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<p>Cefaleias</p><p>Beatriz Sartori</p><p>Médica Neurocirurgiã</p><p>CRM-SC 22537 | RQE 23494</p><p>beatrizsartori.md@gmail.com</p><p>@drabeatrizsartori</p><p>La Migraine. - Album comique de pathologie pittoresque,</p><p>Recueil de vingt caricatures médicales, Paris : A. Tardieu, 1823.</p><p>mailto:beatrizsartori.md@gmail.com</p><p>Introdução</p><p>Importância das Cefaleias:</p><p>• Cefaleias representam cerca de 25% dos casos em</p><p>consultas ambulatoriais</p><p>• São frequentemente subdiagnosticadas e</p><p>subtratadas.</p><p>Tipos de Cefaleia:</p><p>• 90% das cefaleias são primárias, sem testes</p><p>confirmatórios e com exames de neuroimagem</p><p>geralmente normais.</p><p>Importância da História Clínica:</p><p>• Uma boa história clínica é crucial para reconhecer</p><p>padrões e fazer o diagnóstico correto.</p><p>• A anamnese detalhada requer tempo, interesse, foco</p><p>e boa relação com o paciente.</p><p>Habilidades na Entrevista:</p><p>• Saber quando e como fazer as perguntas é uma</p><p>habilidade que se desenvolve com a prática e a</p><p>experiência.</p><p>Classificação</p><p>• Primárias:</p><p>• São episódios recorrentes de dor de</p><p>cabeça (ex.: migrânea, cefaleia do</p><p>tipo tensional e cefaleia em salvas).</p><p>• Secundárias:</p><p>• É o sintoma de uma doença</p><p>subjacente, neurológica ou</p><p>sistêmica (ex.: meningite, arterite,</p><p>tumor cerebral...).</p><p>Cefaleias: Importância e</p><p>Diagnóstico</p><p>Aspectos da Anamnese:</p><p>• Tempo: Quando começaram as cefaleias?</p><p>Frequência dos episódios.</p><p>• Intensidade: Gravidade da dor.</p><p>• Localização: Onde a dor é mais intensa?</p><p>• Características dos Episódios: Duração e</p><p>padrões das dores.</p><p>• Reconhecimento de Sinais de Alerta:</p><p>• Identificação de cefaleias secundárias através de</p><p>sinais de alerta (red flags) é fundamental para</p><p>evitar diagnósticos incorretos e tratamentos</p><p>inadequados.</p><p>Sinais de alerta</p><p>Alguns critérios são necessários para que uma cefaleia possa ser considerada secundária</p><p>Mnêmônico</p><p>"Insípida" (de</p><p>Victor Fiorini)</p><p>I: Início súbito N: Déficit</p><p>neurológico</p><p>S: Sinais</p><p>sistêmicos</p><p>I: Inédito (novo</p><p>padrão)</p><p>P: Papiledema I: Idade >50</p><p>anos</p><p>D: Despertar</p><p>pela dor</p><p>A: Uso de</p><p>anticoagulantes</p><p>Cefaleias Secundárias</p><p>1. Hemorragia Subaracnóidea;</p><p>2. Hematoma Subdural;</p><p>3. Meningites bacterianas e virais;</p><p>4. Arterite de Células Gigantes;</p><p>5. Tumores do SNC;</p><p>6. AVC isquêmicos;</p><p>7. MAVs e Trombose Venosa Cerebral;</p><p>8. Hipertensão Intracraniana Idiopática;</p><p>9. Hipotensão Intracraniana;</p><p>10. Síndrome da Encefalopatia Reversível Posterior (PRES);</p><p>Hemorragia</p><p>Subaracnóidea</p><p>Emergência médica com dor de cabeça repentina e intensa</p><p>Sintomas Principais:</p><p>• Dor severa de início abrupto</p><p>• "A pior dor de cabeça da minha vida"</p><p>• Pode incluir alteração do nível de consciência, e sinais de meningismo</p><p>Diagnóstico:</p><p>• Dor na região occipital, ausência de dor anterior, dor "como uma facada", e</p><p>meningismo</p><p>• Regra de Ottawa: Investigação necessária se presente um ou mais dos seguintes</p><p>fatores:</p><p>• Paciente com 40 anos ou mais</p><p>• Dor ou rigidez no pescoço</p><p>• Início durante esforço</p><p>• Dor de cabeça de trovão</p><p>• Perda de consciência testemunhada</p><p>• Flexão limitada do pescoço no exame</p><p>• Sensibilidade da Regra de Ottawa: 100%, mas baixa especificidade (13,6% a 15,3%)</p><p>Exames Diagnósticos:</p><p>• Tomografia Computadorizada (TC) Sem Contraste: Primeira ferramenta</p><p>recomendada; sensibilidade de 98,7% se realizada dentro de 6 horas.</p><p>• Punção Lombar (PL): Recomendado se TC for inconclusiva; busca por células</p><p>vermelhas do sangue e xantocromia no líquido cerebrospinal.</p><p>https://anatpat.unicamp.br/radaneurisma3.html</p><p>REGRA</p><p>PARA NÃO</p><p>MANDAR</p><p>PARA CASA</p><p>O PACIENTE</p><p>COM HSA</p><p>Já ouviu falar na Regra de Ottawa para hemorragia</p><p>subaracnoide (HSA)?</p><p>A investigação com exames de</p><p>imagem é necessária quando o</p><p>paciente apresenta um ou mais</p><p>dos seguintes critérios:</p><p>– Idade ≥40 anos;</p><p>– Dor ou rigidez no pescoço;</p><p>– Perda de consciência;</p><p>– Início durante esforço;</p><p>– Pico súbito da dor (em trovoada);</p><p>– Limitação à flexão do pescoço ao</p><p>exame.</p><p>Na ausência de TODOS esses critérios, NÃO é necessário proceder à</p><p>investigação com TC.</p><p>A sensibilidade destes critérios é de 100% (ou seja, você não vai</p><p>mesmo mandar para casa ninguém com HSA!), mas eles não são</p><p>muito específicos (ou seja, muitas pessoas com positividade nestes</p><p>critérios não terão de fato HSA).</p><p>A tomografia (TC) de crânio realizada dentro das primeiras 6 horas do</p><p>início da dor pode excluir HSA com segurança</p><p>Pacientes de alto risco para HSA pela regra de Ottawa, mas com TC</p><p>normal após 6 horas do início da dor devem ser submetidos à punção</p><p>lombar para análise do líquor (LCR).</p><p>http://www.cmaj.ca/content/189/45/E1379</p><p>http://www.cmaj.ca/content/189/45/E1379</p><p>Hematoma Subdural</p><p>• Sintomas Principais:</p><p>• Dor de cabeça (até 77% dos casos)</p><p>• Convulsões</p><p>• Déficits de memória</p><p>• Histórico de trauma craniano ou causas iatrogênicas (ex:</p><p>punções lombares)</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Imagem: Tomografia Computadorizada (TC) é o padrão-</p><p>ouro</p><p>• Tratamento:</p><p>• Cirurgia:</p><p>• Craniotomia tradicional.</p><p>• Menos invasivas podem ser adequadas</p><p>dependendo do perfil do paciente.</p><p>• Tratamento de Pacientes em Uso de Antiplaquetários:</p><p>• Interrupção de medicamentos e tratamento conservador</p><p>para hematomas pequenos.</p><p>Meningite Bacteriana</p><p>Aguda</p><p>• Definição e Gravidade:</p><p>• Doença com início súbito, alta morbidade e</p><p>mortalidade.</p><p>• Causada por patógenos como</p><p>• Streptococcus pneumoniae,</p><p>• Neisseria meningitidis</p><p>• Haemophilus influenzae tipo B.</p><p>• Grupos especiais como neonatos, grávidas e</p><p>receptores de transplantes são suscetíveis a Listeria</p><p>monocytogenes, Escherichia coli, e estreptococos do</p><p>grupo B.</p><p>• Diagnóstico Clínico:</p><p>• Sintomas Comuns: Rigidez no pescoço, dor de</p><p>cabeça, febre, alteração da consciência.</p><p>• Estudo: Em 95% dos casos, pelo menos dois dos</p><p>sintomas acima estão presentes.</p><p>https://radiopaedia.org/articles/pyogenic-meningitis</p><p>Meningite Bacteriana</p><p>Aguda</p><p>• Exames Diagnósticos:</p><p>• Punção Lombar (PL): Exame chave para</p><p>confirmar o diagnóstico.</p><p>• Achados no Líquido Cerebrospinal (LCR):</p><p>• Pressão de abertura elevada.</p><p>• Pleocitose predominante por</p><p>neutrófilos.</p><p>• Proteína elevada (>100 mg/dL).</p><p>• Glicose reduzida (<30 mg/dL).</p><p>Meningite Bacteriana</p><p>Aguda</p><p>• Tratamento:</p><p>• Terapia Empírica: Início imediato após suspeita</p><p>clínica.</p><p>• Escolha do Tratamento: Baseada nos patógenos</p><p>comuns, contexto clínico, idade e estado</p><p>imunocomprometido.</p><p>• Confirmação Diagnóstica:</p><p>• Cultura do LCR: Padrão-ouro para</p><p>diagnóstico.</p><p>• Ferramentas Adicionais: Coloração de</p><p>Gram, PCR, teste de aglutinação com látex.</p><p>• Nota: Esterilização do LCR pode ocorrer</p><p>em 2 a 4 horas após antibiótico; a PL deve</p><p>ser realizada rapidamente para maximizar</p><p>a identificação do patógeno</p><p>Meningite Associada</p><p>a Vírus</p><p>Questões de</p><p>Revisão</p><p>Arterite de Células Gigantes</p><p>• O que é:</p><p>• Vasculite que afeta artérias de médio e grande porte</p><p>em pessoas com mais de 50 anos.</p><p>• Sintomas Principais:</p><p>• Dor de cabeça temporal</p><p>• Claudicação da mandíbula</p><p>• Sensibilidade no couro cabeludo</p><p>• Distúrbios visuais</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Baseado na clínica e exames laboratoriais (taxa de</p><p>sedimentação elevada)</p><p>• Exame físico: artérias temporais espessadas, pulsos</p><p>diminuídos</p><p>• Complicações: 3-7% podem ter AVC; 15-20% podem</p><p>desenvolver cegueira.</p><p>• Tratamento: Glucocorticoides devem ser iniciados</p><p>imediatamente.</p><p>Tumores do Sistema</p><p>Nervoso Central</p><p>• Relação Tumor-Dor de Cabeça:</p><p>• 50-60% dos tumores cerebrais apresentam dores de</p><p>cabeça.</p><p>• 45% consideram dor de cabeça o pior sintoma.</p><p>• Causas das Dores de Cabeça:</p><p>• Compressão e Tração: Deslocamento de estruturas</p><p>cerebrais, tração em veias e artérias, pressão sobre</p><p>nervos cranianos.</p><p>• Diagnóstico e Tratamento:</p><p>• Diagnóstico por exames radiológicos é essencial para</p><p>confirmar a presença e o tipo de tumor.</p><p>• Tratamento varia conforme o tipo e a localização do</p><p>tumor.</p><p>Evento Isquêmico Agudo</p><p>• Associação com Dores de Cabeça:</p><p>• Mais de 25% dos eventos isquêmicos cerebrais apresentam</p><p>dores de cabeça.</p><p>• Causas Comuns:</p><p>• Doença Aterosclerótica: Afeta as artérias carótidas e</p><p>vertebrobasilares.</p><p>• Dissecção Arterial Cervical (DAC): Prevalente em pessoas</p><p>mais</p><p>jovens.</p><p>• Sintomas de Isquemia Cerebral:</p><p>• Dores de Cabeça</p><p>• Perda de Equilíbrio</p><p>• Distúrbios Visuais</p><p>• Fraqueza Facial e nas Extremidades</p><p>• Dificuldade para Falar</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Tomografia Computadorizada (TC): Identifica perfusão</p><p>sanguínea reduzida e lesões.</p><p>• Angiografia por TC: Utilizada para confirmar e verificar</p><p>estenose arterial, aneurisma dissecante, aba íntima, luz dupla</p><p>ou hematoma intramural.</p><p>• Tratamento:</p><p>• A isquemia cerebral e DAC devem ser tratadas prontamente</p><p>para prevenir danos neuronais e complicações adicionais.</p><p>Hipertensão Intracraniana</p><p>Idiopática (IIH)</p><p>• Definição:</p><p>• Aumento da pressão intracraniana sem causa</p><p>identificável.</p><p>• Também conhecida como síndrome pseudotumor</p><p>cerebral (PTCS).</p><p>• Sintomas Principais:</p><p>• Dores de cabeça.</p><p>• Perda de visão.</p><p>• Tinnitus pulsátil (zumbido).</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Critérios do ICHD-III:</p><p>• Nova dor de cabeça ou agravamento</p><p>significativo de dor existente.</p><p>• Pressão do líquor (LCR) ≥ 250 mm.</p><p>• Tinnitus pulsátil e papiledema.</p><p>• Excluir outras causas para diagnóstico</p><p>primário de IIH ou PTCS secundário.</p><p>Hipertensão Intracraniana</p><p>Idiopática (IIH)</p><p>• Exames e Imagem:</p><p>• Exame Oftalmológico: Detecção de papiledema.</p><p>• Exame Neurológico: Verificar déficits e anormalidades</p><p>dos nervos cranianos (especialmente VI).</p><p>• Ressonância Magnética (RM) ou Tomografia</p><p>Computadorizada (TC): Excluir anomalias estruturais e</p><p>identificar achados como achatamento escleral, sela</p><p>vazia, hérnia das amígdalas cerebelares, estenose do seio</p><p>venoso transversal e distensão da bainha do nervo óptico.</p><p>• Sensibilidade e Especificidade da RM: 74,8% e 94,7%,</p><p>respectivamente.</p><p>• Punção Lombar:</p><p>• Características do Líquido Cerebrospinal (LCR):</p><p>• Composição normal.</p><p>• Pressão de abertura (PO) > 250 mm em adultos e > 280</p><p>mm em crianças.</p><p>https://www.thelancet.com/journals/laneur/article/PIIS1474-4422(15)00298-7/abstract</p><p>Hipotensão Intracraniana</p><p>Espontânea</p><p>• Definição:</p><p>• Síndrome incapacitante de dor de cabeça ortostática</p><p>causada por vazamento de líquido cerebrospinal (LCR)</p><p>e diminuição da pressão no espaço subaracnóideo.</p><p>• Causas:</p><p>• Fístula LCR-venosa.</p><p>• Ruptura dural.</p><p>• Divertículo meníngeo com vazamento.</p><p>• Sintomas:</p><p>• Dor de Cabeça: Piora ao ficar em pé, melhora ao deitar</p><p>(clássico).</p><p>• Outros Sintomas: Fotofobia, perda de visão, diplopia,</p><p>dor nas costas, comprometimento cognitivo, distúrbios</p><p>de movimento (equilíbrio ruim, ataxia, distúrbios na</p><p>marcha, tremores), vertigem e hiperacusia.</p><p>Hipotensão</p><p>Intracraniana</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Imagem:</p><p>• Ressonância Magnética (RM): Principal método.</p><p>Detecta sinais de diminuição do volume de LCR,</p><p>como descenso do tronco encefálico e amígdalas</p><p>cerebelares, achatamento do ponte anterior e</p><p>quiasma óptico, aglomeração da fossa posterior e</p><p>obliteramento das cisternas basais.</p><p>• Medidas de RM: Distância da cisterna suprasselar,</p><p>ângulo pontomesencefálico, ângulo de dobradiça</p><p>venosa, distância mamilopontina, altura da</p><p>hipófise e área do cavum veli interpositi (não</p><p>específicas para SIH).</p><p>• Tratamento:</p><p>• Tamponamento Epidural Não Direcionado:</p><p>Geralmente eficaz.</p><p>• Para Casos Não Responsivos: Mielografia para</p><p>localizar o vazamento e tratamento com</p><p>embolização transvenosa, tamponamento</p><p>direcionado ou cirurgia.</p><p>Trombose Venosa</p><p>Cerebral</p><p>• Trombose Venosa Cerebral (TVC):</p><p>• Disfunção nos processos trombóticos e trombolíticos, levando a uma</p><p>obstrução do fluxo venoso e estase em pequenos vasos e capilares.</p><p>• População: Adultos jovens, mulheres em idade fértil, e crianças.</p><p>• Sintomas:</p><p>• Dor de Cabeça: Frequente.</p><p>• Outros Sintomas: Convulsões, alteração da consciência, indicadores</p><p>neurológicos focais.</p><p>• Apresentação: Pode ser singular ou múltipla.</p><p>• Diagnóstico: Exames de imagem são essenciais para confirmar TVC e excluir</p><p>outras condições.</p><p>MALFORMAÇÕES ARTERIOVENOSAS</p><p>CEREBRAIS(MAVS)</p><p>• Definição:</p><p>• A MAV (Malformação Arteriovenosa) é uma condição congênita onde há uma</p><p>conexão anormal entre artérias e veias, sem a presença dos capilares. O</p><p>sangue flui diretamente das artérias para as veias, causando alta pressão no</p><p>cérebro.</p><p>• Apresentação Clínica:</p><p>• Dores de Cabeça: 14% dos pacientes, frequentemente na região occipital;</p><p>semelhante à enxaqueca (com ou sem aura).</p><p>• Outros Sintomas: Crises convulsivas, hemiparesia, distúrbios visuais.</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Tomografia Computadorizada (TC): Detecta hemorragias associadas e</p><p>levanta suspeitas.</p><p>• Angiografia por Subtração Digital (DSA): Padrão ouro para diagnóstico;</p><p>permite detecção em tempo real e avaliação hemodinâmica.</p><p>• Angiografia por TC e Ressonância Magnética (MR): Útil, mas menos</p><p>detalhada.</p><p>• Consideração: bAVMs secundárias a HHT são pequenas (<1 cm) e podem</p><p>exigir imagem pós-contraste aprimorada.</p><p>Síndrome da Encefalopatia</p><p>Reversível Posterior (PRES)</p><p>• Interrupção na resposta ao fluxo sanguíneo cerebral.</p><p>• Consequências:</p><p>• Alteração na autoregulação do fluxo sanguíneo cerebral.</p><p>• Hipertensão sistêmica rápida.</p><p>• Hiperperfusão devido à incapacidade de resposta</p><p>compensatória.</p><p>• Danos aos vasos cerebrais, extravasamento de proteínas e</p><p>edema vasogênico.</p><p>• Sintomas Comuns:</p><p>• Dor de Cabeça: “Surda” em 50% dos pacientes.</p><p>• Convulsões: Tônico-clônicas generalizadas em 81%.</p><p>• Distúrbios Visuais: Visão turva, diplopia, cegueira cortical.</p><p>• Encefalopatia e Déficits Neurológicos Focais.</p><p>• Dor de Cabeça: “Como um trovão” em alguns pacientes.</p><p>• Estado de Mal Epiléptico e Convulsões Parciais Complexas.</p><p>Síndrome da Encefalopatia Reversível Posterior (PRES)</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Imagens:</p><p>• MRI: Hiperintensidades bilaterais na parte posterior do cérebro; em alguns casos,</p><p>frontal e cerebelar (ponderação T2).</p><p>• TC: Também eficaz na identificação de alterações.</p><p>• Punção Lombar: Para excluir infecções ou hemorragia subaracnóidea.</p><p>• Considerações Demográficas: Importante para o diagnóstico, incluindo</p><p>comorbidades como doenças renais e hipertensão.</p><p>• Fatores de Risco:</p><p>• Eclâmpsia: Identificada como fator significativo em um estudo</p><p>prospectivo.</p><p>Qual a diferença entre Edema</p><p>Vasogênico e Edema Citotóxico?</p><p>Comentário</p><p>A cefaleia pode ser</p><p>classificada como primária</p><p>ou secundária. As</p><p>primárias, como</p><p>enxaqueca e cefaleia</p><p>tensional, não têm uma</p><p>causa subjacente</p><p>específica. Já as cefaleias</p><p>secundárias são sintomas</p><p>de outras condições,</p><p>muitas vezes graves, como</p><p>hemorragia</p><p>subaracnóidea, trombose</p><p>venosa cerebral e</p><p>meningites.</p><p>Identificar sinais de alerta</p><p>para cefaleias secundárias</p><p>é crucial tanto para</p><p>exames quanto para a</p><p>prática clínica. Estes sinais</p><p>ajudam a orientar a</p><p>investigação e o</p><p>tratamento adequado.</p><p>Para lembrar dos</p><p>principais sinais de alerta,</p><p>você pode usar os</p><p>seguintes mnemônicos:</p><p>Mnêmônico SNOOP:</p><p>•S (Sistêmico): Febre, rigidez de</p><p>nuca, HIV, uso de medicações</p><p>imunossupressoras e neoplasias.</p><p>•N (Neurológico): Déficit</p><p>neurológico focal, crises</p><p>epilépticas, edema de papila.</p><p>•O (Older): Cefaleia que começa</p><p>após os 50 anos.</p><p>•O (Onset): Início súbito da dor, a</p><p>pior dor da vida, dor</p><p>desencadeada por esforço físico</p><p>ou manobra de Valsalva.</p><p>•P (Pattern): Cefaleia resistente ao</p><p>tratamento, mudança no padrão</p><p>prévio da dor ou dor de caráter</p><p>progressivo.</p><p>Mnêmônico "Insípida" (de</p><p>Victor Fiorini):</p><p>•I: Início súbito</p><p>•N: Déficit neurológico</p><p>•S: Sinais sistêmicos</p><p>•I: Inédito (novo padrão)</p><p>•P: Papiledema</p><p>•I: Idade >50 anos</p><p>•D: Despertar pela dor</p><p>•A: Uso de anticoagulantes</p><p>Cefaleias</p><p>Primárias</p><p>• Cefaleia Tensional;</p><p>• Enxaqueca;</p><p>• Cefaleia em Salvas;</p><p>• Cefaleia por esforço</p><p>Cefaleia Tensional</p><p>• Definição:</p><p>• Dor de cabeça primária recorrente.</p><p>• Bilateral, intensidade leve a moderada.</p><p>• Duração: 30 minutos a 7 dias.</p><p>• Prevalência:</p><p>• Tipo mais comum de dor de cabeça primária.</p><p>• Distúrbio neurológico frequente.</p><p>• Causas e Mecanismo:</p><p>• Multifatorial: sensibilidade aumentada dos</p><p>nociceptores miofasciais (genética e ambiental).</p><p>• Outras hipóteses incluem sensibilização dos</p><p>nociceptores centrais e disfunção na modulação da dor.</p><p>Cefaleia Tensional</p><p>• Características:</p><p>• Dor</p><p>bilateral, sensação de pressão e distribuição não</p><p>pulsátil, em forma de faixa.</p><p>• Tipos:</p><p>• Episódica infrequente: <1 dia/mês.</p><p>• Episódica frequente: 1–14 dias/mês.</p><p>• Crônica: >15 dias/mês.</p><p>• Menos comum: dor severa, pulsátil ou unilateral.</p><p>• Critérios Diagnósticos (ICHD-3):</p><p>• Dor ≥15 dias/mês por >3 meses.</p><p>• Características: bilateral, pressão não pulsátil, sensação</p><p>de aperto, leve a moderada, sem irritação com atividade</p><p>física.</p><p>• Sintomas adicionais: até 1 fotofobia, náusea leve ou</p><p>fonofobia, sem náusea moderada/severa ou vômitos.</p><p>• Diagnóstico e Exames:</p><p>• Diagnóstico clínico baseado nos critérios ICHD-3.</p><p>• Neuroimagem (CT ou MRI) não é indicada, exceto para</p><p>excluir outras condições graves se houver sintomas</p><p>neurológicos focais.</p><p>Enxaqueca ou Migrânea</p><p>• Definição:</p><p>• Distúrbio primário de dor de cabeça.</p><p>• Tipicamente unilateral e pode durar até 24 horas, raramente</p><p>mais de 3 dias.</p><p>• Características Clínicas:</p><p>• Dor pulsátil, borrifante ou batendo.</p><p>• Frequente acompanhamento por náuseas, fotofobia e/ou</p><p>fonofobia.</p><p>• Fases Clínicas:</p><p>1. Prodromo: Sintomas premonitórios antes da dor de cabeça.</p><p>2. Aura: Sintomas neurológicos focais (25% dos casos).</p><p>3. Cefaleia: Fase de dor de cabeça intensa.</p><p>4. Pós-dromo: Fase de recuperação com dor no pescoço, fadiga e</p><p>dificuldade em retomar atividades.</p><p>Enxaqueca ou Migrânea</p><p>Aura:</p><p>• Sintomas visuais (escotomas cintilantes), sensoriais, de fala, motores, ou</p><p>retinais.</p><p>Diagnóstico (ICHD-3):</p><p>• Com Aura:</p><p>• Pelo menos dois episódios com sintomas de aura reversíveis.</p><p>• Sem Aura:</p><p>• Pelo menos 4 ataques de 4-72 horas.</p><p>• Características: náuseas/vômitos, fotofobia/fonofobia ou ambos.</p><p>• Pelo menos duas das seguintes: dor unilateral, qualidade pulsátil, dor</p><p>moderada/severa, agravamento ou evitação de atividade física.</p><p>Tratamento e Manejo:</p><p>• Repouso em ambiente escuro e silencioso frequentemente alivia a dor.</p><p>• Pesquisa nacional: 75% dos pacientes relatam necessidade de repouso</p><p>absoluto durante os episódios.</p><p>Diagnóstico Clínico:</p><p>• Baseado na história clínica e exame físico com características migranosas.</p><p>• Considerar enxaqueca com aura (sintomas neurológicos focais) e sem aura</p><p>(sem sintomas adicionais).</p><p>Depiction of scotomas. - Hubert Airy,</p><p>"On a distinct form of transient hemiopsia",</p><p>Philosophical transactions of the Royal</p><p>Society of London, February 1870, p. 247-264.</p><p>Curiosidades</p><p>• Evolução dos Tratamentos</p><p>• Uso de Brometo:</p><p>1. Em 1867, começaram a usar brometo de potássio</p><p>para tratar enxaquecas, mas ele não funcionava</p><p>bem para todos os tipos de enxaqueca.</p><p>• Correntes Elétricas:</p><p>1. No final do século XIX, começaram a usar</p><p>correntes elétricas para tratar enxaquecas. Havia</p><p>dois tipos:</p><p>1. Corrente Galvânica: Colocavam eletrodos</p><p>em diferentes partes do corpo para tentar</p><p>aliviar a dor.</p><p>2. Corrente Farádica: Usavam correntes</p><p>alternadas para aumentar o fluxo sanguíneo</p><p>e reduzir a inflamação.</p><p>Cefaleias em Salvas</p><p>Cefaleia em Salvas</p><p>• Características Clínicas:</p><p>• Dor excruciante unilateral na região craniofacial.</p><p>• Sintomas autonômicos no mesmo lado da dor.</p><p>• Agitação durante os ataques.</p><p>• Natureza cíclica: períodos de semanas a meses com dor severa</p><p>seguidos por remissões.</p><p>• Ataques podem durar até três horas e ocorrer múltiplas vezes ao</p><p>dia (até oito episódios diários).</p><p>• Padrão de Apresentação:</p><p>• Mais comum em homens entre 20 e 40 anos.</p><p>• Durante ataques, os pacientes frequentemente andam ou</p><p>aplicam pressão na área dolorida para alívio.</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Baseado em história clínica e sintomas característicos.</p><p>• Exame neurológico pode ser normal fora dos episódios ativos.</p><p>• Neuroimagem e imagem vascular para descartar causas</p><p>estruturais ou neoplásicas.</p><p>• Diagnóstico estabelecido após exclusão de causas secundárias.</p><p>Cefaleia por Esforço</p><p>• Definição Geral:</p><p>• Dor bilateral e pulsátil.</p><p>• Surge após atividades físicas que aumentam a</p><p>pressão intra-abdominal (tosse, exercício físico,</p><p>atividade sexual).</p><p>• Dor geralmente de curta duração e localizada na</p><p>parte posterior da cabeça.</p><p>• Diagnóstico:</p><p>• Baseado na história clínica e características da</p><p>dor.</p><p>• Frequente apresentação em ambientes de</p><p>emergência devido à agudeza da dor.</p><p>• Investigação de etiologias secundárias com</p><p>neuroimagem e exames laboratoriais.</p><p>Cefaleia por Esforço</p><p>Características: Bilateral, pulsátil.</p><p>Sintomas Associados: Náusea, vertigem.</p><p>Ocorrência: Durante ou após tosse intensa.</p><p>Paciente Típico: Acima de 40 anos.</p><p>Nota: Frequentemente secundária a outra condição intracraniana.</p><p>Cefaleias</p><p>Primárias</p><p>por Tosse:</p><p>Características: Bilateral, pulsátil.</p><p>Ocorrência: Após exercício físico sustentado, especialmente em</p><p>clima quente ou altitudes elevadas.</p><p>Fisiopatologia: Vascular não especificada, possível fricção nas</p><p>estruturas cerebrais sensíveis.</p><p>Cefaleias</p><p>Secundária</p><p>s ao</p><p>Exercício:</p><p>Características: Bilateral, pode ser abrupta ou surda.</p><p>Ocorrência: Durante ou após atividade sexual.</p><p>Paciente Típico: Homens entre 20 e 30 anos.</p><p>Nota: Pode ser subnotificado devido ao desconforto em discutir</p><p>atividades sexuais.</p><p>Cefaleias</p><p>Primárias</p><p>Coitais:</p><p>Qual o Tratamento das</p><p>Cefaleias Primárias?</p><p>Cefaleia Tensional</p><p>• Tratamento Profilático:</p><p>• Objetivos: Reduzir frequência, duração e gravidade das</p><p>crises; melhorar eficácia do tratamento agudo.</p><p>• Medicações:</p><p>• Antidepressivo Tricíclico: Amitriptilina (mais</p><p>eficaz).</p><p>• Anticonvulsivantes: Topiramato e Gabapentina</p><p>(reduzem a frequência das crises).</p><p>• Tratamento Agudo:</p><p>• Medicamentos:</p><p>• Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs):</p><p>Ibuprofeno (400-600 mg/dia) e Aspirina (500-650</p><p>mg/dia).</p><p>• Acetaminofeno: Também pode ser utilizado para</p><p>sintomas leves a moderados.</p><p>Qual o Tratamento das</p><p>Cefaleias Primárias?</p><p>Enxaqueca</p><p>• Tratamento Preventivo:</p><p>• Modificação de Fatores Precipitantes: Identificar e reduzir</p><p>exposição a gatilhos (luzes, sons, alimentos).</p><p>• Medicações:</p><p>• Primeira Linha: AINEs, Aspirina, Acetaminofeno,</p><p>possivelmente combinado com cafeína.</p><p>• Cefaleias Crônicas/Severas:</p><p>• Antidopaminérgicos: Metoclopramida.</p><p>• Específicos para Enxaqueca: Sumatriptano.</p><p>• Condições Comórbidas:</p><p>• Hipertensão: Betabloqueadores (para não fumantes</p><p><60 anos).</p><p>• Transtorno Depressivo Maior (TDM): Amitriptilina ou</p><p>Venlafaxina.</p><p>• Transtornos Epilépticos: Valproato ou Topiramato.</p><p>Qual o Tratamento das</p><p>Cefaleias Primárias?</p><p>Cefaleias em Cluster</p><p>• Tratamento na Emergência:</p><p>• Oxigênio em alto fluxo (12 L/min, com</p><p>máscara reinalante, por 15 min ou 20 min)</p><p>• Sumatriptano de 6 mg via subcutânea, que,</p><p>se estiver indisponível, pode ser trocado</p><p>pela via intranasal ou via oral.</p><p>• Tratamento de Primeira Linha fora da crise:</p><p>• Medicação: Verapamil (ajustado conforme</p><p>resposta do paciente).</p><p>Questões de</p><p>Revisão</p><p>Take Home Message</p><p>•Dores de cabeça são uma causa comum de procura pelo pronto-</p><p>socorro.</p><p>Importância das Dores de</p><p>Cabeça na Emergência:</p><p>•A maioria dos pacientes tem dores de cabeça primárias, mas é</p><p>crucial excluir condições secundárias malignas.</p><p>Distinção entre Dores de</p><p>Cabeça Primárias e</p><p>Secundárias:</p><p>•Sinais de alerta, como início súbito e severo, alteração do nível de</p><p>consciência, ou sintomas neurológicos focais, devem ser</p><p>investigados com atenção para evitar diagnósticos errôneos.</p><p>Identificação de Sinais de</p><p>Alerta ("Red Flags"):</p><p>•Uma boa anamnese é fundamental para identificar características</p><p>da dor de cabeça e sintomas associados, ajudando a distinguir</p><p>entre causas primárias e secundárias.</p><p>Importância da Anamnese</p><p>Cuidadosa:</p><p>•Um exame físico detalhado é essencial para avaliar sinais</p><p>neurológicos e possíveis causas secundárias.Valor do Exame Físico:</p><p>•Neuroimagem e exames de líquido cerebrospinal (LCR) ou soro</p><p>podem fornecer informações adicionais para um diagnóstico mais</p><p>preciso e para a escolha do tratamento adequado.</p><p>Uso de Neuroimagem e</p><p>Testes de LCR/Serum:</p><p>•A combinação de uma anamnese bem realizada, exame físico</p><p>detalhado e exames complementares é crucial para um diagnóstico</p><p>correto e tratamento eficaz.</p><p>Colaboração na Diagnóstico</p><p>Preciso:</p><p>Obrigada!</p>