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MÓDULO I
AS FUNÇÕES DO CONSELHO ESCOLAR
AS FUNÇÕES DELIBERATIVA E CONSULTIVA DO CONSELHO ESCOLAR
Neste tópico tratamos da função deliberativa e consultiva do Conselho Escolar, para tanto, devemos refletir sobre a sua organização, levando em conta suas atribuições, composição e paridade.
Compreende-se que o processo de escolha e deliberação de ações de interesse comum é algo que compete a uma coletividade.
Vamos Pensar?
O Conselho Escolar representa as comunidades escolar e local, e deve atuar coletivamente, definir caminhos e deliberar o que é de sua responsabilidade.
No Brasil, a criação e a atuação de órgãos de apoio, decisão e controle público da sociedade civil na administração pública, tem um significado histórico relevante.
Representa, assim, um lugar de participação e decisão, um espaço de discussão, negociação e encaminhamento das demandas educacionais.
O Conselho Escolar é uma instância de discussão, acompanhamento e deliberação, na qual se busca incentivar uma perspectiva democrática e participativa.
É da responsabilidade da escola, também, mobilizar as comunidades escolar e local para participarem da elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola.
O PPP contém as concepções de educação, os objetivos, metas e sonhos da escola, assim como os problemas que precisam ser superados, por meio da criação de práticas pedagógicas coletivas e da corresponsabilidade de todos os envolvidos com a escola. Esse processo deve ser acompanhado pelo Conselho Escolar.
Para garantir a legitimidade do Conselho Escolar é importante que se tenha representantes de todos os segmentos, como por exemplo: estudantes, pais ou responsáveis, professores, demais funcionários, diretor (ou alguém da equipe gestora) e representante da comunidade local.
A eleição e composição dos membros do Conselho Escolar devem ser definidas em lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, respeitada a composição paritária entre os segmentos eleitos.
Para entendermos o que significa essa composição paritária, precisamos conhecer o termo paritário que, por sua vez, significa uma qualidade que é par, ou seja, significa equilíbrio.
Quando compomos o Conselho Escolar, temos que ter o cuidado em representar de forma equilibrada os seus segmentos. Por exemplo, 50% dos membros devem ser professores, equipe gestora e funcionários, e os outros 50% estudantes, familiares e comunidade local.
Cada um desses representantes deve ser eleito pelos seus pares, sendo que todo conselheiro deve estar atento às demandas e opiniões das pessoas integrantes do seu segmento representativo, ou seja, se eu represento um determinado segmento do Conselho Escolar, não posso falar das minhas opiniões isoladamente, mas devo representar a opinião do conjunto daqueles que estou representando.
É importante que existam representantes de todos os segmentos, porém, quando não há um determinado segmento, o Conselho se organiza conforme a realidade da escola, observando que a paridade deve ser respeitada.
Em relação às crianças da Educação Infantil, elas são sujeitos que também estão construindo sua autonomia, pois a escola de qualidade é para todos, por isso ela deve criar maneiras para ouvi-las.
Implantar Conselhos Escolares e outras formas de participação das comunidades escolar e local na melhoria do funcionamento das instituições de Educação Infantil e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.
A quase totalidade dos sistemas de ensino estabelece o número de conselheiros escolares, obedecendo a números mínimos e máximos, com critérios baseados em escalas segundo o número de estudantes matriculados na escola.
É importante, também, que o sistema de ensino defina o mandato do conselheiro escolar, que normalmente é de dois anos, com direito a uma reeleição.
Quanto ao funcionamento, as normas deverão ser claras, descritas em um Regimento Interno, que defina as atribuições e funções dos conselheiros e dos suplentes, a periodicidade das reuniões ordinárias, bem como a convocação de reuniões extraordinárias, substituição de conselheiros etc.
O Conselho Escolar deve estar atento ao cotidiano da escola e, de acordo com suas necessidades, marcar as reuniões extraordinárias, pois as reuniões ordinárias devem ser previstas no calendário escolar, no início do ano.
O ideal é que haja pelo menos uma reunião ordinária por mês.
As reuniões deverão acontecer em dia e horário que sejam adequados para todos os conselheiros escolares. É necessário que haja uma ampla divulgação em local de fácil acesso.
Dessa forma, é possível fomentar a participação dos diferentes segmentos. É preciso garantir a legitimidade, possibilitando vez, voz e voto para todos os representantes.
Outro aspecto importante que deve ser garantido é que as pautas para as reuniões do Conselho Escolar sejam construídas coletivamente, de modo que as necessidades dos diferentes segmentos estejam contempladas em suas reuniões.
Nesse mural, toda a comunidade escolar e local pode contribuir com temas a serem incluídos na pauta da reunião, além de darem sugestões, opiniões etc. Nesse caso, o Conselho Escolar deve se organizar para que antes de cada reunião os temas a serem abordados sejam inseridos no mural por todos os segmentos pertencentes a esse colegiado.
Ressalta-se que todo representante das comunidades escolar e local tem legitimidade para articular um melhor funcionamento do Conselho Escolar, convocando todos os segmentos para organizar coletivamente uma eleição desse colegiado, em diálogo com a Secretaria da Educação.
Um detalhe importante: ninguém tem autoridade especial fora do colegiado só porque faz parte dele.
O diretor ou equipe gestora atua como executor das deliberações do Conselho Escolar, implementando as decisões desse colegiado no cotidiano da escola. Ele também articula a integração de todos os segmentos, visando a implementação do Projeto Político Pedagógico.
O(a) gestor(a) poderá assumir a presidência do Conselho Escolar. Isso fica a critério de cada Conselho, mas é importante destacar que, não havendo restrição legal, a presidência do Conselho pode ser exercida por qualquer conselheiro, desde que seja eleito entre os próprios membros do Conselho Escolar.
O Conselho Escolar é composto por membros efetivos e seus respectivos suplentes. Os membros efetivos e suplentes são os representantes eleitos de cada segmento. Os suplentes, assim como qualquer pessoa da comunidade, podem participar de todas as reuniões, somente com direito a voz.
O Conselho Escolar possui as seguintes funções:
A função consultiva tem o caráter de assessoramento, isto é, quando o Conselho Escolar analisa as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e da comunidade e apresenta sugestões ou soluções, que poderão ou não ser acatadas.
Para exercer a função consultiva é necessário, antes de tudo, ter acesso a todas as informações referentes à questão apresentada, depois deve contextualizar a realidade da escola para melhor conhecê-la, fundamentando de forma mais consistente suas opiniões.
É importante também conhecer a legislação e as normas vigentes porque são instrumentos que auxiliam legalmente o parecer. Na prática, também deve estudar e investigar o objeto da consulta, para emitir um parecer consciente e que qualifique a resposta do Conselho Escolar.
A função deliberativa é exercida quando o Conselho Escolar toma decisões, coletivamente, que devem ser cumpridas.
Um exemplo é quando decide sobre questões relacionadas ao Projeto Político Pedagógico. Enquanto na função consultiva trata-se apenas de uma recomendação, na função deliberativa a decisão do Conselho Escolar deve ser acatada.
Quando os segmentos exercem coletivamente a função deliberativa proporcionam um espaço de autonomia na escola, isso é garantido por lei, no Artigo 15 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB):
“os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de Educação Básica que os integram progressivosgraus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira observadas as normas gerais de direito financeiro público.”
VAMOS PENSAR?
A ação democrática representa um exercício de poder, autocriação, auto instituição, autogestão. Para que a gestão da escola pública seja efetivamente democrática é fundamental que ela exercite sua autonomia.
Após a Constituição Federal de 1988, à medida que os sistemas de ensino se estruturaram e se fortaleceram, houve necessidade progressiva de ampliar espaços de autonomia na escola. A questão da autonomia remete à questão da institucionalidade que reveste a escola de personalidade e identidade própria.
Nesse caso, fica uma pergunta: se a escola é uma instituição, o Conselho Escolar poderia ser uma instituição independente da escola?
Tanto no Ensino Superior como na Educação Básica, os Conselhos são situados como instâncias, como mecanismos de gestão, sendo, portanto, inerentes à instituição de ensino.
Por essa razão, os Conselhos são sempre regulamentados no estatuto (no caso das Universidades) e/ou no regimento da escola. Isso significa que o Conselho Escolar se insere na institucionalidade e na própria estrutura da escola, por isso é um mecanismo de gestão da escola pública e está totalmente ligado à escola como instituição.
Na gestão democrática existe o exercício de decisão coletiva na escola e ela deve proporcionar espaços de autonomia de forma progressiva, pois essa é a essência da gestão democrática.
Nesse sentido, a institucionalidade da escola precisa ser reforçada, para a conquista de progressivos graus de autonomia. Assim, parece importante chamar a atenção para algumas distinções necessárias.
Na Educação Básica e na Educação Superior é comum a existência de entidades com personalidade jurídica própria, paralelas ou complementares. São as fundações, as associações, com finalidades de assistência ao estudante ou de apoio.
Mas essas entidades têm um caráter complementar. No caso da Educação Básica não podem substituir ou assumir o lugar da institucionalidade da escola. Essas instituições podem contribuir com a unidade escolar, mas nunca podem tomar o papel de decisão que cabe à própria escola como instituição.
Nenhuma entidade jurídica pode decidir pela escola.
O Conselho Escolar é seu órgão máximo de decisão no âmbito da escola.
É bom frisar que entidades como associações de pais e mestres, caixa escolar, grêmios estudantis e outras organizações podem e devem existir, porém, no sentido de promover a mobilização de pais e responsáveis, estudantes e de outros setores comprometidos com a escola.
Essas entidades não podem substituir o Conselho Escolar, pois ele é um colegiado que representa todos os segmentos da escola.
Dessa forma, é como se a própria escola estivesse decidindo sobre suas questões, em reuniões do Conselho Escolar.
Isso significa que a função deliberativa do Conselho Escolar está ligada à autonomia da escola. Por meio dessa função, o Conselho Escolar pode deliberar sobre as principais questões pedagógicas, administrativas e financeiras. 
Daí a importância de encaminhar e acompanhar as deliberações nas reuniões do Conselho. As entidades de apoio executam o que é pertinente a suas atribuições. Essa é a situação ideal, coerente com os princípios da progressiva autonomia da escola e sua gestão democrática.
E coerente, também, com a natureza e as finalidades das entidades complementares de apoio à escola. Sendo assim, os interesses corporativos têm seus espaços próprios: sindicatos, associações e outros similares.
VAMOS PENSAR?
O Conselho Escolar busca defender os interesses coletivos, em sintonia com o Projeto Político Pedagógico da escola, que requer uma visão do todo.
É necessário esclarecer que os representantes dos segmentos do Conselho Escolar não devem defender seus interesses pessoais, mas devem compartilhar com os demais conselheiros a percepção, as aspirações e os desejos de quem eles estão representando.
O compartilhar requer sensibilidade política, isto é, situar o interesse coletivo acima dos interesses pessoais ou de um segmento.
Esses processos participativos são muito importantes. Eles propiciam a mobilização das pessoas para tomadas de decisões, ao invés de ficarem apenas aceitando as ações impostas. É assim que se exercita a cidadania, com todos participando ativamente das decisões que fazem parte das suas vidas.
A integração entre escola e comunidade potencializa o sentimento de que todos pertencem à escola, e revigora o sentido de partilha, tornando o processo educativo dinâmico. Essa visão processual resulta em mudanças de atitudes necessárias para o desenvolvimento de uma nova postura frente à escola e à comunidade, e vice-versa.
A FUNÇÃO MOBILIZADORA DO CONSELHO ESCOLAR
Neste tópico, tratamos da função mobilizadora do Conselho Escolar e a importância da mobilização das comunidades escolar e local, com vistas ao fortalecimento do Conselho Escolar. É de suma importância atentar para o processo de eleição dos conselheiros escolares para que estes tenham maior participação e representatividade.
A palavra mobilização nos remete à ação de mobilizar. Quando convocamos, queremos que outras pessoas estejam juntas a nós, portanto, mobilização é a ação de chamar, agregar as pessoas em torno de um objetivo comum.
O Conselho Escolar pode e deve mobilizar a comunidade para se integrar, acompanhar e participar do cotidiano da escola, com vistas a uma educação com qualidade socialmente referenciada.
Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum sob uma interpretação e um sentido também compartilhado.
Conforme afirma o filósofo e educador colombiano Bernardo Toro:
“A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma praça, passeata, concentração. Mas, isso não caracteriza uma mobilização.”
A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, cotidianamente, resultados decididos e desejados por todos.
Participar ou não de um processo de mobilização social é uma escolha, e quando os sujeitos são chamados para participar, eles podem escolher participar ou não, é decisão de cada um.
Faz-se necessário organizar as ações das pessoas no sentido de buscar a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem na escola. Por isso, o Conselho deve desempenhar uma função mobilizadora.
Na função mobilizadora os conselheiros escolares promovem a participação, de forma integrada, com os segmentos representativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo, assim, para a efetivação da democracia participativa.
Existem estratégias que propiciam uma mobilização eficiente, um exemplo de estratégia de mobilização é a divulgação e, para isso, pode-se usar o mural do Conselho Escolar. Nele, serão inseridas as demandas das comunidades escolar e local, as pautas da próxima reunião do Conselho Escolar, divulgação dos principais resultados e encaminhamentos das reuniões.
No mural, também é possível divulgar todo o processo eleitoral. É um espaço de comunicação entre todos os envolvidos com a escola. No processo de divulgação, é fundamental deixar claro para todos os segmentos como será realizado o processo eleitoral: características, prazos, candidatos, períodos etc.
Além do mural, para a divulgação das eleições, pode-se criar um site, um blog e também anunciar na rádio escolar. Em relação à divulgação impressa, pode-se utilizar folder e/ou jornal do Conselho. Outra estratégia de mobilização interessante é envolver toda a comunidade para conhecer o Conselho Escolar.
Ninguém participa efetivamente daquilo que não conhece, por isso é fundamental que haja uma formação para que todos possam conhecer a importância dos Conselhos Escolares.
Podemos citar aqui duas formas de mobilização:
A primeira é por meio de seminários e palestras. Nesses encontros pode-se dar ênfase para alguns temas, por exemplo: definição de Conselho Escolar, suas principais características e atribuiçõese como esse colegiado pode contribuir para a qualidade de ensino e aprendizagem na escola.
A segunda forma de mobilização pode ser por meio de plenárias e assembleias. É muito importante lembrar a necessidade de mobilização para ampliar a participação nas assembleias gerais.
A assembleia geral deve ser convocada pelo Conselho Escolar. Ela é um espaço democrático, onde a comunidade escolar e a comunidade local se reúnem para compartilhar e decidir as grandes questões referentes à escola.
As assembleias são soberanas nas suas decisões, isto é, qualquer deliberação em contrário só terá validade se novamente apresentada e referendada por outra assembleia geral.
As assembleias gerais podem ser convocadas, entre outros, para o esclarecimento do papel do Conselho Escolar, para divulgar as propostas de trabalho das escolas e para fazer um balanço das atividades realizadas.
Pode-se fazer, também, abordagens de temáticas atuais, como uma importante estratégia de mobilização e qualificação. Nelas podem ser tratados temas sociais e atuais de interesse comum, que contribuam para um melhor desenvolvimento dos processos educativos na escola. Essa é uma forma de chamar a comunidade para conjuntamente (ou coletivamente), sob a coordenação do Conselho Escolar, refletir sobre questões importantes.
É possível também trabalhar esse envolvimento em outros espaços, como na reunião de pais e nos Planejamentos com professores e funcionários etc. Durante essas reuniões, é importante garantir um espaço na pauta que possibilite a participação dos conselheiros escolares, na perspectiva de construção de um diálogo constante com a comunidade.
Para funcionar melhor o processo eleitoral dos Conselhos Escolares é fundamental que os conselheiros não sejam indicados pelos seus representantes, mas por um processo eleitoral. Cada membro deve ser eleito por seu segmento, por um processo amplo, democrático e transparente, que envolva toda a comunidade escolar.
Ao iniciar o processo eleitoral é necessário que haja uma reunião com a comunidade para a constituição da Comissão Eleitoral. A Comissão Eleitoral deve contar com a participação de, no mínimo, um representante de cada segmento.
Vale lembrar que, se o conselheiro for também candidato, ele está impedido de participar da Comissão Eleitoral. Aconselha-se que a Comissão Eleitoral possua um presidente e secretário para conduzirem esse processo de forma democrática e transparente. Recomenda-se ainda que na Composição da Comissão Eleitoral haja representatividade de todos os turnos da escola.
As principais ações da Comissão Eleitoral são:
· A divulgação do cronograma de todo o processo de eleição, com datas referentes à/ao: publicação do edital, inscrição dos candidatos, período de campanha, eleição e a posse dos conselheiros. Vale ressaltar que o edital deve ser publicado com bastante antecedência, para garantir toda a mobilização e o processo democrático;
· Realização de Assembleias gerais e plenárias por segmento, separadamente, para apresentação dos candidatos e suas propostas;
· Registrar todo o processo eleitoral por meio de atas e relatórios;
· Realizar inscrição dos candidatos;
· Providenciar as condições materiais necessárias para realizar a eleição, como: urnas, cédulas, listas de presença e de eleitores;
· Divulgação dos resultados e a posse dos conselheiros.
· 
Diante de tantas atribuições, algumas dificuldades poderão surgir durante o processo eleitoral, porém, deve-se perceber que o tempo e os conflitos de interesses são aspectos que inicialmente podem ser considerados dificuldades, no entanto, podem ser vistos como uma potencialidade para fortalecer o grupo.
Nesse sentido, a dificuldade passa a ser um desafio, assumido coletivamente pela comunidade escolar. É importante ressaltar que uma dificuldade problematizada e superada por todos, passa a fortalecer a construção da identidade coletiva. Isso é um elemento indispensável no processo de construção democrática.
Nesse processo eleitoral podem ser eleitas a representação dos estudantes, dos pais ou responsáveis pelos estudantes, dos professores e demais funcionários. Lembrando que o diretor da escola é um membro nato do Conselho Escolar, não havendo necessidade de ser eleito.
Como todo órgão colegiado, o Conselho Escolar toma decisões coletivas, assim, ele só existe quando está reunido. Ninguém tem autoridade especial fora do colegiado só porque faz parte dele. Daí a importância das reuniões periódicas com todos os conselheiros.
Dentro desse órgão colegiado, o diretor atua como coordenador na execução das deliberações do Conselho Escolar, visando à efetivação do Projeto Político Pedagógico na construção do trabalho educativo.
Ele poderá ser, ou não, o próprio presidente do Conselho Escolar, conforme estabelecido pelo Regimento Interno.
Já os membros efetivos são os representantes de cada segmento. Os suplentes podem estar presentes em todas as reuniões, mas apenas com direito a voz, se o membro efetivo estiver presente.
A escolha dos membros do Conselho Escolar deve considerar a representatividade, a disponibilidade, o compromisso, entre outros.
O conselheiro deve saber ouvir e dialogar, assumindo a responsabilidade de acatar e representar as decisões da maioria, sem nunca desistir de dar opiniões e apresentar as suas propostas, pois o Conselho Escolar é, acima de tudo, um espaço de participação e, portanto, de exercício de liberdade.
A eleição dos integrantes do Conselho Escolar deve obedecer às diretrizes do sistema de ensino. Nesse sentido, é importante definir alguns dos aspectos que envolvem esse processo: mandatos dos conselheiros, forma de escolha, existência de uma Comissão Eleitoral, convocação de assembleias gerais para deliberações, existência de membros efetivos e suplentes.
No processo eleitoral alguns cuidados devem ser observados, tais como:
o voto deve ser único, não sendo possível votar mais de uma vez na mesma unidade escolar; garantir a paridade dos segmentos; assegurar a transparência do processo eleitoral; realizar debates e apresentar planos de trabalho etc.
Após a eleição, deve-se agendar uma data para a posse dos conselheiros. Depois de sua posse, recomenda-se a realização do Curso de Formação para Conselheiros Escolares, no sentido de qualificar a sua atuação. Quanto mais o conselheiro se qualifica, mais se fortalece o Conselho Escolar, pois estes capacitados estão mais preparados para atuarem junto à comunidade no desenvolvimento de suas funções.
Para finalizar este tema, é importante ressaltar que mobilizar, divulgar e envolver as comunidades escolar e local faz nascer um Conselho Escolar forte e consistente.
A FUNÇÃO FISCAL DO CONSELHO ESCOLAR
Com relação à função fiscal, ressaltamos que ela é caracterizada pelo acompanhamento da gestão financeira, controle social e regulamentação. Para executar tal função é fundamental a participação das comunidades escolar e local no Conselho Escolar.
A LDB indica o Conselho Escolar e o Projeto Político-Pedagógico como elementos fundantes da gestão democrática da escola. A Lei remete aos sistemas de ensino a tarefa da regulamentação, assegurando, para sua efetivação, progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira às escolas públicas.
Os sistemas de ensino organizam e regulamentam a gestão democrática, por meio de leis, decretos, portarias e pareceres. Em geral, no processo de elaboração dos instrumentos legais e normativos, procuram viabilizar mecanismos participativos.
Cada sistema de ensino tem suas leis e normas que regulam a gestão democrática. Além da regulamentação do Conselho Escolar e do Projeto Político-Pedagógico, é normatizada, por exemplo, a escolha de dirigentes escolares.
É bom destacar a importância do Conselho em fiscalizar o cumprimento do regimento escolar de forma a contribuir com o bom funcionamento da escola.
Muitas vezes o Regimento não é devidamente cumprido por necessitar de adequação e atualização. Os conselheiros podem mobilizar a comunidade para rever e atualizar o regimento da escola, caso sejanecessário.
Faz parte também da função fiscal o acompanhamento e a avaliação das ações no cotidiano da escola.
Por exemplo, quando os conselheiros acompanham a execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras, garantindo o cumprimento das normas da escola e a qualidade social da educação.
Essa função se efetiva quando o Conselho Escolar é revestido de competência legal para fiscalizar o cumprimento de normas e a legalidade ou legitimidade de ações, aprová-las ou determinar providências para sua alteração.
Para a eficácia dessa função, é necessário que o Conselho exerça também o seu poder deliberativo.
Então, quando o Conselho Escolar planeja, define e acompanha o que é feito com os recursos financeiros que chegam para a escola está exercendo a função fiscalizadora.
Existem também outras atribuições do Conselho Escolar, como por exemplo:
Em relação ao calendário escolar, existem elementos que são organizados pela Secretaria de Educação e outros pela escola. Isso quer dizer que há elementos no calendário que competem à escola, e o Conselho Escolar deve discutir e deliberar coletivamente sobre esses elementos.
Ele deve ainda acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (como abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros), e o resultado das avaliações externas como, por exemplo, a Prova Brasil, que é um dos componentes do IDEB.
O IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Foi criado em 2007 e representa a iniciativa de reunir, num só indicador, dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações.
O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do Inep: o Saeb, para as Unidades da Federação e para o país, e a Prova Brasil para os Municípios. Ele permite traçar metas de qualidade educacional para os sistemas educacionais.
Por meio do conhecimento desses indicadores é que o Conselho Escolar pode contribuir diretamente no processo de gestão da escola.
Por exemplo: é possível solicitar a lista de frequência para identificar os estudantes que não estão frequentando as aulas e, a partir daí, traçar estratégias para trazê-los de volta à escola. Uma estratégia que pode ser utilizada é agendar visitas à casa de cada estudante para saber o que justifica suas ausências.
O Conselho ainda propõe, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar, deve estar atento inclusive às mudanças nas legislações que influenciam diretamente no cotidiano da escola.
Os conselheiros escolares devem conhecer, acompanhar e fiscalizar os recursos financeiros que a escola recebe. Existem vários programas Federais, Estaduais e Municipais que descentralizam recursos diretos para a escola.
Programas ligados, por exemplo, à formação de docentes, estrutura física da escola, ampliação dos espaços pedagógicos, atividades complementares, dentre outros.
Existem outras atribuições também importantes do Conselho Escolar, são elas: avaliar e aprovar o Plano Anual da Escola, construído coletivamente, inclusive a programação de aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso.
Vale ressaltar que a função de um conselheiro escolar é também um aprendizado decorrente do exercício democrático de divisão de direitos e responsabilidades na gestão escolar.
Cada Conselho Escolar deve chamar a discussão de suas atribuições, em conformidade com as normas do seu sistema de ensino e da legislação em vigor.
Acima de tudo, deve ser considerada a autonomia da escola e o seu empenho no processo de construção de um Projeto Político-Pedagógico coerente com seus objetivos e prioridades, definidos em função das reais demandas das comunidades escolar e local.
Para finalizar, não podemos esquecer que o grande objetivo da escola e do Conselho Escolar é a qualidade do ensino e da aprendizagem.
Para o exercício dessas e de outras atribuições, é indispensável considerar que a qualidade que se pretende atingir é a qualidade social, ou seja, a realização de um trabalho escolar que represente, no cotidiano vivido, a garantia do direito de aprender, bem como o crescimento intelectual, político e social dos envolvidos.
A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DO CONSELHO ESCOLAR
A função pedagógica do Conselho Escolar é uma função que mobiliza um conjunto de saberes, valores, afetos constitutivos do ambiente da escola.
Todos os sujeitos sociais são responsáveis pela prática educativa, por isso a contribuição do Conselho Escolar na construção do Projeto Político-Pedagógico e no acompanhamento da aprendizagem dos estudantes é tão importante.
Para iniciar esta reflexão vamos pensar sobre a seguinte situação: mesmo que um professor desempenhe da melhor forma possível a docência, se o estudante não estuda e os familiares não educam e não acompanham a vida escolar de seus filhos, a qualidade da educação ficará comprometida.
Por outro lado, se o estudante gosta de estudar, os familiares são presentes em sua educação; mas se o professor e a gestão escolar não desenvolvem um trabalho pedagógico comprometido com a formação ética e cognitiva do estudante, a qualidade da educação também ficará prejudicada.
Portanto, é preciso entender que professores, estudantes, familiares, gestores, funcionários e comunidade local devem caminhar juntos, compartilhando objetivos comuns, expressos no Projeto Político-Pedagógico.
É possível perceber que o exercício da função pedagógica do Conselho Escolar se dá quando mobiliza e cria possibilidades para que as comunidades escolar e local reflitam sobre questões pedagógicas, fazendo com que cada um se sinta efetivamente partícipe dos processos educativos na escola.
Na medida em que cada segmento assume uma atitude de corresponsabilidade para com esses processos, a educação passa a ser assumida conscientemente por todos.
O processo educativo está presente em todos os espaços da escola, assim como todos aqueles que estão envolvidos com o cotidiano escolar, por isso, é necessário que cada um descubra como seu papel pode contribuir para uma educação de qualidade.
O estudante, a família, o funcionário, o diretor, o professor e o representante da comunidade organizada ocupam um lugar social na escola e na sociedade contribuindo como representantes, pensando ações inovadoras, ressignificando valores, mediando problemas etc.
A escola é um todo composto por diferentes partes que se articulam e interagem em prol de uma educação de qualidade. Essa unidade do trabalho educativo se consolida na construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico.
Ainda sobre a qualidade na educação, o Artigo 12 da LDB nos diz que:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;
VII- informar pai e mãe, conviventes ou não com os seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
VIII- notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei.
O Conselho Escolar deve avaliar a qualidade da educação ofertada pela escola, sem perder a visão de todo o processo educativo, não devendo se centrar exclusivamente no desempenho do estudante.
Assim, além da avaliação do desempenho dos estudantes, deve-se procurar estabelecer um cronograma que contemple as demais dimensões do processo educativo: o contexto social, o processo de gestão democrática, as condições físicas, materiais e pedagógicas da escola e o desempenho dos educadores docentes e não docentes.
É preciso haver também a preocupação com o processo de ensino e de aprendizagem. Ao se tratar da aprendizagem, verifica-se que quando a transmissão de conhecimentosé o único objetivo, o professor é visto como o único que detém o conhecimento.
Nessa perspectiva, a concepção, a capacidade de ver o outro, de captar a aprendizagem já existente no estudante, tende a não ser considerada pelo professor.
Ao contrário, o processo de ensino e de aprendizagem é uma via de mão dupla: de um lado, o professor ensina e aprende e, de outro, o estudante aprende e ensina, num processo permeado de contradições e de mediações.
O Conselho Escolar, na sua ação mediadora, precisa considerar os segmentos que participam desse processo de crescimento, especialmente o estudante e o professor. Assim, na avaliação do processo de ensino e de aprendizagem, deve-se tentar superar a simples aparência e buscar a essência dessa atividade.
Para se ter a dimensão global de todo processo, algumas perguntas poderiam indicar essa ação pedagógica do Conselho Escolar, são elas:
· Em que contexto social a escola está inserida?
· Quais as condições físicas e materiais que a escola oferece, para que o ensino e a aprendizagem ocorram com qualidade?
· Como a escola vem desenvolvendo a gestão democrática?
· Como acontece a formação continuada dos professores e dos funcionários da escola?
· Quais os instrumentos de avaliação que a escola utiliza para identificar a aprendizagem dos estudantes?
· Como os estudantes têm respondido às avaliações?
· O que a escola tem feito com os resultados do desempenho dos estudantes?
Vale ressaltar que ao considerarmos esses questionamentos, o Conselho Escolar passa a ter uma atuação mais efetiva na dimensão desse processo de ensino e de aprendizagem.
Percebe-se que, no acompanhamento e avaliação realizados pelo Conselho Escolar, há de se considerar, além do produto expresso nas notas/menções dos estudantes, o processo no qual se deu essa aprendizagem, revelado nas condições da escola e na ação do professor, entre outros.
Com base nesse panorama global do processo educativo, o Conselho pode auxiliar a escola na efetivação de seu compromisso em desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes, então, a partir de todas essas questões apresentadas, podemos auxiliar no desenvolvimento de uma educação de qualidade.
E esta aprendizagem passa a ser o resultado do esforço realizado por todos os segmentos da escola, pois o sucesso ou fracasso da aprendizagem é coletivo, ou seja, da escola como um todo.
É importante perceber que a comunidade local e a escolar são responsáveis pelo processo de construção do conhecimento, pelo acompanhamento corresponsável do processo educativo, e cabe ao Conselho Escolar identificar os aspectos a serem avaliados, além de saber quais os que podem ser considerados adequados ao trabalho desenvolvido.
CONSELHO ESCOLAR E A DIMENSÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA
A dimensão político pedagógica do Conselho Escolar evidencia-se na escola que se relaciona com um projeto de uma sociedade justa, com ênfase na construção de processos educativos emancipadores.
É fundamental a existência de espaços propícios para que novas relações entre os diversos segmentos escolares possam acontecer. Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio, quando se quer saber se houve um desenvolvimento da democracia num dado país, o certo é procurar saber se aumentou não o número dos que têm direito de participar das decisões que lhes dizem respeito, mas os espaços nos quais podem exercer esse direito.
O Conselho Escolar constitui um desses espaços, juntamente com o Conselho de Classe, o Grêmio Estudantil e a Associação de Pais e Mestres.
Com isso, compartilha-se as decisões e as suas responsabilidades. Como vimos existem várias funções do Conselho Escolar, e deve ser um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem na escola. Todo esse processo de participação da gestão democrática precisa estar ligado, prioritariamente, à essência do trabalho escolar.
Dessa forma, acompanhar o desenvolvimento da prática educativa e do processo de ensino e de aprendizagem é uma tarefa muito importante.
É fundamental, também, esclarecer que dessa maneira a função político pedagógica do Conselho Escolar se expressa no acompanhamento do processo educacional.
Esses momentos de avaliação servem como diagnóstico, isto é, como apresentação da realidade que indica quais aspectos podem ser mantidos, quais os que devem ser revistos e quais novos procedimentos precisam ser propostos, na prática cotidiana da escola.
Toda essa ação de acompanhamento tem uma finalidade maior: a construção de uma educação democrática. Portanto, é fundamental que o Conselho Escolar exerça sua função pedagógica junto à comunidade para discutir a qualidade da educação ofertada na escola.
Nesse sentido, os conteúdos a serem desenvolvidos em sala de aula, a metodologia a ser empregada pelos docentes, a avaliação da aprendizagem escolhida e o processo de participação dos diversos segmentos nas atividades escolares devem ser coerentes com o Projeto Político Pedagógico da escola.
O Projeto Político-Pedagógico indica a forma como deverá ser conduzido todo o processo educacional desenvolvido na unidade escolar e, a partir de então, sabendo onde se deseja chegar e que concepção de educação se deseja desenvolver, o Conselho Escolar deve iniciar uma ação consciente e ativa na escola.
É por isso que é tão importante compreender porque a função o Conselho Escolar é fundamentalmente político pedagógica.
É política, na medida em que estabelece negociações e transformações desejáveis na prática educativa escolar, e é pedagógica, pois estabelece os mecanismos necessários para que essa transformação realmente aconteça.
Para finalizar, é necessário compreender a educação como uma ação social e entender o Conselho Escolar como um mecanismo de gestão democrática colegiada.
EDUCAÇÃO DE QUALIDADE E A ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA
Esta parte do texto trata do Conselho Escolar como um exercício democrático e responsável no acompanhamento das atividades da escola. Versa sobre o modo como a escola se organiza para atender ao direito do estudante de ter acesso a uma educação de qualidade e como esta se configura em um espaço de exercício de direito.
A função da escola é provocar o desenvolvimento da consciência, assegurando ao estudante o acesso e a apropriação de um conhecimento sistematizado, mediante a instauração de um ambiente propício ao saber escolar e às práticas de convivência democrática.
Mas, para cumprir essa função, a escola precisa construir, de forma coletiva, um Projeto Político-Pedagógico (PPP).
O PPP é um instrumento de planejamento coletivo, capaz de orientar a unidade do trabalho escolar e garantir que não haja uma divisão entre os que planejam e os que executam. Elaborado, executado e avaliado de forma conjunta, carrega em si os elementos de uma ação pedagógica participativa.
Nesse processo os segmentos planejam juntos, e isso possibilita uma visão menos unilateral do todo escolar. Cada um que executa uma parte desse todo contribui na elaboração do conjunto de ideias, normas e orientações pedagógicas para compor esse que deve ser o guia de todo o trabalho escolar.
O Conselho Escolar, por se constituir dos diversos segmentos que organizam a comunidade escolar, é o espaço adequado para a construção desse documento.
Alguns fatores são necessários, como:
· espaços físicos adequados;
· materiais didáticos de qualidade e compatíveis com o projeto educacional da escola e da comunidade local;
· autonomia na gestão;
· quantidade adequada de estudantes por professor;
· autonomia profissional para os docentes;
· práticas de avaliação sistemáticas;
· respeito à diversidade;
· familiares envolvidos com as atividades da escola;
· ambiente favorável à aprendizagem;
· responsabilidade docente.
Com isso, e de posse do conhecimento da dimensão do trabalho escolar, com o envolvimento das comunidades escolar e local, cada um pode executar seu trabalho de forma mais integrada.
O PPP, ainda, constitui o norte orientador das atividades curriculares e da organização da escola, ele se expressa nas práticas cotidianas, traduzindo os compromissos institucionais relativos ao direito,consagrado nas leis brasileiras, e garantindo a todos o acesso à educação escolar pública, gratuita e de qualidade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) dispõe, no artigo 22, a educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.
A LDB 9394/96 fornece, ainda, o amparo legal para que a escola se organize de formas variadas, desde que sejam observadas as diretrizes do sistema de ensino, em cada um dos segmentos e modalidades que compõem o Sistema Educacional Brasileiro, e os demais dispositivos da legislação. De acordo com o artigo 23 da LDB 9394/96, a Educação Básica poderá organizar-se:
 em séries anuais;
 em períodos semestrais;
 em ciclos;
 por alternância regular de períodos de estudos;
 em grupos não seriados;
 com base na idade;
 com base na competência;
 em outros critérios;
 ou por formas diversas de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
De acordo com a Lei, cabe aos sistemas de ensino delimitar a forma de organização das escolas, como preceituam os vários dispositivos da LDB 9394/96, e, à escola, no âmbito do PPP, explicitar as formas de organização que adota e que deverão constar no Regimento Escolar.
É importante ressaltar que em vários estados e municípios vêm ocorrendo experiências e novas formas de organização do trabalho escolar. É possível perceber que tradicionalmente predominou, nos sistemas de ensino e nas escolas, a organização em séries anuais ou períodos semestrais, mas já existem experiências em escolas públicas brasileiras que vêm modificando essa forma de organização.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) introduziu inovações para a organização da escola, e ao instituir a flexibilidade de organização garantiu o princípio da autonomia dos sistemas de ensino e das escolas e reconheceu a diversidade como parte desse sistema.
Essa flexibilização tem um aspecto importante, pois, se de um lado permite a utilização de mecanismos para enfrentar a questão cultural da reprovação escolar, presente nos sistemas de ensino, de outro lado, favorece a abertura da escola a amplos contingentes da população para a Educação Básica.
Essa flexibilidade deve ser acompanhada de perto e (re)avaliada permanentemente para que não se perca de vista o interesse público da escola de qualidade que almejamos para todos, o Conselho Escolar tem uma inserção importante no acompanhamento desse processo.
A flexibilidade da escola em relação a esses aspectos é limitada aos dispositivos de lei e diretrizes nacionais. São 200 dias letivos, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando previsto no calendário escolar. A Lei ainda define a jornada escolar que no Ensino Fundamental deve incluir pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, ou seja, trata-se de 240 minutos diários, no mínimo.
Há ressalvas em relação aos cursos noturnos e outras formas mencionadas no artigo 34, parágrafo 1º. Mesmo nessas situações, as 800 horas anuais e os 200 dias letivos deverão ser cumpridos.
A LDB 9394/96 também sinaliza para o ensino em tempo integral. Diz o artigo 34, parágrafo 2º, que “o Ensino Fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996).
O calendário escolar traduz uma preocupação em garantir o tempo de aprendizagem ao estudante.
De acordo com a LDB 9394/96, a escola pode organizar as suas atividades curriculares considerando a realidade em que está inserida e o seu PPP, mas deve cumprir as determinações de carga horária e dias letivos.
Por outro lado, a atividade escolar não se realiza exclusivamente dentro da escola, isto é, dependendo do contexto em que se insere, são múltiplas as possibilidades de outros espaços que a escola pode identificar para a realização do trabalho pedagógico de natureza teórica ou prática.
Toda e qualquer programação incluída na proposta pedagógica da escola, com exigência de frequência dos estudantes e sob a responsabilidade de professores, será caracterizada como atividade escolar.
É bom ressaltar que essa flexibilidade traz grandes responsabilidades para a gestão da escola e para a condução do processo de ensino e de aprendizagem.
Para efetivar essas atividades curriculares, considerando o tempo de aprendizagem do estudante, os docentes e gestores precisam desenvolver práticas democráticas de (re)organização do fazer cotidiano e da gestão da escola, com objetivos pedagógicos claros, incentivando posturas de comprometimento da comunidade escolar.
É determinante que o Conselho Escolar, na figura de seus conselheiros, compreenda as razões da adoção de um determinado tipo de organização das classes e turmas.
Verificar se o tipo de organização das classes favorece a existência de práticas pedagógicas mais integradas na escola é papel do Conselho e de seus conselheiros.
Para que o Conselho Escolar possa ter uma visão mais concreta sobre a adequação do tempo escolar às atividades pedagógicas propostas pelos docentes, ele deve dar visibilidade aos processos formativos que envolvem os estudantes e os docentes.
Assim, estará contribuindo com a abertura de espaços na escola e favorecendo uma relação integradora com a comunidade local, tornando possível realizar feiras de conhecimento, seminários com relatos de experiências, desenvolvimento de projetos e outras iniciativas semelhantes.
Cabe ao Conselho Escolar ficar atento se a organização do trabalho pedagógico está respeitando o ritmo de aprendizagem dos estudantes, ele pode auxiliar a escola na ampliação de sua autonomia em relação à condução das atividades pedagógicas e administrativas, sem que a instituição perca sua vinculação com as diretrizes e normas do sistema público de ensino.
O tempo pedagógico tem que ser aliado tanto do estudante como do professor, assim como para o estudante o tempo mais adequado é aquele que respeita o seu ritmo de aprendizagem, para o professor, o tempo deve ser alvo de organização e possibilidades de ensino e de aprendizagem para o aluno.
Importante lembrar que a frequência dos estudantes é importante neste processo de ensino e de aprendizagem, por isso, como já foi dito, o Conselho Escolar deve estar atento e identificar e compreender os motivos de ausências discentes.
Assim, será possível criar estratégias que possibilitem que o aluno volte a frequentar a escola regularmente. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional fixa que o controle de frequência fica a cargo da escola, sendo exigida uma frequência mínima de 75% do total de horas letivas para aprovação do aluno.
Um olhar atento sobre ausências muito relevantes pode evitar um abandono escolar de maiores proporções.
O tempo escolar não pode ser desperdiçado, visto que ele pode ser um fator determinante para o aprendizado do aluno. Quando o espaço e o tempo da escola são estruturados de forma a desenvolver situações que estimulam a curiosidade e a criatividade dos estudantes, é oportunizado aos alunos um mecanismo de um pensar relacional com o mundo.
Os docentes têm grande responsabilidade com esse aprendizado a partir do processo de ensino e da didática de sala de aula.
REFERÊNCIAS
Nesse espaço, você encontra as referências usadas nesse Módulo.
BOBBIO, H. O futuro da democracia. In: . O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. São Paulo: Paz e Terra, 1986.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. . Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
____Projeto de Lei no 4.155, de 10 de fevereiro de 2000. Aprova o Plano Nacional de Educação. Diário da Câmara dos Deputados, Brasília, DF, 15 jun. 2000.
____Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Institui o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficialda União, Brasília, DF, 10 jan. 2001.
____Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2003.
____Ministério da Educação. Portaria no 2.896, de 16 de setembro de 2004. Cria o Programa Nacional de Fortalecimento de Conselhos Escolares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 set. 2004. Seção 2, p. 7.
____Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar: uma estratégia de gestão democrática da educação pública. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC/SEB, 2004. Disponível em: Acesso em: 2 mar. 2014a.
____Secretaria de Educação Básica. Conselhos Escolares: democratização da escola e construção da cidadania. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC/SEB, 2004. 57 p. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014b.
____Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar e a aprendizagem na escola. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC/SEB, 2004. 69 p. Disponível em: Acesso em: 2 mar. 2014c.
____Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar e sua organização em fórum. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC/SEB, 2009. 95 p. Disponível em: Acesso em: 2 mar. 2014d.
GENTILI, P. O discurso da “qualidade” como nova retórica conservadora no campo educacional. In: GENTILI, P.; SILVA, T. T. (Org.). Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. Petrópolis: Vozes, 1994. p. 111-177.
TORO, J. B.; WERNECK, N. M. D. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 104 p.
MÓDULO II
CONSTITUIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS ESCOLARES
CONSTITUIÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES
A trajetória de constituição dos Conselhos, seu significado e o papel que desempenharam ao longo da história da educação brasileira é algo que deve ser refletido. Importante, também, fazermos a distinção entre os conselhos na gestão dos sistemas de ensino e os conselhos na gestão das instituições educacionais. E, por fim, tratar dos Conselhos Escolares como estratégia para a efetivação do princípio constitucional da gestão democrática da educação pública.
As instituições sociais, em geral, são fruto de longa construção histórica e a origem dos conselhos se perde no tempo e se confunde com a história da política e da democracia. Os registros históricos indicam que já existiam, há quase três milênios, no povo hebreu, nos clãs visigodos e nas cidades-estados do mundo grego, Conselhos como formas originais de gestão dos grupos sociais. A Bíblia registra que Moisés reuniu setenta anciãos ou sábios para ajudá-lo no governo de seu povo, dando origem ao Sinédrio, o Conselho de Anciãos do povo hebreu.
No Brasil, uma das maiores experiências com Conselho aconteceu em Canudos no Arraial do Belo Monte, Sertão da Bahia, entre os anos de 1893 e 1897. Um Conselho de doze membros sob a liderança de Antônio Conselheiro construiu uma comunidade, em que tudo o que era produzido pertencia a toda a comunidade. Todos tinham direito a ter alimentação, casa e educação.
VAMOS PENSAR?
Os Conselhos populares exerciam a democracia direta e/ou democracia representativa como estratégia para resolver as tensões e conflitos resultantes dos diferentes interesses e eram a voz das classes que constituíam as comunidades locais.
O sentido dado aos Conselhos foi construído historicamente, eles sempre se situaram na interface entre o Estado e a sociedade civil. Muitas vezes foram utilizados na defesa dos interesses das elites, tutelando a sociedade. Nos tempos atuais, os Conselhos, como espaços de interesses e conflitos, buscam a cogestão das políticas públicas, se constituindo em canais de participação popular na realização do bem público.
Para formar uma compreensão mais acurada sobre Conselhos, é importante entender que existe uma grande diferença entre os valores proclamados e os valores reais. Temos, por exemplo, os valores proclamados que representam as finalidades educacionais, expressas na Constituição, nas leis, nas normas dos sistemas de ensino e nos Projetos Políticos Pedagógicos das instituições educacionais, e, de outro, sua negação, quando na prática do cotidiano escolar esses valores, muitas vezes, não acontecem. É como se fosse de um lado o projeto, do outro a ação.
Em outras palavras, o projeto-intencionalidade constitui a expressão do projeto de sociedade que desejamos construir por meio da atividade educativa, e o projeto-programa é representado pela organização e ação concreta da escola. Nesse sentido, o Conselho Escolar foi criado para colocar em prática e fazer valer o que está escrito, sem impor a vontade de um só sujeito, mas de um coletivo.
O Conselho visa atender às necessidades das comunidades escolar e local, participando da gestão escolar de maneira coletiva e democrática.
O perfil dos Conselhos Escolares hoje, com o poder de atuação que possui, originou-se nas lutas dos movimentos populares de redemocratização, no final dos anos de 1970, nos quais se reivindicava participação nos mais variados setores. Nesse período, esses movimentos começaram a ter maior visibilidade no sistema de ensino público, por meio de algumas experiências de gestão dos colegiados, ou seja, com a participação de segmentos da escola.
VAMOS PENSAR?
Toda legislação que existe hoje e fundamenta o Conselho Escolar é fruto da Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) e o Plano Nacional de Educação.
Elas carregam algumas bandeiras históricas presentes, inclusive, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932.
Durante a construção do conceito de Conselhos, duas expressões concorrentes surgiram para denominá-lo, são elas: Conselho Escolar e Conselho de Escola. Neste texto é adotado o termo Conselho Escolar, pois seguimos a LDB e a tradição da área educacional.
No setor educacional, a tradição consagrou o termo Conselho acompanhado da especificação da área institucional de abrangência – no caso, Conselho Nacional, Estadual ou Municipal de educação – para distinguir das demais áreas de ação governamental. Seguindo essa tradição, a LDB e a maioria dos sistemas de ensino adotaram o termo Conselho Escolar, simplesmente. Porém, mais importante do que a denominação adotada, é a presença atuante desse colegiado no cotidiano da escola.
Uma das características mais relevantes do Conselho Escolar é o fato de: ser integrante da estrutura de gestão da escola e fala em nome da comunidade escolar. Por isso, para poder falar da escola ao governo em nome das comunidades escolar e local, é preciso considerar os diferentes pontos de vista. Isso significa que a composição do conselho precisa representar as diferenças existentes entre as pessoas de sua comunidade.
Dessa forma, é fundamental que os participantes sejam representativos, pois a nossa maneira de ver o mundo é única e é construída a partir das nossas próprias concepções. Por isso, a visão do todo requer considerar as diferentes perspectivas: da direção, dos professores, dos funcionários, dos pais, dos estudantes e todos os sujeitos ao qual a escola pertence.
Além disso, é imprescindível ressaltar que se a escola pertence ao público, então a gestão pública precisa ser exercida de forma pública. Para instituir a legítima gestão democrática da escola pública é preciso lhe conferir autonomia e poder, que possibilita a participação.
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS ESCOLARES
A natureza e a organização dos Conselhos Escolares devem ser destacadas pelo diálogo e a busca pela garantia do direito à educação. O sentido de participação dos conselheiros escolares visa à valorização da dignidade humana com base na construção de uma sociedade democrática.
A Constituição Federalde 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB de 1996) são duas referências legais importantes que preconizam o estímulo à gestão democrática do ensino público e ao regime de colaboração entre os entes federados.
A Secretaria de Educação, ao planejar a implantação de Conselhos Escolares, deve fazer uma ampla mobilização, conscientizando todos os segmentos sobre o papel do Conselho Escolar e a sua importância para garantir a gestão democrática. Sugere-se que a regulamentação dos Conselhos Escolares seja feita por meio de leis, decretos e portarias.
Define-se Projeto Político-Pedagógico (PPP) como um documento oficial e eficaz para garantir a unidade das ações educativas na escola. Essa unidade exige, primeiro, o conhecimento de todo o trabalho que se desenvolve na escola, em suas especificidades e na relação que existe entre as partes. A partir do PPP, o Conselho Escolar acompanha todo o processo, auxiliando na melhoria da qualidade da educação.
Conhecer a concepção de Conselho Escolar, segundo os princípios da gestão democrática (determinados pela LDB), significa atribuir às unidades federadas a competência para definir as normas de gestão democrática do ensino público na Educação Básica. A LDB, no Artigo 14, condiciona essa definição a dois princípios:
Os sistemas de ensino adotam diferentes alternativas para a participação das comunidades escolar e local na gestão da escola, entretanto, é preciso garantir a figura do Conselho Escolar no sentido propriamente dito, como colegiado deliberativo, consultivo, fiscal, mobilizador e pedagógico, inserido na estrutura de gestão da escola e regulamentado pelo seu Regimento.
A regulamentação do Conselho Escolar pode variar quando ele também assume a função de Unidade Executora. Isso nos remete a observar as legislações específicas da gestão financeira de programas que proporcionam a transferência de recursos para a escola. A Unidade Executora é responsável pelo recebimento, execução e prestação de contas dos recursos financeiros destinados às escolas públicas.
Antes, estudantes, funcionários e a comunidade envolvida diretamente nas práticas educativas no espaço escolar pouco participavam das decisões, hoje, podem participar. Uma das grandes tarefas que o Conselho Escolar deve colocar em prática – o convívio com o pluralismo cultural, econômico e político dos sujeitos participantes do processo educacional, com objetivo de garantir com qualidade a educação.
As diferenças entre sujeitos naturalmente propiciam conflitos e ideias que marcam o pensamento divergente no Conselho Escolar. Nesses casos, é preciso garantir não somente o respeito a essas diferenças, mas abrir espaço para que cada um possa apresentar e ser considerado nas suas necessidades e potencialidades.
Quando os conflitos inevitavelmente ocorrem na escola, há uma tendência ora de ignorá-los, ora de desconsiderá-los, ora de reduzi-los. Todas essas posições demonstram o desrespeito e desconsideração com o outro.
A ação democrática proposta pelo Conselho Escolar precisa romper com a lógica centralizadora e única de opiniões, posturas, aspirações e demandas das diferentes pessoas que agem no interior da escola.
Os funcionários, por exemplo, precisam ser ouvidos como parte integrante e importante para o funcionamento da escola.
Na perspectiva de melhorar a educação e o país, o Conselho Escolar deve cumprir o papel de mediador de conflitos e construir entendimentos possíveis. Assim, a escuta atenta dos distintos sujeitos e a abertura de espaços para a concretização do debate de opiniões e ideias, tornam-se fundamentais para a percepção dos interesses existentes na escola. É muito importante que as deliberações do Conselho Escolar considerem essas diferenças para garantir a unidade na escola.
É preciso respeitar e criar condições para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes, bem como o atendimento de suas necessidades específicas. Há muitas vezes uma visível fragmentação das atividades da escola, e as pessoas fazem o seu trabalho e pouco conhecem ou se interessam pelo trabalho do outro, por isso, muitas vezes as partes executam ações fragmentadas e desconectadas.
É importante que exista a unidade no trabalho escolar, ao compartilharmos na escola temos mais sucesso nas práticas educativas. Quando as partes desse trabalho se distanciam, quando seus membros perdem a noção da totalidade e, muitas vezes, percebem sua “parte” como “o todo”, a escola tende a ver seus esforços se reduzirem na fragmentação.
Tornam-se partes que fragmentam o conhecimento e as ações, que distanciam todos os sujeitos envolvidos no trabalho escolar. E, fragmentados, os sujeitos perdem a dimensão do viver em sociedade, pois se tornam individualistas, voltados somente para seus próprios desejos.
O Projeto Político-Pedagógico da escola é um documento que orienta à prática educativa, resgata a unidade do trabalho escolar e garante que não haja uma divisão entre os que planejam e os que executam.
O PPP elaborado, executado e avaliado de forma conjunta, constitui-se em uma lógica. Por isso, de posse do conhecimento de todo o trabalho escolar, os diversos profissionais e segmentos envolvidos (gestores, técnicos administrativos e de apoio, docentes, discentes, pais e comunidade local) cumprem suas funções específicas, sem torná-las estanques e fragmentadas.
AÇÕES DO CONSELHO ESCOLAR COM FOCO NA MELHORIA DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
As ações do Conselho Escolar devem ter como foco a melhoria da qualidade da educação pública, para isso definimos o conceito de qualidade da educação no contexto da valorização da escola pública.
O termo qualidade da educação aparece, frequentemente, nas narrativas das políticas públicas em educação. No entanto, esse termo tem tomado forma e conteúdo diferentes, acompanhando as mudanças ocorridas na sociedade e na educação.
É possível perceber que nos últimos anos, a busca pela qualidade tem sido o “motor” das políticas e das ações na educação. Nesse sentido, precisamos conhecer a origem desse conceito de qualidade.
Na década de 1990, o conceito de qualidade da educação , que prevaleceu em algumas políticas públicas, foi construído a partir do argumento de que o Brasil havia atingido a quase universalização do Ensino Fundamental, com mais de 90% de atendimento. Portanto, a qualidade da Educação Básica (especialmente no Ensino Fundamental) se reduzia à garantia do acesso à escola. A existência de crianças e jovens fora da escola era atribuída apenas à reprovação e à evasão escolar, isto é, a escola era responsabilizada pelo fracasso escolar.
Hoje, é possível entender que a discussão sobre a qualidade na educação aborda a garantia do direito de aprender, a valorização profissional, a ampliação dos tempos de aprendizagem, a gestão democrática e a infraestrutura necessária as necessidades educativas.
Essa visão de qualidade que se limita somente ao acesso à escola, não garante a permanência do aluno na escola e o seu sucesso na escolaridade. Ressalta-se que não existem “modelos” e “fórmulas mágicas” para a qualidade educacional. A qualidade deve ser fruto da construção coletiva e consciente.
É importante lembrarmos que não se discute educação sem enfrentarmos a questão de existir diferentes classes sociais no Brasil.
O sentido de qualidade na educação não se reduz a atender, apenas, os padrões de qualidade voltados para a classificação ou exclusão de estudantes. Sendo assim, podemos refletir sobre os seguintes aspectos:
 Como podemos medir a qualidade na educação?
 Será que devemos avaliar ou medir apenas por meio de indicadores?
Sabemos que além de indicadores internos e externos, que são também muito importantes, é fundamental que o Conselho Escolar considere as dimensões qualitativas do processo educativo.
Isso significa considerar e avaliar as atitudes, os valores e procedimentos que existem nas relações dentro da escola.
Após a reflexão sobre o conceito de qualidade da educação pública, compreende-se, ainda mais, a importância do Conselho Escolar para a melhoriada escola e, consequentemente, da educação.
CONSELHO ESCOLAR: INSTRUMENTOS, PROCEDIMENTOS E PRÁTICAS PARA UM BOM FUNCIONAMENTO
Entre os mecanismos de participação presentes no interior da escola, encontra-se o Conselho Escolar – organismo colegiado, campo pedagógico de aprendizado das noções de direitos e deveres e base da compreensão e desenvolvimento do conceito de cidadão.
A gestão democrática torna necessária a efetivação de novos processos de organização e gestão, baseados em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de decisão. Nesse sentido, é fator determinante para uma efetiva atuação do Conselho Escolar que este seja participativo e transparente em suas ações e em seus procedimentos, alertando cada conselheiro para sua real função e para que a exerça de maneira responsável.
O objetivo deste tópico é contribuir para a organização interna do Conselho Escolar por meio da apresentação de procedimentos e orientações para um bom funcionamento e eficiente comunicação entre a escola e a comunidade.
Não se trata de uma “receita”, mas de sugestões colhidas nas práticas de Conselhos Escolares. Assim, possibilita-se que cada conselheiro escolar se conscientize e se aproprie de processos e atividades que movimentam o colegiado.
Antes disso, faz-se necessário resgatar três conceitos que perpassam o cotidiano do Conselho Escolar e que contribuem para o seu funcionamento: participação, autonomia e transparência.
Para que a participação seja real, são necessários meios e condições favoráveis, ou seja, é preciso repensar a cultura escolar e os processos (principalmente os autoritários) de distribuição do poder no seu interior. Dentre os meios e as condições favoráveis à participação, destaca-se a qualificação dos conselheiros escolares, para que entendam a participação como um processo a ser construído coletivamente.
A criação de um ambiente participativo é uma condição básica que a escola tem que assumir para permitir que os sujeitos se responsabilizem pelo próprio trabalho. Para dar sustentação à gestão democrática na escola, seus gestores e o Conselho Escolar devem promover ações que:
A participação nos remete a outro princípio da democracia: a autonomia. Uma escola conquista sua autonomia por meio da capacidade de tomar decisões compartilhadas e comprometidas para a resolução dos problemas de maneira rápida, no momento certo, respondendo às necessidades locais.
Para que isso aconteça, o Conselho Escolar, além de estar atento e exercitar sua função mobilizadora, tem de se organizar internamente para favorecer mais agilidade e transparência.
A autonomia é um processo coletivo e participativo. As tomadas de decisões devem ser compartilhadas e o comprometimento, diante de um exercício democrático, envolvendo a todos. A transparência na administração pública é um imperativo constitucional. Considera-se transparência a democratização de acesso às informações, em contraposição ao sigilo delas.
O Conselho Escolar, como instrumento que efetiva a gestão democrática da escola, ao assumir a transparência como princípio, atribui legitimidade às suas ações e qualidade às articulações com as comunidades escolar e local. Aplicando esses princípios no contexto escolar e tomando como exemplo a elaboração do Plano de Aplicação Financeira dos recursos que a escola recebe diretamente, cabe ao Conselho Escolar convocar reuniões de planejamento para o bom uso da verba, de forma a:
 atender as demandas da escola (participação);
 registrar em ata o que ocorreu na reunião, bem como as deliberações tomadas (autonomia) ;
 socializar com a comunidade o montante de dinheiro recebido e a previsão de gastos, por meio da apresentação do Plano de Aplicação Financeira (transparência) .
Em uma situação como essa, o Conselho Escolar pratica e afirma tanto a autonomia da escola – por meio de processo participativo – quanto fortalece sua articulação com a comunidade por meio da publicização de suas ações e deliberações. Mas o que tudo isso tem a ver com a organização interna e o bom funcionamento do Conselho Escolar?
Assim, o Conselho Escolar se relaciona e atua de forma constante e integrada no cotidiano da escola. E como em qualquer outro espaço de convivência humana, há a necessidade de se construir normas e regras que direcionem a dinâmica do colegiado e que atendam às necessidades, circunstâncias e peculiaridades de sua relação interna e com as comunidades escolar e local.
Portanto, assim como a escola constrói democraticamente o seu Regimento, o Conselho Escolar necessita formalizar e regulamentar a sua atuação, com o intuito de definir limites e possibilidades de movimentação.
Desta forma, o Regimento se apresenta como uma ferramenta de gestão do Conselho Escolar.
QUAIS SERIAM AS DIFERENÇAS ENTRE ESTATUTO SOCIAL E REGIMENTO ESCOLAR?
Estatuto Social é o documento que rege um/uma órgão/ entidade/instituição frente à sociedade e à legislação.
No âmbito da escola, a Unidade Executora necessita de um registro legal que possibilite gerar o seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e, assim, possa efetivar procedimentos financeiros, como abrir uma conta bancária para movimentar os recursos que a escola recebe diretamente. Já o Regimento Escolar é utilizado para gerir normas “dentro” da escola, orientando o que se deve ou não fazer.
Ressalte-se que, conforme previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996), o Regimento Escolar tem como função primordial normatizar o funcionamento interno do estabelecimento educacional e regulamentar todo o trabalho pedagógico, administrativo e institucional com base nas disposições previamente estudadas e implementadas para cumprimento por todos os envolvidos nas atividades escolares: uma espécie de “lei interna”, que obviamente não se contrapõe à lei pública, mas preserva o interesse comum na execução dos objetivos sociais da escola.
O Conselho Escolar necessita de um Regimento, mas, caso queira, pode ter, além deste, um Estatuto. Porém, a obrigatoriedade do Estatuto Social só se efetiva se o Conselho Escolar comportar, também, a natureza de Unidade Executora.
Caso contrário, o Regimento do Conselho Escolar será o documento normatizador de sua existência e movimentação.
O Regimento do Conselho Escolar é um importante instrumento para consolidar e regulamentar como se dará o funcionamento do colegiado, visando ao cumprimento de sua função instituída: a de efetivar a gestão democrática nas escolas públicas do país.
Fazendo jus aos princípios que norteiam sua elaboração, convém que o conteúdo do Regimento seja discutido, ampla e coletivamente, e que exista um consenso consciente. É importante que esse documento regulador seja, ainda, construído com autonomia, por meio da participação de todos, que se consolide em Assembleia e que atenda à dinâmica funcional do colegiado.
De acordo com as técnicas de legislação, um Regimento é composto por capítulos, seções, subseções, artigos, parágrafos, incisos e alíneas. Portanto, reconhecendo as especificidades técnicas, é pertinente que, ao final de sua elaboração, um advogado faça as adequações conforme as normas jurídicas.
Mas, o que deve constar no Regimento do Conselho Escolar?
Compete a cada escola/Conselho Escolar, de acordo com sua realidade e cotidiano, fazer uso de sua autonomia e especificar o que deve constar no Regimento do Conselho Escolar, sem perder de vista as regulações para uma boa convivência e funcionamento do colegiado.
Tão importante quanto o produto final – o Regimento do Conselho Escolar – é o processo de discussão que leva a esse resultado. Para ter legitimidade e coerência com a realidade local, um Regimento necessita de um processo de elaboração participativo. Portanto, uma única reunião não é capaz de esgotar as escutas; cada aspecto deve ser discutido e deliberado coletivamente.
Assim, faz-se necessário construir um calendário de reuniões, pois, organizadamente e sem imediatismos, visualizam-se possíveis acontecimentos e situações. Cabe ao coletivodestacar a relevância ou não dos aspectos e, assim, selecionar o que deve constar no documento. CONSTITUIÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES
Orienta-se, como primeiros passos do processo de construção do Regimento, para que seja realizada uma pesquisa a fim de melhor conhecer o que é e para quê serve um Regimento, bem como para que se busquem Regimentos de Conselhos Escolares que, após analisados, sirvam como referência.
Alguns pontos importantes na elaboração do Regimento Interno devem ser considerados:
 o Regimento Interno deve ser iniciado do geral para o particular, ou seja, das funções e competências mais gerais do Conselho Escolar até as áreas menores da escala hierárquica. Primeiramente, detalham-se as competências gerais do Conselho Escolar;
 a estrutura do Conselho Escolar, assim como sua definição, deve ser apresentada logo nos primeiros artigos;
 no Regimento Interno, existe uma diferença entre competência e atribuição: a competência é baseada nos fundamentos legais para que o Conselho Escolar possa desempenhar suas atividades, de acordo com as regras estabelecidas. Logo, sua competência reside no âmbito da escola. Já a atribuição está relacionada às funções desempenhadas em razão da dinâmica de movimentação, ou seja, decorrente da competência. As funções (atribuições) dos conselheiros escolares, com as peculiaridades que queiram ser destacadas, são descritas após o detalhamento das competências do Conselho Escolar;
 o Regimento Interno deve possuir redação concisa e objetiva, de forma que possa ser compreendido por todos;
 devem ser usados verbos no infinitivo e que expressem bem a ação desempenhada;
 devem ser evitados o gerúndio, os adjetivos, os advérbios, os juízos de valor, as expressões como “através”, “inclusive”, “e outros”, “afetas”, “os mesmos”, “a quem de direito”, “a quem competente” e o uso excessivo da expressão “bem como”;
 as competências não devem ser descritas como se fossem finalidades ou objetivos.
Apesar de não existir previsão legal estabelecendo um modelo para a elaboração de um Regimento do Conselho Escolar, será essencial o uso do bom senso, o respeito aos costumes locais e a estrita observação da legislação para sua elaboração.
A realidade na qual atua o Conselho Escolar não é inerte. Nessa perspectiva, não esqueçamos que o Regimento é um documento que comporta um dinamismo imposto por mudanças no contexto, dentre elas nas relações entre as pessoas e nos processos escolares, necessitando, assim, de periódicas atualizações e adequações.
Por isso, o Regimento Interno deve acompanhar as alterações estruturais, ratificando as mudanças ocorridas no ambiente escolar e evidenciando a transparência nas suas ações. Tanto o Regimento Interno como suas posteriores alterações devem ser submetidas à análise e aprovação da comunidade por meio de Assembleia.
Conclui-se, assim, que o Regimento é o documento norteador e regulador do funcionamento do Conselho Escolar. Nele constam não só estrutura e normas para funcionamento do colegiado, mas, sobretudo, se apontam caminhos que movimentam, dinamizam e regulamentam o Conselho Escolar.
Dentre as atividades que perpassam tal dinâmica, estão as reuniões periódicas, caracterizadas em reuniões ordinárias – que constam em um calendário deliberado pelos conselheiros escolares no início do ano letivo – e reuniões extraordinárias – sendo estas convocadas pelo presidente ou um terço de seus membros, conforme conste no Regimento do Conselho Escolar.
Além disso, indicamos que deve ser promovida, no mínimo, uma Assembleia Geral por semestre escolar.
O calendário de reuniões ordinárias e Assembleias Gerais deve ser afixado no Mural do Conselho Escolar, em local estratégico da escola, onde possa se efetivar a comunicação de um grande número de pessoas. Isso, porém, não dispensa a convocação – por escrito ou presencialmente – de cada conselheiro e das pessoas cuja participação seja considerada importante para discussão dos assuntos em pauta.
Segundo Antunes (2002, p. 40), a pauta é a relação de assuntos que serão discutidos em cada encontro do Conselho Escolar em ordem de importância e prioridade [...]. Os membros do CE não devem ir para uma reunião sem saber os itens que serão abordados, pois correm o risco de tomar decisões equivocadas por não terem tido tempo de amadurecer suas opiniões.
É muito importante que um Conselho recém-eleito elabore seu plano de trabalho, definindo seu cronograma de reuniões durante todo o ano e as ações a serem desenvolvidas. As reuniões, para que ocorram, precisam de uma pauta elaborada com a colaboração de toda a comunidade escolar.
Para evitar desperdício de tempo e fomentar a transparência e a participação de todos, sugere-se que as pautas, tanto das reuniões quanto das Assembleias, sejam construídas coletivamente. Como estratégia, pode ser utilizado um espaço no Mural do Conselho Escolar para colher, junto à comunidade, as propostas de assuntos, envolvendo, assim, um grande número de atores.
Cabe ao Conselho Escolar organizar as prioridades a partir das propostas e selecionar os assuntos que comporão a pauta final, que deverá ser afixada no Mural.
O Mural do Conselho Escolar é um instrumento de comunicação barato e eficiente. Barato pelo baixo custo de sua confecção, para a qual podem ser utilizados os mais diversos materiais (como cortiça, compensado, dentre outros), e eficiente quando está estrategicamente localizado, possibilitando que haja a interação e integração do colegiado com as comunidades escolar e local.
Apresentamos a seguir "caminhos" para a elaboração coletiva da pauta da reunião/Assembleia:
De acordo com essa metodologia, os assuntos que ficaram fora da pauta retornarão quando da deliberação da pauta da reunião do mês seguinte. Caso aconteça de ter algum assunto que mereça uma reunião específica e diferenciada, o Conselho Escolar realiza e divulga uma reunião extraordinária.
Para realizar reuniões produtivas, são necessários alguns cuidados:
Secretariar uma reunião/Assembleia é muito mais do que tomar notas e, posteriormente, preparar e distribuir a ata. O(a) secretário(a) designado(a) precisa exercitar a sua voz ativa, pois pode – e deve – assumir a responsabilidade de: registrar quem está presente; controlar o horário de início e término; solicitar que pontos expostos sem clareza suficiente sejam adequadamente esclarecidos ainda durante a reunião; acompanhar as questões não concluídas ao longo da reunião/Assembleia, sumarizando-as antes do encerramento e propondo que se delibere a respeito delas.
As Assembleias Gerais são momentos primordiais para o Conselho Escolar dialogar grandes questões diretamente com a comunidade escolar e a local. A convocação da Assembleia – preferencialmente via edital – deve ser emitida com antecedência, de modo a permitir que os interessados se organizem e compareçam. É pertinente que seja concebido um espaço na pauta para que o Conselho Escolar preste contas de suas realizações, reforçando a transparência de sua atuação.
Na data de realização da Assembleia, uma lista de presença em papel timbrado ou com cabeçalho de identificação deve ser assinada por todos os presentes, formalizando o comparecimento e participação destes na Assembleia. Este documento também será importante para a verificação do quórum de instalação e de deliberação da Assembleia.
Falamos anteriormente da necessidade de registrar as reuniões e Assembleias em ata. Mas, o que é uma ata? De acordo com Antunes (2002),
“ a ata é um documento no qual se registra, com clareza, de maneira objetiva e fiel, tudo o que ocorre nas reuniões [...]. Se forem registradas todas as ocorrências, as propostas e as decisões em cada reunião, ficará mais fácil controlar o que acontece e pressionar a fim de que as decisões sejam cumpridas.” (ANTUNES, 2002, p. 48).
É importante que ela seja feita com cuidado, evitando erros de português, e que possa ser facilmente interpretada por qualquer pessoa que queira, futuramente, lê-la. A principal importância da ata é o fato de manter um histórico detalhado dosprocedimentos e ações que a reunião/Assembleia gerou.
Após assinada pelo(a) secretário(a) e por todos os presentes, a ata constitui a prova de que houve a reunião, das decisões nela tomadas, e das manifestações de todos os participantes.
O Livro de Atas do Conselho Escolar deve ser aberto, preferencialmente, pelo diretor da unidade de ensino, conforme o seguinte termo de abertura:
“Este livro contém cem folhas numeradas e rubricadas por mim, Fulano de Tal, e se destina ao registro de atas das reuniões e Assembleias do Conselho Escolar da Escola Tal”.
Para evitar qualquer modificação posterior, a Ata deve ser redigida de tal maneira que isso não seja possível. Neste sentido, as características básicas da formatação de atas são:
 sem parágrafos ou alíneas, ocupando todo o espaço da página, isto é, um texto completamente contínuo, como se o texto inteiro fosse um único e longo parágrafo;
 sem abreviaturas ou siglas;
 números, valores, datas e outras expressões sempre representadas por extenso;
 sem rasuras nem emendas;
 sem uso de corretivo;
 com todos os verbos descritivos de ações da reunião conjugados no Pretérito Perfeito do Indicativo (disse, declarou, decidiu etc.);
 com verbo de elocução para registrar as diferentes opiniões;
 se o relator cometer um erro, deve empregar a partícula retificativa “digo”, como no exemplo a seguir: “Aos dezesseis dias do mês de julho, digo, de junho, de dois mil e cinco...”. Quando se constatar erro ou omissão depois de lavrada a ata, usa-se “em tempo”, como por exemplo: “Em tempo: onde se lê julho, leia-se junho”.
Apresentamos, a seguir, os tópicos que devem conter a escrita de uma ata do Conselho Escolar: 
 Cabeçalho (título): deve conter algumas informações que são importantes para situar o leitor e facilitar a pesquisa posterior. O cabeçalho deve, portanto, apresentar a indicação da ata (título), conforme o exemplo a seguir: “Ata número doze. Ata da sexta reunião ordinária dos membros do Conselho Escolar da Escola Tal...”.
 Introdução: deve descrever o título do evento, local, data, hora, participantes... Exemplo: “Aos oito dias do mês de março de dois mil e treze, às dezoito horas, na sala da biblioteca, realizou-se a terceira reunião ordinária do Conselho Escolar da Escola Tal, para tratar da seguinte pauta: ...”.
 Participantes: na relação nominal devem-se relacionar as pessoas que constam na lista de presença (nome completo e indicação do segmento ao qual pertence) e que, de fato, compareceram à reunião: “Estiveram presentes os seguintes membros do Conselho: Bruno de Almeida e André de Souza Pereira (segmento Estudantes); Rosanira Lima Santos, Heloísa Aguiar Gomes e Paula Pequeno (segmento Professor); Carlos da Silva (diretor da escola); Jussara Rocha Leite e Luis Floriano Morais (segmento Funcionários); Dirceu Amorim Costa e Diana Santos Sousa (segmento Pais); e os seguintes convidados: ...”.
 Desenvolvimento: descrição dos principais temas discutidos na reunião e respectivos responsáveis.
 Conclusões: descrição das conclusões e deliberações provenientes da reunião.
 Fechamento: como no exemplo “Por fim, a palavra foi concedida àqueles que dela quisessem fazer uso e, não existindo manifestações, o presidente encerrou esta reunião, que foi lavrada na presente ata, lido este instrumento assinam...”.
 Assinatura dos presentes: as assinaturas devem ser colocadas logo após a última palavra do texto, para não deixar espaço livre.
Alertamos que o conselheiro escolar só deve assinar a ata após a sua própria leitura. Esse procedimento oportuniza certificar se o conteúdo condiz com a dinâmica da reunião, podendo, também, solicitar esclarecimentos sobre dúvidas, apontar contrapontos e indicar retificações.
Com a implementação das tecnologias, o tradicional Livro de Atas vai se metamorfoseando e acolhendo as “atas digitais”. Isso significa que anteriormente, as atas eram redigidas diretamente no Livro ou transcritas manualmente; hoje podem ser digitadas em um computador.
Em termos de praticidade, temos um arquivo que pode, por exemplo, ser socializado via e-mail, postado no blog do Conselho Escolar, postado no sítio eletrônico da escola, enfim, temos diversos meios de socialização. Mas atenção! Isso não prescinde a eliminação do Livro de Atas.
Se a ata é digital, convém que seja impressa, assinada pelos presentes na reunião e colada no Livro. Sendo este procedimento adotado, indicamos que a numeração original das páginas do Livro fique visível e que se carimbe em cima da emenda, ou seja, o carimbo do Conselho Escolar com a rubrica de quem secretariou a reunião deve pegar um pedaço da ata colada e um pedaço da página original do Livro.
Pode parecer arcaico, mas este procedimento garante o registro da memória das reuniões e Assembleias, assim como se constitui em um cuidado para se evitar futuras adulterações, visto que a ata é o documento que, além de comprovar a presença das pessoas que participaram, guarda as informações sobre o compromisso de cada um em relação ao que foi decidido durante a reunião.
Ressaltamos que também pode ser constituído um acervo digital com materiais do Conselho Escolar. Nesse caso, tem de se ter o cuidado de fazer backups periódicos.
Conforme vimos anteriormente, o Conselho Escolar produz e tem sob sua guarda vários documentos e materiais, dentre eles o seu Regimento e o seu Livro de Atas, que são, respectivamente, sua identidade e sua memória. Ainda que não tenha uma sala específica no espaço escolar, o Conselho precisa “cuidar” de sua memória. Portanto, necessita de um local – um armário, por exemplo – no qual se possa organizar e guardar essa documentação.
Mesmo ciente que esses documentos são públicos, não se pode deixá-los vulneráveis ao desaparecimento. Uma alternativa para livre acesso de qualquer interessado é tirar cópias e deixá-las na biblioteca da escola ou em outro local onde as pessoas possam se apropriar delas ou consultá-las.
O Conselho Escolar dá transparência às suas ações utilizando-se dos mais diversos meios de comunicação. Não obstante a realização de reuniões e Assembleias, e a construção e manutenção do Mural de Conselho Escolar, outras estratégias estão presentes no seu cotidiano, como o uso de e-mails, blogs, website, perfil nas redes sociais, além das atas e comunicados escritos.
Quando o Conselho Escolar se preocupa em fazer bom uso dos espaços virtuais, cultiva o hábito de divulgar não só suas realizações e deliberações, mas também passa a se inserir em um universo mais amplo, para além da escola. Nessa perspectiva, articula-se com outros Conselhos em Fóruns e grupos de discussão.
No entanto, há uma especificidade que traz diferença a esse grupo de pessoas: a compreensão de que gestão democrática é um bem público e deve ser cuidada, organizada e praticada.
CONSTITUIÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES
REFERÊNCIAS
Nesse espaço, você encontra as referências usadas nesse Módulo.
ANTUNES, Â. Aceita um conselho? Como organizar o colegiado escolar. São Paulo: Cortez: Insti-tuto Paulo Freire, 2006.
BOBBIO, H. O futuro da democracia. In:____ O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. São Paulo: Paz e Terra, 1986
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 5 out. 1988.
____Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 23 dez. 1996.
____. Projeto de Lei no 4.155, de 10 de fevereiro de 2000. Aprova o Plano Nacional de Educação. Diário da Câmara dos Deputados , Brasília, DF, 15 jun. 2000.
____. Lei no 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Institui o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 10 jan. 2001
____. Ministério da Educação. Portaria no 2.896, de 16 de setembro de 2004. Cria o Programa Nacional de Fortalecimento de Conselhos Escolares. Diário Oficial da União , Brasília, DF, 17 set. 2004. Seção 2, p. 7.
____. Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar: umaestratégia de gestão democrática da educação pública. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares . Brasília: MEC/SEB, 2004. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014a.
____. Secretaria de Educação Básica. Conselhos Escolares: democratização da escola e construção da cidadania. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares . Brasília : MEC/SEB, 2004. 57 p. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014b.
_____. Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar e a aprendizagem na escola. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares . Brasília: MEC/SEB, 2004. 69 p. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014c.
______.Secretaria de Educação Básica. Conselho escolar e sua organização em fórum. In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares . Brasília: MEC/SEB, 2009. 95 p. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2014d.
TORO, J. B.; WERNECK, N. M. D. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 104 p.
MÓDULO III
A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE INTERNA E DOS FAMILIARES NO CONSELHO ESCOLAR
CONSELHO ESCOLAR E A RELAÇÃO “FAMÍLIA E ESCOLA”
É de suma importância a participação e a parceria entre família e escola nos espaços escolares, e podemos afirmar que em especial, no Conselho Escolar.
Com base em estudos na área (ALMEIDA & ARANTES, 2014; RUFINO & SOUZA, 2012; PEREZ, 2010; BAZELESKI & ARRUDA, 2011; BOTELHO, 2016; CAMPOREZI & KUHN, 2014; BISPO, 2015), faz-se uma abordagem sobre a função da família e da escola na trajetória escolar discente, convictos da importância da participação da família na escola.
Além das referências teóricas, as leis brasileiras também ressaltam que há necessidade de cooperação e união entre as partes, compreendendo que a escola é responsável pela aproximação. A LBD, Lei n. 9.394/96, em seu Art. 12, em especial no parágrafo VI, estabelece que:
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e de seu sistema de ensino, terão a incumbência de: [...] articular-se com as famílias e a comunidade, criando processo de integração da sociedade com a escola (BRASIL, 1996, p. 11).
Percebe-se, na prática do cotidiano educacional, que o docente pode criar um elo entre os pais e a instituição escolar e esta relação é de suma importância para a formação de estudantes. Por isso, é fundamental discutir e refletir sobre a relação família e escola nos Conselhos Escolares, espaço físico no qual se tem a possibilidade de melhorar a comunicação de ambos – para que o diálogo não seja de mão única, no sentido de haver pouco espaço para a família se manifestar, sem que seja limitada pelos interesses da instituição.
Os Conselhos Escolares podem e devem garantir a participação de familiares dos estudantes dentro da escola.
Esta possibilidade de consultar e deliberar significa manter portas abertas às famílias, pois cada uma, em sua potencialidade, pode contribuir em prol de promover uma educação de qualidade de ensino para todos da escola.
Mesmo sabendo dos desafios cotidianos de trabalho e de sobrevivência que muitos familiares enfrentam, ainda existe, por parte desses, uma preocupação em participar da vida escolar de seus filhos. A forma como se organizam e tentam acompanhar a vida escolar de seus filhos é algo que deve ser valorizado pela escola.
Para visualizarmos melhor esta preocupação, Arcega (2018) aborda algumas pesquisas (MATEUS, 2016; ALMEIDA & ARANTES, 2014; BOTELHO, 2016; SILVA & MULHER, 2011; BISPO, 2015; BAZELESKI & ARRUDA, 2011; CAMPOREZI & KUHN, 2014) que tratam da referida questão, ao indagar aos familiares o que estes faziam para se envolverem no processo de aprendizagem de seus filhos?
Mesmo alegando falta de tempo, despreparo etc. – as respostas foram:
 Incentivando o estudo;
 Olhando o caderno;
 Perguntando como foi a aula e o que aprendeu;
 Buscando informações com os professores de como está o filho na escola através de bilhetes ou por telefone, sistema de mensagens por telefone;
 Pedindo para o(s) filho(s) mais velho(s) auxiliar(em) o(s) mais novo(s) nas tarefas levadas para casa;
 Mostrando preocupação com os estudos e as dificuldades;
 Ajudando com as leituras;
 Cobrando resultados (ARCEGA, 2018, p. 37).
Almeida e Arantes (2014) também desenvolveram estudos e aplicaram questionários dirigidos aos professores, que tinham várias questões, entre elas:
O estudo constatou que o rendimento escolar é positivo, pois os familiares dão continuidade em casa aos estudos feitos em sala. Já os alunos que os pais não comparecem, e que os professores nem conhecem, os alunos não demostram nenhum interesse nos estudos.
Em revisão bibliográfica de artigos publicados entre 2002 e 2012, Cunha et al. (2016) verificaram que os profissionais da educação tendem a se queixar de resultados de aprendizagem de estudantes, e responsabilizam o próprio aluno e/ou a sua família por esse fracasso escolar.
Diante desse cenário, e de tantos outros desencontros entre a relação família e escola é que autores como Oliveira & Marinho-Araújo (2010) e Chechia & Andrade (2005) apontam para a necessidade de busca de novos caminhos para a relação família e escola.
O objetivo deste texto é contribuir para a efetiva participação dos familiares em Conselhos Escolares, conforme determina a LDB em seu Art. 14, colaborando para a melhoria da qualidade da educação básica ofertada nas escolas públicas.
Afinal, como é composta a família dos estudantes? Quais são as suas funções?
Começando por analisar a função da família, podemos considerá-la como a primeira agência educacional do ser humano, sendo esta responsável pela maneira como o estudante se relaciona com o mundo, conforme a estrutura social que pertence.
A família exerce uma significativa influência na vida dos seus membros, pois por meio dela ocorrem os primeiros contatos de um bebê com o mundo. Neste sentido, os familiares são extremamente importantes e possuem responsabilidades em vários aspectos na vida de crianças, adolescentes e jovens, como: psicológicos, sociais, financeiros etc. (SAMPAIO, 2012).
Também é papel da família desenvolver junto à criança suas funções psicossociais, o que resultará num desenvolvimento afetivo. A ausência de afetividade conduz à criança a falta de interação social, pois ela tende a manter-se fechada em suas emoções. Existe a garantia, por lei, de que a família deve cuidar do bem-estar, da saúde, dando proteção e educação aqueles que são da sua reponsabilidade.
Percebemos que durante o decorrer dos anos, a formação familiar sofreu várias modificações na perspectiva social, cultural e econômica. Nos dias de hoje, há diferentes formações familiares, como nos indica André e Barboza (2018):
“família de pais que já foram divorciados e que tenham filhos de outras uniões, compondo uma nova estrutura familiar; família que tem mulheres independentes criando seus filhos sem a presença, ou apoio de uma figura masculina; família na qual os avós são designados a criar os netos por diversos motivos, e/ou outros parentes consanguíneos que exercem a mesma função etc.”
Além disso, os mesmos autores (2018) relatam que, as funções desempenhadas pelos cônjuges também foram se modificando com o tempo, principalmente, dentro de casa, uma vez que a mulher saiu para enfrentar o mercado de trabalho e não fica responsável somente por cuidar dos filhos e das tarefas de casa.
Com seu ingresso no mercado de trabalho, as funções que antes eram exclusivamente executadas pela mulher, como levar os filhos para a escola ou a realização de serviços domésticos, passaram a ser realizadas também pelos homens, quebrando, assim, alguns paradigmas. Sendo assim, fica claro que as mudanças que ocorreram na sociedade, também influenciaram a formação familiar.
Petzold (1996) definiu família como um grupo social especial, caracterizado por intimidade e por relações intergeracionais. O autor (1996) entende que o conceito de família pode ter diferentes bases, conforme os seguintes critérios: perspectiva biológica de laçossanguíneos, aproximações genealógicas, designações jurídicas e/ou legais, compartilhamento de uma casa com crianças etc.
Isso significa que família possui pessoas aparentadas que vivem na mesma casa, geralmente pai, mãe e filhos, ou ainda, pessoas de mesmo sangue, linhagem ou admitidos por adoção.
A palavra família, no sentido popular e nos dicionários, significa pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos, ou ainda pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção (PRADO, 2013, p. 12).
Para Veloso (2014), a familia é o local em que as pessoas expressam seus sentimentos e emoções, como: medos, alegrias, inquietações, objetivos pessoais etc.
Segundo Turner & West (1998), em função dessa ampliação conceitual sobre formação familiar, atualmente, não comporta mais a ideia de um único modelo de família, a denominada família tradicional, ou nuclear (pai, mãe e seus filhos biológicos).
Prado (1983,) considera que família não é uma expressão possível de ser conceituada, pois as formas de organização de uma família variam muito com o passar dos anos. A família é uma instituição social que vem se modificando de acordo com a história e apresentando até formas e finalidades diversas numa mesma época e lugar, conforme o grupo social que esteja sendo observado.
É importante refletirmos sobre a diversificação da formação familiar, visto que os estudantes podem fazer parte de diferentes tipos de família, e mesmo assim devem receber o mesmo direito em relação ao processo de ensino e de aprendizagem.
Diante das diversas formações familiares, o professor no dia a dia da escola pode ter diferentes maneiras de participação, atuação e reação de familiares.
Para Ribeiro (2016), a escola tem a percepção de que existe uma diversidade de famílias, sendo umas mais autoritárias, outras mais progressistas. Essas mais liberais costumam permitir que seus filhos escolham se querem, ou não, frequentar a escola, e/ou não cobram destes a realização das atividades escolares.
É importante ressaltar que os familiares por terem os laços afetivos com os estudantes são aqueles que mais poderiam ajudar na sua educação, ao invés de deixá-los a própria sorte. Ao impor limites com autoridade e carinho, os familiares influenciam os alunos em seus processos de aprendizagens.
A educação traz consigo hábitos, costumes e valores, que influenciarão de maneira satisfatória na aprendizagem. Com o apoio da família, todo o processo de desenvolvimento escolar agregará pontos positivos ao longo da vida escolar.
Fatores socioeconômicos, culturais e familiares podem interferir no desenvolvimento escolar, mas se a família tem uma relação de proximidade com a escola, esses efeitos se reduzem de forma substancial, pois os familiares se comprometem e acompanham a vida escolar. Segundo a Constituição de 1988, no seu Art. 227:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração e opressão.” (BRASIL, 1988, p. 148).
A educação e a socialização de estudantes são responsabilidades das famílias e das instituições educacionais. Assim, a família é constituída de um sistema complexo e sofre constantes interações, que passam por transformações ao se relacionar com outros sistemas, como, por exemplo, o sistema escolar.
Ao contrário do que muitos pensam, o processo de educação e desenvolvimento do sujeito não é tarefa, exclusivamente, da família, ou somente da escola.
VAMOS PENSAR?
Esse processo de humanização só obtém um resultado produtivo quando ambas as partes cooperam para o desenvolvimento da criança como um todo. Instituições como igrejas e clubes esportivos ou projetos culturais também são responsáveis pela educação das crianças e adolescentes, pois desempenham um papel importante na sociedade e também na educação.
Livros, eventos culturais, os meios de comunicação como rádio, televisão, revistas e a Internet também são uma forma de transmitir conhecimentos na vida contemporânea.
 
Segundo Villela & Archangelo (2013), não há, então, a priori, um agente, ou uma instituição, ou uma fonte ou, ainda, um meio ao qual se possa atribuir toda a responsabilidade pela promoção da educação. Contudo, apesar da enorme variedade de agentes e meios educativos, a família e a escola se destacam na tarefa educativa da criança. Mais do que isso, são legalmente responsáveis por essa tarefa.
A educação formal é um direito que deve ser garantido a todos, pois segundo o Art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1.990 (BRASIL, 1990): “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno de senvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho [...]”
E, conforme a Constituição Federal em seu Artigo 205:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 1988).
Sendo assim, à escola fica designada a função de transmitir a educação formal para crianças, adolescentes, jovens e adultos – no caso da EJA (Educação de Jovens e Adultos) – e é obrigação do Estado fornecer um ensino gratuito a todos os estudantes brasileiros.
Aos familiares é designado a realização da matrícula do seu filho – ou aluno que seja responsável – na escola e garantir que esse estudante mantenha uma frequência escolar na instituição de ensino.
Do contrário, o órgão de defesa dos direitos da criança e do adolescente, como o Conselho Tutelar baseado no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), deve ser acionado e, consequentemente, este deve entrar em contato com a família e verificar se existe algum problema familiar ou de saúde que justifique a ausência do aluno na escola.
Segundo Villela & Archangelo (2013), a obrigatoriedade da matrícula na escola é da família, mas caso isso não ocorra, o Estado assume essa responsabilidade (pela educação formal), assim como pela integridade física e psíquica no período em que o estudante estiver na escola.
Quando se trata da escola, a primeira função que lhe é imposta por todos é de desenvolver as funções cognitivas dos sujeitos, transmitindo-lhe, assim, diversos conteúdos diariamente. É importante lembrar, também, que a escola não tem somente a função de ensinar e de desenvolver o pensamento cognitivo, sendo essa uma concepção extremamente tradicional. Essa perspectiva existe para alguns profissionais da educação que acreditam que a sua tarefa é, exclusivamente, ensinar conteúdos e transmitir o conhecimento.
De acordo com Villela & Archangelo (2013), ainda hoje esse pensamento prevalece para alguns educadores que defendem ser esta a única função da escola, ficando a responsabilidade, de todos os outros aspectos, exclusivamente, para a família.
Em muitos casos, esta discussão de quem deve realizar quais funções acaba por passar o bastão da responsabilidade da educação de alunos um para o outro, tanto familiares como educadores. Na verdade, as duas partes devem se responsabilizar e contribuir para que ocorra a qualidade da educação.
Em casos específicos, a escola acusa familiares – por serem analfabetos e não terem acesso ao conhecimento formal – de desconhecerem a real função escolar e da aprendizagem. Mas, ao contrário do que muitos pensam, além de promover a aprendizagem, também, cabe à escola o desenvolvimento moral dos alunos, promover a saúde, o desenvolvimento afetivo, psicológico e físico, mesmo que essa também seja a função designada às famílias.
Pois, segundo Villela & Archangelo (2013, p. 31),
“[...] Se a escola é responsável pelo aluno durante várias horas pordia, ao longo de anos, não seria razoável imaginar que pudesse se abster de promover seu desenvolvimento moral, emocional e psicológico durante todo esse período. Não se pode imaginar que aspectos fundantes do sujeito possam ficar “em suspensão” enquanto a atividade intelectual se desenrola.”
Por mais difícil que seja contar com a ajuda dos familiares, a equipe gestora (direção e coordenação pedagógica) e o Conselho Escolar precisam encontrar meios para atrair os familiares à escola e torná-los parceiros no processo da aprendizagem dos educandos.
Para que a escola seja significativa, é necessário que todas as ações a serem tomadas sejam planejadas pensando no benefício de alunos.
Escola e família têm suas especificidades e suas complementariedades. Embora não se possa supô-las como instituições completamente independentes, não se pode perder de vista suas fronteiras institucionais, ou seja, o domínio do objeto que as sustenta como instituições.
A diferença entre família e escola está no que cada uma ensina aos estudantes:
 a família ensina quando promove a socialização, incluindo o aprendizado de padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade;
 a escola ensina quando favorece a aprendizagem dos conhecimentos construídos pela sociedade em determinado momento histórico e quando amplia as possibilidades de convivência social.
É importante que a escola seja um espaço acolhedor, local em que o aluno sinta prazer em estar presente. A infraestrutura e a forma de organização escolar devem ser bem planejadas, proporcionando aos discentes um espaço agradável onde possam desenvolver suas funções sociais, cognitivas e/ou motoras.
Para estabelecer uma boa conexão com os estudantes e ganhar sua confiança, o professor precisa compreendê-los, conhecer seu cotidiano, a comunidade ao redor da escola a qual pertence, a cultura do seu meio familiar e, por isso, é de grande importância à parceria da escola com os pais.
De acordo com Sampaio (2012), acredita-se que o processo de ensino aprendizagem possui relação direta com a infraestrutura do ambiente escolar, uma vez que o espaço de convivência é essencial.
O aluno precisa ser acolhido com suas vivências e experiências diárias, para poder aprender de forma significativa e entender a escola como um espaço aberto para expressar suas opiniões e socializar com os colegas.
A família tende a ter grande importância no processo educativo do indivíduo, por conta dos laços afetivos e pelo convívio diário.
A RELAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA: COMO É POSSÍVEL?
Para que a escola seja significativa, é necessário que todas as ações a serem tomadas pelos envolvidos, dentro e fora da instituição, sejam planejadas pensando no benefício dos estudantes. Escola e família têm suas especificidades e suas complementariedades.
Cada uma tem suas fronteiras institucionais, isto é, o domínio do objeto que as sustenta como instituições. Segundo Estevão (2012), a relação família e escola deve ser construída para que os alunos tenham um local seguro de aprendizagem.
Com a relação fortificada e harmônica, o desenvolvimento do estudante e seu rendimento escolar melhoram, visto que tanto a escola quanto a família estão envolvidas e incumbidas para cumprir suas funções.
Nessa perspectiva, principalmente, a família deve se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida de seus filhos, presença que implica envolvimento, comprometimento e colaboração, deve atentar para as dificuldades, não só cognitivas, mas também comportamentais. Da mesma forma, a escola deve estar na vida dos discentes como uma parceira na relação da construção de afetividade.
A família desenvolve um vínculo no convívio diário por meio de conversas que possam conduzir crianças, adolescentes e jovens por caminhos que os levem à socialização dos conhecimentos e às relações interpessoais.
Para Lima (2009), é importante que a escola crie relações com limites, que possibilite uma fronteira relacional clara, adequada e respeitosa com todas as pessoas. Mesmo se houver pensamentos diferentes, ou discordâncias sobre educação, a escola e a família devem se unir para buscarem uma melhor convivência com tais diferenças.
Apesar de escola e família serem agências socializadoras distintas, elas apresentam aspectos comuns, como: compartilhar a tarefa de preparar os sujeitos para a vida socioeconômica e cultural. A despeito das diferenças nas tarefas de ensinar, tanto a escola como a família precisam uma da outra.
COMPREENDER OS FAMILIARES: UM BOM INÍCIO
Segundo Bhering & Siraj-Blatchford (1999), geralmente os familiares acreditam que seja de responsabilidade da escola o processo de ensino e aprendizagem, sendo que suas funções são complementares às metas educacionais da escola.
Para Bhering (2003), a família se envolve quando participa intensamente de atividades relacionadas ao ensino e à aprendizagem escolar, tanto em casa quanto na escola, além da ajuda ou colaboração em prestação de serviços, como: em eventos sociais, feiras, festivais, excursões e aquisição de materiais e equipamentos para a escola.
Na visão das famílias, em geral, as interações estabelecidas com a escola ocorrem nos horários de entrada e saída da escola (no portão), nas reuniões de pais convocadas pela escola ou em datas comemorativas.
Segundo Reali & Tancredi (2002), trata-se de um relacionamento superficial e limitado a situações “formais”, como as reuniões bimestrais e as comemorações, sempre organizadas pela escola.
A concepção dos familiares é que a escola (docentes e equipe gestora) mantenha a educação escolar como sua responsabilidade, e caberia a eles assegurar que o estudante esteja pronto para essa educação escolar.
COMPREENDER OS ESTUDANTES: UMA POSSIBILIDADE
Um estudo realizado junto a estudantes do ensino médio de uma escola em Curitiba, no Paraná, investigou como os alunos viam a relação da escola com a família, e o resultado foi que a relação era vista de uma maneira muito negativa.
Para os alunos, existe uma cobrança quanto ao rendimento escolar de ambas as partes, e as convocações de familiares aconteciam apenas em situações referentes às notas ou ao comportamento. Esta parceria entre família e escola é desaprovada pela maioria, pois muitas vezes não eram consultados com antecedência e, também, por não haver nesta relação momentos de elogios aos discentes.
Segundo Polonia (2005), familiares que têm alunos em séries iniciais estão mais presentes nas atividades programadas pela escola, sendo que este quadro vai se modificando com o passar dos anos.
Os alunos são peça chave para esta relação entre família e escola e seus posicionamentos como possíveis mediadores podem estimular a participação dos familiares e intermediar a comunicação entre família e escola
Ao contrário do que acontece, na visão dos estudantes a comunicação entre família e escola não precisa ser de cobranças quanto ao rendimento escolar, sendo esta uma questão bastante presente e negativa para os discentes.
COMPREENDER OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: UMA REFLEXÃO SOBRE O PROBLEMA
Diz-se, de forma geral, que a relação de educadores com familiares sempre esteve marcada por movimentos de culpabilização de ambas as partes, pela ausência de responsabilização compartilhada e pela forte ênfase em situações-problema que ocorrem no contexto escolar.
A despeito das situações-problema que permeiam a relação família e escola, acredita-se que a iniciativa de construir uma relação harmoniosa entre as duas instituições deve ser de responsabilidade da escola e de seus profissionais, que têm uma formação específica. Contudo, os parâmetros para esta relação não devem se basear, apenas, na função de orientar os familiares sobre como ensinar seus filhos, como tem preconizado a escola.
Bhering (2003) afirma que, geralmente, a forma que a escola adota para estabelecer contato com as famílias é motivada pela discussão das situações de baixo rendimento escolar e de mau comportamento de alunos.
Para o autor (2003), os professores compreendem que o apoio dos familiares no processo de ensino eaprendizagem deve ser limitado as suas ordens quanto à realização de tarefas escolares, esquecendo-se de sugerir que as famílias se envolvam com questões escolares de maneira mais participativa e recíproca.
A educação de alunos com problemas de aprendizagem – fracasso escolar – pode ser afetada pelo processo comunicacional circular escola-família-estudante.
O fracasso escolar pode ser causado por dificuldades de letramento, problemas comportamentais, dificuldades sensoriais, físicas etc. Ele está presente no sistema educacional brasileiro e acaba propiciando a evasão escolar e a defasagem idade/série.
Essa multiplicidade causal gera muitas expectativas em relação à educação por parte dos educadores e familiares, o que, por sua vez, gera culpa e conflitos na relação família e escola.
Segundo Tancredi & Reali (2001), em muitos casos existe o desconhecimento, por parte dos professores, das características das famílias de seus alunos, ou uma imagem estereotipada delas, uma vez que as descrições feitas estão carregadas de conotações negativas e preconceituosas.
V AMOS PENSAR?
Nem sempre as famílias são vistas como parceiras que têm objetivos comuns, apesar de se mostrarem conscientes do papel importante da escolarização na vida de seus filhos e de estarem dispostas a contribuir com a escola.
Na visão de alguns professores, o modelo de família que se configura é uma família idealizada, que oferece suporte, aconchego e que tem funções diferentes para cada fase da vida. Diante da realidade das novas configurações familiares e dos problemas de aprendizagem dos alunos, devemos refletir sobre alguns questionamentos:
 Quais sãos as crianças identificadas com problemas de aprendizagem?
 A que se atribuem essas dificuldades?
 Qual é a dinâmica que se estabelece em torno da criança com problemas de aprendizagem?
 Como tem sido a relação e a comunicação entre a escola e as famílias dessas crianças?
Para os professores, muitas vezes, as famílias só vão à escola apenas quando são chamadas e, ainda assim, muitas não vão, ou seja, as famílias querem um resultado positivo ao final do ano, mas ficam distantes do processo, não realizando contato e não participando das reuniões ao longo do ano.
Ao vislumbrar a relação família e escola, com um enfoque mais sociológico, percebemos que as funções determinantes são ambientais e culturais. A relação entre educação e classe social mostra certo conflito entre as finalidades socializadoras da escola e a educação da família, isto é, entre os objetivos da escola e a organização da família.
As famílias que não se enquadram no suposto modelo desejado pela escola são consideradas as grandes responsáveis pelas disparidades escolares. A representação de um modelo familiar correto recebe valor e se naturaliza, sendo que a própria instituição escolar divulga a ideia de que algumas famílias agem de modo distante do seu objetivo.
Em função de divergência, a preocupação da escola passa a ser de estratégias de socialização das famílias, e esta amplia seus âmbitos de ação, com intenção de assumir ou substituir a família em sua função socializadora.
Na relação família e escola, há uma aproximação e colaboração de educadores que, muitas vezes, passa despercebida, que é a de requerer das famílias atitude social padronizada. O ambiente escolar exerce um poder de orientação sobre os familiares para que estes possam educar melhor os filhos e estes, por sua vez, possam frequentar a escola.
Ao perceber a relação família e escola, com um enfoque mais psicológico, a escola tende a reforçar que a família é desqualificada (OLIVEIRA, 2002).
As razões de ordem emocional e afetiva ganham um colorido permanente quanto ao entendimento da relação família e escola e da ocorrência do fracasso escolar. Geralmente, isso acontece quando a perspectiva de professores – discurso psicológico – passa a avaliar e analisar o comportamento de seus alunos.
Nessa linha mais voltada para “orientar as famílias”, observamos que Epstein (2009) elabora cinco tipos de envolvimento entre os contextos família e escola:
Apesar desses cinco tipos serem importantes, percebemos que a autora traça ações somente para os familiares, uma visão bastante comum na escola, cuja reponsabilidade própria cabe apenas informar as famílias acerca do seu regulamento interno, dos seus programas escolares e de progressos e dificuldades dos estudantes (Tipo 2).
Segundo Marques (1999), isso se torna comum pois existe a crença, por parte dos educadores, de que os familiares devem ser orientados a ensinar seus filhos:
“(...) explicar aos pais certas técnicas de ensino ou propor aos pais que treinem os filhos, ajudando-os a fazer exercícios de leitura, matemática, etc.” (MARQUES, 1999, p. 21).
Tancredi & Reali (2001), Reali & Tancredi (2002) e Caetano (2004) acreditam que a constituição de uma parceria entre família e escola é função inicial dos docentes, pois eles são elementos chave no processo de aprendizagem.
A construção da relação entre família e escola deve ser cooperativa, com intenção de fortalecer a relação com confiança, com visão de empatia, colocando-se no lugar do outro, e não apenas de troca de ideias e discussões.
É necessário estabelecer uma parceria de corresponsabilidade entre ambas às instituições e colocar sempre em primeiro lugar o discente, que é o fator principal da educação, estabelecendo diálogos democráticos.
CAMINHOS PARA A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: GESTÃO DEMOCRÁTICA
É importante ressaltar que na história da relação das duas instituições, família e escola, os papéis eram bem definidos.
A escola era inteiramente responsável pela transmissão dos conhecimentos acumulados pela sociedade, e à família cabia ensinar valores e padrões de comportamento. Esses papéis têm se confundido ao longo do tempo.
Nesse contexto, é preciso que os educadores estejam em perfeita sintonia com a família para complementar a formação educacional do estudante. A escola precisa criar interações entre as partes, não como uma forma de troca de favores, mas como um complemento do que se estabelece no ambiente familiar.
As proximidades entre ambas (família e escola) não é uma tarefa fácil, exige confiança e a criação de estratégias.
Cabem as duas instituições aprimorar o processo democrático que acontece dentro da instituição escola, e, sem dúvida, se educarem nessa relação de trocas, cada uma contribuindo na execução de suas atribuições. Nesse sentido, a escola, para desenvolver a parceria com a família, precisa ser democrática.
VAMOS PENSAR?
É necessário que se instaure e fortaleça a gestão democrática na escola. Um dos aspectos que devemos garantir, nesse sentido, é o da constituição dos Conselhos Escolares (CE), com vistas a propiciar a representatividade e a paridade no colegiado.
Segundo Lima (2016), algumas instituições escolares elegem seus membros os sujeitos que já fazem parte do interior da escola, por serem professores, funcionários ou alunos da própria escola. Em pesquisa realizada, o referido autor indicou que essas escolas não elegiam membros do CE que não tivessem vínculo com a escola, o que denotava, claramente, a dificuldade em se constituir um colegiado democrático.
Essa composição antidemocrática, na prática, não garantia um caráter deliberativo sobre as mais diversas situações, pois a visão do CE estava marcada por uma perspectiva de membros que faziam parte da escola, ligados ao cotidiano da instituição e, mais do que isso, submetidos, de algum modo, ao gestor escolar.
O Conselho Escolar teve seu processo educacional no Brasil devido às reivindicações históricas e dos movimentos de educadores por uma educação de qualidade. Sua perspectiva democrática no ensino público ainda tem dificuldades de consolidação, principalmente no que se refere à centralização do poder gestor, a burocracia, o despreparo dos conselheiros, as dificuldades de ordem prática e a participação destes nos problemas que envolvem a própria escola e a comunidade externa.
Vários pesquisadores (AGUIAR, 2008; ANTUNES, 2002; BRASIL, 2004a, 2004b, 2004c) concordamque, na prática, a gestão democrática ainda é muito difícil de acontecer, ora por dificuldade de compreensão de sua tarefa, ora por conta de gestores e profissionais da educação, ora pelo receio da equipe gestora de disponibilizar o poder decisório de algumas condutas no planejamento das práticas pedagógicas e escolares a outros membros da família e da escola.
A gestão democrática é um processo, por isso não pode ser interpretada como algo estático que se espera realizar, como uma ilha da fantasia. Ela só acontece se houver mobilizações e/ou ações de todos os envolvidos com a escola.
Como colegiado democrático e representativo, o Conselho Escolar deve tratar de todos os assuntos relacionados com a escola, da seguinte forma: melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem; diminuição da evasão escolar; aumento dos índices de aprovação dos alunos no ano letivo, como também em avaliações externas; e aumento das matrículas na instituição.
A participação de familiares em reuniões do Conselho Escolar deve ser real e não formal, isto é, as famílias precisam compreender que suas ações não podem se restringir em atender apenas as decisões da gestão da escola.
Esse problema, muitas vezes, acontece devido ao despreparo das famílias e até da escola com relação à funcionalidade e autonomia do Conselho Escolar, trazendo como consequência reuniões pautadas apenas em problemas disciplinares de alunos, ou de assuntos do cotidiano da escola, como festas, feiras, entre outros, do que em questões que envolvem o processo educacional, como a melhoria da qualidade do ensino, da aprendizagem, do rendimento escolar e da participação em concursos externos.
A importância da existência e da participação nos Conselhos vai além dos resultados relacionados ao alcance dos objetivos propostos no planejamento estratégico dentro de um processo de gestão participativa. Ela é uma oportunidade do exercício pleno da cidadania.
A escola deve ser um ambiente democrático e a gestão escolar não deve estar concentrada nas mãos de uma única pessoa, o diretor. As discussões que envolvem as relações que a escola estabelece com a família têm sido cada vez mais discutidas no meio educacional.
Dessa forma, é essencial compreender como elas acontecem e se desenvolvem para que se inicie uma discussão com a finalidade de melhorar o ambiente escolar, assim como as próprias relações entre os seus sujeitos.
É fato que muitos educadores não desejam sair de sua zona de conforto para proporcionar às famílias momentos de visita, a não ser para falar sobre o bom ou mau desempenho de alunos. Por outro lado, percebemos a falta de interesse das famílias com relação à aprendizagem das crianças, adolescentes e jovens – não têm tempo para saber das suas trajetórias escolares.
Segundo Polonia & Dessen (2005), algumas limitações entre a relação família e escola podem estar diretamente ligadas ao receio dos professores de serem fiscalizados pelos familiares, ou a ausência de um programa ou projeto que integre familiares e docentes.
A qualidade do ensino necessita que enfrentemos um longo processo de mudança que deve começar a partir do Projeto Político Pedagógico, em que membros da escola democrática envolvam-se nesse processo para proporcionar um ensino de qualidade
Para que a educação de qualidade se torne realidade, é preciso que todos se sintam envolvidos e responsáveis.
O trabalho pedagógico deve levar em consideração uma flexibilidade no planejamento diário do professor, esse, por sua vez, deve procurar recuperar os alunos que não obtiverem êxitos na aprendizagem, isto é, com baixo rendimento.
A participação no contexto escolar pode ocorrer de diversas formas, segundo Lück (2009):
 Participação como presença;
 Participação como expressão verbal e discussão;
 Participação como representação política;
 Participação como tomada de decisão;
 Participação como engajamento.
Cada uma dessas formas de participação contém uma intensidade diferente e gradual no seu nível de interação. Para ser bem-sucedido, um modelo de gestão escolar participativa deve promover: meios, formas sequenciais e crescentes, de motivar as discussões e os debates acerca da viabilidade de implantação de novas ideias e projetos na escola.
Dentro de um modelo de gestão educacional participativa, a escola deve ser planejada para se transformar em um local com trabalhos coletivos, com integração entre escola-família-comunidade.
Para Murillo et al. (2007), o envolvimento, no âmbito da gestão compartilhada, se constitui em elementos motivadores para a colaboração entre família e escola, com objetivos e visões compartilhados, direcionados a um processo em que a participação da comunidade escolar na construção e implantação do Projeto Político-Pedagógico torna-se um fator-chave de sucesso.
Esta relação entre família e escola, dentro de um plano pedagógico democrático, deve estar ligada ao interesse de um ensino de qualidade e a importância do papel da escola para a formação do caráter dos estudantes.
A concepção de gestão compartilhada, ou gestão democrática, vai além da denominação desse modelo, ou seja, mesmo não tendo sido utilizadas as denominações “gestão compartilhada” ou “gestão democrática” a essência desse modelo esteve presente nos discursos de educadores quando estes se referem à escola como “nossa escola”, à coletividade como trabalho em conjunto e ao orgulho por se sentirem parte do todo.
A rede de interação entre família e escola só terá resultados positivos se houver um canal livre de comunicação. Um componente muito importante na gestão escolar compartilhada é a comunicação.
A equipe gestora e o Conselho Escolar devem ser uma ponte de ligação entre todos os sujeitos que compõem a escola, facilitando os mecanismos de propagação das informações a respeito do andamento dos projetos da escola e fazendo com que todos dialoguem entre si.
Com ações conjuntas entre ambas às partes, torna-se possível perceber as transformações, em que a função da família melhora com a transferência de valores e crenças aos estudantes e a função da escola se amplia com a aprendizagem do conhecimento científico.
POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS PARA APRIMORAR A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Normalmente, a falta de participação da família no ambiente escolar ocorre pelo fato de que as atividades escolares são planejadas de forma que não levem em consideração as necessidades e os interesses das famílias, tornando-se assim desinteressantes.
A primeira estratégia é a promoção da comunicação entre a escola e a família com sistemas de comunicação bilateral, procurando disponibilizar canais diversos (reuniões de pais, reuniões individuais com a família, contatos telefônicos, e-mail) para que se consiga alcançar um maior número de famílias.
Um dos problemas que, geralmente, impedem uma comunicação mais efetiva, é quando os educadores usam somente bilhetes enviados pelos alunos. Esta maneira de se comunicar nem sempre é clara, transmitindo pouca confiança entre as partes, o que dificulta a relação de parceria.
Também aparece caracterizada como unidirecional e não compartilhada, ou seja, a escola comunica o que deseja dos pais enquanto estes sentem que não são ouvidos e que há pouco espaço institucional para acolher suas manifestações (OLIVEIRA & MARINHO-ARAÚJO, 2010; FEVORINI & LOMÔNACO, 2009).
A comunicação entre escolas e famílias é prioritariamente exercida nas formas tradicionais, isso é: bilhetes em cadernos ou agendas, conversas breves na entrada ou na saída da escola, encontros em datas comemorativas e por meio do principal canal de comunicação – as reuniões de pais (MARCONDES & SIGOLO, 2012; OLIVEIRA & MARINHO-ARAÚJO, 2010; BHERING & SIRAJ-BLATCHFORD, 1999).
Conflitos também podem surgir quando existe clara diferença de tratamento dispensada por parte dos professores a alguns pais, geralmente beneficiando aqueles de classes sociais mais abastadas (MARANHÃO & SARTI, 2008).
O estudo de Munhoz e Scatralhe (2012) propõe que haja um espaço conversacional na escola, onde se possa falar, trocar, ouvir, questionar edialogar com os participantes que fazem parte do processo escolar do aluno (pais e professores, fundamentalmente).
A comunicação é apontada por Bhering & Siraj-Blatchford (1999) como fundamental para que os pais compreendam e os professores expliquem os objetivos da escola, o desenvolvimento das crianças, o processo educacional e a atuação docente.
Para que haja o estabelecimento de um diálogo efetivo, é preciso que os professores aceitem a responsabilidade de se comunicarem de forma clara, simples e compreensível com os pais, conforme apontam Polonia & Dessen (2005).
Os docentes devem estar atentos à compreensão dos familiares em relação aos recados escolares e o dever de casa (se está claro). Ao se comunicar com os familiares, o professor deve levar em consideração as diferentes formas culturais e níveis de escolaridade dos pais ou responsáveis.
Também é preciso, de acordo com Guzzo (1990), que os pais disponham de algum tempo e interesse para o diálogo, estando disponíveis para o estabelecimento de vínculos com a escola. Nessa questão da comunicação, também perceber a questão do horário de entrada e saída da escola.
Os professores, por sua vez, desejam que os pais sejam mais permeáveis às suas orientações (MUNHOZ & SCATRALHE, 2012).
Conflitos na comunicação ocorrem na medida em que a família se queixa de pouco esclarecimento e os professores se queixam das cobranças familiares (MUNHOZ & SCATRALHE, 2012).
Além disso, dialogar requer consciência de igualdade e certeza de respeito mútuo, o que não ocorre quando os pais estão em posição subalterna, como se refere Gomes (1993), ou quando os professores ficam inibidos frente aos questionamentos de alguns pais com formação superior à sua, conforme cita Munhoz & Scatralhe (2010).
Outra estratégia está na criação de uma Escola de Pais, com objetivo formativo, por meio de palestras com os mais variados temas – educação, saúde, alimentação, trabalhos de casa, comportamento, abandono escolar. Importante, no final de cada palestra, criar uma sessão de esclarecimento. Esta ação pode ter a participação de toda a comunidade escolar e externa.
Uma terceira estratégia está no alargamento de horários para as horas das reuniões de familiares, ou de final de bimestre. Esta ação é fundamental, pois muitas vezes a família não consegue sair do seu local de trabalho mais cedo. Caso não seja possível, a escola deve agendar outro horário de atendimento.
Uma quarta estratégia seria ter a participação de alunos nas reuniões de final de bimestre. Esta participação de estudantes, em reuniões bimestrais, é justa, visto que o maior interessado é ele próprio, podendo ainda defender-se e esclarecer situações que tenham surgido, evitando novas reuniões ou discussões.
Uma quinta estratégia está nos docentes em envolver os familiares em atividades desenvolvidas em casa, sem que seja pesada e desconfortante (no caso do familiar analfabeto). O objetivo seria ter a família se interessando e ajudando os filhos nas atividades escolares. Quando as interações entre escola e família aumentam, os familiares ajudam a escola e os seus profissionais de forma mais positiva.
Poderíamos elencar várias outras estratégias simples – ações e atividades – para substituir atitudes realizadas há tantos anos pela escola, porém o mais importante é termos oportunidades de debater e refletir de maneira vertical sobre as relações entre família e escola, de forma democrática.
Finaliza-se afirmando que a relação entre escola e família ainda precisa ser trabalhada e melhor desenvolvida, explorada pela escola. Consideramos ser importante e fundamental esse envolvimento e essa participação em todos os níveis de ensino.
O envolvimento de todos ainda é tido como um assunto ambíguo – família não quer participar versus escola não dá espaço para essa participação-, e muitas são as dificuldades a serem superadas. Enfim, lembramos que poucas famílias têm a capacidade para mudar esta situação sozinha, sendo essencial a cooperação de toda comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
Nesse espaço, você encontra as referências usadas nesse Módulo.
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MÓDULO IV
CONSELHO ESCOLAR E A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO: CONVIVÊNCIA E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
CONSELHO ESCOLAR E A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO: CONVIVÊNCIA E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
A IMPORTÂNCIA DO CONSELHO ESCOLAR NAS RELAÇÕES DA ESCOLA
Este tópico trata de dois grandes objetivos: refletir sobre o convívio democrático nos diferentes espaços escolares, sendo que o Conselho Escolar deve promover discussões a respeito da existência de divergências nas relações dentro da escola e propiciar formas de lidar com os conflitos; e, entender o papel do Conselho Escolar nas relações que acontecem dentro da escola, no que se refere ao reconhecimento e o respeito ao outro, com vistas a gerar práticas democráticas.
Assim, estamos refletindo sobre questões relacionadas à convivência na escola e nessa perspectiva, pensamos a escola como um espaço aberto à convivência e consensos, pois há a necessidade de equilíbrio entre os diferentes interesses envolvidos.
A participação de todos fortalece relações e organiza atitudes e qualidades nos sujeitos, no sentido de comprometerem-se com os objetivos da escola em determinadas circunstâncias. Isso é muito importante para quem está à frente da escola como nós. Como já foi dito em outras seções deste livro, os princípios que norteiam a gestão democrática são:
Dessa forma, a construção da democracia na escola se caracteriza pela participação efetiva dos envolvidos.
Destacamos duas práticas que possibilitam uma gestão mais democrática na escola: reflexões e análises cuidadosas sobre a aprendizagem dos estudantes, sob a perspectiva de melhorar essa aprendizagem; e, busca de soluções coletivas para as demandas concretas do dia a dia escolar.
Quais seriam os espaços democráticos para tratarmos as questões relacionadas à escola, além das reuniões do Conselho Escolar?
 reuniões de familiares ou responsáveis;
 reuniões da Unidade Executora;
 atividades Coletivas de Trabalho Pedagógico.
Todos os ambientes coletivos devem ser democráticos. São espaços nos quais a escola tem a oportunidade de estimular a democracia na sua prática cotidiana, muito embora isso não signifique uma aplicação de forma direta e simples. É importante considerarmos que esse consenso não é o ato de impor algo a alguém. É importante, também, saber que o consenso pode se modificar a partir do momento em que o grupo acredite que ele não atenda mais o pensamento coletivo. Isso é democracia.
A princípio, é difícil entender o que é democracia, porque existem variações nas experiências democráticas ao longo da história e que diferem de acordo com os contextos e as condições das sociedades, por isso, depende do contexto. As regras podem ser modificadas a qualquer momento, desde que sejam consensuais.
Democracia, como um ideal, nem sempre caracteriza práticas concretas, ou seja, nem sempre o que se idealiza sobre democracia na escola é necessariamente o que acontece. A democracia não é uma concepção estática e única, ela sofre influência e interferência dos contextos, dos valores e dos interesses que estão postos para as diferentes sociedades. Fomentar a democracia implica o reconhecimento dos conflitos no interior dos grupos sociais não como fator impeditivo, mas como estímulo ao respeito e à convivência com as diferenças.
As condições para o desenvolvimento da democracia na escola são dadas pelo reconhecimento da multiplicidade e da diferença que caracterizam a vida das pessoas.
A lógica da argumentação nos ajuda a resolver conflitos quando estamos dispostos a dialogar. A gestão nas escolas deve motivar o diálogo por meio da participação de profissionais da educação, familiares, estudantes e comunidade local. Nesse sentido, todos devem acreditar que o processo educacional é algo a ser construído por intermédio de participação ativa.
Outro aspecto relativo ao exercício da democracia nas práticas escolares é o incentivo a utilização de horários e espaços que não são programados oficialmente pela escola, mas que demonstrem iniciativa e caracterizem a construção de uma autonomia democrática.
O conceito de autonomia não fica estagnado como mera possibilidade, por isso a importância das práticas democráticas conscientes e constantes, inclusive por ser um processo. As pessoas se tornam mais autônomas na medida em que atuam e têm possibilidades reais de participar e de decidir.
Ao se perceberem respeitadas em suas posições nas questões públicas, passam, então, a repensar sua participação. A escola é um espaço social que atende a essa perspectiva na medida em que se constitui em um ambiente próprio para a construção e exercício da cidadania, para a livre expressão de ideiase para o crescimento tanto do indivíduo, singularmente, quanto da sociedade em que está inserido, coletivamente.
A democracia na escola deve se basear no respeito mútuo entre os indivíduos numa perspectiva igualitária, isto é, caracteriza-se por uma forma de gestão justa, mediante um processo em que as razões são aceitáveis e acessíveis a todos.
Os assuntos democracia, escola e gestão democrática, por sua vez, possuem esse caráter de processo, que é um movimento do que “está acontecendo”. E isso cria possibilidades de mudanças de ações e rumos quando se visualiza uma atuação mais humanizada, tanto na socieda de quanto na escola.
CONSELHO ESCOLAR: A CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E OS PROCESSOS DE PARTICIPAÇÃO
Neste tópico tratamos do fortalecimento de mecanismos de democratização da escola, em especial, o Conselho Escolar e os processos de escolha de diretores, por meio de reflexões sobre os limites, as possibilidades e os desafios da gestão democrática.
Esse é um tema de extrema relevância, pois permite que todos possam participar ativamente do cotidiano da escola, afinal, gestão democrática implica a efetivação de novos processos de organização e gestão baseados em uma dinâmica que favoreça a participação de todos nas decisões.
A participação constitui uma das práticas fundamentais a serem desenvolvidas pelos diferentes atores que atuam no cotidiano escolar. A participação não tem o mesmo significado para todos. Ela apresenta diferenças quanto à natureza, ao caráter, às finalidades e ao alcance dos processos participativos.
Isso quer dizer que os processos de participação constituem, eles próprios, processos de aprendizagem e de mudanças culturais a serem construídos cotidianamente. Não existe apenas uma forma ou lógica de participação.
Há dinâmicas que se caracterizam por um processo de pequena participação, e outras que se caracterizam por efetivar processos em que se busca compartilhar as ações e as tomadas de decisão por meio do trabalho coletivo, envolvendo os diferentes segmentos da comunidade escolar.
Há processos que são declarados como participativos, mas que na verdade não garantem a participação de todos, optando por decisões já tomadas pela minoria.
Um aspecto importante é entender a participação como uma prática a ser desenvolvida coletivamente. Participação não se decreta, não se impõe. É, antes de tudo, um processo que envolve sensibilização, compromisso e vontade de transformar a realidade.
Para melhor compreendermos os processos participativos, primeiro devemos destacar a importância da escola para a formação do cidadão, especialmente a escola pública. A educação é um direito do indivíduo, principalmente a partir da expansão e da democratização das oportunidades de escolarização.
Garantia de escola para todos significa inclusão social e efetiva participação da sociedade civil. Garantir escola para todos é, sobretudo, garantir uma educação de qualidade. Não basta que todos tenham acesso à escola. A verdadeira inclusão social é quando o indivíduo tem acesso a uma educação de qualidade. Só assim ele realmente poderá ter uma participação na escola e na sociedade.
Historicamente, a participação não se manifesta de forma rápida e espontânea. É necessário um amplo trabalho de mobilização e reflexão a fim de que todos se conscientizem sobre a importância de participar da elaboração e da construção cotidiana dos projetos da escola.
É preciso mobilização social em defesa da garantia de escola pública de qualidade para todos. A educação e a escolarização são direitos sociais constitucionais.
A educação e a garantia da escolarização são direitos sociais, e para compreendermos melhor esses direitos, conceituaremos os termos educação e escola.
Educação são todas as manifestações culturais produzidas pelos seres humanos. A escola, nesse cenário, é o espaço privilegiado de construção e socialização do conhecimento e se encontra organizada por meio de ações educativas que visam à formação de sujeitos capazes de atuar na sociedade com ética, por meio da participação crítica e criativa na busca de soluções para os problemas, transformando, assim, a realidade. Ou seja, a organização escolar cumpre o papel de garantir não só que os indivíduos tenham acesso ao conhecimento, mas também que reconstruam cotidianamente esse saber.
Faz-se necessário resgatar como as leis interferem na lógica organizativa da escola e no protagonismo dos atores sociais que constroem o cotidiano escolar. Destaca-se nos anos 1990 a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96). Essa lei alterou o panorama da Educação Básica, que passou a contemplar a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Médio.
Além dessa mudança, a LDB 9394/96 redirecionou as formas de organização e gestão, os padrões de financiamento, a estrutura curricular, requerendo, entre outros, a implementação de processos de participação e gestão democrática nas unidades escolares públicas.
Ressalta-se que a referida lei estabelece o princípio da gestão democrática, ou seja, a necessidade de que a gestão das escolas se efetive por meio de processos coletivos envolvendo a participação das comunidades escolar e local. Assim, a gestão democrática é a garantia de mecanismos e condições para que ocorram espaços de participação.
Em seu artigo 14, dispõe que os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I participação dos profissionais da educação na elaboração do PPP da escola;
II participação das comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentes.
A LDB 9394/96, ao atribuir aos sistemas de ensino a construção das normas para a gestão democrática, ressalta a necessidade do envolvimento de diversos segmentos. Assim, a mobilização de todos constitui-se num grande desafio para a construção dessa gestão participativa.
Também devemos entender que o PPP ocupa um papel central na construção de espaços de participação e, portanto, na implementação de uma gestão democrática. Envolver os diversos segmentos na elaboração e no acompanhamento do PPP é um grande e prazeroso desafio para os conselheiros escolares.
Participando dessa construção, os envolvidos conscientizam-se que o PPP deve retratar as intenções da escola para enfrentar os desafios da realidade cotidiana.
Dessa forma, contribuem para melhorar a qualidade da educação, a partir dos diferentes olhares e das contribuições de pais, professores, funcionários e estudantes garantindo legitimidade ao PPP.
É importante o Conselho Escolar compreender melhor o que é gestão democrática. Esse processo não trata apenas de conhecer os dispositivos legais, como decretos, portarias ou resoluções, mas também depende da concepção de gestão e de participação defendida pelos envolvidos.
Se existem espaços de participação, eles devem ser ocupados, e a tomada de decisão ser coletiva. Então, pensar a gestão escolar é compreender a cultura da escola e os seus processos, bem como articulá-los com as relações sociais mais amplas.
A compreensão dos processos culturais na escola envolve diretamente os diferentes segmentos das comunidades escolar e local, seus valores, suas atitudes e seus comportamentos. Semelhante ao que ocorre na sociedade, a escola também é um espaço de convivência com suas contradições e diferenças.
A gestão democrática efetiva-se quando buscamos construir na escola um processo de participação baseado em relações de cooperação, no trabalho coletivo e na partilha de poder. Para que isso ocorra é preciso exercitar o diálogo e o respeito, garantindo a liberdade de expressão.
Ressaltamos alguns mecanismos que fomentam a tomada de decisão coletiva e a implementação de novas formas de organização e de gestão escolar, por exemplo, a construção coletiva do PPP, o aprimoramento dos processos de escolha de diretor, a criação e consolidação de órgãos colegiados na escola, como os Conselhos Escolares, Associação de Pais e Mestres e o fortalecimento da participaçãoestudantil por meio da criação de Grêmios Estudantis.
Toda essa dinâmica efetiva-se como um processo de aprendizado político fundamental para a instituição de uma nova cultura na escola. Pensando e atuando coletivamente, aumentam-se as possibilidades de obtenção de bons resultados. Isso implica também vivenciar e construir novas formas de relacionamento interpessoal.
As práticas de participação coletiva e suas sistemáticas avaliações são fundamentais para romper com a lógica autoritária de organização e gestão das escolas. Essas práticas, além de contribuírem para a efetivação da gestão democrática, favorecem a ampliação das concepções de mundo, ser humano e sociedade.
Nesse processo, a articulação entre os diversos segmentos que compõem a escola e a criação de espaços e mecanismos de participação são fundamentais para o exercício do aprendizado democrático, pois contribuem para a formação de pessoas críticas, criativas, participativas e solidárias.
A democratização da gestão escolar implica a superação dos processos centralizados de decisão. A escola precisa não só criar espaços de discussões que possibilitem a construção coletiva do projeto educativo, como também criar ambientes que favoreçam essa participação.
A participação colegiada na escola é uma das formas que os segmentos sociais envolvidos nas comunidades escolar e local têm de participar ativamente da instituição escolar e do seu funcionamento, envolvendo-se e participando junto ao coletivo das discussões, do planejamento, da avaliação e da definição de projetos.
Aos sistemas de ensino e às escolas cabe definir as formas e os mecanismos de participação. Em determinados momentos, a participação pode envolver toda a comunidade escolar. Já em outros, pode envolver representantes democraticamente eleitos, e assim por diante.
Entre os mecanismos e processos de participação que podem ser vivenciados em uma instituição educativa, estão a escolha do dirigente escolar, o Grêmio Estudantil, o Conselho Escolar e a Associação de Pais.
A escolha do dirigente escolar citada pode ser definida de diversas maneiras:
 diretor livremente indicado pelos poderes públicos (estados e municípios);
 diretor aprovado em concurso público específico para o cargo;
 diretor indicado por listas tríplices ou sêxtuplas ou processos mistos;
 eleição direta para diretor.
O processo de gestão democrática para a escolha do diretor constitui-se num grande desafio, com posições político-ideológicas muito distintas, e exige uma efetiva participação das comunidades escolar e local, a proposta pedagógica para a gestão e a liderança dos postulantes ao cargo.
Por isso, é necessária uma análise minuciosa sobre as diversas formas de escolha, considerando o contexto local, no intuito de subsidiar a opção que os sistemas de ensino e suas escolas venham a fazer. Por exemplo, na Escola do Campo podem ser encontradas comumente duas situações: a escola multidocente e a escola unidocente.
Na escola multidocente, a forma de escolha do diretor pode ser pensada dentro dos parâmetros já assinalados, compreendendo tanto a escolha democrática, via eleições ou outra forma definida pela comunidade, quanto o exercício democrático, no qual seja assegurada a construção de espaços democráticos e coletivos de deliberação.
Na escola unidocente, no entanto, o diretor geralmente é o próprio professor que acumula a função de responsável pela escola, preponderando sua função docente. Independentemente da opção é importante que se garantam processos de participação coletiva. Ao se analisar essas modalidades, percebe-se que a livre indicação dos diretores pelo chefe do Executivo se fundamenta na prerrogativa do gestor público em indicar o diretor como um cargo de confiança da administração pública.
Historicamente, contudo, essa modalidade parece ter contemplado as formas mais usuais em que a escolha do diretor não contava com o respaldo e a participação da comunidade escolar. Outra forma de provimento do cargo do gestor escolar é o que ocorre por meio de concursos públicos. Por meio desse mecanismo, acredita-se haver isenção na escolha.
Entretanto, o concurso público para cargos de diretor não tem sido muito adotado pela maioria dos estados e municípios por entender que a gestão escolar não se reduz à dimensão técnica, mas se configura também em espaços de negociações. A seleção do diretor escolar somente por concurso de provas, ou de provas e títulos, exclui a participação efetiva das comunidades escolar e local.
A modalidade denominada de indicação a partir de listas tríplices ou sêxtuplas, ou processos mistos, é uma modalidade que envolve também a consulta à comunidade escolar para a indicação de nomes dos possíveis diretores. Nessa modalidade compete ao chefe do Executivo ou ao seu representante nomear o diretor dentre os nomes destacados ou submetê-los a uma segunda fase no processo de escolha, com provas ou atividades de avaliação de sua capacidade cognitiva para a gestão da educação.
Nesse processo a comunidade também se manifesta. A dificuldade é que ela pode não ser atendida nos seus anseios, pois o Executivo delibera sobre a indicação do diretor escolar fundamentado também em outros critérios. É importante verificar se o papel da comunidade escolar é decisivo ou se apenas reforça um discurso de participação e de democratização das relações escolares.
Já as eleições diretas para diretores, historicamente, têm sido uma das modalidades tidas como mais democráticas. Apesar de serem polêmicas, acredita-se que essa modalidade é uma retomada ou conquista da decisão sobre os destinos da escola pela própria escola.
Esse processo de eleição apresenta-se de formas variadas. Uma delas é quando há delimitação do colégio eleitoral, que pode ser restrito a apenas uma parcela da comunidade escolar. A outra forma é quando a totalidade dos segmentos da comunidade escolar participa de todo o processo eleitoral, para eleger o diretor.
Há exemplos em que a eleição é utilizada como um dos mecanismos de escolha associado a outros, tais como: provas específicas, apresentação de planos de trabalho e análise de currículo. No processo misto de escolha do diretor, valoriza-se a participação das comunidades escolar e local.
Porém, embora as eleições se apresentem como um legítimo canal na democratização da escola e das relações sociais mais amplas, é necessário que não se percam de vista as limitações do sistema representativo, que muitas vezes convive com interesses opostos.
É importante destacar que a eleição, somente, não é a garantia da democratização da gestão, mas devemos referendar essa modalidade como um importante instrumento a ser associado a outros, para o exercício democrático, como o Conselho Escolar. Só a prática democrática cotidiana e o exercício autônomo da cidadania poderão superar as práticas e comportamentos clientelistas na escola.
Nas eleições, como em todo processo de participação, o envolvimento das pessoas como sujeitos condutores das ações é uma possibilidade, não uma garantia. É primordial desenvolver uma cultura de participação, em que os indivíduos se sintam motivados a se tornarem partícipes da ação coletiva. Dessa forma, reafirmar a prática democrática é fundamental para romper com práticas autoritárias.
O Conselho Escolar, como órgão de representação, é uma instância colegiada, que deve contar com a participação de representantes dos diferentes segmentos das comunidades escolar e local. Apresenta-se como um espaço de discussão de caráter pedagógico, consultivo, deliberativo, fiscalizador e mobilizador.
A quantidade de membros do Conselho Escolar varia de acordo com a legislação de cada sistema educacional. Assim, a quantidade de representantes, na maioria das vezes, depende do tamanho da escola e do número de estudantes que ela possui. O importante é que cada unidade educacional constitua o seu Conselho Escolar de acordo com suas necessidades e PPP, garantindo a representação de todos os segmentos.
O Conselho Escolar pode atuar na escolha dos dirigentes escolares e no processo deimplementação da gestão democrática, auxiliando na organização do processo ou na forma de consulta, no recebimento de inscrições, na mobilização da comunidade para a divulgação das propostas de candidatos, na realização de debates e de outras atividades definidas pela comunidade escolar e pelo respectivo sistema de ensino.
Por se tratar de um dos mais importantes mecanismos de democratização da gestão de uma escola, quanto mais ativa e ampla for a participação dos membros do Conselho Escolar, maiores serão as possibilidades de fortalecimento dos mecanismos de participação e decisão coletivos.
Assim, ele atua como elemento aglutinador de forças de diferentes segmentos e como corresponsável pela gestão da escola, contribuindo para que a escola alcance, a cada dia, mais autonomia. A autonomia é um conceito relacional. Somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa. Sua ação se exerce sempre num contexto de interdependência e num sistema de relações.
A autonomia é também um conceito que exprime sempre certo grau de relatividade, pois somos mais ou menos autônomos; podemos ser autônomos em relação a algumas coisas e não ser em relação a outras.
Quando falamos em autonomia, estamos defendendo que a comunidade escolar pense, discuta, planeje, construa, execute e avalie seu PPP, bem como estabeleça os processos de participação que movimentam o dia a dia da escola.
As escolas têm experimentado o fortalecimento do Conselho Escolar como espaço de decisão e deliberação das questões pedagógicas, administrativas, financeiras e políticas. Ou seja, essas escolas têm no Conselho Escolar um grande aliado no fortalecimento da unidade escolar e na democratização das relações escolares.
O processo de democratização da escolha de diretores tem contribuído para se repensar a gestão escolar e o papel do diretor. Em uma unidade escolar, normalmente, o diretor assume o papel de coordenador das atividades gerais da escola e, nesse sentido, assume um conjunto de responsabilidades a serem compartilhadas com os diferentes segmentos da escola.
Há alguns anos, o diretor centralizava em suas mãos a tomada de decisões e pouco compartilhava com as comunidades escolar e local. A partir das mudanças no cotidiano escolar e com o fortalecimento da gestão democrática nos sistemas de ensino, o papel do diretor e sua prática à frente da direção da escola também se modificam.
Questões como avaliação educacional, planejamento escolar, calendário, PPP, eleições, comemorações e muitas outras atividades e decisões contam com a participação cada vez maior dos familiares, dos estudantes, dos professores e dos funcionários.
Essas mudanças acarretam a necessidade de se pensar o processo de organização e os mecanismos de participação na escola e, ainda, de se estruturar a gestão com a participação de outros membros além do diretor.
O processo de mudança amplia ações compartilhadas na escola e fortalece a forma de organização coletiva. Ao invés de uma só pessoa responsável pela gestão, existe uma equipe gestora. Papel do diretor e a criação e atuação dos Conselhos Escolares têm se mostrado também como um dos caminhos para se avançar na democratização da gestão escolar. Assim, definir claramente as atribuições e o papel político da equipe gestora e do Conselho Escolar é fundamental!
CONSELHO ESCOLAR COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO HUMANA
O Conselho Escolar e os conselheiros escolares vão sempre mudando. Nesse movimento, a tarefa é organizar e reorganizar ideias e práticas educativas com pessoas que têm nome, sobrenome e um modo de ser e viver singular. Os conselheiros são antes de tudo gente e estão sempre se transformando, entrando e saindo do Conselho Escolar.
Essa é uma característica dos processos vivenciados pelos seres humanos que afeta o Conselho Escolar, pois não só o conselheiro se modifica, como sua participação é efêmera, uma vez que se assume a representação de certo segmento por um tempo determinado. Quando esse período termina se instaura um novo processo eleitoral, e essa eleição traz consigo pessoas novas que, muitas vezes, não sabem o que é o Conselho Escolar, sendo necessário reiniciar todo o processo de aprendizado.
Assim, ter paciência histórica e disposição para reiniciar o processo, compreendendo que esse movimento é um elemento que caracteriza o Conselho Escolar como espaço de formação humana, é fundamental porque, se somos inacabados, a tarefa de representar o segmento dentro de uma escola é algo que termina.
Esse caráter de terminalidade da ação de conselheiro em uma escola é a base que nos possibilita afirmar que se faz necessário pensar o Conselho Escolar como um lugar de formação continuada. Essa perspectiva de não eternidade do conselheiro escolar no Conselho, gerado pela lei que estabelece o tempo para cada pessoa representar seu segmento fortalece e, ao mesmo tempo, fragiliza o Conselho Escolar.
Fortalece porque permite que um grupo de pessoas, ao assumir o Conselho Escolar, se aproprie do conteúdo da cultura democrática vivencialmente em um tempo determinado. Mas fragiliza na medida em que esse mesmo grupo que se qualificou como gestor da educação pública é substituído pelos novos conselheiros eleitos. Esse movimento instaura um aparente recomeçar.
Sugerimos o termo “aparente recomeçar” porque, quando se trata da formação humana, não se recomeça, uma vez que tudo o que foi nunca mais será o mesmo. Basta olhar o sol e perceber que ele é o “mesmo”, mas novo a cada dia. Nessa perspectiva, podemos conceber o Conselho Escolar como um órgão colegiado que só existe quando os conselheiros estão reunidos.
Portanto, sua existência é determinada pela presença de pessoas que se encontram para pensar, problematizar e decidir sobre aspectos que compõem o Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola.
Quando pensamos o Conselho Escolar como um espaço de formação humana, estamos pensando na perspectiva de uma educação democrática, pois, se antigamente a gestão da escola era caracterizada pela existência de uma direção centralizada em duas pessoas – o(a) diretor(a) e o(a) vice-diretor(a) –, sustentadas pela lógica em que poucos mandavam e muitos obedeciam.
O Conselho Escolar, ao ser constituído por representantes de segmentos da comunidade escolar e local, eleitos por seus pares, instaura outra lógica, a de que todos participam diretamente das decisões sobre suas vidas e o projeto de educação da escola em que estão situados.
Ele pode ser compreendido como espaço de formação humana porque sua essência é a relação cuidadosa e conflituosa entre os conselheiros que representam seus segmentos.
Dessa maneira, o que antes era organizado de modo simples – duas pessoas mandavam e todas obedeciam – tornou-se complexo com a existência do Conselho Escolar. O Conselho é instituído como um colegiado com caráter deliberativo no interior da escola.
Essa perspectiva que instaura o Conselho na estrutura administrativa e pedagógica da escola modificou a lógica de gestão. Com o Conselho Escolar, todos pensam e operacionalizam juntos na escola pública. Assim, o Conselho possibilita que se experimente uma prática política que educa a comunidade escolar e local, no que diz respeito ao aprendizado da democracia representativa.
O fato de o Conselho Escolar ser constituído por todos os representantes da comunidade escolar e local possibilita um ambiente dialógico de comunicação entre os familiares e os professores e entre a escola e a comunidade onde ela se localiza.
Outro aspecto que torna o Conselho Escolar um ambiente de formação humana é a participação do segmento de pais no Conselho, com direito de voto, ou seja, inaugura-se uma nova relação entre família e escola.
Basta lembrar que nos primeiros momentos os pais, mães ou responsáveis pelos estudantes participavam da vida da escola ao deixarem e pegarem seus filhos no estabelecimento de ensino. Depois, passam a participar das reuniões para receber as notas e ouvir as reclamações dos professores sobre seus filhos.
Com o Conselho Escolar os pais vão à escola como sujeitos de direito, assegurado por lei,para tomar parte nas decisões e encaminhamentos do projeto político e educativo da escola. São essas conquistas que estão tornando o Conselho Escolar um espaço de formação humana, na medida em que as relações no interior da escola estão sendo modificadas.
Além dos familiares, a comunidade local também tem o direito de participar efetivamente da vida da escola, por meio de um representante no Conselho Escolar, eleito pelas instituições ou moradores da comunidade não escolar.
Ser constituído por representantes de todos os segmentos das comunidades escolar e externa, com direito a voz e voto, possibilita que o Conselho Escolar seja um órgão educativo de formação humana.
Nessa perspectiva, para que o Conselho Escolar se constitua de fato como um espaço de formação humana, é preciso que cada conselheiro tenha sua palavra assegurada. Mas uma palavra autêntica que sinalize o que cada conselheiro pensa e deseja. Por ser autêntico no falar, cada conselheiro precisa ser autêntico no escutar. Ouvir o que o outro tem a dizer, e não o que deseja que ele diga.
Assim é na relação entre o falar e o escutar autênticos que o Conselho Escolar se constitui como um espaço de formação humana, tecendo um modo de ser e de fazer a gestão da escola que afirma o fluxo de uma consciência a qual se relaciona com os outros e com o mundo.
Ao nos ocuparmos com a necessidade do uso da palavra e da escuta autênticas, pensamos em outra dimensão que torna o Conselho Escolar um espaço de formação humana. Trata-se do fato de ser constituído por pessoas diferentes, e é na existência dessa diversidade que se instaura a possibilidade de realizarmos nossa tendência natural de ser mais com o outro.
Pois é, por sermos diferentes que temos o que compartilhar. Todos nós somos diferentes. É nessa diferença que estão o sentido e a riqueza de ser gente.
E, em um Conselho Escolar em que todos pensam iguais, muitos são dispensáveis. Claro que podemos concordar, mas é importante que cada um tenha o direito assegurado de interpretar o mundo à sua maneira.
Quando compreendemos que cada um interpretar o mundo de uma perspectiva diferente e que opina sobre ele a partir de sua trajetória de vida, entendemos que o respeito se faz necessário, principalmente, com relação àqueles que divergem do nosso pensamento.
Nesse aspecto se faz necessário que o Conselho Escolar promova um diálogo entre os conselheiros de modo que todos possam se conhecer um pouco mais.
Saber de si e do outro, falar onde nasceram, sobre o que gostam de fazer, como se divertem no fim de semana, com que tipo de escola sonham e o que desejam para todos os que estão na escola em que ele é conselheiro.
Talvez, esse procedimento venha a contribuir para que o Conselho Escolar se fortaleça como um espaço de formação humanizante.
É importante lembrar que, por mais atuante que seja o Conselho Escolar, ele não se constitui em um espaço de formação humana se não for instaurado em seu interior o respeito entre todos que participam desse colegiado.
Respeito significa que todas as ideias serão consideradas e examinadas coletivamente.
Quando sugerimos que todas as ideias sejam consideradas, estamos chamando a atenção para o fato de que muitas vezes os pais e estudantes participam do Conselho Escolar, mas suas ideias não são ouvidas.
Muitas vezes esses dois segmentos não são tratados como pessoas que, implicadas na escola, também opinam sobre o projeto educativo e cujas ideias em alguns momentos contribuem efetivamente para se obter bons processos e resultados na relação entre o ensino e aprendizado na escola.
Problematizar o modo como o Conselho Escolar se organiza e pratica a democracia cotidianamente é fundamental, pois os Conselhos Escolares possuem em si a possibilidade de se constituírem em um lugar de formação humana, mas também carregam consigo o seu contraditório, ou seja, o de se transformar em um lugar em que a hierarquia, o mando de poucos e a obediência de muitos pode ser a regra.
Por fim, cabe a cada conselheiro escolar fazer de seu Conselho e de sua escola um espaço de formação humana, em que todos se sintam gente cuidando de gente.
CONSELHO ESCOLAR E OS DIREITOS HUMANOS
Tratamos, neste momento, da importância da educação e da escola na construção e no exercício da cidadania e dos Direitos Humanos, que têm se traduzido num grande desafio para a humanidade. O respeito à pessoa humana ocupa hoje um lugar de destaque nas agendas políticas nacionais e internacionais.
Falar sobre Direitos Humanos e educação é muito importante para os conselheiros escolares. Refletir sobre esse assunto possibilita a inserção ativa do estudante no contexto social, o domínio de conhecimentos que lhe permitam compreender o mundo em que vive, além de desenvolver uma ação produtiva no mundo do trabalho e de contribuir para a construção de uma sociedade mais humana, mais justa e solidária.
A internacionalização da conquista dos Direitos Humanos vem sendo evidenciada pela forte atuação de expressivos organismos multilaterais, a exemplo da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dentre outros. Organismos como estes têm se empenhado na defesa do respeito à pessoa humana, inscrevendo os Direitos Humanos no plano internacional, propondo que eles sejam tratados como uma questão de Estado, e não de governos.
Devido à relevância dos Direitos Humanos para a educação, torna-se necessário que os Conselhos Escolares conheçam a história da garantia dos Direitos Humanos e como suas conquistas foram se configurando até o presente momento.
No Brasil, a luta pelo respeito aos Direitos Humanos tem uma longa trajetória, sobretudo quando constatamos a histórica e persistente violação desses direitos, questão que ainda tem grande visibilidade nos dias de hoje. Nessa luta de abrangência internacional, o Brasil é signatário dos principais documentos produzidos pelos organismos internacionais, agregando demandas antigas e contemporâneas de nossa sociedade pela efetivação da democracia, do desenvolvimento, da justiça social e pela construção de uma cultura de paz.
Assim, assumindo como princípio a afirmação dos Direitos Humanos, o Brasil confirma a sua condição de defensor dos princípios da universalidade, indivisibilidade e interdependência no trato das políticas públicas, na perspectiva da promoção da igualdade, da equidade e do respeito à diversidade, em busca da consolidação da democracia e da cidadania do povo brasileiro.
A tarefa de efetivação dos Direitos Humanos precisa da contribuição da educação como uma prática social e política e da escola como espaço de formação de cidadãos de direitos. É com esse entendimento que os Conselhos Escolares visam contribuir para desenvolver, nas escolas brasileiras, uma cultura de Direitos Humanos, partindo do princípio de que a própria educação constitui um desses direitos inalienáveis da pessoa humana.
É na escola, dentre outros espaços da sociedade, que crianças, adolescentes, jovens e adultos devem aprender a lição do respeito ao outro (na igualdade e na diferença), da democracia e do exercício da cidadania.
Isso significa que a Educação em Direitos Humanos precisa estar presente nos currículos escolares, nos livros didáticos e nos processos de ensino e aprendizagem. Os Direitos Humanos precisam ser um elo integrador da prática educativa. A escola deve tratar os Direitos Humanos na sua prática pedagógica cotidiana, de forma interdisciplinar no currículo, para promover conhecimentos e práticas que contribuam para a consolidação desses direitos.
Esse desafio de tornar a escola espaço de reconhecimento, aprendizagem e afirmação de Direitos Humanos é tarefa eminentemente coletiva. É uma ação dos diferentes atores sociais: trabalhadores em educação, estudantes, pais e representantes da comunidade local, protagonistas de uma escola inclusiva, de qualidade e democrática. Desse modo, a escola precisa desenvolver um amplo processo de reflexão, com a realização de debates, palestras e campanhas sobre os DireitosHumanos.
A atuação do Conselho Escolar torna-se indispensável. Afinal, ele é uma instância, por excelência, que deve contribuir para a melhoria do processo de democratização da gestão. O processo de democratização presente hoje na maioria dos países marcados por regimes autoritários abre espaços para reflexões sobre os direitos. Também assume publicamente a intenção de reparar as violações de Direitos Humanos cometidas nos anos de autoritarismo que aconteceram no Brasil e no conjunto dos países da América Latina.
Os Direitos Humanos pertencem a todos os seres humanos, em razão da dignidade que possuem. Eles são direitos que não deixam de existir nem podem ser retirados das pessoas, porque ninguém perde sua condição de ser humano. É importante lembrar que os Direitos Humanos não são apenas um conjunto de princípios morais, previstos em diversos tratados internacionais e constituições, mas asseguram direitos aos indivíduos e coletividades e estabelecem obrigações jurídicas concretas aos Estados.
Eles são compostos de uma série de normas jurídicas claras e precisas, para proteger os interesses mais fundamentais da pessoa humana. São, portanto, direitos fundamentais e históricos, pois surgiram de forma gradual, a partir das necessidades de cada época.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi criada com base nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Foi o primeiro documento constitucional do novo regime político da França que surgiu por conta da Revolução Francesa. O seu artigo 1º diz algo muito importante: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem basear-se na utilidade comum”.
Em 1791, a escritora francesa Olympe de Gouges escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Esse foi o primeiro documento sobre os direitos das mulheres que trouxe a defesa de que a mulher nasce livre e tem os mesmos direitos dos homens. O texto denunciava a situação de desigualdade entre homens e mulheres que continuava existindo, apesar dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
Como resultado desse processo histórico, esses direitos começaram a fazer parte dos textos constitucionais, principalmente a partir do início do século XX. Nesse período, destacam-se a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição Alemã de 1919. Esses dois documentos deram um passo a mais na conquista dos direitos. Isso realmente foi um grande acontecimento histórico!
E a construção histórica da evolução dos Direitos Humanos vai do reconhecimento dos direitos dos cidadãos e cidadãs de cada país, até chegar ao reconhecimento dos direitos das pessoas na comunidade internacional. Mas, antes de chegar a esse ponto, é necessário refletir sobre a relevância dos Direitos Humanos.
A sociedade já mudou bastante com relação aos Direitos Humanos. No decorrer da história contribuíram muito para isso. São muitas as razões para justificar a importância dos Direitos Humanos. Mas três delas são fundamentais: a afirmação da democracia e do Estado Democrático de Direito, o exercício da cidadania e o respeito à dignidade humana.
A vivência da democracia, que se traduz na garantia e ampliação dos direitos, assim como em práticas de democracia participativa, necessita de um ambiente de respeito e promoção dos Direitos Humanos para afirmar-se.
E quando se fala em Direitos Humanos, não se pensa em direitos apenas para alguns, para os “bons”, para os que “merecem”. São direitos de todos os seres humanos, e, por isso, é preciso compreender que todas as pessoas têm o direito a ter seus direitos respeitados. Ao mesmo tempo, todo direito gera deveres e responsabilidades. O Estado de Direito está ligado à democracia, ele não pode conviver com violações de Direitos Humanos.
No momento em que os Direitos Humanos não são respeitados, o Estado de Direito se torna vulnerável. Para que os Direitos Humanos sejam uma realidade, é preciso que as pessoas atuem nesse sentido. Isso exige não apenas uma mudança de mentalidade para compreender a importância dos Direitos Humanos na sociedade, mas, principalmente, exige uma mudança de atitude que faça acontecer na prática o respeito mais profundo pelo ser humano.
Diante da importância dos Direitos Humanos como condição para a dignidade do homem e da mulher, deve-se refletir sobre eles, considerando a sua realidade. Nesse contexto, alguns questionamentos são pertinentes:
 Na sua escola, os Direitos Humanos são considerados importantes no dia a dia da ação educativa?
 A escola valoriza essa temática no seu Projeto Político-Pedagógico (PPP)? Como isso se materializa?
 Na sua escola, a discussão na comunidade escolar sobre os direitos e deveres envolve os diferentes segmentos?
Proteger e promover os Direitos Humanos significa reconhecer as pessoas como sujeitos de direitos e garantir seus direitos fundamentais individuais e coletivos. Os conselheiros escolares precisam entender bem que os Direitos Humanos são formados por um conjunto de direitos que estão presentes no nosso cotidiano, de acordo com os vários documentos nacionais e internacionais dessa área. Temos direitos civis e políticos, sociais, econômicos, culturais, ambientais. Direitos relacionados à solidariedade e à paz, e tantos outros.
Os Direitos Humanos civis e políticos são:
 direito à vida;
 direito a não ser torturado;
 direito de ir e vir;
 direito à segurança;
 direito de votar e ser votado(a);
 direito de reunião;
 direito de organizar e participar de partidos políticos.
Já os Direitos Humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais são:
 direito à moradia;
 direito ao trabalho;
 direito à saúde;
 direito à educação;
 direito ao lazer;
 direito a um meio ambiente protegido;
 direito à conservação da biodiversidade.
Os Direitos Humanos devem ser garantidos para todas as pessoas. Quando isso não acontece, significa que apenas alguns estão sendo privilegiados. Os direitos são destinados a todas as pessoas, são conquistas sociais que todos devem proteger.
Quando um direito não é posto em prática para todos, mas apenas para uma parte da população, significa que essas pessoas estão tendo privilégios sobre as outras.
Algumas questões são importantes para o Conselho Escolar investigar:
 Existem exemplos, em sua escola e em sua comunidade, de violação de Direitos Humanos?
 Em sua comunidade, as pessoas que querem estudar – crianças, adolescentes e adultos – estão matriculadas na escola?
 Faça um levantamento em sua escola e descubra se ela está adaptada para pessoas com deficiência.
 O número de professores na escola é suficiente para atender a demanda de turmas nas salas de aula?
No Brasil, os tratados internacionais de Direitos Humanos começam a fazer parte das leis brasileiras no contexto da redemocratização. Isso quer dizer que é no período de retorno à democracia que o país incorpora o Direito Internacional dos Direitos Humanos. É importante notar que, ao longo da década de 1980, o país autenticou a maioria dos instrumentos de proteção dos Direitos Humanos, que foram inseridos no Direito Brasileiro. O marco fundamental da mudança de postura do Estado Brasileiro, em relação a essa questão, foi a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988).
O texto constitucional definiu no Artigo 1º a dignidade da pessoa humana como um dos seus fundamentos. Esse princípio também rege o país nas suas relações internacionais dos Direitos Humanos no Artigo 4º (BRASIL, 1988). Na história dos Direitos Humanos no Brasil, desde 1997 ações vêm sendo implantadas.
Um destaque em relação aos Direitos Humanos no Brasil ocorreu na esfera da educação, foi à criação, em 2003, do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, constituído por profissionais de instituições e organizações públicas e privadas que atuam nessa área.
Teve, como uma das atribuições, coordenar a elaboração do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que foi lançado em sua primeira versão no ano de 2003. Esse Plano teve a finalidade de orientar a construção de políticas na área de Educação em DireitosHumanos para diversos setores da sociedade. A falta de conhecimento da população sobre seus direitos também é algo que compromete a efetivação dos Direitos Humanos.
Os Conselhos Escolares poderão dar uma excelente contribuição no trato dos casos de violações de Direitos Humanos, atuando como agente mobilizador da escola e da comunidade quanto ao conhecimento das instituições onde se pode denunciar, visto que não tem competência para resolver os casos de violação. É importante que isso esteja bem compreendido.
Nesse caso, o Conselho recebe uma denúncia de discriminação praticada dentro da escola contra um estudante e não consegue resolver no âmbito da escola, ele deve encaminhar essa denúncia ao órgão responsável de acordo com o caso, por exemplo, à Secretaria de Educação, ao Conselho Tutelar, à Polícia ou ao Ministério Público.
Além disso, os Conselhos Escolares podem promover muitas ações no âmbito da escola que valorizem os Direitos Humanos. Ele pode:
VAMOS PENSAR?
 acompanhar e discutir sobre situações de desrespeito aos Direitos Humanos, para a busca de soluções conjuntas;
 participar, junto com outros segmentos da escola, de campanhas informativas e de conscientização sobre os direitos e deveres dentro da escola.
 realizar atividades educativas, organizadas junto à comunidade escolar, em datas significativas, como o Dia Internacional da Mulher, o Dia do Trabalho, o Dia da Consciência Negra, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, entre outras.
Nesse trabalho, vemos que a Educação em Direitos Humanos e a gestão democrática andam de mãos dadas e que, nesse processo, é necessário estimular ações e iniciativas, por exemplo, a implementação de novas formas de organização e de gestão na escola, a construção coletiva do seu PPP, a criação e consolidação de Grêmios Estudantis, a criação e o fortalecimento dos Conselhos Escolares.
 O Conselho Escolar é mesmo um importante organismo de articulação entre a escola, a sociedade e os direitos humanos e deve ter um importante vínculo com outros conselhos, dentre eles os Conselhos Municipais, Estaduais, Distrital e Nacional de Educação, os Conselhos da Criança e do Adolescente, Conselhos Tutelares etc. Afinal, ele é uma instância representativa de segmentos que compõem a escola e a sociedade, ao mesmo tempo em que é um espaço de exercício da democracia participativa.
A participação do Conselho Escolar no cotidiano da escola pode instalar uma nova prática pedagógica e uma cultura política democrática. E isso certamente pode fortalecer os Direitos Humanos. É necessário que conselheiros escolares compreendam a estreita relação que existe entre gestão democrática e qualidade do ensino como Direito Humano básico.
Propiciar espaços de participação em todos os níveis da prática educativa escolar e ter a clareza de que compete à escola oferecer um ensino de qualidade social são questões a serem tratadas pelo Conselho Escolar.
A educação deve ser tratada e realizada como um direito, e não como um serviço. Ela não deve resumir-se a ofertas de vagas nas escolas públicas. Não é apenas o acesso à escola que garante a realização do direito à educação. É preciso também assegurar a qualidade do ensino, a permanência e a aprendizagem dos alunos na escola, a formação continuada dos professores e demais trabalhadores da educação.
A formação também da família, com a realização de palestras promovidas pelo Conselho Escolar, tem que investir em uma educação de princípios e valores democráticos que responda aos interesses da comunidade, podendo propor reflexões junto à comunidade escolar e local sobre algumas questões, tais como:
 Os conselheiros conhecem o Regimento de sua escola?
 Como ele é vivenciado?
 Que Direitos Humanos estão presentes no Regimento de sua escola?
 É de conhecimento de todos a existência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), do PPP de sua escola e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96)?
 A legislação do Conselho Escolar é conhecida por todos da escola, sobretudo pelos conselheiros escolares?
Os conselheiros podem desenvolver várias ações, por exemplo, colocar essas legislações à disposição da comunidade escolar, colocar, quinzenalmente, no mural da escola, alguns artigos de legislação que tratem da questão dos Direitos Humanos, afixar o Regimento em áreas de circulação da escola para que todos possam ler, estudar com os alunos o Estatuto da Criança e do Adolescente.
É nas relações humanas, nos conflitos, convergindo e divergindo que se constrói o espaço de convivência. E esse espaço possibilita o exercício dos direitos. Todos aprendem a respeitar os outros sujeitos, a valorizar o pluralismo e o multiculturalismo.
Garantir direitos é condição de uma educação com Direito Humano. É claro que a lei não dá conta de tudo, por isso, muitas vezes, precisa ser ajustada, atualizada, modificada ou revogada, atentando-se para a criação de novas leis, fruto do desenvolvimento da consciência crítica da educação em Direitos Humanos e da própria sociedade.
REFERÊNCIAS
Nesse espaço, você encontra as referências usadas nesse Módulo.
BRASIL. Constituição Federativa do Brasil. Brasília – DF, 1988.
____.Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.
____. Lei nº 10.172 de 2001. Brasília – DF - 2001
____. Secretaria de Educação Básica. Conselhos Escolares: uma estratégia de gestão demo- crática da educação pública. In: . Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC, SEB, 2004, 69 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br
____. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar e a Aprendizagem na Escola (Caderno 5). In: . Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC, SEB, 2004, 69 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br
____. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar e a Aprendizagem na Escola (Caderno 6). In: . Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC, SEB, 2004, 69 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br
____. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar e a Aprendizagem na Escola (Caderno 10). In: . Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC, SEB, 2004, 69 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br
_____. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar e a Aprendizagem na Escola (Caderno 11). In: . Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília: MEC, SEB, 2004, 69 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br
______.Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos/Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007.
COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3a. ed., São Paulo, Saraiva, 2003. HOBSBAWN, E. J. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. p. 9-10.
ATIVIDADE AVALIATIVA
Instruções
Neste questionário avaliativo, vamos relembrar os conteúdos estudados nos quatro Módulos.
Questão 1
Julgue (C) certo ou (E) errado para cada opção a seguir:
A. C E -A função político-pedagógica do Conselho Escolar consiste em organizar os membros da escola, ou seja, mobilizar, articular, apoiar, avaliar e promover e estimular.
B. C E -A ação de acompanhamento da dimensão político-pedagógica do Conselho Escolar tem como finalidade a construção de uma educação democrática e emancipadora.
C. C E -A composição dos membros do Conselho Escolar devem ser definidas em lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, respeitada a composição paritária entre os segmentos eleitos. Todos os representantes do Conselho Escolar deverão ser eleitos por seus pares, exceto o diretor, que é membro nato desse colegiado.
D. C E -A BNCC indica, somente, o Projeto Político Pedagógico como elementos fundantes da gestão democráticada escola.
E. C E -Para garantir a legitimidade do Conselho Escolar, é importante que os pais não participem das questões que envolvem a escola.
F. C E -A função fiscalizadora do Conselho Escolar deve realizar o acompanhamento e a avaliação das ações no cotidiano da escola.
G. C E -A mobilização social é muitas vezes confundida com manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma praça, passeata, concentração. Mas, isso não caracteriza uma mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, cotidianamente, resultados decididos e desejados por todos.
H. C E - O Conselho Escolar deve avaliar o Projeto Político Pedagógico, já que não participa da sua construção.
I. C E - É possível perceber que o exercício da função pedagógica do Conselho Escolar se dá quando mobiliza e cria possibilidades para que as comunidades escolar e local reflitam sobre questões pedagógicas, fazendo com que cada um se sinta efetivamente partícipe dos processos educativos na escola.
J. C E - A função debater sobre situações de convivência na escola, ajudando a promover uma cultura de paz NÃO pertence aos membros do Conselho Escolar.
K. C E - As duas denominações “Conselho Escolar” e “Conselho de Escola” estão corretas.
L. C E - A composição do Conselho Escolar deve representar a diversidade e a pluralidade das pessoas de sua comunidade.
M. C E - O documento que normatiza o funcionamento interno da unidade educacional e regulamenta todo o trabalho pedagógico, administrativo e institucional é o regimento interno.
N. C E - O regimento interno da escola é um texto jurídico, ele deve ser composto por capítulos, seções, subseções, artigos, parágrafos, incisos e alíneas.
O. C E - O regimento é o documento em que deve-se registrar, com clareza, de maneira objetiva e fiel, o que ocorre nas reuniões dos Conselhos Escolares.
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