Prévia do material em texto
Inovação Prof. Giovani Mendonça Lunardi CrIatIvIdade e Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof. Giovani Mendonça Lunardi Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI L961c Lunardi, Giovani Mendonça Criatividade e inovação. / Giovani Mendonça Lunardi. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 219 p.; il. ISBN 978-65-5663-055-7 1. Inovação tecnológica. – Brasil. 2. Criatividade. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.56 Prezado acadêmico! Este livro didático foi elaborado para a construção de novos conhecimentos que servirão de base para ideias, projetos e entendimentos em relação ao processo criativo e sua inovação. A geração de novas ideias possibilitou a evolução e desenvolvimento do ser humano desde a pré-história até os dias atuais. Em nosso atual cenário, a criatividade e inovação são cada vez mais essenciais em diversos contextos, principalmente, nas organizações, garantindo maior competitividade. Assim, é imprescindível compreendermos a definição e evolução de tais conceitos, como alguns fatores podem influenciá-los, as principais características das pessoas criativas e as estratégias para inovação e criação. Para isso, o livro foi dividido em três unidades: A primeira trata de aspectos relacionados ao funcionamento da mente, como questões relacionadas ao conhecimento humano, compreender como nossa mente funciona. Além disso, iremos identificar algumas características e influências sociais no processo criativo, e compreender a relação da inovação no design. A segunda unidade abordará a criatividade e inovação tecnológica, sendo externalizados os principais conceitos de criatividade e inovação, como as principais teorias sobre o processo criativo. Iremos conhecer, também, algumas ferramentas que podem aprimorar a criatividade e as principais características, classificações e tipos de inovação. Já a terceira unidade trará a criatividade e inovação nas organizações, dissertando sobre as revoluções industriais e sua relação com as inovações tecnológicas, os campos de aplicação da inovação nas organizações e como gerir tais processos criativos e inovadores nas empresas. Esperamos que com este conteúdo você consiga perceber a importância da criatividade e inovação para o desenvolvimento econômico de nossa sociedade. Bons estudos! Prof. Giovani Mendonça Lunardi APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE ..................................................................... 1 TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA ....................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 O CONHECIMENTO HUMANO .............................................................................................3 3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO ........................................................................6 4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO .......................................................9 4.1 MITOLOGIA.............................................................................................................................................. 11 4.1.1 Mitologia grega ............................................................................................................................ 13 4.2 SENSO COMUM ................................................................................................................................... 16 4.3 FILOSOFIA .............................................................................................................................................17 4.3.1 O Mito da Caverna ....................................................................................................................20 4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção do conhecimento ...................22 4.4 TEOLOGIA .............................................................................................................................................25 4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES .................................................................. 27 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 32 TÓPICO 2 — DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA ....................... 33 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................33 2 RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO ............................................................................ 33 3 A PSICOLOGIA .................................................................................................................. 36 4 PERCEPÇÃO DA MENTE .................................................................................................. 38 5 A INTELIGÊNCIA HUMANA E AS TECNOLOGIAS ............................................................ 40 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 43 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 44 TÓPICO 3 — A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS ........................................................................................................... 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45 2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS ........................................ 45 3 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ..................................................................... 46 4 INTELIGÊNCIA COGNITIVA X INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ........................................... 48 5 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO ...................................................... 50 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 53 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 54 TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN ......................................................57 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................57 2 O PROCESSO CRIATIVO NA PRÁTICA ..............................................................................57 3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO ............................................................................... 60 4 INOVAÇÃO NA CIÊNCIA ................................................................................................... 60 5 INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO EM DESIGN ...................................................................... 63 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 66 RESUMO DO TÓPICO 4 .........................................................................................................70 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 71 UNIDADE 2 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ...............................................73 TÓPICO 1 — MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE ............................................75 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................75 2 EM BUSCA DO CONCEITO DE CRIATIVIDADE .................................................................75 3 MODELOS DE CRIATIVIDADE .......................................................................................... 80 3.1 TEORIA DE INVESTIMENTO EM CRIATIVIDADE DE STERNBERG .............................................83 3.2 MODELO COMPONENCIAL DE CRIATIVIDADE DE AMABILE .....................................................86 4 FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE ................................................................................. 89 4.1 SCAMPER: TÉCNICA PARA GERAÇÃO DE IDEIAS .................................................... 89 4.2 MAPA MENTAL ............................................................................................................ 91 4.3 BUSINESS MODEL CANVAS .............................................................................................................93 4.4 BRAINWRITING ....................................................................................................................................94 4.5 DESIGN THINKING ..............................................................................................................................95 4.6 BENCHMARKING .................................................................................................................................98 4.7 BRAINSTORMING ................................................................................................................................98 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................100 TÓPICO 2 — CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO ..............................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103 2 O QUE É INOVAÇÃO .........................................................................................................103 3 TIPOS DE INOVAÇÃO ......................................................................................................107 3.1 INOVAÇÃO EM PRODUTO ................................................................................................................. 107 3.2 INOVAÇÃO EM SERVIÇO ..................................................................................................................108 3.3 MODELO DE NEGÓCIO .....................................................................................................................108 3.4 INOVAÇÃO EM PROCESSO .............................................................................................................109 3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL .......................................................................................................109 3.6 INOVAÇÃO NA COMUNICAÇÃO ......................................................................................................109 3.7 INOVAÇÃO EM MARKETING .............................................................................................................110 4 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO ............................................... 110 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 115 TÓPICO 3 — CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO ....................................................................................................117 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................117 2 CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA E INOVADORA .......................................... 118 3 TEORIAS DE PESSOAS CRIATIVAS ................................................................................120 3.1 TEORIA DAS QUATRO DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE ..............................................................121 3.2 TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO ........................................................................................... 122 3.3 FERRAMENTA AVALIATIVA – TESTE TORRANCE DE PENSAMENTO CRIATIVO OU TORRANCE TEST OF CREATIVE THINKING .................................................................................. 125 4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A CRIATIVIDADE ........................................... 127 4.1 PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE ABRAHAM H. MASLOW .................................................. 127 4.2 TEORIA DOS DOIS FATORES ...........................................................................................................128 4.3 TEORIA X E Y ......................................................................................................................................129 4.4 CAMINHOS PARA GERAR MOTIVAÇÃO .........................................................................................131 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................132 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................136 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 137 UNIDADE 3 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES..................................139 TÓPICO 1 — AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS .......... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS CICLOS ECONÔMICOS ..................................... 141 3 FATORES INDUTORES DA MUDANÇA TECNOLÓGICA ..................................................155 3.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ............................................................................ 159 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................163 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................164 TÓPICO 2 — CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ..........................................165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................165 2 AS FONTES DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ................................................................165 3 AS FONTES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ............................168 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................171 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 172 TÓPICO 3 — O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS..... 173 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 173 2 A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO (PI) ..................... 173 3 PROCESSO CRIATIVO E DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ............................... 177 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................186 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................187 TÓPICO 4 — BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ..............................................189 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................189 2 BARREIRAS À MANIFESTAÇÃO CRIATIVA E INOVADORA ............................................189 3 COMO EXERCITAR A CRIATIVIDADE ..............................................................................192 4 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NAS EMPRESAS ..................................................... 197 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................201 RESUMO DO TÓPICO 4 ...................................................................................................... 203 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 204 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 205 1 UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os significados e a evolução dos conceitos de conhecimento a partir dos momentos históricos mais relevantes; • analisar as categorias de conhecimento e as influências culturais que impactaram na definição destes conceitos; • refletir sobre o processo de construção do conhecimento (ideias, pensamento) a partir do olhar da ciência; • examinar a relação entre a inteligência humana e as tecnologias; • investigar as influências sociais no desenvolvimento do conhecimento humano e os tipos de inteligências. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA TÓPICO 2 – DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA TÓPICO 3 – A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS TÓPICO 4 – INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A fim de compreendermos a relação existente entre criatividade e inovação tecnológica, precisamos, primeiramente, olhar para traz para poder compreender o processo de construção do conhecimento. Para isso, além de conceitualizá-la, iremos compreender a diferença entre dados, informação e conhecimento, e investigar as teorias do conhecimento. Nesse sentido, no decorrer deste tópico iremos abordar as principais definições e conceitos evidenciados na literatura sobre o termo conhecimento para contribuir na sua concepção de criatividade e inovação. Além disso, também iremos examinar de forma mais detalhada as crenças e principais características das seguintes categorias do conhecimento humano: mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e tecnologia. Vamos analisar a evolução desses conhecimentos, sendo, em um primeiro momento, baseado, principalmente, em crenças e fantasias, e, posteriormente, uma visão científica e tecnológica. 2 O CONHECIMENTO HUMANO Quando nos deparamos em pensar no significado da palavra “conhecimento”, chegamos à conclusão de que a vida é um processo cíclico e contínuo. Mas o que é conhecimento? Como ocorre seu processo de construção, essencial para a vida, e que permitiu nossa evolução desde os primórdios? Diversas são as teorias que visam explicar como construímos e nos apropriamos do conhecimento. Tais teorias se embasam em diferentes aportes teóricos, que abrangem visões das áreas de filosofia, sociologia, biologia, tecnologia, entre outras (MATURANA; VARELA, 2011). 4 FIGURA 1- APORTES TEÓRICOS PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Maturana e Varela (2011) Filosofia Sociologia Tecnologia Biologia Conhecimento O conhecimento é um tema que sempre desperta interesse, é estudado desde a antiguidade, gerando, assim, diversos conceitos na literatura. Para compreendermos o conceito de conhecimento, inicialmente, listamos, no quadro a seguir, algumas das principais definições de sua evolução. Autor Abordagem Confúcio (séc. IV a.C.) O "saber" é saber que nada se sabe. Platão (428 a.C.) É uma “crença verdadeira justificada”. Locke (1689) É o resultado da experiência. Polanyi (1966) O indivíduo pode conhecer mais do que é capaz de expressar. Pears (1972) É o estado da mente. Nonaka e Takeuchi (1997) É composto por processo dinâmico de um sistema de crenças pessoais justificadas. É o resultado da interação entre o conhecimento explícito e o tácito. Sveiby (1998) É capacidade humana de caráter tácito, que orienta para a ação. Baseado em regras, é individual e está em constante transformação. O conteúdo revela-se em ações de competência individual, pois, na prática, se expressa através do conhecimento explícito, habilidades, experiências, julgamentos de valor e rede social.Não há como definir conhecimento de forma completa com apenas uma palavra. Davenport e Prusak (1998) O conjunto de informações combinado com experiências, vivências e intuição, que possibilitam ao indivíduo interpretar, avaliar e decidir. Choo (1998) É a informação modificada através da razão e da reflexão em crenças, e é composto pelo acúmulo de experiências. Maturana e Varela (2001) É construído a partir de relações sociais sucessivas, é fruto de uma interação do homem com o mundo, estruturando se pelo viés da interpretação individual. Spender (2001) Diferencia o conhecimento produzido pela ação (implícito) e o produzido pela comunicação (explícito). Schreiber et. al., (2002) São os dados e informações que os indivíduos utilizam na ação, na prática diária, para a realização de tarefas e produção de novas informações. QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DAS DEFINIÇÕES DO TERMO CONHECIMENTO 5 Probst, Raub e Romhardt (2002) É a junção de cognição com habilidades, uso da teoria, da prática, das regras diárias, do modo de agir do ser humano, para resolver seus problemas. Siqueira (2005) É a combinação de fatores como contexto, interpretação, experiência pessoal, aplicabilidade e processo cognitivo, que se somam à informação. Servin (2005) Deriva da informação, mas é mais rico e significativo do que esta, pois inclui consciência, familiaridade e compreensão adquiridas pela experiência, possibilitando comparações, identificação das consequências e novas conexões. Morin (2005) É, portanto, um fenômeno multidimensional, de maneira inseparável, simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico, cultural, social. Angeloni (2008) É um conjunto de informações, elaborado crítica e valorativamente, por meio da legitimação empírica, cognitiva e emocional. Fialho et. al. (2010) É o conjunto completo de informações, dados, relações que levam os indivíduos a tomar decisões, a desempenhar atividades e a criar novas informações ou conhecimentos. Um conjunto de informações contextualizadas e dotadas de semânticas inerentes ao agente que o detém. Dalkir (2011) Informações subjetivas e valiosas que foram validadas e organizadas em um modelo mental. Normalmente é originário da experiência acumulada, e incorpora percepções, crenças e valores. FONTE: Adaptado de Freire (2012, p. 83-86) A partir da leitura da evolução das definições do termo “conhecimento” podemos constatar o seu devido potencial, o que pode alterar comportamentos e fornecer habilidades a fim de transformar informação em ação efetiva. O conhecimento é uma relação (interação) entre o sujeito e o objeto. Na visão epistemológica, os termos sujeito e objeto se referem aos dois polos envolvidos na produção do conhecimento: o homem, que tem por finalidade conhecer algo, e o aspecto da realidade a ser conhecido. Assim, a discussão do papel do sujeito torna-se central para se compreender a ciência, uma vez que se refere à forma como o cientista (o sujeito) deve se comportar para produzir conhecimento, e, assim, revela pressupostos subjacentes a toda pesquisa (ABRANTES; MARTINS, 2007). Para Piaget (1988, p. 17), o conhecimento vem sempre associado a compreender, que por sua vez: “[...] é inventar, ou reconstruir através da reinvenção, e será preciso curvar-se ante tais necessidades se o que se pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de produzir ou de criar, e não apenas de repetir”. ATENÇÃO 6 Ainda nesse viés, para a transformação dos dados (informações) em conhecimento há uma importante variável: a criatividade. A criatividade é o primeiro passo na direção da mobilização e aplicação do conhecimento, definindo criatividade como o princípio de uma nova ideia ou perspectiva derivada de uma dada base de conhecimento. A partir da definição da palavra “conhecimento”, é possível perceber sua relação com os dados e informação. Dados, informação e conhecimento possuem o mesmo significado? Qual é a relação entre esses termos? Vamos investigar essas variáveis a seguir. Se você gostou desse assunto, seguem algumas dicas de sites: • http://eliana-rezende.com.br/dados-informacao-e-conhecimento-o-que-sao/; • https://blog.pandora.com.br/dado-informacao-e-conhecimento-voce-sabe- diferenca/. DICA 3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Antes de continuarmos nossa discussão sobre o conhecimento e suas teorias (tema da próxima seção), é primordial distinguir o significado de três termos muito importantes: dados, informação e conhecimento. Essas palavras, muitas vezes, são utilizadas de forma errada, como sinônimas, sendo necessário entendermos os principais pontos de sua diferenciação (DAVENPORT; PRUSAK, 2003). QUADRO 2 - DIFERENCIAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO FONTE: Vieira (2014, p. 537) DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO Simples observações sobre o estado do mundo: • facilmente estruturado; • facilmente obtido por máquinas; • frequentemente quantificado; • facilmente transferível. Dados dotados de relevância e propósito: • requer unidade de análise; • exige consenso em relação ao significado; • exige necessariamente a mediação humana. Informação valiosa da mente humana. Inclui reflexão, síntese, contexto: • de difícil estruturação; • de difícil captura em máquinas; • frequentemente tácito; • de difícil transferência. 7 Conforme observamos no Quadro 2, os dados são os fatos brutos, são os números, as palavras, os símbolos, as figuras, entre outros, sendo que não há interpretação de um dado, não é considerado seu contexto. Angeloni (2008, p. 1) define dados como “elementos descritivos de um evento” sem tratamento lógico ou contextualização. Já a informação refere-se à interpretação dos dados sendo considerado seu contexto, ou seja, a informação pode modelar os dados. Para isso é necessária a análise dos dados, proporcionando um novo ponto de vista para a interpretação de eventos ou objetos, que tornam visíveis os significados previamente. A informação é entendida por Angeloni (2008, p. 1) como “um conjunto de dados selecionados e agrupados segundo um critério lógico para a consecução de um determinado objetivo”. Nesse viés podemos perceber que a informação depende de um conjunto de dados, isto é, sem dados para interpretação não há informação (CARVALHO, 2012). A partir da informação é que podemos construir conhecimento, desse modo, o conhecimento é a compreensão da informação (DAVENPORT; PRUSAK, 1998; MARTINS FILHO, 2016). Quando a informação é trabalhada na mente humana, ela possibilita a realização de comparação e análise da consequência de tal informação, podendo, assim, gerar o conhecimento. FIGURA 2 - RELAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998) Conforme podemos perceber na Figura 2, temos inicialmente os dados que, quando agrupados e interpretados, geram informação. Essa informação, por sua vez, quando passa a ser compreendida, guardada em nossa mente torna-se conhecimento. 8 Primeiro, o conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica. Segunda, o conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação. É sempre o conhecimento “com algum fim”. E terceira, tanto o conhecimento como a informação, dizem respeito ao significado. É específico ao contexto e relacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 63, grifos nossos). IMPORTANTE Assim, constatamos que o conhecimento resulta de misturas que abrangem crenças e verdades, sendo que a interação entre essas variáveis possibilita a identificação de novas informações e criação de novos conhecimentos (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).FIGURA 3 – CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998) Crenças Conhecimento Verdades Percebemos, no decorrer desta seção, que o estudo sobre o conhecimento humano é extremante complexo e gera uma nova área de investigação denominada de Epistemologia ou Teoria do Conhecimento (do grego episteme ciência, conhecimento; logos, discurso), que é um ramo da filosofia dedicado aos problemas filosóficos relacionados ao conhecimento. Até aqui abordamos as principais definições da palavra conhecimento e compreendemos melhor seu significado, agora vamos aprofundar nossos estudos. Para isso, será necessário investigar sobre a “Epistemologia” ou também denominada de “Teoria do Conhecimento” (TESSER,1995). 9 Veja alguns sites interessantes sobre Teoria do Conhecimento: • http://www.criticanarede.com/fil_conhecimento.html; • https://descomplica.com.br/artigo/teoria-do-conhecimento/4nS/; • https://www.todamateria.com.br/teoria-conhecimento/. DICA 4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO Você deve pensar, o que é epistemologia? Etimologicamente, de acordo com Tesser (1995) "Epistemologia" significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme). Assim, epistemologia: é a Ciência da Ciência ou Filosofia da Ciência, em outros termos, é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. É a teoria do conhecimento. De acordo com Mário Bunge (1980, p. 17 apud TESSER, 1995, p. 92): Uma epistemologia é útil se satisfaz às seguintes condições: • refere-se à ciência propriamente dita; • ocupa-se de problemas filosóficos que se apresentam no curso da investigação científica ou na reflexão sobre os problemas, métodos e teorias da ciência; • propõe soluções claras para tais problemas, soluções consistentes em teorias rigorosas e inteligíveis, adequados à realidade da inves- tigação científica; • é capaz de distinguir a ciência autêntica da pseudociência; • é capaz de criticar programas e mesmo resultados errôneos, como conseguir novos enfoques promissores. Para Silvano, Silva e Silva (2018, p. 141), a epistemologia trata de quatro áreas fundamentais: • análise filosófica da natureza do conhecimento e como o conheci- mento se relaciona com a verdade, crença e justificação; • problemas relativos ao ceticismo ou questões derivadas deste; • critérios para se afirmar que algo é conhecido e justificado; • o alcance do conhecimento e as fontes da crença justificada. Como podemos compreender, a Epistemologia, ou Teoria do Conhecimento, investiga, ao longo da história humana, os diversos tipos de “conhecimentos” utilizados para explicar, entender e compreender o mundo a sua volta e, também, a sua relação com a natureza. Os principais tipos de conhecimento desenvolvidos pelo homem de acordo com essa teoria são: mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e tecnologia (SCHMAELTER, 2018). 10 FIGURA 4 – PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018) EPISTEMOLOGIA Senso Comum Filosofia Teologia Ciência Tecnologia Mitologia A partir da ilustração apresentada na Figura 4, observamos que os principais tipos de conhecimentos são formas de compreender o mundo a partir de diferentes abordagens. Cada um, a seu modo, tem como objetivo desvendar os segredos do mundo, explicando-o e/ou atribuindo-lhe um sentido. Veja mais sobre os tipos de conhecimento em: • https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/conhecer-o-mundo- mitologia-religiao-ciencia-filosofia-senso-comum.htm?cmpid=copiaecola. DICA Agora que você já sabe quais são os principais tipos de conhecimento identificados na literatura, vamos examinar mais de perto cada um deles. 11 QUADRO 3 - TIPOS DE CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018) e Tesser (1995) MODOS DE COMPREENDER O MUNDO CRITÉRIOS DE VERDADE MÉTODOS IDEIA BÁSICA Mitologia Crenças Tradição oral Natureza Senso comum Costumes e hábitos Experiência pessoal e cultural Natureza e cultura Filosofia Reflexão racional Razão discursiva e dialética Natureza e Pólis (comunidade) Teologia Fé e Razão Conciliação entre a razão discursiva e a revelação divina Deus Ciência e Tecnologia Razão crítica e sistematizada Observação e experimentação Homem Analisando o Quadro 3, percebemos que cada tipo de conhecimento é baseado em critérios que são considerados verdadeiros a partir de um fundamento distinto (filosofia, mitologia, ciência, tecnologia), mas você deve questionar: por que estudar os tipos de conhecimento? Compreender como ocorre o processo de construção do conhecimento e suas abordagens, seus diferentes tipos, irá nos permitir, no percurso desta unidade, entender os conceitos de criatividade e inovação que serão abordados mais à frente. Para auxiliar sua compreensão sobre os tipos de conhecimentos, vamos brevemente conceituar e exemplificar cada um deles. 4.1 MITOLOGIA A palavra “mitologia” não é um termo incomum na nossa vida, geralmente, vários filmes ou livros são baseados ou abordam algum tipo de mitologia. Mas você sabe qual é o significado da palavra mitologia? A palavra mito vem do grego mythos e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). No princípio dos tempos, quando o homem começou a refletir, surgiu-lhe automaticamente a necessidade de explicar o mundo. As explicações que o homem primitivo dava aos fatos eram repletas de fantasias e crenças, sem bases racionais (ilusões). Foram essas explicações fantásticas da realidade que deram origem aos mitos. Os mitos explicavam o desconhecido com base na experiência particular de cada comunidade (CHAUÍ, 2005). 12 Na sua acepção original, mito é a narrativa tradicional, integrante da cultura de um povo, que utiliza elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo e dar sentido à vida humana. Conforme Eliade (1972, p. 11) “O mito conta uma história sagrada: ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial [...]. O mito narra como, graças às façanhas dos entes sobre naturais, uma realidade passou a existir [...]”. Percebemos que os seres humanos, desde os seus primórdios, utilizaram muita “criatividade” para explicar os seus acontecimentos diários, como, por exemplo, suas caçadas; a queda de um raio; o nascimento de uma criação; a morte de um familiar etc. Aprenda mais sobre mitologia em: • https://www.infoescola.com/mitologia/o-que-e-mitologia/. DICA Os mitos assumem em praticamente todos os povos da antiguidade — assírios, babilônicos, chineses, indianos, persas, egípcios e hebreus — o importante papel de tornar a realidade inteligível ao homem. O recurso às explicações mitológicas, portanto, não aparece como uma opção, mas sim como uma necessidade de povos que se deparam todos os dias com acontecimentos para os quais não encontram outras explicações se não as forças de criaturas com poderes sobrenaturais. Esta criatividade já estava registrada desde a Pré-História (antes do surgimento da escrita) na chamada Arte Rupestre — nome da mais antiga representação artística da história do homem. Os mais antigos indícios dessa arte são datados no período Paleolítico Superior (40.000 a.C.), e consistiam em pinturas e desenhos gravados em paredes e tetos das cavernas. Isso demonstra que o homem pré-histórico já sentia a necessidade de expressão através das artes, algo inerente ao ser humano. As representações feitas nas cavernas eram de grandes animais selvagens, na tentativa de tentar reproduzir as caçadas da forma mais real possível. O homem pré-histórico usava ossos de animais, cerâmicas e pedras como pincéis, além de fabricar suas próprias tinturas por meio de folhas de árvores,sangue de animais e excrementos humanos (PINTO, 2018). 13 FIGURA 5 - PINTURA EXISTENTE NO COMPLEXO DE CAVERNAS LASCAUX – FRANÇA FONTE: <https://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/pinturas-de-lascaux-4/Pinturas-de- Lascaux-11.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2020. Já no período denominado História Antiga, após o surgimento da escrita, podemos identificar diferentes tipos de mitologias, como a mitologia grega que iremos estudar na próxima seção. 4.1.1 Mitologia grega Ao escutarmos a palavra "mitologia" quase automaticamente a associamos à palavra "grega". De fato, a mitologia grega ganhou destaque sobre a mitologia de vários outros povos pela própria influência que a civilização e o pensamento grego exerceram sobre o mundo, em particular sobre o Ocidente (PESQUISAR ESCOLA, 2019). Três obras podem ser consideradas fontes básicas para o conhecimento da mitologia grega: a "Teogonia", de Hesíodo (século IX a.C.) e "Ilíada" e "Odisseia", de Homero (Século VIII a.C.). No quadro 4, a seguir, temos algumas informações dessas obras. O homem pré-histórico usava ossos de animais, cerâmicas e pedras como pincéis, além de fabricar suas próprias tinturas por meio de folhas de árvores, sangue de animais e excrementos humanos (PINTO, 2018). 14 QUADRO 4 – TEOGONIA, ILÍADA E ODISSEIA FONTE: <http://estudosliterariosculturaafinsppgl.blogspot.com/2012/10/teogonia-iliada-e- odisseia.html>. Acesso em: 21 nov. 2019. Teogonia "Teogonia", de Hesíodo, narra a origem dos deuses (theos, em grego, significa deus), no qual o narrador é o próprio poeta. É um poema mitológico em 1022 versos hexâmetros (seis pés métricos iguais por verso). O poema se constitui da descrição da origem do mundo, a partir dos mitos dos gregos, que se desenvolve com geração sucessiva dos deuses e na parte final, com o envolvimento destes com os homens originando assim os heróis. Ilíada líada, assim como Odisseia foi escrita por Homero, poeta épico grego. Essas duas obras são decorrentes do contexto de evolução da Grécia Antiga. Em Ilíada é descrito um estágio mais primitivo da sociedade. Homero conta a Guerra de Troia, mostrando sua tomada pelos gregos. O poema concentra-se na figura do herói “Aquiles”, que se negou a combater os troianos devido a sua cólera contra Agamenon que lhe roubou a escrava Briseida. Odisseia Odisseia descreve um momento mais estável e pacífico repleto de sucessos legendários. Nessa obra, Homero ilustra o retorno do guerreiro Odisseu (Ulisses) ao seu reino na ilha grega de Ítaca. Ela pode ser dividida em três temas fundamentais: a viagem de Telêmaco; as viagens de Ulisses; e o massacre dos pretendentes da esposa de Ulisses, Penélope. FONTE: <http://twixar.me/qWFm>. Acesso em: 21 nov. 2019. FONTE: <http://twixar.me/TZFm>. Acesso em: 21 nov. 2019. FONTE: <http://twixar.me/nZFm>. Acesso em: 21 nov. 2019. 15 Sugestões de filmes que apresentam contextos mitológicos: • Troia, 2004. Direção: Wolfgang Petersen. • Helena de Troia, 2004. Direção: John Kent Harrison. DICA Além de Teogonia, Ilíada e Odisseia, temos outra importante obra da mitologia grega: o Mito de Prometeu. Há várias versões sobre o Mito de Prometeu, herói da mitologia grega, nelas ele era considerado um Titã, que, em defesa da humanidade, enganou Zeus roubando-lhe o fogo e a esperança. Assim, Prometeu cria um novo destino para a humanidade. A partir do roubo do fogo divino, ele permite que a existência dos homens seja inteligente e proativa, e deu o pensamento aos homens, uma vez que faziam tudo sem razão, revelando, assim, como surgiu a sabedoria humana (SANTOS, 2015). FIGURA 6 - PROMETEU COM O FOGO DIVINO. PINTURA DE HEINRICH FUEGER (1817) FONTE: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/prometeu-245x350.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2020. Quer conhecer outras mitologias? Acesse: • https://brasilescola.uol.com.br/mitologia/. DICA 16 4.2 SENSO COMUM O senso comum é o modo de pensar, noções admitidas no cotidiano, soma de saberes formado a partir de hábitos, costumes, crenças criadas pelos indivíduos. Na epistemologia, o termo senso comum é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos a partir de experiências e vivências da realidade que os circundam sem provas científicas, ou estudos anteriores (BEZERRA, 2019). Ele é transmitido de geração em geração, sendo considerado como uma herança cultural. Em termos gerais é um saber que não possui como base os métodos científicos, nos quais o homem tem como alicerce ações do cotidiano para explicar a realidade em que vive. Sua principal característica é a subjetividade, individualidade que reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo de indivíduos que interagem entre si, podendo variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo (BEZERRA, 2019). O filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir sobre o que é senso comum afirmando: [...] visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres vivos e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados pela cultura corrente de um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas no grupo. As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo se intercomunicam (DEWEY, 1949, p. 170 apud MENEGHETTI, 2007, p. 5). A exemplificação que ajuda a definir o senso comum são os ditados populares descritos por Olivieri (2010, s.p.): "Cada cabeça, uma sentença." "Quem desdenha quer comprar." "Quem ri por último ri melhor." "A pressa é a inimiga da perfeição." "Se conselho fosse bom, não era dado de graça." O senso comum é o conhecimento adquirido com base em experiências vividas e crenças, que, muitas vezes, não são verdadeiras. ATENÇÃO 17 4.3 FILOSOFIA Philos significa amizade, Sophia sabedoria, logo, filosofia é definida como amiga da sabedoria. Ela é um tipo de conhecimento que está em constante transformação. Surge da relação do homem com seu dia a dia, porém está relacionada ao estudo de problemas relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e à mente humana (SCHMAELTER, 2018). O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem como objetivo a identificação e elaboração de problemas. Em outras palavras, ela utiliza o questionamento e o pensamento como base. É um conhecimento do dia a dia, mas se preocupa em questionar o relacionamento do indivíduo com o meio em que está inserido, fornecendo respostas para questões já identificadas e criando novos questionamentos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019). A cada período da história, Porfírio (2019) identificou definições distintas, mas que se complementam, cada qual ao seu modo. Vamos ver, a seguir, algumas definições de acordo com Porfírio (2019). QUADRO 5 - DEFINIÇÕES FONTE: Adaptado de Porfírio (2019) Período da história Definição Gregos pré-socráticos Uma maneira racional de se investigar a origem do universo por meio da formulação de teorias contrárias, muitas vezes, às afirmações dos mitos. Para Sócrates, a filosofia seria um olhar para dentro de si e uma forma de extrair as ideias verdadeiras sobre aquilo que o próprio ser humano desenvolveu mediante a criação das sociedades. Helenistas A filosofia era uma espécie de prática de vida para alcançar a plenitude e a felicidade. Medievais Estaria submetida à teologia e a sabedoria infinita de Deus teria dado ao ser humano a possibilidade do conhecimento racional. Modernos Voltaram-se para a questão do conhecimento e da ciência, além da política e da ética, desenvolvendoum pensamento que resgatava certas características dos gregos, mas as aprimorava. Contemporaneidade A Filosofia abraçou novos problemas, característicos de nossa época, para desenvolver novos problemas e novos conceitos sobre eles. Platão, enfatiza que a filosofia possibilita o uso do saber a favor do homem, implicando a construção de um conhecimento válido e amplo a seu favor (PASSEIWEB, 2010). Assim, Platão (427-348 a.C.) constrói a primeira grande teoria filosófica de que se tem notícia. Sua obra mais famosa é A República, na qual podemos encontrar discutidas questões acerca da justiça, da educação, da organização da sociedade, do governo, da ciência, da verdade e do método adequado à filosofia (GOMES, 2010). 18 FIGURA 7 – ESCOLA DE ATENAS, ACADEMIA DE PLATÃO. PINTURA DE RAFAEL SANZIO (1510) FONTE: <https://www.infoescola.com/educacao/academia-de-platao/>. Acesso em: 17 jun. 2020. Em sua obra A República, Platão faz a relação entre o conhecimento válido e a política. De acordo com Platão, teremos uma sociedade mais justa se os cidadãos tiverem acesso ao conhecimento por meio da educação. Tal afirmação está escrita no capítulo VII de A República no qual está descrito o “Mito da Caverna”. No texto do Mito da Caverna, há um diálogo realizado entre Sócrates e Glauco. O texto visa apresentar ao leitor a teoria platônica sobre o conhecimento da, até então, “verdade” e a necessidade de que o governante da cidade tenha acesso a esse conhecimento (PORFÍRIO, 2015). Filmes para compreender a filosofia de Platão: • Edward mãos de tesoura,1990. Diretor: Tim Burton. • O dia da besta, 1995. Diretor: Alex de la Iglesia. • O show de Truman – o show da vida, 1998. Direção: Peter Weir. • Matrix, 1999. Direção: Lana e Lilly Wachowsky. DICA Com base na importância da obra de Platão (Mito da Caverna), iremos estudá-la na próxima seção. Mas, antes, vamos complementar nosso conhecimento adquirido até aqui, e analisar o que alguns filósofos dizem sobre filosofia. 19 O que alguns filósofos dizem sobre o que é a Filosofia Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.): “A admiração sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante”. Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.): “Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem o canse fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz”. Edmund Husserl (1859-1938): “O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo de minhas elaborações, sei-o naturalmente. E, contudo, não o sei... Qual o pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?” Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre tomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Para além do bem e do mal, p. 207). Kant (1724-1804): “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”. Ludwig Wittgenstein (1889-1951): “Qual o seu objetivo em filosofia? – Mostrar à mosca a saída do vidro”. Maurice Merleau-Ponty (1908-1961): “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo”. Gilles Deleuze (1925-1996) e Félix Guattari (1930-1993): “A filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos... O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência... Criar conceitos sempre novos é o objeto da filosofia”. Karl Jaspers (1883-1969): “As perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta” (Introdução ao pensamento filosófico, p. 140). 20 García Morente (1886-1942): “Para abordar a filosofia, para entrar no território da filosofia, é absolutamente indispensável uma primeira disposição de ânimo. É absolutamente indispensável que o aspirante a filósofo sinta a necessidade de levar seu estudo com uma disposição infantil. […] Aquele para quem tudo resulta muito natural, para quem tudo resulta muito fácil de entender, para quem tudo resulta muito óbvio, nunca poderá ser filósofo” (Fundamentos de filosofia, p. 33-34). FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/>. Acesso em: 15 dez. 2019. 4.3.1 O Mito da Caverna O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, é uma história narrada por Platão. A história relata um diálogo entre o personagem principal Sócrates e o interlocutor Glauco. Ela consiste em comparações entre uma caverna com prisioneiros presos desde a infância, que nunca conheceram o mundo real, e a “verdade” que havia fora da caverna (PORFÍRIO, 2015). Em seu resumo, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância, acorrentados na parede. Na caverna havia a interação apenas entre os prisioneiros, que viviam à luz de uma fogueira, e à existência de algumas sombras. Um dia um prisioneiro conseguiu sair da caverna. Ao sair, ele percebe que as sombras eram apenas ilusão de ótica, cópias imperfeitas do que, para ele, era a realidade (PORFÍRIO, 2015). FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO MITO DA CAVERNA FONTE: <https://bit.ly/3sYY9yZ>. Acesso em: 22 jun. 2020. 21 Quando sai da caverna ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. Com dificuldade de enxergar, aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber o mundo que existe fora da caverna. O prisioneiro liberto, após conhecer o mundo real, volta para avisar seus companheiros, quando sofre ataques e é julgado como louco, em que seus companheiros preferem ficar presos à caverna do que conhecer a realidade (PORFÍRIO, 2015). O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos (CHAUÍ, 2005, p. 9). Assim, nessa narrativa, Platão aborda os graus de conhecimento, em que há modos de conhecer, de saber, mais adequado para se pensar em um governante capaz de fazer política com sabedoria e justiça (PORFÍRIO, 2015). Mas, e nos dias atuais? Ainda vivemos em cavernas sem enxergar a realidade? O MITO DA CAVERNA NOS DIAS ATUAIS A atualidade deste texto de Platão, escrito há mais de 2.500, pode ser comprovada através do filme Matrix de 1999. No filme, o personagem Neo Anderson, um hacker de computador que, por meio de invasões pela internet, descobre a existência de um estranho programa na rede, a Matrix. Após suas descobertas, Neo é procurado por um grupo de pessoas que se dizem hackers e afirmam saber de uma verdade que a maioria não sabe,deixando a critério do protagonista: optar por conhecer a verdade e mudar sua vida para sempre ou continuar sendo enganado pela Matrix e esquecer todas as suas descobertas. FONTE: <https://bit.ly/35iSo6V>. Acesso em: 17 jun. 2020. 22 Neo Anderson decide então conhecer a verdade. Realizando uma comparação, Neo Anderson é a figura do escravo que consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o filósofo. O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens escravos da percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados. Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o famoso mundo das ideias, que seria um lugar onde os homens estariam livres dos enganos, mantendo-se em contato, por meio do pensamento, com as essências puras das coisas do mundo. Para Platão, o conhecimento verdadeiro advém das ideias puras e do intelecto. Todo conhecimento advindo das sensações do corpo é enganoso. Neo, assim como o escravo liberto, descobre haver uma realidade totalmente diferente daquela em que acreditamos. No filme, o responsável pelo nosso engano é o software Matrix. FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-matrix.htm>. Acesso em: 4 jan. 2020. A professora Marilene Chauí, do departamento de Filosofia da USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações do filme Matrix com o diálogo de Platão. Este texto está publicado no início do livro Convite à Filosofia (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995). DICA 4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção do conhecimento Após a morte de Platão, seu discípulo Aristóteles continuou o desenvolvimento do pensamento filosófico através da Lógica. Aristóteles (384-322 a.C.) foi aluno de Platão na Academia. Apesar de ter passado quase 20 anos próximo ao mestre, sentiu-se à vontade para criticá-lo em muitos pontos de sua doutrina, iniciando uma nova tradição. O principal ponto de discordância, a partir do qual todos os outros passaram a surgir, é em relação à postulação do mundo das ideias. Segundo Aristóteles, não existe tal mundo separado do mundo material. As ideias inatas, que seriam as únicas verdadeiras, são também combatidas, e Aristóteles afirma a experiência como base da formação de nossas ideias (LOBO, 2013). 23 FIGURA 9 – PLATÃO E ARISTÓTELES – PINTURA DE RAFAEL FONTE: <https://i.em.com.br/HbkC82RceglnU-Dn09wOE7eIzbw=/675x0/smart/imgsapp.em.com.br/ app/noticia_127983242361/2016/08/12/793593/20160812171928660506o.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2020. A preocupação de Aristóteles estava em como obter o conhecimento válido a partir da experiência (empirismo) da realidade. A importância de Platão e Aristóteles para o desenvolvimento do conhecimento na sociedade ocidental é inquestionável. Por exemplo, na tradição filosófica iniciada por Platão e Aristóteles, introduziu-se o conceito substância entendido como o gênero supremo de todas as coisas (LOBO, 2013). No século III d.C., o filósofo neoplatônico Porfírio (233-305 d.C.) apresentou seu próprio modelo explicativo. Nele é detalhada uma classificação sobre as substâncias, ficando tal modelo conhecido como a Árvore de Porfírio. Fica conhecida por esse nome devido sua estrutura se assemelhar a forma de árvore onde tudo o que existe é concebido de maneira gradual, ou seja, da substância mais geral para a mais particular (CONCEITOS, 2019). Esse modelo irá servir como método de classificação para as ciências naturais, na forma que chamamos hoje de Mapas Mentais. 24 FIGURA 10 – ÁRVORE DE PORFÍRIO FONTE: Adaptado de Conceitos (2019) Depois de Aristóteles, teremos a expansão da filosofia grega para todo o mundo antigo graças às conquistas de Alexandre Magno. Este período histórico é denominado de Helenismo. Com a conquista da Grécia pelo exército de Filipe, e o posterior domínio de seu filho, Alexandre, a antiga unidade política das cidades-estados deixou de existir (LOBO, 2013). A autonomia, que antes caracterizava a vida de cada uma das comunidades políticas cedeu espaço para o império de Alexandre. O efeito disso foi o surgimento de várias escolas que tentaram teorizar a vida dos homens a partir dessa nova realidade. 25 Na sequência, teremos o surgimento do Império Romano que irá absorver a filosofia grega e incorporar ao que chamamos de filosofia latina. Algumas sugestões de filmes e séries interessantes sobre esse período: • Filmes: Gladiador, 2000. Direção de Ridley Scott; e Alexandre, 2005. Direção de Oliver Stone. • Série: ROMA, 2005 – 2 temporadas. DICA O pensamento filosófico greco-latino perdurou até o fim do Império Romano em 476 d.C., com o surgimento de uma nova forma de conhecimento: a Teologia. 4.4 TEOLOGIA Vida após a morte, a ideia do perdão, a adesão a não violência, a ideia de igualdade – “todos somos filhos de Deus”. O nascimento de Jesus Cristo, durante o Império Romano, aponta o início de uma transformação social, política, religiosa e epistemológica na sociedade ocidental. A mensagem cristã, transmitida pelos seus discípulos, após sua morte, e espalhada pelo mundo greco-latino, traz novidades na forma de compreensão do mundo e da vida em sociedade: Todas essas ideias produziram uma revolução dentro do Império Romano. No entanto, do ponto de vista da epistemologia, os pensadores cristãos enfrentaram um outro problema fundamental: os filósofos já tinham provado que um conhecimento somente baseado em crenças não era válido. Dessa forma, os pensadores cristãos tiveram que desenvolver uma nova forma de pensar que pode validar a fé cristã: a Teologia. Com isso temos um novo período histórico, a Idade Média, que será marcada pelo poder da Igreja com um conhecimento que tem como ideia central “Deus” (Teocentrismo) (CHAUÍ, 2005). 26 FIGURA 11 - A ASCENSÃO DE CRISTO – PINTURA DE JOHN SINGLETON COPLEY FONTE: <https://images.freeart.com/comp/art-print/fan16225811/ascension. jpg?units=cm&pw=20.3&ph=20.3&fit=True>. Acesso em: 22 jun. 2020. O conhecimento teológico cristão teve como base a tentativa da conciliação entre Fé e Razão – Fides et Ratio. Provar as verdades da fé com as certezas da razão, ou seja, a teologia cristã não enfrentou a filosofia greco-latina, mas sim procurou trazê-la para o seu interior (CHAUÍ, 2005). Os principais filósofos cristãos que fundamentaram o conhecimento teológico são: Santo Agostinho (354-430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225-1274). Ambos, por meio da difusão das obras de Platão e Aristóteles cristianizaram a filosofia greco-latina. A frase de Santo Agostinho — “Crer para compreender, compreender para crer” — representa este período, quanto mais tenho fé, mais posso compreender o mundo e vice-versa. O período histórico da Idade Média, que abrange desde 476 a.C. até 1453 d.C. com a queda de Constantinopla, representa também o fim do poder da Igreja. Com o Renascimento, o Mercantilismo, as Grandes Navegações, a Reforma Protestante, e a expansão do Islamismo, consolida-se um processo de separação do que a Idade Média unira: a Razão separa-se da Fé; a Natureza e o Homem, de Deus; o Estado, da Igreja. Temos o advento do Antropocentrismo como filosofia dominante, ou seja, o homem como centro das discussões filosóficas e políticas em oposição ao Teocentrismo. Configura-se, assim, o período da Idade Moderna, ou Modernidade com um novo tipo de conhecimento: a CIÊNCIA MODERNA (CHAUÍ, 2005). 27 Dica de filmes: • Período da Reforma protestante: Lutero, 2003. Direção: Eric Till. • Sobre a expansão do Islamismo: Cruzada, 2005. Direção: Ridley Scott. DICA 4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES Augusto Comte, filósofo francês do século XIX, fundador de uma corrente filosófica chamada Positivismo, defende que a evolução da espéciehumana se deu em três fases: a mítica (religiosa), a filosófica (metafísica) e a científica (PORFÍRIO, 2012). FIGURA 12 – FASES DA EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA FONTE: Adaptado de Porfírio (2012) Científica Mítica Filosófica Evolução espécie humana A fase científica foi o ápice do desenvolvimento humano. Essa etapa não só é considerada superior às outras, como também seria a única válida para se chegar à verdade. Segundo os positivistas, a ciência é o único conhecimento válido para compreender o sujeito, a natureza e a sociedade. Em suma, só a ciência pode nos ajudar a entender a nossa realidade. Mas, então, o que seria o conhecimento científico? 28 A palavra scire significa, em latim, saber [...]. O conceito de scientia, portanto, apenas podia ser atribuível a um determinado tipo de conhecimento: ao que possuía o saber correto, diferente de outros pretensos conhecimentos que não o possuíam, que não podiam ser scientia. Como havia vários conhecimentos, um poderia ser o correto e os outros não. Havia assim, a necessidade de se descobrir algum meio ou algum critério que distinguisse o correto do não correto, isto é a ciência da não ciência (KÖCHE, 1997, p. 67). Segundo Chauí (2000, p. 220), “a ciência é o conhecimento que resulta de um trabalho racional, baseado em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade”. Por sua vez, para Cupani (2014, p. 1): a “Ciência” é, como muitas palavras, uma expressão ambígua, podendo significar conforme os contextos, uma atividade social, endereçada à produção de certo tipo de conhecimento, ou bem o conhecimento por ela produzido. “Ciência” designa também uma entidade que muda, como tudo quanto existe, evoluindo de uma maneira específica decorrente do objetivo que lhe é próprio, porém não apenas dele, pois está sujeita às condições em que existe (uma das quais é hoje, precisamente, a tecnologia). Além disso, o autor enfatiza que: “Ciência” é, além do mais, o nome de uma instituição social (análoga ao Direito, a Religião, a Educação), que é muito prestigiada em nossa época e cultura, mas não em todas (povos e épocas houve e há em que a sociedade é indiferente à ciência ou hostil a ela). Por fim, “ciência” pode referir-se a determinada atitude perante a realidade, diferente de outras atitudes, como a técnica, a religiosa ou a artística (o cientista busca conhecer, não modificar a realidade, reverenciá-la ou exprimir as vivências que ela lhe suscita). Essas diversas acepções de “ciência” estão obviamente intervinculadas (CUPANI, 2014, p. 2). Se você se interessou e quer saber mais sobre Positivismo, acesse: • https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/positivismo. DICA 29 A história da ciência está atrelada à tecnologia, portanto, o avanço tecnológico marcou e interferiu no avanço do conhecimento científico. No Quadro 6, a seguir, poderemos evidenciar a evolução do conhecimento até chegarmos à Idade Moderna, em que a ciência e tecnologia se tornam as únicas bases para a construção do conhecimento. QUADRO 6 - PERÍODOS HISTÓRICOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA FONTE: Asmann (2008, p. 53) Conforme evidenciado no Quadro 6, na Idade Moderna, o saber mais importante torna-se a Ciência e Tecnologia, frutos do trabalho e produção humana. Com o desenvolvimento científico e tecnológico ocorre a Revolução Industrial e o homem deixa de depender dos caprichos da natureza. Antes, a produção rural dependia das estações do ano, das tempestades, suas estiagens, seu tempo cíclico. Com a indústria, ao contrário, o homem introduz uma jornada linear de produção, em processo executado pelos trabalhadores e completado com o produto vendido aos consumidores. Neste PERÍODOS HISTÓRICOS IDADE ANTIGA (SÉCULO V a.C. – IV d.C.) IDADE MÉDIA (SÉCULO V d.C. – XVI d.C.) IDADE MODERNA (SÉCULO XVI d.C. – XX d.C.) Ideia Básica (razão última) PHYSIS (razão da natureza). Agir é contemplação. Valem princípios. DEUS (razão de Deus). Agir é contemplação. Valem princípios. HOMEM (razão do homem). Natureza a dominar. Agir é fabricação. Prevalecem resultados. Ser humano Servo da natureza. Livre e escravo. Servo de Deus. Igualdade entre si e irmãos da natureza. Senhor de si (eu sou), da natureza e de Deus. Livres e iguais pela razão. Verdade Adequação do sujeito ao objeto. Objetivismo. Adequação do sujeito ao objeto. Objetivismo. Construção (Kant) ou representação. Subjetivismo. Saber mais importante Mito e Filosofia. Contemplação da natureza – Ócio. Teologia. Contemplação de Deus – Fé. Ciência e tecnologia. Produção humana. Fruto do trabalho. Trabalho Atividade de escravos (negativo). Castigo devido ao pecado (negativo). Ação autocriadora, homem – senhor de si e da natureza (positivo). Política e ética Atividade natural – só na Pólis se realiza a ética. Cidade dos homens, separação entre política e moral. Política = mal. Atividade artificial, mal necessário (e passageiro). Separação entre ética e política. História Fisiológica. Eterno retorno do mesmo. Teológica. Início e fim em/com Deus. Antropológica. Início com homem. Progresso (processo). 30 período, que marca a transição da Idade Média para a Idade Moderna, há uma migração da área rural para a área urbana, impondo o crescimento das cidades. Na Modernidade, o trabalhador rural transforma-se em trabalhador urbano, com um novo processo de socialização do trabalho dado pelo desenvolvimento industrial (CUNHA, 2005). O trabalhador recebe não mais na forma de produtos de sobrevivência, mas na forma de salário. Ampliam-se as opções de trabalho e a liberdade de ação do indivíduo. Assim, com a Revolução Industrial e o surgimento da burguesia, e, posteriormente, amparado nos ideais da Revolução Francesa que, entre outros, pressupunham a liberdade individual e inclusive o direito à propriedade, consolida-se o sistema capitalista, o qual dissolve os laços que prendiam os trabalhadores aos limites previamente definidos pela ordem feudal (CUNHA, 2005). 31 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os termos “dados, informação e conhecimento”, muitas vezes, são utilizados erroneamente como sinônimos. • O estudo do termo conhecimento além de complexo, desencadeia uma nova área de estudos: a Epistemologia ou Teoria do Conhecimento. • A Teoria do Conhecimento aborda os diversos tipos do conhecimento, decorrentes da evolução humana, sendo eles: mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e tecnologia e que esses tipos de conhecimento visam explicar o mundo a nossa volta, e desvendar alguns segredos. • Os tipos de conhecimentos surgiram da necessidade de explicar o mundo, por meio de fantasias e crenças sem bases racionais, dando origem assim, aos mitos. • A mitologia grega e suas principais obras (Teogonia, Ilíada e Odisseia), onde cada uma conta a história e cultura de seu povo. • O senso comum é considerado a soma dos saberes do cotidiano, formado a partir de hábitos, costumes, crenças, preconceitos e tradições. • A filosofia surge da relação do homem com seu dia-a-dia, mas que usa o questionamento e o pensamento como base. É um conhecimento do dia a dia, que se preocupa em questionar o relacionamento do indivíduo com o meio em que está inserido. • Na teologia, a partir da Igreja, surgiu uma nova percepção de mundo visando conciliar a Fé e Razão. Nessa categoria enfatiza-se que Deus é o centro do mundo. • No decorrer das categorias do conhecimento, nós podemos compreender as mudanças culturais, influenciadas pelas formas de entender o mundo a nossa volta. RESUMO DO TÓPICO 1 32 AUTOATIVIDADE 1 O conhecimento é uma relação (interação) entreo sujeito e o objeto. Ele é um conjunto de informações adquirida por meio da experiência em vivência. Mas, para interpretação da informação é necessário em um primeiro momento converter dados em informação, para que, assim, possa gerar um novo conhecimento. Com base na importância dos termos: dados, informação e conhecimento, selecione as características a seguir de cada variável. Para isso, informe com a letra D, para dados, I para Informação e C para conhecimento. ( ) Facilmente obtido por máquinas. ( ) De difícil estruturação. ( ) De difícil captura em máquinas. ( ) Frequentemente quantificado. ( ) Exige consenso em relação ao significado. ( ) Exige necessariamente a mediação humana. ( ) Frequentemente tácito. ( ) Exige necessariamente a mediação humana. ( ) De difícil transferência. 2 A Epistemologia, ou Teoria do Conhecimento, investiga ao longo da história humana os diversos tipos de “conhecimentos” utilizados para explicar, entender e compreender o mundo a sua volta e, também, a sua relação com a natureza. Cada conhecimento representa uma forma de compreender o mundo e tem uma ideia básica central. Com base nisso relacione as colunas: 3 Assista ao filme Matrix, e verifique a relação do filme com o Mito da Caverna de Platão. Em seguida, reflita sobre essa metáfora e sua relação com os dias atuais. MODOS DE COMPREENDER O MUNDO IDEIA BÁSICA (1) Mitologia. (2) Senso comum. (3) Filosofia. (4) Teologia. (5) Ciência e Tecnologia. ( ) Natureza e Pólis (comunidade). ( ) Natureza e cultura. ( ) Deus. ( ) Homem. ( ) Natureza. 33 DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Estudamos, no Tópico 1, o desenvolvimento do conhecimento humano ao longo da sua história, com seus vários tipos até chegarmos aos dias atuais, marcados pelo exponencial avanço do conhecimento científico com alto grau de sofisticação tecnológica. Este avanço da ciência e da tecnologia permitiu o surgimento de novas áreas na fronteira do conhecimento, tais como a neurociência, a psicologia e a inteligência artificial, que desta forma, nos possibilitaram adentrar ao cérebro humano para compreendermos o seu funcionamento, assunto que nos interessa para o tema de nossa disciplina de Criatividade e Inovação. 2 RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO De acordo com Descartes (1596-1650), no início da Idade Moderna, o conhecimento humano teve origem na própria mente, através de ideias inatas. Esta corrente de pensamento é denominada de Racionalista, Idealista ou Inatista. Seguindo Platão (428/27-347 a.C.) e Santo Agostinho (354-430), Descartes acreditava na doutrina das ideias inatas, ou inatismo, a qual sustenta que o homem nasce com determinadas crenças verdadeiras, ou seja, o conhecimento nasce na mente humana — é inato — através da razão e das ideias. A famosa frase de Descartes — “Penso, logo existo” — marca o início da modernidade, o período em que o ser humano, dotado da sua racionalidade, pode determinar a sua própria existência e dominar a natureza para a sua sobrevivência. A modernidade é marcada, então, pelo Antropocentrismo — o homem é o centro do conhecimento — iluminado pelas luzes da razão humana — Iluminismo (SALATIEL, 2012). 34 O iluminismo tornou-se intenso na Europa, ainda mais na França e atingiu o seu apogeu no século XVIII, sendo chamado de Século das Luzes. Essas ideias trouxeram seguidores e foram as principais motivações para o surgimento da Revolução Francesa, cujo lema era liberdade, igualdade e fraternidade. FONTE: <http://idade-moderna.info/iluminismo.html>. Acesso em: 22 jun. 2020. NOTA De forma contrária, na mesma época, empiristas, como John Locke (1632-1704), consideravam que o conhecimento humano surge da experiência, dos sentidos, e que a mente humana é vazia. Somente após termos a experiência dos sentidos é que a nossa mente é preenchida com o conhecimento do que nos cerca. John Locke pregou a teoria da tábula rasa, cuja mente humana era como uma folha em branco, que se preenchia apenas com a experiência. Locke detalhou a tese da tábula rasa em seu livro Ensaio Acerca do Entendimento Humano, de 1690. Para ele, todas as pessoas nascem sem conhecimento algum, comparando a mente a uma "folha em branco". O conhecer, é aprendido por meio da experiência. FONTE: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/john-locke-e-o- empirismo-britanico-todo-conhecimento-provem-da-experiencia.htm>. Acesso em: 22 jun. 2020. ATENÇÃO Essa teoria é uma crítica à doutrina das ideias inatas, segundo a qual princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência. Basicamente é isso que o empirismo sustenta: contrapondo-se ao racionalismo, que privilegia a razão como fonte segura do conhecimento, esta escola enfatiza o papel da experiência. Junto com Locke, fazem parte do empirismo britânico os filósofos George Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806-1873). Contrariando o inatismo, Locke (1978) afirma que, ao nascermos, somos como uma folha em branco — "tábula rasa", diziam os empiristas — que é escrita na medida em que vivemos e temos experiência de mundo (LOCKE, 1978, p. 1-2): 35 Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer ideias; como ela é suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento. FIGURA 13 – FILÓSOFOS EMPIRISTAS DO SÉCULO XVII E XVIII FONTE: <https://www.profwilliam.com/2018/07/empiristas-dos-seculos-xvii-e-xviii.html>. Acesso em: 24 jun. 2020. Na continuação da modernidade, o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) realizou uma síntese entre o racionalismo e o empirismo. Kant afirmou que a nossa mente precisa tanto da razão quanto da experiência. Em Kant, há duas principais fontes de conhecimento no sujeito: a sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição (empirismo) e o entendimento (racionalismo), por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos. “Pensamentos (razão) sem conteúdo são vazios; intuições (experiência) sem conceitos são cegas” (CAIMI, 1974, p. 177). “Todo nosso conhecimento nasce no sentido, passa pelo entendimento e termina na razão” (PIZZINGA, 2020, s.p.). A partir do pensamento de Kant, a ciência avançou para explicar o funcionamento da mente para a construção do conhecimento. Teremos, a seguir, o surgimento de uma nova área da ciência: A PSICOLOGIA. Leia mais sobre racionalismo e empirismo em: • http://www.acervofilosofico.com/racionalismo-x-empirismo. DICA 36 3 A PSICOLOGIA A palavra “psicologia” vem do grego antigo psyque, que significa “mente”, e logos, que significa “conhecimento ou estudo”. Psiquê ou psique (em grego antigo: ΨΨΨΨ, transl.: Psychē), na mitologia grega, é uma divindade que representa a personificação da alma. Como a Psicologia é uma ciência, ela tenta investigar as causas, motivação que desencadeiam um determinado comportamento. Para isso, utiliza além de procedimentos de forma sistemática e objetivos de observação, medição e análise, apoiados esses por interpretações teóricas, explicações e previsões (BATTISTELLI, 2018). A psicologia tem como objetivo imediato a compreensão de grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento de princípios universais como pelo estudo de casos específicos, e tem, segundo alguns autores, como objetivo final o benefício geral da sociedade. IMPORTANTE A psicologia éo estudo científico da mente e do comportamento. Seu estudo inclui subcampos, como áreas de desenvolvimento humano, esportes, saúde, comportamento clínico, social e processos cognitivos. Assim, qualquer tentativa que vise explicar por que os seres humanos pensam, o desenvolvimento do pensamento, e seu comportamento sempre estará ligada a um dos ramos da psicologia, que podem ser (BATTISTELLI, 2018): • Psicologia clínica: relaciona ciência, teoria e prática para promover a adaptação e desenvolvimento pessoal. Em outras palavras tem como objetivo compreender e prever problemas atrelados à adaptação para contribuir com o bem-estar e o desenvolvimento pessoal do indivíduo. • Psicologia cognitiva: área de estudos sobre os processos mentais internos, relacionados à resolução de problemas, memória, aprendizagem, entre outros. Visa analisar como um indivíduo capta, processa e armazena as informações, e aplica ações para estimular os processos mentais internos. • Psicologia do desenvolvimento: investiga como ocorre as mudanças psicológicas vivenciadas na vida das pessoas que afetam fatores como habilidade motora, personalidade, desenvolvimento da linguagem, entre outros. Essas mudanças ocorrem deste a infância (bebê, criança), adolescência, adultos e idosos. • Psicologia evolucionária: está atrelada a como as transformações, evoluções humanas interferem no comportamento humano. Em outras palavras, investiga como ocorrem as adaptações dos traços psicológicos na evolução da espécie humana, desde a pré- história até os dias atuais. 37 • Psicologia forense: analisa os fatores psicológicos que influenciam no comportamento humano. É aplicada em investigações criminais e a lei. • Psicologia da saúde: nessa psicologia, ao invés de analisar as causas biológicas de uma doença, é observado o contexto social, comportamento, que muitas vezes influenciam o desenvolvimento ou agrava doenças. • Neuropsicologia: estuda a estrutura do cérebro de acordo com comportamentos. Pode estar relacionada avaliações de registro de atividades elétricas celebrais, e a condições para desenvolvimento de lesões celebrais. • Psicologia ocupacional: investiga ações relacionadas a maior produtividade no trabalho. Contribuem na avaliação e desenvolvimento de ações para melhorar o desempenho da equipe e em treinamentos, e auxiliam as organizações a compreender o comportamento das pessoas no trabalho. • Psicologia social: analisa como as influências sociais podem interferir no comporta- mento humano. Além dos tipos de Psicologia, temos os seguintes estados mentais: FIGURA 14 – ESTADOS MENTAIS FONTE: Adaptado Battistelli (2018) 38 4 PERCEPÇÃO DA MENTE A percepção mental, de acordo com Predebon (2008), é decorrente do ato de observar determinada realidade, tornando essa realidade, não considerada antes, evidente para as pessoas. Ela possibilita a manifestação de um novo aspecto da realidade que as pessoas não perceberam antes. FIGURA 15 – MÃOS QUE DESENHAM. – M. C. ESCHER (1948) FONTE: <https://image.cleveland.com/home/cleve-media/width960/img/plain-dealer/photo/2011/02/- ee28c90adf631557.JPG>. Acesso em: 22 jun. 2020. Um exemplo importante de percepção mental foi a utilização de objetos cilíndricos para auxiliar na locomoção de cargas pesadas pelo homem nômade. A partir dessa percepção, surgiu a ideia de eixo e roda. Seus primeiros registros são de 3000 a 2000 a.C. na Mesopotâmia. Os eixos eram compostos de três tábuas presas por suportes em forma de cruz e a tábua central possuía um furo natural no nó da madeira. Isso tornou o transporte mais rápido e fácil, além de contribuir para transformar as primeiras aglomerações humanas em cidades maiores (SANTIAGO, 2010). 39 FIGURA 16 - PERCEPÇÃO DA MENTE FONTE: <http://twixar.me/cbFm>. Acesso em: 22 jun. 2020. Assim, Steven Pinker (2000 apud TIMM, 2004), no livro Como a mente funciona, relata como nos deparamos com diversos aspectos relacionados ao processamento da mente humana, e enfatiza suas principais características e causas nesse processo. De acordo como Timm (2004), Steven Pinker considera as características genéticas que são moldadas pela seleção natural, e relata suas consequências na formação das relações humanas, sendo elas na sociedade, cultura, religião, arte, entre outras. Segundo Pinker (2000), a mente humana processa informações seguindo um padrão já existente há séculos, destinado a viabilizar a sobrevivência dos seres humanos ao longo da competição darwinista (competição pela sobrevivência entre os seres humanos). De acordo com Steven Pinker (2000), esse padrão está gravado em nossa mente, onde o autor compara o cérebro humano a um “software” mental, transmitido geneticamente e adaptado a partir de nossas transformações e evoluções na vida contemporânea. No livro Como a mente funciona, Pinker (2000) utiliza a teoria computa- cional da mente e a teoria da evolução. O objetivo principal de sua obra é sugerir e até mesmo explicar nossa capacidade de amar, manter — ou não — relações sociais, criar, julgar, ver figuras em 3D, assistir à televisão e se emocionar com música. INTERESSANTE Como eu não percebi isso antes? 40 Assim, um dos primeiros passos realizados pela nossa mente é, a partir da necessidade de sobrevivência, identificar ações que contribuam para ela. Segundo Pinker (2000), a operação básica de nosso cérebro, consiste no desenvolvimento de estratégias para realizar tais ações, visando eliminar ou sanar as necessidades encontradas. Segundo o autor, esse impulso por sobrevivência, possibilitou o enfrentamento de obstáculos, e aprimorando a capacidade de processar informações de forma inteligente (TIMM, 2004). A partir desse processo, o ser humano aprendeu a desenvolver práticas baseadas na colaboração mútua. Aprendeu também a desenvolver suas habilidades naturais para transformar o mundo a sua volta, chegando ao Século XXI com várias informações estruturadas aplicáveis ao mesmo objetivo inicial de tudo — a sobrevivência. Esse repertório cresceu, vem crescendo consideravelmente, e diversificando-se nas formas da Física, da Matemática, da Biologia, Psicologia e da Engenharia contemporâneas (TIMM, 2004). Um resumo dos principais pontos do modelo adotado por Pinker é descrito pelo próprio autor. Acesse: http://www.cinted.ufrgs.br/ renoteold/mar2004/artigos/05-computador_neural.pdf. DICA [...] a mente é um sistema de órgãos de computação, projetados pela seleção natural para resolver os tipos de problemas que nossos ancestrais enfrentavam em sua vida de coletores de alimentos, em especial entender e superar em estratégias os objetos, animais, plantas e outras pessoas. [...] A mente é o que o cérebro faz; especificamente, o cérebro processa informações, e pensar é um tipo de computação (PINKER, 2000, p. 32). 5 A INTELIGÊNCIA HUMANA E AS TECNOLOGIAS Para Steven Pinker (2000) a inteligência humana é decorrente da capacidade do cérebro humano de interpretar e processar dados e informações. Assim, Pinker em suas pesquisas compara o cérebro como um computador neural, que processa informações que estão na forma de símbolos, e por sua vez o conteúdo é transmitido na forma de padrões de conexão e de padrão de atividade dos neurônios (TIMM, 2004). Os símbolos formados por esse mesmo cérebro-mente podem conter, além da informação representacional, propriedades causais. Isso significa que contêm informações e que simultaneamente tais informações fazem parte de uma cadeia de eventos físicos, podendo assim gerar novas informações ou resultar em ações. Nesse viés essas informações interpretadas e processadas pelocérebro-mente humano podem 41 ser combinadas a outros dados, símbolos, já armazenados no cérebro, produzindo a validação ou não de informações, ou por sua vez podem acionar redes conectados aos músculos, resultando em movimento (TIMM, 2004). Assim, percebemos como é complexa a computação mental. Ela viabiliza a combinação de processamentos, para isso, possibilita, por exemplo, que um símbolo processado, sob determinado conjunto de regras, inicie um evento mecânico. De acordo com Timm (2004), isso também é o que ocorre com um computador. Como pensava Alan Turing, em 1937, um processador seria capaz de ler símbolos, e operar ações a partir de um conjunto fixo de regras (TIMM, 2004). Nossa máquina racional deve sua racionalidade a duas propriedades unidas uma à outra na entidade que denominamos símbolo: um símbolo transmite informação e faz com que coisas aconteçam. Quando as próprias coisas causadas transmitem informação, chamamos todo o sistema de processador de informações ou computador (PINKER, 2000, p. 78 apud TIMM, 2004, p. 2). Alan Turing, considerado o pai da computação, na década de 1930, elaborou um modelo teórico que seria responsável pela criação de conceitos como o algoritmo e o desenvolvimento dos computadores modernos. Esse modelo ficou conhecido como a Máquina de Turing, e escrevia e interpretava símbolos limitados em 0, 1 e conjunto vazio. Esses símbolos ainda compõem basicamente a mesma estrutura das linhas de códigos dos dias atuais (GALILEU, 2018). De acordo com Timm (2004), a Máquina de Turing é uma espécie de computador universal. Ela foi composta a partir da ideia de que qualquer cálculo poderia ser realizado por uma máquina que siga instruções (programação, algoritmos), se assemelhando a ideia de processamento neural de símbolos de Pinker. FIGURA 17 - MÁQUINA DE TURING FONTE: <https://s2.glbimg.com/TN-UfMlb4a_pVWXQMQaxaif9MFQ=/e.glbimg.com/og/ed/f/ original/2018/03/13/dx4mp8cw0aavtuz.jpg>.Acesso em: 17 jun. 2020. 42 Inspirado pelo filme O Jogo da Imitação, 2015, direção de Morten Tyldum, o entusiasta por tecnologia, Richard J. Ridel passou seis meses desenvolvendo uma Máquina de Turing em madeira, em um processo que envolveu tentativa e erro até o funcionamento do dispositivo. INTERESSANTE A partir de Alan Turing, vamos ter o surgimento dos computadores e da ciência da computação e a discussão se uma máquina pode pensar, originando posteriormente uma nova área do conhecimento denominada de Inteligência Artificial. Para saber mais sobre inteligência artificial assista ao filme: • Ex Machina: instituto artificial, 2014. Direção: Alex Garland. DICA 43 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Racionalismo e Empirismo visam explicar a forma como os seres humanos adquirem o conhecimento, porém elas têm filosofias fundamentalmente opostas. • O racionalismo afirma que a fonte do conhecimento é a razão e o Empirismo alega que é a experiência sensorial. • A psicologia visa explicar o funcionamento da mente para construção do conhecimento, estudo científico da mente e do comportamento humano. • A partir da Psicologia alguns estudiosos objetivaram compreender a percepção mental, como Predebon (2008) e Pinker (2000). No livro Como a mente funciona, Pinker relaciona a evolução da mente humana com a teoria computacional, realizando uma comparação com a combinação de processamento idealizado por Alan Turing. RESUMO DO TÓPICO 2 44 1 Nesta unidade estudamos alguns aspectos relacionados ao funcionamento da mente. Constatamos que a evolução tecnológica possibilitou o surgimento de novas áreas na fronteira do conhecimento, possibilitando adentrar ao cérebro humano para compreendermos o seu funcionamento, como a psicologia. A partir desse contexto defina psicologia, e identifique seus principais ramos: 2 Pinker (2000) compara o funcionamento do cérebro humano a um computador neural, processando informação. Nesse viés, reflita sobre o nosso atual contexto tecnológico, em que a inteligência artificial se faz cada vez mais presente, e identifique suas vantagens e desvantagens. 3 Conforme descrito nesta unidade, o estudo da psicologia inclui subcampos. Assim, a partir dos distintos ramos da psicologia listados a seguir, relacione as colunas e selecione a alternativa correta. a) ( ) 2 – 3 – 4 – 5 – 1. b) ( ) 3 – 2 – 4 – 5 – 1. c) ( ) 3 – 2 – 4 – 1 – 5. d) ( ) 5 – 2 – 4 – 3 – 1. e) ( ) 3 – 2 – 1 – 5 – 4. AUTOATIVIDADE Ramos da Psicologia Descrição/Características ( ) Estuda a estrutura do cérebro de acordo com com- portamentos. Pode estar relacionada avaliações de registro de atividades elétricas celebrais, e a condi- ções para desenvolvimento de lesões celebrais. ( ) Área de estudos sobre os processos mentais internos, relacionados a resolução de problemas, memória, aprendizagem, entre outros. ( ) Está atrelada a como as transformações, evoluções humanas interferem no comportamento humano. ( ) Analisa como as influências sociais podem interferir no comportamento humano. ( ) Relaciona ciência, teoria e prática para promover a adaptação e desenvolvimento pessoal. (1) Psicologia clínica (2) Psicologia cognitiva (3) Neuropsicologia (4) Psicologia evolucionária (5) Psicologia social 45 TÓPICO 3 — A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade iniciamos nossa trilha de aprendizagem abordando inicialmente a definição e a evolução do termo conhecimento. Estudamos também os tipos de conhecimento e suas visões distintas a cada momento da história. Nos dias atuais, identificamos algumas teorias relacionando o conhecimento a sistemas computacionais. Neste tópico, vamos estudar as características individuais e influências sociais da mente humana, propulsoras de nossas ações, comportamentos e emoções. Vamos também identificar os tipos de inteligências relacionados pelo psicólogo americano Howard Gardner, sendo elas: Lógico-matemática, Linguística, Musical, Espacial, Corporal-cinestésica, Intrapessoal, Interpessoal, Naturalista e Existencial. Além das inteligências múltiplas, também vamos investigar os tipos de inteligência cognitiva e emocional, suas habilidades, e relataremos a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais no contexto acadêmico. Vamos começar este novo tópico? Bons estudos! 2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS Em 1994, o neurologista António Damásio publicou o livro O erro de Descartes, emoção, razão e cérebro humano. Essa obra, de acordo com Tomaz e Giugliano (1997, p. 407) demonstra que “as emoções são indispensáveis para a nossa vida racional”. As emoções — sentimentos — tornam cada ser humano único, sendo elas (as emoções) as principais responsáveis por cada comportamento emocional, nos diferenciado uns dos outros (TOMÁZ; GIUGLIANO, 1997). Assim, nossas ações, comportamentos e emoções são resultado não somente do nosso cérebro, mas da interação entre o corpo, e a mente. Como diz Damásio (1994 apud TOMÁZ; GIUGLIANO, 1997, p. 407): “o corpo representado no cérebro constitui-se num quadro de referência indispensável para os processos neurais que nós experienciamos como sendo a mente”. 46 O livro O erro de Descartes, emoção, razão e cérebro humano lida com a teoria do dualismo mente/corpo proposto por René Descartes. O erro de Descartes, segundo Damásio (1994), foi não considerar que o cérebro não foi apenas criado por cima do corpo, mas também a partir dele e junto com ele. IMPORTANTE De acordo com Tomaz e Giugliano (1997, p. 408) [...] através da análise sistemática de casos clínicos e da experimentação neuropsicológica com animais delaboratório, António e sua esposa Hanna nos mostram como as emoções são indispensáveis na gênese e na expressão do comportamento. De acordo com Damásio, a inter-relação entre as emoções e a razão remontam à história evolutiva dos seres vivos. Durante a evolução natural o estabelecimento de respostas comportamentais adaptativas é moldado por processos emocionais e a escolha de respostas em determinadas situações reflete o uso da razão. Ou seja, o estabelecimento de repertórios adaptativos seria moldado pelas emoções e a seleção de comportamentos no futuro determinados pela razão. Então, a partir do desenvolvimento da neurociência, descrita na obra de Damásio (1994), percebemos que o conhecimento depende também dos aspectos socioemocionais. 3 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Na teoria das inteligências múltiplas, Howard Gardner (1994), psicólogo americano, enfatiza que podemos encontrar nove tipos diferentes de inteligência humana e que grande parte das pessoas possuem um ou dois tipos de inteligência mais aguçada. Os tipos de inteligência são: 47 QUADRO 7 – TIPOS DE INTELIGÊNCIA MÚLTIPLAS FONTE: Adaptado de W-pós (2017) TIPOS DE INTELIGÊNCIA DESCRIÇÃO Lógico- matemática A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Habilidade para raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. Cientistas possuem esta característica. Linguística Caracteriza-se por um domínio e gosto especial pelos idiomas e pelas palavras e por um desejo em os explorar. É predominante em poetas, escritores e linguistas. Musical Identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais, executando pedaços de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas também os escutando e discernindo-os. Pode estar associada a outras inteligências como a linguística, espacial ou corporal-cinestésica. É predominante em compositores, maestros, músicos e críticos de música. Espacial Expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual com precisão, permitindo transformar, modificar percepções e recriar experiências visuais até mesmo sem estímulos físicos. É predominante em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, geógrafos, navegadores e jogadores de xadrez, por exemplo. Corporal- cinestésica Traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os esportes. Intrapessoal Expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio do ser humano pois está ligada a capacidade de neutralização dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse. Interpessoal Expressada pela habilidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em políticos, religiosos e professores, como por exemplo Mahatma Gandhi, John F. Kennedy e Silvio Santos. Naturalista Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenômenos e padrões da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais. É característica de biólogos e geólogos, por exemplo. Existencial Investigada no terreno ainda do “possível”, carece de maiores evidências. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questões fundamentais da existência. Seria característica de líderes espirituais e de pensadores filosóficos. Além da classificação das inteligências múltiplas, temos também a identificação de dois grandes aspectos da inteligência: emocional e cognitiva. 48 4 INTELIGÊNCIA COGNITIVA X INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Os estudos sobre inteligência cognitiva e inteligência emocional sempre foram realizados, mas com o lançamento do livro de Daniel Goleman, em 1995 denominado “Inteligência emocional”, tal temática ganhou maior destaque. Daniel Goleman é psicólogo e jornalista do The New York Times, e, em 2011 a partir de suas pesquisas sobre ciência do cérebro, defendeu que existe uma grande limitação no nosso conhecimento sobre como ocorre a maneira de pensar (EDUCADOR 360, 2018). De acordo com EDUCADOR 360 (2018), esse livro, que foi um paradigma para estudos sobre emoções, identifica dois tipos de inteligência. QUADRO 8 – TIPOS DE INTELIGÊNCIA FONTE: Adaptado de Goleman (2011) Inteligência Cognitiva Avaliada pelo Q.I (quociente de inteligência), representa o nosso lado intelectual e de raciocínio lógico. Inteligência Emocional Medida pelo Q.E. (quociente emocional), diz respeito a capacidade de compreender e lidar com as emoções tanto a nível pessoal, quanto exterior. Conforme especificado no Quadro 8, a inteligência cognitiva representa o lado intelectual e de raciocínio lógico. Já a inteligência emocional corresponde à capacidade de compreender e lidar com as emoções. A inteligência emocional ainda é dividida por Goleman (2011) em uma estrutura de cinco pilares: FIGURA 18 – PILARES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL FONTE: Adaptado de Goleman (2011) Autoconhecimento emocional Reconhecimento de emoções de outras pessoas Automotivação Habilidades em relacionamentos interpessoais Controle emocial 49 Goleman (2011) também cita que essas duas inteligências são bem diferentes, não existe correlação entre QI e empatia emocional. Eles são controlados por diferentes partes do cérebro. Porém, de acordo com EDUCADOR 360 (2018), mesmo que tais inteligências atuem em campos diferentes, eles se afetam entre si. Uma pessoa com baixo nível de inteligência emocional enfrentara maior dificuldade de desenvolvimento intelectual de forma plena. EDUCADOR 360 (2018) relata que “um exemplo comum é quando alguém está tão nervoso para realizar uma prova, que não consegue pensar com clareza e por isso se sai mal. Isso pode acontecer mesmo que haja alto nível de conhecimento sobre o tema da avaliação” (EDUCADOR 360, 2018, s.p.). Além disso, estudos indicam que alunos submetidos a um programa de ensino baseado em habilidades socioemocionais, apresentam melhor desempenho nas áreas de matemática, português e ciências naturais (EDUCADOR 360, 2018). A Inteligência Emocional é considerada por muitas pessoas mais importante do que a Inteligência Cognitiva, uma vez que além de envolver o indivíduo como um todo e pode ser aplicada tanto na esfera profissional quanto pessoal (EDUCADOR 360, 2018). Mas, quais são essas habilidades? A partir da importância da Inteligência Emocional, EDUCADOR 360 (2018) a identifica como um conjunto de habilidades socioemocionais, dividindo essas habilidades em três grandes pilares: FIGURA 19 - HABILIDADES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL FONTE: Adaptado de EDUCADOR 360 (2018) 50 • Habilidades emocionais: referem-se a como lidar com as próprias emoções a partir das situações a que somos expostos no cotidiano. Representa habilidades como: aprender a ganhar e a perder, aprender com os erros, desenvolver autoconfiança, senso de autoavaliação e de responsabilidade. • Habilidades sociais: englobam aspectos de como se relacionar com o mundo externo e com as pessoas ao redor. Dizem respeito às capacidades de saber cooperar e colaborar, lidar com regras, comunicar-se bem, resolver conflitos e atuar em ambientes de competição saudáveis. • Habilidades éticas: envolvem ações de como agir positivamente para o bem comum. Respeito, tolerância e aceitação das diferenças são qualidades importantes nessa área. Leia mais sobre inteligência emocional em: • https://www.sbcoaching.com.br/blog/inteligencia-emocional/. DICA Compreender sobre esses três pilares é fundamental para maior aperfeiçoamento de tal inteligência, e para entender deque forma esses itens se influenciam entre si. EDUCADOR 360 (2018) ressalta que muitas vezes pode acontecer de um lado ser mais ressaltado que outro, por exemplo, alguém que tenha a habilidade da comunicação, que diz respeito às habilidades sociais, pode expressar-se com coerência e clareza, no entanto, se essa mesma pessoa não possuir habilidades éticas, sua comunicação pode se tornar tendenciosa e manipuladora, a ponto inclusive de prejudicar as outras pessoas. Por isso, EDUCADOR 360 (2018) ressalta a importância em desenvolver todas as áreas de habilidades socioemocionais de forma simultânea e equilibrada. Tais habilidades, além do desenvolvimento pessoal, também dizem respeito sobre o impacto que cada um pode gerar no mundo. 5 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO Nas últimas décadas, pesquisas em torno das competências socioemocionais ganharam importância e destaque no mundo inteiro. O surgimento do Paradigma do Desenvolvimento Humano, proposto pelo PNUD — Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento —, na década de 1990, e a publicação do Relatório Jacques Delors, organizado pela Unesco, foram primordiais para a necessidade e importância de uma educação plena, considerando o ser humano em sua integralidade (MAMONE, 2018). 51 Você pode ter acesso ao relatório Jacques Delors, organizado pela UNESCO, pelo link: • https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por. DICA De acordo com Saarni (1999, p. 57 apud MAMONE, 2018, p. 2) competência emocional é a “demonstração da eficácia pessoal nos relacionamentos sociais que evocam emoção”. De acordo com Porvir (2014), essas habilidades podem ser praticadas e ensinadas. Assim, PNUD identifica a educação como oportunidade central para preparação e transformação de tais competências. O relatório da UNESCO, de acordo com DELORS (2012), por sua vez, sugere um sistema de ensino fundado nos seguintes pilares: (i) aprender a conhecer; (ii) aprender a fazer; (iii) aprender a ser; e (iv) aprender a conviver. FIGURA 20 – QUATRO PILARES PARA UM SISTEMA DE ENSINO FONTE: Adaptado de Delors (2012) Aprender a fazer Sistema de ensino Aprender a ser Aprender a conhecer Aprender a conviver Assim, diversos especialistas começaram a analisar e definir quais são as competências necessárias para aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, e aprender a conviver. Para isso, os estudos investigaram a relação entre desenvolvimento socioemocional e desenvolvimento cognitivo. Além disso, investigaram também qual é a relação entre ambos em diversos contextos de aprendizagem, como na escola, família, comunidade, ambiente de trabalho, entre outros, e os diversos indicadores de bem-estar ao longo da vida (PORVIR, 2014). Recentemente, diversos autores investigam em como desenvolver as competências socioemocionais nas escolas. A partir da importância do aprimoramento de tais competências algumas organizações como a Organização para a Cooperação 52 e o Desenvolvimento Econômico — OCDE — passaram a realizar pesquisas para criar conhecimento visando apoiar a elaboração de políticas e práticas para a promoção dessas competências (PORVIR, 2014). De acordo com Educador, o nosso sistema educacional prioriza ações para o aprimoramento das habilidades cognitivas, relacionadas ao raciocínio intelectual. Desde cedo, é incentivado o ensino de conhecimentos específicos, mas que não incluem áreas de conhecimentos relacionadas a habilidades emocionais (EDUCADOR 360, 2018). Tais habilidades são mais difíceis de mensurar, uma vez que atuam em campos subjetivos do cérebro (EDUCADOR 360, 2018). A metodologia vigente, no entanto, não acompanha as necessidades individuais e do atual mercado de trabalho, relacionadas a esse outro pilar da inteligência que é tão ou mais importante quanto as outras habilidades (EDUCADOR 360, 2018). As escolas e pais têm grande responsabilidade visto que devem enxergar seus alunos e filhos como seres humanos completos, e não capazes de assimilar apenas conhecimentos específicos. Todavia, isso só será possível a partir do momento em que houver abertura para uma aprendizagem inovadora, capaz de expandir a experiência do ensino em níveis mais profundos e para além da sala de aula (EDUCADOR 360, 2018). Você pode encontrar mais sobre as competências Gerais da BNCC em: • http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. DICA 53 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As emoções são indispensáveis para a nossa vida racional. São as emoções que nos fazem únicos, é o nosso comportamento emocional que nos diferencia dos outros. Assim, percebemos que o conhecimento depende também dos aspectos socioemocionais, surgindo estudos sobre inteligência cognitiva e inteligência emocional e suas subdivisões. • As competências socioemocionais na educação, segundo especialistas, estão intimamente conectadas com as chamadas soft skills (habilidades maleáveis, em livre tradução), que compreendem um conjunto de características sociais, reguladoras e comportamentais. • A maior parte do sistema educacional foca nas habilidades cognitivas relacionadas apenas ao raciocínio intelectual, uma vez que, diferente das métricas cognitivas que podem ser medidas pelo Q.I (quociente de inteligência), as habilidades emocionais, que são medidas pelo Q.E (quociente emocional), são mais difíceis de mensurar. • A necessidade de inovação no processo de ensino e aprendizagem serve para desenvolvimento e mensuração das habilidades emocionais. RESUMO DO TÓPICO 3 54 1 A Inteligência Emocional é considerada por muitas pessoas mais importante do que a Inteligência Cognitiva, visto vez que, além de envolver o indivíduo como um todo, pode ser aplicada tanto na esfera profissional quanto pessoal (EDUCADOR 360, 2018). Assim, EDUCADOR 360 (2018), classifica essas habilidades em três grupos: habilidades emocionais, habilidades sociais, e habilidades éticas. Com base na importância de tais habilidades, relacione as colunas a seguir: 2 Na teoria das inteligências múltiplas, Howard Gardner, psicólogo americano, enfatiza que podemos encontrar alguns tipos diferentes de inteligência humana e que grande parte das pessoas possuem um ou dois tipos de inteligência mais aguçada. Assim, identifique as sentenças falsas (F), e as verdadeiras (V): ( ) Linguística traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. É predominante entre atores e aqueles que praticam a dança ou os esportes. ( ) Lógico-matemática é a capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrações, discernindo as suas relações e princípios subjacentes. Habilidade para raciocínio dedutivo e para solucionar problemas matemáticos. ( ) Musical é identificável pela habilidade para compor e executar padrões musicais, executando pedaços de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas também os escutando e os discernindo. ( ) Intrapessoal expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio do ser humano, pois está ligada à capacidade de neutralização dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse. ( ) Interpessoal expressa na capacidade de se conhecer, é a mais rara inteligência sob domínio do ser humano, pois está ligada à capacidade de neutralização dos vícios, entendimento de crenças, limites, preocupações, estilo de vida profissional, autocontrole e domínio dos causadores de estresse. AUTOATIVIDADE (1) Habilidades emocionais. (2) Habilidades sociais. (3) Habilidades éticas. ( ) Dizem respeito às capacidades de saber cooperar e colaborar,lidar com regras, comunicar-se bem, resolver conflitos e atuar em ambientes de competição saudáveis. ( ) Envolvem ações de como agir positivamente para o bem comum. ( ) Referem-se a como lidar com as próprias emoções a partir das situações a que somos expostos no cotidiano. Representa habilidades como: aprender a ganhar e a perder, aprender com os erros, desenvolver autocon- fiança, senso de autoavaliação e de responsabilidade. 55 3 De acordo com Daniel Goleman (1995), existem dois tipos de inteligência. Identifique quais são esses tipos de inteligências elencadas pelo autor, e descreva suas principais características. 56 57 TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Agora que já compreendemos algumas questões relacionadas à construção dos conhecimentos, suas teorias com base em períodos e culturas distintas, inteligência e habilidades diversas, vamos continuar nossa trilha do conhecimento, inicialmente, abordando criatividade, inovação e a relação entre design e inovação. Para isso, iremos estudar como ocorre o processo de criatividade na prática, suas perspectivas, e as etapas para o processo de criatividade. Além disso, também investigaremos os termos: imitação, invenção e inovação, e a transformação (modificação) do sentido desses termos a partir da evolução tecnológica. Também vamos abordar a inovação na ciência, o processo de evolução humana, para então podermos relatar sobre a importância da inovação no design. Vamos iniciar? Bons estudos! 2 O PROCESSO CRIATIVO NA PRÁTICA Criatividade, em termos gerais, é caracterizada em indivíduos que têm ideias úteis, expressam comportamentos diferentes dos demais, visando sempre à resolução de problemas a partir de um novo olhar. Na teoria, como vamos perceber, sua definição está vinculada, de acordo com Pinheiro (2016), à originalidade e flexibilidade. Na literatura, os modelos de criatividade abordam diferentes focos, como o incentivo da criatividade nas pessoas; outros autores já dizem o contrário e enfatizam a importância no processo de criação e, ainda, outros no produto, no ambiente de trabalho, enfim, várias perspectivas distintas, com um ponto em comum a “criatividade”. 58 QUADRO 9 - PERSPECTIVAS SOBRE CRIATIVIDADE FONTE: Adaptado de Pinheiro (2016) Autores Perspectivas sobre criatividade Dean Simonton (1975) Propôs que a mensuração e, por conseguinte, compreensão, desse fenômeno deve basear-se em produtos e não em pessoas. Mihaly Csikszentmihalyi (1999) Acredita que mais importante que a pessoa criativa ou que o produto criativo, é o processo de criação, cerne da terceira linha teórica abordada nesta revisão, a perspectiva sistêmica. Teresa Amabile (1982) Retoma as definições operacionais baseadas no produto criativo, inaugurando o quarto grande viés teórico da criatividade, a perspectiva componencial. Para essa linha, considera-se um produto como criativo na medida em que observadores apropriados concordam, independentemente, quanto à sua criatividade, o que caracteriza a sua definição consensual (AMABILE, 1983; PLUCKER; RENZULLI, 1999; RUNCO; SAKAMOTO, 1999). Robert Sternberg (2006) Dá sequência à empreitada de Amabile conceituando igualmente, em sua teoria integrativa da criatividade, esse fenômeno como um conjunto de fatores, porém, dá ênfase ao ambiente criativo. Sternberg (2006) compreende as pessoas criativas como aquelas capazes e dispostas a “comprar barato e vender caro” novas ideias. Pinheiro (2009) Uma nova proposta teórica voltada para a compreensão da problemática criativa é o modelo geral da criatividade de Pinheiro (2009), que se fundamenta nas teorias de processamento de distribuição paralela. Conforme esse modelo, a criatividade é o resultado da integração matricial em rede de nós semânticos, os quais podem assumir, complementarmente, configurações retilíneas, dispersas, elípticas e paralelas, as quais caracterizam os padrões de pensamento lógico, intuitivo, reflexivo e extrovertido, respectivamente. Quando nos referimos à novidade, já a relacionamos ao termo “ineditismo”, algo que não é frequente em nosso cotidiano. A criatividade, de acordo com Pinheiro (2016, p. 51), “refere-se à percepção subjetiva de que há disparidade entre a realidade ideal de alguém e a sua realidade factual, e que tal tensão requer ação corretiva por meio alterações ambientais, ao invés de adaptações pessoais”. FIGURA 21 – MODELO GERAL DA CRIATIVIDADE FONTE: Pinheiro (2016, p. 50) 59 De acordo com Pinheiro (2016), existem duas dinâmicas divulgadas para o processo criativo. Uma dinâmica ocorre em duas etapas, proposta por Campbell (1960 apud PINHEIRO, 2016, p. 51), sendo elas: a) variação cega, na qual se gera ou se encontra alguma novidade e b) retenção seletiva, na qual se filtra a novidade de acordo com algum parâmetro de utilidade. A outra dinâmica é composta por quatro etapas, proposta por Wallas (1926 apud PINHEIRO, 2016, p. 51) é descrita a seguir: • preparação, na qual se obtém as informações necessárias para se trabalhar com algum problema; • incubação, na qual se opera o processamento paralelo dessas informações pela retirada do foco de atenção do problema; • iluminação, na qual se realiza a associação por fusão das informações pertinentes; • verificação, na qual se testa e se refina os produtos da etapa anterior. FIGURA 22 – DINÂMICA PROPOSTA POR WALLAS (1926) FONTE: Adaptado Pinheiro (2016) De acordo com Pinheiro (2016, p. 51), “na prática do design, Clinton e Hokanson (2012) apontam que esse mesmo processo de quatro etapas é sempre desencadeado pela detecção de algum problema a ser resolvido e que ele é recorrente nos estágios de análise, desenvolvimento, implementação e avaliação de projetos”. Após a etapa de avaliação, os designers decidem entre avançar o projeto, ou iterar um novo ciclo do processo criativo, sendo que para aumentar a fluidez, é comum a criação de ambientes que valorizam a inovação, com várias referências visuais expostas pelo espaço (PINHEIRO, 2016). Com base na importância de processos colaborativos para a criatividade, é essencial uma estrutura e ambiente de trabalho que favoreça a diversidade, e práticas de comunicação aberta, competição igualitária e da independência de julgamento (PINHEIRO, 2016). 60 O processo criativo se configura como um passo a passo que algumas pessoas seguem e que todos nós podemos elaborar o nosso próprio e segui-lo, com o objetivo de estimular a criatividade em nossa mente e aplicá-la nos mais diversos âmbitos da vida. FONTE: https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/ processo-criativo-entendendo-conceito-importancia-desenvolvimento/. NOTA 3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO Quando falamos em inovação, um nome surge em nossa mente: Joseph Schumpeter, considerado pai da inovação. De acordo com Pinheiro (2016), ele revolucionou o campo da economia, mudando a dinâmica dos mercados. Mas quando falamos em inovação, surgem dúvidas sobre invenção e imitação. Assim, Godin (2008 apud Pinheiro 2016, p. 54) visa compreender tais conceitos, voltando-se inicialmente para o entendimento da imitação e da invenção e a própria existência da inovação. Enquanto para o dualista Platão a imitação consistia das imagens ou das demais sensações imperfeitas que os seres humanos são capazes de apreender sobre a verdade ou a realidade ideal dos deuses, para o monista Aristóteles a imitação referia-se às práticas que, de alguma forma, buscavam copiar ou reproduzir a natureza. Tais concepções, apesar de fundamentalmente distintas, atribuem valor ético e estético similar ao ato da imitação, especialmente a artística, o qual era engrandecidoconforme a qualidade da interpretação individual e dos artifícios empregados para a imposição da verdade ou da natureza ao meio artificial. Pinheiro (2016) também enfatiza que a inovação valoriza o empreendedor como indivíduo e o termo invenção, refere-se à articulação de uma ideia, de um argumento ou de um fato para convencer ou persuadir os outros. A inovação é vista como uma força propulsora da sociedade, a capacidade de combinar ou interpretar, diferentes elementos da natureza. 4 INOVAÇÃO NA CIÊNCIA Desde os primórdios, na evolução da espécie humana, nós identificamos o desenvolvimento da observação, criatividade e inovação, possibilitando a diferenciação da espécie humana do seus ancestrais primatas. Assim, o ser humano começou a aprimorar a capacidade de compreensão do mundo ao seu redor, e criar ferramentas e estratégias para sobrevivência (OLIVA; SILVA, 2012). 61 FIGURA 23 – EVOLUÇÃO HUMANA FONTE: <https://veja.abril.com.br/saude/o-papel-da-carne-na-evolucao-humana/>. Acesso em: 25 jun. 2020. Conhecer e aplicar criatividade, e o conhecimento até então adquirido pela vivência e observação contribuíram para evolução da nossa espécie humana. Podemos citar, como exemplo, a criação e domínio de tecnologias agrícolas, e de produção de metais, que possibilitam a colonização humana (OLIVA; SILVA, 2012). O avanço social e a divisão de trabalho proporcionaram o desenvolvimento de grupos e indivíduos dedicados à criação de conhecimento, dando início à ciência moderna, vital para o desenvolvimento, econômico, social e tecnológico (OLIVA; SILVA, 2012). Assim, a busca constante por novos conhecimentos científicos, promoveu, e ainda promove, o desenvolvimento tecnológico, social e econômico (OLIVA; SILVA, 2012). QUADRO 10 – LINHA DO TEMPO DAS INOVAÇÕES FONTE: Adaptado de <http://s3.amazonaws.com/cdn.infografiaepoca.com.br/768inovacoesTimeline/ images/inovacoesBase.jpg>. Acesso em: 17 jun. 2020. Período Inovação 1,6 milhão Pedra Lascada como instrumento Aproximadamente 70 mil a.C. Fogo 500 a.C. Aquedutos 1769 Motor a vapor 1879 Lâmpada elétrica 1886 Carro 1906 Avião 1928 Penicilina 1969 Arpanet 1976 Microcomputador Apple 2012 iPhone 5 Constamos, então, que ciência e inovação são as duas faces de uma mesma moeda e constituem a força propulsora maior do avanço da humanidade ao longo de toda a sua história (OLIVA; SILVA, 2012). 62 Conheça a linha do tempo das inovações, acessando o endereço: http://s3.amazonaws.com/cdn.infografiaepoca. com.br/768inovacoesTimeline/images/inovacoesBase.jpg. DICA A partir da área de ciências, Benz (2014) considera área de humanas e áreas de design como outras duas culturas. O design tem um modo particular de ver, de conhecer e, principalmente, de descobrir coisas, sendo, de certo modo, distinto das diferentes das disciplinas ligadas à área das ciências ou as ligadas à área das humanas, conforme descrito no Quadro 11. QUADRO 11 – AS TRÊS CULTURAS DO CONHECIMENTO FONTE: Cross (1982, p.221-222 apud BENZ, 2014, p. 57) Ciências Humanas Design O fenômeno de estudo O mundo natural Experiência humana Mundo feito pelo homem Os métodos apropriados Controle, experimentação, classificação, análise Analogia, metáfora crítica, avaliação Modelagem, criação de pattern, síntese Os valores Objetividade, racionalidade, neutralidade e uma preocupação com a “verdade” Subjetividade, imaginação, compromisso e uma preocupação com a “justiça” Praticidade, engenhosidade, empatia, e uma preocupação com a “adequação O design tem como foco de estudo o mundo criado e transformado pelo homem, utilizando como métodos a modelagem, planejamento e a síntese. Além disso, seus principais valores são a praticidade, engenhosidade, empatia e adequação. Todavia, devido não conseguir dividir o sujeito do objeto, uma vez que seu foco está nas transformações realizadas pelo ser humano no mundo, o design acaba não se enquadrando na área de conhecimento puramente científico (BENZ, 2014). 63 Dica de filmes e séries sobre design: • A invenção de Hugo Cabret, 2012, direção de Martin Scorsese. • Abstract: the art of design, 2017, documentário exibido pelo Netflix. • Logorama, 2010, curta-metragem dirigido por Ludovic Houplain, François Alaux, Hervé de Crécy. DICA 5 INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO EM DESIGN Além desses termos e de acordo com a importância da inovação para esta área, nos perguntamos o que é design e qual sua relação com inovação? Designer é definido por Moura (2019, p. 25 ) “como uma atividade de planejamento e concepção de estratégias com o intuito de atender demandas e oportunidades”. De acordo com Mota (2008), o design envolve o planejamento, seleção de pensamentos e valores, e é responsável pelas relações entre as pessoas e a sociedade. O termo design foi potencializado na era industrial, e, a partir das transformações e avanços tecnológicos, ganha cada vez maior destaque. Mota (2008, s.p.) enfatiza que a conceituação de design é complexa, na qual vários fatores influenciam: “as condições de produção, as ideias do designer, as determinantes tecnológicas, contexto cultural, e até a situação política do país pode influenciar diretamente o modo como este será produzido”. Assim, Pinheiro (2016) constata que a capacidade de inovação é um dos aspectos mais exaltados e fundamentais para diversas áreas incluindo o design. O design comporta um “amplo conjunto de atividades que são voltadas para o planejamento e o desenho de procedimentos, as especificações técnicas e outras características funcionais de uso para novos produtos e processos” (OCDE, 2006, p. 108 apud MOURA, 2019, p. 30). Em consonância entendemos, então, que o design e a inovação caminham lado a lado, uma vez que, em termos gerais, o sucesso do design depende primordialmente de inovação, transformando também a sociedade, e possibilitando o progresso das organizações (MOURA, 2019). Além disso, no design, a inovação é essencial, uma vez que contribui para enfrentar as incertezas de projetos elaborados com problemas estruturais, e torna-se, também, um diferencial, garantindo maior competitividade aproximando a tecnologia dos usuários finais. 64 FIGURA 24- RELAÇÃO DESIGN E INOVAÇÃO FONTE: O autor Design Inovação Podemos confirmar que inovar é uma necessidade constante na profissão do design, uma vez que é considerado responsável pela ligação do produto (indústria) até o consumidor. Todavia, de acordo com Pinheiro (2016), o profissional de design enfrenta comportamentos de resistência da sociedade, e também hábitos conflitantes, prioridades, orientações entre outros obstáculos. Responsável entre a ligação do produto (indústria) até o consumidor, o designer contribui para a diferenciação entre os concorrentes, tornando-se fundamental para: Inovação em processos, produtos ou em comunicação com o cliente, e posicionamento da imagem, o resultado esperado será sempre orientado para a diferenciação perante os concorrentes para a distinção entre vários; e a participação de um designer se torna fundamental em todos esses cenários (MOTA, 2008, s.p.). QUADRO 12 – ENTRADAS NO PROCESSO DE INOVAÇÃO NO SEGMENTO DE DESIGN Entrada Conceitos Autores Clientes (Usuários) A inovação relaciona-se com o conhecimento contido na interação entre os indivíduos e produtos, as rotinas e práticas formalizadas por indivíduos e grupos. Bertola e Teixeira (2002). O trabalho desenvolvido com os usuários reduz tempo, custos e riscos. Ravasi e Stigliani (2012). Bons resultados do design são decorrentes da combinação entre a funcionalidade do produto e as necessidades e as expectativas dos usuários. Sunley et al., (2008) Best, K. (2010). OrganizaçãoOs gerentes desempenham um papel fundamental no processo de design. Ravasi e Lojacono (2005). Práticas deliberativas e sistemáticas na empresa promovem a inovação tais como conversas face-a-face com outros designers, trabalhar com outras pessoas e a experiência anterior. Petre (2004) Salter e Gann (2003), Sunley et al., (2008). Um ambiente virtual e um baixo nível de comunicação centralizada influenciam na criatividade das equipes de desenvolvimento de produtos. Leenders, Van Engelen e Kratzer (2003). 65 FONTE: López (2015, p. 44) Assim, López (2015) cita como características para influenciar na inovação: empatia com os usuários; a multiplicidade possibilitando a mistura de diferentes disciplinas e culturas; a intuição, palpite; a implementação de prototipagem; tentativas e erros; inovar, apostar em novas ideias; trabalhar com pessoas com idades e culturas distintas. López (2015) enfatiza que essas fontes podem gerar inovação no processo de design. Rede do cliente A principal contribuição do conhecimento da rede é a troca contínua de descobertas, um dos componentes fundamentais para fomentar a inovação. Envolver os fornecedores dentro do processo ajuda no desenvolvimento eficaz do design. Bertola e Teixeira (2002), Sunley et al., (2008), Ravasi e Stigliani (2012). Rede do escritório (designers externos) A inovação depende da diversidade trazida pelos designers. Envolver outros designers dentro do processo ajuda no seu desenvolvimento eficaz. Verganti e Dell’era (2010), Ravasi e Stigliani (2012), Salter e Gann (2003) Sunley et al., (2008). 66 LEITURA COMPLEMENTAR IMITAÇÃO INVENÇÃO E INOVAÇÃO Igor Reszka Pinheiro Eugênio Nadrés Díaz Merino Leila Amaral Gontijo É costume referir-se a J. Schumpeter como o pai da inovação e, destarte, como o primeiro expoente desse fenômeno (GODIN, 2008- 2012; HOSPERS, 2005). Apesar de ser verdade que em uma série de trabalhos (Schumpeter, 1912-1928-1947) ele, sozinho, revolucionou o campo da economia, mudando o seu foco do equilíbrio para a dinâmica dos mercados, não é sensato deixar de reconhecer aqueles que o precederam, sobretudo porque isso enviesaria a compreensão ontológica e epistemológica da própria inovação. Sendo assim, conforme sugere Godin (2008), esta revisão volta-se inicialmente para o entendimento da imitação e da invenção, conceitos que fundamentam a genealogia e, por conseguinte, a própria existência da inovação. Uma vez que a tradição filosófica oriental concebe a própria realidade como uma entidade cíclica e harmônica, sem início e sem fim, as primeiras contribuições ontológicas no que diz respeito ao conceito de imitação, até onde os registros escritos permitem saber, estão presentes na cultura grega (Albert & Runco, 1999). Enquanto para o dualista Platão a imitação consistia das imagens ou das demais sensações imperfeitas que os seres humanos são capazes de apreender sobre a verdade ou a realidade ideal dos deuses, para o monista Aristóteles a imitação referia- se às práticas que, de alguma forma, buscavam copiar ou reproduzir a natureza. Tais concepções, apesar de fundamentalmente distintas, atribuem valor ético e estético bastante similar ao ato da imitação, especialmente a artística, o qual era engrandecido conforme a qualidade da interpretação individual e dos artifícios empregados para a imposição da verdade ou da natureza ao meio artificial (GODIN, 2008). Neste período, a imitação, então, em nada era considera pejorativa, uma vez que ela possibilitava não somente o próprio aprendizado a respeito do mundo físico por meio da experimentação, mas também o barateamento dos bens de consumo, a aquisição de novas tecnologia alheias e, em geral, a difusão de boas práticas (GODIN, 2008). Nisso, percebe-se que os critérios utilizados para se avaliar as imitações no decorrer da história não necessariamente dizem respeito à proximidade entre os objetos verdadeiros e seus representantes (fidedignidade), mas sim à capacidade que a mímica tem de sensibilizar 67 um ou mais indivíduos, cujas opiniões passam a incentivar tal reprodução (utilidade). Destarte, a imitação, em certos aspectos, até hoje é indistinguível da inovação, já que ambas consistem da adoção e da posterior multiplicação de novas tendências sociais, sejam elas hábitos de consumo, técnicas expressivas, concepções políticas ou científicas, práticas culturais ou estratégias empresariais. A diferença essencial que resta entre a inovação e a imitação, todavia, é a valorização do elemento individual que deu início à referida dinâmica social. Enquanto no conceito de inovação reconhece-se e valoriza-se o empreendedor como indivíduo essencial e, portanto, central no sistema social, no conceito de imitação relega-se ao reprodutor o papel de artífice geral, o qual é passível de substituição estrutural (GODIN, 2008; MEHEUS; NICKLES, 1999). Surge, então, daqueles envolvidos em qualquer tipo de tarefa voltada para a mudança social (arte, ciência, política, comércio, guerra etc.), a necessidade de se proteger da indiferença cultural por meio da exaltação do elemento individual, o que ocorre, no século XIV, pela difusão do antigo termo invenção para designar as mesmas práticas interpretativas das até então chamadas de imitação (GODIN, 2008-2012). O termo invenção, originário da clássica arte da retórica, não pôde, porém, ser considerado um mero substituto da palavra imitação, pois, ao conferir identidade às forças motrizes da sociedade, ele adentrou no domínio do deus criador cristão. A palavra invenção, então, apesar de primordialmente referir-se à articulação de uma ideia, de um argumento ou de um fato para convencer ou persuadir os outros, enviesou-se para o simples ato de criação ex nihilo (DE MASI, 2003). Nisso, a vertente monista predominante no contexto da imitação, este estruturado em um sistema social fechado, perdeu o seu lugar para a vertente dualista no contexto da invenção, uma vez que a própria concepção da absoluta novidade requer o acesso a outra dimensão da realidade. Tal perspectiva romântica da invenção perdura até os dias de hoje em algumas concepções a respeito da criatividade, as quais se sustentam em explicações de genialidade, inspiração, sorte ou dotação (PINHEIRO; CRUZ, 2009). Com o advento do empirismo de Francis Bacon no século XVII, a ciência, contudo, ganhou força por seu caráter utilitário e, finalmente, a prática de explicitar um determinado uso ou interpretação da natureza, inclusive nas artes e nas humanidades, passou a ser compreendida prioritariamente como uma questão de reconhecimento social (ALBERT; RUNCO, 1999). Conforme Godin (2008), o marco que melhor sinaliza a transformação da ideia de invenção, da noção de divina criação para o reconhecimento de uma descoberta em um dado campo de atuação, é o início da concessão de patentes nominais aos novos produtores de tecnologias funcionais. Neste momento histórico, o termo invenção, mesmo afastado de suas concepções exotéricas, não se aproxima, porém, novamente da imitação, pois esta é tomada arbitrariamente como sua antítese no processo de registro legal. A diferenciação entre invenções e imitações pode ser considerada arbitrária, não somente no sistema jurídico, mas também em qualquer outra área do conhecimento, sobretudo nas mais complexas, pois o critério último para a atestar a originalidade 68 de um produto ou de uma ideia é o reconhecimento subjetivo de profissionais pares (AMABILE, 1982; CSIKSZENTMIHALYI, 1996). Tal procedimento, mesmo obedecendo à rigorosa metodologia científica, ainda é limitado à expertise dos avaliadores, ao limiar de descontinuidade adotado por eles e, principalmente, aosseus interesses individuais (NAGEL, 2001; SIMONTON, 1991). Desse modo, em última instância, o termo invenção caracteriza-se apenas como o objeto físico ou conceitual capaz de oferecer reconhecimento formal a um indivíduo que promove, de alguma forma, a descontinuidade em seu sistema social. Isso é coerente com o modelo de propulsão de Sternberg (1999), no qual um organismo individual ou coletivo qualquer pode alterar a inércia de seu sistema, basicamente, de sete diferentes maneiras: replicação; redefinição; incremento; incremento progressivo; redirecionamento; reconstrução e; reinicialização. Tais mudanças sociais, mesmo sem possuírem igual formalização, foram justamente o objeto de estudo das primeiras teorias sociológicas e antropológicas de cunho evolucionista, incluindo a primeira teoria sobre a inovação, que é atribuída a Gabriel Tarde (MOLDASCHL, 2010). Tarde, como a maioria dos outros sociólogos do século XIX, não estava, porém, interessado no processo de inovação propriamente dito, mas sim no de difusão ou mudança cultural. Em seu trabalho, a inovação consistia apenas da proposição de novidades, as quais obtinham sucesso cultural na medida em que eram imitadas em detrimento de outras invenções concorrentes (GODIN, 2008). Desde o seu primeiro tratado, a inovação, então, é vista como uma força propulsora da sociedade, a qual emerge da capacidade individual de combinar ou interpretar, em tempo certo, diferentes elementos da natureza que passam a ser adotados, em função de sua utilidade, por todo um grupo de pessoas. Tal conceituação, apesar de bastante abrange, difere-se da imitação, cuja essência é a difusão social, e da invenção, cujo foco é a propulsão social, ao posicionar-se de maneira clara como a dialética existente entre o processo de invenção e o processo de imitação. Este terceiro processo, o de inovação, caracteriza-se, portanto, como o mediador entre a oferta individual e a demanda social, especialmente pelo recurso à eficiência empresarial (GILBERT; BIRNBAUM-MORE, 1996). Sobre esta base conceitual, iniciam-se os modelos da inovação desenvolvidos pelas ciências econômicas, de onde finalmente emerge a figura de J. Schumpeter. Segundo esse autor (1928), as invenções tecnológicas levavam às inovações empresariais, as quais, por sua vez, eram difundidas e geravam lucros reais. Ao contínuo e múltiplo processo de invenções, inovações e difusões foi dado o nome de “destruição criativa”, uma vez que as novidades mais eficientes sempre ganham espaço no mercado pela queda de seus concorrentes (FOSTER; KAPLAN, 2002). Outros modelos posteriores ao seu, porém, propõem que a força motriz da inovação é a demanda social, o barateamento dos custos de produção, as tendências sociais amplas, a quantidade de informação dos consumidores, as alianças estratégicas ou, mesmo, a integração extensiva dos sistemas hierarquicamente superiores e inferiores de uma empresa (GREENACRE, GROSS; SPEIRS, 2011; TIDD, 2006). 69 A visão conjunta de todos os modelos da inovação permite a compreensão desse processo como a profunda integração de inúmeros atores, tanto internos quanto externos às empresas, com a intenção de gerar desenvolvimento econômico sustentável por toda a rede de relações (TIDD, 2006). O processo de inovação, então, por fim, torna-se conceitualmente um mecanismo de homeostase social que equilibra os interesses e as necessidades individuais através da sua reorganização estrutural, sempre que houver a percepção de mudanças ambientais. Para promover a integração entre a miríade de conceitos apresentados, a seguir descreve-se o método empregado para estruturar uma definição única e compreensiva da inovação no campo do design. FONTE: PINHEIRO, I. R.; MERINO, E. A.; GONTIJO, L. A. Sobre a definição de inovação em design: o uso da análise de redes para explorer conceitos complexos. Revista Brasileira de Design da Informação, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 357-375, 2015. p. 359 à 362. Disponível em: https://www.infodesign.org.br/ infodesign/article/download/362/251. Acesso em: 17 jun. 2020. 70 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A criatividade é caracterizada em indivíduos que têm ideias úteis, e que sempre visam à resolução de problemas a partir de um novo olhar, sendo identificado por alguns autores como Campbell (1960) e Wallas (1926) algumas dinâmicas e etapas para o processo criativo como: variação cega e retenção seletiva; preparação, incubação, iluminação e verificação. • Os conceitos imitação, invenção e inovação possuem significados distintos, mas que de certa forma interagem entre si, uma vez que uma imitação com alterações positivas gera uma invenção, e tornar essa invenção em algo novo gera a inovação. • A relação entre inovação e a ciência são importantes para o processo de evolução humana, possibilitando a criação do conhecimento, e seu aprimoramento. • A inovação no design é essencial, e que as principais características para influenciar na inovação no processo de design de acordo com López (2015) são: a empatia com os usuários; a multiplicidade possibilitando a mistura de diferentes disciplinas e culturas; a intuição, palpite; a implementação de prototipagem; tentativas e erros; inovar, apostar em novas ideias; trabalhar com pessoas com idades e culturas distintas. RESUMO DO TÓPICO 4 71 1 De acordo com Pinheiro (2016), existem duas dinâmicas para o processo criativo. Uma é dividida em duas etapas: variação cega, e retenção seletiva (CAMPBELL, 1960), e outra composta por quatro etapas, proposta por Wallas (1962): preparação, incubação, iluminação e verificação. A partir de tais etapas relacione as colunas a seguir: 2 Neste tópico, identificamos qual é a importância da inovação em nosso contexto histórico, e podemos verificar que existe uma relação direta entre inovação e design. Com base nessa afirmação, descreva qual é a relação entre design e inovação? 3 De acordo com Moura (2005), o design e a inovação caminham lado a lado, sendo a inovação uma constante necessidade do profissional de design. A partir do que aprendemos até aqui, cite as principais características que podem influenciar o processo criativo: AUTOATIVIDADE (1) Variação cega. (2) Retenção seletiva. (3) Reparação. (4) Incubação. (5) Iluminação. (6) Verificação. ( ) Obtém as informações necessárias para se trabalhar com algum problema. ( ) Realiza a associação por fusão das informações pertinentes. ( ) Gera ou se encontra alguma novidade. ( ) Testa e se refina os produtos da etapa anterior. ( ) Opera o processamento paralelo dessas informações pela retirada do foco de atenção do problema. ( ) Filtra a novidade de acordo com algum parâmetro de utilidade. 72 73 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • analisar os significados e definições dos termos criatividade e inovação; • compreender as principais teorias da criatividade; • conhecer as principais classificações da inovação; • refletir sobre as principais características das pessoas criativas e a importância da motivação nesse processo. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 74 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 75 TÓPICO1 — MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Os termos Criatividade e Inovação estão cada vez mais frequentes e presentes em nosso cotidiano. Com base na importância desses termos, vamos abordar seus conceitos e suas relações com a criação de novos conhecimentos. Vamos investigar, também, como ocorre o processo de criatividade na nossa mente por meio do modelo de pensamento vertical e lateral identificado por Bono (1995). A partir dessa percepção mental, entenderemos qual é a importância dos fatores externos no processo de criação de novas ideias das principais teorias identificadas na literatura: Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg e a Teoria Componencial de Criatividade de Amabile. Trataremos do processo de criatividade, analisando algumas ferramentas elaboradas para incentivar a criação de novas ideias como: Brainstorming, Benchmarking, Design Thinking, Brainwriting, Business Model Canvas, Mapa mental e SCAMPER. Vamos lá? Bons estudos! 2 EM BUSCA DO CONCEITO DE CRIATIVIDADE Para dar continuidade aos nossos estudos, primeiramente, é necessário ter bem definido o conceito, o significado de criatividade. Se analisarmos a literatura, nós vamos encontrar inúmeras pesquisas que conceituam este termo. Na visão de Baer (2012), a criatividade pode ser considerada como a primeira etapa do processo de inovação, pois está relacionada ao desenvolvimento de ideias que são novas e úteis. Uma inovação pode ser considerada o resultado de uma ideia criativa após sua implementação. Devido a essa possível relação entre “criatividade” e “inovação”, muitas vezes os dois termos são utilizados erroneamente como sinônimos. Coconete et al. (2003) por sua vez, afirma que a criatividade é um processo que consiste de quatro estágios principais: (1) preparação; (2) imaginação; (3) desenvolvimento; e (4) ação. 76 FIGURA 1 – QUATRO ESTÁGIOS DO PROCESSO DE CRIATIVIDADE FONTE: Coconete et al. (2003) Já na visão de Datta (2007), é necessário agregar ao conceito de criatividade uma variável considerada importante, o conhecimento. Para este autor, a criatividade é o primeiro passo na direção da mobilização e aplicação do conhecimento, definindo criatividade como sendo o princípio de uma nova ideia ou perspectiva derivada de uma dada base de conhecimento. FIGURA 2 – MODELO PROPOSTO POR DATTA FONTE: Adaptado de Datta (2007) Dados Informação ConhecimentoCriatividade Inovação Neste modelo, os agentes identificados contribuem para otimizar o conhecimento, transformações, isto é, dados em informação, informação em conhecimento, conhecimento em criatividade, criatividade em inovação e, finalmente, a difusão da inovação em dados. É um ciclo de conhecimento dirigido por agentes criação, uso e reutilização (DATTA, 2007). Os agentes de criatividade estimulam a criatividade a partir do conhecimento e sintetizam ideias criativas. Já os agentes de inovação transformam ideias criativas em inovação, empurrando conceitos viáveis para o pipeline de inovação à medida que o produto ou processo avança (DATTA, 2007). 77 Jessop (2002) acrescenta que a criatividade não é um conceito mágico, é apenas, o exercício de habilidades de alto nível já classificadas pela literatura científica: análise, síntese e avaliação. Assim, tem-se que a criatividade é um processo de transformação de conhecimento e ideias prévias em uma ideia inovadora que, em si, constitui um novo conhecimento. O autor enfatiza que o pensamento é o processo intelectualmente disciplinado de conceituar, aplicar, analisar, sintetizar e/ou avaliar informações ativamente e habilmente coletadas de — ou geradas por — observação, experiência, reflexão, raciocínio ou comunicação, como um guia para crença e ação. Nesse viés, Jessop (2002) infere que o pensamento crítico abre o caminho do processo criativo. FIGURA 3 - FATORES PARA CONSTRUÇÃO DE UM NOVO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Jessop (2002) Avaliação Análise Síntese Jessop (2002) Cabe destacar que criatividade e inovação podem estar relacionadas como vimos no decorrer desta unidade, mas possuem conceitos distintos! Vamos ver essa questão de forma mais detalhada no Tópico 2. ATENÇÃO A criatividade pode ser aprimorada com o tempo, sendo necessária muita dedicação e trabalho duro. Claro que em cada pessoa o desenvolvimento é diferente, uma vez que algumas habilidades são mais aguçadas que outras. Quando ouvimos a palavra criatividade, muitas vezes, nossa imaginação a relaciona com pessoas tendo insights, ou algo parecido. 78 FIGURA 4 – INSIGHT FONTE: <https://definicao.net/wp-content/uploads/2019/05/insight-3.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020. Os insights surgem da chamada habilidade sintética produzida por meio da inteligência, um dos fatores da Teoria do Investimento de Sternbeg, que será descrita mais à frente. Por traz de uma grande ideia existem várias outras, assim, Jessop (2002) enfatiza que o novo conhecimento decorre da combinação do conhecimento já existente (ideias prévias), com novas ideias. Para isso, em um primeiro momento, é necessário identificar e esclarecer um problema (JESSOP, 2002). FIGURA 5 – NOVO CONHECIMENTO FONTE: Adaptado de Jessop (2002) A seguir, listamos as principais definições encontras na literatura sobre criatividade. 79 QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DO TERMO “CRIATIVIDADE” FONTE: Adaptado de <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/principais-conceitos- de-criatividade/60845>. Acesso em: 18 jun. 2020. AUTORES CONCEITO – DEFINIÇÃO Alencar e Fleith (2009, p. 13) A criatividade é um conceito relativo, os produtos são considerados criativos somente em relação a outros em um determinado momento da história. Alencar e Fleith (2009, p. 13, 14) A criatividade implica a emergência de um produto novo, seja uma ideia, uma invenção original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes. Richard Snow (1947) Criatividade não é uma lâmpada na cabeça, como muitos desenhos animados a representam. É uma conquista nascida de intenso estudo, longa reflexão, persistência e interesse. Joy Guilford (1986) Criatividade é a capacidade de encontrar respostas inusitadas, as quais se chega por associações muito amplas. M. Csikzentmihalyi (1996) Criatividade é qualquer ato, ideia ou produto que muda um campo já existente, ou que transforma um campo já existente em outro novo. Ghiselin (1952) É o processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução, na organização da vida subjetiva. Fliegler (1959) Criatividade ocorre quando manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio. Suchman (1981) O termo pensamento criativo tem duas características fundamentais: é autônomo e é dirigido para a produção de uma nova forma. Stein (1974) Criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto no tempo. Anderson (1965) Criatividade representa a emergência de algo único e original. Torrance (1965) Criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências, lacunas no conhecimento e desarmonia. Identificar a dificuldade, buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências. Testar e retestar estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados. Amabile (1983) Um produto ou resposta serão julgados como criativos na extensão em que: a) São novos e apropriados, úteis ou de valor para uma tarefa e, b) A tarefa é heurística (arte ou a ciência do descobrimento) e não algorística. 80 Com a descoberta do potencial da criatividade, modelos de processos criativos foram introduzidos nas mais diversas áreas do conhecimento,incentivando o desenvolvimento de novos produtos, e a transformação de algo que já existe em algo inovador. Dicas de livros sobre criatividade: • A coragem de criar, do psicólogo Rollo May, 1982. Editora: Nova Fronteira. • Criatividade: abrindo o lado inovador da mente, de José Predebon, 2013. Editora: Atlas. DICA 3 MODELOS DE CRIATIVIDADE O conceito criatividade é principalmente alvo de estudos da área de psicologia e sociologia, dando origens a várias teorias que objetivam explicar tal processo. Elas podem ser decorrentes de quatros aspectos: “do ponto de vista da pessoa criativa, do ponto de vista dos processos mentais envolvidos no acontecimento criador, do ponto de vista da influência ambiental e cultural na emergência do potencial criativo e do ponto de vista do produto criativo” (SAKAMOTO, 2000, p. 51). O modelo do pensamento lateral e vertical são exemplos de teorias que têm como base os aspectos de processo mentais. Bono (1995) enfatiza que o pensamento vertical é responsável pelo desenvolvimento do raciocínio lógico, já o lateral está relacionado à utilização criativa da mente humana. Como acompanhamos na Unidade 1, o conhecimento humano, a partir de sua racionalidade, sempre teve como fundamento diversas crenças e mitologias de acordo com sua cultura. A razão era uma verdade absoluta, em que só existe uma resposta real, ou verdadeira, para isso qualquer problema pode ser resolvido se seguirmos até o fim uma habilidade lógica para resolvê-lo (BONO, 1995). Assim, o modelo do pensamento vertical, também conhecido como racional ou lógico segue uma linha de raciocínio linear, que tem uma trajetória pré-definida por meio de conhecimentos existentes, como por exemplo, a resolução de um problema de matemática por meio de fórmulas já estabelecidas. Em outras palavras são pensamentos que partem de conhecimentos validados (BASTARDAS, 2019). 81 O pensamento lateral, todavia, é responsável pelo desenvolvimento da nossa criatividade, pelo surgimento de novas ideias. De acordo com Alencar (1996), também é conhecido como pensamento criativo, divergente ou ampliativo. Essa modalidade de pensamento que se caracteriza pela produção de muitas ideias, em especial novas e originais, não lembradas anteriormente pela pessoa ou pelo seu grupo (ALENCAR, 1996). No modelo de pensamento lateral, a criatividade é um fator de mudança constante, que reestrutura os modelos já estabelecidos. Assim, visa mudança, inovação em ideias deliberadas há muito tempo. Tal modelo procura criar novos focos e explorar todas as possibilidades possíveis (ALENCAR, 1996). FIGURA 6 – PENSAMENTO VERTICAL X PENSAMENTO LATERAL FONTE: Parolin (2003 apud ARANDA, 2009, p. 23) PENSAMENTO VERTICAL PENSAMENTO LATERAL Modo óbvio de encarar as situações; necessita de uma estrutura conceitual básica aceita. Modo específico de pensar estimulado pela atitude e pelo hábito mental (pensamento criativo). Direciona o pensamento de acordo com o processo convencional de resolver problemas, obtendo alta probabilidade de acertos. Estimula a flexibilidade da mente para modos alternativos de resolver problemas, com baixa probabilidade de acertos se comparando ao convencional. A lógica assume o controle da mente. Ideias dominantes, adequadas e polarizantes. Classifica as coisas para controlar a imprecisão. Contexto rigidamente definido (estar certo a cada passo). A lógica está a serviço da mente. Ideias novas, promovidas pelo aguçamento da percepção e dos sentidos. Fluidez dinâmica que se alimenta do potencial ilimitado do caos. Exige talento e originalidade. De acordo com a Figura 6, podemos constatar que o pensamento vertical limita a criação de novas ideias, devido consistir em conhecimento prévio. Vale ressaltar que os dois se complementam (BONO, 1995). 82 FIGURA – DIFERENÇAS ENTRE PENSAMENTO LATERAL E VERTICAL FONTE: <http://gestor.pt/imagens/pensamento-vertical-lateral-150x150.png>. Acesso em: 18 jun. 2020. • A importância do processo a seguir. No pensamento lateral, o que importa é a eficácia da conclusão, sem dar importância aos caminhos seguidos para alcançar esta conclusão ou sem ter em conta se os mesmos são corretos, uma vez que todos são contemplados. Ao invés, para alcançar a solução correta no pensamento vertical, o mais é importante, é a corrente de ideias para chegar a essa conclusão. • O objetivo do processo. Como consequência da diferença anterior, o pensamento vertical busca alcançar uma solução através de uma única direção previamente definida. Por sua vez, o pensamento lateral não busca seguir uma direção para alcançar uma solução, se move para elaborar uma nova direção, busca uma restruturação das ideias, a mudança. • O respeito pelos passos estabelecidos. O correto funcionamento do pensamento vertical implica uma sequência de ideias, os passos previamente estabelecidos para alcançar a solução correta devem ser seguidos e pular os passos altera a resposta, cada passo depende do anterior. O pensamento lateral permite saltar passos, efetuar saltos de um passo a outro, não importando a sequência dos mesmos. Assim, a validez da solução não depende do fato de o caminho ser o correto, se atribui importância a criação da nova conclusão. • Relação com outros temas. No pensamento vertical, não se têm em conta as considerações que não parecem estar relacionadas com o tema que se está trabalhando, no pensamento lateral todas as opções são baralhadas, embora estas possam parecer alheias ao contexto sobre o qual se trabalha, uma vez que quanto menor for a relação com a ideia estabelecida, mais possibilidades existem de estabelecer novos conceitos. • A missão. O pensamento vertical é regido pela evidência, enquanto que o lateral procura encontrar o foco menos óbvio. • A solução. O objetivo do pensamento vertical é alcançar uma solução, existindo sempre uma solução mínima. Por outro lado, o pensamento lateral não garante sempre que se possa encontrar uma solução, mas incrementa a oportunidade de encontrar uma solução melhor. FONTE: <https://br.psicologia-on-line.com/pensamento-lateral-o-que-e-caracteristicas-e- exemplos-211.html>. Acesso em: 18 jun. 2020. 83 Além desse modelo, iremos abordar, na seção a seguir, a Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg e Lubart (1996), e o Modelo Componencial da Criatividade, de Amabile (1997). Ambas partem da percepção de criatividade como um fenômeno sociocultural, considerando como principais variáveis as interações do indivíduo com a da sociedade, possibilitando o desenvolvimento do potencial criativo, independente de idade, sexo ou condição social (OLIVEIRA, 2010). Quer saber mais sobre o modelo de pensamento vertical e lateral? Acesse: https://www.hellerdepaula.com.br/pensamento-lateral/ DICA 3.1 TEORIA DE INVESTIMENTO EM CRIATIVIDADE DE STERNBERG Na Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg, o autor enfatiza a necessidade da interação de um conjunto de fatores, entre eles, variáveis culturais, sociais e históricas. Além disso, nesse modelo é integrado o fator ambiente, e alguns atributos internos que contribuem para o funcionamento criativo, destacando-se a inteligência, estilo cognitivo e personalidade/motivação (ALENCAR; FLEITH, 2003). Oliveira (2010) enfatiza que a Teoria do Investimento em Criatividade, defende que a criatividade é decorrente de seis fatores distintos que se inter-relacionam e não podem ser vistos isoladamente: 84 FIGURA 7 - FATORES DA TEORIA DE STERNBEG FONTE: Adaptado de Oliveira (2010) De acordo com Sternberg e Lubart (1996), a criatividade requer uma confluência de seis recursos distintos, mas inter-relacionados: habilidades intelectuais (inteligência), conhecimento, estilos Intelectuais, personalidade, motivação e ambiente: • Habilidades Intelectuais(Inteligência): na inteligência são três as habilidades cognitivas essenciais: (1) a habilidade sintética para enxergar um problema de novas maneiras; (2) a habilidade analítica de reconhecer quais ideias de alguém são viáveis e não viáveis; (3) a habilidade prática-contextual para convencer/ persuadir outras pessoas. Essas três habilidades devem ser usadas em conjunto. • Estilos Intelectuais: nos estilos intelectuais, Sternberg divide em estilo legislativo (formula problemas, preferência por pensar em novas maneiras de sua própria escolha); estilo executivo (gosto pela implementação de ideias, prefere problemas com estrutura clara e bem definida); e estilo judiciário (avalia constantemente pessoas, tarefas e regras, tem prazer em dar opiniões e analisar as dos demais). • Conhecimento: é preciso saber o suficiente sobre um campo para avançar. Não se pode ir além de onde está um campo se não se sabe onde está o campo. É fundamental para se entender o problema, sendo distintos em conhecimento formal (adquirido por meio da educação formal, racional); e conhecimento informal (adquirido por meio de autodedicação/autodidatismo, é intuitivo). 85 • Personalidade: predisposição a correr riscos, autoconfiança, tolerância à ambiguidade, coragem de expressar as próprias ideias, perseverança, autoestima, fatores nem sempre presentes juntos. Esses traços podem ser influenciados por condições ambientais e, portanto, também podem ser adquiridos. • Motivação: tanto intrínseca (que vem do interior da pessoa) como extrínseca (influenciada por fatores externos), juntam-se para fortalecer a criatividade. • Ambiente: pode-se ter todos os recursos internos necessários para pensar criativamente, mas sem algum apoio ambiental (por exemplo, um fórum para propor essas ideias), a criatividade que uma pessoa tem dentro dela pode nunca ser exibida. Ele facilita a expressão da criatividade e interage com variáveis pessoais e situacionais de uma forma complexa. A partir da habilidade de enxergar um problema (inteligência), Sternberg e Lubart (1996) evidenciam três tipos de insights: FIGURA 8 - TIPOS DE INSIGHTS FONTE: Adaptado Sternberg e Lubart (1996) De acordo com Sternberg e Lubart (1996), no insight de codificação seletiva a pessoa consegue na resolução de um problema, distinguir a importância de dados que podem ou não ser prontamente óbvios. No insight de comparação seletiva utiliza-se a história para resolver problemas atuais. E no insight de combinação seletiva ocorre o agrupamento de informações que não se inter-relacionam entre si (STERNBERG; LUBART, 1996). 86 Assim, a teoria de Sternberg inclui distintos elementos identificados em pesquisas anteriores considerados importantes na produção criativa, por exemplo, aspectos presentes no modelo componencial, proposto por Amabile (1997), que descreve a criatividade como resultado da motivação, habilidades relevantes de domínio e processos criativos relevantes. Engloba também estudos sobre os traços de personalidade, sendo altamente enfatizados nas contribuições de MacKinnon (1965) e Barron (1969). Tais autores que investigaram atributos de personalidade de profissionais de diversas áreas que se destacaram por sua produção criativa (ALENCAR; FLEITH, 2003). Na teoria de Sternberg também evidenciamos elementos comuns com a abordagem sistêmica de Csikszentmihalyi (1988a, 1988b, 1988c, apud ALENCAR; FLEITH, 2003), que considera a criatividade como resultado de elementos da pessoa, do domínio (área do conhecimento) e do campo (especialistas de uma área específica que têm o poder de determinar a estrutura do domínio). Mesmo descrevendo esses fatores, Sternberg e Lubart (1996) ressaltam que nem todos são relevantes para a criatividade. Cada um deles deve ser visto de forma interativa com os demais e jamais de forma isolada, salientando: alta inteligência na ausência de motivação, ou conhecimento amplo na ausência de habilidade intelectual para compreender e utilizar tal conhecimento, levará no máximo a níveis moderados de performance criativa (ALENCAR; FLEITH, 2003) Na Teoria do Investimento, os fatores que se inter-relacionam estão atrelados à habilidade cognitiva sintética de redefinir problemas, ver o mesmo sob um novo ângulo. Além disso, utiliza sua inteligência por gosto, prazer em criar suas próprias regras de trabalho e maneiras de resolver problemas (estilo legislativo). IMPORTANTE 3.2 MODELO COMPONENCIAL DE CRIATIVIDADE DE AMABILE O Modelo Componencial da Criatividade explica de que forma os fatores cognitivos, motivacionais, sociais e de personalidade influenciam o processo criativo (OLIVEIRA, 2010). 87 Conforme já abordamos no início desta unidade, a criatividade é considerada o primeiro passo da inovação. Assim, o Modelo Componencial da Criatividade visa explicar como fatores cognitivos, motivacionais e sociais podem influenciar no processo criativo (OLIVEIRA, 2010). Nesse modelo, sugerido por Teresa Amabile, é necessário um conjunto de componentes considerados necessários e suficientes para a produção criativa em qualquer domínio (ARANDA, 2009). Esse modelo possui três componentes essenciais: • capacidades relevantes num determinado domínio; • capacidades relevantes de criatividade; • motivação para uma determinada tarefa. Após várias tentativas, Amabile (1997) elabora um Modelo Componencial de Criatividade descrito na figura a seguir: FIGURA 9 - MODELO PROPOSTO POR AMABILE Fonte: Adaptado de ARANDA (2009) O modelo visa explicar de que maneira os fatores cognitivos, a motivação do indivíduo, os fatores sociais e a personalidade influenciam no processo criativo. Afirmando que estes três componentes têm, obrigatoriamente, que estar em interação, Amabile (1997) aponta que se isso não acontecer, não haverá processo criativo. Motivação Expertise Habilidadescriativas Criatividade 88 De acordo com Amabile (1997), a expertise é fundamental para criatividade, sendo como um conjunto de percursos cognitivos seguido para resolver um determinado problema. A habilidade criativa é um estilo cognitivo favorável para tomar novas perspectivas sobre problemas. Já a motivação contribui para adquirir competências de outras áreas. Além de tais componentes o modelo elaborado por Amabile (1997) é dividido em cinco estágios: FIGURA 10 – ESTÁGIOS DA CRIATIVIDADE FIGURA 10 – ESTÁGIOS DA CRIATIVIDADE I. Identificação do problema II. Preparação III. Geração de resposta V. Resultado IV. Comunicação e validação da resposta Sendo a base do modelo de criatividade, o item identificação do problema (i) está relacionado ao momento em que o indivíduo identifica um problema específico como tendo valor para ser solucionado. Na preparação (ii) são armazenadas informações relevantes para solução do problema. Após a preparação ocorre a fase de geração de resposta (iii), em que são geradas várias possibilidades de respostas relativas ao problema, em que é necessário a comunicação da ideia — comunicação e validação da resposta — (iv). Por fim, temos o resultado (v), em que é realizada a tomada de decisão (CONCEPT BOARD, 2013). 89 Segundo Amabile (1997, p. 35), “um produto, ou resposta, será julgado como criativo na medida em que é novo e apropriado, útil, correto ou de valor para a tarefa em questão, e a tarefa é heurística e não algorística”. ATENÇÃO 4 FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE Além dos modelos e teorias apresentados até aqui, existem diversas ferramentas que visam incentivar o processo de criatividade, tanto de forma individual ou como coletiva. Esses são potenciais recursos, que cada vez mais são utilizados pelas empresas visando inovações em processos e produtos. Vamos conhecer alguns desses instrumentose suas principais características no decorrer desta seção. 4.1 SCAMPER: TÉCNICA PARA GERAÇÃO DE IDEIAS O método Scamper foi criada por Bob Eberle (1971), e é uma técnica que visa estimular a criatividade. Ele visa incentivar a geração de ideias sobre uma determinada problemática, estimulando a inovação em um produto já existente ou novo. Essa técnica também é conhecida como instrumento de aprendizagem que possibilita a flexibilidade e originalidade (SANTOS, 2012). Seu nome é composto pelas iniciais de sete ações da técnica (SANTOS, 2012, p. 102): Substituir. Combinar. Adaptar. Modificar. Procurar outros usos. Eliminar. Rearrumar. Essa ferramenta pode ser aplicada para uso geral, sendo poderosa na medida em que recorre a um conjunto estruturado e completo de questões que objetivam potencializar o nascimento de novas soluções, fácil de usar e que recorre a uma checklist de questões para estimular o aparecimento de ideias. Também é adequado seu uso para redefinição de processo ou produto, possibilitando um olhar distinto do habitual (SANTOS, 2012). O método SCAMPER é composto pelas etapas descritas na Figura 11: 90 FIGURA 11 – SCAMPER FONTE: <http://aprendeai.com/wp-content/uploads/2018/07/scamper.png>. Acesso em: 20 jun. 2020. De acordo com Ruggieri (2013) cada etapa deve: • Substituir: visa à intenção de determinar o que é que pode ser utilizado como substituto daquele pensamento. Nessa etapa é primordial analisar qual produto ou serviço existente pode ser substituído. Em termos gerais essa fase consiste na substituição. • Combinar: nessa etapa, o objetivo é investigar como combinar ideias e objetos para desenvolver novos produtos ou serviços. • Adaptar: consiste em saber como se pode adaptar uma ideia existente ou a ideia de outra pessoa. 91 • Modificar: neste processo, a partir de uma ideia já existente, tenta-se atribuir-lhe uma nova utilização, uma modificação no produto ou serviço a qualquer nível (forma, dimensão, peso, tempo, frequência, velocidade, entre outros). Nessa fase, a questão a ser colocada é a seguinte: “de que forma o produto ou serviço pode ser modificado, aumentado e/ou reduzindo”? • Procurar outros usos: o objetivo nesta fase é encontrar utilizações alternativas para ideias existentes, isto é, identificar se a ideia elaborada também pode ser utilizada em outros mercados. • Eliminar: este é o processo da eliminação, redução ou adição de novos ingredientes, componentes, partes de produção ou serviços, de modo a alterar uma ideia ou pensamento na eliminação de várias partes ou características do produto ou serviço, de forma a solucionar alguns problemas. • Rearrumar: reverter o produto ou o serviço de modo a criar outra ideia. A inversão da sequência em que as tarefas estão sendo executadas ou a conversão do espaço na possibilidade de criação de um novo conceito ou a chamada de exploração de novas possibilidades no tempo e no espaço. 4.2 MAPA MENTAL O mapa mental é uma técnica que auxilia na organização das informações e memorização de conteúdo, contribuindo, assim, para a sua compreensão e assimilação. Essa ferramenta foi elaborada por Tony Buzan e objetiva organizar as informações de forma sistemática e harmônica, auxiliando, também, na identificação de oportunidades e planejamento de projetos. Geralmente é elaborada no papel, inserindo imagens ou palavras, relacionadas a uma lembrança, e desencadeando novas ideias (BUZAN, 2009). Ele deve ser construído no formato de um neurônio, e contribui na organização do pensamento de forma visual, em um tipo de diagrama que visa, por meio da visualização da informação e organização das mesmas, explicar, relacionar conceitos complexos de forma simples e objetiva (SBCOACHING, 2018b). 92 FIGU RA 12 – M O D ELO D E M A PA M EN TA L FO N TE: <https://w w w .m apam ental.org/w p-content/uploads/2015/02/com o-fazer-m apa-m ental-1024x450.jpg>. A cesso em : 18 jun. 2020. 93 Nas organizações, essa técnica vem sendo amplamente utilizada, uma vez que auxilia na identificação de oportunidades e no planejamento de negócio. Ela serve para organizar ideias ordenadamente, sendo extremante útil nos cenários corporativos. De acordo com Buzan (2009), podemos utilizá-los em diversas áreas, como no trabalho, na escola, entre outros, podendo ser empregados para leitura, desenvolvimento de novas ideias, revisão de conteúdo. As vantagens da elaboração de mapas mentais são: definição nítida da ideia principal; reconhecimento imediato das ideias mais importantes; torna a revisão de informações é mais efetiva; e permite inserção de conceitos adicionais a cada tópico do mapa mental (BUZAN, 2009). 4.3 BUSINESS MODEL CANVAS Criada por Alexander Osterwalder (2010), o Business Model Canvas é uma ferramenta que auxilia na criação de modelo de negócio, e reúne as informações importantes de forma rápida e sistêmica. Ele permite a identificação de todas as estratégias do negócio de forma visual, e objetiva auxiliar as empresas a visualizarem o futuro de forma sistêmica. Consiste em um quadro composto por quatro blocos divididos por nove etapas no total. Recomenda-se que seja elaborado em tamanho grande para que a equipe tenha uma boa visualização, contribuindo para constantes alterações com uso de post-its ou marcadores. FIGURA 13 – MODELO CANVAS FONTE: <https://bit.ly/3JKQg76>. Acesso em: 18 jun. 2020. parcerias principais atividades-chave proposta de valor relacionamento com clientes segmentos de clientes estrutura de custos recursos principais canais fonte de receitas 94 As nove etapas são descritas a seguir (ANDRADE, 2018): • Seguimento de clientes: neste item é identificado para quem estamos criando valor, os consumidores importantes. Esse componente define grupos de pessoas/ organizações que a empresa tem como público-alvo, divisão desses grupos e suas necessidades. • Proposta de valor: para identificar a proposta de valor, deve-se mensurar qual é o valor que será entregue aos clientes, e qual problema se objetiva ajudar a resolver. Esse componente é relativo ao motivo dos clientes escolherem uma determinada empresa. A proposta de valor no Canvas deve resolver um problema ou satisfazer alguma necessidade do cliente. • Canais: os canais referem-se à forma que a empresa se comunica com os clientes, desde o momento da aquisição do produto até o suporte após a compra. • Relacionamento com os clientes: no relacionamento precisa-se definir o cliente de acordo com as motivações da empresa em relação à sua conquista, retenção e ampliação das vendas. • Fontes de receita: as fontes de receita da empresa representam o dinheiro gerado a partir de cada segmento de clientes. • Recursos principais: esses são os recursos que a empresa necessita para criar sua proposta de valor. Eles podem ser recursos físicos, como fábricas, máquinas e veículos. • Atividades-chave: as atividades-chave são as atividades que não podem deixar de acontecer para a empresa funcionar bem. Elas são as ações mais importantes a serem executadas. • Parcerias principais: são os fornecedores e os parceiros que permitem que o negócio desenvolva de forma otimizada e mais econômica. Com essas alianças, fica mais fácil conseguir recursos e reduzir a competitividade. • Estrutura de custo: essa estrutura pode envolver custos fixos e variáveis. Algumas empresas focam em modelos de negócios direcionados pelo custo, portanto, tendem a minimizá-lo em suas atividades ao máximo. 4.4 BRAINWRITING O Brainwriting criado por Rohrbach (1969) foi desenvolvido com base no brainstorming, a partir da percepção que algumas ideias iniciais são desenvolvidas de maneira intensiva, os resultados, soluções podem ser melhores. Para criação de novas ideias por esse método, primeiramente é necessárioa análise e conhecimento do problema (DE CARVALHO; BACK,2000). Em termos gerais, essa técnica permite criar 108 ideias em 30 minutos (BALTAZAR, 2019). 95 FIGURA 14 – BRAINWRITING FONTE: <https://cms-assets.tutsplus.com/uploads/users/23/posts/26451/image/brainwriting- idea-generation-process.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020. O Brainwriting é uma excelente ferramenta para criação de ideias, na qual os envolvidos devem se reunir em círculo, com uma folha em branco ou um formulário. A dinâmica consiste na criação de ideias a partir de um determinado tempo. Ao encerrar o tempo, o participante deve repassar sua folha ao colega da esquerda e pegar a folha do colega da direita complementando suas ideias, também em tempo pré-estabelecido. No final, quando cada folha de ideias retornar à pessoa que iniciou escrevendo, terá mais de 108 ideias criadas. Por fim, as ideias são analisadas e debatidas em grupo. É muito utilizada para criação de campanhas ou novos produtos, bem como, novas metodologias (BALTAZAR, 2019). 4.5 DESIGN THINKING O Design Thinking, de acordo com Vianna et al. (2012, p. 13), “se refere à maneira do designer de pensar, que utiliza um tipo de raciocínio pouco convencional no meio empresarial, o pensamento abdutivo”. Ele contribui na resolução de problemas e no desenvolvimento de produtos e/ou projetos, colocando as pessoas no centro das decisões. Para isso, visa ao mapeamento e à integração da experiência cultural, a visão de mundo e os processos inseridos na vida dos indivíduos, no intuito de obter uma visão mais completa na solução de problemas e, dessa forma, melhor identificar as barreiras e gerar alternativas viáveis para transpô-las (ENDEAVOR BRASIL, 2018). 96 FIGURA 15 - DESIGN THINKING FONTE: <https://aprendeai.com/wp-content/uploads/2018/07/Design-Thinking-03-2.png>. Acesso em: 18 jun. 2020. Entendimento Observação Ponto de Vista Ideação Prototipagem Teste Iteração As etapas do Design Thinking, de acordo com Endeavor Brasil (2018), são as seguintes: • Identificar onde encontrar oportunidades de inovação: nesta etapa é necessário conhecimento próprio e do ambiente externo para poder descobrir onde encontrar caminhos para inovar. “Conhecer os pontos fortes, as fragilidades da concorrência, as condições macroeconômicas etc. Análise SWOT, Benchmarking, pesquisas de mercado e reuniões multidisciplinares conduzirão às respostas para esse ponto” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.). Criada por Kenneth Andrews e Roland Cristensen, professores da Harvard Business School, e posteriormente aplicadas por inúmeros acadêmicos, a análise SWOT estuda a competitividade de uma organização segundo quatro variáveis: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças) (SILVA et al., 2011, p. 2). ATENÇÃO • Descobrir a Oportunidade de Inovação: etapa resultante do item anterior. “Pesquisas qualitativas e trabalho com soluções de Big Social Data podem indicar, muito além do setor, qual é, de fato, a oportunidade que o mercado desenha ao seu negócio” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.). 97 “Big Data é o grande volume de dados produzidos por diferentes fontes autônomas, distribuídas e descentralizadas. A análise de Big Data em redes sociais on-line é denominada de Big Social Data” (FRANÇA et al., 2014, p. 23). NOTA • Desenvolver a Oportunidade de Inovação (Produto ou Serviço): o Design Thinking começa a tomar corpo nesta etapa. “O produto ou serviço começa a ser desenvolvido, partindo, não de pressuposições ou análises estatísticas frias (algo comum no mercado), mas a partir das necessidades e percepção de valor do cliente” (ENDEAVOR BRASIL, 2018). • Testar as ideias – protótipos: uma boa opção nessa etapa são as startups, para lançar “uma versão mais simples de um produto, que pode ser lançada em período de testes, para verificar, sem grandes gastos, se a ideia realmente atinge as necessidades do consumidor final” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.). O termo startup surgiu nos Estados Unidos, e se popularizou no Brasil entre os anos de 1996 e 2001. Define-se como um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócio inovador, repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza e com soluções a serem desenvolvidas. FONTE: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que- e-uma-startup,6979b2a178c83410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 18 jun. 2020. NOTA • Implementar a solução: após testes com respostas positivas acerca do produto, ele já está pronto para ser lançado. “É importante entender que o processo de desenvolvimento do produto é contínuo e incremental, ou seja, a ideia será melhorada permanentemente através um processo de copartipação entre todos os seus stakeholders (clientes, fornecedores, colaboradores internos etc.)” (ENDEAVOR BRASIL, 2018, s.p.). 98 4.6 BENCHMARKING O Benchmarking consiste na análise das melhores práticas utilizadas pelas empresas de mesmo setor. Benchmarking vem da palavra de origem inglesa benchmark, que significa “referência”. É essencial para o aprimoramento de processos, produtos e serviços, possibilitando inovação e maior competitividade entre as organizações. De acordo com Costa (1999, p. 22), “é uma poderosa ferramenta de gestão empresarial, mundialmente difundida e utilizada para transformar as organizações e introduzir as mudanças necessárias à melhoria de seus processos, práticas e resultados”. 4.7 BRAINSTORMING O Brainstorming, também chamado de “tempestade de ideias”, é uma ferramenta que visa incentivar a criatividade de um determinado grupo. Consiste em reuniões realizadas para identificar possíveis soluções de um problema. Os participantes devem expor sugestões e discutir sobre elas. Após a chuva de ideias ocorre uma seleção, e, posteriormente, uma definição de quais descartar e quais sugestões devem ser aprofundadas (MEIRELES, 2001). 99 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A partir de aspectos relacionados ao desenvolvimento da mente humana conhecemos o modelo de pensamento lateral responsável pela utilização criativa da mente humana, e o modelo de pensamento vertical relacionado ao raciocínio lógico. • As principais teorias de criação do conhecimento são: a Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg e a Teoria Componencial de Criatividade de Amabile. • Na Teoria de Investimento em Criatividade de Sternberg é enfatizado que nosso comportamento criativo é resultado da interação entre estilos intelectuais, conhecimentos, personalidade, motivação, contexto ambiental e inteligência. • Na Teoria Componencial de Criatividade de Amabile, existe um conjunto de componentes considerados necessários e suficientes para a produção criativa em qualquer domínio. Nesse modelo distinguimos três componentes essenciais: capacidades relevantes num determinado domínio; capacidades relevantes de criatividade; motivação para uma determinada tarefa. Essa teoria objetiva explicar de que maneira os fatores cognitivos, a motivação do indivíduo, os fatores sociais e a personalidade influenciam no processo criativo. • Além dos modelos e teorias, há funcionalidades de algumas ferramentas que podem aprimorar e incentivar a criatividade, sendo algumas delas: Brainstorming, Benchmarking, Design Thinking, Brainwriting, Business Model Canvas, Mapa mental e SCAMPER. RESUMO DO TÓPICO 1 100 1 Bono (1995) identificou em suas investigações o modelo do pensamento lateral e vertical. Para isso, ele dividiu o processo de criatividade em dois modelos a partir do funcionamento do cérebro humano: pensamento lateral e o pensamento vertical. Identifique quais das características listadasa seguir são do Pensamento Lateral (PL) e do Pensamento Vertical (PV): ( ) Modo óbvio de encarar as situações; necessita de uma estrutura conceitual básica aceita. ( ) Direciona o pensamento de acordo com o processo convencional de resolver problemas, obtendo alta probabilidade de acertos. ( ) Modo específico de pensar estimulado pela atitude e pelo hábito mental (pensamento criativo). ( ) Estimula a flexibilidade da mente para modos alternativos de resolver problemas, com baixa probabilidade de acertos se comparando ao convencional. ( ) Lógica assume o controle da mente. ( ) Ideias novas, promovidas pelo aguçamento da percepção e dos sentidos. ( ) Exige talento e originalidade. ( ) Classifica as coisas para controlar a imprecisão. Assinale a alternativa correta: a) ( ) PV, PV, PL, PL, PL, PL, PL, PV. b) ( ) PV, PL, PL, PL, PV, PL, PL, PV. c) ( ) PV, PV, PL, PV, PV, PL, PL, PV. d) ( ) PV, PV, PL, PL, PV, PL, PL, PV. e) ( ) PL, PV, PL, PL, PV, PL, PL, PV. 2 Conforme descrito, existem diversas ferramentas que visam incentivar o processo de criatividade, tanto de forma individual ou coletiva. Essas são potenciais ferramentas, que cada vez mais, são utilizadas pelas empresas visando inovações em processos e produtos. Com base na importância de tais ferramentas, escolha três delas e identifique suas principias características: 3 Com base nas ferramentas estudadas para incentivar a criatividade, tanto de forma individual ou como coletiva, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas, e, em seguida, assinale a resposta correta. AUTOATIVIDADE 101 ( ) O Brainwriting foi desenvolvido com base no brainstorming, a partir da percepção que algumas ideias iniciais são desenvolvidas de maneira intensiva, os resultados, soluções podem ser melhores. ( ) O Brainwriting, também chamado de “tempestade de ideias”, é uma ferramenta que visa incentivar a criatividade de um determinado grupo. ( ) O Benchmarking consiste na análise das melhores práticas utilizadas pelas empresas de mesmo setor. ( ) O Benchmarking é uma ferramenta que auxilia na criação de modelo de negócio, e reúne as informações importantes de forma rápida e sistêmica. ( ) O mapa mental é uma técnica que auxilia na organização das informações e memorização de conteúdo, contribuindo, assim, para a sua compreensão e assimilação. a) ( ) V – F – V – F – V. b) ( ) V – F – V – F – F. c) ( ) V – V – V – F – V. d) ( ) V – F – F – F – V. e) ( ) V – V – V – V – V. 102 103 CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO UNIDADE 2 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Agora que já compreendemos os modelos e ferramentas da criatividade, vamos estudar a inovação. A inovação e a criatividade estão relacionadas, uma vez que para inovar precisamos criar novas ideias, sermos criativos. Vamos diferenciar os termos: descoberta, invenção e inovação, que muitas vezes são utilizados como sinônimos, mas iremos detectar que esses termos têm significados distintos. Após essa contextualização, conheceremos os principais tipos de inovação, sendo eles: inovação de produto, serviço, modelo de negócio, processo, organizacional, comunicação e marketing. Iremos analisar suas principais características. Estudaremos a classificação da inovação: inovação radical, inovação realmente nova, inovação incremental e inovação imitativa. Finalizando este tópico, aprofundaremos nossos estudos, abordando a história e evolução do processo de inovação, também falaremos a respeito de uma grande tendência atual: a inovação aberta. Ansioso para iniciar os estudos? Vamos lá? 2 O QUE É INOVAÇÃO Agora que já estudamos a criatividade, é essencial conhecermos os conceitos sobre a inovação e quais são as suas características, uma vez que criatividade e inovação podem estar diretamente relacionadas. Na literatura, quando pesquisamos sobre o termo “inovação”, encontramos diversas definições conforme ilustrado no Quadro 2. 104 QUADRO 2 – DEFINIÇÕES DE INOVAÇÃO AUTORES DEFINIÇÃO SCHUMPETER (2003, p. 82-83) O impulso fundamental que estabelece e mantém a máquina capitalista em movimento vem de novos bens de consumo, de novos métodos de produção ou transporte, de novos mercados e de novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cria. [...] A abertura de novos mercados, estrangeiros ou nacionais e o desenvolvimento organizacional a partir da manufatura e da indústria [...] ilustram o mesmo processo de mutação industrial [...] que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo uma velha, incessantemente criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato essencial acerca do capitalismo. THOMPSON (1965, p. 2) Inovação é a geração, aceitação e implantação de novas ideias, processos, produtos e serviços. BECKER e WHISLER (1967, p.463) [Inovação é] o primeiro ou inicial uso de uma ideia por parte de um conjunto de organizações com objetivos similares. ROGERS (1983, p. 12) Uma inovação é uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade de adoção. ROTHWELL e GARDINER (1985, 3 apud TIDD et al., 2008, p. 86) A inovação não implica, necessariamente, apenas a comercialização de grandes avanços tecnológicos (inovação radical), mas também inclui a utilização de mudanças de know-how tecnológico em pequena escala (melhoria ou inovação por incremento). DRUCKER (1985, p. 19) Inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio através do qual exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. É capaz de ser apresentada como uma disciplina, de ser aprendida e de ser praticada. VAN De VEN (1986, p. 592) Contanto que a ideia seja percebida como nova para as pessoas envolvidas, é uma “inovação”, mesmo que possa parecer ser para outros uma “imitação” de algo que já existe em outro lugar. PORTER (1990, p. 74) Companhias alcançam vantagem competitiva através de atos de inovação. Elas abordam a inovação em seu sentido mais amplo, incluindo tanto novas tecnologias quanto novas formas de fazer as coisas. DOSI (1990, p. 299 apud BAREGHEH et al., 2009, p. 1329) Inovação diz respeito a processos de aprendizado e descoberta sobre novos produtos, novos processos de produção e novas formas de organização econômica, sobre os quais, ex ante, os atores econômicos, muitas vezes, possuem apenas crenças não estruturadas sobre algumas oportunidades não exploradas, e que, ex post, geralmente são verificadas e selecionadas, em economias descentralizadas e não planejadas, por algumas interações competitivas, de alguma forma, no mercado de produtos. MEZIAS e GLYNN (1993, p. 78) Inovação é uma mudança organizacional não rotineira, significante e descontínua que incorpora uma nova ideia que não é consistente com o atual conceito de negócio da organização. DAMANPOUR (1996, p. 694) Inovação é concebida como um meio de mudar uma organização seja como resposta às mudanças no ambiente externo ou como uma ação preventiva para influenciar o ambiente. Assim, a inovação é aqui amplamente definida de forma a abranger uma variedade de tipos, incluindo novos produtos ou serviços, novas tecnologias de processo, novas estruturas organizacionais ou sistemas administrativos, ou novos planos ou programas pertencentes aos membros da organização. 105 TUOMI (2002, p. 423) Inovação é tanto a criação de novos significados quanto a criação de novos artefatos materiais. Ou – mais exatamente – é muito mais a criação de significado que apenas a criação de artefatos. Devemos, portanto, entender a inovação como um processo multifocal de desenvolvimento, no qualuma ecologia de comunidades desenvolve novos usos para artefatos tecnológicos existentes, ao mesmo tempo mudando ambas as características dessas tecnologias e suas próprias práticas. A inovação é um fenômeno social. É gerada em interações complexas entre várias comunidades, cada uma com seus próprios estoques de conhecimento e significado. Projetos tecnológicos e práticas sociais coevoluem. Portanto, toda a inovação é fundamentalmente uma inovação social. SMITH (2005, p. 149) Inovação é, por definição, novidade. É a criação de algo qualitativamente novo, através de processos de aprendizagem e construção de conhecimento. Envolve mudanças de competências e capacidades, produzindo resultados de desempenho qualitativamente novos. [...] De forma mais genérica, inovação envolve novidades multidimensionais em aspectos de aprendizado e organização do conhecimento que são difíceis de medir ou intrinsecamente imensuráveis. OECD (2005, p. 46) Uma inovação é a implantação de um novo ou significantemente melhorado produto (bem ou serviço) ou processo, um novo método de marketing ou um novo método organizacional nas práticas de negócio, na organização do ambiente de trabalho ou nas relações externas. SAWHNEY et al. (2006, p. 76) Inovação é a substancial criação de novo valor para clientes e para a empresa através da mudança criativa de uma ou mais dimensões do sistema do negócio. A inovação é relevante apenas se cria valor para clientes – e, portanto, para a empresa. FAGERBERG (2006, p. 4) Uma distinção é normalmente feita entre invenção e inovação. Invenção é a primeira ocorrência de uma ideia para um novo produto ou processo, enquanto inovação é a primeira tentativa de realizá-la na prática. [...] Para ser capaz de converter uma invenção em uma inovação, a empresa precisa combinar diferentes tipos de conhecimentos, capacidades, habilidades e recursos. DU PLESSIS (2007, p. 21) [Inovação é] a criação de novos conhecimentos e ideias para facilitar os resultados de novos negócios, visando a melhoria dos processos internos e das estruturas do negócio e a criação de produtos e serviços orientados para o mercado. Inovação abrange tanto a inovação radical quanto a incremental. BESSANT e TIDD (2009, p. 47) Inovação é o processo de tradução de ideias em produtos, processos ou serviços úteis – e utilizáveis. FONTE: Narcizo et al. (2012, p. 3790-3792). 106 Conforme evidenciado no Quadro 2, são várias as definições encontradas na literatura, contudo todas estão relacionadas à criação, implementação de um produto, processo ou serviço. Quando falamos em inovação, esse termo nos remete à ideia de algo novo, uma novidade. Ela sempre esteve relacionada à evolução da humanidade e aplicação gradativa da informação e conhecimento, resultando na criação de novos processos e produtos. Mas, a partir dessas definições, você deve pensar: uma descoberta ou invenção é considerada uma inovação? Para responder à sua pergunta elaboramos o seguinte quadro: QUADRO 3 – DEFINIÇÃO DE DESCOBERTA, INVENÇÃO E INOVAÇÃO FONTE: Adaptado de CODEMEC (2014) DESCOBERTA INVENÇÃO INOVAÇÃO Revelação ou identificação de algo existente na natureza, alcançada através da capacidade de observação do homem. Criação de algo anteriormente inexistente, como resultado da capacidade inventiva do homem. Implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OECD, 2005). A partir do Quadro 2, podemos concluir que as palavras “Descoberta”, “Invenção” e “Inovação” possuem conceitos distintos, mas de certa forma estão relacionadas. Em uma definição mais ampla, Schumpeter (1982) enfatiza que a inovação é o processo de descoberta das aplicações econômicas para as invenções. Assim, percebemos que uma invenção poderá ser uma inovação apenas se for levada ao mercado. No mercado atual, é quase uma obrigação pensar em inovação no dia a dia, seja qual for a área de atuação. 107 FIGURA 16 – PROCESSO PARA INOVAÇÃO FONTE: O autor InvençãoConcepção teórica Exploração comercial Inovação A inovação não está relacionada somente aos produtos, mas também a ideias, processos, ferramentas e/ou serviços. Seu contexto é amplamente utilizado no contexto empresarial, sendo considerado um dos principais diferenciais, garantindo maior competitividade na atual sociedade do conhecimento, mas quando a inovação passou a ser uma estratégia em potencial para as organizações? Para responder a essa questão, primeiramente, é necessário conhecer os tipos de inovações, e poder assimilar seus impactos nas organizações. Dicas de filmes e uma série sobre inovação que irão lhe inspirar: • Steve Jobs (2016), direção de Danny Boyle; e O Jogo da Imitação (2014), dirigido por Morten Tyldum. • Silicon Valley (2014 – atualmente), com seis temporadas exibidas pelo canal HBO. DICA 3 TIPOS DE INOVAÇÃO A inovação pode ser classificada de acordo com algumas características, sendo dividida em diversos modelos. A seguir iremos conhecer os principais tipos de inovação identificados na literatura. 3.1 INOVAÇÃO EM PRODUTO É a introdução de um bem, em que a inovação é decorrente do lançamento de um novo produto, uma alteração, ou uma nova versão. Ela é essencial no ciclo de vida do produto, uma vez que incluem melhorias significativas em especificações técnicas, componentes, matérias, podendo substituir um produto (alteração, ou nova versão) que está na fase de declínio iniciando assim, um novo ciclo (OCDE, 1997). 108 FIGURA 17 - CICLO DE VIDA DO PRODUTO FONTE: <https://lirp-cdn.multiscreensite.com/87c8e234/dms3rep/multi/opt/ciclo-de-vida-do-produto- 1080x494-960w.png>. Acesso em: 18 jun. 2020. Saiba mais sobre o ciclo de vida do produto em: https://administradores. com.br/artigos/ciclo-de-vida-do-produto-e-a-necessidade-da-inovacao- sustentavel-como-cultura. DICA 3.2 INOVAÇÃO EM SERVIÇO A inovação em serviço consiste na mesma visão da inovação em produto, uma vez que objetiva oferecer um serviço novo, ou novas funcionalidades, melhorar o serviço já existente em seu segmento. Nesse tipo de inovação, o intuito é agregar mais valor ao cliente. Lembramos que o setor de serviço é responsável pela comercialização de bens não tangíveis (SBCOACHING, 2018c). 3.3 MODELO DE NEGÓCIO Esse tipo de inovação refere-se à forma de fazer negócio na empresa atuando sobre dois componentes fundamentais da oferta: a proposta de valor oferecida aos clientes (inovando no segmento-alvo de clientes, na oferta em si e no modelo de gerar receita) e o modelo de operação (incluindo aí mudanças em toda a cadeia de valor) (SBCOACHING, 2018c). Destaca-se que o modelo de negócio abrange as principais informações sobre: parcerias, atividades, recursos, relação com clientes, canais, segmentos de mercado, custos, fontes de rendimento e, claro, proposta de valor. Em outras palavras é promover mudanças no modelo de operação. Este tipo de inovação está atrelada à forma que a empresa conduz o próprio negócio (SBCOACHING, 2018c). 109 Inovar o modelo de negócio é promover mudanças no modo de gerar receita para a empresa e também no modelo de operação. De acordo com SBCoaching (2018c), ocorre inovação em um modelo de negócio quando a empresa cria uma lógica de funcionamento que nunca foi usada. 3.4 INOVAÇÃO EM PROCESSO A inovação em processo é caracterizada pela implementação de um método de produção ou distribuição melhorado ou novo. Ela ocorre quando a empresa cria um método novo relativo a algum processo operacional da empresa. Geralmente essa inovação visa à redução de custos, diminuir o impacto das atividades no ambiente,gestão de tempo e qualidade do produto ou serviço. Nesse sentido, também se inova em processos ligados a funções como finanças, recursos humanos e vendas. “Incluem-se, nesse tipo de inovação, mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares” (OCDE, 1997, p. 58). 3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL A inovação organizacional aborda mudanças na organização da empresa, seja no organograma, nos métodos de gestão, adaptação de uma nova cultura organizacional, nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externa, entre outros. É quando a empresa adota novas maneiras de organizar as pessoas e o próprio trabalho para sustentar e ampliar a capacidade competitiva, utilizando novos métodos de recrutamento, treinamento e desenvolvimento de colaboradores, introduzindo sistemas de gestão de qualidade, produção e logística, mudanças em ambientes de trabalho, novas estratégias de comunicação interna, descentralização de atividades, entre outros (OCDE, 1997). 3.6 INOVAÇÃO NA COMUNICAÇÃO A inovação ocorre principalmente na forma de comunicação com o público alvo. Com as tecnologias, esse tipo de inovação tornou-se uma estratégia em potencial para as organizações, uma vez que surgiram diversos novos canais de comunicação por meio das tecnologias digitais (SBCOACHING, 2018c). 110 3.7 INOVAÇÃO EM MARKETING A inovação em marketing está relacionada ao preço do produto ou serviço, posicionamento no mercado, distribuição, embalagem, designer do produto, segmentação de clientes, entre outras (OCDE, 1997). Para saber mais sobre inovação, acesse o manual de Oslo em: https:// www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf. Esse documento é composto de Proposta de diretrizes para a coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica e está editado conjuntamente pela OCDE, dentro da denominada “Família Frascati” e EUROSTAT. DICA 4 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO Além dos tipos, a inovação pode ser classificada a partir do impacto que pode causar. Para isso, inicialmente, iremos diferenciar os termos: inovação e inovatividade. Assim: inovação é um processo iterativo iniciado pela percepção de um novo mercado e/ou nova oportunidade de serviço para uma invenção baseada em tecnologia que leva a tarefas de desenvolvimento, produção e comercialização que buscam o sucesso comercial da invenção. Para Garcia e Calantone (2002) a inovação deve envolver tecnologia e mercado. Assim, uma inovação efetiva deve desenvolver uma tecnologia e ser disponibilizada no mercado para usuários finais. Uma invenção não se torna uma inovação até que seja processada por meio de tarefas de produção, comercializada e difundida no mercado (GARCIA; CALANTONE, 2002 apud KIANE, 2019, s.p.). E a inovatividade? Você sabe o que é? A inovatividade é o grau de “novidade” de uma inovação. Assim, uma inovação pode possuir uma alta ou baixa inovatividade. Quanto mais alta for a inovatividade maior será o grau de novidade da inovação. Porém os autores ressaltam que o conceito de novo é relativo na literatura. Uma inovação pode ser nova para o mercado, para um grupo de usuários ou para uma organização (GARCIA; CALANTONE, 2002 apud KIANE, 2019, s.p.). 111 Além dos tipos de inovação, conforme descrito na seção anterior, ela ainda pode ser caracterizada como inovação radical, realmente nova, incremental e imitativa (KIANE, 2019). De acordo com Kiane (2019, s.p.): • Inovação radical: são inovações que incorporam uma nova tecnologia e que resulta em uma nova infraestrutura de mercado. Também resulta em descontinuidades tanto no nível macro (para mundo, ou todo um setor industrial) quanto no micro (para um grupo de usuários específicos ou uma organização). • Inovação realmente nova: um produto realmente novo resultará em uma descontinuidade de mercado ou em uma descontinuidade tecnológica, mas não incorporará ambos. • Inovação incremental: produtos que fornecem novos recursos, benefícios ou melhorias à tecnologia existente no mercado atual. • Inovação imitativa: a inovação ocorre apenas na primeira empresa a concluir a Pesquisa e Desenvolvimento — P&D — industrial, que culmina no lançamento do primeiro produto nos mercados. Produtos imitativos são frequentemente novos para a empresa, mas não são novos no mercado. Um exemplo de inovação radical é a Uber. Nessa inovação, eles mudaram a lógica do mercado de transporte, baratearam o serviço e criaram uma força de trabalho informal gigantesca! IMPORTANTE A inovação também pode ser classificada de acordo com o nível de colaboração, e entre as interações de grupos, podendo ser aberta ou fechada. A inovação colaborativa é a união entre as empresas para buscar soluções, ideias inovadoras quanto ao desenvolvimento de produtos ou serviços para um determinado problema, visando à satisfação do cliente. Também conhecida como inovação aberta, segundo Magalhães (2018), ela pode ocorrer na interação entre a empresa e fornecedores, Instituição Científica e Tecnológica (ICT), consumidores, competidores e intermediários. 112 FIGURA 19 - PRINCIPAIS COLABORADORES DA INOVAÇÃO COLABORATIVA FONTE: Adaptado de Magalhães (2018) EMPRESA ConsumidoresIntermediários ICTCompetidores Fornecedores Visando contribuir com a prática de inovação colaborativa, foram criadas plataformas abertas que possibilitam parcerias pelo mundo, voltadas principalmente para a inovação. De acordo com SODA (2011), ela não é gerada apenas por meio de recursos internos, mas também através do acesso de recursos e de capacidades de organizações externas, podendo ser integrados por meio de alianças e de acordos de cooperação. Exemplos de empresas que utilizam práticas de inovação colaborativa são: Nestlé, Embraer, 3M e Procter&Gamble. ATENÇÃO A inovação aberta possibilita, além de maior rapidez no processo de inovação, a expansão dos mercados, uma vez que é caracterizada pela absorção de conhecimento externo à organização. Ela é um processo que envolve parceiros externos, entrada de clientes, projetos de fontes abertas e solicitações de ideias externas. Para isso, adota práticas para construção de vínculos com agentes externos à organização visando identificar, prover e implementar inovações (TIDD; BESSANT, 2015). 113 De acordo com Tidd e Bessant (2015), os princípios da inovação aberta são: • aproveitamento de conhecimentos externos; • pesquisa e desenvolvimento têm valor significativo; • pesquisa não é essencial para obter lucro; • melhor uso de ideias internas e externas, não a sua geração. A abordagem de inovação aberta possibilita (TIDD; BESSANT, 2015): • aumento da base de conhecimento; • redução de dependência de conhecimento interno limitado; • redução de custos relacionados a pesquisa e desenvolvimento internos; • ênfase na captura, e não na criação de valor; • equilíbrio de recursos para buscar e identificar ideias. Todavia, na abordagem de inovação aberta ainda existem alguns desafios encontrados como a identificação de fontes relevantes de conhecimentos, e seu compartilhamento. Outro obstáculo está relacionado a conflitos de interesses comerciais, e negociações dos termos de licenças e o uso da propriedade intelectual (TIDD; BESSANT, 2015). Na inovação fechada, o gerenciamento das atividades de inovação, a pesquisa e desenvolvimento ocorre de forma isolada e interna na empresa, por meio de laboratórios próprios de pesquisa. Nesse modelo, a fonte de conhecimento é da própria organização, que tem controle absoluto e único em todas as etapas do processo, sendo eles: desenvolvimento de ideias, protótipo, manufatura, mercado, distribuição e serviço (THOMAS, 2009). Assim,a principal diferença entre inovação aberta e inovação fechada, é que, de acordo com Thomas (2009), a construção do conhecimento as ideias, invenções, pesquisas e os desenvolvimentos necessários para colocar um produto no mercado são gerados dentro da própria organização. Contudo, no sistema aberto, a empresa utiliza, também, recursos externos, como a tecnologia, e ao mesmo tempo disponibiliza suas próprias inovações para outras organizações. Características da Inovação Fechada (DINO, 2017): • Todas as pessoas inteligentes do mercado trabalham para o desenvolvimento de um produto em comum. • Para ter lucro através de P&D, as empresas precisam fazer descobertas, desenvolvê-las e comercializá-las. • Controle da PI (Propriedade Intelectual), de modo que os competidores não lucrem com as ideias desenvolvidas pela organização. • Desconfiança de toda contribuição, informação que vem de fora da empresa. 114 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A inovação acontece não somente nos produtos, mas também nos serviços. • A descoberta, invenção e inovação possuem significados distintos, sendo a descoberta a identificação, por meio da observação, de algo existente na natureza. A invenção é a criação de algo anteriormente inexistente. E a inovação é a implementação de um produto, bem ou serviço novo ou melhorado. • A inovação é considerada um processo de descoberta das aplicações econômicas para as invenções, e que uma invenção só poderá ser uma inovação se for levada ao mercado. • Os principais tipos de inovação são: de produto, de serviço de modelo de negócio, de comunicação, de marketing, de processo e organizacional. • A inovação é classificada como: inovação radical; inovação realmente nova; inovação incremental; e inovação imitativa. • Na história do processo de inovação, destacou-se o fordismo, uma vez que inovou no processo de fabricação de carros, e a Xerox interface gráfica. • O avanço tecnológico impulsionou ainda mais as inovações e possibilitou a colaboração da troca de ideias por meio de plataformas digitais. Essas plataformas incentivaram a inovação aberta, ou seja, a troca de ideias entre as empresas, e também a inovação fechada, caracterizada pela criação de ideias dentro da mesma organização. RESUMO DO TÓPICO 2 115 1 Conforme evidenciado no decorrer do conteúdo deste tópico, os termos invenção, descoberta e inovação muitas vezes são utilizados de forma errônea, como sinônimas. Com base no significado desses termos, diferencie descoberta, invenção e inovação. 2 Relacione as colunas a seguir: Assinale a sequência CORRETA: a) ( ) 4, 1, 2, 3. b) ( ) 3, 1, 2, 4. c) ( ) 1, 4, 2, 3. d) ( ) 4, 1, 3, 2. 3 Neste tópico estudamos também sobre os tipos de inovação aberta e fechada. No sistema aberto, uma das principais características é utilização de recursos externos pela empresa, como a tecnologia, e, ao mesmo tempo, ela disponibiliza suas próprias inovações para outras organizações. E na Inovação Fechada? Descreva as principais características. AUTOATIVIDADE ( ) A inovação ocorre apenas na primeira empresa a concluir a P&D industrial, que culmina no lançamento do primeiro produto nos mercados. Produtos imitativos são frequentemente novos para a empresa, mas não são novos no mercado. ( ) Inovações que incorporam uma nova tecnologia que resulta em uma nova infraestrutura de mercado. Também resultam em descontinuidades tanto no nível macro (para mundo, ou todo um setor industrial) quanto no micro (para um grupo de usuários específicos ou uma organização). ( ) Um produto realmente novo resultará em uma descontinuidade de mercado ou em uma descontinuidade tecnológica, mas não incorporará ambos. ( ) Produtos que fornecem novos recursos, benefícios ou melhorias à tecnologia existente no mercado atual. (1) Inovação radical. (2) Inovação realmente nova. (3) Inovação incremental. (4) Inovação imitativa. 116 117 TÓPICO 3 — CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, vamos identificar as principais características e comportamentos de uma pessoa criativa que, segundo Predebon (2008), poderá ser circunstancial e compulsivo. Para isso, iremos compreender como ocorre o processo de criatividade, e a imaginação nas mentes humanas por meio das principais teorias evidenciadas na literatura: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade; Teoria da Adaptação – Inovação, e a ferramenta avaliativa Teste Torrance de Pensamento Criativo ou Torrance Test of Creative Thinking. Essas teorias têm como objetivo explicar e aprimorar o comportamento criativo. A partir desses estudos perceberemos a importância da motivação como fonte para a criatividade, abordaremos algumas teorias que tiveram o intuito de identificar os principais fatores que motivaram as pessoas no sentido da inventividade, sendo elas: Teoria X e Y; Teoria dos Dois Fatores; e Pirâmide das Necessidades de Abraham H. Maslow. Também trataremos das possibilidades para gerar motivações nas pessoas a partir dos estudos de José Predebon (2008). Finalizando este tópico, vamos conhecer algumas das mentes mais brilhantes da humanidade para inspirá-lo ainda mais a ser criativo e a inovar. Bons estudos! 118 2 CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA E INOVADORA Uma pessoa criativa possui várias características específicas que a difere das pessoas que não possuem essas qualidades tão desenvolvidas. Claro que a criatividade em cada indivíduo é diferente, e cada um possui atributos em níveis distintos. De acordo com Predebon (2008), a criatividade é produto de uma visão de vida, de uma opção quanto ao seu papel no planeta. Esses itens incentivam o desenvolvimento mais aguçado em algumas competências no que diz respeito à criatividade. Alguns cientistas enfatizam que a linguagem oral humana já é um exercício para a criatividade, e o que chamamos de comportamento criativo é o exercício da imaginação acima da média, sendo uma das principais características humanas, nos diferenciando das demais espécies (PREDEBON, 2008). Nas pesquisas de Predebon (2008), o autor evidencia dois tipos de comportamento criativo: o criativo compulsivo e o criativo circunstancial. QUADRO 4 - CARACTERÍSTICAS CRIATIVO COMPULSIVO E CRIATIVO CIRCUNSTANCIAL FONTE: Predebon (2008, p. 20) Criativo compulsivo Criativo circunstancial Se caracteriza principalmente pela compulsividade. O indivíduo que nasce com o comportamento criativo como que fazendo parte de sua personalidade tem uma postura de "viciado pelo novo" diante do mundo. Claro que o exercício de sua compulsão inclui o prazer, mas este sequer é procurado como um fim. Ao acabar cada tarefa de criação, a pessoa relaxa com a sensação de dever cumprido, perante si própria. Quando não tem obrigações de criar, ele descobre desafios no cotidiano, imaginando modificações em tudo, ou até mesmo fica "treinando", como no caso de um diretor de arte meu conhecido, que começa a criar layouts em guardanapos de papel, já na segunda semana de férias. Com o indivíduo que as circunstâncias tornaram criativo acontece algo diferente: ele passa a deslumbrar-se com o prazer que advém de sua criatividade e torna-se também um fã dessa condição nova para si, adquirindo o "vício" não pela via compulsiva, mas pelo caminho hedonístico. Busca o prazer de criar, pelo prazer da conquista do "novo". Descobre, sem analisar por que, que o novo é irmão do diferente e que o diferente, quando relevante, é chamado de criativo. O conceito de relevância é muito mais aplicado à criatividade no dia a dia ou no campo profissional do que nas artes, que têm outro compromisso com a realidade. O funcionário criativo percebe quesuas ideias são chamadas de devaneios e rejeitadas quando não se articulam com a realidade, isto é, quando não apresentam evidentes vantagens que compensem o risco que as mudanças sempre apresentam, em algum grau. 119 Assim, podemos perceber algumas diferenças nesses tipos de comportamentos criativos. Outro item que incentiva o aprimoramento da criatividade é a necessidade de solução, e está relacionado, principalmente, ao campo de atuação profissional, uma vez que cada vez mais as empresas prezam por profissionais qualificados e criativos, em razão de a inovação possibilitar mais competitividade no mercado. Em outras palavras, podemos destacar, então, que uma pessoa criativa possui a mente aberta para o novo, e sempre pergunta o “por quê”? Além disso, Predebon (2008) cita a capacidade de visualizar as coisas sob um ângulo diferente, a partir de um outro ponto de vista, é fundamental para o processo de criatividade. Conforme mencionamos, a criatividade é um diferencial no acirrado mercado de trabalho, mas não é porque não nascemos com características de pessoas criativas, que não podemos desenvolvê-las. Para isso, Baxter (1998), implementou um dos primeiros modelos do pensamento criativo identificando a partir da inspiração outras quatro etapas nesse processo: FIGURA 20 – ETAPAS DO PENSAMENTO CRIATIVO FONTE: Adaptado de Baxter (1998) 120 A Inspiração é considerada como um primeiro sinal para a descoberta. Já na fase de Preparação, ocorre a coleta de informações necessárias sobre o problema em questão, envolvendo associações, combinações e contextualizações do problema; em seguida, na Incubação, ocorre o afastamento temporário do problema, o armazenamento das informações, para descanso mental; na fase de Iluminação, a pessoa tem uma ideia (momento eureca) e chega a uma solução criativa; e por fim, na Verificação, ocorre o ajuste e implementação da solução idealizada (BAXTER, 1998). A partir desse modelo, percebemos que a criatividade é a união de esforço e de imaginação, uma vez que as pessoas devem estar preparadas para tal objetivo. Assim, foram surgindo várias técnicas para incentivar a criatividade nas organizações, e novas teorias que passaram a considerar um grupo de fatores aos quis estão relacionados e o ambiente em que vivem. Em 1961, Rhodes desenvolveu o modelo das Quatro Dimensões da Criatividade: pessoa, produto, processo e ambiente (pressão). Rhodes concluiu que somente haveria criatividade se todos esses fatores fossem estudados e entendidos em conjunto. IMPORTANTE 3 TEORIAS DE PESSOAS CRIATIVAS A partir da importância de características de criatividade nas pessoas, diversos estudos foram realizados visando aprimorar tal comportamento. De acordo com Alves e Castro (2015, p. 55) “o desenvolvimento humano é um processo contínuo e dinâmico que envolve a personalidade, por isso, a criatividade está ligada às características psicológicas das etapas evolutivas do ser [...]”. Assim, o estudo de traços de personalidade, aptidões, interesses e motivações contribui para o desenvolvimento da capacidade criativa. Diversas técnicas que incentivam o autoconhecimento possibilitam o aprimoramento de criatividade, apresentando também a percepção de que o mundo pode ser transformado (ALVES; CASTRO, 2015). Dessa maneira, em nossos estudos, abordaremos as principais teorias da criatividade: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade; e Teoria da Adaptação- Inovação ou Kirton Adaptation-Innovation Theory (KAI). 121 3.1 TEORIA DAS QUATRO DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE Essa teoria foi criada pelo cientista educacional norte-americano James Melvin Rhodes em 1961. Em suas pesquisas ele visou identificar uma definição universal para criatividade. Todavia, em suas investigações, principalmente nas décadas de 1950 e 1960, ele não obteve sucesso, uma vez que eram inúmeras conceituações. Mas, a partir delas, ele identificou convergências, possibilitando agrupá-las em quatro grandes aspectos essenciais para a criatividade, também conhecido como 4Ps: pessoas (person), processo (process), produto (product) e ambiente (press). O autor enfatiza que só há criatividade se esses quatro fatores são estudados e entendidos em conjunto e não como itens separados sem relação (RHODES, 1961). Rhodes (1961, p. 305) conceituou a criatividade como “o substantivo que nomeia o fenômeno em que uma pessoa comunica um novo conceito, este novo conceito é o produto. O processo é a atividade ou processo mental e, como não se concebe um indivíduo operando em um vácuo, o termo ambiente (Press) está implícito”. Nesse viés, Fox (2012) e Rhodes (1961) destacam que no item pessoa são identificadas informações de personalidade, intelecto, temperamento, físico, traços, hábitos, atitudes, autoconceito, crenças, mecanismos de defesa e comportamentos; em processo, engloba estudos sobre questões relacionadas às etapas da experiência criativa como estratégias, métodos e técnicas para gerar e analisar ideias, resolver problemas, tomar decisões e gerenciar seu pensamento durante o processo criativo com a promoção do seu desenvolvimento e de elementos cognitivos como motivação, percepção, aprendizagem, pensamento e comunicação; no ambiente, atrela-se a relação entre os indivíduos e o seu ambiente, é o lugar onde os outros “Ps” convivem e integram-se, exerce uma pressão sobre o indivíduo e esta tanto pode ajudar como dificultar a expressão criativa; e, por fim, o produto refere-se ao pensamento que foi comunicado a outros sujeitos na forma de palavras, quadros, metal, pedra, tecido ou outro material. 122 FIGURA 21 – 4Ps FONTE: Adaptado de Fox (2012) Pessoa Processo Produto Ambiente 3.2 TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO A Teoria da Adaptação-Inovação, ou Kirton Adaptation-Innovation Theory (KAI). Kirton (1976) analisa e classifica pessoas em termos de padrões da criatividade, tomada de decisões e resolução de problemas. A partir de tal análise, o indivíduo pode ser classificado em adaptadores e/ou inovadores. Os adaptados, para Kirton (1976), são as pessoas que preferem resolver um problema sem ter que modificar uma estrutura, ou paradigma existente, e que possuem como características a precisão, eficiência, disciplina e atenção às normas. Já os inovadores resolvem problemas revolucionando paradigmas, e são caracterizados por propor soluções inovadoras, indisciplina e desafiar regras. A partir desses dois polos de tomada de decisão e solução de problemas, Kirton (1976) indica as seguintes percepções por “fazer as coisas melhor” ou “fazer as coisas diferentemente”. FIGURA 24 – TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO FONTE: Adaptado de Vasconcelos, Guedes e Cândido (2007) "Fazer as coisas melhor" Adaptação "Fazer as coisas diferentemente" Inovação 123 Tal teoria visa contribuir para que as pessoas compreendam suas preferências e de outras pessoas e comportamentos, auxiliando na tomada de decisão e solução de problemas (KIRTON, 1976) Características existentes entre as pessoas consideradas adaptadoras e inovadores (PUCCIO, 1999): Adaptadores: • São precisos, confiáveis, eficientes, metódicos, prudentes, disciplinados e conformistas. • Preocupam-se mais em resolver problemas do que em edificá-los. • Preferem resolver problemas por métodos já conhecidos e testados. • Amenizam problemas investindo no aperfeiçoamento da eficiência; tentam preservar ao máximo a continuidade e a estabilidade. • São vistos como sensatos, bem ajustados e confiáveis. • Tendem a transformar meio em objetivos. • Parece que o tédio nunca os atinge. São capazes de manter alta precisão mesmo em longas jornadas de trabalho minucioso. • Assume a liderança dentro de estruturas predefinidas. • Desafiam regrasraramente, cautelosamente e apenas quando contam com forte apoio. • Tendem a ser bastante autocríticos; reagem a críticas aderindo ainda mais ao sistema. • São vulneráveis à autoridade e à pressão social; tendem a seguir regras. • São essenciais ao funcionamento rotineiro da organização, mas de vez em quando precisam ser “arrancados” de seus paradigmas. Inovadores: • São vistos como pessoas indisciplinadas, que pesam tangencialmente e abordam os problemas por ângulos diferentes. • Descobrem problemas quanto soluções. Lidam com os problemas questionando os paradigmas preexistentes. • “Ateiam fogo” em equipes mornas; tratam os consensos com irreverência; são tidos como cáusticos, criadores de dissonância. • São vistos como insensatos e pouco práticos; muitas vezes entram em choque com seus opositores. • Ao perseguir seus objetivos, dão pouca atenção aos meios tradicionais. • Suportam uma rotina de trabalho minucioso (manutenção de sistemas) apenas por períodos curtos; rapidamente delegam tarefas rotineiras. • Em situações não estruturadas, tendem a assumir o controle. • Desafiam regras com frequência; têm pouco respeito por tradições. Parecem não duvidar de suas novas ideias; não precisam da aprovação alheia para manter a autoconfiança. • Saem-se muito bem em momentos de crise; podem até mesmo evitá-las, caso consigam canalizar seus esforços para isso. 124 Adaptadores ao colaborar com inovadores: • São precisos, confiáveis, eficientes, metódicos, prudentes, disciplinados e conformistas. • São fontes de estabilidade, ordem e continuidade. • Mantêm a coesão e a cooperação da equipe – são sensíveis a questões interpessoais. • Fornecem uma base segura para operações mais arriscadas. Inovadores ao colaborar com adaptadores: • São vistos como pessoas indisciplinadas, que pesam tangencialmente e abordam os problemas por ângulos diferentes. • Estabelecem orientação para tarefas, rompendo com as teorias aceitas do passado. • Muitas vezes ameaçam a coesão e a cooperação da equipe – são insensíveis a questões interpessoais. • Fornecem a dinâmica para que mudanças radicais periódicas sejam desencadeadas. A princípio pode parecer que somente os inovadores são os criativos, porém os adaptadores também o são, mas dentro do seu ambiente. Já os inovadores procuram romper o ambiente em busca da criatividade. Por exemplo, a criatividade inovadora proporcionou a criação do automóvel, e a adaptadora permitiu a utilização de diversos tipos de combustíveis. Portanto, há uma sinergia entre aqueles que são adaptadores e os inovadores. Os dois tipos se complementam. FONTE: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/criatividade-nas- organizacoes-a-pessoa-criativa-e-suas-dimensoes/43648>. Acesso em: 23 jun. 2020. Sabia que o conceito da Barbie foi rejeitado em diversos Focus Group (discussão em grupo)? Um insight de uma mãe que falou que gostou da boneca, pois a ajudaria a ensinar a filha a se vestir, fez com que a empresa pensasse que não só essa poderia ser a abordagem correta para o mercado, como uma nova fonte de receita. ESTUDOS FUTUROS 125 3.3 FERRAMENTA AVALIATIVA – TESTE TORRANCE DE PENSAMENTO CRIATIVO OU TORRANCE TEST OF CREATIVE THINKING Além da definição, a avaliação da criatividade vem sendo alvo de diversos estudos, resultando em algumas ferramentas que visam mensurar o nível de criatividade. Em nossos estudos, tendo como base a multiplicidade de métodos e de instrumentos que têm surgido ao longo de meio século, iremos investigar sobre o Torrance Tests of Creative Thinking (TTCT), devido a ser o teste de criatividade mais divulgado e estudado internacionalmente (AZEVEDO; MORAIS, 2012). Desenvolvido pelo psicólogo americano Ellis Paul Torrance, em 1996, é o teste mais utilizado para tentar mensurar o nível de criatividade de uma pessoa. No Teste Torrance de Pensamento Criativo ou Torrance Test of Creative Thinking (TTCT), as pessoas são submetidas a um esforço com o intuito de descobrir uma solução criativa para um determinado problema ou mesmo finalizar o que está incompleto. Ele é constituído por provas verbais e figurativas compostas por tarefas diversas como questões, e a descoberta de causa e consequência, aperfeiçoamento e complemento de figuras, entre outros (AZEVEDO; MORAIS, 2012). FIGURA 22 – EXEMPLO DE TESTE DE TTCT FONTE: <https://criatividade.files.wordpress.com/2007/12/torrance.jpg>. Acesso em: 18 jun. 2020. É um processo de autoavaliação e desenvolvimento que tem como objetivo identificar alguns indicativos da pessoa criativa, como (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012, s.p.): 126 • Fluência: refere-se à quantidade de respostas. Quanto mais possibilidades a pessoa levantar, mais fluente é. • Flexibilidade: refere-se ao número de categorias em que as respostas se encaixam. Por exemplo, uma pessoa poderia sugerir pouco uso para o celular, porém em categorias diferentes, como: falar, mandar uma mensagem, fotografar, utilizar na função GPS, pagar conta, ler e-mail, entre outros. • Originalidade: refere-se à raridade da resposta. Os resultados do participante são comparados com os de outros e as respostas mais raras são consideradas as mais originais. • Elaboração: refere-se ao detalhamento da resposta. Quanto mais pormenorizada e precisa, mais elaborada ela é. Portal Educação (2012, s.p.) também evidencia outras habilidades como características da pessoa criativa: • Análise: capacidade de decompor um elemento em fragmentos menores. Está ligada à habilidade de isolar problemas. • Síntese: capacidade de compilar fragmentos e formar um todo. Essa característica também está relacionada à habilidade de extrair os elementos mais importantes de diferentes ideias, fazendo um resumo dos “principais pontos”. • Abertura: capacidade de se desvincular de esquemas mentais rígidos e preconcebidos. • Comunicação: capacidade de verbalizar seus pensamentos e emoções e de explicar aos outros as suas ideias. • Sensibilidade para problemas: capacidade de perceber pontos que podem ser melhorados. • Redefinição: capacidade de encontrar novas aplicações para um objeto. • Nível de inventividade: capacidade de criar elementos novos e, ao mesmo tempo, valiosos, úteis. FIGURA 23 - HABILIDADES COMO CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA FONTE: Adaptado de Azevedo e Morais (2012) 127 4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A CRIATIVIDADE A motivação é essencial para o processo de criatividade. Ela é responsável pelo impulso no comportamento do ser humano para uma determinada ação, estimulando a realização de tarefas para que o objetivo esperado seja alcançado de forma satisfatória. Possui três pilares, sendo eles: foco, intensidade e permanência (GOIS, 2011). "A motivação é específica. Uma pessoa motivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa a sempre ter disposição para tudo" (MAXIMIANO, 2007, p. 250). Precisamos conseguir desenvolver motivações para desbloquear e ativar nossa ação inovadora. Achar esse tipo de estímulo, por um lado, é essencial, e por outro lado, simplesmente, tem efeitos mágicos. O pensamento criativo contraria o fluxo normal do raciocínio lógico, e por isso só tem lugar quando existe uma força específica motivadora. Precisamos encontrá-la se quisermos ser criativos. Onde a procuraremos? (PREDEBON, 2008). Com base na importância da criatividade e motivação nas empresas, uma vez que estão diretamente relacionadas, diversos estudos foram realizados visando compreender a motivação humana (GOIS, 2011). Entre diversas investigações podemos destacar: 4.1 PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE ABRAHAMH. MASLOW A Pirâmide das Necessidades de Maslow, também chamada de hierarquia das necessidades de Maslow, é um conceito criado na década de 1950 pelo psicólogo norte- americano Abraham H. Maslow. Seu objetivo é determinar o conjunto de condições necessárias para que um indivíduo alcance a satisfação, seja ela pessoal ou profissional. Essa teoria apresenta uma hierarquia para as necessidades humanas. Ele identificou que algumas necessidades são qualitativamente diferentes, por exemplo, a necessidade de comer é diferente da necessidade de tornar-se presidente de um país. Assim, ele descreve quais são as mais básicas, sendo a base da pirâmide, e as mais elaboradas que estão evidenciadas no topo da pirâmide. As necessidades base são aquelas consideradas necessárias para a sobrevivência, enquanto as mais complexas são necessárias para alcançar a satisfação pessoal e realização profissional (BUENO, 2002). 128 FIGURA 25 – PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES FONTE: BUENO ( 2002) Autorrealização Estima Sociais Segurança Fisiológicas A teoria de Maslow enfatiza que apenas quando uma necessidade for satisfeita o ser humano terá necessidade da próxima. ATENÇÃO Em termos gerais, e como citado por Abraham Maslow na década de 1960, destaca-se a relação de sua teoria com a necessidade a partir da seguinte afirmação: “o homem criativo não é o homem comum ao qual se acrescentou algo; o homem criativo é o homem comum do qual nada se tirou”. A partir dessa frase percebemos que para a criatividade é necessário o estímulo, a necessidade de autorrealização, sendo esse o topo da pirâmide. Logo, se todas as necessidades anteriores forem supridas, o indivíduo não terá dificuldade em ser criativo (PREDEBON, 2008). 4.2 TEORIA DOS DOIS FATORES A Teoria dos Dois Fatores, desenvolvida pelo americano Frederick Herzberg, foi elaborada a partir de entrevistas realizadas com diversos profissionais da área industrial. O objetivo de Herzberg era identificar quais fatores causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho. Para isso, nas entrevistas realizadas ele questionava sobre o que atraia e não atraia os entrevistados nas empresas que trabalhavam (PERIARD, 2011a). 129 A partir da identificação desses itens Herzberg, dividiu os entrevistados em dois grupos: motivacionais e higiênicos. QUADRO 5 – FATORES HIGIÊNICOS E MOTIVADORES, SEGUNDO HERZBERG FONTE: Bueno (2002, p. 14) Fatores que previnem a insatisfação (higiênicos) Fatores que geram satisfação (motivadores) Salário Realização Condições de trabalho Reconhecimento Relação com pares, com supervisor e com subordinados Responsabilidade Segurança política e administração da companhia Progresso Desenvolvimento Os fatores higiênicos referem-se às condições físicas do ambiente de trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades de crescimento etc. Esses fatores são suficientes apenas para evitar que as pessoas fiquem desmotivadas, mas não é o elemento motivador. Já os fatores motivacionais estão relacionados ao do conteúdo do cargo, às tarefas e às atividades relacionadas com o cargo em si, incluem liberdade de decidir como executar o trabalho, uso pleno de habilidades pessoais, responsabilidade total pelo trabalho, definição de metas e objetivos relacionados ao trabalho e autoavaliação de desempenho. São chamados fatores satisfacientes. A presença produz motivação, enquanto a ausência não produz satisfação. Também chamados de intrínsecos (BUENO, 2002). A partir de tal teoria percebemos que os fatores motivacionais permitem a autorrealização (topo da pirâmide de Maslow), contribuindo também para o desenvolvimento do potencial intelectual e criativo. 4.3 TEORIA X E Y A Teoria X e Y foi criada por McGregor. Ela parte do pressuposto de que os trabalhadores não gostam de obter responsabilidades e não gostam das tarefas do trabalho, sendo necessárias ordens superiores para realizar as atividades. “Estas ordens vêm sempre acompanhadas de punição, elogios, dinheiro, coação etc.; artifícios utilizados pelos gestores para tentar gerar um empenho maior do colaborador” (PERIARD, 2011b, s.p.). 130 Os princípios básicos da Teoria X são: • Um indivíduo comum, em situações comuns, evitará sempre que possível o trabalho; • Alguns indivíduos só trabalham sob forte pressão. Eles precisam ser forçados, controlados e às vezes ameaçados com punições severas para que se esforcem em cumprir os objetivos estabelecidos pela organização. • O ser humano ordinário é preguiçoso e prefere ser dirigido, evita as responsabilidades, tem ambições e, acima de tudo, deseja sua própria segurança. [...] Os princípios básicos da Teoria Y são: • O esforço físico e mental empregado no trabalho é tão natural quanto o empregado em momentos de lazer; • O atingimento dos objetivos da organização está ligado às recompensas associadas e não ao controle rígido e às punições; • O indivíduo comum não só aceita a responsabilidade do trabalho, como também a procura. • Os indivíduos são criativos e inventivos, buscam sempre a solução para os problemas da empresa; • Os trabalhadores têm a capacidade de se autogerirem nas tarefas que visam atingir objetivos pessoais e estratégicos da organização. Sem a necessidade de ameaças ou punições; • O trabalhador normalmente não faz aquilo que não acredita. Por isso exige cada vez mais benefícios para compensar o incômodo de desempenhar uma função desagradável (PERIARD, 2011b, s.p.). Assim, Periard (2011b, s.p.) cita que “na teoria X o indivíduo é motivado pelo menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder. Já na Teoria Y, as pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma participação maior nas decisões e negociações inerentes ao seu trabalho”. • Na Teoria X: o trabalho é, em si mesmo, desagradável para a maioria das pessoas. • Na Teoria Y: o trabalho é tão natural como o lazer, se as condições forem favoráveis. IMPORTANTE 131 4.4 CAMINHOS PARA GERAR MOTIVAÇÃO Manter uma equipe motivada é um constante desafio enfrentado pelas empresas. Para manter o grupo de trabalho motivado é essencial manter uma boa energia no ambiente, o incentivo por meio de metas atingidas, bom clima organizacional, e possibilitar a realização pessoal do empregado. De acordo com Predebon (2008), quando conseguimos transformar nossas tarefas em meios de afirmação e nossos obstáculos em desafios, passamos a colher muitas oportunidades de aprimoramento em nosso dia a dia e, também, mobilizamos a motivação necessária para a ação criativa. Não há uma receita para a motivação, mas manter uma visão mais leve, pensamento positivo, esperança, ânimo e fé contribuem para maior entusiasmo e motivação. No entanto, além de tais aspectos, existem também alguns recursos que podem contribuir, portanto muito cuidado, muitas vezes as pessoas acabam se tornando refém do materialismo. O ideal, de acordo com Predebon (2008), é balancear o idealismo e o materialismo, e sempre ter um objetivo, um caminho para o crescimento pessoal. Para adotar um novo posicionamento no trabalho é necessário organização e disciplina. Neste sentido, temos que realizar um balanço sincero, de como estamos, evidenciar o ponto de partida e para onde queremos chegar. Esse pode ser um momento delicado, é importante que não ocorra sentimento de culpa ou arrependimento. Predebon (2008) enfatiza que somos imperfeitos, e que não temos muito orgulho dos nossos erros, mas saber que estamos tentando melhorar, faz toda a diferença. Dica de filmes sobre o assunto abordado neste tópico: • O Lobo de Wall Street (2013), dirigidopor Martin Scorsese. • Um sonho possível (2009), direção de John Lee Hancock. • Capitão Phillips (2013), direção de Paul Greengrass. DICA 132 LEITURA COMPLEMENTAR MENTES MAIS BRILHANTES DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA Ruan Bitencourt Silva [...] Nicolau Copérnico (1473-1543) A partir de suas observações do céu a olho nu, pois a luneta ainda não havia sido inventada, o polonês Nicolau Copérnico fez uma descoberta que causou a primeira grande revolução em nossa concepção do universo. Estudioso de astronomia, matemática e medicina, ele escreveu “Sobre as Revoluções das Esferas Celestes”, na qual afirmou que a Terra gira em torno de seu próprio eixo uma vez por dia e em torno do Sol uma vez por ano. Numa época em que os dogmas da então poderosa Igreja Católica afirmavam que a Terra ficava parada no espaço e era o centro do universo, a descoberta de Copérnico era fantástica e ousada. Sua concepção de heliocentrismo, ainda que imperfeita, pois previa órbitas circulares dos planetas em torno do Sol, quando na verdade elas são elípticas, iniciou um fabuloso processo de descobertas astronômicas e físicas nas décadas a seguir. Galileu Galilei (1564-1642) O italiano Galileu Galilei foi um dos primeiros a perceber como a matemática aplicada aos fenômenos naturais nos propicia um poder extraordinário para compreender o que acontece no cosmo. Algumas décadas depois de Copérnico ter concebido o sistema heliocêntrico, Galilei o confirmou após dedicar sua vida à pesquisa, à observação dos planetas, aos cálculos e ao aperfeiçoamento do telescópio. Além da concepção heliocêntrica, Galilei cometeria outra heresia ao contestar os pensamentos inquestionáveis de Aristóteles sobre o movimento. Mas foi sua afirmação de que a Terra, assim como os outros planetas conhecidos, girava em torno do Sol, o que o levou ao tribunal da Santa Inquisição. Para escapar da morte na fogueira, Galilei assinou uma declaração na qual se considerava um pecador por tal afirmação. No entanto, após tê-la assinado, ele teria murmurado: “Contudo, ela se move”. 133 Johannes Kepler (1571-1628) Contemporâneo de Galileu Galilei, Kepler foi responsável por descobrir que a volta que os planetas dão em torno do Sol é elíptica e não circular como acreditavam Copérnico e Galilei. Sua dedicação à matemática euclidiana era tal que acreditava que a geometria em si era a manifestação de Deus no mundo. O talento matemático do alemão Kepler o levou a trabalhar ao lado do nobre dinamarquês e matemático imperial Tycho Brahe. O dinamarquês possuía observações astronômicas muito mais precisas do que qualquer um naquela época e elas foram fundamentais para as conclusões de Kepler. O movimento orbital de Marte, observado por Brahe, levou Kepler a descobrir que as órbitas dos planetas em torno do Sol eram elípticas. E ele foi além. O alemão desenvolveu as três leis fundamentais dos movimentos planetários e com isso fundou a astronomia moderna. Isaac Newton (1642-1727) O legado de Copérnico, Galilei e Kepler foi fundamental para que o inglês Isaac Newton desenvolvesse suas ideias sobre gravitação universal, uma audaciosa suposição que mudou o destino da ciência. Ainda jovem, Newton desenvolveu o cálculo, uma das mais importantes áreas da matemática moderna, além de ter elaborado o conceito de força e a teoria mecânica. O cálculo possibilitou a Newton ter as técnicas necessárias para suas descobertas a respeito da gravidade. A primeira de suas três famosas leis diz que um corpo permanece em repouso ou em movimento uniforme ao longo de uma linha reta, a menos que sofra ação de uma força externa (lei da inércia). A segunda afirma que o efeito de uma força contínua sobre um corpo inicialmente em repouso ou em movimento uniforme é fazê-lo acelerar. E a terceira diz que se um corpo exerce uma força sobre o outro, o segundo exercerá ao mesmo tempo força oposta e da mesma intensidade sobre o primeiro. Newton, ao combinar teoria mecânica e matemática, explicou como o mundo funciona e como é possível calcular o que acontece nele. [...] Charles Darwin (1809-1882) Antes dele, a ciência já havia mostrado que a Terra não era o centro do universo. Com as descobertas de Charles Darwin um novo e definitivo golpe foi desferido nos dogmas religiosos e nos mitos de criação divina do cosmo e do ser humano. Se dependesse de seu pai, Darwin teria concluído os cursos de medicina ou teologia, mas o interesse do inglês por botânica o fez embarcar na expedição que o navio HSM Beagle fez para a América do Sul, numa missão de pesquisa científica. 134 Foi durante essa viagem que ele fez as observações que o levariam a desenvolver a revolucionaria teoria da evolução das espécies. Suas conclusões mostravam que a humanidade era somente um passo a mais num processo evolutivo de sobrevivência e de seleção natural. A revolução que colocava o ser humano no seu devido lugar no universo, iniciada por Copérnico, estava concluída com a publicação de “Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural”, de Charles Darwin. [...] James Clerk Maxwell (1831-1879) As teorias de Faraday acerca das linhas de força movendo-se entre corpos com propriedades elétricas ou magnéticas fizeram James Clerk Maxwell formular um modelo matemático exato para a teoria de propagação de ondas eletromagnéticas. Em 1865, Maxwell provou matematicamente que os fenômenos eletromagnéticos são propagados em ondas pelo espaço com a velocidade da luz, lançando as bases para a rádio comunicação que foi confirmada experimentalmente por Hertz em 1888 e desenvolvida com Guglielmo Marconi na virada do século. O seu trabalho em electromagnetismo foi a base da relatividade restrita de Einstein e o seu trabalho em teoria cinética de gases foi fundamental para o desenvolvimento posterior da mecânica quântica. [...] Albert Einstein (1879-1955) Quando Albert Einstein nasceu fazia quase dois séculos que Isaac Newton havia provado que tempo e espaço eram absolutos e não tinham nenhuma relação com coisas exteriores. Desde então acreditava-se que o tempo fluía de modo equitativo e o espaço permanecia sempre semelhante e inamovível. Essas certezas cairiam por terra com as ideias de Einstein. O cientista alemão supôs que não há nada que se possa chamar de movimento absoluto. Segundo Einstein, toda velocidade é relativa ao referencial específico que a define. Assim, se há movimento relativo, o tempo e o espaço se tornam relativos e o tempo é tão intrinsecamente ligado ao espaço que se torna uma quarta dimensão dele. Com sua Teoria da Relatividade, Einstein provocou uma revolução na nossa visão sobre o universo. Suas ideias anunciaram o fim da física clássica e o início da era da física quântica e da energia nuclear. 135 Leonardo da Vinci (1452 – 1519) Pintor, inventor, cientista, arquiteto, músico, escritor… conhecido também como o “homem do Renascimento”. Sempre que ouvimos seu nome, imediatamente, nos vêm à mente obras como A Última Ceia, Dama com Arminho ou Homem Vitruviano. No entanto, por vezes negligenciamos as inúmeras contribuições de da Vinci à área da engenharia. Sua máquina voadora, seu anemômetro, seu paraquedas, seus equipamentos de mergulho ou suas máquinas de guerra foram alguns esboços. Foi, acima de tudo, um pioneiro no método experimental, e conseguiu estar à frente, sem saber, de figuras tão importantes quanto Descartes ou Francis Galton. O que sempre o guiou foi sua ávida curiosidade, a qual fez dele um autodidata apaixonado pela natureza, pela ciência e pela pesquisa. Ele preencheu seus cadernoscom cada uma de suas nervosas ideias, projetos, esboços e teorias que, hoje em dia, continuam sendo tão difíceis de interpretar. Um dos mais interessantes é, sem dúvida, O Codex Atlânticus. Nele, vemos a famosa máquina voadora, a qual já indicava as bases precoces da aeronáutica e da física. FONTE: <https://universoracionalista.org/as-doze-mentes-mais-brilhantes-da-historia-da-ciencia/>. Acesso em: 15 dez. 2019. 136 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os comportamentos de uma pessoa criativa, identificados por Predebon (2008), são: circunstancial e compulsivo. • As principais teorias da criatividade são: Teoria das Quatro Dimensões da Criatividade; Teoria da Adaptação-Inovação; e a ferramenta avaliativa Teste Torrance de Pensamento Criativo ou Torrance Test of Creative Thinking. • A “motivação” influência diretamente na criatividade, • As principais teorias da motivação são: Teoria X e Y; Teoria dos Dois Fatores; e Pirâmide das Necessidades de Abraham H. Maslow. • A pirâmide de Maslow identifica as necessidades consideradas essenciais para a sobrevivência, as mais básicas, estando na base da pirâmide, enquanto as do topo da pirâmide, referentes à satisfação pessoal e realização profissional, são as mais complexas. • A teoria do dos fatores de Herzberg identificou quais fatores causam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho, dividindo-os em dois grupos: Motivacionais e Higiênicos. • Na teoria X e Y, McGregor criou duas dimensões: a teoria X, em que o indivíduo é motivado pelo menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder; e na Teoria Y, cujas pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma participação maior nas decisões e negociações inerentes ao seu trabalho. • As possibilidades para gerar motivações nas pessoas a partir dos estudos de Predebon (2008), sendo algumas delas: uma boa energia no ambiente, o incentivo por meio de metas atingidas, bom clima organizacional, e possibilitar a realização pessoal do empregado. RESUMO DO TÓPICO 3 137 1 Nas pesquisas de Predebon (2008), o autor evidencia dois tipos de comportamento criativo: o criativo compulsivo e o criativo circunstancial. Assim, identifique, nas características listadas a seguir, quais são do comportamento criativo compulsivo (CO), e quais são do comportamento criativo circunstancial (CI): ( ) Se caracteriza principalmente pela compulsividade. ( ) Busca o prazer de criar, pelo prazer da conquista do "novo". ( ) Ao acabar cada tarefa de criação, a pessoa relaxa com a sensação de dever cumprido, perante si própria. ( ) O conceito de relevância é muito mais aplicado à criatividade no dia a dia ou no campo profissional do que nas artes, que têm outro compromisso com a realidade. ( ) Adquire o "vício" não pela via compulsiva, mas pelo caminho hedonístico. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) CO, CI, CO, CI, CI. b) ( ) CI, CO, CI, CI, CO. c) ( ) CO, CO, CI, CI, CO. d) ( ) CI, CO, CI, CO, CI. e) ( ) CI, CO, CI, CI, CI. 2 A motivação é essencial para o processo de criatividade. Com base na importância da criatividade e motivação nas empresas, uma vez que estão diretamente relacionadas, diversos estudos foram realizados visando compreender a motivação humana. As principais teorias da motivação são Teoria X e Y, Teoria dos Dois Fatores, e Pirâmide das Necessidades de Maslow. Com base em tais teorias relacione as colunas a seguir: AUTOATIVIDADE (1) Teoria X e Y. (2) Teoria dos dois fatores. (3) Pirâmide de Maslow. ( ) Identifica as necessidades consideradas essenciais para a sobrevivência, e as mais complexas referentes à satisfação pessoal e realização profissional. ( ) Cria duas dimensões, uma em que o indivíduo é motivado pelo menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder, e outra em que as pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma participação maior nas decisões e negociações inerentes ao seu trabalho. ( ) Identificou quais fatores causavam a satisfação e a insatisfação dos empregados no ambiente de trabalho, dividindo-os em dois grupos: motivacionais e higiênicos. 138 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) 3, 1, 2. b) ( ) 3, 2, 1. c) ( ) 2, 1, 3. d) ( ) 2, 3, 1. e) ( ) 1, 3, 2. 3 De acordo com o conteúdo estudado, a motivação é muito importante no processo de criatividade. Com base nisso, abordamos algumas teorias que têm como objetivo estudar as variáveis que motivam as pessoas, sendo uma delas a pirâmide de necessidades de Maslow. Essa teoria apresenta uma hierarquia para as necessidades humanas, sendo que as mais básicas ficam na base, e as mais elaboradas no topo da pirâmide. À medida que o ser humano alcança uma das necessidades evidenciadas por Maslow, ele tem motivação para alcançar a próxima. Com base nesse contexto, identifique quais são essas necessidades. 139 CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender as principais mudanças tecnológicas que impactaram no desenvolvimento da sociedade e das organizações; • analisar os principais aspectos que estimulam a criatividade e a inovação no âmbito das organizações; • refletir sobre o processo de gestão criativo de inovação nas empresas; • investigar a importância da criatividade e inovação nas organizações contemporâneas. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS TÓPICO 2 – CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES TÓPICO 3 – O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS TÓPICO 4 – BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 140 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 141 TÓPICO 1 — AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, nós vamos iniciar nossos estudos abordando as revoluções industriais e suas principais características nos respectivos períodos. Além de compreender o papel da evolução tecnológica em cada período industrial, vamos analisar os principais aspectos relacionados às mudanças tecnológicas e os seus impactos nos ciclos econômicos para uma melhor compreensão das suas implicações no âmbito das organizações. Já vimos que a criatividade possui um papel relevante no desenvolvimento de inovações tecnológicas sendo, desta forma, cada vez mais uma competência requerida pelas instituições em geral. 2 AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS CICLOS ECONÔMICOS Para compreendermos a evolução e as mudanças tecnológicas, vamos dar um salto histórico para o século XVIII. Nesse período, na Europa, predominavam as atividades rurais e os portos eram a única alternativa para ir de uma região à outra. Nessa época, as mercadorias existentes eram produzidas de forma artesanal, ou seja, todas as etapas para construção do produto eram realizadas por uma única pessoa. Com o passar do tempo, e devido ao crescimento da população, a relação de compra e venda aumentou e o método de produção, até então utilizado, tinha dificuldades em atender à demanda. A partir disso, surgiu um novo sistema caracterizado principalmente pela divisão do trabalho artesanal, a manufatura. Esse modelo predominou no período da Idade Moderna, foi o responsável pelo aumento de produção e, consequentemente do mercado consumidor, impulsionando o desenvolvimento do comércio monetário. Assim, os efeitos de novas formas de trabalho e de novas tecnologiasaplicadas à agricultura, proporcionaram maior produção com mão de obra reduzida, ocasionando o deslocamento de grandes massas populacionais de regiões rurais em direção às grandes cidades da época. 142 Logo, o deslocamento dessas massas provocaram a concentração e o excesso de mão de obra disponível que, junto com o desenvolvimento científico — neste momento ressalta-se a invenção da máquina a vapor, além de outras novas tecnologias — desencadeou o fenômeno da industrialização mundial (MARCOVITCH, 1983 apud KILIAN, 2005). A Revolução Industrial provocou uma profunda mudança histórica nos meios de produção até então conhecidos, alterando os modelos econômicos e sociais de sobrevivência. O modelo feudal entrou em decadência cedendo espaço para o modelo industrial, dando início à Revolução Industrial de produção em larga escala (KILIAN, 2005). FIGURA 1 – ESTÁGIOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-S9oKLQf1NmA/V9630CRHQGI/AAAAAAAAADU/XXXxpc-nFAkVkX- XPHLDRZoM9miCpMZkACLcB/s640/daarteaindustria.png>. Acesso em: 19 jun. 2020. A Revolução Industrial significou a substituição da ferramenta manual pelo uso da máquina e contribuiu para consolidar o capitalismo como modo de produção predominante. Esse fenômeno deu origem à produção em larga escala dos mais variados artefatos, de forma quase ilimitada. Neste primeiro período, existia ainda uma demanda muito grande por todos os tipos de produtos, desta forma, os novos consumidores aceitavam os bens produzidos sem ter uma consciência das filosofias de melhoria e qualidade que na atualidade são de importância relevante para os clientes. 143 Sugestão de filme sobre a Revolução industrial: • Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Duração: 87 min. Warner, 1936. DICA O avanço tecnológico possibilitou, e ainda interfere, diretamente na evolução da indústria. Por meio dele surgiram novos processos e métodos, conforme podemos analisar a seguir: QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA A Primeira Revolução Industrial começou no século XVIII e teve como base o uso da água, do vapor (início dos combustíveis fósseis) e a mecanização de equipamentos para a produção de bens de consumo. Segundo Bastos Tigre (2006), “por volta de 1820, um garoto operando dois teares mecânicos era capaz de produzi até 15 vezes mais do que o artesão doméstico, resultando na perda de empregos e drásticas reduções de salários”. Surgiu, assim, o primeiro confronto homem-máquina, simbolizado pelo movimento liderado por Martin Ludd — o Movimento Ludita. A cada dia, novas máquinas facilitavam os processos de produção, reduziam custos e ampliavam a quantidade de riqueza fabricada. De fato, podemos ver nessa experiência histórica um momento nunca antes vivido no desenvolvimento da economia. Contudo, em meio a tanta riqueza, vemos que essa nova situação se contrastava com a situação miserável dos vários operários que trabalhavam nos centros fabris. Essa situação contraditória, em pouco tempo passou a ser percebida por vários trabalhadores que trocavam o extensivo uso de sua força de trabalho por salários que não supriam suas necessidades materiais elementares. Em muitos casos, essa situação era explicada pelo fato de as fábricas reduzirem sensivelmente a demanda por mão de obra, graças ao uso das máquinas. Nesse contexto, se organizava uma grande massa de desempregados que se sujeitava a um pagamento baixo mediante a falta de empregos e a grande disponibilidade de mão de obra. Aos poucos, alguns trabalhadores responderam a essa deplorável realidade. 144 No fim do século XVIII, corria o boato de que um enfurecido operário britânico chamado Ned Ludd havia quebrado as máquinas de seu patrão. Mesmo não tendo comprovação, a história serviu de inspiração para vários operários que viam nas máquinas a razão de sua condição de miséria. Nascia assim, na Inglaterra, o Ludismo ou Movimento Ludita. Os luditas geralmente agiam de forma secreta, endereçando cartas anônimas aos seus patrões exigindo o fim do uso das máquinas que restringiam a oferta de emprego. Muitas vezes, organizavam grupos que invadiam fábricas e depredavam todas as máquinas presentes. Enquanto a destruição acontecia, uma massa de operários e desempregados aprovava a ação com gritos de apoio e calorosas palmas. FONTE: <https://beduka.com/blog/wp-content/uploads/2019/06/revolucao-industrial.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. A reação das autoridades inglesas contra esses levantes foi marcada por vários conflitos entre os policiais e os trabalhadores. Finalmente, no ano de 1812, o Parlamento Britânico aprovou a Frame Braking Act, lei que punia a quebra de máquinas com a pena de morte. Dessa forma, observamos que a rebelião ludita causou impacto significativo e determinou uma experiência de oposição entre o homem e a tecnologia. Apesar de não carregar um conteúdo ideológico, os luditas foram de suma importância para que o molde de desenvolvimento do capitalismo fosse questionado. Afinal de contas, qual relação garantia que o surgimento de tantas máquinas traria reais benefícios à coletividade? A Segunda Revolução ampliou a divisão do trabalho e iniciou o uso da energia elétrica para criar a produção em massa. 145 FONTE <https://www.trabalhosescolares.net/wp-content/uploads/2008/07/revolucao_industrial_ fabricas_automobilisticas.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. Dessa forma foi um marco para o início da industrialização mundial, vivida, primeiramente, pela Inglaterra. Nesse sentido, todo o processo envolvendo a Revolução Industrial servia para que novas formas de produção fossem desenvolvidas. Além disso, foram processos não interrompidos que auxiliaram nos avanços de tecnologias. Assim também, novas indústrias e a forma de produção foram fortemente beneficiadas pelas novas formas de realização. A Terceira Revolução utilizou a tecnologia da informação para automatizar a produção e ampliar a informação. Também é chamada de Revolução Informacional, se iniciou em meados do século XX. FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/mages?q=tbn%3AANd9GcTTvBNTheXlxSkX6QxXNTuqF_ RPOTKvS8ubW5-spYFid5YmpOYC&usqp=CAU>. Acesso em: 19 jun. 2020. 146 FONTE: Adaptado de <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/ludismo.htm>; <https://conhecimentocientifico.r7.com/segunda-revolucao-industrial/>; <https://conhecimentocientifi co.r7.com/como-a-terceira-revolucao-industrial-mudou-o-mundo-e-as- relacoes-humanas/>; e <http://www.industria40.gov.br/>. Acesso em: 19 jun. 2020. Assim, podemos destacar como principais características tecnológicas das revoluções industriais: Nessa época, a eletrônica surge como verdadeira modernização da indústria. Destacou-se pelos avanços tecnológicos e científicos na indústria, bem como na agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação de serviços. Agora, a Quarta Revolução Industrial deve ampliar a revolução digital que vinha ocorrendo desde meados do século passado, com um grande potencial devido a sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. FONTE: <https://bit.ly/36LYOfN>. Acesso em: 19 jun. 2020. Com a chegada da Quarta Revolução Industrial, também chamada de Revolução 4.0, temos hoje o que se denomina de Industria 4.0. Há três vetores propulsores: fatores físicos, digitais e biológicos. As três primeiras Revoluções Industriais trouxeram a produção em massa, as linhas de montagem, a eletricidade e a tecnologia da informação, elevando a renda dos trabalhadores e fazendo da competição tecnológica o cerne do desenvolvimento econômico. A Quarta Revolução Industrial, que terá um impacto mais profundo e exponencial, se caracteriza, por um conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico. 147 QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS FONTE: Aires, Moreira e Freire (2017, p. 4) Revolução Industrial Período Características Tecnológicas Primeira RevoluçãoIndustrial Iniciou da segunda metade do século XVIII e avançou até meados do século XIX. Ocorreu entre as décadas de 1760 e 1840. • Máquina a vapor. • Substituição da produção artesanal pela produção fabril. • Tear mecânico. Segunda Revolução Industrial Iniciou do século XIX e avançou até a primeira metade do século XX. Ocorreu entre as décadas de 1860 e 1900. • Energia elétrica. • Petróleo. • Sistema de produção taylorista – fordista – divisão do trabalho manual e intelectual. • Automação e produção em massa. • Linha de Montagem móvel. Terceira Revolução Industrial Iniciou na segunda metade do século XX e avançou até o final deste século. Ocorreu entre as décadas de 1960 e 1990. • Surgimento da informática e avanço das comunicações. • Surge a sociedade do conhecimento. • Sistema de produção flexível. • Tecnologia da informação (TI). • Computação. Quarta Revolução Industrial Iniciou na primeira década do século XXI, na década de 2000. • Internet mais ubíqua e móvel, sensores menores e mais poderosos. • Fusão das tecnologias e a interação entre domínios físicos, digitais e biológicos. • Sistemas e máquinas inteligentes conectados possibilitando um modelo de produção de personalização em massa. • Robótica avançada. A constante busca por “inovações” tecnológicas que desencadeiam as revoluções são decorrentes do sistema capitalista, que geram, de acordo com Schumpeter (1961), a denominada “destruição criativa”. A inovação é considerada um fator intrínseco que cria constantemente: novos bens de consumo, novos métodos e processos de produção e transportes, novos mercados e novas formas de organização industrial (SCHUMPETER, 1961). Esse movimento constante vai gerar os ciclos econômicos a partir das inovações tecnológicas como podemos perceber na figura a seguir sobre a revolução industrial. 148 FIGURA 2 - BREVE HISTÓRIA DAS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS FONTE: <https://netscandigital.com/wp-content/uploads/2019/02/industria4.0-1024x768.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. INDÚSTRIA 1.0 Mecanização, tear e força à vapor INDÚSTRIA 2.0 Produção em escala, linha de montagem, eletricidade e combustão INDÚSTRIA 3.0 Automação, robótica, computadores, internet e eletrônicos INDÚSTRIA 4.0 Sistemas cibernéticos, internet das coisas, redes e inteligência artificial Da indústria 1.0 até os dias atuais (indústria 4.0), percebemos que a sociedade se diferencia das anteriores, pela importância dada ao trabalho intelectual e à criatividade dentro das empresas. Além disso, o comportamento do consumidor muda, e os clientes passam a ser mais exigentes, causando, nas organizações, mudança no pensamento estratégico em função da busca pela satisfação dos clientes, provocando a aceleração no ciclo de vida dos produtos. Por consequência, dois fatores- chave para a produção de novos produtos foram estimulados com o objetivo de se manter competitivos no mercado: inovação e criatividade. Na indústria 4.0, a inovação tecnológica possibilita maior segurança, planejamento e eficiência nas organizações por meio de novas abordagens como: segurança da informação; realidade aumentada; big data; robôs autônomos; simulações; manufatura aditiva; sistemas integrados; computação em nuvem; e internet das coisas. 149 FIGURA 3 - INDÚSTRIA 4.0 FONTE: <https://russellbedford.com.br/wp-content/uploads/2018/06/industria-4-0.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. Vamos falar um pouco mais sobre a quarta revolução industrial a seguir. Quarta Revolução Industrial ou estagnação secular? José Eustáquio Diniz Alves No mês de janeiro de 2016 foram lançados, de forma independente, dois livros que discutem as possibilidades e as limitações que a tecnologia teve no passado e terá no futuro no sentido de avançar com as forças produtivas rumo à estagnação ou ao progresso e a melhoria das condições de vida da humanidade. Um é otimista e o outro é pessimista. O livro The fourth industrial revolution, de Klaus Schwab, foi lançado durante o Fórum Econômico Mundial, de Davos e serviu de tema central para o encontro que reúne a elite da economia mundial. Numa visão otimista, o livro diz que estamos à beira de uma revolução tecnológica que alterará fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros. A “Quarta Revolução Industrial, em sua escala, escopo e complexidade, será diferente de tudo que a humanidade já experimentou antes”, como diz o autor. A Primeira Revolução Industrial começou no último quartel do século XVIII e teve como base o uso da água, do vapor (início dos combustíveis fósseis) e a mecanização de equipamentos para a produção 150 de bens de consumo. A Segunda Revolução ampliou a divisão do trabalho e iniciou o uso da energia elétrica para criar a produção em massa. A Terceira Revolução utilizou a tecnologia da informação para automatizar a produção e ampliar a informação. Agora, a Quarta Revolução Industrial deve ampliar a revolução digital que vinha ocorrendo desde meados do século passado, mas, segundo Klaus, ela traz um grande potencial devido a sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. O livro aponta três vetores propulsores: fatores físicos, digitais e biológicos. Dentre os físicos, como o desenvolvimento de novos materiais, destaca-se o aperfeiçoamento do grafeno, que é 200 vezes mais resistente que o aço e milhares de vezes mais fino que um fio de cabelo, tendo potencial de mudar a indústria e a infraestrutura. Os celulares conectados à internet provocaram uma reorganização de diversos aspectos da vida, como na educação, saúde e no transporte urbano. A biotecnologia, poderá erradicar doenças e até mesmo retardar o envelhecimento das pessoas. Além das mudanças nos sistemas de produção e consumo e amplo uso de inteligência artificial, ela também traria o desenvolvimento de energias verdes. Portanto, Klaus considera que as transformações de hoje não representam apenas um prolongamento da Terceira Revolução Industrial, mas sim a chegada de um quarto e distinto período, em função: “da velocidade, do alcance e dos sistemas de impacto, pois a velocidade dos avanços atuais não tem precedente histórico, quando comparado com as revoluções industriais anteriores”. A Quarta Revolução avança em ritmo exponencial em vez de linear. Além disso, está envolvendo quase todos os setores em todos os países. A amplitude e a profundidade dessas mudanças anunciam a transformação dos sistemas inteiros de produção, gestão e governança. Assim, para o autor, bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis, com um poder sem precedentes de processamento, capacidade de armazenamento e acesso ao conhecimento, oferecem possibilidades ilimitadas. Essas possibilidades poderão ser multiplicadas por avanços tecnológicos emergentes em áreas como inteligência artificial, robótica, a Internet das Coisas, veículos autônomos, a impressão 3-D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência de materiais, armazenamento de energia e computação quântica. Ainda no raciocínio do autor, a Quarta Revolução Industrial, assim com as revoluções anteriores, tem o potencial de elevar os níveis de renda global e melhorar a qualidade de vida das populações em todo o mundo. A inovação tecnológica também pode levar a um milagre do lado da oferta, com ganhos a longo prazo em termos de eficiência e produtividade. Transporte e comunicação a custos baixos tornariam as cadeias de fornecimento globais e a logística mais eficazes, abrindo novos mercados, impulsionando o crescimento econômico. Não menos importante, a Quarta Revolução Industrial, segundo o autor, pode aperfeiçoar a democracia. Como os mundos físico, digital e biológicos continuam a convergir, novas tecnologias e plataformas vão permitir que os cidadãos participem da gestão governamental, 151 exprimindo suas opiniões, juntandoesforços na implementação de políticas públicas e supervisionando as autoridades constituídas. Simultaneamente, os governos ganharão novos poderes tecnológicos, com base em sistemas de vigilância e capacidade de controlar a infraestrutura digital, aumentando a concorrência, a redistribuição das funções e a descentralização do poder. Para não dizer que tudo são flores, o autor reconhece que a Quarta Revolução Industrial poderia aumentar a desigualdade social, especialmente afetando os mercados de trabalho. Como a automação substitui o trabalho em toda a economia, o deslocamento líquido de trabalhadores por máquinas poderá agravar o fosso entre os retornos de capital e os retornos do trabalho (gerando uma crise de desemprego). O pior cenário seria aquele vislumbrado por Martin Ford (Rise of Robots) em que a ascensão dos robôs levaria a um futuro sem emprego. Mas Klaus aposta no efeito positivo, pois a tecnologia, em termos macroeconômicos, poderá não só trazer aumento líquido nos postos de trabalho, como também pode transformar as ocupações em atividades seguras e gratificantes. Evidentemente, toda esta visão cornucopiana e de redenção tecnológica soa como música aos ouvidos da elite econômica que frequenta o Fórum Econômico Mundial. Para Klaus, a Quarta Revolução Industrial seria a prova de que o capitalismo é um sistema não só eficiente, mas que pode ser também justo e democrático. Em sua quarta reedição, a revolução capitalista universalizaria o progresso econômico, social e ambiental. Seria o triunfo da abundância do paraíso na Terra. Contudo, esse tipo de delírio tecnológico é contestado no livro The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War do professor da Universidade Northwestern, Robert J. Gordon. Há muito tempo o autor tem criticado o tecno-otimismo e as afirmações, de forte cunho ideológico, de que estamos em meio a uma mudança tecnológica revolucionária. Por exemplo, em relação à apologia feita às TICs (Tecnologia de Informação e Comunicação), Gordon argumenta que elas são menos importantes do que qualquer uma das cinco grandes invenções que alimentou o c rescimento econômico entre 1870-1970: eletricidade, saneamento urbano, químicos e farmacêuticos, o motor de combustão interna e a comunicação moderna. Gordon não discorda do papel histórico desempenhado pela tecnologia no passado. Ele recapitula os vínculos entre períodos de rápida expansão econômica e as inovações das três Revoluções Industriais (RI) precedentes: 1ª) a das ferrovias, energia a vapor (carvão mineral) e indústria têxtil, de 1750 a 1830; 2ª) a da eletricidade, motor de explosão, água encanada, banheiros e aquecimento dentro de casa, petróleo e gás, farmacêuticos, plásticos, telefone, de 1870 a 1900; 3ª) a dos computadores, internet, celulares, de 1960 até hoje. Segundo Gordon, a segunda RI teria sido mais importante em termos de acelerar o crescimento econômico, garantindo 100 anos de acelerado avanço na produtividade. Ele argumenta que este evento excepcional é único no tempo e não vai se repetir. 152 Ele dá exemplo da velocidade do transporte (que é confirmada pelo fracasso do Boeing 787 Dreamliner): “Até 1830, a velocidade de tráfego de passageiros e de mercadorias era limitado pelo ‘casco e vela’, mas aumentou de forma constante até a introdução do Boeing 707, em 1958. Desde então, não houve nenhuma mudança na velocidade e, de fato, os aviões voam mais lento agora do que em 1958 por causa da necessidade de economizar combustível e normas de segurança”. Outro exemplo se dá pelo engarrafamento das grandes cidades e a crise da mobilidade urbana. Uma carroça puxada por dois cavalos trafegava a 26 km/hora, mas nossos potentes carros atuais não trafegam a 20 km/hora no horário de pico das metrópoles. Nas estradas é grande o número de acidentes e mortes. Desastres e restrições à mobilidade urbana significam perda de eficiência econômica e pressão sobre a qualidade de vida. Nas grandes cidades brasileiras é comum os moradores da periferia gastarem duas horas da casa para o serviço e mais duas horas de volta. A soma do aumento do custo da extração dos combustíveis fósseis e a perda dos ganhos de produtividade pode funcionar como freio ao crescimento econômico. Considerando a economia dos Estados Unidos da América (EUA), Gordon argumenta que existem seis “ventos contrários” (headwinds) que devem desacelerar o crescimento americano: 1) aumento das desigualdades sociais, 2) educação deteriorada; 3) degradação ambiental; 4) maior competição provocada pela globalização; 5) envelhecimento populacional; e 6) o peso dos déficits e do endividamento privado e público. O autor sugere que estes “ventos contrários” não estão atingindo apenas os EUA, mas todas as economias avançadas, o que deve provocar taxas de crescimento econômico abaixo de 1% nas próximas décadas. Para as sociedades emergentes, os “ventos contrários” também existem, mas sopram com menos intensidade, por enquanto. Mas, numa economia cada vez mais internacionalizada, é difícil imaginar que os países em desenvolvimento possam manter altas taxas de crescimento econômico sem contar com uma dinâmica parecida nos países desenvolvidos. Evidentemente, a tecnologia contribui para o progresso e o bem-estar da população. O avanço das tecnologias de higiene e de saneamento básico reduziram a mortalidade infantil e aumentaram a esperança de vida, contribuindo para tornar as pessoas mais longevas, mais educadas e mais produtivas. Aliás, a revista britânica The Economist, com base nos estudos de Robert Gordon, fez uma capa (12/01/2013) mostrando que toda a força do pensamento tecnológico recente foi incapaz de inventar uma coisa mais útil e de maior impacto na saúde dos povos do que o vaso sanitário. Os efeitos positivos de uma invenção tão simples desmistificam a apologia das tecnologias mirabolantes. 153 A tecnologia pode ser aliada do desenvolvimento humano e ambiental, mas também pode ser fonte de dominação, exploração e de autoengano. O livro de Robert Gordon, portanto, não rejeita a tecnologia, mas apresenta um forte argumento sobre seus limites. Também reforça a tese da “estagnação secular” e do baixo crescimento econômico no restante do atual século. Neste início de ano, enquanto o FMI prevê um crescimento de 2,4% para o PIB dos EUA em 2016, diversos outros estudos apontam um crescimento abaixo de 2% ou mesmo uma recessão. Tudo indica que a Era do alto crescimento econômico é coisa do passado. A América Latina, por exemplo, vai ter dois anos de recessão e sem uma recuperação forte a vista. A ideia de hiperprogresso e de avanço sem limite das forças produtivas é alimentada tanto por pensadores neoliberais, quanto marxistas, que acreditam na revolução científica e tecnológica. Por exemplo, a Singularidade tecnológica seria um evento histórico previsto para o futuro próximo no qual a humanidade atravessaria um estágio de colossal avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo. Os aceleracionistas, seguindo utopias de esquerda, sonham com um “tecnocapitalismo desterritorializado” e uma “infiltração tecnológica da agenda humana”. Mas como mostraram Danowski e Castro (2014), os chamados “tecnófilos cornucopianos” acreditam em um “capitalismo pós-industrial e vibrante”, mas desconsideram os limites colocados pelo Sistema Terra para viabilizar o grande salto adiante. O Paradoxo de Jevons mostra que os ganhos de eficiência provocados pela tecnologia podem reduzir o consumo de recursos naturais em termos microeconômicos, mas não em termos macroeconômicos. O próprio Painel Internacional de Recursos da ONU, que busca estabelecer políticas que possibilitem dissociar os efeitos do crescimento econômico do uso dos recursos naturais e dos seus impactos ambientais (decoupling), reconhece que, a despeito de todo avanço tecnológico,o uso global per capita de materiais continua crescendo, pois era de seis toneladas, em 1970, passou para oito toneladas, entre 1970 e 2000, chegando a dez toneladas, em 2010. Houve, portanto, aumento absoluto no uso dos materiais extraídos do meio ambiente. Mas também ocorreu crescimento relativo, pois a quantidade de material (kg) para produzir uma unidade de PIB (US$) passou de 1,2 kg, em 2000, para 1,4 kg, em 2010 (UNEP, 2015). Além disto, o nível de reciclagem é muito baixo e os ganhos microeconômicos são minimizados pela ampliação da demanda agregada. Desta forma, não custa lembrar o recado deixado por Mary Shelley, no livro Frankenstein, que já tinha alertado, em 1818, sobre os efeitos indesejados da tecnologia e da racionalidade, que em vez de gerar o progresso prometeico, pode gerar um monstro que assusta a raça humana. Para quem faz apologia da tecnologia e acha que a ideia de desenvolvimento sustentável é o caminho para conciliar os avanços materiais e o meio ambiente, seria bom ler o livro de Ted Trainer: Renewable Energy Cannot Sustain a Consumer Society. 154 Ele diz que a sociedade atual, assentada no triângulo indústria-riqueza-consumismo, é insustentável e injusta, envolvendo taxas de utilização de recursos per capita que são impossíveis de atingir e universalizar para toda a população. Ao contrário de um mundo de riquezas infinitas, ele propõe a simplicidade voluntária e o decrescimento. O sonho do desenvolvimento economicamente inclusivo, socialmente justo e ambientalmente sustentável virou um oxímoro e o tripé da sustentabilidade virou um trilema (Martine e Alves, 2015 e Alves, 2015). Ninguém sabe, com certeza, como será o futuro. Neste segundo quindênio (2015-2030) do século XXI, quando a agenda global da ONU está centrada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e no Acordo de Paris, aprovado na COP-21, o monitoramento mundial da agenda pós-2015 deveria contrabalançar a atenção entre o oba-oba da Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab e a crítica realista dos limites tecnológicos feitas por Robert Gordon. A sociedade afluente ainda é um sonho distante para a maioria da população mundial. FONTE: <https://www.ecodebate.com.br/2016/02/17/quarta-revolucao-industrial-ou-estagnacao- secular-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/>. Acesso em: 19 jun. 2020. A partir das Revoluções Industriais podemos perceber sua relação com os ciclos econômicos, ou seja, as mudanças tecnológicas propiciadas pelas inovações provocaram, também, transformações na economia. Como vimos no capítulo anterior deste livro de estudos, um dos primeiros autores a destacar o papel da inovação para as organizações foi Schumpeter (1961), que a apresenta como um fator de vantagem competitiva. Tal vantagem surge a partir da destruição criativa (destruir as velhas ideias para criar novas ideias), podendo ser originada a partir de uma invenção ou uma tecnologia já existente. A invenção se encontra associada com o conceito de insight, que corresponde ao momento do processo criativo no qual uma ideia ou uma solução para um problema surge de forma repentina (ALENCAR; FLEITH, 2003). Dessa forma, vão surgir diversas teorias e tipos para analisar o fenômeno da inovação no âmbito dos países e das organizações, como veremos a seguir. Assista ao filme A Revolução Industrial, disponível no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=DmvL6vy_6Qg. DICA 155 Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados Unidos. FONTE: <http://pt.dbpedia.org/resource/Revolu%C3%A7%C3%A3o_ Industrial>. Acesso em: 24 jun. 2020. NOTA 3 FATORES INDUTORES DA MUDANÇA TECNOLÓGICA Baseado no pensamento de Schumpeter (1961), a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) elaborou o Manual de Frascati que “consolidou conceitos e definições sobre atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e permitiu a criação de sistemas de indicadores de inovação tecnológica para empresas e países” (BASTOS TIGRE, 2006, p. 71). FIGURA 4 - MANUAL DE FRASCATI FONTE: <http://www.ipdeletron.org.br/wwwroot/pdf-publicacoes/14/Manual_de_Frascati.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2020. 156 Em seguida, a OCDE, com uma abrangência muito maior, lançou o Manual de Oslo (1992, 1997, 2005), já em sua terceira versão, que colocam o monitoramento das inovações tecnológicas como ponto crucial para o desenvolvimento econômico da sociedade ocidental. FIGURA 5 - MANUAL DE OSLO FONTE: <https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2020. De acordo com o Manual de OSLO, a inovação torna-se um valor tangível mensurável que determina o grau de evolução tecnológica de uma empresa ou país do ponto de vista econômico. Os fatores indutores de mudança tecnológica, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 26), “podem surgir em virtude de inúmeras razões”. No caso de empresas, os fatores que levam à inovação envolvem, muitas vezes, objetivos com relação aos produtos, mercados, eficiência, qualidade ou capacidade de aprendizado e de implementação de mudanças. Procurar identificar os motivos que levam as empresas a inovar e sua importância auxiliam no exame das forças que conduzem as atividades de inovação, tais como a competição e as oportunidades de ingresso em novos mercados. Mais especificamente, Bastos Tigre (2006) identifica duas forças básicas que induzem as mudanças tecnológicas: • demanda (demand-pull): explicitadas pelas necessidades de usuários e consumidores; • oferta (technology push): derivadas dos avanços da ciência que ofertam, a todo o momento, novas aplicações tecnológicas de forma independente do mercado. 157 Bastos Tigre (2006, p. 77) também aponta que os custos dos fatores de produção podem induzir mudanças tecnológicas, apresentando como exemplo que no início do século XX, “o salário semanal de um trabalhador rural é suficiente para comprar um acre de terra”. Ou seja, o alto custo da mão de obra impulsionou o investimento em desenvolvimento tecnológico de máquinas que diminuíam este custo, tornando a operação mais lucrativa. Por sua vez, Castells (2006, p. 73) considera que “os fatores que induzem as inovações tecnológicas não ocorrem de maneira isolada”. Estes fatores refletem: • um determinado estágio de conhecimento; • um ambiente institucional e industrial específico; • uma certa disponibilidade de talentos para definir um problema técnico e resolvê-lo; • uma mentalidade econômica que avalie a relação custo benefício da nova tecnologia; • redes de fabricantes e usuários capazes de comunicar suas experiências de modo cumulativo e aprender usando e fazendo. Com esses fatores, segundo Castells (2006, 73), “quanto mais próxima for a relação entre os locais de inovação, produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida será a transformação das sociedades e maior será o retorno positivo das condições sociais sobre as condições gerias para favorecer futuras inovações”. De acordo com a Academia Pearson (2011), os fatores indutores de mudança tecnológica se resumem em três aspectos: • fontes de tecnologias; • natureza das necessidades dos usuários; • relação custo/benefício de o investimento na inovação justificar os recursos gastos. 158 Estratégia tecnológica e competitiva das empresas industriais de Londrina Marcos Antônio Marques Marcia Regina Gabardo da Camara [...] Tecnologiae Competitividade Na ótica neoschumpeteriana, o motor da luta competitiva, que condiciona a capacidade de sobrevivência das firmas é a perspectiva de obter-se um diferencial de lucratividade a partir de incorporação de inovações. A disputa por novos mercados consumidores e a manutenção dos já existentes, acirra a competitividade e tem induzido as empresas líderes internacionais a acelerarem o ritmo de inovação ou introdução de novos atributos aos produtos antigos, levando à redução do ciclo de vida dos produtos, à “descommoditização” dos básicos e ao aprofundamento da segmentação dos mercados (KUPFER, 1994, p. 47). Em setores de elevada intensidade de capital tem crescido o porte empresarial e o grau de integração produtiva dos grandes grupos, visando expandir ainda mais a capacitação tecnológica e financeira. Em setores de menor intensidade de capital, os aumentos dos gastos com P&D (pesquisa e desenvolvimento), formação de mão de obra, aperfeiçoamento gerencial tem induzido a formação de redes cooperativas horizontais que propiciem, via melhor divisão de trabalho, maior especialização e compartilhamento dos recursos produtivos. Para compreender a dinâmica do processo de inovação tecnológica é necessário estudar os fatores estruturais que desencadeiam a transformação dos setores industriais envolvidos. Pavitt introduz uma taxonomia que identifica quatro grandes grupos de setores, cada um deles associados a uma dinâmica tecnológica genericamente similar (BRITTO, 1996): 1. Setores dominados por fornecedores: as inovações normalmente associam-se as tecnologias de processo, incorporadas em equipamentos e insumos intermediários adquiridos. Incluem as indústrias têxteis, de confecções e indústrias gráficas. 2. Setores intensivos em escala: as inovações podem estar relacionadas a produtos e a processos; a atividade produtiva normalmente envolve o domínio de sistemas complexos; as empresas tendem a ser grandes e empregam parcelas significativas de seus recursos em atividade de P&D. Incluem-se, as indústrias químicas, siderúrgicas, eletrônicas de consumo e de bens de consumo duráveis. 159 3. Setores de fornecedores especializados: a inovação relaciona-se à introdução de produtos a serem utilizados por outros setores, principalmente como equipamentos de capital. Exemplo são as indústrias de bens de capital e instrumentação. 4. Setores baseados na ciência: as inovações estão relacionadas diretamente ao avanço do conhecimento científico; as firmas têm de ser ágeis e oportunistas em suas estratégias, baseadas em atividades inovativas formalizadas em laboratórios de P&D e investimentos na área de ciência básica. Incluem-se as indústrias de eletroeletrônica, mecânica de precisão, farmacêutica e química de especialidades. [...] FONTE: <http://www.abphe.org.br/arquivos/marcos-antonio-marques_marcia-regina-gabardo-da- camara.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2020. Para saber mais leia: OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD, 2015. DICA Então, como vimos, a inovação é crucial para a sobrevivência das empresas, mas é preciso assinalar que sua importância é maior ainda, pois, nos dias atuais, a inovação é crucial para o desenvolvimento de um país. Inovação e mudança tecnológica estão bastante interligadas sendo fator-chave para o crescimento econômico, mas, de nada adianta, se não forem incorporadas ao sistema produtivo com indicadores de mensuração como veremos a seguir. 3.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA O Manual de Oslo, segundo Bastos Tigre (2006, p. 87), “além de incorporar as definições e parâmetros do Manual Frascati, aumentou sua abrangência identificando outros indicadores quantitativos e qualitativos dos esforços e impactos das inovações”. Baseado no Manual de OSLO (2006, p. 112), Bastos Tigre (2006, p. 88) lista, a seguir, os indicadores utilizados pelo IBGE no Brasil para monitorar as atividades de inovação das empresas: 1. Atividades internas de P&D. 2. Aquisição externa de P&D. 3. Aquisição de outros conhecimentos externos: Aquisição de máquinas e equipamentos. 160 4. Treinamento: Introdução das inovações tecnológicas no mercado. 5. Projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e distribuição. Estes indicadores utilizados pelo IBGE/BRASIL fazem parte da Pesquisa de Inovação (PINTEC) que é uma pesquisa realizada a cada três anos, cobrindo os setores da indústria, serviços, eletricidade e gás. Ela faz um levantamento de informações para a construção de indicadores nacionais sobre as atividades de inovação empreendidas pelas empresas brasileiras. A importância da Pintec para o país se reflete em vários aspectos. Seus resultados têm sido amplamente utilizados pela comunidade acadêmica, associações de classe, empresas e órgãos governamentais de diversas esferas e regiões. Eles pautam, por exemplo, uma série de políticas, especialmente de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) (IBGE, 2020). Propostas de indicadores sistêmicos de inovação para avaliação do programa de pesquisa e desenvolvimento regulado pela Aneel Antônio Pedro Lima Renata Lèbre La Rovere Guilherme Santos [...] Indicadores tradicionais de inovação Indicadores são necessários para aferir se uma política pública está atingindo seus objetivos. São fundamentos que permitem elaborar e avaliar programas e projetos, além de acompanhar seu desempenho, seus resultados, efeitos e impactos (LINS, 2003). Durante décadas, indicadores tradicionais de inovação contemplavam dimensões de input, como gastos em P&D. Durante os anos 1980 e 1990, abordagens evolucionárias se tornaram populares na agenda de pesquisa da Economia e das Ciências Sociais. O aumento do interesse no estudo do processo de inovação e da mudança tecnológica, contudo, não foi acompanhado pela disseminação de dados estatísticos adequados. Tem havido, no entanto, esforços em diversos países no sentido de estender a série de dados para, além de atividades de P&D, investimentos intangíveis, como softwares, design e marketing. (KLEINKNECHT, 2000). Pesquisas como o Community Innovation Survey (CIS), elaborado para países da União Europeia, e a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), para o Brasil, são casos de iniciativas que buscam explorar o conhecimento relacionado aos aspectos microeconômicos das inovações. 161 Os indicadores tradicionais são basicamente de input, de output ou de impacto. Nas análises tradicionais sobre processos de inovação, geralmente há pelo menos um desses. Primeiro, uma mensuração de input mede gastos com P&D. Uma outra, de produção intermediária, verifica o número de invenções patenteadas, por exemplo. Finalmente, uma mensuração direta de produção avalia o impacto de determinado número de inovações comercializadas (LINS, 2003). Kelinknecht (2000) destacou forças e fraquezas destes três indicadores de inovação tradicionais: P&D, patentes e vendas de produtos inovativos. Com relação ao primeiro, os pontos positivos se devem ao fato de que dados de despesas de P&D têm sido coletados há décadas, o que possibilita uma análise detalhada. Além disso, a partir desses dados, é possível realizar uma subdivisão de P&D por produto versus esforços de processos. Essa subdivisão é importante para a análise empírica do impacto sobre o desempenho da empresa, pois esforços de inovação de produtos e de outros processos são cruciais para o crescimento do empreendimento e para a geração de empregos (KELINKNECHT, 2000). As fraquezas, no entanto, se devem ao fato de que o indicador de P&D é só o input do processo e, além disso, é apenas um entre vários. Outros incluem: design de produto, produção experimental, análise de mercado, treinamentos de funcionários e investimento em ativos fixos relacionados à inovação de produtos. Há uma sériede estudos que confirmam que os dados de P&D tendem a subestimar a inovação em serviços, pois a metodologia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) está mais enviesada para capturar inovação em indústrias manufaturadas. Outro problema com dados de P&D refere-se à medição. Evidências de levantamentos apontam para o fato de que questionários tradicionais de P&D tendem a subestimar atividades informais e de menor escala de P&D em empresas pequenas (KELINKNECHT, 2000). O segundo indicador apresentado por Kelinknecht (2000) diz respeito às patentes, utilizadas como output para mensurar inovação. Os pontos positivos referem-se às bases de dados de registros: diversas séries históricas e consolidadas são disponibilizadas. Contudo, esses indicadores não captam diversas invenções não patenteáveis. Além disso, uma patente pode servir para refletir pequenas melhorias de baixo valor agregado, enquanto outras são muito valiosas. Ou seja, comparar patentes é uma tarefa complexa, pois são muito diferentes entre si e seus valores econômicos são, portanto, altamente heterogêneos. O terceiro indicador tradicional de inovação é o de vendas de produtos inovativos, que se baseia na avaliação de uma empresa em pesquisas do tipo survey sobre introdução de novos produtos. O ponto positivo é que esse indicador mede 162 inovações introduzidas no mercado e que resultaram em fluxo de caixa positivo. As fraquezas estão ligadas ao fato de que muitas empresas dão estimativas brutas das participações das vendas de produtos inovadores. Não obstante, tais participações podem ser sensíveis ao ciclo de negócios. Em vista do que foi apresentado, é possível afirmar que a análise tradicional do processo inovativo se restringe à P&D, patentes e quantidade de inovações comercializadas. A visão sistêmica, tratada a seguir, valoriza aspectos para além de input e output da empresa, como fatores organizacionais, institucionais e econômicos, não contemplados nas métricas tradicionais. A análise de um setor e das empresas do SEB, a partir de indicadores mais sofisticados, permite avaliar, de forma mais acurada, a caracterização do processo de inovação, em um cenário no qual há cada vez mais empresas de serviços intensivos em conhecimento e tecnologia. [...] FONTE: <http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/904/822>. Acesso em: 19 jun. 2020. Consulte o site do IBGE sobre a PINTEC: ibge.gov.br/pintec. A Pintec segue a metodologia do Manual de Oslo da OCDE (2005) e é estruturada a partir de dados coletados das próprias empresas por meio de entrevista pautada por um questionário. DICA Dessa forma, percebemos que a inovação tecnológica é um fator importante para as organizações. A seguir, vamos estudar as diferentes formas de aplicação dentro das empresas. 163 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • Os principais fatores indutores da mudança tecnológica, por meio, principalmente, de duas forças básicas identificadas por Bastos Tigre (2006), são a Demanda e a Oferta. • Os principais indicadores de inovação tecnológica do manual de Oslo são: atividades internas de P&D; aquisição externa de P&D; aquisição de outros conhecimentos externos: aquisição de máquinas e equipamentos; treinamento: introdução das inovações tecnológicas no mercado; projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e distribuição. RESUMO DO TÓPICO 1 164 1 A Quarta Revolução Industrial possibilitou ampliar a revolução digital que vinha ocorrendo desde meados do século XX. Ela traz um grande potencial devido a sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. Nesse contexto, identifique quais são as principais características tecnológicas da Quarta Revolução Industrial. 2 A partir da Primeira Revolução Industrial, caracterizada pelo trabalho artesanal, iniciaram-se novas percepções, entre elas, o primeiro confronto entre homem-máquina liderado por Martin Ludd — o Movimento Ludita. Defina o que foi o Movimento Ludita. 3 Cada revolução industrial teve algumas características tecnológicas como marco, em tais períodos. Dessa forma, relacione as colunas identificando características correspondentes a cada revolução, e selecione a alternativa CORRETA: a) ( ) 4 – 2 – 1 – 3. b) ( ) 3 – 4 – 2 – 1. c) ( ) 3 – 4 – 1 – 2. d) ( ) 3 – 1 – 4 – 2. e) ( ) 1 – 4 – 2 – 3. AUTOATIVIDADE Revolução Industrial Características Tecnológicas (1) Primeira Revolução Industrial. (2) Segunda Revolução Industrial. (3) Terceira Revolução Industrial. (4) Quarta Revolução Industrial. ( ) Surgimento da informática e avanço das comunicações. ( ) Internet mais ubíqua e móvel, sensores menores e mais poderosos. ( ) Energia elétrica. ( ) Máquina a vapor. 165 CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES UNIDADE 3 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, nós vamos estudar as fontes da criatividade e inovação, e sobre seus processos e padrões para desenvolvimento, transformação de uma ideia inovadora, em algo novo para o indivíduo, o mercado ou a empresa. Iremos compreender também as principais fontes internas e externas de criatividade e inovação nas empresas destacados no Manual de OSLO (OCDE, 2006). 2 AS FONTES DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Segundo Aranda (2009, p. 51), diversos autores afirmam que, “até finais do século XIX, a inovação era associada à invenção, sendo essa considerada um mistério para as pessoas e, por volta de 1914, à invenção denominada ‘pesquisa’ transformou-se em uma atividade sistematizada, orientada para busca de resultados concretos”. Da mesma forma, Aranda (2009) cita que não basta se ter uma grande ideia inovadora. Ela precisa, desde o seu processo de desenvolvimento, incorporar o mercado e as necessidades do cliente para atingir o estágio final de produto comercializado e, finalmente, ser percebida como algo novo para o indivíduo, o mercado ou a empresa. Mas, de onde vêm as boas ideias? FIGURA 6 – DE ONDE VÊM BOAS IDEIAS? FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-TLFeBHUTkvU/WOsMkrW5rZI/AAAAAAAAAeI/ftogtx-hzcAJsanDs- uo0y5iuhTh27G5wCLcB/s640/grandes-ideias.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. 166 Para responder a essa pergunta, durante cinco anos, Steven Johnson, um dos mais importantes pensadores da internet, investigou a questão sobre de onde vêm as boas ideias sob a perspectiva do meio em que vivemos. Em seu livro De onde vêm as boas ideias – uma história natural da inovação (2011), ele investiga o surgimento de mais de 200 descobertas e invenções científicas para descobrir as condições ideais de geração de criatividade e inovação. Johnson (2011) encontrou os seguintes padrões comuns para se gerar níveis extraordinários de criatividade e inovação: • Não há um gênio especial: contrariando a crença comum de que grandes acontecimentos dependem de indivíduos especiais, Johnson (2011) afirma que ideias revolucionárias quase nunca surgem num surto repentino de inspiração. • Dar tempo ao tempo: as invenções levam muito tempo para evoluir e passam um bom tempo hibernadas. Isso ocorre em parte porque as boas ideias normalmente surgem da colisão entre dois palpites menores, que formam, portanto, algo maior que eles próprios. • Facilitar o fluxo de informações: é por isso que os cafés, durante o Iluminismo, e os salões parisienses do Modernismo eram motores de criatividade, pois criavam um espaço onde as ideias pudessem se misturar e gerar novas formas. • Errar é importante: muitas descobertas somente surgiram após muitos fracassos. • Invenções dependem de outras invenções: muitas vezes uma ideia inovadora irá depender do surgimento de outra invenção para dar certo. Genialidade é um conceito ridículo, diz professor do MIT Claudia Gasparini A História Secreta da Criatividade (Kevin Ashton) Para o pesquisador britânico Kevin Ashton, gênios não existem: acriatividade exigida para grandes feitos e descobertas é acessível a qualquer pessoa. Inventar algo incrível não tem nada a ver com uma inspiração "celestial" ou um cérebro excepcionalmente poderoso. O processo criativo — mesmo aquele que dá origem a monumentais obras de arte ou descobertas científicas — é acessível a qualquer mortal. Essa é a tese do pesquisador britânico Kevin Ashton, professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em seu novo livro “A história secreta da criatividade” (Editora Sextante, 2016). Para ele, gênios não existem. 167 “Todo o conceito de genialidade é ridículo e totalmente sem evidências”, diz o pesquisador. “Algumas pessoas são melhores do que outras em algumas atividades, mas isso não as torna diferentes ou especiais, apenas melhores”. Ashton começou sua carreira na Procter & Gamble, empresa em que liderou um trabalho pioneiro sobre identificação de produtos por radiofrequência. Também fundou três startups de tecnologia, uma das quais foi vendida menos de um ano após sua criação. Ele foi a primeira pessoa a usar o termo IoT (“Internet of Things”, ou “Internet das Coisas”), em 1999, no título de uma apresentação sobre seu projeto de radiofrequência na P&G. A expressão se popularizou e descreve hoje a conexão de objetos do dia a dia, como eletrodomésticos ou carros, à internet. Considerado um visionário em sua área, o professor do MIT decidiu se debruçar sobre a história da criatividade para escrever seu novo livro. Da revolução no cultivo da baunilha no século XIX por um escravo de 12 anos à criação da icônica latinha da Coca-Cola, seu estudo disseca os mecanismos da inovação desde registros mais remotos até a atualidade. Sua conclusão é categórica: criar não tem nada a ver com genialidade, inspiração ou qualquer outra forma de excepcionalidade. Na verdade, o processo é banal, ainda que o resultado não o seja — e pode ser empreendido por qualquer ser humano. “Os criadores passam quase todo o tempo perseverando, apesar da dúvida, do fracasso, do ridículo e da rejeição, até conseguirem algo novo e útil”, escreve ele no livro. “Não existem truques, atalhos ou esquemas para se tornar criativo de uma hora para outra”. FONTE: <https://exame.abril.com.br/carreira/genialidade-e-um-conceito-ridiculo-diz-professor-do-mit/>. Acesso em: 19 jun. 2020. Para aprofundar o tema estudado neste tópico sobre a origem da criatividade sugerimos a seguinte leitura: • JOHNSON, Steven. De onde vêm as boas ideias: uma história natural da inovação. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. DICA Por sua vez, qual seriam as fontes de criatividade e inovação dentro de uma empresa? 168 3 AS FONTES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2006, p. 27), “as atividades de inovação de uma empresa dependem parcialmente da variedade e da estrutura de suas relações com as fontes de informação, conhecimento, tecnologias, práticas e recursos humanos e financeiros”. Basicamente, identificam-se três tipos de fontes externas de inovação para as empresas: • fontes abertas de informação: informações disponíveis que não exigem a compra de tecnologia ou de direitos de propriedade intelectual, ou interação com a fonte; • aquisição de conhecimentos e tecnologia: compras de conhecimento externo e/ou conhecimentos e tecnologias incorporados em bens de capital (máquinas, equipamentos, softwares) e serviços, que não envolvem interação com a fonte; • inovação cooperativa: cooperação ativa com outras empresas ou instituições públicas de pesquisa para atividades de inovação (que podem incluir compras de conhecimento e de tecnologia). Por sua vez, Bastos Tigre (2006, p. 93) identifica que: [...] fontes de inovação na empresa podem ser de origem interna quanto externa: • fontes internas de inovação envolvem tanto as atividades explicitamente voltadas para o desenvolvimento de produtos e processos quanto a obtenção de melhorias incrementais por meio de programas de qualidade, treinamento de recursos humanos e aprendizado organizacional. • fontes externas, por sua vez, envolvem: ◦ A aquisição de informações codificadas, a exemplo de livros e revistas técnicas, manuais, software, vídeos etc.; ◦ Consultorias especializadas; ◦ Obtenção de licenças de fabricação de produtos; ◦ Tecnologias embutidas em máquinas e equipamentos. Bastos Tigre (2006, p. 94) resume da seguinte forma as principais fontes de inovação utilizadas pelas empresas: • Desenvolvimento tecnológico próprio: Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Cooperação Em P&D. • Contratos de transferência de tecnologia: licenças e patentes, contratos com universidades e centros de pesquisas. • Tecnologia incorporada: máquinas, equipamentos e softwares embutidos. • Conhecimento codificado: livros, manuais, revistas técnicas, Internet, feiras e exposições, software aplicativo, cursos e programas educacionais. • Conhecimento tácito: consultoria, contratação de RH experiente, informações de clientes, estágios e treinamento prático. • Aprendizado cumulativo: processo de aprender fazendo, usando, interagindo etc. 169 Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil Paulo Bastos Tigre [...] Fontes de inovação na indústria brasileira O estudo do comportamento inovador da empresa brasileira nos ajuda a entender o processo de desenvolvimento industrial do país. A literatura internacional está focada na experiência dos países avançados, onde a principal fonte de aquisição de tecnologia são as atividades de P&D. Já no Brasil, existem algumas ilhas de excelência tecnológica, formadas por poucas empresas de classe universal. A maior parte da indústria, entretanto, adota estratégias imitativas ou dependentes para inovar. Segundo os dados da Pintec, a principal fonte de tecnologia na indústria brasileira é a aquisição de máquinas e equipamentos, responsável por mais de 50% do total dos gastos com inovação na indústria como um todo. A importância da compra de máquinas e equipamentos no total dos gastos em inovação decresce à medida que aumenta o porte das empresas, indicando que as maiores empresas diversificam mais suas fontes de tecnologia. A maioria das empresas entrevistadas pela Pintec reconhece que seus gastos com P&D são baixos. Elas geralmente não introduzem inovações tecnológicas no mercado, não compram P&D externo nem fazem projetos industriais. Suas principais motivações para inovar são aumentar a qualidade do produto e manter a participação no mercado. Assim, a difusão de inovações é condicionada por uma postura reativa das empresas, que buscam apenas não perder mercado para a concorrência. O esforço moderado de inovação desenvolvido pela indústria brasileira é confirmado por uma pesquisa realizada para o Senai (Régnier, Caruso e Tigre, 2001) junto a empresas clientes de projetos de assistência técnica e tecnológica. Assim como a Pintec, a pesquisa do Senai mostrou que a principal fonte externa utilizada por empresas brasileiras é a tecnologia incorporada em equipamentos e insumos críticos. As informações repassadas pelos fornecedores sobre o funcionamento das máquinas, componentes e insumos constituem a principal forma de absorver conhecimentos e aperfeiçoar sua utilização. Outras fontes de tecnologia muito utilizadas pelas empresas revelam estratégias de buscar informações já disponíveis no mercado e de priorizar soluções internas aos problemas tecnológicos. Isso inclui participações em feiras, congressos e exposições; cursos e treinamento gerencial; desenvolvimento interno; e consultas à Internet e a publicações especializadas. As universidades e centros de pesquisa também são utilizados, em diferentes graus, pelas empresas. Esta fonte geralmente tem um custo relativamente mais baixo 170 quando comparada a outras formas externas de transferência de tecnologia. As consultorias externas são adotadas, sobretudo, por empresas de grande porte.Outras fontes externas utilizadas no Brasil são as consultas a informações disponibilizadas por associações de classe e compra de tecnologia de outras empresas através de contratos de licenciamento. Outra forma de adquirir tecnologia é participar de redes globais. O principal objetivo dos esforços tecnológicos das empresas brasileiras, segundo a pesquisa do Senai, é o acompanhamento da dinâmica competitiva por meio do lançamento de novos produtos, assim como a adaptação de produtos existentes às necessidades do mercado, aos padrões mais rígidos de qualidade e a maior aderência a normas técnicas internacionais. Já a demanda por tecnologia de processos e mudanças organizacionais reflete a necessidade de reduzir custos de produção por meio do desenvolvimento e/ou aperfeiçoamento dos processos produtivos; da busca de soluções para problemas ambientais; de desenvolvimento e análise de indicadores de desempenho (benchmarking); e do treinamento em uso de equipamentos e controle de processos. Do ponto de vista das inovações organizacionais, as empresas buscam informações externas para introduzir novas formas de gestão; implantação de comércio eletrônico e/ou soluções de informática; soluções de logística para suprimentos e distribuição; e treinamento em novas práticas organizacionais. Na área de qualidade, o maior interesse recai na certificação ISO 9000, seguida da introdução de controle de qualidade total e certificação de produto. Finalmente, na área de relações com o mercado, predominam os fatores relativos à introdução de sistemas de assistência técnica e atendimento a clientes; análise e prospecção de mercados. [...] FONTE: BASTOS TIGRE, P. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Disponível em: https://adm2016sjcampos.files.wordpress.com/2017/03/gestao-da- inovacao-paulo-tigre.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. Para perceber a importância da gestão da inovação dentro das organizações, leia na íntegra: BASTOS TIGRE, PAULO. Gestão da Inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Disponível em: https://adm2016sjcampos.files. wordpress.com/2017/03/gestao-da-inovacao-paulo-tigre.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. DICA 171 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As fontes de criatividade e inovação, e os níveis identificados por Johnson (2011) são: não há um gênio especial; dar tempo ao tempo; facilitar o fluxo de informações; errar é importante; e invenções dependem de outras invenções. • As principais fontes de criatividade e inovação nas organizações são: fontes abertas de informação; aquisição de conhecimentos e tecnologia; e inovação cooperativa. • As fontes de criatividade e inovação podem ser divididas em internas e externas. As fontes internas envolvem atividades voltadas para o desenvolvimento de produtos e processos, e melhorias incrementais na organização. Já as fontes externas englobam aquisição de informações codificadas, consultoria especializada, licença de fabricação de produtos, e tecnologias embutidas em máquinas e equipamentos. • O desenvolvimento tecnológico, contratos de transferência, tecnologia incorporada, conhecimento codificado, conhecimento tácito, e aprendizado cumulativo são as principais fontes de inovação utilizados pelas empresas. RESUMO DO TÓPICO 2 172 1 Bastos Tigre (2006) evidencia que as fontes de inovação nas empresas são de origem interna e externa. Com base nessa afirmação identifique as fontes externas de inovação listadas por Bastos Tigre (2006): 2 Johnson (2011) investiga o surgimento de mais de 200 descobertas e invenções científicas para descobrir as condições ideais de geração de criatividade e inovação. Ele encontrou alguns padrões comuns para gerar níveis de criatividade e inovação. Com base nesse contexto, relacione as colunas a seguir, e assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) 1 – 2 – 3 – 4. b) ( ) 4 – 3 – 2 – 1. c) ( ) 4 – 3 – 1 – 2. d) ( ) 1 – 3 – 1 – 2. e) ( ) 4 – 2 – 1 – 3. 3 Quais as principais fontes de inovação utilizadas pelas empresas elencadas por Tigre (2006)? AUTOATIVIDADE ( ) Muitas vezes uma ideia inovadora irá depender do surgimento de outra invenção para dar certo. ( ) É por isso que os cafés, durante o Iluminismo, e os salões parisienses do Modernismo eram motores de criatividade, pois criavam um espaço onde as ideias pudessem se misturar e gerar novas formas. ( ) Contrariando a crença comum de que grandes acontecimentos dependem de indivíduos especiais, Johnson afirma que ideias revolucionárias quase nunca surgem num surto repentino de inspiração. ( ) Isso ocorre em parte porque as boas ideias normalmente surgem da colisão entre dois palpites menores, que formam, portanto, algo maior que eles próprios. (1) Não há um gênio especial. (2) Dar tempo ao tempo. (3) Facilitar o fluxo de informações. (4) Invenções dependem de outras invenções. 173 TÓPICO 3 — O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Para inovação nas organizações é primordial incentivar a criatividade, assim vamos compreender, neste tópico, a relação entre criatividade e inovação e sua importância em estratégias coorporativas, liderança, estrutura organizacional, cultura e recursos. Para isso iremos estudar as dez habilidades esperadas dos profissionais do futuro identificadas pelo Fórum Econômico Mundial (2016). Iremos identificar escalas criadas para medir a criatividade e inovação no ambiente de trabalho como CQQ (Creative Climate Questionnaire) e ICC (Indicadores de Clima para Criatividade). Também iremos analisar o processo criativo e de desenvolvimento de produtos tendo como base o Manual de Oslo. 2 A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO (PI) Como você estudou até o presente momento, a inovação e a criatividade são conceitos que se encontram vinculados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, sendo considerado o motor do próprio crescimento econômico das empresas. Segundo Aranda (2009), a criatividade se tornou um tema importante de estudos sendo que pesquisas contemporâneas de diferentes áreas do conhecimento identificaram relações entre a criatividade e a inovação em determinadas configurações organizacionais como estratégias corporativas, liderança, estrutura organizacional, cultura e recursos. A criatividade pode ser considerada, hoje, a mola propulsora do processo de inovação, tornando-a uma condição necessária para adicionar valor e alto grau de novidade ao produto/processo/serviço dentro das organizações. Da mesma forma, Aranda (2009, p. 72) acrescenta que “a criatividade é um dos fatores críticos por trás da inovação, sendo importante, para geração de ideias, a resolução de problemas, realização de invenções e novas descobertas, bem como para manter a vantagem competitiva da organização”. Ou seja, a inovação é vital para o sucesso das empresas a longo prazo, devido ao dinamismo do mercado (AMABILE, 1997). 174 A importância da criatividade para as organizações pode ser verificada no documento do Fórum Econômico Mundial (2016), que a coloca dentro das dez habilidades esperadas dos profissionais do futuro: • Criatividade: segundo Pati (2016, s.p.): [...] profissionais criativos terão a oportunidade de se beneficiar desde cenários de rápidas transformações em produtos, tecnologias e modos de trabalho. Lembre-se: os robôs perdem para nós em criatividade. Ainda não conseguem ter ideias inusitadas e inteligentes ou desenvolver alternativas criativas para resolver problemas. Por isso, a habilidade que era a 10ª da lista de previsões das demandas de mercado para 2015, agora faz parte das três habilidades mais destacadas para 2020. As demais habilidades listadas pelo documento do FórumEconômico Mundial (2016) são as seguintes: • gestão de pessoas; • pensamento crítico; • resolução de problemas complexos; • empatia-trabalho em equipe; • inteligência emocional; • capacidade de julgamento e tomada de decisões; • orientação para serviços; • negociação; • flexibilidade cognitiva. FIGURA 7 - TOP 10 HABILIDADES FONTE: <https://www.oficinadanet.com.br/imagens/post/24077/top10skills.png>. Acesso em: 19 jun. 2020. 175 A criatividade como processo de geração de ideias potencialmente inovadoras envolve o pensamento divergente e convergente, flexibilidade, originalidade e desenvolvimento e, para o pleno desempenho do processo criativo, é necessário que as empresas procurem, estimulem e mantenham profissionais criativos. No entanto, segundo Aranda (2009), tanto o processo de inovação quanto o processo criativo, devido as suas complexidades, necessitam de um clima organizacional apropriado para se desenvolverem. Ou seja, é necessário um ambiente de inovação para que a criatividade possa prosperar. O ambiente de trabalho faz parte da estratégia da inovação sendo a base para a criatividade, que é dependente da equipe de trabalho. Ou seja, é necessário um clima que estimule a criatividade, promovendo a geração de ideias direcionadas para utilização de produtos, serviços e fluxo de trabalho (ARANDA, 2009). De acordo com Figueiredo (2017, p. 79), “depois de mais de 50 anos de pesquisas, Ekvall (1996) criou a escala denominada CQQ (Creative Climate Questionnaire)”, utilizada para medir o ambiente de trabalho sob a perspectiva da criatividade e inovação. Os fatores de medição são: desafio e motivação; discussão e debates; ausência de conflitos, tempo para ideias; ludismo e humor; suporte às ideias; alegria e dinamismo; confiança e abertura; e correr risco e liberdade. Da mesma forma, conforme Figueiredo (2017), também no estudo de Bruno- Faria e Alencar (1998), as autoras desenvolveram o ICC (Indicadores de Clima para Criatividade). Foram encontrados oito fatores que são estímulos à criatividade: • ambiente físico adequado; • clima social favorável entre colegas de trabalho; • incentivo a novas ideias; • liberdade de ação, atividades desafiantes; • salários e benefícios adequados; • ações da chefia e da organização em apoio a ideias novas; • disponibilidades de recursos materiais. E quatro fatores que são obstáculos à criatividade: • bloqueio a ideias novas; • excesso de serviços e escassez de tempo; • resistência a ideias novas; • problemas organizacionais. 176 • CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006. Com esta leitura, você irá perceber os desafios do trabalho em sociedade conectada. DICA O futuro do trabalho e o trabalhador do futuro Robson Braga A vertiginosa revolução tecnológica que o mundo experimenta, em que ambientes virtuais disputam a proeminência com a realidade física, impõe uma nova forma de enxergar o mundo do trabalho. Diante desse cenário, são muitas as adaptações necessárias para que empresas e trabalhadores sejam bem-sucedidos. Independentemente do que vier a acontecer no futuro próximo, um aspecto parece inquestionável: é preciso se preparar para um aprendizado contínuo. Duas grandes tendências nos alertam para os desafios que teremos no Brasil nesse campo. A primeira diz respeito ao fim do bônus demográfico, com a redução do número de trabalhadores que entram no mercado em relação aos que o deixam. A segunda está na crescente automatização e na digitalização do sistema produtivo, que aumenta a busca por profissionais capazes de lidar com a dinâmica de uma economia cada vez mais atrelada à tecnologia. Trabalhadores mais qualificados são capazes de utilizar e interpretar as novas tecnologias, antecipar tendências, e propor produtos inovadores e processos mais eficientes. O problema é que as mudanças ocorrem a uma velocidade superior à capacidade de preparar profissionais para os desafios atuais. Na prática, isso significa que as novas tecnologias demandam habilidades específicas que não são ensinadas no sistema de ensino tradicional. Por isso, mais do que nunca, tornou-se necessário investir em cursos de qualificação técnica. Estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que, em grandes empresas, quase metade dos empregados precisa passar por algum treinamento todos os anos, seja no próprio ambiente de trabalho, seja em instituições privadas que oferecem serviços de educação profissional. No Brasil, apesar do alto desemprego, 34% dos empregadores reportam dificuldades em selecionar pessoas adequadas para as vagas abertas. Eles dizem não encontrar candidatos com as habilidades requeridas para os cargos, segundo dados do Manpower Group. De acordo com projeções do Mapa do Trabalho Industrial, lançado no mês passado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), somente no setor industrial brasileiro, 1,6 milhão 177 de empregados precisarão passar por aperfeiçoamento profissional, anualmente, até 2023. Essa necessidade se dá em virtude das mudanças provocadas pela chamada Indústria 4.0 e da pressão pelo aumento da produtividade e da competitividade. O cenário é desafiador, mas repleto de oportunidades. A demanda por trabalho mais qualificado tende a aumentar, com profissões mais analíticas, interativas e não rotineiras ficando em evidência. Com máquinas assumindo cada vez mais funções humanas, o diferencial do trabalhador talhado para o futuro incidirá sobre competências como pesquisar, avaliar, planejar, elaborar regras e prescrições, interpretar, negociar, coordenar, organizar e ensinar. Com objetivo de jogar luz sobre esse tema, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realiza, nesta quinta-feira — no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro —, o Seminário Pelo Futuro do Trabalho, em parceria com as principais centrais de trabalhadores do país. Especialistas e líderes vão debater as abruptas transformações ocorridas nos sistemas produtivos e analisar suas implicações. Uma coisa é certa: em um mundo cada vez mais disruptivo, governo, empresários e trabalhadores precisam se unir para fazer frente ao desafio de promover uma contínua e eficaz qualificação da mão de obra, fator indispensável para o crescimento sustentado da economia. Como ensina Richard Branson, fundador do Virgin Group e um dos mais visionários empreendedores do nosso tempo: “Capacite bem os seus colaboradores para que eles possam partir. Trate-os bem para que eles prefiram ficar”. É basicamente o mesmo ensinamento proclamado, no século passado, pelo lendário Henry Ford: “Só há uma coisa pior do que formar colaboradores e eles partirem. É não os formar e eles permanecerem”. FONTE: <https://noticias.portaldaindustria.com.br/artigos/robson-braga-de-andrade/o-futuro-do- trabalho-e-o-trabalhador-do-futuro/>. Acesso em: 19 jun. 2020. 3 PROCESSO CRIATIVO E DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Como já vimos nos tópicos anteriores, a inovação tecnológica impacta na competividade das empresas, exigindo das mesmas o desenvolvimento de novos produtos (DNP) de forma constante. O desenvolvimento de novos produtos faz parte da inovação, que, sem isto, não passariam de boas ideias. A empresa pode ganhar uma vantagem competitiva por meio da introdução de um novo produto, o que lhe confere a possibilidade de maior demanda e maiores margem sobre custos. 178 Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2006, p. 57): Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais. Ou seja, as inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou podem basear-se em novos usos ou combinaçõespara conhecimentos ou tecnologias existentes. O termo “produto” abrange tanto bens como serviços. As inovações de produto incluem a introdução de novos bens e serviços e melhoramentos significativos nas características funcionais ou de uso dos bens e serviços existentes. Novos produtos são bens ou serviços que diferem significativamente em suas características ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa. Como exemplo, podemos citar os primeiros microprocessadores e câmeras digitais que foram novos produtos usando novas tecnologias. FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA FONTE: <http://one2up.com.br/img/blog/ONE2UP---Dia-do-fot%C3%B3grafo--- Janeiro-2014_1389206640.png>. Acesso em: 19 jun. 2020. Por sua vez, o primeiro tocador de MP3 portátil que combinou padrões de softwares existentes com a tecnologia de disco rígido miniaturizado, foi uma nova combinação de tecnologias existentes (OCDE, 2006). 179 FIGURA 9 - EVOLUÇÃO DOS APARELHOS SONOROS FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-7nfFzUkyu4Y/T15f2P3XcII/AAAAAAAAAKo/0FYdnNe3_zE/s320/ IMAGEM%2B1.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. Da mesma forma, segundo o Manual de Oslo: O desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas algumas pequenas modificações para suas especificações técnicas é uma inovação de produto. Um exemplo é a introdução de um novo detergente com uma composição química que já tinha sido previamente utilizada como um insumo apenas para a produção de revestimentos (OCDE, 2006, p. 58). Concordando com o Manual de Oslo, Kotler e Keller (2012), afirmam que as empresas para inovarem em produtos tem as seguintes alternativas: • criação de produtos novos: criam um novo mercado; • linhas de produtos novos: permitem a empresa entrar em mercados existentes, mas ainda novos para ela; • acréscimos a linhas de produtos já existentes; • aperfeiçoamento e revisão de produtos existentes; • reposicionamentos: redirecionam produtos para novos mercados ou segmentos; • reduções de custo: criação de novos produtos, semelhantes aos existentes, mas com custos menores. Em seu livro Produtos que dão certo, Robert G. Cooper, professor da McMaster University e da Pennsylvania State University, apresenta os sete principais pontos para desenvolver um produto: 180 QUADRO 3 – 7 PASSOS PARA CRIAR UM PRODUTO QUE TODOS VÃO QUERER 1) Ter um produto de ponta exclusivo Para Cooper, "um produto diferenciado que fornece vantagens únicas e uma proposta de valor atraente é a conduta número para gerar rentabilidade em novos produtos". 2) Incorpore a voz do cliente O sucesso do projeto depende de ter um processo bem orientado para o mercado e com foco no cliente, incorporando as suas necessidades e desejo. Para "incorporar a voz do cliente" é necessário: • compreenda as reais necessidades de quem o compra; • busque satisfazer as necessidades do mercado; • entre em contato de forma frequente com o seu cliente; • faça bom uso de pesquisas de mercado; • qualidade na execução das atividades de marketing é essencial; • invista em atividades relacionadas ao front-ed. Exemplo: A Apple - O iPhone de maior tela só foi possível graças ao apelo dos clientes e entusiastas nas redes sociais e no feedback mantido pela empresa. 3) Ter um projeto básico e bem montado (front-end) De acordo com Cooper, diversos estudos mostram que os passos que precedem o desenho e o desenvolvimento do produto fazem a diferença entre o ganhar e o perder. Para isso fazer um front-end de qualidade é preciso seguir algumas regras: • análise inicial: a primeira decisão de entrar no projeto (triagem ou análise da ideia); • avaliação do mercado: este é o primeiro estudo para avaliar a dimensão de mercado e a possível probabilidade de aceitação do produto; • avaliação técnica: aqui, a apreciação técnica do projeto é essencial para verificar os riscos tecnológicos do produto; • avaliação das operações: promover uma avaliação de operações é útil para quem deve verificar as fontes de suprimentos e questões de operações e manufatura que tanto serão essenciais no futuro lançamento; • estudo detalhado de mercado: aqui vale elaborar uma pesquisa completa de mercado baseada apenas nos clientes; • teste de conceito: testar o produto com o cliente para garantir que o projeto é apropriado e desejado; 181 • avaliação do valor: esta etapa visa definir o valor e a importância econômica do produto para o possível cliente; • análise financeira e comercial: essa última etapa deve ser elaborada antes da criação do plano de negócio, pois os números lá citados serão obtidos aqui. Outras questões que envolvem o seu possível projeto: ele é economicamente atraente? Suas vendas serão suficientes e gerarão margens suficientes para justificar os investimentos no desenvolvimento e na comercialização? Quem é o cliente-alvo? Que aspectos e características de desempenho devem ser adicionados ao produto para que ele seja superior ao concorrente e único? A fonte de suprimentos é própria? Se não for, os custos e investimentos serão possíveis e uma segunda alternativa de fonte já foi pensada? 4) Tenha uma definição precisa do seu projeto e produto Conforme Cooper, "quanto antes o projeto for definido na etapa de desenvolvimento, maior é o fator de sucesso, com impacto positivo tanto sobre a rentabilidade como sobre o time-to-market, que será mais rápido". 5) Atue através do desenvolvimento em espiral Os processos de trabalho em espiral costumam ser seis vezes mais inovadores que o processo tradicional, pois elas fazem uso de loops interativos, nos quais várias versões de um mesmo produto são mostradas aos clientes visando um retorno (feedback) do público-alvo. De acordo com Cooper, muitas empresas usam processos lineares e muitos rígidos no desenvolvimento de produtos e isso é uma falha grave. "A etapa da de desenvolvimento está encaminhada, mas prossegue de maneira linear e rígida. A equipe de projetos se entrega e segue em frente, em uma abordagem mais de 'cabeça baixa' do que de 'cabeça erguida'. 6) Tenha um sólido plano de marketing Conforme Cooper, é preciso entender que bons produtos não são vendidos por conta própria e o lançamento do seu projeto não deve ser tardio, pois outras empresas podem entrar na frente e roubar a cena. Nunca subestime a importância do marketing no lançamento de um produto. Cooper propõe quatro pontos para um bom lançamento de produto: • Desenvolver um plano de mercado é tão central para o processo quanto desenvolver o produto físico. 182 • O plano de lançamento deve ser elaborado já no início do projeto e não em seu final. • Estudos de mercado projetados para produzir informações essenciais para ações de marketing devem estar embutidos no projeto durante todo o seu desenvolvimento. • A força de vendas e demais pessoas da linha de frente devem ter engajamento do marketing e, portanto, podem fazer parte da equipe de planejamento do projeto. 7) Seja rápido Segundo Cooper, a rapidez produz maior visibilidade, fazendo com que a marca ganhe no marketing e, se tiver um plano de ações publicitárias bem feito, ganhe também na conquista de clientes e lucro. o essencial é ser rápido, mas ter um bom produto em mãos. FONTE: Adaptado de <https://administradores.com.br/noticias/7-passos-para-criar-um-produto-que-todos- vao-querer>. Acesso em: 24 jun. 2020. Por sua vez, segundo Kloter e Keller (2006), a inovação em produtos é uma necessidade para a sobrevivência das empresas, pois todo produto tem um ciclo de vida composto por quatro fundamentos: • Todo produto tem vida limitada. • As vendas dos produtos atravessam diferentes estágios, necessitando de estratégias ao longo do tempo por parte das empresas. • Os lucros variam nos diferentes estágios do ciclo de vida do produto. • Para cada estágio do ciclo de vida do produto é necessário desenvolver estratégias diferenciadas. Da mesma forma, os estágios do ciclode vida de um produto também são quatro: introdução, crescimento, maturidade e declínio. FIGURA 10 - FASES DE UM PRODUTO FONTE: <https://lirp-cdn.multiscreensite.com/87c8e234/dms3rep/multi/opt/ciclo-de-vida-do-produto- 1080x494-960w.png>. Acesso em: 19 jun. 2020. 183 Conforme Aranda (2009), a inovação de produtos pode ser compreendida em função do grau das mudanças provocadas em aspectos como: vantagem do produto; capacidades tecnológicas e padrões de utilização do consumidor. Por fim, Kotler e Keller (2012, p. 619), baseados em Cooper (1998), sugerem dez maneiras de ter grandes ideias para novos produtos: 1. Faça reuniões informais em que grupos de clientes se reúnam com engenheiros e projetistas da empresa para discutir problemas e necessidades e, por meio de brainstorming, tentem encontrar soluções potenciais. 2. Permita que a equipe de técnicos tenha algum tempo livre para desenvolver projetos próprios. O Google libera 20 por cento do tempo; a 3M, 15 por cento do tempo; e a Rohm & Haas, 10 por cento. 3. Transforme uma sessão de brainstorming com clientes em uma rotina durante as visitas às fábricas. 4. Pesquise seus clientes: descubra o que lhes agrada ou não em seus produtos e nos dos concorrentes. 5. Faça pesquisas de observação com seus clientes ou convide-os para alguma atividade em que você possa obter dados, a exemplo da Fluke e da Hewlett-Packard. 6. Utilize sessões iterativas: um grupo de clientes, em uma sala, procura identificar problemas; um grupo de funcionários de sua equipe técnica, na sala ao lado, ouve e gera soluções por meio de brainstorming. As soluções propostas são então testadas imediatamente no grupo de clientes. 7. Faça uma pesquisa que analise rotineiramente publicações seto- riais de vários países, procurando anúncios de novos produtos. 8. Trate feiras comerciais como missões de inteligência em que você verá, reunido em um único local, tudo o que é novo em seu setor. 9. Faça sua equipe de técnicos e de marketing visitar os laboratórios de seus fornecedores e reservar um tempo para conversar com a equipe de técnicos deles — descubra as novidades. 10. Crie uma urna para depositar ideias. Deixe-a aberta e facilmente acessível. Permita que os funcionários analisem as ideias e façam críticas construtivas a elas. Veja também a tese de doutorado de, Mariela Haidée Aranda intitulada A importância da criatividade no processo de inovação (PI). Com essa leitura, você vai aprofundar os fatores que tornam a criatividade um elemento fundamental para o a inovação. E como exemplo de inovações em produtos, o grupo Open Source Ecology, que reúne engenheiros e tecnólogos do mundo inteiro, fez uma lista das 30 inovações tecnológicas essenciais para o mundo moderno que pode ser verificada no link a seguir: https:// super.abril.com.br/historia/as-30-maquinas-mais-importantes- do-mundo/. DICA 184 Pode-se perceber, também a importância das inovações tecnológicas do ponto de vista dos valores de mercado ao identificarmos quais seriam as marcas mais valiosas do mundo hoje. Veja a lista das 10 marcas mais valiosas do mundo, segundo a Brand Finance: 1. Amazon: US$ 221bilhões (varejo). 2. Google: US$ 160 bilhões (tecnologia). 3. Apple: US$ 141 bilhões (tecnologia). 4. Microsoft: US$ 117 bilhões (tecnologia). 5. Samsung: US$ 94 bilhões (tecnologia). 6. ICBC: US$ 81 bilhões (financeiro). 7. Facebook: US$ 80 bilhões (mídia). 8. Walmart: US$ 78 bilhões (varejo). 9. Ping An: US$ 69 bilhões (seguros). 10. Huawei: US$ 65 bilhões (tecnologia). FONTE: <https://www.infomoney.com.br/consumo/este-grafico- mostra-as-100-marcas-mais -valiosas-do-mundo-em-2020/>. Acesso em: 19 jun. 2020. IMPORTANTE Com estes exemplos das invenções mais importantes da humanidade, das marcas e das empresas mais valiosas atualmente em nossa sociedade, podemos perceber como as inovações tecnológicas e o desenvolvimento de novos produtos transformaram nosso mundo e o sistema econômico ao longo de nossa história. Mas, podemos fazer um questionamento crítico: será que o desenvolvimento tecnológico propiciado pela criatividade e inovação contribuíram para a redução das desigualdades sociais e melhoria da qualidade de vida da sociedade em geral? O pesquisador francês Thomas Piketty em seu livro, O Capital no século XXI (2014), mostra que o sistema capitalista permite mais concentração de renda e desigualdade social do que crescimento econômico. Ou seja, o incentivo à inovação tecnológica para incremento do sistema capitalista apenas produz mais desigualdade social. Piketty (2014) sugere que para redução da desigualdade inerente ao capitalismo, além da tributação da riqueza, o incentivo à difusão do conhecimento sem barreiras e investimentos em educação. Para ele, "no longo prazo, a força que de fato impulsiona o aumento da igualdade é a difusão do conhecimento e a disseminação da educação de qualidade" (PIKETTY, 2014, p. 29). Desde 1840 os críticos do capitalismo já apontavam o seguinte questionamento: 185 De que serve o desenvolvimento industrial, de que servem todas as inovações tecnológicas, todo esse esforço, todos esses deslocamentos populacionais, se ao cabo de meio século de crescimento da indústria, a situação das massas continua tão miserável quanto antes [...] (PIKETTY, 2014, p. 16). Nos Estados Unidos, matriz das maiores empresas de tecnologias do Mundo (Apple, Amazon, Google, Microsoft, Facebook, IBM etc.), a desigualdade social “aumentou nas últimas décadas atingindo níveis que não eram vistos desde a década de 1930” (SANDEL, 2011, p. 327). Da mesma forma, destacamos contribuições de David Dicson, em seu livro, Tecnologia Alternativa (1978), que apresenta críticas à visão determinista e neutra da tecnologia: A partir da Revolução Industrial, e particularmente durante os últimos cinquenta anos, passou a ser geralmente aceito o fato de que uma tecnologia em contínuo desenvolvimento é a única que oferece possibilidades realistas de progresso humano. O desenvolvimento tecnológico inicialmente consistiu na melhora das técnicas artesanais tradicionais e posteriormente se estendeu à aplicação do conhecimento abstrato aos problemas sociais, prometeu conduzir a sociedade pelo caminho que leva a um próspero e brilhante futuro. As revoluções tecnológicas reorganizaram de forma significativa o sistema econômico na contemporaneidade. O desenvolvimento da tecnologia tem servido inclusive como indicador do progresso geral do desenvolvimento social, fazendo com que se tenda a julgar as sociedades como avançadas ou atrasadas segundo seu nível de sofisticação tecnológica (DICSON 1978 apud FBB, 2004, p. 26). A alternativa que podemos considerar enquanto política pública, é que a inovação tecnológica, em essência, é um processo de difusão e partilha de conhecimento e deve ser tratado como “um bem público e não somente como mecanismo de mercado” (PIKETTY, 2014, p. 28). O ponto chave é que investir em inovação tecnológica apenas para garantir crescimento econômico, como mostra Piketty, é insuficiente para "satisfazer as esperanças democráticas e meritocráticas, que devem se apoiar em instituições específicas, e não apenas nas forças do progresso tecnológico e do mercado" (2014, p. 100). Estudos mostram que, para o futuro, ondas de inovação amparadas principalmente nas tecnologias da informação e comunicação, possuem um potencial de crescimento sensivelmente inferior (comparadas com as mudanças provocadas, por exemplo, desde as máquinas a vapor e o advento da eletricidade), “alteram os modos de produção de forma menos radical e trazem melhorias menos significativas para a produtividade do conjunto da economia” (PIKETTY, 2014, p. 98). É esta reflexão crítica que também devemos ter ao se estudar sobre criatividade e inovação. A seguir, no próximo tópico, vamos verificar que existem diversas barreiras que podem comprometer o desenvolvimentoda cultura da criatividade e inovação dentro das organizações. 186 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A importância da criatividade, considerada potencializadora da inovação nas organizações, permite competitividade no mercado. • As dez habilidades esperadas pelos profissionais do futuro pelo Fórum Econômico Mundial (2016) são: criatividade; gestão de pessoas; pensamento crítico; resolução de problemas complexos; empatia/trabalho em equipe; inteligência emocional; capacidade de julgamento e tomada de decisões; orientações para serviços; negociação; e flexibilidade cognitiva. • A partir de indicadores CQQ e ICC os fatores que estimulam a criatividade são: ambiente físico adequado; clima social favorável entre colegas de trabalho; incentivo a novas ideias; liberdade de ação, atividades desafiantes; salários e benefícios adequados; ações da chefia e da organização em apoio a ideias novas; disponibilidades de recursos materiais. E os obstáculos à criatividade são: bloqueio a ideias novas; excesso de serviço e escassez de tempo; resistência a ideias novas; problemas organizacionais. • As opções, de acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), para inovação em produto são: ◦ criação de produtos novos: criam um novo mercado; ◦ linhas de produtos novos: permitem a empresa entrar em mercados existentes, mas ainda novos para ela; ◦ acréscimos a linhas de produtos já existentes; ◦ aperfeiçoamento e revisão de produtos existentes; ◦ reposicionamentos: redirecionam produtos para novos mercados ou segmentos; ◦ reduções de custo: criação de novos produtos, semelhantes aos existentes, mas com custos menores. • Os fundamentos de ciclo de vida dos produtos, e algumas maneira de ter ideias inovadoras para produtos em que podemos destacar são: realização de reuniões informais entre clientes e funcionários da empresa; tempo livre para elaboração de projetos; realização de brainstorming com clientes; pesquisar os clientes; visitar laboratórios dos fornecedores, entre outros. RESUMO DO TÓPICO 3 187 1 O Fórum Econômico Mundial (2016) enfatiza a importância da criatividade para as organizações, para tal ele lista dez habilidades esperadas para profissionais do futuro. Com base em tais competências, assinale a alternativa correta: ( ) Gestão de pessoas. ( ) Pensamento crítico. ( ) Resolução de problemas complexos. ( ) Apatia-Trabalho em equipe. ( ) Inteligência emocional. a) ( ) V – V – F – F – V. b) ( ) V – V – V – F – V. c) ( ) V – F – V – F – V. d) ( ) V – V – V – V – F. e) ( ) F – V – F – V – V. 2 Conforme descrito por Figueiredo (2017), Ekvall (1996) criou uma escala visando medir no ambiente de trabalho alguns fatores que podem influenciar no processo de criatividade e inovação, denominada CQQ (Creative Climate Questionnaire). Quais são esses fatores? 3 Nos estudos de Bruno-Faria e Alencar (1998), as autoras desenvolveram o ICC (Indicadores de Clima para Criatividade). Foram encontrados fatores que são estímulos à criatividade (E) e fatores considerados obstáculos à criatividade (O). Com base em tais fatores, assinale a alternativa CORRETA: ( ) Ambiente físico adequado. ( ) Bloqueio a ideias novas. ( ) Excesso de serviços e escassez de tempo. ( ) Clima social favorável entre colegas de trabalho. ( ) Incentivo a novas ideias. a) ( ) E – E – O – O – E. b) ( ) E – O – O – O – E. c) ( ) E – O – O – E – E. d) ( ) O – E – O – O – E. e) ( ) E – O – E – O – E. AUTOATIVIDADE 188 189 TÓPICO 4 — BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Compreendemos, no decorrer desta unidade, como o processo criativo é desenvolvido em cada pessoa. Contudo é necessário termos em mente que existem algumas barreiras que impedem tal processo. Neste tópico, vamos estudar as barreiras de criatividade no ambiente organizacional, as quais podem ser agrupadas em: barreiras de percepção, emocionais, culturais, ambientais e intelectuais. Vamos identificar ações que podem amenizar o efeito destas barreiras e até mesmo como superá-las. Outro fator importante que iremos abordar são as atividades que podemos realizar para exercitar a criatividade, sendo alguns deles: leitura, escrita, jogos, ouvir música, pesquisa fonte de dados, entre outros exemplos que serão descritos no decorrer deste tópico. Encerrando esta unidade iremos abordar a importância da criatividade e inovação, sendo um diferencial para maior competitividade no mercado. 2 BARREIRAS À MANIFESTAÇÃO CRIATIVA E INOVADORA Como enfatizamos, no decorrer desta unidade, a criatividade é muito importante em todos os aspectos da nossa vida. Cada vez mais, práticas colaborativas são elaboradas para aprimoramento, desenvolvimento dessa capacidade, principalmente nas organizações, uma vez que profissionais criativos possibilitam a inovação, sendo um grande diferencial para maior competitividade no cenário econômico. Contudo, ainda encontramos algumas barreiras, uma vez que, ao contrário das crianças, tememos as críticas, nas quais a não aprovação do próximo, ou opinião, tornam-se uma grande barreira à criatividade e consequentemente à inovação. De acordo com Guerra e Joly (2005), além de estimulada, a criatividade também pode ser bloqueada por diversos fatores, sendo eles de natureza social ou pessoal, diminuindo assim o potencial criativo. 190 Nos estudos iniciais sobre criatividade, a abordagem sobre as barreiras era apenas individualista, uma vez que o processo criativo era entendido como individual, deduzia-se que suas barreiras também eram internas, restringindo os estudos a uma visão unidimensional. Todavia, passou-se a perceber que o bloqueio aconteceria por estar ligado a aspectos sociais, culturais, momentos históricos, entre outros (GUERRA; JOLY, 2005). Em função do tipo de barreira foram organizadas várias classificações, como a divisão em internas e externas, culturais e emocionais, estratégicas, de valores, de autoimagem, perceptuais, sociodinâmicas, de percepção, emocionais, culturais, ambientais, intelectuais, entre outras (GUERRA; JOLY, 2005; HICKS, 1991). FIGURA 11 – GRUPOS DE BARREIRAS DE CRIATIVIDADES FONTE: Adaptado de Dias (2017) 191 Vamos conhecer um pouquinho mais sobre alguns tipos de barreira de acordo com Dias (2017) e Guerra e Joly (2005). • Barreiras de percepção: essa barreira está relacionada à forma como percebemos os acontecimentos, à forma como a mente processa os dados recebidos. Nesta classificação encontram-se: estereótipos; dificuldade de isolar problemas; visão restrita (visão tipo túnel); inabilidade de se perceber os acontecimentos de vários pontos de vista; e falha na utilização eficiente de todos os sentidos. • Barreiras emocionais: estão atreladas à interferência dos sentimentos na forma de pensar, e, consequentemente, na criatividade. As emoções que podem agir de forma negativa são: desejo exagerado por segurança e ordem; medo de cometer erros; despreparo para assumir riscos; falta de motivação; dificuldade de reflexão; incapacidade de uso da imaginação; e pressa em resolver os problemas. • Barreiras culturais: essas barreiras são relativas a interferências da cultura tanto da empresa, como da sociedade em si, que influenciam nosso modo de pensar e agir. De acordo com Dias (2017), essa barreira pode ser cumulativa, restringindo ainda mais a criatividade. Alguns exemplos de barreiras culturais são: crença que a melhoria não é praticamente impossível; dizer que reflexão é pura perda de tempo; crença de que pensar de um modo descompromissado é restrito a crianças; achar que a lógica é sempre melhor que a intuição; acreditar que tradição é melhor que mudança; tabus organizacionais; estilo de gerência e da liderança da organização; falta de suporte ao trabalho em grupo; e relutância da organização em implementar as ideias geradas. • Barreiras ambientais:diz respeito às manifestações de teor físico no ambiente de trabalho. Essas manifestações interferem o desenvolvimento do pensar criativo. Alguns exemplos dessas barreiras: distrações do ambiente (ruídos, chamadas telefônicas constantes etc.); monotonia; desconforto físico e mental; e restrição de acesso aos meios adequados de comunicação. • Barreiras intelectuais: já as barreiras intelectuais estão atreladas às dificuldades encontradas no relacionamento dos membros de uma equipe de trabalho. Algumas formas de barreiras intelectuais são: escolha incorreta da linguagem de solução de problemas; inflexível ou inadequado de estratégias e métodos; falta de informações corretas; e dificuldade de comunicação entre pessoas. • Barreiras internas e externas: barreiras internas estão relacionadas às características pessoais do indivíduo, como “insegurança, falta de motivação, medo, dificuldade em ver um problema por ângulos diferentes, timidez, acrescidos à falta de conhecimento ou informação. As barreiras externas são as sociais que se relacionam aos elementos culturais, institucionais, grupais, ideológicos, presentes no contexto do indivíduo” (GUERRA; JOLY, 2005, p. 107). Alguns exemplos são: autoritarismo, falta de estímulo, entre outros. Agora que já identificamos algumas barreiras você deve estar se perguntando, o que devemos fazer para superá-las? Dias (2017) sugere as seguintes ações: 192 QUADRO 4 – AÇÕES PARA ENFRENTAR AS BARREIRAS DE CRIATIVIDADE FONTE: Adaptado de Dias (2017) BARREIRAS AÇÕES Barreiras de percepção Podem ser trabalhadas com atividades em grupo, focadas em solução de problemas, com foco no uso do conceito de empatia. As pessoas devem ser estimuladas a registrar suas percepções e não apenas fatos e dados. Barreiras emocionais Deixar claro os objetivos da organização, reconhecer o erro como oportunidade de aprendizado e dar autonomia para as pessoas para que se sintam desafiadas, com o consequente reconhecimento, não só de resultados, mas também de esforços. Barreiras culturais É importante ter as lideranças como exemplo, sendo essencial para combater as barreiras culturais. Os tabus organizacionais devem ser debatidos, até que se chegue as reais causas destes modelos mentais, e o uso dos 5 Porquês. Os “5 porquês” é uma técnica que objetiva encontrar a causa de um defeito ou problema. Ela parte da premissa inicial, que após perguntar 5 vezes o porquê um problema está acontecendo, será determinada a causa raiz do problema ao invés da fonte de problemas. Ela costuma dar bons resultados. O modelo de gestão não deve ser uma camisa de força, e sim um fio condutor, resistente, mas flexível. Barreiras ambientais Fugir de ações que isolam as pessoas, de atividades altamente especializadas e não conectadas na forma de processos, de ilhas de conhecimento. Criar um ambiente de trabalho que não cause sofrimento. Barreiras intelectuais São combatidas com comunicação confiável, atualizada e acessível a todos. A linguagem usada deve ser tão simples quanto possível, do jeito que as pessoas entendam, sem eufemismos. Outras barreiras da criatividade são: falta de tempo; falta de referência; conformismo; insegurança; medo do ridículo; tradição; autoridade; e ciúme. ESTUDOS FUTUROS 3 COMO EXERCITAR A CRIATIVIDADE Continuando nossos estudos, veremos como podemos exercitar a criatividade. Ela pode ser aprimorada por meio de exercícios simples, de forma divertida e prazerosa. Ela permite que você encontre novas formas de realizar tarefas, novos produtos e serviços, ou alterações (ABRANTES, 2017). Vamos descobrir algumas ações para estimular a criatividade e inovação? 193 FIGURA 12 – FATORES QUE CONTRIBUEM PARA EXERCÍCIO DA CRIATIVIDADE FONTE: Adaptado de Abrantes (2017) Ações para estimular a criatividade segundo Abrantes (2017): • Aprenda a observar: observar as coisas a sua volta pode ajudar a melhorar a criatividade. Por meio da observação você pode identificar novas demandas, encontrar possíveis soluções para problemas existentes e registrar fatos que podem servir futuramente em outra situação. A partir da observação você pode aprender muito. • Analisar características de produtos e situações diversas: em nosso cotidiano, quando nos deparamos com algum problema, geralmente pensamos em diversas possíveis soluções. Analisar as características do que gerou o problema é fundamental para incentivar a criatividade, impulsionando uma visão crítica. Então, estimule sua criatividade, analise situações e também as características dos produtos que você visualiza em seu dia a dia. Após, reflita em como você poderia fazer de uma forma nova, isso contribuirá para inovar. 194 • Escutar músicas: estudos demonstram que ouvir músicas incentiva a criatividade. Assim, você pode encontrar novos sentidos e até mesmo achar uma solução ou uma nova ideia de produto. • Assistir a filmes: os filmes são obras que incentivam o processo criativo, assista aos filmes, observe todos os detalhes, como os efeitos especiais utilizados, a trilha sonora escolhida, recursos de iluminação, movimentação das câmeras, a fotografia, entre outros. • Dormir bem: uma boa noite de sono tem inúmeros benefícios, para a criatividade não é diferente. Dormir bem contribui para melhor funcionamento do cérebro, conseguindo, assim, analisar melhor as situações com mais assertividade. Outro fator que pode auxiliar é tentar lembrar do sonho, a partir da lembrança dele você pode ter uma inspiração. • Hábito da leitura e escrita: a leitura e escrita contribuem para a criatividade. Durante a leitura, o cérebro consegue recriar cenários e situações. Nesse viés, recomenda-se ler pelo menos um livro por mês. Todavia desenvolver o hábito da escrita é mais difícil, mas que ajuda você a sair da zona de conforto. • Aproveitar o tempo de lazer: aproveitar o tempo de ócio pode contribuir para aprimoramento de uma mente criativa. Para isso, aproveite o tempo vago para realizar pesquisa na internet, uma ótima propulsora da criatividade. • Organizar: a organização incentiva a criatividade, o surgimento de ideias novas. Sabendo onde as coisas estão, além de otimizar seu tempo, contribui para exercício do cérebro. • Desafiar a si mesmo: impor limites desafiadores é uma maneira de aprender coisas novas e não permanecer sempre parado no quesito profissional. Então sempre aprenda novas coisas, tanto na área pessoal ou profissional, isso contribui significativamente para novos conhecimentos e consequentemente para maior criatividade e inovação. • Gostar das atividades que realiza: quanto mais você gosta de uma atividade, você sente mais prazer ao realizá-la e o resultado é melhor. Goste do que faz e, se estiver em um trabalho que não o agrade, procure uma alternativa. • Informação: estar informado sobre os diversos assuntos contribui na maneira de conversar, e interagir com as pessoas, auxiliando para obter novas ideias. • Buscar novas experiências: novas experiências são uma poderosa fonte para inovação. Contribui para novos conhecimentos e habilidades, e consequentemente novas ideias, e soluções. • Relaxar: para estimular a criatividade, manter um estado de espírito de tranquilidade é fundamental. Por isso, mesmo com a estressante rotina que a maiorias das pessoas estão acumulando, tente relaxar, ver o lado bom das coisas, aprender com os erros e passar pelas dificuldades tentando encontrar o ponto de vista positivo. • Ser curioso: a vontade de sempre tentar saber o “por que” das coisas é essencial. Isso gera mais conhecimento, mais exercício para o cérebro e novas fontes para ser uma pessoa mais criativa e inovadora. • Resolver palavras cruzadas: as palavras cruzadas contribuem para exercitar o pensamento criativo. 195 • Jogar: os jogos auxiliam para exercitar o cérebro, e assim impulsionam o surgimento de novas ideias. • Conhecer o mundo: conheça o mundo em que vive e explore-o, issoé essencial. Aproveite para viajar, conhecer diferentes culturas e situações. Além dessas ações, seguem algumas dicas para estimular a criatividade segundo oito líderes de inovação: QUADRO 5 – SEGREDOS DA CRIATIVIDADE PARA INOVAÇÃO Líder Segredo da criatividade Richard Chaves Diretor de inovação e novas tecnologias da Microsoft Brasil. Segundo o executivo, profissionais da inovação precisam enxergar o propósito do que fazem, ou não vão muito longe. “Se você visualiza claramente o impacto do seu trabalho para a sociedade, você conta com uma fonte de energia inigualável”, afirma. Outro ingrediente básico da criatividade para Chaves é o contato humano: interagir e trocar ideias com pessoas muito diferentes, como estudantes e empreendedores, é o que permite enxergar oportunidades até então invisíveis. Carlos Tadeu da Silva Diretor de tecnologia para refrigeração e ar condicionado da Whirlpool Latin America. Organização e método são fatores essenciais para um bom profissional de inovação, segundo Silva. “Ao contrário do que muita gente pensa, criar não é um processo caótico, é muito racional”, explica. Contudo, a disciplina não pode endurecer o processo. “Você não pode ter medo de errar, ou só colocar na mesa de discussão as ideias que ‘fazem sentido’”, diz ele. Rony Sato Gerente de tecnologia e inovação da BASF para a América do Sul. Como mediador de workshops de inovação, o executivo acredita na importância da diversidade como um dos grandes combustíveis para novas ideias. “É preciso dar abertura para que todos participem da discussão e tragam pontos de vista muitas vezes antagônicos sobre o assunto”, explica. Além disso, ele menciona o papel do envolvimento emocional para o processo criativo. “Você precisa acreditar na missão do projeto, enxergar um propósito importante por trás de tudo aquilo”, diz Sato. “Inovação depende muito de motivação”. Camila Durlacher Diretora de P&D da 3M do Brasil. Na visão de Durlacher, formular soluções originais — e viáveis — é sempre um trabalho coletivo. “Somos mais criativos quando temos outras pessoas ao nosso redor, que nos dão respostas para o que não sabemos, e nos fazem perguntas sobre o que achamos que sabemos”, explica. “Sem colaboração, fica muito difícil ter uma ideia realmente boa”. Eduardo Conejo Gerente sênior de inovação da Samsung América Latina. Estar bem informado é uma condição essencial para promover a inovação, segundo o executivo. “Você precisa ter um amplo leque de informações e referências para fazer associações de ideias”, afirma. “Quanto maior o seu repertório, mais facilmente você poderá cruzar áreas do conhecimento e chegar a novas conclusões”. Para alimentar sua criatividade, Conejo cultiva leituras ecléticas, de artigos acadêmicos a notícias sobre assuntos aparentemente desconexos da sua área. Para ele, informação nunca é demais: quando menos se espera, ela pode ser a chave de um problema. 196 Daniel Rosa Gerente de desenvolvimento para TV e mídia da Ericsson. Para gerar inovação, um profissional precisa se sentir bem no seu ambiente de trabalho, isto é, ter a certeza de que suas contribuições serão ouvidas e apreciadas”, afirma o executivo. Ter autonomia para agir — sem precisar pedir “licença” — é outro ponto fundamental. Rosa também destaca a importância de não ter medo do fracasso. “Se você só aposta em projetos seguros, não rompe com nenhum paradigma”, explica. “A inovação começa com ideias loucas, absurdas”. Caito Maia Presidente da Chilli Beans. Ex-líder de uma banda de rock, o executivo acredita que a rebeldia e a polêmica são ingredientes importantes para a inovação. “Apresento as ideias mais extravagantes para a minha mãe”, conta. “Se ela fica espantada, sinto que é um caminho que devemos perseguir”. Ele também diz que gosta de estar perto de pessoas criativas. “Para alimentar o meu espírito inovador, eu me cerco de gente que respira criatividade, como publicitários, arquitetos e designers". Graciela Tanaka Diretora de operações do Grupo Netshoes. Tanaka acredita que a criatividade para criar novos produtos e serviços se alimenta da empatia. “Para ter boas ideias, você precisa se colocar no lugar do consumidor”, afirma. Ela também destaca a importância da insatisfação com o status quo. “É importante olhar para as tecnologias já empregadas e acreditar que sempre é possível melhorá-las”, diz a diretora. FONTE: Adaptado de Gasparini (2016) FIGURA 13 – FRASE DE ALBERT EINSTEIN FONTE: <https://kdfrases.com/frases-imagens/frase-o-segredo-da-criatividade-esta-em-dormir-bem-e- abrir-a-mente-para-as-possibilidades-infinitas-o-albert-einstein-91259.jpg>. Acesso em: 24 jun. 2020. 197 4 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NAS EMPRESAS Como já enfatizamos, a criatividade possui grande valor universal, uma vez que possibilita a ocorrência de mudanças, de transformações, e que visam sempre solucionar problemas e otimizar processos. Essa capacidade pode ser mais desenvolvida em algumas pessoas do que em outras, todavia, existem alguns exercícios que incentivam seu aprimoramento. No mercado de trabalho, é cada vez mais constante a busca por profissionais capacitados e que tem como característica ser uma pessoa criativa. Além disso, várias práticas são realizadas na empresa visando impulsionar a criatividade e inovação principalmente de forma colaborativa. Para ter sucesso no atual mercado de trabalho, ter uma equipe criativa e inovadora faz toda a diferença, contudo, é essencial que os líderes realmente conheçam as pessoas que fazem parte da equipe, e que dê chances para que elas possam desenvolver a criatividade. Outro item importante destacado por Pires (2018), é estimular a criatividade em reuniões com o intuito de ouvir novas ideias e sugestões da equipe. É importante ao gestor elogiar as novas ideias, esse tipo de estímulo é essencial para que as pessoas não tenham vergonha de expor sua opinião e criatividade outro fator que merece maior atenção é criar um ambiente e clima organizacionais propícios a incentivar a criatividade (PIRES, 2018). Além disso, Pires (2018) destaca os pilares da inovação e criatividade. O autor enfatiza que o primeiro passo é entender quais são os principais objetivos da organização e de qual forma ela pode adotar boas práticas dentro da sua realidade, uma vez que cada organização tem características e objetivos distintos. Assim, as organizações precisam ter em mente que a gestão da criatividade e inovação deve forçar no incentivo dos processos criativos, e não apenas registrar ações no papel, e não por em práticas as mesmas. Nesse viés, os pilares para inovação e criatividade nas empresas são uma comunicação eficiente e efetiva entre todos os setores, uma boa organização das estratégias para assim poder pôr em prática as boas ideias, o constante controle das atividades, a análise dos resultados e o justo reconhecimento dos colaboradores responsáveis pela inovação (LAFS, 2019). 198 FIGURA 14 - PILARES DE INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE FONTE: Adaptado de Lafs (2019) Outro fator que as organizações devem estar atentas são as exigências de mercado e a necessidade de investir em inovação. As empresas devem ter em mente qual a importância para elas em de investir em inovação. O avanço tecnológico modificou quase todos, senão todos os processos em nosso cotidiano. A forma de comunicação, pesquisa, interação, entre outros, foram impactadas pelas tecnologias digitais, não sendo diferente nas organizações. Todas essas mudanças são reflexos da inovação e da tecnologia, mas sobre essa questão vamos estudar mais no próximo tópico, e só sobrevivem nesse mercado as que têm capacidade e condições de entender e se relacionar de forma ativa com ações inovadoras (LAFS, 2019). Assim, nesse cenário de constante alteração influenciado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) o empresário precisa estar em constante busca porum diferencial, tornando seu produto, ou serviço, interessante para atrair clientes. A inovação e a criatividade são dois mecanismos muito interessantes que possibilitam maior competitividade, e contribuem para maior conquista de clientes. 199 FIGURA 15 - RELAÇÃO CRIAÇÃO, INOVAÇÃO E SUCESSO COMERCIAL FONTE: <https://www.folhavitoria.com.br/economia/blogs/gestaoeresultados/wp-content/ uploads/2012/11/digitalizar0011.jpg>. Acesso em: 19 jun. 2020. Ações de inovação e criatividade permitem compreender as necessidades futuras de clientes, preparando soluções de forma antecipada e criativa, e se destacando da concorrência. Pôr em prática técnicas de incentivo à inovação não é uma tarefa simples, exige comprometimento e interesse na mudança, sendo que o primeiro passo é a adaptação das políticas internas da organização (LAFS, 2019). Para isso é essencial manter um diálogo aberto, incentivar as novas ideias e demonstrar que a cultura da empresa está alinhada com o desejo e interesse pela inovação. Outro fator interessante é investir em palestras, treinamentos, e-mails de incentivo e demais ações focadas no desenvolvimento da criatividade (LAFS, 2019). Além disso, organizar o tempo dos colaboradores para que eles tenham condições de pensar em soluções inovadoras, faz toda a diferença. Mas não adianta mudar toda a cultura da empresa se, na prática, o gestor não aceita mudanças e a implementação de soluções criativas e o time possui resistência (LAFS, 2019). 200 Na cultura da empresa podemos estimular a criatividade e inovação aplicando as seguintes ações (SITEWARE, 2018, s.p.): • conhecimento: estudando outras ações; • curiosidade: para encontrar caminhos e resoluções únicas; • imaginação: para desenvolver ideias diferenciadas; • avaliação das opções: para escolher qual pode trazer os melhores resultados. Mas para conseguir estimular ainda mais rápido, novas abordagens podem oferecer um ambiente de trabalho diferenciado. As novas abordagens possibilitam a elaboração de novas saídas, encorajam os colegas a construírem os pensamentos que sempre quiseram expor e que antes não tinham tanto espaço nem se sentiam à vontade para isso. O ambiente de trabalho pode ser diferenciado por meio de ações como: oferecendo refeições gratuitas; organizando excursões de equipe; criando novos incentivos financeiros; gerando oportunidades para a equipe participar de eventos; oferecendo descontos para academias; permitindo animais no local de trabalho (SITEWARE, 2018). Por fim, também é importante oferecer um bom equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Essa ação não só ajuda a eliminar o estresse como desenvolve o ambiente propício para ser mais criativo e inovador (SITEWARE, 2018). Finalizando a Unidade 3, e também este Livro Didático, estudamos que a Criatividade e a Inovação são fundamentais para o desenvolvimento de novas ideias, propiciando a competitividade e a geração de riquezas. Um país, uma empresa ou qualquer outra organização que almeje manter-se à frente de seus competidores precisará de sistemas inovadores e criativos. Ao longo das unidades estudadas, foi possível compreender como os processos de inovação e criatividade no âmbito das organizações são gerenciados, conhecendo as mudanças tecnológicas que ocorreram ao longo da história e quais foram os seus impactos para este ambiente, bem como analisar os principais aspectos que influenciam o desenvolvimento da criatividade e da inovação no contexto empresarial. Esperamos que tenha aproveitado o material estudado. A criatividade tem a ver com o ato de criar algo e a inovação tem a ver com o que se faz com aquilo que se criou. Nicolau Copérnico teve um pensamento criativo e, através de seus estudos, construiu a ideia de que a terra gira em torno do sol, contudo, a inovação só aconteceu quando sua pesquisa foi publicada 26 anos mais tarde, por Johann Abrecht Widmanstadt. IMPORTANTE 201 LEITURA COMPLEMENTAR Principal tipo de inovação OCDE [...] Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais. As inovações de produto podem utilizar novos conhecimentos ou tecnologias, ou podem basear-se em novos usos ou combinações para conhecimentos ou tecnologias existentes. O termo “produto” abrange tanto bens como serviços. As inovações de produto incluem a introdução de novos bens e serviços, e melhoramentos significativos nas características funcionais ou de uso dos bens e serviços existentes. Novos produtos são bens ou serviços que diferem significativamente em suas características ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela empresa. Os primeiros microprocessadores e câmeras digitais foram exemplos de novos produtos usando novas tecnologias. O primeiro tocador de MP3 portátil, que combinou padrões de softwares existentes com a tecnologia de disco rígido miniaturizado, foi uma nova combinação de tecnologias existentes. O desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas algumas pequenas modificações para suas especificações técnicas é uma inovação de produto. Um exemplo é a introdução de um novo detergente com uma composição química que já tinha sido previamente utilizada como um insumo apenas para a produção de revestimentos. Melhoramentos significativos para produtos existentes podem ocorrer por meio de mudanças em materiais, componentes e outras características que aprimoram seu desempenho. A introdução dos freios ABS, dos sistemas de navegação GPS (Global Positioning System), ou outras melhorias em subsistemas de automóveis são exemplos de inovações de produto baseadas em mudanças parciais ou na adição de um subsistema em vários subsistemas técnicos integrados. O uso de tecidos respiráveis em vestuário é um exemplo de uma inovação de produto que utiliza novos materiais, capazes de melhorar o desempenho do produto. 202 As inovações de produtos no setor de serviços podem incluir melhoramentos importantes no que diz respeito a como elas são oferecidas (por exemplo, em termos de eficiência ou de velocidade), a adição de novas funções ou características em serviços existentes, ou a introdução de serviços inteiramente novos. São exemplos as melhorias significativas em serviços bancários via internet, tais como um grande aumento na velocidade e na facilidade de uso, ou a introdução de serviços de retirada e devolução em casa que melhoram o acesso de clientes a carros de aluguel. A concepção é parte integrante do desenvolvimento e da implementação de inovações de produto. Entretanto, mudanças na concepção que não implicam em uma mudança significativa nas características funcionais do produto ou em seus usos previstos não são inovações de produto. Ainda assim, elas podem ser inovações de marketing, como será discutido a seguir. Atualizações de rotina9ou mudanças sazonais também não configuram inovações de produto. [...] FONTE: OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD, 2015. p. 57-58. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 27 out. 2019. 203 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As principais barreiras da criatividade são percepções emocionais, culturais, ambientais, internas e externas e intelectuais, investigando, assim, sobre suas principais características e exemplos. • Além de compreender sobre as barreiras, estudamos algumas ações que podem amenizar o efeito das mesmas e até mesmo as superar. • A criatividade pode ser aperfeiçoada nos indivíduos, assim, conhecemos algumas práticas queauxiliam para maior criatividade, como: leitura, escrita, ouvir música, viajar, entre outros diversos exercícios que podemos realizar em nosso dia a dia. • Existem segredos de líderes de sucesso para incentivar a criatividade. • O estímulo à criatividade e à inovação nas organizações é um diferencial para maior competitividade no mercado. RESUMO DO TÓPICO 4 204 1 Neste tópico, algumas barreiras da criatividade, principalmente no ambiente organizacional, foram encontradas. Identifique e descreva as principais barreiras mensuradas por Hicks (1991). 2 A partir da importância da criatividade no contexto organizacional, as empresas vêm realizando algumas ações para estimular a criatividade e inovação. Qual das ações a seguir não é uma ação utilizada pelas empresas para incentivar a criatividade? a) ( ) Conhecimento, estudando outras ações. b) ( ) Restrições de acesso aos meios de comunicação. c) ( ) Curiosidade, para encontrar caminhos e resoluções únicas. d) ( ) Avaliação das opções, para escolher qual pode trazer os melhores resultados. e) ( ) Imaginação, para desenvolver ideias diferenciadas. 3 Neste tópico estudamos sobre a criatividade, suas principais barreiras, formas de aperfeiçoá-las e algumas dicas de líderes de sucesso para aprimoramento e incentivo do processo criativo. Mas, porque a criatividade é importante para as empresas? AUTOATIVIDADE 205 REFERÊNCIAS ABRANTES, L. Como exercitar a criatividade? Aprenda com essas 23 dicas de sucesso. Saia do Lugar, [s. l.], 2017. Disponível em: https://saiadolugar.com.br/como-exercitar- a-criatividade/. Acesso em: 14 dez. 2019. ABRANTES, A. A.; MARTINS, L. M. A produção do conhecimento científico: relação sujeito-objeto e desenvolvimento do pensamento. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 11, n. 22, p. 313-325, ago. 2007. Disponível em: https:// www.scielo.br/pdf/icse/v11n22/10.pdf. Acesso em: 17 jun. 2020. ACADEMIA PEARSON. Criatividade e inovação. São Paulo: Pearson Education, 2011. ADMINISTRADORES.COM. 7 passos para criar um produto que todos vão querer. Administradores.com, Belo Horizonte, 4 abr. 2016. Disponível em: https:// administradores.com.br/noticias/7-passos-para-criar-um-produto-que-todos-vao- querer. Acesso em: 14 dez. 2019. AIRES, R. W. do A. l; MOREIRA, F. K.; FREIRE, P. de S. Indústria 4.0: competências requeridas aos profissionais da quarta revolução industrial. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONHECIMENTO E INOVAÇÃO, 7., 2017, Foz do Iguaçu. Anais [...]. Foz do Iguaçu: CIKI, 2017. Disponível em: https://docplayer.com.br/63595232- Industria-4-0-competencias-requeridas-aos-profissionais-da-quarta-revolucao- industrial.html. Acesso em: 24 jun. 2020. ALENCAR, E. M. L. S. de; FLEITH, D. de S. Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 19, n. 1, p. 1-10, abr. 2003. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0036b. html. Acesso em: 12 dez. 2019. ALENCAR, E. M. L. S. de. A gerência da criatividade. São Paulo: Makron Books, 1996. ALVES, M. L. da C.; CASTRO, P. F. de. Criatividade: histórico, definições e avaliação. Revista Educação, Guarulhos, v. 10, n. 2, p.47-58, set. 2015. Disponível em: http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/2161. Acesso em: 12 dez. 2019. ALVES, J. et al. Creativity and innovation through multidisciplinary and multisectoral cooperation. Creativity and Innovation Management. Oxford, v. 16, n. 1, p. 27-37, 2007. 206 AMABILE, T. M. Motivating creativity in organization: on doing what you loving what you do. California Management Review. Berkeley, CA., v. 40, n. 1, p. 39-58, 1997. ANDRADE, L. Conheça a ferramenta canvas para ilustrar seu plano de negócio. Siteware, Belo Horizonte, 30 jan. 2018. Disponível em: https://www.siteware.com.br/ metodologias/modelo-canvas/. Acesso em: 12 dez. 2019. ANGELONI, M. T. (org.). Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologia. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2008. ARANDA, M. H. A importância da criatividade no processo de inovação (PI). 2009. 168 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/ bitstream/handle/10183/15689/000688614.pdf?sequence=1. Acesso em: 12 dez. 2019. ASMANN, S. J. Filosofia. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/ UFSC, 2008. AZEVEDO, I.; MORAIS, M. de F. Avaliação da criatividade como condição para o seu desenvolvimento: um estudo português do teste de pensamento criativo de Torrance em contexto escolar. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, Madrid, v. 10, n. 2, p. 41-55, 2012. Disponível em: http://repositorium.sdum. uminho.pt/bitstream/1822/21102/1/revista%20ibero%20americana.pdf. Acesso em: 12 dez. 2019. BAER, M. Putting creativity to work: the implementation of creative ideas in organizations. Academy of Management Journal, [s. l.], v. 55, n. 5, p. 1102-1119, out. 2012. BALTAZAR, M. Brainwriting: o que é, quais as melhores técnicas e as diferenças para um brainstorm. Rockcontent, [s. l.], 21 maio 2019. Disponível em: https://rockcontent. com/blog/brainwriting/. Acesso em: 2 dez. 2019. BASTARDAS, M. T. Pensamento lateral: o que é, características e exemplos. Psicologia-Online, Barcelona, c2019. Disponível em: https://br.psicologia-on-line. com/pensamento-lateral-o-que-e-caracteristicas-e-exemplos-211.html. Acesso em: 20 dez. 2019. BASTOS TIGRE, P. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. 5. ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2006. Disponível em: https://adm2016sjcampos.files.wordpress. com/2017/03/gestao-da-inovacao-paulo-tigre.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. 207 BATTISTELLI, J. Psicologia: o que é, para que serve e como surgiu? Vittude, São Paulo, 2018. Disponível em: https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicologia-e-como- surgiu/. Acesso em: 11 dez. 2019. BAXTER, R. Projeto de produto: guia prática para desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: Blücher, 1998 BEZERRA, J. Senso Comum. TodaMatéria, [s. l.], 2019. Disponível em: https://www. todamateria.com.br/senso-comum/. Acesso em: 8 nov. 2019. BENZ, I. E. Design inovador: mandala transrelacional de abordagens criativas. 2014. 289 f. Tese (Doutorado em Design) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. BONO, E. de. O pensamento lateral na administração. São Paulo: Saraiva, 1995. BRUNO-FARIA, M. F; ALENCAR, E. M. L. S. Estímulos e barreiras à criatividade no ambiente de trabalho. Revista de Administração, São Paulo, v. 33, n. 4, p. 86-91, 1998. BRUNO-FARIA, M.; BRANDÃO, H. Competências relevantes a professionais da área de T&D de uma organização pública do Distrito Federa. Revista de Administração Contemporânea – RAC, Curitiba, v. 7, n. 3, p. 35-56, jul./set. 2003. BUENO, M. As teorias de motivação humana e sua contribuição para a empresa humanizada: um tributo a Abraham Maslow. Revista do Centro de Ensino Superior de Catalão, Catalão, a. 4, n. 6, 2002. Disponível em: https://www.welvitchia.com/ Disciplinas_files/Doc%206_AS%20TEORIAS%20DE%20MOTIVACAO%20HUMANA.pdf. Acesso em: 12 dez. 2019. BÜNDCHEN, E.; BARBOSA SILVA, A. D. Proposta de um plano de desenvolvimento de competências individuais genéricas alinhado à estratégia empresarial. Revista de Ciências da Administração, Florianópolis, v. 7, n. 13, jan./jul. 2005. BUZAN, T. Mapas mentais. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. CAIMI, M. Pensamentos sem conteúdo são vazios. Analytica, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 177-194, 2001. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/analytica/article/view/463. Acesso em: 11 dez. 2019. CARVALHO, A. G. A metodologia NUGIN de gestão da inovação. Florianópolis: Instituto Euvaldo Lodi de Santa Catarina, 2011. Disponível em: https://www. unochapeco.edu.br/static/data/portal/downloads/1071.pdf. Acesso em: 12 dez. 2019. CASTELLS, M. A sociedade em rede. SãoPaulo: Paz e Terra, 2006. 208 CASTRO, I. N. O que é benchmarking e qual a sua importância para o marketing digital. Rockcontent, [s. l.], 28 nov. 2019. Disponível em: https://rockcontent.com/ blog/benchmarking/. Acesso em: 2 dez. 2019. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2005. CHAUÍ, M. Convite a filosofia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. CARVALHO, F. C. A. de (org.). Gestão do conhecimento. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. COCONETE, D. E. et al. Creativity - A catalyst for technological innovation. In: ENGINEERING MANAGEMENT CONFERENCE, 2003, New York. Procedings […]. New York: IEEE Computer Society, 2003. p. 291-295. CODEMEC. Descoberta, invenção e inovação. Codemec, Rio de Janeiro, 28 abr. 2014. Disponível em: https://codemec.org.br/geral/descoberta-invencao-e-inovacao/. Acesso em: 1 dez. 2019. CONCEITOS. Árvore de Porfírio. Conceitos Brasil, [s. l.], c2019. Disponível em: https:// conceitos.com/arvore-porfirio/. Acesso em: 10 dez. 2019. CONCEPT BOARD. Teresa Amabile e a criatividade. Concept Board, [s. l.], 15 jan. 2013. Disponível em: http://concept-board.blogspot.com/2013/01/v-behaviorurldefaultvmlo. html. Acesso em: 12 dez. 2019. COSTA, S. F. Ferramenta a serviço da inovação. Rumos. Rio de Janeiro, v. 23, n. 163, p. 22-23, ago. 1999. CUNHA, J. M. P. da. Migração e urbanização no Brasil: alguns desafios metodológicos para análise. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 4, p. 3-20, dez. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/spp/v19n4/v19n4a01.pdf. Acesso em: 11 dez. 2019. CUPANI, A. Fazer ciência em uma época marcada pela tecnologia. Revista Internacional Interdisciplinar Interthesis, Florianópolis, v. 11, n. 2, p. 1-14, dez. 2014. DAMÁSIO, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. DATTA, P. An agent-mediated knowledge-in-motion model. Journal of the association for information systems, [s. l.], v. 8, n. 5, p. 287- 311. 2007. 209 DAVENPORT, T. H. Ecologia da informação: porque só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1998. DE BONNO, E. O pensamento lateral. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002. DE CARVALHO, M. A; BACK, N. Rumo a um modelo para a solução criativa de problemas nas etapas iniciais do desenvolvimento de produtos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO, 2, 2000, São Carlos. Anais [...] São Carlos: UFSC, 2000. DEWEY, J. Logica: teoria dell'indagine. Torino: Giulio Einaudi, 1949. DELORS, J. (Org.). Educação um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da comissão internacional sobre educação para o século XXI. 7. ed., São Paulo: Editora Cortez, 2012. DIAS, Paulo Manoel. Barreiras que afetam o pensar criativo. Wegov, Florianópolis,14, jul. 2017. Disponível em: https://www.wegov.net.br/eliminando-barreiras-que-afetam-o- pensar-criativo/. Acesso em: 19 jun. 2020. DICKSON, D. Tecnología alternativa y políticas del cambio tecnológico. Madri: H. Blume, 1978. DINO. Vantagens da inovação aberta versus inovação fechada. Terra, Parceiros, [s. l.], 8 maio 2017. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/vantagens-da- inovacao-aberta-versus-inovacao-fechada,e00d6b7551eaf0a435d814f5df25475b46w kxfcc.html. Acesso em: 15 dez. 2019. EDUCADOR 360. O que são habilidades socioemocionais. Educador 360, Gestão Pedagógica, [s. l.], 25 set. 2018. Disponível em: https://educador360.com/pedagogico/ habilidades-socioemocionais/ Acesso em: 2 dez. 2019. ELIADE, M. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972. p. 11. ENDEAVOR BRASIL. Design Thinking: ferramenta de inovação para empreendedores. Endeavor, [s. l.], 2018. Disponível em: https://endeavor.org.br/tecnologia/design- thinking-inovacao/. Acesso em: 10 dez. 2019. 210 ÉSQUILO. Prometeu agrilhoado. Lisboa: Edições 70, 1992. FBB – FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL. Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004. Disponível em: https://www.oei.es/historico/salactsi/Teconologiasocial.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. FIGUEIREDO, M. L. Clima para criatividade nas organizações empresariais: construção e validação de instrumento. Revista Psicologia e Saúde, Campo Grande, v. 9, n. 1, p.1- 10, 27 abr. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpsaude/v9n1/v9n1a05. pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. The future of jobs: employment, skills and workforce strategy for the fourth industrial revolution. Genebra: World Economic Forum, 2016. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. FOX, J. Mel Rhodes: the man behind the four P's of creativity. ICSCrativity, [s. l.], 15 mar. 2012. Disponível em: http://facultyicsc.blogspot.pt/2012/03/mel-rhodes-man- behind-four-ps-of.html. Acesso em: 15 dez. 2019. FRANÇA, T. C. et al. Big social data: princípios sobre coleta, tratamento e análise de dados sociais. In: SBBD – SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 1., 2014, Porto Alegre. Anais [...]. Porto alegre: SBC, 2014. Disponível em: http://www.inf.ufpr.br/sbbd- sbsc2014/sbbd/proceedings/artigos/pdfs/127.pdf. Acesso em: 18 jun. 2020. FREIRE, P. de S. Engenharia da integração do capital intelectual nas organizações intensivas em conhecimento participantes de fusões e aquisições. 2012. 332 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. GALILEU. Origem da computação, máquina de Turing é construída em madeira. Revista Galileu, Tecnologia, São Paulo, 13 mar. 2018. Disponível em: https:// revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/03/origem-da-computacao- maquina-de-turing-e-construida-em-madeira.html Acesso em: 2 dez. 2019. GARCÊS, S. F. A multidimensionalidade da criatividade: a pessoa, o processo, o produto e o ambiente criativo no ensino superior. 2014. 211 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade da Madeira, Madeira, 2014. Disponível em: https://core. ac.uk/download/pdf/62478198.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019. GARDNER, H. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1994. 211 GASPARINI, C. A história secreta da criatividade. Exame, São Paulo, 28 jun. 2016. Disponível: https://exame.abril.com.br/ carreira/genialidade-e-um-conceito-ridiculo- diz-professor-do-mit/. Acesso em: 19 jun. 2020. GOIS, G. Motivação: uma análise do comportamento do indivíduo dentro das organizações. Administradores.com, João Pessoa, 18 ago. 2011. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/motivacao-uma-analise-do-comportamento- do-individuo-dentro-das-organizacoes. Acesso em: 12 dez. 2019. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. GOMES, W. B. Relações entre psicologia e filosofia: a psicologia filosófica. Museu Psi, Porto Alegre, 2010. Disponível em: www.ufrgs.br/museupsi/dicotomia.htm. Acesso em: 3 mar. 2020. GUERRA, P. B. de C.; JOLY, M. C. R. A. Investigando barreiras à criatividade com universitários ingressantes. Questões do Cotidiano Universitário, São Paulo, p. 123- 140, ago. 2005. HICKS, M. J. Problem solving in business and management. London: Chapman & Hall, 1991. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Inovação – PINTEC: o que é? IBGE, Rio de Janeiro, c2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/ estatisticas/multidominio/9141-pesquisa-de-inovacao.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 19 jun. 2020. JESSOP, J. L. Expanding our student’s brainpower: idea generation and critical thinking skills. IEEE Antennas and Propagation Magazine, [s. l.], v. 44, n. 6, p. 140-144, 2002. JOHNSON, S. De onde vêm as boas ideias: uma história natural da inovação. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.KIANE, R. Inovação e inovatividade. Qual a diferença? Via, Florianópolis, 12 fev. 2019. Disponível em: http://via.ufsc.br/inovacao-inovatividade/. Acesso em: 15 dez. 2019. KILIAN, A. P. V. O processo de geração de ideias fundamentado no pensamento lateral: uma aplicação para mercados maduro. 2005. 176 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/103005/222444. pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 2 dez. 2019. KIRTON, M. J. Adaptation-innovation: a description and measure. Journal of apllied Psychology, [s. l.], v. 61, n. 5, p. 622-629, out. 1976. 212 KÖCHE, J. C. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. KOTLER, P; KELLER, K. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2012. Disponível em: https://docero.com.br/doc/x51081. Acesso em: 19 jun. 2020. LAFS. Gestão da criatividade e inovação nas empresas: entenda como fazer! Lafs Contabilidade, Rio de Janeiro, 7 maio 2019. Disponível em: https://www. lafscontabilidade.com.br/blog/gestao-da-criatividade-e-inovacao-nas-empresas- entenda-como-fazer/. Acesso em: 2 dez. 2019. LOBO, F. L. Platão e Aristóteles. Brasil Escola, [s. l.], 2013. Disponível em: https:// monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/platao-aristoteles.htm. Acesso em: 26 dez. 2019. LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Coleção os pensadores). LÓPEZ, A. I. J. Inovação na indústria criativa: um estudo em consultorias de design. 2015. 143 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. MACIEL, W. Epistemologia. Infoescola, [s. l.], 2018. Disponível em: https://www. infoescola.com/filosofia/epistemologia/ . Acesso em: 21 nov. 2019. MAGALHÃES, P. Inovação colaborativa: aprenda a ter boas ideias em conjunto. Trello, [s. l.], 16 abr. 2018. Disponível em: https://blog.trello.com/br/inovacao-colaborativa. Acesso em: 15 dez. 2019. MAMONE, F. C. As competências socioemocionais e sua importância para os processos de aprendizagem escolar. Conquista Solução Educacional, [s. l.], 2018. Disponível em: http://solucaoconquista.com.br/wp-content/uploads/2018/09/ Compet%C3%AAncias-Socioemocionais.pdf. Acesso em: 2 dez. 2019. MARTINS FILHO, V. Design thinking e a criação de ativos do conhecimento na atividade docente. 2016. 312 f. Tese (Doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/174916. Acesso em: 10 maio 2018. MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. 9. ed. São Paulo: Palas Athena, 2011. 288 p. 213 MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana a revolução digital. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MEIRELES, M. Ferramentas administrativas para identificar, observar e analisar problemas. 2. ed. São Paulo: Villipress, 2001. MENEGHETTI, F. K. Pragmatismo e os pragmáticos nos estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.br, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 1-13, mar. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cebape/v5n1/v5n1a05.pdf. Acesso em: 3 jan. 2020. MONGE, K. O que é criatividade. Mistura de tudo, São Paulo, 11 set. 2009. Disponível em: http://misturadetudo1.blogspot.com/2009/09/o-que-e-criatividade.html. Acesso em: 15 dez. 2019. MOTA, V. F. Design para inovação: um diálogo possível. Techoje, Belo Horizonte, 2008. Disponível em: http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1561. Acesso em: 3 jan. 2020. MOURA, F. I. R. de. Design innovation: proposta de uma abordagem de gestão da inovação. 2019. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Inovação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019. Disponível em: https:// repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/26907/1/DesigninNovationProposta_ Moura_2019.pdf. Acesso em: 5 jan. 2020. NARCIZO, R. B. et al. Variações conceituais nas definições de inovação ao longo das últimas décadas: uma análise da literatura. In: EGEPE. ENCONTRO DE ESTUDOS SOBRE EMPREENDEDORISMO E GESTÃO DE PEQUENAS EMPRESAS, 7., 2012, Florianopolis. Anais […]. Florianopolis: UDESC, 2012. p. 3787-3801. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 358 p. OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD, 2015. p. 57-58. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e- financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 27 out. 2019. OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Manual de Frascati: metodologia proposta para definição da pesquisa e desenvolvimento experimental. São Paulo: F – Iniciativas, 2013. 214 OCDE – ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: OECD, 1997. Disponível em: https://www.finep.gov.br/images/apoio-e- financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 27 out. 2019. OLIVA, G.; SILVA, F. P. da. Ciência e inovação. Revista Usp, São Paulo, v. 93, n. 1, p. 59-68, maio 2012. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/ view/45002/48615. Acesso em: 2 jan. 2020. OLIVEIRA, Z. M. F. de. Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 27, n. 1, p. 83-92, mar. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/estpsi/v27n1/v27n1a10.pdf. Acesso em: 27 out. 2019. OLIVIERI, A. C. Conhecer o mundo: mitologia, religião, ciência, filosofia, senso comum. UOL Educação, Filosofia, [s. l.], 2010. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/ disciplinas/filosofia/conhecer-o-mundo-mitologia-religiao-ciencia-filosofia-senso- comum.htm. Acesso em: 8 nov. 2019. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business model generation. New Jersey: John Wiley & Sons, 2010. PASSEIWEB. Introdução à filosofia: 1 origem e definição. Passeiweb, Filosofia, 15 abr. 2010. Disponível em: https://www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/filosofia/ definicao. Acesso em: 12 dez. 2019. PATI, C. 10 competências de que todo profissional vai precisar até 2020. Exame, São Paulo, 22 jan. 2016. Disponível em: https://exame.abril.com.br/carreira/10- competencias-que-todo-professional-vai-precisar-ate-2020/. Acesso em: 12 jan. 2020. PERIARD, G. Tudo sobre a teoria dos dois fatores de Frederick Herzberg. AS – Sobre Administração, Rio de Janeiro, 15 ago. 2011a. Disponível em: http://www. sobreadministracao.com/tudo-sobre-a-teoria-dos-dois-fatores-de-frederick- herzberg/. Acesso em: 5 dez. 2019. PERIARD, G. Tudo sobre as teorias x e y de Douglas McGregor. AS – Sobre Administração, Rio de Janeiro, 2 ago. 2011b. Disponível em: http://www. sobreadministracao.com/tudo-sobre-as-teorias-x-e-y-de-douglas-mcgregor/. Acesso em: 5 dez. 2019. PESQUISAR ESCOLA. Mitologia grega: os mitos gregos e sua influência na cultura ocidental. UOL Educação, História Geral, [s. l.], c2019. Disponível em: https://educacao. uol.com.br/disciplinas/historia/mitologia-grega-os-mitos-gregos-e-sua-influencia- na-cultura-ocidental.htm. Acesso em: 20 nov. 2019. 215 PIAGET, J. Psicologia da primeira infância. In: KATZ, D. Psicologia das idades. São Paulo: Manole, 1988. PIKETTY, T. O Capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. PINHEIRO, I. R. Criatividade e gestão da inovação contínua em design: uma proposta metodológica. 2016. 222 f. Tese (Doutorado em Design) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufsc. br/xmlui/bitstream/handle/123456789/172561/343745.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 2 jan. 2020. PINKER,