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Tecnologia em Gestão Pública SUPERIOR Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins 2014 MODELOS DE GESTÃO A543m Andujar, Andréa Martins Modelos de gestão / Andréa Martins Andujar, Anderson Antônio Mattos Martins. – 2. ed. – Florianópolis : IFSC, 2014. 134 p. : il. ; 28 cm Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-64426-80-1 1. Administração. 2 Organização. I. Título. . CDD: 658 Copyright © 2013, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. Todos os direitos reservados. 2ª Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC. A responsabilidade pelo conteúdo desta obra é do(s) respectivo(s) autor(es). O conteúdo desta obra foi licenciado temporária e gratuitamente para utilização no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através do IFSC. O leitor compromete-se a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado pessoal. A reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. O conteúdo desta obra poderá ser citado em trabalhos acadêmicos e/ ou profissionais, desde que com a correta identificação da fonte. A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa do(s) autor(es) ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal, artigo 184, Parágrafos 1o ao 3o, sem prejuízo das sanções cabíveis à espécie. Catalogado por: Laura da Rosa Bourscheid CRB14/983 Departamento de Educação a Distância Créditos do Livro FICHA TÉCNICA E INSTITUCIONAL [ Reitoria ] Maria Clara Kaschny Schneider [ Pró-Reitoria de Ensino ] Daniela de Carvalho Carrelas [ Diretoria do Centro de Referência em Formação e EaD ] Gislene Miotto Catolino Raymundo [ Chefia do Departamento de Educação a Distância - EaD/IFSC ] Fabiana Besen [ Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública ] Giovani Cavalheiro Nogueira [ Coordenação - Produção de Materiais Didáticos - EaD/IFSC ] Ana Karina Corrêa [ Projeto Gráfico e Instrucional - Livros didáticos - EaD/IFSC ] Aline Pimentel Carla Peres Souza Daniela Viviani Elisa Conceição da Silva Rosa Sabrina Bleicher EDIÇÃO 2014 [ Conteúdo ] Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins [ Design Gráfico ] Rafael Martins Alves [ Design Instrucional ] Verônica Ribas Cúrcio [ Capa e Editoração Eletrônica ] Rafael Martins Alves [ Revisão Gramatical ] Beatrice Gonçalves [ Infográficos ] Rafael Martins Alves [ Tratamento de imagens ] Rafael Martins Alves [ Imagens ] Wikimedia Commons <http://commons.wikimedia.org/> Free Images <http://www.freeimages.com/> Prezado estudante, Seja bem-vindo! O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em transpor distâncias físicas e geográficas, percebe e trata a Educação a Distância como uma possibilidade de inclusão. No IFSC são oferecidos diferentes cursos na modalidade a distância, ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis, possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus campus e polos de apoio presencial conveniados. Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e revelando a intencionalidade da instituição. Bom estudo e sucesso! Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional Departamento EaD/IFSC Sumário Modelos de Gestão 1. Aspectos Gerais da Administração 07 2. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 27 3. A Abordagem Estruturalista da Administração 69 4. Novas Abordagens Organizacionais 85 5. Teoria do Desenvolvimento Organizacional 99 6. Teoria Neoclássica 109 Considerações Finais 129 Sobre os Autores 130 Referências 131 A unidade curricular Ide Modelos de Gestão a requer um talento especial de quem a pratica, uma sensibilidade especial, Caro (a) estudante, nesta unidade curricular, você vai explorar as principais teorias administrativas que constituem a base na qual se assentam as práticas de gestão nas organizações. As teorias administrativas configuram um corpo de conhecimentos, de valores e de visão de mundo. Você vai percorrer caminhos que vislumbram a evolução dessas teorias para modelos mais elaborados com o propósito de fornecer-lhe recursos que o ajudarão a lidar com os desafios das organizações contemporâneas. O material aqui proposto é de fácil entendimento e combina uma releitura de fundamentos e posições de renomados autores e de reflexões, resultado de uma ampla revisão bibliográfica. Não temos a pretensão de esgotar o tema, mas o objetivo de proporcionar-lhe subsídios para uma atuação qualificada. Bons estudos! Aspectos Gerais da Administração MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 1 Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os conceitos básicos de Administração, reconhecer a importância da Administração nos dias atuais, identificar as habilidades e funções necessárias a um gestor, definir organizações e caracterizar o ambiente organizacional além de entender o surgimento das teorias administrativas. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Aspectos Gerais da Administração As teorias da Administração e as organizações As teorias da Administração praticadas ao longo do tempo basearam-se em diferentes modelos de condução das organizações como, por exemplo, da organização da Igreja Católica, que conta com um modelo de hierarquia simples; da organização militar, com conceitos de unidade de comando, linha, centralização e estratégia; e da Revolução Industrial, que conta com uma visão de especialistas da produção em série e a concepção da adaptação do homem à máquina. Aspectos Gerais da Administração 9 Para Chiavenato (2004), cada teoria administrativa surgiu como resposta aos problemas organizacionais relevantes de sua época e todas foram bem-sucedidas nas soluções específicas para tais problemas. Segundo o autor, todas as teorias administrativas são aplicáveis às situações atuais e o administrador precisa conhecê- las para ter à sua disposição um naipe de alternativas para cada situação. Para que você tenha uma visão das teorias administrativas ao longo do tempo, a tabela abaixo mostra a relação dos anos com as respectivas teorias: Teorias administrativas. Anos Teorias 1903 Administração Científica 1909 Teoria da Burocracia 1916 Teoria Clássica 1932 Teoria Relações Humanas 1947 Teoria Estruturalista 1951 Teoria dos Sistemas 1954 Teoria Neoclássica 1957 Teoria Comportamental 1962 Desenvolvimento Organizacional 1972 Teoria da Contingência A Teoria Geral da Administração (TGA) é o corpo de conhecimentos a respeito das organizações e do processo de administrá-las. Não existem teorias, fórmulas ou receitas definitivas na Administração, o que há é um conjunto de conhecimentos produzidos a partir da experiência prática das organizações. Teoria Geral O que estuda a TGA A Teoria Geral da Administração (TGA) estuda a Administração das organizações do ponto de vista da interação e interdependência entre seis principais variáveis, conforme demonstra a figura a seguir: Estrutura Ta re fa Pessoa Tecnologia Am biente Com pet iti vid ad e As variáveis apresentadas na figura constituem os principais componentes no estudo da Administração das organizações. O comportamento desses componentes é sistêmico e complexo: cada um influenciae é influenciado pelos outros e a adequação e a integração entre eles constituem o desafio da Administração. A professora Sônia Ferreira Ferraz, diretora da Câmara de Formação Profissional do Conselho Federal de Administração, salientou no Seminário Nacional sobre TGA, em 2006, que a TGA mostra o efeito cumulativo e gradativamente abrangente das diversas teorias com suas diferentes contribuições e enfoques. Para a autora, todas as teorias administrativas são válidas, embora cada qual valorize uma ou alguma das seis variáveis básicas. Vamos ver então o porquê de estudar TGA: • as teorias guiam as decisões da Administração: o estudo da teoria nos ajuda a compreender os processos fundamentais e, baseados nisso, a escolher uma linha eficaz de ação. Em essência, uma teoria é um conjunto coerente de pressupostos elaborados para explicar as relações entre dois ou mais fatos observáveis. Portanto, as teorias Aspectos Gerais da Administração 11 permitem-nos prever o que acontecerá sob certas situações. Com esse conhecimento, podemos aplicar diferentes teorias da Administração a diferentes situações. • as teorias dão forma à nossa visão das organizações: a partir do estudo das teorias da Administração é possível verificar ou identificar a forma como a organização se estrutura. Veja, por exemplo, a linha de montagem de Henry Ford. Ela é uma aplicação bastante prática da teoria da Administração Científica, que propõe que os administradores podem determinar cientificamente o melhor modo de se realizar qualquer tarefa. Essa teoria é baseada no pressuposto de que as pessoas não gostam de trabalhar e precisam de uma supervisão atenta e de incentivo financeiro. Em anos recentes, entretanto muitos fabricantes enfrentaram uma crise de produtividade e de qualidade, o que os forçou a repensar as premissas da teoria da Administração Científica Até mesmo a marca Ford, que foi uma das primeiras a adotar a teoria da Administração Científica, precisou rever seus conceitos e atualmente adota um novo conjunto de pressupostos com relação aos empregados. • as teorias conscientizam sobre o ambiente empresarial: cada uma das teorias é produto de seu ambiente – das forças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas presentes num dado tempo e lugar. Esse conhecimento irá ajudar a compreender porque certas teorias são mais apropriadas a determinadas circunstâncias do que outras. No início do século XX, por exemplo, havia falta de mão de obra especializada por isso, era preciso encontrar modos de produção que tornassem cada trabalhador mais eficiente. Nesse contexto, a abordagem de Henry Ford fazia muito sentido. Hoje, entretanto, quando o nível geral de educação é mais elevado e temos um grande suprimento de mão de obra, outras teorias são mais eficazes. • as teorias são uma fonte de novas ideias: as teorias nos dão a chance de assumir um ponto de vista diferente com relação às situações do cotidiano. Serão estudadas diversas escolas do pensamento administrativo, que foram sendo desenvolvidas numa sequência histórica, sendo que as ideias posteriores não substituíram as anteriores. Em vez disso, cada nova escola complementa ou coexiste com as existentes. Ao mesmo tempo, cada escola continuou a se desenvolver e até mesmo a se difundir com outras. Para que serve a Administração? A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração sofreu uma radical transformação em seu significado original. A tarefa da Administração passou a ser a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio de planejamento, organização, direção e controle a fim de alcançar tais objetivos e garantindo a competitividade. A Administração é o processo ou a atividade dinâmica, que consiste em tomar decisões sobre objetivos e recursos. O processo de administrar é inerente a qualquer situação em que haja pessoas utilizando recursos para atingir algum objetivo. A finalidade última deste processo é garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos. Em épocas de incertezas como as de hoje, a Administração torna-se uma das mais importantes áreas da atividade humana, pois sua tarefa básica é a de fazer com que os processos funcionam e garantam resultados, de maneira eficiente e eficaz. Nas organizações, sejam indústrias, comércio, organizações de serviços públicos, hospitais, universidades, instituições militares ou qualquer outra forma de empreendimento humano, a eficiência e a eficácia com que as pessoas trabalham em conjunto para conseguir objetivos comuns dependem diretamente da capacidade daqueles que exercem a função administrativa. O avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano não produzem por si só efeitos se não houver qualidade na administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas para que haja aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais. A Administração, nesse sentido, passa a ser considerada a principal chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo moderno. Muitos autores procuraram definir Administração. Idalberto Chiavenato suscita algumas definições: • Administração é o processo pelo qual um grupo de pessoas dirige as ações de outras no sentido de alcançar objetivos comuns; EFICIENTE [ GLOSSÁRIO ] Agente de ação; que produz realmente um efeito. EFICAZ [ GLOSSÁRIO ] Que dá bom resultado, que produz o efeito desejado. Aspectos Gerais da Administração 13 • Administração é o processo de trabalhar com e através de outras pessoas para alcançar, eficientemente, objetivos organizacionais pelo uso eficiente de recursos limitados em um ambiente mutável. • Administração representa a busca de objetivos organizacionais de uma maneira eficiente e eficaz através de planejamento, organização, liderança e controle dos recursos organizacionais. • Administração refere-se a duas coisas: coletivamente a todos os administradores de uma organização; e ao estudo do que os administradores fazem. Toda organização é tocada por administradores. • Administração é o processo de alcançar objetivos organizacionais pelo trabalho com e através de pessoas e demais recursos organizacionais. Três características são fundamentais: Administração é um processo ou séries de atividades relacionadas, envolve e se concentra no alcance de objetivos organizacionais e busca alcançar tais objetivos através do trabalho das pessoas e demais recursos organizacionais. Para Maximiano (2011), a finalidade da Administração é garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos: IDALBERTO CHIAVENATO [ QUEM ] Idalberto Chiavenato é reconhecido e prestigiado pela excelência de seus trabalhos em Administração e em recursos humanos. É um dos autores nacionais mais conhecidos e respeitados na área de Administração de empresas e recursos humanos. Graduado em Filosofia/Pedagogia, com especialização em Psicologia educacional pela Universidade de São Paulo, em Direito pela Universidade Mackenzie e pós-graduado em Administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, é mestre e doutor em Administração pela City University of Los Angeles (EUA). Foi professor da Fundação Getúlio Vargas e de várias universidades no exterior além de ser consultor de empresas. RECURSOS Pessoas Informação e conhecimento Espaço Tempo Dinheiro DECISÕES Planejamento Organização Execução Direção OBJETIVOS Resultados esperados do sistema O trabalho do administrador, em qualquer organização, é o de ser a ponte entre os meios (recursos financeiros, tecnológicos e humanos) e os fins (objetivos). Como elo entre os recursos e os objetivos de uma organização, cabe ao administrador combinar os recursos na proporção adequada. É importante você entender que, qualquer que seja a posiçãoou o nível que o administrador ocupe, os resultados são alcançados por meio da efetiva cooperação dos seus subordinados. Funções da Administração A partir de agora, você vai conhecer as funções da Administração: planejamento, organização, direção e controle. Veja cada uma delas mais detalhadamente a seguir: Planejamento O planejamento consiste em determinar antecipadamente os objetivos almejados pela organização e traçar formas para alcançá- los. Por meio da função administrativa, o planejamento define onde se quer chegar (where), o que deve ser feito (what), quando (when), como (how), por que (why), quem (who) deve fazer o trabalho e em que sequência. Existem três níveis distintos de planejamento na organização: o planejamento estratégico, o tático e o operacional. Vejamos as características principais de cada um deles: • Planejamento estratégico: é o mais amplo e abrange toda a organização; é projetado para longo prazo (em geral para os próximos cinco anos); é definido pela cúpula organizacional; e é macro-orientado. • Planejamento tático: é feito em nível departamental; é projetado para o médio prazo (geralmente de um a cinco anos); é menos genérico e mais detalhado; é definido pelo nível intermediário da organização. • Planejamento operacional: é feito para cada tarefa ou atividade específica; é projetado para o imediato (curto prazo: menos de um ano); é definido pelo nível operacional; é micro-orientado. Aspectos Gerais da Administração 15 As características mais marcantes do planejamento, segundo Diniz (2004), são as apresentadas no quadro abaixo: Características da função planejamento Características da função planejamento Planejamento é um processo permanente e contínuo Não se esgota em um único plano de ação, é realizado continuamente pela empresa. Planejamento é sempre voltado para o futuro Está sempre ligado intimamente à previsão, embora não se confunda com ela. Planejamento visa à racionalidade da tomada de decisão Ao estabelecer esquemas para o futuro, o planejamento funciona como um meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior racionalidade e subtraindo a incerteza inerente à qualquer tomada de decisão. Planejamento visa selecionar entre várias alternativas um curso de ação Quando se escolhe um curso de ação que prossegue no tempo, deixam-se de lado todas as demais alternativas que foram rejeitadas por algum motivo ou razão. Planejamento é sistêmico Deve considerar a totalidade da empresa, do órgão ou da unidade para o qual foi feito, sem omitir as relações internas e externas. Planejamento é interativo Pressupõe avanços e recuos, alterações e modificações em função dos eventos novos e inesperados que ocorram tanto no ambiente interno como no ambiente externo da empresa ou unidade. Planejamento é uma técnica de alocação de recursos Visa à definição, ao dimensionamento e à alocação dos recursos humanos e não humanos da empresa ou unidade de uma forma antecipadamente estudada e decidida. Planejamento é uma técnica cíclica Conforme vai sendo executado e realizado, o planejamento permite condições de avaliação e de mensuração para novos planejamentos, com informações e perspectivas mais seguras e corretas. Planejamento é uma função administrativa que interage com as demais Está intimamente relacionado com a organização, direção e controle, influenciando e sendo influenciado por todas elas a todo momento e em todos os níveis da organização. Planejamento é uma técnica de coordenação e de integração Ele permite a coordenação e integração de várias atividades no sentido da realização dos objetivos desejados. Planejamento é uma técnica de mudança e de inovação Constitui uma das melhores maneiras de se introduzir deliberadamente mudança e inovação em uma empresa sob uma forma previamente definida e escolhida e devidamente programada para o futuro. Fonte: DINIZ, Danusa F. Costa. Apostila de Teoria Geral da Administração. FEAT, Ibaiti, 2004. Organização A organização consiste em determinar as atividades necessárias ao alcance dos objetivos planejados (especialização), em agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamentalização) e em designar as atividades às pessoas específicas (cargos e tarefas). A função administrativa da organização pode ser feita em três níveis: global, departamental e em nível das tarefas e operações: • Organização ao nível global: abrange a empresa como um todo. É o desenho organizacional que pode assumir três tipos: linear, funcional e do tipo linha-staff. Veja: • Organização linear: a estrutura organizacional é simples e baseia-se na autoridade linear, isto é, cada superior tem autoridade única e absoluta sobre os seus subordinados. • Organização funcional: a estrutura organizacional baseia-se no princípio funcional ou princípio da especialização das funções. • Organização linha-staff: tem-se a prestação de serviços especializados e de consultoria técnica, influenciando indiretamente o trabalho dos órgãos de linha por meio de sugestões, recomendações, consultoria e prestação de serviços como planejamento, relatórios, dentre outros. • Estabelece um esforço coordenado. • Fornece uma direção para gerentes e não gerentes. • Obriga as pessoas a olharem para frente, a se anteciparem. • Reduz as incertezas e esclarece as consequências. • Reduz as atividades sobrepostas ou redundantes, evita o desperdício. • Estabelece objetivos e padrões que ajudam no controle. Planejamento ORGANIZAÇÃO LINEAR [ GLOSSÁRIO ] A organização linear tem suas origens na organização dos antigos exércitos e na organização eclesiástica dos tempos medievais. Entre o superior e os subordinados existem linhas diretas e de autoridade baseadas no direito organizacional de exigir o cumprimento de ordens e de responsabilidadesna execução de tarefas. LINHA-STAFF [ GLOSSÁRIO ] A organização linha-staff é o resultado da combinação entre a organização linear e a organização funcional, permitindo atividade conjunta e coordenada dos órgãos de linha e dos órgãos de staff ou assessoria Aspectos Gerais da Administração 17 • Organização em nível departamental: abrange cada departamento; é o desenho departamental ou departamentalização. Entende-se por departamentalização a configuração organizacional usada para agrupar as diversas atividades da organização. • Organização em nível das tarefas e operações: focada em cada tarefa ou atividade; é o desenho dos cargos ou tarefas sendo feita por meio da descrição e análise de cargos. Direção A direção é a função administrativa que compreende as decisões que acionam recursos, especialmente de pessoas, para realizar tarefas e alcançar objetivos. É a função administrativa que se refere às relações interpessoais dos administradores com os seus subordinados em todos os níveis da organização. Constitui uma das mais complexas funções administrativas pelo fato de envolver orientação, assistência à execução, comunicação, motivação e todos os processos por meio dos quais os administradores buscam alcançar os objetivos da organização. Fonte: CHIAVENATO (2004). Organização Linear e Organização Funcional, respectivamente A direção também pode se dar em três níveis distintos: global, departamental e operacional: • Direção em nível global: abrange a organização como um todo. Compete ao presidente da empresa e a cada diretor em sua respectiva área e corresponde ao nível estratégico da organização. • Direção em nível departamental: abrange cada departamento da organização. É a chamada gerência e corresponde ao nível tático da organização. • Direção em nível operacional: abrange cada grupo de pessoas ou de tarefas. É a chamada supervisão e corresponde ao nível operacional da empresa. Para entender melhor a estrutura da função direção, o quadro a seguir ilustra seus níveis e abrangências: Nível de organização Nível de direção Cargos envolvidos Abrangência Institucional Direção Diretorese altos executivos A empresa ou áreas da empresa Intermediário Gerência Gerentes e pessoal de meio de campo Cada departamento ou unidade da empresa Operacional Produção Supervisores e encarregados Cada grupo de pessoas ou tarefas Controle Controle é a tomada de decisões e ações para assegurar a realização dos objetivos. A finalidade dessa função administrativa é assegurar que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem aos objetivos previamente estabelecidos. O controle acontece em quatro fases de modo cíclico, conforme ilustra a figura seguir: Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 2004. Aspectos Gerais da Administração 19 Fonte: CHIAVENATO (2004; 2007). A função do controle busca verificar se a atividade controlada está ou não alcançando os resultados esperados e pode se dar em três níveis: global, departamental ou operacional: Controle em nível global (estratégico): é macro-orientado e engloba a empresa como um todo. É genérico, sintético, abrangente e a longo prazo. Controle em nível departamental (tático): aborda cada unidade da empresa separadamente. É realizado a médio prazo e é mais detalhado, portanto menos genérico. Controle em nível operacional: é detalhado, específico e analítico. Aborda apenas cada tarefa ou operação sendo a curto prazo. Na figura a seguir, você tem uma visão abrangente das funções administrativas: Estabelecimento de padrões Observação do desempenho Ação corretiva Comparação do desempenho com o padrão estabelecido Dentro desse contexto, é possível entender quem são os verdadeiros administradores. Maximiano (2011) define que os verdadeiros administradores são as pessoas ou gerentes que tomam decisões de administração. Podem ser indivíduos ou grupos. Para o autor, são todas as pessoas que administram sistemas ou recursos. Definir missão. Formular objetivos. Definir os planos para alcançá-los. Programar as atividades. Dividir trabalho. Designar as atividades. Agrupar as atividades em órgãos e cargos Alocar recursos. Definir autoridade e responsabilidade. Designar as pessoas. Coordenar os esforços. Comunicar. Motivar. Liderar. Orientar. Definir padrões. Monitorar o desempenho. Ação corretiva. Planejamento Organização Direção Controle Fonte: CHIAVENATO (2004, 2007). Os administradores são planejadores, organizadores, líderes e controladores da organização. Os administradores trabalham com qualquer pessoa, em qualquer nível dentro ou fora das organizações auxiliando no alcance dos objetivos das mesmas. Habilidades básicas do administrador As habilidades básicas do administrador estão divididas em três: conceituais, técnicas e humanas: • Habilidades técnicas: compreensão e proficiência num determinado tipo de atividade especialmente naquela que envolva métodos, processos, procedimentos ou técnicas. É fácil visualizar a habilidade técnica de um cirurgião, de um músico, de um contador no instante em que desempenham Aspectos Gerais da Administração 21 suas funções. Representam o conhecimento específico, normalmente, associado à área funcional. Em recursos humanos, as habilidades estão voltadas ao conhecimento da legislação trabalhista, cargos e salários e métodos de avaliação. Já na produção, estão voltadas ao conhecimento dos métodos, processos, insumos e materiais. • Habilidades humanas: dizem respeito à habilidade das pessoas em trabalhar com os outros, de aceitar a existência de opiniões e convicções contrárias às suas, de compreender o que os outros querem dizer com palavras e gestos, de criar um ambiente de boa vontade e segurança e de serem suscetíveis aos anseios e motivações do outro. • Habilidades conceituais: representam a necessidade de se ter uma visão do todo. Inclui o reconhecimento de como as diversas funções numa organização dependem umas das outras e de que modo as mudanças, em qualquer uma das partes da organização, afetam as demais. Elas refletem a capacidade de transformar conhecimentos em ação, expressos pelos objetivos, políticas, interesses e procedimentos organizacionais. A competência nessas habilidades depende do treinamento e dos processos de educação. As habilidades técnicas, humanas e conceituais estão interligadas, contudo variam em importância e grau nos diferentes níveis da organização. A figura a seguir ilustra os três tipos de habilidades gerenciais e sua relação com a posição na hierarquia: Administração Superior Gerência Intermediária Supervisão de primeira linha Habilidades Conceituais Habilidades Humanas Habilidades Técnicas Fonte: KATZ; KAHN (1978). Desafios da Administração Novas formas administrativas foram criadas em virtude do surgimento de novas arquiteturas organizacionais impostas pelas demandas da era pós-industrial. Essa previsão baseia- se no princípio evolucionário de cada idade e desenvolve uma forma organizacional apropriada a suas características, pois cada contexto exige uma forma organizacional diferente, apropriada as suas características. Para Feltrin (2007), tais mudanças se devem a: • mudanças rápidas e inesperadas principalmente no campo do conhecimento e da explosão populacional impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm condições de atender; • crescimento das organizações que se tornam complexas e internacionais; • atividades que exigem pessoas de competência diversas e altamente especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de acompanhamento das rápidas mudanças. Vários fatores poderão provocar profundos impactos sobre as organizações e empresas, dentre eles, o crescimento das organizações, a concorrência, a sofisticação da tecnologia, as taxas elevadas de inflação, a globalização da economia, a internacionalização dos negócios e a visibilidade maior das organizações: • Crescimento das organizações: as organizações bem- sucedidas tendem ao crescimento e à ampliação de suas atividades, seja em termos de tamanho e de recursos, na expansão de seus mercados ou no volume de suas operações. O crescimento é uma decorrência inevitável do êxito organizacional. À medida que a organização cresce, ocorre uma subdivisão interna (divisão do trabalho) e especialização dos órgãos e, em decorrência, maior necessidade de coordenação e integração das partes envolvidas para garantir a eficiência e eficácia. O mundo externo é caracterizado por mudanças rápidas e frequentes e para acompanhar com sucesso essas mudanças, os administradores generalistas e dotados de habilidades genéricas e variadas terão perspectivas mais promissoras Aspectos Gerais da Administração 23 do que os administradores especialistas e concentrados em poucas habilidades gerenciais. • Concorrência mais aguda: à medida que aumentam os mercados e os negócios, crescem também os riscos da atividade empresarial. O produto ou serviço que demonstre ser superior ou melhor será o mais procurado. O desenvolvimento dos produtos ou serviços exigirá maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento, aperfeiçoamento das tecnologias, dissolução de velhos e criação de novos departamentos, busca incessante de novos mercados e a necessidade de competir com outras organizações. • Sofisticação da tecnologia: com o uso das telecomunicações, do computador e do transporte, as organizações e empresas estão internacionalizando suas operações e atividades. A tecnologia proporciona uma eficiência e uma precisão maior e com isso, o trabalhador tem mais tempo para executar tarefas mais complicadas que exijam planejamento e criatividade. A tecnologia introduz novos processos e instrumentos que causam impactos sobre a estrutura e o comportamento das organizações. • Taxas elevadas de inflação: os custos de energia, matérias-primas, mão de obra e do dinheiro estão se elevando continuamente. A inflação exigirá, cada vez mais, maioreficiência da administração das organizações para que essas possam obter melhores resultados com os recursos disponíveis e programas de redução de custos operacionais. A inflação imporá novas pressões e ameaças sobre as organizações lucrativas. • Globalização da economia e internacionalização dos negócios: o esforço de exportação e a criação de novas subsidiárias em outros territórios estrangeiros é um fenômeno que influenciará organizações do futuro e sua administração. A globalização e o intercâmbio planetário fazem com que a competição se torne mundial. • Visibilidade maior das organizações: enquanto crescem, as organizações tornam-se competitivas, mais sofisticadas, internacionalizam-se mais e, com isso, aumentam sua influência ambiental. Ou seja, as organizações chamam mais atenção do ambiente e do público e passam a ser mais vistas e percebidas. A visibilidade da organização (capacidade de chamar a atenção dos outros) pode ocorrer de modo positivo ou negativo. A tarefa do administrador é desafiadora, pois o mesmo defronta-se com uma série de mudanças rápidas e bruscas, carregadas de ambiguidades e incertezas. As organizações Desde o inicio do século XX, as organizações passaram por diversas mudanças com a introdução de novas tecnologias, o que tem causado impacto na vida social e política das pessoas. Na Revolução Industrial (1900-1950), o formato da organização era piramidal e centralizador. As pessoas eram consideradas recursos de produção como as máquinas e a concepção admitida era natureza, capital, trabalho. Já no período Neoclássico (1950 a 1990), com o fim da Segunda Guerra, o mundo começou a mudar mais intensamente. A competitividade passou a ser mundial. Surgiu então a concepção da Administração de recursos humanos, dando ênfase às pessoas como recursos vivos e não como uma parte das máquinas. Na atual Era da Informação, as mudanças, além de rápidas, tornaram-se inesperadas. A globalização da economia acelerou a competitividade e as organizações passaram a acreditar que o capital mais importante é o conhecimento. Passaram a investir nas pessoas como seus capitais intelectuais e o RH cedeu lugar a uma nova abordagem: a gestão de pessoas. As organizações recebem diferentes classificações, entre elas, destacam-se: Associações de benefícios mútuos: os beneficiários principais são os próprios participantes. Nesse caso configuram cooperativas, consórcios e sindicatos. Organizações de interesses comerciais: os beneficiários principais são os proprietários, acionistas e investidores, como Aspectos Gerais da Administração 25 empresas privadas, tanto sociedades anônimas como de participação limitada. Organizações de serviços: os beneficiários principais são grupos de clientes e a sociedade, como hospitais, universidades e agências sociais. Organizações de Estado: os principais beneficiários são os cidadãos, o público em geral, como por exemplo, Correios, instituições jurídicas e saneamento. O ambiente organizacional Chiavenato apud Santos (2001) afirma que ambiente é tudo o que envolve externamente uma organização ou um sistema. É o contexto no qual uma organização está inserida. Como a organização é um sistema aberto, ela mantém transações e intercâmbio com seu ambiente. Isso faz com que tudo o que ocorre externamente no ambiente passe a influenciar internamente o que ocorre na organização. Tudo o que acontece no ambiente geral pode afetar direta ou indiretamente todas as organizações porque é constituído de um conjunto de condições semelhantes para todas as organizações. Essas condições são de ordem: • Tecnológicas, já que o desenvolvimento tecnológico tem influência sobre as organizações, que precisam se adaptar e incorporar tecnologias oriundas do ambiente geral para não perderem competitividade. • Legais, porque a legislação vigente pode afetar direta ou indiretamente as organizações, auxiliando-as ou impondo restrições às suas operações. • Políticas, referindo-se às decisões e definições tomadas em nível federal, estadual ou municipal que influenciam as organizações. • Econômicas, constituídas pela conjuntura (inflação, balanço de pagamentos, distribuição de renda), que determina o desenvolvimento econômico ou a retração econômica e que condicionam fortemente as organizações. • Demográficas, referindo-se às taxas de crescimento da população, raça, religião, sexo, idade e distribuição [ Palácio dos Correios, São Paulo. ] AMBIENTE GERAL [ GLOSSÁRIO ] é o ambiente genérico e comum que afeta e influencia a todas as organizações. geográfica que determinam as características do mercado atual e futuro das organizações. • Ecológicas, referindo-se ao fato de que as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos ecológicos tais como poluição, clima, transportes, comunicações, etc. • Culturais, para mostrar que a cultura de um povo interfere nas organizações através das expectativas e hábitos de seus participantes e de seus consumidores. O ambiente de tarefa ou operacional é o mais próximo e imediato de cada organização. É constituído por: • fornecedores de entradas, que fornecem todos os tipos de recursos (materiais, financeiros, humanos, tecnológicos) que uma organização necessita para trabalhar; • clientes ou usuários, representados pelos consumidores das saídas da organização; • concorrentes, tanto em relação aos recursos quanto em relação aos consumidores; • entidades reguladoras, que regulam ou fiscalizam as atividades da organização; • stakeholders, como elementos influenciadores relevantes que podem afetar ou serem afetados pelo alcance das ações da organização (SANTOS, 2001). Para Stoner (1999), as organizações operam dentro de um contexto do qual dependem para sobreviver, manter-se, crescer e desenvolver-se. É do ambiente que as organizações obtêm recursos e informações necessárias ao seu funcionamento e é no ambiente que colocam o resultado de suas operações. À medida que ocorrem mudanças no ambiente, as operações das organizações são influenciadas por essas mudanças. AMBIENTE DE TAREFA [ GLOSSÁRIO ] é o segmento do ambiente geral do qual uma determinada organização extrai seus insumos e deposita os seus resultados. STAKEHOLDERS [ GLOSSÁRIO ] palavra que significa depositários. Pessoa ou grupo com interesse na performance da organização e no meio ambiente na qual ela opera. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 2 Ao concluir o estudo desta unidade, você vai compreender as origens e os fundamentos do enfoque clássico da Administração, o universo conceitual da abordagem humanística além de conhecer as principais teorias e estilos de liderança e entender como se dá o processo decisório nas organizações. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração A Administração e seu contexto histórico e social As grandes organizações que surgiram no passado como o Império Romano, a Igreja Católica e os exércitos tinham tanta necessidade de Administração quanto às organizações modernas ou pós Revolução Industrial. A Administração nasceu como ciência independente durante a Revolução Industrial. No despontar do século XX, as teorias formuladas refletiam as necessidades das empresas da época, com Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 29 ênfase na produção eficiente de bens para atender a um mercado crescente. Valendo-se dessa realidade, dois engenheiros desenvolveram trabalhos sobre Administração. Um era norte-americano, Frederick Winslow Taylor, que desenvolveu a chamada Escola de Administração Científica, cuja preocupação principal estava centrada no aumento da eficiência da indústria através da racionalização do trabalho operário. O outro era europeu, Henri Fayol, que desenvolveu a chamada Teoria Clássica, com objetivo de aumentar a eficiência da empresa por meio de suaorganização e da aplicação de princípios gerais da Administração com bases científicas. Suas ideias constituem as bases da chamada abordagem clássica da Administração. Administração Científica Ênfase nas tarefas Abordagem Clássica da Administração Teoria Clássica Observação do desempenho Taylor Fayol Fonte: CHIAVENATO (2004). ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO [ SAIBA MAIS ] No livro “A Riqueza das Nações”, de 1776, Adam Smith mostra as vantagens da divisão do trabalho. Sua teoria baseia-se na especialização dos operários, afirmando que operários especializados podem ser mais eficientes em detrimento a operários que tenham que fabricar o produto inteiro. É importante caracterizar que as teorias desenvolvidas retratam o momento histórico em que são produzidas. A Escola de Administração Científica, desenvolvida nos EUA a partir dos trabalhos de Taylor, era formada, principalmente, por engenheiros como F. W. Taylor, Henry Lawrence Gantt, Frank Bunker Gilbreth, Harrington Emerson, Henry Ford entre outros. Henry Ford (1863-1947) foi fundador, em 1903, da empresa Ford Motor. É, sem dúvida, o mais conhecido de todos os precursores da Administração Científica, revolucionando e inovando a estratégia comercial do século XX. Iniciou sua vida como mecânico projetando um modelo de automóvel em 1899. Ao produzir automóveis, ele propôs uma inovação no sistema produtivo. A proposta era produzir um número maior de produtos com garantia de qualidade e pelo menor custo possível. Tal fato teve considerável impacto sobre a maneira de viver do homem, pois, em 1913, sua empresa já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com os seus funcionários uma parte do controle acionário da empresa e estabeleceu o salário mínimo por uma jornada de trabalho de oito horas, quando na época a jornada era de 10 a 12 horas. Em 1926, já tinha 88 fábricas e empregava em torno de 150 mil pessoas fabricando dois milhões de carros por ano. Utilizou um sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado. Ele propunha uma concentração horizontal através de uma cadeia de distribuição comercial por meio de agências próprias. A racionalização da produção deu origem à linha de montagem, a qual permite a produção em série ou em massa. Por esse sistema, o produto é padronizado bem como o maquinário, material, mão de obra e o desenho, o que proporciona um custo reduzido. Daí a produção de grandes quantidades, cuja condição é a capacidade de consumo em massa. A condição chave da produção em massa é a simplicidade por meio de três aspectos: • a progressão do produto através do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua; • o trabalho é entregue ao trabalhador em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo; • as operações são analisadas em seus elementos constituintes. O quadro a seguir apresenta os três princípios de Ford: Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 31 Os três princípios de Ford Princípio da intensificação Diminuir o tempo de duração com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. Princípio da economicidade Consiste em reduzir o volume do estoque da matéria-prima em transformação fazendo com que o automóvel seja pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima adquirida e dos salários. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue, sob a forma de um carro, ao consumidor na terça-feira à tarde”. Princípio da produtividade Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção, consequentemente, maior ganho . Fonte: CHIAVENATO (2004). A preocupação dessa abordagem era aumentar a produtividade da empresa por meio do aumento da eficiência no nível operacional. Pode-se então dizer que a abordagem da Administração Científica era uma abordagem de baixo para cima e das partes para o todo. A atenção estava voltada para o método de trabalho, para os movimentos necessários à execução da tarefa bem como para o tempo padrão determinado para a sua execução. Enquanto a ênfase nas tarefas era a principal característica da Administração Científica, a corrente denominada de Teoria Clássica - desenvolvida na França a partir dos trabalhos pioneiros de Henri Fayol, seguido por James D. Mooney, Lyndall F. Urwick, Luther Gulick entre outros - buscava o aumento da eficiência da empresa por meio da forma e da disposição dos departamentos da organização e de suas inter-relações estruturais. A ênfase era na anatomia, na estrutura e na fisiologia da organização, sendo essa abordagem caracterizada como de cima para baixo. Partindo do topo da organização para as suas partes componentes que são os departamentos. Existia um predomínio na atenção para a estrutura organizacional vislumbrando-se a melhor maneira de subdividir a empresa sob centralização de um chefe principal. As origens da abordagem clássica decorrem das consequências geradas pela Revolução Industrial podendo ser resumidas em dois fatos: • crescimento acelerado e desorganizado das empresas, gerando assim a necessidade de um planejamento da produção em detrimento da improvisação; • necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações, procurando-se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer frente à concorrência e à competição que crescia entre as empresas. Teoria da Administração Científica A Administração Científica teve início por volta do ano de 1900 pelo engenheiro americano Frederick Winslow Taylor, que provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial da sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar o nível de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 33 Frederick Winslow Taylor (1856-1915), fundador da Administração Científica, nasceu em Filadélfia, nos EUA. Veio de uma família de princípios rígidos e foi educado em uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e - de uso racional dos recursos Iniciou sua carreira como operário na Midvale Steel Co., passando a capataz e contramestre até chegar a função de engenheiro, quando se formou pela Stevens Institute. Na época vigorava o sistema de pagamento por peça ou tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço das tarefas, enquanto os operários reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o pagamento por peça determinado pelos patrões. Tal fato levou Taylor a estudar o problema de produção para tentar uma solução que atendesse a patrões e empregados. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação de seu livro “Shop Management” (Administração de Oficinas), em 1903, sobre técnicas de racionalização do trabalho do operário por meio do estudo de tempos e movimentos. Taylor começou por baixo, junto com os operários do nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário. Ele observou que o operário médio produzia muito menos do que era potencialmente capaz com o equipamento disponível. Concluiu que se o operário mais produtivo percebesse que obtém a mesma remuneração que seu colega menos produtivo, ele acabaria se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com sua capacidade. Daí a necessidade de pagar mais ao operário que produz mais. Em resumo, Taylor diz que: • o objetivo de uma boa administração é pagar salários melhores aos trabalhadores e reduzir os custos unitários da produção. Para realizar tal objetivo, a Administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípiose estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris; O termo Administração Científica foi utilizado como forma de tentar aplicar métodos científicos de mensuração e observação aos problemas da Administração buscando alcançar elevada eficiência industrial. • os empregados devem ser colocados em seus postos com materiais e condições de trabalho adequados para que as normas possam ser cumpridas; • os empregados devem ser treinados para aperfeiçoar suas aptidões e executar tarefas para que a produção normal seja cumprida,(ou seja, fazer as tarefas com a máxima economia de esforço/tempo); • a Administração precisa criar uma atmosfera de cooperação entre os trabalhadores para que haja um bom ambiente de trabalho. O segundo momento de Taylor corresponde à publicação de seu livro “Princípios de Administração Científica” (1911) quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Nesse segundo período, o autor desenvolveu estudos sobre a Administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar, contudo, sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor considerou que as indústrias de sua época padeciam de três males: • vadiagem sistêmica dos operários que reduziam a produção a cerca de um terço do que o padrão para evitar a redução dos salários pela gerência. Conforme o autor, cinco causas eram determinantes para a vadiagem no trabalho: ◊ O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendimento do homem e das máquinas provocava desemprego. ◊ O sistema de administração que força os operários à ociosidade no trabalho a fim de proteger seus interesses pessoais. ◊ Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas com os quais os operários desperdiçam grande parte do seu esforço e tempo. ◊ Desconhecimento pela gerência das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. ◊ Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 35 De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um certo período de tempo para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízos aos patrões. Essa implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso efetivo. Para Taylor, os elementos da Administração Científica são: • estudo de tempos e padrões de produção; • supervisão numerosa e funcional ao invés de um contramestre único; • padronização de máquinas, ferramentas, instrumentos e material; • planejamento do desenho de tarefas e cargos; • disposição de princípio de exceção para a direção (relatórios condensados para superiores identificando separadamente exceções à linha geral); • uso de regras de cálculo e de outros implementos para economizar tempo; • folhetos de instrução para cada operário; • codificação mnemotécnica para identificação de produtos e ferramentas; • sistemas de rotinas e sistemas modernos de custos; • prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas. Taylor verificou que os operários aprendiam a executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos companheiros vizinhos. Notou que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma Taylor representou um marco crucial na evolução das ideias sobre produção, riqueza e relações entre empregados e empregadores. O autor buscou transformar a Administração em uma ciência seleção científica, treinamento científico e cooperação harmoniosa entre trabalhador e gerência, tornaram-se seus quatro princípios. tarefa e a uma grande variedade de instrumentos e ferramentas para cada operação. Utilizando a análise científica e um cuidadoso estudo de tempos e movimentos, o autor estabeleceu método e ferramentas para o desempenho das tarefas. Para Taylor, o operário não tem formação, capacidade nem meios para analisar cientificamente seu trabalho e para estabelecer racionalmente o método ou processo mais eficiente. Com a Administração Científica ocorre uma repartição de responsabilidades: • a gerência fica com o planejamento, estudando o trabalho e estabelecendo o método; a supervisão fica responsável pela assistência contínua ao operário durante a produção; • o operário fica responsável somente pela execução do trabalho. Buscando substituir os métodos de trabalho empíricos por científicos, Taylor desenvolveu a chamada Organização Racional do Trabalho (ORT), que é fundamentada por Feltrin (2007). Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos Conhecido como motion-time study, o estudo dos tempos e movimentos era o instrumento básico para a racionalização do trabalho. Taylor observou cada tarefa, decompondo-a em operações da tarefa no intuito de formar uma série ordenada de movimentos simples. Os movimentos inúteis eram eliminados e os movimentos úteis simplificados e racionalizados a fim de proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. Com essa análise, conseguia-se por meio de um cronômetro medir o tempo médio de um operário na execução de uma determinada tarefa. Nesse tempo médio, era adicionado o tempo de entrada e de saída do operário na empresa bem como determinadas esperas e necessidades pessoais, resultando no chamado tempo padrão. Como consequência disso, tem-se a padronização de um método de trabalho e a padronização de um tempo destinado à execução de uma determinada tarefa. As vantagens do estudo dos tempos e movimentos são: • elimina movimentos inúteis e os substitui por outros mais eficazes; • racionaliza a seleção e treinamento do pessoal; • melhora a eficiência do operário e o rendimento da produção; • distribui uniformemente o trabalho para que não haja períodos de falta ou excesso de trabalho; • oferece base uniforme para salários equitativos e prêmios de produção. Estudo da fadiga humana O estudo dos movimentos tem a finalidade de evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa e dessa forma, executar o mais economicamente possível, do ponto de vista fisiológico, os movimentos úteis e proporcionar aos movimentos um ritmo apropriado. O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e na fisiologia humana. Frank Gilbreth estudou os efeitos da fadiga na produtividade do operário e constatou que a fadiga predispõe o trabalhador para: • diminuição da produtividade; • diminuição da qualidade; • perda de tempo; • aumento da rotatividade de pessoal; • doenças e acidentes; • diminuição da capacidade de esforços. Para reduzir a fadiga no ambiente de trabalho, Gilbreth propôs princípios de economia de movimentos classificados em três grupos: • relativos ao uso do corpo humano; • relativos ao arranjo material do local de trabalho; • relativos ao desempenho das ferramentas e dos equipamentos. A Administração Científica pretendia racionalizar os movimentos eliminando os que produziam a fadiga e os que não estavam diretamente relacionados com a tarefa executada pelo trabalhador. Divisão do trabalho e especialização do operário Cada operário era especializado em uma determinada tarefa. Sua limitação na execução de uma única operação ou tarefa, de maneira contínua, automática e repetitiva, fez com que ele encontrasse na linha de produção sua principal base de aplicação. Dessa forma, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer sua forma de trabalho. Desenho de cargos e de tarefas A preocupação básica da Administração Científica passou a ser a racionalização do trabalho e consequentemente o desenho de cargos simples e elementares no intuito de obter o máximo de especialização de cada trabalhador. Os cargos e as tarefas são desenhados para uma execução automatizada por parte do trabalhador. A simplicidade dos cargos permite controle e acompanhamento visual por parte do supervisor,enfatizando o conceito de linha de montagem ou linha de produção. Em vez do trabalhador executar sua tarefa ao redor da matéria-prima, essa passa por uma linha móvel de produção na qual cada operário especializado executa, sequencialmente, sua tarefa. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 39 A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintes vantagens: • admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção; • minimização dos custos de treinamento; • redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeições; • facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número maior de subordinados; • aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade; • incentivos salariais e prêmios de produção. Taylor e seus seguidores elaboraram planos de incentivos salariais e de prêmios de produção com a ideia de que a remuneração baseada no tempo, como o salário mensal, não estimula ninguém a trabalhar, mas deve ser substituída pela remuneração baseada na produção de cada operário por peça. Isto é, o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais, ganha de acordo com a sua produção. A produção individual até o nível de 100% de eficiência era remunerada pelo número de peças produzidas. Acima de 100% de eficiência, a remuneração por peça era acrescida de um prêmio de produção ou incentivo salarial adicional que aumentava à medida que se elevava a eficiência do operário. Conceito de Homo Economicus A Administração Científica baseou-se no conceito de Homo Economicus (homem econômico), supondo que toda pessoa é influenciada, exclusivamente, por recompensas salariais, econômicas e materiais. Segundo essa teoria, o homem procura o trabalho não porque gosta, ele é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para sobreviver. Essa visão estreita da natureza humana via o operário da época como um indivíduo limitado, mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas. Dessa forma, ele deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. Condições ambientais de trabalho como iluminação e conforto O conforto do operário e a melhoria do ambiente físico passam a ser valorizados não porque as pessoas merecessem, mas porque eram essenciais para a melhoria da eficiência do trabalhador. As condições de trabalho que mais preocupavam a Administração Científica eram: • adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho e de equipamentos de produção para minimizar o esforço do operador e a perda de tempo na execução da tarefa; • arranjo físico das máquinas e equipamentos para racionalizar o fluxo de produção; • melhoria do ambiente de trabalho de maneira que o ruído, a ventilação, a iluminação e o conforto no trabalho não reduzissem a eficiência do trabalhador; Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 41 • projeto de instrumentos e equipamentos especiais como transportadores, seguidores, contadores e utensílios para reduzir movimentos inúteis. Padronização de métodos e de máquinas Para reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência, a organização racional do trabalho também passou a preocupar-se com a padronização dos métodos e processos, padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes. A padronização conduz à simplificação à medida que a uniformidade reduz a variabilidade e as exceções que complicam o processo. Supervisão funcional A especialização de um operário deve ser acompanhada por uma supervisão, que nada mais é do que a existência de uma pessoa especializada em determinada área que tenha autoridade funcional sobre os subordinados da mesma especialidade funcional. A Administração Funcional consiste em dividir o trabalho de maneira que cada homem, desde o assistente até o superintendente, tenha que executar a menor variedade de funções. A supervisão funcional representa a aplicação da divisão do trabalho e da especialização no nível dos supervisores e chefes. A Administração Funcional é um tipo de organização que permite que especialistas transmitam a cada operário o conhecimento e a orientação. Separa o planejamento do trabalho mental e braçal e permite a utilização do princípio da divisão do trabalho, reduzindo ao mínimo as funções de cada operário. Teoria da Administração Científica busca determinar cientificamente os melhores métodos para a realização de qualquer tarefa e para selecionar, treinar e motivar os trabalhadores. Teoria Clássica As origens da abordagem clássica da Administração remontam às consequências geradas pela Revolução Industrial. O crescimento acelerado e desorganizado das empresas ocasionou uma gradativa complexidade na administração exigindo uma abordagem científica mais apurada para substituir o empirismo e o improviso até então dominantes. Com o aumento da complexidade das empresas, foi preciso substituir as teorias de caráter totalizante e global por teorias microindustriais de alcance médio e parcial, como veremos adiante. Para atender a esse novo perfil de empresa, foi necessário criar condições de planejamento da produção e reduzir a improvisação. Houve aumento da eficiência e da competência das organizações, no sentido de se obter o melhor rendimento possível dos recursos e fazer face à concorrência e à competição que se avolumavam entre as empresas. Com a substituição do capitalismo liberal pelos monopólios, instalou-se nos Estados Unidos, entre 1880 e 1890, a produção em massa, aumentando o número de assalariados nas indústrias, tornando-se necessário evitar o desperdício e economizar mão de obra. Por conta disso, intensificou-se a divisão do trabalho entre os que planejam e os que executam as atividades de trabalho. Os primeiros fixam os padrões de produção, descrevem os cargos, fixam funções, estudam métodos de Administração e normas Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 43 de trabalho, criando condições econômicas e técnicas para o surgimento do Taylorismo nos Estados Unidos e do Fayolismo na Europa. O panorama do início do século XX tinha as características e elementos para inspirar a criação de uma ciência da Administração visto que havia: • uma imensa variedade de empresas com tamanhos diferenciados; • problemas de baixo rendimento dos recursos utilizados; • desperdício de materiais; • insatisfação generalizada entre os operários; • intensa concorrência; • alto volume de perdas por decisões mal formuladas, entre outros. O objetivo fundamental para os engenheiros era desenvolver uma ciência da Administração, cujos princípios, em substituição às leis científicas, pudessem ser aplicados para resolver os problemas das organizações. Para Henri Fayol (1841-1925), a Administração é uma atividade comum a todos os empreendimentos humanos (governo, política, família, negócios, justiça) que exige algum grau de planejamento, organização, comando, coordenação e controle, razão pela qual todos devem estudá-la. Por conta disso, era necessário criar uma Teoria Geral da Administração para que a disciplina pudesse ser ensinada. Henri Fayol foi o principal colaborador da Teoria Clássica. Nascido em Istambul (Turquia), foi com dezessete anos estudar na Escola de Minas em Saint Étiene (França), graduando-se como engenheiro civil de minas em 1860. Engenheiro de minas, expôs sua teoria de administração no livro “Administração Industrial e Geral”, publicado em 1916. Fayol desenvolveu uma teoria para o corpo administrativo da empresa. Daí o nome de Teoria Anatômica. A proposta era dar ênfase à gerência para aprimorar o controle da organização. A preocupação básica de Fayol era aumentar a eficiência da empresa TAYLORISMO [ SAIBA MAIS ] sistema de produção industrial baseado na organização racionaldo trabalho e na remuneração das pessoas em função da produção alcançada com o qual se procura estimular as pessoas para obter a máxima de produção com alta qualidade e com o mínimo de tempo e de custo. Fonte: LACOMBE, Francisco; HEILBORN, Gilberto. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2004. FAYOLISMO [ SAIBA MAIS ] valorização do “como fazer” em detrimento do “por que fazer”, caracterizando o processo mecanicista da profissão em que os manuais de normas, rotinas e procedimentos técnicos devem especificar e trazer descrições detalhadas dos passos a serem seguidos nas atividades desenvolvidas bem como dos agentes que devem desempenhá-las. Fonte: IMAP, 2013. por meio da forma e disposição dos órgãos competentes da organização (departamentos) e suas inter-relações estruturais. Daí a ênfase na anatomia (estrutura) e na fisiologia (funcionamento) da organização. Nesse sentido, a abordagem da corrente anatômica e fisiológica é uma abordagem inversa à da Administração Científica, ou seja, de cima para baixo (da direção para a execução) e do todo (organização) para as suas partes componentes (departamentos). Nessa corrente de pensamento, foca-se a atenção na estrutura organizacional levando-se em consideração os princípios gerais da Administração e a departamentalização. Há um cuidado com a síntese e com a visão global para que se encontre a melhor maneira de subdividir a empresa, sob centralização de um chefe principal. É uma corrente teórica e administrativamente orientada cuja ênfase na estrutura é a sua principal característica (FELTRIN, 2007). Características da Teoria Anatômica A Teoria Anatômica caracteriza-se por seu enfoque prescritivo e normativo, pois prescreve quais os elementos da administração (funções do administrador) e quais os princípios gerais que o administrador deve adotar em sua atividade. Conforme essa teoria, as funções básicas de uma empresa são: • técnica (produção e manufatura); • comercial (compra, venda e troca); • financeira (procura e utilização de capital); • segurança (proteção da propriedade e das pessoas); • contabilidade (registro de estoques, balanços, custos e estatísticas); • administração (planejamento, organização, comando, coordenação e controle = POC³). Segundo Fayol, a função administrativa tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa. O autor define o ato de administrar como planejar (prever), organizar, coordenar, comandar e controlar e caracteriza esses elementos como formadores do processo administrativo inerentes à atividade do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Sendo cada um desses elementos ou funções definidos da seguinte forma: Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 45 • planejar (prever): visualizar o futuro e traçar o programa de ação; • organizar: pode ser dividida em organização material e social, deve dotar a empresa de todos os utensílios e processos úteis e necessários ao seu funcionamento; • comando: dirigir o pessoal, fazer funcionar; • coordenar: estabelecer a harmonia de funcionamento das atividades. Sincroniza coisas e ações e adapta os meios aos fins; • controlar: consiste em verificar se as coisas estão sendo executadas conforme planejadas. Para Fayol, as funções administrativas são distribuídas proporcionalmente entre todos os níveis hierárquicos da organização. À medida que se desce o nível hierárquico, aumenta a proporção das outras funções da empresa e, à medida que se sobe, aumenta a extensão e o volume das funções administrativas, conforme se pode observar na figura a seguir: Funções Administrativas Prever Organizar Comandar Coordenar Controlar Outras Funções não-administrativas MAIS ALTOS MAIS BAIXOS Fonte: CHIAVENATO (2004). Fayol completa sua teoria com a proposição de 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz (veja no quadro a seguir): Princípios de Fayol 1. Divisão do trabalho Designação de tarefas específicas para cada indivíduo, buscando a especialização para aumentar a produção. 2. Autoridade e responsabilidade O direito de mandar e poder se fazer obedecer ao mesmo tempo em que o chefe assume responsabilidades. 3. Disciplina Obediência, assiduidade, atividade e o respeito aos demais acordos que se estabelecem entre os agentes da organização e ela própria. 4. Unidade de comando Para execução de qualquer ato, os agentes devem receber ordens de apenas um chefe. Com isso, busca-se evitar a dualidade de comando e os consequentes conflitos. 5. Unidade de direção Existência de um único programa sob responsabilidade de um único chefe para operações ou tarefas que visam a um mesmo fim. 6. Subordinação do interesse particular ao geral Os interesses da empresa estão acima dos interesses individuais. 7. Remuneração pessoal O trabalho deve ir além do salário, é preciso que haja distribuição de prêmios, participação em lucros e oferecimento de subsídios para que de fato aconteça o aumento da produtividade. 8. Centralização Seu grau deve variar de acordo com o tipo de empresa e a capacidade do chefe. 9. Hierarquia Cadeia de comando, escala de autoridade desde o primeiro ao último nível da empresa. 10. Ordem Cada coisa no seu devido lugar, um lugar para cada pessoa e cada pessoa no seu devido lugar. 11. Equidade Tratamento justo e benevolente com as pessoas, não excluindo o rigor e a energia quando necessários. 12. Estabilidade pessoal A rotatividade de pessoal é prejudicial para a especialização das pessoas. Quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, mais tempo ela tem para aprender suas funções e realizá-las de forma apreciável. 13. Iniciativa Liberdade de propor e de executar, a capacidade de visualizar um plano e assegurar o sucesso. Deve ser estimulada principalmente em momentos de crises. 14. União pessoal Convergência de esforços, espírito de equipe. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 47 Fayol e seus seguidores concebem a organização como se fosse uma estrutura, tal pensamento reflete a influência de antigas organizações militares ou eclesiásticas com elementos tradicionais e hierarquizados. Os autores partem da concepção de escala de autoridade para caracterizar a divisão do trabalho. A ideia é a de que as organizações com maior divisão do trabalho são mais eficientes do que as com menor divisão. Dessa forma, a preocupação da Teoria Clássica era com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, como departamentos, divisões, seções e unidades. Essa divisão do trabalho pode acontecer verticalmente, conforme os níveis hierárquicos, definindo- se os escalões da organização e seus níveis de autoridade ou horizontalmente, pelos tipos de atividades da organização, sendo cada departamento ou seção, de um mesmo nível hierárquico, responsável por uma atividade específica. Confronto das ideias de Taylor e Fayol A figura a seguir mostra o confronto de ideias de Taylor e Fayol: Taylor Teoria Clássica Administração Científica Ênfase nas tarefas Através do aumento da eficiência no nível operacional, buscava aumentar a eficiência da empresa Fayol Teoria Clássica Ênfase na estrutura Aumentar a eficiência através da forma e disposição dos componentes da organização e suas interrelações Fonte: CHIAVENATO (2004). Segundo Chiavenato (2004), a Teoria Clássica apresenta alguns pontos críticos: • abordagem simplificada da organização formal, não considera os aspectos psicológicos e sociais das organizações; • ausência de trabalhos experimentais, os conceitos são fundamentados na observação e no senso comum, não confrontam a teoria com elementos de prova; • excesso de racionalismo na concepção da Administração; • Teoria da Máquina; • abordagem incompleta da organização; • a organização como sistema fechado. É possível identificar as diferentes visões destes grandes pensadores, como ilustra o seguintequadro: Frederick Taylor Administração Científica Henry Ford Linha de montagem Henri Fayol Processo de administração Aplicação de métodos de pesquisa para identificar a melhor maneira de trabalhar. Seleção e treinamento científicos de trabalhadores. Especialização do trabalhador. Fixação do trabalhador no posto de trabalho. Trabalho (produto em processo de montagem) passa pelo trabalhador. Administração da empresa é distinta das operações de produção. Administração é o processo de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Fonte: MAXIMIANO (2011) Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 49 Abordagem humanística da Administração A abordagem humanística começou logo após a morte de Taylor, em 1915, mas foi somente a partir da década de 1930 que encontrou aceitação nos Estados Unidos, principalmente, por suas características democráticas. Com a abordagem humanística da Administração, a teoria administrativa passa por uma revolução conceitual: a transferência da ênfase na tarefa que era dada pela Administração Científica, e na estrutura organizacional da Teoria Clássica, para a ênfase nas pessoas que trabalham nas organizações. Teoria das Relações Humanas (TRH) A Teoria das Relações Humanas, também denominada Escola Humanística da Administração, surgiu nos Estados Unidos como consequência imediata das conclusões obtidas na experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores, como um movimento de reação e oposição à Teoria Clássica da Administração. As origens da Teoria das Relações Humanas remontam quatro pontos em especial: • a necessidade de humanizar e democratizar a Administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Nesse sentido, revelou- se um movimento tipicamente americano e voltado para uma democratização dos conceitos administrativos; • o desenvolvimento das chamadas ciências humanas, principalmente a Psicologia e a Sociologia bem como a sua crescente influência intelectual e suas primeiras tentativas de aplicação à organização industrial. As Ciências Humanas, gradativamente, passaram a demonstrar a inadequação dos princípios da Teoria Clássica; • as ideias da Filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin foram - fundamentais para o fortalecimento da abordagem humanistica na Administração. Elton Mayo é considerado o fundador da escola. Dewey, indiretamente, e Lewin, mais diretamente, também contribuíram para sua concepção; • as conclusões da experiência de Hawthorne, desenvolvida entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo, pondo em xeque os principais postulados da Teoria Clássica da Administração. Elton Mayo, concluiu que: • as pessoas e suas motivações são essenciais para a empresa; • existe elo entre o moral e a produção; • o comportamento dos operários é ditado pela lógica do sentimento, • o comportamento dos patrões é comandado pela lógica do custo e da eficiência. A experiência de Hawthorne A experiência de Hawthorne coordenada por Elton Mayo entre 1927 e 1932, foi realizada pelo Conselho Nacional de Pesquisas (EUA) na fábrica de Hawthorne da Western Eletric Company, situada em Chicago. Tinha como objetivo avaliar a correlação entre iluminação e a eficiência dos operários que era medida por meio da produção. O objetivo do trabalho foi estendido e estudou também a fadiga, os acidentes de trabalho, a rotatividade de pessoal e o efeito das condições de trabalho sobre a produtividade das pessoas. Nessa pesquisa, o elemento surpresa e as dificuldades foram consideradas variáveis de natureza psicológica. Conclusões da experiência de Hawthorne Dentre as principais conclusões da experiência de Hawthorne, têm- se (CHIAVENATO, 2004): • Nível de produção é resultante da integração social: o nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado, como postulava a Teoria Clássica, mas por normas sociais e expectativas grupais. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu ELTON MAYO [ SAIBA MAIS ] (1880-1949) foi psicólogo e professor em Harvard. Conduziu nos ateliers Hawthorne da Western Electric de Chicago uma série de experiências científicas que o levaram a conclusão que o simples fato de se interessar pelos trabalhadores, dá aos mesmos motivação. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 51 nível de competência e eficiência e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo estabelecido. Desse modo, quanto maior a integração social no grupo de trabalho, maior é a disposição de produzir. • Comportamento social dos empregados: o comportamento do indivíduo se apoia totalmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos. A qualquer desvio das normas grupais, o trabalhador sofre punições sociais ou morais dos colegas, no intuito de se ajustar aos padrões do grupo. Isso significa que a administração não pode tratar os empregados um a um, como se fossem átomos isolados e sim como membros de grupo e sujeitos às influências sociais. • Recompensas e sanções sociais: o comportamento dos trabalhadores está condicionado a normas e padrões sociais. Os operários que produziam muito acima ou abaixo da norma socialmente determinada perdem a afeição e a consideração dos colegas. Os operários preferiam então produzir menos e ganhar menos, a por em risco as suas relações amistosas com os colegas. Os precursores da Administração Científica, baseados no conceito do Homo Economicus, pelo qual o homem é motivado e incentivado por estímulos salariais, elaboravam planos de incentivo salarial para elevar a eficiência e baixar os custos operacionais. No entanto, para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalho, pois as pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento, de aprovação social e de participação nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. • Grupos informais: ao contrário dos autores clássicos, os humanistas concentravam-se nos aspectos informais da organização, como grupos, comportamento social dos empregados, crenças, atitudes, expectativa e motivação. A empresa passou a ser vista como uma organização social composta de grupos sociais informais cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa. • Relações humanas: as relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas a partir dos contatos entre pessoas e grupos. Cada pessoa possui uma personalidade própria que a diferencia e que influi no comportamento e atitude das outras pessoas com quem mantém contato. O comportamento das pessoas é influenciado pelas atitudes e normas informais existentes nos grupos dos quais participa. É dentro da organização que surgem as oportunidades de relações humanas devido ao grande número de grupos e interações resultantes. • Importância no conteúdo do cargo: Mayo e seus colaboradores verificaram que os operários trocavam de posição para variar e evitar a monotonia, o que contrariava a política da empresa. Essas trocas provocavam efeitos negativos na produção, mas elevavam a moral do grupo. Verificou-se, então, que o conteúdo e a natureza do trabalho têm influência sobre a moral do trabalhador. Trabalhos simples e repetitivos tornam-se monótonos e maçantes afetando negativamente a atitude do trabalhador e reduzindo a sua satisfação e eficiência. • Ênfase nos aspectos emocionais: os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Com a Teoria das Relações Humanas, uma nova linguagem passa a dominar o repertório administrativo: fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo etc. Os antigos conceitosclássicos de autoridade, hierarquia, racionalização do trabalho, departamentalização, princípios gerais da Administração passam a ser contestados. O quadro a seguir ilustra as principais características da Teoria das Relações Humanas: Principais características da Teoria das Relações Humanas Produtividade no trabalho Segundo Elton Mayo, a produtividade é mais influenciada por incentivos psicológicos do que pelo ambiente físico. Assim, quanto mais integrado o grupo de trabalho, mais produtivo deverá ser o empregado. Comportamento grupal As normas dos grupos influenciam no ambiente de trabalho com mais intensidade do que as normas da empresa. Nesse sentido, vale lembrar que o mundo afetivo do empregado consiste também no apoio dos colegas. Motivação e incentivos Com a experiência de Hawthorne constatou-se que o empregado preferia ganhar um salário menor, em função da pressão previamente formulada pelo grupo informal, do que produzir acima da produção padrão. Isso se chama recompensa social ou não material. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 53 Com a Teoria das Relações Humanas, surge uma nova concepção sobre a natureza do homem, o homem social: • os trabalhadores são criaturas sociais complexas com sentimentos, desejos e temores. O comportamento no trabalho é uma consequência de muitos fatores motivacionais. • as pessoas são motivadas por certas necessidades e alcançam suas satisfações primárias nos grupos com os quais interagem. • o comportamento dos grupos pode ser influenciado por um adequado estilo de supervisão e liderança. • as normas do grupo funcionam como mecanismos reguladores do comportamento dos membros. No final da década de 1950, a Teoria das Relações Humanas entrou em declínio passando a ser intensamente criticada. Suas concepções passaram a ser profundamente revistas e alteradas. Dentre as principais críticas podemos citar: • oposição cerrada à Teoria Clássica: os fatores considerados como decisivos e cruciais por uma escola mal eram focalizados pela outra e as variáveis que eram consideradas centrais pela Teoria Clássica eram quase ignoradas pela Teoria das Relações Humanas; • inadequada visualização dos problemas das relações industriais: Mayo e seus colaboradores eram criticados pela interpretação inadequada e distorcida dos problemas de relações industriais seja da compreensão do problema do conflito e dos interesses conflitantes dos empregados e da organização, seja pela própria localização das causas e das implicações desse conflito; • concepção ingênua e romântica do operário: os autores imaginavam um trabalhador feliz, produtivo e integrado ao ambiente de trabalho. Contudo, essa imagem nem sempre foi confirmada por pesquisas posteriores, que descobriram trabalhadores felizes e improdutivos bem como infelizes e produtivos. O que descaracteriza a correlação entre satisfação e produtividade; • limitação do campo experimental: o grupo de Elton Mayo limitou-se ao mesmo ambiente restrito das pesquisas da Administração Científica: a fábrica. Deixaram de verificar outros tipos de organizações (como bancos, hospitais, universidades etc.), o que reduz a aplicabilidade das suas teorias e conclusões; • parcialidade nas conclusões: se a Teoria Clássica restringiu-se apenas à organização formal, abrangendo um pequeno número de variáveis para explicar seus pontos de vista, a Teoria das Relações Humanas também se mostra parcial, restringindo-se apenas à organização informal; • ênfase nos grupos informais: concentração exagerada no estudo dos grupos primários, colocando-os como principal campo de atuação. Elton Mayo supervaloriza a coesão grupal como condição de elevação da produtividade; • enfoque manipulativo das Relações Humanas: visava modificar o comportamento do empregado em favor dos objetivos da Administração. O quadro a seguir apresenta as principais diferenças entre a Teoria Clássica e a das Relações Humanas: Diferença entre Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas Teoria Clássica Teoria das Relações Humanas Trata a organização como máquina Trata a organização como grupos de pessoas Enfatiza as tarefas ou a tecnologia Enfatiza as pessoas Inspirada em sistemas de Engenharia Inspirada em sistemas de Psicologia Autoridade centralizada Delegação de autoridade Linhas claras de autoridade Autonomia do empregado Especialização e competência técnica Confiança e abertura Acentuada divisão do trabalho Ênfase nas relações entre as pessoas Confiança nas regras e nos regulamentos Confiança nas pessoas Separação clara entre linha e staff Dinâmica grupal e interpessoal Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 55 Teoria Comportamentalista A Teoria Comportamentalista ou Behaviorismo consolidou-se na década de 1950, reafirmando a importância do enfoque humanista na Administração de empresas. Pode ser definida, de modo geral, como a teoria que estuda o comportamento humano na organização, utilizando-se de procedimentos científicos. É uma extensão da Teoria das Relações Humanas, porém enfatiza um novo ângulo da administração e da organização. A percepção de que nem sempre os funcionários seguem comportamentos exclusivamente racionais ou essencialmente baseados em sua satisfação exigia a elaboração de uma nova teoria administrativa. A Teoria Behaviorista se propôs a fornecer uma visão mais ampla dos motivos que levam as pessoas a agirem ou se comportarem de determinado modo, levando em consideração as situações específicas do indivíduo no trabalho. Teoria X e Y Douglas McGregor desenvolveu duas teorias opostas que representam modelos extremos de comportamento dos trabalhadores: a Teoria X e a Teoria Y. Os pressupostos da Teoria X remetem à teoria tradicional, onde o trabalhador é preguiçoso, trabalha o mínimo possível, não assume responsabilidades, seus objetivos pessoais prevalecem sobre os objetivos da organização, ele é resistente a mudanças, evita riscos e por conta disso, precisa ser conduzido e controlado. A aceitação da Teoria X aponta para uma administração controladora e coercitiva que vislumbra os trabalhadores como recursos a serem utilizados, mas com os quais só se pode contar dentro de limites estreitos e vigiados. Os pressupostos da Teoria Y são opostos e remetem à abordagem comportamental onde as pessoas têm potencial criativo; podem gostar de trabalhar, já que o trabalho é uma atividade natural do ser humano; podem assumir responsabilidades; podem dispensar condução e controle externos, pois têm capacidade para dirigirem suas próprias ações. A aceitação da Teoria Y indica uma gestão que estimula a participação e o desenvolvimento dos trabalhadores, motivando- os e permitindo a união dos seus objetivos pessoais aos objetivos da organização. A Administração torna-se participativa e põe em evidência as iniciativas pessoais. O Quadro a seguir apresenta as principais características, consequências e bases teóricas das Teorias X e Y: BEHAVIORISTA [ SAIBA MAIS ] Os principais pensadores dessa teoria são Herbert Simon (1916-2001), Kurt Lewin (1890-1947), Abrahan Maslow (1908-1970) e Douglas MacGregor (1906 - 1964). Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 57 Teorias Convicções a respeito do homem Características Consequências Base teórica Teoria X Indolente e preguiçoso. Falta-lhe ambição. Pensa somente nos seus próprios objetivos. Resistente às mudanças. Dependente (precisa ser dirigido). As pessoas são conduzidas para os objetivos organizacionais. Os incentivos são econômicos. Administração dura, rígida e autocrática. As pessoas trabalham segundo padrões estabelecidos. As pessoas são meros recursos da organização. Administração Científica. Teoria Clássica. Teoria Burocrática. Teoria Y As pessoas têm prazer em trabalhar. As pessoas não são resistentes por natureza. As pessoas têm motivação e potencial de desenvolvimento. Capaz de assumirresponsabilidades. É responsabilidade da administração criar o clima de desenvolvimento. Proporciona a participação. Estilo de administração aberta, dinâmica e democrática. As pessoas criam e liberam seus potenciais. Descentralização das decisões e delegação das responsabilidades. Autoavaliação do desempenho. Teoria das Relações Humanas. A Teoria das Necessidades Humanas de Maslow Em 1943, Abraham Maslow, psicólogo americano, concluiu em seus estudos que o ser humano traz dentro de si cinco categorias hierarquizadas de necessidades. São elas: • necessidades fisiológicas: dizem respeito a questões como alimentação, moradia, vestuário, sexo, repouso dentre outras. • necessidades de segurança: estão relacionadas à proteção contra perigo ou privação. Fonte: CHIAVENATO (2004, 2007). • necessidades sociais: referem-se aos relacionamentos afetivos e inclusão em grupos. • necessidades de estima: incluem a autoestima e o reconhecimento por parte dos outros. • necessidades de autorrealização: implica nos desejos de autodesenvolvimento e autoconhecimento. Com relação ao trabalho, por exemplo, a necessidade de segurança é satisfeita com empregos estáveis, seguros de vida, aposentadoria; a necessidade de autoestima é satisfeita por meio de avaliação do trabalho pelos outros; a necessidade de autorrealização é satisfeita com atividades que permitam desenvolver potencialidades. Contudo, uma pessoa que está há dois dias sem comer e necessitando de dinheiro, exigirá do trabalho apenas a remuneração líquida, por meio da qual conseguirá satisfazer suas necessidades básicas e fisiológicas de alimentação. Maslow mostrou que uma vez satisfeita determinada necessidade, essa já não mais controla a conduta da pessoa e surge uma nova em seu lugar. A satisfação das necessidades nunca termina, pois a cada momento existe uma necessidade emergente. Para tornar o empregado mais satisfeito com o trabalho e consigo mesmo, a empresa deve fornecer ao empregado oportunidade para a satisfação de suas necessidades. As tarefas devem ir ao encontro de permitir autonomia ao empregado, possibilitando-lhe utilizar de suas habilidades e dar vazão às suas potencialidades. Atentar para fatores como ambiente de trabalho, relações interpessoais, programas de treinamento e de desenvolvimento dentre outros. ABRAHAM HAROLD MASLOW [ SAIBA MAIS ] nasceu em Nova York em 1908. Recebeu os títulos de bacharel em 1930, mestre em 1931 e doutor em Psicologia pela Universidade de Wisconsin em 1934. Sua vida foi repleta de descobertas acerca da motivação e da personalidade as quais transcenderam a Psicologia acadêmica tradicional e se estenderam para os campos da gestão e do marketing. Ele demonstrou preferir o estudo das tendências sociais, quase imperceptíveis para outros, especulando acerca das suas consequências alongo prazo. Para o autor, os elementos pessoal e social estavam permanentemente interligados. Depois de mais de 30 anos de estudos e de uma carreira acadêmica brilhante, Maslow compilou pela primeira vez a sua obra num só livro “Motivation and Personality”. Nele, os conceitos de motivação humana, personalidade e hierarquia das necessidades são abordadas com maestria. Maslow morreu em 8 de junho de 1970. Para que uma necessidade surja como mais importante na escala de valores, basta que a anterior esteja, parcialmente, satisfeita. Maslow parte da premissa de que a motivação é em si mesma determinada por um impulso genérico de satisfazer necessidades: Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 59 “Quanto mais saudáveis nós somos, emocionalmente, mais importantes se tornam nossas necessidades de preenchimento criativo no trabalho. Ao mesmo tempo, menos nós toleramos a violação de nossas necessidades para tal preenchimento.” (Abraham H. Maslow) Auto- Estima Sociais Segurança Necessidades Fisiológicas realização Fayol Trabalho criativo e desafiante Diversidade e autonomia Participação nas decisões Responsabilidade por resultados Orgulho e reconhecimento Promoções Amizade dos colegas Interação com clientes Gerente amigável Condições seguras de trabalho Remuneração e benefícios Estabilidade de emprego Intervalo de descanso Conforto físico Horário de trabalho razoável Maslow buscou compreender o homem dentro de uma percepção multidimensional, considerando a existência de diversas necessidades desde as mais básicas até as mais complexas e numa inter-relação dinâmica. Ao conceber, entretanto, a motivação como o caminho para a satisfação da necessidade dominante, Maslow fugiu ao aspecto da espontaneidade contido no conceito da motivação. Neste ponto, percebe-se a principal diferença entre as teorias de Maslow e Taylor. Enquanto Taylor via somente as necessidades básicas como elemento motivacional, Maslow percebeu que o indivíduo tem outras necessidades. Estilos de liderança A Teoria Comportamental procura demonstrar a variedade de estilos de administração que estão à disposição do administrador. A administração das organizações em geral está fortemente condicionada pelos estilos com que os administradores dirigem, dentro delas, o comportamento das pessoas. Por sua vez, os estilos de administração dependem substancialmente das convicções que os administradores têm a respeito do comportamento dentro da organização. Essas convicções moldam não apenas a maneira de conduzir as pessoas, mas também a maneira pela qual se divide o trabalho, planejam e organizam as atividades. A literatura especializada aponta a liderança como a capacidade de exercer influência sobre o comportamento das pessoas. A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, principalmente, em cada um dos departamentos da empresa para que a corporação conheça a natureza humana dos trabalhadores e saiba conduzi-los. LIDERANÇA [ SAIBA MAIS ] guiar, induzir, orientar, associar a atividade e os interesses de indivíduos e grupos com o fim de conseguir deles a cooperação. • o grau de influência para a realização dos objetivos; • a sensibilidade social, ou seja, capacidade de ler a situação; • a flexibilidade de estilos que é a capacidade demudar de estilo conforme a situação; • a gestão situacional, ou seja, a habilidade para mudar ou reformular situações. O que torna um líder eficaz? Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 61 O quadro a seguir apresenta os estilos de liderança: Estilos de liderança Líder autoritário Voltado para o trabalho: dirige e chefia, de perto, os subordinados para assegurar a execução do trabalho de acordo com o que ele quer. Existe pouca preocupação com o desenvolvimento dos subordinados e suas motivações. Toda determinação de procedimentos parte do líder. Líder democrático Voltado para os empregados: preocupa-se com as motivações dos subordinados e incentiva a participação nas decisões. Todo procedimento é objeto de discussão pelo grupo. Líder laissez-faire Deixar fazer: o grupo decide sem a participação do líder, a não ser quando solicitado. Percebe-se a omissão do líder no desenvolvimento dos processos. Líder carismático A atuação do líder baseia-se na sua capacidade de levar o grupo a supor que ele tem poderes excepcionais, conduzindo as pessoas a procedimentos ilógicos. Líder populista Baseado na insuflação de massa prometendo o que não pode cumprir e desenvolvendo a sua manipulação; baseia-se no nepotismo. NEPOTISMO [ GLOSSÁRIO ] é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente, no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Segundo Megginson (1998), as teorias de liderança podem ser classificadas em três abordagens específicas: • abordagem dos traços: os estudiosos desta teoria consideram que os líderes possuem determinados traços ou características que os posicionam acima de seus seguidores. Como exemplos de atributos ou traços consideradosdestacam-se energia, aparência, conhecimento, inteligência, imaginação, autoconfiança, integridade, fluência verbal, controle emocional e mental, sociabilidade, amizade, coragem, impulso, entusiasmo entre outros. • abordagem comportamental ou behaviorista: essa teoria buscou identificar os motivos que produziriam uma liderança efetiva. Nela os teóricos supunham que a liderança não é apenas inata, mas pode ser desenvolvida. A teoria comportamental considera que os líderes sejam orientados para o empregado, para a tarefa ou ainda para a combinação das duas coisas. Megginson (1998) afirma que nem a abordagem dos traços e tampouco a abordagem comportamental explicaram adequadamente a liderança. • abordagem de contingência da situação: é a mais atual das teorias e considera que o estilo de liderança a ser usado depende de fatores como a situação, as pessoas, a tarefa, a organização e outras variáveis ambientais. Portanto, não há um estilo de liderança exato para cada gerente em qualquer situação. Processo decisório Para a Teoria Comportamental, a organização é concebida como um sistema de decisões. Nesse sistema, cada pessoa toma decisões de forma racional e consciente as quais vão gerar comportamentos ou ações. Assim, as decisões são tomadas continuamente em todos os níveis hierárquicos da organização, em todas as áreas, situações e por todas as pessoas. Tal Teoria tem uma visão de homem diferente daquela enfocada pela Teoria Clássica (homem econômico) e pela Teoria das Relações Humanas (homem social). Para os comportamentalistas, o homem é visto como homem administrativo por ser um tomador de decisões racionais. Nessa concepção, os trabalhadores opinam, decidem e colaboram para a solução de problemas. Toda e qualquer decisão envolve a percepção da situação e o raciocínio. Isso é fundamental para a compreensão do comportamento humano nas organizações. Porque o que uma pessoa aprecia e deseja influencia aquilo que vê e interpreta, assim como o que vê e interpreta influencia o que aprecia e deseja. Assim, a pessoa decide em função de sua percepção da situação. A decisão é o processo de análise e escolha entre várias alternativas disponíveis, do curso de ação que a pessoa deverá seguir. Conforme Chiavenato (2004; 2007), toda a decisão envolve seis elementos: • tomador de decisão: é quem faz uma escolha ou opção entre várias alternativas de ação; • objetivos: são as pretensões que o tomador de decisão pretende alcançar com suas ações; Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 63 • preferências: são os critérios que o tomador de decisão usa para fazer a escolha; • estratégias: caminhos que quem decide escolhe para melhor atingir o objetivo; • situação: aspectos ambientais que influenciam quem decide; • resultado: é a consequência de uma dada estratégia. A tomada de decisão pode ser estudada sob a perspectiva do processo, que se concentra nas etapas do processo de decisão, ou na perspectiva do problema, orientada para a resolução de problemas. Na perspectiva do processo, a abordagem é criticada por se relacionar muito com o procedimento e não com o conteúdo da decisão, dessa forma, sofre influência das emoções e dos impulsos de quem decide. Já na perspectiva do problema, o tomador de decisão pode aplicar métodos quantitativos para tornar o processo decisório mais racional possível, concentrando-se, principalmente, na determinação e equacionamento do problema a ser resolvido. Por processo de decisão entende-se a sequência de etapas que formam uma decisão. São elas: • percepção da situação; • análise e definição do problema; • definição dos objetivos; • procura de soluções; • avaliação e comparação dessas alternativas; • escolha da alternativa mais adequada; • implementação da alternativa escolhida. Como características do processo decisório têm-se: • o tomador de decisões evita a incerteza e segue as regras padronizadas para as decisões; • ele mantém as regras e as redefine somente quando sob pressão; • quando o ambiente muda subitamente e novos dados se apresentam para o processo decisório, a organização é lenta no ajustamento. Ela tenta utilizar o modelo atual para lidar com condições modificadas. Segundo Maximiano (2011), as decisões podem ser de vários tipos: • programadas: caracterizadas pela rotina e repetitividade; • não-programadas: caracterizadas pela não-estruturação e, basicamente, pela novidade; • estratégicas: compreendem as escolhas e os objetivos organizacionais definidos pela alta administração e os meios utilizados para realizá-los; • administrativas ou táticas: referem-se aos meios de se colocar em prática as decisões estratégicas; tomadas no nível dos gerentes intermediários; • operacionais: abrangem a definição de meios e recursos para a execução de atividades, envolvem problemas do dia a dia; Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 65 • individuais: tomadas unilateralmente; • coletivas: tomadas em grupo; • satisfatórias: qualquer alternativa serve; • maximizadas: exige análise criteriosa das alternativas em busca do melhor resultado possível; • otimizadas: equilibram vantagens e desvantagens das alternativas. As decisões podem basear-se em condições de certeza, risco e incertezas. Na certeza, existem informações precisas, mensuráveis e seguras nas quais as decisões podem basear-se. No risco, a previsibilidade é menor, pois não existem informações completas, mas uma ideia da probabilidade dos resultados. Já na incerteza, os resultados são desconhecidos. Alguns fatores condicionam o processo de tomada de decisão, dificultando-o. São eles, conforme Simon apud Chiavenato (2004): • racionalidade limitada: o tomador de decisões conhece apenas parte das informações acerca da situação. Faz pressuposições. Toma decisões com base nos fatos que conhece; • imperfeição nas decisões: não existem decisões perfeitas, apenas umas são melhores que as outras quanto ao resultado que acarretam; • relatividade nas decisões: toda decisão é até certo ponto uma acomodação; jamais permite a realização completa ou perfeita dos objetivos, representa a melhor solução encontrada naquela circunstância. A decisão nunca é ótima, apenas satisfatória; • hierarquização das decisões: os objetivos visados pelas ações das pessoas obedecem a uma hierarquia na qual um nível qualquer é um fim em relação ao nível mais baixo e um meio em relação aos de ordem maior; • racionalidade administrativa: o comportamento dos indivíduos nas organizações é planejado e orientado no sentido de atingir objetivos previamente definidos. Esse processo administrativo é um processo decisório, pois requer o estabelecimento de rotinas e cursos de ação; • influência organizacional: a organização retira dos participantes a capacidade de decidir independentemente sobre certos assuntos e a substitui por um processo decisório próprio e previamente estabelecido. A organização decide pelo indivíduo: a divisão de tarefas; os padrões de desempenho; o sistema de autoridade; os canais de comunicação, o treinamento e a doutrinação. Teoria de Campo de Kurt Lewin A Teoria de Campo baseia-se na proposição de que o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes e de que esses fatos têm o caráter de um campo dinâmico no qual cada parte depende de uma inter-relação com as demais . A Teoria afirma que o comportamento humano não depende só do passado ou do futuro, mas do campo dinâmico atual e presente. Esse campo dinâmico é o “espaço de vida que contém a pessoa com seu ambiente psicológico” (CHIAVENATO, 2006). Foi Kurt Lewin, psicólogo alemão (1890-1947), que instituiu o termo ambiente psicológico ou comportamental como sendo o ambiente tal como é percebido e interpretado pela pessoa e relacionado com as atuais necessidades do indivíduo. Lewin propõe a seguinte equação para explicar o comportamento humano. C = f (P, M) Onde: C (comportamento) éo resultado da função (f) ou da interação entre a pessoa (P) e o meio ambiente (M) que a rodeia. Enfoque Clássico e Movimento Humanístico da Administração 67 Para Lewin, toda necessidade cria um estado de tensão no indivíduo, uma predisposição à ação sem nenhuma direção. Quando um objeto exequível é encontrado, ele adquire uma valência positiva para dirigir-se ao objeto. Os objetos, pessoas ou situações adquirem para o indivíduo uma valência positiva (quando podem satisfazer necessidades prementes do indivíduo) ou uma valência negativa (quando podem ocasionar algum prejuízo ao indivíduo). Portanto, os objetos com valência positiva atraem o indivíduo e os com valência negativa o repelem. Quando a tensão é excessiva e há muita fome, por exemplo, ela pode tumultuar a percepção do ambiente e desorientar o comportamento do indivíduo. Se surge uma barreira, ocorre a frustração pelo não alcance do objeto provocando aumento da tensão e levando a um comportamento ainda mais desorientado. Consequências da Teoria Comportamental O comportamentalismo trouxe benefícios interessantes para a organização como o aumento da produtividade através da redução dos conflitos entre empregado e patrão. As formas e naturezas da liderança muito contribuíram no processo decisório empresarial. Nasce a figura do homo administrativo para representar a Teoria Comportamentalista. Significa que o homem não é mais motivado pelo econômico, mas pelo estilo de administrar. Na visão do empresário “tudo está bem desde que o lucro sobreviva”. Aqui, o empresário percebe que as regras para realizar seus objetivos são muito mais complexas e elaboradas, razão pela qual admite a existência de resultados satisfatórios ao invés de resultados máximos. O importante é não perder o poder e evitar o conflito ao máximo que puder. Na concepção do empregado, o operário percebe e tem consciência de que a teoria comportamentalista pretende “envolvê-lo no esquema”. Sabe ainda que ao entregar-se de corpo e alma para a empresa estará produzindo mais e mais sob um controle “firme”, mas “justo”. Abordagem Estruturalista da Administração MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 3 Ao final do estudo desta unidade, você vai compreender o modelo burocrático proposto por Max Weber, identificar as características da burocracia, suas disfunções e limitações, conhecer as origens e os fundamentos da Teoria Estruturalista, entender por que os conflitos são inevitáveis e desejáveis e confrontar as teorias Burocrática e Estruturalista. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Abordagem Estruturalista da Administração Teoria da Burocracia A Teoria da Burocracia foi concebida por Max Weber e é posterior às teorias Clássica e das Relações Humanas. Você já sabe que a Teoria Clássica pregava uma Administração centralizadora, padronizando as atividades e controlando-as por meio da persuasão, coação, punições e recompensas marginais. Por outro lado, a Teoria das Relações Humanas considerava o homem o maior patrimônio das organizações pregava a descentralização e a delegação, a autoavaliação e a administração participativa. A Teoria Clássica já abordava certa racionalidade, porém ela se manifestava apenas na mecanização dos processos e não na mecanização das atividades dos indivíduos. Na Teoria da Burocracia, no entanto, há padronização da liderança a qual está calcada Abordagem Estruturalista da Administração 71 em regras impessoais e escritas e baseadas em uma estrutura hierárquica. O poder é legítimo e depende, exclusivamente, do grau de especialidade e competência técnica de quem o detém. Elementos básicos A Teoria da Burocracia desenvolveu-se na Administração por volta da década de 1940, em função da fragilidade e parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas, ambas oponentes e contraditórias, mas sem possibilitarem uma abordagem global, integrada e envolvente dos problemas organizacionais. Houve a necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as formas de organização humana e, principalmente, das empresas. Com o crescente tamanho e complexidade das empresas, passaram- se a exigir modelos organizacionais mais bem definidos. Nesse sentido, o trabalho de Max Weber contribuiu para o surgimento de um novo modelo a Sociologia da Burocracia. A burocracia é, entendida neste contexto, como uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade e na adequação dos meios aos objetivos pretendidos a fim de garantir a máxima eficiência possível para alcança-los. Características da burocracia Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes características: • caráter legal das normas e regulamentos; • caráter formal das comunicações; • caráter racional e divisão do trabalho; • impessoalidade nas relações; • hierarquia de autoridade; • rotinas e procedimentos estandardizados; • competência técnica e meritocracia; • especialização da administração que é separada da propriedade; • profissionalização dos participantes; • completa previsibilidade do funcionamento. MAX WEBER [ QUEM ] Nasceu em Erfut ( Alemanha) em 1864 e faleceu em Munique em 1920. Foi um intelectual alemão e um dos fundadores da Sociologia. É conhecido, sobretudo, pelo seu trabalho sobre a sociologia da religião. Sua obra de destaque foi a “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. SOCIOLOGIA DA BUROCRACIA [ SAIBA MAIS ] A Sociologia da Burocracia propõe um novo modelo de organização que foi amplamente aplicado nos processos administrativos das empresas. A aplicação dessas práticas deu origem a Teoria da Burocracia. A burocracia é uma forma de organização baseada em uma legislação própria que define antecipadamente como a empresa deverá funcionar. Para isso, existem normas e regulamentos que são escritos e que devem ser cumpridos por todas as áreas da organização. Essa normas preveem ocorrências e as enquadram dentro de um esquema definido capaz de regular tudo o que ocorra dentro da organização. Nesse modelo, as regras, decisões e ações administrativas são formuladas e registradas por escrito. Daí o caráter formal da burocracia: todas as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e documentação adequadas bem como assegurar a interpretação unívoca das comunicações. A burocracia utiliza formulários para facilitar a comunicação sendo uma estrutura social formalmente organizada. A organização da burocracia está baseada em uma sistemática divisão do trabalho. O aspecto racional da burocracia estabelece, a partir da divisão sistemática do trabalho e do poder, atribuições a cada participante, ou seja, cada um possui um cargo e funções específicas e uma esfera de competência e responsabilidade. As atividades são distribuídas impessoalmente, ou seja, em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas, daí o caráter impessoal da burocracia. A administração da burocracia é realizada considerando as pessoas como ocupantes de cargos e de funções. O poder de cada pessoa é impessoal e deriva do cargo que ocupa. Abordagem Estruturalista da Administração 73 As pessoas vão e vêm e os cargos permanecem ao longo do tempo, o que garante uma estrutura social organizada de forma impessoal. Os cargos são atribuídos segundo a hierarquia, isto é, cada cargo inferior deve estar sob o controle e a supervisão de um posto superior. Nenhum cargo pode ficar sem controle ou supervisão, daí a necessidade da hierarquia da autoridade para definir as chefias nos vários escalões de autoridade. As regras e normas técnicas são fixadas no desempenho de cada cargo. O funcionário (ocupante do cargo) não faz o que quer, mas o que a burocracia impõe que ele faça. As regras e normas técnicas regulam a conduta do ocupante de cada cargo cujas atividades são executadas de acordo com as rotinas e os procedimentos. A disciplina no trabalho e o desempenho no cargo são assegurados por um conjunto de regrase normas que ajustam o funcionário às exigências do cargo e às exigências da organização, ou seja, a máxima produtividade. A escolha das pessoas na burocracia é baseada no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais. A admissão, a transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios válidos para toda a organização e não em critérios particulares e arbitrários. Daí a necessidade de exames, concursos, testes e títulos para admissão e promoção dos funcionários. A burocracia é uma organização que se baseia na separação entre a propriedade e a administração, ou seja, os administradores da burocracia são profissionais especializados em sua administração. Portanto, há estrita separação entre os rendimentos e os bens privados e públicos. Profissionalização dos participantes Cada funcionário da burocracia é um profissional, pois: • é um especialista: cada funcionário é especializado nas atividades do seu cargo, o que varia é o nível hierárquico; • é assalariado: os funcionários da burocracia participam da organização e, para tanto, recebem salários correspondentes ao cargo que ocupam de acordo com o nível hierárquico; • é ocupante do cargo: o funcionário é um ocupante do cargo e seu cargo é sua principal atividade dentro da organização, o que toma todo o seu tempo e desempenho; • é nomeado pelo superior hierárquico: o funcionário é um profissional selecionado e escolhido por sua competência e capacidade, ele é admitido, promovido e demitido da organização pelo seu superior imediato; • seu mandato é por tempo indeterminado: quando um funcionário ocupa um cargo dentro da burocracia, o tempo de permanência é indefinido e indeterminado; • segue carreira dentro da organização: à medida que o funcionário demonstre mérito, capacidade e competência, ele pode ser promovido para outros cargos superiores; • é fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa: o funcionário passa a defender os interesses do cargo e da organização em detrimento dos demais interesses envolvidos. O modelo burocrático de Weber parte da pressuposição de que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente previsível, isto é, todos os funcionários se comportar de acordo com as normas e regulamentos da organização a fim de que ela atinja a máxima eficiência possível. Weber não previu nenhuma variação do comportamento humano dentro da organização, pois, para ele, a burocracia assenta-se numa visão padronizada do comportamento humano. Weber não considera a organização informal, pois ela aparece como fator de imprevisibilidade das burocracias. O sistema social racional puro de Weber pressupõe que as reações e o comportamento humano sejam perfeitamente previsíveis, uma vez que tudo estará sob o controle de normas racionais e legais, escritas e exaustivas. Entretanto, podem ocorrer muitas disfunções da burocracia como internacionalização das regras; apego aos regulamentos; excesso de formalismo; resistência a mudanças; despersonalização do relacionamento; categorização como base do processo decisivo; conformidade às rotinas e procedimentos; exibição de sinais de autoridade; dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. Vantagens da burocracia A burocracia apresenta algumas vantagens: Abordagem Estruturalista da Administração 75 • A cobrança de responsabilidade é mais eficiente, uma vez que o desempenho da função é definido com precisão. • Existe maior rapidez nas ordens. • Existe maior disciplina em função da hierarquia formalizada. • Permite a substituição do pessoal “incompetente” e a substituição é mais rápida e fácil. • A autoridade decorre da competência dos indivíduos. • Evita ação autoritária e arbitrária da chefia sobre subordinados, já que ambos se orientam por uma só norma. • Proporciona maior e melhor controle nas grandes empresas. • Redução de custos devido à padronização. Consequências do modelo burocrático O modelo puro e racional confundiu a burocracia com ineficiência, serviço público, papelada, carimbo, protocolos e outras denominações não menos impróprias. Uma das principais críticas feitas a esse modelo, é o de ter caracterizado o homem como sendo um elemento de comportamento único, desconsiderando que as pessoas agem e reagem de maneira diferenciada. Nesse modelo, é praticamente impossível existir amizade entre os membros de diferentes cargos em uma empresa. As normas são tantas que os empregados se entregam a elas esquecendo-se dos objetivos. O formalismo e o controle cerrado levam o indivíduo a ler, assinar, protocolar ou criar novos controles. As normas, a papelada, os controles, o formalismo costumam levar o empregado a construir um “mundinho” particular esquecendo que a empresa foi criada para atender os clientes. De modo geral, o empregado busca valorizar-se ao extremo em busca do crescimento na hierarquia da empresa. A devoção aos regulamentos, ao controle e à disciplina leva o empregado a se sentir despersonalizado. Para muitos empregados a burocracia não oferece motivação alguma, a não ser a coerção decorrente do controle. O crescimento pessoal não tem sido favorecido na burocracia, cedendo lugar ao conformismo. O homem fica condicionado psicologicamente (bitolado) a produzir apenas aquilo que foi planejado. Num sistema altamente burocratizado, as novas tecnologias, embora necessárias, não são bem aceitas já que podem trazer consequências imprevisíveis, o que contraria a filosofia do controle e do comportamento programado. Críticas à Burocracia Como você viu, a burocracia possui vantagens significativas. No entanto, é bastante criticada. Entre as críticas, podemos destacar: Lei da Multiplicação do Subordinado: um chefe deseja sempre aumentar o número de subordinados desde que esses não sejam seus rivais. Lei da Multiplicação do Trabalho: o chefe sempre inventa trabalho para seus subordinados. Hipótese da Paralisia das Organizações: se os chefes são medíocres, eles tratarão de cercar-se de empregados também medíocres. Na visão do empresário: de um modo geral a expressão burocracia soa como sinônimo de empresa pública para o empresário e como tal, presta-se as estatais e não a iniciativa privada. Por essa razão, a maioria do empresariado não se dispõe a discutir sobre o assunto. Por outro lado, os poucos que conhecem o modelo burocrático têm dele se utilizado para editar os códigos ou manuais de normas em suas empresas. Abordagem Estruturalista da Administração 77 Na visão do empregado: a formalidade decorrente da burocracia, para o empregado, constitui sério obstáculo para o seu crescimento pessoal, uma vez que o inibe e o reprime em sua concepção de liberdade. Faz o empregado tornar-se pouco espontâneo, inibido e extremamente programado (bitolado). Teoria Estruturalista A oposição entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou um impasse dentro da Administração que mesmo a Teoria Burocrática não teve condições de ultrapassar. A Teoria Estruturalista representa um desdobramento da Teoria Burocrática e uma leve aproximação com a Teoria das Relações Humanas. A abordagem estruturalista pode ser definida como uma tentativa de englobar aspectos importantes da abordagem clássica e da abordagem da Escola de Relações Humanas. O estruturalismo teve sua origem com o sociólogo alemão Amitai Etzioni. O pesquisador partiu do princípio de que em uma empresa qualquer que seja o departamento analisado, deve-se efetuar essa análise à luz dos demais. Não há setores isolados, mas uma estrutura inter-relacionada de coisas que se associam e se completam. A Teoria Clássica e a de Relações Humanas expressam uma incoerência para a proposta estruturalista, uma vez que ambas concebem formas organizacionais bastante antagônicas: a primeira foca o lado material, enquanto a segunda enfatiza o incentivo psicossocial. Portanto, a origem do estruturalismo reside no antagonismo entre esses dois enfoques.Etzioni apud Chiavenato (2000, p. 237) classifica a abordagem estruturalista como sendo: uma síntese da Escola Clássica (ou formal) com a da Escola de Relações Humanas (ou informal)... Mas seu diálogo maior foi com a abordagem das Relações Humanas. Seus fundamentos são melhor compreendidos através do exame da crítica que ela levanta contra essa escola. É exatamente ao explorar a visão harmônica dos escritores da Escola de Relações Humanas, que os escritores estruturalistas pela primeira vez reconheceram integralmente o dilema organizacional, ou seja: o inevitável conflito entre as necessidades organizacionais e as necessidades individuais, conflito esse que pode ser reduzido, mas não eliminado. ESTRUTURALISMO [ SAIBA MAIS ] O movimento estruturalista foi predominantemente europeu. Parte do conceito de estrutura, do grego struo (ordenar) no qual as partes são reunidas de forma estruturada e se tornam subordinadas ao todo, a estrutura. O estruturalismo está voltado para o todo e o relacionamento das partes na constituição do todo. Pressupõe, portanto que o todo é maior do que a simples soma das partes. A estrutura é mais que a soma das partes, pois abrange também as relações entre elas. Existem alguns conceitos fundamentais para a organização e o processo de organização. São eles: • Divisão do Trabalho: a meta de uma organização é realizar algum propósito, que poderia ser inalcançável por um indivíduo agindo independentemente, mas é realizável pelo trabalho em conjunto de modo cooperativo e coordenado. Esse conceito é chamado de sinergia e é o princípio da divisão do trabalho. • Organização formal: representa o plano organizacional em que se dá a divisão do trabalho. • Estrutura formal: é aquela oficialmente definida na organização com todas as formalidades e os padrões. Sua forma gráfica é conhecida como organograma e a forma descritiva é conhecida como descrição de cargos. • Estrutura: é o arranjo dos elementos constitutivos da organização, ou seja, é a forma mediante a qual estão integrados e se apresentam os elementos de uma organização. Abordagem Estruturalista da Administração 79 De maneira simples, pode-se dizer que a estrutura organizacional é necessária para cumprir a três funções básicas: • servir como instrumento para a organização atingir seus objetivos; • tornar previsível o comportamento de seus membros; • mapear relações de mando e subordinação existentes na organização. Para estudar as organizações, os estruturalistas utilizam uma análise organizacional mais ampla que as escolas anteriores. Levam em conta os fundamentos da Teoria Clássica, Teoria das Relações Humanas e Teoria Burocrática. Tal abordagem chama-se abordagem múltipla e envolve: • a organização formal e a informal; • as recompensas materiais e as sociais; • todos os níveis hierárquicos da organização; • todos os diferentes tipos de organizações. Níveis Organizacionais segundo Parsons De acordo com Parsons, os níveis organizacionais podem ser definidos conforme a figura a seguir: Decisões Planos Operações Diretores Gerentes e Chefes Supervisores executivos Níveis institucionais Nível gerencial Nível técnico Fonte: CHIAVENATO (2004). Segundo os estruturalistas, não existem duas organizações iguais, entretanto elas apresentam características que permitem classificá- las em classes ou tipos: Modelo racional de organização: lógica de sistema fechado, visão focalizada nas partes internas, ênfase no planejamento e controle. Expectativa de certeza e imprevisibilidade. Modelo natural de organização: lógica de sistema aberto, visão focalizada sobre o sistema e sua interdependência com o ambiente. Expectativa de incerteza e imprevisibilidade. Buscando facilitar a análise organizacional, os estruturalistas desenvolvem tipologias, classificando-as de acordo com certas características. Etzioni apud Chiavenato (2004), classifica as organizações com base no uso da obediência: organizações coercitivas, organizações normativas e organizações utilitárias (quadro a seguir): Tipos de poder superiores Tipos de participação dos subordinados Meios Tipos de organizações coercitivos alienante físicos coercitivas remunerativo calculista matérias utilitárias normativo moral simbólicos normativas Fonte: PARK, Kilt H. Introdução ao estudo da administração. São Paulo: Pioneira, 1997. Abordagem Estruturalista da Administração 81 • Organizações coercitivas: o poder é imposto pela força física ou controle baseados em prêmios ou punições. Utilizam força como principal controle sobre os participantes de nível inferior. Exemplos: campos de concentração, prisões, instituições penais etc. • Organizações utilitárias: o poder se baseia no controle dos incentivos econômicos. Tais organizações utilizam a remuneração como base principal de controle. Os participantes de nível inferior contribuem para a organização com um envolvimento “calculativo” baseado nos benefícios que esperam obter. As empresas e o comércio estão incluídos nessa classificação. • Organizações normativas: o poder baseia-se no consenso sobre objetivos e métodos da organização. Utilizam o controle moral como principal influência sobre os participantes, já que há elevado envolvimento “moral” e motivacional dos trabalhadores. As organizações normativas são chamadas “voluntárias” e incluem a igreja, universidades, hospitais e organizações políticas e sociais. Além de Etzioni apud Chiavenato (2004), outros autores como Blau e Scott apud Chiavenato (2004) sugerem tipologias simples que facilitam o processo de análise organizacional. Blau e Scott apud Chiavenato (2004) apresentam uma tipologia das organizações baseada no beneficiário principal, ou seja, que se beneficia com a organização. Os benefícios para a parte principal constituem a essência da existência da organização. Para eles, há quatro categorias de participantes que se beneficiam de uma organização formal: • os próprios membros da organização; • os proprietários, dirigentes ou acionistas da organização; • os clientes da organização; • o público em geral. Em função dessas categorias de beneficiário principal que a organização visa atender existem quatro tipos básicos de organizações: associações de benefícios mútuos, organizações de interesse comerciais, organizações de serviços e organizações de Estado: • Associações de benefícios mútuos, em que o beneficiário principal são os próprios membros da organização como as associações profissionais, as cooperativas, os sindicatos, os fundos mútuos, os consórcios etc. • Organizações de interesse comerciais, em que os proprietários ou acionistas são os principais beneficiários da organização como a maior parte das empresas privadas, sejam sociedades anônimas ou sociedades de responsabilidade limitada. • Organizações de serviços, em que um grupo de clientes é o beneficiário principal. Exemplos: hospitais, universidades, escolas, organizações religiosas e agências sociais. • Organizações de Estado, em que o beneficiário é o público em geral. Exemplos: a organização militar, correios, instituições jurídicas e penais, segurança pública, saneamento básico etc. A Teoria Estruturalista é inovadora quando fala em organizações como sistemas abertos, sofrendo influência das contingências ambientais. Diante disso, pode-se concluir que a Teoria Estruturalista é uma teoria de transição em direção à Teoria de Sistemas. Abordagem Estruturalista da Administração 83 O estruturalismo na sua versão final constitui o pré-requisito para uma visão ainda mais abrangente da organização, evoluindo para a Teoria dos Sistemas, que analisa a empresa em toda sua amplitude incorporando também o ambiente externo. Confronto entre as teorias Burocrática e Estruturalista O quadro a seguir apresenta um confronto entre as Teorias Burocrática e Estruturalista: Aspectos Teoria Burocrática Teoria Estruturalista Ênfase Na estrutura organizacional somente.Na estrutura organizacional, nas pessoas e no ambiente. Abordagem da organização Organização formal. Organização formal e informal. Enfoque Sistema mecânico (sistema fechado). Sistema natural ou orgânico (sistema aberto). Conceito de organização Sistema social como um conjunto de funções oficiais. Sistema social intencionalmente construído e reconstruído para atingir objetivos. Caráter da Administração Sociologia da Burocracia. Abordagem Simplista. Sociologia Organizacional. Sociedade de Organizações e Abordagem Múltipla. Comportamento humano Ser isolado que reage como ocupante de cargo ou posição hierárquica. Ser social que desempenha papéis dentro de várias organizações. Concepção de homem Homem Organizacional. Homem Organizacional. Relação entre objetivos Prevalência dos objetivos organizacionais. Não há conflito perceptível entre objetivos organizacionais e individuais. Balanço entre objetivos organizacionais e individuais. Conflitos inevitáveis e até desejáveis, pois conduzem à mudança e à inovação. Preocupação Eficiência máxima. Eficiência e eficácia. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). A despeito das diferenças apresentadas entre as Teorias da Burocracia e a Estruturalista, no quadro sobre os tipos de poderes, podemos observar que a abordagem Estruturalista introduz uma nova proposta para tratar das organizações e dos indivíduos. Inaugura os estudos acerca da concepção da organização como um sistema aberto, ampliando a visão estreita e limitada da organização. Novas Abordagens Organizacionais MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 4 Com o estudo desta unidade, você será capaz de compreender as origens e os fundamentos da Teoria de Sistemas bem como identificar as contribuições dessa teoria para a gestão das organizações. Saberá também, as origens e os postulados da Teoria Contingencial e compreenderá porque a Teoria da Contingência marca uma nova etapa no modo de gerir as organizações. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Novas Abordagens Organizacionais Teoria Geral de Sistemas (TGS) A abordagem estruturalista pode ser considerada a primeira tentativa na busca da integração de abordagens que se preocupavam com áreas específicas, aspectos formais ou informais. Entretanto, é a Teoria Geral de Sistemas que desenvolve um esquema teórico capaz de propiciar as condições necessárias para a tão sonhada integração entre as teorias organizacionais. Buscando uma maneira de avaliar como os sistemas organizacionais e administrativos eram estruturados e quais mecanismos eram necessários para que funcionassem como previsto, matemáticos e sociólogos encontraram, na forma sistêmica, um ponto em comum. O biólogo alemão Karl Ludwig Von Bertalanffy, concebeu, por volta de 1920, o nome Teoria Geral de Sistemas (TGS). Segundo esse autor, Novas Abordagens Educacionais 87 a TGS tem por finalidade identificar as propriedades, princípios e leis característicos dos sistemas em geral, independentemente, do tipo de cada um, da natureza de seus componentes e das relações entre eles. No entanto, somente na década de 1950, introduziu-se esse conceito na descrição das principais características das organizações como sistemas, iniciando-se a chamada Teoria de Sistemas. Segundo Chiavenato (2004), para entender a Teoria de Sistemas e sua difusão, deve-se levar em conta duas características obrigatórias dos sistemas sociais: Funcionalismo: o termo dá ênfase a sistemas de relacionamento e à unificação das partes e dos subsistemas em um todo funcional. O funcionalismo procura ver nos sistemas suas partes componentes, realçando que cada elemento tem uma função a desempenhar no sistema mais amplo; Holismo: é a concepção de que todos os sistemas se compõem de subsistemas e seus elementos estão inter-relacionados. Isso significa que o todo não é uma simples soma das partes e que o próprio sistema só pode ser explicado na sua globalidade. No enfoque tradicional da organização, têm-se estudado os subsistemas ou partes separadamente, com ideia de que é possível juntar as partes posteriormente para formar o todo. O enfoque sistêmico diz que isso não é possível, já que é necessário começar pelo sistema total. Uma distinção importante para a Teoria das Organizações é a classificação em sistemas abertos ou fechados. Um sistema fechado é aquele que não realiza intercâmbio com seu meio externo, com tendência a um progressivo caos interno, desintegração e morte. Um sistema aberto é aquele que interage com seu meio externo. Componentes e características de um sistema São componentes de um sistema: • Entropia: é o processo pelo qual as organizações tendem à desagregação, à desorganização e à exaustão podendo chegar à morte. No entanto, a organização pode resistir, reabastecendo-se de inputs (matérias, energia e KARL LUDWIG VON BERTALANFFY [ QUEM ] austríaco, desenvolveu a maior parte do seu trabalho científico nos EUA. Fez os seus estudos em biologia e interessou- se desde cedo pelos organismos e pelos problemas do crescimento. Bertalanffy não concordava com a visão cartesiana do universo e criticava a ideia de que o mundo é dividido em diferentes áreas de conhecimento. A partir da Biologia, ele propunha uma abordagem orgânica segundo a qual o organismo é um todo maior que a soma das partes e sugeria que se deve estudar sistemas globalmente. SISTEMA [ GLOSSÁRIO ] É qualquer conjunto de elementos que estão dinamicamente relacionados. Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 2004. informações), mantendo assim sua estrutura organizacional. A esse processo reativo de reabastecimento dá-se o nome de entropia negativa. • Homeostase: é o funcionamento autônomo do sistema e o seu impulso para realizar certos movimentos, focaliza a tendência ao equilíbrio. Refere-se à manutenção da constância durante um certo tempo. • Equifinalidade: significa que um mesmo estado final pode ser alcançado de muitas maneiras e de vários pontos de partida. • Feedback ou Retroalimentação: correspondem às respostas, partindo das saídas do sistema e remetendo às suas entradas. Pode ser considerado um processo circular de causa e efeito. • Diferenciação: é a tendência que os sistemas têm a uma crescente diferenciação e organização. O sistema deve ser adaptável e capaz de efetuar mudanças e reordenar-se na base de pressões ambientais. • Hierarquias: é a hierarquia entre a coordenação das atividades e processos dos subsistemas componentes do sistema maior. • Fronteiras: é a determinação do campo de atuação da organização. Desse modo, a organização só pode ser eficaz à medida que conhece suas fronteiras. • Inputs e Outputs: são as entradas e saídas do sistema, respectivamente. O sistema organizacional As organizações são analisadas como sistemas abertos dessa forma se estiverem relacionados com outros sistemas trocaram informações. São sistemas dinâmicos em constante adaptação e mudança buscando o equilíbrio, ou seja, a homeostase. Como sistemas que são, estão sujeitos a receber insumos (inputs), analisá- los e liberá-los como resultados (produtos/ serviços – outputs). Em função desses produtos, o sistema é então retroalimentado (por feedback) segundo suas necessidades. Estabelece-se então um ciclo. Esquematicamente, podemos representá-lo como na figura a seguir: Novas Abordagens Educacionais 89 Principais conceitos de sistemas Para que você entenda o que é um sistema, é fundamental que você domine os conceitos de entrada (input), saída (output), processamento e retorno (feedback). • Conceito de entrada: o sistema recebe entradas (inputs) ou insumos para poder operar, processando ou transformando as entradas em saídas (output). A entrada de um sistema é aquilo que o sistema importa ou recebe de seu mundo exterior. • Conceito de saída: saída (output) é o resultado final da operação ou processamentode um sistema. Todo sistema produz uma ou várias saídas e através da saída o sistema exporta o resultado de suas operações para o meio ambiente. • Processamento: conjunto de procedimentos realizados pelo sistema para transformar algo físico ou abstrato. • Retorno ou feedback: retorno de informações para alimentar o sistema. Tipos de sistemas Os sistemas podem ser divididos quanto à sua constituição ou quanto à sua natureza: Quanto à sua constituição: os sistemas podem ser físicos ou abstratos: Meio Ambiente feedback Fonte: PARK (1997). Entradas Sistema Organizacional Saídas Meio Ambiente • sistemas físicos ou concretos: quando são compostos de equipamentos, de maquinaria e de objetos ou coisas reais (hardware); • sistemas abstratos: quando compostos de conceitos, planos, hipóteses e ideias (software). Quanto à sua natureza: os sistemas podem ser abertos ou fechados: • sistemas fechados: são os sistemas que não apresentam intercâmbio com o meio ambiente que os circunda, pois são herméticos a qualquer influência ambiental; • sistemas abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com o ambiente através de entradas e saídas. Homem funcional ou organizacional A Teoria de Sistemas utiliza o conceito de homem funcional ou organizacional no qual o indivíduo assume um papel dentro das organizações, inter-relacionando-se com os demais indivíduos como um sistema aberto. Nesse modelo, as organizações são colocadas como sistemas de papéis nas quais os indivíduos agem desempenhando esses papéis. Suas ações sofrem a influência de um conjunto de papéis que estão relacionados com as expectativas dos demais. A Teoria de Sistemas pode ser considerada um importante divisor, pelo grau de relevância que traz para um melhor entendimento da organização. A Teoria Geral de Sistemas apresenta uma forte tendência para enfatizar as funções ou conjunto de atividades exercidas pelos indivíduos nos subsistemas. Teoria da Contingência A palavra contingência significa algo incerto ou eventual que pode suceder ou não, dependendo das circunstâncias. Refere-se a uma proposição cuja verdade ou falsidade somente pode ser conhecida pela experiência e pela evidência e não pela razão. Logo, a abordagem contingencial salienta que não se alcança a eficácia seguindo um único e exclusivo modelo organizacional. Novas Abordagens Educacionais 91 Os estudos recentes sobre as organizações complexas levaram a uma nova perspectiva teórica: a estrutura da organização e seu funcionamento são dependentes da sua interface com o ambiente externo. Para Chiavenato (2004), diferentes ambientes requerem diferentes desenhos organizacionais para obter eficácia tornando- se necessário um modelo apropriado para cada situação. Por outro lado, diferentes tecnologias conduzem a diferentes desenhos organizacionais bem como as variações no ambiente ou na própria tecnologia conduzem a variações na estrutura organizacional. Com a Teoria da Contingência há o deslocamento da visualização de dentro para fora da organização: a ênfase é colocada no ambiente e nas demandas ambientais sobre a dinâmica organizacional. Portanto, para a abordagem contingencial são as características ambientais que condicionam as características organizacionais assim, não há uma única melhor maneira (the best way) de se organizar. Tudo depende (it depends) das características ambientais relevantes para a organização. As características organizacionais somente podem ser atendidas mediante a análise das características ambientais com as quais se defrontam. Origens O contingencialismo surge baseado num conjunto de conhecimentos derivados da pesquisa de campo com objetivo de validar a Teoria Geral de Administração para todos os tipos de situações. O movimento contingencialista surge a partir de quatro estudos: de Joan Woodward, que pesquisou as organizações industriais; de Burns e Stalker, que descreveram a relação entre prática administrativa e ambiente externo; de Lawrence e Lorsch, que trabalharam a integração e diferenciação no ambiente; do Grupo de Aston, que pesquisou as organizações não industriais. Esses estudos se referem a diferentes formas estruturais e processos característicos de cada organização. O contingencialismo estuda variáveis como tamanho, tecnologia, interdependência, origem e história, cultura e objetivos organizacionais, localização da empresa, recursos humanos e materiais entre outros. Pesquisa de Burns e Stalker Os sociólogos Burns e Stalker pesquisaram indústrias inglesas para verificar a relação existente entre as práticas administrativas e o ambiente externo dessas indústrias. Diante das diferenças entre os processos administrativos encontrados nessas indústrias, classificaram-nos em dois tipos: mecanísticas e orgânicas. A conclusão a que eles chegaram cria toda a base para a discussão da abordagem contingencial. Segundo os autores, a forma mecanística de organização é apropriada para condições ambientais estáveis, enquanto que a forma orgânica é apropriada para condições ambientais de mudança e inovação. Em resumo, é o ambiente que determina a estrutura e o funcionamento das organizações. Pesquisa de Lawrence e Lorsch Lawrence e Lorsch pesquisaram sobre o relacionamento entre a organização e o ambiente. O nome da Teoria Contingencial derivou dessa pesquisa. A partir de pesquisas realizadas sobre a organização administrativa, os autores concluíram que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a integração. Sendo a diferenciação, a divisão da empresa em subsistemas ou departamentos em que cada trabalhador desempenhando uma tarefa especializada. A integração refere-se ao processo oposto, motivado por pressões do ambiente da organização no sentido de obter unidade de esforços e coordenação entre os vários subsistemas. Em função dos resultados da pesquisa, os autores formularam a Teoria da Contingência: não existe uma única maneira de se organizar; ao contrário, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambientais. Aspectos básicos da Teoria da Contingência: • a organização é de natureza sistêmica e o sistema é aberto; • as características ambientais apresentam uma interação entre si e com o ambiente; • diferenciação e integração organizacionais; • as características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto que as características organizacionais são variáveis dependentes das anteriores. A Teoria da Contingência explica que não há nada de absoluto nos princípios gerais da Administração. Os aspectos universais e normativos devem ser substituídos pelo critério de ajuste constante entre cada organização e o seu ambiente e tecnologia. Novas Abordagens Educacionais 93 Pesquisa de Joan Woodward Woodward, socióloga inglesa, organizou uma pesquisa para saber se os princípios de administração propostos pelas teorias administrativas levavam ao êxito do negócio, quando colocados em prática. A pesquisadora classificou as empresas pesquisadas em três grupos de tecnologia de produção, cada uma envolvendo diferentes maneiras de produzir: produção unitária ou oficinas; produção em massa ou mecanizada; produção em processo ou automatizada. As conclusões de Woodward destacam que o desenho organizacional é afetado pela tecnologia usada pela organização; há uma forte correlação estrutura organizacional e previsibilidade das técnicas de produção; as empresas com operações estáveis necessitam de estrutura diferentes das organizações com tecnologia mutável; há um predomínio das funções na empresa e a importância de cada função, como vendas, produção e engenharia. Dependência do ambiente: o grupo de Aston O grupo realizou um trabalho semelhante ao de Woodward. Preocupou-se, no entanto, com os sistemas e subsistemas organizacionais e não com os departamentos e subdepartamentos. O principal enfoque da pesquisa foi a análise da interdependência entre as organizaçõesbem como suas causas e consequências. As conclusões a que o grupo de Aston chegou foram que quanto mais dependente do meio externo é uma organização, mais centralizada é sua direção; menos autônoma ela é em relação à matriz e mais procedimentos e normas pautam seu funcionamento. Por meio dessas pesquisas a Teoria da Contingência mostra que as características da organização são variáveis dependentes e contingentes em relação ao ambiente e à tecnologia. Isso explica a enorme importância do estudo do ambiente e da tecnologia. Ideias centrais da Teoria da Contingência Fazem parte das ideias centrais da Teoria da Contingência: ambiente e tecnologia, adhocracia, estrutura matricial, organização por equipes, rede dinâmica, o homem complexo, motivação, desenho organizacional, ambiente e tecnologia: • Ambiente e tecnologia: o desenho das organizações é uma das preocupações desta Teoria devido à importância dada à abordagem de sistemas abertos. O desenho organizacional retrata a configuração estrutural da organização e implica no arranjo dos órgãos dentro da estrutura no sentido de aumentar a eficiência e a eficácia organizacional. Como as organizações vivem em um mundo de mudança, a sua estrutura deve caracterizar-se pela flexibilidade e adaptabilidade ao ambiente e a tecnologia. Para a Teoria da Contingência, o desenho da estrutura organizacional é o resultado de um ambiente complexo e mutável e requer a identificação das seguintes variáveis, conforme Feltrin (2007): • Entradas: são as características do ambiente geral e principalmente do ambiente de tarefa (fornecedores de recursos, clientes, usuários, concorrentes e entidades regulamentadoras). ◊ Tecnologias: utilizadas para a execução das tarefas organizacionais, sejam sistemas concretos Novas Abordagens Educacionais 95 e físicos (máquinas, instalações e equipamentos), sejam sistemas conceituais e abstratos (know-how, políticas e diretrizes). ◊ Tarefas ou funções: são as operações e processos executados para obter determinadas saídas ou resultados. ◊ Estruturas: são as relações existentes entre os elementos componentes de uma organização e incluem interações, a própria configuração estrutural dos órgãos e cargos (alta ou achatada), interações entre órgãos e cargos, equipes, hierarquia da autoridade, ou seja, todos os esquemas de diferenciação e integração necessários. À medida que o ambiente se torna mutável e turbulento, a incerteza aumenta e a organização precisa recorrer a novas alternativas de desenho organizacional para coordenar as suas atividades. Podendo utilizar meios para reduzir ou aumentar a quantidade de informação que é processada. A Teoria da Contingência mostra que as características da organização são variáveis, dependentes e contingentes em relação ao ambiente e à tecnologia. Isso explica a enorme importância do estudo do ambiente e da tecnologia. • Adhocracia: para poder acompanhar o ambiente turbulento, as organizações precisarão ser orgânicas, inovadoras, temporárias, isto é, antiburocráticas. As estruturas organizacionais serão flexíveis e mutáveis, fazendo com que departamentos e divisões irrompam subitamente para se integrarem em outras organizações. A adhocracia caracteriza-se por: ◊ equipes temporárias e multidisciplinares de trabalho, isso é, autônomas e autossuficientes; ◊ autoridade totalmente descentralizada, ou seja, equipes autogerenciáveis ou autoadministradas; ◊ atribuições e responsabilidades fluidas e mutáveis; ◊ poucas regras e procedimentos, ou seja, muita liberdade de trabalho. • Estrutura matricial: também denominada matriz ou organização grande. A essência da organização matricial é combinar as formas de departamentalização funcional e produtos ou projetos na mesma estrutura organizacional. Trata-se, portanto, de uma estrutura mista, híbrida. Isso significa que cada departamento passa a ter uma dupla subordinação, segue orientação dos gerentes funcionais e dos gerentes de produto/projeto simultaneamente. • Organização por equipes: existem dois tipos de equipes: o Equipe funcional cruzada: é composta de pessoas de vários departamentos funcionais que resolvem problemas mútuos. As empresas baseadas em computação, como IBM, HP, Compaq, Quantum e Microsoft utilizam exaustivamente essa abordagem. o Equipe permanente: são constituídas como se fossem departamentos formais na organização. Os seus participantes trabalham juntos e reportam-se ao mesmo gerente para resolver problemas de interesse comum. • Rede dinâmica: a estrutura em rede (network organization) significa que a organização desagrega as suas funções principais e as transfere para empresas ou unidades separadas interligadas através de uma pequena organização coordenadora, que passa a constituir o núcleo central. Assim, por exemplo, produção, vendas, engenharia e contabilidade passam a constituir serviços fornecidos por organizações separadas, elas trabalham sob contrato e conectadas eletronicamente a um escritório central para efeito de coordenação. As empresas multinacionais adotam a organização em redes. • O homem complexo: o homem como um sistema complexo de valores, percepções, motivações e características pessoais, é capaz de manter seu equilíbrio interno diante das demandas feitas pelas forças externas do ambiente. A seguinte figura ilustra esta organização: Novas Abordagens Educacionais 97 Planejamentos táticos Homo Economicus Planejamentos táticos Planejamentos táticos Planejamentos táticos Planejamentos táticos Homem Social Homem Organizacional Homem Administrativo Homem Funcional Homem complexo • Motivação: a Teoria Contingencial reconhece tanto as diferenças individuais quanto às diferentes situações em que as pessoas estão envolvidas. Victor H. Vroom, uma das maiores autoridades mundiais em liderança organizacional, propõe um modelo que parte do princípio de que o nível de produtividade depende de três forças básicas que atuam em cada indivíduo: • Expectativas: são os objetivos individuais, que podem incluir dinheiro, segurança no cargo, aceitação social, reconhecimento e uma infinidade de combinações de objetivos (força do desejo de alcançar objetivos individuais); • Recompensas: é a relação percebida entre produtividade e alcance dos objetivos individuais Fonte: CHIAVENATO (2004). (relação percebida entre produtividade e alcance dos objetivos individuais); • Relações entre expectativas e recompensas: é a capacidade percebida de aumentar a produtividade para satisfazer suas expectativas com as recompensas (capacidade percebida de influenciar o próprio nível de produtividade). Esse modelo parte da hipótese de que a motivação é um processo que orienta opções de comportamento para alcançar um determinado resultado final. Segundo Vroom (apud CHIAVENATO 2004), quando um indivíduo procura um resultado intermediário como produtividade, por exemplo, ele está buscando meios para alcançar um resultado final como dinheiro, benefícios sociais, apoio do supervisor, promoção ou aceitação do grupo. • Ambiente e tecnologia: o ambiente pode ser homogêneo, quando há pouca segmentação dos mercados; heterogêneo, o que exige maior complexidade da administração; estável, quando há poucas mudanças e muita previsibilidade; instável, quando há muitas incertezas. A tecnologia é um dos fatores do ambiente que interfere nas organizações. James D. Thompson classificou a tecnologia segundo uma tipologia tríplice: • tecnologia de elos em sequência que é típica da linha de montagem, as operações devem ser executadas numa ordem fixa uma após a outra; • tecnologia mediadora pela qual uma organização serve como elo entre clientes independentes, como bancos que ligam depositantes a tomadores de empréstimos, e universidades, que ligam professores a alunos; • tecnologia intensiva onde a organização oferece diversas técnicas especializadas a um cliente, como acontece nos hospitais. A Teoriada Contingência é eclética e interativa, pois além de considerar a contribuição das teorias anteriores da Administração, considera também a interação e interdependência entre as variáveis: tarefa, estrutura, pessoa, tecnologia, ambiente e competitividade. AMBIENTE [ GLOSSÁRIO ] é tudo o que está em torno da organização e troca informações, serviços e bens. É tudo o que existe e não pertence à organização. Teoria do Desenvolvimento Organizacional MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 5 Ao estudar esta unidade, você conhecerá as origens e os fundamentos da Teoria do Desenvolvimento Organizacional, compreenderá os conceitos de cultura e de clima organizacional e o processo de mudança adotado pelo Desenvolvimento Organizacional. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Teoria do Desenvolvimento Organizacional Origens da Teoria do Desenvolvimento Organizacional A Teoria do Desenvolvimento Organizacional surgiu para facilitar o crescimento e o desenvolvimento das organizações por meio de um conjunto de ideias a respeito do homem, da organização e do ambiente. Essa teoria importou princípios, técnicas e processos para substituir a gestão burocrática pela gestão de desenvolvimento organizacional cujo enfoque está em estabelecer estratégias de mudanças para enfrentar transformações ambientais. No final da década de 1960, a partir da Teoria Contingencial, um grupo de profissionais, atuantes em consultoria e no ensino em universidades americanas, deu-se conta das profundas modificações no contexto ambiental, mais especificamente na Teoria do Desenvolvimento Organizacional 101 realidade americana. Identificaram o que foi chamado de era pós- industrial. Tal momento pode ser considerado como de turbulência nunca antes vivida, em que despontavam novas tecnologias, falta de empregos, movimentos estudantis, conflitos sociais, a Guerra do Vietnã entre outros. O surgimento do Desenvolvimento Organizacional foi uma resposta por parte dos estudiosos ao turbulento ambiente. Características do Desenvolvimento Organizacional O Desenvolvimento Organizacional envolve toda organização para que a mudança possa ocorrer efetivamente. O objetivo é fazer com que todas as partes trabalhem juntas com eficácia. Nesse modelo, consultor externo, executivo de RH, administrador, são agentes que têm como função desempenhar o papel de estimular, orientar e coordenar a mudança dentro da organização. Os participantes discutem e analisam sua própria experiência imediata, aprendem com ela e enfatizam a solução dos problemas e não somente a discussão da teoria. O Desenvolvimento Organizacional repousa sobre processos grupais, como discussões em grupo, confrontações, conflitos intergrupais e procedimentos de cooperação e proporciona informação de retorno e retroação às pessoas para que tenham dados concretos para fundamentar suas decisões. É situacional e orientado para as contingências; é pragmático; flexível, adaptando as ações para adequá-las às necessidades específicas que foram diagnosticadas. É feito através de equipes, com mudança planejada. Parte do princípio de que não existe um modelo ideal de organização. As organizações devem adaptar-se às suas circunstâncias de maneira planejada atuando principalmente sobre a cultura organizacional. As comunicações e interações são aspectos fundamentais para obter a mudança. O Desenvolvimento Organizacional está intimamente ligado aos conceitos de mudança e de capacidade adaptativa da organização à mudança. Valores organizacionais do Desenvolvimento Organizacional O quadro a seguir apresenta um comparativo dos valores organizacionais considerando a ótica da administração tradicional e do desenvolvimento organizacional: Tópicos da Administração Tradicional Tópicos de Desenvolvimento Organizacional Concepção do homem como essencialmente mau; Avaliação negativa dos indivíduos ou simplesmente abstenção de avaliação; Visão do homem como um ser rígido ou definitivo; Resistência e temor à aceitação das diferenças individuais; Utilização dos indivíduos basicamente em relação à descrição de seu cargo; Supressão da possibilidade de expressão dos sentimentos; Utilização de máscara e representação no comportamento; Uso de status para a manutenção do poder e prestígio social; Desconfiança das pessoas; Evitar riscos; Ênfase na competição entre as pessoas. Concepção do homem como essencialmente bom; Consideração dos indivíduos, sobretudo como seres humanos; Visão do homem como um ser do processo e em crescimento; Aceitação plena e utilização das diferenças individuais; Visão do indivíduo como uma personalidade integral; Possibilidade de expressão e uso eficaz dos sentimentos; Adoção de comportamento autêntico e espontâneo; Uso de status para o alcance dos objetivos da organização; Confiança nas pessoas; Sem receio para correr riscos; Ênfase na colaboração entre as pessoas. Fonte: : CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro: Campus, 2004. Teoria do Desenvolvimento Organizacional 103 O Desenvolvimento Organizacional parte de conceitos dinâmicos: • Um novo conceito de organização: para o Desenvolvimento Organizacional, a organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente. Esse conceito utiliza a noção tradicional de divisão de trabalho e refere-se às pessoas como contribuintes das organizações. As contribuições de cada participante à organização dependem das suas diferenças individuais e do sistema de recompensas e contribuições da organização. A organização atua em um meio ambiente e sua existência e sobrevivência dependem da maneira como ela se relaciona com esse meio. Para tanto, ela deve ser estruturada e dinamizada em função das condições e circunstâncias que caracterizam o meio em que opera. • Conceito de Cultura Organizacional: conjunto de hábitos, crenças, valores, tradições, interações e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Representa a maneira tradicional e costumeira de pensar e de fazer as coisas e são compartilhadas por todos os seus membros. Representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros no dia a dia e que direcionam suas ações para a realização dos objetivos organizacionais. Cada organização tem a sua própria cultura corporativa (CHIAVENATO, 2004; 2007). Cultura organizacional é um sistema de significados comuns aos empregados de uma organização e que a distingue das outras (ROBBINS, 2005). Schein (1985, p. 5) descreve a Cultura Organizacional como: o modelo dos pressupostos básicos, que um determinado grupo tem inventado, descoberto ou desenvolvido no processo de aprendizagem para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que os pressupostos tenham funcionado bem e o suficiente para serem considerados válidos, eles são ensinados aos demais membros como a maneira correta para se perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas. Muitos aspectos da cultura organizacional são percebidos com facilidade e são denominados aspectos formais e abertos, enquanto outros são de difícil percepção e são denominados aspectos informais e ocultos. Os aspectos formais envolvem as políticas e diretrizes, métodos e procedimentos, objetivos, estrutura organizacional e tecnologia adotada. Os aspectos informais envolvem percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais e normas grupais. Os aspectos informais são mais difíceis de compreender e interpretar como também de mudar ou sofrer transformações. A cultura da organização não é estática e permanente, mas sofre alterações com o tempo, dependendo de condições internas ou externas. Certas organizações conseguem renovar constantemente sua cultura mantendo sua integridade e personalidade, enquanto outras permanecem com uma cultura amarrada a padrõesantigos. Existem culturas conservadoras que se caracterizam por rigidez e conservadorismo e culturas adaptativas que são flexíveis e maleáveis. As organizações devem adotar culturas adaptativas e flexíveis para obter maior eficiência e eficácia de seus membros participantes e alcançar a inovação necessária para navegar pelas mudanças e transformações do mundo atual. • Conceito de Clima Organizacional: constitui o meio interno ou a atmosfera psicológica característica de cada organização. Está ligado à moral e à satisfação das necessidades dos participantes e pode ser saudável ou doentio, quente ou frio, negativo ou positivo, satisfatório ou insatisfatório, dependendo de como os participantes se sentem em relação à organização. O conceito de Clima Organizacional envolve fatores estruturais, como o tipo de organização, tecnologia utilizada, políticas de companhia, metas operacionais, regulamentos internos, além de atitudes e comportamento social que são encorajados ou sancionados por meio dos fatores sociais. A pesquisa de clima constitui um importante instrumento de avaliação do clima organizacional. Consegue mapear ou retratar aspectos críticos que configuram o momento motivacional dos membros da organização por meio da apuração de seus pontos fortes, deficiências, expectativas e aspirações. • Conceito de Mudança: segundo o Desenvolvimento Organizacional, Mudança é a transição de uma situação para outra diferente ou a passagem de um estado para outro diferente. Mudança implica em ruptura, transformação, perturbação, interrupção. O mundo atual se caracteriza por um ambiente dinâmico em constante mudança e que Teoria do Desenvolvimento Organizacional 105 exige das organizações capacidade de adaptação, como condição básica de sobrevivência. O processo de mudança adotado pelo Desenvolvimento Organizacional baseia-se no modelo de Lewin, desenvolvido por Schein e outros, e que é aplicável a pessoas, grupos e organizações. O modelo envolve três fases ou etapas distintas: • Descongelamento do padrão atual do comportamento: significa que as velhas ideias e práticas são substituídas por novas ideias e práticas aprendidas; • Mudança: surge quando há descoberta e adoção de novas atitudes, valores e comportamentos. A mudança é, na verdade, a fase em que as novas ideias e práticas são aprendidas de modo que as pessoas passam a pensar e a executar de uma nova maneira; • Recongelamento: é a incorporação de um novo padrão de comportamento através de mecanismos de suporte e de reforço, de modo que ele se torne a nova norma. Significa que o que foi aprendido foi integrado à prática atual. Passa a ser a nova maneira que a pessoa conhece e faz o seu trabalho. • Conceito de Desenvolvimento: a tendência natural da organização é crescer e desenvolver-se em função de fatores endógenos (internos e relacionados com a própria organização, estruturais e comportamentais) e exógenos (externos e relacionados com as demandas e influenciada pelo ambiente). O Desenvolvimento é um processo lento e gradativo que conduz à realização das potencialidades da organização. As organizações devem possuir estruturas orgânicas adaptáveis e capazes de resolver problemas. Para tanto, o desenvolvimento da organização pode ser feito através de estratégias de mudanças (FELTRIN, 2007). • Mudança evolucionária: quando a mudança de uma ação para outra que a substitui é pequena e dentro dos limites das expectativas. É lenta, suave e não transgride as expectativas dos que nela estão envolvidos ou são por ela afetados. Há uma tendência de repetir e reforçar soluções que foram eficientes no passado e de se abandonar soluções fracas e deficientes. • Mudança revolucionária: quando a mudança contradiz, rompe ou destrói os arranjos. É rápida, intensa, brutal, transgride, rejeita as antigas expectativas e introduz expectativas novas. Enquanto as mudanças evolucionárias ocorrem aos poucos, não provocam entusiasmo ou resistência, as mudanças revolucionárias são súbitas e causadoras de impacto. • Desenvolvimento sistemático: os responsáveis pela mudança delineiam modelos do que a organização deveria ser em comparação com o que é, enquanto aqueles cujas ações serão afetadas estudam, avaliam e criticam o modelo de mudança para recomendar alterações baseados em seu próprio discernimento e compreensão. As mudanças resultantes traduzem-se por apoio e compromisso e não por resistências ou ressentimentos. Fases da organização Durante sua existência, as organizações percorrem cinco fases distintas (CHIAVENATO, 2004): • Fase pioneira: é a fase inicial da organização. Por ser ainda pequena, seus processos são supervisionáveis e controláveis. Existem tarefas de rotina e um grande volume de improvisações e há elevada capacidade para realizar inovações. Reina o espírito empreendedor. • Fase de expansão: é a fase em que a organização cresce e expande suas atividades, intensifica suas operações e aumenta o número de participantes. O foco é aproveitar oportunidades que surgem e nivelar a sua produção com as necessidades ambientais. • Fase de regulamentação: com o crescimento das suas atividades, a organização necessita estabelecer normas de coordenação entre os diversos departamentos ou setores que vão surgindo bem como definir rotinas e processos de trabalho. Teoria do Desenvolvimento Organizacional 107 • Fase de burocratização: o aumento do tamanho leva a organização a uma regulamentação burocrática para preestabelecer o comportamento organizacional dentro de padrões rígidos e um sistema de regras e procedimentos para lidar com as contingências relacionadas com as atividades de trabalho. Define-se a cadeia de comando, a divisão de trabalho baseada na especialização e impessoalidade nas relações entre os participantes. A organização piramidal apresenta pouca flexibilidade para as mudanças e para a inovação. • Fase de reflexibilização: é a readaptação à flexibilidade e o reencontro com a capacidade inovadora perdida, através da introdução de sistemas organizacionais flexíveis. Vejamos, a seguir, no quadro a seguir, os pressupostos básicos do desenvolvimento organizacional: Pressupostos básicos do desenvolvimento organizacional Constante e rápida mutação do ambiente O mundo moderno caracteriza-se por mudanças rápidas constantes e numa progressão explosiva. Necessidade contínua de adaptação O indivíduo, o grupo, a organização e a comunidade são sistemas dinâmicos e vivos de adaptação, ajustamento e reorganização, como condição básica de sobrevivência em um ambiente em constante mudança. Interação entre a organização e o ambiente As qualidades mais importantes da organização são sua sensibilidade e sua adaptabilidade, sua capacidade de percepção e de mudança adaptativa ante a mudança de estímulos externos. Interação entre indivíduo e organização Toda organização é um sistema social. Objetivos individuais e os objetivos organizacionais É possível o esforço no sentido de se conseguir que as metas dos indivíduos se integrem com os objetivos da organização. A mudança organizacional deve ser planejada A mudança planejada é um processo contínuo e que leva anos. Necessidade de participação e comprometimento A mudança planejada é uma conquista coletiva e não o resultado do esforço de algumas pessoas. O aprendizado de novos comportamentos através de variadas técnicas introduz, além da competência interpessoal (relacionamento humano isento de bloqueios e preconceitos), maior adaptabilidade às mudanças. O incremento da eficácia organizacional e do bem- estar da organização dependem de uma correta compreensão e aplicação dos conhecimentos acerca da natureza humana. As ciências do comportamento buscam localizar e criar nas organizações um ótimo ambiente de trabalho, em que cada indivíduo possa dar sua melhor contribuição e, ao mesmo tempo, ter consciência do seu potencial. Variedade de modelos e estratégias de DesenvolvimentoOrganizacional (D.O.) Não há uma estratégia ideal nem ótima para o D.O. Existem, sim, modelos e estratégias mais ou menos adequados para determinadas situações ou problemas em face das variáveis envolvidas e do diagnóstico efetuado. O D.O. é uma resposta às mudanças É um esforço educacional muito complexo, destinado a mudar atitudes, valores comportamentos e estrutura da organização, de tal maneira que essa possa se adaptar melhor às demandas ambientais, caracterizadas por novas tecnologias, mercados, problemas e desafios. Um objetivo essencial das organizações é o de melhorar a qualidade de vida As meras alterações estruturais (rearranjos no organograma, mudanças na hierarquia etc.) ou funcionais (alterações de rotinas e procedimentos) bem como os métodos científicos que visam melhorar a eficiência organizacional podem desenvolver estratégias de forma paralela às intervenções mais amplas para melhorar o processo de relações entre indivíduos, grupos, organização e seu ambiente etc. As organizações são sistemas abertos A organização em si consiste em um número de subsistemas dinamicamente interdependentes e mudanças em alguns deles podem afetar os outros subsistemas. Da mesma forma, a organização é em si um subsistema em um ambiente que consiste em muitos outros sistemas, todos dinamicamente interdependentes. Teoria Neoclássica MODELOS DE GESTÃO UNIDADE 6 Ao final do estudo desta unidade, você saberá qual a origem e as características da Teoria Neoclássica além de refletir sobre os princípios neoclássicos e as tendências organizacionais do mundo moderno. Andréa Martins Andujar Anderson Antônio Mattos Martins Teoria Neoclássica Origem da Teoria Neoclássica Apesar da influência das ciências do comportamento sobre a teoria administrativa e das críticas feitas à Teoria Clássica e aos enfoques tradicionais da organização, os princípios de Administração, a departamentalização, racionalização do trabalho, estrutura linear e funcional, os pontos de vista dos autores clássicos nunca deixaram de ser considerados. CLÁSSICO [ SAIBA MAIS ] Os autores neoclássicos, Peter F. Drucker, Ernest Dale, Harold Koontz, Cyril O’Donnel, Michael Jucius, Willian Newman, Ralph Davis, George Terry, Morris, Hurley, Louis Allen dentre outros, não formam propriamente uma escola bem definida, mas um movimento relativamente heterogêneo. O austríaco naturalizado norte-americano Peter Ferdinand Drucker foi o maior guru de Administração do século XX. Nasceu em 1909 e faleceu em 2005. Foi autor de mais de 20 livros e trabalhou como consultor e professor da New York University. O autor teve influência decisiva nos destinos da administração mundial através de ideias modernas, arrojadas e inovadoras. A abordagem neoclássica é a Teoria Clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações modernas. Teoria Neoclássica 111 Características da Teoria Neoclássica São características da Teoria Neoclássica: • Ênfase nos aspectos práticos da Administração: os autores neoclássicos procuram desenvolver os seus conceitos de forma prática e utilizável visando principalmente a ação administrativa. • Reafirmação dos postulados clássicos: a buscou-se redimensionar e reestruturar as contribuições da Teoria Clássica de acordo com as contingências da época atual, dando-lhe uma configuração mais ampla e flexível. • Ênfase nos princípios gerais da Administração: os neoclássicos também se preocupam em estabelecer os princípios gerais da Administração capazes de orientar o administrador no desenvolvimento de suas funções. • Ênfase nos objetivos e nos resultados: toda organização existe para alcançar objetivos e produzir resultados. É em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Daí a ênfase colocada nos objetivos organizacionais e nos resultados pretendidos como meio de avaliar o desempenho das organizações. Os objetivos são valores visados ou resultados desejados pela organização. Enquanto a Administração Científica dava ênfase aos métodos e à racionalização do trabalho e a Teoria Clássica, aos princípios gerais da Administração, a Teoria Neoclássica considera os meios na busca da eficiência, mas enfatiza os fins e os resultados na busca de eficácia. A eficiência está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem ser feitas ou executadas ( métodos) , a fim de que os recursos (pessoas e máquinas) sejam aplicados de forma racional. A eficácia se preocupa em fazer as coisas corretas para atender às necessidades da empresa. Ecletismo da Teoria Neoclássica Os autores neoclássicos absorveram conteúdo de outras teorias administrativas: Teoria das Relações Humanas: os conceitos de organização informal, dinâmica de grupo, comunicações, liderança e abertura democrática. Teoria da Burocracia: o relacionamento entre organização por meio de suas estruturas, adoção simultânea de conceitos relativos a organização formal ao lado de conceitos relativos à organização informal, buscando sua compatibilização, além do estudo dos objetivos organizacionais e individuais, seus conflitos e possibilidades de integração. Teoria Comportamental: os conceitos sobre motivação humana, estilos de administração, teoria das decisões, comportamento humano nas organizações, conflitos organizacionais, jogo entre objetivos organizacionais e individuais, equilíbrio organizacional como um sistema de recompensas e contribuições. Teoria de Sistemas: a abordagem da organização como um sistema composto de múltiplos subsistemas, sua integração e reciprocidade, demandas do ambiente externo, retroação etc. Decorrências da abordagem neoclássica: centralização e descentralização A centralização e a descentralização referem-se ao nível hierárquico no qual as decisões devem ser tomadas. Centralização significa que a autoridade para tomar decisões está retida no topo da organização. Com a descentralização, a autoridade para tomar decisões é deslocada para os níveis mais baixos da organização, conforme ilustra a figura a seguir. Teoria Neoclássica 113 Fonte: CHIAVENATO (2004). Vantagens e desvantagens da centralização O quadro a seguir apresenta as vantagens e as desvantagens da centralização: Organização Centralizada Organização Descentralizada Vantagens Desvantagens As decisões são tomadas por administradores que possuem visão global da empresa. As decisões são tomadas na cúpula que está distanciada dos fatos e das circunstâncias. Os tomadores de decisão no topo são mais bem treinados e preparados do que os que estão nos níveis mais baixos. Os tomadores de decisão no topo têm pouco contato com as pessoas e situações envolvidas. As decisões são mais consistentes com os objetivos empresariais globais. As linhas de comunicação da cadeia escalar provocam demoras e maior custo operacionais. A centralização elimina esforços duplicados de vários tomadores de decisão e reduz custos operacionais. As decisões passam pela cadeia escalar envolvendo pessoas intermediárias e possibilitando distorções e erros pessoais no processo de comunicação das decisões. Certas funções, como compras e tesouraria, permitem maior especialização e vantagens com a centralização. - A tendência moderna é no intuito de descentralizar para proporcionar melhor utilização dos recursos humanos. O grau de descentralização é tanto maior quanto: • mais decisões são tomadas nos níveis mais baixos da hierarquia administrativa; • mais importantes forem as decisões tomadas nos níveis mais baixos da hierarquia administrativa; • menor for a supervisão sobre a decisão tomada. Ocorre a descentralização quando nenhuma supervisão ou controle direto é feito ao tomar-se uma decisão. A descentralização significa relativa autonomia e independência para tomar decisões. A descentralização em si não é boa nem má ou contraindicável. Ela dependedas circunstâncias. Há quatro elementos que ocorrem para aumentar a descentralização: • complexidade dos problemas organizacionais: o avanço tecnológico, as inovações, a intensificação das comunicações, a diversificação das linhas de produtos e os mercados em desenvolvimento requerem versatilidade, rapidez e precisão nas decisões, o que é impossível obter se toda a autoridade for concentrada nas mãos de um só executivo no topo da organização. A descentralização permite a utilização de todos os cérebros e músculos da organização; • delegação de autoridade: a organização, como um organismo vivo, deve estar apta a se ajustar e se expandir continuamente para sobreviver. O crescimento é um sinal de vitalidade e de garantia de sobrevivência. Para não atrofiar com sobrecarga de trabalho e estagnação, a delegação de autoridade parece ser a resposta correta para o esforço total da organização; • mudança e incerteza: quanto maior a necessidade de mudança e de inovação tanto maior será a necessidade de descentralização. • em tempos de estabilidade: em épocas de certeza e de previsibilidade, a descentralização é preferida. Enquanto que em situações de risco, de crise ou de dificuldade, a autoridade costuma ser centralizada no topo enquanto durar a emergência. Teoria Neoclássica 115 O grau de descentralização administrativa depende dos seguintes fatores: • tamanho da organização; • ramo de atividade; • tendências econômicas e políticas; • filosofia da alta administração; • competência dos subordinados e confiança dos superiores nessa competência; • facilidade de informações que permitam a tomada de decisões. Funções administrativas As funções do administrador (planejar, organizar, dirigir e controlar) constituem o chamado processo administrativo. As funções do administrador, ou seja, o processo administrativo como conjunto das funções ou elementos da administração formam mais do que uma sequência cíclica, pois elas estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo administrativo é cíclico, dinâmico e interativo, conforme ilustra a seguinte figura: Planejamento OrganizaçãoControle Direção Funções Administrativas Fonte: CHIAVENATO (2004; 2007). Tipos de organização A organização formal compõe-se de camadas ou níveis hierárquicos estabelecidos pelo organograma e com ênfase nas funções e nas tarefas. Uma das características da organização formal é o racionalismo. Trata-se de um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas de comportamento todos os seus membros devem se sujeitar. O princípio básico dessa forma de conceber a organização é que, dentro de limites toleráveis, seus membros se comportarão racionalmente. Cada organização tem uma estrutura organizacional em função dos seus objetivos, do seu tamanho, da conjuntura que atravessa e da natureza dos produtos que fabrica ou dos serviços que presta. Apesar de todas as diferenças, os autores clássicos e neoclássicos definiram três tipos tradicionais de organização: a linear, a funcional e a linha staff. Veja: Organização linear Tem origem na organização dos antigos exércitos e na organização eclesiástica medieval. A denominação linear indica que entre o superior e os subordinados existem linhas diretas e únicas de autoridade e de responsabilidade. Características: • Autoridade linear ou única: autoridade única e absoluta do superior sobre seus subordinados. • Linhas formais de comunicação: as comunicações entre os órgãos ou cargos são efetuadas unicamente através das linhas existentes no organograma. • Centralização das decisões: só existe uma autoridade máxima que centraliza todas as decisões e o controle da organização. As funções administrativas, quando consideradas como um todo, formam o processo administrativo. Quando consideradas, isoladamente, são funções administrativas. Teoria Neoclássica 117 • Aspecto piramidal: à medida que se sobe na escala hierárquica diminui o número de cargos ou órgãos. Vantagens: • Estrutura simples e de fácil compreensão. • Clara delimitação das responsabilidades dos órgãos ou cargos. • Facilidade de implantação. • Estabilidade, o que garante a manutenção do funcionamento da organização. • Indicada para pequenas empresas. Desvantagens: • Estabilidade pode levar à rigidez e à inflexibilidade da organização dificultando a inovação e adaptação da organização às novas situações. • Pode tornar-se autocrática dificultando a cooperação das pessoas. • Ênfase exagerada na função de chefia e comando. • Chefe torna-se um generalista, o que impede a especialização em algo. • Congestionamento das linhas formais de comunicação na medida em que a empresa cresce. • Comunicações tornam-se demoradas e sujeitas a intermediários e a distorções. Organização funcional Tipo de estrutura organizacional que aplica o princípio funcional ou princípio da especialização das funções para cada tarefa. É a forma estrutural baseada na especialização e na supervisão funcional. As linhas de comunicação são diretas, a autoridade é funcional (dividida por especialistas) e as decisões são descentralizadas. Características: • Autoridade funcional ou dividida: nenhum superior tem autoridade total sobre os subordinados, mas autoridade parcial e relativa decorrente de sua especialidade. • Linhas diretas de comunicação: as comunicações entre os órgãos na organização são efetuadas diretamente sem necessidade de intermediação. • Descentralização das decisões: as decisões são delegadas aos órgãos ou cargos especializados que possuam conhecimentos necessários para melhor implementá-las. • Ênfase na especialização: as responsabilidades são delimitadas de acordo com as especialidades. Vantagens: • Proporciona o máximo de especialização nos diversos órgãos ou cargos da organização. • Permite melhor supervisão técnica com especialização em todos os níveis. • Desenvolve comunicações diretas, mais rápidas e menos sujeitas a distorções. • Separa as funções de planejamento e de controle das funções de execução. Teoria Neoclássica 119 Desvantagens: • Diluição e consequente perda de autoridade de comando, pois há dificuldade dos cargos superiores em controlar o funcionamento dos cargos inferiores. • Subordinação múltipla. • Tendência à concorrência entre os especialistas: leva a uma perda da visão de conjunto da organização e a uma tendência de defender o seu ponto de vista. • Tendência à tensão e conflitos dentro da organização. • Confusão quanto aos objetivos. Organização linha-Staff Resultado da combinação dos tipos de organização linear e funcional, buscando-se incrementar as vantagens e reduzir as desvantagens dos dois tipos de organização. Na organização linha- staff existe órgão de execução (linha) e de apoio (staff). É o tipo de organização mais empregado atualmente. Funções do staff: • Atividades especializadas como contabilidade, compras, pessoal, pesquisa, informática etc. • Consultoria e assessoria: assistência jurídica, organização, métodos etc. • Monitorização: acompanhar e avaliar determinada atividade ou processo. • Planejamento e controle: planejamento e controle orçamentário, controle de qualidade etc. Características: Fusão da estrutura linear com a estrutura funcional, com predomínio da primeira. A rede de comunicação da organização linha-staff é formada de linhas formais de autoridade e responsabilidade lineares e de linhas diretas de assessoria e prestação de serviços de staff. Separação entre órgãos operacionais (executivos) e órgãos de apoio (assessores). Hierarquia versus especialização: reúnem-se em um só tipo de organização tanto a autoridade hierárquica e quanto a autoridade do conhecimento. Vantagens: • Assegura assessoria especializada e inovadora: o staff reduz os esforços necessários para a execução de tarefas acessórias e especializadas, permitindo a empresa concentrar-se sobre as principais atividades e responsabilidades.• Atividade conjunta e coordenada dos órgãos de linha e dos órgãos de staff. Desvantagens: • Possibilidade de conflitos entre assessoria e demais órgãos. • Dificuldade na obtenção e manutenção do equilíbrio dinâmico entre linha e staff: os especialistas de staff tendem a forçar suas sugestões e tentar impor suas ideias, provocando um enfraquecimento da linha. Por outro lado se a linha for rígida e exagerada, pode ocorrer enfraquecimento do staff em relação à linha. Especialização A especialização pode ser de dois tipos: • Especialização vertical • Caracteriza-se pelo aumento do número de níveis hierárquicos no organograma. • Quando se verifica a necessidade de aumentar a qualidade da supervisão ou chefia acrescentando mais níveis hierárquicos na estrutura. • É uma divisão do trabalho em termos de autoridade e de responsabilidade. • Especialização horizontal • Caracteriza-se pelo crescimento horizontal do Teoria Neoclássica 121 organograma. • Adotada quando se verifica a necessidade de aumentar a perícia, a eficiência e a melhor qualidade do trabalho em si. • Mais conhecida pelo nome de departamentalização. • É uma divisão do trabalho em termos de diferenciação entre os diversos e diferentes tipos de tarefas executadas pelos órgãos. Departamentalização Conforme Araújo (2004), departamentalizar é o processo de agrupar atividades em frações organizacionais definidas seguindo um dado critério, visando à melhor adequação da estrutura organizacional e sua dinâmica de ação. Segundo Cury (2000), departamentalização é o processo de institucionalização de unidades organizacionais quaisquer, mesmo em trabalhos de reorganização, através da divisão do trabalho em suas funções componentes desde as principais às mais especializadas, e/ou pelo grupamento de atividades homogêneas. Tipos de departamentalização A departamentalização pode ser de diferentes tipos conforme você pode ver na sequência: • Departamentalização por funções ou funcional: consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com as principais funções desenvolvidas na organização. As atividades são agrupadas de acordo com as principais funções da empresa. Trata-se do critério de departamentalização mais utilizado pelas organizações: Diretoria Geral Gerência de Produção Gerência Financeira Gerência de Marketing Gerência de RH • Departamentalização por produtos e serviços: consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com os produtos produzidos ou serviços oferecidos pela organização: Diretoria Geral Gerência de Divisão Têxtil Gerência da Divisão Farmacêutica Gerência de Divisão Química • Departamentalização geográfica ou territorial: consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com a localização geográfica: Diretoria Geral Região Norte Região Centro Região Sul Base 1 Base 2 Base 3 Base 4 Base 1 Base 12 Base 21 Base 22 Base 23 • Departamentalização por clientes: as atividades são agrupadas de acordo com as necessidades dos clientes da empresa: Teoria Neoclássica 123 Projeto A Diretoria Comercial Departamento Feminino Departamento Infantil Departamento Masculino Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria • Departamentalização por processos: consiste no agrupamento de atividade e tarefas de acordo com os principais processos desenvolvidos na organização: Diretoria Geral Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria Seção Perfumaria • Departamentalização por projetos: consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com os principais projetos executados pela organização: Diretoria Administração e Finanças Comercial Projetos Projeto B Projeto C Dificilmente, encontra-se na prática a aplicação pura de um único tipo de departamentalização em toda a organização. Segundo Chiavenato (2004), é comum encontrar-se uma conjugação de diversos tipos de departamentalização: Presidência Exemplo de Departamentalização combinada Divisão Financeira Divisão de Produto Divisão de Markering Departamento de Motores Departamento Eletrodoméstico Seção de Enrolamento Setor de Planejamento Departamento de Geladeiras Seção de Pré-montagem Seção de Montagem Setor de Controle Departamentalização Funcional (funções) Departamentalização por Produtos Departamentalização por Processos Departamentalização Funcional (funções) A departamentalização não é o fim em si, mas um meio de organizar as atividades da empresa de forma a facilitar a consecução das atividades. Administração por Objetivos (APO) Administração por Objetivos (APO) ou Management by Objectives (MBO) pode ser definida como um estilo ou sistema de administração Fonte: CHIAVENATO (2004). Teoria Neoclássica 125 que relaciona as metas organizacionais com o desempenho e desenvolvimento individual por meio do envolvimento de todos os níveis administrativos. É uma técnica participativa na qual gerentes e subordinados identificam objetivos comuns e definem áreas de responsabilidade de cada um em termos de resultados esperados utilizando esses objetivos como guias para as atividades. Características da APO • estabelecimento conjunto de objetivos entre executivo e seu superior; • estabelecimento de objetivos para cada departamento; • integração dos objetivos departamentais; • elaboração de planos táticos e operacionais; • mensuração e controle dos resultados; • sistema contínuo de avaliação; • revisão e reciclagem do plano; • participação atuante da chefia; • apoio intensivo do staff. A Administração por objetivos consiste num processo que requer identificação e descrição precisa dos objetivos e prazos para conclusão e a constante monitoria desses objetivos e resultados. Esse processo inicia-se com o planejamento estratégico: • objetivos estratégicos: são aqueles que abrangem a organização como um todo, geralmente de longo prazo. Exemplo: aumento do retorno sobre o investimento ou a redução do investimento. • objetivos táticos: são os objetivos departamentais, geralmente de médio prazo. Exemplo: aumento do faturamento e redução dos custos. • objetivos operacionais: são os objetivos de cada atividade ou tarefa de curto prazo. Exemplos: utilização eficiente dos recursos atuais, programa de melhoria de equipamentos e programa de aplicação de recursos. ESTILO OU SISTEMA [ SAIBA MAIS ] Esse modelo administrativo identificado com o espírito pragmático da Teoria Neoclássica apareceu por volta de 1954 com a publicação do livro “The Practice of Management” de Peter Drucker. Nessa época, a atenção até então fixada nas “atividades-meio” foi deslocada para os objetivos. Deixou- se de dar importância ao “como” administrar e passou-se a focar o “porquê” ou “para quê” administrar. A ênfase, portanto deixou de ser a eficiência e passou a ser a eficácia. Os novos modelos de gestão Foi durante a Era da Qualidade que começaram a surgir os novos modelos de gestão. O primeiro deles foi a Administração Japonesa, vista como um grande marco na história da Administração. A economia japonesa do pós-guerra superou, em curto espaço de tempo, as mais otimistas expectativas, tornando-se um grande símbolo de evolução. Um dos conceitos criados por este modelo de gestão foi a implantação da qualidade total que ganhou olhares do mundo inteiro sendo desenvolvida em países tanto de primeiro quanto de terceiro mundo. A Gestão pela Qualidade Total TQC (Total Quality Control) ou TQM (Total Quality Management), conforme Paladini (1997), deve ser entendida como um processo contínuo de busca de um ideal de qualidade e que deve estar orientado para o atendimento e a superação permanente das expectativas dos clientes e consumidores. É um modo de gestão centrado na qualidade e baseado na participação de todos os membros da organização. A Reengenharia significa alterar radicalmente o modus operandida organização, substituindo um processo por outro diferente e melhor, que produza mais rápido e com mais qualidade. É possível que o novo processo reduza a necessidade de mão de obra, mas Os objetivos devem traduzir as aspirações fundamentais da empresa. Devem fazer com que todos os órgãos contribuam com uma parcela do esforço geral. Devem levar em conta a necessidade de várias alternativas para sua execução assim como a relativa eficiência e o custo de cada uma delas. Devem ser comunicados a todos os interessados para que cada um compreenda as metas da respectiva função e suas relações com os objetivos fundamentais da empresa. Devem ser periodicamente reexaminados e reformulados de acordo com as mudanças das condições de mercado. Teoria Neoclássica 127 não deve ser esse o objetivo. Segundo Werneck ( 2005), é preciso procurar uma outra maneira de fazer a mesma coisa com menos pessoal. O Benchmarking é um processo contínuo de avaliação dos processos e produtos da organização em comparação com os do mercado. É uma estratégia de gestão voltada para o aprendizado cujo resultado é o aperfeiçoamento da organização. Segundo Camp (2002), benchmarking pode ser entendido conforme apresentado no quadro a seguir: Benchmarking é: Benchmarking não é: Um processo contínuo Um evento isolado, que ocorre uma única vez Uma investigação que fornece informações valiosas Uma investigação que fornece respostas simples e “receitas” Um processo de aprendizado com os outros, uma busca pragmática de ideias Uma cópia ou uma imitação Um processo intensivo, que leva tempo e dá trabalho, exigindo disciplina Rápido, fácil Uma ferramenta viável que fornece informações úteis para melhorar praticamente qualquer atividade de negócios Mais um modismo da Administração O Empowerment, decorrente das novas visões sobre as características dos trabalhadores, consiste na delegação de responsabilidades, na distribuição de poderes para os escalões inferiores das organizações até mesmo para os trabalhadores da ponta. Favorece a criação de relações de confiança entre os colaboradores das empresas. O Balanced Scorecard (BSC) ou Indicadores Balanceados de Desempenho é uma abordagem estratégica de longo prazo desenvolvida por Kaplan e Norton em 1992. Sua concepção é Fonte: CAMP, Robert C. Benchmarking: o caminho da qualidade. São Paulo: Pioneira, 2002. relativamente simples: a empresa analisa seu ambiente, sua missão e estabelece metas e estratégias para alcançá-las. Elas devem se traduzir em ações e resultados. A Terceirização pode ser compreendida como transferir para outras organizações a execução de atividades anteriormente desempenhadas pelas próprias empresas. Atividades essas classificadas como secundárias permitindo assim a focalização nas atividades primárias, aquelas vinculadas aos objetivos e competências principais da organização. Essas são algumas das recentes contribuições à teoria administrativa. Os desafios da Era da Informação, equipes de alto desempenho, a Teoria da Complexidade, a Teoria do Caos e outros modelos estão trazendo novos aportes à teoria administrativa. Na nova economia do conhecimento tem ganho destaque a gestão do conhecimento, a ênfase no capital intelectual e na aprendizagem organizacional. Considerações Finais Chegamos ao final desta unidade curricular. Acreditamos que você tenha entendido as origens e as características das principais teorias administrativas desde os primórdios até a Teoria Neoclássica e as tendências organizacionais do mundo moderno. Você conheceu a Teoria Comportamentalista, o modelo proposto por Max Weber e as origens e fundamentos da Teoria Estruturalista, a Teoria Burocrática de Weber, Taylor e Fayol, a Teoria das Relações Humanas, a Teoria Geral de Sistemas (TGS), a Teoria do Desenvolvimento Organizacional e a Teoria Neoclássica. Nessa última, você viu que seus autores e estudiosos reafirmaram os postulados clássicos, dando ênfase aos resultados e objetivos organizacionais focalizando-se, principalmente, na prática administrativa, não deixando de considerar os aspectos humanos e do comportamento grupal dentro da organização. Sobre os Autores [ Andréa Martins Andujar ] possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1988), graduação em Administração pela UFSC (1986), especialização em Administração de Recursos Humanos (1991), mestrado em Administração pela UFSC (1997) e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC (2006). É professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) desde 1998 e atua como professora pesquisadora na Educação a Distância, desde dezembro de 2006. [ Anderson Antônio Mattos Martins ] possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (1988), graduação em Administração pela UFSC (1987), especialização em Marketing pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC (1990), mestrado em Administração pela UFSC (1996) e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC (2005). Atuou como diretor geral da unidade de Florianópolis do Instituto Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (IFSC) entre os anos de 2003 e 2007; atuou como diretor de recursos humanos do IFSC entre os anos de 1995 e 1999; atuou como coordenador dos cursos de Administração e Tecnólogos da área de gestão da Estácio de Sá de Santa Catarina onde foi o representante da mantenedora no Conselho Superior Universitário. Atuou como avaliador do INEP e multiplicador no programa de treinamento dos avaliadores da educação superior para a avaliação institucional, avaliação de cursos de graduação e avaliação de EaD do INEP/MEC. Atuou como membro da Comissão para Elaboração do Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia; atualmente é membro avaliador de comissões de autorização e reconhecimento de cursos pelo Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina e avaliador ad hoc da SETEC/MEC. Referências 131 Referências ADIZES, Ichak. Os ciclos de vida das organizações: como e por que as empresas crescem e morrem e o que fazer a respeito. São Paulo: Pioneira, 2002. ALBRECHT, Karl. Radar Corporativo: como entender os cenários que estarão regendo o futuro de seus negócios. São Paulo: Makron Books, 2000. ALMEIDA, Ricardo. Teoria Comportamental da Administração. Disponível em: <http:// ricardoalmeida.adm.br>. Acesso em: 25 dez. 2013. ARAUJO, Luis César G. de. Teoria Geral da Administração: Aplicação e Resultados nas Empresas Brasileiras . Rio de Janeiro: Atlas, 2004. BOOG, Gustavo. Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 2001. BOYETT, Joseph H. e BOYETT, Jimmie T. 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