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FACULDADE ANHANGUERA DE JOINVILLE CURSO DE PSICOLOGIA ELIZANDRA ALVES DE SOUZA RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO V PROCESSOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL E PSICODIAGNÓSTICO JOINVILLE 2024 ELIZANDRA ALVES DE SOUZA RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO V PROCESSOS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL E PSICODIAGNÓSTICO Relatório apresentado pela acadêmica da fase 7 do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera ao Estágio Básico na Clínica Escola supervisionado pelos professores Ivan e Rozalia. JOINVILLE 2024 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................4 1. PROJETO DE ESTÁGIO...........................................................................................5 1.1 Objetivo Geral………............................................................................................5 1.2 Objetivos Específicos.............................................................................................5 2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO.........................................................................6 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................6 3.1 Psicologia Clínica…..………………….................................................................6 3.2 Clínica Escola….....................................................................................................7 3.3 Processo Psicodiagnóstico.....................................................................................7 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO....................................................................9 4.1 Descrição do Processo Desenvolvido....................................................................9 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................11 REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXOS INTRODUÇÃO O presente relatório aborda as vivências proporcionadas pelo Estágio Básico V. Com ele, foi possível experienciar as teorias sobre a atuação do psicólogo no processo de psicodiagnóstico, estudado em sala e vivenciado através dos atendimentos na Clínica Escola da faculdade Anhanguera de Joinville. A Clínica Escola possibilita ao estagiário um primeiro contato com paciente no contexto clínico devidamente supervisionado por um professor, onde neste primeiro momento aconteceram os encontros reservados para o processo de psicodiagnóstico, que consiste em levantar as demandas do paciente e através desta construir ou refutar hipóteses diagnósticas com o intuito de construir um plano de tratamento para a queixa em questão. O campo clínico é um dos principais meios de atuação do psicólogo e neste contexto, as demandas apresentadas pelos pacientes podem ser as mais variadas, porém, no presente relatório apresenta-se apenas o que foi discutido com o paciente X. 1. PROJETO DE ESTÁGIO 1.1 OBJETIVO GERAL · Possibilitar reflexões e discussões sobre o processo de psicodiagnóstico na Clínica Escola da faculdade. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Executar o processo de psicodiagnóstico; · Conhecer e praticar as teorias psicológicas nos variados cenários presentes no contexto clínico; · Realizar a construção de hipóteses diagnósticas, bem como, o prognóstico do paciente. 2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO A Clínica Escola, campo do estágio ao qual refere-se este relatório, tem como objetivo o atendimento de crianças e adultos da comunidade proporcionando aos alunos do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera a vivência clínica. Devidamente registrada no Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina (12ª região), sob o número CRP-12/1065-PJ, a Clínica Escola está sediada no piso térreo da Faculdade Anhanguera, que encontra-se na Rua Campos Salles, nº850, no bairro Glória. O ingresso de pacientes ocorre através de cadastro em um link disponibilizado pela Faculdade, e os atendimentos acontecem mediante a cobrança de uma taxa social no valor de R$10,00 por sessão (exceto no processo de triagem), nos horários em que os estagiários têm disponibilidade. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Psicologia Clínica A Psicologia Clínica teve seu início no século XIX, porém, a primeira sua menção ocorreu em 1896 quando Witmer usou esta expressão para referir-se a procedimentos de avaliação para crianças retardadas ou deficientes físicos na época (Teixeira, 1997). Neste contexto, compreende-se que conforme o avanço da prática clínica foi acontecendo, bem como, sua forte ligação com a medicina, faz com que a definição de Psicologia Clínica seja de certa forma, incerta, “Lo Bianco, Bastos, Nunes e Silva (1994) consideram que a própria definição do que seja Psicologia Clínica é uma tarefa difícil.” (Teixeira, 1997, p.53). Tendo isso em vista, percebe-se que ainda há uma imagem muito simplista da Psicologia Clínica, que segue sendo reforçada por universidades que tem seu curso focado apenas na prática clínica comum, conforme lê-se abaixo: Gonçalves e Bock (1996), ao analisarem a imagem social do psicólogo entre alunos do 1º e 5º anos de psicologia, confirmam o reforço de estereótipos e a hegemonia de um modelo de atuação que mostra uma clínica individualista, elitista, assistencialista e dispendiosa, que considera o homem como uma entidade autônoma: o Homem capaz de superar tudo através de seus esforços pessoais, desconsiderando os aspectos concretos e históricos da existência humana. (TEIXEIRA, 1997) Considerando isto, alguns movimentos para uma Psicologia Clínica mais ampla e acessível vem sendo moldada, sendo um exemplo disso a prática da Psicologia Clínica em Clínicas Escolas de faculdades que será abordada com mais detalhes no próximo tópico. 3.2 Clínica Escola Considerando o importante papel do psicólogo na comunidade como um todo e a influência deste na trajetória dos indivíduos, é comum perguntar-se como é o processo de aprendizado de novos psicólogos no contexto clínico, uma vez que estes ainda são inexperientes e por vezes inseguros. Desta forma, compreende-se a Clínica Escola como uma ferramenta essencial para este início, uma vez que possibilita ao aluno de psicologia vivenciar o atendimento em clínica devidamente amparado pela teoria e por um supervisor, sendo este um psicólogo formado. Tal prática é importante para que o aluno tenha a oportunidade de desenvolver sua atitude clínica descrita como sendo: uma experiência subjetiva que é objetivada na relação com o cliente. É, portanto, a representante de um fenômeno interno complexo, na medida em que muitas variáveis concorrem para a sua produção: o conhecimento teórico, as experiências pessoais, as diversas identificações, as fantasias sobre o papel do psicólogo, as possibilidades de experimentação e investigação de vivências interiores, e a capacidade de conter as ansiedades e de preservar os limites da própria identidade no contato com o outro. (Aguirre et. al, 2000) Cabe aqui descrever que o estágio referido neste relatório acontece na Clínica Escola da Faculdade Anhanguera, ao qual tem como objetivo o atendimento de crianças e adultos da comunidade da cidade de Joinville, onde estes serão atendidos por alunos do 7º semestre de Psicologia, onde neste primeiro momento estarão incumbidos de desenvolver o processo de psicodiagnóstico com seus pacientes. 3.3 Processo de Psicodiagnóstico A atividade proposta para o estágio básico V tem como temática central o desenvolvimento do processo de psicodiagnóstico com os pacientes inscritos na Clínica Escola da Faculdade Anhanguera de Joinville. Tal processo é descrito como sendo: um procedimento científico de investigação e intervenção clínica, limitado no tempo, que emprega técnicas e/ou testes psicológicos com o propósito de avaliar uma ou mais características psicológicas visando um diagnóstico psicológico (descritivo e/ou dinâmico), construído à luz de uma orientação teórica que subsidie a compreensão da situação avaliada, gerando uma ou mais indicações terapêuticas e encaminhamentos. (Rigoni e Sá, 2016)O processo psicodiagnóstico é uma intervenção que necessita de uma teoria psicológica que o fundamente, uma vez que trata-se de uma prática restrita ao psicólogo, onde a grande maioria dos casos faz uso da aplicação de testes para confirmar ou refutar hipóteses diagnósticas, não sendo esta uma obrigatoriedade, conforme lê-se abaixo: O psicodiagnóstico abrange qualquer tipo de avaliação psicológica de caráter clínico que se apoie em uma teoria psicológica de base e que adote uma ou mais técnicas (observação, entrevista, testes projetivos, testes psicométricos, etc.) reconhecidas pela ciência psicológica. (Hutz, 2016) Este é construído por etapas que auxiliam o psicólogo na criação de hipóteses diagnósticas, as quais serão estudadas a fundo, com o intuito de confirmar ou refutar as mesmas, objetivando que ao final, o paciente possa ter os devidos encaminhamentos de acordo com a necessidade. As etapas que constituem, segundo Hutz et al (2016), o processo de psicodiagnóstico são: 1. entrevista inicial com o avaliando, para compreender a queixa inicial e o que se pretende ser avaliado; 2. a aplicação dos instrumentos necessários para investigar tais queixas e a partir destas levantar as hipóteses diagnósticas; 3. devolutiva com o avaliando, apresentando os resultados decorrentes da avaliação; 4. Elaboração do documento que apresentará os dados obtidos no processo psicodiagnóstico ao solicitante. Dadas as etapas do psicodiagnóstico, é necessário compreender que de acordo com a faixa etária do avaliando, tais etapas precisam ser ajustadas para que se possa ter uma avaliação fidedigna. Considerando que o paciente X é um adolescente, o presente relatório abordará especificamente as etapas necessárias para o processo diagnóstico com este público. Neste caso, a entrevista inicial, que também é conhecida como anamnese, acontece primeiramente com os pais do avaliando, uma vez que estes serão primordiais para o levantamento de informações sobre a gestação e o desenvolvimento social, emocional e físico do adolescente desde o nascimento, bem como, compreender a percepção que os pais têm da queixa que levou ao psicodiagnóstico (Hutz, 2016). Tais informações serão importantes para o processo de levantamento das hipóteses diagnósticas. Num segundo momento, acontece a entrevista com o adolescente, onde o modelo de autorrelato, possibilita compreender a sua percepção sobre a queixa, bem como, observar como o avaliando se percebe. Tal entrevista, pode acontecer através do questionário formal, conduzido pelo psicólogo, ou ainda, de maneira lúdica, através de jogos, desenhos, brincadeiras, etc. A escolha da modalidade da entrevista fica a critério do avaliador, respeitando a idade do avaliado. A partir da queixa inicial e dos dados levantados nas entrevistas , inicia-se o processo de levantamento das hipóteses diagnósticas, onde estas, serão avaliadas através dos instrumentos pertinentes, podendo estes ser: a observação clínica, testes psicológicos, desenhos, narrativas do avaliando, etc. Tais instrumentos precisam ser escolhidos de maneira adequada, uma vez que escolhidos erroneamente ou aplicados de maneira incorreta poderão acarretar em resultados inverídicos, bem como, encaminhamentos incorretos, trazendo prejuízos ao avaliado (Hutz, 2016). De posse dos resultados destas avaliações, estes serão apresentados aos pais e ao avaliado no que chamamos de devolutiva, onde será relembrado todo o percurso feito durante o processo psicodiagnóstico, explicando a relevância destes para a construção do resultado que será apresentado, bem como, os encaminhamentos necessários após a avaliação, que pode ser tanto a continuidade do avaliando na psicoterapia, como, o encaminhamento para outros profissionais pertinentes. Outro momento importante da devolutiva é a apresentação do prognóstico, a fim de esclarecer ao avaliando e familiares quais os possíveis cursos da queixa inicial caso as recomendações terapêuticas não sejam atendidas. Por fim, apresentados os resultados, faz-se necessário a elaboração do relatório decorrente das avaliações feitas, conforme Hutz (2016, p. 172) “Esses documentos sintetizam dados importantes sobre a situação e o problema que lhes deu origem, além de auxiliar na tomada de decisão quanto ao tratamento ou encaminhamento necessários.” Vale ressaltar que, este documento deve seguir as normas de estruturação previstas na Resolução CFP Nº XXX., bem como, deve conter uma linguagem clara e de fácil compreensão, sem deixar de prestar seu teor científico de maneira que apresente os resultados pertinentes possibilitando a leitura e compreensão das informações por profissionais de outras áreas e também por pessoas leigas, considerando que muitas vezes a solicitação de avaliação vem de um familiar ou do próprio avaliando. 4. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO 4.1 Descrição do processo desenvolvido Dados os conhecimentos obtidos nas aulas teóricas acerca do processo psicodiagnóstico, os atendimentos iniciaram com a entrevista de anamnese com o responsável pelo paciente X, neste caso a mãe, a fim de tomar conhecimento da queixa e levantar outras informações necessárias para o início da avaliação. Durante a anamnese foram levantados dados sobre o desenvolvimento do paciente desde a gestação, parto, marcos de desenvolvimento motor e cognitivo, bem como, demais informações sociais e emocionais do paciente até o momento atual. Na segunda sessão, sendo esta já com o paciente, foi realizada uma nova entrevista, a fim de capturar sua percepção sobre as queixas trazidas pela mãe, bem como, um autorrelato que auxiliará no processo da construção das hipóteses diagnósticas. Considerando que o paciente X tem 12 anos, a entrevista aconteceu de maneira lúdica, fazendo uso dos jogos “Uno” e “Cara a Cara” como instrumentos para auxiliar no estabelecimento do vínculo e também para iniciar as investigações acerca da hipótese diagnóstica de TDAH, considerando o relato de que o paciente é desatento e possui dificuldades de lidar com frustrações. A entrevista aconteceu durante o jogo, com a finalidade de testar sua capacidade de manter a concentração em ambas as atividades, tal qual, sua capacidade de manter um raciocínio lógico nas respostas para os questionamentos feitos. Em ambos os casos o paciente X conseguiu desempenhar de maneira satisfatória as atividades, não demonstrando dificuldades, assim como, ao perder durante as partidas, ou na sugestão de trocar de jogo, não demonstrou incômodo ou frustração. Considerando os resultados da sessão anterior, foi solicitado uma entrevista com a irmã, que também mora com o paciente, com o intuito de consultar outras fontes de informação a fim de obter uma terceira visão sobre as queixas e também sobre o comportamento do paciente. Desta entrevista, considerando os dados trazidos pela irmã, juntamente com o que já se observava nas sessões anteriores, surgem as hipóteses diagnósticas para Dislexia e Ansiedade. Posterior a entrevista com a irmã, foi realizada a sessão com o paciente, onde foi trabalhado o livro Emocionário, com o intuito de verificar a compreensão do paciente em relação às emoções. Atrelado ao objetivo já exposto, buscou-se observar a leitura e escrita do paciente solicitando a ele que a cada emoção escolhida para trabalhar, o mesmo escrevesse um momento em que se sentiu daquela maneira. Através da atividade proposta, foi possível perceber dificuldades com a escrita, em especial a troca de algumas letras das palavras, ou ainda, dificuldade em escrever palavras simples mesmo estando em sua frente, desta forma, tais marcadores reforçam a possibilidade da hipótese diagnóstica de Dislexia. Encaminhando-se para a finalização do processo diagnóstico com o paciente X, foi aplicado o jogo “Contra o Tempo”, onde determinadas cartas foram pré-selecionadas pela estagiária a fim abordar temas como ansiedade e os contextos em que este se apresentava para o paciente. Através do jogo, o paciente se mostrou bem à vontade e trouxe informações relevantes que possibilitaram alcançar oobjetivo inicial da sessão, bem como, traz indicadores que auxiliaram no que diz respeito aos encaminhamentos pertinentes ao caso. Por fim, a última sessão com o paciente se deu para o devido encerramento do processo diagnóstico, onde foram retomados às atividades feitas e discutido o conteúdo que seria apresentado aos pais posteriormente na entrevista devolutiva. (AQUI CONTINUAR SOBRE COMO FOI ESTA CONVERSA COM O PACIENTE) AQUI APRESENTAR COMO FOI A DEVOLUTIVA COM OS PAIS E AS RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS FEITOS. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O atendimento de crianças e adolescentes para o processo psicodiagnóstico tende a ser mais complexo, uma vez que a demanda costuma vir de uma terceira pessoa, em sua grande maioria, os pais e nem sempre o paciente se enxerga dessa maneira, fazendo necessário uma investigação ainda mais minuciosa e completa, a fim de buscar o máximo de informações possíveis para que se possa chegar a um resultado mais preciso e prestar os encaminhamentos necessários. De toda forma, a experiência relatada no presente documento retrata bem o dinamismo deste processo, uma vez que cada nova informação pode resultar em novas hipóteses diagnósticas, e consequentemente em novas oportunidades para se trabalhar nas sessões subsequentes, principalmente quando consideramos o fato de o paciente tratar-se de um adolescente, onde cada seção precisa ser pensada de maneira que atinja o objetivo idealizado e que o paciente participe de maneira ativa. Com tudo, do estágio apresentado, fica a experiência do primeiro atendimento clínico realizado, com a oportunidade de atendimento do público adolescente que pode é tão rico em conhecimento para o profissional que está em formação, bem como, para o seu repertório, pensando nas próximas experiências que poderão surgir. REFERÊNCIAS SANTOS. Franciana Figueiredo dos Santos. Normas de Funcionamento da Clínica Escola de Psicologia. Padlet. 2023.2. Disponível em: <https://padlet.com/psicologafranciana/psicologia-anhanguera-joinville-pgk4uqtwqvuw0v3q/wish/2650987732>. Acesso em 07 de Abril de 2024. TEIXEIRA. Rita Petrarca Teixeira. Repensando a Psicologia Clínica. Paidéia (Ribeirão Preto), 1997. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/paideia/a/r8GDmq76Sfs9hdvZntH4BJg/?lang=pt#>. Acesso em: 08 de Abril de 2024. AGUIRRE, et al.. A Formação da Atitude Clínica no Estagiário de Psicologia. Psicologia USP, 2000. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pusp/a/4RChbgBjWm9fHpdb3VxSzmd/?lang=pt#> Acesso em: 08 de Abril de 2024. RIGONI, Maisa S.; SÁ, Samantha Duburgas. O processo psicodiagnóstico. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, p. 47-60, 2016. HUTZ, Claudio Simon et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016. APÊNDICES ANEXOS image1.png