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CONHEÇA SEU LIVRO P P leia sumários e resumos, que são importantes auxiliares para perceber como o texto está organizado e quais são as relações entre suas partes. Procure o objetivo da unidade e a relevância do tema na seção Discutindo a História. Examine o Sumário e o Esquema-resumo (seção Para recordar) antes de começar o estudo da unidade para ter uma ideia geral do assunto. Após a leitura, retome o Esquema-resumo e realize a atividade sugerida. P procure pistas sobre a organização do texto e o tratamento do assunto. Observar o que se destaca na página também é importante para perceber a estrutura geral do capítulo ou da unidade: títulos e subtítulos em letras coloridas, grandes ou pequenas são pistas sobre o que é considerado importante. Uma diferença de tamanho indica relação: o item menor está ligado ao item maior — ou está incluído nele ou é um exemplo dele. As imagens, mapas, esquemas e boxes ilustram aspectos importantes ou complementam informações. Por isso, também podem dar boas pistas sobre a organização do todo e a importância das informações. P pergunte! Inicie a leitura com alguma questão em mente, algo que você queira saber e que acha que o texto responderá. Olhe as imagens e mapas, pois eles podem despertar sua curiosidade e sugerir perguntas. Pense no que já sabe sobre o assunto e no que mais gostaria de conhecer. Caso nenhuma pergunta lhe venha à cabeça, comece a ler refletindo sobre aquelas propostas na seção Para pensar historicamente. Logo você estará formulando as próprias questões, que lhe servirão de guia na sua leitura. 150 PARA ENT ENDER NOSSO TEMPO: O SÉC ULO XIX Para aumentar os lucros, elev ou-se a especia liza- ção do trabal ho. Isso represe ntou a alienaçã o do traba- lhador em relaç ão a sua ativida de. Enquanto n a Antigui- dade ou na Ida de Média o art esão conhecia o processo de produção in teiro, realizand o ele mesmo to das as eta- pas, o operário moderno perd eu o controle d o conjunto da produção. P assou a ser resp onsável por ap enas uma parte do ciclo produtivo de u ma mercadoria , ignoran- do os procedim entos técnicos envolvidos. Al ém disso, recebendo um salário em troc a da atividade mecânica realizada, o ope - rário alienav a o seu trabalh o aos capitalista s, transformando - -o em merca - doria sujeita a o mercado. Novas forma s de trabalho A industrializa ção gerou sign ificativas trans for- mações em qu ase todos os s etores da vida humana. Na estrutura s ocioeconômic a, deu-se a sep aração de- finitiva entre o capital, repres entado pelos d onos dos meios de prod ução, e o traba lho, representa do pelos assalariados. N a maior parte dos casos, elim inou-se a antiga organiz ação corporati va da produçã o utilizada pelos artesãos . Os trabalhado res já não eram os donos das fer- ramentas e má quinas, passan do a viver da ú nica coisa que lhes perten cia: sua força d e trabalho, tran sformada em mercadoria e explorada ao máximo. Para enfrentar o quadro socia l da nova ordem industrial, ass ociaram- -se em organiz ações como as trade unions (s indicatos). p Laminadores de ferro, de A. V on Mozel, 1875. Esta pintura do final do século XIX retrata o pe sado trabalho n uma lamina- ção de ferro, co m o ambiente h ostil, sujo e que nte de uma siderúrgica. alienação: conc eito aplicado po r Karl Marx em seus e scritos, segundo o qual o trabalho esp ecializado que carac- terizou a indus trialização “alie nou” o operário, ou seja , separou-o do p roduto de seu trabalho . O trabalhador , desse modo, em vez d e realizar-se pe lo tra- balho, se des umanizava, exe rcendo suas tarefas me canicamente. p A atividade a rtesanal medie val e a indústri a do século XIX representam e struturas prod utivas bem dif erentes. Em cima, iluminura de 1390 mostra ndo artesãos: p equena pro- dução, trabalha dores donos do s meios de pro dução e dos frutos de seu t rabalho, habilid ade criativa e p rodutiva. Na foto inferior, de 1881, trabalho industrial nos Estados Uni- dos: operários, grande produç ão, assalariado s, sujeição à máquina e alien ação. A industrializ ação estabele ceu a suprem acia burguesa na o rdem econômi ca, isto é, toda a estrutu- ra produtiva e stava voltada p ara atender ao s interes- ses de lucro da burguesia. Ao mesmo tempo , acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a for mação da classe operária – ou proletari ado. Inaugurav a-se uma nova época, na qual a política , a ideologia e a cultura gravitariam en tre dois polos: a burguesia in dustrial e o proletariado . Estavam fixad as as bases do progresso tec no- lógico e cientí fico, visando à invenção e ao aperfei- çoamento con stantes de nov os produtos e técnicas para o maior e melhor desem penho industr ial. Defi- niam-se tamb ém as condiçõ es para o imp erialismo colonialista e o confronto en tre burguesia e proleta- riado, que iria m definir as d écadas seguin tes da his- tória europeia e mundial e aju dar a formar as ba ses do mundo c on- temporâneo. R e p ro d u ç ã o /B il d a rc h iv P re u s s ic h e r K u lt u rb e s it z, B e rl im , A le m a n h a . R e p ro d u ç ã o /M u s e u B ri tâ n ic o , L o n d re s , In g la te rr a . B e tt m a n n /C o rb is /L a ti n s to ck 50 EUROPA, O CENTRO DO MUNDO Arte e tecnologia4 CAPÍTULO p Desenho de Leonardo da Vinci, de cerca de 1508. R e p ro d u ç ã o /G a le ri a N a c io n a l, P a rm a , It á li a . Cultura, arte e tecnologia Você já parou para pensar no que é arte? E tecnologia? Se usarmos um conceito amplo de cultura, tanto a arte quanto a tecnologia expressam a cultura de um povo ou de um conjunto de povos. Antes do processo de integração do mundo pelas navegações e pelo comércio mundial europeu, as sociedades mais ou menos isoladas entre si desenvolveram arte e tecnologia de forma paralela. De maneira simplificada, tecnologia é o conjunto de conhecimentos práticos sobre como utilizar os ambientes físicos e seus recursos mate- riais (plantar, colher, fabricar ferramentas, da pedra lascada ao aço, da canoa à estação orbital). Para se adaptar ao meio ambiente, o ser humano busca tecnologias específicas e necessárias em diferentes regiões e dife- rentes épocas. Além de produzir bens de utilidade evidente, o ser humano também busca expressar no que produz seus sentimentos diante da vida. E aí se destaca a arte, que, como já se disse, é a tradução da beleza, ou o que vai além dela. Temos a arte que busca reproduzir a aparência do visível (a grega, por exemplo) e a arte que interpreta e representa o que se capta do mundo como sua essência (alguns grupos étnicos africanos e nativos americanos, por exemplo). Todas as culturas possuem tecnologia e arte, e expressam caracte- rísticas próprias de sua época e sociedade. Pense em alguns exemplos de arte e tecnologia de diferentes povos, em diferentes épocas. PARA PENSAR HISTORICAMENTE Discutindo a História 10 EUROPA, O CENTRO DO MUNDO p Escultura encontrada na cidade maia de Copán, localizada no atual territó-rio de Honduras. Z é Z u p p a n i/ P u ls a r Im a g e n s Anjo com cálice de fel, es-cultura atribuída a Aleijadi-nho, presente na Igreja do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais. P HISTÓRIA DO BRASIL E HISTÓRIA GERAL: DUAS HISTÓRIAS? A partir desta unidade, você estudará a história do Brasil mesclada à de outras partes do mundo, principalmente Europa e Américas. Não se trata de dois níveis de uma mesma história, mas de construções sobre vários povos e até civilizações diferentes.O estudioso apropria-se do passado, escolhendo o que e como nar- rar. Assim, a história universal (ou mundial, ou geral) com que temos con- tato hoje é umaconstrução baseada no trabalho intelectual de centenas de historiadores, filósofos e outros pesquisadores, principalmente euro- peus, durante a Idade Moderna e Contemporânea. A história do Brasil, da mesma forma, é uma construção feita por intelectuais brasileiros e estrangeiros que se dedicaram a esse estudo, principalmente nos séculos XIX e XX. A periodização e a “regionalização” da história (ou seja, história da América, da Inglaterra, de Ouro Preto, por exemplo; a divisão e o enfo- que em séculos, décadas passadas ou ontem...) constituem técnicas de estudo, formas de organizar e abordar um assunto. São recortes que evi- denciam escolhas, e não uma constatação de que os eventos, na prática, organizaram-se dentro daquela periodização ou tiveram efeito apenas na regionalização cria-da ou escolhida. Por isso, ao fazer uma história do Brasil, é impossível trabalhar com todos os assuntos referentes a essa regiona-lização. Ao optar por certo ponto de vista histórico, os estudiosos selecio-nam eventos e processos que conside-ram fundamentais, e, desse modo, muitos outros ficam excluídos, principalmente no que se re-fere aos grupos ou projetos dominados, derrotados ou abandonados.Nesse ponto, são necessários alguns cuidados. A história universal é uma construção que advém do con- texto de afirmação da Europa como centro do mundo, e a história do Brasil também nasce, inicialmente, para a afirmação da nação que se constituía no começo do século XIX. Por isso, denominar a região que viria a ser o Brasil como “Brasil colônia” é impróprio e vem dessa necessidade de afirmação nacional. H e n ry Y u/A cervo do fotógrafo Europa, o centro do mundo CAPÍTULO 1 A expansão europeia CAPÍTULO 2 A colônia portuguesa na América CAPÍTULO 3 A diáspora africana CAPÍTULO 4 Arte e tecnologia CAPÍTULO 5 O cristianismo em transformação CAPÍTULO 6 O caminho das monarquias europeias CAPÍTULO 7 América portuguesa: expansão e diversidade econômica CAPÍTULO 8 A América espanhola e a América inglesa CAPÍTULO 9 Apogeu e desagregação do sistema colonial CAPÍTULO 10 O Iluminismo e a independência das colônias inglesas da América do Norte p Torre de Belém, localizada junto ao Porto de Lisboa, na margem direita do Rio Tejo. Foto de 2011. No detalhe, réplica da nau Santa Maria, que fez parte da esquadra de Cristóvão Colombo em 1492. 1 UNIDADE A lf re d o D a g li O rt i/ T h e A rt A rc h iv e /O th e r Im a g e s /C o le ç ã o p a rt ic u la r F re d e ri c S o lt a n /C o rb is /L a ti n s to ck 98 96 EUROPA, O CENTRO DO MUNDO • litoral • França Antártica (RJ) • França Equinocial (MA) saques Salvador Insurreição Pernambucana 1750: Tratado de Madri presença estrangeira no Brasil 1621: Companhia das Índias Ocidentais drogas do sertão pecuária expedições holandeses nas Antilhas: crise e declínio nordestino domínio holandês força busca por mão de obra indígena vínculos com a empresa açucareira presença portuguesa a oeste do limite de Tordesilhas bandeiras ouro ocupação do interior e ampliação das fronteiras PARA RECORDAR: As disputas europeias pela colônia portuguesa na América ATIVIDADE • Com base no esquema-resumo e nas questões trabalhadas ao longo do capítulo, responda: a) Aponte o contexto (local, período e motivações) das incursões estrangeiras na colônia. b) Quais as principais atividades econômicas desenvolvidas durante o período colonial? escravos indígenas Pernambuco França Inglaterra Países Baixos (Holanda) 222 PARA ENTENDER NOSSO TEMPO: O SÉCULO XIX A ll m a p s /A rq u iv o d a e d it o ra ∏ Abraham Lincoln, em foto de 1865. Cinco dias após a rendição dos con- federados, em 14 de abril de 1865, Lincoln foi assassinado por um fa- nático sulista. p As acentuadas desigualdades entre os estados do norte e os do sul desencadearam a Guerra de Secessão norte- -americana. O mapa mostra, com a divisão política atual, a posição que os estados adotaram no conflito. 110º OGuerra de Secessão A VISÃO DOS CONFEDERADOS De família aristocrática do sul, Jefferson Davis (1808-1889) era escravagista e separatista. O trecho abaixo fez parte do seu discurso no congresso Confederado, em 1861, que o elegeu presidente dos Estados Confederados da América. Mesmo com o fim da guerra e a derrota do sul, continuou defendendo a secessão sulista. Sentimos que a nossa causa é justa e sagrada; solene- mente proclamamos, para todo o gênero humano, que deseja- mos a paz ao preço de qualquer sacrifício, menos o da honra e da independência. Não procuramos conquista alguma, nem enaltecimento, nem concessão alguma de qualquer espécie dos Estados dos quais faz pouco tempo éramos confederados. Tudo o que pedimos é sermos deixados em paz; que aqueles que nunca mandaram em nós agora não tentem subjugar-nos pela força das armas. C o rb is /L a ti n s to ck A da pt ad o de : A TL A S H is tó ri a do m un do . S ão P au lo : F ol ha d e S. Pa ul o, 1 99 5. p . 2 18 . Em meio à guerra, Lincoln assinou um decreto que determinava a liberta- ção dos escravos apenas nas áreas rebeldes. Somente em 1865, com a completa vitória militar nortista, foi aprovada uma emenda à Constituição proibindo a escravidão em todo o país. Outras duas emendas (de 1868 e 1870) determinaram importantes conquistas legais: a garantia de igual proteção das leis e dos proces- sos judiciais para todos os cidadãos dos Estados Unidos e o direito de voto para todos, sem exceções motivadas por “raça, cor ou prévio estado de servidão”. (Emenda XIV, Constituição dos Estados Unidos da América, 1870). Na prática, porém, os 4,5 milhões de libertos não alcançaram plena- mente os mesmos direitos que o restante da população americana. Man- teve-se a segregação social e política que motivaria constantes lutas e radicalismos. Jefferson Davis, primeira fala ao Congresso dos Estados Confederados da América, 1861. Apud EISENBERG, P. L. A guerra civil americana. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 7. P P P 6 HGB_v2_PNLD2015_001a007_Iniciais.indd 6 3/21/13 2:46 PM P Aprenda a conviver com o desconhecido. Não deixe que o vocabulário atrapalhe sua leitura. Ao encontrar uma palavra cujo significado você ignora, continue lendo, porque se ela for fundamental ao entendimento do texto provavelmente será definida ou estará no glossário. Por exemplo, você está lendo sobre a crise do feudalismo, e encontra a palavra “cruzadista”: “[...] movimento cruzadista, que contou com a participação de inúmeros cavaleiros de quase toda a Europa.” Se você já tiver examinado a organização do capítulo, terá visto que há uma seção com o subtítulo o movimento cruzadista. Assim, continue lendo e encontrará a explicação de “cruzada”, que o ajudará a entender a palavra “cruzadista”: As cruzadas foram expedições principalmente militares, organizadas pela Igreja, com o objetivo de reconquistar a região da Palestina... P preste atenção aos textos da seção Exercícios de História, escritos por historiadores, jornalistas, cronistas, romancistas, filósofos e pessoas comuns, que escreveram cartas, registraram listas de compras, só que há séculos, razão pela qual seus textos adquirem valor histórico e são considerados documentos. Por isso, é importante começar a leitura buscando quem é o autor, quem está escrevendo. Isso ajudará a determinar de quando é o texto, se apresenta fatos ou opiniões, se apresenta situações imaginárias. O CRISTIANISMO EM TRANSFORMAÇÃO 71 2 Leitura de texto e análise de imagem O texto a seguir destaca algumas das conclusões de um estudo sobre o processo de conversão dos indíge- nas ao cristianismo. Leia-o, analise a imagem e responda às questões propostas.O processo de evangelização dos índios brasileiros não se deu de forma efetiva, como fora planejado pelas ordens religiosas que aqui se instalaram no período colonial. O fracassoparcial do pro- jeto de conversão dos gentios ao cristianismo deveu-se menos à resistência imposta pelas diversas etnias presentes nos estados do Brasil e Grão-Pará e Maranhão e mais a fatores culturais. [...] [...] Os religiosos demonstravam desconforto com a repetição de rituais pagãos entre homens e mulheres que já se consideravam cristãos. “Já havia três gerações de índios cristãos, mas os ri- tuais baseados no universo cosmológico continuavam, conforme relatado nos documentos a que tive acesso”, diz Carvalho Júnior. [...] Para o historiador, uma leitura atenta desses relatos revela a diferença entre a projeção feita pelos inquisidores e a articu- lação que as populações indígenas faziam entre as simbologias cristã e cosmológica. “As atividades eram descritas como demo- níacas, mas quando olhadas com mais cuidado, elas lembram rituais indígenas anteriores”, sustenta. Carvalho Júnior também localizou acusações contra a índia Sabina, personagem histórico relativamente conhecido. Segundo as descrições dos comissá- rios, a despeito de fazer orações cristãs e frequentar a Igreja, ela reproduzia rituais indígenas, como sugar a doença pela boca, defumar a moradia ou administrar plantas medicinais. “Sabina não chegou a ser presa, pois gozava de certo prestígio junto às autoridades portuguesas, algumas delas suas clientes. Elas jus- tificavam a condescendência dizendo que a índia não fazia feitiço, mas sim o retirava”, esclarece o especialista.A preservação dos costumes originais, no entender do historia- dor, foi a principal responsável pelo insucesso parcial do projeto evangelizador das ordens religiosas. [...] Na verdade, esses índios não resistiam propriamente ao processo de evangelização. Eles apenas buscavam nos rituais cosmológicos referências para po- der traduzir o que estavam aprendendo. Eles se sentiam efetiva- mente cristãos, mas esse cristianismo tinha que fazer sentido. E para conferir sentido ao cristianismo, eles o articulavam com a simbologia anterior”, argumenta Carvalho Júnior.ALVES FILHO, Manuel. Tese mostra como os índios recriaram padrões religiosos da catequização. Disponível em: <www.unicamp.br/unicamp/ unicamp_hoje/jornalPDF/ju288pag05.pdf>. Acesso em: 4 set. 2012. R e p ro d u ç ã o /M u s e u N a c io n a l d a D in a m a rc a , C o p e n h a g u e , D in a m a rc a . a) De acordo com o estudioso Almir Carvalho Júnior, por que as práticas indígenas que poderiam ser consideradas um exemplo de resistência ao processo de evangelização revelam adaptações e perma- nências culturais? b) Por que podemos dizer que a aceitação das práticas da nativa Sabina pelas autoridades metropolitanas e eclesiásticas revelava uma flexibilidade na aplicação dos modelos europeus na colônia? c) Observe as duas imagens de Albert Eckhout e descreva os sinais de europeização e os de permanência de traços culturais nativos. O pintor neerlandês Albert Eckhout fez parte da comitiva de Maurício de Nassau e retratou as populações e a paisagem da região nordeste do atual território brasileiro, durante o século XVII. Em cima, Mamelu- ca, de 1641; à direita, Homem Tapuia, de cerca de 1641. P R e p ro d u ç ã o /M u s e u N a c io n a l d a D in a m a rc a , C o p e n h a g u e , D in a m a rc a . O CRISTIANISM O EM TRANSFO RMAÇÃO 65 Suíça: a Refo rma calvinist a A Suíça separ ou-se do Sacro Império em 1 499, e a Reforma p rotestante inic iou-se em seu território com Ulrich Zw inglio (1489-1 531), que levou as ideias de Lutero ao p aís em 1529. As reações à nova doutrina provocaram u ma violenta g uerra civil, na qual o próprio Zwing lio foi morto. Pouco depois, chegou a Genebra o fran cês João Calvi no (1509-1564 ), que logo passou a divu lgar suas ideia s, fundando u ma nova corrente religio sa. As ideias de Ca lvino fundame ntavam-se no p rin- cípio da prede stinação abs oluta, segundo o qual to- dos os homens estavam sujei tos à vontade de Deus, e apenas alguns estariam dest inados à salvaç ão eterna. O sinal da graç a divina estari a em uma vida plena de virtudes, como o trabalho di ligente, a sobr iedade, a ordem e a parc imônia. Dessa forma, a dout rina calvi- nista exaltava características individuais ne cessárias às práticas com erciais. Suas id eias, portanto, estavam mais próximas dos valores bu rgueses. Inspirado em L utero, Calvino considerava a B íblia a base da relig ião, não sendo necessária seq uer a exis- L u c a s C ra n a ch /A lb u m /a k g -i m a g e s /L a ti n s to ck tência de um cl ero regular. Crit icava o culto às imagens e admitia apenas os sacramento s da eucaristia e batismo. O calvinismo e xpandiu-se rap idamente por toda a Europa, mai s do que o lut eranismo, na m edida em que atendia às expectativas e spirituais da b urguesia. Assim, chegou aos Países Bai xos e à Dinam arca, além da Escócia (lev ado por John K nox), cujos seg uidores fo- ram chamado s de pres- biterianos, d a França (huguenotes) e da In- glaterra (purit anos). diligente: dedi cado, ativo. parcimônia: con tenção nos gastos. Da mão de Deus tens tu o que pos suis. Tu, porém, d everias usar de humanida de para com aque les que padecem n ecessidades. És rico? Isso não é para teu bel pra zer. Deve a carida de faltar por isso? Deve ela dim inuir? Não está el a acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da pe rfeição? CALVINO, João. Se rmão CXLI sobre D t 24.19-22. Opera Calvini, tomo XXVI II, p. 204. O PENSAMEN TO DE CALVIN O p Xilogravura feita por Crana ch e Giovante (c erca de 1545). C ranach era don o de uma prens a, e distribuiu 1 milhão de cópi as das 95 teses de Lutero. A figur a representa, à esquerda, a Igr eja de Lutero e , à direita, a Igr eja católica. A I greja protestan - te tem Lutero a pontando o sac rifício de Cristo inspirado no E spírito Santo (p omba). Quase n o centro, abaix o, está a pia de batismo e, mai s abaixo, dois fi éis que comung am, ressaltand o os dois sacra mentos conser vados pelos lut eranos. No lado católico do púl pito, um sacerd ote faz suas pr egações tendo atrás de si, am parando-o, um demônio. Emb aixo, à direita, o papa recolhe s acos de dinheir o. No alto, São Francisco imp lora a Deus, e o “Pai Eterno”, d esprezando tan ta superstição e atuações inde vidas, lança rai os fulminantes de punição sob re clérigos. P relacione o que você lê ao que você já sabe, ao que está aprendendo em outras disciplinas, à sua experiência cotidiana. Para isso, dê especial atenção aos boxes sinalizados com o ícone interdisciplinar. Eles permitem que você utilize o livro como fonte preciosa de documentos e informações que podem ser usados para refletir sobre o mundo que você conhece e sobre o conteúdo de outras disciplinas. Como seria a vida do físico Newton, cujas leis você está estudando em Física? Sem os conhecimentos que possuímos hoje em Biologia, seria possível deter epidemias como a da peste negra? P 7 ARTE E TECNOLOGIA 59 1 Observação de imagem e elaboração de texto Examine as imagens ao lado e a seguir, e depois faça o que se pede. EXERCÍCIOS DE HISTÓRIA E ri ch L e s s in g /A lb u m /L a ti n s to ck /B ib li o te c a N a c io n a l, P a ri s , F ra n ç a . A Anunciação, iluminura de um manuscrito francês do século XIV. P ∏ A Anunciação, afresco do mosteiro do- minicano de São Marcos, Florença (Itá- lia). Essa pintura foi feita por Fra Ange- lico, em cerca de 1450. E ri ch L e s s in g /A lb u m /L a ti n s to ck /M u s e u d e S ã o M a rc o , F lo re n ç a , It á li a . T h e B ri d g e m a n A rt L ib ra ry /G e tt y I m a g e s /G a le ri a U ff iz i, F lo re n ç a , It á li a . A Anunciação, pintura de Leonardo da Vinci, de 1472-1475, restau- rada recentemente.P a) As três imagens, pintadas em mo- mentos diferentes, representam a mesma cena bíblica: a Anunciação da Virgem Maria. Faça uma com- paração entre elas, identificando suas semelhanças e diferenças. b) Busque nos quadros de Fra An- gelico e Leonardo da Vinci carac- terísticas típicas da arte renas- centista que os diferenciam da arte medieval. Este ícone indica Objetos Educacionais Digitais relacionados aos conteúdos do livro. 7 HGB_v2_PNLD2015_001a007_Iniciais.indd 7 3/21/13 2:46 PM 1 unIdade F r e d e r ic S o lt a n /C o r b is /L a ti n s to c k 8 p torre de Belém, localizada junto ao Porto de Lisboa, na margem direita do rio tejo. Foto de 2011. no detalhe, réplica da nau santa maria, que fez parte da esquadra de cristóvão colombo em 1492. HGB_v2_PNLD2015_008a026_u1c01.indd 8 3/21/13 3:22 PM europa, o centro do mundo capÍtulO 1 a expansão europeia capÍtulO 2 a colônia portuguesa na américa capÍtulO 3 a diáspora africana capÍtulO 4 arte e tecnologia capÍtulO 5 O cristianismo em transformação capÍtulO 6 O caminho das monarquias europeias capÍtulO 7 américa portuguesa: expansão e diversidade econômica capÍtulO 8 a américa espanhola e a américa inglesa capÍtulO 9 apogeu e desagregação do sistema colonial capÍtulO 10 O iluminismo e a independência das colônias inglesas da américa do norte A lf re d o D a g li O rt i/ T h e A rt A rc h iv e /O th e r Im a g e s /C o le ç ã o p a rt ic u la r 9 HGB_v2_PNLD2015_008a026_u1c01.indd 9 3/21/13 3:23 PM Discutindo a história 10 EuroPa, o cEntro Do munDo p Escultura encontrada na cidade maia de copán, localizada no atual territó- rio de honduras. Z é Z u p p a n i/ P u ls a r Im a g e n s anjo com cálice de fel, es- cultura atribuída a aleijadi- nho, presente na igreja do Bom Jesus de matozinhos, em congonhas do campo, minas Gerais. P hIstórIa do brasIL e hIstórIa geraL: duas hIstórIas? A partir desta unidade, você estudará a história do Brasil mesclada à de outras partes do mundo, principalmente Europa e Américas. Não se trata de dois níveis de uma mesma história, mas de construções sobre vários povos e até civilizações diferentes. O estudioso apropria-se do passado, escolhendo o que e como nar- rar. Assim, a história universal (ou mundial, ou geral) com que temos con- tato hoje é uma construção baseada no trabalho intelectual de centenas de historiadores, fi lósofos e outros pesquisadores, principalmente euro- peus, durante a Idade Moderna e Contemporânea. A história do Brasil, da mesma forma, é uma construção feita por intelectuais brasileiros e estrangeiros que se dedicaram a esse estudo, principalmente nos séculos XIX e XX. A periodização e a “regionalização” da história (ou seja, história da América, da Inglaterra, de Ouro Preto, por exemplo; a divisão e o enfo- que em séculos, décadas passadas ou ontem...) constituem técnicas de estudo, formas de organizar e abordar um assunto. São recortes que evi- denciam escolhas, e não uma constatação de que os eventos, na prática, organizaram-se dentro daquela periodização ou tiveram efeito apenas na regionalização cria- da ou escolhida. Por isso, ao fazer uma história do Brasil, é impossível trabalhar com todos os assuntos referentes a essa regiona- lização. Ao optar por certo ponto de vista histórico, os estudiosos selecio- nam eventos e processos que conside- ram fundamentais, e, desse modo, muitos outros fi cam excluídos, principalmente no que se re- fere aos grupos ou projetos dominados, derrotados ou abandonados. Nesse ponto, são necessários alguns cuidados. A história universal é uma construção que advém do con- texto de afi rmação da Europa como centro do mundo, e a história do Brasil também nasce, inicialmente, para a afi rmação da nação que se constituía no começo do século XIX. Por isso, denominar a região que viria a ser o Brasil como “Brasil colônia” é impróprio e vem dessa necessidade de afi rmação nacional. H e n ry Yu/Acervo do fotógrafo HGB_v2_PNLD2015_008a026_u1c01.indd 10 3/21/13 3:23 PM