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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Sérgio Hiroshi Furuya de Carvalho
Colaboradores: Prof. Cristiano Schiavinato Baldan
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen 
Ergonomia e 
Ginástica Laboral
Professor conteudista: Sérgio Hiroshi Furuya de Carvalho 
Graduado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (1990) e especialista em Educação a Distância pela 
UNIP (2014). Possui mestrado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (1995). 
Estuda ginástica laboral desde 1990. De início, como assunto de sua dissertação de mestrado, depois trabalhando 
na área e escrevendo artigos e livros sobre o tema. Atualmente, é o responsável pela disciplina Ergonomia e Ginástica 
Laboral na UNIP. Empreende projetos de ginástica laboral em empresas privadas e em convênios da UNIP com o TJSP 
(Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) e OMS/Opas (Organização Mundial/Pan-Americana da Saúde).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C331e Carvalho, Sérgio Hiroshi de.
Ergonomia e Ginástica Laboral / Sérgio Hiroshi Furuya de 
Carvalho. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
168 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Ergonomia. 2. Lesões por esforços repetitivos. 3. Ginástica 
Laboral. I. Título.
CDU 331.827
U514.15 –22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
 Ricardo Duarte
Sumário
Ergonomia e Ginástica Laboral
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TRABALHO, DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS E 
DA GINÁSTICA LABORAL .................................................................................................................................. 11
1.1 História e evolução do trabalho e das organizações empresariais ................................. 11
1.2 Evolução da administração moderna........................................................................................... 15
1.3 História da ginástica laboral ............................................................................................................ 18
1.4 Definições e benefícios da ginástica laboral ............................................................................. 19
1.4.1 Benefícios da ginástica laboral para os colaboradores............................................................ 20
1.4.2 Benefícios da ginástica laboral para as empresas ..................................................................... 24
2 CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS TÍPICAS DO TRABALHO ............................................................. 27
2.1 Tipificação do trabalho braçal, suas características e demandas ..................................... 27
2.1.1 Atividades que requerem grande aplicação de força............................................................... 28
2.1.2 Movimentos repetitivos no trabalho braçal ................................................................................. 29
2.1.3 Desproporção entre exigências unilaterais .................................................................................. 30
2.1.4 Muito tempo na posição em pé ........................................................................................................ 31
2.1.5 Trabalho em posições forçadas ......................................................................................................... 32
2.1.6 Outras características do trabalho braçal ..................................................................................... 33
2.2 Tipificação do trabalho administrativo, suas características e demandas .................... 33
2.2.1 Trabalho sentado e sedentarismo .................................................................................................... 34
2.2.2 Movimentos repetitivos ....................................................................................................................... 35
2.2.3 Estresse e sobrecargas diversas ......................................................................................................... 36
3 ERGONOMIA ...................................................................................................................................................... 36
3.1 Ergonomia do trabalho sentado..................................................................................................... 43
3.1.1 Posição de trabalho em terminais de computadores ............................................................... 45
3.2 Ergonomia do trabalho em pé ........................................................................................................ 48
3.3 Trabalho muscular estático e dinâmico ...................................................................................... 49
3.4 Trabalho pesado e manuseio de cargas ....................................................................................... 50
3.5 Norma Regulamentadora 17 (NR 17) .......................................................................................... 52
3.6 Verificação ergonômica ..................................................................................................................... 61
4 LER/DORT: LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES 
RELACIONADOS AO TRABALHO ..................................................................................................................... 64
4.1 Definições ................................................................................................................................................ 64
4.2 Prejuízos para as empresas ............................................................................................................... 67
4.3 Principais quadros de LER/Dort ...................................................................................................... 68
4.3.1 Tendinites ................................................................................................................................................... 70
4.3.2 Tenossinovites .......................................................................................................................................... 70
4.3.3 Estrangulamento ou compressão de nervos ............................................................................... 70
4.3.4 Bursites........................................................................................................................................................ 71
4.3.5 Lombalgias e cervicalgias .................................................................................................................... 71
4.4Fatores contribuintes para desenvolvimento de LER/Dort .................................................. 72
4.4.1 Presença de vibração nas atividades realizadas ......................................................................... 73
4.4.2 Alta repetitividade de movimentos ................................................................................................. 74
4.4.3 Postura incorreta ou forçada ............................................................................................................. 75
4.4.4 Necessidade de emprego de força para realizar as tarefas ................................................... 76
4.4.5 Fatores coadjuvantes ............................................................................................................................. 77
Unidade II
5 PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ..................................................................................................... 82
5.1 Definição dos objetivos do programa .......................................................................................... 82
5.2 Avaliação inicial .................................................................................................................................... 84
5.2.1 Reunião com os gestores ..................................................................................................................... 84
5.2.2 Reunião com o médico do trabalho/departamento médico ................................................. 84
5.2.3 Reunião com os membros da Cipa .................................................................................................. 84
5.2.4 Reunião com o setor de RH .............................................................................................................. 85
5.2.5 Contatos com os departamentos interessados .......................................................................... 85
5.2.6 Aplicação de questionários ou entrevistas ................................................................................... 86
5.2.7 Observação in loco ................................................................................................................................. 88
5.3 Duração das sessões de ginástica laboral ................................................................................... 88
5.4 Locais para realização da ginástica laboral................................................................................ 90
5.5 Possibilidades de integração da ginástica laboral com outros programas de 
incentivo à saúde e qualidade de vida do trabalhador ................................................................ 91
5.5.1 Programas de ergonomia .................................................................................................................... 92
5.5.2 Academia in loco..................................................................................................................................... 93
5.5.3 Grupos de caminhada, ginástica ou corrida ................................................................................ 94
5.5.4 Programa de nutrição ou combate à obesidade ........................................................................ 94
5.5.5 Possibilidades de integração com outros programas de qualidade de vida e 
 saúde no trabalho ............................................................................................................................................ 94
5.6 Planejamento do programa de ginástica laboral .................................................................... 96
6 PLANEJAMENTO DAS SESSÕES DE GINÁSTICA LABORAL ............................................................... 99
6.1 Característica dos clientes ................................................................................................................ 99
6.2 Planejamento do conteúdo da sessão de ginástica laboral ..............................................102
6.3 Classificações da ginástica laboral ..............................................................................................105
6.3.1 Ginástica de aquecimento ou preparatória ...............................................................................105
6.3.2 Ginástica de pausa ...............................................................................................................................106
6.3.3 Ginástica de fim de expediente ......................................................................................................106
7 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ............................................................107
7.1 Sensibilização .......................................................................................................................................107
7.2 Condução das sessões de ginástica laboral .............................................................................107
7.2.1 Organização pré-sessão .....................................................................................................................107
7.2.2 Durante a sessão ..................................................................................................................................108
7.3 Avaliação e controle das atividades ...........................................................................................111
7.3.1 Controle de frequência ........................................................................................................................111
7.3.2 Adesão ao programa .......................................................................................................................... 113
7.3.3 Questionário de adequação das atividades ...............................................................................115
7.3.4 Verificações periódicas de resultados ........................................................................................... 117
8 PROJETOS DE GINÁSTICA LABORAL E EMPREENDEDORISMO ....................................................119
8.1 Projetos de ginástica laboral..........................................................................................................119
8.2 Empreendedorismo ............................................................................................................................122
8.2.1 Características do empreendedor ................................................................................................. 124
8.2.2 Intraempreendedorismo ................................................................................................................... 128
8.2.3 Plano de negócio ................................................................................................................................. 129
9
APRESENTAÇÃO
As empresas modernas precisam otimizar seus recursos e produzir com mais eficiência. 
Desde a Revolução Industrial até hoje, a situação modifica-se, impondo cada vez mais sobrecargas ao 
trabalhador e gerando uma necessidade de cuidado com o fator humano na empresa, que é primordial 
para as operações. Assim, a saúde dos trabalhadores torna-se uma preocupação constante.
A ergonomia e a ginástica laboral passam a ser ferramentas para amenizar tais sobrecargas, e cabe 
ao profissional habilitado a atuar nessas áreas abrir portas para o exercício e o crescimento profissional 
por meio do domínio técnico e do comportamento empreendedor.
INTRODUÇÃO
Com a modernização da sociedade e das condições de trabalho, aumentou a necessidade de 
intervenções que amenizassem a alta exigência laboral e ajudassem na diminuição dos malefícios 
causados pelo trabalho.
Como resposta a tal premência, inúmeras ações estão sendo tomadas, entre elas a aplicação 
dos conceitos da ergonomia e da ginástica laboral. Essas iniciativas tornam mais aceitáveis as 
exigências provenientes do trabalho, uma vez que buscam equilibrá-las e amenizá-las. Para Silva e 
De Marchi (1997, p. 11):
o novo modelo empresarial doséculo XXI está baseado em indivíduos 
saudáveis, dentro de organizações saudáveis, que respeitam e contribuem 
para uma comunidade e meio ambiente saudáveis [...] representando 
negócios saudáveis, com melhores lucros e maior retorno do investimento. 
O grande capital da empresa é representado por pessoas capazes, aptas, 
sadias, equilibradas, criativas, íntegras e motivadas.
Os profissionais da área da saúde habilitados para trabalhar com esses clientes têm a responsabilidade 
de preparar-se para cumprir esse papel.
Serão estudados nesta disciplina os principais pontos que vão permitir o desenvolvimento 
profissional: o conhecimento sobre as características das diversas condições de trabalho, os processos 
deletérios advindos dessa necessidade humana e as possíveis intervenções profissionais para beneficiar 
os trabalhadores.
Segundo Zilli (2002, p. 27): 
a ginástica laboral, aliada à ergonomia, vem se apresentando como a 
solução encontrada pelas empresas para lidar com as graves consequências 
desse contexto, pois elas perceberam que a melhor saída para evitar 
doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, gastos com licenças e baixa 
10
produtividade decorrentes de fadiga e desmotivação dos trabalhadores é a 
prevenção [...] mediante a educação no trabalho, que envolve a segurança 
e a boa qualidade de vida, associadas aos objetivos da empresa, bem como a 
atividade física orientada por profissionais qualificados.
Ao fim da disciplina, além do conhecimento adquirido, o aluno será confrontado com um desafio 
maior: o desenvolvimento de projetos e de uma visão empreendedora, características desejadas pelo 
mercado de trabalho, com as quais poderá aprender a diferenciar-se.
11
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Unidade I
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TRABALHO, DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS 
E DA GINÁSTICA LABORAL
A história revela as necessidades do passado que moldaram o panorama atual do trabalho e de suas 
repercussões na saúde. É importante conhecer a evolução desse processo para entender a realidade do 
presente e as carências e possibilidades do futuro.
1.1 História e evolução do trabalho e das organizações empresariais 
O trabalho é uma necessidade humana. Mas a organização do trabalho nem sempre foi da forma 
como é conhecida hoje. Pessoa, Cárdia e Santos, citados por Candotti, Stroschein e Noll (2011, p. 700), 
enfatizam que as “mudanças e atualizações exigidas aos trabalhadores ocorrem em um ritmo muito 
elevado, geralmente maior que a própria capacidade humana pode suportar”.
O sucesso na busca de alimentação e proteção era proporcional às melhores condições de sobrevivência 
humana na Pré-História. Aqueles que conseguiam proteção das ameaças e meios de obtenção da 
alimentação através da coleta e da caça eram mais bem-sucedidos. Os indivíduos preparados fisicamente 
e com competência intelectual para resolver as questões que se impunham conseguiam sobreviver. 
Os demais, nem sempre. A boa condição física já era um dos determinantes nessa conjuntura.
Figura 1 – A evolução das habilidades humanas foi um processo de especialização 
que culminou no panorama atual do trabalho em uma sociedade evoluída 
Disponível em: https://bit.ly/3F2NdES. Acesso em: 11 nov. 2021.
Com a evolução da espécie humana e de seus relacionamentos sociais, suas técnicas de cultivo 
e criação de animais, foi possível assentar comunidades em locais férteis, e o aumento populacional 
gerou novas demandas.
12
Unidade I
A especialização tornou-se uma forma de aumentar a eficiência do esforço de cada indivíduo em 
busca do bem comum. Indivíduos mais aptos a lutar e defender a comunidade responsabilizavam-se 
por essa tarefa, enquanto aqueles com maior sensibilidade para o cultivo de alimentos, ou para a 
confecção de mantas para o frio, por exemplo, especializavam-se, cada um na sua melhor função. 
A manufatura de alguns itens tornar-se-ia importante de diversas formas. Em uma comunidade 
isolada de pescadores, por exemplo, um membro que fosse capaz de fazer uma canoa a partir de um 
tronco de árvore era encarregado de buscar a árvore correta, na época do ano em que a madeira 
estivesse pronta, para então cortar a árvore, transportá-la e preparar o tronco. Somente depois fazia a 
escavação com ferramentas apropriadas, por meio da técnica ensinada por seus antepassados. Assim, 
sua comunidade, que vivia isolada, seria capaz de ter um meio de transporte que lhe possibilitaria 
buscar a sobrevivência pela pesca. Uma maior população local precisaria de mais alimentos, portanto, 
de mais canoas.
Aquele indivíduo, que antes era responsável por todo o longo processo, agora precisará produzir 
diversas canoas para a população aumentada. Ele não terá mais o ano inteiro para fazer apenas 
uma canoa em todas as suas etapas, mas vai se aperfeiçoar no conhecimento que apenas ele detém, 
e deverá então designar a outras pessoas a tarefa de procurar árvores apropriadas, cortá-las e 
carregá-las pela mata. Assim, o indivíduo qualificado vai receber vários troncos ao longo do ano 
e poderá fazer várias canoas.
Figura 2 – Canoa rudimentar. Algum membro dessa comunidade detém a 
técnica ancestral e é capaz de confeccioná-la a partir de um tronco
Disponível em: https://bit.ly/3DbqFkJ. Acesso em: 12 nov. 2021.
Portanto, apesar de não precisar mais fazer todo o trabalho sozinho (deixando de executar boa parte 
do trabalho pesado), um indivíduo especializado vai realizar mais vezes a mesma tarefa (no exemplo 
anterior, escavar o tronco para virar uma canoa). Ao fazer apenas o que domina melhor, vai repetir 
os mesmos gestos com uma frequência elevada. O uso de ferramentas apropriadas à tarefa também 
direciona o gesto (e suas repetições) de forma a buscar a eficiência, gerando, por sua vez, desgaste 
muscular, articular e fisiológico repetidos.
13
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 3 – Cada função a ser executada possui uma característica que exigirá do corpo determinada força, 
resistência, flexibilidade, potência etc. A chave da ginástica laboral é identificar as solicitações mais 
importantes e agir para preparar o organismo e amenizar as sobrecargas
Disponível em: https://bit.ly/3FdeKU6. Acesso em: 12 nov. 2021.
O uso de inovações tecnológicas também faz parte desse processo de especialização e evolução do 
trabalho. Por exemplo, se um escravo precisava moer cana-de-açúcar em um engenho manual, que usava 
força humana para prensar a cana, ao passar a utilizar uma moenda com tração animal, será possível 
moer a cana em um tempo menor. Entretanto, certamente não será permitido que descanse durante 
o tempo economizado. Ele irá, sim, moer uma quantidade de cana muitas vezes maior, multiplicando 
o carregamento de fardos pesados em busca de uma maior produtividade.
Figura 4 – Nessa máquina de moer cana com tração animal, espera-se maior produtividade 
do que no engenho manual, pois o ser humano não precisará fazer força para rodar a máquina, 
mas passará a carregar muitos fardos de cana por dia, mais tonéis com o caldo da cana, 
e haverá maior quantidade de bagaço a ser descartada etc. 
Disponível em: https://bit.ly/3DiWoAQ. Acesso em: 12 nov. 2021.
A escravatura termina com a Lei Áurea (1888) e a industrialização prospera, com o advento da 
máquina a vapor. Surgem as grandes indústrias, necessitando de mais mão de obra, porque a velocidade 
de produção aumenta cada vez mais. A Revolução Industrial mudou para sempre a organização do 
trabalho, tornando a produção em larga escala uma forma predominante de beneficiamento.
14
Unidade I
A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra no fim do século XVIII e concentrou o poder da 
industrialização nas mãos dos detentores de capital, uma vez que o investimento nessa nova tecnologia 
era alto e não disponível a pequenos produtores. Essa concentração gerou o adensamento das vilas 
urbanas, caracterizando a mudança do modo de produção artesanal para o trabalho assalariado, inclusive 
nos demais países da Europa e depois no Brasil. Ainda hojeé possível reconhecer algumas indústrias que 
nasceram nessa época em diversas regiões de nosso país.
Figura 5 – Ainda utilizando o exemplo da cana-de-açúcar, observa-se que a prensa 
manual ou por animais foi substituída pela máquina a vapor, e posteriormente pelo diesel 
e pela eletricidade. Com isso, apesar da diminuição do esforço nessa tarefa, a sobrecarga 
humana passa a ocorrer nas fases de colheita, carregamento, manejo dos tonéis, retirada 
dos bagaços etc., tornando-se muito mais volumosa e repetitiva 
Disponível em: https://bit.ly/31YjPBB. Acesso em: 12 nov. 2021.
Figura 6 – Maquinário a vapor, utilizado a partir da Revolução Industrial 
em indústrias têxteis, adaptado depois ao transporte (trens a vapor e automóveis) 
e a muitas outras aplicações
Disponível em: https://bit.ly/3D6RoyZ. Acesso em: 12 nov. 2021.
15
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
As diversas fases da Revolução Industrial compreenderam o início do uso da máquina a vapor, 
os motores elétricos e à combustão interna, a indústria química fina e, por fim, a robotização e a 
informatização, junto com os avanços aeroespaciais. Sempre progredindo com as tecnologias de 
transporte, de comunicação e bélica, a Revolução Industrial transformou a vida das populações e sua 
relação de consumo e de trabalho.
 Saiba mais
O inigualável Charles Chaplin registrou em um de seus trabalhos 
a questão da opressão do trabalho e da repetitividade das tarefas sobre a 
saúde do trabalhador em um filme da época do cinema preto e branco que 
vale ser assistido: 
TEMPOS modernos. Dir. Charlie Chaplin. EUA: United Artists, 1936. 
87 minutos. 
Figura 7 – A tecnologia está presente na vida diária das pessoas e no ambiente 
de trabalho, às vezes com grande carga de repetição 
Disponível em: https://bit.ly/3naBCh9. Acesso em: 12 nov. 2021.
1.2 Evolução da administração moderna
Como consequência da maior e mais complexa organização da produção, evoluíram também as 
ciências para torná-la mais produtiva. Os princípios da administração e economia modernas foram em 
grande parte desenvolvidos juntamente com a nova organização da produção.
Em um conceito simplificado, podemos dividir a administração em quatro grandes funções: 
planejamento, organização, direção e controle. Cada uma dessas funções terá como visão norteadora 
o melhor funcionamento da empresa. Em tempos de pequenas produções, organizações familiares 
rudimentares e trabalho pouco ordenado, o hábito gerencial de cumprir as necessidades era suficiente 
para manter o funcionamento da empresa, mas com o maior porte das grandes empresas que foram 
surgindo, a profissionalização da administração foi vital para garantir a sobrevivência frente à 
concorrência que se estabeleceu.
16
Unidade I
Estudar a evolução do pensamento administrativo vai ajudar o profissional de ginástica laboral a 
entender as imposições de solicitações existentes na organização e as possibilidades de resolução que 
se encontram ao alcance dessa atividade de cuidado com a saúde. Limitaremos a nossa análise a alguns 
aspectos, apenas para promover uma visão inicial sobre o assunto.
Na evolução da administração, podemos citar autores importantes, como: Jules Henri Fayol (teoria 
clássica da administração), Frederick Winslow Taylor (administração científica), Henry Ford (fordismo) e 
Elton Mayo (relações humanas no trabalho).
Fayol (1841-1925), um engenheiro francês, foi um dos pioneiros em definir a administração como 
forma de condução dos processos na empresa. Ele formulou os 14 princípios conhecidos como a base 
da administração clássica:
• Divisão do trabalho: tarefas específicas para cada indivíduo.
• Princípio da autoridade e da responsabilidade: devem estar bem definidas.
• Disciplina como forma de conduzir os objetivos.
• Unidade de comando: cada indivíduo responde a apenas um superior direto.
• Unidade de direção: ações devem buscar um objetivo comum.
• Subordinação do interesse particular em favor do interesse comum.
• Princípio de remuneração do pessoal.
• Centralização.
• Hierarquia: uma sequência determinada de autoridades, do primeiro nível até o nível mais inferior.
• Princípio da ordem.
• Equidade: tratar pessoas com benevolência e justiça no trabalho, mas usar o rigor e a disciplina 
quando necessários.
• Estabilidade pessoal.
• Princípio de iniciativa.
• Princípio de união do pessoal: espírito de equipe.
Para Couto et al. (1998), o fordismo, implementado na década de 1920 e persistindo como modo 
característico de trabalho por cerca de seis décadas, reuniu fatores que caracterizam sobrecarga 
ao trabalhador: 
17
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
(i) esteira de produção, eliminando a movimentação ativa do trabalhador; 
(ii) ritmo do trabalho ditado pelo ritmo da esteira, com o tempo para 
realização da tarefa alocado pelo engenheiro de tempos e métodos; 
(iii) superespecialização do trabalhador naquela tarefa.
Figueiredo e Mont´Alvão (2008) sugerem um quadro-resumo dos principais movimentos históricos 
da administração, adaptado a seguir com foco nos pontos que podem interessar ao profissional de 
ginástica laboral:
Quadro 1 
Período Movimento/autor Principais características
Início do século XX
Henri Fayol
(administração clássica)
14 princípios da administração
Disciplina e ordem
Administração como planejamento, 
organização, direção e controle
Início do século XX
Frederick Taylor
(taylorismo)
Automatização do homem
Tempo ótimo: o ritmo é determinado 
pela gerência para completar cada 
tarefa
Mecanização na realização do trabalho 
humano
Início do século XX
Henry Ford
(fordismo)
Conceito linha de montagem
Ritmo determinado pela esteira
O trabalhador não se desloca, as peças 
são trazidas a ele
Basta repetir movimentos 
determinados e especializados para seu 
posto de trabalho
Fim da década 1920
Elton Mayo
(relações humanas no trabalho)
Valorização dos fatores psicológicos 
para a produtividade
Necessidades sociais a serem satisfeitas
Necessidade de trabalho em grupo
Década de 1940
Abraham Maslow
(teoria das necessidades)
Hierarquia de necessidades
Sentido do trabalho relacionado à 
satisfação das necessidades pessoais
Década de 1950
Dr. Armand V. Feigenbaum
(controle de qualidade total)
Qualidade como percepção do cliente
Atingir padrões de qualidade é 
responsabilidade de todos
Década de 1990 Administração participativa
Consideração com pessoas e 
equipamentos
Satisfação e necessidades dos 
envolvidos no trabalho
Adaptado de: Figueiredo e Mont’Alvão (2008, p. 34-35).
18
Unidade I
 Lembrete
Estudar a evolução do pensamento administrativo vai ajudar o 
profissional de ginástica laboral a entender as imposições de solicitações 
existentes na organização e as possibilidades de resolução que se encontram 
ao alcance dessa atividade de cuidado com a saúde.
1.3 História da ginástica laboral
A ginástica laboral tem seu início relacionado às alterações das condições de trabalho advindas 
da Revolução Industrial. Uma de suas referências mais antigas é sua realização na Polônia em 1925 
(CARVALHO, 2007), como uma pausa no trabalho para a execução de exercícios. 
Há relatos da ginástica laboral no Japão em 1928 (SAMPAIO; OLIVEIRA, 2008), como forma de 
ginástica preparatória para diminuir o estresse dos trabalhadores dos correios e promover qualidade 
de vida a eles (RIMOLI apud FERREIRA; SANTOS, 2013). Após alguns anos, há registros na Rússia e na 
Holanda, que usam exercícios diferenciados para cada necessidade dos trabalhadores (LIMA, 2008 
apud FERREIRA; SANTOS, 2013).
A Rádio Taissô foi uma das manifestações de ginástica coletiva praticada desde o início do século 
passado no Japão, não só nas empresas, mas também nas escolas e pela população. Havia música tocada 
em alto-falantes enquanto se repetiam exercícios básicos, movimentando-se todos os segmentos corporais. 
Pode-se observar em algumas sequências gravadas que há um crescente de mobilização corporal até 
culminar em algumas repetições de polichinelos, e em seguida exercíciosmais calmos para relaxar.
No Brasil, a prática foi trazida pelos imigrantes japoneses (LIMA, 2008 apud FERREIRA; SANTOS 
2013). Na cidade e no estado de São Paulo, instituiu-se o dia 18 de junho como o Dia da Rádio Taissô 
para preservar essa cultura.
 Observação
A Rádio Taissô é uma prática instituída em comemoração à posse do 
Imperador Hirohito, em 1º de novembro de 1928. Hoje conta com 30 milhões de 
praticantes, e são atribuídos à pratica expansão de produtividade, redução 
de acidentes e doenças profissionais, aumento de aprovação nas escolas e 
diminuição de acidentes de trânsito (FERREIRA; SANTOS, 2013).
No Brasil, os primeiros relatos de prática da ginástica laboral são em indústrias e no Banco do Brasil, 
e registra-se no ano de 1969 a realização da ginástica laboral na indústria japonesa Ishikawajima, 
de construção naval, no Rio de Janeiro (DEUTSCH apud FERREIRA, SANTOS, 2013). A primeira publicação 
acadêmica do tema no Brasil foi realizada pela Feevale, em 1978 (CARVALHO, 2007).
19
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Hoje a ginástica laboral é um mercado em crescimento, mostrando que as empresas estão 
tentando melhorar a produtividade e diminuir os problemas de saúde associados ao trabalho. No Brasil, 
os conselhos federais de Educação Física e de Fisioterapia advogam desenvolvimento da capacitação 
para que seus profissionais ministrem a ginástica laboral. Antigamente era comum que um trabalhador 
de uma empresa ficasse responsável por conduzi-la, mas a prática caiu em desuso e ilegalidade com a 
regulamentação das profissões, caracterizando, atualmente, desvio de função e exercício ilegal da profissão.
Paralelamente, a área de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) evolui, e as empresas buscam outras 
ações complementares à ginástica laboral, com a finalidade de diminuir o estresse físico e psicológico do 
trabalho. Ações como quick massage, salas de descompressão, sala de jogos, ioga empresarial, academia 
in company, meditação e outras iniciativas são encontradas, dependendo das necessidades diagnosticadas.
Figura 8 – Além da ginástica laboral, as empresas buscam outras estratégias para melhorar a condição física 
do trabalhador em favor da produtividade – por exemplo, montar uma academia dentro da própria empresa 
Disponível em: https://bit.ly/3kvK7Bs. Acesso em: 12 nov. 2021.
1.4 Definições e benefícios da ginástica laboral
A ginástica laboral é a atividade física específica realizada no horário de trabalho, proporcionada 
pelo empregador e de prática facultada aos colaboradores, visando melhorias em sua condição física e 
psicossocial (benefícios individuais), geralmente planejadas para que provoquem benefícios empresariais. 
Para Lima (2008 apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008), a ginástica laboral é um conjunto de 
práticas físicas elaboradas a partir da atividade profissional, visando compensar as estruturas mais 
usadas durante o trabalho e ativar as que não são requeridas.
Na visão de Martins (2011, p. 57), a ginástica laboral pode ser considerada 
uma pausa ativa realizada no ambiente de trabalho, composta de atividades 
específicas como alongamentos, massagens, atividades lúdicas e exercícios 
respiratórios, primariamente direcionada para as exigências psicofisiológicas 
do trabalhador e passível de implantação em qualquer local de trabalho.
20
Unidade I
Para realizar uma sessão, pode-se utilizar o próprio espaço de trabalho dos funcionários quando 
possível, ou fazer um deslocamento pequeno para usar uma área mais apropriada à prática, sem, 
contudo, necessitar de instalação especializada, como uma quadra ou uma sala de ginástica.
Ginástica laboral não é o mesmo que ginástica em academia ou sessão de fisioterapia. Os objetivos 
são mais específicos, voltados aos trabalhadores e a aspectos de prevenção, e a estratégia deve preservar 
a possibilidade de retornar à rotina do trabalho logo após a sessão.
Para Dishman, O’Neal e Shephard (apud GRANDE; SILVA; PARRA, 2014, p. 55), a ginástica laboral 
é uma 
intervenção com exercícios físicos específicos para trabalhadores desenvolvida no 
local de trabalho e que visa melhorar desfechos gerais, como qualidade de 
vida e ambiente ocupacional, e desfechos específicos, como força muscular 
e flexibilidade.
Normalmente, a procura e a oferta da ginástica laboral visam suprir alguma necessidade identificada 
pela empresa, que seja alcançável através da diminuição de problemas relacionados às sobrecargas 
impostas ao trabalhador.
A ginástica laboral não pode ter caráter obrigatório. Portanto, os colaboradores da empresa devem 
ser constantemente conscientizados sobre os benefícios que pode trazer a eles individualmente, para 
que tenham sua percepção e sua participação incentivadas. Não pode ser oferecida fora do horário de 
trabalho, para que não configure legalmente que o funcionário está à disposição da empresa, tampouco 
subtrair o tempo de suas pausas estabelecidas.
Pode-se dividir os benefícios da prática da ginástica laboral em dois grupos: os benefícios aos 
colaboradores (trabalhadores) e à empresa.
 Lembrete
A ginástica laboral tem seu início relacionado às alterações das condições 
de trabalho advindas da Revolução Industrial. Uma de suas referências mais 
antigas é sua realização na Polônia em 1925, como uma pausa no trabalho 
para a realização de exercícios. 
1.4.1 Benefícios da ginástica laboral para os colaboradores
A ginástica laboral tem sido utilizada para atingir objetivos diversos, em geral atuando em processos 
fisiológicos ou psicossociais, que beneficiem a saúde do trabalhador. Pode-se compor um quadro com 
os benefícios mais procurados:
21
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Quadro 2 – Benefícios da ginástica laboral ao trabalhador
– Diminuição de dores
– Melhor saúde geral
– Melhor postura
– Melhor qualidade de vida
– Melhora na resistência
– Menor fadiga
– Melhor relacionamento interpessoal
– Melhor flexibilidade
– Maior felicidade
– Diminuição do sedentarismo
– Aumento do bem-estar
– Melhora na força
– Melhor disposição
– Melhor condicionamento físico
– Diminuição de lesões
– Mais ânimo
– Melhora da autoestima
– Maior satisfação
– Melhora no humor
– Maior reconhecimento
– Diminuição do estresse
– Diminuição da ansiedade
– Aumento da motivação
Pode-se agrupar os benefícios aos trabalhadores listados como benefícios físicos gerais, 
específicos (ligados ao trabalho) e benefícios psicológicos e sociais. Geralmente, cada um 
deles está relacionado a condições que acabarão por auxiliar o rendimento do trabalhador e, 
consequentemente, trazer vantagens às empresas.
Os benefícios físicos gerais estão associados à condição de saúde do trabalhador. Entre eles, 
pode-se citar a sensação de melhor saúde geral e a possibilidade de melhor condicionamento 
físico, muitas vezes aliada à mudança do comportamento sedentário para uma preocupação maior 
com atividade física regular e aspectos de saúde. 
O combate ao sedentarismo não é o foco da ginástica laboral na maioria dos programas, pois 
não depende de exercícios específicos relacionados ao trabalho, mas sim de uma mudança no 
comportamento também no tempo fora do trabalho e da empresa, e uma simples sessão de ginástica 
laboral não é capaz de alterar esse quadro. Dependendo do programa, parte da comunicação 
pode ser dedicada à sensibilização, orientação e compreensão das mudanças de comportamento 
benéficas à saúde geral.
Os benefícios físicos específicos (ligados à execução do trabalho) são possibilitados conforme as 
características de cada função, a partir de seu entendimento e verificação das exigências físicas utilizadas. 
 Observação
A diminuição de dores nas costas em trabalhadores que possuem 
sobrecarga notável na região dorsal será buscada através de exercícios de 
relaxamento, alongamento e às vezes até massageamento. Dessa forma, 
o efeito da sobrecarga será combatido ou amenizado e haverá menor 
chance de desconforto, dor, falta ao trabalho ou até afastamento por 
esse motivo.
22
Unidade I
10%
10%29%
41%
57%
25%
19%
13%
50%
47%
60%
47%
25%
25%
44%
69%
54%
25%
7%
7%
Pescoço
Ombros
Cotovelos
Punhos e mãos
Coluna dorsal
Coluna lombar
Coxas e quadris
Joelhos
Pernas
Tornozelos e pés
Se
gm
en
to
 c
or
po
ra
l
Porcentagem
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Funcionárias que relataram 
dor antes da GL
Funcionárias que relataram 
melhora da dor após a GL 
Figura 9 – Incidência de queixas de dor e desconforto físico em trabalhadores 
por regiões corporais antes e após a implantação da ginástica laboral, 
segundo uma pesquisa de Santos et al. (2007)
Fonte: Santos et al. (2007, p. 103).
Outro exemplo interessante é a postura, que é uma característica de conhecimento e comportamento. 
Um programa de ginástica laboral pode ser esclarecedor ao trabalhador para conscientizá-lo da 
importância em assumir uma postura correta ao longo da jornada de trabalho, promovendo menor 
fadiga pela adequação do uso da musculatura e melhoria ergonômica da posição assumida, diminuindo 
a chance de dor, as faltas ao trabalho e a frequência ou duração de afastamentos.
O aumento de força também é um parâmetro a ser compreendido. O desenvolvimento de força em 
musculatura muito utilizada é desejável – por exemplo, o fortalecimento dos flexores e extensores do 
punho e dos dedos em usuários de computadores. Como a musculatura é muito usada em alta repetição 
e baixa carga, é possível trabalhar o fortalecimento ao longo das sessões de ginástica laboral.
23
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 10 – Altas taxas de repetitividade na digitação expõem os trabalhadores 
a sobrecargas que devem ser amenizadas e problemas que devem ser prevenidos
Disponível em: https://bit.ly/3ks9vYX. Acesso em: 12 nov. 2021.
Por outro lado, poder-se-ia presumir que a ginástica laboral contribui para aumento de força em um 
operário que precisa carregar sacos de 50 kg de cimento em sua jornada de trabalho, mas devido ao grande 
volume (intensidade e duração) já suportado, o trabalhador terá melhor aproveitamento do tempo de pausa 
com exercícios de alongamento, compensação e relaxamento. Adicionar mais sobrecarga é indesejável, pois a 
ginástica laboral não conseguirá produzir aumento de força devido à sua curta duração.
Flexibilidade e resistência também contribuem com benefícios físicos específicos ao possibilitar ao 
organismo uma maior proteção na execução do trabalho durante o dia. Musculaturas utilizadas por 
longo tempo em contração estática tendem a ser uma grande causa de queixa de dores – por exemplo, 
a musculatura lombar, que é uma das maiores causas de afastamento do trabalho.
Deve-se notar que os benefícios não são automáticos nem estão sempre todos presentes. 
Dependendo da característica do programa, dos objetivos, das estratégias de trabalho e do 
comportamento e comprometimento dos próprios participantes, o programa pode apresentar 
variações nos resultados.
Os benefícios psicossociais advindos da prática da ginástica laboral podem ser associados aos 
benefícios da prática de uma atividade física em grupo e à diminuição do desconforto provocado por 
dores. Muito citados na literatura e ligados à prática de atividade física regular, podem estar presentes 
em maior ou menor grau dependendo dos objetivos, da configuração do programa de ginástica laboral, 
da interação do grupo e de outros fatores. Assim, podemos mencionar: melhor disposição, diminuição 
do estresse, mais ânimo, maior satisfação, melhora do humor, aumento da autoestima, felicidade, 
bem-estar e motivação e diminuição da ansiedade.
Tabela 1 – Nível de satisfação antes e após o programa de ginástica laboral
Nível de satisfação Antes Após
Motivação 65% 97%
Disposição 58% 95%
Humor 72% 95%
Fonte: Santos et al. (2007, p. 111).
24
Unidade I
Os agentes estressores nas empresas podem ser externos (pressões conjunturais ou diretamente 
relacionadas ao exercício da função) ou internos (como cobranças internas, competições ou frustrações 
relacionadas ao trabalho ou colegas etc.), resultando no estresse ocupacional, como insatisfação, 
desajuste ao trabalho e problemas de relacionamento (com colegas, clientes, chefias e subordinados). 
Parte dessa carga estressora pode ser aliviada através de atividades do programa de ginástica laboral 
planejadas para esse objetivo.
1.4.2 Benefícios da ginástica laboral para as empresas
Paralelamente aos benefícios gerados ao trabalhador, pode-se ainda enumerar os benefícios 
para a empresa:
Quadro 3 – Possibilidades de benefícios empresariais mediante 
a ginástica laboral e outros programas de produção de saúde
– Diminuição de gastos com saúde
– Maior satisfação com o emprego
– Diminuição de LER/Dort
– Diminuição de afastamentos
– Diminuição do tempo de afastamento
– Diminuição de estresse no trabalho
– Melhor trabalho em equipe
– Melhor imagem externa
– Aumento da produtividade
– Diminuição do absenteísmo
– Diminuição do presenteísmo
– Menos acidentes
– Aumento do lucro
– Maior qualidade
– Melhor imagem interna
– Diminuição de turnover
– Diminuição de processos trabalhistas
Todas as implicações da prática de ginástica laboral relatadas podem ter impacto positivo na 
produtividade e lucratividade.
Os benefícios às empresas podem ser analisados sob alguns parâmetros. O primeiro poderia 
ser a produtividade gerada por diminuição do absenteísmo (faltas ao trabalho), diminuição nos 
afastamentos do trabalho e na duração dos afastamentos, menos acidentes de trabalho, diminuição 
de ocorrência de LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados 
ao trabalho).
O próximo fator que se pode analisar é um grupo de benefícios que tem a característica 
comportamental de melhorar a produtividade e a qualidade, como diminuição do presenteísmo 
(quando o trabalhador está presente, mas não se concentra no trabalho por estar com algo tirando 
sua atenção – baixa concentração), melhoria do trabalho em equipe (melhor entrosamento, 
promovendo melhor resultado), maior satisfação no trabalho, diminuição do turnover (taxa de 
saída e reposição de funcionários e custos associados de treinamento) por estarem mais satisfeitos 
no trabalho. A taxa de turnover alta significa altos custos de reposição de mão de obra, assim 
como uma diminuição do tempo médio de experiência profissional do grupo, repercutindo na 
qualidade de atendimento ou realização do serviço. Segundo Silva e De Marchi (1997), a instituição 
25
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
de programas de promoção de saúde nas empresas contribui para que os indivíduos passem “a 
gostar do trabalho [...] e a vestir a camisa da empresa”.
Algumas empresas se beneficiam ainda da imagem interna ou externa com seu 
investimento em ginástica laboral. Trabalhadores percebem que a entidade cuida da sua saúde, 
e isso gera uma imagem favorável para instituições que mostram respeito e preocupação 
(JONASH; SOMMERLATTE apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008). Já os concorrentes, fornecedores, 
clientes, público externo em geral (população), profissionais da área, entre outros, irão enxergar 
a empresa que investe na saúde dos trabalhadores como uma organização diferenciada do ponto 
de vista social e de qualidade. Assim, essa visão externa torna-se um capital intangível de boas 
práticas adotadas no mercado. 
Outra categoria que se pode analisar é a de menor gasto financeiro. Os motivos? Despesas 
associadas a remuneração dos dias parados (afastamentos), gastos médicos, honorários advocatícios, 
acordos e indenizações em processos trabalhistas etc. Caso seja alvo de uma ação trabalhista, a empresa 
poderá alegar que, apesar de ter havido um dano, investe na prevenção através da ginástica laboral, na 
tentativa de que sua atuação para proporcionar atividades preventivas possa de alguma forma amenizar 
a gravidade de um caso tão delicado.
Ryan et al. (2018) estudaram a economia gerada por um programa de cuidado com a saúde realizado 
em um hospital com 1.400 trabalhadores na Austrália. Nele, a ação principal era umasessão diária de 
6 minutos no início do turno de trabalho, permitindo que cada trabalhador tivesse um tempo para 
si, realizando exercícios de alongamento, equilíbrio, fortalecimento, relaxamento, trabalho postural e 
educação para a saúde, em um ambiente de interação social com outros trabalhadores. 
Prevenção
Trabalhadores sentem-se 
valorizados pela organização 
e melhoram sua saúde e sua 
aptidão física
Suporte à saúde na empresa
Atividades diárias em grupo 
durante o período do trabalho
Intervenção precoce
Alterações identificadas e 
manejo proativo
Reabilitação
No local de trabalho, mantém 
relações pessoais e identifica 
funções adequadas
Figura 11 – Plano conceitual do programa estudado por Ryan et al. (2018). Em torno do triângulo central, representando o programa 
diário de exercícios e educação, acoplam-se a prevenção e a valorização da saúde, as melhoras no reconhecimento precoce e no 
manejo do problema e um trabalho de reabilitação mantendo as relações no próprio ambiente 
Fonte: Ryan et al. (2018, p. 58).
26
Unidade I
Os principais resultados do estudo foram a diminuição de 30% em reivindicações por lesões, 57,5% 
de diminuição em gastos e tratamentos médicos e 68% de redução nos dias perdidos até o retorno ao 
trabalho, sendo o tratamento realizado com equipe e em ambiente conhecido um fator adicional de 
acolhimento e manutenção das relações sociais durante esse período.
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Período
Pré 3 Pré 2 Pré 1 Pós 1 Pós 2 Pós 3
N
úm
er
o 
de
 re
iv
in
di
ca
çõ
es
Figura 12 – Número total de reivindicações de compensação por problemas de saúde relacionados 
ao trabalho nos períodos pré e pós-implantação do programa de cuidado com a saúde 
Fonte: Ryan et al. (2018, p. 59).
Ainda no estudo de Ryan et al. (2018), notou-se que o desenvolvimento do conhecimento corporal, 
a sensibilização dos trabalhadores e a identificação precoce de problemas possibilitada por esses fatores 
fizeram crescer 45% o número de incidentes reportados ou indicadores de problemas de saúde, mas foi 
totalizada uma queda real de 46% nos custos de gastos com saúde considerados.
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Período
Pré 3 Pré 2 Pré 1 Pós 1 Pós 2
Di
as
 d
e 
tr
ab
al
ho
 p
er
di
do
s
Figura 13 – Total anual de dias de trabalho perdidos por problemas de saúde no período 
pré e pós-implantação do programa de cuidado com a saúde 
Fonte: Ryan et al. (2018, p. 60).
27
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
A ginástica laboral torna-se, como parte do esforço para a saúde no trabalho e quando bem 
implementada, um investimento, e não apenas um gasto. De fato, pode reverter o capital investido 
em ganhos para as empresas, em um círculo virtuoso, através da geração de benefícios de saúde a 
seus trabalhadores.
Conforme Figueiredo e Mont’Alvão (2008), um programa de qualidade de vida instituído por uma 
empresa de Washington (EUA) forneceu prêmios a 52% dos 2.700 trabalhadores participantes, de 
US$ 250 a US$ 300 por ano. Então, obteve o retorno de US$ 3.00 para cada US$ 1.00 investido nos 
nove anos do levantamento. Alguns estudos mostram que o impacto financeiro da ginástica laboral pode 
ser medido, como o que destacamos, no qual a empresa verificou uma economia de US$ 6.00 para cada 
dólar investido, em redução de gastos com saúde e de afastamentos por doenças e em aumento de 
produtividade (CARVALHO, 2007).
Para Kallas e Batista (2009), as sessões de ginástica laboral podem ser uma ferramenta para propagar 
importantes conceitos sobre saúde, assumindo um papel não só compensatório, mas de contribuição 
para mudança de comportamentos e melhoria da qualidade de vida.
2 CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS TÍPICAS DO TRABALHO
O processo de evolução pelo qual passou (e passa) a relação homem versus trabalho gera novas 
situações, exigindo adaptações e soluções. No entanto, muitas das antigas solicitações do trabalho não 
deixaram de existir, apenas se tornaram menos frequentes. 
Para analisar as exigências típicas envolvidas nesses casos, faz-se uma divisão didática, categorizando-se 
os sujeitos como trabalhadores típicos de produção, por um lado, e, no outro extremo, típicos administrativos.
Deve-se lembrar que as diferentes funções exercidas pelos indivíduos não estão necessariamente nos 
dois extremos distintos, mas sim em uma gradual mescla entre esses extremos, que são os funcionários 
administrativos e os da produção.
O profissional de ginástica laboral deve ter essa visão clara e, a partir dela, assimilar as reais 
solicitações encontradas em cada ambiente para entender as sobrecargas sofridas e programar as 
atividades a serem propostas.
2.1 Tipificação do trabalho braçal, suas características e demandas
O trabalhador braçal também é conhecido como trabalhador de chão de fábrica, ou seja, geralmente 
envolvido em situação de produção, manejo, transporte e beneficiamento físico.
A principal característica desse ofício é o desgaste físico envolvido em sua realização. Tipicamente, 
essa categoria de trabalho requer o uso de grandes grupos musculares para fazer as tarefas. Movimentos que 
envolvem múltiplas articulações, com grande dispêndio de energia, são frequentes.
São amplas as possibilidades de qualificação dessa realidade. Serão discutidas a seguir algumas das 
situações de trabalho do ponto de vista das exigências físicas e cognitivas/psicológicas.
28
Unidade I
2.1.1 Atividades que requerem grande aplicação de força
Força muscular é necessária em muitas funções laborais, e é definida como a capacidade de 
um músculo ou grupo muscular gerar torque em uma articulação específica (HAEFFNER et al. apud 
EICHINGER et al., 2016). Segundo os autores, a dor lombar afeta de 70 a 85% dos adultos em algum 
momento da vida, e pode ocorrer devido às atividades laborais, com sobrecarga de força, além de por 
outros fatores, como a permanência em posição estática e a repetição de movimentos.
A função de um pedreiro pode ser muito ilustrativa nessa análise. É grande o envolvimento físico 
nas tarefas a serem cumpridas: carregar sacos de areia e cimento, preparar a massa, transportar a massa 
até o local etc.
A maior parte dessas ações motoras exige alta mobilização muscular, o que fisiologicamente irá 
requerer compensações, que poderão ser atendidas por pausas e pelo programa de ginástica laboral.
Funções típicas com essa característica podem ser citadas, como carregadores, estivadores, 
trabalhadores em indústrias etc.
Uma subdivisão dessa análise pode ser feita quando, além de grande intensidade, a força é aplicada 
subitamente, muitas vezes em situações de necessidade imediata. Por exemplo, uma peça grande de 
construção sendo içada por um guindaste, ao ser colocada no solo, sofre uma movimentação pendular, 
que precisa ser desacelerada pelos homens encarregados de auxiliar a colocação da carga no chão, sob 
o risco de lesões caso haja problemas na operação.
Segundo Dul e Weerdmeester (2012), movimentos bruscos geram picos de tensão, que podem produzir 
dores, e pausas são necessárias para recuperação quando a tarefa exceder 250 W de energia gasta 
(o metabolismo basal equivale a cerca de 80 W (1 W = 0,06 Kj/min = 0,0143 kcal/min). Para os autores, 
o peso máximo para alguém levantar deveria ser de 23 kg, em condições ideais, que seriam a carga 
próxima do corpo, com as duas mãos por meio de alças ou furos laterais, sem torcer o tronco, permitindo 
escolher uma boa postura e sem exceder um levantamento por minuto e no máximo uma hora de duração, 
ofertando em seguida 120% de tempo de repouso em relação ao tempo gasto no levantamento. 
Figura 14 – Movimentos pendulares da carga no guindaste exigem dos trabalhadores não apenas a aplicação de força, mas que tais 
ações sejam realizadas em um curto espaço de tempo (alta potência) para estabilizar a colocação da carga no solo. Essa característica 
é importante para o andamento da tarefa do trabalhador braçal e até para a segurança dele
Disponível em: https://bit.ly/3DbBnbb.Acesso em: 12 nov. 2021.
29
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
2.1.2 Movimentos repetitivos no trabalho braçal
Utilizando-se novamente o ofício de um pedreiro, o trabalho braçal pode ser caracterizado quando 
este profissional lida com cargas menores, mas repetidamente, executando movimentos. Assentar a 
massa em uma parede pode ser um bom exemplo de repetição e força. Vejamos a tarefa de um dos 
braços: pegar a massa com a colher, elevando-a sempre com o mesmo braço, e fazendo movimentos de 
vaivém na parede, com ajustes no ombro, cotovelo e punho, além da força de preensão da mão, para 
que o peso não seja derrubado.
Essa tarefa requer certos movimentos repetidos de flexão e abdução do ombro, flexão e extensão do 
cotovelo, pronação e supinação do antebraço, flexão e extensão do punho, sempre exercendo força na 
musculatura flexora dos dedos para manter o peso da massa em sua mão.
Outro caso típico nessa categoria de solicitação é o de um montador de móveis. Em uma conta 
simples, se um armário a ser montado utilizar 50 parafusos, entre a montagem das suas paredes, 
prateleiras, gavetas, portas etc., e se cada parafuso exigir cerca de 15 movimentos de supinação e 
pronação do antebraço, enquanto o montador ainda realiza força de preensão na mão, para que a chave 
de fendas não “escorregue” entre seus dedos, são necessários cerca de 750 movimentos repetidos de 
supinação e pronação do antebraço para montá-lo, sem contar as demais solicitações, como carregar as 
partes, encaixá-las e parafusá-las.
Mesmo com o uso de parafusadeiras automáticas, haverá exigências musculares e articulares 
significativas, pela ferramenta ter um peso considerável, por ter que ser segurada firmemente, por passar a 
existir algum nível de vibração, ou mesmo pelo fato de que, ao usar um artefato que facilita o trabalho 
ao diminuir o tempo de montagem de um móvel, é muito possível que se passe a exigir do trabalhador 
a montagem de dois ou mais móveis no tempo que for economizado pelo uso da ferramenta.
Ao longo de muitas horas de trabalho, essas solicitações de repetição de movimentos com alguma 
aplicação de força vão causar desgaste muscular e articular significativo. Muitos outros exemplos podem 
ser citados, como trabalhadores em linha de produção, auxiliares de limpeza e padeiros.
Figura 15 – Muitas profissões exigem o emprego de força moderada em repetições durante muitas 
horas de trabalho. Essa disposição é um dos alvos de programas de ginástica laboral 
Disponível em: https://bit.ly/3CdiIds. Acesso em: 12 nov. 2021.
30
Unidade I
2.1.3 Desproporção entre exigências unilaterais
Essa característica do trabalho braçal diz respeito ao desequilíbrio entre os lados do corpo. 
Muitas funções são executadas predominantemente apenas de um lado, devido à posição assumida, 
tipo de ferramenta, destreza do trabalhador, segurança etc. 
Não se deve abordar nessa análise apenas o uso de um dos lados do corpo, que ficará mais forte ou 
mais fatigado, fato já tratado nos itens anteriores, mas também o desequilíbrio que pode ser gerado no 
corpo humano.
Quando o desequilíbrio de utilização é grande, poderá causar dores que a médio prazo irão 
comprometer o rendimento no trabalho e a vida social. Com essa solicitação permanente, ao usar sempre 
os mesmos grupos musculares unilateralmente, estes serão exigidos desproporcionalmente, afetando 
muitas vezes o alinhamento da coluna vertebral.
Figura 16 – Quando o esforço físico é repetidamente muito maior de um lado do que do outro, 
gera um desequilíbrio muscular com o passar do tempo de trabalho, que pode ocasionar 
comprometimento muscular e até desvios posturais 
Disponível em: https://bit.ly/3wIezNu. Acesso em: 12 nov. 2021.
Ainda considerando o exemplo do pedreiro, os gestos citados de assentamento da massa na parede 
em geral são unilaterais, usando o braço dominante, seja na característica de força, para que suporte 
a necessidade de sustentar o peso, seja no aspecto da habilidade e destreza, quando se exige um 
acabamento uniforme.
Entre esportistas profissionais, é possível encontrar tais desequilíbrios, e o seu treinamento é 
planejado para que malefícios não sejam sentidos. É notável a carga diferenciada de trabalho entre o 
braço dominante e o outro braço de um tenista. Modernamente, a ciência já mostrou o valor de um 
trabalho equilibrado.
31
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Analisando novamente o trabalhador braçal comum, pode-se citar outras funções que possuem 
a característica de força unilateral importante, como um caixa de supermercado, que transpõe os 
produtos de um lado para o outro, um trabalhador de limpeza, ao limpar as janelas ou varrer o piso, 
e um repositor de estoques, que usa uma das mãos para retirar o produto da caixa e a outra mão 
para erguer o produto até a prateleira.
A) B) 
Figura 17 – Muitos equipamentos são utilizados forçando um lado do corpo, seja pelo posicionamento 
mais favorável (painel lateral), seja pelo manuseio unilateral (materiais de limpeza)
2.1.4 Muito tempo na posição em pé
Trabalhadores de produção muitas vezes realizam funções nas quais o deslocamento é 
importante, como carregadores, varredores e entregadores, ao passo que outras funções são 
executadas na posição em pé com membros inferiores estáticos, enquanto os membros superiores 
fazem alguma tarefa ou há pequenos deslocamentos para pegar uma peça ou ajustar a posição 
do corpo frente a uma peça.
Essa necessidade pode ter desdobramentos diversos: no caso de se trabalhar em pé parado, haverá 
uma sobrecarga na musculatura dorsal, especialmente lombar, e uma possível diminuição de retorno 
venoso dos membros inferiores, pela falta de ação muscular na posição parada. Se o trabalho for 
realizado em pé e em movimento, haverá grande demanda energética e fadiga na musculatura de 
membros inferiores devido à grande distância percorrida.
Para Dul e Weerdmeester (2012), é essencial intercalar a posição em pé com a posição sentada ou 
andando para aliviar a sobrecarga. 
32
Unidade I
2.1.5 Trabalho em posições forçadas
Outra característica presente em diversas funções consideradas como trabalho braçal é a 
possibilidade de o trabalho ser realizado em posição não anatômica.
Figura 18 – O trabalho em posição forçada, mesmo aquele em que não seja necessário executar 
força, causará uma demanda estática importante para ser compensada por um programa de ginástica laboral 
Disponível em: https://bit.ly/3c4W0K2. Acesso em: 12 nov. 2021.
Certas tarefas obrigam o trabalhador a assumir uma posição forçada, muitas vezes necessária para 
conseguir alcançar uma peça, ou encontrar uma posição em que seja possível aplicar força etc.
Quando se necessita assumir uma posição pouco natural, a musculatura precisa sustentar o peso 
corporal, ao contrário de uma postura equilibrada. Dessa forma, haverá um desgaste por conta da força 
empregada para assumir essa posição e, se for preciso manter tal postura por muito tempo, haverá uma 
fadiga por causa dessa solicitação.
É importante considerar a variação de posturas, e o estresse de permanecer com o tronco inclinado 
pode gerar dores no pescoço e nas costas (DUL; WEERDMEESTER, 2012).
O programa de ginástica laboral deve considerar esse aspecto e providenciar a devida compensação 
ou relaxamento das estruturas envolvidas.
Figura 19 – Parece cômodo trabalhar deitado, mas essa posição de abdução dos braços 
forçará o mecânico a realizar trabalho muscular para adução dos braços por tempo prolongado, 
fatigando a musculatura peitoral, tríceps e deltoides. Se houver necessidade de elevar a cabeça do chão, 
para poder enxergar o acesso às peças, ainda mais desgastante será a posição 
Disponível em: https://bit.ly/3wH70H4. Acesso em: 12 nov. 2021.
33
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
2.1.6 Outras características do trabalho braçal
Além das características citadas, é possível identificar outros fatores típicos de trabalhadores 
braçais. Assim, o profissional de ginástica laboral deve estar atento a quais aspectossão os mais 
importantes para aquele grupo para o qual pretende montar o programa, e então será possível 
atender às suas necessidades.
Deve-se, ainda, estar preparado para verificar as exceções. Alguns trabalhos, apesar de serem 
realizados na linha de produção, em vez de requererem força, podem se assemelhar a trabalhos de 
controle, portanto, em muito se aproximando das características do trabalho administrativo, que serão 
analisadas a seguir.
Figura 20 – Apesar de estar na linha de produção, este operário tem característica 
de trabalhador administrativo, observando um painel e pressionando os controles. 
É importante considerar, ainda, a posição do trabalho em pé e a presença de ruídos e vibrações 
Disponível em: https://bit.ly/30cdQIp. Acesso em: 12 nov. 2021.
2.2 Tipificação do trabalho administrativo, suas características e demandas
No outro extremo dos aspectos típicos de trabalho está o chamado trabalho administrativo. 
Também há uma série de fatores que o destacam para poder identificar quais solicitações são as mais 
comuns nesse tipo de função.
O trabalhador administrativo é definido como aquele que cumpre tarefas ligadas a decisões ou 
procedimentos diversos com mais atuação cognitiva do que uso de grandes grupos musculares. 
Logicamente, ele utilizará movimentos sempre que necessário, pois muitas tarefas exigem algum 
tipo de interação, como falar ao telefone, escrever, digitar, bem como pequenos deslocamentos, às 
vezes apresentações em reuniões ou atividades em grupo. Entretanto, esses movimentos são pouco 
significativos em relação ao dispêndio energético, sendo que muitos trabalhadores administrativos 
passam a maior parte do tempo sentados.
34
Unidade I
Figura 21 – O trabalho administrativo é marcado pelo intenso envolvimento 
cognitivo, com pouca ação muscular. Escrita, digitação, comunicação e discussões 
são algumas das principais atividades exercidas 
Disponível em: https://bit.ly/31YsJPx. Acesso em: 12 nov. 2021.
Acentuaremos agora alguns dos atributos típicos do trabalho administrativo.
2.2.1 Trabalho sentado e sedentarismo
Muitas das funções do trabalho administrativo podem ser realizadas na posição sentada, o que, 
de certo modo, é interessante para evitar o cansaço provocado pela posição em pé, típica do grupo de 
trabalhadores anteriormente estudado.
Todavia, muitas horas por dia de jornada de trabalho na posição sentada também não trazem 
benefícios ao organismo, podendo gerar, além da condição sistêmica de sedentarismo, problemas 
relacionados à posição assumida. Um traço importante do trabalho sentado é a diminuição da circulação 
sanguínea nos membros inferiores. 
Outra influência da posição sentada é a sobrecarga da coluna, especialmente na região lombar, 
e muitas vezes na região cervical, podendo ser associada a problemas ergonômicos, que serão analisados 
adiante. Um programa de ginástica laboral pode abordar essas objeções, ao realizar atividades para 
membros inferiores e coluna.
Adicionalmente aos prejuízos à saúde causados por muito tempo na posição sentada, não se pode 
deixar de considerar que muitos trabalhadores não se sentam corretamente, acarretando problemas 
ainda maiores. Assim, a integração da ginástica laboral com a ergonomia poderá trazer resultados 
favoráveis para os trabalhadores.
35
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 22 – Trabalhar sentado também gera sobrecarga física na coluna 
e nos membros inferiores, e isso deve ser compensado para não 
causar prejuízos físicos permanentes 
Disponível em: https://bit.ly/3oiXxBY. Acesso em: 12 nov. 2021.
O sedentarismo não pode ser totalmente combatido em uma sessão de ginástica laboral do 
ponto de vista fisiológico, pois, pela duração curta que a sessão possui, não será capaz de reverter 
o quadro. Por isso, será visto mais adiante que um dos componentes do programa pode ser 
educacional, complementando o pouco tempo de sessão com o incentivo à mudança de hábitos 
em outros horários do dia.
2.2.2 Movimentos repetitivos
Uma das características mais presentes e típicas do trabalhador administrativo é a realização de 
movimentos repetitivos de pequenos grupos musculares, como na escrita ou na digitação.
Movimentos repetitivos diversos, como escrita manual, uso constante de carimbos, mouse, 
calculadora, manuseio de botões ou painéis, são a demonstração da presença de repetições na 
rotina. Sem dúvida, são pontos de atenção no estudo das funções executadas pelo trabalhador, 
mesmo com baixa força envolvida. A repetição deve ser considerada, e o profissional de ginástica 
laboral deve observar em quais condições o trabalhador realiza os movimentos, bem como sua 
intensidade e frequência. Assim, terá a informação da relevância do movimento em relação ao 
desgaste do trabalhador, bem como das necessidades a serem consideradas para o planejamento 
do programa de ginástica laboral.
A digitação, em especial, tornou-se uma grande preocupação das empresas, pela sobrecarga na 
musculatura flexora e extensora dos dedos e estruturas anatômicas envolvidas. Trata-se de uma 
demanda muito importante, típica de trabalhadores administrativos, e sua relevância será verificada na 
Norma Regulamentadora 17 (NR 17), que dispõe especificamente sobre este tópico.
36
Unidade I
2.2.3 Estresse e sobrecargas diversas
O setor administrativo possui uma dinâmica que, muitas vezes, pode ser considerada demasiadamente 
estressora. Realização de muitas atividades ao mesmo tempo, cobrança por prazos, hierarquia rígida, 
relações interpessoais não favoráveis, entre outras causas, podem fazer com que o indivíduo trabalhe 
em condição de estresse emocional constante.
O estresse ocasional faz parte de diversas funções administrativas, mas quando os agentes estressores 
são permanentes os prejuízos aos trabalhadores são consideráveis. Em geral, as empresas reconhecem 
tal carga negativa e adotam a ginástica laboral como forma de combater parte das causas de estresse. 
A responsabilidade assumida no trabalho administrativo pode ser muito estressora, e a concentração 
de responsabilidades também se torna um fator estressante muito grave, chegando a prejudicar as 
relações interpessoais no trabalho.
Figura 23 – Trabalhadores do setor administrativo lidam com uma 
série de fatores estressores típicos da sua atuação 
Disponível em: https://bit.ly/3DdFvHF. Acesso em: 12 nov. 2021.
Ao finalizar essa análise das características dos trabalhadores da produção e da administração, 
deve-se lembrar que esses mundos extremos não são isolados. Muitos trabalhadores da administração, 
por exemplo, deparam-se com a tarefa de ter que “transportar” os documentos burocráticos. Carregar os 
documentos remete a um traço do trabalhador braçal, apesar de estar em um ambiente administrativo. 
Da mesma forma, um operário de uma linha de produção pode passar parte do tempo conduzindo 
uma máquina ou computador que controla o processo. Ele está exercendo uma função tipicamente 
administrativa, embora trabalhe diretamente no chão de fábrica. Assim, o profissional de ginástica 
laboral deve ter a clareza para analisar as funções desempenhadas em cada departamento, para poder 
conhecer as principais demandas do trabalho e programar a melhor forma de ação.
3 ERGONOMIA
A ergonomia é uma valiosa ferramenta para o profissional de ginástica laboral. A palavra vem do 
grego ergon (trabalho) e nomia (normatização, regras). Segundo a International Ergonomics Association (IEA), 
a ergonomia (fatores humanos) pode ser definida como 
37
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
disciplina científica que trata do entendimento da interação entre humanos e 
outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica a teoria, princípios, 
dados e métodos a projetos, a fim de otimizar o bem-estar humano e a 
performance geral do sistema (IEA, 2018).
Para Gonçalves (2008, p. 466 apud CALASANS, 2014), ergonomia é “a ciência que estuda a 
adaptação do trabalho ao homem, visando propiciar uma solicitação adequada do trabalho, evitando 
desgasteprematuro de suas potencialidades profissionais e objetivando alcançar a otimização do 
sistema de trabalho”.
A origem da ergonomia, do ponto de vista moderno, voltado à produtividade, vem da área militar 
em razão da Segunda Guerra Mundial, quando se verificou que uma maior adaptação do homem e de 
suas ferramentas/ambiente de trabalho pode otimizar a eficiência. Acesso aos comandos das armas e 
posição de trabalho em aviões, por exemplo, foram sendo estudados e gradualmente adaptados para 
uma melhor interação homem-máquina.
A partir dessa origem mais moderna, a ergonomia foi sendo utilizada nas mais diversas áreas. 
Hoje em dia, desde a culinária e a escrita, até os painéis de instrumentos dos carros e os cabos dos 
secadores de cabelo são desenhados pensando em seu uso facilitado. Produtos tão diferentes como 
teclados e mouses de computador e canetas ganham benefícios na usabilidade quando levam em conta 
as questões ergonômicas em seu design. A questão se mostra sedimentada em parte da população, 
pois as áreas de marketing das empresas fazem menção à questão ergonômica para comprovar a 
superioridade de seu produto. Até mesmo a área de software vai usar os recursos da ergonomia para 
adequar programas de computador e aplicativos de celulares para uma melhor utilização.
 Saiba mais
Os sites a seguir destacam a abrangência da ergonomia, uma vez que 
neste livro estão concentradas informações sobre a questão da posição e 
dos movimentos relacionados ao corpo humano durante o trabalho.
Associação Brasileira de Ergonomia: http://www.abergo.org.br. Acesso 
em: 12 nov. 2021.
International Ergonomics Association: https://www.iea.cc/index.php. 
Acesso em: 12 nov. 2021.
O trabalho da ergonomia deve iniciar-se conhecendo o ser humano, que, além de não ser completamente 
entendido, apresenta variações pessoais muito importantes. Vejamos algumas características psicofisiológicas 
do ser humano que devem ser consideradas no enfoque da ergonomia:
Prefere escolher livremente sua postura, dependendo da exigência das 
tarefas e do estado de seu meio interno.
38
Unidade I
Prefere utilizar alternadamente toda a musculatura corporal, e não 
apenas determinados segmentos corporais.
Tolera mal tarefas segmentadas com tempo exíguo (especialmente quando 
o tempo é externamente determinado).
É compelido a acelerar sua cadência quando estimulado pecuniariamente 
ou por outros meios, não levando em conta os limites de resistência de seu 
sistema musculoesquelético (BRASIL, 2002). 
Enquanto isso, no trabalho, a intenção é utilizar a ergonomia de forma a adaptar ferramentas, 
postos de trabalho, organizações e processo produtivo ao homem, no intuito de proporcionar maior 
conforto, segurança e produtividade.
A)
B)
Figura 24 – A evolução das máquinas com enfoque na ergonomia visa uma maior 
produtividade do trabalho, partindo da colheita manual para máquinas rudimentares 
e, como mostrado nas duas imagens, uma condição de trabalho melhorada, desde 
uma colheitadeira mais simples e mecânica (A) até sua evolução, computadorizada (B) 
Disponível em: A) https://bit.ly/3c59JR5; B) https://bit.ly/3HbIT8l. Acesso em: 12 nov. 2021
39
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Moraes e Soares (apud FIGUEIREDO; MONT´ALVÃO, 2008) afirmam que a ergonomia possibilita:
Maximizar conforto, satisfação e bem-estar.
Garantir a segurança.
Minimizar constrangimentos, custos humanos e carga cognitiva, psíquica e 
física do operador e/ou usuário.
Evitar doenças profissionais, lesões e mutilações do trabalhador.
Otimizar o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade 
do sistema homem-máquina.
O entendimento de ergonomia pelo profissional de ginástica laboral vai levá-lo a interpretar 
corretamente as necessidades dos trabalhadores. A abordagem neste livro vai destacar o enfoque 
de avaliação e colaboração, pois para atuar no desenvolvimento de sistemas e alterações maiores o 
profissional precisará buscar maior especialização nessa área.
As especializações possíveis segundo a International Ergonomics Association (IEA, 2018) são: 
• Ergonomia física: relacionada a anatomia, fisiologia, biomecânica e antropometria, incluindo 
posturas, movimentos executados, cargas movimentadas e leiaute do posto de trabalho.
• Ergonomia cognitiva: trata dos processos mentais e de como estes afetam a relação do homem 
com os outros elementos do sistema. Percepção, memória, julgamento, tomada de decisão, 
estresse e interação com o computador são alguns dos temas desta área.
• Ergonomia organizacional: a otimização dos processos sociotécnicos faz parte desta área. 
Estrutura, políticas, processos, comunicação, organização do trabalho, horários, equipes, trabalho 
a distância e administração da qualidade são tarefas tipicamente desenvolvidas, entre outras.
Figura 25 – Sistemas de interação para computadores devem ter um design que 
facilite a interação com o trabalhador, gerando economia de tempo e de movimentos 
Disponível em: https://bit.ly/3kshGo7. Acesso em: 12 nov. 2021.
40
Unidade I
A atuação em ergonomia do profissional de ginástica laboral terá, então, objetivos coadjuvantes 
na busca de melhores condições através da aplicação do conhecimento de ergonomia deste 
profissional na análise das condições de trabalho encontradas e, em especial, no posicionamento 
dos segmentos corporais e na conscientização preventiva. Eventualmente, a pedido da empresa 
contratante, o conceito de ergonomia poderá ainda ser aplicado para pequenas orientações, como 
postura para sentar-se, para levantar uma carga, ou organização e posicionamento do teclado, 
monitor etc. À medida que o profissional se especialize nas áreas acentuadas, poderá assumir um 
papel de maior intervenção.
Quando um posto de trabalho ou a organização da execução da tarefa já tiver passado por análise 
de um ergonomista ou indivíduo designado para tal, o profissional de ginástica laboral não deverá fazer 
intervenções, para não afetar o planejamento que foi realizado.
Figura 26 – A natureza da tarefa e o ambiente para realizá-la são componentes 
importantes na avaliação da ergonomia. Uma simples anteriorização 
da cabeça aumenta a força necessária para sustentá-la 
Disponível em: https://bit.ly/30kFx1S. Acesso em: 12 nov. 2021.
O profissional de ginástica laboral deve ser cauteloso, pois mesmo pequenas intervenções, 
como a sugestão de usar o mouse na mão menos habilidosa para dividir a carga de trabalho, podem 
causar interferências negativas, apesar da boa intenção da mudança. Para um trabalho que requer 
precisão na interação com o sistema através do mouse, por exemplo, sofrer alteração não planejada 
através de uma sugestão descompromissada pode ocasionar erros no processamento dos pedidos 
de compras, ou de despacho de mercadorias. Pode haver prejuízos financeiros e de imagem da 
empresa, que são indesejáveis. Qualquer alteração que possa causar interferência no trabalho deve 
ser autorizada pela gestão da empresa e fazer parte de um planejamento cuidadoso.
O planejamento do espaço e da relação homem-máquina é altamente relacionado com a ginástica 
laboral, pois a localização dos comandos em uma máquina, por exemplo, vai determinar os ângulos de 
trabalho dos segmentos (ombros, cabeça, coluna etc.) e a posição corporal (em pé, sentado, inclinado 
etc.), provocando as demandas associadas ao desgaste e à saúde do trabalhador.
41
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 27 – O correto design do posicionamento, dos controles e dos instrumentos 
pode fazer uma grande diferença quando se analisa o desgaste humano 
para observar e interagir com a máquina de forma segura e eficiente 
Disponível em: https://bit.ly/3quu6Qd. Acesso em: 12 nov. 2021.
Hendrik (apud FIGUEIREDO; MONT´ALVÃO, 2008) acrescenta o conceito de macroergonomia, como a 
interface homem-organização-máquina, observando a empresa como um todo, englobando organização, 
gerenciamento, objetivos, métodos, tecnologias, características psicossociais dos trabalhadores etc. É umconceito mais amplo, necessário para tomar as decisões nas esferas mais específicas de forma coerente. 
Além da macroergonomia, o autor considera como as demais partes desse complexo a ergonomia 
cognitiva ou ergonomia de software, parte na qual devem ser estudadas as relações do usuário com 
o sistema de computador, por exemplo, a ergonomia de hardware ou interface homem-máquina, com a 
interação do homem com a máquina por ele operada do ponto de vista mecânico (posicionamento, 
comandos, alavancas etc.), e a ergonomia ambiental, na qual entram componentes como temperatura, 
umidade, vibração, iluminação, ruído e ventilação.
A vibração, especialmente advinda do uso de ferramentas ou da permanência em plataformas de 
grandes máquinas, afeta diretamente a solicitação física e a fadiga causadas pelo trabalho, bem como 
aumenta a ocorrência de LER/Dort. Assim, a ginástica laboral bem planejada pode auxiliar a minimizar 
tais efeitos.
42
Unidade I
Figura 28 – Trabalhos que envolvem vibração desgastam aceleradamente a musculatura e 
as articulações, necessitando de atenção especial do programa de ginástica laboral 
Disponível em: https://bit.ly/3HhGDwh. Acesso em: 12 nov. 2021.
Nos demais aspectos ambientais, como temperatura, ventilação, iluminação etc., a ginástica laboral 
poderá colaborar do ponto de vista fisiológico, tanto pelo planejamento, para que ocorra em um local 
com menor incidência desses fatores, como também por atividades que combatam esses agentes com 
relaxamento, consciência corporal, trabalhos de respiração etc.
Figura 29 – Trabalhos em ambientes aquecidos demais geram uma sobrecarga no sistema fisiológico do trabalhador. 
O mesmo ocorre em sentido inverso, quando se trabalha em ambientes frios ou expostos ao vento ou à chuva 
Disponível em: https://bit.ly/3FeMxfA. Acesso em: 12 nov. 2021.
Utilizando essas primeiras noções, o profissional de ginástica laboral poderá entender os caminhos 
para estudos mais aprofundados e buscar uma maior compreensão dos inúmeros panoramas que possam 
se apresentar, para identificar as principais sobrecargas sofridas pelos trabalhadores que irá atender.
Apesar de cada função ter exigências diferentes na sua relação com o equipamento e com as tarefas 
sendo executadas, exigindo análises específicas, pode-se começar a entender o problema a partir 
da análise de duas interações gerais, que envolvem grandes grupos musculares, que são as posições de 
trabalho em pé e sentado, e também interações que utilizem o trabalho muscular estático e o trabalho 
muscular dinâmico.
43
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
3.1 Ergonomia do trabalho sentado
O trabalho sentado diminui parte da solicitação muscular estática do corpo, justamente as 
contrações musculares para se manter na posição ereta, em pé. Mas o trabalho sentado também provoca 
sobrecargas, e a própria NR 17, que será analisada mais adiante, prevê que “Sempre que o trabalho 
puder ser executado alternando a posição de pé com a posição sentada, o posto de trabalho deve ser 
planejado ou adaptado para favorecer a alternância das posições.” (BRASIL, 2021).
De acordo com Marano (2007), a posição sentada divide a carga transmitindo cerca de 50% do peso 
corporal para as tuberosidades isquiáticas, 34% para a face posterior das coxas e 16% para as plantas 
dos pés.
A posição sentada, entretanto, também impõe exigências físicas. Assim, é importante estudar a 
postura e as funções desempenhadas na posição sentada. Algumas considerações podem ser feitas 
sobre a frequente constatação de se assumir uma postura errada ao sentar-se.
A altura do assento deve permitir o acesso à mesa de trabalho sem necessitar de contração muscular 
estática para elevação dos ombros ou abdução dos braços. Os pés devem estar apoiados e com espaço 
para ajustes de posição. Pode ser necessário e recomendável a utilização de apoio para os pés para 
garantir que estes não fiquem sem contato com o solo, o que iria provocar um aumento da pressão da 
parte posterior da coxa contra o assento.
Também é essencial verificar o que ocorre com a sobrecarga na coluna vertebral durante o trabalho 
na posição sentada. Na figura seguinte, pode-se comparar a pressão de disco intervertebral (entre L3 
e L4), considerando como referência de 100% a pressão na posição em pé. Nota-se que na posição 
sentada com o tronco reto a 90º da coxa a pressão chega a 140%, e com curvatura do tronco à frente 
pode atingir 190% da pressão existente na posição em pé.
 
100%
140% 190%
24%
Figura 30 – Relação proporcional da pressão do disco 
intervertebral (L3/L4) em quatro diferentes posturas 
Fonte: Kroemer e Grandjean (2005, p. 61).
44
Unidade I
Se for comparada a postura sentada com o tronco na vertical com a postura inclinada à frente, 
pode-se verificar que há uma menor pressão dos discos na postura reta. Porém, para manter as costas 
eretas, é necessária uma maior ativação muscular, sobrecarregando os músculos ao aliviar os discos.
Assim, a ergonomia no desenho de cadeiras e poltronas precisou evoluir para diminuir essa 
sobrecarga. O trabalho dos profissionais envolvidos, como ergonomistas e profissionais de ginástica 
laboral, torna-se um importante fator de manutenção da consciência e das condições de correta 
utilização da posição sentada.
A) B) 
Figura 31 – Diferentes cadeiras possibilitam posições variadas no trabalho sentado. Regulagens de 
altura, apoios para braços, encostos, dimensões, presença de rodízios e outras características as 
diferenciam, e o profissional de ginástica laboral deve verificar a sua forma de utilização 
As conclusões dos estudos existentes sobre cadeiras são muito variadas, pois tratam de situações 
e realidades diferentes. Em pesquisa específica sobre o desenho de uma cadeira ideal, Kroemer e 
Grandjean (2005) detectaram a preferência de usuários por cadeira com assento reclinado a cerca de 
20º da horizontal para trás, e encosto de 20º a 30º da vertical para trás, proporcionando apoio das costas 
e coxas de maneira a diminuir as sobrecargas musculares e discais. A existência de um apoio lombar 
também é desejável.
Os profissionais de ginástica laboral não atuarão no desenho do mobiliário, mas o conhecimento 
dessas recomendações é importante para:
• A constatação das sobrecargas existentes e de qual é o desvio da posição ideal, para poder planejar 
as atividades compensatórias.
• O auxílio na orientação das regulagens e nas orientações posturais, quando previsto no planejamento.
45
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
• A participação eventual em comitês de ações ou grupos de estudo de ergonomia no trabalho, 
podendo aprofundar seus estudos para recomendar determinadas características quando houver 
a decisão de aquisição de novo mobiliário.
a) 48-50 cm
b) 38-54 cm
c) mín. 17 cm
d) 10-25º
a
b
c
d
Figura 32 – Recomendações para projeto de cadeiras e mesas. Vale ressaltar 
que diferentes funções podem exigir arranjo diferenciado 
Fonte: Kroemer e Grandjean (2005, p. 68).
Além das características das solicitações por permanecer na posição sentada, deve-se considerar 
ainda as funções executadas, como digitação, leitura, telefonia, controle de máquinas etc.
3.1.1 Posição de trabalho em terminais de computadores
Uma das funções executadas na posição sentada que merecerá destaque pela grande abrangência 
em nossa sociedade de serviços é o trabalho em computadores, também presente, faça-se menção, em 
ambientes de produção automatizada.
O trabalho em computadores exige uma integração, a partir da posição sentada, com elementos da 
postura, como posição da cabeça, posicionamento de membros superiores para acesso ao teclado e ao 
mouse, e movimentos repetitivos no uso desses equipamentos. Também envolve a questão ambiental, 
como a iluminação e os reflexos na tela.
A posição da cabeça é a primeira a ser examinada: utilizando como referência a linha OO 
(linha ouvido-olho), esta linha não deve estar mais de 15º abaixo da horizontal, ou seja, a cabeça 
não deve estar mais inclinada que 30ºpara a frente (KROEMER; GRANDJEAN, 2005). A posição do 
monitor de computador deve estar dentro de 0º a 15º da horizontal para baixo, para que a visão 
seja utilizada sem esforço.
46
Unidade I
Figura 33 – Pode-se notar que a tela de um notebook fica muito baixa em relação à linha 
da visão horizontal. Olhar para baixo gera uma sobrecarga estática na região cervical, sendo 
importante considerá-la para planejamento da ginástica laboral. Existem suportes para elevar 
o notebook e deixar a tela mais próxima à linha da visão, devendo ser acoplado um teclado à parte 
Disponível em: https://bit.ly/3ncIJoY. Acesso em: 12 nov. 2021.
 Observação
Linha OO (linha ouvido-olho) é uma linha imaginária que liga o 
orifício do ouvido à extremidade lateral do olho, na junção das pálpebras. 
É fácil de ser visualizada, e por isso é muito usada em referências sobre 
posição da cabeça.
Na tabela a seguir, pode-se comparar o número de estudos avaliados por Couto et al. (1998), que 
relacionaram alguns parâmetros ergonômicos com o acometimento por LER/Dort de trabalhadores em 
terminais de computadores. Muitos dos problemas ligados ao aparecimento de LER/Dort estão associados 
com o posicionamento de cabeça e membros superiores.
É interessante notar ainda que a percepção de desconforto parece ser um indicador relevante em 
três estudos em que houve o aparecimento de LER/Dort, mostrando que o indivíduo pode ter alguma 
capacidade de detecção através de seu conhecimento corporal e sensibilidade para um problema 
presente, para que possa ser prevenido.
47
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Tabela 2 – Número de estudos demonstrando fatores de posição assumida no trabalho com 
terminais de computadores comprovando (“Sim”) ou não comprovando (“Não”) 
relação com ocorrência de LER/Dort 
Fator Sim Não
Ângulos forçados/articulações 4 2
Posição da tela/documento 3 1
Posição do teclado/mesa 2+1- 2
Cadeira inadequada 1 3
Falta de espaço para pernas 1 –
Leiaute do teclado 1 –
Falta de suporte para punho 1 –
Percepção de desconforto 3 1
Tempo na profissão (digitação) 1 2
Força excessiva com mãos 1 –
Adaptado de: Couto et al. (1998).
Para a ergonomia, a posição de membros superiores durante o trabalho sentado é especialmente 
importante na digitação, além da questão dos movimentos repetitivos. 
Alguns teclados de computadores possuem um ângulo interno entre as teclas utilizadas pela mão 
direita e as que são usadas pela mão esquerda, diminuindo o desvio ulnar necessário para assumir a 
posição de trabalho. Dessa forma, buscam diminuir a quebra de neutralidade da articulação do punho, 
melhorando a ergonomia.
Figura 34 – Note o desvio ulnar do antebraço esquerdo. Os teclados convencionais, 
sobretudo os menores modelos, exigem uma adaptação dos punhos em relação 
à largura dos ombros, causando uma quebra da neutralidade desse segmento e 
expondo a região a um maior desgaste devido à repetição dos movimentos 
Disponível em: https://bit.ly/3kwTKA6. Acesso em: 12 nov. 2021.
48
Unidade I
Figura 35 – Alguns modelos de teclado são curvos ou angulados, permitindo 
que os dedos acessem as teclas necessitando de menor desvio ulnar 
Disponível em: https://bit.ly/3kwTMYK. Acesso em: 12 nov. 2021.
3.2 Ergonomia do trabalho em pé
A manutenção da posição em pé repercute no organismo e gera demandas energéticas e desgastes 
posturais. Pode-se fazer subdivisões nesta categoria, para quando o trabalho em pé é realizado com 
deslocamentos ou em posição parada.
Considerações sobre o trabalho em pé estático levam à preocupação com o acúmulo sanguíneo 
no sistema vascular venoso dos membros inferiores. Sem movimentação, a musculatura não consegue 
auxiliar com o efeito de bombeamento sanguíneo no retorno venoso, aumentando a propensão a 
varizes, por exemplo, e outras consequências. Caberá ao profissional de ginástica laboral proporcionar 
as atividades necessárias para amenizar o quadro, inclusive medidas educativas para estimular a 
movimentação de membros inferiores periodicamente.
Figura 36 – O trabalho parado na posição em pé requer contrações musculares estáticas 
dos membros inferiores e do tronco para manutenção da postura, e pode ser altamente desgastante 
Disponível em: https://bit.ly/3ktL8Kb. Acesso em: 12 nov. 2021.
49
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Segundo Kroemer e Grandjean (2005), a pressão nas veias é aumentada em 80 mmHg nos pés e 
40 mmHg nas coxas, quando se fica parado em pé.
Já o trabalho em pé com movimentação (andar, subir escadas, acionar pedais) gera um acionamento 
muscular relevante e desgastante, necessitando também da intervenção do profissional de ginástica 
laboral para contrapor tais solicitações. O trabalho de garçom, carteiro, lixeiro ou entregador de pizzas 
ilustra que, além do trabalho na posição em pé, pode ser significativo o número de passos realizados 
durante a jornada.
Para Marano (2007), o trabalho predominantemente em pé é contraindicado para casos de alterações 
físicas, articulares ou circulatórias, obesidade ou outras características que são agravadas pela posição. 
3.3 Trabalho muscular estático e dinâmico
O trabalho muscular dinâmico é caracterizado por alternância de contração muscular e relaxamento, 
enquanto o trabalho estático é marcado pela manutenção da contração isométrica, muitas vezes para 
manter a postura necessária.
O trabalho estático é mais desgastante do ponto de vista laboral. A necessidade de irrigação sanguínea 
para manter a contração muscular nem sempre é suprida de forma satisfatória, resultando em fadiga 
mais rápido, pois, sobretudo em maiores tensões, a pressão interna do músculo dificultará a circulação 
sanguínea. Para o profissional de ginástica laboral, deve ser fator de consideração no momento da 
avaliação das atividades laborativas e de planejamento de sua proposta.
Figura 37 – Observe o trabalho desta dentista, em um ambiente confortável, sentada 
em uma cadeira com apoios, mas a necessidade da carga estática muscular dorsal, 
sustentando sua cabeça com flexão cervical e tronco inclinado à frente, é desgastante 
Disponível em: https://bit.ly/3qBWDDk. Acesso em: 12 nov. 2021.
Durante o trabalho dinâmico, a cadência de contração e relaxamento auxiliará na circulação 
sanguínea e, dependendo da intensidade, o trabalho poderá ser mantido por um longo tempo 
sem fadiga.
50
Unidade I
Deve-se notar que em algumas situações é possível existir uma região corporal executando trabalho 
estático (segurar uma caixa pesada com os braços, por exemplo), enquanto outra região executa 
trabalho dinâmico (caminhar). Em outras situações pode ocorrer repouso em uma região (posição sentada), 
enquanto os membros superiores trabalham intensamente na montagem de uma peça, por exemplo.
3.4 Trabalho pesado e manuseio de cargas
Atualmente, grande parte do trabalho nos países industrializados é realizado na posição sentada 
e em muitas indústrias há uma diminuição na necessidade de trabalho pesado devido à mecanização e 
automação, mas ainda é uma frequente solicitação nas mais variadas funções.
O trabalho pesado também é um grande desafio para o organismo. Mesmo sendo dinâmico, 
a requisição de grande parte da musculatura, em alta tensão, gera uma necessidade de pausas de 
recuperação, que podem ser maximizadas com o trabalho de ginástica laboral. Portanto, o profissional 
deve estar atento às solicitações existentes na rotina do trabalhador. A alta exigência muscular local 
ainda pode refletir na sobrecarga cardiopulmonar.
O trabalho não deveria exigir de forma contínua ou repetitiva mais de 30% da capacidade de 
um grupo muscular, evitando utilização aguda, mesmo ocasional, de mais de 50% da capacidade 
(COUTO et al., 1998). A redução da força necessária pode ser alcançada com diversas ações, como reduzir 
o peso de objetos ou caixas, melhorar a “pega” de ferramentas para ter atrito adequado, e evitar o uso 
de força além do necessário.
A tabela a seguir indica o dispêndio de energia considerando um homem e uma mulhermédios, 
em várias funções laborativas:
Tabela 3 – Demandas energéticas de algumas atividades
Tipo de trabalho Exemplo Demanda do homem Demanda da mulher
Leve, sentado Guarda-livros 9.600 kJ/dia 8.400 kJ/dia
Manual, pesado Tratorista 12.500 kJ/dia 9.800 kJ/dia
Moderado, todo o corpo Açougueiro 15.000 kJ/dia 12.000 kJ/dia
Pesado, todo o corpo Comutador de ferrovia 16.500 kJ/dia 13.500 kJ/dia
Extremo Madeireiro 19.000 kJ/dia –
Metabolismo basal Imobilidade 7.000 kJ/dia 5.900 kJ/dia
Adaptado de: Kroemer e Grandjean (2005, p. 83).
Comparando com a demanda energética basal, os trabalhos pesados são considerados muito 
significativos no que diz respeito à saúde do trabalhador.
Estudos avaliam que uma média diária para trabalho pesado na Europa e nos Estados Unidos é de 
cerca de 20.000 kJ/dia, sendo aceitável ultrapassar este valor em alguns períodos, desde que a média se 
mantenha ao longo do ano (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
51
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
O carregamento de peso é uma das formas mais comuns de trabalho pesado, devendo se considerar 
tanto o gasto energético quanto as estruturas solicitadas.
Figura 38 – O trabalho pesado de carregamento de cargas é extremamente penoso, 
tanto do ponto de vista energético quanto do desgaste muscular e articular 
Disponível em: https://bit.ly/30pL2wv. Acesso em: 12 nov. 2021.
Sempre que possível, deve-se utilizar equipamentos e acessórios que diminuam a carga 
carregada, dividindo-a em partes ou ainda a transportando em carrinhos. O profissional de 
ginástica laboral deve observar qual a disponibilidade desses equipamentos na rotina de trabalho 
e verificar a sobrecarga sofrida pelo colaborador, para equacionar seu programa de acordo com 
as necessidades verificadas.
Figura 39 – Quando a carga a ser carregada for muito pesada, devem ser usados carrinhos para diminuir a sobrecarga no corpo. 
O profissional de ginástica laboral deve considerar que a sobrecarga que incide sobre o trabalhador é muito significativa 
Disponível em: https://bit.ly/3F8tdkk. Acesso em: 12 nov. 2021.
52
Unidade I
O carregamento e o manuseio de cargas são demandas essenciais no trabalho braçal, e sua 
importância pode ser verificada na Norma Regulamentadora 17 (NR 17), que dispõe especificamente 
sobre este tópico.
3.5 Norma Regulamentadora 17 (NR 17)
As normas regulamentadoras são um conjunto de instruções sobre segurança e saúde no trabalho 
visando a preservação e a melhoria da segurança do trabalhador por meio da especificação das diversas 
situações de condições de trabalho. 
A NR 17 aborda especificamente os aspectos ergonômicos relacionados ao trabalho. Será feita a 
seguir uma breve análise de partes dessa norma, conforme disponível até a data da edição deste material.
 Saiba mais
Informe-se sobre a Norma Regulamentadora 17, suas atualizações e as 
demais normas diretamente no site do Ministério do Trabalho: 
Disponível em: https://bit.ly/30qhVJ8. Acesso em: 12 nov. 2021.
A primeira parte da NR 17 trata de disposições gerais, seguidas por considerações específicas para 
diversas tarefas. O profissional de ginástica laboral deve conhecer as normas, não para fiscalizar sua 
aplicação ou gerar conflitos entre trabalhadores e a empresa, mas para ter argumentação teórica 
quando fizer proposições de programas que visam diminuir as sobrecargas sofridas, ou participação de 
seu parecer ao contratante quando solicitado.
Em caso de observação de desvios da norma que possam causar problemas físicos aos trabalhadores, 
o agente deve entrar em contato com o responsável por sua contratação, passando as informações 
necessárias para que seja possível tomar as providências.
Considerações iniciais da NR 17:
17.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR visa estabelecer as diretrizes 
e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às 
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar 
conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho (BRASIL, 2021).
Pode-se verificar que a NR 17 é definida como norteadora para decisões de adaptação das condições 
de trabalho em favor da característica dos trabalhadores para seu conforto, segurança e desempenho 
eficiente de suas funções. No item 17.3.1.2 da NR 17, é previsto que seja realizada a avaliação ergonômica 
preliminar, que pode ser contemplada nas etapas do processo de identificação de perigos e de avaliação 
53
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
dos riscos descritos no item 1.5.4 da NR 1 - Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais 
(BRASIL, 2021).
No item 17.5 da NR 17 - Levantamento, transporte e descarga individual de cargas –, definem-se 
os parâmetros para trabalho de transporte de materiais. Especialmente, há um cuidado com a necessidade 
da diminuição da carga para trabalhadores jovens e trabalhadoras do sexo feminino.
17.5.1 Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas 
por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou 
sua segurança. 
17.5.1.1 A carga suportada deve ser reduzida quando se tratar de trabalhadora 
mulher e de trabalhador menor nas atividades permitidas por lei (BRASIL, 2021).
A Norma atribui ao empregador a responsabilidade sobre qualquer problema relacionado à designação 
de transporte de carga a um trabalhador, mesmo quando utilizados meios auxiliares de transporte: 
17.5.3 O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração 
de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico devem 
observar a carga, a frequência, a pega e a distância percorrida, para que não 
comprometam a saúde ou a segurança do trabalhador (BRASIL, 2021).
 
Figura 40 – O uso de carrinhos de carga atenua a exigência da tensão muscular necessária 
para carregar os objetos na mão, e pode diminuir a quantidade de deslocamentos ao exigir 
 menos viagens. Entretanto, gera uma maior intensidade de força de membros inferiores 
necessária para tracioná-lo. A NR 17 fixa que mesmo com o uso de carrinhos o esforço 
deve ser compatível com a capacidade do trabalhador 
Disponível em: https://bit.ly/3Dfc2wR. Acesso em: 12 nov. 2021.
54
Unidade I
O item 17.6 da NR 17 trata especificamente do mobiliário: 
17.6.1 O conjunto do mobiliário do posto de trabalho deve apresentar 
regulagens em um ou mais de seus elementos que permitam adaptá-lo às 
características antropométricas que atendam ao conjunto dos trabalhadores 
envolvidos e à natureza do trabalho a ser desenvolvido.
Para o profissional de Ginástica Laboral, é imprescindível se atentar às 
características das condições preconizadas para o trabalho em pé e sentado, 
constantes da NR 17:
17.6.3 Para trabalho manual, os planos de trabalho devem proporcionar 
ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem 
atender aos seguintes requisitos mínimos: 
a) características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação 
dos segmentos corporais de forma a não comprometer a saúde e não 
ocasionar amplitudes articulares excessivas ou posturas nocivas de trabalho; 
b) altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo 
de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e 
com a altura do assento; 
c) área de trabalho dentro da zona de alcance manual e de fácil visualização 
pelo trabalhador; 
d) para o trabalho sentado, espaço suficiente para pernas e pés na base do 
plano de trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo 
possível do ponto de operação e possa posicionar completamente a região 
plantar, podendo utilizar apoio para os pés, nos termos do item 17.6.4; e 
e) para o trabalho em pé, espaço suficiente para os pés na base do plano de 
trabalho, para permitir que o trabalhador se aproxime o máximo possível 
do ponto de operação e possa posicionar completamente a região plantar 
(BRASIL, 2021). 
Pode-se notar que a condição de boa postura não é especificada quanto a altura, distância e 
proporções, mas sim nos termos “boapostura”, “fácil visualização”, “compatíveis” etc., de certa forma 
necessitando referência externa.
Ainda sobre o trabalho sentado, a NR 17 dispõe um padrão para ser seguido para os assentos de 
cadeiras de trabalho: 
 
55
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
17.6.6 Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos 
seguintes requisitos mínimos: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e 
à natureza da função exercida; 
b) sistemas de ajustes e manuseio acessíveis; 
c) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; 
d) borda frontal arredondada; e 
e) encosto com forma adaptada ao corpo para proteção da região lombar 
(BRASIL, 2021).
A NR 17 também estabelece a preocupação com o apoio dos pés, quando determina que: 
“17.6.4 Para adaptação do mobiliário às dimensões antropométricas do 
trabalhador, pode ser utilizado apoio para os pés sempre que o trabalhador 
não puder manter a planta dos pés completamente apoiada no piso” 
(BRASIL, 2021). 
Figura 41 – O trabalho sentado é uma preocupação da norma, tanto nas especificações mínimas da 
cadeira (assento, encosto etc.) como na posição da visão do documento e na alternância 
de posições. Dependendo do tempo despendido nesta posição, a trabalhadora terá dores 
na região cervical, possíveis problemas circulatórios nas pernas e dores na região 
da coluna devido à assimetria da distribuição de peso no quadril 
Disponível em: https://bit.ly/3c8t83G. Acesso em: 12 nov. 2021.
56
Unidade I
Já no caso de trabalho em pé, a NR 17 especifica a disponibilização de assentos para que sejam 
utilizados durante as pausas: “17.6.7 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados em pé, 
devem ser colocados assentos com encosto para descanso em locais em que possam ser utilizados pelos 
trabalhadores durante as pausas” (BRASIL, 2021). 
Sobre a utilização de telas de equipamentos no trabalho, a NR 17 dispõe que: 
17.7.3 Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados 
com terminais de vídeo devem permitir ao trabalhador ajustá-lo de acordo 
com as tarefas a serem executadas. 
17.7.3.1 Os equipamentos devem ter condições de mobilidade suficiente 
para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, 
protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade 
ao trabalhador. 
17.7.3.2 Nas atividades com uso de computador portátil de forma não 
eventual em posto de trabalho, devem ser previstas formas de adaptação 
do teclado, do mouse ou da tela a fim de permitir o ajuste às características 
antropométricas do trabalhador e à natureza das tarefas a serem executadas 
(BRASIL, 2021).
Sobre a realização do trabalho (operação), deve-se observar o que determina a NR 17: 
17.4.1 A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em 
consideração: 
a) as normas de produção; 
b) o modo operatório, quando aplicável; 
c) a exigência de tempo; 
d) o ritmo de trabalho; 
e) o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis; e 
f) os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde 
do trabalhador (BRASIL, 2021).
 
Ou seja, o trabalho a ser executado deve ser adequado às características do trabalhador, e os subitens 
“a” a “f” do item 17.6.2 devem ser observados para essa adequação.
Ainda sobre a execução das tarefas no trabalho, pode-se destacar que a NR 17 estipula que, 
se houver a presença de algumas sobrecargas musculares, os sistemas de avaliação de desempenho 
visando recompensas deverão considerar as consequências no trabalhador e a necessidade de pausas: 
57
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
17.4.2 Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou 
dinâmica do tronco, do pescoço, da cabeça, dos membros superiores e dos 
membros inferiores, devem ser adotadas medidas técnicas de engenharia, 
organizacionais e/ou administrativas, com o objetivo de eliminar ou reduzir 
essas sobrecargas, a partir da avaliação ergonômica preliminar ou da AET 
(BRASIL, 2021).
O profissional de Ginástica Laboral deve estar atento às características do trabalho realizado pelos 
colaboradores da empresa, a fim de identificar as sobrecargas impostas ao trabalhador. Sobre essas 
condições, a NR 17 estabelece: 
17.4.3 Devem ser implementadas medidas de prevenção, a partir da avaliação 
ergonômica preliminar ou da AET, que evitem que os trabalhadores, ao 
realizar suas atividades, sejam obrigados a efetuar de forma contínua e 
repetitiva: 
a) posturas extremas ou nocivas do tronco, do pescoço, da cabeça, dos 
membros superiores e/ou dos membros inferiores; 
b) movimentos bruscos de impacto dos membros superiores; 
c) uso excessivo de força muscular; 
d) frequência de movimentos dos membros superiores ou inferiores que 
possam comprometer a segurança e a saúde do trabalhador; 
e) exposição a vibrações, nos termos do Anexo I da Norma Regulamentadora 
n. 9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, 
Químicos e Biológicos; ou 
f) exigência cognitiva que possa comprometer a segurança e saúde do 
trabalhador (BRASIL, 2021).
Após esses itens, a Norma prossegue com a inclusão do Anexo I, que trata do trabalho de operadores 
de checkout, como são conhecidos os serviços de caixa (supermercados, lojas de conveniência, lojas 
de departamentos etc.). Na análise, cabe ressaltar as seguintes informações constantes do item 3.1 do 
Anexo I da NR 17, que trata do posto de trabalho do operador de checkout:
a) atender às características antropométricas de 90% (noventa por cento) 
dos trabalhadores, respeitando os alcances dos membros e da visão, ou seja, 
compatibilizando as áreas de visão com a manipulação; 
b) assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as posições 
confortáveis dos membros superiores e inferiores nessas duas situações; 
58
Unidade I
c) respeitar os ângulos limites e trajetórias naturais dos movimentos, durante 
a execução das tarefas, evitando a flexão e a torção do tronco; 
d) garantir um espaço adequado para livre movimentação do operador e 
colocação da cadeira, a fim de permitir a alternância do trabalho na posição 
em pé com o trabalho na posição sentada; 
e) manter uma cadeira de trabalho com assento e encosto para apoio 
lombar, com estofamento de densidade adequada, ajustáveis à estatura do 
trabalhador e à natureza da tarefa; 
f) colocar apoio para os pés, independente da cadeira; (BRASIL, 2021).
Se o profissional de ginástica laboral constata que alguns dos aspectos não são atendidos na 
empresa em que irá atuar, deve verificar qual a sobrecarga adicional imposta ao trabalhador, para 
poder amenizar a influência em sua saúde e prevenir as lesões decorrentes da não observação completa 
da NR 17, que pode estar presente no trabalho.
Vale ainda destacar o item 3.2 do Anexo I da NR 17, que analisa os equipamentos do posto de 
checkout, visando diminuir as solicitações físicas decorrentes da função: 
a) escolhê-los de modo a favorecer os movimentos e ações próprias da 
função, sem exigência acentuada de força, pressão, preensão, flexão, 
extensão ou torção dos segmentos corporais; 
b) posicioná-los no posto de trabalho dentro dos limites de alcance manual 
e visual do operador, permitindo a movimentação dos membros superiores e 
inferiores e respeitando a natureza da tarefa; (BRASIL, 2021).
As tarefas de ensacamento e de pesagem de mercadorias concomitantes ao trabalho de operador de 
checkout são tratadas nos itens 4.3 e 4.4, respectivamente, estipulando limites que devem ser conhecidos 
pelo profissional de ginástica laboral no sentido da compreensão dos fatores agravantes a seu trabalho, 
ou seja, quando presentes em maior grau, haverá dentro do programa a ser definido um planejamento 
para poder compensar essas solicitações agregadas.
Interessante notar que o item 7 do Anexo I da NR 17 delega à empresa a educação do trabalhador para 
exercer a função de operador de checkout no que tange à preservação da saúde, sendo necessário obsservar:7.1 Todos os trabalhadores envolvidos com o trabalho de operador de checkout 
devem receber treinamento, cujo objetivo é aumentar o conhecimento da 
relação entre o seu trabalho e a promoção à saúde. 
7.2 O treinamento deve conter noções sobre as medidas de prevenção e os 
fatores de risco para a saúde, decorrentes da modalidade de trabalho de 
operador de checkout, levando em consideração os aspectos relacionados a: 
59
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
a) posto de trabalho; 
b) manipulação de mercadorias; 
c) organização do trabalho; 
d) aspectos psicossociais do trabalho; e 
e) lesões ou agravos à saúde mais encontrados entre operadores de checkout 
(BRASIL, 2021). 
A última seção da NR 17 é o Anexo II, que estuda a função de operador de telemarketing 
ou central de atendimento, nos chamados call centers. Esses profissionais, pela natureza de seu 
trabalho, precisam de considerações especiais, das quais algumas são destacadas a seguir. No seu segundo 
item, define-se o escopo do que trata o Anexo II: 
2.1 As disposições deste Anexo aplicam-se a todas as organizações que 
mantêm serviço de teleatendimento/telemarketing, nas modalidades 
ativo ou receptivo, em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais 
de relacionamento com clientes (call centers), para prestação de serviços, 
informações e comercialização de produtos. 
2.1.1 Entende-se como call center o ambiente de trabalho no qual a principal 
atividade é conduzida via telefone e/ou rádio com utilização simultânea de 
terminais de computador (BRASIL, 2021).
Algumas necessidades específicas sobre o posto de trabalho são tratadas no item 3 do Anexo II da 
NR 17, podendo-se dar destaque ao item 3.1: 
a) o monitor de vídeo e o teclado devem estar apoiados em superfícies com 
mecanismos de regulagem independentes; 
b) será aceita superfície regulável única para teclado e monitor quando este 
for dotado de regulagem independente de, no mínimo, 26 cm (vinte e seis 
centímetros) no plano vertical; 
c) a bancada sem material de consulta deve ter, no mínimo, profundidade de 
75 cm, e largura de 90 cm (…) 
d) a bancada com material de consulta deve ter, no mínimo, profundidade 
de 90 cm e largura de 100 cm; 
[…] 
60
Unidade I
f) as superfícies de trabalho devem ser reguláveis em altura em um intervalo 
mínimo de 13 cm (treze centímetros), permitindo o apoio das plantas dos 
pés no piso; 
g) o dispositivo de apontamento na tela (mouse) deve estar apoiado na 
mesma superfície do teclado, colocado em área de fácil alcance e com 
espaço suficiente para sua livre utilização; 
[…] 
i) nos casos em que os pés do operador não alcancem o piso, mesmo após a 
regulagem do assento, deve ser fornecido apoio para os pés […] (BRASIL, 2021).
Já o item 6 do Anexo II da NR 17 discorre sobre a organização do trabalho do operador de 
teleatendimento. Diz respeito a diversas necessidades, e podem-se destacar como vitais para o 
conhecimento do profissional de ginástica laboral: 
6.3 O tempo de trabalho em efetiva atividade de teleatendimento/
telemarketing é de, no máximo, 6 (seis) horas diárias. 
6.4 Para prevenir sobrecarga psíquica e muscular estática de pescoço, ombros, 
dorso e membros superiores, a organização deve permitir a fruição de pausas 
de descanso e intervalos para repouso e alimentação aos trabalhadores. 
[…]
6.4.5 Devem ser garantidas pausas no trabalho imediatamente após operação 
em que tenham ocorrido ameaças, abuso verbal ou agressões, ou que tenha 
sido especialmente desgastante, que permitam ao operador recuperar-se e 
socializar conflitos e dificuldades com colegas, supervisores ou profissionais 
de saúde ocupacional especialmente capacitados para tal acolhimento. 
6.5 O tempo necessário para a atualização do conhecimento do operador 
e para o ajuste do posto de trabalho é considerado como parte da jornada 
normal. 
6.6 A participação em quaisquer modalidades de atividade física, quando 
adotadas pela organização, não é obrigatória, e a recusa do trabalhador 
em praticá-la não poderá ser utilizada para efeito de qualquer punição 
(BRASIL, 2021).
 Saiba mais
Para verificar todos os itens e especificações da NR 17, leia:
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência. Norma Regulamentadora 
n. 17 (NR-17). Brasília, 2021. https://bit.ly/3czwcpT; Acesso em: 12 nov. 2021.
61
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
3.6 Verificação ergonômica
Uma verificação ergonômica deve ser realizada para avaliação inicial das necessidades, conforme 
acentuamos.
A verificação ergonômica, dentro da abrangência dos programas de ginástica laboral, não visa 
necessariamente elaborar um laudo ergonômico ou destacar a obrigatoriedade da contratação de 
um ergonomista. Caso não haja esses recursos de pessoal qualificado estritamente para a ergonomia, 
o profissional de ginástica laboral deve fazer as suas observações in loco, considerando as queixas 
relatadas pelos trabalhadores e as observações dos gestores ou responsáveis para poder traçar um perfil 
da exigência de cada posto de trabalho. 
Com experiência, o profissional poderá perceber e deve anotar posições forçadas, repetições, 
ângulos excessivos, tensões presentes nas ações e, principalmente, encontrar soluções para os 
problemas constatados.
Para iniciar o contato prático do profissional de ginástica laboral com a avaliação da ergonomia no 
trabalho, pode-se utilizar a proposta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em colaboração 
com a International Ergonomics Association (IEA), que resultou na publicação Pontos de Verificação 
Ergonômica (OIT, 2018).
De uma forma simplificada, o documento estimula empresas e gestores interessados a melhorar as 
condições ergonômicas do trabalho cumprindo uma rotina de verificação e intervenções em prol da 
discussão de melhorias viáveis para diminuir acidentes de trabalho relativos à ergonomia, particularmente 
em pequenas e médias empresas. Para tal, avaliam-se as necessidades reais encontradas pela OIT em 
diversos locais do mundo.
Esse manual tem 132 questões para as situações de trabalho mais diversas, e propõe que a 
implementação de melhorias siga uma filosofia, incluindo:
As soluções imediatas precisam ser desenvolvidas com a participação ativa 
dos empregados e trabalhadores.
O trabalho em grupo é uma vantagem para planificar e aplicar melhorias práticas.
O uso do material e dos peritos locais disponíveis resulta em muitas vantagens.
Uma atuação em muitas direções pode assegurar que as melhorias permaneçam 
com o tempo.
Para elaborar melhorias ajustadas localmente, são necessários programas 
de ação contínua (OIT, 2018, p. 13).
Um ponto interessante na proposta de verificação e nas sugestões resultantes é o incentivo ao 
trabalho em grupo na análise e solução dos problemas ergonômicos, como se pode verificar no quadro 
de proposição de trabalho a seguir:
62
Unidade I
Quadro 4 – Processo de trabalho em grupo para concepção de uma lista 
de verificação localmente adaptada
Concordar sobre as áreas principais que exigem melhorias imediatas 
(aprendizagem de boas práticas locais)
Selecionar um número limitado (30-50) de títulos de pontos de 
verificação (vários por área)
Testar um rascunho de lista de verificação e formular a lista de 
verificação localmente ajustada (foco nas melhorias de baixo custo)
Complementar com uma brochura de páginas correspondentes 
(como material de referência para usuários)
Usar o conjunto (lista de verificação e brochura) para o trabalho em 
grupo de gerentes e trabalhadores
Fonte: OIT (2018, p. 15). 
Uma lista de pontos de verificação é então proposta e pode ser seguida de modo bastante didático, 
nas seguintes áreas de atenção: 
• manipulação e armazenagem de materiais;
• ferramentas manuais;
• segurança do maquinário;
• design do posto de trabalho;
• iluminação e ventilação;
• substâncias e agentes perigosos;
• instalações de bem-estar;
• organização do trabalho.
Para o profissional de ginástica laboral sem especialização em ergonomia, propostas simples devem 
ser consideradaspara entender as situações de exigências em que os trabalhadores se encontram em 
comparação a um quadro ideal, e assim poder implementar ações para tornar as atividades do programa 
em soluções para as necessidades dos trabalhadores.
À medida que os profissionais de ginástica laboral se tornam experientes e buscam formação 
complementar em ergonomia, mais recursos podem ser utilizados para projetos, sugestões e 
adequações, sempre com a participação do corpo gestor da empresa, para que não haja qualquer 
modificação do ambiente, das tarefas ou dos procedimentos da empresa sem que tenham sido 
discutidos os parâmetros para tais decisões.
63
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Para ilustração dos questionamentos referentes aos pontos de verificação ergonômica, veja o 
quadro a seguir:
Quadro 5 
106. Resolver os problemas do trabalho envolvendo os trabalhadores em grupos. Propõe alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
107. Consultar os trabalhadores sobre como melhorar a organização do tempo de trabalho. Propõe 
alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
108. Envolver os trabalhadores no design melhorado dos seus próprios postos de trabalho. Propõe 
alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
109. Consultar os trabalhadores sobre as mudanças a serem feitas na produção e sobre as melhorias 
necessárias para tornar o trabalho mais seguro, fácil e eficiente. Propõe alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
110. Informar e premiar os trabalhadores sobre os resultados de seu trabalho. Propõe alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
111. Dar treinamento aos trabalhadores para que assumam responsabilidades e fornecer-lhes os meios 
para que tragam melhorias nas suas tarefas. Propõe alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________ 
112. Dar treinamento aos trabalhadores para operação segura e eficiente. Propõe alguma ação? 
 NÃO SIM PRIORITÁRIO 
Observações___________________________________________________
Fonte: OIT (2018, p. 38). 
64
Unidade I
Com as imagens a seguir, é possível analisar as orientações para a aplicação da verificação ergonômica. 
Uma cábrea móvel é confiável, segura 
e fácil de manejar para o transporte de 
carga pesada a uma distância curta com 
mínima elevação 
Uma grua hidráulica de solo com 
braço telescópico
Um dispositivo mecânico acionado 
manualmente para levantar peças de 
fundição até a altura de trabalho 
Certifique-se de que a máxima carga 
segura esteja claramente marcada
A)
C) D)
B)
Figura 42 
Fonte: OIT (2018, p. 60).
4 LER/DORT: LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/DISTÚRBIOS 
OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO
4.1 Definições
Bernardino Ramazzini, médico italiano (1633-1714), publicou De Morbis Artificum Diatriba 
[Doenças do Trabalho], relacionando as afecções que na sua época atingiam os trabalhadores. 
Os casos mais notáveis foram designados como “doença dos escribas e notários”, que eram aqueles 
que tinham a função de tomar notas e escrever diversos documentos, e “doença dos mineiros”, devido 
a posturas forçadas.
65
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Historicamente, o primeiro termo usado no Brasil para designar os problemas ocasionados pelo 
acúmulo de repetições foi LER (lesões por esforços repetitivos), sendo uma tradução de repetition strain 
injuries, definida por Couto et al. (1998, p. 17) como:
doenças musculotendinosas dos membros superiores, ombros e pescoço, 
causadas pela sobrecarga de um grupo muscular particular, devido ao uso 
repetitivo ou pela manutenção de posturas contraídas, que resultam em dor, 
fadiga e declínio do desempenho profissional.
Entretanto, esse conceito evoluiu em diversas vertentes. Em primeiro lugar, apesar de a maioria dos 
quadros existentes e estudos realizados serem nos membros superiores, a repetição de movimentos 
também pode desencadear processos semelhantes nos membros inferiores, como em motoristas 
profissionais, por exemplo. 
Pode-se, ainda, citar quadros importantes que não acometem diretamente um grupo muscular, 
como as bursites, os desgastes de discos intervertebrais etc.
Outra análise pode ser realizada, pois o prejuízo não é apenas o declínio profissional, mas também o da 
vida familiar e social do trabalhador. Ademais, nem sempre a configuração como doença será apropriada. 
A origem de quadros semelhantes nem sempre é de natureza profissional. Uma criança jogando 
video game ou uma pessoa fazendo tricô também podem apresentar sintomas devido aos movimentos 
repetitivos, não ligados a qualquer atuação profissional.
Há referência na literatura internacional como CTD (cumulative trauma disorders), havendo tradução 
para o português como lesões por traumas cumulativos. Note que se usou uma tradução inapropriada 
de disorders, “lesões” em vez de “desordens”, que não têm o mesmo significado. Outros termos utilizados 
são síndrome ocupacional por overuse, síndrome da sobrecarga ocupacional e distúrbios cervicobraquiais 
ocupacionais (um quadro mais específico). Assim, a terminologia foi evoluindo com o tempo e com a 
realidade encontrada em pesquisas sobre o assunto.
De qualquer modo, o nome LER (lesões por esforços repetitivos) tornou-se insuficiente para abranger 
o problema, sendo hoje unido ao termo Dort (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho), como 
LER/Dort. Essa denominação é mais apropriada, pois nem sempre um quadro apresenta uma lesão clara – 
às vezes, pode ser uma dor, ou incapacitação. Assim, um quadro incapacitante sem lesão que ocorra com 
um trabalhador não deixa de ser considerado em um processo trabalhista, por exemplo, por não ter como 
comprovar uma lesão. Ao declarar um quadro de LER/Dort e o respectivo CID do acometimento específico, 
o médico atestará o nexo com a função exercida, caso tenha como definir essa comprovação.
Os termos LER e Dort não são considerados o quadro clínico em si, mas a ocorrência específica 
identificada como adquirida nessas condições. As LER/Dort têm sido as mais frequentes entre as doenças 
ocupacionais na população trabalhadora segurada. Em 2013, 3.568.095 trabalhadores disseram ter sido 
diagnosticados com LER/Dort, cerca de 2,29% da população pesquisada pelo IBGE na PNS – Pesquisa 
Nacional da Saúde (FUNDACENTRO, 2013).
66
Unidade I
Dos indivíduos afetados pelas LER/Dort, ainda segundo a PNS, cerca de 25% realizavam 
exercícios/fisioterapia para minimizar os efeitos delas, e 35% recorriam a recursos medicamentosos. 
Segundo Barbosa et al. (2014), em 2006 foram registrados 26.645 casos de doenças ocupacionais na 
Previdência Social, com uma estimativa de 45% de ocorrência de LER/Dort, o que mostra quanto é 
grande seu potencial de prejuízo econômico e social.
Em dados do INSS de 2003 (BARBOSA et al., 2014), as LER/Dort são consideradas como um dos 
principais problemas de saúde pública, responsável por quase 90% dos afastamentos de trabalho.
As limitações sofridas pelos trabalhadores afetados por LER/Dort podem ser discretas ou muito 
significativas, não só nas tarefas do trabalho, mas também na vida diária, como destacado a seguir:
Tabela 4 – Grau de limitação de atividades diárias devido a LER/Dort 
Respostas Pessoas %
Não limita 1.492.716 41,84 
Um pouco 993.812 27,85 
Moderadamente 520.404 14,58 
Intensamente 468.184 13,12 
Muito intensamente 92.979 2,61
Fonte: Fundacentro (2013, p. 8).
Como ilustração dos quadros de LER/Dort devidos a alguns agentes ou fatores de risco de natureza 
ocupacional, é esclarecedora a análise do quadro a seguir, que destaca os acometimentos específicos e 
seus prováveis agentes. 
Quadro 6 
Doenças Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional
Grupo VI da CID-10
VIII– Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do 
tórax, síndrome do desfiladeiro torácico) (G54.0) Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
IX – Mononeuropatias dos membros superiores (G56.-): 
síndrome do túnel do carpo (G56.0). Outras lesões do nervo 
mediano: síndrome do pronador redondo (G56.1); síndrome 
do canal de Guyon (G56.2); lesão do nervo cubital (ulnar): 
síndrome do túnel cubital (G56.2); lesão do nervo radial 
(G56.3). Outras mononeuropatias dos membros superiores: 
compressão do nervo supraescapular (G56.8); posições 
forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
X – Mononeuropatias do membro inferior (G57.-): lesão do 
nervo poplíteo lateral (G57.3) Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
67
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Doenças Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional
Grupo XIII da CID-10
III – Outras artroses (M19.-) Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
IV – Outros transtornos articulares não classificados em 
outra parte: dor articular (M25.5)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
V – Síndrome cervicobraquial (M53.1)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
VI – Dorsalgia (M54.-): cervicalgia (M54.2); ciática (M54.3); 
lumbago com ciática (M54.4)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 
Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
VII – Sinovites e tenossinovites (M65.-): dedo em gatilho 
(M65.3); tenossinovite do estiloide radial (De Quervain) 
(M65.4); outras sinovites e tenossinovites (M65.8); sinovites 
e tenossinovites, não especificadas (M65.9)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 
Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
VIII – Transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, 
o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional (M70.-): 
sinovite crepitante crônica da mão e do punho (M70.0); bursite 
da mão (M70.1); bursite do olécrano (M70.2); outras bursites do 
cotovelo (M70.3); outras bursites pré-rotulianas (M70.4); outras 
bursites do joelho (M70.5); outros transtornos dos tecidos moles 
relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão (M70.8); 
transtorno não especificado dos tecidos moles, relacionado com 
o uso, o uso excessivo e a pressão (M70.9)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) 
Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
IX – Fibromatose da fáscia palmar: contratura ou moléstia 
de Dupuytren (M72.0)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
X – Lesões do ombro (M75.-): capsulite adesiva do ombro 
(ombro congelado, periartrite do ombro) (M75.0); síndrome 
do manguito rotatório ou síndrome do supraespinhoso 
(M75.1); tendinite bicipital (M75.2); tendinite calcificante do 
ombro (M75.3); bursite do ombro (M75.5); outras lesões do 
ombro (M75.8); lesões do ombro, não especificadas (M75.9)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Ritmo de trabalho penoso (Z56) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
XI – Outras entesopatias (M77.-): epicondilite medial (M77.0); 
epicondilite lateral (“cotovelo de tenista”); mialgia (M79.1)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
XII – Outros transtornos especificados dos tecidos moles 
(M79.8)
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8) 
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
XVIII – Doença de Kienböck do adulto (osteocondrose 
do adulto do semilunar do carpo) (M93.1) e outras 
osteocondropatias especificadas (M93.8)
Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro XXII)
Adaptado de: Brasil (2016, p. 57- 71).
4.2 Prejuízos para as empresas
Muitos estudos tentam relatar os prejuízos gerados pelos afastamentos médicos para as empresas. 
Um deles especifica os quadros de LER/Dort (COUTO et al., 1998) e estipula que em apenas uma 
instituição bancária à época do estudo (1995) houve 152 trabalhadores afastados por LER/Dort em 
todo o Brasil, gerando um gasto de cerca de R$ 621.952,53 (correspondentes a mais de R$ 3,5 milhões 
corrigidos pelo IGP-M para julho/2018), o que significa cerca de R$ 23.200,00 por trabalhador 
afastado, em valores corrigidos.
68
Unidade I
Além desse montante, apenas na região de Contagem e Belo Horizonte, em Minas Gerais, foram 
levantados 650 processos trabalhistas de indenização por dano físico em diversas instituições. 
Cada processo, na época do estudo, foi estimado em média de R$ 70.000,00 (mais de R$ 396.000,00, 
corrigidos pelo IGP-M para julho/2018). Esse valor mostra o potencial passivo de prejuízo para empresas 
que não administram e não implantam prevenção dos casos de LER/Dort. Certamente, nem todos os 
casos serão julgados favoráveis ao autor da reclamação, mas é possível estimar o montante envolvido 
na disputa (COUTO et al., 1998).
Por fim, deve-se considerar um impacto não menos importante, que é a perda de produtividade. 
Mesmo que um trabalhador não se afaste, quando trabalha sujeito a dor ou desconforto, vai diminuir 
sua produtividade, ou mesmo faltar ao trabalho para atendimento médico, afetando o custo de produção 
e a competitividade, ficando a empresa atrás de outras que administram melhor esse fator de custo. 
“Em algumas empresas, estimou-se que a prevalência de LER atinge cerca de 25% da população 
trabalhadora”, podendo calcular qual proporção de perda de produção e consequente impacto financeiro 
devem ser esperados (BRASIL, 2000).
4.3 Principais quadros de LER/Dort
A ocorrência de LER/Dort está estritamente ligada à natureza e à característica das tarefas e 
condições de realização do trabalho, além de fatores pessoais, sem a intenção de esgotar a análise das 
possibilidades dos acometimentos relacionados. Um quadro que é comum em determinada empresa ou 
função pode não ser usual em outra realidade funcional.
O profissional de ginástica laboral deve ter conhecimento dos principais quadros para entender seus 
mecanismos de instalação, identificar problemas e elaborar programas que visam prevenir ou amenizar 
as cargas presentes, uma vez que seu papel não é trabalhar no tratamento das afecções. A análise não 
tem a intenção de indicar tratamento ou acompanhamento da evolução.
De maneira geral, alguns quadros são mais frequentes ou típicos, e serão expostos a seguir. 
Segundo Kroemer e Grandjean (2005), os esforços estáticos excessivos e os esforços repetitivos 
podem gerar problemas reversíveis ou persistentes, e estão associados a:
• inflamação nas articulações;
• inflamações nos tendões ou extremidades;
• inflamações nas bainhas dos tendões;
• processos degenerativos nas articulações;
• espasmos musculares (cãibras);
• doenças dos discos intervertebrais.
69
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 43 – A adoção de postura forçada é característica de muitas funções especializadas 
de trabalho e gera uma sobrecarga estática importante no desenvolvimento de quadros de LER/Dort 
Disponível em: https://bit.ly/3kyagzE. Acesso em: 12 nov. 2021.
Couto et al. (1998) enumeram os principais distúrbios dos membros superiores, dos quais pode-se 
destacar:
• Fadiga de qualquer grupamento muscular envolvido em esforços estáticos.
• Tendinite e tenossinovite dos músculos do antebraço.
• Miosite dos músculos lumbricais (mão), pronador redondo e fascite da mão.
• Tendinite do bíceps, supraespinoso, tendões dos flexores dos dedos.
• Cisto gangliônico no punho ou flexores dos dedos (dedo em gatilho).
• Síndrome do túnel do carpo (compressão do nervo mediano).
• Síndrome de De Quervain (abdutor longo e extensor curto do polegar – próximo ao processo 
estiloide do rádio).
• Síndrome do desfiladeiro torácico (compressão do conjunto artéria-veia-nervo do tórax para 
o braço).
• Compressão do nervo ulnar (no cotovelo ou no túnel de Guyon – junto da mão).• Compressão do nervo radial (terço superior do antebraço).
• Epicondilite medial e lateral.
• Bursite do cotovelo e do ombro.
• Síndrome da tensão cervical (dor miofascial na cintura escapular e pescoço).
70
Unidade I
4.3.1 Tendinites
Sob solicitação intensa ou repetitiva, os tendões podem se inflamar devido ao seu tracionamento. 
Couto et al. (1998) consideram que as principais fontes de sobrecarga tendínea são: tensão abrupta, 
tensão oblíqua, tensão contínua, movimentação repetitiva, falta de pausa, atrito e instabilidade articular. 
4.3.2 Tenossinovites
Couto et al. (1998) citam o estudo de Hammer (1934), que notou que as funções de empacotar 
cigarros, repetições de movimentos de dedos com mais de 30 a 40 movimentos por minuto, eram 
acompanhadas de casos de tenossinovites. Trata-se de inflamações não dos tendões em si, mas 
das bainhas sinoviais, que os recobrem. Os principais sintomas são: dor, edema, crepitação e 
perda funcional.
De acordo com Mendes (1995), quando há esforços repetitivos, o tendão ou a própria bainha sinovial 
pode sofrer espessamento, e o líquido sinovial adquire aspecto inflamatório. Outra hipótese é que esse 
espessamento possa causar uma má nutrição tecidual, a depender da intensidade, frequência ou duração 
do movimento realizado localmente (ARMSTRONG et al. apud MENDES, 1995).
A tenossinovite estenosante ou “dedo em gatilho” é mais frequente em trabalhadores que usam 
ferramentas manuais, representando uma inflamação e dificuldade do tendão de um dedo passar pela 
bainha na região da junção com a palma da mão. O nódulo que se forma na região distal da mão 
dificulta a passagem do tendão, gerando um “travamento do dedo” em flexão, e um ressalto no ato 
da extensão, que pode ser dificultada ou dolorosa. Pacientes com algumas disfunções hormonais e o 
sexo feminino apresentam maior incidência (MATTAR JR., 2008). A dor pode concentrar-se no trajeto 
do tendão flexor longo do polegar e dos flexores profundos dos dedos, concentrando-se na cabeça do 
metacarpo e na palma da mão (MENDES, 1995).
Também típica é a ocorrência da enfermidade de De Quervain, ou tenossinovite estilorradial, 
na região do punho, quando é aumentado o atrito dos tendões do músculo extensor curto do polegar 
e abdutor longo do polegar, que dividem a mesma bainha sinovial. A dor inicia-se agudamente na 
região dorsal do polegar e pode irradiar-se para o ombro, causando dificuldade de segurar objetos com 
a posição em garra (por exemplo, uma xícara). Tipicamente, ocorre em trabalhos com uso de chave 
de fendas, de alicates, digitação com desvio ulnar ou movimento de torção (por isso, a síndrome era 
conhecida como síndrome das lavadeiras).
4.3.3 Estrangulamento ou compressão de nervos
Os nervos distribuem-se pelo corpo passando por entre músculos, polias, sulcos ósseos e articulações, 
podendo ser comprimidos e ter diminuída ou alterada a capacidade de transmissão de impulsos. 
Uma compressão contínua pode levar a edema e alterações locais ou periféricas. Dependendo do local 
afetado, o nervo atingido irá causar efeitos em regiões diversas, como dor, formigamento, perda de 
força e dormência.
71
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
 Na estrutura da coluna cervical, é possível ocorrer a epicondilose, por exemplo, devido ao transporte 
de cargas na cabeça, podendo causar degeneração local e lesão de uma ou várias raízes nervosas 
(WARIS apud MENDES, 1995). 
Como exemplo, pode-se citar a compressão do nervo ulnar, na região do cotovelo, causada pelo 
apoio do cotovelo em superfícies duras (COUTO et al., 1998). Chamada de “doença das telefonistas”, 
acarreta formigamentos como manifestação inicial, podendo ser prevenida por uso de almofada sob 
o cotovelo. Se a compressão do nervo ulnar ocorrer no canal de Guyon (punho), gerando a síndrome 
do canal de Guyon, haverá queixas de alteração de sensibilidade no 4º e no 5º dedo, perda de força de 
preensão e dificuldades de movimentação da mão.
Outro caso é a compressão do nervo mediano, que pode ocorrer na base da mão (por uso de 
ferramentas e vibração) ou no túnel do carpo (devido ao trabalho em extensão ou flexão de punho, 
ou ainda tenossinovite dos tendões dos flexores). Nessa afecção, o nervo mediano é pressionado pelo 
engrossamento de algum dos tendões e bainhas sinoviais que passam pela estreita região do túnel do 
carpo, causando dor, parestesia, adormecimento, fadiga muscular, alterações sensitivas ou motoras, 
podendo evoluir para fibrose neural, degeneração e atrofia muscular. A dor em queimação na região, 
geralmente no período noturno, é típica deste quadro (COUTO et al., 1998).
Também pode ser citada a compressão nos dedos por objetos como cabos de ferramentas, tesouras 
e alicates.
4.3.4 Bursites
As bolsas sinoviais são submetidas a maior tensão na elevação dos braços acima do nível dos ombros 
(90º), e a inflamação devido a esta sobrecarga, se reincidente, pode gerar calcificação e perpetuação do 
quadro (COUTO et al., 1998).
Além dos membros superiores, são citadas a bursite isquiática, adquirida em posição sentada 
por longos períodos (popularmente chamada de “nádega do tecelão”), e a bursite infra ou 
pré-patelar, em trabalhadores que assumem a posição ajoelhada com frequência (“joelho da empregada 
doméstica”) (ZILLI, 2002).
4.3.5 Lombalgias e cervicalgias
Os problemas de coluna são mais frequentes em trabalhadores que exercem muita atividade física 
do que em sedentários. Em geral, é o desgaste da coluna o responsável pelas faltas ao trabalho, e não a 
carga muscular em ofícios pesados (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Na lombalgia aguda os sintomas podem desaparecer em trinta dias mesmo sem tratamento, 
em 90% dos casos. Mas a recidiva é de cerca de 60% no mesmo ano ou no máximo em dois anos 
se não houver uma educação preventiva (KESLEY; GOLDEN apud MENDES, 1995). São fatores que 
aumentam a recidiva: idade, posturas não adequadas e fadiga (BERGQUIST-ULMANN; LARSSON 
apud MENDES, 1995).
72
Unidade I
É considerada lombalgia crônica a dor persistente durante três meses no mínimo, o que 
corresponde a 10% dos pacientes com lombalgia aguda ou recidivante (MENDES, 1995). Este mesmo 
autor cita que Nachemson (1982) enumerou como fatores de cronicidade das dores de coluna o 
trabalho pesado e o levantamento de pesos, o baixo nível de escolaridade, a falta de exercícios, 
o trabalho sentado e fatores psicológicos.
Entretanto, as cargas musculares estáticas em musculaturas associadas à manutenção da posição da 
cabeça e da posição do tronco, sobretudo a musculatura cervical e lombar, são importantes fontes de dores 
e preocupação de profissionais da ginástica laboral em ações de conscientização, verificação ergonômica, 
análise de queixas álgicas e ações de prevenção com exercícios e educação postural. Síndrome da tensão 
cervical e lombalgia estão entre as principais LER/Dort, segundo Zilli (2002).
A) B) 
Figura 44 – Lombalgias e cervicalgias são queixas frequentes de trabalhadores
Disponível em: A) https://bit.ly/3Ddhh08; B) https://bit.ly/3c9wDXI. Acesso em: 12 nov. 2021.
4.4 Fatores contribuintes para desenvolvimento de LER/Dort
Vejamos a seguir os fatores que aumentam a propensão à ocorrência de LER/Dort:
Quadro 7 
Fatores biomecânicos
Movimentos repetitivos
Movimentos manuais com uso da força
Postura inadequada
Uso de ferramentas manuais
Fatores administrativos
Ineficácia da empresa em eliminar riscos potenciais
Método de trabalho inadequado, uso de ferramentas e 
equipamentos impróprios
Fatores psicossociais
Pressões no trabalho
Inexistência de autonomia e controle sobre o trabalho
Inexistência de ajuda ou apoio de colegas de trabalho
Pouca variabilidade no conteúdo da atividade
Fonte: Polito (2002, p. 44 apud POLETTO, 2002, p. 9). 
73
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Para Couto et al. (1998), os principais fatores biomecânicos contribuintes para LER/Dort são: 
utilização de força, postura incorreta, repetitividade e vibração. Para Santos et al. (2007), acrescenta-se 
ainda a possibilidadede existência de compressão mecânica nas estruturas musculares. A compressão 
de estruturas musculotendíneas ocorre quando, por exemplo, executam-se movimentos de digitação 
com o antebraço apoiado na quina da mesa, provocando restrição adicional a cada movimento de 
contração muscular.
Pode-se notar na tabela seguinte, analisando estudos sobre a relação de fatores biomecânicos 
com a incidência de LER/Dort, que, dependendo da região corporal, maior evidência da causa já foi 
estabelecida, e em outras regiões a relação parece ter menor significância. Por exemplo, constata-se um 
alto número de trabalhos com evidências para a postura como causa relacionada a problemas na região 
de pescoço e cintura escapular, razoável evidência de que repetitividade está ligada a problemas em 
todas as regiões, exceto cotovelos, e que a força está associada a disfunções em todas as regiões, exceto 
ombros. A vibração foi associada a índice razoável de evidência somente para a síndrome do túnel do 
carpo, e para as regiões de cotovelo e punho/mão são fortes as evidências de que é a combinação entre 
os fatores que desencadeia os problemas.
Tabela 5 
Fator de risco Pescoço e cintura escapular Ombro Cotovelo
Punho/mão
S. túnel carpo Tendinite
Repetitividade ++ ++ + / - ++ ++
Força ++ + / - ++ ++ ++
Postura +++ ++ + / - + / - ++
Vibração + / - + / - ++
Combinação +++ +++ +++
+++ evidência forte ++ evidência razoável + / - evidência suficiente
Fonte: Niosh (1997 apud COUTO et al., 1998, p. 80).
Para Mendes (2012), a hipótese biomecânica é que há reações graves do organismo às exigências do 
trabalho quando estas são maiores que as capacidades funcionais individuais. 
4.4.1 Presença de vibração nas atividades realizadas
Uma das causas frequentemente relacionadas à incidência de LER/Dort é a presença de vibração na 
operação. De fato, a vibração requer uma resposta corporal para estabilização, muitas vezes insuficiente 
e desgastante. A vibração é um alto estímulo para a musculatura agir na busca de manutenção da 
postura, da posição ou precisão e do posicionamento de membros manuseando ferramentas que vibram, 
como marteletes, serras elétricas e lixadeiras. 
74
Unidade I
Figura 45 – A presença de vibração é um dos fatores que podem 
causar predisposição à ocorrência de LER/Dort 
Disponível em: https://bit.ly/3FcJtAN. Acesso em: 12 nov. 2021.
4.4.2 Alta repetitividade de movimentos
A repetitividade é um dos fatores mais citados entre os desencadeadores de LER/Dort, fazendo parte 
inclusive da nomenclatura LER (lesões por esforços repetitivos). Couto et al. (1998) acentuam que mais 
de 25 a 33 movimentos por minuto devem ser evitados para proteger tendões, fixando um limite de 
12 mil movimentos de digitação por hora, e que, se o trabalho fosse desenvolvido em parte do dia, não 
traria lesões, apenas se ocorresse durante todo o dia de trabalho. 
Estudos mostram que há uma grande relação entre os fatores de realização da tarefa de digitação e 
a ocorrência de LER/Dort, como podemos observar na tabela a seguir:
Tabela 6 – Número de estudos demonstrando problemas relacionados 
à execução da tarefa comprovando (“Sim”) ou não 
comprovando (“Não”) a relação com LER/Dort
Fator Sim Não
Falta de variedade de tarefa 8 1
Trabalho em teclado 6 3
Horas de uso em teclado 11+1- 3
Ausência de pausas 2
Velocidade de trabalho 2 1
Carga de trabalho inapropriada 1
Pressão no trabalho 8 -
Falta de autonomia 8 1
Insatisfação com o trabalho 2 2
Insegurança 1 -
Fonte: Couto et al. (1998 apud RODRIGUES, 2003, p. 47).
75
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Como se pode verificar nos resultados, a grande maioria dos trabalhos relacionou positivamente 
a falta de variedade, o uso do teclado, o tempo prolongado de trabalho, a velocidade e a ausência de 
pausas como fatores predisponentes a LER/Dort. 
Figura 46 – A digitação é uma das formas características de atividades 
repetitivas, realizada através de milhares de movimentos por hora
Disponível em: https://bit.ly/30iagwZ. Acesso em: 12 nov. 2021.
4.4.3 Postura incorreta ou forçada
A má postura ou necessidade de permanecer em posição forçada é um fator relevante quando 
mantida ao longo do dia de trabalho. Assumir uma posição menos neutra durante pouco tempo não 
deve ser preocupante, mas a necessidade de sua repetição ou da sua manutenção por mais tempo é 
que deve alertar o profissional de ginástica laboral sobre a necessidade de compensação. 
Figura 47 – Se o trabalhador assume postura inadequada ou posição forçada, está sujeito a 
uma maior predisposição em adquirir LER/Dort. Note neste caso que, adicionalmente, há o risco 
de queda pelo fato de o trabalho ser executado em altura, e o risco de trabalhar com eletricidade, 
mas estes não fazem parte do escopo da ginástica laboral, sendo pertencentes a outros grupos de NRs 
Disponível em: https://bit.ly/3wItFD1. Acesso em: 12 nov. 2021.
76
Unidade I
A manutenção da postura forçada incorre na necessidade de manter uma contração muscular 
estática para suportar a quebra da neutralidade, e essa exigência é penosa para o trabalhador. Além da 
contração muscular, algumas articulações podem estar sendo solicitadas por longos períodos de tempo 
em amplitudes diversas da neutralidade, o que gera uma sobrecarga em toda a estrutura articular.
Figura 48 – Posições forçadas mantidas por muito tempo ou assumidas repetidamente ao longo 
da jornada de trabalho causam solicitações importantes ao sistema musculoesquelético e articular 
Disponível em: https://bit.ly/3kt4hfq. Acesso em: 12 nov. 2021.
4.4.4 Necessidade de emprego de força para realizar as tarefas
O fator força como determinante para ocorrência de LER/Dort também é bastante difundido na 
literatura. Nos movimentos da mão, por exemplo, Couto et al. (1998) propõem que baixa aplicação 
de força manual equivale a menos de 4 kg, e alta força significa valores maiores que 6 kg, aplicados 
em média ao longo do ciclo de trabalho. Ainda segundo os autores, valores de 10 a 15 kg, se em baixa 
frequência e por pouco tempo, não precisam ser considerados preocupantes, pois sua incidência dentro 
do valor médio da jornada não é relevante (considere-se que há variações entre os indivíduos e esses 
valores não são uma referência única).
O trabalho pesado pode ser caracterizado como moderado ou severo. Mendes (1995) considera na 
primeira categoria critérios como postura fixa por mais de 20% do tempo de trabalho, coluna cervical para 
cima ou para os lados (menos de 45º), ou em rotação por mais de 2h/dia, trabalho com braços acima do 
ombro por até 40% do tempo ou acima de 30º por mais de 10% do tempo, e ainda uso de ferramentas 
pesadas, ou uso de ferramentas com cabo em más condições ou com peso de cerca de 0,6 kg por mão.
Já o trabalho pesado considerado como severo por Mendes (1995) envolve elementos de carga como 
postura fixa por mais de 40% do tempo, coluna cervical em posição de mais de 45º de desvio, braços 
elevados acima do ombro por mais de 40% do tempo, ou mais de 1/3 do período de trabalho com 
braços acima de 30º, ou ainda peso de ferramentas de mais de 1,5 kg por mão.
Também são sobrecarregadas as estruturas articulares, uma vez que a maior aplicação de força 
requer esforço de toda a estrutura. A sobrecarga de força também é transferida aos tendões e às bainhas 
sinoviais, por exemplo, no punho, para manter uma ferramenta sob controle, podendo desencadear 
processos inflamatórios não apenas na porção contrátil do músculo.
77
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 49 – Trabalhos que exigem a aplicação de força excessiva 
também são predisponentes à ocorrência de LER/Dort 
Disponível em: https://bit.ly/3nacBCq. Acesso em: 12 nov. 2021.
4.4.5 Fatores coadjuvantes
Há fatores que podem ser considerados deletérios à condição de saúde no trabalho e com potencial 
para contribuir para a ocorrência de LER/Dort.
Alguns desses fatores são de ordem individual, como disfunções hormonais e psíquicas, problemas 
já instalados e maior sensibilidadeà dor. Outros estão presentes no local de trabalho, como ambiente 
estressante e más relações com chefia e colegas de trabalho.
Figura 50 – Acúmulo de trabalho em atividades cujo ritmo é compassado 
externamente gera um ambiente estressante, no qual o trabalhador não se 
sente confortável, pois não tem o controle sobre o ritmo 
Disponível em: https://bit.ly/30nN7c8. Acesso em: 12 nov. 2021.
78
Unidade I
 Resumo
Nesta unidade, destacamos inicialmente o panorama em que se insere 
o trabalho moderno. Partindo de caça, pesca e manufaturas simples, o 
homem inseriu mudanças no processo de produção enquanto passava por 
grandes transformações sociais, o que levou ao quadro atual de produção 
em larga escala da economia.
Essa necessidade de produzir, vender e entregar causou a especialização 
dos postos de trabalho em todas as indústrias. Em uma avaliação simplificada, 
os trabalhadores braçais realizam movimentos corporais significativos em 
sua jornada, com desgastes físicos e fisiológicos importantes. Por outro 
lado, os funcionários administrativos representam a forma de trabalho 
mais sedentária, muitas vezes na posição sentada e em grande parte das 
funções usando computadores.
A ergonomia lida com essa preocupação, estudando as exigências dos 
ambientes e das tarefas que são impostas ao trabalhador. Uma boa visão 
da ergonomia ajudará o profissional de ginástica laboral a entender as 
sobrecargas sofridas pelo trabalhador que deverão ser consideradas em um 
programa de exercícios.
A ginástica laboral surgiu como uma das ferramentas modernas para 
combater os malefícios causados pelo trabalho. Buscando preservar e 
melhorar as condições de saúde para o trabalhador através de programas de 
exercícios e atividades diversas, espera-se diminuir as perdas relacionadas 
a problemas de saúde, dores, faltas ao trabalho e outras intercorrências 
negativas ao processo de produção.
Por fim, foram analisadas as LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/
distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) e os fatores mais 
importantes que contribuem para sua ocorrência. Vimos que o profissional 
de ginástica laboral não trata de lesões durante as sessões, mas precisa ter 
um entendimento dos quadros principais para, ao analisar as situações de 
trabalho encontradas, ter um panorama do quadro a ser evitado e de como 
planejar atividades preventivas por meio do programa de ginástica laboral.
79
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
 Exercícios
Questão 1. (Enade 2010, adaptada) A postura, ou alinhamento corporal, refere-se à posição do corpo, 
parado ou em movimento, e envolve o estado de equilíbrio das diversas partes corporais sob a ação da 
gravidade. [...] Bons hábitos posturais conduzem a boa aparência, eficiência mecânica nos movimentos e menor 
risco de lesões, sendo dependentes da força e da flexibilidade, aliadas à prática consciente e inconsciente que 
produzem esses hábitos.
NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 
Londrina: Midiograf, 2001. p. 68-69. Adaptado.
Diversos estudos demonstram que o avanço tecnológico decorrente do uso de computadores tem 
contribuído para o aumento de lombalgias, seja no ambiente de trabalho, seja no ambiente doméstico. 
Nessa perspectiva, entre as orientações que devem ser transmitidas por profissionais de educação física 
aos usuários de computador, incluem-se:
I – Manter a região lombar apoiada no encosto da cadeira.
II – Posicionar os joelhos e o quadril mantendo ângulo de 45º quando sentado.
III – Sustentar a cabeça e o pescoço em posição reta e manter ombros e braços relaxados.
IV – Ajustar o topo da tela ao nível dos olhos e posicionar-se a um comprimento de braço de 
distância do teclado do computador.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) I e III.
C) II e IV.
D) I, III e IV.
E) I, II, III e IV.
Resposta correta: alternativa D.
80
Unidade I
Análise das afirmativas 
I – Afirmativa correta. 
Justificativa: manter a região lombar apoiada no encosto da cadeira para aliviar a força de compressão 
sobre essa região.
II – Afirmativa incorreta. 
Justificativa: posicionar os joelhos e o quadril mantendo ângulo de 90° a fim de não prejudicar o 
retorno venoso e manter as articulações em posição neutra.
III – Afirmativa correta. 
Justificativa: sustentar a cabeça e o pescoço em posição reta para não aumentar a pressão intradiscal 
na cervical e manter ombros e braços relaxados a fim de não tensionar os músculos elevadores dos ombros.
IV – Afirmativa correta. 
Justificativa: ajustar o topo da tela ao nível dos olhos e posicionar-se a um comprimento de braço de 
distância do teclado do computador, a fim de manter a postura da região cervical e ombros sem tensão 
exagerada.
Questão 2. (Enade 2010, adaptada) Em um ambiente de trabalho em que empregados exercem 
atividades que provocam dores articulares intensas, o profissional de educação física deve orientar a 
adoção de posturas corporais adequadas, a prática da ginástica compensatória, o respeito pelas horas 
estabelecidas na jornada de trabalho de cada um dos trabalhadores e a prática de exercícios físicos 
regulares.
porque
As doenças crônico-degenerativas, as doenças psicossomáticas e as psicocinéticas são essencialmente 
oriundas do trabalho excessivo e repetitivo.
Acerca dessas asserções, assinale a alternativa correta.
A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
E) As duas asserções são proposições falsas.
Resposta correta: alternativa C.
81
ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Análise da questão
A primeira asserção é verdadeira, pois a adoção de uma postura adequada, a prática da ginástica 
compensatória, o respeito pelas horas estabelecidas na jornada de trabalho de cada um dos trabalhadores e 
a prática de exercícios físicos regulares podem evitar dores articulares. Já a segunda asserção é falsa, pois 
as doenças crônico-degenerativas, as doenças psicossomáticas e as psicocinéticas não são essencialmente 
oriundas do trabalho excessivo e repetitivo. Principalmente as doenças crônico-degenerativas são 
relacionadas ao estilo de vida, que incluem a falta de atividade física regular, os hábitos alimentares, 
as horas inadequadas de sono e o estresse emocional.

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