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AULA 2 GOVERNANÇA E ESTRATÉGIA DE TI APLICADAS AOS NEGÓCIOS Profª Tatiana Souto Maior de Oliviera 2 INTRODUÇÃO Do ponto de vista técnico, os conceitos de governança e governança de TI, além de similares, acabam por reforçar algumas teorias de gestão que permeiam as duas áreas, então é normal termos um sentimento de não ter muita novidade do que já realizamos em nosso dia a dia ou que já vimos anteriormente. A grande questão agora é como colocarmos essa teoria na prática? Como instrumentalizar nossa organização de tal forma que seja possível termos processos à luz da governança? Em realidade, não existe um método que seja universal, cada empresa pode criar seu processo. O que propomos é apresentar alguns modelos e refletirmos com base neles para que seja possível a criação daqueles específicos para cada organização. TEMA 1 – CICLO DA GOVERNANÇA EM TI O processo de implementação da governança de TI nas organizações nada mais é do que um processo de planejamento que se inicia no âmbito estratégico e vai se desdobrando até chegar ao nível operacional. Esse processo ocorre de modo cíclico, sendo que, a cada etapa, é possível haver novos direcionamentos. Desse modo, temos o chamado ciclo de governança, apresentado na Figura 1 e que está alinhado à dinâmica do negócio. Figura 1 – Ciclo da governança de TI Fonte: Fernandes; Abreu, 2014, p. 14. Na Figura 1, é possível vermos de modo macro o processo de implantação de governança de TI, começando pelo alinhamento estratégico. Como já sabemos, sem planejamento estratégico não há governança em TI, então, 3 conforme Fernandes e Abreu (2014), o primeiro passo consiste justamente em revisar a área de TI considerando a estratégia da organização como um todo. Vale ressaltar aqui que os aspectos legais e normativos sempre fizeram parte do processo de planejamento estratégico e hoje em função dos movimentos de compliance eles são praticamente mandatórios nessa etapa. Na Figura 2, podemos ver os itens que devem ser analisados no início de uma implementação de governança de TI, lembrando que o foco é o alinhamento da estratégia da empresa. Figura 2 – Etapa 1: Alinhamento estratégico e compliance Fonte: Fernandes; Abreu, 2014, p. 17. Nesse momento, é normal que surjam alterações como redirecionamentos ou redefinições de alguns itens acima como forma de alinhar a Ti com a estratégia da empresa. Seguindo o ciclo da governança, chega o momento em que a TI deve decidir o que será efetivamente realizado, como podemos ver na Figura 3. 4 Figura 3 – Etapa 2: Decisão, compromisso, priorização e alocação de recursos. Fonte: Fernandes; Abreu, 2014, p. 17. Segundo Oliveira (2017, p. 59), o importante é utilizar e criar métodos que apoiem a tomada de decisão e permitam que o setor de TI justifique essas decisões tomadas [...] Vale destacar que todas as decisões tomadas devem estar amparadas nas necessidades do negócio, servindo como base para a determinação do portfólio de TI, ou seja, o conjunto de serviços a serem prestados pela TI. A partir da definição do portfólio de TI, começamos a pensar em como operacionalizar aquilo que foi decidido anteriormente. Esse bloco tem um caráter operacional, como podemos ver na Figura 4, e estabelece ações relacionadas à implementação das ações de TI. Dando sequência ao ciclo de governança, chegamos ao nível operacional da TI, em que começa a ser planejado o que será feito e como será realizada cada uma das atividades. Destacamos aqui quatro grandes blocos de atuação: Figura 4 – Etapa 3: Estrutura, processos, operação e gestão Fonte: Fernandes; Abreu, 2014, p. 17. 5 O fechamento do ciclo de governança de TI está relacionado à prestação de contas. É um momento em que mostramos como a TI colabora e gera valor para a empresa mostrando os resultados alcançados por intermédio da TI. Na Figura 5, podemos ver que essa etapa está dividida na gestão de valor da TI e na gestão do desempenho. Figura 5 – Etapa 4: Gestão do valor do desempenho Fonte: Fernandes; Abreu, 2014, p. 17. O processo de TI sob a ótica da governança deve, portanto, ter como norte a sequência que inicia com o conhecimento e a adaptação da TI ao negócio, passa pela determinação do que deve ser feito e finaliza com a avaliação do impacto dessas ações. O grande desafio é, sem dúvida, conseguir olhar o “mundo” da TI sob o recorte dos negócios (OLIVEIRA, 2017, p.60). É importante destacarmos aqui que todas essas etapas ocorrem de forma dinâmica seguindo os direcionamentos do mercado. TEMA 2 – GOVERNANÇA EM TI COMO ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL A temática governança surge no âmbito organizacional, inicialmente como uma abordagem de cunho preventivo. Com o passar do tempo, as organizações perceberam que, além de prevenir desvios, ela possibilita a otimização das ações. Quando a governança chega ao âmbito da TI, o enfoque já é de planejamento para ação assertiva conforme o negócio da empresa. E na área de TI a governança se destaca pelo fato de que a importância dessa área para a sobrevivência e organizacional é cada vez mais inegável: “A tecnologia da informação tem sido considerada um fator principal para tornar as transações internas e externas mais eficientes, impulsionando, assim, a mudança organizacional e mudanças na estrutura produtiva” (Santos, 2003, p. 79). 6 A influência da TI hoje é tal que permeia todas as áreas da organização tendo o desempenho desta, muitas vezes, intrinsecamente atrelado à tecnologia. Décadas atrás, os setores de TI não realizavam a correlação de impactos desta nos negócios, até que os preceitos de governança passaram a permear o mercado. Hoje a maioria das empresas, se ainda, não utilizam, começam a buscar metodologias que tem como base os conceitos de governança, como o COBIT e o ITIL, [...] Com efeito, podemos entender que a implantação da governança na área de TI é uma estratégia que pode ajudar as empresas a melhorar seu desempenho. (Oliveira, 2017, p. 62) Nesse sentido, podemos destacar os impactos da TI na empresa com base na Matriz de Applegate (1991) apresentada na Figura 6. Figura 6 – Impacto da TI na estratégia organizacional Fonte: Applegate 1991, citado por Fernandes; Abreu, 2014, p. 11. Nessa matriz vemos quatro grandes quadrantes (fábrica, estratégia, suporte e mudança) que classificam as intervenções desde o âmbito estritamente operacional até o nível estratégico. Você consegue classificar alguns dos projetos de TI de sua empresa com base nessa matriz? A matriz de impacto apresentada por Applegate pode ser utilizada como uma metodologia para mensurar o valor da TI para as organizações. 7 TEMA 3 – EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Pensar na relação entre TI e desempenho exige um entendimento da evolução da tecnologia dentro das organizações e a correlação desta com o processo de competitividade e organizacional. Segundo Porter (2005), as empresas precisam implementar estratégias competitivas para garantirem a sua sobrevivência no mercado. As estratégias frequentemente destacadas por esse autor são: custo e diferenciação. No que se refere a custo, as primeiras intervenções tecnológicas nas empresas tinham fundamentalmente esse enfoque. Era a Era do processamento de dados, quando a otimização dos processos era o grande diferencial das empresas, pois reduzia os custos para as empresas, aumentando diretamente a competitividade e a lucratividade organizacional. Nessa etapa, a TI era vista essencialmente como suporte a operação. A partir do momento em que a vantagem competitiva não estava mais garantida somente com otimização de custos, a TI começa a atuar de modo a suportar as estratégias da empresa, proporcionando, por meio de soluções tecnológicas,a diferenciação frente ao mercado. A maioria das empresas já perceberam que a simples diferenciação hoje já não é mais suficiente. Em seu sentido amplo, a tecnologia evoluiu dentro das empresas para proporcionar um amparo a inovação organizacional, assumindo um papel-chave de posicionamento na empresa. De acordo com Laudon e Laudon (2004, p. 16), Enquanto os primeiros sistemas produziam, em grande parte, mudanças técnicas que afetavam poucas pessoas da empresa, os atuais vêm provocando mudanças administrativas (quem tem tal informação sobre quem, quando e com que frequência) e mudanças institucionais “centrais” (que produtos e serviços produzidos, sob que condições e por quem). Na Tabela 1, podemos ver essa mudança do papel da tecnologia nas empresas. Tabela 1 – Papel da tecnologia nas empresas Estratégia Competitiva Papel da TI Custo Processamento de dados 8 Otimização de custos Provedor de tecnologia Suporte operacional Diferenciação Provedor de serviços Suporte a estratégia Suporte a tomada de decisão Inovação /Parcerias Parceria estratégica Concebe a estratégia. Suporte a novos negócios Fonte: Oliveira, 2023. De acordo com Laurindo (2001, p. 162), A TI evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro da organização. A visão da TI como arma estratégica competitiva tem sido discutida e enfatizada, pois não só sustenta as operações de negócio existente, mas também permite que se viabilizem novas estratégias empresariais. Mas o que tem tudo isso a ver com a governança em TI? A percepção da importância da Estratégia da TI para as empresas faz com que o processo de governança fique mais lógico e necessário, já que ele fundamentalmente exige o alinhamento com o negócio. TEMA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO A TI hoje é uma das áreas mais importantes da empresa devido à crescente dependência tecnológica das operações, e movimentos como transformação digital e indústria 4.0 comprovam isso. Como vimos anteriormente, a tecnologia exerce um papel estratégico. Desse modo, não há como pensarmos em planejamento na área de TI sem uma abordagem estratégica. Segundo Oliveira (2017, p. 108), A lógica é relativamente simples: um serviço de TI deve ter alguma utilidade para o negócio da organização, ou seja, se o serviço não servir ao negócio, não tem valor e é desnecessário. A razão de ser dessa lógica está no fato de que, em teoria, quanto mais alinhadas ao negócio estiverem as soluções, maior a utilidade dos serviços de TI. Desse modo, o alinhamento estratégico da tecnologia da informação deve ser entendido como uma premissa básica para se planejar a tecnologia das empresas e implementar governança de TI. 9 4.1 Alinhamento estratégico da tecnologia da informação A TI nas organizações só tem razão de ser à medida que esta gere valor ao negócio. Esse pressuposto da governança de TI só pode ser atingido se as estratégias da área de tecnologia das empresas estiverem alinhadas ao planejamento estratégico organizacional. Na prática, o alinhamento da TI consiste em planejar as ações da área em sincronia com o planejamento estratégico, ou seja, fazer com que cada decisão e, consequente, cada investimento na área de TI se justifique negocialmente. Para tal dever, o planejamento precisa estar associado a uma ação estratégica, ou seja, ocorre um desdobramento do planejamento estratégico em ações da área de TI, fazendo com que esta consiga entregar os resultados conforme o planejado. Nesse contexto, todos os projetos da área de TI devem estar correlacionados direta ou indiretamente com o atingimento dos objetivos organizacionais (Oliveira, 2017, p. 43) De maneira prática, essa abordagem permite que a área de TI não só justifique seu valor mas inclusive consiga viabilizar os projetos, já que, com base numa visão estratégica, é possível otimizar recursos por meio de projetos que possam atender a mais de um setor. 4.2 Planejamento estratégico de TI versus Plano Diretor de Informática Você deve estar pensando: mas o planejamento na área de TI não esteve sempre focado no negócio da empresa? A resposta é sim e não. Na realidade, o foco sempre foi melhorar o negócio, mas a abordagem nem sempre foi assim. A Abordagem Inicial tinha um cunho administrativo técnico e agora ela migrou para um enfoque estratégico. Mas qual é a diferença? Não existe mais área técnica? Quando falamos da área técnica, nos referimos à parte operacional da empresa, e essa parte não gera grande valor agregado, o que é uma vantagem operacional que hoje vem sendo terceirizada a ponto de os esforços da área de TI estarem mais direcionados para área estratégica. Estamos pensando na TI que vislumbra novos negócios, que abre novas oportunidades, que permite travar parcerias, e isso foge da área técnica. Segundo Garcia (2005, citado por Almeida et al., 2015, p. 33), nas empresas, a abrangência da tecnologia da informação é cada vez maior, disseminando-se por todas as áreas da sua cadeia de valor, englobando a cadeia de valor de clientes, fornecedores e parceiros de negócios. A informação e a tecnologia da Informação se tornaram o quarto recurso disponível aos executivos para estruturar e operar as empresas, juntamente com pessoas, capital e máquinas. 10 A grande diferença entre um plano de TI operacional, também chamado plano diretor de informática (PDI) ou de tecnologia da informação (PDTI), é que este se concentrava nos níveis operacionais e táticos; já o planejamento estratégico de tecnologia da informação (PETI) tem como foco o nível estratégico. A partir do momento em que as empresas se dão conta de que a TI é muito mais do que hardware e software, elas começam a reavaliar os setores de TI e suas operações. É nesse momento que a TI migra do operacional para o estratégico e os planejamentos também. começam a surgir propostas metodológicas de planejamento na área de TI que têm como base o uso da tecnologia como estratégia para a melhoria dos negócios. De maneira geral, todas essas metodologias visam a um alinhamento estratégico da TI aos negócios e, na sequência, o planejamento dos recursos de tecnologia baseado nas necessidades negociais da empresa. (Oliveira, 2017, 45) Existem várias metodologias que abordam a área de TI sob o aspecto negocial. Em todas elas, o alinhamento estratégico é ponto central e, com base nele, são realizados os planejamentos específicos por áreas da tecnologia como sistemas banco de dados telecomunicações entre outros. O PETI é, dessa forma, um documento que serve de roteiro para os profissionais de TI conduzirem suas ações operacionais, gerenciais e estratégicas, considerando os aspectos técnicos informacionais e humanos relacionados ao uso da tecnologia nas organizações (Rezende, 2011). Trata-se de um documento que está atrelado ao planejamento estratégico, sendo, dessa forma, dinâmico e mutável, já que acompanha o contexto mercadológico da organização, que sofre frequentes alterações. (Oliveira, 2017, p. 45) O modelo do PETI de Rezende (2021) aborda de maneira simples o âmbito estratégico e operacional, o que permite que todo o processo fique alinhado. Segundo Rezende (2011, p. 8), A dimensão do planejamento estratégico de tecnologia da informação fornece uma visão geral de conceitos, modelos, métodos e ferramentas de tecnologia da informação necessária para facilitar as estratégias organizacionais e suportar as decisões, as ações organizacionais e os respectivos processos da organização. Além de relatar as configurações da tecnologia da informação (software, hardware, sistemas de comunicação e recursos de gestão de dados e informação), descreve a estrutura estratégica, tática e operacional das informações organizacionais, os sistemas de informação e sistemas de conhecimentos, as pessoas envolvidas e a infraestruturanecessária. Na Figura 7, podemos ver graficamente o alinhamento do PETI. Ele inicia na análise do planejamento estratégico (PE) e de seus desdobramentos nas 11 várias áreas funcionais da empresa. Levando em conta essa análise, começamos a pensar no planejamento da área de TI em suas variáveis. Figura 7 – Planejamento estratégico de tecnologia da informação Fonte: Rezende; Abreu, 2011, p. 84. Assim, em função das necessidades estratégicas da organização, o setor de TI tem condições de analisar quais são as intervenções tecnológicas necessárias para empresa. O Peti é planejado com base em grandes variáveis, conforme podemos ver no Quadro 1: Quadro 1– Variáveis do PETI na metodologia de Rezende e Abreu (2011). TI – Tecnologia da Informação Refere-se ao planejamento de hardware, software, sistemas de telecomunicação e gestão de dados e informação SI – Sistemas de Informação SI estratégicos, SI gerenciais, SI operacionais e sistemas do conhecimento RH – Recursos Humanos Valores e comportamentos; perfil profissional; competências e capacitação; plano de trabalho; comunicação e relação; multiequipe e parcerias; clima, ambiente e motivação; vontade e comprometimento Fonte: Rezende; Abreu, 2011. 12 TEMA 5 – ETAPAS DO PETI A melhor forma de implementarmos uma nova metodologia é quando temos um passo a passo que nos mostre quais são as etapas a serem seguidas. Desse modo, podemos utilizar o processo apresentado na Figura 8 como orientador de nosso estudo. Figura 8 – Etapas do PETI Fonte: Rezende; Abreu, 2011. Todo o processo de planejamento de TI começa a partir da estruturação da equipe que irá implementá-lo. Para algumas empresas, esse processo pode demandar uma reestruturação do próprio setor e muitas vezes uma mudança cultural deste é a etapa planejar PETI. Dependendo do histórico da organização, pode haver a necessidade de capacitação da própria equipe gestora ou a inclusão, na equipe, de membros de outras áreas organizacionais. Vale destacar a importância de uma equipe de caráter multidisciplinar, já que o PETI não é essencialmente técnico, envolvendo cada vez mais questões negociais (Oliveira, 2017, p.47) Para que a TI possa se alinhar ao negócio da empresa, é necessário que o setor de TI entenda o direcionamento estratégico da empresa, esse processo se dá por meio da revisão do planejamento estratégico. Quando pensamos na PI enquanto o papel estratégico, estamos falando da TI fornecendo as informações necessárias para o suporte às estratégias organizacionais, e esta é a etapa planejar informações. Em paralelo, a identificação das informações as empresas estão em busca de conhecimento estratégico que possibilite o atingimento dos objetivos e consequentemente vantagem competitiva. 13 Na prática, trata-se de uma reflexão mais negocial do que técnica e funciona como uma derivação informacional até a informação necessária para a organização. Na Tabela 2, podemos ver um exemplo dessa explosão. Tabela 2 – Exemplo de mapeamento de informações. Objetivo Estratégia Informações relevantes Aumentar a participação no mercado em 10% Exploração de novos mercados Quais as regiões de maior concentração de clientes potenciais? Quais as regiões com menor concorrência? Qual é a base instalada de clientes por região? Qual é o número de propostas perdidas em cada região? Crédito: Oliveira, 2023. De posse das informações necessárias, podemos analisar os recursos de tecnologia (Sistemas de Informações - I; Tecnologia da Informação -TI e Recursos Humanos -RH) existentes na empresa. As etapas 4 e 5 têm como objetivo entender se a infraestrutura tecnológica da empresa possibilita que esta atinja seus objetivos organizacionais. Com base nessa análise, é possível planejar o que precisa ser feito do ponto de vista negocial. Segundo Oliveira (2017, p. 48), “Vale destacar que novos projetos de sistemas de informação só devem ser propostos se eles forem necessários para amparar uma das estratégias organizacionais, como forma de garantir o alinhamento entre TI e negócios”. A etapa de planejamento gera uma lista de demandas tecnológicas para suprir as estratégias organizacionais e é necessário estabelecer quais dos projetos devem ser realizados prioritariamente. Existem várias metodologias que podemos utilizar; uma delas é a matriz GUT, que prioriza ações a partir da determinação da gravidade, urgência e tendência de cada um dos contextos relacionados aos projetos, como podemos ver no Quadro 2. 14 Quadro 2 – Matriz GUT Fonte: Behr et al., 2008, p. 34. Consiste em analisar a gravidade, a urgência e a tendência dos problemas enfrentados, sendo: a. gravidade: o impacto do problema nas operações e pessoas envolvidas no processo; b. urgência: a brevidade necessária para a resolução do problema; c. tendência: apresentação de melhora ou piora do problema. Cada problema deve ser ponderado de 1 a 5 em cada critério. (Behr et al., 2008, p. 34) Vamos pensar em um caso prático. Uma empresa na área de transporte tem uma série de projetos na área de Tecnologia; destes, dois se destacam: um projeto de migração da rede de computadores de cabeamento para wi-fi e um sistema de rastreamento de caminhões associado ao seguro da carga. Os problemas em questão são: falta de flexibilidade na estrutura de rede e risco de perda de das cargas transportadas respectivamente. Se colocarmos esses problemas em uma matriz GUT teremos algo assim: Tabela 3 – Matriz exemplo transportadora Projeto Gravidade Urgência Tendência Total Rastreamento 5 5 5 125 WIFI 3 2 3 18 Crédito: Oliveira, 2023. A Matriz Gut deve ser utilizada com um olhar negocial e não técnico, isentando dessa maneira possível de direcionamentos desalinhados da estratégia organizacional. Depois de priorizarmos os projetos, chega a etapa de executar aqueles que podem amparar o negócio da empresa. Durante todo o processo do Pet, ele deve ser gerenciado e deve ser adequado a qualquer alteração do contexto do negócio. Nota Gravidade Urgência Tendência 5 Extremamente grave Extremamente urgente Se não for resolvido, piora imediatamente 4 Muito grave Muito urgente Vai piorar em curto prazo 3 Grave Urgente Vai piorar em médio prazo 2 Pouco grave Pouco urgente Vai piorar em longo prazo 1 Sem gravidade Sem urgência Sem tendência de piorar 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, C. C. et al. Planejamento estratégico de TI. 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