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AULA 5 GESTÃO DE PESSOAS Prof. Marco Antonio de Andrade 2 INTRODUÇÃO É por meio das pessoas que realizamos a maior parte de todas as nossas conquistas de vida, seja no aspecto pessoal, profissional e financeiro, e também nas organizações, esse recurso é fundamental para o alcance das metas e objetivos. Nesta etapa, estaremos refletindo mentoria, mudança e ética, analisando os temas Coaching e mentoring, Gestão do Processo de Mudança, Retenção e movimentação de talentos, Ética na Gestão de Pessoas, Indicadores de Gestão de Pessoas. TEMA 1 – COACHING E MENTORING Como já comentado, as pessoas são o recurso mais importante das organizações, pois é através delas que qualquer outro recurso pode ser melhor utilizado e melhorado. Esta afirmação é algo que nos traz inquietudes, pois cada pessoa tem um perfil comportamental, valores, habilidade e atitudes que por vezes atrapalham equipes e grupos com objetivos organizacionais. Neste contexto, quando uma empresa percebe que algumas pessoas que estão responsáveis por algum processo importante dentro da temática organizacional, mas seu comportamento ou atitude está atrapalhando o alcance de metas e objetivos, existe uma alternativa muito utilizada por diversas empresas: Coaching e mentoring. Mas o que é Coaching e o que é mentoring? Qual a diferença? Figura 1 – O que é Coaching e o que é mentoring? Qual a diferença? Crédito: Globe Photos/ZUMA Press/Imageplus. 3 Vamos começar entendendo o que é coaching: é um processo de desenvolvimento de ferramentas e competências para conseguir alcançar uma meta num período de tempo previamente definido, onde um coach (professor/instrutor) irá auxiliar o seu coachee (cliente) a sair do ponto de situação em que se encontra, utilizando estratégias que promovam maior empenho, foco e ação, onde, em conjunto, desenvolverão tarefas para que as metas sejam alcançadas num prazo pré-definido. O coach não precisa de ter experiência na área do seu cliente e, também, não é a sua função aconselhar e dar soluções para os seus problemas (Santos, 2024). O processo de coaching passa por auxiliar no autoconhecimento, de forma que o coachee procure respostas através das questões e tarefas que lhe são direcionadas, fazendo com que ele ganhe mais consciência das suas capacidades, do seu valor e dos seus objetivos, empoderando-se das suas respostas, agindo de forma assertiva e concretizando os seus objetivos, seja na vida pessoal ou na carreira profissional (Santos, 2024). É importante entender e perceber que o coaching não deve ser confundido com a consultoria em gestão de carreira, onde é feita uma abordagem mais orientadora e diretiva, dando sugestões concretas de cariz técnico, estratégico e tático para que o cliente desenvolva competências que lhe permitam ter maiores possibilidades de integrar o mercado de trabalho, sendo que a gestão de carreira destina-se a apoiar os desempregados a encontrar um novo emprego e a recolocar ativos nos quadros das empresas (Santos, 2024). Entendendo o que é o coaching, vamos entender agora o que é o mentoring. O mentoring, ou em português mentoria, é uma relação entre duas pessoas, onde uma pessoa com menos experiência e geralmente mais jovem, a ingressar no mercado, função ou empresa, é orientada por uma pessoa mais velha, que irá partilhar os seus conhecimentos e experiências, orientando e aconselhando o desenvolvimento da carreira, como o programa de mentoring e voluntariado preventivo, sagaz (Santos, 2024). Frequentemente, mentoring é confundido com coaching, e muitas pessoas não entendem as diferenças básicas entre eles. Neste contexto, o autor Araujo (2010) comenta algumas diferenças entre coaching e mentoring: 4 Quadro 1 – Diferenças entre coaching e mentoring Coaching Mentoring Foco no aprendizado imediato Foco na pessoa Foco na tarefa Foco na ação global Tentativa e erro como característica Tentativa e erro pouco perceptíveis Crescimento profissional como objetivo Crescimento pessoa e profissional como objetivos Relação de autoridade perceptível Relação de autoridade inexistente Relacionamento formal de curto prazo Relacionamento formal (apenas no início) de curto, médio e longo prazo Relacionamento amigo, de duração limitada Relacionamento muito amigo e quase sempre duradouro Fonte: Araujo, 2010. Desta forma, entendendo as duas definições e, com o quadro anterior, podemos afirmar que no coaching o foco é direcionado para a ação e a concretização dos resultados, envolvendo o presente e o futuro, no mentoring está direcionado para o desenvolvimento de carreira, abrangendo passado, presente e futuro. No coaching procura-se alcançar as metas e objetivos, no mentoring o foco está na transferência de conhecimento e a expertise para o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. Desta forma, o mentoring pode recorrer a estratégias de coaching, mas o contrário não é possível (Santos, 2024). TEMA 2 – GESTÃO DO PROCESSO DE MUDANÇA Todos nós, assim como os grupos ou organizações, quando enfrentamos um problema ou um desafio, buscamos possibilidades e oportunidades para minimizar ou bloquear as causas geradoras dele. Precisamos nos adaptar e buscar estratégias para reagir e obter resultados diferentes. De forma mais focada nas organizações, quando tratamos do assunto mudança, é interessante e diríamos até necessário refletir sobre o projeto de mudança, pois na forma de projeto podemos definir claramente um planejamento, estratégias e buscar formas de organizar melhor qualquer tipo de mudança. Mas o que é um projeto? 5 Muitos autores e instituições que estudam e desenvolvem projetos são unânimes em comentar que na definição se deve apresentar início, meio e fim claramente definidos. Vamos a alguns conceitos: De acordo com o PMBOK (2004, p. 5), o projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”, além de ser “um empreendimento único que deve apresentar um início, meio e fim claramente definidos”. O projeto também deve ser “conduzido por pessoas para atingir seus objetivos respeitando os parâmetros de prazo, custo e qualidade. (PMBOK, 2004, p. 5) Quando “fatiamos” em etapas, fica melhor para entender e discriminar as possíveis atividades de cada uma das fases, além de seu gerenciamento, e assim dando melhor conhecimento sobre o que deve ser desenvolvido diminui as incertezas (Menezes, 2003). Certo é que a todo momento estamos propensos a necessidade de mudar, por mais que seja dolorido e difícil, a mudança nos faz aprender, crescer. Burrhus Frederic Skinner (1904 – 1990) foi um celebre psicólogo norte- americano e nos brinda com uma teoria que se baseia na ideia de que as mudanças no comportamento são o resultado de uma resposta individual a eventos (estímulos) que ocorrem no meio em que o indivíduo nasce, cresce e vive, e, desta forma, uma resposta produz uma consequência. Podemos perceber que diante de todo o contexto refletido, as mudanças são passagens de um estado a outro, as quais podem ser involuntárias ou voluntárias. O autor Soto (2002) comenta sobre os dois tipos de mudanças: • Involuntárias – Ocorrem independentemente da vontade, estão fora do controle direto de indivíduos e organizações. Tais mudanças são impositivas, sem possibilidade de negociação ou gestão planejada. Catástrofes ambientais, o ciclo de vida – concepção, nascimento, envelhecimento e morte – são exemplos de mudanças involuntárias. • Voluntárias ou planejadas – São desejadas e projetadas, portanto, tem-se uma clara visão do que se deseja alcançar aonde se quer chegar, é feito um planejamento cuidadoso, com objetivos claros e definidos, com definição de estratégias, caminhos e recursos, além de acompanhamentoe monitoramento dos resultados, bem como ajuste de rota quando necessário. 6 De acordo com Gonçalves e Campos (2016, p. 20), a definição clássica de gestão de mudanças é levar uma pessoa ou organização do estado atual ao estado desejado [...] é planejar, aplicar, medir e monitorar ações para ampliar as chances de os resultados esperados serem atingidos ou superados [...] a gestão de mudanças não é apenas uma atividade operacional, mas sobretudo estratégia e deve fazer parte do projeto desde o seu planejamento inicial. Queremos refletir agora sobre o processo, o andamento para o estado desejado e questionar sobre os pequenos e grandes percalços que podem atrapalhar o caminhar para a mudança. Perceba que embora exista a necessidade e até mesmo o desejo de mudar, existem também forças que parecem fazer de tudo para manter as coisas como estão, concorda? A técnica conhecida como “Analise de Campo de Força”, elaborada pelo autor Kurt Lewin (1890 – 1947). Essa técnica foi analisada pelo outro autor, Moscovici (2012, p. 138), o qual comenta que a análise de campo de forças é uma técnica extremamente valiosa para planejamento de mudanças psicossociais e resolução de problemas, pois estimula a criatividade pelo fato de demandar a descoberta e a interpretação de elementos objetivos e subjetivos, lógicos e não lógicos, racionais e emocionais, como forças atuantes num dado contexto de tempo. A técnica elaborada por Kurt Lewin afirma que existem forças especificas que atuam no processo de mudança, chamadas de forças impulsionadoras e as forças restritivas. Quadro 2 – Forças impulsionadoras e restritivas Forças impulsionadoras Forças restritivas Individuais Individuais Motivação Empatia Iniciativa Competência Apoio Vaidade Apatia Dependência Timidez Manipulação Grupais Grupais Liderança Confiança Conflitos reprimidos Manobras sutis 7 Simpatia Competência Comunicação aberta Objetivos confusos Linguagem cautelosa e ambígua Decisões impostas Ambientais/organizacionais Ambientais/organizacionais Recursos adequados Local confortável Tempo disponível Organização e informação Tamanho do grupo Ambiente desagradável Horário inconveniente Fonte: Moscovici, 2012. Ainda sobre as forças impulsionadoras e as restritivas, elas pertencem a três tipos de categorias; uma delas diz respeito ao eu, que são relativas ao indivíduo (motivação, competência, talento etc.); relativas ao outro que envolve liderança e maneiras de trabalhar os conflitos; e finalmente as que dizem respeito ao ambiente, onde são observadas a estrutura, a concorrência, as mudanças tecnológicas. Na caminhada ao processo de mudança, faz-se importante reconhecer e identificar as forças restritivas, para, com isso, traçar possíveis estratégias no sentido de minimizar ou até eliminá-las. Pensando a mudança como um processo, existe a possibilidade de gerenciar, pois a mudança como processo ocorre em dois níveis: individual e organizacional. Já comentamos e refletimos sobre o nível individual, mas e no nível organizacional? No processo de mudança nas organizações, é comum o conflito entre os que apoiam e dão suporte a tal mudança e os que resistem a ela, chegando, em muitos casos, a tentar restringi-la ou impedi-la. O autor Kurt Lewin afirma que esse processo de mudança dentro das organizações acontece em três etapas, conforme abaixo: 1. Descongelamento: significa que as velhas práticas serão derretidas e desprendidas para serem substituídas por novas ideias e práticas aprendidas. 2. Mudança: surge quando ocorre a descoberta e a adoção de novas atitudes, valores e comportamentos, sendo a fase em que novas ideias e práticas são aprendidas de modo que as pessoas passam a pensar e a executar de uma nova maneira. 8 3. Recongelamento: incorporação de um novo padrão de comportamento por meio de mecanismos de suporte e de reforço, de modo que ele se torne a nova norma. Significa que o que foi aprendido foi integrado à prática atual. Figura 2 – O processo de mudança Crédito: Macrovector/Shutterstock; 19 STUDIO/Shutterstock; Lal Perera/Shutterstock. Refletindo sobre o que Kurt Lewin nos informa com sua teoria, podemos perceber que a mudança é um processo e, portanto, é fundamental refletirmos muitos pontos que vão nos ajudar a alcançar o estado desejado, nossos objetivos, e inevitavelmente trabalhar a mudança em nossa vida, pois é através dela que conseguiremos alcançar nossos sonhos e as organizações poderão estar preparadas para as mudanças necessárias. https://www.shutterstock.com/pt/g/Macrovector 9 TEMA 3 – RETENÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE TALENTOS Vivemos tempos de mudanças, seja na esfera pessoal ou organizacional, tudo está a se transformar de uma forma rápida e intensa. Como já comentado, a pandemia, os conflitos armados (guerras), juntamente com a tecnologia, fazem nossa percepção sobre o tempo e sobre acontecimentos direcionados à mudança serem cada vez mais dinâmicos e profundos. No contexto organizacional, essas mudanças impactam em muitos indicadores que podem afetar a capacidade produtiva e, consequentemente, na lucratividade das empresas. Indicadores como turnover e absenteísmo são os mais afetados nesse tempo de mudanças geracionais, e a preocupação que antes era em apenas atrair talentos para um bom recrutamento e seleção, com as competências que precisam para atingir os objetivos, transforma-se numa grande preocupação em reter talentos em seus quadros, ou seja, tentar cativar o bom funcionário para que ele queira continuar na empresa empregando seus talentos de forma comprometida. As organizações atuais vêm se conscientizando cada vez mais sobre a importância de se encontrar, desenvolver e reter talentos, pois estes são responsáveis pelos resultados positivos de metas e indicadores obtidos por qualquer organização. Neste sentido, muitas organizações perceberam o quão importante é um talento dentro de seus quadros de funcionários e buscam manter esses talentos e, neste contexto, os autores Chowdhury e Barbieri (2003; 2014 apud Adami, 2014, p. 20-23) listam estratégias para reter talentos nas empresas: Quadro 3 – Estratégias para reter talentos nas empresas 1. Construção e compartilhamento da visão da empresa com todos, para facilitar o comprometimento dos colaboradores. 2. Criação de canais de comunicação eficientes, que valorizem a troca de ideias e experiências. 3. Criação de um ambiente familiar, com clima de confiança e solidariedade. 4. Integração de todos da equipe, com ações inclusivas e não discriminatórias. 5. Estimulação e valorização da lealdade. 6. Garantir que a diversão faça parte do cotidiano, as pessoas devem ter prazer com o trabalho que realizam. 7. Estabelecimento de planos de carreira e possibilidades de desenvolvimento, para que o colaborador se sinta valorizado, reconhecido e motivado. 10 8. Manter canais de comunicação abertos para críticas, sugestões e comentários. 9. Disponibilização dos recursos necessários para que cada um possa desempenhar suas funções da melhor forma possível. 10. Lembrar que cada talento é também um cliente e tratá-lo como tal. Fonte: elaborado por Andrade, 2024, com base em Chowdhury e Barbieri, 2003; 2014 citado Adami, 2014, p. 20-23. Os talentos das organizações são movidos não apenas pela questão de remuneração, mas também pelas oportunidades de resolução de desafios e problemas que instiguem a participação e motivação. Neste contexto, a gestão de competências, que envolve a gestão de talentos de uma empresa, precisa preocupar-se com os desafios a serem propostos e com a movimentação de talentos nas organizações. Neste sentido, o autor Gramigna (2002) afirma que a criação de um banco de talentos é fundamental para reconhecer onde se encontram as pessoastalentosas, identificá-las com seus pontos fortes e potencial para ser utilizado. Um banco de talentos bem estruturado pode permitir a organização a conhecer o seu potencial humano e servir como base para movimentação de pessoal e para inúmeras decisões gerenciais, entre as quais o autor Gramigna (2002, p. 44) informa: Quadro 4 – Movimentação de pessoal e decisões gerenciais Uso de critérios e objetivos justos na escolha de profissionais para a participação em processos sucessórios Elaboração de planos de treinamentos e desenvolvimento de pessoal com base nas competências em déficit. Aproveitamento de potenciais em evidência na formação de equipes multidisciplinares e complementares para o alcance de resultados em menor prazo e com menor esforço. A prática de rodízio como estratégia para aquisição de novas competências. Tomada de decisão acertada na recolocação de pessoal. Fonte: elaborado por Andrade, 2024, com base em Gramigna, 2002, p. 44. Será ainda possível remanejar e ajustar os colaboradores a setores, projetos e funções as quais seus talentos, competências e conhecimentos sejam realmente aplicados, o que ampliará o seu espaço de autonomia, suas responsabilidades e participação nos processos decisórios da empresa. 11 TEMA 4 – ÉTICA NA GESTÃO DE PESSOAS As organizações são constituídas por uma combinação de recursos Humanos e Técnicos, cujo desempenho pode afetar positiva ou negativamente no seu conjunto (Silva, 2024). Ao incumbirem às pessoas nas tarefas e procedimentos da organização, não é necessário somente ter boa qualificação, mas ter sua conduta profissional pautada na ética. No exercício da profissão, cada pessoa deve saber se comportar em uma relação de trabalho, conhecer o código de ética e se pautar no bom relacionamento. As organizações hoje em dia estão muito mais preocupadas em captar e treinar colaboradores, para que o exercício da profissão seja desempenhado com ética, comprometimento e respeito e, desta forma, possam alcançar seus objetivos e metas pré-estabelecidas. Não se configura no atual cenário pessoas com comportamentos antiéticos e desonrosos, que podem manchar a boa imagem de uma organização (Silva, 2024). Antes de conceituar a Ética, deve-se compreender que ela deriva do grego ethikos e, segundo o minidicionário Aurélio, significa: conjunto de norma e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. Atualmente, vive-se numa época em que a ética está enfraquecida, produzindo uma sensação de impotência. Hoje, é cada vez mais generalizada a indignação com comportamentos antiéticos, alguns exemplos estão sendo noticiados a todo instante nos meios de comunicação de massa, rede sociais, manifestadas nas mais variadas formas de atuação social. Segunda Oliveira (2012), todo projeto necessita de alicerces e a ética necessita de estruturas, e seus fundamentos são absolutamente necessários para se sustentar (Silva, 2024). Na ética, são os padrões e os modelos que determinam o que é ético e do que fica do lado de fora. Sob esse direcionamento, a humanidade encontra caminhos para atender à necessidade de buscar uma função para a ética, tornando-a norma universal e necessária para a humanidade no tempo e no espaço (Silva, 2024). A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, honesto ou desonesto. A ética é também aplicada no campo das atividades profissionais. Nesse sentido, o autor Oliveira (2012. p. 51) afirma que ética é ainda indispensável ao profissional, porque na 12 ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados, onde o fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão, e o agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão (Silva, 2024). Toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades, referentes à prática específica numa determinada área, devem incluir a reflexão. Isso caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o seu exercício. A fase da escolha profissional é optativa, mas, ao escolhê-la, os deveres profissionais passam a ser obrigatórios (Silva, 2024). Nesse sentido, outro autor, Fittipaldi (2012, p. 5), afirma que ética não é uma escolha, mas uma necessidade, um ingrediente imprescindível em todos os setores da organização, ou seja, que atitudes eticamente responsáveis são esperadas dos membros daquela corporação (Silva, 2024). Uma vez disseminada essa cultura dentro da empresa por meio da comunicação interna, os que agem de outra forma se sentem intimidados e estimulados a mudar. Quando apresentam um conjunto de normas privadas, ou de grupos que visam apenas a interesses determinados, ou de categorias de pessoas que não têm respeito ou dignidade, elas representam o máximo das atitudes antiéticas possíveis (Silva, 2024). TEMA 5 – INDICADORES DE GESTÃO DE PESSOAS Já entendemos que gestão é algo primordial em toda e qualquer organização, onde avaliar se a produtividade, lucratividade e números dos custos fixos e variáveis estão em equilíbrio são fundamentais para o alcance de qualquer objetivo. É importante percebermos que a maioria dos empresários só entendem a linguagem dos números e, neste sentido, podemos refletir a questão das métricas de toda empresa, indicadores que são fundamentais para entendermos onde estamos, como estamos e para onde vamos e queremos ir. Em gestão de pessoas, essas métricas e indicadores são de suma importância. Dentro das métricas e indicadores em gestão de pessoas, é necessário percebermos a importância do planejamento de recursos humanos, onde esse planejamento se coloca como uma atividade estratégica no sentido de suprir e prever futuras necessidades e realizar uma seleção adequada, sem correr o risco de fazer escolhas precipitadas e inadequadas pela urgência das situações. Neste 13 contexto, o planejamento de Recursos Humanos é o dimensionamento de quantas pessoas são necessárias para a empresa alcançar seus objetivos, a médio e longo prazo. Observando e refletindo as métricas e indicadores sob a ótica da gestão, toda empresa possui um sistema de gestão por meio do qual planeja, organiza, dirige e controla suas atividades (UCT, 2010). E, neste contexto, um indicador que avalia o desempenho pode ser um dado numérico a que se atribui uma meta e que é trazido, periodicamente, à análise dos gestores de uma empresa. É um instrumento por meio do qual o controle pode ser feito, objetivando proporcionar melhorias ao processo (UCT, 2010). Além de possibilitar um olhar “para dentro”, os indicadores também permitem um olhar “para fora”, pois possibilitam que os processos internos possam ser comparados com similares no mercado. A comparabilidade é muito importante, pois permite que empresas excelentes sirvam como parâmetro, como modelo (benchmarking) para as demais (UCT, 2010). As empresas têm cada vez mais buscado controlar seus processos e comparar seus resultados com os de outras empresas, similares ou não. De forma geral, existem três tipos de indicadores: estratégicos, gerenciais e operacionais (UCT, 2010). Quadro 5 – Tipos de indicadores INDICADOR ESTRATÉGICO Os estratégicos são os indicadores usados para avaliar os principais efeitos da estratégia considerando os objetivos e as ações que pertencem à organização como um todo e não a um setor específico. INDICADOR GERENCIAL Os indicadores gerenciais, por outro lado, são aqueles que verificam a contribuição dos setores (gerências ou unidades) e/ou dos macroprocessos organizacionais à estratégia e avaliam se esses setores e/ou macroprocessos buscam a melhoria contínua de forma equilibrada. INDICADOR OPERACIONALOs indicadores operacionais, que servem para avaliar se os processos ou rotinas individuais visam à melhoria contínua e à busca de excelência. Fonte: elaborado por Andrade, 2024, com base em UCT, 2010. Um indicador, para que possa ser considerado eficaz, deve possuir seis características principais: simplicidade, rastreabilidade, acessibilidade, baixo custo, estabilidade e abordagem experimental. As características que devemos considerar para que um indicador seja eficaz são: 14 • Simplicidade: devem ser de fácil levantamento e compreensão tanto pelos responsáveis pela mensuração como pelos usuários. • Rastreabilidade: os dados devem ser identificados, possibilitando seu registro e manutenção, de modo a permitir a montagem de séries históricas para comparação. • Acessibilidade: devem ser de fácil acesso e coleta, evitando distorções e prazos muito longos para sua obtenção, o que desatualizaria a informação. • Baixo custo: devem ser gerados com o menor custo possível, de forma que este valor seja inferior ao benefício que pode proporcionar. • Estabilidade: a permanência de rotinas deve permitir a montagem de comparações em prazos mais longos. • Abordagem experimental: todo indicador deve ser testado na prática antes de sua implantação em larga escala. É muito comum dizer que aquilo que não é medido não pode ser gerenciado (UCT, 2010). Com isso, indicadores devem subsidiar ações de melhoria (UCT, 2010). No entanto, muitas vezes, um indicador, isoladamente, nada informa, ou seja, ele deve ser então analisado em conjunto com outros e considerar também, sempre que possível, parâmetros de mercado. As características anteriormente citadas devem nortear a criação e manutenção de indicadores em todas as áreas da empresa, inclusive em Gestão de Pessoas, como Turnover, Absenteísmo, Desempenho e produtividade (UCT, 2010). 15 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G. A gestão Estratégica de Pessoas. In: BOSCHINI, R. M. (Ed.). As pessoana Organização. São Paulo: Editora Gente, 2022. ARAUJO, L. C. G. Gestão de pessoas: estratégias e gestão organizacional. 2. ed. São Paulo: atlas, 2009. BOHLANDER, G.; SNELL, S: SHERMAN, A. Administração de recursos humanos. São Paulo: Pioneira Thomson learning, 2005. CAMARGO, P. S. A grafologia no Recrutamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Ágora, 1999. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. 3. ed. 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