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Indaial – 2019 Gestão de sistemas de informações Públicas Prof.ª Simone Cristina Aléssio 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Simone Cristina Aléssio Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: AL372g Aléssio, Simone Cristina Gestão de sistemas de informações públicas. / Simone Cristina Aléssio. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 184 p.; il. ISBN 978-85-515-0362-1 1. Tecnologia da informação na gestão pública. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 004 III aPresentação Prezado acadêmico, bem-vindo à disciplina Sistemas de Informações Públicas. Este livro de estudos foi elaborado com o intuito de contribuir e aprimorar o seu desenvolvimento acerca da gestão das tecnologias, recursos e pessoas envolvidas na TI das organizações, bem como alinhar o seu entendimento acerca das tecnologias utilizadas na gestão de organizações públicas. O conteúdo está dividido em três unidades, constituindo um histórico da adoção dos Sistemas de Informações pelo Governo, enfatizando a dimensão de gestão, contemplando simultaneamente tanto os gestores e os profissionais que atuam em empresas usuárias de TI, quanto os que atuam em empresas fornecedoras de serviços de TI. A estrutura da disciplina atende aos interesses específicos de cada grupo de profissionais, bem como de gestores organizacionais. A disciplina também enfatiza o desenvolvimento de competências pessoais que envolvem conhecimentos e habilidades imprescindíveis para a efetiva liderança de TI. São habilidades importantes e com peculiaridades específicas neste contexto, como comunicação, relacionamento, negociação e prontidão para a mudança. Essas habilidades são importantes, tanto nas empresas privadas, quanto nas empresas públicas. Aproveitamos esse momento para destacar que os exercícios não são opcionais. O objetivo de cada exercício deste livro de estudos é a fixação de determinado conceito através da prática. É aí que reside a importância da realização de todos. Sugerimos fortemente que, em caso de dúvida em algum exercício, você entre em contato com seu tutor externo ou com a tutoria da UNIASSELVI e que não passe para o exercício seguinte enquanto o atual não estiver completamente compreendido. Bom estudo! Prof.ª Simone Cristina Aléssio IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS ............................... 1 TÓPICO 1 – HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS .......................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM EMPRESAS PÚBLICAS ................. 3 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................... 5 2.2 FASES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................................................................ 6 3 TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL ...................................... 7 3.1 A QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES PRESTADAS AO CIDADÃO .................................. 7 4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ...................................................................................................... 8 4.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EXISTENTES NA ADMINISTRAÇÃO ............................... 8 4.2 SUBSISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA ...... 10 4.3 PORTAIS DA TRANSPARÊNCIA DO GOVERNO FEDERAL ............................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 18 TÓPICO 2 – CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ....19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19 2 RECURSOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .................................................................. 20 2.1 OS ATIVOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................................................................ 22 2.2 CAPACITAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ...................................................... 23 2.3 AS ROTINAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO............................................................ 24 2.3.1 As competências para gestão da TI ...................................................................................... 25 2.3.1.1 As competências do CIO ........................................................................................................... 26 2.3.1.2 As competências dos analistas de tecnologia da informação ............................................. 28 2.4 AMBIENTES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .......................................................................... 28 2.5 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E NEGÓCIO ...................................................................................................................................... 30 3 OS MODOS DE EMPREGO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .................................... 32 3.1 CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................. 33 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35 TÓPICO 3 – ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ....37 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37 2 USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO .......................................................................... 38 2.1 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO ............................................................................................... 39 2.2 A TI E A AGREGAÇÃODE VALOR NA ORGANIZAÇÃO ...................................................... 39 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................................................... 41 2.4 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO COM A TI ............................................................................ 43 3 A GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (GTI) ......................................................................44 3.1 METODOLOGIAS DE GESTÃO DE TI ........................................................................................ 45 sumário VIII 3.1.1 Six Sigma .................................................................................................................................. 46 3.1.2 DMAIC ..................................................................................................................................... 46 3.1.3 ISO/IEC ..................................................................................................................................... 48 3.1.3.1 ISO/IEC 27002 ...................................................................................................................... 48 3.1.4 ITIL ............................................................................................................................................ 50 3.1.5 COBIT ....................................................................................................................................... 50 3.2 COMPARATIVO ENTRE ITIL E COBIT ....................................................................................... 51 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 53 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56 UNIDADE 2 – TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS ....................................................................................... 59 TÓPICO 1 – A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS ...................................... 61 DE INFORMAÇÃO ................................................................................................................................. 61 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61 2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES ........................................................... 63 2.1 PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............................................................................................ 66 3 METODOLOGIAS DE PLANEJAMENTO DA INFORMAÇÃO ............................................... 70 3.1 BUSINESS SYSTEMS PLANNING (BSP) DA IBM ..................................................................... 70 3.2 STRATEGIC SYSTEMS PLANNING (SSP) .................................................................................. 72 3.3 INFORMATION ENGINEERING – ENGENHARIA DA INFORMAÇÃO (IE) ..................... 73 3.4 CRITICAL SUCCESS FACTORS – FATOR CRÍTICO DE SUCESSO (CSF) ............................. 75 3.5 MODELO ECLÉTICO DE SULLIVAN.......................................................................................... 75 3.6 BALANCED SCORECARD – INDICADORES DE EQUILÍBRIO (BSC) ................................. 75 4 GOVERNANÇA, COBIT E ITIL ........................................................................................................ 77 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 78 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 80 TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS ................................................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 GESTÃO DA ARQUITETURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ............................... 84 2.1 APLICAÇÕES DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO PARA INTEGRAÇÃO DA GESTÃO EMPRESARIAL ....................................................................................................... 85 2.2 EFFICIENT CONSUMER RESPONSE (ECR) – RESPOSTA EFICIENTE AO CONSUMIDOR ................................................................................................................................ 91 2.3 DATA MINING ................................................................................................................................. 92 2.4 BUSINESS INTELLIGENCE – INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS (BI) ..................................... 93 2.5 FERRAMENTAS DE BI – DATA MART E DATA WAREHOUSE/ OLAP ............................... 94 2.6 DATA MART ..................................................................................................................................... 95 2.7 OLAP .................................................................................................................................................. 95 3 EMPRESAS DIGITAIS ........................................................................................................................ 95 3.1 FERRAMENTAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA EMPRESAS DIGITAIS .. 96 3.1.1 E-Business ................................................................................................................................ 99 3.1.2 E-procurement (compra e venda de produtos pela internet) .........................................101 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104 IX TÓPICO 3 – GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO .........................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 O PAPEL DO NOVO RH ...................................................................................................................108 3 RH COMO DESENVOLVEDOR DO CAPITAL INTELECTUAL .............................................110 3.1 EXEMPLO DE EXCELÊNCIA OPERACIONAL .......................................................................112 4 CONTRIBUIÇÃO DA TI PARA OS NOVOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS .....112 4.1 TI PARA AS DIMENSÕES DA GESTÃO DE PESSOAS E O NOVO PAPEL DO RH .........113 5 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ENVOLVIDAS NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ...............................................................................................................................117 5.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ENVOLVIDAS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM ..................................................................................118 6 TI PARA GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL ..............................................................119 7 TI PARA A GESTÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL ....................................................120 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................121 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................124AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 UNIDADE 3 – TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA ....................................................................................................127 TÓPICO 1 – ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA .................................................................................................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 O PLANEJAMENTO E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA ..130 3 PLANO DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS PÚBLICAS ..132 4 AS DECISÕES ENVOLVENDO TECNOLOGIA E OS RISCOS ASSOCIADOS EM EMPRESAS PÚBLICAS .....................................................................................................................133 4.1 GASTOS COM TI: DESPESA OU INVESTIMENTO? .............................................................135 5 OS BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA TI ......................................................................137 5.1 OS BENEFÍCIOS INTANGÍVEIS E OS BENEFÍCIOS FUTUROS DA TI ...............................138 5.2 INDICADORES E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO QUE PROCURAM CAPTURAR OS INTANGÍVEIS .........................................................................................................................139 6 EXEMPLOS DE TICs QUE AUXILIAM A GESTÃO PÚBLICA ................................................139 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................142 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................144 TÓPICO 2 – DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA ................................................147 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147 2 O DESAFIO DAS TICS PARA OS GOVERNOS .........................................................................147 3 O USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA ..........................148 4 ÉTICA E SIGILO DE INFORMAÇÕES NA GESTÃO PÚBLICA .............................................151 5 O SIGILO E SEUS REFLEXOS NA CULTURA ORGANIZACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .......................................................................................................153 5.1 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E SUA RELAÇÃO COM A LAI ................................................................................................................156 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 X TÓPICO 3 – AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE .....................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 O USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA CIDADES INTELIGENTES ........162 2.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE NAS CIDADES INTELIGENTES ............................................................................................................................164 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA MOBILIDADE DAS CIDADES INTELIGENTES .............................................................................................................................165 3 TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ..........................................................166 4 INTERNET DAS COISAS (IoT).......................................................................................................167 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................169 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................174 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................176 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................179 1 UNIDADE 1 GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • conhecer historicamente a evolução dos sistemas de informações no setor público; • conhecer os principais conceitos, recursos e ativos que envolvem a TI; • entender como se faz o alinhamento dos negócios com as tecnologias de cominicação e informação mais atuais. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS TÓPICO 2 – CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO TÓPICO 3 – ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 1 INTRODUÇÃO A tecnologia da informação para a gestão pública tem modificado a forma como o governo interage com a população. Além disso, ferramentas avançadas de gerenciamento permitem agilizar os processos do setor, aprimorar o uso dos recursos financeiros e facilitar a vida de gestores e servidores públicos. A comunicação é a chave para qualquer relacionamento, e isso não é diferente quando nos referimos à relação entre o poder público e a sociedade civil. Essa interação se faz necessária em diversos momentos. Os cidadãos têm buscado canais mais eficientes para serem ouvidos por suas autoridades a fim de fazer reclamações, registrar denúncias, expressar opiniões ou fazer requerimentos. Com base nisso, elaboramos a Unidade 1 deste livro didático com conteúdos que permitam que você conheça de forma aprofundada a evolução dos sistemas de informações no setor público, bem como os ativos e alinhamento da tecnologia da informação com os negócios. 2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM EMPRESAS PÚBLICAS Os primeiros administradores que chegaram ao Brasil, desde a época da colonização, tinham como objetivo principal enriquecer os governantes portugueses. Sabe-se também que as pessoas que foram enviadas ao Brasil, na maioria das vezes, não eram as mais competentes para desempenhar funções governamentais e de gestão. Para deixarem o conforto de seus lares e se aventurarem mar adentro, com destino ao recém-descoberto Brasil, essas pessoas, que eram apadrinhadas do Rei, recebiam cortesias e mordomias, que se estendiam a amigos e familiares que os acompanhavam ao destino em terras brasileiras (FILHO, 2014). UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 4 Com estas práticas, surgiu o patrimonialismo, que permaneceu forte até o início da República e teve seu fim no governo de Getúlio Vargas, por volta de 1936, quando surgiu a burocracia cuja validade durou até a reforma administrativa ocorrida em 1995, ano de início da administração gerencial. Cabe ressaltar que, durante o período militar, era praticamente inexistente a transparência de ações, operações e governabilidade. Aconteceu então a abertura do governo militar aos civis – o que conhecemos hoje como democracia – e a população necessitava de uma Carta Magna, a fim de comumentar o tão importante período. Acatando as solicitaçõesde transparência do povo, os legisladores da época incluíram na Constituição, tópicos que obrigavam os gestores a planejarem as receitas e despesas governamentais em curto, médio e longo prazos. Deu-se início então, às primeiras divulgações de gastos do Estado. Em 18 de novembro de 2011 a Lei nº 12.527, regulamentando o acesso dos cidadãos às informações públicas, com aplicação em todos os poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Assim, surgiram em todo o país os portais da transparência exigidos por esta lei (FILHO, 2014). Na maioria dos países onde a democracia impera e se faz “valer”, as atividades de Administração Pública (gastos, investimentos, definição de prioridades) são pautadas pela participação popular e definida pela vontade da maioria. Isso é fato em nações desenvolvidas e cultas. Em uma parcela de países democráticos, isso não é realidade pelo fato da população, na maioria das vezes, desconhecer as ferramentas de transparência disponíveis para acompanhamento, resultando em descontrole dos gastos e prejuízo ao bolso dos contribuintes, ocasionado por desvio de verbas, o superfaturamento de obras e serviços, além da utilização dos bens do Estado por particulares. A população tem o direito de fiscalizar, mas deve se capacitar para poder exigir dos governantes a adequada postura com os recursos públicos para agir no que é prioridade e de modo eficiente. Neste sentido, surgem os sistemas de informações e portais cujo objetivo principal é fornecer informações verídicas e consistentes sobre os atos de seus governantes (ALBERTIN, 2015). FIGURA 1 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FONTE: <https://ufc.unasus.gov.br/curso/spi/politica/unid_04/top_02/03.html>. Acesso em: 10 abr. 2019. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 5 Atualmente, os sistemas de informação utilizados e disponibilizados pelo governo brasileiro são disponibilizados em acesso livre, na plataforma WEB (internet – através de portais). Esse fato é muito significativo, pois permite a população (que é o fiscalizador) acessar as informações de qualquer lugar, em qualquer hora. 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A colonização no Brasil teve início com o descobrimento. Conforme já vimos, a corte Portuguesa enviou ao Brasil muitos apadrinhados sem as devidas competências para a gestão. Essa prática durou muito tempo e somente após a Proclamação da República os governantes começaram a se preocupar em mitigar os danos causados pela administração patrimonialista, dando início ao período de administração democrática. As práticas de gerência do século XX culminaram na administração gerencial praticada na atualidade. A constituição de 1988 implantou os ideais de administração gerencial, mas, somente no ano 2000, através da publicação da Lei Complementar nº 101 (também denominada Lei de Responsabilidade Fiscal), que o ciclo da moralidade pública se completou: a LRF estabeleceu as normas de responsabilidade na gestão fiscal. Um grande avanço para o país (FILHO, 2014). Nesse sentido, a Lei Complementar nº 101 corrobora com quatro alicerces importantes: • planejamento (metas a serem atingidas durante a gestão); • transparência (ampla divulgação das contas da administração pública); • controle (monitoramento realizado tanto pelos órgãos competentes como pela sociedade); • responsabilização (punições decorrentes da má utilização dos recursos públicos). A grande contribuição desta lei é que ela disciplina os gestores em relação à aplicação dos recursos públicos ditando regras e normas que devem ser cumpridas rigorosamente. Ela também contribui em relação ao controle social, ao discorrer sobre a transparência das contas públicas, cujo objetivo é dar conhecimento à sociedade sobre o destino dos recursos públicos. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 6 2.2 FASES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Para lembrar: a Administração Pública no Brasil está dividida em três etapas, conforme apontado por (ALBERTIN, 2010): • Patrimonialista: não há diferenciação entre o que é público ou privado. • Burocrática: segue os princípios da lei (exige documentos, protocolos, padrões etc.) para a prestação de contas; existe a separação do que é público e privado. • Gerencial: fundamento para gerenciar com estratégia e planejamento, visando a maior eficiência nas ações. FIGURA 2 – MODELOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FASES (MODELOS) DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA Patrimonialista Burocrática Gerencial Administração Pública FONTE: <http://www.portal-administracao.com/2014/06/administracao-publica-brasileira- modelos.html>. Acesso em: 5 jun. 2019. Em 1988, a Constituição garantiu diretrizes para a correta aplicação dos recursos públicos, exigindo a utilização de ferramentas de controle. Um exemplo disso, é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impôs limites para endividamento e gastos públicos, determinando a fixação de um limite prudencial que proíbe gastos superiores a 95% do limite legal do poder público. A lei também foi eficiente em limitar os gastos com pessoas no setor público (50% da receita corrente líquida para a União e 60% da receita corrente líquida para Estados e Municípios). Preocupado com o cumprimento das regras impostas pela LRF, o legislador inseriu punições aos administradores relapsos que descumprissem os limites estipulados, como a suspensão de transferências voluntárias, de contratação de operações de crédito e da concessão de garantias para a obtenção de empréstimos. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 7 A LRF busca reforçar o papel da atividade de planejamento e, mais especificamente, a vinculação entre o planejamento e a execução dos gastos públicos (FILHO, 2014). Logo, podemos entender que a LRF se transformou em um mecanismo de transparência e fiscalização, permitindo maior controle de gastos públicos evitando acúmulo de empréstimos e dívidas desnecessárias. Isso pode ter como efeito colateral, um Estado mais forte do ponto de vista administrativo, fiscal e na legitimação de sua própria democracia. Adotou-se como premissa no Brasil, que só um Estago/Governo capaz e organizado, pode regulamentar mercados que sejam eficientes em alocar os fatores produtivos. Com isso, os efeitos colaterais são positivos e prontamente sentidos e percebidos pela população. 3 TRANSPARÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL Antigamente não havia regras para os controles dos gastos públicos. Todas as esferas de governo (federal, estadual e municipal) não assumiam responsabilidades na elaboração e configuração dos orçamentos. Logo, diante desta falta de regulamentação, os gestores mais éticos passaram a se preocupar com a elaboração de ferramentas e metodologias para um controle mais eficiente dos recursos públicos. Entre as ferramentas e metodologias, podemos destacar: • O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI): sistema de informação cuja função é controlar as receitas e despesas públicas. • A criação de um planejamento governamental de médio a longo prazo, por meio do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei do Orçamento Anual (LDO). Estas ferramentas são de extrema relevância, pois combinadas com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tornaram viável a moralização e conscientização dos administradores públicos de forma geral e em todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e em todas as esferas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) (FILHO, 2014). 3.1 A QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES PRESTADAS AO CIDADÃO Em 2010, mais especificamente em 27 de maio, o governo federal publicou o Decreto nº 7.185, que dispõe sobre o padrão mínimo de qualidade do Sistema Integrado de Administração Financeira e Controle, no âmbito de cada Estado da Federação. O Item III do Parágrafo 2º do Artigo 2º do decreto define o marco da transparência ao determinar que todosos agregados da federação (União, Estados UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 8 e Municípios) deverão disponibilizar, em tempo real, um sistema eletrônico de informações que possibilite acesso público via internet, para todo e qualquer cidadão, sem exigir cadastro prévio, bem como a utilização de senhas específicas para a consulta dos dados. O Decreto nº 7.185 teve origem na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) teve parte de seu texto alterada pela Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009, motivando a sociedade a fiscalizar os gastos do Estado. Com a publicação do Decreto e a força das leis de responsabilidade, e também com o avanço tecnológico e a acessibilidade da internet, os governantes iniciaram a construção de portais de transparência, faciliatando o papel de fiscalização pela sociedade civil. Os portais da transparência surgiram em novembro de 2004, sendo o resultado do esforço do governo federal, por intermédio da Controladoria-Geral da União (CGU), para dar publicidade aos gastos públicos, ao mesmo tempo em que assegura ao contribuinte a possibilidade de fiscalizá-los. 4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Os sistemas de informação podem ser definidos como um conjunto de componentes (hardware e software) interligados que podem coletar, recuperar, processar, armazenar, compartilhar e analisar informações a serem utilizadas na tomada de decisões organizacionais, além de facilitar as práticas de coordenação e controle (LAUNDON; LAUNDON, 2007). Os sistemas de informação armazem todos os tipos de dados, que combinados, se transformam em informações sobre pessoas, localizações geográficas, empresas privadas e públicas, ONGs etc. 4.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EXISTENTES NA ADMINISTRAÇÃO Com o início do regime democrático e o final da ditadura, a transparência das ações governamentais começa a ser notada no Brasil. Nesta fase aconteceu um grande desenvolvimento tecnológico mundial, especialmente na área de tecnologia da informação. Com base nisso, o novo governo optou por criar sistemas que pudessem organizar e controlar a gigantesca planilha contábil do país (ALBERTIN, 2010). Foi criado então, no ano de 1976, o SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal) – que era um sistema de contabilidade pública que organizou os procedimentos de caixa (entradas e saídas) de conta única, dando mais visibilidade e possibilidade de fiscalização das aplicações dos recursos públicos do governo. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 9 Quando o SIAFI foi implantado ainda era inexistente a integração entre sistemas. Com um número de fontes e programas elevados e tipos de dados incompatíveis, a tomada de decisão pelos gestores públicos ainda não era tarefa fácil nesta época. O poder executivo foi o primeiro a utilizar o SIAFI, que em seguida foi replicado aos demais poderes. Em dias atuais, todos os orgãos da administração direta (dos Três Poderes) e da administração indireta utilizam este sistema de informações que foi customizado especialmente para as características do país (FILHO, 2014). A grande vantagem do SIAFI é que ele integra despesas e receitas geradas por órgãos diferentes, o que permite aos gestores uma visão abrangente para possibilitar melhor controle dos gastos públicos. A unificação é um conceito importante e associado ao SIAFI: ao padronizar métodos e rotinas de trabalho no governo federal, o SIAFI possibilita uma normatização única entre os diversos órgãos federais. Através do desenvolvimento e uso do SIAFI foram criados meios para agilizar a programação finaneira unificando os recursos do governo federal, sendo que em 1988, foi criada uma conta única no Banco do Brasil. A operacionalização desta conta é feita pelo próprio BB ou por outros bancos autoriados pelo Ministério da Fazenda. A conta única facilita a realização de operações financeiras on-line, sem perda de autonomia na gestão de recursos. Isso torna o controle de gastos mais eficaz. A movimentação de recursos na conta única do Tesouro Nacional é realizada por meio de documentos do SIAFI. Podemos destacar como os mais utilizados: • NC – Nota de Movimentação de Crédito: destina-se ao Registro das transferências de créditos orçamentários, entre Unidades Gestoras de um mesmo órgão e entre Unidades Gestoras de Órgãos distintos. • ND – Nota de dotação: destina-se ao registro de detalhamento dos créditos previstos no Orçamento Geral da União, bem como à inclusão destes créditos. • NE – Nota de Empenho: destina-se a registrar os eventos vinculados ao comprometimento de despesa (empenho), bem como aos casos em que se faça necessário o reforço ou a anulação de despesa. • OB – Ordem Bancária: destina-se ao pagamento de compromissos e à liberação de recursos para fins de adiantamento de suprimento de fundos. • GR – Guia de Recebimento: destina-se a registrar os eventos vinculados ao recolhimento de numerário à conta bancária da unidade gestora. Para finalizar, entre as funões mais importantes do SIAFI, podemos destacar o acompanhamento e o controle da elaboração e execução orçamentária, financeira e contábel do governo brasileiro. Isso envolve desde os registros UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 10 de orçamentos iniciais de receitas e despesas, até a emissão de comprovantes contábeis. O retorno do SIAFI consiste em fornecer uma fonte segura de informações, de fácil controle e ampla transparência. 4.2 SUBSISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA Segundo Filho (2014, p. 37), várias são as subdivisõs de informações no Governo brasileiro. Isso ocorre também no setor de tecnologia da Informação, que atribui nomenclaturas distintas para grupos específicos de Sistemas de Informação. Isso significa que os sistemas existentes se ramificam em categorias, como acontece com o SIG (Sistema de Informação Gerencial). Com base nisso, o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) criou vários outros sistemas, como: • Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR). • Sistema de Controle de Imóveis Funcionais (CIF). • Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet). • Portal do Governo Eletrônico (Infovia Brasília). • Sistema de Concessão de Diárias e Passagens (SCDP). • Sistema Integrado de Administração Patrimonial (SIAPA). • Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG). • Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF). • Sistema de Convênios (SICONV). • Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR). • Sistema de Informações das Empresas Estatais (SIEST). • Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN). • Sistema de Convênios (SICONV). • Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR). • Sistema de Informações das Empresas Estatais (SIEST). • Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento do Plano Plurianual (SIGPlan). • Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (SIAFEM). • Sistema Integrado de Administração de Serviços para Estados e Municípios (SIAGEM). • Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento para Estados e Municípios (SIPLAN). O Siasg – Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais foi criado pelo Ministério de Planejameto, Orçamento e Gestão (MPOG). A função deste sistema é dar apoio a todas as atividades operadionais do Sistemas de Serviços Gerais. Ela representou uma modernização da gestão federal no relacionamento com fornecedores e cadastro de suprimentos, serviços, materiais e registro de preços. Agilizou os processos de licitação e compra, dando transparência TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 11 nos processos licitatórios. O SICAF – Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores é um módulo do sistema SIASG. Este sistema é responável pelo cadastro e habilitação de pessoas físicas e jurídicas que desejam participar daslicitações públicas. O sistema pode ser acessado pelo portal <http://www. comprasnet.gov.br/>. Existe um sistema destinado aos convênios (SICONV) cuja finalidade é garantir eficiência, agilidade e transparência na liberação de recursos financeiros para Estados e Municípios. Este sistema de informação está disponível no Portal dos Convênios e atende às exigências do Decreto nº 6.170/07, que determinou as novas regras para a celebração de parcerias com a União. Destaque também para o SIDOR – cuja função é aperfeiçoar e melhorar continuamente o processo orçamentário federal. Seu principal produto é o Projeto de Lei Orçamentária enviado, anualmente, ao Congresso Nacional para aprovação e consequente geração da Lei Orçamentária Anual. Este sistema está sendo substituido pelo Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento do Governo Federal (SIOP). O SIEST – Sistema de Informações das Empresas Estatais é um sistema de apoio para o Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (DEST) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na captação de propostas de investimentos das empresas estatais para o exercício financeiro posterior ao ano de exercício. O SIEST é responsável ainda da manutenção das informações usadas no Balanço Geral da União. É composto por cinco módulos agregados: • Programa de Dispêndios Globais (PDG). • Orçamento de Investimento. • Cadastro Geral das Empresas Estatais. • Balanços Patrimoniais. • Endividamento. O sistema SIGPlan – Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento do Plano Plurianual – é uma ferramental eficiente usada na elaboração Plano Plurianual (PPA). É um meio de comunicação útil, pois age na integração entre as pessoas responsáveis pelos programas governamentais, oferecendo as informações necessárias para a assertividade na tomada de deciões estratégicas e operacionais. Outro sistema de informação importante é o SIAGEM – Sistema Integrado de Administração de Serviços para Estados e Municípios, que tem sua origem e suporte baseado no Sistema Integrado de Administração de Serviços (SIADS). O sistema SIAGEM tem como objetivo precípuo fazer a adequada gestão do patrimônio e materias de consumo. Ele possui uma interface interligada de forma UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 12 on-line com o SIAFI, provendo o usuário de todos os instrumentos de controle exigidos pela Lei nº 8.666 e demais normatizações da Administração Pública. Outro sistema que atende a Estados e Municípios é o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento para Estados e Municípios (SIPLAN), que está apoiado na Programação Orçamentária (Progorcan). Esta aplicação tem como finalidade contribuir para a elaboração do orçamento, o planejamento e a gestão da distribuição de receitas e despesas. Este aplicativo tem como finalidade a elaboração orçamentária, o planejamento e a gestão do processo na fase de execução e reprogramação na distribuição das receitas e despesas orçamentárias, atendendo à legislação vigente no país. Muitos são os Sistemas de Informações que atendem às empresas públicas. Vimos acima, um resumo da aplicabilidade destes aplicativos computacionais e podemos perceber que os sistemas de informações tornam-se indispensáveis para a tomada de decisão gerencial das organizações (tanto públicas, quanto privadas). Fica claro também que os sistemas de informações favorecem o crescimento dos planos de ações das organizações, gerando informações rápidas e íntegras, o que favorece a prática de uma gestão estratégica pautada na assertividade do processo de tomada de decisão por parte dos gestores e no fiel acompanhamento da aplicação dos recursos públicos por parte da população de cada Estado e Município do país. 4.3 PORTAIS DA TRANSPARÊNCIA DO GOVERNO FEDERAL O portal de transparência do governo federal permite a realização de consulta pública sobre: • Transferências de Recursos. • Gastos Diretos com a Presidência. • Receitas. • Convênios firmados pelo Governo Federal. • Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas. • Situação funcional dos Servidores Públicos do Poder Executivo do Governo Federal. • Direitos do cidadão. • Empresas punidas. • Acordos de leniência (delação premiada). • ONGs. • Informações de cartões de crédito do governo. • Informações de orgãos e servidores. • Informações de convênios. • Recursos destinados aos Estados e Municípios, entre outras informações. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 13 A Figura 3 apresenta a página inicial do portal de transparência do governo federal. Na área central existe um mapa. Clicando em um Estado específico, uma nova aba será carregada com as informações específicas desta unidade da federação. Aproveite a disponibilidade de informações e consulte os dados que você julgar importantes para o seu Estado. FIGURA 3 – PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – GOVERNO FEDERAL FONTE: <http://portaldatransparencia.gov.br/>. Acesso em: 1 out. 2018. A Figura 4 demonstra informações do estado de Santa Catarina. Os dados são apresentados de forma individualizada, em cada ano de exercício fiscal. Observe que os dados demonstrados são atuais (ano 2018). Neste caso específico, são exibidos os montantes financeiros transferidos para SC e seus municípios, os gastos diretos do Estado (e municípios) e os benefícios federais recebidos pelos cidadãos catarinenses. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 14 FIGURA 4 – PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – DADOS DE SANTA CATARINA FONTE: <http://portaldatransparencia.gov.br/localidades/SC-SANTA-CATARINA>. Acesso em: 1 out. 2018. A Figura 5 exibe detalhadamente os dados do orçamento anual do governo, divididos em despesas e receitas. Assim, fica mais fácil entender quanto o governo arrecada e quanto gasta. Percebemos pela imagem que a receita foi de 3,51 trilhões e as despesas giram em torno de 3,45 trilhões. TÓPICO 1 | HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS 15 FIGURA 5 – PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – ORÇAMENTO (DESPESAS E RECEITAS) FONTE: <http://portaldatransparencia.gov.br/orcamento>. Acesso em: 1 out. 2018. A Figura 6 exibe o montante financeiro que o governo investe em benefícios ao cidadão. Aqui entram Bolsa Família, as bolsas de estudo, recursos do INSS para pensões, afastamento de trabalho, dentre outras situações. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 16 FIGURA 6 – PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – BENEFÍCIOS DESTINADOS À POPULAÇÃO FONTE: <http://portaldatransparencia.gov.br/orcamento>. Acesso em: 1 out. 2018. Fique atento! Ajude a fiscalizar as ações do governo. Acesse o Portal da Transparência sempre que possível e ajude a construir para um país melhor. Encerramos o conteúdo do Tópico 1. O objetivo dos próximos tópicos é que você entenda o alinhamento da TI e seus profissionais com os objetivos organizacionais. Lembre-se: as empresas públicas possuem os mesmos processos de gestão que as empresas privadas. E os sistemas de informação servem de alicerce para o alcance dos objetivos organizacionais e governamentais. 17 Neste tópico, você aprendeu que: • A Administração Pública no Brasil está dividida em três etapas: patrimonialista, burocrática e gerencial. • As práticas de gerência do século XX culminaram na administração gerencial praticada na atualidade. • No ano 2000 foi publicada a Lei Complementar nº 101 (também denominada Lei de Responsabilidade Fiscal). • A Lei Complementar nº 101 tem quatro alicerces importantes: planejamento, transparência, controle e responsabilização. • Boa parte das mudanças na Administração pública brasileira ocorreu na década de 1930, na amplamente conhecida “era Vargas”. • Em 1936 foi criado o Conselho Federal do Serviço Público Civil (CFSPC), e, em 1938 passou a ser chamada de Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), a administração patrimonialista deu lugar à burocrática. • O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal(SIAFI) controla as receitas e despesas públicas. • No ano de 2010, mais especificamente em 27 de maio, o governo federal publicou o Decreto nº 7.185, que dispõe sobre o padrão mínimo de qualidade do Sistema Integrado de Administração Financeira e Controle, no âmbito de cada Estado da Federação, garantindo maior transparência nas ações do governo. • Sistemas de informação podem ser definidos como um conjunto de componentes (hardware e software) interligados que podem coletar, recuperar, processar, armazenar, compartilhar e analisar informações a serem utilizadas na tomada de decisões organizacionais. • São inúmeros os sistemas de informações públicas existentes atualmente, mas conheceu os portais de transparência do governo brasileiro. RESUMO DO TÓPICO 1 18 1 Com base na leitura do Tópico I, marque a opção que representa um sistema de informação de grande importância utilizado atualmente na gestão e que começou a ganhar visibilidade no final da década de 1990 (com o advento da internet): a) Administração Pública Patrimonialista. b) Administração Pública Burocrática. c) Administração Pública Gerencial. d) Governo eletrônico (e-gov). e) Planejamento de ações do governo (Siplan). 2 A população brasileira tem amplo acesso às informações governamentais, que são disponibilizadas pela internet e podem ser acessadas em qualquer hora e de qualquer lugar por qualquer cidadão. Todos os sistemas relacionados a seguir são mantidos pelo governo federal como instrumentos de transparência, exceto: a) ComprasNet. b) SIAFI. c) Portal Brasil. d) Portal da Transparência. e) Portal de Convênios. 3 Em relação ao seu entendimento sobre o que é “Transparência na Administração Pública”, marque a opção que melhor representa o entendimento acerca deste conceito: a) A divulgação de dados e informações, pré-formatados segundo critérios estabelecidos pela administração, garante a ampla transparência. b) A população não tem interesse e não acessa as informações c) O custo de divulgação das informações é elevado. d) Informação transparente não significa que é informação pública e de direito de todos. e) As informações dos portais de transparência são encomendadas e manipuladas. 4 Acesse o site <http://portaldatransparencia.gov.br/>. Procure o Portal de Transparência do seu Estado de origem. Verifique os valores financeiros destinados bem como a aplicação dos recursos. AUTOATIVIDADE 19 TÓPICO 2 CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A evolução tecnológica abrange todas as atividades desenvolvidas na atualidade ao permitir o compartilhamento rápido e livre de um volume muito grande de informações por meio da rede mundial de computadores. Essa rapidez na evolução foi impulsionada pela necessidade de melhorias na qualidade de processos e customização de produtos. Schreiber et al. (2002, p. 36) destaca os fatores importantes deste processo: (a) o rápido crescimento da rede mundial de computadores World Wide Web (www), que estabeleceu uma infraestrutura de compartilhamento do conhecimento; (b) a identificação do conhecimento como fator-chave de produção, além do trabalho e do capital. A tecnologia da informação (TI) precisa do conhecimento das pessoas para ser percebida e aplicada em diversos fins, utilizada por pessoas e organizações como meio facilitador no acompanhamento das inovações, no aumento da produtividade para melhorar a qualidade de produtos e serviços, e para tornar rápida e eficiente a comunicação com mercados, clientes e fornecedores. Por causa disso, é considerada uma importante ferramenta para manter operantes todos os envolvidos em um negócio, sendo mais intensa a conscientização de que ela não pode ser dissociada de atividade organizacional alguma a fim de agregar valor aos produtos e serviços ofertados. Os sistemas de informação ou tecnologia de informação são o conjunto de partes (quaisquer) que gerem informações, ou, também, o conjunto de software, hardware, recursos humanos e respectivos procedimentos que antecedem e sucedem o software. Tem como maior objetivo o apoio nos processos de tomada de decisões na empresa, e seu foco está direcionado ao principal negócio empresarial (REZENDE, 2002, p. 84). De forma bem objetiva, pode-se entender a tecnologia da informação como um conjunto de atividades e suas soluções, ambas tendo como alicerce recursos computacionais que facilitam o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o posterior uso das informações. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 20 2 RECURSOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO De acordo com Stair (2002), a tecnologia da infomração têm como componentes principais: • Tecnologia: as redes de computadores são sistemas de componentes de processamento de informações que utilizam uma multiciplicidade de hardware, software, gerenciamento de dados e tecnologia de redes de telecomunicações. • Aplicações: aplicações de negócios e e-commerce envolvem sistemas de informações interconectadas. • Desenvolvimento: as formas de desenvolvimento, para utilizar tecnologia da informação na empresa, abrangem o projeto de componentes básicos dos sistemas de informação. • Administração: o gerenciamento da tecnologia da informação enfatiza a qualidade, o valor estratégico para um negócio e a segurança dos sistemas de informação de uma organização. • Hardware: equipamento do computador utilizado para realizar atividades de entrada, processamento e saída. Os equipamentos de entrada incluem teclado, mouse etc. • Software: são programas que comandam operações do computador. Esses programas permitem que o computador processe dados financeiros, de Recursos Humanos, de produção etc. • Banco de dados: coleção organizada de fatos e informações, constituindo dois ou mais arquivos de dados relacionados. • Telecomunicações: transmissão eletrônica de sinais para comunicações que permitem com que as organizações realizem processos e tarefas por meio de redes efetivas de computadores. • Internet: maior rede de computadores do mundo, consistindo em milhares de redes interligadas que trocam informações simultânea e livremente. Há dois tipos de pessoas: • Pessoas de TI: inclui toda pessoa que gerencia, administra, programa, mantém e executa o sistema. • Usuários: pessoas que trabalham com TI. Procedimentos: incluem estratégias, políticas e regras organizacionais. Os sistemas de informação, em sua maioria, são definidos com base nos componentes citados anteriormente. Os elementos se relacionam e trabalham com um objetivo em comum, a fim de produzir resultados. A figura a seguir representa a composição dos sistemas de informação, com base nos componentes da tecnologia da informação. Conforme vimos, a tecnologia da informação é conhecida como o conjunto de hardware, software, pessoas e culturas envolvidas. TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 21 FIGURA 7 – ESTRUTURA BÁSICA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO FONTE: <https://sites.google.com/site/profnewtonti/>. Acesso em: 11 jun. 2018. Em meio a todos estes componentes, o sistema de informação pode ser entendido como um conjunto de elementos que se relacionam “[...] para coletar (entrada de dados), manipular (processamento de dados) e disseminar (saída dos dados) as informações para atender a um objetivo específico” (ALBERTIN, 2015, p. 12). Ao conhecer o conceito de sistemas de informação, você já deve ter entendido que todos os sistemas de informação utilizam recursos humanos, tecnológicos, informações e redes para executar todas as atividades e etapas de manipulação relacionadas aos dados. Alguns estudos a respeito dos recursos de TI os separam em duas categorias distintas, conforme Weill e Aral (2007): ativos de tecnologia da informação e capacitações em tecnologia da informação. Os recursos são resultados dos investimentos feitos pelas empresas no setor de TI, e os mesmos são difíceis de serem copiados, pois necessitam detempo, aprendizagem e otimização, pois o avanço da tecnologia nas empresas trouxe uma grande variedade de serviços, equipamentos e sistemas para o ambiente de TI, que aumentam a complexidade na gestão do ambiente, mas requerem ainda mais cuidados no gerenciamento para garantir que todos os recursos estejam sempre disponíveis e seguros (WEILL; ARAL, 2007, p. 46). De acordo com Albertin (2015, p. 6), “os cuidados com o gerenciamento de recursos de TI são necessários para evitar uma série de incidentes e surpresas desagradáveis” para melhorar os resultados dos serviços entregues pela TI e os resultados do negócio. A figura a seguir representa os recursos de TI que devem ser prioridade no processo de gestão. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 22 FIGURA 7 – MODELO TEÓRICO DOS RECURSOS DE TI Recursos de TI Capacitação em TI Competências - Habilidade em TI - Qualidade da gestão de TI Ativos de TI - Infraestrutura - Transacional - Informacional - Estratégico - Cultura do uso de TI - Transações Digitais - Arquitetura de Internet Rotinas FONTE: Adaptado de Weill e Aral (2007) 2.1 OS ATIVOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Weill e Aral (2007) atestam que os investimentos financeiros feitos no setor de tecnologia da informação refletem na estratégia e afetam diretamente o desempenho organizacional. Com isso, pode-se concluir que os resultados obtidos pelas empresas dependem do tipo e do volume financeiro investido nos ativos. Quanto maior e mais bem definido o investimento, maiores serão os benefícios retornados pelos ativos. Os autores classificam os ativos em quatro categorias distintas: infraestrutura, transacional, informacional e estratégico, além disso, listam para cada uma o objetivo estratégico, bem como os resultados do investimento em cada categoria. O quadro a seguir mostra a classificação dos ativos de TI: QUADRO 1 – ATIVOS E OS BENEFÍCIOS DE PERFORMANCE ESPERADOS Ativos de TI Propósito estratégico Benefícios esperados Infraestrutura Fundação para os serviços compartilhados de TI. Provê uma base flexível para as iniciativas de negócios futuras. - Curto Prazo: maior custo e menor rentabilidade. - Maior valor de mercado. - Longo Prazo: maior lucro e menores custos. Transacional Automatiza os processos, corta custos e aumenta o volume de negócios por unidade de custo. -Menores custos. Informacional Provê informação para a gestão, contabilidade, relatórios, suporte de decisões, controle de planejamento, análises e data mining. - Menores custos. - Maior rentabilidade. Estratégico Apoia a entrada em um novo mercado, provê um novo serviço ou viabiliza um novo produto. - Mais inovação de produto. FONTE: Adaptado de Weill e Aral (2007) TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 23 Infraestrutura: a área de TI é essencial para qualquer organização e sua manutenção deve ser estratégica. Os investimentos em infraestrutura envolvem troca de equipamentos como servidores, cabeamento de rede, troca do sistema gerenciador de banco de dados. Tal investimento tem um custo alto, mas trazem benefícios em longo prazo, pois melhoram a produtividade e a competitividade organizacional. Transacional: aqui se concentram os investimentos para melhorar processos, cortar custos e melhorar o desempenho dos negócios. O foco é cortar recursos de operações que são repetitivas e, por isso, tendem a causar uma redução imediata do custo financeiro para mantê-las. Informacional: são investimentos que envolvem diretamente a coleta, o processamento e a análise dos dados, permitindo maior segurança nas decisões. Geralmente são adquiridos novos sistemas de informação para dar suporte à tomada de decisões. Esses sistemas reduzem custos e facilitam a identificação de novos cenários e oportunidades de negócios. Estratégico: são investimentos que tornam a empresa mais inovadora, pois mudam a natureza de entrega de produtos ou serviços. Podem envolver tanto a tecnologia quanto novas metodologias de trabalho. 2.2 CAPACITAÇÃO EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO O ato de capacitar os profissionais de tecnologia da informação visa promover o aprendizado contínuo, valorizar os servidores, desenvolver competências, difundir conhecimento e melhorar, cada vez mais, a qualidade dos serviços prestados e dos produtos entregues. Capacitar somente não é suficiente (COHEN; LEVINTHAL, 1990). Só o conhecimento técnico não basta. A equipe precisa ser especialista no campo de atuação, tendo amplo conhecimento do negócio, das atividades, dos procedimentos e rotinas organizacionais. A capacitação em tecnologia da informação deve interligar as rotinas organizacionais com as competências da equipe de tecnologia da informação, no intuito de agregar valor nas construções e customizações. Lembre-se: as rotinas organizacionais envolvem todas as atividades necessárias para se concluir algo, como um produto, um serviço ou uma tarefa específica. Além disso, também fazem parte das rotinas organizacionais os processos de documentação que auxiliam na conclusão das atividades. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 24 2.3 AS ROTINAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Na visão de Westerman e Weill (2006), as empresas que obtêm mais benefícios da tecnologia da informação são as que buscam excelência na execução de cinco princípios básicos: identificar as necessidades, desenvolver as aplicações, gerenciar a mudança organizacional, redesenhar os processos de negócio e supervisionar a TI. Nesse sentido, a figura a seguir mostra o modelo de criação de valor através da tecnologia da informação de Westerman e Weill (2006). FIGURA 8 – CICLO DA GERAÇÃO DE VALOR EM TI Supervisionar TI Transparência dos Investimentos Desenvolver Aplicações RPN & Mudança Organizacional Medição dos Resultados Identificar as Necessidades FONTE: Adaptado de Westerman e Weill (2006) Identificar as necessidades: o primeiro passo é identificar a real necessidade da organização em relação aos desfalques tecnológicos. Isso é necessário para que não se invista um volume financeiro absurdo em tecnologias que não terão o devido aproveitamento. Essa etapa é importante, pois auxilia os gestores a identificarem problemas, e como consequência, serve de orientação na escolha da melhor tecnologia para resolvê-los. Para obter sucesso nessa fase, o gerente de TI deve estar alinhado e em constante comunicação com os gestores do negócio. Desenvolver as aplicações: essa é a fase mais importante para o negócio, pois depende do desenvolvimento das aplicações para que os objetivos sejam alcançados. Para haver êxito, é necessária uma efetiva gestão dos projetos de desenvolvimento, para que se decida corretamente a respeito de tudo que se relaciona ao escopo, prazos e custos. A gestão do projeto deve prever um método de aferição, ter uma equipe qualificada e envolver, sempre que possível, os gestores do negócio para garantir a entrega do resultado esperado nos prazos e custos estabelecidos. TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 25 A tecnologia da informação está deixando de ser um desafio técnico para ser um desafio de gestão, pois o retorno percebido depende diretamente do comprometimento e da iniciativa dos gestores do negócio que, na maioria das vezes, não sabem como se envolver ou não tem a devida consciência do valor da tecnologia da informação para os negócios. Gerenciar a mudança e redesenhar os processos de negócio: Westerman e Weill (2006) defendem que o gestor da área de TI e equipe podem fomentar e gerenciar tanto as mudanças técnicas quanto os processos de negócio. No entanto, precisam utilizar métodos adequados, ter uma equipe capacitada e certificar-se de que as mudanças e o redesenho dos processos estão alinhados com a estratégia organizacional. Supervisionar a TI: a supervisão da TI é importante para deixar transparentes os investimentos e também para aferir os resultados.Westerman e Weill (2006) afirmam que a transparência nos investimentos é necessária para direcionar recursos adequados aos projetos com maior potencial de retorno, através de um processo claro e justo. A medição dos resultados, segundo os autores, rastreia os resultados obtidos pela aplicação da tecnologia da informação, para tanto, podem ser usadas medidas quantitativas, como o Service Level Agreements (SLA), ou seja, Acordo de Nível de Serviço e a evolução dos custos com TI, além de medidas qualitativas, como a satisfação dos usuários, clientes e fornecedores. Contudo, os autores ressaltam que a medição dos resultados dos projetos de desenvolvimento das aplicações e revisão dos processos de negócio é mais difícil que a medição da performance da infraestrutura de tecnologia. 2.3.1 As competências para gestão da TI As competências para gerir a TI fecham o ciclo dos elementos que contemplam a capacitação em tecnologia da informação, completando também a definição dos recursos de TI proposta por Weill e Aral (2007). Os principais atores envolvidos na TI são: • Chief Information Officer (CIO): executivo responsável pelas funções da área de TI. • Analistas da informação: técnicos responsáveis pelo atendimento aos usuários e pelo desenvolvimento e manutenção da infraestrutura e dos sistemas de informação. Como analistas da tecnologia da informação, podemos citar: programadores, projetistas, analistas de sistemas, gerentes de projetos, entre outras funções. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 26 2.3.1.1 As competências do CIO A principal função do Chief Information Officer (CIO) é gerenciar a operação dos sistemas de informação no intuito de mantê-los alinhados à estratégia de negócios, facilitando qualquer processo de mudança ou alteração (CARTER et al., 2011). Os autores destacam a relevância do conhecimento técnico do CIO e afirmam que sua importância é determinada pela intensidade com que a tecnologia da informação é utilizada na organização. Dessa forma, quanto mais a organização enviar demandas ao setor de TI, mais relevante e necessário internamente será o CIO. As competências do CIO são divididas em três papéis principais: papel Informacional, papel de Decisor e papel Interpessoal (CARTER et al., 2011). O quadro, a seguir, sintetiza os papéis dos gestores da tecnologia da informação e descreve, brevemente, suas características. QUADRO 2 – PAPÉIS DOS GESTORES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Papel Descrição da Atividade Papel Informacional Representante Envolve a comunicação de informações ou ideias às pessoas fora da função de TI. Monitor Busca e recebe informações em um esforço para entender a organização e seu ambiente. Escaneia o ambiente por mudanças na tecnologia e na competição. Papel de Decisor Empreendedor Identifica as necessidades do negócio e desenvolve soluções que mudam a situação da empresa. Age como iniciante e designer de grande parte das mudanças controladas, que acontecem na organização. Alocador de Recursos Responsável pela alocação dos recursos humanos, financeiros, materiais e informacionais da empresa. Papel Interpessoal Líder Responsável por contratar, treinar, motivar e monitorar os subordinados. Intermediário Estabelece uma rede pessoal de relacionamentos externos. FONTE: Adaptado de Carter et al. (2011) TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 27 Papel Informacional: uma linguagem comum em toda a organização é fundamental para o sucesso organizacional para alcançar os objetivos. O CIO desempenha um papel fundamental ao compreender a linguagem de negócio, uma vez que entende problemas e busca melhores soluções técnicas. Nesse sentido, ele desempenha duas funções importantes: Representante e Monitor. A função de Representante impõe uma expansão das funções do CIO dentro da empresa ao se envolver em todos os departamentos e em contato com todos os gestores e principais usuários dos sistemas de informação. Nesse sentido, ele é um disseminador de informação que desempenha um papel mais político. A função de Monitor exige que o CIO observe o ambiente externo no sentido de acompanhar as inovações e mudanças tecnológicas. Assim, torna- se referência ao conhecer as oportunidades de utilização da TI no ambiente de negócio. Papel de Decisor: na função de decisor cabe ao CIO alocar corretamente os recursos de tecnologia da informação no intuito de obter maior vantagem e melhores resultados no negócio. Nesta função, o CIO aloca os recursos humanos, tecnológicos e financeiros. O papel de decisor está dividido em duas funções: Empreendedor e Alocador de Recursos (CARTER et al., 2011). Na função de Empreendedor, o CIO precisa identificar as necessidades do negócio e desenvolver soluções eficientes para os problemas organizacionais. Ele precisa garantir que as necessidades e oportunidades técnicas sejam rapidamente entendidas, planejadas, implementadas e implantadas. Por sua vez, na função de Alocador de recursos, o CIO precisa decidir adequadamente sobre a melhor forma de alocar os recursos humanos, técnicos e de informação. Nesta função, ele precisa ser justo e coerente para não sobrecarregar a equipe na distribuição das atividades. Papel interpessoal: este papel representa a função do CIO como líder da TI e em sua forma de se relacionar com os clientes externos, fornecedores. Esse papel está dividido em dois papéis distintos: de Líder e de Intermediário. O Líder é importante para que haja um bom desempenho da equipe, pois é ele quem guia, treina, aloca, realoca, contrata etc. Esse papel é importante na mediação de conflitos e para auxiliar a equipe a resolver conflitos, além de fazê-la permanecer motivada. O Intermediário faz a mediação entre clientes externos, equipe de desenvolvimento, fornecedores e demais interessados nos projetos desenvolvidos. É responsável por criar uma linguagem de comunicação que seja de fácil entendimento por todos os envolvidos. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 28 2.3.1.2 As competências dos analistas de tecnologia da informação A carência por mão de obra qualificada é evidente no Brasil quando trata da área específica de Tecnologia da Informação. Para contornar esse problema, a maioria das organizações oferece programas de capacitação e incentivos para atrair e reter talentos (ALBERTIN, 2015). Podemos entender a competência como um conceito que descreve as habilidades e conhecimentos que uma pessoa deve ter para torná-la capacitada a realizar algo. No entanto, a competência não pode ser considerada um conhecimento que a pessoa possui ou o resultado da capacitação pela qual o profissional passou. Significa, simplesmente, que a pessoa sabe em que aplicar aquilo que aprendeu e que sabe lidar com imprevistos e com pessoas de personalidades distintas. A pessoa competente sabe gerenciar os recursos que necessita para realizar uma atividade (CHIAVENATO, 2010). A função específica de analista de tecnologia da informação envolve os programadores, projetistas, analistas de sistemas, gerentes de projetos e demais funções técnicas relacionadas ao desenvolvimento de sistemas e o departamento de tecnologia da informação. Estas funções estabelecem o conhecimento necessário para desenvolver sistemas e para operar as novas tecnologias do setor em se tratando de hardware e software. As competências necessárias para esses profissionais geralmente envolvem: relacionamento interpessoal, conhecimento técnico de ferramentas, capacidade de propor mais de uma solução para o mesmo problema, caráter proativo, organização, liderança, capacidade de concentração e de exposição de ideias, fluência no idioma inglês, responsabilidade, disposição para o aprendizado contínuo, construção de modelos mentais para a solução de problemas complexos, conhecimento do negócio da organização, facilidade para assumirriscos, facilidade para gerenciar o tempo, entre outras (ALBERTIN, 2010). 2.4 AMBIENTES DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Conforme estudamos nos tópicos anteriores, a tecnologia da informação é conhecida como um conjunto de hardware, software, pessoas e culturas envolvidas em um ambiente de trabalho. No âmbito da tecnologia da informação estão os administradores que sabem da importância de prever a alteração tecnológica e o impacto disso nas suas atividades. As inovações profundas produzem uma reorganização social e nas tarefas diárias. Esse processo leva a mudanças relevantes no conhecimento, na cultura e nas relações de poder, acarretando na elaboração de novos instrumentos de controle e intervenção. Uma vez que o desafio tecnológico coloca em discussão alguns equilíbrios fundamentais da sociedade, conforme apontamento feito por Albertin (2015): TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 29 • Nível de ocupação. • Profissão e conhecimento adquirido. • Local e forma de construção da experiência social e da identidade da sociedade. Para entender como tais alterações modificam a realidade de uma organização, vamos entender dois conceitos básicos que dizem respeito à empresa, segundo Albertin (2010), que são: a) Componentes da empresa: diversas áreas de trabalho, ou ainda, atividades que são necessárias para o funcionamento adequado da empresa como um todo. b) Níveis de decisão: hierarquia existente dentro da empresa. Desse modo, veremos agora quais os quatro tipos comuns de ambientes da Tecnologia da Informação, ou seja, condições em que os trabalhos que envolvem TI acontecem em uma organização. Que de acordo com Albertin (2004) são divididos em: a) Ambiente estratégico: neste tipo de ambiente as organizações podem ser dependentes da funcionalidade das atividades de tecnologia para que suas operações diárias sejam executadas de modo adequado. Essas organizações precisam de planejamento e a distância entre o sistema de informação e a alta gerência é reduzida. Portanto, a funcionalidade adequada dos serviços de sistemas de informação é essencial à continuidade do negócio. Um exemplo típico desse ambiente são os bancos. Se a TI parar, as operações bancárias não serão realizadas. b) Reviravolta: neste tipo de ambiente as organizações recebem suporte operacional para a manutenção do sistema de informação, mas não possuem dependência de uma funcionalidade contínua para alcançar seus objetivos. As aplicações em desenvolvimento, no entanto, são vitais para os objetivos estratégicos da organização. Portanto, nesse ambiente a interrupção do sistema de informação não significa suspensão do negócio. Um exemplo de ambiente são as empresas que usam sistemas e que recebem suporte para mantê-los funcionando. Nem sempre uma parada no sistema causa uma parada das operações de negócio. c) Fábrica: neste ambiente, as organizações dependem do suporte de sistema de informação para realizar suas operações. O planejamento possui um caráter de curto prazo e é mais operacional, equilibrando o serviço, custo e eficiência. Uma parcela considerável do sistema de informação está na manutenção das aplicações existentes e as aplicações em desenvolvimento não são críticas para o negócio, pode-se afirmar que o essencial é o suporte às operações diárias. Exemplo: empresa têxtil que utiliza máquinas que fazem moldes e cortes de tecidos orientados por sistemas de informação. d) Suporte: neste ambiente, a organização possui grande orçamento para o sistema de informação, todavia, as operações não são fundamentalmente dependentes da perfeita funcionalidade das atividades do sistema de informação. Exemplo: consultório médico. UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 30 2.5 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E NEGÓCIO O alinhamento estratégico da TI com o negócio pode ser definido “como uma adequação estratégica de integração entre os ambientes externos e internos a fim de desenvolver competências ou para maximizar o desempenho organizacional mediado pelo adequado uso da tecnologia da informação” (ROSINI; PALMISANO, 2006, p. 37). Para esses autores, os modos para obter o alinhamento estratégico em uma organização são: • O estágio da integração administrativa. • O estágio da integração sequencial, ou seja, o plano de TI vem posteriormente ao plano de negócio. • O estágio da integração recíproca, que ocorre por meio da formulação de dois planos em conjunto. • O estágio da integração total ocorre por meio de um único plano. O modelo de alinhamento estratégico com a integração recíproca é baseado em duas hipóteses, de acordo com Henderson e Venkatraman (1996), vejamos: a) A performance econômica está relacionada à habilidade do gerenciamento para estabelecer uma adequação estratégica. b) A adequação estratégica é dinâmica, assim, o alinhamento não é considerado um evento isolado, mas um processo contínuo de adaptação e mudança. O alinhamento da TI com o negócio pode ser encontrado nas organizações em diversos estágios, cabendo destacar dois nas organizações que almejam desenvolvê- lo, sendo: a) Nível de operacional: integração operacional, quando há necessidade de planos operacionais de negócio, bem como de tecnologia da informação. Este nível é caracterizado por meio de requisitos e funções dos sistemas de informação e do negócio em nível operacional. b) Nível de gestão: integração no nível mais alto de gestão. A integração ocorre por meio da adequação estratégica dos objetivos da tecnologia de informação com as estratégias, objetivos e competências fundamentais do negócio. Os elementos e variáveis considerados mais significativos para a promoção do alinhamento estratégico são agrupados em dois conjuntos (ROSINI; PALMISANO, 2006): TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 31 a) Elementos do contexto organizacional: representam o alinhamento por meio de variáveis que observam as condições, bem como o direcionamento do negócio. b) Elementos de modelo de planejamento estratégico: representam o alinhamento por meio de variáveis que definem o modelo e o processo de planejamento. Portanto, você pode observar que a aplicação da TI orientada de forma estratégica pode ser implantada em todos os níveis da organização, dos níveis mais operacionais aos níveis de tomadores de decisões (PORTER; MILLAR, 1986). A tecnologia da informação pertence também aos executivos, que podem tirar vantagens da mesma aplicação. O reconhecimento por parte do setor executivo já ocorreu, porém há dificuldade do uso estratégico da tecnologia. A figura a seguir exibe um modelo de alinhamento estratégico. FIGURA 9 – MODELO DE ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE TI E NEGÓCIO FONTE: <http://www.tiespecialistas.com.br/2010/10/a-governanca-de-ti-e-oalinhamento- estrategico/>. Acesso em: 21 jun. 2018. Na figura anterior pudemos visualizar o Nível Operacional e o Estratégico entre o Negócio e a Tecnologia da Informação, sempre na busca constante da adequação estratégica e da integração funcional. Tais processos de alinhamento estratégico, entre Negócio e TI, garantirão que a estratégia mais adequada no momento seja realizada pela empresa, e a UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 32 Governança de TI contribuirá para que isso ocorra. O que se busca, na verdade, é o aumento da percepção da importância da TI para o negócio, e o aumento da eficiência e da eficácia em relação ao uso, como custos adequados, garantia da capacidade atual e futura dos recursos e perenidade, além de, claro, da garantia dos aspectos ligados à sustentabilidade da empresa (ALBERTIN, 2015). Alinhar e integrar os recursos da TI ao negócio da empresa é assunto de destaque e um problema estratégico para as organizações. O alinhamento estratégico integrado entre as áreas de negócio e de TI tem se tornado uma exigência nas organizações que visualizam, mantêm e crescem sustentavelmente em umambiente competitivo. 3 OS MODOS DE EMPREGO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Os autores Nolan e McFarlan (2005) propuseram uma Grade de Impacto estratégico em TI a fim de identificar como as organizações a empregam internamente. A figura a seguir exibe o modelo que resume como as organizações usam a tecnologia da informação. FIGURA 10 – IMPACTO ESTRATÉGICO DA TI Modo Fábrica (Exploit) - Se o sistema falhar, há uma perda imediata de negócios; - Queda do tempo de resposta tem consequências sérias para os usuários internos e externos; - A maior parte das atividades de negócios é on-line; - Os sistemas trabalham, em grande parte, para manutenção das atividades; e - O trabalho dos sistemas resulta em pouca diferenciação estratégica ou dramática redução de custos. Modo Suporte (Sem orientação estratégica) - Mesmo com repetidas interrupções nos serviços de TI, não há consequências sérias para a performance da empresa; - Tempo de resposta altos são aceitos sem consequências sérias para a performance da empresa; - A empresa pode reverter grande parte das suas atividades para procedimentos manuais; e - Os sistemas trabalham, em grande parte, para manutenção das atividades. Modo Turnaround (Explore) - Novos sistemas prometem transformações de processos e serviços; - Novos sistemas prometem reduções de custo; - Novos sistemas reduzem as diferenças de performance de custo, serviço ou processo em relação aos competidores; - Investimentos em TI consomem grande parte do capital disponível; e - Despesas com TI representam mais que 15% das despesas corporativas. Modo Estratégico (Ambidestro) - Se o sistema falhar, há uma perda imediata de negócios; - Queda do tempo de resposta tem consequências sérias para os usuários internos e externos; - Novos sistemas prometem transformações de processos e serviços; - Novos sistemas prometem reduções de custo; e - Novos sistemas reduzem as diferenças de performance de custo, serviço ou processo em relação aos competidores. TI DEFENSIVA TI OFENSIVAALTA BAIXA ALTA N EC ES SI D A D E D E TE C N O LO G IA D A IN FO R M A Ç Ã O C O N FI Á V EL NECESSIDADE DE NOVA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO FONTE: Nolan e McFarlan (2005, p. 37) TÓPICO 2 | CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 33 3.1 CONCEITOS, RECURSOS E ATIVOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Alguns questionamentos se fizeram importantes para o estudo dos autores: a) O quanto a empresa depende de sistemas de informação que sejam seguros, estáveis, ininterruptos e efetivos em relação ao custo? Essa questão está relacionada ao que os autores chamam de TI defensiva, ou seja, a TI focada em prover confiabilidade operacional. b) O quanto a empresa depende, para seu sucesso competitivo, de sistemas de informação que entregam serviços e produtos com valores adicionais novos e que tenham grande capacidade de resposta às demandas dos clientes? Essa questão está associada ao que os autores chamam de TI ofensiva. Segundo os autores Nolan e McFarlan (2005), as organizações que praticam a TI ofensiva colocam as questões estratégicas da TI no mesmo nível ou até acima da confiabilidade dos sistemas. Tais empresas estão mais dispostas a experimentar e inovar. Já a TI ofensiva caracteriza as organizações mais ambiciosas, pois envolvem mudanças organizacionais importantes sempre que a organização precisa se reposicionar no mercado de atuação. Ainda, de acordo com os autores, o modo suporte caracteriza as organizações em que a TI não tem orientação estratégica, é perceptível a baixa necessidade de confiabilidade e inovação. Não há equilíbrio na utilização de recursos. O setor apenas serve para apoiar atividades rotineiras. O modo Fábrica necessita de alta confiabilidade e baixa necessidade de inovação. Existe estratégia na exploração dos recursos de TI no intuito de atingir a máxima eficiência operacional. O modo Turnaround enquadra as organizações que precisam de alta necessidade de inovação e baixa necessidade de confiabilidade. Aqui são experimentadas novas tecnologias e processos com o objetivo de reposicionar a empresa. IMPORTANTE Finalizamos o Tópico 2. Agora que você tem uma visão geral dos principais conceitos e práticas da disicplina, seria muito proveitoso se você começasse a estabelecer as relações entre os conceitos e tecnologias abordados, explorando sua experiência profissional, sempre que for possível. Especifiamente na Unidade 2 e na próxima Unidade (3) procure visualizar a aplicabilidade dos conteúdos estudados no cotidiano da organização onde você trabalha e estuda. Compartilhe as descobertas com os colegas de sala, professores e tutores. Procure formar uma rede colaborativa para reforçar o aprendizado e a troca de experiências. 34 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A Tecnologia da Informação (TI) precisa do conhecimento das pessoas para ser percebida e aplicada em diversos fins, sendo utilizada por pessoas e organizações como meio facilitador no acompanhamento das inovações, no aumento da produtividade, para melhorar a qualidade de produtos e serviços, para tornar rápida e eficiente a comunicação com mercados, clientes e fornecedores. • As redes de computadores são sistemas de componentes de processamento de informações que utilizam uma multiplicidade de hardware, software, gerenciamento de dados e tecnologia de redes de telecomunicações. • As aplicações de negócios e e-commerce envolvem sistemas de informações interconectadas. • O desenvolvimento para utilizar tecnologia da informação na empresa abrange o projeto de componentes básicos dos sistemas de informação. • Na administração, o gerenciamento da tecnologia da informação enfatiza a qualidade, o valor estratégico para um negócio e a segurança dos sistemas de informação de uma organização. • Hardware é o equipamento do computador utilizado para realizar atividades de entrada, processamento e saída. Os equipamentos de entrada incluem teclado, mouse etc. • Software são os programas que comandam operações do computador. Esses programas permitem que o computador processe dados financeiros, de RH, de produção etc. • Banco de dados é a coleção organizada de fatos e informações, constituindo dois ou mais arquivos de dados relacionados. • Telecomunicações é a transmissão eletrônica de sinais para comunicações, o que permite que as organizações realizem processos e tarefas por meio de redes efetivas de computadores. • Internet é a maior rede de computadores do mundo, consistindo em milhares de redes interligadas que trocam informações simultânea e livremente. • Há dois tipos de pessoas: pessoas de TI, inclui toda pessoa que gerencia, administra, programa, mantém e roda o sistema; e os usuários, pessoas que trabalham com TI para conseguir resultados. • Os procedimentos incluem estratégias, políticas e regras organizacionais. 35 1 A palavra tecnologia é usada diariamente por pessoas que exercem profissões distintas. Muitas vezes, os conceitos empregados são confusos, o que causa o emprego indiscriminado do termo. Em relação ao conceito de tecnologia, analise as sentenças propostas: I- A tecnologia contempla hardware, software, pessoas, cultura e todos os processos comunicacionais que envolvem a informação. II- Tecnologia equivale somente à parte de hardware. III- Tecnologia diz respeito ao conjunto de todas as técnicas de que dispõe uma determinada sociedade em qualquer fase de desenvolvimento. IV- O termo tecnologia deve ser aplicado somente às inovações tecnológicas. Marque a opção que representa a resposta correta: a) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. b) ( ) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) ( ) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. d) ( ) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. 2 A incorporação das novas tecnologias da informação, tanto no âmbito público como no privado, tem-se limitado com frequência a justificativaseminentemente técnicas. Avolumam-se, todavia, evidências de que esse tipo de abordagem é, em grande parte, responsável pelos decepcionantes resultados obtidos em inúmeras experiências. Constata-se, portanto, uma realidade aparentemente paradoxal: iniciativas de modernização caracterizadas pela incorporação de equipamentos inquestionavelmente mais potentes revelam pífios resultados. FONTE: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_ artigo/201>. Acesso em: 21 jun. 2018. Sobre a incorporação de novas tecnologias de informação, é correto afirmar que: a) ( ) Não exerce influência sobre a estrutura e cultura organizacional. b) ( ) É sempre um risco para a organização. c) ( ) Torna o gerenciamento mais difícil pois aumenta o fluxo de informações. d) ( ) Contribui para o correto gerenciamento em todos os níveis organizacionais. 3 A Gestão do conhecimento está intrinsicamente ligada à forma de como o conhecimento é utilizado/organizado na vida, no quotidiano das pessoas ou mesmo em uma organização. Quando falamos em gestão de conhecimento nas organizações, podemos considerar que a filosofia dessa gestão seria controlar e facilitar o acesso ao conhecimento ou às informações geradas dentro dela por seus colaboradores, gestores etc. Para isso, as empresas vêm utilizando em larga escala os Sistemas de Informação. FONTE: <http://portal.estacio.br/docs%5Crevista_estacao_cientifica/08-13. pdf>. Acesso em: 21 jun. 2018. AUTOATIVIDADE 36 No que se refere à gestão da informação e do conhecimento, é correto pressupor que: a) ( ) O uso intensivo da tecnologia da informação favorece a criação de repositórios para armazenar experiências e conhecimentos. b) ( ) A tecnologia da informação não auxilia no aprimoramento e retenção do conhecimento organizacional. c) ( ) Somente a tecnologia de ponta pode garantir a evolução do conhecimento organizacional. d) ( ) O conhecimento das pessoas não é de interesse organizacional. 4 A Governança de TI é, basicamente, uma “extensão” da Governança Corporativa (conjunto de ações, políticas, regras e processos que regem uma organização específica) direcionada para a gestão das ferramentas, recursos e soluções em TI. Quando implantada, ela deve ser adotada por todos os usuários de softwares e sistemas, incluindo gerentes e gestores, auditores e diretores. FONTE: <https://www.opservices.com.br/governanca-de-ti/>. Acesso em: 21 jun. 2018. Em relação à governança de TI, é correto afirmar que: a) ( ) Tem um custo elevado, sendo inviável para pequenas e médias organizações. b) ( ) Ela é de responsabilidade do nível operacional. c) ( ) Depende diretamente do planejamento estratégico para ser implantada. d) ( ) Prioriza somente a TI sem se preocupar com o negócio. 5 Sobre a gestão estratégica de TI e o alinhamento estratégico entre TI e negócio, é correto afirmar: a) ( ) A gestão efetiva e eficaz de TI depende exclusivamente do seu alinhamento com o negócio. b) ( ) A gestão da TI é somente um processo de suporte aos negócios organizacionais. c) ( ) A Governança de TI deve garantir o alinhamento da TI ao negócio, tanto no que diz respeito às aplicações como à infraestrutura de serviços. d) ( ) Alinhar a TI aos negócios eleva o custo das operações organizacionais. 37 TÓPICO 3 ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No cenário de negócio atual, as organizações precisam que todas as partes de seus sistemas sejam integradas e trabalhem em conjunto. É improdutivo cada setor buscar aperfeiçoar a produtividade de forma isolada, achando que está contribuindo com os demais setores. Otimizar individualmente é bom, mas não garante a otimização do todo. Por isso, é importante perceber o negócio além de seus departamentos, a fim de considerar a relação entre as partes e a necessidade do trabalho conjunto (ALBERTIN, 2015). Nesse contexto, a TI é uma das áreas que sofre maior influência do dinamismo dos cenários, refletindo em frequentes mudanças na sua forma de gestão, e influenciando a organização interna e o seu reposicionamento para o futuro. A TI está envolvida diretamente com as questões de inovação, adequação de tecnologias na melhoria dos processos de gestão e na própria gerência dos sistemas de gestão. Uma vez que contribui com informações precisas para o ato decisório, considerada uma área estratégica que agrega valor para a organização. No entanto, o alinhamento estratégico da TI com os negócios ainda é um grande desafio para os gestores. É importante ressaltar que não é suficiente adquirir e disponibilizar as novas tecnologias na organização. É necessário implantar o alinhamento estratégico para que a tecnologia contribua, no sentido de aperfeiçoar os resultados do negócio, o que reflete diretamente na contínua melhoria do desempenho organizacional (BERGERON, 2004). A TI, quando implantada e gerida adequadamente, agrega valor aos produtos e serviços, auxiliando a organização a tirar maior proveito de suas inteligências competitivas e empresariais (LUFTMAN; BRIER, 1999), tornando-a mais competitiva no mercado de atuação (WILKINSON, 2006). Por esse motivo, é importante que as organizações reforcem o papel relevante da TI a partir de uma atuação alinhada com a organização, elevando-a ao status de recurso estratégico e transformador dos negócios (HUANG HU, 2007). 38 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 2 USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO Vários são os fatores que interferem no adequado uso das tecnologias de informação, como: “orientação, estímulo, vontade política, determinação, liderança, comprometimento, compartilhamento de visões, planejamento, capacidade de assimilar inovações e consciência por parte de toda a organização, principalmente do alto escalão organizacional” (FREITAS, 2009, p. 5). Muitos fatores contribuem para a complexidade do uso das tecnologias: cenários de negócios complexos, globalização, mudanças internas constantes, ambientes competitivos. Por sua vez, os ambientes estáveis facilitam o uso dos recursos de TI e maximizam os benefícios oferecidos. Embora as organizações estejam investindo mais em TI, boa parte delas ainda usufrui de forma tímida das vantagens competitivas ou das melhorias em processos. Isso acontece por causa da falta de planejamento e gestão da tecnologia da informação, influenciada, na maioria das vezes, por fatores legais, econômicos e cultura organizacional da empresa (POTTER; RAINER; TURBAN, 2005). Estudos realizados com Gestores de TI comprovam que menos da metade dos usuários que deveriam acessar as TIs conseguem fazer isso de forma adequada. Isso faz com que as empresas não consigam atingir todos os benefícios, como redução de custos, aumento de receita, diferenciação competitiva, entre outros, que são os principais motivos pelos quais os investimentos em software acontecem (COMPUTERWORLD, 2018). Infelizmente, observa-se que é comum as organizações negligenciarem investimentos em áreas de negócio que comprometam diretamente a percepção em relação aos benefícios oferecidos pela TI. Por exemplo: de nada adianta um software de logística de última geração, se a organização não investe no fluxo da logística melhorando os meios de transporte dos seus produtos. A utilidade de uma TI pode ser maximizada se os componentes de “Feedback” e “Controle” forem incorporados a sua utilização. Adaptando essa definição para a TI, pode-se utilizar o “Feedback” para avaliar o desempenho dessas tecnologias, preferencialmente de forma integrada com a avaliação de desempenho empresarial, e o “Controle” como forma de avaliar o resultado do “Feedback”. O planejamento e a gestão da TI devem estar alinhados com as estratégias gerenciais da organização. Assim, ocorre um alinhamento entre o uso dessas tecnologias com as metas e resultados que a empresa deseja alcançar. Ward e Peppard (2002) enfatizam que “uma série de pesquisas demonstraram que a utilizaçãointensiva de TI, a qual deve estar particularmente alinhada com as estratégias empresariais pode fornecer uma gama de oportunidades e benefícios para organizações de todos os ramos e portes”, fortalecendo a importância do alinhamento estratégico da empresa com a estratégia de gestão e planejamento do uso das TI. Esse alinhamento irá minimizar os problemas e fatores que influenciam no uso da TI nas organizações e maximizar os seus resultados e benefícios (O’BRIEN, 2004, p. 8). TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 39 2.1 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO A área de TI tem a capacidade de atender à demanda de mais de um tipo de necessidade, de mais de um perfil de cliente e de tipos distintos de mercado. Grande parte das organizações que obtêm significativas vantagens com o uso da TI, geralmente não segue um modelo específico de utilização dos recursos tecnológicos para otimizar os resultados (ALBERTIN, 2015). Zimath (2007, p. 79) propõe uma metodologia para “identificar a importância dos fatores que interferem no uso da TI, e que podem minimizar os benefícios e o atendimento de forma mais clara os desafios na área de TI (listados anteriormente)”. Segundo o autor, o fator deverá ser considerado de criticidade relevante quando: a) Receber a devida atenção e investimento da organização, desde o financeiro até o tempo e esforço. b) For acompanhado de informações que permitam o controle e consequentemente ações de correção e melhoria. c) Estar intimamente ligado ao negócio da organização. Para obter sucesso no uso da TI, Zimath (2007, p. 15) sugere aos gestores de TI da organização: a) Ter conhecimento a respeito de como as novas tecnologias da informação podem ser integradas no ambiente organizacional, bem como entre as diferentes tecnologias e arquiteturas. b) Conhecer o plano tático e estratégico na gestão empresarial. c) Participar e contribuir para definição das estratégias. d) Compreender os pontos fortes e fracos das tecnologias em questão e as implicações em toda a empresa. 2.2 A TI E A AGREGAÇÃO DE VALOR NA ORGANIZAÇÃO O ambiente organizacional é determinado pela sua cultura, e isso envolve os fatores sociais, legais, econômicos, físicos e políticos que afetam as atividades internas. Qualquer mudança em algum desses fatores pode criar reflexo no desempenho comercial da organização. Atualmente, as mudanças são constantes e com forte influência da globalização. Isso faz com que as organizações tenham que se readaptar rapidamente a novos cenários. Neste sentido, a TI é um fator determinante na adaptação (POTTER; RAINER; TURBAN, 2005). 40 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS O setor de tecnologia da informação está sempre cheio de novidades. Compreender a necessidade de acompanhar a evolução e a inovação tecnológica é um fator importante para os gestores, seja para trocar servidores, renovar licenças de uso ou investir em hardware. Boa parte dos gestores nem sempre reconhece que isso não é um ato de aderir a uma novidade, mas que impreterivelmente é um investimento necessário. A tecnologia, quando usada isoladamente, não promove grandes mudanças. É preciso a implantação de uma prática de governança de TI consciente e capaz de torná-la um alicerce estratégico no alcance aos objetivos. A TI tem o poder de transformar o ambiente organizacional (ALBERTIN, 2010), tornando a entidade competitiva, pois agrega valor no sentido de: a) Melhorar os controles de uma organização. b) Promover a melhoria de qualidade. c) Aumentar a efetividade da organização. d) Alavancar a produtividade e eficiência. e) Reduzir custos. f) Garantir um diferencial competitivo ao negócio. g) Viabilização das operações da organização. h) Melhorar a capacidade de análise dos processos, permitindo o aperfeiçoamento e otimização. i) Enxugar processos e aumentar a produtividade por meio da automatização. j) Proporcionar informações essenciais à tomada de decisões na empresa. k) Viabilizar o acompanhamento do mercado e da concorrência. l) Reduzir tempo de desenvolvimento de atividades. De acordo com Albertin (2010), as organizações precisam ser preparadas para usufruir dos benefícios citados e, desta forma, agregar valor ao negócio. Essa preparação consiste em integrar os departamentos para que trabalhem em prol dos mesmos objetivos, sabendo como utilizar os recursos da TI para produzir resultados. Albertin (2010) afirma que garantir um retorno sobre a tecnologia positivo não é suficiente para escolher a tecnologia adequada. Torna-se primordial repensar os processos de negócio, realizando mudanças culturais na organização no intuito de criar as condições necessárias para gerar resultados reais e concretos. A figura a seguir demonstra como as organizações são afetadas por fatores externos, incluindo o mercado no qual atua, criando um ambiente altamente competitivo. TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 41 FIGURA 11 – SUPORTE DA TI PARA RESPOSTAS ORGANIZACIONAIS Pressões de Negócios Suporte Suporte Pressões Pr es sõ es Pressões Organizações e suas respostas Tecnologia da Informação FONTE: Adaptado de Potter (2005) São muitas as dimensões que podem definir quanto uma organização é competitiva no seu ramo de atuação. Geralmente, as dimensões principais são: o custo, a qualidade do produto, a velocidade na entrega, a confiabilidade na entrega, a flexibilidade de mudança na demanda, a sensibilidade e velocidade no lançamento de novos produtos e alguns critérios específicos de produto (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). Por isso, o investimento em TI se justifica, ela é uma ferramenta de suporte organizacional para enfrentar as pressões impostas pelo mercado (POTTER; RAINER; TURBAN, 2005). Com base nisso, a Gestão de TI precisa gerir as TIs de forma que se mantenham alinhadas às estratégias organizacionais, fazendo com que tais ferramentas possam agregar valor nas dimensões competitivas propostas por Chase, Jacobs e Aquilano (2006). 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Podemos entender o planejamento estratégico como um processo de base administrativa que viabiliza, através de metodologias, o melhor caminho a ser seguido. Esse planejamento é de suma importância para que a gestão da TI possa, de fato, ser alinhada às estratégias organizacionais. Para realmente ser importante para a TI, o planejamento estratégico precisa cumprir quatro aspectos de atuação fundamentais, propostos por Oliveira (2007): 42 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS a) O que a empresa pode fazer em termos de ambiente externo, onde estão os fatores não controláveis pela empresa. b) O que a empresa é capaz de fazer em termos de conhecimento, capacidade e competência. c) O que a alta administração da empresa quer fazer, consideradas as expectativas pessoais e das equipes. d) O que a empresa deve fazer, considerando as restrições sociais e éticas. A TI também tem relevância para o planejamento estratégico, uma vez que este planejamento consiste sistematicamente em analisar informações oriundas dos sistemas de informações utilizados internamente. Esses sistemas integram as informações organizacionais, permitindo aos gestores uma visão completa dos negócios e facilita a adoção de estratégias de solução de problemas e reposicionamento comercial sempre que for necessário. O planejamento estratégico é um processo contínuo nas organizações que tem por finalidade alcançar os objetivos desejados e que possam ser executados de maneira eficiente, usando o mínimo de recursos. Consiste em análise crítica dos cenários futuros e traçar as estratégias, planos e rumos da organização, visando concentrar esforços no objetivo de tornar real a visão da organização, tendo em vista a definição e a obtenção de objetivos organizacionais. O planejamento estratégico aponta para aonde a companhia deve ir. No entanto, como todos os outros “planos de viagem”, ao saber para onde quer ir, deve-se criaros detalhes sobre como chegar. O planejamento estratégico define para onde a empresa está se dirigindo. O que determina a importância do planejamento estratégico é o impacto de toda a organização nas decisões. Ele fica acima e cumpre o papel de informar todos os outros planos da organização. É, portanto, uma espécie de mestre condutor de todos os planos de ação. Também é preciso dizer que o planejamento estratégico pode fornecer uma orientação estratégica global para a gestão da organização, além de indicar uma direção específica para áreas como finanças, marketing, desenvolvimento organizacional e recursos humanos, entre outras, para alcançar o sucesso. Esses outros tipos de planejamento, alguns dos quais são confundidos com o planejamento estratégico, são destinados a partes da organização, ou funções específicas e processos. Todos esses outros tipos de planejamento devem ser guiados por ele. Qual é o momento ideal para planejar? O planejamento estratégico é um momento de reflexão, de discussão, avaliação e direcionamento dos rumos do negócio. Por isso, esse período que abrange de dezembro a fevereiro é o mais indicado para fazer um TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 43 check-up da companhia e determinar metas para o ano que está por vir. No planejamento estratégico são avaliados os pontos fortes e fracos da empresa, a concorrência, as oportunidades de negócio, as lições aprendidas etc. Depois de fazer estas avaliações, o planejamento deve se desdobrar em planos de ação e projetos práticos. Deve-se definir o que será feito, quando, por quem e com quais custos. É aí que o final do ano e o início do novo ano são as melhores datas para que o corpo executivo faça o planejamento estratégico. No que consiste um bom planejamento estratégico? O objetivo do processo de planejamento empresarial é alcançar um consenso entusiástico entre os altos executivos da empresa para um punhado de decisões que eles têm de tomar a fim de colocar o negócio em uma posição forte para enfrentar o ano. Assim, existem alguns aspectos fundamentais a serem considerados. FONTE: SILVA, L. A. M. da; PASTOR, C. S.; STÁBILE, S. A importância do planejamento estratégico no ambiente organizacional: um estudo sobre as dificuldades de gestão. Disponível em: <revista. unicuritiba.edu.br/index.php/admrevista/article/download/1232/836>. Acesso em: 22 jun. 2018. 2.4 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO COM A TI Podemos entender o alinhamento estratégico da TI como uma série de decisões que são tomadas pelos executivos com a função principal de conduzir e orientar as estratégias organizacionais. “Essas decisões são pautadas pela inovação, facilitando à organização o devido acompanhamento das mudanças em processos sofridos pela organização” (LUFTMAN, 2004, p. 30). Quando não existe alinhamento estratégico da TI, seus benefícios não geram o resultado esperado; as informações utilizadas terão pouco valor agregado, minimizando os resultados que as ferramentas tecnológicas podem oferecer. Não alinhar estrategicamente a TI significa minimizar o seu papel dentro da organização, tornando-a apenas uma ferramenta de suporte na execução das atividades. Nesse sentido, podem ser citadas as seguintes questões sobre a falta de alinhamento estratégico da TI com o negócio (O’BRIEN ,2004, p. 21): a) Incapacidade de atingir o pleno potencial do negócio. b) Incapacidade de identificar e aproveitar as oportunidades de negócio que poderia surgir a partir do alinhamento com a TI. c) Custos de Exploração Potencialmente mais elevados e, portanto, certa desvantagem em relação ao mercado. d) Distribuição dos recursos relacionados com TI incorreta e ineficaz. e) Incapacidade de recrutar e manter alta qualidade dos recursos de TI. f) Maiores custos globais. g) Desinteresse dos stakeholders ao longo do tempo. 44 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS O alinhamento estratégico organizacional com a estratégia de TI não pode ser negligenciado. Sua elaboração deve priorizar a Gestão de TI a qual determina como as decisões são tomadas no que diz respeito à priorização das iniciativas de TI e como os fundos são atribuídos a essas iniciativas, se preocupando tanto com os aspectos externos quanto internos da organização (LUFTMAN, 2004). 3 A GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (GTI) A prática de gerir a tecnologia da informação é essencial para monitorar as operações, informações e os conhecimentos organizacionais, facilitando a sobrevivência ou expansão dos negócios. O gestor de TI é a autoridade responsável por decidir sobre o uso da TI, bem como a melhor forma de alocar os recursos envolvidos, sejam eles humanos ou tecnológicos. A GTI tem o objetivo principal de garantir que se faça o melhor uso dos recursos de TI. Ao integrar a administração corporativa consistindo em praticar a liderança, conhecendo e administrando as estruturas e processos internos a fim de garantir que a TI seja o suporte das estratégias organizacionais. É de responsabilidade dos diretores e da gerência executiva avaliar formas de estruturar seus modelos de governança, de maneira a adequar-se plenamente às tendências e às demandas estratégicas de negócio, revisando papéis, responsabilidades, processos e procedimentos, assim como o portfólio de produtos e serviços para que tenham completa aderência aos requisitos de competitividade exigidos nos mercados em que atuam, aponta Oliveira (2007). Os resultados gerados pela gestão da tecnologia da informação podem ser tangíveis ou intangíveis. Esses resultados podem ser aferidos por metodologias distintas. As metodologias geralmente se apoiam em indicadores cuja função é medir os resultados e o impacto da própria gestão da TI em relação ao resultado da organização como um todo. Independente da metodologia de gestão adotada, o objetivo da GTI sempre será o de auxiliar a organização a ser mais competitiva e produtiva. A competitividade é percebida sempre que a organização se torna mais eficiente e mais eficaz na execução de suas operações. Isso significa fazer algo com custo mais baixo, fazendo o que é necessário para agregar maior valor aos produtos e serviços ofertados. Os indicadores usados para medir a GTI devem estar alinhados aos indicadores que regem a organização. Isso facilita a relação/integração entre a percepção dos resultados da empresa e a utilização da TI. A crescente busca por metodologias e normas para GTI pelas organizações tem origem na lei americana Sarbanes-Oxley. A lei Sarbanes-Oxley foi criada em 2002, depois que órgãos governamentais perceberam que as organizações estavam manipulando seus TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 45 resultados financeiros. Em função da TI ser a principal ferramenta para as organizações gerarem suas informações, a confiabilidade das informações financeiras depende diretamente dos sistemas de informações e outros recursos tecnológicos utilizados. Por causa disso, as organizações vêm adotando sistematicamente o uso dessas metodologias para normalizar os processos de gestão da TI, promovendo transparência e segurança no ambiente de negócios. FIGURA 12 – RESUMO DO UNIVERSO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO GRAU DE INFORMAÇÃO Uso Organizacional da TI Gastos de TI Performance da empresa Características operacionais da empresa Ativos da TI Impactos da TI Gestão da TI FONTE: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482007000200004>. Acesso em: 22 jun. 2018. 3.1 METODOLOGIAS DE GESTÃO DE TI Gerenciar a Tecnologia da Informação não é uma tarefa fácil. O desempenho de sistemas de informação frequentemente encontra problemas em muitas empresas. Os dez benefícios prometidos pela tecnologia da informação não ocorreram em muitos casos documentados. Portanto, é visível que, em muitos casos, a TI não está sendo utilizada de maneira efetiva e eficaz por consequência das falhas no gerenciamento de TI (FOINA, 2006).É fundamental analisar a viabilidade para a efetiva gestão da TI, como custos, benefícios mensuráveis e não mensuráveis e respectivos resultados. Considerando neste cenário a realidade econômica, financeira e político-social da empresa com o estado da arte e o sucateamento das tecnologias disponíveis no mercado, além das questões sociopolíticas do ambiente organizacional que podem surgir em função do impacto das TIs implantadas (ALBERTIN, 2015). Outros itens também são necessários, como: respeito à legislação vigente, plano de necessidades e contingência, foco na inteligência empresarial e plano de 46 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS gestão da mudança (REZENDE; ABREU, 2008). A empresa que possui uma boa gestão em TI, com os prazos bem controlados e cumpridos, além de sistemas que forneçam as informações corretas no tempo exigido, terá um lugar destacado no mercado (FERNANDES, 2008). Algumas ferramentas e metodologias auxiliam no sentido de se obter maior controle operacional e gerencial das atividades de TI. Vamos revisá-las! 3.1.1 Six Sigma Six Sigma é um sistema abrangente e flexível para alcançar, sustentar e maximizar o sucesso empresarial. É uma metodologia impulsionada pela estreita compreensão das necessidades dos clientes e pelo uso disciplinado dos fatos, dados e análises estatísticas, e atenção diligente à gestão, melhoria e reinvenção dos processos de negócios. As cinco etapas essenciais para o planejamento e execução da metodologia Six Sigma: a) Definir: determinar as principais necessidades da empresa e os pontos mais importantes para a qualidade dos processos envolvidos no negócio. b) Mensurar: medir e avaliar o desempenho desses processos. c) Analisar: estudar e mapear os dados colhidos, para que seja possível apontar a origem dos problemas nos processos e identificar oportunidades de melhorá-los. d) Melhorar: otimização dos processos, por meio da implantação de soluções que sejam ao mesmo tempo corretivas e preventivas. e) Controlar: acompanhar o efeito das soluções a curto, médio e longo prazo, controlando o desempenho dos processos e apontando eventuais novas melhorias. FONTE: FARIA, V.; CARDOSO, Á.; CHAVES, C. A. Estratégia Seis Sigma: variação de um processo produtivo de tratamento térmico em atmosfera controlada. XXVI ENEGEP. Ceará: Fortaleza, 2006. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ enegep2006_tr470319_7911.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018. 3.1.2 DMAIC Em 1994, Eduard W. Deming desenvolveu um ciclo de aprendizado conhecido como “ciclo de aprendizado de Deming”, cujo foco é a Gestão da Qualidade Total (TQM), baseada na gestão e melhoria contínua dos processos, amplamente utilizada pelas organizações. Esse ciclo também é conhecido como Planejar, Executar, Controlar e Agir (PDCA). A metodologia Seis Sigmas tem como TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 47 base o ciclo de aprendizado de Deming ou PDCA para reduzir a variabilidade dos processos. Basicamente, ela consiste em: D – Definição: consiste na definição precisa do problema e do escopo do projeto. M – Mensuração: determinar a localização ou foco do problema. A – Análise: identifica as causas dos problemas elegidos como prioritários. I – Melhoria: visa implementar soluções para os problemas prioritários. C – Controle: busca o alcance das metas e sua manutenção em longo prazo. DICAS Caro acadêmico, acesso o link a seguir e conheça mais a respeito da DMAIC. Disponível em: <http://www.fm2s.com.br/o-mapa-dmaic/>. Acesso em: 22 jun. 2018. FIGURA 13 – CICLO DMAIC/PDCA FONTE: Adaptado de Werkema (2004) Propor, avaliar e im plem entar soluções para o problem a prioritário Determinar as causas do problema prioritário Dete rm in ar a l oc ali za çã o ou fo co d o pr ob lem a Definir com precisão o escopo do projeto Garantir q ue o alcance da meta seja mantido a longo prazo 48 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS O DMAIC (sigla para os termos Define, Measure, Analyse, Improve e Control) é um método que faz parte do conjunto de práticas dos Seis Sigmas e tem como meta melhorar um processo existente na empresa. Um projeto DMAIC é efetivo também para o aumento da produtividade, redução de custos, melhoria em processos administrativos e outros afins. 3.1.3 ISO/IEC Um aspecto importante da gestão da tecnologia da informação é a própria segurança que envolve todos os recursos da TI. Vários são os riscos ou vulnerabilidades dos ambientes de tecnologia: ataques terroristas, incêndios, inundações, terremotos e outros desastres, além de acessos e alterações propositais em informações críticas. Nesse sentido, A ISO, ou Organização Internacional de Normalização, foi fundada em 1947, em Genebra, na Suíça, com o objetivo precípuo de criar e aprovar normas internacionais em todos os campos técnicos, com exceção da eletricidade e eletrônica que é gerido por outra organização (Comissão Eletrônica Internacional – IEC). Atualmente a ISO abrange 170 países. As normas que regem as questões de segurança em tecnologia da Informação é a ISO/IEC 17799, que foi atualizada em 2007, para as numerações ISO/ IEC 27002. Esse padrão é um conjunto de recomendações para práticas na gestão de segurança da informação. Essa norma compreende uma série de boas práticas no sentido de auxiliar os gestores a avaliar os riscos que envolvem as informações, além de sugerir implementações para garantir um nível adequado de segurança tecnológica. 3.1.3.1 ISO/IEC 27002 A ISO IEC 27002 é utilizada por várias metodologias de GTI, como ITIL, COBIT e Seis Sigma. Foi atualizada em 2007 e revisada/validada por mais de 100 especialistas em TI de 35 países, e as principais mudanças que ocorreram na última versão da norma são (ISO IEC, 27002): • A norma se tornou mais clara e de fácil entendimento e leitura, proporcionando que os objetivos do controle de segurança sejam entendidos. • Foi desenvolvida uma seção específica para o tratamento de riscos, onde se recomenda como deve ocorrer a análise e avaliação dos riscos pertinentes à TI. Esse enfoque aborda a estimativa de dimensionamento dos riscos existentes, comparando-os a padrões predefinidos. • Através da análise e avaliação dos riscos, a organização identificará os requisitos da TI, conhecendo a legislação vigente que legaliza essas tecnologias, utilização e comercialização, cláusulas contratuais que deverão ser atendidas pela organização. TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 49 • A preservação, proteção, confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação foram consideradas sobre uma nova ótica da definição de TI, que contempla propriedades como a autenticidade e confiabilidade da informação. • Em relação aos ativos, ampliou-se o conceito para abranger como ativos pessoas e imagens da organização, além das informações, software, ativos físicos e serviços que eram abordados na versão anterior. • Foi adicionada na norma uma seção sobre incidentes ocorridos na TI, com práticas a serem seguidas para gestão de imprevistos. • Foram incorporados à versão 2005 da normatização 17 novos controles que servem como atualização, complemento e melhoria dos demais controles existentes. A norma de segurança da informação está subdividida em 11 seções, conforme ISO/IEC 27002 (2007, p. 37, grifo do original): a) Política de Segurança da Informação: orientar e apoiar a gestão de segurança da informação em conformidade com os requisitos de negócios e conforme regimentos das leis e regulamentações. b) Organizando a Segurança da Informação: gerenciar a segurança da informação dentro da organização, estabelecendo um quadro de gestão para controlar e implementar a segurança da informação dentro da organização. c) Gestão de Ativos: contabilizar e manter a proteção adequada dos ativos da organização. A implementação de controles específicos pode ser delegadapelo proprietário, mas o proprietário continua responsável pela proteção adequada dos ativos. d) Segurança em Recursos Humans: busca garantir que os funcionários, fornecedores e terceiros entendam suas responsabilidades. e) Segurança Física e do Ambiente: impedir o acesso físico não autorizado, danos e interferência às instalações da organização e da informação. f) Gerenciamento das Operações e Comunicações: garante a operação correta e segura das facilidades de processamento de informações. g) Controle de Acesso: controlar o acesso à informação, instalações de processamento de dados com base em requisitos de negócios e segurança. As regras de controle de acesso deverão levar em conta as políticas de disseminação de informação e autorização. h) Aquisição, Desenvolvimento e Manutenção de Sistemas de Informação: os sistemas de informação incluem sistemas operacionais, infraestrutura, aplicativos de negócios, produtos, serviços e aplicações desenvolvidos pelo usuário. i) Gestão de Incidentes de Segurança da Informação: garantir a segurança da informação e suas fragilidades associadas aos sistemas de informação que devem ser comunicadas para permitir ações corretivas a serem tomadas em tempo hábil. j) Gestão da Continuidade de Negócios: acompanha a interrupção das atividades e protege processos críticos do negócio contra os efeitos de grandes falhas dos sistemas de informação ou de desastres, deve assegurar a sua retomada no menor período de tempo. k) Conformidade: tenta evitar a violação de qualquer legislação, obrigações regulamentares ou contratuais, bem como de quaisquer requisitos de segurança. O projeto, operação, uso e gestão dos sistemas de informação podem estar sujeitos a requisitos de segurança legais, regulamentares contratuais. 50 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS 3.1.4 ITIL ITIL é uma biblioteca que reúne as melhores práticas em gerenciamento de serviços em tecnologia da informação. ITIL significa Information Technology Infrastructure Library, isso é, Biblioteca de Infraestrutura de Tecnologia da Informação. A ITIL descreve a base dos processos da área de TI dentro de uma organização, visando à gestão de serviços de tecnologia da informação. As diferentes práticas reunidas descrevem os objetivos, atividades gerais, pré-requisitos necessários e resultados esperados dos processos, os quais podem ser incorporados dentro das áreas da TI. Não define os processos a serem implementados na TI, mas ao invés disso, procura demonstrar as melhores práticas que podem ser adotadas. Tais práticas podem ser adotadas de modo que melhor puder atender às necessidades de cada empresa. A adoção do ITIL fornece uma base onde colocar os processos existentes em um contexto estruturado, validando suas atividades, tarefas, procedimentos e regras (PEREIRA, 2012, p. 35). 3.1.5 COBIT COBIT (Control Objectives for Information and Related Technologies) é um framework de boas práticas criado pela ISACA (Information Systems Audit and Control Association) para a governança de tecnologia de informação (TI). Anteriormente conhecido como Control Objectives for Information and related Technology, a palavra agora não é mais um acrônimo, sendo representado apenas como um nome: COBIT®. É uma coleção de processos, princípios e diretrizes que uma TI deveria executar e ter para conseguir ser governada. Quando iniciado, o COBIT era muito utilizado para fazer auditorias, então foi se desenvolvendo e começou a tratar sobre controle, gerenciamento e, até o momento, Governança de TI. O COBIT funciona por meio da aplicação de diversas práticas de controle da informação, que vão desde o planejamento até o monitoramento de resultados. Assim, de modo geral, o COBIT começa por estabelecer as melhores práticas de governança de TI que estejam em consonância com os objetivos da empresa. A avaliação dos modelos e dos processos também é importante para corrigir não conformidades e, de maneira geral, a gerência pode ser ajudada com um guia de boas práticas que auxilia, por exemplo, na delegação de tarefas e na avaliação da interação entre processos. FONTE: <https://www.opservices.com.br/o-que-e-cobit-governanca-ti/>. Acesso em 22 jun. 2018. TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 51 3.2 COMPARATIVO ENTRE ITIL E COBIT Alguns pontos diferenciais entre as metodologias ITIL e COBIT, conforme a COBIT (v 4.1) e a ITIL (v. 3): • Os processos são amplamente descritos no ITIL, para orientar o uso da TI de forma eficiente e eficaz. • Os fatores críticos de sucesso são melhor descritos pela metodologia COBIT. • O COBIT está melhor estruturado para auditorias de TI; relaciona fatores críticos de sucesso, indicadores de desempenho e modelos de maturidade. • O COBIT oferece maior suporte para a governança de TI. • O COBIT é voltado para negócios e ITIL para serviços. • O ITIL se preocupa com o gerenciamento de incidentes. Esta prática é inexistente no COBIT. • O ITIL envolve os acordos de níveis de serviços e operações. O quadro a seguir apresenta as principais características que diferenciam as duas metodologias. QUADRO 3 – COMPARATIVO DE PROCESSOS ITIL E COBIT ITIL COBIT Gerenciamento de Incidentes Administrar os problemas e incidentes Gerenciamento de Problemas Administrar os problemas e incidentes Gerenciamento de Configurações Administra e configura Gerenciamento de Alterações Administra as alterações Gerenciamento de Versões Administra as alterações e configurações Gerenciamento de Níveis de Serviço Define e gerencia os níveis de serviços Gerenciamento de Financeiro dos Serviços de TI Identifica e realiza apropriações de custos Gerenciamento da Capacidade Administra Performance e Capacidade Gerenciamento de Continuidade de Serviços Garantir a continuidade dos serviços Gerenciamento da Disponibilidade Administra performance e capacidade FONTE: Adaptado de COBIT (versão 4.1, 2017) e ITIL (versão 3, s.d.) Conforme abordado anteriormente, a norma ISO/IEC 27002 é muito utilizada para garantir a segurança da tecnologia da informação. Desta forma, não é possível compará-la completamente com as metodologias ITIL e COBIT. Esta regra, quando combinada com as metodologias citadas reduzem significativamente as vulnerabilidades e ameaças que interferem diretamente nos 52 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS projetos da TI e em sua gestão. Esta norma visa garantir a segurança global em elevados níveis para toda a organização, sendo que o ITIL e o COBIT não possuem uma estrutura equivalente. Por isso, a norma complementa as metodologias nas questões relacionadas à segurança da informação em TI. Você deve ter em mente que COBIT e ITIL são metodologias amplamente utilizadas, porém, lembre que a aplicabilidade das mesmas é distinta: • O COBIT tem como objetivo principal auxiliar as organizações a atingirem suas metas e criar valor por meio da tecnologia da informação, mantendo o equilíbrio entre a otimização dos riscos e da eficiente utilização dos recursos disponíveis. É uma metodologia voltada para o negócio. O objetivo do ITIL é voltado para os serviços prestados pela TI de foma geral e visa a satisfação de todos os envolvidos (usuários e prestadores de serviço). Também é objetivo do ITIL alinhar a TI com os objetivos organizacionais. Uma empresa (seja ela pública ou privada) que quer satisfazer as necessidades de negócios pode aplicar ambas as metodologias, adaptando-as a sua realidade no intuito de facilitar a resolução de problemas tanto de negócios quanto de infraestrutura. TÓPICO 3 |ALINHAMENTO DO NEGÓCIO COM A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 53 LEITURA COMPLEMENTAR TI COMO FATOR CRÍTICO DE SUCESSO Vinícius Passos Silva Por muitos anos, algumas organizações puderam manter e continuar seus negócios com pouco ou nenhum apoio da área de Tecnologia da Informação. Atualmente, a realidade é totalmente diferente! A Tecnologia da Informação é um fator crítico de sucessopara as organizações, e em muitos casos, torna-se o diferencial competitivo no mercado. Existem determinados segmentos de negócio que é quase impossível imaginá-los sem o apoio da TI, por exemplo, o segmento bancário. Seria impossível tentar controlar as contas dos clientes ou as diversas funções bancárias sem o apoio de sistemas de informação e bancos de dados. A Tecnologia da Informação, hoje, para muitas empresas, se tornou um parceiro estratégico, faz parte do negócio. Atualmente, as decisões sobre os investimentos em TI são tratadas nas reuniões de planejamento estratégico pelo conselho administrativo da empresa, não é mais possível tratar a TI isoladamente. A TI deixou de ser tratada por técnicos e passou a ser incorporada na estratégia da empresa para alcançar objetivos. Com o aumento do peso de importância dentro das organizações, a TI passou a ter vários desafios. Vejamos alguns: • Alinhamento dos serviços de TI com as necessidades atuais e futuras do negócio. A TI precisa começar a entender de negócios para poder participar junto ao plano estratégico da empresa. As decisões de investimentos de TI devem levar em conta os objetivos da empresa a longo prazo. Os esforços nos investimentos em tecnologia devem ser orientados para trazer resultados para os negócios da empresa. • Ambientes de TI cada vez mais complexos. O número de tecnologias e fornecedores aumentou, fazendo com que a vida do gestor de TI se complicasse ainda mais. Em muitas empresas, a área de TI passou por terceirizações, preocupando-se em gerir contratos, entender as demandas dos clientes e usuários, e manter o relacionamento com fornecedores. As empresas também expandiram seus negócios, as quais possuem unidades no Brasil e em diversos países, e para cada unidade, a área de TI deve prover suporte. • Dependência da TI para o Negócio. A dependência tão grande sobre os serviços de TI também fez com que as empresas dessem maior atenção, chegamos a um ponto em que se os serviços de TI parassem, todas as outras operações da empresa também param. Os serviços de TI devem buscar arranjos, fórmulas para manter sua disponibilidade máxima com o melhor custo, trazendo o menor prejuízo para o negócio em suas paradas. 54 UNIDADE 1 | GESTÃO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS • Redução de custos e riscos. Devido à grande dependência da TI para o negócio e também para os altos investimentos feitos nos projetos, a administração tem buscado minimizar os custos através de uma melhor gestão de projetos, tratando também os riscos relacionados a novas mudanças. Além disso, a cada ano que passa os orçamentos estão cada vez mais apertados, é preciso buscar formas para reduzir custos. • Justificativa para Retorno sobre os investimentos em TI. Os investimentos em TI devem trazer retorno para a empresa através de melhorias para os processos administrativos e agregação de valor para o negócio. • Conformidade com leis e regulamentos. Instituições financeiras e empresas com ações em bolsas internacionais são obrigadas, agora, a cumprir regulamentos impostos pelo Governo e outras entidades. A TI está totalmente relacionada ao cumprimento dessas leis, buscando adequação dos seus sistemas e processos para atender aos requisitos impostos. • Manter a segurança sobre as Informações. A necessidade por informação em qualquer lugar fez com que os sistemas e bancos de dados fossem expostos à vulnerabilidade de ataques de hackers e vírus. A segurança é um ponto de grande relevância para os gestores de TI, a empresa não pode correr o risco de perder suas informações, pois isto pode trazer prejuízos financeiros e até mesmo prejudicar a reputação da empresa no mercado. FONTE: <https://www.tiespecialistas.com.br/2013/05/ti-como-fator-critico-de- sucesso/>. Acesso em: 22 jun. 2018. 55 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Vários são os fatores que interferem no adequado uso das tecnologias de informação: orientação, estímulo, vontade política, determinação, liderança, comprometimento, compartilhamento de visões, planejamento, capacidade de assimilar inovações e consciência por parte de toda a organização, principalmente do alto escalão. • Muitos fatores contribuem para a complexidade do uso das tecnologias: cenários de negócios complexos, globalização, mudanças internas constantes, ambientes competitivos. Ambientes estáveis facilitam o uso dos recursos de TI e maximizam os benefícios oferecidos. • Não é incomum as organizações negligenciarem investimentos em áreas de negócio que comprometem diretamente a percepção em relação aos benefícios oferecidos pela TI. 56 1 Para atingir seus objetivos estratégicos de curto, médio e longo prazos, toda organização precisa de informação. Para gerar, armazenar, acessar, analisar e gerenciar a informação é utilizada a TI, que abrange os métodos, o software e a infraestrutura que suportam o uso de sistemas de informação. O planejamento da implantação e a utilização da TI, e o alinhamento desse planejamento com o planejamento estratégico e os objetivos da organização são nossas principais atividades nesta área de atuação. O Planejamento e o Alinhamento Estratégicos de TI são partes fundamentais da Implementação da Governança de TI, complementados pelas práticas e metodologias de Gestão da TI. FONTE: <http://www.brodbeck.com.br/servicos/planejamento-alinhamento/>. Acesso em: 25 jun. 2018. Sobre a gestão estratégica de TI e o alinhamento estratégico entre TI e negócios, analise as sentenças propostas: I- A TI é mais que um processo de suporte. Ela é estratégica e agrega valor à estrutura de negócios quando utilizada de forma integrada. II- As práticas de governança de TI auxiliam em todos os níveis de gerenciamento, criando indicadores, apontando tendências e oportunidades. III- Somente com a implantação de COBIT e ITIL se consegue alinhar estrategicamente a TI com os objetivos organizacionais. IV- O planejamento estratégico de TI se faz necessário para gerenciar todos os recursos de TI em alinhamento com as prioridades e estratégias de negócio. Marque a resposta correta: a) ( ) Estão corretas as sentenças I, II e III. b) ( ) Estão corretas as sentenças I, II e IV. c) ( ) Estão corretas as sentenças II, III e IV. d) ( ) Estão corretas as sentenças I, II, III e IV. 2 O Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação (PETI) é um documento de nível estratégico que complementa o Planejamento Estratégico Institucional por meio do planejamento dos recursos de TI, possibilitando a definição de objetivos específicos para a área de TI em consonância com os objetivos da Instituição. Ele estabelece as diretrizes e as metas que orientam a construção do Planejamento de TI da organização. FONTE: <http://www.inpe.br/cti/arquivos/PETI-2015_2016.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. A respeito do planejamento estratégico da TI, analise as sentenças propostas: AUTOATIVIDADE 57 I- O plano estratégico deve melhorar o entendimento das partes interessadas no que diz respeito às oportunidades e limitações da TI. II- O plano estratégico deve avaliar o desempenho atual e esclarecer o nível de investimento requerido. III- Não é necessário dispor de tecnologia avançada para criar o documento PETI. IV- O PETI deve ser criado antes de se definir o planejamento estratégico da organização. Marque a resposta correta: a) ( ) Estão corretas as sentenças I, II e III. b) ( ) Estão corretas as sentenças I e II. c) ( ) Estão corretas as sentenças II e III. d) ( ) Estão corretas as sentenças III e IV. 3 O Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação (PETI) tem por objetivo estruturar diretrizes e princípios na gestão de TI em um processo dinâmico e interativo para organizar estratégica e operacionalmente os sistemas de informação e infraestrutura. FONTE: <http://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/gesto-estratgica- sectionmenu- 423/5832-planejamento-estrategico-de-tecnologia-da-informacao-peti>. Acesso em:25 jun. 2018. Em relação ao PETI, assinale a alternativa correta: a) ( ) O planejamento estratégico de sistemas de informação ou o planejamento estratégico da tecnologia da informação é uma importante ferramenta de gestão utilizada hoje em dia por muitos analistas de sistema e administradores de empresas, sendo uma metodologia integrante do planejamento estratégico empresarial. b) ( ) O PETI não integra o planejamento estratégico organizacional. c) ( ) O PETI tem um custo elevado, não sendo acessível às empresas de pequeno e médio porte. d) ( ) O PETI não pode ser considerado uma ferramenta de gestão dinâmica e coletiva. 4 A Governança de TI foi criada com o objetivo de planejar e elaborar estratégias que possam dar vantagens competitivas às ferramentas de TI implantadas. FONTE: <https://www.opservices.com.br/governanca-de-ti/>. Acesso em: 25 jun. 2018. É correto afirmar que o principal objetivo da Governança de TI é: a) ( ) Dar prioridade à TI em relação aos outros setores organizacionais. b) ( ) Alinhar a TI e seus recursos aos objetivos organizacionais. c) ( ) Alinhar a TI aos desejos da diretoria executiva. d) ( ) Alinhar a TI às habilidades e às competências da equipe de desenvolvimento. 58 59 UNIDADE 2 TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • diferenciar os conceitos de Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação, aprofundando o conhecimento em ambos; • entender a importância e influência do planejamento da Tecnologia da Informação na gestão moderna e integrada dos negócios públicos; • conhecer as principais tecnologias disponíveis para facilitar o processo de gestão de pessoas em uma organização pública. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS TÓPICO 3 – GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 60 61 TÓPICO 1 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO É importante entender separadamente os conceitos de Sistemas de Informação (SI) e de Tecnologia da Informação (TI), visto que nos referimos às áreas de conhecimento que apresentam forte dependência (ALBERTIN, 2006). Na Unidade 1 nos certificamos que a TI compreende hardware, software, telecomunicações, automação, multimídia, pessoas e todos os demais recursos que permitem fornecer dados e informações que resultam em conhecimento. Um sistema de informação fornece informações integradas para todos os usuários e a tecnologia da informação contribui com estratégias integradas da Computação e da Administração, facilitando a implementação e a implantação de Sistemas de Informação que permitam à organização a otimização de todos os seus recursos (CORREIA NETO; LEITE, 2014). Turban et al. (2013), por sua vez, defende que a TI é o lado tecnológico dos Sistemas de Informação. Nesse sentido, Foina (2013) argumenta que os SIs são ótimos aliados na solução de problemas, contudo, para que a TI possa ser utilizada adequadamente, os profissionais envolvidos (tanto os usuários finais quanto a equipe de desenvolvimento) precisam conhecer as inovações tecnológicas sem menosprezar o conhecimento das necessidades organizacionais envolvidas no trabalho. Foina (2013) considera como exemplos de aplicação da TI em um ambiente organizacional: • Migração de sistemas (hardware e software). • Escolha de paradigmas de Engenharia de Software (ES). • Compra de software. • Compra de hardware. Inovações tecnológicas são importantes fatores de mudanças organizacionais. A adoção de inovações geralmente traz efeitos colaterais. O primeiro deles é a resistência interna pela substituição de uma tecnologia. E, em seguida, a adaptação à nova tecnologia. Passada a fase de adaptação, UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 62 os benefícios passam a ser percebidos sempre que a troca foi adequadamente planejada e adequada às necessidades organizacionais (TURBAN, 2013). Além disso, salientam-se alguns aspectos importantes a serem observados para que uma organização potencialize o uso dos sistemas de informação (TURBAN, 2013): • Envolver a alta e a média gerência diretamente. • Fazer um planejamento geral. • Perceber a importância do valor humano para a organização. • Averiguar a habilidade dos executivos com o uso das informações. • A habilidade dos executivos para tomar decisões com base em informações. • Conhecer e confiar no SI utilizado. • Atualizar continuamente as informações. São os recursos tecnológicos que facilitam a elevação da produtividade, o controle de desempenho das equipes e a identificação de novas oportunidades de negócio. É fácil perceber que os SIs facilitam, praticamente, todo e qualquer tipo de trabalho organizacional. Entretanto, essa evolução ocorreu de forma gradativa, conforme as bases de dados e as técnicas de programação e análise que foram evoluindo. Isso pode ser percebido através do agrupamento exibido pelo quadro a seguir. QUADRO 1 – MUDANÇA DE REGRAS DE TRABALHO INTRODUZIDAS PELA TI REGRA ANTIGA TECNOLOGIA USADA NOVA REGRA As informações aparecem em um único local de cada vez. Bancos de dados compartilhados baseados em cliente/servidor, correio eletrônico. As informações são exibidas simultaneamente onde sejam necessárias. Somente um especialista pode executar um trabalho complexo. Sistemas especialistas, computação neural. Os principiantes podem executar um trabalho complexo. Os gerentes tomam todas as decisões. Sistema para o suporte de decisões, sistemas para suporte de empresas e sistemas especialistas. A tomada de decisões faz parte do trabalho de todos. O pessoal de campo precisa de escritórios para receber, enviar, armazenar e processar informações. Comunicação sem fio e computadores portáteis, supervias de informações e correio eletrônico. O pessoal de campo pode gerenciar as informações em qualquer local. Localizar os itens manualmente. Tecnologia de rastreamento, groupware, software de workflow, cliente/servidor. Os itens são localizados automaticamente. Os planos são revisados periodicamente. Sistemas de computação de alto desempenho. Os planos são revisados instantaneamente, sempre que necessário. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 63 As pessoas precisam se reunir em um único local para trabalhar em conjunto. Groupware e sistemas de suporte a grupos, telecomunicações, correio eletrônico, cliente/servidor. As pessoas podem trabalhar em conjunto, em diferentes locais. Os produtos e serviços personalizados são dispendiosos e seu desenvolvimento é muito lento. Ferramentas CAD-CAM, CASE, sistemas on-line para tomada de decisão, JIT, sistemas especialistas. É possível produzir produtos personalizados de modo rápido e barato (personalização em massa). É investido muito tempo entre a concepção de uma ideia e sua implementação (tempo para comercialização). CAD – CMA, intercâmbio eletrônico de dados, groupware, processamento de imagens (documentos). O tempo para comercialização pode ser reduzido em até 90%. O trabalho deve ser transferido para os países com mão de obra barata (produção no estrangeiro). Robôs, tecnologias de geração de imagens, programação orientada a objetos, sistemas especialistas. O trabalho pode ser feito em países com altos salários e ordenados. FONTE: Adaptado de Turban (2013) Cabe ressaltar que a evolução das bases de dados, colocada no Quadro 1, permitiu maior agilidade no trato da informação. Antigamente, somente pessoas especializadaspoderiam executar determinadas atividades e os gerentes centralizavam a tomada de decisões. Dessa forma, as ideias demoravam para serem implementadas. Em contrapartida, atualmente, as informações podem ser acessadas de qualquer lugar, 24 horas por dia. Decisões são tomadas mais rapidamente e com maior segurança, devido à integridade das bases de dados. As pessoas podem trabalhar em um mesmo projeto, a partir de lugares geograficamente distantes. 2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES NAS ORGANIZAÇÕES Albertin (2006) coloca que o elemento principal de um sistema de informação é a própria informação. A função dos sistemas de informação é captar, armazenar, manipular e fornecer resultados que apoiam as organizações em operações e decisões. Os sistemas de informações são compostos de uma parte social (pessoas, processos, informações, documentos), e de outra parte automatizada (máquinas, softwares, servidores, redes de comunicação e seus cabeamentos). Portanto, as pessoas também fazem parte de um sistema de informações: desenvolvedores, usuários, arquitetos etc. Logo, entende-se que um sistema de informações é algo mais abrangente do que um software ou um programa, pois inclui também aspectos que não são executados pelas máquinas (ALBERTIN, 2006). É responsabilidade dos principais usuários e dos analistas de sistemas definir os objetivos da aplicação que será construída, quais informações controlar, que pessoas estarão envolvidas e quais as responsabilidades serão atribuídas a elas. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 64 Uma organização é formada por um conjunto de pessoas e de recursos envolvidos para o alcance dos objetivos, entre tais recursos estão os sistemas de informações que oferecem soluções administrativas de fortes bases tecnológicas, facilitando o enfrentamento de desafios propostos pelos cenários de negócios altamente mutáveis e competitivos. Com isso, os administradores precisam ter domínio das dimensões organizacionais e das tecnologias de informação disponíveis e qual É o poder delas na solução dos problemas organizacionais (LAUDON; LAUDON, 2006). A figura a seguir apresentará as dimensões organizacionais. FIGURA 1 – DIMENSÕES DA ORGANIZAÇÃO Organizações Tecnologia Pessoas Sistema de Informação FONTE: Laudon e Laudon (2006, p. 46) Laudon e Laudon (2006) defendem que os sistemas de informação atualmente afetam diretamente o modo como os administradores decidem, planejam e gerenciam negócios e colaboradores. Eles apontam que a responsabilidade sobre os sistemas não deve ser atribuída aos técnicos, mas aos administradores do negócio. O quadro a seguir apresenta as principais fases para o desenvolvimento e a implantação de um SI em uma organização em que se percebe claramente o envolvimento e as ações dos seus administradores do negócio. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 65 QUADRO 2 – FASES DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DE SI 1ª Planejamento estratégico da empresa. 2ª Planejamento estratégico de informação. 3ª Análise da área de negócio. 4ª Projeto do sistema. 5ª Construção do sistema. 6ª Implantação do sistema. 7ª Manutenção do sistema. FONTE: Adaptado de Laudon e Laudon (2006, p. 38) Um estudo com CIOs (Gestores de TI), realizado por Turban (2013), aponta as principais questões/situações enfrentadas por eles na execução das atividades de TI e na necessidade de alinhá-la ao negócio e aos objetivos organizacionais. O quadro a seguir apresenta as 10 principais questões com as quais CIOs precisam lidar na execução de suas atividades. QUADRO 3 – PRINCIPAIS QUESTÕES QUE OS CIOs ENFRENTAM Classificação Questão 1ª Alinhamento entre a TI e o negócio. 2ª Atrair, desenvolver e reter profissionais de TI. 3ª Segurança e privacidade. 4ª Planejamento estratégico da TI. 5ª Velocidade e agilidade. 6ª Regulamentos governamentais. 7ª Redução da complexidade. 8ª Medir o desempenho da organização de TI. 9ª Criar uma arquitetura de informações. 10ª Governança de TI. FONTE: Adaptado de Turban (2013, p. 36) Turban (2013) destaca que, a partir das questões apontadas no quadro citado anteriormente, é necessário adotar estratégias para medir o desempenho das operações, com base nos três pontos propostos a seguir: • Criar indicadores no intuito de medir desempenho financeiro e não financeiro. • Os processos de gestão devem se adaptar aos indicadores definidos. • Dispor de infraestrutura para coletar, filtrar, analisar e disseminar os indicadores dentro da organização. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 66 IMPORTANTE A utilização potencializada da TI é decorrência de um alinhamento com as estratégias de negócios. Tal pensamento reflete a ideia de que o sucesso depende da combinação de estratégia de negócio; infraestrutura e processos organizacionais; estratégia de TI e infraestrutura e processos de TI. Para conseguir alinhar a TI com as estratégias de negócio é importante fazer um planejamento para uso das informações e seus respectivos sistemas. 2.1 PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Planejar o uso, a manutenibilidade da informação, os sistemas e a tecnologia da informação de modo geral é fator de grande relevância na gestão organizacional. Podemos entender o planejamento como um conjunto de ações que, por meio da análise de um cenário atual, facilita a projeção da situação desejada e considerada ideal. É o esforço a ser dispensado para se alcançar o cenário almejado (MATTOS, 2006). Neste sentido, pode-se dizer que o planejamento dos sistemas de informação é uma atividade que visa definir e planejar o futuro dos sistemas utilizados e de como serão suportados pelas novas tecnologias. Mattos (2006) argumenta que a primeira ação para avaliar a situação em que a TI de uma organização se encontra é verificar objetivos, políticas, normas e práticas organizacionais. A partir disso, são gerados planos que seguem uma orientação vertical (de cima para baixo), respeitando todos os níveis hierárquicos. Nesse sentido, Albertin (2006) colabora com o estudo do planejamento das informações e sistemas, atestando que ele é considerado como função administrativa base para alcance dos objetivos traçados, e que o planejamento tem como principal objetivo prever o ambiente político, econômico e social, através do qual a organização irá operar e aplicar recursos, antecipando, desta forma, na resolução de problemas. Para Albertin (2006, p. 68), as características mais relevantes levam a considerar que é o planejamento: • É sempre voltado para o futuro. • Garante mais segurança nas decisões. • É uma opção de seleção entre várias opções. • Deve ser sistêmico e interativo. • Pode ser visto como uma técnica para melhor destinar recursos. • É uma função de gestão que interfere em todos os setores organizacionais. • É uma forma eficiente de coordenar ações. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 67 Albertin (2006) ainda afirma que o planejamento envolve: • A definição de objetivos. • A tomada de decisão. • A definição de estratégias. • A organização dos planos operacionais. Em relação ao planejamento da TI, ele pode ser considerado um processo complicado (ALBERTIN, 2006). Nessa área, o planejamento geralmente é pensado após uma ocorrência de destaque, como a fusão de organizações ou o desempenho inadequado, ou a troca de gestores. Na área de TI, o planejamento deve ocorrer com maior frequência (geralmente não é um planejamento anual) por causa das constantes mudanças tecnológicas (TURBAN, 2013). Para Turban (2013), os CIOs (gestores) de TI definem o planejamento geralmente de forma semestral ou trimestral, assegurando que o setor permaneça alinhado às estratégias organizacionais, apesar das mudanças tecnológicas. Isso é necessário porque não é suficiente desenvolver uma estratégia de TI de longo prazo e reexaminar a estratégia regularmente. Por essa razão, o planejamentode TI não é um processo único. O processo de planejamento de TI pode resultar em uma estratégia de TI formal ou em uma reavaliação anual (ou trimestral) do portfólio existente dos sistemas a serem desenvolvidos. De forma geral, as organizações têm dificuldades para mudar rapidamente uma estratégia adotada, pois geralmente não há domínio de pensamento estratégico por parte dos gestores. O planejamento estratégico da TI é importante tanto para quem planeja (gestores e gerentes) quanto para o usuário final. O que se observa é que o usuário final faz o planejamento para suas unidades de acordo com os recursos que dispõe, participando também do planejamento estratégico corporativo. Por este motivo, os usuários finais precisam ter uma noção clara do processo de planejamento (FOINA, 2013). Lederer e Sethi (1992) identificaram um dos principais conceitos que envolvem o planejamento de sistemas de informação, definindo o processo básico para mapear os aplicativos tecnológicos que auxiliarão a organização na execução do planejamento dos negócios e no alcance dos objetivos. Esse processo conhecido como Strategic Information System Planning (SISP), em português, Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação. O SISP também auxilia no levantamento de bases de dados e aplicativos para melhor atender às necessidades específicas. Além disso, planejar estrategicamente os sistemas de informação ajuda a organização a entender qual o impacto dos sistemas na estratégia de negócios (LEDERER; SETHI, 1992). Para tanto, a tecnologia da informação apresenta três funções distintas dentro do processo de planejamento (TURBAN, 2013), sendo elas: UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 68 • Poder ser percebida como um elemento reativo, que auxilia no reposicionamento em situações não previstas e que geram impacto ou riscos. • Poder ser entendida como uma alavanca para tornar a organização mais proativa. • Poder ser considerada um auxílio importante na definição das estratégias organizacionais. No entanto, de que forma realmente podemos perceber que a TI está alinhada às estratégias organizacionais? Percebemos isso sempre que ela automatiza de forma eficiente os processos, buscando apoio e induzindo decisões para que todos sejam mais proativos ou simplesmente percebida como um elemento integrante das estratégias que segue alterando e também sendo alterada pelo ambiente de negócios, pelos fatores internos e externos à organização. O alinhamento estratégico é considerado, atualmente, um conceito primordial para os gestores, pois considera aplicar corretamente a TI, envolvendo pessoas e sistemas na busca constante do alcance dos objetivos traçados no planejamento estratégico da organização. Nesse sentido, temos uma via dupla: a TI se alinha ao negócio e o negócio se alinha à TI (ALBERTIN, 2006). Embora se admita a importância do alinhamento estratégico da TI, o interesse real por essa questão ainda não é considerado adequado. É uma atividade difícil diretamente relacionada à complexidade dos negócios (TURBAN, 2013). O planejamento de TI é o planejamento organizado da infraestrutura de TI e dos portfólios das aplicações feitas em vários níveis da organização. Isso, por sua vez, determina quais aplicações os usuários finais podem instalar. Assim, o futuro de cada unidade na organização poderia ser tocado pela infraestrutura de TI. É importante ter em mente que o planejamento é uma atividade continuada e permanente, que cria um processo sistemático para a tomada de decisão e de auxílio na resposta das seguintes questões: • O que fazer? • Para que fazer? • Como e quando fazer? • Onde fazer? • Com quais recursos deve ser feito? Todo planejamento envolve ações políticas e ações técnicas. A figura a seguir mostra o relacionamento entre as estratégias de negócio, de Sistemas de Informação e a Tecnologia da Informação. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 69 FIGURA 2 – RELACIONAMENTO ENTRE AS ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIO, TI E SI FONTE: Turban (2013, p. 12) Como ocorre, de fato, o planejamento da TI? Como dito, é a partir de ciclos trimestrais ou semestrais. Em cada ciclo são identificadas as necessidades para, em seguida, realizar a análise de custo/benefício para alocação dos recursos necessários para cada projeto elencado. Em síntese, os projetos aprovados são mapeados para uma agenda de desenvolvimento, normalmente incluindo um intervalo de tempo entre um e três anos. Essa agenda se torna a base para determinar os requisitos dos recursos de TI, como hardware de longo prazo, software, pessoas, instalações e requisitos financeiros. Ademais, a agenda de desenvolvimento de projetos pode ser estendida. Esse prazo de desenvolvimento varia de acordo com as características e necessidades da organização (CORREIA NETO; LEITE, 2014). Segundo Correia Neto e Leite (2014), existem planos de médio prazo. Neste tipo de planejamento são identificados os principais projetos de TI que foram aprovados e estão em conformidade com o plano de longo prazo. Nesta situação entram projetos que podem durar mais de um ano ou que começam em um ano e terminam no ano subsequente. Os planos de curto prazo envolvem projetos menores e que são mais afetados pelas constantes mudanças tecnológicas. As prioridades de um projeto podem ser determinadas pelo diretor de TI, pelo seu superior, pela política da empresa ou por definições mais específicas, por meio das filas: primeira necessidade ou o projeto a entrar terá prioridade no atendimento (CORREIA NETO; LEITE, 2014). • Decisões de Negócio • Objetivos e Direção • Mudança • Baseada em negócios • Determinada pela demanda • Focalizada na aplicação • Baseada na atividade • Determinada pela oferta • Focalizada na tecnologia Estratégia de Negócio Estratégia de SI Estratégia de TI Para onde está indo a empresa e por quê Suporte aos Negócios Direção para os Negócios O que é requerido Como pode ser entregue Necessidades e prioridades Infraestrutura e serviços UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 70 IMPORTANTE No planejamento da TI está incluso o planejamento dos Sistemas de Informação. 3 METODOLOGIAS DE PLANEJAMENTO DA INFORMAÇÃO A importância de planejar os sistemas de informação encontra notável justificativa no fato de que qualquer alteração nesses sistemas informacionais pode afetar diretamente a evolução dos processos de negócios. Nesse sentido, é possível fazer uso de várias metodologias que facilitam o planejamento da TI e de seus respectivos sistemas. Tais metodologias são utilizadas para auxiliar as organizações e para alinhar as estratégias de TI/SI do negócio com as estratégias organizacionais, além de identificar oportunidades para utilizar a TI como vantagem competitiva e de análise dos processos internos. A maioria dessas metodologias começa com alguma investigação da estratégia que verifica o setor, a competição e a competitividade, bem como as relacionam à tecnologia (TURBAN, 2013). As metodologias de planejamento da informação consistem na especificação de um novo sistema, que é melhorado a partir de um sistema já existente. Isso inclui os processos, as funções que o sistema executa e os dados armazenados. 3.1 BUSINESS SYSTEMS PLANNING (BSP) DA IBM Business Systems Planning (BSP) significa Planejamento de Sistemas Empresariais. Trata de uma metodologia desenvolvida na década de 1970, pela International Business Machines (IBM), que explora o planejamento de sistemas de informação e as relações deles com os negócios, a fim de que os sistemas de informação possam dar suporte às necessidades organizacionais. A pesquisa desenvolvida por Soares et al. (2008) destaca o uso de Business Systems Planning (BSP) por permitir uma ênfase nos processos de negócio, além de identificar a visão estratégica da organização. ATENCAO TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 71 Para Albertin(2006), os objetivos dessa tecnologia consistem: • Na definição das prioridades organizacionais. • Em definir melhor os investimentos de TI a partir de investimentos nos sistemas de vida longa. • Em gerenciar continuamente os recursos de TI. • Em melhorar o relacionamento entre o setor de TI com a equipe técnica e os usuários dos sistemas de informação. • Em tratar os dados e as informações como ativos importantes que devem ser planejados e gerenciados. Perceba que o BSP é uma metodologia que propõe estudar o relacionamento da organização com os negócios para, em seguida, definir a melhor arquitetura de informações. A definição dessa arquitetura é dividida em duas etapas (TURBAN, 2013). A etapa 1 envolve o alto escalão organizacional para determinar questões estratégicas e o cenário atual dos sistemas de informações. Os objetivos, aqui, consistem em identificar os pontos fortes e fracos, as vulnerabilidades dos sistemas em uso, além de identificar a necessidade de melhorias ou a aquisição de novas tecnologias. Resumidamente, pode-se dizer que é preciso entender o negócio e avaliar até que ponto os sistemas existentes dão suporte para o desenvolvimento e a competitividade. Por sua vez, a etapa 2 diz respeito ao aprofundamento o levantamento feito na etapa 1 (TURBAN, 2013). Com o trabalho em conjunto, as duas etapas criam uma forma estruturada para que as pessoas conheçam todos os aspectos organizacionais, tendo uma visão do todo. ATENCAO Um dos pontos positivos do BSP é que com ele se torna possível planejar melhorias em sistemas existentes, bem como a aquisição de novos aplicativos. São dois os níveis nos quais o BSP pode ser implantado para facilitar o alcance dos objetivos: hierárquico e funcional (TURBAN, 2013). UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 72 IMPORTANTE Para os gestores: deve proporcionar uma forma de avaliar a criticidade dos sistemas de informações já existentes na organização. Proporcionar o investimento em sistemas de informações e recursos computacionais, e ainda determinar as necessidades futuras de recursos computacionais, de acordo com os negócios da organização. Para a Administração Funcional e Operacional: proporcionar a solução de problemas relacionados ao controle gerencial e operacional. Possibilitar a consistência e o compartilhamento dos dados. Assegurar que os sistemas de informações serão orientados pelas necessidades da administração e dos usuários. Para a TI: criar um canal de comunicação com a alta administração. Determinar uma escala de prioridades. Criar um planejamento de médio a longo prazo para as atividades de informática na organização. Segundo Souza Filho (2001), o BSP tem como finalidade determinar atividades e tarefas a serem executadas em um Plano Diretor de Informática Empresarial. O BSP foi um dos primeiros métodos utilizados para o planejamento de desenvolvimento de SI em organizações, e serviu como base para os outros métodos de planejamento de SI que surgiram nos últimos anos. FONTE: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/pdfs/2006/GOXLSQEJRWFO.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. 3.2 STRATEGIC SYSTEMS PLANNING (SSP) O Planejamento Estratégico de Sistemas (SSP) é uma metodologia que propõe um modelo funcional de negócios, ele é elaborado através da análise das funções de cada área da organização. As áreas mapeiam a necessidade de informação organizacional para montar a arquitetura dos dados (ALBERTIN, 2006). A condição essencial para que se empreenda o planejamento estratégico de um sistema de informação é que exista, de maneira inequívoca, o reconhecimento de sua utilidade pelos escalões gerenciais superiores e vontade político-administrativa no sentido de legitimar a sua implantação e operação. Sem isso, não obstante ser inquestionável a utilidade do planejamento, ele não terá efetividade ou viabilidade de implementação. O segundo aspecto essencial é a clara definição dos usuários: quem são, onde se localizam e quais as suas necessidades, preferências e idiossincrasias. Um dos maiores problemas nesse sentido é que, de modo geral, os usuários dos sistemas de apoio a decisões não definem com clareza ou não são capazes de antecipar as suas necessidades – e, de fato, muitas delas não são antecipáveis, delegando tal incumbência a seus assessores. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 73 Para minimizar essa tendência será indispensável que, após a determinação dos usuários, se realizem entrevistas entre os principais assessores, que se promova a análise de seus papéis, que se empreenda o acompanhamento das demandas derivadas de sua rotina de trabalho, e que se realizem simulações de atendimento dentro da dinâmica de operações normais de tais usuários. Confirmada a conveniência do sistema e reconhecidos os usuários e suas necessidades, o desenvolvimento do sistema de informação deve iniciar pela precisa definição dos seus objetivos – correlacionados aos da organização e às necessidades das gerências que dele se utilizarão – e das respectivas fontes de alimentação. Outro elemento essencial no planejamento desses sistemas são as fontes de informação. Com relação a estas, é indispensável que se evite o suprimento seletivo, ou seja, que a fonte só forneça informações que tenham conotação positiva em relação as suas ações ou operações. Consolidada a premissa de que informação é poder, quanto mais relevante e atualizada esta for, maior será a resistência dos supridores em torná-la disponível. Por outro lado, os dados e informações apenas têm relevância quando possuem sentido utilitário para que o usuário instrumentalize os seus processos decisórios, carecendo de utilidade prática às informações defasadas, de domínio público ou de limitada expressividade. FONTE: <http://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/artigos/antes-de-2005/ Artigo240.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. 3.3 INFORMATION ENGINEERING – ENGENHARIA DA INFORMAÇÃO (IE) A Information Engineering propõe o uso de técnicas específicas para construir modelos organizacionais e modelos de processo por meio de bases de conhecimento de longo alcance, capazes de manter sistemas de informações focados na estratégia (ALBERTIN, 2006). Nesse sentido, as diferenças entre engenharia de software e engenharia da informação são descritas a seguir: A engenharia de software aplica técnicas estruturadas a um projeto. A engenharia da informação aplica técnicas estruturadas à empresa como um todo, ou a um de seus setores. As técnicas de engenharia da informação englobam as técnicas de engenharia de software de uma forma diferente (como uma organização é bastante complexa, o planejamento, análise, projeto e construção não podem ser efetuados sobre a empresa como um todo sem o uso de ferramentas automatizadas). Albertin (2006) aponta outra definição para engenharia da informação (EI), fazendo referência a técnicas automatizadas elas podem ser vistas como: UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 74 Um conjunto interligado de técnicas automatizadas no qual são construídos modelos da organização, modelos de dados e modelos de processos em uma abrangente base de conhecimentos, a fim de serem usados para criarem e manterem sistemas de processamento de dados. Um conjunto de disciplinas automatizadas em nível de organização, cuja finalidade é fornecer as informações certas às pessoas certas e na hora certa. A EI não é uma metodologia rígida como a engenharia de software, porém tem que ser formal, computadorizada e aceita em todo o segmento da organização que utiliza a EI. Características da EI: a EI emprega técnicas estruturadas em nível de organização e não em nível de projeto. A EI se processa na direção top-down, através das seguintes etapas: • Planejamento dos sistemas estratégicos da organização. • Planejamento das informações da organização. • Análise da área de negócios. • Projeto de sistemas. • Construção. • Corte. A medida quese passa por essas etapas, a EI cria um repositório (enciclopédia) de conhecimentos sobre a organização, os seus modelos de dados, os modelos de processos e os projetos de sistemas. • A EI cria uma estrutura para o desenvolvimento de uma organização computadorizada. • Os sistemas confeccionados separadamente se encaixam numa estrutura. • Dentro da estrutura pode-se construir e modificar sistemas rapidamente, através de ferramentas automatizadas. • A EI facilita ao máximo o uso de projetos e programas reaproveitáveis. • A EI conta com a participação ativa dos usuários finais em cada uma das suas etapas. • A EI facilita a evolução dos sistemas a longo prazo. • A EI identifica como a informática pode alcançar da melhor forma possível os objetivos estratégicos da empresa. FONTE: <http://www.ifba.edu.br/professores/pablovf/repositorio/siEinf1.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 75 3.4 CRITICAL SUCCESS FACTORS – FATOR CRÍTICO DE SUCESSO (CSF) O Critical Success Factors (CSF) é uma metodologia de planejamento que busca identificar as necessidades do alto escalão da empresa em relação aos sistemas de informação, priorizando os fatores críticos de sucesso. Nesse sentido, a alta administração repassa suas necessidades individuais para que sejam identificadas aplicações de TI que deem suporte a elas. 3.5 MODELO ECLÉTICO DE SULLIVAN O modelo eclético de Sullivan estabelece uma matriz de fatores organizacionais, sistêmicos e tecnológicos da organização. O modelo em questão não prevê uma metodologia de planejamento pronto que atenda às características da empresa, mas, sim, o desenvolvimento de uma metodologia adequada para satisfazer as necessidades específicas. O modelo eclético de Sullivan não focaliza sua atenção no desenvolvimento e programação de software, mas no planejamento estratégico da empresa. Não segue os processos mecânicos de planejamento de eras anteriores, mas procura desenvolver uma metodologia com características que suportam as necessidades e as exigências de informação. No modelo eclético de Sullivan ocorre a transformação da atividade de desenvolvimento de aplicações, antes focalizada na mecanização das atividades e funções empresariais, agora orientada ao produto da empresa. Tal fato é óbvio nas empresas de serviços financeiros e indústrias de informação, menos frequente nas indústrias de manufatura. Tais empresas estão acrescentando valor ao produto, usando convenientemente os sistemas de informação. Outra mudança ocorre com os métodos de administração, em que os executivos de sistemas se tornaram menos controladores, desenvolvendo uma postura voltada à mudança. FONTE: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2002 000300005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 jun. 2018. 3.6 BALANCED SCORECARD – INDICADORES DE EQUILÍBRIO (BSC) O conceito de Balance ScoreCard (BSC) foi criado por Kaplan e Norton em 1992, consistindo em um sistema de gestão que usa indicadores para avaliar o desempenho (BARBIERI, 2014). O BSC utiliza a missão e a estratégia UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 76 organizacionais em forma de objetivos e medidas divididos em quatro perspectivas: financeira; clientes; processos internos; aprendizado e crescimento (BARBIERI, 2014). É considerado um valioso instrumento para a gestão de estratégias para longo prazo. Os sistemas de informação estão inseridos nesse contexto, pois estão acoplados a um planejamento maior, que é o planejamento estratégico da TI (ALBERTIN, 2006). “A estrutura do BSC apresenta alguns componentes fundamentais para a sua elaboração: o mapa estratégico, que descreve a estratégia através dos objetivos relacionados entre si e distribuídos entre as quatro perspectivas; o objetivo estratégico, que define aquilo que a organização quer alcançar; o Indicador, que tem a função de medir e acompanhar o sucesso da estratégia organizacional; as metas, que se referem ao nível de desempenho ou a taxa de melhorias que tem que ser realizadas para que os objetivos sejam alcançados; e o Plano de Ação que relata as ações práticas necessárias para que se alcancem os objetivos estratégicos organizacionais”. Para desenvolver uma avaliação de desempenho utilizando o BSC, primeiramente é preciso compreender que esta ferramenta faz parte de um processo contínuo dentro do planejamento estratégico da organização e a sua elaboração tem que seguir uma linha de raciocínio lógico para que o resultado possa ser um BSC bem estruturado e condizente com a realidade da organização. O processo de elaboração do BSC está decidido em quatro etapas principais: 1. Planejamento Estratégico: a empresa define os aspectos que irão direcionar a segunda etapa, as estratégias. Durante o processo de planejamento estratégico a empresa determina qual é o seu negócio; em seguida a missão, para que ela existe?; depois define quais princípios e valores são importantes; e por último cria a visão de valor, aonde quer chegar? 2. Gestão Estratégica: definido os aspectos de planejamento, a organização inicia o processo de elaboração das estratégias, primeiramente determina quais as políticas estratégicas a se adotar, qual será o foco a ser seguido; em seguida realiza a análise SWOT, verificando no ambiente interno quais os pontos fortes e fracos, e no ambiente externo quais as oportunidades e as ameaças existentes; após essa análise detalhada, segue a terceira parte que a proposição dos fatores críticos de sucesso para o negócio, o que exige uma atenção maior pela empresa, pois constituem os pontos-chave para o sucesso. 3. BSC: a partir do planejamento e da Gestão Estratégica, o BSC auxilia na identificação e tradução dos objetivos estratégicos e indicadores da organização como um todo. Na criação do mapa estratégico ele define como transformar a estratégia em objetivos dentro das quatro perspectivas, e em seguida auxilia na elaboração do painel de controle em que os indicadores, responsáveis por medir o desempenho, são definidos e alinhados com os objetivos estratégicos em todas as perspectivas. TÓPICO 1 | A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 77 4. Operação: na quarta e última etapa são definidas as formas como os objetivos serão atingidos, definidas as metas, as iniciativas e as ações; quando se realiza um estudo aprofundado sobre a ferramenta do BSC, é possível entender o motivo de tantas empresas o adotarem como método de avaliação de desempenho. FONTE: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/4CCF/20101220082235.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2018. 4 GOVERNANÇA, COBIT E ITIL COBIT e ITIL são ferramentas para planejar a informação, os sistemas e a tecnologia da informação de modo geral. Por causa da grande importância para o planejamento da tecnologia da informação, estudamos as duas propostas na Unidade 1. GOVERNANÇA DE TI é o framework que garante o suporte da infraestrutura de sua organização, facilitando a realização das estratégias e objetivos corporativos (FERNANDES; ABREU, 2014). ITIL e COBIT são dois conceitos fortemente acoplados ao conceito de Governança de TI. Existem diferenças entre as metodologias, porém, podemos considerar que apesar das diferenças são conceitos complementares um ao outro (FERNANDES; ABREU, 2014). Relembrando que: • COBIT: concentra-se na definição, implementação, fiscalização, medição e melhoria dos controles para processos específicos, abarcando todo o ciclo de vida da TI. É considerado no mercado o melhor modelo para a governança de TI. • ITIL: fornece as definições de melhores práticas e os critérios para operações de gestão, concentra-se principalmente na definição do funcional, dos atributos operacionais e organizacionais para as operações de gestão, tais como service support e service delivery. IMPORTANTE Se você tiver oportunidade e tempo, faça uma certificação COBIT e ITIL. Será um diferencial valioso para o seu currículoprofissional. 78 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • Existe diferença entre planejamento de tecnologia da informação (TI), planejamento de sistemas de informação (SI) e planejamento da informação. • Um SI é um sistema cujo elemento principal é a informação. Seu objetivo é armazenar, tratar e fornecer informações de modo a apoiar as funções ou os processos de uma organização. • O SI é composto por um subsistema social e um subsistema automatizado. O primeiro inclui as pessoas, processos, informações e documentos. O segundo consiste dos meios automatizados, máquinas, computadores e redes de comunicação que interligam os elementos do subsistema social. • Uma organização é formada por um conjunto de pessoas e todos os recursos envolvidos para o alcance dos objetivos. • Planejar a informação, os sistemas e a tecnologia da informação, de modo geral, é fator de grande relevância na gestão organizacional. Podemos entender o planejamento como um conjunto de ações que, fazendo uso da análise de um cenário atual, faz a projeção do cenário desejado e considerado ideal. • Um conceito importante relacionado ao planejamento da área é o Strategic Information Systems Planning (SISP), considerado o processo utilizado para identificar o conjunto de aplicações baseadas em sistemas de informação que apoiarão a organização na execução de seus planejamentos de negócios e na realização de seus objetivos. • O planejamento dos sistemas de informação define os objetivos da utilização dos aplicativos computacionais. Também identifica as áreas cujas necessidades demandam a implementação de novas tecnologias para dar suporte às aplicações. • O planejamento estratégico de SI é a etapa inicial em que se estabelecem os propósitos básicos para que possamos implantar sistemas computadorizados estáveis e de apoio à tomada de decisões. • O planejamento estratégico de SI é o recurso usado para ajudar o tomador de decisão da organização na identificação das oportunidades de SI para apoiar os negócios empresariais, no desenvolvimento de arquiteturas de informação baseadas nas necessidades dos usuários, e no desenvolvimento de planos de ação dos SI a longo prazo. 79 • O planejamento estratégico de SI deve analisar as funções e os dados necessários para suportar o negócio, os objetivos, os fatores críticos de sucesso e as necessidades de informação da alta administração da empresa. Da mesma forma, deve retratar como a tecnologia pode ser utilizada para criar novas oportunidades ou vantagens competitivas. • Um planejamento estratégico de SI deve, inicialmente, definir o negócio antes do desenvolvimento e implantação de sistemas, considerando os fatores críticos de sucesso do negócio. Simultaneamente, o planejamento cria oportunidades de identificar funções e armazenamentos duplicados, apontar problemas e oportunidades, além de fornecer uma base para o desenvolvimento de estratégias de hardware, software, recursos humanos e rede de comunicação de dados. • O campo de sistemas de informação junta diversas tecnologias complexas, importâncias comportamentais abstratas e atenções especializadas em inúmeras áreas organizacionais e não organizacionais. Assim, os componentes do sistema são elementos ativos para seu funcionamento, porém, o sistema não funciona se não houver um sincronismo entre os subsistemas, eles precisam trabalhar alinhados. 80 AUTOATIVIDADE 1 O campo de sistemas de informação junta diversas tecnologias complexas, importâncias comportamentais abstratas e atenções especializadas em inúmeras áreas organizacionais e não organizacionais. Assim, os componentes do sistema são elementos ativos para seu funcionamento, porém, o sistema não funciona se não houver um sincronismo entre os subsistemas, eles precisam trabalhar alinhados. Sobre os componentes de um sistema de informação, analise as opções a seguir: I- Usuários, especialistas, programadores, clientes. II- Vantagem competitiva, segurança, controle. III- Dados, informações. IV- Hardware, periféricos. V- Software e aplicativos. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e V estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, III, IV e V estão corretas. d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 2 O projeto estratégico é o procedimento administrativo que acomoda uma sustentação mercadológica para estabelecer a melhor direção adotada pela empresa, buscando melhor grau de interação com os fatores externos, não controláveis, e agindo de forma inovadora e distinta. As decisões estratégicas caracterizam-se pelo alto grau de dúvida, principalmente quando trata de situações competitivas, normalmente encargo dos níveis mais altos da organização. Sobre o nível de decisão estratégica, analise as sentenças a seguir: I- Decisões dependem, em grande parte, de habilidades e de processos sistemáticos, de análise e resolução de problemas. São projetadas a longo prazo. II- Decisões que consideram a interação entre as informações externas e internas da empresa analisam os fatores e os subfatores externos, como a concorrência, a missão e os objetivos estratégicos e políticos da empresa. III- Decisão tomada unicamente sobre assuntos comuns, por exemplo: problemas os quais a organização tem familiaridade ou experiência, ou seja, apresentam-se de forma igual a cada ocorrência. IV- Decisões sobre investimentos e procura de fontes de financiamentos. 81 Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e III estão corretas. b) ( ) As sentenças, II, III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. 3 Planejamento é a metodologia administrativa que permite diagnosticar e analisar situações atuais, estabelecer resultados – objetivos e metas – a serem alcançados pelas organizações e delinear ações – estratégicas – para alcançar os resultados, bem como estabelecer leis e normas – políticas – que servem de sustentação a esse procedimento administrativo em uma organização. No que diz respeito ao Planejamento, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Operacional é realizado pelos executivos, geralmente tem um médio alcance de tempo e salienta indicadores de problemas, também provê acesso de dados históricos e recentes. b) ( ) Estratégico é realizado nas funções mais elevadas da empresa, tem um maior alcance de tempo e as decisões envolvidas englobam a organização como um todo. c) ( ) Operacional é o menos genérico e mais delineado, tem um prazo longo de tempo e aborda cada unidade de operação da empresa ou cada conjunto de recursos separadamente, como os fatores críticos de sucesso através de indicadores como hipertextos e hipermídia. d) ( ) Tático normalmente demanda curto alcance de tempo, ou seja, produz informação correta e extensivo uso de dados externos. Produz informações em vários níveis de detalhamento. 82 83 TÓPICO 2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO As mudanças sofridas no ambiente de negócios podem ser analisadas sob algumas perspectivas: novos cenários econômicos estão alterando a forma de se buscar e, posteriormente, usar as informações; mudanças exigem que as organizações reestruturem suas práticas na solução de problemas. Por causa disso, as informações têm um papel importante, auxiliando no entendimento daquilo que está mudando, além de facilitar a tomada de decisões e favorecer um reposicionamento mais rápido em cenários cada vez mais competitivos (FERNANDES; ABREU, 2014). É importante, portanto, que se estabeleça uma arquitetura de gestão da informação à altura dos desafios apontados pelas distintas perspectivas. Este é o alicerce da gestão da tecnologia da informação, cuja intenção é dar consistência ao alcance dos objetivos, mitigando os custos e tirando o maior proveitodas informações disponíveis. Nesse sentido, pode-se dizer que é um desafio reduzir a resistência às mudanças, principalmente as de cunho tecnológico, em função dos vícios dos usuários das informações, envolvendo os aspectos organizacionais, tecnológicos e humanos. Para tanto, Davenport e Prusak (2002, p. 109) apontam que é necessário entender como as pessoas usam a informação: Em diversos setores, gerentes de todos os níveis descobriram, pesarosos, que a dimensão comportamental e cultural da mudança com frequência é a mais difícil de obter. Empresas que procuram aperfeiçoar a qualidade, redefinir processos ou aumentar a satisfação do cliente percebem que as coisas aparentemente mais fáceis são, na verdade, as mais difíceis, e o planejamento de novos processos de trabalho, novas estruturas organizacionais, novas estratégias, parece brincadeira de criança quando comparado às alterações diárias de comportamento e atitudes. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 84 O comportamento humano é complexo e por esse motivo torna-se mais complicado controlar, mudar ou gerenciar. As pessoas têm necessidades diferentes em relação à informação: diferenciam-se na forma como a buscam, usam e compartilham, e também ao valor que atribuem a esse valioso recurso. Podendo-se destacar os aspectos que envolvem os requisitos para garantir a segurança da informação (FERNANDES; ABREU, 2014). A segurança da informação depende diretamente do tipo de acesso e por esse motivo envolve quase que exclusivamente os usuários dela. Tendo como alicerce esse pressuposto, torna-se indispensável a construção de aplicações que agem de forma integrada na gestão da TI e dos negócios. Esse fato implica a importância do estudo da arquitetura da informação e do seu impacto no âmbito organizacional, envolvendo todos os recursos para o planejamento das estratégias propostas pela administração (ALBERTIN, 2006). Por serem considerados assuntos relevantes na Gestão da TI, neste tópico, focaremos nossos esforços no aprendizado na gestão da Arquitetura da Informação, nas aplicações de TI para a integração da gestão da organização e nas ferramentas de TI para organizações digitais. 2 GESTÃO DA ARQUITETURA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO O referencial teórico para o estudo deste tema é vasto. Inúmeras são as publicações que têm como foco a TI e sua ligação com todos os tipos de Sistemas de Informação. Cada tipo de Sistema tem seu objetivo principal, auxiliando na gestão da TI e em todos os setores organizacionais. Albertin (2006, p. 62) defende que o entrelaçamento dos SI com a TI gera: [...] um grupo de telas e relatórios, habitualmente gerados na unidade de Tecnologia da Informação, que possui a maioria dos recursos de processamento de dados e gerencia a tecnologia da informação da empresa e seus recursos, gerando informações profícuas e oportunas aos clientes e/ou usuários. Não é difícil perceber que a gestão da tecnologia da informação gera estratégicas para haver controle próprio e gestão de negócios. Os requisitos de transparência, amplamente divulgados pelas práticas de governança, também são características que viabilizam a eficiência e a eficácia dos processos de gestão: tanto tecnológicos, quanto de negócios. As práticas da governança de tecnologia, que se destacam pelas metodologias ITIL e COBIT (estudados no Tópico 1 e no Livro de Governança de TI) reproduzem as práticas da governança corporativa, pois a base é organizar e otimizar as práticas organizacionais (FERNANDES; ABREU, 2014). TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 85 IMPORTANTE A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define que governança corporativa envolve conceber estrutura compatível com os objetivos institucionais vigentes e, para além, estruturar também os dispositivos de monitoramento de progresso dessas metas estatuídas. Para Sousa Neto (2009), a estratégia define o modelo de governança a ser utilizado que, por sua vez, define o modelo de governança de TI, mas prioriza fundamentalmente o aspecto do alinhamento entre negócio e a TI. Tal posicionamento é corroborado por Rau (2004) quando defende que é a excelência do “design” da governança da empresa que gera o êxito de sua governança de TI, adicionalmente referindo-se à necessidade de aliança com parceiros envolvidos para assegurar tal êxito. Há, ainda, uma vertente de governança de TI que considera aspectos de centralização e descentralização do sistema de tomada de decisões na área. Esse modelo é referido por Lucas Júnior (2006, p. 44): • Monarquia do Negócio: abordagem mais centralizada em que os executivos seniores tomam as decisões de TI. • Monarquia de TI: as decisões são tomadas pelos executivos de TI. • Federalismo: executivos de diversos níveis e parte da organização colaboram com o departamento de TI. • Dualidade: decisões compartilhadas entre TI e as áreas de negócios. • Feudalismo: decisões separadas das unidades de negócio ou líderes de processos com base em suas necessidades. • Anarquia: cada usuário, ou pequenos grupos, definem sua própria agenda de TI. FONTE: https://studylibpt.com/doc/6122312/fatores-inibidores-%C3%A0- ado%C3%A7%C3% A3o-de-tecnologias-de-informa%C3%A7%C3%A3o-... Acesso em: 6 jun. 2019. Todos os modelos citados anteriormente são importantes, pois favorecem o entendimento sobre como a TI é gerida. No entanto, em todos eles, é apropriado ter em mente que a validação depende do perfil profissional das pessoas envolvidas nos serviços da TI, na segurança dos sistemas em função do modelo adotado e, por fim, na arquitetura de TI que precisa ser planejada e gerenciada. Cada modelo percebe de forma distinta essas situações (FERNANDES; ABREU, 2014). 2.1 APLICAÇÕES DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO PARA INTEGRAÇÃO DA GESTÃO EMPRESARIAL Podemos entender que o grande desafio dos gestores de organizações, sejam elas privadas ou públicas, é obter informações claras, objetivas e em um curto intervalo de tempo para viabilizar uma tomada de decisão mais assertiva, eficiente e segura. A democratização da internet possibilitou a criação de uma infinidade de soluções que permitem às organizações maior organização e otimização nas atividades e processos executados. Com maior controle, obviamente se alcança um favorável indicador de qualidade, lucros e posicionamento de mercado (COLANGELO FILHO, 2001). UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 86 Podemos entender que para se manter competitiva, as organizações precisam gerenciar adequadamente todos os seus recursos, informações e procedimentos. Para dar suporte a todos os controles, essas organizações adotam os tão famosos Sistemas de Gestão Integrados (SIGE) ou ERPs. IMPORTANTE Um SIGE pode ser entendido como um Sistema Integrado de Gestão Empresarial, mais conhecido atualmente como ERP: Sistema de Planejamento de Recursos Corporativos. FIGURA 3 – MÓDULOS DE UM SIGE OU ERP SIGE Gestão de Contratos Gestão de Contratos Gestão de Vendas Gestão de Materiais Gestão de Controle Gestão de Finanças Gestão Fiscal Gestão de Engenharia Gestão de Custos Gestão de Administração Gestão Contábil Gestão de Processos Gestão de Qualidades Gestão de Pessoal Gestão Operacional FONTE: <http://egta.eu/en/smart-it-cluster-intelligent-solutions-mobility-and-energy>. Acesso em: 29 jun. 2018. GESTÃO DE QUALIDADE: a gestão mais ampla do sistema está pulverizada nas diversas gestões, exigindo que os principais processos sejam alvo de rígidos controles. Atendendo às normas Good Manufacturing Practices – GMP, possuem um amplo cadastro de laudos, parametrizáveis conforme a complexidade das análises. Essas e os apontamentos de resultados são efetuados em vários pontos do processo: entrada e saída de materiais, início, meio e fim do processo produtivo até a saída para o cliente, tudo apontado e etiquetado a cada fase.GESTÃO DE CONTRATOS: a Gestão de Contrato tem o propósito de estruturar a redação dos contratos com fornecedores, clientes, bancos e outras entidades. Organizado em níveis de objeto do contrato, cláusula, garantias e TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 87 relacionamento entre contratos permitem o Follow-up dos mesmos, avisando sobre os eventos e as ações a tomar. Todo o módulo é controlado por senhas, dentro do conceito de Responsáveis e Executores, a quem é permitida a liberação de eventos. Integrável à maioria dos módulos do sistema, a liberação de eventos pode gerar ordens de produção, solicitações de compra, faturamento, liberação de pagamento, cobrança e outros. GESTÃO DE MATERIAIS: é uma das gestões que mais integra módulos no sistema. Abrange todo o Controle de Estoque, em níveis diversos de local, sublocal, lote e data de entrada além de campos parametrizáveis, o que permite melhor adaptação do sistema a qualquer tipo de negócio. Dessa forma, se mantém pleno controle sobre as Ordens de produção e compras, assim como sobre as necessidades geradas pelos processos de planejamento e/ ou carteira de pedidos. GESTÃO DE COMPRAS: concentra informações básicas e específicas sobre todos os fornecedores da empresa, inclusive com funcionalidade exclusiva de avaliação de fornecimento baseado em níveis de pontuação. Todas as compras do sistema estão concentradas nesta gestão, inclusive no mercado internacional, devido à existência das tabelas de moedas. A tabela de Material x Fornecedor permite que informações específicas de compra para determinado fornecedor sejam facilmente respeitadas. A variedade da consulta da carteira de pedidos em tela quase elimina a necessidade de relatórios impressos. Ainda assim, o sistema oferece muitas opções de relatórios gerenciais e operacionais. GESTÃO DE ENGENHARIA: nesta gestão estão armazenadas todas as informações sobre os diversos tipos de itens controlados pela empresa, desde sua forma básica até as modelagens específicas de relacionamento com outras gestões do sistema. As Estruturas de Produtos e informações sobre os centros produtivos e Roteiro de Fabricação estão detalhadas em módulos independentes, de forma sintética e analítica, possibilitando aos profissionais de engenharia melhor visualização, controle e manutenção das informações. GESTÃO FISCAL: É a gestão mais abrangente e complexa do sistema, também a mais integradora e parametrizável, o que permite que todas as situações de entrada e saída de notas fiscais sejam contempladas no sistema. Os módulos de Faturamento e Recebimento de notas são integrados com os demais módulos do sistema, o que significa que a nota é digitada uma única vez e integrada aos Livros Fiscais, que disponibiliza todos os livros de operações exigidos legalmente, com a contabilidade, financeiro e ativo. GESTÃO DE PESSOAL: a Gestão de Pessoal atende a todas as exigências legais atuais. Possibilita perfeita integração a todos os relógios de ponto do mercado, bem como seus softwares de tratamento. Seu processo de atualização constante, visando acompanhar às necessidades. Dentre todas as rotinas e processamentos normais, podemos destacar: tratamento de autônomos, UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 88 transferência de funcionários entre empresas do mesmo grupo e tratamento de dois ou mais vínculos para um mesmo funcionário. Emite inúmeros relatórios gerenciais, entre eles o relatório de Seguro Desemprego. GESTÃO ADMINISTRATIVA: esta gestão compreende a Contabilidade Geral, com funcionalidades facilitadoras para o controle gerencial da empresa, além de todos os relatórios exigidos por lei, apresentados de forma sintética e analítica. Integrada ao módulo de Planejamento e Controle Orçamentário (PCO), permite comparar o orçamento planejado no período com o efetivamente realizado, possibilitando ao gestor aplicar medidas corretivas a tempo. Nesta gestão também está todo o controle do Ativo Imobilizado da empresa, com controle de correção, depreciação e impostos. GESTÃO DE CUSTOS: esta gestão está dividida entre dois módulos que abrangem todas as informações sobre os custos da empresa. No primeiro, o Mark-up, é possível calcular o custo padrão de produtos acabados, semiacabados ou semielaborados, permitindo a visualização direta e acumulada de cada um e comparando-os ao custo corrente. São possíveis também diversos tipos de Mark-up para cálculo de preço de venda e funções exclusivas de simulação. No segundo, a Contabilidade de Custos, estão valorização dos estoques e dos processos, com relatórios legais e gerenciais que permitem fácil controle do profissional de custos em suas análises. Em ambos os módulos é possível a visualização em moeda corrente e em moeda alternativa. GESTÃO FINANCEIRA: nesta gestão está todo o controle financeiro da empresa, contemplado pelos módulos de Contas a Pagar e Contas a Receber, com uma variedade de relatórios que amplia a visão do gestor financeiro para a tomada de decisões. Além disso, disponibiliza ferramentas de interface eletrônica com bancos, através dos módulos de Cobrança Escritural e Pagamento Escritural. Esses módulos atendem a todas as situações em qualquer banco e, por serem parametrizáveis, permitem alterações rápidas pelo próprio usuário. Integrando os módulos financeiros a vendas e compras, a gestão disponibiliza o Planejamento e Controle Financeiro (PCF), que demonstra em tela o fluxo de caixa analítico e sintético, permitindo, além das integrações, lançamentos livres, como previsões. GESTÃO DE PROCESSOS: a gestão de processos é responsável pela programação das ordens de produção, analisando os recursos disponíveis de hora homem e hora máquina, atualizando as capacidades de cada centro produtivo controlado, permitindo diversas visualizações e possibilitando reprogramação que atenda a exigências específicas para Custos. Todo Apontamento de mão de obra é realizado nesta gestão, também visando abranger todas as necessidades. Entra nesse apontamento o planejamento mestre de necessidades e recursos de produção. TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 89 GESTÃO DE VENDAS: contém todos os dados de Clientes, inclusive análise de crédito com informações atualizadas a partir da Gestão Financeira, permitindo à área de vendas uma tomada de decisão rápida. O módulo de Pedidos de Vendas, por ser integrado com diversos outros módulos, traz muitas informações default, tornando ágil a digitação de pedidos. Para atingir uma agilidade ainda maior, pode estar integrado à captação de pedidos via web. Este módulo também disponibiliza listas de preços, margem de contribuição e metas de vendas, esta última parametrizada de acordo com as regras estabelecidas pela empresa. FONTE:<http://www.academia.edu/25853641/Sistema_Integrado_de_Gestao_Empresarial>. Acesso em: 20 abr. 2018. A figura a seguir exibe exemplos de soluções integradas, usadas a partir do ERP adotado por uma organização. FIGURA 4 – APLICAÇÃO DE TI PARA INTEGRAÇÃO DA GESTÃO EMPRESARIAL FONTE: <http://facilfacil.com/novosite/consultoria-e-treinamento/>. Acesso em: 29 jun. 2018. O Sistema Integrado de Gestão Empresarial (SIGE) é adquirido na forma de um pacote de software comercial com a finalidade de dar suporte à maioria das operações gerenciais e operacionais de uma empresa. São geralmente divididos em módulos que se comunicam e atualizam uma mesma base central de dados, de modo que informações alimentadas em um módulo são instantaneamente disponibilizadas para os demais módulos que delas dependam (FERRO; NETO; WAQUED, 2010, p. 4). UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 90 Colangelo Filho (2001), por sua vez, coloca que se deve ponderar a respeito de alguns fatores para uma implantação de sucesso de um ERP, ouseja, um SIGE: • Comprometimento da alta direção com a implantação, que deve ser totalmente transparente. • Intercomunicabilidade com o mundo exterior: a organização deve permitir que as pessoas envolvidas como colaboradoras do processo tenham acesso as suas políticas e métodos de trabalho. • Gerenciamento das expectativas, para administrar eventuais atrasos naturais no processo de implantação. Não definição de data limite para a finalização do projeto: normalmente, a implantação de um sistema é proporcional à capacidade de absorção de mudanças da organização, das pessoas e da tecnologia que está sendo utilizada. Não alteração do programa fonte: é recomendável documentar modificações para serem processadas pelo profissional responsável, preservando na medida do possível o programa como foi concebido. Importante destacar que tanto o SIGE quanto os ERPs são bastante utilizados por organizações de grande porte, não sendo predominante em organizações de médio e pequeno porte, em função do alto custo de implantação. Os sistemas ERP podem ser considerados uma plataforma que engloba todos os departamentos organizacionais, possibilitando a automação e o armazenamento de todas as informações de negócios. Esses sistemas são adquiridos na forma de pacotes de software comercial para suportar a maioria das operações organizacionais. São geralmente divididos em módulos que se comunicam e atualizam uma mesma base central de dados, de modo que informações alimentadas em um módulo são instantaneamente disponibilizadas para os demais módulos que delas dependam (COLANGELO FILHO, 2001). Para você entender melhor, imagine uma empresa que possui vários aplicativos (contábil, Recursos Humanos (RH), produção, financeiro, administrativo etc.). Ao invés de haver vários sistemas isolados para cada departamento, é mais fácil fazer com que os usuários tenham todas as informações disponíveis e integradas em um único ambiente (um único aplicativo, neste caso, o ERP). Com um único sistema integrando a todos os departamentos ou pelo menos integrando os setores mais importantes, a comunicação interna se torna mais fácil e as operações mais rápidas e seguras. Outro grande benefício para a organização que implanta um ERP é a redução do número de fornecedores de TI, ocasionando redução de custos, número de licenças, melhor suporte técnico, entre outros ganhos (ALBERTIN, 2006). TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 91 2.2 EFFICIENT CONSUMER RESPONSE (ECR) – RESPOSTA EFICIENTE AO CONSUMIDOR Podemos entender a ECR como uma estratégia cuja característica principal consiste no fato de que distribuidores e fornecedores trabalham em conjunto para proporcionar maior valor ao consumidor final. No conceito ECR, as informações geradas pelos hábitos de compras dos consumidores comandam a cadeia a fim de um resultado mais satisfatório para todos os componentes. A cadeia de distribuição moderna do segmento de produtos de consumo de massa é uma cadeia na movimentação do fluxo de mercadorias e eficiente na transmissão de informações entre os integrantes. O segmento de supermercados vem tradicionalmente operando com margens operacionais muito pequenas e tem estado sob intensa pressão de várias fontes. De um lado, consumidores esperam maior variedade, qualidade e atratividade em preços baixos. De outro lado, novos canais de distribuição de produtos alimentares e não alimentares, como lojas de conveniência, depósitos de descontos e outros tipos de varejos mistos têm aumentado as pressões competitivas, impactando dessa forma nas margens. Ao mesmo tempo, o custo de fazer negócios e gerir a empresa continua a crescer, apesar de várias iniciativas contrárias. Esta iniciativa que está transformando relações de negócio entre os integrantes dessa cadeia logística utiliza ferramentas e adota estratégias que permitem responder às necessidades crescentes e variadas dos consumidores, a saber: Existe uma forte inter-relação entre o ECR e o SCM (gestão da Cadeia de Suprimentos) A cadeia de distribuição do ECR tem a mesma base conceitual da cadeia de logística integrada, o Supply Chain. Envolve todos os integrantes por meio de processos interligados e compartilhados. O relacionamento da empresa com o cliente evoluiu de um modelo de parceria para um modelo simbiótico (associação de dois indivíduos de espécie diferente, com benefício mútuo). A gestão dessa cadeia, em sua totalidade, pode proporcionar uma série de maneiras pelas quais é possível aumentar a produtividade, em consequência contribuir significativamente para baixar custos. No primeiro plano estariam a redução de estoques, as compras mais vantajosas, a racionalização de transportes e a eliminação de desperdícios. O valor, por outro lado, pode ser criado mediante prazos confiáveis, atendimento nos casos de emergências, facilidade de colocação de pedidos, serviços pós- venda e desenvolvimento mais rápido de produtos. FONTE: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/304>. Acesso em: 29 jun. 2018. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 92 2.3 DATA MINING Data Mining é uma expressão inglesa que surgiu em 1990, em comunidades de bases de dados. Pode ser considerada uma funcionalidade que agrupa e organiza dados, buscando encontrar padrões, anomalias, associações e mudanças significativas (CAIÇARA JÚNIOR, 2009). NOTA O Data Mining consiste em um processo analítico projetado para explorar grandes quantidades de dados (tipicamente relacionados a negócios, mercado ou pesquisas científicas), na busca de padrões consistentes e/ou relacionamentos sistemáticos entre variáveis para, então, validá-los aplicando os padrões detectados a novos subconjuntos de dados. O processo consiste, basicamente, em três etapas: exploração, construção de modelo ou definição do padrão e validação/verificação. A premissa do Data Mining é uma argumentação ativa, isto é, ao invés do usuário definir o problema, selecionar os dados e as ferramentas para analisar tais dados, as ferramentas do Data Mining os pesquisam automaticamente a procura de anomalias e possíveis relacionamentos, identificando, assim, problemas que não tinham sido identificados pelo usuário. Em outras palavras, as ferramentas de Data Mining analisam os dados, descobrem problemas ou oportunidades escondidas nos relacionamentos dos dados, e então diagnosticam o comportamento dos negócios, requerendo a mínima intervenção do usuário. Assim, ele se dedicará somente a ir em busca do conhecimento e produzir mais vantagens competitivas. FONTE: <http://www.devmedia.com.br/conceitosetecnicassobredatamining/19342>. Acesso em: 29 jun. 2018. O Data Mining se divide em algumas etapas fundamentais: exploração; construção de modelo; definição de padrão e validação; e verificação. Essa prática pode ser considerada recente e utiliza técnicas de recuperação da informação, inteligência artificial, reconhecimento de padrões e estatística, procurando correlações entre diferentes dados. É mais comum ser usada em grandes bases de dados (COLANGELO FILHO, 2001). Data Mining e Business Intelligence (BI) são poderosas ferramentas de grande uso dos administradores e Gestores da Tecnologia da Informação. ATENCAO TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 93 2.4 BUSINESS INTELLIGENCE – INTELIGÊNCIA DE NEGÓCIOS (BI) Ao longo dos anos de 1990 foram desenvolvidas diversas linhas de softwares que viabilizavam processos interdepartamentais, ou seja, permitiam que a gestão das atividades organizacionais ocorresse de forma integrada e em todos os níveis decisórios; esses sistemas foram denominados de sistemas de gestão integrada. Em paralelo ao amadurecimento desses sistemas, ocorreu a evolução das redes computacionais, sobretudo a internet, que se tornou um ambiente propício apesquisas, a informações e a relações comerciais e potencializou a aproximação do cidadão aos serviços públicos. Os sistemas desenvolvidos para a internet, sob a ótica comercial, cobriam apenas a venda de artigos, e a gestão dos negócios era tratada por outros sistemas e processos. Posteriormente, os sistemas orientados a processo também encontraram espaço na internet, abrangendo toda a rotina de negócio, integrando relações com clientes, fornecedores, parceiros, governo e procedimentos internos. Essa integração sistemática em larga escala é denominada de e-business. Assim como o comércio eletrônico, o governo eletrônico vem trilhando esse mesmo caminho de integração de dados e de serviços em todas as esferas. Esse conjunto composto de sistemas integrados e de serviços eletrônicos tem gerado um volume de informações difícil de ser tratado, mas com grande potencial de gerar novas oportunidades de serviços, o Business Intelligence (BI) é uma tecnologia que possibilita minerar tais oportunidades. O termo BI consiste em um amplo processo de coleta, organização, armazenamento, análise, interpretação e compartilhamento para a tomada de decisões importantes e estratégicas para a organização. Em síntese, pode ser considerado uma combinação de teorias, metodologias, processos, estruturas e tecnologias que transformam uma grande quantidade de dados brutos em informação útil para as tomadas de decisões estratégicas (CAIÇARA JÚNIOR, 2009, p. 49). Basicamente, funciona com dados internos e externos à organização. São coletadas as informações internas oriundas do ERP. Em seguida, outras informações importantes são agregadas para a análise dos dados: as necessidades do consumidor, o processo de decisão do cliente, as pressões competitivas, as condições industriais relevantes, os aspectos econômicos e tecnológicos e as tendências culturais. Cada sistema de BI determina uma meta específica, com base no objetivo organizacional e na visão da empresa, existindo em ambos objetivos, sejam eles de longo ou curto prazo, as disputas nos negócios, a coleta de informação (COLANGELO FILHO, 2001). Aplicativos de BI geralmente têm tamanho reduzido (número reduzido de funcionalidade). No entanto, possuem considerável inteligência, sendo aplicada às funções que compõem o módulo. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 94 2.5 FERRAMENTAS DE BI – DATA MART E DATA WAREHOUSE/ OLAP Como vimos, BI é uma inteligência de negócio. Para a construção de funcionalidades com alta capacidade de análise, faz-se necessário o uso de ferramentas específicas, como Datawarehouse (ou Data Warehouse), Data Mart e Olap. Data Warehouse (DW) é um repositório de dados em formato digital cuja função é armazenar detalhadamente as informações organizacionais, através de históricos que posteriormente são usados para a tomada de decisões. O data warehouse é um banco de dados de negócio. Ou seja, é direcionado para um assunto ou segmento específico. É capaz de manter histórico das informações, criando e comparando padrões, analisando as exceções, sem afetar as operações e transações de rotina. No final da análise e validação das informações, apresenta um cenário final para a situação, sempre organizando o resultado para que seja facilitada a análise dos gestores” (CAIÇARA JÚNIOR, 2009, p. 56). Vantagens do data warehouse Algumas das principais vantagens do data warehouse são: • Inconsistências analisadas e tratadas antes da emissão dos relatórios para análise dos dados. • Relatórios de tendências e inconformidades contribuem para a tomada de decisão. Desvantagens do data warehouse Algumas das principais desvantagens do data warehouse são: • Só tratam dados estruturados. • Podem ter custos elevados e podem ficar ultrapassados com alguma rapidez. Normalmente, as várias vertentes de business intelligence utilizam informação recolhida em um data warehouse. Apesar disso, nem todos os data warehouses são usados no contexto do business intelligence porque nem todos as aplicações de business intelligence exigem um data warehouse. FONTE: <https://www.significados.com.br/data-warehouse/>. Acesso em: 29 jun. 2018. ATENCAO TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 95 2.6 DATA MART Pode ser entendido como um subconjunto de dados de um Data Warehouse. São dados de um assunto ou setor específico, como finanças ou estoque, ou vendas anuais, semestrais, semanais, por exemplo. O funcionamento é simples: os dados obtidos do DW são desnormalizados e indexados para garantir performance adequada em pesquisas intensas (CAIÇARA JÚNIOR, 2009). Em sua aplicação prática: os data marts extraem pedaços de informações do data warehouse e ajustam as informações para setores organizacionais específicos. O data mart é construído depois do data warehouse. No entanto, não se deve afirmar que o Data warehouse é constituído por um conjunto de Data marts. Isso se justifica pelo fato de que o data warehouse atende à organização como um todo e o Data mart um setor específico. 2.7 OLAP O On-line Analytical Processing (OLAP) significa Processo Analítico em Tempo Real, é uma ferramenta de extração de dados do data warehouse, facilitando a alteração e análise de grandes quantidades de dados em várias perspectivas diferentes. A aplicação dessa ferramenta pode ser usada pelos gestores de qualquer área e nível, disponibilizando informações e ajudando na decisão final. O uso da OLAP pode ser aplicado em funções muito distintas, algumas das mais utilizadas variam entre as funções financeiras, como nas análises, fluxos de caixa, contas, orçamentos etc., perpassando pelo marketing, como análise de preço, volume de mercado e concluindo nas vendas, como previsões, lucro, clientes (CAIÇARA JÚNIOR, 2009). Para que você entenda a integração dos conceitos: • Data Warehousing: integra um volume grande de dados de fontes distintas e os coloca em um repositório. Em seguida, aplica-se um Data Mining sobre o repositório destes dados no intuito de procurar padrões ou discrepâncias. As análises feitas por essa tecnologia irão gerar relatórios minuciosos que facilitarão o entendimento do cenário dos negócios. 3 EMPRESAS DIGITAIS É notável que os dispositivos móveis se fazem mais presente em nosso dia a dia, responsáveis por determinar novos padrões comportamentais. Com base nesse princípio, as organizações mais inovadoras, há tempos, mobilizaram- se para se adequarem à realidade, desenvolvendo ou adquirindo soluções que causam ruptura no ambiente dos negócios, além de um conjunto de vantagens e facilidades para os usuários finais. O resultado disso é que os dispositivos móveis, com as redes sociais, têm um grande impacto nas relações comerciais. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 96 O fato de uma organização se tornar digital significa que suas operações serão mais simples, ágeis e com alto nível de conexão. Isso tudo, quando analisado em conjunto, acarreta em um aumento da produtividade, redução dos custos e, principalmente, evolução e melhorias na experiência do consumidor ao estreitar a relação com a organização. Uma grande vantagem de uma empresa digital é a percepção rápida dos resultados, embora o impacto seja diferente em cada ramo de negócio, em função de características particulares de cada segmento, bem como do nível de tecnologia adotada. Como entender de fato o que é a migração para o conceito de organização digital? Imagine uma organização de venda por varejo, que vende produtos em pequenas quantidades diretamente ao consumidor final e que adotou uma solução de automação de processos e a disponibilizou por meio de tablets para todas as suas lojas. Com a aquisição desta tecnologia seria possível padronizar os processos e centralizá-los na matriz, evitando retrabalho e desperdício de tempo. De que forma isso aconteceria? Na contribuição dos dispositivos móveise suas aplicações no intuito de simplificar a comunicação entre gerentes e vendedores, e entre a matriz e as demais filiais. FONTE:<https://www.checklistfacil.com/blog/conheca-5-beneficios-napadronizacao-de- processos-da-sua-empresa/>. Acesso em: 29 jun. 2018. ATENCAO 3.1 FERRAMENTAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA EMPRESAS DIGITAIS Os dispositivos móveis como tablets e smartphones estão estabelecendo novos comportamentos na sociedade. Empresas inovadoras já trabalham para se adequar a essa realidade e adotar soluções que trazem para o dia a dia dos colaboradores ferramentas usadas por eles na esfera pessoal. Essas tecnologias têm causado uma ruptura também nos modelos de negócios. Será possível avaliar em tempo real todos os aspectos da operação, desde a cadeia de suprimentos até a gestão de riscos de marketing e de desenvolvimento de produtos, e identificar, com antecedência, riscos e oportunidades de mercado. Essa velocidade é fundamental para o cenário extremamente competitivo em que estão inseridas. Além disso, se tornar digital contribuirá para que as companhias operem de forma mais simples, mais ágil e mais conectada, levando ao aumento de produtividade, redução de custos e melhorias na experiência do consumidor, ao possibilitar uma relação mais próxima entre empresa e cliente. TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 97 A área de Tecnologia da Informação (TI), há tempos, já passou da categoria de suporte para um papel de maior destaque na estratégia de uma empresa. A TI, hoje, não só sustenta as estratégias do negócio como também permite criar novas estratégias de atuação empresarial. Há uma tendência cada vez mais forte de aplicar os processos de TI para viabilizar mecanismos que melhorem os modelos de negócio das companhias e abram mais canais de venda para a economia globalizada, por meio do e-commerce. Assim como a TI como um todo, o e-commerce já passou da fase de mero suporte na operação empresarial e hoje tem um papel transformador nos negócios. Esse papel fica ainda mais forte em um momento de reestruturação econômica – o setor de tecnologia faz toda a diferença na hora de economizar e racionalizar custos em uma companhia. No caso do e-commerce, especificamente, possível economizar no “front” de vendas, pois a interface eletrônica permite vender sem ter de arcar com custos do ponto de venda físico, por exemplo. Além disso, os sistemas de e-commerce, gerenciados pela TI, permitem conhecer melhor o consumidor, aproveitar as oportunidades sazonais e empregar campanhas de marketing mais certeiras do que as tradicionais, voltadas a pontos de venda físicos. FONTE: <http://mercadoemfoco.unisul.br/o-papel-da-gestao-de-ti-no-e-commerce>. Acesso em: 29 jun. 2018. Os impactos da evolução das aplicações da TI sobre as características de mercado são identificados, principalmente, pela disponibilização de informações sem tempo real, que fundamentaram o surgimento do e-marketplace, o qual pode ser entendido como portais e mercados digitais que aproximam compradores e vendedores em ambiente neutro. A mudança de um mercado tradicional para o mercado digital ocorre pela intensa utilização da TI, conforme apontado por Albertin (2006), que também admite cinco alicerces para justificar a existência ou a migração para o e-marketplace: • Existência de estrutura eminentemente colaborativa para uso dos parceiros. • Assentamento sobre princípios éticos de respeito mútuo. • Planejamento com permanente monitoramento. • Desenvolvimento do mercado eletrônico visando o longo prazo. • Total integração de dados via TI, para evitar a desintegração do sistema. UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 98 FIGURA 5 – ESTRUTURA DE UM E-MARKETPLACE Múltiplos Fornecedores Múltiplos Compradores • Utilização intensa de TI • Onipresença e interação • Estrutura colaborativa • Princípios éticos • Integração total de dados E-marketplace FONTE: Adaptado de Laudon e Laudon (2007) Tenha em mente que o e-marketplace revoga as restrições de tempo e espaço, pois não há mais necessidade do encontro físico entre compradores e vendedores. O espaço é neutro, sendo mediado pela tecnologia da informação, que dispõe de aplicações específicas para todo tipo de negócio (TEIXEIRA, 2015). IMPORTANTE O e-marketplace nada mais é do que uma loja virtual em que se vendem bens e serviços. O modelo de negócios é conhecido por conectar diretamente cliente e fornecedor sem participação de intermediários. Consequentemente, ambos têm possibilidade de conseguir valores mais acessíveis e também uma maior margem de lucro. A monetização acontece a partir de um percentual na transação realizada. Em geral, reúne diferentes tipos de produtos e serviços a fim de atingir o maior número de clientes possíveis. Há também marketplaces especializados em um segmento, como de roupa ou viagens, como o marketplace Amazon, Ebay, o Extra.com.br, Livraria Saraiva On-line e o Mercado Livre. FONTE:<http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conhecaasvantagensdoema rketplaceparaospequenosnegocios,3f6402b5b0d36410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 2 jul. 2018. TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 99 3.1.1 E-Business Segundo Laudon e Laudon (2007) são características de organizações que se posicionam comercialmente na World Wide Web (WEB): • presença on-line: site de informações genéricas; • negócios on-line: o website para substituir telefone e fax; • negócios on-line integrados: a integração de sistemas permite a troca eletrônica de dados; • negócios on-line avançados: evolução dos sistemas de marketing e reposição de produtos; • e-business total: liga os três pontos-chave, consumidor-empresa-fornecedor, em todas as atividades, sendo um exemplo de organização 100% virtual. Albertin (2006) elenca características importantes do e-commerce: • Ubiquidade: disponível em todos os lugares 24 horas por dia. • Alcance global: alcance mundial on-line. • Interatividade: comunicação entre compradores e vendedores, como se estivessem em ambiente físico, só que com alcance global. • Densidade da informação: redução dos custos de captação, armazenamento, processamento e transmissão das informações, com aumento de pontualidade, exatidão e universo de acesso. • Personalização/customização: marketing personalizado através de campanhas destinadas a um público específico, ou criação de produtos ou serviços baseados nas preferências dos usuários. FIGURA 6 – ESQUEMA DE NEGÓCIOS ELETRÔNICOS Gestão de Negócios com TI Resposta Eficiente ao Consumidor Supply Chain Management Customer Relationship Management Parceiros ClientesEmpresaFornecedores Comunidades Virtuais CRMSCM BIBI CECE FONTE: Adaptado de Albertin (2006) UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 100 Vem de Laudon e Laudon (2007) o recente conceito de mercadorias digitais. Essas mercadorias são fornecidas por meio de uma rede digital, trazendo a internet como foco de inovação. Para Laudon e Laudon (2007), entre os benefícios trazidos pelo comércio eletrônico, é possível citar: • Redução do volume de papel usado. • Redução do tempo nas operações. • Diminuição do custo com contratação de pessoas. • Generalização do uso da internet. • Excluiu restrições que envolviam tempo e espaço. • Nivelou pequenas e grandes organizações por mediação da internet. • Favoreceu a terceirização. • Instaurou novas modalidades de negócio como provedores de acesso e portais de leilões. No ambiente rápido proporcionado pela internet, é imprescindível que as organizações votadas ao comércio eletrônico tenham em mente que este é um ambiente pautado pela prática self-service, uma vez que fatalmente as pessoas irão rejeitar sites com pouca ergonomia e desatualizados. É de relevante importância compreender que uma premissado e-commerce é a venda com conteúdo, já que o comércio tradicional vende com pessoas (McGovern (2009). Portanto, “o website de e-commerce deve disponibilizar informações básicas como: preço, desconto, tempo de entrega, prazo de devolução e assim por diante” (MCGOVERN, 2009, p. 50). McGovern (2009) também atesta que o e-commerce se torna mais eficaz quando: • O produto pertence a uma marca conhecida. • O produto não precisa de muito suporte no ato da venda (roupa, por exemplo). • O cliente não precisa pegar o produto. • O produto pode ser entregue eletronicamente (software, música). • O produto pode ser bem descrito por conteúdo em texto e por imagens simples. • O produto tem baixo custo de entrega. Conforme proposto por Klee (2014), as categorias de comércio eletrônico podem ser classificadas da seguinte forma: • B2B – Business-to-Business: todas as transações de compra e venda efetuadas entre empresas. Ex.: fabricante de sabão em pó e supermercados. • B2C – Business-to-Consumer: todas as transações de compra e venda entre empresas e consumidores finais. Ex.: compra de um livro em uma livraria. • C2C – Consumer-to-Consumer: todas as transações de compra e venda realizadas entre pessoas físicas. Os sites são mediadores. Ex.: Anuncie Aqui. TÓPICO 2 | A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO INTEGRADA DOS NEGÓCIOS EM EMPRESAS PÚBLICAS 101 • B2E – Business-to-Employee: todas as transações de compra e venda realizados entre colaboradores de uma mesma organização. Ex.: de mediação: intranet ou portais corporativos. • C2B – Consumer-to-Business: todas as transações de compra e venda em que o consumidor manifesta necessidade de demanda específica e as empresas competem entre si para atendê-la. Ex.: licitações. • B2M – Business-to-managment ou e-government: todas as transações entre empresas e governo. Ex.: licitações. • C2M – Consumer-to-Managment: engloba as transações eletrônicas entre pessoas físicas e jurídicas com departamentos do governo. 3.1.2 E-procurement (compra e venda de produtos pela internet) E-procurement é um termo utilizado para conceituar a compra e venda de produtos pela internet. É geralmente associado ao termo que remete ao processo de compras entre empresas (B2B). Também se refere a ambientes virtuais que realizam a cotação e o fechamento de algumas operações de negócios. Quando implantado, o conceito permite que os usuários que estão registrados na ferramenta encontrem mais facilmente compradores e fornecedores de diversos produtos e serviços. Para Aranha (2010, p. 43), “após entender o funcionamento do e-commerce que se compreende a pertinência de atividades de e-procurement via internet", exatamente porque ela permite que as empresas construam redes de relacionamento mais amplas e menos custosas, já que este tipo de negócio eletrônico, visando selecionar fornecedores, objetiva, para além, negociar pagamento e condições de entrega. Essas redes de relacionamento já têm avançado além do e-procurement e chegando ao conceito de bolsa privada, que configura-se na verdade em uma rede setorial privada, ou seja, a rede (extranet) é propriedade de um grande comprador e permite a interação com parceiros certificados de negócios colaborem e compartilhem não só o gerenciamento da cadeia de suprimentos, como também influenciem nos projetos de design de produtos, na engenharia de produção, nas políticas de marketing e nas plantas de logística e administração de estoques. Para Gomes e Ribeiro (2004), o e-procurement é descrito como um marketplace restrito a algumas empresas, somente. Marketplace é um conceito que ajuda a vender pela internet. É diferente de e-commerce. O e-commerce é uma loja virtual onde a empresa vende seus produtos. Já no marketplace, existe uma plataforma mediada por uma empresa em que várias organizações podem vender seus produtos. Nesse sentido, Gomes e Ribeiro (2004) descrevem as seguintes vantagens do e-procurement: UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 102 • Redução de arquivos impressos e de erros de inputs pela automação do processo. • Aumento do alcance de negociação e da agilidade processual. • Economia de tempo. • Melhoria no relacionamento comercial, sendo estabelecido um novo canal entre compradores e fornecedores. Nesse sentido, McGovern (2009) traz as principais motivações pelas quais as empresas migram para o e-procurement, que são: • os baixos custos operacionais típicos dos mercados eletrônicos potencializam os ganhos auferidos nas operações; • o compartilhamento da base de informações entre fornecedores qualifica o processo; • o e-procurement é um aplicativo de resposta adequada ao acirramento da competitividade no mundo dos negócios; • a melhoria dos níveis contratuais de pagamento pactuados entre compradores e fornecedores. Enquanto Teixeira (2015) alerta para fatores que inibem a adoção desse aplicativo, dos quais o poder em excesso por parte de compradores e/ou de vendedores, a incompatibilidade das plataformas de internet, os aspectos de cultura organizacional e o conflito entre concepção de compras físicas versus compras virtuais parecem ser os mais evidentes. Albertin (2010 apud ARANHA, 2010, p. 45) “acrescenta que o SCM é o aplicativo que permite o uso efetivo do e-procurement, permitindo a integração desde a identificação, solicitação e cotação de compras até a sua efetiva contratação”. IMPORTANTE E-Marketplace: negociações em tempo real agrupando em um mesmo ambiente virtual clientes e fornecedores. E-Procurement: websites que permitem a cotação on-line por vários fornecedores. 103 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Em relação à ligação da TI com a Administração, é sempre válido lembrar que a adesão a uma nova tecnologia, ou a substituição de tecnologia, necessita do engajamento de todas as equipes, visando, assim, à redução da resistência em relação aos novos processos de trabalho impostos por fluxos diferentes no trato da informação. • O comportamento humano é complexo e por este motivo se torna mais complicado de controlar, mudar ou gerenciar. • A segurança da informação depende diretamente do tipo de acesso que se faz para acessá-la, e por este motivo envolve quase que exclusivamente os usuários. • A Monarquia do negócio é uma abordagem mais centralizada, em que os executivos seniores tomam as decisões de TI. • Na Monarquia de TI, as decisões são tomadas pelos executivos de TI, que são executivos que decidem (gerentes e diretores). • No Federalismo, todos os executivos (de todos os setores organizacionais) prestam auxílio ao setor de TI. • Na Dualidade, as decisões são compartilhadas entre TI e as áreas de negócios. • No Feudalismo, as decisões dependem da necessidade de cada setor. • Na Anarquia, cada unidade ou setor define suas prioridades. • O Sistema Integrado de Gestão Empresarial (SIGE) é adquirido na forma de um pacote de software comercial com a finalidade de dar suporte à maioria das operações gerenciais e operacionais de uma empresa. • A internet permitiu o aparecimento de um novo meio de comercialização, chamado e-commerce. Existem vários formatos e opiniões para a concretização ou a execução dele, que é um tipo de transação comercial feita por meio de dispositivos e plataformas eletrônicas, proporcionando inúmeras vantagens tanto para as empresas quanto para os usuários dessa tecnologia. 104 AUTOATIVIDADE 1 A internet permitiu o aparecimento de um novo meio de comercialização, chamado e-commerce. Existem vários formatos e opiniões para a concretização ou a execução dele, que é um tipo de transação comercial feita por meio de dispositivos e plataformas eletrônicas, proporcionando inúmeras vantagens tanto para as empresas quanto para os usuários dessa tecnologia. Atualmente, muitas empresas participam de categorias de aplicações de e-commerce. A respeito disso, analise as sentenças a seguir: I- Business to Consumer (B2C): comercializaçãode produtos e serviços entre organizações internacionais. II- Business to Business (B2B): comercialização de produtos e serviços entre organizações, com definição de segmentos do mercado. III- Business to Consumer (B2C): comercialização direcionada ou cruzada, serve para a formação de grupos com interesses comuns; é formada por grandes organizações, fornece serviços rápidos e personalizados para o consumidor final. IV- Business to Business (B2B): comercialização direcionada ao consumidor final, acontece entre organizações. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. c) ( ) Somente a sentença IV está correta. d) ( ) Somente a sentença II está correta. 2 O negócio de plataformas de e-commerce B2B vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil, na medida que as empresas apreendem os benefícios desse tipo de ferramenta para seus negócios. Com a utilização da ferramenta Business to Business (B2B), o comércio eletrônico da organização torna-se mais eficiente e atrativo e, assim, maximiza a comercialização dos seus serviços. Nessa modalidade de comércio eletrônico é normal a empresa atuar com diversas políticas de negócios, de acordo com o perfil de cada cliente. Sobre os benefícios da utilização do B2B, analise as sentenças a seguir: I- Maior eficiência e rapidez no processo de compra. II- Acesso rápido e uma grande variedade de produtos e serviços. III- Acesso pessoal às informações de banco dos clientes. IV- Facilidade de negociação com fornecedores. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. c) ( ) Somente a sentença IV está correta. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 105 3 (ENADE, 2005) O planejamento estratégico de sistemas de informação pode ser entendido como o processo de identificação de um portfólio computadorizado de aplicações que dá suporte ao plano de negócios das organizações e auxilia na concretização dos objetivos organizacionais. Os principais objetivos do processo de planejamento estratégico de sistemas de informação não incluem: a) ( ) O alinhamento das estratégias da área de SI com as estratégias do negócio. b) ( ) A melhoria do desempenho da área de SI, seja pela alocação mais eficaz de recursos, seja pelo aumento de produtividade dos profissionais. c) ( ) A antecipação de tendências, envolvendo inovação tecnológica contínua. d) ( ) A identificação, a avaliação e a validação dos controles relacionados aos sistemas de informação existentes, do ponto de vista de sua eficiência e eficácia. 106 107 TÓPICO 3 GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Vários são os modelos existentes, atualmente, para facilitar a gestão de pessoas em uma organização. Esses modelos existem para moldar o comportamento e as práticas das pessoas aos interesses e objetivos da organização (CHIAVENATO, 2014). Os modelos de gestão de pessoas evoluíram e as organizações acompanharam a evolução. Pode-se dizer que para cada década (praticamente) existiu um modelo de prática para a gestão de pessoas, adequado ao momento histórico da época (SANTOS; FRANÇA, 2007). Há muita pesquisa acadêmica em desenvolvimento, bem como esforço na melhoria dos modelos de gestão de pessoas existentes. No entanto, a realidade, na prática, ainda é bem diferente da teoria. A falta de alinhamento dos modelos com as práticas organizacionais influencia negativamente a gestão das organizações, que depende das pessoas para mantê- la competitiva e em atividade. Aplicar e melhorar continuamente os modelos e práticas em gestão de pessoas é um grande desafio para as organizações, pois os modelos são influenciados por diversos fatores internos e externos à organização. Podemos citar, para exemplificar, o mercado, a concorrência, a sociedade, a legislação, o ambiente, a cultura social, os fornecedores e os clientes (CHIAVENATO, 2014). A bagagem cultural de cada pessoa também é um fator importante que afeta diretamente as práticas de gestão. Todavia, existe um fator mediador e facilitador, a tecnologia da informação (TI), que se coloca como parceira estratégica em busca de um bom ambiente de trabalho que encoraje a produtividade e a inovação pessoal e organizacional (BARBIERI, 2014). 108 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES IMPORTANTE Tendo como base softwares inovadores e inteligentes, a TI é um fator que pode potencializar e facilitar a adoção e implantação de novos e eficientes modelos de gestão de pessoas em qualquer tipo de organização. 2 O PAPEL DO NOVO RH Segundo Chiavenato (2014), a área de gestão de pessoas pode mudar seu foco e contribuir efetivamente para os resultados institucionais ao exercer as seguintes capacidades: • Clareza estratégica: ser parceiro estratégico, contribuindo para a compreensão e disseminação da estratégia organizacional. • Agente da mudança: fazer com que as mudanças ocorram, contribuindo efetivamente para o processo de mudança. • Desenvolver capital intelectual: ser defensor dos empregados, colaborando para o aumento das suas competências e do seu comprometimento. • Exemplo de excelência operacional: ser consultor especializado na sua área de competência e atuar de forma coerente com os processos que implanta. IMPORTANTE Na medida que a sociedade cresce e se desenvolve, tanto em sentido econômico como profissional, o papel do gestor de pessoas passa por mudanças. A nova geração desta área profissional está desenvolvendo uma nova concepção, que tem por objetivo a excelência organizacional por meio da reestruturação de procedimentos, reciclagem de ideias, aperfeiçoamento, ampliação e valorização de sua atuação. A antiga visão de funcionário como custo ou mão de obra barata precisa ser substituída pelo pensamento de que a empresa depende dos empregados e os empregados dependem da empresa, formando uma relação de reciprocidade, de parceria e confiança mútua. Pessoas devem ser tratadas como pessoas. Devem agregar valor, devem ser consideradas como o maior capital da organização, o capital humano. FONTE:<http://www.rhportal.com.br/artigosrh/qualopapeldonovoprofissionalderecursoshu manos/>. Acesso em: 2 jul. 2018. TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 109 O RH deixou de ser um setor operacional que cuidava, em princípio, de folhas de pagamento, férias, contratações e afastamentos, para se tornar um setor de considerável importância e influência nas estratégias organizacionais. Isso se justifica pelo fato de que as maiores falhas e implementação das estratégias são atreladas a fatores humanos: barreiras de visão, motivacionais e culturais. Como a função de RH é responsável pelo alinhamento das expectativas das pessoas aos objetivos organizacionais, cabe ao novo RH conhecer o processo de elaboração da estratégia empresarial, e se tornar parceiro dos gerentes de linha na sua disseminação entre os funcionários da organização (CHIAVENATO, 2014). As pessoas, geralmente, são resistentes às principais mudanças organizacionais: troca de gestor, troca de tecnologia, troca de setor, entre outros acontecimentos. Quando se fala que uma organização deve se adaptar rapidamente às mudanças impostas pelo meio, devemos ter em mente que o que ocorre na realidade é a adaptação das pessoas. Em síntese, o papel do RH, nesse sentido, visa conseguir integrar e adaptar rapidamente pessoas, processos e tecnologia. Nesse contexto, de acordo com Chiavenato (2014), o RH desempenha um papel de agente de mudança e deverá se pautar em quatro alicerces principais: • Conhecer teorias sobre processos de mudança a fim de elaborar um projeto de mudança a cada nova estratégia que precisa ser implantada e disseminada no âmbito organizacional. • Alinhar pessoas certas no momento certo a fim de garantira execução da mudança. • Ajustar processos de RH para se alinharem à nova estratégia, a fim de aumentar a sinergia da organização em torno da nova estratégia a ser seguida. • Trabalhar a mudança também na área de gestão de pessoas, para que sirva como exemplo para os demais funcionários, e a mudança se consolide rapidamente. NOTA Mudar sempre é complicado, pois pode gerar resistência. Gerir a mudança significa compreender o ambiente, planejar e acompanhar a comunicação. O RH se envolve diretamente nesse processo, apoiando a implantação do que deve mudar, alinhando pessoas e ajustando processos. Facilitar a mudança significa se antecipar, analisando informações que facilitam a projeção de cenários futuros. Como facilitadores, as soluções de TI e inteligência competitiva são grandes aliados para tornar o processo menos traumático. Essas ferramentas permitem a análise de mercado, análise de indicadores internos, bem como a identificação de oportunidades de negócio. Por sua vez, quando se chega na fase de planejar a mudança, podem ser usadas 110 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES soluções de planejamento de conteúdo e colaboração, as quais envolvem e comprometem as pessoas (CHIAVENATO, 2014). Para facilitar os processos de mudança, é imprescindível que se usem canais de comunicação adequados. Novamente, destacam-se soluções de gestão de conteúdo, principalmente intranets e portais, que auxiliam tanto na fase de comunicação das razões da mudança e seu planejamento, como nas fases seguintes de execução e apresentação dos resultados. Como tecnologia de destaque, podemos pensar no BSC que se apresenta como importante instrumento de comunicação das novas estratégias que direcionam a mudança (BARBIERI, 2014). IMPORTANTE A mudança precisa do envolvimento das pessoas. Envolver significa comunicar e partilhar. São úteis, aqui, as ferramentas de colaboração, como correio eletrônico, fóruns de discussão, videoconferência e comunidades de prática para divulgar as informações. Processos precisam ser redefinidos para que as mudanças sejam efetivadas e validadas. As soluções de BPM auxiliam a redesenhar significativamente as mudanças nos processos de trabalho. O ideal que ela seja usada com ferramentas de workflow, os quais têm o objetivo de estabelecer o fluxo de trabalho. Um fluxo de trabalho para expor a necessidade de se redefinir determinados processos (MATTOS, 2006). É importante utilizar as bases de conhecimento e sistemas de informação para auxílio no processo de identificação de necessidades de desenvolvimento de competências, de acordo com o requerido pela mudança. Clientes e fornecedores também podem fazer parte dos processos de mudança organizacional. Novamente as soluções de CRM servem de apoio no processo de comunicação que envolvem fatores externos da organização (FERNANDES, 2013). Ainda, de acordo com Fernandes (2013), a tecnologia facilita, mas tem um custo. Adquirir e usar as soluções nem sempre é fácil, pois requer tempo e investimento financeiro, mas é fator primordial para implantar a mudança e validar as ações organizacionais e do RH. 3 RH COMO DESENVOLVEDOR DO CAPITAL INTELECTUAL Um modelo de desenvolvimento pessoal focado em resultados individuais e coletivos seria a prática da gestão por competências, visando cuidar dos aspectos do capital intelectual que são a competência e o comprometimento de cada colaborador. A gestão por competência define os conhecimentos essenciais para a organização, além de mapear as competências individuais para traçar planos de desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional (FERNANDES, 2013). Uma organização só atinge a excelência naquilo que se propõe a fazer quando seus colaboradores estão motivados e devidamente capacitados para desenvolver suas atividades. O desenvolvimento das competências individuais é papel fundamental do RH, que deverá planejar o desenvolvimento individual, mantendo o entusiasmo e o estímulo para o trabalho (CHIAVENATO, 2014). TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 111 O diferencial entre as empresas não são mais as máquinas utilizadas no processo produtivo, mas sim o somatório do conhecimento coletivo gerado e adquirido, as habilidades criativas e inventivas, os valores, as atitudes e a motivação das pessoas que as integram e o grau de satisfação dos clientes. São os chamados ativos intangíveis, os conhecimentos tácitos ou explícitos que geram valor econômico para a empresa e cuja origem está diretamente relacionada aos agentes criativos da empresa. O principal foco gerador de riqueza não é mais o trabalho manual, e sim o intelectual. Empresas pobres de bens, mas ricas de cérebros passam a ser as mais valorizadas, como as consultorias, as agências de publicidade e criação, as empresas de auditoria, as empresas criadoras de softwares e de novas soluções informatizadas, bem como as empresas “ponto com”. Na sociedade pós-industrial, o último estágio é a sociedade do conhecimento, na qual a criação, distribuição e manipulação da informação constituem a principal fonte de geração de riquezas. Se a nova riqueza é o conhecimento, capital e trabalho passam a ser menos antagônicos. Capital significa cada vez mais capital intelectual, capital de relacionamento, capital de marca e identidade. E trabalho é cada vez mais a capacidade de gerar e gerir ideias, de conectar-se, comunicar-se e relacionar-se com pessoas, sejam elas clientes, parceiros, outros profissionais ou o círculo familiar e de amigos, uma vez que a qualidade de vida influencia o resultado final do trabalho. Por mais de um século, o homem mais rico do mundo foi associado ao petróleo. Hoje, está associado ao conhecimento. O grande desafio do novo RH é desenvolver os colaboradores para que tenham velocidade e acurácia de resposta aos estímulos e desafios impostos, busquem a diferenciação e sejam capazes de criar, implementar e disseminar o conhecimento de valor. E neste sentido, é fundamental aperfeiçoar permanentemente as características operacionais capazes de prover a arquitetura do modelo de crescimento orgânico desejado pela empresa e demandado por sua estratégia. Ao longo do tempo, a empresa começará a colher os benefícios da autorreferência e da experimentação (erros e acertos), a capacidade sistêmica de aprender com suas experiências e introduzir o aprendizado nos processos decisórios e operacionais da empresa. Isso é um fator de crescente importância para o desenvolvimento dos mecanismos de decisão. FONTE: <https://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/capital- intelectual/43567/>. Acesso em: 2 jul. 2018. 112 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 3.1 EXEMPLO DE EXCELÊNCIA OPERACIONAL O RH, além de ser um importante alicerce das estratégias organizacionais, de ser um facilitador na implementação e adaptação das mudanças e de ser o setor responsável pelo amadurecimento e pela evolução do conhecimento organizacional, precisa ser eficiente em seus processos, demonstrando ser um exemplo para os demais setores (CHIAVENATO, 2014). Isso é de grande valia para que o setor tenha reconhecimento e credibilidade quando for necessário disseminar estratégias e implantar mudanças que, por vezes, precisam ser rápidas e eficazes. 4 CONTRIBUIÇÃO DA TI PARA OS NOVOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS Muito tem se falado sobre o papel estratégico da área de gestão de pessoas e da importância da tecnologia na transformação de conceitos em ações eficazes. Sabemos que uma das mais desafiadoras missões dos profissionais de recursos humanos é praticar uma gestão moderna e atualizada, focada na integração de pessoas com a estratégia do negócio, partilhando conhecimento e obtendo resultados. Para que isso aconteça, é necessário buscar uma parceria com a área de Tecnologia da Informação (TI) e alinhar-se com as metas e objetivos da empresa. Vale citar que não estamos falandounicamente de tecnologia, mas sim de conciliar tecnologia e estratégia, de modo a ligar pessoas com pessoas e também pessoas com o negócio. A mudança tecnológica é um fator-chave para a transformação, uma vez que fornece a estrutura aos modelos de gestão de pessoas. O mercado passou a nos oferecer ferramentas que, até recentemente, pouco atuavam no mercado de RH. Tais tecnologias têm se apresentado como importantes parceiras ao suportar as mais variadas e complexas demandas do RH. As ferramentas web, portais, ferramentas de Business Intelligence (BI) e Business Process Management (BPM) integrados a módulos de folha de pagamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, benefícios, entre outros módulos de Enterprise Resource Planning (ERPs) de RH figuram como as mais flexíveis e produtivas opções. Elas possibilitam acesso direto de um colaborador a outro colaborador à gestão de recursos humanos, às informações a respeito do negócio e, principalmente, a trabalhar essas informações e processos com alta produtividade e assertividade, gerando produtividade e conhecimento. TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 113 As organizações mais inovadoras têm processos integrados e independentes, e isso impacta diretamente nos processos de gestão de pessoas que podem ser mais ou menos afetados ao levar em consideração o nível de integração adotado pela organização e os fatores internos e externos. Fischer (2002) cita como fatores externos o próprio ambiente de negócios, as relações sociais, os fornecedores, a concorrência, o governo e as leis vigentes. Enquanto que para Chiavenato (2014), os fatores internos são a estrutura organizacional, tecnologias adotadas e a própria organização dos trabalhos e dos processos. Tenha em mente que a escolha por um ou outro modelo de gestão de pessoas é influenciado diretamente por um desses fatores (CHIAVENATO, 2014). 4.1 TI PARA AS DIMENSÕES DA GESTÃO DE PESSOAS E O NOVO PAPEL DO RH São várias as tecnologias que impactam os novos modelos de gestão de pessoas. Os autores Alho e Carvalho (2007) identificaram em pesquisas as principais soluções de TI, que viabilizam de forma mais coerente a evolução dos modelos de gestão de pessoas. Eles relacionaram os aplicativos de TI com as principais dimensões dos novos modelos de gestão de pessoas e com os atuais papéis desempenhados pelo setor de Recursos Humanos. Nesse sentido são apresentadas, no quadro a seguir, as relações entre as soluções de TI e as dimensões dos novos modelos de gestão de pessoas/papéis do novo RH. Se ainda não temos uma noção clara de como a internet, softwares web, portal, BI e BPM integrados a um ERP de RH podem ajudar nessa missão, temos que nos preocupar! Afinal, essas ferramentas e conceitos postos em prática têm gerado resultados significativos nas organizações, sendo hoje uma realidade. FONTE:<http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/entenda-a-aplicacao-da- tecnologia-na-gestao-de-pessoas/52623/>. Acesso em: 2 jul. 2018. 114 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES Soluções de TI Dimensões dos novos modelos de gestão de pessoas Papéis dos novos modelos de gestão de pessoas G es tã o po r c om pe tê nc ia G es tã o do c on he ci m en to e a pr en di za ge m G es tã o es tr at ég ic a da m ud an ça G es tã o do c lim a or ga ni za ci on al G es tã o da c ul tu ra o rg an iz ac io na l P ar ce ir o es tr at ég ic o A ge nt e da m ud an ça D es en vo lv ed or d o ca pi ta l i nt el ec tu al E sp ec ia lis ta a dm in is tr at iv o 1 – ATM X X 2 – Autoatendimento X X X X X X X 3 – BPM X X X X 4 – BSC X X X X 5 – Business Intelligence X X X X X 6 – Colaboração X X X X X X X X 7 – CRM X X X X X 8 – ERP X X X 9 – Gestão de conteúdo X X X X X X X X X 10 – Recrutamento on-line X X X 11 – SIRG/HRM X X X 12 – Sistemas de informação X X X X 13 – Sistemas de Inteligência Empresarial X X 14 – Sistemas Especialistas X 15 – Sistemas de suporte à inovação X 16 – Workflow X X X X QUADRO 4 – CONTRIBUIÇÃO DA TI PARA OS NOVOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS FONTE: Adaptado de Alho e Carvalho (2007) TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 115 A seguir, vamos entender as tecnologias apontadas no quadro e outras que não constam nele, no entanto, são complementares e muito importantes atualmente. São listadas as tecnologias propostas pelos autores Alho e Carvalho (2007), também são explicadas tecnologias não citadas pelos autores e que são de grande importância para a Gestão da Tecnologia da Informação. 1. AMT (Aprendizagem Mediada por Tecnologia): representada pela sigla e-Learning. Na verdade, é todo o aprendizado mediado por tecnologias de informação e comunicação (TICs). Essas tecnologias são mediadoras do aprendizado. Tem como base a internet que integra bases de conhecimento e intranets, além de e-mails, chats e comunidades de prática (MATTOS, 2006). 2. LMS (Learning Management System ou Sistema de Gestão de Aprendizagem – No Brasil, mais conhecido por AVA): são sistemas que dão suporte para o processo de aprendizagem. São softwares que têm como base metodologias pedagógicas e geralmente fazem a gestão de cursos e promovem o ensino e a aprendizagem de forma virtual. Exemplo: ensino a distância (MATTOS, 2006). 3. Autoatendimento: o conceito de autoatendimento em RH envolve a utilização de novas aplicações de comércios eletrônicos que possibilitam o acesso do funcionário a informações e funções personalizadas relevantes à administração de seu relacionamento com a organização (MATTOS, 2006). 4. BPM (Business Process Management): é um conjunto de tecnologias voltadas para a melhoria em processos de negócio. Contemplam ferramentas para modelar, publicar, controlar e analisar processos operacionais envolvendo pessoas, aplicações, documentos e outras fontes de informação (MATTOS, 2006). 5. BSC (Balanced Scorecard): é uma metodologia que auxilia na definição da estratégia empresarial, gerência do negócio, gerência de serviços e gestão da qualidade. Todos os passos são executados tendo como base indicadores de desempenho que são definidos pela alta gerência (FERNANDES, 2013). 6. BI (Business Intelligence): são aplicações de inteligência empresarial ou inteligência de negócios. Auxiliam gestores na tomada de decisões importantes, através de análises de cenários executadas por esses softwares (TURBAN, 2013). 7. DW (Data Warehouse): um banco de dados orientado por assunto ou segmento de negócio. O objetivo é dar suporte aos processos de tomada de decisão (TURBAN, 2013). 8. Data Mart: é uma fatia do Data warehouse que apresenta uma visão multidimensional (TURBAN, 2013). 9. Data Mining: consiste em uma tecnologia para encontrar padrões, desvios, correlações dos dados de uma base de dados. Auxilia no processo decisório (TURBAN, 2013). 10. Colaboração (Groupware): são aplicativos que dão suporte ao trabalho em grupo, ou seja, softwares que permitem compartilhar conhecimento (ALBERTIN, 2006). 11. Correio eletrônico: sistema que envia e recebe informações. Apoia o trabalho colaborativo entre pessoas. Exemplo: e-mail (ALBERTIN, 2006). 116 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES 12. Lista de distribuição e grupo de discussão: as listas são endereços eletrônicos que podem formar grupos. Exemplo: grupos de e-mail, WhatsApp. O objetivo é facilitar a disseminação de informações, enviando de uma só vez para um grupo específico (MATTOS, 2006). 13. Comunidade de prática: pessoas de diferentes pontos geográficos podem compartilhar conhecimento e trocar ideias mediadas por tecnologias desenvolvidas para este fim. Exemplo: fóruns de discussão, chats, newsgroups, conferências on-line etc. (MATTOS, 2006). 14. Sala de Chat (bate-papo): são aplicativos que permitem a comunicaçãoinstantânea entre indivíduos ou grupos de indivíduos (ALBERTIN, 2006). 15. Videoconferência: permite que se apresente um assunto para pessoas em lugares diferentes. A mediação é feita por computador pessoa a pessoa, ou entre pessoa e grupo. Skype é um exemplo desta tecnologia (ALBERTIN, 2006). 16. Fórum de discussão: são criados especificamente para páginas de internet, motivando debates e discussões acerca de um assunto específico (ALBERTIN, 2006). 17. CRM (Customer Relationship Management): são softwares desenvolvidos para mediar e melhorar o relacionamento com o cliente (MATTOS, 2006). 18. ERP (Enterprise Resource Planning): são softwares para integrar e centralizar a gestão empresarial (MATTOS, 2006). 19. Gestão de conteúdo (Content Management): são aplicativos desenvolvidos com o objetivo de captar, organizar e disseminar informações que tem origem em várias fontes e de interesses de grupos distintos (MATTOS, 2006). 20. Intranet: é uma rede privada de comunicação de computadores, ligada à internet, a sistemas de comunicação internos da organização. 21. Portal: um portal corporativo é um sistema de informação que permite acesso às informações organizacionais através de interface única. 22. GED (Gestão Eletrônica de Documentos): são tecnologias que permitem converter informação em papel para a forma digital. Exemplo: scanner associado a um sistema de informação para armazenamento. 23. Sistema de Mapas de Conhecimento: são ferramentas que oferecem apoio ao trabalho cooperativo e ao compartilhamento de conhecimento tácito. 24. Recrutamento on-line (e-Recruitment): envolve a divulgação de vagas de trabalho na internet e intranet, além do armazenamento e gestão de currículos. Também conhecido como e-Recruitment. 25. SIRH/HRM: é um sistema de informações dos recursos humanos. Abrangem todas as responsabilidades e funcionalidades do RH (CHIAVENATO, 2014). 26. Sistemas de Informação: é todo o tipo de sistema capaz de coletar, armazenar, manipular e gerar resultado através de informações. 27. Sistemas de Inteligência Empresarial: são sistemas cuja inteligência é voltada exclusivamente à tomada de decisões. São diferentes dos sistemas de BI, pois dependem fortemente da captura e análise de informações externas às organizações, geralmente varrem a internet a procura de informações sobre a concorrência ou cenários de negócios (ALBERTIN, 2006). 28. Sistemas Especialistas: são sistemas desenvolvidos com base em um conhecimento específico. Exemplo: software para diagnóstico médico (ALBERTIN, 2006). TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 117 29. Sistemas de Suporte à Inovação: são softwares que viabilizam a geração de conhecimentos novos. Contribuem para a inovação em processos e produtos (ALBERTIN, 2006). 30. Workflow: são softwares para automatizar processos. Exemplo: gerenciar atividades, tempos e suas responsabilidades. Controla o fluxo de trabalho das pessoas envolvidas em um projeto (TURBAN; KING, 2003). Agora que já conhecemos as principais ferramentas de TI, vamos entender de que maneira essas tecnologias são usadas de forma integrada, e como contribuem para a utilização e aplicação de modelos de gestão de pessoas a fim de facilitar as atividades do setor de recursos humanos em empresas públicas. 5 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ENVOLVIDAS NA GESTÃO POR COMPETÊNCIAS As ferramentas de TI auxiliam os gestores de forma muito eficiente e rápida na identificação das competências e habilidades, bem como o relacionamento das competências com a pessoa, na etapa de recrutamento, na necessidade de aperfeiçoamento através de treinamentos e, também, na busca e retenção de profissionais altamente capacitados (CHIAVENATO, 2014). A divulgação de competências essenciais à organização, quando divulgadas em intranets, nos portais corporativos, favorece a organização no sentido de criar meios simples de aprendizagem, de planejar e desenvolver cronogramas de treinamento para todos os seus setores, gerando um ambiente de aprendizado e crescimento intelectual contínuo (BARBIERI, 2014). Não basta identificar as competências e habilidades. Torna-se necessário armazená-las em bases de dados inteligentes. Esse armazenamento favorece a busca rápida de informação, dando suporte ao processo de seleção interna, seleção de talentos prontos e contratação de novas pessoas. Além disso, facilita o desenvolvimento de planos de ação para reter talentos na organização. O mercado de TI dispõe de sistemas específicos para a gestão por competências que envolvem todo o processo de planejamento, definição, escopo e gestão de competências individuais e organizacionais. Essas ferramentas facilitam a identificação de carências (gaps) de conhecimento. Os sistemas de gestão por competência podem ser adquiridos como módulos de um sistema de gestão empresarial (ERP) ou desenvolvidos de acordo com a necessidade da organização (CAIÇARA JÚNIOR, 2009). O fato é que as pessoas atualmente usam a internet em busca de oportunidades de trabalho, e o departamento de recursos humanos, atento a esta situação, usa a mesma rede como forma rápida de divulgação de oportunidades. Isso deu origem ao termo e-Recruitment que, como vimos, envolve o uso de recursos tecnológicos (aplicativos específicos para internet) para divulgar vagas, 118 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES receber currículo, analisar informações e também como forma eficiente de retorno ao candidato em relação ao desempenho no processo de recrutamento. Essas tecnologias ampliam o cenário e o número de candidatos, agilizando a contratação e o treinamento, e reduzindo custos na etapa de seleção (CHIAVENATO, 2014). Com tantas facilidades nos novos modelos de contratação, os novos colaboradores passam a gerenciar seu aprendizado e desenvolvimento de forma mais ativa e responsável. As organizações e seus departamentos de gestão de pessoas agem como parceiras e facilitadoras no sentido de dar o suporte necessário ao processo de crescimento pessoal. Não podemos esquecer que clientes e fornecedores também podem ser envolvidos no processo de gestão por competência, fazendo com que seus processos melhorem continuamente. Ferramentas de CRM utilizadas de forma integrada com soluções de BI (data warehouse, data mining e data mart) são exemplos de tecnologias utilizadas para alcançar os objetivos da gestão desses dois aliados importantes para a organização. Além disso, essas tecnologias são um forte aliado no processo de tomada de decisão, pois facilitam a identificação de setores organizacionais carentes de conhecimento, de quais competências são mais urgentes, como lidar com situações de desligamentos, afastamentos e aposentadorias. Sem dúvida, a tecnologia da informação, quando utilizada de forma correta e integrada, coloca o setor de recursos humanos em um lugar estratégico para a organização, pois é capaz de desenvolver estratégias de forma rápida, alinhando a gestão de pessoas aos objetivos do negócio. 5.1 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ENVOLVIDAS NA GESTÃO DO CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM São inúmeros os aplicativos disponíveis para a gestão do conhecimento. Podemos considerar que esta é uma das áreas que mais evoluiu nos últimos anos. De todas as dimensões dos novos modelos de gestão de pessoas, a gestão do conhecimento e aprendizagem é certamente a mais privilegiada em termos de aplicação de soluções de TI. Existem muitas alternativas disponíveis (ALBERTIN, 2006). A evolução da internet favoreceu o desenvolvimento de aplicativos específicos, como o Knowledge-based Search Systems, Information Farming, Desktop- video Conferencing, Eletronic Bulletin Boards, Groupware, Document Management e Systems. Todas estas tecnologias, entre tantas outras, são recursos eficientes na gestão de conhecimento e no desenvolvimento da aprendizagem tanto pessoal como organizacional (FERNANDES; ABREU, 2014). De acordo com Fernandes e Abreu (2014),há de se destacar as facilidades geradas por aquelas tecnologias no sentido de ser um efetivo suporte e canal TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 119 mediador no suporte aos processos de aquisição, criação, retenção, disseminação, compartilhamento e aplicação do conhecimento dentro das organizações e em suas relações com o ambiente externo. Além das tecnologias citadas, os autores colocam em destaque os portais corporativos na atividade de capturar e compartilhar conhecimento. Mediar por tais tecnologias facilita para o setor de RH cumprir sua função como desenvolvedor de capital intelectual. Além de estimular o aprendizado e a disseminação dos conhecimentos adquiridos, o RH precisa manter as pessoas comprometidas com o processo, um dos maiores desafios do setor. Nesse sentido, é necessária a prática de comunicação efetiva, e a tecnologia da informação favorece o comprometimento, pois visa ao envolvimento das pessoas ao estabelecer relações de confiança para ajudar no processo (CHIAVENATO, 2014). É preciso entender, também, que a utilização de ferramentas de gestão de conteúdos para disseminar as práticas do setor de RH estabelece um processo de comunicação rápida e eficiente, e oferece, principalmente, transparência nas ações colocadas em prática. Podemos destacar, ainda, que as ferramentas que permitem trabalho colaborativo, como as soluções de autoatendimento (quiosques eletrônicos), podem e devem ser amplamente utilizadas no sentido de melhorar a comunicação, gerar confiança, conteúdo e conhecimento (BARBIERI, 2014). 6 TI PARA GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL Manter um bom clima organizacional no ambiente de trabalho é de extrema importância quando pensamos nas pessoas que estão envolvidas, como: desenvolvimento pessoal, desenvolvimento organizacional, empenho em validar estratégias organizacionais e gestão de pessoas. É decisivo também para a implantação de mudanças. Pessoas desanimadas tendem a se tornar resistentes a qualquer alteração no processo de trabalho (CHIAVENATO, 2014). As ferramentas de TI são consideradas um apoio indispensável. Pesquisas de Clima Organizacional são mais facilmente aplicadas com o uso de questionários eletrônicos (souveys), aplicados através da internet/intranet. Utilizar um sistema para diagnosticar o clima do ambiente de trabalho permite envolver um número maior de pessoas, pois facilita a coleta de informações de pessoas localizadas geograficamente em pontos distintos, além de reduzir os custos na elaboração e na aplicação da pesquisa. Quiosques de coleta de informações permitem coletar a opinião de colaboradores que, por ventura, não tenham acesso computacional (BARBIERI, 2014). Após a aplicação da pesquisa, ferramentas de data warehouse e datamining são úteis na etapa de organização e análise dos dados, pois são capazes de manipular um volume muito grande de dados, apontando padrões e desvios. 120 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES A comunicação também é decisiva para manter continuamente um bom clima organizacional. Portais e intranets auxiliam na disseminação das informações, principalmente nos resultados das pesquisas efetuadas (FERNANDES, 2013). É importante ressaltar que a própria tecnologia pode ser objeto de estudo na investigação do clima, uma vez que interfere diretamente no relacionamento interpessoal praticado na organização. Portanto, a tecnologia afeta o relacionamento das pessoas, e destas com a organização. 7 TI PARA A GESTÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL As soluções de tecnologia da informação também são importantes na disseminação e perpetuação da cultura organizacional, pois captam, analisam, divulgam as informações, os processos de mudança, as alterações de estratégias, as normas e práticas. Uma mudança de cultura, por exemplo, poderia ser a migração para a cultura digital ou a fusão de duas empresas, uma vez que a cultura da empresa maior deverá ser praticada pela empresa menor (CHIAVENATO, 2014). Para se colocar em prática a gestão da cultura interna temos como apoios fundamentais os aplicativos de gestão de conteúdos, como portais e intranet, pois fornecem todo o suporte para orientar o comportamento das pessoas em relação às normas, valores e práticas organizacionais, e também no compartilhamento do conhecimento. Cabe salientar que a gestão da cultura organizacional está intimamente ligada à gestão do clima organizacional. Note que uma organização que usa tecnologia da informação para permitir trabalho colaborativo, para desenvolver projetos armazenados em grandes bases de conhecimento vai favorecer a implantação e adoção de uma cultura de colaboração e aprendizado (CHIAVENATO, 2014). A cultura do trabalho em equipe também é facilitada quando se usam soluções de workflow, data warehouse e intranet para captar, analisar e divulgar indicadores de desempenho individual e em grupo (BARBIERI, 2014). Em síntese, independentemente do uso de aplicativos específicos ou não, a cultura é a marca da empresa e precisa ser cuidadosa. TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 121 LEITURA COMPLEMENTAR A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ASSOCIADA À GESTÃO EMPRESARIAL Fernanda Castro Vivemos em um mundo globalizado. Tudo o que a sociedade requer e necessita é inventado, criado, desenvolvido, produzido e comercializado pelas empresas. As inovações tecnológicas, principalmente nas telecomunicações e na informática, promoveram o processo de globalização. A partir da rede de telecomunicação foi possível a difusão de informações entre as empresas e instituições financeiras, ligando os mercados do mundo. No início, a computação era um mecanismo que tornava possível automatizar determinadas tarefas em empresas multinacionais e nos meios governamentais. Com o avanço tecnológico, as grandes máquinas começaram a perder espaço para equipamentos cada vez menores e mais poderosos. A evolução das telecomunicações permitiu que, aos poucos, os computadores passassem a se comunicar, mesmo estando em lugares muito distantes geograficamente. Como consequência, tais máquinas deixaram de simplesmente automatizar tarefas e passaram a lidar com Informação. A Tecnologia de Informação (TI) veio a este mercado tão competitivo para somar. E hoje é um dos componentes mais importantes do ambiente empresarial, sendo essencial para os três níveis da empresa (estratégico, tático e operacional). Albertin (2006) ressalta que o uso da TI deve estar relacionado com as necessidades da empresa, de forma que contribua para seu desempenho e lucratividade. O incremento no fluxo comercial mundial tem como principal fator a modernização da Logística. Os transportes, especialmente o marítimo, pelo qual ocorre grande parte das transações comerciais de importação e exportação possui uma elevada capacidade de carga, que permite também a mundialização das mercadorias. Diante dessas mudanças, as empresas podem reagir de forma construtiva norteando suas ações pelo princípio de flexibilidade na análise de situações. Cabe ao gestor estar atento e bem informado a respeito de suas obrigações no papel de sua gestão, buscando sempre uma forma de alcançar a excelência em suas ações e operações. Os administradores devem analisar o sistema organizacional que correspondem os recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos que são responsáveis pela manutenção do funcionamento do sistema, no sentido de 122 UNIDADE 2 | TECNOLOGIA, SISTEMAS E PLANEJAMENTO DE INFORMAÇÕES cumprir a missão, a visão e os valores da empresa. São eles que estabelecem os objetivos da organização e as preparam para as mudanças procurando adaptá-las a um ambiente cada vez mais dinâmico e imprevisível. Com o passar dos anos, muitas teorias administrativas e modelos de gestão foram idealizadas, transformando o dia a dia das empresas e das pessoas. Esse conjunto de atividades são orientadaspara resultados, ligados por sistemas de informações e influenciados por um ambiente externo, com o qual o sistema organizacional interage permanentemente. É de suma importância que as organizações estejam atentas às forças do microambiente, compreendendo os padrões que afetam o poder de compra das pessoas e suas necessidades. Esse amplo sistema abrange aspectos demográficos, culturais, sociais, econômicos, tecnológicos, físicos e ecológicos. O Administrador deve ter conhecimento e noções de Finanças, Marketing, Operação e Produção, Tecnologia da Informação, Gestão de Pessoas, Logística, Economia e Contabilidade. A Tecnologia da Informação, por sua vez, gera novos mercados de atuação para as empresas, os Sistemas de Informações Gerenciais transformam dados em informações que auxiliam no processo decisório da organização. Um Sistema Integrado que forneça informações aos Administradores é importante especialmente para o planejamento e o controle, pois estão ligados ao sistema físico-operacional e surgem da necessidade de desenvolver as operações fundamentais da empresa, por exemplo, os sistemas de controle de banco de dados, controle de estoques, de planejamento e produção. O desempenho organizacional deve ser avaliado pela eficácia na realização dos objetivos e pela eficiência na utilização dos recursos. Nenhum sistema de controle consegue abordar, de forma integrada, todas as atividades e operações de uma organização. Dessa forma, os administradores usam diferentes instrumentos e métodos de controle para lidar com as diversas atividades e elementos da organização. Esses instrumentos e ferramentas gerenciais utilizados no controle do desempenho organizacional são conhecidos como controle financeiro, sistemas de informação gerencial, a auditoria, o balanced scorecard e o benchmarking. Não se trata de um monte de bytes aglomerados, mas sim de um conjunto de dados classificados e organizados de forma que uma pessoa ou uma empresa possa tirar proveito. A informação é inclusive um fator que pode determinar a sobrevivência ou a descontinuidade das atividades de um negócio. E isso não é difícil de ser entendido. Basta imaginar o que aconteceria se uma instituição financeira perdesse todas as informações de seus clientes. Apesar de possível, muito dificilmente uma empresa de grande porte consegue perder suas TÓPICO 3 | GESTÃO DE PESSOAS EM EMPRESAS PÚBLICAS MEDIADA POR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 123 informações, principalmente quando se fala de bancos, cadeias de lojas, entre outros. No entanto, o que ocorre com mais frequência é o uso inadequado das informações adquiridas ou, ainda, a subutilização destas. É nesse ponto que a Tecnologia da Informação pode ajudar. O Sistema de Informação Gerencial é um método que torna disponível para a Administração as informações precisas necessárias para facilitar o processo de tomada de decisão e para dar condições para que as funções de planejamento, organização, controle e direção sejam executadas de maneira eficaz. Nesse contexto, a gestão da informação centrada em aspectos organizacionais e não meramente tecnicistas se destaca fortemente. McGee e Pruzak (apud Rech, 2001, p. 20) reconhecem que “o gerenciamento da informação um fator de competitividade”. Porter (1986, p. 83) considera “crucial a utilização efetiva da TI para a sobrevivência e a estratégia competitiva das organizações”. Os Sistemas de Informações como geradores de informação de caráter decisório podem trazer outros benefícios para a empresa, especialmente na área Financeira, pois reduzem os custos das operações e propiciam relatórios mais precisos e rápidos. A administração dos recursos – materiais, humanos e financeiros – pode ser realizada com mais rapidez e precisão com a utilização da TI (DIAS, 1998). Outras áreas também são contempladas pelos benefícios do Sistema, como a Logística Empresarial, Contabilidade Gerencial e Recursos Humanos. Entre os benefícios do sistema estão a melhoria da produtividade nos processos de trabalho, melhoria nos serviços realizados e oferecidos, melhoria na estrutura organizacional da empresa, melhoria no fluxo de informação, melhoria na adaptação da empresa para enfrentar os acontecimentos não previstos nos projetos e processos de trabalho, otimização na prestação dos serviços aos clientes, melhor interação entre os gestores e contribui também para o aumento do nível de motivação das pessoas envolvidas nos processos de trabalho. FONTE: Portal administradores 124 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • São vários os modelos existentes, atualmente, para facilitar a gestão de pessoas em uma organização. • A TI é um fator facilitador para os processos que envolvem a gestão das pessoas, suas habilidades, competências e conhecimentos. • Atualmente, o RH deixou de ser um setor operacional, que cuidava, em princípio, de folhas de pagamento, férias, contratações e afastamentos para se tornar um setor de considerável importância e influência nas estratégias organizacionais. • As pessoas geralmente são resistentes às principais mudanças organizacionais, como troca de gestor, troca de tecnologia, troca de setor, entre outros acontecimentos. • Quando se fala que uma organização deve se adaptar rapidamente às mudanças impostas pelo meio, devemos ter em mente que o que ocorre, na realidade, é a adaptação das pessoas. • Uma organização só atinge a excelência naquilo que se propõe a fazer quando seus colaboradores estão motivados e devidamente capacitados para desenvolverem suas atividades. • As organizações mais inovadoras têm processos integrados e independentes, e isso impacta diretamente nos processos de gestão de pessoas que podem ser mais ou menos afetados ao levar em consideração o nível de integração adotado pela organização, bem como fatores internos e externos. • A TI é um fator impulsionador de mudanças e condicionante do modelo de gestão adotado pela organização. 125 1 O Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP), em termos gerais, é uma plataforma de software desenvolvida para integrar os diversos departamentos de uma empresa. Assim, a organização precisa ter conhecimento de que para a implantação do ERP, é necessário seguir várias etapas, pois tal sistema trabalha em conjunto, agrupando informações dos múltiplos departamentos e as oferece de forma estabilizada para que decisões possam ser tomadas. Sobre essas etapas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Planejamento do projeto, definição do software, empresa de consultoria. ( ) Equipe de implantação, processos inclusos no ERP, planejamento do cronograma de implantação. ( ) Estruturação dos setores, implantação da área de recursos humanos. ( ) Compra de equipamentos de informática, utilização de software, armazenamento de dados. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – V – F. b) ( ) F – V – F – V. c) ( ) V – F – V – V. d) ( ) F – F – V – F. 2 Quando falamos de atendimento ao cliente, precisamos identificar suas dúvidas, satisfações e sugestões. A organização pode ter este suporte com a utilização do sistema CRM (Costumer Relationship Management), ou seja, um sistema de gerenciamento do relacionamento com o cliente. Sobre as vantagens da utilização do CRM, analise as seguintes sentenças: I- Definir o serviço para o cliente, identificar informações financeiras do cliente. II- Gerenciamento e armazenamento de informações dos clientes, referente aos serviços prestados. III- Informar para os concorrentes os dados pessoais do cliente e potenciais clientes, modificar os serviços ofertados ao cliente. IV- Antecipar as necessidades e as dúvidas dos atuais e futuros clientes, ter um bom relacionamento. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I e II estão corretas. c) ( ) Somente a sentença I está correta. d) ( ) Somente a sentençaIII está correta. AUTOATIVIDADE 126 3 Mineração de dados é uma das tecnologias utilizadas para explorar grandes quantidades de dados à procura de padrões consistentes, como regras de associação ou sequências temporais, para constatar relacionamentos sistemáticos entre variáveis, buscando, assim, novos subconjuntos de dados. Com relação ao Data Mining, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) É o processo de encontrar novas ligações, padrões e tendências entre as informações de uma empresa, através da análise de grandes quantidades de dados guardados em bancos de dados, usando técnicas de reconhecimento de modelos, estatísticas e matemáticas. ( ) Na área de soluções de suporte à decisão, o processo de descobrir correlações, padrões e tendências relevantes, analisando uma grande quantidade de dados armazenados em repositórios. ( ) Provê percepções dos dados corporativos que também podem ser obtidas com o OLAP e OLTP, porém não segue orientação por descoberta de tendências, fazendo uso da busca de informações relevantes e convergentes a partir de um pequeno volume de dados. ( ) É o processo de explorar grandes quantidades de dados, consentindo ao usuário avaliar dados brutos e padrões, e fazendo valer das mais modernas técnicas de computação, como associação, descrição de classes, classificação e agrupamento. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) F – V – V – F. c) ( ) V – V – F – V. d) ( ) V – F – V – V. 4 Planejamento é a metodologia administrativa que permite diagnosticar e analisar situações atuais, de estabelecer resultados – objetivos e metas – a serem alcançados pelas organizações, e de delinear ações – estratégicas – para alcançar estes resultados, bem como estabelecer leis e normas – políticas – que servem de sustentação a esse procedimento administrativo em uma organização. Sobre planejamento, assinale a alternativa CORRETA: ( ) Operacional é realizado pelos executivos, geralmente tem um médio alcance de tempo e salienta indicadores de problemas, como também provê acesso de dados históricos e os mais recentes. ( ) Estratégico é realizado nas funções mais elevadas da empresa, tem um maior alcance de tempo e as decisões envolvidas englobam a organização como um todo. ( ) Operacional é menos genérico e mais delineado, tem um prazo longo de tempo e aborda cada unidade de operação da empresa ou cada conjunto de recursos separadamente como fatores críticos de sucesso através de indicadores como hipertextos e hipermídia. ( ) Tático, normalmente demanda curto alcance de tempo, ou seja, produz informação correta e extensiva utilização de dados externos. Produz informações em vários níveis de detalhamento drill down. 127 UNIDADE 3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de: • entender a importância da tecnologia da informação e comunicação para a gestão pública; • compreender os desafios dos gestores públicos e respectivos governos em relação à tecnologia da informação e comunicação; • conhecer as tendências em tecnologia da informação e comunicação; • conhecer os riscos que envolvem as decisões de tecnologia da informação na gestão pública. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA TÓPICO 2 – DESAFIO DAS TICs PARA A GESTÃO PÚBLICA TÓPICO 3 – AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 128 129 TÓPICO 1 ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Os governos, em todas as esferas (federais, estaduais ou municipais) precisam constantemente escolher os melhores caminhos para poder executar melhorias na vida das pessoas. Estas escolhas ocorrem em paralelo aos desafios impostos pelo crescimento da demanda por serviços de qualidade e também pela escassez de recursos financeiros ou pela má aplicação deles. Para ser mais eficiente nos gastos públicos, a Tecnologia da Informação é uma forte aliada da gestão pública, pois estabelece padrões na construção de arquiteturas que facilitam o acesso à informação por todos os cidadãos (SOUZA, 2017). A Tecnologia da Informação é uma área que utiliza a computação como um meio para produção, armazenamento e transmissão de informações de forma organizada. As ferramentas tecnológicas podem abranger e serem usadas em vários contextos, pois a sua definição é complexa e ampla, auxiliando o seu utilizador a alcançar um determinado objetivo de maneira mais eficiente e eficaz. O uso de Tecnologia da informação na administração pública não é uma prática recente. Na década de 1960 já eram usadas ferramentas de informática para o armazenamento de dados, a automação de processos, a estruturação de sistemas de pagamentos e de gestão de recursos humanos, entre outros. Porém, houve uma grande evolução com o adjunto do trabalho em rede após o surgimento da internet. Após o surgimento do trabalho em rede, foi abandonada a utilização local de muitas tecnologias, passando-se a redesenhar o fluxo dos processos, o compartilhamento de recursos (tecnologias e informações) e o atendimento focado às necessidades do cidadão (SOUZA, 2017). Essa mudança de perspectiva quanto à utilização de Tecnologias da Informação e Comunicação acompanha as reivindicações por mudanças na gestão pública, as quais tiveram lugar especialmente nas últimas três décadas. De maneira geral, as TICs têm sido empregadas para responder a demandas por serviços públicos mais eficientes e eficazes, por transparência e prestação de contas à sociedade, bem como por novos espaços de participação no fazer público. UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 130 A Tecnologia da Informação pode ser dividida de acordo com as seguintes áreas (ALBERTIN, 2015): • Hardware (infraestrutura e equipamentos) e seus componentes. • Software (programas e aplicações) e seus meios. • Sistemas de telecomunicações. • Gestão de informações e de dados. Independentemente se a organização é pública ou privada, o certo é que não existe uma forma comprovada para se obter o melhor aproveitamento das informações. Existem muitas ferramentas computacionais, além de métodos diversos que muitas vezes dificultam uma escolha adequada. Uma escolha malfeita pode resultar em gastos desnecessários e perda de eficiência. No setor público, em que a maioria das aquisições é feita por meio de licitação, qualquer decisão relacionada à TI precisa levar em conta as necessidades de cada setor, de cada objetivo, de cada atividade e até dos usuários. No caso de todas as esferas dos governos, o processo de informatização fica evidente em todas as ofertas de produtos e serviços que o governo disponibiliza para a sociedade. O uso de serviços estabelecido nas relações entre governos e cidadãos é conhecido como Governo Eletrônico, conforme já estudamos na Unidade I. O termo “Governo Eletrônico” pode ser entendido como o uso estratégico das TICs como um elemento que viabiliza um modelo de gestão pública mais eficaz e transparente (ALBERTIN, 2015) Através da tecnologia da informação, os canais de comunicação eletrônicos procuram melhorar o acesso a informações e serviços aos cidadãos, otimizando a troca de informações entre os diferentes níveis de governo além de ampliar a transparência e automatizar processos. 2 O PLANEJAMENTO E A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA O grande desafio da gestão pública remete à criação de um modelo em que os cidadãos tenham permissão para criar, utilizar e acessar informação e conhecimento de uma forma rápida e eficiente. Para isso ocorrer de forma organizada é precisoplanejar e montar uma estrutura robusta de tecnologia da informação, que permita aos governos maior eficiência dos processos, ampliação da transparência e maior efetividade das políticas públicas. O planejamento é importante, pois indica que os governos ou seus governantes se preparam para as ações. Planejar antecipadamente reduz as incertezas inerentes ao futuro, permitindo decisões antecipadas sobre problemas TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 131 ou situações que podem acontecer. São muitas as técnicas de planejamento. Elas permitem analisar o cenário atual, definir objetivos e metas, elaborar estratégias de ação e delinear iniciativas para alcançar os objetivos. Resumindo: é o planejamento que define ações, projetos, procedimentos, metas e objetivos, objetivando mudar um cenário atual ou resolver uma situação futura. Neste sentido, a tecnologia da informação é um recurso imprescindível na elaboração de um planejamento eficiente (ALBERTIN, 2010). Em relação ao Brasil e seu atual cenário referente ao nível de maturidade na utilização de tecnologia da informação, é importante destacar os conceitos de governança e accountability. A partir da Constituição Federal de 1988, a melhoria da governança pública impulsionou o aumento da pressão da sociedade por maior transparência e qualidade dos serviços prestados aos cidadãos. Em meados dos anos 2000, o governo brasileiro adotou várias medidas legais e institucionais para a promoção da transparência e disseminar melhores práticas de gestão pública aceitos internacionalmente. Mediante a estas questões, as TICs ganharam espaço, pois possibilitaram maior eficácia, rastreamento de informações, transparência e governança, além de permitir novas formas de participação social. Com o avanço da tecnologia, passou a ser necessário fazer o planejamento da própria tecnologia da informação, dentro do setor público. O planejamento de TI em organizações públicas é um processo de gestão que direciona as ações de automação dentro de cada setor. Dentro desse planejamento incluem-se a identificação e organização de equipes, aplicações e ferramentas baseadas em Tecnologia da Informação (recursos de TI) necessários para apoiar a instituição na execução de seu plano de negócios e no cumprimento de seus objetivos institucionais. Cabe a este planejamento, identificar as oportunidades de soluções tecnológicas para aprimorar os interesses da organização, definir planos de ação de curto, médio e longo prazo e identificar as arquiteturas de dados e de infraestrutura que melhor atendam as suas necessidades, determinando com qualidade o que e quanto se precisa adquirir e fazer, e para quê (SOUZA, 2017). O Planejamento de TI nada mais é do que um documento institucional escrito e publicado para conhecimento de todos abrangendo ambientes interno e externo, cujo universo de interessados remete à área de TI. Deve ser elaborado com a participação das diversas unidades da área de TI e áreas afins. O documento deve reavaliado constantemente. Os modelos de gestão do setor público mudam com frequência e isso coloca a utilização de recursos de tecnologia da informação em crescimento exponencial, sendo que a estratégia definida deve ser documentada, considerando os ambientes interno e externo, as áreas meio e fins. Estas ações têm como objetivo que a TI aliada aos governos contribuam para o aprimoramento dos serviços públicos, atingindo níveis elevados de desenvolvimento humano, de modo a estabelecer uma democracia sólida e igualitária (SOUZA, 2017). UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 132 O PDTI apresenta um roteiro com ferramentas que possibilitam um planejamento de longo prazo e bem definido. Nos tópicos seguintes serão discutidas e apresentadas diversas ferramentas gerenciais que podem apoiar o mapeamento e construção de um planejamento de TI, assim como possibilidades de controle e captura de resultados. Somente com um bom planejamento e controle os investimentos e qualificação em ações para tecnologia da informação serão implementados eficientemente (ALBERTIN, 2015). 3 PLANO DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM EMPRESAS PÚBLICAS O PDTI é um documento dinâmico que pode ser aplicado em qualquer tipo de empresa (pública ou privada) e de qualquer porte (pequeno, médio ou grande). Este plano pode conter normas e metodologias da própria organização, além de políticas governamentais ou metodologia de domínio público. Para todo PDTI é necessário determinar: abrangência, período de validade, equipe participante, tarefas a serem executadas, além das metodologias e normas que deverão ser rigorosamente seguidas. Essas etapas são definidas na fase de planejamento do plano. A primeira etapa de elaboração do PDTI consiste na fase de DIAGNÓSTICO, composta pelo cumprimento dos requisitos descritos por Barros (2014, p. 56): a) avaliar o planejamento de TI anterior (se houver); b) aprovar o relatório de avaliação de resultados do planejamento de TI anterior (se houver); c) analisar o referencial estratégico da TI, incluindo a missão, visão, valores e objetivos estratégicos da TI; d) analisar o contexto geral em que se estrutura a unidade de TI na organização, evidenciando a hierarquia e as relações de subordinação e comunicação existentes na unidade; e) analisar os ambientes internos e externos da TI organizacional, utilizando o método SWOT e enfocando o uso e a gestão de TI pela organização como um todo; f) identificar as necessidades de informação, de serviços e infraestrutura de TI; g) identificar as necessidades de pessoal nos processos de TI; h) identificar as necessidades de manutenção e contratação de soluções em TI para atender às necessidades de informações, serviços, infraestrutura e pessoal de TI; i) realizar a consolidação das necessidades levantadas e reavaliar todos os itens inventariados; j) relacionar as necessidades de TI consolidadas no inventário de necessidades às estratégias da organização. Ainda de acordo com (BARROS, 2014, p. 63), “feito o diagnóstico da situação organizacional, segue-se a elaboração através da etapa de PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS E PROCESSOS TECNOLÓGICOS, o qual contempla as seguintes atividades”: TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 133 a) analisar os critérios de priorização existentes na lista de princípios e diretrizes à luz do conhecimento das necessidades levantadas; b) priorizar as necessidades inventariadas; c) definir metas e ações que contribuam para o alcance das necessidades inventariadas; d) estimar, de maneira preliminar, os prazos e os recursos de TI necessários ao desenvolvimento das ações planejadas; e) planejar ações para manter um quantitativo de pessoal suficiente para o alcance das metas, bem como desenvolver as competências profissionais do quadro de pessoal de TI; f) realizar a previsão dos custos necessários para a realização das ações planejadas; g) elaborar a proposta orçamentária da TI para o período de vigência do PDTI; h) aprovar as informações constantes nos planos de metas e ações, de gestão de pessoas, de investimentos e custeio e proposta orçamentária de TI; i) atualizar os critérios de aceitação de riscos em função do conhecimento das metas e ações planejadas; j) identificar os riscos associados às ações planejadas, realizar a análise desses riscos e planejar respostas; k) identificar fatores ou condições que podem definir o sucesso ou o fracasso da execução do PDTI. O autor (ALBERTIN, 2015, p. 48) complementa os requisitos anteriores propondo os passos necessários para se garantir a implementabilidade do planejamento e administração dos recursos e processos tecnológicos: a) O compromisso e apoio da alta administração. b) Instituição de uma equipe de monitoramento das metas e ações associadas ao PDTI. c) Garantia de recursos humanos, financeiros e de infraestruturafísica para a execução das ações e projetos do PDTI. d) Desenvolvimento de competências necessárias para realização das ações. e) Revisões periódicas do PDTI para contemplar mudanças na estrutura organizacional e as alterações nas diretrizes estratégicas. f) Engajamento da equipe que realizará a execução das ações previstas no planejamento; entre outros fatores e compromissos que serão levantados buscando o atingimento das metas. 4 AS DECISÕES ENVOLVENDO TECNOLOGIA E OS RISCOS ASSOCIADOS EM EMPRESAS PÚBLICAS Atualmente, existe um maior reconhecimento do setor público em relação aos investimentos destinados à tecnologia da informação. No entanto, é importante destacar que, sozinha, ela não gera ganhos significativos. Para induzir aos resultados positivos, é necessário que haja a integração dos sistemas junto às estratégias do negócio, fazendo com que os investimentos estejam vinculados aos objetivos organizacionais. O problema encontra-se justamente aqui: como UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 134 avaliar adequadamente os impactos que os investimentos de TI têm no ambiente de negócios. O grande desafio dos CIOs é garantir o retorno daquilo que foi investido. Para isso, as decisões tomadas pelos executivos precisam maximizar a relação custo-benefício e minimizar os riscos dos investimentos (SOUZA, 2017). Para acertar nas decisões de investimentos, os gestores precisam apoiar-se em alguns questionamentos, conforme proposto por Silva (2016, p. 18): a) Quais são os reais ganhos obtidos? b) É possível reduzir custos? c) Quais são os riscos envolvidos? d) Como avaliar os benefícios propiciados pela tecnologia? Respondendo às questões, fica mais fácil escolher a alternativa de investimento mais adequada para as necessidades organizacionais. A respeito das decisões que envolvem a aquisição de novas tecnologias da informação, devemos pensar que não é indicado decidir sobre conceitos ultrapassados, principalmente em ambientes de mudanças frequentes. Nesse caso, o gestor público comumente se deparará com soluções tradicionais e outras tecnologias mais avançadas em conhecimentos e técnicas aplicadas. Geralmente, as soluções tradicionais já estão amparadas por padrões e entidades normalizadoras. O que não ocorre com tecnologias recém-apresentadas ao mercado, pois o uso ainda não foi devidamente validado (TURBAN, 2010). A percepção dos executivos sobre o valor criado pelos investimentos em TI é limitada em virtude da falta de habilidades específicas para avaliar as questões relacionadas à tecnologia e à estratégia empresarial envolvidas no processo decisório (SIMON, 1978). A escolha da melhor alternativa de investimento está relacionada à intuição e à razão dos executivos envolvidos no processo de decisão (MARINHO, 2014, p. 4). Investir somente no que já está consagrado no mercado pode vincular a empresa a práticas desatualizadas e vigentes antes do cenário globalizado que presenciamos no momento. Aplicar todos os recursos financeiros em tecnologias recentes pode colocar a organização em risco pelo fato de não ter sido validada pelo mercado ou por ser rapidamente substituída por outra tecnologia mais avançada. Não há uma receita definitiva que se aplique em todas as organizações a fim de facilitar esta decisão, pois é algo que depende muito mais da negação ou susceptibilidade ao risco, características particulares de cada gestor (OLIVEIRA, 2007). TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 135 4.1 GASTOS COM TI: DESPESA OU INVESTIMENTO? O mercado dinâmico e altamente competitivo atual faz com que as empresas se esforcem na busca pela excelência, fator fundamental para uma organização que objetiva a caracterização de seus serviços e produtos. “Para isso, a velocidade e a visão geral do negócio, que agiliza e facilita a tomada de decisão, são fundamentais, o que tornou a Tecnologia da Informação (TI) um importante diferencial competitivo” (ALBERTIN, 2015, p. 38). De acordo com Albertin (2015, p. 39): O investimento em Tecnologia da Informação traz inúmeros benefícios para as áreas operacionais e estratégicas da empresa, fornecendo dados, informações e insights para o processo de crescimento do negócio. Diante disso, empresas investem na Tecnologia da Informação para conquistar o sucesso em um mercado tão agressivo. Esse é o principal questionamento que envolve as decisões de investimento em TI. Você sabe qual é a diferença? a) Despesas: associadas a gastos recorrentes e os benefícios advindos são imediatos e de vida curta. Exemplo: tinta de impressora. b) Investimentos: gastos menos frequentes, cujos benefícios estão usualmente associados à estratégia da empresa e acontecem em médio e longo prazo. Exemplo: estrutura física, novos hardwares, softwares, contratação de especialistas etc. (ALBERTIN, 2015, p. 42). É praticamente impossível fugir das despesas recorrentes, pois são necessárias para manter o processo operacional. As decisões para investimento são mais complexas, pois o montante financeiro é maior, bem como a expectativa de retorno sobre ele. Geralmente, os problemas que envolvem as decisões relacionadas às despesas podem ser rapidamente corrigidos. O mesmo não ocorre com os investimentos. Uma decisão errada em investimento pode comprometer a saúde financeira e até a existência da organização (ALBERTIN, 2010). As empresas que decidem sobre a TI como se ela fosse somente despesa estão mais concentradas no custo do que na necessidade, e na expectativa em relação aos benefícios. As decisões são focadas no curto prazo, isso faz com que não haja importância aos projetos cujos resultados não sejam imediatos. O problema por trás disso é que essas organizações não conseguem perceber o potencial estratégico que possuem (ALBERTIN, 2010). Em contrapartida, os gestores que decidem que a TI é como um investimento utilizam-se da tecnologia para implementar processos, integrando as atividades da TI aos objetivos estratégicos e metas organizacionais. Nesse tipo UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 136 de organização, o CIO da TI está alinhado ao negócio, e isso facilita a escolha das ferramentas e tecnologias que serão utilizadas por toda a organização (NOVAIS, 2016). Geralmente, os investimentos em TI têm o objetivo principal de ser o alicerce para as ações estratégicas da organização, tornando-a mais flexível para criar e produzir novos produtos e serviços, integrando mais rapidamente a organização com seus clientes e fornecedores. São três os motivos mais frequentes para os investimentos em tecnologia da informação: a) Para se conseguir fazer mais daquilo que já se faz, porém, mais rápido e a menor custo. b) Para se conseguir fazer o mesmo que já se faz, mas com menor custo e melhor qualidade. c) Para conseguir fazer algo diferente do que se faz atualmente (ALBERTIN, 2010, p. 47). Os dois primeiros motivos podem ser validados pelos indicadores financeiros tradicionais, ou seja, se as novas aquisições ou o desenvolvimento de novas tecnologias são adicionados dos custos como manutenção, e a atualização for menor do que as receitas ou economias geradas pelo investimento, então existe justificativa para o investimento. Em relação ao segundo motivo, que é a qualidade, não existe uma forma de medição, uma vez que a subjetividade está diretamente relacionada aos processos de qualidade. O terceiro motivo, o qual está ligado aos objetivos intangíveis, também não há garantia de retorno ao investimento, pois não existem formas efetivas de se validar o que ninguém praticou ainda. O gestor deverá sempre avaliar a capacidade da tecnologia em permitir agilidade, flexibilidade e inovação em processos e operações. Se a tecnologia garantir isso, o CIO não deve hesitar em fazer o investimento. De acordo com Marinho (2014, p. 34), entender os fatores influenciadores, bem como ter domínio sobreo processo de tomada de decisão são dois requisitos que quando combinados levam os executivos a realizarem adequados investimentos em TI. Esta combinação é eficiente para determinar se a organização vai investir ou não em TI. Para o autor, o processo decisório que envolve os gestores visa à melhoria do desempenho organizacional. E para ele a decisão de investimentos em TI requer conhecimento sobre o que influencia o investimento e também a folga financeira para possibilitar o investimento em si, sendo que a escolha da melhor tecnologia para investimento está diretamente relacionada à percepção dos gestores envolvidos nesse processo. Para Marinho (2014, p. 36), as decisões podem ser baseadas na intuição ou na razão. TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 137 A decisão intuitiva é rápida e automática. A decisão baseada na razão é mais lenta, pois leva em consideração a análise dos impactos da decisão a ser tomada. Kahneman (2003) defende que o investimento em TI pode ser mais emocional e intuitivo, envolvendo uma relação menor com os fatores influenciadores. Quando a decisão é mais racional, os fatores influenciadores podem estar intimamente ligados com o processo decisório. 5 OS BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS PELA TI Os benefícios proporcionados pelo uso de tecnologia da informação facilmente percebidos são os objetivos diretos. São facilmente medidos e estão relacionados à redução de custos em processos, mão de obra ou aumento considerável da produtividade (ALBERTIN, 2015). IMPORTANTE Os benefícios que a TI oferece às organizações têm sido comprovados em algumas áreas de aplicação dessa tecnologia, enquanto em outras permanece o debate em relação às dúvidas se tais benefícios, de fato, têm sido alcançados ou se apresentam relação positiva se comparados aos investimentos necessários. O estudo de benefícios oferecidos pelo uso de TI pode começar com base em alguns estudos e teorias desenvolvidas para outras áreas, por exemplo, a de Slack, Chambers e Johnston (2000), que definiram que a base para o sucesso da empresa é o custo, a qualidade, o tempo, a flexibilidade e a inovação. Os benefícios oferecidos e as reconfigurações de negócio induzidas por TI certamente devem se refletir em benefícios efetivos para o negócio, que incluem a redução de custo obtida, por exemplo, pela integração interna de processos e áreas; o aumento da produtividade conseguido pela automação localizada de processos; a melhoria da qualidade resultada da utilização de tecnologia nos próprios produtos e serviços ou mesmo nos processos para garantir a efetividade; o aumento da flexibilidade obtido pela base tecnológica que permite o crescimento do volume de negócios sem um crescimento proporcional de custos operacionais ou mesmo de forma rápida; e a inovação conseguida com novas práticas e processos possíveis por meio da utilização intensa de TI. Segundo Murphy (2002), os benefícios de TI podem ser divididos em tangíveis e intangíveis. Os tangíveis podem ser definidos como aqueles que afetam diretamente os resultados da empresa, tais como redução de custo e geração de lucros. Os intangíveis são os que causam melhorias de desempenho do negócio, mas não afetam diretamente no resultado da empresa, tais como informações gerenciais, segurança etc. Os benefícios do uso de TI podem ser definidos como custo, produtividade, flexibilidade, qualidade e inovação, e esses benefícios podem ser entendidos como a oferta que a tecnologia traz para as organizações. Porém, tão importante quanto a oferta é o seu aproveitamento no desempenho empresarial. FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122008000200004. Acesso em: 5 jun. 2019. UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 138 5.1 OS BENEFÍCIOS INTANGÍVEIS E OS BENEFÍCIOS FUTUROS DA TI Os benefícios intangíveis são entendidos como algo que não pode ser relacionado diretamente aos ganhos com produtos e serviços. Esse tipo de benefício contribui para o reposicionamento da empresa no mercado de atuação, deixando-a em posição de competitividade. Os benefícios intangíveis remetem à capacidade da organização em reconhecer rapidamente as necessidades do cliente (através da intimidade virtual, discutida anteriormente); na melhor qualidade de seus produtos e serviços, e na sua capacidade de inovação. Os benefícios intangíveis da TI sempre serão percebidos no futuro, logo podem ser considerados benefícios futuros. Para esses benefícios não há como definir um valor financeiro específico para medir os ganhos (ALBERTIN, 2010). IMPORTANTE A aprovação de investimentos em projetos de TI baseados em necessidades levantadas e solicitações internas não funcionam mais ou pelo menos não deveriam funcionar. Os projetos de TI devem entregar um valor real e um benefício tangível, mesmo que por métricas e avaliações intangíveis. Grande parte das métricas de TI que são intangíveis causam impacto positivo no processo, porém, não podem ser convertidas de forma simples e direta para valores financeiros. Nesse caso, a solução mais comum é converter os pontos subjetivos em unidade de tempo e em valor financeiro, o que, na maioria das vezes, resulta em quantidades subestimadas ou incompatíveis com o ganho perceptível. Para auxiliar os gestores, surgiu o ROI, termo muito utilizado no mundo dos negócios, um o acrônimo em inglês para Return on Investment, que em tradução livre significa Retorno sobre Investimento. O conceito de ROI foi criado pela Gartner na década de 1970, com ele é possível saber a quantidade de dinheiro ganho ou perdido em determinado investimento, utilizando a relação entre o total de retorno pelo total investido. ROI tem se tornado cada vez mais relevante para os executivos de TI, pois com ele é possível avaliar a performance e a viabilidade de um projeto, em termos financeiros, e definir quais projetos irão gerar mais benefícios para o negócio principal da empresa. Entretanto, especialmente na área de sistemas, obter o ROI não é uma tarefa simples, pois, além da análise das métricas tradicionais (licença de usuário, quantidade de armazenamento, IOPS etc.), as outras métricas não tangíveis também devem ser consideradas, por exemplo: conforto, praticidade e vantagem competitiva. O sucesso no ROI de TI depende da análise em conjunto com os benefícios qualitativos. Na teoria, o ROI deve superar 100% para que compense a execução do projeto, porém, mesmo nos projetos em que o ROI esteja abaixo de 100% os indicadores não palpáveis devem ser fatores decisivos na avaliação. FONTE:https://aprovador.com/blog/post/roi-e-metricas-intangiveis-em-projetos-de-ti. Acesso em: 5 jun. 2019. TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 139 Os investimentos em TI produzem melhorias no desempenho organizacional. Essa melhoria se caracteriza através dos benefícios que são gerados para todos os setores organizacionais e são proporcionais aos gastos efetuados no setor de TI. Esses são os benefícios intangíveis, que geram valor ao negócio, uma vez que a efetividade depende da percepção dos executivos de cada setor. Os maiores benefícios intangíveis se destacam como a capacidade de tomada de decisão, bem como o aumento da capacidade de conhecimento organizacional. De forma geral, os benefícios intangíveis consistem em melhorar a qualidade de produtos, a imagem organizacional, a redução de tempo e o aumento da flexibilidade operacional, o controle gerencial, entre outros (ALBERTIN, 2010). 5.2 INDICADORES E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO QUE PROCURAM CAPTURAR OS INTANGÍVEIS Não é fácil medir os benefícios intangíveis. Eles dependem muito da percepção do avaliador e da expectativa criada em torno dos investimentos feitos. Um agravante para isso é o fato de as tecnologias serem rapidamente substituídas ou se tornarem obsoletas. O conhecimento do gestor sobre tecnologia é fundamental para acertar a decisão deinvestimento. Isso facilita no momento de avaliar se os benefícios estratégicos intangíveis têm demonstrado resultados na cadeia de valor organizacional (ALBERTIN, 2015). 6 EXEMPLOS DE TICs QUE AUXILIAM A GESTÃO PÚBLICA A tecnologia da informação para a gestão pública tem modificado a forma como o governo interage com a população. Além disso, ferramentas avançadas de gerenciamento permitem agilizar os processos do setor, aprimorar o uso dos recursos financeiros e facilitar a vida de gestores e servidores públicos (NOVAIS, 2016). Comunicação entre poder público e sociedade civil Os cidadãos buscam cada vez com mais frequência novos e mais eficientes canais para que possam ser ouvidos pelas autoridades em suas reclamações, críticas, sugestões, opiniões etc. Pensando na quantidade de pessoas que demanda estas informações e ações, a burocracia é um limitador, podendo travar o fluxo das informações. Atualmente, todas as solicitações de informações, acompanhamento de demandas e registro de denúncias por meio de chamados on-line são apenas algumas das tarefas que podem ser realizadas por meio de ferramentas digitais entre os governos e a sociedade civil (NOVAIS, 2016). UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 140 Gestão de convênios Convênios fazem um ponto entre o setor público e entidades privadas. Existem muitos Sistemas de Informações capazes de gerenciar registros de convênios e empresas públicas. Esses softwares são uma ótima alternativa para aprimorar a qualidade e a extensão do atendimento dos serviços oferecidos pelo governo (NETO, 2015). Assinatura digital Com o intuito de modernizar a máquina pública, agilizar os sistemas e manter a integridade dos registros e o acesso a eles, os governos das diversas esferas migraram muitos processos e documentos para o formato digital. Diante dessa tendência, surgiram algumas tecnologias para garantir a autenticidade e a validade jurídica dos arquivos, algo que é feito no âmbito físico por meio de assinaturas, selos e carimbos, por exemplo. A assinatura digital, ou “Papel Zero” permite que os dirigentes assinem e forneçam um certificado digital a processos e documentos para a liberação de recursos e de execução de atividades, por exemplo. É mais rápido e eficiente e contribui com a sustentabilidade do planeta (NETO, 2015). Big Data e análise de dados Existe hoje um grande volume de dados que constitui uma fonte valiosa de informações para a tomada de decisões. Analisar esse grande volume de dados é importante para direcionar de forma eficiente a aplicação dos recursos financeiros. Aplicativos de Big Data analisam e cruzam informações tornando mais assertivas as decisões dos gestores. O governo utiliza a tecnologias de análise para cruzar informações dos bancos de dados públicos a respeito de pensionistas e aposentados e, então, projetar aprimoramentos no sistema de saúde, por exemplo (OLIVEIRA, 2007). Cloud Computing O volume de informações aumenta diariamente, e o armazenamento acaba se tornando uma preocupação, principalmente quando se pensa em segurança da informação. Por isso surgiram os serviços de computação em nuvem, que se referem ao armazenamento de dados e processamento de informações em servidores contratados, fora das dependências de uma empresa, instituição ou órgão. Entre os benefícios que os órgãos públicos podem perceber com a adoção dessa tecnologia, estão: economia de escala, redução da carga de gestão e acessibilidade (SOUZA, 2017). TÓPICO 1 | ASPECTOS IMPORTANTES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 141 Gestão da merenda escolar Existem diversos sistemas de informações para auxiliar gestores públicos quando assunto é merenda escolar. Estes, apresentam soluções práticas para: preparação e apoio nas licitações; conferência de notas fiscais; cadastro de fornecedores; gerenciamento de estoque; definição de cardápio das merendas (BATISTA, 2006). Governo mobile Governo móvel (m-gov) ou governo eletrônico (e-gov) compreende um conjunto de serviços públicos oferecidos aos cidadãos por meio de celulares e tables, por exemplo. Alguns serviços disponibilizados: consulta a processos, IPTU, previsão do tempo, notícias, contas de água, autenticidade de certidões, entre outros (SOUZA, 2017). Gestão hospitalar A área da saúde também pode ser muito beneficiada pela tecnologia da informação para a gestão pública. Sistemas de gestão hospitalar, por exemplo, auxiliam em tarefas de controle de internações, agendamento de consultas e exames, gerenciamento de laboratórios, controle de estoque de medicamentos e prestação de contas ao Sistema Único de Saúde (SUS) (NOVAIS, 2016). Inquérito policial Os sistemas de informações quando trabalham de forma integrada permitem que uma investigação de infrações penais quem envolve muitos processos possam tramitar entre diversos órgãos, como Polícia Civil, Secretaria de Administração Penitenciária e Tribunal de Justiça, fortalecendo a segurança dos dados (BATISTA, 2006). 142 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • A Tecnologia da Informação é uma área que utiliza a computação como um meio para produção, armazenamento e transmissão de informações de forma organizada. • A Tecnologia da Informação pode ser dividida de acordo com as seguintes áreas: o Hardware (infraestrutura e equipamentos) e seus componentes. o Software (programas e aplicações) e seus meios. o Sistemas de telecomunicações. o Gestão de informações e de dados. • No setor público, em que maioria das aquisições é feita por meio de licitação, qualquer decisão relacionada à TI precisa levar em conta as necessidades de cada setor, de cada objetivo, de cada atividade e até dos usuários. • O grande desafio da gestão pública remete à criação de um modelo em que os cidadãos tenham permissão para criar, utilizar e acessar informação e conhecimento de uma forma rápida e eficiente. • A Tecnologia de Banco de Dados são os sistemas que acumulam dados sobre entidades e a população, gerenciam as informações ou controlam e monitoram o desempenho dos recursos (financeiros, humanos e materiais). • A Tecnologia de Suporte à Decisão auxilia o processo de formulação de decisões, sejam elas simples ou complexas. • As Tecnologias de Comunicação e Trabalho em Grupo são responsáveis pela troca de informações, ou seja, transferência e compartilhamento de arquivos, recebimento de mensagens, serviços de mensagens, videoconferências etc. • A Tecnologia de Rastreamento e Identificação Pessoal é uma tecnologia, por meio de smartcards e outros mecanismos de identificação, rastreia indivíduos, veículos e cargas, assim como movimentações financeiras, por exemplo: o Imposto de Renda. • A Automação de Escritório e Tecnologias Multimídia contribuem para o aperfeiçoamento de processos no âmbito da administração pública mediante a disponibilização de recursos capazes de permitir a revisão e melhoria de determinadas etapas do processo de execução. 143 • Os projetos ou políticas públicas podem utilizar mais de uma tecnologia quando estão em fase de planejamento e execução. • O Planejamento de TI nada mais é do que um documento institucional escrito e publicado para conhecimento de todos abrangendo ambientes interno e externo, cujo universo de interessados remete à área de TI. Deve ser elaborado com a participação das diversas unidades da área de TI e áreas afins. O documento deve ser reavaliado constantemente. 144 1 Tecnologia da Informação (TI) é o conjunto de recursos tecnológicos que fazem parte do processo de tratamento da informação. Esses recursos podem envolver sistemas, software, hardware, bancos de dados, internet das coisas, inteligência de mercado e até mesmo usuários e profissionais de TI. Muitos fatores contribuem para a complexidade do uso das tecnologias: cenários de negócios complexos, globalização, mudanças internas constantes, ambientes competitivos. FONTE: <https://www.euax.com.br/2018/08/gestao-da-tecnologia-da-informacao/>.Acesso em: 22 ago. 2019. No que diz respeito a esta complexidade do uso das tecnologias, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A complexidade ocorre devido à falta de feedback e avaliação do desempenho tecnológico da organização em áreas de negócios com maior receita e diferencial competitivo. ( ) A falta de planejamento e gestão da TI ocorrem, na maioria das vezes, por fatores legais, econômicos e cultura organizacional. ( ) Maioria das organizações negligenciam investimentos de última geração em TI para auxiliar os usuários a utilizarem os sistemas. ( ) Embora as organizações estejam investindo mais em TI, boa parte delas ainda usufruem de forma tímida das vantagens competitivas ou das melhorias em processos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – F – V – V. b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – V – F – F. 2 A tecnologia, quando usada isoladamente, não promove grandes mudanças. É preciso a implantação de uma prática de governança de Tecnologia da Informação (TI) consciente e capaz de torná-la um alicerce estratégico no alcance aos objetivos e poder transformar o ambiente organizacional enxugar processos e aumentar a produtividade por meio da automatização. Sobre o alinhamento estratégico com a TI, analise as sentenças a seguir: I- O alinhamento estratégico da TI tem a função principal de conduzir e orientar os executivos a tomarem as decisões pautadas pela inovação, facilitando o acompanhamento das mudanças em processos sofridos pela organização. AUTOATIVIDADE 145 II- O alinhamento estratégico da TI tem a função principal de minimizar os resultados que as ferramentas tecnológicas podem oferecer na execução das tarefas. III- Não alinhar estrategicamente a TI significa minimizar o seu papel dentro da organização, tornando-a apenas uma ferramenta de suporte na execução das atividades. IV- O alinhamento estratégico deve priorizar a Gestão de TI a qual determina como as decisões são tomadas no que diz respeito à priorização das iniciativas de TI e como os fundos são atribuídos a essas iniciativas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças II e III estão corretas. 3 Podemos entender a tecnologia da informação (TI) como um conjunto de ações e artefatos que, fazendo uso de recursos computacionais, permitem a aquisição, a retenção, o acesso e o gerenciamento da informação. A rapidez das mudanças que envolvem o ambiente dos negócios faz com que as empresas necessitem, constantemente, rever e aprimorar suas técnicas de gestão, integrando todas as áreas às estratégias organizacionais. Sobre o Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI), analise as sentenças a seguir: I- Para garantir a implementabilidade do PDTI, é importante ocorrer revisões periódicas para contemplar mudanças na estrutura organizacional e as alterações nas diretrizes estratégicas com compromisso e apoio da alta administração. II- Os principais requisitos na etapa de elaboração do PDTI da fase de “Diagnóstico” estão em avaliar o planejamento de TI anterior (se houver), aprovar o relatório de avaliação de resultados do planejamento de TI anterior (se houver), entre outros itens, analisar o referencial estratégico da TI, incluindo a missão, visão, valores e os objetivos estratégicos da TI. III- O Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) visa criar um canal de comunicação para que o cliente/usuário tenha um ponto único de contato com o provedor de serviços de TI, separando, assim, quem faz parte do suporte aos usuários e quem vai realizar atividades de resolução de problemas e desenvolvimento. IV- O Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) é um documento que serve para analisar o cenário da organização para direcionar ao atendimento dos seus objetivos. O plano envolve o diagnóstico, o planejamento e a administração de recursos e os processos tecnológicos da organização. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 146 c) ( ) Somente a sentença IV está correta. d) ( ) As sentenças II e III estão corretas. 4 A Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos computacionais que visam permitir a obtenção, o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o uso das informações. Na verdade, as aplicações para TI são tantas – estão ligadas às mais diversas áreas – que há várias definições para a expressão e nenhuma delas consegue determiná-la por completo. FONTE: <https://www.infowester.com/ti.php>. Acesso em: 22 ago. 2019. Sobre o Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI), classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Para garantir a implementabilidade do PDTI, é importante ocorrer revisões periódicas para contemplar mudanças na estrutura organizacional e as alterações nas diretrizes estratégicas com compromisso e apoio da alta administração. ( ) Os principais requisitos na etapa de elaboração do PDTI da fase de “Diagnóstico” estão em avaliar o planejamento de TI anterior (se houver), aprovar o relatório de avaliação de resultados do planejamento de TI anterior (se houver), entre outros itens analisar o referencial estratégico da TI, incluindo a missão, a visão, os valores e os objetivos estratégicos da TI. ( ) O Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) visa criar um canal de comunicação para que o cliente/usuário tenha um ponto único de contato com o provedor de serviços de TI, separando, assim, quem faz parte do suporte aos usuários e quem vai realizar atividades de resolução de problemas e desenvolvimento. ( ) O Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) é um documento que serve para analisar o cenário da organização para direcionar ao atendimento dos seus objetivos. O plano envolve o diagnóstico, o planejamento e a administração de recursos e os processos tecnológicos da organização. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – V – F – F. b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) V – F – F – V. d) ( ) F – F – V – V. 147 TÓPICO 2 DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Um grande desafio dos gestores públicos atuais é equilibrar a grande demanda por serviços de qualidade com as restrições financeiras. As tecnologias da informação e comunicação podem ser uma grande aliada da administração pública no intuito de atender ao cidadão com a qualidade exigida. Porém, deve-se dispor de um esforço tecnológico, organizacional e de treinamento dos servidores, independente da esfera de governo. Neste tópico, vamos abordar os principais desafios tecnológicos com que se defrontam os administradores públicos na construção de uma sociedade mais inteligente, mais inclusiva e mais sustentável tendo como pauta, o uso de tecnologia da informação e comunicação (NOVAIS, 2016). 2 O DESAFIO DAS TICS PARA OS GOVERNOS A evolução tecnológica acarretou na transformação da prestação de serviços de todos os tipos: no serviço bancário, na saúde, no transporte, no perfil de compra etc. O que estes serviços compartilham? O uso intensivo de tecnologia da informação e comunicação para oferecer os melhores serviços para o cidadão (NETO, 2015). E, este cidadão, quando necessita utilizar os serviços públicos fornecidos pelos governos não encontra a mesma qualidade que é percebida quando se utiliza dos serviços oferecidos por entidades privadas, enfrentando demora para obter informação em filas intermináveis. Logo, o grande desafio da gestão pública, é investir maciçamente em TICs para melhorar estes serviços e aumentar a produtividade da gestão, além de ampliar os canais de comunicação entre governo e cidadão. De acordo como IBGE, as cidades brasileiras concentram 85% de toda a população do país, e também a maior parte dos serviços públicos prestados aos cidadãos, em áreas como saúde, educação, transporte, moradia etc. Outra grande demanda das cidades é a segurança pública. Como atender a uma demanda crescente nos serviços públicos num momento de orçamentos comprometidos? 148 UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA Em períodos de crise, é importante que os gestores públicos percebam que a transformação digital das cidades, Estados e do próprio país é uma estratégica em potencial para enfrentar o desafio de expandir serviços e melhorar a vida da sociedade sendo uma questão de sobrevivência governamental. Porém, não podemos esquecer que a escassez de recursos nos orçamentos públicos é uma barreira para que novas soluções tecnológicas sejam ofertadas aos cidadãos (NETO, 2015). Para as empresas que desenvolvem tecnologia da informação, o sistema público passa a ser um nicho de mercado muito promissor, pois várias são as formas possíveis de parcerias entre a administração pública e o setor privado. A criatividade tem sido o caminho encontrado por muitas administrações para buscar soluções inovadoras (como, por exemplo, a realização de maratonas de programação de jovens universitários, em parceria com universidades; abertura das bases de dados do município, com os devidos cuidados em relação à privacidade e sigilo, para que empresas interessadas desenvolvam aplicativos diretamente para o mercado; parcerias com outros municípios e com os governos estaduais etc.). Desta forma, os ganhos são da sociedade, sempre que os gestores públicos passam a investir em soluções que se comuniquem com seus aplicativos e serviços facilitando a vida do cidadão e também para o mercado de tecnologia. Esse é um desafio que ganha importância exponencial nas políticas de Cidades Inteligentes (Smart City) dos Municípios, e de Governo Eletrônico (e-Gov) dos Estados e Governo Federal. Significa aplicar intensivamente as tecnologias para transformar as condições de vida na cidade. Ainda não há um conceito pronto para “cidade inteligente”. Todavia, podemos entender que uma cidade inteligente é mais sustentável e mais fácil de ser habitada. Para tornar isso possível, os projetos que envolvem as cidades inteligentes são interdisciplinares, pois englobam as engenharias, a computação, psicologia, urbanismo, arte, arquitetura e demais áreas. Porém, a tecnologia é a grande viabilizadora da integração entre as áreas da administração pública: saúde, urbanização, educação, mobilidade, segurança, meio ambiente, geração de empregos e assim por diante (FERNANDES, 2008). 3 O USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA O uso de tecnologia da informação na gestão pública tem como foco a transparência, bem como a oferta de serviços de qualidade ao cidadão, pois agiliza processos e otimiza a utilização e aplicação de todos os tipos de recursos, principalmente os financeiros. Essas questões, quando agem em conjunto, impactam diretamente na vida do cidadão, na redução das necessidades de deslocamentos físicos, na redução dos tempos necessários nas relações dos cidadãos com o governo, em maior possibilidade de transparência. Quando se TÓPICO 2 | DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA 149 pensa em cidades inteligentes, a tecnologia da informação permite a prática de um governo que interage com toda a pluralidade de atores públicos e privados que a compõem, ampliando a prática democrática (NETO, 2015). Isso viabiliza a participação de todas as partes interessadas nas decisões públicas: cidadãos, gestores públicos, organizações não governamentais, políticos. Essa prática integrada na gestão pública impõe um modelo de governança pública que inclui os cidadãos, seja na defesa de seus interesses, seja no exercício de seus direitos e obrigações. Porém, essa inovação exige infraestrutura tecnológica que ainda não está presente na maior parte dos municípios brasileiros e Estados. Há de sempre se pensar em infraestrutura adequada com alta disponibilidade e sustentabilidade financeira, tendo como objetivo o equilíbrio financeiro para não direcionar recursos de outras áreas empregando-os somente em inovações tecnológicas. Segundo (NETO, 2015, p. 36), do ponto de vista de TIC, é importante que o gesto público tenha em mente que precisará investir em: • Infraestrutura digital, integrando os órgãos públicos e disponibilizando amplo acesso dos cidadãos à internet e serviços de governo eletrônico para a população. • Melhoria nos fluxos de processos de governo por meio de uma atualização tecnológica de sistemas com bases integradas e georreferenciadas. • Melhoria nos sistemas de Governo Eletrônico (e-gov) especialmente na ampliação dos serviços ofertados eletronicamente e na simplificação do relacionamento do cidadão com o governo. • Processos de trabalho revistos e automatizados; individualização do cidadão, identificando suas carências e necessidades especiais; a criação de novos canais de comunicação com a sociedade. • Desenvolvimento da atividade econômica, de forma a atrair empresas para a região disponibilizando internet de alta velocidade em pontos de interesse para o crescimento da cidade. A exponencial evolução das tecnologias disponíveis atualmente impõe regras ou normas para eliminar ou mitigar os obstáculos que inibem a expansão das redes de fibra ótica, indispensáveis para as redes de banda larga, 3G, 4G e já sendo liberada fora do país a banda 5G. Tudo isso sem poluir as paisagens urbanas (KLEE, 2014). Os gestores públicos precisam ser capazes de elaborar projetos que acompanhem as demandas das cidades e dos estados incluindo a definição de incentivos adequados para estimular o investimento privado e público, para a implantação e disponibilização do acesso à internet de alta velocidade em todo o território, assim como criar planos de contingência para dar continuidade às atividades econômicas e administrativas que dependem da infraestrutura de TIC para serem executadas. Neste caso, o ideal é que seja possível construir um projeto de rede corporativa com capacidade de suportar as necessidades atuais e futuras de tráfego de informações entre os diversos órgãos da administração pública e entre esta e a sociedade (NETO, 2015). 150 UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA Em qualquer esfera de governo é essencial dispor de uma infraestrutura de processamento de dados capaz de suportar todas as ações de governo de forma virtual. Cabe aqui, destacar os recursos de datacenter, compostos pela arquitetura de hardware e software que deve atender às necessidades operacionais de processamento dos sistemas governamentais em sua totalidade. Neste ponto é muito importante considerar uma robusta arquitetura de sistemas de informações que permita o manuseio de bases de dados únicas e georreferenciadas tanto de informações dos cidadãos quanto do patrimônio público (de lotes, edificações, empresas, equipamentos etc.) (MATTOS, 2006). O georreferenciamento é importante pois permite ligar as informações das cidades e cidadãos ao seu território, fornecendo uma visão integrada dos problemas urbanos fortalecendo assim as decisões administrativas da gestão pública. Isso acontece porque o referenciamento territorial e geoprocessamento tratam do processamento de dados e informações posicionados geograficamente (associados a pontos do território da cidade), desde sua aquisição até a geração e saída na forma de mapas, relatórios e análises, enriquecidos pela componente espacial (FERNANDES, 2008). Isso ocorre por meio dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que permitem realizar análises complexas, fornecendo uma base sólida para a gestão do território. O geoprocessamento deve ser considerado pela gestão pública como parte da sua infraestrutura de TIC e deve ser construído e operado de forma coordenada,integrada e aberto para o uso das diversas partes interessadas de toda a sociedade. Os serviços da gestão pública que são disponibilizados de forma eletrônica através de aplicativos, sites e portais são meios altamente eficazes para servir a sociedade de forma geral ou uma grande fatia dela. Este formato ganha forma pois elimina os trâmites em papel tornando as atividades burocráticas mais produtivas, e evidencia a transparência em procedimentos administrativos através da padronização dos documentos disponibilizados aos cidadãos. Logo, podemos entender que o objetivo precípuo é a eliminação de pontos de retrabalho, da perda de qualidade nas saídas dos processos, de atividades desnecessárias ou pouco relevantes para o alcance dos objetivos estratégicos e finalidade dos órgãos, grandes atrasos, acúmulos de serviços, altos custos, e todos os aspectos que dificultam a vida dos cidadãos e tornam inerte o serviço público (NETO, 2015). O fato é que a transformação digital das cidades de forma geral acelera o crescimento econômicos destas, pois está diretamente associada a organizações geradoras de emprego e cidadãos associados a diversas redes que podem fazer os negócios interagir e prosperar. Por este motivo, o cidadão deve ser o foco principal de todas as linhas de ação da administração pública. TÓPICO 2 | DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA 151 Pensando assim, devemos enquadrá-lo como participante protagonista desta construção de conhecimento e evolução conjunta. A oferta de novos bens e serviços por meio de novas tecnologias contribui para o crescimento, competitividade, geração de emprego ou trabalho e outros fatores capazes de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Todavia, o grande diferencial de uma cidade democrática na sociedade da informação e do conhecimento vai além de usufruir de bons serviços e de contar com uma administração ágil. Atualmente, é mais fácil para o cidadão participar das construções e decisões públicas, e também do monitoramento das ações (NOVAIS, 2016). Para evitar que projetos de tecnologia de informação e comunicação se percam pelo caminho por falta de prioridade dos gestores, o ideal é que se adotem práticas de governança de TIC. A ausência desse modelo pode tornar os gestores e seus governos reféns de fornecedores de tecnologia. Uma boa prática de governança de TIC pode romper essas barreiras e ajudar a alavancar o sucesso dos projetos, sem que a gestão esteja ligada a um quadro de “aprisionamento tecnológico”. Essa libertação só acontece pelo lado da gestão pública quando forem desenvolvidos mecanismos de governança de TIC capazes de definir e implementar políticas e planos de ação setoriais, de identificar necessidades e oportunidades de uso produtivo das TIC em apoio às ações de governo e de contratar e gerenciar o fornecimento das soluções tecnológicas correspondentes (ALBERTIN, 2015). Concluímos então que as infraestruturas de comunicação e de processamento, os padrões de arquitetura de sistemas, de interoperabilidade, de segurança da informação são viabilizadores das estratégias da gestão, mas não podem prescindir de boas práticas de governança. Assim, as soluções de TIC que implementam conceitos de governo único, smart city etc., precisam ser pensadas e desenvolvidas como parte das estratégias de governo. Entre a multiplicidade de tecnologias ofertadas, devem ser consideradas e analisadas sob a ótica de sua adequação às diretrizes políticas, econômicas e técnicas, tecnologias como cloud computing, big data, internet das coisas etc. As soluções adotadas devem incorporar novas mídias, como as redes sociais, além de muita mobilidade (KLEE, 2014). 4 ÉTICA E SIGILO DE INFORMAÇÕES NA GESTÃO PÚBLICA É crescente o consenso sobre a importância da informação, principalmente no que tange a transparência e acessibilidade às informações públicas que tem o poder de promover modificações nos sistemas políticos e econômicos (ARRUDA et. al., 2009). 152 UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA IMPORTANTE Com o advento da Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011, a Lei de Acesso à Informação (LAI), ampliaram-se as possibilidades de participação e controle da sociedade brasileira nos atos e ações governamentais. De acordo com a LAI, os órgãos públicos têm o dever de divulgar informações de interesse coletivo que estejam sob sua guarda. Assim, o Estado deixa de ser o detentor das informações por ele produzidas ou custodiadas. Nesse contexto de ampliação dos mecanismos de obtenção de informações e documentos, é imprescindível a adaptação das instituições públicas a essa legislação, de modo a atender de maneira transparente e eficaz as atuais demandas sociais por informação. Existe uma série de boas razões para a aceitação crescente do direito à informação. Sem dúvida, é surpreendente que levasse tanto tempo para que um fundamento tão importante da democracia adquirisse reconhecimento generalizado como um direito humano. A ideia de que os órgãos atuam como guardiães do bem público, está agora, bem arraigada na mente das pessoas. Como tal, essas informações precisam estar acessíveis aos cidadãos e cidadãs na ausência de um interesse público prevalente no sigilo. Neste sentido, a Lei de Acesso à Informação refletiu a premissa fundamental de que o governo tem o dever de servir ao povo. A publicação da Lei de Acesso a Informações significou um importante passo para a consolidação democrática do Brasil e também para o sucesso das ações de prevenção da corrupção no país. Por tornar possível uma maior participação popular e o controle social das ações governamentais, o acesso da sociedade às informações públicas permite que ocorra uma melhoria na gestão pública. A Lei de Acesso à Informação representa ainda uma mudança de paradigma em matéria de transparência pública, pois estabelece que o acesso à informação é regra e o sigilo é apenas exceção. Assim, qualquer cidadão poderá solicitar acesso às informações públicas, ou seja, àquelas informações não sigilosas, sempre observando o regulamentado pela Lei quanto às regras, prazos, instrumentos de controle e recursos previstos. O direito à informação pública é uma garantia fundamental para a promoção da transparência e da accountability dos gestores públicos, duas diretrizes essenciais para o processo democrático. Da mesma forma, tais diretrizes são instrumentos poderosos e eficazes no combate à corrupção e, consequentemente, para a manutenção da democracia. Assim, os principais objetivos da lei são reforçar e efetivar ainda mais certos princípios fundamentais do sistema democrático constitucional, concretizar o dever de prestação de contas do governo e de transparência e garantir, ainda mais, a participação pública consciente no processo decisório nacional. Ainda para a organização, a transparência é o princípio que consente a todos os administrados conhecer não somente os fatos e os números decorrentes da administração da coisa pública, mas também todos os mecanismos e os processos que conduzem a atividade administrativa. A transparência é o dever dos servidores públicos de agir de forma visível, previsível e inteligível. Deste modo, a visibilidade das informações é atributo essencial a um sistema transparente, mas não é insuficiente. A transparência necessita também de que a informação disponibilizada conduza a deduções corretas. Ou seja, um órgão público verdadeiramente transparente deve tomar cuidado não só com medidas de disponibilização de informações, mas ainda com a forma de disponibilizá-las para que elas favoreçam deduções mais precisas. O acesso à informação pública, então, é um direito que traz aos cidadãos o conhecimento, qualificando a população a participar mais ativamente das políticas públicas sociais, o que, consequentemente, promoveria uma maior proteção aos direitos humanos. Assim, o direito à informação é entendido não somente como um direito em si, mas também como uma ferramentapara a promoção de direitos sociais. TÓPICO 2 | DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA 153 Além dos aspectos de governança e de direitos humanos, o acesso à informação pública está entre os mecanismos mais eficientes para o combate à corrupção, pois admite ao cidadão conhecer o desempenho da máquina estatal, trazendo a possibilidade de que anormalidades sejam apontadas, julgadas e corrigidas, havendo um maior controle social sobre a Administração Pública. De forma genérica, a corrupção surge quando existe uma combinação entre a ocasião favorável e o ambiente permissivo, como, por exemplo, instituições necessitadas de mecanismos de controle ou órgãos onde as ações e decisões são tomadas de forma obscura, sem nenhuma divulgação ou até mesmo justificativa. Por esse motivo, qualquer empenho na direção de transformar as instituições governamentais transparentes é um desenvolvimento na prevenção da corrupção. No Brasil, podemos detectar boa parte das condições que fazem do país um ambiente propício à corrupção: tradição democrática em formação, poucos mecanismos de controle da atividade governamental, poucas políticas de accountability e poucas iniciativas de promoção do acesso à informação pública. Aliada a essa instabilidade, não há como deixar de citar também a existência de uma percepção hegemônica de que a corrupção é um fenômeno generalizado e dominante, o que torna o tema “transparência” ainda mais importante. Além disso, na atual conjuntura, não apenas no âmbito nacional, mas em todo o mundo, bastante marcado por condicionamentos políticos de resgate da ética e de exigências de boa governança, o combate à corrupção tem se mostrado como prioridade absoluta na agenda pública de grande parte dos países – o que, cada vez mais, torna o tema “acesso à informação pública” central no desenvolvimento da boa governança. Portanto, o amparo do acesso a informações públicas através de uma legislação específica tem um relevante papel democrático, pois traz à tona maiores possibilidades de tornar o governo mais eficiente, de promover uma maior amplitude de direitos humanos e de batalhar contra a corrupção e tantas outras irregularidades infelizmente ainda muito presentes no cotidiano do país, tais como abuso de poder, peculato, desvio de verbas públicas, concussão e prevaricação. O acesso à informação, então, é fundamental para a transparência, boa governança e a accountability entre o Estado e cidadão. O governo transparente é aquele que facilita a abertura da Administração Pública por meio de técnicas e procedimentos claros e de fácil acesso, trazendo a informação pública para os cidadãos, estimulando a consciência ética no serviço público e assegurando a accountability. Destarte, a gestão transparente alude não somente o pronto atendimento às solicitações dos cidadãos. O que se pretende é uma Administração Pública que fomente a participação da sociedade, por meio de uma atuação proativa, espontânea, pautada na ética, em que “o próprio serviço público é visto como uma extensão da cidadania; ele é motivado por um desejo de servir os outros e de lograr objetivos públicos” FONTE:<https://jus.com.br/artigos/37265/a-importancia-da-lei-de-acesso-a-informacao- para-a-transpare ncia-e-accountability-democratica>. Acesso em: 1° jun. 2019. 5 O SIGILO E SEUS REFLEXOS NA CULTURA ORGANIZACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Priorizar o sigilo é uma cultura efetiva em organizações. Compartilhar informações representa de certa forma, uma renúncia ao poder, e o sigilo, uma estratégia de se manter influente. Infelizmente, praticados por regimes e administrações anteriores, esses valores ainda subsistem na atual administração pública brasileira. 154 UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA IMPORTANTE Martins (1997) afirma que a atual administração pública no Brasil conserva traços de patrimonialismo, definido “de forma simples e sintética como a confusão entre o que é público e o que é privado” ou ainda “a cultura de apropriação daquilo que é público pelo privado”. É possível afirmar que uma cultura do segredismo atinge os próprios servidores das instituições públicas, os quais frequentemente encontram barreiras para ter acesso a informações organizacionais ou funcionais. O próprio setor governamental reconhece esse fato, acrescentando que o acesso da população às informações públicas até 2011 era muito restrito e contava com canais ineficientes e insuficientes para busca. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU) (2014), “os agentes públicos, muitas vezes, entendiam que a informação era de sua propriedade, ou de seu órgão ou setor”. Esse comportamento, que foi intensificado pela ditadura militar (1964 a 1985), mas ainda é recorrente nas organizações públicas brasileiras, pode ser designado de ‘não informação’ ou de ‘não acesso à informação pública’. Atualmente, a relevância do tema tem ganhado destaque devido às mudanças políticas e sociais no cenário mundial advindas do acesso às informações públicas e sua disseminação facilitada pelas TICs, e também devido à entrada em vigor da LAI no Brasil. Emerge, assim, a possibilidade de se contrapor à cultura do sigilo a cultura do acesso. Atualmente, é frequente na literatura relativa à LAI a discussão do comportamento do servidor público frente a essas demandas. Segundo Alves (2012), “os servidores ainda não veem o acesso à informação como parte de sua atividade. O pensamento de que ‘terão que parar de fazer seu trabalho para dar informação’ ainda é muito comum”. É importante ressaltar que, segundo essa perspectiva, o agente público está em geral sobrecarregado individualmente de uma carga que é, principalmente e coletivamente, das instituições públicas brasileiras e está presente nas estruturas e processos de trabalho. Ao ingressar no serviço público, o novo servidor já se depara com essa estrutura e não é simples efetuar mudanças substanciais nesse aspecto, uma vez que ela vem sendo reproduzida pelos gestores e pelo corpo de profissionais destas instituições ao longo dos anos. Conforme afirmam Lima, Cordeiro e Gomes (2014, p. 62): “[...] eram necessárias ações que viabilizassem a consolidação do acesso a informações em poder do Estado de forma efetiva, um diploma legal que regulasse esse acesso, para que o agente público não se utilizasse do poder discricionário para se eximir de prestar a informação desejada pelo cidadão [...]”. Esses autores destacam ainda que não se pode esperar mudanças no estatuto de uma cultura autoritária apenas com a promulgação de uma lei (LIMA; CORDEIRO; GOMES, 2014, 2014, p. 64). É necessário que haja de investimentos da União para a efetivação dessa transformação. Considerando as dificuldades para implementação de leis de acesso à informação, Michener (2011) cita que frequentemente os entraves administrativos estão relacionados com a falta de recursos. A Lei nº 12.527/11 representa uma grande mudança de paradigma na administração pública e a ausência de recursos para sua efetivação fragiliza o processo, podendo gerar desmotivação e descrédito na comunidade externa e entre os servidores públicos. Estes, porque não conseguem instituir o atendimento nos moldes determinados pela legislação e aquela por sentir-se impotente frente às demandas que não podem ser atendidas nos moldes da lei. Outro aspecto a se considerar é que, embora esta legislação já se encontre vigente, em geral “as transformações culturais são lentas, pois cada tipo de ação possui um significado diferente para um determinado grupo de pessoas” (ALVES, 2012, p. 126). A autora ressalta também que, nos órgãos públicos, a lentidão da transformação é mais perceptível devido à atitude receosa dos envolvidos, uma vez que eles tentam compreender em detalhes as mudanças que ocorrerão em sua atividade de trabalho (ALVES, 2012). Essa cautela já havia sido identificada em pesquisa da Controladoria Geral da União (2011b), que avaliou a percepção dos servidores públicos sobreo tema. Foram retratados os seguintes TÓPICO 2 | DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA 155 temores destes em relação à divulgação das informações públicas: medo de que a informação seja mal utilizada ou deturpada, utilização indevida ou privilegiada dos dados pela imprensa e interesses de grupos políticos ou econômicos. Ainda de acordo com essa pesquisa, apenas 5,1% dos entrevistados afirmou que sua área de trabalho sempre promove cursos ligados ao tratamento da informação pública. Esse resultado demonstra que esta é uma área em que é necessária forte atuação do governo, por ser ainda carente de iniciativas. Logo, constata-se que, com a promulgação da LAI, o agente público encontra-se diante de um momento de grande mudança em relação a sua percepção e suas ações frente à informação e ao conhecimento gerado em seu ambiente de trabalho. Ele deve estar atento à sua responsabilidade de informar ao público, mas também zeloso em seu dever de guardar as informações consideradas sigilosas, conforme determina a LAI, podendo ainda ser penalizado pelo descumprimento da lei. Dada a urgente necessidade de capacitação do servidor público em relação à LAI e às novas demandas informacionais da sociedade, constata-se que a generalização de visões negativas acerca do agente público prejudica a discussão desse importante desafio dos órgãos governamentais. Diante desse cenário de embates próprios de um momento de transformação social, os dilemas destacados pelos movimentos sociais e pela sociedade não devem restringir a discussão, mas ampliá-la. Para Marques e Kerr Pinheiro (2014, p. 250): “tornar a legislação como uma construção social que decorre da interação dialética entre sujeitos com interesses contraditórios implica percebê-la como um instrumento mediador em permanente transformação”. Assim, a análise dos conflitos que envolvem a lei de acesso à informação pública exige uma abordagem mais abrangente, uma vez que esses embates ocorrem, em grande parte, devido a elementos e práticas informacionais vigentes num tipo de Estado que, até então, era exclusivo proprietário e organizador das informações públicas. Essa realidade decorre, em grande parte, de uma cultura governamental que historicamente atribuiu o controle da informação pública aos órgãos governamentais, em detrimento da sociedade civil, contribuindo para a manutenção do poder informacional em esferas inacessíveis para a maioria dos cidadãos. Outro aspecto fundamental para a efetivação das diretrizes da LAI é a capacitação dos servidores para as novas competências ligadas ao (re)conhecimento dos direitos exalados pela lei e da importante conquista brasileira nesse aspecto, após anos de repressão e ditadura. Considerando a temática do acesso e transparência na informação pública, eixos norteadores da Lei n° 12.527/11, é essencial considerar a capacitação como um importante elemento de apoio à ruptura com padrões de sigilo na área pública anteriores a essa lei, e de apoio e incentivo a abertura e conscientização de que a informação pertence à população. [...] na cultura de segredo, a demanda do cidadão é um problema: sobrecarrega os servidores e compromete outras atividades. [...] na cultura de acesso, a demanda do cidadão é vista como legítima. [...]. Os servidores são permanentemente capacitados para atuarem na implementação da política de acesso à informação (CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO, 2011a, p. 12-13). Destaca-se, desta maneira, a necessidade de analisar a cultura do sigilo na administração pública, indo além da imagem do sujeito (indivíduo) servidor que é acusado de ser a principal barreira, ou que isoladamente impede ou retarda o acesso à informação. É preciso discutir, antes, se o antagonismo da relação entre informante e destinatário da informação pública se ampara, significativamente, em uma cultura institucionalizada onde a informação é vista como propriedade de quem a guarda. Gillab e Hughes (2005) apud Bertazzi (2011, p. 30) também enfatizam a complexidade desse momento de transição na vida profissional do agente público, a partir de análise da Lei de Acesso à Informação no México, o que se aplica igualmente à realidade brasileira: “O servidor não nega o acesso à informação sozinho, por vontade própria, mas dentro de uma conjuntura organizacional e institucional que determina a cultura do sigilo enquanto base de 156 UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA sua organização”. O atendimento à Lei de Acesso à informação traz aos atores envolvidos (governo, agentes públicos e sociedade civil), guardadas as particularidades e características de cada um desses segmentos, novas possibilidades de relacionamento e envolvimento em questões relacionadas à democracia e participação social. Diante dessas novas perspectivas, emerge a importância dos agentes públicos brasileiros no compartilhamento de objetivos comuns à sociedade, como parte integrante desta, conforme aponta Indolfo (2013, p. 99): A ampliação das relações do Estado com a sociedade civil na gestão pública, ou seja, a participação dos cidadãos na formulação, implementação e gerenciamento das políticas públicas faz com que a ampliação e a melhoria do capital informacional, resultantes do estabelecimento de uma política para a gestão da informação governamental, sejam desejadas não só porque objetiva mostrar a transparência das ações empreendidas pelo Estado como, consequentemente, se apresenta como um redutor do “déficit democrático”. Assim, considera-se que a mudança cultural nas organizações públicas exige ir além da mera modificação de práticas e ações dos sujeitos. A busca das raízes dessa cultura de sigilo presente em instituições públicas brasileiras nos remete também aos códigos de ética de algumas categorias profissionais. FONTE:<https://jus.com.br/artigos/37265/a-importancia-da-lei-de-acesso-a-informacao- para-a-transparencia-e-accountability-democratica>. Acesso em: 1° jun. 2019. 5.1 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E SUA RELAÇÃO COM A LAI Atualmente, o volume de informações é muito expressivo. As informações são geradas no ambiente interno da gestão pública como também no ambiente externo e, portanto, o controle das informações nestes dois ambientes impacta diretamente o desempenho da gestão pública (NETO, 2015). IMPORTANTE A informação, considerada elemento fundamental na lógica das instituições privadas, onde tem fortes impactos nas estratégias empresariais e seus negócios, encontra na iniciativa pública um importante fator adicional, que é o da prestação de contas de suas ações ao público. A relevância do acesso às informações geradas nos arquivos públicos é destacada por Jardim (2008, p. 81), quando afirma que “como ente informativo, o Estado moderno configura-se como uma das maiores e mais importantes fontes de informação, além de requisitar uma grande quantidade destas para a sua atuação”. A partir da promulgação da Lei de Acesso à Informação, torna-se ainda mais significativo considerar a gestão de políticas e instrumentos para o gerenciamento da informação pública. TÓPICO 2 | DESAFIO DAS TICS PARA A GESTÃO PÚBLICA 157 Conforme afirma o autor, o desenvolvimento da gestão da informação na área pública é imprescindível para o efetivo controle social, importante pilar da democracia. Em diagnóstico feito pela Controladoria Geral da União para avaliar a percepção dos servidores públicos federais em relação à cultura de acesso à informação pública, também foi apontada a falta de organização e sistematização das informações como um dos desafios para aplicação da LAI. É importante destacar ainda que, quanto mais dinâmicos e padronizados os processos administrativos na administração pública, menores são os riscos de fraude e alteração indevida de informações e, consequentemente, maiores os ganhos em relação ao controle social e à democracia. Para Jardim (2015), lacunas relacionadas à administração de documento, dificultamo acesso à informação pública. Ora, uma vez que a informação pública tem como destinatário final o cidadão, todo seu ciclo, desde a geração até seu armazenamento, deve estar voltado para este fim (entrega da informação à sociedade). Esse modelo informacional beneficia, ao mesmo tempo, o agente público, pois evita o retrabalho do lançamento isolado dos dados nos sites governamentais para cumprir a transparência ativa, assim como a comunidade externa, que tem acesso mais rápido às informações de seu interesse. À sedimentação histórica da cultura do sigilo, somam-se alguns importantes aspectos que impedem ou retardam a efetividade da LAI no serviço público, a exemplo das normativas que privilegiam o sigilo; insuficiência de recursos destinados à aplicação da lei; desconhecimento da legislação por parte dos servidores e os receios de penalização advindos desse fato; legislação e determinações que reforçam essa cultura organizacional; deficiências no processo de capacitação na temática da liberdade de informação; e gestão da informação inadequada aos padrões de abertura preconizada pela LAI. Os reflexos desses fatores são percebidos na gestão do conhecimento dessas organizações, na qual o pleno compartilhamento de saberes mostra-se ainda incipiente. É fato que a citada falta de recursos tem grande impacto na implementação da LAI, assim como uma infraestrutura inadequada compromete o andamento dos trâmites internos ligados ao atendimento da lei. Entretanto, considerando que a grande maioria das instituições públicas brasileiras tem problemas similares, é relevante destacar o exemplo positivo de grupos interdisciplinares de trabalho envolvidos com a implantação das diretrizes da LAI na UNIRIO (CARVALHO; CIANCONI, 2015). Essa experiência demonstra que o conhecimento do ser humano é elemento central do processo e deve ser valorizado e compartilhado de maneira dinâmica, estimulando assim o processo de inovação e envolvimento das pessoas na organização. Considerando que as instituições públicas habitualmente enfrentam a dificuldade de lidar com a organização e a transferência do conhecimento, é igualmente importante o mapeamento desses problemas e a busca de ações capacitantes para minimizar essas lacunas. A atual cultura organizacional presente nos órgãos públicos brasileiros contribui para a restrição do compartilhamento de informação e de conhecimento. FONTE:<https://jus.com.br/artigos/37265/a-importancia-da-lei-de-acesso-a-informacao- para-a-transparencia-e-accountability-democratica>. Acesso em: 1 jun. 2019. 158 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Um grande desafio dos gestores públicos atuais é equilibrar a grande demanda por serviços de qualidade com as restrições financeiras. • As tecnologias da informação e comunicação podem ser uma grande aliada da administração pública no intuito de atender ao cidadão com a qualidade exigida. • Em períodos de crise, é importante que os gestores públicos percebam que a transformação digital das cidades, Estados e do próprio país é uma estratégica em potencial para enfrentar o desafio de expandir serviços e melhorar a vida da sociedade sendo uma questão de sobrevivência governamental. • Ainda não há um conceito pronto para “cidade inteligente”. Todavia, podemos entender que uma cidade inteligente é mais sustentável e mais fácil de ser habitada. • O uso de tecnologia da informação na gestão pública tem como foco a transparência, bem como a oferta de serviços de qualidade ao cidadão, pois agiliza processos e otimiza a utilização e aplicação de todos os tipos de recursos, principalmente os financeiros. • Os gestores públicos precisam ser capazes de elaborar projetos que acompanhem as demandas das cidades e dos estados incluindo a definição de incentivos adequados para estimular o investimento privado e público, para a implantação e disponibilização do acesso à internet de alta velocidade em todo o território, assim como criar planos de contingência para dar continuidade às atividades econômicas e administrativas que dependem da infraestrutura de TIC para serem executadas. • Os serviços de administração pública disponibilizados eletronicamente constituem um meio eficaz e econômico para melhor servir toda a sociedade. • A transformação digital da Administração Pública também cria condições favoráveis para a promoção do desenvolvimento econômico da cidade, levando em conta a mobilidade das empresas e dos cidadãos, que são formadores de uma ou muitas redes em que podem fazer negócios e interagir. • A Lei de acesso a informações públicas é importante para todos os cidadãos, e que devemos ser responsáveis pelas informações. 159 AUTOATIVIDADE 1 Novas tecnologias são responsáveis por verdadeiras transformações na sociedade onde a cada ano que passa as pessoas estão envolvidas devido às várias invenções e inovações que surgem no mercado. Podemos dizer que as novas tecnologias resolvem problemas, em princípio, sem solução, criam novas formas de pensar e de fazer, aumentam a produtividade no trabalho, contribuem enormemente para a evolução do conhecimento na sociedade e agregam valor a muitas coisas que realmente importam para nós. Com relação às cidades inteligentes, analise as sentenças a seguir: I- São cidades que utilizam a tecnologia para promover o bem-estar dos moradores, o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, melhorar a sustentabilidade. II- São cidades mais sustentáveis que se apropriam dos recursos naturais para melhorar a infraestrutura urbana através das práticas do TI Verde, como serviços de inclusão digital da população. III- São cidades que executam a governança digital para melhorar a inclusão social. IV- São cidades automatizadas e mais sustentáveis fazendo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos mais eficientes e melhores de se viver. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças I e III estão corretas. 2 O enfoque atual é na cidade criativa e sustentável, que faz uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos. Apesar de ser um conceito relativamente recente, o conceito de Smart City já se consolidou como assunto fundamental na discussão global sobre o desenvolvimento sustentável e movimenta um mercado global de soluções tecnológicas, que é estimado a chegar em US$ 408 bilhões até 2020. Atualmente, cidades de países emergentes estão investindo bilhões de dólares em produtos e serviços inteligentes para sustentar o crescimento econômico e as demandas materiais da nova classe média. Ao mesmo tempo, países desenvolvidos precisam aprimorar a infraestrutura urbana existente para permanecer competitivos. Na busca por soluções para esse desafio, mais da metade das cidades europeias acima de 100.000 habitantes já possuem ou estão implementando iniciativas para se tornarem de fato Smart Cities. FONTE: <http://redebrasileira.org/site/o-que-e-uma-cidade-inteligente/>. Acesso em: 22 ago. 2019. 160 Sobre as cidades inteligentes, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) São cidades automatizadas que utilizam recursos avançados da inteligência artificial para garantir a segurança nos centros urbanos controlando a inclusão social e digital. b) ( ) São cidades mais sustentáveis que se apropriam dos recursos naturais para melhorar a infraestrutura urbana através das práticas do TI Verde, como serviços de saúde para a população. c) ( ) São cidades que executam a governança digital para melhorar a inclusão social. d) ( ) São cidades automatizadas e mais sustentáveis fazendo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos, mais eficientes e melhores de se viver. 3 Novas tecnologias são responsáveis por verdadeiras transformações na sociedade, e a cada ano que passaas pessoas estão envolvidas devido às várias invenções e inovações que surgem no mercado. Podemos dizer que as novas tecnologias resolvem problemas, a princípio, sem solução, criam novas formas de pensar e de fazer, aumentam a produtividade no trabalho, contribuem enormemente para a evolução do conhecimento na sociedade e agregam valor a muitas coisas que realmente importam para nós. Disserte sobre o uso da Tecnologia da Informação para cidades inteligentes. 4 É importante ressaltar que o conceito de Tecnologia da Informação (TI) se firmou a partir da década de 1980, em substituição às expressões “informática” e “processamento de dados”. Atualmente, o termo TI serve para designar o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para a geração e uso da informação. É importante entender separadamente os conceitos de Sistemas de Informação (SI) e de Tecnologia da Informação (TI), uma vez que nos referimos a áreas de conhecimento que apresentam forte dependência. Com relação aos Sistemas de Informação, analise as sentenças a seguir: I- Um sistema de informação fornece informações integradas para todos os usuários, utilizando recursos da tecnologia da informação. II- Os sistemas de informação não auxiliam os administradores na tomada de decisão. III- Os sistemas de informação viabilizam a definição de metodologias de negócios das organizações através dos instrumentos técnicos. IV- Os sistemas de informação atuam nas diversas frentes de negócio das organizações através do tratamento, disponibilização e armazenamento das informações. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença I está correta. 161 TÓPICO 3 AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Inovação tecnológica é um termo aplicável às inovações de processos e de produtos. De modo geral, é toda novidade implantada pelo setor produtivo por meio de pesquisa ou investimentos, e que aumenta a eficiência do processo produtivo ou que implica um novo ou aprimorado produto (ALBERTIN, 2010). Ao longo da história, as inovações tornaram realidade projetos extremamente importantes tanto de um ponto de vista intelectual como de um empresarial/ econômico. Novidades tecnológicas costumam ser bastante atrativas ao público, afinal, as pessoas esperam por uma novidade e, hoje em dia, a maioria das pessoas está envolta em tecnologia. A cada ano, várias invenções, inovações e novas tendências surgem no mercado com o propósito de potencializar o desenvolvimento da tecnologia. Essas novidades digitais, aparentemente irresistíveis, sempre prometem grandes avanços incrementais ou disruptivos que facilitam de alguma forma a vida das pessoas (SOUZA, 2017). De fato, muitos dos avanços tecnológicos são mais do que meras novidades, o que as caracterizam enquanto utilidades relevantes à sociedade. Cada vez mais inseridas em todos os setores do mercado, as novas tecnologias resolvem problemas, em princípio, sem solução, criam novas formas de pensar e de fazer, aumentam a produtividade no trabalho, contribuem enormemente para a evolução do conhecimento na sociedade e agregam valor a muitas coisas que realmente importam para nós. No mundo da tecnologia, grande parte da população se mobiliza ou no mínimo se interessa por novas aventuras digitais. Novas tecnologias são responsáveis por verdadeiras transformações na sociedade e, a seguir, você poderá acompanhar nove inovações tecnológicas que facilitam a vida de bilhões de pessoas e trazem benefícios tangíveis para esses setores do mercado. UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 162 2 O USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA CIDADES INTELIGENTES Na definição da União Europeia, as cidades inteligentes, ou smart cities, são sistemas de pessoas que interagem e usam energia, materiais, serviços e vários tipos de recursos para estimular o crescimento econômico e promover uma melhor qualidade de vida para os envolvidos. Uma cidade inteligente é criativa e pratica a sustentabilidade usando a tecnologia a seu favor através da mediação de seus cidadãos (SOUZA, 2017). São muitas as dimensões para que uma cidade se encaixe na categoria de smart cities: governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e economia são os principais requisitos de identificação e avaliação. No entanto, no lugar de tentar encaixar cidades nesse conceito, seria mais produtivo pensar quais atividades poderiam elevar qualquer cidade às práticas inovadoras incorporadas no cotidiano das cidades inteligentes. FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS DAS CIDADES INTELIGENTES FONTE: <https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/styles/th_640x425/public/ cidadeinteligentecopawifisite_0.png?itok=OljBrOCo>. Acesso em: 11 jul. 2017. Cidade inteligente é um conceito inovador e recente. É um aspecto importante quando relacionado às práticas para tornar o planeta mais sustentável, e vem movimentando o mercado de tecnologia, que investe bilhões de dólares em produtos e serviços para atender às demandas de crescimento econômico no mundo inteiro. Atualmente, na Europa, todas as cidades com mais de 100 mil habitantes possuem ou estão incorporando iniciativas para se enquadrarem no importante conceito de smart cities. TÓPICO 3 | AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 163 O conceito de cidade inteligente pode ser percebido tanto no setor público quanto no privado, pois numa cidade em que hospitais, delegacias, escolas, centros comerciais, sistemas de abastecimento, saneamento básico e transporte estão diretamente conectados há maior segurança na troca de informações e maior qualidade de vida da população. Os riscos de acidentes de trânsito, como atropelamentos, por exemplo, são consideravelmente reduzidos porque os sinais e faixas de sinalização de pedestres reconhecem o movimento e se adaptam aos intervalos. A qualidade de vida é diretamente afetada (e de forma positiva), pois os serviços de saúde são capazes de mapear as incidências de doenças em cada região, aplicando tratamento específico de acordo com a sazonalidade (SOUZA, 2017). Nas cidades inteligentes existe o uso racional dos recursos naturais e adequado investimento em pessoas, infraestrutura e tecnologia, que são planejados de acordo com uma governança que envolve digitalmente quase a totalidade dos cidadãos. Não há cidade inteligente sem inclusão social e digital. Nesse sentido, o Big Data e a Internet das Coisas (IoT) são fatores determinantes no processo de transformar uma cidade comum em smart city. São muitas as informações importantes e que precisam de armazenamento adequado: dados de saúde, consumo de energia, transporte público, educação, previdência, controle de natalidade e mortalidade, epidemias, entre outros. Por isso, o gerenciamento das informações é assunto estratégico. Nessas cidades, a Big Data se conecta a IoT, que identifica a ferramenta mais adequada para o uso dos dados de maneira eficiente (SOUZA, 2017). Muitos são os debates atuais sobre o papel das cidades na economia mundial, principalmente no que se refere ao aglomerado de pessoas. Muitos autores defendem a ideia de que é importante relacionar as tendências socioeconômicas com as características das cidades. Este grupo de autores defende que é nas cidades que se observam os efeitos da globalização: volume financeiro acumulado, desindustrialização, expansão do setor de serviços, mercado de trabalho mais segmentado, conflitos de classes sociais, religiosos e de raças (SOUZA, 2017). As cidades estão cada vez mais interconectadas, e o sucesso do conceito de cidades inteligentes se apoia sobre dois eixos principais: • Gerenciamentodos recursos sob uma perspectiva sustentável, através de um estilo de gestão mais expansivo e inovador, que permita integrar o conjunto de recursos de forma mais eficiente. • Criação de ambientes econômicos sociais mais atrativos, refazendo a organização da rotina e dos processos urbanos, criando modelos de ações de maior inteligência nas cidades. Muitos são os conceitos que se somam aos cenários de pesquisa para a criação de novas tecnologias que se mesclam no sentido de favorecer o gerenciamento de cidades inteligentes. Torna-se imperativo, portanto, distinguir os termos cidade inteligente de cidade digital. A cidade digital é capaz e tem ampla capacidade de implantação de tecnologias de comunicação, com isso, UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 164 ela é rápida no sentido de disponibilizar acesso às ferramentas, conteúdos e sistemas de gestão, atendendo às necessidades dos governantes, dos servidos e dos cidadãos. Embora a visão de cidades inteligentes é algo mais abrangente: a conceituação é oriunda da combinação entre a sociedade do conhecimento (unindo informação, criatividade, capital humano e social, e a cidade digital que usa de forma abundante os sistemas de informação e todos os demais recursos tecnológicos (SOUZA, 2017). Para Souza (2017, p. 45): A abordagem de cidades inteligentes inclui tecnologias que promovem maior eficiência energética e otimização na produção de bens e serviços; sistemas inteligentes para o monitoramento e gerenciamento das infraestruturas urbanas e antecipação a acidentes naturais; soluções de colaboração e redes sociais; sistemas integrados para a gestão de ativos; sistemas especializados de atenção à saúde e educação que permitem a interação com os atores por intermédio da internet; sistemas, métodos e práticas para o gerenciamento integrado de serviços de qualquer natureza; sistemas para o tratamento de grandes volumes de dados estruturados e não estruturados; sistemas de georreferenciamento; aplicações inteligentes embarcadas em toda sorte de bens; tecnologias de identificação por radiofrequência e etiquetas digitais colocadas em produtos e cargas, otimizando os processos logísticos e as transações comerciais; sensores e sistemas de inteligência artificial que percebem e respondem rapidamente a eventos ocorridos no mundo físico, desencadeando processos digitais que passam a ter consequências cada vez mais imediatas e significativas no mundo, conectando pessoas, empresas e poder público a qualquer tempo e em qualquer lugar. Através das novas tecnologias são criados novos canais de comunicação entre a população e os governantes, contribuindo para que se decida sempre pelas escolhas que trazem ganho a todos, fazendo com que melhores decisões sejam tomadas. As aplicações das tecnologias das TICs nas cidades inteligentes são vastas e se adaptam facilmente às características de cada cidade. Criar cidades inteligentes não é um conceito tecnológico ou uma revolução. Na verdade, é uma evolução natural do desenvolvimento registrado como fenômeno global, que visa o equilíbrio entre o mundo natural e o tecnológico, respeitando as particularidades de cada ambiente (SOUZA, 2017). 2.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E MEIO AMBIENTE NAS CIDADES INTELIGENTES Depois de um período longo consumindo em demasia os recursos naturais e praticando um descarte inadequado de todos os tipos de lixo produzidos, surgiu o conceito de Sustentabilidade em Tecnologia da Informação, impulsionado pela contaminação do meio ambiente através de resíduos dos equipamentos eletrônicos. TÓPICO 3 | AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 165 A Tecnologia da Informação Verde (TI verde) é um termo mais recente que o conceito de sustentabilidade, abordado pela primeira vez em 2005. A Sustentabilidade surgiu em 1972 e foi abordado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985. A prática do conceito de TI verde é importante, pois com a rápida evolução tecnológica os equipamentos se tornam obsoletos com pouco tempo de uso. E aí surge a preocupação: o que fazer com estes equipamentos e qual a melhor forma de descarte? Muitos equipamentos são jogados no lixo comum, agredindo o meio ambiente e prejudicando a saúde de todos os seres vivos (NETO, 2015). Boa parte dos equipamentos são incinerados, contaminando o ar com substâncias tóxicas. Por causa de práticas inadequadas é que surgiu e ganhou força o conceito da TI verde, que consiste em um conjunto de políticas e práticas capazes de garantir que a atividade de uma organização tenha o menor impacto possível no meio ambiente, viabilizando menores gastos de energia, economia dos recursos e matéria-prima especializada através da utilização de normas e padrões verdes. Mesmo que a TI Verde não seja praticada por todos, a importância do conceito cresce na sociedade, pois a sustentabilidade é uma preocupação constante. Todas as empresas pensam em um modo de se tornarem sustentáveis, uma vez que a preocupação ambiental é assunto recorrente. Um computador ligado uma hora por dia consome 5 kwh/mês, e que ao final de um ano, emite 18 kg de CO² no ambiente, isso significa que ao se reduzir uma hora do tempo de operação de um computador doméstico implica redução da emissão de CO² equivalente à emissão de um carro a gasolina percorrendo 120 km/h (SOUZA, 2017). 2.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA MOBILIDADE DAS CIDADES INTELIGENTES É sempre alto o escalonamento de pessoas em relação ao acesso e uso de smartphones e redes wi-fi. Em relação a isso, já era prevista a ascensão de aplicativos como Waze, 99Taxis e Uber. Além de trazerem muitos benefícios para os usuários, esses aplicativos também alteram a forma como os cidadãos percebem o serviço de transporte público nas cidades mais populosas, o que provoca grandes mudanças na mobilidade urbana, de forma geral. O desenfreado crescimento populacional gera uma grande preocupação com a mobilidade urbana, que é uma situação complexa e de difícil gerenciamento (NETO, 2015). A mobilidade é uma grande preocupação em cidades de médio e grande porte, em que o deslocamento rápido é um dos principais focos daquelas que pretendem se enquadrar e praticar o conceito de smart cities. A tendência para UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 166 as cidades inteligentes é o compartilhamento do uso dos veículos, bem como o desenvolvimento de carros que se dobram para ocupar menos espaço e a substituição dos atuais semáforos por tecnologia mais inteligente, em que o tempo aberto e fechado muda de acordo com as condições do trânsito. O carro dobrável já é realidade. Em 2014 foram criados 20 protótipos do Hiriko, que foi desenvolvido pelo MIT em pesquisa iniciada em 2001. Esse carro é elétrico e ocupa 60% do espaço de um carro convencional (NETO, 2015). 3 TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Novas modalidades ou conceitos de transporte serão praticados em breve: o compartilhamento de carros (particulares ou de transporte público) dará origem ao conceito de transporte por demanda, pois um maior número de carros estará disponível sempre que houver um maior número de pessoas precisando do serviço, como na saída de um show, ou de um jogo, ou de situações emergenciais, como as catástrofes naturais. FIGURA 2 – TRÂNSITO NAS CIDADES INTELIGENTES Inclusão DigitalVídeo Vigilância ITS - Sistema Inteligente de Trânsito Infra Estrutura WI-FI Acesso em Áreas Públicas Órgãos Governamentais, Escolas, Postos de Saúde Controle da Frota Pública Transporte, SAMU, Polícia Civil e Militar, Bombeiros. FONTE: <http://patrocinados.estadao.com.br/arteris/mais-seguras-e-sustentaveis-saiba-como- serao-as-rodovias-de-2030/>. Acesso em: 22 ago. 2019. TÓPICO 3 | AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 167 4 INTERNET DAS COISAS (IoT) A fundamentação do conceito de Internet das Coisas(IoT) diz respeito à conexão de diversos objetos com a internet através de sistemas automatizados que coletam informações em tempo real, analisam e criam ações de acordo com a necessidade do usuário. A IoT abre as portas para a inovação através de inúmeras possibilidades de negócios, além de melhorar vários aspectos da vida cotidiana (OLIVEIRA, 2017). Todos os tipos de organização, de todos os setores e de diversos tamanhos podem se beneficiar da aplicação deste conceito. Com as soluções adequadas, a IoT pode ser aplicada em todas as áreas de uma organização, da prospecção de clientes e planejamento do marketing ao treinamento de colaboradores. A IoT também é um conceito de utilidade pública, pois serviços importantes de atendimento aos cidadãos (polícia, ambulância) podem ser melhorados no que se refere à agilidade, com o auxílio de dispositivos conectados na rede. O conceito também tem aplicação pessoal, auxiliando na automação de tarefas diárias, controle financeiro, contratação de serviços específicos, entre outras opções. Um exemplo disso são as pulseiras criadas para realizar pagamentos, as quais estão sendo testadas em alguns estabelecimentos comerciais. Outro exemplo de IoT vem do mundo do entretenimento: a Disney criou a Magic Band, que permite acesso personalizado aos brinquedos do parque. De acordo com Oliveira (2017, p. 45, grifo nosso), podemos perceber como exemplos reais e atuais da aplicação da IoT: • Amazon Echo: sistema de casa inteligente que trabalha por meio de uma assistente virtual. Alexa é o nome da Assistente que realiza várias tarefas, tais como: fala a previsão do tempo, chama táxi, toca música. • Fitbit: pulseira inteligente usada para monitorar passos, queima de calorias, qualidade do sono, entre outros. A Fitbit ainda se conecta com smartphones e computadores para transmitir os dados coletados. • Cidades inteligentes: os projetos envolvem melhorias no transporte, gestão do lixo, uso eficiente da energia e logística de tráfego, além de muitas outras áreas. Barcelona é um exemplo de cidade imersa no conceito de IoT. • Apple CarPlay: são veículos conectados a um sistema da Apple através do iPhone. Foi desenvolvido para ser usado sem causar a distração do motorista. Através dele é possível fazer e receber ligações, enviar mensagens, tocar música ou executar qualquer ação que se faria com o aparelho em mãos. Para o futuro, vários setores da sociedade podem ser completamente remodelados com a IoT. A segurança é uma das maiores preocupações da sociedade atualmente. Com auxílio da IoT, as ferramentas de vigilância podem ser incrementadas e a identificação e localização de suspeitos mais ágil e precisa (OLIVEIRA, 2017). UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 168 A área da saúde também será bastante beneficiada, sendo consideravelmente aprimorada com o uso de objetos conectados à rede. O sistema de atendimento poderia verificar o histórico do paciente através de um dispositivo já conectado, facilitando e agilizando os casos emergenciais. No setor dos negócios, as áreas de vendas, marketing, suporte, recursos humanos, administração e financeiro serão setores mais facilmente integrados. Novos canais de interação com o cliente surgirão, permitindo a criação de novos produtos e serviços cada vez mais personalizados. O ambiente acadêmico é um dos setores que mais necessita de tecnologia, a fim de democratizar o uso das ferramentas. A IoT vai favorecer os modelos de ensino, principalmente o formato a distância, fortalecendo a inclusão digital, uma vez que pessoas que nunca usaram um tablet, por exemplo, terão conexão com a rede através de objetos comuns e de uso diário (OLIVEIRA, 2017). UNI Isso tudo pode parecer um pouco longe da nossa realidade, pode assustar e não ser tão fácil de assimilar. Para ilustrar melhor esse conceito e abrir um pouco a nossa mente, vamos usar um exemplo do nosso dia a dia, do qual é possível perceber que, na verdade, essa tal de IoT pode ser uma boa mudança. Vamos dizer, por exemplo, que você tem uma reunião de manhã cedo; seu despertador, conectado com o seu calendário, acorda-o na hora certa. As luzes do quarto se acendem, a cortina abre automaticamente. Antes disso, a cafeteira já começou a preparar o café, e a torradeira começa a esquentar o pão. Quando você entra no carro, a sua música favorita começa a tocar. Seu carro também pode ter acesso ao calendário e contatos, e automaticamente saberá a melhor rota a ser tomada para atingir seu destino. Se houver muito trânsito, seu carro enviará uma mensagem aos envolvidos, notificando-os de um possível atraso. Tudo isso otimiza a nossa vida, quando os objetos antecipam as nossas necessidades. Podem existir aqueles que possuem ressalvas quanto a esse estilo de vida, mas vamos pensar por um outro lado. E se, ao invés de perder tempo diariamente com esses detalhes, nosso foco for direcionado para uma coisa mais produtiva e que realmente pode fazer a diferença? Durante o último século, mais intensamente na última década, vimos surgir um campo de dados global. Os objetos, pessoas e até a natureza emitiam grande quantidade de dados, apenas não conseguíamos ver, ouvir, nem fazer sentido deles. É isso que a IoT veio mudar na nossa realidade, por que agora tudo tem inteligência e está interconectado, de modo que nós passamos a ter acesso aos dados, ou melhor, à informação. No fundo, tínhamos um mar de dados, que agora somos capazes de colocar inteligência e transformá-los em informação, conhecimento e, no final, em sabedoria. E uma vez que conseguimos perceber os padrões de todos esses dados, a sociedade vai se tornar mais eficiente, aumentando a produtividade, melhorando a qualidade de vida das pessoas e do nosso planeta em si. Com isso, gerar novos insights, novas atividades e, claro, fomentar ainda mais a inovação. A ponte entre a coleta de dados e o compartilhamento adequado desses dados, com segurança e proteção para todas as partes permanece um desafio-chave na evolução desse setor. Apesar disso, é um segmento animador e que devemos acompanhar de perto. FONTE: <http://www.proof.com.br/blog/internet-das-coisas/>. Acesso em: 11 jul. 2018. TÓPICO 3 | AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 169 LEITURA COMPLEMENTAR O FUTURO ESTÁ NOS DADOS PARA QUEM QUISER GOVERNAR BEM! Como as empresas privadas, o setor público agora cruza informações e estatísticas para se antecipar a demandas da população. Nasce, assim, um novo jeito de governar bem. REVISTA EXAME – Por Patrick Cruz Em Memphis, nos Estados Unidos, a polícia pode chegar a uma esquina perigosa antes de ter sido chamada pela vítima de um assalto ou por uma testemunha para atender uma ocorrência de furto. Em São Carlos, no interior paulista, o celular avisa o usuário de transporte coletivo sobre quantos minutos seu ônibus levará até chegar ao ponto. Na Noruega, o cruzamento de informações dos bancos de dados públicos sobre aposentados e pensionistas ajuda a planejar melhorias no sistema de saúde. São, todos eles, exemplos de uma nova realidade na gestão pública moldada pelo avanço da tecnologia. De um lado, especialmente nos centros urbanos, é possível capturar um volume crescente de informações sobre tudo o que está acontecendo nas ruas por meio de câmeras e de sensores eletrônicos. De outro lado, há uma intimidade cada vez maior na relação cotidiana do Estado com os cidadãos – e ela resulta na acumulação de toda a sorte de informações sobre cada um de nós. A carteira de vacinação da infância, os dados fornecidos para a emissão de passaporte e a declaração de imposto de renda são fontes de conhecimento do perfil, do histórico e dos hábitos do cidadão. Até há pouco tempo, os órgãos públicos, enredados na burocracia, pouco proveito tiravam desse acervo. Mas o cenário começou a mudar. À moda das empresas privadas, que se esmeram para desenvolver produtos de acordocom o gosto da freguesia, governos têm feito o mesmo, tomando como ponto de partida o conhecimento arquivado sobre os indivíduos e o que se passa com eles. Os “produtos” dos governos são os serviços públicos, os “clientes” são os cidadãos – e o “lucro” pode ser o bom resultado nas urnas. Do ponto de vista das empresas privadas, é uma lógica simples. Mas, no poder público, equivale a uma revolução de conceitos. Afinal, os governantes costumam ta tear no escuro para adivinhar o que a população quer. Isso ficou evidente nas semanas que se seguiram aos protestos populares de junho de 2013 no Brasil, quando se viram reações como a do titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho: ele confessou que estava com dificuldade para entender o que queriam os manifestantes. Não por acaso, estudiosos da gestão pública tratam o fenômeno do uso de bases de dados como a gênese do governo do futuro. UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 170 Tecnologia e informação são os dois componentes-chave desse novo jeito de governar. Não se trata de apenas entupir repartições públicas com computadores para que eles sirvam para armazenar pilhas de estatísticas. Isso já se faz há décadas – e ter computadores à mão não necessariamente torna uma repartição pública mais eficiente. O passo evolutivo está no uso prático e inteligente dessas informações. Uma cidade que ilustra a nova realidade é Memphis, localizada no estado americano do Tennessee. A polícia local recebe uma média de 2 milhões de chamadas por ano. Cada telefonema para denunciar um crime contém inúmeras informações – qual crime foi cometido, em que região da cidade ocorreu, descrição física dos suspeitos, horário da chamada. O que acontece com esses dados? Em lugares em que a administração pública ainda não deu o passo evolutivo, eles viram apenas estatística. Em Memphis, passaram a balizar a ação do órgão público. Com base em dados que antes apenas armazenava, a polícia mudou a distribuição de viaturas e policiais na cidade. Esse cruzamento de um grande número de informações por meio de softwares de análise é genericamente chamado de big data. Foi assim que fez cair 30% o número de crimes na cidade nos últimos seis anos. A polícia também pode ter acesso à lista de alunos que não foram à escola do bairro. Quando muitos jovens cabulam aula no mesmo dia, o risco de haver pequenos furtos nas proximidades normalmente cresce. É um sinal de que é bom a polícia passar por ali – e muitas vezes isso faz com que um policial chegue a tempo de evitar que um delito ocorra. Perguntar é preciso “A base desse novo modo de pensar a gestão pública é muito simples: perguntar às pessoas o que elas querem”, disse a EXAME Guy Peters, professor da Universidade de Pittsburgh e uma das maiores autoridades mundiais em administração pública. Afinal, qualquer pessoa – até os governantes – pode supor que a população quer educação, saúde, transporte e segurança melhores. Mas que tipo de saúde se quer? E em que momento um tema como saneamento básico assume o topo das prioridades dos cidadãos? Os governantes costumam achar que vitórias nas urnas dão a eles também a prerrogativa de antever o que o público deseja. Não poderiam estar mais equivocados. “Como é impossível atender a todas as demandas, é preciso investigar os dados para definir prioridades”, diz Peters. Foi esse espírito que, em 2011, ajudou o município de São Carlos, no interior de São Paulo, a derrubar o número de reclamações sobre o transporte coletivo da cidade. A queixa contra os atrasos, uma das mais comuns relacionadas ao serviço na cidade há dois anos, caiu 70% desde então. Em 2011, os ônibus de São Carlos TÓPICO 3 | AS TENDÊNCIAS EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA E O COTIDIANO DA SOCIEDADE 171 já contavam com um sistema de monitoramento, utilizado para o controle da frota. Esse sistema passou a “conversar” com um aplicativo de telefone celular desenvolvido pela empresa de tecnologia da informação Criar. O aplicativo informa a localização, o destino e o tempo em que o ônibus estará no ponto do usuário. Na prática, o passageiro sabe que o ônibus está chegando antes de avistá-lo. Ouvir as reclamações é algo antigo, mas cruzar bancos de dados para fazer disso um norte para a administração pública é um avanço recente. Nada que o setor privado já não tenha entendido há mais tempo. No início dos anos 90, Christopher Hood, professor da Universidade de Oxford, cunhou o termo New Public Management, ou Nova Gestão Pública. Hood enxergou um incipiente movimento em governos mundo afora que, influenciados pelos processos adotados no setor privado, puseram na ordem do dia a busca por maior eficiência e qualidade nos serviços públicos. Mas só agora, duas décadas depois, com o desenvolvimento das comunicações e o surgimento de tecnologias mais apropriadas, é que os governos têm conseguido multiplicar tais ações. Nos Estados Unidos, estima-se que o uso do Big Data no setor público possa reduzir os gastos do governo em 380 bilhões de dólares por ano, segundo pesquisa realizada pela TechAmerica Foundation, instituição de estudo ligada a grandes empresas de tecnologia da informação. Ouvir e interpretar Não basta ouvir – e, ao ouvir, é preciso fazer com que manifestações aparentemente desconexas dos cidadãos se transformem em diagnósticos de demanda palpáveis. Em 2004, telefonemas para a NYC 311, a central de atendimento ao cidadão de Nova York, davam conta do incômodo causado por barulho nas ruas e carros estacionados em fila dupla. Os telefonemas não eram denúncias contra grandes atividades criminosas, mas foi a isso que levaram: com base nessas informações, a polícia descobriu redes de casas noturnas clandestinas. “O call center monitora os desejos da população, mas é preciso interpretar os dados para poder antecipar- se às demandas”, diz Bernard le Masson, diretor de serviços públicos da consultoria Accenture em Paris. A empresa elaborou um amplo estudo reunindo informações sobre algumas das principais iniciativas do gênero no mundo. No caso da prefeitura de Nova York, a criação do serviço permitiu juntar em uma só central os serviços de 300 diferentes agências governamentais. Na solução de Nova York — onde antes da central a demora apenas para a solicitação da troca de uma lâmpada de rua podia levar mais de 20 minutos e hoje se resolve em um único e breve telefonema —, a interação humana é essencial. UNIDADE 3 | TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA 172 Em outros casos, a interação é desnecessária. A prefeitura de Boston, no estado de Massachu setts, também nos Estados Unidos, adotou uma tecnologia que detecta buracos de rua por meio de um aplicativo instalado em telefones celulares. Quando um motorista, já com o aplicativo em seu celular, dirige pela cidade, o aparelho percebe pontos de trepidação acima do normal no asfalto. Esse alerta é passado a uma central da prefeitura, que destaca uma equipe para recuperar a pista. Boston fecha 19 000 buracos de rua por ano. É uma lógica parecida com a que funciona no bairro Guajuviras, em Canoas, na Grande Porto Alegre, chamado “Bagdá brasileira”. O número de homicídios no bairro caiu pela metade nos últimos três anos. Em 2010, Guajuviras ganhou sensores que detectam o som do disparo de uma arma num raio de até 3 quilômetros. A informação captada pelos sensores chega a uma central da polícia, que imediatamente envia uma viatura para verificar a ocorrência. Usar de maneira mais inteligente as informações que têm sobre nós é também uma forma de os governos melhorarem o gasto público. A Oxford Economics, consultoria econômica ligada à Universidade de Oxford, na Inglaterra, analisou dez países para saber o impacto que o aumento da eficiência dos governos teria sobre as contas públicas. Se os governos desses dez países elevassem sua eficiência em apenas 1% ao ano de 2012 a 2025, eles economizariam