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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV 2 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com de Kelly de Souza Resende Pesquisa e Prática Pedagógica IV / de Kelly de Souza Resende. – Serra: Multivix, 2018. EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 1 - Educação e conhecimento 15 > FIGURA 2 - Pesquisa e investigação 16 > FIGURA 3 - Formação docente 19 > FIGURA 4 - Pilares da educação 20 > FIGURA 5 - Conhecimento x professor 22 > FIGURA 6 - Ensinar 23 > FIGURA 7 - Professor x dificuldades na rotina escolar 24 > FIGURA 8 - Didática 25 > FIGURA 9 - Professora e ações didáticas 26 > FIGURA 10 - Aula dinâmica 29 > FIGURA 11 - René Descartes 36 > FIGURA 12 - Representação da abordagem multidisciplinar 38 > FIGURA 13 - Representação da abordagem pluridisciplinar 39 > FIGURA 14 - Representação da abordagem interdisciplinar 40 > FIGURA 15 - Edgar Morin 42 > FIGURA 16 - Conhecimento Interdisciplinar 43 > FIGURA 17 - Representação da abordagem transdisciplinar: Teia do conhecimento. 44 > FIGURA 18 - União por meio de uma reta transversal 46 > FIGURA 19 - União dos saberes 49 > FIGURA 20 - Charles Chaplin 54 > FIGURA 21 - UNESCO 56 > FIGURA 22 - Os quatro pilares da educação 57 > FIGURA 23 - Saberes docentes 59 > FIGURA 24 - Pesquisa docente e discente. 61 > FIGURA 25 - Currículo significa caminho 65 > FIGURA 26 - Como ensinar? 68 > FIGURA 27 - Prova como instrumento de avaliação 69 > FIGURA 28 - Relação planejamento-avaliação 70 6 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 29 - Avaliação de competências 71 > FIGURA 30 - Relação entre PPP e projeto didático 76 > FIGURA 31 - Origem da pedagogia de projetos 77 > FIGURA 32 - Tipos de conteúdos, também difundidos pelos PCNs 78 > FIGURA 33 - Múltiplas inteligências 79 > FIGURA 34 - Escola e Projeto didático. 84 > FIGURA 35 - Vygotsky. 85 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO SUMÁRIO 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 1 CONHECENDO O COTIDIANO ESCOLAR PELA ÓTICA DA PESQUISA: REFLEXÕES E CRÍTICAS 14 1.1 CONHECENDO O COTIDIANO ESCOLAR PELA ÓTICA DA PESQUISA: REFLEXÕES E CRÍTICAS 15 1.1.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A DIDÁTICA 22 1.2 A DIDÁTICA E O PROFESSOR EM SALA DE AULA 28 CONCLUSÃO 32 2 INTERDISCIPLINARIDADE: ANÁLISE, REFLEXÃO E CRÍTICA 34 2.1 INTERDISCIPLINARIDADE: FUNDAMENTOS, CONCEITO E PERSPECTIVA CURRICULAR 35 2.1.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS 35 2.2 AS ABORDAGENS DO CONHECIMENTO 38 2.2.1 ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR 38 2.2.2 ABORDAGEMPLURIDISCIPLINAR 39 2.2.3 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR 40 2.2.4 ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR 44 2.3 CURRÍCULO E INTERDISCIPLINARIDADE 45 2.3.1 TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE 45 2.3.2 OS TEMAS TRANSVERSAIS 47 2.4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES 48 2.4.1 É MOMENTO DE MUDANÇA 48 2.4.2 A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR 50 CONCLUSÃO 51 3 ENSINO E PESQUISA SOB A ÓTICA DA EDUCAÇÃO POR COMPETÊNCIAS 53 3.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS 53 3.1.1 OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO 56 3.2 EDUCAR POR COMPETÊNCIAS 58 8 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4UNIDADE 5UNIDADE SUMÁRIO 3.3 OS SABERES DOCENTES 59 3.4 NOVAS PERSPECTIVAS DO PROFESSOR-PESQUISADOR 61 CONCLUSÃO 62 4 QUESTÕES DIDÁTICAS DO “EDUCAR POR COMPETÊNCIAS” 64 4.1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 64 4.2 QUESTÕES DIDÁTICAS DO “EDUCAR POR COMPETÊNCIAS” 65 4.2.1 QUESTÕES CURRICULARES 65 4.2.2 QUESTÕES METODOLÓGICAS 67 4.2.3 AVALIAR POR COMPETÊNCIAS 69 CONCLUSÃO 72 5 PROJETOS DIDÁTICOS COPARTICIPATIVOS 74 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 74 5.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS 75 5.2 A QUESTÃO DOS CONTEÚDOS 78 5.3 FORMAÇÃO INTEGRAL NA PERSPECTIVA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS 79 CONCLUSÃO 81 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 6UNIDADE SUMÁRIO 6 A REALIZAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS 83 6.1 A REALIZAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS 84 6.1.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS 86 6.1.2 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO 87 CONCLUSÃO 90 REFERÊNCIAS 91 10 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo à disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica IV. Nela, você estudará o cotidiano escolar e algumas questões que trazem mudanças nas práticas pedagógi- cas, como a abordagem do conhecimento interdisciplinar, a educação por habilida- des e competências e os projetos didáticos coparticipativos. O enfoque dado a essas questões é reflexivo e crítico, potencializando o exercício da relação professor-pesqui- sador. Para que seu estudo se torne proveitoso e prazeroso, esta disciplina foi organizada em 6 (seis) unidades, com temas e subtemas, atendendo aos objetivos do processo de ensino-aprendizagem. De modo geral, na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica IV, o papel do professor está em destaque nas análises e reflexões de cada tema, pois se entende que o do- cente é um transformador diante do ensino, e a sua ação diante da prática pedagó- gica poderá promover uma aprendizagem de qualidade ou não. Assim, é de grande importância o estudo dessa disciplina por entendermos que é nesse momento que devemos refletir diante do papel que você almeja exercer como futuro docente. Ao longo da disciplina, será destacada e promovida uma discussão partindo da contextualização das principais abordagens da ação pedagógica, da didática e da pesquisa dos métodos de ensino, bem como as implicações no processo de ensino- -aprendizagem. Por meio de análises críticas do processo de ensino e aprendizagem, esperamos suscitar reflexões destacando os vários enfoques específicos de cada tó- pico para, assim, realizar um bom curso. Para tanto, fique atento à leitura dos concei- tos, das metodologias de aprendizagem, dos exemplos que dialogam com a teoria e a prática pedagógica e também da abordagem crítica do papel do professor e da escola no cotidiano do aluno. Os materiais complementares, as dicas de estudo e as ferramentas que facilitam a sua aprendizagem nesse momento de estudo devem ser exploradas para que você siga a trilha de aprendizagem estruturada! Esperamos promover reflexões acerca do assunto e desejamos sucesso e bons estu- dos! 12 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVOS DA DISCIPLINA Ao final desta disciplina, esperamos que você: • Registrar a importância do cotidiano escolar pela ótica da pesquisa e da didá- tica na ação docente. • Demonstrar o conceito de interdisciplinaridade e a sua abordagem na prática. • Esclarecer a contribuição da pesquisa às questões pedagógicas e ao ensino de competências. • Identificar o ensino por habilidades e as abordagens práticas na sala de aula. • Identificar as concepções que envolvem o projeto didático coparticipativos. • Descrever a importância da utilização da educação por projetos. 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o cotidiano escolar pela ótica da pesquisa. > Analisar criticamente a pesquisa no ensino. > Analisar criticamente a pesquisa como ferramenta pedagógica. > Registrar a importância da prática pedagógica. > Descrever as concepções que envolvem a ação didática no ensino. > Identificar a importância da didática para a ação docente. UNIDADE 1 14 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1 CONHECENDO O COTIDIANO ESCOLAR PELA ÓTICA DA PESQUISA: REFLEXÕES E CRÍTICAS A concepção de pesquisa no ensino possui dois vieses: o primeiro apresenta a pes- quisa como uma ferramenta metodológica científica que proporciona um estudo empírico acerca de um tema; a segunda apresenta a pesquisa como um instrumento pedagógico a ser utilizado em contextos escolares a fim de proporcionar uma inves- tigação de temas. Esse instrumento objetiva realizar uma ligação entre o ensino e os diversos contextos, como, por exemplo, outras disciplinas, a prática e a sociedade. Dito de outra forma, através de uma pesquisa o professor poderá trabalhar temas de projetos instigando os alunos a buscarem significados para apresentarem em sala e, assim, estabelecer um diálogo entre o tema estudado e o processo de investigação dos alunos. É interessante perceber que tanto a pesquisa como instrumento pedagógico tanto a pesquisa como metodologia empírica podem ser aplicadas no cotidiano escolar dos anos iniciais. Basta que o professor saiba buscar insumos certos para trabalhar tais ações, e isso se dá por meio de aperfeiçoamento e estudos direcionados ao tema e à prática docente. Sabe-se que, quando o professor incita o aluno a tornar-se investigativo e a usar outros métodos de ensino contrários à pedagogia tradicional, o resultado da aprendizagem é mais prazeroso e de melhor qualidade. E quando falamos em tornar o ensino mais prazeroso e investigativo, podemos associar essa ação à prática pedagógica mediada por uma ação pedagógica lúdica, e isso corrobora com as premissas empregadas na didática. Então, quando se pensa em diversificar o processo de ensino, seja pela pes- quisa, seja por meios lúdicos, estamos falando também de didática, assunto este que será aprofundado na unidade. A princípio, porém, basta saber que a didática favorece o ensino e a aprendizagem do aluno. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Nesse sentido, acompanhe nesta unidade os aspectos fundamentais para se ter uma didática eficaz em sala deaula e aprofunde seu conhecimento na relação entre di- dática e ação docente. 1.1 CONHECENDO O COTIDIANO ESCOLAR PELA ÓTICA DA PESQUISA: REFLEXÕES E CRÍTICAS Em sociedades letradas, a escola tem um papel importante no processo de desen- volvimento, e isso ocorre por meio da formação, da qualificação, da construção do conhecimento e do aprendizado. Nesse sentido, vale lembrar que o conhecimento é passado de geração em geração para que se possa garantir o progresso da sociedade, e a forma como se ensina também é uma transmissão de conhecimento. FIGURA 1 - EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Assim, pode-se dizer que o modo como se ensina sofre influência de nossos ances- trais. Nesse contexto, podemos inferir que, no ambiente escolar, as influências exis- tem, mas como identificamos essa perspectiva na evolução do conhecimento até a sua aplicação no cotidiano escolar? Através de pesquisas e aportes teóricos, que 16 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO conduzem análises e reflexões críticas acerca do avanço da educação em nossa so- ciedade. Diante disso, faz-se necessário conceituar o que é pesquisa: É realizar um processo de investigação metódica e sistemática sobre aspectos específicos da realidade que se relacionam entre si e com os outros campos. Neste sentido, o conhecimento se constrói tanto pela via dedutiva, quanto in- dutiva. O essencial é ter a clareza de que é preciso compreender o fenômeno, desmistificá-lo e construir a essência, não como verdade pronta e acabada, mas como o conhecimento possível (expressão de sentir, pensar e agir num tempo e espaço determinados). Este caminho requer domínio teórico e me- todológico no tratamento com o objeto de investigação e deve ser rigoroso, dinâmico e reflexivo (COSTA, 1999, p. 17). Seguindo a ideia dessa autora, a pesquisa e a produção científica têm como objetivo aumentar os aportes teóricos e a divulgação do conhecimento científico a fim de ge- rar insumos para transformações sociais. Voltando ao questionamento anterior de como identificar aspectos marcantes na evolução do conhecimento até a sua influência no cotidiano escolar, podemos dizer que a escola e a prática docente são campos férteis para que pesquisas possam inves- tigar diversos conceitos, práticas, influências e processos pedagógicos. E justamente por ser um campo em ebulição é que qualquer mudança na escola pode refletir uma mudança na sociedade e vice-versa. Então, o que podemos refletir acerca do cotidiano escolar em uma perspectiva de pesquisa? Para se realizar uma pesquisa, é necessário ter uma situação-problema em que se direciona a sua resolução. Através de investigação, deve haver “o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respei- to dele” (ARAÚJO, 2010, p. 5). FIGURA 2 - PESQUISA E INVESTIGAÇÃO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Entende-se que realizar pesquisa vai além de solicitar ao aluno para fazer um estudo ou trabalho sobre algum tema, com a finalidade de ganhar pontos ao entregar a tare- fa. Essa situação abandona “a relação didático-pedagógica” existente em uma classe de aula. A pesquisa no cotidiano escolar possui sentidos e percepções que ultrapas- sam meras atividades pedagógicas; ela objetiva também direcionar a atuação docen- te. Vale, porém, ressaltar que o “professor tem que estar consciente da seriedade que envolve esse tipo de trabalho. Precisa também ter bem claro o propósito, o objetivo, a finalidade daquela pesquisa” (BAGNO, 2010 apud ARAÚJO, 2012). Agora, imagine a seguinte situação: um professor solicita à sua classe uma pesquisa sobre a flora e fauna brasileira com o objetivo de se elaborar um projeto de ciências apresentando a diversidade e os tipos de fauna e flora que estão extintos no território brasileiro ou que estão em processo de extin- ção. Para isso, podem existir duas atuações distintas entre dois professores: o primeiro direciona a turma, abre possibilidade para dialogar com outras disciplinas no decorrer da pesquisa, instiga a curiosidade, motiva a busca por conhecimento, disponibiliza insumos para que os alunos se direcionem em sua investigação, orienta-os quanto ao processo de pesquisa até o resultado final, que é conhecer a fauna e flora, a diversidade e os problemas envolvidos nesse contexto e auxilia a classe durante a elaboração do projeto de ciências sobre o assunto. O segundo professor detém o conhecimento, mas se limita a solicitar aos alunos que busquem e investiguem. A partir dessas duas situa- ções, é fácil identificar qual docente está em consonância com a pesquisa e prática pedagógica. Visivelmente, o primeiro docente está alinhado com o propósito de realizar a pesquisa no ambiente escolar. Diante do exemplo citado, você pode perceber que as ações dos professores são dis- tintas e que o primeiro docente é quem faz a mediação entre a pesquisa e o coti- diano escolar; além disso, na concepção de educação, é necessário dar autonomia para os alunos e, mesmo com o término da investigação, o debate sobre o tema deve continuar a fim de se garantir um estudo aprofundado do assunto. Essa prática dife- renciada é que favorecerá o desenvolvimento reflexivo e crítico, ou seja: 18 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Pesquisa escolar é uma atividade sistematizada e mediada entre sujeitos, pautada em instrumentos que propiciem a construção de conhecimentos e desenvolvimento da autonomia por meio de ações com características de re- flexão crítica que priorizam descobrir, questionar, analisar, comparar, criticar, avaliar, sintetizar, argumentar, criar (NININ, 2008 apud ARAÚJO, 2012). Diante do exposto, pode-se afirmar que a pesquisa não se limita apenas ao ato de pesquisar, mas, sim, em alcançar o desenvolvimento da aprendizagem no aluno. Se- gundo Araújo (2010, p. 6), “o professor deve aproveitar o dia-a-dia, as questões do momento do interesse do aluno e o que a mídia oferece, a fim de decidir o assunto da pesquisa”. Ao instigar o aluno, essa investigação torna-se um momento de prazer e favorece a concretização da pesquisa em si. Para saber um pouco mais sobre a pesquisa no cotidiano escolar, você pode assistir ao vídeo Pedro Demo fala sobre educação pela pesquisa, disponível na internet. A pesquisa nesse contexto é o “fundamento de toda e qualquer ciência; sem pesqui- sa não existe ciência”; assim, a finalidade da pesquisa é o desenvolvimento e transfor- mação da sociedade. Segundo a autora citada, muitos alunos se envolvem na ação investigativa e trazem grandes achados científicos e tecnológicos no Brasil e no mun- do. Além disso, ela serve para enriquecer o conhecimento do discente sobre determi- nado tema. Deve-se questionar se tais finalidades são alcançadas durante o processo de pesquisa; para isso, você é convidado a realizar uma reflexão crítica acerca do pro- cesso de pesquisa no cotidiano escolar. Alguns autores apontam que a pesquisa é “um elemento problematizador”. Diante desse contexto reflita: o que faz um professor que tem a sua formação ainda em ba- ses tradicionais promover uma transformação em seus alunos? E se a ação docente for baseada na “transmissão do conhecimento e na quantidade de informações”, o que motiva esse professor a desenvolver em seu aluno habilidades e competências que vão além de seu arcabouço teórico e pedagógico? 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICAIV SUMÁRIO FIGURA 3 - FORMAÇÃO DOCENTE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Para responder a esses questionamentos, Costa (1999, p. 19) afirma que se faz neces- sária uma constante atualização dos professores diante de sua prática pedagógica “a fim de que saia da qualidade de ministrador de aulas”; para isso ocorrer, deve se tornar um pesquisador de sua ação, buscar teorias e investigar a própria prática, man- tendo “um diálogo inteligente com a realidade”. Assim: A partir do momento em que o professor passar a (re)construir seu próprio projeto pedagógico; seus próprios textos científicos; seus próprios materiais didáticos, adaptados para cada turma; inovar sua prática didática; recuperan- do, constantemente, sua competência sem necessitar recorrer a “receitas” que não levam em consideração a particularidade de cada turma e série, verifica- mos que a proposta de Demo de se educar pela pesquisa possui suas valida- ções (COSTA, 1999, p. 20). Nesse sentido, a busca por pesquisas direcionadas à prática pedagógica favorece a formação docente; dito de outra forma, “a relevância da dimensão da pesquisa na prática pedagógica docente tende a contribuir para a formação de um professor competente, ainda na graduação” (COSTA, 1999, p. 20), que não se limite apenas a transmitir o conhecimento, mas que busque apreender sua ação a fim de alterar e transformar sua prática. 20 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Para saber um pouco mais sobre a construção do conhecimento no cotidia- no escolar e a atualização docente, você pode ler o livro A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento, do autor Edgar Morin, dispo- nível na internet. Corroborando com a ideia de Costa, Delors (2001) apresenta quatro pilares educacio- nais para se desenvolver habilidades e competências no cotidiano escolar; são eles; (i) aprender a conhecer, (ii) aprender a fazer, (iii) aprender a conviver e (iv) aprender a ser. Eles direcionam o aprendizado à “realização do ser humano, alcançada pela media- ção e pela ação concreta qualificada pelos conhecimentos” (ARAÚJO, 2010, p. 9-10). FIGURA 4 - PILARES DA EDUCAÇÃO Os quatro pilares da educação Aprender a conhecer fazer conviver ser Fonte: Elaborado pela autora. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Essa indicação de pilares volta-se para o efetivo desenvolvimento do ser humano atra- vés da mediação e da qualificação dos conhecimentos. Nesse contexto, a “pesquisa na escola é válida, desde o acompanhamento do professor de todo o processo de construção do conhecimento até o resultado final”, e não se restringe apenas à ação de busca do aluno. Para compreender um pouco mais sobre os quatro pilares da educação, você pode ler o texto Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, dis- ponível no site da UNESCO. Vale destacar também que a atuação do docente se torna determinante nesse pro- cesso, conforme afirma Araujo (2010, p. 11): A pesquisa, sendo compreendida como espaço para a construção de conhe- cimento novo, fundamentada no questionamento e na investigação, favorece o crescimento do indivíduo, tornando-o crítico e historicamente situado. Para isso, o professor tem que ser um profissional atuante, planejar as intervenções com precisão e organização em todas as etapas de desenvolvimento do pro- cesso de pesquisa (ARAÚJO, 2010, p. 11). Conforme explicitado, o planejamento docente é fundamental para a efetivação de novos conhecimentos. Assim, “cabe ao professor preparar questionamentos para faci- litar a atividade de pesquisa do aluno. Para isso, o professor precisa de conhecimentos teóricos que o ajudem a preparar questões dirigidas ao aluno” (ARAÚJO, 2010, p. 17). 22 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 5 - CONHECIMENTO X PROFESSOR Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Infere-se que o professor, nesse contexto, comanda o processo de construção do co- nhecimento. Ele possui aportes teóricos, prática pedagógica e conhecimento siste- mático acerca da aprendizagem. Posto isso, entende-se que a reflexão crítica diante da pesquisa no cotidiano escolar perpassa não somente pela ação de pesquisa reali- zada pelos alunos, mas, também, pela sua forma concreta de desenvolvimento e aná- lise da ação docente diante desse processo. Espera-se suscitar o debate para que a pesquisa seja um método transformador de conhecimento e da prática pedagógica. 1.1.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A DIDÁTICA A terminologia didática deriva da língua grega didaktiké e, em português, está re- lacionada à arte de ensinar, o que sem dúvida se torna um dos maiores desafios do professor no processo de aprendizagem. A didática estabelece uma relação entre a teoria e a prática pedagógica e torna-se fundamental para que a aprendizagem do aluno se concretize. Assim: A didática está intrinsecamente relacionada ao ato pedagógico composto pela aliança tríplice indissociável entre o planejamento, a execução e a avalia- ção, possibilitando a apropriação de ações e modos de agir e pensar a prática pedagógica (LUCKESI, 2011 apud SOUZA; SANTO, 2013). 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Diante disso, a ação docente é determinante para todo o processo de desenvolvimen- to e aplicação da didática dentro da sala de aula. Dessa forma, você pode perceber que essa “ação didática ocorre na relação ensino e aprendizagem” e para possibilitar uma “melhor compreensão e aplicação, são necessários subsídios teóricos e práticos, pois, ao tratar da ação docente a didática compreende também métodos que suge- rem organização de estratégias para o ensino” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 69). FIGURA 6 - ENSINAR Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Corroborando com essa ideia, Pura (2000) citado por Toniazzo (2009) apresenta o conceito de didática da seguinte forma: [...] Didática prática é aquela vivenciada pelos professores nas escolas a partir do trabalho prático em sala de aula, dentro da organização escolar, em re- lação com as exigências sociais. Esta não tem por compromisso comprovar os elementos teóricos estudados em livros ou experimentados em laborató- rios, mas tem em vista o aluno, seus interesses e necessidades práticas (PURA, 2000 apud TONIAZZO, 2009). Compreende-se então que os procedimentos ligados à didática na ação pedagógica indicam uma sistematização de táticas para a aplicação do ensino. Nesse contexto, Martins (2006, p. 40) afirma que o docente, ao realizar uma ação “para desenvolver o processo de ensinar, não está trazendo para a sua sala de aula apenas técnica, mas toda uma teoria que a sustenta”. Veja no exemplo como isso ocorre! 24 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Tente se lembrar do início de sua escolarização. Houve algum professor que marcou você de forma positiva? Esse com certeza tinha uma maneira e uma forma de ensinar que favoreceu o seu aprendizado. Então, isso também pode acontecer ao contrário; muitos alunos – e até você – devem ter tido um pro- fessor que possuía muito conhecimento, que entendia tudo, mas, na hora de ensinar, não conseguia ser assertivo. E você pode até pensar que ele não sabia como ensinar, embora soubesse o conteúdo. Pois bem, situações como essa são mais comuns do que imaginamos e, infelizmente, o cotidiano esco- lar está cheio de professores que não possuem uma boa didática no ensino. Diantedo exemplo, você pode perceber que desenvolver uma ação docente que abranja a didática não é tarefa das mais fáceis, não é mesmo?! O que se espera de um docente é uma prática didática que favoreça o aprendizado, que seja inovadora e ainda que estabeleça uma mediação entre a teoria e prática pedagógica (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 69). Os desafios, porém, são diversos, e o ambiente escolar está sus- ceptível a mudanças sociais, econômicas e políticas que afetam o cotidiano escolar e sua realidade. FIGURA 7 - PROFESSOR X DIFICULDADES NA ROTINA ESCOLAR Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Nesse contexto, percebe-se que o docente é julgado a ser um professor ruim sim- plesmente por não conseguir driblar as dificuldades existentes na rotina escolar. La- mentavelmente, Souza e Santos (2013, p. 69) apontam que “a falta de compreensão dos elementos necessários para a implementação da prática docente é muitas vezes a chave do problema para que a ação do professor não contribua para melhoria do ensino e da aprendizagem”. Por tudo isso, alguns autores chegam a afirmar que a disciplina de “didática é uma das mais importantes na formação” acadêmica de um curso de licenciatura. Aqui, porém, se vai além; Malheiros (2012) afirma que “a didática é uma disciplina funda- mental na formação de qualquer professor”. FIGURA 8 - DIDÁTICA Formação de professores Cursos de licenciatura Disciplina mais importante: Didática Fonte: Elaborado pela autora. Segundo Cruz e Andre (2014), “a formação de professores, em especial a formação específica para o processo de ensinar, objeto da Didática, tem se dado de forma des- contextualizada da escola”. Isso ocorre por não se desenvolver nos futuros licenciados e docentes o que ensinar e como ensinar. 26 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O que se percebe também é que, quando existe um planejamento das ações do ensino, muitas vezes ele acaba sendo ignorado no decorrer do ano letivo. Assim, é comum que os docentes se sintam donos de suas ações e que eles mesmos definam o plano de ensino que será usado. Dessa forma, fica um alerta: quando um profes- sor está “agindo não precisa se preocupar em pensar a ação, e isso reduz bastante a possibilidade de descobrir erros antes que seja tarde demais” (FERREIRA, 1983, p.18). FIGURA 9 - PROFESSORA E AÇÕES DIDÁTICAS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Vale ressaltar também que, durante o planejamento das ações didáticas dentro do cotidiano escolar, quem se preocupa e quem planeja as ações pedagógicas: Tem maior probabilidade de proporcionar ao educando apropriados métodos para o aprendizado e, aos professores, a possibilidade do desenvolvimento das competências necessárias para implementar as ações requeridas. No entanto, na maioria das escolas, as ações didáticas e pedagógicas, quando planejadas, são frequentemente realizadas no final de cada bimestre, conforme o modelo preconizado pelo livro adotado pela escola, usualmente descontextualizado com a realidade escolar (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 70). 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Além disso, o que pode acrescentar certa dificuldade “à prática didática é a pouca reflexão no ambiente escolar da correlação das teorias educacionais com a prática pedagógica” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 70). Dessa forma, Pura (2000) citado por To- niazzo (2009) afirma que a prática didática enfrenta vários desafios para que seja efetivamente realizada, ou seja: A prática cotidiana dos professores se contrapõe aos pressupostos teóricos da Didática teórica, pois o professor não participa, na maioria das vezes, da elaboração dos objetivos que irá perseguir. Os objetivos educacionais são pre- viamente definidos no plano curricular da escola, por uma equipe de especia- listas, sem a participação do professor que os recebe, em pequenas (grandes) doses bimestrais, em forma de tarefa a ser cumprida (PURA, 1989, p. 21 apud TONIAZZO, 2009, p. 62). Essas situações inviabilizam uma melhora progressiva do sistema de ensino e da aprendizagem. Quando um professor toma para si uma opção didática, ele pode de- terminar qual a ação eficaz diante do “que” e “para quem” ele ensinará. Nesse sentido: O professor deve propor ações didáticas para dinamizar o processo de ensino e aprendizagem, buscando articular os conteúdos curriculares com o universo em que os alunos estão inseridos, de maneira motivadora e autônoma, visan- do tornar o aprendizado o mais independente possível. Eyng (2007, p. 123) esclarece que “cabe ao professor a tarefa de respeitar seu aluno considerando seus interesses e necessidades, expectativas e motivações” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 70). Dessa forma, as principais ações do professor devem se estabelecer no cotidiano de sua prática, tornando-a importante para que haja uma análise crítica das ações pe- dagógicas diante dos avanços e das dificuldades enfrentadas. Assim, segundo Souza e Santos (2013, p. 71), o profissional de pedagogia deve “continuamente refletir sobre nosso papel em contribuir para uma aprendizagem significativa de alunos, buscando utilizar técnicas didáticas fundamentadas numa proposta pedagógica coerente”. Diante do exposto, fica a reflexão de que o professor é peça-chave em grande parte do processo de aprendizagem do aluno, e as ações desempenhadas em seu cotidia- no escolar refletirão na aprendizagem dos alunos, seja esta positiva ou não. 28 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.2 A DIDÁTICA E O PROFESSOR EM SALA DE AULA Entendendo que didática é um processo mediado pelo processo e necessita de ou- tros atores envolvidos, Toniazzo (2009, p. 70) afirma que: [...] a “Didática” é a parte da pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinado a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica e também estuda os processos de ensino aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, conhecido por “Comenius”, reconhecido como o pai da “Didática Moderna” e um dos maiores educadores do século XVII proporcionou aos pro- fissionais de educação meios eficazes para transmitir conhecimentos a seus alunos. De acordo com estudos, os elementos da ação didática são professo- res, alunos, disciplina, contexto da aprendizagem e estratégias metodológicas (TONIAZZO, 2009, p. 70). Nesse sentido, temos a concepção de que o professor é mediador do processo de aprendizagem, mas que este não pode apenas transmitir o conhecimento, ele deve direcionar a sua pratica pedagógica e a didática a conduzir o aluno “a ter profundo interesse na efetividade da aprendizagem, objetivo derradeiro de suas práxis”. Ou seja, com tais procedimentos, a ação pedagógica desse professor e “a prática didática precisa[m] ser vivenciada[s] pelos professores como um instrumento que possibilite uma educação com elevado nível de qualidade” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 71). Dessa forma, Toniazzo (2009) apresenta pressupostos básicos que garantem uma melhora na educação e na aprendizagem por meio de uma ação didática, como, por exemplo: Didaticamente falando, é provado que uma aula dinâmica, aparentemente informal e descompromissada com livros didáticos e roteiros, com certeza renda muito mais e gere resultados positivos do que uma aula formal. Nesse prisma, entende-se que os resultados didáticos devem se afastar do convencional e da enfadonha sala fechada e buscar ambientes descontraídos (TONIAZZO, 2009, p. 67). 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 10 - AULA DINÂMICA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. O que se percebe é que o emprego de metodologias didáticas baseadas na educa- ção lúdica pode colaborar – expressivamente – e tornar o processo de ensino-aprendi- zagem agradável. Assim, deve-se refletir que implantar uma ludicidade não se refere apenas a utilizar jogos ou brinquedos; o que traduz uma aula lúdica é a interação e o meio em que se apresentam os conteúdos aos alunos, evitando a típica exposição de conhecimento que é tradicional e maçante à turma. A “prática pedagógica fundamentada na ludicidade relaciona-se com a pos- tura mediadora entre professor e alunos proporcionada pela arte e magia do ensinar e aprender” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 70). Vale ressaltar que alguns professores são contra a utilização de uma didática mais 30 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO lúdica e atrativa aos alunos, como, por exemplo: Existe rejeição de alguns profissionais de educação que consideram desne- cessário, educar ou ensinar o aluno por meio de formas diferenciadas do cha- mado “método tradicional”. Dizem, até que é perda de tempo, uma análise prematura e sem consistência (TONIAZZO, 2009, p. 68). Entende-se, segundo o autor citado, que compete à instituição escolar e ao docente utilizar a didática como intermediária da ação pedagógica. Na atualidade, são ina- ceitáveis metodologias de ensino reguladas no ensino clássico habitual e tradicio- nal, porque as transformações da sociedade incentivaram novas ferramentas para se construir o conhecimento cognitivo. No entanto, como pode o professor se apoiar em boas práticas pedagógicas com auxílio da didática? Segundo Toniazzo (2009), isso é possível se os professores se pre- pararem e aperfeiçoarem para construir novas habilidades e conhecimentos em sua prática pedagógica, buscando cursos e leituras complementares. O autor também relaciona essa busca a cinco requisitos técnicos, como: a) Estrutura e funcionamento do Ensino Superior – o professor deve ser capaz de estabelecer relações entre o que ocorre em sala de aula com processos e estruturas mais ampla. Isto implica a análise dos objetivos a que se propõe o ensino universitário brasileiro, bem como dos problemas que interferem em sua concretização. E exige conhecimentos relativos à evolução histórica das instituições e à legislação que as rege. b) Planejamento de Ensino – a eficiência na ação docente requer planejamento. O professor precisa ser capaz de prever as ações necessárias para que o ensino a ser ministrado por ele atinja os seus objetivos. Isto exige preparação de plano de disciplina eficaz. c) Psicologia da aprendizagem - o que o professor espera de seus alunos é que aprendam. Que o conhecimento de Psicologia possa ser muito útil, pois esclarecem acerca dos fatores facilitadores da aprendizagem. d) Métodos de Ensino – A moderna pedagogia dispõe de inúmeros métodos de ensino. O professor deve conhe- cer as vantagens e limitações de cada método e utilizá-los nos momentos adequados. e) Técnicas de Avaliação – Não se pode conceber ensino sem ava- liação no final do curso, mas também a avaliação formativa, que se desenvolve ao longo do processo letivo e que tem por objetivo facilitar a aprendizagem (TONIAZZO, 2009, p. 68-69). As instituições escolares não podem abandonar a busca por novos significados das práticas educadoras. Essas devem pautar-se em direcionar a melhora da ação e do ensino. Contudo, excepcionalmente, tal obrigação é rotineiramente descuidada à comunidade educativa por causa do cotidiano escolar e das “demandas que os sis- temas educativos impõem às escolas, sobrecarregando docentes e gestores. No en- 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO tanto, devemos reconhecer que é inconcebível uma dicotomia entre os pressupostos didáticos e a prática” (SOUZA; SANTOS, 2013, p. 70). O professor, nesse caso, interagirá com o conhecimento pedagógico, com seus discentes, metodologias de ensino, cur- rículos, avaliações e outros artifícios que formam a rotina e o contexto escolar. Dessa forma, Toniazzo (2009, p. 69-70) apresenta quatro características particulares da aprendizagem: O começo da aula, a organização das atividades; a interação do professor com seus alunos e a avaliação da aprendizagem. É preciso saber motivar para a aprendizagem escolar, que não é tarefa fácil. Saber motivar implica ter presen- tes tanto no contexto da aprendizagem mais próximas com os mais distantes desde o espaço físico até a familiar (TONIAZZO, 2009 p. 69-70). Para saber um pouco mais sobre a ação didática do professor, você pode assistir ao vídeo A didática do professor na aprendizagem - Jornal Futura - Canal Futura, disponível na internet. Assim, entende-se que didática e pedagogia estão inter-relacionadas como metodo- logias de ensino e baseiam-se em ações de como ensinar e qual a melhor forma para tal objetivo. Ressalta-se ainda a importância de professores conviverem com a teoria e prática, em uma busca constante de aperfeiçoamento para levar aos discentes e a toda a comunidade escolar processos de aprendizagem mais lúdicos, favoráveis e menos maçantes. O que se espera, no entanto, é que essa busca de qualidade não seja apenas dire- cionada à ação docente, mas às instituições como um todo e, sobretudo, ao sistema educacional que delimita regras, mas que deve empenhar-se para proporcionar seu cumprimento da melhor forma. 32 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, você foi capaz de compreender a contribuição da pesquisa no coti- diano escolar, bem como identificar críticas e reflexões sobre a utilização de pesqui- sas como ferramentas pedagógicas no ensino e também como fonte de investigação da qualificação e da ação docente. Foram apresentados os conceitos de didática diante da prática pedagógica a fim de compreender como se dão essa relação e a sua importância no processo de apren- dizagem. Além disso, você foi capaz de compreender metodologias e abordagens fundamentais para se garantir uma boa prática pedagógica. Nesse contexto, identifica-se a importância de entender que a ação docente é um ato principal no processo de educação e, quando esse ato está aliado a outras estra- tégias pedagógicas voltadas para a melhoria e qualidade do ensino, o aluno se torna o principal beneficiado nesse processo e terá assim um maior aproveitamento de seu ensino. Você, porém, deve compreender que a essa ação docente lúdica não pode ser cobrada apenas do professor; as instituições escolares têm total participação na busca contínua de manter a qualidade do ensino e da aprendizagem. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever os movimentos históricos e seu envolvimento com as questões epistemológicas na educação escolar. > Identificar e explicar as diferentes abordagens do conhecimento no espaço escolar. > Definir o conceito de interdisciplinaridade. > Identificar procedimentos didáticos que conduzam à interdisciplinaridade. > Criar práticas pedagógicas interdisciplinares para melhor compreensão da abordagem teórica. UNIDADE 2 34 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 INTERDISCIPLINARIDADE: ANÁLISE, REFLEXÃO E CRÍTICA A interdisciplinaridadeé um movimento que fomenta desenvolver um trabalho na escola de forma mais integrada, ou seja, um trabalho focado na promoção da integra- ção dos conteúdos das disciplinas. Não significa extinguir as disciplinas do currículo, mas, sim, permitir brechas em suas fronteiras para que haja comunicação entre elas. Esse movimento promove um saber crítico e reflexivo acerca do conhecimento que transita na escola, pois o diálogo disciplinar traz uma compreensão mais sólida acer- ca da realidade. É interessante compreender seus aspectos históricos e filosóficos, pois a escola é mais uma instituição que prima por essa promoção, mas não é a única. Pensar sobre os fundamentos que levaram ao movimento interdisciplinar na escola significa enten- der o “porquê” de promover práticas interdisciplinares. Promover as práticas interdis- ciplinares, portanto, não é um mero modismo. Para a implantação de tal movimento nas escolas, é preciso modificar a forma de pensar o conhecimento presente no currículo escolar para, então, colocar em prática estratégias didáticas para que se possa desenvolver tal perspectiva, como, por exem- plo, trabalhando com temas transversais, como já recomendado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Assim sendo, acompanhe, nesta unidade, os fundamentos, os conceitos e a articula- ção teórico-prática da promoção da interdisciplinaridade nos espaços escolares. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 2.1 INTERDISCIPLINARIDADE: FUNDAMENTOS, CONCEITO E PERSPECTIVA CURRICULAR 2.1.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS É na origem da escola moderna que encontramos os pilares do currículo organizado por disciplinas. Mas que escola moderna é essa? Por que organizou o conhecimento dessa forma? A escola que conhecemos é uma invenção da idade moderna que podemos enqua- drar entre os séculos XV e XVIII, aproximadamente. É uma instituição que foi criada fundamentada nos alicerces burgueses, segmento financiador dos novos saberes, ou melhor, dos saberes científicos. Veja um pouco sobre essa história, pois voltar às ori- gens da significação humana do conhecimento é resgatar a história do saber. Na Idade Moderna, novos rumos são tomados a partir do Renascimento Cultural e Científico, do advento da classe burguesa e do fim da Idade Média. O conhecimento deixa de ser religioso, ou seja, o teocentrismo é deixado de lado e uma nova visão de mundo é inserida, a visão antropocêntrica, colocando o próprio homem no centro para a explicação dos fatos e das coisas. Nesse contexto racionalista, surge o filósofo René Descartes. O termo “cartesianismo” é criado justamente por estar associado a “Descartes”. Descartes, ao privilegiar a razão, considerando-a como base de todo o co- nhecimento, criou um método denominado “método científico de conhecimento”, que era rigoroso e uma das etapas do método consistia em colocar o conhecimento em porções cada vez menores, com o intuito de dominar o objeto de conhecimento por completo. Com essa ideia sobre o conhecimento, já pode-se sinalizar que, a partir daí, o conhecimento passa a ser fragmentado, organizado em porções menores para que o homem possa explicar todos os fenômenos envolvidos. 36 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 11 - RENÉ DESCARTES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. René Descartes nasceu na França e foi um dos principais pensadores do racionalis- mo, considerado, portanto, como pai da filosofia moderna. Sua famosa frase “Penso, logo existo” simboliza sua filosofia, baseada no método científico. O método científico se justificava nas dúvidas. Se houver dúvida, esta deve ser rejeitada, para que o ho- mem a comprove cientificamente, pois Descartes valorizava o sujeito pensante. Nessa direção, Descartes propõe um método racional como forma de alcançar a verdade científica. 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Para atender aos anseios da sociedade burguesa e, obviamente, legitimar o lugar ocupado por ela, surge a escola moderna, bem parecida com a nossa: professor, alu- no, sala de aula, disciplinas. Sim, disciplinas!!! Que refletem a concepção cartesiana oriunda do pensamento racionalista, constituindo “pacotes” de conhecimento que farão parte do currículo a ser transmitido pela escola. Falamos aqui de transmissão porque, a princípio, o que teremos predominantemente para reproduzir o sistema é a pedagogia tradicional, aquela cujo professor é o detentor do conhecimento e o aluno o mero receptor desse conhecimento. A transmissão do conhecimento, nessa concepção, dá-se por memorização, colocando o aluno na condição de passividade. Esse currículo disciplinar predominou por séculos e séculos e ainda é predominante em várias instituições escolares, manifestando-se de diversas formas. Resgate suas memórias escolares. Com certeza, você se identificará com estes exemplos: a grade do horário de aulas por disciplinas, em que cada tempo de aula é dedicado, exclusivamente, para os conteúdos de uma determinada disciplina; os cadernos escolares, cuja organização é dividida em matérias; o livro didático, que comporta só os conhecimentos de uma determinada área do conhecimento. Provavelmente, você frequentou a escola nesses moldes e conhece muito bem o cur- rículo disciplinar. Acontece que a visão fragmentada do conhecimento nos dá a visão das partes, e não do todo. A escola transmite os conhecimentos “empacotados” ou “engavetados” e deposita nas cabeças dos alunos. A superação desse hiato é a proposta da sociedade atual, não somente da escola. Essa superação é necessária porque não envolve apenas os saberes escolares, envolve a filosofia de vida de toda uma sociedade, que reflete, essencialmente, no predomí- nio egoísta de ações individualistas do que na articulação das individualidades den- tro da coletividade, ou seja, somos parte de um todo. 38 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2 AS ABORDAGENS DO CONHECIMENTO Nesse processo de fragmentação, integração e desfragmentação do conhecimento, a escola, ao longo dos tempos, tem realizado algumas tentativas de reorganizar os saberes escolares. Gradativamente, foi tentando formas diferenciadas, até paradoxais, de organizar esse conhecimento. Veja essas abordagens. 2.2.1 ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR É o nível mais inferior de organização do conhecimento porque busca a participação de várias disciplinas, sem haver a integração entre elas. Por exemplo, é muito comum encontrar em algumas instituições uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de equipe é formado por profissionais de várias áreas, cada qual com sua colaboração para uma determinada questão, ou seja, o objetivo é comum, mas cada área tem seu grau de participação. FIGURA 12 - REPRESENTAÇÃO DA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR Objeto de conhecimento Disciplina 1 Disciplina 3 Disciplina 2 Fonte: Elaborado pela autora. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Nessa abordagem, as disciplinas apenas fornecem o seu grau de participação e não se comunicam entre si. Com isso, o objeto de conhecimento é visto com ângulos di- ferentes, ou melhor, sob pontos de vista distintos. 2.2.2 ABORDAGEM PLURIDISCIPLINAR Nesta abordagem, já se busca a cooperação entre as disciplinas, pois existe uma jus- taposição de disciplinas mais ou menos próximas, oriundas de campos de saberes semelhantes, como demonstrado na figura a seguir.FIGURA 13 - REPRESENTAÇÃO DA ABORDAGEM PLURIDISCIPLINAR História Filosofia Sociologia Objeto de conhecimento Fonte: Elaborado pela autora. No Ensino Médio, é muito comum disciplinas próximas se unirem; por vezes, o mes- mo professor é o responsável por essas disciplinas, como é o caso de química e física, português e literatura etc. É por intermédio dessa semelhança que as disciplinas en- tram em regime de cooperação, um passo para que haja a integração mais ampla, portanto, não deixa de ser um caminho para a interdisciplinaridade. 40 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2.3 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Na abordagem interdisciplinar, o trabalho pedagógico é guiado por atividades que têm intenção de promover interação entre as disciplinas. FIGURA 14 - REPRESENTAÇÃO DA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Questão Problema Disciplina 2 Disciplina 3 Disciplina 1 Disciplina 4 Fonte: Elaborado pela autora. Até aqui você pôde entender que a contestação que tem-se à disciplinaridade vai muito além do campo escolar, porque, filosoficamente, necessita-se ver pessoas como parte de um todo, seja este toda a comunidade, a cidade, o país, o planeta, o Universo. Somos Unidade na diversidade, como na reflexão abaixo no poema de Ma- ria Elisa de M. P. Ferreira, citada por Ferreira (2011, p. 11). 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Perceber-se interdisciplinarÉ sentir-se componente de um todo. É saber-se filho das estrelas, Parte do Universo e um Universo à parte... É juntar esforços na construção do mundo, Desintegrando-se no outro, para, com ele, Reintegrar-se no novo... É ter consciência de que a Natureza o gerou: De que é fruto dela, jamais seu senhor... É saber que a Humanidade terrena surgiu de uma Evolução, E que, talvez, não seja ela única no espaço sideral... É saber que a liberdade está em afirmar-se integrando-se, Que o crescer histórico consente em ser retardado, Nunca eternamente impedido... É reconhecer no “Uni-verso”, “unidade na diversidade” E estar consciente de que o evoluir é lei geral... É saber que, etimologicamente, “mundus” é pureza E (quem sabe?) encontrar a paz interior... Pois, “Quando a mente é perturbada, produz-se a multiplicidade das coisas; Quando a mente é aquietada, A multiplicidade das coisas desaparece.” 42 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Você, eu, o mundo! Todos nós precisamos nos perceber interdisciplinares, compreen- dendo que as ações realizadas, enquanto parte de um todo, afetam esse todo. A nos- sa identidade terrena é que nos conduz a uma consciência mais planetária, em que a integração dos saberes produzidos pela humanidade estaria a favor de tudo e de todos, direcionando ações para o bem coletivo, como já diria o filósofo Edgar Morin. FIGURA 15 - EDGAR MORIN Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Edgar Morin é o filósofo da reforma do pensamento. É um estudioso francês, considera- do o “pai da complexidade”. Em sua filosofia, defende a interligação de todos os conhe- cimentos. Sua obra mais famosa é “Os setes saberes necessários à educação do futuro”. Perceber-se interdisciplinar é o primeiro passo para ir ao encontro de práticas peda- gógicas interdisciplinares. Objetivamente, você já compreendeumos que a interdisci- plinaridade é o movimento de integração entre as disciplinas. O termo interdiscipli- naridade já é suficientemente autoexplicativo. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 16 - CONHECIMENTO INTERDISCIPLINAR Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. É possível tornar a aprendizagem mais contextualizada quando se parte do entendi- mento de que é necessário unir as partes (disciplinas) para formar o todo (conheci- mento de forma ampla). Desta maneira, práticas de ensino baseadas na interdisciplinaridade propi- ciam a formação de alunos e alunas mais aptos a enfrentar questões contex- tualizadas, que transcendem os limites de uma única disciplina. A partir da proposição de uma situação-problema ou questão orientadora, o aluno estará mais motivado para aprender, estará diante de uma situação que se aproxima muito mais da realidade por ele vivida (RAMAL; SANTOS, 2012, p. 72). Há, geralmente, uma questão orientadora ou um problema que necessita da comu- nicação entre as disciplinas. A partir disso, o aluno se sente mais motivado a aprender, pois há uma contextualização do ensino. Um exemplo pedagógico, muito comum hoje em dia, que ilustra a interdisciplinaridade é o trabalho por projetos. Num pro- jeto, há um tema oriundo de uma problematização e o aluno se torna um pesquisa- dor que buscará, nas áreas dos conhecimentos, respostas para o seu problema. Já as disciplinas se unem como propostas conjuntas que colaborem com essas respostas. 44 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.2.4 ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR A abordagem transdisciplinar transcende a concepção de conhecimento “empaco- tado”, ou seja, não admite a organização disciplinar, pois, nessa concepção, romper- -se-ia com todas as barreiras do conhecimento. É o nível mais superior sobre o pen- samento acerca da organização do conhecimento. FIGURA 17 - REPRESENTAÇÃO DA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR: TEIA DO CONHECIMENTO. Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. É muito complexo colocar em prática essa abordagem, pois desenvolver a prática pe- dagógica transdisciplinar significa repudiar qualquer vestígio de fragmentação do co- nhecimento, quando, na verdade, nossos pensamentos, ideias e organização curricular são reféns da disciplinaridade. Mas já existem algumas escolas que buscam a transdis- ciplinaridade, baseando o trabalho em oficinas, experiências e laboratórios, aproximan- do o ser humano da natureza, não dispondo o conhecimento em disciplinas. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 2.3 CURRÍCULO E INTERDISCIPLINARIDADE A palavra currículo tem origem no latim (curriculum), que significa percurso, carreira, ato de correr. Abrange também a forma de fazer e o que ocorre no percurso efetua- do. Comumente, entende-se por currículo o elenco das disciplinas ou matérias pela escola, chamado de grade ou matriz curricular. O currículo escolar apresenta várias concepções e está diretamente relacionado às necessidades de determinada sociedade num dado momento histórico. Na escola tradicional, por exemplo, o currículo significou uma relação de disciplinas (os “paco- tes” já mencionados) com conhecimentos organizados hierárquica e sequencialmen- te, como se fossem gavetas, uma sobre a outra, na cabeça do aluno. O filósofo Edgar Morin, ao falar da teoria da complexidade, busca a diferenciação entre a “cabeça cheia” e a “cabeça bem-feita” e afirma que a escola geralmente se baseia em princípios tradicionais. Nesse sentido, o aluno é apenas um repositório de conhecimento, o acumulando, sem muito saber o que fazer com esse conhecimento acumulado, legitimando limitações ao currículo e tornando-o meramente conceitual. Opondo-se à “cabeça cheia”, Morin propõe que seja desenvolvida a ideia da “cabeça bem-feita”, que consiste no uso dos saberes para a vida, a sociedade, o mundo, o pla- neta. Isso significa um currículo mais pragmático e próximo à realidade das pessoas. O currículo significa muito mais do que o “conteúdo” a ser aprendido, pois engloba toda a vida escolar do aluno:um conjunto de experiências, vivências e atividades de aprendizagem (incluindo as disciplinas) oferecidas pela escola. É a trajetória. Nesse sentido, busca-se um currículo mais integrado (Santomé, 1998) baseado em experiências cognitivas, afetivas, sociais e culturais. Um currículo capaz de trabalhar o local e o universal, ao mesmo tempo, interdisciplinar, dentro de uma concepção pós-moderna, capaz de propiciar ao aluno ferramentas para se situar no mundo em que vive, criticando e participando de sua transformação. 2.3.1 TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE A transversalidade relaciona-se à constituição prática de um projeto curricular inter- disciplinar. Pensando no significado da palavra transversal, temos que imaginar uma 46 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO reta que atravessa outras retas. Quando atravessa duas retas ou mais, fixa pontos que provocam a união dessas retas, conforme a imagem a seguir. FIGURA 18 - UNIÃO POR MEIO DE UMA RETA TRANSVERSAL Fonte: Elaborado pela autora. Percebe-se, assim, que a transversalidade é algo que se aplica “comum” em todas as disciplinas e, quando aplicada, provoca movimentos interdisciplinares, ou seja, a transversalidade é uma estratégia didática para a promoção da interdisciplinaridade na escola. Ambas — transversalidade e interdisciplinaridade — se fundamentam na crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distan- ciado. Ambas apontam a complexidade do real e a necessidade de se con- siderar a teia de relações entre os seus diferentes e contraditórios aspectos. Mas diferem uma da outra, uma vez que a interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento, enquanto a transversalidade diz respeito principalmente à dimensão da didática (BRASIL, 1998, p. 31 – Introdução aos PCNs). Entende-se que transversalidade e interdisciplinaridade não são a mesma coisa, mas se relacionam entre si. A transversalidade está na dimensão didática, e a interdiscipli- naridade, na abordagem epistemológica. Tome como exemplo uma escola próxima a uma comunidade com alguns problemas sociais e/ou culturais relevantes, como 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO dejetos jogados no rio que passa próximo à comunidade e à escola. O problema está anunciado na própria realidade e a principal questão é o que podemos fazer com o conhecimento produzido de forma que promova ações que busquem a resolução, parcial ou integral, desse problema. O problema epistemológico é anunciado quan- do não fazemos o uso prático do conhecimento e a temática exposta pelo problema pode atravessar, enquanto proposta pedagógica, todas as áreas/disciplinas escolares, ou seja, a transversalidade como uma estratégia didática. 2.3.2 OS TEMAS TRANSVERSAIS Pensando na transversalidade como estratégia didática para movimentar a interdis- ciplinaridade, os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), publicados em 1998, pro- põem os temas transversais. Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza diferente das áreas convencionais. Sua complexidade faz com que nenhu- ma das áreas, isoladamente, seja suficiente para abordá-los. Ao contrário, a problemática dos Temas Transversais atravessa os diferentes campos do co- nhecimento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível ape- nas a partir das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Econo- mia, entre outros. Por outro lado, nas várias áreas do currículo escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos a respeito dos temas transversais, isto é, todas educam em relação a questões sociais por meio de suas concepções e dos valores que veiculam. No mesmo exemplo, ainda que a programação desenvolvida não se refira diretamente à questão ambiental e a escola não tenha nenhum trabalho nesse sentido, Geografia, História e Ciências Naturais sempre veiculam alguma concepção de ambiente e, nesse sentido, efetivam uma certa educação ambiental (BRASIL, 1998, p. 29 – Apresentação dos Temas Transversais). No documento curricular supracitado, são propostos 7 temas transversais, a saber: ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, temas locais e trabalho e consumo. Os temas transversais não sugerem a organização de novas dis- ciplinas, pois seria contraditório à abordagem interdisciplinar, estaríamos compar- timentalizando ainda mais o conhecimento. Os temas transversais perpassam por todas as disciplinas, atravessando-as, criando elos de ligação entre elas. Esses temas não são restritos ao documento curricular PCNs; outros temas, mais atuais e urgentes podem estar presentes nas propostas pedagógicas das escolas. 48 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES 2.4.1 É MOMENTO DE MUDANÇA Apenas discutir a interdisciplinaridade no campo conceitual não traz mudanças. O ponto crucial da prática interdisciplinar está na ação. É necessário criar estratégias para que esse diálogo se concretize nos espaços escolares, na busca incessante pela totalidade do conhecimento. Não significa que serão eliminadas as disciplinas do currículo, mas serão criados mo- vimentos que impulsionem o estabelecimento de relações entre as disciplinas, tendo como sustentação um trabalho mais cooperativo e reflexivo. Nessa direção, todos, alunos e professores, sujeitos dessa ação, engajam-se nessas práticas interdisciplinares como investigadores do conhecimento numa construção coletiva. Buscamos, conjuntamente, respostas às nossas questões e problemas, nas disciplinas, que colaboram mutuamente para que o conhecimento chegue como resposta. Todos, nessa perspectiva, são “pesquisadores”, “atores” e “autores” do proces- so de construção do conhecimento. A primeira mudança diz respeito à nossa concepção de vida e escola. Se ainda pensa- mos de forma disciplinar, toda a nossa prática refletirá essa abordagem. Então, com- preender o “porquê” de ser interdisciplinar é uma questão fundamental. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 19 - UNIÃO DOS SABERES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Num segundo momento, necessitamos romper com velhos paradigmas que andam agarrados em nossas práticas. “Desorganizar” a grade curricular é um dos passos im- portantes, porque ter aula somente disto ou daquilo? Temas e/ou projetos pedagógi- cos podem ajudar nessa mudança também. 50 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.4.2 A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR Fazenda (2005) nos mostra que, em práticas interdisciplinares, não se ensina nem se aprende: vive-se, exerce-se. Para a pesquisadora, o envolvimento é fato primordial para ser interdisciplinar. A atitude interdisciplinar se sustenta na ousadia, na busca por resposta, na pesquisa. A construção do conhecimento é um exercício. Nem sempre é possível ser totalmente interdisciplinar nas aulas. Mas, se, pelo menos, duas ou três disciplinas conseguiram ir além de seus muros, ou seja, terem um olhar extradisciplinar, já estamos no caminho da interdisciplinaridade. RELATO DE EXPERIÊNCIA EXTRA/INTERDISCIPLINAR (...) Outra situação interessante foi naépoca das Olimpíadas. Propomos um mural esportivo, com as notícias dos jogos. Todos se envolveram, mesmo quem não trouxe a notícia recortada, ficou assistindo o noticiário em casa, para no dia seguinte informar aos colegas. Ao final, no fechamento desse trabalho, fiz uma competição. Dividi a turma em dois grupões. E esses, alternadamente, teriam que montar o alfabetário dos esportes. Como havia esportes que não lembravam, o representante do grupo tinha a oportunidade de procurar a professora de educação física na escola para completar o alfabetário. Sem ajuda, o time ganhava dois pontos. Com ajuda da professora de educação físi- ca, o time ganhava apenas um ponto. Os alunos ficaram muito empolgados. E depois, para fechar o trabalho, recortariam as letras de revistas e formariam as palavras que formaram o alfabetário. O mais interessante foi o relato da professora de educação física, que mais tarde procurou a coordenação e disse que estava extremamente emocionada (CATÃO, 2008, p. 62). Conforme o exemplo, alguns passos podem ser pensados: integrar os conteúdos a partir de uma temática e, assim, passar de uma concepção fragmentada para uma concepção mais unitária de conhecimento; a escolha da temática deve ter alguns 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO cuidados, pois, principalmente, a temática tem que provocar o aluno, instigar a curio- sidade, tem que ser atual, contextualizar os conteúdos das disciplinas; a superação do ensino baseado na transmissão de conteúdos é um outro passo, assim como a promoção da articulação entre ensino e pesquisa desde a inserção dos sujeitos nos espaços escolares, contando com a contribuição das diversas ciências; aprendizagem e conhecimento estão sempre em movimento, portanto, os conteúdos curriculares não são estáticos. CONCLUSÃO Nesta unidade, você foi capaz de conhecer a interdisciplinaridade como forma de organização do conhecimento curricular na escola. Foram apresentados os fundamentos históricos e filosóficos, expondo as origens do pensamento disciplinar; as diferentes abordagens do conhecimento, a multi, a pluri, a inter e a transdisciplinaridade; a relação entre transversalidade e interdisciplinarida- de, entendendo que a transversalidade é uma estratégia didática; e a mudança que deve ocorrer nas ações quando estas se sustentam no movimento interdisciplinar. Nessa direção, fica claro que o conhecimento estanque, fragmentado, compartimen- talizado reproduz condições ultrapassadas de currículo que não dão conta das ques- tões e dos problemas da sociedade atual, que refletem diretamente nos espaços es- colares. É urgente a mudança do nosso pensamento, do currículo, da nossa didática. 52 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever os fundamentos teóricos que sustentam a discussão sobre “educar por competências”. > Definir o conceito de habilidades e competências. > Identificar e explicar os quatros pilares da educação propostos pela UNESCO. > Explicar procedimentos didáticos que conduzam à “educação por competências”. > Identificar saberes docentes relevantes para a colocação prática da proposta “educar por competências”. UNIDADE 3 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 3 ENSINO E PESQUISA SOB A ÓTICA DA EDUCAÇÃO POR COMPETÊNCIAS Educar por competências não é um mero modismo da atualidade; pelo contrário, é repensar as práticas pedagógicas vigentes e oportunizar o desenvolvimento de habi- lidades que nem sempre são valorizadas pela escola. É ofertar ao alunado as oportu- nidades de experimentar em campos relacionados a diferentes inteligências basea- das na vida real. Nessa direção, o trabalho pedagógico supõe o desenvolvimento de habilidades prá- ticas, conhecimento, motivação, valores, atitudes, emoções e outros componentes sociais e comportamentais que se mobilizam conjuntamente para a inserção de uma ação eficaz; é tornar-se competente. Para a implantação de uma educação por competências nas escolas, é necessário repensar os saberes que circulam, ou seja, repensar o currículo escolar e os saberes valorizados por ele. Mas, ainda, como esses saberes têm circulado, porque a predomi- nância sempre tem recaído na transmissão e no acúmulo do conhecimento. Dessa forma, veja, nesta unidade, os fundamentos, os conceitos e a articulação teó- rico-prática da promoção da educação por competências nas instituições escolares. 3.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS Os conceitos de habilidades e competências têm ganhado destaque nas pesquisas nacionais e internacionais em educação nas últimas décadas. A etimologia da palavra competência está associada à ideia de aptidão, ou seja, à ca- pacidade que a pessoa tem para resolver determinada coisa. Obviamente que, com os diferentes momentos históricos, a palavra passou por reconceitualizações, como, por exemplo, nos anos de ênfase industrial, cujo conceito estava diretamente ligado à perspectiva de qualificação profissional, o que, atualmente, gera críticas, pois qua- 54 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO lificar competências no âmbito capitalista traz questionamentos sobre a serviço de que está a educação e ainda incide em práticas competitivas e meritocráticas como sinônimo de uma educação de qualidade. SAIBA MAIS FIGURA 20 - CHARLES CHAPLIN Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Você conhece o ator/personagem Charles Chaplin? Ele foi protagonista de vários fil- mes do cinema mudo, que tratavam de questões sociais, principalmente, relaciona- das ao mundo de trabalho. Recomenda-se que você assista ao filme “Tempos Moder- nos”. Nesse filme, o personagem principal (The Tramp; em português, traduzido para “O Vagabundo”) busca sua sobrevivência no mundo industrializado. O filme critica, fortemente, o sistema capitalista, que se recusa a olhar para o ser humano, enfati- zando apenas eficácia, ligeiramento e produtividade da fábrica, transformando o ser humano numa máquina competente. Vale a pena conferir o filme! 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Um documento que germinou a noção de competência e sua relação com a educa- ção foi “Definição e seleção de competências-chave”, difundido em 2003 pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico/UNESCO – Organi- zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Esse documento gerou a reformulação dos currículos em algumas partes do mundo, além da construção da avaliação PISA (Programme for International Student Assessment) (tradução: Progra- ma Internacional de Avaliação de Alunos), em torno do conceito de competências. Gómez (2015, p. 74) traduziu desse documento a definição de competência como (...) capacidade de responder às demandas complexas e realizar várias tare- fas adequadamente. É uma combinação de habilidades práticas, conheci- mentos, motivação, valores, atitudes, emoções e outros componentes sociais e comportamentais questão mobilizados conjuntamente para alcançar uma atuação eficaz. Entende-se, portanto, que a noção de competências não se restringe a elementos cognitivos e/ou conceituais; relaciona-se também a aspectos funcionais, de uso social do conhecimento e a valores éticos, como também preconizado em nossos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais. Os PCNs foram produzidos no Brasil em 1997-1998, com o intuito de ser umabase de consulta nacional para a consolidação das propostas pedagógicas dos órgãos e das institucionais educacionais. Nesse documento, é possível encontrar a influência desse conceito de competências, ao classificar os tipos de conteúdo em: conteúdos conceituais, que designam o conhecimento em si; conteúdos procedimentais, que implica um saber fazer; conteúdos atitudi- nais, associados a um saber ser. Hoje, a nível nacional, temos um novo debate curricular em desenvolvimento, baseado no conceito de direitos à aprendiza- gem, denominado BNCC – Base Nacional Comum Curricular. 56 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nessa direção, habilidades e competências na escola significam captar o que o aluno tem de essência, os saberes já construídos, aptidões, habilidades, motivações. Tudo isso é matéria-prima do professor. Desenvolvê-las é tornar os alunos mais ativos pe- rante a escola, perante o mundo, é torná-los competentes. 3.1.1 OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO A UNESCO é uma agência das Nações Unidades, criada em 1946, com sede em Pa- ris, que tem como objetivo colaborar com a paz e a segurança mundial, por meio de educação, ciências, etc. FIGURA 21 - UNESCO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. No relatório “Educação para o século XXI”, mais tarde publicado em forma de livro, intitulado “Um tesouro a descobrir”, a UNESCO fomenta a discussão sobre os qua- tro pilares da educação, debruçando-se no questionamento de que o ensino predo- minante que conhecemos se resume ao aprender a conhecer, limitando os sujeitos aos saberes institucionalizados e não respeitando suas potencialidades, ou melhor, não desenvolvendo habilidades e competências para o “novo” século que surgia nos anos de 2000. Assim, o relatório designa quatro pilares, são eles: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver juntos e aprender a ser. 57 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 22 - OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO Aprender a conhecer •Curiosidade epistemológica. •Buscar o conhecimento. •Descobrir coisas. •Pensar a realidade usando o conhecimento. Aprender a fazer •Associado ao aprender a conhecer. •Não somos máquinas, produzimos coisas para o nosso próprio bem. •Trabalhar vai além capitalista, é forma de produção humana. Aprender a conviver juntos •Não somos uma ilha, vivemos . •Reconhecer o outro como outro é conceber o próprio EU. •Individualidade e caminham juntas. Aprender a ser •Desenvolvimento integral da pessoa, culminância de um processo de relação com o conhecimento e vida. •Todas as potencialidades dos indivíduos devem ser resgatadas na produção do ser humano. Fonte: Elaborado pela autora. Os quatros pilares não caminham de forma isolada na prática docente; um está asso- ciado ao outro. E, muitas vezes, não planejamos ações que abranjam todos os pilares, mas, no fundo, estão presentes no cotidiano escolar e precisam de nossa mediação. Veja um exemplo em que esses pilares se manifestam, num relato pessoal. Certo dia, coloquei a letra de uma música no quadro para debater em sala de aula. Havia uma palavra que os alunos não sabiam o significado, então perguntei se eles sabiam como poderíamos descobrir o significado da pa- lavra. Imediatamente, correram até a estante e pegaram o dicionário (até aqui, temos a manifestação do aprender a conhecer e do aprender a fazer). Porém, eram poucos dicionários e não daria para o uso individual. Perguntei como poderíamos resolver a questão e um aluno disse que, caso se sentas- sem de dois em dois, todos teriam acesso ao uso do dicionário (manifestan- do o aprender a conviver juntos e o aprender a ser). 58 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Entendemos que o trabalho com os quatro pilares da educação é uma das formas de reconhecimento de habilidades e competências no âmbito escolar, propagando um currículo mais significativo e real e potencializando a concepção de sujeitos ativos perante o conhecimento. 3.2 EDUCAR POR COMPETÊNCIAS Sacristán, no livro “Educar por Competências: o que há de novo?” (2015) afirma que há uma falta de acordo sobre a ideia “educar por competências”. Há um grupo que asso- cia à competitividade do sistema capitalista, outros que concebem essa ação como forma de adestramento e um terceiro grupo que pensa o “educar por competências” como uma reestruturação da educação e da superação das práticas tradicionais. Mas é fato que há uma banalização e a circulação de um modismo, sem fundamen- to, acerca do conceito de habilidades e competências, o que esvazia o conceito e, consequentemente, sua prática. A questão central é como desenvolver um trabalho em sala de aula por habilidades e competências, se temos, de forma vertical, um currículo tradicional embevecido em todos os elementos de controle que há no sistema. Uma primeira questão que deve ser destacada é a concepção de aprendizagem que existe por trás do educar por competências. Pensando num conceito que agrega uma visão de sujeito ativo perante o conhecimento, cabe-nos sustentar nossas prá- ticas em concepções construtivistas e interacionistas, como forma de o aluno aflorar suas potencialidades. Outra mudança diz respeito ao conceito de saberes. Existem saberes e saberes. Não existem “não saberes” porque todo mundo sabe alguma coisa. E, muitas vezes, essa alguma coisa não é contemplada pela escola, ou melhor, não é o conhecimento valo- rizado pela escola. Cabe a nós revelarmos esses saberes e os incorporarmos às novas práticas pedagógicas. Para que as habilidades sejam aferidas e usadas em sala de aula, o planejamento sai da centralidade do professor e passa para o aluno. Os alunos devem ser capazes de buscar o conhecimento por si próprios em situações didáticas que os estimulem, com pesquisas, realização de projetos e trabalho em oficinas pedagógicas. 59 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Nessa perspectiva, a aprendizagem é uma busca constante pelo significado e o en- tendimento das coisas que estão no mundo, como já diria o mestre Paulo Freire, em seu livro “Pedagogia da Autonomia: ensinar não é transferir conhecimento, mas é criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (2004, p. 22). 3.3 OS SABERES DOCENTES O professor deve assumir uma postura reflexiva sobre sua ação, ser curioso em rela- ção a essa prática e buscar respostas para as suas dúvidas, reconhecendo a sala de aula como o espaço fundamental para a produção do seu conhecimento e de sua própria experiência. Ele mesmo deve potencializar habilidades para uma ação do- cente competente. FIGURA 23 - SABERES DOCENTES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 60 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nessa perspectiva, de acordo com Santos (2014, p. 30): Estamos diante do reconhecimento da profissão docente como um lócus de desenvolvimento permanente, capaz de provocar mudanças nos conheci- mentos e crenças dos professores. Diante da sala de aula, o professor enfren- ta uma multiplicidade de situações-problema, a sala de aula o impulsiona a tomar decisões, a redimensionar seus modos de agir e construir as atividades educacionais diárias. Essa atitude permanente de formulação de questões e busca de soluções marca seu desenvolvimento profissional. Ambas as formações, a inicial e a continuada, são essenciais e devem contemplar os conhecimentos teóricose práticos a serem ensinados, propondo reflexões que possibilitem o entendimento sobre o currículo e suas possibilidades multiculturais. Ao se referir aos saberes necessários ao exercício da docência, Tardif (2002, p. 39) afir- ma que o professor é (...) alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência coti- diana com os alunos. Assim, de acordo com Tardif (2002), os saberes são plurais, constituídos pelos saberes da formação profissional, saberes disciplinares, saberes curriculares e saberes expe- rienciais: • Saberes da formação profissional – saberes transmitidos pelas instituições de formação de professores, objetivando a articulação entre teoria e prática. • Saberes disciplinares – os conteúdos conceituais das diversas áreas (disciplinas). • Saberes curriculares – saberes que correspondem aos programas escolares. • Saberes experienciais – baseados no trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio. Ainda com respaldo nos estudos de Tardif (2002), pode-se considerar que a identi- dade do professor é definida pelas suas próprias memórias oriundas de suas expe- riências em sala de aula, não somente como professor, pois foram também, um dia, alunos. Conhecemos o que é a escola. Os nossos professores deixaram também um legado positivo ou negativo sobre nós por meio de suas práticas pedagógicas, sejam elas quais forem. 61 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 3.4 NOVAS PERSPECTIVAS DO PROFESSOR- PESQUISADOR Freire (2004, p. 32), referência nacional e internacional de educação, já apontava uma grande questão para a competência docente: “pesquiso porque me indago”, pois, para ele, não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Estes que-fazeres se en- contram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, repro- curando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar constatando, intervenho, intervindo educo e me edu- co. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anun- ciar a novidade. Entende-se aqui que a pesquisa é inerente à prática de sala de aula como um todo. O professor pesquisa. O aluno pesquisa. E todos buscam respostas para suas ques- tões, movimentando-se em relação ao conhecimento. FIGURA 24 - PESQUISA DOCENTE E DISCENTE. Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 62 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Existe, portanto, um movimento epistemológico em sala de aula, tanto na versão do- cente, quanto na versão discente. Dar aula não se limita ao domínio de técnicas, e sim à capacidade de gerenciar a própria aprendizagem docente, tornando a sala de aula um lócus de sua formação. O processo investigativo dever ser visto como uma capaci- dade importante que firma o compromisso político, didático e ético da ação docente. CONCLUSÃO Nesta unidade, você foi capaz de conhecer o conceito de habilidades e competências como forma de mudanças na concepção de escola. Foram apresentados os fundamentos teóricos, inclusive relatando o surgimento da ideia e expondo os conceitos de habilidades e competências; os quatro pilares da educação do século XXI como uma das formas de compreensão do “educar por com- petências”; a fundamentação didática da visão do “educar por competências”; os sa- beres docentes, essenciais para refletir o papel do professor perante a ideia de habili- dades e competências; fechando com a perspectiva no professor-pesquisador. Entendemos que “educar por competências” é uma das possibilidades que temos para romper com raízes de velhos paradigmas que nos prendem a uma pedagogia tradicional. É sair da mesmice e oportunizar o protagonismo discente (docente tam- bém) nas próprias formações. 63 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Explicar procedimentos didáticos que conduzam à “educação por competências”. > Compreender o currículo, a metodologia e a avaliação sob a ótica da “educação por competências”. > Empregar a concepção de “educar por competências”, transpondo os elementos didáticos essenciais. UNIDADE 4 64 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 4 QUESTÕES DIDÁTICAS DO “EDUCAR POR COMPETÊNCIAS” Prezado(a) aluno(a), nesta unidade você aprenderá sobre as possibilidades pedagógi- cas do “educar por competências”. Abordaremos três elementos didáticos essenciais: o currículo, a metodologia e a avaliação sob esta ótica. A proposta aqui apresentada sustenta a ideia que é possível potencializar habilida- des, por meio de determinadas ações pedagógicas, de forma a transformar estas ha- bilidades em competências. Significa termos um olhar mais peculiar para os saberes já construídos, as aptidões, as inteligências em evidência para melhor tirarmos pro- veito das potencialidades e contribuirmos com o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Você está convidado para esta leitura. Bons estudos! 4.1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE A conjuntura atual de mundo nos faz refletir sobre novas perspectivas de escola. Nes- sa direção, ganha força a concepção de “educar por competências” que implica um ensino que propicie oportunidades que fomentem o desenvolvimento mais holístico de educando, mobilizando conhecimentos, saberes, procedimentos e valores. O trabalho pedagógico sob essa ótica, no presente estudo, traz três elementos bási- cos essenciais: o currículo, que vai além de lista de conteúdos; a metodologia, flexível às condições de aprendizagem dos alunos; e a avaliação, que retroalimenta o plane- jamento docente e traz possibilidades autoavaliativas acerca da aprendizagem. Para desenvolver a prática de uma educação por competências nas escolas, precisa- mos mudar nossa concepção didática, abandonando velhos hábitos tradicionais e nos debruçando (e arriscando, por que não?) em novas práticas educacionais. 65 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Assim sendo, veja nesta unidade de ensino as possibilidades de transposição didática baseada nos princípios de “educar por competências”. 4.2 QUESTÕES DIDÁTICAS DO “EDUCAR POR COMPETÊNCIAS” 4.2.1 QUESTÕES CURRICULARES Antes de mais nada, devemos falar sobre o conceito atual de currículo. Já foi o tempo em que currículo era considerado (e também reduzido) a lista de conteúdos. Cabe lembrar que a etimologia da palavra “curriculum” nos leva à ideia de trajetória, de caminho, compreendendo, portanto, que o currículo escolar é o caminho que trilha- mos para chegarmos a determinados objetivos e que, nesse caminho, passeamos pelo conhecimento. FIGURA 25 - CURRÍCULO SIGNIFICA CAMINHO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 66 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O conhecimento é uma outra terminologia que merece a nossa atenção. Hoje vão além dos conteúdos científicos, como ressaltado nos Parâmetros Curriculares Na- cionais (PCNs) (BRASIL, 1998), que promovem uma reflexão sobre a dimensão dos conteúdos, pois, “ao invés de um ensino em que o conteúdo seja visto como fim em si mesmo, o que se propõe é um ensino em que o conteúdo seja visto como meio para que os alunos desenvolvam as capacidades quelhes permitam pro- duzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos.” (p. 51). Assim, a forma de institucionalizar a ideia de “educar por competências” na escola é legitimada no “currículo por competências”. Redefine-se o sentido dos conteúdos atribuindo praticidade aos saberes escolares. Situações devem ser ofertadas aos alu- nos para que suas habilidades sejam desenvolvidas. O currículo por competências, geralmente, é usado na educação profissional, ou seja, na qualificação de saberes para o mundo de trabalho. Mas, nos demais segmentos, têm se manifestado por meio de projetos pedagógicos, por exemplo. A competência é constituída por várias habilidades e uma habilidade nunca está presa apenas a uma competência apenas, pode estar associada a diferentes compe- tências. Uma pessoa, por exemplo, pode saber se expressar muito bem, domina a habi- lidade da expressão verbal. Ela poderia usar essa habilidade para ser professora, locutora, advogada etc. Mas essa habilidade será usada em condições, formas e propósitos diferentes. Se a usamos e atribuímos um valor social, temos uma competência desenvolvida. Os saberes predominantes nesse tipo de proposta curricular são os saberes procedi- mentais, que levam o sujeito a um saber fazer, a uma produtividade em relação ao conhecimento. A nova proposta de currículo nacional, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é organizada num ensino por competências. São delineadas dez competências gerais que sustentam os direitos de aprendizagem: 67 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (concei- tos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2017, p. 8). Leia o documento preliminar do BNCC para conhecer, mais a fundo, as dez com- petências gerais sugeridas pelas Ministério da Educação para a Educação Básica. O currículo por competências não se resumo aos conteúdos conceituais, é bem abrangente e inclui os procedimentais e, inclusive, os atitudinais. 4.2.2 QUESTÕES METODOLÓGICAS A metodologia implica “como ensinar” algo. Quando pensamos em método, logo isso nos faz pensar em estratégias, técnicas e recursos. Durante muito tempo, o método era visto de forma singular, ou seja, se você sustentasse suas ideias numa determina- da filosofia, só poderia seguir determinado método. Hoje, questionamos isso e acre- ditamos que o melhor método é aquele que faz o aluno aprender. 68 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 26 - COMO ENSINAR? Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Para o tipo de concepção de ensino, voltada para o desenvolvimento de competên- cias, algumas formas de ensinar são possíveis. Veja algumas: a. Centros de interesse: desenvolvida por Decroly. A ação pedagógica parte de um núcleo temático motivador para o aluno dando continuidade a um processo de observação, associação e expressão, integram diferentes áreas do conhecimen- to, possibilidade o exercício de habilidades. b. Método de projetos: Kilpatrick foi aluno de John Dewey e precursor da ideia de projetos na escola. Sua metodologia consistia na elaboração e produção de algum objeto ou montagem (uma máquina, um audiovisual, um viveiro, uma horta escolar, um jornal etc.). c. Estudo do meio: busca a construção do conhecimento através da sequência do método científico (problema, hipótese, experimentação). Muito comum na área de ciências e/ou projetos de pesquisa. d. Projetos didáticos: com a finalidade de conhecer um tema, elabora-se um dos- siê como resultado de uma pesquisa pessoal ou em equipe. 69 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO O importante nessas possibilidades é que o aluno faça uso de estratégias para resol- ver questões, problemas e situações. Deve controlar suas ações, perceber necessida- des, colocar em práticas suas habilidades que colaborem com os objetivos a serem alcançados. Além disso, atitudes metacognitivas são desejáveis e necessárias. A metacognição é a capacidade de autogestão do processo de aprendizagem. Está associada ao apren- der a aprender. Enfim, o método mostra o “como ensinar”. No caso do “educar por competências”, o método implica “como desenvolver habilidades e competências”. O uso do método não é restrito a um apenas. Podemos usar os métodos de acordo com as necessi- dades e retornos de aprendizagens. Isso significa que o ensino deve ser adaptativo (ZABALA, 1998), ou seja, adaptá-lo às diversas necessidades das pessoas que o prota- gonizam. 4.2.3 AVALIAR POR COMPETÊNCIAS Quando falamos de avaliação, imediatamente nos remetemos às “provas”, que tanto amedrontam os nossos alunos, pois representaram (e ainda representam) a peda- gogia tradicional, baseada no discurso excludente, sob um discurso de aprovação/ reprovação, já que a medida e o produto final eram as únicas possibilidades de clas- sificar a aprendizagem dos alunos. FIGURA 27 - PROVA COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO Fonte: SHUTTERSTOCK. 70 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Pensar em avaliação, primeiramente, significa refletir sobre a filosofia de educação que se adotará, pois, se a escola estiver a serviço da manutenção do sistema, ações como classificar e reprovar são condizentes, mas, por outro lado, se acreditamos na democratização da sociedade e da escola, a avaliação não pode ser um mecanismo de expulsão de nossos alunos. O ato de avaliar é um movimento político, ou seja, de escolha de que tipo de edu- cação acreditamos e sustentamos nossa prática. Numa postura, mais progressista, pondera-se que a avaliação é uma forma de obter informações sobre o processo en- sino-aprendizagem, ou seja, ela é diagnóstica, em relação a esse processo. Segundo Haydt (2000), a função somativa da avaliação tem relação com o co- nhecimento acumulado, a função diagnóstica com o levantamento que se faz de saberes já construídos pelo alunado e a função formativa diz respeito ao pro- cesso, observando o início, o meio e o fim, ou seja, todo o percurso. Assim sendo, entendemos que avaliação tem uma relação íntima com planejamen- to, ou melhor, que planejamento e avaliação se alimentam mutuamente. FIGURA 28 - RELAÇÃO PLANEJAMENTO-AVALIAÇÃO Planejamento DesenvolvimentoAvaliação Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 71 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO É válido tanto para o professor, para (re)planejar a ação pedagógica, quanto para o aluno, que necessita se autoavaliar para compreender seu próprio processo, esforço e dificuldade. Na avaliação por competências, o desempenho é um aliado e não um produto final sem significado. É por meio do desempenho que analisamos quais foram os avanços e as dificuldades apresentados durante o processo de aprendizagem. FIGURA 29 - AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Avaliação de competências Avaliação de desempenho Produto tangível ou observável Destaque à autoavaliação Revela graus de desempenho baseados em critérios estabelecidos Fonte: Elaborado peloautor, 2019. Para que a avaliação por competência seja, de fato, produtiva para o aluno e profes- sor, são necessários três momentos: o momento da observação ao produto tangível e observável, que demonstram as habilidades necessárias para realização de deter- minada coisa; o momento da autoavaliação, em que o sujeito, por si só, analisa o seu percurso; e, claro, os graus de desempenho obtidos, se aproximando ou não dos objetivos. 72 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, você foi capaz de conhecer um pouco da transposição didática em re- lação ao trabalho pedagógico baseado na concepção de “educar por competências”. Apresentamos os três principais elementos didáticos: o currículo, a metodologia e a avaliação. Aprendeu-se que o currículo por competências abrange conteúdos concei- tuais, procedimentais e atitudinais; que a melhor metodologia é aquela que o aluno aprende, porém, para o trabalho por competências, projetos, por exemplo, atingem melhor os objetivos; que a avaliação é aliada do planejamento e o que desempenho do aluno não se limita a provas e/ou números, estes têm significado para a análise docente. Compreendemos que “educar por competências” é uma possibilidade de rompi- mento com a pedagogia tradicional, oportunizando o desenvolvimento mais holísti- co dos sujeitos escolares. 73 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever os movimentos históricos e filosóficos que levaram à concepção de planejamento por projetos. > Identificar e explicar as diferentes abordagens de projetos didáticos coparticipativos. > Descrever os projetos didáticos coparticipativos. > Esclarecer que os conteúdos procedimentais são os pilares da pedagogia de projetos. > Classificar as múltiplas inteligências. > Analisar o emprego das teorias das múltiplas inteligências nos projetos didáticos coparticipativos. UNIDADE 5 74 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 5 PROJETOS DIDÁTICOS COPARTICIPATIVOS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade você aprenderá sobre os projetos didáticos co- participativos como uma das possibilidades de planejar a ação pedagógica docente. Para tal discussão, verá a origem da pedagogia de projetos, a contribuição dos con- teúdos procedimentais para a realização dos projetos e a apresentação das múltiplas inteligências. O tipo de planejamento apresentado nesta unidade traz a ideia de que podemos potencializar as múltiplas inteligências (encontradas nos diferentes tipos de conteú- dos) em projetos didáticos coparticipativos que se sustentam na contextualização e interdisciplinaridade. Você está convidado para esta leitura. Bons estudos! INTRODUÇÃO DA UNIDADE Os projetos didáticos coparticipativos implicam planejamento que envolve um tra- balho pedagógico focado no sujeito ativo, ou seja, para um projeto ser realizado, o aluno precisa se tornar protagonista do processo de aprendizagem, colocando, lite- ralmente, a “mão na massa”. Isso significa que a pedagogia de projetos tem uma ca- racterização pragmática, alinhando conceitos com suas aplicabilidades. Para que isto aconteça, é necessário movimentarmos habilidades, competências e reconhecermos as diferentes inteligências que circulam nos espaços escolares. É importante compreender seus aspectos históricos e filosóficos, ou melhor, sua ori- gem, que se opõe, totalmente, à concepção tradicional de ensino, assim como enten- der que os conteúdos procedimentais são os mais importantes, mas não os únicos, e que a inteligência não se limita ao conceito lógico-matemático – são várias inteligên- cias desenvolvidas nas pessoas. 75 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Assim sendo, acompanhe nesta unidade as origens e conceito de projetos, a discrimi- nação dos tipos de conteúdos e das múltiplas inteligências. 5.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS Planejamento é a organização do processo de ensino a partir de seus propósitos. Os focos são onde queremos chegar com os nossos alunos e as formas mais adequadas para alcançar estes fins. Para que isso seja concretizado, precisamos ter noções da situação real e presente para pensar nas possibilidades futuras, de modo a contribuir com o desenvolvimento dos sujeitos escolares e de toda a sociedade. São vários os níveis de planejamento no que tange à educação. O nível macro, asso- ciado aos sistemas, implica planejar políticas públicas e programas em educação. O sistema federal, por exemplo, planeja a educação nacional descrita no Plano Nacio- nal de Educação; por consequência, os estados e municípios, a partir deste planeja- mento maior, também se articulam e criam seus planejamentos. O PNE determina diretrizes, metas e estratégias para a política nacional. O atual tem a vigência de 2014 a 2024, ou seja, dez anos que temos para alcançar as vinte metas propostas para toda a Educação Escolar, e isso abrange a Educação Básica e Educação Superior em suas etapas, níveis e modalidades. Ainda no nível macro, sistêmico, temos o planejamento curricular, que se manifesta em alguns documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o Referencial Curricular de Educação Infantil (RCNEI), hoje, em processo de reanálise e organizado em um novo documento, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas as escolas também fazem parte deste sistema, e todo esse planejamento reper- cute em seu território político e pedagógico, ou melhor, num documento denomi- nado Projeto Político Pedagógico (PPP), que se traduz nas práticas de sala de aula, no planejamento de ensino-aprendizagem: no plano de curso e plano de aula. Como 76 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO possiblidade de melhor conduzir o processo, surgem outras formas de organizar o ensino-aprendizagem, com centros de interesses, temas geradores, sequências didá- ticas, projetos didáticos coparticipativos – estes últimos, tema principal de nossa uni- dade, também chamados de projetos temáticos, projetos de trabalho (em resumo, uma pedagogia de projeto). FIGURA 30 - RELAÇÃO ENTRE PPP E PROJETO DIDÁTICO O projeto político-pedagógico é o plano global da instituição. Ele é a sistematização de um planejamento participativo que se aperfeiçoa e se concretiza ao longo da caminhada da instituição de ensino definindo claramente que tipo de ação se quer realizar. [...] o projeto temático ou de trabalho está a serviço de um projeto maior que é o PPP. (NOGUEIRA, p. 39) Fonte: elaborada pela autora. Pode-se perceber, pela variedade de nomes, que a pedagogia de projetos tem di- versas abordagens. A opção aqui escolhida é a abordagem que trata de projetos de trabalho. A palavra trabalho não está atrelada à ideia disseminada pelo sistema ca- pitalista (a venda da força de trabalho) e sim à produtividade do ser humano, aos seus fazeres, à sua ação, por isso a ideia de coparticipativos, demonstrado que, se jun- tarmos pessoas a um grupo, com diferentes habilidades e competências, podemos alcançar os objetivos traçados. O primeiro movimento que levou a ideia de projetos foi o de centros de interesse realizado por Óvide Decroly, representante do movimento Escola Nova, cujo foco era o aprender a aprender. 77 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISAE PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 31 - ORIGEM DA PEDAGOGIA DE PROJETOS Oposição às práticas tradicionais (sujeito passivo x sujeito ativo). Aprender a aprender. Tudo começa na Escola Nova... Tendência pedagógica liberal renovada. Fonte: elaborada pela autora. O método de Decroly, denominado “centros de interesse”, partia da ideia da globali- zação do ensino para romper com a rigidez dos programas escolares, ou seja, opon- do-se ao ensino tradicional, baseado na transmissão de conteúdos conceituais. De acordo com Luckesi (1994), existem dois grupos de tendências pedagógicas: as liberais e progressistas. As tendências liberais são a favor do sistema capi- talista e dividem-se em tradicional, renovada (Escola Nova) e tecnicista. Já as tendências progressistas são contra o sistema capitalista e também estão orga- nizadas em três categorias: libertária, libertadora e crítico-social dos conteúdos. A pedagogia renovada é aquela que, mesmo a favor do sistema, é contra a con- cepção de sujeito passivo da educação tradicional, pensando em métodos mais ativos que ativem a inteligência dos alunos, trazendo também uma concepção mais pragmática de ensino. Para Decroly, existem seis centros de interesse que poderiam substituir os planos de estudo construídos com base em disciplinas: a) a criança e a família; b) a criança e a escola; c) a criança e o mundo animal; d) a criança e o mundo vegetal; e) a criança e o mundo geográfico; f) a criança e o universo. 78 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Nesta evolução da pedagogia de projetos, temos John Dewey e Kilpatrick, ambos escolanovistas também. Dewey defendia a relação da vida com a sociedade e articu- lação entre teoria e prática, e foi considerado um dos pais da Escola Nova. Sua ideia central era partir das experiências. Kilpatrick, discípulo de Dewey, destacou-se pelo seu método de projetos, organizado em quatro etapas principais: designar o fim, pre- pará-lo, executá-lo e avaliá-lo. Os projetos poderiam ter várias finalidades: produção; consumo; resolução de algum problema; e aperfeiçoamento de alguma técnica. Os projetos didáticos coparticipativos, de acordo com Nogueira (2009), têm ênfase in- terdisciplinar, procedimental e pragmática. Apresentam algumas características, tais como: intencionalidade, responsabilidade e autonomia dos alunos, autenticidade (a temática tem que ser relevante), complexidade, resolução de problemas, além de ser faseado. 5.2 A QUESTÃO DOS CONTEÚDOS Os conteúdos são meios e não fins de um planejamento. Durante muito tempo, na pedagogia tradicional, os conteúdos foram vistos como fins, ou seja, dava-se aula para lançar terminado conteúdo. Nisso, limitava-se também o tipo de conteúdo, resumin- do-se ao conceitual, científico, um tanto propedêutico. Com o advento dos movimentos pedagógicos, principalmente com a difusão dos quatros pilares da educação promovidos pela UNESCO, a caracterização dos conteú- dos foi revista, inclusive, influenciando a fundamentação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). FIGURA 32 - TIPOS DE CONTEÚDOS, TAMBÉM DIFUNDIDOS PELOS PCNS PCNs CONTEÚDOS CONCEITUAIS ATITUDINAIS PROCEDIMENTAIS Fonte: elaborada pela autora. 79 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Os conteúdos conceituais são aqueles que dizem respeito ao saber propriamente dito. Os conteúdos procedimentais implicam saber fazer. Já os conteúdos atitudinais estão associados a um saber ser. Perceba que na figura acima, que resume os tipos de conteúdos, a palavra “procedi- mentais” está em destaque, justamente por ser o principal (mas não o único) num projeto didático coparticipativo. Nesta direção, o mais importante é que o aluno co- loque os conhecimentos presentes no projeto em prática, em experiências, em mo- vimentos de pesquisa etc. 5.3 FORMAÇÃO INTEGRAL NA PERSPECTIVA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS Por muito tempo acreditou-se que as pessoas teriam apenas uma inteligência, que se resumia a uma inteligência lógica e conceitual. Hoje, com os estudos das múltiplas inteligências, revelado por Howard Gardner, temos categorias distintas, pluralizando- -se o conceito, ou seja, em vez de “inteligência”, temos “inteligências”. FIGURA 33 - MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 80 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Em princípio, nove múltiplas inteligências foram reveladas. Mais tarde, outras foram descobertas (como, por exemplo, a inteligência reflexiva), e podemos dizer que esta revelação continua em movimento. Veja algumas delas: 1. Verbal ou linguística: capacidade do ser humano em usar a palavra. Essa inteli- gência é a responsável pela comunicação. Poetas, escritores e vendedores são exemplos de pessoas que fazem uso dessa inteligência. Uma pessoa que a pos- sui conta casos interessantes e pode se expor positivamente em debates. 2. Lógico-matemática: capacidade relacionada com o raciocínio lógico, os símbo- los e as formas matemáticas. Engenheiros, por exemplo, fazem uso dessa inteli- gência. Uma pessoa que desenvolve bem tal inteligência pode produzir desco- bertas científicas ou inventar coisas. 3. Espacial: relaciona-se com a operacionalização do mundo no espaço. Arquite- tos são exemplos perfeitos para esse tipo de inteligência. Pessoas com essa inte- ligência apreciam montagem de quebra-cabeças. 4. Sonora ou musical: a pessoa que desenvolve essa inteligência consegue ler ci- fras, tablaturas, partituras, e, cria músicas (sons) com facilidade. Os músicos, can- tores e bandas são exemplos. Geralmente, pessoas com a inteligência musical sabem tocar algum instrumento, são afinadas para cantar e até aprendem mú- sica de ouvido. 5. Pictográfica: perceptível em pessoas que se expressam pela pintura, desenho, escultura ou até mesmo imagens gráficas. Cartunistas exemplificam essa inte- ligência. 6. Corporal-cinestésica: essa inteligência implica capacidade de solucionar proble- mas ou de se comunicar usando o corpo. Pessoas com essa inteligência conser- tam suas próprias coisas, por exemplo. É encontrada em atletas, bailarinos etc. 7. Naturalista: conhecida como inteligência biológica ou ecológica, manifesta-se pelas relações estabelecidas com as espécies e relações entre elas – de certa forma, com os elementos da natureza. Um florista e jardineiro são exemplos de pessoas que desenvolveram essa inteligência. 8. Interpessoal: capacidade de estabelecer boas relações com as pessoas (tem a ver com a empatia). Pessoas que gostam de festas e professores são exemplos dessa inteligência, sabem se relacionar com os diferentes grupos. 81 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 9. Intrapessoal: se manifesta quando a pessoa sabe se relacionar consigo, pois con- segue controlar emoções e sentimentos. É encontrada nas pessoas com bom humor, que possuem autocrítica. Sobre escola, pode-se sinalizar alguns pressupostos de Gardner. Primeiro: nem todos têm os mesmos interesses ou possuem as mesmas habilidades. Melhor ainda, nem todos aprendem da mesma maneira. Temos que compreender as capacidades e in- teresses para a avaliação do processo não virar apenas números em boletins. O currí- culo deve se aproximar dos interesses dos alunos, e os educadores devem promover situações – e, aqui, os projetos didáticos dão sua colaboração, contextualizadas. CONCLUSÃO Nesta unidade, você conheceu os fundamentos dos projetos didáticos coparticipati- vos, perpassando pelos tipos de conteúdos e pelas múltiplas inteligências.Foram apresentados: os fundamentos históricos e filosóficos, expondo as origens da pedagogia de projetos; a relação dos conteúdos procedimentais com as característi- cas pragmáticas dos projetos didáticos; e a identificação das múltiplas inteligências para serem incorporadas na resolução de problemas, experiências e movimentos de pesquisa dos projetos didáticos. Assim sendo, os projetos didáticos ofertam uma possibilidade de ensino mais voltado para a aprendizagem, potencializando as diferentes inteligências que circulam nos espaços escolares, caminhando pelos conteúdos curriculares. 82 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Compreender a importância da utilização da educação por projetos. > Sistematizar os elementos essenciais dos projetos didáticos coparticipativos. > Saber e exemplificar as principais etapas de um projeto didático coparticipativo. UNIDADE 6 83 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO 6 A REALIZAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS A concepção de projetos pedagógicos participativos, muitas vezes, recai como uma obrigação da escola, como modismo, empobrecendo a concepção que está por trás de seus fundamentos. É muito comum escolas dizerem que tem o “Projeto Dia do Índio”, “Projeto de Natal”, usando datas comemorativas como temas e dizendo que é um projeto. Um projeto didático não se resume a um tema ou a uma data do calendário. Um projeto tem a ver com contexto e cotidiano, envolve situações do dia a dia, que neces- sitam de um olhar docente e discente. Podemos considerar que os projetos didáticos coparticipativos são provocadores e organizadores do conhecimento que se quer le- var aos alunos. Os projetos envolvem três pontos essenciais: o contexto, os conteúdos procedimen- tais (que não os únicos, mas, os principais) e a interdisciplinaridade. Esses são os pi- lares, portanto, sem isso, um projeto não funciona. Para o planejamento, deve-se ter justificativa, objetivos, metodologia e avaliação. Nesse sentido, acompanhe, nesta unidade, os aspectos fundamentais para se ter uma didática eficaz em sala de aula, por meio dos projetos didáticos coparticipativos. 84 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 6.1 A REALIZAÇÃO DE PROJETOS DIDÁTICOS Os projetos didáticos são alternativas de planejamento, alinhados ao PPP – Proje- to Político Pedagógico, que possibilita o trabalho com competências e habilidades, assim como o desenvolvimento de múltiplas inteligências, já que a ênfase recai nos conteúdos procedimentais. A escola que objetiva formar o cidadão de forma integral, envolvendo o sujeito como um todo, potencializa isso didaticamente. FIGURA 34 - ESCOLA E PROJETO DIDÁTICO. OBJETIVOS DA ESCOLA CIDADÃO INTEGRAL COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Múltiplas Inteligências SALA DE AULA E PROJETOS DIDÁTICOS Fonte: Elaborado pela autora. O trabalho com projetos didáticos é uma tentativa de contextualizar o ensino, apro- ximando os sujeitos de questões reais e, de certa forma, articulando teoria e prática na aprendizagem dos alunos, na promoção de uma aprendizagem mais significativa. Todo o projeto deve levar em consideração que o trabalho é coletivo, ou seja, os proje- tos são coparticipativos, pois é nas relações estabelecidas com diferentes habilidades, competências e inteligências que se alcançam os objetivos. Ao mesmo tempo que a construção coletiva deve conduzir o sujeito à internalização dos conhecimentos cons- truídos, ou seja, ao desenvolvimento concomitante da aprendizagem individual, pois aquilo que faço com o outro está em processo de construção do conhecimento. Quan- do sou capaz de fazer sozinho, aprendi, como é a aprendizagem colocada à luz de Vygotsky. E, nessa direção, o trabalho com projetos está na zona de mediação, na ZDP. 85 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO FIGURA 35 - VYGOTSKY. Fonte: SHUTERSTOCK, 2019. Vygotsky, pensador russo que trouxe contribuições para a Psicologia da Educação, em sua teoria conhecida como “sócio-interacionismo”, afirmou que o sujeito tem dois níveis de conhecimento. O nível real de desenvolvimento e o potencial. A distância entre esses níveis ficou conhecida como ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal. Um projeto não é realizado do “nada”; ele tem justificativa na realidade, no contexto, em críticas, necessidades, debates, situações. Tudo isso é que conduz o professor a propor um projeto didático coparticipativo em classe. Não é algo proposto pela coor- denação ou pelo professor só para dizer que trabalhou com projetos. Não é um ato solitário e sim solidário, que envolve, principalmente, os alunos. Cabe ressaltar tam- bém que apenas uma “pesquisa” não simboliza um trabalho com projetos. 86 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Os projetos, na realidade, são verdadeiras fontes de investigação e criação, que passam sem dúvida por processos de pesquisas, aprofundamento, análise, depuração e criação de hipóteses, colocando em prova a todo momento as diferentes potencialidades dos elementos do grupo, assim como as suas limi- tações. Tal amplitude nesse processo faz com que os alunos busquem cada vez mais informações, materiais, detalhamentos etc., fontes estas de constan- tes estímulos no desenrolar do desenvolvimento de suas competências. (NO- GUEIRA, 2009, p. 81). Um projeto é a continuidade do planejamento do professor ou até a ampliação deste. É um trabalho que surge de necessidades pedagógicas e que se desenvolve coletiva- mente. Pode ser com uma turma ou mesmo envolver várias turmas ou a escola toda. 6.1.1 ELEMENTOS ESSENCIAIS Como já dito, um projeto não surge do nada. É a justificativa de implantação do projeto que motivará o andamento dele. Essa justificativa pode ser algo tácito, por exemplo, algo não formalmente expresso, que surge das questões cotidianas de sala de aula, como no relato abaixo. Certo dia, as crianças cochichavam na fila. Debatiam sobre algum assunto que esta- va despertando o interesse delas. Era uma turma de Educação Infantil com crianças de 5 anos. Até que uma criança veio até mim e perguntou: “Tia, quem veio primeiro? Jesus, os índios ou os dinossauros?” Então, sugeri que nos organizássemos para des- cobrir isso. Perguntei primeiro se tudo isso ainda existia. Alguns disseram até os ín- dios, outros disseram que eram “coisas velhas”. Perguntei onde poderíamos procurar informações sobre “coisas velhas”, um dos alunos respondeu: “Minha avó”. Não preciso dizer que ri muito. Mas, de qualquer forma, a pergunta foi muito útil e todos queriam uma resposta para a pergunta. Ampliando a conversa, descobri o que tinha motivado o surgimento da pergunta. Havia passado o filme “Parque dos dinossauros” na TV, na semana da Páscoa, e estava se aproximando o dia do índio. As crianças tinham ideia de tempo passado, mas, não conseguiam ordenar os eventos, precisavam de “pistas”. 87 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO Tendo em vista uma indagação, um recado tácito, uma situação a ser resolvida, a segunda etapa é traçar os objetivos que se pretende alcançar. Obviamente que o ob- jetivo geral está atrelado à conquista da indagação central. E que, no caminho, pas- saremos por várias outras situações específicas para chegar aessa conquista central, e, aqui, estamos falando dos objetivos específicos. É nesse momento que precisamos analisar habilidades, competências e inteligências que circulam em sala e/ou preci- sam ser desenvolvidas na atuação do projeto. Como iremos conduzir o processo é a próxima etapa, que se refere à metodologia. Es- tratégias, atividades, recursos estarão presentes de forma a conduzir todos ao alcance dos objetivos. Um cronograma do que será feito também é essencial, não necessaria- mente preciso, mas que traga uma programação e traduza-se no compromisso do cumprimento das tarefas estabelecidas. Nem sempre um projeto consiste num produto concreto e físico ao final. Pode ser, inclusive, apenas uma constatação que responda à indagação central. No entanto, é certo que há um final, um encerramento, uma demonstração do que aprendemos ao desenvolver determinado projeto. 6.1.2 PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO Sabendo dos elementos essenciais do projeto, sugiro aqui algumas perguntas que colaboram com a escrita, ou melhor, com o planejamento das etapas de um projeto didático coparticipativo, são elas: 1. O quê? • Sobre o que falaremos/pesquisaremos? • O que faremos no projeto? - Esta primeira pergunta dá origem ao tema. Tema este que surge da indaga- ção, da problematização, da inquietação em relação a algo. 2. Por quê? • Por que trataremos desse tema? • Quais são os objetivos? 88 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO - Como já sabemos, um projeto não surge do nada, ele precisa ter origem em algo. E esse algo tem relação com os interesses que circulam, motivando os participantes a se movimentarem perante o conhecimento. 3. Como? • Como realizaremos esse projeto? • Como operacionalizaremos? • Como podemos dividir as atividades entre os membros do grupo? • Como apresentaremos o projeto? - Esse é o momento mais complexo, de dar concretude ao projeto. É a parte em que mais há mediação do professor. Ele organiza e ajuda seus alunos; não leva respostas prontas, mas fornece subsídios diversos para que os alu- nos façam uso de suas habilidades, competências e inteligências a favor do projeto, é o “aprender a aprender”. A exploração do processo de metacognição possibilita outras oportunidades além do projeto em questão, pois conhecendo os mecanismos do pensar, o aluno tende a buscar mais e mais novos conhecimentos, já que ele aprende a aprender. Desta forma o processo torna-se mais ameno e motivante, diferente das formas passivas nas quais normalmente são colocados, diante do ser ativo e detentor do conhecimento – o professor. (NOGUEIRA, 2009, p. 82). 4. Quando? • Quando realizaremos as etapas planejadas? - Todo projeto tem início, meio e fim. É necessário, portanto, um cronograma. 4. Conseguimos? • Realizamos o projeto? • O que faltou? • Como foi minha ação? - Último momento do projeto. A avaliação retroalimenta a ação do professor. O aluno pode, aqui, ter respondido à pergunta, ter solucionado o problema, produzido algo mais concreto. Essa análise é conjunta. Conseguimos? Se não conseguimos, o que faltou e por que faltou? Mais que isso, o que podemos fazer para conseguir? 89 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO A autoavaliação é um momento muito importante para o aluno. É o momento em que ele percebe seus próprios instrumentos de conquista pela aprendizagem. A au- toavaliação pode ser uma roda de conversa, um diário, um questionário. O importan- te é ouvir o aluno falar sobre sua própria aprendizagem. Com a turma do Ensino Fundamental, no Projeto Pessoas Famosas, propus uma autoavaliação que os alunos deveriam completar as seguintes frases. Acredito que com este projeto aprendi... Meu planejamento foi... Meu grupo acha que nossa pesquisa... No começo do projeto, eu achava que... No meio do projeto, eu já consegui... Meu próximo projeto será sobre... Não gostei... Em minha pesquisa, descobri que... Do que mais gostei neste projeto... Meu grupo... Um projeto didático coparticipativo não tem receita. Ele é um planejamento que se pauta na contextualização, nos conteúdos procedimentais, na metacognição e na interdisciplinaridade. 90 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, você foi capaz de compreender os elementos essenciais e as etapas dos projetos didáticos coparticipativos. Foram apresentados, rapidamente, os fun- damentos dos projetos, as etapas (justificativa, objetivos, metodologia e avaliação) e algumas orientações para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico baseado em projetos. Muitos acham que trabalhar com projeto faz com que o plano de curso não seja con- cluído. Isso é um mito, pois os conteúdos também circulam nos projetos. Há também vários níveis de projetos, pode ser da escola, da turma, de um grupo ou até do aluno; isso depende, principalmente, da origem temática. Há de se ressaltar que é desejável que os projetos sejam interdisciplinares, porém, nem sempre conseguem abraçar todas as disciplinas. O importante, portanto, é que algumas estejam presentes e se relacionem entre si, pelo menos, garante-se o movi- mento minimamente. Trabalhar com projetos só porque a escola exige é desconsiderar todo o apanhado pedagógico que seus procedimentos possuem, é banalizar o uso dos projetos em sala de aula. O professor tem que lembrar que o planejamento não é só dele. Como o foco é o aluno, este participa também, dando direcionamentos para que possa “aprender a aprender”. Nem tudo é possível ensinar por projetos, que isso fique bem claro. E, nem sempre, o projeto deve estar presente como parte da avaliação formal, atribuindo notas. Ele pode ser algo não condicionado a isso, quando, principalmente, parte de situações naturais e contextualizadas. Entretanto, o projeto faz parte da construção do conhe- cimento. Quando aplicado, tem-se que observar o processo, as conquistas e dificul- dades, para que possamos intervir na realidade de nossos aprendizes. 91 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. M. L. Pesquisa e cotidiano escolar. In: PEREIRA, Maria de Lourdes (Org.). Pesquisa e cotidiano escolar. 1. ed. v. 5. João Pessoa, PB: Editora Universitária/UFPB, 2010. p. 315-355. BAGNO, M. Pesquisa na escola: o que é e como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2010 apud ARAÚJO, Myriam Monte Leite de. Pesquisa e cotidiano escolar. João Pessoa, PB: UFPB, 2012. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/pesquisa_e_co- tidiano_escolar_1462975436.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2019. COSTA, Gisele das Chagas. A pesquisa e prática pedagógica I. 2. ed. Salvador: FTC EaD – Rede FTC, 1999. CRUZ, G. B.; ANDRE, M. E. D. A. 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Porto Alegre: Artmed, 2015. 94 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SALVADOR, César Coll; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jesús. Desenvolvimento Psico- lógico e Educação: Psicologia da Educação Escolar. v. 2. Porto Alegre: Grupo A Penso, 2015. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho Docente: Elementos para uma Teoria da Docência como Profissão de Interações Humanas. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamen- tal. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais/ética. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. ______. Ministério da Educação. Base nacional comum: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2017. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 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Porto Alegre: Penso, 2016. 97 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA IV SUMÁRIO EAD.MULTIVIX.EDU.BR CONHEÇA TAMBÉM NOSSOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA NAS ÁREAS DE: SAÚDE • EDUCAÇÃO • DIREITO • GESTÃO E NEGÓCIOS FIGURA 1 - Educação e conhecimento FIGURA 2 - Pesquisa e investigação FIGURA 3 - Formação docente FIGURA 4 - Pilares da educação FIGURA 5 - Conhecimento x professor FIGURA 6 - Ensinar FIGURA 7 - Professor x dificuldades na rotina escolar FIGURA 8 - Didática FIGURA 9 - Professora e ações didáticas FIGURA 10 - Aula dinâmica FIGURA 11 - René Descartes FIGURA 12 - Representação da abordagem multidisciplinar FIGURA 13 - Representação da abordagem pluridisciplinar FIGURA 14 - Representação da abordagem interdisciplinar FIGURA 15 - Edgar Morin FIGURA 16 - Conhecimento Interdisciplinar FIGURA 17 - Representação da abordagem transdisciplinar: Teia do conhecimento. FIGURA 18 - União por meio de uma reta transversal FIGURA 19 - União dos saberes FIGURA 20 - Charles Chaplin FIGURA 21 - UNESCO FIGURA 22 - Os quatro pilares da educação FIGURA 23 - Saberes docentes FIGURA 24 - Pesquisa docente e discente. FIGURA 25 - Currículo significa caminho FIGURA 26 - Como ensinar? FIGURA 27 - Prova como instrumento de avaliação FIGURA 28 - Relação planejamento-avaliação FIGURA 29 - Avaliação de competências FIGURA 30 - Relação entre PPP e projeto didático FIGURA 31 - Origem da pedagogia de projetos FIGURA 32 - Tipos de conteúdos, também difundidos pelos PCNs FIGURA 33 - Múltiplas inteligências FIGURA 34 - Escola e Projeto didático. FIGURA 35 - Vygotsky. 1 Conhecendo o Cotidiano Escolar pela Ótica da Pesquisa: Reflexões e Críticas 1.1 CONHECENDO O COTIDIANO ESCOLAR PELA ÓTICA DA PESQUISA: REFLEXÕES E CRÍTICAS 1.1.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A DIDÁTICA 1.2 A DIDÁTICA E O PROFESSOR EM SALA DE AULA Conclusão 2 Interdisciplinaridade: Análise, reflexão e crítica 2.1 INTERDISCIPLINARIDADE: FUNDAMENTOS, CONCEITO E PERSPECTIVA CURRICULAR 2.1.1 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS 2.2 AS ABORDAGENS DO CONHECIMENTO 2.2.1 Abordagem multidisciplinar 2.2.2 Abordagem pluridisciplinar 2.2.3 Abordagem interdisciplinar 2.2.4 Abordagem transdisciplinar 2.3 CURRÍCULO E INTERDISCIPLINARIDADE 2.3.1 TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE 2.3.2 OS TEMAS TRANSVERSAIS 2.4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INTERDISCIPLINARES 2.4.1 É MOMENTO DE MUDANÇA 2.4.2 A PRÁTICA INTERDISCIPLINAR Conclusão 3 Ensino e pesquisa sob a ótica da educação por competências 3.1 Fundamentos teóricos 3.1.1 Os quatro pilares da educação 3.2 Educar por competências 3.3 Os saberes docentes 3.4 Novas perspectivas do professor-pesquisador Conclusão 4 Questões didáticas do “educar por competências” 4.1 Introdução da Unidade 4.2 Questões Didáticas do “Educar por Competências” 4.2.1 Questões Curriculares 4.2.2 Questões Metodológicas 4.2.3 Avaliar por Competências Conclusão 5 Projetos didáticos coparticipativos Introdução da Unidade 5.1 Fundamentos Teóricos e Conceituais 5.2 A Questão dos Conteúdos 5.3 Formação Integral na Perspectiva das Múltiplas Inteligências CONCLUSÃO 6 A realização de projetos didáticos 6.1 A realização de projetos didáticos 6.1.1 Elementos essenciais 6.1.2 Planejamento, execução e avaliação Conclusão REFERÊNCIAS