (não há dia 29/FEV no ano de 2017), de modo que a entrada em</p><p>vigor da lei será no dia seguinte, ou seja, em 2/MAR/2017.</p><p>A vacatio constitutionis aplica-se apenas à Constituição Federal e a emendas constitucio-</p><p>nais. Para ela, não se aplica a regra do art. 1º da LINDB (que prevê a regra de 45 dias de vacatio</p><p>legis), pois uma lei ordinária – a LINDB – não pode vincular uma norma superior – a CF ou uma</p><p>emenda constitucional. Dessa forma, se a CF ou a emenda constitucional for omissa, a entrada</p><p>em vigor será na data de sua publicação. Isso significa que a vacatio constitutionis é admitida</p><p>no Brasil, desde que haja previsão expressa na CF ou na emenda constitucional.</p><p>No caso da CF/88, ela entrou em vigor na data de sua promulgação por comando próprio</p><p>(art. 1º, ADCT), salvo na parte relativa ao sistema tributário nacional, que desfrutou de uma va-</p><p>catio constitucionais até o primeiro dia do quinto mês seguinte à promulgação da Carta Magna</p><p>(art. 34 da ADCT). No caso de emendas constitucionais, cita-se a Emenda Constitucional n. 25,</p><p>que previu, para si, uma vacatio constitutionis de cerca de 10 meses.</p><p>Por fim, como o art. 1º da LINDB cuida de vacatio legis abrangendo apenas espécies legis-</p><p>lativas, ele não se aplica às normas infralegais, pois estas não são espécies legislativas (não</p><p>estão no art. 59, CF), e sim espécies de atos administrativos de índole normativo. É o caso de</p><p>decretos editados pelo Presidente da República para regulamentar lei e de outros atos norma-</p><p>tivos de autoridades públicas (como uma portaria do chefe de uma repartição pública). Nesses</p><p>casos, vigora as regras de Direito Administrativo, segundo a qual o ato administrativo produz</p><p>efeitos com a ciência do seu destinatário. Isso significa que, com a publicação do ato, presu-</p><p>mir-se-á a ciência do destinatário e, portanto, a norma infralegal já estará em vigor. É evidente</p><p>que a própria norma infralegal pode diferir a sua entrada em vigor, mas, nessa hipótese, será</p><p>atécnico servir-se da expressão vacatio legis, pois não se trata de uma lei (legis). Melhor seria</p><p>falar em vacatio infralegis, para servir-se de um neologismo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>17 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>5. repristinAção e efeito repristinAtório</p><p>Um dos temas mais perguntados em concurso em relação à LINDB é a repristinação. Res-</p><p>ponda a esta questão:</p><p>006. (FCC/PROCURADOR/PREFEITURA DE SÃO LUÍS/2016) A partir da vigência de uma lei,</p><p>sua eficácia só poderá ser descontinuada pela revogação por outra, sendo possível a repristi-</p><p>nação tácita, em decorrência do princípio da continuidade das leis.</p><p>A repristinação não pode ser tácita.</p><p>Errado.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>18 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Vamos tratar desse tema.</p><p>Prístino é substantivo arcaico que significa origem, original, primeiro. O prefixo “re” dá ideia</p><p>de retorno, de recuperação. No vernáculo, repristinação, portanto, significa restaurar os aspec-</p><p>tos primitivos, ressuscitar algo antigo. No Direito, repristinação é o fenômeno jurídico em razão</p><p>do qual uma norma revogada volta a viger, ressuscita, restaura-se, repristina-se.</p><p>Tradicionalmente, a repristinação – que também pode ser chamada de efeito repristinató-</p><p>rio – diz respeito apenas a hipóteses de repristinação de uma lei em decorrência da revogação</p><p>da lei revogadora da lei repristinada. Em outras palavras, se uma Lei “A” é revogada por uma Lei</p><p>“B”, a repristinação se daria caso a Lei “A” voltasse a viger em razão da superveniente revoga-</p><p>ção da Lei “B” por uma Lei “C”. A repristinação será intuita por conta do raciocínio de que o úni-</p><p>co obstáculo à irradiação de efeitos pela Lei “A” era a Lei “B”, que a havia revogado. Como esse</p><p>obstáculo foi removido com a revogação da Lei “B”, deduzir-se-ia que a Lei “A” repristinaria, vol-</p><p>tando a estar em vigor a partir dessa revogação. Indo contra essa intuição, o § 3º do art. 2º da</p><p>LINDB proíbe expressamente a repristinação nesse caso, salvo se houver disposição expressa</p><p>em contrário. A repristinação nesses casos não é automática; depende de previsão expressa.</p><p>Se, no exemplo citado, a Lei “C”, ao revogar a Lei “B”, expressamente prever a repristinação de</p><p>todas as normas revogadas pela Lei “B”, a Lei “A” voltará a viger. O comando expresso de repris-</p><p>tinação pode ser específico (nominando as leis a serem repristinadas) ou geral (aludindo-se à</p><p>repristinação de todas as normas que haviam sido tácita ou expressamente revogadas).</p><p>Como a doutrina civilista tradicional só atentava para esse caso de repristinação (a decor-</p><p>rente de revogações sucessivas), popularizou-se a asserção de que a repristinação é vedada,</p><p>salvo disposição em contrário. Todavia, há outras situações jurídicas de repristinação ou de</p><p>efeito repristinatório. Trata-se dos casos de repristinação de uma norma que havia sido: (1)</p><p>revogada por uma lei que, posteriormente, veio a ser declarada inconstitucional em contro-</p><p>le concentrado de constitucionalidade; (2) revogada por uma medida provisória que não foi</p><p>convertida em lei; ou (3) suspensa por uma lei federal geral que posteriormente foi revogada</p><p>nos casos de competência legislativa concorrente do art. 24 da CF. Ora, nessas hipóteses, a</p><p>ressurreição da norma revogada ou suspensa é automática e independe de comando expres-</p><p>so. Não se aplica a esses casos o § 3º do art. 2º da LINDB, que se reserva apenas a casos de</p><p>revogações sucessivas de leis. Essas outras situações representam, portanto, hipóteses de</p><p>repristinação automática.</p><p>Em termos de nomenclatura, preferimos considerar que o verbete “repristinação” deveria</p><p>ser reservado aos casos de revogações sucessivas, para as quais há necessidade de comando</p><p>expresso para a restauração da lei, ao passo que a locução “efeito repristinatório” deveria ser</p><p>aplicada para essas outras hipóteses de ressurreição de normas, que ocorrem automatica-</p><p>mente com a declaração de inconstitucionalidade, como a não conversão da medida provisó-</p><p>ria em lei ou com a revogação da lei federal geral. Assim, com essa distinção de nomenclatura,</p><p>poder-se-ia dizer que a repristinação não é automática, ao passo que o efeito repristinatório o</p><p>é. Um interessante julgado do STJ já chegou a adotar essa nomenclatura (STJ, REsp 517.789,</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>19 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>2ª T., Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 13/06/2015). Todavia, o STF, a doutrina majoritá-</p><p>ria e até mesmo as provas de concursos públicos em geral confundem as expressões “efeito</p><p>repristinatório” e “repristinação”, de modo que o recomendável é, em nome da uniformização</p><p>taxonômica, reputar as duas formas como sinônimas e abrangentes de todas as situações</p><p>acima (seja a de revogações sucessivas, seja as demais situações de restauração de normas).</p><p>A sua pergunta deve ser a seguinte: o que devo fazer em concurso público, professor?</p><p>Minha resposta é a seguinte: tente descobrir o que está na cabeça do examinador mediante</p><p>a leitura da questão. Se a questão deita holofotes sobre a distinção entre as expressões (efei-</p><p>to repristinatório e repristinação), considere a corrente minoritária e distinga os termos. Se,</p><p>porém, não há esse indício, trate os termos como sinônimos, na linha da corrente majoritária.</p><p>6. correção de texto de Lei</p><p>Veja esta questão.</p><p>007. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor</p><p>ocorrer tão somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo da va-</p><p>catio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da primeira publicação.</p><p>Nesse caso, reinicia-se o prazo da vacatio legis, conforme art. 1º, § 3º, da LINDB.</p><p>Errado.</p><p>Vamos a esse assunto.</p><p>Iniciada a vigência de uma lei, a sua alteração só poderá ser feita por lei nova, ainda que</p><p>seja para mera correção textual. Correções de leis em vigor consideram-se lei nova, diz o art.</p><p>1º, § 4º, LINDB. Há exemplos clássicos de erros gramaticais que se perpetuam na legislação</p><p>diante da ausência de nova lei retificadora, a exemplo do uso do verbete “comissão” no lugar</p><p>de “comistão” nos arts. 1.273 e 1.274 do CC e do emprego do adjetivo “poderoso” no lugar de</p><p>“ponderoso” no § 2º do art. 843 da CLT. A doutrina, mesmo sem lei, costuma corrigir essas</p><p>falhas evidentes de redação.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>20 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Todavia, se a lei ainda não tiver entrado em vigor, ainda há tempo para a correção de erros</p><p>de redação, mediante nova publicação da lei com o texto corrigido. Nesse caso, não haverá</p><p>uma nova lei; a mesma lei, antes de entrar em vigor, se autorretificou mediante nova publica-</p><p>ção. Isso é plenamente admissível, desde que se trate de mero erro de redação (como erros</p><p>de ortografia). É evidente que mudanças de mérito não poderão ser feitas por nova publicação,</p><p>pois isso já feriria a vontade manifestada pelo Parlamento. Mudanças de mérito dependeriam</p><p>de novo projeto de lei que enfrentasse os trâmites democráticos do processo legislativo. O</p><p>fato é que, havendo nova publicação da lei que ainda não havia entrado em vigor para o efeito</p><p>de correção de erro material, o prazo de vacatio legis reiniciará a contar da nova publicação,</p><p>conforme art. 1º, § 3º, da LINDB. No caso de a parte corrigida ser separável do restante da lei, o</p><p>reinício da contagem da vacatio legis somente ocorrerá em relação aos dispositivos retificados</p><p>dessa lei, de maneira que os dispositivos remanescentes entrarão em vigor anteriormente. Ex.:</p><p>se o art. 1º de uma lei trata de nulidade de cláusula contratual em contrato de consumidor e o</p><p>art. 2º institui um tributo qualquer, essa lei é dividida em duas partes separáveis, de sorte que,</p><p>havendo nova publicação da lei antes da sua entrada em vigor para corrigir um erro ortográfico</p><p>no art. 1º, somente se reiniciará a contagem do prazo da vacatio legis em relação a esse dispo-</p><p>sitivo, de sorte que o art. 2º entraria em vigor antecipadamente.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>21 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>7. retroAtiVidAde</p><p>7.1. princípio dA irretroAtiVidAde</p><p>Amigos e amigas, peço que vocês tentem resolver esta questão:</p><p>008. (VUNESP/MPE-SP/2010) No âmbito do direito intertemporal (direito conflitual de leis no</p><p>tempo), deve-se pressupor, como regra geral e princípio absoluto,</p><p>a) a retroatividade da lei nova.</p><p>b) a irretroatividade da lei nova, preservado o princípio da segurança jurídica.</p><p>c) a retroatividade justa, resguardados sempre o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.</p><p>d) o efeito imediato e geral da nova lei, respeitados tão somente o ato jurídico perfeito e o di-</p><p>reito adquirido.</p><p>e) a sobrevivência da lei antiga, resguardada a ultratividade da norma.</p><p>Se referir à regra da irretroatividade das leis.</p><p>Letra b.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>22 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Vamos falar sobre o tema.</p><p>O prefixo “retro” significa movimento para trás, de sorte que, no vernáculo, retroatividade é</p><p>uma atuação (uma atividade) para trás. No Direito, retroatividade é a aplicação de uma lei para</p><p>fatos anteriores à sua vigência.</p><p>Ora, a regra é a de que nenhuma lei é feita para disciplinar o passado, e sim o presente e</p><p>o futuro, donde dizer-se que vigora no Brasil o princípio da irretroatividade das leis. Leis são</p><p>feitas para disciplinar fatos que vierem ocorrer após a sua vigência.</p><p>Apesar do princípio da irretroatividade, o fato é que a retroatividade das leis é plenamen-</p><p>te admissível, desde que não viole os óbices constitucionais da segurança jurídica: o direito</p><p>adquirido, a coisa julgada e ato jurídico perfeito. Dizem-se constitucionais esses óbices em</p><p>razão de estarem previstos na CF (art. 5º, XXXVI). Eles também estão pormenorizados no art.</p><p>6º da LINDB.</p><p>Em realidade, todos os óbices constitucionais poderiam ser enquadrados em direito adqui-</p><p>rido, pois a coisa julgada e o ato jurídico perfeito são, em última análise, um direito adquirido</p><p>proveniente respectivamente de uma decisão judicial e de um ato jurídico. Todavia, por ques-</p><p>tão didática, a doutrina desmembra do direito adquirido essas outras duas categorias.</p><p>Caso não se viole os óbices constitucionais, uma nova lei, automaticamente (independen-</p><p>temente de previsão expressa), atingirá situações jurídicas novas e pendentes e poderá atingir</p><p>situações jurídicas pretéritas apenas se houver previsão expressa. Reitere-se: isso só acontece</p><p>se essas situações jurídicas não se enquadrarem em nenhum dos óbices constitucionais. A</p><p>título de exemplo, reportamo-nos ao exemplo da licença-prêmio, citado quando tratamos de</p><p>direito adquirido.</p><p>Vamos falar um pouco sobre cada um dos óbices constitucionais.</p><p>7.2. direito Adquirido</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>23 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>009. (FCC/TRT-20ª/2016) Com autorização de lei, a empresa “Z” descarta resíduos sólidos em</p><p>área próxima a uma represa. Se revogada a lei que autoriza o descarte nesta área, a empresa “Z”</p><p>a) não poderá continuar a fazê-lo, pois a lei nova possui efeito imediato e a empresa “Z” não</p><p>tem direito</p><p>adquirido, devendo adequar-se ao novo regime jurídico.</p><p>b) não poderá continuar a fazê-lo, pois, embora a empresa “Z” tenha direito adquirido, a lei de</p><p>ordem pública tem efeito retroativo.</p><p>c) poderá continuar a fazê-lo, pois a empresa “Z” tem direito adquirido, o qual obsta o efeito</p><p>imediato da lei nova.</p><p>d) poderá continuar a fazê-lo, pois a empresa “Z” tem direito adquirido, o qual obsta o efeito</p><p>retroativo da lei nova.</p><p>e) não poderá continuar a fazê-lo, pois, de acordo com as Normas de Introdução às Leis do</p><p>Direito Brasileiro, a lei nova possui efeito retroativo, seja de ordem pública ou não, e a empresa</p><p>“Z” não tem direito adquirido, devendo adequar-se ao novo regime jurídico.</p><p>O caso em pauta pode ser explicado de duas formas. Primeira: não há direito adquirido a regi-</p><p>me jurídico, de maneira que o conjunto de regras ambientais que autorizavam a empresa “Z” a</p><p>poluir (ou seja, o regime jurídico-ambiental) pode ser modificado por nova lei, vedando poluição</p><p>daí para frente. Segunda forma: a empresa “Z” tinha apenas uma faculdade jurídica de poluir e,</p><p>como isso não é direito adquirido, ela perde a faculdade jurídica com a revogação da lei.</p><p>Letra a.</p><p>Vamos tratar um pouco desse tema.</p><p>Direito adquirido é o direito cujos requisitos de aquisição já foram totalmente preenchidos.</p><p>É o direito já incorporado ao patrimônio jurídico do titular. Aí se incluem os direitos que já se</p><p>podem exercer e, também, os direitos sujeitos a condição ou termo suspensivos, conforme art.</p><p>6º da LINDB. Por exemplo, o direito de alguém se tornar proprietário de um imóvel se o Flamen-</p><p>go for campeão neste ano (direito sob condição suspensiva) é, para efeito de proteção diante</p><p>de novas leis, direito adquirido, de sorte que uma lei posterior vedando condições suspensivas</p><p>vinculadas à sorte de um time de futebol seria inócua perante esse direito. Nenhuma lei pode</p><p>retroagir para prejudicar direito adquirido. Se os requisitos de aquisição não foram preenchi-</p><p>dos, há mera expectativa de direito ou mera faculdade jurídica, as quais não são imunizadas à</p><p>retroatividade por não serem direitos adquiridos.</p><p>A expectativa de direito se configura quando ainda não se verificaram todos os fatos exigi-</p><p>dos para a aquisição do direito. O titular da expectativa tem apenas a esperança de que o direi-</p><p>to poderá nascer com a ocorrência desses fatos faltantes. Esses fatos não dependem apenas</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>24 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>da vontade do titular. A faculdade jurídica, por outro lado, consiste na possibilidade de o seu ti-</p><p>tular poder, se quiser, praticar um ato para adquirir um direito. A faculdade jurídica distingue-se</p><p>da expectativa de direito em razão de, na faculdade jurídica, o preenchimento do suporte fático</p><p>de aquisição do direito depender apenas de conduta do titular. É o caso, por exemplo, da facul-</p><p>dade de doar, de testar, de contratar. Se o titular não exercer essa faculdade, não poderá querer</p><p>exercê-la se sobrevier lei cassando-a. Se alguém não fez uma doação quando a lei permitia,</p><p>não poderá realizá-la após a superveniência de lei proibindo-a, pois inexistia direito adquirido a</p><p>doar, e sim mera faculdade jurídica, em desfavor de quem uma nova lei pode retroagir.</p><p>Alerte-se que a locução “faculdade jurídica” também pode ser empregada em um outro</p><p>sentido, como alerta Vicente Ráo. Trata-se de uma faculdade oriunda de um direito adquirido,</p><p>como, por exemplo, a faculdade de usar, fruir e dispor de um imóvel em razão de um direito real</p><p>de propriedade. Não é dessa percepção que estamos tratando ao afirmar que as faculdades</p><p>jurídicas não são protegidas contra a retroatividade.</p><p>É verdade que esses conceitos de expectativa de direito e de faculdade jurídica são</p><p>confusos, tanto que o mestre Clóvis Beviláqua os desqualificava afirmando que eles “ne-</p><p>nhuma luz trouxeram à questão, antes concorreram para obscurecê-la”. Entendemos que</p><p>a maior confusão está na falha distinção de duas espécies de faculdades jurídicas, pois, a</p><p>nosso sentir, sempre uma faculdade jurídica decorre de um direito subjetivo. A faculdade</p><p>de doar decorre do direito subjetivo de fazer doações. Por isso, parece-nos que seria mais</p><p>didático simplesmente se valer da expectativa de direito como conceito que abrangesse</p><p>todas as situações de não preenchimento total dos requisitos de aquisição de um direito,</p><p>inserindo o conceito de mera faculdade jurídica no de expectativa de direito.</p><p>Do fato de a expectativa de direito não ser direito adquirido decorre uma outra conse-</p><p>quência: não há direito adquirido a regime jurídico, assim entendido o conjunto de regras</p><p>que autoriza a aquisição de um direito automaticamente após a ocorrência de fatos pre-</p><p>determinados. Novas leis podem mudar o regime jurídico, resguardado apenas os direi-</p><p>tos cujos fatos aquisitivos já tenham sido totalmente preenchidos por já haver aí direito</p><p>adquirido.</p><p>À guisa de exemplo, a versão original Lei n. 8.112/1990 (art. 87) previa o direito à</p><p>licença-prêmio: o servidor público tinha direito a três meses de folga a cada cinco anos</p><p>de trabalho. Servidores públicos à época dessa versão inicial não têm direito adquirido a</p><p>permanecer com esse regime jurídico generoso. Nova lei poderia extingui-lo, como, aliás,</p><p>ocorreu em 1997, com o advento da Lei n. 9.527/1997, que revogou o referido art. 87 e,</p><p>no seu lugar, inseriu um outro regime jurídico (o da licença-capacitação). Nesse caso,</p><p>nenhum servidor público poderá alegar direito adquirido a, após a lei, continuar receben-</p><p>do novos direitos à licença após o transcurso de novos quinquênios (situações jurídicas</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>25 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>futuras). Se, em 1997, faltava apenas 2 anos para um servidor completar um quinquênio</p><p>de trabalho, esse servidor tinha mera expectativa de direito de adquirir um período de</p><p>licença-prêmio (três meses de folga), de maneira que a nova lei atingirá essa situação</p><p>jurídica pendente e o impedirá de completar o pressuposto fático. Não há necessidade</p><p>de comando expresso, pois novas leis atingem automaticamente situações jurídicas pen-</p><p>dentes e futuras que não constituam óbices constitucionais. Todavia, se algum servidor</p><p>já tiver preenchido um período aquisitivo de licença-prêmio antes de 1997, ele terá direito</p><p>adquirido a fruir um período de licença-prêmio.</p><p>7.3. coisA JuLgAdA</p><p>Na definição do art. 6º, § 3º, da LINDB, coisa julgada (= caso julgado) é definida como a</p><p>decisão judicial da qual não caiba mais recurso. É, em outras palavras, a decisão que “transi-</p><p>tou em julgado”, ou seja, que caminhou até se tornar um julgado. Essa definição é incompleta</p><p>e pode ser elucidada com estudos de Processo Civil, mas, para não escapar ao nosso objeto,</p><p>limitar-nos-emos a remeter ao art. 502 e seguintes do CPC, que detalha o tema. Basta-nos a</p><p>noção dada pela LINDB.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>26 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>O fato é que a coisa julgada garante segurança jurídica ao impedir a contínua rediscussão</p><p>de questões</p><p>já decididas judicialmente. Os romanos, nas suas típicas metáforas, afirmavam</p><p>que a coisa julgada faz do quadrado redondo e do branco preto. Isso significa que, se uma</p><p>sentença reconhecer uma pretensão de uma pessoa (ex.: o direito de um servidor a receber</p><p>uma gratificação) e transitar em julgado, nada mais há a fazer, ainda que a sentença tenha se</p><p>baseado em argumentos equivocados: o quadrado virou redondo. Nem mesmo uma nova lei</p><p>poderia ser editada para atingir esse direito reconhecido por uma coisa julgada, pois nenhuma</p><p>lei pode retroagir para prejudicar coisa julgada.</p><p>É evidente que a coisa julgada define um direito dentro dos limites fáticos e jurídicos vi-</p><p>gentes no momento da propositura da ação ou, no máximo, no caso de fatos supervenientes,</p><p>até a data da decisão judicial. A coisa julgada tem, portanto, limites objetivos. Se, por exemplo,</p><p>alguém ganhou judicialmente um direito com base em uma Lei “X”, os limites objetivos da coi-</p><p>sa julgada não impedirão que esse beneficiário perca esse direito caso a uma nova lei venha</p><p>a revogar a Lei “X”, salvo se o direito previsto na Lei “X” era vitalício ou sujeito a um termo ou</p><p>condição resolutivo além da vigência dessa Lei. Nesse caso, a nova lei não está desafiando a</p><p>coisa julgada, e sim a lei sobre a qual se amparou a coisa julgada. Isso é lícito! O beneficiário</p><p>não poderá invocar a proteção da coisa julgada para preservar o seu direito. Cumpre-lhe recor-</p><p>rer a outro óbice constitucional, se for o caso.</p><p>Assim, por exemplo, se uma pessoa ganha judicialmente direito a receber um benefício as-</p><p>sistencial previsto por uma Lei “X” e com duração enquanto esta estiver em vigor, ela não terá</p><p>direito a continuar recebendo esse benefício assistencial caso essa lei venha a ser revogada2.</p><p>A coisa julgada lhe garantirá o benefício somente durante a vigência da Lei “X”, e não depois.</p><p>Há limites objetivos da coisa julgada. Do contrário, essa pessoa injustamente continuaria a</p><p>perceber um benefício assistencial que os demais indivíduos, que não precisaram de uma</p><p>ação judicial para receber esse benefício, perderam. O direito ao benefício assistencial somen-</p><p>te subsistiria se houvesse algum outro óbice constitucional a imunizá-lo diante dessa nova lei,</p><p>como um direito adquirido, o que não é o caso em pauta, pois a Lei “X” apenas garante o direito</p><p>ao benefício assistencial durante a sua vigência.</p><p>É raro haver um caso de lei que se volte contra uma coisa julgada, dada a manifesta incons-</p><p>titucionalidade. E é disso que a LINDB trata ao vedar a retroatividade contra a coisa julgada.</p><p>Todavia, fora da discussão de retroatividade de leis, podem-se discutir outras situações de</p><p>flexibilização da coisa julgada. A coisa julgada pode ser flexibilizada nas hipóteses processu-</p><p>almente admissíveis, como em ação rescisória (art. 966 do CPC), em defesa em execução de</p><p>sentenças inconstitucionais (arts. 525, § 12, e 535, § 5º, CPC) e em querela nullitatis insanabilis</p><p>2 A observação é feita levando em conta benefícios assistenciais que são outorgados apenas enquanto houver lei. Por exem-</p><p>plo, o famoso benefício assistencial do “Bolsa Família” só é dado enquanto houver lei para tanto. Se revogarem a lei do</p><p>“Bolsa Família”, ninguém mais vai continuar recebendo-o, pois não se trata de um benefício vitalício. O mesmo se dá com</p><p>o benefício assistencial da Lei Orgânica de Assistência Social. A questão trata desses casos. Se, porém, se tratasse de um</p><p>benefício vitalício ou com um termo ou condição resolutivos para além da vigência da lei, a solução seria diferente: a revo-</p><p>gação da lei não iria subtrair o direito daqueles que já tiverem adquirido esse direito, o qual só se extinguirá com a superve-</p><p>niência do termo ou condição resolutivos pertinentes.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>27 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>(doutrina processual admite no caso de vícios transrescisórios, como o de falta de citação).</p><p>Essas hipóteses interessam mais ao Direito Processual.</p><p>Há, porém, uma outra situação de flexibilização da coisa julgada, de relevância para o Direi-</p><p>to Civil. Trata-se do caso de situações jurídicas que envolvam valores constitucionais que, no</p><p>caso concreto, devem ser prestigiados em detrimento da segurança jurídica.</p><p>Se, por exemplo, uma sentença transitasse em julgado ordenando o fuzilamento de um</p><p>devedor, essa sentença poderia ser flexibilizada a qualquer momento, por violar o direito à vida,</p><p>que, no caso concreto, deve preponderar sobre o valor da segurança jurídica.</p><p>Igualmente, em prestígio ao direito fundamental à família, à identidade e à ascendência, é</p><p>cabível nova ação de investigação de paternidade quando houve uma anterior que transitou</p><p>em julgado negando o vínculo de paternidade sem se respaldar em uma verdade científica</p><p>atual. Esse é o entendimento do STJ. Assim, se a anterior ação negou a paternidade com</p><p>base em exame de tipagem sanguínea (suposto pai era AB+ e pretenso filho era O-), não</p><p>caberá nova ação, pois a incompatibilidade sanguínea é uma verdade científica que segue</p><p>atual. Todavia, se o fundamento da negativa da paternidade da primeira ação foi a desse-</p><p>melhança física entre as partes, o pretenso filho poderá flexibilizar a coisa julgada em nova</p><p>ação para pleitear o exame de DNA, pois aparência física não é critério cientificamente válido</p><p>atualmente para esse fim.</p><p>Em relação ao caso de a primeira ação ter-se baseado em exame de DNA, o STJ também</p><p>aceita nova ação de investigação de paternidade se há dúvida razoável quanto à credibilidade</p><p>desse exame, como no caso de suspeita razoável de fraude em um exame de DNA ou no caso</p><p>de o exame de DNA ser inconclusivo (STJ, REsp 1769328/DF, 3ª Turma, Rel. Ministro Moura</p><p>Ribeiro, DJe 06/03/2019)3.</p><p>7.4. Ato Jurídico perfeito</p><p>Os atos jurídicos em geral (como os contratos) são protegidos de mudanças supervenien-</p><p>tes das regras do jogo. Lei nova não pode atingir ato jurídico perfeito. O ambiente de negócios</p><p>de um país seria sombrio se não houvesse essa garantia de segurança jurídica.</p><p>3 Veja também esta matéria: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Negativa-de-pa-</p><p>ternidade-transitada-em-julgado-nao-pode-ser-relativizada-sem-duvida-razoavel.aspx.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ROSEMARY MENDES - 09902621465, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Negativa-de-paternidade-transitada-em-julgado-nao-pode-ser-relativizada-sem-duvida-razoavel.aspx</p><p>http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Negativa-de-paternidade-transitada-em-julgado-nao-pode-ser-relativizada-sem-duvida-razoavel.aspx</p><p>28 de 51www.grancursosonline.com.br</p><p>LINDB – Parte I</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Carlos Elias</p><p>Quando se qualifica como “perfeito” o ato jurídico, quer-se dizer todas as condutas neces-</p><p>sárias à sua prática já foram adotadas. Tudo está “feito” (perfeito). Um contrato que, por exem-</p><p>plo, já foi assinado pelas partes é um ato jurídico perfeito. Se eventualmente o pagamento das</p><p>obrigações do contrato ocorrerá no futuro (como no caso de vendas parceladas em várias</p><p>vezes), isso não desnatura a qualidade de ato jurídico perfeito do contrato, pois este já foi ce-</p><p>lebrado (ato jurídico perfeito) e apenas se prorrogou no tempo o seu cumprimento. Nenhuma</p><p>nova lei pode atingir esse ato jurídico perfeito nem, obviamente, os efeitos dele decorrentes.</p><p>Mais a frente aprofundaremos esse tema ao tratar de graus de retroatividade.</p><p>7.5. roubier Vs gAbbA</p>

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