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Aula 07
Carreira Jurídica 2022 (Curso Regular)
Direito Ambiental - Prof. Luis Carlos
Miranda
Autor:
Equipe Materiais Carreiras
Jurídicas, Luis Carlos Miranda de
Oliveira
05 de Janeiro de 2022
- - -
Sumário
1-Aspectos Iniciais sobre os Recursos Hídricos ............................................................................................4
1 - Características Gerais dos Recursos Hídricos.......................................................................................4
1.1 - Características Gerais da Água. ..........................................................................................................................4
1.2 - Diferença entre água e recurso hídrico ..............................................................................................................7
1.3 - Dominialidade da Água .....................................................................................................................................8
1.4 - Competência Legislativa e Material sobre “águas” ...........................................................................................10
1.5 - Normas que tutelam os recursos hídricos ........................................................................................................15
Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH ............................................................................................ 17
1 - Recursos Hídricos no Âmbito Internacional ....................................................................................... 17
2 - Considerações Iniciais sobre a Lei 9.433/1997 .................................................................................. 18
3 - Fundamentos da PNRH .................................................................................................................... 19
3.1 - A água como um bem de domínio público .......................................................................................................20
3.2- A água como recurso natural limitado e dotado de valor econômico .................................................................21
3.3 - O Uso Prioritário dos Recursos Hídricos ...........................................................................................................22
3.4 - O uso múltiplo das águas.................................................................................................................................24
3.5 - A Bacia Hidrográfica ........................................................................................................................................26
3.6 - A gestão democrática e descentralizada dos recursos hídricos .........................................................................28
4 - Objetivos da PNRH .......................................................................................................................... 29
5-Diretrizes Gerais de Ação da PNRH .................................................................................................... 32
6 - Instrumentos da PNRH..................................................................................................................... 36
6.1 - Os Planos de Recursos Hídricos .......................................................................................................................38
6.2 - Enquadramento dos Corpos de Água em Classes .............................................................................................44
6.3-Outorga do Direito de Uso de Recursos Hídricos ................................................................................................46
6.4 - Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos ........................................................................................................54
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6.5 - Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos .............................................................................................57
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos ........................................................................ 60
1 - Objetivos e Composição do SINGREH................................................................................................ 60
2 - Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH ................................................................................. 62
3 - Comitês de Bacia Hidrográfica ......................................................................................................... 65
4 - Agências de Águas .......................................................................................................................... 69
5 - Secretaria Executiva do CNRH .......................................................................................................... 74
6 - Organizações Civis de Recursos Hídricos ........................................................................................... 75
7 - Agência Nacional de Águas -ANA ..................................................................................................... 76
Infrações e Penalidades quanto ao Uso dos Recursos Hídricos .................................................................. 80
1 - Aspectos Iniciais quanto à fiscalização ............................................................................................. 80
2 - Infrações e Penalidades ................................................................................................................... 81
Política Nacional de Segurança de Barragens ............................................................................................ 85
1 - Aspectos Iniciais sobre as Barragens de Águas ................................................................................. 85
2 - Barragens submetidas à Lei 12.334/2010 ................................................................................... 86
3 - Objetivos e Fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens ....................................... 88
3.1 - Dos Objetivos da PNSB ....................................................................................................................................88
3.2 - Dos Fundamentos da PNSB..............................................................................................................................89
3.3 - Da Fiscalização das normas da PNSB ................................................................................................................89
4 - Instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens ......................................................... 91
4.1 - Sistema de Classificação de Barragens por Categoria........................................................................................92
4.2 - Plano de Segurança de Barragens - PSB ...........................................................................................................94
4.3 - Sistema Nacional de Informações de Segurança de Barragens-SNISB ................................................................96
5 - Educação e Comunicação na Política Nacional de Segurança de Barragens ....................................... 96
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6 - Competências do Órgão fiscalizador e do Empreendedor .................................................................. 97
Legislação Destacada ............................................................................................................................... 99
Legislação Ambiental ...........................................................................................................................99
Jurisprudência Destacada ................................................................................................................... 106
Resumo ................................................................................................................................................. 109
Questões Comentadas ........................................................................................................................... 121
Magistratura......................................................................................................................................................... 121
Promotor.............................................................................................................................................................. 125
Procurador ........................................................................................................................................................... 128
Outros .................................................................................................................................................................. 132
Lista de Questões................................................................................................................................... 139
Magistratura......................................................................................................................................................... 139
Promotor.............................................................................................................................................................. 142
Procurador ........................................................................................................................................................... 144
Outros .................................................................................................................................................................. 147
Gabarito ................................................................................................................................................ 151
Magistratura......................................................................................................................................................... 151
Promotor.............................................................................................................................................................. 151
Procurador ........................................................................................................................................................... 152
Outros .................................................................................................................................................................. 152
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POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
1-ASPECTOS INICIAIS SOBRE OS RECURSOS HÍDRICOS
1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS RECURSOS HÍDRICOS
1.1 - Características Gerais da Água.
A água é uma molécula inorgânica formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, que por
meio de ligações químicas interatômicas originam a estrutura molecular conhecida oficialmente por H2O.
A existência de vida em um determinado planeta está diretamente relacionada com a presença da água,
formando uma relação de dependência extremada. Fato disso é a procura de resquícios de água em
determinados planetas para se verificar a possível existência de forma de vida extraterrestre. Isso porque a
água participa como elemento essencial do ciclo de vida de todas as espécies, seja do reino animal ou vegetal
existentes em nosso planeta. Sem ela, não há que se falar em vida.
São as propriedades físico-químicas da água que garantem a ela uso múltiplo e um elevado grau de
importância na manutenção da vida em nosso planeta. A água tem como característica marcante sua
essencialidade como elemento indispensável para as reações químicas que ocorrem nos organismos vivos
sendo utilizada para a digestão, absorção e transporte de determinados nutrientes permitindo a ocorrência
de uma série de transformações químicas no organismo. Seja pela sua capacidade de solubilizar outras
substâncias, seja como mecanismo de regulação térmica, ela é indispensável para à manutenção da vida.
A água é considerada um recurso natural e detém todos as prerrogativas e características dos bens
ambientais, devendo ser regularmente gerida e protegida pelo Poder Público.
Para sistematizar e melhor entender alguns dispositivos legais que iremos enfrentar nesta aula, é
fundamental o candidato conhecer algumas classificações técnicas atinentes aos recursos hídricos, ou como
preferem alguns doutrinadores, corpos d’água. Dentre as classificações ainda relevantes, temos a que
diferencia as águas superficiais das águas subterrâneas. São superficiais as águas que não penetram no solo,
acumulam-se na superfície, escoam e dão origem a rios, riachos, lagoas e córregos. Por esta razão, elas são
consideradas uma das principais fontes de abastecimento de água potável do planeta1.
Ao seu turno, as águas subterrâneas são formadas pelo excedente das águas de chuvas que percorrem
camadas abaixo da superfície do solo e preenchem os espaços vazios entre as rochas. Essas formações
1 ANA. Águas Superficiais. Disponível em :https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/quantidade-da-agua/agua-
superficial. Acesso em 17/01/2020.
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geológicas permeáveis são chamadas de aquíferos. Estes são uma reserva de água embaixo do solo,
abastecida pela chuva, e funciona como uma espécie de caixa d’água que alimenta os rios2. Um exemplo
importante dessas águas subterrâneas é o Aquífero Alter-do-Chão, localizado nos estados do Amazonas, Pará
e Amapá, considerado hoje o maior do mundo em termos de volume de reserva de água, possuindo 86 mil
km³ e pouco mais de 400 mil km² de área, o que daria para abastecer toda a população mundial por mais de
200 anos.
Classificação das águas
Outra classificação tem como parâmetro a possibilidade de o corpo d’água está localizado no território de
um país, quais sejam, as águas externas e interiores (internas). São denominadas de águas interiores aquelas
que tangenciam o território físico do país e são anteriores às linhas de base, sendo estas retas que unem
pontos de linhas de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala
reconhecidas oficialmente, nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982
(Convenção de Montego Bay). Teremos aqui os rios, aquíferos, lagos, barragens de água e parte do mar
costeiro.
São águas externas ou marítimas os demais corpos d’água que estão localizados além dos limites definidos
pelas linhas de base, como as águas, do mar territorial, da Zona Contígua e do Alto-Mar.
O Decreto 4.136/2002, que regulamentou a Lei 9.966/2000, em seu art. 3º, definiu como águas sob jurisdição
nacional as águas interiores e as águas marinhas.
2 Associação Brasileira de Águas Subterrâneas. Águas Subterrâneas o que são? Disponível em:
http://www.abas.org/aguas-subterraneas-o-que-sao/. Acesso em: 17/01/2020.
São as águas que escoam ou acumulam na superficie do solo,
como rios e riachos
São as águas que se infiltram no solo e que penetram em
camadas profundas do subsolo.
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As águas interiores são todas: a) as compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir de onde se
mede o mar territorial; b) as dos portos; c) as das baías; d) as dos rios e de suas desembocaduras; e) as dos
lagos, das lagoas e dos canais; f) as dos arquipélagos; g) as águas entre os baixios a descoberto e a costa.
As águas marítimas, conforme o regulamento, são todas aquelas sob jurisdição nacional que não sejam
interiores, a saber: a) as águas abrangidas por uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a
partir da linha de base reta e da linha de baixa-mar, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala,
reconhecidas oficialmente no Brasil (mar territorial); b) as águas abrangidas por uma faixa que se estende
das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir o mar
territorial, que constituem a zona econômica exclusiva-ZEE; e c) as águas sobrejacentes à plataforma
continental quando esta ultrapassar os limites da ZEE.
(Petrobras/Advogado/CESGRANRIO – 2010) De acordo com o disposto no Decreto no 4.136/2002, que
dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e
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fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional,
são consideradas águas sob jurisdição nacional, como águas internas, as águas abrangidas por uma
faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de base reta e da linha de baixa-
mar.
Resposta. Item errado. São águas marítimas e não internas, nos termos do art. 3º, II, a, do Decreto
4.136/2002.
1.2 - Diferença entre água e recurso hídrico
Para o escorreito entendimento dos temas que serão abordados nesta aula é essencial entendermos a
diferença de significado entre o vocábulo “água” e a expressão “recurso hídrico”. Isso porque é muito
corriqueiro na doutrina e principalmente na legislação nacional a utilização das expressões como sinônimos.
Doutrina majoritária entende que o vocábulo “água” não sendo vinculada a qualquer tipo de utilização é
gênero e deve ser entendida como uma substância química, com elemento integrante da natureza. Ao seu
turno, o termo “recurso hídrico” é a água vista como um bem econômico, que tem uma destinação
específica, tendo embutido um valor de uso e de troca.
O que devemos destacar é que nem toda água disponível é um recurso hídrico e há uma variabilidade em
sua distribuição em nosso Planeta. Nesse sentido, a água é uma substância que está presente em todas as
formas de vida e em todas as partes da Terra, nos três estados físicos da matéria, como elemento essencial
para a sobrevivência dos seres vivos, mas o recurso hídrico, entendido como o um bem econômico
aproveitável é bem mais difícil de ocorrer.
É o elemento natural, desvinculado de qualquer uso.
É toda água que pode ser empregada em um
determinado uso, podendo ter caráter econômico.
Água
Recurso
Hídrico
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Podemos então concluir, dentro dessa linha de raciocínio, que todo recurso hídrico é água, mas nem toda
água é recurso hídrico
Por outro lado, destacamos que a legislação nacional não faz qualquer diferenciação sobre os termos, razão
pela qual trataremos nesta aula do emprego deles sem qualquer espécie de distinção.
1.3 - Dominialidade da Água
A água é um recurso ambiental e como tal é de dominialidade pública cabendo ao Poder público a regular
gestão desse bem ambiental. É nesse sentido que a Lei 9.433/97 definiu, em seu art. 1º, I, a água como um
bem de domínio público.
Cumpre destacar os ensinamentos do professor Paulo Machado em que para o qual a dominialidade pública
da água não transforma o Poder Público em proprietário da água, mas torna-o gestor desse bem, na busca
pelo interesse da coletividade3. Assim, a água é um bem de uso coletivo de dominialidade pública, cujo
titular é a coletividade, cabendo o Poder Público, em face do interesse público relevante desse bem,
proteger e disciplinar o seu uso para atender às necessidades de todos os seres vivos que dela dependem,
funcionando como um verdadeiro gerenciador desse recurso.
Nessa cadência, a água não é um bem dominical do poder público que pode ser alienado como se disponível
fosse. De fato, o art. 18, fixou a regra de que a outorga dos direitos sobre os corpos d’água não implica a
3 Machado, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23 ed. Editora Malheiros- São Paulo, 2015.p.503.
Água
Recurso
Hídrico
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alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. As águas não integram
o patrimônio privado do Poder Público.
A Constituição Federal de 1988 distribuiu as responsabilidades de gestão dos recursos hídricos entre os entes
federativos, nos arts. 20, 23 e 26.
São bens da União, nos termos do art. 20, da CF/88, os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos
de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais (III), o mar
territorial (VI) e os potenciais de energia hidráulica (VIII).
São bens dos Estados/DF as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito,
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; as áreas, nas ilhas oceânicas e
costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros.
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(PC-SC/Delegado de Polícia/ACAFE – 2014) Quanto aos Estados Membros, entes da Federação, de
acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil - CRFB/88, analise o item seguinte
Incluem-se entre os bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 26, I, da CF/88, incluem-se entre os bens dos Estados as
águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
forma da lei, as decorrentes de obras da União.
(TRF - 4ª REGIÃO/ Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO - 2014 ) Assinale a alternativa correta.
Sobre a gestão de recursos hídricos:
A orientação predominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, sendo as águas
subterrâneas bens da União, a outorga de extração de água de poços artesianos, nas localidades
atendidas pela rede pública de saneamento, deve ser emitida pela autoridade federal competente.
Resposta. Item errado. As águas subterrâneas são bens dos Estados/DF, nos termos do art. 26, I, da
CF/88.
(TJ-RS/Juiz de Direito Substituto/VUNESP – 2018) No tocante às águas, nos termos da Constituição
Federal e da Lei das Águas, assinale a alternativa correta.
São bens da União todas as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito.
Resposta. Item incorreto.Nos termos do art. 26, da CF/88, as águas superficiais ou subterrâneas,
fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras
da União, são consideradas bens dos Estados/DF.
1.4 - Competência Legislativa e Material sobre “águas”
A competência para legislar sobre águas foi atribuída de forma privativa à União, nos termos do art. 22, IV,
da CF/88.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão.
A União já exercitou sua competência privativa ao publicar a Lei 9.433/97 que dispõe sobre a Política
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, tendo sido criada, três anos depois, por intermédio da Lei
9.984/2000, a Agência Nacional de Águas – ANA, autarquia federal sob regime especial, que tem por escopo
fazer cumprir os objetivos e diretrizes da PNRH, regulando o uso do acesso aos recursos hídricos de domínio
da União, bem como o acompanhamento da situação dos corpos d’água do Brasil para elaboração de estudos
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estratégicos como, por exemplo, dos Planos de Bacias Hidrográficas e dos Relatórios de Conjuntura dos
Recursos Hídricos.
Embora seja competência privativa da União legislar sobre águas, cabe advertir que a competência para
proteger o meio ambiente e fiscalizar exploração de recursos hídricos em seus territórios é comum
(competência material) entre União, Estados e Municípios, nos termos do art. 23, VI e XI, da CF, sendo, como
vimos, as águas correntes ou dormentes bens dos Estados, nos termos do art. 26, I, da CF.
Ademais disso, as águas, em regra, são bens dos Estados, logo estes têm o poder-dever de regular seu uso
e disponibilidade à comunidade, não no exercício da competência privativa (exclusiva), mas sim da
concorrente. Assim, alguns Estados da Federação editaram suas leis disciplinado a gestão das águas de seu
domínio com vista a promover a melhoria e qualidade dos recursos hídricos regulando o abastecimento de
água às populações urbanas e rurais, como no caso da Lei nº 3.239/99, do Rio de Janeiro, e da Lei 6.381/2001,
do Estado do Pará.
É nesse sentido que Celso Fiorillo sustenta que não restou claro ser competência da União legislar sobre a
matéria águas ou caber a ela somente a edição de normas gerais. Entendo que a melhor interpretação que
deve ser dada ao tema é aquela extraída com base no art. 24, da CF/88, de modo que a competência para
legislar sobre normas gerais deve ser atribuída à União, cabendo aos Estados/DF legislar
complementarmente e aos Municípios suplementarmente, com base no art. 30, II, da CF/884.
Ademais disso, em termos de competência para legislar sobre recursos hídricos, a CF/88 atribuiu a União a
competência material exclusiva para instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
definir critérios de outorga de direitos de seu uso, assim como para instituir diretrizes para o saneamento
básico, acrescentando a competência para planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades
públicas, especialmente as secas e inundações. Vejamos o normativo:
Art. 21. Compete à União:
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente
as secas e as inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de
outorga de direitos de seu uso; ( Regulamento )
4 Fiorillo, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 13ª e.d. São Paulo, 2012. p.305.
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XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico
e transportes urbanos.
A Constituição Federal também previu, em seu art. 23, a competência material comum para os entes
federativos quanto ao tema águas, no sentido de que todos poderão atuar na proteção e defesa do meio
ambiente e do combate à poluição, aí incluída a proteção e defesa dos corpos d’água, bem como a
necessidade de procederem à fiscalização, registro e ao acompanhamento dos direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos em seus territórios. Eis a norma:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
(...)
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos e minerais em seus territórios.
Assim, a Constituição Federal atribui à União, Estados/DF e Municípios a competência material para a
proteção de recursos naturais, neles incluídos os recursos hídricos, cabendo a todos a proteção dos corpos
d’água, sejam de sua dominialidade ou não.
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(SEAD-PA/Procurador/UEPA – 2012) Julgue as afirmativas que seguem:
I. A água é um bem de domínio público, dividindo-se em águas de domínio da União e domínio dos
Estados. As águas de domínio da União foram definidas como aquelas que banham mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
conforme previsão constitucional.
Á
gu
as
Competência Legislativa
Privativa
União - águas
Competência Legislativa
Concorrente
Estados/DF
(interpretaçao da CF/88)
-águas
Competência Legislativa
Suplementar
Municípios
(interpretaçao da CF/88)
- águas
Competência Material
Exclusiva
União
Instituir o SNGRH
Definir critérios de outorga
de uso da água
Instituir diretrizes para o
Saneamento Básico
Competência Material
Comum
- Proteger o meio
ambiente
- Combater a Poluição
- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
minerais em seus territórios
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II. As águas de domínio dos Estados são aquelas que tenham sua nascente e foz dentro de um mesmo
Estado, porém as águas subterrâneas são todas de domínio da União.
III. A competência para legislar sobre água foi atribuída exclusivamente à União, bem como para definir
critérios de outorga de direitos de uso das águas.
IV. A Política Nacional de Recursos Hídricos tem como um de seus fundamentos a água como um bem
de domínio público, dotado de valor econômico, podendo, o Poder Público Federal e Estadual, vender
águas através da cobrança quanto ao seu uso.
Das afirmativas acima estão corretas:
(A)I, II e IV
(B)III e IV
(C)I e III
(D)II e IV
(E)I, II, III e IV
Resposta. Item C. O item I está correto porque a água é um bem de domínio público que em regra
pertencem aos Estados/DF, só sendo bens da União nos casos excepcionais previsto na CF/88, como
alguns dos elencados no item. O item “II” está incorreto, pois as águas subterrâneas ou correntes, em
regra, são dos Estados/DF. Só serão da União se tiver em terreno de domínio da União. O item “III”
está correto, embora o termo utilizado tenha sido “exclusivamente” (entende parte da doutrina que é
similar ao termo “privativamente”), é competência privativa da União legislar sobreáguas e defin ir os
critérios para uso de recurso natural. O item “IV” está incorreto considerando que a ideia não é
“vender água”, mas a cobrança pelo uso da água permite reconhecê-la como um bem econômico e,
dessa forma, incentivar a racionalização do seu uso.
(TRF - 2ª/Juiz Federal Substituto/TRF - 2ª Região – 2017) Assinale a opção correta:
(A)O Estado membro possui competência concorrente para legislar sobre a proteção do meio ambiente
e sobre a defesa dos recursos naturais e, nessa linha, pode regular as condições de utilização das águas
subterrâneas, que são bens dos Estados.
(B)A competência para legislar sobre águas e sobre o meio ambiente é privativa da União.
(C)O Estado membro pode disciplinar o uso de águas subterrâneas apenas se a União não tiver lei
específica sobre o tema.
(D)Apenas mediante autorização prevista em Lei Complementar, o Estado membro pode disciplinar o
uso de águas subterrâneas.
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(E)Como compete à União dispor sobre o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, é
vedado aos Estados disciplinar o uso de águas subterrâneas.
Resposta. Item A. Para legislar sobre a proteção do meio ambiente, os Estados/DF sempre poderão
fazê-lo no âmbito da competência concorrente, podendo regular o uso de águas subterrâneas que são
de seu domínio. O item “B” está incorreto, pois legislar sobre água é competência privativa da União,
no entanto legislar sobre meio ambiente, em regra, é concorrente. O item “C” está incorreto
considerando que os Estados membros, no âmbito da competência concorrente, podem editar normas
de forma plena (suplementar supletiva) independentemente da existência de norma geral da União. O
item “D” está incorreto tendo em vista que o Estado/DF pode disciplinar o uso das águas subterrâneas
(seu domínio), sem necessidade de qualquer norma da União, no âmbito da competência concorrente
(e não privativa). O item “E” está incorreto porque cabe ao Estado/DF a disciplina do uso dos recursos
hídricos que estão sob seu domínio, respeitadas as regras gerais editadas pela União no âmbito da
competência concorrente.
(TJ-RS/Juiz de Direito Substituto/VUNESP – 2018) No tocante às águas, nos termos da Constituição
Federal e da Lei das Águas, assinale a alternativa correta.
A União tem competência privativa para legislar sobre águas.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 22, IV, da CF/88, compete privativamente à União legislar
sobre águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão.
1.5 - Normas que tutelam os recursos hídricos
O Código das Águas (Decreto 24.643/34), apesar de ser de 1934, encontra-se ainda em vigor, porém muitas
de suas normas estão obsoletas e foram revogadas de forma expressa ou tácita por incompatibilidade com
o ordenamento constitucional e legislativo vigente. Foi o primeiro diploma normativo a regulamentar o uso
econômico da água para atividades industriais e para a exploração de energia hidráulica. Assim, para fins
desta aula não faremos análise do Decreto 24.643/34, tendo em vista sua diminuta importância quando
cotejado com a Lei 9.433/97 que hodiernamente disciplina a gestão das águas em nosso território.
A Lei 9.433/1997 regulamentou o inciso XIX, do art. 21 da CF/88, instituiu o Sistema Nacional de Recursos
Hídricos e definiu os critérios de outorga de direitos de seu uso desses recursos. Essa Lei ficou amplamente
conhecida como Lei das Águas e pelo fato de ter dado maior abrangência ao Código de Águas, de 1934, que
centralizava as decisões sobre administração dos corpos de água no setor elétrico, tornando a gestão dos
recursos hídricos mais democrática5.
Visando a proteção dos recursos hídricos contra a poluição dos cursos d’água, foi editada a Lei 9.966/2007
que sedimentou as regras para a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento
5 ANA. Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em:https://www.ana.gov.br/gestao-da-agua/sistema-de-
gerenciamento-de-recursos-hidricos.Acesso em: 20/01/2020.
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de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, tendo em 2002, sua
regulamentação por meio do Decreto 4.136/2002 que elencou as regras para a especificação das sanções
aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição sobre os recursos hídricos.
Em 2005, o CONAMA n. 357/2005, dispôs sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabeleceu as condições e padrões para o lançamento de efluentes.
A Lei 11.445/2007, estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico, definindo a titularidade dos serviços de saneamento básico, fixando a regra de que os
recursos hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico, fixando a regra de que a utilização
de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para disposição ou
diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos termos da Lei no
9.433/1997, de seus regulamentos e das legislações de cada Estado/DF.
Instituiu o Código das Águas.
Instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Sedimentou as regras para a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional.
Regulamentou a Lei 9.966/00 e disciplinou as responsabilidades administrativas
pelos danos causdos aos corpos hídiricos pelo lançamento de óleo e outras
substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional .
Dispôs sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabeleceu as condições e padrões para o lançamento de
efluentes.
Estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de
saneamento básico.
Decreto
24.643/34
Lei
9.433/97
Lei
9.966/00
Decreto
4.136/02
Conama
357/05
Lei
11.445/07
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POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS-PNRH
1 - RECURSOS HÍDRICOS NO ÂMBITO INTERNACIONAL
A tutela dos recursos hídricos no âmbito internacional vem de longa data. O debate sobre o tema “águas”
teve início na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo, no ano de 1972 em
que se discutiu, entre outros temas, a poluição da água e a do solo provenientes da industrialização e a
pressão do crescimento demográfico sobre os recursos naturais.
Esse impulso inicial ganhou força com a realização, em 1977, da Conferência das Nações Unidas sobre Água,
em Mar Del Plata, na Argentina, reconhecido pela doutrina ambientalista como o primeiro evento
internacional que efetivamente se debruçou sobre o problema de gestão da água no mundo. Destacou
principalmente o direito de acesso à água potável em quantidade e qualidade à altura de suas necessidades
básicas a todos os povos, quaisquer que sejam seu estágio de desenvolvimento e suas condições sociais e
econômicas.
Mas a conferência internacional que mais ganhou renome e sobressai de importância para os concursos
públicos, foi a Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente organizada pela ONU realizada em
Dublin (Conferênciade Dublin), Irlanda, em janeiro de 1992 sendo o segundo grande encontro internacional
a debater a gestão dos recursos hídricos. Os especialistas concluíram que a saúde e o bem-estar humano, a
segurança alimentar, o desenvolvimento industrial e os ecossistemas dos quais dependem, estão todos em
risco, a não ser que a água e os recursos naturais sejam gerenciados de forma mais eficaz.
Foi elaborado a Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável contendo Princípios
Orientadores e uma Agenda de Ações. Dentre eles podemos citar o reconhecimento de que a água doce é
um recurso finito e vulnerável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente, bem
como o desenvolvimento e gestão da água deverão ser baseados numa abordagem participativa,
envolvendo usuários, planejadores e agentes políticos em todos os níveis. A Declaração de Dublin destacou
ainda, em seu princípio 4, a ideia de que a água tem um valor econômico em todos os usos competitivos e
deve ser reconhecida como um bem econômico.
Com base nestes princípios orientadores, os participantes da Conferência de Dublin desenvolveram
recomendações, na Agenda de Ação, que serviriam para aos países enfrentar seus problemas de recursos
hídricos numa ampla variedade de frentes. Os principais benefícios para implementação das
recomendações de Dublin visavam: redução de pobreza e doença; proteção contra desastres naturais; reuso
e conservação de água; produção agrícola e abastecimento de água rural; proteção de ecossistemas
aquáticos e resolução de conflitos de água.
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2 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A LEI 9.433/1997
A Conferência de Dublin foi a base principiológica e a diretriz norteadora para a elaboração, em 1997, da
Lei 9.433, que implementou a Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH no Brasil estabelecendo
instrumentos para a gestão desses recursos, criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos -SINGREH.
Conforme informado pela Agência Nacional de águas, a Lei da PNRH é conhecida por seu caráter
descentralizador, evitando a centralização de poder decisório, por criar um sistema nacional
Conferência de Dublin -1992
Princípios
Princípio n° 1 - A água doce é um recurso finito e
vulnerável, essencial para sustentar a vida, o
desenvolvimento e o meio ambiente.
Princípio N° 2 - Desenvolvimento e gestão da
água deverão ser baseados numa abordagem
participativa, envolvendo usuários, planejadores
e agentes políticos em todos os níveis.
Princípio N° 3 - As mulheres desempenham um
papel central no fornecimento, gestão e proteção
da água.
Princípio N° 4 - A água tem um valor econômico
em todos os usos competitivos e deve ser
reconhecida como um bem econômico.
Agenda de Ações
Benefícios pela Implementação:
- redução de pobreza e doença;
- proteção contra desastres naturais;
- reuso e conservação de água;
-produção agrícola e abastecimento de água
rural;
- proteção de ecossistemas aquáticos ; e
- resolução de conflitos de água.
Declaração de Dublin sobre Água e
Desenvolvimento Sustentável
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que integra União e estados, e participativo, por inovar com a instalação de comitês de bacias hidrográficas
que une poderes públicos nas três instâncias, usuários e sociedade civil na gestão de recursos hídricos, sendo
considerada também uma lei moderna que criou condições para identificar conflitos pelo uso das águas,
por meio dos planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas, e arbitrar conflitos no âmbito
administrativo.
Destaca ainda a Agência que a Lei nº 9.433/97 deu maior abrangência ao Código de Águas, de 1934, que
centralizava as decisões sobre gestão de recursos hídricos no setor elétrico. Ao estabelecer como
fundamento o respeito aos usos múltiplos e como prioridade o abastecimento humano e dessedentação
animal em casos de escassez, a Lei das Águas deu outro passo importante tornando a gestão dos recursos
hídricos democrática6.
3 - FUNDAMENTOS DA PNRH
A Lei 9.433/97 previu, em seu art. 1º, os Fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH,
sendo perfeitamente perceptível a incorporação no ordenamento jurídico interno dos princípios e das
diretrizes trazidas pela Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável. Vejamos o
normativo.
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
6 ANA. Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em: https://www.ana.gov.br/gestao-da-
agua/sistema-de-gerenciamento-de-recursos-hidricos. Acesso em: 20/01/2020.
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VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e das comunidades.
A essência da gestão dos recursos hídricos está presente nos incisos do art. 1º, devendo o candidato ter uma
atenção especial para seus enunciados.
3.1 - A água como um bem de domínio público
O inciso I estabelece que a água é um bem de domínio público. De fato, a Lei das Águas vem pacificar a ideia
de que a água, enquanto bem ambiental essencial a sadia qualidade de vida dos seres vivos, nos termos do
art. 225, caput, da CF/88, é um bem de titularidade da coletividade de natureza transindividual, sendo o
Poder Público mero gestor desse recurso natural, objetivando satisfação do seu verdadeiro titular, intervindo
no sentido de alocar adequadamente o recurso hídrico, garantindo seu acesso e distribuição a todos,
privando pela racionalidade em seu uso.
Ao fixar sua natureza pública, evita-se a possibilidade de existência de “águas privadas” conforme prevê
ainda o Código de Águas de 1934. É nesse sentido que Christian Caubet destaca que a propriedade privada
da água já não existe mais na nossa ordem jurídica, no sentido de uma pessoa proclamar-se e agir como
proprietária da água que se encontra em seu fundo, quer como corpo d’água, cercado por terras do dono
do fundo, quer como curso d’água, proveniente de outro fundo e com destino para um terceiro7.
Isso nos leva a conclusão de que não poderá um indivíduo apropriar-se da água de modo a excluir
totalmente os demais usuários ou mesmo, como destaca Paulo Machado, seu uso não poderá esgotar o
próprio bem, devendo a outorga de uso, ser motivada e fundamentada pelo Gestor Público, bem como
sua utilização não pode traduzir-se em sua poluição ou agressão8.
Para o gerenciamento dos recursos hídricos o Poder Público utiliza-se de vários instrumentos de gestão,
como a outorga e a cobrança de valores pelo uso desses recursos, com objetivo único de regular o acesso e
uso racional, bem como de garantir recursos que possam ser aplicados no desenvolvimento de políticas de
prevenção e conservação dos recursos hídricos. Não é uma alienação da água, mas apenas uma forma degestão desses recursos.
7 CAUBET, Christian Guy. A água, a lei, a política e o meio ambiente? Curitiba: Juruá, 2004, p.143.
8 Machado, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23 ed. Editora Malheiros- São Paulo, 2015.p.509.
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(Câmara de Palmas – TO/Procurador/COPESE - UFT – 2018) Sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale o item
Baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público (Art. 1º).
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, I, da Lei 9.433/97, a água é um bem de domínio público
3.2- A água como recurso natural limitado e dotado de valor econômico
Diversos fatores contribuíram para que a água fosse considerada um recurso natural limitado,
principalmente pelo fato da crescente demanda pela utilização dos recursos hídricos e seu mau uso havendo
a necessidade de utilização de instrumentos específicos que despertasse no indivíduo a consciência de sua
vulnerabilidade. É nesse sentido, em razão da escassez e vulnerabilidade do recurso, que são utilizados
instrumentos econômicos visando que os usuários reconheçam a água como um bem econômico com a
indicação de seu real valor despertando em todos a necessidade da racionalização de seu uso.
Objetivando despertar essa consciência, o art. 1º, II, da Lei 9.433/98, incorporou os princípios 1 e 4 da
Declaração de Dublin ratificando o que a comunidade internacional já buscava despertar na sociedade a
visão de que a água é um recurso limitado, devendo, par isso, ser dotado de valor econômico. A água, hoje,
não satisfaz a necessidade de todos que a procuraram.
Essa dimensão econômica incorporada ao uso da água é um reflexo também do princípio do usuário-
pagador que tem como objetivo central orientar normativamente o usuário de recursos naturais no sentido
de adequar suas práticas de consumo buscando despertar a consciência para o uso racional e sustentável
da água. O usuário, portanto, tem a obrigação de pagar pela utilização dos recursos naturais, mesmo que
não venha provocar qualquer tipo de dano ao meio ambiente.
•Bem ambiental.
•Bem de domínio público.
•Indisponível.
•Poder Público atuando como mero gestor.
H2O
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(MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2019) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de
Recursos Hídricos), assinale o item
A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, II, da Lei das Águas, a água é um recurso natural
limitado, dotado de valor econômico.
(MPE-RO/Promotor de Justiça/ FMP Concursos – 2017) Sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos,
assinale a alternativa CORRETA.
A água é um recurso natural limitado, não dotado de valor econômico.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 1º, II, da Lei das Águas, a água é um recurso natural limitado,
dotado de valor econômico.
3.3 - O Uso Prioritário dos Recursos Hídricos
A Lei 9.433/97 tem como regra, nos termos do art. 1º, III, o uso múltiplo da água. Por outro lado, o inciso II,
previu, em casos de sua deficiência, deve-se dar prioridade para a satisfação das necessidades humanas e
dos animais. Melhor dizendo, em caso de crise hídrica, a satisfação das necessidades dos seres vivos é
prioridade.
•Bem Vulnerável.
•Bem limitado.
•Bem dotado de valor econômico.
•Reflexo do princípio do usuário-pagador.
H2O
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O objetivo da regra é dar maior concretude ao princípio da dignidade da pessoa humana, direito
fundamental de toda pessoa, considerando que a água é elemento essencial e vital para as pessoas, servindo
de fonte para os processos vitais sem os quais estaríamos fadados ao padecimento.
Desse modo, em caso de escassez dos recursos hídricos, a prioridade não será o uso múltiplo da água, mas
a destinação a usos prioritários para o consumo humano e a dessedentação de animais. Esse uso da água em
situação de escassez visa atender apenas as necessidades essenciais para manutenção do mínimo
existencial. A proteção estabelecida no art. 1º, II, tem por fim garantir a existência humana e das demais
espécies de animais.
Dando mais efetividade a esse fundamento, o art. 15, da Lei das Águas, previu a possibilidade de suspensão
parcial ou total da outorga de direito de uso dos recursos hídricos pelo concessionário nos casos de
necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes
alternativas.
(MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2019) A Lei Federal n. 9.433/1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos, prevê o uso prioritário das águas para fins energéticos.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 1º, III, da Lei das Águas, em situações de escassez, o uso
prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. Ademais disso,
não havendo situação de escassez, os recursos hídricos devem sempre ser disponibilizados objetivando
o uso múltiplo
H20
Regra Uso múltiplo
Exceção Uso Prioritário
Consumo Humano
Dessedentação de
animais
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3.4 - O uso múltiplo das águas
A Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos fixou como regra fundamental, até pelas próprias
multiplicidades de características dos recursos hídricos, a necessidade de uso múltiplo das águas. O objetivo
do normativo é garantir o acesso de todos aos recursos hídricos buscando a satisfação de toda a diversidade
de modos de sua utilização com o menor custo possível, tendo em vista a demanda diversificada de uso da
água que temos hoje.
Para garantia dessa multiplicidade no uso das águas a Política Nacional de Recursos Hídricos previu um
conjunto de instrumentos de planejamento e gestão descentralizada objetivando dar efetividade a esse
fundamento, como podemos destacar pelo conjunto de órgãos descentralizados que integram a PNRH e
pelos diversos planos regionais que visam a implementação dessa política.
Destaca Paulo Machado que há vedação legal de se privilegiar um uso ou somente alguns usos dos recursos
hídricos. É proibido ao Poder Público, por exemplo, conceder uma outorga de direito de uso que possibilite
apenas um único uso das águas, podendo os atos restritivos praticados serem anulados pela via
administrativa ou judicial9.
Quanto às diversas formas de uso dos recursos hídricos, eles podem ser classificados em: de uso consuntivo
e de uso não consuntivo. Será de uso consuntivo quando causa uma diminuição, um efetivo consumo da
disponibilidade espacial e temporal das águas como ocorre para uso na irrigação e nas atividades industriais.
O uso não consuntivo dos recursos hídricos ocorre quando a água já usada retorna a sua fonte de suprimento
podendo ser reaproveitada, provocando apenas uma mudança temporal em sua disponibilidade. Isso
ocorre, por exemplo, quando do uso para recreação e navegação.
9 Machado, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 23 ed. Editora Malheiros- São Paulo, 2015.p.514.
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(MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2019) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de
Recursos Hídricos), assinale o item
A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
H2O
Uso Múltiplo
Consumo humano
Dessedentação de animais
Abastecimento público
Lazer
Transporte aquaviária
Irrigação
Classificação
Consuntivo
Há diminuiçao significativa
da disponibilidade da água
na fonte
Não Consuntivo
Não há diminuição
significativa da
disponibilidade de água na
fonte
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Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, IV, da Lei das Águas, a gestão dos recursos hídricos deve
sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
(PGE-AM/Procurador do Estado/CESPE – 2016) No que diz respeito à PNRH, à proteção da vegetação
nativa (Lei n.º 12.651/2012) e à gestão de florestas públicas (Lei n.º 11.284/2006), julgue o item que
se segue.
Conforme os fundamentos da PNRH, a gestão de tais recursos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, IV, da Lei das Águas, a gestão dos recursos hídricos deve
sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
3.5 - A Bacia Hidrográfica
O art. 1º, V, da Lei 9.433/97, previu que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. A bacia hidrográfica é a área onde a água da chuva
escorre para um rio principal e seus afluentes. A forma das terras na região da bacia faz com
que a água corra por riachos e rios menores para um mesmo rio principal, localizado num ponto
mais baixo da paisagem10.
A Lei das Águas objetivou fixar que a implementação da PNRH não terá como unidade territorial
os limites geográficos dos Estados ou Municípios, mas sim a bacia geográfica. Ela é a unidade
de referência que deve ser utilizada para a gestão regular das águas.
Cumpre advertir que a Lei 8.171/1991, que trata da política agrícola, já previa, em seu art. 20, que as bacias
hidrográficas se constituem unidades básicas de planejamento do uso, da conservação e da recuperação dos
recursos naturais.
O objetivo central desse Fundamento da PNRH é conhecer de perto as necessidades e os possíveis conflitos
existentes pelo uso da água pelos atores locais para poder com isso gerenciar e racionalizar os múltiplos usos
da água previstos no planejamento governamental. É nesse sentido que os Planos de Recursos Hídricos, um
dos instrumentos da PNRH, como veremos, devem ser elaborados por bacia hidrográfica.
10 Eco. O que é bacia hidrográfica. Disponível em: https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/29097-o-que-e-
uma-bacia-hidrografica. Acesso em 20/01/2020.
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(MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2019) Dentre os fundamentos em que a Política Nacional de
Recursos Hídricos se baseia, está definida a bacia hidrográfica como a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, V, da Lei das Águas, a bacia hidrográfica é a unidade
territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
(PGE-AC/Procurador do Estado/FMP Concursos – 2017) A respeito da tutela dos recursos hídricos,
analise as afirmações abaixo.
De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, a bacia hidrográfica é a unidade de
planejamento de gestão.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, V, da Lei das Águas, a bacia hidrográfica é a unidade
territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos servindo como elemento de gestão para o regular uso desses
instrumentos.
Unidade Territorial para implementação da PNRH
Unidade Territorial para atuação do SNGRH
Área para onde escorrem as águas e formam um rio principal
Previsto como elemento de gestão na Lei da política agrícola
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3.6 - A gestão democrática e descentralizada dos recursos hídricos
O art. 1º,VII, da Lei das Águas previu ainda como fundamento da PNRH que a gestão dos recursos
hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades. O objetivo é buscar a implementação de uma gestão democrática e mais participativa
envolvendo diversos atores na tomada de decisão dando mais efetividade ao princípio da informação
e da participação comunitária.
A previsão de descentralização e da participação nos processos de gestão dos recursos hídricos está
diretamente relacionado com a própria característica indispensável da água como bem essencial para a
manutenção da vida e para o desenvolvimento regular das diversas atividades laborais que dela dependem,
funcionado como um bem ambiental de caráter social (comunitário) que autoriza a participação de todos os
indivíduos, e não só do Poder Público, em sua gestão.
A descentralização consiste na divisão de competências entre as diversas pessoas envolvidas na gestão dos
recursos hídricos. Assim, exige a Lei das Águas que haja divisão de atribuições entre os diversos órgãos que
compõem o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, objetivando o uso racional e mais eficaz desses recursos.
A gestão participativa está relacionada com a efetiva possibilidade de os usuários, sociedade civil organizada
e outros atores influenciarem diretamente a tomada de decisão sobre a gestão dos recursos hídricos.
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(PGE-AC/Procurador do Estado/FMP Concursos-2012) Com base no disposto na Lei Federal n.º
9.433/97, analise a assertiva
A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público,
dos usuários e das comunidades.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 1º, VII, da Lei 9.433/97, a gestão dos recursos hídricos deve
ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
4 - OBJETIVOS DA PNRH
A Lei 9.433/97 estabeleceu, em seu art. 2º, os objetivos que devem ser perseguidos por todos os atores no
processo de implementação das regras previstas no normativo para a escorreita administração dos recursos
hídricos. Os objetivos fixados refletem o propósito de realizar uma gestão de qualidade desses recursos,
destacando-se onde se quer chegar com o gerenciamento dos recursos hídricos. Vejamos a norma:
H2O
Gestão
Participativa Descentralizada
Democrática Multiplicidade de atores
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152Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes
do uso inadequado dos recursos naturais.
IV - Incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais.
(Incluído pela Lei nº 13.501, de 2017).
O inciso I é um desdobramento da previsão constitucional do caput do art. 225, demonstrando a necessidade
de atendimento ao princípio da solidariedade intergeracional, no que tange ao bem ambiental água,
buscando assegurar às presentes e futuras gerações a disponibilidade da água em padrões adequados de
utilização.
O inciso II é uma verdadeira incorporação legislativa do princípio do desenvolvimento sustentável quando
fixa a possibilidade de uso dos recursos naturais da forma mais racional e integrada (visão de bem ambiental
passível de utilização) com vistas a preservar os recursos hídricos e ao mesmo tempo garantir suas múltiplas
utilizações, seja de cunho econômico ou social.
O inciso III traz a aplicação do princípio da prevenção para os eventos hidrológicos críticos de origem natural
ou decorrentes do uso inadequado desses recursos ambientais. Como são conhecidos os possíveis efeitos
deletérios que podem ser produzidos por essas intemperes (risco certo e concreto) é perfeitamente possível
a adoção de medidas preventivas para evitar uma indisponibilidade de água em certos períodos do ano.
O Inciso IV, foi introduzido pela Lei 13.501/2007, que fixou como mais um objetivo da PNRH incentivar e
promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. Esse objetivo é um reflexo do
anterior (inciso III), pois busca com o armazenamento e aproveitamento da água da chuva, prevenir situações
de crise hidrológica provocada por questões de ordem natural, como ocorrem nos períodos de estiagem em
certas regiões do Brasil. O uso de água da chuva está atrelado a preservação do meio ambiente e economia
de recursos financeiros visando assegurar a disponibilidade em determinado padrão de qualidade. Nesse
sentido, a captação de água da chuva pode diminuir as chances de escassez por meio do armazenamento de
água em períodos de chuva, garantindo a distribuição e abastecimento para quem dela necessitar.
Os objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos tangenciam os princípios do desenvolvimento
sustentável, da solidariedade intergeracional e da prevenção visando induzir comportamentos dos atores
quanto ao uso da água de modo racional e equilibrado, sempre buscando a igualdade de acesso aos recursos
hídricos entre as diferentes gerações.
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(MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2019) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional de
Recursos Hídricos), assinale a alternativa incorreta:
A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 2º, II, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos,
incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da
PNRH.
Objetivos
Assegurar disponibilidade de
água para todos
Princípio da solidariedade
intergeracional
Utilizar de forma racional e
integrada os recursos hídricos
Princípio do desenvolvimento
sustentável
Previnir contra eventos
hidrológicos críticos
Princípio da Prevenção
Incentivar e promover o uso das
águas pluviais
Princípio da multiplicidade das
fontes de recursos hídricos
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5-DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO DA PNRH
As Diretrizes Gerais de Ação para implementação da PNRH estão previstas no art. 3º, da Lei das Águas. Elas
são verdadeiros pontos fulcrais para se alcançar os objetivos respeitando os fundamentos fixados na Lei nº
9.433/1997. O artigo 3º previu seis diretrizes gerais, conforme normativo abaixo:
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e
qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas,
econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os
planejamentos regional, estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas
costeiras.
As diretrizes previstas no art. 3º, da Lei das Águas, de um modo geral, tem por objetivo central a articulação
e a integração da gestão dos recursos hídricos com os demais planos e programas das diferentes áreas do
setor econômico e social. É nesse sentido que a gestão de recursos hídricos deve guardar compatibilidade
com o planejamento de uso e ocupação do solo, com as diversidades de características físicas e sociais de
cada uma das região do País, bem com articular-se com as demais bacias estuarias e das zonas costeiras. A
Lei 9.433/97 define como imprescindível a articulação e a integração entre todos os diferentes setores
envolvidos com a gestão dos recursos hídricos.
O inciso I previu a gestão sistemática dos recursos hídricos, não podendo estar desatrelada de dois
requisitos essenciais: quantidade e qualidade. A gestão sistemática visa resguardar os recursos hídricos de
maneira contínua e organizada, envolvendo instituições e os recursos humanos e financeiros necessários,
por meio de planejamento, monitoramento e avaliação regular dos resultados. Dentro desse processo de
gerenciamento das águas, devem os atores envolvidos contemplar as questões relacionadas à sua
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quantidade e qualidade. A qualidade da água é tão importante quanto a quantidade, especialmente quando
se trata de atender às necessidades básicas dos seres humanos e do meio ambiente.11.
O inciso II fixou a necessidade de adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,
demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País. Nesse sentido, visa o normativo
como uma das diretrizes gerais da PNRH a necessidade de tratamento diferenciado dos recursos hídricos em
face das grandes diferenças geológicas, paisagística, demográficas, econômicas e sociais existentes no País,
não podendo os gestores darem tratamento único para uma situação multifatorial que tangenciam esses
bens ambientais.
A ideia é que devem ser diferentes as regras a serem aplicadas para cada região do Brasil a depender dessa
multiplicidade de fatores, não podendo, por exemplo, as regras de gestão para uma região da amazônica,
que apresenta uma disponibilidade de água bem considerável, serem as mesmas para uma região do
semiárido, de baixa disponibilidadedesse recurso. Devem ser tratados de forma desigual na medida de suas
desigualdades fáticas.
O inciso III fixou como diretriz para a PNRH a integração entre a gestão de recursos hídricos e a gestão
ambiental. Nesse sentido, a gestão das águas deve levar em consideração a gestão dos demais recursos
ambientais e todo o planejamento das políticas ambientais de cada localidade, considerando que os recursos
hídricos não estão dissociados dos outros componentes que formam os bens ambientais. Isso porque a
disponibilidade de água em uma localidade, está diretamente relacionada a determinados fatores
ambientais tais como, o tipo de fauna, flora, presença de áreas protegidas, bem como os planos de
zoneamento existentes.
O Inciso IV estabeleceu como diretriz geral de ação a articulação do planejamento de recursos hídricos com
o dos setores usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional. Ora, em função da própria
natureza dos recursos hídricos e de sua importância nos processos vitais dos seres vivos e nos processos
produtivos comerciais, a compatibilidade dos planos de expansão agrícola, ou mesmo dos projetos de
implantação de polos industriais, por exemplo, afetam diretamente a qualidade e a quantidade dos recursos
hídricos de uma bacia hidrográfica de modo que qualquer política pública ou plano específico regional ou
nacional deve guardar compatibilidade com a gestão dos recursos hídricos. A ideia central da diretriz é evitar
o planejamento isolado dessas políticas ou planos.
O inciso V previu como diretriz geral de ação a necessidade de articulação da gestão de recursos hídricos
com a do uso do solo. A depender da forma como será efetivada a ocupação e uso do solo, essa atividade
poderá provocar fortes alterações na qualidade e quantidade da água disponível. Por isso, a ideia central da
diretriz e vincular a gestão dos corpos de água com as regras de uso e ocupação do solo para que se possa
ter um uso racional e adequado desses recursos de modo a preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
11 Unesp. Política Nacional de Recursos Hídricos: Objetivos, Fundamentos e Diretrizes. Disponível em
https://capacitacao.ead.unesp.br. Acesso em 20/01/2020.
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O inciso VI trouxe como diretriz geral a ação de integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos
sistemas estuarinos e zonas costeiras. Essa composição de gestões deve ser efetivada considerando que as
zonas costeiras são as regiões mais povoadas, devido aos processos sociais de ocupação e uso do território
que necessitam de corpos de água de qualidade para o uso adequado. Ademais disso é importante frisar a
importância das zonas costeiras para o turismo e a pesca em face da beleza cênica e da biodiversidade
pesqueira encontrada nessas regiões, fato que aumenta ainda mais a necessidade de integração dessas
gestões.
Por fim, o art. 4º, da Lei das Águas previu que a União articular-se-á com os Estados tendo em vista o
gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. Essa norma busca integrar as diversas esferas de
governo na gestão dos recursos hídricos, notadamente porque os Estados/DF e a União são as entidades
que detêm dominialidade (gestores) desses recursos devendo compatibilizar suas políticas para a
escorreita gestão desses bens indispensáveis à vida.
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(IPSMI/Procurador/VUNESP – 2016) Constitui diretriz geral de ação para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos:
(A)a gestão sistemática dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade.
(B)a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas,
econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País.
(C)a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, social, econômica e do
patrimônio histórico.
(D)a articulação da gestão de recursos hídricos com a de recursos minerais, vegetais e animais.
(E)a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos, zonas costeiras e de
encostas de morro.
Resposta. Item B. Nos termos do art. 3º, III, da Lei das Águas, a PNRH tem como diretriz a adequação
da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e
culturais das diversas regiões do País. A letra “A” está errada porque a gestão sistemática dos recursos
hídricos é sem a dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade. O item “C” está errado, pois a
integração da gestão de recursos hídricos é prevista apenas com a gestão ambiental, não havendo
expressa previsão legal quanto à social, econômica e a do patrimônio histórico. O item “D” está
incorreto considerando que não há previsão da articulação da gestão de recursos hídricos com a de
recursos minerais, vegetais e animais. O item “E” está incorreto tendo em vista que não há previsão
legal quanto a integração da gestão das bacias hidrográficas com a encostas de morro.
(Câmara de Sertãozinho – SP/Procurador Jurídico Legislativo/VUNESP – 2014) Dentre outras,
constitui diretriz geral de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos a
(A)gestão setorial dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos quantitativos.
(B)articulação da gestão de recursos hídricos com a gestão socioeconômica da biota.
(C)integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
(D)prevenção contra eventos hidrológicos críticos de origem natural.
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(E)utilização articulada e diversificada dos recursos hídricos, incluindo o transporte pelas vias terrestre
e marítima.
Resposta. Item C. O item “A” está incorreto porque há gestão deve ser sem dissociação dos aspectos
quantitativos e qualitativos dos recursos hídricos. O item “B” está incorreto, pois não há previsão de
integração com a gestão socioeconômica da biota. O item “C” está correto conforme previsto no art.
3º, VI, da Lei das Águas. O item “D” está incorreto considerando que a previsão é um objetivo e não
uma diretriz da PNRH. O item “E” está incorreto tendo em vista que não há previsão na Lei das Águas
sobre a afirmação.
6 - INSTRUMENTOS DA PNRH
Para se chegar a uma maior concretude dos objetivos fixados na Política Nacional de Recursos Hídricos, a
Lei das Águas estabeleceu os instrumentos necessários a escorreita gestão desses recursos. São vários
instrumentos administrativos que efetivam o espírito de gestão articulada e participativa dos recursos
hídricos ventilado na Lei 9.433/97. Os instrumentos foram previstos no art.5º. Eis o normativo:
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
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(TRF - 2ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/IBFC – 2018) De acordo a Lei n.9.433/97, são instrumentos
da Política Nacional de Recursos Hídricos:
(A)a compensação a Estados membros da Federação.
(B)a outorga dos direitos de disposição de recursos hídricos.
(C)a cessão gratuita pelo uso de recursos hídricos.
(D)a gestão centralizada dos recursos hídricos.
(E)os Planos de Recursos Hídricos.
Resposta. Item E. Nos termos do art. 5º, I, da Lei 9.433/97.
(MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto/FMP Concursos – 2017) Sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, assinale o item
São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, entre outros: os Planos de Recursos
Hídricos, a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
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Resposta. Item certo. Os Planos de Recursos Hídricos, a outorga dos direitos de uso de recursos
hídricos e a cobrança pelo uso de recursos hídricos, foram previstos expressamente no art. 5º, incisos
I, III e IV, da Lei 9.433/97.
6.1 - Os Planos de Recursos Hídricos
Os Planos de Recursos Hídricos -PRHs, conforme previsto no art. 6º, da Lei 9.433/97, são planos diretores
que visam fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o
gerenciamento dos recursos hídricos, servindo como instrumento de planejamento para orientar atuação
dos gestores e de toda a comunidade no que diz respeito ao uso, recuperação, proteção, conservação e
desenvolvimento desses recursos.
O planejamento para o uso racional dos recursos hídricos é um procedimento que visa definir e alocar as
melhores alternativas de utilização desses recursos servindo de base para a tomada de decisão dos atores
envolvidos no processo de gestão visando a busca da maior eficiência no uso múltiplo dos corpos de água.
Esse planejamento consiste na busca de soluções de compromisso, principalmente com objetivo de
minimizar conflitos pelo uso da água, sejam existentes ou potenciais, tendo em vista os múltiplos interesses
dos usuários da água, do poder público e da sociedade civil organizada, bem como as múltiplas metas a
serem alcançadas, sejam elas de cunho econômico, financeiro, social ou ambiental, ou ainda, propiciar a
prevenção e a mitigação de eventos hidrológicos críticos, como as secas ou inundações12.
Cumpre destacar ainda que para o processo de efetivação da gestão dos recursos hídricos, se faz necessário
que os atores envolvidos criem forma de compatibilizar e caracterizar três situações referente aos recursos
hídricos: a atual; a desejada e a possível. Nesse cenário, se faz necessário primeiro identificar a situação real
dos recursos hídricos, evidenciando a quantidade e a qualidade de água disponível. Posteriormente, deve
ser prevista a situação desejada para atendimento das múltiplas demandas apresentadas. Por fim, a situação
possível de atendimento das necessidades apresentadas, tendo presente a escassez desse tipo de recurso,
havendo necessidade de harmonização entre a demanda e o consumo desses recursos, criando-se um
verdadeiro pacto de uso sustentável com os interessados.
Esses PRHs devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País, devendo atender a
demandas de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de
seus programas e projetos.
12 Agência Nacional de Águas. Planos de recursos hídricos e enquadramento dos corpos de água. Brasília: ANA, 2013.
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O Plano de Recursos Hídricos deve ser elaborado em três escalas ou níveis de estrutura: o Plano Nacional
de Recursos Hídricos tangencia todo o território nacional e tem papel fundamentalmente estratégico
fixando os objetivos, diretrizes e metas a serem atingidas em âmbito nacional; o Plano Estadual ou Distrital
de Recursos Hídricos abrange o território do Estado/DF com ênfase nos sistemas regionais de gerenciamento
dos recursos hídricos; bem como o Plano de Bacia Hidrográfica servindo de documento que fixa as diretrizes
para uso dos recursos hídricos na bacia.
Os Planos de Bacia têm natureza operacional/executiva visando atingir os objetivos e metas fixados pelas
Planos Nacional e Estadual.
PRHs
Instrumento da PNRH
Planos Diretores Visam
Orientar e
fundamentar
a implementação da
PNRH
Gerenciamento dos Recursos Hídricos
Planos de Longo Prazo
Elaborado por Bacia,
Estado e País
NÍVEIS DE ELABORAÇÃO DOS PRHS
• Fixa Diretrizes, Objetivos e Metas de âmbito nacional
PLANO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
• Fixa Diretrizes, Objetivos e Metas de âmbito estadual
PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS
• Desenvolve ações de natureza executiva operacional
PLANO DE BACIA HIDROGÁFICA
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Quanto à elaboração, apoio e aprovação dos planos de recursos hídricos, temos diversos atores, todos
integrantes do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos – Singrh, que serão conhecidos ao longo
desta aula, mas que já podemos destacar neste ponto para fins de melhor fixação. São responsáveis pelos
Planos de Recursos Hídricos Nacional e Estaduais:
RESPONSÁVEIS PELOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS NACIONAL E ESTADUAIS
Agência Nacional de Águas- ANA
compete apoiar a elaboração do Plano Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH);
Secretaria de Recursos Hídricos e
Ambiente Urbano do Ministério do
Meio Ambiente- SRHU/MMA
compete coordenar a elaboração do PNRH
Conselho Nacional de Recursos
Hídricos - CNRH
compete o acompanhamento da execução e a responsabilidade
pela aprovação do PNRH
Órgãos gestores de recursos hídricos
do Estado
compete elaborar os Planos Estaduais de Recursos Hídricos
Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos
compete a aprovação do Plano Estadual de Recursos hídricos
(isso como regra, seguindo o modelo nacional).
São responsáveis no âmbito das bacias hidrográficas as Agências de Água ou Agências de Bacia para a
elaboração dos planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas. Não havendo Agência de Água ou de
Bacia regularmente instituída, os Planos poderão ser elaborados pelas entidades gestoras dos recursos
hídricos dos Estados/DF. Esquematizando, temos:
RESPONSÁVEIS PELOS PLANOS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
Agências de Água ou Agências de
Bacia ou entidades estaduais
gestoras dos recursos hídricos
Compete a elaboração dos planos de recursos hídricos de
bacias hidrográficas.
Fazendo um quadro resumo desses Planos temos:
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Para elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos a base físico-territorial adotada é representada
pela Divisão Hidrográfica Nacional em regiões Hidrográficas aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos por meio da Resolução n. 32/2003. Essas regiões hidrográficas podem ser bacias, grupo de bacias
ou sub-bacias hidrográficas próximas, com características naturais, socais e econômicas similares. Esse
critério de divisão das regiões visaorientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos em todo
o país. Hoje no Brasil existem 12 regiões hidrográficas a saber:
A Lei 9.433/97 previu, em seu art. 7º, os conteúdos mínimos que devem fazer parte dos PRHs, sem os quais
esses documentos de planejamento não atenderão às diretrizes e aos fundamentos fixados na Política
Nacional de Recursos Hídricos. Vejamos:
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e
de modificações dos padrões de ocupação do solo;
Nível Conteúdo Responsável Aprovação
Nacional Plano Nacional SRHU e ANA CNRH
estadual Plano Estadual Órgão Gestor dos RHs CERH
BACIA HIDROGRÁFICA Plano de RH da Bacia
Agência de Bacia ou
Órgão Gestor dos RHs
Comitês de Bacia
Planos de Recursos Hídricos: Competências e Atribuições
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III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e
qualidade, com identificação de conflitos potenciais;
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos
recursos hídricos disponíveis;
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados,
para o atendimento das metas previstas;
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos
recursos hídricos.
De início, os PRHs devem fazer um mapeamento dos recursos hídricos disponíveis seja a nível de bacia
hidrográfica ou mesmo de um Estado, objetivando identificar e diagnosticar a atual situação desses corpos
de água.
Outro importante ponto que deve contar nos PRHs é análise de alternativas de crescimento demográfico, de
evolução de atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo. Nesse sentido, é
importante desenhar e vislumbrar um cenário probabilístico de como o crescimento das atividades
produtivas e demográficas são capazes, no período fixado para implementação dos programas e projetos
para o atingimento das metas estabelecidas no plano de recursos hídricos, de influenciar a gestão do uso da
água na área de abrangência do PRH.
A fixação das metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis é outro conteúdo mínimo indispensável para implementação da política nacional de
recursos hídricos. Metas são delimitações concretas refletindo o aspecto quantificável dos objetivos da
PNRH. No caso, para se atingir o objetivo de racionalização de uso dos corpos de água devem ser fixadas
metas a serem atingidas em curto, médio e longo prazos. Para isso, deverão ser previstas nos PRHs as
medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o
atendimento das metas previamente fixadas.
Cumpre destacar que, na prática, nem todos os planos conseguem abarcar todos esses requisitos mínimos,
notadamente no que tange as prioridades que devem ser dadas ao uso da água envolvendo diversos
interesses que exigirá durante a elaboração dos planos a busca pelo acordo e consenso entre os diversos
atores, até porque múltiplas são as demandas pelo uso da água.
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PRHs
Conteúdo
Mínimo
Diagnóstico Atual dos RH
Análise de
Alternativas
de crescimento
demográfico
de evolução de atividades
produtivas
modificações dos padrões
de uso do solo
Balanço
entre disponibilidade e
demandas futuras dos RH
Metas
para racionalização do uso
aumento da quantidade e
qualidade dos RH
Atendimento das
metas
programas, medidas e
projetos
Prioridades para outorga de RH
Diretrizes e Critérios
para cobrança do uso dos
RH
Propostas
para a criação de áreas
sujeitas a restrição de uso
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(MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2013) Analise cada um dos enunciados das questões abaixo
e assinale “CERTO” - (C) OU “ERRADO” - (E)
De acordo com a Lei 9.433/1997, os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por Município, por
Estado e para o País.
Resposta. Item errado. Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por
Estado e para o País. Não há PRHs por Município, até porque a dominialidade das águas é sempre dos
Estados/DF ou da União.
(MPE-RN/Promotor de Justiça/CESPE – 2009) No que diz respeito à Política Nacional de Recursos
Hídricos (Lei n.º 9.433/1997), assinale a opção correta.
Os planos de recursos hídricos são planos de curto prazo.
Resposta. Item errado. Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, nos termos do art.
7º, da Lei 9.433/97
6.2 - Enquadramento dos Corpos de Água em Classes
A Lei 9.433/97 previu mais um instrumento de planejamento para o escorreito uso dos recursos hídricos,
qual seja, o enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos preponderante visando sempre
a prevenção e a resolução de problemas relacionados à gestão desses recursos.
Conforme previsto no art. 9º, da Lei das Águas, o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água, visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes
a que forem destinadas, bem como diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações
preventivas permanentes.
Nessa linha, enquanto instrumento de gestão, o enquadramento assegura que os corpos de água tenham
qualidade compatível com os diversos usos que são destinados, fixando critérios de qualidades para seu
consumo a depender do uso a ser efetivado. Assim, cada tipo de uso exigirá uma maior ou menor nível de
qualidade da água, gerando as classes de classificação previstas na Resolução CONAMA n. 357/2005 que
dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.
A referida norma definiu os corpos de água no território nacional em águas doces, salobras e salinas sendo
classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em treze classes de
qualidade. Para as águas doces foram criadas 5 categorias, a classe especial e as classes de 1 a 4 em ordem
decrescente de qualidade, sendo a classe especial a que tem melhor qualidade da água e a classe 4 a que
tem pior qualidade. Para as águas salobras e salinas foram criadas 4 categorias, a classe especial e as demais
classes de 1 a 3.
A qualidade da água é o fator que fixa o enquadramento e dependerá da exigência do uso do corpo de
água. Por exemplo, no uso das águas doces, para preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas em uma unidade de conservação de proteção integral, bem como para o abastecimento do
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consumo humano (após desinfecção) deverá o corpo de água pertencer a classe especial em face da
exigência de alta qualidade que os usuários necessitam (poderá pertencer a outras classes, desde que
submetida a tratamento especial). Poroutro lado, para uso na navegação, em face da baixa exigência da
qualidade do corpo de água, pode ser tolerável até a classe 4.
O enquadramento dos recursos hídricos é instrumento de planejamento que servem de indicativo e norte
para o desenvolvimento das diretrizes para a outorga e cobrança pelo uso dos corpos de água, devendo ser
desenvolvido em conformidade com o Plano de Recursos Hídricos (Nacional Estadual e de Bacias) com b ase
em estudos específicos elaborado e aprovado pelas respectivas instituições competentes do sistema de
gerenciamento de recursos hídricos. Destaque-se também a relação umbilical que existe entre o
enquadramento dos recursos e as políticas de uso e ocupação do solo, bem como de saneamento,
considerando que as atividades resultantes poderão interferir na qualidade de água.
(PGE-AC/Procurador do Estado/FMP Concursos – 2014) Com base no disposto na Lei Federal n.º
9.433/1997, assinale a alternativa correta no que diz respeito à Política Nacional dos Recursos Hídricos.
Enquadramento dos Corpos de Água
Águas Doces Águas Salinas Águas Salobras
Classe Especial Classe Especial Classe Especial
Classe 1 Classe 1 Classe 1
Classe 2 Classe 2 Classe 2
Classe 3 Classe 3 Classe 3
Classe 4
Excelente
qualidade
de água
Qualidade de
água ruim
Usos mais
Exigentes
Usos menos
Exigentes
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O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os seus usos preponderantes, visa a
assegurar-lhes qualidade compatível com os usos a que normalmente são destinados, a diminuir os
custos de combate à sua poluição e a criar áreas sujeitas a restrições de uso, com vistas à proteção dos
recursos hídricos.
Resposta. Item errado. A criação de áreas sujeitas a restrição de uso com vista a proteção dos recursos
hídricos não é um dos objetivos ao realizar o enquadramento dos cursos de água. A criação dessas
áreas deve ser proposta mínima presentes nos Planos de Recursos Hídricos, conforme norma do art.
7º, X, da Lei das Águas.
6.3-Outorga do Direito de Uso de Recursos Hídricos
2.6.3.1-Aspectos Iniciais sobre a Outorga de Uso de Recursos Hídricos
A outorga de direito de uso de um determinado bem público consiste em ato administrativo originário do
poder concedente que autoriza o particular a utilizar o bem público por tempo certo e sob certas condições
estabelecidas no ato concessivo.
A outorga do direito de uso de recursos hídricos, ao seu turno, é uma autorização concedida pelo Poder
Público necessária para quem quiser utilizar os recursos hídricos diretamente de sua fonte, podendo
contemplar tantos os corpos de água superficiais e subterrâneas, por prazo determinado, nos termos e nas
condições expressas no respectivo ato administrativo. A outorga é um consentimento estatal no efetivo
exercício do poder de polícia preventivo que assegura ao requerente o direito de utilizar os recursos hídricos
sob condições específicas elencadas no ato concessivo. Assim, se um empreendedor necessita, por exemplo,
de utilizar a água em um processo produtivo, tem de solicitar a outorga ao poder público, seja ele federal,
seja estadual.
Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos,
renovável. O objetivo é criar a possibilidade de revisar as outorgas concedidas para escorreita adequação
com usos desses recursos aos Planos nacionais, estaduais e de bacias hidrográficas.
Cumpre lembrar que a outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples
direito de seu uso. Isso porque não podemos esquecer que os recursos hídricos são bens de uso comum do
povo e essencial a sadia qualidade de vida de titularidade da coletividade, logo, inalienáveis e indisponíveis,
cabendo ao Poder Público sua escorreita gestão de forma a manter sua qualidade e disponibilidade para
todos os usuários.
Nos termos do art. 11, da Lei 9.433/97, o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos
de acesso à água.
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6.3.2 - Órgãos Competentes para Emissão da Outorga de Uso de Recursos Hídricos
A Lei das Águas prevê que a outorga do direito de uso de recursos hídricos efetivar-se-á por ato da autoridade
competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. Isso porque, conforme vimos
no início desta aula, os corpos de água ou são de domínio da União ou dos Estados/DF, cabendo ao respectivo
ente a manifestação do consentimento. Há autorização legal expressa para que o Poder Executivo Federal
delegue aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso
hídrico de domínio da União.
Assim, caberá Agência Estadual de Recursos Hídricos ou órgão equivalente do Estado outorgar o direito de
uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio estadual. Lembrando que são de domínio estadual
as águas subterrâneas e as águas superficiais dos cursos de água que escoam desde sua nascente até a foz
passando apenas por um estado, caso ultrapasse as fronteiras do Estado, será de domínio da União. Nesta
última hipótese, competirá à Agência Nacional de Águas – ANA outorgar o direito de uso de recursos
hídricos em corpos de água de domínio da União, como nos casos das águas dos rios e lagos que banham
mais de um estado, fazem limite entre estados ou entre o território do Brasil e o de um país vizinho.
Outorga do direito de uso de
recursos hídricos
ato de consentimento estatal Ato administrativo
Por prazo determinado até 35 anos (renovável)
Objetivos: assegurar
o efetivo exercício dos direitos
de acesso à água
o controle quantitativo e
qualitativo dos usos da água
não implica a alienação parcial
das águas
simples direito de uso dos
recursos hídricos
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6.3.3 - Usos de corpos de água sujeitos a Outorga
Nem todos os corpos de água estão sujeitos à outorga. A Lei das águas definiu aqueles que necessitarão de
consentimento do Poder Público, nos termos do art.12. Assim, estão sujeitos à outorga os direitos de uso
dos recursos hídricos resultante de (1) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de
água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; (2) extração de
água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; (3) lançamento em
corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final; (3) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e (4) outros usos que alterem
o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
Pelo que se denota dos casos previstos na norma é a necessidade de outorga todas as vezes que o uso dos
corpos de água tiver efeitos diretos e imediatos sobre a quantidade e a qualidade da água, fato que poderá
afetar a sua disponibilidade para os demais usuários dos referidos bens ambientais. Assim, isso ocorrerá nos
casos de lançamento de resíduos sólidos em cursos de água, bem como nos casos de aproveitamento
hidrelétrico, pois haverá a necessidade de formação de barragens que afetarão sobremaneira a
disponibilidade de água na bacia. Dessa forma, oscasos de obrigatoriedade de outorga listados no art. 12,
da Lei 9.433/97, são meramente exemplificativos.
Competência para
concessão da outorga
Bens de domíno Estadual Cabe ao órgão Estadual de gestão de águas
Bens de domínio da União Compete a ANA
Regra Geral
Se o uso afetar a quantidade ou qualidade dos recuros
hídricos
Outorga obrigatória
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Cumpre lembrar que a necessidade de autorização por outorga para uso da água não implica apenas a
possibilidade de sua captação, mas também para outros usos como o transporte e a dispersão de resíduos
sólidos.
A outorga não é um direito ao livre uso de recursos hídricos pelo beneficiário. Há necessidade de que a
outorga preveja a necessidade do cumprimento de condicionantes como, por exemplo, atender às
prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e respeitar a classe em que o corpo de
água estiver enquadrado, bem como a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário,
quando for o caso, de forma sempre a preservar o uso múltiplo dos recursos hídricos.
6.3.4 -Usos de corpos de água que independem de Outorga – uso insignificante
A Lei das Águas, em seu art. 12, § 1º, prevê que independem de outorga pelo Poder Público, conforme
definido em regulamento: (1) o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos
núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; (2) as derivações, captações e lançamentos considerados
insignificantes; e (3) as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
Nesses casos, a outorga não é obrigatória, mas não dispensa a responsabilidade do usuário de computar
os usos e, posteriormente, o dever de informar ao poder público federal ou estadual os valores utilizados
para fins de planejamento e gestão dos recursos hídricos de uma bacia.
Cumpre advertir que compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica propor aos Conselhos de Recursos Hídricos
os usos que não necessitam ser outorgados. Caso o Comitê não exerça seu mister, as entidades públicas
outorgantes podem definir, de acordo com o domínio do corpo hídrico, estadual ou federal, os usos que não
serão sujeitos à outorga.
No âmbito federal, a título de exemplo, a Agência Nacional de Águas – ANA editou a Resolução 1940/2017
disciplinando os critérios para definição de derivações, captações e lançamentos de efluentes
insignificantes, bem como serviços e outras interferências em corpos d’água de domínio da União não
sujeitos a outorga. São considerados insignificantes pela referida norma:
▪ as derivações, captações, lançamentos de efluentes em corpos d’água de domínio da União que se
enquadrem nos limites estabelecidos pelo Anexo I da Resolução;
▪ as captações iguais ou inferiores a 86,4 m³/dia; os lançamentos de efluentes com carga máxima de
DBO 5,20 igual ou inferior a 1,0 kg/dia e lançamento máximo de efluente com temperatura superior à
do corpo hídrico igual a 216,0 m³/dia (para lançamento de efluentes com temperatura superior à do
corpo hídrico e inferior a 40°C), para os corpos hídricos de domínio da União não relacionados no
Anexo I desta Resolução, exceto quando Resolução específica da ANA dispuser em sentido diverso.
▪ os usos de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União destinados ao atendimento
emergencial de atividade de interesse público, a depender de fundamentação técnica da ANA;
▪ os usos de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União de curta duração que não se
estabeleçam como uso permanente, a depender de fundamentação técnica da ANA.
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Lembramos que na eventualidade de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH ter deliberado de
forma diversa quanto ao tema, deverá prevalecer as normas deste e não aquelas já regulamentadas pela
ANA na referida resolução. Não se aplicará a possibilidade de classificação como insignificante se o
comprometimento quantitativo ou qualitativo do corpo hídrico esteja acima de 95 % (noventa e cinco por
cento), casos em que haverá necessidade de expedição da outorga.
Mesmo que o usuário não necessite da outorga para uso da água, no caso de usos considerados
insignificantes, aplicam-se as normas relativas à fiscalização por parte da ANA, assim como as penalidades
correspondentes, em caso de descumprimento dos termos da Declaração de Regularidade.
6.3.5 - Casos de suspensão da outorga
A Lei das Águas, em seu art. 15, prevê expressamente as hipóteses em que a outorga poderá ser suspensa
parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, a depender do caso concreto. Independente
da medida suspensiva a ser adotada, deve ser garantido o devido processo legal ao outorgado, com direito
ao contraditório e a ampla defesa, devendo a decisão do órgão competente ser regularmente fundamentada
com base em estudos técnicos específicos. A norma elencou as circunstâncias que ensejam a suspensão da
outorga:
▪ descumprimento dos termos da outorga pelo outorgado;
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▪ ausência de uso por três anos consecutivos;
▪ necessidade de água para atender a situações de calamidade, incluindo aquelas resultantes de
situações climáticas adversas;
▪ necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
▪ necessidade de atendimento a usos prioritários (consumo humano e dessedentação de animais), de
interesse coletivo, quando não se possui fontes alternativas;
▪ indeferimento ou cassação da licença ambiental; e
▪ necessidade de manutenção da navegabilidade do corpo d’água.
A magnitude dessa suspensão, se total ou parcial, ou mesmo a sua temporalidade, em definitivo ou por
prazo determinado, dependerá da gravidade da circunstância ensejadora da medida limitativa do direito
de uso de recursos hídricos, não tendo a norma delimitado os casos de sua incidência, cabendo ao órgão
responsável pela emissão da outorga a aferição qualitativa e quantitativa quanto ao grau de aplicação da
medida.
6.3.6 - Outorga Preventiva. Resolução Conama 237/97
A figura da outorga preventiva é ventilada pela doutrina com o sendo uma autorização administrativa
expedida pelo órgão competente de recursos hídricos objetivando servir de indicativo e elemento garantidor
da existência de recursos hídricos disponíveis para o funcionamento do empreendimento que está em
processo de licenciamento perante o órgão ambiental. Nesse sentido, a outorga prévia é apenas um
documento garantidor do uso futuro do corpo de água e instrumental no processo de licenciamento, não
podendo servir como instrumento autorizativo para uso imediato dos recursos hídricos.
A Resolução Conama 237/97, que ventila as regras de licenciamento ambiental de obras potencialmente
poluidoras, prevê, em seu art. 10, §1º, que no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar,
obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento
ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o
caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos
competentes.
Corroborando esse entendimento, o art. 7º, da Resolução 16/2001 do CNRH, determinou que a autoridade
outorgante poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, mediante requerimento, coma finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, observado o disposto no art. 13
da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, ratificando que a outorga preventiva não confere direito de uso
de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos.
O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade do
planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos, findo o qual será considerado o
prazo de até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga e de até seis anos,
para conclusão da implantação do empreendimento projetado.
6.3.7 - Resolução n. 16/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH
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O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH regulamentou, por meio da Resolução n. 16/2001 a
outorga do direito de uso de recursos hídricos, ratificando as normas já previstas no Lei das Águas e
detalhando ainda mais as características desse instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Quanto as novidades trazidas pela norma é importante lembrar que a outorga confere o direito de uso de
recursos hídricos condicionado à disponibilidade hídrica e ao regime de racionamento, sujeitando o
outorgado à suspensão da outorga, conforme já ventilado, de um modo pontual, no art. 15, da Lei
9.433/97.
Destaque-se também a obrigatoriedade de o outorgado respeitar direitos de terceiros.
A Resolução previu a possibilidade de transferência da outorga a terceiros, devendo o novo outorgado
conservar as mesmas características e condições da outorga original podendo ser feita total ou
parcialmente quando aprovada pela autoridade outorgante e será objeto de novo ato administrativo
indicando o titular. O outorgado também poderá disponibilizar ao outorgante, a critério deste, por prazo
igual ou superior a um ano, vazão parcial ou total de seu direito de uso, devendo o outorgante emitir novo
ato administrativo.
Conforme previsto no art. 16, da Lei das Águas, a outorga de direito de uso de recursos hídricos terá o
prazo máximo de vigência de trinta e cinco anos, contados da data da publicação do respectivo ato
administrativo. A Resolução do CNRH, estabeleceu limites de prazo quanto ao efetivo uso do consentimento.
Vejamos: (1) até dois anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; e (2) até seis
anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado. Esses prazos podem ser ampliados
quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido o Conselho
de Recursos Hídricos competente.
A mensuração do prazo de vigência que será fixado na outorga para uso de recursos hídricos, deve ter como
parâmetro a natureza, finalidade e do porte do empreendimento, levando-se em consideração, quando
for o caso, o período de retorno do investimento,
No caso de concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia elétrica, a outorga de
direito de uso de recursos hídricos vigorará por prazo coincidente com o do correspondente contrato
de concessão ou ato administrativo de autorização.
Há previsão na Resolução dos casos de extinção da outorga sem qualquer direito de indenização ao usuário,
abrangendo os casos de morte do usuário - pessoa física; liquidação judicial ou extrajudicial do usuário -
pessoa jurídica, e no caso de término do prazo de validade de outorga sem que tenha havido tempestivo
pedido de renovação.
No caso de morte do usuário pessoa física, os herdeiros ou inventariantes do usuário outorgado, se
interessados em prosseguir com a utilização da outorga, deverão solicitar em até 180 (cento e oitenta) dias
da data do óbito, a retificação do ato administrativo da portaria, que manterá seu prazo e condições
originais, quando da definição do(s) legítimo(s) herdeiro(s), sendo emitida nova portaria, em nome deste(s) .
Por fim, a autoridade outorgante poderá delegar às Agências de Água o exercício das seguintes atividades
relacionadas à outorga de uso dos recursos hídricos situados em suas respectivas áreas de atuação: I -
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recepção dos requerimentos de outorga; II - análise técnica dos pedidos de outorga; e III - emissão de parecer
sobre os pedidos de outorga.
(Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município/FCC – 2018) A Lei federal n° 9.433/1997, que
institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, quando trata da exploração econômica e outorga dos
recursos hídricos, prevê
a vedação ao Poder Executivo Federal para delegação de competência para conceder outorga de
direito de uso de recursos hídricos da União aos Estados e Distrito Federal.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 14, § 1º, da Lei 9.433/97, o Poder Executivo Federal poderá
delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de
recurso hídrico de domínio da União.
(MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto/FMP Concursos – 2017) Sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, assinale a alternativa CORRETA.
A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos implica alienação parcial das águas.
Resposta. Item errado. Isso porque, nos termos do art. 18, da lei das águas, a outorga não implica a
alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
(TRF - 2ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 2ª Região – 2017) Quanto à outorga de direito de uso
de recursos hídricos, assinale a opção correta:
A outorga é de competência exclusiva da Agência Nacional de Águas.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 14, da Lei das Águas, a outorga efetivar-se-á por ato da
autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. Assim, poderá
o Estado/DF, por intermédio de seu órgão gestor dos recursos hídricos, proceder a concessão da
outorga.
(TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO) Assinale a alternativa correta.
A respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos, prevista na Lei nº 9.433/97:
O Poder Executivo Federal não poderá delegar a competência para conceder outorga de direito de uso
de recurso hídrico de domínio da União.
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Resposta. Item errado. Nos termos do art. 14, da Lei das Águas, a outorga efetivar-se-á por ato da
autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. Ademais disso,
é perfeitamente possível o Poder Executivo Federal delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União, nos
termos do §1º, do mesmo normativo.
6.4 - Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos
O processo de gestão dos corpos de água por muito tempo no Brasil se resumia ao processo de intervenção
estatal por meio do exercício do poder de polícia fiscalizatório das atividades desenvolvidas que utilizavam
a água em seu processo produtivo. Em face de conflitos gerados pelo uso da água e pela inércia do Estado
nesse processo de intervenção, houve a necessidade de reformulação do aparelho da Administração
objetivando uma melhor gestão dos recursos hídricos.
Nesse cenário,a intervenção estatal foi fortalecida com o incremento das atividades policiais e a
predominância de instrumentos de comando e controle na condução das políticas, sobretudo ambientais,
a quem cabia à administração dos principais conflitos relativos aos recursos hídricos. Essa prática guiou a
política ambiental brasileira durante a década de 1970. Suas principais medidas foram concentradas na
criação de unidades de conservação ambiental e no controle da poluição por meio da regulação de padrões
de emissão ou lançamento de poluentes nos corpos d’água13.
A partir da década de 1980, com o contexto internacional apontando para uma nova relação com o ambiente
tendo em vista a emergência do conceito de desenvolvimento sustentável, a política ambiental brasileira
passou a incorporar novas estratégias. Os padrões de emissão de poluentes deixaram de ser meio e fim da
intervenção estatal e passaram a ser instrumentos, dentre outros, de uma política apoiada em alternativas
e possibilidades diversas para a consecução de metas acordadas socialmente. Os instrumentos econômicos
passaram a ser propostos para complementar as lacunas dos tradicionais instrumentos de comando e
controle14.
Surge, então, como instrumento econômico para viabilizar a escorreita gestão de recursos hídricos a
cobrança pelo seu uso. Sendo um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, a cobrança
pelo uso não é considerada um imposto, mas sim um preço público. Estes têm regime jurídico de direito
administrativo (não é tributário) contratual decorrente da autonomia da vontade entre as partes
contratantes que só enseja cobrança pelo seu efetivo uso, não tendo natureza compulsório como os tributos
em geral.
13 Agência Nacional de Águas (Brasil). Cobrança pelo uso de recursos hídricos. Agência Nacional de Águas. Brasília:
ANA, 2014.
14 Agência Nacional de Águas (Brasil). Cobrança pelo uso de recursos hídricos. Agência Nacional de Águas. Brasília:
ANA, 2014.
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Importante lembrar que a outorga ou mesmo o pagamento do preço público pelo usuário, não privatiza o
uso da água que é um bem público, como vimos, inalienável não estando na esfera de disponibilidade de seu
usuário.
Um dos princípios ambientais que justifica a cobrança pelo uso da água é o princípio do usuário – pagador
objetivando despertar a consciência de que a água tem valor econômico e seu uso deve ser racional, bem
como para contribuir financeiramente no desenvolvimento de projetos para melhoria da gestão desses bens.
É nesse sentido que a Lei 9.433/97, em seu art. 19, prevê como objetivos norteadores quanto à cobrança
pelo uso de recursos hídricos:
▪ reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;
▪ incentivar a racionalização do uso da água;
▪ obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos
planos de recursos hídricos.
Segundo a Lei das Águas, em seu art. 20, poderão ser cobrados os usos sujeitos à Outorga de Direito de Uso
de Recursos Hídricos, criando-se, com isso, uma relação direta entre o instrumento econômico (Cobrança
pelo Uso) e o instrumento de regulação ou de comando (outorga), além da integração desses com os Planos
de Recursos Hídricos Nacional, Estadual/DF e das Bacias Hidrográficas. Melhor dizendo, em todos os casos
sujeito a outorga, deverá ser cobrado pelo órgão competente o uso dos recursos hídricos.
Para a quantificação dos valores a Lei das águas fixou alguns critérios (peremptórios, mas não exaurientes)
de referência para o órgão outorgante. Assim, para determinação do valor pago pelo uso do recurso devem
ser observados o volume retirado e seu regime de variação nas derivações, captações e extrações de água,
bem como o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de
toxidade do afluente, nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos.
Assim, deve sempre o órgão outorgante levar em conta, para fixação do valor a ser cobrado, no mínimo
como critérios, o volume de água retirado (no caso de consumo ) ou utilizado para dispersão ( no caso de
lançamento de resíduos líquidos ou gasosos), bem como o regime de variação desse uso.
Esses valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente
na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados (1) no financiamento de estudos, programas,
projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos, não podendo exceder 7,5% do total arrecadado,
bem como (2) no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades
integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esses valores poderão ser
aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade,
a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.
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(Câmara de Palmas – TO/Procurador/COPESE - UFT – 2018) Sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale a alternativa CORRETA.
A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva, exclusivamente, obter recursos financeiros para o
financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 19, da Lei das Águas, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real
valor; incentivar a racionalização do uso da água; bem como obter recursos financeiros para o
financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.
(PGM - Manaus – AM/Procurador do Município/CESPE – 2018) Julgue o próximo item, relativo a
recursos hídricos e florestais.
Valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos podem ser aplicados em bacia
hidrográfica distinta daquela em que forem gerados tais valores.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 22, da Lei das águas, não há vedação que os recursos sejam
aplicados em outra bacia, recomenda apenas que sejam aplicados prioritariamente na bacia
hidrográfica em que foram gerados.
(MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2016) Analise a assertiva abaixo:
A cobrança pelo uso de recursos hídricos tem por objetivo, entre outros, reconhecer a água como bem
econômico, além de dar ao usuário uma indicação de seu real valor;
Resposta. Item correto. Nos termos do inciso I, do art. 19, da Lei das Águas, a cobrança pelo uso de
recursos hídricos objetiva reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de
seu real valor.
(MPE-PI/Promotor de Justiça/CESPE – 2012) Discorrendo sobre a regulamentação do uso da água, o
ministro Luiz Fux sustentou, no STJ, que “o particular tem, apenas, o direito à exploração das águas
subterrâneas, mediante autorização do poder público e cobrada a devida contraprestação”. Acerca
desse tema, assinale a opção correta.
O fato de a água ser considerada bem inalienável reflete-se no pagamento da conta de água, o que
constitui exemplo da aplicação do princípio do usuário-pagador.
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Resposta. Item correto. A cobrança pelo uso da água é aplicação do princípio do usuário – pagador
objetivando despertar a consciênciade que a água tem valor econômico e seu uso deve ser racional,
bem como para contribuir financeiramente no desenvolvimento de projetos para melhoria da gestão
desses bens.
6.5 - Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos
O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos -SIRH foi incluído entre os instrumentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos com o advento da Lei 9.433/97. O SIRH é um dos instrumentos de gestão da
Política Nacional de Recursos Hídricos, consubstanciado em um sistema de coleta, tratamento,
armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como fatores intervenientes
para sua gestão, sendo que os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos.
Os princípios básicos que norteiam e servem como preceito fundamental balizador da atuação dos atores
envolvidos na gestão dos recursos hídricos são (1) a descentralização da obtenção e produção de dados e
informações; (2) a coordenação unificada do sistema; (3) bem como a garantia de acesso aos dados pela
sociedade em geral.
O princípio da descentralização da obtenção e produção de dados e informações busca valorizar as
informações produzidas pelas diversos Entes federativos existentes no Brasil, dando mais efetividade ao
fundamento da gestão descentralizada dos recursos hídricos previsto na Lei das Águas.
Ao seu turno, o princípio da coordenação unificada do sistema visa facilitar tanto a agregação dos dados
quanto à disponibilização das informações, em âmbito nacional, não só para os atores integrantes do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, mas também para toda a coletividade, dando
efetividade ao princípio da garantia de acesso aos dados pela sociedade em geral.
Os sistemas de informações sobre recursos hídricos existem em nível Estadual/DF ou Nacional. No âmbito
Nacional, há o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH sendo instrumentos de
gestão previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos. É também um sistema de coleta, tratamento,
armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como fatores intervenientes
para sua gestão em nível nacional, tendo como outra função a compilação das informações provenientes dos
Sistemas Estaduais de Informações sobre Recursos Hídricos.
A Lei das Águas definiu os objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:
▪ reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa
dos recursos hídricos no Brasil;
▪ atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos
em todo o território nacional;
▪ fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
Esses objetivos refletem a função precípua desse sistema para ser um instrumento de fonte de informações
necessário a subsidiar a tomada de decisão dos diversos atores envolvidos no gerenciamento dos recursos
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hídricos. O SINIRH é um grande banco de dados e informações nacional sobre recursos hídricos e visa dar
suporte ao funcionamento do Singreh, bem como auxiliar a aplicação dos demais instrumentos de gestão de
recursos hídricos e outros mecanismos de gestão integrada.
Quanto à gestão do SNIRH, cabe a Agência Nacional de Águas organizar, implantar e gerir o sistema, de
acordo com a sua Lei nº 9.984/2000. Assim, a ANA tem a atribuição de disciplinar, em caráter normativo, a
implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de
Recursos Hídricos, o que inclui o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos que, em âmbito nacional,
se configura no SNIRH.
As informações produzidas pela SNIRH são destinadas aos entes integrantes do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH que é formado pelos conselhos, órgãos gestores, agências
de bacias e comitê de bacias, bem como aos usuários de recursos hídricos e a sociedade em geral.
Os dados e informações que integram os SIRHs devem subsidiar a construção e aplicação dos demais
instrumentos, os quais devem alimentar os SIRHs com seus dados e informações oriundos de seus processos
de implementação. Essa troca de informações constitui uma teia contínua de retroalimentação, fundamental
ao processo de tomada de decisão, sobretudo pelos órgãos integrantes do Singreh, e à boa gestão dos
recursos hídricos. A figura abaixo apresenta a inter-relação entre os instrumentos de gestão de recursos
hídricos definidos na legislação15.
15 Agência Nacional de Águas (Brasil). Cobrança pelo uso de recursos hídricos. Agência Nacional de Águas. Brasília:
ANA, 2014
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O Sistema de informações sobre recursos hídricos se alimenta também de outras informações contidas em
outros sistemas de informações acessórias e transversais. São informações transversais indispensáveis para
a formação de um conjunto de informações hídricas necessárias para tomada de decisão. Exemplo disso é o
Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente – SINIMA, que mantém cadastros de atividades
potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais e de Unidades de Conservação da Natureza,
contendo informações que podem subsidiar a aplicação dos instrumentos de gestão de recursos hídricos.
Outro instrumento transversal importante da política ambiental previsto na Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente -PNMA é o zoneamento ecológico-econômico – ZEE que poderá ser utilizado para orientar a
implementação dos instrumentos da Política de Recursos Hídricos.
Prevê a Lei de Águas para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos as competências para
o Poder Executivo Federal e para os Poderes Executivos Estaduais e Distrital em cada uma das esferas de
suas competências. Vejamos o quadro abaixo:
COMPETE AO PODER EXECUTIVO FEDERAL
COMPETE AOS PODERES EXECUTIVOS
ESTADUAIS/DF
Tomar as providências necessárias à
implementação e ao funcionamento do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e
regulamentar e fiscalizar os seus usos.
Outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e
regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de
competência.
Realizar o controle técnico das obras de oferta
hídrica.
Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos, em âmbito nacional.
Implantar e gerir o Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do Distrito
Federal.
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Promover a integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental.
Promover a integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental.
Por fim, na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito
Federal e dos municípios promoverão a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso,
ocupação e conservação do solo e de meio ambiente com as políticas federal e estaduais de recursos
hídricos.
SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS
HÍDRICOS
1 - OBJETIVOS E COMPOSIÇÃO DO SINGREH
O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos-SINGREH, assim como os demaissistemas de
gestão de outras políticas governamentais no âmbito nacional, é o conjunto de organismos, agências e
instalações governamentais e privadas que concebe e implementa a Política Nacional dos Recursos Hídricos
e promove a cobrança pelo uso desses recursos. Foi instituído pela Lei 9.433/97 tendo o papel de fazer a
gestão dos usos da água de forma democrática e participativa.
O SINGREH tem como objetivos essenciais:
▪ coordenar a gestão integrada das águas;
▪ arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
▪ implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
▪ planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
▪ promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
O Singreh é integrado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH; pela Agência Nacional de Águas-
ANA; pelos Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal - CERH; pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica; pelos órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas
competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; bem como pelas Agências de Água.
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(MPE-BA/Promotor de Justiça Substituto/MPE-BA – 2015) Acerca da Política Nacional de Recursos
Hídricos, instituída pela Lei Federal nº 9.433/97, examine as proposições abaixo registradas:
Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos; a Agência Nacional de Águas; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito
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Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do
Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; as
Agências de Água; e o Ministério Público.
Resposta. Item errado. O Ministério Público não compõe a estrutura orgânica do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos.
(MPE-RR/Promotor de Justiça/CESPE – 2012) No que diz respeito à proteção dos recursos hídricos,
assinale a opção correta.
Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos representantes de ministérios e
de secretarias vinculadas à Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de
recursos hídricos; representantes indicados pelos conselhos estaduais de recursos hídricos; e
representantes dos usuários dos recursos hídricos e das organizações civis de recursos hídricos.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 34, da Lei das Águas, o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos é composto por: representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República
(não é qualquer secretaria) com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;
representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários
dos recursos hídricos; e representantes das organizações civis de recursos hídricos.
2 - CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS-CNRH
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos -CNRH é órgão colegiado deliberativo e normativo de âmbito
nacional responsável principalmente pela formulação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
O CNRH teve recente alterações em sua estrutura e composição pela edição do Decreto 10.000/2019, ficando
vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional e não mais ao Ministério do Meio Ambiente (Lei
13.884/2019). O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por: 1 (um) Presidente, que será o
Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional; e 1 (um) Secretário-Executivo, que será o titular do órgão
integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional responsável pela gestão dos recursos
hídricos.
Dentre as atribuições do CNRH o art. 35, da Lei das Águas, bem como o art. 1º, do Decreto 10.000/2019
fixaram ser competências do Conselho:
▪ formular a Política Nacional de Recursos Hídricos, nos termos do disposto na Lei nº 9.433, de 8 de
janeiro de 1997 , e no art. 2º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 ;
▪ promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional,
regionais, estaduais e dos setores usuários;
▪
▪ arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre conselhos estaduais de
recursos hídricos;
▪ deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos, cujas repercussões extrapolem o
âmbito dos Estados em que serão implantados;
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▪ deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos conselhos estaduais de recursos
hídricos ou pelos comitês de bacia hidrográfica;
▪ analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de
Recursos Hídricos;
▪ estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
▪ aprovar propostas de instituição dos comitês de bacia hidrográfica de rios de domínio da União e
estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos internos;
▪ acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências
necessárias ao cumprimento de suas metas;
▪ estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança
por seu uso;
▪ deliberar sobre os recursos administrativos que lhe forem interpostos;
▪ manifestar-se sobre os pedidos de ampliação dos prazos para as outorgas de direito de uso de
recursos hídricos de domínio da União, estabelecidos nos incisos I e II do caput e no § 2º do art. 5º da
Lei nº 9.984, de 2000 ;
▪ definir os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, sugeridos pelos
Comitês de Bacia Hidrográfica, nos termos do disposto no inciso VI do caput do art. 4º da Lei nº 9.984,
de 2000 ;
▪ manifestar-se sobre propostas relativas ao estabelecimento de incentivos, inclusive financeiros, para
a conservação qualitativa e quantitativa de recursos hídricos, incluídas aquelas encaminhadas pela
Agência Nacional de Águas;
▪ definir, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, as prioridades de aplicação dos recursos
a que se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997 , nos termos do disposto no § 4º do art. 21
da Lei nº 9.984, de 2000 ;
▪ aprovar o enquadramento dos corpos de água em classes de uso, em consonância com as diretrizes
do Conselho Nacional do Meio Ambiente e de acordo com a classificação estabelecida na legislação
ambiental;
▪ autorizar a criação das agências de água, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 42 e no
art. 43 da Lei nº 9.433, de 1997 ;
▪ delegar às organizações civis de recursos hídricos sem fins lucrativos de que tratam o art. 47 da Lei nº
9.433, de 1997 , e os art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.637, de 1998 , por prazo determinado, o exercício de
funções de competência das agências de água, enquanto essas agências não forem constituídas, nos
termos do disposto no art. 51 da referida Lei;
▪ deliberar sobre as acumulações, as derivações, as captações e os lançamentos de pouca expressão,
para fins de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitosde uso de recursos hídricos de domínio
da União, nos termos do disposto no inciso V do caput do art. 38 da Lei nº 9.433, de 1997 ;
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▪ zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, estabelecida pela Lei nº
12.334, de 20 de setembro de 2010 ;
▪ estabelecer diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, aplicação
de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens,
de que trata a Lei nº 12.334, de 2010 ; e
▪ apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, de que trata o inciso VII do caput do art. 6º da Lei nº
12.334, de 2010 , e encaminhá-lo ao Congresso Nacional, com recomendações para melhoria da
segurança das obras, se necessário.
É notória a preocupação, em face da edição do Decreto 10.000/2019, com a segurança das barragens
fixando-se competências ao CNRH quanto ao tema, notadamente no que se refere à implementação da
Política Nacional de Segurança de Barragens e apreciação do Relatório de Segurança de Barragens prevista
na Lei 12.334/2010.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem a seguinte estrutura: Plenário; Secretaria-Executiva; Câmaras
Técnicas; e Comissão Permanente de Ética.
Sua composição é múltipla incluindo diversos atores envolvidos na gestão dos recursos hídricos. São eles:
representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou
no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;
representantes dos usuários dos recursos hídricos; representantes das organizações civis de recursos
hídricos. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um
do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
O Decreto 10.000/2019, regulamentou o art. 34, da Lei das Águas, nominando os representantes do CNRH:
dois do Ministério do Desenvolvimento Regional; um do Ministério da Justiça e Segurança Pública; um do
Ministério da Defesa; um do Ministério das Relações Exteriores; dois do Ministério da Economia; um do
Ministério da Infraestrutura; um do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; um do Ministério
da Educação; um do Ministério da Cidadania; um do Ministério da Saúde; dois do Ministério de Minas e
Energia; um do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; dois do Ministério do Meio
Ambiente; um do Ministério do Turismo; um do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
nove dos conselhos estaduais e distrital de recursos hídricos; seis dos setores usuários de recursos hídricos,
dos quais: a) um dos irrigantes; b) um das instituições encarregadas da prestação de serviço público de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário; c) um das concessionárias e autorizadas de geração de
energia elétrica; d) um do setor hidroviário e portuário; e) um do setor industrial e minerometalúrgico; f) um
dos pescadores e usuários de recursos hídricos com finalidade de lazer e de turismo; e três de organizações
da sociedade civil de recursos hídricos, dos quais: a) um das organizações técnicas de ensino e de pesquisa
com atuação comprovada na área de recursos hídricos e com, no mínimo, cinco anos de existência legal; b)
um das organizações não governamentais com representação em comitês de bacia hidrográfica de rios de
domínio da União e com, no mínimo, cinco anos de existência legal; e c) um dos comitês de bacia hidrográfica
de rios de domínio da União.
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem suas deliberações, em caráter ordinário, semestralmente e,
em caráter extraordinário, sempre que convocado por seu Presidente ou por requerimento de um terço de
seus membros.
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3 - COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA
Um Comitê de Bacia Hidrográfica- CBH é uma espécie de fórum de debate em que
diversos atores se reúnem para discutir sobre o uso dos recursos hídricos na bacia.
Esses Comitês representam uma forma de participação da sociedade junto com o
Poder Público na elaboração das políticas públicas. Isso porque esses órgãos não são
apenas consultivos (emitem opinião sem valor decisório), mas também
deliberativos, decidindo sobre a escorreita gestão dos corpos de água. O Comitê
define as regras a serem seguidas por todos os usuários dos corpos de água, inclusive
obrigando os órgãos executivos dos Estados ao cumprimento das determinações por
meio do seu poder de regulação. Assim, cabe aos Comitês a atribuição de deliberar
sobre a gestão da água.
O CBH é uma efetivação do princípio ambiental da participação democrática, considerando que sua função
mais relevante é estabelecer um conjunto de mecanismos e de regras, decididas coletivamente, de forma
que os diferentes interesses sobre os usos da água na bacia sejam discutidos e negociados
democraticamente em ambiente público, com transparência no processo decisório, buscando prevenir e
dirimir conflitos16.
É dentro desse cenário que a Lei 9.433/97 prevê as competências dos CBHs, reforçando a importância como
órgãos plurais de debates com poder deliberativo para melhor gestão dos recursos hídricos de uma bacia
hidrográfica. Compte aos CBHs, no âmbito de sua área de atuação:
▪ promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades
intervenientes;
▪ arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
▪ aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
▪ acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias
ao cumprimento de suas metas; e
▪ propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações,
derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade
de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os domínios destes;
▪ estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem
cobrados;
▪ estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou
coletivo.
16 Agência Nacional de Águas (Brasil). O Comitê de Bacias Hidrográficas. Agência Nacional de Águas. Brasília: ANA,
2014
Fonte: Unesco
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Nessas competências é inegável a importância desse fórum para a efetivação das políticas públicas de gestão
de recursos hídricos, seja promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a
atuação das entidades intervenientes, seja para estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de
recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados. Mas, não há dúvidas que a principal decisão a ser
tomada é a aprovação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia, instrumento da Política Nacional de Recursos
Hídricos que serve como diretriz para os múltiplos usos da água na bacia, em que são definidas as metas de
racionalização de uso para aumento de quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos
disponíveis, bem como os programas e os projetos destinados ao atendimento dessas metas. Esse plano
reúne as informações estratégicas para a gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica.
Cumpre destacar que o Comitê é o primeiro órgão administrativoa ser acionado em situação de conflito
pelo uso da água. Caso o conflito não seja dirimido pelo Comitê ou caso a decisão não atenda a alguma das
partes envolvidas, cabe recurso ao Conselho de Recursos Hídricos pertinente, como segunda instância
administrativa, hierarquicamente superior ao comitê. Assim, das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica
caberá recurso ao Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com sua
esfera de competência.
As regras expedidas pelo CBHs só terão eficácia dentro da área de atuação da totalidade da bacia
hidrográfica específica ; ou mesmo da sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da
bacia, ou de tributário desse tributário; bem como grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
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Uma bacia hidrográfica é caracterizada por uma área delimitada por seus divisores de água, onde ocorre a
captação de água que é conduzida de várias maneiras, mas principalmente pela sua drenagem, para um rio
principal. As sub-bacias são áreas de drenagem dos tributários do curso d’água principal. Essa subdivisão da
bacia hidrográfica em sub-bacias permite uma estratificação dos resultados e melhor compreensão dos
processos hidrológicos e das modificações impostas pelo processo de ocupação humana objetivando a
melhor gestão dos recursos hídricos.
A instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União será efetivada por ato do
Presidente da República.
Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: da União; dos Estados e do Distrito
Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; dos
Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; dos usuários das águas de sua área de
atuação; bem como das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. O número
de representantes de cada setor, bem como os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos
regimentos dos comitês, limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios à metade do total de membros.
Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão
compartilhada, a representação da União deverá incluir um representante do Ministério das Relações
Exteriores.
Área de atuação do cbh
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Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos
ainda representantes da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União; bem
como das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a bacias de rios sob
domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida nos respectivos regimentos.
(TRF - 5ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/CESPE - 2017 – TRF) Os comitês de bacias hidrográficas são
(A)competentes para implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens.
(B)competentes para outorgar o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da
União, mediante permissão.
(C)incompetentes para aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia.
(D)incompetentes para arbitrar administrativamente conflitos relacionados a recursos hídricos.
(E)incompetentes para o exercício do poder de polícia.
Resposta. Item E. O item “A” está errado porque essa competência não foi atribuída ao CBH, mas sim
ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O item “B” está incorreto, pois essa competência é da ANA.
Os itens “C” e “D” estão incorretos, considerando que são competências dos CBHs aprovar o Plano de
Recursos Hídricos da Bacia e arbitrar administrativamente conflitos relacionados a recursos hídricos. O
item E está correto, tendo em vista que o exercício do poder de polícia é, em regra, das Agências de
Águas e não dos CBHs.
(PGE-BA/Procurador do Estado/CESPE – 2014) No que se refere ao direito ambiental, julgue os itens
a seguir.
Os comitês de bacia hidrográfica são constituídos por usuários das águas e por entidades civis de
recursos hídricos com atuação comprovada na bacia, entre outros membros, conforme dispõe a Lei n.º
9.433/1997.
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Resposta. Item certo. Nos termos do art. 39, IV e V, os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos
por representantes dos usuários das águas de sua área de atuação, bem como das entidades civis de
recursos hídricos com atuação comprovada na bacia, entre outros membros como a União.
(TJ-PA/Juiz/CESPE – 2012) Considerando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(SINGREH), a Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.º 9.433/1997) e a Resolução n.º
16/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção correta.
(A)Os comitês de bacia hidrográfica são compostos por representantes de usuários e poluidores das
águas da área de drenagem de um conjunto de rios.
(B)Nos comitês de bacia hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser
incluídos representantes das comunidades indígenas residentes nos estados-membros localizados na
fronteira da bacia.
(C)Os comitês de bacia hidrográfica devem ser dirigidos por um conselho de diretores e um secretário,
indicados pelo governador do estado cujo território se situe na área de atuação do comitê.
(D)A criação de Agências de Água somente pode ser autorizada pelo IBAMA.
(E)Compete ao Comitê de Bacia Hidrográfica aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia.
Resposta. Item E. O item “A” está incorreto porque não inclui representantes dos poluidores. O item
“B” devem ser incluídos os representantes das comunidades indígenas residentes ou com interesses
na bacia (e não nas fronteiras). O item “C” está incorreto tendo em vista que os Comitês de Bacia
Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário, eleitos dentre seus membros, nos
termos do art. 40, da Lei das Águas. O item “D” está incorreto considerando que a criação das Agências
de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de
Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica (art. 42, parágrafo
único da Lei das Águas). O item “E” está correto porque compete ao CBH aprovar o Plano de Recursos
Hídricos da bacia (art. 38, III, da Lei 9.433/97).
4 - AGÊNCIAS DE ÁGUAS
As Agências de Água são criadas para exercerem a função de secretaria executiva do respectivo(s) Comitês
de Bacia Hidrográfica. Sua função é garantiro funcionamento do Comitê apoiando o sistema no exercício
de funções técnicas, como na elaboração de estudos para a construção de propostas para o uso dos recursos
hídricos. Assim, a Agência de Águas não é órgão regulador, mas sim executor, sendo criadas para dar o
suporte técnico e administrativo aos Comitês de Bacia.
As Agências de Águas são parte integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
(SINGREH) e prestam apoio técnico aos demais órgãos do Sistema no âmbito da bacia hidrográfica se
encarregando das atividades operacionais.
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As atribuições das agências de água são locais, técnicas e multiespecializadas, além de terem
que manter contínuo apoio ao funcionamento do comitê da respectiva bacia. Portanto, deve
articular sinergicamente suas funções para que as decisões tomadas sejam adequadamente
embasadas em estudos técnicos, permitindo a harmonização dos usos da água na bacia17.
Como sedimentado, as Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica e a criação será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
A criação de uma Agência de Água é condicionada à dois requisitos, quais sejam, existência do respectivo
ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica; e a viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso
dos recursos hídricos em sua área de atuação.
17 Agência Nacional de Águas (Brasil). O Comitê de Bacias Hidrográficas. Agência Nacional de Águas. Brasília: ANA,
2014.
Agências de Águas
Função Apoio Técnico ao CBH
Criação
Solicitada CBH
Autorizada CNRH ou CERH
Área de atuação
Bacia Hidrográfica
(mesma dos CBHs)
Requisitos
Existência do CBH
Viabilidade Financeira
(Cobrança pelo uso RH)
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As principais atribuições técnicas das agências de águas estão apresentadas no art. 44 da Lei 9.433/97 e são
caracterizadas, para fins de concurso, pelos verbos “propor”, “analisar”, “elaborar” “manter”, “gerir” e
“promover” típicos verbos atribuídos a órgãos que atua no apoio de consultoria e execução de atividades
para um órgão principal (CBHs). São competências das Agências de Águas:
▪ manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação;
▪ manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
▪ efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
▪ analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela
cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela
administração desses recursos;
▪ acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de
recursos hídricos em sua área de atuação;
▪ gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;
▪ celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências;
▪ elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica;
▪ promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação;
▪ elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
▪ propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:
o o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo
Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes;
o os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
o o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
o o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
a cobrança pelo uso de recursos hídricos é efetivada pela Agencia de Águas, mediante delegação do
outorgante, sendo que o recebimento desta delegação é prerrogativa da agência de água instituída por lei,
ou seja, como organismo público detentor de poder de polícia, que lhe permite impor a arrecadação e
posterior constrangimento aos não pagadores. Essa atribuição, assim, não é permitida às organizações civis
que exerceram, que perdurou até 2013, funções de agência de água em algumas bacias.
Devemos tomar cuidado com as atribuições das Agências e dos CBHs para não as confundir. Nesse sentido,
para lograr êxito nos concursos, como já sedimentado nesta obra, os verbos utilizados para descrever suas
atribuições deixam clara a predominância dos papéis de cada uma das partes. Para o CBH usa-se ESCOLHER,
DEFINIR, ESTABELECER e APROVAR; ao seu turno, para a agência, órgão técnico de apoio à CBH sujeita ao
alcance de metas e controle de desempenho por meio de contrato de gestão, usa-se ELABORAR, PROPOR,
GERIR e IMPLEMENTAR.
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Segue tabela com base em quadro comparativo da relação entre as competências da agência de água e do
Comitê de Bacia Hidrográfica presente no caderno de capacitação sobre recursos hídricos elaborado pela
Agência Nacional de Águas:
CBH AGÊNCIA DE ÁGUAS
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REALIZAR reuniões gerais e de câmaras técnicas
para:
-DEBATER questões regimentais e
organizacionais internas, inclusive eleições
de membros e diretores;
-ARBITRAR conflitos entre usos e usuários;
-ARTICULAR e integrar a gestão no âmbito da
bacia.
-APOIAR as reuniões do comitê, o que inclui:
·providenciar logística e infraestrutura para a
realização das reuniões;
· registrar, formalizar e divulgar atas das reuniões,
deliberações, moções etc.
-CELEBRAR contratos e convênios.
-APOIAR os processos de arbitragem de conflitos entre
usos ou usuários.
-GERIR pessoal, compras de bens e contratação de
serviços.
Te
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T
éc
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•DEBATER questões relacionadas a recursos
hídricos.
•ESCOLHER mecanismos e valores para a
cobrança e encaminhar ao Conselho de Recursos
Hídricos.
•APROVAR o plano de aplicação dos recursos
financeiros.
•MANTER o balanço hídrico atualizado.
•MANTER o cadastro de usuários.
•GERIR o sistema de informações.
•PROMOVER estudos sobre a gestão dos recursos
hídricos.
•ANALISAR e EMITIR pareceres técnicos sobre
investimentos.
•ESTUDAR e PROPOR alternativas para a cobrança
pelo uso.
•PROPOR o plano de aplicação dos recursos
financeiros.
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Te
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R
eg
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•APROVAR o Plano de Recursos Hídricos, que
inclui:
· DEFINIR as prioridades de uso;
· PROPOR as áreas sujeitas à restrição de uso;
· DEFINIR metas quanto aos recursos hídricos
(racionalização, qualidade e quantidade);
· ESTABELECER os usos múltiplos para a
definição das condições operativas de
reservatórios.
•ESCOLHER a alternativa de enquadramento e
encaminhar ao Conselho de Recursos Hídricos.
•ESCOLHER a alternativa para os usos não
outorgáveis e encaminhar ao Conselho de
Recursos Hídricos.
•ELABORARo Plano de Recursos Hídricos.
•PROPOR alternativas para o enquadramento dos
corpos d’água.
•PROPOR alternativas para os usos não outorgáveis.
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•ACOMPANHAR a execução do Plano de
Recursos Hídricos e propor ajustes.
•APRECIAR proposta de contrato de gestão
entre a entidade delegatária e o órgão
arrecadador.
•ACOMPANHAR o cumprimento do contrato de
gestão.
•AVALIAR o desempenho da agência de água.
•IMPLEMENTAR o Plano de Recursos Hídricos.
•ELABORAR relatório de situação e avaliação do
cumprimento das metas do Plano de Recursos Hídricos.
•CELEBRAR e EXECUTAR contrato de gestão com o
organismo responsável pela arrecadação.
•ELABORAR o relatório de execução e a prestação de
contas do contrato de gestão.
Para fins de concurso, seguem as atribuições de cada um dos órgãos do SINGREH com os instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos:
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(MPE-MG/Promotor de Justiça Substituto/ FUNDEP-2018) Sobre o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos:
A criação de uma Agência de Água está condicionada à viabilidade financeira assegurada pela cobrança
do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
Resposta. Item correto. Nos termos do art. 43, da Lei 9.433/97, a criação de uma Agência de Água é
condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos: prévia existência do respectivo ou respectivos
Comitês de Bacia Hidrográfica; e viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos
hídricos em sua área de atuação.
5 - SECRETARIA EXECUTIVA DO CNRH
Com a edição da Lei 13.844/2019 a Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos passou
a ser exercida pelo órgão integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional que hoje é o
Ministério responsável pela gestão dos recursos hídricos. Esse encargo antes era do Ministério do Meio
Ambiente.
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Compete à Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
▪ prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
▪ instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de
Bacia Hidrográfica;
▪ elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual e submetê-los à
aprovação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
6 - ORGANIZAÇÕES CIVIS DE RECURSOS HÍDRICOS
A Lei 9.433/97, em seu art. 47, prevê as entidades que podem ser enquadradas como Organizações Civis de
Recursos Hídricos- OCRH. Nesse sentido, podem ser OCRH:
▪ consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
▪ associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
▪ organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
▪ organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da
sociedade;
▪ outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos.
As organizações civis de recursos hídricos devem ser legalmente constituídas para que possam integrar o
Sistema Nacional de Recursos Hídricos.
Cumpre lembrar que há possibilidade de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos delegarem as OCRH, por prazo determinado, o exercício de funções de competência
das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos.
A Lei 10.881/2004 dispôs sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades
delegatárias das funções de Agências de Águas (OCRH) relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da
União.
Assim, enquanto não criada as Agências de Águas, poderá a Agência Nacional de Águas – ANA firmar
contratos de gestão, por prazo determinado, com entidades sem fins lucrativos que receberem delegação
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH para exercer funções de competência das Agências de
Água relativas a recursos hídricos de domínio da União.
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(MPE-PI/Promotor de Justiça/CESPE – 2012) Discorrendo sobre a regulamentação do uso da água, o
ministro Luiz Fux sustentou, no STJ, que “o particular tem, apenas, o direito à exploração das águas
subterrâneas, mediante autorização do poder público e cobrada a devida contraprestação”. Acerca
desse tema, assinale a opção correta.
Exercem o papel de secretarias executivas dos comitês de bacia hidrográfica as organizações civis de
recursos hídricos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 41, da Lei de Águas, quem exerce o papel de apoio técnico
e de secretaria executiva do CBH é a agência de águas.
7 - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS -ANA
A Agência Nacional de Águas-ANA é a autoridade do governo federal responsável por monitorar, planejar e
regular o acesso das águas gerenciados pela União. Foi criada pela Lei 9.984/2000 que tem como missão
institucional essencial a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, sendo parte integrante
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
A ANA tem natureza jurídica de autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (alteração da Lei 13.884/2019) com a finalidade de
implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A ANA terá sede e foro no Distrito Federal, podendo
instalar unidades administrativas regionais.
Podemos resumir a atuação da ANA em quatro grandes frentes: Regulação, Monitoramento, Aplicação da
Lei e Planejamento. Vejamos resumidamente18:
FRENTES DE ATUAÇÃO DA ANA
Regulação
Regula o acesso e o uso dos recursos hídricos de domínio da União, que são os
que fazem fronteiras com outros países ou passam por mais de um estado,
como, por exemplo, o rio São Francisco. A ANA também regula os serviços
públicos de irrigação (se em regime de concessão) e adução de água bruta.
Além disso, emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as
outorgas, e também é a responsável pela fiscalização da segurança de
barragens outorgadas por ela.
Monitoramento
É responsável por acompanhar a situação dos recursos hídricos do Brasil.
Coordena a Rede Hidrometeorológica Nacional que capta, com o apoio dos
estados e outros parceiros, informações como nível, vazão e sedimentos dos
18 Agência Nacional de Águas – ANA. Sobre a ANA. Disponível em: https://www.ana.gov.br/acesso-a-
informacao/institucional/sobre-a-ana .Acesso em 25/01/2020.
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rios ou quantidade de chuvas. Essas informações servem para planejar o uso da
água e prevenir eventos críticos, como secas e inundações. Além de, em
colaboração com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), definir as
regras de operação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, para garantir que
todos os setoresque dividem o reservatório tenham acesso à água represada.
Aplicação da Lei
Coordena a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos,
realizando e dando apoio a programas e projetos, órgãos gestores estaduais e à
instalação de comitês e agências de bacias. Assim, a ANA estimula a
participação de representantes dos governos, usuários e das comunidades, em
uma gestão participativa e democrática.
Planejamento
Elabora ou participa de estudos estratégicos, como os Planos de Bacias
Hidrográficas, Relatórios de Conjuntura dos Recursos Hídricos, entres outros,
em parceria com instituições e órgãos do poder público.
A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da Política Nacional de
Recursos Hídricos e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas
integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, tendo como atribuições
específicas:
▪ supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação
federal pertinente aos recursos hídricos;
▪ disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação
dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;
▪ outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de
domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o;
▪ fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;
▪ elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, com base nos
mecanismos e quantitativos sugeridos pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do inciso VI do
art. 38 da Lei no 9.433, de 1997;
▪ estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica;
▪ implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos de domínio da União;
▪ arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo uso de recursos
hídricos de domínio da União, na forma do disposto no art. 22 da Lei no 9.433, de 1997;
▪ planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de secas e inundações, no
âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articulação com o órgão
central do Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios;
▪ promover a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em
obras e serviços de regularização de cursos de água, de alocação e distribuição de água, e de controle
da poluição hídrica, em consonância com o estabelecido nos planos de recursos hídricos;
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▪ definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por agentes públicos e privados, visando
a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos
das respectivas bacias hidrográficas;
▪ promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede hidrometeorológica
nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou privadas que a integram, ou que dela
sejam usuárias;
▪ organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos;
▪ estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de recursos hídricos;
▪ prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos;
▪ propor ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos o estabelecimento de incentivos, inclusive
financeiros, à conservação qualitativa e quantitativa de recursos hídricos.
▪ participar da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e supervisionar a sua implementação
▪ regular e fiscalizar, quando envolverem corpos d'água de domínio da União, a prestação dos serviços
públicos de irrigação, se em regime de concessão, e adução de água bruta, cabendo-lhe, inclusive, a
disciplina, em caráter normativo, da prestação desses serviços, bem como a fixação de padrões de
eficiência e o estabelecimento de tarifa, quando cabíveis, e a gestão e auditagem de todos os aspectos
dos respectivos contratos de concessão, quando existentes.
▪ organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB)
▪ promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de barragens;
▪ coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e encaminhá-lo, anualmente, ao
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de forma consolidada.
Cumpre destacar que nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, serão
respeitados limites de prazos, contados da data de publicação dos respectivos atos administrativos de
autorização. Esses prazos são de:
▪ até 02 anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga;
▪ até 06 anos, para conclusão da implantação do empreendimento projetado;
▪ até 35 anos, para vigência da outorga de direito de uso.
Esses prazos são fixados em função da natureza e do porte do empreendimento, levando-se em
consideração, quando for o caso, o período de retorno do investimento. O prazo de 02 e 06 anos poderão
ser ampliados, quando o porte e a importância social e econômica do empreendimento o justificar, ouvido
o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assim como o prazo de 35 anos que pode ser prorrogado, pela
ANA, respeitando-se as prioridades estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
No caso das concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica, as
outorgas de direito de uso de recursos hídricos para vigorarão por prazos coincidentes com os dos
correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de autorização.
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Conforme já assentado nesta obra, a ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos,
com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, observado o disposto no
art. 13 da Lei no 9.433, de 1997, lembrando que essa outorga preventiva não confere direito de uso de
recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o
planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos.
A concessão ou a autorização de uso de potencial de energia hidráulica e a construção de eclusa ou de
outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis em corpo de água de domínio da União serão
precedidas de declaração de reserva de disponibilidade hídrica, devendo ser requerida:
▪ pela Agência Nacional de Energia Elétrica, para aproveitamentos de potenciais hidráulicos;
▪ pelo Ministério dos Transportes, por meio do órgão responsável pela gestão hidroviária, quando se
tratar da construção e operação direta de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária
de níveis;
▪ pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários, quando se tratar de concessão, inclusive na
modalidade patrocinada ou administrativa, da construção seguida da exploração de serviços de
eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis.
Quando o corpo de água for de domínio dos Estados ou do Distrito Federal, a declaração de reserva de
disponibilidade hídrica será obtida em articulação com a respectiva unidade gestora derecursos hídricos.
A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada automaticamente pelo respectivo
poder outorgante em outorga de direito de uso de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber a
concessão ou autorização de uso de potencial de energia hidráulica ou que for responsável pela construção
e operação de eclusa ou de outro dispositivo de transposição hidroviária de níveis.
(TRF - 5ª REGIÃO/Juiz Federal/CESPE – 2013) No que se refere à Agência Nacional de Águas (ANA),
agência reguladora cuja autonomia administrativa e financeira é mais ampla do que a das demais
autarquias, assinale a opção correta.
(A)Compete à ANA definir os critérios para a aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança do
uso de recursos hídricos.
(B)A concessão, pela ANA, de outorga do direito de uso de recursos hídricos da União depende de
homologação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
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(C)Desde sua nomeação, o diretor da ANA está sujeito à perda de mandato em decorrência de
renúncia, condenação judicial transitada em julgado ou decisão definitiva em processo administrativo
disciplinar.
(D)As outorgas de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e autorizadas de serviços
públicos e de geração de energia hidrelétrica vigoram por prazos iguais aos prazos dos correspondentes
contratos de concessão ou atos administrativos de autorização.
(E)Não se pode delegar a execução de atividades de competência da ANA às agências de água ou de
bacia hidrográfica.
Resposta. Item D. O item “A” está incorreto porque as prioridades de aplicação dos recursos
arrecadados com a cobrança do uso de recursos hídricos serão definidas pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, em articulação com os respectivos comitês de bacia hidrográfica. O item “B” está
incorreto, pois compete a ANA outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos
hídricos em corpos de água de domínio da União independente de homologação do CNRH. O item “C”
está incorreto, considerando que nos termos do art. 10, da Lei 9.984/2000, a exoneração imotivada de
dirigentes da ANA só poderá ocorrer nos quatro meses iniciais dos respectivos mandatos, sendo que,
após esse, os dirigentes somente perderão o mandato em decorrência de renúncia, de condenação
judicial transitada em julgado, ou de decisão definitiva em processo administrativo disciplinar. O item
D está correto tendo em vista que as outorgas de direito de uso de recursos hídricos para
concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica vigorarão por
prazos coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de
autorização. O item “E” está incorreto considerando que a ANA poderá delegar ou atribuir a agências
de água ou de bacia hidrográfica a execução de atividades de sua competência, nos termos do art. 44
da Lei n 9.433, de 1997, e demais dispositivos legais aplicáveis.
(PGE-PA/Procurador do Estado/PGE-PA – 2011) Analise as proposições abaixo, que se referem ao
regime de outorga estabelecido pela Lei Nacional de Recursos Hídricos e assinale a alternativa
CORRETA:
O aproveitamento dos potenciais hidrelétricos independe de outorga da Agência Nacional de Águas,
bastando a autorização concedida pela ANEEL, por se tratar de uso específico.
Resposta. Item errado. Nos termos do art. 12, IV, da Lei das Águas, estão sujeitos a outorga pelo Poder
Público os direitos de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos que deve ser emitido pela ANA.
INFRAÇÕES E PENALIDADES QUANTO AO USO DOS RECURSOS
HÍDRICOS
1 - ASPECTOS INICIAIS QUANTO À FISCALIZAÇÃO
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A fiscalização dos usos de recursos hídricos é uma competência decorrente do instrumento de outorga, por
meio dos quais o poder público faz o controle administrativo, exercendo poder de polícia, sobre o uso do
bem público, a água.
Na outorga, esse controle é exercido de forma direta, estabelecendo quem terá acesso ao uso e em que
condições. Já a fiscalização consiste na busca da regularização de usos ainda não outorgados ou na
verificação dos usos outorgados. A fiscalização considera as condições estabelecidas nos atos de outorga e,
quando necessário, aplica as sanções legais para sanar as infrações às normas de utilização de recursos
hídricos, o que garante a eficácia da outorga ao coibir o acesso indevido ou o uso não conforme dos recursos
hídricos.
Essas atividades intimamente relacionadas (outorga e fiscalização) são comumente exercidas pela mesma
instituição gestora. Em corpos d’água de domínio da União são de competência da ANA e naqueles de
domínio dos Estados e do Distrito Federal são competência dos respectivos órgãos gestores19.
2 - INFRAÇÕES E PENALIDADES
Nos termos do art. 49, da Lei 9.433/97, constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos
superficiais ou subterrâneos:
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Conduta Infracional Tipo Administrativo
Utilização de recursos hídricos
sem outorga
derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a
respectiva outorga de direito de uso.
Desenvolvimento de
empreendimento dependente de
corpos de água sem autorização
do órgão competente.
iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com
a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou
subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou
qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades
competentes.
Desenvolvimento de atividades
utilizadora de recursos hídricos
em desacordo com a outorga
concedida
utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços
relacionados com os mesmos em desacordo com as condições
estabelecidas na outorga.
Captação de água por poços sem
autorização da autoridade
competente
perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem
a devida autorização.
19 Agência Nacional de Águas. Planos de recursos hídricos e enquadramento dos corpos de água. Brasília: ANA, 2013.
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Fraude de volumetria da água
fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar
valores diferentes dos medidos.
Infração às normas expedidas
pelos órgãos competentes
infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos
regulamentos administrativos, compreendendo instruções e
procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes.
Obstrução de fiscalização
obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes
no exercício de suas funções.
As INFRAÇÕES a qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços
hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não
atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às
seguintes PENALIDADES, independentemente de sua ordem de enumeração:
▪ advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;
▪ multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$
10.000,00 (dez mil reais);
▪ embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo
cumprimentodas condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso,
controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
▪ embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo
estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou
tamponar os poços de extração de água subterrânea.
Lembramos que é comum nas normas de processo administrativo sancionador a previsão da penalidade
junto com a infração. Assim, ao descrever o tipo administrativo as normas regulamentam, na mesma
descrição típica, o preceito secundário correspondente a pena a ser aplicada. A Lei das Águas previu de forma
diversa. Descreve as infrações no art. 49 e, no art. 50, as penalidades aplicáveis. Isso implica dizer que
poderão ser aplicadas as penalidades previstas para qualquer uma das condutas infracionais descritas no
art. 49, podendo, inclusive ser cumuladas, independente de ordem de prioridade.
Se da infração das normas estabelecidas no art. 49 resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de
água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a
terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. Em
caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos
termos do regulamento.
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(Prefeitura de Sertãozinho – SP/Procurador Municipal/VUNESP – 2016) A água é recurso essencial
para a humanidade. No Brasil, a Lei n.º 9.433/97 instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos.
Sobre as infrações e penalidades previstas a quem desrespeita as regras previstas nessa legislação, é
correto afirmar que
(A)há previsão de aplicação de pena privativa de liberdade, dentre outras punições, para quem se
enquadrar em qualquer dos tipos penais descritos na norma.
(B)quando a infração constituir-se em perfurar poços para extração de água sem autorização, a única
penalidade prevista na norma é a de embargos definitivos da obra.
(C)fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos é
considerado infração às normas de utilização de recursos hídricos, sendo que competirá à autoridade
competente aplicar uma das penalidades previstas na lei.
(D)sempre que da infração cometida resultar prejuízo ao serviço público de abastecimento de água,
riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a
terceiros, a multa a ser aplicada nunca será superior à metade do valor máximo cominado em abstrato.
(E)contra a aplicação das sanções previstas na lei não caberá recurso à autoridade administrativa
competente, sendo que para tais casos o Poder Judiciário poderá ser acionado. Frisa-se, ainda, que em
caso de reincidência, aplicando-se a multa como primeira punição, esta será aplicada em triplo.
Resposta. Item C. O item “A” está incorreto porque a Lei n.º 9.433/97 não previu a responsabilidade
penal, mas apenas a responsabilidade administrativa. O item “B” está incorreto, pois para qualquer
infração cometida, poderá ser aplicada qualquer uma das 4 penalidades (advertência, multa, embargo
parcial e embargo definitivo) previstas no art. 50 da Lei das Águas. O item “C” está correta
considerando que a conduta de fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores
diferentes dos medidos é considerado infração às normas de utilização de recursos hídricos (art. 49,
VI, da Lei das Águas). O item “D” está incorreto tendo em vista que da infração cometida se resultar
prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou
animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à
metade do valor máximo cominado em abstrato. O item “E” está incorreto, pois caberá recurso à
autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento (art. 50, §3º).
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(MPE-BA/Promotor de Justiça Substituto/MPE-BA) Acerca da Política Nacional de Recursos Hídricos,
instituída pela Lei Federal nº 9.433/97, examine as proposições abaixo registradas:
I - Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento, o uso de recursos
hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio
rural; as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; e as acumulações de
volumes de água também consideradas insignificantes.
II - Constituem infrações às normas legais vigentes, dentre outras, as seguintes condutas: derivar ou
utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; perfurar
poços para a extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; e fraudar as
medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos.
III - Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: o Conselho Nacional de
Recursos Hídricos; a Agência Nacional de Águas; os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do
Distrito Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais,
do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;
as Agências de Água; e o Ministério Público.
IV - Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água,
riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros,
a multa a ser aplicada nunca será inferior a 70% (setenta por cento) do valor máximo cominado em
abstrato.
V - Em caso de reincidência quanto às infrações contra as normas referentes à Política Nacional de
Recursos Hídricos, a multa será aplicada em dobro.
A alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo, considerando V para verdadeiro
e F para falso, é:
(A)F V F V V.
(B)V V F V V.
(C)F F V F F
(D)V V F F V.
(E)V F V F F.
Resposta. Item D. O item “I” está correto porque, nos termos do art. 12, § 1º, da Lei das Águas,
independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: I - o uso de recursos
hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio
rural; II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de
volumes de água consideradas insignificantes. O item “II” está correto, pois são literalidades do art. 49,
I, V e VI da Lei das Águas. O item “III” está incorreto tendo em vista que o Ministério Público não integra
o SNGRH. O item “IV” está incorreto considerando que nesses casos, a multa a ser aplicada nunca será
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inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. O item “V” está correto porque, nos termos
do art. 50, § 4º, da Lei das Ágaus, em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS
1 - ASPECTOS INICIAIS SOBRE AS BARRAGENS DE ÁGUAS
A construção de barragens para armazenar grandes volumes de águas e garantir os seus usos remonta aos
primórdios das civilizações humanas. O objetivo primeiro era sempredispor de água em quantidade e
qualidade suficientes para a satisfação das necessidades básicas das sociedades. O uso do sistema de
acúmulo de água por meio de barragens, possibilitou uma melhor condição de vida para o crescimento das
cidades e da produção agrícola e industrial.
É inegável que com o tempo e domínio desse recurso natural, a água passou a ter outros usos como para
abastecimento industrial, contenção de resíduos industriais e de rejeitos de mineração, bem como para
servir como potencial de energia hidráulica nas usinas hidrelétricas. Nesse sentido, muitas são as utilidades
da água, não servindo apenas para satisfação das necessidades fisiológicas do homem, mas também para
gerar uma melhor qualidade de vida para todos, quando se aproveita seu potencial hidrelétrico.
Dentro desse cenário, surge a importância das barragens como uma forma de armazenamento da água para
os seus múltiplos usos. São construídas objetivando não apenas o armazenamento em períodos de seca,
como também uma forma de evitar tragédias em caso de enchentes no período das chuvas.
Mas as barragens ganharam grande destaque na sociedade brasileira pelos impactos sociais e ambientais
que tem ocorridos nos últimos anos. Casos de rompimento da barragem de mineração da empresa Samarco
que ocorreu em 05 de novembro de 2015 e deixou 19 mortos no Distrito de Bento Gonçalves em Minas
Gerais; bem como o caso do rompimento da barragem da empresa Vale, em Brumadinho, em 25 de janeiro
de 2019, área metropolitana de Belo Horizonte, que resultou em morte de 259 pessoas e de mais de 4 mil
espécies de animais da fauna silvestre.
Desde 2010, por meio da edição da Lei 12.334, o Brasil possui uma Política Nacional de Segurança de
Barragens – PNSB destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária
de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais. Estabelece também normas de controle da segurança a
serem observadas pelos empreendedores e define quais são os órgãos fiscalizadores. Dentre os objetivos da
norma está fomentar a cultura da segurança de barragens, a gestão de riscos e a promoção de mecanismos
de participação e controle social.
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2 - BARRAGENS SUBMETIDAS À LEI 12.334/2010
A Lei 12.334/2010 não se aplica a todos os tipos de barragens. O art. 1º definiu o campo de atuação de suas
regras, utilizando como critério diferenciador a altura do maciço, capacidade do reservatório e a categoria
do dano potencial associado. Vejamos o normativo:
Art. 1o Esta Lei estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e cria o Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se a barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer
usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que
apresentem pelo menos uma das seguintes características:
I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m
(quinze metros);
II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões de metros
cúbicos);
III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis;
IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais,
ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6o.
CASOS DE APLICAÇÃO DA LEI DA PNSB20
Quanto à Dimensão
Altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior
ou igual a 15m.
20 Agencia Nacional de Águas. manual de políticas e práticas de segurança de barragens para entidades fiscalizadoras.
Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/cadastros/barragens/ManualEmpreendedor/ManualDePoliticasEPraticas
DeSegurancaDeBarragensParaEntidadesFiscalizadoras.PDF . acesso em 25/01/2020.
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Quanto à capacidade do
reservatório
Capacidade total do reservatório maior que 3.000.000m3(correspondente
a 20 campos de futebol com profundidade média de 15m).
Quanto ao dano potencial
associado
Categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos
econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas.
Quanto à presença de
produtos perigosos
Reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas
aplicáveis (ABNT NBR 10004/2004).
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A Lei da Política Nacional de Segurança de Barragens definiu conceitos fundamentais para o real
entendimento e alcance. Nesse sentido, é fundamental o conhecimento dos conceitos ventilados na norma,
notadamente por sua incidência em concursos públicos, tendo em vista que se trata de uma definição do
legislador, pura interpretação legislativa (originária).
TERMO DEFINIÇÃO
Barragem
Qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário de água para fins de
contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e
sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas.
Reservatório
Acumulação não natural de água, de substâncias líquidas ou de mistura de líquidos e
sólidos.
Segurança de
barragem
Condição que vise a manter a sua integridade estrutural e operacional e a preservação
da vida, da saúde, da propriedade e do meio ambiente.
Empreendedor
Agente privado ou governamental com direito real sobre as terras onde se localizam
a barragem e o reservatório ou que explore a barragem para benefício próprio ou da
coletividade.
Órgão Fiscalizador
Autoridade do poder público responsável pelas ações de fiscalização da segurança da
barragem de sua competência.
Gestão de Risco
Ações de caráter normativo, bem como aplicação de medidas para prevenção,
controle e mitigação de riscos.
Dano Potencial
associado à barragem
Dano que pode ocorrer devido a rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau
funcionamento de uma barragem.
3 - OBJETIVOS E FUNDAMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE
SEGURANÇA DE BARRAGENS
3.1 - Dos Objetivos da PNSB
A Lei 12.334/2010 definiu os objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). São linhas
mestras que se visa atingir em curto prazo de tempo fins específicos principalmente a concreção da Política
Nacional de Segurança de Barragens. Dentre eles podemos destacar:
▪ garantir a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a reduzir a possibilidade de acidente
e suas consequências;
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▪ regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de planejamento, projeto, construção,
primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros de barragens em todo o
território nacional;
▪ promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança empregadas pelos responsáveis
por barragens;
▪ criar condições para que se amplie o universo de controle de barragens pelo poder público, com base na
fiscalização, orientação e correção das ações de segurança;
▪ coligir informações que subsidiem o gerenciamento da segurança de barragens pelos governos;
▪ estabelecer conformidadesde natureza técnica que permitam a avaliação da adequação aos parâmetros
estabelecidos pelo poder público;
▪ fomentar a cultura de segurança de barragens e gestão de riscos.
A principal finalidade desses objetivos é garantir padrões de segurança, reduzir a possibilidade de acidentes,
regulamentar ações e padrões, centralizar as informações sobre segurança de barragens e fomentar a cultura
de segurança dentro do ambiente onde estão instaladas estas importantes estruturas.
A principal finalidade desses objetivos é garantir padrões de segurança, reduzir a possibilidade de acidentes,
regulamentar ações e padrões, centralizar as informações sobre segurança de barragens e fomentar a cultura
de segurança dentro do ambiente onde estão instaladas estas importantes estruturas.
3.2 - Dos Fundamentos da PNSB
O art. 4º, da Lei 12.334/2010 elencou os fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens
criando responsabilidades para o empreendedor e exigindo uma maior participação e controle por parte da
sociedade. São fundamentos da PNSB:
▪ a segurança de uma barragem deve ser considerada nas suas fases de planejamento, projeto, construção,
primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros;
▪ a população deve ser informada e estimulada a participar, direta ou indiretamente, das ações preventivas e
emergenciais;
▪ o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo-lhe o desenvolvimento de ações
para garanti-la;
▪ a promoção de mecanismos de participação e controle social;
▪ a segurança de uma barragem influi diretamente na sua sustentabilidade e no alcance de seus potenciais
efeitos sociais e ambientais.
3.3 - Da Fiscalização das normas da PNSB
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A fiscalização da segurança de barragens foi atribuída a vários atores, inclusive os órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente-Sisnama. Assim, além dos vinculados ao Sisnama, como
IBAMA, ICMBio, SEMAS Estaduais e Municipais, podemos destacar que a segurança de barragens caberá:
▪ à entidade que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, observado o domínio do corpo
hídrico, quando o objeto for de acumulação de água, exceto para fins de aproveitamento hidrelétrico;
▪ à entidade que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico, quando se tratar de uso
preponderante para fins de geração hidrelétrica;
▪ à entidade outorgante de direitos minerários para fins de disposição final ou temporária de rejeitos;
▪ à entidade que forneceu a licença ambiental de instalação e operação para fins de disposição de
resíduos industriais.
USO INSTITUIÇÃO FISCALIZADORA
Acumulação de água A mesma que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos
Hidroeletricidade A mesma que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico
Disposição final ou temporária
de rejeitos minerais
A mesma que outorgou os direitos minerários
Disposição de resíduos
industriais
A mesma que forneceu a licença ambiental de instalação e operação
As atribuições de fiscalização, como se nota, são distribuídas entre várias entidades como as agências de
águas, órgãos estaduais de recursos hídricos, a Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a Agência
Nacional de Mineração – ANM, o IBAMA, ICMBio e demais órgãos ambientais dos entes federativos, bem
como a Agência Nacional de Águas-ANA que tem papel fundamental nesse sistema como agente fiscalizador,
bem como articulador e coordenador do Sistema Nacional de Segurança de Barragens.
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4 - INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE
BARRAGENS
Para consecução dos objetivos fixados para a Política Nacional de Segurança de Barragens, a Lei 12.334/2010,
em seu art. 6º, previu os seguintes instrumentos:
▪ o Sistema de Classificação de Barragens (SCB) por categoria de risco e por dano potencial
associado;
▪ o Plano de Segurança de Barragem - PSB;
▪ o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens-SNISB;
▪ o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente- SINIMA;
▪ o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental – CTFA-IDA;
▪ o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos
Ambientais – CTFA-PPA;
▪ o Relatório de Segurança de Barragens- RSB.
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4.1 - Sistema de Classificação de Barragens por Categoria
As barragens são classificadas pelos agentes fiscalizadores, por categoria de risco, por dano potencial
associado e pelo seu volume, com base em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos-CNRH. Nesse sentido, em 2012, foi editada a Resolução CNRH n. 143/2014 que estabeleceu os
critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo seu
volume.
Quanto à categoria de risco, as barragens foram classificadas de acordo com aspectos da própria
barragem que possam influenciar na possibilidade de ocorrência de acidente, levando-se em conta os
seguintes critérios gerais, como características técnicas (altura do barramento e tipo de fundação da
barragem); estado de conservação da barragem (deformações e confiabilidade das estruturas extravasoras
e de captação), bem como o plano de segurança de barragens (existência de documentação do projeto e
regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem).
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A classificação por categoria de dano potencial associado à barragem em alto, médio ou baixo será feita em
função do potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais
decorrentes da ruptura da barragem. Nesse sentido, a Resolução 143/2012 fixou os critérios gerais a serem
utilizados para classificação quanto ao dano potencial associado na área afetada. São eles :
▪ existência de população a jusante com potencial de perda de vidas humanas;
▪ existência de unidades habitacionais ou equipamentos urbanos ou comunitários;
▪ existência de infraestrutura ou serviços;
▪ existência de equipamentos de serviços públicos essenciais;
▪ existência de áreas protegidas definidas em legislação;
▪ natureza dos rejeitos ou resíduos armazenados;
▪ volume.
Importante destacar que o órgão fiscalizador poderá adotar critérios complementares tecnicamente
justificados, não previstos inicialmente na Resolução, objetivando a maior proteção das áreas de barragens
contra acidentes. Frise-se ainda que essa classificação, após ser fixada para uma barragem, a critério do
órgão fiscalizador, poderá ser reavaliada a cada 5 anos devendo sempre ser levado em consideração o uso
e ocupação atual do solo.
Caso o empreendedor da barragem não apresente informações sobre determinado critério especificado na
Resolução ou em critérios complementares, o órgão fiscalizador aplicará a pontuação máxima para o
referido critério.
A Resolução CNRH fez duas classificações de barragens quanto a volumetria a depender da natureza do
armazenamento, sendo uma classificação paradisposição de rejeito mineral e/ou resíduo industrial e outra
só para acumulação de águas.
Quanto à classificação de barragens para disposição de rejeito mineral e/ou resíduo industrial, quanto ao
volume de seu reservatório, considerar-se-á:
CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS QUANTO À VOLUMETRIA:
DISPOSIÇÃO DE REJEITOS MINERAIS OU RESÍDUOS INDUSTRIAIS
Muito Pequeno
( V ≤ 500 mil m3)
Reservatório com volume total inferior ou igual a 500 mil metros cúbicos
Pequena
(500 mil < V ≤ 5 milhões m3)
Reservatório com volume total superior a 500 mil metros cúbicos e
inferior ou igual a 5 milhões de metros cúbicos
Média Reservatório com volume total superior a 5 milhões de metros
cúbicos e inferior ou igual ou inferior a 25 milhões de metros cúbicos
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(5 milhões < V ≤ 25 milhões
m3)
Grande
(25 milhões < V ≤ 50 milhões
m3)
Reservatório com volume total superior a 25 milhões e inferior ou igual
a 50 milhões de metros cúbicos
Muito Grande
(V > 50 milhões m3)
Reservatório com volume total superior a 50 milhões de metros
cúbicos
Para a classificação de barragens para acumulação de água, quanto ao volume de seu reservatório,
considerar-se-á:
CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS QUANTO À VOLUMETRIA:
ACUMULAÇÃO DE ÁGUA
Pequena
( V < 5 milhões m3)
Reservatório com volume total inferior a 5 milhões metros cúbicos
Média
(5 milhões < V ≤ 75 milhões
m3)
reservatório com volume igual ou superior a 5 milhões de metros cúbicos
e igual ou inferior a 75 milhões de metros cúbicos
Grande
(75 milhões < V ≤ 200 milhões
m3)
reservatório com volume superior a 75 milhões de metros cúbicos e
inferior ou igual a 200 milhões de metros cúbicos
Muito Grande
(V > 200 milhões m3)
reservatório com volume superior a 200 milhões de metros cúbicos
4.2 - Plano de Segurança de Barragens - PSB
A elaboração do Plano de Segurança de Barragens, que deve ser específico para cada barragem, é de
responsabilidade do empreendedor que é o encarregado da segurança da barragem. Cabe a ele adotar as
medidas necessárias à implementação do sistema de gestão da segurança, obedecendo às normas legais e
regulamentares referente à segurança de barragens.
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Sendo de implementação obrigatória, o PSB deve seguir critérios formais definidos na Lei de Segurança de
Barragens e nas normas editadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Nesse sentido, nos termos
do art. 8º, da Lei 12.334/2010, é obrigatório que o PSB contenha minimamente:
▪ identificação do empreendedor;
▪ dados técnicos referentes à implantação do empreendimento, inclusive, no caso de empreendimentos
construídos após a promulgação da Lei 12.334/2010, do projeto como construído, bem como aqueles
necessários para a operação e manutenção da barragem;
▪ estrutura organizacional e qualificação técnica dos profissionais da equipe de segurança da
barragem;
▪ manuais de procedimentos dos roteiros de inspeções de segurança e de monitoramento e relatórios
de segurança da barragem;
▪ regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem;
▪ indicação da área do entorno das instalações e seus respectivos acessos, a serem resguardados de
quaisquer usos ou ocupações permanentes, exceto aqueles indispensáveis à manutenção e à
operação da barragem;
▪ Plano de Ação de Emergência (PAE), quando exigido;
▪ relatórios das inspeções de segurança;
▪ revisões periódicas de segurança.
Cabe ao órgão fiscalizador estabelecer a periodicidade de atualização, a qualificação do responsável técnico,
o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos planos de segurança, devendo as exigências indicadas nas
inspeções periódicas de segurança da barragem ser contempladas nas atualizações do Plano de Segurança.
A Lei da PNSB fixou a necessidade de realização pelo empreendedor de duas inspeções de segurança. Uma
regular e outra especial, tendo sua periodicidade, a qualificação da equipe responsável, o conteúdo mínimo
e o nível de detalhamento definidos pelo órgão fiscalizador em função da categoria de risco e do dano
potencial associado à barragem.
A inspeção de segurança regular será efetuada pela própria equipe de segurança da barragem, devendo o
relatório resultante estar disponível ao órgão fiscalizador e à sociedade civil. Ao seu turno, a inspeção de
segurança especial será elaborada, conforme orientação do órgão fiscalizador, por equipe multidisciplinar
de especialistas, em função da categoria de risco e do dano potencial associado à barragem, nas fases de
construção, operação e desativação, devendo considerar as alterações das condições a montante e a jusante
da barragem.
No âmbito federal, a Resolução da Agência Nacional de Águas 236/2017, estabelece a periodicidade de
execução ou atualização, a qualificação dos responsáveis técnicos, o conteúdo mínimo e o nível de
detalhamento do Plano de Segurança da Barragem, das Inspeções de Segurança Regular e Especial, da
Revisão Periódica de Segurança de Barragem e do Plano de Ação de Emergência.
Deverá ser realizada Revisão Periódica de Segurança de Barragem com o objetivo de verificar o estado geral
de segurança da barragem, considerando o atual estado da arte para os critérios de projeto, a atualização
dos dados hidrológicos e as alterações das condições a montante e a jusante da barragem. A periodicidade,
a qualificação técnica da equipe responsável, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento da revisão
periódica de segurança foram estabelecidos pela ANA na Resolução 236/2017, em função da categoria de
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risco e do dano potencial associado à barragem. Essa revisão ainda deve indicar as ações a serem adotadas
pelo empreendedor para a manutenção da segurança da barragem, compreendendo, para tanto: o exame
de toda a documentação da barragem, em particular dos relatórios de inspeção; o exame dos procedimentos
de manutenção e operação adotados pelo empreendedor; a análise comparativa do desempenho da
barragem em relação às revisões efetuadas anteriormente.
Quanto ao Plano de Ação de Emergência- PAE, também disciplinado na Resolução ANA 236/2017, o órgão
fiscalizador poderá determinar a sua elaboração em função da categoria de risco e do dano potencial
associado à barragem, devendo exigi-lo sempre para a barragem classificada como de dano potencial
associado alto.
O PAE é o documento de responsabilidade do empreendedor que deve estar disponível no empreendimento
e nas prefeituras envolvidas, bem como ser encaminhado às autoridades competentes e aos organismos de
defesa civil, servindo para estabelecer as ações a serem executadas pelo empreendedor da barragem em
caso de situação de emergência, bem como identificará os agentes a serem notificados dessa ocorrência,
devendo contemplar, pelo menos: identificação e análise das possíveis situações de
emergência; procedimentos para identificação e notificação de mau funcionamento ou de condições
potenciais de ruptura da barragem; procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em situações
de emergência, com indicação do responsável pela ação; estratégia e meio de divulgação e alerta para as
comunidades potencialmente afetadas em situação de emergência.
4.3 - Sistema Nacional de Informações de Segurança de Barragens-SNISB
O SistemaNacional de Informações sobre Segurança de Barragens- SNISB é mais um instrumento da Política
Nacional de Barragens que foi instituído pela da Lei 12.334/2010, objetivando o registro informatizado das
condições de segurança de barragens em todo o território nacional. O SNISB compreenderá um sistema de
coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de suas informações, devendo contemplar barragens
em construção, em operação e desativadas.
O SNISB tem como princípios básicos para seu funcionamento: a descentralização da obtenção e produção
de dados e informações; a coordenação unificada do sistema; e o acesso a dados e informações garantido a
toda a sociedade.
5 - EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA POLÍTICA NACIONAL DE
SEGURANÇA DE BARRAGENS
A PNSB deverá estabelecer programa de educação e de comunicação sobre segurança de barragem, com o
objetivo de conscientizar a sociedade da importância da segurança de barragens, o qual contemplará as
seguintes medidas:
▪ apoio e promoção de ações descentralizadas para conscientização e desenvolvimento de
conhecimento sobre segurança de barragens;
▪ elaboração de material didático;
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▪ manutenção de sistema de divulgação sobre a segurança das barragens sob sua jurisdição;
▪ promoção de parcerias com instituições de ensino, pesquisa e associações técnicas relacionadas à
engenharia de barragens e áreas afins;
▪ disponibilização anual do Relatório de Segurança de Barragens.
6 - COMPETÊNCIAS DO ÓRGÃO FISCALIZADOR E DO EMPREENDEDOR
A Lei da Política Nacional de Segurança de Barragens fixou as responsabilidades/atribuições de cada um dos
atores envolvidos na segurança de barragens, notadamente para o órgão fiscalizador e para o
empreendedor.
O órgão fiscalizador, no âmbito de suas atribuições legais, deverá informar imediatamente à Agência
Nacional de Águas -ANA e ao Sistema Nacional de Defesa Civil – Sindec qualquer não conformidade que
implique risco imediato à segurança ou qualquer acidente ocorrido nas barragens sob sua jurisdição. São
obrigações do órgão fiscalizador:
ATRIBUIÇÕES DO ÓRGÃO FISCALIZADOR
- Manter cadastro das barragens sob sua jurisdição, com identificação dos empreendedores, para fins
de incorporação ao SNISB.
- Exigir do empreendedor a anotação de responsabilidade técnica, por profissional habilitado pelo
Sistema Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) / Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), dos estudos, planos, projetos, construção, fiscalização e
demais relatórios citados nesta Lei.
- Exigir do empreendedor o cumprimento das recomendações contidas nos relatórios de inspeção e
revisão periódica de segurança.
- Articular-se com outros órgãos envolvidos com a implantação e a operação de barragens no âmbito
da bacia hidrográfica.
- Exigir do empreendedor o cadastramento e a atualização das informações relativas à barragem no
SNISB.
Para o empreendedor, foram fixadas suas obrigações, sendo considerado o principal ator no processo de
segurança de barragens, tendo em vista que ele é o responsável pela elaboração do Plano de Segurança de
Barragens e pelo monitoramento e inspeção das referidas áreas. São obrigações do empreendedor:
ATRIBUIÇÕES DO EMPREENDEDOR
- prover os recursos necessários à garantia da segurança da barragem.
- providenciar, para novos empreendimentos, a elaboração do projeto final como construído.
- organizar e manter em bom estado de conservação as informações e a documentação referentes ao
projeto, à construção, à operação, à manutenção, à segurança e, quando couber, à desativação da
barragem.
- informar ao respectivo órgão fiscalizador qualquer alteração que possa acarretar redução da
capacidade de descarga da barragem ou que possa comprometer a sua segurança. Para reservatórios
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de aproveitamento hidrelétrico, essa alteração também deverá ser informada ao Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS).
- manter serviço especializado em segurança de barragem, conforme estabelecido no Plano de
Segurança da Barragem.
- permitir o acesso irrestrito do órgão fiscalizador e dos órgãos integrantes do Sindec ao local da
barragem e à sua documentação de segurança.
- providenciar a elaboração e a atualização do Plano de Segurança da Barragem, observadas as
recomendações das inspeções e as revisões periódicas de segurança.
- realizar as inspeções de segurança regular e especial.
- elaborar as revisões periódicas de segurança.
- elaborar o PAE, quando exigido.
- manter registros dos níveis dos reservatórios, com a respectiva correspondência em volume
armazenado, bem como das características químicas e físicas do fluido armazenado, conforme
estabelecido pelo órgão fiscalizador.
- manter registros dos níveis de contaminação do solo e do lençol freático na área de influência do
reservatório, conforme estabelecido pelo órgão fiscalizador.
- cadastrar e manter atualizadas as informações relativas à barragem no SNISB.
Por fim, o empreendedor também tem a responsabilidade de recuperar ou desativar as barragens que não
atenderem aos requisitos de segurança nos termos da legislação pertinente, devendo comunicar o órgão
fiscalizador as providências adotadas. A recuperação ou a desativação da barragem deverá ser objeto de
projeto específico.
Na eventualidade de omissão ou inação do empreendedor, o órgão fiscalizador poderá tomar medidas com
vistas à minimização de riscos e de danos potenciais associados à segurança da barragem, devendo os
custos dessa ação ser ressarcidos pelo empreendedor.
(TJ-AM/Juiz Substituto/CESPE – 2016) Com relação aos recursos hídricos, assinale a opção correta.
Compete ao Comitê Nacional de Recursos Hídricos organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens.
Resposta. Item errado. Não é comitê e sim Conselho. Nos termos do art. 35, da Lei das Águas, compete
ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança
de Barragens (PNSB), bem como estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus
instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).
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(SABESP/Biólogo/FCC – 2014) De acordo com a Lei no 9.433/97, compete ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos,
apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria
da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional.
Resposta. Item correto. O art. 35, inciso XIII, previu que cabe ao CNRH apreciar o Relatório de
Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das
obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional.
LEGISLAÇÃO DESTACADA
Senhores! Para sistematizar a legislação ventilada na presente aula, apresento os dispositivos abordados,
bem como jurisprudência adicional. O objetivo é que possam revisá-los e fixá-los com o tempo, considerando
que a maioria das provas de concurso exigem a literalidade das leis e o conhecimento da jurisprudência.
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
LEI 9.433/1997- LEI DAS ÁGUAS
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de
animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários
e das comunidades.
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
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I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados
aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado
dos recursos naturais.
IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
II - a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e
culturais das diversas regiões do País;
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos regional,
estadual e nacional;
V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
VI - a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - os Planos de Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos.
Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o
período de implantação de seus programas e projetos e terão o seguinte conteúdo mínimo:
I - diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II - análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades produtivas e de modificações dos
padrões de ocupação do solo;
III - balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com
identificação de conflitos potenciais;
IV - metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos disponíveis;
V - medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento
das metas previstas;
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso de recursos hídricos;
IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
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X - propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos.
Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País.
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle
quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água.
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de
sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:
I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no
meio rural;
II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes;
III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano
Nacional de Recursos Hídricos, aprovado na forma do disposto no inciso VIII do art. 35 desta Lei, obedecida a disciplina
da legislação setorial específica.
Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou
por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições
climáticas adversas;
IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes
alternativas;
VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.
Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos,
renovável.
Art. 18. A outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos;
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
I-A. – a Agência Nacional de Águas;
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;
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IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se
relacionem com a gestão de recursos hídricos;
V – as Agências de Água.
Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação:
I - promover o debate das questões relacionadasa recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes;
II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências necessárias ao
cumprimento de suas metas;
V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações, derivações, captações
e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de
recursos hídricos, de acordo com os domínios destes;
VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;
IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
Art. 41. As Agências de Água exercerão a função de secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de
Bacia Hidrográfica.
Art. 44. Compete às Agências de Água, no âmbito de sua área de atuação:
I - manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação;
II - manter o cadastro de usuários de recursos hídricos;
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos gerados pela cobrança pelo
uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira responsável pela administração desses recursos;
V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em
sua área de atuação;
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;
VII - celebrar convênios e contratar financiamentos e serviços para a execução de suas competências;
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia
Hidrográfica;
IX - promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de atuação;
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica;
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:
a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional
ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes;
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos;
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.
Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos
hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem
autorização dos órgãos ou entidades competentes;
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as
condições estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;
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VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo
instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.
Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços
hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não
atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes
penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração:
I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;
II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil
reais);
III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo
cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação
e proteção dos recursos hídricos;
IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os
recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração
de água subterrânea.
§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou
à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca
será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato.
§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que
incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e
58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.
§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos
termos do regulamento.
§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
LEI 12.334/2010- LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS
Art. 1o Esta Lei estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e cria o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).
Parágrafo único. Esta Lei aplica-se a barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição
final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes
características:
I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m (quinze metros);
II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões de metros cúbicos);
III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis;
IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de
vidas humanas, conforme definido no art. 6o.
Art. 3o São objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):
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I - garantir a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a reduzir a possibilidade de acidente e
suas consequências;
II - regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de planejamento, projeto, construção, primeiro
enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros de barragens em todo o território
nacional;
III - promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança empregadas pelos responsáveis por
barragens;
IV - criar condições para que se amplie o universo de controle de barragens pelo poder público, com base na
fiscalização, orientação e correção das ações de segurança;
V - coligirinformações que subsidiem o gerenciamento da segurança de barragens pelos governos;
VI - estabelecer conformidades de natureza técnica que permitam a avaliação da adequação aos parâmetros
estabelecidos pelo poder público;
VII - fomentar a cultura de segurança de barragens e gestão de riscos.
Art. 4o São fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):
I - a segurança de uma barragem deve ser considerada nas suas fases de planejamento, projeto, construção, primeiro
enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros;
II - a população deve ser informada e estimulada a participar, direta ou indiretamente, das ações preventivas e
emergenciais;
III - o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo-lhe o desenvolvimento de ações para
garanti-la;
IV - a promoção de mecanismos de participação e controle social;
V - a segurança de uma barragem influi diretamente na sua sustentabilidade e no alcance de seus potenciais efeitos
sociais e ambientais.
Art. 5o A fiscalização da segurança de barragens caberá, sem prejuízo das ações fiscalizatórias dos órgãos ambientais
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama):
I - à entidade que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, observado o domínio do corpo hídrico, quando o
objeto for de acumulação de água, exceto para fins de aproveitamento hidrelétrico;
II - à entidade que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico, quando se tratar de uso preponderante para
fins de geração hidrelétrica;
III - à entidade outorgante de direitos minerários para fins de disposição final ou temporária de rejeitos;
IV - à entidade que forneceu a licença ambiental de instalação e operação para fins de disposição de resíduos
industriais.
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Art. 6o São instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):
I - o sistema de classificação de barragens por categoria de risco e por dano potencial associado;
II - o Plano de Segurança de Barragem;
III - o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB);
IV - o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (Sinima);
V - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
VI - o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais;
VII - o Relatório de Segurança de Barragens.
Art. 13. É instituído o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB), para registro
informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território nacional.
Parágrafo único. O SNISB compreenderá um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de suas
informações, devendo contemplar barragens em construção, em operação e desativadas.
Art. 14. São princípios básicos para o funcionamento do SNISB:
I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações;
II - coordenação unificada do sistema;
III - acesso a dados e informações garantido a toda a sociedade.
Art. 17. O empreendedor da barragem obriga-se a:
I - prover os recursos necessários à garantia da segurança da barragem;
II - providenciar, para novos empreendimentos, a elaboração do projeto final como construído;
III - organizar e manter em bom estado de conservação as informações e a documentação referentes ao projeto, à
construção, à operação, à manutenção, à segurança e, quando couber, à desativação da barragem;
IV - informar ao respectivo órgão fiscalizador qualquer alteração que possa acarretar redução da capacidade de
descarga da barragem ou que possa comprometer a sua segurança;
V - manter serviço especializado em segurança de barragem, conforme estabelecido no Plano de Segurança da
Barragem;
VI - permitir o acesso irrestrito do órgão fiscalizador e dos órgãos integrantes do Sindec ao local da barragem e à sua
documentação de segurança;
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VII - providenciar a elaboração e a atualização do Plano de Segurança da Barragem, observadas as recomendações das
inspeções e as revisões periódicas de segurança;
VIII - realizar as inspeções de segurança previstas no art. 9o desta Lei;
IX - elaborar as revisões periódicas de segurança;
X - elaborar o PAE, quando exigido;
XI - manter registros dos níveis dos reservatórios, com a respectiva correspondência em volume armazenado, bem
como das características químicas e físicas do fluido armazenado, conforme estabelecido pelo órgão fiscalizador;
XII - manter registros dos níveis de contaminação do solo e do lençol freático na área de influência do reservatório,
conforme estabelecido pelo órgão fiscalizador;
XIII - cadastrar e manter atualizadas as informações relativas à barragem no SNISB.
JURISPRUDÊNCIA DESTACADA
JURISPRUDÊNCIA DO STF
Súmula 479: As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo,
excluídas de indenização.
----------------------------------
Ação direta de inconstitucionalidade. Instituição de região metropolitana e competência para saneamento básico.
Ação direta de inconstitucionalidade contra Lei Complementar n. 87/1997, Lei n. 2.869/1997 e Decreto n. 24.631/1998,
todos do Estado do Rio de Janeiro, que instituem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e a Microrregião dos Lagos
e transferem a titularidade do poder concedente para prestação de serviços públicos de interesse metropolitano ao
Estado do Rio de Janeiro. 2. Preliminares de inépcia da inicial e prejuízo. Rejeitada a preliminar de inépcia da inicial e
acolhido parcialmente o prejuízo em relação aos arts. 1º, caput e § 1º; 2º, caput; 4º, caput e incisos I a VII; 11, caput e
incisos I a VI; e 12 da LC 87/1997/RJ, porquanto alterados substancialmente. 3. Autonomia municipal e integração
metropolitana. A Constituição Federal conferiu ênfase à autonomia municipal ao mencionar os municípios como
integrantes do sistema federativo (art. 1º da CF/1988) e ao fixá-la junto com os estados e o Distrito Federal (art. 18 da
CF/1988). A essência da autonomia municipal contém primordialmente (i) autoadministração, que implica capacidade
decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica; e (ii) autogoverno, que determina a
eleição do chefe do Poder Executivo e dos representantes no Legislativo. O interesse comum e a compulsoriedade da
integração metropolitana não são incompatíveis com a autonomia municipal. O mencionado interesse comum não é
comum apenas aos municípios envolvidos, mas ao Estado e aos municípios do agrupamento urbano. O caráter
compulsório da participação deles em regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas já foi acolhido
pelo Pleno do STF (ADI 1841/RJ, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 20.9.2002; ADI 796/ES, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ
17.12.1999). O interesse comum inclui funções públicas e serviços que atendam a mais de um município, assim como
os que, restritos ao território de um deles, sejam de algum modo dependentes, concorrentes, confluentes ou
integrados de funções públicas, bem como serviços supra municipais. 4. Aglomerações urbanas e saneamento básico.
O art. 23, IX, da Constituição Federal conferiu competência comum à União, aos estados e aos municípios para
promover a melhoria das condições de saneamento básico. Nada obstante a competência municipal do poder
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concedente do serviço público de saneamento básico, o alto custo e o monopólio natural do serviço, além da existência
de várias etapas – como captação, tratamento, adução, reserva, distribuição de água e o recolhimento, condução e
disposição final de esgoto – que comumente ultrapassam os limites territoriais de um município, indicam a existência
de interesse comum do serviço de saneamento básico. A função pública do saneamento básico frequentemente
extrapola o interesse local e passa a ter natureza de interesse comum no caso de instituição de regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, nos termos do art. 25, § 3º, da Constituição Federal. Para o
adequado atendimento do interesse comum, a integração municipal do serviço de saneamento básico pode ocorrer
tanto voluntariamente, por meio de gestão associada, empregando convênios de cooperação ou consórcios públicos,
consoante o arts. 3º, II, e 24 da Lei Federal 11.445/2007 e o art. 241 da Constituição Federal, como compulsoriamente,
nos termos em que prevista na lei complementar estadual que institui as aglomerações urbanas. A instituição de
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas ou microrregiões pode vincular a participação de municípios limítrofes,
com o objetivo de executar e planejar a função pública do saneamento básico, seja para atender adequadamente às
exigências de higiene e saúde pública, seja para dar viabilidade econômica e técnica aos municípios menos favorecidos.
Repita-se que este caráter compulsório da integração metropolitana não esvazia a autonomia municipal. 5.
Inconstitucionalidade da transferência ao estado-membro do poder concedente de funções e serviços públicos de
interesse comum. O estabelecimento de região metropolitana não significa simples transferência de competências
para o estado. O interesse comum é muito mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má condução
da função de saneamento básico por apenas um município pode colocar em risco todo o esforço do conjunto, além
das consequências para a saúde pública de toda a região. O parâmetro para aferição da constitucionalidade reside
no respeito à divisão de responsabilidades entre municípios e estado. É necessário evitar que o poder decisório e o
poder concedente se concentrem nas mãos de um único ente para preservação do autogoverno e da
autoadministração dos municípios. Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do serviço ao colegiado
formado pelos municípios e pelo estado federado. A participação dos entes nesse colegiado não necessita de ser
paritária, desde que apta a prevenir a concentração do poder decisório no âmbito de um único ente. A participação
de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada região metropolitana de acordo com suas particularidades,
sem que se permita que um ente tenha predomínio absoluto. Ação julgada parcialmente procedente para declarar a
inconstitucionalidade da expressão “a ser submetido à Assembleia Legislativa” constante do art. 5º, I; e do § 2º do art.
4º; do parágrafo único do art. 5º; dos incisos I, II, IV e V do art. 6º; do art. 7º; do art. 10; e do § 2º do art. 11 da Lei
Complementar n. 87/1997 do Estado do Rio de Janeiro, bem como dos arts. 11 a 21 da Lei n. 2.869/1997 do Estado do
Rio de Janeiro. 6. Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade. Em razão da necessidade de
continuidade da prestação da função de saneamento básico, há excepcional interesse social para vigência excepcional
das leis impugnadas, nos termos do art. 27 da Lei n. 9868/1998, pelo prazo de 24 meses, a contar da data de conclusão
do julgamento, lapso temporal razoável dentro do qual o legislador estadual deverá reapreciar o tema, constituindo
modelo de prestação de saneamento básico nas áreas de integração metropolitana, dirigido por órgão colegiado com
participação dos municípios pertinentes e do próprio Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração do poder
decisório nas mãos de qualquer ente. (ADI 1842, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 06/03/2013, DJe-181 DIVULG 13-09-2013 PUBLIC 16-09-2013 EMENT VOL-02701-
01 PP-00001)
JURISPRUDÊNCIA DO STJ
AMBIENTAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. POÇOS ARTESIANOS. EXPLORAÇÃO. OUTORGA. NECESSIDADE.
SÚMULA 83 DO STJ. ANÁLISE DE LEI LOCAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 280 E 282 DO STF.
1. Apesar de o ora agravante alegar que há violação de matéria infraconstitucional, observa-se nos fundamentos do
acórdão recorrido que o tema foi dirimido com base em lei local (Decretos estaduais 23.430/1974, 37.033/1996,
47.470/2002 e Leis Estaduais 6.503/1972 e 10.350/1994), de modo que se afasta a competência do Superior Tribunal
de Justiça para o deslinde da questão contida no Recurso Especial, em virtude do óbice previsto na Súmula 280 do STF.
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Precedentes: AgInt no AREsp 1.283.045/RS, Rel. Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, DJe 18/10/2018; AgInt no
AREsp 848.692/RS, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 19/4/2018.
(...)
3. Ademais, na mesma linha do que foi decidido no aresto impugnado, o STJ tem prestigiado o comando normativo da
Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos (art. 12, II, da Lei 9.433/1997), que é claro ao assentar a necessidade de
outorga para a extração de água de aquífero subterrâneo. A propósito: AgInt no AREsp 1.283.045/RS, Rel. Ministro
Francisco Falcão, Segunda Turma, DJe 18/10/2018; REsp 1.726.460/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 21/11/2018; AgInt no AREsp 844.078/RS, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 7/8/2017;
AgRg no AREsp 263.253/RS, Rel. (AgInt no AREsp 1472020/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 22/10/2019, DJe 05/11/2019)
----------------
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU
OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. DIREITO ÀS ÁGUAS. ART. 1.293 DO CC/02. DIREITO DE VIZINHANÇA. PROPRIEDADE.
FUNÇÃO SOCIAL. RESTRIÇÕES INTERNAS. PASSAGEM DE ÁGUAS. OBRIGATORIEDADE. REQUISITOS. ÁGUA. BEM DE
DOMÍNIO PÚBLICO. USO MÚLTIPLO. ART. 1º, I E IV, DA LEI 9.433/05. PRÉVIA INDENIZAÇÃO. DESPROVIMENTO.
1. Ação ajuizada em 12/11/2009. Recurso especial interposto em 10/02/2015. Conclusão ao gabinete em 25/08/2016.
2. Trata-se de afirmar se i) ocorreu negativa de prestação jurisdicional; e ii) o proprietário de um imóvel tem o direito
de transportar a água proveniente de outro imóvel através do prédio vizinho, e qual a natureza desse eventual direito.
3. Ausentes os vícios do art. 535 do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.
4. O direito de propriedade, de acordo com o constitucionalismo moderno, deve atender a sua função social, não
consistindo mais, como anteriormente, em um direito absoluto e ilimitado, já que a relação de domínio, agora, possui
uma configuração complexa - em tensão com outros direitos igualmente consagrados no ordenamento jurídico.
5. Os direitos de vizinhança são manifestação da função social da propriedade, caracterizando limitações legais ao
próprio exercício desse direito, com viés notadamente recíproco e comunitário. O que caracteriza um determinado
direito como de vizinhança é a sua imprescindibilidade ao exercício do direito de propriedade em sua função social.
6. O direito à água é um direito de vizinhança, um direito ao aproveitamento de uma riqueza natural pelos
proprietários de imóveis que sejam ou não abastecidos pelo citado recurso hídrico, haja vista que, de acordo com a
previsão do art. 1º, I e IV, da Lei 9.433/97, a água é um bem de domínio público, e sua gestãodeve sempre
proporcionar o uso múltiplo das águas.
7. Se não existem outros meios de passagem de água, o vizinho tem o direito de construir aqueduto no terreno alheio
independentemente do consentimento de seu vizinho; trata-se de imposição legal que atende ao interesse social e
na qual só se especifica uma indenização para evitar que seja sacrificada a propriedade individual.
8. Recurso especial desprovido. (REsp 1616038/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
27/09/2016, DJe 07/10/2016)
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RESUMO
Apresentarei os principais temas destacados na aula para fins de revisão de última hora. Um olhar periódico
sobre os resumos é uma tática de estudo importante, pois além de economizar tempo em rememorar as
ideias principais sobre os temas, ajuda no processo de memorização e manutenção das informações em
nosso cérebro por mais tempo. No entanto, não esqueça que em havendo dificuldades quanto ao
entendimento do assunto, a melhor tática é a retomada dele diretamente nesta aula.
1. ASPECTOS INICIAIS SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
➢ Características Gerais dos Recursos Hídricos: A existência de vida em um determinado planeta está
diretamente relacionada com a presença da água, formando uma relação de dependência
extremada. A água é considerada um recurso natural e detém todos as prerrogativas e características
dos bens ambientais, devendo ser regularmente gerida e protegida pelo Poder Público. São
superficiais as águas que não penetram no solo, acumulam-se na superfície, escoam e dão origem a
rios, riachos, lagoas e córregos. As águas subterrâneas são formadas pelo excedente das águas de
chuvas que percorrem camadas abaixo da superfície do solo e preenchem os espaços vazios entre as
rochas. Essas formações geológicas permeáveis são chamadas de aquíferos. São denominadas de
águas interiores aquelas que tangenciam o território físico do país e são anteriores às linhas de base,
sendo estas retas que unem pontos de linhas de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas
cartas marítimas de grande escala reconhecidas oficialmente, nos termos da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 (Convenção de Montego Bay). São águas externas ou
marítimas os demais corpos d’água que estão localizados além dos limites definidos pelas linhas de
base, como as águas, do mar territorial, da Zona Contígua e do Alto-Mar.
➢ Diferença entre água e recurso hídrico: o vocábulo “água” não sendo vinculada a qualquer tipo de
utilização é gênero e deve ser entendida como uma substância química, com elemento integrante da
natureza. Ao seu turno, o termo “recurso hídrico” é a água vista como um bem econômico, que tem
uma destinação específica, tendo embutido um valor de uso e de troca.
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➢ Dominialidade da Água: A água é um recurso ambiental e como tal é de dominialidade pública
cabendo ao Poder público a regular gestão desse bem ambiental. É nesse sentido que a Lei 9.433/97
definiu, em seu art. 1º, I, a água como um bem de domínio público. A água é um bem de uso coletivo
de dominialidade pública, cujo titular é a coletividade, cabendo o Poder Público, em face do
interesse público relevante desse bem, proteger e disciplinar o seu uso para atender às necessidades
de todos os seres vivos que dela dependem, funcionando como um verdadeiro gerenciador desse
recurso.
➢ Competência Legislativa e Material sobre “águas”: A competência para legislar sobre águas foi
atribuída de forma privativa à União, nos termos do art. 22, IV, da CF/88. Embora seja competência
privativa da União legislar sobre águas, cabe advertir que a competência para proteger o meio
ambiente e fiscalizar exploração de recursos hídricos em seus territórios é comum (competência
material) entre União, Estados e Municípios, nos termos do art. 23, VI e XI, da CF, sendo, como vimos,
as águas correntes ou dormentes bens dos Estados, nos termos do art. 26, I, da CF. Ademais disso,
em termos de competência para legislar sobre recursos hídricos, a CF/88 atribuiu a União a
competência material exclusiva para instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso, assim como para instituir diretrizes para
o saneamento básico, acrescentando a competência para planejar e promover a defesa permanente
contra as calamidades públicas, especialmente as secas e inundações. A Constituição Federal
também previu, em seu art. 23, a competência material comum para os entes federativos quanto ao
tema águas, no sentido de que todos poderão atuar na proteção e defesa do meio ambiente e do
combate à poluição, aí incluída a proteção e defesa dos corpos d’água, bem como a necessidade de
procederem à fiscalização, registro e ao acompanhamento dos direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos em seus territórios.
➢ Normas que tutelam os recursos hídricos: A Lei 9.433/1997 regulamentou o inciso XIX, do art. 21 da
CF/88, instituiu o Sistema Nacional de Recursos Hídricos e definiu os critérios de outorga de direitos
de seu uso desses recursos. Essa Lei ficou amplamente conhecida como Lei das Águas e pelo fato de
ter dado maior abrangência ao Código de Águas, de 1934, que centralizava as decisões sobre
administração dos corpos de água no setor elétrico, tornando a gestão dos recursos hídricos mais
democrática. Visando a proteção dos recursos hídricos contra a poluição dos cursos d’água, foi
editada a Lei 9.966/2007 que sedimentou as regras para a prevenção, o controle e a fiscalização da
poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob
jurisdição nacional, tendo em 2002, sua regulamentação por meio do Decreto 4.136/2002 que
elencou as regras para a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção,
controle e fiscalização da poluição sobre os recursos hídricos. Em 2005, o CONAMA n. 357/2005,
dispôs sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabeleceu as condições e padrões para o lançamento de efluentes. A Lei 11.445/2007,
estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento
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básico, definindo a titularidade dos serviços de saneamento básico, fixando a regra de que os recursos
hídricos não integram os serviços públicos de saneamento básico, fixando a regra de que a utilização
de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para
disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos
termos da Lei no 9.433/1997, de seus regulamentos e das legislações de cada Estado/DF.
2. Política Nacional de Recursos Hídricos-PNRH
➢ Recursos Hídricos no Âmbito Internacional: a conferência internacional que mais ganhou renome e
sobressai de importância para os concursos públicos, foi a Conferência Internacional sobre Água e
Meio Ambiente organizada pela ONU realizada em Dublin (Conferência de Dublin), Irlanda, em
janeiro de 1992 sendo o segundo grande encontro internacional a debater a gestão dos recursos
hídricos. Os especialistas concluíram que a saúde e o bem-estar humano, a segurançaalimentar, o
desenvolvimento industrial e os ecossistemas dos quais dependem, estão todos em risco, a não ser
que a água e os recursos naturais sejam gerenciados de forma mais eficaz. Foi elaborado a Declaração
de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável contendo Princípios Orientadores e uma
Agenda de Ações. Dentre eles podemos citar o reconhecimento de que a água doce é um recurso
finito e vulnerável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento e o meio ambiente, bem como
o desenvolvimento e gestão da água deverão ser baseados numa abordagem participativa,
envolvendo usuários, planejadores e agentes políticos em todos os níveis. A Declaração de Dublin
destacou ainda, em seu princípio 4, a ideia de que a água tem um valor econômico em todos os usos
competitivos e deve ser reconhecida como um bem econômico.
➢ Fundamentos da PNRH: A Lei 9.433/97 previu, em seu art. 1º, os Fundamentos da Política Nacional
de Recursos Hídricos – PNRH, sendo perfeitamente perceptível a incorporação no ordenamento
jurídico interno dos princípios e das diretrizes trazidas pela Declaração de Dublin sobre Água e
Desenvolvimento Sustentável. A água é um bem de domínio público. A água, enquanto bem
ambiental essencial a sadia qualidade de vida dos seres vivos, nos termos do art. 225, caput, da CF/88,
é um bem de titularidade da coletividade de natureza transindividual, sendo o Poder Público mero
gestor desse recurso natural, objetivando satisfação do seu verdadeiro titular, intervindo no sentido
de alocar adequadamente o recurso hídrico, garantindo seu acesso e distribuição a todos, privando
pela racionalidade em seu uso. Em razão da escassez e vulnerabilidade do recurso, que são utilizados
instrumentos econômicos visando que os usuários reconheçam a água como um bem econômico com
a indicação de seu real valor despertando em todos a necessidade da racionalização de seu uso. Em
casos de sua deficiência, deve-se dar prioridade para a satisfação das necessidades humanas e dos
animais. Melhor dizendo, em caso de crise hídrica, a satisfação das necessidades dos seres vivos é
prioridade. A necessidade de uso múltiplo das águas é outro fundamento da PNRH. O objetivo do
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normativo é garantir o acesso de todos aos recursos hídricos buscando a satisfação de toda a
diversidade de modos de sua utilização com o menor custo possível, tendo em vista a demanda
diversificada de uso da água que temos hoje. Outro Fundamento da PNRH é a utilização da bacia
hidrográfica como referência. O objetivo é conhecer de perto as necessidades e os possíveis conflitos
existentes pelo uso da água pelos atores locais para poder com isso gerenciar e racionalizar os
múltiplos usos da água previstos no planejamento governamental. É nesse sentido que os P lanos de
Recursos Hídricos, um dos instrumentos da PNRH deve ser elaborado por bacia hidrográfica. Previu
ainda como fundamento da PNRH que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e
contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. O objetivo é buscar a
implementação de uma gestão democrática e mais participativa envolvendo diversos atores na
tomada de decisão dando mais efetividade ao princípio da informação e da participação comunitária.
➢ Objetivos da PNRH: Os objetivos fixados refletem o propósito de realizar uma gestão de qualidade
desses recursos, destacando-se onde se quer chegar com o gerenciamento dos recursos hídricos. São
objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: assegurar à atual e às futuras gerações a
necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; a
utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais; e Incentivar e promover a captação,
a preservação e o aproveitamento de águas pluviais.
➢ Diretrizes Gerais de Ação da PNRH: As Diretrizes Gerais de Ação para implementação da PNRH estão
previstas no art. 3º, da Lei das Águas. Elas são verdadeiros pontos fulcrais para se alcançar os
objetivos respeitando os fundamentos fixados na Lei nº 9.433/1997. Constituem diretrizes gerais de
ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: a gestão sistemática dos
recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade; a adequação da gestão
de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais
das diversas regiões do País; a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; a
articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos
regional, estadual e nacional; a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo; e a
integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
➢ Instrumentos da PNRH: Para se chegar a uma maior concretude dos objetivos fixados na Política
Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas estabeleceu os instrumentos necessários a escorreita
gestão desses recursos. São vários instrumentos administrativos que efetivam o espírito de gestão
articulada e participativa dos recursos hídricos ventilado na Lei 9.433/97. São instrumentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos: os Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos de água
em classes, segundo os usos preponderantes da água; a outorga dos direitos de uso de recursos
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hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; a compensação a municípios; e o Sistema de
Informações sobre Recursos Hídricos.
➢ Os Planos de Recursos Hídricos: são planos diretores que visam fundamentar e orientar a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos,
servindo como instrumento de planejamento para orientar atuação dos gestores e de toda a
comunidade no que diz respeito ao uso, recuperação, proteção, conservação e desenvolvimento
desses recursos. Esses PRHs devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País,
devendo atender a demandas de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o
período de implantação de seus programas e projetos. Para elaboração do Plano Nacional de
Recursos Hídricos a base físico-territorial adotada é representada pela Divisão Hidrográfica Nacional
em regiões Hidrográficas aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos por meio da
Resolução n. 32/2003.
➢ Enquadramento dos Corpos de Água em Classes: o enquadramento dos corpos de água em classes,
segundo os usos preponderantes da água, visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos
mais exigentes a que forem destinadas, bem como diminuir os custos de combate à poluição das
águas, mediante ações preventivas permanentes. A qualidade da água é o fator que fixa o
enquadramento e dependerá da exigência do uso do corpo de água. Cada tipo de uso exigirá uma
maior ou menor nível de qualidade da água, gerando as classes de classificação previstas na
Resolução CONAMA n. 357/2005 que dispõe sobre o enquadramento dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento
de efluentes. A referida norma definiu os corpos de água no território nacional em águas doces,
salobras e salinassendo classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos
preponderantes, em treze classes de qualidade.
➢ Outorga do Direito de Uso de Recursos Hídricos: A outorga é um consentimento estatal no efetivo
exercício do poder de polícia preventivo que assegura ao requerente o direito de utilizar os recursos
hídricos sob condições específicas elencadas no ato concessivo. Assim, se um empreendedor
necessita, por exemplo, de utilizar a água em um processo produtivo, tem de solicitar a outorga ao
poder público, seja ele federal, seja estadual. A outorga não implica a alienação parcial das águas,
que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso. A outorga tem prazo não excedente a trinta e
cinco anos, renovável. A outorga do direito de uso de recursos hídricos efetivar-se-á por ato da
autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. Há
autorização legal expressa para que o Poder Executivo Federal delegue aos Estados e ao Distrito
Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da
União. Estão sujeitos à outorga os direitos de uso dos recursos hídricos resultante de (1) derivação
ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; (2) extração de água de aquífero
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subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; (3) lançamento em corpo de água
de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final; (3) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; e (4) outros usos que
alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Independem
de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: (1) o uso de recursos hídricos
para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;
(2) as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; e (3) as acumulações de
volumes de água consideradas insignificantes. A outorga poderá ser suspensa parcial ou totalmente,
em definitivo ou por prazo determinado, são as hipóteses: descumprimento dos termos da outorga
pelo outorgado; ausência de uso por três anos consecutivos; necessidade de água para atender a
situações de calamidade, incluindo aquelas resultantes de situações climáticas adversas; necessidade
de prevenir ou reverter grave degradação ambiental; necessidade de atendimento a usos prioritários
(consumo humano e dessedentação de animais), de interesse coletivo, quando não se possui fontes
alternativas; indeferimento ou cassação da licença ambiental; e necessidade de manutenção da
navegabilidade do corpo d’água. A outorga prévia é apenas um documento garantidor do uso futuro
do corpo de água e instrumental no processo de licenciamento, não podendo servir como
instrumento autorizativo para uso imediato dos recursos hídricos. O prazo de validade da outorga
preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade do planejamento do empreendimento,
limitando-se ao máximo de três anos, findo o qual será considerado o prazo de até dois anos, para
início da implantação do empreendimento objeto da outorga e de até seis anos, para conclusão da
implantação do empreendimento projetado. Outro instrumento econômico para viabilizar a
escorreita gestão de recursos hídricos é a cobrança pelo seu uso. Sendo um dos instrumentos da
Política Nacional de Recursos Hídricos, a cobrança pelo uso não é considerada um imposto, mas sim
um preço público. Um dos princípios ambientais que justifica a cobrança pelo uso da água é o
princípio do usuário – pagador objetivando despertar a consciência de que a água tem valor
econômico e seu uso deve ser racional, bem como para contribuir financeiramente no
desenvolvimento de projetos para melhoria da gestão desses bens. O SIRH é um dos instrumentos de
gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, consubstanciado em um sistema de coleta,
tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos, bem como
fatores intervenientes para sua gestão, sendo que os dados gerados pelos órgãos integrantes do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos: reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação
qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; atualizar permanentemente as informações
sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; e fornecer
subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
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3. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
➢ Objetivos e Composição do SINGREH: é o conjunto de organismos, agências e instalações
governamentais e privadas que concebe e implementa a Política Nacional dos Recursos Hídricos e
promove a cobrança pelo uso desses recursos. Foi instituído pela Lei 9.433/97 tendo o papel de fazer
a gestão dos usos da água de forma democrática e participativa. O SINGREH tem como objetivos
essenciais: coordenar a gestão integrada das águas; arbitrar administrativamente os conflitos
relacionados com os recursos hídricos; implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; promover a
cobrança pelo uso de recursos hídricos. O Singreh é integrado pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos-CNRH; pela Agência Nacional de Águas-ANA; pelos Conselhos de Recursos Hídricos dos
Estados e do Distrito Federal - CERH; pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; pelos órgãos dos poderes
públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a
gestão de recursos hídricos; bem como pelas Agências de Água.
➢ Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH: O Conselho Nacional de Recursos Hídricos -CNRH é
órgão colegiado deliberativo e normativo de âmbito nacional responsável principalmente pela
formulação da Política Nacional de Recursos Hídricos. O CNRH teve recente alterações em sua
estrutura e composição pela edição do Decreto 10.000/2019, ficando vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento Regional e não mais ao Ministério do Meio Ambiente (Lei 13.884/2019). Dentre as
atribuições do CNRH o art. 35, da Lei das Águas, bem como o art. 1º, do Decreto 10.000/2019 fixaram
ser competências do Conselho (dentre outras): formular a Política Nacional de Recursos Hídricos;
arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre conselhos estaduais de
recursos hídricos; aprovar o enquadramento dos corpos de água em classes de uso, em consonância
com as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente e de acordo com a classificação
estabelecida na legislação ambiental; estabelecer diretrizes para implementação da Política Nacional
de Segurança de Barragens, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens; e apreciar o Relatório de Segurança de Barragens e
encaminhá-lo ao Congresso Nacional, com recomendações para melhoria da segurança das obras, se
necessário.
➢ Comitês de Bacia Hidrográfica: Um Comitê de Bacia Hidrográfica- CBH é uma espécie de fórum de
debate em que diversosatores se reúnem para discutir sobre o uso dos recursos hídricos na bacia.
Esses Comitês representam uma forma de participação da sociedade junto com o Poder Público na
elaboração das políticas públicas. Isso porque esses órgãos não são apenas consultivos (emitem
opinião sem valor decisório), mas também deliberativos, decidindo sobre a escorreita gestão dos
corpos de água. O Comitê define as regras a serem seguidas por todos os usuários dos corpos de
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água, inclusive obrigando os órgãos executivos dos Estados ao cumprimento das determinações por
meio do seu poder de regulação. Assim, cabe aos Comitês a atribuição de deliberar sobre a gestão da
água. Compte aos CBHs, no âmbito de sua área de atuação: promover o debate das questões
relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; arbitrar, em
primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; aprovar o Plano de
Recursos Hídricos da bacia; acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir
as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; e estabelecer critérios e promover o
rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo. Os Comitês de Bacia
Hidrográfica são compostos por representantes: da União; dos Estados e do Distrito Federal cujos
territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; dos Municípios
situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; dos usuários das águas de sua área de
atuação; bem como das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.
➢ Agências de Águas: As Agências de Água são criadas para exercerem a função de secretaria executiva
do respectivo(s) Comitês de Bacia Hidrográfica. Sua função é garantir o funcionamento do Comitê
apoiando o sistema no exercício de funções técnicas, como na elaboração de estudos para a
construção de propostas para o uso dos recursos hídricos. Assim, a Agência de Águas não é órgão
regulador, mas sim executor, sendo criadas para dar o suporte técnico e administrativo aos Comitês
de Bacia. As Agências de Água terão a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica e a criação será autorizada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos ou pelos
Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacia
Hidrográfica. São competências das Agências de Águas, dentre outras: manter balanço atualizado da
disponibilidade de recursos hídricos em sua área de atuação; manter o cadastro de usuários de
recursos hídricos; efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos
hídricos; analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos
gerados pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos e encaminhá-los à instituição financeira
responsável pela administração desses recursos; propor ao respectivo ou respectivos Comitês de
Bacia Hidrográfica: o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento
ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o
domínio destes; e os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos.
➢ Organizações Civis de Recursos Hídricos: podem ser OCRH: consórcios e associações intermunicipais
de bacias hidrográficas; associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos;
organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da
sociedade; e outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos. Há possibilidade de o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos delegarem as OCRH, por prazo determinado, o exercício de funções
de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não estiverem constituídos.
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➢ Agência Nacional de Águas -ANA: A Agência Nacional de Águas-ANA é a autoridade do governo
federal responsável por monitorar, planejar e regular o acesso das águas gerenciados pela União. Foi
criada pela Lei 9.984/2000 que tem como missão institucional essencial a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos, sendo parte integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. A ANA tem natureza jurídica de autarquia sob regime especial, com autonomia
administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (alteração da Lei
13.884/2019) com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de
Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A ANA
terá sede e foro no Distrito Federal, podendo instalar unidades administrativas regionais. São
atribuições específicas da ANA, dentre outras: supervisionar, controlar e avaliar as ações e
atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos;
disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos; fiscalizar os usos de recursos hídricos nos
corpos de água de domínio da União; organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações
sobre Segurança de Barragens (SNISB) promover a articulação entre os órgãos fiscalizadores de
barragens; e coordenar a elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e encaminhá-lo,
anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), de forma consolidada. Nas outorgas
de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União, serão respeitados limites de prazos,
contados da data de publicação dos respectivos atos administrativos de autorização. Esses prazos são
de: até 02 anos, para início da implantação do empreendimento objeto da outorga; até 06 anos, para
conclusão da implantação do empreendimento projetado; até 35 anos, para vigência da outorga de
direito de uso.
4. Infrações e Penalidades quanto ao Uso dos Recursos Hídricos
➢ Infrações de Recursos Hídricos: constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos
superficiais ou subterrâneos: derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a
respectiva outorga de direito de uso. iniciar a implantação ou implantar empreendimento
relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que
implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos
ou entidades competentes. utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços
relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga. perfurar
poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização. fraudar as medições
dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos. obstar ou dificultar a ação
fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.
➢ Penalidades pelas Infrações: As INFRAÇÕES a qualquer disposição legal ou regulamentar referentes
à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio
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ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da
autoridade competente, ficará sujeito às seguintes PENALIDADES, independentemente de sua ordem
de enumeração: advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das
irregularidades; multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem
reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); embargo provisório, por prazo determinado, para execução de
serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o
cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;
embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo
estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou
tamponar os poços de extração de água subterrânea. Se da infração das normas estabelecidas no art.
49 resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento
de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será
inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato. Em caso de reincidência, a multa será
aplicada em dobro.
5. Política Nacional de Segurança de Barragens
➢ Barragens submetidas à Lei 12.334/2010: a Lei 12.334/2010 não se aplica a todos os tipos de
barragens. O art. 1º definiu o campo de atuação de suas regras, utilizando como critério diferenciador
a altura do maciço, capacidade do reservatório e a categoria do dano potencial associado. São os
casos de: I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a
15m (quinze metros); II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões
de metros cúbicos); III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas
aplicáveis; IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais,
ambientais ou de perda de vidas humanas.
➢ Objetivos e Fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens: A Lei 12.334/2010 definiu
os objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). São linhas mestras que se visa
atingir em curto prazo de tempo fins específicos principalmente a concreção da Política Nacional de
Segurança de Barragens. Dentre eles podemos destacar: garantir a observância de padrões de
segurança de barragens de maneira a reduzir a possibilidade de acidente e suas consequências;
regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de planejamento, projeto,
construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros de
barragens em todo o território nacional; promover o monitoramento e o acompanhamento das ações
de segurança empregadas pelos responsáveis por barragens; criar condições para que se amplie o
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universo de controle de barragens pelo poder público, com base na fiscalização, orientação e
correção das ações de segurança; coligir informações que subsidiem o gerenciamento da segurança
de barragens pelos governos; estabelecer conformidades de natureza técnica que permitam a
avaliação da adequação aos parâmetros estabelecidos pelo poder público; e fomentar a cultura de
segurança de barragens e gestão de riscos. O art. 4º, da Lei 12.334/2010 elencou os fundamentos da
Política Nacional de Segurança de Barragens criando responsabilidades para o empreendedor e
exigindo uma maior participação e controle por parte da sociedade. São fundamentos da PNSB: a
segurança de uma barragem deve ser considerada nas suas fases de planejamento, projeto,
construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação e de usos futuros; a
população deve ser informada e estimulada a participar, direta ou indiretamente, das ações
preventivas e emergenciais; o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem,
cabendo-lhe o desenvolvimento de ações para garanti-la; a promoção de mecanismos de
participação e controle social; a segurança de uma barragem influi diretamente na sua
sustentabilidade e no alcance de seus potenciais efeitos sociais e ambientais.
➢ Instrumentos da Política Nacional de Segurança de Barragens: Para consecução dos objetivos
fixados para a Política Nacional de Segurança de Barragens, a Lei 12.334/2010, em seu art. 6º, previu
os seguintes instrumentos: o Sistema de Classificação de Barragens (SCB) por categoria de risco e por
dano potencial associado; o Plano de Segurança de Barragem - PSB; o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens-SNISB; o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio
Ambiente- SINIMA; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental –
CTFA-IDA; o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
Recursos Ambientais – CTFA-PPA; e o Relatório de Segurança de Barragens- RSB. As barragens são
classificadas pelos agentes fiscalizadores, por categoria de risco, por dano potencial associado e pelo
seu volume, com base em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos-
CNRH. Nesse sentido, em 2012, foi editada a Resolução CNRH n. 143/2014 que estabeleceu os
critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado e pelo
seu volume. É obrigatório que o PSB contenha minimamente: identificação do empreendedor; dados
técnicos referentes à implantação do empreendimento, inclusive, no caso de empreendimentos
construídos após a promulgação da Lei 12.334/2010, do projeto como construído, bem como aqueles
necessários para a operação e manutenção da barragem; estrutura organizacional e qualificação
técnica dos profissionais da equipe de segurança da barragem; manuais de procedimentos dos
roteiros de inspeções de segurança e de monitoramento e relatórios de segurança da barragem; regra
operacional dos dispositivos de descarga da barragem; indicação da área do entorno das instalações
e seus respectivos acessos, a serem resguardados de quaisquer usos ou ocupações permanentes,
exceto aqueles indispensáveis à manutenção e à operação da barragem; Plano de Ação de
Emergência (PAE), quando exigido; relatórios das inspeções de segurança; e revisões periódicas de
segurança.
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➢ Sistema Nacional de Informações de Segurança de Barragens-SNISB: é mais um instrumento da
Política Nacional de Barragens que foi instituído pela da Lei 12.334/2010, objetivando o registro
informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território nacional. O SNISB
compreenderá um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de suas
informações, devendo contemplar barragens em construção, em operação e desativadas.
➢ Competências do Órgão fiscalizador e do Empreendedor: A Lei da Política Nacional de Segurança de
Barragens fixou as responsabilidades/atribuições de cada um dos atores envolvidos na segurança de
barragens, notadamente para o órgão fiscalizador e para o empreendedor. São atribuições do órgão
fiscalizador: Manter cadastro das barragens sob sua jurisdição, com identificação dos
empreendedores, para fins de incorporação ao SNISB; Exigir do empreendedor a anotação de
responsabilidade técnica, por profissional habilitado pelo Sistema Conselho Federal de Engenharia,
Arquiteturae Agronomia (Confea) / Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(Crea), dos estudos, planos, projetos, construção, fiscalização e demais relatórios citados nesta Lei;
Exigir do empreendedor o cumprimento das recomendações contidas nos relatórios de inspeção e
revisão periódica de segurança; Articular-se com outros órgãos envolvidos com a implantação e a
operação de barragens no âmbito da bacia hidrográfica; e Exigir do empreendedor o cadastramento
e a atualização das informações relativas à barragem no SNISB. São atribuições do empreendedor:
prover os recursos necessários à garantia da segurança da barragem; providenciar, para novos
empreendimentos, a elaboração do projeto final como construído; organizar e manter em bom
estado de conservação as informações e a documentação referentes ao projeto, à construção, à
operação, à manutenção, à segurança e, quando couber, à desativação da barragem; informar ao
respectivo órgão fiscalizador qualquer alteração que possa acarretar redução da capacidade de
descarga da barragem ou que possa comprometer a sua segurança; e permitir o acesso irrestrito do
órgão fiscalizador e dos órgãos integrantes do Sindec ao local da barragem e à sua documentação de
segurança. O empreendedor também tem a responsabilidade de recuperar ou desativar as barragens
que não atenderem aos requisitos de segurança nos termos da legislação pertinente, devendo
comunicar o órgão fiscalizador as providências adotadas. A recuperação ou a desativação da
barragem deverá ser objeto de projeto específico..
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QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura
1. (TJ-AL/Juiz Substituto/FCC – 2019) A política nacional de recursos hídricos instituída pela Lei n°
9.433/1997, estabelece, como um de seus instrumentos,
(A)a possibilidade de cobrança pelo uso de recursos hídricos sujeitos a outorga, o que não se confunde com
taxa ou tarifa cobrada pelo fornecimento domiciliar de água tratada e coleta de esgoto.
(B)a outorga onerosa dos direitos de uso dos recursos hídricos, conferida exclusivamente para geração de
energia por pequenas centrais hidrelétricas, com potencial de geração de até 30 MW.
(C)os planos de recursos hídricos, elaborados de forma centralizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e
de aplicação compulsória pelos Estados e Municípios que integrem a correspondente Bacia Hidrográfica.
(D)o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, órgão do Ministério de Minas e Energia
responsável pelo licenciamento ambiental de hidrelétricas e outros empreendimentos que impactem de
forma relevante as reservas hídricas disponíveis.
(E)a classificação indicativa de cursos de água, com o enquadramento dos rios e afluentes de todo o território
nacional nas categorias “A”, “B” ou “C”, conforme a prioridade, respectivamente, para consumo humano,
dessedentação de animais ou geração de energia elétrica.
Resposta. Item A. O item “A” está correto porque a cobrança de valores é devido ao uso de bem público
tendo natureza de preço público e não de tributo. O item “B” está incorreto, pois não é “exclusivamente”
para geração de energia por pequenas centrais hidrelétricas, com potencial de geração de até 30 MW
existindo diversas hipóteses no art. 12, da Lei das Águas. O item “C” está incorreto tendo em vista que os
Planos de Recursos Hídricos deverão ser elaborados em três níveis, Nacional (participação da ANA),
Estaduais/DF e de Bacias Hidrográficas. O item “D” está incorreto considerando que o sistema nacional de
gerenciamento de recursos hídricos não é um órgão, sendo composto por vários órgãos das três esferas de
governo para o bom controle do uso da água, nos termos do art. 33, da Lei 9.433/97. O item “E” está
incorreto tendo em vista que essa classificação não foi prevista na Resolução do CNRH 357/2005.
2. (TRF - 2ª Região/Juiz Federal Substituto/TRF - 2ª Região – 2017) Quanto à outorga de direito de uso
de recursos hídricos, assinale a opção correta:
(A)A outorga é de competência exclusiva da Agência Nacional de Águas.
(B)Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos deve ser destinado ao consumo humano
e à dessedenlação de animais e, em seguida, às prioridades de uso estabelecidas no Plano de Recursos
Hídricos aplicável a cada corpo hídrico.
(C)A outorga só será suspensa nos casos de não cumprimento, pelo outorgado, dos termos estabelecidos ou
de necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, sempre mediante processo
administrativo em que se assegure ampla defesa.
(D)A outorga deverá observar o uso específico para o qual o corpo hídrico tiver sido destinado, vedado o seu
uso múltiplo.
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(E)Desde que respeite a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, a outorga não fica condicionada
às prioridades de uso.
Resposta. Item B. O item “A” está incorreto porque, nos termos do art. 14, da Lei das Águas, a outorga
efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito
Federal, podendo o Poder Executivo Federal delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para
conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. O item “B” está correto, pois,
nos termos do art. 1º, da Lei 9.433/97, a PNRH baseia-se no fundamento de que em situações de escassez,
o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais. O item “C” está
incorreto tendo em vista que a outorga se suspende, em várias hipóteses previstas no art. 15, da Lei de
Águas, dentre elas: não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausência de uso por três anos
consecutivos; necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as
decorrentes de condições climáticas adversas; necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação
ambiental; necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha
de fontes alternativas; necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de
água. O item “D” está incorreto tendo em vista que a Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se no
fundamento de que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas. O
item “E” está incorreto porque, nos termos do art. 13, da Lei 9.433/97, toda outorga estará condicionada às
prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos, devendo preservar o uso múltiplo destes
recursos.
3. (TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa correta. A
respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos, prevista na Lei nº 9.433/97:
(A)O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos é aplicável aos aquíferos subterrâneos
destinados a consumidor final ou como insumo de processo produtivo, como também para aproveitamento
de potenciais hidrelétricos.
(B)Depende de outorga do Poder Público o uso de córregos, rios e aquíferos subterrâneos para suprimento
de necessidade de pequenos núcleos populacionais em meio rural e acumulações de água consideradas
insignificantes.
(C)O Poder Executivo Federal não poderá delegar a competência para conceder outorga de direito de uso de
recurso hídrico de domínio da União.
(D)A Agência Nacional de Águas não compõe o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
embora atue paralelamente com a missão de regular o acesso e o uso sustentável da água.
(E)Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Resposta.Item A. O item “A” está correto porque nos termos do art. 12, da Lei 9.433/97, estão sujeitos a
outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos: extração de água de aquífero
subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; e aproveitamento dos potenciais
hidrelétricos. O item “B” está incorreto, pois nos termos do art. 12, § 1º, da Lei das Águas, independem de
outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: o uso de recursos hídricos para a satisfação
das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; as acumulações de volumes
de água consideradas insignificantes. O item “C” está incorreto considerando que o Poder Executivo Federal
poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de
recurso hídrico de domínio da União (art. 14, §1º). O item “D” está incorreto tendo em vista que a ANA
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integra o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, conforme previsto no inciso I-A, do art.
33, da Lei das Águas.
4. (TRF - 3ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 3ª REGIÃO – 2016) Dadas as assertivas abaixo,
assinale a alternativa correta.
Sobre a gestão de recursos hídricos nacionais, é possível afirmar que:
I – A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que, como regra, tendo em vista a legislação
vigente, há necessidade de outorga para a extração de água do subterrâneo por meio de poço artesiano.
II – Na forma dos arts. 20, III, e 26, I, da Constituição Federal, não mais existe propriedade privada de lagos,
rios, águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito, e quaisquer correntes de
água. Nesses termos, a interpretação a ser conferida ao art. 11, caput, do Código de Águas ("São públicos
dominicais, se não estiverem destinados ao uso comum, ou por algum título legítimo não pertencerem ao
domínio particular"), que, teoricamente, coaduna-se com o sistema constitucional vigente e com a Lei das
Águas (Lei 9.433/1997), é a de que, no que concerne a rios federais e estaduais, o título legítimo em favor
do particular que afastaria o domínio pleno da União seria somente o decorrente de enfiteuse ou concessão,
este último de natureza real.
III – Segundo a Lei nº 9433/1997, estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos usos de recursos
hídricos, dentre outros, de derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo e de lançamento em corpo
de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final.
Estão corretas as assertivas:
(A)I e III.
(B)I, II e III.
(C)II e III.
(D)III.
Resposta. Item A. O item “I” está correto porque o STJ (AREsp 263.253/RS) firmou a orientação no sentido
de ser necessária a outorga do ente público para a exploração de águas subterrâneas através de poços
artesianos. O item “II” está incorreto, pois no que tange a rios federais e estaduais, o título legítimo em favor
do particular que afastaria o domínio pleno da União seria somente o decorrente de enfiteuse ou concessão,
este último de natureza pessoal, e não real (STJ REsp 1393790 SP). O item “III” está correto por força dos art.
11 c/c 12, incisos I, II e III, da Lei 9.433/97.
5. (TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO – 2014) Sobre a gestão de recursos
hídricos:
(A)A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante o qual a autoridade
competente do Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, faculta ao
outorgado o direito de uso de recursos hídricos, pelo prazo não excedente a 30 (trinta) anos, renovável.
(B)A orientação predominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, sendo as águas
subterrâneas bens da União, a outorga de extração de água de poços artesianos, nas localidades atendidas
pela rede pública de saneamento, deve ser emitida pela autoridade federal competente.
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(C)A outorga deve ser emitida pelo Comitê de Bacia Hidrográfica nos casos de rios e corpos de água situados
nas fronteiras internacionais.
(D)A Agência Nacional de Águas – ANA é a responsável pela emissão de outorgas de direito de uso de
recursos hídricos em corpos hídricos de domínio da União.
(E)Os serviços de saneamento, nos casos dos municípios integrantes de regiões metropolitanas, são de
titularidade dos Estados e compreendem o abastecimento básico de água potável, o esgotamento sanitário,
a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Resposta. Item D. O item “A” está incorreto porque a outorga do uso da água terá prazo de até 35 anos,
renovável, podendo ser onerosa, ficando condicionada às prioridades de uso estabelecidos nos planos de
recursos hídricos (art. 16, da Lei 9.433/97). O item “B” está incorreto, pois as águas subterrâneas são bens
dos Estados, nos termos do art. 26, I, da CF/88. O item “C” está incorreto considerando que a outorga não
cabe ao CBH, mas à Agência Nacional de Águas, caso não haja delegação (art. 4, IV, da Lei 9.984/2000). O
item “D” está correto nos termos do art. 4º, IV, da Lei 9.984/2000. O item “E” está incorreto porque o STF,
no julgamento da ADI 1842/RJ fixou o entendimento de que o estabelecimento de região metropolitana não
significa simples transferência de competências para o Estado, sendo inconstitucional lei complementar
estadual que transfere a titularidade dos serviços de saneamento ao Estado, nos casos dos municípios
integrantes de regiões metropolitanas.
6. (TJ-PA/Juiz/CESPE – 2012) Considerando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH), a Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.º 9.433/1997) e a Resolução n.º
16/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção correta.
(A)Os comitês de bacia hidrográfica são compostos por representantes de usuários e poluidores das águas
da área de drenagem de um conjunto de rios.
(B)Nos comitês de bacia hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser
incluídos representantes das comunidades indígenas residentes nos estados-membros localizados na
fronteira da bacia.
(C)Os comitês de bacia hidrográfica devem ser dirigidos por um conselho de diretores e um secretário,
indicados pelo governador do estado cujo território se situe na área de atuação do comitê.
(D)A criação de Agências de Água somente pode ser autorizada pelo IBAMA.
(E)Compete ao Comitê de Bacia Hidrográfica aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia.
Resposta. Item E. O item “A” está incorreto porque nos termos do art. 39, da Lei das Águas, os Comitês de
Bacia Hidrográfica são compostos por representantes: I - da União; II - dos Estados e do Distrito Federal cujos
territórios se situem, ainda que parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação; III - dos Municípios
situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação; IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia. O item “B” está incorreto,
pois nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser
incluídos representantes: I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;
II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. O item “C”está incorreto
considerando que os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário,
eleitos dentre seus membros (art. 40, da Lei 9.433/97). O item “D” está incorreto tendo em vista que o art.
42, parágrafo único, previu que a criação das Agências de Água será autorizada pelo Conselho Nacional de
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Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais
Comitês de Bacia Hidrográfica. O item “E” está correto porque compete ao Comitê de Bacia Hidrográfica
aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia (art. 38, III, da Lei 9.433/97).
Promotor
1. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2019) A Lei Federal n. 9.433/1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos, prevê o uso prioritário das águas para fins energéticos.
Resposta. Item errado. A Lei da PNRH prevê o uso múltiplo das águas. Mas em situações de escassez, o uso
prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais (art. 1º, III)
2. (MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2019) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional
de Recursos Hídricos), assinale a alternativa incorreta:
(A)A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(B)A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
(C)A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final independe
de outorga pelo Poder Público.
(D)A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
(E)A articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo é uma das diretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Resposta. Item C. O item “A” está incorreto porque reflete adequadamente um dos objetivos previsto na
PNRH. O item “B” está incorreto, pois representa um dos fundamentos da PNRH ( art. 1º, IV). O item “C” está
correto considerando que nos termos do art. 12, da Lei das Águas, estão sujeitos a outorga pelo Poder Público
os direitos de usos de recursos hídricos originário de derivação ou captação de parcela da água existente em
um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo. O
item “D” está incorreto tendo em vista que reflete um dos fundamentos da PNRH (art.1º, II). O item “E” está
incorreto porque nos termos do art. 3º, da Lei das Águas, constitui uma das diretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos a articulação da gestão de recursos hídricos com a
do uso do solo.
3. (MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto/FMP Concursos – 2017) Sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, assinale a alternativa CORRETA.
(A)O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é integrado, exclusivamente, pelos Comitês
de Bacia Hidrográfica e pelas Agências de Água.
(B)Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados, apenas, por bacia hidrográfica de cunho regional.
(C)São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, entre outros: os Planos de Recursos Hídricos,
a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
(D)A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos implica alienação parcial das águas.
(E)A água é um recurso natural limitado, não dotado de valor econômico.
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Resposta. Item C. O item “A” está incorreto porque integram o o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos: o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a Agência Nacional de Águas; os Conselhos de
Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; os órgãos dos poderes
públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão
de recursos hídricos; e as Agências de Água. O item “B” está incorreto, pois, nos termos do art. 8º, da Lei das
Águas, os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País. O
item “C” está correto tendo em vista que são instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos os
listados na alternativa além de outros: o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água; a compensação a municípios; o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
O item “D” está incorreto considerando que a outorga não implica a alienação parcial das águas, que são
inalienáveis, mas o simples direito de seu uso, (art. 18, da Lei 9.433/97). O item “E” está incorreto porque a
Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se no fundamento de que a água é um recurso natural limitado,
dotado de valor econômico.
4. (MPE-RS/Promotor de Justiça/MPE-RS – 2016) O regime de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
exercício dos direitos de acesso à água. Com base nessa informação, consoante dispõe a Lei Federal nº
9.433/1997, assinale a alternativa INCORRETA.
(A)Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento, o uso de recursos
hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural,
as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes e as acumulações de volumes de água
consideradas insignificantes.
(B)Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e
deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições
adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá,
ainda, preservar o uso múltiplo destes.
(C)A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do
Distrito Federal, podendo o Poder Executivo Federal delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência
para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
(D)A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo
ou por prazo determinado, nos casos em que ficar evidenciado não cumprimento pelo outorgado dos termos
da outorga, ausência de uso por três anos consecutivos, necessidade premente de água para atender a
situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas, necessidade de se
prevenir ou reverter grave degradação ambiental, necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse
coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas ou necessidade de serem mantidas as
características de navegabilidade do corpo de água.
(E)Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco
anos, vedada sua renovação.
Resposta. Item E. O item “A” está incorreto porque independem de outorga pelo Poder Público, conforme
definido em regulamento: o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural; as derivações, captações e lançamentos considerados
insignificantes; bem como as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes (art. 12, §1º, da
Lei das Águas). O item “B” está incorreto, pois corresponde aos termos do art. 13, da Lei das Águas. O item
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“C” está incorreto tendo em vista que está em consonância com o §1º, do art. 14, da Lei 9.433/97. O item
“D” está incorreto tendo em vista que está de acordo com o art. 15, da Lei das Águas. O item “E” está
incorreto, pois toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta
e cinco anos, renovável, nos termos do art. 16, da Lei 9.433/97.
5. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2014) A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.
9.433/97) outorgou aos usuários da água e à sociedade civil organizada poderes deliberativos a respeito
das atividades que possam afetar a quantidade e a qualidade das águas.
Resposta. Item correto. Nos termos do art.51, da Lei 9.433/97, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e
os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos poderão delegar a organizações sem fins lucrativos, por prazo
determinado, o exercício de funções de competência das Agências de Água, enquanto esses organismos não
estiverem constituídos.
6. (MPE-MT/Promotor de Justiça/UFMT – 2014) Assinale a alternativa que se encontra em
DESACORDO com o fundamento da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(A)As águas são de domínio da União ou dos Estados.
(B)A implementação da administração dos recursos hídricos tem como unidade territorial a bacia
hidrográfica.
(C)É objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos
críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais
(D)As águas subterrâneas não se incluem no domínio público.
(E)A outorga dos direitos de uso deverá obedecer às prioridades de uso das águas expostas nos Planos de
Recursos Hídricos.
Reposta. Item D. Todos os itens estão em consonância com a Lei 9.433/97, ressalvado o item “D” tendo em
vista que a CF/88, em seu art. 26, previu com bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas,
fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União.
7. (MPE-ES/Promotor de Justiça/VUNESP – 2013) No que tange aos recursos hídricos, é correto
afirmar que independe do regime de outorga.
(A)o lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com
o fim de sua diluição, transporte ou disposição final.
(B)a derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo.
(C)o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais,
distribuídos no meio rural, conforme definido em regulamento
(D)o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos
(E)a extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo.
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Resposta. Item C. O art. 12, da Lei 9.433/97 previu os casos sujeitos a outorga. São eles: I - derivação ou
captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento
público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final
ou insumo de processo produtivo; III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos
ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; IV - aproveitamento
dos potenciais hidrelétricos; V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água
existente em um corpo de água. Por outro lado, o §1º, do art. 12, previu os casos de desnecessidade da
outorga. São eles: I- o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural; II- as derivações, captações e lançamentos considerados
insignificantes; III- as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
Procurador
1. (AresPCJ – SP/Procurador Jurídico/VUNESP – 2018) Tendo em vista os fundamentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos, conforme disciplinado na Lei n° 9.433/1997, é correto afirmar que
(A)a água é um bem de domínio público ou privado.
(B)a água é um recurso natural limitado, sem valor econômico.
(C)em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos se destina exclusivamente ao consumo
humano.
(D)a gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
(E)a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
Resposta. Item E. O item “A” está incorreto porque a água é um bem de domínio público (art. 1º, I, da Lei
9.433/97). O item “B” está incorreto, pois a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico
(art. 1º, II, da Lei 9.433/97). O item “C” está incorreto considerando que em situações de escassez, o uso
prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais (art. 1º, III, da Lei
9.433/97). O item “D” está incorreto tendo em vista que a gestão dos recursos hídricos deve sempre
proporcionar o uso múltiplo das águas (art. 1º, IV, da Lei 9.433/97). O item “E” está correto porque a gestão
dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e
das comunidades (art. 1º, VI, da Lei 9.433/97).
2. (PGE-AM/Procurador do Município/CESPE – 2018) Julgue o próximo item, relativos a recursos
hídricos e florestais.
Valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos podem ser aplicados em bacia
hidrográfica distinta daquela em que forem gerados tais valores.
Resposta. Item correto. Isso porque nos termos do art. 22, da Lei das Águas, os valores arrecadados com a
cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram
gerados.
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3. (Câmara de Palmas – TO/Procurador/COPESE - UFT – 2018) Sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale a alternativa CORRETA.
(A)A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva, exclusivamente, obter recursos financeiros para o
financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos (Art.19).
(B)Baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público (Art. 1º).
(C)Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados unicamente na bacia
hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados (Art.22).
(D)Não compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação, arbitrar, em primeira
instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos (Art.38).
Resposta. Item B. O item “A” está incorreto porque o erro tá no uso da expressão “exclusivamente”. Nos
termos do art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva: reconhecer a água como bem
econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar a racionalização do uso da água;
obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de
recursos hídricos. O item “B” está correto, pois nos termos do art. 1º, da Lei 9.433/97 a Política Nacional de
Recursos Hídricos baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público. O item “C” está
incorreto considerando que o art. 22, da Lei 9.433/97, aduz que os valores arrecadadoscom a cobrança pelo
uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados. O
item “D” está incorreto tendo em vista que o art. 38, da Lei 9.433/97, estabelece que compete aos Comitês
de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação arbitrar, em primeira instância administrativa, os
conflitos relacionados aos recursos hídricos.
4. (Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município/FCC – 2018) A Lei federal n° 9.433/1997, que
institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, quando trata da exploração econômica e outorga dos
recursos hídricos, prevê
(A)a vedação ao Poder Executivo Federal para delegação de competência para conceder outorga de direito
de uso de recursos hídricos da União aos Estados e Distrito Federal.
(B)a possibilidade de suspensão total ou parcial da outorga quando deixar o outorgado de utilizar o recurso
hídrico por 2 (dois) anos consecutivos.
(C)a alienação parcial das águas, no período concedido ao outorgado, pelo ente político competente para a
concessão da outorga.
(D)que independe de outorga pelo Poder Público o uso de recursos hídricos destinado à satisfação das
necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural, nos termos do regulamento.
(E)a exploração dos recursos hídricos e a consequente outorga para fins de geração de energia elétrica
prescindem de observância ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, bastando seguir as diretrizes da
legislação setorial específica.
Resposta. Item D. O item “A” está incorreto porque, nos termos do art. 14. § 1º, da Lei 9.433/97, o Poder
Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de
direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. O item “B” está incorreto, pois a outorga de direito
de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, em caso de ausência de uso por três anos consecutivos (art. 15, II, da Lei 9.433/97). O item “C”
está incorreto considerando que a outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis,
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mas o simples direito de seu uso (art. 18, da Lei 9.433/97). O item “D” está correto tendo em vista que
corresponde a literalidade do art. 18, §1º, da Lei 9.433/97). O item “E” está incorreto porque a outorga e a
utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao Plano Nacional
de Recursos Hídricos, obedecida a disciplina da legislação setorial específica.
5. (PGE-AC/Procurador do Estado/FMP Concursos – 2017) A respeito da tutela dos recursos hídricos,
analise as afirmações abaixo.
I - Nas ações de desapropriação, segundo posição majoritária no Superior Tribunal de Justiça, não há direito
à indenização da área de margem de rio considerada terreno reservado.
II - Conquanto as águas subterrâneas sejam consideradas bens da União, os Municípios detém competência
para fiscalizar e coibir abertura de poços artesianos e para gestão de recursos hídricos.
III - De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, a bacia hidrográfica é a unidade de planejamento
de gestão.
IV - O seguro ambiental e a cobrança pelo uso da água são instrumentos econômicos integrantes da Política
Nacional de Recursos Hídricos.
V - Independe de outorga, de acordo com o regulamento, o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos habitacionais assentados no meio rural.
Das afirmações acima é correto dizer que
(A)todas estão corretas.
(B)somente as assertivas II e III estão corretas.
(C)estão corretas as assertivas IV e V.
(D)estão corretas as assertivas I, III e V.
(E)estão corretas as assertivas III e IV.
Resposta. Item D. O item “I” está correto porque nos termos da Súmula 479/STF, ratificada pelo STJ, as
margens dos rios navegáveis são domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas
de indenização. O item “II” está incorreto, pois incluem-se entre os bens dos Estados as águas superficiais ou
subterrâneas. O item “III” está correto considerando que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos (art. 1º, V, da Lei das Águas). O item IV está incorreto, pois o seguro ambiental não é
instrumento da PNRH. O item “V” está correto porque independem de outorga pelo Poder Público, conforme
definido em regulamento o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos
populacionais, distribuídos no meio rural (art. 12, §1º, I, da Lei 9.433/97).
6. (Prefeitura de Fortaleza – CE/Procurador do Município/CESPE – 2017) A respeito da Política
Nacional de Meio Ambiente, dos recursos hídricos e florestais e dos espaços territoriais especialmente
protegidos, julgue o item a seguir.
De acordo com a Lei n.º 9.433/1997, a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos é a bacia hidrográfica, cuja gestão é centralizada e de responsabilidade dos entes da
Federação por ela abrangidos.
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Resposta. Item errado. Nos termos do art.1º, da Lei da Lei 9.433/97, a Política Nacional de Recursos Hídricos
baseia-se, dentre outros fundamentos, no fato de que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos; bem como a gestão dos recursos hídricos ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
7. (ALERJ/Procurador/FGV – 2017) Tendo em vista a sua grave crise econômica, o Estado XYZ requer
junto à União Federal delegação de competência para conceder outorga de direito de uso de recurso
hídrico, como meio de elevar sua arrecadação financeira.
Sobre a situação apresentada, é correto afirmar que:
(A)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, uma vez que o direito de exploração econômica
de recursos hídricos pertence aos Municípios, e não à União Federal, de acordo com a Política Nacional de
Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/1997;
(B)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, já que o direito de uso de recurso hídrico é
exclusivo da União, o qual pode ser exercido em nome próprio ou por meio de outorga, vedada a delegação
de competência;
(C)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, uma vez que a água é um recurso natural de
domínio público, não dotada de valor econômico, de modo que a cobrança dos usuários finais não pode
representar mais do que o custo de sua extração e distribuição;
(D)é possível que seja delegada a competência ao Estado XYZ, por meio de lei federal, após aprovação do
plano de transferência pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, de acordo com a Política Nacional de
Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/1997;
(E)é possível que seja delegada a competência ao Estado XYZ, por ato do Poder Executivo Federal, sendo
vedada ao Estado, porém, a outorga de captações de água consideradas insignificantes.
Resposta. Item E. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal,
dos Estados ou do Distrito Federal, podendo o Poder Executivo delegar aos Estados e ao Distrito Federal
competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União. Por outro
lado, nos termos do art. 12, §1º, independem de outorga pelo PoderPúblico, conforme definido em
regulamento as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
8. (PGE-AM/Procurador do Estado/CESPE – 2016) No que diz respeito à PNRH, à proteção da
vegetação nativa (Lei n.º 12.651/2012) e à gestão de florestas públicas (Lei n.º 11.284/2006), julgue o item
que se segue.
Conforme os fundamentos da PNRH, a gestão de tais recursos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas.
Resposta. Item certo. Nos termos do art. 1º, da Lei 9.433/97, a Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-
se em fundamentos, dentre os quais, destaca-se que a gestão dos recursos hídricos deve sempre
proporcionar o uso múltiplo das águas.
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9. (Prefeitura de Alumínio – SP/Procurador Jurídico/VUNESP – 2016) No que tange à Política Nacional
de Recursos Hídricos, cabe asseverar que
(A)a água, como bem de domínio privado, porém de ordem pública, constitui um de seus fundamentos.
(B)a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário e marítimo, com
vistas ao desenvolvimento sustentável, é um de seus objetivos.
(C)a gestão sistemática dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade,
constitui diretriz geral de ação para sua implementação.
(D)a compensação a municípios é um de seus instrumentos.
(E)o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos é de competência dos Municípios.
Resposta. Item D. O item “A” está incorreto porque, nos termos do art. 1º, da Lei 9.433/97, a Política
Nacional de Recursos Hídricos baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público. O item
“B” está incorreto, pois são objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos a utilização racional e
integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento
sustentável, não prevendo diretamente o transporte marítimo. O item “C” está incorreto considerando que
constitui diretriz geral de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos a gestão
sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade. O item “D” está
correto, pois a compensação a municípios está prevista expressamente no art. 5º, V, da Lei 9.433/97. O item
“E” está incorreto porque nos termos do art.14, da Lei das Águas, a outorga efetivar-se-á por ato da
autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.
10. (Prefeitura de Itupeva – SP/Procurador Municipal/FUNRIO – 2016) Nos termos da Lei no. 9433-97
na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e
dos municípios promoverão a integração das políticas federal e estaduais de recursos hídricos com
políticas locais, dentre as quais a de:
(A)uso do solo
(B)saúde
(C)segurança
(D)educação
(E)transporte
Resposta. Item A. Nos termos do art. 3º, da Lei 9433/97, constituem diretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, dentre outras, a articulação da gestão de recursos
hídricos com a do uso do solo.
Outros
1. (Prefeitura de Goianira – GO/Analista Ambiental/CS-UFG – 2019) A Lei n. 9433, de 8/01/1997,
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Segundo o Artigo 47, são consideradas, para os efeitos
desta lei, organizações civis de recursos hídricos:
(A)Ongs com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade.
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(B)associações nacionais de usuários de recursos ambientais.
(C)organizações técnicas e de ensino e pesquisa voltadas à inovação.
(D)consórcios e associações interestaduais de bacias hidrográficas.
Resposta. Item A. O art. 47 considera organizações civis de recursos hídricos, dentre outras, as organizações
não-governamentais (ONGs) com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade.
2. (ARSESP/Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos/VUNESP – 2018) Conforme
dispõe a legislação que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, faz parte dos instrumentos para
essa política:
(A) o enquadramento dos corpos d’água de acordo com o seu padrão de qualidade.
(B)a cobrança pelo uso de recursos hídricos no caso de atividades industriais e agrícolas.
(C)a compensação a estados e ao Distrito Federal.
(D)a elaboração de Planos de Recursos Hídricos por unidade lêntica ou lótica.
(E)a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.
Resposta. Item E. Nos termos do art. 5º, são instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: os
Planos de Recursos Hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água; a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos
hídricos; a compensação a municípios; o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
3. (ARSESP/Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos/VUNESP – 2018) A outorga
dos direitos de uso de recursos hídricos e o enquadramento dos corpos de água em classes segundo os
usos preponderantes da água são
(A)instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(B)diretrizes gerais de ação.
(C)planos de recursos hídricos.
(D)fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(E)objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Resposta. Item A. Nos termos do art. 5º, III, da Lei das Águas a outorga dos direitos de uso de recursos
hídricos é instrumento da PNRH.
4. (Transpetro/Condutor de Bombeador/CESGRANRIO – 2018) Como resultado da Lei das Águas, o
Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) estabelece metas para a preservação dos mananciais em todo
o país. O documento final do plano foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), em
30 de janeiro de 2006.
Um dos objetivos específicos desse plano é
(A)implantar a transposição do rio Tapajós para o nordeste setentrional.
(B)manter os níveis dos açudes no semiárido nordestino.
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(C)reduzir os conflitos reais e potenciais de uso da água, bem como dos eventos hidrológicos críticos.
(D)dar valor econômico à água para que, somente mediante pagamento, se faça uso dela.
(E)priorizar a navegação e a geração de energia, em relação aos demais usos de recursos hídricos.
Resposta. Item C. Um dos objetivos da PNRH previsto no art. 7º, da Lei das Águas, é o balanço entre
disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação
de conflitos potenciais. Os demais objetivos listados na questão, não estão previstos na Lei 9.433/97.
5. (Prefeitura de Bombinhas – SC/Engenheiro Sanitarista Ambiental/FEPESE – 2019) A outorga de
direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, na seguinte circunstância:
(A)Ausência de uso por cinco anos consecutivos.
(B)Necessidade de atender usos individuais como, por exemplo, idosos acamados.
(C)Necessidade de atender, localmente a estabelecimentos de saúde particulares ou públicos.
(D)Necessidade de recuperar corpos d’água eutrofizados.
(E)Necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental.
Resposta. Item E. Nos termos do art. 15, da Lei 9.433/97, a outorga de direito de uso de recursos hídricos
poderá ser suspensa parcialou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes
circunstâncias: não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausência de uso por três anos
consecutivos; necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as
decorrentes de condições climáticas adversas; necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação
ambiental; necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha
de fontes alternativas; necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de
água.
6. (Prefeitura de São Paulo – SP/Analista - Ordenamento Territorial/VUNESP – 2016) Assinale a
alternativa que indica corretamente um dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(A)A água é um bem de domínio dos municípios.
(B)A água é um recurso infinito, dotado de valor econômico.
(C)A gestão dos recursos hídricos não considera o uso da água para recreação
(D)A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
(E)A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
Resposta. Item D. O item “A” está incorreto porque a água é um bem de domínio público (art. 1º, I, da Lei
das Águas). O item “B” está incorreto, pois a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico,
nos termos do art.1º, II, da lei 9433/97. O item “C” está incorreto tendo em vista que A gestão dos recursos
hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas, inclusive recreação, nos termos do art. 1º, IV
da lei 9433/97. O item “D” está correto considerando que nos termos do art. 1º, V da Lei 9.433/97, a bacia
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hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. O item “E” está incorreto porque a gestão dos
recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades (art. 1º, VI da lei 9433/97).
7. (Prefeitura de São José – SC/Agente de Fiscalização Ambiental/IESES – 2019) A Lei N.9.433/1997,
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Sobre seus regramentos é INCORRETO afirmar:
(A)O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa
assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os
custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.
(B)Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a vinte e cinco
anos, renovável.
(C)A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo
ou por prazo determinado, em algumas circunstâncias.
(D)Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País e deverão
conter metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis.
Resposta. Item B. O item “A” está incorreto porque corresponde a literalidade do art. 9º, incisos I e II, da Lei
das águas. O Item “B” está correto, pois a outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo
não excedente a trinta e cinco anos, renovável. O item “C” está incorreto tendo em vista que corresponde a
literalidade do art. 15, da Lei das Águas. O item “D” está incorreto pois nos termos do art. 8º c/c art. 7º, das
leis das águas, o PRH será elaborado por bacia hidrográfica, por Estado e para o País que tem como um dos
conteúdos mínimos, a apresentação de metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria
da qualidade dos recursos hídricos disponíveis.
8. (Prefeitura de Porto Nacional – TO/Agente de Fiscalização de Meio Ambiente/COPESE - UFT – 2019)
A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9433/1997, apresenta como seu primeiro instrumento os
Planos de Recursos Hídricos.
Dos tópicos listados a seguir, qual não é conteúdo mínimo de um Plano de Recursos Hídricos?
(A)Balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade,
com identificação de conflitos potenciais.
(B)Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos
disponíveis.
(C)Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos.
(D)O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água.
Resposta. Item D. O item “D” está correto porque o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água é um dos instrumentos da PNRH e não um de seus conteúdos mínimos (art.
5º, II, da Lei das Águas). Os demais itens são conteúdos mínimos previstos no art. 7º, da Lei 9.433/97, que
deverão integrar o PNRH.
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9. (Prefeitura de Porto Nacional – TO/Analista Ambiental/COPESE - UFT – 2019) Para regulamentar o
acesso aos recursos hídricos são empregados mecanismos de planejamento e coordenação do uso da água.
Um exemplo é a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) conhecida como Lei das Águas. Esta e outras
regras orientam a gestão de recursos hídricos no país e promovem o uso múltiplo das águas brasileiras, e
a outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos dessa Política.
Sobre o enunciado, assinale a alternativa INCORRETA.
(A)A outorga deve ser solicitada a todos que pretendam fazer uso de águas superficiais (rio, córrego, ribeirão,
lago, mina ou nascente) ou águas subterrâneas (poços rasos e tubulares profundos) para as mais diversas
finalidades, à exceção do uso para abastecimento doméstico.
(B)Para uso de águas de domínio estadual (subterrâneas, por poço raso ou profundo e superficiais), deve-se
solicitar sua outorga junto ao órgão gestor de recursos hídricos do seu respectivo Estado.
(C)A outorga de direito de uso tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo desses usos
da água, bem como o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos.
(D)O pedido de outorga deverá ser feito em nome daquele que será o titular da outorga (usuário de água) e
não em nome do responsável técnico pelo pedido de outorga, ou do responsável técnico do
empreendimento.
Resposta. Item A. O item “A” está correto porque não existe a exceção para uso no abastecimento
doméstico, notadamente se utilizado o sistema de poços artesiano. Os casos que dispensam a outorga estão
previsto no art. 12, § 1º, da Lei 9.433/97, que são: o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; as derivações, captações e
lançamentos considerados insignificantes; as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.
10. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) Toda outorga de direitos de uso de recursos
hídricos far-se-á por prazo não excedente a:
(A)35 anos, não renovável.
(B)25 anos, renovável.
(C)35 anos, renovável.
(D)20 anos, não renovável.
(E)25 anos não renovável.
Resposta. Item C. Nos termos do art. 16, toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por
prazo não excedente a 35 (trinta e cinco) anos, renovável.
11. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) Constituemdiretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I- A integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras;
II-A gestão sistemática dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
III- A integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
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Dos itens acima:
(A)Apenas o item II está correto.
(B)Apenas os itens I e II estão corretos.
(C)Apenas os itens II e III estão corretos.
(D)Apenas os itens I e III estão corretos.
(E)Todos os itens estão corretos.
Resposta. Item D. O item “I” está correto porque, nos termos do art. 3º, da Lei das Águas, constituem
diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos a integração da
gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras. O item “II” está incorreto,
pois é diretriz da PNRH a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de
quantidade e qualidade. O item “III” está correto pela previsão expressa do art. 3º, III, da Lei 9.433/97.
12. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) Em relação à Política Nacional de Recursos
Hídricos, assinale a alternativa incorreta, quanto às organizações civis de recursos hídricos.
(A)Organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da
sociedade.
(B)Outras organizações reconhecidas somente pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
(C)Organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos.
(D)Associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos.
(E)Consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas.
Resposta. Item B. As organizações civis de recursos hídricos foram previstas no art.47, da lei das águas, sendo
elas: consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; associações regionais, locais ou
setoriais de usuários de recursos hídricos; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na
área de recursos hídricos; organizações não-governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos
e coletivos da sociedade; outras organizações reconhecidas pelo Conselho Nacional ou pelos Conselhos
Estaduais de Recursos Hídricos ( e não somente).
13. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) A outorga de direito de uso de recursos
hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, em algumas
circunstâncias, uma delas é a ausência de uso por um tempo em anos consecutivos. Assinale a alternativa
correta que representa esse tempo em anos.
(A)06.
(B)05.
(C)04.
(D)03.
(E)02.
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Resposta. Item D. Nos termos do art. 15, II, da Lei das Águas, a outorga de direito de uso de recursos hídricos
poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, quando da ausência de
uso por três anos consecutivos.
14. (CONSED-GO/Engenheiro Agrônomo/IDCAP – 2019) Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os
direitos dos seguintes usos de recursos hídricos, exceto:
(A)Usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
(B)Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o
fim de sua diluição, transporte ou disposição final.
(C)Somente a captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo.
(D)Extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo.
(E)Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos.
Resposta. Item C. Os casos não sujeitos à outorga estão previstos no art. 12, da Lei 12, § 1º quais sejam, o
uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos
no meio rural; as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; bem como as
acumulações de volumes de água consideradas insignificantes. Os demais casos, sempre exigiram outorga,
como os previstos no art. 12, da referida norma.
15. (Prefeitura de Valinhos – SP/Engenheiro Ambiental – GP/VUNESP – 2019) Entre os objetivos
apresentados no art. 2º da Política Nacional de Recursos Hídricos, a qual foi instituída pela Lei nº 9.433 de
1997, está(ão)
(A)a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais.
(B)assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e do efetivo exercício dos direitos de
acesso à água.
(C)reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos
recursos hídricos do Brasil.
(D)promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
(E)a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Resposta. Item A. Nos termos do art. 2º, são objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, dentre
outros, a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais. As demais opções ou são diretrizes gerais ( B e C) ou são instrumentos da
PNRH (D e E).
16. (SEMAR-PI/Auditor Fiscal Ambiental/FCC – 2018) Ao Comitê de Bacias Hidrográficas compete
(A)manter o balanço atualizado da disponibilidade de recursos.
(B)efetuar a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
(C)outorgar os direitos de uso de recursos hídricos.
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(D)arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos.
(E)gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Resposta. Item D. Nos termos do art. 38, da Lei 9.433/97, compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no
âmbito de sua área de atuação arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos
recursos hídricos. O item “A” está incorreto porque compete a Agência de Águas manter o balanço atualizado
da disponibilidade de recursos (art 44, I). O item “B” está incorreto, pois cabe a ANA e aos Órgãos Estaduais
de recursos hídricos implementarem a cobrança em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográficas. O
item “C” está incorreto considerando que a depender da dominialidade do corpo de água, poderá ser
expedida outorga pela ANA ou órgãos estaduais de recursos hídricos. O item “D” está correto tendo em vista
que o art. 38, da PNRH, compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito da sua área de atuação
arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos. O item “E”
está incorreto porque, nos termos do art.44, da Lei das Águas, compete às Agências de Água, no âmbito de
sua atuação gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação.
17. (Prefeitura de Porto de Moz – PA/Engenheiro Ambiental/FUNRIO – 2019) Com base na Lei 9.433/97
a Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se no seguinte fundamento:
(A)A água é um recurso natural ilimitado, dotado de valor econômico.
(B)Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação
de animais.
(C)A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso singular daságuas.
(D)A bacia hidrográfica é a unidade territorial de dispersão da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
(E)A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
Resposta. Item B. O item “A” está incorreto porque a água é um recurso ilimitado, dotado de valor
econômico (art.1, I, da Lei das Águas). O item B está correto, pois corresponde a literalidade do art.1, III, da
Lei das Águas. O item “C” está incorreto considerando que o uso das águas deve ser sempre múltiplo (art.1,
IV, da Lei das Águas), O item “D” está incorreto tendo em vista que a bacia hidrográfica é a unidade territorial
de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. O item “E” está incorreto porque a gestão dos recursos hídricos deve
ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades (art. 1º,
VI, da PNRH).
LISTA DE QUESTÕES
Magistratura
1. (TJ-AL/Juiz Substituto/FCC – 2019) A política nacional de recursos hídricos instituída pela Lei n°
9.433/1997, estabelece, como um de seus instrumentos,
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(A)a possibilidade de cobrança pelo uso de recursos hídricos sujeitos a outorga, o que não se confunde com
taxa ou tarifa cobrada pelo fornecimento domiciliar de água tratada e coleta de esgoto.
(B)a outorga onerosa dos direitos de uso dos recursos hídricos, conferida exclusivamente para geração de
energia por pequenas centrais hidrelétricas, com potencial de geração de até 30 MW.
(C)os planos de recursos hídricos, elaborados de forma centralizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e
de aplicação compulsória pelos Estados e Municípios que integrem a correspondente Bacia Hidrográfica.
(D)o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos, órgão do Ministério de Minas e Energia
responsável pelo licenciamento ambiental de hidrelétricas e outros empreendimentos que impactem de
forma relevante as reservas hídricas disponíveis.
(E)a classificação indicativa de cursos de água, com o enquadramento dos rios e afluentes de todo o território
nacional nas categorias “A”, “B” ou “C”, conforme a prioridade, respectivamente, para consumo humano,
dessedentação de animais ou geração de energia elétrica.
2. (TRF - 2ª Região/Juiz Federal Substituto/TRF - 2ª Região – 2017) Quanto à outorga de direito de uso
de recursos hídricos, assinale a opção correta:
(A)A outorga é de competência exclusiva da Agência Nacional de Águas.
(B)Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos deve ser destinado ao consumo humano
e à dessedenlação de animais e, em seguida, às prioridades de uso estabelecidas no Plano de Recursos
Hídricos aplicável a cada corpo hídrico.
(C)A outorga só será suspensa nos casos de não cumprimento, pelo outorgado, dos termos estabelecidos ou
de necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, sempre mediante processo
administrativo em que se assegure ampla defesa.
(D)A outorga deverá observar o uso específico para o qual o corpo hídrico tiver sido destinado, vedado o seu
uso múltiplo.
(E)Desde que respeite a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, a outorga não fica condicionada
às prioridades de uso.
3. (TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO – 2016) Assinale a alternativa correta. A
respeito da Política Nacional de Recursos Hídricos, prevista na Lei nº 9.433/97:
(A)O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos é aplicável aos aquíferos subterrâneos
destinados a consumidor final ou como insumo de processo produtivo, como também para aproveitamento
de potenciais hidrelétricos.
(B)Depende de outorga do Poder Público o uso de córregos, rios e aquíferos subterrâneos para suprimento
de necessidade de pequenos núcleos populacionais em meio rural e acumulações de água consideradas
insignificantes.
(C)O Poder Executivo Federal não poderá delegar a competência para conceder outorga de direito de uso de
recurso hídrico de domínio da União.
(D)A Agência Nacional de Águas não compõe o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
embora atue paralelamente com a missão de regular o acesso e o uso sustentável da água.
(E)Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
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4. (TRF - 3ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 3ª REGIÃO – 2016) Dadas as assertivas abaixo,
assinale a alternativa correta.
Sobre a gestão de recursos hídricos nacionais, é possível afirmar que:
I – A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de que, como regra, tendo em vista a legislação
vigente, há necessidade de outorga para a extração de água do subterrâneo por meio de poço artesiano.
II – Na forma dos arts. 20, III, e 26, I, da Constituição Federal, não mais existe propriedade privada de lagos,
rios, águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito, e quaisquer correntes de
água. Nesses termos, a interpretação a ser conferida ao art. 11, caput, do Código de Águas ("São públicos
dominicais, se não estiverem destinados ao uso comum, ou por algum título legítimo não pertencerem ao
domínio particular"), que, teoricamente, coaduna-se com o sistema constitucional vigente e com a Lei das
Águas (Lei 9.433/1997), é a de que, no que concerne a rios federais e estaduais, o título legítimo em favor
do particular que afastaria o domínio pleno da União seria somente o decorrente de enfiteuse ou concessão,
este último de natureza real.
III – Segundo a Lei nº 9433/1997, estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos usos de recursos
hídricos, dentre outros, de derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo e de lançamento em corpo
de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição,
transporte ou disposição final.
Estão corretas as assertivas:
(A)I e III.
(B)I, II e III.
(C)II e III.
(D)III.
5. (TRF - 4ª REGIÃO/Juiz Federal Substituto/TRF - 4ª REGIÃO – 2014) Sobre a gestão de recursos
hídricos:
(A)A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante o qual a autoridade
competente do Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, faculta ao
outorgado o direito de uso de recursos hídricos, pelo prazo não excedente a 30 (trinta) anos, renovável.
(B)A orientação predominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, sendo as águas
subterrâneas bens da União, a outorga de extração de água de poços artesianos, nas localidades atendidas
pela rede pública de saneamento, deve ser emitida pela autoridade federal competente.
(C)A outorga deve ser emitida pelo Comitê de Bacia Hidrográfica nos casos de rios e corpos de água situados
nas fronteiras internacionais.
(D)A Agência Nacional de Águas – ANA é a responsável pela emissão de outorgas de direito de uso de
recursos hídricos em corpos hídricos de domínio da União.
(E)Os serviços de saneamento, nos casos dos municípios integrantes de regiões metropolitanas, são de
titularidade dos Estados e compreendem o abastecimento básico de água potável, o esgotamento sanitário,
a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais.
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6. (TJ-PA/Juiz/CESPE – 2012) Considerando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH), a Lei de Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.º 9.433/1997) e a Resolução n.º
16/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, assinale a opção correta.
(A)Os comitês de bacia hidrográfica são compostos por representantes de usuários e poluidores das águas
da área de drenagem de um conjunto de rios.
(B)Nos comitês de bacia hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser
incluídos representantes das comunidades indígenas residentes nos estados-membros localizados na
fronteira da bacia.
(C)Os comitês de bacia hidrográfica devem ser dirigidos por um conselho de diretores e um secretário,
indicados pelo governador do estado cujo território se situe na área de atuação do comitê.
(D)A criação de Agências de Água somente pode ser autorizada pelo IBAMA.
(E)Compete ao Comitê de Bacia Hidrográfica aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia.
Promotor
1. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2019) A Lei Federal n. 9.433/1997, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos, prevê o uso prioritário das águas para fins energéticos.
2. (MPE-PR/Promotor Substituto/MPE-PR – 2019) Nos termos da Lei n. 9.433/1997 (Política Nacional
de Recursos Hídricos), assinale a alternativa incorreta:
(A)A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável, é um dos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(B)A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.
(C)A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final independe
de outorga pelo Poder Público.
(D)A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico.
(E)A articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo é uma das diretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.
3. (MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto/FMP Concursos – 2017) Sobre a Política Nacional de
Recursos Hídricos, assinale a alternativa CORRETA.
(A)O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é integrado, exclusivamente, pelos Comitês
de Bacia Hidrográfica e pelas Agências de Água.
(B)Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados, apenas, por bacia hidrográfica de cunho regional.
(C)São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, entre outros: os Planos de Recursos Hídricos,
a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos e a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
(D)A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos implica alienação parcial das águas.
(E)A água é um recurso natural limitado, não dotado de valor econômico.
4. (MPE-RS/Promotor de Justiça/MPE-RS – 2016) O regime de outorga de direitos de uso de recursos
hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
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exercício dos direitos de acesso à água. Com base nessa informação, consoante dispõe a Lei Federal nº
9.433/1997, assinale a alternativa INCORRETA.
(A)Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento, o uso de recursos
hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural,
as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes e as acumulações de volumes de água
consideradas insignificantes.
(B)Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e
deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições
adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá,
ainda, preservar o uso múltiplo destes.
(C)A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do
Distrito Federal, podendo o Poder Executivo Federal delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência
para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.
(D)A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo
ou por prazo determinado, nos casos em que ficar evidenciado não cumprimento pelo outorgado dos termos
da outorga, ausência de uso por três anos consecutivos, necessidade premente de água para atender a
situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas, necessidade de se
prevenir ou reverter grave degradação ambiental, necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse
coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas ou necessidade de serem mantidas as
características de navegabilidade do corpo de água.
(E)Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco
anos, vedada sua renovação.
5. (MPE-SC/Promotor de Justiça/MPE-SC – 2014) A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.
9.433/97) outorgou aos usuários da água e à sociedade civil organizada poderes deliberativos a respeito
das atividades que possam afetar a quantidade e a qualidade das águas.
6. (MPE-MT/Promotor de Justiça/UFMT – 2014) Assinale a alternativa que se encontra em
DESACORDO com o fundamento da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(A)As águas são de domínio da União ou dos Estados.
(B)A implementação da administração dos recursos hídricos tem como unidade territorial a bacia
hidrográfica.
(C)É objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos
críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais
(D)As águas subterrâneas não se incluem no domínio público.
(E)A outorga dos direitos de uso deverá obedecer às prioridades de uso das águas expostas nos Planos de
Recursos Hídricos.
7. (MPE-ES/Promotor de Justiça/VUNESP – 2013) No que tange aos recursos hídricos, é correto
afirmar que independe do regime de outorga.
(A)o lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com
o fim de sua diluição, transporte ou disposição final.
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(B)a derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive
abastecimento público, ou insumo de processo produtivo.
(C)o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais,
distribuídos no meio rural, conforme definido em regulamento
(D)o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos
(E)a extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo.
Procurador
1. (AresPCJ – SP/Procurador Jurídico/VUNESP – 2018) Tendo em vista os fundamentos da Política
Nacional de Recursos Hídricos, conforme disciplinado na Lei n° 9.433/1997, é correto afirmar que
(A)a água é um bem de domínio público ou privado.
(B)a água é um recurso natural limitado, sem valor econômico.
(C)em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos se destina exclusivamente ao consumo
humano.
(D)a gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
(E)a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.2. (PGE-AM/Procurador do Município/CESPE – 2018) Julgue o próximo item, relativos a recursos
hídricos e florestais.
Valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos podem ser aplicados em bacia
hidrográfica distinta daquela em que forem gerados tais valores.
3. (Câmara de Palmas – TO/Procurador/COPESE - UFT – 2018) Sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, assinale a alternativa CORRETA.
(A)A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva, exclusivamente, obter recursos financeiros para o
financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos (Art.19).
(B)Baseia-se no fundamento de que a água é um bem de domínio público (Art. 1º).
(C)Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados unicamente na bacia
hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados (Art.22).
(D)Não compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação, arbitrar, em primeira
instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos (Art.38).
4. (Prefeitura de Caruaru – PE/Procurador do Município/FCC – 2018) A Lei federal n° 9.433/1997, que
institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, quando trata da exploração econômica e outorga dos
recursos hídricos, prevê
(A)a vedação ao Poder Executivo Federal para delegação de competência para conceder outorga de direito
de uso de recursos hídricos da União aos Estados e Distrito Federal.
(B)a possibilidade de suspensão total ou parcial da outorga quando deixar o outorgado de utilizar o rec urso
hídrico por 2 (dois) anos consecutivos.
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(C)a alienação parcial das águas, no período concedido ao outorgado, pelo ente político competente para a
concessão da outorga.
(D)que independe de outorga pelo Poder Público o uso de recursos hídricos destinado à satisfação das
necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural, nos termos do regulamento.
(E)a exploração dos recursos hídricos e a consequente outorga para fins de geração de energia elétrica
prescindem de observância ao Plano Nacional de Recursos Hídricos, bastando seguir as diretrizes da
legislação setorial específica.
5. (PGE-AC/Procurador do Estado/FMP Concursos – 2017) A respeito da tutela dos recursos hídricos,
analise as afirmações abaixo.
I - Nas ações de desapropriação, segundo posição majoritária no Superior Tribunal de Justiça, não há direito
à indenização da área de margem de rio considerada terreno reservado.
II - Conquanto as águas subterrâneas sejam consideradas bens da União, os Municípios detém competência
para fiscalizar e coibir abertura de poços artesianos e para gestão de recursos hídricos.
III - De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, a bacia hidrográfica é a unidade de planejamento
de gestão.
IV - O seguro ambiental e a cobrança pelo uso da água são instrumentos econômicos integrantes da Política
Nacional de Recursos Hídricos.
V - Independe de outorga, de acordo com o regulamento, o uso de recursos hídricos para a satisfação das
necessidades de pequenos núcleos habitacionais assentados no meio rural.
Das afirmações acima é correto dizer que
(A)todas estão corretas.
(B)somente as assertivas II e III estão corretas.
(C)estão corretas as assertivas IV e V.
(D)estão corretas as assertivas I, III e V.
(E)estão corretas as assertivas III e IV.
6. (Prefeitura de Fortaleza – CE/Procurador do Município/CESPE – 2017) A respeito da Política
Nacional de Meio Ambiente, dos recursos hídricos e florestais e dos espaços territoriais especialmente
protegidos, julgue o item a seguir.
De acordo com a Lei n.º 9.433/1997, a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos é a bacia hidrográfica, cuja gestão é centralizada e de responsabilidade dos entes da
Federação por ela abrangidos.
7. (ALERJ/Procurador/FGV – 2017) Tendo em vista a sua grave crise econômica, o Estado XYZ requer
junto à União Federal delegação de competência para conceder outorga de direito de uso de recurso
hídrico, como meio de elevar sua arrecadação financeira.
Sobre a situação apresentada, é correto afirmar que:
(A)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, uma vez que o direito de exploração econômica
de recursos hídricos pertence aos Municípios, e não à União Federal, de acordo com a Política Nacional de
Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/1997;
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(B)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, já que o direito de uso de recurso hídrico é
exclusivo da União, o qual pode ser exercido em nome próprio ou por meio de outorga, vedada a delegação
de competência;
(C)o requerimento do Estado XYZ não é juridicamente viável, uma vez que a água é um recurso natural de
domínio público, não dotada de valor econômico, de modo que a cobrança dos usuários finais não pode
representar mais do que o custo de sua extração e distribuição;
(D)é possível que seja delegada a competência ao Estado XYZ, por meio de lei federal, após aprovação do
plano de transferência pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, de acordo com a Política Nacional de
Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/1997;
(E)é possível que seja delegada a competência ao Estado XYZ, por ato do Poder Executivo Federal, sendo
vedada ao Estado, porém, a outorga de captações de água consideradas insignificantes.
8. (PGE-AM/Procurador do Estado/CESPE – 2016) No que diz respeito à PNRH, à proteção da
vegetação nativa (Lei n.º 12.651/2012) e à gestão de florestas públicas (Lei n.º 11.284/2006), julgue o item
que se segue.
Conforme os fundamentos da PNRH, a gestão de tais recursos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas.
9. (Prefeitura de Alumínio – SP/Procurador Jurídico/VUNESP – 2016) No que tange à Política Nacional
de Recursos Hídricos, cabe asseverar que
(A)a água, como bem de domínio privado, porém de ordem pública, constitui um de seus fundamentos.
(B)a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário e marítimo, com
vistas ao desenvolvimento sustentável, é um de seus objetivos.
(C)a gestão sistemática dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade,
constitui diretriz geral de ação para sua implementação.
(D)a compensação a municípios é um de seus instrumentos.
(E)o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos é de competência dos Municípios.
10. (Prefeitura de Itupeva – SP/Procurador Municipal/FUNRIO – 2016) Nos termos da Lei no. 9433-97
na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do Distrito Federal e
dos municípios promoverão a integração das políticas federal e estaduais de recursos hídricos com
políticas locais, dentre as quais a de:
(A)uso do solo
(B)saúde
(C)segurança
(D)educação
(E)transporte
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Outros
1. (Prefeitura de Goianira – GO/Analista Ambiental/CS-UFG – 2019) A Lei n. 9433, de 8/01/1997,
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos. Segundo o Artigo 47, são consideradas, para os efeitos
desta lei, organizações civis de recursos hídricos:
(A)Ongs com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade.
(B)associações nacionais de usuários derecursos ambientais.
(C)organizações técnicas e de ensino e pesquisa voltadas à inovação.
(D)consórcios e associações interestaduais de bacias hidrográficas.
2. (ARSESP/Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos/VUNESP – 2018) Conforme
dispõe a legislação que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, faz parte dos instrumentos para
essa política:
(B) o enquadramento dos corpos d’água de acordo com o seu padrão de qualidade.
(B)a cobrança pelo uso de recursos hídricos no caso de atividades industriais e agrícolas.
(C)a compensação a estados e ao Distrito Federal.
(D)a elaboração de Planos de Recursos Hídricos por unidade lêntica ou lótica.
(E)a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos.
3. (ARSESP/Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos/VUNESP – 2018) A outorga
dos direitos de uso de recursos hídricos e o enquadramento dos corpos de água em classes segundo os
usos preponderantes da água são
(A)instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(B)diretrizes gerais de ação.
(C)planos de recursos hídricos.
(D)fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(E)objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
4. (Transpetro/Condutor de Bombeador/CESGRANRIO – 2018) Como resultado da Lei das Águas, o
Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) estabelece metas para a preservação dos mananciais em todo
o país. O documento final do plano foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), em
30 de janeiro de 2006.
Um dos objetivos específicos desse plano é
(A)implantar a transposição do rio Tapajós para o nordeste setentrional.
(B)manter os níveis dos açudes no semiárido nordestino.
(C)reduzir os conflitos reais e potenciais de uso da água, bem como dos eventos hidrológicos críticos.
(D)dar valor econômico à água para que, somente mediante pagamento, se faça uso dela.
(E)priorizar a navegação e a geração de energia, em relação aos demais usos de recursos hídricos.
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5. (Prefeitura de Bombinhas – SC/Engenheiro Sanitarista Ambiental/FEPESE – 2019) A outorga de
direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo
determinado, na seguinte circunstância:
(A)Ausência de uso por cinco anos consecutivos.
(B)Necessidade de atender usos individuais como, por exemplo, idosos acamados.
(C)Necessidade de atender, localmente a estabelecimentos de saúde particulares ou públicos.
(D)Necessidade de recuperar corpos d’água eutrofizados.
(E)Necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental.
6. (Prefeitura de São Paulo – SP/Analista - Ordenamento Territorial/VUNESP – 2016) Assinale a
alternativa que indica corretamente um dos fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.
(A)A água é um bem de domínio dos municípios.
(B)A água é um recurso infinito, dotado de valor econômico.
(C)A gestão dos recursos hídricos não considera o uso da água para recreação
(D)A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
(E)A gestão dos recursos hídricos deve ser centralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades.
7. (Prefeitura de São José – SC/Agente de Fiscalização Ambiental/IESES – 2019) A Lei N.9.433/1997,
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Sobre seus regramentos é INCORRETO afirmar:
(A)O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa
assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os
custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.
(B)Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a vinte e cinco
anos, renovável.
(C)A outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo
ou por prazo determinado, em algumas circunstâncias.
(D)Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o País e deverão
conter metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos
hídricos disponíveis.
8. (Prefeitura de Porto Nacional – TO/Agente de Fiscalização de Meio Ambiente/COPESE - UFT – 2019)
A Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9433/1997, apresenta como seu primeiro instrumento os
Planos de Recursos Hídricos.
Dos tópicos listados a seguir, qual não é conteúdo mínimo de um Plano de Recursos Hídricos?
(A)Balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos, em quantidade e qualidade,
com identificação de conflitos potenciais.
(B)Metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos
disponíveis.
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(C)Diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos.
(D)O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água.
9. (Prefeitura de Porto Nacional – TO/Analista Ambiental/COPESE - UFT – 2019) Para regulamentar o
acesso aos recursos hídricos são empregados mecanismos de planejamento e coordenação do uso da água.
Um exemplo é a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) conhecida como Lei das Águas. Esta e outras
regras orientam a gestão de recursos hídricos no país e promovem o uso múltiplo das águas brasileiras, e
a outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos dessa Política.
Sobre o enunciado, assinale a alternativa INCORRETA.
(A)A outorga deve ser solicitada a todos que pretendam fazer uso de águas superficiais (rio, córrego, ribeirão,
lago, mina ou nascente) ou águas subterrâneas (poços rasos e tubulares profundos) para as mais diversas
finalidades, à exceção do uso para abastecimento doméstico.
(B)Para uso de águas de domínio estadual (subterrâneas, por poço raso ou profundo e superficiais), deve-se
solicitar sua outorga junto ao órgão gestor de recursos hídricos do seu respectivo Estado.
(C)A outorga de direito de uso tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo desses usos
da água, bem como o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos.
(D)O pedido de outorga deverá ser feito em nome daquele que será o titular da outorga (usuário de água) e
não em nome do responsável técnico pelo pedido de outorga, ou do responsável técnico do
empreendimento.
10. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) Toda outorga de direitos de uso de recursos
hídricos far-se-á por prazo não excedente a:
(A)35 anos, não renovável.
(B)25 anos, renovável.
(C)35 anos, renovável.
(D)20 anos, não renovável.
(E)25 anos não renovável.
11. (CONSED-GO/Engenheiro Ambiental/IDCAP – 2019) Constituem diretrizes gerais de ação para
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I- A integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras;
II-A gestão sistemática dos recursos hídricos, com dissociação dos aspectos de quantidade e qualidade;
III- A integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
Dos itens acima:
(A)Apenas o item II está correto.
(B)Apenas os itens I e II estão corretos.
(C)Apenas os itens II e III estão corretos.
(D)Apenas os itens I e III estão corretos.
(E)Todos os itens estão corretos.
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