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SUMÁRIO 
 
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA ...................................................... 4 
1.1 Evolução histórica........................................................................................... 6 
1.2 Ramón y Cajal e Golgi .................................................................................. 13 
1.3 As neurociências .......................................................................................... 18 
2 MÉTODOS E TECNOLOGIAS EM NEUROCIÊNCIA ............................................ 19 
3 ÁREAS MODERNAS DA NEUROCIÊNCIA ........................................................... 26 
1.1 Neurociência Cognitiva ................................................................................. 26 
1.2 Neuroplasticidade ......................................................................................... 28 
1.3 Neurociência Computacional ........................................................................ 32 
4 NEUROÉTICA E IMPLICAÇÕES SOCIAIS ............................................................ 35 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 39 
 
 
 
4 
 
 
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA NEUROCIÊNCIA 
Embora o campo de conhecimento interdisciplinar tenha se consolidado na 
década de 1960, o interesse pelo cérebro e a percepção de que o comportamento e 
as funções mentais estão relacionados a ele remontam a tempos antigos. A 
observação de que traumatismos cranianos causavam alterações no comportamento 
e na percepção, além de perdas de consciência e memória, provavelmente contribuiu 
para que essa associação entre atividade cerebral e mente fosse estabelecida ao 
longo da história. Existem indícios de que essa compreensão ocorre há milênios. 
Achados paleontológicos de crânios pré-históricos com perfurações feitas em 
vida – trepanações – datados de até 10.000 anos atrás, indicam que o homem das 
cavernas intervia no cérebro, acreditando que os maus espíritos que atormentavam a 
pessoa poderiam ser liberados dessa forma. 
Desde os mitos da criação presentes nas culturas antigas até as teorias da 
física moderna, questões relacionadas à existência humana e ao mundo ao redor 
sempre suscitaram indagações. Entre todas essas questões, talvez a mais intrigante 
seja a atividade mental. Apesar do avanço do conhecimento em geral, a natureza da 
mente humana ainda permanece, em grande parte, sem respostas definitivas. 
O estudo do sistema nervoso sempre apresentou desafios únicos em 
comparação com outros sistemas orgânicos. De fato, a centralidade do cérebro na 
cognição, emoções, sensações e movimentos não é necessariamente autoevidente. 
Por exemplo, Aristóteles não acreditava que o cérebro estivesse criticamente 
envolvido na emoção, sensação e movimento; ele atribuía essas funções ao coração, 
uma visão também defendida pelos antigos egípcios. Em contraste, os médicos 
hipocráticos, apesar de sua complexa teoria dos humores determinantes do 
temperamento, atribuíram funções intelectuais ao cérebro. 
O debate sobre a natureza da mente humana tem tomado novos rumos graças 
ao conhecimento biológico e à crescente investigação sobre a atividade neural 
(CHURCHLAND, 1996). O crescimento das pesquisas sobre a localização das 
funções cerebrais pela neurociência contribui para uma melhor compreensão dos 
 
5 
 
substratos neurais da consciência humana. No entanto, o conhecimento produzido 
por essa área não surgiu subitamente. Desde a pré-história até os dias atuais, 
diferentes formas de reflexão sobre as possíveis relações entre o corpo e suas 
funções mentais (ou alma) foram desenvolvidas (KRISTENSEN et al. 2001). 
A natureza física do cérebro dificultava seu estudo. À inspeção visual bruta, o 
cérebro se assemelha a uma massa gelatinosa. A invenção do microscópio no final 
do século XVII fez pouco para ajudar os cientistas a visualizar os substratos internos 
de neurônios e glia. Somente após o desenvolvimento de microscópios acromáticos e 
melhores métodos de coloração no século XIX, o botânico Matthias Jakob Schleiden, 
em 1838, propôs que as células eram os blocos fundamentais da vida vegetal. O 
zoólogo Theodor Schwann fez a mesma afirmação para os animais no ano seguinte. 
No entanto, os neurônios eram menos visíveis do que outras células, mesmo com os 
melhores microscópios do início do século XIX. Isso dificultou a aplicação da teoria 
celular ao sistema nervoso. 
➢ Pesquisas em Neurociências 
Os animais usados para pesquisa, educação e testes representam uma 
pequena fração comparada aos utilizados para outros propósitos. Nos Estados 
Unidos, por exemplo, o número de animais utilizados em todos os tipos de pesquisa 
biomédica é muito menor do que o número de animais abatidos para consumo. O 
número usado especificamente para pesquisa em neurociências é ainda menor. 
Diferentes espécies, desde caramujos até macacos, são utilizadas na pesquisa 
neurocientífica. A escolha da espécie é geralmente determinada pela questão em 
investigação, o nível de análise e a relevância do conhecimento gerado para seres 
humanos. Quanto mais básico o processo sob investigação, mais distante na escala 
evolutiva pode estar o animal escolhido em relação aos humanos. Por exemplo, 
experimentos que buscam entender a base molecular da condução do impulso 
nervoso podem ser realizados em espécies tão distantes de nós quanto a lula. Por 
outro lado, entender as bases neurais do movimento e dos distúrbios de percepção 
em humanos requer experimentos em espécies mais próximas, como o macaco. 
Atualmente, mais da metade dos animais usados em pesquisa neurocientífica são 
roedores, como ratos ou camundongos, criados especificamente para esse propósito. 
 
6 
 
No mundo desenvolvido, a maioria dos adultos instruídos se preocupa com o 
bem-estar dos animais, e os neurocientistas compartilham dessa preocupação, 
trabalhando para garantir que os animais sejam bem tratados. Historicamente, a 
sociedade nem sempre valorizou o bem-estar dos animais, como refletido em algumas 
práticas científicas do passado. Por exemplo, no início do século XIX, Magendie 
utilizou filhotes de cachorro sem anestesia em seus experimentos, prática criticada 
por seu rival científico, Bell. Felizmente, uma maior consciência da importância do 
bem-estar animal levou a melhorias significativas na forma como os animais são 
tratados na pesquisa biomédica. 
Hoje, os neurocientistas aceitam certas responsabilidades morais para com os 
animais experimentais, como: 
1. Animais são usados somente em experimentos necessários que permitam 
avanços no conhecimento do sistema nervoso. 
2. Todos os procedimentos necessários para minimizar a dor e o estresse 
experimentados pelos animais (uso de anestésicos, analgésicos, etc.) são 
realizados. 
3. Todas as possíveis alternativas ao uso de animais são consideradas. 
Ativistas pelos direitos dos animais lutam vigorosamente contra a pesquisa com 
animais, algumas vezes com sucesso notável. 
1.1 Evolução histórica 
Um desafio inerente a qualquer construção histórica da ciência, que abrange 
um conjunto de trabalhos ao longo de um extenso período, é a seleção dos estudos a 
serem examinados para garantir a coerência do discurso proposto. Portanto, o 
historiador precisa definir critérios para escolher os trabalhos mais relevantes para sua 
exposição. 
 
 
 
 
7 
 
✓ Contribuições revolucionárias de Hipócrates 
Hipócrates (460 a.C. - 370 a.C.) é um excelente exemplo de como a medicina 
era ensinada na sua época. Ele não só praticava a medicina, mas também a ensinava 
através da prática, contribuindo com diversos escritos especializados. Como não 
existiam estabelecimentos públicos para a formação e recrutamento de médicos, a 
transmissão do conhecimento era inicialmente feita dentro das próprias famílias. Com 
o tempo, discípulos sem vínculo familiar também puderam usufruir dessaformação 
especializada. 
Hipócrates foi formado pelo pai, Heraclides, e pelo avô, Hipócrates I, ambos 
médicos asclepíades da Ilha de Cós. Posteriormente, ele reuniu um bom número de 
aprendizes, incluindo seus filhos Tessalo (pai de Hipócrates III) e Dracon (pai de 
Hipócrates IV). Hipócrates pertencia à escola de Cós, pois sua família descendia 
diretamente dos Asclepíades de Cós. 
É importante notar que, no final do século V e início do século IV a.C., uma 
escola nada mais era do que um centro localizado em uma cidade ou um mestre que 
oferecia ensinamentos a seus filhos e discípulos. É nesse sentido que se pode falar 
da escola de Cós, onde Hipócrates se formou. 
Hipócrates foi pioneiro ao testar a concepção racional dos filósofos por meio da 
experiência, desenvolvendo o "método hipocrático" – conhecido como indutivo – e 
validando hipóteses. Dessa forma, começou a separar a Medicina – e com ela a 
Ciência – da Filosofia. Assim como a matemática se relaciona com o mundo físico, a 
medicina de Hipócrates direcionou a ciência para a biologia. 
Em uma época em que a medicina era teocrática, os médicos eram adivinhos 
e as explicações eram irracionais, Hipócrates de Cós criou um corpo de doutrina 
sistematizado que elevou a medicina à categoria de pré-ciência, buscando 
estabelecer relações causais. Ele fundou o método clínico à beira do leito (klinós), 
afirmando que o lugar do médico é ao lado do doente, e desenvolveu a relação 
médico-paciente, princípios que ainda vigoram hoje. Foi através da medicina que o 
homem começou a se aproximar da ciência, libertando os fatos do mito e de um 
idealismo filosófico que negava a realidade (GOTTSCHALL, 2007). 
 
 
8 
 
O Corpus Hippocraticum revela pela primeira vez um sistema integrado de 
medicina, afirmando que “para conhecer a natureza do homem é necessário conhecer 
a natureza de todas as coisas”, vinculando assim a medicina com a cultura e o 
humanismo. Durante séculos, desde a Antiguidade até a Idade Média, as observações 
de doenças e pacientes transformadas nos aforismos de Hipócrates foram uma das 
bases do ensino médico. Como o método científico surgiu vinte e dois séculos depois, 
o aprendizado se dava por meio da memorização de máximas, versos, fábulas e 
aforismos. 
Esses ensinamentos, embora sem validação científica ortodoxa, traduziam 
condutas baseadas na experiência, servindo como aprendizado de comportamentos 
observados. Embora a fisiologia hipocrática, derivada de ideias mais antigas, tenha 
sido refutada com o surgimento do método científico no século XVII, muitas 
observações clínicas de Hipócrates ainda são válidas. A partir de Hipócrates, a 
Medicina passou a ser definida como mais do que uma mera técnica curativa, sendo 
um corpo de conhecimento teórico e prático destinado a entender a saúde e a doença, 
aprimorar o ser humano e melhorar ou curar o paciente. 
A ideia da natureza do corpo, ou da physis particular do corpo, está na base da 
medicina hipocrática. A physis do corpo é uma manifestação particular da physis 
universal e, como tal, é compreendida como o princípio originário e organizador do 
corpo. Ela fornece a forma do corpo (eidos ou ideia), ou seja, seu aspecto próprio ou 
particular e seu comportamento (virtudes ou propriedades chamadas dynameis). 
Como princípio organizador do corpo, a physis projeta no ser as qualidades da 
harmonia, da ordem e da beleza, regendo a morfologia e as funções normais do corpo 
e de suas partes. No entanto, a physis também rege a doença e seus sintomas, e é 
por isso que a doença era, para muitos autores do Corpus Hippocraticum, um fato 
natural e não sagrado (REBOLLO, 2006). 
Hipócrates descrevia que o tratamento para muitas doenças poderia ser 
realizado através de uma dieta alimentar adequada, ressaltando a importância de 
conhecer os elementos e as propriedades dos constituintes dessa dieta para uma 
prescrição mais precisa. Ele também destacava que as propriedades dos alimentos, 
como "amargo", "doce", "adstringente" e "insosso", influenciavam a qualidade do 
tratamento terapêutico voltado para a saúde. 
 
9 
 
Os conhecimentos sobre o sistema nervoso na medicina hipocrática são 
bastante limitados. As noções de anatomia e fisiologia são rudimentares; acreditava-
se que o cérebro consistia em duas metades separadas por uma membrana, que se 
conectava à medula espinhal. Segundo a teoria humoral, o cérebro seria a origem da 
fleuma ou pituíta, um dos quatro humores corporais, cujo equilíbrio, mistura e 
distribuição no organismo influenciaria o estado de saúde. 
As meninges eram bem compreendidas devido às oportunidades que ofereciam 
para o tratamento cirúrgico de casos de traumatismo craniano, em que a trepanação 
era frequentemente realizada. O livro "Peri ton en kephalei tromaton" (Dos ferimentos 
na cabeça, em tradução livre) fornecia instruções precisas para o uso do trépano em 
casos de fraturas cranianas, incluindo detalhes sobre o manuseio do instrumento. Por 
exemplo, "durante a operação, o trépano frequentemente era retirado para ser 
mergulhado em água fria devido ao seu aquecimento; o trépano aquecido causava 
mais necrose por rotação do que o trauma em si" (HIPÓCRATES, 1968, p. 49). O 
tratamento de casos de traumatismo craniano permitiu compreender o cruzamento 
das vias motoras em relação aos hemisférios cerebrais. 
Conforme Rezende (2009), o cérebro é considerado uma sede importante na 
origem das doenças. Ele reconhece o caráter hereditário da epilepsia e observa sua 
maior gravidade quando se inicia na infância. Além disso, descreve os sinais 
precursores das crises convulsivas, o estado de mal e menciona a ocorrência de 
epilepsia em adultos após traumatismos cranianos. A etiopatogenia da epilepsia é 
explicada com base na teoria humoral, que guiava o pensamento médico na época. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Figura 1 – Cirurgia no cérebro nos tempos antigos 
 
Fonte: Rezende, 2009. 
De acordo com Rezende (2009) a figura acima ilustra como eram realizadas as 
cirurgias cerebrais em tempos antigos, evidenciando a diferença em relação aos 
métodos utilizados atualmente. 
O referido autor observa que as convulsões esporádicas durante febres em 
crianças são mais comuns em idades jovens, antes dos sete anos, e raras em crianças 
mais velhas e adultos, exceto em casos graves. Já a apoplexia sem traumatismo 
craniano, é mencionada no livro "Peri physon" (Do ar inspirado, em tradução livre), 
com uma interpretação fantasiosa de sua causa. O autor sugere que a apoplexia é 
provocada pela entrada de "ar" no corpo. Ele explica que, ao penetrar no organismo, 
o ar causa a perda de sensibilidade nas áreas afetadas. Se o ar se espalha 
amplamente, ele compromete o corpo inteiro, mas se permanece restrito a uma região 
específica, apenas essa área será impactada (REZENDE, 2009). 
Com Hipócrates, a Medicina tornou-se associada à Ética, no entanto, tanto a 
prática quanto o conhecimento médico ainda não reconheciam a anatomia e a 
fisiologia como suas bases explicativas. Essas disciplinas permaneciam separadas, 
fundamentadas principalmente em estudos realizados em animais. 
 
 
 
 
11 
 
✓ Contribuições Revolucionárias de Galeno 
Galeno iniciou seus estudos médicos aos dezessete anos no Asklepieion de 
Pérgamo. Em seguida, estudou por dois anos em Esmirna e depois foi para 
Alexandria, então o maior centro cultural da civilização helenística, onde estava a 
maior biblioteca da época. Permaneceu em Alexandria por cinco anos, estudando 
matemática, filosofia, medicina e participando ou presenciando dissecções 
anatômicas de corpos humanos. Durante esse período, escreveu um dicionário geral 
e um dicionário médico em cinco volumes, que se perderam. 
Após retornar a Pérgamo, Galeno foi designado cirurgião do anfiteatro de 
gladiadores. Essa posição lhe proporcionou a oportunidade de observar e tratar os 
ferimentos e lesões resultantes daslutas naquele local. Durante esse período, ele 
comprovou a função do nervo recorrente em experimentos com porcos. 
Em 164 d.C., aos 33 anos de idade, Galeno mudou-se para Roma, onde obteve 
grande sucesso e tornou-se médico do imperador Marco Aurélio. Permaneceu em 
Roma por três anos antes de retornar a Pérgamo. Dois anos depois, voltou para Roma 
a pedido do imperador, onde permaneceu por muitos anos. Além de Marco Aurélio, 
Galeno foi médico dos imperadores Cômodo e Sétimo Severo (WALSH, 1927, p. 132-
143). 
Como médico, Galeno de Pérgamo viajou da Turquia até Alexandria em busca 
dos ensinamentos de Hipócrates, Herófilo e Erasístrato. No entanto, ao contrário de 
seus inspiradores, Galeno não dissecava cadáveres humanos devido à proibição em 
Roma, limitando-se a dissecar apenas animais. Como médico de gladiadores, ele se 
tornou um bom anatomista, observando o funcionamento dos órgãos através dos 
ferimentos de luta. Galeno combinava as ideias de Platão e Aristóteles com os 
ensinamentos dos médicos que o precederam para criar sua teoria da doutrina 
ventricular, que defendia a localização das funções mentais nos ventrículos cerebrais. 
Galeno acreditava na teoria dos humores, relacionando-os aos elementos em 
ação, como bile negra, bile amarela, fleuma e sangue. Ele propunha a existência de 
três almas: uma alma vegetativa no fígado, responsável pelo prazer e desejos; uma 
alma vital no coração, que governava as paixões e a coragem; e uma alma racional 
na cabeça, onde a inteligência se localizava nos espaços vazios dos ventrículos. Para 
 
12 
 
ele, espíritos animais passavam pelos ventrículos cerebrais e, quando os fluxos se 
desequilibravam, era necessário realizar purgações e sangrias para restaurar os 
humores aos seus lugares. Galeno utilizava métodos como a respiração, banhos e 
sangria, influenciando fortemente a medicina no início da era cristã, com o apoio da 
Igreja e do clero, que relacionavam as três almas à Santíssima Trindade. 
Além disso, explicou a duplicidade dos órgãos dos sentidos, dos ventrículos 
cerebrais e dos próprios hemisférios cerebrais, afirmando que "se um deles sofrer 
lesão, o outro suprirá a função do que for lesado" (GALENO, 1854, p. 557). Ele refutou 
a ideia de Praxágoras de que as circunvoluções cerebrais são expansões da medula 
espinhal, argumentando que esta entra em contato apenas com a base do cérebro, 
onde não há circunvoluções. Galeno denominou a epífise de conarium devido ao seu 
aspecto semelhante a uma pinha (glândula pineal). Ele contestou veementemente a 
ideia de que a epífise regula a passagem do pneuma, afirmando: "Esta suposição é 
de um espírito ignorante que se recusa a instruir-se" (GALENO, 1854, p. 565). 
Também considerava a apoplexia como uma afecção do encéfalo, pois todas 
as funções psíquicas são afetadas. Em contraste, nos casos de paralisia em que a 
face permanece normal, ele atribuía a lesão à medula espinhal (GALENO, 1854, p. 
578-581). Ao discutir cefaleia e enxaqueca (hemicrania), destacou que estas não eram 
doenças da cabeça. Ele estabeleceu o princípio de que toda lesão em um órgão 
corresponde a uma alteração de função, e vice-versa, marcando o início da 
fisiopatologia. 
A história da "apoplexia", portanto, pode ser dividida em dois períodos distintos. 
O primeiro período, que durou da Antiguidade até a Renascença, precedeu a prática 
da autópsia e manteve um conceito relativamente estável baseado em observações 
clínicas. O segundo período começou com a era moderna da autópsia, quando a 
condição foi separada em diversos subtipos. Ao longo de cerca de 2.500 anos, muitos 
fragmentos de informação foram reunidos para formar um quadro mais bem definido 
da apoplexia. O conceito de "acidente vascular cerebral" (AVC) herdou esse 
conhecimento acumulado sobre a apoplexia, incorporando todas as aquisições 
históricas para moldar o estado atual do conhecimento. 
Embora tenha cometido erros, como em sua teoria da circulação sanguínea, 
Galeno exerceu uma influência duradoura na medicina por cerca de 1500 anos. 
 
13 
 
Monoteísta, Galeno acreditava que o corpo humano era uma criação divina, com cada 
elemento anatômico planejado por Deus para cumprir sua função de maneira perfeita. 
Essa visão fez com que sua obra fosse altamente valorizada por hebreus, cristãos e 
muçulmanos durante a Idade Média, permanecendo dogmática e intocável até a 
Renascença (CASTIGLIONI, 1931, p. 191). 
1.2 Ramón y Cajal e Golgi 
De acordo com Bear (2017) em 1881, o espanhol Santiago Ramón y Cajal 
(1852-1934) elaborou a Teoria Neuronal, demonstrando que o neurônio é composto 
pelo corpo celular, dendritos e axônios, além de postular a "Lei da Polarização 
Dinâmica". Por esse motivo, ele é reconhecido como o "pai da Neurociência moderna". 
Golgi inventou o método de coloração, mas foi o espanhol Santiago Ramón y 
Cajal, seu contemporâneo, quem o empregou com maior eficiência. Cajal um 
histologista e um artista habilidoso, conheceu o procedimento de Golgi em 1888. Em 
uma série de publicações notáveis ao longo dos 25 anos subsequentes, ele utilizou a 
coloração de Golgi para desvendar circuitarias de muitas regiões do encéfalo. 
Figura 2 - Duas células piramidais do córtex cerebral de um gato, coradas 
utilizando o método de Golgi 
 
Fonte: shre.ink/DPlR. 
A Figura 2 apresenta as células piramidais do córtex cerebral de um gato, sendo 
uma das primeiras representações feitas por Cajal utilizando o método desenvolvido 
por seu mentor, Golgi. 
 
14 
 
De acordo com Sallet (2009), a doutrina do neurônio fundamentou-se em duas 
contribuições essenciais: o método de coloração de Golgi e os estudos histológicos 
de Cajal. A técnica de coloração de Golgi, possivelmente o avanço tecnológico mais 
significativo no estudo do sistema nervoso, utilizava a chamada reazione nera. Golgi 
endurecia blocos de tecido nervoso com bicromato de potássio e os mergulhava em 
uma solução de nitrato de prata. Quando visualizadas sob um microscópio, essas 
lâminas revelavam células nervosas inteiras, incluindo suas arborizações dendríticas 
e axônios. 
Conforme Kandel (2014), de modo curioso, Golgi e Cajal chegaram a 
conclusões completamente opostas sobre os neurônios. Golgi defendia o ponto de 
vista de que os neuritos de diferentes células eram fusionados uns aos outros para 
formar um retículo contínuo, ou rede, de forma similar às artérias e veias do sistema 
circulatório. De acordo com essa teoria reticularista, o sistema nervoso é uma exceção 
à teoria celular, a qual estabelece que a célula individual é a unidade elementar 
funcional de todos os tecidos animais. Cajal, ao contrário, argumentava ferrenhamente 
que os neuritos dos diferentes neurônios não possuem continuidade entre eles e se 
comunicam por contatos, não por continuidade. Essa ideia de que a teoria celular 
também se aplica aos neurônios ficou conhecida como doutrina neuronal. Embora 
Golgi e Cajal tenham compartilhado o Prêmio Nobel em 1906, eles permaneceram 
rivais até o fim. 
As evidências científicas dos 50 anos seguintes apoiaram substancialmente a 
doutrina neuronal, mas a comprovação final teve de esperar pelo desenvolvimento da 
microscopia eletrônica, na década de 1950. Com o poder de resolução maior do 
microscópio eletrônico, foi possível demonstrar finalmente que os neuritos de 
diferentes neurônios não possuem continuidade entre si. Assim, o ponto de partida no 
estudo do sistema nervoso deve ser o neurônio, individualmente (KANDEL, 2014). 
 De acordo Moreira (2017), os estudos e conclusões foram fundamentais para 
o desenvolvimento da neurociência moderna, Cajal é reconhecido internacionalmente 
como uma das figuras mais importantes na história da pesquisa cerebral. 
Um dos principais objetivos de Cajal era avançar na compreensão da psicologia 
racional. Para isso, ele desenvolveu um método cuidadoso de estudo, utilizando 
cérebros de animais recém-nascidos e adultosem grupos separados. Ele percebeu 
 
15 
 
que nos animais recém-nascidos, o número de neurônios é reduzido e o tecido 
nervoso é menos denso, o que facilita a observação detalhada dos neurônios. 
Figura 3 – Representação de um dos desenhos de Cajal, circuitaria do 
cérebro 
 
Fonte: shre.ink/8164. 
As letras indicam os diferentes elementos que Cajal identificou em uma área 
do córtex cerebral humano relacionada ao controle dos movimentos voluntários 
(BEAR, 2017). 
Ao combinar seus próprios estudos com o trabalho prévio realizado por Golgi, 
Cajal conseguiu formular a "Teoria da Doutrina do Neurônio". Essa teoria se baseia 
em quatro princípios básicos que têm orientado o estudo e a compreensão do cérebro 
e dos neurônios desde então. De acordo com Moreira (2017) os estudos de Cajal 
envolveram uma variedade de espécies, incluindo ratos, macacos e, em menor 
escala, seres humanos. 
➢ 1º princípio: considera o neurônio como a unidade elementar morfofuncional do 
cérebro. Assim, o neurônio é a unidade estrutural e sinalizadora básica do 
 
16 
 
cérebro. Dentro deste neurônio, os dendritos e o axônio desempenham funções 
distintas nos mecanismos circuitários: os dendritos recebem sinais de outros 
neurônios, enquanto o axônio transmite as informações recebidas da soma do 
neurônio para outras células nervosas ou células receptoras. 
➢ 2° princípio: destaca que os axônios, em sua parte terminal (ou pré-sináptica), 
se comunicam com os dendritos de outros neurônios em regiões especializadas 
chamadas "sinapses". Essas sinapses estão localizadas nas interconexões 
entre neurônios e são representadas por uma pequena fenda ou espaço 
denominado "fenda sináptica". Nos terminais dos axônios de um neurônio 
doador, os sinais são transmitidos aos dendritos de outro neurônio receptor 
sem que haja contato físico direto. 
Assim, a comunicação sináptica entre os neurônios envolve três componentes 
essenciais: 
1. Terminal pré-sináptico do axônio, que transmite sinais do neurônio doador. 
2. Fenda sináptica, o espaço entre os neurônios doadores e receptores onde 
ocorre a transmissão de sinais sem contato direto. 
3. A região pós-sináptica, localizada nos dendritos dos neurônios receptores, 
geralmente composta por neuroproteínas. 
 
➢ 3º princípio: trata da especificidade das conexões. De acordo com este 
princípio, os neurônios não formam conexões de maneira indiscriminada. Pelo 
contrário, existe uma grande especificidade entre os grupos neuronais, o que 
significa que as células nervosas se conectam em circuitos neurais invariáveis, 
seguindo padrões e princípios estabelecidos há milhões de anos. Com base 
neste princípio, Cajal concebeu o cérebro como um órgão estruturado em 
circuitos específicos e previsíveis. 
➢ 4° princípio: segundo este princípio, conhecido como o Princípio da Polarização 
Dinâmica, os sinais em uma circuitaria neural progridem em apenas uma 
direção. A informação recebida pelos dendritos do soma (corpo celular) de um 
neurônio é encaminhada ao centro operacional deste neurônio (o soma), e 
posteriormente transferida para o axônio. O axônio então transmite a 
 
17 
 
informação neural de forma unidirecional, mantendo a mesma frequência, 
direção e velocidade, em direção ao neurônio receptor, através de uma sinapse 
química que envolve um neurotransmissor (geralmente uma neuroproteína) e 
a fenda sináptica. 
Portanto, os sinais bioquímicos (neurotransmissores) atravessam a fenda 
sináptica até alcançar os dendritos do próximo neurônio, continuando assim 
sucessivamente. Este princípio de transmissão unidirecional dos sinais foi crucial para 
relacionar todos os componentes do neurônio a uma função específica na circuitaria, 
ou seja, a "sinalização em viagem". 
Esses princípios estabeleceram um conjunto de regras para o estudo da 
progressão dos sinais entre os neurônios. Para fundamentar completamente este 
conjunto de regras, Cajal demonstrou que circuitarias no cérebro, tronco encefálico e 
medula espinhal apresentam três tipos principais de neurônios com especializações 
funcionais específicas. 
Os neurônios sensoriais estão localizados na pele e em vários órgãos 
sensoriais, respondendo a estímulos específicos do ambiente, como tato, luz, audição, 
visão, olfato, paladar e dor. Eles transmitem essas informações processadas em seu 
soma para o cérebro. 
Os neurônios motores, após receberem os potenciais de ação, transmitem-nos 
através de seus axônios para fora do córtex cerebral, do tronco encefálico ou da 
medula espinhal, até alcançarem as células efetoras, como células musculares e 
glandulares, regulando e modulando suas atividades. 
Os interneurônios constituem o maior grupo de neurônios cerebrais, atuando 
como intermediários entre neurônios sensoriais e motores. Eles facilitam o fluxo de 
informações desde os neurônios sensoriais localizados na pele até a medula espinhal, 
onde essas informações são transmitidas tanto aos interneurônios quanto aos 
neurônios motores. Os estudos de Cajal permitiram compreender o percurso das 
informações dos neurônios sensoriais na pele até a medula espinhal e os neurônios 
motores no sistema muscular. Com o avanço dessas pesquisas e os resultados 
obtidos por Cajal, concluiu-se que cada tipo de célula neural apresenta características 
 
18 
 
bioquímicas distintas, o que pode afetar sua susceptibilidade a diferentes processos 
patológicos (MOREIRA, 2017). 
1.3 As neurociências 
De acordo com Bear (2017), os neurocientistas enfrentam um grande desafio 
ao estudar o cérebro. Para lidar com a complexidade do problema, eles fragmentaram 
a pesquisa em partes menores para uma análise sistemática experimental, conhecida 
como abordagem reducionista. O tamanho da unidade de estudo define o nível de 
análise, que pode ser classificado em ordem crescente de complexidade: molecular, 
celular, de sistemas, comportamental e cognitivo. 
Neurociências Moleculares: O cérebro é considerado a porção de matéria 
mais complexa do universo. Ele é composto por uma enorme variedade de moléculas, 
das quais muitas são exclusivas do sistema nervoso. Essas moléculas desempenham 
diferentes funções para o funcionamento cerebral, como mensageiros que permitem 
a comunicação entre neurônios, sentinelas que regulam o fluxo de materiais, guias 
que orientam o crescimento neuronal e arquivistas de experiências passadas. O 
estudo do cérebro nesse nível fundamental é realizado pelas neurociências 
moleculares. 
Neurociências Celulares: No próximo nível de análise, as neurociências 
celulares se concentram em como essas moléculas trabalham em conjunto para 
conferir aos neurônios suas propriedades especiais. 
Neurociências de Sistemas: Conjuntos de neurônios formam circuitos 
complexos que realizam funções específicas, como a visão ou o movimento 
voluntário. Por isso, podemos nos referir ao "sistema visual" e ao "sistema motor", 
cada um com seus próprios circuitos dentro do cérebro. Nesse nível de análise, 
conhecido como neurociências de sistemas, os neurocientistas estudam como 
diferentes circuitos neurais processam informações sensoriais, formam percepções 
do mundo externo, tomam decisões e executam movimentos. 
Neurociências Comportamentais: Os sistemas neurais colaboram para 
produzir comportamentos integrados. Existem diferentes sistemas para executar 
várias formas de memória? Onde, no cérebro, atuam as drogas que alteram a mente 
 
19 
 
e qual é a contribuição normal desses sistemas para a regulação do humor e do 
comportamento? Quais sistemas neurais são responsáveis pelos comportamentos 
específicos de cada gênero? Onde são criados os sonhos e o que eles revelam? 
Essas questões são estudadas pelas neurociências comportamentais. 
Neurociências Cognitivas: Talvez o maior desafio das neurociências seja 
compreender os mecanismos neurais responsáveis pelos níveis mais elevados de 
atividade mental humana, como a consciência,a imaginação e a linguagem. 
Pesquisas nesse nível, chamadas de neurociências cognitivas, investigam como a 
atividade do cérebro cria a mente (BEAR, 2017). 
2 MÉTODOS E TECNOLOGIAS EM NEUROCIÊNCIA 
A cada ano, a ciência avança na compreensão dos mecanismos subjacentes 
às doenças que mais afetam a população. Os progressos nos campos da tecnologia 
e da inovação nos proporcionam novas ferramentas para diagnosticar, prevenir, tratar 
e controlar patologias graves, que antes eram fatais ou resultavam em sérios 
comprometimentos da qualidade de vida dos pacientes. No entanto, ainda há um 
longo caminho a percorrer, especialmente diante do rápido avanço de diversas 
doenças, influenciado pelo estilo de vida da população, pelo envelhecimento e pela 
necessidade de acesso a diagnósticos precoces. Nesse contexto, as doenças 
neurológicas destacam-se como uma das maiores preocupações atuais. 
Compreender o funcionamento do cérebro é um dos desafios mais 
significativos da atualidade. A neurociência desempenha um papel fundamental nesse 
objetivo, fornecendo métodos para estudar e analisar o sistema nervoso central (SNC) 
em seres humanos e animais, abrangendo suas funções, estruturas específicas, 
fisiologia e possíveis lesões ou patologias. Uma convergência importante ocorreu 
entre a neurociência e a computação, dando origem à Neurociência Computacional. 
Essa disciplina visa desenvolver modelos matemáticos e computacionais para simular 
e compreender a função e os mecanismos do SNC (ABIMO, 2018). 
 
 
 
20 
 
➢ Impacto da tomografia e ressonância magnética 
Entre os avanços que despertam grande interesse, destacam-se os métodos 
de análise automática de imagens, os quais possibilitam a quantificação de anomalias 
em exames radiológicos até mesmo no nível do voxel. 
A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) 
começaram a ser desenvolvidas simultaneamente a partir da década de 1970. Com o 
advento da tomografia por emissão de pósitrons (PET) e da ressonância magnética 
funcional (RMf), a neuroimagem funcional tornou-se fundamental para o progresso da 
neurociência. 
Conforme Amaro Júnior e Yamashita (2001), a Tomografia Computadorizada 
permitir a análise do cérebro com maior nitidez, especialmente das estruturas 
ventriculares e ósseas do crânio. O equipamento consiste em uma fonte de raios-X 
que gira em torno da cabeça do paciente, emitindo um feixe de raios-X em forma de 
leque. Do lado oposto, encontram-se detectores que convertem a radiação em um 
sinal elétrico, posteriormente convertido em imagem digital. Dessa forma, as imagens 
representam fatias do crânio, com a intensidade (brilho) refletindo a absorção dos 
raios-X, mensurada em unidades Hounsfield. 
O funcionamento do primeiro modelo de um aparelho de tomografia 
computadorizada baseava-se em um tubo de raios-X que emitia um feixe altamente 
colimado, juntamente com um único detector de radiação, ambos acoplados em um 
gantry para movimentos sincronizados. O feixe de raios-X, do tipo lápis, atingia o 
detector único. O objeto a ser examinado era posicionado entre o tubo de raios-X e o 
detector, que estavam na posição inicial, coletando informações sobre a atenuação 
do feixe nessa posição. O gantry realizava dois tipos de movimentos: um linear e outro 
semicircular. O conjunto tubo-detector era deslocado, aproximadamente, primeiro 
para cada nova aquisição, e esse processo era repetido várias vezes. Ao final de 
múltiplas posições do sistema tubo-detector, ocorria uma varredura de 180º ao redor 
do objeto. 
Como resultado desse processo, o aparelho tinha tempos de varredura muito 
longos, variando entre quatro e cinco minutos para a obtenção dos dados de imagem 
 
21 
 
de um único plano de corte. Durante todo esse período de varredura, o objeto em 
análise precisava permanecer imóvel. 
Figura 4 - Esquema do tomógrafo de primeira geração 
 
Fonte: Mourão, 2007. 
Em resumo os protocolos de aquisição de imagem em tomografia 
computadorizada variam de acordo com as especificações dos equipamentos 
utilizados. Eles determinam parâmetros como tensão do tubo, carga, colimação do 
feixe, velocidade da mesa e inclinação, influenciando diretamente na dose de radiação 
aplicada ao paciente e na qualidade da imagem obtida. A qualidade da imagem 
também é afetada por parâmetros relacionados à reconstrução e apresentação da 
imagem, além de considerações clínicas. 
 
 
 
 
 
22 
 
Figura 5 – Modelo atual 
 
Fonte: shre.ink/DPkd. 
Essas tecnologias, consideravelmente menos invasivas, passaram a oferecer 
imagens dos tecidos biológicos de forma direta e com excelente resolução espacial, 
especialmente a RM. Ao longo das décadas seguintes, ambos os métodos foram 
aprimorados, com melhorias na resolução, velocidade de processamento, 
diversificação das técnicas de aquisição e implementação de aplicativos para análise 
espacial, gráfica e funcional dos dados obtidos. A RM, desde sua descoberta, tem 
desempenhado um papel significativo tanto no avanço da imagiologia médica 
relacionada à saúde quanto no estudo das patologias. 
A técnica de ressonância magnética (IRM) é composta por três etapas: 
alinhamento, excitação e detecção de radiofrequência. Na etapa de alinhamento, os 
núcleos de hidrogênio são orientados paralelamente a um campo magnético intenso. 
Em seguida, na fase de excitação, os núcleos de hidrogênio são estimulados por uma 
onda eletromagnética emitida pelo aparelho, absorvendo energia e entrando em 
ressonância. Por fim, na etapa de detecção de radiofrequência, os núcleos instáveis 
de hidrogênio emitem ondas eletromagnéticas que são detectadas pelo equipamento, 
permitindo a geração da imagem. A intensidade das ondas detectadas é representada 
como "brilho" na imagem, denominada "intensidade de sinal". Dependendo da forma 
e do tempo de excitação dos átomos, as imagens podem ser sensíveis a diferentes 
propriedades dos tecidos. 
De acordo com Madureira (2010), o princípio subjacente à ressonância 
magnética funcional (IRMf) é que a atividade das células neurais requer energia, que 
é gerada por reações químicas envolvendo glicose e consumo de oxigênio (glicólise 
 
23 
 
oxidativa). Em regiões com maior atividade neuronal, há um aumento na oferta de 
oxigênio em relação ao consumo local. Isso resulta em um aumento na concentração 
regional de oxihemoglobina, uma forma de hemoglobina com propriedades 
magnéticas diferentes da desoxihemoglobina. Como resultado, ocorre uma distorção 
no campo magnético ao redor das vênulas locais, o que permite detectar pequenas 
variações na intensidade do sinal da IRMf, que está diretamente relacionada à 
ativação cerebral. 
A ressonância magnética funcional (IRMf) é uma técnica avançada de 
neuroimagem que permite visualizar processos fisiológicos, bioquímicos e 
moleculares no cérebro. Ao registrar sinais fisiológicos durante a ressonância 
magnética, a IRMf fornece insights diretos sobre a interação entre o cérebro e o corpo, 
podendo medir atividades cardiovasculares, respiratórias e neurais centrais, entre 
outras. Com o constante aprimoramento da técnica, os equipamentos estão se 
tornando mais precisos e eficientes, possibilitando uma melhor compreensão dos 
processos orgânicos e oferecendo diagnósticos mais precoces e tratamentos mais 
eficazes (MADUREIRA, 2010). 
➢ Registro da atividade neural: aplicação do EEG e MEG 
De acordo com Cavalcanti et al. (2023) os registros eletrofisiológicos abrangem 
múltiplas escalas de medição da atividade dos campos elétricos e magnéticos. Entre 
as técnicas de registro destacam-se a magnetoencefalografia (MEG) e a 
eletroencefalografia (EEG). Ambas são medidas não invasivas associadas a ativações 
e interações neurais complexas que codificam funções cerebrais. Os registros obtidos 
estão relacionados a padrões estereotipados modulados por demandas no 
processamento de informações. 
A atividade elétrica cerebralé altamente sensível a disfunções neurais 
presentes em diversos transtornos neuropsiquiátricos. Assim, o registro 
eletrofisiológico pode ser utilizado como uma ferramenta adicional na prática clínica, 
servindo como biomarcador para diagnóstico, acompanhamento da evolução da 
doença e resposta terapêutica. 
 
 
24 
 
Figura 6 – Representação de EEG 
 
Fonte: shre.ink/DPbp. 
O Eletroencefalograma é uma técnica neurofisiológica bem estabelecida, 
utilizada para registrar o potencial elétrico gerado pela atividade cerebral com alta 
precisão temporal, seja em repouso ou durante a execução de uma tarefa. O sinal do 
EEG resulta da soma de entradas excitatórias e inibitórias síncronas, sendo obtido 
simultaneamente a partir de vários eletrodos ou canais posicionados na superfície da 
cabeça, cuja densidade define a resolução espacial do EEG. Em resumo, detecta 
alterações no potencial elétrico em um determinado eletrodo através da dedução da 
tensão no eletrodo de referência, que possui um potencial elétrico constante e 
conhecido (CAVALCANTI, 2023). 
Figura 7 – Representação da MEG 
 
Fonte: shre.ink/DPMj. 
 
25 
 
Por outro lado, a Magnetoencefalografia é uma técnica não invasiva de 
escaneamento cerebral baseada no campo magnético gerado, sendo uma ferramenta 
útil para estudar o funcionamento cerebral em condições normais ou patológicas, com 
resolução temporal na ordem de milissegundos e resolução espacial adequada. A 
MEG registra campos magnéticos no couro cabeludo produzidos por sinais elétricos 
endógenos do cérebro, utilizando magnetômetros específicos colocados ao redor da 
cabeça. Apesar das diferenças entre a atividade magnética e elétrica, ambas 
representam a mesma atividade neuronal subjacente. 
Em comparação com os campos elétricos do EEG, os campos magnéticos da 
MEG são menos distorcidos, proporcionando uma resolução espacial superior. 
Enquanto a MEG detecta principalmente fontes de sinal tangenciais, o EEG é sensível 
tanto a componentes radiais quanto tangenciais, podendo registrar potenciais 
originados dentro dos sulcos se forem suficientemente fortes para serem detectados 
no couro cabeludo. O EEG fornece um sinal mais complexo em comparação à MEG. 
No entanto, a MEG pode ser mais vantajosa quando a fonte de sinal mais forte e 
tangencial é focada, pois o sinal é menos afetado por fontes potencialmente 
interferentes. 
Segundo Trindade (1998), a MEG, assim como o EEG, está relacionada à 
despolarização (aumento do potencial de membrana) associada aos potenciais 
sinápticos. Esses potenciais ocorrem no nível de contato entre células nervosas 
(sinapses) e envolvem o fluxo transmembranar, intra e extracelular de correntes 
iônicas, principalmente de íons sódio e potássio. 
A MEG é amplamente utilizada para estudar a atividade cerebral normal, tanto 
espontânea quanto provocada por estímulos sensoriais. O grande avanço dessa 
técnica nos últimos anos tem proporcionado informações significativas sobre a 
organização estrutural e a localização das fontes de corrente corticais, especialmente 
nas áreas sensoriais primárias do córtex cerebral humano envolvidas em diversos 
processos fisiológicos. 
No âmbito clínico, a MEG ganhou importância crescente, com um número cada 
vez maior de clínicas internacionais adotando seu uso de forma rotineira. Ela é 
utilizada na localização funcional pré-cirúrgica e na identificação da atividade 
epiléptica. Além disso, é uma ferramenta essencial para a localização precisa de áreas 
 
26 
 
funcionais críticas do córtex cerebral, como áreas sensoriais, motoras e de linguagem, 
ajudando a evitar danos durante tratamentos cirúrgicos de neoplasias, regiões 
epileptogênicas ou malformações vasculares. A MEG também é extremamente útil em 
cirurgias de epilepsias refratárias a medicamentos, auxiliando na determinação do 
número de regiões onde as crises se iniciam e na localização dessas áreas. Ademais, 
é empregada na avaliação clínica da integridade das vias sensoriais (TRINDADE, 
1998). 
3 ÁREAS MODERNAS DA NEUROCIÊNCIA 
O estudo do cérebro pela neurociência segue uma abordagem sistemática que 
divide a análise em diferentes níveis de complexidade. Começando pela neurociência 
molecular, que investiga as moléculas específicas e seu papel na comunicação neural, 
passando pela neurociência celular, que explora como essas moléculas interagem 
para conferir propriedades aos neurônios. Em seguida, temos a neurociência de 
sistemas, que analisa os circuitos neurais responsáveis por funções como visão e 
movimento, seguida pela neurociência comportamental, que estuda como os sistemas 
neurais produzem comportamentos integrados. 
Por fim, a neurociência cognitiva busca compreender os mecanismos neurais 
por trás de atividades mentais complexas, como consciência e linguagem. Esses 
diferentes níveis de análise permitem uma compreensão mais abrangente do 
funcionamento do cérebro e da mente. 
3.1 Neurociência Cognitiva 
A Neurociência Cognitiva é o campo de estudo dedicado a compreender como 
as funções cerebrais se relacionam com atividades mentais complexas, como 
percepção, memória, linguagem e consciência. Esta disciplina, uma ramificação da 
Neurociência, investiga os mecanismos pelos quais o cérebro humano realiza 
processos cognitivos, como aprendizagem, linguagem e comportamento. Nos últimos 
anos, a Neurociência Cognitiva avançou consideravelmente, contribuindo para 
 
27 
 
elucidar os processos de aprendizagem e para ampliar o debate sobre o 
desenvolvimento cognitivo humano (KANDEL; SCHWARTZ; JESSELL, 2003). 
De acordo com Albright e Posner (2000, citados por MOURÃO-JÚNIOR; 
OLIVEIRA; FARIA, 2017), a Neurociência é uma disciplina interdisciplinar que dialoga 
com diversas áreas do conhecimento, como Neuropsicologia, Neuropsiquiatria e 
Neurolinguística. No âmbito cognitivo, seu foco reside na compreensão de como as 
funções psicológicas e cognitivas são geradas pelos circuitos neuronais. 
Segundo Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016), uma perspectiva neurobiológica do 
aprendizado situa a Neurociência Cognitiva entre dois grandes domínios: educação e 
saúde. No campo educacional, atuam educadores, orientadores e psicopedagogos. 
Idealmente, esses profissionais deveriam ter conhecimentos básicos sobre o 
funcionamento do Sistema Nervoso Central, assim como os profissionais de saúde. 
As informações provenientes das neurociências e da área médica, especialmente da 
Neurologia, são cruciais para compreender o processo de aprendizagem e os 
distúrbios associados, que, em última análise, são funções neurocognitivas também 
conhecidas como "funções corticais". 
A habilidade do cérebro humano em armazenar e usar informações de forma 
seletiva despertou o interesse de neurocientistas, educadores e psicólogos, 
impulsionando investigações e debates sobre os processos neurofisiológicos para 
aprimorar a educação. 
Segundo a Royal Society (2011), as contribuições das neurociências têm o 
potencial de transformar práticas educacionais, uma vez que a educação visa a 
aprendizagem, e a neurociência cognitiva busca compreender os processos mentais 
relacionados a ela. Pesquisas em neurociência indicam que os resultados da 
aprendizagem não são determinados apenas pelo ambiente, mas também por fatores 
biológicos que influenciam as diferenças individuais na capacidade de aprendizado, 
conforme destacado pela. Além disso, a neurociência cognitiva evidencia que a 
aprendizagem de uma habilidade promove alterações no cérebro, as quais são 
reversíveis quando a prática da habilidade é interrompida (ROYAL SOCIETY, 2011). 
Os neurônios são células capazes de estabelecer comunicações rápidas e 
precisas com outras células em distâncias consideráveis. Esse feito é viabilizado pela 
notável assimetria funcional e morfológica dos neurônios, além de suas propriedades 
 
28 
 
eletroquímicas. Essas características conferem a essas células a capacidadede gerar 
corrente elétrica através de suas membranas (KANDEL et al., 2014). 
Existem diversos tipos de neurônios, caracterizados por sua morfologia e 
funções específicas no sistema nervoso. A estrutura fundamental de um neurônio 
compreende o corpo celular (ou soma), os dendritos e o axônio (BRANDÃO, 2004). O 
núcleo localizado no corpo celular contém as informações essenciais para a síntese 
de todos os neurotransmissores, substâncias químicas liberadas pelas vesículas 
presentes nos terminais do axônio. Os dendritos, por sua vez, são extensões neurais 
que recebem informações de outros neurônios ou se especializam em terminações 
sensitivas, presentes nos diversos órgãos sensoriais (KANDEL et al., 2014). Logo, os 
mecanismos de comunicação entre os neurônios são o ponto de partida essencial 
para os processos que nos possibilitam "sentir", "pensar" e "aprender". 
3.2 Neuroplasticidade 
De acordo com Lent (2023) Neuroplasticidade refere-se à capacidade do 
sistema nervoso de modificar sua função ou estrutura em resposta a influências 
ambientais. Essas mudanças podem variar de lesões traumáticas ou cirúrgicas que 
reconfiguram circuitos neurais até eventos sutis que resultam em alterações sinápticas 
moleculares, permitindo a memorização de fatos por longos períodos. A plasticidade 
ontogenética, influenciada pela interação entre o genoma e o ambiente durante o 
desenvolvimento embrionário e pós-natal, é uma fonte significativa de variabilidade 
individual nos animais, especialmente nos seres humanos. Durante o período crítico 
ou sensível, o sistema nervoso imaturo é particularmente suscetível às influências 
ambientais, variando em diferentes regiões e sistemas neurais, bem como em 
comportamentos e funções correspondentes. 
Alguns comportamentos são inatos e não passam por um período crítico. Um 
exemplo é o comportamento inicial dos filhotes de aves, que os leva a romper a casca 
do ovo e sair. Outros comportamentos têm um período crítico curto, estabilizando-se 
rapidamente, junto com os circuitos neurais subjacentes. Um exemplo é o fenômeno 
do "imprinting", descoberto por Konrad Lorenz, no qual os filhotes de aves 
reconhecem como sua "mãe" o primeiro objeto móvel de grande porte que percebem 
 
29 
 
ao eclodir. Na natureza, esse "objeto" é quase sempre a mãe biológica, mas em 
condições experimentais pode ser até mesmo o pesquisador. 
➢ Tipos e características da Neuroplasticidade: Neuroplasticidade 
Regenerativa 
A plasticidade regenerativa abrange a neurogênese, ou seja, a formação de 
novos neurônios. Durante o desenvolvimento embrionário, aproximadamente até o 
final do primeiro trimestre, o embrião já possui cerca de 80% dos neurônios que terá 
ao longo da vida. A capacidade proliferativa do sistema nervoso central diminui 
progressivamente ao longo do desenvolvimento, com exceção de áreas como o bulbo 
olfatório e o giro dentado do hipocampo. No hipocampo, a neurogênese na fase adulta 
contribui para as complexas funções de memória e aprendizado. 
No entanto, mesmo nessas áreas, a neurogênese adulta é limitada em relação 
à reposição numérica de neurônios. Quando o cérebro adulto sofre danos, ele pode 
compensá-los através de novas conexões entre os neurônios sobreviventes. No 
entanto, o sistema nervoso central tem uma capacidade limitada de reparação, já que 
a maioria das regiões cerebrais carece de células-tronco. Rakic (1985) argumentou 
que uma população estável de neurônios pode ser uma necessidade biológica para 
espécies cuja sobrevivência depende do comportamento aprendido. 
Um estudo recente sobre a explosão nuclear revelou a presença de cerca de 
700 novos neurônios gerados diariamente no hipocampo de adultos, bem como 
neurogênese no corpo estriado. A pesquisa foi revolucionária porque os neurônios 
recém-nascidos não podiam ser detectados pela técnica de carbono 14, indicando que 
eram realmente novos neurônios. 
➢ Neuroplasticidade Axônica 
Nos anos 1930, o neurocirurgião Wilder Penfield mapeou o córtex cerebral, 
dividindo-o em sistema sensorial e motor, criando o conceito conhecido como 
"Homúnculo de Penfield". Este homúnculo é uma representação do corpo humano no 
córtex cerebral, onde o tamanho das áreas corresponde à sensibilidade e aos 
movimentos: áreas com movimentos finos, como os dedos, são maiores, enquanto 
áreas com movimentos mais grosseiros, como os pés, são menores. Penfield 
 
30 
 
demonstrou que esses mapas cerebrais eram topográficos, ou seja, áreas adjacentes 
do corpo correspondiam a áreas adjacentes no cérebro (PENFIELD; RASMUSSEN, 
1950). Na época, acreditava-se que esses mapas eram fixos e idênticos em todos os 
indivíduos. 
Figura 8 – Representação do Homúnculo de Penfield 
 
Fonte: shre.ink/DPJR. 
Alguns anos depois, o neurocientista Michael Merzenich realizou um 
experimento no qual mapeou o cérebro da mão de um macaco, amputou seu dedo 
médio e, após alguns meses, fez um novo mapeamento. Ele observou que o mapa 
cerebral do dedo amputado desapareceu e os mapas dos dedos próximos se 
expandiram para ocupar seu lugar (MERZENICH et al., 1984). É notável que este 
estudo provou que os mapas cerebrais são dinâmicos e variam entre os indivíduos. 
Outra contribuição importante para a compreensão da plasticidade cerebral 
veio do psicólogo Ramachandran, que estudou a "síndrome do membro fantasma". 
Pacientes com membros amputados relatavam sensações nesses membros como se 
ainda estivessem presentes. Em um caso, a estimulação da face de um paciente 
amputado causava sensações em seu polegar, indicador e dedo mínimo. 
Ramachandran sugeriu que, no sistema somestésico, os axônios da face se 
 
31 
 
estenderam para as regiões do membro amputado, que estavam inativas, resultando 
em crescimento de ramos colaterais para as áreas anteriormente ocupadas pelo braço 
amputado. Exames de neuroimagem confirmaram essa hipótese, mostrando uma 
desorganização na topografia cerebral dos amputados, explicando as sensações de 
"membro fantasma" (KARL et al., 2001). 
➢ Neuroplasticidade Sináptica 
A neuroplasticidade sináptica é uma propriedade fundamental do sistema 
nervoso central, influenciando diretamente o comportamento. A potencialização de 
longa duração (LTP), uma forma de neuroplasticidade sináptica, ocorre no hipocampo 
e aumenta a eficiência das sinapses, sendo crucial para aprendizagem e memória. A 
LTP envolve o neurotransmissor glutamato e seus receptores, facilitando a 
reorganização dos mapas corticais e o armazenamento de informações. A “Lei de 
Hebb” explica que a atividade simultânea de neurônios reforça suas conexões 
sinápticas, enquanto a atividade isolada as enfraquece, resultando na consolidação 
de memórias (SALOMÃO, 2021). 
➢ Neuroplasticidade Dendrítica 
De acordo com Salomão (2021), os dendritos podem apresentar plasticidade 
tanto morfológica quanto estrutural. Em adultos, essa plasticidade ocorre apenas nos 
espinhos dendríticos, enquanto em indivíduos em desenvolvimento, também pode 
afetar os ramos dendríticos. Estima-se que os espinhos dendríticos sejam 
responsáveis por 90% das conexões excitatórias no cérebro. Os dendritos aumentam 
sua superfície de contato e concentram segundos mensageiros, como o cálcio. 
Estudos em diferentes espécies animais demonstraram uma relação direta entre um 
maior número de ramificações dendríticas e um ambiente enriquecido com diversos 
estímulos. 
Os espinhos dendríticos são extremamente instáveis e móveis, com novos 
espinhos aparecendo e outros desaparecendo em curtos períodos. Essa alta 
mobilidade se deve à grande concentração de actina, uma proteína que forma os 
microfilamentos, no interior dos espinhos. Uma teoria sugere que os espinhos 
dendríticos instáveis e móveis correspondem a sinapses não consolidadas pelos 
 
32 
 
processos de memória e aprendizado, enquanto os espinhos estáveis estão 
associados a memórias de longo prazo. 
3.3 Neurociência ComputacionalDe acordo com Roque (2022), o termo “Neurociência Computacional” foi 
introduzido pela primeira vez em uma conferência organizada por Eric L. Schwartz na 
cidade de Carmel, Califórnia, Estados Unidos, em 1985. O objetivo era oferecer uma 
visão unificada do conhecimento acumulado até aquela data nos diversos campos 
dedicados à teoria do cérebro. Os trabalhos apresentados nessa conferência foram 
posteriormente publicados em 1990 em um livro intitulado "Computational 
Neuroscience", lançando as bases dessa área. Desde então, várias conferências, 
cursos de verão e associações internacionais surgiram em diferentes partes do 
mundo, como o Computational Neuroscience Meeting (CNS) da Organization for 
Computational Neuroscience (OCNS), a Bernstein Conference na Alemanha, o 
Computational and Systems Neuroscience (Cosyne) Meeting, entre outros. 
O termo “computacional” não se refere apenas ao uso de computadores como 
ferramentas para a construção de modelos, mas também destaca a ideia de que o 
cérebro realiza processamento de informações, ou seja, computações. Embora as 
formas como o cérebro representa e processa informações sejam diferentes dos 
computadores digitais modernos, ainda podem ser entendidas como computações no 
sentido mais amplo. 
A neurociência computacional visa compreender como o sistema nervoso 
representa e manipula informações, e como isso resulta nos diversos fenômenos e 
comportamentos que caracterizam o cérebro. Para alcançar esse objetivo, utiliza 
modelos matemáticos e computacionais de células, sinapses, circuitos e redes 
cerebrais. A integração de dados experimentais, desde o nível molecular até o 
comportamental, é fundamental para construir um arcabouço teórico coerente e 
quantitativo da estrutura e função do cérebro. 
Nesse cenário, foram estabelecidas diretrizes para incentivar a identificação 
dos processos neuropsicobiológicos normais e dos distúrbios relacionados ao Sistema 
Nervoso Central (SNC). A área de Neurociência Computacional dedicou-se a estudar 
 
33 
 
modelos realistas para simular o funcionamento do cérebro. Em 2013, o tema foi 
revigorado com o surgimento da demanda pelo projeto BRAIN Initiative, que contou 
com a participação de empresas privadas, agências governamentais, universidades, 
neurocientistas, nanocientistas e cientistas da computação. Este projeto abrange 
diversas áreas, incluindo Inteligência Artificial, Bancos de Dados, Jogos de 
Computadores, novas interfaces e sistemas inteligentes baseados na Web, Redes 
Sociais, entre outras (CONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA NA 
EDUCAÇÃO, 2015). 
Busca-se criar uma estratégia computacional para identificar indivíduos em 
risco de dislexia, analisando os resultados dos procedimentos de avaliação em 
crianças com dislexia do desenvolvimento e crianças sem dificuldades, a fim de avaliar 
a eficácia das técnicas de Inteligência Artificial na triagem de crianças com esse 
transtorno de aprendizagem. 
O cérebro desempenha um papel fundamental no sistema nervoso, uma vez 
que é responsável por processos mentais como concentração, pensamento, 
aprendizado e controle motor. Esses processos são mediados por circuitos neurais, 
conhecidos como neurônios, que são explorados pelas neurociências, especialmente 
em estudos de interfaces cérebro-computador (BCI). As BCIs permitem a 
comunicação com base na atividade cerebral, sem a necessidade de estímulos 
externos, como movimentos musculares. Esses sistemas têm grande potencial para 
auxiliar pessoas com deficiências. 
Ferramentas como o ActiCHamp, um amplificador de canais ativos usado em 
pesquisas neurofisiológicas e em BCI, e o Scratch, uma linguagem de programação 
visual projetada para iniciantes, são exemplos de recursos que facilitam a 
compreensão de conceitos matemáticos e computacionais, além de despertar o 
interesse em jovens. No entanto, o desenvolvimento de projetos com essas 
ferramentas requer uma compreensão básica de lógica de programação. 
A convergência entre Inteligência Artificial (IA) e Neurociência tem sido 
amplamente explorada e estudada ao longo das últimas décadas. Esta revisão da 
literatura visa resumir os progressos substanciais, teorias fundamentais e tendências 
emergentes que definem esse campo interdisciplinar dinâmico e promissor. Além 
 
34 
 
disso, identificamos lacunas no conhecimento atual, destacando áreas que 
necessitam de investigações futuras. 
As Redes Neurais Artificiais (RNAs) são modelos computacionais inspirados no 
funcionamento do cérebro humano. Elas consistem em unidades interconectadas, 
conhecidas como neurônios artificiais, que colaboram para processar informações e 
aprender padrões complexos a partir de dados (LECUN et al., 1998). 
Cada neurônio artificial executa operações simples, mas quando organizados 
em camadas e conectados com ponderações ajustáveis, esses sistemas são capazes 
de realizar tarefas sofisticadas, como reconhecimento de padrões, classificação de 
dados e tomada de decisões (HINTON et al., 2006). As RNAs são empregadas em 
áreas como reconhecimento de fala, visão computacional, processamento de 
linguagem natural e muitas outras aplicações de aprendizado de máquina, 
impulsionando avanços significativos em diversos domínios tecnológicos e científicos 
(MNIH et al., 2013). 
A convergência entre Inteligência Artificial (IA) e Neurociência conduz a 
avanços significativos na simulação de Redes Neurais Artificiais (RNAs), que buscam 
emular os processos cognitivos do cérebro humano. Um momento crucial foi o 
surgimento das Redes Neurais Profundas (Deep Neural Networks ou DNNs), 
inspiradas na organização hierárquica das redes neurais biológicas. LeCun, Bengio e 
Hinton (2015) destacam que "as DNNs têm se mostrado eficazes em lidar com tarefas 
complexas de aprendizado de máquina, impulsionando avanços notáveis na área de 
IA" (LECUN et al., 2015). 
Marcus (2018) defende que "a IA não é apenas uma ferramenta, mas também 
um paradigma que pode enriquecer a neurociência, fornecendo novas perspectivas e 
abordagens de pesquisa". Modelos de IA, como as Redes Neurais Artificiais (RNAs), 
têm sido utilizados para investigar o processamento de informações no cérebro, 
impulsionando estudos em áreas como a representação da informação no cortex 
cerebral. 
Adicionalmente, pesquisas como a de O'Reilly e Munakata (2000) ilustram 
como modelos computacionais baseados em IA podem ser empregados para simular 
funções cerebrais específicas, contribuindo para nossa compreensão de como o 
cérebro realiza tarefas cognitivas. Contudo, a integração entre IA e neurociência 
 
35 
 
computacional ainda demanda esforços para traduzir os achados da IA em insights 
neurobiológicos claros. 
Além disso, estudos conduzidos por Hassabis et al. (2014) investigaram a 
concepção de modelos de IA inspirados nos sistemas de memória humanos. Isso 
permite que as máquinas aprimorem suas habilidades de aprendizado e raciocínio de 
forma mais próxima ao funcionamento do cérebro humano (HASSABIS et al., 2014). 
Essa abordagem inovadora pode abrir novas fronteiras para o desenvolvimento de 
sistemas de IA mais adaptativos e resilientes. 
4 NEUROÉTICA E IMPLICAÇÕES SOCIAIS 
De acordo com Handam (2017) a Neuroética teve origem a partir dos interesses 
de pesquisa de neurocientistas, psicólogos, médicos e filósofos. Sua emergência na 
esfera pública foi marcada por eventos específicos. Em 2002, ocorreu a conferência 
"Neuroethics: mapping the field" (Neuroética: mapeando o campo) em San Francisco, 
EUA. Essa conferência foi organizada pelas Fundação Dana, Universidade da 
Califórnia e Universidade de Stanford, reunindo mais de 150 profissionais de diversas 
áreas, como bioética, psicologia, filosofia, medicina e direito. 
Durante a conferência inaugural, William Safire, presidente da Fundação Dana, 
definiu neuroética como a avaliação do que é certo ou errado, bom ou mau, no que 
diz respeito ao tratamento,aprimoramento, intrusão ou manipulação do cérebro 
humano. Esse evento marcou o início da publicação de artigos em revistas científicas 
que discutiam a importância das questões éticas relacionadas aos avanços 
tecnológicos na neurociência. 
A neuroética é um campo de estudo dedicado a explorar as implicações éticas, 
sociais e jurídicas dos avanços na neurociência. Ela se concentra nos dilemas morais 
que moldam e guiam o comportamento humano. Especificamente, a neuroética 
investiga os desafios éticos que surgem da pesquisa, dos produtos e das práticas 
especializadas em neurociência. Enquanto a bioética trata de questões mais amplas 
relacionadas ao comportamento humano no contexto das ciências da vida e da saúde, 
a neuroética concentra-se em problemas mais específicos que dizem respeito à 
 
36 
 
interação entre o cérebro e o comportamento. No entanto, é importante notar que a 
neuroética compartilha áreas de interesse comuns com a bioética. 
Dentro da neuroética, existem duas principais abordagens de pesquisa: a ética 
da neurociência e a neurociência da ética. A primeira abordagem investiga questões 
práticas, como o planejamento, a condução, a análise e a disseminação dos 
resultados da pesquisa em neurociência. Isso inclui aspectos éticos relacionados aos 
cuidados de saúde, como a interação entre profissionais de saúde, pacientes e suas 
famílias, além do uso de novas neurotecnologias. Por outro lado, a neurociência da 
ética explora questões filosóficas sobre moralidade e sua relação com o cérebro. 
Tópicos como liberdade, autocontrole, identidade pessoal e intencionalidade são 
frequentemente examinados neste campo. Essas duas tradições da neuroética estão 
interligadas e influenciam-se mutuamente, e são discutidas à luz dos avanços 
recentes no entendimento do funcionamento cerebral (HAMDAN, 2017). 
➢ Ética na Neurociências 
De acordo com Hamdan (2017), o interesse em compreender a relação entre o 
corpo e a mente, ou entre o cérebro e a mente, remonta a tempos antigos. Evidências 
arqueológicas, como crânios trepanados datados de cerca de 2.500 a.C, indicam a 
prática frequente de procedimentos neurocirúrgicos em diversas culturas, 
provavelmente para tratar distúrbios cerebrais. O Papiro Edwin Smith, datado de 1500 
a.C, é o registro mais antigo que detalha a relação entre o cérebro e a manifestação 
clínica de várias doenças neurológicas. 
No entanto, é o Juramento Hipocrático, do século V a.C, que revela a 
preocupação mais antiga com questões éticas na prática médica. O estudo da ética 
teve origem nas tradições filosóficas da Grécia Antiga, com o objetivo de sistematizar 
as "boas maneiras" da prática médica. Essas tradições buscavam estabelecer 
princípios universais para regular o comportamento humano. 
Mesmo durante o Renascimento, as concepções sobre doenças mentais 
estavam frequentemente associadas à superstição. Foi somente no Iluminismo, a 
partir do século XVIII, que o conhecimento científico sobre o cérebro começou a 
ganhar credibilidade, impulsionando o desenvolvimento de novas metodologias e 
ferramentas para investigar o sistema nervoso central. 
 
37 
 
Um dos desafios enfrentados pela Ética das Neurociências contemporâneas é 
o crescente uso de drogas psicoativas para modificar a neurofisiologia de cérebros 
que são fisiológica e funcionalmente normais. Este é um dos temas de pesquisa mais 
intrigantes na área: o uso de substâncias psicoativas para o aprimoramento 
neurocognitivo. 
Uma preocupação de destaque também está relacionada à capacidade das 
tecnologias de neuroimagem de alterar ou melhorar certos traços e estados neurais 
que são considerados socialmente relevantes. Esse foco está particularmente voltado 
para a possibilidade de modificar características comportamentais, de personalidade 
e temperamento. Essa inquietação surge como uma ramificação dos avanços 
significativos na psicofarmacologia e na pesquisa sobre estimulação cerebral. Embora 
esses avanços respondam a uma demanda legítima de tratamento para doenças 
neurológicas e transtornos mentais de forma eficaz, há a preocupação de que tais 
tecnologias possam ser utilizadas para aprimorar ou alterar aspectos funcionais de 
cérebros saudáveis (FARAH, 2011). 
De acordo com Hamdan (2017), alguns princípios foram citados: 
1º: O princípio da não-maleficência estabelece que os profissionais de saúde 
devem evitar causar danos a outras pessoas. Todos os diagnósticos e tratamentos 
devem ser realizados de maneira a não prejudicar os aspectos físicos, mentais ou 
sociais dos pacientes. No entanto, aplicar este princípio pode ser desafiador em 
diversas situações. 
2º: O princípio da beneficência estabelece que há um dever de auxiliar e 
promover o bem-estar dos outros. Todos os profissionais de saúde devem se esforçar 
para proporcionar o máximo benefício ao paciente, agindo não apenas para evitar 
danos (conforme o princípio da não-maleficência), mas também para garantir o maior 
benefício possível. Isso inclui, por exemplo, a obrigação de proteger e defender os 
direitos dos membros da família, cuidadores e pacientes com Alzheimer. 
3º: O terceiro princípio é o da autonomia. É dever dos profissionais de saúde 
respeitar a autodeterminação e o poder de decisão de uma pessoa sobre si mesma. 
Cada indivíduo deve ter o direito de tomar decisões sobre suas escolhas pessoais. 
Esse princípio está relacionado à liberdade. Por exemplo, um paciente que possui a 
 
38 
 
capacidade de tomar suas próprias decisões deve ter a liberdade de escolher se 
deseja prosseguir com determinadas modalidades de tratamento. No caso da doença 
de Alzheimer, essa capacidade é comprometida, deixando o responsável ou cuidador 
a cargo de tomar decisões em nome do paciente. 
Conflitos com o princípio da autonomia frequentemente se manifestam através 
de ações paternalistas nos serviços de saúde. Esses conflitos ocorrem quando o 
profissional de saúde nega ao paciente ou à família a liberdade de expressar seus 
próprios interesses, anseios e desejos em relação aos cuidados recebidos. Isso 
decorre da visão de que apenas o profissional de saúde sabe o que é melhor para o 
paciente e sua família, e que só ele é capaz de tomar as melhores decisões em seu 
nome. Embora o profissional de saúde possua o conhecimento necessário e esteja 
credenciado para tomar decisões sobre o diagnóstico e o tratamento do paciente, tais 
entendimentos e ações não devem ser impostos sem o consentimento do paciente ou 
de seus responsáveis. 
4º: O quarto princípio é o da justiça. Este princípio impõe o dever de garantir 
uma distribuição equitativa dos direitos e benefícios sociais. Os profissionais de saúde 
devem promover a equidade no acesso às condições de avaliação e tratamento para 
todos. 
Esses princípios são considerados deveres, prima facie, ou seja, devem ser 
atendidos, mas não são necessariamente hierarquizados. Em situações onde há 
conflitos entre eles, é necessário determinar como, quando e por que um princípio 
deve prevalecer sobre o outro. 
Outro marco significativo foi a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos da Conferência Geral da UNESCO em 2005, que estabeleceu um quadro 
ético normativo para apoiar a implementação de leis em diferentes países. No entanto, 
foi no final do século XX, com as discussões sobre as implicações sociais e éticas dos 
avanços na neurociência, que o interesse específico na neuroética cresceu 
consideravelmente. O primeiro relatório sobre as implicações éticas dos avanços da 
neurociência foi publicado em 1995 pelo International Bioethics Committee (Comitê 
Internacional de Bioética), criado pela UNESCO. 
 
 
 
39 
 
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