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1 
 
 
 
 
 
 
 
PC-PR 
Delegado de Polícia 
 
 
1. Inquérito policial: 1.1. Notitia criminis; 1.2. Discussões doutrinárias acerca do inquérito 
policial: indispensabilidade; 1.3. Aplicação do princípio da insignificância; 1.4. Poder 
requisitório; 1.5. Termos Circunstanciados; 1.6. Função de filtro processual; Contraditório e 
ampla defesa; Valor probatório. ............................................................................................... 1 
2. Ação penal. ................................................................................................................... 12 
3. Ação civil. ...................................................................................................................... 24 
4. Jurisdição; competência. ............................................................................................... 28 
5. Questões e Processos Incidentes. ................................................................................ 39 
6. Prova. ........................................................................................................................... 56 
7. Juiz, Ministério Público, Acusado, Defensor, Assistentes e Auxiliares da Justiça. ......... 86 
8. Prisão e Liberdade Provisória. ...................................................................................... 98 
9. Citação e Intimação. ................................................................................................... 122 
10. Sentença. .................................................................................................................. 128 
11. Processo Comum. .................................................................................................... 137 
12. Processos dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. ..................... 173 
13. Recursos em geral. ................................................................................................... 177 
14. Execução – art. 684 do Código de Processo Penal. .................................................. 198 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha 
uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
três dias úteis para respondê-lo(a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
1 
 
 
 
O inquérito policial é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitório e 
preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para 
apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a fim de que o titular da 
ação penal possa ingressar em juízo. 
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstanciado (ou “TC”, como é usualmente 
conhecido), que são instaurados em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, as 
contravenções penais e os crimes com pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com 
multa, submetidos ou não a procedimento especial. 
 
Natureza Jurídica 
 
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item anterior, é de “procedimento administrativo 
investigatório”. E, se é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre ele as nulidades 
previstas no Código de Processo Penal para o processo, nem os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. 
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito policial não afetam a ação penal a que der 
origem, salvo na hipótese de provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, 
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com observância do contraditório e da ampla 
defesa, como uma produção antecipada de provas, por exemplo. 
 
Finalidade 
 
Visa o inquérito policial à apuração do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de informação 
do delito no que tange a sua materialidade e seu autor. 
 
Presidência do inquérito policial 
 
Será da autoridade policial de onde se deu a consumação do delito, no exercício de funções de polícia 
judiciária. 
 
Competência para investigar 
 
A competência para investigar depende da justiça competente para julgar o crime. 
Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da União, em regra será instaurado um inquérito 
policial militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial das Forças Armadas. 
Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, também será instaurado um inquérito policial 
militar (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia Militar ou dos 
Bombeiros. 
Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competência para investigar será da Polícia Federal. 
Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será investigado pela Polícia Federal, já que 
a Justiça Eleitoral é uma Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda que, nas 
localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia Civil estará autorizada a investigar). 
Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente a investigação é feita pela Polícia Civil 
dos Estados, mas isso não obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito tenha 
grande repercussão nacional ou envolva mais de um Estado. Disso infere-se, pois, que as atribuições da 
Polícia Federal são mais amplas que a competência da Justiça Federal. 
 
Características do inquérito policial 
 
A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Penal, todas as peças do inquérito policial 
serão, num só processo, reduzidas a escrito (ou a termo) ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
1. Inquérito policial: 1.1. Notitia criminis; 1.2. Discussões doutrinárias acerca do 
inquérito policial: indispensabilidade; 1.3. Aplicação do princípio da 
insignificância; 1.4. Poder requisitório; 1.5. Termos Circunstanciados; 
1.6. Função de filtro processual; Contraditório e ampla defesa; Valor probatório. 
 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
2 
 
autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça escrita não obsta que sejam os atos 
produzidos durante tal fase sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo; 
B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha elementos de informação a partir de uma 
fonte autônoma (Exemplo: a representação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento da 
denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial; 
C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. 
Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso aos autos do inquérito o juiz, o promotor 
de justiça, e a autoridade policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art.7º, XIV, da Lei 
nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o 
advogado tem acesso aos atos já documentados nos autos, independentemente de procuração, para 
assegurar direito de assistência do preso e investigado. 
Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e irrestrito. Seu acesso é apenas às 
informações já introduzidas nos autos, mas não em relação às diligências em andamento. 
Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos já documentados, é cabível Reclamação 
ao STF para ter acesso às informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), habeas corpus em 
nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é o mandado de segurança em nome do próprio 
advogado, já que a prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. 
Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há se chamar atenção para o parágrafo 
único, do art. 20, CPP, segundo o qual, nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a 
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à instauração de inquérito 
contra os requerentes. 
Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da doutrina, no sentido de que o inquérito, 
justamente por sua característica da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos atestados 
de antecedentes. Imagine o quão prejudicial seria a publicidade negativa e imagem do indiciado, que por 
fim é realmente inocentado. 
Já para a corrente minoritária, a regra é que os atos devem ser tornados públicos, como deveria ocorrer 
com o inquérito. 
 
D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem ampla defesa. Por tal motivo não é 
autorizado ao juiz, quando da sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação 
colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto (art. 155, caput, CPP). Ademais, graças 
a esta característica, não há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na fase do 
inquérito, tal como ocorre no momento processual, devendo estes ser realizados de acordo com as 
necessidades que forem surgindo. 
 
Observação: Com a recente alteração sofrida no art. 7º, do Estatuto da OAB pela Lei n. 13.245/16, 
foi resguardado ao advogado o exercício do direito de defesa nas investigações preliminares (sejam as 
conduzidas por Delegados de Polícia ou pelo Ministério Público). O novo diploma legal não torna 
obrigatória a presença do advogado na Investigação Preliminar, contudo, reforça o direito dos 
advogados acessarem os autos da investigação e, também, de acompanharem todas as oitivas na fase 
investigativa, sob pena de nulidade absoluta. Vale dizer, caso o advogado postule à autoridade 
investigante por “assistir” o seu cliente investigado durante a apuração de infrações e haja 
indeferimento do aludido pleito, haverá nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, 
direta ou indiretamente. 
 
E) Peça Discricionária. A autoridade policial possui liberdade para realizar aquelas diligências 
investigativas que ela julga mais adequadas para aquele caso. 
F) Peça oficiosa/oficial. A autoridade policial deve atuar de oficio, em casos de ação penal pública 
incondicionada. Já nos crimes de ação penal pública condicionada e ação privada, deve-se por bem 
condicionar a persecução criminal a autorização da vítima ou dar a ela iniciativa para tal ação. Observem 
que nestes dois últimos casos, a autoridade policial precisa de permissão para atuar. 
G) Peça indisponível. Uma vez instaurado o inquérito policial ele se torna indisponível, não podendo 
o delegado dela dispor (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judicial, mediante requerimento 
do promotor de justiça. 
 
 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
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Valor probatório 
 
Fernando Capez ensina que, “o inquérito tem valor probatório meramente relativo, pois serve de base 
para a denúncia e para as medidas cautelares, mas não serve sozinho para sustentar sentença 
condenatória, pois os elementos colhidos no inquérito o foram de modo inquisitivo, sem contraditório e 
ampla defesa.” 
 
Grau de Cognição 
 
Consiste no valor probatório a criar um juízo de verossimilhança, assim, não é um juízo de certeza da 
autoria delitiva a fase de inquérito policial. Compete à fase processual a análise probatória de autoria. 
 
Formas de instauração do inquérito policial 
 
Tudo dependerá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado. Vejamos: 
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou condicionada à representação. O inquérito 
começa por representação da vítima ou de seu representante legal; 
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da 
Justiça. Neste caso, o ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da Justiça; 
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública incondicionada. Neste caso, o inquérito pode 
começar de ofício (quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conhecimento dos fatos. 
Neste caso, o procedimento inicia-se por portaria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte 
da doutrina entende que o ideal é que o juiz não requisite para se manter imparcial e manter a essência 
do sistema acusatório. Neste caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da vítima 
(neste caso, o delegado deve verificar as procedências das informações, e, em caso de indeferimento ao 
requerimento, cabe recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda pela instauração de 
inquérito, o ato inaugural do procedimento é a portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida 
por qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode ser “anônima” (ou inqualificada). 
Neste caso, a peça inaugural do procedimento é a portaria. 
 
Quando um inquérito não será deflagrado? 
- por denúncia anônima: por si só, não serve para fundamentar a instauração de inquérito policial, mas 
a partir dela o delegado deve realizar diligências preliminares para apurar a procedência das informações 
antes da devida instauração do inquérito); 
- por auto de prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do inquérito é o próprio auto de prisão 
em flagrante); 
- quando um terceiro vai para a delegacia no lugar do ofendido. 
 
“Notitia criminis” 
 
É o conhecimento, pela autoridade policial, acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São 
as seguintes suas espécies: 
A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
meio de suas atividades corriqueiras (exemplo: durante uma investigação qualquer descobre uma ossada 
humana enterrada no quintal de uma casa); 
B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Aqui, a autoridade policial toma conhecimento do fato por 
meio de provocação de terceiros. 
C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autoridade policial toma conhecimento do fato 
delituoso por intermédio do auto de prisão em flagrante. 
 
“Delatio criminis” 
 
Nada mais é que uma espécie de notitia criminis, consiste na comunicação de uma infração penal à 
autoridade policial, feita por qualquer pessoa do povo. 
 
Alguns atos praticados durante o inquérito policial – Procedimentos investigativos 
 
De acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são algumas das providências a 
serem tomadas pela autoridade policial durante a fase do inquérito policial: 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
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A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das 
coisas, até a chegada dos peritos criminais (art. 6º, I); 
B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais (art. 6º, 
II); 
C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fatoe suas circunstâncias (art. 6º, 
III); 
D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV); 
E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do 
Livro I, CPP (“Do Processo em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V); 
F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações (art. 6º, VI); 
G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias 
(art. 6º, VII); 
H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes (art. 6º, VIII); 
I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter (art. 6º, IX); 
J) colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência 
e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. 
6º, X); 
K) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem 
pública (art. 7º); 
L) Fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos (art. 13, I); 
M) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público (art. 13, II); 
N) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias (art. 13, III); 
O) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem como de outras medidas cautelares 
diversas da prisão (construção doutrinária recente). 
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como decorrência do caráter inquisitorial do 
inquérito policial visto anteriormente, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons 
costumes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra infindável gama de atos possa ser 
praticada. 
 
Condução Coercitiva no Inquérito Policial 
 
Entende-se por condução coercitiva o meio em que uma pessoa é levada à presença da autoridade 
policial ou judiciária. 
 
Aqui é importante conhecer o teor trazido pela Súmula 11 do Supremo Tribunal Federal: 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por 
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade 
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
 
Incomunicabilidade do indiciado preso 
 
O artigo 21 do Código de Processo Penal traz que é possível a incomunicabilidade do preso durante 
o inquérito policial para conveniência da investigação ou quando o interesse da sociedade assim exigir, 
contudo a Constituição Federal, por meio do artigo 136, §3º, IV revogou o artigo 21, do Código Penal, 
tendo em vista que o advogado pode se comunicar com seu advogado, logo não tem como o indiciado 
ficar totalmente sem comunicação. 
 
Prazo para conclusão do inquérito policial 
 
De acordo com o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso, o prazo é de dez dias 
improrrogáveis para conclusão. Já em se tratando de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, 
admitida prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias diligências. 
Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze dias para acusado preso, admitida 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
5 
 
duplicação deste prazo (art. 66, da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta dias 
admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral. 
Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é de trinta dias para acusado preso, e de 
noventa dias para acusado solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo. 
Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Economia Popular”), o prazo, esteja o acusado 
solto ou preso, será sempre de dez dias. 
E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo processual, isto é, exclui-se o dia do começo 
e inclui-se o dia do vencimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo Penal. 
 
Conclusão do inquérito policial 
 
De acordo com o art. 10, §1º, CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um relatório 
pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minuciosamente, e em caráter essencialmente descritivo, 
o resultado das investigações. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade judicial. 
Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relatório, em regra, com exceção da Lei nº 
11.343/06 (“Lei de Drogas”), em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quanto à 
tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas. 
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável, logo, a sua falta não tornará inquérito 
inválido. 
 
Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministério Público 
 
Recebido o inquérito policial, tem o agente do Ministério Público as seguintes opções: 
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça é o titular da ação penal, a ele compete 
se utilizar dos elementos colhidos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta ação por 
intermédio da denúncia; 
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem indispensáveis; 
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investigado não constitui qualquer infração penal, 
ou, ainda que constitua, encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo se desenvolva 
por atenção ao “Princípio da Insignificância”, por exemplo, o agente ministerial pode solicitar o 
arquivamento do inquérito à autoridade judicial; 
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua competência, o membro do MP suscita a 
questão, para que a autoridade judicial remeta os autos à justiça competente; 
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Conforme o art. 114, do Código de Processo 
Penal, o “conflito de competência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais órgãos jurisdicionais. 
Já o “conflito de atribuições” é aquele que se estabelece entre órgãos do Ministério Público. 
 
Arquivamento do inquérito policial e a Lei 13.964/2019 
 
Como era antes da Lei 13.964/2019 
Antes da entrada em vigor da lei 13.964/2019, uma vez esgotadas todas as diligências cabíveis, 
percebendo o órgão do Ministério Público que não há indícios suficientes de autoria e/ou prova da 
materialidade delitiva, ou, em outras palavras, em sendo caso de futura rejeição da denúncia (art. 395 do 
CPP) ou de absolvição sumária (397 do CPP), deverá ser formulado ao juiz pedido de arquivamento do 
inquérito policial. Quem determina o arquivamento é o juiz por meio de despacho. 
 
Como fica com a nova lei 
Traz o artigo 28, caput, CPP em sua redação: 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da 
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial 
e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Esse dispositivo legal está com sua eficácia suspensa1, já seus parágrafos estão em vigor. Como os 
parágrafos são dependentes do caput, pensamos que a solução é de entender que, ao menos, por ora, 
todos aqueles enunciados estão com a operatividade paralisada por força da medida cautelar monocrática 
 
1 STF – ADI 6298/DF – Medida Cautelar – Rel. Min. Luiz Fux – 22 jan.2020). 
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6 
 
exarada nos autos de ação direta de inconstitucionalidade.2 
Com essa nova redação entendeu-se que o arquivamento de inquéritospoliciais e procedimentos 
investigatórios criminais devessem ocorrer internamente entre o Ministério Público, sem que houvesse a 
participação do magistrado. Essa regra teria aplicação irrestrita, alcançando a alçada da Justiça Militar, 
caso entre em vigor o novo caput do CPP. Porém, pode-se dar interpretação em sentido oposto, já que 
temos previsão específica na legislação processual militar. 
 
Desarquivamento 
 
Quem pode desarquivar o Inquérito Policial é do Ministério Público, quando surgem fatos novos. Assim, 
deve a autoridade policial representar neste sentido, mostrando-lhe que existem fatos novos que podem 
dar ensejo a nova investigação. Vejamos o mencionado na Súmula 524 do STF: 
“Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode 
a ação penal ser iniciada, sem novas provas”. 
 
Trancamento do inquérito policial 
 
Trata-se de medida de natureza excepcional, somente sendo possível nas hipóteses de atipicidade da 
conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de ausência de elementos indiciários relativos à autoria e 
materialidade. Ou seja, é cabível quando a investigação é absolutamente infundada, abusiva, não indica 
o menor indício de prova da autoria ou da materialidade. Aqui a situação é de paralisação do inquérito 
policial, determinada através de acórdão proferido no julgamento de habeas corpus que impede o 
prosseguimento do IP. 
 
Investigação pelo Ministério Público 
 
Apesar do atual grau de pacificação acerca do tema, no sentido de que o Ministério Público pode, sim, 
investigar - o que se confirmou com a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição nº 37/2011, que 
acrescia um décimo parágrafo ao art. 144 da Constituição Federal no sentido de que a apuração de 
infrações penais caberia apenas aos órgãos policiais -, há se disponibilizar argumentos favoráveis e 
contrários a tal prática: 
A) Argumentos favoráveis. um argumento favorável à possibilidade de investigar atribuída ao Ministério 
Público é a chamada “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Norte-americana, 
segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”, isto é, se ao Ministério Público compete o 
oferecimento da ação penal (que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios de autoria e 
materialidade para essa oferta de denúncia pela via do inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o 
procedimento investigatório utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, apenas tendo uma 
autoridade presidente diferente, no caso, o agente ministerial. Por fim, como último argumento, tem-se 
que a bem do direito estatal de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias ao Ministério Público é 
mais uma arma na busca deste intento; 
B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento desfavorável à possibilidade investigatória 
do Ministério Público, tem-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais, fala-se em 
desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o membro do MP todo o aparato estatal para conseguir 
a condenação de um acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa por seu advogado 
caso não tenha condições financeiras de conduzir uma investigação particular. Também, fala-se que o 
Ministério Público já tem poder de requisitar diligências e instauração de inquérito policial, de maneira que 
a atribuição para presidi-lo seria “querer demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas são uma 
exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão legal nem instrumentos para realização da 
investigação Ministério Público. 
 
Boletim de Ocorrência 
 
É a comunicação de um fato à autoridade policial que, lavrará o Boletim de Ocorrência, se o caso, com 
base nos fatos narrados, iniciando então o inquérito policial. O B.O é um documento oficial da qual 
formaliza a “notitia crimines”, cumprindo exatamente conforme o alegado. 
Seu objetivo é a comunicação do crime à autoridade policial, para que tomem todas providencias 
cabíveis na busca de provas para a apuração da infração penal. 
 
2 Távora, Nestor, Rosmar Rodrigues Alencar. Curso de Direito Processual Penal, 15ª edição, Ed: JusPodivm, 2020. 
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7 
 
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos contidos no Código de Processo Penal 
referente aos artigos que versam sobre o tema “Do Inquérito Policial”: 
 
TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a 
quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de 
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe 
de Polícia. 
§ 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba 
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela 
ser iniciado. 
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até 
a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, 
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a 
leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma 
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa 
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a 
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a 
moralidade ou a ordem pública. 
 
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. 
 
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidasa escrito ou 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. 
 
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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, 
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a 
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, 
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. 
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao 
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os 
autos do inquérito. 
 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou 
outra. 
 
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos 
processos; 
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
IV - representar acerca da prisão preventiva. 
 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-
Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia 
poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e 
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. 
 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o 
membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, 
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a 
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização 
e intensidade de radiofrequência. 
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de 
autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) 
dias, renovável por uma única vez, por igual período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem 
judicial. 
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 
72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. 
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente 
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a 
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, 
que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição 
Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais 
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal 
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praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no 
art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir 
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do 
procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a 
contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo 
investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava 
vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) 
horas, indique defensor para a representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às 
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito 
a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão 
para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base 
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver 
notícia. 
 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo 
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues 
ao requerente, se o pedir, mediante traslado. 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não 
poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes. 
 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será 
permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho 
fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, 
respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados 
do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) 
 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a 
autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar 
diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim 
providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato queocorra em sua 
presença, noutra circunscrição. 
 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao 
Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido 
distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
 
Questões 
 
01. (PC-MA - Investigador de Polícia – CESPE/2018) A respeito do inquérito policial, assinale a opção 
correta. 
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(A) No Brasil, a jurisprudência é pacífica quanto a acolher o arquivamento do inquérito policial de forma 
implícita. 
(B) No ordenamento nacional, não há previsão de recurso de ofício contra ato de arquivamento de 
inquérito policial. 
(C) Em caso de atipicidade da conduta, é possível o trancamento do inquérito policial via habeas 
corpus. 
(D) O inquérito policial é parte necessária da ação penal. 
(E) O indiciamento pode ser realizado por membro do Ministério Público, mesmo sem a participação 
de autoridade policial. 
 
02. (PC-MA - Perito Criminal – CESPE/2018) A respeito do inquérito policial, assinale a opção correta. 
(A) O inquérito policial poderá ser iniciado apenas com base em denúncia anônima que indique a 
ocorrência do fato criminoso e a sua provável autoria, ainda que sem a verificação prévia da procedência 
das informações. 
(B) Contra o despacho da autoridade policial que indeferir a instauração do inquérito policial a 
requerimento do ofendido caberá reclamação ao Ministério Público. 
(C) Sendo o inquérito policial a base da denúncia, o Ministério Público não poderá alterar a 
classificação do crime definida pela autoridade policial. 
(D) O inquérito policial pode ser definido como um procedimento administrativo pré-processual 
destinado à apuração das infrações penais e da sua autoria. 
(E) Por ser instrumento de informação pré-processual, o inquérito policial é imprescindível ao 
oferecimento da denúncia. 
 
03. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – FEPESE/2017) É correto afirmar sobre o inquérito policial. 
(A) A notitia criminis deverá ser por escrito, obrigatoriamente, quando apresentada por qualquer 
pessoa do povo 
(B) A representação do ofendido é condição indispensável para a abertura de inquérito policial para 
apurar a prática de crime de ação penal pública condicionada. 
(C) O Ministério Público é parte legítima e universal para requerer a abertura de inquérito policial afim 
de investigar a prática de crime de ação penal pública ou privada. 
(D) Apenas o agressor poderá requerer à autoridade policial a abertura de investigação para apurar 
crimes de ação penal privada. 
(E) O inquérito policial somente poderá ser iniciado de ofício pela autoridade policial ou a requerimento 
do ofendido. 
 
04. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE) Pode-se afirmar que a autoridade policial, assim 
que tiver conhecimento da prática da infração penal deverá: 
(A) intimar às partes para formular quesitos sobre que diligências periciais pretendem fazer. 
(B) telefonar para o local, a fim de determinar que não se alterem o estado e a conservação das coisas, 
até sua chegada. 
(C) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, depois que já tiverem sido liberados pelos 
peritos criminais. 
(D) entregar os pertences do ofendido e do indiciado para seus respectivas familiares. 
(E) preparar um relatório assinado por, pelo menos, três testemunhas que presenciaram o fato. 
 
05. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE) Acerca de aspectos diversos pertinentes ao 
IP, assinale a opção correta. 
(A) O IP, em razão da complexidade ou gravidade do delito a ser apurado, poderá ser presidido por 
representante do MP, mediante prévia determinação judicial nesse sentido. 
(B) A notitia criminis é denominada direta quando a própria vítima provoca a atuação da polícia 
judiciária, comunicando a ocorrência de fato delituoso diretamente à autoridade policial. 
(C) O indiciamento é ato próprio da autoridade policial a ser adotado na fase inquisitorial. 
(D) O prazo legal para o encerramento do IP é relevante independentemente de o indiciado estar solto 
ou preso, visto que a superação dos prazos de investigação tem o efeito de encerrar a persecução penal 
na esfera policial. 
(E) Do despacho da autoridade policial que indeferir requerimento de abertura de IP feito pelo ofendido 
ou seu representante legal é cabível, como único remédio jurídico, recurso ao juiz criminal da comarca 
onde, em tese, ocorreu o fato delituoso. 
 
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06. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) O inquérito policial 
(A) não pode ser iniciado se a representação não tiver sido oferecida e a ação penal dela depender. 
(B) é válido somente se, em seu curso, tiver sido assegurado o contraditório ao indiciado. 
(C) será instaurado de ofício pelo juiz se tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
(D) será requisitado pelo ofendido ou pelo Ministério Público se tratar-se de crime de ação penal 
privada. 
(E) é peça prévia e indispensável para a instauração de ação penal pública incondicionada. 
 
07. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) No que se refere ao arquivamento do inquérito policial, 
assinale a opção correta. 
(A) Membro do Ministério Público ordenará o arquivamento do inquérito policial se verificar que o fato 
investigado é atípico. 
(B) Cabe à autoridade policial ordenar o arquivamento quando a requisição de instauração recebida 
não fornecer o mínimo indispensável para se proceder à investigação. 
(C) Sendo o crime de ação penal privada, o arquivamento do inquérito policial depende de decisão do 
juiz, após pedido do Ministério Público. 
(D) O inquérito pode ser arquivado pela autoridade policial se ela verificar ter havido a extinção da 
punibilidade do indiciado. 
(E) Sendo o arquivamento ordenado em razão da ausência de elementos para basear a denúncia, a 
autoridade policial poderá empreender novas investigações se receber notícia de novas provas. 
 
08. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB) Sobre inquérito policial, assinale a resposta 
correta. 
(A) Excepcional e fundamentadamente, a autoridade policial poderá mandar arquivar o inquérito para 
evitar lesão a direitos fundamentais do indiciado. 
(B) Para o desarquivamento do inquérito policial a autoridade policial necessita de novas provas. 
(C) O prazo para encerramento do inquérito policial no caso de réu preso, nos termos do código de 
processo penal é de 30 dias. 
(D) Aos crimes de ação penal privada, encerrado o inquérito policial a autoridade policial poderá 
entregá-lo, por traslado, ao ofendido ou seu representante se assim for requerido. 
(E) No curso do inquérito o ofendido não poderá requerer diligências. 
 
Gabarito 
 
01. C / 02. D /03. B / 04. C / 05. C / 06. A / 07. E / 08. D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma facultativa, pela autoridade policial, quanto mediante o 
uso de habeas corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito policial em relação a algum agente 
alvo do procedimento administrativo investigatório. 
 
02. Resposta: D 
O inquérito policial é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitório e 
preparatório. Visa a apuração do crime e sua autoria, e à colheita de elementos de informação do delito 
no que tange a sua materialidade e seu autor. 
 
03. Resposta: B 
Art. 5º, §4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá 
sem ela ser iniciado. 
 
04. Resposta: C 
Dispõe o artigo 6º, II, do CPP, que logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial, dentre outras ações, deverá apreender os objetos que tiverem relação com o fato, 
após liberados pelos peritos criminais. 
 
 
 
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05. Resposta: C 
“Indiciar” é atribuir a alguém a prática de umainfração penal. O indiciamento é ato próprio da autoridade 
policial a ser adotado na fase inquisitorial. 
 
06. Resposta: A 
Nos crimes em que a ação pública depender de representação, o inquérito não poderá sem ela ser 
iniciado. É o que dispõe o art. 5º, §4º, do CPP. 
 
07. Resposta: E 
Prevê o art. 18 do CPP: “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, 
por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras 
provas tiver notícia”. 
 
08. Resposta: D 
Consoante o que prevê o artigo 19 do CPP: Nos crimes em que não couber ação pública (crimes de 
ação penal privada), os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a 
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, 
mediante traslado (cópia). 
 
 
 
A ação penal consiste no direito de pedir ao Estado tutela jurisdicional para resolver um problema que 
concretamente se apresenta. Com o fato delituoso, nasce para o Estado o direito de buscar e punir um 
culpado. Esta busca punição necessitam respeitar um percurso que, prejudicialmente, em geral se dá 
pelo inquérito policial, e, judicialmente, se inicia com a ação penal. 
 
Características da ação penal 
A) A ação penal é pública. Trata-se de direito público. Por isso, por exemplo, o mais correto seria 
dizer ação penal “de iniciativa privada”, e não “ação penal privada”, afinal, toda ação penal é pública, já 
que a ação é contra o Estado; 
B) A ação penal é direito subjetivo. Isto porque, o seu titular tem o direito de exigir a prestação 
jurisdicional, já que ao Estado-juiz veda-se o “non liquet” (o poder de o juiz não julgar, por não saber como 
decidir); 
C) A ação penal é direito autônomo. Ou seja, a ação penal não se confunde com o direito material 
que se pretende tutelar. “Direito processual” e “direito material” são ciências distintas há tempos; 
D) A ação penal é direito abstrato. Isto porque, o acusado não é considerado culpado desde o 
começo da ação penal. Para que isto ocorra, é preciso que haja sentença condenatória ou absolutória 
imprópria (aplicação de medida de segurança) transitada em julgado. O fato de alguém ser alvo de uma 
ação penal não importa pré-condenação deste agente; 
E) Direito determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que 
pretende solucionar uma pretensão de direito material; 
F) A ação penal é direito específico: o direito de ação penal apresenta um conteúdo, que é o objeto 
da imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. Assim, é direito específico, 
por estar relacionada a um caso concreto. 
 
Pressupostos processuais. 
Os pressupostos processuais e as condições da ação são os requisitos, sem os quais não pode o juiz 
sequer examinar a situação deduzida. 
A concepção dos pressupostos processuais tem origem na obra de Oskar Von Bülow, cujos conceitos 
vêm sendo repetidos e aprimorados pela doutrina processual. 
Em resumida abordagem, pode-se afirmar que, para ser alcançada a tutela jurisdicional, há 
necessidade de que a relação jurídica processual, iniciada por provocação da parte interessada, esteja 
apta a desenvolver-se regularmente. Temos, pois, uma das categorias fundamentais do direito 
processual: os pressupostos processuais. 
 
2. Ação penal. 
 
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Pressupostos processuais são aqueles que possibilitam a constituição e 
desenvolvimento válidos do processo. 
 
Há duas correntes a respeito do tema: uma inclui nos pressupostos processuais todos os requisitos 
necessários ao nascimento e desenvolvimento válido e regular do processo; outra, uma tendência mais 
restritiva dos pressupostos processuais, entende como únicos requisitos o pedido, a capacidade de quem 
o formula e a investidura do destinatário. 
Pressupostos processuais, nessa visão restrita, seriam os requisitos mínimos para a existência de um 
processo válido, de uma relação jurídica regular, sem qualquer nexo com a situação de direito material 
deduzida na demanda. 
A grande vantagem dessa posição consiste exatamente em ressaltar a autonomia da relação 
processual frente à de direito substancial. Aquela teria seus requisitos básicos, fundamentais, que não 
guardam qualquer elo com esta última. 
Deste modo, pode-se afirmar que existem pressupostos de existência e de validade do processo. 
Sejam completos ou restritos os pressupostos processuais, fato é que, para emitir o provimento final sobre 
o caso concreto, o magistrado precisa que o processo se desenvolva sem vícios. 
Sem prejuízo, vamos elencar os pressupostos processuais indicados pela corrente mais restritiva: 
O primeiro pressuposto processual, portanto, refere-se à capacidade para ser parte. Assim, não 
podem oferecer denúncia aquele que não integre o Ministério Público ou queixa o ente desprovido da 
condição de pessoa – natural, jurídica ou judiciária. 
Nestas circunstâncias, incabível, por exemplo, a denúncia oferecida apenas por "estagiário", ou a 
queixa apresentada por pessoa falecida ou por sociedade de fato. 
À capacidade para ser parte acrescenta-se a capacidade postulatória, isto é, de estar em juízo 
regularmente representado. 
Logo, para o recebimento de queixa-crime, não basta o seu oferecimento pelo ofendido, devendo estar 
firmada por advogado, com os poderes específicos, observados os requisitos do art. 44, do Código de 
Processo Penal. Tais requisitos são essenciais para que o pedido possa ser aceito. 
Ausentes os pressupostos relativos às partes, a denúncia ou a queixa deverão ser rejeitadas. 
Além dos pressupostos relativos às partes, a inicial acusatória deve ser oferecida a quem tem 
jurisdição, poder para decidir a causa, isto é, a juiz regularmente investido no cargo. Assim, 
absolutamente nula a ação penal recebida por juiz afastado de suas funções ou aposentado. 
Tratando-se de juízo incompetente, todavia, somente são passíveis de anulação os atos decisórios, 
devendo o processo, ao ser declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente, conforme previsão do 
art. 567, do Código de Processo Penal. 
 
Condições da Ação Penal 
 
Tratam-se de condições que regulam o exercício do direito. Com efeito, estas condições podem ser 
genéricas ou específicas. 
 
1 Condições genéricas. São aquelas que devem estar presentes em toda e qualquer ação penal. São 
elas: 
A) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento 
jurídico, ou seja, deve se referir a uma providência admitida pelo direito objetivo. Deve ser um fato típico; 
B) Legitimidade para agir. Deve-se perguntar “quem pode”, e “contra quem se pode” manejar ação 
penal. 
A regra geral é a de que no polo ativo da ação penal pública figura o Ministério Público. No polo ativo 
da ação penal de iniciativa privada figura o ofendido. No polo passivo, sendo a ação penal pública ou 
privada, figurará o provável autor do fato delituoso maior de dezoito anos; 
C) Interesse de agir. Composto pelo trinômio necessidade/adequação/utilidade. 
Pela necessidade, analisa-se até que ponto a existência de ação penal é fundamental para 
esclarecimento da causa. Pode ser que em um determinado caso uma solução extrajudicial seja muito 
melhor, por exemplo. 
Já a adequação consiste no enquadramento da medida buscada por meio da ação penal com o 
instrumento apto a isso. Assim, a título ilustrativo, caso se deseje trancar uma ação penal cuja única 
sanção cominada ao delito seja a de multa, não se mostra como medida mais adequada à utilização do 
habeas corpus, já que não há risco à liberdade de locomoção, mas sim por meio do mandado de 
segurança. 
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Por fim, a utilidade consiste na eficácia prática que uma ação deve ter. Se não há nada a ser apurado, 
ou não há qualquer sanção a ser aplicada, inútil e desnecessária será a ação penal; 
D) Justacausa. Trata-se de condição genérica da ação prevista apenas no processo penal (art. 395, 
III, CPP), mas não no processo civil. Consiste em se obter o mínimo de provas indispensável para o início 
de um processo, até para com isso não submeter o cidadão à situação degradante e embaraçosa que 
desempenha a persecução criminal na vida de uma pessoa. 
 
2 Condições específicas. São condições exigidas apenas para alguns delitos. Assim, por exemplo, 
nos crimes de ação de iniciativa pública condicionada, indispensável será o oferecimento de 
representação pelo ofendido, nos termos do art. 39, do Código de Processo Penal, ou a requisição do 
Ministro da Justiça, em se tratando de crime contra a honra praticado contra o Presidente da 
República, contra chefe de governo estrangeiro, conforme art. 145, parágrafo único, do Código Penal; 
no crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236,do CP), constitui condição 
específica da ação penal – queixa – o trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou 
impedimento, anule o casamento. Ainda podemos citar o laudo pericial nos crimes contra a propriedade 
imaterial; o exame preliminar em crimes de tóxicos; a representação do ofendido etc. 
Deste modo, ausente condição específica de procedibilidade exigida pela lei, de rigor será a rejeição 
da denúncia ou queixa. 
 
Classificação / Espécies das ações penais. 
A classificação das ações penais observa, em regra, o titular para sua propositura. 
1 Ação penal pública. É de iniciativa exclusiva do Ministério Público (órgão do Estado, composto por 
promotores e procuradores de justiça no âmbito estadual, e por procuradores da República, no federal). 
Na ação pública vigora o princípio da obrigatoriedade, ou seja, havendo indícios suficientes, surge para 
o Ministério Público o dever de propor a ação. A peça processual que dá início à ação penal pública é a 
denúncia, sendo suas características principais: 
A) A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação 
do acusado (ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo), a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol de testemunhas (art. 41, CPP). A ausência destes requisitos pode levar à inépcia da 
denúncia. 
Também, a impossibilidade de identificar o acusado com seu verdadeiro nome ou outros qualificativos 
não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. Assim, se descoberta posteriormente a 
qualificação, basta fazer retificação por termo nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes 
(art. 259, CPP); 
B) Na hipótese de concurso de agentes, ou em crimes de concurso necessário, a denúncia deve 
especificar a conduta de cada um. É posicionamento pacífico no Supremo Tribunal Federal e no Superior 
Tribunal de Justiça de que a “denúncia genérica” deve ser de todo evitada, por prejudicar o direito de 
defesa do(s) agente(s) envolvido(s); 
C) É possível “denúncia alternativa”? Neste caso, o agente ministerial pede a condenação por um 
crime “X”, ou, caso isso não fique provado, que seja o agente condenado, com a mesma narrativa 
acusatória fática, pelo crime “Y”. 
Diverge amplamente a doutrina quanto a essa possibilidade: quem entende que isso não é possível, 
ampara-se no argumento de que isso torna a acusação incerta e causa insegurança jurídica ao acusado; 
quem entende que isso é possível, afirma que, como o acusado se defende meramente de fatos, e não 
de uma tipificação imposta, nada obsta que subsista um crime em detrimento de outro e a condenação 
por um ou por outro seja pedida na acusação; 
D) Pouco importa a definição jurídica que o agente ministerial atribui ao acusado. Este sempre se 
defenderá dos fatos narrados, e não do tipo penal imputado; 
E) Com base no art. 46, CPP, o prazo para oferecimento da denúncia (que é um prazo de natureza 
processual penal, isto é, contado da forma do art. 798, CPP) será de cinco dias, estando o réu preso 
(contado da data em que o órgão do Ministério Público receber o inquérito policial), e de quinze dias, 
estando o réu solto ou afiançado. Agora, se o agente do MP tiver dispensado o inquérito, o prazo para a 
exordial acusatória contar-se-á da data em que tiver recebido as peças informativas substitutivas do 
procedimento administrativo investigatório (art. 46, §1º, CPP). 
Há, ainda, prazos especiais na legislação extravagante para oferecimento de denúncia, como o de dez 
dias para crime eleitoral, o de dez dias para tráfico de drogas, o de quarenta e oito horas para crime de 
abuso de autoridade, e o de dois dias para crimes contra a economia popular; 
F) De acordo com o art. 395, CPP, a denúncia será rejeitada quando for manifestamente inepta (inciso 
I); quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal (inciso II); e quando 
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faltar justa causa para o exercício da ação penal (inciso III); 
G) Da decisão que recebe a denúncia não cabe qualquer recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, 
habeas corpus ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de 
impugnação. Já da que rejeita a denúncia ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em sentido 
estrito, por força do art. 581, I, CPP. 
Vale lembrar apenas que, excepcionalmente, na Lei nº 9.099/95, de acordo com seu art. 82, a rejeição 
da inicial acusatória desafia o recurso de apelação. 
 
Súmula 707 do STF: “constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer 
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não suprimindo a nomeação do defensor 
dativo”. 
 
Isto posto, feitas estas considerações acerca da denúncia, a seguir há se estudar as espécies de ação 
penal pública. 
 
1.1 Ação penal pública incondicionada. É a regra no ordenamento processual penal. É titularizada 
pelo Ministério Público e prescinde de manifestação de vontade da vítima ou ainda de terceiros para ser 
exercida. 
Será aplicada mediante o silêncio da lei a respeito da ação penal cabível para determinado tipo penal. 
Com efeito, a titularidade da ação penal pública incondicionada é do Ministério Público, com 
fundamento no art. 129, I, da Constituição Federal, que a exercerá por meio de denúncia, como já dito. 
 
São princípios aplicados à ação penal pública incondicionada: 
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do sistema acusatório, ao juiz não é dado iniciar o 
processo de ofício. O juiz precisa ser provocado, para sair de sua posição estática, inerte; 
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá condenação por crime a que já tenha sido 
condenado. Logo, ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação, conforme consta 
do art. 8º, n. 4, da Convenção Americana de Direitos Humanos; 
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode passar da pessoa do autor do delito (art. 5º, 
XLV, da CF); 
D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade processual). Presentes as condições da ação, o 
Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia. As exceções a tal princípio são as hipóteses de 
transação penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95) e de termo de ajustamento de conduta em crimes ambientais, 
e de parcelamento do débito tributário; 
E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público é obrigado a oferecer denúncia, não pode, 
desistir da ação penal pública (art. 42, CPP). A exceção a tal princípio é a suspensão condicional do 
processo, prevista no art. 89, da Lei nº 9.099/95, na qual, enquanto em período de cumprimento das 
condições impostas ao acusado, ficam os agentes estatais inertes quanto à continuidade da persecução 
criminal; 
F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais superiores, o Ministério Público pode denunciar alguns 
dos corréus, sem prejuízo do prosseguimento das investigações em relação aos demais. Há quem 
entenda, todavia, que havendo elementos de informação, o Ministério Público é obrigado a denunciar 
todos os suspeitos,de modo que o princípio aplicável à ação penal pública seria o “da indivisibilidade”, e 
não o “da divisibilidade”. 
Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, que em sede de ação penal pública o que vale é 
o “Princípio da Divisibilidade”, razão pela qual foi aqui incluído; 
G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não necessita qualquer autorização para oferecer 
denúncia. 
 
1.2 Ação penal pública condicionada. O Ministério Público depende do implemento de uma 
condição, que pode ser a representação do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça. 
A sua titularidade também compete ao Ministério Público, que o faz por meio de denúncia. A diferença 
é que, enquanto na ação pública incondicionada não carece o MP de qualquer autorização, na 
condicionada fica o órgão ministerial subordinado justamente a uma autorização prévia que se faz por 
meio de representação/requisição. 
Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os mesmos da ação penal pública 
incondicionada. 
A) Representação do ofendido. É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido 
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de que tem interesse na persecução penal do fato delituoso. Ela deve ser oferecida por pessoa maior de 
dezoito anos através de advogado, ou, se menor de dezoito anos, é o representante legal deste quem 
procura um advogado para que o faça. Se houver colisão de interesses entre o menor e seu 
representante, nomeia-se curador especial, na forma do art. 33, do Código de Processo Penal. 
Ademais, com fundamento no primeiro parágrafo, do art. 24, CPP, no caso de morte do ofendido ou 
quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge (ou 
convivente), ao ascendente, ao descendente, ou irmão; 
B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em regra, a representação funciona como 
condição específica de procedibilidade aos processos que ainda não tiveram início. Por outro lado, se 
o processo já está em andamento, a representação passa a ser uma condição de prosseguibilidade da 
ação penal, já que, para que o processo prossiga, uma condição superveniente tem de ser sanada; 
C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de peça sem rigor formal, bastando que fique 
devidamente demonstrado o interesse da vítima ou de seu representante legal em representar o ofensor. 
Conforme o art. 39, da Lei Processual Penal, o direito de representação poderá ser exercido, 
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao 
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ato contínuo, o primeiro parágrafo do 
mencionado dispositivo prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura 
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, 
perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do MP, quando a este houver sido dirigida. Por fim, 
o parágrafo segundo do art. 39 prevê que a representação conterá todas as informações que possam 
servir à apuração do fato e da autoria; 
D) Direcionamento da representação. É feita à autoridade policial, ao Ministério Público, ou ao juiz, 
pessoalmente ou por represente com procuração atribuidora de poderes especiais para tal; 
E) Prazo para oferecimento da representação. Assim como a queixa-crime, a representação está 
sujeita ao prazo decadencial de seis meses, em regra contados do conhecimento da autoria. Trata-se de 
prazo penal, isto é, o dia do início é contabilizado (art. 10, CP); 
F) Retratação da representação. Antes do oferecimento da denúncia pode ocorrer a retratação. Depois 
de oferecida a denúncia, não é mais possível retratar-se da representação. Eis o teor do art. 25, do Código 
de Processo Penal; 
G) Retratação da retratação da representação. Trata-se de uma nova representação, ou seja, o agente 
representou, se retratou, e então se retrata da retratação. Ela é possível, desde que dentro do prazo 
decadencial de seis meses; 
H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja representação. A representação oferecida 
não vincula o agente ministerial a oferecer denúncia se averiguar que o fato descrito não constitui delito, 
ou, ainda que constitua, não mais é possível sua punibilidade; 
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição específica de procedibilidade (ex.: crimes contra a 
honra do Presidente da República, nos moldes do art. 145, CP). Trata-se, essencialmente, de ato político 
praticado pelo Ministro da Justiça, endereçado ao Ministério Público na figura de seu Procurador Geral; 
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a prazo decadencial? Não. O crime contra o qual se 
exige a requisição está sujeito à prescrição, mas a requisição do Ministro da Justiça não se sujeita a prazo 
decadencial; 
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há divergência na doutrina. Para uma primeira corrente, 
não se admite retratação da requisição, justamente pela grande natureza política que este ato importa; 
para uma segunda corrente, essa retratação é, sim, admitida, desde que feita antes do oferecimento da 
peça acusatória. O posicionamento que vem se consolidando na doutrina bem como nos Tribunais é que 
não é cabível a retratação da requisição (Tourinho Filho, Fernando Capez). 
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja requisição. Vale o mesmo que foi dito para a 
representação. 
 
1.2.1 Ação Penal Pública à Requisição do Ministro da Justiça 
Trata-se de ato de conveniência política, em que o Ministro da Justiça autoriza a persecução criminal 
nas infrações que exijam. Essa discricionariedade conferida ao Ministro da Justiça é rara, porém damos 
um exemplo que são os casos de crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. 
 
2 Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de oportunidade conferida ao ofendido de oferecer 
queixa-crime, caso entenda ter sido vítima de delito. Vale dizer que, como a regra no silêncio do legislador 
é a ação penal pública incondicionada, para que a ação penal seja de iniciativa privada deve haver 
previsão legal neste sentido. 
Importante ainda, discorrer sobre algumas das características principais da queixa-crime: 
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A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo Penal, ao ofendido ou a quem tenha qualidade 
para representá-lo (querelante) caberá intentar ação privada contra o ofensor (querelado). Ademais, no 
caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa 
ou prosseguir na ação passará ao cônjuge (ou convivente), ascendente, descendente, ou irmão (se 
houver colisão de interesses entre o menor e seu representante, nomeia-se curador especial, na forma 
do art. 33, do Código de Processo Penal). 
Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, CPP, se comparecer mais de uma pessoa com direito 
de queixa, terá preferência o cônjuge (ou convivente), e, em seguida, o parente mais próximo da ordem 
de enumeração constante do art. 31 (cônjuge, ascendente, descendente, irmão), podendo, entretanto, 
qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone; 
B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, 
devendo constar do instrumento do mandado o nome do querelante e a menção do fato criminoso (salvo 
quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem previamente ser requeridas no juízo 
criminal); 
C) A queixa-crime deve conter todos os elementos da denúncia previstos no art. 41, CPP, valendo a 
mesma ressalva feita no art. 259, da Lei Processual; 
D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá 
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo; 
E) O prazo para oferta de queixa-crime édecadencial de seis meses, contados com a natureza de 
prazo penal (art. 10, CP) do conhecimento da autoridade delitiva, tal como o prazo para a representação 
do ofendido nos delitos de ação penal pública condicionada à representação. A exceção ao início da 
contagem de prazo se dá no caso do crime previsto no art. 236, do Código Penal (crime de induzimento 
a erro essencial e ocultação de impedimento ao casamento), em que o prazo de seis meses para queixa 
começa a contar do trânsito em julgado da sentença que anule o casamento no âmbito cível, conforme 
disposto no parágrafo único do aludido dispositivo; 
F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer recurso, devendo-se utilizar, se for o caso, 
habeas corpus ou mandado de segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de 
impugnação. Já da que rejeita a queixa ou a acolhe apenas parcialmente cabe recurso em sentido estrito, 
por força do art. 581, I, CPP. 
Isto posto, feitas estas considerações acerca da queixa-crime, há se discorrer sobre as espécies de 
ação penal privada. 
 
2.1 Ação penal exclusivamente privada. É possível sucessão processual, já que, apesar de competir 
ao ofendido a iniciativa de manejo, o art. 31, CPP permite que cônjuge (ou convivente), ascendente, 
descendente ou irmão nela prossigam no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial. 
São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada: 
A) Princípio da inércia da jurisdição. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à ação penal pública, já foi devidamente 
explicado; 
D) Princípio da oportunidade (ou princípio da conveniência). Mediante critérios de oportunidade 
ou conveniência, o ofendido pode optar pelo oferecimento ou não da queixa. 
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da renúncia, através do qual a vítima (ou seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais) demonstra seu desejo, de maneira expressa 
(quando o faz explícita e deliberadamente mediante declaração assinada) ou tácita (quando tem condutas 
incompatíveis com seu desejo de processar o ofensor, como manter com ele relações amigáveis, p. ex.), 
de não exercer a ação. 
A renúncia é instituto pré-processual. Uma vez realizada, não se admite retratação; 
E) Princípio da disponibilidade. Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não é do ofendido. É 
uma decorrência do princípio da oportunidade. O particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o 
Estado assim o desejou, e por isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas 
conveniências. Mesmo o fazendo, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a relação jurídica 
material) até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção. 
Dentro de tal postulado, temos ainda que estudar dois institutos, a saber, o perdão da vítima e a 
perempção. 
O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo imputado (ao contrário da renúncia, que é ato 
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unilateral). Ocorre quando já instaurado o processo (não é pré-processual como a renúncia); é irretratável; 
pode ser expresso ou tácito (o silêncio do acusado, de acordo com o art. 58, CPP, implica aceitação do 
perdão); processual ou extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP, a aceitação do perdão fora do 
processo constará de declaração assinada pelo querelado, ou por seu representante legal, ou por 
procurador com poderes especiais); e por fim, pode ser ofertado até o trânsito em julgado da sentença 
final. 
Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a desídia do querelante quando, iniciada a ação 
penal, deixa de promover o andamento do processo durante trinta dias seguidos (inciso I); quando, 
falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não comparece em juízo para prosseguir no 
processo dentro do prazo de sessenta dias qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (ressalvado o 
disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante deixa de comparecer sem motivo justificado a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente (inciso III, primeira parte); quando o querelante deixa 
de formular o pedido de condenação nas alegações finais (inciso III, segunda parte); quando, sendo o 
querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (inciso IV); 
 
F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um obriga ao processo de todos. Portanto, se o 
querelante renuncia ao direito de queixa em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais. Eis 
o teor que se pode extrair do art. 48, do Código de Processo Penal. Da mesma maneira, o perdão dado 
a um dos ofensores se estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem-no (art. 51, 
CPP). 
O “fiscal” desse princípio será o Ministério Público, nos termos do art. 48, CPP, o qual velará pela 
indivisibilidade da ação penal. 
 
2.2 Ação penal privada personalíssima. Não é possível a sucessão processual. No caso de morte 
da vítima, extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão (ex: o delito previsto no art. 236, do Código 
Penal). 
É como se vê, um direito personalíssimo e intransferível. 
Caso a vítima seja menor de 18 anos de idade deverá aguardar completar a maioridade para exercer 
a ação, enquanto ela aguarda o prazo decadencial não irá correr. 
Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada também se aplicam à ação penal privada 
personalíssima. 
 
2.3 Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação penal privada supletiva). Somente é 
cabível diante da inércia deliberada do Ministério Público. 
De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição Federal, será admitida ação penal privada nos 
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. No mesmo sentido, o art. 29, do Código 
Processual Penal, regulamenta o preceito constitucional e prevê que será admitida ação privada nos 
crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a 
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer 
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a 
ação como parte principal (o terceiro parágrafo, do art. 100, CP, também trata da ação penal privada 
supletiva que aqui se estuda). 
Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária deliberada desídia do agente do Ministério Público. 
Caso tal membro não tenha ofertado denúncia, porque entendeu não ser o caso, desautorizado fica o 
agente ofendido a manejar a ação privada subsidiária da pública. 
Por fim, cabe ressaltar que caso o Ministério Público retome a ação penal manejada pelo querelante 
subsidiário por negligência deste, a doutrina costuma designar tal retomada de “ação penal indireta”. 
 
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos do Código de Processo Penal 
pertinentes ao tema: 
 
TÍTULO III 
DA AÇÃO PENAL 
 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
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§2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado 
e Município, a ação penal será pública. 
 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
 
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou por meio 
de portaria expedidapela autoridade judiciária ou policial. 
 
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que 
caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o 
tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da 
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial 
e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)3 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, 
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da 
instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a 
revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber 
a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e 
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições 
ajustadas cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, 
produto ou proveito do crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima 
cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na 
forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo 
da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes 
aos aparentemente lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que 
proporcional e compatível com a infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão 
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal 
habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo 
de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher 
 
3 Dispositivo com eficácia suspensa, nos termos da decisão monocrática do STF – ADI 6298/DF – Medida Cautelar – Rel. Min. Luiz Fux – 22 jan.2020). 
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por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do 
Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz 
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e 
sua legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de 
não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de 
acordo, com concordância do investigado e seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando 
não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da 
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu 
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o 
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de 
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser 
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão 
condicional do processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de 
antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a 
extinção de punibilidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, 
o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo 
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir 
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso 
de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
 
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. 
 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, 
nomeará advogado para promover a ação penal. 
§1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se 
dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. 
§2º Será prova suficiente de pobrezao atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o 
ofendido. 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não 
tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser 
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz 
competente para o processo penal. 
 
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por 
ele ou por seu representante legal. 
 
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Art. 35. Revogado pela Lei nº 9.520/97. 
 
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em 
seguida, o parente mais próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, 
qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone. 
 
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação 
penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no 
silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes. 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de 
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier 
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do mesmo 
prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à 
autoridade policial. 
§1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do 
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade 
policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida. 
§2º A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. 
§3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, 
não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for. 
§4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade 
policial para que esta proceda a inquérito. 
§5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos 
elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 
quinze dias. 
 
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência 
de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao 
oferecimento da denúncia. 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, 
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime 
e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
 
Art. 43. Revogado pela Lei nº 11.719/08. 
 
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do 
instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais 
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo 
Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data 
em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver 
solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-
se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. 
§1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia 
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação 
§2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do Ministério 
Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que 
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aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos 
complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer 
autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. 
 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério 
Público velará pela sua indivisibilidade. 
 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos 
se estenderá. 
 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante 
legal ou procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos 
não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. 
 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito 
em relação ao que o recusar. 
 
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido 
por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não 
produzirá efeito. 
 
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, 
ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o 
juiz Ihe nomear. 
 
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto 
no art. 52. 
 
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. 
 
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. 
 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. 
 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a 
dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio 
importará aceitação. 
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 
 
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por 
seu representante legal ou procurador com poderes especiais. 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação 
penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias 
seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber 
fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a 
que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. 
 
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo 
de ofício.Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz 
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mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de 
cinco dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a 
matéria na sentença final. 
 
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido 
o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade. 
 
Questões 
 
01. (ALERJ – Procurador - FGV/2017) Paulo praticou determinada conduta prevista como crime, 
prevendo a legislação então vigente que a ação respectiva ostenta a natureza privada. Três meses depois 
do ocorrido, em razão de mudança legislativa, o crime praticado por Paulo passou a ser de ação penal 
pública incondicionada. Um ano após os fatos criminosos, o Ministério Público ofereceu denúncia contra 
Paulo em razão daquele comportamento, tendo em vista que o ofendido não havia proposto queixa em 
momento anterior. De acordo com a situação acima exposta, é correto afirmar que o juiz deve: 
(A) receber a denúncia, sendo o Ministério Público parte legítima, eis que a nova lei deve ser 
imediatamente aplicada; 
(B) rejeitar a denúncia, eis que o Ministério Público não deflagrou a ação penal no prazo de seis meses; 
(C) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito praticado por Paulo, apesar da alteração 
legislativa, continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a prescrição; 
(D) rejeitar a denúncia, porque especificamente o delito praticado por Paulo, apesar da alteração 
legislativa, continua sendo de ação penal privada, reconhecendo a decadência; 
(E) receber a denúncia, porquanto, com a mudança legislativa, tanto o ofendido como o Ministério 
Público poderiam deflagrar a ação penal respectiva. 
 
02. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário - NUCEPE) A ação penal é o poder-dever de provocar o Poder 
Judiciário para decidir a conduta definida em lei como crime. Acerca da ação penal, assinale a opção 
CORRETA. 
(A) O direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, se esta já estiver em curso, será exclusivamente 
do ofendido, não podendo o seu cônjuge lhe substituir. 
(B) Quando a Ação for privativa do ofendido, o Ministério Público não poderá aditar a queixa. 
(C) Sempre é possível o perdão por parte da vítima durante o inquérito policial. 
(D) O Ministério Público não poderá desistir da Ação Penal. 
(E) Existindo três querelados identificados na ação é possível o perdão a apenas um deles, desde que 
seja nos autos da Ação. 
 
03. (PC/PA - Delegado de Polícia Civil - FUNCAB) Sobre ação penal é correto afirmar que: 
(A) a ação penal privada, em certos casos é personalíssima, só podendo o delegado de polícia 
instaurar inquérito, exclusivamente, no caso de requerimento do próprio ofendido. 
(B) na ação penal subsidiária da pública, quando o querelado deixa de comparecer aos atos do 
processo, ocorre a perempção. 
(C) quanto ao exercício, classifica-se em pública incondicionada, condicionada a representação do 
ofendido ou a resolução do Ministério da Justiça. 
(D) na ação penal privada o querelante tem legitimidade ordinária. 
(E) a ação penal pública rege-se pelos princípios da obrigatoriedade e disponibilidade, enquanto a 
privada rege-se pela oportunidade e indivisibilidade. 
 
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB) A ação penal pode ser classificada como Pública 
ou Privada, levando-se em consideração o responsável pelo seu ajuizamento. A perempção, o perdão, a 
decadência e a renúncia são institutos relacionados ao prosseguimento da ação penal. Sendo assim, é 
possível afirmar que: 
(A) o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar. 
(B) concedido o perdão pelo querelados, mediante declaração expressa nos autos, o Juiz julgará 
extinta a punibilidade, independentemente da aceitação do perdão pelo querelado. 
(C) quando, iniciada a ação penal privada, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante 30 dias seguidos, ocorrerá a decadência. 
(D) a renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, não se 
estenderá aos demais. 
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(E) nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal 
quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para 
prosseguir no processo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-
lo. 
 
05. (DPE/MT - Defensor Público - UFMT) São princípios que regem a ação penal privada: 
(A) obrigatoriedade e intranscendência. 
(B) indivisibilidade e obrigatoriedade. 
(C) oportunidade e indisponibilidade. 
(D) instranscendência e indisponibilidade. 
(E) disponibilidade e indivisibilidade. 
 
Gabarito 
 
01. D / 02. D / 03. A / 04. A / 05. E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Embora tenha ocorrido uma mudança legislativa, está não pode retroagir para disciplinar os fatos 
anteriores a sua vigência. Assim, considerando que o crime praticado por Paulo ostenta natureza privada, 
somente pode ser regularmente processado no caso de ter sido oferecida a representação pelo ofendido 
no prazo decadencial previsto na lei (art. 38, do CPP - seis meses). Deste modo, o juiz deve rejeitar a 
denúncia proposta, pois o crime continua sendo de ação penal privada, e não oferecida a representação 
no prazo legal, deve ser reconhecida a decadência. 
 
02. Resposta: D 
Disciplina o art. 42 do CPP: “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal”. 
 
03. Resposta: A 
Na ação penal personalíssima, não é possível a sucessão processual, é um direito intransferível. 
Assim, o delegado de polícia somente poderá instaurar inquérito policial, caso requerido pelo próprio 
ofendido. E ainda, no caso de morte de sua morte, extingue-se a punibilidade por não admitir sucessão 
(Ex: o delito previsto no art. 236, do Código Penal). 
 
04. Resposta: A 
Ao contrário da renúncia, o perdão é um ato bilateral, não produzindo efeito se o querelado não o 
aceita. É o que dispõe o artigo 51 do CPP: “o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, 
sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar”. 
 
05. Resposta: E 
Dentre outros, são princípios que regem a ação penal privada: a disponibilidade e a indivisibilidade. A 
disponibilidade consiste no fato de que a decisão em prosseguir ou não com a ação é do ofendido, que 
até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção. E a 
indivisibilidade, consiste na obrigação de propor a ação contra todos ofensores, não pode optar por 
processa apenas um em benefício dos demais. Portanto, se o querelante renuncia ao direito de queixa 
em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais (art. 48, CPP). Da mesma maneira, o perdão 
dado a um dos ofensores se estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem-no (art. 
51, CPP). 
 
 
 
É a ação ajuizada pelo ofendido na esfera cível para obter indenização pelo dano causado pelo crime. 
Trata-se de ação de cunho cognitivo, modalidade de ação de ressarcimento do dano que visa a 
obtenção de um título executivo judicial, para que em um segundo momento execute a indenização 
causada pela infração penal. 
3. Ação civil. 
 
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Se a vítima optar por ingressar com a ação civil ex delicto, tal ação pode ser promovida pelo ofendido, 
seu representante legal ou seus herdeiros; se houver aplicação da prestação pecuniária, o valor será 
descontado, desde que coincidentes os benefícios. 
A ação deve ser proposta no juízo cível (sendo opção o foro do domicílio da vítima, o do local do fato 
ou do domicílio do réu), contra o autor do crime, seu responsável civil ou seu herdeiro.O prazo prescricional é de 3 anos e só começa a correr quando a vítima completar 16 anos. O termo 
a quo para ajuizamento da ação somente começa a fluir a partir do trânsito em julgado da ação penal. 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça confirma que, “em se tratando de ação civil ex delicto, 
com o objetivo de reparação de danos, o termo a quo para ajuizamento da ação somente começa a fluir 
a partir do trânsito em julgado da ação penal”. 
Se o condenado no juízo penal for incapaz, somente responderá com os seus bens pessoais se os 
responsáveis não tiverem obrigação de fazer ou não tiverem meios suficientes. O valor não pode privar o 
incapaz ou seus dependentes do necessário para sua subsistência. 
Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta até o julgamento definitivo 
daquela, para evitar decisões contraditórias, nos termos do art. 64, parágrafo único, do CPP. 
 
Não impedem a ação civil ex delicto os seguintes casos: 
a) despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
b) decisão que julgar extinta a punibilidade; 
c) sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime; 
d) sentença absolutória imprópria; 
e) sentença de extinção de punibilidade: não impede a execução, salvo se houver prescrição punitiva; 
f) anistia; 
g) absolvição criminal com fundamento em causa excludente de culpabilidade. 
 
Porém, impedem a ação civil ex delicto: 
a) sentença absolutória no caso de inexistência de fato; 
b) sentença absolutória no caso de negativa de autoria. 
 
O Ministério Público tem legitimidade para promover ação de indenização de dano causado por ato 
ilícito, se a vítima for pobre e não existir serviço de assistência jurídica com organização suficiente para 
atender à demanda. Enquanto o Estado não instituir e organizar a Defensoria Pública local, tal como 
previsto na Constituição da República (art. 134), subsistirá íntegra a regra inscrita no art. 68 do CPP, na 
condição de norma ainda constitucional. 
 
Vamos acompanhar em seguida os dispositivos do CPP acerca do tema: 
 
TÍTULO IV 
DA AÇÃO CIVIL 
 
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo 
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo 
valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a 
apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser 
proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o 
julgamento definitivo daquela. 
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado 
de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 
direito. 
 
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando 
não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. 
 
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: 
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; 
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II - a decisão que julgar extinta a punibilidade; 
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime. 
 
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da 
sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo 
Ministério Público. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Alumínio/SP - Procurador Jurídico - VUNESP) O termo inicial do prazo de 
prescrição para o ajuizamento da ação de indenização por danos decorrentes de crime (ação civil ex 
delicto), de ação proposta contra empregador em razão de crime praticado por empregado no exercício 
do trabalho que lhe competia, é a data 
(A) da prática do ato ilícito. 
(B) da data da lesão. 
(C) do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
(D) da data do conhecimento do fato por parte do titular lesado. 
(E) da data do conhecimento do fato por parte do empregador. 
 
02. (TJ/AP – Juiz – FCC) Acerca da ação civil ex delicto, é correto afirmar: 
(A) Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor mínimo 
para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, 
fixado pelo Juiz na decisão condenatória, sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano 
efetivamente sofrido. 
(B) O ofendido poderá optar por promover a execução, para o efeito da reparação do dano, no juízo 
cível ou criminal. 
(C) A execução da sentença penal condenatória, para efeito da reparação do dano, é ato 
personalíssimo do ofendido e não se estende aos seus herdeiros. 
(D) A ação para ressarcimento do dano não poderá ser proposta no juízo cível contra o autor do crime 
e o responsável civil enquanto pendente ação penal para apuração dos mesmos fatos. 
(E) De acordo com o Código de Processo Penal, a decisão que julga extinta a punibilidade é causa 
impeditiva da propositura da ação civil. 
 
03. (TJ/RR - Titular de Serviços de Notas e de Registros - CESPE) A respeito da ação civil ex 
delicto, assinale a opção correta. 
(A) Ao oferecer a denúncia, o MP poderá também requerer ao juízo criminal competente que, uma vez 
julgado procedente o pedido de condenação do acusado pelo crime de roubo, também o condene 
civilmente a reparar o dano material causado por não ter sido apreendida a coisa subtraída, assegurando-
se ao ofendido executar o título executivo no juízo cível competente. 
(B) A absolvição imprópria impede a propositura da ação cível pelo ofendido. 
(C) O MP detém legitimidade extraordinária para propor ação cível contra autor de fato que prejudique 
pessoa pobre. 
(D) A extinção da punibilidade pela prescrição impede a propositura da ação cível pelo ofendido, visto 
que a prescrição alcança o fato e a produção de seus efeitos. 
(E) Sentença que absolva o acusado sob o fundamento da incidência de causa excludente de 
tipicidade impede a propositura da ação cível pelo ofendido. 
 
04. (TJ/PB - Juiz Leigo - CESPE) No que se refere à ação penal e à ação civil ex delicto, assinale a 
opção correta. 
(A) A conclusão, pelo juízo criminal, de que o fato narrado na denúncia não constitui crime ou a 
declaração da não existência de provas suficientes para a condenação do réu, assim como a proclamação 
da extinção da punibilidade, não obstam a propositura da ação civil ex delicto. 
(B) Não sendo proposta a ação penal para responsabilizar o agente por determinado crime, a vítima 
estará impedida de ingressar com ação civil no intuito de reparar os danos causados por esse crime, visto 
que, nesse caso, o crime não terá sido judicialmente comprovado. 
(C) A deflagração da persecução penal em juízo, em caso de ação penal pública condicionada, deve, 
obrigatoriamente, embasar- se nas informações existentes em inquérito policial. 
(D) Independentemente da espécie de ação penal, se a vítima conceder o perdão ao agressor, a 
punibilidade será extinta, devendo o juiz arquivar a denúncia. 
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(E) O prazo decadencial para o início da ação penal pública condicionada — que pode ser iniciada 
com a representação do ofendido ou a requisição do ministro da Justiça — é de seis meses, contado a 
partir do conhecimento do autor do crime pelo ofendido ou seu representante. 
 
05. (TRF/2ª REGIÃO - Juiz Federal – CESPE) Assinale opção correta com referência à ação penal e 
à ação civil. 
(A) Uma vez que transite em julgado a condenaçãocriminal que fixe o valor da reparação civil pelos 
danos causados, o ofendido não poderá mover ação de reparação de danos com o propósito de acrescer 
seu valor, mas apenas execução do título executivo judicial formado na sentença penal. 
(B) O ofendido poderá propor ação civil em face do agente, ainda que a sentença absolutória decida 
que o fato imputado não constitui crime. 
(C) Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, 
no prazo de três dias, se o aceita, não importando seu silêncio em aceitação. 
(D) O assistente de acusação, após ser regularmente habilitado no processo, poderá aditar a denúncia 
oferecida pelo MP. 
(E) O MP não pode aditar a queixa-crime por força da prevalência do princípio da disponibilidade da 
ação penal privada. 
 
06. (MPE/TO - Promotor de Justiça - CESPE) Assinale a opção correta a respeito da ação civil. 
(A) A responsabilidade civil decorrente da prática de um crime depende da conclusão da ação penal, 
de modo a afastar o risco de decisões contraditórias, possível se ocorressem paralelamente uma ação 
penal e uma ação civil sobre o mesmo fato. 
(B) Diante de uma causa de excludente de ilicitude reconhecida pela sentença criminal, como, por 
exemplo, a legítima defesa, afasta-se a possibilidade de ressarcimento, mesmo que o terceiro lesado não 
tenha sido o causador do perigo. 
(C) Não são causas impeditivas da reparação civil as decisões do juízo penal que determinem o 
arquivamento do inquérito policial, que declarem extinta a punibilidade do réu ou que absolvam o réu por 
não ser o fato infração penal. 
(D) A reparação do dano causado pelo crime pode ser proposta contra o réu do processo criminal, ou 
contra o seu responsável civil, no caso da impossibilidade de o réu arcar financeiramente com o prejuízo 
causado. 
(E) Poderá o ofendido promover a execução da sentença penal condenatória perante o juízo cível 
tomando como base, exclusivamente, o valor mínimo fixado na sentença criminal, não cabendo a 
liquidação da sentença para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
Gabarito 
 
01. C / 02. A / 03. A / 04. A / 05. B / 06. C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
Nos termos do que dispõe o art. 63: “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão 
promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros”. 
 
02. Resposta: A 
Segundo o que preleciona o parágrafo único, do artigo 63, do CPP, transitada em julgado a sentença 
condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, fixado pelo Juiz na decisão condenatória, 
sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
 
03. Resposta: A 
A alternativa “A” está correta. A assertiva retrata o disposto no art. 387, IV, do CPP, segundo o qual o 
juiz, ao proferir sentença condenatória, fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela 
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. Como leciona Nucci, “é fundamental haver, 
durante a instrução criminal, um pedido formal para que se apure o montante civilmente devido. Esse 
pedido deve partir do ofendido, por seu advogado (assistente de acusação) ou do Ministério Público”. 
 
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04. Resposta: A 
A alternativa (a) está correta. A sentença penal absolutória não impede, necessariamente, a 
indenização civil. Dentre as causas de absolvição, não produzem coisa julgada no cível, possibilitando 
ação de conhecimento para apurar a culpa: a) absolvição por não estar provada a existência do fato (art. 
386, II); por não constituir o fato infração penal (art. 386, III e art. 67, III); por não haver prova de que o 
réu concorreu para a infração penal (art. 386, V); por excludentes de culpabilidade e, em regra, de ilicitude 
(art. 386, VI); por não existir prova suficiente para a condenação (art. 386, VII); despacho de arquivamento 
do inquérito ou das peças de informação (art. 67, I); decisão que julgar extinta a punibilidade (art. 67, II). 
Por outro lado, há hipóteses que produzem coisa julgada no cível: a) declarar o juiz que está provada a 
inexistência do fato (art. 386, I); considerar o juiz estar provado que o réu não concorreu para a infração 
penal (art. 386, IV). 
 
05. Resposta: B 
Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não 
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. É o que preleciona o artigo 66 do 
CPP. 
 
06. Resposta: C 
A alternativa C está correta, nos termos do dispõe o art. 67 do CPP: “Não impedirão igualmente a 
propositura da ação civil: I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II - a 
decisão que julgar extinta a punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime.” 
 
 
 
Jurisdição 
 
A jurisdição é o poder dever do Estado-Juiz em aplicar o direito em cada caso concreto. Com o fim da 
autotutela, ficou a cargo do Judiciário a função constitucional de certificar o direito e solucionar as 
demandas a eles apresentadas. É o poder de solucionar o conflito entre os direitos relacionados à 
liberdade do indivíduo e a pretensão punitiva. Etimologicamente, a jurisdição jurisdictio – FUNÇÃO DE 
DIZER O DIREITO. 
A jurisdição tem dois elementos constitutivos, o órgão (cabe ao juiz o exercício do poder-dever de 
solucionar os conflitos de interesses, aplicando o Direito no caso concreto); e a função (solução da 
espécie de fato, com a aplicação da lei e a decisão do conflito). 
 
1 Princípios da Jurisdição 
Vejamos os princípios constitucionais sobre a jurisdição: 
a) Princípio do juiz natural 
Conceitua-se esse princípio destacando o artigo 5°, LIII CF, “ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente". Cabe ao juiz julgar com total imparcialidade. Ainda, no 
artigo 5° XXXVII relata que "não haverá juízo ou tribunal de exceção". 
b) Princípio do devido processo legal (due process of law) 
Destaca-se pelo art.5º, LIV, CF, “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido 
processo”. 
c) Princípio da investidura 
A jurisdição só pode ser exercida por juiz competente, não podendo em regra, ser delegada a função 
jurisdicional a outro órgão. Exceção: casos de cartas precatórias e de ordem. 
c) Princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional 
Frisa-se o art.5ºXXXV, CF “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito;” ou seja, nenhum juiz poderá subtrair-se do exercício da função jurisdicional. 
d) Princípio da improrrogabilidade 
O juiz não poderá invadir nem ter sua competência invadida por outro juízo, nem com as concordância 
das partes. Em sede de exceção, caberá prorrogação da competência. 
 
 
4. Jurisdição; competência. 
 
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e) Princípio da indelegabilidade 
Por não poder violar a garantia do juiz natural, nenhum juiz pode delegar sua jurisdição a outro órgão, 
exceto nos casos taxativamente permitidos, como ocorre, por exemplo, nas cartas precatórias. 
f) Princípio da inevitabilidade ou irrecusabilidade 
Determina que as partes não poderão recusar o juiz que o Estado designou, salvo nos casos de 
incompetência, impedimento e suspeição. 
g) Princípio da inércia ou da titularidade (ne procedat judex ex officio) 
A jurisdição é inerte, portanto, deve ser provocada pelas partes. Assim, o Órgão Jurisdicional não pode 
dar início à ação sem a iniciativa das partes. 
f) Princípio da correlação ou da relatividade 
Os julgamentos devem ser restritos ao pedido, sendo inviável o julgamento ultra ou extra petita. 
O CPP permite dois institutos: a “Emendatio Libelli” e a “Mutatio Libelli”: 
*Emendatio Libelli: Está prevista no artigo 383, CPP “O juiz, sem modificar a descriçãodo fato contida 
na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha 
de aplicar pena mais grave”. 
 
Vejamos o quadro explicativo4: 
 
Conceito Modificação, pelo juiz, a capitulação jurídica dada ao 
fato na inicial acusatória. 
Momento Prolação da sentença. 
Exemplo MP narra subtração com violência na denúncia (art. 
157, CP), requerendo condenação por furto (art. 155. 
CP). 
Procedimento Sem ouvir as partes, o magistrado altera o tipo penal, 
ainda que a pena do novo delito seja mais grave. 
Defesa do réu Não há prejuízo, pois o réu se defende de fatos e estes 
não foram alterados por ocasião da aplicação do 
instituto. 
Aplicação em instância recursal É possível, vide art. 617 do CPP 
Possíveis consequências da 
aplicação do instituto 
Oferecimento de proposta de suspensão condicional 
do processo (art. 89 da lei n° 9.099/95) 
 
Remessa dos autos para o juízo competente. 
 
*“Mutatio Libelli”: Amparada pelo artigo 384, CPP, “Encerrada a instrução probatória, se entender 
cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia 
ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime 
de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente”. 
 
Vejamos o quadro explicativo5: 
 
Conceito Oportunização ao MP de inclusão de nova 
circunstância fática em razão da divergência entre os 
fatos indicados na inicial e aqueles apurados na 
instrução processual. 
Momento Encerrada a instrução probatória 
Exemplo MP narra subtração sem violência na denúncia e requer 
condenação por furto (art. 155, CP), mas a instrução 
revela ter havido violência na execução do crime 
Procedimento Abre-se vistas ao MP para aditamento da denúncia no 
prazo de 5 dias. O defensor se manifestará também em 
5 dias. Haverá novo interrogatório e oitiva de 
testemunhas (max. 03) 
Defesa Como se defende de fatos, precisa se manifestar sobre 
o aditamento. 
 
4 Curso de direito Processual Penal, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar. 
5Curso de direito Processual Penal, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar. 
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Aplicação em instância recursal É vedada, vide súmula n°453/STF 
Observações O juiz está adstrito aos termos do aditamento. 
 
Aplica-se somente às ações pública e privada 
subsidiária da pública 
Possíveis consequências da 
aplicação do instituto 
Oferecimento de proposta de suspensão condicional 
do processo (Lei 9.099/95) 
 
Remessa dos autos ao juízo competente. 
 
g) Princípio da unidade e identidade da jurisdição 
A jurisdição é única em si e em seus fins, diferenciando-se somente no julgamento de ações penais 
ou cíveis. 
 
2. Características da Jurisdição 
São duas características6: 
Substitutividade: o órgão jurisdicional declara o direito ao caso concreto, substituindo-se à vontade das 
partes. 
Definitividade: ao se encerrar o processo, a manifestação do juiz torna-se imutável. 
 
Competência 
 
A competência é o critério de distribuição entre os vários órgãos do Poder Judiciário das atividades 
relativas ao desempenho da jurisdição. 
Todo juiz é dotado do poder de solucionar litígios. Em nome do próprio Estado, está dotado de poderes 
para fazer a entrega da prestação jurisdicional. Exatamente esse poder de dizer o direito, esse poder de 
solucionar conflitos é a jurisdição. Ora, em sendo assim, todo juiz, a partir do momento em que toma 
posse, se reveste de poder jurisdicional. Só que há uma espécie de compartimentalização. Esse poder 
fica mais ou menos delimitado. Não pode um juiz de um estado, por exemplo, exercitar sua jurisdição 
noutro estado ou no Distrito Federal. 
É importante salientar que o poder jurisdicional é privativo do ESTADO-JUIZ. Entretanto, em face de 
uma expansão territorial, de determinadas pessoas (ratione personae) e de determinas matérias (ratione 
materiae), o exercício desse poder de aplicar o direito (abstrato) ao caso concreto sofre limitações, 
nascendo daí a noção de competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar a competência como sendo 
“o âmbito, legislativamente delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder Jurisdicional7. 
 
1. Competência Material 
A distribuição da competência é feita, no Brasil, a partir da própria Constituição Federal, que a atribui: 
a) ao Supremo Tribunal Federal (art. 102); 
b) ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105); 
c) à Justiça Federal (arts. 108 e 109) 
d) às justiças especiais: 
- Eleitoral; 
- Militar; 
- Trabalhista; 
e) à justiça estadual. 
 
Competência da Justiça Federal. É definida pela própria Constituição da República. Pode ser 
competência ratione personae (art. 109, incisos I, II e VIII) e competência ratione materiae (art. 109, 
incisos III, X e XI). Como se vê, Justiça Federal não é justiça especial, é também justiça comum, é justiça 
ordinária, assim como a justiça estadual. 
 
Competência da Justiça Estadual. A ela pertence tudo o que não estiver afeto às outras "justiças". 
Por exceção, o que não for da justiça especial nem da federal, a competência será da justiça estadual. 
Mesmo algumas causas, que, por sua natureza, seriam da justiça federal, são cometidas pela 
Constituição da República à justiça estadual. É o caso, por exemplo, da ação de acidente do trabalho. 
 
 
6 Curso de Processo Penal, Fernando Capez, 19ª edição. 
7 https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=5016 
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 Justiça Estadual Competência residual 
 
Competência da Justiça Militar. A justiça militar julga exclusivamente crimes militares. 
Existem crimes militares próprios e impróprios, vamos a eles: 
 
-Crime militar próprio: é aquele que só está previsto no Código Penal Militar, e que só poderá ser 
cometido por militar, como aqueles contra a autoridade ou disciplina militar ou contra o serviço militar e o 
dever militar. 
Crime militar impróprio: está previsto ao mesmo tempo, tanto no Código Penal Militar como na 
legislação penal comum, ainda que de forma um pouco diversa (roubo, estelionato, estupro, etc.) e via de 
regra, poderá ser cometido por civil. A competência da Justiça Militar foi estabelecida pelo texto 
constitucional de 1988. A Justiça Castrense divide-se em: Justiça Militar Federal e Justiça Militar Estadual. 
Os servidores militares também se dividem em duas categorias: militares federais e militares estaduais. 
A Justiça Militar Federal tem competência para processar e julgar os militares integrantes das Forças 
Armadas, Marinha de Guerra, Exército, Força Aérea Brasileira, civis e assemelhados. No Estado 
democrático de Direito, que tem como fundamento a observância de uma Constituição estabelecida pela 
vontade popular por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte, no caso do Brasil um Congresso 
Constituinte, não existe nenhum impedimento para a realização de um julgamento militar que tenha como 
acusado um civil. 
As leis militares, Código Penal Militar, Código de Processo Penal Militar, Leis Especiais Militares, 
definem as situações em que um civil poderá ser julgado por um juiz ou Tribunal Militar. Se um civil praticar 
um crime de furto em local sujeito a administração militar, como por exemplo um quartel, poderá responder 
a uma ação penal militar perante a justiça militar federal de 1ª instância. 
A Justiça Militar Estadual tem competência para processar e julgar os policiais militares e bombeiros 
militares nos crimes militares definidos em lei. Os crimes militares estão definidos no Código Penal Militar, 
CPM, e nas Leis Militares Especiais. Se um civil praticar um crime de furto em um quartel da Polícia Militar 
do Estado de São Paulo ou qualquer outro Estado membro da Federação, este será processado e julgado 
perante a Justiça Comum do Estado,com fundamento no Código Penal e Código de Processo Penal. 
 
Modificação da Competência entre os Órgãos da Justiça Militar da União – Lei 13.774/2018 
 
Uma das mudanças está no nome dado ao juiz togado, concursado, de primeiro grau de jurisdição, 
conhecido como juiz auditor.8 
Com essa nova redação, não teremos mais juízes auditores e juízes auditores substitutos como órgãos 
da justiça militar da União, mas sim juízes federais da justiça militar e juízes federais substitutos da justiça 
militar. 
 
Pense em uma bifurcação onde encontraremos: 
- juiz federal da justiça militar ou juiz federal substituto da justiça militar; 
- conselhos permanente e especial da justiça militar da União, compostos por magistrados togados 
(civis, concursados e não integrantes de carreira militar) e por mais quatro oficiais, que são militares das 
forças armadas. 
 
Competência da Justiça Eleitoral. A Justiça Eleitoral julga os crimes previstos no Código Eleitoral. 
Não temos juízes eleitorais em primeira instância, geralmente os juízes estaduais cumulam tal função 
e, por tal motivo, caso exista a interposição de recurso contra decisão praticada por este Juiz no exercício 
da competência eleitoral este deverá ser direcionado aos Tribunais Regionais Eleitorais, e não aos 
Tribunais de Justiça que estes normalmente estão subordinados. 
 
2 Competência pelo lugar da infração 
A competência pelo lugar da infração (competência ratione loci), via de regra, é determinada pelo lugar 
em que se consumar o delito, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
Convém ressaltar que: “a competência pelo lugar da infração, também chamada de competência de 
foro ou territorial, determina qual será a comarca competente para o julgamento do fato criminoso. Esse 
critério é o mais utilizado porque inibe a conduta de todas as pessoas que vivem no local e tomaram 
 
8 Távora, Nestor, Rosmar Rodrigues Alencar. Curso de Direito Processual Penal, 15ª edição, Ed: JusPodivm, 2020. 
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conhecimento do fato e, além disso, possibilita maior agilidade à colheita de provas sem que seja 
necessária a expedição de cartas precatórias para oitiva de testemunha, realização de perícias, etc..” 
Para melhor esclarecimento podemos citar como exemplo o entendimento do STF e do STJ em relação 
à emissão de cheques sem fundos, ou seja, nesse caso será competente o juízo do local onde ocorreu a 
recusa do pagamento pelo banco. 
 
Critério Territorial 
Critério principal Lugar de consumação do crime 
Critério subsidiário Domicílio do réu 
 
3 Competência pelo domicílio ou residência do réu 
A competência pelo domicílio ou residência do réu, também chamada de foro subsidiário, está disposta 
no artigo 72 do CPP, o qual determina que; “não sendo conhecido o lugar da infração, a competência 
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu”. 
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado por Tourinho Filho, que diz: “suponha-se que um 
cadáver apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca de Bariri. Foi ele arrastado pela correnteza. 
Constatou-se ter havido homicídio. Das investigações levadas a cabo, descobriu-se quem foi o criminoso. 
Este não soube explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem distante. Nessa hipótese, o 
processo deve tramitar pelo foro do domicílio ou residência do réu”. 
Ressalta-se, ainda, que excepcionalmente, nos casos de ação penal privada exclusiva, o autor poderá 
escolher o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. É o 
chamado foro alternativo, que não se aplica ao caso de ação penal privada subsidiária. 
 
4 Competência pela natureza da infração 
Uma vez fixada a competência pelo lugar da infração ou pelo domicílio ou residência do réu (art. 69, I 
eII, do CPP), será necessário fixar a justiça competente em razão da natureza da infração (ratione 
materiae), melhor ainda, em razão da matéria. 
Oportuno se torna dizer que: “a jurisdição (justiça) pode ser Especial, que se divide em Justiça Militar 
e Justiça Eleitoral; e Comum, que se divide em Justiça Federal e Justiça Estadual. A competência pela 
natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária (federal ou estadual), salvo a 
competência privativa do Tribunal do Júri, cuja competência é atribuída pela Constituição Federal”. 
O Tribunal do Júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, por exemplo, o 
homicídio doloso, o infanticídio, previstos nos arts. 121 e 123 do CP. 
Em relação à jurisdição especial, a Constituição Federal determina que compete à Justiça Eleitoral 
(art. 121 da CF), julgar os crimes eleitorais e os seus conexos. A Constituição Federal também prevê a 
competência da Justiça Militar (art. 124 da CF), qual seja, processar e julgar os crimes militares previstos 
em lei. 
Além do mais, a Constituição Federal também prevê a competência da jurisdição comum (federal ou 
estadual), por exemplo, compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes cometidos a bordo de 
navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar (art. 109, IX, da CF). 
Finalmente, a Justiça Comum Estadual tem a competência residual. Em outras palavras, é 
competência da Justiça Estadual tudo o que não for de competência das jurisdições federal e especial. 
 
5 Competência por prevenção e distribuição 
Através da distribuição (art. 69, IV, do CPP), haverá a fixação da competência do juízo quando, houver 
mais de um juiz igualmente competente em uma mesma circunscrição judiciária. Outrossim, “se na 
mesma comarca existirem vários juízes igualmente competentes para o julgamento do caso, considerar-
se-á competente pelo critério da prevenção aquele que se adiantar aos demais quanto à prática de alguma 
providência processual ou extraprocessual (exemplo: a decretação da prisão preventiva, a concessão de 
fiança, o reconhecimento de pessoas ou coisas)”. 
 
6 Competência por conexão ou continência 
Há conexão (art. 69, V, do CPP) quando duas ou mais infrações estão ligadas por um liame, sendo 
que estes crimes devem ser julgados em um só processo em virtude da existência desse nexo. 
Além disso, “há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. 
No processo penal a continência é também uma forma de modificação da competência e não de fixação 
dela”. Ademais, ocorrerá a continência (art. 69, V, do CPP) quando duas ou mais pessoas são acusadas 
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pelo mesmo crime, ou se o comportamento do indivíduo configurar concurso formal, aberratio criminis 
(resultado diverso daquele pretendido) com duplo resultado e aberratio ictus (erro na execução). 
Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são critérios de prorrogação de competência 
e não de fixação. Outrossim, a existência de continência e conexão ocasionará a reunião de processos e 
prorrogação da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a 
reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. 
 
7 Competência por prerrogativa de função 
Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de função (art.69, VII, do CPP) ou 
competência ratione personae (em razão da pessoa) é determinada pela função da pessoa, ou melhor, é 
garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa surge da relevância do desempenho do 
cargo pela pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com o privilégio, uma vez que este constitui 
um benefício concedido à pessoa. 
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de função referente, por exemplo, ao Supremo 
Tribunal Federal, está prevista na Constituição Federal. Vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe: 
I – processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, oVice-Presidente, os membros do 
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no artigo 52, I, os 
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática 
de caráter permanente; (...)”. 
 
8 Modificações de competência 
Pela modificação de competência podemos entender que há regras sobre competência material e 
funcional, que por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses de prorrogação de foro, delegação 
(interna ou externa) e desaforamento. 
A prorrogação da competência é: “a possibilidade de substituição da competência de um juízo por 
outro, podendo ser necessária ou voluntária; a necessária decorre das hipóteses de conexão (é o nexo, 
a dependência recíproca que as coisas e os fatos guardam entre si) e continência (como o próprio nome 
já diz é quando uma causa está contida na outra, não sendo possível a cisão); e a voluntária ocorre nos 
casos de incompetência territorial quando não oposta à exceção no momento oportuno (caso em que 
ocorre a preclusão), ou nos casos de foro alternativo”. 
A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere para o outro a atribuição jurisdicional que é sua. Essa 
delegação pode ocorrer de duas formas, interna ou externa. A delegação interna ocorre nos casos de 
juízes substitutos e juízes auxiliares do titular do Juízo, melhor ainda, é quando um juiz cede a outro a 
competência para praticar atos no processo, inclusive decisórios, cabe entendermos que neste caso não 
há uma modificação de competência, mas sim de atribuições. Já a delegação externa é utilizada nos 
casos em que os atos são praticados em juízos diferentes, isto é, quando há o uso das cartas precatórias, 
rogatórias e de ordem. 
O desaforamento nada mais é do que o instituto privativo dos crimes de competência do Tribunal do 
Júri. Nos casos em que houver necessidade desse instituto, o pedido poderá ser proposto pela acusação 
(MP ou querelante, em casos de ação privada subsidiária), por representação do juiz, pelo assistente de 
acusação ou a requerimento do acusado e será endereçado ao Tribunal de Justiça. Neste sentido, a 
Súmula 712 do STF diz que “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da 
competência do júri sem audiência da defesa”. 
 
9 Competência absoluta e relativa 
Chama-se competência absoluta, visto que as competências em razão da matéria e a por prerrogativa 
de função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, não podem ser prorrogadas e nem modificadas 
pelas partes e o seu reconhecimento, que pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição, gera 
nulidade absoluta do processo. 
Para entendermos competência relativa, é indispensável uma breve análise da Súmula 706 do STF 
que diz; “é relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”. 
Outrossim, na competência territorial, na qual o que prevalece é o interesse privado de uma das partes, 
é prorrogável se não for alegada no tempo oportuno e é capaz de gerar, se comprovado o prejuízo pela 
parte interessada, apenas a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo. 
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10 Competência por compensação 
Quando há mais de um juiz na Comarca, que são igualmente capazes de julgar a matéria criminal, há 
a distribuição alternativa entre eles. Porém, excepcionalmente, os tribunais e juízos de 1° grau alteram o 
critério de distribuição, deixando de sortear em determinados casos, havendo necessidade de uma 
compensação posterior. Ou então, quando um magistrado receber mais processos que deveria, será 
realizada uma compensação pelo outro. 
 
11. Competência por suspeição 
Nas situações previstas no art. 254 do CPP, em um rol não taxativo, há um vício externo que 
igualmente veda a atuação do juiz naquele determinado processo. Nessas situações, há presunção 
relativa de parcialidade do juiz (juris tantum), motivo pelo qual ele deve se declarar suspeito e, se não o 
fizer, as partes poderão recusá-lo, oferecendo a exceção de suspeição (artigos 95 e seguintes do CPP). 
Funda-se na falta de imparcialidade do julgador e tem por objetivo afastar o juiz suspeito, não gerando 
o deslocamento do juízo, mas tão somente o afastamento do julgador. 
Portanto, o juiz suspeito não é competente a julgar tal processo. 
 
Perpetuatio Jurisdictionis9 
 
Nos ensina Guilherme Nucci sobre o tema: “Significa que, uma vez iniciada a ação penal em 
determinado foro, mesmo que alterada a competência por regra de organização judiciária posterior, firma-
se a competência do juiz prevento. Assim, caso o réu esteja sendo processado em determinada Comarca 
“Y”, que abrange o Município “X”, ainda que, futuramente, este Município torne-se Comarca autônoma, 
continua o processo a correr na Comarca “Y”. É a aplicação analógica de regra contida no Código de 
Processo Civil. Verifica-se, no entanto, que a perpetuatio jurisdictionis não se aplica, quando houver 
alteração da matéria. Assim, imagine-se que o processo supramencionado está correndo na Comarca 
“Y”, em Vara de competência cumulativa e não especializada. Caso a lei posterior de organização 
judiciária crie, na Comarca “X”, uma Vara privativa, cuidando somente da matéria objeto do feito, deve-
se proceder à imediata remessa do processo para a Vara criada. Tal se dá porque a competência territorial 
é prorrogável e relativa, o que não ocorre com a competência em razão da matéria. Portanto, criada em 
determinada Comarca, em outro exemplo semelhante, uma Vara privativa do júri, todos os feitos que 
correm nas demais Varas criminais comuns serão para a recém-criada Vara remetidos. 
 
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos do Código de Processo Penal 
pertinentes ao tema: 
 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes 
de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando 
as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
(...) 
TÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA 
 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
 
9 http://www.guilhermenucci.com.br/dicas/perpetuacao-da-jurisdicao 
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35 
 
VII - a prerrogativa de função. 
 
CAPÍTULO I 
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO 
 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no 
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência 
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz 
do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição 
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, acompetência 
firmar-se-á pela prevenção. 
 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
 
CAPÍTULO II 
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU 
 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou 
residência do réu. 
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que 
primeiro tomar conhecimento do fato. 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 
 
CAPÍTULO III 
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO 
 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, 
salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 
 § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, 
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. 
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de 
outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal 
caso, terá sua competência prorrogada. 
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, 
observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a 
seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). 
 
CAPÍTULO IV 
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO 
 
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, 
houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de 
prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. 
 
CAPÍTULO V 
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias 
pessoas, umas contra as outras; 
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36 
 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para 
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na 
prova de outra infração. 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 
do Código Penal. 
 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes 
regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a 
competência do júri; 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas 
penas forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. 
 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier o 
caso previsto no art. 152. 
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa 
ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. 
 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em 
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para 
não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a 
separação. 
 
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua 
competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a 
infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais 
processos. 
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, 
se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a 
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. 
 
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a 
autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, 
salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, 
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 
 
CAPÍTULO VI 
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO 
 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática 
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia 
ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). 
 
 
 
 
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37 
 
CAPÍTULO VII 
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade. 
 
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a 
Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a 
estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. 
 
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: 
I - os seus ministros, nos crimes comuns; 
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; 
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do 
Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de 
responsabilidade. 
 
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou 
interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e 
chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. 
 
CAPÍTULO VIII 
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 
 
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da 
Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será 
competente o juízo da Capital da República. 
 
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios 
e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e 
julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou,quando 
se afastar do País, pela do último em que houver tocado. 
 
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente 
ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo 
correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo 
território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
 
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 
90, a competência se firmará pela prevenção. 
 
Questões 
 
01. (DPE/AM - Defensor Público – FCC/2018) Em matéria de competência, 
(A) a redação dos art. 76, II e 78, I do CPP permite a extensão da competência do Tribunal do Júri a 
delitos conexos ao crime contra a vida e não autoriza concluir que o Tribunal do Júri esteja proibido de 
julgar réu acusado de praticar crime conexo na hipótese de não ter sido também acusado pela prática do 
crime doloso contra a vida. 
(B) resta configurada a competência do Tribunal do Júri federal se as vítimas da tentativa de homicídio 
são policiais militares estaduais no exercício de suas funções e a motivação do delito foi evitar a prisão 
em flagrante pela prática de crime da competência federal. 
(C) se não existe conexão entre o crime de porte ilegal de arma de fogo e o homicídio, o 
reconhecimento da incompetência do Tribunal do Júri para deliberar sobre o primeiro e, por consequência, 
de nulidade de parte da sessão de julgamento, afeta a deliberação do Tribunal Popular sobre o delito 
contra a vida. 
(D) ainda que não haja ligação entre o crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, que 
ocorreu em contexto diverso da investigação relativa aos crimes contra a Administração pública apurados, 
deve-se reconhecer a conexão pelo princípio da conveniência processual. 
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38 
 
(E) a garantia constitucional de vitaliciedade aos membros da magistratura lhes assegura o foro por 
prerrogativa mesmo após a aposentadoria. 
 
02. (CRAISA de Santo André/SP – Advogado - CAIP-IMES) Assinale a alternativa INCORRETA. Em 
processo penal a competência jurisdicional será determinada pelo (a): 
(A) o local da prisão sendo indiferente o lugar da infração. 
(B) o domicílio ou residência do réu. 
(C) a natureza da infração. 
(D) a distribuição. 
 
03. (PC/AC - Agente de Polícia Civil - IBADE/2017) A competência será determinada pela conexão: 
(A) quando duas ou mais pessoas foram acusadas pela mesma infração. 
(B) se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias 
pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias 
pessoas, umas contra as outras. 
(C) nos casos de concurso formal. 
(D) nos casos de infração cometida em erro de execução ou resultado diverso do pretendido. 
(E) nos casos de crime continuado 
 
04. (TJ/MT - Técnico Judiciário - UFMT) Considerando o Decreto Lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 
1941, Código de Processo Penal, em relação à competência jurisdicional, analise as afirmativas. 
I - Sendo conhecido o lugar da infração e o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-
á pela conexão. 
II - A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, 
houver mais de um juiz igualmente competente. 
III - A competência será determinada pela continência quando quatro pessoas forem acusadas pela 
mesma infração. 
IV - Compete ao Supremo Tribunal Federal, privativamente, processar e julgar os governadores de 
estado por crimes comuns. 
Estão corretas as afirmativas 
(A) I, III e IV, apenas. 
(B) III e IV, apenas. 
(C) I, II e IV, apenas. 
(D) II e III, apenas. 
 
05. (MPE/RJ - Técnico do Ministério Público - FGV) Secretaria do Ministério Público recebe 
representação onde se narra a prática de um crime comum por imputável em concurso de agentes com 
adolescente, além de um crime militar em conexão com o crime comum já mencionado. Diante da 
conexão existente e das regras previstas no Código de Processo Penal, é correto afirmar que: 
(A) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Militar; 
(B) todos os delitos e autores deverão ser julgados perante a Justiça Estadual comum; 
(C) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao 
crime comum, o imputável será julgado perante juízo criminal, e o adolescente, perante juízo da infância 
e juventude; 
(D) o delito militar, apesar da conexão, será julgado na Justiça Militar, enquanto que, em relação ao 
crime comum, o adolescente e o imputável deverão ser julgados no juízo criminal; 
(E) em razão da conexão, o delito militar e o imputável, em relação ao crime comum, deverão ser 
julgados perante o mesmo juízo criminal, enquanto o adolescente será julgado no juízo da infância e 
juventude. 
 
06. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) No que se refere ao lugar da infração, a competência será 
determinada 
(A) pelo domicílio do réu, no caso de infração permanente praticada no território de duas ou mais 
jurisdições conhecidas. 
(B) pela prevenção, no caso de infração continuada praticada em território de duas ou mais jurisdições 
conhecidas. 
(C) de regra, pelo local onde tiver sido iniciada a execução da infração, ainda que a consumação tenha 
ocorrido em outro local. 
(D) pelo local onde tiver começado o iter criminis, no caso de tentativa. 
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39 
 
(E) pelo lugar em que tiver sido iniciada a execução no Brasil, se a infração se consumar fora do 
território nacional. 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.A / 03.B / 04.D / 05.C / 06.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
 II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para 
conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes 
regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a 
competência do júri; 
 
02. Resposta: A 
O art. 69 do CPP, menciona em seus incisos como será determinada a competência jurisdicional, 
sendo incorreta a afirmativa contida na alternativa “A”, pois o local da prisão do réu não é causa que 
determinada a competência jurisdicional. 
 
03. Resposta: B 
É o que dispõe o art. 76, I, do CPP: A competência será determinada pela conexão se, ocorrendo duas 
ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por 
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as 
outras. 
 
04. Resposta: D 
Somente estão corretas as afirmativas “II” (art. 75 do CPP) e “III” (art. 77, I, do CPP). A afirmativa “I” 
está incorreta, tendo em vista que, em regra, a competência será determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ademais, se o réu tiver mais de uma residência a competência será firmada por 
“prevenção” e não por “conexão”. E a afirmativa “IV” está incorreta, tendo em vista que compete ao 
Superior Tribunal de Justiça, processar e julgar originariamente os governadores de estado por crimes 
comuns (art. 105, I, “a”, da CF/88). 
 
05. Resposta: C 
Disciplina o art. 79 do CPP, que a conexão e a continência importarão unidade de processo e 
julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar; e no concurso entre a jurisdição 
comum e a do juízo de menores. 
 
06. Resposta: B 
Nos termos do art. 83 do CPP, a competência será determinada por prevenção toda vez que, 
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa,ainda que 
anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa. Deste modo, no caso de infração continuada praticada 
em território de duas ou mais jurisdições conhecidas, a competência será determinada pela prevenção. 
 
 
 
Sabemos que o processo penal tem por finalidade resolver os conflitos preocupando-se com a 
materialidade e a autoria, porém, pode surgir a possibilidade de antes de resolver esses conflitos, ser 
necessária a análise de procedimentos secundários, que incidem sobre o procedimento principal, 
merecendo solução antes da decisão da causa a ser proferida. É o que chamamos de questões 
prejudiciais e processos incidentes. 
5. Questões e Processos Incidentes. 
 
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40 
 
O nosso Código Penal dispõe sobre os procedimentos incidentes enumerando-os em: exceções, 
incompatibilidade e impedimentos, conflitos de jurisdição, restituição de coisas apreendidas, medidas 
assecuratórias, incidente de falsidade, e incidentes de insanidade mental. Analisemos, pois, cada um 
deles: 
 
1. Questões Prejudiciais 
 
Segundo Vicente Greco Filho, a questão prejudicial "é uma infração penal ou uma relação jurídica civil 
cuja existência ou inexistência condiciona a existência da infração penal que está sob julgamento do juiz". 
Para Nucci, as questões prejudiciais são os pontos fundamentais, vinculados ao direito material, que 
necessitam ser decididos antes do mérito da causa, porque a este se ligam. São, pois, impedimentos ao 
desenvolvimento regular do processo. 
Importante distinguir a questão preliminar das questões prejudiciais. Enquanto a primeira constitui 
matéria intimamente ligada ao mérito da causa, necessitando ser julgada antes desta, como exemplo a 
litispendência e a coisa julgada, a segunda diz respeito ao próprio processo e seu regular 
desenvolvimento, como já havia falado antes. 
Podemos classificá-las em: 
a) questões prejudiciais homogêneas, próprias ou perfeitas 
b) questões prejudiciais heterogêneas, impróprias ou imperfeitas 
As homogêneas dizem respeito a matéria da causa principal, e devem ser decididas no próprio juízo 
penal (ex. exceção de verdade no crime de calúnia, art. 138, § 3° do CP). Já as heterogêneas vinculam-
se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por outro juízo. (ex. decisão sobre a posse, na esfera 
cível, antes de decidir a respeito do esbulho, previsto no art. 161, §1º, II do CP). 
Estas por sua vez, se dividem em obrigatórias e facultativas. As prejudiciais obrigatórias são as que 
impõem a suspensão do processo criminal, enquanto se aguarda a decisão a ser proferida no juízo cível. 
(art. 92, CPP). Entretanto, para que haja a suspensão do processo penal é preciso que: a) a existência 
da infração dependa da relação jurídica cível; b) haja controvérsia séria e fundada na esfera cível; c) 
relacione-se com o estado civil da pessoa, somente em se tratando de parentesco e casamento. 
Preenchidos os requisitos da prejudicial, o juiz determinará a suspensão do processo penal até que seja 
decidida a questão civil em sentença transitada em julgado, a qual o juízo penal ficará subordinado. 
Importante, ressaltar, que durante o prazo de suspensão não corre a prescrição (art. 116, I, CP) 
Já nas prejudiciais facultativas, é toda e qualquer questão diversa do estado das pessoas, sendo 
igualmente da competência do juízo cível a sua apreciação, que podem levar a suspensão facultativa do 
processo penal. (art. 93, CPP) É necessário, contudo que a relação jurídica seja de difícil solução e que 
a ação civil já esteja ajuizada, sendo uma ação de prova possível perante o juiz civil, não havendo, pois, 
limitação ou proibição quanto à prova. Compreendidos os requisitos, abre-se prazo para a apreciação do 
juiz a acerca da suspensão ou não do processo, expirado o prazo, sem que tenha sido proferida sentença 
no juízo cível, o juiz criminal retomará o curso normal do processo, tendo, pois, competência para julgar 
segundo o seu próprio entendimento, diferente da prejudicial obrigatória que o juiz criminal esta 
subordinado a decisão proferida no juízo civil. 
Durante o prazo de suspensão, o Ministério Público intervirá no processo cível para velar pelo seu 
rápido andamento (caso especial de intervenção do MP). Da decisão que determina a suspensão, 
adotada de ofício ou a requerimento da parte, cabe recurso no sentido estrito, nos termos do art. 581, 
XVI, do Código de Processo Penal. Da decisão que nega a suspensão não cabe recurso. Esta regra vale 
tanto para a prejudicial de suspensão obrigatória quanto para a facultativa. 
Importante, examinar, o caso de suspensão necessária não determinada pelo juiz, sendo, pois, 
irrecorrível a decisão, a matéria pode ser colocada em preliminar de apelação. Todavia, se o tribunal 
entender que a arguição é procedente, as consequências são diferentes se o caso é de prejudicial questão 
de estado: o juiz não tem competência funcional para examinar a matéria, sua sentença é nula, devendo 
o tribunal declarar-lhe a nulidade, mandando o processo de volta para que se proceda à suspensão, 
aguardando-se a sentença civil. Ou se é outra questão civil, inexiste nulidade, de modo que a sentença é 
válida e, reconhecendo o tribunal que havia fundada dúvida sobre um dos elementos da infração, o que 
justificaria a suspensão, absolverá o acusado. 
 
2. Procedimentos Incidentes 
 
Os procedimentos incidentes, por sua vez, compreendem: as exceções, conflitos de competência, 
restituição de coisas apreendidas, medidas assecuratórias, Incidente de falsidade e Incidente de 
Insanidade mental. Vejamos: 
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41 
 
2.1 As Exceções 
Antes de conceituar exceções, faz-se necessário tecer algumas considerações, sabemos que o 
acusado poderá se defender de duas formas: 
a) diretamente: quando ataca a acusação que lhe é feita (negando a autoria, por exemplo), ou 
b) indiretamente, quando ataca o próprio processo, com o objetivo de extingui-lo sem o julgamento 
do mérito ou de retardar o seu prosseguimento. Esta última é o que chamamos de Exceção. 
Segundo Nucci, as exceções são as defesas indiretas apresentadas por qualquer das partes, com o 
intuito de prolongar o trâmite processual, até que uma questão processual relevante seja decidida. Trata-
se de um incidente processual, ou seja, uma defesa interposta pela parte contra o processo, para que, 
este, seja regularizado ou extinto. Quando conhecido pelo magistrado de ofício, podemos chamá-la de 
objeção, como ocorre com a exceção de impedimentos, de coisa julgada, incompetência, etc. 
As exceções se dividem em: 
a) peremptórias, quando impedem o processo e o julgamento do fato; 
b) dilatórias, quando prorrogam a duração do processo. 
De maneira geral, o Código de Processo Penal adotou o seguinte procedimento para as exceções: 
apresentada a exceção, o juiz, se puder examiná-la de plano ou apenas com prova documental, pode 
fazê-lo nos próprios autos, declarando-se suspeito ou incompetente, ou extinguindo o processo 
independentemente da formação onerosa de procedimento apartado. Se, porém, houver recusa da 
alegação e houver necessidade de apresentação de prova, o juiz determinará a autuação em apenso, a 
fim de que não se perturbe o desenvolvimento do processo principal. No apenso desenvolver-se-á a 
atividade probatória especial. E o que acontece, por exemplo, no caso de exceção de coisa julgada. 
As exceções não suspendem, de regra, o andamento do processo principal, cujo andamento poderá 
ser sustado, todavia, se a parte contrária reconhecer o fundamento da arguição (art. 102, CPP). É certo 
que na apreciação da suspensão, ou não, do processo principal, o juiz deverá levar em consideração o 
estado da causa e fatores como o possível perecimento da prova, a intercorrência da prescrição, etc. 
Nos termos do art. 95 do Código de Processo Penal, podem ser opostas as seguintes exceções: 
suspeição, incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade departe e coisa julgada. Analisemos, 
abaixo, cada uma delas: 
 
2.2.1 As Exceções de Suspeição e Impedimentos 
Dizem respeito à imparcialidade do juiz. "Decorrem das garantias constitucionais do juiz natural e do 
juiz imparcial, cuja finalidade é impedir que o Estado promova, de alguma forma, a eleição do magistrado 
para o julgamento da causa, desequilibrando a relação processual e promovendo a parcialidade do juiz" 
(Nucci) 
Podem ser de suspeição quando há um vínculo do julgador com uma das partes, como por exemplo: 
amizade íntima ou inimizade, parentesco, relação de débito ou crédito, tutela ou curatela, dentre outros 
ou com vínculo ao assunto debatido no feito (por si ou por parente seu que responda por fato análogo). 
Ou de impedimento, quando representa um vínculo direto ou indireto com o processo em julgamento 
(tenha por si ou parente seu atuado no feito). 
As exceções podem ser feitas de ofício, mesmo durante a fase do inquérito policial, basta que o juiz, 
por escrito e com fundamentos, declare-se suspeito ou impedido de julgar a causa, remetendo o processo 
ao seu juiz substituto legal (art. 97 do CPP). Não havendo juiz substituto, deve o Tribunal disciplinar a 
matéria. Podendo, ainda, extinguir o processo nos casos de litispendência, coisa julgada, ilegitimidade ou 
incompetência. 
E, a requerimento da parte, antes da ação penal ou depois desta. Na primeira, deve o promotor ou o 
querelante apontá-la por ocasião do oferecimento da denúncia ou da queixa e o réu pode fazê-lo no 
momento do interrogatório ou até a apresentação da defesa prévia, sob pena de preclusão. Se, 
posteriormente, deve a parte interessada alegá-lo na primeira oportunidade. Caso o juiz não acolha o 
pedido, deve a parte defender-se em três dias, determinando a autuação da petição em apenso, 
fornecendo a sua versão a cerca dos fatos alegados, bem como, se for o caso, oferecendo rol de 
testemunhas e juntando documentos. (art. 100 do CPP ) 
A exceção de suspeição e os impedimentos podem ser dirigidos contra o órgão do Ministério Público 
e auxiliares da justiça. Não contra a autoridade policial (art.107), a qual, contudo, poderá declarar-se 
suspeita e afastar-se do caso. 
Ressalte-se que, não existe recurso no que tange a afirmação de suspeição ou impedimento. Todavia, 
se houver ilegalidade no caso de procedência da exceção, o afastado pode impetrar mandado de 
segurança porque teria direito líquido e certo a sua manutenção em atividade no processo. 
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É relevante dizer que, a exceção de suspeição, em regra, envolve acusação grave imputada ao juiz. 
Destarte, vincula o autor às alegações formuladas, de caráter pessoal, contra a autoridade judiciária, 
podendo ser considerada crime contra a honra. Devendo-pois, ser usada com cautela. 
 
2.2.2 Exceção de Incompetência: 
Para Nucci, é a defesa indireta que a parte pode interpor contra o juízo, alegando sua incompetência 
para julgar o feito, fundamentada no princípio constitucional do juiz natural. Podendo ser oposta 
verbalmente ou por escrito. Trata-se de situação de inadequação do foro ou do juízo em face das regras 
de determinação da competência. 
O Código de Processo Penal em seu art. 109 abre a possibilidade de reconhecimento da 
incompetência do juízo em qualquer fase do processo. Exemplificando, em Vara Criminal, o juiz, após 
ouvir as testemunhas de acusação, constata que a morte da vítima não adveio do roubo, mas de 
divergências anteriores entre acusado e ofendido, não constituindo um latrocínio, mas sim um roubo 
seguido de furto. Reconhece-se então sua incompetência, determinando, de imediato, a remessa dos 
autos à Vara do Júri. 
Observe-se que contra a decisão que reconhece a incompetência, cabe recurso em sentido estrito. 
(art. 109 CPP). E, nos termos do art. 567,CPP, a exceção de incompetência anula somente os atos 
decisórios. 
 
2.2.3 Exceção de Litispendência: 
É outra forma de defesa indireta, apresentada por qualquer das partes, demostrando que a causa 
idêntica em outro foro, ainda não julgada, razão pela qual o processo deve ser extinto. Pode ser feita a 
qualquer tempo, pois sua matéria não preclui. Pode ser feita de ofício. 
Utiliza-se para impedir o trâmite de um inquérito, que tenha por base exatamente o mesmo fato e 
idêntico réu, já denunciado. Havendo dois processos com os mesmos fatos de direito e mesmo réu, deve, 
pois, um deles ser extinto. Para tanto, utiliza-se habeas corpus, trancando-se a investigação policial ou 
uma das ações. 
 
2.2.4 Exceção de Ilegitimidade da Parte: 
A ilegitimidade de parte é a inadequação da titularidade legal da ação penal, ativa e passiva, à que, de 
fato, está sendo colocada no processo. Pretende a extinção do processo ou o seu retardamento ate que 
seja corrigido o vício de legitimidade. (ilegitimidade ad causam). Pode ser feita a qualquer tempo. Também 
ocorre quando os pressupostos de validade do processo não foram preenchidos (ilegitimidade ad 
processum). 
Decretada a ilegitimidade ad causam ou ilegitimidade ad processum, o processo pode ser o não 
anulado, conforme seja possível ou impossível a retificação do erro. No mais, caso o processo não seja 
anulado desde o início, a decisão tornar-se-á irrecorrível. 
 
2.2.5. Exceções de Coisa Julgada: 
A coisa julgada é o fato que impede a repetição do processo penal sobre o mesmo fato contra o mesmo 
réu. É outra forma de defesa indireta contra o processo, visando sua extinção, tendo em vista que idêntica 
causa já foi definitivamente julgada em outro foro. Confere o princípio da vedação da dupla punição e do 
duplo processo pelo mesmo fato (no bis idem), possibilitando maior segurança ao indivíduo contra 
eventual abuso do Estado. As partes podem fazê-la a qualquer tempo, ou de ofício. Não reconhecida a 
exceção de coisa julgada, o recurso cabível é a apelação. (art. 593, III CPP). 
Arguir-se-á, em petição à parte, por qualquer uma destas, sempre determinando a oitiva da outra. 
Admite-se a suscitação verbal, porém é mais incomum. Cabe recurso em sentido estrito, quando o juiz a 
acolher (ar. 581, III do CPP), mas não quando julgá-la improcedente. Entretanto, por configurar nítido 
constrangimento ilegal o andamento de nova ação penal, após a matéria já ter sido decidida 
anteriormente, pode ser impetrado habeas corpus para o seu trancamento. 
 
2.3 Conflito de Competência: 
O terceiro instrumento de declaração da competência é o conflito de competência que o Código 
denomina, em terminologia ultrapassada, conflito de jurisdição. Ocorre quando dois ou mais juízes 
entendem ser competentes para apreciar a mesma causa, ou ainda quando nenhum juiz a chama para 
si. A primeira denomina-se conflito positivo, a segunda, conflito negativo. 
Parte da doutrina prefere denominar conflito de jurisdição aquele que se estabelece entre juízes de 
diferentes órgãos, como ocorreria entre o juiz federal e o juiz estadual, deixando a expressão conflito de 
competência para aquele que se fundamenta entre magistrados do mesmo órgão, como ocorreria entre 
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juízes estaduais de determinada Comarca. Segundo Frederico Marques, em posição intermediária, o CPP 
equiparou a expressão conflito de competência a conflito de jurisdição. 
O conflito pode ser suscitado pela parte interessada, pelo Ministério Público e por qualquer dos juízos 
ou tribunais que divergem. Se positivo, será suscitado por requerimento da parte ou do Ministério Público, 
ou por representação do juízo ou tribunal envolvido diretamente perante o tribunal competente para dirimi-
lo. Ao recebê-lo, o tribunal poderá determinar a suspensão do processo principal a fim de evitar a nulidade, 
requisitando informações dos órgãos jurisdicionais em divergência. Se negativo, poderá ser suscitado nos 
próprios autos, os quais serão remetidos ao tribunal para julgamento. Na instrução do incidente poderá 
ser determinada diligência probatória (Súmula 59 doSuperior Tribunal de Justiça). 
O conflito de competência pode decorrer de atribuição quando a divergência é entre autoridade 
administrativas ou entre estas e autoridade judiciária. Quando se tratar de autoridade do mesmo estado, 
cabe o Tribunal de Justiça dirimi-los. (CF 105, I, “g”) Não havendo magistrado, cabe a instituição à qual 
pertencem. É de competência do Superior Tribunal de Justiça julgar os conflitos entre tribunais, 
ressalvada a competência do Supremo Tribunal Federal, ou entre tribunais e juízes a eles não vinculados 
e entre juízes subordinados a tribunais diferentes, como por exemplo um juiz federal e um estadual. E o 
Supremo Tribunal Federal, os conflitos de competência entre os Tribunais Superiores ou entre estes e 
qualquer outro tribunal. 
Ressalte-se que, havendo conflito entre membros do Ministério Público que, durante uma investigação 
policial, entendem que não são competentes para denunciar o indiciado, podemos dizer que, se trata de 
conflito negativo de atribuições, sendo pois considerado um falso conflito de atribuição. 
 
2.4 Restituição das coisas Apreendidas: 
"É o procedimento legal de devolução a quem de direito de objeto apreendido, durante diligência 
policial ou judiciária, não mais interessante ao processo criminal" (Nucci). Há três tipos de coisas que 
podem interessar ao processo penal e que poderão ser apreendidas: os instrumentos do crime, os bens 
proveito da infração e objetos de simples valor probatório. 
Assim como dispõe o art. 91, II, do CP - "são efeitos da condenação (...) II- a perda em favor da União, 
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa fé: a) dos instrumentos do crime, desde que consistam 
em coisas cujo fabrica, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou 
de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso". 
Desta forma, ocorre o confisco, ressalvada a posição do lesado ou terceiro de boa-fé. Uma vez 
apreendidas, as coisas não poderão ser devolvidas, até o trânsito em julgado da sentença final, enquanto 
se mantiver o interesse para o processo. 
A restituição pode ser ordenada pela autoridade policial ou judiciária, mediante termo nos autos, desde 
que não exista dúvida quanto ao direito do requerente. Caso seja duvidoso, o pedido deve ser autuado 
em apartado, podendo o interessado apresentar provas em cinco dias. Aqui, caberá ao juiz a decisão (art. 
120 CPP). Tendo certeza da propriedade da coisa apreendida, não sendo ela mais útil ao processo, deve 
ser devolvida a quem tem direito, sem necessidade de procedimento incidente em apartado. Entretanto, 
se há dúvida sobre a propriedade, e esta não puder ser resolvida durante o dilação probatória criminal, 
transfere-se a discussão para o juízo cível, depositando-se as coisas em mãos de depositário ou do 
próprio terceiro que já as detinha, desde que idôneo. 
Três são as alternativas de decisão no pedido de restituição: 
a. O juiz o defere, determinando a entrega ao requerente. Dessa decisão cabe apelação, porque se 
trata de decisão com força de definitiva (art. 593, II). 
b. O juiz o indefere, porque a posse da coisa é ilícita, independentemente de eventual condenação. O 
recurso cabível é, também, a apelação, com o mesmo fundamento da hipótese anterior. 
c. O juiz nega a restituição porque há dúvida quanto à propriedade ou porque pode, em tese, ficar 
sujeita ao perdimento (CP, art. 91, II), como efeito da condenação. Essa decisão é irrecorrível, porque 
não se trata de decisão com força de definitiva nem está relacionada no art. 581, cabendo ao interessado 
recorrer à via cível para a declaração de sua propriedade, aguardar a sentença penal ou apresentar 
embargos nos termos do art.129 ou do art. 130 do Código de Processo Penal. 
Como regra, tudo o que for pelo agente adquirido com o resultado lucrativo da prática criminosa deve 
ser objeto de sequestro e não de simples apreensão. Porém se o agente utiliza o dinheiro para comprar 
algum objeto que seja interessante para a prova do processo criminal, pode a coisa ser apreendida. 
 
Com a entrada em vigor da lei do pacote anticrime (Lei 13.964/2019), na hipótese de decretação de 
perdimento de obras de arte ou de outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver 
vítima determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos. 
 
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2.5 Medidas Assecuratórias: 
"São as providências tomadas, no processo criminal, para garantir futura indenização ou reparação à 
vítima da infração penal, pagamento das despesas processuais ou penas pecuniárias ao Estado ou 
mesmo evitar que o acusado lucro com a prática criminosa" (Nucci). Nesse sentido, as medidas 
assecuratórias são: arresto, sequestro e especialização de hipoteca legal. 
 
2.5.1 Sequestro: 
É a medida assecuratória consistente me reter os bens imóveis ou móveis do indiciado ou acusado, 
ainda que em poder de terceiros, quando adquiridos com o proveito da infração penal, para que deles 
não se desfaça, durante o curso da ação penal, a fim de se viabilizar a indenização da vítima ou 
impossibilitar ao agente que tenha lucro com a atividade criminosa (art. 125 CPP) 
Vale, pois, o sequestro para recolher os proventos do crime, visando-se indenizar a parte lesada, 
objetivando, também, que alguém aufira lucro com a prática de uma infração penal. Logo, não havendo 
ofendido para requerer a indenização, serão os proventos confiscados pela União. Observe-se que, em 
regra, quando bem móveis constituem produto do crime, serão objetos de apreensão, quanto aos imóveis, 
na omissão do CPP, utiliza-se, por analogia, o sequestro. 
É requisito para o sequestro, a existência de indícios veementes (fortes, intensos, cristalinos) de 
procedência ilícita dos bens. O sequestro pode ocorrer por iniciativa do MP, do ofendido, do representante 
legal, herdeiros, por autoridade judicial condutora das investigações ou o próprio magistrado, agindo de 
ofício. (art.127 CPP). Em qualquer hipótese o recurso cabível é a apelação. Quando tratar-se de defesa 
apresentada por terceiro de boa-fé caberá embargos de terceiro. (art. 129 CPP) 
Decretado o sequestro, determinará o juiz a expedição de mandado para a sua inscrição no Registro 
de Imóveis, nos termos do art. 239 da Lei 6.015/73. Feito isto, não mais será possível que o imóvel seja 
vendido a terceiros de boa-fé. Caso seja o imóvel objeto de compra e venda, a despeito do sequestro, o 
terceiro que o detiver, perderá o bem, que será vendido em hasta pública, encaminhando-se o apurado 
para a vítima ou para a União. 
 
2.5.2 Arresto: 
Segundo o art. 137 do CPP, ocorrerá arresto na falta de bens imóveis para assegurar pagamento de 
indenização ao ofendido, ou custeio das despesas do processo. Entre sequestro e o arresto existem 
elementos comuns e elementos diferenciais. São elementos comuns ao arresto e ao sequestro: a) o intuito 
de segurança econômica, quando qualquer fato (dos previstos na lei) permite crer-se na ofensa a direitos; 
b) o caráter de medida cautelar, como a detenção pessoal, os protestos, a caução, a venda judicial de 
objetos comerciais que tenham sido embargados, depositados ou penhorados, se de fácil deterioração 
etc. Um desvia o perigo do desaparecimento da coisa é o sequestro; outro consiste em embargo ou 
impedimento, até que o devedor solva a dívida. Um supõe a questão sobre a coisa (direito real; posse); 
outro, a obrigação. 
Os elementos diferenciais estão na cautela, que diz respeito à utilidade final da relação de direito (no 
arresto) enquanto concerne ao próprio objeto (no sequestro). O sequestro supõe a litigiosidade da coisa, 
enquanto no arresto existe certeza sobre a titularidade dominial do objeto. Por fim, não existe arresto de 
pessoa, enquanto se admite o sequestro pessoal, como na posse provisória de filhos. 
Poderá será interposto em qualquer fase do processo, pois, pode servir de preparação paraa 
especialização da hipoteca legal. Dois requisitos deverão ser satisfeitos para poder se interpor o arresto: 
a) a prova da materialidade do delito; b) a existência de indícios suficientes de autoria. Os bens arrestados 
serão entregues a terceiro estranho à lide, que ficará responsável pelo depósito e administração dos 
objetos, segundo as regras processuais civis (art. 139 do CPP) 
A lei possibilita um arresto prévio, cautelar, diante da possibilidade de haver demora no processo de 
especialização e inscrição da hipoteca legal. Assim, quaisquer bens imóveis do réu podem ser 
sequestrados, para posteriormente ser objeto do pedido de inscrição da hipoteca legal, não se 
confundindo com o sequestro previsto no art. 125 do CPP. O arresto provisório é revogado, se no prazo 
de quinze dias, não for promovido o pedido de inscrição da hipoteca legal. Note-se que esta medida, 
aplicar-se-á, apenas a bens imóveis, vez que é preparatória para a especialização da hipoteca. 
O arresto será levantado ou cancelado, quando a sentença penal for absolutória ou houver sido julgada 
extinta a punibilidade. Cancelada a medida nestes dois casos, os bens deverão ser devolvidos ao 
acusado. Se os bens móveis arrestados, nos termos do art. 137, forem fungíveis e facilmente 
deterioráveis, estes deverão ser avaliados e levados à leilão público, devendo ser o dinheiro apurado, 
depositado ou entregue a terceiro idôneo, que assinará termo de responsabilidade (art. 137, § 1º c/c art. 
120, § 5º do CPP). Se os bens móveis arrestados gerarem rendas, caberá ao juiz arbitrar uma importância 
proveniente destes rendimentos, a ser entregue à vítima para a sua manutenção e a de sua família. 
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O recurso cabível contra a decisão que concede ou não o arresto, será a apelação, como nas demais 
medidas assecuratórias. 
 
2.5.3. Hipoteca legal. 
É o direito real de garantia em virtude do qual um bem imóvel, que continua em poder do devedor, 
assegura ao credor, precipuamente, o pagamento da dívida. Pode ser: convencional, a judicial ou a legal. 
A primeira, decorre do contrato celebrado entre o credor e o devedor da obrigação. A segunda, advém de 
uma sentença judicial. A terceira, a legal, é a que nos interessa, pois sobre ela que se refere o Código de 
Processo Penal. A hipoteca legal é aquela instituída pela lei, como medida cautelar, favorável a certas 
pessoas, com o fim de garantir determinadas obrigações. 
A hipoteca legal poderá ser requerida em qualquer fase do processo. Cabe ressaltar o uso impreciso 
do termo indiciado na redação do artigo 134 do CPP. Mirabete alerta, entretanto, que alguns tribunais do 
país vêm entendo que a especialização da hipoteca poderia ocorrer antes do início da ação penal, 
posicionamento este, que data vênia, discordamos, pois a redação do artigo supracitado, é bem clara em 
dizer que a especialização da hipoteca poderá ser requerida em qualquer fase do processo. 
Os requisitos necessários para a especialização da hipoteca legal são: 
a) a prova inequívoca da materialidade do fato delituoso; 
b) indícios suficientes de autoria. 
O procedimento para especialização da hipoteca legal está expresso no art. 135, caput e seus 
parágrafos do Código de Processo Penal. 
No pedido de especialização da hipoteca, a parte deverá estimar o valor da responsabilidade civil, 
designar e estimar o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados. Recebido o 
requerimento, o juiz mandará proceder o arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do 
imóvel. A petição deverá ser instruída com as provas ou indicar as provas em que se funda a estimativa 
da responsabilidade, com a relação dos imóveis que o responsável possuir, se outros tiver, além dos 
indicados no requerimento, e com os documentos que comprovam o domínio. 
O acusado deverá ser citado. Feito isto, juiz ouvirá as parte no prazo comum de dois dias, que correrá 
em cartório, e poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se lhe parecer haver excesso 
ou ser deficiente. O valor da responsabilidade será definitivamente liquidado após a condenação, não 
existindo qualquer impedimento de ser requerido novo arbitramento, se qualquer das partes discordar do 
arbitramento realizado anteriormente à sentença condenatória. 
Transitada em julgado a sentença condenatória, e não havendo discordância a respeito do 
arbitramento, os autos deverão ser remetidos ao juízo cível, onde deverão ser executados. A hipoteca 
legal será levantada ou cancelada, se o réu for absolvido por sentença transitada em julgado ou estiver 
extinta a sua punibilidade. 
 
2.6 Incidente de falsidade: 
Trata-se de um procedimento incidente, voltado à constatação da autenticidade de um documento, 
inserido nos autos do processo criminal principal, sobre o qual há controvérsia. Visa, pois, garantir o a 
formação de provas legítimas no processo penal, onde prevalece o princípio da verdade real, impedindo, 
que seja obscurecida pela falsidade trazida aos autos por umas das partes. 
Instaurado o procedimento incidente de apuração de falsidade documental, com a arguição por escrito 
da falsidade de determinado documento constante nos autos, determinará o magistrado a autuação em 
apartado, abrindo prazo de 48 horas para a oitiva da parte contrária (a contar da intimação), na sequência, 
abre-se prazo de 3 dias para cada parte apresentar as provas que possui ou requerer a produção dos 
que não detém, julgado procedente, afastar-se-á toda q qualquer prova nociva ao acusado. Poderá ser 
arguida, por escrito, a sua falsidade tanto material quanto ideológica. 
Para Greco, no processo penal, o incidente de falsidade não é uma ação declaratória incidental, mas 
é um simples incidente probatório, para subsidiar o juiz quanto à apreciação de um documento enquanto 
prova a influir na decisão. Instaura-se somente se houver necessidade de dilação probatória especial, 
que venha a acarretar um desvio do desenvolvimento normal do procedimento. Caso contrário, não há 
necessidade de se instaurar procedimento incidental distinto. 
A arguição da falsidade, pode, ainda, ser feita por procurador, porém deve sê-lo por procurador com 
poderes especiais (art. 146, CPP), a fim de definir a responsabilidade pela imputação do falso. Essa 
exigência, contudo, só é admissível se o acusado estiver presente e puder outorgar os ditos poderes 
especiais, porque, se ele estiver ausente ou for incapaz, estará o defensor autorizado a fazer a arguição 
independentemente deles, em virtude da ampla defesa constitucionalmente garantida. A verificação da 
falsidade poderá, também, tendo em vista os poderes inquisitivos do juiz em relação à prova, ser 
determinada de ofício pelo magistrado. 
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O incidente encerra-se com decisão reconhecendo, ou não, a falsidade. Poderá, o juiz, ainda, somente 
deixar de declarar a falsidade por falta de elementos, o que não significa declaração de autenticidade e 
veracidade do documento. Essa decisão, em qualquer caso, terá efeito exclusivamente interno e 
repercutirá na fundamentação da sentença de mérito. 
Da decisão que resolve o incidente cabe recurso no sentido estrito (art. 581, XVIII,CPP). Todavia, esse 
recurso tem menos utilidade do que parece, porque com ou sem ele o juiz ou o tribunal não deixará de 
apreciar a integridade do documento ao proferir a sentença de mérito, já que é em sua fundamentação 
que vai repercutir a fé que o documento merece. 
 
2.7 Incidente de Insanidade Mental 
O exame médico legal do acusado é instaurado quando há dúvidas de sua higidez mental, portanto, 
fornecendo os autos elementos que indiquem tais dúvidas, pode o juiz, de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público, defensor, curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, ordenar 
a realização do mesmo. Poderá, ainda, o exame ser ordenado na fase do inquérito, mediante 
representação da autoridade policialao juiz competente, segundo o disposto no art.149, § 1º, do CPP. 
Nota-se que em todos os casos é o juiz quem determina a instauração do incidente. 
No tocante a necessidade de realização do exame, no caso de haver dúvidas acerca da integridade 
mental do autor do crime. 
Deve-se ainda esclarecer que, prevendo a lei, expressamente, o exame médico legal, não pode ele 
ser suprido por outras provas ou pela inspeção pessoal do juiz. Além disso, como é necessário que a 
verificação advinda do exame de sanidade mental se relacione diretamente com o crime praticado e objeto 
do processo, já que, é preciso apurar o estado do autor no momento da ação ou omissão, não supre o 
exame o laudo pericial realizado como incidente de outra ação penal. 
Quanto a oportunidade para a realização do exame de sanidade, não prevê a lei qualquer obstáculo a 
que o incidente seja ordenado ou requerido em qualquer fase do processo, podendo, até mesmo ser 
realizado estando em curso o inquérito policial. 
Na hipótese de crime de júri, caso a alegação da doença mental seja levantada em Plenário, quando 
dos debates, deve o juiz suspender o julgamento, dissolver o Conselho de Sentença e, antes de designar 
nova data, fazer submeter o réu ao exame de sanidade. 
No que se refere ao cabimento do pedido de exame na fase recursal, assevera Tourinho Filho e Júlio 
Mirabete, que não é possível, quando não há nos autos da ação indícios de que o acusado, ao tempo do 
crime, sofria de insanidade mental. 
Por fim, deve-se salientar que do despacho que determina a realização do exame de sanidade não 
cabe recurso. 
Vale dizer que a falta de nomeação de curador ao acusado no incidente de sanidade mental é causa 
de nulidade do processo. 
Cabe ainda ressaltar que, sendo deferido o exame, o juiz ordenará a suspensão da ação principal, 
embora devam ser realizadas diligências, que possam ficar prejudicadas pelo adiamento, como por 
exemplo, a oitiva de testemunhas enfermas. Deve-se atentar para o fato de que, durante esta suspensão, 
o prazo prescricional flui normalmente. 
Se o incidente for instaurado durante a fase policial, afirma Fernando Capez que, face a ausência de 
previsão legal, o mesmo não terá o seu curso suspenso. 
 
2.7.1. Formulação de quesitos 
Acolhido o pedido, o magistrado determinará que seja aberta vistas dos autos as partes para 
formulação dos quesitos. Se ordenada a perícia, de ofício, por representação da autoridade policial ou o 
requerimento do Ministério Público, este será o primeiro a ter as vistas dos autos para o oferecimento de 
perguntas, que serão respondidas pelos peritos, falando em seguida o curador nomeado. Vale dizer que, 
nas demais hipóteses, quem requerer o exame, deverá ser o primeiro a formular seus quesitos e, em 
seguida, o MP. 
Mirabete esclarece que não é dada a possibilidade do acusado oferecer quesitos, se a perícia for 
realizada na fase policial. Isso porque esta fase tem caráter inquisitivo, não sendo regida pelo princípio 
do contraditório, tal como ocorre na fase judicial. Para o autor, na hipótese referida, os peritos deverão 
responder apenas os quesitos formulados pelo juiz e pelo MP. 
Aos quesitos formulados, devem os peritos responder, pois a falta de resposta a um deles é causa de 
nulidade, devendo se fazer uma segunda perícia. Além disso, a fundamentação técnica é essencial para 
que as partes e o juiz possam se convencer dos acertos das conclusões dos peritos nas respostas aos 
quesitos. 
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Percebe-se que o laudo médico-legal dos peritos deve explicitar o quadro clínico do acusado, 
demonstrando se este é ou não portador de doença mental, ou se traz perturbação em sua saúde mental, 
bem como se apresenta desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Deverá o laudo, ainda, tratar 
da capacidade de auto determinação do réu no momento da prática do delito. 
Vale ressaltar que, uma vez apresentado o laudo pelos peritos, não fica o juiz vinculado a ele, podendo, 
inclusive, ordenar nova perícia por outros peritos. 
 
2.7.2. Local onde deverá ser realizado o exame 
Segundo o art. 150 do CPP, para efeito de exame, o acusado, se tiver preso, será internado em 
manicômio judiciário, onde houver. Isso porque o exame psiquiátrico, na maioria das vezes, é demorado 
e exige uma observação contínua e prolongada do acusado. Tem-se admitido, portanto, a realização do 
exame em outro estabelecimento penal, se neste poder ser adequadamente efetuado, quando da 
inexistência de vaga no manicômio. 
Em contrapartida, estando solto o acusado, o juiz nomeará dois médicos para o exame psiquiátrico. 
Esses peritos podem requerer que o acusado seja recolhido em estabelecimento adequado, designado 
pelo juiz, a exemplo de hospitais, casas de saúde, sanatórios etc. 
Independente, todavia, de requerimento dos peritos, o juiz pode solicitar a interação do acusado a ser 
submetido a exame, se o acusado revelar periculosidade. 
 
2.7.3. Impossibilidade de recusa do exame por parte do acusado 
É passível na doutrina que não existe constrangimento ilegal no fato do acusado submeter-se ao 
exame, na forma legal, quando houver fundada dúvida de sua higidez mental. Argumenta Mirabete, 
inclusive, que como a matéria referente à sanidade mental é de ordem pública, não pode o acusado 
recusar-se ao exame. 
 
2.7.4. Consequências do resultado prático da perícia 
Apresentado o laudo pericial, os autos do incidente que até então corriam em separado, serão 
apensados ao processo principal. A depender da conclusão dos peritos, o magistrado adotará a 
providência cabível. 
Aqui devemos considerar quatro hipóteses: 
 a) Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da ação ou omissão, inimputável, nos termos 
do art. 26 do CP, o processo deverá prosseguir com a presença do curador, já que o acusado é 
reconhecido como absolutamente incapaz, faltando-lhe, pois, capacidade para estar em juízo. 
 Afinal o juiz poderá absolver o acusado por inimputabilidade, concordando com o laudo, ou por 
qualquer outra causa, ou mesmo condena-lo, se rejeitar as conclusões dos peritos. Vale dizer que na 
hipótese de absolvição por inimputabilidade, deverá ser aplicada a medida de segurança cabível, de 
acordo com o art.97 do CP. 
b) Concluindo os peritos que o acusado era plenamente imputável, quer por não ter eventual doença 
ou perturbação mental, quer por não apresentar anomalia psíquica, o processo continuará seu curso 
normal, dispensando a partir daí a participação do curador. 
c) Se os peritos concluírem que a doença mental sobreveio à infração, o processo continuará suspenso 
até que o acusado se reestabeleça. Deve ficar claro que as eventuais diligências, que adiadas poderiam 
ficar prejudicadas, devem ocorrer na presença do curador. 
Reestabelecendo-se o acusado da doença mental, fato que raramente acontece, o processo retomará 
o seu curso, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirição das testemunhas que tiverem prestado 
depoimento sem a sua presença. 
Vale ressaltar que o estabelecido no art. 151, caput, do CPP, que concerne no poder do juiz de, nesse 
caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento adequado, 
é considerado como inconstitucional diante dos princípios do devido processo legal e da presunção de 
inocência, expressamente previstos na CF/88. 
A solução para essa hipótese, segundo Mirabete, “será permitir o prosseguimento da ação penal, 
nomeando-se curador para o acusado se reconhecida a doença mental e necessário o recolhimento do 
réu por uma das situações previstas para a prisão preventiva” 
d) Na última hipótese, de acordo com o art.154 do CPP, se a insanidade mental sobrevier no curso da 
execução da pena, o portador de doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento 
psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
Nesse caso, “cabe ao juiz decidir pela simples conferência, computando-se o tempo de internação na 
duraçãoda pena (art. 42 do CP), ou pela conversão, hipótese em que o condenado passa a se submeter 
à disciplina prevista para as medidas de segurança”. 
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Em seguida acompanharemos os dispositivos do Código de Processo Penal pertinentes ao tema: 
 
TÍTULO VI 
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 
CAPÍTULO I 
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS 
 
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz 
repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que 
no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da 
inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. 
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá 
a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. 
 
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão 
diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação 
para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre 
direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e 
realização das outras provas de natureza urgente. 
§ 1o O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora 
não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal 
fará prosseguir o processo, retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria 
da acusação ou da defesa. 
§ 2o Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. 
§ 3o Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público 
intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento. 
 
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores, será decretada pelo 
juiz, de ofício ou a requerimento das partes. 
 
CAPÍTULO II 
DAS EXCEÇÕES 
 
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: 
I - suspeição; 
II - incompetência de juízo; 
III - litispendência; 
IV - ilegitimidade de parte; 
V - coisa julgada. 
 
Art. 96. A arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo 
superveniente. 
 
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo por escrito, declarando o motivo 
legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu substituto, intimadas as partes. 
 
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada por 
ela própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões acompanhadas de prova 
documental ou do rol de testemunhas. 
 
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos autos a 
petição do recusante com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, 
ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
 
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta 
dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os 
autos da exceção remetidos, dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o 
julgamento. 
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§ 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, 
marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de 
mais alegações. 
§ 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente. 
 
Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo principal, pagando o juiz 
as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será 
imposta a multa de duzentos mil-réis a dois contos de réis. 
 
Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da arguição, poderá ser sustado, a seu 
requerimento, o processo principal, até que se julgue o incidente da suspeição. 
 
Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o juiz que se julgar suspeito 
deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao seu substituto na ordem da precedência, 
ou, se for relator, apresentar os autos em mesa para nova distribuição. 
§ 1o Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por suspeito, deverá fazê-lo 
verbalmente, na sessão de julgamento, registrando-se na ata a declaração. 
§ 2o Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu substituto designar dia para o 
julgamento e presidi-lo. 
§ 3o Observar-se-á, quanto à arguição de suspeição pela parte, o disposto nos arts. 98 a 101, no que 
Ihe for aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que estabelece este artigo. 
§ 4o A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal pleno, funcionando como relator 
o presidente. 
§ 5o Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-presidente. 
 
Art. 104. Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, 
sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de três dias. 
 
Art. 105. As partes poderão também arguir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários 
ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova 
imediata. 
 
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano do presidente do 
Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o que 
tudo constará da ata. 
 
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão 
elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
 
Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo 
de defesa. 
§ 1o Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, 
onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. 
§ 2o Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se 
formulada verbalmente. 
 
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-
lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. 
 
Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada, será observado, no 
que Ihes for aplicável, o disposto sobre a exceção de incompetência do juízo. 
§ 1o Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo numa só petição ou 
articulado. 
§ 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver sido 
objeto da sentença. 
 
Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o 
andamento da ação penal. 
 
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CAPÍTULO III 
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS 
 
Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos 
ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, 
que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser 
arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição. 
 
CAPÍTULO IV 
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO 
 
Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela exceção própria, como 
também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição. 
 
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes, ou incompetentes, para 
conhecer do mesmo fato criminoso; 
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos. 
 
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado: 
I - pela parte interessada; 
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio; 
III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa. 
 
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte interessada, sob a de 
requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do conflito, perante o tribunal competente, expondo 
os fundamentos e juntando os documentos comprobatórios. 
§ 1o Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do 
processo. 
§ 2o Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar imediatamente que se 
suspenda o andamento do processo. 
§ 3o Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações às autoridades em 
conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou representação. 
§ 4o As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator. 
§ 5o Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o conflito será decidido na 
primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de diligência. 
§ 6o Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua execução, às autoridades 
contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem suscitado. 
 
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua jurisdição, sempre 
que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores. 
 
CAPÍTULO V 
DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS 
 
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser 
restituídas enquanto interessarem ao processo. 
 
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser restituídas, 
mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de 
boa-fé. 
 
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante 
termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. 
§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado, assinando-se ao 
requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente. 
§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas 
forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, 
em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar. 
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§ 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público. 
§ 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para o juízo 
cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se 
for pessoa idônea. 
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a leilão público, 
depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e 
assinar termo de responsabilidade. 
 
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da infração, aplica-se o disposto 
no art. 133 e seu parágrafo. 
 
Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão alienadas nos termos do 
disposto no art. 133 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de 90 dias, a contar da 
data em que transitar em julgado a sentença final, condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos 
não forem reclamados ou não pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à 
disposição do juízo de ausentes. 
 
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada, e as coisas 
confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 do Código Penal, serão inutilizados ou recolhidos a 
museu criminal, se houver interesse na sua conservação. 
 
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de outros bens de relevante 
valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada, poderá haver destinação dos bens a 
museus públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
CAPÍTULO VI 
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
 
Art. 125. Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, 
ainda que já tenham sido transferidos a terceiro. 
 
Art. 126. Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência 
ilícita dos bens. 
 
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante 
representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda 
antes de oferecida a denúncia ou queixa. 
 
Art. 128. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de Imóveis. 
 
Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro. 
 
Art. 130. O sequestro poderá ainda ser embargado: 
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração; 
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-
los adquirido de boa-fé. 
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado 
a sentença condenatória. 
 
Art. 131. O sequestro será levantado: 
I - se a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída 
a diligência; 
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a aplicação 
do disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal; 
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado. 
 
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Art. 132. Proceder-se-á ao sequestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 
126, não for cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro. 
 
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do 
interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo 
perdimento tenha sido decretado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro 
de boa-fé. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão 
diversa em lei especial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, 
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no 
art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de 
Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração 
penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do 
bem pelos demais órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcaçãoou aeronave, o juiz ordenará 
à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro 
e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, 
encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados 
de seu responsável. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos bens, 
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva da 
propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em 
qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria. 
 
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte estimará o valor da 
responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou imóveis que terão de ficar especialmente 
hipotecados, o juiz mandará logo proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do 
imóvel ou imóveis. 
§ 1o A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se fundar a estimação da 
responsabilidade, com a relação dos imóveis que o responsável possuir, se outros tiver, além dos 
indicados no requerimento, e com os documentos comprobatórios do domínio. 
§ 2o O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis designados far-se-ão por 
perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do 
processo respectivo. 
§ 3o O juiz, ouvidas as partes no prazo de dois dias, que correrá em cartório, poderá corrigir o 
arbitramento do valor da responsabilidade, se Ihe parecer excessivo ou deficiente. 
§ 4o O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis necessários à garantia da 
responsabilidade. 
§ 5o O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a condenação, podendo ser 
requerido novo arbitramento se qualquer das partes não se conformar com o arbitramento anterior à 
sentença condenatória. 
§ 6o Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida pública, pelo valor de sua 
cotação em Bolsa, o juiz poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipoteca legal. 
 
Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 
(quinze) dias não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal. 
 
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Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser 
arrestados bens móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos 
imóveis. 
 § 1o Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5o 
do art. 120. 
§ 2o Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a 
manutenção do indiciado e de sua família. 
 
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca e do arresto correrão em auto apartado. 
 
Art. 139. O depósito e a administração dos bens arrestados ficarão sujeitos ao regime do processo 
civil. 
 
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também as despesas processuais e as 
penas pecuniárias, tendo preferência sobre estas a reparação do dano ao ofendido. 
 
Art. 141. O arresto será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença irrecorrível, o réu for 
absolvido ou julgada extinta a punibilidade. 
 
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se 
houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer. 
 
Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos de hipoteca ou arresto 
remetidos ao juiz do cível (art. 63). 
 
Art. 144. Os interessados ou, nos casos do art. 142, o Ministério Público poderão requerer no juízo 
cível, contra o responsável civil, as medidas previstas nos arts. 134, 136 e 137. 
 
Art. 144-A. O juiz determinará a alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que 
estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para 
sua manutenção. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 1º O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 2º Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por valor maior. Não 
alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será realizado novo leilão, em até 10 (dez) dias 
contados da realização do primeiro, podendo os bens ser alienados por valor não inferior a 80% (oitenta 
por cento) do estipulado na avaliação judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 3º O produto da alienação ficará depositado em conta vinculada ao juízo até a decisão final do 
processo, procedendo-se à sua conversão em renda para a União, Estado ou Distrito Federal, no caso 
de condenação, ou, no caso de absolvição, à sua devolução ao acusado. (Incluído pela Lei nº 12.694, 
de 2012) 
§ 4º Quando a indisponibilidade recair sobre dinheiro, inclusive moeda estrangeira, títulos, valores 
mobiliários ou cheques emitidos como ordem de pagamento, o juízo determinará a conversão do 
numerário apreendido em moeda nacional corrente e o depósito das correspondentes quantias em conta 
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 5º No caso da alienação de veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de 
trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expedição de certificado de registro e 
licenciamento em favor do arrematante, ficando este livre do pagamento de multas, encargos e tributos 
anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário. (Incluído pela Lei nº 12.694, 
de 2012) 
§ 6º O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito negociáveis 
em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação no órgão oficial. (Incluído 
pela Lei nº 12.694, de 2012) 
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
 
CAPÍTULO VII 
DO INCIDENTE DE FALSIDADE 
 
Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o 
seguinte processo: 
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I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte contrária, que, no prazo 
de 48 horas, oferecerá resposta; 
II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova de suas 
alegações; 
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias; 
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-
lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. 
 
Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais. 
 
Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 
 
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior processo penal 
ou civil. 
 
CAPÍTULO VIII 
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO 
 
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou 
a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou 
cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade 
policial ao juiz competente. 
§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando suspenso o processo, 
se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento.Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em manicômio judiciário, 
onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos, em estabelecimento adequado que o juiz 
designar. 
§ 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos demonstrarem a 
necessidade de maior prazo. 
§ 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar sejam os autos 
entregues aos peritos, para facilitar o exame. 
 
Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos 
do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do curador. 
 
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até 
que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149. 
§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro 
estabelecimento adequado. 
§ 2o O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado, ficando-lhe assegurada 
a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado depoimento sem a sua presença. 
 
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado, que só depois da 
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal. 
 
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena, observar-se-á o disposto 
no art. 682. 
 
Questões 
 
01. (TJ/RO - Analista Processual - CESPE) Assinale a opção correta em relação às questões e 
processos incidentes. 
(A) O juiz, de ofício, somente poderá ordenar o sequestro dos bens se já houver sido oferecida a 
denúncia ou queixa e desde que seja certa a proveniência ilícita desses bens. 
(B) Na fase de inquérito policial, se a autoridade policial se encontrar em situação de suspeição ou de 
incompatibilidade, não é cabível qualquer procedimento de exceção, o que somente é possível, em 
desfavor da autoridade policial, na fase processual, quando já encerrada a sua atuação no feito. 
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55 
 
(C) Não é cabível recurso da decisão judicial que rejeitar a exceção de incompetência do juízo. 
(D) Quanto ao incidente de insanidade mental, o CPP estipula que seja nomeado curador ao acusado 
somente depois de os peritos concluírem pela sua inimputabilidade. 
(E) A exceção de suspeição não pode ser arguida contra membro do MP. 
 
02. (TJ/RS - Analista Judiciário - FAURGS) De acordo com a lei processual penal, o Juiz dar-se-á 
por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes quando 
(A) o próprio Juiz houver servido como testemunha no processo. 
(B) sua esposa for parte interessada diretamente no feito. 
(C) sua esposa tiver funcionado como defensora ou advogada. 
(D) for devedor de qualquer das partes. 
(E) tiver funcionado como Juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão. 
 
03. (TJ/SP – Juiz – VUNESP) A exceção de incompetência constitui meio processual assecuratório 
da observância do princípio do(a) 
(A) oficialidade. 
(B) juiz natural. 
(C) publicidade. 
(D) persuasão racional. 
 
04. (OAB - Exame de Ordem Unificado X Primeira Fase - FGV) No curso de uma investigação policial 
que apurava a ocorrência dos delitos de sonegação fiscal e evasão de divisas, o Procurador da República 
"X" requereu ao Juízo Federal Criminal medida assecuratória, já que obteve documentos que informavam 
os bens que teriam sido adquiridos pelo investigado com proventos da infração penal. O Juiz Federal 
decretou a medida assecuratória, que foi cumprida a contento. A partir do caso apresentado, assinale a 
alternativa que indica a medida assecuratória adotada. 
(A) Busca e Apreensão. 
(B) Arresto. 
(C) Sequestro. 
(D) Hipoteca Legal. 
 
05. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC) Analise o enunciado abaixo e assinale 
“verdadeiro” ou “falso”. 
No capítulo das medidas assecuratórias, informa o CPP que o juiz determinará a alienação antecipada 
para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou 
depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção. 
(A) Certo (B) Errado 
 
Gabarito 
 
01. C / 02. D / 03. B / 04. C / 05. A 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
A decisão que rejeita a exceção de incompetência é irrecorrível, eis que não contemplada pelo rol 
taxativo dos artigos 581 e 593 do Código de processo penal. 
 
02. Resposta: D 
Dentre as hipóteses de suspeição prevista no artigo 252 do CPP, está incluída apenas a que consta 
na alternativa “D”. As alternativas “A”, “B”, “C” e “E” tratam-se de causas de impedimento. 
 
03. Resposta: B 
Um dos princípios fundamentais da função jurisdicional é o do juiz natural, uma vez que intimamente 
relacionado a imparcialidade do juízo. Este foi trazido para o direito brasileiro, desde o início, em seu 
dúplice aspecto: a) proibição de juízo ou tribunal de exceção (tribunal ad hoc), isto é, criado para 
julgamento de um determinado caso concreto ou pessoa (art. 5º, XXXVII, da CF); b) garantia do juiz 
competente (art. 5º, LIII, da CF), segundo a qual ninguém será impedido de ser julgado pelo seu juiz 
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56 
 
constitucionalmente competente. Neste contexto, a exceção de incompetência fundamenta-se no 
princípio do juiz natural. 
 
04. Resposta: C 
O sequestro é a medida assecuratória consistente em reter os bens imóveis e móveis do indiciado ou 
acusado, ainda que em poder de terceiros, quando adquiridos com o proveito da infração penal, para que 
deles não se desfaça, durante o curso da ação penal, a fim de se viabilizar a indenização da vítima ou 
impossibilitar ao agente que tenha lucro com a atividade criminosa (art. 125 do CPP). Assim, na hipótese 
apresentada caberá o sequestro dos bens adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda 
que já tenham sido transferidos a terceiro. 
 
05. Resposta: A 
Como medida de cautela, admite-se a alienação antecipada dos bens apreendidos, ordenada de ofício 
pelo magistrado, desde que demonstrada a necessidade de preservação do valor dos bens ou haja risco 
de deterioração, ou ainda, sejam os bens de difícil manutenção. É o que dispõe o artigo 120, §5º do CPP. 
 
 
 
Prova consiste num conjunto de provas que podem ser produzidas pelas partes, pelo juiz ou por 
terceiros (peritos, por exemplo), os quais destinam à convicção do magistrado acerca da existência ou 
não de um fato. Assim, trata-se da convicção do juiz sobre os elementos essenciais para o decorrer da 
causa. 
Enquanto os elementos informativos são aqueles produzidos durante a fase do inquérito policial (em 
regra, já que o inquérito, é dispensável, podendo os elementos informativos ser produzidos em qualquer 
outro meio de investigação suficiente a embasar uma acusação), a prova deve ser produzida à luz do 
contraditório e da ampla defesa, almejando a consolidação do que antes eram meros indícios de autoria 
e materialidade delitiva, e ainda, com a finalidade imediata de auxiliar o juiz a formar sua livre convicção. 
Vale informar, que não poderá o juiz, nessa sua livre convicção, se fundar exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos durante a fase investigatória. Estes terão apenas função complementar 
na formação do processo de convencimento do magistrado. Isso significa dizer que a prova é, sim, 
essencial, para se condenar alguém. Justamente porque, a ausência de prova é um dos motivos que 
pode levar à absolvição. 
 
Natureza Jurídica 
A prova está intimamente ligada à demonstração da verdade dos fatos, sendo inerente ao desempenho 
do direito de ação e de defesa. É verdadeiro direito subjetivo com vertente constitucional para 
demonstração da realidade dos fatos. Já as normas atinentes às provas são de natureza processual, 
tendo aplicação imediata. Se o legislador disciplina um novo meio de prova, ou altera as normas já 
existentes, tais alterações terãoincidência instantânea, abarcando os processos já em curso. Os crimes 
ocorridos antes da vigência da lei poderão ser demonstrados pelos novos meios de prova10. 
 
Objeto da Prova 
De acordo com os ensinamentos de Paulo Rangel: "O objeto da prova é a coisa, o fato, o 
acontecimento que deve ser conhecido pelo juiz, a fim de que possa emitir um juízo de valor. São os fatos 
sobre os quais versa o caso penal. Ou seja, é o ‘thema probandum’ que serve de base à imputação penal 
feita pelo Ministério Público. É a verdade dos fatos imputados ao réu com todas as suas circunstâncias". 
Na hipótese do Ministério Público imputar à determinada pessoa a prática do crime de homicídio, este 
crime caracterizar-se-á como o objeto da prova. 
Cabe destacar que há diferença entre objeto da prova e objeto de prova. O objeto de prova significa 
todos os fatos ou coisas que necessitam da comprovação de sua veridicidade. 
Durante um processo, tanto o autor quanto o réu irão apresentar argumentos favoráveis à eles, assim 
como acontecimentos que demonstrem a veracidade de suas alegações. Ocorrendo isso, os mesmos 
acabam por delimitar o objeto da prova, devendo o julgador ater-se à somente estes fatos, visando a 
economia processual. 
 
10 Curso de Direito Processual Penal, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, 8ª edição. 
6. Prova. 
 
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Neste contexto, podemos concluir que são as partes que definem essencialmente os fatos que deverão 
ser objeto de prova, restando ao juiz, eventualmente, apenas completar o rol de provas a produzir, 
utilizando-se de seu poder instrutório, o que determinará somente com a finalidade de fazer respeitar o 
princípio da verdade real. 
 
Lembrando a diferença entre verdade real e a verdade formal: 
- Verdade formal é aquela que resulta do processo, embora possa não encontrar exata 
correspondência com os fatos, como aconteceram historicamente (verdade apresentada no processo). 
- Verdade real é aquela que chega o julgador, demonstrando os fatos tal como ocorreram 
historicamente e não como querem as partes que apareçam realizados (guarda fiel realidade com os 
fatos). 
 
Classificação Da Prova 
Existem alguns critérios que classificam a prova, a saber: 
a) Quanto ao objeto: 
- direta: apresenta o fato de forma instantânea, não necessitando de nenhuma construção lógica. 
- indireta: afirma uma fato do qual se infira, por dedução ou indução, a existência do fato que se 
busque provar. Neste caso, há a necessidade de um processo de construção lógica com o intuito de 
chegar a um determinado fato que se quer provar. 
 
b) Quanto ao sujeito ou causa: 
- real: é uma prova encontrada em objeto ou coisa que possua vestígios de um crime como, por 
exemplo, uma camisa ensanguentada da vítima, etc. 
- pessoal: é uma prova surgida da vontade consciente humana e que tem como objetivo mostrar a 
veracidade dos fatos asseverados como, por exemplo, o testemunho de quem presenciou um crime, um 
laudo pericial assinado por dois peritos, etc. 
 
c) Quanto à forma: 
- testemunhal: é a prova produzida através de declaração subjetiva oral e algumas vezes por escrito 
(art.221, §1º, CPP). Essas provas podem ser produzidas por testemunhas, pelo próprio acusado 
(confissão) ou pelo ofendido. 
- documental: é a prova originada através de documento escrito ou gravação como, por exemplo 
cartas, fotografias autenticadas etc. 
- material: é a que consiste em qualquer materialidade que sirva de elemento para o convencimento 
do juiz sobre o fato que se está provando. 
 
d) Quanto ao valor ou efeito: 
- plena (perfeita ou completa): é a prova que é capaz de conduzir o julgador à uma absoluta certeza 
da existência de um fato. 
- não plena (imperfeita ou incompleta): é a prova que apenas conduz à uma probabilidade da 
ocorrência de um evento, não sendo suficiente para a comprovação. 
 
Meios de Prova 
Meio de prova é todo fato, documento ou alegação que possa servir, direta ou indiretamente, à busca 
da verdade real dentro do processo. É o instrumento utilizado pelo juiz para formar a sua convicção acerca 
dos fatos alegados pelas partes. 
Em outras palavras, meio de prova é tudo aquilo que possibilita o convencimento do julgador quanto a 
veracidade dos fatos expostos, estando ou não estes meios inseridos em lei. 
Os meios de prova podem ser tanto nominados quanto inominados. Os primeiros são estabelecidos 
através da lei e os últimos são moralmente legítimos. Como exemplo de meios de prova, existe a perícia 
no local em que ocorreu o delito (art.169, CPP), a confissão do réu (art.197, CPP) e o depoimento do 
ofendido (art.201, CPP). 
Sob o Princípio da Verdade Real, as investigações devem ser feitas de forma ampla, ou seja, não 
havendo restrições quanto aos meios de provas, salvo nos casos previstos no parágrafo único do art.155, 
CPP: "Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil". 
 
 
 
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Diferença entre “fontes de prova”, “meios de prova”, e “meios de obtenção de prova”. 
Vejamos: 
A) Fontes de prova. São as pessoas ou coisas das quais se consegue a prova. Elas independem do 
processo, por existirem por si só; 
B) Meios de prova. São os instrumentos através dos quais as fontes de prova são introduzidas no 
processo. No processo penal, vale dizer, vigora o “Princípio da Liberdade Probatória”, segundo o qual 
todos os meios de prova são válidos desde que não ilícitos e/ou imorais; 
C) Meios de obtenção da prova. São os procedimentos necessários para se chegar à prova. Os meios 
de prova tratam de meios de obtenção da prova, para se chegar às fontes de prova. 
 
“Prova cautelar”, “prova não repetível”, e “prova antecipada”. 
A parte final, da cabeça do art. 155, CPP, se refere a estas três provas, produzidas em regra ainda 
durante a fase inquisitória, as quais poderia o juiz se utilizar para formar sua convicção. Embora exista 
posicionamento que clama pela sinonímia das expressões, há se distingui-las. 
A “prova cautelar” é aquela em que existe risco de desaparecimento do objeto da prova, em razão do 
decurso do tempo, motivo pelo qual o que se pretende provar deve ser perpetuado. O contraditório, aqui, 
é diferido, postergado. 
A “prova não repetível” é aquela que não tem como ser produzida novamente, em virtude do 
desaparecimento da fonte probatória, como o caso de um exame pericial por lesão corporal, cujos sinais 
de violência podem desaparecer com o tempo. O contraditório, aqui, é diferido, postergado. 
A “prova antecipada”, por fim, é aquela produzida com observância do contraditório real (ou seja, o 
contraditório não é diferido como nas duas hipóteses anteriores), perante a autoridade judicial, mas em 
momento processual distinto daquele previamente previsto pela lei (podendo sê-lo até mesmo antes do 
processo). O melhor exemplo é a oitiva da testemunha para perpetuar a memória da prova, disposta no 
art. 225, da Lei Processual Penal. 
 
Fatos que não precisam ser provados. 
São eles: 
A) Fatos notórios. É o caso da chamada “verdade sabida” (ex.: não se precisa provar que dia vinte e 
cinco de dezembro é Natal, conforme o calendário cristão ocidental); 
B) Fatos axiomáticos, intuitivos. São aqueles evidentes (ex.: “X” é atingido e despedaçado por um trem. 
Não será preciso um exame para se apurar que a causa da morte foi o choque com o trem); 
C) Presunções legais. São aquelas decorrentes da lei, valendo lembrar que, em se tratando de 
presunção relativa, contudo, admitir-se-á prova em contrário; 
D) Fatos desnecessários ao deslindes da lide. São os “fatos inúteis” (ex.: “X” morreu de 
envenenamento por comida. Pouco importa saber se a carne estava bem ou mal passada); 
E) O direito, como regra. O direito não precisa ser provado, salvo em se tratando de direito estadual, 
municipal, costumeiro, ou estrangeiro, se assim o requerer o juiz. 
Posto isto, fazendo uma análise emsentido contrário, fatos que não sejam notórios, que não sejam 
axiomáticos, que não sejam desnecessários, que não sejam presunções legais, e que não digam respeito, 
como regra, necessitam ser provados. 
 
“Prova nominada”, “prova inominada”, “prova típica”, “prova atípica”, e “prova irritual”. 
A “prova nominada” é aquela cujo “nomen juris” consta da lei (ex.: prova pericial). 
A “prova inominada” é aquela cujo “nomen juris” não consta da lei, mas que é admitida por força do 
“Princípio da Liberdade Probatória”. 
A “prova típica” é aquela cujo procedimento probatório está previsto na lei. 
A “prova atípica” é aquela cujo procedimento não está previsto em lei. 
A “prova irritual” é aquela colhida sem a observância de modelo previsto em lei. Trata-se de prova 
ilegítima. 
 
Alguns princípios relacionados à prova penal. 
São eles, além do Princípio da Liberdade Probatória, já mencionado anteriormente, em um rol 
exemplificativo: 
A) Princípio da presunção de inocência (ou princípio da presunção de não-culpabilidade). Todos são 
considerados inocentes, até que se prove o contrário por sentença condenatória transitada em julgado; 
B) Princípio da não autoincriminação. Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. É por 
isso que o acusado pode mentir, pode distorcer os fatos, pode ser manter em silêncio, e tem direito à 
consulta prévia e reservada com seu advogado, como exemplos; 
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59 
 
C) Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos. São inadmissíveis no processo 
as provas obtidas de modo ilícito, assim entendidas aquelas obtidas em violação às normas 
constitucionais. Ou seja, o direito à prova não pode se sobrepor aos direitos fundamentalmente 
consagrados na Constituição Federal. 
 
“Prova ilícita” é o mesmo que “prova ilegítima”? Há quem diga que se tratam de expressões 
sinônimas. Contudo, o entendimento prevalente é o de que, apesar de espécies do gênero “provas 
ilegais”, “prova ilícita” é aquela violadora de alguma norma constitucional (ex.: a prova obtida não 
respeitou a inviolabilidade de domicílio assegurada pela Constituição), enquanto a “prova ilegítima” é 
aquela violadora dos procedimentos previstos para sua realização (tais procedimentos são aqueles 
regularmente previstos no Código de Processo Penal e legislação especial). 
Qual será a consequência da prova ilícita/ilegítima? Sua consequência primeira é o desentranhamento 
dos autos, devendo esta ser inutilizada por decisão judicial (devendo as partes acompanhar o incidente). 
Agora, uma consequência reflexa é que as provas derivadas das ilícitas, pela “Teoria dos Frutos da 
Árvore Envenenada”, importada do direito norte-americano, também serão inadmissíveis, salvo se 
existirem como fonte independente, graças à “Teoria da Fonte Independente” (considera-se fonte 
independente aquela prova que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da 
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova). 
 
Preservação de local de crime 
11A perita Criminal BARACAT (2008), nos ensina: 
“[...] a preservação dos vestígios deixados pelo fato, em tese delituosa, exige a conscientização dos 
profissionais da segurança pública e de toda a sociedade de que a alteração no estado das coisas sem 
a devida autorização legal do responsável pela coordenação dos trabalhos no local pode prejudicar a 
investigação policial e, consequentemente, a realização da justiça, visto que os peritos criminais analisam 
e interpretam os indícios materiais na forma como foram encontrados no local da ocorrência.” 
Portanto, observa-se que o ato de preservar é amplo e abrangente, sendo considerado a medida 
adotada para proteger alguma coisa de causas que a possam deteriorar, consistindo no procedimento de 
manter o local de crime e seus vestígios rigorosamente no estado em que o criminoso o deixou, até a 
chegada da autoridade policial competente para dar seguimento às demais providências necessárias. 
O local de crime devidamente preservado oferece elementos vitais para a fixação das 
responsabilidades. E, no sentido inverso, poderá contribuir com a absolvição de criminosos em face da 
inconsistência probatória, em decorrência da possível violação dos vestígios. 
 
Ônus da prova. 
De acordo com o art. 156, caput, do Código de Processo Penal, a prova da alegação incumbirá a quem 
o fizer, embora isso não obste que o juiz, de ofício, ordene, mesmo antes de iniciada a ação penal, a 
produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, 
adequação e proporcionalidade da medida (inciso I), ou determine, no curso da instrução ou antes de 
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante (inciso II). Esse 
poder de atuação do juiz é também conhecido por “gestão da prova” (por ser o juiz, naturalmente, um 
“gestor da prova”). 
 
Sistemas de avaliação da prova. 
São eles: 
A) Sistema da íntima convicção do juiz. Aqui, o juiz é livre para apreciar as provas, inclusive as que 
não estão nos autos. O problema é que, neste sistema, o juiz não está obrigado a fundamentar acerca 
dos motivos que levaram à formação de sua convicção. Este sistema, em nosso ordenamento, só é 
adotado pelos jurados no tribunal do júri, quando eles votam apenas “sim” ou “não” sem precisar 
fundamentar as razões de sua escolha; 
B) Sistema da prova tarifada. Neste sistema, as provas têm valor previamente fixado pelo legislador, 
cabendo ao juiz, apenas, apreciar o conjunto probatório atribuindo-lhe o valor devido. Tal sistema não é 
adotado no ordenamento pátrio; 
C) Sistema do livre convencimento motivado (ou sistema da persuasão racional do juiz). Trata-se do 
sistema adotado no ordenamento brasileiro. Nele, o juiz tem ampla liberdade de valoração das provas 
dos autos, mas é obrigado, em contrapartida, a fundamentar as razões que embasam seu convencimento. 
Com isso, decorre-se que não há prova com valor absoluto (não há a ideia de que a confissão é a “rainha 
 
11 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8451 
1649371 E-book gerado especialmente para DANIEL ALMEIDA
 
60 
 
das provas”, por exemplo), e que somente serão consideradas válidas para efeito condenatório as provas 
do processo (o juiz não pode condenar alguém usando algo que não está nos autos). 
 
Prova emprestada. É aquela produzida em um processo e transportada documentalmente para outro. 
Apesar da valia positiva acentuada que lhe deve ser atribuída, a prova emprestada não pode virar mera 
medida de comodidade às partes, afinal, como regra, cada fato apurado numa lide depende de sua própria 
prova. 
Contudo, podem acontecer casos em que um determinado fato já não possa mais ser apurado nos 
autos, embora o tenha sido devidamente em outros autos, caso em que a prova emprestada pode se 
revelar um eficaz aliado na busca pela verdade real. 
Vale lembrar, contudo, que a prova emprestada não vem aos autos com o “contraditório montado” do 
outro processo, isto é, no processo recebedor terão as partes a oportunidade de questionar a própria 
validade desta bem como de tentar desqualificá-la. 
Não se pode, ainda, dizer que a prova emprestada, por ser emprestada, valha “mais” ou “menos” que 
outra prova. Não há mais, como já dito, “tarifação de provas”. A importância de uma prova será aferida 
casuisticamente. Assim, em que pese o respeito a entendimento minoritário neste sentido, não parece 
ser o melhor argumento defender que a prova emprestada, por si só, não pode ser suficiente para 
condenar alguém. 
 
TÍTULO VII 
DA PROVA 
CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafoúnico. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. 
 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para 
dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo 
de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. 
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, 
próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada 
por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
§ 4° (VETADO) 
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença 
ou acórdão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Questões 
 
01. (TJ-MS - Analista Judiciário - Área Fim - PUC-PR/2017) Sobre a prova no direito processual 
penal, marque a alternativa CORRETA. 
(A) São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, inclusive aquelas que evidenciam nexo 
de causalidade entre umas e outras, bem como aquelas que puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras. 
(B) A confissão será indivisível e irretratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no 
exame das provas em conjunto. 
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61 
 
(C) Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, 
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias; entretanto, tal espécie de prova 
não é aceita nos tribunais superiores por violar o princípio constitucional da ampla defesa. 
(D) A prova emprestada, quando obedecidos os requisitos legais, tem sua condição de prova 
perfeitamente aceita no processo penal; no entanto, ela não tem o mesmo valor probatório da prova 
originalmente produzida. 
(E) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, 
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
02. (PC/GO - Agente de Polícia Substituto - CESPE) No que diz respeito às provas no processo 
penal, assinale a opção correta. 
(A) Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova pericial médica, que não pode ser suprida 
por testemunho. 
(B) Se, no interrogatório em juízo, o réu confessar a autoria, ficará provada a alegação contida na 
denúncia, tornando-se desnecessária a produção de outras provas. 
(C) As declarações do réu durante o interrogatório deverão ser avaliadas livremente pelo juiz, sendo 
valiosas para formar o livre convencimento do magistrado, quando amparadas em outros elementos de 
prova. 
(D) São objetos de prova testemunhal no processo penal fatos relativos ao estado das pessoas, como, 
por exemplo, casamento, menoridade, filiação e cidadania. 
(E) O procedimento de acareação entre acusado e testemunha é típico da fase pré-processual da ação 
penal e deve ser presidido pelo delegado de polícia. 
 
Gabarito 
 
01. E / 2. C 
 
Comentários 
01. Resposta: E 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
02. Resposta: C 
No direito processual penal pátrio vige o sistema do livre convencimento ou da persuasão racional, ou 
ainda, da liberdade dos meios de prova, onde o juiz tem liberdade para formar sua convicção, não estando 
preso a qualquer critério legal de prefixação de valores probatórios. Deste modo, as declarações do réu 
durante o interrogatório serão avaliadas livremente pelo juiz, sendo valiosas quando amparadas em 
outros elementos de prova. 
 
Exame de Corpo de Delito e Perícias em Geral. 
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia 
criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do 
exame de corpo de delito. 
A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existência dos elementos do fato típico dos 
delitos "FACTI PERMANENTIS" (delitos praticados com vestígios). 
Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não transeunte”), o exame de corpo de delito 
se torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não 
sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal 
poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP). 
Muitos confundem o "corpo de delito" com o "exame de corpo de delito". Explico. Dá-se o nome de 
"corpo de delito" ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração penal. Trata-
se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos humanos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. 
Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa estar 
envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma 
porta arrombada etc. Em outras palavras, "corpo de delito" é o local do crime com todos os seus vestígios; 
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"exame de corpo de delito" é o laudo técnico que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-
se todos os referidos vestígios. 
Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, 
antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possui esse “status”, haja vista uma ampla gama 
de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assunção de culpa meramente para livrar alguém de 
um processo-crime. 
 
Corpo de delito direto e indireto. 
a) Corpo de delito direto: Conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. São os elementos 
materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultante da infração penal. Esses elementos sensíveis, 
objetivos, devem ser objetos de prova, obtida pelos meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua 
natureza, estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão, pelo qual se incrimina o acusado. O corpo 
de delito deve realizar-se o mais rapidamente possível, logo que se tenha conhecimento da existência do 
fato. 
O perito dará atenção a todos os elementos, que se vinculem ao fato principal, sobretudo o que possa 
influir na aplicação da pena. 
b) Corpo de delito indireto: Quando o corpo de delito se torna impossível, admite-se a prova 
testemunhal, por haverem desaparecido os elementos materiais. Essa substituição do exame objetivo 
pela prova testemunhal, subjetiva, é indevida, pois não há corpo, embora haja o delito. Cabe ressaltar 
que o exame indireto somente deve ser realizado caso não seja possível à realização do exame direto. 
Segundo legislação específica, o exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a 
qualquer hora. 
 
Perícia Criminal 
A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de Processo Penal, 
indispensável para elucidação de crimes quando houver vestígios. A atividade é realizada por meio da 
ciência forense, responsável por auxiliar na produção doexame pericial e na interpretação correta de 
vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias 
provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. 
A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes ciências forenses: química, biologia, 
geologia, engenharia, física, medicina, toxicologia, odontologia, documentos cópia, entre outras, as quais 
estão em constante evolução. 
A perícia requisitada pela Autoridade Policial, Ministério Público e Judiciário, é a base decisória que 
direciona a investigação policial e o processo criminal. Como já mencionado, a prova pericial é 
indispensável nos crimes que deixam vestígio, não podendo ser dispensada sequer quando o criminoso 
confessa a prática do delito. A perícia é uma modalidade de prova que requer conhecimentos 
especializados para a sua produção, relativamente à pessoa física, viva ou morta, implicando na 
apreciação, interpretação e descrição escrita de fatos ou de circunstâncias, de presumível ou de evidente 
interesse judiciário. 
O conjunto dos elementos materiais relacionados com a infração penal, devidamente estudados por 
profissionais especializados, permite provar a ocorrência de um crime, determinando de que forma este 
ocorreu e, quando possível e necessário, identificando todas as partes envolvidas, tais como a vítima, o 
criminoso e outras pessoas que possam de alguma forma ter relação com o crime, assim como o meio 
pelo qual se perpetrou o crime, com a determinação do tipo de ferramenta ou arma utilizada no delito. 
Apesar de o laudo pericial não ser a única prova, e entre as provas não haver hierarquia, ocorre que, na 
prática, a prova pericial acaba tendo prevalência sobre as demais. Isto se dá pela imparcialidade e 
objetividade da prova técnico-científica enquanto que as chamadas provas subjetivas dependam do 
testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série de erros, desde a simples falta de 
capacidade da pessoa em relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde exista a intenção de 
distorcer os fatos. 
A execução das perícias criminais é de competência exclusiva dos Peritos Criminais. Essa afirmação 
é reforçada pela Lei nº 12.030 de 2009, que estabelece que o Perito Oficial a que se refere o Código de 
Processo Penal são o Perito Criminal, o Perito Médico-Legista e o Perito Odonto-Legista. Prova pericial 
(ou arbitramento) pode ser dividida em: 
- Exame: concernente à inspeção de pessoas e bens móveis; 
- Vistoria: concernente à inspeção de bens imóveis. 
- Avaliação: estimativa do valor do bem de acordo com as prerrogativas de mercado. 
 
 
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Perito 
Com relação aos peritos importante trazer ao estudo o que prevê o Código de Processo Penal em seu 
artigo 159, vejamos: “O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior”. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por duas pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica, dentre as que 
tiveram habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. Estes prestarão o compromisso de e 
finalmente desempenhar o cargo. 
Durante o curso de processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: requer a oitiva dos peritos 
para esclarecerem a prova ou responder a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos 
ou questões a serem esclarecidos sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, 
podendo apresentar as respostas em laudo complementar. 
A atuação do perito far-se-á em qualquer fase do processo ou mesmo após a sentença, em situações 
especiais. Sua função não termina com a reprodução de sua análise, mas se continua além dessa 
apreciação, por meio do juízo de valor sobre os fatos, o que se torna o diferencial da função de 
testemunha. Ou seja, a diferença entre testemunha e perito é que a primeira é solicitada porque já tem 
conhecimento do fato e o segundo para que conheça e explique os fundamentos da questão discutida, 
por meio de uma análise técnica científica. 
A autoridade que preside o inquérito poderá nomear, nas causas criminais, dois peritos. Em se tratando 
de peritos não oficiais, assinarão estes um termo de compromisso cuja aceitação é obrigatória com um 
“compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando como verdadeiro o 
que encontrarem e descobrirem e o que em suas consciências entenderam”. 
Os peritos terão um prazo máximo de 10 (dez) dias para elaboração do laudo pericial, podendo este 
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos, conforme dispõe o parágrafo 
único do artigo 160 do Código de Processo Penal. Apenas em casos de suspeição comprovada ou de 
impedimento previsto em lei é que se eximem os peritos da aceitação. 
O mesmo diploma ainda assegura como dever especial que os peritos nomeados pela autoridade não 
podem recusar a indicação, a não ser por escusa atendível (art. 277, a, CPP); não podem deixar de 
comparecer no dia e no local designados para o exame (art. 277, b, CPP); não podem deixar de entregar 
o laudo ou concorrer para que a perícia não seja feita no prazo estabelecido (art. 277, c, CPP). Pode 
ainda em casos de não comparecimento, sem justa causa, a autoridade determinar a condução do perito 
(art. 278, CPP). E falsa perícia constitui crime contra a administração da Justiça (art. 342, CP). Quando 
os dois peritos não chegam, na perícia criminal, a um ponto de vista comum, cada qual fará à parte seu 
próprio relatório, chamando-se a isso perícia contraditória. Mesmo assim, o juiz, que é o peritus peritorum, 
(perito dos peritos) aceitará a perícia por inteiro ou em parte, ou não aceitará em todo, pois está forma 
determina o parágrafo único do artigo 181 do Código de Processo Penal, facultando-lhe nomear outros 
peritos para novo exame. 
 
As partes poderão arguir de suspeitos os peritos, e o juiz decidirá de plano e sem recurso, à vista da 
matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP). Não poderão ser peritos: 
I – os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada nos números I e II do artigo 47 do 
Código Penal; 
II – os que tiverem prestado depoimento no processo no processo ou opinado anteriormente sobre o 
objeto da perícia; 
III – os analfabetos e menores de 21 anos (art. 279, CPP). 
 
É extensível aos peritos, no que lhe for aplicável, disposto sobre a suspeição dos juízes (art. 280, 
CPP); 
I – se for amigo ou inimigo capital de qualquer das partes; 
II – se ele, seu conjugue ou descendente estiver respondendo a processo análogo, sobre cujo caráter 
criminoso haja controvérsia; 
III – se ele, seu conjugue, ou parente consanguíneo, ou afim, até terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
VI – se for sócio, acionista, ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Para que a Justiça não fique sempre na dependência direta de um ou de outro perito, criaram-se, há 
alguns anos, em alguns estados, como na Bahia e São Paulo, os Conselhos Médico-Legais, espécies de 
corte de apelação pericial cujos objetivos são a emissão de pareceres médico-legais mais especializados, 
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funcionando também como órgãos de consultas dos próprios peritos. Eram, normalmente, compostos de 
autoridades indiscutíveis em medicina legal e representados por professores da disciplina, diretores de 
institutos Médico-Legais, propor um membro do Ministério Público indicado pela Secretaria do Interior e 
Justiça. 
 
Atividades Desenvolvidas 
As atividades desenvolvidas pelos peritos são de grande complexidade e de natureza especializada,tendo por objeto executar com exclusividade os exames de corpo de delito e todas as perícias criminais 
necessárias à instrução processual penal, nos termos das normas constitucionais e legais em vigor, 
exercendo suas atribuições nos setores periciais de: Acidentes de Trânsito, Auditoria Forense, Balística 
Forense, Documentoscopia, Engenharia Legal, Perícias Especiais, Fonética Forense, Identificação 
Veicular, Informática, Local de Crime Contra a Pessoa, Local de Crime Contra o Patrimônio, Meio 
Ambiente, Multimídia, Papiloscopia, dentre outros. A função mais relevante do Perito Criminal é a busca 
da verdade material com base exclusivamente na técnica. Não cabe ao Perito Criminal acusar ou 
suspeitar, mas apenas examinar os fatos e elucidá-los. Desventrar todos os aspectos inerentes aos 
elementos investigados, do ponto exclusivamente técnico. 
 
Responsabilidades Civil e Penal do Perito 
Aos peritos oficiais ou inoficiais são exigidas obrigações de ordem legal e a ilicitude de suas atividades 
caracteriza-se como violação a um dever jurídico, algumas delas com possíveis repercussões a danos 
causados a terceiros. Em tese, pode-se dizer que os peritos na área civil são considerados auxiliares da 
justiça, enquanto na perícia criminal são os servidores públicos. Quanto ao fiel cumprimento do dever de 
ofício, os primeiros prestam compromissos a cada vez que são designados pelo juiz e, os segundos, o 
compromisso está implícito com a posse no cargo público, a não ser nos casos dos chamados peritos 
nomeados ad hoc. 
 
Preservação da Cadeia de Custódia do Vestígio 
Introduzida pela lei 13.964/2019, a preservação da Cadeia de Custódia do Vestígio existe para garantir 
o isolamento do vestígio que é coletado nos locais de crime ou até mesmo nas vítimas. 
O art. 158-A, CPP considera a cadeia de custódia como o conjunto de todos os procedimentos 
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas 
de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. 
Como as provas não podem se basear em dados “rasos”, devendo a acusação ser fiel e certeira, 
firmou-se a preservação das provas para o trabalho dos peritos e experts com a implantação dessa 
cadeia. 
Para que se garanta ainda mais a higidez do local, todo instituto de criminalística precisa de uma 
central de custódia, devendo esse espaço ser seguro, com condições ambientais que não interfiram nas 
características do vestígio. 
 
O rastreamento do vestígio, que é o que compreende a cadeia precisa seguir cronologicamente 
algumas etapas, quais sejam: reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte, 
recebimento, processamento, armazenamento e por fim o descarte. 
 
Formulação de quesitos pelo Ministério Público, assistente de acusação, ofendido, querelante, 
e acusado. 
Podem, o Ministério Público, o assistente de acusação, o ofendido, o querelante, e o acusado, formular 
quesitos e indicar assistente técnico. Eis o teor do previsto no segundo parágrafo, do art. 159, do Código 
de Processo Penal; 
 
Laudo pericial. 
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em 
casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente 
o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, 
isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a 
atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um 
assistente técnico. 
Vale ressaltar que o artigo 3º-A, através da redação dada pela Lei 13.964/2019, considera a base 
acusatória do processo penal, proibindo a atuação probatória do juiz como meio substitutivo à acusação; 
 
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Autópsia. 
A autópsia será feita no cadáver pelo menos seis horas após o óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que deverão declarar no auto 
(art. 162, caput, CPP). No caso de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte 
e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante (art. 
162, parágrafo único, CPP); 
 
Exumação de cadáver. 
Em caso de exumação de cadáver, a autoridade providenciará que, em dia e hora previamente 
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, CPP). Neste 
caso, o administrador do cemitério público/particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de 
desobediência. Agora, havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, se procederá ao 
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de 
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com 
todos os sinais e indicações (art. 166, CPP); 
 
Fotografia dos cadáveres. 
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na 
medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164, CPP). Para 
representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame 
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, todos devidamente rubricados (art. 165, CPP); 
 
Crimes cometidos com destruição/rompimento de obstáculo à subtração da coisa. 
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio 
de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por quais meios 
e em que época presumem ter sido o fato praticado (art. 171, CPP); 
 
Material guardado em laboratório para nova perícia. 
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova 
perícia. Ademais, sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, provas 
microfotográficas, desenhos ou esquemas (art. 170, CPP); 
 
Incêndio. 
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que 
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173, CPP); 
 
Exame para reconhecimento de escritos. 
Deve-se observar, de acordo com o art. 174, CPP, o seguinte: a pessoa a quem se atribua ou se possa 
atribuir o escrito será intimada para o ato (se for encontrada) (inciso I); para a comparação, poderão servir 
quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como 
de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida (inciso II); a autoridade, quando necessário, 
requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou 
nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados (inciso III); quando não houver escritos 
para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o 
que lhe for ditado, valendo lembrar que, se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última 
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada 
a escrever (inciso IV); 
Importante, ressaltar, que o juiz não fica adstrito ao laudo, podendo rejeitá-lo no todo ou em parte (art. 
182, CPP). 
 
CAPÍTULO II 
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE 
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL 
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
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Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de 
crime que envolva: (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018) 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído pela Lei nº 13.721, de 2018) 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído pela Lei nº 13.721, 
de 2018) 
 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para 
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para 
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos 
policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da 
prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se 
relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da 
prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente 
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de 
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, 
sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo 
atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas 
características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma 
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, 
com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
 
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas 
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas 
características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, 
no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária 
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do 
exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia 
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, 
que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser 
processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao 
número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, 
quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o 
encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de 
exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito 
nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma 
do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
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§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de 
crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua 
realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do 
material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma 
a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019) 
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação 
e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu 
conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por 
pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio 
o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes 
ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à 
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia 
oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, 
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição 
de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas 
características do vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se 
informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e 
deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, 
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo 
nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar 
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do 
referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de 
natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras períciasserão realizados por perito oficial, portador de 
diploma de curso superior. 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica 
relacionada com a natureza do exame. 
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. 
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e 
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e 
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde 
que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com 
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou 
ser inquiridos em audiência. 
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§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito 
oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, 
poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente 
técnico. 
 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, 
e responderão aos quesitos formulados. 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser 
prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência 
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando 
não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da 
morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
 
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia 
e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob 
pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se 
o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que 
tudo constará do auto. 
 
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, 
na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. 
 
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao 
laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. 
 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento 
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, 
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os 
sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, 
que possam ser úteis para a identificação do cadáver. 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a 
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe 
a deficiência ou retificá-lo. 
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, 
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. 
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade 
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no 
relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. 
 
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Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de 
nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou 
microfotográficas, desenhos ou esquemas. 
 
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou 
por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por 
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
 
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que 
constituam produto do crime. 
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio dos 
elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. 
 
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o 
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor 
e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
 
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o 
seguinte: 
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; 
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já 
tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver 
dúvida; 
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em 
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; 
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade 
mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa 
será intimada a escrever. 
 
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se 
Ihes verificar a natureza e a eficiência. 
 
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. 
 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, 
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. 
 
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, 
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. 
 
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos 
peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. 
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será 
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. 
 
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações 
e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará 
um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros 
peritos. 
 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou 
contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros 
peritos, se julgar conveniente. 
 
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
 
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Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto no art. 19. 
 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia 
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
Questões 
 
01. (PC/DF - Perito Criminal - IADES) O Código de Processo Penal elenca um conjunto de regras 
que regulamentam a produção das provas no âmbito do processo criminal. No tocante às perícias em 
geral, as normas estão previstas nos artigos 158 a 184 da lei em comento. Quanto ao exame de corpo de 
delito, nos crimes 
(A) que deixam vestígios, quando estes desaparecerem, a prova testemunhal não poderá suprir-lhe a 
falta. 
(B) que deixam vestígios, esse exame só pode ser realizado durante o dia. 
(C) de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar apenas por determinação da autoridade judicial. 
(D) que deixam vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) que deixam vestígios, será indispensável que as perícias sejam realizadas por dois peritos oficiais. 
 
02. (PC/GO - Escrivão de Polícia Substituto - CESPE) Quanto à prova pericial, assinale a opção 
correta. 
(A) A confissão do acusado suprirá a ausência de laudo pericial para atestar o rompimento de obstáculo 
nos casos de furto mediante arrombamento, prevalecendo em tais situações a qualificadora do delito. 
(B) O exame de corpo de delito somente poderá realizar-se durante o dia, de modo a não suscitar 
qualquer tipo de dúvida, sendo vedada a sua realização durante a noite. 
(C) Prevê a legislação processual penal a obrigatória participação da defesa na produção da prova 
pericial na fase investigatória, antes do encerramento do IP e da elaboração do laudo pericial. 
(D) Os exames de corpo de delito serão realizados por um perito oficial e, na falta deste, admite a lei 
que duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior e dotadas de habilidade técnica 
relacionada com a natureza do exame, sejam nomeadas para tal atividade. 
(E) Em razão da especificidade da prova pericial, o seu resultado vincula o juízo; por isso, a sentença 
não poderá ser contrária à conclusão do laudo pericial. 
 
03. (AL/MS - Agente de Polícia Legislativo - FCC) Sobre o exame de corpo de delito e as perícias 
em geral, nos termos preconizados pelo Código de Processo Penal, é INCORRETO afirmar: 
(A) Na falta de perito oficial, o exame será realizado necessariamente por três pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
(B) Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por 
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que 
meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. 
(C) O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
(D) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(E) Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida 
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 
 
04. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB) A prova em matéria processual penal tem por 
finalidade formar a convicção do magistrado sobre a materialidade e a autoria de um fato tido como 
criminoso. No que tange aos meios de prova, o Código de Processo Penal dispõe: 
(A) o exame de corpo de delito não poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. 
(B) quando a infração não deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(C) o exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma 
de curso superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por uma pessoa idônea, portadora de 
diploma de curso superior preferencialmente na área específica. 
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71 
 
(D) no caso de autópsia, esta será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão 
no auto. 
(E) não sendo possível o exame de corpo delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova 
testemunhal não poderá suprir-lhe a falta. 
 
05. (PC/PE - Escrivão de Polícia - CESPE) Com relação ao exame de corpo de delito, assinale a 
opção correta. 
(A) O exame de corpo de delito poderá ser suprido indiretamente pela confissão do acusado se os 
vestígios já tiverem desaparecido. 
(B) Não tendo a infração deixado vestígios, será realizado o exame de corpo de delito de modo indireto. 
(C) Tratando-se de lesões corporais, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova 
testemunhal. 
(D) Depende de mandado judicial a realização de exame de corpo de delito durante o período noturno. 
(E) Requerido, pelas partes, o exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a sua realização, se 
entender que é desnecessário ao esclarecimento da verdade. 
 
06. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – VUNESP/2018) A respeito das provas, assinale a alternativa 
correta. 
(A) São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilegítimas, assim 
entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. 
(B) A pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa será computada como testemunha. 
(C) O exame para o reconhecimento de escritos, tal como o reconhecimento fotográfico, não tem 
previsão legal. 
(D) O juiz não tem iniciativa probatória. 
(E) A falta de exame complementar, em caso de lesões corporais, poderá ser suprida pela prova 
testemunhal. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.D / 03.A / 04.D / 05.C / 06.E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Prevê o art. 158, do CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo 
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
02. Resposta: D 
Dispõe o art. 159, §1º, do CPP: Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
 
03. Resposta: AA alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que nos termos da lei, na falta de perito oficial, o exame 
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas e não por 3 (três), como se afirmou na resposta. 
 
04. Resposta: D 
Prevê o art. 162 do CPP: A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os 
peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que 
declararão no auto. 
 
05. Resposta: C 
Excepcionalmente, a falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. É o 
que prevê o artigo 168, §3º, do CPP. 
 
06. Resposta: E 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a 
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
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72 
 
§ 3° A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. 
 
Do Interrogatório do Acusado e da Confissão 
 
Interrogatório do acusado. Consiste o interrogatório em meio de defesa do acusado (em outros 
tempos, já houve divergência se consistiria o interrogatório em meio de defesa ou mero meio de prova). 
Disso infere-se que é facultado ao acusado ficar em silêncio, mentir, ser acompanhado por seu advogado, 
deixar de responder às perguntas que lhe forem feitas etc. 
A) Características. Trata-se de ato personalíssimo (não pode ser realizado por interposta pessoa); de 
ato público (em regra); assistido tecnicamente por advogado (lembrando que é meio de defesa); e bifásico 
(sobre as duas fases melhor se falará a seguir); 
B) “Interrogatório por videoconferência”. Esta é inovação prevista pela Lei nº 11.900/2009, apesar de 
parte minoritária da doutrina ainda sustentar a inconstitucionalidade desta forma de interrogatório. 
Como ele é realizado? Sua realização é excepcional. Ele somente será utilizado se para prevenir risco 
à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integra organização criminosa ou 
de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; se para viabilizar a participação do réu neste 
ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade 
ou outra circunstância pessoal; ou se para impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da 
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência; se for necessário 
por questão de gravíssima utilidade pública. 
Ademais, sua determinação é feita pelo juiz, por decisão fundamentada, tomada de ofício ou a 
requerimento das partes. Ainda, da decisão que determinar a realização do interrogatório por 
videoconferência, as partes deverão ser intimadas com, no mínimo, dez dias de antecedência. 
Também, antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo 
sistema, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento. 
Por fim, o juiz garantirá o direito de entrevista prévia e reservada do réu com seu defensor (como 
ocorre em qualquer modalidade de interrogatório judicial); 
C) Fases do interrogatório. São duas fases (procedimento bifásico, como dito alhures), a saber, sobre 
a pessoa do acusado (o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, se foi preso ou processado 
alguma vez, se houver suspensão condicional ou condenação e qual foi a pena imposta caso o indivíduo 
tenha sido processado, obviamente); e sobre os fatos (será perguntado ao interrogando se é verdadeira 
a acusação que lhe é feita, onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta, 
sobre as provas já apuradas, se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, se 
conhece o instrumento com que foi praticada a infração ou qualquer objeto que com esta se relacione e 
tenha sido apreendido, e, se não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que 
atribuí-la e se conhece, então, quem teria sido o autor da infração, se tem algo mais a alegar em sua 
defesa etc.); 
D) Pluralidade de acusados. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente (art. 
191, CPP); 
E) Interrogatório do surdo-mudo. Ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele 
responderá oralmente; ao mudo, as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; ao 
surdo-mudo, as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará a resposta (art. 192, 
CPP); 
F) Interrogando analfabeto (total ou parcialmente). Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, 
intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, a pessoa habilitada a entendê-lo (art. 192, parágrafo 
único, CPP); 
G) Interrogando que não fala a língua nacional. Se o interrogando não falar a língua nacional, sua oitiva 
será feita por meio de intérprete (art. 193, CPP); 
H) Reinterrogatório. A todo tempo, o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido 
fundamentado de qualquer das partes (art. 196, CPP). 
 
Confissão. 
A confissão, como qualquer outro meio de prova, destina-se à apuração da verdade dos fatos. 
Se o interrogando confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se 
outras pessoas concorreram para a infração. 
A) Confissão e seu valor relativo. Não se pode dizer que a confissão seja algo absoluto. O valor da 
confissão se aferirá pelos critérios adotados para outros elementos de prova, e para sua apreciação o juiz 
deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe 
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73 
 
compatibilidade ou concordância. Pode ser, por exemplo, que a confissão esteja ocorrendo sob coação, 
ou mesmo para acobertar a real autoria do delito. Logo, hoje não há mais se falar na confissão como 
“rainha das provas”, como era no sistema inquisitorial; 
B) Silêncio do acusado. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir 
elemento para a formação do convencimento do juiz, conforme consta do art. 198, da Lei Adjetiva Penal. 
Desta maneira, se o acusado se manter em silêncio, não se presumirão verdadeiros os fato alegados 
contra ele como é possível de acontecer no processo civil. Entretanto, quando da formação de seu 
convencimento, autoriza-se que a autoridade judicial utilize tal silêncio como mais um (e não como item 
exclusivo) dos elementos em prol da sua convicção; 
C) Formas de confissão. A confissão pode ser tanto judicial como extrajudicial. Se feita 
extrajudicialmente, deverá ser tomada por termo nos autos; 
D) Espécies de confissão. A confissão pode ser simples (quando o confidente simplesmente confessa, 
sem agregar ou modificar informações constantes dos autos); complexa (quando o réu reconhece vários 
fatos criminosos); ou qualificada (quando o réu confessa agregando fatos novos e modificativos que até 
então não eram sabidos, ou, ainda que sabidos, não eram comprovados por outros meios); 
E) Características da confissão. A confissão é: divisível (pode ser que o indivíduo confesse apenas 
uma parte dos crimes. Nada obsta que a parte não confessada também tenha sido praticada por este 
acusado. Neste caso, os outros elementos de prova serão fundamentais para a descoberta da autoria (ou 
não) da parte não confessada); e retratável (admite-se “voltar atrás” na confissão. Isso não representa 
empecilho a que o indivíduo seja condenado mesmo tendo se retratado da confissão, caso o conjunto 
probatório aponte que foi o acusado, de fato, quem praticou a infração). 
 
CAPÍTULO III 
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO 
 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será 
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. 
§ 1o O interrogatório doréu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver 
recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos 
auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. 
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, 
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico 
de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a 
uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre 
organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para 
seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível 
colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão 
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema 
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os 
arts. 400, 411 e 531 deste Código. 
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e 
reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a 
canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado 
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. 
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema 
de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo 
Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não 
se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. 
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber, à realização de outros atos 
processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, 
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido. 
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§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo 
acusado e seu defensor. 
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e 
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, 
indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) 
 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será 
informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não 
responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo 
da defesa. 
 
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. 
§ 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou 
processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional 
ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. 
§ 2o Na segunda parte será perguntado sobre: 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a 
pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve 
antes da prática da infração ou depois dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que 
alegar contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se 
relacione e tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e 
circunstâncias da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
 
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser 
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. 
 
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e 
indicar provas. 
 
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras 
pessoas concorreram para a infração, e quais sejam. 
 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente. 
 
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela forma seguinte: 
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; 
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob 
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
 
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de 
intérprete. 
 
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) 
 
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser assinar, tal fato será 
consignado no termo. 
 
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Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado 
de qualquer das partes. 
 
CAPÍTULO IV 
DA CONFISSÃO 
 
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e 
para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre 
ela e estas existe compatibilidade ou concordância. 
 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a 
formação do convencimento do juiz. 
 
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado 
o disposto no art. 195. 
 
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado 
no exame das provas em conjunto. 
 
Qualificação e Oitiva do Ofendido 
 
O “ofendido” é o titular do direito lesado ou posto em perigo. É a vítima, e, como tal, suas declarações 
correspondem à versão que lhe cabe dos fatos, tendo, consequencialmente, natureza probatória. 
Conforme o art. 201, caput, do Código de Processo Penal, sempre que possível o ofendido será 
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as 
provas que possa indicar, tomando-se por termo suas declarações. 
A) Ofendido que, intimado, deixa de comparecer sem justo motivo. Se, intimado, deixa o ofendido de 
comparecer sem justo motivo, poderá ele ser conduzido à autoridade judicial mediante auxílio das 
autoridades policiais; 
B) Dever de comunicação ao ofendido. O ofendido será comunicado dos atos processuais relativosao 
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos 
acórdãos que a mantenham ou modifiquem (art. 201, §2º, CPP). As comunicações ao ofendido deverão 
ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por sua opção, o uso de meio eletrônico (art. 201, 
§3º, CPP); 
C) Direitos do ofendido. Antes do início da audiência, bem como durante sua realização, será reservado 
espaço separado para o ofendido (art. 201, §4º, CPP). Ademais, se entender necessário, poderá o juiz 
encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, a expensas do ofensor ou do Estado (art. 201, 
§5º, CPP). Por fim, o juiz deverá tomar as providências necessárias à preservação da intimidade, vida 
privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar segredo de justiça em relação aos 
dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição 
aos meios de comunicação (art. 201, §6º, CPP). 
 
CAPÍTULO V 
DO OFENDIDO 
 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as 
suas declarações. 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser 
conduzido à presença da autoridade. 
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da 
prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou 
modifiquem. 
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por 
opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. 
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o 
ofendido. 
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§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, 
especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do 
Estado. 
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e 
imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, 
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos 
meios de comunicação. 
 
Testemunhas 
 
“Testemunha” é a pessoa sem qualquer interesse no deslinde da lide processual penal, que apenas 
relata à autoridade judicial sua percepção sobre os fatos, em face do que viu, ouviu ou sentiu (ela utiliza-
se, veja, de sua percepção sensorial). 
Consoante o disposto no art. 203, do Código de Processo Penal, a testemunha fará, sob palavra de 
honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, 
sua idade, seu estado, sua residência, sua profissão, lugar onde exerce a atividade, se é parente de 
alguma das partes e em que grau, bem como relatar o que souber. 
A) Espécies de testemunhas. Há se distinguir as testemunhas numerárias, das extranumerárias, dos 
informantes, das referidas, das próprias, das impróprias, das diretas, das indiretas, e das “de 
antecedentes”. 
As numerárias são aquelas arroladas pelas partes de acordo com o número máximo previsto em lei. 
As extranumerárias são as ouvidas por iniciativa do juiz após serem compromissadas. 
Os informantes são aquelas pessoas que não prestam compromisso e têm o valor de seu depoimento, 
exatamente por isso, bastante reduzido. 
As referidas são ouvidas por juiz após outros que depuseram antes delas a elas fazerem menção. 
As próprias são as que depõem sobre o fato objeto do litígio. 
As impróprias são a que prestam depoimento sobre um ato do processo, como o interrogatório, por 
exemplo. 
As diretas são as que prestam depoimento sobre um fato que presenciaram 
As indiretas são as que prestam o depoimento de fatos que ouviram dizer por palavras de outros. 
As “de antecedentes” são aquelas que prestam informações relevantes quanto à dosagem e aplicação 
da pena, por se referirem, primordialmente, a condições pessoais do acusado; 
B) Pessoas que podem ser testemunha. Qualquer pessoa pode ser testemunha, como regra. O 
depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não se 
vedará a testemunha, contudo, acesso a meros breves apontamentos para que não se esqueça de nada; 
C) Pessoas que podem se recusar a depor. O ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o 
cônjuge e o convivente, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado não estão obrigados a 
depor, salvo se não for possível, por outro modo, obter-se a prova do fato e de suas circunstâncias (art. 
206, CPP); 
D) Pessoas que estão proibidas de depor. As pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, devem guardar segredo, estão proibidas de depor, salvo se, desobrigadas pela parte 
interessada, quiserem dar seu testemunho (art. 207, CPP); 
E) Pessoas que não serão compromissadas ao prestar testemunho. É o caso dos doentes e deficientes 
mentais; dos menores de quatorze anos; e do ascendente, descendente, afim em linha reta, cônjuge e 
convivente, irmão e pai, mãe, ou filho adotivo do acusado (art. 208, CPP); 
F) Modo de inquirição das testemunhas. As testemunhas serão ouvidas individualmente, de modo que 
uma não saiba do que foi falado pela outra (art. 210, caput, primeira parte, CPP). O juiz deve advertir 
sobre a possibilidade de incurso no crime de falso testemunho (art. 210, caput, parte final, CPP). As 
perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que 
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já 
repetida (aliás, essa possibilidade de perguntas feitas diretamente às testemunhas é inovação trazida 
pela Lei nº 11.690/2008, já que antes, graças ao “Sistema Presidencialista das Audiências”, as perguntas 
eram feitas ao juiz, que só então as repassava às testemunhas. Agora, conforme se pode observar do 
art. 212, caput, do Código de Processo Penal, isso mudou). 
Prosseguindo, o juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo 
quando inseparáveis da narrativa do fato (tal característica remonta a um almejo de dinamismo e 
objetividade no depoimento prestado pela testemunha. Não se quer que a testemunha manifeste 
impressões pessoais a respeito dos fatos. Deve ela se resumir a esclarecer o que viu/ouviu/sentiu). 
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Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias 
ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou indigna de fé (art. 214, primeira parte, CPP). Na 
redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas pelas 
testemunhas, reproduzindo fielmente suas frases (art. 215, CPP). O depoimento da testemunha será 
reduzido a termo, e assinado por ela, pelo juiz, e pelas partes (se a testemunha não souber assinar, ou 
não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos); 
G) Inquirição de pessoas impossibilitadas por enfermidade ou velhice. As pessoas impossibilitadas, 
por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem (art. 220, 
CPP); 
H) Testemunha que não conhecer a língua nacional. Quando a testemunha não conhecer a língua 
nacional, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas (art. 223, caput, CPP); 
I) Testemunha surda-muda. Tratando-se de surdo, mudo, ou surdo-mudo, proceder-se-á tal como no 
interrogatório do acusado para estas situações (art. 223, parágrafo único, CPP); 
J) Testemunha que deixa de comparecer sem justo motivo. Se, regularmente intimada, a testemunha 
deixa de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderárequisitar à autoridade policial a sua 
apresentação ou determinar que seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio de 
força pública (art. 218, CPP); 
K) Presença do réu na produção da prova testemunhal. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá 
causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que 
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade 
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor 
(art. 217, caput, CPP); 
L) Oitiva do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos Senadores, dos Deputados 
Federais, dos Ministros de Estado, dos Governadores de Estados e Territórios, dos Secretários de Estado, 
dos Prefeitos Municipais, dos Deputados Estaduais, dos membros do Poder Judiciário, dos membros do 
Ministério Público, dos Ministros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados e do Distrito Federal. 
Estes serão inquiridos em local, dia e hora previamente designados pelo juiz (art. 221, caput, CPP). 
Ademais, o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, o Presidente do Senado, o 
Presidente da Câmara dos Deputados, e o Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal poderão 
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas formuladas pelas partes e 
deferidas pelo juiz lhe serão transmitidas por ofício (art. 221, §1º, CPP); 
M) Oitiva dos militares. Os militares serão requisitados junto à sua autoridade superior (art. 221, §2º, 
CPP); 
N) Oitiva dos funcionários públicos. A expedição do mandado deve ser imediatamente comunicada ao 
chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados (art. 221, §3º, CPP); 
O) Oitiva por carta precatória. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo 
juiz do lugar de sua residência, mediante carta precatória (que não suspenderá a instrução criminal), 
intimadas as partes (art. 222, caput, CPP). Vale lembrar que, aqui, também é prevista a possibilidade de 
oitiva da testemunha por videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e 
imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a 
realização da audiência de instrução e julgamento (art. 222, §3º, CPP); 
P) Oitiva por carta rogatória. Aplica-se à carta rogatória o que se acabou de falar da carta precatória, 
respeitando-se a particularidade de que as cartas rogatórias somente serão expedidas se demonstrada 
previamente sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os cursos do envio (art. 222-A, 
CPP); 
Q) Prova testemunhal “para perpetuar a memória da prova”. É aquela prevista no art. 225, do Código 
de Processo Penal, segundo o qual, se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade 
ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício 
ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhes antecipadamente o depoimento. Tal produção 
antecipada deve-se à existência de risco de que a prova testemunhal não possa ser produzida, ou porque 
a testemunha terá de ausentar-se, ou porque está muito enferma e provavelmente não viva muito tempo, 
ou porque está idosa e, caso espere o regular trâmite processual, pode não estar viva até lá; 
R) Número de testemunhas. No procedimento comum ordinário, este número é de oito no máximo para 
cada parte (art. 401, CPP); no procedimento comum sumário, esse número é de no máximo cinco para 
cada parte (art. 532, CPP); no procedimento sumaríssimo, três é o número máximo de testemunhas de 
cada parte; e no plenário do júri o número máximo é de cinco testemunhas para cada parte (art. 422, 
CPP). Vale lembrar, ainda, que de acordo com o segundo parágrafo, do art. 209, CPP, não será 
computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa. Também não 
entrarão nessa contagem o mero informante e a mera testemunha referida (art. 401, §1º, CPP). 
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CAPÍTULO VI 
DAS TESTEMUNHAS 
 
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. 
 
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e 
Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, 
lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas 
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as 
circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. 
 
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à testemunha trazê-lo por 
escrito. 
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a apontamentos. 
 
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à verificação pelos 
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo. 
 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se 
a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e 
o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou 
integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
 
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, 
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. 
 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e 
aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 
 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas 
partes. 
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. 
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da 
causa. 
 
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas não saibam nem 
ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços 
separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. 
 
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação 
falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração 
de inquérito. 
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso de 
proferir decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a 
votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial. 
 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz 
aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição 
de outra já respondida. 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. 
 
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando 
inseparáveis da narrativa do fato. 
 
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou arguir 
circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar 
a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá 
compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208. 
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Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tantoquanto possível, às expressões 
usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases. 
 
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. 
Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois 
de lido na presença de ambos. 
 
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério 
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará 
a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do 
réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. 
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo deverá constar do 
termo, assim como os motivos que a determinaram. 
 
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz 
poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de 
justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. 
 
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do 
processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. 
 
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, 
serão inquiridas onde estiverem. 
 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados federais, os 
ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do 
Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do 
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles 
e o juiz. 
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara 
dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, 
caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão transmitidas por 
ofício. 
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. 
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do 
mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do dia 
e da hora marcados. 
 
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua 
residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. 
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. 
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma 
vez devolvida, será junta aos autos. 
 § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio 
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, 
permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência 
de instrução e julgamento. 
 
Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua 
imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. 
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. 
 
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir 
as perguntas e respostas. 
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 
192. 
 
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Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança de residência, 
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-comparecimento. 
 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar 
receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
 
Do Reconhecimento 
 
O reconhecimento de pessoas/coisas é o ato pelo qual alguém verifica e confirma (ou nega) a 
identidade de pessoa ou coisa que lhe é mostrada. 
De acordo com o art. 226, CPP, o itinerário do “reconhecimento” é o seguinte: a pessoa que tiver de 
fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa/coisa que deva ser reconhecida (inciso I); 
a pessoa/coisa cujo reconhecimento se pretender será colocada, se possível, ao lado de outras 
pessoas/coisas que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o 
reconhecimento a apontá-la (inciso II); se houver razão para recear que a pessoa chamada para o 
reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que 
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela (inciso III) (de acordo 
com o parágrafo único, do art. 226, CPP, o disposto neste inciso não terá aplicação na fase da instrução 
criminal ou em plenário de julgamento); do ato de reconhecimento se lavrará auto pormenorizado, 
subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas 
testemunhas presenciais (inciso IV). 
Vale lembrar, por fim, que se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa 
ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas (art. 
228, CPP). 
 
CAPÍTULO VII 
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
 
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela 
seguinte forma: 
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser 
reconhecida; 
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que 
com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la; 
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de 
intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a 
autoridade providenciará para que esta não veja aquela; 
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa 
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. 
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução criminal ou 
em plenário de julgamento. 
 
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, 
no que for aplicável. 
 
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, 
cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas. 
 
Da Acareação 
 
Sempre que houver divergência de declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes, a acareação 
será admitida, com supedâneo no art. 229, caput, do Código de Processo Penal, entre acusados, entre 
acusados e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, entre 
ofendidos etc. (as combinações são múltiplas, veja-se). 
Com efeito, os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências (ou 
seja, os acareados já devem ter sido ouvidos uma vez, fora da acareação), reduzindo-se a termo o ato 
de acareação. 
 
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CAPÍTULO VIII 
DA ACAREAÇÃO 
 
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, 
entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre quedivergirem, 
em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes. 
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os pontos de divergências, 
reduzindo-se a termo o ato de acareação. 
 
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outra, que esteja presente, 
a esta se darão a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. 
Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha 
ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos em que 
divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a 
testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha presente. Esta diligência só se 
realizará quando não importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. 
 
Dos Documentos 
 
Documentos de prova. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos 
em qualquer fase do processo. 
A) Conceito de “documento”, para efeito de prova. Quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos 
ou particulares, serão considerados documentos, com fulcro na cabeça do art. 232, CPP. Inclusive, à 
fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original (art. 232, parágrafo 
único, CPP). 
O que são “instrumentos”? São documentos confeccionados com o estrito objetivo de fazer prova, 
como os contratos, por exemplo. O conceito de documento é muito mais amplo que o de “instrumento”, 
portanto; 
B) Restrição a documento. De acordo com o art. 233, da Lei Adjetiva, as cartas particulares, 
interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em juízo, salvo se exibidas pelo 
respectivo destinatário para defesa de seu direito (ainda que não haja consentimento do remetente); 
C) Determinação judicial de juntada de documento. Se o juiz tiver notícia da existência de documento 
relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento 
de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível (art. 234, CPP); 
D) Documento em língua estrangeira. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua 
juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea 
nomeada pela autoridade (art. 236, CPP); 
E) Devolução do documento às partes. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não 
exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento e 
ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando o traslado nos autos (art. 238 
CPP); 
F) Documento particular e sua autenticidade. A letra e firma dos documentos particulares serão 
submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade (art. 235, CPP); 
G) Documento no júri. De acordo com o art. 479, do Código de Processo Penal, durante o julgamento 
não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos 
com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte (compreende-se nessa 
proibição a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, 
fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a 
matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados). 
 
CAPÍTULO IX 
DOS DOCUMENTOS 
 
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer 
fase do processo. 
 
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou 
particulares. 
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Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do 
original. 
 
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não serão admitidas 
em juízo. 
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa 
de seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário. 
 
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou 
da defesa, providenciará, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada 
aos autos, se possível. 
 
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando 
contestada a sua autenticidade. 
 
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se 
necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade. 
 
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em presença da 
autoridade. 
 
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que 
justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, 
ser entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos. 
 
Dos Indícios 
 
Indício: É todo e qualquer fato sinal, marca ou vestígio, conhecido e provado, que, possua relação 
necessária ou possível com outro fato, que se desconhece, prova ou leva a presumir a existência deste 
último. 
O Art. 239 do CPP define indício como: “a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com 
o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias”. 
 
Quando falamos em “indícios” temos que ter cuidado para não confundir estes com os “vestígios”, 
posto que para os leigos em criminalística e na linguagem destituída de características jurídicas, 
depreende-se que vestígios e indícios praticamente se constituem em sinônimos. 
Para Aurélio Buarque de Holanda Pereira, em seu novo Dicionário da Língua Portuguesa, vestígio é: 
“Sinal que homem ou animal deixa com os pés no lugar por onde passa; rastro, rasto, pegada, pista; no 
sentido figurado, indício, sinal, pista, rastro, rasto”. 
Entretanto, sob o enfoque criminalístico e também processualístico, há que se ter em mente a perfeita 
delimitação e diferenciação entre cada um dos vocábulos. Assim, qualquer marca, fato, sinal, que seja 
detectado em local onde haja sido praticado um fato delituoso é, em princípio, um vestígio. 
Se tal vestígio, após devidamente analisado, interpretado e associado com os minuciosos exames 
laboratoriais e dados da investigação policial do fato, enquadrando-se em toda a sua moldura, tiver 
estabelecida a sua inequívoca relação com o fato delituoso e com as pessoas com este relacionadas, aí 
ele terá se transformado em indício. 
Atesta-se, dessa forma, o que, com muita precisão, propriedade e singeleza distingue o eminente 
mestre Professor Gilberto Porto, em seu já referido Manual de Criminalística: “o vestígio encaminha; o 
indício aponta”. 
 
CAPÍTULO X 
DOS INDÍCIOS 
 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, 
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 
 
 
 
 
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Da Busca e Apreensão 
 
Trata-se de medida cuja essência visa evitar o desaparecimento de provas, podendo ser realizada 
tanto na fase inquisitorial como durante a ação penal. A apreensão, neste diapasão, nada mais é que o 
resultado da busca, isto é, se a busca resulta frutífera, procede-se à apreensão da coisa buscada. 
A) Espécies de busca. A busca pode ser domiciliar (art. 240, §1º, CPP) ou pessoal (art. 240, §2º, CPP); 
B) Hipóteses em que se utiliza a busca e apreensão. De acordo com o primeiro parágrafo, do art. 240, 
CPP, a busca domiciliar é comumente utilizada para prender criminosos (alínea “a”); para apreender 
coisas achadas ou obtidas por meios criminosos (alínea “b”); para apreender instrumentos de falsificaçãoou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos (alínea “c”); para apreender armas e munições, 
instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso (alínea “d”); para descobrir 
objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu (alínea “e”); para apreender cartas, abertas 
ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento de seu 
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato (alínea “f”); para apreender pessoas vítimas de crimes (alínea 
“g”); e para colher qualquer elemento de convicção (alínea “h”). 
Já consoante o segundo parágrafo, do mesmo art. 240, a busca pessoal será utilizada quando houver 
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras “b”, “c”, 
“d”, “e”, e “f” do primeiro parágrafo visto acima; 
C) Requerimento da busca. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer 
das partes (art. 242, CPP); 
D) Conteúdo do mandado de busca. Deverá o mandado, conforme o art. 243, CPP, indicar, o mais 
precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou 
morador, ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a 
identifiquem (inciso I); mencionar os motivos e o fim da diligência (inciso II); ser subscrito pelo escrivão e 
assinado pela autoridade que o fizer expedir (inciso III); se houver ordem de prisão, esta constará do 
próprio texto do mandado de busca (§1º); 
E) Documento em poder do defensor do acusado. Não será permitida a apreensão de documento em 
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito (art. 243, §2º, CPP); 
F) Busca independente de mandado. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão 
ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou 
papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar 
(art. 244, CPP); 
G) Modo de execução da busca domiciliar. As buscas domiciliares serão executadas durante o dia, 
salvo se o morador consentir que se realizem a noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores 
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem os represente, intimando-o, em seguida, a abrir a 
porta (art. 245, caput, CPP). Se a própria autoridade der busca, declarará previamente sua qualidade e o 
objeto da diligência (art. 245, §1º, CPP). Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a 
entrada (art. 245, §2º, CPP). Resistindo o morador ainda assim, será permitido o emprego de força contra 
coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura (art. 245, §3º, CPP). 
Ausente o morador, deverá ser intimado a assistir a diligência qualquer vizinho, se houver e estiver 
presente (art. 245, §4º, CPP). Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será 
intimado a mostrá-la (art. 245, §5º, CPP). Sendo descoberta a pessoa/coisa que se procura, será 
imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes (art. 245, §6º, CPP). 
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas 
presenciais, sem prejuízo do disposto no art. 245, §4º (art. 245, §7º, CPP). 
Este “modus operandi” também vige se tiver de se proceder à busca em compartimento habitado ou 
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém 
exercer profissão ou autoridade. 
Por fim, há se lembrar que, em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os 
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência. 
Não sendo encontrada a pessoa/coisa buscada, os motivos da diligência serão comunicados a quem 
tiver sofrido a busca, se assim o requerer (art. 247, CPP); 
H) Cláusula de reserva de jurisdição. A busca domiciliar somente pode ser determinada pela 
autoridade judiciária. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, por exemplo, não tem competência para 
determinar busca domiciliar. 
Ainda, convém lembrar que essa busca somente poderá ser feita durante o dia (a noite será possível 
desde que haja anuência do morador). “Dia”, conforme entendimento prevalente do critério misto, vai das 
seis horas da manhã (desde que já tenha nascido o sol) até dezoito horas (desde que o sol ainda não 
tenha se posto). 
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I) Busca em mulher. A busca em mulher será feita por outra mulher em regra, se isso não importar 
retardamento ou prejuízo da diligência; 
J) Busca em território de jurisdição alheia. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território 
de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no encalço de 
pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, 
conforme a urgência desta (art. 250, caput, CPP). Conforme o primeiro parágrafo, do art. 250, da Lei 
Adjetiva, se entenderá que a autoridade ou seus agentes vão no encalço de pessoa ou coisa quando 
tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a 
percam de vista (alínea “a”), ou, ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações 
fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada 
direção, forem ao seu encalço (alínea “b”). Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar 
da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade 
dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não 
frustre a diligência (art. 250, §2º, CPP). 
 
Inovação com a Lei 13.964/2019 
 
Esse dispositivo legal prevê a possibilidade para os presos que estejam incluídos no regime disciplinar 
diferenciado (RDD) que suas correspondências sejam fiscalizadas; já para aqueles que estejam em 
estabelecimentos penais federais de segurança máxima, todos os meios de comunicação devem ser 
monitorados, principalmente os referentes a correspondência escrita. 
 
CAPÍTULO XI 
DA BUSCA E DA APREENSÃO 
 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: 
a) prender criminosos; 
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; 
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; 
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim 
delituoso; 
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; 
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita 
de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; 
g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
h) colher qualquer elemento de convicção. 
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo 
arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. 
 
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca 
domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado. 
 
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. 
 
Art. 243. O mandado de busca deverá: 
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do 
respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-
la ou os sinais que a identifiquem; 
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; 
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir. 
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca. 
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quandoconstituir elemento do corpo de delito. 
 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada 
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo 
de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
 
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Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem 
à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a 
quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. 
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência. 
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. 
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior 
da casa, para o descobrimento do que se procura. 
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, 
ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente. 
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la. 
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob 
custódia da autoridade ou de seus agentes. 
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas 
testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4o. 
 
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em 
compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto 
ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade. 
 
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão 
comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer. 
 
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o 
indispensável para o êxito da diligência. 
 
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da 
diligência. 
 
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que 
de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo 
apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta. 
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando: 
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora 
depois a percam de vista; 
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias 
indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço. 
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, 
nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que 
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência. 
 
Questões 
 
01. (PC-SC - Escrivão de Polícia Civil – FEPESE/2017) De acordo com a norma processual penal, a 
busca e apreensão: 
(A) será apenas domiciliar, não podendo ter como objeto pessoa. 
(B) deverá sempre ser precedida de mandado judicial. 
(C) quando feita em mulher, somente poderá ser realizada por outra mulher. 
(D) poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. 
(E) deverá ocorrer na presença, indispensável, do Ministério Público. 
 
02. (PC/SP - Investigador de Polícia – VUNESP/2018) No que concerne ao regramento específico 
das provas no CPP, 
(A) o “reconhecimento de pessoas” em sede policial é diligência que não requer qualquer formalidade, 
sendo facultado ao Delegado, caso deseje, alinhar várias pessoas para que o reconhecedor aponte o 
autor do crime. 
(B) a “acareação” é meio de prova expressamente previsto em lei, mas não se a admite entre 
acusados, sendo possível, apenas, entre testemunhas. 
(C) o ascendente pode se recusar a ser “testemunha”, mas, caso não o faça, deverá prestar 
compromisso de dizer a verdade. 
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(D) consideram-se “documentos” para fins de prova quaisquer escritos, instrumentos ou papéis 
públicos, excluídos, expressamente, os particulares. 
(E) a pessoa vítima de crime pode ser objeto de “busca e apreensão”. 
 
Gabarito 
 
01. D / 02. E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. 
 
02. Resposta: E 
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 
§ 1° Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: 
g) apreender pessoas vítimas de crimes; 
 
 
 
Estudar os sujeitos envolvidos na relação processual é estudar os agentes principais bem como os 
acessórios (ou colaterais). 
Os principais agentes são o juiz, o membro do Ministério Público, o ofendido, e o acusado; já os 
colaterais são o assistente, os auxiliares da justiça, e os terceiros (interessados ou não) que atuam no 
processo. 
Falar em “agentes principais” e “agentes acessórios” não permite graduar, contudo, um âmbito de 
importância de cada um, afinal, se tudo se resume em “relação jurídica processual”, dela devem fazer 
parte todos os indivíduos que conspirem em prol de uma solução, seja meramente terminativa de mérito, 
seja absolutória, ou seja condenatória. 
Nos tópicos que seguem, há se estudar cada sujeito envolvido na relação jurídica processual de 
maneira isolada. 
 
Juiz 
 
De acordo com o art. 251, do Código de Processo Penal, ao juiz incumbirá prover a regularidade do 
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. 
Assim, para garantir a regularidade do processo, o juiz exerce os seguintes poderes: 
a) de polícia: para garantir o desenvolvimento regular e impedir atos capazes de perturbar o bom 
andamento do processo; 
b) jurisdicionais: que compreendem atos ordinatórios, que ordenam e impulsionam o processo; e 
c) instrutórios: que compreendem a colheita de provas. 
 
1 Garantias 
São elas, de acordo com o art. 95, da Constituição Federal: 
A) Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a 
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais 
casos, de sentença judicial transitada em julgado (inciso I); 
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII, da Constituição 
Federal (inciso II); 
C) Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 
153, §2º, I, todos da CF (inciso IV). 
 
2 Vedações impostas aos juízes 
Aos juízes é vedado (parágrafo único, do art. 95, da Constituição): 
A) Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério (inciso I); 
B) Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo (inciso II); 
7. Juiz, Ministério Público, Acusado, Defensor, Assistentes e Auxiliares da 
Justiça. 
 
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C) Dedicar-se à atividade político-partidária (inciso III); 
D) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades 
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (inciso IV); 
E) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do 
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (inciso V). 
 
3 Hipóteses em que o juiz não poderá exercer jurisdição 
De acordo com o art. 252, do Código de Processo Penal, o juiz não poderá exercer jurisdição no 
processoem que: 
A) Tiver funcionado seu cônjuge (convivente) ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, 
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito (inciso I); 
B) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha (inciso 
II); 
C) Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão (inciso III); 
D) Ele próprio ou seu cônjuge (convivente) ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral 
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito (inciso IV). 
Ademais, nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si 
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive (art. 253, CPP). 
Há se tomar cuidado, neste prumo, com as hipóteses previstas nestes dois artigos. Aqui, veda-se ao 
juiz o exercício de jurisdição. Algo totalmente diferente do art. 254, que traz causas de 
suspeição/impedimento. Enquanto nos arts. 252 e 253 se disciplina um “não atuar” do juiz (já que o 
dispositivo é claro ao falar que o julgador “não exercerá jurisdição”), no art. 254, que se verá a seguir, até 
pode o magistrado receber o processo para julgar, embora não deva (ou melhor, não possa) fazê-lo por 
questão de vício de imparcialidade. 
 
4 Hipóteses de suspeição/impedimento do juiz 
São elas (art. 254, CPP): 
A) Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles (inciso I); 
B) Se ele, seu cônjuge (convivente), ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por 
fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia (inciso II); 
C) Se ele, seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, 
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes (inciso III); 
D) Se tiver aconselhado qualquer das partes (inciso IV); 
E) Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes (inciso V); 
F) Se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo (inciso VI). 
Urge ressaltar que o impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela 
dissolução do casamento (união estável) que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, 
ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o 
cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo (art. 255, CPP). 
Urge ressalvar, por fim, que a suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte 
injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la (art. 256, CPP). 
 
Juiz das Garantias e a Lei 13.964/2019 
Com o advento da Lei 13.964/2019, o artigo 3º-A,CPP traz que o processo penal terá estrutura de 
acusação, sendo vedada a iniciativa do juiz em fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação. Esse artigo está vigorando em nosso ordenamento jurídico. 
Atualmente, os artigos 3º-B, 3º-C, 3º-D, caput, 3º-E e 3º-F do CPP, referentes ao juiz das garantias 
estão suspensos, pois de acordo com o ministro Luiz Fux, o juiz das garantias, embora formalmente 
concebido pela lei como norma processual geral, altera materialmente a divisão e a organização de 
serviços judiciários em nível tal que enseja completa reorganização da justiça criminal do país. 
Se tivermos o juiz das garantias, então teremos dois juízes na mesma ação penal, um que realizará a 
instrução do processo e o outro que finalmente concluirá o julgamento. Frente também a essa razão 
perdura os motivos de suspensão, pois a organização dos serviços judiciários ficaria comprometida, toda 
embaralhada, com um possível colapso da organização judiciária no Brasil. 
Basta pensar que aquele Juiz que acompanhou a investigação não pode julgar essa mesma causa 
posteriormente, devendo o feito ser enviado a outro Juiz. 
 
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88 
 
TÍTULO VIII 
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, 
DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA 
CAPÍTULO I 
DO JUIZ 
 
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos 
respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. 
 
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, 
auxiliar da justiça ou perito; 
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão; 
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
 
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si 
parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. 
 
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, 
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
 
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução 
do casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o 
casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou 
enteado de quem for parte no processo. 
 
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de 
propósito der motivo para criá-la. 
 
Questões 
 
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP/2017) Nos exatos termos do art. 253 do CPP, 
nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, 
(A) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o quarto grau, inclusive. 
(B) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, bem como amigos 
íntimos. 
(C) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, bem como amigos 
íntimos ou inimigos capitais. 
(D) consanguíneos, excluídos os parentes afins. 
(E) consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. 
 
02. (IGP/RS - Técnico em Perícias - FUNDATEC/2017) De acordo com o Código de Processo Penal, 
o juiz dar-se-á por suspeito e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes se: 
(A) Ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, 
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. 
(B) Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, 
auxiliar da justiça ou perito. 
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(C) Ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha. 
(D) Tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a 
questão. 
(E) Ele próprio ou seucônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 
 
03. (PC/PE - Agente de Polícia - CESPE) No que se refere à atuação do juiz, do Ministério Público, 
do acusado, do defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça e aos atos de terceiros, assinale a opção 
correta. 
(A) O acusado detém a prerrogativa de silenciar ao ser interrogado, mas esse direito pode ser 
interpretado contra ele, consoante o aforismo popular: quem cala consente. 
(B) Assegura-se ao acusado a ampla defesa e o contraditório, mas isso não lhe retira plenamente a 
autonomia de vontade, de sorte que poderá dispensar advogado dativo ou defensor público, promovendo, 
por si mesmo, a sua defesa, ainda que não tenha condições técnicas para tanto. 
(C) O réu denunciado em processo, por coautoria ou participação, pode atuar como assistente de 
acusação nesse mesmo processo se a defesa imputar exclusivamente ao outro acusado a prática do 
crime. 
(D) No processo, o juiz exerce poderes de polícia — para garantir o desenvolvimento regular e tolher 
atos capazes de perturbar o bom andamento do processo — e poderes jurisdicionais — que 
compreendem atos ordinatórios, que ordenam e impulsionam o processo, e instrutórios, que 
compreendem a colheita de provas. 
(E) Dados os princípios da unidade, da indivisibilidade e da independência funcional, não se aplicam 
ao Ministério Público as prescrições relativas a suspeição e impedimentos de juízes. 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.A / 03.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: E 
Segundo o art. 253, do CPP: “Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes 
que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, 
inclusive”. 
 
02. Resposta: A 
Conforme o que disciplina o art. 254, do CPP, o juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá 
ser recusado por qualquer das partes: 
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, 
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; 
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar 
demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. 
Atenção! Cuidado para não confundir as causas de impedimento com as de suspeição, pois as bancas 
adoram misturar as definições apresentadas pelos artigos. 
 
03. Resposta: D 
Dispõe o art. 251 do CPP: “Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no 
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública”. 
 
Ministério Público 
 
A atividade do Ministério Público é de suma importância na seara penal, seja porque titular da ação 
penal pública (art. 129, I, CF), seja porque fiscal da lei. Eis as duas funções que lhe são expressamente 
atribuídas em rol meramente exemplificativo pelos dois incisos do art. 257, do Diploma Processual Penal. 
 
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90 
 
1 Princípios institucionais do Ministério Público 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático, e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. Neste diapasão, são seus princípios institucionais, previstos no primeiro parágrafo, do art. 
127, da Constituição Federal: 
A) A unidade. Todos os membros do Ministério Público formam um órgão único; 
B) A indivisibilidade. Todos os membros do Ministério Público formam um órgão indivisível; 
C) A independência funcional. A independência funcional decorre da autonomia do Ministério Público, 
que é tanto administrativa, como normativa e financeira. 
 
OBS: Com a promulgação da Lei 13.649/2019, o caput do artigo 28, CPP12, restringiu o controle de 
arquivamento do inquérito policial e investigações de igual natureza, à instância de revisão do Ministério 
Público. É o órgão revisional do Parquet que decidirá pela ratificação do arquivamento ordenado pelo 
promotor natural ou, discordando, designará outro promotor para oferecer denúncia, ficando este adstrito 
àquela manifestação, pelo que não poderá dissentir da deliberação da instância de revisão.13 
 
2 Garantias atribuídas aos membros do Ministério Público 
São elas (art. 128, §5º, I, CF): 
A) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial 
transitada em julgado (alínea “a”); 
B) Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão da maioria absoluta de 
órgão colegiado do Ministério Público, assegurada ampla defesa, obviamente (alínea “b”); 
C) Irredutibilidade de subsídio, em regra (alínea “c”). 
 
3 Vedações aos membros do Ministério Público 
São elas (art. 128, §5º, II, CF): 
A) Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais 
(alínea “a”); 
B) Exercer a advocacia (alínea “b”); 
C) Participar de sociedade comercial, na forma de lei (alínea “c”); 
D) Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério 
(alínea “d”); 
E) Exercer atividade político-partidária, em regra (alínea “e”); 
F) Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades 
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (alínea “f”). 
 
4 Suspeição/impedimento/proibição do exercício de jurisdição do membro do Ministério Público 
Consoante o art. 258, CPP, os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o 
juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge (convivente), ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta 
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhe for aplicável, as prescrições 
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. 
 
CAPÍTULO II 
DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e 
II - fiscalizar a execução da lei. 
 
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer 
das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro 
grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e 
aos impedimentos dos juízes. 
 
 
 
 
12 Dispositivo com eficácia suspensa, nos termos da decisão monocrática do STF – ADI 6298/DF – Medida Cautelar – Rel. Min. Luiz Fux – 22 jan.2020). 
13 Távora, Nestor, Rosmar Rodrigues Alencar. Curso de Direito Processual Penal, 15ª edição, Ed: JusPodivm, 2020. 
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91 
 
Questões 
 
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP) Ao Ministério Público compete, de acordo 
com o art. 257 do CPP, fiscalizar a execução da lei e promover, privativamente, a ação penal 
(A) pública. 
(B) pública incondicionada, e manifestar-se como custos legis, nas ações penais públicas 
condicionadas. 
(C) privada, quando houver representação da vítima 
(D) pública condicionada, e manifestar-se como custos legis, nas ações penais públicas 
incondicionadas. 
(E) pública e, quando houver representação da vítima, promover em seu nome a ação penal privada 
 
02. (STJ - Analista Judiciário - CESPE/2018) Acerca do inquérito policial, do acusado e seu defensor 
e da ação penal, julgue o item que se segue. 
O titular da ação penal pública condicionada é o Ministério Público. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.Certo 
 
Comentários 
01. Resposta: A 
Segundo o que ensina o art. 257 do CPP, ao MinistérioPúblico cabe promover, privativamente, a ação 
penal pública, na forma estabelecida neste Código; e fiscalizar a execução da lei (custos legis). 
 
02. Resposta: Certo 
O Ministério Público é o titular da ação, seja ela pública ou condicionada a representação. 
 
O Delegado 
 
O conceito de autoridade está diretamente ligado ao de poder de Estado. Considera-se autoridade 
todo aquele que com fundamento em lei, é parte integrante da estrutura do Estado e órgão do poder 
público, instituído especialmente para alcançar os fins deste, agindo por iniciativa própria, mercê de 
ordens e normas expedidas segundo sua discrição. 
Considera-se consoante o ordenamento jurídico brasileiro que a autoridade policial é o Delegado de 
Polícia. Este preside os atos da polícia judiciária e como autoridade administrativa preside a Delegacia 
de Polícia, sendo que responde pelo regular trabalho na repartição. 
A autoridade policial deve estar consciente de suas atribuições quando da prática de algum crime, 
posto que cabe ao tomar conhecimento da prática de infração penal, deve instaurar inquérito. Mas é 
preciso que se observem certas peculiaridades: se o delito for de ação penal privada, a autoridade policial 
somente poderá realizar as investigações se a vítima ou seu representante legal requerer (art. 5º, §5º, do 
CPP). Se for crime de ação penal pública, condicionada à representação, a autoridade policial, também 
somente poderá realizar as investigações se a vítima ou seu representante legal representar, nos termos 
do §4º do art. 5º do Código de Processo Penal. Mas, se o delito for de ação penal pública incondicionada, 
deverá a autoridade policial instaurar o inquérito policial, haja ou não manifestação da vontade da vítima 
ou de quem legalmente a represente.” 
Como se percebe o papel da autoridade policial é extremamente importante, ele é o elemento que 
conduz, investiga e colhe provas que possam auxiliar a justiça no desenrolar do processo e aplicação das 
penas aos culpados, bem como também possam inocentar as pessoas que não tiveram nada haver com 
o fato criminoso. 
A autoridade policial deve se possível se dirigir ao local do fato e deve ainda providenciar para que 
nada se modifique, objetivando a maior clareza sobre o crime ocorrido e suas provas. Cabe a ele ainda, 
ouvir o ofendido, as testemunhas, determinar quando forem necessários, exames periciais. 
Sobre a presença da autoridade policial no local do fato criminoso, o autor Carlos Alberto dos Rios 
comenta: 
 
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“A presença da autoridade policial no local da ocorrência é de suma importância, mesmo quando se 
trate de delito cujo autor já esteja identificado, encontrando-se foragido ou mesmo preso, eis que o 
presidente do inquérito manterá na memória tudo o que viu e assim caberá fazer perguntas pertinentes 
as testemunhas e, no momento oportuno, ao indiciado, podendo ainda esclarecer dúvidas e omissões 
deliberadas por partes interessadas. Ademais, a presença da autoridade no local, faz com que todas as 
providências sejam tomadas de imediato, pois ela se faz acompanhar de escrivão, e dos agentes de 
que dispõe para a investigação de rotina e, se for o caso de morte, requisitará a presença de médico-
legista, e em qualquer caso que julgar conveniente, requisitará a polícia técnica, para elaboração de 
laudos com fotografias e outras perícias para a elucidação dos fatos.” 
 
A autoridade policial também pode, quando julgar necessário voltar ao local da ocorrência dos fatos 
para reproduzi-los de maneira que possibilite descobrir provas essenciais para desvendar o crime, 
conforme o artigo 7º, do Código de Processo Penal. 
Com base no Código de Processo Penal, art. 4º, é competência da autoridade policial, ou seja, do 
delegado de polícia presidir, o inquérito policial, desta forma, a autoridade policial não é parte dentro do 
inquérito, mas ele atua entre as partes. 
Desta forma, o delegado atua entre as partes, sendo que de um lado está o órgão de acusação, o 
Promotor de justiça, Procurador da República ou querelante; e de outro a parte acusada, ou seja, o 
indiciado ou querelado e seu advogado, quando tiver. 
De posse desta posição o delegado deve agir na investigação criminal e na instrução do inquérito 
policial, agindo sempre com prudência, imparcialidade e sigilo, para descobrir acima de tudo a verdade 
dos fatos ocorridos. 
No Estado de Direito, não se admite a figura do delegado inquisitor, que é aquele que acusa 
publicamente, aquele que apenas procura provas que possam incriminar o suspeito não levando em conta 
nenhum fato favorável aos direitos de defesa do indiciado. 
O delegado de polícia deve continuar na condução das investigações e na presidência do inquérito, 
objetivando sempre descobrir a verdade dos fatos não importando se a verdade irá ou não incriminar o 
acusado. 
O delegado deve trabalhar junto à comunidade para desempenhar as suas funções com êxito, 
mantendo sempre elos de cooperação com seus líderes e principalmente com o Ministério Público e a 
Magistratura. 
 
Os Jurados 
 
Os jurados são membros da sociedade, possuidores de notória idoneidade, que participam dos 
julgamentos realizados no Tribunal do Júri. Aos jurados compete o julgamento dos crimes dolosos contra 
vida, consumados ou tentados, ou qualquer outro crime que tenha conexão com um crime doloso contra 
a vida. No Tribunal do Júri os jurados que compõem o Conselho de Sentença decidem se o réu é culpado 
ou inocente com base nas respostas dadas aos quesitos formulados pelo juiz presidente. A sentença é 
então proferida pelo juiz presidente do Tribunal do Júri. 
 
O Investigado, O Indiciado, O Acusado, O Querelado Ou O Sentenciado 
 
No Inquérito Policial, aquele que formalmente apontado como suspeito pelo Estado, na fase pré-
processual, é chamado de investigado, averiguado, ou, se houver indiciamento, indiciado. Advinda a 
denúncia, é chamado de denunciado. Após o recebimento da denúncia é chamado de acusado ou réu e 
de querelado quando há apresentação de queixa nas ações penais de iniciativa privada. Após o trânsito 
em julgado da sentença penal condenatória é chamado de condenado ou sentenciado. 
 
O Ofendido 
 
O ofendido é o sujeito passivo do crime, o titular do direito ofendido. Somente participará e deporá no 
Processo Penal se for pessoa física, a pessoa jurídica não o poderá fazer nem mesmo através do 
representante. 
O artigo 201 do Código de Processo Penal diz: “Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será 
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as 
provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações”. 
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Importante lembrar que essa possibilidade só existe nas ações públicas, pois quando é o autor da 
queixa-crime ele não vai depor na qualidade de ofendido, e sim como parte autora. 
Como claramente reza o artigo o depoimento só acontecerá diante da possibilidade, caso não o seja, 
o juiz pode entender pela dispensabilidade do depoimento, em casos de inconveniência ou 
impossibilidade. 
Caso seja entendido pela necessidade e pela possibilidade o ofendido será intimado para prestar 
declarações, e nesse caso terá tratamento parecido ao dado às testemunhas, ou seja, se deixar de 
comparecer sem motivo justo à audiência para qual foi intimado poderá ser conduzido coercitivamente à 
autoridade. 
Ainda no que diz respeito ao ofendido, o juiz poderá decidir pela necessidade de preservação deste, 
podendo determinar segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações 
constantes dos autos a seu respeito, como nos mostra o parágrafo 6º do art. 201 do CPP. E ainda a lei 
de proteção às testemunhas incluiu o ofendido como protegido. Caso o juiz determine que o seja, ele 
deporá sem a presença do réu ou através de videoconferência. No caso de deferimento a qualificação do 
ofendido deveráser ocultada. 
 
Querelante 
 
É o sujeito ativo da relação processual penal em se tratando de crime de ação penal de iniciativa 
privada. 
 
Acusado E Seu Defensor 
 
Conforme o art. 261, CPP, nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou 
julgado sem defensor. Nesta frequência, de acordo com a b, no processo penal, a falta de defesa constitui 
nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Com isso, deve ficar superado qualquer entendimento quanto à possibilidade de se imaginar um réu 
no processo penal, qualquer que seja a gravidade do delito, desprovido de defesa e de defensor. Uma 
prova dessa necessidade pode ser observada no segundo parágrafo, do art. 396-A, CPP, segundo o qual 
não apresentada a resposta à acusação no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, 
o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos pelo prazo de dez dias. 
Ato contínuo, a defesa do acusado divide-se em autodefesa (que é aquela exercida pelo próprio 
acusado, como quando simplesmente assinala no mandado de intimação o seu interesse de recorrer da 
decisão) e em defesa técnica (que é aquela feita por profissional competente e especializado). Neste 
sentido, consoante o parágrafo único, do art. 261, CPP, a defesa técnica, quando realizada por defensor 
público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. 
Se o acusado não tiver defensor, lhe será nomeado um pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo 
tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação (art. 263, 
caput, CPP). 
A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião 
do interrogatório (art. 266, CPP). Este defensor tanto poderá ser um advogado particular, como um 
advogado dativo, como um defensor público. 
Ainda, o defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicando 
previamente o juiz, sob pena de multa de dez a cem salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções 
cabíveis (art. 265, caput, CPP). A audiência poderá ser adiada se o defensor, por motivo justificado, não 
puder comparecer (art. 265, §1º, CPP). 
 
CAPÍTULO III 
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR 
 
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros 
qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso 
do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á 
a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes. 
 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer 
outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. 
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos mencionados no art. 
352, no que Ihe for aplicável. 
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Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre 
exercida através de manifestação fundamentada. 
 
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. 
Súmula 352 
Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a assistência 
de defensor dativo. 
 
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, 
a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. 
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor 
dativo, arbitrados pelo juiz. 
 
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de 
cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. 
 
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado 
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais 
sanções cabíveis. 
§1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer. 
§2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não 
determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que 
provisoriamente ou só para o efeito do ato. 
 
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar 
por ocasião do interrogatório. 
 
Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz. 
 
Questão 
 
01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VUNESP/2017) Determina o art. 261 do CPP que 
(A) nenhum acusado, com exceção do foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
(B) salvo nos processos contravencionais e nos de rito sumaríssimo, nenhum acusado será 
processado ou julgado sem defensor. 
(C) salvo nos casos de força maior, nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado 
ou julgado sem defensor. 
(D) nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
(E) nenhum acusado, com exceção do revel, será processado ou julgado sem defensor. 
 
Gabarito 
 
01.D 
 
Comentário 
 
01. Resposta: D 
É a redação do art. 261 do CPP: “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado 
ou julgado sem defensor”. 
 
Assistente 
 
O assistente o é do Ministério Público, e será representado pelo ofendido ou seu representante legal, 
ou, na falta destes, qualquer pessoa mencionada no art. 31, CPP (cônjuge, convivente, ascendente, 
irmão). 
Convém frisar, apenas, que o co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do 
Ministério Público (art. 270, CPP). 
 
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1 Finalidade da participação do assistente 
A finalidade de sua participação nos autos tanto pode se dar em razão de ver aplicada uma pena 
condizente à gravidade do dano ao acusado (num clamor meramente de justiça), como interessado em 
futura reparação civil partindo-se de decreto penal. 
Afinal, vale lembrar que, a depender da espécie de decisão penal, se poderá ou não manejar a ação 
civil ex delicto. São muitos, pois, os interesses envolvidos: se a decisão penal afirmar categoricamente 
que o fato não ocorreu, isso faz coisa julgada no cível e impede a ação de reparação; se a decisão penal 
aplicar uma pena branda, provavelmente a reparação possível de ser pleiteada será em um valor menor; 
se a decisão aplicar pena grave, provavelmente a reparação pleiteada será maior. Veja-se, portanto, que 
a despeito de entendimento minoritário que defende a inconstitucionalidade da figura do assistente de 
acusação, são muitos os interesses em jogo defendidos por este agente que só recentemente vem tendo 
seu prisma de atuação maximizado. 
 
2 Delitos que admitem a figura do assistente 
Nem todo tipo de delito admite a figura do assistente de acusação. Para que isso seja possível, mister 
se faz que o delito tenha um sujeito passivo determinado. Em um delito contra o meio ambiente, p. ex., 
não é possível a figura assistencial, dada a absoluta impropriedade de se saber quais foram, realmente, 
os sujeitos passivos do delito. 
 
3 Admissão e atos do assistente 
A admissão do assistente é possível enquanto não passar em julgado a sentença (lembrando que o 
assistente receberá a causa no estado em que esta se encontrar) (art. 269, CPP). Durante a audiência 
de instrução, debates e julgamento, do procedimento comum, o assistente terá o prazo de dez minutos 
para falar (prorrogáveis) após a fala do membro do Ministério Público. Já no procedimento do júri, o 
assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até cinco diasantes da data da sessão 
de julgamento na qual pretende atuar (art. 430, CPP). 
Ainda, ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, 
participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público ou por ele próprio (art. 
271, caput, CPP). A título ilustrativo, o art. 598, CPP, prevê que, nos crimes de competência do tribunal 
do júri ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo 
legal, o ofendido ou qualquer das pessoas elencadas no art. 31, CPP (cônjuge, convivente, ascendente 
e irmão), ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, 
porém, efeito suspensivo. Isso significa que, habilitado ou não, diante da desídia ministerial, poderá o 
assistente recorrer via apelação. 
Noutro exemplo, há se defender a revogação tácita da Súmula nº 208, do Supremo Tribunal Federal, 
a qual dispõe que o assistente do Ministério Público não pode recorrer extraordinariamente da decisão 
concessiva de habeas corpus. A revogação tácita de tal dispositivo deve-se à grande tendência de 
legitimação recursal do assistente de acusação. 
Dando prosseguimento às funções do assistente, o juiz, ouvido o agente ministerial, decidirá acerca 
da realização das provas propostas pelo assistente (art. 271, §1º, CPP). O processo prosseguirá 
independentemente de nova intimação do assistente quando este, intimado, deixar de comparecer a 
qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado 
(art. 271, §2º, CPP). O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente (art. 
272, CPP). 
 
4 Decisão que admite ou não a figura do assistente 
Do despacho que admitir ou não o assistente, preceitua o art. 273, da Lei Processual, não caberá 
recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. 
 
CAPÍTULO IV 
DOS ASSISTENTES 
 
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, 
o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31. 
 
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa 
no estado em que se achar. 
 
Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério Público. 
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Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, 
aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério 
Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, §1º, e 598. 
§1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo 
assistente. 
§2º O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, 
intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força 
maior devidamente comprovado. 
 
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente. 
 
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, 
constar dos autos o pedido e a decisão. 
 
Questão 
 
01. (PC/BA - Investigador de Polícia – VUNESP/2018) Quanto aos assistentes de acusação, o 
Código de Processo Penal estabelece que 
(A) o assistente é aquele que oferece a denúncia, na hipótese de inércia do Ministério Público nos 
crimes de ação penal pública. 
(B) a morte do ofendido obsta que outrem atue ao lado do Ministério Público, no polo ativo. 
(C) na hipótese de ação penal privada, poderá haver assistência de acusação tão somente se houver 
pluralidade de ofendidos. 
(D) na hipótese de morte do ofendido, poderão habilitar-se como assistente seu cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
(E) a assistência inicia-se com a denúncia e conclui-se, em havendo interesse do ofendido, com o 
término da execução da pena. 
 
Gabarito 
 
01. D 
 
Comentário 
 
01. Resposta: D 
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, 
o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31. 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
Funcionários Do Poder Judiciário – Serventuários Da Justiça 
 
Segundo o ilustre jurista Guilherme de Souza Nucci, as expressões funcionários e serventuários da 
justiça são termos correlatos, pois, denominam tanto os ocupantes de cargos públicos efetivos, como 
também os ocupantes de cargo ou função comissionados, desde que pagos pelo Estado e estejam a 
serviço do Poder Judiciário, a exemplo, os escrivães, escreventes, oficiais de justiça, dentre outros. 
Durante toda a instrução processual, vários atos são realizados pelos funcionários da justiça, em 
decorrência das atribuições inerentes aos próprios cargos ou funções, de acordo com as respectivas 
normas regulamentadoras, em regra, são os chamados atos ordinatórios que independem de despacho 
e podem ser praticados de ofício. 
De acordo com o art. 274 do Código de Processo Penal, estendem-se aos funcionários da justiça as 
disposições relativas aos casos de impedimento e suspeição dos juízes. Nesses casos, estes deverão 
abster-se de servir no processo e imediatamente prestar declaração nos autos, de acordo com o art. 112 
do referido diploma. Caso isto não ocorra, o impedimento poderá ser arguido pelas partes, através do 
instrumento da exceção de suspeição, nos termos do art. 105 do CPP. 
 
 
 
 
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Peritos e Intérpretes 
 
São os auxiliares do juízo, isto é, agentes que, embora não servidores da justiça propriamente ditos, 
fornecem esclarecimentos e conhecimentos específicos acerca de determinados temas quando 
consultados. 
Os peritos e intérpretes, ainda quando não-oficiais, estão sujeitos à disciplina judiciária, e as partes 
não intervirão em sua nomeação. Em contrapartida, o perito/intérprete não poderá se furtar de seu ofício 
de forma injustificável, sob pena de multa, e, se for o caso, condução coercitiva (também incorrerão em 
multa se deixarem de atender à intimação ou a chamado de autoridade, se não comparecerem no dia e 
local designados para o exame, ou se não derem o laudo ou concorrerem para que a perícia não seja 
feita nos prazos estabelecidos). 
Ademais, de acordo com o art. 279, do Código de Processo, não poderão ser peritos os que estiverem 
sujeitos à interdição de direito mencionada no art. 47, I (proibição de exercício de cargo, função ou 
atividade pública) e II (proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público), do Código Penal (inciso I); os que 
tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia (inciso II); 
bem como os analfabetos e menores de vinte e um anos (inciso III). 
Por fim, há se lembrar que é extensivo aos peritos e intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto 
sobre suspeição de juízes (art. 280, CPP). 
 
Vamos acompanhar a seguir os dispositivos contidos no Código de Processo Penal referente ao 
presente assunto: 
 
 
CAPÍTULO V 
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA 
 
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da 
justiça, no que Ihes for aplicável. 
 
CAPÍTULO VI 
DOS PERITOS E INTÉRPRETES 
 
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária. 
 
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito. 
 
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de 
cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.

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