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EIXO 2 - PLANEJAMENTO 02 © 2021. SEE/MG - Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Todos os direitos reservados. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais - SEE/MG Prédio Minas - Rodovia Papa João Paulo II, 4143 - 10º e 11º andar Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves Bairro Serra Verde - Belo Horizonte / MG CEP: 31630-900 Conteudistas: Enam Lima Pires, Edi Silva Pires, Geniane Lúcia Ribeiro Martins e Maria José Ferreira da Costa https://www2.educacao.mg.gov.br/ https://www2.educacao.mg.gov.br/ 03 PLANEJAMENTO PALAVRAS INICIAIS CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS, PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO E PLANO DE AULA PLANEJAMENTO DOCENTE Planejamento e Eixo Estruturante: Currículo e Educação Integral Competências e Habilidades nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.3.1. 2.3.2. SUMÁRIO 04 Relacionar Currículo Referência de Minas Gerais, Projeto Político-Pedagógico e Plano de aula; Perceber a importância da participação da elaboração desses documentos; ⦁ Compreender o sentido de competência, habilidades e objetos de conhecimento no Currículo Referência de Minas Gerais e a relação entre esses elementos; Reconhecer a importância do planejamento docente para o fortalecimento do Trabalho Pedagógico. 2. PLANEJAMENTO 2.1. PALAVRAS INICIAIS Chegamos ao segundo eixo de discussão do curso: o planejamento. Planejar é uma ação inerente ao ser humano. Geralmente, já acordamos com um planejamento do dia na cabeça. Pensamos nos horários que temos que cumprir, na gestão do tempo, na sequência das atividades do dia, nas prioridades, tomamos decisões etc. E assim também é com o trabalho pedagógico. Então, seja bem-vindo, ao módulo! Esperamos que você esteja construindo e reorganizando as suas aprendizagens. No eixo anterior fortalecemos nossos saberes sobre os documentos que sustentam nosso cotidiano escolar. A compreensão do que é currículo e de como e por que os documentos são elaborados foram o foco do primeiro eixo. Quando temos a visão mais ampla de como esses documentos interferem na nossa prática, fortalecendo nossa tomada de decisão diária. Ao contrário, se não dominamos o conhecimento sobre essas orientações ficamos reféns de esperar alguém sempre dizer para que lado ir ou o que fazer. E com isso, nossa prática enfraquece e a gente acaba desvalorizando nosso próprio trabalho, ele fica superficial, sem sustentação. Os objetivos deste eixo são: Caro professor cursista, 05 Agora vamos nos aproximar um pouco mais da nossa sala de aula. Os elementos centrais para promover o aprender e o desenvolvimento do estudante cotidianamente são: o currículo, o Projeto Político Pedagógico da escola e o planejamento diário. Sobre a temática “currículo” já conversamos. Agora investiremos nos dois documentos que diretamente registrarão nossas decisões pedagógicas: o Projeto Político Pedagógico e o Planejamento, mais especificamente, o plano de aula. E isso não é tarefa fácil. Sala de aula tem crianças e vivências diferentes. Tem vida! E isso demanda um planejamento bastante cuidadoso e atento a tanta diversidade em um único espaço. Lembra daquela música oferecida de boas-vindas: “A casa é sua”? Pois bem, convidamos você a escutá-la novamente. Agora vamos aproveitá-la de outra forma. A casa é sua: imagine que o Currículo Referência de Minas Gerais é essa casa que é oferecida na música, currículo é toda essa construção. Mas para chegar a essa construção final, foi preciso ir por partes, por fases. Quem já construiu uma casa sabe bem o que é “ir por etapas”. Uma casa para ser erguida e sustentada com segurança precisa de uma boa fundação, base e pilares. Já imaginou nas paredes de uma casa sendo erguidas aleatoriamente, sem seguir a fundação, base e pilares? Acho que não daria muito certo. Mas a nossa casa, aqui o CRMG, tem tudo isso, quer ver? A base da casa pode ser associada com a BNCC. E para sustentar essa base, a fundação aqui será representada pela LDB, PNE e a própria Constituição. Vamos exemplificar com um artigo da LDB: A Casa é Sua - Arnaldo Antunes | Videoclipe oficial (Projeto 3 Clipes - 1 Curta) Prontos para a próxima etapa? 2.2. CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS, PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E PLANO DE AULA 06 Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (LDB, pg. 20, 1996) Esse artigo estabelece a implementação da Base Nacional Comum Curricular, ou seja, a criação de um documento que sirva de referência para que cada estado brasileiro e o Distrito Federal possam recorrer e se orientar no processo de elaboração dos seus currículos internos, inclusive contemplando suas peculiaridades específicas. Percebeu o suporte para a base? Vamos subir os pilares dessa casa? Antes das paredes, é claro, porque eles orientarão essa fase. E aqui temos, representando os pilares, as Diretrizes Curriculares Nacionais. Tanto quanto os pilares orientam a construção das paredes, as Diretrizes Curriculares orientam a construção do currículo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96), também intitulada carta Magna da educação, com base nos princípios presentes na Constituição define e regulamenta o sistema educacional tanto público quanto privado do nosso país, legislando desde a educação básica ao ensino superior, estabelecendo as diretrizes e bases para a educação nacional. Nessa medida, busca garantir o direito de acesso, para todos, à educação gratuita e de qualidade, defende a valorização dos profissionais da educação, estabelece o dever da União, do Estado e Municípios para com a educação pública. Quando se trata de educação, a LDB é a mais importante lei brasileira. Para aprofundar acesse: https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=gMqxDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT7&dq=ldb+educa%C3% A7%C3%A3o&ots=xmDIM 3852Z&sig=Lh3o6M_EfmJdi1GX2xQbFpIm7KU#v=onepage&q=ldb% 20educa%C3%A7%C3%A3o&f=false SAIBA MAIS 07 Diretrizes Curriculares Nacionais Vamos ilustrar: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes- educacao-basica-2013-pdf/file. Acesso em: 24 de ago. de 2021. Paredes podem dar o sentido de que fecham, mas também dão o sentido de delimitar, definir e, principalmente, as paredes guardam em sua estrutura a contribuição de muitos em cada tijolo assentado. E então, com as paredes prontas, vamos cobrir a casa! É o grande arremate da construção. Quando fazemos essa parte costumamos dizer: “já temos um teto! É hora de comemorarmos!”. Levantar as paredes, definir o teto, aí está a construção do CRMG. E se temos o currículo, temos definições, temos um espaço para transitar. BNCCLDB9394/96, CNE ea Constituição Federal Diretrizes curriculares Nacionais Estamos quase lá, só reconhecer nossa regonalidade Oba! o teto Diretrizes curriculares Nacionais para a Educação Infantil 08 É interessante relembrarmos sempre que muitas mãos se uniram na elaboração do Currículo Referência de Minas Gerais e que nele está presente a perspectiva de educação inclusiva, buscando garantir a todos o acesso a saberes e poderes: Essa perspectiva curricular valoriza a diversidade, mostrando preocupação com o sujeito em seu espaço e tempo e na forma com que se relaciona com a comunidade e espaço em que atua. Isso quer dizer que valoriza o sujeito, sua história e o local em que vive. Até aqui tudo bem? Vamos brincando mais um pouco com essa analogia. A fundação (LDB) está pronta, a base (BNCC) também, os pilares (DCN), paredes, teto (o Currículo Referência de Minas Gerais) concluídos. Olhando a casa,por fora, parece que tudo está pronto, mas falta bastante coisa ainda. Chegou a hora da fase mais detalhada e que expressa se o resultado vai ficar como previsto, o acabamento. É você, professor! O refinamento dessa obra está em suas mãos. A escolha dos materiais, as cores, a decoração! É tudo com você! Está preparado? Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades. [...] diz respeito ao desenvolvimento de uma pedagogia centrada na criança, que é capaz de bem-sucedidamente educar todas as crianças, incluindo aquelas que possuam desvantagem severa. (CRMG, p. 85, apud BRASIL, 1994, p.3-4). E quem vai cuidar desse acabamento? “ “ E depois dos detalhes finais temos nossos CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS 09 O “tom” da casa (lembra da música?) é você quem vai dar, e isso se materializará no Projeto Político Pedagógico da sua escola e nos seus planejamentos. E quando a gente conhece o projeto desde a base, a possibilidade de fazer escolhas mais acertadas é maior. Cuidar desse acabamento traz muitas responsabilidades e trabalho. Temos que fazer boas escolhas para a casa não se tornar um amontoado de ideias que não se relacionam entre si, não se conectam. Exemplificando: sabe quando na escola tem um monte de colegas fazendo coisas maravilhosas com suas turmas, cada um fazendo uma coisa diferente e poucos investindo em ações coletivas? Fica difícil para o professor que não vê seu trabalho sendo reconhecido, fica ruim para o coordenador que não consegue colaborar com todos os professores, fica ruim para a escola que perde uma grande oportunidade de desenvolver um trabalho forte, transformador e com identidade. Todo mundo perde quando não existem decisões e definições coletivas. Aí está a importância do Projeto Político Pedagógico da escola. Um espaço no qual a escola fala de sua realidade, necessidades e define ações coletivas para aproveitar o que a comunidade oferece e investir no que ela necessita. Assim como cada casa tem uma identidade, assim também é com as escolas: cada escola tem a sua identidade. E essa identidade está registrada no Projeto Político-pedagógico (PPP) de cada unidade escolar. Sugerimos uma pausa no curso para você revisitar o PPP da sua escola. Consegue ver a identidade da sua escola no documento? Ele expressa o que a comunidade escolar precisa e faz? O PPP faz a projeção de uma escola que leve em conta os interesses educativos dos estudantes, que os veja como sujeitos do processo educativo? Podemos avançar? O CRMG traz a concepção de PPP como “um processo de ação-reflexão-ação, assumido pelo esforço coletivo e a vontade política dos atores sociais envolvidos” (CRMG, p. 12). Sendo assim, temos mais questões para refletir e orientar essa construção: Como podemos avançar com o PPP da nossa escola? Fazemos um diagnóstico da realidade? Na elaboração do PPP temos a comunidade como ponto de partida? 10 Pais e alunos estão envolvidos no nosso planejamento? Como concebemos o trabalho pedagógico na nossa escola? A quantas anda a nossa organização do trabalho pedagógico na escola? Como o PPP, fundamentado no CRMG, que é fundamentado na BNCC, pode construir o sucesso escolar dos estudantes de todos os municípios mineiros? O Projeto Pedagógico foi instituído na Constituição Federal e, em 1996, a LDB determinou que todas as instituições de ensino necessitam ter seu documento. Dentre outros aspectos, a importância desse documento, o PPP, está no fato de ser um meio de referendar o processo de gestão democrática do ensino público e também de investir na autonomia das instituições de ensino. Está aí um grande motivo para ser valorizado fortemente! O documentário “A Educação Proibida”, de 2012, discute a educação normatizada e os valores que sustentam o ensino tradicional. O interesse do documentário é fomentar a discussão da qualidade de ensino a partir da alteração de paradigmas educacionais. Prepare sua pipoca, se acomode no sofá e aprecie, buscando estabelecer a relação entre o vídeo e a proposta do CRMG. E então? Como está se sentindo? Nesse momento do estudo sugerimos que leia as páginas 20 a 24 do CRMG e, após a leitura, busque revisitar os conceitos apresentados no decorrer do texto e reflita sobre isso. Assista: Link: https://www.youtube.com/watch?v=OTerSwwxR9Y acesso em 12/09/2021 Link: https://www.youtube.com/watch?v=OTerSwwxR9Y acesso em 12/09/2021 Reflita Cada casa tem a sua própria decoração, o seu colorido único e diferenciado. Mas, é também fato que, para que haja equilíbrio nesse projeto de decoração, aqui no caso, temos que primar pela harmonia sinalizada pelo CRMG e pelo PPP. Sendo assim, cuide bem do seu espaço! Cuide de quem nele habita, de suas peculiaridades, dê voz a seus alunos! Parece muita coisa, não é? É uma rede mesmo, mas não se preocupe! Com base nos documentos acima e olhando para sua sala de aula e seus pares, trabalhando de forma cooperativa, tudo fica menos complicado! Caminhos definidos, daí vamos para a organização do trabalho cotidiano que vai sendo realizado em sala. É ali, na sala de aula, que todas as nossas concepções se tornam concretas. É sabido que, no processo de ensinar e aprender, não existe um único método e uma única estratégia que dê conta de ensinar todo mundo ao mesmo tempo. Na sala de aula todas as nossas concepções e crenças se materializam, por isso a necessidade de muita consciência sobre o que se faz ou propõe em sala de aula. E sem planejamento dificilmente conseguiremos aproveitar o que a casa nos oferece. Aqui estamos nos referindo ao planejamento docente. Veja esse esquema que sintetiza a relação entre esses documentos: Plano de aula Planejamento de como as habilidades serão desenvolvidas Projeto político pedagógico Referencia interna da escola prevendo seus objetivos próprios e como se relacionam com o currículo. CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS - CRMG a ser normartizado BNCC Define aprendizagens essenciais a serem promovidas pelas propostas curriculars medadas pelas práticas pedagógicas dos professores e é fundamentada na Constituição Federal, na LBD e PNE/2014, com visitas a 11 12 Vamos conversar um pouco mais sobre o planejamento? 2.3. PLANEJAMENTO DOCENTE Você consegue voltar um pouco no tempo e lembrar de suas principais questões após ter recebido a sua primeira sala de aula, ou um ano escolar que você não tinha experiência ou até mesmo uma escola nova? Você tinha certeza sobre o que fazer, como fazer, que escolhas metodológicas seriam adequadas, qual a proposta de avaliação, etc? Talvez não lembre de todas suas dúvidas, mas no geral, quando a gente se depara com a “nossa turma” no começo de um trabalho, sempre vem um pensamento de: por onde eu começo? Todos os anos passamos por isso, a cada ano letivo que se inicia. A experiência vai ajudando a diminuir esse sentimento na medida que vamos dominando a forma de planejar nossa rotina, na medida que vamos conhecendo o currículo proposto, na medida que vamos conhecendo a comunidade escolar. “Eu sou a Eva. Faz tempo que divido tudo com o meu diário. Principalmente quando não tenho muito com quem conversar sobre os meus problemas. Tornei-me professora recentemente. No meu primeiro dia na escola foi estranho, para não dizer complicado. A turma estava sem professor e eu assumi aqueles alunos sem saber muito bem o que fazer e quem eram eles. Para falar a verdade, dúvidas não me faltam. Quando tive oportunidade de falar com a coordenadora, as informações ficaram pairando no ar porque era muita coisa para absorver em pouco tempo, ou seja, em uma hora. Vamosler a seguir um registro da professora Eva sobre sua experiência inicial com o magistério: Ela disse, entre outras coisas, que a cada quinze dias, preciso apresentar o meu planejamento. Ou seria o plano de aula? Recebi os livros didáticos e o Projeto Político Pedagógico para ler. Depois ela me esclareceria alguma coisa que eu não tenha entendido. DIÁ RIO DA EVA 13 A professora coordenadora me falou que nele, no PPP, eu encontraria o perfil da escola, da comunidade em que está inserida e o perfil dos alunos. Os projetos da escola estariam lá também. Evidentemente que li o PPP. Uma das informações que aproveitei foi que a escola fica em um bairro periférico, cuja comunidade é de baixa renda, o que redunda em uma evasão significativa. Então fiquei pensando em que medida meu planejamento poderia ajudar esses alunos. Ia esquecendo: a coordenadora disse que o meu plano de aula precisava atender às dificuldades dos alunos. E quais seriam as dificuldades deles? Ela ainda não tinha conseguido corrigir os testes que havia aplicado na turma. Pelo jeito, essa professora estava com dificuldades para reunir o grupo, já que não dispunha de uma coordenação coletiva. Para fechar com chave de ouro, ela me perguntou se eu não tinha conhecimento sobre multiletramento. Eu até vi que lá no currículo fala sobre isso, mas não ficou claro para mim. Na faculdade estudei sobre letramento. Até fiz uma resenha do livro da Magda Soares. Então creio que vou precisar me dedicar ao estudo do multiletramento. Ando tão confusa, que vou perguntar para a professora coordenadora se o que ela quer é planejamento ou plano de aula. Tenho outras três colegas que trabalham com alunos do primeiro ano, o mesmo que eu. Quis trocar umas ideias com elas, não deu certo. Falta de tempo, pois as professoras trabalham em outras escolas. Ao final do turno, elas saem correndo. 14 ? A professora Eva enfrentou desafios muitos similares a tantos professores quando iniciam o trabalho em uma escola: enxurrada de informações, documentos a serem lidos e preenchidos, exigências burocráticas, planejamentos...ufa! E, mesmo com a experiência, esses desafios continuam existindo a cada vez que mudamos de escola ou pegamos uma nova turma ou ano escolar, ou a cada vez que novos documentos orientadores passam a vigorar. Geralmente, o que é novo traz insegurança e uma certa resistência. A minha formação foi feita a distância. Um EAD de Pedagogia é bastante desafiante, no sentido de que esse modelo exige bastante boa vontade e disciplina. Tentei tirar proveito ao máximo. Estudava nas horas vagas, fiz o estágio, mas a regência foi muito esporádica. Mesmo assim, gostei de tudo e concluí que esta era mesmo a minha vocação. Espero que não me frustre com tantas dificuldades logo no início da carreira. Até a próxima, amigo diário.” ? Um dos caminhos para lidar com os desafios cotidianos citados anteriormente é pensar na organização do trabalho que se deseja realizar, e isso inclui pensar sobre: Quem são os meus alunos? Quais as finalidades desse ano escolar? Qual metodologia mais adequada? Ou seja, se queremos promover um trabalho pedagógico que faça sentido e diferença na vida dos nossos alunos, fica claro então a necessidade de levarmos em conta o contexto em que atuamos, nossa realidade e as verdades internas da escola e da comunidade. Existem diferentes níveis de abrangência do planejamento, mas agora queremos destacar o planejamento docente, como já foi dito. Como entrar em sala sem definir o que se deseja fazer? Lembra na analogia que fizemos com a música, quando falamos de paredes que precisam ser construídas observando os pilares da casa? Pois então, o planejamento docente tem que estar relacionado aos outros planejamentos da instituição (Planejamentos por ano ou de Unidade ou Bimestral, PPP e Currículo) para que não se torne uma parede sem sentido no meio da casa. Se a professora Eva não se apropriar dos documentos, refletir sobre eles, buscar conhecer a escola e sua comunidade, e elaborar um plano docente para sua turma descontextualizado do que a escola precisa e/ ou propõe, dificilmente seu trabalho será produtivo e fará diferença na comunidade. 15 A transformação da realidade vem da ação intencional e consciente; e não da ação aleatória, como paredes soltas. Mesmo que seja uma boa ideia pedagógica, quando isolada, perde-se mais facilmente do que quando faz parte da identidade de um grupo. E nesse sentido, o CRMG destaca e enfatiza: Planejar é transformar a realidade numa direção escolhida; é agir racionalmente; é realizar um conjunto orgânico de ações, proposto para aproximar uma realidade a um ideal; é implantar um processo de intervenção na realidade (GANDIN, 2001). É o processo que nos permite reduzir os níveis de incerteza, conhecer o sentido e a direção das ações cotidianas. Planejar não é apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa. (CRMG, 2019, pág.62) Planejar é uma mediação teórica metodológica para ação, que em função de tal mediação passa a ser consciente e intencional. Tem por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas prevendo o desenvolvimento da ação no tempo. [...] O planejamento educacional, entendido em diversos níveis de abrangência, é um dos componentes determinantes para ajustar o contexto escolar aos atuais desafios educacionais (CRMG, p, 62, 2019) Pensar no processo de construção e desenvolvimento do estudante é pensar na rotina que se desejará estabelecer na sala de aula, seja mensal, quinzenal, diária. Pensar na rotina para decidir sobre, dentre outros aspectos: o que e como serão trabalhados os assuntos que se deseja investir periodicidade de atividades diárias, semanais ou quinzenais, momentos coletivos e individuais, organização diária (Rotina, atividades, recreio), materiais a serem utilizados, operacionalização de projetos, organização do espaço físico e temporal (dependendo da atividade, a organização da sala precisará de configurações diferenciadas). 16 Os documentos centrais para promover o aprender e o desenvolvimento do estudante cotidianamente são: o Projeto Político Pedagógico da escola e o Planejamento, mais especificamente, o plano de aula. Dois documentos que diretamente registrarão as decisões pedagógicas são: o Projeto Político Pedagógico e o Planejamento. Exemplo - 1 Exemplo - 2 Para refletir: Quando se tem a visão mais ampla de como o currículo, o PPP e o planejamento diário interferem na prática diária, a tomada de decisão é fortalecida. Ao contrário, se não se tem o conhecimento sobre as orientações presentes nesses documentos fica-se refém de esperar alguém sempre dizer para que lado ir ou o que fazer. E com isso, a prática enfraquece e há, inclusive, desvalorização do próprio trabalho e não haverá aprendizado do estudante. Para responder ao fórum vá ao Ambiente Virtual. 2.3.1. Planejamento e Eixo Estruturante: Currículo e Educação Integral Vimos no módulo anterior que o CRMG se estruturou considerando alguns eixos que devem nortear toda a organização do trabalho pedagógico, ou seja, eixos que devem estar presentes no dia a dia do trabalho pedagógico em todos os anos escolares, não importa a etapa. Um dos eixos é: Currículo e Educação Integral. Como você entende a expressão “Educação Integral”? E nada disso pode ser elaborado se não houver a consulta constante ao currículo. Lá encontraremos o que é proposto para o ano escolar, conheceremos as habilidades que precisamos investir e os objetos de conhecimentos propostos. Você conhece bem o que é indicado para o ano escolar que você trabalha? Faça um teste rápido: que tipos de textos devo trabalhar com meus estudantes ao longo do ano e qual o foco da habilidade?Se você não lembrar, não tem problema, é só consultar o Currículo Referência de Minas Gerais, está tudo lá. Fórum 1: Questões norteadoras O professor deve planejar suas ações sempre fundamentado nos documentos. Que documentos são esses que fortalecem a prática do professor e o desenvolvimento de seus estudantes? 17 Na perspectiva da Educação Integral, o Currículo Referência de Minas Gerais não deve se limitar à organização rígida de conteúdos a serem ensinados e aprendidos, mas é preciso pensar como e quais são as competências e habilidades, que traduzidas em direitos de aprendizagem contribuirão para a formação integral dos estudantes. É preciso trazer para o currículo mineiro as capacidades que envolvam repertório cultural, empatia, responsabilidade, cultura digital e projeto de vida, portanto, é preciso desenvolver um currículo integrado, interdisciplinar e interdimensional, no qual o estudante atue como sujeito, construtor de aprendizagens integradas que façam sentido para ele. Aqui chamamos de currículo interdimensional, aquele que possibilita o exercício dos atuais quatro pilares da Educação, segundo a Comissão Internacional sobre Educação da UNESCO: o aprender a conhecer, o aprender a ser, o aprender a fazer e o aprender a viver; associando a formação básica a outros conteúdos e experiências que garantam a melhoria das aprendizagens em todas as áreas do conhecimento, a construção e ocupação da cidade como território educativo e a possibilidade de exercício de voluntariado e intervenção social na comunidade, a promoção e o desenvolvimento de habilidades que ampliem o letramento em leitura, escrita e matemática e traga uma educação de qualidade para todos e todas. (CRMG, pág. 18). Você consegue perceber se esse eixo está presente no cotidiano do trabalho que você tem proposto? O que isso tem relação com seu planejamento? Pois então, tornar concreto esses eixos é um desafio. A proposta de Educação integral a qual o CRMG se refere envolve considerar as diferentes dimensões do ser humano, sua capacidade de ser sujeito da aprendizagem, o investimento no trabalho escolar que promove envolvimento do sujeito com o espaço onde vive, compreender que a aprendizagem não se dá de forma fragmentada e isolada. Veja o que diz o CRMG sobre isso: Viu como é forte e profundo o significado do eixo “Currículo e educação integral”? Em termos práticos para sua rotina, significa planejar aulas nas quais os estudantes estejam em ação, que a sua cultura e a sua história de vida e seu lugar sejam considerados, que os conhecimentos não sejam trabalhados de forma isolada, que se invista no diálogo, que o estudante desenvolva a capacidade de se expressar Mais que planejar o conteúdo a ser dado, faz-se necessário pensar o que fazer com esse conteúdo; e isso vale para todas as áreas de conhecimento. À medida que entendemos a educação como processo contínuo de formação, em que todos os envolvidos são aprendizes e aprendentes, conseguem refletir antes de intervirem nas situações com as quais se deparam no cotidiano e, na medida que essa intervenção acontece, demonstram criatividade e inovam. A representação abaixo ilustra um pouco esse percurso do estudante na perspectiva da integralidade do ser ao longo da jornada escolar. Observe a imagem e reflita se os aspectos listados são presentes no cotidiano da sua sala de aula e da escola: Progressão do conhecimento Autonomia intelectual compreensão de normas e interesse pela vida social Aprendizado de como lidar com sistemas mais amplos Ampliação práticas de linguagem e experiencia estética intercultural Quando pensamos no desenvolvimento integral de uma criança, precisamos pensar nas múltiplas dimensões do ser. Precisamos ir além de suas capacidades cognitivas, ampliando nosso olhar para as dimensões afetiva, motora, psicológica, cognitiva e social. Nenhum estudante entra no espaço escolar apenas com sua dimensão cognitiva. Aliás, nem os estudantes, nem os professores. Haja visto a importância atual de discutir sobre as competências socioemocionais, previstas na BNCC. Sobre educação para o século 21: Competências socioemocionais de A a Z: Link: https://socioemocionais.porvir.org/ Link: https://novaescola.org.br/conteudo/12178/competencias- socioemocionais-de-a-a-z O estudo e o currículo ao longo do Ensino Fundamental https://socioemocionais.porvir.org/ https://novaescola.org.br/conteudo/12178/competencias-socioemocionais-de-a-a-z https://novaescola.org.br/conteudo/12178/competencias-socioemocionais-de-a-a-z 19 Claro que, para que esse desenvolvimento integral floresça, é imprescindível a presença de um mediador que será a ponte das vivências e saberes das crianças com os conhecimentos socialmente construídos. A troca com seus pares, com os professores, com a família, ou a exploração do espaço e de materiais é um momento de aprendizagem e desenvolvimento. O diálogo, a mediação, a escuta, a fala, tudo isso é caminho para o desenvolvimento integral. Uma tirinha do Calvin, ilustra bem sobre a necessária mudança na escuta da escola em relação aos estudantes: Fonte: Calvin e seus amigos. Disponível em: https://novaescola.org.br/ conteudo/3621/calvin-e-seus-amigos. Acesso em: 16. Set. 2021. Essa tirinha pode nos fazer refletir sobre a distância entre o que o estudante está vendo e vivendo e o que ele encontra na escola, o que temos proposto. Claro que não é objetivo aqui desprezar a importância de conhecer nomes que fizeram parte da história, porque também precisamos da memória na construção da nossa identidade, mas também não podemos desprezar os conhecimentos que o estudante possui e traz para a escola em sua bagagem. Atenção! É importante cuidar para que algumas ações planejadas não fiquem muito mais no campo do que é ideal do que no campo do que é importante ser efetivamente vivenciado. Você já se atentou para isso? Tem considerado isso no seu planejamento? http:////novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin-e-seus-amigos http:////novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin-e-seus-amigos 2O Então caro cursista, é interessante pensarmos que o motivo de estarmos refletindo sobre a organização do trabalho pedagógico diz também respeito à postura que adotamos diante dos nossos alunos na sala de aula e na escola em relação aos acontecimentos, sejam locais ou do mundo. Vamos ressaltar mais um ponto: tudo o que temos conversado demanda uma coordenação pedagógica bem estruturada, efetiva, mas essa conversa fica para um próximo momento. Vamos conversar agora sobre a organização do currículo por competências e habilidades. E assim, com as pesquisas, vamos construindo uma ação cada vez mais elaborada e comprometida com o estudante e com a sociedade. E por isso os documentos mudam, eles não são estáticos, acompanham as necessidades da sociedade. Sendo assim, o CRMG utiliza as expressões competências e habilidades porque assume uma concepção de educação. Assim como a BNCC, o CRMG assume que competências, Considerando que a BNCC é um referencial para que Minas Gerais e os demais estados, além do Distrito Federal, possam usar como guia, na elaboração dos seus currículos, você sabe qual o significado de competências e habilidades presentes em ambos os documentos? Nem sempre os documentos orientadores e currículos escolares trouxeram essa nomenclatura. Há alguns anos têm sido utilizadas essas expressões porque elas trazem uma concepção teórica em relação ao estudante e ao seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Consequentemente, isso interfere na concepção do trabalho pedagógico oferecido. Lembra que o currículo já foi sinônimo de listagem de conteúdos? Pois então, para chegarmos na discussão que temos hoje, foram realizadas muitas pesquisas em educação mostrando que o trabalho escolar não pode ser restrito a isso. 2.3.2. Competências e Habilidades nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 21se definem como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, com vistas ao pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (CRMG, p.10, 2019). Compreender e saber aplicar conhecimentos teóricos e práticos, reconhecendo sua importância para efetivamente enfrentar as diferentes demandas atuais do mundo contemporâneo parece amplo demais, não é mesmo? E é! Por isso o magistério demanda muito estudo e atualização. Talvez você se confunda um pouco com essa história de competências porque algumas pessoas falam: “são 10 as competências, outros dizem: são seis”. E agora? O que acontece é que CRMG aborda as 10 competências que a BNCC orienta para toda a Educação Básica (da Educação Infantil ao Ensino Médio), como você pode ver lá na página 10 e 11 do CRMG. E ambos os documentos (CRMG e BNCC) se complementam no intuito de garantir a todos os direitos de aprendizagem e o desenvolvimento de competências. Nas 10 Competências Gerais que a BNCC propõe e o CRMG adota e que devem fazer parte da formação dos estudantes, no decorrer de toda a educação básica, é possível associar cada uma a um aspecto de destaque na formação do sujeito. Observe o foco de cada competência, ou seja, a característica principal: Veja as páginas 21 e 22 do CRMG. 22 No contexto desses documentos, além da definição apresentada anteriormente, as competências vislumbram uma perspectiva de educação integral, abrangendo todas as dimensões da formação do estudante, baseada em valores e atitudes que levam em conta o meio em que vivem da melhor forma possível. Percebeu as diferentes dimensões do sujeito valorizadas no CRMG a partir das competências? Pois é, mas além dessas gerais para toda a Educação Básica, o CRMG apresenta competências específicas das áreas de conhecimento e dos componentes curriculares. E agora, a partir delas, vamos planejar as aulas? Opa! Vamos com calma. Não dá para planejar uma aula específica para a formação de uma competência, por isso elas se referem a toda a etapa da Educação Básica (as dez competências) ou a uma etapa específica (Ensino Fundamental) e às Áreas de conhecimento e componentes curriculares. Aí é que entram as habilidades e os objetos de conhecimento. Em cada componente curricular existem as habilidades e os objetos de conhecimento e são eles que orientarão o planejamento docente mais objetivamente. Mas onde estão os conteúdos? Os objetos de conhecimentos são mais amplos que os conteúdos, porque envolvem conceitos e os processos; os conteúdos ficam muito limitados à definições. Você encontrará todos esses elementos no currículo, quer ver? Ufa! Muita coisa, não é mesmo? Mas o importante é que não são orientações divergentes e apresentam a mesma preocupação com a formação integral. Independentemente do nível a que se referem, elas envolvem: conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. 23 As habilidades, de acordo com a BNCC, se referem aos saberes esperados em cada área do conhecimento/disciplina de cada ano escolar, necessários para que as competências se desenvolvam ao longo da educação básica. Elas relacionam-se com as competências gerais e específicas. No desenvolvimento de uma competência, várias habilidades são mobilizadas. Fonte: CRMG, p.261. TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO Campos de Atuação Práticas de linguagem Práticas de linguagem Habilidades 1° Ano Construção do sistema alfabético pontos articulatórios para a execução de casa som (EFO1LPO6) Segmentar oralmente palavras em sílabas. (EFO1LPO7) Identificar fonema e sua representação por letras. (EFO1LPO8) Relacionar elementos sonoros ( sílabas, fonemas, partes de palavras ) com sua representação escrita. (EFO1LP13) Comparar palavras. indentificando semelhanças e diferenças entre sons de silabas inicias, mediais e finais. Construção do sistema alfabético e da ortografia TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO Cada conjunto de habilidades mobilizadas com vistas ao desenvolvimento das competências específicas, relaciona-se a vários objetos de conhecimento entendidos aqui como conteúdos, conceitos e processos. Estes, por sua vez, se desdobram em várias unidades temáticas que se materializam no trabalho que acontece de forma multidisciplinar no cotidiano do ensinar e aprender, na sala de aula nossa de cada dia. Ficou claro para você? 24 Vamos tentar ilustrar esses elementos trazendo uma situação planejada para a sala de aula: uma proposição de leitura, por exemplo. Imaginemos que a professora leve para a sala de aula um folheto de campanha de vacinação contra COVID. Ao propor a leitura e interpretação deste folheto você já pensou sobre quantas habilidades e conhecimentos estaremos explorando, além da leitura decodificadora apenas? Para fins didáticos, vamos apresentar um levantamento de competências, habilidades e objetos de conhecimento em ação em uma situação como essa: HABILIDADE: autentificar o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos expressivo gáfico-visuais em extosmultussemióticos. COMPETAÊNCIA Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação de sentidos, valores e ideologias. HABILIDADE: identificar outros sinais no texto além das letras,como pontos finais, de interrogação e exclamação e seus efeitos na entonação. HABILIDADE: Selecionar com a medição do professor, textos que circulam em meios impressos ou digitais, de acordo com as necessidades e interesses. Objetos de conhecimento •Formação do leitor; •Estratégia de leitura; •Pontuação; •Relato oral, registro formal e informal; •Compreensão em leitura; •OC: Formação do leitor literário HABILIDADE:Identificar finalidades de interação oral em diferentes contextos comunicativos (solicitar informações, apresentar opiniões, informar, relatar experiências etc.) HABILIDADE: Ler e compreender, em colaboração com os colegas e com a ajuda do professor, cartazes, avisos, folhetos, regras e regulamentos que organizam a vida na comunidade escolar, dentre outros gêneros do campo de atuação cidadã, considerando a situação comunicativa e o tema/ assunto do texto. 25 Ao lidar com a leitura de diferentes tipos de textos em sala de aula, o estudante aprende a selecionar textos de acordo com seus interesses e necessidades, inclusive diferenciando os tipos de textos. A análise das imagens utilizadas no folheto ou outros elementos que indicam sentido contribui para que o estudante não se torne “presa fácil” de propagandas muitas vezes atrativas, porém, enganosas. Fazer a leitura com a entonação adequada à pontuação ajuda a compreender a mensagem que o texto está trazendo. A proposição de comentários sobre o texto proposto, opinião, relatos associados, permite a construção de um olhar diferenciado em relação ao discurso verbal e não-verbal. A leitura e interpretação de textos que circulam no ambiente da vida prática permite uma atuação cidadã mais consciente. Você consegue associar os objetos de conhecimento que estão no quadro à direita às habilidades? Tente fazer esse exercício. Qualquer coisa, é só consultar o currículo que você poderá conferir. Aqui fizemos um recorte apenas para pensar didaticamente no planejamento que considera habilidades e competências. No seu dia a dia, esse processo é muito mais rico e amplo. Em oposição a um trabalho planejado a partir de um conteúdo listado que ficaria restrito a uma leitura de um folheto qualquer, sem relação ao que o estudante vive e com a finalidade em si mesmo. As habilidades trabalhadas no dia a dia da sala de aula e que consideram os objetos de conhecimento indicados, contribuem para a formação da competência prevista para o Ensino Fundamental. A ideia aqui é perceber que uma atividade dá espaço para o investimento em muitas habilidades, de diferentescampos e práticas. E aqui só estamos exemplificando com o componente curricular Língua Portuguesa. Imagine quantas habilidades são trabalhadas além desse componente porque nos anos iniciais não fragmentamos as áreas de conhecimento. 26 A partir da página 192 do CRMG você encontrará as orientações para o Ensino Fundamental, lembrando que nessa etapa temos os Anos Iniciais e Finais. No próximo eixo do curso apresentaremos esquemas de cada componente curricular, mas por hora ficamos apenas com essa organização geral que vale para todos os componentes curriculares. Assim, podemos evidenciar que o direito de aprender se materializa no CRMG pois ele traz o que, porque e quando ensinar de forma conectada com o meio e o contexto nos quais a escola está inserida e também alinhado com as necessidades de quem habita a sala de aula. Você percebe isso no seu cotidiano escolar? E pausa para uma reflexão: Como você organiza as competências, habilidades e objetos do conhecimento no seu planejamento. Tudo se alinha ao PPP da sua escola? Para finalizar esse módulo, trazemos Mafalda para nos fazer pensar quando estivermos elaborando o planejamento docente: Planejar exige saber aonde queremos chegar. É aquela história de dar o “tom” para o trabalho escolar. A estrutura da casa está pronta, mas você precisa mexer nesse espaço para que ele seja funcional. Não queremos uma bela casa, sem funcionalidade. O planejamento docente é necessário e indispensável para sabermos por onde estamos indo, o caminho. E não há planejamento sem registro. Esse registro traz elementos para retomar e refletir sobre caminhos metodológicos e atividades que temos colocado em ação. Tem um ponto fundamental para esse planejamento docente fluir: a necessária leitura do que está previsto para o ano escolar de atuação e a compreensão do que se lê. Como selecionar as habilidades a serem trabalhadas sem compreendê- las? Sem compreender como cada componente curricular está organizado e por quê. E é sobre isso que falaremos no próximo módulo: a organização e a sustentação teórica de cada componente curricular. Fonte: Revista Língua Portuguesa, 2014, nº 107, p. 57. 27 Fórum 2: Desafio de enriquecimento É sabido que as vislumbram uma perspectiva de educação integral. Considerando a BNCC um referencial, você sabe qual o significado de competências e habilidades presente no CRMG? competências e habilidades Assim como a BNCC, o CRMG assume que competências se definem como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, com vistas ao pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (CRMG, p.10, 2019). As habilidades, de acordo com a BNCC, se referem aos saberes esperados em cada área do conhecimento/disciplina de cada ano escolar, necessários para que as competências se desenvolvam ao longo da educação básica. Elas relacionam-se com as competências gerais e específicas. No desenvolvimento de uma competência, várias habilidades são mobilizadas. : Ao assumir a concepção de educação integral, o CRMG referendado pela BNCC, trata as expressões competências como o conjunto de conhecimentos (conceitos e procedimentos), de práticas cognitivas e socioemocionais, de atitudes e valores que são condições para o estudante agir na sua realidade com vistas ao pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. Para definir habilidades os documentos se referem aos saberes esperados em cada área do conhecimento/disciplina de cada ano escolar, necessários para que as competências se desenvolvam ao longo da educação básica. Elas relacionam-se com as competências gerais e específicas. No desenvolvimento de uma competência, várias habilidades são mobilizadas. Exemplo - 1 Exemplo - 2 28 Vamos pensar juntos? No contexto da BNCC e CRMG, as competências e habilidades vislumbram uma perspectiva de educação integral, abrangendo todas as dimensões da formação do estudante, baseada em valores e atitudes que levam em conta o meio em que vivem da melhor forma possível. Estas como práticas, cognitivas e socioemocionais e aquelas como a mobilização de conhecimentos, conceitos e procedimentos, sempre com a mesma preocupação, tanto da BNCC quanto do CRMG, com a formação integral do estudante. Os documentos apresentam competências e habilidades específicas das áreas de conhecimento e dos componentes curriculares. Esses saberes são esperados em cada área do conhecimento/disciplina e mobilizados no desenvolvimento das competências ao longo de toda educação básica. (CRMG, p.10, 2019) Para responder ao fórum vá ao Ambiente Virtual. Ouça o podcast com o resumo do eixo 2 na plataforma. Faça o questionário final na plataforma. 29 BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de junho de 2014. Disponível em: BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: MINAS GERAIS. Currículo Referência de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao- basica-2013-pdf/file . Acesso em: 24 de ago. de 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm . Acesso em: 23 ago. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 24 ago. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 ago. 2021. https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/ . Acesso em 20 de ago. 2021. REFERÊNCIAS