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Os projetos desta obra fundam-se nesta definição do mé- todo de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), elabo- rada pelo Buck Institute for Education: “um método siste- mático de ensino que envolve os alunos na aquisição de conhecimentos e de habilidades por meio de um extenso processo de investigação estruturado em torno de questões complexas e autênticas e de produtos e tarefas cuidadosa- mente planejados” (2008, p. 18). Trata-se, portanto, de uma metodologia que extrapola o ensino voltado à transmissão de conteúdos, tradicionalmen- te estabelecido nas escolas, em favor do ensino de compe- tências e habilidades mediante a resolução de problemas. Nesse formato, os estudantes têm maior autonomia e exer- cem maior protagonismo no processo de ensino-aprendi- zagem, desde as reflexões iniciais até a elaboração do pro- duto final. Cabe ressaltar que os projetos orientam também o trabalho com atitudes e valores, fundamental à educação integral dos estudantes. Para organizar cada processo de investigação, optamos pela divisão em etapas, os chamados Atos. As atividades de cada Ato foram planejadas de acordo com expectativas de aprendizagem, envolvendo discussões teóricas e atividades práticas pertinentes ao desenvolvimento do produto final. Tais tarefas são sucedidas de momentos de avaliação do que se realizou em comparação com os objetivos estipula- dos. A metodologia da Pedagogia de Projetos permite flexi- bilizar formatos das atividades e discussões: elas podem ser realizadas ora individual, ora coletivamente; exigir análise ou planejamento; envolver uma ou mais disciplinas ao mes- mo tempo; entre outras variações. Confira a seguir os componentes fundamentais à execu- ção dos projetos desta obra. A questão desafiadora e o produto final A abertura de cada projeto conta com uma questão de- safiadora, cujo propósito inicial é esclarecer o sentido e os objetivos do projeto e evidenciar sua relação com a realida- de. Assim, como recurso pedagógico, a questão desafiado- ra contribui para a motivação e o engajamento dos estudan- tes, que devem reconhecer a relevância dos assuntos e estabelecer vínculos com o projeto. Ela também serve para a mobilização de conhecimentos prévios e como sugestão de outros conteúdos com que os estudantes poderão entrar em contato ao longo do projeto. PROJETO ESPORTE: SAÚDE, CIDADANIA E CIVISMO ESPORTE E QUALIDADE DE VIDA6 Como a prática esportiva regular pode melhorar a qualidade de vida? A prática regular de atividades físicas traz benefícios à saúde física e mental, auxiliando o tratamento da depressão, do estresse e da ansiedade. Na imagem, jovens jogam vôlei de praia em Marataízes (ES), em 2016. C e s a r D in iz /P u ls a r Im a g e n s 178178 179179 Questão desafiadora do Projeto 6: Esporte e qualidade de vida. A questão desafiadora é o fio condutor do projeto, à qual o olhar dos estudantes deve ser direcionado em todas as etapas – inclusive na avaliação final. Há uma relação direta e evidente entre o problema apresentado inicialmente e o resultado a ser produzido pelos estudantes, o que contribui para uma aprendizagem significativa. A proposta de produto final é composta pelo conjunto das partes, ou seja, concatena as ideias elaboradas ao longo do processo de trabalho. Em todos os projetos, os produtos fi- nais poderão ser executados na íntegra ou adaptados para melhor condizer com cada realidade escolar e da comuni- dade. Veja o quadro a seguir. PROJETO QUESTÃO DESAFIADORA PRODUTO FINAL 1. A origem da água na região em que vivo O abastecimento de água na região em que vivo está garantido? Videodocumentário sobre a disponibilidade de água na região e com propostas para a resolução de um problema existente. 2. A música entre nós Como a música pode contribuir para que possamos expressar nossas opiniões? Festival de música na escola, com a apresentação de canções criadas pela turma acompanhada de uma pequena exposição sobre o assunto. 3. Informação e responsabilidade: nossa voz Como produzir e compartilhar informações de forma relevante e responsável? Jornal digital com seções variadas, tratando de temáticas à escolha da turma. 4. Estética e conflito: a questão identitária na escola Como os padrões estéticos são estabelecidos e de que forma isso pode interferir em nossas relações com o outro? Painel artístico na escola, que poderá funcionar como um indicativo de reflexão diário, promovendo ações constantes que gerem uma cultura de paz no ambiente educativo. 5. A mídia em função dos negócios locais Qual é a importância da comunicação em diferentes mídias para os micro e pequenos negócios do lugar em que vivo? Modelo de plano de marketing, com foco em ações de divulgação, que considere diferentes mídias e seja compatível com os micro e pequenos negócios locais. 6. Esporte e qualidade de vida Como a prática esportiva regular pode melhorar a qualidade de vida? Oficina esportiva dirigida à comunidade local. ORIENTAÇÕES GERAIS 219 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 219PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 219 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM As etapas e os subprodutos Todo projeto é composto por partes que vão se desen- volvendo e tomando forma até atingir os objetivos propostos inicialmente. Cada etapa prevê progressões no desenvolvi- mento de conhecimentos e habilidades e o levantamento de informações que contribuam para o encaminhamento de conclusões parciais – os subprodutos. Esses avanços so- mados dão origem a um todo mais complexo e relevante – o produto final. Os Atos que compõem cada projeto são organizados em três diferentes momentos: ■ A abertura promove as primeiras reflexões sobre o tema, apresenta o que será feito no Ato e indica os materiais necessários. Inclui o boxe Planejamento de trabalho, que evidencia o protagonismo dos estudantes no planejamen- to e na execução do projeto. ■ As atividades, que compõem a seção Hora de atuar, são estruturadas em torno de propostas didáticas variadas, voltadas ao desenvolvimento de diferentes conhecimentos, habilidades e atitudes. Por meio dessas atividades, o pro- duto final é criado de forma contextualizada e progressiva. ■ O último momento promove uma formalização do que foi estudado, discutido e produzido na etapa. Na finalização, um boxe evidencia tudo o que o estudante mobilizou no decorrer da etapa. São propostas uma ou mais questões de viés avaliativo, por meio das quais os estudantes po- derão verificar o andamento do projeto e rever estraté- gias de elaboração do produto final. Projeto 1: A origem da água na região em que vivo DADE ATIVI 99 Agora, você, seu grupo e o restante da turma começarão a estruturar e produzir, de forma coletiva, a segunda seção do videodocumentário, que vai tratar da relação entre o ci- clo da água e a disponibilidade desse recurso na região em que vocês vivem. Sigam as orientações. 1 Desenvolvam essa segunda seção do videodocumentário consideran- do as conclusões dos grupos formuladas ao longo desta etapa do pro- jeto. Utilizem essas conclusões para pensar sobre as especificidades da região em que vocês vivem. Vejam alguns exemplos: a) O lugar em que vocês vivem é muito seco ou nele as chuvas ocorrem com frequência? b) Nele, há alagamentos ou estiagens prolongadas? c) Vocês percebem alguma mudança em relação à ocorrência de chu- vas ao longo do tempo? d) Há grandes áreas verdes ou elas quase não existem? e) E quanto aos recursos hídricos existentes nesse local? Eles se apre- sentam em abundância ou são escassos? Anotem as respostas e providenciem as pesquisas que julgarem ne- cessárias. 2 Com base em todas as informações levantadas, elaborem o roteiro para o vídeo. Lembrem-se sempre de que, ao abordar as especificida- des da região em que vivem, relacionando-as com o que constataram ao longo da etapa, o videodocumentário se tornarámais apropriado e interessante ao público a que se destina. Por isso, durante a elabora- ção desse roteiro, filtrem as informações e conclusões que julgarem mais relevantes para serem abordadas no tempo previsto para essa seção. 3 Retomem os mapas mentais elaborados na atividade 1 desta etapa e, com base neles, confeccionem coletivamente um único mapa mental, que será apresentado nessa seção do videodocumentário. Existem sites que fornecem gratuitamente layouts predefinidos de mapas mentais. Caso seja possível, vocês podem utilizar algum deles para construir esse mapa mental coletivo. Vejam dois exemplos desses sites a seguir. Venngage, disponível em: https://pt.venngage.com/templates/mind -maps?vap=pt-mindmap. Acesso em: 2 dez. 2019. Lucidchart, disponível em: www.lucidchart.com/pages/pt/exemplos/ mapa-mental-online. Acesso em: 2 dez. 2019. 4 Criem um roteiro para apresentar esse mapa mental oralmente ao público do videodocumentário, relacionando-o às especificidades da região em que vocês vivem. Verifiquem a necessidade de providenciar outros recursos auxiliares para esta seção do videodocumentário. 5 Quando o roteiro e os recursos auxiliares estiverem prontos, façam o ensaio e providenciem a gravação. Se necessário, retomem as orien- tações sobre edição de vídeo apresentadas na primeira etapa deste projeto. 6 Como boa parte do videodocumentário já estará pronta após a conclu- são desta etapa, vocês já podem começar a pensar em uma abertura para ele. Utilizem seus conhecimentos musicais e de Arte para elabo- rar algo bem criativo. Para se inspirar, vocês podem assistir a alguns videodocumentários disponíveis em sites de vídeos na internet. 7 Na internet, vocês também podem encontrar bancos de músicas e ima- gens gratuitos, cujo conteúdo pode ser usado livremente, desde que a fonte seja citada corretamente. Esse tipo de recurso pode ajudá-los a enriquecer a edição do videodocumentário, tornando-o mais atrativo para o público que irá assisti-lo. Vejam alguns exemplos a seguir. Domínio Público, disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Aces- so em: 2 dez. 2019. Biblioteca digital desenvolvida em software livre com diversos materiais, inclusive imagens e músicas. Bensound, disponível em: www.bensound.com. Acesso em: 2 dez. 2019. Banco de músicas em inglês que permite uso livre com a devida citação do site, conforme orientações fornecidas durante o processo de download. Pixabay, disponível em: https://pixabay.com. Acesso em: 2 dez. 2019. Banco de imagens em inglês, sem restrições de uso, desde que o au- tor da imagem seja citado. 8 Comecem a pensar também em um título para esse videodocumen- tário. Considerem o seu tema central e pensem em algo bem criativo, que chame a atenção das pessoas que vão assistir a ele assim que esti- ver concluído. NESTA ETAPA DO PROJETO, você e seu grupo puderam realizar experimentos e aplicar alguns conhecimentos das áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática para verifi car a variação de temperatura e a umida- de do ar, além de analisar os fenômenos da evaporação e da precipitação, inclusive no lugar em que vocês vivem. Essas informações foram importantes para que vocês pudessem elaborar mais uma parte do videodocumentário, que exigiu também a mobilização de conhecimentos referentes a Tecnologia e Arte. Antes de continuar, avalie: 1 Você compreendeu a importância das principais etapas do ciclo da água e a relação de cada uma delas com sua rotina cotidiana? Justifi que. 2 Você desempenhou com êxito sua função no grupo ao longo das atividades desta etapa? 3 Buscou novos conhecimentos na área da Tecnologia, além das indicações feitas ao longo desta etapa? Comente. Habilidades EM13LGG104 EM13LGG701 EM13LGG703 m h a tz a p a /S h u tt e rs to ck 4040 4141 Atividade de formalização de etapa. Boxe de formalização de etapa. Essa organização considera a importância pedagógica de introduzir os assuntos aos estudantes, envolvê-los na construção das próprias aprendizagens e promover avalia- ções sobre o processo educativo. Os subprodutos, como resultados parciais de cada Ato, possibilitam aos estudantes enxergar resultados concretos de seu trabalho antes de fi- nalizado o projeto. Ao retomá-los entre uma etapa e outra para complementá-los ou reelaborá-los, criam-se continui- dades e reforça-se a percepção da importância do processo na execução de um projeto. A conclusão e apresentação para a comunidade A nova proposta para o Ensino Médio aponta para uma cultura escolar de construção coletiva do conhecimento e de compartilhamento com a comunidade do que se aprende e se produz nas escolas. Defende-se que esses espaços se tornem significativos para o meio em que estão inseridos, atuando a serviço da integração e do desenvolvimento so- ciais: segundo as DCNs, espera-se que as escolas e os sis- temas de ensino articulem-se “com as famílias e a comuni- dade, criando processos de integração da sociedade com a escola” (p. 21). À parte essa diretriz, vale considerar também que a divulgação de resultados figura como etapa conclusi- va do próprio processo científico, que inclui a socialização para o debate. Nesse sentido, as seções Protagonismo em cena e No- vas plateias foram elaboradas com o intuito de orientar os estudantes à divulgação dos resultados obtidos ao longo do processo de trabalho. Na primeira, o público-alvo será a co- munidade local, com a qual a interlocução se baseia na pro- ximidade. Já na segunda, a ideia é dar continuidade ao pro- jeto e expandir e potencializar a ação social dos estudantes para espaços além do ambiente escolar, garantindo maior disseminação na sociedade. Observe o perfil dessas seções no Projeto 6: Esporte e qualidade de vida, por exemplo. O produto final, a criação de uma oficina esportiva, ganha aplicação prática no con- texto escolar por meio da seção Protagonismo em cena. A organização dos espaços, a garantia da estrutura e o rotei- ro de atividades são algumas das orientações fornecidas aos estudantes para que tudo ocorra como esperado. Em Novas Plateias, o produto final ganha proporções maiores: suge- re-se a criação de um projeto social fixo na escola. A autonomia dos estudantes e o papel do professor Os projetos desta obra foram pensados e estruturados de modo que se confira aos estudantes o papel de protago- nistas plenos no processo de ensino-aprendizagem. O pró- prio método de Aprendizagem Baseada em Projetos favore- ce isso, mas também há outros fatores, tais como a valorização dos conhecimentos e das experiências prévias, o papel primordial dos debates na construção coletiva e a responsabilidade dos jovens pelo planejamento, execução e finalização de cada projeto. Considere elementos da estrutura dos projetos tais como a seção Analisando o roteiro e os boxes Planejamento de trabalho, Materiais e métodos desta etapa e Onde esta- mos?. Ao fornecer informações completas sobre os objeti- vos, materiais e procedimentos e a justificativa de cada pro- jeto/tema integrador, buscamos propiciar ao estudante o arcabouço necessário para que possa envolver-se e parti- cipar ativamente da condução dos projetos. Esses recursos servem como guias para que eles desenvolvam seus traba- lhos de forma autônoma e organizada. Não há, nesta obra, orientações exclusivas ao professor. Entende-se aqui que cabe ao professor ser não o detentor 220 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 220PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 220 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM dos conhecimentos e o condutor do processo pedagógico, e sim aquele que ajuda no processo, promove a parceria, acompanha a cooperação e oferece seus conhecimentos de forma integradora. Em outras palavras, o professor deve ser o mediador de todo o processo educativo. Diagnósticos e avaliações A avaliação é o instrumento que indica se os objetivos inicialmente propostos estão sendo atingidos, tanto ao lon- godo processo de aprendizagem quanto na conclusão dele. As avaliações são entendidas aqui como instrumentos for- mativos e somativos. Por meio de formas avaliativas diver- sas, é possível contribuir para o desenvolvimento integral dos estudantes. O foco deixa de ser a aquisição de conteú- dos e passa a abranger a incorporação de valores, a demons- tração de atitudes e outros elementos fundamentais à for- mação do indivíduo, do cidadão e do trabalhador. Após a seção Hora de Atuar, os boxes de finalização apon- tam questões para verificar o que foi feito e aprendido. Tra- ta-se de uma proposta de avaliação formativa. Segundo Per- renoud (1999), “na avaliação formativa colhe-se a evidência visando à regulação das aprendizagens com o intuito de aju- dar os alunos a aproximarem-se dos objetivos da aprendi- zagem”, podendo tomar decisões em prol da aprendizagem, no curto prazo, e a aquisição de habilidades e conhecimen- tos, no longo prazo. Caso se constate que os resultados par- ciais não foram satisfatórios, cabe a todos os participantes rever a rota e propor estratégias para a plena execução do projeto. Na avaliação somativa, segundo Perrenoud, “a evidência recolhida é usada para registrar ou descrever o que foi apren- dido no passado; constituindo-se desta forma um julgamen- to realizado a posteriori” (1999). Esse viés é contemplado nas seções Minha performance e Nossa performance. Na pri- meira, o estudante é convidado a preencher uma ficha de autoavaliação que contempla dimensões variadas de sua atuação no projeto, das aprendizagens e da pertinência da experiência educativa. Na segunda, a ficha de avaliação cen- tra-se no acompanhamento coletivo, chamando a atenção dos estudantes ao desempenho e às dificuldades na atua- ção em grupo. O trabalho em grupo e suas estratégias O trabalho em grupo é uma importante ferramenta de aprendizado. Por meio dele, os estudantes trocam conheci- mentos e colocam em prática as competências desenvolvi- das nas aulas de maneira ativa. Cada projeto desta obra apresenta atividades a ser rea- lizadas individualmente, em grupos pequenos e em grupos maiores. Por meio delas, os estudantes podem desenvolver habilidades socioemocionais que dizem respeito à condição deles como indivíduos e como membros de um todo. Nesse processo são criados vínculos entre os estudantes, median- te o reconhecimento mútuo das capacidades e dos conhe- cimentos. Esforços para conciliar interesses e mediar opi- niões, bem como estabelecer relações pautadas na solidariedade, no respeito ao próximo e em formas de comunicação claras e precisas, também são necessários ao trabalho em grupos. Como aponta Maria Luiza Ramos Riess em sua pesquisa Trabalho em grupo: instrumento mediador de socialização da aprendizagem: Criar conhecimento em grupo é uma tarefa difícil. Por isso, cada vez mais é importante que se construa, no trabalho em grupo, a ideia de que a eficácia não é resultado de único esforço individual, mas sim resul- tado de ações sinérgicas, com um forte sentido de cooperação. O trabalho em grupo proporciona uma interação entre as pessoas a partir da qual elas tanto aprendem como são sujeitos do saber, mesmo que seja apenas pelo fato da sua experiência de vida; des- sa forma, ao mesmo tempo em que aprendem, ensi- nam (RIESS, 2010, p. 14). Cabe ao professor facilitar e orientar as etapas que en- volvem o trabalho em grupo, auxiliando os estudantes a com- partilhar conhecimentos e experiências pertinentes ao aprendizado coletivo e a produzir saberes baseados na in- teração com seus pares. A divisão de tarefas é incentivada nos projetos conside- rando aspectos práticos como a longa duração e as dificul- dades de elaboração dos produtos finais. Ao compartimen- tarem as atividades a serem realizadas, os estudantes são preparados para atuar em modelos organizacionais próprios não só do mundo do trabalho, como de outros tipos de ins- tituições sociais em que a colaboração é fundamental para a resolução de problemas. Em alguns casos, o grupo de tra- balho será definido no início de cada projeto, com o intuito de promover o entrosamento, a troca de ideias e a argumen- tação. Em outros, os grupos vão variar ao longo das etapas, o que confere maior flexibilidade e dinamismo aos processos de trabalho conjunto. Incentivar a diversidade de perfis em cada grupo favore- ce que diferentes competências sejam exercitadas e diver- sas perspectivas informem o trabalho. Ter como rotina, no papel de mediador, a sondagem dos estudantes ao longo do semestre possibilita avaliar a adequação dos caminhos es- colhidos não só para o desenvolvimento da atividade, mas também para a integração dos estudantes em cada grupo. No trabalho em grupo, há ainda a valorização das capa- cidades individuais dos estudantes, uma vez que eles assu- mem responsabilidades de acordo com o que têm mais in- teresse e facilidade e veem a importância de suas contribuições para o progresso coletivo e no resultado final. Tomar para si responsabilidades perante um grupo também permite o desenvolvimento da resiliência, da responsabili- dade e da determinação. A organização de reuniões e atividades práticas, bem co- mo a criação de regras e procedimentos pertinentes ao pro- cesso de trabalho, também são necessárias ao cotidiano de trabalho dos grupos. Essas premissas são expressas na orientação das diversas atividades de cada projeto desta obra. ORIENTAÇÕES GERAIS 221 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 221PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 221 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM As contribuições de cada estudante: singularidades e pluralidades O trabalho em sala de aula é sempre desafiador por en- volver estudantes com diferentes perfis e trajetórias. Por mais que algumas escolas apresentem um corpo discente com maior homogeneidade socioeconômica ou de forma- ção, sempre haverá diferenças entre os jovens. Essa varie- dade enriquece o processo coletivo de ensino-aprendiza- gem, embora se apresente como um desafio para a condução dele. Segundo as orientações dos documentos oficiais da Edu- cação Básica brasileira, o respeito às singularidades é um valor fundamental do ensino. A seguir, apresentamos pos- sibilidades de procedimentos com itens básicos de inter- pretação e produção de textos que considerem as posturas necessárias para lidar com essa diversidade. Leitura inferencial A leitura é uma competência essencial na formação do estudante. No entanto, ela vai além do texto propriamente dito. Existem informações explícitas e implícitas em qual- quer texto. As primeiras, mais evidentes, dizem respeito à organização estrutural do conteúdo; já as segundas são acessadas por meio da inferência, a habilidade de deduzir a partir de fatos e informações que estão além do texto em si, incluindo conhecimentos, ideias, experiências e outros re- gistros que o leitor já possui e novas pistas. O resultado do processo de inferência é o sentido. Ou seja, o leitor proces- sa as informações implícitas e explícitas para situar a leitu- ra em um contexto. Nem sempre a inferência sozinha produz a compreensão adequada do texto. Por isso, é importante que o professor esteja atento para mediar e auxiliar os estudantes na leitura, auxiliando com as pistas a ser seguidas a partir do texto e avaliando o progresso do desempenho deles. Produção de análises críticas, criativas e propositivas A análise crítica é um importante procedimento para a construção do conhecimento, pois se baseia no afastamen- to das opiniões e prejulgamentos a fim de identificar os mé- ritos e deméritos de um texto. Em primeiro lugar, é neces- sário fazer uma leitura atenta do texto ou material analisado, para que se possa identificar o propósito geral do autor e seus argumentos. De maneira geral, há uma tese sendo apoiada ou contrariada e é possível identificá-la com uma leitura apurada do material trabalhado. Em seguida,é pre- ciso identificar as passagens mais importantes do material, aquelas que ilustram os argumentos e formam a espinha dorsal da tese do autor. Aqui será possível encontrar as con- tradições e os trechos menos coerentes ou precisos na ar- gumentação do autor. Para que a análise crítica seja possível, o professor deve encorajar os estudantes a adotar uma postura de distancia- mento, tentando entender o que está sendo proposto antes de fazer julgamentos e avaliações. Uma ferramenta útil que pode ser proposta é listar perguntas para melhor entender do que trata o texto analisado e a que dúvidas ele responde (e a quais deixa de responder). Um roteiro de leitura permite orientar o olhar do estudante de modo que ele possa vislum- brar os temas que serão abordados na análise. Roteiro mínimo de leitura • De que trata o texto? • O que ele se propõe a fazer? • Ele tem sucesso nisso? • O que o texto deixou de dizer, embora fosse importan- te para seu propósito? • De que outra maneira o argumento poderia ter sido apresentado? • Que outros elementos poderiam ter sido citados para reforçar ou rebater o argumento do autor? Argumentação oral e escrita A argumentação é uma importante competência geral do ensino e é a base de diversas outras competências neces- sárias a uma boa formação dos estudantes. Para desenvol- ver essa competência, o estudante precisa, em primeiro lu- gar, se basear em informações e dados fidedignos, e ter a capacidade de defender pontos de vista de maneira qualifi- cada. Isso significa, entre outras coisas, realizar uma apre- sentação clara e um encadeamento coerente dos argumen- tos. É particularmente útil aqui a capacidade de fazer inferências, ou seja, de criar novas relações entre informa- ções e colocá-las em perspectiva. O processo argumentativo permite chegar a conclusões, preencher lacunas e identificar os limites tanto dos próprios argumentos quanto de outros. Os estudantes devem ser ca- pazes de defender, de maneira respeitosa, as próprias ideias e debater com outras pessoas. Além disso, argumentar não é apenas apresentar motivos e opiniões, mas também arti- culá-los para que sejam compreendidos como um todo, o que pode requerer, na forma escrita, estruturas diferentes das da forma oral. Avaliar esses aspectos formais da argu- mentação dos estudantes e orientá-los em seu aperfeiçoa- mento é um importante desafio para o professor. As competências e habilidades relacionadas ao desen- volvimento da argumentação não se limitam à área de Lin- guagens e suas Tecnologias, embora esta seja essencial em sua formulação. As Ciências da Natureza e também as Ciên- cias Sociais oferecem a perspectiva da pesquisa científica e seus procedimentos práticos, que põem em questão tudo o que não puder ser demonstrado com dados e evidências; já a Matemática auxilia na interpretação e análise de dados, fundamental para o uso da informação que constituirá a ar- gumentação. A habilidade argumentativa exige dos estudantes que es- tejam a par dos acontecimentos nacionais e mundiais e das temáticas mais desafiadores para a sociedade contempo- rânea. O professor deve orientar os estudantes a obter in- formações de qualidade e identificar fontes com credibili- dade, além de discutir os parâmetros mínimos esperados de um debate em um contexto democrático. 222 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 222PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 222 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM Pensamento computacional Embora a palavra “computador” nos remeta hoje a máqui- nas, códigos e tecnologias complexas, ela não diz respeito apenas a esses elementos. O pensamento computacional é um processo no qual um problema e sua solução são formu- lados de maneira que tanto máquinas quanto humanos pos- sam resolver o problema a partir de uma estrutura comum. É importante conhecê-lo porque estamos cercados por tec- nologias baseadas nele. O pensamento computacional é composto por quatro es- tágios: (1) decomposição, ou a quebra do problema em par- tes menores e, portanto, mais fáceis de resolver; (2) padro- nização — encontrar nesse problema um ou mais padrões que levem à sua resolução; (3) abstração — procurar os ele- mentos que permitam a resolução não apenas daquele pro- blema específico, mas também de outros da mesma classe; (4) algoritmo, — definir uma sequência de passos para resol- ver o problema que funcionará em todos os casos semelhan- tes. Nessa abordagem, a estratégia é encontrar soluções que possam ser aplicadas não apenas a um problema, mas a diversos problemas similares ao que se está analisando. A abordagem do pensamento computacional não é ex- clusiva das máquinas. Podemos recorrer a ela por conta pró- pria quando estamos lidando com problemas complexos e que necessitam de soluções que não apenas funcionem em casos individuais, mas também possam ser aplicadas de maneira mais ampla. Um algoritmo, para usar um exemplo tornado conhecido pelo mundo digital, é justamente uma estrutura por meio da qual se pode analisar certos dados, encontrar padrões e gerar soluções ou respostas. Assim como é importante desenvolver possibilidades a partir do pensamento computacional, também é fundamen- tal estar atento a possíveis problemas decorrentes de sua má aplicação. O fato de ser uma estrutura padronizada pode levar uma solução baseada nesse tipo de pensamento a ig- norar especificidades. Trata-se, portanto, de uma ferramen- ta a ser conjugada com a análise crítica. Referências bibliográficas comentadas para pesquisa ou consulta BEVORT, Evelyne; BELLONI, Maria Luiza. Mídia-educação: conceitos, história e perspectivas. Educação e Sociedade. 2009, v. 30, n. 109, p. 1 081-1 102. Esse artigo apresenta um histórico, as bases conceituais e as tendências atuais da midiaeducação no mundo, pro- pondo possíveis aplicações ao contexto brasileiro. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec. gov.br. Acesso em: 2 fev. 2020. Documento oficial homologado que define o conjunto de aprendizagens essenciais que os estudantes preci- sam desenvolver ao longo da Educação Básica. BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem Baseada em Projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. A publicação apresenta os pontos que caracterizam a ABP, marcando sua distinção em relação a outras me- todologias e traçando sua origem e suas aplicações. DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, 1996. Esse documento produzido para a agência da Organiza- ção das Nações Unidas apresenta perspectivas sobre a educação que pautaram o debate nos últimos vinte anos, tratando de modos de aprender, da necessidade de enfrentar desigualdades e de implementar uma edu- cação democrática. PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999. Esse volume destrincha as possibilidades e os impasses da avaliação escolar, tratando de diferentes propostas e tipologias e discutindo a necessidade de avaliar sem recair em práticas opressoras. PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. Nesse volume, o sociólogo e pedagogo suíço criador dos conceitos de competências e habilidades apresenta competências a serem desenvolvidas pelo próprio do- cente em sua atividade profissional. REPRESENTAÇÃO DA UNESCO NO BRASIL. Alfabetização midiática e informacional (AMI): Currículo para a formação de professores. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ ark:/48223/pf0000220418. Acesso em: 2 fev. 2020. A publicação faz parte de um conjunto de iniciativas de promoção da Alfabetização Midiática e Informacional (AMI), apresentando noções, elementos e resultados dessa prática pedagógica que são pertinentes ao tra- balho como tema integrador midiaeducação. RIESS, Maria Luiza Ramos. Trabalho em grupo: instrumento mediador de socialização e aprendizagem. São Leopoldo: Universidade do Rio Grande do Sul, 2010. Nesse trabalho de conclusão de curso, a autora apre- senta sua pesquisa que enfatiza a importância de de- senvolver trabalhos em grupos em sala de aula, favore- cendo a interação social entre os estudantes e a construção de aprendizagens significativas com práti- cas pedagógicas diversificadas. SANTOS, Dilce M.; LEAL, Nadja M. A Pedagogia de Projetos e sua relevância como práxis pedagógica e instrumento de avaliação inovadora no processo de ensino-aprendizagem. Revista Científica da Fasete, 2018. Disponível em: www.unirios. edu.br/revistarios/media/revistas/2018/19/a_pedagogia_de_ projetos_e_sua_relevancia_como_praxis_pedagogica_e_ instrumento_de_avaliacao_inovadora.pdf. Acesso em: 2 fev. 2020. A partir de uma análise bibliográfica, as autoras defendem a Pedagogia de Projetos como metodologia de ensino- -aprendizagem e instrumento de avaliação que garante uma práxis pedagógica proveitosa. O texto traz também subsídios para a abordagem no contexto escolar. ORIENTAÇÕES GERAIS 223 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 223PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 223 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000220418 https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2018/19/a_pedagogia_de_projetos_e_sua_relevancia_como_praxis_pedagogica_e_instrumento_de_avaliacao_inovadora.pdf SENA, Marina Tizzot Borges da Cruz; FINATTI, Jussara Riva. O processo de ensino-aprendizagem a partir de projetos de trabalho em uma abordagem crítica. Anais do X Congresso Nacional de Educação. Curitiba, 2011. Disponível em: https:// educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/4692_2652.pdf. Acesso em: 2 fev. 2020. No artigo, as autoras apresentam um panorama das teo- rias pedagógicas do século XX no Brasil. Entre elas, a Pedagogia de Projetos é detalhada e analisada em sua real relevância na aprendizagem do estudante. A estrutura desta obra Esta obra é direcionada ao Ensino Médio e reúne seis pro- postas de temas integradores. Os projetos podem ser utili- zados em qualquer série desta etapa do ensino, na ordem de escolha dos professores e da coordenação pedagógica. Em cada projeto, a abertura e as seções Analisando o rotei- ro e Contextualizando introduzem as etapas de execução do projeto em si. Abertura O trabalho com o projeto se inicia com uma breve sonda- gem dos conhecimentos prévios do estudante, por meio de uma pergunta desafiadora que favorece caminhos de dis- cussão que auxiliarão no trajeto até o produto final. A aber- tura também apresenta uma imagem relacionada ao tema do projeto e à questão, proporcionando, assim, um convite à investigação proposta. Analisando o roteiro Um texto introdutório instiga reflexões do estudante so- bre a pergunta desafiadora e os temas tratados, além de re- latar o que de mais importante será vivenciado ao longo das etapas de trabalho. A seção também apresenta ao estudan- te, em detalhes, os objetivos, a justificativa e o produto final do projeto, além das principais competências que serão ex- ploradas no decorrer das etapas. A partir desta seção, o estudante poderá acompanhar as etapas que faltam para concluir o produto final, por meio do organizador visual Onde estamos?. Contextualizando Esta seção introduz a temática do projeto e a apresenta sob os ângulos de diferentes áreas do conhecimento. Além de permitir aos estudantes vislumbrar os distintos elemen- tos que podem ser abordados no projeto, isso favorece a mobilização de conhecimentos prévios e instrumentos que os estimulem à construção das etapas seguintes de traba- lho. Ao fim da seção, encontra-se o Para começar, que apre- senta uma ou mais atividades cuja proposta é fortalecer a compreensão dos principais elementos trabalhados. Atos Cada projeto é dividido em Atos, nos quais são construí- dos os subprodutos a serem apresentados ao público na conclusão do trabalho com o projeto. Cada subproduto é re- sultado gradual de levantamentos, leituras, interpretações, debates, relatórios, entrevistas, entre outras estratégias de aprendizagem, a serem conduzidas individual ou coletiva- mente na seção Hora de atuar. Ao fim, o subproduto será apresentado à comunidade, contribuindo para a difusão do conhecimento produzido pela turma. No início de cada Ato, estão presentes os boxes Materiais e métodos desta etapa, com os materiais necessários para a realização das atividades propostas, e Planejamento de trabalho, com dicas e orientações para o estudante sobre como planejar e organizar sua rotina de trabalho. As habili- dades trabalhadas estão indicadas pontualmente, em cada atividade do projeto. Ao longo dos projetos, são apresentados, ainda, alguns recursos complementares: o boxe de glossário fornece o significado de alguns termos utilizados; o boxe Amplie seus conhecimentos traz textos de aprofundamento sobre o as- sunto em estudo; e o boxe Indicamos fornece indicações de vídeos, filmes, livros e sites. Protagonismo em cena Momento fundamental do processo de ensino-aprendi- zagem, em que as competências e os conhecimentos de- senvolvidos até o momento pelos estudantes são expressos em produções e materiais relevantes à comunidade local. Nesta etapa, a questão desafiadora, revelada no início dos trabalhos, será explorada pela turma em meio à comunida- de escolar e na presença de diversos convidados externos. O protagonista é o próprio estudante, na posição daquele que detém os conhecimentos e domina as informações so- bre aquilo que produziu. Novas plateias Após a apresentação do projeto para a comunidade, é hora de desenvolver ações que garantam maior dissemina- ção do produto na sociedade. Esta seção possibilita ampli- ficar a voz dos estudantes e potencializar sua ação social, estendendo o debate e as propostas de solução para espa- ços além do ambiente escolar. Minha performance e nossa performance Ao fim de cada projeto, a autoavaliação é desenvolvida em duas etapas. Em um primeiro momento, individual, o es- tudante busca uma ampla conscientização de suas ações e a participação dele em cada etapa de trabalho. No segundo estágio, reflete sobre sua atuação coletiva no projeto. Referências bibliográficas comentadas Ao final do Livro do Estudante, são apresentadas refe- rências bibliográficas comentadas e complementares para pesquisa ou consulta. Elas estão organizadas de acordo com o tema de cada projeto. No item Orientações específicas deste Manual, há infor- mações detalhadas e sugestões de encaminhados diversos para cada projeto. Outro suporte disponível para a atividade docente são os videotutoriais, que apresentam as caracte- rísticas de cada projeto e o que deve ser feito em cada eta- pa, assim como as competências trabalhadas. 224 PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 224PI_CH_Tercio_g21Sc_209a224_MPGER.indd 224 2/26/20 4:44 PM2/26/20 4:44 PM ORIENTAÇÕES GERAISORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS PROJETO 1 STEAM A origem da água na região em que vivo Tema integrador O tema integrador a ser desenvolvido neste projeto é o que se denomina por meio do acrônimo STEAM. Em inglês, STEAM corresponde a Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Ma- temática). Refere-se a uma estratégia de ensino e aprendi- zagem que promove a integração entre os conhecimentos dessas diferentes áreas por meio de um projeto prático. Questão desafiadora O abastecimento de água na região em que vivo está ga- rantido? Abordagem teórico-metodológica Com o emprego articulado de conhecimentos das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática, jun- tamente com os conhecimentos já adquiridos pelos estu- dantes dentro e fora da escola ao longo de suas trajetórias,esta proposta de STEAM prevê a elaboração de um trabalho relevante para a comunidade do entorno. O desenvolvimen- to de cada etapa neste projeto contribui para uma reflexão sobre a questão desafiadora e para a elaboração do produ- to final, direcionando o estudante a possíveis alternativas de intervenção, de modo a construir um conhecimento con- sistente e aplicável a situações cotidianas. Além disso, o uso das tecnologias disponíveis e a interação dos estudantes entre si e com o professor serão ferramentas indispensáveis na construção dos saberes. Ao abordar a questão referente ao abastecimento de água no local de residência dos estudantes, o projeto possibilita a vivência de experiências pedagógicas multiplicadoras, co- mo a de lidar de forma prática com um desafio real cada vez mais presente nas áreas urbanas brasileiras, onde o acesso à água tratada é desigual. O Sistema Nacional de Informa- ções sobre Saneamento (SNIS) apontou que, em 2017, cerca de 17% dos brasileiros não tiveram acesso à água tratada (GOUSSINSKY, E. Quase 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada. JR 24 Horas, 24 set. 2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/brasil/quase-35-milhoes-de -brasileiros-nao-tem-acesso-a-agua-tratada-24092019. Acesso em: 7 jan. 2020). A percepção dessa situação social por parte dos estudantes reduz a distância a ser percorrida entre as teorias estudadas nas salas de aula e a realidade prática e possibilita a intervenção no lugar em que vivem, propondo mudanças coletivas positivas, o que fortalece o processo da conquista da plena cidadania e desenvolve uma maior conscientização sobre o uso da água. As áreas de Ciências da Natureza e de Matemática, além das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, serão essenciais na compreensão das experiências propostas, as quais vão abordar as relações entre fenômenos físicos ou naturais com o meio ambiente e a sociedade. Aproximar fenômenos físi- cos e sociais, teorias e práticas, assim como diferentes sa- beres analisados sob múltiplos olhares, proporciona um co- nhecimento universal, humano e facilitador de novas buscas. O trecho do artigo publicado por Eduardo da Silva Machado e Gildo Girotto Júnior, professores da Unicamp, esclarece a relevância da proposta de ensino STEAM e sua associação com a interdisciplinaridade: [...] as discussões acerca da proposta de ensino STEAM têm crescido ao redor do mundo. Tem sido tratado como questão de urgência o desenvolvimen- to, ao longo da formação básica, de habilidades STEAM, por educadores, políticos e pelo mercado de trabalho [...], tratamento esse que tem movido o de- senvolvimento de pesquisas voltadas para a com- preensão e elaboração de propostas. [...] é evidente que não se pensa em STEAM Edu� cation desconsiderando o contexto das atividades prá- ticas interdisciplinares. Pelo contrário, as duas pro- postas se complementam na construção de sequências de ensino interdisciplinar focado em cin- co grandes áreas do conhecimento, promovendo o desenvolvimento teórico e prático do aluno. [...] [...] a aprendizagem promovida pelo ensino inter- disciplinar tem mostrado reflexos significativamen- te positivos em relação aos métodos disciplinares, além de promover no aluno uma visão mais ampla acerca de questões cotidianas. O ensino pensado atra- vés de propostas STEAM se mostra como uma me- todologia interdisciplinar, já que desenvolve o conhe- cimento a partir da integração entre áreas do conhecimento, de forma a contemplar o desenvolvi- mento de habilidades práticas, com a engenharia e a tecnologia, em aplicação dos conhecimentos teóricos, também abordados, das ciências e matemática. [...] MACHADO, Eduardo da Silva; GIROTTO JÚNIOR, Gildo. Interdisciplinaridade na investigação dos princípios do STEM/STEAM education: definições, perspectivas, possibilidades e contribuições para o ensino de Química. Scientia Naturalis, Rio Branco, v. 1, n. 2, p. 51-52, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufac.br/index.php/SciNat/ article/view/2492/1422. Acesso em: 2 fev. 2020. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS – PROJETO 1 225 PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 225PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 225 2/26/20 4:45 PM2/26/20 4:45 PM https://periodicos.ufac.br/index.php/SciNat/article/view/2492/1422 https://noticias.r7.com/brasil/quase-35-milhoes-de-brasileiros-nao-tem-acesso-a-agua-tratada-24092019 Por fim, este projeto trabalha também habilidades refe- rentes ao pensamento computacional, que diz respeito à capacidade de construção de sistemas e soluções de pro- blemas com base em ciência da computação. Entre as eta- pas desse pensamento trabalhadas aqui estão a decompo- sição, ou seja, a capacidade de dividir um problema complexo em partes menores, de modo que seja mais sim- ples abordá-lo, o que também ajuda a diminuir a ansiedade dos estudantes; a abstração, ajudando-os a analisar a ideia central a ser alcançada; o pensamento algorítmico, para que criem um passo a passo para o alcance de metas; e o reconhecimento de padrões, sendo possível que analisem diferentes contextos e sejam capazes de propor soluções inovadoras para problemas globais. Objetivos Promover, por meio do tema integrador STEAM, o uso da criatividade e dos saberes nas diferentes áreas relaciona- das, de forma que os estudantes encontrem uma ou mais resoluções para um problema real existente no local em que residem, relacionando-o à questão desafiadora proposta na abertura deste projeto. Justificativa Ao propor uma solução para um problema real existente no local em que residem, com base em diferentes tipos de conhecimento, os estudantes terão a oportunidade de in- vestigar aspectos que compõem a sua realidade e elaborar propostas de intervenção, participando da elaboração de melhorias para a sua vida, de sua família e de sua comuni- dade. Esse trabalho também permitirá aos estudantes re- fletir sobre a importância de conhecimentos diversos para resolver questões práticas da vida cotidiana e aplicá-los de forma orientada a resultados. Produto final Um videodocumentário com duração de 15 minutos sobre a disponibilidade de água na região e com propostas para a resolução de um problema. Com as etapas desenvolvidas ao longo deste projeto, os estudantes terão oportunidade de analisar a problemática sob diferentes perspectivas, propon- do algumas soluções criativas e efetivas. O produto final de- verá ser apresentado para a comunidade local, não apenas como proposta de solução de um problema real, mas também para demonstrar o protagonismo e a capacidade de inter- venção dos estudantes na melhoria de sua comunidade. Sugestões de cronogramas A montagem de um cronograma é sempre passível de adaptações, dependendo da realidade escolar de cada insti- tuição. Como primeiro passo, sugerimos que haja uma reunião entre a equipe gestora, a coordenação e o corpo docente das áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Matemática, Ciências da Natureza e Linguagens para a elaboração coleti- va de uma proposta de cronograma que promova a participa- ção dos diversos professores em suas respectivas aulas. A proposta estruturada no quadro a seguir corresponde a uma entre inúmeras possibilidades. Ela compreende apro- ximadamente 25 aulas, considerando-se duas aulas sema- nais destinadas ao desenvolvimento do projeto. Sua duração, portanto, seria de um trimestre. Caso seja destinada uma aula semanal para o desenvolvimento do projeto, sua dura- ção se estenderá a um semestre. O cronograma de aulas planejadas para a execução dessa proposta pode variar, ain- da, de acordo com o tempo de exposição do pluviômetro. O desenvolvimento proposto para as etapas, a divisão de aulas por etapa, os materiais e os métodos apresentados ao longo deste projeto são sugestões de abordagem à questão desafiadora e podem ser adaptados de acordo com os re- cursos disponíveis aos estudantes, o conhecimento prévioque trazem à sala de aula e sua experiência docente. ETAPA DO PROJETO TEMPO ESTIMADO OPÇÕES DE TRABALHO Abertura e Analisando o roteiro 1 aula Sugerimos o desenvolvimento de ações integradas de trabalho utilizando os elementos da abertura do projeto e da seção Analisando o roteiro. A associação da proposta de trabalho com a realidade vivenciada pelos estudantes é fundamental para que o projeto faça sentido a eles. Isso estimulará o engajamento da turma. A questão desafiadora proposta na abertura contribui para isso. A leitura coletiva das páginas iniciais do projeto pode ser feita individual ou coletivamente, de acordo com os objetivos planejados. Contextualizando 1 aula É importante estimular a conversa sobre a disponibilidade hídrica na região em que os estudantes vivem, dando continuidade à proposta iniciada na abertura e na seção Analisando o roteiro. Essa conversa poderá fornecer elementos que fundamentem o debate sugerido na atividade 2, contribuindo com o desenvolvimento da argumentação entre a turma. Ato 1 Abertura e atividade 1: 1 aula Atividades 2 e 3: 1 aula Atividade 4: 1 aula Atividade 5: 1 aula Atividade 6: 3 aulas Atividade 6: o cronograma de atividades nesta etapa de trabalho pode ser adaptado de acordo com as necessidades e especificidades do grupo de estudantes. Se for necessário e acordado coletivamente, esta etapa de construção do videodocumentário pode ser expandida e trabalhada no período além do tempo de aula convencional, sendo desenvolvida em paralelo com o Ato 2. Sugerimos o trabalho com as questões autoavaliativas propostas ao final desta etapa, com tempo médio de 20 a 30 minutos, a depender da quantidade de estudantes e do envolvimento deles. 226 PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 226PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 226 2/26/20 4:45 PM2/26/20 4:45 PM ETAPA DO PROJETO TEMPO ESTIMADO OPÇÕES DE TRABALHO Ato 2 Abertura e atividade 1: 1 aula Atividade 2: 1 aula Atividade 3: 1 aula Atividades 4 e 5: 1 aula Atividade 6: 1 aula Atividades 7 e 8: 1 semana a 1 mês Atividade 9: 2 aulas Atividade 1: sugerimos que a construção dos mapas mentais seja realizada em casa, com apresentação em sala na aula seguinte. Atividade 7: o tempo de realização desta atividade pode ser adaptado conforme as características pluviométricas da região, podendo variar de 1 semana a 1 mês. Durante o período de exposição do pluviômetro, sugerimos que alguns itens da atividade 9 e o Ato 3 sejam iniciados e trabalhados em paralelo com o registro de chuvas na planilha indicada nesta atividade. Ao término dela, deve-se seguir normalmente o Ato 3. Atividade 8: dependendo do nível de conhecimento dos estudantes sobre o uso de editor de planilhas digitais, esta atividade pode durar até duas aulas. Na primeira aula, sugerimos trabalhar os conceitos necessários para a construção de planilhas. A segunda aula deve ser utilizada para a inserção das informações e o compartilhamento delas com a turma. Atividade 9: o cronograma de produção desta atividade é adaptável. É possível considerar diversos aspectos para definir, coletivamente, o tempo de entrega do produto solicitado. O nível de comprometimento dos estudantes é fundamental na definição desse tempo. Se a escola disponibilizar oportunidades de encontros além dos já programados, o planejamento também poderá ser adaptado. É possível, por exemplo, desenvolver as atividades propostas ao longo de duas aulas; nesse caso, as questões avaliativas podem ser feitas extraclasse, com alguns minutos reservados para uma conversa em sala de aula. Outra possibilidade é realizar os dois primeiros itens desta atividade em sala, durante o tempo de uma aula, e os demais itens ao longo de duas semanas, em paralelo às duas primeiras atividades do Ato 3, porém extraclasse. Ato 3 Abertura e atividade 1: 2 aulas Atividade 2: 1 aula Atividade 3: 2 aulas Atividades 1 e 2: poderão ser trabalhadas em paralelo com algumas atividades das etapas anteriores, conforme sugerido. Atividade 3: assim como as demais etapas de construção do videodocumentário, esta também pode ser expandida e trabalhada além do tempo de aula convencional. Protagonismo em cena 1 ou 2 aulas Além do tempo necessário para o alinhamento de trabalho com os estudantes, deve- se considerar a forma de apresentação do videodocumentário. A escolha deve atender ao calendário escolar, à demanda da escola e ao público ao qual o material será apresentado. É possível também promover o evento em um final de semana, possibilitando a participação da comunidade e das famílias dos estudantes. Novas plateias 1 aula O envolvimento dos estudantes nesta etapa do projeto definirá o rumo que o videodocumentário tomará daqui por diante. Ao longo do desenvolvimento do projeto, já é possível planejar este momento, alinhando a construção do produto final à forma como se pretende divulgá-lo. Minha performance e Nossa performance 1 aula O trabalho de autoavaliação pode durar até duas aulas. A quantidade de estudantes será determinante nessa etapa. Como eles terão de analisar aspectos relativamente complexos de suas ações e das ações do grupo, esse trabalho pode se estender, dependendo da condução dada. TEMPO TOTAL ESTIMADO 25 aulas Competências da BNCC contempladas neste projeto ■ Competências gerais da Educação Básica 1, 2 e 7. Como essas competências serão trabalhadas? Com este projeto, os estudantes poderão perceber como alguns conhecimentos são fundamentais para detectar pro- blemas e soluções relacionados à distribuição da água na região em que vivem. Nele, os jovens vão realizar conexões, buscar soluções, executar atividades, formular perguntas, interpretar dados estatísticos e desenvolver hipóteses, além de elaborar argumentos que auxiliam na consolidação de uma consciência coletiva e de valores éticos e sustentáveis. ■ Competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para o Ensino Médio 1 e 3. Como essas competências serão trabalhadas? Ao longo deste projeto, os estudantes vão elaborar hipóteses e compor argumentos com base em dados diversos, disponíveis em textos, tabelas, gráficos e mapas, desenvolvendo sua capacidade de analisar diferentes fatos. Seus saberes e reflexões serão explorados e a criticidade será fundamental na busca de soluções para a problemática da água na sociedade atual. ■ Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio 1 e 3. Como essas competências serão trabalhadas? Este projeto mobiliza conhecimentos relacionados a fenômenos naturais, como o ciclo da água, necessários para a proposição de soluções que se apliquem à realidade da comunidade local. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS – PROJETO 1 227 PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 227PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 227 2/26/20 4:45 PM2/26/20 4:45 PM ■ Competência específica de Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio 1. Como essa competência será trabalhada? Neste projeto, alguns procedimentos matemáticos serão utilizados para a interpretação de fatos das Ciências da Na- tureza relacionados ao ciclo da água. ■ Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio 1, 3 e 7. Como essas competências serão trabalhadas? Ao propor a seleção de conteúdos necessários para a criação de um videodocumentário que seja, ao mesmo tempo, informativo, interessante e relevante para a comunidade local, este projeto articula diferentes aspectos que com- põem essas competências, como a mobilização de conhecimentos e de práticas de linguagem, até mesmo no uni- verso digital, para a produção de discursos, para a atuação social e para o engajamento em práticas autorais e cole- tivas, exercendo o protagonismo de forma autônoma, colaborativa, criativa e ética. Introdução A questão da disponibilidade de água própria ao consumo no mundo é um dos temas mais debatidos na comunidade científica. Isso se deve a sua importâncianão apenas para os seres humanos, mas também para a manutenção de toda a vida na Terra. O principal aspecto abordado é como encon- trar meios de utilizar esse recurso de maneira consciente e reduzir ao máximo o seu desperdício. Como forma de melhor alcançar os estágios de ensino- -aprendizagem sobre o tema, definimos o ciclo da água como nosso ponto de partida. Por meio de várias estratégias de aprendizagem – explanações teóricas; experimentos; traba- lhos em grupo; atividades individuais e coletivas; debates; leituras de imagens, mapas, gráficos e tabelas; entre outras –, é possível construir, juntamente com os estudantes, os con- ceitos necessários para uma compreensão mais ampla sobre a necessidade de se atentar aos problemas que esse tema contempla. O trecho a seguir explicita o significado da cons- trução dos conceitos no processo de ensino-aprendizagem: As atividades propostas neste projeto procuram se apro- priar dos conhecimentos prévios dos estudantes e, por meio de conteúdos disparadores, impulsionar a busca por explica- ções e soluções que contribuam para a melhoria de suas co- munidades. As etapas do projeto aguçam a curiosidade dos estudantes, que, a partir de métodos de investigação cientí- fica, procuram analisar não apenas as causas e consequên- cias dos fenômenos naturais, mas também o impacto da in- tervenção humana no ciclo da água, decorrente de nosso modo de vida e do sistema político-econômico de nossa so- ciedade. A partir dessa base teórico-analítica, os jovens es- tarão aptos a construir uma narrativa argumentativa, por meio de linguagem cinematográfica-documental, que proponha soluções efetivas para o problema, com base em dados e tec- nologias disponíveis em sua própria realidade, apropriando-se da aplicabilidade do conhecimento científico e do pensamen- to computacional. Todos esses encaminhamentos propostos evidenciam a mobilização de diversos aspectos das compe- tências gerais da Educação Básica e das competências es- pecíficas para o Ensino Médio de diferentes áreas do conhe- cimento apontadas no item Competências da BNCC contempladas neste projeto, bem como a forma como elas se cruzam e se complementam. Ao longo das atividades, há a indicação das principais habilidades trabalhadas, cuja mo- bilização é essencial para o desenvolvimento das propostas. Entre as que mais se destacam neste projeto estão as habi- lidades EM13CHS103, EM13CHS106, EM13CNT105 e EM13CNT310, que também se cruzam e se complementam, estimulando a elaboração de hipóteses, a busca de evi dências, a sistematização de dados e informações, a identificação de necessidades locais, além do uso de diferentes linguagens, gêneros textuais e tecnologias digitais para a produção de [...] Na aquisição do conhecimento, devem-se eviden- ciar as capacidades de raciocínio por meio da interli- gação entre os conceitos, possibilitando a organização de uma rede de conceitos que estruturam o conceito- -chave que está sendo o principal. Em função disso, há necessidade de aprofundar questões acerca das teorias da aprendizagem para se ter clareza dos caminhos que nortearão o processo de ensino e de aprendizagem, ou seja, a didática que irá estruturar o passo a passo da relação entre a teoria e a prática de sala de aula. [...] Ao se apropriar de um conceito, o aluno precisa dar-lhe significado, inserir a nova informação para alterar esquemas, criando uma estrutura de pensa- mentos, que pode ser simples – por exemplo, relacio- nando os fenômenos estudados com os do cotidiano e, com isso, estimulando mudanças conceituais. [...] Uma proposta pedagógica se forma a partir de um elo entre quem ensina e quem aprende. Para isso, é preciso ter uma aula dialogada, com pergunta; e aber- ta para receber perguntas; uma aula que parta das re- ferências dos alunos e traga para as explicações cien- tíficas as dúvidas e as experiências do dia a dia. [...] CASTELLAR, Sônia; VILHENA, Jerusa. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2011. p. 99-101. (Coleção Ideias em Ação). 228 PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 228PI_CH_Tercio_g21Sc_225a239_Projeto1_MPESP.indd 228 2/26/20 4:45 PM2/26/20 4:45 PM