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Bruno Souza

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PRÁTICA JOVEM ADVOCAIA 
PROFª SABRINA DOURADO 
Embargos de declaração 
O princípio do amplo acesso é atendido na medida em que o cidadão não apenas extrai do poder judiciário um 
decisório qualquer, mas uma decisão límpida, despida de qualquer vício que possa dificultar a postulação ou defesa 
de direitos perante o aparato estatal. 
Pensando nisso, o legislador previu os embargos de declaração como instrumento apropriado a integrar as decisões 
judiciais, de modo a expurgar eventuais vícios (obscuridade, omissão ou contradição) que a mesma venha possuir. 
O recurso em tela classifica-se como espécie intermediária, na medida em que o mesmo se situa entre a sentença 
e a apelação, o acórdão e o RESP ou REX; entre a decisão interlocutória e o agravo de instrumento. 
A) Conceito 
É o remédio recursal, previsto nos artigos 1.022 a 1.026 do CPC, que visa integrar decisório judicial (sentença, 
acórdão, decisão interlocutória e decisão monocrática), sanando obscuridade, omissão ou contradição existente. 
B) Condições específicas para a utilização do recurso 
O recurso será apresentado quando a decisão contiver um dos seguintes vícios: 
 obscuridade: a obscuridade surge de decisão incompreensível, ininteligível, como quando o magistrado trans-
creve considerações acerca de um possível direito que teria alguma das partes (benfeitorias, por exemplo) e, ao 
final, se omite no pronunciamento da questão. Ou mesmo no caso de quando o julgador, não obstante tenha sido 
postulado danos morais e estéticos separadamente, atribui condenação de único montante a ambos, impossibili-
tando a compreensão do quantum dirigido a cada dano. 
 omissão: ocorre quando o magistrado deixa de apreciar questões relevantes, arguidas pelas partes. Certamente 
que o magistrado não está obrigado a apreciar todas as questões levantadas pelos litigantes. 
Porém existem aquelas que possuem suma relevância de modo a poder influenciar, inclusive, no julgamento da 
questão controvertida (por exemplo, pronúncia do magistrado acerca de condenação do vencido em custas e hono-
rários advocatícios, a existência de caso fortuito, prescrição, culpa exclusiva da vítima, etc.). É por isso que, não 
raro, a omissão é a causa ou condição que possibilitar o manejo dos embargos de declaração com efeitos modifi-
cativos. 
 contradição: ocorre geralmente quando há uma contraposição entre o raciocínio veiculado na fundamentação e 
o resultado emitido no dispositivo do decisório (por exemplo, no corpo da sentença o magistrado transcreve racio-
cínio que indica o deferimento de determinado título e, na parte dispositiva, o indefere, ou vice-versa). 
 erro material: o CPC/2015 passou a admitir o manejo dos embargos declaratórios quando houver mero erro 
material. 
Vamos aprofundar! 
Obscuridade 
A obscuridade da decisão judicial remete ao prejuízo de entendimento em razão da forma da própria decisão. Logo, 
uma decisão obscura é uma decisão sem clareza, ininteligível. É importante que a decisão se faça clara para as 
partes. Do contrário, pode levá-las à alienação e ocasionar prejuízos. 
 
 
 
 
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Assim, ao incluir a obscuridade entre as hipóteses de cabimento de embargos de declaração, a legislação zela por 
princípios constitucionais fundamentais, como o devido processo legal, e está em conformidade com suas normas 
processuais fundamentais, como o dever de cooperação das partes disposto no art. 6º, Novo CPC. 
Contradição 
Toda decisão deve ser coerente. Do contrário, não restará bem fundamentada. Isto significa dizer que os argumen-
tos do juízo não podem ser incongruentes. Tampouco pode a conclusão ser ilógica em relação à fundamentação. 
Contudo, é preciso ter atenção ao limite da contradição. O artigo 1.022, NCPC, dispõe as hipóteses de embargos 
de declaração para eliminar contradição. Esta contradição, porém, deve ser interna. Ou seja, entre elementos da 
mesma decisão – o objeto dos embargos. Não se considera, desse modo, as possíveis contradições externas, 
aquelas existentes entre a decisão e outros documentos ou peças dos autos. 
Omissão 
Diferentemente do Antigo CPC, o Novo CPC define o que seria a omissão de que trata o art. 1.022, inciso II. De 
acordo com o parágrafo único do artigo 1.022, NCPC, incorre em omissão a decisão que: 
 não se manifeste sobre entendimento firmado em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção 
de competência aplicável ao caso; 
 ou se trate de uma das condutas do art. 489, § 1º. 
O inciso I do parágrafo único se refere à necessidade de uniformização da jurisprudência já prevista no art. 926, 
Novo CPC. 
Acerca das condutas prescritas no art. 489, § 1º, NCPC, é o texto do dispositivo: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I. o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, 
e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; 
II. os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
III. o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. 
§1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I. se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou 
a questão decidida; 
II. empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; 
III. invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV. não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada 
pelo julgador; 
V. se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem 
demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
VI. deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a 
existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. 
https://blog.sajadv.com.br/normas-fundamentais-novo-cpc/
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https://blog.sajadv.com.br/contestacao/
 
 
 
 
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Como se vislumbra, o artigo 489, NCPC, dispõe sobre os elementos essenciais da sentença, e seu parágrafo pri-
meiro aborda seis hipóteses de não fundamentação. 
Como menciona Didier: “ao órgão julgador não se franqueia escolher o que deve ou não apreciar em sua decisão’°. 
Cabe-lhe examinar os pontos controvertidos de fato e os de direito. Se não o fizer, haverá omissão, sanável por 
embargos de declaração”. 
Erro Material 
O que seriam os erros materiais a que se refere o art. 1.022? São erros causados por equívoco ou inexatidão, 
referentes, sobretudo,a aspectos objetivos, como inexatidão material ou erro de cálculo. Não envolvem, portanto, 
defeito de juízo. 
Como Didier aborda: 
A alteração da decisão para corrigir erros de cálculo ou inexatidões materiais não implica a possibilidade de o juiz 
proferir nova decisão ou proceder a um rejulgamento da causa. O que se permite é que o juiz possa corrigir evidentes 
e inequívocos enganos involuntários ou inconscientes, retratados em discrepâncias entre o que se quis afirmar e o 
que restou consignado no texto da decisão. 
No entanto, o autor menciona haver outra hipótese de erro material: a premissa equivocada. Segundo ele: 
Tradicionalmente, o Superior Tribunal de Justiça entende que se considera erro material a adoção de premissa 
equivocada na decisão judicial. Nesse caso, cabem embargos de declaração para corrigir a decisão e, até mesmo, 
modificá-la, eliminando a premissa equivocada. Quando, enfim, a decisão parte de premissa equivocada, decorrente 
de erro de fato, são cabíveis embargos de declaração para correção de tal equívoco. Com efeito, cabem embargos 
de declaração,
“quando o julgado embargado decida a demanda orientado por premissa fática equivocada 
Nesse sentido, é a decisão do STJ: 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ERRO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. ATRIBUIÇÃO DE EXCEPCIONAIS EFEITOS INFRINGEN-
TES. POSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. 
Nos termos do que dispõe o artigo 1.022 do CPC/2015, cabem embargos de declaração contra qualquer decisão 
judicial para esclarecer obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão sobre a qual devia 
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento, bem como para corrigir erro material. 
Em documento idôneo trazido pela parte, a fl. 389 e-STJ – Aviso 84/2015, da Presidência do Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro – constata-se que os prazos processuais ficaram suspensos de 20/12/2015 a 20/1/2016, 
e não de 20/12/2015 a 6/1/2016, período este considerado no acórdão ora embargado, razão pela qual se entendeu 
pela intempestividade do agravo em recurso especial. 
Evidenciado o erro material ante a premissa equivocada adotada no julgamento, faz-se mister refazer o cômputo do 
prazo processual para averiguação da tempestividade do recurso. 
No caso, verifica-se na Certidão à fl. 346 e-STJ que a decisão que inadmitiu o recurso especial foi publicada em 
17 de dezembro de 2015. O termo inicial para o prazo de dez dias (vigência do CPC/1973) para a interposição do 
agravo conta-se a partir de 18 de dezembro de 2015. A suspensão dos prazos processuais no tribunal de origem se 
iniciou em 20 de dezembro de 2015, tendo até essa data escoado dois dos dez dias de prazo para a interposição 
do agravo em recurso especial. Findo o recesso em 20 de janeiro de 2016, o prazo restante de 8 dias voltou a ser 
contado em 21 de janeiro de 2016, findando em 28 de janeiro de 2016. O recurso de agravo em recurso especial foi 
peticionado eletronicamente em 25 de janeiro de 2016 (e-STJ, fl. 349), comprovando a tempestividade do recurso 
de agravo de fls. 349-361 e-STJ. 
 
 
 
 
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Em virtude da própria natureza integrativa dos embargos de declaração, eventual produção de efeitos infringentes 
é excepcionalmente admitida na hipótese em que, corrigida premissa equivocada ou sanada omissão, contradi-
ção, obscuridade ou ocorrência de erro material, a alteração da decisão surja como consequência necessária. 
Nesse sentido, da Corte Especial, cite-se EDcl no ARE no AgInt no RE nos EDcl nos EDcl no 
AREsp 176.496/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe 28/11/2017. 
Nesse passo, faz-se mister acolher os presentes embargos de declaração, com efeitos infringentes, a fim de, em 
reconhecendo a tempestividade do recurso de agravo de fls. 349-361 e-STJ, dar provimento ao agravo interno, 
para reconsiderar a decisão de fls. 378/379 e-STJ, e determinar o retorno dos autos ao Gabinete para novo julga-
mento. 
Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes. 
(EDcl no AgInt no AREsp 890102 / RJ, 1ª TURMA, STJ, rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, julgado em 03/04/2018, 
publicada em 13/04/2018) 
Nos casos de erro material por premissa equívoca, o STJ tem entendido o cabimento de embargos de declaração 
com efeitos infringentes, isto é, modificativos dos resultados finais da decisão. 
C) Efeitos 
O recurso interrompe o prazo para a propositura de quaisquer recursos, por ambas as partes, devolvendo-se, por 
conseguinte, a totalidade do mesmo. Urge ressaltar que a interposição intempestiva dos embargos não implica na 
interrupção do prazo para se aviar outros recursos. 
Os embargos declaratórios existentes na lei dos Juizados especiais cíveis (Lei no 9.099/95) - que até então apenas 
suspendiam o prazo para a interposição de outras espécies recursais – passaram, com o novo CPC, a também 
interromper o prazo para apresentação de outros recursos, conforme se extrai da nova redação do artigo 50, CPC. 
D) Processamento 
O prazo de interposição é de cinco dias, inexistindo deferimento de prazo para as contrarrazões (salvo no caso de 
possibilidade de efeitos modificativos). A interposição fora do prazo não terá o condão de interromper o prazo em 
questão. 
Inexiste preparo para a espécie recursal em exame. O julgamento se dará pelo mesmo órgão que emitiu o decisório 
a ser reexaminado. 
E) Embargos de declaração com efeitos modificativos 
Ocorre quando o suprimento da omissão havida é capaz de modificar o julgado. Neste caso, o magistrado deverá 
conceder prazo para a parte contrária apresentar as contrarrazões ao recurso, sob pena de nulidade por cerceio de 
defesa. 
Exemplo clássico é o do magistrado que se esquece de apreciar a alegação de prescrição, julgando a demanda 
procedente. Aviando os embargos, o réu solicita manifestação jurisdicional sobre a questão, seja para negá-la, seja 
para acolhê-la. Verifique que, declarando a existência da prescrição, o resto do decisório restará comprometido. 
Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que 
já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, 
nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de 
declaração. É o que a doutrina chama de “princípio da complementariedade”. 
F) Embargos protelatórios e penalidade 
Quando opostos com o intuito manifestamente protelatório, o manejo do instrumento em questão ensejará a aplica-
ção de multa não excedente a 2% (um por cento) sobre o valor da causa, a ser revertida a favor do embargado. 
 
 
 
 
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Caso haja reiteração no manejo, a multa será elevada para até 10% (dez por cento), ficando condicionada a inter-
posição de outro recurso ao recolhimento do montante em questão, pelo que constituirá novo pressuposto recursal 
para a admissibilidade do recurso aviado. Esta exigência não será feita à Fazenda Pública e do beneficiário de 
gratuidade da justiça, que recolherão a multa apenas ao final. 
G) Embargos e prequestionamento 
Além dos objetivos já estudados, os ED também têm a serventia de prequestionar o órgão recorrido acerca da 
questão federal que será objeto de futuros recursos extremos (Resp ou Rex), tudo com o intuito de evitar a preclusão 
processual. 
Por exemplo, por mais que tenha sido proferida sentença cujo teor é violador de matéria federal ou constitucional, 
deve-se aviar, em primeiro lugar, os recursos ordinariamente previstos (ex: apelação), de modo a haver o prévio 
esgotamento das instâncias ordinárias. Entretanto, a matéria constitucional ou federal há de ser tratada pelos tribu-
nais inferiores, não podendo as mesmas ser arguidas pela primeira vez em sede dos recursos extremos (de modo 
a haver a supressão de instâncias). É por isso que, a despeito de ter sido levantada a matéria por ocasião do recurso 
respectivo, omitindo-se o tribunal a quo, serão cabíveis os embargos declaratórios com o propósito de prequestio-
namento. 
Neste sentido é o texto da Súmula 98 do STJ: “Embargos de Declaração manifestados com notório propósito de 
prequestionamento não tem caráter protelatório.” 
Urge ressaltar que considera-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior 
considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade (art. 1.025, NCP). 
Modelo de embargos de declaração 
MODELO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
1a passo: Endereçamento; 
Será feito ao próprio órgão que prolatou a decisão. Juiz, relator ou colegiado, o qual tenha proferido a decisão. 
Tomemos por base, para a construção do modelo abaixo, a decisão de um juiz de primeiro grau. 
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da no Vara Cível da Comarca
de ... ( confira os dados do enunciado). 
2o passo: Qualificação das partes 
Aqui, você deverá identificar as partes. Poderá ser utilizada a expressão: já devidamente qualificado nos autos. 
Tratamento: embargante e embargado; 
O verbo que deve ser utilizado para os embargos é o OPOR. 
3o passo: resumo da decisão 
Abordar de forma objetiva os principais pontos fáticos do enunciado. Seja breve e lembre-se de não trazer dados 
não fornecidos. Retrate as principais informações do já mencionado enunciado. 
4o passo: requisitos de admissibilidade 
Destacar a tempestividade, legitimidade, cabimento e demais requisitos de admissibilidade. 
Eles independem de preparo! 
No cabimento, reforçar a omissão, contradição, obscuridade ou possível erro material. 
 
 
 
 
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5o passo: Fundamentos do recurso 
Destacar o ponto OMISSO, CONTRADITÓRIO ou OBSCURO. 
Ao proferir a sentença, o juiz se omitiu quanto à existência do dano moral, o qual fora pleiteado e objeto de prova 
produzida nos autos. Desenvolver melhor, levando em consideração os dados do enunciado. 
6o passo: Pedidos 
Requerer o conhecimento e provimento dos embargos, a fim de que seja sanada a omissão, contradição, obscuri-
dade ou erro material. 
Se sobrevier efeito modificativo, requerer a intimação do embargado para apresentar contrarrazões. 
Requer seja sanada a irregularidade.... 
7o passo: Encerramento 
Nestes termos, 
Pede deferimento. 
Local, dia, mês e ano. 
Advogado... 
OAB... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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