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Ensino da Arte em Educação Autoria: Larissa Torres ENSINO DA ARTEENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃOEM EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a auto- rização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitor acadêmico: Prof. HerBert Gomes martins direção ead: Prof. riCardo ZamBrano Júnior coordenação ead: Profa. luCiana rodriGues ramos Ficha técnica autoria: larissa torres suPervisão de Produção ead: franCisCo Cleuson do nasCimento alves design instrucional: João Paulo souZa Correia Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / luCiana rodriGues rodriGues duarte diagramação e tratamento de imagens: franCisCo erBínio alves rodriGues revisão textual: equiPe nead expediente Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu TORRES, Larissa. Ensino da arte em educação. Larissa Torres. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 978-85-64026-97-1 1. Caracterização da área de arte. 2. Ensino da arte na escola. 3. Planejamento das seleções de conteúdo. 4. A arte na educação. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SSeja bem-vindo!eja bem-vindo! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da Disciplina Ensino da Arte na Educação. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades no Ambiente virtual – AVA. Este livro está divido em quatro unidades de acordo com ementa da disciplina. Inicialmente, você estudará sobre a arte, a sua importância, o papel decisivo da legislação no ensino da arte como processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Para melhor assimilação, o planejamento das seleções do conteúdo de acordo com os aspectos da produção, fruição e a reflexão. Não é nosso objetivo esgotar o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além do livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura, você estará apto a corresponder às exigências solicitadas nos trabalhos acadêmicos. Bons estudos! SSumárioumário UNIDADE 01 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE 1. A ARTE E A EDUCAÇÃO ...............................................................................................8 1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética ..................................................9 1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil ...........................................................11 2. LEGISLAÇÃO DO ENSINO DA ARTE ..........................................................................21 2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro .........................................................21 3. A ARTE COMO CONHECIMENTO 4. OS OBJETIVOS DO ENSINO DA ARTE ......................................................................25 4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição ...................................................25 5. A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE 6. A ARTE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................28 7. MÉTODOS AVALIATIVOS ..........................................................................................29 Referências .......................................................................................................................32 UNIDADE 02 ENSINO DA ARTE NA ESCOLA 1. APRENDER E ENSINAR NOS ENSINOS INFANTIL E FUNDAMENTAL ...........................................................................................34 2. INTERDISCIPLINARIDADE E AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ..................................36 2.1. Dança – um pouco de história ...................................................................................37 2.1.2. Ensinar dança nas escolas ......................................................................................38 2.2. Música ........................................................................................................................42 2.2.1. História da música ocidental ....................................................................................42 2.2.2. Um pouco de história da Música Popular Brasileira (MPB) .....................................43 2.2.3. Elementos da música – som e seus parâmetros ....................................................43 2.2.4. A linguagem musical e a educação .........................................................................44 2.3. Teatro .........................................................................................................................46 2.3.1 A história do teatro ...................................................................................................46 2.3.2. Linguagem teatral e a educação .............................................................................48 2.3.3. Gêneros teatrais ......................................................................................................51 2.3.4. Tipos e formas do teatro ..........................................................................................52 2.3.5. Elementos do teatro ................................................................................................53 3. ARTES VISUAIS ..........................................................................................................54 3.1. Fotografia – Abordagem histórica ..............................................................................56 3.2. Fotografia no contexto escolar ...................................................................................57 3.3. História em quadrinhos ...............................................................................................58 3.4. Cinema, televisão e vídeos ........................................................................................59 3.5. Pintura ........................................................................................................................60 3.6. Recorte e colagem .....................................................................................................61 3.7. Escultura e modelagem ..............................................................................................62 4. AVALIAÇÃO NO ENSINO DA ARTE ............................................................................62 Referências .......................................................................................................................66 UNIDADE 03 PLANEJAMENTO DAS SELEÇÕES DE CONTEÚDO .....................................................67 1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS .....................................................68 2. CRIAÇÃO E APRENDIZAGEM .....................................................................................72 3. DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE ..................................................................75 4. A ARTE LIGADA A JOGOS E RECREAÇÃO ...............................................................76 4.1. Recreação ..................................................................................................................77 4.2. Lazer ...........................................................................................................................77 4.3. Jogo ............................................................................................................................78 4.4. Brincadeira .................................................................................................................81 5. O ENSINO DA ARTE E AS NOVASTECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO ................82 5.1. O uso da tecnologia na arte .......................................................................................82 5.2. O ensino contemporâneo da arte ...............................................................................84 5.3. Educação a distância – EAD ......................................................................................86 6. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS E ARTÍSTICAS ......88 7. AULA EXPOSITIVA DIALOGADA .................................................................................90 8. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM ARTE .......................................................................91 8.1. O que e como avaliar? ...............................................................................................95 Referências .......................................................................................................................98 UNIDADE 04 A ARTE NA EDUCAÇÃO ..................................................................................................99 1. O PAPEL DA ARTE NA EDUCAÇÃO .........................................................................100 2. O PAPEL DO PROFESSOR DE ARTE .......................................................................101 3. A REALIDADE DO PROFESSOR DE ARTE ..............................................................102 4. ARTE REGIONAL .......................................................................................................103 4.1. Folclore brasileiro .....................................................................................................104 4.2. Música ......................................................................................................................106 4.3. Arte nordestina .........................................................................................................109 4.3.1 Artesanato ..............................................................................................................109 4.3.2. O teatro regional ....................................................................................................113 4.4. Arte do Norte ............................................................................................................114 5. ARTE E TEMAS TRANSVERSAIS .............................................................................115 Referências .....................................................................................................................118 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 77 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTECARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE ApresentaçãoApresentação Para se entender o ensino da arte na escola, devemos permear a história bem como os movimentos artísticos e as pessoas que impulsionaram o ensino da arte no Brasil. O ensino da arte, em suas funções social e cognitiva, cria alunos para que compreendam os aspectos técnicos, criativos e favorece sua cidadania como a formação da sua competência cultural. Veremos sobre o papel decisivo da legislação no ensino da arte como processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Assim, contribuindo para o desenvolvimento artístico, a percepção estética, ampliando a sensibilidade e a imaginação. Nesta unidade, entenderemos a importância do ensino da arte no Brasil, introduziremos a interdisciplinaridade, os métodos avaliativos e as artes nos meios de comunicação. Objetivos de aprendizagem • Caracterizar a arte e a sua importância como conhecimento; • Compreender o contexto histórico da arte-educação no Brasil e outras manifes- tações sociais; • Analisar a legislação do ensino da arte; • Entender o ensino da arte no currículo escolar brasileiro; • Conhecer a arte e a aplicação nas escolas brasileiras; • Analisar a importância da interdisciplinaridade do ensino das artes; • Conhecer arte e os meios de comunicação; • Verificar os métodos avaliativos. 01 Uni 88 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1. A Arte e a Educação1. A Arte e a Educação Como área do conhecimento, o ensino e a aprendizagem de arte acompanha as transformações sociais e atravessa diversos âmbitos culturais com seus sentidos e valores. Afinal, tudo a nossa volta possui alguma referência nas artes, tais como: publicidade de modo geral, grafites em muros, livros, traços urbanos de nossa cidade entre outras. E se a arte está presente no cotidiano das pessoas, é claro que deve estar intimamente ligada ao processo de apreensão da realidade. A arte pode ser considerada uma expressão do universo cognitivo e afetivo de cada um, pois revelamos o que sentimos e pensamos quando trabalhamos com ela. Pode ela ser uma reelaboração da realidade, pois cada pessoa vê uma mesma coisa de maneira dife- rente e a reconstrói usando formas, ritmos, linguagens e elementos diversos (PROSSER, 2002, p. 6). Quando uma criança canta, desenha ou faz alguma forma com massas de modelar, ela reconhece a arte na dimensão lúdica. Esses elementos afloram, em tenra idade, o fundamental para a vivência da arte. Porém, é necessário que o professor ofereça uma diversidade de materiais e atividades lúdicas para favorecer seu crescimento e consciência de um ambien- te estimulante. Assim, apresentando a arte ao longo da história da humanidade e de vários povos e, principalmente, apresentar a arte regional às crianças. Ao valorizar a arte, criamos seres capazes de assumir uma consciência crítica, assim, tornando-se cidadãos críticos, com um desenvolvimento pessoal e social. A amplitude desse conhecimento será importantíssima em sua vida futura, frisamos que o ensinamento da arte não visa à formação de pintores, escultores ou peritos em artes, mas torná-los seres criativos e dinâmicos. Por meio da educação, podemos relatar a história da civilização que por sua vez relata comportamentos que perfazem a construção da base da sociedade atual à qual o aluno precisa ter contato para configurar sua identidade cultural. O professor tem papel essencial no processo criativo e dinâmico, ele não será somente um mediador nas bases pedagógicas do ensino da arte. Assim, o papel de estímulo do professor ao seu aprendiz é que, em cada fase da criança, o aluno possuía maior autonomia, mas, junto ao professor, seu trabalho será na busca de novas sensações tais como cores, texturas e simbolismos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 99 É necessário que o professor seja um estudante fascinado por arte, pois só assim terá que ensinar e transmitir a seus alunos a vontade de aprender. Nesse sentido, um professor mobilizado para a aprendizagem contínua, em sua vida pes- soal e profissional, saberá ensinar essa postura a seus estudantes (IAVELBERG, 2003, p. 12). Conforme Iavelberg (2003), o docente deve manifestar sua paixão pelas artes aos seus alunos. E, como isso, ser um incentivador do processo criativo bem como valorizar a imaginação dos alunos, preparando-os para atuar na sociedade. Figura 01: Aulas de pintura estimulam a criatividade. Fonte: https://goo.gl/aZ8Ri4 1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética Segundo Vygotsky (1926, apud Rene Van Der Veer, 1991), a natureza de todo comportamento humano encontra sua origem em reações e estímulos vindos do mundo exterior em três partes: recepção do estímulo, processamento do estímulo e resposta do estímulo. Na apreciação, a questão do gosto é confundida com o conhecimento da obra. Porém, levamos em conta que o ensino da arte nas escolas não criará profissionais do cunho artístico. Mas é necessário que a contemplação e a avaliação dos alunos perante uma obra sejam maior do que um apenas “acho bonito”, ou seja, que eles tenham uma visão crítica com bagagem cultural para sua análise. Contudo, não se deve impor um sentido ou estímulo, mas permiti-los conhecer o mundo por meio do seu olhar. 1010 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Na infância, o encanto com cores e sons está presente nos estímulos onde os pais, muitas vezes,demonstram em brinquedos e objetos e, posteriormente, vão evoluindo até chegar ao processo educativo da escola. Com as brincadeiras de “faz de conta”, a criança além de estimular a imaginação compõe a presença artística da dramaturgia. Nas séries iniciais, os alunos são capazes de encenar peças e, quando maiores de 10 anos, estão aptos a peças mais avançadas e corporalmente com formas mais expressivas. Quando o aluno é estimulado pelo professor a vivenciar e estabelecer contato com obras de arte, músicas, peças de teatro, exposições entre outras formas de arte, esse aluno, é nutrido pelo saber e não só aprende, mas cria sua própria referência de apoio em sua cultura. A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (PCN, 1997, p. 15). Segundo o PCN, o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética permite o ser conceber um conhecimento que o desenvolve na competência de criação de significações exercitando sua imaginação e o transformando como ser humano. Ao apreciarmos todas as formas produzidas, a arte possibilita o desenvolvimento individual e amplia a consciência cultural. Por meio das aulas, o aluno estimulado ativa sua cognição e sua percepção. Mas como deve ser percebida a arte? Deve ser percebida como uma forma esteticamente compreendida segundo múltiplas perspectivas. Uma obra pode indicar a direção de sentimentos tais como: alegria, tristeza, angústia etc. Nesse sentido, cada espectador viverá segundo sua situação, sua experiência, sua re- alidade, sua vivência perante à obra, onde as interpretações e as leituras serão vastas. Várias possibilidades de sentimentos habitam e vibram a partir da arte (DUARTE, 1953). Uma obra não é propriamente um símbolo, pois, na obra de arte, o seu sentido é maior. Remeter objetos de forma incisiva e literal não condiz com a apre- ciação da arte, pois ela deve ser entendida de forma abstrata. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1111 Analise com calma a imagem a seguir: Figura 02: Retirantes obra de Cândido Portinari. Fonte: http://goo.gl/6EQRpz Ao se tratar desse quadro, de forma literal, você pode ter visto uma família pobre. Mas a pergunta é: somente isso que você vê? Vejamos, podemos analisar de várias formas, desde o sentimento de sofrimento, fome, necessidade, desamparo até o que a pintura retrata como corpos disformes, roupas sujas, crianças com a barriga grande e, no fundo, uma revoada de pássaros que podem caracterizar urubus ou corvos à espera da morte da família para se banquetear. Politicamente, pode retratar a dificuldade de um povo por melhores condições de vida ou a falta de assistencialismo a essa região. Enfim, temos várias maneiras de contextualizar a obra. Por meio da mediação do professor, busca-se com que os alunos possam expressar-se em sala e inserir-se no contexto artístico, interagindo entre si e com os demais colegas. 1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil • Período Jesuítico (1549 – 1759) Em 1549, vieram os primeiros jesuítas, que, para expandir as crenças e os pensamentos do império, utilizavam o ensino da arte para evangelizar e catequizar. Por meio da dramatização, da música e da poesia, descaracterizaram qualquer manifestação de cultura local. Os jesuítas aprenderam a língua Tupi, assim, transmitiam seus ensinamentos aos gentis. 1212 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Naquela época, existiam dois ensinos: nas escolas e nas aldeias. Nas escolas, o ensino era voltado para os filhos dos colonos; nas aldeias, aos indígenas. Não havia contato com os negros em termo de ensino. Tratava-se de um período onde o modelo artístico nacional era baseado na transformação do Barroco Jesuítico vindo de Portugal. A arquitetura de igrejas e casas foi influenciada por esse padrão. O Barroco foi um movimento que teve seu auge entre 1600 e 1750. O movimento começou em Roma e seu objetivo era chamar a atenção dos fiéis por meio da emoção de suas obras. Já o Barroco brasileiro foi adaptado em obras como as de Aleijadinho, que exemplificam as características desse movimento. Suas esculturas possuem faces e corpos com características brasileiras e imagens são sempre de contexto religioso. ?? Curiosidade A Fonte Missioneira é uma obra arquitetônica do período Barroco Jesuítico -Guarani com mais de 300 anos. Construída em pedra grês, foi descoberta em 1982 e restaurada em 1983 e está localizada a 1 Km do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, no Rio Grande do Sul. Figura 03: Fonte Missioneira. Fonte: http://goo.gl/26Q27L ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1313 A água colhida nessa fonte servia para o uso farmacológico mas também para banhar-se, pois os levantamentos arqueológicos que atualmente estão sendo feitos mostram que, abaixo dela, há uma série de piscinas que possivelmente serviriam de local para o lazer dos indígenas. Além dessa fonte, acredita-se que existiam outras seis que abasteciam as lavouras na região, atualmente fazem parte do setor turístico e arqueológico. Fonte: <http://goo.gl/7BpT95>. • Período Pombalino (1759 – 1808) O Período Pombalino foi caracterizado pelo primeiro ministro de Portugal, o Marquês de Pombal, que veio ao Brasil, expulsou os jesuítas e implantou um novo método de ensino. No período, a influência do Iluminismo foi marcante, inspirando o pensamento liberal e a razão de ideias que orientavam o Marquês de Pombal. Assim, houve uma profunda reforma educacional em Portugal que teve consequências no Brasil, atribuindo um ensino desvinculado da metodologia eclesiástica e substituída por um pensamento pedagógico laico. • Período Joanino (1808 – 1870) No início do século XIX, a Europa passava por guerras. Em 1806, Napoleão Bonaparte, imperador da França naquele tempo, decretou o Bloqueio Continental (bloqueio de comercialização com a Inglaterra). Assim, Portugal não cumpriria esse bloqueio por ser parceiro da Inglaterra, portanto, o exército francês invadiria Portugal e a corte portuguesa partiu às pressas para o Brasil. A vinda da Família Real ao Brasil provocou inúmeras transformações no país. Várias foram as iniciativas no ensino e nas artes para atender às necessidades da época, o ensino era para criar médicos e militares e a arte para o lazer da burguesia. D. João VI contratou a Missão Francesa, em 1816, que era composta por um grupo de renomados artistas franceses que desembarcaram no Brasil com a missão de ensinar artes plásticas. O ensino era centrado na observação de modelos europeus e na figura do professor como dono do saber. Não havia a intervenção ou o incentivo à criatividade do aluno. 1414 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ?? Curiosidade O Museu Nacional do Rio de Janeiro foi criado por D. João VI, denominado de Museu Real, em 6 de junho de 1818, e está vinculado ao Ministério da Edu- cação. É a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e antropológica da América Latina. Fonte: https://goo.gl/R57vla. O Barroco Brasileiro é substituído pelo Neoclassicismo e a concepção popular da arte é substituída por uma concepção burguesa, onde a arte era vista como algo luxuoso. Nas escolas secundárias, o retrato e a cópia de estampas prevaleciam como métodos de ensino da arte (BARBOSA, 2008). Pelo decreto de 12 de agosto de 1816, foi criada a Escola Real de Artes e Ofícios para difundir o ensino de conhecimentos indispensáveis, tais como: agricultura, mineralogia, indústria, comércio, artes e ciências naturais. Após dez anos da Missão Francesa no Brasil, foi criada a primeira Escola de Artes, em 1826, chamada de Academia Imperial de Belas Artes – AIBA (SILVA, 1977).Fique atento Jean Baptiste Debret, conhecido como Debret, foi professor de pintura histórica na AIBA e fez parte da Missão Francesa que veio ao Brasil e introduziu o ensino superior acadêmico no país junto a outros artistas de renome como Joachim Lebreton, Nicolas-Antoine Taunay e Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny. A Academia se destacou na produção de retratos do imperador e registros de comemorações oficiais ou de temática histórica. Com isso, o colonizador era exaltado no papel de responsável pelo desenvolvimento do país. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1515 Figura 04: Obra de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), “Retrato de El-Rei dom João VI”, 1817. Fonte: https://goo.gl/ww73gL Os principais artistas que se formaram na AIBA foram: Vítor Meireles, Pedro Américo e Almeida Júnior. • Período Liberal (1871 – 1901) Esse período foi marcado pela luta contra a escravidão e a monarquia. Com a fundação do Partido Republicano (1870), abriu uma fase de severas críticas à educação. Do outro lado, abolicionistas defendiam tanto a educação quanto a escravidão (BARBOSA, 2008). Os liberais intensificaram a importância do desenho como matéria mais importante do currículo escolar, baseados principalmente pelos modelos americanos, ingleses e belgas sem qualquer preocupação com a cultura nativa (BARBOSA, 2008). 1616 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Para Barbosa (1984, p. 42), “os modelos de ensino propostos foram, como sempre, tomados de empréstimo de países desenvolvidos. Os liberais brasilei- ros copiaram as propostas de Walter Smith para o ensino do desenho e se guiaram pelo trabalho bem-sucedido”. Fique atento Walter Smith foi diretor de arte-educação em Massachusetts, nos Estados Unidos. Comandou o programa de Educação Artística onde o desenho geométrico tornou-se obrigatório. Para Smith, o desenho era uma forma de linguagem tal como a escrita. Havia uma grande movimentação para a libertação dos escravos, assim, a inclusão do ensinamento geométrico nas escolas educaria a nação para o trabalho industrial. Fique atento Com a Proclamação da República (1889), refletiram mudanças nos aspectos artísticos. Em 30 de janeiro de 1890, o Projeto Montenegro era o projeto conhecido como a Reforma da AIBA, que era considerada elitista, retrógrada e que apenas representava os interesses da Monarquia. • Primeiro Período da República e Modernismo (1901 – 1930) Os princípios liberalistas foram institucionalizados na escola secundária por meio do Código Fernando Lobo, reforma educacional que ocorreu em 1901. Os princípios positivistas continuaram na educação geral, sendo substituída progressivamente por modelos implantados por missionários americanos. Com a influência da pedagogia experimental, as crianças são observadas por meio de seus desenhos, sendo valorizada a livre expressão e que o desenho da criança expressa seu interior mental; permite que a criança procure seus próprios modelos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1717 Em 1922, teve início a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. Temos o período do Modernismo e mudanças educacionais posterior- mente, em 1927. Figura 05: Capa do catálogo da Semana de Arte Moderna, 1922. Fonte: https://goo.gl/vJeHy0 O Modernismo, no campo educacional, seguiu a ideia de arte como expressão de John Dewey. Este foi um dos maiores filósofos americanos da primeira metade do século XX, propôs suas relações entre Filosofia, Arte e Educação. Suas ideias causaram grande impacto nas ciências humanas. John Dewey iniciou sua carreira como professor, exerceu as funções de presidente do Departamento de Filosofia, Psicologia e Pedagogia na Universidade de Chicago, em 1894. Foi militante ativo liderando movimentos de natureza sindi- cal em defesa da classe docente. Houve um despertar nacionalista com o Movimento da Escola Nova, que veio da Europa com impactos e democratizando o ensino por ser uma necessidade social de aperfeiçoar as pessoas. No departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Mário de Andrade conduziu investigações sobre a arte da criança e as ideias de aprendizagem livre. E Anita Malfaltti desenvolveu métodos aprendidos com Homer Boss que eram contrários à visão tecnicista do ensino das artes até então. 1818 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 06: Mário de Andrade. Fonte: http://goo.gl/OWwIi2 Pratique 1. Faça uma pesquisa sobre John Dewey e descreva sua influência de no ensino da arte no Brasil. • Segundo Período da República (1930 – 1945) Historicamente, o Brasil entrava para o mundo capitalista de produção. Necessitava de mão de obra especializada, sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. O período que contemplou os anos de 1930 a 1945 foi chamado de Era Vargas, período em que o presidente era Getúlio Vargas e este mudaria o cenário não só político como educacional. Para expansão da educação em massa, foram criados o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e, pela Federação Nacional do Comércio, o Serviço Nacional da Indústria (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) (BARBOSA, 2008). ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 1919 De 1932 a 1947, foi um período de equilíbrio entre a pedagogia tradicional e a pedagogia nova. Os educadores exigiam uma Educação Nova, e, em 1934, a nova Constituição dispõe pela primeira vez que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. Na década de 1940, com o intuito de formar artistas e educar com a liberdade expressiva, alguns experimentos na educação artística foram importantes para a criação de diversas escolinhas de arte, chamadas de Movimento Escolinhas de Arte (MEA), influência de Herbert Read e Viktor Lowenfeld (BARBOSA, 2008). • República Populista (1945-1964) Após a queda de Getúlio, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente. Em 1950, Getúlio volta ao cenário e vence as eleições. No período entre 1958 e 1963, Juscelino Kutschek deu continuidade à política de desenvolvimento iniciada por Getúlio Vargas. Segundo Barbosa (2008), “foi um período de afirmação de um modelo nacional, desenvolvimento das concepções e dos métodos de Paulo Freire, criação da Universidade de Brasília, a primeira universidade moderna no Brasil”. • Ditadura Militar (1964 – 1978) A Ditadura de 64 perseguiu professores e escolas experimentais e interferiu no currículo escolar introduzindo temas cívicos, religiosos ou outros temas de interesse dos militares. Instalou-se o modelo tecnocrático. A reforma educacional em 1971 determinou que crianças de 7 a 14 anos teriam que ter a disciplina de educação artística no currículo escolar do primeiro grau e alguns programas do segundo grau (BARBOSA, 2008). Estabeleceu um novo conceito de arte, a polivalência, por meio do qual deveriam ser ensinadas artes plásticas, cênicas entre outras. Em 1973, foram criados os cursos de licenciatura em educação artística com duração de dois anos (licenciatura curta) para o preparo de professores na área. Entretanto, poucas escolas públicas desenvolveram um trabalho de arte (BARBOSA, 2005). Em 1977, foi criado pela Direção Geral do Departamento de Ensino Fundamental (DEF) do MEC o Programa de Desenvolvimento Integrado de Arte Educação (PRODIARTE). A proposta era o estímulo à educação artística, apoiada na interação entre a escola e os recursos culturais disponíveis na comunidade. 2020 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Pós-Modernismo (de 1979 à atualidade) No início de 1979, aconteceu o 1º Encontro Latino Americano de Arte Edu- cação, que reuniu inúmeros professores no Rio de Janeiro. Nesse encontro, ficou demonstrada a ausência e a carência de pesquisas sobre o ensino da arte. Os anos 1980, foram marcados pela intensa crítica da educação imposta pela ditadura, somente em 1983 houve a restauração da democracia com uma campanha por uma Nova Constituição que libertaria o país do regime autoritário. Nesse processo histórico do ensino de artes, na década de 1980, o proces-so de abordagem chamado Metodologia Triangular, que foi sistematizado entre 1987 e 1993 e criado pela professora e escritora Ana Mae Barbosa, propôs que o conhecimento em arte deveria ser abordado no seguinte tripé: Figura 07: Tripé do conhecimento da arte. O fazer artístico (produção) A análise de obras e objetos de arte (reflexo) A história da arte (fruição) Fonte: Elaborada pela autora (2016) As crianças vivenciariam a linguagem da arte a partir da experiência das realidades sociais e dos conteúdos artísticos construídos pelos próprios alunos acessíveis a todos, da escola pública à particular, no processo de ensino e aprendizagem nos conteúdos gerais: de artes visuais, música, teatro e dança. Em 1996, na Constituição, foi legitimada, na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a obrigatoriedade do ensino da arte nos currículos escolares em diversos níveis da educação básica. Foi com esse cenário que se chegou ao final da década de 1990, a aprendizagem da arte foi inserida posteriormente com os conteúdos envolvidos à cultura artística regional. Tratando de estudos como a estética do cotidiano e complementando a formação artística dos alunos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2121 Link para WEB Assista ao vídeo “História do Ensino da Arte no Brasil” por meio do seguinte link <https://goo.gl/A2Y4ki>. Reflita sobre o vídeo e faça uma síntese baseando-se nos principais pontos que você identificou correlacionando ao conteúdo estudado. 2. legislAção do ensino dA Arte2. legislAção do ensino dA Arte 2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro Sendo o ensino da arte reconhecido como parte do currículo escolar, seu papel é decisivo no processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Assim, contribuindo para o desenvolvimento artístico, a percepção estética, ampliando a sensibilidade e a imaginação. Segundo o MEC, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) constituem de um referencial de qualidade e orientação do sistema educacional. O PCN de artes foi fundamentado na proposta Triangular de Ana Mae Barbosa. Essa orientação organiza-se de tal forma que, no Ensino Fundamental, os alunos sejam capazes de: • Interagir com os materiais, os instrumentos e os procedimentos variados em artes; • Expressar e comunicar-se em artes favorecendo a percepção, a imaginação, a emoção e a sensibilidade para realizar produções artísticas; • Edificar o conhecimento estético e a relação de autoconfiança; • Compreender e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado. Como patrimônio cultural e universo natural; • Observar as relações entre o homem e a realidade com interesse à curiosidade; • Identificar os resultados do trabalho do artista em sua própria experiência de aprendiz; 2222 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ● Buscar e saber organizar informações sobre a arte em contato com artistas, documentos, acervos e reconhecendo a variedade de produtos artísticos e concepções estéticas presentes na história das diferentes culturas e etnias. Figura 08: As crianças desenham o seu ambiente. Fonte: https://goo.gl/Km5Hc1 Ainda em conformidade com a proposta Triangular citada, espera-se que, ao longo da escolaridade, os alunos tenham oportunidade de vivenciar o maior número de formas de arte. A formação desenvolve o estudante à sensibilização e à consciência cidadã, porém, é uma ideia errônea que o ensino da arte tenha o objetivo de formar artistas, artesãos ou musicistas. Fique atento O projeto Rede Arte na Escola qualifica professores para o ensino de arte em várias regiões do Brasil. Tem como premissa que a arte, enquanto objeto do saber, desenvolve nos alunos habilidades perceptivas, capacidade reflexiva e incentiva a formação de uma consciência crítica, não se limitando à autoexpressão e à criatividade. Fonte: <http://artenaescola.org.br>. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2323 3. A Arte como conhecimento 3. A Arte como conhecimento e AplicAção nAs escolAs BrAsileirAse AplicAção nAs escolAs BrAsileirAs É função da escola, enquanto instituição, instruir os alunos na compreensão em cada nível de desenvolvimento para que sua produção artística ganhe sentido e possa se enriquecer também pela reflexão sobre a arte como objeto de conhecimento. Mas entre a teoria e a prática há uma grande diferença, já que muitas escolas utilizam o desenho com forma estereotipada para as crianças colorirem e músicas para horários fixos como a hora do lanche. Assim, sem um objetivo, apenas para cumprir uma obrigação de preenchimento de tempo. Há várias possibilidades originais de trabalhar este aluno, levando-o para um museu ou mesmo visitando um artesão da cidade. Sabe-se que a realidade de muitas escolas e comunidades onde estão inseridas possuem dificuldades para que projetos sejam difundidos. Mas precisa-se que a modalidade artística seja desenvolvida de acordo com a realidade de cada escola com a construção nos três eixos norteadores: a produção, a fruição e a reflexão (PCN, p. 41). Figura 09: Sala adequada para o ensino da arte. Fonte: http://www.morguefile.com/ O número reduzido de professores com a formação específica em artes é um fator negativo para o ensino dessa disciplina. Muitos professores de outras áreas acabam lecionando sem a formação adequada. Diante da realidade tecnológica, não podemos deixar de vislumbrar que os alunos, cada vez mais tecnológicos, com celulares e tablets, podem ter acesso ao conteúdo de artes de forma criativa com o acompanhamento do professor. 2424 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Desconstruir para construir, selecionar, reelaborar, partir do conhecido e modificá-lo de acordo com o contexto e a necessidade são processos criadores, desenvolvidos pelo fazer e ver arte, fundamentais para a sobrevivência no mundo cotidiano (BARBOSA, 2002, p.18). A escola deve favorecer o ambiente para a construção do aprendizado com o uso da tecnologia e favorecer o processo criador. Com a demonstração de pinturas, esculturas e arquiteturas por meio da internet ou mesmo atividades lúdicas no computador. Ao relacionar a tecnologia com a educação enquanto pesquisa, ferramenta e linguagem, podemos implementar os três eixos norteadores no processo ensino-aprendizagem da arte. Porém, os professores devem estar adaptados para utilizar tecnologia nas aulas. Figura 10: Crianças interagindo com a tecnologia. Fonte: https://goo.gl/rXWNKm Link para WEB Estudo demonstra que atividades artísticas feitas com a participação dos pais ajudam ao filho a ficar mais feliz e, ao mesmo tempo, contribui com o desen- volvimento das habilidades cognitivas e sociais. Leia outras informações no link a seguir: <http://goo.gl/v3jwW0>. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2525 4. os oBjetivos do ensino dA Arte4. os oBjetivos do ensino dA Arte 4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição Ao educador, cabe a função de mediação do conhecimento, propondo novas situações, organizando atividades, diversificando e incentivando o aluno nas descobertas e nas possibilidades na arte. Ao professor, cabe realizar uma atividade para dar exemplos aos seus alunos, estes, por sua vez, repetirão a atividade, mas, se refeita, possivelmente, os alunos farão seus próprios modelos artísticos. Para Bastos (2014, p. 76), “o papel do outro, então, é imprescindível para que a criança possa partilhar significados e expressar-se de forma intencional. O educador é como um mediador e intérprete das expressões emocionais e afetivas da criança”. Os alunos da primeira à quarta série do Ensino Fundamental buscam padrões de arte no adulto, porém, estes não podem ser confundidos com submissão, mas sim ter suas influências assimiladas para, posteriormente, criar seus próprios trabalhos com sua marca. Porém, para isso, o docente deve observar e analisar as diferentes situações em que o aluno se encontra para poder ajudá-lo no processo de aprendizagem.Para Wallon (1975, p. 16), “observar é evidentemente registrar o que pode ser verificado [...] É a observação que permite levantar problemas, mas são os problemas levantados que tornam possível a observação”. Assim, cabe ao professor escolher os modos e os recursos didáticos, mas observando sempre a necessidade de introduzir o caminho eficaz do conhecimento, pois é durante a idade escolar que as atividades lúdicas que envolvem os imaginários infantil e ilusório fazem a criança vivenciar a arte. A imaginação é fundamental na medida em que desenvolve os processos de pensamento, do conhecimento do mundo e das interações, além de constituir-se em um veículo imprescindível para a criatividade. A atividade criadora, como vimos, é gradual e parte da experiência, da forma como a criança vivencia as diferentes situações em que está envolvida (BASTOS, 2014, p. 69). 2626 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO No desenvolvimento dessas atividades, as brincadeiras correspondem à realidade, aproximando o aluno ao universo adulto por meio de simulações, jogos e brincadeiras. Estas favorecem a convivência com o outro, ampliando sua percep- ção sobre si e sobre o mundo. A escola, em ações planejadas, pode sistematizar com a comunidade possibilitando a contextualização da realidade social do aluno com a arte. Nesse sentido, a comunidade inserida permite conexões e a evolução da aprendizagem. Por isso, interações com a realidade do educando cooperam para a comunicação e o estabelecimento de diferentes sentidos. Por meio da arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada (BARBOSA, 2002, p. 18). Conforme Barbosa (2002), o desenvolvimento da percepção da imaginação é baseado no ambiente. Sendo assim, é importante a relação do conteúdo, acolhendo a diversidade cultural e social que a criança traz para a escola, que deve reconhecer-se na sociedade e valorizar os povos, as semelhanças e a especificidade da identidade como cidadão. O aluno torna-se consciente como cidadão observando que a arte pode ser utilizada como crítica, em intervenções na cidade tais como o grafite. O professor pode propor aos seus alunos visitas em locais para a observação ou mesmo criar artes que manifestem seus anseios e críticas. Figura 11: Muro da Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Fonte: http://goo.gl/TP8Rfb ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2727 5. A importÂnciA dA interdisciplinAridAde5. A importÂnciA dA interdisciplinAridAde do ensino dAs Artesdo ensino dAs Artes Para promover a interação entre o aluno, o professor e o mundo ao seu redor, dispomos da interdisciplinaridade como meio no processo de aprendizado. Essa interdisciplinaridade na esfera pedagógica pode relacionar o ensino das artes com outras ciências, por exemplo: o ensino de origamis em sala de aula, além de ser uma atividade criativa, pode ser relacionado com o ensino da matemática. Assim, podemos eficazmente trabalhar diversos conteúdos com o ensino da arte. ?? Curiosidade Origami é a arte oriental japonesa de dobradura de papel que surgiu no século VIII. No início, foi utilizada como entretenimento da Corte Imperial do Japão, mas, posteriormente, em arte e inserida na educação japonesa. É um excelente método de estudo da geometria plana. Para construir as belas figuras em origami, parte-se normalmente de folhas de papel quadradas e, por meio de dobras nesse papel, executam-se passos em que estão em jogo simetrias, translações, parale- lismo e perpendicularismo de retas, segmentos e figuras planas. Figura 12: A arte de dobradura de papéis além de divertida e uma boa atividade interdisciplinar em aulas como as de matemática. Fonte: https://goo.gl/xN7amJ 2828 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO No cotidiano, a interdisciplinaridade converge em um único ambiente para crianças e jovens que recebem inúmeras informações, conhecimentos, linguagens e técnicas por meio de televisões, cinema, computadores, tablets e celulares. Como já mencionamos, a tecnologia é uma forte aliada nesse quesito. Sabe-se que trabalhar fórmulas e modelos prontos com esse aluno não funcionam para o desenvolvimento do intelecto e o processo imaginário criativo, sendo essencial a inclusão da interdisciplinaridade no ensino das artes. É importante que o professor mantenha uma postura interdisciplinar no ato de ensinar. Se não assumir essa postura, deixará uma lacuna entre a teoria e a prática, sem fazer o aluno contextualizar o aprendizado. 6. A Arte e os meios de comunicAção6. A Arte e os meios de comunicAção Os meios de comunicação fazem parte da nossa vida cotidiana e, nesse crescente desenvolvimento tecnológico, a exposição de linguagens audiovisuais como forma de expressão é influenciadora para a sociedade. Muitas crianças passam horas diante de televisões e computadores, sem, muitas vezes, o acompanhamento de um adulto, sendo, nesse caso, prejudicial para o seu desenvolvimento. A criança não distingue o que é real e o que é fantasia ou, com frequência, informações não apropriadas para sua idade. Por meio dessas informações ela passa a ser uma mera receptora de ideias. Já com o computador, ela passa a interagir, mas sem o acompanhamento de um adulto ela “navega” a ermo. Porém, se bem trabalhadas, são ótimas ferramentas interdisciplinares. Os meios de comunicação tais como o cinema, o rádio e o jornal podem ser utilizados em sala de aula ou fora dela. Link para WEB Em Roraima, no norte do Brasil, projeto leva estudantes da rede pública de ensino ao cinema. Leia mais em: <http://goo.gl/C9znS8>. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2929 7. métodos AvAliAtivos 7. métodos AvAliAtivos Um dos problemas nessa disciplina é o processo de avaliação. Mas é de suma importância um método avaliativo para que tanto o professor pos- sa conceber um conceito ou nota quanto o aluno identifique seu progresso do aprendizado. Apesar de ser uma disciplina não reprovativa, deve-se lançar notas nos boletins e nos históricos escolares. Segundo Luckesi (2000), o ato de avaliar implica em diagnosticar e decidir. Logo, no processo de construção do conhecimento, diagnosticar o conhecimento aprendido por esse aluno deve ser mapeado na avaliação. O professor, a cada atividade avaliativa, deve se questionar sobre o valor da atividade, se o aluno superou, estagnou ou teve dificuldades de cumpri-la. Portanto, cabe a cada professor escolher o método avaliativo adequado a cada tipo de arte: artes visuais, dança, música, teatro entre outras. A cada tipo de arte estudada ao longo dos capítulos, abordaremos os méto- dos avaliativos sugeridos para cada um. @@ CO NE CT E-S E CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3030 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Pratique 2. Em datas especiais como Páscoa, Natal ou Dia das Mães é comum que as escolas enfeitem corredores e salas com materiais produzidos por alunos. Você acredita que muitas escolas se utilizam das aulas de educação artística simplesmente para ornamentar datas especiais? Justifique a sua resposta. 3. Durante anos muitos professores sem formação adequada lecionaram arte. Assim, hoje, com a obrigatoriedade da formação, muitas escolas precisam recorrera profissionais formados no Ensino da Arte, mas há poucas universidades que ofertem o curso. Você considera que há professores de arte suficiente para atender a demanda em nosso país? Justifique a sua resposta. 4. Comente de que forma a educação em arte influencia na visão de cidadania do aluno. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3131 Relembre A arte como uma expressão no universo infantil está presente na vida da criança desde antes de ela ir à escola, inicia-se com desenhos e brincadeiras de “faz de conta” sobre a sua forma particular de vivenciar a arte. Vimos o quanto a história do Brasil influenciou o ensino da arte no Brasil e sua evolução, e que, no início da colonização, a arte foi usada para encantar os nativos (índios) e conseguir descaracterizar a manifestação local inserindo a cultura europeia. A vinda da Família Real e o lazer da burguesia trouxeram vários artísticas europeus (Missão Francesa) com o objetivo de ensinar artes plásticas. O ensino era centrado na observação de modelos europeus e foi usado como forma publici- tária de retratar a burguesia e enaltecer o colonizador. No Período Liberal, foi intensificada a importância do desenho como maté- ria, assim o conhecimento era tecnicista, concentrando-se no desenho como lin- guagem da técnica e preparação de mão de obra. Em 1922, com a Semana de Arte, houve um salto já que as formas tecnicis- tas da arte foram derrubadas pelos artistas da época, nomes como Anita Mafaltti e Mário de Andrade consideravam que a criança deveria ter ideias livres de apren- dizagem. Nos anos 1980, houve um processo de apelo para que o ensino da arte fosse obrigatório. Nesse contexto, Ana Mae institui a Metodologia Triangular com o tripé: o fazer artístico, a análise de obras e objetos de arte e a história da arte. Em 20 de dezembro de 1996, é legitimada a obrigatoriedade do ensino de artes no Brasil. Com esse reconhecimento, o MEC constituiu o Parâmetro Curri- cular Nacional (PCN), orientando os procedimentos que os professores podem realizar nas suas aulas. 3232 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ReferênciasReferências BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação: conflitos e acertos. São Paulo: Editora Max Limonad, 1984. ______. (org). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. ______. Arte-educação: das origens ao Modernismo. 5. ed. São Paulo: Perpectiva, 2005. ______. John Dewey e o ensino da arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2008. BASTOS, Alice Beatriz Barretto Izique. Wallon e Vygotsky – Psicologia e Educação. São Paulo: Editora Loyola, 2014. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC; SEF, 1997. DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos Estéticos da Educação. 2. ed. Campinas: Papirus, 1953. IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003. MINISTÉRIO DA ÉDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARA DE EDUCAÇÃO FUNMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em: <http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015. PROSSER, Elizabeth Seraphim. Ensino de Artes. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2012. REVISTA EDUCAÇÃO. Caminhos para a conscientização. Ana Mae Barbosa. Disponível em: <http://revistaeducacao.uol.com.br/formacao-docente/97/artigo233 134-1.asp>. Acesso em: 16 jul. 2015. SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Cultura e sociedade no Rio de Janeiro (1808- 1821). São Paulo; Brasília: Companhia Editora Nacional, 1977. Disponível em: <http://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/179768/1/unesp-nead-redefor_ ebook_coltemasform_artes_v5_librleg_20141111.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Ensino da Arte em Educação Autoria: Larissa Torres ENSINO DA ARTEENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃOEM EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a auto- rização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitor acadêmico: Prof. HerBert Gomes martins direção ead: Prof. riCardo ZamBrano Júnior coordenação ead: Profa. luCiana rodriGues ramos Ficha técnica autoria: larissa torres suPervisão de Produção ead: franCisCo Cleuson do nasCimento alves design instrucional: João Paulo souZa Correia Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / luCiana rodriGues rodriGues duarte diagramação e tratamento de imagens: franCisCo erBínio alves rodriGues revisão textual: equiPe nead expediente Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu TORRES, Larissa. Ensino da arte em educação. Larissa Torres. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 978-85-64026-97-1 1. Caracterização da área de arte. 2. Ensino da arte na escola. 3. Planejamento das seleções de conteúdo. 4. A arte na educação. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SSeja bem-vindo!eja bem-vindo! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da Disciplina Ensino da Arte na Educação. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades no Ambiente virtual – AVA. Este livro está divido em quatro unidades de acordo com ementa da disciplina. Inicialmente, você estudará sobre a arte, a sua importância, o papel decisivo da legislação no ensino da arte como processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Para melhor assimilação, o planejamento das seleções do conteúdo de acordo com os aspectos da produção, fruição e a reflexão. Não é nosso objetivo esgotar o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além do livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura, você estará apto a corresponder às exigências solicitadas nos trabalhos acadêmicos. Bons estudos! SSumárioumário UNIDADE 01 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE 1. A ARTE E A EDUCAÇÃO ...............................................................................................8 1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética ..................................................9 1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil ...........................................................11 2. LEGISLAÇÃO DO ENSINO DA ARTE ..........................................................................21 2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro .........................................................21 3. A ARTE COMO CONHECIMENTO 4. OS OBJETIVOS DO ENSINO DA ARTE ......................................................................25 4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição ...................................................25 5. A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE 6. A ARTE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................28 7. MÉTODOS AVALIATIVOS ..........................................................................................29 Referências .......................................................................................................................32 UNIDADE 02 ENSINO DA ARTE NA ESCOLA 1. APRENDER E ENSINAR NOS ENSINOS INFANTIL E FUNDAMENTAL ...........................................................................................34 2. INTERDISCIPLINARIDADE E AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ..................................36 2.1. Dança – um pouco de história ...................................................................................372.1.2. Ensinar dança nas escolas ......................................................................................38 2.2. Música ........................................................................................................................42 2.2.1. História da música ocidental ....................................................................................42 2.2.2. Um pouco de história da Música Popular Brasileira (MPB) .....................................43 2.2.3. Elementos da música – som e seus parâmetros ....................................................43 2.2.4. A linguagem musical e a educação .........................................................................44 2.3. Teatro .........................................................................................................................46 2.3.1 A história do teatro ...................................................................................................46 2.3.2. Linguagem teatral e a educação .............................................................................48 2.3.3. Gêneros teatrais ......................................................................................................51 2.3.4. Tipos e formas do teatro ..........................................................................................52 2.3.5. Elementos do teatro ................................................................................................53 3. ARTES VISUAIS ..........................................................................................................54 3.1. Fotografia – Abordagem histórica ..............................................................................56 3.2. Fotografia no contexto escolar ...................................................................................57 3.3. História em quadrinhos ...............................................................................................58 3.4. Cinema, televisão e vídeos ........................................................................................59 3.5. Pintura ........................................................................................................................60 3.6. Recorte e colagem .....................................................................................................61 3.7. Escultura e modelagem ..............................................................................................62 4. AVALIAÇÃO NO ENSINO DA ARTE ............................................................................62 Referências .......................................................................................................................66 UNIDADE 03 PLANEJAMENTO DAS SELEÇÕES DE CONTEÚDO .....................................................67 1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS .....................................................68 2. CRIAÇÃO E APRENDIZAGEM .....................................................................................72 3. DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE ..................................................................75 4. A ARTE LIGADA A JOGOS E RECREAÇÃO ...............................................................76 4.1. Recreação ..................................................................................................................77 4.2. Lazer ...........................................................................................................................77 4.3. Jogo ............................................................................................................................78 4.4. Brincadeira .................................................................................................................81 5. O ENSINO DA ARTE E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO ................82 5.1. O uso da tecnologia na arte .......................................................................................82 5.2. O ensino contemporâneo da arte ...............................................................................84 5.3. Educação a distância – EAD ......................................................................................86 6. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS E ARTÍSTICAS ......88 7. AULA EXPOSITIVA DIALOGADA .................................................................................90 8. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM ARTE .......................................................................91 8.1. O que e como avaliar? ...............................................................................................95 Referências .......................................................................................................................98 UNIDADE 04 A ARTE NA EDUCAÇÃO ..................................................................................................99 1. O PAPEL DA ARTE NA EDUCAÇÃO .........................................................................100 2. O PAPEL DO PROFESSOR DE ARTE .......................................................................101 3. A REALIDADE DO PROFESSOR DE ARTE ..............................................................102 4. ARTE REGIONAL .......................................................................................................103 4.1. Folclore brasileiro .....................................................................................................104 4.2. Música ......................................................................................................................106 4.3. Arte nordestina .........................................................................................................109 4.3.1 Artesanato ..............................................................................................................109 4.3.2. O teatro regional ....................................................................................................113 4.4. Arte do Norte ............................................................................................................114 5. ARTE E TEMAS TRANSVERSAIS .............................................................................115 Referências .....................................................................................................................118 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3333 ensino dA Arte nA escolAensino dA Arte nA escolA ApresentaçãoApresentação O papel da arte na educação está relacionado aos aspectos artísticos e estéticos do conhecimento. O desenvolvimento do saber artístico na escola vem sendo caracterizado pelo posicionamento idealista e direcionado para uma relação subjetiva. Nota-se que o ensinar e o aprender em arte vai além de nomes de artistas, produções culturais, datas ou mesmo copiar modelos dessas produções. Veremos que a disciplina de arte compõe um currículo que pode ser unido com outras disciplinas, sendo a interdisciplinaridade um momento onde os alunos podem ter uma visão diferente da aprendizagem da disciplina ligada à arte. Devemos pensar na educação escolar da arte como acessível a todos, em uma concepção democrática dos conhecimentos. 02 Uni 3434 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Objetivos de aprendizagem • Estudar o ensino da arte na escola e os seus ciclos; • Reconhecer a interdisciplinaridade e as linguagens artísticas; • Conhecer a dança e a história da dança; • Ensinar dança nas escolas; • Conhecer a música e a história da música ocidental; • Analisar os elementos da música; • Conhecer a linguagem musical e a educação; • Conhecer o teatro e a sua história; • Estudar a linguagem teatral e a educação; • Desenvolver as artes visuais; • Avaliar no ensino da arte. 1. Aprender e ensinAr nos ensinos1. Aprender e ensinAr nos ensinos infAntil e fundAmentAlinfAntil e fundAmentAl Os Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental traçam as diretrizes do conhecimento que os professores devem desenvolver com seus alunos. São de suma importância para nortearo professor no caminho que deve percorrer no ensinar e no aprender. O PCN é dividido pelo sistema de ciclos de formação e desenvolvimento, que considera o tempo pedagógico de aprendizagem de cada criança. Um dos objetivos dos ciclos é garantir o direito do educando à sua formação integral, direito que se traduz na possibilidade de percorrer seu processo educativo escolar, de adquirir e construir conhecimentos e de desenvolver potencialidades para interpretar a complexa realidade em que vive, ao assumir a condição de sujeito ativo e reflexivo. A concretização desse direito exige uma outra compreensão do que seja o processo de ensino-aprendizagem e de como ele se articula com a totalidade da formação humana (GOIÂNIA, 2006, p. 39). Assim, permite com essa organização que o processo de ensino- aprendizagem seja pela condição de desenvolver potencialidades não pelo calendário escolar ou por ano letivo, mas por um processo de contínuo desenvolvimento. A seguir, veja a imagem que representa a estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3535 Figura 13: Estrutura dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino. Objetivos Gerais do Ensino Fundamental ÁREA DE LÍNGUA PORTUGUESA ÁREA DE LÍNGUA MATEMÁTICA Caracterização da Área Objetivos Gerais da Área 1° Ciclo (1ª a 2ªs.) 2° Ciclo (3ª a 4ªs.) 3° Ciclo (5ª a 6ªs.) 4° Ciclo (7ª a 8ªs.) ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS ÁREA DE HISTÓRIA ÁREA DE GEOGRAFIA ÁREA DE ARTE ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ÁREA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA É�ic� – S�ú�� – M�i� A�� �n�� – O �ntaçã� So�i�� – P��r��ida�� C l��r�� – Tr�b��h� � C�n��m�É�ic� – S�ú�� – M�i� A�� �n�� – O �ntaçã� So�i�� – P��r��ida�� C l��r�� – Tr�b��h� � C�n��m� Conteúdo da Área para o Ciclo Conteúdo de Avaliação da Área para o Ciclo Orientação Didática Objetivos da Área para o Ciclo 1ª Parte Ensino Fundamental 2ª Parte Especificação por Ciclos Fonte: https://goo.gl/MydZdm Nos primeiros ciclos, o professor deve proporcionar a leitura e a apreciação estética das mais diversas obras de arte, de todas as épocas, povos e culturas. Decodificar signos, estudar elementos, compor trabalhos próprios desenvolvendo a intuição, a imaginação e a percepção. Norteados pelo PCN que contempla as linguagens artísticas: dança, música, teatro e artes visuais. Segundo o PCN, no terceiro e no quarto ciclos, que compreendem alunos da quinta à oitava série, estes devem ser capazes de realizar trabalhos pessoais ou grupais com autonomia, bem como dominar as linguagens da arte e das experiências com arte identificando a posição dele perante o mundo e a sua comunidade no contexto da arte. Despertar no aluno o interesse por valores diferentes dos seus. 3636 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2. interdisciplinAridAde e 2. interdisciplinAridAde e As linguAgens ArtísticAsAs linguAgens ArtísticAs Os alunos são influenciados pela cultura popular de massa. Esta é predominantemente visual, assim, a relação do aluno é mediada muitas vezes pela TV, pelo cinema, pelos videogames, pelas revistas, pelos quadrinhos e pela publicidade (BARBOSA, 2008). Os professores de arte pedem aos estudantes trabalhos que representem seu ser, muitos são influenciados pelos estereótipos que a cultura de massa propaga diariamente. Uma sugestão é que os estudantes aceitem as diferenças, examinem os estereótipos e façam uma crítica nesse sentido. O ensino interdisciplinar consiste em dois ou mais campos do saber que sejam unidos para o mesmo objeto de estudo. A proposta é proporcionar ao aluno reflexão, criticidade, sensibilização, criação de arte, educação significativa e transformadora. Um exemplo de trabalho interdisciplinar de arte é estudar o lixo na comunidade, seu caráter biológico, político e social, o que se pode encontrar nele para criação artesanal, reciclagem e descarte correto. Desenvolver a visão do belo e da estética, desconstruindo a visão de que no lixo não se pode encontrar materiais que favoreçam à arte. A arte é educacionalmente importante porque equipa indivíduos com relevantes ferramentas para desenhar seu mundo. As ferramentas ou estratégias cognitivas envolvidas nesse processo de aprendizagem incluem a imaginação como função esquematizadora e suas extensões pelas projeções metafóricas (BARBOSA, p. 343). Devemos utilizar as disciplinas relacionadas e estabelecer conexões com a arte, criar estratégias que permitam o aluno construir e constituir o currículo e o entendimento de múltiplas formas. A percepção com o meio ambiente, a sua cultura e a sua identidade frente ao mundo. Somente dessa forma o docente alcançará o objetivo de criar um cidadão com uma visão cultural ampla e coerente, integrando as artes no contexto do currículo educacional. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3737 Figura 14: Vik Muniz cria retratos com materiais encontrados no lixo. Fonte: https://goo.gl/78Kcsr As principais linguagens artísticas dividem-se em: dança, música, teatro e artes visuais. Nessas modalidades artísticas, pretende-se trabalhar separadamente para maior profundidade e melhor entendimento das possibilidades de trabalho de cada uma. Cabe ao docente a inclusão de cada uma de forma que o aluno consiga expressar-se de maneira criativa e própria. Criando situações de aprendizagem planejadas para converter no aprendizado do aluno. Vejamos ao longo deste material. 2.1. Dança – um pouco de história 2.1. Dança – um pouco de história A dança vem desde os primórdios da humanidade e é considerada uma das mais antigas manifestações artísticas. Na Pré-História, os homens batiam no chão em rituais para entrar em contato com os espíritos da natureza. No Egito, 5000 a.C., a dança era voltada ao sagrado e com homenagens aos deuses assim como na Grécia. No século V, a Idade Média foi marcada com a interferência da Igreja, proibindo manifestações corporais, sendo apenas autorizadas para as festas religiosas. A Igreja não teve controle das danças populares dos camponeses que faziam festas na época da colheita. No Brasil, a dança tem sua presença forte no popular com as festividades carnavalescas, juninas dentre outras. Mas a dança não deve ser encarada apenas como fator de entretenimento, resumida em festas e comemorações. Podemos explorar diferentes expressões e movimentos corporais. 3838 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2.1.2. Ensinar dança nas escolas A escola deve participar do processo de aprendizado da dança, introduzin- do-se no seu processo interpretativo e criativo. A dança vai muito além da repro- dução de repertórios mecânicos como uma peça de balé ou danças folclóricas. Vejamos como Mödinger define a dança: Um dos aspectos relevantes do ensino das artes refere-se à produção artística e à sua importância como expressão de ideias, movimentos, imagens, sons, sentimentos e subjetividade. Produzir dança é fazer movimentos, sequências ou coreografias completas. Envolve movimentos já codificados pelos estilos ou gêneros de dança, assim como a mistura entre eles e o estímulo à criação de movimentos inéditos (MÖDINGER, 2012, p. 34). Por meio das aulas de dança, os alunos reforçam seus laços de amizade e melhoram a sua integração com a turma. A prática estimula os jovens a exigir mais da sociedade. Muitas danças de rua com coreografias prontas e críticas à sociedade, tais como o funk e o hip-hop, atraem jovens por conta de subversão por meio da dança. Figura 15: O balé é uma modalidade de dança que muitas crianças sonham em atuar. Fonte: https://goo.gl/g9Yw76 Na Educação Infantil, exploram-se as possibilidades de gestos e ritmos corporais. Já no Ensino Fundamental, a compreensão do funcionamento do corpo, sentir o corpo no espaço, sequência de improvisação com outros colegas e a contextualização da produção da dança. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3939 Figura 16: O hip-hop nasceu na periferia e é usado como forma de expressão e denúncia. Fonte: https://goo.gl/QxUitU Por meio da dança, o aluno pode ter a experiência do domíniocorporal, ainda mais com a diversidade cultural e a variedade de danças culturais em nosso país e no mundo. A seguir, veja a sequência de atividades que o professor pode abordar com seus alunos em sala: • Projeto de expressão corporal que atraia os alunos, promover na aula livres movimentos e os benefícios dança; • Apreciar diferentes estilos de dança e relacionar o conhecimento da história da dança, das formas, dos estilos, dos coreógrafos, dos estudos étnicos (danças folclóricas) associados às visões religiosas, de gênero, classe social entre outras. Assim, por meio de observações e experimentações em sala, enriquecem o conteúdo da dança para os alunos; • Verificar, na atualidade, coreógrafos nacionais ou regionais de modo que possam ser selecionados para mobilizar o interesse estético e artístico do aluno; • Verificar, na cidade, os movimentos artísticos gratuitos para levar os alunos a visualizar pessoalmente peças, danças, balés entre outros que utilizem a dança como modo de expressão; 4040 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Propor à escola apresentações dos alunos com suas coreografias produzidas de modo prévio pelo professor para exercício de cidadania e inserção na comunidade; • Para crianças de cinco a sete anos, a brincadeira de estátua pode promover o movimento. O professor pede aos alunos que dancem, pulem com a música e, quando a música parar, cada um ficar estático. Material complementar A seguir, leia uma entrevista com a coreógrafa Deborah Colker, que teve como desafio coreografar a produção OVO, do Cirque du Soleil. Após a leitura do texto, pesquise sobre a coreógrafa e o Cirque du Soleil e relacione de que forma poderia ser desenvolvido em sala de aula com crianças e jovens. Deborah Colker fala sobre o espetáculo OVO A mais recente produção do Cirque du Soleil, OVO, é uma jornada de cores e movimentos pelo mundo dos insetos. À frente da trupe está a bailarina e coreógrafa carioca Deborah Colker, idealizadora e diretora do espetáculo. Em conversa com a TNC, ela conta mais sobre a experiência de unir natureza – nossa especialidade – e arte – a especialidade dela – num mesmo palco. Deborah Colker – OVO by Cirque du Soleil “A natureza é movimento e o movimento é arte.” Deborah Colker Idealizadora e diretora do espetáculo OVO do Cirque du Soleil. TNC: OVO foi criado a partir de elementos como a biodiversidade e os ecossistemas, dois aspectos bem importantes do nosso trabalho. O que as pesquisas para o desenvolvimento do espetáculo te ensinaram sobre o mundo dos insetos? Deborah Colker: Mesmo sendo os menores animais que podemos ver a olho nu, os insetos têm uma importância enorme para a proteção das cadeias e ciclos da natureza. Eles podem ser irritantes e cruéis, mas também dóceis e belos. Os insetos movem-se com tanta facilidade e com uma variedade enorme de movimentos fascinantes: voando, saltando, escorregando, quicando, desaparecendo. Viver entre insetos e acrobatas é uma experiência muito rica. TNC: A cenografia do espetáculo é inspirada em ninhos e colônias de algumas espécies de insetos, certo? ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4141 Deborah Colker: Sim, desenvolvemos o espaço cenográfico pensando nas comunidades de insetos. Também buscamos criar uma relação entre as escalas micro e macro do mundo dos insetos e dos seres humanos. Queríamos que o público se sentisse como um insetinho. É por isso que as plantas, flores, folhas e sementes que temos em cena são enormes! TNC: Sua equipe conversou com entomologistas ou outros cientistas especializados em insetos? Deborah Colker: Sim. Eu tive a oportunidade de conhecer Jorge Brossard, talvez o entomologista mais importante do mundo. Ele vive em Montreal. Eu já era fascinada pelas cores, formas e sentidos dos insetos. Depois de visitar a casa dele e conversarmos, tive certeza que deveria fazer um espetáculo que desse a cada inseto família, personalidade e emoção, além de corpo e movimento. TNC: Como OVO – um espetáculo que reflete a magia do mundo natural – trata de questões como sustentabilidade e preservação da natureza? Deborah Colker: O espetáculo se passa ao longo de um dia: manhã, tarde, noite e manhã outra vez. As questões ambientais vão aparecendo na medida em que os insetos despertam, comem, brigam, brincam, fazem amor, passam por mudanças e se relacionam com seu habitat. Eles são pequenos, mas têm uma importância enorme para a preservação do meio ambiente – e o espetáculo brinca com esse fato. TNC: Que outras mensagens sobre a natureza você espera que o público leve do espetáculo? Deborah Colker: A mensagem principal é que os sentimentos e necessidades do ser humano e da natureza devem dialogar através dos ciclos naturais. TNC: Como surgiu a decisão de levar a natureza para o palco? Deborah Colker: O Cirque pediu que eu criasse um espetáculo sobre natureza e biodiversidade. Eu sugeri o mundo dos insetos e eles toparam. Sempre foi uma característica do meu trabalho lidar com espaço e movimento. No caso de OVO, a ideia e a história foram pensadas para um lugar específico – a comunidade dos insetos tem seu lugar, seu lar. TNC: O que a natureza pode ensinar sobre a arte? Deborah Colker: Os insetos têm uma relação fascinante – rica, inspiradora e divertida – com os acrobatas. Eles têm muito em comum: podem andar pelas paredes, saltar, rodopiar, fazer de tudo. A natureza é movimento e o movimento é arte. Fonte: https://goo.gl/YqlEqo 4242 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2.2. Música2.2. Música 2.2.1. História da música ocidental Desde a pré-história, já se produzia música com a imitação dos sons da natureza e de animais. Na Idade Média, como a Igreja influenciava na cultura, na sociedade e na política, a música que fazia parte da liturgia eram os cantos Gregorianos ou Cantochão. O canto Gregoriano foi criado antes do nascimento de Cristo, e seu nome era uma homenagem ao Papa Gregório I (540-604). A função era a oração cantada, a manifestação da estética do silêncio com alto índice de repetições que geram uma monotonia e sua execução em uníssono (várias vozes ou instrumentos soam em idênticos tons, formando somente um som). A voz era o principal instrumento musical da época e o canto era quase sempre executado em grupos, seja no âmbito religioso ou profano (COLARES, 2001). Figura 17: Canto Gregoriano. Fonte: https://goo.gl/l5tRMc Ao longo do tempo, as execuções em uníssono foram sendo substituídas pelas execuções polifônicas (composição de várias vozes). Essas manifestações chegaram no auge por meio dos motetos, que eram formas musicais de alta complexidade polifônica e se diferenciavam dos madrigais (música profana que abordavam temas heroicos, pastoris, a vida singela e até assuntos libertinos). O maior compositor de motetos foi Giovanni Pierluigi da Palestrina. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4343 No período Barroco, a polifonia começou a ceder lugar para a homofonia, já que esta não apresenta melodias independentes. A ampla liberdade de criação do período foi substituída pela rigorosidade do período Clássico, onde a homofonia passa a predominar nas formas Sonata e Sinfonia. Nesse período, destacam-se os compositores Chopin, Schumann e Wagner. 2.2.2. Um pouco de história da Música Popular Brasileira (MPB) No Brasil, a música teve seu início no fim do século XVIII com duas formas básicas: a modinha e o lundu. A primeira era melancólica e com pretensão erudita e era quase obrigatória nos salões da Corte. Já o lundu, era considerado indecente no princípio, trazido pelos escravos, foi apropriado pelas camadas médias. No século XIX, surgem adaptações de músicas europeias à forma brasileira. Surge o choro e mais tarde o samba; como dança, o maxixe. A música, no Brasil de 1930, por meio do projeto do compositor Villa-Lobos, foi baseada nas músicas folclóricas e nos hinos brasileiros e levou ao caráter cívico e à exaltação da pátria. Difundiu ideias de nacionalismo e coletividade, condizentes ao momento histórico. Segundo Villa Lobos,“só a implantação do ensino musical na escola renovada, por intermédio do canto coletivo, seria capaz de iniciar a formação de uma consciência musical brasileira” (STRAZZACAPPA; MORANDI, 2006, p. 80). 2.2.3. Elementos da música – som e seus parâmetros • Silêncio Poderíamos entender como a ausência de som, mas, na verdade, seriam sons que não somos capazes de ouvir. Tudo vibra o tempo todo e está sempre em movimento, mas nem toda vibração exerce som aos nossos ouvidos. • O que é música? A música é um conjunto de sons combinados segundo padrões determinados. Esses sons (notas musicais) podem ser reproduzidos por vozes, instrumentos ou pela própria natureza (GRIMSHAW, 1998, p. 4). 4444 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Notação musical Propriedades fisiológicas do som – aspectos básicos: Duração: é a propriedade que nos permite distinguir sons longos e sons curtos na música; Andamento e pulsação: andamento é a velocidade com a qual o ritmo é executado. Pulsação é a unidade de pulso, como as batidas do coração, repetidas pulsações etc.; Densidade: é um número de compassos agrupados; Altura: diz respeito à propriedade do som tem de ser grave ou agudo e pode ser medida em Hertz (Hz). Deve-se trabalhar com três momentos: a experimentação do aluno para reconhecimento das alturas; saber a diferença entre os sons; aprofundar o desenvolvimento da consciência auditiva; Timbre: nos permite diferenciar um som harmônico de outro. Se uma mesma nota musical é tocada com a mesma intensidade e duração por instrumentos diferentes, percebemos cada som de modo distinto; Intensidade: propriedade do som em ser mais forte ou mais fraco. 2.2.4. A linguagem musical e a educação A linguagem musical faz parte da vida dos seres humanos. Desde o nascimento, temos o estímulo do mundo à nossa volta e de nos integrarmos a ele. Na infância, despertamos o nosso lado lúdico com a musicalização (KOSCIANSKI; SOARES, 2007, p. 153). A linguagem musical tem elementos básicos que podem e devem ser explorados em sala de aula com o objetivo de estimular a percepção auditiva das crianças, ao mesmo tempo em que se prepara a turma para um exercício musical consciente (COLARES, p. 90). Cantar, tocar, ouvir, discernir, escutar, compreender, emocionar-se, enfim, construir o conhecimento no envolvimento do aluno. Estimular a produção de conhecimento de forma gratificante e prazerosa promovendo a diversificação de experiências musicais e a construção de olhares e ouvidos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4545 Muitas atividades compõem o processo de musicalização e talvez as mais importantes sejam: o desenvolvimento vocal, o desenvolvimento rítmico-motor, o desenvolvimento da audição, o aprendizado instrumental, a prática musical conjunta, o processo criativo, a apreciação das manifestações universais da música (e sua relação com as diferentes culturas e períodos históricos), a conceituação dos elementos musicais e a leitura musical (PETRAGLIA, p. 64). É natural o impulso do ser humano para a musicalidade, mas cabe ao docente, gradualmente, conduzir o indivíduo que, muitas vezes, vem influenciado pelos meios de comunicação. Mas devemos ir além das fronteiras e estimular diferentes músicas do mundo tornando acessível a variedade cultural e musical. O processamento musical ocorre em várias áreas cerebrais, o desenvolvimento por meio da música e dos sentidos neurológicos relacionadas à percepção de timbres, ritmos e alturas. Assim, a música é enriquecedora para o desenvolvimento neuromotor e cognitivo. Figura 18: É muito importante que o incentivo à música seja feito ao indivíduo desde criança. Fonte: http://goo.gl/Cas55D No ensino da música, recomendam-se noções básicas de música, cantos cívicos, músicas populares, sons orquestrados, músicas de outros povos, ritmos regionais e folclóricos. Como o intuito não é criar musicistas, partituras e noções técnicas da música devem ser trabalhados com menos rigor. 4646 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Pratique 1. Qual a importância do ensino da música para jovens e crianças em sua formação? 2. Explique como ocorre o processamento musical no ser humano. 2.3. Teatro2.3. Teatro 2.3.1 A história do teatro A palavra teatro (théatron) deriva dos verbos gregos “ver e enxergar” e significa lugar de onde se vê. A seguir, apresentaremos uma rápida retrospectiva histórica de alguns momentos do teatro. As primeiras expressões teatrais vieram com o desenvolvimento humano, sendo assim, o homem primitivo utilizava-se do teatro como forma de representar seu cotidiano quando observavam o fogo e os seus movimentos e sombras. Já na Antiguidade, temos os povos egípcios, que se utilizavam de pequenos rituais em honra aos nobres e aos deuses. Na Ásia, também temos relatos da utilização do teatro, vejamos o povo Grego, este, por sua vez, foi grande contribuinte nas artes cênicas. Um dos aspectos mais significativos da cultura grega antiga foi o teatro. Os gregos o desenvolveram de tal forma que até os dias atuais artistas, dramaturgos e demais envolvidos nas artes cênicas são atingidos com suas influências. As mulheres eram proibidas de participar, sendo assim, os homens faziam todos os papéis. O culto ao deus Dionísio, deus da colheita e da fertilidade, era encenado nas cerimônias religiosas com elementos dramáticos para compor a representação teatral. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4747 Os grandes nomes das tragédias foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, no século V a.C. Diversas peças teatrais criadas na Grécia Antiga são até hoje encenadas. Figura 19: Teatro Romano – Coliseu. Fonte: https://goo.gl/RfgknC O teatro romano nasceu do culto às divindades e aos rituais sagrados. Os romanos buscavam a realidade e a diversão violenta. Os espetáculos eram em arenas e muitos atores eram mortos ou encenavam literalmente crucificações e lançamentos na fogueira. Utilizava-se o Coliseu como espaço institucional de lazer e alívio com seus gladiadores, escravos e leões como espetáculo para a sociedade. Na Idade Média, foi um período marcado pelo conformismo religioso. Nos palácios, vigoravam os bobos da corte. As manifestações de rua com acrobatas, saltimbancos e menestreis alegravam os camponeses. O teatro sai da rua e passa para os palácios com o tempo. No período do Renascimento, houve renovação intelectual e artística, novas ideias e retorno ao mundo clássico grego romano. Em oposição aos preceitos clássicos, nasceu a comédia renascentista, denominada Commedia Dell’Arte, que teve sua origem na Itália, caracterizou-se por utilizar essencialmente a linguagem do povo e representou a glória do Teatro Italiano no Renascimento. Alguns nomes tiveram destaque neste período: Nicholau Maquiavel, Gil Vicente, William Shakespeare. O Romantismo caracteriza-se por uma expressão mais egocêntrica e apaixonada, centrada nas emoções e nos sentimentos bem como em uma linguagem rebuscada. Já no Realismo, o herói do Romantismo era substituído por uma pessoa comum do cotidiano, abordando os problemas sociais da época. Um dos nomes importantes do Realismo foi Alexandre Dumas. 4848 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO O Naturalismo foi um movimento muitas vezes associado ao Realismo por ter estéticas literárias muito próximas. Os fatores macros desse período foram os que guiaram o homem como: leis físicas, químicas, hereditariedade e meio social. Temas abordados foram: instintos humanos, loucura, violência, traição, miséria, exploração social entre outras. Na atualidade, o teatro e a diversidade de produções têm possibilitado à sociedade diferentes manifestações e identidades. Muitas peças têm incentivo go- vernamental, com preços acessíveis ou mesmo sem custo para o público. Fique atento No Brasil, o Serviço Social do Comércio (SESC) promove uma larga programação cultural. Em Fortaleza, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura também disponibiliza diversas atividades culturais, pagas ou gratuitas. Veja também a programação: <http://www.dragaodomar.org.br>.Já na cidade de São Paulo, anualmente, acontece o evento chamado Virada Cultural, promovido pela prefeitura local com o intuito de disseminar cultura e promover a cidade. Inspirado na Nuit Blanche, de Paris, são vários espetáculos, peças de teatro, arte e história durante vinte quatro horas. Veja mais neste canal: <https://goo.gl/KDxjuN>. 2.3.2. Linguagem teatral e a educação O teatro sempre fez parte da humanidade, segundo o PCN: [...] dramatizar não é somente uma realização de necessidade individual na interação simbólica com a realidade, proporcionando condições para um crescimento pessoal, mas uma atividade coletiva em que a expressão individual é acolhida. Ao participar de atividades teatrais, o indivíduo tem a oportunidade de se desenvolver dentro de um determinado grupo social de maneira responsável, legitimando os seus direitos dentro desse contexto, estabelecendo relações entre o individual e o coletivo, aprendendo a ouvir, a acolher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a finalidade de organizar a expressão de um grupo. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4949 Na dramaturgia, exige-se um envolvimento completo do indivíduo: fala, ex- pressão corporal, domínio da linguagem dramática, articulação e interação com os elementos cênicos (COLARES, 2001). Figura 20: Representação do teatro: a tragédia e a comédia. Fonte: https://goo.gl/ZxdSEP Devemos entender que o papel do teatro não pode ser somente cognitivo nem somente se resumir em festividades do calendário escolar. Deve ser multidimensional (afetivo, pscicomotor, lúdico e estético). A criança deve ser inclusa na compreensão da peça encenada, sensibilizando-a à importância do seu papel na obra. Compete à escola oferecer um espaço para realizar atividades artísticas e as propostas educacionais devem compreender a criança no processo de socialização. Ao iniciar o ciclo básico, a criança está na idade de vivenciar o companheirismo e estabelecer amizades sendo um estímulo à aprendizagem. O jogo de faz-de-conta é a fase inicial do teatro para crianças, onde evoluem gradativamente, elas criam a atividade teatral muitas vezes com histórias contadas ou imitando um adulto. Em sala, o professor deve diagnosticar o nível de desenvolvimento artístico do grupo para trabalhar com a estratégia ideal e oferecer condições para ampliar o conhecimento dos alunos. Muitos recursos podem ser utilizados: pesquisa histórica sobre o teatro, materiais próprios para a construção de cenários e outras formas de estímulo à imaginação. 5050 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Segundo Colares (2001), “o teatro articulado a outras áreas do conhecimento é um caminho para a interdisciplinaridade”. Por exemplo, podemos trabalhar textos em forma de jograis ou encenar peças de cunho histórico (libertação dos escravos, por exemplo), livros paradidáticos, gibis, lendas folclóricas, fábulas, notícias de jornais entre outras. As crianças, por meio do teatro, compreendem melhor a si mesmas, a seus semelhantes e o mundo em que vivem. Não se usa a arte para apaziguar conflitos ou como válvula de escape, mas como um forte momento para a criatividade, a participação e a reflexão. Na representação, não há necessidade de ficarmos presos a um sistema mecanizado, com as falas decoradas, as encenações podem sofrer adaptações para serem originais e permearem a regionalidade de cada povo. O professor pode interferir para ampliar e estimular a participação dos alunos nesse processo. Podem ser utilizados vários locais na escola para encenações: a própria sala de aula, os pátios, as bibliotecas, os palcos fora da escola para encenações externas ou mesmo para a comunidade escolar. A escolha dos papéis, ou seja, quem representará os personagens deve ser espontânea. Em caso de mais de um aluno se interessar pelo mesmo papel, pode-se ter duas turmas encenando a peça ou mesmo tentar explicar a importância dos demais papéis da encenação. Como toda atividade deve seguir um planejamento veja alguns dos aspec- tos mais importantes: • Definir o objetivo (cognitivo, psicomotor ou afetivo); • Determinar a técnica teatral (teatro de sombras, teatro de fantoches, teatro de imagens); • Providenciar local e material necessário; • Produzir roteiro e texto; • Promover ensaios; • Avaliar as crianças nesse processo, incentivando a crítica reflexiva. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 5151 Figura 09: O teatro de fantoches é uma forma lúdica de demonstrar o teatro. Fonte: https://goo.gl/RRA9bc 2.3.3. Gêneros teatrais Cada gênero teatral tem sua importância e estilo. Com o conhecimento de cada um, o professor pode escolher o que melhor se encaixa nos objetivos educacionais. Veja: • Auto; • Comédia; • Drama; • Farsa; • Melodrama; • Ópera; • Monologo musical; • Revista; • Stand-up comedy; • Surrealismo; • Tragédia; • Tragicomédia; • Teatro infantil; • Teatro de feira; • Teatro de falado; • Teatro invisível ou teatro de fantoches; • Teatro de sombras; • Teatro lambe-lambe. 5252 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 2.3.4. Tipos e formas do teatro • Ditirambo: representação teatral adotada em cultos religiosos pelos Gregos, tinha como composição coros fantasiados e danças para o deus do vinho – Dionísio; • Pantomima: é a representação teatral que se conta uma história por meio de gestos, expressões faciais ou corporais sem voz ou música; • Entremés: representação teatral de apenas um ato, protagonizada por personagens de classes populares; • Auto: representação teatral de um só ato (auto), mas de caráter predominantemente religioso. No Brasil, conhecemos o Auto da Compadecida, que foi retratado tanto no cinema quanto no teatro; • Milagres: representação teatral que relata os milagres de santos, vida da Virgem Maria, Cristo entre outros; • Moralidades: representação teatral que debatia o comportamento do homem frente a questões religiosas; • Teatro de feira: eram espetáculos teatrais que aconteciam ao redor da Abadia de Saint-Germains, em Paris, nas feiras populares; • Mambembe: são companhias de teatro que representam peças cômicas ou dramáticas. Os atores e as atrizes são chamados de saltimbancos ou trupes. Seus figurinos e cenários são carregados em carroças. Por muito tempo, foram tratados como foras da lei; • Sermões burlescos: representação teatral que utiliza breves recitados, monólogos ou jograis mascarados com vestimentas sacerdotais; • Commedia dell’arte: teatro popular da Antiguidade Clássica, as apresentações eram feitas em praça pública; • Comédia burlesca: ridicularizava, por meio de paródias e caricatura, as instituições, os costumes e os valores sociais. Derivada da Comédia Italiana; • Vaudeville: consistia em intrigas, equívocos engraçados e persona- gens como o tolo, vagabundo e o palhaço; • Sottie: as cenas representadas por “parvos”, truões ou bobos, simbólicos de tipos ou instituições sociais. Eram breves, de sátira construtiva, geralmente de índole política; ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 5353 • Farsa: representação teatral em que seus personagens são estereoti- pados e os acontecimentos do dia a dia são ironizados; • Teatro de sombras: é a representação teatral que cria imagens projetadas e contam histórias por meio de silhuetas ou sombras; • Teatro nô: é a representação clássica do teatro japonês que existe desde o século XIV. Combina drama, lírico e canto; • Teatro kabuki: representação japonesa de estilo popular que mescla música, coreografia, mímica e maquiagem característica; • Teatro revista: representação teatral musicada – a encenação é uma sucessão de quadros e acontecimentos do ano. Figura 22: As gueixas fazem parte do teatro Kabuki. Fonte: https://goo.gl/ogNy33 2.3.5. Elementos do teatro • Cenografia: são os elementos que irão compor o espaço cênico (palco). Eles compõem e ilustram o ambiente do espetáculo aproximando o público da representação. O cenário pode ser concreto ou vivo. No cenário vivo, são usados os corpos dos atores, comum em peças infantis com ascrianças vestidas de árvores em encenações sobre o meio ambiente; • Figurino, adereços e máscaras: são as vestimentas e os acessórios que são usados na cena para atribuir o contexto de cada personagem. Já as máscaras, além de contextualização, podem ampliar as características dos personagens; • Maquiagem: é um recurso para acentuar a expressão dos personagens, muitas vezes altera a idade e os traços do ator; 5454 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Sonoplastia: são as manipulações sonoras do espetáculo, estabelecem o significado de cada ato. São traduzidos as emoções e os movimentos dos personagens para os espectadores; • Iluminação: é utilizada como elemento expressivo de linguagem teatral, criando uma atmosfera cênica. Link para WEB Nos sites a seguir, você encontrará informações sobre o teatro. Estes links trazem informações de peças, tipos e histórias para ilustrar seu cotidiano escolar: <http://goo.gl/YkCwQY>; <http://cbtij.org.br>; <http://goo.gl/NtIgX2>. 3. Artes visuAis 3. Artes visuAis As produções visuais envolvem aspectos estéticos, comunicacional, histórico, interpretações de artistas e espectadores de diversas culturas e épocas. A educação escolar em arte deve inserir o aluno no universo da visualidade do mundo contemporâneo, nos discursos visual e audiovisual. As artes visuais contemplam: pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, escultura e modalidades estéticas do século XX tais como: fotografia, quadrinhos, moda, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo entre outras. O desenvolvimento do aluno nas linguagens visuais requer à conscientiza- ção das diferentes modalidades visuais, relações culturais, história e apreciação da arte. O papel da escola está na consolidação e na contextualização desse co- nhecimento. Segundo o PCN, nas aulas de artes visuais, o jovem deve aprender a ter experiências sobre: • Responsabilidade social como cidadão participativo no âmbito da produção e da conduta ética; • Inserção no universo da arte, valorizando e respeitando a produção de artistas de diversas culturas; • Sua autoimagem a ser continuamente reinterpretada e reconstruída com base em conquistas pessoais e no conforto crítico de imagens provenientes de diversas mídias; ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 5555 • O olhar crítico que se deve ter em relação às produções visual e audio- visual, informatizada ou não escolhendo os padrões que atendem às necessidades para a melhoria das condições de vida e inserção social; • O uso de técnicas e o cuidado nos materiais, valorizando o convívio direto com outras pessoas; • Ética e analisar o ponto de vista do valor econômico e social da produção artístico-cultural. Espera-se, no terceiro e no quarto ciclos do PCN (estudados no começo desta unidade), que os alunos sejam capazes de: • Expressar e representar ideias por meio do desenvolvimento de trabalhos em grupo e individuais; • Interagir com os materiais e multimeios (computador, câmeras, cinema) produzindo trabalhos de arte; • Reconhecer, diferenciar e saber utilizar as diversas técnicas de arte e experimentação; • Criar conexões, construir, expressar a imaginação, a memória e a sensibilidade; • Identificar a diversidade de elementos da linguagem visual em múltiplas realidades; • Compreender, analisar e observar as relações entre as artes visuais com outras modalidades artísticas e outras áreas do conhecimento. Apresentaremos, a seguir, uma síntese das características de algumas linguagens e suas formas de utilizar em sala. Pratique 3. Segundo o PCN, quais experiências e habilidades o jovem deve aprender nas aulas de artes visuais? 5656 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 4. O desenvolvimento do aluno nas linguagens visuais requer a conscientização das diferentes modalidades culturais. Explique qual o papel da escola no ensino das artes. 3.1. Fotografia – Abordagem histórica3.1. Fotografia – Abordagem histórica A fotografia teve seu princípio no século XVI, quando o homem descobriu a “câmara escura” e o escurecimento da prata pela luz. Com a Revolução Industrial, a técnica foi melhorada e os pintores sentiram-se ameaçados, já que os registros de família, cenas do cotidiano e datas históricas eram feitos por eles até então. A técnica foi difundida por meio de cartazes, revistas, jornais, livros, documentos e publicitários. Na década de 1860, foi enorme a sua aceitação e propiciou um modo de registro de uma sociedade por fotógrafos profissionais e amadores. Os pioneiros foram Joseph Nicéphore Niépce e Louis-Jacques Mandé Daguerre, em 1826. A fotografia capturada não podia ser copiada e não possuía cores. Figura 23: Primeira fotografi a da história da humanidade. Fonte: https://goo.gl/p35Bh3 A primeira fotografia colorida que se tem datada foi em 1861 pelo físico James Clerk Maxwell. Ao longo do tempo, houve a modernização e, com Richard Maddox, houve a primeira câmera portátil de fácil manuseio, em 1888. Mas com o advento da tecnologia, os filmes fotográficos foram substituídos por câmeras digitais. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 5757 Figura 12: Primeira foto colorida foi registrada em 1861 pelo físico escocês James Clerk Maxwell e pelo seu assistente Thomas Sutton. Fonte: https://goo.gl/Qq4ufu 3.2. Fotografia no contexto escolar3.2. Fotografia no contexto escolar Atualmente, vivemos no mundo das selfies, ou melhor dizendo, autorretratos. Muitos jovens possuem o contato com a fotografia como forma de entretenimento com suas câmeras digitais ou mesmo em celulares Cabe ao educador incentivar crianças e jovens a construírem um olhar com uma dimensão política-cultural dessa fotografia bem como oferecer o conhecimento histórico dessa arte, técnicas, materiais em diferentes épocas, a beleza das fotos coloridas e em preto e branco (P&B), profissão entre outras. O educador deve respeitar o olhar do aluno, mas deve compreender que, muitas vezes, esse aluno vem de uma estética pré-concebida ou de padrões rígidos de belo e feio. Muitos desses valores são pelos meios de comunicação ou mesmo pelos pais, a desconstrução de valores deve ser inserida para questionamentos e novos olhares. Deve-se propor atividades aos alunos como fotografar a realidade do bairro, locais culturais, sua escola e pessoas e debater em sala sobre o material obtido no período para, por meio da discussão, os alunos expressarem suas percepções sobre o mundo ao redor. O desafio do educador é permitir novos valores, novas possibilidades e os vários estilos. 5858 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 25: Fotografar a cidade é um bom exercício para os vários olhares do aluno. Fonte: https://goo.gl/pPBfdb 3.3. História em quadrinhos3.3. História em quadrinhos Os quadrinhos podem ser um recurso pedagógico divertido e valioso. São um gênero literário que proporciona narrativas lineares, imagens e símbolos com habilidades de decodificação. Muitos alunos que possuem dificuldade de leitura podem se envolver nas histórias às quais se identificam. Muitas histórias de literatura mais rebuscada, em formato de história em quadrinho, podem ser melhor apreciadas por crianças e jovens, por exemplo: O Conde de Monte Cristo em gibi. Em sala de aula, pode ser utilizada com uma história com os balões em branco para os alunos completarem, assim, além da criatividade ser trabalhada, podemos melhorar a escrita. Figura 26: Expressões e personagens. Fonte: http://goo.gl/OR1wT9 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 5959 É possível, com as histórias em quadrinhos, oferecer a possibilidade de explorar tanto o racional como o emocional, discutir temas, explorar universos e outras visões da história com os alunos. 3.4. Cinema, televisão e vídeos3.4. Cinema, televisão e vídeos O cinema, a TV ou os vídeos são elementos educativos que possibilitam o desenvolvimento da linguagem artística por meio de animações, movimentos e tecnologia da animação. Muitos alunos são expostos ao cinema e à televisão comercial, porém, devem ter contato com cinema amador, animações, curtas, ou seja,com outras formas cinematográficas e televisivas orientadas pelo docente. O professor pode propor filmes antigos para que os alunos analisem o tipo de sociedade que se passavam as obras bem como diversificar os campos culturais com filmes épicos e clássicos. Figura 27: Charlie Chaplin, seus clássicos são atemporais. Fonte: https://goo.gl/OVwm61 A produção de uma animação envolve as seguintes etapas: criação, roteiro, cenários, edição das imagens em computador, sonoplastia e personagens. Porém, com a revolução digital, vemos como ferramentas de baixo custo e de fácil manuseio são operados por artistas amadores favorecendo a criação de vários vídeos caseiros, de boa ou baixa qualidade bem como novos famosos. Essa acessibilidade favorece à produção digital com a participação de jovens e crianças na produção de conteúdos e experiências. Podemos, por exemplo, pedir à turma para fazer grupos e cada um criar um vídeo reportagem sobre os problemas do bairro ou da escola. A criação desse vídeo pode gerar várias discussões e despertar a curiosidade da profissão de repórter pelos alunos. 6060 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 28: Fazendo vídeos por meio do celular. Fonte: https://goo.gl/FHgmm2 3.5. Pintura3.5. Pintura Desde a infância, expressar-se por meio dos desenhos é algo natural. As atividades com pintura são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e neuromotor das crianças. Atualmente, muitos adultos têm se rendido aos livros para pintar como forma de relaxamento. O contato com as cores possui uma forte relação com a vida do homem, já que induzem a reações, comportamentos e elementos da natureza. Desempenha um papel importante na percepção visual, uma vez que influencia nossas reações sobre o mundo que nos rodeia. Vejamos, por exemplo, que o sinal de trânsito comunica apenas com as cores e, por sua vez, é entendido. Figura 29: A criança em contato com a pintura. Fonte: https://goo.gl/tJG0H5 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 6161 Algumas técnicas de pintura que podem ser utilizadas em sala são: • Pintura com o dedo: muito usada no ensino dos primeiros ciclos, onde a integração com os materiais é favorecida. A tinta pode ser guache ou caseira; • Pintura com o papel dobrado: utiliza-se tinta ou cola colorida em uma parte do papel, desenha-se e, posteriormente, dobra-se a folha. Assim, ao abrir, percebe-se que o desenho de um lado do papel foi copiado para o outro lado; • Desenho soprado: com a tinta sobre o papel, utilizam-se canudos para soprar a tinta e criar efeitos na superfície da folha; • Pintura com peneira: utiliza-se a peneira sobre o papel, pinta-se com guache por cima da peneira sobre o papel (carimbando) e, posterior- mente, retira-se para ver o resultado; • Pintura com barbante: a técnica constitui-se no mergulho dos pedaços de barbante em tinta e soltar em cima do papel formando desenhos abstratos; • Pintura com esponja: é uma técnica simples em que se utiliza uma esponja comum, molhada na tinta da cor desejada, que deve ser aplicada sobre uma superfície (papel, madeira entre outros). 3.6. Recorte e colagem3.6. Recorte e colagem Segundo Colares (2001), “além de estimular a coordenação motora das crianças, as práticas de recorte e colagem permitem desenvolver a criatividade por meio de outros indivíduos e nas experiências vivenciadas no meio sociocultural”. Proporcionam ao aluno vivenciar o uso das suas mãos como forma de expressão e desempenhar um trabalho de motricidade no universo educacional. Algumas atividades com recorte e colagem: • Recortar revistas, rótulos, gravuras, jornais e outras fontes para painéis ou murais; • Colar formas geométricas e cobrir com sementes, botões, bolinhas entre outros materiais; 6262 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 3.7. Escultura e modelagem3.7. Escultura e modelagem A modelagem desenvolve a noção de tamanho e forma, percepções de textura e peso. Podemos utilizar diversos materiais: argila, massa de modelar, papel ma- chê, gesso entre outros. Na modelagem, o aluno pode fazer e refazer seu trabalho. Durante o Ensino Infantil, a modelagem é só para a criação de objetos disformes ou abstratos. A utilização de sucatas pode ser uma excelente alternativa econômica e criativa para criação de arte. Figura 30: O trabalho com argila pode ser uma atividade em sala de aula. Fonte: https://goo.gl/JxsGZc As diversidades de técnicas e materiais podem ajudar os alunos a criarem suas esculturas e a explorarem sua criatividade. Contextualizar e promover a sensibilização. As figuras humanas, os vasos e os potinhos são exemplos de formas que os alunos podem fazer na aula de modelagem. Em datas comemorativas, a criação de vasos, por exemplo, como releitura da arte indígena. Nas cidades, existem esculturas públicas que podem ser citadas para ilustrar a aula, visite parques e museus que dispõem de esculturas. 4. AvAliAção no ensino dA Arte4. AvAliAção no ensino dA Arte Apesar dos esforços de especialistas, a condução da avaliação permanece sendo um desafio para os professores. Dentre os fatores que contribuem para a complexibilidade podemos citar: a avaliação requerer diversas formas de análise e de relato para muitos propósitos educacionais, um deles é o método de julgamento baseado em padrões pré-estabelecidos. Sendo assim, o processo é investigativo e questionador: ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 6363 Investigando o processo de ensino/aprendizagem o professor redefine o sentido da prática avaliativa. A avaliação como um processo de reflexão sobre e para a ação contribui para que o professor se torne cada vez mais capaz de recolher indícios, de atingir níveis de complexidade na interpretação de seus significados, e de incorporá-los como eventos relevantes para a dinâmica ensino /aprendizagem. Investigando, refina seus sentidos e exercita/desenvolve diversos conhecimentos com o objetivo de agir conforme as necessidades de seus alunos, individual e coletivamente considerados (ESTEBAN, 2003, p. 24). Algumas escolas não promovem o espaço específico para as aulas de arte, assim dificultando a aprendizagem e a avaliação. Outra dificuldade é o tempo das aulas, baseadas em outras disciplinas que dificultam o aspecto da Abordagem Triangular da educadora Ana Mae citada na unidade anterior. A avaliação no ensino da arte é um processo contínuo, não pode ser utilizada como outras disciplinas com prova e, assim, analisada de uma só vez. O aluno deve ser protagonista de sua aprendizagem. Figura 31: Apresentação infantil. Fonte: https://goo.gl/tYzK1B As modalidades básicas de avaliação são baseadas nos objetivos educa- cionais que o docente contempla, sendo assim, demonstraremos cada modalidade e suas funções da avaliação. • Diagnóstica: sua função é diagnosticar e tem como propósito detectar dificuldades específicas de aprendizagem. É aplicada no início do ano ou da unidade de ensino; • Formativa: tem a função de controlar e seu propósito é constatar se os objetivos estabelecidos foram alcançados. É aplicada durante o ano letivo, ao longo do processo de aprendizagem; • Somativa: classifica os resultados de aprendizagem alcançados pelos alunos e é feita ao final do ano ou de um semestre. 6464 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Listamos, a seguir, algumas estratégias de avaliação: • Exposições e espetáculos: expor e fazer apresentações ao público, aos colegas de classe e/ou aos familiares. Nesse processo, a aprendizagem se torna afetiva e significativa. A turma, os professores e os familiares podem apreciar e analisar a exposição ou a apresentação; • Autoavaliação: pode ser oral ou escrita, individual ou em grupo, onde o aluno relata o que aprendeu, o seu comportamento e as suas atitudes em relação às aulas de arte; • Diário de bordo ou protocolo: caderno de anotações, gravador ou câmera (vídeo ou foto) onde o aluno registra acontecimentos, pensamentos, sentimentos, expressões, processos de criação, o que aprendeu, facilidades, dificuldades etc.; • Entrevista: pode serfeita pelo professor ao longo do ano. Deve ser, preferencialmente, gravada, sendo registradas as observações dos alunos durante o período. Por meio da entrevista, professor e aluno obterão informações sobre o andamento do processo educativo em arte; • Leitura de imagens: sua utilização consiste na observação de imagens com produções de artistas ou dos próprios alunos e se faz uma leitura da produção realizada. Deve-se documentar para fins comprobatórios; • Pasta/portfólio (um dos mais indicados): cada aluno terá sua pasta individual onde colocará sua produção e todo o material que considerar interessante como referência para futuras produções ou estudos. O professor pode realizar a avaliação processual, não de forma pontual como em outras disciplinas, mas a partir de um contexto de ensino (Fonte: <https://goo.gl/muCO1a>). @@ CO NE CT E-S E CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 6565 Pratique 5. De que forma podemos avaliar um aluno de arte? Explique. 6. Escolha uma técnica de avaliação e explique de que modo você utilizaria com crianças de cinco anos. Memorize O papel do professor é crucial para a escolha das atividades nas linguagens artísticas e para decidir sobre a forma como devem ser abordadas. O papel do aluno é de participante do seu aprendizado e expressão da sua própria visão da arte e do mundo ao seu redor. Fatores históricos são influenciadores das características artísticas de cada tempo e país. Percebe-se que a expressividade da arte em cada tempo foi, muitas vezes, redefinida por alguns artísticas progressistas que fizeram algo diferente do seu tempo. 6666 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ReferênciasReferências BARBOSA, Ana Mae (org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2008. COLARES, Edite et al. Ensino de Arte e Educação. Fortaleza: Brasil Tropical, 2001. ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: uma prática em busca de novos senti- dos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. FERRAZ, M. H. C. de T.; FUSARI, M. F. de R. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 2001. GOIÂNIA. Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino, 2006. Goiânia, Secretaria Municipal de Educação, 2006. GRIMSHAW, Caroline. Música: Descubra as conexões através de perguntas e respostas. São Paulo: Callis Editora, 1998. MINISTÉRIO DA ÉDUCAÇÃO E DO DESPORTO. SECRETARA DE EDUCAÇÃO FUNMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em: < http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf>. Acessado em: 14 jul. 2015. MÖDINGER, Carlos Roberto. SANTOS, Cristina Bertoni dos; VALLE, Flavia Pilla do; LOPONTE, Luciana Gruppelli. Práticas Pedagógicas em artes: espaço, tem- po e corporeidade. Erechim: Edelbra, 2012. PETRAGLIA, M. S. A música e a sua relação com o ser humano. Botucatu, Ed. Ouvirativo, 2010. STRAZZACAPPA, Márcia; MORANDI, Carla. Entre a arte e a docência: a formação do artista de dança. Campinas: Papirus Editora, 2006. Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Ensino da Arte em Educação Autoria: Larissa Torres ENSINO DA ARTEENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃOEM EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a auto- rização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitor acadêmico: Prof. HerBert Gomes martins direção ead: Prof. riCardo ZamBrano Júnior coordenação ead: Profa. luCiana rodriGues ramos Ficha técnica autoria: larissa torres suPervisão de Produção ead: franCisCo Cleuson do nasCimento alves design instrucional: João Paulo souZa Correia Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / luCiana rodriGues rodriGues duarte diagramação e tratamento de imagens: franCisCo erBínio alves rodriGues revisão textual: equiPe nead expediente Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu TORRES, Larissa. Ensino da arte em educação. Larissa Torres. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 978-85-64026-97-1 1. Caracterização da área de arte. 2. Ensino da arte na escola. 3. Planejamento das seleções de conteúdo. 4. A arte na educação. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SSeja bem-vindo!eja bem-vindo! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da Disciplina Ensino da Arte na Educação. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades no Ambiente virtual – AVA. Este livro está divido em quatro unidades de acordo com ementa da disciplina. Inicialmente, você estudará sobre a arte, a sua importância, o papel decisivo da legislação no ensino da arte como processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Para melhor assimilação, o planejamento das seleções do conteúdo de acordo com os aspectos da produção, fruição e a reflexão. Não é nosso objetivo esgotar o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além do livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura, você estará apto a corresponder às exigências solicitadas nos trabalhos acadêmicos. Bons estudos! SSumárioumário UNIDADE 01 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE 1. A ARTE E A EDUCAÇÃO ...............................................................................................8 1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética ..................................................9 1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil ...........................................................11 2. LEGISLAÇÃO DO ENSINO DA ARTE ..........................................................................21 2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro .........................................................21 3. A ARTE COMO CONHECIMENTO 4. OS OBJETIVOS DO ENSINO DA ARTE ......................................................................25 4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição ...................................................25 5. A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE 6. A ARTE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................28 7. MÉTODOS AVALIATIVOS ..........................................................................................29 Referências .......................................................................................................................32 UNIDADE 02 ENSINO DA ARTE NA ESCOLA 1. APRENDER E ENSINAR NOS ENSINOS INFANTIL E FUNDAMENTAL ...........................................................................................34 2. INTERDISCIPLINARIDADE E AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ..................................36 2.1. Dança – um pouco de história ...................................................................................37 2.1.2. Ensinar dança nas escolas ......................................................................................38 2.2. Música ........................................................................................................................422.2.1. História da música ocidental ....................................................................................42 2.2.2. Um pouco de história da Música Popular Brasileira (MPB) .....................................43 2.2.3. Elementos da música – som e seus parâmetros ....................................................43 2.2.4. A linguagem musical e a educação .........................................................................44 2.3. Teatro .........................................................................................................................46 2.3.1 A história do teatro ...................................................................................................46 2.3.2. Linguagem teatral e a educação .............................................................................48 2.3.3. Gêneros teatrais ......................................................................................................51 2.3.4. Tipos e formas do teatro ..........................................................................................52 2.3.5. Elementos do teatro ................................................................................................53 3. ARTES VISUAIS ..........................................................................................................54 3.1. Fotografia – Abordagem histórica ..............................................................................56 3.2. Fotografia no contexto escolar ...................................................................................57 3.3. História em quadrinhos ...............................................................................................58 3.4. Cinema, televisão e vídeos ........................................................................................59 3.5. Pintura ........................................................................................................................60 3.6. Recorte e colagem .....................................................................................................61 3.7. Escultura e modelagem ..............................................................................................62 4. AVALIAÇÃO NO ENSINO DA ARTE ............................................................................62 Referências .......................................................................................................................66 UNIDADE 03 PLANEJAMENTO DAS SELEÇÕES DE CONTEÚDO .....................................................67 1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS .....................................................68 2. CRIAÇÃO E APRENDIZAGEM .....................................................................................72 3. DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE ..................................................................75 4. A ARTE LIGADA A JOGOS E RECREAÇÃO ...............................................................76 4.1. Recreação ..................................................................................................................77 4.2. Lazer ...........................................................................................................................77 4.3. Jogo ............................................................................................................................78 4.4. Brincadeira .................................................................................................................81 5. O ENSINO DA ARTE E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO ................82 5.1. O uso da tecnologia na arte .......................................................................................82 5.2. O ensino contemporâneo da arte ...............................................................................84 5.3. Educação a distância – EAD ......................................................................................86 6. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS E ARTÍSTICAS ......88 7. AULA EXPOSITIVA DIALOGADA .................................................................................90 8. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM ARTE .......................................................................91 8.1. O que e como avaliar? ...............................................................................................95 Referências .......................................................................................................................98 UNIDADE 04 A ARTE NA EDUCAÇÃO ..................................................................................................99 1. O PAPEL DA ARTE NA EDUCAÇÃO .........................................................................100 2. O PAPEL DO PROFESSOR DE ARTE .......................................................................101 3. A REALIDADE DO PROFESSOR DE ARTE ..............................................................102 4. ARTE REGIONAL .......................................................................................................103 4.1. Folclore brasileiro .....................................................................................................104 4.2. Música ......................................................................................................................106 4.3. Arte nordestina .........................................................................................................109 4.3.1 Artesanato ..............................................................................................................109 4.3.2. O teatro regional ....................................................................................................113 4.4. Arte do Norte ............................................................................................................114 5. ARTE E TEMAS TRANSVERSAIS .............................................................................115 Referências .....................................................................................................................118 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 6767 plAnejAmento dAs seleçÕes de conteÚdoplAnejAmento dAs seleçÕes de conteÚdo ApresentaçãoApresentação Na atualidade, exige-se um aluno com o desenvolvimento de capacidades intelectuais, de abstração, visão crítica mais ampla e onde seu conhecimento não deve se reduzir apenas no saber fazer, mas aprender como usar esse conhecimento. Aprender a comunicar-se de diversos modos por mio da arte e do exercício da cidadania propiciando liberdade de expressão. Para a assimilação desse conhecimento, a seleção do conteúdo, os métodos e as formas de ensino podem proporcionar alcançar os objetivos bem como a construção de aptidões, técnicas e estimulação da capacidade cognitiva. As atividades lúdicas auxiliam diretamente no desenvolvimento de sua expressão, nas relações afetivas com o mundo, com as pessoas e com os objetos. Segundo Buoro (2000, p. 10), “a criança não pode compreender a arte se não a conhece. É tarefa do educador sensibilizar a criança para que possa ser uma receptora da arte moderna e contemporânea e até uma produtora”. Para tornar a aula mais agradável, motivadora e prazerosa é necessário estimular a solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Isso significa ouvir o outro, respeitar as diferenças, aperfeiçoar as técnicas de comunicação, indicar formas mais competentes do conhecimento expressivo. Deve assumir uma atitude interdisciplinar passando do conhecimento interligado para o particularizado e deste para o integrado, distinguir e respeitar a diversidade em cada indivíduo e priorizar a igualdade dos direitos dos cidadãos. O saber conviver com as diferenças é saber conviver com as pessoas possuidoras de crenças, compreensão de vida e interesses diferentes. 03 Uni 6868 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Objetivos de aprendizagem • Analisar os critérios para a seleção de conteúdos; • Estudar sobre criação e aprendizagem; • Desenvolvera criatividade; • Analisar a arte ligada a jogos e recreação; • Estudar sobre o ensino da arte e as novas tecnologias da comunicação; • Planejar a execução de atividades culturais e artísticas; • Verificar a aula expositiva dialogada; • Analisar os critérios de avaliação em arte. 1. critérios pArA A seleção de conteÚdos1. critérios pArA A seleção de conteÚdos Os conteúdos a serem trabalhados devem ter os três eixos: o fazer, o apreciar e o contextualizar. Sendo assim, a educação em arte desenvolve o pensamento artístico e a percepção estética. As crianças estão cada vez mais expostas a linguagens audiovisuais como forma de expressão, criação e comunicação. Por outro lado, a educação que elas recebem continua pautada prioritariamente na linguagem verbal. O processo de criar, refazer, transformar não é exclusividade do campo da arte. O relacionamento de produções de ordem estética, para o jovem ou a criança, muitas vezes, é relacionado com atividades que favorecem além do aprendizado o lazer e o prazer tais como: peças teatrais, cinema, apresentações musicais ou oficinas de pinturas. Mas, frequentemente, o perigo da manipulação dos meios e os tipos de arte apresentados podem vetar um senso crítico, o papel do professor é possibilitar a crítica e o pensamento do aluno sem destruir seu imaginário. Figura 32: O Teatro de fantoches é comumente usado nos primeiros anos educacionais como forma lúdica de informar e educar. Fonte: https://goo.gl/JUkDmq ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 6969 De acordo com Sans (1995, p. 30), é comum, também, a criança desenhar o que sabe existir, mesmo que esteja escondido. Ao desenhar uma casa, ela pode colocar, no mesmo plano das linhas de contorno, os móveis que estão dentro dela. Por volta dos 9 e 10 anos, a criança entra na fase do “eu não sei desenhar”. O professor precisa estar atento à autocrítica que está sendo desenvolvida por ela, ao comparar o real ao que foi produzido, “é comum um número grande de alunos perguntar ao professor se o seu trabalho de arte está certo ou errado. A noção de aprovação e reprovação é tão forte que eles se sentem tolhidos e inseguros para se expressar” (BUORO, 2000, p. 36). A formação de currículos e programas é de responsabilidade de professores, coordenadores, supervisores e técnicos de secretaria. Os professores devem participar ativamente do processo em todos os ciclos. O PCN atribui o currículo de modo flexível e apenas sugere para as escolas. Figura 33: Nos primeiros anos de vida, utilizamos diversas formas de nos expressar, sendo muito comum crianças desenharem em paredes. Fonte: https://goo.gl/ivr8YG Com a divisão por ciclo, torna-se flexível o que se espera de cada série. A diversidade dos históricos escolares e das culturas de origem não é um fator delimitador para evasão e a repetência. Mas evita-se a imposição de um julgamento estético engessado. 7070 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO No ensino da arte consolida-se: • Originalidade e a criatividade; • Relações de aprendizagem e desenvolvimento; • Compreender que a criança constrói e desenvolve seus saberes, valores e afazeres a partir de imagens internas e externas da natureza e/ou conhecimentos construídos pela sociedade em que vive; • Articula-se os domínios da aprendizagem em três instâncias: fazer, apreciar e refletir sobre arte. Segundo o PCN: É papel da escola incluir as informações sobre a arte produzida nos âmbitos regional, nacional e internacional, compreenden- do criticamente também aquelas produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as possibilidades de participação social do aluno [...] Ressalta-se que o percurso criador do aluno, contemplando os aspectos expressivos e construtivos, é o foco central da orientação e do planejamento da escola. Os PCNs fundamentam boa parte do caminho a se seguir no ensino da arte. E as instituições escolares devem possibilitar ao educando o acesso ao mundo da arte, ao conhecimento, à vivência e à criação das diferentes linguagens artísticas, ao desenvolvimento e ao aprimoramento da sensibilidade humana por meio da capacidade sensorial a partir de uma necessidade estética, que é contemplada por uma educação estética. Além disso, os PCNs afirmam que a arte estimula o desenvolvimento do sentimento de confiança nas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética e social dos alunos na escola. Para isso, é importante que a criança tenha a oportunidade de utilizar as diferentes linguagens (cênica, gráfica, musical, plástica e corporal) como meio para produzir e comunicar ideias e usufruir das produções culturais construídas historicamente. Esses são alguns princípios fundamentais da construção de uma educação voltada para o desenvolvimento integral da criança, incluindo a sensibilidade, a curiosidade investigativa e a ca- pacidade de leitura de mundo. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 7171 As orientações curriculares recomendam, entre outros itens, que, ao fim do 5º ano, os alunos sejam capazes de: • Reconhecer em seres, objetos e paisagens naturais e artificiais, características expressivas das artes visuais e musicais; • Reconhecer diferentes ritmos musicais; • Experimentar, selecionar e utilizar diversos suportes, materiais e técnicas artísticas; • Criar manifestações e produções das artes visuais, partindo de estímulos diversos; • Manipular objetos e explorar espaços variados a fim de conhecer sua forma, textura, temperatura, dimensão etc., interessando-se em agir sobre eles; • Criar diferentes gestos com base em danças vivenciadas, compreendendo a possibilidade de transformação da expressão corporal; • Improvisar cenas teatrais com os colegas, integrando-se com eles, sabendo ouvir e esperar a hora de falar; • Compreender que as manifestações e as produções culturais fazem parte do patrimônio cultural das pessoas. Figura 34: Muitas igrejas além de patrimônios históricos podem ser utilizadas como forma de imersão artística em passeios escolares para as crianças e jovens. Patrimônio em São João Del-Rei. Fonte: https://goo.gl/LHck9w 7272 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO O PCN prevê ainda que os estudantes, ao fim do 9º ano, saibam: • Perceber as pequenas variações dos elementos da linguagem visual, tais como tons e semitons das cores, as diferenças de textura e forma etc.; • Valorizar o(s) autor(es) dos objetos culturais, os intérpretes das mú- sicas e das canções apreciadas, conhecendo sua biografia e suas principais obras; • Produzir objetos culturais visuais, individualmente e em grupo, utilizan- do suportes, materiais e técnicas variadas; • Reconhecer diferentes ritmos musicais; • Apreciar peças teatrais da comunidade e pertencentes ao contexto jovem; • Criar e construir cenas que contenham enredo/história/conflito dramáti- co, personagens/diálogos, local e ação dramática definidos. Figura 35: Criança indiana. Fonte: https://goo.gl/Wu6b1a Portanto, no ensino da arte, associam-se movimentos corporais, história, teorias estéticas, movimentos artísticos e a quebra de paradigmas que correspon- dam a uma aula de pintura ou recreação. 2. criAção e AprendizAgem2. criAção e AprendizAgem Para desenvolver trabalhos na perspectiva da disciplina de artes, é impor- tante a pesquisa de artistas, obras e grupos artísticos. Na abordagem desse tema, são fundamentais o exercício e o aprendizado da interpretação do aluno, atribuindo sentido a imagens, paisagens e contextos variados. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 7373 O artista intervém no ambiente, provocando discussões políticas, éticas e culturais, chamando a atenção dos espectadores e rompendo com seu próprio sistema de arte, bem como com espaços consagrados de exposições, como museus e galerias (MÖDINGER et al., p. 57). O professor deve se aprofundar nas artes para que possa nortear seus alunos e fazer com que eles tenham um conhecimento raso. Em que a aula de artes não seja vista apenas como uma forma recreativa, sem base histórica ou contextualização. A arte infantilé essencialmente lúdica. Porém, não apenas como livre brincadeira ou enquanto brincadeira com regras, o lúdico na linguagem artística envolve o expressivo, o sensível, o estético e introduz a criança na esfera do artístico [...] O que seria então o artístico? O processo artístico é a criação. É um modo de criação e de construção de diferentes formas de expressão humana. Tanto para o artista como para aqueles que usufruem da arte, é um processo de descoberta e construção de si mesmo, do outro e do mundo da cultura (DEBERLOTI, p. 90). A arte no adulto é influenciada pela sociedade em que ele vive, o processo artístico é intencional, nem sempre significa que é inconsciente ou espontâneo. Já nas crianças, as expressões artísticas são progressivas e relacionadas ao seu amadurecimento (físico e psíquico). O nosso corpo é parte do processo de comunicação, sentido e expressão. Em crianças e jovens, trabalhar as expressões e as feições do rosto podem garantir produções e curiosidade. Isso pode ser feito por meio de pinturas e dramatização, trabalhando leituras, interpretações e olhares com os alunos. Nesse contexto, apresentando artistas que contextualizaram o mesmo assunto. 7474 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 36: Pintura corporal é uma forma expressão muito usada pelas crianças. Fonte: https://goo.gl/97cACx Pratique 1. Procure obras que tenham como representação as expressões humanas (rostos, faces e sentimentos) e responda: o que você sentiu quando observou essas obras? Qual a relação da obra com o mundo atual? 2. Para desenvolver trabalhos na perspectiva da disciplina de artes, é importante a pesquisa de artistas, obras e grupos artísticos. Pesquise sobre artistas ou grupos artísticos da sua cidade e comente sobre sua perspectiva sobre esse grupo ou artista. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 7575 3. desenvolvimento dA criAtividAde3. desenvolvimento dA criAtividAde Na infância, as brincadeiras e os jogos serão substrato para a criatividade, sendo, por meio das brincadeiras, a forma de resolução de problemas de maneira lúdica. Brincar é um recurso de fundamental importância para lidar com o mundo (GALLO, 2000). A criatividade é iniciada na infância, fase que busca ideias e fonte de criação, desenvolve aos estímulos de elogios que recebemos de outras pessoas. Nossa curiosidade aguçada, nessa fase, atiça novas possibilidades. Assim, para ser criativo, o desenvolvimento de habilidades deve integrar múltiplas possibilidades. Um desenho no papel, um som e expressões são criações artísticas individuais da criatividade de uma criança, jovem ou mesmo na fase adulta. O ato criativo é uma necessidade básica humana; no ensino da arte, é um dos campos privilegiados para o trabalho da criatividade humana. A arte possibilita despertar a sensibilidade, a criatividade e a apreciação. Estimular a criatividade no cotidiano da sala de aula é um desafio quando nem o currículo, nem a própria organização escolar são pensados nesse sentido. Mesmo assim, é possível trabalhar de forma que o processo de criação caminhe em paralelo com o conteúdo das disciplinas, favorecendo tanto o aprendizado quanto a busca por novas possibilidades. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (1997, p. 41): A imaginação criadora permite ao ser humano conceber situações, fatos, ideias e sentimentos que se realizam como imagens internas [...]. É a capacidade de formar imagens que torna possível a evolução do homem e o desenvolvimento da criança; visualizar situações que não existem, mas que podem vir a existir abre o acesso a possibilidades que estão além da experiência imediata. Devemos ter cuidado com a inserção cultural da criança, por exemplo, em uma atividade de desenho, ela pode sentir vontade de copiar desenhos de livros. E uma boa forma de exercitar a criatividade é contar histórias sem que elas tenham contato visual com as imagens dessa história. Pedir, posteriormente, que ela desenhe algum elemento do que foi contado, que pode existir ou não na vida real, descrever um animal imaginário com detalhes para que as crianças possam fazer o desenho. 7676 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 37: A criança deve ter contato com vários materiais e ter sua criatividade estimulada. Fonte: https://goo.gl/Soehqr 4. A Arte ligAdA A jogos e recreAção4. A Arte ligAdA A jogos e recreAção Segundo Piaget (1977), o desenvolvimento da criança acontece por meio do lúdico. Em brincadeiras, jogos e recreação, a imaginação é trabalhada, sendo assim, proporcionar relações cognitivas às experiências vivenciadas bem como relacioná-las às produções artísticas e culturais é fator primordial no ensino da arte. Segundo Tavares (2002): Nesse sentido, o lúdico pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano, seja ele de qualquer idade, auxiliando não só na aprendizagem mas também no desenvolvi- mento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de sociali- zação, comunicação, expressão e construção do pensamento. Muitos brinquedos estimulam ou desafiam o corpo, ao brincar, a criança é estimulada a reagir. Se, em sala, ela gosta de ser o destaque, logo, esforçar-se-á para resolver antes dos colegas. Por isso, provocar as crianças em jogos e brincadeiras é uma forma metodológica para conseguir que o aluno se concentre e concretize a resolução. Muitas literaturas abordam a recreação, o lazer, o jogo e a brincadeira como sinônimos, porém, eles não são. É de suma importância que saibamos diferenciar, assim, vejamos suas diferenças e aplicabilidades. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 7777 4.1. Recreação4.1. Recreação É a forma espontânea, divertida e criadora de brincar e aprender. Nas escolas, na hora do recreio, os alunos relaxam e brincam. Ela pode ser dirigida ou recreativa, a primeira tem supervisão ou um objetivo, já a segunda é uma brincadeira. Segundo Canto (2004), recreação é uma atividade física ou mental a que o indivíduo é naturalmente impelido para satisfazer necessidades de ordem física, psíquica e social de cuja realização lhe advém prazer e que é aprovada pela sociedade. Dessa forma, desenvolve as capacidades motora, cognitiva, relações de socialização bem como o prazer na participação da recreação. 4.2. Lazer4.2. Lazer O lazer é um conjunto de ocupações de caráter livre, seja desde o repou- so até o entretenimento, um tempo livre sem obrigação. Nas características do lazer temos: • Liberdade de escolha; • Busca de prazer e descanso; • Ato voluntário e espontâneo; • Busca do bem-estar físico e mental. Quando atuamos no âmbito do lazer, podemos destacar dois parâmetros: o tempo (de caráter social – objetivo) e o prazer (de caráter individual – subjetivo). Em linhas gerais, consideramos que as atividades de lazer são caracterizadas por três aspectos: • São atividades culturais que englobam os diversos interesses humanos e as diferentes linguagens; • São vivenciadas no tempo livre das obrigações sociais, do trabalho, das atividades domésticas e religiosas e das necessidades; • São buscadas tendo em vista o prazer que podem gerar, embora nem sempre isso ocorra. 7878 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO A meta geral da educação para o lazer é ajudar estudantes, em seus diversos níveis, a alcançarem uma qualidade de vida desejável por meio do lazer. Isso pode ser obtido pelo desenvolvimento e pela promoção de valores, atitudes, conhecimento e aptidões de lazer que favoreçam ao desenvolvimento pessoal, social, físico, emocional e intelectual. Isso, por sua vez, terá um impacto na família, na comunidade e na sociedade como um todo. Figura 38: Ter tempo livre é uma forma de lazer. Fonte: https://goo.gl/23WGol Uma das tarefas da escola se refere a proporcionar conhecimentos e oportunidades aos alunos para que eles possam viver, conviver e trabalhar, dando sentido às suas vidas. Atualmente, não se pode alcançar tais objetivos com uma ótica voltada apenas para uma educação para o trabalho, mas sim paralelamente para umavisão de educação para e pelo lazer. 4.3. Jogo4.3. Jogo O jogo ultrapassa a esfera da vida humana, é uma atividade física ou mental organizada por um sistema de regras que, por sua vez, podem determinar ganhadores e perdedores. O jogo pedagógico tem intenção de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e, principalmente, despertar o de- senvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva. Para que a função educativa do jogo seja garantida, efetua-se o mesmo dentro de um planejamento escolar, almejando a construção de novos conhecimentos. Ainda, priorizando o conteúdo, discernindo o momento adequado de brincar e jogar para aprender com clareza para que o objetivo proposto não seja ineficaz ou insignificante para o educando. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 7979 A importância dos jogos em grupo deve ser valorizada, pois seu uso em aula pode desenvolver a habilidade de coordenar pontos de vista, considerando, também, que as atividades em grupo são mais produtivas, sendo que, por meio delas, as crianças se mostram mais ativas, atentas às suas jogadas e às dos colegas. Figura 39: Crianças jogando em sala de aula. Fonte: https://goo.gl/pB44VT Jogos podem trazer reflexão, ordem, desordem, construção e desconstrução de ideais, de mundo, de ideais, de experiências ou das mais variadas relações. Possibilitam a abertura para o novo, tornando possível que as pessoas se expressem de forma diferenciada. Quando são inseridos conteúdos por meio do lúdico, quer por meio do jogo, quer por uma brincadeira, estabelecem-se vínculos com os estudantes. Atividades educativas que se utilizam do lúdico também resolvem, por muitas vezes, problemas de convivência e socialização, minimizando questões de relacionamento tão comuns nessa fase. 8080 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ?? Curiosidade O cubo mágico ou cubo de Rubik foi criado em 1974 pelo escultor e professor de arquitetura húngaro Erno Rubik. Como professor, ele queria algo que pudesse ajudar nas aulas de geometria tridimensional, em uma das tentativas, criou o cubo colorido inspirado nas pedrinhas do Rio Danúnbio. Ele fez o requeri- mento para a patente de seu invento na Hungria, em janeiro de 1975, e emprestou a engenhoca a uma pequena fábrica de brinquedos de Budapeste. O quebra-cabeça em três dimensões atingiu o mercado internacional em 1980, quando começou a ser vendido pela Ideal Toys. Cada uma das faces do cubo original era composta de 9 quadradinhos da mesma cor – branco, vermelho, azul, laranja, verde e amarelo. O objetivo do brinquedo era o jogador embaralhá-lo e conseguir voltar ao resultado inicial. Fonte: <https://goo.gl/MDqg2v>. Figura 40: Cubo mágico. Fonte: https://goo.gl/DaztRr O jogo pode ser utilizado para introduzir conteúdos, verificar aprendizagem, fixar conceitos já estudados e ainda resgatar conteú dos anteriores. Essa prá tica favorece uma melhoria na relaç ã o interpessoal, havendo ainda um reforç o nos valores de respeito, reciprocidade e confianç a. Quando se propõ e trabalhar conteú dos de arte por meio de jogos, é preciso dominar a funç ã o, o desenvolvimento destes e as brincadeiras no mundo infantil, interligando-os à sala de aula. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 8181 4.4. Brincadeira4.4. Brincadeira A brincadeira é uma das formas da criança se comunicar com o mundo, capaz de proporcionar alegria e divertimento. Assim, desenvolve o intelectual, a criatividade e a estabilidade emocional. Contribui para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, cognitivas e interação social. Em alguns casos, as brincadeiras são modificadas apenas por um aspecto regional, mas, na maioria das vezes, é a mesma brincadeira. No convívio escolar, o brincar pode ser livre ou coordenado. Na brincadeira livre, a espontaneidade é o fator marcante. Porém, na brincadeira coordenada, o professor atua como mediador e o objetivo é promover integração e participação das crianças envolvidas. Como exemplo, os encaixes, as sucatas, as fantasias, as máscaras, entre outros, possibilitam que elas inventem diferentes formas de brincar com os objetos. E, geralmente, o professor estabelece um objetivo de aprendizado. Figura 41: Menina brincando de esconde-esconde. Fonte: https://goo.gl/k9O2lD Os primeiros contatos com a arte, frequentemente, dão-se por meio de brincadeiras. Vejamos como exemplo a construção de “castelinhos” na areia ou mesmo outras esculturas construídas em parques e praias. 8282 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 42: Crianças brincando na praia. Fonte: https://goo.gl/gtTfWC 5. o ensino dA Arte e As novAs 5. o ensino dA Arte e As novAs tecnologiAs dA comunicAçãotecnologiAs dA comunicAção 5.1. O uso da tecnologia na arte5.1. O uso da tecnologia na arte O uso da tecnologia na arte não acontece somente em nossos dias. Podemos dizer que, repetidamente, a arte impulsionou a tecnologia, como no caso do cinema, que demorou a ser reconhecido como arte. Alguns artistas como Leonardo da Vinci, de modo particular, superaram seus talentos lançando tecnologias e invenções. Por qual motivo “[...] o artista do nosso tempo recusaria o vídeo, o computa- dor, a internet, os programas de modelação, processamento e edição de imagem” (MACHADO, 2010, p.10) se toda arte é feita com os meios de seu tempo? Sabemos que a arte é um processo de constante mutação [...] O mundo das mídias, com sua ruidosa irrupção no século XX, tem afetado substancialmente o conceito e a prática da arte, transfor- mando a criação artística no interior da sociedade midiática em uma discussão bastante complexa [...] Com o cinema, por exemplo, os produtos da criação artística e da produção midiática não são mais facilmente distinguidos com clareza [...] Há controvérsias se ele seria uma arte ou um meio de comunicação de massa. Ora, ele é as duas coisas ao mesmo tempo, se não for ainda outras mais (MACHADO, 2010, p. 23). As informações codificadas por meio de imagens fazem parte do cotidiano das pessoas, cada vez mais intensificado com máquinas digitais embutidas em celulares. Presenciamos fatos e registramos quase que instantaneamente gerando a “viralização” de fotos ou vídeos publicados na internet. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 8383 O aluno deve ser estimulado a apreciar esteticamente e refletir sobre a arte produzida por artistas, bem como por ele e pelos colegas. Somente o uso da tecno- logia não garante o desenvolvimento de um pensamento artístico ou da construção de um saber em arte, essa tecnologia deve ampliar e não restringir a criticidade. Figura 43: A criança pode ser estimulada para o pensamento artístico por meio da brincadeira. Fonte: https://goo.gl/mh0n4p A tecnologia abre horizontes para a curiosidade e requer a adoção de diferentes condutas e procedimentos na formação educativa, tanto para os professores quanto para os alunos. Conservar o método vigente na maioria das escolas, com aulas abstratas e monótonas em algumas instituições educacionais, só distanciam mais os alunos. O professor contagiado com a sua transformação, tanto no quesito de domínio da tecnologia quanto nas artes, pode influenciar seus alunos a saírem do automático e terem suas ideias sobre cada forma artística. Muitos museus utilizam simuladores para visitantes on-line ou mesmo localmente multimídia para atrair visitantes devido ao fato de que as exposições, para a maioria da população, são monótonas e entediantes. Porém, cabe à escola desmitificar essa ideia sobre museus, exposições e arte no geral. Apesar de todos os recursos que a tecnologia oferece, a arte ainda se utiliza de técnicas e materiais tradicionais. Porém, a capacidade do artista independe da tecnologia empregada. 8484 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO As técnicas, os artifícios, os dispositivos de que se utiliza o artista para conceber, construir e exibir seus trabalhos não são apenas ferramentas inertes nem mediações inocentes, indiferentes aos resultados, que se poderiam substituir por quaisquer outras. Elesestão carregados de conceitos, eles têm uma história e derivam de condições produtivas bastante específicas (MACHADO, 2010, p. 16). Ou seja, vemos que, mesmo com os melhores ou piores recursos, o artista se reinventa independentemente da tecnologia que obtiver, pois o talento está com ele, não só na tecnologia. Esta, por sua vez, é um apoio para a arte. ?? Curiosidade Leonardo da Vinci foi o mais versátil dos artistas, ele foi pintor, engenheiro, arquiteto, astrônomo, escultor etc. E gostaríamos que você assistisse às diversas façanhas desse hábil artista: • Invenções de Leonardo da Vinci: <http://goo.gl/fgkI1q>. • Documentário sobre Leonardo da Vinci: <https://goo.gl/yoZehO>. 5.2. O ensino contemporâneo da arte5.2. O ensino contemporâneo da arte A construção do conhecimento na sociedade da informação compreende desenvolver capacidades emocionais, sensoriais, relacionando, comparando, lendo, ouvindo e escrevendo. Com a tecnologia, o professor pode realmente encarar o papel de mediador, suas características nesse processo são: • O professor deve estar voltado para a aprendizagem do aluno, assumindo que o aprendiz é o centro do universo do ensino; • Professor e aluno constituem a célula básica do desenvolvimento da aprendizagem por meio de ações e relações conjuntas; • Deve haver corresponsabilidade e parcerias nesse processo; • Criação de um clima de mútuo respeito entre professor e aluno; • Domínio profundo de sua área de conhecimento, demonstrando competência; • A criatividade, como elemento de busca e motivação para o surgimento de situações inesperadas; • Subjetividade e individualidade: professor e alunos são seres humanos, com identidades individuais e expressão em função da aprendizagem. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 8585 Figura 44: Criança desenhando. Fonte: https://goo.gl/RW2jD9 Apesar da tecnologia garantir a interatividade, esta não pode ser apenas uma participação de respostas como “sim” e “não”, mas de intervenção, abrir espaço para superar a centralidade e apostar na dinâmica com um professor que potencialize a comunicação e utilize diversas interfaces tecnológicas. Figura 45: Computador como ferramenta de ensino. Fonte: https://goo.gl/Yhsy1R 8686 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 55.3. Educação a distância – EAD.3. Educação a distância – EAD Algumas ferramentas da educação a distância podem fornecer subsídios para ampliar a interação com os alunos e as inserções de conteúdos. Tais como: • Chat: espaço on-line de bate-papo (com hora marcada) e envio simultâneo de mensagens; • Fórum: espaço para discussão em grupo. Pode ser com hora marcada ou não (síncrono e assíncrono respectivamente); • Lista de discussão: comunidade virtual por e-mail; • Blog: diário on-line onde os alunos podem publicar suas histórias, ideias e imagens; • Site: seria um espaço reservado com as informações da matéria bem como disponibilizar materiais complementares como: vídeos, animações, endereços entre outros. Obviamente que, para esse tipo de ensino (EAD), precisamos que o aluno possua amadurecimento necessário para utilizar essas ferramentas. Nesse caso, as crianças ainda não têm o amadurecimento necessário para esse tipo de aplica- ção, sendo mais adequado para jovens. Material complementar O Art Project é uma colaboração única com algumas das instituições de arte do mundo mais aclamadas para permitir que as pessoas descubram e vejam obras de arte on-line em detalhes extraordinários. Trabalhando com mais de 250 insti- tuições, foram disponibilizadas dezenas de milhares de obras de arte de mais de 6.000 artistas. Isso envolveu a aquisição de imagens com resolução incrivelmente alta de obras de artes famosas, como também a combinação de mais de 30 mil ou- tras imagens em um só lugar. O projeto também incluiu a construção de visitas em 360 graus de galerias individuais usando a tecnologia ‘’interior” do Street View. O projeto se expandiu imensamente desde seu primeiro lançamento. Mais de 45 mil objetos estão agora disponíveis para visualização em alta resolução, número esse que era de 1.000 na primeira versão. As imagens do Street View agora abrangem 60 museus, com outros a caminho. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 8787 Figura 46: Imagem do software Google Art Project. Fonte: https://goo.gl/6jg2xN Uma gama de instituições (grandes e pequenas, museus de arte tradicionais, bem como centros menos tradicionais para a grande arte) é representada no Art Project expandido. Dê uma olhada na Casa Branca, em Washington D.C., ou no Museu de Arte Islâmica do Catar ou explore a coleção de Arte de Rua de São Paulo, no Brasil, ou o Musée d’Orsay, em Paris, na França, antes de mergulhar nos incríveis detalhes do Tesouro Nacional Japonês de Hideyori Kanō. Continue a viagem na Índia, explorando a Santiniketan Tríptych nos corredores da Galeria Nacional de Arte Moderna, em Délhi. Figura 47: Tela do Google Art Project. Fonte: https://goo.gl/MRwTF4 8888 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Mais de 45.000 obras de arte disponíveis em alta resolução. Algumas foram fotografadas em alta resolução ou tecnologia de captura de foto, o “gigapixel”, permitindo que o espectador estude detalhes técnicos da obra. Navegue no Art Project pelo nome do artista, da obra de arte, pelo tipo de arte, museu, país, cidade e/ou coleção. Selecione entre as mais de 45 mil obras de arte juntamente com seus detalhes favoritos e crie sua própria galeria personalizada. Comentários podem ser adicionados a cada pintura e toda a coleção pode ser compartilhada com amigos e familiares. Além disso, compare esboços e pinturas completas lado a lado para ter uma visão diferente do processo criativo. Pratique 3. Explique qual a importância da tecnologia como ferramenta no ensino da arte. 4. Explique de que forma o professor pode utilizar o recurso do Art Project na sala de aula. 6. plAnejAmento e execução de6. plAnejAmento e execução de AtividAdes culturAis e ArtísticAsAtividAdes culturAis e ArtísticAs O Ministé rio da Cultura (MinC) define projeto cultural como: “programas, planos, aç õ es ou conjunto de aç õ es inter-relacionadas para alcanç ar objetivos especí ficos, dentro dos limites de um orç amento e tempo delimitados, admitidos pelo MinC apó s conclusa aná lise de admissibilidade de proposta cultural e recebimento do nú mero de registro no Pronac” (Inciso II do art. 3º da Instruç ã o Normativa nº 01, de 24 de junho de 2013). ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 8989 O Programa Mais Cultura nas Escolas consiste em uma iniciativa interministerial, firmada entre os Ministérios da Cultura e da Educação (MEC), com a finalidade de fomentar ações que promovam o encontro entre o projeto pedagógico de escolas públicas contempladas com os Programas Mais Educação e Ensino Médio Inovador e as experiências culturais em curso nas comunidades locais e nos múltiplos territórios (Fonte: <https://goo.gl/5GqjuD>). Como qualquer projeto, o projeto cultural é um instrumento técnico, estratégico e de comunicação, no entanto, com especificidades. Destacamos algumas delas: • Um projeto cultural possui como eixo central a cultura e as artes, quaisquer que sejam as linguagens artísticas; • Um projeto cultural não necessariamente contempla retorno financeiro; • O orçamento de um projeto cultural normalmente não requer cálculos complexos. No Programa Mais Cultura nas Escolas, os objetivos são: • Reconhecer e promover a escola como espaço de circulação e produção da diversidade cultural brasileira; • Contribuir com a formação de público para as artes e ampliar o repertório cultural da comunidade escolar; • Desenvolver atividades que promovam a interlocução entre experiências culturais e artísticas e o projeto pedagógico de escolas públicas de Educação Integral; • Promover, fortalecer e consolidar territórios educativos, valorizando o diálogo entre saberes comunitários e escolares, integrando, na realidade, escolar as potencialidades educativas do território em que a escola está inserida; • Proporcionarencontro entre vivências escolares e manifestações artísticas e culturais fora do contexto escolar; • Ampliar e aprofundar a inserção de repertórios e práticas que contemplem a diversidade artística e cultural brasileira na vivência escolar; • Promover o reconhecimento do processo educativo como construção cultural em constante formação e transformação; 9090 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Fomentar o comprometimento de professores e estudantes com os saberes culturais locais; • Contribuir para a ampliação do número dos agentes sociais responsáveis pela educação no território, envolvendo iniciativas culturais dos territórios nos processos educativos em curso nas escolas; • Proporcionar aos estudantes vivências artísticas e culturais promovendo a afetividade e a criatividade existentes no processo de ensino e aprendizagem. Os recursos destinados à execução do Programa Mais Cultura nas Escolas podem ser empregados na aquisição de materiais, bens e contratação de serviços e destinados à cobertura de despesas nas categorias econômicas de custeio e capital, de acordo com o art. 5º, da Resolução CD/FNDE nº 4, de 31/03/2014. 7. AulA expositivA diAlogAdA7. AulA expositivA diAlogAdA Estamos habituados com a prática da aula com a exposição oral do professor e, muitas vezes, de modo mecânico, com pressa para explanar todo o conteúdo planejado. Porém, na atualidade, o aluno tem várias formas de obter conhecimento, tais como internet, televisão entre outras formas de estímulo visual ou mesmo na comunicação. Confrontamos essa base de explanação com uma forma mais atraente chamada de expositivo dialogada. A aula expositiva dialogada caracteriza-se pela exposição de conteúdos com a participação ativa dos estudantes, considerando o conhecimento prévio dos mesmos, sendo o professor o mediador para que os alunos questionem, interpretem e discutam o objeto de estudo. Em uma aula expositivo dialogada, o professor precisa contextualizar o tema de modo que mobilize as estruturas mentais do estudante para que este articule informações que já traz consigo com as que serão apresentadas. O ponto forte dessa estratégia é o diálogo entre alunos e professores, onde há espaço para questionamentos, críticas, discussões e reflexões, por meio disso, o conhecimento possa a ser sintetizado por todos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 9191 Nesse tipo de aula, a avaliação pode ser realizada pela participação dos estudantes contribuindo na exposição, questionando, respondendo, enfim, no diálogo da aula e/ou por atividades complementares tais como sínteses escritas, produção de mapas conceituais, esquemas e resoluções de situações problema. O professor deve estudar, pesquisar e buscar os dados mais recentes, ilustrações, exemplos sobre o tema bem como organizar sua fala selecionando os recursos disponíveis para dinamizar a aula. Figura 48: A participação dos alunos em atividades pode ser uma excelente maneira de avaliar sua forma de exposição e trabalhos. Fonte: https://goo.gl/1lgE7o 8. critérios de AvAliAção em Arte8. critérios de AvAliAção em Arte As demandas do mundo contemporâneo exigem diferentes dimensões tanto aos professores quanto aos alunos. Educar é permitir que a aprendizagem sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre o outro aconteça para que possamos agir de maneira situada, diversificada, criativa, crítica e atuante no nosso dia a dia (MÖDINGER et al., p. 14). Com a tecnologia sendo aplicada no cotidiano das pessoas, a escola não poderia ficar sem utilizá-la nas aulas, por exemplo, com o uso de smar- tphones e tablets. 9292 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO A disciplina de arte é relacionada à criatividade, sendo assim, estabelece a conexão de diversas ferramentas e tecnologias. Acrescentando a sensibilidade de captar fatos e acontecimentos e reelaborando em outras formas expressivas. Figura 49: O ballet na escola é uma forma artística muito procurada e serve também para refletir histórias contadas em livros. Fonte: https://goo.gl/zPq4CB Para o melhor relacionamento dos alunos com a disciplina de artes, o modo de organizar esse conhecimento a ser aprendido seria por projetos, estes seriam produtivos e conectariam os conteúdos promovendo uma melhor compreensão por parte do discente. A avaliação é um instrumento de diagnóstico, não deve ter caráter punitivo. Sendo assim, o envolvimento do aluno, progressivamente, é um modo bem elaborado de avaliação. Dessa forma, o aluno que não consegue um bom resultado, merece auxílio e maiores cuidados pedagógicos. A dificuldade de auferir com clareza os aspectos de aprendizado em arte torna a tarefa de avaliar mais difícil. Porém, nas artes, não podemos usar um padrão fechado sobre “certo” ou “errado” por ser algo subjetivo de se avaliar. O professor seleciona uma atividade artística, pois esta exercitará processos cognitivos como: análise, abstração, habilidade de redefinição, flexibilidade, coerência de organização, originalidade e síntese (BARBOSA, 1985, p. 64). ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 9393 Figura 50: Por meio de pinturas crianças expressam seu humor e retratam o ambiente ao seu redor. Fonte: https://goo.gl/qDTvVj Sendo a arte compreendida como a área de conhecimento com ênfase em sua apreciação, o professor deve preparar-se para lidar com possíveis conflitos, mediando-os e esclarecendo-os, promover procedimentos metodológicos com atividades abertas e diversificadas como: • Debates; • Pesquisas em campo; • Observações; • Vivências; • Estimular a produção e a reflexão. Segundo o PCN, a pluralidade cultural e o enfoque da identidade são os parâmetros sugeridos para abordagem aos alunos. No critério dos instrumentos avaliativos que podem ser utilizados, deve-se adequar a faixa etária ao ciclo para cada método. O professor deve ter clareza dos objetivos que deseja alcançar com sua avaliação para não perder os parâmetros. De acordo com o PCN, a modalidade de projetos tem um desenvolvimento particular e pode envolver diversos conteúdos. Onde, em um projeto, tanto profes- sores quanto alunos relacionam os produtos que se relacionam com os conteúdos. Os professores planejam situações de aprendizagem para o grupo, seguindo os seguintes critérios: 9494 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Eleições de projetos em conjunto com os alunos; • Participação ativa dos alunos em pesquisas e produções de referenciais ao longo do projeto em formas de registro para que todos possam compartilhar; • Práticas que simulem situações práticas artísticas, por exemplo: um seminário de crítica de arte. Figura 51: Criança em atividade. Fonte: https://goo.gl/FbK3PO Na prática, os projetos devem envolver várias disciplinas, e deve-se ter cuidado para que o desenvolvimento ocupe todas as aulas e que os temas transversais possam favorecer os trabalhos com projetos de arte. Desenvolver estratégias avaliativas com o uso de softwares e computadores deve ser uma preocupação do professor que ensina arte. A preocupação é acerca das pesquisas e dos endereços da internet que podem não ter informações corretas. Outro quesito seria o aluno não ler, apenas imprimir a atividade o sem ter uma crítica na mesma. O comprometimento do aluno bem como a sua forma de participação em sala de aula são fatores que podem ser incluídos na avaliação do aluno. Sua autonomia para expor ideias e interrelacionar conceitos, cumprimento de prazos de entrega nas atividades podem compor sua avaliação. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 9595 8.1. O que e como avaliar?8.1. O que e como avaliar? A avaliação no enfoque pedagógico deve ser centrada nos eixos: • Produção artística: movimentos, sons, sentimentos e produções subjetivas; • Apreciação estética: cenas teatrais, imagens, textos; • Contextualização: seria a contribuição do aluno com pesquisas e trabalhos de um determinado campo ou artista; • Compreensão das artes como construção cultural e social: estabelecer comparações da realidade com a arte empregada, busca da competência em diversoscampos do saber. Os alunos devem permear todos os momentos da avaliação. As certezas pessoais têm de ser deixadas de lado e cabe aos professores juntamente com os alunos estabelecer alguns critérios a serem seguidos: • Refletir sobre as questões e os apontamentos do grupo; • Relatar o que foi elaborado em um diário de bordo ou portfólio. Entendemos que avaliar não é cobrar, mas acompanhar, questionar, instigar e principalmente provocar mudanças. @@ CO NE CT E-S E CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 9696 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Pratique 5. De que forma se caracteriza a aula dialogada no contexto do ensino da arte? 6. De que forma um aluno pode ser avaliado na disciplina de artes? 7. Qual a dificuldade encontrada em avaliar um aluno de artes? 8. O que se espera do aluno avaliado no ensino da arte? Relembre Neste capítulo, vimos que o ser humano pode aprender a arte de diver- sos modos e assimilar o conhecimento por meio de técnicas de assimilação e estimulação cognitiva. As atividades lúdicas auxiliam diretamente no desen- volvimento de sua expressão, nas relações afetivas com o mundo, com as pessoas e com os objetos. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 9797 Para tornar a aula mais agradável, motivadora e prazerosa é necessário estimular a solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Portanto, no ensino da arte, associam-se movimentos corporais, história, teorias estéticas, movimentos artísticos e a quebra de paradigmas que correspondam a uma aula de pintura ou recreação. Os conteúdos a serem trabalhados devem ter os três eixos: o fazer, o apreciar e o contextualizar. Sendo assim, a educação em arte desenvolve o pensamento artístico e a percepção estética. Você pôde aprender ainda que por meio dos PCNs pode-se nortear para que os conteúdos de arte tenham os três eixos e concretizar o pensamento artístico e a percepção estética do estudante. As crianças e os jovens devem trabalhar as expressões e as feições do rosto para garantir produções e curiosidade. Isso pode ser feito com pinturas, dra- matização, trabalhando leituras, interpretações e olhares com os alunos. Nesse contexto, apresentando artistas que contextualizam o assunto. Vimos que o ato criativo é uma necessidade básica humana, assim podemos despertar a sensibilidade, a criatividade e a apreciação. Dessa forma, por meio da ludicidade, trabalhamos aspectos artísticos e culturais para favorecer a assimilação do aprendizado. Muitos brinquedos estimulam ou desafiam o corpo, ao brincar, a criança é estimulada a reagir. Se, em sala, ela gosta de ser o destaque, logo, esforçar-se-á para resolver situações antes dos colegas. Por isso, provocar as crianças em jogos e brincadeiras na recreação ou na hora do lazer é uma forma metodológica para conseguir que os alunos se concentrem e concretizem a resolução. Por fim, você aprendeu sobre o ensino contemporâneo da arte e da importância da tecnologia como ferramenta no ensino da arte, de quantas possibilidades através de sites e aplicativos podem ser usados; de como os alunos podem ser avaliados e as técnicas que podem ser aplicadas. Entendemos que avaliar não é cobrar, mas acompanhar, questionar, instigar e, principalmente, provocar mudanças. 9898 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ReferênciasReferências ALVES, Jéssica. Portal G1. Técnicas de contação de histórias são compartilhadas em oficina no AP. Disponível em: <http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2016/01/ tecnicas-de-contacao-de-historias-sao-compartilhadas-em-oficina-no-ap.html>. Acesso em: 21 jan. 2016. BARBOSA, A. M. T. B. Teoria e prática da educação artística. São Paulo: Cultrix,1985. BUORO, Anamélia Bueno. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000. CANTO, R. Recreação escolar. Universidade Federal de Rondônia. Apostila PROHACAP-RO – Educação Física, Porto Velho, 2004. COLETO, Daniela Cristina. A importância da arte na formação da criança. Disponível em: <http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile /35/34>. Acesso em: 21 jan. 2016. DEBERLOTI. In: CARVALHO, Alysson; SALLES, Fátima; GUIMARÃES, Marília (orgs.). Desenvolvimento e aprendizagem. 2. ed. Minas Gerais: UFMG, 2006. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva/Ed. USP, 1971. GALLO, José Eduardo. A criatividade com a literatura infanto-juvenil. São Paulo: Arte & Ciência, 2000. GOOGLE ART PROJECT. Disponível em: <http://www.google.com/intl/pt-BR/cultu- ralinstitute/about/artproject/>. Acesso em: 19 jan. 2016. MACHADO, Arlindo. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2010. MINISTÉRIO DA CULTURA. Programa Mais Cultura nas Escolas. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/documents/10883/1197198/manualdesenvolvimento_mais- culturanasescolas_periodo+eleitoral_03-11+(2).pdf/c2a2998a-6e38-487c-a402-e2c- 4fc18808a>. Acesso em: 22 jan. 2016. MODINGER, Carlos Roberto. Artes visuais, dança, música e teatro: Práticas pe- dagógicas e colaborações docentes. São Paulo: Edelbra, 2012. SANS, Paulo de Tarso Cheida. A criança e o artista: Fundamentos para o ensino das artes plásticas. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1995. TAVARES, Juliana. Aprender brincando: o lúdico na aprendizagem. 2002. Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp140.htm>. Acesso em: 5 jan. 2016. Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Ensino da Arte em Educação Autoria: Larissa Torres ENSINO DA ARTEENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃOEM EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotostática ou outros, sem a auto- rização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Direção. ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos Pró-reitor acadêmico: Prof. HerBert Gomes martins direção ead: Prof. riCardo ZamBrano Júnior coordenação ead: Profa. luCiana rodriGues ramos Ficha técnica autoria: larissa torres suPervisão de Produção ead: franCisCo Cleuson do nasCimento alves design instrucional: João Paulo souZa Correia Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / luCiana rodriGues rodriGues duarte diagramação e tratamento de imagens: franCisCo erBínio alves rodriGues revisão textual: equiPe nead expediente Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu TORRES, Larissa. Ensino da arte em educação. Larissa Torres. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 120 p. ISBN: 978-85-64026-97-1 1. Caracterização da área de arte. 2. Ensino da arte na escola. 3. Planejamento das seleções de conteúdo. 4. A arte na educação. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SSeja bem-vindo!eja bem-vindo! Caro estudante, é com grande satisfação que apresento o material didático da Disciplina Ensino da Arte na Educação. Ao ler e estudar por este material, você terá condições de responder as atividades noAmbiente virtual – AVA. Este livro está divido em quatro unidades de acordo com ementa da disciplina. Inicialmente, você estudará sobre a arte, a sua importância, o papel decisivo da legislação no ensino da arte como processo de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Para melhor assimilação, o planejamento das seleções do conteúdo de acordo com os aspectos da produção, fruição e a reflexão. Não é nosso objetivo esgotar o assunto, ao contrário, você deverá procurar outras fontes além do livro para aprofundar seu conhecimento e estar sempre atualizado sobre os temas estudados aqui. A partir da leitura, você estará apto a corresponder às exigências solicitadas nos trabalhos acadêmicos. Bons estudos! SSumárioumário UNIDADE 01 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ARTE 1. A ARTE E A EDUCAÇÃO ...............................................................................................8 1.1. O desenvolvimento do senso de apreciação estética ..................................................9 1.2. Contexto histórico do ensino de arte no Brasil ...........................................................11 2. LEGISLAÇÃO DO ENSINO DA ARTE ..........................................................................21 2.1. O ensino da arte no currículo escolar brasileiro .........................................................21 3. A ARTE COMO CONHECIMENTO 4. OS OBJETIVOS DO ENSINO DA ARTE ......................................................................25 4.1. O conhecimento artístico como produção e fruição ...................................................25 5. A IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE 6. A ARTE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................28 7. MÉTODOS AVALIATIVOS ..........................................................................................29 Referências .......................................................................................................................32 UNIDADE 02 ENSINO DA ARTE NA ESCOLA 1. APRENDER E ENSINAR NOS ENSINOS INFANTIL E FUNDAMENTAL ...........................................................................................34 2. INTERDISCIPLINARIDADE E AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS ..................................36 2.1. Dança – um pouco de história ...................................................................................37 2.1.2. Ensinar dança nas escolas ......................................................................................38 2.2. Música ........................................................................................................................42 2.2.1. História da música ocidental ....................................................................................42 2.2.2. Um pouco de história da Música Popular Brasileira (MPB) .....................................43 2.2.3. Elementos da música – som e seus parâmetros ....................................................43 2.2.4. A linguagem musical e a educação .........................................................................44 2.3. Teatro .........................................................................................................................46 2.3.1 A história do teatro ...................................................................................................46 2.3.2. Linguagem teatral e a educação .............................................................................48 2.3.3. Gêneros teatrais ......................................................................................................51 2.3.4. Tipos e formas do teatro ..........................................................................................52 2.3.5. Elementos do teatro ................................................................................................53 3. ARTES VISUAIS ..........................................................................................................54 3.1. Fotografia – Abordagem histórica ..............................................................................56 3.2. Fotografia no contexto escolar ...................................................................................57 3.3. História em quadrinhos ...............................................................................................58 3.4. Cinema, televisão e vídeos ........................................................................................59 3.5. Pintura ........................................................................................................................60 3.6. Recorte e colagem .....................................................................................................61 3.7. Escultura e modelagem ..............................................................................................62 4. AVALIAÇÃO NO ENSINO DA ARTE ............................................................................62 Referências .......................................................................................................................66 UNIDADE 03 PLANEJAMENTO DAS SELEÇÕES DE CONTEÚDO .....................................................67 1. CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE CONTEÚDOS .....................................................68 2. CRIAÇÃO E APRENDIZAGEM .....................................................................................72 3. DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE ..................................................................75 4. A ARTE LIGADA A JOGOS E RECREAÇÃO ...............................................................76 4.1. Recreação ..................................................................................................................77 4.2. Lazer ...........................................................................................................................77 4.3. Jogo ............................................................................................................................78 4.4. Brincadeira .................................................................................................................81 5. O ENSINO DA ARTE E AS NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO ................82 5.1. O uso da tecnologia na arte .......................................................................................82 5.2. O ensino contemporâneo da arte ...............................................................................84 5.3. Educação a distância – EAD ......................................................................................86 6. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS E ARTÍSTICAS ......88 7. AULA EXPOSITIVA DIALOGADA .................................................................................90 8. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM ARTE .......................................................................91 8.1. O que e como avaliar? ...............................................................................................95 Referências .......................................................................................................................98 UNIDADE 04 A ARTE NA EDUCAÇÃO ..................................................................................................99 1. O PAPEL DA ARTE NA EDUCAÇÃO .........................................................................100 2. O PAPEL DO PROFESSOR DE ARTE .......................................................................101 3. A REALIDADE DO PROFESSOR DE ARTE ..............................................................102 4. ARTE REGIONAL .......................................................................................................103 4.1. Folclore brasileiro .....................................................................................................104 4.2. Música ......................................................................................................................106 4.3. Arte nordestina .........................................................................................................1094.3.1 Artesanato ..............................................................................................................109 4.3.2. O teatro regional ....................................................................................................113 4.4. Arte do Norte ............................................................................................................114 5. ARTE E TEMAS TRANSVERSAIS .............................................................................115 Referências .....................................................................................................................118 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 9999 A Arte nA educAçãoA Arte nA educAção Apresentação Apresentação O ensino da arte na escola é um fator determinante para a formação de cidadão, que será sensível à arte como patrimônio da humanidade. A compreensão de mundo adquirido por meio de práticas educativas voltadas ao campo da arte de um modo geral favorece o despertar da criticidade que é tão importante para entendermos melhor e com mais clareza os modos de organização que regem, sobretudo, a sociedade. Neste capítulo, abordaremos que o ensino da arte não tem mais um papel secundário, mas sim fundamental para a formação dos estudantes. Porém, a reali- dade do professor, muitas vezes, é de uma escola que não exige nota dos alunos ou não dá a importância necessária. Que o papel do professor é promover o conhe- cimento sensorial do educando bem como aguçar seu olhar para as artes. Como mediador, é importante sua atualização e especialização no ensino das artes. A complexidade da área requer profissionais formados em arte e em educação, capacitados a construir e implantar propostas sistemáticas, plurais, complexas e dinâmicas, integrando os conteúdos escolares e a arte de forma multidisciplinar, consolidando, assim, equipes de trabalho para desenhar seu fazer cotidiano. Porém, veremos que é fundamental conhecer a arte regional e compreender as manifestações artísticas dos povos e as influências. O folclore como reconhe- cimento do saber de um povo e rico em expressões culturais que são essenciais para os momentos lúdicos em sala de aula. 04 Uni 100100 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Objetivos de aprendizagem • Destacar o papel da arte na educação; • Analisar a realidade do professor de arte; • Analisar sobre a formação do professor de arte; • Estudar a arte regional; • Estudar sobre arte e temas transversais. 1. o pApel dA Arte nA educAção1. o pApel dA Arte nA educAção Como área do conhecimento, o ensino e a aprendizagem de arte acompanha as transformações sociais e atravessa diversos âmbitos culturais com seus sentidos e valores. Sua contribuição para o desenvolvimento da criança e do jovem vai desde aspectos psicoafetivo, cognitivo e social. Afinal, tudo ao nosso redor possui alguma referência nas artes, por exemplo: a publicidade de modo geral, os grafites em muros, os livros, os traços urbanos de nossa cidade entre outras. Então, faz-se necessária a incorporação nos projetos didático-pedagógicos e nos meios audiovisuais pelo quais são influenciados. E se a arte está presente no cotidiano das pessoas, é claro que deve estar intimamente ligada ao processo de apreensão da realidade. A arte pode ser considerada uma expressão do universo cognitivo e afetivo de cada um, pois revelamos o que sentimos e pensamos quando trabalhamos com ela. Pode ela ser uma reelaboração da realidade, pois cada pessoa vê uma mesma coisa de maneira diferente e a reconstrói usando formas, ritmos, linguagens e elementos diversos (PROSSER, 2002, p. 6). A arte é concebida com o fazer e o pensar por meio da linguagem artística como os processos de aprendizagem e o conhecimento alimentados e realimen- tados. O potencial criador, as atitudes e as questões que assolam a sociedade podem ser a interface do aluno de arte. Os alunos, no ensino das artes, devem desenvolver o potencial para apre- ciá-las, compreender manifestações artísticas e habilidades de percepção crítica tanto esteticamente como no histórico cultural. Nas atividades lúdicas trabalhadas em sala de aula, poderão ter várias formas de conhecimento, representação da linguagem da arte. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 101101 Fique atento Assista aos vídeos “Os benefícios da arte na educação” <https://goo.gl/ Oeyuas> e “Artes Plásticas na Educação Infantil” <https://goo.gl/pxUkiA>; <https:// goo.gl/kUGjm9>; <https://goo.gl/9TgDa1> e reflita: até que ponto o professor deve seguir o plano de aula rigidamente, enquanto no andamento da aula pode levar para outros caminhos? 2. o pApel do professor de Arte2. o pApel do professor de Arte O papel do professor como mediador entre a arte e a criança é de fundamental importância. Nesse caso, o professor é um sujeito do conhecimento, que desenvolve e possui teorias e saberes da própria ação originados na relação entre a sua subjetividade e a realidade social. É nesse embate, entre sociedade e sujeito, que o professor se insere e constrói suas concepções e seus saberes, desenvolvendo práticas e estratégias de ação. Aprender arte implica desafios, pois a cultura e a subjetividade de cada um são aspectos construídos no trabalho e na confiança com que o professor transmite o conhecimento. O aluno precisa sentir que as expectativas e as representações dos professores a seu respeito são positivas. Figura 52: Professor tem o papel de apoiar o aluno. Fonte: https://goo.gl/8ddMCt 102102 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO De acordo com Tardif (2002, p. 61): [...] os saberes que servem de base para o ensino, tais como são vistos pelos professores, não se limitam a conteúdos bem circunscritos que dependem de um conhecimento especializado. Eles abrangem uma grande diversidade de objetos, de questões, de problemas que estão relacionados com seu trabalho. Além disso, não correspondem, ou pelo menos muito pouco, aos conhecimentos teóricos obtidos na universidade e produzidos pela pesquisa na área de educação: para os professores de profissão, a experiência de trabalho parece ser a fonte privilegiada de seu saber-ensinar. A atuação do professor vai muito além de repassar conteúdo, é no sentido de criar uma esfera crítica, reflexiva e pensante ao seu discente. Onde tanto o professor quanto o aluno são sujeitos culturais que produzem cultura, arte e contexto social. 3. A reAlidAde do professor de Arte3. A reAlidAde do professor de Arte Na prática, a maioria dos docentes não são formados em arte e as faculdades de educação e os cursos de Pedagogia não estão preparados para acolher esse tipo de formação. Contudo, o reconhecimento do saber é necessário para ganhar confiança do aluno bem como envolver as melhores ações educativas no quesito de arte. A importância da formação do professor de ensino da arte está também no fato de que é na sua relação com os alunos que se evidenciará o conceito que ele tem de arte. Dependendo do modo como o professor estabelece essa relação. Ter um professor polivalente, muitas vezes, é a solução para muitas insti- tuições de ensino que desejam um profissional que lecione artes. O Referencial Curricular esclarece: Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Esse caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação (BRASIL, 1998, p. 41). ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 103103 É claro que um profissional especializado seria adequado, pois exercer todas as competências comqualidade em uma disciplina rica de linguagens, conteúdos e realizações é impossível. Nessa perspectiva, a formação de cidadãos fica para segundo plano, apenas para atender o plano de aula exigido por lei. Figura 53: Situações diárias de ensino e aprendizagem. Fonte: https://goo.gl/QR3EGb Porém, à medida que o docente se vê no dia a dia de situações reais de aprendizagem, sente-se incomodado em aprofundar seus conhecimentos para garantir aos seus alunos uma melhor experiência em sala de aula. Assim, produz conhecimento por meio de pesquisas solitárias se não tiver o apoio da instituição educacional ou do governo para se atualizar e garantir sua formação contínua. É preciso a parceria da escola, da comunidade, do governo e dos docentes para que tanto sua formação quanto as produções dos alunos não fiquem isoladas e fechadas nas paredes escolares. 4. Arte regionAl4. Arte regionAl A arte brasileira surgiu da mistura de diversos povos que imigraram para o nosso país. Assim, há produções artísticas criadas por muitas pessoas sem formação específica, tais como: índios, agricultores, nativos de regiões ribeirinhas entre outras. A nossa cultura regional é rica e extensa a diversas práticas culturais. 104104 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO A seguir, uma imagem da arte barroca, que fez parte do período colonial. Figura 54: Santuário do Bom Jesus em Congonhas do Campo – MG. Fonte: http://goo.gl/ZTlzoz 4.1. Folclore brasileiro4.1. Folclore brasileiro O folclore é um conjunto de mitos e lendas contados de geração a geração. Segundo Luís da Câmara (1898-1986), um dos maiores folcloristas brasileiros, o folclore é a cultura popular que se tornar uma tradição. Os objetivos de jovens e crianças conhecerem o folclore brasileiro são: • Repassar valores culturais; • Resgatar a importância do folclore; • Conhecer músicas e brincadeiras folclóricas; • Desenvolver e estimular a coordenação visomotora; • Socializar; • Estimular o ritmo; • Desenvolver as linguagens oral e escrita; • Desenvolver a criatividade. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 105105 Sugestões de atividades sobre o Dia do Folclore, 22 de agosto: • Confecção de painel com os personagens e as suas características; • Pinturas dos personagens; • Teatro de fantoches; • Festivais de danças folclóricas; • Pedir aos alunos para levarem comidas típicas e descreverem curiosi- dades. Figura 55: Festival de dança folclórica. Fonte: http://goo.gl/3gj87j As lendas e os ritos mais famosos do folclore brasileiro são: • Saci; • Boitatá; • Curupira; • Mapinguari; • Mula sem cabeça; • Cuca; • Boto-cor-de-rosa; • Iara/Sereia; • Negrinho do pastoreio; • Vitória Régia. 106106 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 56: Painel criado por alunos. Fonte: http://goo.gl/JMrri5 Se você não conhecia algum deles, faça uma pesquisa para aprender e descobrir a infinidade de lendas e contos que nosso país contém. Figura 57: Ler e contar as lendas folclóricas é uma forma de inserir a criança no mundo da Arte Regional. Fonte: https://goo.gl/7ctKSX 4.2. Música4.2. Música As crianças e os jovens necessitam do desenvolvimento de diversas ca- pacidades para enfrentar os desafios do mundo hoje e no futuro. Entre essas diversas capacidades, podemos ressaltar três como mais importantes: o deslum- bramento com o aprender, o conhecimento de si mesmo e o conhecimento e o respeito do outro. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 107107 A educação musical no contexto da diversidade cultural e das manifesta- ções culturais é de fundamental relevância para que o aluno possa saber da ori- gem musical de um povo. O multiculturalismo é item da história do Brasil muito importante onde podemos compreender o outro para compreender a nós mesmos. A etnomusicologia consiste no estudo da música de diferentes povos. Sendo assim, é o estudo das etnias musicais. O termo “música étnica” conglomera termos como música folclórica, de raiz, tradicional etc. A música étnica apresenta aspectos que envolvem religiosidade e profano, anonimato ou autoria das can- ções, forma lúdica ou rígida, ritualismo, momentos de iniciação. A música também pode ser produzida de modo espontâneo ou induzido, coletivo ou individual. Ela pode ter múltiplos significados e funções. Essa abordagem é de suma importância para que crianças e jovens pos- sam conhecer os ritmos de outros estados e países. Por sua vez, possam criar musicalidade com esses ritmos e entendê-los como expressões artísticas. Link para WEB Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre as manifestações folclóricas. No vídeo, você encontrará informações sobre as várias formas, festas e manifestações, do carnaval aos contos e histórias: <https://goo.gl/u5PhFh>. Figura 58: Roda de samba. Fonte: http://goo.gl/7eQO1R 108108 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO ?? Curiosidade Em 2016, é comemorado o centenário do samba. O samba nasceu na Bahia, no século XIX, da mistura de ritmos africanos. Mas foi no Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu mesmo sendo perseguido. Durante a década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado à cul- tura negra, que era malvista na época. Só mais tarde é que ele passou a ser enca- rado como um símbolo nacional, principalmente no início dos anos 1940, durante o governo de Getúlio Vargas. Nessa música brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado, por exem- plo, pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. “À medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser tocado e cantado. É isso que faz dele um dos ritmos mais ricos do mundo”, afirma o músico Eduardo Gudin. Fonte: Mundo Estranho. Pratique 1. Comente o que você entende por etnomusicologia. 2. Qual o objetivo das crianças e dos jovens conhecerem o folclore brasileiro? Quais técnicas/atividades podem ser utilizadas no dia do folclore? ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 109109 4.3. Arte nordestina4.3. Arte nordestina 4.3.1 Artesanato Ao mesmo tempo em que se apoia na tradição, a arte popular do Nordeste descobre novas linguagens, técnicas e materiais e a capacidade de reinventar-se atesta sua inesgotável vitalidade. O artesanato nordestino é singular e criativo. São várias as produções ce- arenses, tais como: • Confecção de rendas – peças bordadas pelas rendeiras usando linha, bilros e almofadas; Figura 59: Rendas e fiados. Fonte: http://goo.gl/Z6aG6d • Esculturas em madeira e barro; Figura 60: Rendas e fiados. Fonte: http://goo.gl/ToAiUo 110110 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO • Garrafas de areias coloridas – muitas vezes utilizadas em ambientes de forma decorativa; Figura 61: Garrafas de areias. Fonte: http://goo.gl/Cld1hY • Cestaria; Figura 62: Cestaria. Fonte: http://goo.gl/mkUXe4 • Xilogravura – confeccionada em ilustração de cordéis que retratam te- mas típicos da região; Figura 63: Xilogravura. Fonte: https://goo.gl/nMYRBv ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 111111 • Literatura de cordel – poesia de caráter popular, linguajar despreocu- pado, regionalizado e informal. São livretos publicados geralmente com histórias locais. Figura 64: Literatura de cordel. Fonte: https://goo.gl/IfS0yr ?? Curiosidade Trecho do cordel de As Proezas de um namorado mofino Semore adotei a doutrina Ditada pelo rifão, De ver-se a cara do homem Mas não ver-se o coração, Entre a palavra e a obra Há enorme distinção. (Leandro Gomes de Barros) Na música nordestina, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como o cearense Liduíno Pitombeira, na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro. Ritmos e melodias nordestinas também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte – Dança do Martelo– alude ao sertão do Cariri). 112112 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 65: Luiz Gonzaga – o Rei do Baião, ele ganhou esse título em consagração por ser um exímio tocador de acordeão. Fonte: http://goo.gl/IzB0NZ Na música popular nordestina, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, axé e frevo, dentre outros ritmos. O movimento armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, fez um trabalho erudito de valorização dessa herança rítmica popular nordestina (um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega). ?? Curiosidade Espedito Seleiro, cearense da cidade de Arneiroz, aos oito anos, começou a trabalhar com o pai, vaqueiro e seleiro, que criou um formato de sandália diferente para o Lampião (sola retangular pra despistar as pegadas). O artesão é herdeiro de uma longa linhagem de costureiros de selas de montar iniciada pelo bisavô, que pelo trabalho ficou conhecido como Antônio Seleiro, “sobrenome” que passaria adiante para o filho, Gonçalves Seleiro, e para o neto, Raimundo Seleiro, pai de Espedito Seleiro. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 113113 Figura 66: Espedito Seleiro e suas obras. Fonte: adaptada de <onordeste.com/portal> e FarmRio <farmrio.com.br>. “Numa época, precisei renovar meu artesanato. Levantei o pensamento em Deus e mudei o estilo do meu trabalho. Passei a trabalhar o colorido, mas com muita dificuldade porque até então nem tinha coloração no couro. Eu fazia as tintas, misturava tudo e ficava diferente do que havia no mercado. As pessoas compraram a ideia.” Há várias décadas, Espedito Seleiro mantém a tradição de fazer bolsas, sapatos e outros objetos. Hoje, participa de feiras pelo Brasil. A tradição passou de pai para filho e virou parada obrigatória para quem vai a Nova Olinda, cidade onde mora atualmente. Marcas que fizeram coleções com suas obras: FarmRio, Cavalera e Cantão. Nas passarelas do SPFW, tornou-se o desejo fashion. (Texto e imagens adaptados dos sites onordeste <onordeste.com/portal> e FarmRio <farmrio.com.br>.) 4.3.2. O teatro regional As raízes culturais do Brasil podem ser resgatadas por meio de lendas, músicas e dança, tudo isso feito por uma linguagem própria e personagens fixos que nos lembra a cultura nordestina. Estamos falando do Teatro Mamulengo, conhecido também por mão molenga. Essa forma de teatro de bonecos é praticada por artistas do povo, os mamulengueiros, que conduzem a brincadeira com habilidade manual para trabalhar com vários bonecos ao mesmo tempo. 114114 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Figura 67: Augusto Bonequeiro, artista na arte dos bonecos. Fonte: imagem de divulgação. 4.4. Arte do Norte4.4. Arte do Norte A Região Norte do Brasil é bem miscigenada (indígenas, imigrantes, cearenses, gaúchos, paranaenses, nordestinos, africanos, europeus e asiáticos), fator que contribui para a diversidade cultural da região. A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa, por esse motivo, destacaremos alguns desses vários elementos que compõem a cultura desse povo. • Festas e manifestações folclóricas: Círio de Nazaré; Festival de Parintins; Festa do Divino; Folia de Reis; Boi Bumbá; Congada. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 115115 • Música e Danças Marujada; Desfeiteira; Camaleão; Dança do Maçarico; Lundu Marajoara; Marambiré. • Celebrações indígenas Celebrações, rituais de iniciação ou morte são utilizados por povos indígenas. É importante o aluno entender sua cultura e aplicabilida- des no dia a dia das tribos. Figura 68: Kuarup, festejam com danças folclóricas. Fonte: http://goo.gl/HkBkjD 5. Arte e temAs trAnsversAis5. Arte e temAs trAnsversAis O universo da arte popular brasileira envolve uma infinidade de formas de expressões, sendo a identidade de um grupo social – formam um material rico e de extremo valor que devem ser trabalhados com os alunos. Além disso, pode-se encontrar, na arte local de sua comunidade, uma fonte inestimável de aprendizagem com os alunos. 116116 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO O professor pode tanto apresentar formas artísticas a partir de sua pesquisa pessoal como solicitar aos alunos dados sobre a arte produzida na sua comunidade, contanto que se percebam como produtores de cultura. Por meio da interdisciplinaridade e da transversalidade, os temas transversais são trabalhados buscando não a fragmentação dos conteúdos e do conhecimento, mas sim a transformação de uma realidade a partir da escola. Elaborar projetos vinculados à arte que favoreçam a conscientização dos envolvidos no processo educativo na perspectiva desses temas é uma estratégia que deve ser valorizada no contexto escolar. A arte, uma vez utilizada como ferramenta educativa, tende a incentivar o educando a interpretar sua realidade com olhar crítico, observando sua convivên- cia em sociedade, levando-o a agir de forma natural, rebatendo preconceitos e respeitando a diversidade. Sendo assim, a arte assume uma importância na contri- buição positiva na abordagem desses temas de grande repercussão e relevância. A capacidade de inovar e chegar a resultados são provenientes, muitas vezes, da improvisação e da experimentação, pois na arte não há certo ou errado, mas expressão do artista ou do que ele deseja que o público sinta em sua obra. Figura 69: Educação e criatividade. Fonte: http://goo.gl/A8W5wR Conforme o MEC, é importante que o professor planeje uma série de atividades organizadas e direcionadas para a meta preestabelecida de forma que, ao realizá-las, os alunos tomem, coletivamente, decisões sobre o desenvolvimento do trabalho e a organização para produzir e discutam a produção uns dos outros. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 117117 @@ CO NE CT E-S E CO NE CT E-S E • Anote suas ideias e dúvidas para ampliar sua discussão na sala virtual, no fórum tutori@conectada. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Pratique 3. Cite os ritmos que mais se destacam na música popular nordestina. 4. O que você entende pelo movimento armorial? 5. Qual a importância de elaborar projetos de arte que se vinculem à realidade do aluno inserido em sua comunidade? 118118 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO Relembre No sentido de contribuir com um diálogo e com a formação do cidadão, o ensino das artes deve ser considerado mais do que uma disciplina complementar. Pode-se perceber que o antigo professor de Educação Artística não é o “tio legal que leva a gente pra pintar”. Mais do que isso, fazem parte do ensino da arte criar expressões, fruir, discutir e criticar. Mas como o profissional pode ter esse posicionamento sem o preparo ne- cessário? Muitos professores de outras formações lecionam arte por achar que a disciplina não tem a importância requerida, mas esses professores têm mudado os parâmetros com alguns projetos em escolas pontuais. O homem nasce com especificidades culturais, psicoló gicas e sociais, o que permitem fazer ligaç õ es com a natureza e com o mundo. Com a arte a criança tem a possibilidade de assimilar as diversas áreas do conhecimento relacionando-as com sua realidade. Suas percepções garantirão uma visão crítica e habilidade de resolução de problemas em sua vida profissional e social. ReferênciasReferências BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação: Das origens ao Modernismo. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. FARM. Farm entrevista Espedito Seleiro. Disponível em: <http://www.farmrio. com.br/adorofarm/farm-entrevista-espedito-seleiro/>.Acessado em: 26 jan. 2016. IAVELBERG, R. Para gostar de aprender artes: sala de aula e formaç ã o de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003. MUNDO ESTRANHO. Como surgiu o samba? Disponível em: <http://mundoes- tranho.abril.com.br/materia/como-surgiu-o-samba>. Acessado em: 2 fev. 2016. ONORDESTE.COM. O jornal do Nordeste. Curiosidade sobre Espedito Seleiro. Dispo- nível em: <http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php? titulo=Espedito+Seleiro<r=E&id_perso=3827>. Acessado em: 26 jan. 2016. ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO 119119 PROSSER, Elisabeth Seraphim. Ensino de artes. Disponível em: <http://arquivos- tp.s3.amazonaws.com/qcursos/livro/LIVRO_ensino_de_artes.pdf>. Acessado em: 26 jan. 2016. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. AnotaçõesAnotações 120120 ENSINO DA ARTE EM EDUCAÇÃO AnotaçõesAnotações Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r