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POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS Por Equipe RSC Online Atualizado em 23/03/2023 Fonte bibliográfica: AMADO, Frederico. Direito Ambiental. Coleção Sinopses para concursos. Salvador: Juspodivm. SUMÁRIO 1. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS .................................................................................................. 2 2. INSTRUMENTOS ......................................................................................................................... 5 3. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS ................................ 8 4. PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................................... 10 Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online 1. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS Atenção: A competência para legislar sobre a defesa dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente é concorrente, sendo, portanto, também de competência dos Estados-membros (art. 24, VI da CF). É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente (art. 23, VI) e registrar, acompanhar e fiscalizar a exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios (art. 23, XI). Assim, a intervenção dos Estados-membros nos assuntos hídricos não só é permitida como é também imperativa.1 Assim, conforme destaca Cavalcante2, o federalismo hídrico-ambiental brasileiro admite a coexistência de normas editadas pelos diversos entes políticos, desde que guardem sintonia com o prevalente regramento federal de caráter geral, vedado o enfraquecimento ou a redução pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do patamar nacional de salvaguarda das águas de superfície e subterrâneas. A Lei 9.433/97, mais do que disciplinar o regime jurídico das águas, instituiu uma Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Os fundamentos de tal política, que chamaremos de PNRH estão elencados no art. 1º da Lei 9.433/97: Art. 1º. A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: I – a água é um bem de domínio público; II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. 1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Possibilidade de os estados-membros disporem sobre fontes de abastecimento de água. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . Acesso em: 09/02/2022. 2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Disponível em https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurispruden cia/detalhes/6069cecf34adb1d6db60007da39e2ee8>. Acesso em: 09/02/2022. Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online Observação: os fundamentos da PNRH são consentâneos com a Declaração de Dublin, fruto da Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente, organizada pela ONU em janeiro de 2022, como preparação para a RIO-92. As águas foram tratadas no Capítulo 18 da Agenda 21, tendo como objetivo geral “assegurar a oferta de água de boa qualidade para todos os habitantes, mantendo as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades do homem aos limites da natureza e lutando para combater as moléstias ligadas a água” (item 18.2). Atualmente, prevalece que não existem águas de propriedade particular no Brasil, pois os arts. 20, III, VI e VIII e 26, I, da CF/88 prevê que as águas, quando não forem bens da União, serão bens dos Estados e, por analogia, do DF. O processo de “publicização das águas” é derivado de sua escassez, notadamente da escassez das águas doces, por conta do desperdício e da poluição. A conversão das águas em bens públicos constitui estratégia do Estado para instituir uma tutela mais rígida e, por conseguinte, preservar os interesses nacionais. Conclui-se, assim, que a água é um bem público de uso comum. Nessa linha, aliás, já afirmou o STJ (REsp 518.744-RN). Observações: 1. A água, não obstante seja um recurso natural renovável, é limitada. Desse modo, a água é um bem dotado de valor econômico, de modo a racionalizar o seu consumo. Logicamente, contudo, o custo para o seu uso não pode privar a população carente do mínimo necessário à preservação de sua dignidade. 2. A regra é o uso múltiplo das águas. No entanto, em caso de enfrentamento de situações de escassez, os recursos hídricos devem ter por utilização prioritária o consumo humano (para necessidades básicas, e não supérfluas), bem como a dessedentação de animais (carga biocêntrica). 3. O que é uma bacia hidrográfica? Segundo Amado, é “a área onde ocorre a drenagem das águas destinadas a um curso de água, normalmente um grande rio”. No Brasil, temos como principais bacias hidrográficas: a Amazônica, a Araguaia-Tocantins, a dos Rios Paraíba, São Francisco, Paraná, Paraguai, Paraíba do Sul e Uruguai. Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online Com o fim de orientar, fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos editou a Resolução 32/2003, a qual instituiu 12 Regiões Hidrográficas. Uma região hidrográfica nada mais é do que “o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos”. Vejamos as regiões hidrográficas brasileiras na imagem abaixo: Observação: A gestão dos recursos hídricos é descentralizada, em atenção ao princípio da participação comunitária ou cidadã. Referida gestão é, assim, tripartite – possui participação do Poder Público, das comunidades e dos usuários. Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online Os objetivos da PNRH, de seu turno, encontram-se elencados no art. 2º da Lei 9.433/97: Art. 2º. São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; III – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. IV – incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais. Observação: É marcante a preocupação do legislador com a preservação da disponibilidade de águas de boa qualidade para as futuras gerações. Esse é, talvez, o principal objetivo da PNRH, mostrando-se consectário do princípio da solidariedade intergeracional ou equidade. 2. INSTRUMENTOS Os instrumentos da PNRH estão elencados no art. 5º da Lei 9.433/97: Art. 5º. São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: I – os Planos de Recursos Hídricos; II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V – a compensação a municípios; VI – o Sistema de Informações sobre RecursosHídricos. Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que têm como objetivo fundamentar e orientar a implementação da PNRH e o seu gerenciamento. Tais planos devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e nacionalmente. Já o enquadramento dos corpos de água em classes busca garantir a existência de águas com qualidade compatíveis aos usos mais exigentes, bem como reduzir os custos de combate à poluição. A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos é definida, na Resolução 65/2006 do CNRH, como sendo o “ato administrativo mediante o qual a autoridade outorgante competente faculta Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online ao requerente o direito de uso dos recursos hídricos, por prazo determinado, nos termos e condições expressas no respectivo ato, consideradas as legislações específicas vigentes”. Tem como finalidade assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos das águas e o efetivo exercício dos direitos de acesso às águas. Excepcionalmente, independe de outorga o uso da água para acumulação de volumes, derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, assim como o uso para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais rurais. A outorga do uso da água terá prazo de até 35 anos, renovável, devendo ser onerosa. Ficará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso, consoante determinação do art. 13 da Lei 9.433/1997. Observação: a outorga de direito de uso de recursos hídricos para concessionárias e autorizadas de serviços públicos e de geração de energia hidrelétrica, bem como suas prorrogações, vigorará por prazo coincidente com o do correspondente contrato de concessão ou ato administrativo de autorização. Será admitida a transferência de outorga a terceiros, desde que seja aprovada pela autoridade outorgante e devendo ser objeto de novo ato administrativo indicando o novo titular. A outorga poderá ser suspensa, total ou parcialmente, temporária ou definitivamente, nas seguintes hipóteses: ● Descumprimento dos condicionantes pelo outorgado; ● Não utilização por 3 anos consecutivos (caducidade); ● Situação de calamidade pública; ● Ocorra necessidade de prevenir ou reprimir grave degradação ambiental; ● Haja necessidade de atendimentos de uso prioritário, inexistindo fontes alternativas; ● Para manutenção da navegabilidade do corpo de água. No mais, nos termos do art. 25 da Resolução 16/2000, a outorga de direito de uso de recursos hídricos extingue-se, sem qualquer direito de indenização ao usuário, nos seguintes casos: (a) morte Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online do usuário (pessoa física); (b) liquidação judicial ou extrajudicial do usuário (pessoa jurídica); (c) término do prazo de validade de outorga sem que tenha havido tempestivo pedido de renovação. Atenção: outorgas preventivas � o art. 6º da Lei 9.984/2000 prevê que a ANA poderá perpetrar outorgas preventivas, com a finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, não conferindo direito de uso de recursos hídricos e se destinando a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando aos investidores o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. O prazo de validade da outorga preventiva será fixado levando-se em conta a complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de três anos, cabível prorrogação. A cobrança pelo uso de recursos hídricos traz consigo vários objetivos: a) Reconhecer a água como bem econômico; b) Dar notoriedade do seu real valor à vida humana; c) Incentivar a racionalização de seu uso, tendo em vista se tratar de bem limitado; d) Obter recursos financeiros para o financiamento de programas e intervenções previstos nos planos de recursos hídricos. Devem ser levados em conta, na fixação dos valores cobrados, a quantidade de água utilizada, bem como o montante de esgotos lançados e sua nocividade ao meio ambiente. Os valores arrecadados deverão ser aplicados prioritariamente na respectiva bacia hidrográfica no financiamento de estudos, programas, projetos ou obras previstas nos Planos de Recursos Hídricos. O STJ já decidiu que o faturamento do serviço de fornecimento de água com base na tarifa progressiva, em conformidade com as categorias de usuários e faixas de consumo, mostra-se legítimo e atende ao interesse público, pois estimula o uso racional dos recursos hídricos (REsp 861.661. Também nesse sentido a Súmula 407 do STJ). Súmula 407 do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo”. Observação: 1. O art. 24 da Lei 9.433/97, que regulamentava o instrumento da compensação aos Municípios, foi vetado pela Presidência da República. Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online 2. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos objetiva a coleta, o tratamento, o armazenamento e a recuperação de informações a respeito dos recursos hídricos e dos fatores que influenciam em sua gestão. Vejamos, nesse sentido, o teor do art. 27 da Lei 9.433/97. Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos: I – reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II – atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III – fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos. 3. SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS Os objetivos do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) estão elencados no art. 32 da Lei 9.433/97: Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os seguintes objetivos: I – coordenar a gestão integrada das águas; II – arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III – implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos; IV – planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos; V – promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos. A composição está traçada no art. 33 da Lei 9.433/97: Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; I-A. – a Agência Nacional de Águas; II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III – os Comitês de Bacia Hidrográfica; IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V – as Agências de Água. O órgão mais destacado do SINGREH é o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Referido órgão é presidido pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional e possui Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou uso de recursos hídricos, dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, dos usuários e das organizações civis de recursos hídricos. Sobre o CNRH, é imprescindível a leitura dos arts. 34, 35 e 36 da Lei 9.433/97, que cuidam, respectivamente, de sua composição, de suas atribuições e de sua gestão. Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por: I – representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; II – representantes indicados pelos ConselhosEstaduais de Recursos Hídricos; III – representantes dos usuários dos recursos hídricos; IV – representantes das organizações civis de recursos hídricos. Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: I – promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estaduais e dos setores usuários; II – arbitrar, em última instância administrativa, os conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III – deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; IV – deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica; V – analisar propostas de alteração da legislação pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional de Recursos Hídricos; VI – estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII – aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; VIII – (VETADO) IX – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas; X – estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. XI – zelar pela implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB); Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online XII – estabelecer diretrizes para implementação da PNSB, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB); XIII – apreciar o Relatório de Segurança de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para melhoria da segurança das obras, bem como encaminhá-lo ao Congresso Nacional. Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos será gerido por: I – um Presidente, que será o Ministro de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima; (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.154, de 2023) II – um Secretário-Executivo, que será o titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima responsável pela gestão dos recursos hídricos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.154, de 2023) 4. PADRÕES DE QUALIDADE DA ÁGUA O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos legais para a execução da Política Nacional do Meio Ambiente, cabendo ao CONAMA instituir normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos1. De sua vez, o enquadramento das águas, de modo a identificar as classes adequadas aos usos múltiplos definidos nos Planos de Recursos Hídricos, é medida de extrema importância, pois prima pelo uso racional desse elemento indispensável à manutenção da vida, sendo considerado como “o estabelecimento da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser, obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um segmento de corpo de água, de acordo com os usos preponderantes pretendidos, ao longo do tempo”2. Por seu turno, o CONAMA editou a Resolução 357/2005, complementada pela Resolução 430/2011, que dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, classificando as águas em doces (salinidade igual ou inferior a 0,5%), salobras (salinidade acima de 0,5% e inferior a 30%) e salinas (igual ou superior a 30%), todas repartidas em 13 classes de destinação no total, ainda havendo uma subdivisão em classes. Nessa Resolução foram estabelecidos padrões de qualidade da água, sendo curial a realização de exames laboratoriais. A citada Resolução criou padrões de qualidade para as águas. Já a Resolução CONAMA 274/2000 define os padrões de qualidade da água destinada à balneabilidade (recreação e contato primário), podendo haver águas próprias (excelentes, muito boas ou satisfatórias) e impróprias, devendo, neste último, caso se justifique a medida, ser interditada a praia ou o balneário. Direito Ambiental – Política Nacional de Recursos Hídricos Por Equipe RSC Online Por sua vez, a Resolução CONAMA 396/2008 disciplina as águas subterrâneas, ou seja, as que correm natural ou artificialmente no subsolo, sendo bens dos Estados federados e do Distrito Federal, promovendo a sua classificação de acordo com os padrões de qualidade. Observação: o STJ já decidiu que é vedada a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga ou autorização ambiental do poder público. Vejamos: “A Lei nº 9.433/97 (Lei da Política Nacional de Recursos Hídricos) e a Lei nº 11.445/2007 (Lei do Saneamento Básico) preveem, de forma expressa, categórica e inafastável que é proibida a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público. As normas locais devem respeitar essa regra geral fixada pela legislação federal, sob pena de serem inconstitucionais”. STJ. 1ª Seção. EREsp 1335535-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/09/2018 (Info 678)3. 3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É vedada a captação de água subterrânea para uso de núcleos residenciais, sem que haja prévia outorga e autorização ambiental do Poder Público. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: . Acesso em: 09/02/2022. 1. fundamentos e objetivos 2. instrumentos 3. sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos 4. padrões de qualidade da água