Prévia do material em texto
Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial- Ortodontia Iúska Mariz- P7 Acompanhar o crescimento crânio-facial da criança e adolescente; Prevenir ou interceptar os desvios de normalidades incipientes; Conceitos importantes: Crescimento: Aumento progressivo do tamanho. Desenvolvimento: Resultado do crescimento natural, diferenciação ou evolução mediante mudanças sucessivas. Maturação: Surgimento de características pessoais e de fenômenos comportamentais como conseqüências do processo de crescimento. OBS: Crescimento cessa, mas desenvolvimento não. O crescimento é um fenômeno anatômico, já o desenvolvimento é um fenômeno fisiológico. Processos de Crescimento Tecidual: Intersticial: Anexação de novos elementos celulares nos interstícios pré-existentes; Ex: tecido epitelial. Aposicional: Anexação de novas células em camadas superpostas aos pré-existentes; Ex: tecido ósseo. Intersticioaposicional: Mecanismos associados, com crescimento aposicional na superfície, e proliferação celular na matriz intersticial; Ex: cartilagens. OBS: Diferença de velocidade de crescimento. Divisão cronológica da vida humana: A: pré-natal ou VI B: pós- natal Tipos de ossificação: O tecido ósseo podem se formar através de dois processos: o processo intramembranoso e o processo endocondral. Formação endocondral: Tecido mesenquimal; Cartilagem. a) Neo-natal b) Infância c) Meninice d) Adolescência e) Maturidade f) Decadência Formação intramembranosa: Células mesenquimais indiferenciadas do TC; Osteoblastos: matriz osteoide. Crescimento ósseo: Mesênquima Tecido conjuntivo 1. Ossificação Intramembranosa: Condensação de tecido conjuntivo membranoso Células mesenquimais se diferenciam em osteoblastos Matriz osteóide Tecido ósseo O processo tem início pela diferenciação de células mesenquimatosas (células-tronco adultas pertencentes ao mesenquima: Tecido embrionário) que se transformam em grupos de osteoblastos (células que produzem e calcificam a matriz óssea). Estes sintetizam o osteóide (matriz ainda não mineralizada) que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos ( que mantém e sustentam a matriz). Ocorre no esqueleto cefálico, na maxila, no corpo e no ramo mandibular. 2. Ossificação Endocondral: Formação de uma cartilagem Células mesenquimais se diferenciam em condroblastos Matriz cartilagínea- condrócitos Cartilagem substituída por tecido ósseo Tem início sobre uma peça de cartilagem hialina, que gradualmente é destruída e substituída por tecido ósseo formado a partir de células do conjuntivo adjacente. Ocorre na base craniana e côndilo mandibular. Modelo membranoso Modelo cartilaginoso Osso Calcificação Crescimento intersticial Crescimento aposicional Osso endocondral Mecanismos de crescimento ósseo do crânio: Remodelação: Aposição e reabsorção. Deslizamento: à medida que ocorre aposição e reabsorção, o osso está crescendo. Deslocamento: Pode ser primário ou secundário; Osso crescendo como um todo. OBS: Criança e adolescente: Mais aposição que reabsorção. Adulto: equilíbrio (turnover). Idoso: Reabsorção maior que aposição. 1- Remodelação ou translação primária: Osso para crescer precisa de remodelar; Osteoblastos: Formação; Osteoclastos: Reabsorção; Modifica o tamanho como um todo; Reloca cada região para permitir o aumento total; Dar forma para adaptar as funções; Ajuste fino entre ossos e tecidos moldes; Promover ajustes para adaptação das modificações; Processo de aposição e reabsorção óssea é influenciado por diversos fatores; 2- Deslizamento: Deslizamento é a mudança do osso a partir do momento em que ele se remodela, ele entra ou sai de contato com outras estruturas. 3- Deslocamento ou translação secundária: O crescimento ósseo resulta em mudança na posição espacial de um osso ou da posição de tecidos moles circunvizinhos; É o movimento de todo o osso como uma unidade; Pode ser: Primário: o osso cresce por deposição óssea em uma determinada direção, e se desloca no sentido contrário se afastando do osso vizinho. Secundário: Ocorre pelo crescimento de outros ossos relacionados a ele direta ou indiretamente. De uma forma simples... Remodelamento: É a atividade diferencial de crescimento necessária para dar forma ao osso, e envolve simultaneamente deposição e reabsorção em todas as superfícies internas e externas do osso todo. O remodelamento mantém as características gerais de um osso durante o seu crescimento. Observa-se muitas áreas de deposição e de reabsorção. Dois tipos de movimentos de crescimento são vistos durante o crescimento dos ossos craniofaciais: Deslizamento: é o movimento de crescimento de uma porção óssea que está aumentando, devido à ação de remodelação de seus tecidos osteogênicos. Deslocamento: é o movimento físico do osso inteiro, à medida que ele remodela. Podendo ser: Primário: deslocamento do osso como um todo causado pelo crescimento das matrizes funcionais com ele relacionadas. Secundário: deslocamento do osso em decorrência de alterações de crescimento que estão ocorrendo em outras áreas. Crescimento da abóbada craniana: Crescimento intramembranoso; Crescimento secundário e adaptativo como resposta ao crescimento do cérebro; Utiliza o sistema de suturas; Flexibilidade para o parto; É, em grande parte, completado na infância. Crescimento da base craniana: Crescimento endocondral; Ocorre devido a um complexo equilíbrio entre o crescimento sutural, aumento nas sincondroses, e grande quantidade de deslizamento cortical e remodelação. Maior crescimento anteroposterior; Aumento rápido no comprimento de base craniana logo no início da vida, a fim de acomodar o cérebro em crescimento. Sincrondoses: -Intra-etmoidal -Intra-esfenoidal -Intra-occipital: fecha-se antes dos 5 anos de vida. -Esfeno-etmoidal: 6 anos de idade; -Esfeno-occipital: 15 a 21 anos. Tendência de crescimento facial: A análise é feita através da cefalometria, que acompanha as mudanças na face, que ocorre como resultado do crescimento ou tratamento. Fecham-se antes do nascimento Crescimento da maxila: Ossificação intramembranosa; Aposição e reabsorção em quase toda a sua extensão; Proliferação do tecido conjuntivo sutural nos pontos em que o osso se conecta: Frontal zigomático; Processo palatino; Processo pterigóide do osso esfenóide. A maior área de aposição da maxila é o Túber; região do túber é a área de maior crescimento da maxila, promovendo o alongamento do arco na porção posterior e aumentando, assim, o comprimento maxilar, proporcionando espaço para o irrompimento dos molares. A maior área de reabsorção é o seio maxilar; Há deposição óssea, na superfície periostal posterior da tuberosidade da maxila, bem como reabsorção no lado oposto da mesma cortical, ou seja, na superfície interna da maxila, dentro do seio maxilar. Ocorre um crescimento antero-posterior que aumenta o arco maxilar, possibilitando a correta erupção de molares, aumenta a maxila em comprimento e desloca a fissura ptérigomaxilar posteriormente. Crescimento da mandíbula: Tipo de ossificação: Intramembranosa e Endocondral; Intramembranosa: ramons e corpo da mandíbula; Endocondral: Côndilos da mandíbula; A cartilagem condilar é um centro de crescimento craniofacial e por conta disto, a morfologia da articulação temporomandibular (ATM) se torna um fator de interferência no processo de desenvolvimento do complexo craniofacial, onde qualquer alteração resultará na aceleração da maturação, principalmente nas áreas de compressão da cartilagem. Maior aposição: borda posteriordo ramo ascendente; Maior reabsorção: borda anterior do ramo ascendente. Crescimento dos processos alveolares: No que diz respeito ao crescimento do processo alveolar, este adapta- se e remodela-se de acordo com as necessidades dentárias e sofre reabsorção quando os dentes são perdidos. A deposição óssea do processo alveolar contribui primordialmente para o aumento da altura maxilar, mas também auxilia no aumento do comprimento, pois acompanha o crescimento da tuberosidade. O crescimento em altura da maxila deve-se também ao desenvolvimento da cavidade nasal e dos seios maxilares, que se adequam às necessidades respiratórias. Durante o crescimento da maxila e da mandíbula, os dentes sofrem um processo denominado flutuação vertical, o qual permite que os dentes mantenham suas posições anatômicas enquanto os maxilares crescem. “O processo de flutuação vertical move todo o dente e seu alvéolo, isto é, o dente não flutua verticalmente para fora do seu alojamento alveolar, como ocorre na irrupção. Ao contrário, na flutuação vertical, o alvéolo e seu dente flutuam juntos, como uma unidade”. Teoria do crescimento facial: Mais importante: Teoria da Matriz Funcional- Moss e Salentijin (1962). Moss sentia que o osso e a cartilagem cresciam em resposta ao crescimento intrínseco de tecidos associados (matrizes funcionais). A codificação genética para o crescimento esquelético craniofacial está fora do esqueleto ósseo. Cada componente de uma matriz realiza uma função (respiração, mastigação, fonação), enquanto os tecidos esqueléticos suportam e protegem as matrizes associadas. Divide a cabeça óssea numa série de discretos componentes funcionais, cada um contendo uma matriz funcional e uma unidade esquelética associada. O tecido esquelético cresce apenas em resposta ao crescimento do tecido mole. Crescimento dos arcos dentários: Arco dentário: mesial do primeiro molar permanente do lado direito até a mesial do primeiro molar permanente do lado esquerdo. Perímetro do arco dentário: circunferência do arco, mesial do primeiro molar permanente de um lado ao primeiro molar permanente do outro. Largura dos arcos: medidas transversais que se estendem de um dente até o seu contralateral. Comprimento do arco: dimensão anteroposterior do arco dentário, estendendo-se da face palatina do incisivo central, passando pela rafe palatina até chegar a linha imaginária que passa pela face mesial dos primeiros molares permanentes. Largura do arco dentário: A largura dos arcos dentários traduz as medidas transversais que se estendem de um dente até o seu contralateral. A largura do arco dentário pode ligar as pontas de cúspide, o sulco oclusal ou a margem gengival lingual de dentes homólogos. Largura do arco dentário: Ao nascimento, os dentes decíduos anteriores, tanto superiores como inferiores, mostram-se apinhados no interior dos maxilares. Do nascimento até aproximadamente os 6 anos, a maxila e a mandíbula apresentam um significativo alargamento, pelo crescimento na sutura palatina e na sincondrose mandibular. Esse crescimento exuberante fornece espaço suficiente para a irrupção da dentição decídua. As dimensões transversais dos arcos dentários voltam a crescer durante a fase de troca dos dentes decíduos pelos dentes permanentes. Um estudo clássico de Moorrees, na década de 1950, acompanhou o crescimento dos 5 aos 18 anos.Observou-se que, no arco superior, a largura intercaninos aumenta em média 5 mm até os 13 anos; no arco inferior, aumenta em média 3 mm. A maior parte do aumento da distância intercaninos ocorre na fase de irrupção dos incisivos permanentes, que servem de matriz funcional para estimular o aumento transversal do arco dentário. A distância intermolares aumenta 4 e 2 mm nos arcos superior e inferior, respectivamente, até os 18 anos; Após os 13 anos, quando a dentadura permanente está completa, a largura do arco mostra uma estabilidade dimensional. Em geral, o arco dentário não cresce transversalmente na dentadura permanente. Considerações finais: É fundamental o diagnóstico precoce de má oclusão associada a irregularidades de posicionamento espacial da maxila e da mandíbula entre si e com a base do crânio, para que se possa estimular o crescimento e desenvolvimento em busca de uma harmoniosa estética facial.